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Índice

UFAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

Assistente em Administração
EDITAL Nº 032 , DE 10 DE MAIO DE 2016

ARTIGO DO WILLIAM DOUGLAS

PORTUGUES

1. Análise e interpretação de textos verbais e não verbais: compreensão geral do texto; elementos que compõem uma
narrativa; tipos de discurso; ponto de vista ou ideia central defendida pelo autor; argumentação; elementos de coesão e
coerência textuais; intertextualidade; inferências; estrutura e organização do texto e dos parágrafos..............................01
2. Tipologia e gênero textuais...............................................................................................................................................29
3. Funções da linguagem.......................................................................................................................................................49
4. Semântica: sinonímia e antonímia; homonímia e paronímia; conotação e denotação; ambiguidade;
polissemia....................................................................................................................................................................... 51
5. Emprego dos pronomes demonstrativos.........................................................................................................................53
6. Colocação pronominal. ....................................................................................................................................................58
7. Sintaxe da oração e do período........................................................................................................................................60
8. Vozes verbais......................................................................................................................................................................75
9. Emprego do acento indicativo da crase...........................................................................................................................77
10. Concordâncias verbal e nominal...................................................................................................................................81
11. Regências verbal e nominal. ..........................................................................................................................................92
12. Pontuação. .......................................................................................................................................................................98
13. Ortografia oficial...........................................................................................................................................................101

RACIOCÍNIO LÓGICO

1. Lógica proposicional: proposições simbólicas (fórmulas); tabela verdade de uma fórmula.....................................01


2. Lógica dos predicados: proposições quantificadas. .......................................................................................................06
3. Argumentos válidos e sofismas.........................................................................................................................................07
4. Conjuntos: operações, diagramas de Venn.....................................................................................................................17
5. O conjunto dos números inteiros: desigualdades; divisibilidade e fatoração no conjunto dos inteiros; máximo

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divisor comum; mínimo múltiplo comum. ................................................................................................................................22
6. O conjunto dos números reais: razões e proporções; porcentagem.............................................................................32
7. Raciocínio lógico sequencial.............................................................................................................................................36
8. Resolução de problemas envolvendo princípios de contagens. ....................................................................................39
9. Probabilidade. ...................................................................................................................................................................43
10. Noções básicas de Estatística: análise e interpretação de dados apresentados em gráficos e tabelas; média, moda
e mediana de uma série de dados. .............................................................................................................................................46
11. Compreensão de textos matemáticos.............................................................................................................................61

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1. Administração pública e governo: conceito e objetivos. ...............................................................................................01


2. Evolução dos modelos de administração pública...........................................................................................................02
3. Regime jurídicoadministrativo na Constituição Federal de 1988: princípios constitucionais do direito administrativo
brasileiro.......................................................................................................................................................................................03
4. Serviços públicos: conceito; características; classificação; titularidade; princípios..................................................07
5. Ética no serviço público: comportamento profissional, atitudes no serviço, organização do trabalho, prioridade em
serviço. ..........................................................................................................................................................................................09
6. Lei Federal nº 8.112/90. ....................................................................................................................................................34
7. Poderes administrativos: poder hierárquico; poder disciplinar; poder regulamentar; poder de polícia; uso e abuso
do poder.........................................................................................................................................................................................60
8. Lei Federal nº 8.429/92: dever de eficiência; dever de probidade; dever de prestar contas......................................62

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

1. Noções de Administração: conceitos, objetivos, evolução histórica, organizações, eficiência e eficácia...................01


2. Noções do processo administrativo: planejamento, organização, direção e controle.................................................05
3. Organizações: fundamentos, estruturas organizacionais tradicionais, tendências e práticas organizacionais................. 11
4. Noções de Comportamento Organizacional: comunicação, liderança, motivação, grupos, equipes e cultura
organizacional..............................................................................................................................................................................45
5. Noções de Administração Pública: Princípios fundamentais que regem a Administração Federal; administração
direta e indireta. ..........................................................................................................................................................................58
6. Noções de RH: recrutamento, seleção, treinamento, desenvolvimento e relações interpessoais...............................72
7. Regimento Jurídico Único do Servidor Público Federal. .............................................................................................82
8. Noções de gestão de processos: ferramentas e conceitos. ...........................................................................................109
9. Compras públicas. .......................................................................................................................................................... 114
10. Contratos públicos........................................................................................................................................................ 116
11. Patrimônio público. ...................................................................................................................................................... 119
12. Fundamentos de Organização, Sistemas e Métodos..................................................................................................120
13. Noções de Administração Financeira e Orçamentária no Serviço Público. ...........................................................124
14. Noções de arquivamento...............................................................................................................................................129
15. Redação oficial...............................................................................................................................................................131
16. Transparência no Serviço Público. .............................................................................................................................151
17. Estatuto e Regimento Geral da UFAL. ......................................................................................................................158
18. Ética no Serviço Público...............................................................................................................................................179

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Artigo
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A ETERNA COMPETIÇÃO ENTRE O LAZER E O ESTUDO

Por William Douglas, professor, escritor e juiz federal.

Todo mundo já se pegou estudando sem a menor concentração, pensando nos momentos de lazer, como também já deixou de
aproveitar as horas de descanso por causa de um sentimento de culpa ou mesmo remorso, porque deveria estar estudando.
Fazer uma coisa e pensar em outra causa desconcentração, estresse e perda de rendimento no estudo ou trabalho. Além da
perda de prazer nas horas de descanso.
Em diversas pesquisas que realizei durante palestras e seminários pelo país, constatei que os três problemas mais comuns de
quem quer vencer na vida são:
• medo do insucesso (gerando ansiedade, insegurança),
• falta de tempo e
• “competição” entre o estudo ou trabalho e o lazer.

E então, você já teve estes problemas?


Todo mundo sabe que para vencer e estar preparado para o dia-a-dia é preciso muito conhecimento, estudo e dedicação, mas
como conciliar o tempo com as preciosas horas de lazer ou descanso?
Este e outros problemas atormentavam-me quando era estudante de Direito e depois, quando passei à preparação para concursos
públicos. Não é à toa que fui reprovado em 5 concursos diferentes!
Outros problemas? Falta de dinheiro, dificuldade dos concursos (que pagam salários de até R$ 6.000,00/mês, com status e
estabilidade, gerando enorme concorrência), problemas de cobrança dos familiares, memória, concentração etc.
Contudo, depois de aprender a estudar, acabei sendo 1º colocado em outros 7 concursos, entre os quais os de Juiz de Direito,
Defensor Público e Delegado de Polícia. Isso prova que passar em concurso não é impossível e que quem é reprovado pode “dar a
volta por cima”.
É possível, com organização, disciplina e força de vontade, conciliar um estudo eficiente com uma vida onde haja espaço para
lazer, diversão e pouco ou nenhum estresse. A qualidade de vida associada às técnicas de estudo são muito mais produtivas do que a
tradicional imagem da pessoa trancafiada, estudando 14 horas por dia.
O sucesso no estudo e em provas (escritas, concursos, entrevistas etc.) depende basicamente de três aspectos, em geral,
desprezados por quem está querendo passar numa prova ou conseguir um emprego:
1º) clara definição dos objetivos e técnicas de planejamento e organização;
2º) técnicas para aumentar o rendimento do estudo, do cérebro e da memória;
3º) técnicas específicas sobre como fazer provas e entrevistas, abordando dicas e macetes que a experiência fornece, mas que
podem ser aprendidos.
O conjunto destas técnicas resulta em um aprendizado melhor e em mais sucesso nas provas escritas e orais (inclusive entrevistas).
Aos poucos, pretendemos ir abordando estes assuntos, mas já podemos anotar aqui alguns cuidados e providências que irão
aumentar seu desempenho.
Para melhorar a “briga” entre estudo e lazer, sugiro que você aprenda a administrar seu tempo. Para isto, como já disse, basta
um pouco de disciplina e organização.
O primeiro passo é fazer o tradicional quadro horário, colocando nele todas as tarefas a serem realizadas. Ao invés de servir
como uma “prisão”, este procedimento facilitará as coisas para você. Pra começar, porque vai levá-lo a escolher as coisas que não são
imediatas e a estabelecer suas prioridades. Experimente. Em pouco tempo, você vai ver que isto funciona.
Também é recomendável que você separe tempo suficiente para dormir, fazer algum exercício físico e dar atenção à família ou
ao namoro. Sem isso, o estresse será uma mera questão de tempo. Por incrível que pareça, o fato é que com uma vida equilibrada o
seu rendimento final no estudo aumenta.
Outra dica simples é a seguinte: depois de escolher quantas horas você vai gastar com cada tarefa ou atividade, evite pensar em
uma enquanto está realizando a outra. Quando o cérebro mandar “mensagens” sobre outras tarefas, é só lembrar que cada uma tem
seu tempo definido. Isto aumentará a concentração no estudo, o rendimento e o prazer e relaxamento das horas de lazer.
Aprender a separar o tempo é um excelente meio de diminuir o estresse e aumentar o rendimento, não só no estudo, como em
tudo que fazemos.

*William Douglas é juiz federal, professor universitário, palestrante e autor de mais de 30 obras, dentre elas o best-seller
“Como passar em provas e concursos” . Passou em 9 concursos, sendo 5 em 1º Lugar
www.williamdouglas.com.br
Conteúdo cedido gratuitamente, pelo autor, com finalidade de auxiliar os candidatos.

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PORTUGUÊS
PORTUGUÊS
Exemplos: texto de opinião, carta do leitor, carta de solicita-
1. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ção, deliberação informal, discurso de defesa e acusação (advo-
VERBAIS E NÃO VERBAIS: COMPREENSÃO cacia), resenha crítica, artigos de opinião ou assinados, editorial.
GERAL DO TEXTO; ELEMENTOS QUE COM- Exposição: Apresenta informações sobre assuntos, expõe
PÕEM UMA NARRATIVA; TIPOS DE DISCUR- ideias; explica, avalia, reflete. (analisa ideias). Estrutura básica;
SO; PONTO DE VISTA OU IDEIA CENTRAL ideia principal; desenvolvimento; conclusão. Uso de linguagem
DEFENDIDA PELO AUTOR; ARGUMENTA- clara. Ex: ensaios, artigos científicos, exposições etc.
ÇÃO; ELEMENTOS DE COESÃO E COERÊN-
CIA TEXTUAIS; INTERTEXTUALIDADE; IN- Injunção: Indica como realizar uma ação. É também utilizado
FERÊNCIAS; ESTRUTURAE ORGANIZAÇÃO para predizer acontecimentos e comportamentos. Utiliza lingua-
DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS. gem objetiva e simples. Os verbos são, na sua maioria, emprega-
dos no modo imperativo. Há também o uso do futuro do presente.
Ex: Receita de um bolo e manuais.

Compreensão e Interpretação de Texto Diálogo: é uma conversação estabelecida entre duas ou mais
pessoas. Pode conter marcas da linguagem oral, como pausas e
Texto Literário: expressa a opinião pessoal do autor que tam- retomadas.
bém é transmitida através de figuras, impregnado de subjetivismo.
Ex: um romance, um conto, uma poesia... (Conotação, Figurado, Entrevista: é uma conversação entre duas ou mais pessoas (o
Subjetivo, Pessoal). entrevistador e o entrevistado), na qual perguntas são feitas pelo
entrevistador para obter informação do entrevistado. Os repórteres
Texto Não-Literário: preocupa-se em transmitir uma mensa- entrevistam as suas fontes para obter declarações que validem as
gem da forma mais clara e objetiva possível. Ex: uma notícia de informações apuradas ou que relatem situações vividas por per-
jornal, uma bula de medicamento. (Denotação, Claro, Objetivo, sonagens. Antes de ir para a rua, o repórter recebe uma pauta que
Informativo). contém informações que o ajudarão a construir a matéria. Além
O objetivo do texto é passar conhecimento para o leitor. Nesse das informações, a pauta sugere o enfoque a ser trabalhado assim
tipo textual, não se faz a defesa de uma ideia. Exemplos de textos como as fontes a serem entrevistadas. Antes da entrevista o repór-
explicativos são os encontrados em manuais de instruções. ter costuma reunir o máximo de informações disponíveis sobre o
Informativo: Tem a função de informar o leitor a respeito de assunto a ser abordado e sobre a pessoa que será entrevistada. Mu-
algo ou alguém, é o texto de uma notícia de jornal, de revista, nido deste material, ele formula perguntas que levem o entrevista-
folhetos informativos, propagandas. Uso da função referencial da do a fornecer informações novas e relevantes. O repórter também
linguagem, 3ª pessoa do singular. deve ser perspicaz para perceber se o entrevistado mente ou ma-
Descrição: Um texto em que se faz um retrato por escrito de nipula dados nas suas respostas, fato que costuma acontecer prin-
um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe de pala- cipalmente com as fontes oficiais do tema. Por exemplo, quando
vras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, pela sua função o repórter vai entrevistar o presidente de uma instituição pública
caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, pode-se até des- sobre um problema que está a afetar o fornecimento de serviços
crever sensações ou sentimentos. Não há relação de anteriorida- à população, ele tende a evitar as perguntas e a querer reverter a
de e posterioridade. Significa “criar” com palavras a imagem do resposta para o que considera positivo na instituição. É importante
objeto descrito. É fazer uma descrição minuciosa do objeto ou da que o repórter seja insistente. O entrevistador deve conquistar a
personagem a que o texto se refere. confiança do entrevistado, mas não tentar dominá-lo, nem ser por
Narração: Modalidade em que se conta um fato, fictício ou ele dominado. Caso contrário, acabará induzindo as respostas ou
não, que ocorreu num determinado tempo e lugar, envolvendo perdendo a objetividade.
certos personagens. Refere-se a objetos do mundo real. Há uma As entrevistas apresentam com frequência alguns sinais de
relação de anterioridade e posterioridade. O tempo verbal predo- pontuação como o ponto de interrogação, o travessão, aspas, re-
minante é o passado. Estamos cercados de narrações desde as que ticências, parêntese e as vezes colchetes, que servem para dar ao
nos contam histórias infantis, como o “Chapeuzinho Vermelho” leitor maior informações que ele supostamente desconhece. O títu-
ou a “Bela Adormecida”, até as picantes piadas do cotidiano. lo da entrevista é um enunciado curto que chama a atenção do lei-
Dissertação: Dissertar é o mesmo que desenvolver ou expli- tor e resume a ideia básica da entrevista. Pode estar todo em letra
maiúscula e recebe maior destaque da página. Na maioria dos ca-
car um assunto, discorrer sobre ele. Assim, o texto dissertativo
sos, apenas as preposições ficam com a letra minúscula. O subtítu-
pertence ao grupo dos textos expositivos, juntamente com o texto
lo introduz o objetivo principal da entrevista e não vem seguido de
de apresentação científica, o relatório, o texto didático, o artigo
ponto final. É um pequeno texto e vem em destaque também. A fo-
enciclopédico. Em princípio, o texto dissertativo não está preocu-
tografia do entrevistado aparece normalmente na primeira página
pado com a persuasão e sim, com a transmissão de conhecimento,
da entrevista e pode estar acompanhada por uma frase dita por ele.
sendo, portanto, um texto informativo.
As frases importantes ditas pelo entrevistado e que aparecem em
Argumentativo: Os textos argumentativos, ao contrário, têm destaque nas outras páginas da entrevista são chamadas de “olho”.
por finalidade principal persuadir o leitor sobre o ponto de vista
do autor a respeito do assunto. Quando o texto, além de explicar, Crônica: Assim como a fábula e o enigma, a crônica é um
também persuade o interlocutor e modifica seu comportamento, gênero narrativo. Como diz a origem da palavra (Cronos é o deus
temos um texto dissertativo-argumentativo. grego do tempo), narra fatos históricos em ordem cronológica, ou

Didatismo e Conhecimento 1
PORTUGUÊS
trata de temas da atualidade. Mas não é só isso. Lendo esse texto, De uma forma geral, passamos por diferentes níveis ou etapas
você conhecerá as principais características da crônica, técnicas de até termos condições de aproveitar totalmente o assunto lido. Es-
sua redação e terá exemplos. sas etapas ou níveis são cumulativas e vão sendo adquiridas pela
Uma das mais famosas crônicas da história da literatura lu- vida, estando presente em praticamente toda a nossa leitura.
so-brasileira corresponde à definição de crônica como “narração
histórica”. É a “Carta de Achamento do Brasil”, de Pero Vaz de O Primeiro Nível é elementar e diz respeito ao período de
Caminha”, na qual são narrados ao rei português, D. Manuel, o alfabetização. Ler é uma capacidade cerebral muito sofisticada e
descobrimento do Brasil e como foram os primeiros dias que os requer experiência: não basta apenas conhecermos os códigos, a
marinheiros portugueses passaram aqui. Mas trataremos, sobretu- gramática, a semântica, é preciso que tenhamos um bom domínio
do, da crônica como gênero que comenta assuntos do dia a dia.
da língua.
Para começar, uma crônica sobre a crônica, de Machado de Assis:

O nascimento da crônica O Segundo Nível é a pré-leitura ou leitura inspecional. Tem


duas funções específicas: primeiro, prevenir para que a leitura pos-
“Há um meio certo de começar a crônica por uma trivialidade. terior não nos surpreenda e, sendo, para que tenhamos chance de
É dizer: Que calor! Que desenfreado calor! Diz-se isto, agitando escolher qual material leremos, efetivamente. Trata-se, na verdade,
as pontas do lenço, bufando como um touro, ou simplesmente sa- de nossa primeira impressão sobre o livro. É a leitura que comu-
cudindo a sobrecasaca. Resvala-se do calor aos fenômenos atmos- mente desenvolvemos “nas livrarias”. Nela, por meio do salteio de
féricos, fazem-se algumas conjeturas acerca do sol e da lua, outras partes, respondem basicamente às seguintes perguntas:
sobre a febre amarela, manda-se um suspiro a Petrópolis, e la glace - Por que ler este livro?
est rompue está começada a crônica. (...) - Será uma leitura útil?
(Machado de Assis. “Crônicas Escolhidas”. São Paulo: - Dentro de que contexto ele poderá se enquadrar?
Editora Ática, 1994)
Essas perguntas devem ser revistas durante as etapas que se
Publicada em jornal ou revista onde é publicada, destina-se seguem, procurando usar de imparcialidade quanto ao ponto de
à leitura diária ou semanal e trata de acontecimentos cotidianos. vista do autor, e o assunto, evitando preconceitos. Se você se pro-
A crônica se diferencia no jornal por não buscar exatidão da in- puser a ler um livro sem interesse, com olhar crítico, rejeitando-o
formação. Diferente da notícia, que procura relatar os fatos que antes de conhecê-lo, provavelmente o aproveitamento será muito
acontecem, a crônica os analisa, dá-lhes um colorido emocional, baixo.
mostrando aos olhos do leitor uma situação comum, vista por ou- Ler é armazenar informações; desenvolver; ampliar horizon-
tro ângulo, singular. tes; compreender o mundo; comunicar-se melhor; escrever me-
O leitor pressuposto da crônica é urbano e, em princípio, um lhor; relacionar-se melhor com o outro.
leitor de jornal ou de revista. A preocupação com esse leitor é que
faz com que, dentre os assuntos tratados, o cronista dê maior aten- Pré-Leitura
ção aos problemas do modo de vida urbano, do mundo contem- Nome do livro
porâneo, dos pequenos acontecimentos do dia a dia comuns nas Autor
grandes cidades. Dados Bibliográficos
Jornalismo e literatura: É assim que podemos dizer que a crô- Prefácio e Índice 
nica é uma mistura de jornalismo e literatura. De um recebe a ob- Prólogo e Introdução
servação atenta da realidade cotidiana e do outro, a construção da
linguagem, o jogo verbal. Algumas crônicas são editadas em livro, O primeiro passo é memorizar o nome do autor e a edição do
para garantir sua durabilidade no tempo. livro, fazer um folheio sistemático: ler o prefácio e o índice (ou
sumário), analisar um pouco da história que deu origem ao livro,
Interpretação de Texto ver o número da edição e o ano de publicação. Se falarmos em ler
um Machado de Assis, um Júlio Verne, um Jorge Amado, já esta-
O primeiro passo para interpretar um texto consiste em de- remos sabendo muito sobre o livro. É muito importante verificar
compô-lo, após uma primeira leitura, em suas “ideias básicas ou estes dados para enquadrarmos o livro na cronologia dos fatos e na
ideias núcleo”, ou seja, um trabalho analítico buscando os con- atualidade das informações que ele contém.  Verifique detalhes que
ceitos definidores da opinião explicitada pelo autor. Esta operação possam contribuir para a coleta do maior número de informações
fará com que o significado do texto “salte aos olhos” do leitor. Ler possível. Tudo isso vai ser útil quando formos arquivar os dados
é uma atividade muito mais complexa do que a simples interpre- lidos no nosso arquivo mental. A propósito, você sabe o que seja
tação dos símbolos gráficos, de códigos,  requer que o indivíduo um prólogo, um prefácio e uma introdução? Muita gente pensa que
seja capaz de interpretar o material lido, comparando-o e incorpo- os três são a mesma coisa, mas não:
rando-o à sua bagagem pessoal, ou seja, requer que o indivíduo Prólogo: é um comentário feito pelo autor a respeito do tema
mantenha um comportamento ativo diante da leitura. e de sua experiência pessoal.
Prefácio: é escrito por terceiros ou pelo próprio autor, referin-
Os diferentes níveis de leitura do-se ao tema abordado no livro e muitas vezes também tecendo
comentários sobre o autor.
Para que isso aconteça, é necessário que haja maturidade para Introdução: escrita também pelo autor, referindo-se ao livro
a compreensão do material lido, senão tudo cairá no esquecimento e não ao tema.
ou ficará armazenado em nossa memória sem uso, até que tenha- O segundo passo é fazer uma leitura superficial. Pode-se, nes-
mos condições cognitivas para utilizar. se caso, aplicar as técnicas da leitura dinâmica.

Didatismo e Conhecimento 2
PORTUGUÊS
O Terceiro Nível é conhecido como analítico. Depois de vas- melhoramos nossas aptidões como o raciocínio, a prontidão de in-
culharmos bem o livro na pré-leitura, analisamos o livro. Para isso, formações e, obviamente, nossos conhecimentos intelectuais. Vale
é imprescindível que saibamos em qual gênero o livro se enquadra: a pena se esforçar no início e criar um método de leitura eficiente
trata-se de um romance, um tratado, um livro de pesquisa e, neste e rápido.
caso, existe apenas teoria ou são inseridas práticas e exemplos. No
caso de ser um livro teórico, que requeira memorização, procure Ideias Núcleo
criar imagens mentais sobre o assunto, ou seja, veja, realmente, o
que está lendo, dando vida e muita criatividade ao assunto.  Note O primeiro passo para interpretar um texto consiste em de-
bem: a leitura efetiva vai acontecer nesta fase, e a primeira coisa a compô-lo, após uma primeira leitura, em suas “ideias básicas ou
fazer é ser capaz de resumir o assunto do livro em duas frases. Já ideias núcleo”, ou seja, um trabalho analítico buscando os con-
temos algum conteúdo para isso, pois o encadeamento das ideias já ceitos definidores da opinião explicitada pelo autor. Esta operação
é de nosso conhecimento. Procure, agora, ler bem o livro, do início fará com que o significado do texto “salte aos olhos” do leitor.
ao fim. Esta é a leitura efetiva, aproveite bem este momento. Fique Exemplo:
atento! Aproveite todas as informações que a pré-leitura ofereceu.
Não pare a leitura para buscar significados de palavras em dicioná- “Incalculável é a contribuição do famoso neurologista aus-
rios ou sublinhar textos, isto será feito em outro momento. tríaco no tocante aos estudos sobre a formação da personalidade
humana. Sigmund Freud (1859-1939) conseguiu acender luzes
O Quarto Nível de leitura é o denominado de controle. Tra- nas camadas mais profundas da psique humana: o inconsciente
ta-se de uma leitura com a qual vamos efetivamente acabar com e subconsciente. Começou estudando casos clínicos de compor-
qualquer dúvida que ainda persista. Normalmente, os termos des- tamentos anômalos ou patológicos, com a ajuda da hipnose e em
conhecidos de um texto são explicitados  neste próprio texto, à me- colaboração com os colegas Joseph Breuer e Martin Charcot (Es-
dida que vamos adiantando a leitura. Um mecanismo psicológico tudos sobre a histeria, 1895). Insatisfeito com os resultados obti-
fará com que fiquemos com aquela dúvida incomodando-nos até dos pelo hipnotismo, inventou o método que até hoje é usado pela
que tenhamos a resposta. Caso não haja explicação no texto, será psicanálise: o das ‘livres associações’ de ideias e de sentimentos,
na etapa do controle que lançaremos mão do dicionário. estimuladas pela terapeuta por palavras dirigidas ao paciente
Veja bem: a esta altura já conhecemos bem o livro e o ato de com o fim de descobrir a fonte das perturbações mentais. Para
interromper a leitura não vai fragmentar a compreensão do assunto este caminho de regresso às origens de um trauma, Freud se uti-
como um todo. Será, também, nessa etapa que sublinharemos os lizou especialmente da linguagem onírica dos pacientes, conside-
tópicos importantes, se necessário. Para ressaltar trechos impor- rando os sonhos como compensação dos desejos insatisfeitos na
tantes opte por um sinal discreto próximo a eles, visando principal- fase de vigília.
mente a marcar o local do texto em que se encontra, obrigando-o a Mas a grande novidade de Freud, que escandalizou o mundo
fixar a cronologia e a sequência deste fato importante, situando-o cultural da época, foi a apresentação da tese de que toda neurose
no livro. é de origem sexual.”
Aproveite bem esta etapa de leitura. Para auxiliar no estudo, é (Salvatore D’Onofrio)
interessante que, ao final da leitura de cada capítulo, você faça um
breve resumo com suas próprias palavras de tudo o que foi lido. Primeiro Conceito do Texto: “Incalculável é a contribuição
do famoso neurologista austríaco no tocante aos estudos sobre a
Um Quinto Nível pode ser opcional: a etapa da repetição formação da personalidade humana. Sigmund Freud (1859-1939)
aplicada. Quando lemos, assimilamos o conteúdo do texto, mas conseguiu acender luzes nas camadas mais profundas da psique
aprendizagem efetiva vai requerer que tenhamos prática, ou seja, humana: o inconsciente e subconsciente.” O autor do texto afirma,
que tenhamos experiência do que foi lido na vida. Você só pode inicialmente, que Sigmund Freud ajudou a ciência a compreender
compreender conceitos que tenha visto em seu cotidiano. Nada os níveis mais profundos da personalidade humana, o inconsciente
como unir a teoria à prática. Na leitura, quando não passamos pela e subconsciente.
etapa da repetição aplicada, ficamos muitas vezes sujeitos  àqueles
brancos quando queremos evocar o assunto. Para evitar isso, faça Segundo Conceito do Texto: “Começou estudando casos clí-
resumos. nicos de comportamentos anômalos ou patológicos, com a aju-
Observe agora os trechos sublinhados do livro e os resumos da da hipnose e em colaboração com os colegas Joseph Breuer e
de cada capítulo, trace um diagrama sobre o livro, esforce-se para Martin Charcot (Estudos sobre a histeria, 1895). Insatisfeito com
traduzi-lo com suas próprias palavras. Procure associar o assunto os resultados obtidos pelo hipnotismo, inventou o método que até
lido com alguma experiência já vivida ou tente exemplificá-lo com hoje é usado pela psicanálise: o das ‘livres associações’ de ideias
algo concreto, como se fosse um professor e o estivesse ensinando e de sentimentos, estimuladas pela terapeuta por palavras dirigi-
para uma turma de alunos interessados. É importante lembrar que das ao paciente com o fim de descobrir a fonte das perturbações
esquecemos mais nas próximas 8 horas do que nos 30 dias poste- mentais.” A segunda ideia núcleo mostra que Freud deu início a
riores. Isto quer dizer que devemos fazer pausas durante a leitura e sua pesquisa estudando os comportamentos humanos anormais ou
ao retornarmos ao livro, consultamos os resumos. Não pense que doentios por meio da hipnose. Insatisfeito com esse método, criou
é um exercício monótono. Nós somos capazes de realizar diaria- o das “livres associações de ideias e de sentimentos”.
mente exercícios físicos com o propósito de melhorar a aparência Terceiro Conceito do Texto: “Para este caminho de regresso
e a saúde. Pois bem, embora não tenhamos condições de ver com às origens de um trauma, Freud se utilizou especialmente da lin-
o que se apresenta nossa mente, somos capazes de senti-la quando guagem onírica dos pacientes, considerando os sonhos como com-

Didatismo e Conhecimento 3
PORTUGUÊS
pensação dos desejos insatisfeitos na fase de vigília.” Aqui, está - Esclarecer o vocabulário;
explicitado que a descoberta das raízes de um trauma se faz por - Entender o vocabulário;
meio da compreensão dos sonhos, que seriam uma linguagem me- - Viver a história;
tafórica dos desejos não realizados ao longo da vida do dia a dia. - Ative sua leitura;
- Ver, perceber, sentir, apalpar o que se pergunta e o que se
Quarto Conceito do Texto: “Mas a grande novidade de Freud, pede;
que escandalizou o mundo cultural da época, foi a apresentação - Não se deve preocupar com a arrumação das letras nas al-
da tese de que toda neurose é de origem sexual.” Por fim, o tex- ternativas;
to afirma que Freud escandalizou a sociedade de seu tempo, afir- - As perguntas são fáceis, dependendo de quem lê o texto ou
mando a novidade de que todo o trauma psicológico é de origem como o leu;
sexual. - Cuidado com as opiniões pessoais, elas não existem;
- Sentir, perceber a mensagem do autor;
Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa interpre- - Cuidado com a exatidão das questões em relação ao texto;
tação de texto. Para isso, devemos observar o seguinte: - Descobrir o assunto e procurar pensar sobre ele;
- Todos os termos da análise sintática, cada termo tem seu
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto; valor, sua importância;
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitu- - Todas as orações subordinadas têm oração principal e as
ideias se completam.
ra, vá até o fim, ininterruptamente;
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo
Vícios de Leitura
menos umas três vezes;
- Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas; Por acaso você tem o hábito de ler movimentando a cabeça?
- Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar; Ou quem sabe, acompanhando com o dedo? Talvez vocalizando
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor; baixinho... Você não percebe, mas esses movimentos são alguns
- Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor dos tantos que prejudicam a leitura. Esses movimentos são conhe-
compreensão; cidos como vícios de linguagem.
- Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do tex- Movimentar a cabeça: procure perceber se você não está
to correspondente; movimentando a cabeça enquanto lê. Este movimento, ao final
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão; de pouco tempo, gera muito cansaço além de não causar nenhum
- Cuidado com os vocábulos: destoa (=diferente de...), não, efeito positivo. Durante a leitura apenas movimentamos os olhos.
correta, incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras; Regressar no texto, durante a leitura: pessoas que têm dificul-
palavras que aparecem nas perguntas e que, às vezes, dificultam a dade de memorizar um assunto, que não compreendem algumas
entender o que se perguntou e o que se pediu; expressões ou palavras tendem a voltar na sua leitura. Este movi-
- Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a mento apenas incrementa a falta de memória, pois secciona a linha
mais exata ou a mais completa; de raciocínio e raramente explica o desconhecido, o que normal-
- Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um fundamen- mente é elucidado no decorrer da leitura. Procure sempre manter
to de lógica objetiva; uma sequência e não fique “indo e vindo” no livro. O assunto pode
- Cuidado com as questões voltadas para dados superficiais; se tornar um bicho de sete cabeças!
- Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela respos- Ler palavra por palavra: para escrever usamos muitas pala-
ta, mas a opção que melhor se enquadre no sentido do texto; vras que apenas servem como adereços. Procure ler o conjunto e
- Às vezes a etimologia ou a semelhança das palavras denun- perceber o seu significado.
cia a resposta; Sub-vocalização: é o ato de repetir mentalmente a palavra.
- Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo Isto só será corrigido quando conseguirmos ultrapassar a marca de
autor, definindo o tema e a mensagem; 250 palavras por minuto.
Usar apoios: algumas pessoas têm o hábito de acompanhar a
- O autor defende ideias e você deve percebê-las;
leitura com réguas, apontando ou utilizando um objeto que salta
- Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito são im-
“linha a linha”. O movimento dos olhos é muito mais rápido quan-
portantíssimos na interpretação do texto. Exemplos: do é livre do que quando o fazemos guiado por qualquer objeto.
Ele morreu de fome. Leitura Eficiente
de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na
realização do fato (= morte de “ele”). Ao ler realizamos as seguintes operações:
Ele morreu faminto.
faminto: predicativo do sujeito, é o estado em que “ele” se - Captamos o estímulo, ou seja, por meio da visão, encami-
encontrava quando morreu. nhamos o material a ser lido para nosso cérebro.
- Passamos, então, a perceber e a interpretar o dado sensorial
- As orações coordenadas não têm oração principal, apenas as (palavras, números etc.) e a organizá-lo segundo nossa bagagem
ideias estão coordenadas entre si; de conhecimentos anteriores. Para essa etapa, precisamos de moti-
- Os adjetivos ligados a um substantivo vão dar a ele maior vação, de forma a tornar o processo mais otimizado possível.
clareza de expressão, aumentando-lhe ou determinando-lhe o sig- - Assimilamos o conteúdo lido integrando-o ao nosso “arqui-
nificado; vo mental” e aplicando o conhecimento ao nosso cotidiano.

Didatismo e Conhecimento 4
PORTUGUÊS
A leitura é um processo muito mais amplo do que podemos reita e, de outra forma, haveria a formação de sombra nesta página,
imaginar. Ler não é unicamente interpretar os símbolos gráficos, o que atrapalharia a leitura.
mas interpretar o mundo em que vivemos. Na verdade, passamos - Objetos necessários: para evitar que, durante a leitura, le-
todo o nosso tempo lendo! vantarmos para pegar algum objeto que julguemos importante,
O psicanalista francês Lacan disse que o olhar da mãe confi- devemos colocar lápis, marca-texto e dicionário sempre à mão.
gura a estrutura psíquica da criança, ou seja, esta se vê a partir de Quanto sublinhar os pontos importantes do texto, é preciso apren-
como vê seu reflexo nos olhos da mãe! O bebê, então, segundo der a técnica adequada. Não o fazer na primeira leitura, evitando
esta citação, lê nos olhos da mãe o sentimento com que é rece- que os aspectos sublinhados parecem-se mais com um mosaico de
bido e interpreta suas emoções: se o que encontra é rejeição, sua informações aleatórias.
experiência básica será de terror; se encontra alegria, sua expe- Os concursos apresentam questões interpretativas que têm por
riência será de tranquilidade, etc. Ler está tão relacionado com o finalidade a identificação de um  leitor autônomo. Portanto, o can-
fato de existirmos que nem nos preocupamos em aprimorar este didato deve compreender os níveis estruturais da língua por meio
processo. É lendo que vamos construindo nossos valores e estes da lógica, além de necessitar de um bom léxico internalizado.
são os responsáveis pela transformação dos fatos em objetos de As frases produzem significados diferentes de acordo com o
nosso sentimento. contexto em que estão inseridas. Torna-se, assim, necessário sem-
Leitura é um dos grandes, senão o maior, ingrediente da ci- pre fazer um confronto entre todas as partes que compõem o texto.
vilização. Ela é uma atividade ampla e livre, fato comprovado Além disso, é fundamental apreender as informações apresentadas
pela frustração de algumas pessoas ao assistirem a um filme, cuja por trás do texto e as inferências a que ele remete. Este procedi-
história já foi lida em um livro. Quando lemos, associamos as in- mento justifica-se por um texto ser sempre produto de uma postura
formações lidas à imensa bagagem de conhecimentos que temos ideológica do autor diante de uma temática qualquer.
armazenados em nosso cérebro e então somos capazes de criar,
imaginar e sonhar. Como ler e interpretar uma charge
É por meio da leitura que podemos entrar em contato com
pessoas distantes ou do passado, observando suas crenças, convic- Interpretar cartuns, charges ou quadrinhos exigem três habi-
ções e descobertas que foram imortalizadas por meio da escrita. lidades: observação, conhecimento do assunto e vocabulário ade-
Esta possibilita o avanço tecnológico e científico, registrando os quado. A primeira permite que o leitor “veja” todos os ícones pre-
conhecimentos, levando-os a qualquer pessoa em qualquer lugar sentes - e dono da situação - dê início à descrição minuciosa, mas
do mundo, desde que saibam decodificar a mensagem, interpre- que prioriza as relevâncias. A segunda requer um leitor “antenado”
tando os símbolos usados como registro da informação. A leitura com o noticiário mais recente, caso contrário não será possível es-
é o verdadeiro elo integrador do ser humano e a sociedade em que tabelecer sentidos para o que vê. A terceira encerra o ciclo, pois,
ele vive! sem dar nome ao que vê, o leitor não faz a tradução da imagem.
O mundo de hoje é marcado pelo enorme fluxo de informa- Desse modo, interpretar charges - ou qualquer outra forma de
ções oferecidas a todo instante. É preciso também tornarmo-nos expressão visual – exige procedimentos lógicos, atenção aos deta-
mais receptivos e atentos, para nos mantermos atualizados e com- lhes e uma preocupação rigorosa em associar imagens aos fatos.
petitivos. Para isso, é imprescindível leitura que nos estimule cada
vez mais em vista dos resultados que ela oferece. Se você pretende
acompanhar a evolução do mundo, manter-se em dia, atualizado e
bem informado, precisa preocupar-se com a qualidade da sua leitura.
Observe: você pode gostar de ler sobre esoterismo e uma pes-
soa próxima não se interessar por este assunto. Por outro lado, será
que esta mesma pessoa se interessa por um livro que fale sobre
História ou esportes? No caso da leitura, não existe livro interes-
sante, mas leitores interessados.
A pessoa que se preocupa com a qualidade de sua leitura e
com o resultado que poderá obter, deve pensar no ato de ler como
um comportamento que requer alguns cuidados, para ser realmente eficaz.

- Atitude: pensamento positivo para aquilo que deseja ler.


Manter-se descansado é muito importante também. Não adianta
um desgaste físico enorme, pois a retenção da informação será Benett. Folha de São Paulo, 15/02/2010
inversamente proporcional. Uma alimentação adequada é muito Charges são desenhos humorísticos que se utilizam da ironia
importante. e do sarcasmo para a constituição de uma crítica a uma situação
- Ambiente: o ambiente de leitura deve ser preparado para ela. social ou política vigente, e contra a qual se pretende – ou ao me-
Nada de ambientes com muitos estímulos que forcem a dispersão. nos se pretendia, na origem desse fenômeno artístico, na Inglaterra
Deve ser um local tranquilo, agradável, ventilado, com uma cadei- do século XIX – fazer uma oposição. Diferente do cartoon, arte
ra confortável para o leitor e mesa para apoiar o livro a uma altura também surgida na Inglaterra e que pretendia parodiar situações
que possibilite postura corporal adequada. Quanto a iluminação, do cotidiano da sociedade, constituindo assim uma crítica dos
deve vir do lado posterior esquerdo, pois o movimento de virar a costumes que ultrapassa os limites do tempo e projeta-se como
página acontecerá antes de ter sido lida a última linha da página di- crítica de época, a charge é caracterizada especificamente por ser

Didatismo e Conhecimento 5
PORTUGUÊS
uma crônica, ou seja, narra ou satiriza um fato acontecido em de-
terminado momento, e que perderá sua carga humorística ao ser
desvencilhada do contexto temporal no qual está inserida. Toda-
via, a palavra cartunista acabou designando, na nossa linguagem
cotidiana, a categoria de artistas que produz esse tipo de desenho
humorístico (charges ou cartoons)
Na verdade, quatro passos básicos para uma boa interpretação
político-ideológica de uma charge. Afinal, se a corrida eleitoral
para a Presidência da República já começou, não vai mal dar uma
boa olhada nas charges publicadas em cada jornal, impresso ou
eletrônico, para ver o que se passa na cabeça dos donos da grande
mídia sobre esse momento ímpar no processo democrático nacional…

Thiago Recchia. Gazeta do Povo, 01/04/2010

Passo 4: Compreenda qual o posicionamento ideológico fren-


te ao fato, do qual a charge quer te convencer: Assim como a
notícia vem, como já foi comentado, carregada de parcialidade
ideológica, a charge não está longe de ser um meio propício de co-
municação de um ponto de vista. E com um detalhe a mais: a char-
ge convence! Por seu efeito humorístico, a crítica proposta pela
Amarildo. A Gazeta-ES, 12/04/2010 charge permanece enraizada por tempo indeterminado em nossa
imaginação e, por decorrência, como vários autores da consagra-
Passo 1: Procure saber do que a charge está tratando: A char- da psicologia da imagem já demonstraram, nos processos incons-
ge geralmente está relacionada, por meio do uso de ANALOGIAS, cientes que podem influenciar as decisões e escolhas que julgamos
a uma notícia ou fato político, econômico, social ou cultural. Por- serem estritamente voluntárias. Compreender a mensagem ideo-
tanto, a primeira tarefa de um “analista de charges” será compreen- lógica da qual é composta uma charge acaba tendo a função de
der a qual fato ou notícia a charge em questão está relacionada. tornar conscientes estes processos, fazendo com que nossa decisão
seja fundamentada numa decisão mais racional e posicionada, e
Passo 2: Entenda os elementos contidos na charge: Numa ao mesmo tempo menos ingênua e caricata da situação. Aí, sim,
charge de crítica política ou econômica, sempre há um protago- a charge poderá auxiliar na formulação clara e cônscia de um po-
nista e um antagonista da situação – ou seja, um personagem al- sicionamento perante os fatos e notícias apresentados por esses
vejado pela crítica do chargista e outro que faz a vez de porta-voz meios de comunicação!
da crítica do chargista. Não necessariamente o antagonista aparece
na cena… O próprio cenário da charge, uma nota de rodapé ou a Exercícios
própria situação na qual o protagonista está inserido pode fazer a
vez de antagonista. Já nas charges de caráter social ou cultural, Atenção: As questões de números 1 a 5 referem-se ao texto
geralmente não há protagonistas e antagonistas, mas elementos do seguinte.
fato ou da notícia que são caricaturizados – isto é, retratados hu-
moristicamente – com vistas a trazer força à notícia representada Fotografias
na charge. No caso das charges de crítica econômica e política, a
identificação dos papéis de protagonista e antagonista da situação Toda fotografia é um portal aberto para outra dimensão: o
é fundamental para o próximo passo na interpretação desta charge. passado. A câmara fotográfica é uma verdadeira máquina do tem-
po, transformando o que é naquilo que já não é mais, porque o que
Passo 3: Identifique a linha editorial do veículo de comunica-
temos diante dos olhos é transmudado imediatamente em passado
ção: Não é novidade para nenhum de nós que a imparcialidade da
no momento do clique. Costumamos dizer que a fotografia con-
informação é uma mera ilusão, da qual nos convenceram de tanto
gela o tempo, preservando um momento passageiro para toda a
repetir. Não existe imparcialidade nem nas ciências, quanto mais eternidade, e isso não deixa de ser verdade. Todavia, existe algo
na imprensa! E por mais que a manipulação da notícia seja um ato que descongela essa imagem: nosso olhar. Em francês, imagem e
moralmente execrável, a parcialidade na informação noticiada pe- magia contêm as mesmas cinco letras: image e magie. Toda ima-
los meios de comunicação não apenas é inevitável, como também gem é magia, e nosso olhar é a varinha de condão que descongela
pode vir a ser benéfica no que tange ao processo da constituição o instante aprisionado nas geleiras eternas do tempo fotográfico.
de posicionamentos críticos e ideológicos no debate democrático. Toda fotografia é uma espécie de espelho da Alice do País
Reafirmando aquele lugar-comum, mas válido, do dramaturgo das Maravilhas, e cada pessoa que mergulha nesse espelho de pa-
Nelson Rodrigues (do qual eu nunca encontrei a citação, confes- pel sai numa dimensão diferente e vivencia experiências diversas,
so), “toda unanimidade é burra”. Por isso, é preciso compreender pois o lado de lá é como o albergue espanhol do ditado: cada um
e identificar a linha editorial do veículo de comunicação no qual a só encontra nele o que trouxe consigo. Além disso, o significado
charge foi publicada, pois esta revela a ideologia que inspira o foco de uma imagem muda com o passar do tempo, até para o mesmo
de parcialidade que este dá às suas notícias. observador.

Didatismo e Conhecimento 6
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Variam, também, os níveis de percepção de uma fotografia. (B) Na superfície espacial de uma fotografia, nem se imagine
Isso ocorre, na verdade, com todas as artes: um músico, por exem- os tempos a que suscitarão essa imagem aparentemente congelada...
plo, é capaz de perceber dimensões sonoras inteiramente insus- (C) Conquanto seja o registro de um determinado espaço, uma
peitas para os leigos. Da mesma forma, um fotógrafo profissional foto leva-nos a viver profundas experiências de caráter temporal.
lê as imagens fotográficas de modo diferente daqueles que desco- (D) Tal como ocorrem nos espelhos da Alice, as experiências
nhecem a sintaxe da fotografia, a “escrita da luz”. Mas é difícil físicas de uma fotografia podem se inocular em planos temporais.
imaginar alguém que seja insensível à magia de uma foto. (E) Nenhuma imagem fotográfica é congelada suficientemen-
(Adaptado de Pedro Vasquez, em Por trás daquela foto. te para abrir mão de implicâncias semânticas no plano temporal.
São Paulo: Companhia das Letras, 2010)
Atenção: As questões de números 6 a 9 referem-se ao texto
1. O segmento do texto que ressalta a ação mesma da percep-
seguinte.
ção de uma foto é:
(A) A câmara fotográfica é uma verdadeira máquina do tempo.
(B) a fotografia congela o tempo. Discriminar ou discriminar?
(C) nosso olhar é a varinha de condão que descongela o ins-
tante aprisionado. Os dicionários não são úteis apenas para esclarecer o sen-
(D) o significado de uma imagem muda com o passar do tempo. tido de um vocábulo; ajudam, com frequência, a iluminar teses
(E) Mas é difícil imaginar alguém que seja insensível à magia controvertidas e mesmo a incendiar debates. Vamos ao Dicionário
de uma foto. Houaiss, ao verbete discriminar, e lá encontramos, entre outras,
estas duas acepções: a) perceber diferenças; distinguir, discernir;
2. No contexto do último parágrafo, a referência aos vários b) tratar mal ou de modo injusto, desigual, um indivíduo ou grupo
níveis de percepção de uma fotografia remete de indivíduos, em razão de alguma característica pessoal, cor da
(A) à diversidade das qualidades intrínsecas de uma foto. pele, classe social, convicções etc.
(B) às diferenças de qualificação do olhar dos observadores. Na primeira acepção, discriminar é dar atenção às diferen-
(C) aos graus de insensibilidade de alguns diante de uma foto. ças, supõe um preciso discernimento; o termo transpira o senti-
(D) às relações que a fotografia mantém com as outras artes. do positivo de quem reconhece e considera o estatuto do que é
(E) aos vários tempos que cada fotografia representa em si diferente. Discriminar o certo do errado é o primeiro passo no
mesma. caminho da ética. Já na segunda acepção, discriminar é deixar
agir o preconceito, é disseminar o juízo preconcebido. Discrimi-
3. Atente para as seguintes afirmações:
nar alguém: fazê-lo objeto de nossa intolerância.
I. Ao dizer, no primeiro parágrafo, que a fotografia congela o
Diz-se que tratar igualmente os desiguais é perpetuar a de-
tempo, o autor defende a ideia de que a realidade apreendida numa
foto já não pertence a tempo algum. sigualdade. Nesse caso, deixar de discriminar (no sentido de dis-
II. No segundo parágrafo, a menção ao ditado sobre o alber- cernir) é permitir que uma discriminação continue (no sentido de
gue espanhol tem por finalidade sugerir que o olhar do observador preconceito). Estamos vivendo uma época em que a bandeira da
não interfere no sentido próprio e particular de uma foto. discriminação se apresenta em seu sentido mais positivo: trata-se
III. Um fotógrafo profissional, conforme sugere o terceiro pa- de aplicar políticas afirmativas para promover aqueles que vêm
rágrafo, vê não apenas uma foto, mas os recursos de uma lingua- sofrendo discriminações históricas. Mas há, por outro lado, quem
gem específica nela fixados. veja nessas propostas afirmativas a forma mais censurável de dis-
Em relação ao texto, está correto o que se afirma SOMENTE em criminação... É o caso das cotas especiais para vagas numa uni-
(A) I e II. versidade ou numa empresa: é uma discriminação, cujo sentido
(B) II e III. positivo ou negativo depende da convicção de quem a avalia. As
(C) I. acepções são inconciliáveis, mas estão no mesmo verbete do di-
(D) II. cionário e se mostram vivas na mesma sociedade.
(E) III. (Aníbal Lucchesi, inédito)
4. No contexto do primeiro parágrafo, o segmento Todavia, 6. A afirmação de que os dicionários podem ajudar a incendiar
existe algo que descongela essa imagem pode ser substituído, sem debates confirma-se, no texto, pelo fato de que o verbete discri-
prejuízo para a correção e a coerência do texto, por:
minar
(A) Tendo isso em vista, há que se descongelar essa imagem.
(A) padece de um sentido vago e impreciso, gerando por isso
(B) Ainda assim, há mais que uma imagem descongelada.
(C) Apesar de tudo, essa imagem descongela algo. inúmeras controvérsias entre os usuários.
(D) Há, não obstante, o que faz essa imagem descongelar. (B) apresenta um sentido secundário, variante de seu sentido
(E) Há algo, outrossim, que essa imagem descongelará. principal, que não é reconhecido por todos.
(C) abona tanto o sentido legítimo como o ilegítimo que se
5. Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre costuma atribuir a esse vocábulo.
o texto: (D) faz pensar nas dificuldades que existem quando se trata de
(A) Apesar de se ombrearem com outras artes plásticas, a fo- determinar a origem de um vocábulo.
tografia nos faz desfrutar e viver experiências de natureza igual- (E) desdobra-se em acepções contraditórias que correspon-
mente temporal. dem a convicções incompatíveis.

Didatismo e Conhecimento 7
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7. Diz-se que tratar igualmente os desiguais é perpetuar a Até a União Soviética acabou, como foi dito por locutores espe-
desigualdade. cializados em necrológio eufórico. Mas o drama da baleia não
Da afirmação acima é coerente deduzir esta outra: acabava. Centenas de curiosos foram lá apreciar aquela monta-
(A) Os homens são desiguais porque foram tratados com o nha de força a se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência. Um
mesmo critério de igualdade. belo espetáculo.
(B) A igualdade só é alcançável se abolida a fixação de um À noite, cessava o trabalho, ou a diversão. Mas já ao raiar
mesmo critério para casos muito diferentes. do dia, sem recursos, com simples cordas e as próprias mãos, to-
(C) Quando todos os desiguais são tratados desigualmente, a dos se empenhavam no lúcido objetivo comum. Comum, vírgula.
O sorveteiro vendeu centenas de picolés. Por ele a baleia ficava
desigualdade definitiva torna-se aceitável.
encalhada por mais duas ou três semanas. Uma santa senhora
(D) Uma forma de perpetuar a igualdade está em sempre tratar
teve a feliz ideia de levar pastéis e empadinhas para vender com
os iguais como se fossem desiguais. ágio. Um malvado sugeriu que se desse por perdida a batalha e se
(E) Critérios diferentes implicam desigualdades tais que os começasse logo a repartir os bifes.
injustiçados são sempre os mesmos. Em 1966, uma baleia adulta foi parar ali mesmo e em quinze
minutos estava toda retalhada. Muitos se lembravam da alegria
8. Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o voraz com que foram disputadas as toneladas da vítima. Essa de
sentido de um segmento em: agora teve mais sorte. Foi salva graças à religião ecológica que
(A) iluminar teses controvertidas (1º parágrafo) = amainar anda na moda e que por um momento estabeleceu uma trégua en-
posições dubitativas. tre todos nós, animais de sangue quente ou de sangue frio.
(B) um preciso discernimento (2º parágrafo) = uma arraigada Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás. Logo uma
estatal, ó céus, num momento em que é preciso dar provas da efi-
dissuasão.
cácia da empresa privada. De qualquer forma, eu já podia reco-
(C) disseminar o juízo preconcebido (2º parágrafo) = dissua-
lher a minha aflição. Metáfora fácil, lá se foi, espero que salva,
dir o julgamento predestinado.
a baleia de Saquarema. O maior animal do mundo, assim frágil,
(D) a forma mais censurável (3º parágrafo) = o modo mais à mercê de curiosos. À noite, sonhei com o Brasil encalhado na
repreensível. areia diabólica da inflação. A bordo, uma tripulação de camelôs
(E) As acepções são inconciliáveis (3º parágrafo) = as versões anunciava umas bugigangas. Tudo fala. Tudo é símbolo.
são inatacáveis.
(Otto Lara Resende, Folha de S. Paulo)
9. É preciso reelaborar, para sanar falha estrutural, a redação
da seguinte frase: 10. O cronista ressalta aspectos contrastantes do caso de Sa-
(A) O autor do texto chama a atenção para o fato de que o quarema, tal como se observa na relação entre estas duas expressões:
desejo de promover a igualdade corre o risco de obter um efeito (A) drama da baleia encalhada e três dias se debatendo na
contrário. areia.
(B) Embora haja quem aposte no critério único de julgamento, (B) em quinze minutos estava toda retalhada e foram disputa-
para se promover a igualdade, visto que desconsideram o risco do das as toneladas da vítima.
contrário. (C) se esfalfar em vão na luta pela sobrevivência e levar pas-
(C) Quem vê como justa a aplicação de um mesmo critério téis e empadinhas para vender com ágio.
para julgar casos diferentes não crê que isso reafirme uma situação (D) o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar e lá se
de injustiça. foi, espero que salva, a baleia de Saquarema.
(E) Até que enfim chegou uma traineira da Petrobrás e Logo
(D) Muitas vezes é preciso corrigir certas distorções aplican-
uma estatal, ó céus.
do-se medidas que, à primeira vista, parecem em si mesmas dis-
torcidas. 11. Atente para as seguintes afirmações sobre o texto:
(E) Em nossa época, há desequilíbrios sociais tão graves que I. A analogia entre a baleia e a União Soviética insinua, entre
tornam necessários os desequilíbrios compensatórios de uma ação outros termos de aproximação, o encalhe dos gigantes.
corretiva. II. As reações dos envolvidos no episódio da baleia encalhada
revelam que, acima das diferentes providências, atinham-se todos
Atenção: As questões de números 10 a 14 referem-se à crônica a um mesmo propósito.
abaixo. III. A expressão Tudo é símbolo prende-se ao fato de que o au-
tor aproveitou o episódio da baleia encalhada para também figurar
Bom para o sorveteiro o encalhe de um país imobilizado pela alta inflação.
Em relação ao texto, está correto o que se afirma em
Por alguma razão inconsciente, eu fugia da notícia. Mas a (A) I, II e III.
notícia me perseguia. Até no avião, o único jornal abria na minha (B) I e III, apenas.
cara o drama da baleia encalhada na praia de Saquarema. Afinal, (C) II e III, apenas.
depois de quase três dias se debatendo na areia da praia e na tela (D) I e II, apenas.
da televisão, o filhote de jubarte conseguiu ser devolvido ao mar. (E) III, apenas.

Didatismo e Conhecimento 8
PORTUGUÊS
12. Foram irrelevantes para a salvação da baleia estes dois Entre a escolha pelo mérito e a escolha pelo voto há neces-
fatores: sidades muito distintas. Num concurso público, por exemplo, a
(A) o necrológio da União Soviética e os serviços da traineira avaliação do mérito pessoal do candidato se impõe sobre qual-
da Petrobrás. quer outra. A seleção e a classificação de profissionais devem ser
(B) o prestígio dos valores ecológicos e o empenho no lúcido processos marcados pela transparência do método e pela adequa-
objetivo comum. ção aos objetivos. Já a escolha da liderança de uma associação
(C) o fato de a jubarte ser um animal de sangue frio e o prestí- de classe, de um sindicato deve ocorrer em conformidade com o
gio dos valores ecológicos. desejo da maioria, que escolhe livremente seu representante. Entre
(D) o fato de a Petrobrás ser uma empresa estatal e as iniciati- a especialidade técnica e a vocação política há diferenças profun-
vas que couberam a uma traineira. das de natureza, que pedem distintas formas de reconhecimento.
(E) o aproveitamento comercial da situação e a força desco- Essas questões vêm à tona quando, em certas instituições, o
munal empregada pela jubarte. prestígio do “assembleísmo” surge como absoluto. Há quem pre-
tenda decidir tudo no voto, reconhecendo numa assembleia a “so-
13. Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o berania” que a qualifica para a tomada de qualquer decisão. Não
sentido de um segmento em: por acaso, quando alguém se opõe a essa generalização, lembran-
do a razão do mérito, ouvem-se diatribes contra a “meritocra-
(A) em necrológio eufórico (1º parágrafo) = em façanha mortal.
cia”. Eis aí uma tarefa para nós todos: reconhecer, caso a caso, a
(B) Comum, vírgula (2º parágrafo) = Geral, mas nem tanto.
legitimidade que tem a decisão pelo voto ou pelo reconhecimento
(C) que se desse por perdida a batalha (2º parágrafo) = que se da qualificação indispensável. Assim, não elegeremos deputado
imaginasse o efeito de uma derrota. alguém sem espírito público, nem votaremos no passageiro que
(D) estabeleceu uma trégua entre todos nós (3º parágrafo) = deverá pilotar nosso avião.
derrogou uma imunidade para nós todos. (Júlio Castanho de Almeida, inédito)
(E) é preciso dar provas da eficácia (4º parágrafo) = convém
explicitar os bons propósitos. 15. Deve-se presumir, com base no texto, que a razão do mé-
rito e a razão do voto devem ser consideradas, diante da tomada
14. Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre de uma decisão,
o último parágrafo do texto. (A) complementares, pois em separado nenhuma delas satis-
(A) Apesar de tratar do drama ocorrido com uma baleia, o faz o que exige uma situação dada.
cronista não deixa de aludir a circunstâncias nacionais, como o (B) excludentes, já que numa votação não se leva em conta
impulso para as privatizações e os custos da alta inflação. nenhuma questão de mérito.
(B) Mormente tratando de uma jubarte encalhado, o cronista (C) excludentes, já que a qualificação por mérito pressupõe
não obsta em tratar de assuntos da pauta nacional, como a inflação que toda votação é ilegítima.
ou o processo empresarial das privatizações. (D) conciliáveis, desde que as mesmas pessoas que votam se-
(C) Vê-se que um cronista pode assumir, como aqui ocorreu, o jam as que decidam pelo mérito.
(E) independentes, visto que cada uma atende a necessidades
papel tanto de um repórter curioso como analisar fatos oportunos,
de bem distintas naturezas.
qual seja a escalada inflacionária ou a privatização.
(D) O incidente da jubarte encalhado não impediu de que o 16. Atente para as seguintes afirmações:
cronista se valesse de tal episódio para opinar diante de outros fa- I. A argumentação do ministro, referida no primeiro parágrafo,
tos, haja vista a inflação nacional ou a escalada das privatizações. é rebatida pelo autor do texto por ser falaciosa e escamotear os
(E) Ao bom cronista ocorre associar um episódio como o da reais interesses de quem a formula.
jubarte com a natureza de outros, bem distintos, sejam os da eco- II. O autor do texto manifesta-se francamente favorável à ra-
nomia inflacionada, sejam o crescente prestígio das privatizações. zão do mérito, a menos que uma situação de real impasse imponha
a resolução pelo voto.
Atenção: As questões de números 15 a 18 referem-se ao texto III. A conotação pejorativa que o uso de aspas confere ao ter-
abaixo. mo “assembleísmo” expressa o ponto de vista dos que desconsi-
deram a qualificação técnica.
A razão do mérito e a do voto Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se afirma em
(A) I.
Um ministro, ao tempo do governo militar, irritado com a (B) II.
campanha pelas eleições diretas para presidente da República, (C) III.
buscou minimizar a importância do voto com o seguinte argumen- (D) I e II.
(E) II e III.
to: − Será que os passageiros de um avião gostariam de fazer uma
eleição para escolher um deles como piloto de seu voo? Ou prefe-
17. Considerando-se o contexto, são expressões bastante pró-
ririam confiar no mérito do profissional mais abalizado? ximas quanto ao sentido:
A perfídia desse argumento está na falsa analogia entre uma (A) fazer uma eleição e confiar no mérito do profissional.
função eminentemente técnica e uma função eminentemente polí- (B) especialidade técnica e vocação política.
tica. No fundo, o ministro queria dizer que o governo estava indo (C) classificação de profissionais e escolha da liderança.
muito bem nas mãos dos militares e que estes saberiam melhor que (D) avaliação do mérito e reconhecimento da qualificação.
ninguém prosseguir no comando da nação. (E) transparência do método e desejo da maioria.

Didatismo e Conhecimento 9
PORTUGUÊS
18. Atente para a redação do seguinte comunicado: Toda receita culinária tem duas partes: lista dos ingredientes
e modo de preparar. As informações apresentadas na primeira são
Viemos por esse intermédio convocar-lhe para a assembleia retomadas na segunda. Nesta, os nomes mencionados pela primei-
geral da próxima sexta-feira, aonde se decidirá os rumos do nos- ra vez na lista de ingredientes vêm precedidos de artigo definido,
so movimento reivindicatório. o qual exerce, entre outras funções, a de indicar que o termo deter-
minado por ele se refere ao mesmo ser a que uma palavra idêntica
As falhas do texto encontram-se plenamente sanadas em: já fizera menção.
(A) Vimos, por este intermédio, convocá-lo para a assembleia No nosso texto, por exemplo, quando se diz que se adiciona o
geral da próxima sexta-feira, quando se decidirão os rumos do açúcar, o artigo citado na primeira parte. Se dissesse apenas adi-
cione açúcar, deveria adicionar, pois se trataria de outro açúcar,
nosso movimento reivindicatório.
diverso daquele citado no rol dos ingredientes.
(B) Viemos por este intermédio convocar-lhe para a assem-
Há dois tipos principais de mecanismos de coesão: retomada
bleia geral da próxima sexta-feira, onde se decidirá os rumos do ou antecipação de palavras, expressões ou frases e encadeamento
nosso movimento reivindicatório. de segmentos.
(C) Vimos, por este intermédio, convocar-lhe para a assem-
bleia geral da próxima sexta-feira, em cuja se decidirão os rumos Retomada ou Antecipação por meio de uma palavra gramatical
do nosso movimento reivindicatório. (pronome, verbos ou advérbios)
(D) Vimos por esse intermédio convocá-lo para a assembleia
geral da próxima sexta-feira, em que se decidirá os rumos do nos- “No mercado de trabalho brasileiro, ainda hoje não há total
so movimento reivindicatório. igualdade entre homens e mulheres: estas ainda ganham menos do
(E) Viemos, por este intermédio, convocá-lo para a assem- que aqueles em cargos equivalentes.”
bleia geral da próxima sexta-feira, em que se decidirão os rumos
do nosso movimento reivindicatório. Nesse período, o pronome demonstrativo “estas” retoma o
termo mulheres, enquanto “aqueles” recupera a palavra homens.
Respostas: 01-C / 02-B / 03-E / 04-D / 05-C / 06-E / 07-B / Os termos que servem para retomar outros são denominados
08-D / 09-B / 10-C / 11-B / 12-E / 13-B / 14-A / 15-E / 16-A / 17-D anafóricos; os que servem para anunciar, para antecipar outros são
/ 18-A chamados catafóricos. No exemplo a seguir, desta antecipa aban-
donar a faculdade no último ano:
Coesão
“Já viu uma loucura desta, abandonar a faculdade no último
Uma das propriedades que distinguem um texto de um amon- ano?”
toado de frases é a relação existente entre os elementos que os São anafóricos ou catafóricos os pronomes demonstrativos, os
constituem. A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pronomes relativos, certos advérbios ou locuções adverbiais (nes-
palavras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por ele- se momento, então, lá), o verbo fazer, o artigo definido, os prono-
mentos gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os mes pessoais de 3ª pessoa (ele, o, a, os, as, lhe, lhes), os pronomes
componentes do texto. Observe: indefinidos. Exemplos:
“O iraquiano leu sua declaração num bloquinho comum de
anotações, que segurava na mão.” “Ele era muito diferente de seu mestre, a quem sucedera na
cátedra de Sociologia na Universidade de São Paulo.”
Nesse período, o pronome relativo “que” estabelece conexão
entre as duas orações. O iraquiano leu sua declaração num blo- O pronome relativo “quem” retoma o substantivo mestre.
quinho comum de anotações e segurava na mão, retomando na
segunda um dos termos da primeira: bloquinho. O pronome relati- “As pessoas simplificam Machado de Assis; elas o veem como
vo é um elemento coesivo, e a conexão entre as duas orações, um um pensador cín iço e descrente do amor e da amizade.”
fenômeno de coesão. Leia o texto que segue:
O pronome pessoal “elas” recupera o substantivo pessoas; o
Arroz-doce da infância pronome pessoal “o” retoma o nome Machado de Assis.

Ingredientes “Os dois homens caminhavam pela calçada, ambos trajando


1 litro de leite desnatado roupa escura.”
150g de arroz cru lavado
1 pitada de sal O numeral “ambos” retoma a expressão os dois homens.
4 colheres (sopa) de açúcar
1 colher (sobremesa) de canela em pó “Fui ao cinema domingo e, chegando lá, fiquei desanimado
com a fila.”
Preparo
Em uma panela ferva o leite, acrescente o arroz, a pitada de O advérbio “lá” recupera a expressão ao cinema.
sal e mexa sem parar até cozinhar o arroz. Adicione o açúcar e
deixe no fogo por mais 2 ou 3 minutos. Despeje em um recipiente, “O governador vai pessoalmente inaugurar a creche dos fun-
polvilhe a canela. Sirva. cionários do palácio, e o fará para demonstrar seu apreço aos
servidores.”
Cozinha Clássica Baixo Colesterol, nº4.
A forma verbal “fará” retoma a perífrase verbal vai inaugu-
São Paulo, InCor, agosto de 1999, p. 42.
rar e seu complemento.

Didatismo e Conhecimento 10
PORTUGUÊS
- Em princípio, o termo a que o anafórico se refere deve estar Sinônimo é o nome que se dá a uma palavra que possui o
presente no texto, senão a coesão fica comprometida, como neste mesmo sentido que outra, ou sentido bastante aproximado: injúria
exemplo: e afronta, alegre e contente.
Hiperônimo é um termo que mantém com outro uma relação
“André é meu grande amigo. Começou a namorá-la há vários do tipo contém/está contido;
meses.” Hipônimo é uma palavra que mantém com outra uma relação
do tipo está contido/contém. O significado do termo rosa está con-
A rigor, não se pode dizer que o pronome “la” seja um anafó- tido no de flor e o de flor contém o de rosa, pois toda rosa é uma
rico, pois não está retomando nenhuma das palavras citadas antes. flor, mas nem toda flor é uma rosa. Flor é, pois, hiperônimo de
Exatamente por isso, o sentido da frase fica totalmente prejudica- rosa, e esta palavra é hipônimo daquela.
do: não há possibilidade de se depreender o sentido desse prono- Antonomásia é a substituição de um nome próprio por um
me. nome comum ou de um comum por um próprio. Ela ocorre, prin-
Pode ocorrer, no entanto, que o anafórico não se refira a ne- cipalmente, quando uma pessoa célebre é designada por uma ca-
nhuma palavra citada anteriormente no interior do texto, mas que racterística notória ou quando o nome próprio de uma personagem
possa ser inferida por certos pressupostos típicos da cultura em que famosa é usada para designar outras pessoas que possuam a mes-
se inscreve o texto. É o caso de um exemplo como este: ma característica que a distingue:

“O casamento teria sido às 20 horas. O noivo já estava de- “O rei do futebol (=Pelé) som podia ser um brasileiro.”
sesperado, porque eram 21 horas e ela não havia comparecido.”
“O herói de dois mundos (=Garibaldi) foi lembrado numa
Por dados do contexto cultural, sabe-se que o pronome “ela” recente minissérie de tevê.”
é um anafórico que só pode estar-se referindo à palavra noiva.
Num casamento, estando presente o noivo, o desespero só pode ser Referência ao fato notório de Giuseppe Garibaldi haver lutado
pelo atraso da noiva (representada por “ela” no exemplo citado). pela liberdade na Europa e na América.
- O artigo indefinido serve geralmente para introduzir infor- “Ele é um hércules (=um homem muito forte).
mações novas ao texto. Quando elas forem retomadas, deverão ser
precedidas do artigo definido, pois este é que tem a função de indi- Referência à força física que caracteriza o herói grego Hér-
car que o termo por ele determinado é idêntico, em termos de valor cules.
referencial, a um termo já mencionado.
“Um presidente da República tem uma agenda de trabalho
“O encarregado da limpeza encontrou uma carteira na sala extremamente carregada. Deve receber ministros, embaixadores,
de espetáculos. Curiosamente, a carteira tinha muito dinheiro visitantes estrangeiros, parlamentares; precisa a todo momento
dentro, mas nem um documento sequer.” tomar graves decisões que afetam a vida de muitas pessoas; ne-
cessita acompanhar tudo o que acontece no Brasil e no mundo.
- Quando, em dado contexto, o anafórico pode referir-se a dois Um presidente deve começar a trabalhar ao raiar do dia e termi-
termos distintos, há uma ruptura de coesão, porque ocorre uma nar sua jornada altas horas da noite.”
ambiguidade insolúvel. É preciso que o texto seja escrito de tal
forma que o leitor possa determinar exatamente qual é a palavra A repetição do termo presidente estabelece a coesão entre o
retomada pelo anafórico. último período e o que vem antes dele.

“Durante o ensaio, o ator principal brigou com o diretor por “Observava as estrelas, os planetas, os satélites. Os astros
causa da sua arrogância.” sempre o atraíram.

O anafórico “sua” pode estar-se referindo tanto à palavra ator Os dois períodos estão relacionados pelo hiperônimo astros,
quanto a diretor. que recupera os hipônimos estrelas, planetas, satélites.

“André brigou com o ex-namorado de uma amiga, que traba- “Eles (os alquimistas) acreditavam que o organismo do ho-
lha na mesma firma.” mem era regido por humores (fluidos orgânicos) que percorriam,
ou apenas existiam, em maior ou menor intensidade em nosso cor-
Não se sabe se o anafórico “que” está se referindo ao termo po. Eram quatro os humores: o sangue, a fleuma (secreção pulmo-
amiga ou a ex-namorado. Permutando o anafórico “que” por “o nar), a bile amarela e a bile negra. E eram também estes quatro
qual” ou “a qual”, essa ambiguidade seria desfeita. fluidos ligados aos quatro elementos fundamentais: ao Ar (seco), à
Água (úmido), ao Fogo (quente) e à Terra (frio), respectivamente.”
Retomada por palavra lexical
(substantivo, adjetivo ou verbo) Ziraldo. In: Revista Vozes, nº3, abril de 1970, p.18.

Uma palavra pode ser retomada, que por uma repetição, quer Nesse texto, a ligação entre o segundo e o primeiro períodos
por uma substituição por sinônimo, hiperônimo, hipônimo ou an- se faz pela repetição da palavra humores; entre o terceiro e o se-
tonomásia. gundo se faz pela utilização do sinônimo fluidos.

Didatismo e Conhecimento 11
PORTUGUÊS
É preciso manejar com muito cuidado a repetição de palavras, o complemento inteiro, portanto teríamos uma preposição inde-
pois, se ela não for usada para criar um efeito de sentido de inten- vida: “Conheço (deste livro) e gosto deste livro”. Em “Implico
sificação, constituirá uma falha de estilo. No trecho transcrito a e dispenso sem dó os estranhos palpiteiros”, diferentemente, no
seguir, por exemplo, fica claro o uso da repetição da palavra vice complemento em elipse faltaria a preposição “com” exigida pelo
e outras parecidas (vicissitudes, vicejam, viciem), com a evidente verbo implicar.
intenção de ridicularizar a condição secundária que um provável Nesses casos, para assegurar a coesão, o recomendável é co-
flamenguista atribui ao Vasco e ao seu Vice-presidente: locar o complemento junto ao primeiro verbo, respeitando sua
regência, e retomá-lo após o segundo por um anafórico, acres-
“Recebi por esses dias um e-mail com uma série de piadas
centando a preposição devida (Conheço este livro e gosto dele)
sobre o pouco simpático Eurico Miranda. Faltam-me provas, mas
ou eliminando a indevida (Implico com estranhos palpiteiros e os
tudo leva a crer que o remetente seja um flamenguista.”
Segundo o texto, Eurico nasceu para ser vice: é vice-presiden- dispenso sem dó).
te do clube, vice-campeão carioca e bi vice-campeão mundial. E
isso sem falar do vice no Carioca de futsal, no Carioca de basquete, Coesão por Conexão
no Brasileiro de basquete e na Taça Guanabara. São vicissitudes
que vicejam. Espero que não viciem. Há na língua uma série de palavras ou locuções que são res-
José Roberto Torero. In: Folha de S. Paulo, 08/03/2000, p. ponsáveis pela concatenação ou relação entre segmentos do texto.
4-7. Esses elementos denominam-se conectores ou operadores discur-
sivos. Por exemplo: visto que, até, ora, no entanto, contudo, ou
A elipse é o apagamento de um segmento de frase que pode seja.
ser facilmente recuperado pelo contexto. Também constitui um Note-se que eles fazem mais do que ligar partes do texto: es-
expediente de coesão, pois é o apagamento de um termo que seria tabelecem entre elas relações semânticas de diversos tipos, como
repetido, e o preenchimento do vazio deixado pelo termo apagado
contrariedade, causa, consequência, condição, conclusão, etc. Es-
(=elíptico) exige, necessariamente, que se faça correlação com ou-
sas relações exercem função argumentativa no texto, por isso os
tros termos presentes no contexto, ou referidos na situação em que
operadores discursivos não podem ser usados indiscriminadamente.
se desenrola a fala.
Vejamos estes versos do poema “Círculo vicioso”, de Macha- Na frase “O time apresentou um bom futebol, mas não alcan-
do de Assis: çou a vitória”, por exemplo, o conector “mas” está adequadamen-
te usado, pois ele liga dois segmentos com orientação argumenta-
(...) tiva contrária.
Mas a lua, fitando o sol, com azedume: Se fosse utilizado, nesse caso, o conector “portanto”, o resul-
tado seria um paradoxo semântico, pois esse operador discursivo
“Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela liga dois segmentos com a mesma orientação argumentativa, sen-
Claridade imorta, que toda a luz resume!” do o segmento introduzido por ele a conclusão do anterior.
Obra completa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1979, v.III,
p. 151. - Gradação: há operadores que marcam uma gradação numa
série de argumentos orientados para uma mesma conclusão. Divi-
Nesse caso, o verbo dizer, que seria enunciado antes daquilo
dem-se eles, em dois subtipos: os que indicam o argumento mais
que disse a lua, isto é, antes das aspas, fica subentendido, é omitido
forte de uma série: até, mesmo, até mesmo, inclusive, e os que
por ser facilmente presumível.
subentendem uma escala com argumentos mais fortes: ao menos,
Qualquer segmento da frase pode sofrer elipse. Veja que, no
exemplo abaixo, é o sujeito meu pai que vem elidido (ou apagado) pelo menos, no mínimo, no máximo, quando muito.
antes de sentiu e parou:
“Ele é um bom conferencista: tem uma voz bonita, é bem arti-
“Meu pai começou a andar novamente, sentiu a pontada no culado, conhece bem o assunto de que fala e é até sedutor.”
peito e parou.”
Toda a série de qualidades está orientada no sentido de com-
Pode ocorrer também elipse por antecipação. No exemplo que provar que ele é bom conferencista; dentro dessa série, ser sedutor
segue, aquela promoção é complemento tanto de querer quanto de é considerado o argumento mais forte.
desejar, no entanto aparece apenas depois do segundo verbo:
“Ele é ambicioso e tem grande capacidade de trabalho. Che-
“Ficou muito deprimido com o fato de ter sido preferido. Afi- gará a ser pelo menos diretor da empresa.”
nal, queria muito, desejava ardentemente aquela promoção.”
Pelo menos introduz um argumento orientado no mesmo
Quando se faz essa elipse por antecipação com verbos que têm
sentido de ser ambicioso e ter grande capacidade de trabalho; por
regência diferente, a coesão é rompida. Por exemplo, não se deve
dizer “Conheço e gosto deste livro”, pois o verbo conhecer rege outro lado, subentende que há argumentos mais fortes para com-
complemento não introduzido por preposição, e a elipse retoma provar que ele tem as qualidades requeridas dos que vão longe

Didatismo e Conhecimento 12
PORTUGUÊS
(por exemplo, ser presidente da empresa) e que se está usando o Por conseguinte introduz uma conclusão em relação à afirma-
menos forte; ao menos, pelo menos e no mínimo ligam argumentos ção exposta no primeiro período.
de valor positivo.
“Ele não é bom aluno. No máximo vai terminar o segundo - Comparação: outros importantes operadores discursivos são
grau.” os que estabelecem uma comparação de igualdade, superioridade
ou inferioridade entre dois elementos, com vistas a uma conclusão
No máximo introduz um argumento orientado no mesmo sen- contrária ou favorável a certa ideia: tanto... quanto, tão... como,
tido de ter muita dificuldade de aprender; supõe que há uma escala mais... (do) que.
argumentativa (por exemplo, fazer uma faculdade) e que se está
usando o argumento menos forte da escala no sentido de provar a “Os problemas de fuga de presos serão tanto mais graves
afirmação anterior; no máximo e quando muito estabelecem liga- quanto maior for a corrupção entre os agentes penitenciários.”
ção entre argumentos de valor depreciativo.
O comparativo de igualdade tem no texto uma função argu-
- Conjunção Argumentativa: há operadores que assinalam mentativa: mostrar que o problema da fuga de presos cresce à me-
uma conjunção argumentativa, ou seja, ligam um conjunto de ar- dida que aumenta a corrupção entre os agentes penitenciários; por
gumentos orientados em favor de uma dada conclusão: e, também, isso, os segmentos podem até ser permutáveis do ponto de vista
ainda, nem, não só... mas também, tanto... como, além de, a par sintático, mas não o são do ponto de vista argumentativo, pois não
de. há igualdade argumentativa proposta, “Tanto maior será a cor-
rupção entre os agentes penitenciários quanto mais grave for o
“Se alguém pode tomar essa decisão é você. Você é o diretor problema da fuga de presos”.
da escola, é muito respeitado pelos funcionários e também é muito Muitas vezes a permutação dos segmentos leva a conclusões
querido pelos alunos.” opostas: Imagine-se, por exemplo, o seguinte diálogo entre o dire-
tor de um clube esportivo e o técnico de futebol:
Arrolam-se três argumentos em favor da tese que é o interlo-
cutor quem pode tomar uma dada decisão. O último deles é intro- “__Precisamos promover atletas das divisões de base para
duzido por “e também”, que indica um argumento final na mesma reforçar nosso time.
direção argumentativa dos precedentes. __Qualquer atleta das divisões de base é tão bom quanto os
Esses operadores introduzem novos argumentos; não signifi- do time principal.”
cam, em hipótese nenhuma, a repetição do que já foi dito. Ou seja, Nesse caso, o argumento do técnico é a favor da promoção,
só podem ser ligados com conectores de conjunção segmentos que pois ele declara que qualquer atleta das divisões de base tem, pelo
representam uma progressão discursiva. É possível dizer “Dis- menos, o mesmo nível dos do time principal, o que significa que
farçou as lágrimas que o assaltaram e continuou seu discurso”, estes não primam exatamente pela excelência em relação aos ou-
porque o segundo segmento indica um desenvolvimento da expo- tros.
sição. Não teria cabimento usar operadores desse tipo para ligar Suponhamos, agora, que o técnico tivesse invertido os seg-
dois segmentos como “Disfarçou as lágrimas que o assaltaram e mentos na sua fala:
escondeu o choro que tomou conta dele”.
“__Qualquer atleta do time principal é tão bom quanto os das
- Disjunção Argumentativa: há também operadores que in- divisões de base.”
dicam uma disjunção argumentativa, ou seja, fazem uma conexão
entre segmentos que levam a conclusões opostas, que têm orienta- Nesse caso, seu argumento seria contra a necessidade da pro-
ção argumentativa diferente: ou, ou então, quer... quer, seja... seja, moção, pois ele estaria declarando que os atletas do time principal
caso contrário, ao contrário. são tão bons quanto os das divisões de base.

“Não agredi esse imbecil. Ao contrário, ajudei a separar a - Explicação ou Justificativa: há operadores que introduzem
briga, para que ele não apanhasse.” uma explicação ou uma justificativa em relação ao que foi dito
anteriormente: porque, já que, que, pois.
O argumento introduzido por ao contrário é diametralmente
oposto àquele de que o falante teria agredido alguém. “Já que os Estados Unidos invadiram o Iraque sem autori-
zação da ONU, devem arcar sozinhos com os custos da guerra.”
- Conclusão: existem operadores que marcam uma conclusão
em relação ao que foi dito em dois ou mais enunciados anteriores Já que inicia um argumento que dá uma justificativa para a
(geralmente, uma das afirmações de que decorre a conclusão fica tese de que os Estados Unidos devam arcar sozinhos com o custo
implícita, por manifestar uma voz geral, uma verdade universal- da guerra contra o Iraque.
mente aceita): logo, portanto, por conseguinte, pois (o pois é con-
- Contrajunção: os operadores discursivos que assinalam
clusivo quando não encabeça a oração).
uma relação de contrajunção, isto é, que ligam enunciados com
orientação argumentativa contrária, são as conjunções adversati-
“Essa guerra é uma guerra de conquista, pois visa ao contro- vas (mas, contudo, todavia, no entanto, entretanto, porém) e as
le dos fluxos mundiais de petróleo. Por conseguinte, não é moral- concessivas (embora, apesar de, apesar de que, conquanto, ainda
mente defensável.” que, posto que, se bem que).

Didatismo e Conhecimento 13
PORTUGUÊS
Qual é a diferença entre as adversativas e as concessivas, se “O problema da erradicação da pobreza passa pela geração
tanto umas como outras ligam enunciados com orientação argu- de empregos. De fato, só o crescimento econômico leva ao aumen-
mentativa contrária? to de renda da população.”
Nas adversativas, prevalece a orientação do segmento intro-
duzido pela conjunção. O conector introduz uma amplificação do que foi dito antes.

“O atleta pode cair por causa do impacto, mas se levanta “Ele é um técnico retranqueiro, como aliás o são todos os que
mais decidido a vencer.” atualmente militam no nosso futebol.
O conector introduz uma generalização ao que foi afirmado:
Nesse caso, a primeira oração conduz a uma conclusão negati- não “ele”, mas todos os técnicos do nosso futebol são retranquei-
va sobre um processo ocorrido com o atleta, enquanto a começada ros.
pela conjunção “mas” leva a uma conclusão positiva. Essa segun-
da orientação é a mais forte.
- Especificação ou Exemplificação: também há operadores
Compare-se, por exemplo, “Ela é simpática, mas não é boni-
ta” com “Ela não é bonita, mas é simpática”. No primeiro caso, o que marcam uma especificação ou uma exemplificação do que foi
que se quer dizer é que a simpatia é suplantada pela falta de beleza; afirmado anteriormente: por exemplo, como.
no segundo, que a falta de beleza perde relevância diante da sim-
patia. Quando se usam as conjunções adversativas, introduz-se um “A violência não é um fenômeno que está disseminado apenas
argumento com vistas a determinada conclusão, para, em seguida, entre as camadas mais pobres da população. Por exemplo, é cres-
apresentar um argumento decisivo para uma conclusão contrária. cente o número de jovens da classe média que estão envolvidos em
Com as conjunções concessivas, a orientação argumentativa toda sorte de delitos, dos menos aos mais graves.”
que predomina é a do segmento não introduzido pela conjunção. Por exemplo assinala que o que vem a seguir especifica,
exemplifica a afirmação de que a violência não é um fenômeno
“Embora haja conexão entre saber escrever e saber gramáti- adstrito aos membros das “camadas mais pobres da população”.
ca, trata-se de capacidades diferentes.”
A oração iniciada por “embora” apresenta uma orientação ar- - Retificação ou Correção: há ainda os que indicam uma re-
gumentativa no sentido de que saber escrever e saber gramática
tificação, uma correção do que foi afirmado antes: ou melhor, de
são duas coisas interligadas; a oração principal conduz à direção
argumentativa contrária. fato, pelo contrário, ao contrário, isto é, quer dizer, ou seja, em
Quando se utilizam conjunções concessivas, a estratégia ar- outras palavras. Exemplo:
gumentativa é a de introduzir no texto um argumento que, embo-
ra tido como verdadeiro, será anulado por outro mais forte com “Vou-me casar neste final de semana. Ou melhor, vou passar
orientação contrária. a viver junto com minha namorada.”
A diferença entre as adversativas e as concessivas, portanto, é
de estratégia argumentativa. Compare os seguintes períodos: O conector inicia um segmento que retifica o que foi dito an-
tes.
“Por mais que o exército tivesse planejado a operação (argu- Esses operadores servem também para marcar um esclareci-
mento mais fraco), a realidade mostrou-se mais complexa (argu- mento, um desenvolvimento, uma redefinição do conteúdo enun-
mento mais forte).” ciado anteriormente. Exemplo:
“O exército planejou minuciosamente a operação (argumen-
to mais fraco), mas a realidade mostrou-se mais complexa (argu-
“A última tentativa de proibir a propaganda de cigarros nas
mento mais forte).”
corridas de Fórmula 1 não vingou. De fato, os interesses dos fabri-
- Argumento Decisivo: há operadores discursivos que intro- cantes mais uma vez prevaleceram sobre os da saúde.”
duzem um argumento decisivo para derrubar a argumentação con-
trária, mas apresentando-o como se fosse um acréscimo, como se O conector introduz um esclarecimento sobre o que foi dito
fosse apenas algo mais numa série argumentativa: além do mais, antes.
além de tudo, além disso, ademais. Servem ainda para assinalar uma atenuação ou um reforço do
conteúdo de verdade de um enunciado. Exemplo:
“Ele está num período muito bom da vida: começou a namo-
rar a mulher de seus sonhos, foi promovido na empresa, recebeu “Quando a atual oposição estava no comando do país, não
um prêmio que ambicionava havia muito tempo e, além disso, ga- fez o que exige hoje que o governo faça. Ao contrário, suas políti-
nhou uma bolada na loteria.” cas iam na direção contrária do que prega atualmente.
O operador discursivo introduz o que se considera a prova
O conector introduz um argumento que reforça o que foi dito
mais forte de que “Ele está num período muito bom da vida”; no
antes.
entanto, essa prova é apresentada como se fosse apenas mais uma.

- Generalização ou Amplificação: existem operadores que - Explicação: há operadores que desencadeiam uma explica-
assinalam uma generalização ou uma amplificação do que foi dito ção, uma confirmação, uma ilustração do que foi afirmado antes:
antes: de fato, realmente, como aliás, também, é verdade que. assim, desse modo, dessa maneira.

Didatismo e Conhecimento 14
PORTUGUÊS
“O exército inimigo não desejava a paz. Assim, enquanto se “A reforma política é indispensável. Sem a existência da fide-
processavam as negociações, atacou de surpresa.” lidade partidária, cada parlamentar vota segundo seus interesses
e não de acordo com um programa partidário. Assim, não há ba-
O operador introduz uma confirmação do que foi afirmado ses governamentais sólidas.”
antes. Esse texto contém três períodos. O segundo indica a causa
de a reforma política ser indispensável. Portanto o ponto-final do
Coesão por Justaposição primeiro período está no lugar de um porque.

É a coesão que se estabelece com base na sequência dos enun-


A língua tem um grande número de conectores e sequencia-
ciados, marcada ou não com sequenciadores. Examinemos os prin-
dores. Apresentamos os principais e explicamos sua função. É pre-
cipais sequenciadores.
ciso ficar atento aos fenômenos de coesão. Mostramos que o uso
inadequado dos conectores e a utilização inapropriada dos anafó-
- Sequenciadores Temporais: são os indicadores de anterio-
ricos ou catafóricos geram rupturas na coesão, o que leva o texto a
ridade, concomitância ou posterioridade: dois meses depois, uma
não ter sentido ou, pelo menos, a não ter o sentido desejado. Outra
semana antes, um pouco mais tarde, etc. (são utilizados predomi-
nantemente nas narrações). falha comum no que tange a coesão é a falta de partes indispensá-
veis da oração ou do período. Analisemos este exemplo:
“Uma semana antes de ser internado gravemente doente, ele
esteve conosco. Estava alegre e cheio de planos para o futuro.” “As empresas que anunciaram que apoiariam a campanha de
- Sequenciadores Espaciais: são os indicadores de posição combate à fome que foi lançada pelo governo federal.”
relativa no espaço: à esquerda, à direita, junto de, etc. (são usados O período compõe-se de:
principalmente nas descrições). - As empresas
- que anunciaram (oração subordinada adjetiva restritiva da
“A um lado, duas estatuetas de bronze dourado, represen- primeira oração)
tando o amor e a castidade, sustentam uma cúpula oval de forma - que apoiariam a campanha de combate à fome (oração su-
ligeira, donde se desdobram até o pavimento bambolins de cassa bordinada substantiva objetiva direta da segunda oração)
finíssima. (...) Do outro lado, há uma lareira, não de fogo, que o - que foi lançada pelo governo federal (oração subordinada
dispensa nosso ameno clima fluminense, ainda na maior força do adjetiva restritiva da terceira oração).
inverno.”
José de Alencar. Senhora. Observe-se que falta o predicado da primeira oração. Quem
São Paulo, FTD, 1992, p. 77. escreveu o período começou a encadear orações subordinadas e
“esqueceu-se” de terminar a principal.
- Sequenciadores de Ordem: são os que assinalam a ordem Quebras de coesão desse tipo são mais comuns em períodos
dos assuntos numa exposição: primeiramente, em segunda, a se- longos. No entanto, mesmo quando se elaboram períodos curtos é
guir, finalmente, etc. preciso cuidar para que sejam sintaticamente completos e para que
suas partes estejam bem conectadas entre si.
“Para mostrar os horrores da guerra, falarei, inicialmente, Para que um conjunto de frases constitua um texto, não bas-
das agruras por que passam as populações civis; em seguida, dis- ta que elas estejam coesas: se não tiverem unidade de sentido,
correrei sobre a vida dos soldados na frente de batalha; finalmen- mesmo que aparentemente organizadas, elas não passarão de um
te, exporei suas consequências para a economia mundial e, por-
amontoado injustificado. Exemplo:
tanto, para a vida cotidiana de todos os habitantes do planeta.”
“Vivo há muitos anos em São Paulo. A cidade tem excelentes
- Sequenciadores para Introdução: são os que, na conver-
restaurantes. Ela tem bairros muito pobres. Também o Rio de Ja-
sação principalmente, servem para introduzir um tema ou mudar
neiro tem favelas.”
de assunto: a propósito, por falar nisso, mas voltando ao assunto,
fazendo um parêntese, etc.
Todas as frases são coesas. O hiperônimo cidade retoma o
“Joaquim viveu sempre cercado do carinho de muitas pes- substantivo São Paulo, estabelecendo uma relação entre o segun-
soas. A propósito, era um homem que sabia agradar às mulheres.” do e o primeiro períodos. O pronome “ela” recupera a palavra
cidade, vinculando o terceiro ao segundo período. O operador tam-
- Operadores discursivos não explicitados: se o texto for bém realiza uma conjunção argumentativa, relacionando o quar-
construído sem marcadores de sequenciação, o leitor deverá in- to período ao terceiro. No entanto, esse conjunto não é um texto,
ferir, a partir da ordem dos enunciados, os operadores discursivos pois não apresenta unidade de sentido, isto é, não tem coerência. A
não explicitados na superfície textual. Nesses casos, os lugares dos coesão, portanto, é condição necessária, mas não suficiente, para
diferentes conectores estarão indicados, na escrita, pelos sinais de produzir um texto.
pontuação: ponto-final, vírgula, ponto-e-vírgula, dois-pontos.

Didatismo e Conhecimento 15
PORTUGUÊS
Coerência partes ganha sentido. No poema acima, os subtítulos “Infância”,
“Adolescência”, “Maturidade” e “Velhice” garantem essa unidade.
Infância Colocar a participação formal do nascimento da filha, por exem-
plo, sob o título “Maturidade” dá a conotação da responsabilida-
O camisolão de habitualmente associada ao indivíduo adulto e cria um sentido
O jarro unitário.
O passarinho Esse texto, como outros do mesmo tipo, comprova que um
O oceano conjunto de enunciados pode formar um todo coerente mesmo sem
A vista na casa que a gente sentava no sofá a presença de elementos coesivos, isto é, mesmo sem a presença
explícita de marcadores de relação entre as diferentes unidades lin-
Adolescência
guísticas. Em outros termos, a coesão funciona apenas como um
mecanismo auxiliar na produção da unidade de sentido, pois esta
Aquele amor
Nem me fale depende, na verdade, das relações subjacentes ao texto, da não-
contradição entre as partes, da continuidade semântica, em síntese,
Maturidade da coerência.
A coerência é um fator de interpretabilidade do texto, pois
O Sr. e a Sra. Amadeu possibilita que todas as suas partes sejam englobadas num único
Participam a V. Exa. significado que explique cada uma delas. Quando esse sentido não
O feliz nascimento pode ser alcançado por faltar relação de sentido entre as partes,
De sua filha lemos um texto incoerente, como este:
Gilberta A todo ser humano foi dado o direito de opção entre a medio-
Velhice cridade de uma vida que se acomoda e a grandeza de uma vida
voltada para o aprimoramento intelectual.
O netinho jogou os óculos A adolescência é uma fase tão difícil que todos enfrentam. De
Na latrina repente vejo que não sou mais uma “criancinha” dependente do
Oswaldo de Andrade. Poesias reunidas. “papai”. Chegou a hora de me decidir! Tenho que escolher uma
4ª Ed. Rio de Janeiro profissão para me realizar e ser independente financeiramente.
Civilização Brasileira, 1974, p. 160-161.
No país em que vivemos, que predomina o capitalismo, o mais
rico sempre é quem vence!
Talvez o que mais chame a atenção nesse poema, ao menos à
Apud: J. A. Durigan, M. B. M. Abaurre e Y. F. Vieira (orgs).
primeira vista, seja a ausência de elementos de coesão, quer reto-
mando o que foi dito antes, quer encadeando segmentos textuais. A magia da mudança. Campinas, Unicamp, 1987, p. 53.
No entanto, percebemos nele um sentido unitário, sobretudo se
soubermos que o seu título é “As quatro gares”, ou seja, as quatro Nesses parágrafos, vemos três temas (direito de opção; adoles-
estações. cência e escolha profissional; relações sociais sob o capitalismo)
Com essa informação, podemos imaginar que se trata de fla- que mantêm relações muito tênues entre si. Esse fato, prejudicando
shes de cada uma das quatro grandes fases da vida: a infância, a a continuidade semântica entre as partes, impede a apreensão do
adolescência, a maturidade e a velhice. A primeira é caracterizada todo e, portanto, configura um texto incoerente.
pelas descobertas (o oceano), por ações (o jarro, que certamente a Há no texto, vários tipos de relação entre as partes que o com-
criança quebrara; o passarinho que ela caçara) e por experiências põem, e, por isso, costuma-se falar em vários níveis de coerência.
marcantes (a visita que se percebia na sala apropriada e o cami-
solão que se usava para dormir); a segunda é caracterizada por Coerência Narrativa
amores perdidos, de que não se quer mais falar; a terceira, pela
formalidade e pela responsabilidade indicadas pela participação A coerência narrativa consiste no respeito às implicações ló-
formal do nascimento da filha; a última, pela condescendência gicas entre as partes do relato. Por exemplo, para que um sujeito
para com a traquinagem do neto (a quem cabe a vez de assumir realize uma ação, é preciso que ele tenha competência para tanto,
a ação). A primeira parte é uma sucessão de palavras; a segunda, ou seja, que saiba e possa efetuá-la. Constitui, então, incoerên-
uma frase em que falta um nexo sintático; a terceira, a participação
cia narrativa o seguinte exemplo: o narrador conta que foi a uma
do nascimento de uma filha; e a quarta, uma oração completa, po-
festa onde todos fumavam e, por isso, a espessa fumaça impedia
rém aparentemente desgarrada das demais.
Como se explica que sejamos capazes de entender esse poema que se visse qualquer coisa; de repente, sem mencionar nenhuma
em seus múltiplos sentidos, apesar da falta de marcadores de coe- mudança dessa situação, ele diz que se encostou a uma coluna e
são entre as partes? passou a observar as pessoas, que eram ruivas, loiras, morenas.
A explicação está no fato de que ele tem uma qualidade indis- Se o narrador diz que não podia enxergar nada, é incoerente dizer
pensável para a existência de um texto: a coerência. que via as pessoas com tanta nitidez. Em outros termos, se nega a
Que é a unidade de sentido resultante da relação que se esta- competência para a realização de um desempenho qualquer, esse
belece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a compreender a desempenho não pode ocorrer. Isso por respeito às leis da coerên-
outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma das cia narrativa. Observe outro exemplo:

Didatismo e Conhecimento 16
PORTUGUÊS
“Pior fez o quarto-zagueiro Edinho Baiano, do Paraná Clu- de vista de sua localização no tempo. Não se poderia, por exemplo,
be, entrevistado por um repórter da Rádio Cidade. O Paraná tinha dizer: “O assassino foi executado na câmara de gás e, depois,
tomado um balaio de gols do Guarani de Campinas, alguns dias condenado à morte”.
antes. O repórter queria saber o que tinha acontecido. Edinho não
teve dúvida sobre os motivos: Coerência Espacial
__ Como a gente já esperava, fomos surpreendidos pelo ata-
que do Guarani.” A coerência espacial diz respeito à compatibilidade dos enun-
Ernâni Buchman. In: Folha de Londrina. ciados do ponto de vista da localização no espaço. Seria incoeren-
te, por exemplo, o seguinte texto: “O filme ‘A Marvada Carne’
A surpresa implica o inesperado. Não se pode ser surpreendi- mostra a mudança sofrida por um homem que vivia lá no interior e
do com o que já se esperava que acontecesse. encanta-se com a agitação e a diversidade da vida na capital, pois
aqui já não suportava mais a mesmice e o tédio”. Dizendo lá no
Coerência Argumentativa interior, o enunciador dá a entender que seu pronunciamento está
sendo feito de algum lugar distante do interior; portanto ele não
A coerência argumentativa diz respeito às relações de im- poderia usar o advérbio “aqui” para localizar “a mesmice” e “o
plicação ou de adequação entre premissas e conclusões ou entre tédio” que caracterizavam a vida interiorana da personagem. Em
afirmações e consequências. Não é possível alguém dizer que é a síntese, não é coerente usar “lá” e “aqui” para indicar o mesmo
favor da pena de morte porque é contra tirar a vida de alguém. Da lugar.
mesma forma, é incoerente defender o respeito à lei e à Constitui- Coerência do Nível de Linguagem Utilizado
ção Brasileira e ser favorável à execução de assaltantes no interior
de prisões. A coerência do nível de linguagem utilizado é aquela que con-
Muitas vezes, as conclusões não são adequadas às premissas. cerne à compatibilidade do léxico e das estruturas morfossintáti-
Não há coerência, por exemplo, num raciocínio como este: cas com a variante escolhida numa dada situação de comunicação.
Ocorre incoerência relacionada ao nível de linguagem quando, por
Há muitos servidores públicos no Brasil que são verdadeiros exemplo, o enunciador utiliza um termo chulo ou pertencente à
marajás. linguagem informal num texto caracterizado pela norma culta for-
O candidato a governador é funcionário público. mal. Tanto sabemos que isso não é permitido que, quando o faze-
Portanto o candidato é um marajá. mos, acrescentamos uma ressalva: com perdão da palavra, se me
permitem dizer. Observe um exemplo de incoerência nesse nível:
Segundo uma lei da lógica formal, não se pode concluir nada
com certeza baseado em duas premissas particulares. Dizer que
“Tendo recebido a notificação para pagamento da chama-
muitos servidores públicos são marajás não permite concluir que
da taxa do lixo, ouso dirigir-me a V. Exª, senhora prefeita, para
qualquer um seja.
expor-lhe minha inconformidade diante dessa medida, porque o
A falta de relação entre o que se diz e o que foi dito anterior-
IPTU foi aumentado, no governo anterior, de 0,6% para 1% do
mente também constitui incoerência. É o que se vê neste diálogo:
valor venal do imóvel exatamente para cobrir as despesas da mu-
nicipalidade com os gastos de coleta e destinação dos resíduos só-
“__ Vereador, o senhor é a favor ou contra o pagamento de
lidos produzidos pelos moradores de nossa cidade. Francamente,
pedágio para circular no centro da cidade?
achei uma sacanagem esta armação da Prefeitura: jogar mais um
__ É preciso melhorar a vida dos habitantes das grandes ci-
dades. A degradação urbana atinge a todos nós e, por conseguin- gasto nas costas da gente.”
te, é necessário reabilitar as áreas que contam com abundante
oferta de serviços públicos.” Como se vê, o léxico usado no último período do texto destoa
completamente do utilizado no período anterior.
Coerência Figurativa
Ninguém há de negar a incoerência de um texto como este:
A coerência figurativa refere-se à compatibilidade das figuras Saltou para a rua, abriu a janela do 5º andar e deixou um bilhe-
que manifestam determinado tema. Para que o leitor possa per- te no parapeito explicando a razão de seu suicídio, em que há
ceber o tema que está sendo veiculado por uma série de figuras evidente violação da lei sucessivamente dos eventos. Entretanto
encadeadas, estas precisam ser compatíveis umas com as outras. talvez nem todo mundo concorde que seja incoerente incluir guar-
Seria estranho (para dizer o mínimo) que alguém, ao descrever um danapos de papel no jantar do Itamarati descrito no item sobre
jantar oferecido no palácio do Itamarati a um governador estran- coerência figurativa, alguém poderia objetivar que é preconceito
geiro, depois de falar de baixela de prata, porcelana finíssima, flo- considerá-los inadequados. Então, justifica-se perguntar: o que,
res, candelabros, toalhas de renda, incluísse no percurso figurativo afinal, determina se um texto é ou não coerente?
guardanapos de papel. A natureza da coerência está relacionada a dois conceitos bá-
sicos de verdade: adequação à realidade e conformidade lógica
Coerência Temporal entre os enunciados.
Vimos que temos diferentes níveis de coerência: narrativa, ar-
Por coerência temporal entende-se aquela que concerne à su- gumentativa, figurativa, etc. Em cada nível, temos duas espécies
cessão dos eventos e à compatibilidade dos enunciados do ponto diversas de coerência:

Didatismo e Conhecimento 17
PORTUGUÊS
- extratextual: aquela que diz respeito à adequação entre o O texto apresenta os traços culturais da cidade, e todos con-
texto e uma “realidade” exterior a ele. vergem para um único significado: a celebração da capital do esta-
- intratextual: aquela que diz respeito à compatibilidade, à do de São Paulo no seu aniversário. Os dois primeiros itens de nos-
adequação, à não-contradição entre os enunciados do texto. so exemplo referem-se a marcas linguísticas do falar paulistano; o
terceiro, a um prato que tornou conhecido o restaurante chamado
A exterioridade a que o conteúdo do texto deve ajustar-se Jardim de Napoli; o quarto, a um verso da música “Sampa”, de
pode ser:
Caetano Veloso; o sexto e o sétimo, à maneira como os dois times
- o conhecimento do mundo: o conjunto de dados referentes
ao mundo físico, à cultura de um povo, ao conteúdo das ciências, mais populares da cidade são denominados na variante linguística
etc. que constitui o repertório com que se produzem e se entendem popular; o último à obediência a uma lei que na época ainda não
textos. O período “O homem olhou através das paredes e viu onde vigorava no resto do país.
os bandidos escondiam a vítima que havia sido sequestrada” é - A situação de comunicação:
incoerente, pois nosso conhecimento do mundo diz que homens
não vêem através das paredes. Temos, então, uma incoerência fi- __A telefônica.
gurativa extratextual. __Era hoje?
- os mecanismos semânticos e gramaticais da língua: o con-
junto dos conhecimentos sobre o código linguístico necessário à Esse diálogo não seria compreendido fora da situação de in-
codificação de mensagens decodificáveis por outros usuários da
mesma língua. O texto seguinte, por exemplo, está absolutamente terlocução, porque deixa implícitos certos enunciados que, dentro
sem sentido por inobservância de mecanismos desse tipo: dela, são perfeitamente compreendidos:
“Conscientizar alunos pré-sólidos ao ingresso de uma carrei-
ra universitária informações críticas a respeito da realidade pro- __ O empregado da companhia telefônica que vinha conser-
fissional a ser optada. Deve ser ciado novos métodos criativos nos tar o telefone está aí.
ensinos de primeiro e segundo grau: estimulando o aluno a forma- __ Era hoje que ele viria?
ção crítica de suas ideias as quais, serão a praticidade cotidiana.
Aptidões pessoais serão associadas a testes vocacionais sérios de - O conhecimento de mundo:
maneira discursiva a analisar conceituações fundamentais.”

Apud: J. A. Durigan et alii. Op. cit., p. 58. 31 de março / 1º de abril


Dúvida Revolucionária

Fatores de Coerência Ontem foi hoje?


Ou hoje é que foi ontem?
- O contexto: para uma dada unidade linguística, funcio-
na como contexto a unidade linguística maior que ela: a sílaba é Aparentemente, falta coerência temporal a esse poema: o que
contexto para o fonema; a palavra, para a sílaba; a oração, para a
significa “ontem foi hoje” ou “hoje é que foi ontem?”. No entanto,
palavra; o período, para a oração; o texto, para o período, e assim
por diante. as duas datas colocadas no início do poema e o título remetem a
um episódio da História do Brasil, o golpe militar de 1964, chama-
“Um chopps, dois pastel, o polpettone do Jardim de Napo- do Revolução de 1964. Esse fato deve fazer parte de nosso conhe-
li, cruzar a Ipiranga com a avenida São João, o “Parmera”, o cimento de mundo, assim como o detalhe de que ele ocorreu no dia
“Curíntia”, todo mundo estar usando cinto de segurança.” 1º de abril, mas sua comemoração foi mudada para 31 de março,
para evitar relações entre o evento e o “dia da mentira”.
À primeira vista, parece não haver nenhuma coerência na enu-
meração desses elementos. Quando ficamos sabendo, no entanto, - As regras do gênero:
que eles fazem parte de um texto intitulado “100 motivos para
gostar de São Paulo”, o que aparentemente era caótico torna-se
coerente: “O homem olhou através das paredes e viu onde os bandidos
escondiam a vítima que havia sido sequestrada.”
100 motivos para gostar de São Paulo
Essa frase é incoerente no discurso cotidiano, mas é comple-
1. Um chopps tamente coerente no mundo criado pelas histórias de super-heróis,
2. E dois pastel em que o Super-Homem, por exemplo, tem força praticamente
(...) ilimitada; pode voar no espaço a uma velocidade igual à da luz;
5. O polpettone do Jardim de Napoli
quando ultrapassa essa velocidade, vence a barreira do tempo e
(...)
30. Cruzar a Ipiranga com a av. São João pode transferir-se para outras épocas; seus olhos de raios X permi-
(...) tem-lhe ver através de qualquer corpo, a distâncias infinitas, etc.
43. O “Parmera” Nosso conhecimento de mundo não é restrito ao que efetiva-
(...) mente existe, ao que se pode ver, tocar, etc.: ele inclui também os
45. O “Curíntia” mundos criados pela linguagem nos diferentes gêneros de texto,
(..) ficção científica, contos maravilhosos, mitos, discurso religioso,
59. Todo mundo estar usando cinto de segurança etc., regidos por outras lógicas. Assim, o que é incoerente num
(...) determinado gênero não o é, necessariamente, em outro.

Didatismo e Conhecimento 18
PORTUGUÊS
- O sentido não literal: party, Blake Edwards, 1968, com Peter Sellers), há cenas em que
os respectivos protagonistas exibem comportamento incompatível
“As verdes ideias incolores dormem, mas poderão explodir a com a ocasião, mas não há incoerência nisso, pois todo o enredo
qualquer momento.” converge para que o espectador se solidarize com eles, por sua
ingenuidade e falta de traquejo social. Mas, se aparece num texto
Tomando em seu sentido literal, esse texto é absurdo, pois, uma figura incoerente uma única vez, o leitor não pode ter certeza
nessa acepção, o termo ideias não pode ser qualificado por adjeti- de que se trata de uma quebra de coerência proposital, com vistas
vos de cor; não se podem atribuir ao mesmo ser, ao mesmo tempo, a criar determinado efeito de sentido, vai pensar que se trata de
as qualidades verde e incolor; o verbo dormir deve ter como sujei- contradição devida a inabilidade, descuido ou ignorância do enun-
to um substantivo animado. ciador.
No entanto, se entendermos ideias verdes em sentido não li- Dissemos também que há outros textos que fazem da inversão
teral, como concepções ambientalistas, o período pode ser lido da da realidade seu princípio constitutivo; da incoerência, um fator de
seguinte maneira: “As idéias ambientalistas sem atrativo estão la- coerência. São exemplos as obras de Lewis Carrol “Alice no país
tentes, mas poderão manifestar-se a qualquer momento.” das maravilhas” e “Através do espelho”, que pretendem apre-
sentar paradoxos de sentido, subverter o princípio da realidade,
- O intertexto: mostrar as aporias da lógica, confrontar a lógica do senso comum
com outras.
Falso diálogo entre Pessoa e Caeiro
Reproduzimos um poema de Manuel Bandeira que contém
__ a chuva me deixa triste... mais de um exemplo do que foi abordado:
__ a mim me deixa molhado.
José Paulo Paes. Op. Cit., p 79. Teresa

Muitos textos retomam outros, constroem-se com base em A primeira vez que vi Teresa
outros e, por isso, só ganham coerência nessa relação com o texto Achei que ela tinha pernas estúpidas
sobre o qual foram construídos, ou seja, na relação de intertextua- Achei também que a cara parecia uma perna
lidade. É o caso desse poema. Para compreendê-lo, é preciso saber
que Alberto Caeiro é um dos heterônimos do poeta Fernando Pes- Quando vi Teresa de novo
soa; que heterônimo não é pseudônimo, mas uma individualidade Achei que seus olhos eram muito mais velhos
lírica distinta da do autor (o ortônimo); que para Caeiro o real é a [que o resto do corpo
exterioridade e não devemos acrescentar-lhe impressões subjeti- (Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando
vas; que sua posição é antimetafísica; que não devemos interpre- [que o resto do corpo nascesse)
tar a realidade pela inteligência, pois essa interpretação conduz a
simples conceitos vazios, em síntese, é preciso ter lido textos de Da terceira vez não vi mais nada
Caeiro. Por outro lado, é preciso saber que o ortônimo (Fernando Os céus se misturaram com a terra
Pessoa ele mesmo) exprime suas emoções, falando da solidão in- E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face
terior, do tédio, etc. [das águas.
Poesias completas e prosa. Rio de Janeiro,
Incoerência Proposital Aguilar, 1986, p. 214.
Existem textos em que há uma quebra proposital da coerência, Para percebermos a coerência desse texto, é preciso, no míni-
com vistas a produzir determinado efeito de sentido, assim como mo, que nosso conhecimento de mundo inclua o poema:
existem outros que fazem da não-coerência o próprio princípio
constitutivo da produção de sentido. Poderia alguém perguntar, O Adeus de Teresa
então, se realmente existe texto incoerente. Sem dúvida existe: é
aquele em que a incoerência é produzida involuntariamente, por
A primeira vez que fitei Teresa,
inabilidade, descuido ou ignorância do enunciador, e não usada
Como as plantas que arrasta a correnteza,
funcionalmente para construir certo sentido.
A valsa nos levou nos giros seus...
Quando se trata de incoerência proposital, o enunciador dis-
semina pistas no texto, para que o leitor perceba que ela faz parte
Castro Alves
de um programa intencionalmente direcionado para veicular de-
terminado tema. Se, por exemplo, num texto que mostra uma festa
Para identificarmos a relação de intertextualidade entre eles;
muito luxuosa, aparecem figuras como pessoas comendo de boca
aberta, falando em voz muito alta e em linguagem chula, osten- que tenhamos noção da crítica do Modernismo às escolas literárias
tando sua últimas aquisições, o enunciador certamente não está precedentes, no caso, ao Romantismo, em que nenhuma musa se-
querendo manifestar o tema do luxo, do requinte, mas o da vulga- ria tratada com tanta cerimônia e muito menos teria “cara”; que fa-
ridade dos novos-ricos. Para ficar no exemplo da festa: em filmes çamos uma leitura não literal; que percebamos sua lógica interna,
como “Quero ser grande” (Big, dirigido por Penny Marshall em criada pela disseminação proposital de elementos que pareceriam
1988, com Tom Hanks) e “Um convidado bem trapalhão” (The absurdos em outro contexto.

Didatismo e Conhecimento 19
PORTUGUÊS
Intertextualidade Nota-se que há correspondência entre os dois textos. A paró-
dia piadista de Murilo Mendes é um exemplo de intertextualidade,
A Intertextualidade pode ser definida como um diálogo entre uma vez que seu texto foi criado tomando como ponto de partida o
dois textos. Observe os dois textos abaixo e note como Murilo texto de Gonçalves Dias.
Mendes (século XX) faz referência ao texto de Gonçalves Dias Na literatura, e até mesmo nas artes, a intertextualidade é
(século XIX):
persistente. Sabemos que todo texto, seja ele literário ou não, é
Canção do Exílio   oriundo de outro, seja direta ou indiretamente. Qualquer texto que
se refere a assuntos abordados em outros textos é exemplo de in-
Minha terra tem palmeiras, tertextualização.
Onde canta o Sabiá; A intertextualidade está presente também em outras áreas,
As aves, que aqui gorjeiam, como na pintura, veja as várias versões da famosa pintura de Leo-
Não gorjeiam como lá. nardo da Vinci, Mona Lisa:
Nosso céu tem mais estrelas,
Mona Lisa, Leonardo da Vinci. Óleo sobre tela, 1503.
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida, Mona Lisa, Marcel Duchamp, 1919.
Nossa vida mais amores. Mona Lisa, Fernando Botero, 1978.
Mona Lisa, propaganda publicitária.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,


Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Pode-se definir então a intertextualidade como sendo a criação
Não permita Deus que eu morra,
de um texto a partir de um outro texto ja existente. Dependendo da
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores situação, a intertextualidade tem funções diferentes que dependem
Que não encontro por cá; muito dos textos/contextos em que ela é inserida.
Sem qu’inda aviste as palmeiras, Evidentemente, o fenômeno da intertextualidade está ligado
Onde canta o Sabiá.” ao “conhecimento do mundo”, que deve ser compartilhado, ou
seja, comum ao produtor e ao receptor de textos. O diálogo pode
(Gonçalves Dias) ocorrer em diversas áreas do conhecimento, não se restringindo
única e exclusivamente a textos literários.
Canção do Exílio
Na pintura tem-se, por exemplo, o quadro do pintor barroco
Minha terra tem macieiras da Califórnia italiano Caravaggio e a fotografia da americana Cindy Sherman,
onde cantam gaturamos de Veneza. na qual quem posa é ela mesma. O quadro de Caravaggio foi pin-
Os poetas da minha terra tado no final do século XVI, já o trabalho fotográfico de Cindy
são pretos que vivem em torres de ametista, Sherman foi produzido quase quatrocentos anos mais tarde. Na
os sargentos do exército são monistas, cubistas, foto, Sherman cria o mesmo ambiente e a mesma atmosfera sen-
os filósofos são polacos vendendo a prestações. sual da pintura, reunindo um conjunto de elementos: a coroa de
gente não pode dormir
flores na cabeça, o contraste entre claro e escuro, a sensualidade
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a do ombro nu etc. A foto de Sherman é uma recriação do quadro de
                                                       [Gioconda Caravaggio e, portanto, é um tipo de intertextualidade na pintura.
Eu morro sufocado Na publicidade, por exemplo, a que vimos sobre anúncios do
em terra estrangeira. Bom Bril, o ator se veste e se posiciona como se fosse a Mona Lisa
Nossas flores são mais bonitas de Leonardo da Vinci e cujo slogan era “Mon Bijou deixa sua rou-
nossas frutas mais gostosas pa uma perfeita obra-prima”. Esse enunciado sugere ao leitor que
mas custam cem mil réis a dúzia. o produto anunciado deixa a roupa bem macia e mais perfumada,
Ai quem me dera chupar uma carambola de  ou seja, uma verdadeira obra-prima (se referindo ao quadro de Da
                                        [verdade Vinci). Nesse caso pode-se dizer que a intertextualidade assume
e ouvir um sabiá com certidão de idade!  a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a
cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura,
(Murilo Mendes) escultura, literatura etc).

Didatismo e Conhecimento 20
PORTUGUÊS
Intertextualidade é a relação entre dois textos caracterizada Madrigal Melancólico
por um citar o outro.
O que eu adoro em ti
Tipos de Intertextualidade não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.
Pode-se destacar sete tipos de intertextualidade: A beleza é um conceito.
- Epígrafe: constitui uma escrita introdutória. E a beleza é triste.
- Citação: é uma transcrição do texto alheio, marcada por aspas. Não é triste em si,
- Paráfrase: é a reprodução do texto do outro com a palavra do mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.
autor. Ela não se confunde com o plágio, pois o autor deixa claro
sua intenção e a fonte. (...)
- Paródia: é uma forma de apropriação que, em lugar de en-
dossar o modelo retomado, rompe com ele, sutil ou abertamente.
O que eu adoro em tua natureza,
Ela perverte o texto anterior, visando a ironia ou a crítica.
- Pastiche: uma recorrência a um gênero. não é o profundo instinto maternal
- Tradução: está no campo da intertextualidade porque implica em teu flanco aberto como uma ferida.
a recriação de um texto. nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
- Referência e alusão. O que eu adoro em ti – lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.
Para ampliar esse conhecimento, vale trazer um exemplo de
intertextualidade na literatura. Às vezes, a superposição de um (Manuel Bandeira, Estrela da Vida Inteira,
texto sobre outro pode provocar uma certa atualização ou moder- José Olympio, 1980, p. 83)
nização do primeiro texto. Nota-se isso no livro “Mensagem”, de
Fernando Pessoa, que retoma, por exemplo, com seu poema “O A relação intertextual é estabelecida, por exemplo, no texto
Monstrengo” o episódio do Gigante Adamastor de “Os Lusíadas” de Oswald de Andrade, escrito no século XX, “Meus oito anos”,
de Camões. Ocorre como que um diálogo entre os dois textos. quando este cita o poema , do século XIX, de Casimiro de Abreu,
Em alguns casos, aproxima-se da paródia (canto paralelo), como de mesmo nome.
o poema “Madrigal Melancólico” de Manuel Bandeira, do livro
“Ritmo Dissoluto”, que seguramente serviu de inspiração e assim Meus oito anos
se refletiu no seguinte poema:
Oh! Que saudade que tenho
Assim como Bandeira
Da aurora da minha vida,
O que amo em ti Da minha infância querida
não são esses olhos doces Que os anos não trazem mais
delicados Que amor, que sonhos, que flores
nem esse riso de anjo adolescente. Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras
O que amo em ti Debaixo dos laranjais!
não é só essa pele acetinada (Casimiro de Abreu)
sempre pronta para a carícia renovada
nem esse seio róseo e atrevido “Meus oito anos”
a desenhar-se sob o tecido.
Oh! Que saudade que tenho
O que amo em ti Da aurora da minha vida,
não é essa pressa louca Da minha infância querida
de viver cada vão momento Que os anos não trazem mais
nem a falta de memória para a dor. Naquele quintal de terra
Da rua São Antonio
O que amo em ti
Debaixo da bananeira
não é apenas essa voz leve
que me envolve e me consome Sem nenhum laranjais!
nem o que deseja todo homem
flor definida e definitiva A intertextualidade acontece quando há uma referência explí-
a abrir-se como boca ou ferida cita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer com
nem mesmo essa juventude assim perdida. outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela etc.
Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a intertextua-
O que amo em ti lidade.
enigmática e solidária: Apresenta-se explicitamente quando o autor informa o objeto
É a Vida! de sua citação. Num texto científico, por exemplo, o autor do texto
(Geraldo Chacon, Meu Caderno de Poesia, citado é indicado, já na forma implícita, a indicação é oculta. Por
Flâmula, 2004, p. 37) isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo, um saber

Didatismo e Conhecimento 21
PORTUGUÊS
prévio, para reconhecer e identificar quando há um diálogo entre O nome Palmares, escrito com letra minúscula, substitui a
os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando as mesmas palavra palmeiras, há um contexto histórico, social e racial neste
ideias da obra citada ou contestando-as. Vejamos duas das formas: texto, Palmares é o quilombo liderado por Zumbi, foi dizimado
a Paráfrase e a Paródia. em 1695, há uma inversão do sentido do texto primitivo que foi
substituído pela crítica à escravidão existente no Brasil.
Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do texto Na literatura relativa à Linguística Textual, é frequente apon-
é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, rea- tar-se como um dos fatores de textualidade a referência - explíci-
firmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer com ta ou implícita - a outros textos, tomados estes num sentido bem
outras palavras o que já foi dito. Temos um exemplo citado por amplo (orais, escritos, visuais - artes plásticas, cinema - , música,
Affonso Romano Sant’Anna em seu livro “Paródia, paráfrase & propaganda etc.) A esse “diálogo”entre textos dá-se o nome de in-
Cia” :
tertextualidade.
Texto Original
Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao “conheci-
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá, mento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao
As aves que aqui gorjeiam produtor e ao receptor de textos.
Não gorjeiam como lá. A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito am-
plo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”) remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos,
além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função
Paráfrase daquela citação ou alusão em questão.
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos Entre os variadíssimos tipos de referências, há provérbios, di-
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’. tos populares, frases bíblicas ou obras / trechos de obras constante-
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’? mente citados, literalmente ou modificados, cujo reconhecimento é
Eu tão esquecido de minha terra… facilmente perceptível pelos interlocutores em geral. Por exemplo,
Ai terra que tem palmeiras uma revista brasileira adotou o slogan: “Dize-me o que lês e dir-te-
Onde canta o sabiá! -ei quem és”. Voltada fundamentalmente para um público de uma
(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”) determinada classe sociocultural, o produtor do mencionado anún-
cio espera que os leitores reconheçam a frase da Bíblia (“Dize-me
Este texto de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, é muito com quem andas e dir-te-ei quem és”). Ao adaptar a sentença, a
utilizado como exemplo de paráfrase e de paródia, aqui o poeta
intenção da propaganda é, evidentemente, angariar a confiança do
Carlos Drummond de Andrade retoma o texto primitivo conser-
vando suas ideias, não há mudança do sentido principal do texto leitor (e, consequentemente, a credibilidade das informações con-
que é a saudade da terra natal. tidas naquele periódico), pois a Bíblia costuma ser tomada como
um livro de pensamentos e ensinamentos considerados como
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros “verdades” universalmente assentadas e aceitas por diversas co-
textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso é munidades. Outro tipo comum de intertextualidade é a introdução
objeto de interesse para os estudiosos da língua e das artes. Ocorre, em textos de provérbios ou ditos populares, que também inspiram
aqui, um choque de interpretação, a voz do texto original é retoma- confiança, pois costumam conter mensagens reconhecidas como
da para transformar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica verdadeiras. São aproveitados não só em propaganda mas ainda
de suas verdades incontestadas anteriormente, com esse proces- em variados textos orais ou escritos, literários e não-literários. Por
so há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma busca exemplo, ao iniciar o poema “Tecendo a manhã”, João Cabral de
pela verdade real, concebida através do raciocínio e da crítica. Os Melo Neto defende uma ideia: “Um galo sozinho não tece uma
programas humorísticos fazem uso contínuo dessa arte, frequente- manhã”. Não é necessário muito esforço para reconhecer que
mente os discursos de políticos são abordados de maneira cômica por detrás dessas palavras está o ditado “Uma andorinha só não
e contestadora, provocando risos e também reflexão a respeito da faz verão”. O verso inicial funciona, pois, como uma espécie de
demagogia praticada pela classe dominante. Com o mesmo texto “tese”, que o texto irá tentar comprovar através de argumentação
utilizado anteriormente, teremos, agora, uma paródia. poética.
Texto Original
Minha terra tem palmeiras Há, no entanto, certos tipos de citações (literais ou construí-
Onde canta o sabiá, das) e de alusões muito sutis que só são compartilhadas por um
As aves que aqui gorjeiam pequeno número de pessoas. É o caso de referências utilizadas em
Não gorjeiam como lá. textos científicos ou jornalísticos (Seções de Economia, de Infor-
mática, por exemplo) e em obras literárias, prosa ou poesia, que às
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”) vezes remetem a uma forma e/ou a um conteúdo bastante especí-
fico(s), percebido(s) apenas por um leitor/interlocutor muito bem
Paródia informado e/ou altamente letrado. Na literatura, podem-se citar,
Minha terra tem palmares entre muitos outros, autores estrangeiros, como James Joyce, T.S.
onde gorjeia o mar Eliot, Umberto Eco.
os passarinhos daqui A remissão a textos e para-textos do circuito cultural (mídia,
não cantam como os de lá. propaganda, outdoors, nomes de marcas de produtos etc.) é es-
(Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”) pecialmente recorrente em autores chamados pós-modernos. Para

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PORTUGUÊS
ilustrar, pode-se mencionar, entre outros escritores brasileiros, Descreve então uma cena passada em um botequim, em que
Ana Cristina Cesar, poetisa carioca, que usa e “abusa” da inter- um casal comemora modestamente o aniversário da filha, com um
textualidade em seus textos, a tal ponto que, sem a identificação pedaço de bolo, uma coca cola e três velinhas brancas. O pai pare-
das referências, o poema se torna, constantemente, ininteligível e cia satisfeito com o sucesso da celebração, até que fica perturbado
chega a ser considerado por algumas pessoas como um “amontoa- por ter sido observado, mas acaba por sustentar a satisfação e se
do aleatório de enunciados”, sem coerência e, portanto, desprovido abre num sorriso. O autor termina a crônica, parafraseando o verso
de sentido. de Manuel Bandeira: “Assim eu quereria a minha última crônica:
Os teóricos costumam identificar tipos de intertextualidade, que fosse pura como esse sorriso”. O verso de Bandeira não pode
entre os quais se destacam:
ser considerado, nessa crônica, um mero pretexto. A intertextuali-
- a que se liga ao conteúdo (por exemplo, matérias jornalís-
dade desempenha o papel de conferir uma certa “literariedade” à
ticas que se reportam a notícias veiculadas anteriormente na im-
prensa falada e/ou escrita: textos literários ou não-literários que crônica, além de explicar o título e servir de “fecho de ouro” para
se referem a temas ou assuntos contidos em outros textos etc.). um texto que se inicia sem um conteúdo previamente escolhido.
Podem ser explícitas (citações entre aspas, com ou sem indicação Não é, contudo, imprescindível à compreensão do texto.
da fonte) ou implícitas (paráfrases, paródias etc.); O que parece importante é que não se encare a intertextualida-
- a que se associa ao caráter formal, que pode ou não estar de apenas como a “identificação” da fonte e, sim, que se procure
ligado à tipologia textual como, por exemplo, textos que “imitam” estudá-la como um enriquecimento da leitura e da produção de
a linguagem bíblica, jurídica, linguagem de relatório etc. ou que textos e, sobretudo, que se tente mostrar a função da sua presença
procuram imitar o estilo de um autor, em que comenta o seriado na construção e no(s) sentido(s) dos textos.
da TV Globo, baseado no livro de Guimarães Rosa, procurando Como afirmam Koch & Travaglia, “todas as questões ligadas
manter a linguagem e o estilo do escritor); à intertextualidade influenciam tanto o processo de produção como
- a que remete a tipos textuais (ou “fatores tipológicos”), liga-
dos a modelos cognitivos globais, às estruturas e superestruturas o de compreensão de textos”.
ou a aspectos formais de caráter linguístico próprios de cada tipo Considerada por alguns autores como uma das condições para
de discurso e/ou a cada tipo de texto: tipologias ligadas a estilos a existência de um texto, a intertextualidade se destaca por relacio-
de época. Por superestrutura entendem-se, entre outras, estruturas nar um texto concreto com a memória textual coletiva, a memória
argumentativas (Tese anterior), premissas - argumentos (contra- de um grupo ou de um indivíduo específico.
-argumentos - síntese), conclusão (nova tese), estruturas narrativas Trata-se da possibilidade de os textos serem criados a partir
(situação - complicação - ação ou avaliação – resolução), moral ou de outros textos. As obras de caráter científico remetem explici-
estado final etc.; tamente a autores reconhecidos, garantindo, assim, a veracidade
Um outro aspecto que é mencionado muito superficialmente das afirmações. Nossas conversas são entrelaçadas de alusões a
é o da intertextualidade linguística. Ela está ligada ao que o lin- inúmeras considerações armazenadas em nossas mentes. O jornal
guista romeno, Eugenio Coseriu, chama de formas do “discurso está repleto de referências já supostamente conhecidas pelo leitor.
repetido”: A leitura de um romance, de um conto, novela, enfim, de qualquer
- “textemas” ou “unidades de textos”: provérbios, ditados obra literária, nos aponta para outras obras, muitas vezes de forma
populares; citações de vários tipos, consagradas pela tradição cul- implícita.
tural de uma comunidade etc.; A nossa compreensão de textos (considerados aqui da forma
- “sintagmas estereotipados”: equivalentes a expressões idio-
mais abrangente) muito dependerá da nossa experiência de vida,
máticas;
- “perífrases léxicas”: unidades multivocabulares, emprega- das nossas vivências, das nossas leituras. Determinadas obras só se
das frequentemente mas ainda não lexicalizadas (ex. “gravemente revelam através do conhecimento de outras. Ao visitar um museu,
doente”, “dia útil”, “fazer misérias” etc.). por exemplo, o nosso conhecimento prévio muito nos auxilia ao
nos depararmos com certas obras.
A intertextualidade tem funções diferentes, dependendo dos A noção de intertextualidade, da presença contínua de outros
textos/contextos em que as referências (linguísticas ou culturais) textos em determinado texto, nos leva a refletir a respeito da indi-
estão inseridas. Chamo a isso “graus das funções da intertextua- vidualidade e da coletividade em termos de criação. Já vimos ante-
lidade”. riormente que a citação de outros textos se faz de forma implícita
Didaticamente pode-se dizer que a referência cultural e/ou ou explícita. Mas, com que objetivo?
linguística pode servir apenas de pretexto, é o caso de “epígrafes” Um texto remete a outro para defender as ideias nele contidas
longinquamente vinculadas a um trabalho e/ou a um texto. Sem ou para contestar tais ideias. Assim, para se definir diante de deter-
dizer com isso que todas as epígrafes funcionem apenas como pre- minado assunto, o autor do texto leva em consideração as ideias de
textos. Em geral, o produtor do texto elege algo pertinente e condi- outros “autores” e com eles dialoga no seu texto.
zente com a temática de que trata. Existam algumas, todavia, que Ainda ressaltando a importância da intertextualidade, remete-
estão ali apenas para mostrar “conhecimento” de frases famosas e/ mos às considerações de Vigner: “Afirma-se aqui a importância do
ou para servir de “decoração” no texto. Neste caso, o “intertexto” fenômeno da intertextualidade como fator essencial à legibilidade
não tem um papel específico nem na construção nem na camada
do texto literário, e, a nosso ver, de todos os outros textos. O tex-
semântica do texto.
Outras vezes, o autor parte de uma frase ou de um verso que to não é mais considerado só nas suas relações com um referente
ocorreu a ele repentinamente (texto “A última crônica”, em que o extra-textual, mas primeiro na relação estabelecida com outros
autor confessa estar sem assunto e tem de escrever). Afirma então: textos”.
“Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, Como exemplo, temos um texto “Questão da Objetividade” e
enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: assim eu que- uma crônica de Zuenir Ventura, “Em vez das células, as cédulas”
reria meu último poema.” para concretizar um pouco mais o conceito de intertextualidade.

Didatismo e Conhecimento 23
PORTUGUÊS
Questão da Objetividade (...) Desde muito tempo se discute o quanto a ciência, ao pro-
curar o bem, pode provocar involuntariamente o mal. O que a Ar-
As Ciências Humanas invadem hoje todo o nosso espaço men- quitetura da destruição mostra é como a arte e a estética são capa-
tal. Até parece que nossa cultura assinou um contrato com tais dis- zes de fazer o mesmo, isto é, como a beleza pode servir à morte, à
ciplinas, estipulando que lhes compete resolver tecnicamente boa crueldade e à destruição.
parte dos conflitos gerados pela aceleração das atuais mudanças Hitler julgava-se “o maior ator da Europa” e acreditava ser al-
sociais. É em nome do conhecimento objetivo que elas se julgam guma coisa como um “tirano-artista” nietzschiano ou um “ditador
no direito de explicar os fenômenos humanos e de propor soluções de gênio” wagneriano. Para ele, “a vida era arte,” e o mundo, uma
de ordem ética, política, ideológica ou simplesmente humanitária, grandiosa ópera da qual era diretor e protagonista.
O documentário mostra como os rituais coletivos, os grandes
sem se darem conta de que, fazendo isso, podem facilmente con-
espetáculos de massa, as tochas acesas (...) tudo isso constituía um
verter-se em “comodidades teóricas” para seus autores e em “co- culto estético - ainda que redundante (...) E o pior - todo esse apa-
modidades práticas” para sua clientela. Também é em nome do rato era posto a serviço da perversa utopia de Hitler: a manipula-
rigor científico que tentam construir todo o seu campo teórico do ção genética, a possibilidade de purificação racial e de eliminação
fenômeno humano, mas através da ideia que gostariam de ter dele, das imperfeições, principalmente as físicas. Não importava que os
visto terem renunciado aos seus apelos e às suas significações. O mais ilustres exemplares nazistas, eles próprios, desmoralizassem
equívoco olhar de Narciso, fascinado por sua própria beleza, esta- o que pregavam em termos de eugenia.
ria substituído por um olhar frio, objetivo, escrupuloso, calculista O que importava é que as pessoas queriam acreditar na insen-
satez apesar dos insensatos, como ainda há quem continue acre-
e calculador: e as disciplinas humanas seriam científicas!
ditando. No Brasil, felizmente, Dolly provoca mais piada do que
ameaça. Já se atribui isso ao fato de que a nossa arquitetura da
(Introdução às Ciências Humanas. Hilton Japiassu. destruição é a corrupção. Somos craques mesmo é em clonagem
São Paulo, Letras e Letras, 1994, pp.89/90) financeira. O que seriam nossos laranjas e fantasmas senão clones
e replicantes virtuais? Aqui, em vez de células, estamos interessa-
Comentário: Neste texto, temos um bom exemplo do que se dos é em manipular cédulas.
define como intertextualidade. As relações entre textos, a citação (Zuenir Ventura, JB, 1997)
de um texto por outro, enfim, o diálogo entre textos. Muitas vezes,
para entender um texto na sua totalidade, é preciso conhecer o(s) Comentário: Tendo como ponto de partida a alusão ao docu-
mentário Arquitetura da destruição, o texto mantém sua unidade
texto(s) que nele fora(m) citado(s). de sentido na relação que estabelece com outros textos, com dados
No trecho, por exemplo, em que se discute o papel das Ciên- da História.
cias Humanas nos tempos atuais e o espaço que estão ocupando, Nesta crônica, duas propriedades do texto são facilmente per-
é trazido à tona o mito de Narciso. É preciso, então, dispor do co- ceptíveis: a intertextualidade e a inserção histórica.
nhecimento de que Narciso, jovem dotado de grande beleza, apai- O texto se constrói, à medida que retoma fatos já conhecidos.
xonou-se por sua própria imagem quando a viu refletida na água de Nesse sentido, quanto mais amplo for o repertório do leitor, o seu
uma fonte onde foi matar a sede. Suas tentativas de alcançar a bela acervo de conhecimentos, maior será a sua competência para per-
imagem acabaram em desespero e morte. ceber como os textos “dialogam uns com os outros” por meio de
referências, alusões e citações.
O último parágrafo, em que o mito de Narciso é citado, de-
Para perceber as intenções do autor desta crônica, ou seja, a
monstra que, dado o modo como as Ciências Humanas são vistas sua intencionalidade, é preciso que o leitor tenha conhecimento de
hoje, até o olhar de Narciso, antes “fascinado por sua própria be- fatos atuais, como as referências ao documentário recém lançado
leza”, seria substituído por um “olhar frio, objetivo, escrupuloso, no circuito cinematográfico, à ovelha clonada Dolly, aos “laranjas”
calculista e calculador”, ou seja, o olhar de Narciso perderia o seu e “fantasmas”, termos que dizem respeito aos envolvidos em tran-
tom de encantamento para se transformar em algo material, sem sações econômicas duvidosas. É preciso que conheça também o
sentimentos. A comparação se estende às Ciências Humanas, que, que foi o nazismo, a figura de Hitler e sua obsessão pela raça pura,
de humanas, nada mais teriam, transformando-se em disciplinas e ainda tenha conhecimento da existência do filósofo Nietzsche e
científicas. do compositor Wagner.
O vocabulário utilizado aponta para campos semânticos rela-
cionados à clonagem, à raça pura, aos binômios arte/beleza, arte/
Em vez das células, as cédulas destruição, corrupção.
- Clonagem: experimentos, avanços genéticos, ovelhas, cien-
Nesses tempos de clonagem, recomenda-se assistir ao docu- tistas, inventos, células, clones replicantes, manipulação genética,
mentário Arquitetura da destruição, de Peter Cohen. A fantástica descoberta.
história de Dolly, a ovelha, parece saída do filme, que conta a - Raça Pura: aventura, demente do nazismo, fantasias genéti-
aventura demente do nazismo, com seus sonhos de beleza e suas cas, experimentos de eugenia, utopia perversa, manipulação gené-
fantasias genéticas, seus experimentos de eugenia e purificação da tica, imperfeições físicas, eugenia.
- Arte/Beleza - Arte/Destruição: estética, sonhos de beleza,
raça. crueldade, tirano artista ditador de gênio, nietzschiano, wagneria-
Os cientistas são engraçados: bons para inventar e péssimos no, grandiosa ópera, diretor, protagonista, espetáculos de massa e
para prever. Primeiro, descobrem; depois se assustam com o risco tochas acesas.
da descoberta e aí então passam a gritar “cuidado, perigo”. Fize- - Corrupção: laranjas, clonagem financeira, cédulas, fantasmas.
ram isso com quase todos os inventos, inclusive com a fissão nu-
clear, espantando-se quando “o átomo para a paz” tornou-se uma Esses campos semânticos se entrecruzam, porque englobam
mortífera arma de guerra. E estão fazendo o mesmo agora. referências múltiplas dentro do texto.

Didatismo e Conhecimento 24
PORTUGUÊS
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre Nesse caso o narrador para citar que Tavares disse a Serafina,
usa o outro procedimento: não reproduz literalmente as palavras
Num texto, as personagens falam, conversam entre si, expõem de Tavares, mas comunica, com suas palavras, o que a personagem
ideias. Quando o narrador conta o que elas disseram, insere na diz. A fala de Tavares não chega ao leitor diretamente, mas por via
narrativa uma fala que não é de sua autoria, cita o discurso alheio. indireta, isto é, por meio das palavras do narrador. Por essa razão,
Há três maneiras principais de reproduzir a fala das personagens: esse expediente é chamado discurso indireto.
o discurso direto, o discurso indireto e o discurso indireto livre. As principais marcas do discurso indireto são:

Discurso Direto - As falas das personagens também vem introduzidas por um


verbo de dizer;
“Longe do olhos...” - As falas das personagens constituem oração subordinada
substantiva objetiva direta do verbo de dizer e, portanto, são se-
- Meu pai! Disse João Aguiar com um tom de ressentimento paradas da fala do narrador por uma partícula introdutória normal-
que fez pasmar o comendador. mente “que” ou “se”;
- Que é? Perguntou este. - Os pronomes pessoais, os tempos verbais e as palavras que
João Aguiar não respondeu. O comendador arrugou a testa e indicam espaço e tempo (como pronomes demonstrativos e ad-
interrogou o rosto mudo do filho. Não leu, mais adivinhou alguma vérbios de lugar e de tempo) são usados e relação a narrador, ao
coisa desastrosa; desastrosa, entenda-se, para os cálculos conjun- momento em que ele fala e ao espaço em que está.
to-políticos ou políticos-conjugais, como melhor nome haja. Passagem do Discurso Direto para o Discurso Indireto
- Dar-se-á caso que... começou a dizer comendador.
- Que eu namore? Interrompeu galhofeiramente o filho. Pedro disse:
Machado de Assis. Contos. 26ª Ed. São Paulo, Ática, 2002, p. 43. - Eu estarei aqui amanhã.

O narrador introduz a fala das personagens, um pai e um filho, No discurso direto, o personagem Pedro diz “eu”; o “aqui” é
e, em seguida, como quem passa a palavra a elas e as deixa fa- o lugar em que a personagem está; “amanhã” é o dia seguinte ao
que ele fala. Se passarmos essa frase para o discurso indireto ficará
lar. Vemos que as partes introdutórias pertencem ao narrador (por
assim:
exemplo, disse João Aguiar com um tom de ressentimento que faz
pasmar o comendador) e as falas, às personagens, (por exemplo,
Pedro disse que estaria lá no dia seguinte.
Meu pai!).
O discurso direto é o expediente de citação do discurso alheio
No discurso indireto, o “eu” passa a ele porque á alguém de
pela qual o narrador introduz o discurso do outro e, depois, repro-
quem o narrador fala; estaria é futuro do pretérito: é um tempo re-
duz literalmente a fala dele.
lacionado ao pretérito da fala do narrador (disse), e não ao presente
As marcas do discurso são:
da fala do personagem, como estarei; lá é o espaço em que a perso-
nagem (e não o narrador) havia de estar; no dia seguinte é o dia que
- A fala das personagens é, de princípio, anunciada por um vem após o momento da fala da personagem designada por ele.
verbo (disse e interrompeu no caso do filho e perguntou e começou Na passagem do discurso direto para o indireto, deve-se ob-
a dizer no caso do pai) denominado “verbo de dizer” (como re- servar as frases que no discurso direto tem as formas interrogati-
crutar, retorquir, afirmar, obtem-perar declarar e outros do mesmo vas, exclamativa ou imperativa convertem-se, no discurso indire-
tipo), que pode vir antes, no meio ou depois da fala das persona- to, em orações declarativas.
gens (no nosso caso, veio depois);
- A fala das personagens aparece nitidamente separada da fala Ela me perguntou: quem está ai?
do narrador, por aspas, dois pontos, travessão ou vírgula; Ela me perguntou quem estava lá.
- Os pronomes pessoais, os tempos verbais e as palavras que
indicam espaço e tempo (por exemplo, pronomes demonstrativos As interjeições e os vocativos do discurso direto desaparecem
e advérbios de lugar e de tempo) são usados em relação à pessoa no discurso indireto ou tem seu valor semântico explicitado, isto é,
da personagem, ao momento em que ela fala diz “eu”, o espaço traduz-se o significado que elas expressam.
em que ela se encontra é o aqui e o tempo em que fala é o agora.
O papagaio disse: Oh! Lá vem a raposa.
Discurso Indireto O papagaio disse admirado (explicitação do valor semântico
da interjeição oh!) que ao longe vinha a raposa.
Observemos um fragmento do mesmo conto de Machado de
Assis: Se o discurso citado (fala da personagem) comporta um “eu”
“Um dia, Serafina recebeu uma carta de Tavares dizendo-lhe ou um “tu” que não se encontram entre as pessoas do discurso
que não voltaria mais à casa de seu pai, por este lhe haver mostra- citante (fala do narrador), eles são convertidos num “ele”, se o dis-
do má cara nas últimas vezes que ele lá estivera.” curso citado contém um “aqui” não corresponde ao lugar em que
Idem. Ibidem, p. 48. foi proferido o discurso citante, ele é convertido num “lá”.

Didatismo e Conhecimento 25
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Pedro disse lá em Paris: - Aqui eu me sinto bem. Nesse texto, duas vozes estão misturadas: a do narrador e a
de Fabiano. Não há indicadores que delimitem muito bem onde
Eu (pessoa do discurso citado que não se encontra no discurso começa a fala do narrador e onde se inicia a da personagem. Não
citante) converte-se em ele; aqui (espaço do discurso citado que é se tem dúvida de que o período inicial está traduzido a fala do
diferente do lugar em que foi proferido o discurso citante) trans- narrador. A bem verdade, até não se conformou (início do segundo
forma-se em lá: parágrafo), é a voz do narrador que está comandando a narrativa.
Na oração devia haver engano, já começa haver uma mistura de
- Pedro disse que lá ele se sentia bem. vozes: sob o ponto de vista das marcas gramaticais, não há nenhu-
ma pista para se concluir, que a voz de Fabiano é que esteja sendo
Se a pessoa do discurso citado, isto é, da fala da personagem citada; sob o ponto de vista do significado, porém, pode-se pensar
(eu, tu, ele) tem um correspondente no discurso citante, ela ocupa numa reclamação atribuída a ele.
o estatuto que tem nesse último. Tomemos agora esse trecho: “Ele era bruto, sim senhor, via-
-se perfeitamente que era bruto, mas a mulher tinha miolo. Com
certeza havia um erro no papel do branco.” Pelo conteúdo de ver-
Maria declarou-me: - Eu te amo.
dade é pelo modo de dizer, tudo nos induz a vislumbrar aí a voz
de Fabiano ecoando por meio do discurso do narrador. É como se
O “te” do discurso citado corresponde ao “me” do citante. Por
o narrador, sem abandonar as marcas linguísticas próprias de sua
isso, “te” passa a “me”: fala, estivesse incorporando as reclamações e suspeitas da perso-
nagem, a cuja linguagem pertencem expressões do tipo bruto, sim
- Maria declarou-me que me amava. senhor e a mulher tinha miolo. Até a repetição de palavras e uma
certa entonação presumivelmente exclamativa confirmam essa in-
No que se refere aos tempos, o mais comum é o que o verbo de ferência.
dizer esteja no presente ou no pretérito perfeito. Quando o verbo Para perceber melhor o que é o discurso indireto livre, con-
de dizer estiver no presente e o da fala da personagem estiver no frontemos uma frase do texto com a correspondente em discurso
presente, pretérito ou futuro do presente, os tempos mantêm-se na direito e indireto:
passagem do discurso direto para o indireto. Se o verbo de dizer
estiver no pretérito perfeito, as alterações que ocorrerão na fala da - Discurso Indireto Livre
personagem são as seguintes: Estava direito aquilo?

Discurso Direto – Discurso Indireto - Discurso Direto


Presente – Pretérito Imperfeito Fabiano perguntou: - Esta direito isto?
Pretérito Perfeito – Pretérito mais-que-perfeito
Futuro do Presente – Futuro do Pretérito - Discurso Indireto
Fabiano perguntou se aquilo estava direito
Joaquim disse: - Compro tudo isso.
- Joaquim disse que comprava tudo isso. Essa forma de citação do discurso alheio tem características
próprias que são tanto do discurso direto quanto do indireto. As
Joaquim disse: - Comprei tudo isso. características do discurso indireto livre são:
- Joaquim disse que comprara tudo isso.
- Não há verbos de dizer anunciando as falas das personagens;
Joaquim disse: - Comprarei tudo isso. - Estas não são introduzidas por partículas como “que” e “se”
nem separadas por sinais de pontuação;
- Joaquim disse que compraria tudo isso.
- O discurso indireto livre contém, como o discurso direto,
orações interrogativas, imperativas e exclamativas, bem como in-
Discurso Indireto Livre
terjeições e outros elementos expressivos;
- Os pronomes pessoais e demonstrativos, as palavras indi-
“(...) No dia seguinte Fabiano voltou à cidade, mas ao fe- cadoras de espaço e de tempo são usados da mesma forma que
char o negócio notou que as operações de Sinhá Vitória, como de no discurso indireto. Por isso, o verbo estar, do exemplo acima,
costume, diferiam das do patrão. Reclamou e obteve a explicação ocorre no pretérito imperfeito, e não no presente (está), como no
habitual: a diferença era proveniente de juros. discurso direto. Da mesma forma o pronome demonstrativo ocorre
Não se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim na forma aquilo, como no discurso indireto.
senhor, via-se perfeitamente que era bruto, mas a mulher tinha
miolo. Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se des- Funções dos diferentes modos de citar o discurso do outro
cobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida inteira
assim no toco, entregando o que era dele de mão beijada! Estava O discurso direto cria um efeito de sentido de verdade. Isso
direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de porque o leitor ou ouvinte tem a impressão de que quem cita pre-
alforria! servou a integridade do discurso citado, ou seja, o que ele repro-
Graciliano Ramos. Vidas secas. duziu é autêntico. É como se ouvisse a pessoa citada com suas
28ª Ed. São Paulo, Martins, 1971, p. 136. próprias palavras e, portanto, com a mesma carga de subjetividade.

Didatismo e Conhecimento 26
PORTUGUÊS
Essa modalidade de citação permite, por exemplo, que se use Imagine-se ainda que uma pessoa, querendo denunciar a for-
variante linguística da personagem como forma de fornecer pis- ma deselegante com que fora atendida por um representante de
tas para caracterizá-la. Sirva de exemplo o trecho que segue, um uma empresa, tenha dito o seguinte:
diálogo entre personagens do meio rural, um farmacêutico e um
agricultor, cuja fala é transcrita em discurso direto pelo narrador: A certa altura, ele me respondeu que, se eu não estivesse sa-
tisfeito, que fosse reclamar “para o bispo” e que ele já não estava
Um velho brônzeo apontou, em farrapos, à janela aberta o “nem aí” com “tipinhos” como eu.
azul.
- Como vai, Elesbão? Em ambos os casos, as aspas são utilizadas para dar desta-
- Sua bênção... que a certas formas de dizer típicas das personagens citadas e para
- Cheio de doenças? mostrar o modo como o narrador as interpreta. No exemplo de Eça
- Sim sinhô. de Queirós, “porque era o papá de seu Carlinhos” contem uma
- De dores, de dificuldades? expressão da personagem Amélia e mostra certa dose de ironia e
- Sim sinhô. malícia do narrador. No segundo exemplo, as aspas destacam a
- De desgraças... insatisfação do narrador com a deselegância e o desprezo do fun-
O farmacêutico riu com um tímpano desmesurado. Você é o cionário para com os clientes.
Brasil. Depois Indagou: O discurso indireto livre fica a meio caminho da subjetividade
- O que você eu Elesbão? e da objetividade. Tem muitas funções. Por exemplo, dá verossimi-
- To precisando de uns dinheirinho e duns gênor. Meu arroi- lhança a um texto que pretende manifestar pensamentos, desejos,
zinho tá bão, tá encanando bem. Preciso de uns mantimento pra enfim, a vida interior de uma personagem.
coiêta. O sinhô pode me arranjá com Nhô Salim. Depois eu vendo Em síntese, demonstra um envolvimento tal do narrador com
o arroiz pra ele mermo. a personagem, que as vozes de ambos se misturam como se eles
- Você é sério, Elesbão? fossem um só ou, falando de outro modo, como se o narrador tives-
- Sô sim sinhô! se vestido completamente a máscara da personagem, aproximan-
- Quanto é que você deve pro Nhô Salim? do-a do leitor sem a marca da sua intermediação.
Veja-se como, neste trecho: “O tímido José”, de Antônio de
- Um tiquinho.
Alcântara Machado, o narrador, valendo-se do discurso indireto
Oswaldo de Andrade. Marco Zero.
livre, leva o leitor a partilhar do constrangimento da personagem,
2ª Ed. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1974, p. 7-8.
simulando estar contaminado por ele:
Quanto ao discurso indireto, pode ser de dois tipos, e cada um
(...) Mais depressa não podia andar. Garoar, garoava sempre.
deles cria um efeito de sentido diverso.
Mas ali o nevoeiro já não era tanto felizmente. Decidiu. Iria indo
- Discurso Indireto que analisa o conteúdo: elimina os ele- no caminho da Lapa. Se encontrasse a mulher bem. Se não en-
mentos emocionais ou afetivos presentes no discurso direto, assim contrasse paciência. Não iria procurar. Iria é para casa. Afinal de
como as interrogações, exclamações ou formas imperativas, por contas era mesmo um trouxa. Quando podia não quis. Agora que
isso produz um efeito de sentido de objetividade analítica. Com era difícil queria.
efeito, nele o narrador revela somente o conteúdo do discurso da Laranja-da-china. In: Novelas Paulistanas.
personagem, e não o modo como ela diz. Com isso estabelece uma 1ª Ed. Belo Horizonte, Itatiaia/ São Paulo, Edusp, 1998, p. 184.
distância entre sua posição e a da personagem, abrindo caminho
para a réplica e o comentário. Esse tipo de discurso indireto des- Informações Explícitas e Implícitas
personaliza discurso citado em nome de uma objetividade analíti-
ca. Cria, assim, a impressão de que o narrador analisa o discurso Texto:
citado de maneira racional e isenta de envolvimento emocional. O
discurso indireto, nesse caso, não se interessa pela individualida- “Neto ainda está longe de se igualar a qualquer um desses
de do falante no modo como ele diz as coisas. Por isso é a forma craques (Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé), mas ain-
preferida nos textos de natureza filosófica, científica, política, etc., da tem um longo caminho a trilhar (...).”
quando se expõe as opiniões dos outros com finalidade de criticá- Veja São Paulo, 26/12/1990, p. 15.
-las, rejeitá-las ou acolhê-las.
- Discurso Indireto que analisa a expressão: serve para des- Esse texto diz explicitamente que:
tacar mais o modo de dizer do que o que se diz; por exemplo, as - Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé são craques;
palavras típicas do vocabulário da personagem citada, a sua ma- - Neto não tem o mesmo nível desses craques;
neira de pronunciá-las, etc. Nesse caso, as palavras ou expressões - Neto tem muito tempo de carreira pela frente.
ressaltadas aparecem entre aspas. Veja-se este exemplo. De Eça
de Queirós: O texto deixa implícito que:
- Existe a possibilidade de Neto um dia aproximar-se dos cra-
...descobrira de repente, uma manhã, eu não devia trair Ama- ques citados;
ro, “porque era papá do seu Carlinhos”. E disse-o ao abade; fez - Esses craques são referência de alto nível em sua especiali-
corar os sessenta e quatro anos do bom velho (...). dade esportiva;
O crime do Padre Amaro. - Há uma oposição entre Neto e esses craques no que diz res-
Porto, Lello e Irmão, s.d., vol. I, p. 314. peito ao tempo disponível para evoluir.

Didatismo e Conhecimento 27
PORTUGUÊS
Todos os textos transmitem explicitamente certas informa- “Quando o curso do rio São Francisco for mudado, será re-
ções, enquanto deixam outras implícitas. Por exemplo, o texto solvido o problema da seca no Nordeste.”
acima não explicita que existe a possibilidade de Neto se equi-
parar aos quatro futebolistas, mas a inclusão do advérbio ainda O enunciador estabelece o pressuposto de que é certa a mu-
estabelece esse implícito. Não diz também com explicitude que dança do curso do São Francisco e, por consequência, a solução do
há oposição entre Neto e os outros jogadores, sob o ponto de vista problema da seca no Nordeste. O diálogo não teria continuidade se
de contar com tempo para evoluir. A escolha do conector “mas” um interlocutor não admitisse ou colocasse sob suspeita essa cer-
entre a segunda e a primeira oração só é possível levando em conta teza. Em outros termos, haveria quebra da continuidade do diálogo
esse dado implícito. Como se vê, há mais significados num texto se alguém interviesse com uma pergunta deste tipo:
do que aqueles que aparecem explícitos na sua superfície. Leitura
proficiente é aquela capaz de depreender tanto um tipo de signifi- “Mas quem disse que é certa a mudança do curso do rio?”
cado quanto o outro, o que, em outras palavras, significa ler nas
entrelinhas. Sem essa habilidade, o leitor passará por cima de sig- A aceitação do pressuposto estabelecido pelo emissor permite
levar adiante o debate; sua negação compromete o diálogo, uma
nificados importantes ou, o que é bem pior, concordará com ideias
vez que destrói a base sobre a qual se constrói a argumentação,
e pontos de vista que rejeitaria se os percebesse.
e daí nenhum argumento tem mais importância ou razão de ser.
Os significados implícitos costumam ser classificados em
Com pressupostos distintos, o diálogo não é possível ou não tem
duas categorias: os pressupostos e os subentendidos.
sentido.
A mesma pergunta, feita para pessoas diferentes, pode ser
Pressupostos: são ideias implícitas que estão implicadas logi- embaraçosa ou não, dependendo do que está pressuposto em cada
camente no sentido de certas palavras ou expressões explicitadas situação. Para alguém que não faz segredo sobre a mudança de
na superfície da frase. Exemplo: emprego, não causa o menor embaraço uma pergunta como esta:

“André tornouse um antitabagista convicto.” “Como vai você no seu novo emprego?”

A informação explícita é que hoje André é um antitabagista O efeito da mesma pergunta seria catastrófico se ela se diri-
convicto. Do sentido do verbo tornarse, que significa “vir a ser”, gisse a uma pessoa que conseguiu um segundo emprego e quer
decorre logicamente que antes André não era antitabagista convic- manter sigilo até decidir se abandona o anterior. O adjetivo novo
to. Essa informação está pressuposta. Ninguém se torna algo que estabelece o pressuposto de que o interrogado tem um emprego
já era antes. Seria muito estranho dizer que a palmeira tornouse diferente do anterior.
um vegetal.
Marcadores de Pressupostos
“Eu ainda não conheço a Europa.”
- Adjetivos ou palavras similares modificadoras do substan-
A informação explícita é que o enunciador não tem conheci- tivo
mento do continente europeu. O advérbio ainda deixa pressuposta
a possibilidade de ele um dia conhecêla. Julinha foi minha primeira filha.
As informações explícitas podem ser questionadas pelo recep- “Primeira” pressupõe que tenho outras filhas e que as outras
tor, que pode ou não concordar com elas. Os pressupostos, porém, nasceram depois de Julinha.
devem ser verdadeiros ou, pelo menos, admitidos como tais, por-
que esta é uma condição para garantir a continuidade do diálogo Destruíram a outra igreja do povoado.
e também para fornecer fundamento às afirmações explícitas. Isso “Outra” pressupõe a existência de pelo menos uma igreja
além da usada como referência.
significa que, se o pressuposto é falso, a informação explícita não
tem cabimento. Assim, por exemplo, se Maria não falta nunca a
- Certos verbos
aula nenhuma, não tem o menor sentido dizer “Até Maria compa-
receu à aula de hoje”. Até estabelece o pressuposto da inclusão de
Renato continua doente.
um elemento inesperado. O verbo “continua” indica que Renato já estava doente no mo-
Na leitura, é muito importante detectar os pressupostos, pois mento anterior ao presente.
eles são um recurso argumentativo que visa a levar o receptor a
aceitar a orientação argumentativa do emissor. Ao introduzir uma Nossos dicionários já aportuguesaram a palavrea copydesk.
ideia sob a forma de pressuposto, o enunciador pretende transfor- O verbo “aportuguesar” estabelece o pressuposto de que copi-
mar seu interlocutor em cúmplice, pois a ideia implícita não é pos- desque não existia em português.
ta em discussão, e todos os argumentos explícitos só contribuem - Certos advérbios
para confirmála. O pressusposto aprisiona o receptor no sistema de
pensamento montado pelo enunciador. A produção automobilística brasileira está totalmente nas
A demonstração disso pode ser feita com as “verdades incon- mãos das multinacionais.
testáveis” que estão na base de muitos discursos políticos, como o O advérbio totalmente pressupõe que não há no Brasil indús-
que segue: tria automobilística nacional.

Didatismo e Conhecimento 28
PORTUGUÊS
Você conferiu o resultado da loteria?
Hoje não. 2. TIPOLOGIA E GÊNERO TEXTUAIS.
A negação precedida de um advérbio de tempo de âmbito
limitado estabelece o pressuposto de que apenas nesse intervalo
(hoje) é que o interrogado não praticou o ato de conferir o resul-
tado da loteria.
Tipologia Textual
- Orações adjetivas
Tipo textual é a forma como um texto se apresenta. As únicas
Os brasileiros, que não se importam com a coletividade, só tipologias existentes são: narração, descrição, dissertação ou ex-
se preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua, posição, informação e injunção. É importante que não se confun-
fecham os cruzamentos, etc. da tipo textual com gênero textual.
O pressuposto é que “todos” os brasileiros não se importam
com a coletividade. Texto Narrativo - tipo textual em que se conta fatos que ocor-
reram num determinado tempo e lugar, envolvendo personagens e
Os brasileiros que não se importam com a coletividade só se um narrador. Refere-se a objeto do mundo real ou fictício. Possui
preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na rua, fe- uma relação de anterioridade e posterioridade. O tempo verbal pre-
cham os cruzamentos, etc. dominante é o passado.
Nesse caso, o pressuposto é outro: “alguns” brasileiros não se
- expõe um fato, relaciona mudanças de situação, aponta an-
importam com a coletividade.
tes, durante e depois dos acontecimentos (geralmente);
- é um tipo de texto sequencial;
No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo, é res-
- relato de fatos;
tritiva. As explicativas pressupõem que o que elas expressam se
- presença de narrador, personagens, enredo, cenário, tempo;
refere à totalidade dos elementos de um conjunto; as restritivas,
- apresentação de um conflito;
que o que elas dizem concerne apenas a parte dos elementos de
- uso de verbos de ação;
um conjunto. O produtor do texto escreverá uma restritiva ou uma
explicativa segundo o pressuposto que quiser comunicar. - geralmente, é mesclada de descrições;
- o diálogo direto é frequente.
Subentendidos: são insinuações contidas em uma frase ou um
grupo de frases. Suponhamos que uma pessoa estivesse em visita Texto Descritivo - um texto em que se faz um retrato por es-
à casa de outra num dia de frio glacial e que uma janela, por onde crito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe
entravam rajadas de vento, estivesse aberta. Se o visitante dissesse de palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, pela sua
“Que frio terrível”, poderia estar insinuando que a janela deveria função caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, pode-se
ser fechada. até descrever sensações ou sentimentos. Não há relação de anterio-
Há uma diferença capital entre o pressuposto e o subenten- ridade e posterioridade. É fazer uma descrição minuciosa do obje-
dido. O primeiro é uma informação estabelecida como indiscu- to ou da personagem a que o texto refere. Nessa espécie textual as
tível tanto para o emissor quanto para o receptor, uma vez que coisas acontecem ao mesmo tempo.
decorre necessariamente do sentido de algum elemento linguístico - expõe características dos seres ou das coisas, apresenta uma
colocado na frase. Ele pode ser negado, mas o emissor colocao visão;
implicitamente para que não o seja. Já o subentendido é de res- - é um tipo de texto figurativo;
ponsabilidade do receptor. O emissor pode esconder-se atrás do - retrato de pessoas, ambientes, objetos;
sentido literal das palavras e negar que tenha dito o que o receptor - predomínio de atributos;
depreendeu de suas palavras. Assim, no exemplo dado acima, se - uso de verbos de ligação;
o dono da casa disser que é muito pouco higiênico fechar todas - frequente emprego de metáforas, comparações e outras
as janelas, o visitante pode dizer que também acha e que apenas figuras de linguagem;
constatou a intensidade do frio. - tem como resultado a imagem física ou psicológica.
O subentendido serve, muitas vezes, para o emissor proteger-
se, para transmitir a informação que deseja dar a conhecer sem Texto Dissertativo - a dissertação é um texto que analisa, in-
se comprometer. Imaginemos, por exemplo, que um funcionário terpreta, explica e avalia dados da realidade. Esse tipo textual re-
recémpromovido numa empresa ouvisse de um colega o seguinte: quer reflexão, pois as opiniões sobre os fatos e a postura crítica em
relação ao que se discute têm grande importância. O texto disserta-
“Competência e mérito continuam não valendo nada como tivo é temático, pois trata de análises e interpretações; o tempo ex-
critério de promoção nesta empresa...” plorado é o presente no seu valor atemporal; é constituído por uma
Esse comentário talvez suscitasse esta suspeita: introdução onde o assunto a ser discutido é apresentado, seguido
“Você está querendo dizer que eu não merecia a promoção?” por uma argumentação que caracteriza o ponto de vista do autor
sobre o assunto em evidência. Nesse tipo de texto a expressão das
Ora, o funcionário preterido, tendo recorrido a um subenten- ideias, valores, crenças são claras, evidentes, pois é um tipo de
dido, poderia responder: texto que propõe a reflexão, o debate de ideias. A linguagem ex-
plorada é a denotativa, embora o uso da conotação possa marcar
“Absolutamente! Estou falando em termos gerais. um estilo pessoal. A objetividade é um fator importante, pois dá

Didatismo e Conhecimento 29
PORTUGUÊS
ao texto um valor universal, por isso geralmente o enunciador não A história contada, por isso, passa por uma introdução (parte
aparece porque o mais importante é o assunto em questão e não inicial da história, também chamada de prólogo), pelo desenvolvi-
quem fala dele. A ausência do emissor é importante para que a mento do enredo (é a história propriamente dita, o meio, o “miolo”
ideia defendida torne algo partilhado entre muitas pessoas, sendo da narrativa, também chamada de trama) e termina com a conclu-
admitido o emprego da 1ª pessoa do plural - nós, pois esse não são da história (é o final ou epílogo). Aquele que conta a história
descaracteriza o discurso dissertativo. é o narrador,  que pode ser pessoal (narra em 1ª pessoa: Eu...) ou
- expõe um tema, explica, avalia, classifica, analisa; impessoal (narra em 3ª pessoa: Ele...).
- é um tipo de texto argumentativo. Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos de
- defesa de um argumento: apresentação de uma tese que será ação, por advérbios de tempo, por advérbios de lugar e pelos subs-
defendida; desenvolvimento ou argumentação; fechamento; tantivos que nomeiam as personagens, que são os agentes do texto,
- predomínio da linguagem objetiva; ou seja, aquelas pessoas que fazem as ações expressas pelos ver-
- prevalece a denotação. bos, formando uma rede: a própria história contada.
Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que conta a
Texto Argumentativo - esse texto tem a função de persuadir o história.
leitor, convencendo-o de aceitar uma ideia imposta pelo texto. É o
tipo textual mais presente em manifestos e cartas abertas, e quando Elementos Estruturais (I):
também mostra fatos para embasar a argumentação, se torna um
texto dissertativo-argumentativo. - Enredo: desenrolar dos acontecimentos.
- Personagens: são seres que se movimentam, se relacionam e
Texto Injuntivo/Instrucional - indica como realizar uma dão lugar à trama que se estabelece na ação. Revelam-se por meio
ação. Também é utilizado para predizer acontecimentos e com- de características físicas ou psicológicas. Os personagens podem
portamentos. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos são, ser lineares (previsíveis), complexos, tipos sociais (trabalhador,
na sua maioria, empregados no modo imperativo, porém nota-se estudante, burguês etc.) ou tipos humanos (o medroso, o tímido, o
também o uso do infinitivo e o uso do futuro do presente do modo avarento etc.), heróis ou anti-heróis, protagonistas ou antagonistas.
indicativo. Ex: Previsões do tempo, receitas culinárias, manuais, - Narrador: é quem conta a história.
leis, bula de remédio, convenções, regras e eventos. - Espaço: local da ação. Pode ser físico ou psicológico.
- Tempo: época em que se passa a ação. Cronológico: o tem-
Narração po convencional (horas, dias, meses); Psicológico: o tempo inte-
rior, subjetivo.
A Narração é um tipo de texto que relata uma história real,
fictícia ou mescla dados reais e imaginários. O texto narrativo Elementos Estruturais (II):
apresenta personagens que atuam em um tempo e em um espaço,
organizados por uma narração feita por um narrador. É uma série de
Personagens - Quem? Protagonista/Antagonista
fatos situados em um espaço e no tempo, tendo mudança de um es-
Acontecimento - O quê? Fato
tado para outro, segundo relações de sequencialidade e causalidade,
Tempo - Quando? Época em que ocorreu o fato
e não simultâneos como na descrição. Expressa as relações entre os
Espaço - Onde? Lugar onde ocorreu o fato
indivíduos, os conflitos e as ligações afetivas entre esses indivíduos
Modo - Como? De que forma ocorreu o fato
e o mundo, utilizando situações que contêm essa vivência.
Causa - Por quê? Motivo pelo qual ocorreu o fato
Todas as vezes que uma história é contada (é narrada), o narra-
Resultado - previsível ou imprevisível.
dor acaba sempre contando onde, quando, como e com quem ocor-
reu o episódio. É por isso que numa narração predomina a ação: o Final - Fechado ou Aberto.
texto narrativo é um conjunto de ações; assim sendo, a maioria dos
verbos que compõem esse tipo de texto são os verbos de ação. O Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-se de
conjunto de ações que compõem o texto narrativo, ou seja, a his- tal forma, que não é possível compreendê-los isoladamente, como
tória que é contada nesse tipo de texto recebe o nome de enredo. simples exemplos de uma narração. Há uma relação de implica-
As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas per- ção mútua entre eles, para garantir coerência e verossimilhança
sonagens, que são justamente as pessoas envolvidas no episódio à história narrada. Quanto aos elementos da narrativa, esses não
que está sendo contado. As personagens são identificadas (nomea- estão, obrigatoriamente sempre presentes no discurso, exceto as
das) no texto narrativo pelos substantivos próprios. personagens ou o fato a ser narrado.
Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mesmo sem
querer) ele acaba contando “onde” (em que lugar)  as ações do Exemplo:
enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde ocorre
uma ação ou ações  é chamado de espaço, representado no texto Porquinho-da-índia
pelos advérbios de lugar.
Além de contar onde, o narrador também pode esclarecer Quando eu tinha seis anos
“quando” ocorreram as ações da história. Esse elemento da narra- Ganhei um porquinho-da-índía.
tiva é o tempo, representado no texto narrativo através dos tempos Que dor de coração me dava
verbais, mas principalmente pelos advérbios de tempo. É o tempo Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
que ordena as ações no texto narrativo: é ele que indica ao leitor Levava ele pra sala
“como” o fato narrado aconteceu. Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos

Didatismo e Conhecimento 30
PORTUGUÊS
Ele não gostava: Tipos de Personagens:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas... Os personagens têm muita importância na construção de um
- O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada. texto narrativo, são elementos vitais. Podem ser principais ou se-
cundários, conforme o papel que desempenham no enredo, po-
Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. 4ª ed. dem ser apresentados direta ou indiretamente.
Rio de Janeiro, José Olympio, 1973, pág. 110. A apresentação direta acontece quando o personagem aparece
de forma clara no texto, retratando suas características físicas e/ou
Observe que, no texto acima, há um conjunto de transforma- psicológicas, já a apresentação indireta se dá quando os persona-
ções de situação: ganhar um porquinho-da-índia é passar da situa- gens aparecem aos poucos e o leitor vai construindo a sua imagem
ção de não ter o animalzinho para a de tê-lo; levá-lo para a sala ou com o desenrolar do enredo, ou seja, a partir de suas ações, do que
para outros lugares é passar da situação de ele estar debaixo do ela vai fazendo e do modo como vai fazendo.
fogão para a de estar em outros lugares; ele não gostava: “queria
era estar debaixo do fogão” implica a volta à situação anterior; - Em 1ª pessoa:
“não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas” dá a entender
Personagem Principal: há um “eu” participante que conta a
que o menino passava de uma situação de não ser terno com o
história e é o protagonista. Exemplo:
animalzinho para uma situação de ser; no último verso tem-se a
passagem da situação de não ter namorada para a de ter. “Parei na varanda, ia tonto, atordoado, as pernas bambas, o
Verifica-se, pois, que nesse texto há um grande conjunto de coração parecendo querer sair-me pela boca fora. Não me atrevia
mudanças de situação. É isso que define o que se chama o compo- a descer à chácara, e passar ao quintal vizinho. Comecei a andar
nente narrativo do texto, ou seja, narrativa é uma mudança de es- de um lado para outro, estacando para amparar-me, e andava outra
tado pela ação de alguma personagem, é uma transformação de si- vez e estacava.”
tuação. Mesmo que essa personagem não apareça no texto, ela está (Machado de Assis. Dom Casmurro)
logicamente implícita. Assim, por exemplo, se o menino ganhou
um porquinho-da-índia, é porque alguém lhe deu o animalzinho. Observador: é como se dissesse: É verdade, pode acreditar,
Assim, há basicamente, dois tipos de mudança: aquele em que al- eu estava lá e vi. Exemplo:
guém recebe alguma coisa (o menino passou a ter o porquinho-da
índia) e aquele alguém perde alguma coisa (o porquinho perdia, a “Batia nos noventa anos o corpo magro, mas sempre teso do
cada vez que o menino o levava para outro lugar, o espaço confor- Jango Jorge, um que foi capitão duma maloca de contrabandista
tável de debaixo do fogão). Assim, temos dois tipos de narrativas: que fez cancha nos banhados do Ibirocaí.
de aquisição e de privação. Esse gaúcho desabotinado levou a existência inteira a cruzar
os campos da fronteira; à luz do Sol, no desmaiado da Lua, na
escuridão das noites, na cerração das madrugadas...; ainda que
Existem três tipos de foco narrativo:
chovesse reiúnos acolherados ou que ventasse como por alma de
padre, nunca errou vau, nunca perdeu atalho, nunca desandou cru-
- Narrador-personagem: é aquele que conta a história na zada!...
qual é participante. Nesse caso ele é narrador e personagem ao (...)
mesmo tempo, a história é contada em 1ª pessoa. Aqui há poucos – coitado! – pousei no arranchamento dele.
- Narrador-observador: é aquele que conta a história como Casado ou doutro jeito, afamilhado. Não no víamos desde muito
alguém que observa tudo que acontece e transmite ao leitor, a his- tempo. (...)
tória é contada em 3ª pessoa. Fiquei verdeando, à espera, e fui dando um ajutório na matan-
- Narrador-onisciente: é o que sabe tudo sobre o enredo e as ça dos leitões e no tiramento dos assados com couro.
personagens, revelando seus pensamentos e sentimentos íntimos. (J. Simões Lopes Neto – Contrabandista)
Narra em 3ª pessoa e sua voz, muitas vezes, aparece misturada
com pensamentos dos personagens (discurso indireto livre). - Em 3ª pessoa:

Estrutura: Onisciente: não há um eu que conta; é uma terceira pessoa.


Exemplo:
- Apresentação: é a parte do texto em que são apresentados
alguns personagens e expostas algumas circunstâncias da história, “Devia andar lá pelos cinco anos e meio quando a fantasiaram
como o momento e o lugar onde a ação se desenvolverá. de borboleta. Por isso não pôde defender-se. E saiu à rua com ar
menos carnavalesco deste mundo, morrendo de vergonha da malha
- Complicação: é a parte do texto em que se inicia propria-
de cetim, das asas e das antenas e, mais ainda, da cara à mostra,
mente a ação. Encadeados, os episódios se sucedem, conduzindo
sem máscara piedosa para disfarçar o sentimento impreciso de ri-
ao clímax. dículo.”
- Clímax: é o ponto da narrativa em que a ação atinge seu (Ilka Laurito. Sal do Lírico)
momento crítico, tornando o desfecho inevitável.
- Desfecho: é a solução do conflito produzido pelas ações dos Narrador Objetivo: não se envolve, conta a história como
personagens. sendo vista por uma câmara ou filmadora. Exemplo:

Didatismo e Conhecimento 31
PORTUGUÊS
Festa __ Se ficar doente, Severino, quem é que o atende?
__ O doutor já viu urubu comer defunto? Ninguém morre só.
Atrás do balcão, o rapaz de cabeça pelada e avental olha o Sempre tem um cristão que enterra o pobre.
crioulão de roupa limpa e remendada, acompanhado de dois meni- __ Na sua idade, sem os cuidados de uma mulher...
nos de tênis branco, um mais velho e outro mais novo, mas ambos __ Eu arranjo.
com menos de dez anos. __ Só a troco de dinheiro elas querem você. Agora tem dois
Os três atravessam o salão, cuidadosamente, mas resoluta- cavalos. A carroça e os dois cavalos, o que há de melhor. Vai me
mente, e se dirigem para o cômodo dos fundos, onde há seis mesas deixar sem nada?
desertas. __ Você tinha amula e a potranca. A mula vendeu e a potranca,
O rapaz de cabeça pelada vai ver o que eles querem. O ho- deixou morrer. Tenho culpa? Só quero paz, um prato de comida e
mem pergunta em quanto fica uma cerveja, dois guaranás e dois roupa lavada.
pãezinhos. __ Para onde foi a lavadeira?
__ Duzentos e vinte. __ Quem?
O preto concentra-se, aritmético, e confirma o pedido. __ A mulata.
__Que tal o pão com molho? – sugere o rapaz. (...)
__ Como? (Dalton Trevisan – A guerra Conjugal)
__ Passar o pão no molho da almôndega. Fica muito mais gos-
toso. Discurso Indireto: o narrador conta o que o personagem diz,
O homem olha para os meninos. sem lhe passar diretamente a palavra. Exemplo:
__ O preço é o mesmo – informa o rapaz.
__ Está certo. Frio
Os três sentam-se numa das mesas, de forma canhestra, como
se o estivessem fazendo pela primeira vez na vida. O menino tinha só dez anos.
O rapaz de cabeça pelada traz as bebidas e os copos e, em se- Quase meia hora andando. No começo pensou num bonde.
guida, num pratinho, os dois pães com meia almôndega cada um. Mas lembrou-se do embrulhinho branco e bem feito que trazia,
O homem e (mais do que ele) os meninos olham para dentro dos afastou a idéia como se estivesse fazendo uma coisa errada. (Nos
pães, enquanto o rapaz cúmplice se retira. bondes, àquela hora da noite, poderiam roubá-lo, sem que perce-
Os meninos aguardam que a mão adulta leve solene o copo de besse; e depois?... Que é que diria a Paraná?)
cerveja até a boca, depois cada um prova o seu guaraná e morde o Andando. Paraná mandara-lhe não ficar observando as vitri-
primeiro bocado do pão. nes, os prédios, as coisas. Como fazia nos dias comuns. Ia firme
O homem toma a cerveja em pequenos goles, observando cri- e esforçando-se para não pensar em nada, nem olhar muito para
teriosamente o menino mais velho e o menino mais novo absorvi- nada.
dos com o sanduíche e a bebida. __ Olho vivo – como dizia Paraná.
Eles não têm pressa. O grande homem e seus dois meninos. Devagar, muita atenção nos autos, na travessia das ruas. Ele
E permanecem para sempre, humanos e indestrutíveis, sentados ia pelas beiradas. Quando em quando, assomava um guarda nas
naquela mesa. esquinas. O seu coraçãozinho se apertava.
(Wander Piroli) Na estação da Sorocabana perguntou as horas a uma mulher.
Sempre ficam mulheres vagabundeando por ali, à noite. Pelo jardim,
Tipos de Discurso: pelos escuros da Alameda Cleveland. Ela lhe deu, ele seguiu. Igno-
rava a exatidão de seus cálculos, mas provavelmente faltava mais ou
Discurso Direto: o narrador passa a palavra diretamente para menos uma hora para chegar em casa. Os bondes passavam.
o personagem, sem a sua interferência. Exemplo: (João Antônio – Malagueta, Perus e Bacanaço)
Discurso Indireto-Livre: ocorre uma fusão entre a fala do per-
Caso de Desquite
sonagem e a fala do narrador. É um recurso relativamente recente.
Surgiu com romancistas inovadores do século XX. Exemplo:
__ Vexame de incomodar o doutor (a mão trêmula na boca).
Veja, doutor, este velho caducando. Bisavô, um neto casado. Agora
com mania de mulher. Todo velho é sem-vergonha. A Morte da Porta-Estandarte
__ Dobre a língua, mulher. O hominho é muito bom. Só não
me pise, fico uma jararaca. Que ninguém o incomode agora. Larguem os seus braços.
__ Se quer sair de casa, doutor, pague uma pensão. Rosinha está dormindo. Não acordem Rosinha. Não é preciso se-
__ Essa aí tem filho emancipado. Criei um por um, está bom? gurá-lo, que ele não está bêbado... O céu baixou, se abriu... Esse
Ela não contribuiu com nada, doutor. Só deu de mamar no primei- temporal assim é bom, porque Rosinha não sai. Tenham paciên-
ro mês. cia... Largar Rosinha ali, ele não larga não... Não! E esses tambo-
__Você desempregado, quem é que fazia roça? res? Ui! Que venham... É guerra... ele vai se espalhar... Por que
__ Isso naquele tempo. O hominho aqui se espalhava. Fui jo- não está malhando em sua cabeça?... (...) Ele vai tirar Rosinha da
gado na estrada, doutor. Desde onze anos estou no mundo sem cama... Ele está dormindo, Rosinha... Fugir com ela, para o fundo
ninguém por mim. O céu lá em cima, noite e dia o hominho aqui do País... Abraçá-la no alto de uma colina...
na carroça. Sempre o mais sacrificado, está bom? (Aníbal Machado)

Didatismo e Conhecimento 32
PORTUGUÊS
Sequência Narrativa: contando sua morte para em seguida relatar sua vida, a sequência
temporal foi modificada. No entanto, o leitor reconstitui, ao longo da
Uma narrativa não tem uma única mudança, mas várias: uma leitura, as relações de anterioridade e de posterioridade.
coordena-se a outra, uma implica a outra, uma subordina-se a ou- Resumindo: na narração, as três características explicadas
tra. acima (transformação de situações, figuratividade e relações de
A narrativa típica tem quatro mudanças de situação: anterioridade e posterioridade entre os episódios relatados) devem
- uma em que uma personagem passa a ter um querer ou um estar presentes conjuntamente. Um texto que tenha só uma ou duas
dever (um desejo ou uma necessidade de fazer algo); dessas características não é uma narração.
- uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma compe-
tência para fazer algo); Esquema que pode facilitar a elaboração de seu texto narrativo:
- uma em que a personagem executa aquilo que queria ou de-
via fazer (é a mudança principal da narrativa); - Introdução: citar o fato, o tempo e o lugar, ou seja, o que
- uma em que se constata que uma transformação se deu e em aconteceu, quando e onde.
que se podem atribuir prêmios ou castigos às personagens (geral- - Desenvolvimento: causa do fato e apresentação dos perso-
mente os prêmios são para os bons, e os castigos, para os maus). nagens.
- Desenvolvimento: detalhes do fato.
Toda narrativa tem essas quatro mudanças, pois elas se pres- - Conclusão: consequências do fato.
supõem logicamente. Com efeito, quando se constata a realização
de uma mudança é porque ela se verificou, e ela efetua-se porque Caracterização Formal:
quem a realiza pode, sabe, quer ou deve fazê-la. Tomemos, por
exemplo, o ato de comprar um apartamento: quando se assina a Em geral, a narrativa se desenvolve na prosa. O aspecto nar-
escritura, realiza-se o ato de compra; para isso, é necessário poder rativo apresenta, até certo ponto, alguma subjetividade, porquanto
(ter dinheiro) e querer ou dever comprar (respectivamente, querer a criação e o colorido do contexto estão em função da individuali-
deixar de pagar aluguel ou ter necessidade de mudar, por ter sido dade e do estilo do narrador. Dependendo do enfoque do redator, a
despejado, por exemplo). narração terá diversas abordagens. Assim é de grande importância
Algumas mudanças são necessárias para que outras se deem. saber se o relato é feito em primeira pessoa ou terceira pessoa. No
Assim, para apanhar uma fruta, é necessário apanhar um bambu primeiro caso, há a participação do narrador; segundo, há uma in-
ou outro instrumento para derrubá-la. Para ter um carro, é preciso ferência do último através da onipresença e onisciência.
antes conseguir o dinheiro. Quanto à temporalidade, não há rigor na ordenação dos acon-
tecimentos: esses podem oscilar no tempo, transgredindo o aspecto
Narrativa e Narração linear e constituindo o que se denomina “flashback”. O narrador
que usa essa técnica (característica comum no cinema moderno)
Existe alguma diferença entre as duas? Sim. A narratividade é demonstra maior criatividade e originalidade, podendo observar as
um componente narrativo que pode existir em textos que não são ações ziguezagueando no tempo e no espaço.
narrações. A narrativa é a transformação de situações. Por exem-
plo, quando se diz “Depois da abolição, incentivou-se a imigra- Exemplo - Personagens
ção de europeus”, temos um texto dissertativo, que, no entanto,
apresenta um componente narrativo, pois contém uma mudança “Aboletado na varanda, lendo Graciliano Ramos, O Dr.
de situação: do não incentivo ao incentivo da imigração européia. Amâncio não viu a mulher chegar.
Se a narrativa está presente em quase todos os tipos de texto, - Não quer que se carpa o quintal, moço?
o que é narração? Estava um caco: mal vestida, cheirando a fumaça, a face es-
A narração é um tipo de narrativa. Tem ela três características: calavrada. Mas os olhos... (sempre guardam alguma coisa do pas-
- é um conjunto de transformações de situação (o texto de Ma- sado, os olhos).”
nuel Bandeira – “Porquinho-da-índia”, como vimos, preenche essa
condição); (Kiefer, Charles. A dentadura postiça. Porto Alegre: Mer-
- é um texto figurativo, isto é, opera com personagens e fatos cado Aberto, p. 5O)
concretos (o texto “Porquinho-da-índia” preenche também esse
requisito); Exemplo - Espaço
- as mudanças relatadas estão organizadas de maneira tal que, Considerarei longamente meu pequeno deserto, a redondeza
entre elas, existe sempre uma relação de anterioridade e posterio- escura e uniforme dos seixos. Seria o leito seco de algum rio. Não
ridade (no texto “Porquinho-da-índia” o fato de ganhar o animal é havia, em todo o caso, como negar-lhe a insipidez.”
anterior ao de ele estar debaixo do fogão, que por sua vez é anterior (Linda, Ieda. As amazonas segundo tio Hermann. Porto
ao de o menino levá-lo para a sala, que por seu turno é anterior ao Alegre: Movimento, 1981, p. 51)
de o porquinho-da-índia voltar ao fogão).
Exemplo - Tempo
Essa relação de anterioridade e posterioridade é sempre perti-
nente num texto narrativo, mesmo que a sequência linear da tempora- “Sete da manhã. Honorato Madeira acorda e lembra-se: a mu-
lidade apareça alterada. Assim, por exemplo, no romance machadia- lher lhe pediu que a chamasse cedo.”
no Memórias póstumas de Brás Cubas, quando o narrador começa (Veríssimo, Érico. Caminhos Cruzados. p.4)

Didatismo e Conhecimento 33
PORTUGUÊS
Tipologia da Narrativa Ficcional: Esse texto traça o perfil de Raimundo, o filho do professor da
escola que o escritor frequentava. Deve-se notar:
- Romance - que todas as frases expõem ocorrências simultâneas (ao
- Conto mesmo tempo que gastava duas horas para reter aquilo que os ou-
- Crônica tros levavam trinta ou cinquenta minutos, Raimundo tinha grande
- Fábula medo ao pai);
- Lenda - por isso, não existe uma ocorrência que possa ser conside-
- Parábola rada cronologicamente anterior a outra do ponto de vista do relato
- Anedota (no nível dos acontecimentos, entrar na escola é cronologicamente
- Poema Épico anterior a retirar-se dela; no nível do relato, porém, a ordem dessas
duas ocorrências é indiferente: o que o escritor quer é explicitar
Tipologia da Narrativa Não-Ficcional: uma característica do menino, e não traçar a cronologia de suas
ações);
- Memorialismo - ainda que se fale de ações (como entrava, retirava-se), todas
- Notícias elas estão no pretérito imperfeito, que indica concomitância em
- Relatos relação a um marco temporal instalado no texto (no caso, o ano de
- História da Civilização 1840, em que o escritor frequentava a escola da rua da Costa) e,
portanto, não denota nenhuma transformação de estado;
Apresentação da Narrativa: - se invertêssemos a sequência dos enunciados, não correría-
mos o risco de alterar nenhuma relação cronológica - poderíamos
- visual: texto escrito; legendas + desenhos (história em qua- mesmo colocar o últímo período em primeiro lugar e ler o texto
drinhos) e desenhos. do fim para o começo: O mestre era mais severo com ele do que
- auditiva: narrativas radiofonizadas; fitas gravadas e discos. conosco. Entrava na escola depois do pai e retirava-se antes...
- audiovisual: cinema; teatro e narrativas televisionadas.
Evidentemente, quando se diz que a ordem dos enunciados
Descrição pode ser invertida, está-se pensando apenas na ordem cronológica,
pois, como veremos adiante, a ordem em que os elementos são
É a representação com palavras de um objeto, lugar, situação
descritos produz determinados efeitos de sentido.
ou coisa, onde procuramos mostrar os traços mais particulares
Quando alteramos a ordem dos enunciados, precisamos fazer
ou individuais do que se descreve. É qualquer elemento que
certas modificações no texto, pois este contém anafóricos (pala-
seja apreendido pelos sentidos e transformado, com palavras,
vras que retomam o que foi dito antes, como ele, os, aquele, etc. ou
em imagens. Sempre que se expõe com detalhes um objeto, uma
catafóricos (palavras que anunciam o que vai ser dito, como este,
pessoa ou uma paisagem a alguém, está fazendo uso da descrição.
etc.), que podem perder sua função e assim não ser compreendi-
Não é necessário que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista
do observador varia de acordo com seu grau de percepção. Dessa dos. Se tomarmos uma descrição como As flores manifestavam
forma, o que será importante ser analisado para um, não será para todo o seu esplendor. O Sol fazia-as brilhar, ao invertermos a
outro. A vivência de quem descreve também influencia na hora de ordem das frases, precisamos fazer algumas alterações, para que o
transmitir a impressão alcançada sobre determinado objeto, pes- texto possa ser compreendido: O Sol fazia as flores brilhar. Elas
soa, animal, cena, ambiente, emoção vivida ou sentimento. manifestavam todo o seu esplendor. Como, na versão original, o
pronome oblíquo as é um anafórico que retoma flores, se alterar-
Exemplos: mos a ordem das frases ele perderá o sentido. Por isso, precisamos
mudar a palavra flores para a primeira frase e retomá-la com o
(I) “De longe via a aleia onde a tarde era clara e redonda. Mas anafórico elas na segunda.
a penumbra dos ramos cobria o atalho. Por todas essas características, diz-se que o fragmento do
Ao seu redor havia ruídos serenos, cheiro de árvores, peque- conto de Machado é descritivo. Descrição é o tipo de texto em
nas surpresas entre os cipós. Todo o jardim triturado pelos instan- que se expõem características de seres concretos (pessoas, objetos,
tes já mais apressados da tarde. De onde vinha o meio sonho pelo situações, etc.) consideradas fora da relação de anterioridade e de
qual estava rodeada? Como por um zunido de abelhas e aves. Tudo posterioridade.
era estranho, suave demais, grande demais.”
(extraído de “Amor”, Laços de Família, Clarice Lispector) Características:

(II) Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, aplica- - Ao fazer a descrição enumeramos características, compara-
do, inteligência tarda. Raimundo gastava duas horas em reter aqui- ções e inúmeros elementos sensoriais;
lo que a outros levava apenas trinta ou cinquenta minutos; vencia - As personagens podem ser caracterizadas física e psicologi-
com o tempo o que não podia fazer logo com o cérebro. Reunia a camente, ou pelas ações;
isso grande medo ao pai. Era uma criança fina, pálida, cara doente; - A descrição pode ser considerada um dos elementos consti-
raramente estava alegre. Entrava na escola depois do pai e retirava- tutivos da dissertação e da argumentação;
-se antes. O mestre era mais severo com ele do que conosco. - É impossível separar narração de descrição;
(Machado de Assis. “Conto de escola”. Contos. 3ed. - O que se espera não é tanto a riqueza de detalhes, mas sim
São Paulo, Ática, 1974, págs. 31-32.) a capacidade de observação que deve revelar aquele que a realiza.

Didatismo e Conhecimento 34
PORTUGUÊS
- Utilizam, preferencialmente, verbos de ligação. Exemplo: - Emprego de figuras (metáforas, metonímias, comparações,
“(...) Ângela tinha cerca de vinte anos; parecia mais velha pelo sinestesias). Exemplo:
desenvolvimento das proporções. Grande, carnuda, sanguínea e
fogosa, era um desses exemplares excessivos do sexo que pare- “Era o Sr. Lemos um velho de pequena estatura, não muito
cem conformados expressamente para esposas da multidão (...)” gordo, mas rolho e bojudo como um vaso chinês. Apesar de seu
(Raul Pompéia – O Ateneu) corpo rechonchudo, tinha certa vivacidade buliçosa e saltitante que
- Como na descrição o que se reproduz é simultâneo, não exis- lhe dava petulância de rapaz e casava perfeitamente com os olhi-
te relação de anterioridade e posterioridade entre seus enunciados. nhos de azougue.”
- Devem-se evitar os verbos e, se isso não for possível, que se (José de Alencar - Senhora)
usem então as formas nominais, o presente e o pretério imperfeito
do indicativo, dando-se sempre preferência aos verbos que indi- - Uso de advérbios de localização espacial. Exemplo:
quem estado ou fenômeno.
“Até os onze anos, eu morei numa casa, uma casa velha, e essa
- Todavia deve predominar o emprego das comparações, dos
casa era assim: na frente, uma grade de ferro; depois você entrava
adjetivos e dos advérbios, que conferem colorido ao texto.
tinha um jardinzinho; no final tinha uma escadinha que devia ter
uns cinco degraus; aí você entrava na sala da frente; dali tinha um
A característica fundamental de um texto descritivo é essa ine-
corredor comprido de onde saíam três portas; no final do corredor
xistência de progressão temporal. Pode-se apresentar, numa descri- tinha a cozinha, depois tinha uma escadinha que ia dar no quintal e
ção, até mesmo ação ou movimento, desde que eles sejam sempre atrás ainda tinha um galpão, que era o lugar da bagunça...”
simultâneos, não indicando progressão de uma situação anterior (Entrevista gravada para o Projeto NURC/RJ)
para outra posterior. Tanto é que uma das marcas linguísticas da
descrição é o predomínio de verbos no presente ou no pretérito Recursos:
imperfeito do indicativo: o primeiro expressa concomitância em
relação ao momento da fala; o segundo, em relação a um marco - Usar impressões cromáticas (cores) e sensações térmicas.
temporal pretérito instalado no texto. Ex: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor alegre do sol.
Para transformar uma descrição numa narração, bastaria - Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, exatas,
introduzir um enunciado que indicasse a passagem de um estado concretas. Ex: As criaturas humanas transpareciam um céu sereno,
anterior para um posterior. No caso do texto II inicial, para trans- uma pureza de cristal.
formá-lo em narração, bastaria dizer: Reunia a isso grande medo - As sensações de movimento e cor embelezam o poder da
do pai. Mais tarde, Iibertou-se desse medo... natureza e a figura do homem. Ex: Era um verde transparente que
deslumbrava e enlouquecia qualquer um.
Características Linguísticas: - A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez do texto.
Ex: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O pessoal, muito
O enunciado narrativo, por ter a representação de um aconte- crente.
cimento, fazer-transformador, é marcado pela temporalidade, na
relação situação inicial e situação final, enquanto que o enunciado A descrição pode ser apresentada sob duas formas:
descritivo, não tendo transformação, é atemporal.
Na dimensão linguística, destacam-se marcas sintático-se- Descrição Objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a passa-
mânticas encontradas no texto que vão facilitar a compreensão: gem são apresentadas como realmente são, concretamente. Exem-
- Predominância de verbos de estado, situação ou indicadores plo:
de propriedades, atitudes, qualidades, usados principalmente no
presente e no imperfeito do indicativo (ser, estar, haver, situar-se, “Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70kg. Aparência atlética, om-
existir, ficar). bros largos, pele bronzeada. Moreno, olhos negros, cabelos ne-
- Ênfase na adjetivação para melhor caracterizar o que é des- gros e lisos”.
crito;
Não se dá qualquer tipo de opinião ou julgamento. Exemplo:
Exemplo:
“A casa velha era enorme, toda em largura, com porta central
“Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoço entala- que se alcançava por três degraus de pedra e quatro janelas de gui-
do num colarinho direito. O rosto aguçado no queixo ia-se alargan- lhotina para cada lado. Era feita de pau-a-pique barreado, dentro
do até à calva, vasta e polida, um pouco amolgado no alto; tingia de uma estrutura de cantos e apoios de madeira-de-lei. Telhado de
os cabelos que de uma orelha à outra lhe faziam colar por trás da quatro águas. Pintada de roxo-claro. Devia ser mais velha que Juiz
nuca - e aquele preto lustroso dava, pelo contraste, mais brilho à de Fora, provavelmente sede de alguma fazenda que tivesse ficado,
calva; mas não tingia o bigode; tinha-o grisalho, farto, caído aos capricho da sorte, na linha de passagem da variante do Caminho
cantos da boca. Era muito pálido; nunca tirava as lunetas escuras. Novo que veio a ser a Rua Principal, depois a Rua Direita – sobre
Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas grandes muito despe- a qual ela se punha um pouco de esguelha e fugindo ligeiramente
gadas do crânio.” do alinhamento (...).”
(Eça de Queiroz - O Primo Basílio) (Pedro Nava – Baú de Ossos)

Didatismo e Conhecimento 35
PORTUGUÊS
Descrição Subjetiva: quando há maior participação da emo- - Desenvolvimento: detalhes (lª parte) - formato (comparação
ção, ou seja, quando o objeto, o ser, a cena, a paisagem são transfi- com figuras geométricas e com objetos semelhantes); dimensões
gurados pela emoção de quem escreve, podendo opinar ou expres- (largura, comprimento, altura, diâmetro etc.)
sar seus sentimentos. Exemplo: - Desenvolvimento: detalhes (2ª parte) - material, peso, cor/
“Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar pulso ao ho- brilho, textura.
mem. Não só as condecorações gritavam-lhe no peito como uma - Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua uti-
couraça de grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo era um anún- lidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto como
cio; os gestos, calmos, soberanos, calmos, eram de um rei...” um todo.
Descrição de objetos constituídos por várias partes:
(“O Ateneu”, Raul Pompéia)
- Introdução: observações de caráter geral referentes à proce-
dência ou localização do objeto descrito.
“(...) Quando conheceu Joca Ramiro, então achou outra es- - Desenvolvimento: enumeração e rápidos comentários das
perança maior: para ele, Joca Ramiro era único homem, par-de- partes que compõem o objeto, associados à explicação de como as
-frança, capaz de tomar conta deste sertão nosso, mandando por partes se agrupam para formar o todo.
lei, de sobregoverno.” - Desenvolvimento: detalhes do objeto visto como um todo
(Guimarães Rosa – Grande Sertão: Veredas) (externamente) - formato, dimensões, material, peso, textura, cor
e brilho.
Os efeitos de sentido criados pela disposição dos elementos - Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua uti-
descritivos: lidade ou qualquer outro comentário que envolva o objeto em sua
totalidade.
Como se disse anteriormente, do ponto de vista da progressão
temporal, a ordem dos enunciados na descrição é indiferente, uma Descrição de ambientes:
- Introdução: comentário de caráter geral.
vez que eles indicam propriedades ou características que ocorrem
- Desenvolvimento: detalhes referentes à estrutura global do
simultaneamente. No entanto, ela não é indiferente do ponto de ambiente: paredes, janelas, portas, chão, teto, luminosidade e aro-
vista dos efeitos de sentido: descrever de cima para baixo ou vice- ma (se houver).
-versa, do detalhe para o todo ou do todo para o detalhe cria efeitos - Desenvolvimento: detalhes específicos em relação a obje-
de sentido distintos. tos lá existentes: móveis, eletrodomésticos, quadros, esculturas ou
Observe os dois quartetos do soneto “Retrato Próprio”, de Bo- quaisquer outros objetos.
cage: - Conclusão: observações sobre a atmosfera que paira no am-
biente.
Magro, de olhos azuis, carão moreno,
bem servido de pés, meão de altura, Descrição de paisagens:
triste de facha, o mesmo de figura, - Introdução: comentário sobre sua localização ou qualquer
nariz alto no meio, e não pequeno. outra referência de caráter geral.
- Desenvolvimento: observação do plano de fundo (explica-
ção do que se vê ao longe).
Incapaz de assistir num só terreno,
- Desenvolvimento: observação dos elementos mais próximos
mais propenso ao furor do que à ternura; do observador - explicação detalhada dos elementos que compõem
bebendo em níveas mãos por taça escura a paisagem, de acordo com determinada ordem.
de zelos infernais letal veneno. - Conclusão: comentários de caráter geral, concluindo acerca
da impressão que a paisagem causa em quem a contempla.
Obras de Bocage. Porto, Lello & Irmão, 1968, pág. 497.
Descrição de pessoas (I):
O poeta descreve-se das características físicas para as caracte- - Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer
rísticas morais. Se fizesse o inverso, o sentido não seria o mesmo, aspecto de caráter geral.
pois as características físicas perderiam qualquer relevo. - Desenvolvimento: características físicas (altura, peso, cor da
O objetivo de um texto descritivo é levar o leitor a visualizar pele, idade, cabelos, olhos, nariz, boca, voz, roupas).
uma cena. É como traçar com palavras o retrato de um objeto, - Desenvolvimento: características psicológicas (personali-
lugar, pessoa etc., apontando suas características exteriores, facil- dade, temperamento, caráter, preferências, inclinações, postura,
objetivos).
mente identificáveis (descrição objetiva), ou suas características
- Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter
psicológicas e até emocionais (descrição subjetiva). geral.
Uma descrição deve privilegiar o uso frequente de adjetivos,
também denominado adjetivação. Para facilitar o aprendizado des- Descrição de pessoas (II):
ta técnica, sugere-se que o concursando, após escrever seu texto, - Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer
sublinhe todos os substantivos, acrescentando antes ou depois des- aspecto de caráter geral.
te um adjetivo ou uma locução adjetiva. - Desenvolvimento: análise das características físicas, asso-
ciadas às características psicológicas (1ª parte).
Descrição de objetos constituídos de uma só parte: - Desenvolvimento: análise das características físicas, asso-
ciadas às características psicológicas (2ª parte).
- Introdução: observações de caráter geral referentes à proce- - Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter
dência ou localização do objeto descrito. geral.

Didatismo e Conhecimento 36
PORTUGUÊS
A descrição, ao contrário da narrativa, não supõe ação. É uma prefere nomear os que se valem do último desses métodos, pois
estrutura pictórica, em que os aspectos sensoriais predominam. os tais fanáticos sempre se revelam os mais obsequiosos e sub-
Porque toda técnica descritiva implica contemplação e apreen- servientes à vontade e às paixões do amo. Tendo à sua disposição
são de algo objetivo ou subjetivo, o redator, ao descrever, precisa todos os cargos, conservam-se no poder esses ministros subordi-
possuir certo grau de sensibilidade. Assim como o pintor capta o nando a maioria do senado, ou grande conselho, e, afinal, por via
mundo exterior ou interior em suas telas, o autor de uma descrição de um expediente chamado anistia (cuja natureza lhe expliquei),
focaliza cenas ou imagens, conforme o permita sua sensibilidade. garantem-se contra futuras prestações de contas e retiram-se da
vida pública carregados com os despojos da nação.
Conforme o objetivo a alcançar, a descrição pode ser não-
-literária ou literária. Na descrição não-literária, há maior preo- Jonathan Swift. Viagens de Gulliver.
cupação com a exatidão dos detalhes e a precisão vocabular. Por São Paulo, Abril Cultural, 1979, p. 234-235.
ser objetiva, há predominância da denotação.
Esse texto explica os três métodos pelos quais um homem
Textos descritivos não-literários: A descrição técnica é um
chega a ser primeiro-ministro, aconselha o príncipe discreto a
tipo de descrição objetiva: ela recria o objeto usando uma lingua-
escolhê-lo entre os que clamam contra a corrupção na corte e jus-
gem científica, precisa. Esse tipo de texto é usado para descrever
tifica esse conselho. Observe-se que:
aparelhos, o seu funcionamento, as peças que os compõem, para
- o texto é temático, pois analisa e interpreta a realidade com
descrever experiências, processos, etc. Exemplo:
conceitos abstratos e genéricos (não se fala de um homem par-
Folheto de propaganda de carro ticular e do que faz para chegar a ser primeiro-ministro, mas do
homem em geral e de todos os métodos para atingir o poder);
Conforto interno - É impossível falar de conforto sem incluir - existe mudança de situação no texto (por exemplo, a mu-
o espaço interno. Os seus interiores são amplos, acomodando tran- dança de atitude dos que clamam contra a corrupção da corte no
quilamente passageiros e bagagens. O Passat e o Passat Variant momento em que se tornam primeiros-ministros);
possuem direção hidráulica e ar condicionado de elevada capaci- - a progressão temporal dos enunciados não tem importân-
dade, proporcionando a climatização perfeita do ambiente. cia, pois o que importa é a relação de implicação (clamar contra a
Porta-malas - O compartimento de bagagens possui capacida- corrupção da corte implica ser corrupto depois da nomeação para
de de 465 litros, que pode ser ampliada para até 1500 litros, com o primeiro-ministro).
encosto do banco traseiro rebaixado.
Tanque - O tanque de combustível é confeccionado em plás- Características:
tico reciclável e posicionado entre as rodas traseiras, para evitar a
deformação em caso de colisão. - ao contrário do texto narrativo e do descritivo, ele é temático;
- como o texto narrativo, ele mostra mudanças de situação;
Textos descritivos literários: Na descrição literária predo- - ao contrário do texto narrativo, nele as relações de
mina o aspecto subjetivo, com ênfase no conjunto de associações anterioridade e de posterioridade dos enunciados não têm maior
conotativas que podem ser exploradas a partir de descrições de importância - o que importa são suas relações lógicas: analogia,
pessoas; cenários, paisagens, espaço; ambientes; situações e coi- pertinência, causalidade, coexistência, correspondência, implica-
sas. Vale lembrar que textos descritivos também podem ocorrer ção, etc.
tanto em prosa como em verso. - a estética e a gramática são comuns a todos os tipos de reda-
ção. Já a estrutura, o conteúdo e a estilística possuem característi-
Dissertação cas próprias a cada tipo de texto.
 
A dissertação é uma exposição, discussão ou interpretação de
São partes da dissertação: Introdução / Desenvolvimento /
uma determinada ideia. É, sobretudo, analisar algum tema. Pres-
Conclusão.
supõe um exame crítico do assunto, lógica, raciocínio, clareza,
coerência, objetividade na exposição, um planejamento de traba-
Introdução: em que se apresenta o assunto; se apresenta a
lho e uma habilidade de expressão. É em função da capacidade
crítica que se questionam pontos da realidade social, histórica e ideia principal, sem, no entanto, antecipar seu desenvolvimento.
psicológica do mundo e dos semelhantes. Vemos também, que a Tipos:
dissertação no seu significado diz respeito a um tipo de texto em
que a exposição de uma ideia, através de argumentos, é feita com - Divisão: quando há dois ou mais termos a serem discutidos.
a finalidade de desenvolver um conteúdo científico, doutrinário ou Ex: “Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha
artístico. Exemplo: de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro...”
- Alusão Histórica: um fato passado que se relaciona a um
Há três métodos pelos quais pode um homem chegar a ser pri- fato presente. Ex: “A crise econômica que teve início no começo
meiro-ministro. O primeiro é saber, com prudência, como servir-se dos anos 80, com os conhecidos altos índices de inflação que a dé-
de uma pessoa, de uma filha ou de uma irmã; o segundo, como cada colecionou, agravou vários dos históricos problemas sociais
trair ou solapar os predecessores; e o terceiro, como clamar, com do país. Entre eles, a violência, principalmente a urbana, cuja es-
zelo furioso, contra a corrupção da corte. Mas um príncipe discreto calada tem sido facilmente identificada pela população brasileira.”

Didatismo e Conhecimento 37
PORTUGUÊS
- Proposição: o autor explicita seus objetivos. Conclusão: é uma avaliação final do assunto, um fechamento
- Convite: proposta ao leitor para que participe de alguma integrado de tudo que se argumentou. Para ela convergem todas as
coisa apresentada no texto. Ex: Você quer estar “na sua”? Quer se ideias anteriormente desenvolvidas.
sentir seguro, ter o sucesso pretendido? Não entre pelo cano! Faça
parte desse time de vencedores desde a escolha desse momento! - Conclusão Fechada: recupera a ideia da tese.
- Contestação: contestar uma idéia ou uma situação. Ex: “É - Conclusão Aberta: levanta uma hipótese, projeta um pen-
importante que o cidadão saiba que portar arma de fogo não é a samento ou faz uma proposta, incentivando a reflexão de quem lê.
solução no combate à insegurança.”
- Características: caracterização de espaços ou aspectos. Exemplo:
- Estatísticas: apresentação de dados estatísticos. Ex: “Em
1982, eram 15,8 milhões os domicílios brasileiros com televisores. Direito de Trabalho
Hoje, são 34 milhões (o sexto maior parque de aparelhos recepto-
res instalados do mundo). Ao todo, existem no país 257 emisso-
Com a queda do feudalismo no século XV, nasce um novo
ras (aquelas capazes de gerar programas) e 2.624 repetidoras (que
modelo econômico: o capitalismo, que até o século XX agia por
apenas retransmitem sinais recebidos). (...)”
- Declaração Inicial: emitir um conceito sobre um fato. meio da inclusão de trabalhadores e hoje passou a agir por meio
- Citação: opinião de alguém de destaque sobre o assunto do da exclusão. (A)
texto. Ex: “A principal característica do déspota encontra-se no A tendência do mundo contemporâneo é tornar todo o traba-
fato de ser ele o autor único e exclusivo das normas e das regras lho automático, devido à evolução tecnológica e a necessidade de
que definem a vida familiar, isto é, o espaço privado. Seu poder, qualificação cada vez maior, o que provoca o desemprego. Outro
escreve Aristóteles, é arbitrário, pois decorre exclusivamente de fator que também leva ao desemprego de um sem número de tra-
sua vontade, de seu prazer e de suas necessidades.” balhadores é a contenção de despesas, de gastos. (B)
- Definição: desenvolve-se pela explicação dos termos que Segundo a Constituição, “preocupada” com essa crise social
compõem o texto. que provém dessa automatização e qualificação, obriga que seja
- Interrogação: questionamento. Ex: “Volta e meia se faz a feita uma lei, em que será dada absoluta garantia aos trabalhado-
pergunta de praxe: afinal de contas, todo esse entusiasmo pelo fu- res, de que, mesmo que as empresas sejam automatizadas, não per-
tebol não é uma prova de alienação?” derão eles seu mercado de trabalho. (C)
- Suspense: alguma informação que faça aumentar a curiosi- Não é uma utopia?!
dade do leitor. Um exemplo vivo são os bóias-frias que trabalham na colheita
- Comparação: social e geográfica. da cana de açúcar que devido ao avanço tecnológico e a lei do go-
- Enumeração: enumerar as informações. Ex: “Ação à dis-
vernador Geraldo Alkmin, defendendo o meio ambiente, proibindo
tância, velocidade, comunicação, linha de montagem, triunfo das
a queima da cana de açúcar para a colheita e substituindo-os então
massas, Holocausto: através das metáforas e das realidades que
marcaram esses 100 últimos anos, aparece a verdadeira doença do pelas máquinas, desemprega milhares deles. (D)
século...” Em troca os sindicatos dos trabalhadores rurais dão cursos de
- Narração: narrar um fato. cabeleleiro, marcenaria, eletricista, para não perderem o mercado
de trabalho, aumentando, com isso, a classe de trabalhos informais.
Desenvolvimento: é a argumentação da ideia inicial, de forma Como ficam então aqueles trabalhadores que passaram à vida
organizada e progressiva. É a parte maior e mais importante do estudando, se especializando, para se diferenciarem e ainda estão
texto. Podem ser desenvolvidos de várias formas: desempregados?, como vimos no último concurso da prefeitura do
Rio de Janeiro para “gari”, havia até advogado na fila de inscrição.
- Trajetória Histórica: cultura geral é o que se prova com (E)
este tipo de abordagem. Já que a Constituição dita seu valor ao social que todos têm
- Definição: não basta citar, mas é preciso desdobrar a idéia o direito de trabalho, cabe aos governantes desse país, que almeja
principal ao máximo, esclarecendo o conceito ou a definição. um futuro brilhante, deter, com urgência esse processo de desní-
- Comparação: estabelecer analogias, confrontar situações veis gritantes e criar soluções eficazes para combater a crise gene-
distintas. ralizada (F), pois a uma nação doente, miserável e desigual, não
- Bilateralidade: quando o tema proposto apresenta pontos compete a tão sonhada modernidade. (G)
favoráveis e desfavoráveis.
- Ilustração Narrativa ou Descritiva: narrar um fato ou des-
1º Parágrafo – Introdução
crever uma cena.
- Cifras e Dados Estatísticos: citar cifras e dados estatísticos.
- Hipótese: antecipa uma previsão, apontando para prováveis A. Tema: Desemprego no Brasil.
resultados. Contextualização: decorrência de um processo histórico pro-
- Interrogação: Toda sucessão de interrogações deve apre- blemático.
sentar questionamento e reflexão.
- Refutação: questiona-se praticamente tudo: conceitos, va- 2º ao 6º Parágrafo – Desenvolvimento
lores, juízos.
- Causa e Consequência: estruturar o texto através dos por- B. Argumento 1: Exploram-se dados da realidade que reme-
quês de uma determinada situação. tem a uma análise do tema em questão.
- Oposição: abordar um assunto de forma dialética. C. Argumento 2: Considerações a respeito de outro dado da
- Exemplificação: dar exemplos. realidade.

Didatismo e Conhecimento 38
PORTUGUÊS
D. Argumento 3: Coloca-se sob suspeita a sinceridade de - A violência tem aumentado assustadoramente nas cidades e
quem propõe soluções. hoje parece claro que esse problema não pode ser resolvido apenas
E. Argumento 4: Uso do raciocínio lógico de oposição. pela polícia.
- O diálogo entre pais e filhos parece estar em crise atualmen-
7º Parágrafo: Conclusão te.
F. Uma possível solução é apresentada. - O problema dos sem-terra preocupa cada vez mais a socie-
G. O texto conclui que desigualdade não se casa com moder- dade brasileira.
nidade.
O parágrafo pode processar-se de diferentes maneiras:
É bom lembrarmos que é praticamente impossível opinar sobre
o que não se conhece. A leitura de bons textos é um dos recursos
Enumeração: Caracteriza-se pela exposição de uma série de
que permite uma segurança maior no momento de dissertar sobre
algum assunto. Debater e pesquisar são atitudes que favorecem o coisas, uma a uma. Presta-se bem à indicação de características,
senso crítico, essencial no desenvolvimento de um texto disserta- funções, processos, situações, sempre oferecendo o complemente
tivo. necessário à afirmação estabelecida na frase nuclear. Pode-se enu-
merar, seguindo-se os critérios de importância, preferência, classi-
Ainda temos: ficação ou aleatoriamente.
Exemplo:
Tema: compreende o assunto proposto para discussão, o as-
sunto que vai ser abordado. 1- O adolescente moderno está se tornando obeso por várias
Título: palavra ou expressão que sintetiza o conteúdo discu- causas: alimentação inadequada, falta de exercícios sistemáticos
tido. e demasiada permanência diante de computadores e aparelhos de
Argumentação: é um conjunto de procedimentos linguísticos Televisão.
com os quais a pessoa que escreve sustenta suas opiniões, de forma
a torná-las aceitáveis pelo leitor. É fornecer argumentos, ou seja, 2- Devido à expansão das igrejas evangélicas, é grande o nú-
razões a favor ou contra uma determinada tese. mero de emissoras que dedicam parte da sua programação à veicu-
Estes assuntos serão vistos com mais afinco posteriormente. lação de programas religiosos de crenças variadas.
Alguns pontos essenciais desse tipo de texto são:
3-
- A Santa Missa em seu lar.
- toda dissertação é uma demonstração, daí a necessidade de
pleno domínio do assunto e habilidade de argumentação; - Terço Bizantino.
- em consequência disso, impõem-se à fidelidade ao tema; - Despertar da Fé.
- a coerência é tida como regra de ouro da dissertação; - Palavra de Vida.
- impõem-se sempre o raciocínio lógico; - Igreja da Graça no Lar.
- a linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer ambi-
guidade pode ser um ponto vulnerável na demonstração do que se 4-
quer expor. Deve ser clara, precisa, natural, original, nobre, correta - Inúmeras são as dificuldades com que se defronta o governo
gramaticalmente. O discurso deve ser impessoal (evitar-se o uso brasileiro diante de tantos desmatamentos, desequilíbrios socioló-
da primeira pessoa). gicos e poluição.
- Existem várias razões que levam um homem a enveredar
O parágrafo é a unidade mínima do texto e deve apresentar: pelos caminhos do crime.
uma frase contendo a ideia principal (frase nuclear) e uma ou mais - A gravidez na adolescência é um problema seríssimo, porque
frases que explicitem tal ideia. pode trazer muitas consequências indesejáveis.
Exemplo: “A televisão mostra uma realidade idealizada (ideia - O lazer é uma necessidade do cidadão para a sua sobrevivên-
central) porque oculta os problemas sociais realmente graves. cia no mundo atual e vários são os tipos de lazer.
(ideia secundária)”. - O Novo Código Nacional de trânsito divide as faltas em vá-
Vejamos:
rias categorias.
Ideia central: A poluição atmosférica deve ser combatida ur-
gentemente.
Comparação: A frase nuclear pode-se desenvolver através da
Desenvolvimento: A poluição atmosférica deve ser comba- comparação, que confronta ideias, fatos, fenômenos e apresenta-
tida urgentemente, pois a alta concentração de elementos tóxicos -lhes a semelhança ou dessemelhança.
põe em risco a vida de milhares de pessoas, sobretudo daquelas Exemplo:
que sofrem de problemas respiratórios:
“A juventude é uma infatigável aspiração de felicidade; a ve-
- A propaganda intensiva de cigarros e bebidas tem levado lhice, pelo contrário, é dominada por um vago e persistente senti-
muita gente ao vício. mento de dor, porque já estamos nos convencendo de que a felici-
- A televisão é um dos mais eficazes meios de comunicação dade é uma ilusão, que só o sofrimento é real”.
criados pelo homem. (Arthur Schopenhauer)

Didatismo e Conhecimento 39
PORTUGUÊS
Causa e Consequência: A frase nuclear, muitas vezes, encon- isso é fundamental. Deve ser clara e chamar a atenção para dois
tra no seu desenvolvimento um segmento causal (fato motivador) itens básicos: os objetivos do texto e o plano do desenvolvimento.
e, em outras situações, um segmento indicando consequências (fa- Contém a proposição do tema, seus limites, ângulo de análise e a
tos decorrentes). hipótese ou a tese a ser defendida.
Exemplos: Desenvolvimento: exposição de elementos que vão funda-
mentar a ideia principal que pode vir especificada através da argu-
- O homem, dia a dia, perde a dimensão de humanidade que mentação, de pormenores, da ilustração, da causa e da consequên-
abriga em si, porque os seus olhos teimam apenas em ver as coisas cia, das definições, dos dados estatísticos, da ordenação cronológi-
imediatistas e lucrativas que o rodeiam. ca, da interrogação e da citação. No desenvolvimento são usados
tantos parágrafos quantos forem necessários para a completa expo-
- O espírito competitivo foi excessivamente exercido entre sição da ideia. E esses parágrafos podem ser estruturados das cinco
nós, de modo que hoje somos obrigados a viver numa sociedade maneiras expostas acima.
fria e inamistosa. Conclusão: é a retomada da ideia principal, que agora deve
aparecer de forma muito mais convincente, uma vez que já foi fun-
Tempo e Espaço: Muitos parágrafos dissertativos marcam damentada durante o desenvolvimento da dissertação (um pará-
temporal e espacialmente a evolução de ideias, processos. grafo). Deve, pois, conter de forma sintética, o objetivo proposto
Exemplos: na instrução, a confirmação da hipótese ou da tese, acrescida da
argumentação básica empregada no desenvolvimento.
Tempo - A comunicação de massas é resultado de uma lenta
evolução. Primeiro, o homem aprendeu a grunhir. Depois deu um Texto Argumentativo
significado a cada grunhido. Muito depois, inventou a escrita e só
muitos séculos mais tarde é que passou à comunicação de massa. Texto Argumentativo é o texto em que defendemos uma
Espaço - O solo é influenciado pelo clima. Nos climas úmidos, ideia, opinião ou ponto de vista, uma tese, procurando (por todos
os solos são profundos. Existe nessas regiões uma forte decompo- os meios) fazer com que nosso ouvinte/leitor aceite-a, creia nela.
sição de rochas, isto é, uma forte transformação da rocha em terra Num texto argumentativo, distinguem-se três componentes: a tese,
pela umidade e calor. Nas regiões temperadas e ainda nas mais os argumentos e as estratégias argumentativas.
frias, a camada do solo é pouco profunda. (Melhem Adas)
Tese, ou proposição, é a ideia que defendemos, necessaria-
Explicitação: Num parágrafo dissertativo pode-se conceituar, mente polêmica, pois a argumentação implica divergência de opi-
exemplificar e aclarar as ideias para torná-las mais compreensí- nião.
veis. Argumento tem uma origem curiosa: vem do latim Argumen-
Exemplo: “Artéria é um vaso que leva sangue proveniente do tum, que tem o tema ARGU, cujo sentido primeiro é “fazer bri-
coração para irrigar os tecidos. Exceto no cordão umbilical e na lhar”, “iluminar”, a mesma raiz de “argênteo”, “argúcia”, “arguto”.
ligação entre os pulmões e o coração, todas as artérias contém san- Os argumentos de um texto são facilmente localizados: identifica-
gue vermelho-vivo, recém oxigenado. Na artéria pulmonar, porém, da a tese, faz-se a pergunta por quê? Exemplo: o autor é contra a
corre sangue venoso, mais escuro e desoxigenado, que o coração pena de morte (tese). Por que... (argumentos).
remete para os pulmões para receber oxigênio e liberar gás carbô- Estratégias argumentativas são todos os recursos (verbais e
nico”. não-verbais) utilizados para envolver o leitor/ouvinte, para im-
pressioná-lo, para convencê-lo melhor, para persuadi-lo mais fa-
Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação, deve
cilmente, para gerar credibilidade, etc.
delimitar-se o tema que será desenvolvido e que poderá ser enfo-
cado sob diversos aspectos. Se, por exemplo, o tema é a questão
A Estrutura de um Texto Argumentativo
indígena, ela poderá ser desenvolvida a partir das seguintes ideias:

- A violência contra os povos indígenas é uma constante na A argumentação Formal


história do Brasil.
- O surgimento de várias entidades de defesa das populações A nomenclatura é de Othon Garcia, em sua obra “Comunica-
indígenas. ção em Prosa Moderna”. O autor, na mencionada obra, apresenta o
- A visão idealizada que o europeu ainda tem do índio brasi- seguinte plano-padrão para o que chama de argumentação formal:
leiro. Proposição (tese): afirmativa suficientemente definida e limi-
- A invasão da Amazônia e a perda da cultura indígena. tada; não deve conter em si mesma nenhum argumento.
Análise da proposição ou tese: definição do sentido da propo-
Depois de delimitar o tema que você vai desenvolver, deve sição ou de alguns de seus termos, a fim de evitar mal-entendidos.
fazer a estruturação do texto. Formulação de argumentos: fatos, exemplos, dados estatís-
ticos, testemunhos, etc.
A estrutura do texto dissertativo constitui-se de: Conclusão.

Introdução: deve conter a ideia principal a ser desenvolvida Observe o texto a seguir, que contém os elementos referidos
(geralmente um ou dois parágrafos). É a abertura do texto, por do plano-padrão da argumentação formal.

Didatismo e Conhecimento 40
PORTUGUÊS
Gramática e desempenho Linguístico Poder-se-á objetar que a ilustração de há pouco é apenas hi-
potética e que, por isso, um argumento de pouco valor. Contra
Pretende-se demonstrar no presente artigo que o estudo in- argumentar-se-ia dizendo que situação como essa ocorre de fato
tencional da gramática não traz benefícios significativos para o na prática. Na verdade, todo o ensino de 1° e 2° graus é grama-
desempenho linguístico dos utentes de uma língua. ticalista, descritivista, definitório, classificatório, nomenclaturista,
Por “estudo intencional da gramática” entende-se o estudo de prescritivista, teórico. O resultado? Aí estão as estatísticas dos ves-
definições, classificações e nomenclatura; a realização de análises tibulares. Valendo 40 pontos a prova de redação, os escores foram
(fonológica, morfológica, sintática); a memorização de regras (de estes no vestibular 1996/1, na PUC-RS: nota zero: 10% dos candi-
concordância, regência e colocação) - para citar algumas áreas. datos, nota 01: 30%; nota 02: 40%; nota 03: 15%; nota 04: 5%. Ou
O “desempenho linguístico”, por outro lado, é expressão técnica seja, apenas 20% dos candidatos escreveram um texto que pode
definida como sendo o processo de atualização da competência ser considerado bom.
na produção e interpretação de enunciados; dito de maneira mais Finalmente pode-se invocar mais um argumento, lembran-
simples, é o que se fala, é o que se escreve em condições reais de do que são os gramáticos, os linguistas - como especialistas das
comunicação. línguas - as pessoas que conhecem mais a fundo a estrutura e o
A polêmica pró-gramática x contra gramática é bem antiga; funcionamento dos códigos linguísticos. Que se esperaria, de fato,
na verdade, surgiu com os gregos, quando surgiram as primeiras se houvesse significativa influência do conhecimento teórico da
gramáticas. Definida como “arte”, “arte de escrever”, percebe-se língua sobre o desempenho? A resposta é óbvia: os gramáticos e os
que subjaz à definição a ideia da sua importância para a prática da linguistas seriam sempre os melhores escritores. Como na prática
língua. São da mesma época também as primeiras críticas, como se isso realmente não acontece, fica provada uma vez mais a tese que
pode ler em Apolônio de Rodes, poeta Alexandrino do séc. II a.C.: se vem defendendo.
“Raça de gramáticos, roedores que ratais na musa de outrem, estú- Vale também o raciocínio inverso: se a relação fosse signifi-
pidas lagartas que sujais as grandes obras, ó flagelo dos poetas que cativa, deveriam os melhores escritores conhecer - teoricamente
mergulhais o espírito das crianças na escuridão, ide para o diabo, - a língua em profundidade. Isso, no entanto, não se confirma na
percevejos que devorais os versos belos”. realidade: Monteiro Lobato, quando estudante, foi reprovado em
Na atualidade, é grande o número de educadores, filólogos e língua portuguesa (muito provavelmente por desconhecer teoria
linguistas de reconhecido saber que negam a relação entre o estudo gramatical); Machado de Assis, ao folhar uma gramática declarou
intencional da gramática e a melhora do desempenho linguístico
que nada havia entendido; dificilmente um Luis Fernando Verís-
do usuário. Entre esses especialistas, deve-se mencionar o nome
simo saberia o que é um morfema; nem é de se crer que todos os
do Prof. Celso Pedro Luft com sus obra “Língua e liberdade: por
nossos bons escritores seriam aprovados num teste de Português à
uma nova concepção de língua materna e seu ensino” (L&PM,
maneira tradicional (e, no entanto eles são os senhores da língua!).
1995). Com efeito, o velho pesquisar apaixonado pelos problemas
Portanto, não há como salvar o ensino da língua, como re-
da língua, teórico de espírito lúcido e de larga formação linguísti-
cuperar linguisticamente os alunos, como promover um melhor
ca, reúne numa mesma obra convincente fundamentação para seu
desempenho linguístico mediante o ensino-estudo da teoria gra-
combate veemente contra o ensino da gramática em sala de aula.
Por oportuno, uma citação apenas: matical. O caminho é seguramente outro.
“Quem sabe, lendo este livro muitos professores talvez aban-
donem a superstição da teoria gramatical, desistindo de querer en- Gilberto Scarton
sinar a língua por definições, classificações, análises inconsistentes
e precárias hauridas em gramáticas. Já seria um grande benefício”. Eis o esquema do texto em seus quatro estágios:
Deixando-se de lado a perspectiva teórica do Mestre, acima
referida suponha-se que se deva recuperar linguisticamente um Primeiro Estágio: primeiro parágrafo, em que se enuncia cla-
jovem estudante universitário cujo texto apresente preocupantes ramente a tese a ser defendida.
problemas de concordância, regência, colocação, ortografia, pon- Segundo Estágio: segundo parágrafo, em que se definem as
tuação, adequação vocabular, coesão, coerência, informatividade, expressões “estudo intencional da gramática” e “desempenho lin-
entre outros. E, estimando-lhe melhoras, lhe fosse dada uma gra- güístico”, citadas na tese.
mática que ele passaria a estudar: que é fonética? Que é fonolo- Terceiro Estágio: terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo e oi-
gia? Que é fonemas? Morfema? Qual é coletivo de borboleta? O tavo parágrafos, em que se apresentam os argumentos.
feminino de cupim? Como se chama quem nasce na Província de - Terceiro parágrafo: parágrafo introdutório à argumentação.
Entre-Douro-e-Minho? Que é oração subordinada adverbial con- - Quarto parágrafo: argumento de autoridade.
cessiva reduzida de gerúndio? E decorasse regras de ortografia, - Quinto parágrafo: argumento com base em ilustração hipo-
fizesse lista de homônimos, parônimos, de verbos irregulares... e tética.
estudasse o plural de compostos, todas regras de concordância, re- - Sexto parágrafo: argumento com base em dados estatísticos.
gências... os casos de próclise, mesóclise e ênclise. E que, ao cabo - Sétimo e oitavo parágrafo: argumento com base em fatos.
de todo esse processo, se voltasse a examinar o desempenho do Quarto Estágio: último parágrafo, em que se apresenta a con-
jovem estudante na produção de um texto. A melhora seria, indubi- clusão.
tavelmente, pouco significativa; uma pequena melhora, talvez, na
gramática da frase, mas o problema de coesão, de coerência, de in- A Argumentação Informal
formatividade - quem sabe os mais graves - haveriam de continuar.
Quanto mais não seja porque a gramática tradicional não dá conta A nomenclatura também é de Othon Garcia, na obra já referi-
dos mecanismos que presidem à construção do texto. da. A argumentação informal apresenta os seguintes estágios:

Didatismo e Conhecimento 41
PORTUGUÊS
- Citação da tese adversária. Já o Poder Judiciário, a quem legitimamente compete fiscali-
- Argumentos da tese adversária. zar a constitucionalidade e legalidade dos atos dos demais poderes
- Introdução da tese a ser defendida. do Estado, praticamente aniquilaria as atribuições destes, ditando
- Argumentos da tese a ser defendida. a eles, a todo momento, como proceder.
- Conclusão. Nada mais é preciso dizer para demonstrar o desacerto dessa
concepção.
Observe o texto exemplar de Luís Alberto Thompson Flores Entretanto, a defesa desse entendimento demonstra, sem som-
Lenz, Promotor de Justiça. bra de dúvidas, o desconhecimento do próprio conceito de justiça,
incorrendo inclusive numa contradictio in adjecto.
Considerações sobre justiça e equidade Isto porque, e como magistralmente o salientou o insuperável
Calamandrei, “a justiça que o juiz administra é, no sistema da lega-
Hoje, floresce cada vez mais, no mundo jurídico a acadêmico
lidade, a justiça em sentido jurídico, isto é, no sentido mais aperta-
nacional, a ideia de que o julgador, ao apreciar os caos concretos
do, mas menos incerto, da conformidade com o direito constituído,
que são apresentados perante os tribunais, deve nortear o seu pro-
independentemente da correspondente com a justiça social”.
ceder mais por critérios de justiça e equidade e menos por razões
Para encerrar, basta salientar que a eleição dos meios concre-
de estrita legalidade, no intuito de alcançar, sempre, o escopo da
real pacificação dos conflitos submetidos à sua apreciação. tos de efetivação da Justiça social compete, fundamentalmente, ao
Semelhante entendimento tem sido sistematicamente reitera- Legislativo e ao Executivo, eis que seus membros são indicados
do, na atualidade, ao ponto de inúmeros magistrados simplesmen- diretamente pelo povo.
te desprezarem ou desconsiderarem determinados preceitos de lei, Ao Judiciário cabe administrar a justiça da legalidade, ade-
fulminando ditos dilemas legais sob a pecha de injustiça ou inade- quando o proceder daqueles aos ditames da Constituição e da Le-
quação à realidade nacional. gislação.
Abstraída qualquer pretensão de crítica ou censura pessoal Luís Alberto Thompson Flores Lenz
aos insignes juízes que se filiam a esta corrente, alguns dos quais
reconhecidos como dos mais brilhantes do país, não nos furtamos, Eis o esquema do texto em seus cinco estágios;
todavia, de tecer breves considerações sobre os perigos da genera-
lização desse entendimento. Primeiro Estágio: primeiro parágrafo, em que se cita a tese
Primeiro, porque o mesmo, além de violar os preceitos dos adversária.
arts. 126 e 127 do CPC, atenta de forma direta e frontal contra os Segundo Estágio: segundo parágrafo, em que se cita um argu-
princípios da legalidade e da separação de poderes, esteio no qual mento da tese adversária “... fulminando ditos dilemas legais sob a
se assenta toda e qualquer ideia de democracia ou limitação de pecha de injustiça ou inadequação à realidade nacional”.
atribuições dos órgãos do Estado. Terceiro Estágio: terceiro parágrafo, em que se introduz a tese
Isso é o que salientou, e com a costumeira maestria, o insu- a ser defendida.
perável José Alberto dos Reis, o maior processualista português, Quarto Estágio: do quarto ao décimo quinto, em que se apre-
ao afirmar que: “O magistrado não pode sobrepor os seus próprios sentam os argumentos.
juízos de valor aos que estão encarnados na lei. Não o pode fazer Quinto Estágio: os últimos dois parágrafos, em que se conclui
quando o caso se acha previsto legalmente, não o pode fazer mes- o texto mediante afirmação que salienta o que ficou dito ao longo
mo quando o caso é omisso”. da argumentação.
Aceitar tal aberração seria o mesmo que ferir de morte qual-
quer espécie de legalidade ou garantia de soberania popular prove- Texto Injuntivo/Instrucional
niente dos parlamentos, até porque, na lúcida visão desse mesmo
processualista, o juiz estaria, nessa situação, se arvorando, de for-
No texto injuntivo-instrucional, o leitor recebe orientações
ma absolutamente espúria, na condição de legislador.
precisas no sentido de efetuar uma transformação. É marcado pela
A esta altura, adotando tal entendimento, estaria instituciona-
presença de tempos e modos verbais que apresentam um valor di-
lizada a insegurança social, sendo que não haveria mais qualquer
garantia, na medida em que tudo estaria ao sabor dos humores e retivo. Este tipo de texto distingue-se de uma sequencia narrativa
amores do juiz de plantão. pela ausência de um sujeito responsável pelas ações a praticar e
De nada adiantariam as eleições, eis que os representantes in- pelo caráter diretivo dos tempos e modos verbais usado e uma se-
dicados pelo povo não poderiam se valer de sua maior atribuição, quência descritiva pela transformação desejada.
ou seja, a prerrogativa de editar as leis. Nota: Uma frase injuntiva é uma frase que exprime uma or-
Desapareceriam também os juízes de conveniência e oportu- dem, dada ao locutor, para executar (ou não executar) tal ou tal
nidade política típicos dessas casas legislativas, na medida em que ação. As formas verbais específicas destas frases estão no modo
sempre poderiam ser afastados por uma esfera revisora excepcional. injuntivo e o imperativo é uma das formas do injuntivo.
A própria independência do parlamento sucumbiria integral-
mente frente à possibilidade de inobservância e desconsideração Textos Injuntivo-Instrucionais: Instruções de montagem, re-
de suas deliberações. ceitas, horóscopos, provérbios, slogans... são textos que incitam à
Ou seja, nada restaria, de cunho democrático, em nossa civi- ação, impõem regras; textos que fornecem instruções. São orienta-
lização. dos para um comportamento futuro do destinatário.

Didatismo e Conhecimento 42
PORTUGUÊS
Texto Injuntivo - A necessidade de explicar e orientar por es- deseja comprar antes de ir à loja ou entrar em sites de compra. Se
crito o modo de realizar determinados procedimentos, manipular possível, pesquise os preços em diferentes lojas e sites; não se dei-
instrumentos, desenvolver atividades lúdicas e desempenhar algu- xe levar completamente pelas sugestões dos vendedores nem pelos
mas funções profissionais, por exemplo, deu origem aos chamados apelos das propagandas e opte pela forma de pagamento mais cô-
textos injuntivos, nos quais prevalece a função apelativa da lin- moda: não se esqueça de que o uso do cartão de crédito exige certa
guagem, criando-se uma relação direta com o receptor. É comum cautela e planejamento.
aos textos dessa natureza o uso dos verbos no imperativo (Abra o Do mais, aproveite as compras!
caderno de questões) ou no infinitivo (É preciso abrir o caderno
de questões, verificar o número de alternativas...). Não apresenta Observe que, embora ambos os textos tratem do mesmo assun-
caráter coercitivo, haja vista que apenas induz o interlocutor a pro- to, o segundo é uma adaptação do primeiro: tanto o modo verbal
ceder desta ou daquela forma. Assim, torna-se possível substituir quanto a pontuação sofreram alterações; além disso, algumas pala-
vras foram omitidas e outras acrescentadas. Isso ocorreu para que
um determinado procedimento em função de outro, como é o caso
o aspecto instrucional, conferido pelos itens do primeiro exemplo,
do que ocorre com os ingredientes de uma receita culinária, por não se perdesse no segundo texto, o qual, sem essas adaptações,
exemplo. São exemplos dessa modalidade: passaria a impressão de ser um mero texto expositivo.
- A mensagem revelada pela maioria dos livros de autoajuda;
- O discurso manifestado mediante um manual de instruções; Gêneros Textuais
- As instruções materializadas por meio de uma receita culi-
nária. Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas
entre si, formando um todo significativo capaz de produzir
Texto Instrucional - o texto instrucional é um tipo de texto in- interação comunicativa (capacidade de codificar e decodificar).
juntivo, didático, que tem por objetivo justamente apresentar orien-
tações ao receptor para que ele realize determinada atividade. Como Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Em
as palavras do texto serão transformadas em ações visando a um ob- cada uma delas, há uma certa informação que a faz ligar-se com a
jetivo, ou seja, algo deverá ser concretizado, é de suma importância anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação
que nele haja clareza e objetividade. Dependendo do que se trata, é do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação dá-se o nome
imprescindível haver explicações ou enumerações em que estejam de contexto. Nota-se que o relacionamento entre as frases é tão
elencados os materiais a serem utilizados, bem como os itens de grande, que, se uma frase for retirada de seu contexto original e
analisada separadamente, poderá ter um significado diferente
determinados objetos que serão manipulados. Por conta dessas ca-
daquele inicial.
racterísticas, é necessário um título objetivo. Quanto à pontuação,
frequentemente empregam-se dois pontos, vírgulas e pontos e vír- Intertexto - comumente, os textos apresentam referências
gulas. É possível separar as orientações por itens ou de modo coeso, diretas ou indiretas a outros autores através de citações. Esse tipo
por meio de períodos. Alguns textos instrucionais possuem subtítu- de recurso denomina-se intertexto.
los separando em tópicos as instruções, basta reparar nas bulas de
remédios, manuais de instruções e receitas. Pelo fato de o espaço Interpretação de Texto - o primeiro objetivo de uma
destinado aos textos instrucionais geralmente não ser muito extenso, interpretação de um texto é a identificação de sua ideia principal. A
recomenda-se o uso de períodos. Leia os exemplos. partir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou fundamentações,
as argumentações, ou explicações, que levem ao esclarecimento
Texto organizado em itens: das questões apresentadas na prova.

Para economizar nas compras Textos Ficcionais e Não Ficcionais

Quem deseja economizar ao comprar deve: Os textos não ficcionais baseiam-se na realidade, e os
- estabelecer um valor máximo para gastar; ficcionais inventam um mundo, onde os acontecimentos ocorrem
- escolher previamente aquilo que deseja comprar antes de ir à coerentemente com o que se passa no enredo da história.
loja ou entrar em sites de compra;
Ficcionais: Conto; Crônica; Romance; Poemas; História em
- pesquisar os preços em diferentes lojas e sites, se possível;
Quadrinhos.
- não se deixar levar completamente pelas sugestões dos ven-
dedores nem pelos apelos das propagandas; Não Ficcionais:
- optar pela forma de pagamento mais cômoda, sem se esque-
cer de que o uso do cartão de crédito exige certa cautela e plane- - Jornalísticos: notícia, editorial, artigos, cartas e textos de
jamento. divulgação científica.
Do mais, é só ir às compras e aproveitar!
- Instrucionais: didáticos, resumos, receitas, catálogos,
Texto organizado em períodos: índices, listas, verbetes em geral, bulas e notas explicativas de
embalagens.
Para economizar nas compras
- Epistolares: bilhetes, cartas familiares e cartas formais.
Para economizar ao comprar, primeiramente estabeleça um
valor máximo para gastar e então escolha previamente aquilo que - Administrativos: requerimentos, ofícios e etc.

Didatismo e Conhecimento 43
PORTUGUÊS
FICCIONAIS A luta e a lição

CONTO Um brasileiro de 38 anos, Vítor Negrete, morreu no Tibete


após escalar pela segunda vez o ponto culminante do planeta, o
É um gênero textual que apresenta um único conflito, tomado monte Everest. Da primeira, usou o reforço de um cilindro de
já próximo do seu desfecho. Encerra uma história com poucas oxigênio para suportar a altura. Na segunda (e última), dispensou
personagens, e também tempo e espaço reduzido. A linguagem o cilindro, devido ao seu estado geral, que era considerado ótimo.
pode ser formal ou informal. É uma obra de ficção que cria um As façanhas dele me emocionaram, a bem sucedida e a malograda.
universo de seres e acontecimentos, de fantasia ou imaginação. Aqui do meu canto, temendo e tremendo toda a vez que viajo no
Como todos os textos de ficção, o conto apresenta um narrador, bondinho do Pão de Açúcar, fico meditando sobre os motivos que
personagens, ponto de vista e enredo. Classicamente, diz-se que o levam alguns heróis a se superarem. Vitor já havia vencido o cume
conto se define pela sua pequena extensão. Mais curto que a novela mais alto do mundo. Quis provar mais, fazendo a escalada sem a
ou o romance, o conto tem uma estrutura fechada, desenvolve uma ajuda do oxigênio suplementar. O que leva um ser humano bem
história e tem apenas um clímax. Exemplo: sucedido a vencer desafios assim?
Ora, dirão os entendidos, é assim que caminha a humanidade.
Lépida Se cada um repetisse meu exemplo, ficando solidamente instalado
no chão, sem tentar a aventura, ainda estaríamos nas cavernas,
Tudo lento, parado, paralisado. lascando o fogo com pedras, comendo animais crus e puxando
- Maldição! - dizia um homem que tinha sido o melhor nossas mulheres pelos cabelos, como os trogloditas - se é que os
corredor daquele lugar. trogloditas faziam isso. Somos o que somos hoje devido a heróis
- Que tristeza a minha - lamentava uma pequena bailarina, que trocam a vida pelo risco. Bem verdade que escalar montanhas,
olhando para as suas sapatilhas cor-de-rosa. em si, não traz nada de prático ao resto da humanidade que prefere
Assim estava Lépida, uma cidade muito alegre que no passado ficar na cômoda planície da segurança.
fora reconhecida pela leveza e agilidade de seus habitantes. Todos Mas o que há de louvável (e lamentável) na aventura de Vítor
muito fortes, andavam, corriam e nadavam pelos seus limpos Negrete é a aspiração de ir mais longe, de superar marcas, de
canais. ir mais alto, desafiando os riscos. Não sei até que ponto ele foi
Até que chegou um terrível pirata à procura da riqueza temerário ao recusar o oxigênio suplementar. Mas seu exemplo - e
do lugar. Para dominar Lépida, roubou de um mago um elixir seu sacrifício - é uma lição de luta, mesmo sendo uma luta perdida.
paralisante e despejou no principal rio. Após beberem a água, os
habitantes ficaram muito lentos, tão lentos que não conseguiram (Autor: Carlos Heitor Cony.
impedir a maldade do terrível pirata. Seu povo nunca mais foi o Publicado na Folha Online)
mesmo. Lépida foi roubada em seu maior tesouro e permaneceu
estagnada por muitos anos.
ROMANCE
Um dia nasceu um menino, que foi chamado de Zim. O único
entre tantos que ficou livre da maldição que passara de geração em
O termo romance pode referir-se a dois gêneros literários. O
geração. Diferente de todos, era muito ágil e, ao crescer, saiu em
primeiro deles é uma composição poética popular, histórica ou
busca de uma solução. Encontrou pelo caminho bruxas de olhar
lírica, transmitida pela tradição oral, sendo geralmente de autor
feroz, gigantes de três, cinco e sete cabeças, noites escuras, dias de
anônimo; corresponde aproximadamente à balada medieval. E
chuva, sol intenso. Zim tudo enfrentou.
E numa noite morna, ao deitar-se em sua cama de folhas, viu como forma literária moderna, o termo designa uma composição
ao seu lado um velho de olhos amarelos e brilhantes. Era o mago em prosa. Todo Romance se organiza a partir de uma trama, ou
que havia sido roubado pelo pirata muitos anos antes. Zim ficou seja, em torno dos acontecimentos que são organizados em uma
apreensivo. Mas o velho mago (que tudo sabia) deu-lhe um frasco. sequência temporal. A linguagem utilizada em um Romance é muito
Nele havia um antídoto e Zim compreendeu o que deveria fazer. variável, vai depender de quem escreve, de uma boa diferenciação
Despejou o líquido no rio de sua cidade. entre linguagem escrita e linguagem oral e principalmente do tipo
Lépida despertou diferente naquela manhã. Um copo de água de Romance.
aqui, um banho ali e eram novamente braços que se mexiam, Quanto ao tipo de abordagem o Romance pode ser: Urbano,
pernas que corriam, saltos e sorrisos. E a dança das sapatilhas cor- Regionalista, Indianista e Histórico. E quanto à época ou Escola
de-rosa. Literária, o Romance pode ser: Romântico, Realista, Naturalista
(Carla Caruso) e Modernista.

CRÔNICA POEMA

Em jornais e revistas, há textos normalmente assinados por um Um poema é uma obra literária geralmente apresentada em
escritor de ficção ou por uma pessoa especializada em determinada versos e estrofes (ainda que possa existir prosa poética, assim
área (economia, gastronomia, negócios, entre outras) que escreve designada pelo uso de temas específicos e de figuras de estilo
com periodicidade para uma seção (por exemplo, todos os domingos próprias da poesia). Efetivamente, existe uma diferença entre
para o Caderno de Economia). Esses textos, conhecidos como poesia e poema. Segundo vários autores, o poema é um objeto
crônicas, são curtos e em geral predominantemente narrativos, literário com existência material concreta, a poesia tem um
podendo apresentar alguns trechos dissertativos. Exemplo: carácter imaterial e transcendente. Fortemente relacionado com

Didatismo e Conhecimento 44
PORTUGUÊS
a música, beleza e arte, o poema tem as suas raízes históricas Observe a tirinha em quadrinhos do Calvin:
nas letras de acompanhamento de peças musicais. Até a Idade
Média, os poemas eram cantados. Só depois o texto foi separado
do acompanhamento musical. Tal como na música, o ritmo tem
uma grande importância. Um poema também faz parte de um sarau
(reuniões em casas particulares para expressar artes, canções,
poemas, poesias etc). Obra em verso em que há poesia. Exemplo:

Soneto do amigo

Enfim, depois de tanto erro passado


Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
O objetivo do Calvin era vender ao seu pai um desenho de
É bom sentá-lo novamente ao lado
sua autoria pela exorbitante quantia de 500 dólares. Ele optou por
Com olhos que contêm o olhar antigo valorizar o desenho, mostrando todas as habilidades conquistadas
Sempre comigo um pouco atribulado para conseguir produzi-lo. O pai, no último quadrinho, reconhece
E como sempre singular comigo. o empenho do filho, utilizando-se de um conector de concessão
Um bicho igual a mim, simples e humano (“Ainda assim”), valorizando a importância de tudo aquilo.
Sabendo se mover e comover Contudo, afirma que não pagaria o valor pedido (como se dissesse:
E a disfarçar com o meu próprio engano. “sim, filho, foi um esforço absurdo, mas não vou pagar por isso!”).
A graça está no fato de Calvin elaborar um discurso “maduro”
O amigo: um ser que a vida não explica em relação ao seu desenvolvimento cognitivo e motor nos dois
Que só se vai ao ver outro nascer primeiros quadrinhos e, somente depois, ficar claro para nós, leitores,
E o espelho de minha alma multiplica... que toda a força argumentativa foi em prol da cobrança pelo desenho
que ele mesmo fez. Em outras palavras, o personagem empenha-se
Vinicius de Moraes na construção de um raciocínio em prol de uma finalidade absurda
– o que nos faz sorrir no último quadrinho, já que é somente nele
HISTÓRIA EM QUADRINHOS que conseguimos “completar” o sentido. Claro, se você conhece
os quadrinhos do Calvin, sabe que ele tem apenas 6 anos, o que
As primeiras manifestações das Histórias em Quadrinhos torna tudo ainda mais hilário, mas a falta deste conhecimento não
surgiram no começo do século XX, na busca de novos meios prejudica em nada a interpretação textual.
de comunicação e expressão gráfica e visual. Entre os primeiros
autores das histórias em quadrinhos estão o suíço Rudolph NÃO FICCIONAIS - JORNALÍSTICOS
Töpffer, o alemão Wilhelm Bush, o francês Georges, e o brasileiro
Ângelo Agostini. A origem dos balões presentes nas histórias NOTÍCIA
em quadrinhos pode ser atribuída a personagens, observadas em
ilustrações europeias desde o século XIV. O principal objetivo da notícia é levar informação atual a
As histórias em quadrinhos começaram no Brasil no século um público específico. A notícia conta o que ocorreu, quando,
onde, como e por quê. Para verificar se ela está bem elaborada,
XIX, adotando um estilo satírico conhecido como cartuns, charges
o emissor deve responder às perguntas: O quê? (fato ou fatos);
ou caricaturas e que depois se estabeleceria com as populares tiras.
Quando? (tempo); Onde? (local); Como? (de que forma) e Por
A publicação de revistas próprias de histórias em quadrinhos no
quê? (causas). A notícia apresenta três partes:
Brasil começou no início do século XX também. Atualmente, o
estilo cômicos dos super-heróis americanos é o predominante, - Manchete (ou título principal) – resume, com objetividade,
mas vem perdendo espaço para uma expansão muito rápida dos o assunto da notícia. Essa frase curta e de impacto, em geral,
quadrinhos japoneses (conhecidos como Mangá). aparece em letras grandes e destacadas.
A leitura interpretativa de Histórias em Quadrinhos, assim - Lide (ou lead) – complementa o título principal, fornecendo
como de charges, requer uma construção de sentidos que, para que as principais informações da notícia. Como a manchete, sua função
ocorra, é necessário mobilizar alguns processos de significação, é despertar a atenção do leitor para o texto.
como a percepção da atualidade, a representação do mundo, a - Corpo – contém o desenvolvimento mais amplo e detalhado
observação dos detalhes visuais e/ou linguísticos, a transformação dos fatos.
de linguagem conotativa (sentido mais usual) em denotativa
(sentido amplificado pelo contexto, pelos aspetos socioculturais A notícia usa uma linguagem formal, que segue a norma culta
etc). Em suma, usa-se o conhecimento da realidade e de processos da língua. A ordem direta, a voz ativa, os verbos de ação e as frases
linguísticos para “inverter” ou “subverter” produzindo, assim, curtas permitem fluir as ideias. É preferível a linguagem acessível
sentidos alternativos a partir de situações extremas. Exemplo: e simples. Evite gírias, termos coloquiais e frases intercaladas.

Didatismo e Conhecimento 45
PORTUGUÊS
Os fatos, em geral, são apresentados de forma impessoal e ARTIGOS
escritos em 3ª pessoa, com o predomínio da função referencial, já
que esse texto visa à informação. É comum encontrar circulando no rádio, na TV, nas revistas,
A falta de tempo do leitor exige a seleção das informações nos jornais, temas polêmicos que exigem uma posição por parte
mais relevantes, vocabulário preciso e termos específicos que o dos ouvintes, espectadores e leitores, por isso, o autor geralmente
ajudem a compreender melhor os fatos. Em jornais ou revistas apresenta seu ponto de vista sobre o tema em questão através do
impressos ou on-line, e em programas de rádio ou televisão, a artigo (texto jornalístico).
informação transmitida pela notícia precisa ser verídica, atual e Nos gêneros argumentativos, o autor geralmente tem a intenção
despertar o interesse do leitor. de convencer seus interlocutores e, para isso, precisa apresentar
bons argumentos, que consistem em verdades e opiniões. O artigo
EDITORIAL de opinião é fundamentado em impressões pessoais do autor do
texto e, por isso, são fáceis de contestar.
Os editoriais são textos de um jornal em que o conteúdo O artigo deve começar com uma breve introdução, que
expressa a opinião da empresa, da direção ou da equipe de descreva sucintamente o tema e refira os pontos mais importantes.
redação, sem a obrigação de ter alguma imparcialidade ou Um leitor deve conseguir formar uma ideia clara sobre o assunto
objetividade. Geralmente, grandes jornais reservam um espaço e o conteúdo do artigo ao ler apenas a introdução. Por favor tenha
em mente que embora esteja familiarizado com o tema sobre o
predeterminado para os editoriais em duas ou mais colunas logo
qual está a escrever, outros leitores da podem não o estar. Assim,
nas primeiras páginas internas. Os boxes (quadros) dos editoriais
é importante clarificar cedo o contexto do artigo. Por exemplo, em
são normalmente demarcados com uma borda ou tipografia
vez de escrever:
diferente para marcar claramente que aquele texto é opinativo, e Guano é um personagem que faz o papel de mascote do grupo
não informativo. Exemplo: Lily Mu. Seria mais informativo escrever:
Guano é um personagem da série de desenho animado Kappa
Cidade paraibana é exemplo ao País Mikey que faz o papel de mascote do grupo Lily Mu.
Caracterize o assunto, especialmente se existirem opiniões
Em tempos em que estudantes escrevem receita de macarrão diferentes sobre o tema. Seja objetivo. Evite o uso de eufemismos e
instantâneo e transcrevem hino de clube de futebol na redação do de calão ou gíria, e explique o jargão. No final do artigo deve listar
Exame Nacional do Ensino Médio e ainda obtém nota máxima no as referências utilizadas, e ao longo do artigo deve citar a fonte das
teste, uma boa notícia vem de uma pequena cidade no interior da afirmações feitas, especialmente se estas forem controversas ou
Paraíba chamada Paulista, de cerca de 12 mil habitantes. Alunos da suscitarem dúvidas.
Escola Municipal Cândido de Assis Queiroga obtiveram destaque
nas últimas edições da Olimpíada Brasileira de Matemática das CARTAS
Escolas Públicas.
O segredo é absolutamente simples, e quem explica é a Na maioria dos jornais e revistas, há uma seção destinada a
professora Jonilda Alves Ferreira: a chave é ensinar Matemática cartas do leitor. Ela oferece um espaço para o leitor elogiar ou
através de atividades do cotidiano, como fazer compras na feira criticar uma matéria publicada, ou fazer sugestões. Os comentários
ou medir ingredientes para uma receita. Com essas ações práticas, podem referir-se às ideias de um texto, com as quais o leitor
na edição de 2012 da Olimpíada, a escola conquistou nada menos concorda ou não; à maneira como o assunto foi abordado; ou à
do que cinco medalhas de ouro, duas de prata, três de bronze e qualidade do texto em si. É possível também fazer alusão a outras
12 menções honrosas. Orgulhosa, a professora conta que se sentia cartas de leitores, para concordar ou não com o ponto de vista
triste com a repulsa dos estudantes aos números, e teve a ideia de expresso nelas. A linguagem da carta costuma variar conforme
pô-los para vivenciar a Matemática em suas vidas, aproximando- o perfil dos leitores da publicação. Pode ser mais descontraída,
os da disciplina. se o público é jovem, ou ter um aspecto mais formal. Esse tipo
O que parecia ser um grande desafio tornou-se realidade de carta apresenta formato parecido com o das cartas pessoais:
data, vocativo (a quem ela é dirigida), corpo do texto, despedida
e, hoje, a cidade inteira orgulha-se de seus filhos campeões
e assinatura.
olímpicos. Os estudantes paraibanos devem ser exemplo para
todo o País, que anda precisando, sim, de modelos a se inspirar.
TEXTOS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA, na
sigla em inglês) – o mais sério teste internacional para avaliar Sua finalidade discursiva pauta-se pela divulgação de
o desempenho escolar e coordenado pela Organização para a conhecimentos acerca do saber científico, assemelhando-
Cooperação e Desenvolvimento Econômico – continua sendo se, portanto, com os demais gêneros circundantes no meio
implacável com o Brasil. No exame publicado de 2012, o País educacional como um todo, entre eles, textos didáticos e verbetes
aparece na incômoda penúltima posição entre 40 países avaliados. de enciclopédias. Mediante tal pressuposto, já temos a ideia do
O teste aponta que o aprendizado de Matemática, Leitura e caráter condizente à linguagem, uma vez que esta se perfaz de
Ciências durante o ciclo fundamental é sofrível, e perdemos para características marcantes - a objetividade, isentando-se de traços
países como Colômbia, Tailândia e México. Já passa da hora de pessoais por parte do emissor, como também por obedecer ao
as autoridades melhorarem a gestão de nossa Educação Pública e padrão formal da língua. Outro aspecto passível de destaque é o
seguir o exemplo da pequena Paulista. fato de que no texto científico, às vezes, temos a oportunidade de
Fonte: http://www.oestadoce.com.br/noticia/ nos deparar com determinadas terminologias e conceitos próprios
editorial-cidade-paraibana-e-exemplo-ao-pais da área científica a que eles se referem.

Didatismo e Conhecimento 46
PORTUGUÊS
Veiculados por diversos meios de comunicação, seja em RECEITAS
jornais, revistas, livros ou meio eletrônico, compartilham-se com
uma gama de interlocutores. Razão esta que incide na forma como A receita tem como objetivo informar a fórmula de um
se estruturam, não seguindo um padrão rígido, uma vez que este produto seja ele industrial ou caseiro, contando detalhadamente
se interliga a vários fatores, tais como: assunto, público-alvo, sobre seu preparo. É uma sequência de passos para a preparação
emissor, momento histórico, dentre outros. Mas, geralmente, no de alimentos. As receitas geralmente vêm com seus verbos no
primeiro e segundo parágrafos, o autor expõe a ideia principal, modo imperativo, para dar ordens de como preparar seu prato seja
sendo representada por uma ideia ou conceito. Nos parágrafos ele qual for. Elas são encontradas em diversas fontes como: livros,
que seguem, ocorre o desenvolvimento propriamente dito da sites, programas (TV/Rádio), revistas ou até mesmo em jornais e
ideia, lembrando que tais argumentos são subsidiados em fontes panfletos. A receita também ajuda a fazer vários tipos de pratos
verdadeiramente passíveis de comprovação - comparações, dados típicos e saudáveis e até sobremesas deliciosas.
estatísticos, relações de causa e efeito, dentre outras.
CATÁLOGOS
NÃO FICCIONAIS – INSTRUCIONAIS
Catálogo é uma relação ordenada de coisas ou pessoas com
DIDÁTICOS descrições curtas a respeito de cada uma. Espécie de livro, guia ou
sumário que contém informações sobre lugares, pessoas, produtos
Na leitura de um texto didático, é preciso apanhar suas ideias e outros. Têm o objetivo de dar opções para uma melhor escolha.
fundamentais. Um texto didático é um texto conceitual, ou seja,
não figurativo. Nele os termos significam exatamente aquilo que ÍNDICES
denotam, sendo descabida a atribuição de segundos sentidos ou
valores conotativos aos termos. Num texto didático devem se Enumeração detalhada dos assuntos, nomes de pessoas,
analisar ainda com todo o cuidado os elementos de coesão. Deve- nomes geográficos, acontecimentos, etc., com a indicação de sua
se observar a expectativa de sentido que eles criam, para que possa localização no texto.
entender bem o texto.
O entendimento do texto didático de uma determinada LISTAS
disciplina requer o conhecimento do significado exato dos termos
com que ela opera. Conhecer esses termos significa conhecer um Enumeração de elementos selecionados do texto, tais
conjunto de princípios e de conceitos sobre os quais repousa uma como datas, ilustrações, exemplo, tabelas etc., na ordem de sua
ocorrência.
determinada ciência, certa teoria, um campo do saber. O uso da
terminologia científica dá maior rigor à exposição, pois evita as
VERBETES EM GERAL
conotações e as imprecisões dos termos da linguagem cotidiana.
Por outro lado, a definição dos termos depende do nível de público O verbete é um tipo de texto predominantemente descritivo.
a que se destina. A elaboração reflete o conflito seminal que define a elegância
Um manual de introdução à física, destinado a alunos de científica: a negociação constante entre síntese e exaustividade.
primeiro grau, expõe um conceito de cada vez e, por conseguinte, Os padrões do gênero valorizam tanto a brevidade e a abordagem
vai definindo paulatinamente os termos específicos dessa ciência. direta dos temas quanto o detalhamento e a completude da
Num livro de física para universitários não cabe a definição de informação.
termos que os alunos já deveriam saber, pois senão quem escreve É um texto escrito, de caráter informativo, destinado a
precisaria escrever sobre tudo o que a ciência em que ele é explicar um conceito segundo padrões descritivos sistemáticos,
especialista já estudou. determinados pela obra de referência da qual faz parte: mais
comumente, um dicionário ou uma enciclopédia. O verbete
RESUMOS é essencialmente destinado a consulta, o que lhe impõe uma
construção discursiva sucinta e de acesso imediato, embora isso
Resumo é uma exposição abreviada de um acontecimento. não incorra necessariamente em curta extensão. Geralmente,
Fazer um resumo significa apresentar o conteúdo de forma os verbetes abordam conceitos bem estabelecidos em algum
sintética, destacando as informações essenciais do conteúdo de um paradigma acadêmico-científico, ao invés de entrar em polêmicas
referentes a categorias teóricas discutíveis.
livro, artigo, argumento de filme, peça teatral, etc. A elaboração
Por sua pretensão universalista e pela posição respeitável que
de um resumo exige análise e interpretação do conteúdo para que
ocupa no sistema de valores da cultura racionalista, espera-se que
sejam transmitidas as ideias mais importantes. todo verbete siga as normas padrão de uso da língua escrita, em um
Escrever um texto em poucas linhas ajuda o aluno a nível elevado de formalidade. Por sua natureza sistemática e por
desenvolver a sua capacidade de síntese, objetividade e clareza: ser destinado à consulta, espera-se que a linguagem do verbete seja
três fatores que serão muito importantes ao longo da vida escolar. também o mais objetiva possível. As consequências gramaticais
Além de ser um ótimo instrumento de estudo da matéria para fazer desse princípio são: no nível lexical, precisão na escolha dos termos
um teste. Resumo é sinônimo de “recapitulação”, quando, ao final e ausência de palavras que expressem subjetividade (opiniões,
de cada capítulo de um livro é apresentado um breve texto com as impressões e sensações); no nível sintático, simplificação das
ideias chave do assunto introduzido. Outros sinônimos de resumo construções; e no nível estilístico, denotação (ausência de
são: sinopse, sumário, síntese, epítome e compêndio. ornamentos e figuras de linguagem).

Didatismo e Conhecimento 47
PORTUGUÊS
É comum a presença de terminologia especializada na CARTAS FAMILIARES E CARTAS FORMAIS
construção do verbete, embora sua frequência varie conforme o
público consumidor da obra de referência em que se insere o texto. A carta é um dos instrumentos mais úteis em situações
Elementos de linguagens não verbais (especialmente pictóricos) diversas. É um dos mais antigos meios de comunicação. Em uma
são tradicionalmente agregados ao verbete com função de carta formal é preciso ter cuidado na coerência do tratamento, por
esclarecimento. exemplo, se começamos a carta no tratamento em terceira pessoa
devemos ir até o fim em terceira pessoa, seguindo também os
BULAS pronomes e formas verbais na terceira pessoa. Há vários tipos de
cartas, o formato da carta depende do seu conteúdo:
Bula pode referir-se a: - Carta Pessoal é a carta que escrevemos para amigos,
parentes, namorado(a), o remetente é a própria pessoa que assina a
Bula Pontifícia - documento expedido pela Santa Sé. Refere- carta, estas cartas não têm um modelo pronto, são escritas de uma
se não ao conteúdo e à solenidade de um documento pontifício, maneira particular.
- Carta Comercial se torna o meio mais efetivo e seguro de
como tal, mas à apresentação, à forma externa do documento, a
comunicação dentro de uma organização. A linguagem deve ser
saber, lacrado com pequena bola (em latim, “bulla”) de cera ou
clara, simples, correta e objetiva. 
metal, em geral, chumbo. Assim, existem Litterae Apostolicae
(carta apostólica) em forma ou não de bula e também Constituição A carta ao ser escrita deve ser primeiramente bem analisada
Apostólica em forma de bula. Por exemplo, a carta apostólica em termos de língua portuguesa, ou seja, deve-se observar a
“Munificentissimus Deus”, bem como as Constituições Apostólicas concordância, a pontuação e a maneira de escrever com início, meio
de criação de dioceses. A bula mais antiga que se conhece é do e então o fim, contendo também um cabeçalho e se for uma carta
Papa Agapito I (535), conservada apenas em desenho. O mais formal, deve conter pronomes de tratamento (Senhor, Senhora, V.
antigo original conservado é do Papa Adeodato I (615-618). Ex.ª etc.) e por fim a finalização da carta que deve conter somente
um cumprimento formal ou não (grato, beijos, abraços, adeus
Bula (medicamento) - folha com informações sobre etc.). Depois de todos esses itens terem sido colocados na carta, a
medicamentos. Nome que se dá ao conjunto de informações mesma deverá ser colocada em um envelope para ser enviado ao
sobre um medicamento que obrigatoriamente os laboratórios destinatário. Na parte de trás e superior do envelope deve-se conter
farmacêuticos devem acrescentar à embalagem de seus produtos alguns dados muito importantes tais como: nome do destinatário,
endereço (rua, bairro e cidade) e por fim o CEP. Já o remetente
vendidos no varejo. As informações podem ser direcionadas aos
(quem vai enviar a carta), também deve inserir na carta os mesmos
usuários dos medicamentos, aos profissionais de saúde ou a ambos.
dados que o do destinatário, que devem ser escritos na parte da
frente do envelope. E por fim deve ser colocado no envelope um
NOTAS EXPLICATIVAS DE EMBALAGENS selo que serve para que a carta seja levada à pessoa mencionada.

As notas explicativas servem para que o fabricante do NÃO FICCIONAIS – ADMINISTRATIVOS


produto esclareça ou explique aspectos da composição, nutrição,
advertências a respeito do produto. REQUERIMENTOS

NÃO FICCIONAIS – EPISTOLARES É o instrumento por meio do qual o interessado requer a uma
autoridade administrativa um direito do qual se julga detentor.
BILHETES Estrutura:
- Vocativo, cargo ou função (e nome do destinatário), ou seja,
O bilhete é uma mensagem curta, trocada entre as pessoas, da autoridade competente.
- Texto incluindo: Preâmbulo, contendo nome do requerente
para pedir, agradecer, oferecer, informar, desculpar ou perguntar.
(grafado em letras maiúsculas) e respectiva qualificação:
O bilhete é composto normalmente de: data, nome do destinatário
nacionalidade, estado civil, profissão, documento de identidade,
antecedido de um cumprimento, mensagem, despedida e nome do idade (se maior de 60 anos, para fins de preferência na tramitação
remetente. Exemplo: do processo, segundo a Lei 10.741/03), e domicílio (caso o
requerente seja servidor da Câmara dos Deputados, precedendo à
Belinha, qualificação civil deve ser colocado o número do registro funcional
Passei na sua casa para contar o que aconteceu comigo e a lotação); Exposição do pedido, de preferência indicando os
ontem à noite. fundamentos legais do requerimento e os elementos probatórios
Telefone para mim hoje à tarde, que eu vou contar tudinho de natureza fática.
- Fecho: “Nestes termos, Pede deferimento”.
para você!
- Local e data.
Um beijinho da amiga Juliana. 14/03/2013 - Assinatura e, se for o caso de servidor, função ou cargo.

Didatismo e Conhecimento 48
PORTUGUÊS
OFÍCIOS tentativas mal sucedidas de fazer alguma coisa. Graças à lingua-
gem, um ser humano recebe de outro conhecimentos, aperfeiçoa-
O Ofício deve conter as seguintes partes: -os e transmite-os.
Condillac, um pensador francês, diz: “Quereis aprender ciên-
- Tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão cias com facilidade? Começai a aprender vossa própria língua!”
que o expede. Exemplos: Com efeito, a linguagem é a maneira como aprendemos desde as
mais banais informações do dia a dia até as teorias científicas, as
Of. 123/2002-MME expressões artísticas e os sistemas filosóficos mais avançados.
Aviso 123/2002-SG A função informativa da linguagem tem importância central
Mem. 123/2002-MF na vida das pessoas, consideradas individualmente ou como grupo
social. Para cada indivíduo, ela permite conhecer o mundo; para o
- Local e data. Devem vir por extenso com alinhamento à
grupo social, possibilita o acúmulo de conhecimentos e a transfe-
direita. Exemplo:
rência de experiências. Por meio dessa função, a linguagem mo-
Brasília, 20 de maio de 2013 dela o intelecto.
- Assunto. Resumo do teor do documento. Exemplos: É a função informativa que permite a realização do trabalho
coletivo. Operar bem essa função da linguagem possibilita que
Assunto: Produtividade do órgão em 2012. cada indivíduo continue sempre a aprender.
Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores. A função informativa costuma ser chamada também de fun-
ção referencial, pois seu principal propósito é fazer com que as
- Destinatário. O nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida palavras revelem da maneira mais clara possível as coisas ou os
a comunicação. No caso do ofício, deve ser incluído também o eventos a que fazem referência.
endereço.
- A linguagem serve para influenciar e ser influenciado: Fun-
- Texto. Nos casos em que não for de mero encaminhamento ção Conativa.
de documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura:
“Vem pra Caixa você também.”
Introdução: que se confunde com o parágrafo de abertura,
na qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite
Essa frase fazia parte de uma campanha destinada a aumentar
o uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”,
o número de correntistas da Caixa Econômica Federal. Para per-
“Cumpreme informar que”, empregue a forma direta;
Desenvolvimento: no qual o assunto é detalhado; se o texto suadir o público alvo da propaganda a adotar esse comportamento,
contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas formulou-se um convite com uma linguagem bastante coloquial,
usando, por exemplo, a forma vem, de segunda pessoa do impe-
em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição; rativo, em lugar de venha, forma de terceira pessoa prescrita pela
Conclusão: em que é reafirmada ou simplesmente norma culta quando se usa você.
reapresentada a posição recomendada sobre o assunto. Pela linguagem, as pessoas são induzidas a fazer determina-
das coisas, a crer em determinadas ideias, a sentir determinadas
Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos emoções, a ter determinados estados de alma (amor, desprezo, des-
em que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos. dém, raiva, etc.). Por isso, pode-se dizer que ela modela atitudes,
convicções, sentimentos, emoções, paixões. Quem ouve desavisa-
da e reiteradamente a palavra negro pronunciada em tom desde-
nhoso aprende a ter sentimentos racistas; se a todo momento nos
3. FUNÇÕES DA LINGUAGEM. dizem, num tom pejorativo, “Isso é coisa de mulher”, aprendemos
os preconceitos contra a mulher.
Não se interfere no comportamento das pessoas apenas com a
ordem, o pedido, a súplica. Há textos que nos influenciam de ma-
neira bastante sutil, com tentações e seduções, como os anúncios
Funções de Linguagem publicitários que nos dizem como seremos bem sucedidos, atraen-
tes e charmosos se usarmos determinadas marcas, se consumirmos
Quando se pergunta a alguém para que serve a linguagem, a certos produtos. Por outro lado, a provocação e a ameaça expressas
resposta mais comum é que ela serve para comunicar. Isso está pela linguagem também servem para fazer fazer.
correto. No entanto, comunicar não é apenas transmitir informa- Com essa função, a linguagem modela tanto bons cidadãos,
ções. É também exprimir emoções, dar ordens, falar apenas para que colocam o respeito ao outro acima de tudo, quanto esperta-
lhões, que só pensam em levar vantagem, e indivíduos atemoriza-
não haver silêncio. Para que serve a linguagem? dos, que se deixam conduzir sem questionar.
- A linguagem serve para informar: Função Referencial. Emprega-se a expressão função conativa da linguagem quan-
do esta é usada para interferir no comportamento das pessoas por
“Estados Unidos invadem o Iraque” meio de uma ordem, um pedido ou uma sugestão. A palavra co-
nativo é proveniente de um verbo latino (conari) que significa
Essa frase, numa manchete de jornal, informa-nos sobre um “esforçar-se” (para obter algo).
acontecimento do mundo. - A linguagem serve para expressar a subjetividade: Função
Com a linguagem, armazenamos conhecimentos na memória, Emotiva.
transmitimos esses conhecimentos a outras pessoas, ficamos sa-
bendo de experiências bem-sucedidas, somos prevenidos contra as “Eu fico possesso com isso!”

Didatismo e Conhecimento 49
PORTUGUÊS
Nessa frase, quem fala está exprimindo sua indignação com Quando dizemos frases como “A palavra ‘cão’ é um subs-
alguma coisa que aconteceu. Com palavras, objetivamos e expres- tantivo”; “É errado dizer ‘a gente viemos’”; “Estou usando o
samos nossos sentimentos e nossas emoções. Exprimimos a revol- termo ‘direção’ em dois sentidos”; “Não é muito elegante usar
ta e a alegria, sussurramos palavras de amor e explodimos de raiva, palavrões”, não estamos falando de acontecimentos do mundo,
manifestamos desespero, desdém, desprezo, admiração, dor, tris- mas estamos tecendo comentários sobre a própria linguagem. É
teza. Muitas vezes, falamos para exprimir poder ou para afirmar- o que chama função metalinguística. A atividade metalinguística
mo-nos socialmente. Durante o governo do presidente Fernando é inseparável da fala. Falamos sobre o mundo exterior e o mundo
interior e ao mesmo tempo, fazemos comentários sobre a nossa
Henrique Cardoso, ouvíamos certos políticos dizerem “A intenção
fala e a dos outros. Quando afirmamos como diz o outro, estamos
do Fernando é levar o país à prosperidade” ou “O Fernando tem
comentando o que declaramos: é um modo de esclarecer que não
mudado o país”. Essa maneira informal de se referirem ao presi-
temos o hábito de dizer uma coisa tão trivial como a que estamos
dente era, na verdade, uma maneira de insinuarem intimidade com enunciando; inversamente, podemos usar a metalinguagem como
ele e, portanto, de exprimirem a importância que lhes seria atribuí- recurso para valorizar nosso modo de dizer. É o que se dá quan-
da pela proximidade com o poder. Inúmeras vezes, contamos coi- do dizemos, por exemplo, Parodiando o padre Vieira ou Para usar
sas que fizemos para afirmarmo-nos perante o grupo, para mostrar uma expressão clássica, vou dizer que “peixes se pescam, homens
nossa valentia ou nossa erudição, nossa capacidade intelectual ou é que se não podem pescar”.
nossa competência na conquista amorosa.
Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom de voz - A linguagem serve para criar outros universos.
que empregamos, etc., transmitimos uma imagem nossa, não raro
inconscientemente. A linguagem não fala apenas daquilo que existe, fala também
Emprega-se a expressão função emotiva para designar a uti- do que nunca existiu. Com ela, imaginamos novos mundos, ou-
lização da linguagem para a manifestação do enunciador, isto é, tras realidades. Essa é a grande função da arte: mostrar que outros
daquele que fala. modos de ser são possíveis, que outros universos podem existir. O
filme de Woody Allen “A rosa púrpura do Cairo” (1985) mostra
- A linguagem serve para criar e manter laços sociais: Função isso de maneira bem expressiva. Nele, conta-se a história de uma
Fática. mulher que, para consolar-se do cotidiano sofrido e dos maus-tra-
tos infligidos pelo marido, refugia-se no cinema, assistindo inúme-
ras vezes a um filme de amor em que a vida é glamorosa, e o galã
__Que calorão, hein?
é carinhoso e romântico. Um dia, ele sai da tela e ambos vão viver
__Também, tem chovido tão pouco.
juntos uma série de aventuras. Nessa outra realidade, os homens
__Acho que este ano tem feito mais calor do que nos outros. são gentis, a vida não é monótona, o amor nunca diminui e assim
__Eu não me lembro de já ter sentido tanto calor. por diante.

Esse é um típico diálogo de pessoas que se encontram num - A linguagem serve como fonte de prazer: Função Poética.
elevador e devem manter uma conversa nos poucos instantes em
que estão juntas. Falam para nada dizer, apenas porque o silêncio Brincamos com as palavras. Os jogos com o sentido e os sons
poderia ser constrangedor ou parecer hostil. são formas de tornar a linguagem um lugar de prazer. Divertimo-
Quando estamos num grupo, numa festa, não podemos man- nos com eles. Manipulamos as palavras para delas extrairmos sa-
ter-nos em silêncio, olhando uns para os outros. Nessas ocasiões, a tisfação.
conversação é obrigatória. Por isso, quando não se tem assunto, fa- Oswald de Andrade, em seu “Manifesto antropófago”, diz
la-se do tempo, repetem-se histórias que todos conhecem, contam- “Tupi or not tupi”; trata-se de um jogo com a frase shakespeariana
se anedotas velhas. A linguagem, nesse caso, não tem nenhuma “To be or not to be”. Conta-se qWue o poeta Emílio de Menezes,
função que não seja manter os laços sociais. Quando encontramos quando soube que uma mulher muito gorda se sentara no banco de
alguém e lhe perguntamos “Tudo bem?”, em geral não queremos, um ônibus e este quebrara, fez o seguinte trocadilho: “É a primeira
de fato, saber se nosso interlocutor está bem, se está doente, se está vez que vejo um banco quebrar por excesso de fundos”.
com problemas. A palavra banco está usada em dois sentidos: “móvel compri-
do para sentar-se” e “casa bancária”. Também está empregado
A fórmula é uma maneira de estabelecer um vínculo social.
em dois sentidos o termo fundos: “nádegas” e “capital”, “dinhei-
Também os hinos têm a função de criar vínculos, seja entre
ro”.
alunos de uma escola, entre torcedores de um time de futebol ou
entre os habitantes de um país. Não importa que as pessoas não en- Observe-se o uso do verbo bater, em expressões diversas, com
tendam bem o significado da letra do Hino Nacional, pois ele não significados diferentes, nesta frase do deputado Virgílio Guima-
tem função informativa: o importante é que, ao cantá-lo, sentimo- rães:
nos participantes da comunidade de brasileiros.
Na nomenclatura da linguística, usa-se a expressão função “ACM bate boca porque está acostumado a bater: bateu
fática para indicar a utilização da linguagem para estabelecer ou continência para os militares, bateu palmas para o Collor e quer
manter aberta a comunicação entre um falante e seu interlocutor. bater chapa em 2002. Mas o que falta é que lhe bata uma dor de
- A linguagem serve para falar sobre a própria linguagem: consciência e bata em retirada.”
Função Metalinguística. (Folha de S. Paulo)

Didatismo e Conhecimento 50
PORTUGUÊS
Verifica-se que a linguagem pode ser usada utilitariamente Lembramo-nos:
ou esteticamente. No primeiro caso, ela é utilizada para informar,
para influenciar, para manter os laços sociais, etc. No segundo, - Emotiva (ou expressiva): a mensagem centra-se no “eu” do
para produzir um efeito prazeroso de descoberta de sentidos. Em emissor, é carregada de subjetividade. Ligada a esta função está,
função estética, o mais importante é como se diz, pois o sentido por norma, a poesia lírica.
também é criado pelo ritmo, pelo arranjo dos sons, pela disposição - Função apelativa (imperativa): com este tipo de mensagem,
das palavras, etc. o emissor atua sobre o receptor, afim de que este assuma determi-
nado comportamento; há frequente uso do vocativo e do imperati-
Na estrofe abaixo, retirada do poema “A Cavalgada”, de Rai- vo. Esta função da linguagem é frequentemente usada por oradores
mundo Correia, a sucessão dos sons oclusivos /p/, /t/, /k/, /b/, /d/, e agentes de publicidade.
/g/ sugere o patear dos cavalos: - Função metalinguística: função usada quando a língua expli-
ca a própria linguagem (exemplo: quando, na análise de um texto,
E o bosque estala, move-se, estremece... investigamos os seus aspectos morfossintáticos e/ou semânticos).
Da cavalgada o estrépito que aumenta - Função informativa (ou referencial): função usada quando
o emissor informa objetivamente o receptor de uma realidade, ou
Perde-se após no centro da montanha... acontecimento.
- Função fática: pretende conseguir e manter a atenção dos
Apud: Lêdo Ivo. Raimundo Correia: Poesia. 4ª ed. interlocutores, muito usada em discursos políticos e textos publici-
Rio de Janeiro, Agir, p. 29. Coleção Nossos Clássicos. tários (centra-se no canal de comunicação).
- Função poética: embeleza, enriquecendo a mensagem com
Observe-se que a maior concentração de sons oclusivos ocor- figuras de estilo, palavras belas, expressivas, ritmos agradáveis,
etc.
re no segundo verso, quando se afirma que o barulho dos cavalos
aumenta. Também podemos pensar que as primeiras falas conscientes
Quando se usam recursos da própria língua para acrescentar da raça humana ocorreu quando os sons emitidos evoluíram para o
sentidos ao conteúdo transmitido por ela, diz-se que estamos usan- que podemos reconhecer como “interjeições”. As primeiras ferra-
do a linguagem em sua função poética. mentas da fala humana.

A função biológica e cerebral da linguagem é aquilo que mais


Para melhor compreensão das funções de linguagem, torna-se
profundamente distingue o homem dos outros animais.
necessário o estudo dos elementos da comunicação.
Antigamente, tinha-se a ideia que o diálogo era desenvolvi- Podemos considerar que o desenvolvimento desta função ce-
do de maneira “sistematizada” (alguém pergunta - alguém espera rebral ocorre em estreita ligação com a bipedia e a libertação da
ouvir a pergunta, daí responde, enquanto outro escuta em silêncio, mão, que permitiram o aumento do volume do cérebro, a par do
etc). desenvolvimento de órgãos fonadores e da mímica facial
Exemplo:
Devido a estas capacidades, para além da linguagem falada
e escrita, o homem, aprendendo pela observação de animais, de-
Elementos da comunicação senvolveu a língua de sinais adaptada pelos surdos em diferentes
países, não só para melhorar a comunicação entre surdos, mas tam-
- Emissor - emite, codifica a mensagem; bém para utilizar em situações especiais, como no teatro e entre
- Receptor - recebe, decodifica a mensagem; navios ou pessoas e não animais que se encontram fora do alcance
- Mensagem - conteúdo transmitido pelo emissor; do ouvido, mas que se podem observar entre si.
- Código - conjunto de signos usado na transmissão e recepção
da mensagem;
- Referente - contexto relacionado a emissor e receptor;
4. SEMÂNTICA: SINONÍMIA
E ANTONÍMIA; HOMONÍMIA E
- Canal - meio pelo qual circula a mensagem.
PARONÍMIA; CONOTAÇÃO E DENOTAÇÃO;
Porém, com os estudos recentes dos linguistas, essa teoria so- AMBIGUIDADE; POLISSEMIA.
freu uma modificação, pois, chegou-se a conclusão que quando se
trata da parole, entende-se que é um veículo democrático (observe
a função fática), assim, admite-se um novo formato de locução, ou,
interlocução (diálogo interativo): Significação das Palavras

- locutor - quem fala (e responde); Quanto à significação, as palavras são divididas nas seguin-
- locutário - quem ouve e responde; tes categorias:
- interlocução - diálogo
Sinônimos: são palavras de sentido igual ou aproxi-
mado. Exemplo:
As respostas, dos “interlocutores” podem ser gestuais, faciais - Alfabeto, abecedário.
etc. por isso a mudança (aprimoração) na teoria. - Brado, grito, clamor.
As atitudes e reações dos comunicantes são também referen- - Extinguir, apagar, abolir, suprimir.
tes e exercem influência sobre a comunicação - Justo, certo, exato, reto, íntegro, imparcial.

Didatismo e Conhecimento 51
PORTUGUÊS
Na maioria das vezes não é indiferente usar um sinônimo pelo Homófonos Heterográficos: iguais na pronúncia e diferentes
outro. Embora irmanados pelo sentido comum, os sinônimos dife- na escrita.
renciam-se, entretanto, uns dos outros, por matizes de significação - Acender (atear, pôr fogo) e ascender (subir).
e certas propriedades que o escritor não pode desconhecer. Com - Concertar (harmonizar) e consertar (reparar, emendar).
efeito, estes têm sentido mais amplo, aqueles, mais restrito (ani- - Concerto (harmonia, sessão musical) e conserto (ato de con-
mal e quadrúpede); uns são próprios da fala corrente, desataviada, sertar).
vulgar, outros, ao invés, pertencem à esfera da linguagem culta, - Cegar (tornar cego) e segar (cortar, ceifar).
- Apreçar (determinar o preço, avaliar) e apressar (acelerar).
literária, científica ou poética (orador e tribuno, oculista e oftalmo-
- Cela (pequeno quarto), sela (arreio) e sela (verbo selar).
logista, cinzento e cinéreo). - Censo (recenseamento) e senso (juízo).
A contribuição Greco-latina é responsável pela existência, em - Cerrar (fechar) e serrar (cortar).
nossa língua, de numerosos pares de sinônimos. Exemplos: - Paço (palácio) e passo (andar).
- Adversário e antagonista. - Hera (trepadeira) e era (época), era (verbo).
- Translúcido e diáfano. - Caça (ato de caçar), cassa (tecido) e cassa (verbo cassar =
- Semicírculo e hemiciclo. anular).
- Contraveneno e antídoto. - Cessão (ato de ceder), seção (divisão, repartição) e sessão
- Moral e ética. (tempo de uma reunião ou espetáculo).
- Colóquio e diálogo.
- Transformação e metamorfose. Homófonos Homográficos: iguais na escrita e na pronúncia.
- Caminhada (substantivo), caminhada (verbo).
- Oposição e antítese.
- Cedo (verbo), cedo (advérbio).
- Somem (verbo somar), somem (verbo sumir).
O fato linguístico de existirem sinônimos chama-se sinoní- - Livre (adjetivo), livre (verbo livrar).
mia, palavra que também designa o emprego de sinônimos. - Pomos (substantivo), pomos (verbo pôr).
- Alude (avalancha), alude (verbo aludir).
Antônimos: são palavras de significação oposta. Exemplos:
- Ordem e anarquia. Parônimos: são palavras parecidas na escrita e na pronúncia:
- Soberba e humildade. Coro e couro, cesta e sesta, eminente e iminente, tetânico e titâni-
- Louvar e censurar. co, atoar e atuar, degradar e degredar, cético e séptico, prescrever
- Mal e bem. e proscrever, descrição e discrição, infligir (aplicar) e infringir
(transgredir), osso e ouço, sede (vontade de beber) e cede (verbo
ceder), comprimento e cumprimento, deferir (conceder, dar defe-
A antonímia pode originar-se de um prefixo de sentido oposto rimento) e diferir (ser diferente, divergir, adiar), ratificar (confir-
ou negativo. Exemplos: Bendizer/maldizer, simpático/antipático, mar) e retificar (tornar reto, corrigir), vultoso (volumoso, muito
progredir/regredir, concórdia/discórdia, explícito/implícito, ativo/ grande: soma vultosa) e vultuoso (congestionado: rosto vultuoso).
inativo, esperar/desesperar, comunista/anticomunista, simétrico/
assimétrico, pré-nupcial/pós-nupcial. Polissemia: Uma palavra pode ter mais de uma significação.
A esse fato linguístico dá-se o nome de polissemia. Exemplos:
Homônimos: são palavras que têm a mesma pronúncia, e às - Mangueira: tubo de borracha ou plástico para regar as plan-
vezes a mesma grafia, mas significação diferente. Exemplos: tas ou apagar incêndios; árvore frutífera; grande curral de gado.
- São (sadio), são (forma do verbo ser) e são (santo). - Pena: pluma, peça de metal para escrever; punição; dó.
- Aço (substantivo) e asso (verbo). - Velar: cobrir com véu, ocultar, vigiar, cuidar, relativo ao véu
do palato.
Podemos citar ainda, como exemplos de palavras polissêmi-
Só o contexto é que determina a significação dos homônimos. cas, o verbo dar e os substantivos linha e ponto, que têm dezenas
A homonímia pode ser causa de ambiguidade, por isso é conside- de acepções.
rada uma deficiência dos idiomas.
O que chama a atenção nos homônimos é o seu aspecto fônico Sentido Próprio e Sentido Figurado: as palavras podem ser
(som) e o gráfico (grafia). Daí serem divididos em: empregadas no sentido próprio ou no sentido figurado. Exemplos:
- Construí um muro de pedra. (sentido próprio).
Homógrafos Heterofônicos: iguais na escrita e diferentes no - Ênio tem um coração de pedra. (sentido figurado).
timbre ou na intensidade das vogais. - As águas pingavam da torneira, (sentido próprio).
- Rego (substantivo) e rego (verbo). - As horas iam pingando lentamente, (sentido figurado).
- Colher (verbo) e colher (substantivo).
Denotação e Conotação: Observe as palavras em destaque
- Jogo (substantivo) e jogo (verbo). nos seguintes exemplos:
- Apoio (verbo) e apoio (substantivo). - Comprei uma correntinha de ouro.
- Para (verbo parar) e para (preposição). - Fulano nadava em ouro.
- Providência (substantivo) e providencia (verbo). No primeiro exemplo, a palavra ouro denota ou designa sim-
- Às (substantivo), às (contração) e as (artigo). plesmente o conhecido metal precioso, tem sentido próprio, real,
- Pelo (substantivo), pelo (verbo) e pelo (contração de per+o). denotativo.

Didatismo e Conhecimento 52
PORTUGUÊS
No segundo exemplo, ouro sugere ou evoca riquezas, poder, 08. Marque a alternativa cujas palavras preenchem correta-
glória, luxo, ostentação; tem o sentido conotativo, possui várias mente as respectivas lacunas, na frase seguinte: “Necessitando ......
conotações (ideias associadas, sentimentos, evocações que irra- o número do cartão do PIS, ...... a data de meu nascimento.”
diam da palavra). a) ratificar, proscrevi
b) prescrever, discriminei
Exercícios c) descriminar, retifiquei
d) proscrever, prescrevi
01. Estava ....... a ....... da guerra, pois os homens ....... nos e) retificar, ratifiquei
erros do passado.
a) eminente, deflagração, incidiram 09. “A ......... científica do povo levou-o a .... de feiticeiros os
b) iminente, deflagração, reincidiram ..... em astronomia.”
c) eminente, conflagração, reincidiram a) insipiência tachar expertos
d) preste, conflaglação, incidiram b) insipiência taxar expertos
e) prestes, flagração, recindiram
c) incipiência taxar espertos
d) incipiência tachar espertos
02. “Durante a ........ solene era ........ o desinteresse do mestre
e) insipiência taxar espertos
diante da ....... demonstrada pelo político”.
a) seção - fragrante - incipiência
b) sessão - flagrante - insipiência 10. Na oração: Em sua vida, nunca teve muito ......, apresen-
c) sessão - fragrante - incipiência tava-se sempre ...... no ..... de tarefas ...... . As palavras adequadas
d) cessão - flagrante - incipiência para preenchimento das lacunas são:
e) seção - flagrante - insipiência a) censo - lasso - cumprimento - eminentes
b) senso - lasso - cumprimento - iminentes
03. Na ..... plenária estudou-se a ..... de direitos territoriais a c) senso - laço - comprimento - iminentes
..... . d) senso - laço - cumprimento - eminentes
a) sessão - cessão - estrangeiros e) censo - lasso - comprimento - iminentes
b) seção - cessão - estrangeiros
c) secção - sessão - extrangeiros Respostas: (01.B)(02.B)(03.A)(04.D)(05.B)(06.C)(07.B)
d) sessão - seção - estrangeiros (08.E)(09.A)(10.B)
e) seção - sessão - estrangeiros

04. Há uma alternativa errada. Assinale-a: 5. EMPREGO DOS PRONOMES


a) A eminente autoridade acaba de concluir uma viagem política. DEMONSTRATIVOS.
b) A catástrofe torna-se iminente.
c) Sua ascensão foi rápida.
d) Ascenderam o fogo rapidamente.
e) Reacendeu o fogo do entusiasmo.
Pronome
05. Há uma alternativa errada. Assinale-a:
a) cozer = cozinhar; coser = costurar É a palavra que acompanha ou substitui o nome, relacionando-
b) imigrar = sair do país; emigrar = entrar no país -o a uma das três pessoas do discurso. As três pessoas do discurso
c) comprimento = medida; cumprimento = saudação são:
d) consertar = arrumar; concertar = harmonizar
1ª pessoa: eu (singular) nós (plural): aquela que fala ou emissor;
e) chácara = sítio; xácara = verso
2ª pessoa: tu (singular) vós (plural): aquela com quem se fala
ou receptor;
06. Assinale o item em que a palavra destacada está incorre-
3ª pessoa: ele, ela (singular) eles, elas (plural): aquela de
tamente aplicada:
a) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes. quem se fala ou referente.
b) A justiça infligiu a pena merecida aos desordeiros.
c) Promoveram uma festa beneficiente para a creche. Dependendo da função de substituir ou acompanhar o nome,
d) Devemos ser fiéis ao cumprimento do dever. o pronome é, respectivamente: pronome substantivo ou pronome
e) A cessão de terras compete ao Estado. adjetivo.
Os pronomes são classificados em: pessoais, de tratamento,
07. O ...... do prefeito foi ..... ontem. possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos e relati-
a) mandado - caçado vos.
b) mandato - cassado
c) mandato - caçado Pronomes Pessoais: Os pronomes pessoais dividem-se em:
d) mandado - casçado - retos exercem a função de sujeito da oração: eu, tu, ele, nós,
e) mandado - cassado vós, eles:

Didatismo e Conhecimento 53
PORTUGUÊS
- oblíquos exercem a função de complemento do verbo (ob- - As formas oblíquas o, a, os, as são sempre empregadas
jeto direto / objeto indireto) ou as, lhes. - Ela não vai conosco. (ela como complemento de verbos transitivos diretos ao passo que as
pronome reto / vai verbo / conosco complemento nominal. São: formas lhe, lhes são empregadas como complementos de verbos
tônicos com preposição: mim, comigo, ti, contigo,si, consigo, co- transitivos indiretos; Dona Cecília, querida amiga, chamou-a.
nosco, convosco; átonos sem preposição: me, te, se, o, a, lhe, nos, (verbo transitivo direto, VTD); Minha saudosa comadre, Nircleia,
vos, os,pronome oblíquo) - Eu dou atenção a ela. (eu pronome reto obedeceu-lhe. (verbo transitivo indireto,VTI)
/ dou verbo / atenção nome / ela pronome oblíquo) - É comum, na linguagem coloquial, usar o brasileiríssimo a
gente, substituindo o pronome pessoal nós: A gente deve fazer ca-
Saiba mais sobre os Pronomes Pessoais ridade com os mais necessitados.
- Os pronomes pessoais retos ele, eles, ela, elas, nós e vós
- Colocados antes do verbo, os pronomes oblíquos da 3ª pes- serão pronomes pessoais oblíquos quando empregados como com-
soa, apresentam sempre a forma: o, a, os, as: Eu os vi saindo do plementos de um verbo e vierem precedidos de preposição. O
teatro. conserto da televisão foi feito por ele. (ele= pronome oblíquo)
- As palavras “só” e “todos” sempre acompanham os prono- - Os pronomes pessoais ele, eles e ela, elas podem se contrair
mes pessoais do caso reto: Eu vi só ele ontem. com as preposições de e em: Não vejo graça nele./ Já frequentei
- Colocados depois do verbo, os pronomes oblíquos da 3ª pes- a casa dela.
soa apresentam as formas: - Se os pronomes pessoais retos ele, eles, ela, elas estiverem
o, a, os, as: se o verbo terminar em vogal ou ditongo oral: funcionando como sujeito, e houver uma preposição antes deles,
Encontrei-a sozinha. Vejo-os diariamente. não poderá haver uma contração: Está na hora de ela decidir seu
o, a, os, as, precedidos de verbos terminados em: R/S/Z, as- caminho. (ela sujeito de decidir; sempre com verbo no infinitivo)
sumem as formas: lo, Ia, los, las, perdendo, consequentemente, as - Chamam-se pronomes pessoais reflexivos os pronomes pes-
terminações R, S, Z. Preciso pagar ao verdureiro. = pagá-lo; Fiz soais que se referem ao sujeito: Eu me feri com o canivete. (eu 1ª
os exercícios a lápis. = Fi-los a lápis. pessoa sujeito / me pronome pessoal reflexivo)
lo, la, los, las: se vierem depois de: eis / nos / vos Eis a prova - Os pronomes pessoais oblíquos se, si e consigo devem ser
do suborno. = Ei-la; O tempo nos dirá. = no-lo dirá. (eis, nos, vos empregados somente como pronomes pessoais reflexivos e funcio-
perdem o S) nam como complementos de um verbo na 3ª pessoa, cujo sujeito
no, na, nos, nas: se o verbo terminar em ditongo nasal: m, ão, é também da 3ª pessoa: Nicole levantou-se com elegância e levou
õe: Deram-na como vencedora; Põe-nos sobre a mesa. consigo (com ela própria) todos os olhares. (Nicole sujeito, 3ª pes-
lhe, lhes colocados depois do verbo na 1ª pessoa do plural, soa/ levantou verbo 3ª pessoa / se complemento 3ª pessoa / levou
terminado em S não modificado: Nós entregamoS-lhe a cópia do verbo 3ª pessoa / consigo complemento 3ª pessoa)
contrato. (o S permanece) - O pronome pessoal oblíquo não funciona como reflexivo se
nos: colocado depois do verbo na 1ª pessoa do plural, perde o não se referir ao sujeito: Ela me protegeu do acidente. (ela sujeito
S: Sentamo-nos à mesa para um café rápido. 3ª pessoa me complemento 1ª pessoa)
me, te, lhe, nos, vos: quando colocado com verbos transitivos - Você é segunda ou terceira pessoa? Na estrutura da fala, você
diretos (TD), têm sentido possessivo, equivalendo a meu, teu, seu, é a pessoa a quem se fala e, portanto, da 2ª pessoa. Por outro lado,
dele, nosso, vosso: Os anos roubaram-lhe a esperança. (sua, dele, você, como os demais pronomes de tratamento senhor, senhora,
dela possessivo) senhorita, dona, pede o verbo na 3ª pessoa, e não na 2ª.
as formas conosco e convosco são substituídas por: com + - Os pronomes oblíquos me, te, lhe, nos, vos, lhes (formas de
nós, com + vós. seguidos de: ambos, todos, próprios, mesmos, ou- objeto indireto, 0I) juntam-se a o, a, os, as (formas de objeto dire-
tros, numeral: Mariane garantiu que viajaria com nós três. to), assim: me+o: mo/+a: ma/+ os: mos/+as: mas: Recebi a carta e
o pronome oblíquo funciona como sujeito com os verbos: dei- agradeci ao jovem, que me trouxe. nos +o: no-lo / + a: no-la / + os:
xar, fazer, ouvir, mandar, sentir e ver+verbo no infinitivo. Deixe- no-los / +as: no-las: Venderíamos a casa, se no-la exigissem. te+ o:
me sentir seu perfume. (Deixe que eu sinta seu perfume me sujeito to/+ a: ta/+ os: tos/+ as: tas: Deite os meus melhores dias. Dei-tos.
do verbo deixar Mandei-o calar. (= Mandei que ele calasse), o= lhe+ o: lho/+ a: lha/+ os: lhos/+ as:lhas: Ofereci-lhe flores. Ofereci
sujeito do verbo mandar. lhas. vos+ o: vo-lo/+ a: vo-la/+ os: vo-los/+ as: vo-las: Pedi-vos
os pronomes pessoais oblíquos nos, vos, e se recebem o nome conselho. Pedi vo-lo.
de pronomes recíprocos quando expressam uma ação mútua ou re-
cíproca: Nós nos encontramos emocionados. (pronome recíproco, No Brasil, quase não se usam essas combinações (mo, to, lho,
nós mesmos). Nunca diga: Eu se apavorei. / Eu já se arrumei; Eu no-lo, vo-lo), são usadas somente em escritores mais sofisticados.
me apavorei. / Eu me arrumei. (certos)
- Os pronomes pessoais retos eu e tu serão substituídos por Pronomes de Tratamento: São usados no trato com as pes-
mim e ti após preposição: O segredo ficará somente entre mim e ti. soas. Dependendo da pessoa a quem nos dirigimos, do seu car-
- É obrigatório o emprego dos pronomes pessoais eu e tu, go, idade, título, o tratamento será familiar ou cerimonioso: Vossa
quando funcionarem como Sujeito: Todos pediram para eu rela- Alteza-V.A.-príncipes, duques; Vossa Eminência-V.Ema-cardeais;
tar os fatos cuidadosamente. (pronome reto + verbo no infinitivo). Vossa Excelência-V.Ex.a-altas autoridades, presidente, oficiais;
Lembre-se de que mim não fala, não escreve, não compra, não Vossa Magnificência-V.Mag.a-reitores de universidades; Vossa
anda. Somente o Tarzã e o Capitão Caverna dizem: mim gosta / Majestade-V.M.-reis, imperadores; Vossa Santidade-V.S.-Papa;
mim tem / mim faz. / mim quer. Vossa Senhoria-V.Sa-tratamento cerimonioso.

Didatismo e Conhecimento 54
PORTUGUÊS
- São também pronomes de tratamento: o senhor, a senhora, a - Em relação ao espaço:
senhorita, dona, você. Este (s), esta (s), isto: indicam o ser ou objeto que está próxi-
- Doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico. mo da pessoa que fala.
Nas comunicações oficiais devem ser utilizados somente dois fe- Esse (s), essa (s), isso: indicam o ser ou objeto que está próxi-
chos: mo da pessoa,com quem se fala, que ouve (2ª pessoa)
- Respeitosamente: para autoridades superiores, inclusive para Aquele (s), aquela (s), aquilo: indicam o ser ou objeto que está
o presidente da República. longe de quem fala e da pessoa de quem se fala (3ª pessoa)
- Atenciosamente: para autoridades de mesma hierarquia ou
de hierarquia inferior. - Em relação ao tempo:
- A forma Vossa (Senhoria, Excelência) é empregada quando Este (s), esta (s), isto: indicam o tempo presente em relação ao
se fala com a própria pessoa: Vossa Senhoria não compareceu à momento em que se fala. Este mês termina o prazo das inscrições
reunião dos sem terra? (falando com a pessoa) para o vestibular da FAL.
- A forma Sua (Senhoria, Excelência ) é empregada quando Esse (s), essa (s), isso: indicam o tempo passado há pouco ou
se fala sobre a pessoa: Sua Eminência, o cardeal, viajou para um o futuro em relação ao momento em se fala. Onde você esteve essa
Congresso. (falando a respeito do cardeal) semana toda?
- Os pronomes de tratamento com a forma Vossa (Senhoria, Aquele (s), aquela (s), aquilo: indicam um tempo distante em
Excelência, Eminência, Majestade), embora indiquem a 2ª pessoa relação ao momento em que se fala. Bons tempos aqueles em que
(com quem se fala), exigem que outros pronomes e o verbo sejam brincávamos descalços na rua...
usados na 3ª pessoa. Vossa Excelência sabe que seus ministros o
apoiarão. - dependendo do contexto, também são considerados prono-
mes demonstrativos o, a, os, as, mesmo, próprio, semelhante, tal,
Pronomes Possessivos: São os pronomes que indicam posse equivalendo a aquele, aquela, aquilo. O próprio homem destrói a
em relação às pessoas da fala. natureza; Depois de muito procurar, achei o que queria; O profes-
Singular: 1ª pessoa: meu, meus, minha, minhas; 2ª pessoa: sor fez a mesma observação; Estranhei semelhante coincidência;
teu, teus, tua, tuas; 3ª pessoa: seu, seus, sua, suas; Tal atitude é inexplicável.
Plural: 1ª pessoa: nosso/os nossa/as, 2ª pessoa: vosso/os vos- - para retomar elementos já enunciados, usamos aquele (e va-
sa/as. 3ª pessoa: seu, seus, sua, suas. riações) para o elemento que foi referido em 1º lugar e este (e
variações) para o que foi referido em último lugar. Pais e mães vie-
Emprego dos Pronomes Possessivos ram à festa de encerramento; aqueles, sérios e orgulhosos, estas,
elegantes e risonhas.
- O uso do pronome possessivo da 3ª pessoa pode provocar, - dependendo do contexto os demonstrativos também servem
às vezes, a ambiguidade da frase. João Luís disse que Laurinha como palavras de função intensificadora ou depreciativa. Júlia fez
estava trabalhando em seu consultório. o exercício com aquela calma! (=expressão intensificadora). Não
- O pronome seu toma o sentido ambíguo, pois pode referir se se preocupe; aquilo é uma tranqueira! (=expressão depreciativa)
tanto ao consultório de João Luís como ao de Laurinha. No caso, - as formas nisso e nisto podem ser usadas com valor de então
usa-se o pronome dele, dela para desfazer a ambiguidade. ou nesse momento. A festa estava desanimada; nisso, a orquestra
- Os possessivos, às vezes, podem indicar aproximações nu- atacou um samba é todos caíram na dança.
méricas e não posse: Cláudia e Haroldo devem ter seus trinta anos. - os demonstrativos esse, essa, são usados para destacar um
- Na linguagem popular, o tratamento seu como em: Seu Ri- elemento anteriormente expresso. Ninguém ligou para o incidente,
cardo, pode entrar!, não tem valor possessivo, pois é uma alteração mas os pais, esses resolveram tirar tudo a limpo.
fonética da palavra senhor
- Os pronomes possessivos podem ser substantivados: Dê Pronomes Indefinidos: São aqueles que se referem à 3ª pes-
lembranças a todos os seus. soa do discurso de modo vago indefinido, impreciso: Alguém disse
- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo concor- que Paulo César seria o vencedor. Alguns desses pronomes são
da com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e anotações. variáveis em gênero e número; outros são invariáveis.
- Usam-se elegantemente certos pronomes oblíquos: me, te, Variáveis: algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco, certo,
lhe, nos, vos, com o valor de possessivos. Vou seguir-lhe os passos. vários, tanto, quanto, um, bastante, qualquer.
(os seus passos) Invariáveis: alguém, ninguém, tudo, outrem, algo, quem,
- Deve-se observar as correlações entre os pronomes pessoais nada, cada, mais, menos, demais.
e possessivos. “Sendo hoje o dia do teu aniversário, apresso-me
em apresentar-te os meus sinceros parabéns; Peço a Deus pela tua Emprego dos Pronomes Indefinidos
felicidade; Abraça-te o teu amigo que te preza.”
- Não se emprega o pronome possessivo (seu, sua) quando se Não sei de pessoa alguma capaz de convencê-lo. (alguma,
trata de parte do corpo. Veja: “Um cavaleiro todo vestido de ne- equivale a nenhum)
gro, com um falcão em seu ombro esquerdo e uma espada em sua, - Em frases de sentido negativo, nenhum (e variações) equi-
mão”. (usa-se: no ombro; na mão) vale ao pronome indefinido um: Fiquei sabendo que ele não é ne-
nhum ignorante.
Pronomes Demonstrativos: Indicam a posição dos seres de- - O indefinido cada deve sempre vir acompanhado de um
signados em relação às pessoas do discurso, situando-os no espaço substantivo ou numeral, nunca sozinho: Ganharam cem dólares
ou no tempo. Apresentam-se em formas variáveis e invariáveis. cada um. (inadequado: Ganharam cem dólares cada.)

Didatismo e Conhecimento 55
PORTUGUÊS
- Colocados depois do substantivo, os pronomes algum/algu- - O pronome cujo não admite artigo nem antes nem depois
ma ganham sentido negativo. Este ano, funcionário público algum de si.
terá aumento digno. - O relativo onde é usado para indicar lugar e equivale a: em
- Colocados antes do substantivo, os pronomes algum/algu- que, no qual: Desconheço o lugar onde vende tudo mais barato. (=
ma ganham sentido positivo. Devemos sempre ter alguma espe- lugar em que)
rança. - Quanto, quantos e quantas são relativos quando usados de-
- Certo, certa, certos, certas, vários, várias, são indefinidos pois de tudo, todos, tanto: Naquele momento, a querida comadre
quando colocados antes do substantivo e adjetivos, quando coloca- Naldete, falou tudo quanto sabia.
dos depois do substantivo: Certo dia perdi o controle da situação.
(antes do substantivo= indefinido); Eles voltarão no dia certo. (de- Pronomes Interrogativos: São os pronomes em frases inter-
pois do substantivo=adjetivo). rogativas diretas ou indiretas. Os principais interrogativos são:
- Todo, toda (somente no singular) sem artigo, equivale a que, quem, qual, quanto:
qualquer: Todo ser nasce chorando. (=qualquer ser; indetermina, Afinal, quem foram os prefeitos desta cidade? (interrogativa
generaliza). direta, com o ponto de interrogação)
- Outrem significa outra pessoa: Nunca se sabe o pensamento - Gostaria de saber quem foram os prefeitos desta cidade. (in-
de outrem. terrogativa indireta, sem a interrogação)
- Qualquer, plural quaisquer: Fazemos quaisquer negócios.
Exercícios
Locuções Pronominais Indefinidas: São locuções pronomi-
nais indefinidas duas ou mais palavras que esquiva em ao pronome Reescreva os períodos abaixo, corrigindo-os quando for o
indefinido: cada qual / cada um / quem quer que seja / seja quem caso:
for / qualquer um / todo aquele que / um ou outro / tal qual (=certo)
/ tal e, ou qual / 01. “Jamais haverá inimizade entre você e eu “, disse o rapaz
lamentando e chorando”.
Pronomes Relativos: São aqueles que representam, numa 2ª 02. “Venha e traga contigo todo o material que estiver aí!”
03. “Ela falou que era para mim comer, e depois, para mim
oração, alguma palavra que já apareceu na oração anterior. Essa
sair dali.”
palavra da oração anterior chama-se antecedente: Comprei um
04. Polidamente, mandei eles entrar e, depois, deixei eles sentar”
carro que é movido a álcool e à gasolina. É Flex Power. Percebe-
05. “Durante toda a aula os alunos falaram sobre ti e sobre
se que o pronome relativo que, substitui na 2ª oração, o carro, por
mim.”
isso a palavra que é um pronome relativo. Dica: substituir que por
06. “Comunico-lhe que, quanto ao livro, deram-no ao professor.”
o, a, os, as, qual / quais.
07. “Informamo- lhe que tudo estava bem conosco e com
Os pronomes relativos estão divididos em variáveis e inva-
eles.”
riáveis.
08. “Espero que V. Exa. e vossa distinta consorte nos honrem
Variáveis: o qual, os quais, a qual, as quais, cujo, cujos, cuja, com vossa visita.
cujas, quanto, quantos; 09. “Vossa Majestade, Senhor Rei, sois generoso e bom para
Invariáveis: que, quem, quando, como, onde. com o vosso povo.”
10. “Ela irá com nós mesmo, disse o homem com voz grave
Emprego dos Pronomes Relativos e solene.
11. “Ele falou do lugar onde foi com entusiasmo e saudade ao
- O relativo que, por ser o mais usado, é chamado de relati- mesmo tempo”
vo universal. Ele pode ser empregado com referência à pessoa ou 12. “Você já sabe aonde ela foi com aquele canalha?
coisa, no plural ou no singular: Este é o CD novo que acabei de 13. “Espero que ele vá ao colégio e leve consigo o livro que
comprar; João Adolfo é o cara que pedi a Deus. me pertence.
- O relativo que pode ter por seu antecedente o pronome de- 14. “Se vier, traga comigo o livro que lhe pedi”
monstrativo o, a, os, as: Não entendi o que você quis dizer. (o que 15. “Mandaram-no à delegacia para explicar o caso da morte.”
= aquilo que). 16. Enviaremos lhe todo o estoque que estiver disponível.
- O relativo quem refere se a pessoa e vem sempre precedido 17. “Para lhe dizer tudo, eu preciso de muito mais dinheiro.”
de preposição: Marco Aurélio é o advogado a quem eu me referi. 18. “Ela me disse apenas isto: me deixe passar que eu quero
- O relativo cujo e suas flexões equivalem a de que, do qual, morrer.”
de quem e estabelecem relação de posse entre o antecedente e o 19. “Me diga toda a verdade porque, assim as coisas ficam
termo seguinte. (cujo, vem sempre entre dois substantivos) mais fáceis.”
- O pronome relativo pode vir sem antecedente claro, explí- 20. “Tenho informado-o sobre todos os pormenores da via-
cito; é classificado, portanto, como relativo indefinido, e não vem gem.”
precedido de preposição: Quem casa quer casa; Feliz o homem 21. “Mandei-te todo o material de que precisas.”
cujo objetivo é a honestidade; Estas são as pessoas de cujos no- 22. “Dir-lhe-ei toda a verdade sobre o caso do roubo do banco.”
mes nunca vou me esquecer. 23. Espero que lhe não digam nada a meu respeito.
- Só se usa o relativo cujo quando o consequente é diferente 24. “Haviam-lhe informado que ela só chegaria depois das
do antecedente: O escritor cujo livro te falei é paulista. três horas.”

Didatismo e Conhecimento 56
PORTUGUÊS
25. “Nesse ano, muitos alunos passarão no vestibular.” Respostas:
26. “Corria o ano de 1964. Neste ano houve uma revolução 01 .... entre você e mim.
no Brasil.” 02 ...Traga consigo...
27. “Estes alunos que estão aqui podem sair, aqueles irão de- 03 ....para eu comer... para eu sair
pois.” 04 ... mandei-os entrar ... deixei-os sair
28. “Os livros cujas páginas estiverem rasgadas serão devol- 05 ...sobre ele...
vidos.’ 06 ...
29. “Apalpei-lhe as pernas que se deixavam entrever pela saia 07 ...bem com nós
rasgada.” 08 ...sua distinta ... com sua visita
09 ...é generoso e ...seu povo...
30. “Agora, pegue a tua caneta e comece a substituir, abaixo 10 ...
os complementos grifados pelo pronome oblíquo correspondente: 11 ... aonde
a) Mandamos o filho ao colégio. 12 ...
b) Enviamos à menina um telegrama 13 ...
c) Informaram os meninos sobre a menina. 14 ... traga consigo.
d) Fez o exercício corretamente. 15 ...
e) Diremos aos professores toda a verdade. 16 ... enviar-lhe-emos
f) Ela nunca obedece aos superiores. 17 ...
g) Ontem, ela viu você com outra. 18 ...deixe-me passar
h) Chamei a amiga para a festa. 19. Diga-me ...
20. Tenho- o...
31. Indique quando, na segunda frase, ocorre a substituição 21. Mandar- te- ei
errada das palavras destacadas na primeira, por um pronome: 22 ...
a) O gerente chamou os empregados. 23 ...
O gerente chamou-os 24 ...
b) Quero muito a meu irmão. 25 ... neste ano
Quero-lhe muito. 26 ...
c) Perdoei sua falta por duas vezes. 27 ...
Perdoei-lhe por duas vezes 28 ...
d) Tentei convencer o diretor de que a solução não seria justa 29 ...
Tentei convencê-lo de que a solução não seria justa. 30.
e) A proposta não agradou aos jovens a) Mandamos-o...
A proposta não lhe agradou. b) Enviamos-lhe...
c) Informaram-nos
32. Numa das frases, está usado indevidamente um pronome d) Fê-lo
de tratamento. Assinale-a: e) Dir-lhes-emos
a) Os Reitores das Universidades recebem o título de Vossa f) Ela nunca lhes obedece
Magnificência. g) ...ela o viu...
b) Senhor Deputado, peço a Vossa Excelência que conclua a h) Chamei-a ...
sua oração. 31-A / 32-C /
c) Sua Eminência, o Papa Paulo VI, assistiu à solenidade.
d) Procurei a chefe da repartição, mas Sua Senhoria se recu- 33-A
sou a ouvir minhas explicações.
Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da frase,
33. Em “O que estranhei é que as substâncias eram transferi- sem prejuízo algum para o sentido. Nesse caso, a palavra que não
das........! exerce função sintática; como o próprio nome indica, é usada ape-
a) artigo - expletivo nas para dar realce. Como partícula expletiva, aparece também na
b) pronome pessoal - pronome relativo expressão é que. Exemplo:
c) pronome demonstrativo - integrante - Quase que não consigo chegar a tempo.
d) pronome demonstrativo - expletivo - Elas é que conseguiram chegar.
e) artigo - pronome relativo
34. Em “Todo sistema coordenado é...........”. “Mas o propó- Como Pronome, a palavra que pode ser:
sito de toda teoria física é.......”. As palavras destacadas são.... e
significam, respectivamente: - Pronome Relativo: retoma um termo da oração antecedente,
a) pronomes substantivos indefinidos qualquer e qualquer projetando-o na oração consequente. Equivale a o qual e flexões.
b) pronomes adjetivos indefinidos qualquer e inteiro Exemplo: Não encontramos as pessoas que saíram.
c) pronomes adjetivos demonstrativos inteiro e cada um
d) pronomes adjetivos indefinidos inteiro e qualquer - Pronome Indefinido: nesse caso, pode funcionar como pro-
e) pronomes adjetivos indefinidos qualquer e qualquer. nome substantivo ou pronome adjetivo.

Didatismo e Conhecimento 57
PORTUGUÊS
- Pronome Substantivo: equivale a que coisa. Quando for Mesóclise
pronome substantivo, a palavra que exercerá as funções próprias
do substantivo (sujeito, objeto direto, objeto indireto, etc.). Exem- Usa-se a mesóclise tão somente com duas formas verbais, o
plo: Que aconteceu com você? futuro do presente e o futuro do pretérito, assim quando não vie-
rem precedidos de palavras atrativas. Exemplos:
- Pronome Adjetivo: determina um substantivo. Nesse caso, Confrontar-se-ão os resultados.
exerce a função sintática de adjunto adnominal. Exemplo: Que Confrontar-se-iam os resultados.
vida é essa?
Mas:
Não se confrontarão os resultados.
34-D Não se confrontariam os resultados.

Não se usa a ênclise com o futuro do presente ou com o futuro


6. COLOCAÇÃO PRONOMINAL. do pretérito sob hipótese alguma. Será contrária à norma culta es-
crita, portanto, uma colocação do tipo:

Diria-se que as coisas melhoraram. (errado)


Dir-se-ia que as coisas melhoraram. (correto)

Colocação Pronominal Ênclise

Um dos aspectos da harmonia da frase refere-se à colocação Usa-se a ênclise nos seguintes casos:
dos pronomes oblíquos átonos. Tais pronomes situam-se em três
- Imperativo Afirmativo: Prezado amigo, informe-se de seus
posições: compromissos.
- Antes do verbo (próclise): Não te conheço.
- No meio do verbo (mesóclise): Avisar-te-ei. - Gerúndio não precedido da preposição “em” ou de partícu-
- Depois do verbo (ênclise): Sente-se, por favor. la negativa: Falando-se de comércio exterior, progredimos muito.

Próclise Mas
Em se plantando no Brasil, tudo dá.
Por atração: usa-se a próclise quando o verbo vem precedido Não se falando em futebol, ninguém briga.
das seguintes partículas atrativas: Ninguém me provocando, fico em paz.
- Palavras ou expressões negativas: Não te afastes de mim.
- Advérbios: Agora se negam a depor. Se houver pausa (na - Infinitivo Impessoal: Não era minha intenção magoar-te.
escrita, vírgula) entre o advérbio e o verbo, usa-se a ênclise: Agora, Se o infinitivo vier precedido de palavra atrativa, ocorre tanto a
próclise quanto a ênclise.
negam-se a depor.
Espero com isto não te magoar.
- Pronomes Relativos: Apresentaram-se duas pessoas que se
Espero com isto não magoar-te.
identificaram com rapidez.
- Pronomes Indefinidos: Poucos se negaram ao trabalho. - No início de frases ou depois de pausa: Vão-se os anéis,
- Conjunções subordinativas: Soube que me dariam a autori- ficam os dedos. Decorre daí a afirmação de que, na variante culta
zação solicitada. escrita, não se inicia frase com pronome oblíquo átono. Causou-
me surpresa a tua reação.
Com certas frases: há casos em que a próclise é motivada
pelo próprio tipo de frase em que se localiza o pronome. O Pronome Oblíquo Átono nas Locuções Verbais
- Frases Interrogativas: Quem se atreveria a isso?
- Frases Exclamativas: Quanto te arriscas com esse procedi- - Com palavras atrativas: quando a locução vem precedida
mento! de palavra atrativa, o pronome se coloca antes do verbo auxiliar ou
- Frases Optativas (exprimem desejo): Deus nos proteja. Se, depois do verbo principal. Exemplo: Nunca te posso negar isso;
nas frases optativas, o sujeito vem depois do verbo, usa-se a êncli- Nunca posso negar-te isso. É possível, nesses casos, o uso da pró-
clise antes do verbo principal. Nesse caso, o pronome não se liga
se: Proteja-nos Deus.
por hífen ao verbo auxiliar: Nunca posso te negar isso.
Com certos verbos: a próclise pode ser motivada também pela - No início da oração ou depois de pausa: quando a locução
forma verbal a que se prende o pronome. se situa no início da oração, não se usa o pronome antes do ver-
- Com o gerúndio precedido de preposição ou de negação: Em bo auxiliar. Exemplo: Posso-lhe dar garantia total; Posso dar-lhe
se ausentando, complicou-se; Não se satisfazendo com os resulta- garantia total. A mesma norma é válida para os casos em que a
dos, mudou de método. locução verbal vem precedida de pausa. Exemplo: Em dias de lua
- Com o infinito pessoal precedido de preposição: Por se acha- cheia, pode-se ver a estrada mesmo com faróis apagados; Em dias
rem infalíveis, caíram no ridículo. de lua cheia, pode ver-se a estrada mesmo com os faróis apagados.

Didatismo e Conhecimento 58
PORTUGUÊS
- Sem atração nem pausa: quando a locução verbal não vem Emprego Proibido:
precedida de palavra atrativa nem de pausa, admite-se qualquer - Iniciar período com pronome (a forma correta é: Dá-me um
colocação do pronome. Exemplo: copo d’água; Permita-me fazer uma observação.);
A vida lhe pode trazer surpresas. - Após verbo no particípio, no futuro do presente e no futuro
A vida pode-lhe trazer surpresas. do pretérito. Com essas formas verbais, usa-se a próclise (desde
A vida pode trazer-lhe surpresas. que não caia na proibição acima), modifica-se a estrutura (troca o
“me” por “a mim”) ou, no caso dos futuros, emprega-se o prono-
me em mesóclise. Exemplos: “Concedida a mim a licença, pude
Observações
começar a trabalhar.” (Não poderia ser “concedida-me” – após
particípio é proibido -nem “me concedida” – iniciar período com
- Quando o verbo auxiliar de uma locução verbal estiver no pronome é proibido). “Recolher-me-ei à minha insignificância”
futuro do presente ou no futuro do pretérito, o pronome pode vir (Não poderia ser “recolherei-me” nem “Me recolherei”).
em mesóclise em relação a ele: Ter-nos-ia aconselhado a partir.
Exercícios
- Nas locuções verbais, jamais se usa pronome oblíquo átono
depois do particípio. Não o haviam convidado. (correto); Não ha- 01. A expressão sublinhada está empregada adequadamente
viam convidado-o. (errado). na frase:
a) A inesgotabilidade da água é uma ilusão na qual não pode-
- Há uma colocação pronominal, restrita a contextos literários, mos mais alimentar.
que deve ser conhecida: Há males que se não curam com remé- b) A cadeia econômica à qual o texto faz referência tem na
dios. Quando há duas partículas atraindo o pronome oblíquo átono, água seu centro vital.
c) Os maus tempos dos quais estamos atravessando devem-se
este pode vir entre elas. Poderíamos dizer também: Há males que
a uma falta de previsão.
não se curam com remédios.
d) A água é um elemento cujo o valor ninguém mais põe em
dúvida.
- Os pronomes oblíquos átonos combinam-se entre si em ca- e) A certeza em que ninguém mais pode fugir é a do valor
sos como estes: inestimável da água.
me + o/a = mo/ma
te + o/a = to/ta 02. Está correto o emprego de ambos os elementos sublinha-
lhe + o/a = lho/lha dos na frase:
nos + o/a = no-lo/no-la a) O autor preza a discussão à qual se envolvem os moradores
vos + o/a = vo-lo/vo-la de um condomínio, quando os anima a aspiração de um consenso.
b) A frase de Mitterrand na qual se arremeteu o candidato
Tais combinações podem vir: Giscard não representava, de fato, uma posição com a qual nin-
- Proclítica: Eu não vo-lo disse? guém pudesse discordar.
c) A frase de cujo teor Giscard discordou revelava, de fato, o
- Mesoclítica: Dir-vo-lo-ei já.
sentimento de superioridade do qual o discurso de Mitterrand era
- Enclítica: A correspondência, entregaram-lha há muito tem-
uma clara manifestação.
po. d) Os candidatos em cujos argumentos são fracos costumam
valer-se da oposição entre o certo e errado à qual se apóiam os
Segundo a norma culta, a regra é a ênclise, ou seja, o pronome maniqueístas.
após o verbo. Isso tem origem em Portugal, onde essa colocação e) O comportamento dos condôminos cuja a disposição é o
é mais comum. No Brasil, o uso da próclise é mais frequente, por consenso deveria servir de exemplo ao dos candidatos que seu
apresentar maior informalidade. Mas, como devemos abordar os único interesse é ganhar a eleição.
aspectos formais da língua, a regra será ênclise, usando próclise
em situações excepcionais, que são: 03. Está correto o emprego de ambos os elementos sublinha-
- Palavras invariáveis (advérbios, alguns pronomes, conjun- dos na frase:
ção) atraem o pronome. Por “palavras invariáveis”, entendemos a) A diferenciação entre profissionais, à que o autor faz re-
os advérbios, as conjunções, alguns pronomes que não se fle- ferência, tem como critério um padrão ético, de cujo depende o
xionam, como o pronome relativo que, os pronomes indefinidos rumo do processo civilizatório.
b) Se há apenas avanço técnico, numa época onde impera a
quanto/como, os pronomes demonstrativos isso, aquilo, isto.
globalização, as demandas sociais ficarão sem o atendimento a
Exemplos: “Ele não se encontrou com a namorada.” – próclise que são carentes.
obrigatória por força do advérbio de negação. “Quando se encon- c) As razões porque a globalização não distribui a riqueza
tra com a namorada, ele fica muito feliz.” – próclise obrigatória prendem-se à relação mecânica entre oferta e demanda, cuja a
por força da conjunção; crueldade é notória.
- Orações exclamativas (“Vou te matar!”) ou que expressam d) Os tecnocratas maliciosos imputam para o exercício da de-
desejo, chamadas de optativas (“Que Deus o abençoe!”) – próclise mocracia os desajustes econômicos em que assolam os excluídos
obrigatória. da globalização.
- Orações subordinadas – (“... e é por isso que nele se acentua e) O aumento da produção, de cuja necessidade não há quem
o pensador político” – uma oração subordinada causal, como a da discorde, deve prever qualquer impacto ecológico, para o qual se
questão, exige a próclise.). deve estar sempre alerta.

Didatismo e Conhecimento 59
PORTUGUÊS
04. Está correto o emprego de ambos os elementos sublinha- 08. As razões ___ ele deverá invocar para justificar o que fez
dos na seguinte frase: não alcançarão qualquer ressonância ___ membros do Conselho,
a) A simpatia de que não goza um ator junto ao eleitorado é ___ votos ele depende para permanecer na empresa. Preenchem
por vezes estendida a um político profissional sobre cuja honesti- de modo correto as lacunas da frase acima, respectivamente, as
dade há controvérsias. expressões:
b) O candidato a que devotamos nosso respeito tem uma his- a) a que - para com os - de cujos
tória aonde os fatos nem sempre revelam uma conduta irrepreen- b) de que - junto aos - cujos os
sível. c) que - diante dos - de quem os
c) Reagan teve uma carreira de ator em cuja não houve mo- d) às quais - em vista dos - em cujos
mentos brilhantes, como também não houve os mesmos na de e) que - junto aos - de cujos
Schwarzenegger.
d) Há uma ambivalência em relação aos atores na qual espe- 09. Sonhos não faltam; há sonhos dentro de nós e por toda
lha a divisão entre o respeito e o menosprezo que deles costuma- parte, razão pela qual a estratégia Neoliberal convoca esses so-
mos alimentar. nhos, atribui a esses sonhos um valor incomensurável, sabendo
e) Os atores sobre os quais se fez menção no texto construí- que nunca realizaremos esses sonhos. Evitam-se as viciosas repe-
ram uma carreira cinematográfica de cujo sucesso comercial nin- tições dos elementos sublinhados na frase acima substituindo-os,
guém pode discutir. na ordem dada, por:
a) há eles - convoca-os - atribui-lhes - realizaremo-los
05. Está correto o emprego de ambos os elementos sublinha- b) os há - os convoca - lhes atribui - realizaremo-los
dos na frase: c) há-os - convoca-lhes - os atribui – realizá-los-emos
a) Os sonhos de cujos nós queremos alimentar não satisfazem d) há estes - lhes convoca - atribui-lhes - os realizaremos
os desejos com que a eles nos moveram. e) há-os - os convoca - atribui-lhes - os realizaremos
b) A expressão de Elio Gaspari, a qual se refere o autor do
texto, é “cidadãos descartáveis”, e alude às criaturas desesperadas 10. O czar caçava homens, não ocorrendo ao czar que, em
cujo o rumo é inteiramente incerto. vez de homens, se caçassem andorinhas e borboletas, parecen-
c) Os objetivos de que se propõem os neoliberais não coinci-
do-lhe uma barbaridade levar andorinhas e borboletas à morte.
dem com as necessidades por cujas se movem os “cidadãos des-
Evitam-se as repetições viciosas da frase acima substituindo-se,
cartáveis”.
de forma correta, os elementos sublinhados por, respectivamente,
d) As miragens a que nos prendemos, ao longo da vida, são
a) não o ocorrendo - de tais - levá-las.
projeções de anseios cujo destino não é a satisfação conclusiva.
b) não ocorrendo-lhe - dos mesmos - levar-lhes.
e) A força do nosso trabalho, de que não relutamos em vender,
c) lhe não ocorrendo - destes - as levar-lhes.
dificilmente será paga pelo valor em que nos satisfaremos.
d) não ocorrendo-o - dos cujos - as levarem.
06. É adequado o emprego de ambas as expressões sublinha- e) não lhe ocorrendo - destes - levá-las.
das na frase:
a) As fogueiras de que todos testemunhamos nos noticiários Respostas: 01-B / 02-C / 03-E / 04-A / 05-D / 06-D / 07-E /
da TV constituem um sinal a quem ninguém pode ser insensível. 08-E / 09-E / 10-E /
b) O encolhimento do Estado, ao qual muita gente foi com-
placente, abriu espaço para a lógica do mercado, de cuja frieza
vem fazendo um sem-número de vítimas.
c) Com essa sua subserviência, pela qual muitos se insurgem, 7. SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO.
o Estado deixa de cumprir o papel social de que tantos estão con-
tando.
d) As medidas repressivas de que o Estado vem se valendo
em nada contribuem para o encaminhamento das soluções a que
os desempregados aspiram. Oração: é todo enunciado linguístico dotado de sentido, po-
e) Diante da pujança do Mercado europeu, de cuja poucos rém há, necessariamente, a presença do verbo. A oração encerra
vêm desfrutando, os excluídos acendem fogueiras cujo o vigor uma frase (ou segmento de frase), várias frases ou um período,
fala por si só. completando um pensamento e concluindo o enunciado através de
ponto final, interrogação, exclamação e, em alguns casos, através
07. A maior parte da água da chuva é interceptada pela copa de reticências.
das árvores, ...... cobrem toda a região. ...... evapora rapidamente, Em toda oração há um verbo ou locução verbal (às vezes elíp-
causando mais chuva, o que não ocorre em áreas desmatadas, ...... ticos). Não têm estrutura sintática, portanto não são orações, não
solo é pobre em matéria orgânica. As lacunas da frase acima estão
podem ser analisadas sintaticamente frases como:
corretamente preenchidas, respectivamente, por
a) onde - A chuva - que o Socorro!
b) nas quais - Aquela chuva - cujo Com licença!
c) em que - A água da chuva - que o Que rapaz impertinente!
d) que elas - Essa chuva - aonde Muito riso, pouco siso.
e) que - Essa água – cujo “A bênção, mãe Nácia!” (Raquel de Queirós)

Didatismo e Conhecimento 60
PORTUGUÊS
Na oração as palavras estão relacionadas entre si, como partes tática, vamos restringir a definição apenas ao seu papel sintático
de um conjunto harmônico: elas formam os termos ou as unidades na sentença: aquele que estabelece concordância com o núcleo do
sintáticas da oração. Cada termo da oração desempenha uma fun- predicado. Quando se trata de predicado verbal, o núcleo é sempre
ção sintática. Geralmente apresentam dois grupos de palavras: um um verbo; sendo um predicado nominal, o núcleo é sempre um
grupo sobre o qual se declara alguma coisa (o sujeito), e um grupo nome. Então têm por características básicas:
que apresenta uma declaração (o predicado), e, excepcionalmente, - estabelecer concordância com o núcleo do predicado;
só o predicado. Exemplo: - apresentar-se como elemento determinante em relação ao
predicado;
A menina banhou-se na cachoeira. - constituir-se de um substantivo, ou pronome substantivo ou,
A menina – sujeito ainda, qualquer palavra substantivada.
banhou-se na cachoeira – predicado
Exemplos:
Choveu durante a noite. (a oração toda predicado)
A padaria está fechada hoje.
O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em está fechada hoje: predicado nominal
número e pessoa. É normalmente o “ser de quem se declara algo”, fechada: nome adjetivo = núcleo do predicado
“o tema do que se vai comunicar”. a padaria: sujeito
O predicado é a parte da oração que contém “a informação padaria: núcleo do sujeito - nome feminino singular
nova para o ouvinte”. Normalmente, ele se refere ao sujeito, cons-
tituindo a declaração do que se atribui ao sujeito. Nós mentimos sobre nossa idade para você.
mentimos sobre nossa idade para você: predicado verbal
Observe: O amor é eterno. O tema, o ser de quem se declara mentimos: verbo = núcleo do predicado
algo, o sujeito, é “O amor”. A declaração referente a “o amor”, ou nós: sujeito
seja, o predicado, é “é eterno”.
No interior de uma sentença, o sujeito é o termo determinante,
Já na frase: Os rapazes jogam futebol. O sujeito é “Os rapa- ao passo que o predicado é o termo determinado. Essa posição de
zes”, que identificamos por ser o termo que concorda em número determinante do sujeito em relação ao predicado adquire sentido
e pessoa com o verbo “jogam”. O predicado é “jogam futebol”. com o fato de ser possível, na língua portuguesa, uma sentença
Núcleo de um termo é a palavra principal (geralmente um sem sujeito, mas nunca uma sentença sem predicado.
substantivo, pronome ou verbo), que encerra a essência de sua sig- Exemplos:
nificação. Nos exemplos seguintes, as palavras amigo e revestiu
são o núcleo do sujeito e do predicado, respectivamente: As formigas invadiram minha casa.
“O amigo retardatário do presidente prepara-se para desem- as formigas: sujeito = termo determinante
barcar.” (Aníbal Machado) invadiram minha casa: predicado = termo determinado
A avezinha revestiu o interior do ninho com macias plumas.
Os termos da oração da língua portuguesa são classificados Há formigas na minha casa.
em três grandes níveis: há formigas na minha casa: predicado = termo determinado
- Termos Essenciais da Oração: Sujeito e Predicado. sujeito: inexistente
- Termos Integrantes da Oração: Complemento Nominal e
Complementos Verbais (Objeto Direto, Objeto indireto e Agente O sujeito sempre se manifesta em termos de sintagma nomi-
da Passiva). nal, isto é, seu núcleo é sempre um nome. Quando esse nome se
- Termos Acessórios da Oração: Adjunto Adnominal, Adjun- refere a objetos das primeira e segunda pessoas, o sujeito é repre-
to Adverbial, Aposto e Vocativo. sentado por um pronome pessoal do caso reto (eu, tu, ele, etc.). Se
o sujeito se refere a um objeto da terceira pessoa, sua representa-
- Termos Essenciais da Oração: São dois os termos essen- ção pode ser feita através de um substantivo, de um pronome subs-
ciais (ou fundamentais) da oração: sujeito e predicado. Exemplos: tantivo ou de qualquer conjunto de palavras, cujo núcleo funcione,
na sentença, como um substantivo.
Exemplos:
Sujeito Predicado
Pobreza não é vileza. Eu acompanho você até o guichê.
Os sertanistas capturavam os índios. eu: sujeito = pronome pessoal de primeira pessoa
Vocês disseram alguma coisa?
Um vento áspero sacudia as árvores. vocês: sujeito = pronome pessoal de segunda pessoa
Marcos tem um fã-clube no seu bairro.
Sujeito: é equivocado dizer que o sujeito é aquele que pratica Marcos: sujeito = substantivo próprio
uma ação ou é aquele (ou aquilo) do qual se diz alguma coisa. Ao Ninguém entra na sala agora.
fazer tal afirmação estamos considerando o aspecto semântico do ninguém: sujeito = pronome substantivo
sujeito (agente de uma ação) ou o seu aspecto estilístico (o tópico O andar deve ser uma atividade diária.
da sentença). Já que o sujeito é depreendido de uma análise sin- o andar: sujeito = núcleo: verbo substantivado nessa oração

Didatismo e Conhecimento 61
PORTUGUÊS
Além dessas formas, o sujeito também pode se constituir de - Assinala-se a indeterminação do sujeito com um verbo ativo
uma oração inteira. Nesse caso, a oração recebe o nome de oração na 3ª pessoa do singular, acompanhado do pronome se. O prono-
substantiva subjetiva: me se, neste caso, é índice de indeterminação do sujeito. Pode ser
omitido junto de infinitivos.
É difícil optar por esse ou aquele doce... Aqui vive-se bem.
É difícil: oração principal Devagar se vai ao longe.
optar por esse ou aquele doce: oração substantiva subjetiva Quando se é jovem, a memória é mais vivaz.
Trata-se de fenômenos que nem a ciência sabe explicar.
O sujeito é constituído por um substantivo ou pronome, ou
por uma palavra ou expressão substantivada. Exemplos: - Assinala-se a indeterminação do sujeito deixando-se o verbo
no infinitivo impessoal: Era penoso carregar aqueles fardos enor-
O sino era grande. mes; É triste assistir a estas cenas repulsivas.
Ela tem uma educação fina.
Vossa Excelência agiu como imparcialidade.
Normalmente, o sujeito antecede o predicado; todavia, a pos-
Isto não me agrada.
posição do sujeito ao verbo é fato corriqueiro em nossa língua.
Exemplos:
O núcleo (isto é, a palavra base) do sujeito é, pois, um subs-
É fácil este problema!
tantivo ou pronome. Em torno do núcleo podem aparecer palavras
secundárias (artigos, adjetivos, locuções adjetivas, etc.) Exemplo: Vão-se os anéis, fiquem os dedos.
“Todos os ligeiros rumores da mata tinham uma voz para a “Breve desapareceram os dois guerreiros entre as árvores.”
selvagem filha do sertão.” (José de Alencar) (José de Alencar)
“Foi ouvida por Deus a súplica do condenado.” (Ramalho
O sujeito pode ser: Ortigão)
“Mas terás tu paciência por duas horas?” (Camilo Castelo
Simples: quando tem um só núcleo: As rosas têm espinhos; Branco)
“Um bando de galinhas-d’angola atravessa a rua em fila indiana.”
Composto: quando tem mais de um núcleo: “O burro e o ca- Sem Sujeito: constituem a enunciação pura e absoluta de um
valo nadavam ao lado da canoa.” fato, através do predicado; o conteúdo verbal não é atribuído a ne-
Expresso: quando está explícito, enunciado: Eu viajarei amanhã. nhum ser. São construídas com os verbos impessoais, na 3ª pessoa
Oculto (ou elíptico): quando está implícito, isto é, quando não do singular: Havia ratos no porão; Choveu durante o jogo.
está expresso, mas se deduz do contexto: Viajarei amanhã. (sujei- Observação: São verbos impessoais: Haver (nos sentidos de
to: eu, que se deduz da desinência do verbo); “Um soldado saltou existir, acontecer, realizar-se, decorrer), Fazer, passar, ser e estar,
para a calçada e aproximou-se.” (o sujeito, soldado, está expresso com referência ao tempo e Chover, ventar, nevar, gear, relampejar,
na primeira oração e elíptico na segunda: e (ele) aproximou-se.); amanhecer, anoitecer e outros que exprimem fenômenos meteo-
Crianças, guardem os brinquedos. (sujeito: vocês) rológicos.
Agente: se faz a ação expressa pelo verbo da voz ativa: O Nilo
fertiliza o Egito. Predicado: assim como o sujeito, o predicado é um segmento
Paciente: quando sofre ou recebe os efeitos da ação expres- extraído da estrutura interna das orações ou das frases, sendo, por
sa pelo verbo passivo: O criminoso é atormentado pelo remorso; isso, fruto de uma análise sintática. Nesse sentido, o predicado é
Muitos sertanistas foram mortos pelos índios; Construíram-se sintaticamente o segmento linguístico que estabelece concordân-
açudes. (= Açudes foram construídos.) cia com outro termo essencial da oração, o sujeito, sendo este o
Agente e Paciente: quando o sujeito faz a ação expressa por termo determinante (ou subordinado) e o predicado o termo deter-
um verbo reflexivo e ele mesmo sofre ou recebe os efeitos dessa
minado (ou principal). Não se trata, portanto, de definir o predica-
ação: O operário feriu-se durante o trabalho; Regina trancou-se
do como “aquilo que se diz do sujeito” como fazem certas gramá-
no quarto.
ticas da língua portuguesa, mas sim estabelecer a importância do
Indeterminado: quando não se indica o agente da ação verbal:
fenômeno da concordância entre esses dois termos essenciais da
Atropelaram uma senhora na esquina. (Quem atropelou a senhora?
Não se diz, não se sabe quem a atropelou.); Come-se bem naquele oração. Então têm por características básicas: apresentar-se como
restaurante. elemento determinado em relação ao sujeito; apontar um atributo
Observações: ou acrescentar nova informação ao sujeito. Exemplos:
- Não confundir sujeito indeterminado com sujeito oculto.
- Sujeito formado por pronome indefinido não é indetermina- Carolina conhece os índios da Amazônia.
do, mas expresso: Alguém me ensinará o caminho. Ninguém lhe sujeito: Carolina = termo determinante
telefonou. predicado: conhece os índios da Amazônia = termo determinado
- Assinala-se a indeterminação do sujeito usando-se o verbo
na 3ª pessoa do plural, sem referência a qualquer agente já ex- Todos nós fazemos parte da quadrilha de São João.
presso nas orações anteriores: Na rua olhavam-no com admiração; sujeito: todos nós = termo determinante
“Bateram palmas no portãozinho da frente.”; “De qualquer modo, predicado: fazemos parte da quadrilha de São João = termo
foi uma judiação matarem a moça.” determinado

Didatismo e Conhecimento 62
PORTUGUÊS
Nesses exemplos podemos observar que a concordância é “A cidade parecia mais alegre; o povo, mais contente.” (Povi-
estabelecida entre algumas poucas palavras dos dois termos es- na Cavalcante) (isto é: o povo parecia mais contente)
senciais. No primeiro exemplo, entre “Carolina” e “conhece”; no Chama-se predicação verbal o modo pelo qual o verbo forma
segundo exemplo, entre “nós” e “fazemos”. Isso se dá porque a o predicado.
concordância é centrada nas palavras que são núcleos, isto é, que Há verbos que, por natureza, tem sentido completo, podendo,
são responsáveis pela principal informação naquele segmento. No por si mesmos, constituir o predicado: são os verbos de predicação
predicado o núcleo pode ser de dois tipos: um nome, quase sempre completa denominados intransitivos. Exemplo:
um atributo que se refere ao sujeito da oração, ou um verbo (ou
locução verbal). No primeiro caso, temos um predicado nominal As flores murcharam.
(seu núcleo significativo é um nome, substantivo, adjetivo, pro- Os animais correm.
nome, ligado ao sujeito por um verbo de ligação) e no segundo As folhas caem.
um predicado verbal (seu núcleo é um verbo, seguido, ou não, “Os inimigos de Moreiras rejubilaram.” (Graciliano Ramos)
de complemento(s) ou termos acessórios). Quando, num mes-
Outros verbos há, pelo contrário, que para integrarem o pre-
mo segmento o nome e o verbo são de igual importância, ambos
dicado necessitam de outros termos: são os verbos de predicação
constituem o núcleo do predicado e resultam no tipo de predicado incompleta, denominados transitivos. Exemplos:
verbo-nominal (tem dois núcleos significativos: um verbo e um
nome). Exemplos: João puxou a rede.
“Não invejo os ricos, nem aspiro à riqueza.” (Oto Lara Re-
Minha empregada é desastrada. sende)
predicado: é desastrada “Não simpatizava com as pessoas investidas no poder.” (Ca-
núcleo do predicado: desastrada = atributo do sujeito milo Castelo Branco)
tipo de predicado: nominal
Observe que, sem os seus complementos, os verbos puxou, in-
O núcleo do predicado nominal chama-se predicativo do vejo, aspiro, etc., não transmitiriam informações completas: puxou
sujeito, porque atribui ao sujeito uma qualidade ou característica. o quê? Não invejo a quem? Não aspiro a que?
Os verbos de ligação (ser, estar, parecer, etc.) funcionam como Os verbos de predicação completa denominam-se intransiti-
um elo entre o sujeito e o predicado. vos e os de predicação incompleta, transitivos. Os verbos transiti-
vos subdividem-se em: transitivos diretos, transitivos indiretos
A empreiteira demoliu nosso antigo prédio. e transitivos diretos e indiretos (bitransitivos).
predicado: demoliu nosso antigo prédio Além dos verbos transitivos e intransitivos, quem encerram
uma noção definida, um conteúdo significativo, existem os de li-
núcleo do predicado: demoliu = nova informação sobre o
gação, verbos que entram na formação do predicado nominal, re-
sujeito
lacionando o predicativo com o sujeito.
tipo de predicado: verbal
Quanto à predicação classificam-se, pois os verbos em:
Os manifestantes desciam a rua desesperados. Intransitivos: são os que não precisam de complemento, pois
predicado: desciam a rua desesperados têm sentido completo.
núcleos do predicado: desciam = nova informação sobre o “Três contos bastavam, insistiu ele.” (Machado de Assis)
sujeito; desesperados = atributo do sujeito “Os guerreiros Tabajaras dormem.” (José de Alencar)
tipo de predicado: verbo-nominal “A pobreza e a preguiça andam sempre em companhia.”
(Marquês de Maricá)
Nos predicados verbais e verbo-nominais o verbo é respon-
sável também por definir os tipos de elementos que aparecerão no Observações: Os verbos intransitivos podem vir acompanha-
segmento. Em alguns casos o verbo sozinho basta para compor o dos de um adjunto adverbial e mesmo de um predicativo (quali-
predicado (verbo intransitivo). Em outros casos é necessário um dade, características): Fui cedo; Passeamos pela cidade; Cheguei
complemento que, juntamente com o verbo, constituem a nova in- atrasado; Entrei em casa aborrecido. As orações formadas com
formação sobre o sujeito. De qualquer forma, esses complementos verbos intransitivos não podem “transitar” (= passar) para a voz
do verbo não interferem na tipologia do predicado. passiva. Verbos intransitivos passam, ocasionalmente, a transitivos
Entretanto, é muito comum a elipse (ou omissão) do verbo, quando construídos com o objeto direto ou indireto.
quando este puder ser facilmente subentendido, em geral por estar - “Inutilmente a minha alma o chora!” (Cabral do Nascimento)
- “Depois me deitei e dormi um sono pesado.” (Luís Jardim)
expresso ou implícito na oração anterior. Exemplos:
- “Morrerás morte vil da mão de um forte.” (Gonçalves Dias)
- “Inútil tentativa de viajar o passado, penetrar no mundo que
“A fraqueza de Pilatos é enorme, a ferocidade dos algozes já morreu...” (Ciro dos Anjos)
inexcedível.” (Machado de Assis) (Está subentendido o verbo é
depois de algozes) Alguns verbos essencialmente intransitivos: anoitecer, cres-
“Mas o sal está no Norte, o peixe, no Sul” (Paulo Moreira da cer, brilhar, ir, agir, sair, nascer, latir, rir, tremer, brincar, chegar,
Silva) (Subentende-se o verbo está depois de peixe) vir, mentir, suar, adoecer, etc.

Didatismo e Conhecimento 63
PORTUGUÊS
Transitivos Diretos: são os que pedem um objeto direto, isto Transitivos Diretos e Indiretos: são os que se usam com dois
é, um complemento sem preposição. Pertencem a esse grupo: jul- objetos: um direto, outro indireto, concomitantemente. Exemplos:
gar, chamar, nomear, eleger, proclamar, designar, considerar, de- No inverso, Dona Cléia dava roupas aos pobres.
clarar, adotar, ter, fazer, etc. Exemplos: A empresa fornece comida aos trabalhadores.
Comprei um terreno e construí a casa. Oferecemos flores à noiva.
“Trabalho honesto produz riqueza honrada.” (Marquês de Ceda o lugar aos mais velhos.
Maricá)
“Então, solenemente Maria acendia a lâmpada de sábado.” De Ligação: Os que ligam ao sujeito uma palavra ou expres-
(Guedes de Amorim) são chamada predicativo. Esses verbos, entram na formação do
predicado nominal. Exemplos:
Dentre os verbos transitivos diretos merecem destaque os que A Terra é móvel.
formam o predicado verbo nominal e se constrói com o comple- A água está fria.
mento acompanhado de predicativo. Exemplos: O moço anda (=está) triste.
Consideramos o caso extraordinário. Mário encontra-se doente.
Inês trazia as mãos sempre limpas. A Lua parecia um disco.
O povo chamava-os de anarquistas.
Julgo Marcelo incapaz disso.
Observações: Os verbos de ligação não servem apenas de ane-
xo, mas exprimem ainda os diversos aspectos sob os quais se con-
Observações: Os verbos transitivos diretos, em geral, podem
sidera a qualidade atribuída ao sujeito. O verbo ser, por exemplo,
ser usados também na voz passiva; Outra características desses
verbos é a de poderem receber como objeto direto, os pronomes traduz aspecto permanente e o verbo estar, aspecto transitório: Ele
o, a, os, as: convido-o, encontro-os, incomodo-a, conheço-as; Os é doente. (aspecto permanente); Ele está doente. (aspecto transitó-
verbos transitivos diretos podem ser construídos acidentalmen- rio). Muito desses verbos passam à categoria dos intransitivos em
te, com preposição, a qual lhes acrescenta novo matiz semânti- frases como: Era =existia) uma vez uma princesa.; Eu não estava
co: arrancar da espada; puxar da faca; pegar de uma ferramenta; em casa.; Fiquei à sombra.; Anda com dificuldades.; Parece que
tomar do lápis; cumprir com o dever; Alguns verbos transitivos vai chover.
diretos: abençoar, achar, colher, avisar, abraçar, comprar, castigar,
contrariar, convidar, desculpar, dizer, estimar, elogiar, entristecer, Os verbos, relativamente à predicação, não têm classificação
encontrar, ferir, imitar, levar, perseguir, prejudicar, receber, saldar, fixa, imutável. Conforme a regência e o sentido que apresentam
socorrer, ter, unir, ver, etc. na frase, podem pertencer ora a um grupo, ora a outro. Exemplo:
Transitivos Indiretos: são os que reclamam um complemento O homem anda. (intransitivo)
regido de preposição, chamado objeto indireto. Exemplos: O homem anda triste. (de ligação)
“Ninguém perdoa ao quarentão que se apaixona por uma ado-
lescente.” (Ciro dos Anjos) O cego não vê. (intransitivo)
“Populares assistiam à cena aparentemente apáticos e neu- O cego não vê o obstáculo. (transitivo direto)
tros.” (Érico Veríssimo)
“Lúcio não atinava com essa mudança instantânea.” (José Deram 12 horas. (intransitivo)
Américo) A terra dá bons frutos. (transitivo direto)
“Do que eu mais gostava era do tempo do retiro espiritual.”
(José Geraldo Vieira) Não dei com a chave do enigma. (transitivo indireto)
Os pais dão conselhos aos filhos. (transitivo direto e indireto)
Observações: Entre os verbos transitivos indiretos importa
distinguir os que se constroem com os pronomes objetivos lhe, Predicativo: Há o predicativo do sujeito e o predicativo do
lhes. Em geral são verbos que exigem a preposição a: agradar-lhe,
objeto.
agradeço-lhe, apraz lhe, bate-lhe, desagrada-lhe, desobedecem-
lhe, etc. Entre os verbos transitivos indiretos importa distinguir os
que não admitem para objeto indireto as formas oblíquas lhe, lhes, Predicativo do Sujeito: é o termo que exprime um atributo,
construindo-se com os pronomes retos precedidos de preposição: um estado ou modo de ser do sujeito, ao qual se prende por um
aludir a ele, anuir a ele, assistir a ela, atentar nele, depender dele, verbo de ligação, no predicado nominal. Exemplos:
investir contra ele, não ligar para ele, etc. A bandeira é o símbolo da Pátria.
Em princípio, verbos transitivos indiretos não comportam a A mesa era de mármore.
forma passiva. Excetuam-se pagar, perdoar, obedecer, e pouco O mar estava agitado.
mais, usados também como transitivos diretos: João paga (perdoa, A ilha parecia um monstro.
obedece) o médico. O médico é pago (perdoado, obedecido) por
João. Há verbos transitivos indiretos, como atirar, investir, conten- Além desse tipo de predicativo, outro existe que entra na
tar-se, etc., que admitem mais de uma preposição, sem mudança
constituição do predicado verbo-nominal. Exemplos:
de sentido. Outros mudam de sentido com a troca da preposição,
como nestes exemplos: Trate de sua vida. (tratar=cuidar). É desa- O trem chegou atrasado. (=O trem chegou e estava atrasado.)
gradável tratar com gente grosseira. (tratar=lidar). Verbos como O menino abriu a porta ansioso.
aspirar, assistir, dispor, servir, etc., variam de significação confor- Todos partiram alegres.
me sejam usados como transitivos diretos ou indiretos. Marta entrou séria.

Didatismo e Conhecimento 64
PORTUGUÊS
Observações: O predicativo subjetivo às vezes está preposi- - Por qualquer pronome substantivo: Não vi ninguém na loja.;
cionado; Pode o predicativo preceder o sujeito e até mesmo ao A árvore que plantei floresceu. (que: objeto direto de plantei);
verbo: São horríveis essas coisas!; Que linda estava Amélia!; Onde foi que você achou isso? Quando vira as folhas do livro,
Completamente feliz ninguém é.; Raros são os verdadeiros líde- ela o faz com cuidado.; “Que teria o homem percebido nos meus
res.; Quem são esses homens?; Lentos e tristes, os retirantes iam escritos?”
passando.; Novo ainda, eu não entendia certas coisas.; Onde está
a criança que fui? Frequentemente transitivam-se verbos intransitivos, dando-se
lhes por objeto direto uma palavra cognata ou da mesma esfera
Predicativo do Objeto: é o termo que se refere ao objeto de semântica:
um verbo transitivo. Exemplos: “Viveu José Joaquim Alves vida tranquila e patriarcal.” (Vi-
O juiz declarou o réu inocente. valdo Coaraci)
O povo elegeu-o deputado. “Pela primeira vez chorou o choro da tristeza.” (Aníbal Ma-
As paixões tornam os homens cegos. chado)
Nós julgamos o fato milagroso. “Nenhum de nós pelejou a batalha de Salamina.” (Machado
de Assis)
Observações: O predicativo objetivo, como vemos dos exem-
Em tais construções é de rigor que o objeto venha acompanha-
plos acima, às vezes vem regido de preposição. Esta, em certos
do de um adjunto.
casos, é facultativa; O predicativo objetivo geralmente se refere
ao objeto direto. Excepcionalmente, pode referir-se ao objeto in-
Objeto Direto Preposicionado: Há casos em que o objeto
direto do verbo chamar. Chamavam-lhe poeta; Podemos antepor
o predicativo a seu objeto: O advogado considerava indiscutíveis direto, isto é, o complemento de verbos transitivos diretos, vem
os direitos da herdeira.; Julgo inoportuna essa viagem.; “E até precedido de preposição, geralmente a preposição a. Isto ocorre
embriagado o vi muitas vezes.”; “Tinha estendida a seus pés uma principalmente:
planta rústica da cidade.”; “Sentia ainda muito abertos os ferimen- - Quando o objeto direto é um pronome pessoal tônico: Deste
tos que aquele choque com o mundo me causara.” modo, prejudicas a ti e a ela.; “Mas dona Carolina amava mais a
ele do que aos outros filhos.”; “Pareceu-me que Roberto hostiliza-
Termos Integrantes da Oração va antes a mim do que à ideia.”; “Ricardina lastimava o seu amigo
Chamam-se termos integrantes da oração os que completam como a si própria.”; “Amava-a tanto como a nós”.
a significação transitiva dos verbos e nomes. Integram (inteiram, - Quando o objeto é o pronome relativo quem: “Pedro Seve-
completam) o sentido da oração, sendo por isso indispensável à riano tinha um filho a quem idolatrava.”; “Abraçou a todos; deu
compreensão do enunciado. São os seguintes: um beijo em Adelaide, a quem felicitou pelo desenvolvimento
- Complemento Verbais (Objeto Direto e Objeto Indireto); das suas graças.”; “Agora sabia que podia manobrar com ele, com
- Complemento Nominal; aquele homem a quem na realidade também temia, como todos
- Agente da Passiva. ali”.
- Quando precisamos assegurar a clareza da frase, evitando
Objeto Direto: é o complemento dos verbos de predicação que o objeto direto seja tomado como sujeito, impedindo constru-
incompleta, não regido, normalmente, de preposição. Exemplos: ções ambíguas: Convence, enfim, ao pai o filho amado.; “Vence
As plantas purificaram o ar. o mal ao remédio.”; “Tratava-me sem cerimônia, como a um ir-
“Nunca mais ele arpoara um peixe-boi.” (Ferreira Castro) mão.”; A qual delas iria homenagear o cavaleiro?
Procurei o livro, mas não o encontrei. - Em expressões de reciprocidade, para garantir a clareza e a
Ninguém me visitou. eufonia da frase: “Os tigres despedaçam-se uns aos outros.”; “As
companheiras convidavam-se umas às outras.”; “Era o abraço de
O objeto direto tem as seguintes características: duas criaturas que só tinham uma à outra”.
- Completa a significação dos verbos transitivos diretos; - Com nomes próprios ou comuns, referentes a pessoas, prin-
- Normalmente, não vem regido de preposição;
cipalmente na expressão dos sentimentos ou por amor da eufonia
- Traduz o ser sobre o qual recai a ação expressa por um verbo
da frase: Judas traiu a Cristo.; Amemos a Deus sobre todas as
ativo: Caim matou Abel.
coisas. “Provavelmente, enganavam é a Pedro.”; “O estrangeiro
- Torna-se sujeito da oração na voz passiva: Abel foi morto
foi quem ofendeu a Tupã”.
por Caim.
- Em construções enfáticas, nas quais antecipamos o objeto
O objeto direto pode ser constituído: direto para dar-lhe realce: A você é que não enganam!; A médico,
- Por um substantivo ou expressão substantivada: O lavrador confessor e letrado nunca enganes.; “A este confrade conheço
cultiva a terra.; Unimos o útil ao agradável. desde os seus mais tenros anos”.
- Pelos pronomes oblíquos o, a, os, as, me, te, se, nos, vos: - Sendo objeto direto o numeral ambos(as): “O aguaceiro caiu,
Espero-o na estação.; Estimo-os muito.; Sílvia olhou-se ao espe- molhou a ambos.”; “Se eu previsse que os matava a ambos...”.
lho.; Não me convidas?; Ela nos chama.; Avisamo-lo a tempo.; - Com certos pronomes indefinidos, sobretudo referentes a
Procuram-na em toda parte.; Meu Deus, eu vos amo.; “Marchei pessoas: Se todos são teus irmãos, por que amas a uns e odeias a
resolutamente para a maluca e intimei-a a ficar quieta.”; “Vós ha- outros?; Aumente a sua felicidade, tornando felizes também aos
veis de crescer, perder-vos-ei de vista.” outros.; A quantos a vida ilude!.

Didatismo e Conhecimento 65
PORTUGUÊS
- Em certas construções enfáticas, como puxar (ou arrancar) terística do objeto indireto: Recorro a Deus.; Dê isto a (ou para)
da espada, pegar da pena, cumprir com o dever, atirar com os li- ele.; Contenta-se com pouco.; Ele só pensa em si.; Esperei por ti.;
vros sobre a mesa, etc.: “Arrancam das espadas de aço fino...”; Falou contra nós.; Conto com você.; Não preciso disto.; O filme
“Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da a que assisti agradou ao público.; Assisti ao desenrolar da luta.;
linha, enfiou a linha na agulha e entrou a coser.”; “Imagina-se a A coisa de que mais gosto é pescar.; A pessoa a quem me refiro
consternação de Itaguaí, quando soube do caso.” você a conhece.; Os obstáculos contra os quais luto são muitos.;
As pessoas com quem conto são poucas.
Observações: Nos quatro primeiros casos estudados a prepo-
sição é de rigor, nos cinco outros, facultativa; A substituição do Como atestam os exemplos acima, o objeto indireto é repre-
objeto direto preposicionado pelo pronome oblíquo átono, quando sentado pelos substantivos (ou expressões substantivas) ou pelos
possível, se faz com as formas o(s), a(s) e não lhe, lhes: amar a pronomes. As preposições que o ligam ao verbo são: a, com, con-
Deus (amá-lo); convencer ao amigo (convencê-lo); O objeto dire- tra, de, em, para e por.
to preposicionado, é obvio, só ocorre com verbo transitivo direto;
Podem resumir-se em três as razões ou finalidades do emprego do
Objeto Indireto Pleonástico: à semelhança do objeto direto, o
objeto direto preposicionado: a clareza da frase; a harmonia da
objeto indireto pode vir repetido ou reforçado, por ênfase. Exem-
frase; a ênfase ou a força da expressão.
plos: “A mim o que me deu foi pena.”; “Que me importa a mim o
destino de uma mulher tísica...? “E, aos brigões, incapazes de se
Objeto Direto Pleonástico: Quando queremos dar destaque
ou ênfase à idéia contida no objeto direto, colocamo-lo no início moverem, basta-lhes xingarem-se a distância.”
da frase e depois o repetimos ou reforçamos por meio do pronome
oblíquo. A esse objeto repetido sob forma pronominal chama-se Complemento Nominal: é o termo complementar reclamado
pleonástico, enfático ou redundante. Exemplos: pela significação transitiva, incompleta, de certos substantivos, ad-
O dinheiro, Jaime o trazia escondido nas mangas da camisa. jetivos e advérbios. Vem sempre regido de preposição. Exemplos:
O bem, muitos o louvam, mas poucos o seguem. A defesa da pátria; Assistência às aulas; “O ódio ao mal é amor
“Seus cavalos, ela os montava em pêlo.” (Jorge Amado) do bem, e a ira contra o mal, entusiasmo divino.”; “Ah, não fosse
ele surdo à minha voz!”
Objeto Indireto: É o complemento verbal regido de preposi-
ção necessária e sem valor circunstancial. Representa, ordinaria- Observações: O complemento nominal representa o recebe-
mente, o ser a que se destina ou se refere a ação verbal: “Nunca dor, o paciente, o alvo da declaração expressa por um nome: amor
desobedeci a meu pai”. O objeto indireto completa a significação a Deus, a condenação da violência, o medo de assaltos, a remessa
dos verbos: de cartas, útil ao homem, compositor de músicas, etc. É regido
- Transitivos Indiretos: Assisti ao jogo; Assistimos à missa e pelas mesmas preposições usadas no objeto indireto. Difere des-
à festa; Aludiu ao fato; Aspiro a uma vida calma. te apenas porque, em vez de complementar verbos, complementa
- Transitivos Diretos e Indiretos (na voz ativa ou passiva): nomes (substantivos, adjetivos) e alguns advérbios em –mente. A
Dou graças a Deus; Ceda o lugar aos mais velhos; Dedicou sua nomes que requerem complemento nominal correspondem, ge-
vida aos doentes e aos pobres; Disse-lhe a verdade. (Disse a ver- ralmente, verbos de mesmo radical: amor ao próximo, amar o
dade ao moço.) próximo; perdão das injúrias, perdoar as injúrias; obediente aos
pais, obedecer aos pais; regresso à pátria, regressar à pátria; etc.
O objeto indireto pode ainda acompanhar verbos de outras
categorias, os quais, no caso, são considerados acidentalmente Agente da Passiva: é o complemento de um verbo na voz pas-
transitivos indiretos: A bom entendedor meia palavra basta; So- siva. Representa o ser que pratica a ação expressa pelo verbo passi-
bram-lhe qualidades e recursos. (lhe=a ele); Isto não lhe convém; vo. Vem regido comumente pela preposição por, e menos frequen-
A proposta pareceu-lhe aceitável.
temente pela preposição de: Alfredo é estimado pelos colegas; A
cidade estava cercada pelo exército romano; “Era conhecida de
Observações: Há verbos que podem construir-se com dois ob-
todo mundo a fama de suas riquezas.”
jetos indiretos, regidos de preposições diferentes: Rogue a Deus
por nós.; Ela queixou-se de mim a seu pai.; Pedirei para ti a
meu senhor um rico presente; Não confundir o objeto direto com O agente da passiva pode ser expresso pelos substantivos ou
o complemento nominal nem com o adjunto adverbial; Em frases pelos pronomes:
como “Para mim tudo eram alegrias”, “Para ele nada é impossí- As flores são umedecidas pelo orvalho.
vel”, os pronomes em destaque podem ser considerados adjuntos A carta foi cuidadosamente corrigida por mim.
adverbiais. Muitos já estavam dominados por ele.

O objeto indireto é sempre regido de preposição, expressa ou O agente da passiva corresponde ao sujeito da oração na voz
implícita. A preposição está implícita nos pronomes objetivos in- ativa:
diretos (átonos) me, te, se, lhe, nos, vos, lhes. Exemplos: Obede- A rainha era chamada pela multidão. (voz passiva)
ce-me. (=Obedece a mim.); Isto te pertence. (=Isto pertence a ti.); A multidão aclamava a rainha. (voz ativa)
Rogo-lhe que fique. (=Rogo a você...); Peço-vos isto. (=Peço isto Ele será acompanhado por ti. (voz passiva)
a vós.). Nos demais casos a preposição é expressa, como carac- Tu o acompanharás. (voz ativa)

Didatismo e Conhecimento 66
PORTUGUÊS
Observações: Frase de forma passiva analítica sem comple- Observações: Pode ocorrer a elipse da preposição antes de
mento agente expresso, ao passar para a ativa, terá sujeito inde- adjuntos adverbiais de tempo e modo: Aquela noite, não dormi.
terminado e o verbo na 3ª pessoa do plural: Ele foi expulso da (=Naquela noite...); Domingo que vem não sairei. (=No domin-
cidade. (Expulsaram-no da cidade.); As florestas são devastadas. go...); Ouvidos atentos, aproximei-me da porta. (=De ouvidos
(Devastam as florestas.); Na passiva pronominal não se declara o atentos...); Os adjuntos adverbiais classificam-se de acordo com as
agente: Nas ruas assobiavam-se as canções dele pelos pedestres. circunstâncias que exprimem: adjunto adverbial de lugar, modo,
(errado); Nas ruas eram assobiadas as canções dele pelos pedes- tempo, intensidade, causa, companhia, meio, assunto, negação,
tres. (certo); Assobiavam-se as canções dele nas ruas. (certo) etc; É importante saber distinguir adjunto adverbial de adjunto ad-
nominal, de objeto indireto e de complemento nominal: sair do
Termos Acessórios da Oração mar (ad.adv.); água do mar (adj.adn.); gosta do mar (obj.indir.);
ter medo do mar (compl.nom.).
Termos acessórios são os que desempenham na oração uma
função secundária, qual seja a de caracterizar um ser, determinar Aposto: É uma palavra ou expressão que explica ou esclarece,
os substantivos, exprimir alguma circunstância. São três os ter- desenvolve ou resume outro termo da oração. Exemplos:
mos acessórios da oração: adjunto adnominal, adjunto adverbial
D. Pedro II, imperador do Brasil, foi um monarca sábio.
e aposto.
“Nicanor, ascensorista, expôs-me seu caso de consciência.”
Adjunto adnominal: É o termo que caracteriza ou determina (Carlos Drummond de Andrade)
os substantivos. Exemplo: Meu irmão veste roupas vistosas. (Meu “No Brasil, região do ouro e dos escravos, encontramos a
determina o substantivo irmão: é um adjunto adnominal – vistosas felicidade.” (Camilo Castelo Branco)
caracteriza o substantivo roupas: é também adjunto adnominal). “No fundo do mato virgem nasceu Macunaíma, herói de nos-
O adjunto adnominal pode ser expresso: Pelos adjetivos: água sa gente.” (Mário de Andrade)
fresca, terras férteis, animal feroz; Pelos artigos: o mundo, as
ruas, um rapaz; Pelos pronomes adjetivos: nosso tio, este lugar, O núcleo do aposto é um substantivo ou um pronome subs-
pouco sal, muitas rãs, país cuja história conheço, que rua?; Pelos tantivo:
numerais: dois pés, quinto ano, capítulo sexto; Pelas locuções ou Foram os dois, ele e ela.
expressões adjetivas que exprimem qualidade, posse, origem, fim Só não tenho um retrato: o de minha irmã.
ou outra especificação: O dia amanheceu chuvoso, o que me obrigou a ficar em casa.
- presente de rei (=régio): qualidade
- livro do mestre, as mãos dele: posse, pertença
O aposto não pode ser formado por adjetivos. Nas frases se-
- água da fonte, filho de fazendeiros: origem
- fio de aço, casa de madeira: matéria guintes, por exemplo, não há aposto, mas predicativo do sujeito:
- casa de ensino, aulas de inglês: fim, especialidade Audaciosos, os dois surfistas atiraram-se às ondas.
- homem sem escrúpulos (=inescrupuloso): qualidade As borboletas, leves e graciosas, esvoaçavam num balé de
- criança com febre (=febril): característica cores.
- aviso do diretor: agente
Os apostos, em geral, destacam-se por pausas, indicadas, na
Observações: Não confundir o adjunto adnominal formado escrita, por vírgulas, dois pontos ou travessões. Não havendo pau-
por locução adjetiva com complemento nominal. Este represen- sa, não haverá vírgula, como nestes exemplos:
ta o alvo da ação expressa por um nome transitivo: a eleição do Minha irmã Beatriz; o escritor João Ribeiro; o romance Tóia;
presidente, aviso de perigo, declaração de guerra, empréstimo o rio Amazonas; a Rua Osvaldo Cruz; o Colégio Tiradentes, etc.
de dinheiro, plantio de árvores, colheita de trigo, destruidor de “Onde estariam os descendentes de Amaro vaqueiro?” (Gra-
matas, descoberta de petróleo, amor ao próximo, etc. O adjunto ciliano Ramos)
adnominal formado por locução adjetiva representa o agente da
ação, ou a origem, pertença, qualidade de alguém ou de alguma
coisa: o discurso do presidente, aviso de amigo, declaração do O aposto pode preceder o termo a que se refere, o qual, às
ministro, empréstimo do banco, a casa do fazendeiro, folhas de vezes, está elíptico. Exemplos:
árvores, farinha de trigo, beleza das matas, cheiro de petróleo, Rapaz impulsivo, Mário não se conteve.
amor de mãe. Mensageira da idéia, a palavra é a mais bela expressão da
alma humana.
Adjunto adverbial: É o termo que exprime uma circunstância “Irmão do mar, do espaço, amei as solidões sobre os roche-
(de tempo, lugar, modo, etc.) ou, em outras palavras, que modifica dos ásperos.” (Cabral do Nascimento)(refere-se ao sujeito oculto
o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio. Exemplo: “Meninas eu).
numa tarde brincavam de roda na praça”. O adjunto adverbial
é expresso: Pelos advérbios: Cheguei cedo.; Ande devagar.; Ma- O aposto, às vezes, refere-se a toda uma oração. Exemplos:
ria é mais alta.; Não durma ao volante.; Moramos aqui.; Ele fala Nuvens escuras borravam os espaços silenciosos, sinal de
bem, fala corretamente.; Volte bem depressa.; Talvez esteja en- tempestade iminente.
ganado.; Pelas locuções ou expressões adverbiais: Às vezes viaja- O espaço é incomensurável, fato que me deixa atônito.
va de trem.; Compreendo sem esforço.; Saí com meu pai.; Júlio Simão era muito espirituoso, o que me levava a preferir sua
reside em Niterói.; Errei por distração.; Escureceu de repente. companhia.

Didatismo e Conhecimento 67
PORTUGUÊS
Um aposto pode referir-se a outro aposto: 03. Em: “A terra era povoada de selvagens”, o termo grifado
“Serafim Gonçalves casou-se com Lígia Tavares, filha do ve- é:
lho coronel Tavares, senhor de engenho.” (Ledo Ivo) a) objeto direto;
b) objeto indireto;
O aposto pode vir precedido das expressões explicativas isto c) agente da passiva;
é, a saber, ou da preposição acidental como: d) complemento nominal;
Dois países sul-americanos, isto é, a Bolívia e o Paraguai, e) adjunto adverbial.
não são banhados pelo mar.
Este escritor, como romancista, nunca foi superado. 04. Em: “Dulce considerou calada, por um momento, aquele
horrível delírio”, os termos grifados são respectivamente:
O aposto que se refere a objeto indireto, complemento nomi- a) objeto direto – objeto direto;
nal ou adjunto adverbial vem precedido de preposição:
b) predicativo do sujeito – adjunto adnominal;
O rei perdoou aos dois: ao fidalgo e ao criado.
c) adjunto adverbial – objeto direto;
“Acho que adoeci disso, de beleza, da intensidade das coi-
d) adjunto adverbial – adjunto adnominal;
sas.” (Raquel Jardim)
De cobras, morcegos, bichos, de tudo ela tinha medo. e) objeto indireto – objeto direto.

Vocativo: (do latim vocare = chamar) é o termo (nome, título, 05. Assinale a alternativa correta: “para todos os males, há
apelido) usado para chamar ou interpelar a pessoa, o animal ou a dois remédios: o tempo e o silêncio”, os termos grifados são res-
coisa personificada a que nos dirigimos: pectivamente:
“Elesbão? Ó Elesbão! Venha ajudar-nos, por favor!” (Maria a) sujeito – objeto direto;
de Lourdes Teixeira) b) sujeito – aposto;
“A ordem, meus amigos, é a base do governo.” (Machado de c) objeto direto – aposto;
Assis) d) objeto direto – objeto direto;
“Correi, correi, ó lágrimas saudosas!” (fagundes Varela) e) objeto direto – complemento nominal.
“Ei-lo, o teu defensor, ó Liberdade!” (Mendes Leal)
06. “Usando do direito que lhe confere a Constituição”, as
Observação: Profere-se o vocativo com entoação exclamativa. palavras grifadas exercem a função respectivamente de:
Na escrita é separado por vírgula(s). No exemplo inicial, os pontos a) objeto direto – objeto direto;
interrogativo e exclamativo indicam um chamado alto e prolonga- b) sujeito – objeto direto;
do. O vocativo se refere sempre à 2ª pessoa do discurso, que pode c) objeto direto – sujeito;
ser uma pessoa, um animal, uma coisa real ou entidade abstrata
d) sujeito – sujeito;
personificada. Podemos antepor-lhe uma interjeição de apelo (ó,
e) objeto direto – objeto indireto.
olá, eh!):
“Tem compaixão de nós , ó Cristo!” (Alexandre Herculano)
“Ó Dr. Nogueira, mande-me cá o Padilha, amanhã!” (Graci- 07. “Recebeu o prêmio o jogador que fez o gol”. Nessa frase
liano Ramos) o sujeito de “fez”?
“Esconde-te, ó sol de maio, ó alegria do mundo!” (Camilo a) o prêmio;
Castelo Branco) b) o jogador;
O vocativo é um tempo à parte. Não pertence à estrutura da c) que;
oração, por isso não se anexa ao sujeito nem ao predicado. d) o gol;
e) recebeu.
Exercícios
08. Assinale a alternativa correspondente ao período onde há
01. Considere a frase “Ele andava triste porque não encon- predicativo do sujeito:
trava a companheira” – os verbos grifados são respectivamente: a) como o povo anda tristonho!
a) transitivo direto – de ligação; b) agradou ao chefe o novo funcionário;
b) de ligação – intransitivo; c) ele nos garantiu que viria;
c) de ligação – transitivo indireto; d) no Rio não faltam diversões;
d) transitivo direto – transitivo indireto; e) o aluno ficou sabendo hoje cedo de sua aprovação.
e) de ligação – transitivo direto.
09. Em: “Cravei-lhe os dentes na carne, com toda a força que
02. Indique a única alternativa que não apresenta agente da
eu tinha”, a palavra “que” tem função morfossintática de:
passiva:
a) A casa foi construída por nós. a) pronome relativo – sujeito;
b) O presidente será eleito pelo povo. b) conjunção subordinada – conectivo;
c) Ela será coroada por ti. c) conjunção subordinada – complemento verbal;
d) O avô era querido por todos. d) pronome relativo – objeto direto;
e) Ele foi eleito por acaso. e) conjunção subordinada – objeto direto.

Didatismo e Conhecimento 68
PORTUGUÊS
10. Assinale a alternativa em que a expressão grifada tem a - As orações coordenadas são sindéticas (OCS) quando vêm
função de complemento nominal: introduzidas por conjunção coordenativa. Exemplo:
a) a curiosidade do homem incentiva-o a pesquisa; O homem saiu do carro / e entrou na casa.
b) a cidade de Londres merece ser conhecida por todos; OCA OCS
c) o respeito ao próximo é dever de todos;
d) o coitado do velho mendigava pela cidade; As orações coordenadas sindéticas são classificadas de acor-
e) o receio de errar dificultava o aprendizado das línguas. do com o sentido expresso pelas conjunções coordenativas que as
introduzem. Pode ser:
Respostas: 01-E / 02-E / 03-C / 04-C / 05-C / 06-E / 07-C /
08-A / 09-D / 10-C /
- Orações coordenadas sindéticas aditivas: e, nem, não só...
Período: Toda frase com uma ou mais orações constitui um mas também, não só... mas ainda.
período, que se encerra com ponto de exclamação, ponto de inter- Saí da escola / e fui à lanchonete.
rogação ou com reticências. OCA OCS Aditiva
O período é simples quando só traz uma oração, chamada ab-
soluta; o período é composto quando traz mais de uma oração. Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
Exemplo: Pegou fogo no prédio. (Período simples, oração absolu- que expressa idéia de acréscimo ou adição com referência à oração
ta.); Quero que você aprenda. (Período composto.) anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa aditiva.

Existe uma maneira prática de saber quantas orações há num A doença vem a cavalo e volta a pé.
período: é contar os verbos ou locuções verbais. Num período ha- As pessoas não se mexiam nem falavam.
verá tantas orações quantos forem os verbos ou as locuções verbais “Não só findaram as queixas contra o alienista, mas até ne-
nele existentes. Exemplos:
nhum ressentimento ficou dos atos que ele praticara.” (Machado
Pegou fogo no prédio. (um verbo, uma oração)
Quero que você aprenda. (dois verbos, duas orações) de Assis)
Está pegando fogo no prédio. (uma locução verbal, uma oração)
Deves estudar para poderes vencer na vida. (duas locuções - Orações coordenadas sindéticas adversativas: mas, porém,
verbais, duas orações) todavia, contudo, entretanto, no entanto.
Há três tipos de período composto: por coordenação, por su- Estudei bastante / mas não passei no teste.
bordinação e por coordenação e subordinação ao mesmo tempo OCA OCS Adversativa
(também chamada de misto). Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
que expressa idéia de oposição à oração anterior, ou seja, por uma
Período Composto por Coordenação. Orações Coordenadas conjunção coordenativa adversativa.
Considere, por exemplo, este período composto: A espada vence, mas não convence.
“É dura a vida, mas aceitam-na.” (Cecília Meireles)
Passeamos pela praia, / brincamos, / recordamos os tempos
Tens razão, contudo não te exaltes.
de infância.
1ª oração: Passeamos pela praia Havia muito serviço, entretanto ninguém trabalhava.
2ª oração: brincamos
3ª oração: recordamos os tempos de infância - Orações coordenadas sindéticas conclusivas: portanto, por
isso, pois, logo.
As três orações que compõem esse período têm sentido pró- Ele me ajudou muito, / portanto merece minha gratidão.
prio e não mantêm entre si nenhuma dependência sintática: elas OCA OCS Conclusiva
são independentes. Há entre elas, é claro, uma relação de sentido,
mas, como já dissemos, uma não depende da outra sintaticamente. Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
As orações independentes de um período são chamadas de que expressa idéia de conclusão de um fato enunciado na oração
orações coordenadas (OC), e o período formado só de orações anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa conclusiva.
coordenadas é chamado de período composto por coordenação.
As orações coordenadas são classificadas em assindéticas e Vives mentindo; logo, não mereces fé.
sindéticas.
Ele é teu pai: respeita-lhe, pois, a vontade.
- As orações coordenadas são assindéticas (OCA) quando Raimundo é homem são, portanto deve trabalhar.
não vêm introduzidas por conjunção. Exemplo:
Os torcedores gritaram, / sofreram, / vibraram. - Orações coordenadas sindéticas alternativas: ou,ou... ou,
OCA OCA OCA ora... ora, seja... seja, quer... quer.
Seja mais educado / ou retire-se da reunião!
“Inclinei-me, apanhei o embrulho e segui.” (Machado de As- OCA OCS Alternativa
sis)
“A noite avança, há uma paz profunda na casa deserta.” (An- Observe que a 2ª oração vem introduzida por uma conjunção
tônio Olavo Pereira) que estabelece uma relação de alternância ou escolha com refe-
“O ferro mata apenas; o ouro infama, avilta, desonra.” (Coe- rência à oração anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa
lho Neto) alternativa.

Didatismo e Conhecimento 69
PORTUGUÊS
Venha agora ou perderá a vez. 04. Assinale a sequência de conjunções que estabelecem, en-
“Jacinta não vinha à sala, ou retirava-se logo.” (Machado de tre as orações de cada item, uma correta relação de sentido.
Assis)
“Em aviação, tudo precisa ser bem feito ou custará preço 1. Correu demais, ... caiu.
muito caro.” (Renato Inácio da Silva) 2. Dormiu mal, ... os sonhos não o deixaram em paz.
“A louca ora o acariciava, ora o rasgava freneticamente.” 3. A matéria perece, ... a alma é imortal.
(Luís Jardim) 4. Leu o livro, ... é capaz de descrever as personagens com
detalhes.
- Orações coordenadas sindéticas explicativas: que, porque,
pois, porquanto. 5. Guarde seus pertences, ... podem servir mais tarde.
Vamos andar depressa / que estamos atrasados.
OCA OCS Explicativa a) porque, todavia, portanto, logo, entretanto
b) por isso, porque, mas, portanto, que
Observe que a 2ª oração é introduzida por uma conjunção que c) logo, porém, pois, porque, mas
expressa idéia de explicação, de justificativa em relação à oração d) porém, pois, logo, todavia, porque
anterior, ou seja, por uma conjunção coordenativa explicativa. e) entretanto, que, porque, pois, portanto

Leve-lhe uma lembrança, que ela aniversaria amanhã. Resposta: B


“A mim ninguém engana, que não nasci ontem.” (Érico Ve- Por isso – conjunção conclusiva.
ríssimo) Porque – conjunção explicativa.
“Qualquer que seja a tua infância, conquista-a, que te aben- Mas – conjunção adversativa.
çôo.” (Fernando Sabino)
Portanto – conjunção conclusiva.
O cavalo estava cansado, pois arfava muito.
Que – conjunção explicativa.
Exercícios 05. Reúna as três orações em um período composto por coor-
denação, usando conjunções adequadas.
01. Relacione as orações coordenadas por meio de conjun- Os dias já eram quentes.
ções: A água do mar ainda estava fria.
a) Ouviu-se o som da bateria. Os primeiros foliões surgiram. As praias permaneciam desertas.
b) Não durma sem cobertor. A noite está fria.
c) Quero desculpar-me. Não consigo encontrá-los. Resposta: Os dias já eram quentes, mas a água do mar ainda
estava fria, por isso as praias permaneciam desertas.
Respostas:
Ouviu-se o som da bateria e os primeiros foliões surgiram. 06. No período “Penso, logo existo”, oração em destaque é:
Não durma sem cobertor, pois a noite está fria. a) coordenada sindética conclusiva
Quero desculpar-me, mais consigo encontrá-los. b) coordenada sindética aditiva
c) coordenada sindética alternativa
02. Em: “... ouviam-se amplos bocejos, fortes como o maru-
lhar das ondas...” a partícula como expressa uma ideia de: d) coordenada sindética adversativa
a) causa e) n.d.a
b) explicação
c) conclusão Resposta: A
d) proporção
e) comparação 07. Por definição, oração coordenada que seja desprovida de
conectivo é denominada assindética. Observando os períodos se-
Resposta: E guintes:
A conjunção como exercer a função comparativa. Os amplos I- Não caía um galho, não balançava uma folha.
bocejos ouvidos são comparados à força do marulhar das ondas. II- O filho chegou, a filha saiu, mas a mãe nem notou.
III- O fiscal deu o sinal, os candidatos entregaram a prova.
03. “Entrando na faculdade, procurarei emprego”, oração Acabara o exame.
sublinhada pode indicar uma ideia de:
a) concessão
Nota-se que existe coordenação assindética em:
b) oposição
c) condição a) I apenas
d) lugar b) II apenas
e) consequência c) III apenas
d) I e III
Resposta: C e) nenhum deles
A condição necessária para procurar emprego é entrar na fa-
culdade. Resposta: D

Didatismo e Conhecimento 70
PORTUGUÊS
08. “Vivemos mais uma grave crise, repetitiva dentro do ci- Orações Subordinadas Adverbiais
clo de graves crises que ocupa a energia desta nação. A frustra-
ção cresce e a desesperança não cede. Empresários empurrados As orações subordinadas adverbiais (OSA) são aquelas que
à condição de liderança oficial se reúnem, em eventos como este, exercem a função de adjunto adverbial da oração principal (OP).
para lamentar o estado de coisas. O que dizer sem resvalar para o São classificadas de acordo com a conjunção subordinativa que as
pessimismo, a crítica pungente ou a autoabsorvição? introduz:
É da história do mundo que as elites nunca introduziram mu-
danças que favorecessem a sociedade como um todo. Estaríamos - Causais: Expressam a causa do fato enunciado na oração
nos enganando se achássemos que estas lideranças empresariais principal. Conjunções: porque, que, como (= porque), pois que,
aqui reunidas teriam motivação para fazer a distribuição de po- visto que.
deres e rendas que uma nação equilibrada precisa ter. Aliás, é in- Não fui à escola / porque fiquei doente.
genuidade imaginar que a vontade de distribuir renda passe pelo OP OSA Causal
empobrecimento da elite. É também ocioso pensar que nós, de tal
elite, temos riqueza suficiente para distribuir. Faço sempre, para O tambor soa porque é oco.
meu desânimo, a soma do faturamento das nossas mil maiores e Como não me atendessem, repreendi-os severamente.
melhores empresas, e chego a um número menor do que o fatura- Como ele estava armado, ninguém ousou reagir.
mento de apenas duas empresas japonesas. Digamos, a Mitsubishi “Faltou à reunião, visto que esteve doente.” (Arlindo de Sousa)
e mais um pouquinho. Sejamos francos. Em termos mundiais so- - Condicionais: Expressam hipóteses ou condição para a
mos irrelevantes como potência econômica, mas o mesmo tempo ocorrência do que foi enunciado na principal. Conjunções: se, con-
extremamente representativos como população.” tanto que, a menos que, a não ser que, desde que.
(“Discurso de Semler aos empresários”, Folha de São Paulo) Irei à sua casa / se não chover.
OP OSA Condicional
Dentre os períodos transcritos do texto acima, um é composto Deus só nos perdoará se perdoarmos aos nossos ofensores.
por coordenação e contém uma oração coordenada sindética ad-
Se o conhecesses, não o condenarias.
versativa. Assinalar a alternativa correspondente a este período:
“Que diria o pai se soubesse disso?” (Carlos Drummond de
a) A frustração cresce e a desesperança não cede.
Andrade)
b) O que dizer sem resvalar para o pessimismo, a crítica pun-
gente ou a autoabsorvição. A cápsula do satélite será recuperada, caso a experiência te-
c) É também ocioso pensar que nós, da tal elite, temos riqueza nha êxito.
suficiente para distribuir.
d) Sejamos francos. - Concessivas: Expressam ideia ou fato contrário ao da oração
e) Em termos mundiais somos irrelevantes como potência principal, sem, no entanto, impedir sua realização. Conjunções:
econômica, mas ao mesmo tempo extremamente representativos embora, ainda que, apesar de, se bem que, por mais que, mesmo
como população. que.
Resposta E Ela saiu à noite / embora estivesse doente.
OP OSA Concessiva
Período Composto por Subordinação
Admirava-o muito, embora (ou conquanto ou posto que ou
Observe os termos destacados em cada uma destas orações: se bem que) não o conhecesse pessoalmente.
Vi uma cena triste. (adjunto adnominal) Embora não possuísse informações seguras, ainda assim
Todos querem sua participação. (objeto direto) arriscou uma opinião.
Não pude sair por causa da chuva. (adjunto adverbial de causa) Cumpriremos nosso dever, ainda que (ou mesmo quando ou
ainda quando ou mesmo que) todos nos critiquem.
Veja, agora, como podemos transformar esses termos em ora- Por mais que gritasse, não me ouviram.
ções com a mesma função sintática:
Vi uma cena / que me entristeceu. (oração subordinada com - Conformativas: Expressam a conformidade de um fato com
função de adjunto adnominal) outro. Conjunções: conforme, como (=conforme), segundo.
Todos querem / que você participe. (oração subordinada com O trabalho foi feito / conforme havíamos planejado.
função de objeto direto) OP OSA Conformativa
Não pude sair / porque estava chovendo. (oração subordina-
da com função de adjunto adverbial de causa) O homem age conforme pensa.
Relatei os fatos como (ou conforme) os ouvi.
Em todos esses períodos, a segunda oração exerce uma certa
Como diz o povo, tristezas não pagam dívidas.
função sintática em relação à primeira, sendo, portanto, subordi-
O jornal, como sabemos, é um grande veículo de informação.
nada a ela. Quando um período é constituído de pelo menos um
conjunto de duas orações em que uma delas (a subordinada) de- - Temporais: Acrescentam uma circunstância de tempo ao que
pende sintaticamente da outra (principal), ele é classificado como foi expresso na oração principal. Conjunções: quando, assim que,
período composto por subordinação. As orações subordinadas são logo que, enquanto, sempre que, depois que, mal (=assim que).
classificadas de acordo com a função que exercem: adverbiais, Ele saiu da sala / assim que eu cheguei.
substantivas e adjetivas. OP OSA Temporal

Didatismo e Conhecimento 71
PORTUGUÊS
Formiga, quando quer se perder, cria asas. À medida que se vive, mais se aprende.
“Lá pelas sete da noite, quando escurecia, as casas se esva- À proporção que avançávamos, as casas iam rareando.
ziam.” (Carlos Povina Cavalcânti) O valor do salário, ao passo que os preços sobem, vai dimi-
“Quando os tiranos caem, os povos se levantam.” (Marquês nuindo.
de Maricá)
Enquanto foi rico, todos o procuravam. Orações Subordinadas Substantivas
- Finais: Expressam a finalidade ou o objetivo do que foi As orações subordinadas substantivas (OSS) são aquelas
enunciado na oração principal. Conjunções: para que, a fim de
que, num período, exercem funções sintáticas próprias de subs-
que, porque (=para que), que.
tantivos, geralmente são introduzidas pelas conjunções integrantes
Abri a porta do salão / para que todos pudessem entrar.
que e se. Elas podem ser:
OP OSA Final

“O futuro se nos oculta para que nós o imaginemos.” (Mar- - Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta: É aquela
quês de Maricá) que exerce a função de objeto direto do verbo da oração principal.
Aproximei-me dele a fim de que me ouvisse melhor. Observe: O grupo quer a sua ajuda. (objeto direto)
“Fiz-lhe sinal que se calasse.” (Machado de Assis) (que = para O grupo quer / que você ajude.
que) OP OSS Objetiva Direta
“Instara muito comigo não deixasse de freqüentar as recep- O mestre exigia que todos estivessem presentes. (= O mestre
ções da mulher.” (Machado de Assis) (não deixasse = para que não exigia a presença de todos.)
deixasse) Mariana esperou que o marido voltasse.
- Consecutivas: Expressam a consequência do que foi enun- Ninguém pode dizer: Desta água não beberei.
ciado na oração principal. Conjunções: porque, que, como (= por- O fiscal verificou se tudo estava em ordem.
que), pois que, visto que.
A chuva foi tão forte / que inundou a cidade. - Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta: É
OP OSA Consecutiva aquela que exerce a função de objeto indireto do verbo da oração
principal. Observe: Necessito de sua ajuda. (objeto indireto)
Fazia tanto frio que meus dedos estavam endurecidos. Necessito / de que você me ajude.
“A fumaça era tanta que eu mal podia abrir os olhos.” (José
OP OSS Objetiva Indireta
J. Veiga)
Não me oponho a que você viaje. (= Não me oponho à sua
De tal sorte a cidade crescera que não a reconhecia mais.
As notícias de casa eram boas, de maneira que pude prolon- viagem.)
gar minha viagem. Aconselha-o a que trabalhe mais.
Daremos o prêmio a quem o merecer.
- Comparativas: Expressam ideia de comparação com re- Lembre-se de que a vida é breve.
ferência à oração principal. Conjunções: como, assim como, tal
como, (tão)... como, tanto como, tal qual, que (combinado com - Oração Subordinada Substantiva Subjetiva: É aquela que
menos ou mais). exerce a função de sujeito do verbo da oração principal. Observe:
Ela é bonita / como a mãe. É importante sua colaboração. (sujeito)
OP OSA Comparativa É importante / que você colabore.
OP OSS Subjetiva
A preguiça gasta a vida como a ferrugem consome o ferro.”
(Marquês de Maricá) A oração subjetiva geralmente vem:
Ela o atraía irresistivelmente, como o imã atrai o ferro. - depois de um verbo de ligação + predicativo, em construções
Os retirantes deixaram a cidade tão pobres como vieram. do tipo é bom, é útil, é certo, é conveniente, etc. Ex.: É certo que
Como a flor se abre ao Sol, assim minha alma se abriu à luz ele voltará amanhã.
daquele olhar. - depois de expressões na voz passiva, como sabe-se, conta-
se, diz-se, etc. Ex.: Sabe-se que ele saiu da cidade.
Obs.: As orações comparativas nem sempre apresentam clara- - depois de verbos como convir, cumprir, constar, urgir, ocor-
mente o verbo, como no exemplo acima, em que está subentendido rer, quando empregados na 3ª pessoa do singular e seguidos das
o verbo ser (como a mãe é). conjunções que ou se. Ex.: Convém que todos participem da re-
união.
- Proporcionais: Expressam uma ideia que se relaciona pro-
porcionalmente ao que foi enunciado na principal. Conjunções: à É necessário que você colabore. (= Sua colaboração é neces-
medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais, quanto sária.)
menos. Parece que a situação melhorou.
Quanto mais reclamava / menos atenção recebia. Aconteceu que não o encontrei em casa.
OSA Proporcional OP Importa que saibas isso bem.

Didatismo e Conhecimento 72
PORTUGUÊS
- Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal: É Desejamos uma paz duradoura. (adjunto adnominal)
aquela que exerce a função de complemento nominal de um termo Desejamos uma paz / que dure. (oração subordinada adjetiva)
da oração principal. Observe: Estou convencido de sua inocência.
(complemento nominal) As orações subordinadas adjetivas são sempre introduzidas
Estou convencido / de que ele é inocente. por um pronome relativo (que , qual, cujo, quem, etc.) e podem
OP OSS Completiva Nominal ser classificadas em:

Sou favorável a que o prendam. (= Sou favorável à prisão - Subordinadas Adjetivas Restritivas: São restritivas quando
dele.) restringem ou especificam o sentido da palavra a que se referem.
Estava ansioso por que voltasses. Exemplo:
Sê grato a quem te ensina. O público aplaudiu o cantor / que ganhou o 1º lugar.
“Fabiano tinha a certeza de que não se acabaria tão cedo.” OP OSA Restritiva
(Graciliano Ramos)
Nesse exemplo, a oração que ganhou o 1º lugar especifica o
sentido do substantivo cantor, indicando que o público não aplau-
- Oração Subordinada Substantiva Predicativa: É aquela diu qualquer cantor mas sim aquele que ganhou o 1º lugar.
que exerce a função de predicativo do sujeito da oração principal,
vindo sempre depois do verbo ser. Observe: O importante é sua Pedra que rola não cria limo.
felicidade. (predicativo) Os animais que se alimentam de carne chamam-se carní-
O importante é / que você seja feliz. voros.
OP OSS Predicativa Rubem Braga é um dos cronistas que mais belas páginas es-
creveram.
Seu receio era que chovesse. (Seu receio era a chuva.) “Há saudades que a gente nunca esquece.” (Olegário Ma-
Minha esperança era que ele desistisse. riano)
Meu maior desejo agora é que me deixem em paz.
Não sou quem você pensa. - Subordinadas Adjetivas Explicativas: São explicativas
- Oração Subordinada Substantiva Apositiva: É aquela que quando apenas acrescentam uma qualidade à palavra a que se re-
ferem, esclarecendo um pouco mais seu sentido, mas sem restrin-
exerce a função de aposto de um termo da oração principal. Obser-
gi-lo ou especificá-lo. Exemplo:
ve: Ele tinha um sonho: a união de todos em benefício do país. O escritor Jorge Amado, / que mora na Bahia, / lançou um
(aposto) novo livro.
Ele tinha um sonho / que todos se unissem em benefício do OP OSA Explicativa OP
país.
OP OSS Apositiva Deus, que é nosso pai, nos salvará.
Valério, que nasceu rico, acabou na miséria.
Só desejo uma coisa: que vivam felizes. (Só desejo uma coi- Ele tem amor às plantas, que cultiva com carinho.
sa: a sua felicidade) Alguém, que passe por ali à noite, poderá ser assaltado.
Só lhe peço isto: honre o nosso nome.
“Talvez o que eu houvesse sentido fosse o presságio disto: de Orações Reduzidas
que virias a morrer...” (Osmã Lins)
“Mas diga-me uma cousa, essa proposta traz algum motivo Observe que as orações subordinadas eram sempre introdu-
zidas por uma conjunção ou pronome relativo e apresentavam o
oculto?” (Machado de Assis)
verbo numa forma do indicativo ou do subjuntivo. Além desse tipo
de orações subordinadas há outras que se apresentam com o ver-
As orações apositivas vêm geralmente antecedidas de dois- bo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio e particípio).
-pontos. Podem vir, também, entre vírgulas, intercaladas à oração Exemplos:
principal. Exemplo: Seu desejo, que o filho recuperasse a saúde,
tornou-se realidade. - Ao entrar nas escola, encontrei o professor de inglês. (in-
finitivo)
Observação: Além das conjunções integrantes que e se, as ora- - Precisando de ajuda, telefone-me. (gerúndio)
ções substantivas podem ser introduzidas por outros conectivos, - Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário. (par-
tais como quando, como, quanto, etc. Exemplos: ticípio)
Não sei quando ele chegou.
Diga-me como resolver esse problema. As orações subordinadas que apresentam o verbo numa das
formas nominais são chamadas de reduzidas.
Para classificar a oração que está sob a forma reduzida, de-
Orações Subordinadas Adjetivas
vemos procurar desenvolvê-la do seguinte modo: colocamos a
As orações subordinadas Adjetivas (OSA) exercem a fun- conjunção ou o pronome relativo adequado ao sentido e passamos
ção de adjunto adnominal de algum termo da oração principal. o verbo para uma forma do indicativo ou subjuntivo, conforme
Observe como podemos transformar um adjunto adnominal em o caso. A oração reduzida terá a mesma classificação da oração
oração subordinada adjetiva: desenvolvida.

Didatismo e Conhecimento 73
PORTUGUÊS
Ao entrar na escola, encontrei o professor de inglês. Exercícios
Quando entrei na escola, / encontrei o professor de inglês.
OSA Temporal 01. Na frase: “Maria do Carmo tinha a certeza de que estava
Ao entrar na escola: oração subordinada adverbial temporal, para ser mãe”, a oração destacada é:
reduzida de infinitivo. a) subordinada substantiva objetiva indireta
b) subordinada substantiva completiva nominal
Precisando de ajuda, telefone-me.
c) subordinada substantiva predicativa
Se precisar de ajuda, / telefone-me.
OSA Condicional d) coordenada sindética conclusiva
Precisando de ajuda: oração subordinada adverbial condicio- e) coordenada sindética explicativa
nal, reduzida de gerúndio.
02. A segunda oração do período? “Não sei no que pensas” ,
Acabado o treino, os jogadores foram para o vestiário. é classificada como:
Assim que acabou o treino, / os jogadores foram para o ves- a) substantiva objetiva direta
tiário. b) substantiva completiva nominal
OSA Temporal
c) adjetiva restritiva
Acabado o treino: oração subordinada adverbial temporal, re-
duzida de particípio. d) coordenada explicativa
e) substantiva objetiva indireta
Observações:
03. “Na ‘Partida Monção’, não há uma atitude inventada. Há
- Há orações reduzidas que permitem mais de um tipo de de- reconstituição de uma cena como ela devia ter sido na realida-
senvolvimento. Há casos também de orações reduzidas fixas, isto de.” A oração sublinhada é:
é, orações reduzidas que não são passíveis de desenvolvimento. a) adverbial conformativa
Exemplo: Tenho vontade de visitar essa cidade. b) adjetiva
- O infinitivo, o gerúndio e o particípio não constituem orações
c) adverbial consecutiva
reduzidas quando fazem parte de uma locução verbal. Exemplos:
Preciso terminar este exercício. d) adverbial proporcional
Ele está jantando na sala. e) adverbial causal
Essa casa foi construída por meu pai.
04. No seguinte grupo de orações destacadas:
- Uma oração coordenada também pode vir sob a forma redu- 1. É bom que você venha.
zida. Exemplo: 2. Chegados que fomos, entramos na escola.
O homem fechou a porta, saindo depressa de casa. 3. Não esqueças que é falível.
O homem fechou a porta e saiu depressa de casa. (oração
coordenada sindética aditiva)
Temos orações subordinadas, respectivamente:
Saindo depressa de casa: oração coordenada reduzida de ge-
rúndio. a) objetiva direta, adverbial temporal, subjetiva
b) subjetiva, objetiva direta, objetiva direta
Qual é a diferença entre as orações coordenadas explicativas e c) objetiva direta, subjetiva, adverbial temporal
as orações subordinadas causais, já que ambas podem ser iniciadas d) subjetiva, adverbial temporal, objetiva direta
por que e porque? Às vezes não é fácil estabelecer a diferença e) predicativa, objetiva direta, objetiva indireta
entre explicativas e causais, mas como o próprio nome indica, as
causais sempre trazem a causa de algo que se revela na oração 05. A palavra “se” é conjunção integrante (por introduzir ora-
principal, que traz o efeito. ção subordinada substantiva objetiva direta) em qual das orações
Note-se também que há pausa (vírgula, na escrita) entre a ora-
seguintes?
ção explicativa e a precedente e que esta é, muitas vezes, imperati-
va, o que não acontece com a oração adverbial causal. Essa noção a) Ele se mordia de ciúmes pelo patrão.
de causa e efeito não existe no período composto por coordenação. b) A Federação arroga-se o direito de cancelar o jogo.
Exemplo: Rosa chorou porque levou uma surra. Está claro que a c) O aluno fez-se passar por doutor.
oração iniciada pela conjunção é causal, visto que a surra foi sem d) Precisa-se de operários.
dúvida a causa do choro, que é efeito. Rosa chorou, porque seus e) Não sei se o vinho está bom.
olhos estão vermelhos.
O período agora é composto por coordenação, pois a oração 06. “Lembro-me de que ele só usava camisas brancas.” A
iniciada pela conjunção traz a explicação daquilo que se revelou oração sublinhada é:
na coordena anterior. Não existe aí relação de causa e efeito: o
a) subordinada substantiva completiva nominal
fato de os olhos de Elisa estarem vermelhos não é causa de ela ter
chorado. b) subordinada substantiva objetiva indireta
c) subordinada substantiva predicativa
Ela fala / como falaria / se entendesse do assunto. d) subordinada substantiva subjetiva
OP OSA Comparativa SA Condicional e) subordinada substantiva objetiva direta

Didatismo e Conhecimento 74
PORTUGUÊS
07. Na passagem: “O receio é substituído pelo pavor, pelo - Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a ação ex-
respeito, pela emoção que emudece e paralisa.” Os termos sub- pressa pelo verbo. Por exemplo:
linhados são: O trabalho foi feito por ele.
a) complementos nominais; orações subordinadas adverbiais sujeito paciente ação agente da passiva
concessivas, coordenadas entre si
b) adjuntos adnominais; orações subordinadas adverbiais - Reflexiva: quando o sujeito é ao mesmo tempo agente e pa-
comparativas ciente, isto é, pratica e recebe a ação. Por exemplo:
c) agentes da passiva; orações subordinadas adjetivas, coor- O menino feriu-se.
denadas entre si
d) objetos diretos; orações subordinadas adjetivas, coordena-
das entre si Obs.: não confundir o emprego reflexivo do verbo com a no-
e) objetos indiretos; orações subordinadas adverbiais comparativas ção de reciprocidade: Os lutadores feriram-se. (um ao outro)

08. Neste período “não bate para cortar” , a oração “para cor- Formação da Voz Passiva
tar” em relação a “não bate” , é:
a) a causa A voz passiva pode ser formada por dois processos: analítico
b) o modo e sintético.
c) a consequência
d) a explicação 1- Voz Passiva Analítica
e) a finalidade
Constrói-se da seguinte maneira: Verbo SER + particípio do
09. Em todos os períodos há orações subordinadas substanti- verbo principal. Por exemplo:
vas, exceto em: A escola será pintada.
a) O fato era que a escravatura do Santa Fé não andava nas O trabalho é feito por ele.
festas do Pilar, não vivia no coco como a do Santa Rosa.
b) Não lhe tocara no assunto, mas teve vontade de tomar o Obs.: o agente da passiva geralmente é acompanhado da pre-
trem e ir valer-se do presidente. posição por, mas pode ocorrer a construção com a preposição de.
c) Um dia aquele Lula faria o mesmo com a sua filha, faria o Por exemplo: A casa ficou cercada de soldados.
mesmo com o engenho que ele fundara com o suor de seu rosto. - Pode acontecer ainda que o agente da passiva não esteja ex-
d) O oficial perguntou de onde vinha, e se não sabia notícias plícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
de Antônio Silvino.
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar (SER),
e) Era difícil para o ladrão procurar os engenhos da várzea, ou
meter-se para os lados de Goiana pois o particípio é invariável. Observe a transformação das frases
seguintes:
10. Em - “Há enganos que nos deleitam”, a oração grifada é: a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do indicativo)
a) substantiva subjetiva O trabalho foi feito por ele. (pretérito perfeito do indicativo)
b) substantiva objetiva direta
c) substantiva completiva nominal b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo)
d) substantiva apositiva O trabalho é feito por ele. (presente do indicativo)
e) adjetiva restritiva
c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente)
Respostas: (01-B) (02-E) (03-A) (04-D) (05-E) (06-B) (07-C) O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)
(08-E) (09-C) (10-E)
- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume o mes-
mo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. Observe a trans-
8. VOZES VERBAIS. formação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)

Vozes do Verbo Obs.: é menos frequente a construção da voz passiva analítica


com outros verbos que podem eventualmente funcionar como au-
Dá-se o nome de voz à forma assumida pelo verbo para indicar xiliares. Por exemplo: A moça ficou marcada pela doença.
se o sujeito gramatical é agente ou paciente da ação. São três as
vozes verbais: 2- Voz Passiva Sintética
- Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expres- A voz passiva sintética ou pronominal constrói-se com o verbo
sa pelo verbo. Por exemplo: na 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE. Por exemplo:
Ele fez o trabalho. Abriram-se as inscrições para o concurso.
sujeito agente ação objeto (paciente) Destruiu-se o velho prédio da escola.
Obs.: o agente não costuma vir expresso na voz passiva sin-
tética.

Didatismo e Conhecimento 75
PORTUGUÊS
Curiosidade: A palavra passivo possui a mesma raiz latina de Questões sobre Vozes dos Verbos
paixão (latim passio, passionis) e ambas se relacionam com o sig-
nificado sofrimento, padecimento. Daí vem o significado de voz 01. (COLÉGIO PEDRO II/RJ – ASSISTENTE EM ADMI-
passiva como sendo a voz que expressa a ação sofrida pelo sujeito. NISTRAÇÃO – AOCP/2010) Em “Os dados foram divulgados
Na voz passiva temos dois elementos que nem sempre aparecem: ontem pelo Instituto Sou da Paz.”, a expressão destacada é
SUJEITO PACIENTE e AGENTE DA PASSIVA. (A) adjunto adnominal.
(B) sujeito paciente.
Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva (C) objeto indireto.
(D) complemento nominal.
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancial- (E) agente da passiva.
mente o sentido da frase.
Gutenberg inventou a imprensa (Voz Ativa) 02. (FCC-COPERGÁS – Auxiliar Técnico Administrativo -
Sujeito da Ativa objeto Direto 2011) Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz. Transpondo-
-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal resultante será:
A imprensa foi inventada por Gutenberg (Voz Passiva) (A) era abatido.
Sujeito da Passiva Agente da Passiva (B) fora abatido.
(C) abatera-se.
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o sujeito (D) foi abatido.
da ativa passará a agente da passiva e o verbo ativo assumirá a (E) tinha abatido
forma passiva, conservando o mesmo tempo. Observe mais exem-
plos: 03. (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
- Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos. ... valores e princípios que sejam percebidos pela sociedade
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos mes- como tais.
tres. Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo passará a
- Eu o acompanharei. ser, corretamente,
Ele será acompanhado por mim. (A) perceba.
(B) foi percebido.
(C) tenham percebido.
Obs.: quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não
(D) devam perceber.
haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: Prejudica-
(E) estava percebendo.
ram-me. / Fui prejudicado.
04. (TJ/RJ – TÉCNICO DE ATIVIDADE JUDICIÁRIA SEM
Saiba que:
ESPECIALIDADE – FCC/2012) As ruas estavam ocupadas pela
- Aos verbos que não são ativos nem passivos ou reflexivos,
multidão...
são chamados neutros. A forma verbal resultante da transposição da frase acima para
O vinho é bom. a voz ativa é:
Aqui chove muito. (A) ocupava-se.
(B) ocupavam.
- Há formas passivas com sentido ativo: (C) ocupou.
É chegada a hora. (= Chegou a hora.) (D) ocupa.
Eu ainda não era nascido. (= Eu ainda não tinha nascido.) (E) ocupava.
És um homem lido e viajado. (= que leu e viajou)
05. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
- Inversamente, usamos formas ativas com sentido passivo: A frase que NÃO admite transposição para a voz passiva está em:
Há coisas difíceis de entender. (= serem entendidas) (A) Quando Rodolfo surgiu...
Mandou-o lançar na prisão. (= ser lançado) (B) ... adquiriu as impressoras...
(C) ... e sustentar, às vezes, família numerosa.
- Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sentido ci- (D) ... acolheu-o como patrono.
rúrgico) e vacinar-se são considerados passivos, logo o sujeito é (E) ... que montou [...] a primeira grande folhetaria do Recife ...
paciente.
Chamo-me Luís. 06. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
Batizei-me na Igreja do Carmo. FCC/2010) O engajamento moral e político não chegou a consti-
Operou-se de hérnia. tuir um deslocamento da atenção intelectual de Said ...
Vacinaram-se contra a gripe. Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma verbal
resultante é:
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54. a) se constituiu.
php b) chegou a ser constituído.
c) teria chegado a constituir.
d) chega a se constituir.
e) chegaria a ser constituído.

Didatismo e Conhecimento 76
PORTUGUÊS
07. (METRÔ/SP – TÉCNICO SISTEMAS METROVIÁRIOS 3-) ... valores e princípios que sejam percebidos pela socieda-
CIVIL – FCC/2014 - ADAPTADA) ...’sertanejo’ indicava indis- de como tais = dois verbos na voz passiva, então teremos um na
tintamente as músicas produzidas no interior do país... ativa: que a sociedade perceba os valores e princípios...
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma ver-
bal resultante será: 4-) As ruas estavam ocupadas pela multidão = dois verbos na
(A) vinham indicadas. passiva, um verbo na ativa:
(B) era indicado. A multidão ocupava as ruas.
(C) eram indicadas.
(D) tinha indicado. 5-)
(E) foi indicada. B = as impressoras foram adquiridas...
08. (GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – C = família numerosa é sustentada...
PROCON – AGENTE ADMINISTRATIVO – CEPERJ/2012 - D – foi acolhido como patrono...
adaptada) Um exemplo de construção na voz passiva está em:
(A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos” E – a primeira grande folhetaria do Recife foi montada...
(B) “o consumidor pode solicitar a devolução do dinheiro” 6-) O engajamento moral e político não chegou a constituir um
(C) “enviar o brinquedo por sedex” deslocamento da atenção intelectual de Said = dois verbos na voz
(D) “A empresa também é obrigada pelo Código de Defesa do ativa, mas com presença de preposição e, um deles, no infinitivo,
Consumidor” então o verbo auxiliar “ser” ficará no infinitivo (na voz passiva) e o
(E) “A empresa fez campanha para recolher” verbo principal (constituir) ficará no particípio: Um deslocamento
da atenção intelectual de Said não chegou a ser constituído pelo
09. (METRÔ/SP –SECRETÁRIA PLENO – FCC/2010) engajamento...
Transpondo-se para a voz passiva a construção Mais tarde vim
a entender a tradução completa, a forma verbal resultante será: 7-)’sertanejo’ indicava indistintamente as músicas produzidas
(A) veio a ser entendida. no interior do país.
(B) teria entendido. As músicas produzidas no país eram indicadas pelo sertanejo,
(C) fora entendida. indistintamente.
(D) terá sido entendida.
(E) tê-la-ia entendido. 8-)
(A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos” = voz ativa
10. (INFRAERO – CADASTRO RESERVA OPERACIO- (B) “o consumidor pode solicitar a devolução do dinheiro” =
NAL PROFISSIONAL DE TRÁFEGO AÉREO – FCC/2011 - voz ativa
ADAPTADA) (C) “enviar o brinquedo por sedex” = voz ativa
... ele empreende, de maneira quase clandestina, a série Mu- (D) “A empresa também é obrigada pelo Código de Defesa do
lheres. Consumidor” = voz passiva
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma ver- (E) “A empresa fez campanha para recolher” = voz ativa
bal resultante será:
(A) foi empreendida. 9-)Mais tarde vim a entender a tradução completa...
(B) são empreendidos. A tradução completa veio a ser entendida por mim.
(C) foi empreendido.
(D) é empreendida. 10-) ele empreende, de maneira quase clandestina, a série Mu-
(E) são empreendidas. lheres.
A série de mulheres é empreendida por ele, de maneira quase
GABARITO clandestina.

01. E 02. D 03. A 04. E 05. A


06. B 07. C 08. D 09. A 10. D
9. EMPREGO DO ACENTO
RESOLUÇÃO
INDICATIVO DA CRASE.

1-) No enunciado temos uma oração com a voz passiva do ver-


bo. Transformando-a em ativa, teremos: “O Instituto Sou da Paz
divulgou dados”. Nessa, “Instituto Sou da Paz” funciona como Crase
sujeito da oração, ou seja, na passiva sua função é a de agente da
passiva. O sujeito paciente é “os dados”. Crase é a superposição de dois “a”, geralmente a preposição
“a” e o artigo a(s), podendo ser também a preposição “a” e o pro-
2-) Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz. = Ele foi nome demonstrativo a(s) ou a preposição “a” e o “a” inicial dos
abatido... pronomes demonstrativos aqueles(s), aquela(s) e aquilo. Essa su-
perposição é marcada por um acento grave (`).

Didatismo e Conhecimento 77
PORTUGUÊS
Assim, em vez de escrevermos “entregamos a mercadoria a a - Com expressões repetitivas: Tomamos o remédio gota a
vendedora”, “esta blusa é igual a a que compraste” ou “eles deve- gota; Enfrentaram-se cara a cara.
riam ter comparecido a aquela festa”, devemos sobrepor os dois
“a” e indicar esse fato com um acento grave: “Entregamos a mer- - Com expressões tomadas de maneira indeterminada: O
cadoria à vendedora”. “Esta blusa é igual à que compraste”. “Eles doente foi submetido a dieta leve (no masc. = foi submetido a
deveriam ter comparecido àquela festa.” repouso, a tratamento prolongado, etc.); Prefiro terninho a saia e
O acento grave que aparece sobre o “a” não constitui, pois, a blusa (no masc. = prefiro terninho a vestido).
crase, mas é um mero sinal gráfico que indica ter havido a união
de dois “a” (crase). - Antes de pronome interrogativo, não ocorre crase: A que
Para haver crase, é indispensável a presença da preposição artista te referes?
“a”, que é um problema de regência. Por isso, quanto mais conhe-
cer a regência de certos verbos e nomes, mais fácil será para ele ter - Na expressão valer a pena (no sentido de valer o sacrifício,
o domínio sobre a crase. o esforço), não ocorre crase, pois o “a” é artigo definido: Paro-
diando Fernando Pessoa, tudo vale a pena quando a alma não é
Não existe Crase pequena...

- Antes de palavra masculina: Chegou a tempo ao trabalho; A Crase é Facultativa


Vieram a pé; Vende-se a prazo.
- Antes de nomes próprios feminino: Enviamos um telegrama
à Marisa; Enviamos um telegrama a Marisa. Em português, antes
- Antes de verbo: Ficamos a admirá-los; Ele começou a ter
de um nome de pessoa, pode-se ou não empregar o artigo “a” (“A
alucinações.
Marisa é uma boa menina”. Ou “Marisa é uma boa menina”). Por
isso, mesmo que a preposição esteja presente, a crase é facultati-
- Antes de artigo indefinido: Levamos a mercadoria a uma va. Quando o nome próprio feminino vier acompanhado de uma
firma; Refiro-me a uma pessoa educada. expressão que o determine, haverá crase porque o artigo definido
estará presente. Dedico esta canção à Candinha do Major Queve-
- Antes de expressão de tratamento introduzida pelos prono- do. [A (artigo) Candinha do Major Quevedo é fanática por seresta.]
mes possessivos Vossa ou Sua ou ainda da expressão Você, forma
reduzida de Vossa Mercê: Enviei dois ofícios a Vossa Senhoria; - Antes de pronome adjetivo possessivo feminino singular:
Traremos a Sua Majestade, o rei Hubertus, uma mensagem de paz; Pediu informações à minha secretária; Pediu informações a minha
Eles queriam oferecer flores a você. secretária. A explicação é idêntica à do item anterior: o pronome
adjetivo possessivo aceita artigo, mas não o exige (“Minha secre-
- Antes dos pronomes demonstrativos esta e essa: Não me tária é exigente.” Ou: “A minha secretária é exigente”). Portanto,
refiro a esta carta; Os críticos não deram importância a essa obra. mesmo com a presença da preposição, a crase é facultativa.

- Antes dos pronomes pessoais: Nada revelei a ela; Dirigiu-se - Com o pronome substantivo possessivo feminino singular,
a mim com ironia. o uso de acento indicativo de crase não é facultativo (conforme o
caso, será proibido ou obrigatório): A minha cidade é melhor que a
tua. O acento indicativo de crase é proibido porque, no masculino,
- Antes dos pronomes indefinidos com exceção de outra: Di-
ficaria assim: O meu sítio é melhor que o teu (não há preposição,
rei isso a qualquer pessoa; A entrada é vedada a toda pessoa estra-
apenas o artigo definido). Esta gravura é semelhante à nossa. O
nha. Com o pronome indefinido outra(s), pode haver crase porque acento indicativo de crase é obrigatório porque, no masculino, fi-
ele, às vezes, aceita o artigo definido a(s): As cartas estavam co- caria assim: Este quadro é semelhante ao nosso (presença de pre-
locadas umas às outras (no masculino, ficaria “os cartões estavam posição + artigo definido).
colocados uns aos outros”).
Casos Especiais
- Quando o “a” estiver no singular e a palavra seguinte esti-
ver no plural: Falei a vendedoras desta firma; Refiro-me a pessoas - Nomes de localidades: Dentre as localidades, há as que ad-
curiosas. mitem artigo antes de si e as que não o admitem. Por aí se deduz
que, diante das primeiras, desde que comprovada a presença de
- Quando, antes do “a”, existir preposição: Ela compareceu preposição, pode ocorrer crase; diante das segundas, não. Para se
perante a direção da empresa; Os papéis estavam sob a mesa. Ex- saber se o nome de uma localidade aceita artigo, deve-se substituir
ceção feita, às vezes, para até, por motivo de clareza: A água inun- o verbo da frase pelos verbos estar ou vir. Se ocorrer a combinação
dou a rua até à casa de Maria (= a água chegou perto da casa); se “na” com o verbo estar ou “da” com o verbo vir, haverá crase com
não houvesse o sinal da crase, o sentido ficaria ambíguo: a água o “a” da frase original. Se ocorrer “em” ou “de”, não haverá crase:
Enviou seus representantes à Paraíba (estou na Paraíba; vim da Pa-
inundou a rua até a casa de Maria (= inundou inclusive a casa). raíba); O avião dirigia-se a Santa Catarina (estou em Santa Catari-
Quando até significa “perto de”, é preposição; quando significa na; vim de Santa Catarina); Pretendo ir à Europa (estou na Europa;
“inclusive”, é partícula de inclusão. vim da Europa). Os nomes de localidades que não admitem artigo

Didatismo e Conhecimento 78
PORTUGUÊS
passarão a admiti-lo, quando vierem determinados. Porto Alegre refiro precisa de empregados. (O escritório a que me refiro precisa
indeterminadamente não aceita artigo: Vou a Porto Alegre (estou de empregados.); A carreira à qual aspiro é almejada por muitos.
em Porto Alegre; vim de Porto Alegre); Mas, acompanhando-se de (O trabalho ao qual aspiro é almejado por muitos.). Na passagem
uma expressão que a determine, passará a admiti-lo: Vou à grande do antecedente para o masculino, o pronome relativo não pode ser
Porto Alegre (estou na grande Porto Alegre; vim da grande Porto substituído, sob pena de falsear o resultado: A festa a que compa-
Alegre); Iríamos a Madri para ficar três dias; Iríamos à Madri das reci estava linda (no masculino = o baile a que compareci estava
touradas para ficar três dias. lindo). Como se viu, substituímos festa por baile, mas o pronome
relativo que não foi substituído por nenhum outro (o qual etc.).
- Pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo:
quando a preposição “a” surge diante desses demonstrativos, deve- A Crase é Obrigatória
mos sobrepor essa preposição à primeira letra dos demonstrativos
e indicar o fenômeno mediante um acento grave: Enviei convi- - Sempre haverá crase em locuções prepositivas, locuções
tes àquela sociedade (= a + aquela); A solução não se relaciona adverbiais ou locuções conjuntivas que tenham como núcleo um
àqueles problemas (= a + aqueles); Não dei atenção àquilo (= a + substantivo feminino: à queima-roupa, à maneira de, às cegas, à
aquilo). A simples interpretação da frase já nos faz concluir se o noite, às tontas, à força de, às vezes, às escuras, à medida que, às
“a” inicial do demonstrativo é simples ou duplo. Entretanto, para pressas, à custa de, à vontade (de), à moda de, às mil maravilhas,
maior segurança, podemos usar o seguinte artifício: Substituir os à tarde, às oito horas, às dezesseis horas, etc. É bom não confundir
demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo pelos demonstrativos a locução adverbial às vezes com a expressão fazer as vezes de,
este(s), esta(s), isto, respectivamente. Se, antes destes últimos, sur- em que não há crase porque o “as” é artigo definido puro: Ele se
gir a preposição “a”, estará comprovada a hipótese do acento de aborrece às vezes (= ele se aborrece de vez em quando); Quando
crase sobre o “a” inicial dos pronomes aquele(s), aquela(s), aquilo. o maestro falta ao ensaio, o violinista faz as vezes de regente (= o
Se não surgir a preposição “a”, estará negada a hipótese de crase. violinista substitui o maestro).
Enviei cartas àquela empresa./ Enviei cartas a esta empresa; A so-
lução não se relaciona àqueles problemas./ A solução não se rela- - Sempre haverá crase em locuções que exprimem hora de-
ciona a estes problemas; Não dei atenção àquilo./ Não dei atenção terminada: Ele saiu às treze horas e trinta minutos; Chegamos à
a isto; A solução era aquela apresentada ontem./ A solução era esta uma hora. Cuidado para não confundir a, à e há com a expressão
apresentada ontem. uma hora: Disseram-me que, daqui a uma hora, Teresa telefonará
de São Paulo (= faltam 60 minutos para o telefonema de Teresa);
- Palavra “casa”: quando a expressão casa significa “lar”, Paula saiu daqui à uma hora; duas horas depois, já tinha mudado
“domicílio” e não vem acompanhada de adjetivo ou locução ad- todos os seus planos (= quando ela saiu, o relógio marcava 1 hora);
jetiva, não há crase: Chegamos alegres a casa; Assim que saiu do Pedro saiu daqui há uma hora (= faz 60 minutos que ele saiu).
escritório, dirigiu-se a casa; Iremos a casa à noitinha. Mas, se a
palavra casa estiver modificada por adjetivo ou locução adjetiva, - Quando a expressão “à moda de” (ou “à maneira de”) es-
então haverá crase: Levaram-me à casa de Lúcia; Dirigiram-se à tiver subentendida: Nesse caso, mesmo que a palavra subsequente
casa das máquinas; Iremos à encantadora casa de campo da família seja masculina, haverá crase: No banquete, serviram lagosta à Ter-
Sousa. midor; Nos anos 60, as mulheres se apaixonavam por homens que
tinham olhos à Alain Delon.
- Palavra “terra”: Não há crase, quando a palavra terra sig-
nifica o oposto a “mar”, “ar” ou “bordo”: Os marinheiros ficaram - Quando as expressões “rua”, “loja”, “estação de rádio”,
felizes, pois resolveram ir a terra; Os astronautas desceram a terra etc. estiverem subentendidas: Dirigiu-se à Marechal Floriano (=
na hora prevista. Há crase, quando a palavra significa “solo”, “pla- dirigiu-se à Rua Marechal Floriano); Fomos à Renner (fomos à
neta” ou “lugar onde a pessoa nasceu”: O colono dedicou à terra loja Renner); Telefonem à Guaíba (= telefonem à rádio Guaíba).
os melhores anos de sua vida; Voltei à terra onde nasci; Viriam à
Terra os marcianos? - Quando está implícita uma palavra feminina: Esta religião
é semelhante à dos hindus (= à religião dos hindus).
- Palavra “distância”: Não se usa crase diante da palavra dis-
tância, a menos que se trate de distância determinada: Via-se um - Não confundir devido com dado (a, os, as): a primeira ex-
monstro marinho à distância de quinhentos metros; Estávamos à pressão pede preposição “a”, havendo crase antes de palavra fe-
distância de dois quilômetros do sítio, quando aconteceu o aci- minina determinada pelo artigo definido. Devido à discussão de
dente. Mas: A distância, via-se um barco pesqueiro; Olhava-nos ontem, houve um mal-estar no ambiente (= devido ao barulho de
a distância. ontem, houve...); A segunda expressão não aceita preposição “a”
(o “a” que aparece é artigo definido, não havendo, pois, crase):
- Pronome Relativo: Todo pronome relativo tem um subs- Dada a questão primordial envolvendo tal fato (= dado o proble-
tantivo (expresso ou implícito) como antecedente. Para saber se ma primordial...); Dadas as respostas, o aluno conferiu a prova (=
existe crase ou não diante de um pronome relativo, deve-se subs- dados os resultados...).
tituir esse antecedente por um substantivo masculino. Se o “a” se
transforma em “ao”, há crase diante do relativo. Mas, se o “a” Excluída a hipótese de se tratar de qualquer um dos casos
permanece inalterado ou se transforma em “o”, então não há crase: anteriores, devemos substituir a palavra feminina por outra mas-
é preposição pura ou pronome demonstrativo: A fábrica a que me culina da mesma função sintática. Se ocorrer “ao” no masculino,

Didatismo e Conhecimento 79
PORTUGUÊS
haverá crase no “a” do feminino. Se ocorrer “a” ou “o” no masculi- 07. “A casa fica ___ direita de quem sobe a rua, __ duas qua-
no, não haverá crase no “a” do feminino. O problema, para muitos, dras da Avenida Central”.
consiste em descobrir o masculino de certas palavras como “con- a) à - há
clusão”, “vezes”, “certeza”, “morte”, etc. É necessário então frisar b) a - à
que não há necessidade alguma de que a palavra masculina tenha c) a - há
qualquer relação de sentido com a palavra feminina: deve apenas d) à - a
ter a mesma função sintática: Fomos à cidade comprar carne. (ao e) à - à
supermercado); Pedimos um favor à diretora. (ao diretor); Muitos
são incensíveis à dor alheia. (ao sofrimento); Os empregados dei- 08. “O grupo obedece ___ comando de um pernambucano,
xam a fábrica. (o escritório); O perfume cheira a rosa. (a cravo); O radicado __ tempos em São Paulo, e se exibe diariamente ___ hora
professor chamou a aluna. (o aluno). do almoço”.
a) o - à - a
Exercícios b) ao - há - à
c) ao - a - a
d) o - há - a
01. A crase não é admissível em:
e) o - a - a
a) Comprou a crédito.
b) Vou a casa de Maria. 09. “Nesta oportunidade, volto ___ referir-me ___ problemas
c) Fui a Bahia. já expostos __ V.Sª __ alguns dias”.
d) Cheguei as doze horas. a) à - àqueles - a - há
e) A sentença foi favorável a ré. b) a - àqueles - a - há
c) a - aqueles - à - a
02. Assinale a opção em que falta o acento de crase: d) à - àqueles - a - a
a) O ônibus vai chegar as cinco horas. e) a - aqueles - à - há
b) Os policiais chegarão a qualquer momento.
c) Não sei como responder a essa pergunta. 10. Assinale a frase gramaticalmente correta:
d) Não cheguei a nenhuma conclusão. a) O Papa caminhava à passo firme.
b) Dirigiu-se ao tribunal disposto à falar ao juiz.
03. Assinale a alternativa correta: c) Chegou à noite, precisamente as dez horas.
a) O ministro não se prendia à nenhuma dificuldade burocrática. d) Esta é a casa à qual me referi ontem às pressas.
b) O presidente ia a pé, mas a guarda oficial ia à cavalo. e) Ora aspirava a isto, ora aquilo, ora a nada.
c) Ouviu-se uma voz igual à que nos chamara anteriormente.
d) Solicito à V. Exa. que reconheça os obstáculos que estamos 11. O Ministro informou que iria resistir __ pressões contrá-
enfrentando. rias __ modificações relativas __ aquisição da casa própria.
a) às - àquelas - à
04. Marque a alternativa correta quanto ao acento indicativo b) as - aquelas - a
da crase: c) às - àquelas - a
a) A cidade à que me refiro situa-se em plena floresta, a algu- d) às - aquelas - à
mas horas de Manaus. e) as - àquelas - à
b) De hoje à duas semanas estaremos longe, a muitos quilô-
12. A alusão ___ lembranças da casa materna trazia ___ tona
metros daqui, a gozar nossas merecidas férias.
uma vivência ___ qual já havia renunciado.
c) As amostras que servirão de base a nossa pesquisa estão há
a) às - a - a
muito tempo à disposição de todos. b) as - à - há
d) À qualquer distância percebia-se que, à falta de cuidados, a c) as - a - à
lavoura amarelecia e murchava. d) às - à - à
e) às - a - há
05. Em qual das alternativas o uso do acento indicativo de
crase é facultativo? 13. Use a chave ao sair ou entrar ___ 20 horas.
a) Minhas idéias são semelhantes às suas. a) após às
b) Ele tem um estilo à Eça de Queiroz. b) após as
c) Dei um presente à Mariana. c) após das
d) Fizemos alusão à mesma teoria. d) após a
e) Cortou o cabelo à Gal Costa. e) após à

06. “O pobre fica ___ meditar, ___ tarde, indiferente ___ que 14. ___ dias não se consegue chegar ___ nenhuma das locali-
acontece ao seu redor”. dades ___ que os socorros se destinam.
a) à - a - aquilo a) Há - à - a
b) a - a - àquilo b) A - a - a
c) a - à - àquilo c) À - à - a
d) à - à - aquilo d) Há - a - a
e) à - à - àquilo e) À - a - a

Didatismo e Conhecimento 80
PORTUGUÊS
15. Fique __ vontade; estou ___ seu inteiro dispor para ouvir - No masculino plural:
o que tem ___ dizer. “Tinha as espáduas e o colo feitos de encomenda para os ves-
a) a - à – a tidos decotados.” (Machado de Assis)
b) à - a – a “Os arreios e as bagagens espalhados no chão, em roda.”
c) à - à – a (Herman Lima)
d) à - à – à “Ainda assim, apareci com o rosto e as mãos muito marca-
e) a - a - a dos.” (Carlos Povina Cavalcânti)
“...grande número de camareiros e camareiras nativos.” (Éri-
Respostas: (1-A) (2-A) (3-C) (4-C) co Veríssimo)

a – é facultativo o uso de crase antes de pronome adjetivo - Com o substantivo mais próximo:
possessivo feminino singular (nossa). A Marinha e o Exército brasileiro estavam alerta.
à - Sempre haverá crase em locuções prepositivas, locuções Músicos e bailarinas ciganas animavam a festa.
adverbiais ou locuções conjuntivas que tenham como núcleo um “...toda ela (a casa) cheirando ainda a cal, a tinta e a barro
substantivo feminino (à disposição). fresco.” (Humberto de Campos)
“Meu primo estava saudoso dos tempos da infância e falava
(5-C) (6-C) (7-D) (8-B) (9-B) (10-D) (11-A) (12-D) (13-B) dos irmãos e irmãs falecidas.” (Luís Henrique Tavares)
- Anteposto aos substantivos, o adjetivo concorda, em geral,
(14-D) (15-B)
com o mais próximo:
“Escolhestes mau lugar e hora...” (Alexandre Herculano)
“...acerca do possível ladrão ou ladrões.” (Antônio Calado)
10. CONCORDÂNCIAS VERBAL E NOMINAL. Velhas revistas e livros enchiam as prateleiras.
Velhos livros e revistas enchiam as prateleiras.

Seguem esta regra os pronomes adjetivos: A sua idade, sexo e


profissão.; Seus planos e tentativas.; Aqueles vícios e ambições.;
Concordância Por que tanto ódio e perversidade?; “Seu Príncipe e filhos”. Mui-
tas vezes é facultativa a escolha desta ou daquela concordância,
A concordância consiste no mecanismo que leva as palavras mas em todos os casos deve subordinar-se às exigências da eufo-
nia, da clareza e do bom gosto.
a adequarem-se umas às outras harmonicamente na construção
frasal. É o princípio sintático segundo o qual as palavras depen- - Quando dois ou mais adjetivos se referem ao mesmo subs-
dentes se harmonizam, nas suas flexões, com as palavras de que tantivo determinado pelo artigo, ocorrem dois tipos de constru-
dependem. ção, um e outro legítimos. Exemplos:
“Concordar” significa “estar de acordo com”. Assim, na con- Estudo as línguas inglesa e francesa.
cordância, tanto nominal quanto verbal, os elementos que com- Estudo a língua inglesa e a francesa.
põem a frase devem estar em consonância uns com os outros. Os dedos indicador e médio estavam feridos.
Essa concordância poderá ser feita de duas formas: grama- O dedo indicador e o médio estavam feridos.
tical ou lógica (segue os padrões gramaticais vigentes); atrativa
ou ideológica (dá ênfase a apenas um dos vários elementos, com - Os adjetivos regidos da preposição de, que se referem a
pronomes neutros indefinidos (nada, muito, algo, tanto, que,
valor estilístico).
etc.), normalmente ficam no masculino singular:
Sua vida nada tem de misterioso.
Concordância Nominal: adequação entre o substantivo e os Seus olhos têm algo de sedutor.
elementos que a ele se referem (artigo, pronome, adjetivo). Todavia, por atração, podem esses adjetivos concordar com o
Concordância Verbal: variação do verbo, conformando-se ao substantivo (ou pronome) sujeito:
número e à pessoa do sujeito. “Elas nada tinham de ingênuas.” (José Gualda Dantas)

Concordância Nominal Concordância do adjetivo predicativo com o sujeito: a con-


cordância do adjetivo predicativo com o sujeito realiza-se con-
Concordância do adjetivo adjunto adnominal: a concordân- soante as seguintes normas:
cia do adjetivo, com a função de adjunto adnominal, efetua-se de
- O predicativo concorda em gênero e número com o sujeito
acordo com as seguintes regras gerais: simples:
O adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo A ciência sem consciência é desastrosa.
a que se refere. Exemplo: O alto ipê cobre-se de flores amarelas. Os campos estavam floridos, as colheitas seriam fartas.
O adjetivo que se refere a mais de um substantivo de gênero É proibida a caça nesta reserva.
ou número diferentes, quando posposto, poderá concordar no mas- - Quando o sujeito é composto e constituído por substantivos
culino plural (concordância mais aconselhada), ou com o substan- do mesmo gênero, o predicativo deve concordar no plural e no
tivo mais próximo. Exemplo: gênero deles:

Didatismo e Conhecimento 81
PORTUGUÊS
O mar e o céu estavam serenos. - Quando o objeto é composto e constituído por elementos
A ciência e a virtude são necessárias. do mesmo gênero, o adjetivo se flexiona no plural e no gênero
“Torvos e ferozes eram o gesto e os meneios destes homens dos elementos:
sem disciplina,” (Alexandre Herculano) A justiça declarou criminosos o empresário e seus auxiliares.
Deixe bem fechadas a porta e as janelas.
- Sendo o sujeito composto e constituído por substantivos de
gêneros diversos, o predicativo concordará no masculino plural: - Sendo o objeto composto e formado de elementos de gênero
O vale e a montanha são frescos. diversos, o adjetivo predicativo concordará no masculino plural:
“O céu e as árvores ficariam assombrados.” (Machado de Tomei emprestados a régua e o compasso.
Achei muito simpáticos o príncipe e sua filha.
Assis)
“Vi setas e carcás espedaçados”. (Gonçalves Dias)
Longos eram os dias e as noites para o prisioneiro. Encontrei jogados no chão o álbum e as cartas.
“O César e a irmã são louros.” (Antônio Olinto)
- Se anteposto ao objeto, poderá o predicativo, neste caso,
- Se o sujeito for representado por um pronome de tratamen- concordar com o núcleo mais próximo:
to, a concordância se efetua com o sexo da pessoa a quem nos É preciso que se mantenham limpas as ruas e os jardins.
referimos: Segue as mesmas regras o predicativo expresso pelos subs-
Vossa Senhoria ficará satisfeito, eu lhe garanto. tantivos variáveis em gênero e número: Temiam que as tomassem
“Vossa Excelência está enganado, Doutor Juiz.” (Ariano por malfeitoras; Considero autores do crime o comerciante e sua
Suassuna) empregada.
Vossas Excelências, senhores Ministros, são merecedores de
nossa confiança. Concordância do particípio passivo: Na voz passiva, o par-
Vossa Alteza foi bondoso. (com referência a um príncipe) ticípio concorda em gênero e número com o sujeito, como os ad-
O predicativo aparece às vezes na forma do masculino singu- jetivos:
lar nas estereotipadas locuções é bom, é necessário, é preciso, etc., Foi escolhida a rainha da festa.
embora o sujeito seja substantivo feminino ou plural: Foi feita a entrega dos convites.
Bebida alcoólica não é bom para o fígado. Os jogadores tinham sido convocados.
O governo avisa que não serão permitidas invasões de pro-
“Água de melissa é muito bom.” (Machado de Assis)
priedades.
“É preciso cautela com semelhantes doutrinas.” (Camilo Cas-
telo Branco) Quando o núcleo do sujeito é, como no último exemplo, um
“Hormônios, às refeições, não é mau.” (Aníbal Machado) coletivo numérico, pode-se, em geral, efetuar a concordância com
o substantivo que o acompanha: Centenas de rapazes foram vis-
Observe-se que em tais casos o sujeito não vem determinado tos pedalando nas ruas; Dezenas de soldados foram feridos em
pelo artigo e a concordância se faz não com a forma gramatical da combate.
palavra, mas com o fato que se tem em mente: Referindo-se a dois ou mais substantivos de gênero diferen-
Tomar hormônios às refeições não é mau. tes, o particípio concordará no masculino plural: Atingidos por
É necessário ter muita fé. mísseis, a corveta e o navio foram a pique; “Mas achei natural que
o clube e suas ilusões fossem leiloados.” (Carlos Drummond de
Havendo determinação do sujeito, ou sendo preciso realçar o Andrade)
predicativo, efetua-se a concordância normalmente:
É necessária a tua presença aqui. (= indispensável) Concordância do pronome com o nome:
“Se eram necessárias obras, que se fizessem e largamente.”
(Eça de Queirós) - O pronome, quando se flexiona, concorda em gênero e nú-
“Seriam precisos outros três homens.” (Aníbal Machado) mero com o substantivo a que se refere:
“São precisos também os nomes dos admiradores.” (Carlos “Martim quebrou um ramo de murta, a folha da tristeza, e
deitou-o no jazido de sua esposa”. (José de Alencar)
de Laet)
“O velho abriu as pálpebras e cerrou-as logo.” (José de Alencar)
Concordância do predicativo com o objeto: A concordância - O pronome que se refere a dois ou mais substantivos de gê-
do adjetivo predicativo com o objeto direto ou indireto subordina- neros diferentes, flexiona-se no masculino plural:
se às seguintes regras gerais: “Salas e coração habita-os a saudade”” (Alberto de Oliveira)
“A generosidade, o esforço e o amor, ensinaste-os tu em toda
- O adjetivo concorda em gênero e número com o objeto a sua sublimidade.” (Alexandre Herculano)
quando este é simples: Conheci naquela escola ótimos rapazes e moças, com os quais
Vi ancorados na baía os navios petrolíferos. fiz boas amizades.
“Olhou para suas terras e viu-as incultas e maninhas.” (Car- “Referi-me à catedral de Notre-Dame e ao Vesúvio familiar-
los de Laet) mente, como se os tivesse visto.” (Graciliano Ramos)
O tribunal qualificou de ilegais as nomeações do ex-prefeito. Os substantivos sendo sinônimos, o pronome concorda com
A noite torna visíveis os astros no céu límpido. o mais próximo: “Ó mortais, que cegueira e desatino é o nosso!”
(Manuel Bernardes)

Didatismo e Conhecimento 82
PORTUGUÊS
- Os pronomes um... outro, quando se referem a substantivos Como se vê dos exemplos citados, há nítida tendência, no
de gênero diferentes, concordam no masculino: português de hoje, para se usar, neste caso, o adjetivo possível no
Marido e mulher viviam em boa harmonia e ajudavam-se um plural. O singular é de rigor quando a expressão superlativa inicia
ao outro. com a partícula o (o mais, o menos, o maior, o menor, etc.)
“Repousavam bem perto um do outro a matéria e o espíri- Os prédios devem ficar o mais afastados possível.
to.” (Alexandre Herculano) Ele trazia sempre as unhas o mais bem aparadas possível.
Nito e Sônia casaram cedo: um por amor, o outro, por interesse. O médico atendeu o maior número de pacientes possível.

A locução um e outro, referida a indivíduos de sexos diferen- - Adjetivos adverbiados. Certos adjetivos, como sério, claro,
tes, permanece também no masculino: “A mulher do colchoeiro caro, barato, alto, raro, etc., quando usados com a função de advér-
escovou-lhe o chapéu; e, quando ele [Rubião] saiu, um e outro bios terminados em – mente, ficam invariáveis:
agradeceram-lhe muito o benefício da salvação do filho.” (Macha- Vamos falar sério. [sério = seriamente]
do de Assis) Penso que falei bem claro, disse a secretária.
Esses produtos passam a custar mais caro. [ou mais barato]
O substantivo que se segue às locuções um e outro e nem ou- Estas aves voam alto. [ou baixo]
tro fica no singular. Exemplos: Um e outro livro me agradaram;
Nem um nem outro livro me agradaram. Junto e direto ora funcionam como adjetivos, ora como ad-
vérbios:
Outros casos de concordância nominal: Registramos aqui “Jorge e Dante saltaram juntos do carro.” (José Louzeiro)
alguns casos especiais de concordância nominal: “Era como se tivessem estado juntos na véspera.” (Autram
Dourado).
- Anexo, incluso, leso. Como adjetivos, concordam com o
“Elas moram junto há algum tempo.” (José Gualda Dantas)
substantivo em gênero e número:
“Foram direto ao galpão do engenheiro-chefe.” (Josué Gui-
Anexa à presente, vai a relação das mercadorias.
marães)
Vão anexos os pareceres das comissões técnicas.
Remeto-lhe, anexas, duas cópias do contrato.
Remeto-lhe, inclusa, uma fotocópia do recibo. - Todo. No sentido de inteiramente, completamente, costuma-
Os crimes de lesa-majestade eram punidos com a morte. se flexionar, embora seja advérbio:
Ajudar esses espiões seria crime de lesa-pátria. Esses índios andam todos nus.
Geou durante a noite e a planície ficou toda (ou todo) branca.
Observação: Evite a locução espúria em anexo. As meninas iam todas de branco.
A casinha ficava sob duas mangueiras, que a cobriam toda.
- A olhos vistos. Locução adverbial invariável. Significa visi-
velmente. Mas admite-se também a forma invariável:
“Lúcia emagrecia a olhos vistos”. (Coelho Neto) Fiquei com os cabelos todo sujos de terá.
“Zito envelhecia a olhos vistos.” (Autren Dourado) Suas mãos estavam todo ensangüentadas.

- Só. Como adjetivo, só [sozinho, único] concorda em número - Alerta. Pela sua origem, alerta (=atentamente, de prontidão,
com o substantivo. Como palavra denotativa de limitação, equiva- em estado de vigilância) é advérbio e, portanto, invariável:
lente de apenas, somente, é invariável. Estamos alerta.
Eles estavam sós, na sala iluminada. Os soldados ficaram alerta.
Esses dois livros, por si sós, bastariam para torná-los célebre. “Todos os sentidos alerta funcionam.” (Carlos Drummond de
Elas só passeiam de carro. Andrade)
Só eles estavam na sala. “Os brasileiros não podem deixar de estar sempre alerta.”
(Martins de Aguiar)
Forma a locução a sós [=sem mais companhia, sozinho]: Es-
távamos a sós. Jesus despediu a multidão e subiu ao monte para Contudo, esta palavra é, atualmente, sentida antes como adje-
orar a sós. tivo, sendo, por isso, flexionada no plural:
Nossos chefes estão alertas. (=vigilantes)
- Possível. Usado em expressões superlativas, este adjetivo
Papa diz aos cristãos que se mantenham alertas.
ora aparece invariável, ora flexionado:
“Uma sentinela de guarda, olhos abertos e sentidos alertas, es-
“A volta, esperava-nos sempre o almoço com os pratos mais
perando pelo desconhecido...” (Assis Brasil, Os Crocodilos, p. 25)
requintados possível.” (Maria Helena Cardoso)
“Estas frutas são as mais saborosas possível.” (Carlos Góis)
- Meio. Usada como advérbio, no sentido de um pouco, esta
“A mania de Alice era colecionar os enfeites de louça mais palavra é invariável. Exemplos:
grotescos possíveis.” (ledo Ivo) A porta estava meio aberta.
“... e o resultado obtido foi uma apresentação com movimen- As meninas ficaram meio nervosas.
tos os mais espontâneos possíveis.” (Ronaldo Miranda) Os sapatos eram meio velhos, mas serviam.

Didatismo e Conhecimento 83
PORTUGUÊS
- Bastante. Varia quando adjetivo, sinônimo de suficiente: 05. Reescrever as frases abaixo, corrigindo-as quando neces-
Não havia provas bastantes para condenar o réu. sário.
Duas malas não eram bastantes para as roupas da atriz. a) “Recebei, Vossa Excelência, os processos de nossa estima,
pois não podem haver cidadãos conscientes sem educação.”
Fica invariável quando advérbio, caso em que modifica um b) “Os projetos que me enviaram estão em ordem; devolvê-los-
adjetivo: -ei ainda hoje, conforme lhes prometi.”
As cordas eram bastante fortes para sustentar o peso.
Os emissários voltaram bastante otimistas. 06. Como no exercício anterior.
“Levi está inquieto com a economia do Brasil. Vê que se apro- a) “Ele informou aos colegas de que havia perdido os docu-
ximam dias bastante escuros.” (Austregésilo de Ataíde) mentos cuja originalidade duvidamos.”
b) “Depois de assistir algumas aulas, eu preferia mais ficar no
- Menos. É palavra invariável: pátio do que continuar dentro da classe.”
Gaste menos água.
07. A frase em que a concordância nominal está correta é:
À noite, há menos pessoas na praça.
a) A vasta plantação e a casa grande caiados há pouco tempo
era o melhor sinal de prosperidade da família.
Exercícios
b) Eles, com ar entristecidos, dirigiram-se ao salão onde se
encontravam as vítimas do acidente.
01. Assinale a frase que encerra um erro de concordância no- c) Não lhe pareciam útil aquelas plantas esquisitas que ele cul-
minal: tivava na sua pacata e linda chácara do interior.
a) Estavam abandonadas a casa, o templo e a vila. d) Quando foi encontrado, ele apresentava feridos a perna e o
b) Ela chegou com o rosto e as mãos feridas. braço direitos, mas estava totalmente lúcido.
c) Decorrido um ano e alguns meses, lá voltamos. e) Esses livro e caderno não são meus, mas poderão ser impor-
d) Decorridos um ano e alguns meses, lá voltamos. tante para a pesquisa que estou fazendo.
e) Ela comprou dois vestidos cinza.
08. Assinale a alternativa em que, pluralizando-se a frase, as
02. Enumere a segunda coluna pela primeira (adjetivo pos- palavras destacadas permanecem invariáveis:
posto): a) Este é o meio mais exato para você resolver o problema:
(1) velhos estude só.
(2) velhas b) Meia palavra, meio tom - índice de sua sensatez.
( ) camisa e calça. c) Estava só naquela ocasião; acreditei, pois em sua meia pro-
( ) chapéu e calça. messa.
( ) calça e chapéu. d) Passei muito inverno só.
( ) chapéu e paletó. e) Só estudei o elementar, o que me deixa meio apreensivo.
( ) chapéu e camisa.
09. Aponte o erro de concordância nominal.
a) 1-2-1-1-2 a) Andei por longes terras.
b) 2-2-1-1-2 b) Ela chegou toda machucada.
c) 2-1-1-1-1 c) Carla anda meio aborrecida.
d) 1-2-2-2-2 d) Elas não progredirão por si mesmo.
e) 2-1-1-1-2 e) Ela própria nos procurou.

10. Assinale o erro de concordância nominal.


03. Complete os espaços com um dos nomes colocados nos
a) – Muito obrigada, disse ela.
parênteses.
b) Só as mulheres foram interrogadas.
a) Será que é ____ essa confusão toda? (necessário/ necessária)
c) Eles estavam só.
b) Quero que todos fiquem ____. (alerta/ alertas) d) Já era meio-dia e meia.
c) Houve ____ razões para eu não voltar lá. (bastante/ bas- e) Sós, ficaram tristes.
tantes)
d) Encontrei ____ a sala e os quartos. (vazia/vazios) Respostas:
e) A dona do imóvel ficou ____ desiludida com o inquilino. 01-A / 02-C
(meio/ meia) 03. a) necessária b) alerta c) bastantes d) vazia e) meio
04. a) “Na reunião do colegiado, não faltaram, no momento
04. “Na reunião do Colegiado, não faltou, no momento em em que as discussões se tornaram mais violentas, argumentos e
que as discussões se tornaram mais violentas, argumentos e opi- opiniões veementes e contraditórias.”
niões veementes e contraditórias.” No trecho acima, há uma infra- b) Concorda com o sujeito “argumentos e opiniões”.
ção as normas de concordância. 05. a) “Receba, Vossa Excelência, os protestos de nossa esti-
a) Reescreva-o com devida correção. ma, pois não pode haver cidadãos conscientes sem a educação.”
b) Justifique a correção feita. b)  A frase está correta.

Didatismo e Conhecimento 84
PORTUGUÊS
06. a) “Ele informou aos colegas que havia perdido (ou: ele Se o sujeito composto for de pessoas diversas, o verbo se fle-
informou os colegas de que havia perdido os documentos de cuja xiona no plural e na pessoa que tiver prevalência. (A 1ª pessoa
originalidade duvidamos.” prevalece sobre a 2ª e a 3ª; a 2ª prevale sobre a 3ª):
b) “Depois de assistir algumas aulas, eu preferia ficar no “Foi o que fizemos Capitu e eu.” (Machado de Assis) (ela e
pátio a continuar dentro da classe.” eu = nós)
07-E / 08-E / 09-D / 10-C “Tu e ele partireis juntos.” (Mário Barreto) (tu e ele = vós)
Você e meu irmão não me compreendem. (você e ele = vocês)
Concordância Verbal
Muitas vezes os escritores quebram a rigidez dessa regra:
O verbo concorda com o sujeito, em harmonia com as seguin-
tes regras gerais: - Ora fazendo concordar o verbo com o sujeito mais próximo,
quando este se pospõe ao verbo:
- O sujeito é simples: O sujeito sendo simples, com ele con- “O que resta da felicidade passada és tu e eles.” (Camilo Cas-
cordará o verbo em número e pessoa. Exemplos: telo Branco)
“Faze uma arca de madeira; entra nela tu, tua mulher e teus
Verbo depois do sujeito: filhos.” (Machado de Assis)
“As saúvas eram uma praga.” (Carlos Povina Cavalcânti) - Ora preferindo a 3ª pessoa na concorrência tu + ele (tu +
“Tu não és inimiga dele, não? (Camilo Castelo Branco) ele = vocês em vez de tu + ele = vós):
“Vós fostes chamados à liberdade, irmãos.” (São Paulo) “...Deus e tu são testemunhas...” (Almeida Garrett)
“Juro que tu e tua mulher me pagam.” (Coelho Neto)
Verbo antes do sujeito:
Acontecem tantas desgraças neste planeta! As normas que a seguir traçamos têm, muitas vezes, valor re-
Não faltarão pessoas que nos queiram ajudar. lativo, porquanto a escolha desta ou daquela concordância depen-
A quem pertencem essas terras? de, freqüentemente, do contexto, da situação e do clima emocional
que envolvem o falante ou o escrevente.
- O sujeito é composto e da 3ª pessoa
- Núcleos do sujeito unidos por ou
O sujeito, sendo composto e anteposto ao verbo, leva geral-
Há duas situações a considerar:
mente este para o plural. Exemplos:
“A esposa e o amigo seguem sua marcha.” (José de Alencar)
- Se a conjunção ou indicar exclusão ou retificação, o verbo
“Poti e seus guerreiros o acompanharam.” (José de Alencar)
concordará com o núcleo do sujeito mais próximo:
“Vida, graça, novidade, escorriam-lhe da alma como de uma
Paulo ou Antônio será o presidente.
fonte perene.” (Machado de Assis) O ladrão ou os ladrões não deixaram nenhum vestígio.
Ainda não foi encontrado o autor ou os autores do crime.
É licito (mas não obrigatório) deixar o verbo no singular: - O verbo irá para o plural se a idéia por ele expressa se refe-
- Quando o núcleo dos sujeitos são sinônimos: rir ou puder ser atribuída a todos os núcleos do sujeito:
“A decência e honestidade ainda reinava.” (Mário Barreto) “Era tão pequena a cidade, que um grito ou gargalhada forte
“A coragem e afoiteza com que lhe respondi, perturbou-o...” a atravessavam de ponta a ponta.” (Aníbal Machado) (Tanto um
(Camilo Castelo Branco) grito como uma gargalhada atravessavam a cidade.)
“Que barulho, que revolução será capaz de perturbar esta se- “Naquela crise, só Deus ou Nossa Senhora podiam acudir-
renidade?” (Graciliano Ramos) lhe.” (Camilo Castelo Branco)
- Quando os núcleos do sujeito formam sequência gradativa:
Uma ânsia, uma aflição, uma angústia repentina começou a Há, no entanto, em bons autores, ocorrência de verbo no sin-
me apertar à alma. gular:
“A glória ou a vergonha da estirpe provinha de atos indivi-
Sendo o sujeito composto e posposto ao verbo, este poderá duais.” (Vivaldo Coaraci)
concordar no plural ou com o substantivo mais próximo: “Há dessas reminiscências que não descansam antes que a
“Não fossem o rádio de pilha e as revistas, que seria de Eli- pena ou a língua as publique.” (Machado de Assis)
sa?” (Jorge Amado) “Um príncipe ou uma princesa não casa sem um vultoso
“Enquanto ele não vinha, apareceram um jornal e uma vela.” dote.” (Viriato Correia)
(Ricardo Ramos)
“Ali estavam o rio e as suas lavadeiras.” (Carlos Povina Ca- - Núcleos do sujeito unidos pela preposição com: Usa-se
valcânti) mais frequentemente o verbo no plural quando se atribui a mesma
... casa abençoada onde paravam Deus e o primeiro dos seus importância, no processo verbal, aos elementos do sujeito unidos
ministros.” (Carlos de Laet) pela preposição com. Exemplos:
Aconselhamos, nesse caso, usar o verbo no plural. Manuel com seu compadre construíram o barracão.
“Eu com outros romeiros vínhamos de Vigo...” (Camilo Cas-
- O sujeito é composto e de pessoas diferentes telo Branco)

Didatismo e Conhecimento 85
PORTUGUÊS
“Ele com mais dois acercaram-se da porta.” (Camilo Castelo - Núcleos do sujeito designando a mesma pessoa ou coisa: O
Branco) verbo concorda no singular quando os núcleos do sujeito designam
a mesma pessoa ou o mesmo ser. Exemplos:
Pode se usar o verbo no singular quando se deseja dar relevân- “Aleluia! O brasileiro comum, o homem do povo, o João-nin-
cia ao primeiro elemento do sujeito e também quando o verbo vier guém, agora é cédula de Cr$ 500,00!” (Carlos Drummond Andra-
antes deste. Exemplos: de)
O bispo, com dois sacerdotes, iniciou solenemente a missa. “Embora sabendo que tudo vai continuar como está, fica o
O presidente, com sua comitiva, chegou a Paris às 5h da tarde. registro, o protesto, em nome dos telespectadores.” (Valério An-
“Já num sublime e público teatro se assenta o rei inglês com drade)
toda a corte.” (Luís de Camarões) Advogado e membro da instituição afirma que ela é corrupta.

- Núcleos do sujeito unidos por nem: Quando o sujeito é for- - Núcleos do sujeito são infinitivos: O verbo concordará no
mado por núcleos no singular unidos pela conjunção nem, usa-se, plural se os infinitivos forem determinados pelo artigo ou expri-
comumente, o verbo no plural. Exemplos: mirem idéias opostas; caso contrário, tanto é lícito usar o verbo no
Nem a riqueza nem o poder o livraram de seus inimigos. singular como no plural. Exemplos:
Nem eu nem ele o convidamos. O comer e o beber são necessários.
“Nem o mundo, nem Deus teriam força para me constranger Rir e chorar fazem parte da vida
Montar brinquedos e desmontá-los divertiam muito o menino.
a tanto.” (Alexandre Herculano)
“Já tinha ouvido que plantar e colher feijão não dava traba-
“Nem a Bíblia nem a respeitabilidade lhe permitem praguejar lho.” (Carlos Povina Cavalcânti) (ou davam)
alto.” (Eça de Queirós)
É preferível a concordância no singular: - Sujeito oracional: Concorda no singular o verbo cujo sujeito
é uma oração:
- Quando o verbo precede o sujeito: Ainda falta / comprar os cartões.
“Não lhe valeu a imensidade azul, nem a alegria das flores, Predicado Sujeito Oracional
nem a pompa das folhas verdes...” (Machado de Assis)
Não o convidei eu nem minha esposa. Estas são realidades que não adianta esconder.
“Na fazenda, atualmente, não se recusa trabalho, nem dinhei- Sujeito de adianta: esconder que (as realidades)
ro, nem nada a ninguém.” (Guimarães Rosa)
- Sujeito Coletivo: O verbo concorda no singular com o sujei-
- Quando há exclusão, isto é, quando o fato só pode ser atri- to coletivo no singular. Exemplos:
A multidão vociferava ameaças.
buído a um dos elementos do sujeito:
O exército dos aliados desembarcou no sul da Itália.
Nem Berlim nem Moscou sediará a próxima Olimpíada. (Só Uma junta de bois tirou o automóvel do atoleiro.
uma cidade pode sediar a Olimpíada.) Um bloco de foliões animava o centro da cidade.
Nem Paulo nem João será eleito governador do Acre. (Só um
candidato pode ser eleito governador.) Se o coletivo vier seguido de substantivo plural que o espe-
cifique e anteceder ao verbo, este poderá ir para o plural, quando
- Núcleos do sujeito correlacionados: O verbo vai para o se quer salientar não a ação do conjunto, mas a dos indivíduos,
plural quando os elementos do sujeito composto estão ligados por efetuando-se uma concordância não gramatical, mas ideológica:
uma das expressões correlativas não só... mas também, não só “Uma grande multidão de crianças, de velhos, de mulheres
como também, tanto...como, etc. Exemplos: penetraram na caverna...” (Alexandre Herculano)
Não só a nação mas também o príncipe estariam pobres.” “Uma grande vara de porcos que se afogaram de escantilhão
(Alexandre Herculano) no mar...” (Camilo Castelo Branco)
“Tanto a Igreja como o Estado eram até certo ponto inocen- “Reconheceu que era um par de besouros que zumbiam no
ar.” (Machado de Assis)
tes.” (Alexandre Herculano)
“Havia na União um grupo de meninos que praticavam esse
“Tanto Noêmia como Reinaldo só mantinham relações de divertimento com uma pertinácia admirável.” (Carlos Povina Ca-
amizade com um grupo muito reduzido de pessoas.” (José Condé) valcânti)
“Tanto a lavoura como a indústria da criação de gado não o
demovem do seu objetivo.” (Cassiano Ricardo) - A maior parte de, grande número de, etc: Sendo o sujei-
to uma das expressões quantitativas a maior parte de, parte de,
- Sujeitos resumidos por tudo, nada, ninguém: Quando o su- a maioria de, grande número de, etc., seguida de substantivo ou
jeito composto vem resumido por um dos pronomes, tudo, nada, pronome no plural, o verbo, quando posposto ao sujeito, pode ir
ninguém, etc. o verbo concorda, no singular, com o pronome re- para o singular ou para o plural, conforme se queira efetuar uma
sumidor. Exemplos: concordância estritamente gramatical (com o coletivo singular) ou
Jogos, espetáculos, viagens, diversões, nada pôde satisfazê-lo. uma concordância enfática, expressiva, com a idéia de pluralidade
“O entusiasmo, alguns goles de vinho, o gênio imperioso, es- sugerida pelo sujeito. Exemplos:
touvado, tudo isso me levou a fazer uma coisa única.” (Machado A maior parte dos indígenas respeitavam os pajés.” (Gilberto
de Assis) Freire)
Jogadores, árbitro, assistentes, ninguém saiu do campo. “A maior parte dos doidos ali metidos estão em seu perfeito
juízo.” (Machado de Assis)

Didatismo e Conhecimento 86
PORTUGUÊS
“A maior parte das pessoas pedem uma sopa, um prato de Há gramáticas que condenam tal concordância. Por coerência,
carne e um prato de legumes.” (Ramalho Ortigão) deveriam condenar também a comumente aceita em construções
“A maior parte dos nomes podem ser empregados em sentido anormais do tipo: Quais de vós sois isentos de culpa? Quantos de
definido ou em sentido indefinido.” (Mário Barreto) nós somos completamente felizes? O verbo fica obrigatoriamente
no singular quando se aplica apenas ao indivíduo de que se fala,
Quando o verbo precede o sujeito, como nos dois últimos como no exemplo:
exemplos, a concordância se efetua no singular. Como se vê dos Jairo é um dos meus empregados que não sabe ler. (Jairo é o
exemplos supracitados, as duas concordâncias são igualmente legí- único empregado que não sabe ler.)
timas, porque têm tradição na língua. Cabe a quem fala ou escreve
escolher a que julgar mais adequada à situação. Pode-se, portanto, Ressalte-se porém, que nesse caso é preferível construir a fra-
no caso em foco, usar o verbo no plural, efetuando a concordância se de outro modo:
não com a forma gramatical das palavras, mas com a ideia de plu- Jairo é um empregado meu que não sabe ler.
ralidade que elas encerram e sugerem à nossa mente. Essa concor- Dos meus empregados, só Jairo não sabe ler.
dância ideológica é bem mais expressiva que a gramatical, como
se pode perceber relendo as frases citadas de Machado de Assis, Na linguagem culta formal, ao empregar as expressões em
Ramalho Ortigão, Ondina Ferreira e Aurélio Buarque de Holanda, foco, o mais acertado é usar no plural o verbo da oração adjetiva:
e cotejando-as com as dos autores que usaram o verbo no singular. O Japão é um dos países que mais investem em tecnologia.
Gandhi foi um dos que mais lutaram pela paz.
- Um e outro, nem um nem outro: O sujeito sendo uma dessas O sertão cearense é uma das áreas que mais sofrem com as
expressões, o verbo concorda, de preferência, no plural. Exemplos: secas.
“Um e outro gênero se destinavam ao conhecimento...” (Her- Heráclito foi um dos empresários que conseguiram superar
nâni Cidade) a crise.
“Um e outro descendiam de velhas famílias do Norte.” (Ma-
chado de Assis) Embora o caso seja diferente, é oportuno lembrar que, nas ora-
Uma e outra família tinham (ou tinha) parentes no Rio. ções adjetivas explicativas, nas quais o pronome que é separado de
“Depois nem um nem outro acharam novo motivo para diá- seu antecedente por pausa e vírgula, a concordância é determinada
logo.” (Fernando Namora) pelo sentido da frase:
Um dos meninos, que estava sentado à porta da casa, foi cha-
- Um ou outro: O verbo concorda no singular com o sujeito mar o pai. (Só um menino estava sentado.)
um ou outro: Um dos cinco homens, que assistiam àquela cena estupefatos,
“Respondi-lhe que um ou outro colar lhe ficava bem.” (Ma- soltou um grito de protesto. (Todos os cinco homens assistiam à
chado de Assis) cena.)
“Uma ou outra pode dar lugar a dissentimentos.” (Machado
de Assis) - Mais de um: O verbo concorda, em regra, no singular. O plu-
“Sempre tem um ou outro que vai dando um vintém.” (Raquel ral será de rigor se o verbo exprimir reciprocidade, ou se o numeral
de Queirós) for superior a um. Exemplos:
Mais de um excursionista já perdeu a vida nesta montanha.
- Um dos que, uma das que: Quando, em orações adjetivas Mais de um dos circunstantes se entreolharam com espanto.
restritivas, o pronome que vem antecedido de um dos ou expres- Devem ter fugido mais de vinte presos.
são análoga, o verbo da oração adjetiva flexiona-se, em regra, no
plural: - Quais de vós? Alguns de nós: Sendo o sujeito um dos prono-
“O príncipe foi um dos que despertaram mais cedo.” (Ale- mes interrogativos quais? quantos? Ou um dos indefinidos alguns,
xandre Herculano) muitos, poucos, etc., seguidos dos pronomes nós ou vós, o verbo
“A baronesa era uma das pessoas que mais desconfiavam de concordará, por atração, com estes últimos, ou, o que é mais lógi-
nós.” (Machado de Assis) co, na 3ª pessoa do plural:
“Areteu da Capadócia era um dos muitos médicos gregos que “Quantos dentre nós a conhecemos?” (Rogério César Cer-
viviam em Roma.” (Moacyr Scliar) queira)
Ele é desses charlatães que exploram a crendice humana. “Quais de vós sois, como eu, desterrados...?” (Alexandre Her-
culano)
Essa é a concordância lógica, geralmente preferida pelos es- “...quantos dentre vós estudam conscienciosamente o passa-
critores modernos. Todavia, não é prática condenável fugir ao rigor do?” (José de Alencar)
da lógica gramatical e usar o verbo da oração adjetiva no singular Alguns de nós vieram (ou viemos) de longe.
(fazendo-o concordar com a palavra um), quando se deseja desta-
car o indivíduo do grupo, dando-se a entender que ele sobressaiu Estando o pronome no singular, no singular (3ª pessoa) ficará
ou sobressai aos demais: o verbo:
Ele é um desses parasitas que vive à custa dos outros. Qual de vós testemunhou o fato?
“Foi um dos poucos do seu tempo que reconheceu a originali- Nenhuma de nós a conhece.
dade e importância da literatura brasileira.” (João Ribeiro) Nenhum de vós a viu?
Qual de nós falará primeiro?

Didatismo e Conhecimento 87
PORTUGUÊS
- Pronomes quem, que, como sujeitos: O verbo concordará, “As Férias de El-Rei é o título da novela.” (Rebelo da Silva)
em regra, na 3ª pessoa, com os pronomes quem e que, em frases “As Valkírias mostra claramente o homem que existe por de-
como estas: trás do mago.” (Paulo Coelho)
Sou eu quem responde pelos meus atos. “Os Sertões é um ensaio sociológico e histórico...” (Celso
Somos nós quem leva o prejuízo. Luft)
Eram elas quem fazia a limpeza da casa.
“Eras tu quem tinha o dom de encantar-me.” (Osmã Lins) A concordância, neste caso, não é gramatical, mas ideológica,
porque se efetua não com a palavra (Valkírias, Sertões, Férias de
Todavia, a linguagem enfática justifica a concordância com o El-Rei), mas com a ideia por ela sugerida (obra ou livro). Ressalte-
sujeito da oração principal: se, porém, que é também correto usar o verbo no plural:
“Sou eu quem prendo aos céus a terra.” (Gonçalves Dias) As Valkírias mostram claramente o homem...
“Não sou eu quem faço a perspectiva encolhida.” (Ricardo “Os Sertões são um livro de ciência e de paixão, de análise e
Ramos) de protesto.” (Alfredo Bosi)
“És tu quem dás frescor à mansa brisa.” (Gonçalves Dias)
“Nós somos os galegos que levamos a barrica.” (Camilo Cas- - Concordância do verbo passivo: Quando apassivado pelo
telo Branco) pronome apassivador se, o verbo concordará normalmente com o
sujeito:
A concordância do verbo precedido do pronome relativo que Vende-se a casa e compram-se dois apartamentos.
far-se-á obrigatoriamente com o sujeito do verbo (ser) da oração Gataram-se milhões, sem que se vissem resultados concre-
principal, em frases do tipo: tos.
Sou eu que pago. “Correram-se as cortinas da tribuna real.” (Rebelo da Silva)
És tu que vens conosco? “Aperfeiçoavam-se as aspas, cravavam-se pregos necessá-
Somos nós que cozinhamos. rios à segurança dos postes...” (Camilo Castelo Branco)
Eram eles que mais reclamavam.
Na literatura moderna há exemplos em contrário, mas que não
Em construções desse tipo, é lícito considerar o verbo ser e a devem ser seguidos:
palavra que como elementos expletivos ou enfatizantes, portanto “Vendia-se seiscentos convites e aquilo ficava cheio.” (Ricar-
não necessários ao enunciado. Assim: do Ramos)
Sou eu que pago. (=Eu pago) “Em Paris há coisas que não se entende bem.” (Rubem Braga)
Somos nós que cozinhamos. (=Nós cozinhamos)
Foram os bombeiros que a salvaram. (= Os bombeiros a sal- Nas locuções verbais formadas com os verbos auxiliares po-
varam.) der e dever, na voz passiva sintética, o verbo auxiliar concordará
Seja qual for a interpretação, o importante é saber que, neste com o sujeito. Exemplos:
caso, tanto o verbo ser como o outro devem concordar com o pro- Não se podem cortar essas árvores. (sujeito: árvores; locução
nome ou substantivo que precede a palavra que. verbal: podem cortar)
Devem-se ler bons livros. (=Devem ser lidos bons livros) (su-
- Concordância com os pronomes de tratamento: Os prono- jeito: livros; locução verbal: devem-se ler)
mes de tratamento exigem o verbo na 3ª pessoa, embora se refira à “Nem de outra forma se poderiam imaginar façanhas me-
2ª pessoa do discurso: moráveis como a do fabuloso Aleixo Garcia.” (Sérgio Buarque de
Vossa Excelência agiu com moderação. Holanda)
Vossas Excelências não ficarão surdos à voz do povo. “Em Santarém há poucas casas particulares que se possam
dizer verdadeiramente antigas.” (Almeida Garrett)
“Espero que V.Sª. não me faça mal.” (Camilo Castelo Branco)
“Vossa Majestade não pode consentir que os touros lhe matem
Entretanto, pode-se considerar sujeito do verbo principal a
o tempo e os vassalos.” (Rebelo da Silva)
oração iniciada pelo infinitivo e, nesse caso, não há locução verbal
e o verbo auxiliar concordará no singular. Assim:
- Concordância com certos substantivos próprios no plural:
Não se pode cortar essas árvores. (sujeito: cortar essas árvo-
Certos substantivos próprios de forma plural, como Estados Uni-
res; predicado: não se pode)
dos, Andes, Campinas, Lusíadas, etc., levam o verbo para o plural
Deve-se ler bons livros. (sujeito: ler bons livros; predicado:
quando se usam com o artigo; caso contrário, o verbo concorda no
deve-se)
singular.
“Os Estados Unidos são o país mais rico do mundo.” (Eduar- Em síntese: de acordo com a interpretação que se escolher,
do Prado) tanto é lícito usar o verbo auxiliar no singular como no plural.
Os Andes se estendem da Venezuela à Terra do Fogo. Portanto:
“Os Lusíadas” imortalizaram Luís de Camões. Não se podem (ou pode) cortar essas árvores.
Campinas orgulha-se de ter sido o berço de Carlos Gomes. Devem-se (ou deve-se) ler bons livros.
Tratando-se de títulos de obras, é comum deixar o verbo no “Quando se joga, deve-se aceitar as regras.” (Ledo Ivo)
singular, sobretudo com o verbo ser seguido de predicativo no sin- “Concluo que não se devem abolir as loterias.” (Machado de
gular: Assis)

Didatismo e Conhecimento 88
PORTUGUÊS
- Verbos impessoais: Os verbos haver, fazer (na indicação do A concordância com o sujeito, embora menos comum, é tam-
tempo), passar de (na indicação de horas), chover e outros que bém lícita:
exprimem fenômenos meteorológicos, quando usados como im- “Tudo é flores no presente.” (Gonçalves Dias)
pessoais, ficam na 3ª pessoa do singular: “O que de mim posso oferecer-lhe é espinhos da minha co-
“Não havia ali vizinhos naquele deserto.” (Monteiro Lobato) roa.” (Camilo Castelo Branco)
“Havia já dois anos que nos não víamos.” (Machado de Assis)
“Aqui faz verões terríveis.” (Camilo Castelo Branco) O verbo ser fica no singular quando o predicativo é formado
“Faz hoje ao certo dois meses que morreu na forca o tal mal- de dois núcleos no singular:
vado...” (Camilo Castelo Branco) “Tudo o mais é soledade e silêncio.” (Ferreira de Castro)

Observações: - Quando o sujeito é um nome de coisa, no singular, e o predi-


cativo um substantivo plural:
- Também fica invariável na 3ª pessoa do singular o verbo que “A cama são umas palhas.” (Camilo Castelo Branco)
forma locução com os verbos impessoais haver ou fazer: “A causa eram os seus projetos.” (Machado de Assis)
Deverá haver cinco anos que ocorreu o incêndio. “Vida de craque não são rosas.” (Raquel de Queirós)
Vai haver grandes festas. Sua salvação foram aquelas ervas.
Há de haver, sem dúvida, fortíssimas razões para ele não acei-
tar o cargo. O sujeito sendo nome de pessoa, com ele concordará o verbo ser:
Começou a haver abusos na nova administração. Emília é os encantos de sua avó.
Abílio era só problemas.
- o verbo chover, no sentido figurado (= cair ou sobrevir em Dá-se também a concordância no singular com o sujeito que:
grande quantidade), deixa de ser impessoal e, portanto concordará “Ergo-me hoje para escrever mais uma página neste Diário
que breve será cinzas como eu.” (Camilo Castelo Branco)
com o sujeito:
Choviam pétalas de flores.
- Quando o sujeito é uma palavra ou expressão de sentido
“Sou aquele sobre quem mais têm chovido elogios e diatri- coletivo ou partitivo, e o predicativo um substantivo no plural:
bes.” (Carlos de Laet) “A maioria eram rapazes.” (Aníbal Machado)
“Choveram comentários e palpites.” (Carlos Drummond de A maior parte eram famílias pobres.
Andrade) O resto (ou o mais) são trastes velhos.
“E nem lá (na Lua) chovem meteoritos, permanentemente.” “A maior parte dessa multidão são mendigos.” (Eça de Queirós)
(Raquel de Queirós)
- Quando o predicativo é um pronome pessoal ou um substan-
- Na língua popular brasileira é generalizado o uso de ter, tivo, e o sujeito não é pronome pessoal reto:
impessoal, por haver, existir. Nem faltam exemplos em escritores “O Brasil, senhores, sois vós.” (Rui Barbosa)
modernos: “Nas minhas terras o rei sou eu.” (Alexandre Herculano)
“No centro do pátio tem uma figueira velhíssima, com um “O dono da fazenda serás tu.” (Said Ali)
banco embaixo.” (José Geraldo Vieira) “...mas a minha riqueza eras tu.” (Camilo Castelo Branco)
“Soube que tem um cavalo morto, no quintal.” (Carlos Drum-
Mas: Eu não sou ele. Vós não sois eles. Tu não és ele.
mond de Andrade)
Esse emprego do verbo ter, impessoal, não é estranho ao por- - Quando o predicativo é o pronome demonstrativo o ou a
tuguês europeu: “É verdade. Tem dias que sai ao romper de alva palavra coisa:
e recolhe alta noite, respondeu Ângela.” (Camilo Castelo Branco) Divertimentos é o que não lhe falta.
(Tem = Há) “Os bastidores é só o que me toca.” (Correia Garção)
“Mentiras, era o que me pediam, sempre mentiras.” ( Fernan-
- Existir não é verbo impessoal. Portanto: do Namora)
Nesta cidade existem ( e não existe) bons médicos. “Os responsórios e os sinos é coisa importuna em Tibães.”
Não deviam (e não devia) existir crianças abandonadas. (Camilo Castelo Branco)

- Concordância do verbo ser: O verbo de ligação ser concor- - Nas locuções é muito, é pouco, é suficiente, é demais, é mais
da com o predicativo nos seguintes casos: que (ou do que), é menos que (ou do que), etc., cujo sujeito expri-
me quantidade, preço, medida, etc.:
“Seis anos era muito.” (Camilo Castelo Branco)
- Quando o sujeito é um dos pronomes tudo, o, isto, isso, ou
Dois mil dólares é pouco.
aquilo: Cinco mil dólares era quanto bastava para a viagem.
“Tudo eram hipóteses.” (Ledo Ivo) Doze metros de fio é demais.
“Tudo isto eram sintomas graves.” (Machado de Assis)
Na mocidade tudo são esperanças. - Na indicação das horas, datas e distância , o verbo ser é
“Não, nem tudo são dessemelhanças e contrastes entre Brasil impessoal (não tem sujeito) e concordará com a expressão desig-
e Estados Unidos.” (Viana Moog) nativa de hora, data ou distância:

Didatismo e Conhecimento 89
PORTUGUÊS
Era uma hora da tarde. “As dissipações não produzem nada, a não serem dívidas e
“Era hora e meia, foi pôr o chapéu.” (Eça de Queirós) desgostos.” (Machado de Assis)
“Seriam seis e meia da tarde.” ( Raquel de Queirós) “A não serem os antigos companheiros de mocidade, nin-
“Eram duas horas da tarde.” (Machado de Assis) guém o tratava pelo nome próprio.” (Álvaro Lins)
“A não serem os críticos e eruditos, pouca gente manuseia
Observações: hoje... aquela obra.” (Latino Coelho)

- Pode-se, entretanto na linguagem espontânea, deixar o ver- - Haja vista: A expressão correta é haja vista, e não haja visto.
bo no singular, concordando com a idéia implícita de “dia”: Pode ser construída de três modos:
“Hoje é seis de março.” (J. Matoso Câmara Jr.) (Hoje é dia Hajam vista os livros desse autor. (= tenham vista, vejam-se)
seis de março.) Haja vista os livros desse autor. (= por exemplo, veja)
“Hoje é dez de janeiro.” (Celso Luft) Haja vista aos livros desse autor. (= olhe-se para, atente-se
para os livros)
- Estando a expressão que designa horas precedida da locu- A primeira construção (que é a mais lógica) analisa-se deste
ção perto de, hesitam os escritores entre o plural e o singular: modo.
“Eram perto de oito horas.” (Machado de Assis) Sujeito: os livros; verbo hajam (=tenham); objeto direto: vista.
“Era perto de duas horas quando saiu da janela.” (Machado A situação é preocupante; hajam vista os incidentes de sábado.
de Assis) Seguida de substantivo (ou pronome) singular, a expressão,
“...era perto das cinco quando saí.” (Eça de Queirós) evidentemente, permanece invariável: A situação é preocupante;
haja vista o incidente de sábado.
- O verbo passar, referente a horas, fica na 3ª pessoa do sin-
gular, em frases como: Quando o trem chegou, passava das sete - Bem haja. Mal haja: Bem haja e mal haja usam-se em fra-
horas. ses optativas e imprecativas, respectivamente. O verbo concordará
normalmente com o sujeito, que vem sempre posposto:
- Locução de realce é que: O verbo ser permanece invariável “Bem haja Sua Majestade!” (Camilo Castelo Branco)
na expressão expletiva ou de realce é que: Bem hajam os promovedores dessa campanha!
Eu é que mantenho a ordem aqui. (= Sou eu que mantenho a “Mal hajam as desgraças da minha vida...” (Camilo Castelo
ordem aqui.) Branco)
Nós é que trabalhávamos. (= Éramos nós que trabalhávamos)
As mães é que devem educá-los. (= São as mães que devem - Concordância dos verbos bater, dar e soar: Referindo-se
educá-los.) às horas, os três verbos acima concordam regularmente com o su-
Os astros é que os guiavam. (= Eram os astros que os guia- jeito, que pode ser hora, horas (claro ou oculto), badaladas ou
vam.) relógio:
“Nisto, deu três horas o relógio da botica.” (Camilo Castelo
Da mesma forma se diz, com ênfase:
Branco)
“Vocês são muito é atrevidos.” (Raquel de Queirós)
“Bateram quatro da manhã em três torres a um tempo...”
“Sentia era vontade de ir também sentar-me numa cadeira
(Mário Barreto)
junto do palco.” (Graciliano Ramos)
“Tinham batido quatro horas no cartório do tabelião Vaz Nu-
“Por que era que ele usava chapéu sem aba?” (Graciliano Ramos)
nes.” (Machado de Assis)
“Deu uma e meia.” (Said Ali)
Observação: O verbo ser é impessoal e invariável em constru-
ções enfáticas como:
Era aqui onde se açoitavam os escravos. (= Aqui se açoitavam Pasar, com referência a horas, no sentido de ser mais de, é
os escravos.) verbo impessoal, por isso fica na 3ª pessoa do singular: Quando
Foi então que os dois se desentenderam. (= Então os dois se chegamos ao aeroporto, passava das 16 horas; Vamos, já passa
desentenderam.) das oito horas – disse ela ao filho.

- Era uma vez: Por tradição, mantém-se invariável a expres- - Concordância do verbo parecer: Em construções com o
são inicial de histórias era uma vez, ainda quando seguida de subs- verbo parecer seguido de infinitivo, pode-se flexionar o verbo pa-
tantivo plural: Era uma vez dois cavaleiros andantes. recer ou o infinitivo que o acompanha:
As paredes pareciam estremecer. (construção corrente)
- A não ser: É geralmente considerada locução invariável, As paredes parecia estremecerem. (construção literária)
equivalente a exceto, salvo, senão. Exemplos:
Nada restou do edifício, a não ser escombros. Análise da construção dois: parecia: oração principal; as pare-
A não ser alguns pescadores, ninguém conhecia aquela praia. des estremeceram: oração subordinada substantiva subjetiva.
“Nunca pensara no que podia sair do papel e do lápis, a não Outros exemplos:
ser bonecos sem pescoço...” (Carlos Drummond de Andrade) “Nervos... que pareciam estourar no minuto seguinte.” (Fer-
Mas não constitui erro usar o verbo ser no plural, fazendo-o nando Namora)
concordar com o substantivo seguinte, convertido em sujeito da “Referiu-me circunstâncias que parece justificarem o proce-
oração infinitiva. Exemplos: dimento do soberano.” (Latino Coelho)

Didatismo e Conhecimento 90
PORTUGUÊS
“As lágrimas e os soluços parecia não a deixarem prosse- - Se o sujeito da oração for milhões, o particípio ou o adjeti-
guir.” (Alexandre Herculano) vo podem concordar, no masculino, com milhões, ou, por atração,
“...quando as estrelas, em ritmo moroso, parecia caminha- no feminino, com o substantivo feminino plural: Dois milhões de
rem no céu.” (Graça Aranha) sacas de soja estão ali armazenados (ou armazenadas) no pró-
ximo ano. Foram colhidos três milhões de sacas de trigo. Os dois
Usando-se a oração desenvolvida, parecer concordará no sin- milhões de árvores plantadas estão altas e bonitas.
gular:
“Mesmo os doentes parece que são mais felizes.” (Cecília - Concordância com numerais fracionários: De regra, a con-
Meireles) cordância do verbo efetua-se com o numerador. Exemplos:
“Outros, de aparência acabadiça, parecia que não podiam “Mais ou menos um terço dos guerrilheiros ficou atocaiado
com a enxada.” (José Américo) perto...” (Autran Dourado)
“As notícias parece que têm asas.” (Oto Lara Resende) (Isto “Um quinto dos bens cabe ao menino.” (José Gualda Dantas)
é: Parece que as notícias têm asas.) Dois terços da população vivem da agricultura.

Essa dualidade de sintaxe verifica-se também com o verbo ver Não nos parece, entretanto, incorreto usar o verbo no plural,
na voz passiva: “Viam-se entrar mulheres e crianças.” Ou “Via- quando o número fracionário, seguido de substantivo no plural,
se entrarem mulheres e crianças.” tem o numerador 1, como nos exemplos:
Um terço das mortes violentas no campo acontecem no sul
- Concordância com o sujeito oracional: O verbo cujo sujeito do Pará.
é uma oração concorda obrigatoriamente na 3ª pessoa do singular: Um quinto dos homens eram de cor escura.
Parecia / que os dois homens estavam bêbedos.
Verbo sujeito (oração subjetiva) - Concordância com percentuais: O verbo deve concordar
Faltava / dar os últimos retoques. com o número expresso na porcentagem:
Verbo sujeito (oração subjetiva) Só 1% dos eleitores se absteve de votar.
Só 2% dos eleitores se abstiveram de votar.
Outros exemplos, com o sujeito oracional em destaque: Foram destruídos 20% da mata.
Não me interessa ouvir essas parlendas. “Cerca de 40% do território ficam abaixo de 200 metros.”
Anotei os livros que faltava adquirir. (faltava adquirir os li- (Antônio Hauaiss)
vros)
Esses fatos, importa (ou convém) não esquecê-los. Em casos como o da última frase, a concordância efetua-se,
São viáveis as reformas que se intenta implantar? pela lógica, no feminino (oitenta e duas entre cem mulheres), ou,
seguindo o uso geral, no masculino, por se considerar a porcenta-
- Concordância com sujeito indeterminado: O pronome se, gem um conjunto numérico invariável em gênero.
pode funcionar como índice de indeterminação do sujeito. Nesse
caso, o verbo concorda obrigatoriamente na 3ª pessoa do singular. - Concordância com o pronome nós subentendido: O verbo
Exemplos; concorda com o pronome subentendido nós em frases do tipo:
Em casa, fica-se mais à vontade. Todos estávamos preocupados. (= Todos nós estávamos
Detesta-se (e não detestam-se) aos indivíduos falsos. preocupados.)
Acabe-se de vez com esses abusos! Os dois vivíamos felizes. (=Nós dois vivíamos felizes.)
Para ir de São Paulo a Curitiba, levava-se doze horas. “Ficamos por aqui, insatisfeitos, os seus amigos.” (Carlos
Drummond de Andrade)
- Concordância com os numerais milhão, bilhão e trilhão:
Estes substantivos numéricos, quando seguidos de substantivo no - Não restam senão ruínas: Em frases negativas em que se-
plural, levam, de preferência, o verbo ao plural. Exemplos: não equivale a mais que, a não ser, e vem seguido de substantivo
Um milhão de fiéis agruparam-se em procissão. no plural, costuma-se usar o verbo no plural, fazendo-o concordar
São gastos ainda um milhão de dólares por ano para a manu- com o sujeito oculto outras coisas. Exemplos:
tenção de cada Ciep. Do antigo templo grego não restam senão ruínas. (Isto é: não
Meio milhão de refugiados se aproximam da fronteira do Irã. restam outras coisas senão ruínas.)
Meio milhão de pessoas foram às ruas para reverenciar os Da velha casa não sobraram senão escombros.
mártires da resistência. “Para os lados do sul e poente, não se viam senão edifícios
queimados.” (Alexandre Herculano)
Observações: “Por toda a parte não se ouviam senão gemidos ou clamores.”
(Rebelo da Silva)
- Milhão, bilhão e milhar são substantivos masculinos. Por
isso, devem concordar no masculino os artigos, numerais e pro- Segundo alguns autores, pode-se, em tais frases, efetuar a con-
nomes que os precedem: os dois milhões de pessoas; os três mi- cordância do verbo no singular com o sujeito subentendido nada:
lhares de plantas; alguns milhares de telhas; esses bilhões de Do antigo templo grego não resta senão ruínas. (Ou seja: não
criaturas, etc. resta nada, senão ruínas.)

Didatismo e Conhecimento 91
PORTUGUÊS
Ali não se via senão (ou mais que) escombros. 06. Assinale a alternativa correta quanto à concordância verbal:
As duas interpretações são boas, mas só a primeira tem tradi- a) Soava seis horas no relógio da matriz quando eles chega-
ção na língua. ram.
b) Apesar da greve, diretores, professores, funcionários, nin-
- Concordância com formas gramaticais: Palavras no plu- guém foram demitidos.
ral com sentido gramatical e função de sujeito exigem o verbo no c) José chegou ileso a seu destino, embora houvessem muitas
singular: ciladas em seu caminho.
“Elas” é um pronome pessoal. (= A palavra elas é um pronome d) Fomos nós quem resolvemos aquela questão.
pessoal.) e) O impetrante referiu-se aos artigos 37 e 38 que ampara sua
Na placa estava “veiculos”, sem acento. petição.
“Contudo, mercadores não tem a força de vendilhões.” (Ma-
chado de Assis) 07. A concordância verbal está correta na alternativa:
a) Ela o esperava já faziam duas semanas.
- Mais de, menos de: O verbo concorda com o substantivo que b) Na sua bolsa haviam muitas moedas de ouro.
se segue a essas expressões: c) Eles parece estarem doentes.
Mais de cem pessoas perderam suas casas, na enchente. d) Devem haver aqui pessoas cultas.
Sobrou mais de uma cesta de pães. e) Todos parecem terem ficado tristes.
Gastaram-se menos de dois galões de tinta.
Menos de dez homens fariam a colheita das uvas. 08. É provável que ....... vagas na academia, mas não ....... pes-
soas interessadas: são muitas as formalidades a ....... cumpridas.
Exercícios a) hajam - existem - ser
b) hajam - existe - ser
01. Indique a opção correta, no que se refere à concordância c) haja - existem - serem
verbal, de acordo com a norma culta: d) haja - existe - ser
e) hajam - existem - serem
a) Haviam muitos candidatos esperando a hora da prova.
b) Choveu pedaços de granizo na serra gaúcha.
09. ....... de exigências! Ou será que não ....... os sacrifícios que
c) Faz muitos anos que a equipe do IBGE não vem aqui.
....... por sua causa?
d) Bateu três horas quando o entrevistador chegou.
a) Chega - bastam - foram feitos
e) Fui eu que abriu a porta para o agente do censo.
b) Chega - bastam - foi feito
c) Chegam - basta - foi feito
02. Assinale a frase em que há erro de concordância verbal:
d) Chegam - basta - foram feitos
a) Um ou outro escravo conseguiu a liberdade.
e) Chegam - bastam - foi feito
b) Não poderia haver dúvidas sobre a necessidade da imigração.
c) Faz mais de cem anos que a Lei Áurea foi assinada. 10. Soube que mais de dez alunos se ....... a participar dos
d) Deve existir problemas nos seus documentos. jogos que tu e ele ......
e) Choveram papéis picados nos comícios. a) negou – organizou
b) negou – organizastes
03. Assinale a opção em que há concordância inadequada: c) negaram – organizaste
a) A maioria dos estudiosos acha difícil uma solução para o d) negou – organizaram
problema. e) negaram - organizastes
b) A maioria dos conflitos foram resolvidos.
c) Deve haver bons motivos para a sua recusa. Respostas: (01-C) (02-D) (03-D) (04-D) (05-D) (06-D) (07-
d) De casa à escola é três quilômetros. C) (08-C) (09-A) (10-E)
e) Nem uma nem outra questão é difícil.

04. Há erro de concordância em:


a) atos e coisas más
b) dificuldades e obstáculo intransponível 11. REGÊNCIAS VERBAL E NOMINAL.
c) cercas e trilhos abandonados
d) fazendas e engenho prósperas
e) serraria e estábulo conservados
Regência Nominal
05. Indique a alternativa em que há erro:
a) Os fatos falam por si sós. Regência nominal é a relação de dependência que se estabele-
b) A casa estava meio desleixada. ce entre o nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e o termo por
c) Os livros estão custando cada vez mais caro. ele regido. Certos substantivos e adjetivos admitem mais de uma
d) Seus apartes eram sempre o mais pertinentes possíveis. regência. Na regência nominal o principal papel é desempenhado
e) Era a mim mesma que ele se referia, disse a moça. pela preposição.

Didatismo e Conhecimento 92
PORTUGUÊS
No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que - residente: em.
vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos - respeito a, com, de, entre, para com, por: É necessário o
de que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa, nesses respeito às leis.
casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: - satisfeito: com, de, em, por.
Verbo obedecer e os nomes correspondentes: todos regem - semelhante: a.
complementos introduzidos pela preposição “a”. - sensível: a.
Obedecer a algo/ a alguém.
- sito em: O apartamento sito em Brasília foi vendido.
Obediente a algo/ a alguém.
- situado em: Minha casa está situada na Avenida Internacional.
Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da pre- - suspeito: de.
posição ou preposições que os regem. Observe-os atentamente e - útil: a, para.
procure, sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a - vazio: de.
algum verbo cuja regência você conhece. - versado: em.
- vizinho: a, de.
- acessível a: Este cargo não é acessível a todos.
- acesso a, para: O acesso para a região ficou impossível. Exercícios
- acostumado a, com: Todos estavam acostumados a ouvi-lo.
- adaptado a: Foi difícil adaptar-me a esse clima. 01. O projeto.....estão dando andamento é incompatível.....tra-
- afável com, para com: Tinha um jeito afável para com os dições da firma.
turistas. a) de que, com as
- aflito: com, por. b) a que, com as
- agradável a, de: Sua saída não foi agradável à equipe.
c) que, as
- alheio: a, de.
d) à que, às
- aliado: a, com.
- alusão a: O professor fez alusão à prova final. e) que, com as
- amor a, por: Ele demonstrava grande amor à namorada.
- análogo: a. 02. Quanto a amigos, prefiro João.....Paulo,.....quem sinto......
- antipatia a, por: Sentia antipatia por ela. simpatia.
- apto a, para: Estava apto para ocupar o cargo. a) a, por, menos
- atenção a, com, para com: Nunca deu atenção a ninguém. b) do que, por, menos
- aversão a, por: Sempre tive aversão à política. c) a, para, menos
- benéfico a, para: A reforma foi benéfica a todos. d) do que, com, menos
- certeza de, em: A certeza de encontrá-lo novamente a ani- e) do que, para, menos
mou.
- coerente: com. 03. Assinale a opção em que todos adjetivos podem ser segui-
- compatível: com. dos pela mesma preposição:
- contíguo: a.
a) ávido, bom, inconsequente
- desprezo: a, de, por.
b) indigno, odioso, perito
- dúvida em sobre: Anotou todas as dúvidas sobre a questão dada.
- empenho: de, em, por. c) leal, limpo, oneroso
- equivalente: a. d) orgulhoso, rico, sedento
- favorável a: Sou favorável à sua candidatura. e) oposto, pálido, sábio
- fértil: de, em.
- gosto de, em: Tenho muito gosto em participar desta brin- 04. “As mulheres da noite,......o poeta faz alusão a colorir Ara-
cadeira. caju,........coração bate de noite, no silêncio”. A opção que comple-
- grato a: Grata a todos que me ensinaram a ensinar. ta corretamente as lacunas da frase acima é:
- horror a, de: Tinha horror a quiabo refogado. a) as quais, de cujo
- hostil: a, para com. b) a que, no qual
- impróprio para: O filme era impróprio para menores. c) de que, o qual
- inerente: a. d) às quais, cujo
- junto a, com, de: Junto com o material, encontrei este do- e) que, em cujo
cumento.
- lento: em.
05. Assinale a alternativa correta quanto à regência:
- necessário a, para: A medida foi necessária para acabar com
tanta dúvida. a) A peça que assistimos foi muito boa.
- passível de: As regras são passíveis de mudanças. b) Estes são os livros que precisamos.
- preferível a: Tudo era preferível à sua queixa. c) Esse foi um ponto que todos se esqueceram.
- próximo: a, de. d) Guimarães Rosa é o escritor que mais aprecio.
- rente: a. e) O ideal que aspiramos é conhecido por todos.

Didatismo e Conhecimento 93
PORTUGUÊS
06. Assinale a alternativa que contém as respostas corretas. vai, possui, no padrão culto da língua, sentido diferente. Aliás, é
I. Visando apenas os seus próprios interesses, ele, involunta- muito comum existirem divergências entre a regência coloquial,
riamente, prejudicou toda uma família. cotidiana de alguns verbos, e a regência culta.
II. Como era orgulhoso, preferiu declarar falida a firma a acei-
tar qualquer ajuda do sogro. Abdicar: renunciar ao poder, a um cargo, título desistir. Pode
III. Desde criança sempre aspirava a uma posição de destaque, ser intransitivo (VI não exige complemento) / transitivo direto
embora fosse tão humilde. (TD) ou transitivo indireto (TI + preposição): D. Pedro abdi-
IV. Aspirando o perfume das centenas de flores que enfeita- cou em 1831. (VI); A vencedora abdicou o seu direto de rainha.
vam a sala, desmaiou. (VTD); Nunca abdicarei de meus direitos. (VTI)
a) II, III, IV
b) I, II, III Abraçar: emprega-se sem / sem preposição no sentido de
e) I, III, IV apertar nos braços: A mãe abraçou-a com ternura. (VTD); Abra-
d) I, III çou-se a mim, chorando. (VTI)
e) I, II
Agradar: emprega-se com preposição no sentido de conten-
07. Assinale o item em que há erro quanto à regência: tar, satisfazer.(VTI): A banda Legião Urbana agrada aos jovens.
a) São essas as atitudes de que discordo.
(VTI); Emprega-se sem preposição no sentido de acariciar, mimar:
b) Há muito já lhe perdoei.
Márcio agradou a esposa com um lindo presente. (VTD)
c) Informo-lhe de que paguei o colégio.
d) Costumo obedecer a preceitos éticos.
Ajudar: emprega-se sem preposição; objeto direto de pessoa:
e) A enfermeira assistiu irrepreensivelmente o doente.
Eu ajudava-a no serviço de casa. (VTD)
08. Dentre as frases abaixo, uma apenas apresenta a regência
nominal correta. Assinale-a: Aludir: (=fazer alusão, referir-se a alguém), emprega-se com
a) Ele não é digno a ser seu amigo. preposição: Na conversa aludiu vagamente ao seu novo projeto.
b) Baseado laudos médicos, concedeu-lhe a licença. (VTI)
c) A atitude do Juiz é isenta de qualquer restrição.
d) Ele se diz especialista para com computadores eletrônicos. Ansiar: emprega-se sem preposição no sentido de causar mal-
e) O sol é indispensável da saúde. -estar, angustiar: A emoção ansiava-me. (VTD); Emprega-se com
preposição no sentido de desejar ardentemente por: Ansiava por
Respostas: 01-B / 02-A / 03-D / 04-D / 05-D / 06-A / 07-C / vê-lo novamente. (VTI)
08-C
Aspirar: emprega-se sem preposição no sentido de respirar,
Regência Verbal cheirar: Aspiramos um ar excelente, no campo. (VTD) Emprega-
se com preposição no sentido de querer muito, ter por objetivo:
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os Gincizinho aspira ao cargo de diretor da Penitenciária. (VTI)
verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e obje-
tos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais). O estudo da Assistir: emprega-se com preposição a no sentido de ver, pre-
regência verbal permite-nos ampliar nossa capacidade expressiva, senciar: Todos assistíamos à novela Almas Gêmeas. (VTI) Nesse
pois oferece oportunidade de conhecermos as diversas significa- caso, o verbo não aceita o pronome lhe, mas apenas os pronomes
ções que um verbo pode assumir com a simples mudança ou reti- pessoais retos + preposição: O filme é ótimo. Todos querem as-
rada de uma preposição. sistir a ele. (VTI) Emprega-se sem / com preposição no sentido
de socorrer, ajudar: A professora sempre assiste os alunos com
A mãe agrada o filho. (agradar significa acariciar, contentar) carinho. (VTD); A professora sempre assiste aos alunos com cari-
A mãe agrada ao filho. (agradar significa “causar agrado ou nho. (VTI) Emprega-se com preposição no sentido de caber, ter
prazer”, satisfazer)
direito ou razão: O direito de se defender assiste a todos. (VTI)
Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agra-
No sentido de morar, residir é intransitivo e exige a preposição
dar a alguém”.
em: Assiste em Manaus por muito tempo. (VI)
O conhecimento do uso adequado das preposições é um dos
aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e também
nominal). As preposições são capazes de modificar completamente Atender: empregado sem preposição no sentido de receber
o sentido do que se está sendo dito. alguém com atenção: O médico atendeu o cliente pacientemente.
(VTD) No sentido de ouvir, conceder: Deus atendeu minhas pre-
Cheguei ao metrô. ces.(VTD); Atenderemos quaisquer pedido via internet. Emprega-
Cheguei no metrô. se com preposição no sentido de dar atenção a alguém: Lamento
não poder atender à solicitação de recursos. (VTI) Emprega-se
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo com preposição no sentido de ouvir com atenção o que alguém
caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração “Cheguei diz: Atenda ao telefone, por favor; Atenda o telefone. (preferência
no metrô”, popularmente usada a fim de indicar o lugar a que se brasileira)

Didatismo e Conhecimento 94
PORTUGUÊS
Avisar: avisar alguém de alguma coisa: O chefe avisou os verbos, esquecer e lembrar, exigem o pronome e a preposição
funcionários de que os documentos estavam prontos. (VTD); Avi- de; são transitivos indiretos e pronominais. No exemplo o verbo
saremos os clientes da mudança de endereço. (VTD ); Já tem tra- esquecer está empregado no sentido de apagar da memória. e o
dição na língua o uso de avisar como OI de pessoa e OD de coisa; verbo lembrar está empregado no sentido de vir à memória. Na
Avisamos aos clientes que vamos atendê-los em novo endereço. língua culta, os verbos esquecer e lembrar quando usados com a
Bater: emprega-se com preposição no sentido de dar panca- preposição de, exigem os pronomes.
das em alguém: Os irmãos batiam nele (ou batiam-lhe) à toa; Ner-
voso, entrou em casa e bateu a porta.(fechou com força); Foi logo Implicar: emprega-se com preposição no sentido de ter im-
batendo à porta. (bater junto à porta, para alguém abrir); Para que plicância com alguém, é TI: Nunca implico com meus alunos.
ele pudesse ouvir, era preciso bater na porta de seu quarto. (dar (VTI) Emprega-se sem preposição no sentido de acarretar, en-
pancadas) volver, é TD: A queda do dólar implica corrida ao poder. (VTE);
O desestímulo ao álcool combustível implica uma volta ao pas-
Casar: Marina casou cedo e pobre. (VI não exige comple- sado. (VTD) Emprega-se sem preposição no sentido de embara-
mento); Você é realmente digno de casar com minha filha. (VTI çar, comprometer, é TD: O vizinho implicou-o naquele caso de
com preposição); Ela casou antes dos vinte anos. (VTD sem pre- estupro. (VTD) É inadequada a regência do verbo implicar em:
posição. O verbo casar pode vir acompanhado de pronome refle- Implicou em confusão.
xivo: Ela casou com o seu grande amor; ou Ela casou-se com seu
grande amor. Informar: o verbo informar possui duas construções, VTD
e VTI: Informei-o que sua aposentaria saiu. (VTD); Informei-lhe
Chamar: emprega-se sem preposição no sentido de convo- que sua aposentaria. (VT); Informou-se das mudanças logo cedo.
car; O juiz chamou o réu à sua presença. (VTD) Emprega-se com (inteirar-se, verbo pronominal)
ou sem preposição no sentido de denominar, apelidar, construído
com objeto + predicativo: Chamou-o covarde. (VTD) / Chamou-o Investir: emprega-se com preposição (com ou contra) no
de covarde. (VID); Chamou-lhe covarde. (VTI) / Chamou-lhe de sentido de atacar, é TI: O touro Bandido investiu contra Tião.
covarde. (VTI); Chamava por Deus nos momentos difíceis. (VTI) Empregado como verbo transitivo direto e indireto, no sentido
de dar posse: O prefeito investiu Renata no cargo de assessora.
Chegar: como intransitivo, o verbo chegar exige a preposi- (VTDI) Emprega-se sem preposição no sentido também de em-
ção a quando indica lugar: Chegou ao aeroporto meio apressada. pregar dinheiro, é TD: Nós investimos parte dos lucros em pes-
Como transitivo direto (VTD) e intransitivo (VI) no sentido de quisas científicas. (VTD)
aproximar; Cheguei-me a ele.
Morar: antes de substantivo rua, avenida, usase morar com
Contentar-se: emprega-se com as preposições com, de, em: a preposição em: D. Marina Falcão mora na rua Dorival de Barros.
Contentam-se com migalhas. (VTI); Contento-me em aplaudir da-
qui. Namorar: a regência correta deste verbo é namorar alguém e
NÃO namorar com alguém: Meu filho, Paulo César, namora Cris-
Custar: é transitivo direto no sentido de ter valor de, ser tiane. Marcelo namora Raquel.
caro. Este computador custa muito caro. (VTD) No sentido de ser
difícil é TI. É conjugado como verbo reflexivo, na 3ª pessoa do Necessitar: emprega-se com verbo transitivo direto ou indire-
singular, e seu sujeito é uma oração reduzida de infinitivo: Custou- to, no sentido de precisar: Necessitávamos o seu apoio; Necessi-
me pegar um táxi.(foi difícil); O carro custou-me todas as econo- távamos de seu apoio,(VTDI)
mias. É transitivo direto e indireto (TDI) no sentido de acarretar:
A imprudência custou-lhe lágrimas amargas. (VTDI) Obedecer / Desobedecer: emprega-se com verbo transitivo
direto e indireto no sentido de cumprir ordens: Obedecia às irmãs
Ensinar: é intransitivo no sentido de doutrinar, pregar: Mi- e irmãos; Não desobedecia às leis de trânsito.
nha mãe ensina na FAI. É transitivo direto no sentido de educar:
Nem todos ensinam as crianças. É transitivo direto e indireto no Pagar: emprega-se sem preposição no sentido de saldar coi-
sentido de dar instrução sobre: Ensino os exercícios mais difíceis sa, é VTI): Cida pagou o pão; Paguei a costura. (VTD) Emprega-
aos meus alunos. se com preposição no sentido de remunerar pessoa, é VTI: Cida
pagou ao padeiro; Paguei à costureira., à secretária. (VTI) Empre-
Entreter: empregado como divertir-se exige as preposições: ga-se como verbo transitivo direto e indireto, pagar alguma coisa
a, com, em: Entretinham-nos em recordar o passado. a alguém: Cida pagou a carne ao açougueiro. (VTDI) Por alguma
coisa: Quanto pagou pelo carro? Sem complemento: Assistiu aos
Esquecer / Lembrar: estes verbos admitem as construções: jogos sem pagar.
Esqueci o endereço dele; Lembrei um caso interessante; Esqueci-
me do endereço dele; Lembrei-me de um caso interessante. Es- Pedir: somente se usa pedir para, quando, entre pedir e o
queceu-me seu endereço; Lembra-me um caso interessante. Você para, puder colocar a palavra licença. Caso contrário, diz-se pedir
pode observar que no 1º exemplo tanto o verbo esquecer como que; A secretária pediu para sair mais cedo. (pediu licença); A di-
lembrar, não são pronominais, isto é, não exigem os pronomes reção pediu que todos os funcionários, comparecessem à reunião.
me, se, lhe, são transitivos diretos (TD). Nos exemplos, ambos os

Didatismo e Conhecimento 95
PORTUGUÊS
Perdoar: emprega-se sem preposição no sentido de perdoar Responder: emprega-se no sentido de responder alguma coi-
coisa, é TD: Devemos perdoar as ofensas. (VTD ) Emprega-se sa a alguém: O senador respondeu ao jornalista que o projeto do
com preposição no sentido de conceder o perdão à pessoa, é TI: rio São Francisco estava no final. (VTDI) Emprega-se no sentido
Perdoemos aos nossos inimigos. (VTI) Emprega-se como verbo de responder a uma carta, a uma pergunta: Enrolou, enrolou e não
transitivo direto e indireto, no sentido de ter necessidade: A mãe respondeu à pergunta do professor.
perdoou ao filho a mentira. (VTDI) Admite voz passiva: Todos se-
rão perdoados pelos pais. Reverter: emprega-se no sentido de regressar, voltar ao esta-
do primitivo: Depois de aposentar-se reverteu à ativa. Emprega-
Permitir: empregado com preposição, exige objeto indire- se no sentido de voltar para.a posse de alguém: As jóias reverterão
to de pessoa: O médico permitiu ao paciente que falasse. (VTI) ao seu verdadeiro dono. Emprega-se no sentido de destinar-se: A
Constrói-se com o pronome lhe e não o: O assistente permitiu-lhe renda da festa será revertida em beneficio da Casa da Sopa.
que entrasse. Não se usa a preposição de antes de oração infinitiva: Simpatizar / Antipatizar: empregam-se com a preposição
Os pais não lhe permite ir sozinha à festa do Peão. (e não de ir com: Sempre simpatizei com pessoas negras; Antipatizei com ela
sozinha) desde o primeiro momento. Estes verbos não são pronominais, isto
é, não exigem os pronomes me, se, nos, etc: Simpatizei-me com
Pisar: é verbo transitivo direto VTD: Tinha pisado o conti- você. (inadequado); Simpatizei com você. ( adequado)
nente brasileiro. (não exige a preposição no)
Subir: Subiu ao céu; Subir à cabeça; Subir ao trono; Subir ao
Precisar: emprega-se com preposição no sentido de ter ne- poder. Essas expressões exigem a preposição a.
cessidade, é VTI: As crianças carentes precisam de melhor atendi-
mento médico. (VTI) Quando o verbo precisar vier acompanhado Suceder: emprega-se com a preposição a no sentido de subs-
de infinitivo, pode-se usar a preposição de; a língua moderna ten- tituir, vir depois: O descanso sucede ao trabalho.
de a dispensá-la: Você é rico, não precisa trabalhar muito. Usa-se,
às vezes na voz passiva, com sujeito indeterminado: Precisa-se Tocar: emprega-se no sentido de pôr a mão, tocar alguém,
de funcionários competentes. (sujeito indeterminado) Emprega-se tocar em alguém: Não deixava tocar o / no gato doente. Empre-
sem preposição no sentido de indicar com exatidão: Perdeu muito ga-se no sentido de comover, sensibilizar, usa-se com OD: O nas-
dinheiro no jogo, mas não sabe precisar a quantia.(VTD) cimento do filho tocou-o profundamente. Emprega-se no sentido
de caber por sorte, herança, é OI: Tocou-lhe, por herança, uma
Preferir: emprega-se sem preposição no sentido de ter prefe- linda fazenda. Emprega-se no sentido de ser da competência de,
rência. (sem escolha): Prefiro dias mais quentes. (VTD) Preferir caber: Ao prefeito é que toca deferir ou indeferir o projeto.
VTDI, no sentido de ter preferência, exige a preposição a: Prefiro
dançar a nadar; Prefiro chocolate a doce de leite. Na linguagem Visar: emprega-se sem preposição como VT13 no sentido de
formal, culta, é inadequado usar este verbo reforçado pelas palavras apontar ou pôr visto: O garoto visou o inocente passarinho; O ge-
ou expressões: antes, mais, muito mais, mil vezes mais, do que. rente visou a correspondência. Emprega-se com preposição como
VTI no sentido de desejar, pretender: Todos visam ao reconheci-
Presidir: emprega-se com objeto direto ou objeto indireto, mento de seus esforços.
com a preposição a: O reitor presidiu à sessão; O reitor presidiu
a sessão. Casos Especiais

Prevenir: admite as construções: A paciência previne dissa- Dar-se ao trabalho ou dar-se o trabalho? Ambas as constru-
bores; Preveni minha turma; Quero preveni-los; Prevenimo-nos ções são corretas. A primeira é mais aceita: Dava-se ao trabalho
para o exame final. de responder tudo em Inglês. O mesmo se dá com: dar-se ao / o
incômodo; poupar-se ao /o trabalho; dar-se ao /o luxo.
Proceder: emprega-se como verbo intransitivo no sentido de
ter fundamento: Sua tese não procede. (VI) Emprega-se com a Propor-se alguma coisa ou propor-se a alguma coisa? Pro-
preposição de no sentido de originar-se, vir de: Muitos males da por-se, no sentido de ter em vista, dispor-se a, pode vir com ou
humanidade procedem da falta de respeito ao próximo. Emprega- sem a preposição a: Ela se propôs levá-lo/ a levá-lo ao circo.
se como transitivo indireto com a preposição a, no sentido de dar
início: Procederemos a uma investigação rigorosa. (VTI) Passar revista a ou passar em revista? Ambas estão corretas,
porém a segunda construção é mais frequente: O presidente passou
Querer: emprega-se sem preposição no sentido de desejar: a tropa em revista.
Quero vê-lo ainda hoje.(VTD) Emprega-se com preposição no
sentido de gostar, ter afeto, amar: Quero muito bem às minhas Em que pese a - expressão concessiva equivalendo a ainda
cunhadas Vera e Ceiça. que custe a, apesar de, não obstante: “Em que pese aos inimigos
do paraense, sinceramente confesso que o admiro.” (Graciliano
Residir: como o verbo morar, o verbo responder, constrói-se Ramos)
com a preposição em: Residimos em Lucélia, na Avenida Interna-
cional. Residente e residência têm a mesma regência de residir em.

Didatismo e Conhecimento 96
PORTUGUÊS
Observações Finais 04. Em todas as alternativas, o verbo grifado foi empregado
com regência certa, exceto em:
Os verbos transitivos indiretos (exceção ao verbo obedecer), a) a vista de José Dias lembrou-me o que ele me dissera.
não admitem voz passiva. Os exemplos citados abaixo são consi- b) estou deserto e noite, e aspiro sociedade e luz.
derados inadequados. c) custa-me dizer isto, mas antes peque por excesso;
O filme foi assistido pelos estudantes; O cargo era visado d) redobrou de intensidade, como se obedecesse a voz do má-
por todos; Os estudantes assistiram ao filme; Todos visavam ao gico;
cargo. e) quando ela morresse, eu lhe perdoaria os defeitos.
Não se deve dar o mesmo complemento a verbos de regên- 05. O verbo chamar está com a regência incorreta em:
cias diferentes, como: Entrou e saiu de casa; Assisti e gostei da a) chamo-o de burguês, pois você legitima a submissão das
peça. Corrija-se para: Entrou na casa e saiu dela; Assisti à peça mulheres;
e gostei dela. b) como ninguém assumia, chamei-lhes de discriminadores;
As formas oblíquas o, a, os, as funcionam como comple- c) de repente, houve um nervosismo geral e chamaram-nas
mento de verbos transitivos diretos, enquanto as formas lhe, lhes de feministas;
funcionam como transitivos indiretos que exigem a preposição a. d) apesar de a hora ter chegado, o chefe não chamou às femi-
Convidei as amigas. Convidei-as; Obedeço ao mestre. Obedeço- nistas a sua seção;
lhe. e) as mulheres foram para o local do movimento, que elas
chamaram de maternidade.
Exercícios
06. Assinale o exemplo, em que está bem empregada a cons-
01. Assinale a única alternativa que está de acordo com as trução com o verbo preferir:
normas de regência da língua culta. a) preferia ir ao cinema do que ficar vendo televisão;
a) avisei-o de que não desejava substituí-lo na presidência, b) preferia sair a ficar em casa;
pois apesar de ter sempre servido à instituição, jamais aspirei a c) preferia antes sair a ficar em casa;
tal cargo; d) preferia mais sair do que ficar em casa;
b) avisei-lhe de que não desejava substituí-lo na presidência, e) antes preferia sair do que ficar em casa.
pois apesar de ter sempre servido a instituição, jamais aspirei a
tal cargo; 07. Assinale a opção em que o verbo lembrar está empregado
c) avisei-o de que não desejava substituir- lhe na presidência, de maneira inaceitável em relação à norma culta da língua:
pois apesar de ter sempre servido à instituição, jamais aspirei tal a) pediu-me que o lembrasse a meus familiares;
cargo; b) é preciso lembrá-lo o compromisso que assumiu conosco;
d) avisei-lhe de que não desejava substituir-lhe na presidên- c) lembrou-se mais tarde que havia deixado as chaves em
cia, pois apesar de ter sempre servido à instituição, jamais aspirei casa;
a tal cargo; d) não me lembrava de ter marcado médico para hoje;
e) avisei-o de que não desejava substituí-lo na presidência, e) na hora das promoções, lembre-se de mim.
pois apesar de ter sempre servido a instituição, jamais aspirei tal
cargo. 08. O verbo sublinhado foi empregado corretamente, exceto
em:
02. Assinale a opção em que o verbo chamar é empregado a) aspiro à carreira militar desde criança;
com o mesmo sentido que apresenta em __ “No dia em que o b) dado o sinal, procedemos à leitura do texto.
chamaram de Ubirajara, Quaresma ficou reservado, taciturno e c) a atitude tomada implicou descontentamento;
mudo”: d) prefiro estudar Português a estudar Matemática;
a) pelos seus feitos, chamaram-lhe o salvador da pátria; e) àquela hora, custei a encontrar um táxi disponível.
b) bateram à porta, chamando Rodrigo;
c) naquele momento difícil, chamou por Deus e pelo Diabo; 09. Em qual das opções abaixo o uso da preposição acarreta
d) o chefe chamou-os para um diálogo franco; mudança total no sentido do verbo?
e) mandou chamar o médico com urgência. a) usei todos os ritmos da metrificação portuguesa. /usei de
todos os ritmos da metrificação portuguesa;
03. Assinale a opção em que o verbo assistir é empregado com b) cuidado, não bebas esta água./ cuidado, não bebas desta
o mesmo sentido que apresenta em “não direi que assisti às alvo- água;
radas do romantismo”. c) enraivecido, pegou a vara e bateu no animal./ enraivecido,
a) não assiste a você o direito de me julgar; pegou da vara e bateu no animal;
b) é dever do médico assistir a todos os enfermos; d) precisou a quantia que gastaria nas férias./ precisou da
c) em sua administração, sempre foi assistido por bons con-
quantia que gastaria nas férias;
selheiros;
e) a enfermeira tratou a ferida com cuidado. / a enfermeira
d) não se pode assistir indiferente a um ato de injustiça;
tratou da ferida com cuidado.
e) o padre lhe assistiu nos derradeiros momentos.

Didatismo e Conhecimento 97
PORTUGUÊS
10. Assinale o mau emprego do vocábulo “onde”: - isolar expressões de caráter explicativo ou corretivo: Ama-
a) todas as ocasiões onde nos vimos às voltas com problemas nhã, ou melhor, depois de amanhã podemos nos encontrar para
no trabalho, o superintendente nos ajudou; acertar a viagem.
b) por toda parte, onde quer que fôssemos, encontrávamos - separar conjunções intercaladas: Não havia, porém, motivo
colegas; para tanta raiva.
c) não sei bem onde foi publicado o edital; - separar o complemento pleonástico antecipado: A mim, nada
d) onde encontraremos quem nos forneça as informações de me importa.
que necessitamos; - isolar o nome de lugar na indicação de datas: Belo Horizon-
e) os processos onde podemos encontrar dados para o relató- te, 26 de janeiro de 2011.
rio estão arquivados - separar termos coordenados assindéticos: “Lua, lua, lua, lua,
por um momento meu canto contigo compactua...”  (Caetano Ve-
Respostas: 1-A / 2-A / 3-D / 4-B / 5-D / 6-B / 7-B / 8-E / 9-D loso)
/ 10-B / - marcar a omissão de um termo (normalmente o verbo): Ela
prefere ler jornais e eu, revistas. (omissão do verbo preferir)
Termos coordenados ligados pelas conjunções e, ou, nem dis-
pensam o uso da vírgula: Conversaram sobre futebol, religião e
12. PONTUAÇÃO. política. Não se falavam nem se olhavam; Ainda não me decidi se
viajarei para Bahia ou Ceará. Entretanto, se essas conjunções apa-
recerem repetidas, com a finalidade de dar ênfase, o uso da vírgula
passa a ser obrigatório: Não fui nem ao velório, nem ao enterro,
Pontuação nem à missa de sétimo dia.
Os sinais de pontuação são sinais gráficos empregados na lín- A vírgula entre orações
gua escrita para tentar recuperar recursos específicos da língua fa- É utilizada nas seguintes situações:
lada, tais como: entonação, jogo de silêncio, pausas etc. - separar as orações subordinadas adjetivas explicativas: Meu
pai, de quem guardo amargas lembranças, mora no Rio de Janeiro.
Ponto ( . )
- separar as orações coordenadas sindéticas e assindéticas (ex-
- indicar o final de uma frase declarativa: Lembro-me muito
ceto as iniciadas pela conjunção “e”: Acordei, tomei meu banho,
bem dele.
comi algo e saí para o trabalho; Estudou muito, mas não foi apro-
- separar períodos entre si: Fica comigo. Não vá embora.
vado no exame.
- nas abreviaturas: Av.; V. Ex.ª
Vírgula ( , ): É usada para marcar uma pausa do enunciado
Há três casos em que se usa a vírgula antes da conjunção:
com a finalidade de nos indicar que os termos por ela separados,
- quando as orações coordenadas tiverem sujeitos diferentes:
apesar de participarem da mesma frase ou oração, não formam
Os ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres, cada vez mais
uma unidade sintática: Lúcia, esposa de João, foi a ganhadora úni-
ca da Sena. pobres.
Podemos concluir que, quando há uma relação sintática entre - quando a conjunção e vier repetida com a finalidade de dar
termos da oração, não se pode separá-los por meio de vírgula. Não ênfase (polissíndeto): E chora, e ri, e grita, e pula de alegria.
se separam por vírgula: - quando a conjunção e assumir valores distintos que não seja
- predicado de sujeito; da adição (adversidade, consequência, por exemplo): Coitada! Es-
- objeto de verbo; tudou muito, e ainda assim não foi aprovada.
- adjunto adnominal de nome;
- complemento nominal de nome; - separar orações subordinadas adverbiais (desenvolvidas ou
- predicativo do objeto do objeto; reduzidas), principalmente se estiverem antepostas à oração prin-
- oração principal da subordinada substantiva (desde que esta cipal: “No momento em que o tigre se lançava, curvou-se ainda
não seja apositiva nem apareça na ordem inversa). mais; e fugindo com o corpo apresentou o gancho.” (O selvagem
- José de Alencar)
A vírgula no interior da oração - separar as orações intercaladas: “- Senhor, disse o velho, te-
É utilizada nas seguintes situações: nho grandes contentamentos em a estar plantando...”. Essas ora-
- separar o vocativo: Maria, traga-me uma xícara de café; A ções poderão ter suas vírgulas substituídas por duplo travessão:
educação, meus amigos, é fundamental para o progresso do país. “Senhor - disse o velho - tenho grandes contentamentos em a estar
- separar alguns apostos: Valdete, minha antiga empregada, plantando...”
esteve aqui ontem. - separar as orações substantivas antepostas à principal: Quan-
- separar o adjunto adverbial antecipado ou intercalado: Che- to custa viver, realmente não sei.
gando de viagem, procurarei por você; As pessoas, muitas vezes,
são falsas.
- separar elementos de uma enumeração: Precisa-se de pedrei-
ros, serventes, mestre de obras.

Didatismo e Conhecimento 98
PORTUGUÊS
Ponto-e-Vírgula ( ; ) seu admirador; A festa na casa de Lúcio estava “chocante”; Con-
- separar os itens de uma lei, de um decreto, de uma petição, versando com meu superior, dei a ele um “feedback” do serviço a
de uma sequência, etc: mim requerido.
Art. 127 – São penalidades disciplinares: - indicar uma citação textual: “Ia viajar! Viajei. Trinta e quatro
I- advertência; vezes, às pressas, bufando, com todo o sangue na face, desfiz e
II- suspensão; refiz a mala”. (O prazer de viajar - Eça de Queirós)
III- demissão; Se, dentro de um trecho já destacado por aspas, se fizer neces-
IV- cassação de aposentadoria ou disponibilidade; sário a utilização de novas aspas, estas serão simples. ( ‘  ‘ )
V- destituição de cargo em comissão;
VI- destituição de função comissionada. (cap. V das penali- Parênteses ( () )
dades Direito Administrativo) - isolar palavras, frases intercaladas de caráter explicativo e
- separar orações coordenadas muito extensas ou orações datas: Na 2ª Guerra Mundial (1939-1945), ocorreu inúmeras per-
coordenadas nas quais já tenham tido utilizado a vírgula: “O rosto das humanas; “Uma manhã lá no Cajapió (Joca lembrava-se como
de tez amarelenta e feições inexpressivas, numa quietude apática, se fora na véspera), acordara depois duma grande tormenta no fim
era pronunciadamente vultuoso, o que mais se acentuava no fim do verão”. (O milagre das chuvas no nordeste- Graça Aranha)
da vida, quando a bronquite crônica de que sofria desde moço se Os parênteses também podem substituir a vírgula ou o tra-
foi transformando em opressora asma cardíaca; os lábios grossos, vessão.
o inferior um tanto tenso (...)” (Visconde de Taunay)
Dois-Pontos ( : ) Travessão ( __ )
- iniciar a fala dos personagens: Então o padre respondeu: - dar início à fala de um personagem: O filho perguntou: __
__Parta agora. Pai, quando começarão as aulas?
- antes de apostos ou orações apositivas, enumerações ou - indicar mudança do interlocutor nos diálogos. __Doutor, o
sequência de palavras que explicam, resumem ideias anteriores: que tenho é grave? __Não se preocupe, é uma simples infecção. É
Meus amigos são poucos: Fátima, Rodrigo e Gilberto. só tomar um antibiótico e estará bom.
- antes de citação: Como já dizia Vinícius de Morais: “Que - unir grupos de palavras que indicam itinerário: A rodovia
o amor não seja eterno posto que é chama, mas que seja infinito Belém-Brasília está em péssimo estado.
enquanto dure.” Também pode ser usado em substituição à virgula em expres-
sões ou frases explicativas: Xuxa – a rainha dos baixinhos – é loira.
Ponto de Interrogação ( ? )
- Em perguntas diretas: Como você se chama? Parágrafo
- Às vezes, juntamente com o ponto de exclamação: Quem Constitui cada uma das secções de frases de um escritor; co-
ganhou na loteria? Você. Eu?! meça por letra maiúscula, um pouco além do ponto em que come-
çam as outras linhas.
Ponto de Exclamação ( ! )
- Após vocativo: “Parte, Heliel!” ( As violetas de Nossa Sra.- Colchetes ( [] )
Humberto de Campos). Utilizados na linguagem científica.
- Após imperativo: Cale-se!
- Após interjeição: Ufa! Ai! Asterisco ( * )
- Após palavras ou frases que denotem caráter emocional: Empregado para chamar a atenção do leitor para alguma nota
Que pena! (observação).

Reticências ( ... ) Barra ( / )


- indicar dúvidas ou hesitação do falante: Sabe...eu queria te Aplicada nas abreviações das datas e em algumas abreviatu-
dizer que...esquece. ras.
- interrupção de uma frase deixada gramaticalmente incom-
pleta: Alô! João está? Agora não se encontra. Quem sabe se ligar Hífen (−)
mais tarde... Usado para ligar elementos de palavras compostas e para unir
- ao fim de uma frase gramaticalmente completa com a in- pronomes átonos a verbos. Exemplo: guarda-roupa
tenção de sugerir prolongamento de ideia: “Sua tez, alva e pura
como um foco de algodão, tingia-se nas faces duns longes cor- Exercícios
de-rosa...” (Cecília- José de Alencar)
- indicar supressão de palavra (s) numa frase transcrita: 01. Assinale o texto de pontuação correta:
“Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros - a) Não sei se disse, que, isto se passava, em casa de uma co-
Raimundo Fagner) madre, minha avó.
b) Eu tinha, o juízo fraco, e em vão tentava emendar-me: pro-
Aspas ( “  ” ) vocava risos, muxoxos, palavrões.
- isolar palavras ou expressões que fogem à norma culta, c) A estes, porém, o mais que pode acontecer é que se riam
como gírias, estrangeirismos, palavrões, neologismos, arcaísmos deles os outros, sem que este riso os impeça de conservar as suas
e expressões populares: Maria ganhou um apaixonado “ósculo” do roupas e o seu calçado.

Didatismo e Conhecimento 99
PORTUGUÊS
d) Na civilização e na fraqueza ia para onde me impeliam c) Tenha cuidado, ao parafrasear o que ouvir! Nossa capacida-
muito dócil muito leve, como os pedaços da carta de ABC, triturados de de retenção é variável e muitas vezes inconscientemente, detur-
soltos no ar. pamos o que ouvimos.
e) Conduziram-me à rua da Conceição, mas só mais tarde notei, d) Tenha cuidado ao parafrasear o que ouvir; nossa capacidade
que me achava lá, numa sala pequena. de retenção, é variável e - muitas vezes inconscientemente, detur-
pamos o que ouvimos.
02. Das redações abaixo, assinale a que não está pontuada cor- e) Tenha cuidado, ao parafrasear o que ouvir. Nossa capaci-
retamente: dade de retenção é variável - e muitas vezes inconscientemente
a) Os candidatos, em fila, aguardavam ansiosos o resultado do - deturpamos, o que ouvimos.
concurso.
b) Em fila, os candidatos, aguardavam, ansiosos, o resultado do Nas questões 07 a 10, os períodos foram pontuados de cinco
concurso. formas diferentes. Leia-os todos e assinale a letra que corresponde
c) Ansiosos, os candidatos aguardavam, em fila, o resultado do ao período de pontuação correta:
concurso.
d) Os candidatos ansiosos aguardavam o resultado do concurso, 07.
em fila. a) Entra a propósito, disse Alves, o seu moleque, conhece pou-
e) Os candidatos, aguardavam ansiosos, em fila, o resultado do co os deveres da hospitalidade.
concurso. b) Entra a propósito disse Alves, o seu moleque conhece pou-
co os deveres da hospitalidade.
Instruções para as questões de números 03 e 04: Os períodos c) Entra a propósito, disse Alves o seu moleque conhece pou-
abaixo apresentam diferenças de pontuação, assinale a letra que cor- co os deveres da hospitalidade.
responde ao período de pontuação correta: d) Entra a propósito, disse Alves, o seu moleque conhece pou-
03. co os deveres da hospitalidade.
a) Pouco depois, quando chegaram, outras pessoas a reunião fi- e) Entra a propósito, disse Alves, o seu moleque conhece pou-
cou mais animada. co, os deveres da hospitalidade.
b) Pouco depois quando chegaram outras pessoas a reunião fi-
08.
cou mais animada.
a) Prima faça calar titio suplicou o moço, com um leve sorriso
c) Pouco depois, quando chegaram outras pessoas, a reunião fi-
que imediatamente se lhe apagou.
cou mais animada.
b) Prima, faça calar titio, suplicou o moço com um leve sorri-
d) Pouco depois quando chegaram outras pessoas a reunião, fi-
so que imediatamente se lhe apagou.
cou mais animada.
c) Prima faça calar titio, suplicou o moço com um leve sorriso
e) Pouco depois quando chegaram outras pessoas a reunião fi-
cou, mais animada. que imediatamente se lhe apagou.
d) Prima, faça calar titio suplicou o moço com um leve sorriso
04. que imediatamente se lhe apagou.
a) Precisando de mim procure-me; ou melhor telefone que eu e) Prima faça calar titio, suplicou o moço com um leve sorriso
venho. que, imediatamente se lhe apagou.
b) Precisando de mim procure-me, ou, melhor telefone que eu
venho. 09.
c) Precisando, de mim, procure-me ou melhor, telefone, que eu a) Era um homem de quarenta e cinco anos, baixo, meio gor-
venho. do, fisionomia insinuante, destas que mesmo sérias, trazem im-
d) Precisando de mim, procure-me; ou melhor, telefone, que eu presso constante sorriso.
venho. b) Era um homem de quarenta e cinco anos, baixo, meio gor-
e) Precisando, de mim, procure-me ou, melhor telefone que eu venho. do, fisionomia insinuante, destas que mesmo sérias trazem, im-
presso constante sorriso.
05. Os períodos abaixo apresentam diferenças de pontuação. As- c) Era um homem de quarenta e cinco anos, baixo, meio gor-
sinale a letra que corresponde ao período de pontuação correta: do, fisionomia insinuante, destas que, mesmo sérias, trazem im-
a) José dos Santos paulista, 23 anos vive no Rio. presso, constante sorriso.
b) José dos Santos paulista 23 anos, vive no Rio. d) Era um homem de quarenta e cinco anos, baixo, meio gor-
c) José dos Santos, paulista 23 anos, vive no Rio. do, fisionomia insinuante, destas que, mesmo sérias trazem im-
d) José dos Santos, paulista 23 anos vive, no Rio. presso constante sorriso.
e) José dos Santos, paulista, 23 anos, vive no Rio. e) Era um homem de quarenta e cinco anos, baixo, meio gor-
do, fisionomia insinuante, destas que, mesmo sérias, trazem im-
06. A alternativa com pontuação correta é: presso constante sorriso.
a) Tenha cuidado, ao parafrasear o que ouvir. Nossa capacidade
de retenção é variável e muitas vezes inconscientemente, deturpamos 10.
o que ouvimos. a) Deixo ao leitor calcular quanta paixão a bela viúva, empre-
b) Tenha cuidado ao parafrasear o que ouvir: nossa capacidade gou na execução do canto.
de retenção é variável e, muitas vezes, inconscientemente, detur- b) Deixo ao leitor calcular quanta paixão a bela viúva empre-
pamos o que ouvimos. gou na execução do canto.

Didatismo e Conhecimento 100


PORTUGUÊS
c) Deixo ao leitor calcular quanta paixão, a bela viúva, empre- - Algumas palavras iniciadas com a letra H: hálito, harmo-
gou na execução do canto. nia, hangar, hábil, hemorragia, hemisfério, heliporto, hematoma,
d) Deixo ao leitor calcular, quanta paixão a bela viúva, em- hífen, hilaridade, hipocondria, hipótese, hipocrisia, homenagear,
pregou na execução do canto. hera, húmus;
e) Deixo ao leitor, calcular quanta paixão a bela viúva, em- - Sem h, porém, os derivados baianos, baianinha, baião, baia-
pregou na execução do canto. nada, etc.

Respostas: 01-C / 02-E / 03-C / 04-D / 05-E / 06-B / 07-D / Não se usa H:
08-B / 09-E / 10-B - No início de alguns vocábulos em que o h, embora etimo-
lógico, foi eliminado por se tratar de palavras que entraram na
língua por via popular, como é o caso de erva, inverno, e Espanha,
13. ORTOGRAFIA OFICIAL. respectivamente do latim, herba, hibernus e Hispania. Os deriva-
dos eruditos, entretanto, grafam-se com h: herbívoro, herbicida,
hispânico, hibernal, hibernar, etc.

Emprego das letras E, I, O e U


Ortografia Na língua falada, a distinção entre as vogais átonas /e/ e /i/,
/o/ e /u/ nem sempre é nítida. É principalmente desse fato que
A palavra ortografia é formada pelos elementos gregos orto nascem as dúvidas quando se escrevem palavras como quase, in-
“correto” e grafia “escrita” sendo a escrita correta das palavras da titular, mágoa, bulir, etc., em que ocorrem aquelas vogais.
língua portuguesa, obedecendo a uma combinação de critérios eti-
mológicos (ligados à origem das palavras) e fonológicos (ligados Escrevem-se com a letra E:
aos fonemas representados). - A sílaba final de formas dos verbos terminados em –uar:
Somente a intimidade com a palavra escrita, é que acaba tra- continue, habitue, pontue, etc.
zendo a memorização da grafia correta. Deve-se também criar o - A sílaba final de formas dos verbos terminados em –oar:
hábito de consultar constantemente um dicionário. abençoe, magoe, perdoe, etc.
Desde o dia primeiro de Janeiro de 2009 está  em  vigor o - As palavras formadas com o prefixo ante– (antes, anterior):
Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, por isso temos
antebraço, antecipar, antedatar, antediluviano, antevéspera, etc.
até 2012 para nos “habituarmos” com as novas regras, pois so-
- Os seguintes vocábulos: Arrepiar, Cadeado, Candeeiro,
mente em 2013 que a antiga será abolida.
Cemitério, Confete, Creolina, Cumeeira, Desperdício, Destilar,
Disenteria, Empecilho, Encarnar, Indígena, Irrequieto, Lacrimo-
Esse material já se encontra segundo o Novo Acordo Orto-
gêneo, Mexerico, Mimeógrafo, Orquídea, Peru, Quase, Quepe,
gráfico.
Senão, Sequer, Seriema, Seringa, Umedecer.
Alfabeto
Emprega-se a letra I:
- Na sílaba final de formas dos verbos terminados em –air/–
O alfabeto passou a ser formado por 26 letras. As letras “k”,
“w” e “y” não eram consideradas integrantes do alfabeto (agora oer /–uir: cai, corrói, diminuir, influi, possui, retribui, sai, etc.
são). Essas letras são usadas em unidades de medida, nomes pró- - Em palavras formadas com o prefixo anti- (contra): antiaé-
prios, palavras estrangeiras e outras palavras em geral. Exemplos: reo, Anticristo, antitetânico, antiestético, etc.
km, kg, watt, playground, William, Kafka, kafkiano. - Nos seguintes vocábulos: aborígine, açoriano, artifício,
Vogais: a, e, i, o, u. artimanha, camoniano, Casimiro, chefiar, cimento, crânio, criar,
Consoantes: b,c,d,f,g,h,j,k,l,m,n,p,q,r,s,t,v,w,x,y,z. criador, criação, crioulo, digladiar, displicente, erisipela, escárnio,
Alfabeto: a,b,c,d,e,f,g,h,i,j,k,l,m,n,o,p,q,r,s,t,u,v,w,x,y,z. feminino, Filipe, frontispício, Ifigênia, inclinar, incinerar, inigua-
lável, invólucro, lajiano, lampião, pátio, penicilina, pontiagudo,
Emprego da letra H privilégio, requisito, Sicília (ilha), silvícola, siri, terebintina, Ti-
Esta letra, em início ou fim de palavras, não tem valor foné- biriçá, Virgílio.
tico; conservou-se apenas como símbolo, por força da etimologia
e da tradição escrita. Grafa-se, por exemplo, hoje, porque esta Grafam-se com a letra O: abolir, banto, boate, bolacha, bo-
palavra vem do latim hodie. letim, botequim, bússola, chover, cobiça, concorrência, costume,
engolir, goela, mágoa, mocambo, moela, moleque, mosquito, né-
Emprega-se o H: voa, nódoa, óbolo, ocorrência, rebotalho, Romênia, tribo.
- Inicial, quando etimológico: hábito, hélice, herói, hérnia,
hesitar, haurir, etc. Grafam-se com a letra U: bulir, burburinho, camundongo,
- Medial, como integrante dos dígrafos ch, lh e nh: chave, chuviscar, cumbuca, cúpula, curtume, cutucar, entupir, íngua,
boliche, telha, flecha companhia, etc. jabuti, jabuticaba, lóbulo, Manuel, mutuca, rebuliço, tábua, tabua-
- Final e inicial, em certas interjeições: ah!, ih!, hem?, hum!, da, tonitruante, trégua, urtiga.
etc.

Didatismo e Conhecimento 101


PORTUGUÊS
Parônimos: Registramos alguns parônimos que se diferen- Escrevem-se com J:
ciam pela oposição das vogais /e/ e /i/, /o/ e /u/. Fixemos a grafia - Palavras derivadas de outras terminadas em –já: laranja (la-
e o significado dos seguintes: ranjeira), loja (lojista, lojeca), granja (granjeiro, granjense), gorja
(gorjeta, gorjeio), lisonja (lisonjear, lisonjeiro), sarja (sarjeta), ce-
área = superfície reja (cerejeira).
ária = melodia, cantiga - Todas as formas da conjugação dos verbos terminados em
arrear = pôr arreios, enfeitar –jar ou –jear: arranjar (arranje), despejar (despejei), gorjear (gor-
arriar = abaixar, pôr no chão, cair jeia), viajar (viajei, viajem) – (viagem é substantivo).
comprido = longo - Vocábulos cognatos ou derivados de outros que têm j: laje
cumprido = particípio de cumprir (lajedo), nojo (nojento), jeito (jeitoso, enjeitar, projeção, rejeitar,
comprimento = extensão sujeito, trajeto, trejeito).
cumprimento = saudação, ato de cumprir - Palavras de origem ameríndia (principalmente tupi-guarani)
costear = navegar ou passar junto à costa ou africana: canjerê, canjica, jenipapo, jequitibá, jerimum, jiboia,
custear = pagar as custas, financiar jiló, jirau, pajé, etc.
deferir = conceder, atender - As seguintes palavras: alfanje, alforje, berinjela, cafajeste,
diferir = ser diferente, divergir cerejeira, intrujice, jeca, jegue, Jeremias, Jericó, Jerônimo, jérsei,
delatar = denunciar jiu-jitsu, majestade, majestoso, manjedoura, manjericão, ojeriza,
dilatar = distender, aumentar pegajento, rijeza, sabujice, sujeira, traje, ultraje, varejista.
descrição = ato de descrever - Atenção: Moji palavra de origem indígena, deve ser escrita
discrição = qualidade de quem é discreto com J. Por tradição algumas cidades de São Paulo adotam a grafia
emergir = vir à tona com G, como as cidades de Mogi das Cruzes e Mogi Mirim.
imergir = mergulhar
emigrar = sair do país Representação do fonema /S/
imigrar = entrar num país estranho O fonema /s/, conforme o caso, representa-se por:
emigrante = que ou quem emigra - C, Ç: acetinado, açafrão, almaço, anoitecer, censura, cimen-
imigrante = que ou quem imigra to, dança, dançar, contorção, exceção, endereço, Iguaçu, maçarico,
eminente = elevado, ilustre maçaroca, maço, maciço, miçanga, muçulmano, muçurana, paçoca,
iminente = que ameaça acontecer pança, pinça, Suíça, suíço, vicissitude.
recrear = divertir - S: ânsia, ansiar, ansioso, ansiedade, cansar, cansado, descan-
recriar = criar novamente sar, descanso, diversão, excursão, farsa, ganso, hortênsia, preten-
soar = emitir som, ecoar, repercutir são, pretensioso, propensão, remorso, sebo, tenso, utensílio.
suar = expelir suor pelos poros, transpirar - SS: acesso, acessório, acessível, assar, asseio, assinar, car-
sortir = abastecer rossel, cassino, concessão, discussão, escassez, escasso, essencial,
surtir = produzir (efeito ou resultado)
expressão, fracasso, impressão, massa, massagista, missão, neces-
sortido = abastecido, bem provido, variado
sário, obsessão, opressão, pêssego, procissão, profissão, profissio-
surtido = produzido, causado
nal, ressurreição, sessenta, sossegar, sossego, submissão, sucessivo.
vadear = atravessar (rio) por onde dá pé, passar a vau
- SC, SÇ: acréscimo, adolescente, ascensão, consciência,
vadiar = viver na vadiagem, vagabundear, levar vida de vadio
consciente, crescer, cresço, descer, desço, desça, disciplina, discí-
pulo, discernir, fascinar, florescer, imprescindível, néscio, oscilar,
Emprego das letras G e J
piscina, ressuscitar, seiscentos, suscetível, suscetibilidade, suscitar,
Para representar o fonema /j/ existem duas letras; g e j. Grafa-
víscera.
se este ou aquele signo não de modo arbitrário, mas de acordo com
a origem da palavra. Exemplos: gesso (do grego gypsos), jeito (do - X: aproximar, auxiliar, auxílio, máximo, próximo, proximi-
latim jactu) e jipe (do inglês jeep). dade, trouxe, trouxer, trouxeram, etc.
- XC: exceção, excedente, exceder, excelência, excelente, ex-
Escrevem-se com G: celso, excêntrico, excepcional, excesso, excessivo, exceto, excitar,
- Os substantivos terminados em –agem, -igem, -ugem: gara- etc.
gem, massagem, viagem, origem, vertigem, ferrugem, lanugem.
Exceção: pajem Homônimos
- As palavras terminadas em –ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio:
contágio, estágio, egrégio, prodígio, relógio, refúgio. acento = inflexão da voz, sinal gráfico
- Palavras derivadas de outras que se grafam com g: massa- assento = lugar para sentar-se
gista (de massagem), vertiginoso (de vertigem), ferruginoso (de acético = referente ao ácido acético (vinagre)
ferrugem), engessar (de gesso), faringite (de faringe), selvageria ascético = referente ao ascetismo, místico
(de selvagem), etc. cesta = utensílio de vime ou outro material
- Os seguintes vocábulos: algema, angico, apogeu, auge, es- sexta = ordinal referente a seis
trangeiro, gengiva, gesto, gibi, gilete, ginete, gíria, giz, hegemonia, círio = grande vela de cera
herege, megera, monge, rabugento, sugestão, tangerina, tigela. sírio = natural da Síria
cismo = pensão

Didatismo e Conhecimento 102


PORTUGUÊS
sismo = terremoto Sufixo –ESA e –EZA
empoçar = formar poça Usa-se –esa (com s):
empossar = dar posse a - Nos seguintes substantivos cognatos de verbos terminados
incipiente = principiante em –ender: defesa (defender), presa (prender), despesa (despen-
insipiente = ignorante der), represa (prender), empresa (empreender), surpresa (surpreen-
intercessão = ato de interceder der), etc.
interseção = ponto em que duas linhas se cruzam - Nos substantivos femininos designativos de títulos nobiliár-
ruço = pardacento quicos: baronesa, dogesa, duquesa, marquesa, princesa, consulesa,
russo = natural da Rússia prioresa, etc.
- Nas formas femininas dos adjetivos terminados em –ês: bur-
Emprego de S com valor de Z guesa (de burguês), francesa (de francês), camponesa (de campo-
- Adjetivos com os sufixos –oso, -osa: gostoso, gostosa, gra- nês), milanesa (de milanês), holandesa (de holandês), etc.
cioso, graciosa, teimoso, teimosa, etc. - Nas seguintes palavras femininas: framboesa, indefesa, lesa,
- Adjetivos pátrios com os sufixos –ês, -esa: português, portu- mesa, sobremesa, obesa, Teresa, tesa, toesa, turquesa, etc.
guesa, inglês, inglesa, milanês, milanesa, etc. Usa-se –eza (com z):
- Substantivos e adjetivos terminados em –ês, feminino –esa: - Nos substantivos femininos abstratos derivados de adjetivos
burguês, burguesa, burgueses, camponês, camponesa, campone- e denotado qualidades, estado, condição: beleza (de belo), fran-
ses, freguês, freguesa, fregueses, etc.
queza (de franco), pobreza (de pobre), leveza (de leve), etc.
- Verbos derivados de palavras cujo radical termina em –s:
analisar (de análise), apresar (de presa), atrasar (de atrás), extasiar
Verbos terminados em –ISAR e -IZAR
(de êxtase), extravasar (de vaso), alisar (de liso), etc.
- Formas dos verbos pôr e querer e de seus derivados: pus, Escreve-se –isar (com s) quando o radical dos nomes corres-
pusemos, compôs, impuser, quis, quiseram, etc. pondentes termina em –s. Se o radical não terminar em –s, grafa-
- Os seguintes nomes próprios de pessoas: Avis, Baltasar, se –izar (com z): avisar (aviso + ar), analisar (análise + ar), alisar
Brás, Eliseu, Garcês, Heloísa, Inês, Isabel, Isaura, Luís, Luísa, (a + liso + ar), bisar (bis + ar), catalisar (catálise + ar), improvisar
Queirós, Resende, Sousa, Teresa, Teresinha, Tomás, Valdês. (improviso + ar), paralisar (paralisia + ar), pesquisar (pesquisa +
- Os seguintes vocábulos e seus cognatos: aliás, anis, arnês, ar), pisar, repisar (piso + ar), frisar (friso + ar), grisar (gris + ar),
ás, ases, através, avisar, besouro, colisão, convés, cortês, corte- anarquizar (anarquia + izar), civilizar (civil + izar), canalizar (ca-
sia, defesa, despesa, empresa, esplêndido, espontâneo, evasiva, nal + izar), amenizar (ameno + izar), colonizar (colono + izar),
fase, frase, freguesia, fusível, gás, Goiás, groselha, heresia, hesitar, vulgarizar (vulgar + izar), motorizar (motor + izar), escravizar (es-
manganês, mês, mesada, obséquio, obus, paisagem, país, paraíso, cravo + izar), cicatrizar (cicatriz + izar), deslizar (deslize + izar),
pêsames, pesquisa, presa, presépio, presídio, querosene, raposa, matizar (matiz + izar).
represa, requisito, rês, reses, retrós, revés, surpresa, tesoura, tesou- Emprego do X
ro, três, usina, vasilha, vaselina, vigésimo, visita. - Esta letra representa os seguintes fonemas:
Ch – xarope, enxofre, vexame, etc.
Emprego da letra Z CS – sexo, látex, léxico, tóxico, etc.
- Os derivados em –zal, -zeiro, -zinho, -zinha, -zito, -zita: ca- Z – exame, exílio, êxodo, etc.
fezal, cafezeiro, cafezinho, avezinha, cãozito, avezita, etc. SS – auxílio, máximo, próximo, etc.
- Os derivados de palavras cujo radical termina em –z: cruzei- S – sexto, texto, expectativa, extensão, etc.
ro (de cruz), enraizar (de raiz), esvaziar (de vazio), etc.
- Os verbos formados com o sufixo –izar e palavras cognatas: - Não soa nos grupos internos –xce- e –xci-: exceção, exceder,
fertilizar, fertilizante, civilizar, civilização, etc. excelente, excelso, excêntrico, excessivo, excitar, inexcedível, etc.
- Substantivos abstratos em –eza, derivados de adjetivos e de- - Grafam-se com x e não com s: expectativa, experiente, ex-
notando qualidade física ou moral: pobreza (de pobre), limpeza piar, expirar, expoente, êxtase, extasiado, extrair, fênix, texto, etc.
(de limpo), frieza (de frio), etc. - Escreve-se x e não ch: Em geral, depois de ditongo: caixa,
- As seguintes palavras: azar, azeite, azáfama, azedo, amizade,
baixo, faixa, feixe, frouxo, ameixa, rouxinol, seixo, etc. Excetuam-
aprazível, baliza, buzinar, bazar, chafariz, cicatriz, ojeriza, prezar,
se caucho e os derivados cauchal, recauchutar e recauchutagem.
prezado, proeza, vazar, vizinho, xadrez.
Geralmente, depois da sílaba inicial en-: enxada, enxame, enxa-
mear, enxaguar, enxaqueca, enxergar, enxerto, enxoval, enxugar,
Sufixo –ÊS e –EZ
- O sufixo –ês (latim –ense) forma adjetivos (às vezes subs- enxurrada, enxuto, etc. Excepcionalmente, grafam-se com ch:
tantivos) derivados de substantivos concretos: montês (de monte), encharcar (de charco), encher e seus derivados (enchente, preen-
cortês (de corte), burguês (de burgo), montanhês (de montanha), cher), enchova, enchumaçar (de chumaço), enfim, toda vez que se
francês (de França), chinês (de China), etc. trata do prefixo en- + palavra iniciada por ch. Em vocábulos de ori-
- O sufixo –ez forma substantivos abstratos femininos deri- gem indígena ou africana: abacaxi, xavante, caxambu, caxinguelê,
vados de adjetivos: aridez (de árido), acidez (de ácido), rapidez orixá, maxixe, etc. Nas seguintes palavras: bexiga, bruxa, coaxar,
(de rápido), estupidez (de estúpido), mudez (de mudo) avidez (de faxina, graxa, lagartixa, lixa, lixo, mexer, mexerico, puxar, rixa,
ávido) palidez (de pálido) lucidez (de lúcido), etc. oxalá, praxe, vexame, xarope, xaxim, xícara, xale, xingar, xampu.

Didatismo e Conhecimento 103


PORTUGUÊS
Emprego do dígrafo CH - Nomes de ruas, praças, edifícios, estabelecimentos, agremia-
Escreve-se com ch, entre outros os seguintes vocábulos: bu- ções, órgãos públicos, etc: Rua do Ouvidor, Praça da Paz, Aca-
cha, charque, charrua, chavena, chimarrão, chuchu, cochilo, facha- demia Brasileira de Letras, Banco do Brasil, Teatro Municipal,
da, ficha, flecha, mecha, mochila, pechincha, tocha. Colégio Santista, etc.
- Nomes de artes, ciências, títulos de produções artísticas, lite-
Homônimos rárias e científicas, títulos de jornais e revistas: Medicina, Arqui-
tetura, Os Lusíadas, O Guarani, Dicionário Geográfico Brasileiro,
Bucho = estômago Correio da Manhã, Manchete, etc.
Buxo = espécie de arbusto - Expressões de tratamento: Vossa Excelência, Sr. Presidente,
Cocha = recipiente de madeira Excelentíssimo Senhor Ministro, Senhor Diretor, etc.
Coxa = capenga, manco - Nomes dos pontos cardeais, quando designam regiões: Os
Tacha = mancha, defeito; pequeno prego; prego de cabeça lar- povos do Oriente, o falar do Norte. Mas: Corri o país de norte a
ga e chata, caldeira. sul. O Sol nasce a leste.
Taxa = imposto, preço de serviço público, conta, tarifa - Nomes comuns, quando personificados ou individuados: o
Chá = planta da família das teáceas; infusão de folhas do chá Amor, o Ódio, a Morte, o Jabuti (nas fábulas), etc.
ou de outras plantas
Emprego das iniciais minúsculas
Xá = título do soberano da Pérsia (atual Irã)
- Nomes de meses, de festas pagãs ou populares, nomes gentí-
Cheque = ordem de pagamento
licos, nomes próprios tornados comuns: maia, bacanais, carnaval,
Xeque = no jogo de xadrez, lance em que o rei é atacado por
ingleses, ave-maria, um havana, etc.
uma peça adversária - Os nomes a que se referem os itens 4 e 5 acima, quando em-
pregados em sentido geral: São Pedro foi o primeiro papa. Todos
Consoantes dobradas amam sua pátria.
- Nas palavras portuguesas só se duplicam as consoantes C, - Nomes comuns antepostos a nomes próprios geográficos: o
R, S. rio Amazonas, a baía de Guanabara, o pico da Neblina, etc.
- Escreve-se com CC ou CÇ quando as duas consoantes soam - Palavras, depois de dois pontos, não se tratando de citação
distintamente: convicção, occipital, cocção, fricção, friccionar, direta: “Qual deles: o hortelão ou o advogado?”; “Chegam os ma-
facção, sucção, etc. gos do Oriente, com suas dádivas: ouro, incenso, mirra”.
- Duplicam-se o R e o S em dois casos: Quando, intervocá- - No interior dos títulos, as palavras átonas, como: o, a, com,
licos, representam os fonemas /r/ forte e /s/ sibilante, respectiva- de, em, sem, grafam-se com inicial minúscula.
mente: carro, ferro, pêssego, missão, etc. Quando a um elemento
de composição terminado em vogal seguir, sem interposição do Algumas palavras ou expressões costumam apresentar dificul-
hífen, palavra começada com /r/ ou /s/: arroxeado, correlação, dades colocando em maus lençóis quem pretende falar ou redigir
pressupor, bissemanal, girassol, minissaia, etc. português culto. Esta é uma oportunidade para você aperfeiçoar
CÊ - cedilha seu desempenho. Preste atenção e tente incorporar tais palavras
É a letra C que se pôs cedilha. Indica que o Ç passa a ter som certas em situações apropriadas.
de /S/: almaço, ameaça, cobiça, doença, eleição, exceção, força, A anos: a indica tempo futuro: Daqui a um ano iremos à Eu-
frustração, geringonça, justiça, lição, miçanga, preguiça, raça. ropa.
Nos substantivos derivados dos verbos: ter e torcer e seus de- Há anos: há indica tempo passado: não o vejo há meses.
rivados: ater, atenção; abster, abstenção; reter, retenção; torcer,
torção; contorcer, contorção; distorcer, distorção. “Procure o seu caminho
O Ç só é usado antes de A,O,U. Eu aprendi a andar sozinho
Isto foi há muito tempo atrás
Mas ainda sei como se faz
Emprego das iniciais maiúsculas
Minhas mãos estão cansadas
- A primeira palavra de período ou citação. Diz um provérbio
Não tenho mais onde me agarrar.”
árabe: “A agulha veste os outros e vive nua”. No início dos versos
(gravação: Nenhum de Nós)
que não abrem período é facultativo o uso da letra maiúscula.
- Substantivos próprios (antropônimos, alcunhas, topônimos, Atenção: Há muito tempo já indica passado. Não há necessi-
nomes sagrados, mitológicos, astronômicos): José, Tiradentes, dade de usar atrás, isto é um pleonasmo.
Brasil, Amazônia, Campinas, Deus, Maria Santíssima, Tupã, Mi-
nerva, Via-Láctea, Marte, Cruzeiro do Sul, etc. Acerca de: equivale a (a respeito de): Falávamos acerca de
- Nomes de épocas históricas, datas e fatos importantes, festas uma solução melhor.
religiosas: Idade Média, Renascença, Centenário da Independên- Há cerca de: equivale a (faz tempo). Há cerca de dias resol-
cia do Brasil, a Páscoa, o Natal, o Dia das Mães, etc. vemos este caso.
- Nomes de altos cargos e dignidades: Papa, Presidente da Re- Ao encontro de: equivale (estar a favor de): Sua atitude vai
pública, etc. ao encontro da verdade.
- Nomes de altos conceitos religiosos ou políticos: Igreja, Na- De encontro a: equivale a (oposição, choque): Minhas opi-
ção, Estado, Pátria, União, República, etc. niões vão de encontro às suas.

Didatismo e Conhecimento 104


PORTUGUÊS
A fim de: locução prepositiva que indica (finalidade): Vou a Botijão/Bujão de gás: ambas formas corretas: Comprei um
fim de visitá-la. botijão/bujão de gás.
Afim: é um adjetivo e equivale a (igual, semelhante): Somos
almas afins. Câmara: equivale ao local de trabalho onde se reúnem os
vereadores, deputados: Ficaram todos reunidos na Câmara Mu-
Ao invés de: equivale (ao contrário de): Ao invés de falar nicipal.
começou a chorar (oposição). Câmera: aparelho que fotografa, tira fotos: Comprei uma câ-
Em vez de: equivale a (no lugar de): Em vez de acompanhar- mera japonesa.
me, ficou só.´
Faça você a sua parte, ao invés de ficar me cobrando! Champanha/Champanhe (do francês): O champanha/
Quantas vezes usamos “ao invés de” quando queremos dizer champanhe está bem gelado.
“no lugar de”! Cessão: equivale ao ato de doar, doação: Foi confirmada a
Contudo, esse emprego é equivocado, uma vez que “invés” cessão do terreno.
significa “contrário”, “inverso”. Não que seja absurdamente errado Sessão: equivale ao intervalo de tempo de uma reunião: A ses-
escrever “ao invés de” em frases que expressam sentido de “em são do filme durou duas horas.
lugar de”, mas é preferível optar por “em vez de”. Seção/Secção: repartição pública, departamento: Visitei hoje
Observe: Em vez de conversar, preferiu gritar para a escola a seção de esportes.
inteira ouvir! (em lugar de) Ele pediu que fosse embora ao invés
de ficar e discutir o caso. (ao contrário de) Demais: é advérbio de intensidade, equivale a muito, aparece
Use “ao invés de” quando quiser o significado de “ao contrá- intensificando verbos, adjetivos ou o próprio advérbio. Vocês fa-
rio de”, “em oposição a”, “avesso”, “inverso”. lam demais, caras!
Use “em vez de” quando quiser um sentido de “no lugar de” Demais: pode ser usado como substantivo, seguido de artigo,
ou “em lugar de”. No entanto, pode assumir o significado de “ao equivale a os outros. Chamaram mais dez candidatos, os demais
invés de”, sem problemas. Porém, o que ocorre é justamente o devem aguardar.
contrário, coloca-se “ao invés de” onde não poderia. De mais: é locução prepositiva, opõe-se a de menos, refere-se
sempre a um substantivo ou a um pronome: Não vejo nada de mais
A par: equivale a (bem informado, ciente): Estamos a par das em sua decisão.
boas notícias.
Ao par: indica relação (de igualdade ou equivalência entre Dia a dia: é um substantivo, equivale a cotidiano, diário, que
valores financeiros – câmbio): O dólar e o euro estão ao par. faz ou acontece todo dia. Meu dia a dia é cheio de surpresas. (até
01/01/2009, era grafado dia a dia)
Aprender: tomar conhecimento de: O menino aprendeu a Dia a dia: é uma expressão adverbial, equivale a diariamente.
lição. O álcool aumenta dia a dia. Pode isso?
Apreender: prender: O fiscal apreendeu a carteirinha do
menino. Descriminar: equivale a (inocentar, absolver de crime). O réu
À toa: é uma locução adverbial de modo, equivale a (inutil- foi descriminado; pra sorte dele.
mente, sem razão): Andava à toa pela rua. Discriminar: equivale a (diferençar, distinguir, separar). Era
À toa: é um adjetivo (refere-se a um substantivo), equivale impossível discriminar os caracteres do documento. Cumpre dis-
a (inútil, desprezível). Foi uma atitude à toa e precipitada. (até criminar os verdadeiros dos falsos valores. /Os negros ainda são
01/01/2009 era grafada: à-toa) discriminados.
Baixar: os preços quando não há objeto direto; os preços fun- Descrição: ato de descrever: A descrição sobre o jogador foi
cionam como sujeito: Baixaram os preços (sujeito) nos supermer- perfeita.
cados. Vamos comemorar, pessoal! Discrição: qualidade ou caráter de ser discreto, reservado:
Abaixar: os preços empregado com objeto direto: Os postos Você foi muito discreto.
(sujeito) de combustível abaixaram os preços (objeto direto) da
gasolina. Entrega em domicílio: equivale a lugar: Fiz a entrega em
domicílio.
Bebedor: é a pessoa que bebe: Tornei-me um grande bebedor Entrega a domicílio com verbos de movimento: Enviou as
de vinho. compras a domicílio.
Bebedouro: é o aparelho que fornece água. Este bebedouro
está funcionando bem. As expressões “entrega em domicílio” e “entrega a domicílio”
são muito recorrentes em restaurantes, na propaganda televisa, no
Bem Vindo: é um adjetivo composto: Você é sempre bem outdoor, no folder, no panfleto, no catálogo, na fala. Convivem
vindo aqui, jovem. juntas sem problemas maiores porque são entendidas da mesma
Benvindo: é nome próprio: Benvindo é meu colega de classe. forma, com um mesmo sentido. No entanto, quando falamos de
gramática normativa, temos que ter cuidado, pois “a domicílio”
Boêmia/Boemia: são formas variantes (usadas normalmente): não é aceita. Por quê? A regra estabelece que esta última locução
Vivia na boêmia/boemia. adverbial deve ser usada nos casos de verbos que indicam movi-
mento, como: levar, enviar, trazer, ir, conduzir, dirigir-se.

Didatismo e Conhecimento 105


PORTUGUÊS
Portanto, “A loja entregou meu sofá a casa” não está correto. Obrigada: As mulheres devem dizer: muito obrigada, eu
Já a locução adverbial “em domicílio” é usada com os verbos sem mesma, eu própria.
noção de movimento: entregar, dar, cortar, fazer. Obrigado: Os homens devem dizer: muito obrigado, eu mes-
A dúvida surge com o verbo “entregar”: não indicaria movi- mo, eu próprio.
mento? De acordo com a gramática purista não, uma vez que quem
entrega, entrega algo em algum lugar. Onde: indica o (lugar em que se está); refere-se a verbos que
Porém, há aqueles que afirmam que este verbo indica sim movi- exprimem estado, permanência: Onde fica a farmácia mais próxi-
mento, pois quem entrega se desloca de um lugar para outro. ma?
Contudo, obedecendo às normas gramaticais, devemos usar Aonde: indica (ideia de movimento); equivale (para onde) so-
“entrega em domicílio”, nos atentando ao fato de que a finalidade mente com verbo de movimento desde que indique deslocamento,
é que vale: a entrega será feita no (em+o) domicílio de uma pessoa. ou seja, a+onde. Aonde vão com tanta pressa?
Espectador: é aquele que vê, assiste: Os espectadores se far- “Pode seguir a tua estrada
taram da apresentação. o teu brinquedo de estar
Expectador: é aquele que está na expectativa, que espera algu- fantasiando um segredo
ma coisa: O expectador aguardava o momento da chamada. o ponto aonde quer chegar...”
(gravação: Barão Vermelho)
Estada: permanência de pessoa (tempo em algum lugar): A es-
tada dela aqui foi gratificante. Por ora: equivale a (por este momento, por enquanto): Por
Estadia: prazo concedido para carga e descarga de navios ou ora chega de trabalhar.
veículos: A estadia do carro foi prolongada por mais algumas se- Por hora: locução equivale a (cada sessenta minutos): Você
manas. deve cobrar por hora.
Fosforescente: adjetivo derivado de fósforo; que brilha no es-
curo: Este material é fosforescente. Por que: escreve se separado; quando ocorre: preposição
Fluorescente: adjetivo derivado de flúor, elemento químico, por+que - advérbio interrogativo (Por que você mentiu?); prepo-
refere-se a um determinado tipo de luminosidade: A luz branca do sição por+que – pronome relativo pelo/a qual, pelos/as quais (A
carro era fluorescente. cidade por que passamos é simpática e acolhedora.) (=pela qual);
preposição por+que – conjunção subordinativa integrante; inicia
Haja - do verbo haver - É preciso que não haja descuido. oração subordinada substantiva (Não sei por que tomaram esta de-
Aja - do verbo agir - Aja com cuidado, Carlinhos. cisão. (=por que motivo, razão)
Por quê: final de frase, antes de um ponto final, de interroga-
Houve: pretérito perfeito do verbo haver, 3ª pessoa do singular ção, de exclamação, reticências; o monossílabo que passa a ser tô-
Ouve: presente do indicativo do verbo ouvir, 3ª pessoa do nico (forte), devendo, pois, ser acentuado: __O show foi cancelado
singular mas ninguém sabe por quê. (final de frase); __Por quê? (isolado)
Porque: conjunção subordinativa causal: equivale a: pela
Levantar: é sinônimo de erguer: Ginês, meu estimado cunha- causa, razão de que, pelo fato, motivo de que: Não fui ao encon-
do, levantou sozinho a tampa do poço. tro porque estava acamado; conjunção subordinativa explicativa:
Levantar-se: pôr de pé: Luís e Diego levantaram-se cedo e, equivale a: pois, já que, uma vez que, visto que: “Mas a minha tris-
dirigiram-se ao aeroporto. teza é sossego porque é natural e justa.”; conjunção subordinativa
final (verbo no subjuntivo, equivale a para que): “Mas não julgue-
Mal: advérbio de modo, equivale a erradamente, é oposto de mos, porque não venhamos a ser julgados.”
bem: Dormi mal. (bem). Equivale a nocivo, prejudicial, enfermida- Porquê: funciona como substantivo; vem sempre acompanha-
de; pode vir antecedido de artigo, adjetivo ou pronome: A comida do de um artigo ou determinante: Não foi fácil encontrar o porquê
fez mal para mim. Seu mal é crer em tudo. Conjunção subordinati- daquele corre-corre.
va temporal, equivale a assim que, logo que: Mal chegou começou
a chorar desesperadamente. Senão: equivale a (caso contrário, a não ser): Não fazia coisa
Mau: adjetivo, equivale a ruim, oposto de bom; plural=maus; nenhuma senão criticar.
feminino=má. Você é um mau exemplo (bom). Substantivo: Os Se não: equivale a (se por acaso não), em orações adverbiais
maus nunca vencem. condicionais: Se não houver homens honestos, o país não sairá des-
ta situação crítica.
Mas: conjunção adversativa (ideia contrária), equivale a po- Tampouco: advérbio, equivale a (também não): Não compare-
rém, contudo, entretanto: Telefonei-lhe mas ela não atendeu. ceu, tampouco apresentou qualquer justificativa.
Mais: pronome ou advérbio de intensidade, opõe-se a menos: Tão pouco: advérbio de intensidade: Encontramo-nos tão
Há mais flores perfumadas no campo. pouco esta semana.

Nem um: equivale a nem um sequer, nem um único; a palavra Trás ou Atrás = indicam lugar, são advérbios
um expressa quantidade: Nem um filho de Deus apareceu para aju- Traz - do verbo trazer
dá-la.
Nenhum: pronome indefinido variável em gênero e número; Vultoso: volumoso: Fizemos um trabalho vultoso aqui.
vem antes de um substantivo, é oposto de algum: Nenhum jornal Vultuoso: atacado de congestão no rosto: Sua face está vultuo-
divulgou o resultado do concurso. sa e deformada.

Didatismo e Conhecimento 106


PORTUGUÊS
Exercícios 10. Complete com X ou CH: en.....er; dei.....ar; ......eiro;
fle......a; ei.....o; frou.....o; ma.....ucar; .....ocolate; en.....ada; en.....
01. Observe a ortografia correta das palavras: disenteria; pro- ergar; cai......a; .....iclete; fai......a; .....u......u; salsi......a; bai.......a;
grama; mortadela; mendigo; beneficente; caderneta; problema. capri......o; me......erica; ria.......o; ......ingar; .......aleira; amei......a;
......eirosos; abaca.....i.
Empregue as palavras acima nas frases:
a) O......teve.....porque comeu......estragada. 11. Complete com MAL ou MAU:
b) O superpai protegeu demais seu filho e este lhe trouxe a) Disseram que Carlota passou......ontem.
um.........: sua.......escolar indicou péssimo aproveitamento. b) Ele ficou de......humor após ter agido daquela forma.
c) A festa......teve um bom.......e, por isso, um bom aprovei- c) O time se considera......preparado para tal jogo.
tamento. d) Carlota sofria de um..........curável.
e) O.......é se ter afeiçoado às coisas materiais.
02. Passe as palavras para o diminutivo: f) Ele não é um........sujeito.
- asa; japonês; pai; homem; adeus; português; só; anel; g) Mas o.......não durou muito tempo.
- beleza; rosa; país; avô; arroz; princesa; café;
- flor; Oscar; rei; bom; casa; lápis; pé. 12. Complete as frases com porque ou por que corretamente:
a) ....... você está chateada?
03. Passe para o plural diminutivo: trem; pé; animal; só; pa- b) Cuidar do animal é mais importante........ele fica limpinho.
pel; jornal; mão; balão; automóvel; pai; cão; mercadoria; farol; c) .......... você não limpou o tapete?
rua; chapéu; flor. d) Concordo com papai.............ele tem razão.
e) ..........precisamos cuidar dos animais de estimação.  
04. Preencha as lacunas com as seguintes palavras: seção, ses-
são, cessão, comprimento, cumprimento, conserto, concerto 13. Preencha as lacunas com: mas = porém; mais = indica
a) O pequeno jornaleiro foi à.........do jornal. quantidade; más = feminino de mau.
b) Na..........musical os pequenos cantores apresentaram-se a) A mãe e o filho discutiram,.......não chegaram a um acordo.
muito bem. b) Você quer.......razões para acreditar em seu pai?
c) O........do jornaleiro é amável. c) Pessoas.........deveriam fazer reflexões para acreditar...... na
d) O..... das roupas é feito pela mãe do garoto. bondade do que no ódio.
e) O......do sapato custou muito caro. d) Eu limpo,.........depois vou brincar.
f) Eu......meu amigo com amabilidade. e) O frio não prejudica .........o Tico.
g) A.......de cinema foi um sucesso. f) Infelizmente Tico morreu, ........comprarei outro cãozinho.
h) O vestido tem um.........bom. g) Todas as atitudes ......devem ser perdoadas,.......jamais ser
i) Os pequenos violinistas participaram de um........ . repetidas, pois, quanto............se vive,.........se aprende.

05. Dê a palavra derivada acrescentando os sufixos ESA ou 14. Preencha as lacunas com: trás, atrás e traz.
EZA: Portugal; certo; limpo; bonito; pobre; magro; belo; gentil; a) ........... de casa havia um pinheiro.
duro; lindo; China; frio; duque; fraco; bravo; grande. b) A poluição.......consigo graves consequências.
c) Amarre-o por......... da árvore.
06. Forme substantivos dos adjetivos: honrado; rápido; escas- d) Não vou....... de comentários bobos..
so; tímido; estúpido; pálido; ácido; surdo; lúcido; pequeno. 15. Preencha as lacunas com: HÁ - indica tempo passado; A -
07. Use o H quando for necessário: alucinar; élice, umilde, tempo futuro e espaço.
esitar, oje, humano, ora, onra, aver, ontem, êxito, ábil, arpa, irôni- a) A loja fica ....... pouco quilômetros daqui.
co, orrível, árido, óspede, abitar. b) .........instantes li sobre o Natal.
c) Eles não vão à loja porque ........ mais de dois dias a mer-
8. Complete as lacunas com as seguintes formas verbais: Hou- cadoria acabou.
ve e Ouve. d) .........três dias que todos se preparam para a festa do Natal.
a) O menino .....muitas recomendações de seu pai. e) Esse fato aconteceu ....... muito tempo.
b) ........muita confusão na cabeça do pequeno. f) Os alunos da escola dramatizarão a história do Natal daqui
c) A criança não.........a professora porque não a compreende. ......oito dias.
d) Na escola........festa do Dia do Índio. g) Ele estava......... três passos da casa de André.
h) ........ dois quarteirões existe uma bela árvore de Natal.
9. A letra X representa vários sons. Leia atentamente as pala-
vras oralmente: trouxemos, exercícios, táxi, executarei, exibir-se, 16. Atenção para as palavras: por cima; devagar; depressa; de
oxigênio, exercer, proximidade, tóxico, extensão, existir, experiên- repente; por isso. Agora, empregue-as nas frases:
cia, êxito, sexo, auxílio, exame. Separe as palavras em três seções, a) ......... uma bola atingiu o cenário e o derrubou.
conforme o som do X. b) Bem...........o povo começou a se retirar.
- Som de Z; c) O rei descobriu a verdade,..........ficou irritado.
- Som de KS; d) Faça sua tarefa............, para podermos ir ao dentista.
- Som de S. e) ......... de sua vestimenta real, o rei usava um manto.

Didatismo e Conhecimento 107


PORTUGUÊS
17. Forme novas palavras usando ISAR ou IZAR: análise; Respostas
pesquisa; anarquia; canal; civilização; colônia; humano; suave;
revisão; real; nacional; final; oficial; monopólio; sintonia; central; 01. a) mendigo disenteria mortadela b) problema caderneta c)
paralisia; aviso. beneficente programa

18. Haja ou aja. Use haja ou aja para completar as orações: 02.
a) ........ com atenção para que não ........ muitos erros. - asinha; japonesinho; paizinho; homenzinho; adeusinho; por-
b) Talvez ......... greve; é preciso que........... cuidado e atenção. tuguesinho; sozinho; anelzinho;
c) Desejamos que ........ fraternidade nessa escola. - belezinha; rosinha; paisinho; avozinho; arrozinho; princesi-
d) ...... com docilidade, meu filho! nha; cafezinho;
- florzinha; Oscarzinho; reizinho; bonzinho; casinha; lapisi-
19. A palavra MENOS não deve ser modificada para o femini- nho; pezinho.
no. Complete as frases com a palavra MENOS:
a) Conheço todos os Estados brasileiros,.....a Bahia. 03. trenzinhos; pezinhos; animaizinhos; sozinhos; papeizi-
b) Todos eram calmos,.........mamãe. nhos; jornaizinhos; mãozinhas; balõezinhos; automoveisinhos;
c) Quero levar.........sanduíches do que na semana passada. paizinhos; cãezinhos; mercadoriazinhas; faroisinhos; ruazinhas;
d) Mamãe fazia doces e salgados........tortas grandes. chapeuzinhos; florezinhas.

20. Use por que , por quê , porque e porquê: 04. a) seção b) sessão c) cumprimento d) conserto e) conserto
a) ..........ninguém ri agora? f) cumprimento g) sessão h) comprimento i) concerto.
b) Eis........ ninguém ri.
c) Eis os princípios ............luto. 05. portuguesa; certeza; limpeza; boniteza; pobreza; magreza;
d) Ela não aprendeu, ...........? beleza; gentileza; dureza; lindeza; Chinesa; frieza; duquesa; fra-
e) Aproximei-me .........todos queriam me ouvir. queza; braveza; grandeza.
f) Você está assustado, ..........?
06. honradez; rapidez; escassez; timidez; estupidez; palidez;
g) Eis o motivo........errei.
acidez; surdez; lucidez; pequenez.
h) Creio que vou melhorar.......estudei muito.
i) O....... é difícil de ser estudado.
07. alucinar, ontem, hélice, êxito, humilde, hábil, hesitar, har-
j) ........ os índios estão revoltados?
pa, hoje, irônico, humano, horrível, hora, árido, honra, hóspede,
k) O caminho ........viemos era tortuoso.
haver, habitar.
21. Uso do S e Z. Complete as palavras com S ou Z. A se-
08. a) ouve b) Houve c) ouve d) houve
guir, copie as palavras na forma correta: pou....ando; pre....ença;
arte.....anato; escravi.....ar; nature.....a; va.....o; pre.....idente; fa..... 09.
er; Bra.....il; civili....ação; pre....ente; atra....ados; produ......irem; Som de Z: exercícios, executarei, exibir-se, exercer, existir,
a....a; hori...onte; torrão....inho; fra....e; intru ....o; de....ejamos; êxito e exame.
po....itiva; podero....o; de...envolvido; surpre ....a; va.....io; ca....o; Som de KS: táxi, oxigênio, tóxico e sexo.
coloni...ação. Som de S: trouxemos, proximidade, extensão, experiência e
22. Complete com X ou S e copie as palavras com atenção: auxílio.
e....trangeiro; e....tensão; e....tranho; e....tender; e....tenso; e....pon- 10. encher, deixar, cheiro, flecha, eixo, frouxo, machucar, cho-
tâneo; mi...to; te....te; e....gotar; e....terior; e....ceção; e...plêndido; colate, enxada, enxergar, caixa, chiclete, faixa, chuchu, salsicha,
te....to; e....pulsar; e....clusivo. baixa, capricho, mexerica, riacho, xingar, chaleira, ameixa, chei-
rosos, abacaxi.
23. Tão Pouco / Tampouco
11. a) mal b) mau c) mal d) mal e) mau f) mau g) mal
Complete as frases corretamente: 12. a) Por que b) porque c) Por que d) porque e) Porque
a) Eu tive ........oportunidades!
b) Tenho.......... alunos, que cabem todos naquela salinha. 13. a) mas b) más mais c) más d) mas e) mais f) mas g) más
c) Ele não veio;.......virão seus amigos. mas mais mais
d) Eu tenho .........tempo para estudar.
e) Nunca tive gosto para dançar;......para tocar piano. 14. a) Atrás b) traz c) trás d) atrás
f) As pessoas que não amam,........são felizes.
g) As pessoas têm.....atitudes de amizade. 15. a) a b) Há c) há d) Há e) há f) a g) a h) A
h) O governo daquele país não resolve seus problemas,....... se
preocupa em resolvê-los. 16. a) De repente b) devagar c) por isso d) depressa e) Por
cima

Didatismo e Conhecimento 108


PORTUGUÊS
17. analisar; pesquisar; anarquizar; canalizar; civilizar; coloni-
zar; humanizar; suavizar; revisar; realizar; nacionalizar; finalizar;
oficializar; monopolizar; sintonizar; centralizar; paralisar; avisar.

18. a) Aja haja b) haja haja c) haja d) Aja

19. a) menos b) menos c) menos d) menos

20. a) Por que b) por que c) por que d) por quê e) porque f) por
quê g) por que h) porque i) porquê j) Por que k) por que

21. Pousando; Presença; Artesanato; Escravizar; Natureza;


Vaso; Presidente; Fazer; Brasil; Civilização; Presente; Atrasados;
Produzirem; Asa; Horizonte; Torrãozinho; Frase; Intruso; Deseja-
mos; Positiva; Poderoso; Desenvolvido; Surpresa; Vazio; Caso;
Colonização.

22. estrangeiro; extensão; estranho; estender; extenso; Espon-


tâneo; Misto; Teste; Esgotar; Exterior; Exceção; Esplêndido; Tex-
to; Expulsar; Exclusivo.

23. a) tão poucas b) tão poucos c) tampouco d) tão pouco e)


tampouco f) tampouco g) tão poucas h) tampouco

Didatismo e Conhecimento 109


RACIOCÍNIO LÓGICO
RACIOCÍNIO LÓGICO
Nesta definição incluímos o caso em que o sujeito é unitário.
1. LÓGICA PROPOSICIONAL: Exemplo: “O cão é mamífero”.
PROPOSIÇÕES SIMBÓLICAS (FÓRMULAS);
TABELA VERDADE DE UMA FÓRMULA. As proposições particulares são aquelas em que o predicado
refere-se apenas a uma parte do conjunto. Exemplo: “Alguns
homens são mentirosos” é particular e simbolizamos por “algum
S é P”.
Uma proposição é uma afirmação que pode ser verdadeira ou
falsa. Ela é o significado da afirmação, não um arranjo preciso das Proposições Afirmativas e Negativas
palavras para transmitir esse significado. Por exemplo, “Existe um
número primo par maior que dois” é uma proposição (no caso, No caso de negativa podemos ter:
falsa). “Um número primo par maior que dois existe” é a mesma
proposição, expressa de modo diferente. É muito fácil mudar “Nenhum homem é mentiroso” é universal negativa e
acidentalmente o significado das palavras apenas reorganizando-
simbolizamos por “nenhum S é P”.
as. A dicção da proposição deve ser considerada algo significante.
É possível utilizar a linguística formal para analisar e reformular
uma afirmação sem alterar o significado. “Alguns homens não são mentirosos” é particular negativa e
As sentenças ou proposições são os elementos que, na simbolizamos por “algum S não é P”.
linguagem escrita ou falada, expressam uma ideia, mesmo que
absurda. Considerar-se-ão as que são bem definidas, isto é, aquelas No caso de afirmativa consideramos o item anterior.
que podem ser classificadas em falsas ou verdadeiras, denominadas
declarativas. As proposições geralmente são designadas por letras Chamaremos as proposições dos tipos: “Todo S é P”, “algum
latinas minúsculas: p, q, r, s...
S é P”, “algum S não é P” e “nenhum S é P”.
Considere os exemplos a seguir:
Então teremos a tabela:
p: Mônica é inteligente.

q: Se já nevou na região Sul, então o Brasil é um país europeu. AFIRMATIVA NEGATIVA


r: 7 > 3 UNIVERSAL Todo S é P (A) Nenhum S é P (E)
PARTICULAR Algum S é P (I) Algum S não é P (O)
s: 8 + 2 ≠ 10

Tipos de Proposições
Diagrama de Euler
Podemos classificar as sentenças ou proposições, conforme o
significado de seu texto, em: Para analisar, poderemos usar o diagrama de Euler.

- Declarativas ou afirmativas: são as sentenças em que se - Todo S é P (universal afirmativa – A)


afirma algo, que pode ou não ser verdadeiro. Exemplo: Júlio César
é o melhor goleiro do Brasil.
P P=S
- Interrogativas: são aquelas sentenças em que se questiona
algo. Esse tipo de sentença não admite valor verdadeiro ou falso. S ou
Exemplo: Lula estava certo em demitir a ministra?

- Imperativas ou ordenativas: são as proposições em que se


ordena alguma coisa. Exemplo: Mude a geladeira de lugar. - Nenhum S é P (universal negativa – E)

Proposições Universais e Particulares


S P
As proposições universais são aquelas em que o predicado
refere-se à totalidade do conjunto.
Exemplo:
- Algum S é P (particular afirmativa – I)
“Todos os homens são mentirosos” é universal e simbolizamos
por “Todo S é P”

Didatismo e Conhecimento 1
RACIOCÍNIO LÓGICO
Daí, poderemos representar a sentença da seguinte forma:
P=S
Se p então q (ou  p ⇒ q)
P S

S ou ou ou Sentenças Abertas
P S P
Existem sentenças que não podem ser classificadas nem
como falsas, nem como verdadeiras. São as sentenças chamadas
- Algum S não é P (particular negativa – O) sentenças abertas.

S
S P
Exemplos
S
P
1. p( x) : x + 4 = 9
ou ou
P
A sentença matemática x + 4 = 9 é aberta, pois existem
infinitos números que satisfazem a equação. Obviamente, apenas
um deles, x = 5 , tornando a sentença verdadeira. Porém, existem
Princípios
infinitos outros números que podem fazer com que a proposição se
torne falsa, como x = −5.
- Princípio da não-contradição: Uma proposição não pode ser
verdadeira e falsa simultaneamente. 2. q( x) : x < 3
- Princípio do Terceiro Excluído: Uma proposição só pode ter
dois valores verdades, isto é, é verdadeiro (V) ou falso (F), não Dessa maneira, na sentença x < 3 , obtemos infinitos valores
podendo ter outro valor. que satisfazem à equação. Porém, alguns são verdadeiros, como
a) “O Curso Pré-Fiscal fica em São Paulo” é um proposição x = −2 , e outros são falsos, como x = +7.
verdadeira.
b) “O Brasil é um País da América do Sul” é uma proposição Atenção: As proposições ou sentenças lógicas são
verdadeira. representadas por letras latinas e podem ser classificadas em
c) “A Receita Federal pertence ao poder judiciário”, é uma abertas ou fechadas.
proposição falsa. A sentença s ( x ) : 2 + 2 = 5 é uma sentença fechada, pois a
As proposições simples (átomos) combinam-se com outras, ela se pode atribuir um valor lógico; nesse caso, o valor de s (x )
ou são modificadas por alguns operadores (conectivos), gerando é F, pois a sentença é falsa.
novas sentenças chamadas de moléculas. Os conectivos serão A sentença p (x ) “Phil Collins é um grande cantor de música
representados da seguinte forma: pop internacional” é fechada, dado que possui um valor lógico e
esse valor é verdadeiro.


    corresponde a “não” Já a sentença e(x ) “O sorteio milionário da Mega-Sena” é
∧ corresponde a “e” uma sentença aberta, pois não se sabe o objetivo de falar do sorteio
corresponde a “ou” da Mega-Sena, nem se pode atribuir um valor lógico para que
⇒ corresponde a “então” e(x) seja verdadeiro, ou falso.
⇔ corresponde a “se somente se”
Modificadores
Sendo assim, a partir de uma proposição podemos construir
uma outra correspondente com a sua negação; e com duas ou mais, A partir de uma proposição, podemos formar outra proposição
usando o modificador “não” (~), que será sua negação, a qual
podemos formar:
possuirá o valor lógico oposto ao da proposição.


- Conjunções: a ∧ b (lê-se: a e b)
Exemplo
- Disjunções: a b (lê-se: a ou b)
- Condicionais: a ⇒ b (lê-se: se a então b)
p: Jacira tem 3 irmãos.
- Bicondicionais: a ⇔ b (lê-se: a se somente se b) ~p: Jacira não tem 3 irmãos.
Exemplo É fácil verificar que:
1. Quando uma proposição é verdadeira, sua negação é falsa.
“Se Cacilda é estudiosa então ela passará no AFRF” 2. Quando uma proposição é falsa, sua negação é verdadeira.

Sejam as proposições:
p = “Cacilda é estudiosa”
q = “Ela passará no AFRF”

Didatismo e Conhecimento 2
RACIOCÍNIO LÓGICO

V ou F Sentença: p Negação: ~p V ou F (7) S: a > b se e somente se b < a. S é composta das proposições


simples p: a > b e q: b < a.
V 4∈ N F
∪ As proposições simples são aquelas que expressam “uma
12 não é divisível única ideia”. Constituem a base da linguagem e são também
F 12 é divisível por zero V
por zero. chamadas de átomos da linguagem. São representadas por letras
latinas minúsculas (p, q, r, s, ...).
Para classificar mais facilmente as proposições em falsas ou
verdadeiras, utilizam-se as chamadas tabelas-verdade. As proposições composta são aquelas formadas por duas ou
mais proposições ligadas pelos conectivos lógicos. São geralmente
Para negação, tem-se representadas por letras latinas maiúsculas (P, Q, R, S, ...). O
símbolo P (p, q, r), por exemplo, indica que a proposição composta
p ~p P é formada pelas proposições simples p, q e r.
V F
Exemplos
F V
São proposições simples:
Atenção: A sentença negativa é representada por “~”.
p: A lua é um satélite da terra.
q: O número 2 é primo.
A sentença t:
r: O número 2 é par.
“O time do Paraná resistiu à pressão do São Paulo” possui
como negativa de t, ou seja, “~t”, o correspondente a: “O time do s: Roma é a capital da França.
Paraná não resistiu à pressão do São Paulo”. t: O Brasil fica na América do Sul.
u: 2 + 5 = 3 . 4
Observação: Alguns matemáticos utilizam o símbolo “¬ O
Brasil possui um grande time de futebol”, que pode ser lida como São proposições compostas:
“O Brasil não possui um grande time de futebol”. P(q, r): O número 2 é primo ou é par.
Q(s, t): Roma é a capital da França e o Brasil fica na América
Proposições Simples e Compostas do Sul.
R: O número 6 é par e o número 8 é cubo perfeito.
Uma proposição pode ser simples (também denominada
atômica) ou composta (também denominada molecular).  As Não são proposições lógicas:
proposições simples apresentam apenas uma afirmação. Pode- - Roma
se considerá-las como frases formadas por apenas uma oração. - O cão do menino
As proposições simples são representadas por letras latinas - 7+1
minúsculas. - As pessoas estudam
- Quem é?
Exemplos - Que pena!

(1) p: eu sou estudioso


(2) q: Maria é bonita Tabela Verdade
(3) r: 3 + 4 > 12
Proposição Simples - Segundo o princípio do terceiro
Uma proposição composta é formada pela união de duas ou excluído, toda proposição simples p, é verdade ou falsa, isto é, tem
mais proposições simples. o valor lógico verdade (V) ou o valor lógico falso (F).
  Indica-se uma proposição composta por letras latinas
maiúsculas. Se P é uma proposição composta das proposições p
simples p, q, r, ..., escreve-se P (p, q, r,...). Quando P estiver
claramente definida não há necessidade de indicar as proposições V
simples entre os parênteses, escrevendo simplesmente P. F

Exemplos: Proposição Composta - O valor lógico de qualquer proposição


composta depende unicamente dos valores lógicos das proposições
(4) P: Paulo é estudioso e Maria é bonita. P é composta das simples componentes, ficando por eles univocamente determinados.
proposições simples p: Paulo é estudioso e q: Maria é bonita. É um dispositivo prático muito usado para a determinação do valor
(5) Q: Maria é bonita ou estudiosa. Q é composta das lógico de uma proposição composta. Neste dispositivo figuram
proposições simples p: Maria é bonita e q: Maria é estudiosa. todos os possíveis valores lógicos da proposição composta,
(6) R: Se x = 2 então x2 + 1 = 5. R é composta das proposições correspondentes a todas as possíveis atribuições de valores lógicos
simples p: x = 2 e q: x2 + 1 = 5. às proposições simples componentes.

Didatismo e Conhecimento 3
RACIOCÍNIO LÓGICO
Proposição Composta - 02 proposições simples Questões

Assim, por exemplo, no caso de uma proposição composta 01. Considere as proposições p: Está frio e q: Está chovendo.
cujas proposições simples componentes são p e q, as únicas Traduza para linguagem corrente as seguintes proposições:
possíveis atribuições de valores lógicos a p e a q são: a) P ˅ ~q
b) p → q
c) ~p ^ ~q
p q d) p ↔ ~q
V V e) (p ˅ ~q) ↔ (q ^~p)
V F
02. Considere as proposições p: A terra é um planeta e q:
F V Aterra gira em torno do Sol. Traduza para linguagem simbólica as
F F seguintes proposições:
a) Não é verdade: que a Terra é um planeta ou gira em torno
do Sol.
Observe-se que os valores lógicos V e F se alternam de dois
b) Se a Terra é um planeta então a Terra gira em torno do Sol.
em dois para a primeira proposição p e de um em um para a
c) É falso que a Terra é um planeta ou que não gira em torno
segunda proposição q, e que, além disso, VV, VF, FV e FF são os do Sol.
arranjos binários com repetição dos dois elementos V e F. d) A Terra gira em torno do Sol se, e somente se, a Terra não
é um planeta.
Proposição Composta - 03 proposições simples e) A Terra não é nem um planeta e nem gira em torno do Sol.
(Expressões da forma “não é nem p e nem q” devem ser vistas
No caso de uma proposição composta cujas proposições como “não p e não q”)
simples componentes são p, q e r as únicas possíveis atribuições
de valores lógicos a p, a q e a r são: 03. Dada a condicional: “Se p é primo então p = 2 ou p é
impar”, determine:
a) a contrapositiva
p q r b) a recíproca
V V V
V V F 04.
a) Supondo V (p ^ q ↔ r ˅ s) = F e V (~r ^ ~s) = V, determine
V F V V (p → r ^ s).
V F F b) Supondo V (p ^ (q ˅ r)) = V e V (p ˅ r → q) = F, determine
V (p), V (q), V (r).
F V V
c) Supondo V (p → q) = V, determine V (p ^ r → q ^ r) e V (p
F V F ˅ r → q ˅ r).
F F V
05. Dê o conjunto-verdade em R das seguintes sentenças
F F F abertas:
a) x² + x – 6 = 0 → x² - 9 = 0
Analogamente, observe-se que os valores lógicos V e F se b) x² ˃ 4 ↔ x² -5x + 6 = 0
alternam de quatro em quatro para a primeira proposição p, de
dois em dois para a segunda proposição q e de um em um para a 06. Use o diagrama de Venn para decidir quais das seguintes
terceira proposição r, e que, além disso, VVV, VVF, VFV, VFF, afirmações são válidas:
FVV, FVF, FFV e FFF sãos os arranjos ternários com repetição dos
dois elementos V e F. a) Todos os girassóis são amarelos e alguns pássaros são
amarelos, logo nenhum pássaro é um girassol.
Notação: O valor lógico de uma proposição simples p indica- b) Alguns baianos são surfistas. Alguns surfistas são louros.
se por V(p). Assim, exprime-se que p é verdadeira (V), escrevendo: Não existem professores surfistas. Conclusões:
I- Alguns baianos são louros.
V(p) = V. Analogamente, exprime-se que p é falsa (F), escrevendo:
II- Alguns professores são baianos.
V(p) = F. III- Alguns louros são professores.
IV- Existem professores louros.
Exemplos
07. (CESPE - PF - Regional) Considere que as letras P, Q, R
p: o sol é verde; e T representem proposições e que os símbolos ̚ , ^, ˅ e → sejam
q: um hexágono tem nove diagonais; operadores lógicos que constroem novas proposições e significam
r: 2 é raiz da equação x² + 3x - 4 = 0 não, e, ou e então, respectivamente. Na lógica proposicional, cada
V(p) = F proposição assume um único valor (valor-verdade), que pode ser
V(q) = V verdadeiro (V) ou falso (F), mas nunca ambos. Com base nas
V(r) = F informações apresentadas no texto, julgue os itens a seguir.

Didatismo e Conhecimento 4
RACIOCÍNIO LÓGICO
a) Se as proposições P e Q são ambas verdadeiras, então a 10. Um agente de viagens atende três amigas. Uma delas é
proposição ( ̚ P) ˅ ( ̚ Q) também é verdadeira. loura, outra é morena e a outra é ruiva. O agente sabe que uma delas
b) Se a proposição T é verdadeira e a proposição R é falsa, se chama Bete, outra se chama Elza e a outra se chama Sara. Sabe,
então a proposição R→ ( ̚ T) é falsa. ainda, que cada uma delas fará uma viagem a um país diferente da
c) Se as proposições P e Q são verdadeiras e a proposição R é Europa: uma delas irá à Alemanha, outra irá à França e a outra irá
falsa, então a proposição (P ^ R) → (¬ Q) é verdadeira. à Espanha. Ao agente de viagens, que queria identificar o nome e o
destino de cada uma, elas deram as seguintes informações:
08. (CESPE - Papiloscopista) Sejam P e Q variáveis A loura: “Não vou à França nem à Espanha”.
proposicionais que podem ter valorações, ou serem julgadas A morena: “Meu nome não é Elza nem Sara”.
verdadeiras (V) ou falsas (F). A partir dessas variáveis, podem ser A ruiva: “Nem eu nem Elza vamos à França”.
obtidas novas proposições, tais como: a proposição condicional,
denotada por P → Q, que será F quando P for V e Q for F, ou V, O agente de viagens concluiu, então, acertadamente, que:
nos outros casos; a disjunção de P e Q, denotada por P v Q, que a) A loura é Sara e vai à Espanha.
será F somente quando P e Q forem F, ou V nas outras situações; b) A ruiva é Sara e vai à França.
a conjunção de P e Q, denotada por P ^ Q, que será V somente c) A ruiva é Bete e vai à Espanha.
quando P e Q forem V, e, em outros casos, será F; e a negação de d) A morena é Bete e vai à Espanha.
P, denotada por ¬P, que será F se P for V e será V se P for F. Uma e) A loura é Elza e vai à Alemanha.
tabela de valorações para uma dada proposição é um conjunto de
possibilidades V ou F associadas a essa proposição. A partir das Respostas:
informações do texto, julgue os itens subsequentes.
a) As tabelas de valorações das proposições P v Q e Q → ¬P 01.
são iguais. a) “Está frio ou não está chovendo”.
b) As proposições (P v Q) → S e (P → S) v (Q → S) possuem b) “Se está frio então está chovendo”.
tabelas de valorações iguais. c) “Não está frio e não está chovendo”.
d) “Está frio se e somente se não está chovendo”.
09. (CESPE - PF - Regional) Considere as sentenças abaixo.
e) “Está frio ou não está chovendo se e somente se está
chovendo e não está frio”.
I- Fumar deve ser proibido, mas muitos europeus fumam.
II- Fumar não deve ser proibido e fumar faz bem à saúde.
02.
III- Se fumar não faz bem à saúde, deve ser proibido.
a) ~(p ˅ q);
IV- Se fumar não faz bem à saúde e não é verdade que muitos
b) p → q
europeus fumam, então fumar deve ser proibido.
c) ~(p ˅ ~q)
V- Tanto é falso que fumar não faz bem à saúde como é falso
que fumar deve ser proibido; consequentemente, muitos europeus d) q ↔ ~p
fumam. e) ~p ^ ~q

Considere também que P, Q, R e T representem as sentenças 03.


listadas na tabela a seguir. a) a contrapositiva: “Se p 2 e p é par, então p não é primo”.
b) a recíproca: “Se p = 2 ou p é ímpar, então p é primo”.
P Fumar deve ser proibido. 04.
Q Fumar de ser encorajado. a) Supondo V (p ^ q ↔ r ˅ s) = F (1) e V (~r ^ ~s) = V (2),
R Fumar não faz bem à saúde. determine V (p → r ^ s). Solução: De (2) temos que V (r) = V (s)
= F; Usando estes resultados em (1) obtemos: V (p) = V (q) = V,
T Muitos europeus fumam.
logo, V (p → r ^ s) = F
b) Supondo V (p ^ (q ˅ r)) = V (1) e V (p ˅ r → q) = F (2),
Com base nas informações acima e considerando a notação determine V (p), V (q) e V (r). Solução: De (1) concluímos que V
introduzida no texto, julgue os itens seguintes.
(p) = V e V (q ˅ r) = V e de (2) temos que V (q) = F, logo V (r) = V
c) Supondo V (p → q) = V, determine V (p ^ r → q ^ r) e V (p
a) A sentença I pode ser corretamente representada por P ^
˅ r → q ˅ r). Solução: Vamos supor V (p ^ r → q ^ r) = F. Temos
(¬ T).
assim que V (p ^ r) = V e V (q ^ r) = F, o que nos permite concluir
b) A sentença II pode ser corretamente representada por (¬ P)
que V (p) = V (r) = V e V (q) = F, o que contradiz V (p → q) = V.
^ (¬ R).
Logo, V (p ˅ r → q ˅ r) = V. Analogamente, mostramos que V (p
c) A sentença III pode ser corretamente representada por R
˅ r → q ˅ r) = V.
→ P.
d) A sentença IV pode ser corretamente representada por (R
^ (¬ T)) → P. 05.
e) A sentença V pode ser corretamente representada por T → a) R – {2}
((¬ R) ^ (¬ P)). b) [-2,2[

Didatismo e Conhecimento 5
RACIOCÍNIO LÓGICO
06. 10. Resposta “E”.
a) O diagrama a seguir mostra que o argumento é falso: A melhor forma de resolver problemas como este é arrumar
as informações, de forma mais interessante, que possa prover uma
melhor visualização de todo o problema. Inicialmente analise o
que foi dado no problema:
a) São três amigas
b) Uma é loura, outra morena e outra ruiva.
c) Uma é Bete, outra Elza e outra Sara.
b) O diagrama a seguir mostra que todos os argumentos são
d) Cada uma fará uma viagem a um país diferente da Europa:
falsos:
Alemanha, França e Espanha.
e) Elas deram as seguintes informações:

A loura: “Não vou à França nem à Espanha”.


A morena: “Meu nome não é Elza nem Sara”.
07. A ruiva: “Nem eu nem Elza vamos à França”.
a) Item ERRADO. Pela tabela do “ou” temos:
(¬ P) v (¬ Q) Faça uma tabela:
(¬ V) v (¬ V)
(F) v (F) Cor dos cabelos Loura Morena Ruiva
Falsa Nem eu nem
Afirmação Não vou à França Meu nome não é Elza vamos à
b) Item ERRADO. A condicional regra que: nem a Espanha Elza nem Sara França
R → (¬ T)
F (¬ V) País Alemanha França Espanha
F (F) Nome Elza Bete Sara
Verdadeira Com a informação da loura, sabemos que ela vai para a
Alemanha.
c) Item CERTO. Obedecendo a conjunção e a condicional:
(P ^ R) → (¬ Q) Com a informação da morena, sabemos que ela é a Bete.
(V ^ F) → (¬ V) Com a informação da ruiva sabemos que ela não vai à França
F F e nem Elza, mas observe que a loura vai a Alemanha e a ruiva não
Verdadeira vai à França, só sobrando a Bete ir à França. Se Bete vai à França
a ruiva coube a Espanha. Elza é a loura e Sara fica sendo a ruiva.
08.
a) Item ERRADO. Basta considerarmos a linha da tabela-
verdade onde P e Q são ambas proposições verdadeiras para 2. LÓGICA DOS PREDICADOS:
verificar que as tabelas de valorações de P v Q e Q → ¬P não são PROPOSIÇÕES QUANTIFICADAS.
iguais:
P Q ¬P PvQ Q → ¬P
V V F V F

Predicados e proposições quantificadas


b) Item ERRADO. Nas seguintes linhas da tabela-verdade, • Predicado [gramática]: parte da sentença que fornece infor-
temos os valores lógicos da proposição (P v Q) → S diferente dos mação sobre o sujeito.
da proposição (P → S) v (Q → S):
• Predicado [lógica]: pode ser obtido removendo substantivos
P Q S (P v Q) → S P→SvQ→S de uma proposição. Sejam os seguintes predicados:
V F F F V – P: “é um estudante na UFMG”
F V F F V – Q: “é um estudante no(a)” P e Q são símbolos de predicados.
que podem ser reescritos com variáveis:
09. – P(x): “x é um estudante na UFMG”
a) Item ERRADO. Sua representação seria P ^ T. – Q(x, y): “x é um estudante no(a) y ” x e y são variáveis dos
b) Item CERTO. Apenas deve-se ter o cuidado para o que predicados.
diz a proposição R: “Fumar não faz bem à saúde”. É bom sempre
ficarmos atentos à atribuição inicial dada à respectiva letra. Predicados e proposições quantificadas
c) Item CERTO. É a representação simbólica da Condicional • Definição: Um predicado é uma sentença que contém um
entre as proposições R e P. número finito de variáveis e se torna uma proposição quando as
d) Item CERTO. Proposição composta, com uma Conjunção variáveis são substituídas por valores específicos.
(R ^ ¬T) como condição suficiente para P. • Os valores das variáveis de predicados são definidos por
d) Item ERRADO. Dizer “...consequentemente...” é dizer conjuntos chamados domínios. Por exemplo, R, Z, Q. Nota: O uso
“se... então...”. A representação correta seria ((¬ R) ^ (¬ P)) → T. da letra Z vem do alemão zahl, que significa número.

Didatismo e Conhecimento 6
RACIOCÍNIO LÓGICO
Predicados e proposições quantificadas ∃ uma pessoa s | s é um estudante de AEDS I. ∃s ∈ S | s é
• Definição: Se P(x) é um predicado e x tem domínio D, o um estudante de AEDS I.
conjunto verdade de P(x) é o conjunto de todos elementos de D onde S é o conjunto de todas as pessoas.
que fazem P(x) verdadeiro quando substituído por x. O conjunto
verdade de P(x) é denotado por
3. ARGUMENTOS VÁLIDOS E SOFISMAS.

• Exemplo 1:
– P(x): “x é um fator de 8” e o domínio de x é o conjunto de to- Argumentos
dos os inteiros positivos. O conjunto verdade de P(x) é {1, 2, 4, 8}.
Notação: Sejam P(x) e Q(x) predicados e suponha que o do- Um argumento é “uma série concatenada de afirmações com
mínio comum de x é D. o fim de estabelecer uma proposição definida”. É um conjunto de
• A notação proposições com uma estrutura lógica de maneira tal que algumas
delas acarretam ou tem como consequência outra proposição. Isto
é, o conjunto de proposições p1,...,pn que tem como consequência
outra proposição q. Chamaremos as proposições p1,p2,p3,...,pn
de premissas do argumento, e a proposição q de conclusão do
argumento. Podemos representar por:
significa que cada elemento no conjunto verdade de P(x) está
no conjunto verdade de Q(x). p1
• A notação p2
p3
.
.
significa que P(x) e Q(x) têm conjuntos verdade idênticos. .
• Exemplo 2: pn
∴ q
P(x): x é um fator de 8;
Q(x): x é um fator de 4; Exemplos:
R(x): x < 5 e x 3, e
01.
o domínio de x é Z+ (inteiros positivos). Se eu passar no concurso, então irei trabalhar.
Passei no concurso
• Que relações podem ser expressas entre os três predicados? ________________________
– O conjunto verdade de P(x) é {1, 2, 4, 8};  Irei trabalhar
– O conjunto verdade de Q(x) é {1, 2, 4};
– O conjunto verdade de R(x) é {1, 2, 4}; 02.
Se ele me ama então casa comigo.
Ele me ama.
__________________________
 Ele casa comigo.

03.
Todos os brasileiros são humanos.
Todos os paulistas são brasileiros.
Quantificadores: ∀ e ∃ __________________________
• Como transformar predicados em proposições?  Todos os paulistas são humanos.
– Atribuir valores específicos para todas variáveis. 04.
– Usar quantificadores. Se o Palmeiras ganhar o jogo, todos os jogadores receberão
o bicho.
• Definição: Quantificadores são palavras/expressões que re- Se o Palmeiras não ganhar o jogo, todos os jogadores
ferem a quantidades tais como “todos” e “alguns” e indicam para receberão o bicho.
quantos elementos do domínio um dado predicado é verdadeiro. __________________________
• ∀: denota “para todos” e é chamado de quantificador uni-  Todos os jogadores receberão o bicho.
versal.
– Exemplo 3: Observação: No caso geral representamos os argumentos
∀ seres humanos x, x é mortal. escrevendo as premissas e separando por uma barra horizontal
∀x ∈ S, x é mortal seguida da conclusão com três pontos antes. Veja exemplo:
onde S é o conjunto de todos seres humanos.
Premissa: Todos os sais de sódio são substâncias solúveis
• ∃: denota “existe” e é chamado de quantificador existencial. em água.
– Exemplo 4:

Didatismo e Conhecimento 7
RACIOCÍNIO LÓGICO
Todos os sabões são sais de sódio. A apresentação das premissas de um argumento geralmente
____________________________________ é precedida pelas palavras “admitindo que...”, “já que...”,
Conclusão:  Todos os sabões são substâncias solúveis em “obviamente se...” e “porque...”. É imprescindível que seu oponente
água. concorde com suas premissas antes de proceder à argumentação.
Usar a palavra “obviamente” pode gerar desconfiança. Ela
ocasionalmente faz algumas pessoas aceitarem afirmações falsas
Os argumentos, em lógica, possuem dois componentes
em vez de admitir que não entenda por que algo é “óbvio”. Não
básicos: suas premissas e sua conclusão. Por exemplo, em: “Todos se deve hesitar em questionar afirmações supostamente “óbvias”.
os times brasileiros são bons e estão entre os melhores times do
mundo. O Brasiliense é um time brasileiro. Logo, o Brasiliense Inferência: Uma vez que haja concordância sobre as
está entre os melhores times do mundo”, temos um argumento com premissas, o argumento procede passo a passo por meio do
duas premissas e a conclusão. processo chamado “inferência”. Na inferência, parte-se de uma ou
Evidentemente, pode-se construir um argumento válido a mais proposições aceitas (premissas) para chegar a outras novas.
partir de premissas verdadeiras, chegando a uma conclusão também Se a inferência for válida, a nova proposição também deverá ser
verdadeira. Mas também é possível construir argumentos válidos a aceita. Posteriormente, essa proposição poderá ser empregada em
partir de premissas falsas, chegando a conclusões falsas. O detalhe novas inferências. Assim, inicialmente, apenas se pode inferir algo
é que podemos partir de premissas falsas, proceder por meio de a partir das premissas do argumento; ao longo da argumentação,
entretanto, o número de afirmações que podem ser utilizadas
uma inferência válida e chegar a uma conclusão verdadeira. Por aumenta. Há vários tipos de inferência válidos, mas também alguns
exemplo: inválidos. O processo de inferência é comumente identificado
Premissa: Todos os peixes vivem no oceano. pelas frases “Consequentemente...” ou “isso implica que...”.
Premissa: Lontras são peixes.
Conclusão: Logo, focas vivem no oceano. Conclusão: Finalmente se chegará a uma proposição que
consiste na conclusão, ou seja, no que se está tentando provar.
Há, no entanto, uma coisa que não pode ser feita: a partir de Ela é o resultado final do processo de inferência e só pode ser
premissas verdadeiras, inferirem de modo correto e chegar a uma classificada como conclusão no contexto de um argumento em
conclusão falsa. Podemos resumir esses resultados numa tabela particular. A conclusão respalda-se nas premissas e é inferida a
de regras de implicação. O símbolo A denota implicação; A é a partir delas.
A seguir está exemplificado um argumento válido, mas que
premissa, B é a conclusão.
pode ou não ser “consistente”.
1. Premissa: Todo evento tem uma causa.
Regras de Implicação 2. Premissa: O universo teve um começo.
3. Premissa: Começar envolve um evento.
Premissas Conclusão Inferência
4. Inferência: Isso implica que o começo do universo envolveu
A B AàB um evento.
Falsas Falsa Verdadeira 5. Inferência: Logo, o começo do universo teve uma causa.
6. Conclusão: O universo teve uma causa.
Falsas Verdadeira Verdadeira
Verdadeiras Falsa Falsa A proposição do item 4 foi inferida dos itens 2 e 3. O item 1,
então, é usado em conjunto com proposição 4 para inferir uma
Verdadeiras Verdadeira Verdadeira nova proposição (item 5). O resultado dessa inferência é reafirmado
(numa forma levemente simplificada) como sendo a conclusão.
- Se as premissas são falsas e a inferência é válida, a conclusão
pode ser verdadeira ou falsa (linhas 1 e 2). Validade de um Argumento
- Se as premissas são verdadeiras e a conclusão é falsa, a
inferência é inválida (linha 3). Conforme citamos anteriormente, uma proposição é verdadeira
- Se as premissas e a inferência são válidas, a conclusão é ou falsa. No caso de um argumento diremos que ele é válido ou não
verdadeira (linha 4). válido. A validade de uma propriedade dos argumentos dedutivos
Desse modo, o fato de um argumento ser válido não significa que depende da forma (estrutura) lógica das suas proposições
necessariamente que sua conclusão seja verdadeira, pois pode ter (premissas e conclusões) e não do conteúdo delas. Sendo assim
partido de premissas falsas. Um argumento válido que foi derivado podemos ter as seguintes combinações para os argumentos válidos
de premissas verdadeiras é chamado de argumento consistente. dedutivos:
Esses, obrigatoriamente, chegam a conclusões verdadeiras.
a) Premissas verdadeiras e conclusão verdadeira. Exemplo:
Premissas: Argumentos dedutíveis sempre requerem certo
número de “assunções-base”. São as chamadas premissas. É a Todos os apartamentos são pequenos. (V)
partir delas que os argumentos são construídos ou, dizendo de outro Todos os apartamentos são residências. (V)
modo, é as razões para se aceitar o argumento. Entretanto, algo que __________________________________
é uma premissa no contexto de um argumento em particular pode  Algumas residências são pequenas. (V)
ser a conclusão de outro, por exemplo. As premissas do argumento
sempre devem ser explicitadas. A omissão das premissas é b) Algumas ou todas as premissas falsas e uma conclusão
comumente encarada como algo suspeito, e provavelmente verdadeira. Exemplo:
reduzirá as chances de aceitação do argumento.

Didatismo e Conhecimento 8
RACIOCÍNIO LÓGICO
Todos os peixes têm asas. (F) . Exemplo:
Todos os pássaros são peixes. (F)
__________________________________ O Flamengo é um bom time de futebol.
 Todos os pássaros têm asas. (V) O Palmeiras é um bom time de futebol.
O Vasco é um bom time de futebol.
c) Algumas ou todas as premissas falsas e uma conclusão O Cruzeiro é um bom time de futebol.
falsa. Exemplo: ______________________________
 Todos os times brasileiros de futebol são bons.
Todos os peixes têm asas. (F)
Todos os cães são peixes. (F) Portanto, nos argumentos indutivos a conclusão possui
__________________________________ informações que ultrapassam as fornecidas nas premissas. Sendo
 Todos os cães têm asas. (F) assim, não se aplica, então, a definição de argumentos válidos ou
não válidos para argumentos indutivos.
Todos os argumentos acima são válidos, pois se suas premissas
fossem verdadeiras então as conclusões também as seriam. Argumentos Dedutivos Válidos
Podemos dizer que um argumento é válido quando todas as suas
premissas são verdadeiras, acarreta que sua conclusão também é Vimos então que a noção de argumentos válidos ou não
verdadeira. Portanto, um argumento será não válido se existir a válidos aplica-se apenas aos argumentos dedutivos, e também
possibilidade de suas premissas serem verdadeiras e sua conclusão que a validade depende apenas da forma do argumento e não dos
falsa. Observe que a validade do argumento depende apenas da respectivos valores verdades das premissas. Vimos também que
estrutura dos enunciados. Exemplo: não podemos ter um argumento válido com premissas verdadeiras
e conclusão falsa. A seguir exemplificaremos alguns argumentos
Todas as mulheres são bonitas. dedutivos válidos importantes.
Todas as princesas são mulheres.
__________________________ Afirmação do Antecedente: O primeiro argumento dedutivo
válido que discutiremos chama-se “afirmação do antecedente”,
 Todas as princesas são bonitas.
também conhecido como modus ponens. Exemplo:
Observe que não precisamos de nenhum conhecimento
aprofundado sobre o assunto para concluir que o argumento é
Se José for reprovado no concurso, então será demitido do
válido. Vamos substituir mulheres bonitas e princesas por A, B e C serviço.
respectivamente e teremos: José foi aprovado no concurso.
___________________________
Todos os A são B.  José será demitido do serviço.
Todos os C são A.
________________ Este argumento é evidentemente válido e sua forma pode ser
 Todos os C são B. escrita da seguinte forma:

Logo, o que é importante é a forma do argumento e não o Se p, então q, p→q


conhecimento de A, B e C, isto é, este argumento é válido para p. ou p
quaisquer A, B e C, portanto, a validade é consequência da forma ∴ q. ∴q
do argumento. O atributo validade aplica-se apenas aos argumentos
dedutivos. Outro argumento dedutivo válido é a “negação do
consequente” (também conhecido como modus tollens). Obs.:
Argumentos Dedutivos e Indutivos ( ) ( )
p → q é equivalente a ¬q → ¬p . Esta equivalência é
chamada de contra positiva. Exemplo:
O argumento será dedutivo quando suas premissas fornecerem
prova conclusiva da veracidade da conclusão, isto é, o argumento “Se ele me ama, então casa comigo” é equivalente a “Se ele
é dedutivo quando a conclusão é completamente derivada das não casa comigo, então ele não me ama”;
premissas. Exemplo:
Então vejamos o exemplo do modus tollens. Exemplo:
Todo ser humano tem mãe.
Todos os homens são humanos. Se aumentarmos os meios de pagamentos, então haverá
__________________________ inflação.
 Todos os homens têm mãe. Não há inflação.
______________________________
O argumento será indutivo quando suas premissas não  Não aumentamos os meios de pagamentos.
fornecerem o apoio completo para retificar as conclusões

Didatismo e Conhecimento 9
RACIOCÍNIO LÓGICO
Este argumento é evidentemente válido e sua forma pode ser com muita frequência. O primeiro caso de argumento dedutivo não
escrita da seguinte maneira: válido que veremos é o que chamamos de “falácia da afirmação do
consequente”. Exemplo:

Se p, então q, p→q Se ele me ama então ele casa comigo.


ou ¬q Ele casa comigo.
Não q.
∴ ¬p
_______________________
∴ Não p.
 Ele me ama.

Podemos escrever esse argumento como:


Existe também um tipo de argumento válido conhecido pelo
nome de dilena. Geralmente este argumento ocorre quando alguém Se p, então q, p→ q
é forçado a escolher entre duas alternativas indesejáveis. Exemplo: q ou q
∴p ∴p
João se inscreve no concurso de MS, porém não gostaria de
sair de São Paulo, e seus colegas de trabalho estão torcendo por
ele.Eis o dilema de João:
Este argumento é uma falácia, podemos ter as premissas
Ou João passa ou não passa no concurso. verdadeiras e a conclusão falsa.
Se João passar no concurso vai ter que ir embora de São Paulo.
Se João não passar no concurso ficará com vergonha diante Outra falácia que corre com frequência é a conhecida por
dos colegas de trabalho. “falácia da negação do antecedente”. Exemplo:
_________________________
 Ou João vai embora de São Paulo ou João ficará com Se João parar de fumar ele engordará.
vergonha dos colegas de trabalho. João não parou de fumar.
________________________
Este argumento é evidentemente válido e sua forma pode ser  João não engordará.
escrita da seguinte maneira:
Observe que temos a forma:
p ou q. p∨ q
Se p então r Se p, então q, p→q
p→ r
ou ou ¬p
q→s Não p.
Se p então s. ∴ ¬q
∴r ∨ s ∴ Não q.
∴ r ou s

Este argumento é uma falácia, pois podemos ter as premissas


verdadeiras e a conclusão falsa.
Argumentos Dedutivos Não Válidos Os argumentos dedutivos não válidos podem combinar
verdade ou falsidade das premissas de qualquer maneira com a
Existe certa quantidade de artimanhas que devem ser evitadas verdade ou falsidade da conclusão. Assim, podemos ter, por
quando se está construindo um argumento dedutivo. Elas são exemplo, argumentos não válidos com premissas e conclusões
conhecidas como falácias. Na linguagem do dia a dia, nós verdadeiras, porém, as premissas não sustentam a conclusão.
Exemplo:
denominamos muitas crenças equivocadas como falácias, mas, na
lógica, o termo possui significado mais específico: falácia é uma
Todos os mamíferos são mortais. (V)
falha técnica que torna o argumento inconsistente ou inválido
Todos os gatos são mortais. (V)
(além da consistência do argumento, também se podem criticar as ___________________________
intenções por detrás da argumentação).  Todos os gatos são mamíferos. (V)
Argumentos contentores de falácias são denominados
falaciosos. Frequentemente, parecem válidos e convincentes, Este argumento tem a forma:
às vezes, apenas uma análise pormenorizada é capaz de revelar
a falha lógica. Com as premissas verdadeiras e a conclusão falsa Todos os A são B.
nunca teremos um argumento válido, então este argumento é não Todos os C são B.
válido, chamaremos os argumentos não válidos de falácias. A _____________________
seguir, examinaremos algumas falácias conhecidas que ocorrem  Todos os C são A.

Didatismo e Conhecimento 10
RACIOCÍNIO LÓGICO
Podemos facilmente mostrar que esse argumento é não válido, espanhol se e somente se não for verdade que Francisco não fala
pois as premissas não sustentam a conclusão, e veremos então que francês. Ora, Francisco não fala francês e Ching não fala chinês.
podemos ter as premissas verdadeiras e a conclusão falsa, nesta Logo,
forma, bastando substituir A por mamífero, B por mortais e C por a) Iara não fala italiano e Débora não fala dinamarquês.
cobra. b) Ching não fala chinês e Débora fala dinamarquês.
c) Francisco não fala francês e Elton fala espanhol.
Todos os mamíferos são mortais. (V) d) Ana não fala alemão ou Iara fala italiano.
Todas as cobras são mortais. (V) e) Ana fala alemão e Débora fala dinamarquês.
__________________________
 Todas as cobras são mamíferas. (F) 02. Sabe-se que todo o número inteiro n maior do que 1
admite pelo menos um divisor (ou fator) primo.Se n é primo, então
Podemos usar as tabelas-verdade, definidas nas estruturas tem somente dois divisores, a saber, 1 e n. Se n é uma potência
lógicas, para demonstrarmos se um argumento é válido ou falso. de um primo p, ou seja, é da forma ps, então 1, p, p2, ..., ps são os
divisores positivos de n. Segue-se daí que a soma dos números
Outra maneira de verificar se um dado argumento P1, P2, P3,
inteiros positivos menores do que 100, que têm exatamente três
...Pn é válido ou não, por meio das tabelas-verdade, é construir
divisores positivos, é igual a:
a condicional associada: (P1 ∧ P2 ∧ P3 ...Pn) e reconhecer se a) 25
essa condicional é ou não uma tautologia. Se essa condicional b) 87
associada é tautologia, o argumento é válido. Não sendo tautologia, c) 112
o argumento dado é um sofisma (ou uma falácia). d) 121
Tautologia: Quando uma proposição composta é e) 169
sempre verdadeira, então teremos uma tautologia. Ex:
P (p,q) = ( p ∧ q) ↔ (p V q) . Numa tautologia, 03. Ou Lógica é fácil, ou Artur não gosta de Lógica. Por outro
o valor lógico da proposição composta P (p,q,s) = lado, se Geografia não é difícil, então Lógica é difícil. Daí segue-se
{(p ∧ q) V (p V s) V [p ∧ (q ∧ s)]} → p será sempre verdadeiro. que, se Artur gosta de Lógica, então:
a) Se Geografia é difícil, então Lógica é difícil.
Há argumentos válidos com conclusões falsas, da mesma b) Lógica é fácil e Geografia é difícil.
forma que há argumentos não válidos com conclusões verdadeiras. c) Lógica é fácil e Geografia é fácil.
Logo, a verdade ou falsidade de sua conclusão não determinam a d) Lógica é difícil e Geografia é difícil.
validade ou não validade de um argumento. O reconhecimento de e) Lógica é difícil ou Geografia é fácil.
argumentos é mais difícil que o das premissas ou da conclusão. 04. Três suspeitos de haver roubado o colar da rainha foram
Muitas pessoas abarrotam textos de asserções sem sequer levados à presença de um velho e sábio professor de Lógica. Um
produzirem algo que possa ser chamado de argumento. Às vezes, dos suspeitos estava de camisa azul, outro de camisa branca e o
os argumentos não seguem os padrões descritos acima. Por outro de camisa preta. Sabe-se que um e apenas um dos suspeitos é
exemplo, alguém pode dizer quais são suas conclusões e depois culpado e que o culpado às vezes fala a verdade e às vezes mente.
justificá-las. Isso é válido, mas pode ser um pouco confuso. Sabe-se, também, que dos outros dois (isto é, dos suspeitos que
Para complicar, algumas afirmações parecem argumentos, são inocentes), um sempre diz a verdade e o outro sempre mente.
mas não são. Por exemplo: “Se a Bíblia é verdadeira, Jesus foi O velho e sábio professor perguntou, a cada um dos suspeitos,
ou um louco, ou um mentiroso, ou o Filho de Deus”. Isso não qual entre eles era o culpado. Disse o de camisa azul: “Eu sou o
é um argumento, é uma afirmação condicional. Não explicita as culpado”. Disse o de camisa branca, apontando para o de camisa
premissas necessárias para embasar as conclusões, sem mencionar azul: “Sim, ele é o culpado”. Disse, por fim, o de camisa preta:
que possui outras falhas. “Eu roubei o colar da rainha; o culpado sou eu”. O velho e sábio
Um argumento não equivale a uma explicação. Suponha professor de Lógica, então, sorriu e concluiu corretamente que:
que, tentando provar que Albert Einstein cria em Deus, alguém a) O culpado é o de camisa azul e o de camisa preta sempre
dissesse: “Einstein afirmou que ‘Deus não joga dados’ porque mente.
acreditava em Deus”. Isso pode parecer um argumento relevante, b) O culpado é o de camisa branca e o de camisa preta sempre
mas não é. Trata-se de uma explicação da afirmação de Einstein. mente.
Para perceber isso, deve-se lembrar que uma afirmação da forma c) O culpado é o de camisa preta e o de camisa azul sempre
“X porque Y” pode ser reescrita na forma “Y logo X”. O que
mente.
resultaria em: “Einstein acreditava em Deus, por isso afirmou que
d) O culpado é o de camisa preta e o de camisa azul sempre
‘Deus não joga dados’”. Agora fica claro que a afirmação, que
parecia um argumento, está admitindo a conclusão que deveria diz a verdade.
estar provando. Ademais, Einstein não cria num Deus pessoal e) O culpado é o de camisa azul e o de camisa azul sempre
preocupado com assuntos humanos. diz a verdade.

QUESTÕES 05. O rei ir à caça é condição necessária para o duque sair


do castelo, e é condição suficiente para a duquesa ir ao jardim.
01. Se Iara não fala italiano, então Ana fala alemão. Se Iara fala Por outro lado, o conde encontrar a princesa é condição necessária
italiano, então ou Ching fala chinês ou Débora fala dinamarquês. e suficiente para o barão sorrir e é condição necessária para a
Se Débora fala dinamarquês, Elton fala espanhol. Mas Elton fala
duquesa ir ao jardim. O barão não sorriu. Logo:

Didatismo e Conhecimento 11
RACIOCÍNIO LÓGICO
a) A duquesa foi ao jardim ou o conde encontrou a princesa. ganha mais de R$ 3.000,00 por mês”. Mais tarde, consultando
b) Se o duque não saiu do castelo, então o conde encontrou a seus arquivos, o diretor percebeu que havia se enganado em sua
princesa. declaração. Dessa forma, conclui-se que, necessariamente,
c) O rei não foi à caça e o conde não encontrou a princesa. (A) dentre todos os funcionários da empresa X, há um grupo
d) O rei foi à caça e a duquesa não foi ao jardim. que não possui plano de saúde.
(B) o funcionário com o maior salário da empresa X ganha, no
e) O duque saiu do castelo e o rei não foi à caça.
máximo, R$ 3.000,00 por mês.
(C) um funcionário da empresa X não tem plano de saúde ou
06. (FUNIVERSA - 2012 - PC-DF - Perito Criminal) Parte ganha até R$ 3.000,00 por mês.
superior do formulário (D) nenhum funcionário da empresa X tem plano de saúde ou
Cinco amigos encontraram-se em um bar e, depois de algumas todos ganham até R$ 3.000,00 por mês.
horas de muita conversa, dividiram igualmente a conta, a qual (E) alguns funcionários da empresa X não têm plano de saúde
fora de, exatos, R$ 200,00, já com a gorjeta incluída. Como se e ganham, no máximo, R$ 3.000,00 por mês.
encontravam ligeiramente alterados pelo álcool ingerido, ocorreu
uma dificuldade no fechamento da conta. Depois que todos 09. (CESGRANRIO - 2012 - Chesf - Analista de Sistemas)
Parte superior do formulário
julgaram ter contribuído com sua parte na despesa, o total colocado
Se hoje for uma segunda ou uma quarta-feira, Pedro terá
sobre a mesa era de R$ 160,00, apenas, formados por uma nota de aula de futebol ou natação. Quando Pedro tem aula de futebol ou
R$ 100,00, uma de R$ 20,00 e quatro de R$ 10,00. Seguiram-se, natação, Jane o leva até a escolinha esportiva. Ao levar Pedro até
então, as seguintes declarações, todas verdadeiras: a escolinha, Jane deixa de fazer o almoço e, se Jane não faz o
almoço, Carlos não almoça em casa. Considerando-se a sequência
Antônio: — Basílio pagou. Eu vi quando ele pagou. de implicações lógicas acima apresentadas textualmente, se Carlos
Danton: — Carlos também pagou, mas do Basílio não sei almoçou em casa hoje, então hoje
dizer. (A) é terça, ou quinta ou sexta-feira, ou Jane não fez o almoço.
(B) Pedro não teve aula de natação e não é segunda-feira.
Eduardo: — Só sei que alguém pagou com quatro notas de
(C) Carlos levou Pedro até a escolinha para Jane fazer o
R$ 10,00. almoço.
Basílio: — Aquela nota de R$ 100,00 ali foi o Antônio quem (D) não é segunda, nem quarta, mas Pedro teve aula de apenas
colocou, eu vi quando ele pegou seus R$ 60,00 de troco. uma das modalidades esportivas.
Carlos: — Sim, e nos R$ 60,00 que ele retirou, estava a nota (E) não é segunda, Pedro não teve aulas, e Jane não fez o
de R$ 50,00 que o Eduardo colocou na mesa. almoço.

Imediatamente após essas falas, o garçom, que ouvira 10. (VUNESP - 2011 - TJM-SP) Parte superior do formulário
atentamente o que fora dito e conhecia todos do grupo, dirigiu-se Se afino as cordas, então o instrumento soa bem. Se o
exatamente àquele que ainda não havia contribuído para a despesa instrumento soa bem, então toco muito bem. Ou não toco muito
e disse: — O senhor pretende usar seu cartão e ficar com o troco bem ou sonho acordado. Afirmo ser verdadeira a frase: não sonho
em espécie? Com base nas informações do texto, o garçom fez a acordado. Dessa forma, conclui-se que
pergunta a (A) sonho dormindo.
(A) Antônio. (B) o instrumento afinado não soa bem.
(B) Basílio. (C) as cordas não foram afinadas.
(C) Carlos. (D) mesmo afinado o instrumento não soa bem.
(D) Danton. (E) toco bem acordado e dormindo.
(E) Eduardo. Respostas
07. (ESAF - 2012 - Auditor Fiscal da Receita Federal) Parte
superior do formulário 01.
Caso ou compro uma bicicleta. Viajo ou não caso. Vou morar (P1) Se Iara não fala italiano, então Ana fala alemão.
em Passárgada ou não compro uma bicicleta. Ora, não vou morar (P2) Se Iara fala italiano, então ou Ching fala chinês ou
em Passárgada. Assim, Débora fala dinamarquês.
(A) não viajo e caso. (P3) Se Débora fala dinamarquês, Elton fala espanhol.
(B) viajo e caso. (P4) Mas Elton fala espanhol se e somente se não for verdade
(C) não vou morar em Passárgada e não viajo. que Francisco não fala francês.
(D) compro uma bicicleta e não viajo. (P5) Ora, Francisco não fala francês e Ching não fala chinês.
(E) compro uma bicicleta e viajo.
Ao todo são cinco premissas, formadas pelos mais diversos
08. (FCC - 2012 - TST - Técnico Judiciário) Parte superior do conectivos (Se então, Ou, Se e somente se, E). Mas o que importa
formulário para resolver este tipo de argumento lógico é que ele só será válido
A declaração abaixo foi feita pelo gerente de recursos humanos quando todas as premissas forem verdadeiras, a conclusão também
da empresa X durante uma feira de recrutamento em uma faculdade: for verdadeira. Uma boa dica é sempre começar pela premissa
“Todo funcionário de nossa empresa possui plano de saúde e formada com o conectivo e.

Didatismo e Conhecimento 12
RACIOCÍNIO LÓGICO
Na premissa 5 tem-se: Francisco não fala francês e Ching não 02. Resposta “B”.
fala chinês. Logo para esta proposição composta pelo conectivo O número que não é primo é denominado número composto.
e ser verdadeira as premissas simples que a compõe deverão ser O número 4 é um número composto. Todo número composto pode
verdadeiras, ou seja, sabemos que: ser escrito como uma combinação de números primos, veja: 70 é
um número composto formado pela combinação: 2 x 5 x 7, onde 2,
5 e 7 são números primos. O problema informou que um número
Francisco não fala francês
primo tem com certeza 3 divisores quando puder ser escrito da
Ching não fala chinês forma: 1 p p2, onde p é um número primo.

Na premissa 4 temos: Elton fala espanhol se e somente se não Observe os seguintes números:
for verdade que Francisco não fala francês. Temos uma proposição 1 2 22 (4)
composta formada pelo se e somente se, neste caso, esta premissa 1 3 3² (9)
será verdadeira se as proposições que a formarem forem de mesmo 1 5 5² (25)
valor lógico, ou ambas verdadeiras ou ambas falsas, ou seja, como 1 7 7² (49)
se deseja que não seja verdade que Francisco não fala francês e ele 1 11 11² (121)
fala, isto já é falso e o antecedente do se e somente se também terá
Veja que 4 têm apenas três divisores (1, 2 e ele mesmo) e o
que ser falso, ou seja: Elton não fala espanhol. mesmo ocorre com os demais números 9, 25, 49 e 121 (mas este
último já é maior que 100) portanto a soma dos números inteiros
Da premissa 3 tem-se: Se Débora fala dinamarquês, Elton positivos menores do que 100, que têm exatamente três divisores
fala espanhol. Uma premissa composta formada por outras duas positivos é dada por: 4 + 9 + 25 + 49 = 87.
simples conectadas pelo se então (veja que a vírgula subentende
que existe o então), pois é, a regra do se então é que ele só vai ser 03. Resposta “B”.
falso se o seu antecedente for verdadeiro e o seu consequente for O Argumento é uma sequência finita de proposições lógicas
falso, da premissa 4 sabemos que Elton não fala espanhol, logo, iniciais (Premissas) e uma proposição final (conclusão). A validade
de um argumento independe se a premissa é verdadeira ou falsa,
para que a premissa seja verdadeira só poderemos aceitar um valor
observe a seguir:
lógico possível para o antecedente, ou seja, ele deverá ser falso,
pois F Î F = V, logo: Débora não fala dinamarquês. Todo cavalo tem 4 patas (P1)
Todo animal de 4 patas tem asas (P2)
Da premissa 2 temos: Se Iara fala italiano, então ou Ching fala Logo: Todo cavalo tem asas (C)
chinês ou Débora fala dinamarquês. Vamos analisar o consequente Observe que se tem um argumento com duas premissas,
do se então, observe: ou Ching fala chinês ou Débora fala P1 (verdadeira) e P2 (falsa) e uma conclusão C. Veja que este
dinamarquês. (temos um ou exclusivo, cuja regra é, o ou exclusivo, argumento é válido, pois se as premissas se verificarem a conclusão
só vai ser falso se ambas forem verdadeiras, ou ambas falsas), no também se verifica: (P1) Todo cavalo tem 4 patas. Indica que se
caso como Ching não fala chinês e Débora não fala dinamarquês, é cavalo então tem 4 patas, ou seja, posso afirmar que o conjunto
temos: F ou exclusivo F = F. Se o consequente deu falso, então dos cavalos é um subconjunto do conjunto de animais de 4 patas.
o antecedente também deverá ser falso para que a premissa seja
verdadeira, logo: Iara não fala italiano.
Da premissa 1 tem-se: Se Iara não fala italiano, então Ana
fala alemão. Ora ocorreu o antecedente, vamos reparar no
consequente... Só será verdadeiro quando V Î V = V pois se o
primeiro ocorrer e o segundo não teremos o Falso na premissa que (P2) Todo animal de 4 patas tem asas. Indica que se tem 4 patas
é indesejado, desse modo: Ana fala alemão. então o animal tem asas, ou seja, posso afirmar que o conjunto dos
animais de 4 patas é um subconjunto do conjunto de animais que
tem asas.
Observe que ao analisar todas as premissas, e tornarmos todas
verdadeiras obtivemos as seguintes afirmações:

Francisco não fala francês


Ching não fala chinês
Elton não fala espanhol (C) Todo cavalo tem asas. Indica que se é cavalo então tem
Débora não fala dinamarquês asas, ou seja, posso afirmar que o conjunto de cavalos é um
Iara não fala italiano subconjunto do conjunto de animais que tem asas.
Ana fala alemão.

A única conclusão verdadeira quando todas as premissas


foram verdadeiras é a da alternativa (A), resposta do problema.

Didatismo e Conhecimento 13
RACIOCÍNIO LÓGICO
Observe que ao unir as premissas, a conclusão sempre se ~r → ~p (lê-se se não r então não p) sempre que se verificar
verifica. Toda vez que fizermos as premissas serem verdadeiras, o se então tem-se também que a negação do consequente gera a
a conclusão também for verdadeira, estaremos diante de um negação do antecedente, ou seja: ~(~p) → ~(~r), ou seja, p → r ou
argumento válido. Observe: Se Lógica é fácil então Geografia é difícil.

De todo o encadeamento lógico (dada as premissas


verdadeiras) sabemos que:
Artur gosta de Lógica
Lógica é fácil
Desse modo, o conjunto de cavalos é subconjunto do conjunto Geografia é difícil
dos animais de 4 patas e este por sua vez é subconjunto dos
animais que tem asas. Dessa forma, a conclusão se verifica, ou
Vamos agora analisar as alternativas, em qual delas a
seja, todo cavalo tem asas. Agora na questão temos duas premissas
e a conclusão é uma das alternativas, logo temos um argumento. conclusão é verdadeira:
O que se pergunta é qual das conclusões possíveis sempre será a) Se Geografia é difícil, então Lógica é difícil. (V → F = F) a
verdadeira dadas as premissas sendo verdadeiras, ou seja, qual a regra do “se então” é só ser falso se o antecedente for verdadeiro e
conclusão que torna o argumento válido. Vejamos: o consequente for falso, nas demais possibilidades ele será sempre
Ou Lógica é fácil, ou Artur não gosta de Lógica (P1) verdadeiro.
Se Geografia não é difícil, então Lógica é difícil. (P2) b) Lógica é fácil e Geografia é difícil. (V ^ V = V) a regra do
Artur gosta de Lógica (P3) “e” é que só será verdadeiro se as proposições que o formarem
forem verdadeiras.
Observe que deveremos fazer as três premissas serem
verdadeiras, inicie sua análise pela premissa mais fácil, ou seja, c) Lógica é fácil e Geografia é fácil. (V ^ F = F)
aquela que já vai lhe informar algo que deseja, observe a premissa d) Lógica é difícil e Geografia é difícil. (F ^ V = F)
três, veja que para ela ser verdadeira, Artur gosta de Lógica. Com e) Lógica é difícil ou Geografia é fácil. (F v F = F) a regra
esta informação vamos até a premissa um, onde temos a presença do “ou” é que só é falso quando as proposições que o formarem
do “ou exclusivo” um ou especial que não aceita ao mesmo tempo forem falsas.
que as duas premissas sejam verdadeiras ou falsas. Observe a
tabela verdade do “ou exclusivo” abaixo: 04. Alternativa “A”.
Com os dados fazemos a tabela:
p q pVq
V V F Camisa azul Camisa Branca Camisa Preta
V F V “Eu roubei o colar
“sim, ele (de camisa
F V V “eu sou culpado” da rainha; o culpado
azul) é o culpado”
F F F sou eu”
Sendo as proposições:
p: Lógica é fácil Sabe-se que um e apenas um dos suspeitos é culpado e que o
q: Artur não gosta de Lógica culpado às vezes fala a verdade e às vezes mente. Sabe-se, também,
p v q = Ou Lógica é fácil, ou Artur não gosta de Lógica (P1) que dos outros dois (isto é, dos suspeitos que são inocentes), um
sempre diz a verdade e o outro sempre mente.
Observe que só nos interessa os resultados que possam tornar
a premissa verdadeira, ou seja, as linhas 2 e 3 da tabela verdade. I) Primeira hipótese: Se o inocente que fala verdade é o de
Mas já sabemos que Artur gosta de Lógica, ou seja, a premissa camisa azul, não teríamos resposta, pois o de azul fala que é
q é falsa, só nos restando a linha 2, quer dizer que para P1 ser culpado e então estaria mentindo.
verdadeira, p também será verdadeira, ou seja, Lógica é fácil.
Sabendo que Lógica é fácil, vamos para a P2, temos um se então. II) Segunda hipótese: Se o inocente que fala a verdade é o de
camisa preta, também não teríamos resposta, observem: Se ele fala
Se Geografia não é difícil, então Lógica é difícil. Do se então
a verdade e declara que roubou ele é o culpado e não inocente.
já sabemos que:
Geografia não é difícil - é o antecedente do se então.
Lógica é difícil - é o consequente do se então. III) Terceira hipótese: Se o inocente que fala a verdade é o
de camisa branca achamos a resposta, observem: Ele é inocente
Chamando: e afirma que o de camisa branca é culpado, ele é o inocente que
r: Geografia é difícil sempre fala a verdade. O de camisa branca é o culpado que ora fala
~r: Geografia não é difícil (ou Geografia é fácil) a verdade e ora mente (no problema ele está dizendo a verdade).
p: Lógica é fácil O de camisa preta é inocente e afirma que roubou, logo ele é o
(não p) ~p: Lógica é difícil inocente que está sempre mentindo.

Didatismo e Conhecimento 14
RACIOCÍNIO LÓGICO
O resultado obtido pelo sábio aluno deverá ser: O culpado é o Se ~A se verifica e B → A, ao negar a condição necessária
de camisa azul e o de camisa preta sempre mente (Alternativa A). nego a condição suficiente: ~A → ~B (então o duque não saiu do
castelo).
05. Resposta “C”.
Uma questão de lógica argumentativa, que trata do uso do Observe entre as alternativas, que a única que afirma uma
proposição logicamente correta é a alternativa C, pois realmente
conectivo “se então” também representado por “→”. Vamos a um
deduziu-se que o rei não foi à caça e o conde não encontrou a
exemplo:
princesa.
Se o duque sair do castelo então o rei foi à caça. Aqui estamos
tratando de uma proposição composta (Se o duque sair do castelo 06. Resposta “D”.
então o rei foi à caça) formada por duas proposições simples (duque Como todas as informações dadas são verdadeiras, então
sair do castelo) (rei ir à caça), ligadas pela presença do conectivo podemos concluir que:
(→) “se então”. O conectivo “se então” liga duas proposições 1 - Basílio pagou;
simples da seguinte forma: Se p então q, ou seja: 2 - Carlos pagou;
→ p será uma proposição simples que por estar antes do então 3 - Antônio pagou, justamente, com os R$ 100,00 e pegou
é também conhecida como antecedente. os R$ 60,00 de troco que, segundo Carlos, estavam os R$ 50,00
→ q será uma proposição simples que por estar depois do pagos por Eduardo, então...
4 - Eduardo pagou com a nota de R$ 50,00.
então é também conhecida como consequente.
→ Se p então q também pode ser lido como p implica em q. O único que escapa das afirmações é o Danton.
→ p é conhecida como condição suficiente para que q ocorra,
ou seja, basta que p ocorra para q ocorrer. Outra forma: 5 amigos: A,B,C,D, e E.
→ q é conhecida como condição necessária para que p ocorra,
ou seja, se q não ocorrer então p também não irá ocorrer. Antônio: - Basílio pagou. Restam A, D, C e E.
Danton: - Carlos também pagou. Restam A, D, e E.
Vamos às informações do problema: Eduardo: - Só sei que alguém pagou com quatro notas de R$
1) O rei ir à caça é condição necessária para o duque sair do 10,00. Restam A, D, e E.
castelo. Chamando A (proposição rei ir à caça) e B (proposição Basílio: - Aquela nota de R$ 100,00 ali foi o Antônio. Restam
duque sair do castelo) podemos escrever que se B então A ou B → D, e E.
Carlos: - Sim, e nos R$ 60,00 que ele retirou, estava a nota
A. Lembre-se de que ser condição necessária é ser consequente no
de R$ 50,00 que o Eduardo colocou. Resta somente D (Dalton) a
“se então”. pagar.
2) O rei ir à caça é condição suficiente para a duquesa ir ao 07. Resposta “B”.
jardim. Chamando A (proposição rei ir à caça) e C (proposição 1°: separar a informação que a questão forneceu: “não vou
duquesa ir ao jardim) podemos escrever que se A então C ou A → morar em passárgada”.
C. Lembre-se de que ser condição suficiente é ser antecedente no 2°: lembrando-se que a regra do ou diz que: para ser verdadeiro
“se então”. tem de haver pelo menos uma proposição verdadeira.
3) O conde encontrar a princesa é condição necessária e 3°: destacando-se as informações seguintes:
suficiente para o barão sorrir. Chamando D (proposição conde - caso ou compro uma bicicleta.
encontrar a princesa) e E (proposição barão sorrir) podemos - viajo ou não caso.
escrever que D se e somente se E ou D ↔ E (conhecemos este - vou morar em passárgada ou não compro uma bicicleta.
conectivo como um bicondicional, um conectivo onde tanto o
antecedente quanto o consequente são condição necessária e Logo:
suficiente ao mesmo tempo), onde poderíamos também escrever E - vou morar em pasárgada (F)
se e somente se D ou E → D. - não compro uma bicicleta (V)
4) O conde encontrar a princesa é condição necessária para a - caso (V)
duquesa ir ao jardim. Chamando D (proposição conde encontrar a - compro uma bicicleta (F)
princesa) e C (proposição duquesa ir ao jardim) podemos escrever - viajo (V)
que se C então D ou C → D. Lembre-se de que ser condição - não caso (F)
necessária é ser consequente no “se então”.
Conclusão: viajo, caso, não compro uma bicicleta.
A única informação claramente dada é que o barão não sorriu,
ora chamamos de E (proposição barão sorriu). Logo barão não
Outra forma:
sorriu = ~E (lê-se não E).
Dado que ~E se verifica e D ↔ E, ao negar a condição
necessária nego a condição suficiente: esse modo ~E → ~D (então c = casar
o conde não encontrou a princesa). b = comprar bicicleta
Se ~D se verifica e C → D, ao negar a condição necessária v = viajar
nego a condição suficiente: ~D → ~C (a duquesa não foi ao jardim). p = morar em Passárgada
Se ~C se verifica e A → C, ao negar a condição necessária
nego a condição suficiente: ~C → ~A (então o rei não foi à caça). Temos as verdades:

Didatismo e Conhecimento 15
RACIOCÍNIO LÓGICO
c ou b ~(p^q) ↔ ~pv~q (negação todas “e” vira “ou”)
v ou ~c
p ou ~b A 1ª proposição tem um Todo que é quantificador universal,
para negá-lo utilizamos um quantificador existencial. Pode ser:
Transformando em implicações: um, existe um, pelo menos, existem...
~c → b = ~b → c No caso da questão ficou assim: Um funcionário da empresa
~v → ~c = c → v não possui plano de saúde “ou” ganha até R$ 3.000,00 por mês. A
~p → ~b negação de ganha mais de 3.000,00 por mês, é ganha até 3.000,00.

Assim: 09. Resposta “B”.


~p → ~b
~b → c Sendo:
c→v Segunda = S e Quarta = Q,
Pedro tem aula de Natação = PN e
Por transitividade: Pedro tem aula de Futebol = PF.
~p → c
~p → v V = conectivo ou e → = conectivo Se, ... então, temos:
S V Q → PF V PN
Não morar em passárgada implica casar. Não morar em
passárgada implica viajar. Sendo Je = Jane leva Pedro para a escolinha e ~Je = a negação,
ou seja Jane não leva Pedro a escolinha. Ainda temos que ~Ja =
08. Resposta “C”. Jane deixa de fazer o almoço e C = Carlos almoça em Casa e ~C =
Carlos não almoça em casa, temos:
A declaração dizia:
“Todo funcionário de nossa empresa possui plano de saúde e PF V PN → Je
Je → ~Ja
ganha mais de R$ 3.000,00 por mês”. Porém, o diretor percebeu
~Ja → ~C
que havia se enganado, portanto, basta que um funcionário não
tenha plano de saúde ou ganhe até R$ 3.000,00 para invalidar,
Em questões de raciocínio lógico devemos admitir que todas
negar a declaração, tornando-a desse modo FALSA. Logo,
as proposições compostas são verdadeiras. Ora, o enunciado diz
necessariamente, um funcionário da empresa X não tem plano de
que Carlos almoçou em casa, logo a proposição ~C é Falsa.
saúde ou ganha até R$ 3.000,00 por mês.
~Ja → ~C
Proposição composta no conectivo “e” - “Todo funcionário de
Para a proposição composta ~Ja → ~C ser verdadeira, então
nossa empresa possui plano de saúde e ganha mais de R$ 3.000,00
por mês”. Logo: basta que uma das proposições seja falsa para a ~Ja também é falsa.
declaração ser falsa. ~Ja → ~C
1ª Proposição: Todo funcionário de nossa empresa possui Na proposição acima desta temos que Je → ~Ja, contudo
plano de saúde. já sabemos que ~Ja é falsa. Pela mesma regra do conectivo Se,
2ª Proposição: ganha mais de R$ 3.000,00 por mês. ... então, temos que admitir que Je também é falsa para que a
proposição composta seja verdadeira.
Lembre-se que no enunciado não fala onde foi o erro da Na proposição acima temos que PF V PN → Je, tratando PF
declaração do gerente, ou seja, pode ser na primeira proposição e V PN como uma proposição individual e sabendo que Je é falsa,
não na segunda ou na segunda e não na primeira ou nas duas que para esta proposição composta ser verdadeira PF V PN tem que
o resultado será falso. ser falsa.
Na alternativa C a banca fez a negação da primeira proposição Ora, na primeira proposição composta da questão, temos
e fez a da segunda e as ligaram no conectivo “ou”, pois no que S V Q → PF V PN e pela mesma regra já citada, para esta
conectivo “ou” tanto faz a primeira ser verdadeira ou a segunda ser verdadeira S V Q tem que ser falsa. Bem, agora analisando
ser verdadeira, desde que haja uma verdadeira para o resultado ser individualmente S V Q como falsa, esta só pode ser falsa se as duas
verdadeiro. premissas simples forem falsas. E da mesma maneira tratamos PF
Atenção: A alternativa “E” está igualzinha, só muda o V PN.
conectivo que é o “e”, que obrigaria que o erro da declaração fosse
Representação lógica de todas as proposições:
nas duas.
S V Q → PF V PN
A questão pede a negação da afirmação: Todo funcionário
(f) (f) (f) (f)
de nossa empresa possui plano de saúde “e” ganha mais de R$
F F
3.000,00 por mês.
Essa fica assim ~(p ^ q). PF V PN → Je
A negação dela ~pv~q F F

Didatismo e Conhecimento 16
RACIOCÍNIO LÓGICO
Je → ~Ja (A) sonho dormindo (você não tem garantia de que sonha
F F dormindo, só temos como verdade que não sonho acordado, pode
ser que você nem sonhe).
~Ja → ~C (B) o instrumento afinado não soa bem deu que: Não afino as
F F cordas.
(C) Verdadeira: as cordas não foram afinadas.
Conclusão: Carlos almoçou em casa hoje, Jane fez o almoço (D) mesmo afinado (Falso deu que não afino as cordas) o
e não levou Pedro à escolinha esportiva, Pedro não teve aula de instrumento não soa bem.
futebol nem de natação e também não é segunda nem quarta. Agora (E) toco bem acordado e dormindo, absurdo. Deu não toco
é só marcar a questão cuja alternativa se encaixa nesse esquema. muito bem e não sonho acordado.

10. Resposta “C”.

Dê nome: 4. CONJUNTOS: OPERAÇÕES,


A = AFINO as cordas; DIAGRAMAS DE VENN.
I = INSTRUMENTO soa bem;
T = TOCO bem;
S = SONHO acordado.

Montando as proposições: Número de Elementos da União e da Intersecção de Conjuntos


1° - A → I
2° - I → T
Dados dois conjuntos A e B, como vemos na figura abaixo,
3° - ~T V S (ou exclusivo)
podemos estabelecer uma relação entre os respectivos números de
elementos.
Como S = FALSO; ~T = VERDADEIRO, pois um dos termos
deve ser verdadeiro (equivale ao nosso “ou isso ou aquilo, escolha
UM”).
~T = V
T=F
I→T
(F)
Em muitos casos, é um macete que funciona nos exercícios
“lotados de condicionais”, sendo assim o F passa para trás.
Assim: I = F
Novamente: A → I
(F)
O FALSO passa para trás. Com isso, A = FALSO. ~A =
Verdadeiro = As cordas não foram afinadas. Note que ao subtrairmos os elementos comuns
evitamos que eles sejam contados duas vezes.
Outra forma: partimos da premissa afirmativa ou de conclusão;
última frase: Observações:
Não sonho acordado será VERDADE
Admita todas as frases como VERDADE a) Se os conjuntos A e B forem disjuntos ou se mesmo um
Ficando assim de baixo para cima deles estiver contido no outro, ainda assim a relação dada será
verdadeira.
Ou não toco muito bem (V) ou sonho acordado (F) = V b) Podemos ampliar a relação do número de elementos para
Se o instrumento soa bem (F) então toco muito bem (F) = V três ou mais conjuntos com a mesma eficiência.
Se afino as cordas (F), então o instrumento soa bem (F) = V
Observe o diagrama e comprove.
A dica é trabalhar com as exceções: na condicional só dá
falso quando a primeira V e a segunda F. Na disjunção exclusiva
(ou... ou) as divergentes se atraem o que dá verdade. Extraindo as
conclusões temos que:
Não toco muito bem, não sonho acordado como verdade.
Se afino as corda deu falso, então não afino as cordas.
Se o instrumento soa bem deu falso, então o instrumento não
soa bem.

Joga nas alternativas:

Didatismo e Conhecimento 17
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplos

- { x, t.q. x é vogal } é o mesmo que {a, e, i, o, u}


- {x | x é um número natural menor que 4 } é o mesmo que
Conjuntos {0, 1, 2, 3}
Conjuntos Primitivos - {x : x em um número inteiro e x2 = x } é o mesmo que {0, 1}

Os conceitos de conjunto, elemento e pertinência são Pelo diagrama de Venn-Euler: O diagrama de Venn-Euler
primitivos, ou seja, não são definidos. consiste em representar o conjunto através de um “círculo” de tal
Um cacho de bananas, um cardume de peixes ou uma porção forma que seus elementos e somente eles estejam no “círculo”.
de livros são todos exemplos de conjuntos.
Conjuntos, como usualmente são concebidos, têm elementos. Exemplos
Um elemento de um conjunto pode ser uma banana, um peixe ou - Se A = {a, e, i, o, u} então
um livro. Convém frisar que um conjunto pode ele mesmo ser
elemento de algum outro conjunto.
Por exemplo, uma reta é um conjunto de pontos; um feixe de
retas é um conjunto onde cada elemento (reta) é também conjunto
(de pontos).
Em geral indicaremos os conjuntos pelas letras maiúsculas A,
B, C, ..., X, e os elementos pelas letras minúsculas a, b, c, ..., x, y,
..., embora não exista essa obrigatoriedade. - Se B = {0, 1, 2, 3 }, então
Em Geometria, por exemplo, os pontos são indicados por
letras maiúsculas e as retas (que são conjuntos de pontos) por
letras minúsculas.
Outro conceito fundamental é o de relação de pertinência que
nos dá um relacionamento entre um elemento e um conjunto.

Se x é um elemento de um conjunto A, escreveremos x ∈ A


Lê-se: x é elemento de A ou x pertence a A.
Conjunto Vazio
Se x não é um elemento de um conjunto A, escreveremos x
∉A Conjunto vazio é aquele que não possui elementos. Representa-
Lê-se x não é elemento de A ou x não pertence a A. se pela letra do alfabeto norueguês 0/ ou, simplesmente { }.
Simbolicamente: ∀ x, x ∉ 0/
Como representar um conjunto
Exemplos
Pela designação de seus elementos: Escrevemos os elementos
entre chaves, separando os por vírgula.
- 0/ = {x : x é um número inteiro e 3x = 1}
Exemplos - 0/ = {x | x é um número natural e 3 – x = 4}
- 0/ = {x | x ≠ x}
- {3, 6, 7, 8} indica o conjunto formado pelos elementos 3,
6, 7 e 8. Subconjunto
{a; b; m} indica o conjunto constituído pelos elementos a, b
e m. Sejam A e B dois conjuntos. Se todo elemento de A é também
{1; {2; 3}; {3}} indica o conjunto cujos elementos são 1, {2; elemento de B, dizemos que A é um subconjunto de B ou A é a
3} e {3}. parte de B ou, ainda, A está contido em B e indicamos por A ⊂ B.
Simbolicamente: A ⊂ B ⇔ ( ∀ x)(x ∈ ∀ ⇒ x ∈ B)
Pela propriedade de seus elementos: Conhecida uma
propriedade P que caracteriza os elementos de um conjunto A, este Portanto, A ⊄ B significa que A não é um subconjunto de B
fica bem determinado. ou A não é parte de B ou, ainda, A não está contido em B.
P termo “propriedade P que caracteriza os elementos de um Por outro lado, A ⊄ B se, e somente se, existe, pelo menos,
conjunto A” significa que, dado um elemento x qualquer temos: um elemento de A que não é elemento de B.
Assim sendo, o conjunto dos elementos x que possuem a
Simbolicamente: A ⊄ B ⇔ ( ∃ x)(x ∈ A e x ∉ B)
propriedade P é indicado por:
{x, tal que x tem a propriedade P}
Exemplos
Uma vez que “tal que” pode ser denotado por t.q. ou | ou ainda
:, podemos indicar o mesmo conjunto por: - {2 . 4} ⊂ {2, 3, 4}, pois 2 ∈ {2, 3, 4} e 4 ∈ {2, 3, 4}
{x, t . q . x tem a propriedade P} ou, ainda, - {2, 3, 4} ⊄ {2, 4}, pois 3 ∉ {2, 4}
{x : x tem a propriedade P} - {5, 6} ⊂ {5, 6}, pois 5 ∈ {5, 6} e 6 ∈ {5, 6}

Didatismo e Conhecimento 18
RACIOCÍNIO LÓGICO
Inclusão e pertinência
P(D) = { 0/ }
A definição de subconjunto estabelece um relacionamento
entre dois conjuntos e recebe o nome de relação de inclusão ( ⊂ ). Propriedades
A relação de pertinência ( ∈ ) estabelece um relacionamento
entre um elemento e um conjunto e, portanto, é diferente da Seja A um conjunto qualquer e 0/ o conjunto vazio. Valem as
relação de inclusão. seguintes propriedades
Simbolicamente
x ∈ A ⇔ {x} ⊂ A 0/ ≠( 0/ ) 0/ ∉ 0/ 0/ ⊂ 0/ 0/ ∈ { 0/ }
x ∉ A ⇔ {x} ⊄ A
0/ ⊂ A ⇔ 0/ ∈ P(A) A ⊂ A ⇔ A ∈ P(A)
Igualdade
Se A tem n elementos então A possui 2n subconjuntos e,
Sejam A e B dois conjuntos. Dizemos que A é igual a B e
portanto, P(A) possui 2n elementos.
indicamos por A = B se, e somente se, A é subconjunto de B e B é
também subconjunto de A. União de conjuntos
Simbolicamente: A = B ⇔ A ⊂ B e B ⊂ A
Demonstrar que dois conjuntos A e B são iguais equivale, A união (ou reunião) dos conjuntos A e B é o conjunto formado
segundo a definição, a demonstrar que A ⊂ B e B ⊂ A. por todos os elementos que pertencem a A ou a B. Representa-se
Segue da definição que dois conjuntos são iguais se, e somente por A ∪ B.
se, possuem os mesmos elementos. Simbolicamente: A ∪ B = {X | X ∈ A ou X ∈ B}
Portanto A ≠ B significa que A é diferente de B. Portanto A ≠ B
se, e somente se, A não é subconjunto de B ou B não é subconjunto
de A. Simbolicamente: A ≠ B ⇔ A ⊄ B ou B ⊄ A

Exemplos

- {2,4} = {4,2}, pois {2,4} ⊂ {4,2} e {4,2} ⊂ {2,4}. Isto


nos mostra que a ordem dos elementos de um conjunto não deve
ser levada em consideração. Em outras palavras, um conjunto Exemplos
fica determinado pelos elementos que o mesmo possui e não pela
ordem em que esses elementos são descritos. - {2,3} ∪ {4,5,6}={2,3,4,5,6}
- {2,3,4} ∪ {3,4,5}={2,3,4,5}
- {2,2,2,4} = {2,4}, pois {2,2,2,4} ⊂ {2,4} e {2,4} ⊂
- {2,3} ∪ {1,2,3,4}={1,2,3,4}
{2,2,2,4}. Isto nos mostra que a repetição de elementos é - {a,b} ∪ φ {a,b}
desnecessária.
- {a,a} = {a} Intersecção de conjuntos
- {a,b = {a} ⇔ a= b
- {1,2} = {x,y} ⇔ (x = 1 e y = 2) ou (x = 2 e y = 1) A intersecção dos conjuntos A e B é o conjunto formado por
todos os elementos que pertencem, simultaneamente, a A e a B.
Conjunto das partes Representa-se por A ∩ B. Simbolicamente: A ∩ B = {X | X ∈ A
ou X ∈ B}
Dado um conjunto A podemos construir um novo conjunto
formado por todos os subconjuntos (partes) de A. Esse novo
conjunto chama-se conjunto dos subconjuntos (ou das partes) de A
e é indicado por P(A).
Simbolicamente: P(A)={X | X ⊂ A} ou X ⊂ P(A) ⇔ X ⊂
A

Exemplos
Exemplos
a) = {2, 4, 6} - {2,3,4} ∩ {3,5}={3}
P(A) = { 0/ , {2}, {4}, {6}, {2,4}, {2,6}, {4,6}, A} - {1,2,3} ∩ {2,3,4}={2,3}
- {2,3} ∩ {1,2,3,5}={2,3}
b) = {3,5} - {2,4} ∩ {3,5,7}= φ
P(B) = { 0/ , {3}, {5}, B}
Observação: Se A ∩ B= φ , dizemos que A e B são conjuntos
c) = {8} disjuntos.
P(C) = { 0/ , C}

d) = 0/

Didatismo e Conhecimento 19
RACIOCÍNIO LÓGICO
representa-se por n(X) o número de elementos de X. Sendo, ainda,
A e B dois conjuntos quaisquer, com número finito de elementos
temos:
n(A ∪ B)=n(A)+n(B)-n(A ∩ B)
A ∩ B= φ ⇒ n(A ∪ B)=n(A)+n(B)
Subtração n(A -B)=n(A)-n(A ∩ B)
B ⊂ A ⇒ n(A-B)=n(A)-n(B)
A diferença entre os conjuntos A e B é o conjunto formado
por todos os elementos que pertencem a A e não pertencem a B. Exercícios
Representa-se por A – B. Simbolicamente: A – B = {X | X ∈ A e
X ∉ B} 1. Assinale a alternativa a Falsa:
a) φ ⊂{3}
b)(3) ⊂ {3}
c)φ ∉ {3}
d)3 ∈ {3}
e)3={3}

2. Seja o conjunto A = {1, 2, 3, {3}, {4}, {2, 5}}. Classifique


as afirmações em verdadeiras (V) ou falsas (F).
O conjunto A – B é também chamado de conjunto a) 2 ∈ A
complementar de B em relação a A, representado por CAB. b) (2) ∈ A
Simbolicamente: CAB = A - B{X | X ∈ A e X ∉ B} c) 3 ∈ A
d) (3) ∈ A
Exemplos e) 4 ∈ A
3. Um conjunto A possui 5 elementos . Quantos subconjuntos
- A = {0, 1, 2, 3} e B = {0, 2} (partes) possuem o conjunto A?
CAB = A – B = {1,3} e CBA = B – A = φ
4. Sabendo-se que um conjunto A possui 1024 subconjuntos,
- A = {1, 2, 3} e B = {2, 3, 4} quantos elementos possui o conjunto A?
CAB = A – B = {1} e CBA = B – A = {14}
5. 12 - Dados os conjuntos A = {1; 3; 4; 6}, B = {3; 4 ; 5; 7} e
- A = {0, 2, 4} e B = {1 ,3 ,5} C = {4; 5; 6; 8 } pede-se:
CAB = A – B = {0,2,4} e CBA = B – A = {1,3,5} a) A ∪ B
b) A ∩ B
Observações: Alguns autores preferem utilizar o conceito de c) A ∪ C
d) A ∩ C
completar de B em relação a A somente nos casos em que B ⊂ A.
- Se B ⊂ A representa-se por B o conjunto complementar
6. Considere os conjuntos: S = {1,2,3,4,5} e A={2,4}.
de B em relação a A. Simbolicamente: B ⊂ A ⇔ B = A – B =
Determine o conjunto X de tal forma que: X ∩ A= φ e X ∪ A = S.
CAB`
7. Seja A e X conjuntos. Sabendo-se que A ⊂ X e A ∪
X={2,3,4}, determine o conjunto X.

8. Dados três conjuntos finitos A, B e C, determinar o número


de elementos de A ∩ (B ∪ C), sabendo-se:
a) A ∩ B tem 29 elementos
b) A ∩ C tem 10 elementos
c) A ∩ B tem 7 elementos.

Exemplos 9. Numa escola mista existem 42 meninas, 24 crianças ruivas,


13 meninos não ruivos e 9 meninas ruivas. Pergunta-se
Seja S = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6}. Então: a) quantas crianças existem na escola?
a) A = {2, 3, 4} ⇒ A = {0, 1, 5, 6} b) quantas crianças são meninas ou são ruivas?
b) B = {3, 4, 5, 6 } ⇒ B = {0, 1, 2}
c) C = φ ⇒ C = S 10. USP-SP - Depois de n dias de férias, um estudante observa
que:
Número de elementos de um conjunto - Choveu 7 vezes, de manhã ou à tarde;
- Quando chove de manhã não chove à tarde;
Sendo X um conjunto com um número finito de elementos, - Houve 5 tardes sem chuva;
- Houve 6 manhãs sem chuva.

Didatismo e Conhecimento 20
RACIOCÍNIO LÓGICO
Podemos afirmar então que n é igual a:
a)7
b)8
c)9
d)10
e)11
Respostas

1) Resposta “E”. A ∪ C={1,3,4,5,6,8}


Solução: A ligação entre elemento e conjunto é estabelecida d)
pela relação de pertinência ( ∈ ) e não pela relação de igualdade
(=). Assim sendo, 3 ∈ {3} e 3≠{3}. De um modo geral, x ≠ {x},
∀ x.
2) Solução:
a) Verdadeira, pois 2 é elemento de A.
b) Falsa, pois {2} não é elemento de A.
c) Verdadeira, pois 3 é elemento de A.
d) Verdadeira, pois {3} é elemento de A. A ∩ C={4,6}
e) Falsa, pois 4 não é elemento de A.
3) Resposta “32”. 6) Resposta “X={1;3;5}”.
Solução: Lembrando que: “Se A possui k elementos, então Solução: Como X ∩ A= φ e X ∪ A=S, então X= A
A possui 2k subconjuntos”, concluímos que o conjunto A, de 5 =S-A=CsA ⇒ X={1;3;5}
elementos, tem 25 = 32 subconjuntos.

4) Resposta “10”.
Solução: Se k é o número de elementos do conjunto A, então
2k é o número de subconjuntos de A.
Assim sendo: 2k=1024 ⇔ 2k=210 ⇔ k=10.
7) Resposta “X = {2;3;4}
5) Solução: Representando os conjuntos A, B e C através do Solução: Como A ⊂ X, então A ∪ X = X = {2;3;4}.
diagrama de Venn-Euler, temos:
a) 8) Resposta “A”.
Solução: De acordo com o enunciado, temos:

A ∪ B={1,3,4,5,6,7} n(A ∩ B ∩ C) = 7
n(A ∩ B) = a + 7 = 26 ⇒ a = 19
b) n(A ∩ C) = b + 7 = 10 ⇒ b = 3

Assim sendo:

A ∩ B={3,4} e portanto n[A ∩ (B ∪ C)] = a + 7 + b = 19 + 7 + 3


Logo: n[A ∩ (B ∪ C)] = 29.
c)
9) Solução:

Didatismo e Conhecimento 21
RACIOCÍNIO LÓGICO
n(M) + n(M’) + n(T) + n(T’) = 11 + 7 = 18

Observe que n(M) + n(M’) = total dos dias de férias = n


Analogamente, n(T) + n(T’) = total dos dias de férias = n

Portanto, substituindo vem:


n + n = 18
2n = 18
n=9

Logo, foram nove dias de férias, ou seja, n = 9 dias.


Sejam:
A o conjunto dos meninos ruivos e n(A) = x
B o conjunto das meninas ruivas e n(B) = 9
C o conjunto dos meninos não-ruivos e n(C) = 13 5. O CONJUNTO DOS NÚMEROS
D o conjunto das meninas não-ruivas e n(D) = y INTEIROS: DESIGUALDADES;
De acordo com o enunciado temos: DIVISIBILIDADE E FATORAÇÃO NO CON-
JUNTO DOS INTEIROS; MÁXIMO DIVISOR
COMUM; MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM.
n( B ∪ D) = n( B) + n( D) = 9 + y = 42 ⇔ y = 33

n( A ∪ D) = n( A) + n( B) = x + 9 = 24 ⇔ x = 15

Assim sendo Conjunto dos Números Inteiros – Z


a) O número total de crianças da escola é:
Definimos o conjunto dos números inteiros como a reunião do
n( A ∪ B ∪ C ∪ D ) = n( A) + n( B ) + n(C ) + n( D ) = 15 + 9 + 13 + 33 = 70 conjunto dos números naturais (N = {0, 1, 2, 3, 4,..., n,...}, o con-
junto dos opostos dos números naturais e o zero. Este conjunto é
denotado pela letra Z (Zahlen=número em alemão). Este conjunto
b) O número de crianças que são meninas ou são ruivas é: pode ser escrito por: Z = {..., -4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4, ...}
O conjunto dos números inteiros possui alguns subconjuntos
n[( A ∪ B ) ∪ ( B ∪ D )] = n( A) + n( B ) + n( D ) = 15 + 9 + 33 = 57
notáveis:

10) Resposta “C”. - O conjunto dos números inteiros não nulos:


Solução: Z* = {..., -4, -3, -2, -1, 1, 2, 3, 4,...};
Seja M, o conjunto dos dias que choveu pela manhã e T o Z* = Z – {0}
conjunto dos dias que choveu à tarde. Chamando de M’ e T’ os
conjuntos complementares de M e T respectivamente, temos: - O conjunto dos números inteiros não negativos:
Z+ = {0, 1, 2, 3, 4,...}
n(T’) = 5 (cinco tardes sem chuva) Z+ é o próprio conjunto dos números naturais: Z+ = N
n(M’) = 6 (seis manhãs sem chuva)
n(M Ç T) = 0 (pois quando chove pela manhã, não chove à - O conjunto dos números inteiros positivos:
tarde) Z*+ = {1, 2, 3, 4,...}

- O conjunto dos números inteiros não positivos:


Daí:
Z_ = {..., -5, -4, -3, -2, -1, 0}
n(M È T) = n(M) + n(T) – n(M Ç T) - O conjunto dos números inteiros negativos:
7 = n(M) + n(T) – 0 Z*_ = {..., -5, -4, -3, -2, -1}

Podemos escrever também: Módulo: chama-se módulo de um número inteiro a distância


n(M’) + n(T’) = 5 + 6 = 11 ou afastamento desse número até o zero, na reta numérica inteira.
Representa-se o módulo por | |.
Temos então o seguinte sistema: O módulo de 0 é 0 e indica-se |0| = 0
n(M’) + n(T’) = 11 O módulo de +7 é 7 e indica-se |+7| = 7
n(M) + N(T) = 7 O módulo de –9 é 9 e indica-se |–9| = 9
O módulo de qualquer número inteiro, diferente de zero, é
Somando membro a membro as duas igualdades, vem: sempre positivo.

Didatismo e Conhecimento 22
RACIOCÍNIO LÓGICO
Números Opostos: Dois números inteiros são ditos opostos 1- Na segunda-feira, a temperatura de Monte Sião passou de +3
um do outro quando apresentam soma zero; assim, os pontos que graus para +6 graus. Qual foi a variação da temperatura?
os representam distam igualmente da origem. Esse fato pode ser representado pela subtração: (+6) – (+3) = +3
Exemplo: O oposto do número 2 é -2, e o oposto de -2 é 2, pois
2 + (-2) = (-2) + 2 = 0 2- Na terça-feira, a temperatura de Monte Sião, durante o dia,
No geral, dizemos que o oposto, ou simétrico, de a é – a, e era de +6 graus. À Noite, a temperatura baixou de 3 graus. Qual a
vice-versa; particularmente o oposto de zero é o próprio zero. temperatura registrada na noite de terça-feira?
Esse fato pode ser representado pela adição: (+6) + (–3) = +3
Adição de Números Inteiros Se compararmos as duas igualdades, verificamos que (+6) –
(+3) é o mesmo que (+6) + (–3).
Para melhor entendimento desta operação, associaremos aos
números inteiros positivos a idéia de ganhar e aos números inteiros
Temos:
negativos a idéia de perder.
(+6) – (+3) = (+6) + (–3) = +3
Ganhar 5 + ganhar 3 = ganhar 8 (+5) + (+3) = (+8)
Perder 3 + perder 4 = perder 7 (-3) + (-4) = (-7) (+3) – (+6) = (+3) + (–6) = –3
Ganhar 8 + perder 5 = ganhar 3 (+8) + (-5) = (+3) (–6) – (–3) = (–6) + (+3) = –3
Perder 8 + ganhar 5 = perder 3 (-8) + (+5) = (-3)
Daí podemos afirmar: Subtrair dois números inteiros é o mes-
O sinal (+) antes do número positivo pode ser dispensado, mas mo que adicionar o primeiro com o oposto do segundo.
o sinal (–) antes do número negativo nunca pode ser dispensado.
Propriedades da adição de números inteiros: O conjunto Z é Multiplicação de Números Inteiros
fechado para a adição, isto é, a soma de dois números inteiros ainda
é um número inteiro. A multiplicação funciona como uma forma simplificada de
uma adição quando os números são repetidos. Poderíamos analisar
Associativa: Para todos a,b,c em Z: tal situação como o fato de estarmos ganhando repetidamente al-
a + (b + c) = (a + b) + c guma quantidade, como por exemplo, ganhar 1 objeto por 30 vezes
2 + (3 + 7) = (2 + 3) + 7 consecutivas, significa ganhar 30 objetos e esta repetição pode ser
indicada por um x, isto é: 1 + 1 + 1 ... + 1 + 1 = 30 x 1 = 30
Comutativa: Para todos a,b em Z: Se trocarmos o número 1 pelo número 2, obteremos: 2 + 2 + 2
a+b=b+a + ... + 2 + 2 = 30 x 2 = 60
3+7=7+3
Se trocarmos o número 2 pelo número -2, obteremos: (–2) +
(–2) + ... + (–2) = 30 x (-2) = –60
Elemento Neutro: Existe 0 em Z, que adicionado a cada z em
Observamos que a multiplicação é um caso particular da adi-
Z, proporciona o próprio z, isto é:
z+0=z ção onde os valores são repetidos.
7+0=7 Na multiplicação o produto dos números a e b, pode ser indi-
cado por a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal entre as letras.
Elemento Oposto: Para todo z em Z, existe (-z) em Z, tal que Para realizar a multiplicação de números inteiros, devemos
z + (–z) = 0 obedecer à seguinte regra de sinais:
9 + (–9) = 0 (+1) x (+1) = (+1)
(+1) x (-1) = (-1)
Subtração de Números Inteiros (-1) x (+1) = (-1)
(-1) x (-1) = (+1)
A subtração é empregada quando:
- Precisamos tirar uma quantidade de outra quantidade; Com o uso das regras acima, podemos concluir que:
- Temos duas quantidades e queremos saber quanto uma delas
tem a mais que a outra;
Sinais dos números Resultado do produto
- Temos duas quantidades e queremos saber quanto falta a uma
delas para atingir a outra. Iguais Positivo
Diferentes Negativo
A subtração é a operação inversa da adição.
Observe que: 9 – 5 = 4 4+5=9 Propriedades da multiplicação de números inteiros: O
diferença conjunto Z é fechado para a multiplicação, isto é, a multiplicação
de dois números inteiros ainda é um número inteiro.
subtraendo
minuendo
Associativa: Para todos a,b,c em Z:
a x (b x c) = (a x b) x c
Considere as seguintes situações: 2 x (3 x 7) = (2 x 3) x 7

Didatismo e Conhecimento 23
RACIOCÍNIO LÓGICO
Comutativa: Para todos a,b em Z: an = a x a x a x a x ... x a
axb=bxa a é multiplicado por a n vezes
3x7=7x3
Exemplos:33 = (3) x (3) x (3) = 27
Elemento neutro: Existe 1 em Z, que multiplicado por todo z (-5)5 = (-5) x (-5) x (-5) x (-5) x (-5) = -3125
em Z, proporciona o próprio z, isto é: (-7)² = (-7) x (-7) = 49
zx1=z (+9)² = (+9) x (+9) = 81
7x1=7 - Toda potência de base positiva é um número inteiro po-
Elemento inverso: Para todo inteiro z diferente de zero, existe sitivo.
um inverso z–1=1/z em Z, tal que Exemplo: (+3)2 = (+3) . (+3) = +9
z x z–1 = z x (1/z) = 1
9 x 9–1 = 9 x (1/9) = 1 - Toda potência de base negativa e expoente par é um
número inteiro positivo.
Distributiva: Para todos a,b,c em Z: Exemplo: (– 8)2 = (–8) . (–8) = +64
a x (b + c) = (a x b) + (a x c)
3 x (4+5) = (3 x 4) + (3 x 5) - Toda potência de base negativa e expoente ímpar é um
número inteiro negativo.
Divisão de Números Inteiros
Exemplo: (–5)3 = (–5) . (–5) . (–5) = –125

Dividendo divisor dividendo: Propriedades da Potenciação:


Divisor = quociente 0
Quociente . divisor = dividendo Produtos de Potências com bases iguais: Conserva-se a
base e somam-se os expoentes. (–7)3 . (–7)6 = (–7)3+6 = (–7)9
Sabemos que na divisão exata dos números naturais:
40 : 5 = 8, pois 5 . 8 = 40 Quocientes de Potências com bases iguais: Conserva-se
36 : 9 = 4, pois 9 . 4 = 36 a base e subtraem-se os expoentes. (+13)8 : (+13)6 = (+13)8 – 6
= (+13)2
Vamos aplicar esses conhecimentos para estudar a divisão
exata de números inteiros. Veja o cálculo: Potência de Potência: Conserva-se a base e multiplicam-
(–20) : (+5) = q  (+5) . q = (–20)  q = (–4) -se os expoentes. [(+4)5]2 = (+4)5 . 2 = (+4)10
Logo: (–20) : (+5) = - 4
Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (+9)1 =
Considerando os exemplos dados, concluímos que, para efe- +9 (–13)1 = –13
tuar a divisão exata de um número inteiro por outro número in-
teiro, diferente de zero, dividimos o módulo do dividendo pelo Potência de expoente zero e base diferente de zero: É
módulo do divisor. Daí: igual a 1. Exemplo: (+14)0 = 1 (–35)0 = 1
- Quando o dividendo e o divisor têm o mesmo sinal, o quo-
ciente é um número inteiro positivo. Radiciação de Números Inteiros
- Quando o dividendo e o divisor têm sinais diferentes, o quo-
ciente é um número inteiro negativo. A raiz n-ésima (de ordem n) de um número inteiro a é a
- A divisão nem sempre pode ser realizada no conjunto Z. Por operação que resulta em outro número inteiro não negativo b
exemplo, (+7) : (–2) ou (–19) : (–5) são divisões que não podem que elevado à potência n fornece o número a. O número n é o
ser realizadas em Z, pois o resultado não é um número inteiro. índice da raiz enquanto que o número a é o radicando (que fica
- No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é associativa sob o sinal do radical).
e não tem a propriedade da existência do elemento neutro.
A raiz quadrada (de ordem 2) de um número inteiro a é a
1- Não existe divisão por zero.
operação que resulta em outro número inteiro não negativo que
Exemplo: (–15) : 0 não tem significado, pois não existe um
elevado ao quadrado coincide com o número a.
número inteiro cujo produto por zero seja igual a –15.
2- Zero dividido por qualquer número inteiro, diferente de
zero, é zero, pois o produto de qualquer número inteiro por zero é Observação: Não existe a raiz quadrada de um número
igual a zero. inteiro negativo no conjunto dos números inteiros.
Exemplos: a) 0 : (–10) = 0 b) 0 : (+6) = 0 c) 0 : (–1) = 0
Erro comum: Frequentemente lemos em materiais didá-
Potenciação de Números Inteiros ticos e até mesmo ocorre em algumas aulas aparecimento de:
√9 = ±3
A potência an do número inteiro a, é definida como um produ- mas isto está errado. O certo é:
to de n fatores iguais. O número a é denominado a base e o número √9 = +3
n é o expoente.

Didatismo e Conhecimento 24
RACIOCÍNIO LÓGICO
Observamos que não existe um número inteiro não nega-
tivo que multiplicado por ele mesmo resulte em um número
negativo.
I abac=ax
A raiz cúbica (de ordem 3) de um número inteiro a é a
operação que resulta em outro número inteiro que elevado ao
cubo seja igual ao número a. Aqui não restringimos os nossos
cálculos somente aos números não negativos.
II
Exemplos

(a)
3
8 = 2, pois 2³ = 8. III
(b)
3
− 8 = –2, pois (–2)³ = -8.
De acordo com as propriedades da potenciação, temos que,
respectivamente, nas operações I, II e III:
(c)
3
27 = 3, pois 3³ = 27. A) x=b-c, y=b+c e z=c/2.
B) x=b+c, y=b-c e z=2c.
(d)
3
− 27 = –3, pois (–3)³ = -27. C) x=2bc, y=-2bc e z=2c.
D) x=c-b, y=b-c e z=c-2.
Observação: Ao obedecer à regra dos sinais para o produto de E) x=2b, y=2c e z=c+2.
números inteiros, concluímos que:
(a) Se o índice da raiz for par, não existe raiz de número in- 4 - (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
teiro negativo. GRANRIO/2013) Multiplicando-se o maior número inteiro menor
(b) Se o índice da raiz for ímpar, é possível extrair a raiz de do que 8 pelo menor número inteiro maior do que - 8, o resultado
qualquer número inteiro. encontrado será
A) - 72
Questões B) - 63
C) - 56
1 - (TRF 2ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2012) Uma D) - 49
operação λ é definida por: E) – 42
wλ = 1 − 6w, para todo inteiro w.
Com base nessa definição, é correto afirmar que a soma 2λ + 5 - (SEPLAG - POLÍCIA MILITAR/MG - ASSISTENTE
(1λ) λ é igual a ADMINISTRATIVO - FCC/2012) Em um jogo de tabuleiro, Car-
A) −20. la e Mateus obtiveram os seguintes resultados:
B) −15.
C) −12.
D) 15.
E) 20.

2 - (UEM/PR – AUXILIAR OPERACIONAL – UEM/2014)


Ruth tem somente R$ 2.200,00 e deseja gastar a maior quantidade
possível, sem ficar devendo na loja.
Verificou o preço de alguns produtos:
TV: R$ 562,00
DVD: R$ 399,00
Micro-ondas: R$ 429,00
Geladeira: R$ 1.213,00

Na aquisição dos produtos, conforme as condições mencio-


nadas, e pagando a compra em dinheiro, o troco recebido será de:
A) R$ 84,00
B) R$ 74,00
C) R$ 36,00
D) R$ 26,00
E) R$ 16,00

3 - (PREF. JUNDIAI/SP – ELETRICISTA – MAKIYA-


MA/2013) Analise as operações a seguir:

Didatismo e Conhecimento 25
RACIOCÍNIO LÓGICO
Ao término dessas quatro partidas, Troco:2200-2174=26 reais
A) Carla perdeu por uma diferença de 150 pontos.
B) Mateus perdeu por uma diferença de 175 pontos. 3 - RESPOSTA: “B”.
C) Mateus ganhou por uma diferença de 125 pontos.
I da propriedade das potências, temos:
D) Carla e Mateus empataram.

6 – (Operador de máq./Pref.Coronel Fabriciano/MG)


Quantos são os valores inteiros e positivos de x para os quais II
é um número inteiro?
A) 0
B) 1 III
C) 2
D) 3 4 - RESPOSTA: “D”.
E) 4 Maior inteiro menor que 8 é o 7
Menor inteiro maior que -8 é o -7.
7- (CASA DA MOEDA) O quadro abaixo indica o número Portanto: 7⋅(-7)=-49
de passageiros num vôo entre Curitiba e Belém, com duas escalas,
uma no Rio de Janeiro e outra em Brasília. Os números indicam a 5 - RESPOSTA: “C”.
quantidade de passageiros que subiram no avião e os negativos, a Carla: 520-220-485+635=450 pontos
quantidade dos que desceram em cada cidade. Mateus: -280+675+295-115=575 pontos
Diferença: 575-450=125 pontos
Curtiba +240
6 - RESPOSTA:“C”.
-194 Fazendo substituição dos valores de x, dentro dos conjuntos
Rio de Janeiro
+158 do inteiros positivos temos:
-108
Brasília
+94 x=0 ; x=1
O número de passageiros que chegou a Belém foi:
A) 362
B) 280
C) 240
, logo os únicos números que satisfa-
D) 190
E) 135 zem a condição é x= 0 e x=5 , dois números apenas.

7 - RESPOSTA:“D”.
240- 194 +158 -108 +94 = 190
Respostas

1 - RESPOSTA:“E”. Múltiplos e Divisores


Pela definição:
Fazendo w=2 Sabemos que 30 : 6 = 5, porque 5 x 6 = 30.
Podemos dizer então que:

“30 é divisível por 6 porque existe um numero natural (5) que


multiplicado por 6 dá como resultado 30.”
Um numero natural a é divisível por um numero natural b,
não-nulo, se existir um número natural c, tal que c . b = a.
Ainda com relação ao exemplo 30 : 6 = 5, temos que:
30 é múltiplo de 6, e 6 é divisor de 30.

2 - RESPOSTA: “D”. Conjunto dos múltiplos de um número natural: É obtido


Geladeira + Microondas + DVD = 1213+429+399 = 2041 multiplicando-se esse número pela sucessão dos números naturais:
Geladeira + Microondas + TV = 1213+429+562 = 2204, ex- 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6,...
trapola o orçamento Para acharmos o conjunto dos múltiplos de 7, por exemplo,
Geladeira +TV + DVD=1213+562+399=2174, é a maior multiplicamos por 7 cada um dos números da sucessão dos
quantidade gasta possível dentro do orçamento. naturais:

Didatismo e Conhecimento 26
RACIOCÍNIO LÓGICO
7x0=0 Exemplos:
7x1=7
7 x 2 = 14 a) 35040 é divisível por 5, pois termina em 0.
7 x 3 = 21 b) 7235 é divisível por 5, pois termina em 5.
7 x 4 = 28 c) 6324 não é divisível por 5, pois termina em 4.
7 x 5 = 35
Divisibilidade por 6: Um número é divisível por 6 quando é
O conjunto formado pelos resultados encontrados forma o divisível por 2 e por 3.
conjunto dos múltiplos de 7: M(7) = {0, 7, 14, 21, 28,...}. Exemplos:
Observações:
a) 430254 é divisível por 6, pois é divisível por 2 e por 3 (4 +
- Todo número natural é múltiplo de si mesmo. 3 + 0 + 2 + 5 + 4 = 18).
- Todo número natural é múltiplo de 1. b) 80530 não é divisível por 6, pois não é divisível por 3 (8 +
- Todo número natural, diferente de zero, tem infinitos 0 + 5 + 3 + 0 = 16).
c) 531561 não é divisível por 6, pois não é divisível por 2.
múltiplos.
- O zero é múltiplo de qualquer número natural. Divisibilidade por 7: Um número é divisível por 7 quando a
- Os múltiplos do número 2 são chamados de números pares, diferença entre o dobro do último algarismo e o número formado
e a fórmula geral desses números é 2 k (k ∈ N). Os demais são pelos demais algarismos resulta um número divisível por 7
chamados de números ímpares, e a fórmula geral desses números
é 2 k + 1 (k ∈ N). Exemplo: 41909 é divisível por 7 conforme podemos confe-
rir: 9+9=18 4190-18=4172 2+2=4 417-4=413 3+3=6 41-6=35 que
Critérios de divisibilidade: São regras práticas que nos dividido por 7 é igual a 5.
possibilitam dizer se um número é ou não divisível por outro, sem
efetuarmos a divisão. Divisibilidade por 8: Um número é divisível por 8 quando
seus três últimos algarismos forem 000 ou formarem um número
divisível por 8.
Divisibilidade por 2: Um número é divisível por 2 quando
termina em 0, 2, 4, 6 ou 8, ou seja, quando ele é par. Exemplos:

Exemplos: a) 57000 é divisível por 8, pois seus três últimos algarismos


são 000.
a) 9656 é divisível por 2, pois termina em 6. b) 67024 é divisível por 8, pois seus três últimos algarismos
b) 4321 não é divisível por 2, pois termina em 1. formam o número 24, que é divisível por 8.
c) 34125 não é divisível por 8, pois seus três últimos algarismos
Divisibilidade por 3: Um número é divisível por 3 quando a formam o número 125, que não é divisível por 8.
soma dos valores absolutos de seus algarismos é divisível por 3.
Divisibilidade por 9: Um número é divisível por 9 quando
a soma dos valores absolutos de seus algarismos formam um
Exemplos: número divisível por 9.
a) 65385 é divisível por 3, pois 6 + 5 + 3 + 8 + 5 = 27, e 27 é Exemplos:
divisível por 3.
b) 15443 não é divisível por 3, pois 1+ 5 + 4 + 4 + 3 = 17, e a) 6253461 é divisível por 9, pois 6 + 2 + 5 + 3 + 4 + 6 + 1 =
17 não é divisível por 3. 27 é divisível por 9.
b) 325103 não é divisível por 9, pois 3 + 2 + 5 + 1 + 0 + 3 =
Divisibilidade por 4: Um número é divisível por 4 quando 14 não é divisível por 9.
seus dois algarismos são 00 ou formam um número divisível por 4.
Divisibilidade por 10: Um número é divisível por 10 quando
termina em zero.
Exemplos:
Exemplos:
a) 536400 é divisível por 4, pois termina em 00.
b) 653524 é divisível por 4, pois termina em 24, e 24 é a) 563040 é divisível por 10, pois termina em zero.
divisível por 4. b) 246321 não é divisível por 10, pois não termina em zero.
c) 76315 não é divisível por 4, pois termina em 15, e 15 não
é divisível por 4. Divisibilidade por 11: Um número é divisível por 11 quando
a diferença entre a soma dos algarismos de posição ímpar e a soma
Divisibilidade por 5: Um número é divisível por 5 quando dos algarismos de posição par resulta em um número divisível por
termina em 0 ou 5. 11.

Didatismo e Conhecimento 27
RACIOCÍNIO LÓGICO
Exemplos:

a) 1º 3º 5º → Algarismos de posição ímpar.(Soma dos


algarismos de posição impar: 4 + 8 + 3 = 15.)
4 3 8 1 3
2º 4º → Algarismos de posição par.(Soma dos
algarismos de posição par:3 + 1 = 4)
15 – 4 = 11 → diferença divisível por 11. Logo 43813 é
divisível por 11. Divisores de um número natural

b) 1º 3º 5º 7º → (Soma dos algarismos de posição Vamos pegar como exemplo o número 12 na sua forma fato-
ímpar:8 + 4 + 5 + 2 = 19) rada:
8 3 4 1 5 7 2 1 12 = 22 . 31
2º 4º 6º 8º → (Soma dos algarismos de posição
par:3 + 1 + 7 + 1 = 12) O número de divisores naturais é igual ao produto dos expoen-
tes dos fatores primos acrescidos de 1.
19 – 12 = 7 → diferença que não é divisível por 11. Logo Logo o número de divisores de 12 são:
83415721 não é divisível por 11.
➜ (2+1).(1+1) = 3.2 = 6 divisores naturais
Divisibilidade por 12: Um número é divisível por 12 quando
é divisível por 3 e por 4.
Para sabermos quais são esses 6 divisores basta pegarmos
Exemplos: cada fator da decomposição e seu respectivo expoente natural que
varia de zero até o expoente com o qual o fator se apresenta na
a) 78324 é divisível por 12, pois é divisível por 3 ( 7 + 8 + 3 + decomposição do número natural.
2 + 4 = 24) e por 4 (termina em 24).
b) 652011 não é divisível por 12, pois não é divisível por 4 Exemplo:
(termina em 11). 12 = 22 . 31 ➜ 22 = 20,21 e 22 ; 31 = 30 e 31, teremos:
c) 863104 não é divisível por 12, pois não é divisível por 3 ( 8 20 . 30=1
+ 6 + 3 +1 + 0 + 4 = 22). 20 . 31=3
21 . 30=2
Divisibilidade por 15: Um número é divisível por 15 quando 21 . 31=2.3=6
é divisível por 3 e por 5. 22 . 31=4.3=12
22 . 30=4
Exemplos:
O conjunto de divisores de 12 são: D(12)={1,2,3,4,6,12}
a) 650430 é divisível por 15, pois é divisível por 3 ( 6 + 5 + 0 A soma dos divisores é dada por : 1+2+3+4+6+12 = 28
+ 4 + 3 + 0 =18) e por 5 (termina em 0).
b) 723042 não é divisível por 15, pois não é divisível por 5 Obs.: para sabermos o conjunto dos divisores inteiros de 12,
(termina em 2). basta multiplicarmos o resultado por 2 ( dois divisores, um negati-
c) 673225 não é divisível por 15, pois não é divisível por 3 ( 6 vo e o outro positivo).
+ 7 + 3 + 2 + 2 + 5 = 25). Assim teremos que D(12) = 6.2 = 12 divisores inteiros.
Fatoração numérica Questões
1. Escreva os elementos dos conjuntos dos múltiplos de 5 me-
Essa fatoração se dá através da decomposição em fatores pri- nores que 30.
mos. Para decompormos um número natural em fatores primos,
dividimos o mesmo pelo seu menor divisor primo, após pegamos 2. Escreva os elementos dos conjuntos dos múltiplos de 8
o quociente e dividimos o pelo seu menor divisor, e assim sucessi- compreendidos entre 30 e 50.
vamente até obtermos o quociente 1. O produto de todos os fatores
primos representa o número fatorado.
3. Qual é o menor número que devemos somar a 36 para obter
um múltiplo de 7?
Exemplo:
4. Como são chamados os múltiplos de 2?

5. Verifique se os números abaixo são divisíveis por 4.


a) 23418
b) 65000

Didatismo e Conhecimento 28
RACIOCÍNIO LÓGICO
c) 38036 7) Resposta “72”.
d) 24004 Solução: Sabemos que um automóvel tem 4 rodas. Então, o
e) 58617 número que contarmos deve ser múltiplo de 4. Logo, 42 não pode
ser o resultado, pois ele não é múltiplo de 4. Já o 72 pode ser.
6. Escreva os elementos dos conjuntos dos múltiplos de 7
maiores que 10 e menores que 20. 8) Resposta “0, 9, 18, 27, 36”.
Solução:
7. Alguns automóveis estão estacionados na rua. Se você con- 9x0=0
tar as rodas dos automóveis, o resultado pode ser 42? Pode ser 72? 9x1=9
Por quê? 9 x 2 = 18
9 x 3 = 27
8. Escreva os 5 primeiro múltiplos de 9. 9 x 4 = 36
9. Escreva as 5 primeiros múltiplos comuns de 8 e de 12. 9) Resposta “0, 24, 48, 72, 96”.
Solução: Nesse caso todos são os divisores comuns de 8 e 12.
10. Responda sim ou não:
a) 24 é múltiplo de 2?      10) Solução:
b) 52 é múltiplo de 4?      a) Sim, pois 24 termina em 4, que é um número par
c) 50 é múltiplo de 8?      b) Sim, pois se dividirmos 52 por 4, dará um número inteiro.
d) 1995 é múltiplo de 133? c) Não, pois se dividirmos 50 por 8, não dará um número in-
teiro.
d) Sim, pois se dividirmos 1995 por 133, dará um número
Respostas
inteiro.
1) Resposta “0, 5, 10, 15, 20, 25”. Fatoração
Solução:
5x0=0 Fatorar uma expressão algébrica é modificar sua forma de
5x1=5 soma algébrica para produto; fatorar uma expressão é obter outra
5 x 2 = 10 expressão que:
5 x 3 = 15
5 x 4 = 20 - Seja equivalente à expressão dada;
5 x 5 = 25 - Esteja na forma de produto. Na maioria dos casos, o resulta-
do de uma fatoração é um produto notável.
2) Resposta “32, 40, 48”.
Há diversas técnicas de fatoração, supondo a, b, x e y expres-
Solução: sões não fatoráveis.
8 x 4 = 32
8 x 5 = 40 Fator Comum
8 x 6 = 48
Devemos reconhecer o fator comum, seja ele numérico, literal
3) Resposta “6”. ou misto; em seguida colocamos em evidência esse fator comum,
Solução: 36 + 6 = 42. Pois, o número 42 é divisível por 7. simplificamos a expressão deixando em parênteses a soma algébri-
ca. Observe os exemplos abaixo:
4) Resposta “Pares”. ax + ay = a (x + y)
Os Múltiplos de 2 são chamados de pares: 2 k (k ∈ N) 12x2y + 4 xy3 = 4xy (3x + y2)
Agrupamento
5) Resposta “Divisíveis: b, c, d”.
Solução: Devemos dispor os termos do polinômio de modo que for-
mem dois ou mais grupos entre os quais haja um fator comum, em
a) 23418: Termina em 18, e 18 não é divisível por 4.
seguida, colocar o fator comum em evidência. Observe:
b) 65000: Termina em 00, e logo, é divisível por 4.
ax + ay + bx + by =
= a (x + y) +b (x + y) =
c) 38036: Termina em 36, portanto é divisível por 4. = (a + b) (x + y) =
d) 24004: Termina em 4, e assim é divisível por 4.
Diferença de Quadrados
e) 58617: Termina em 17, e 17 não é divisível por 4.
Utilizamos a fatoração pelo método de diferença de quadrados
6) Resposta “14”. sempre que dispusermos da diferença entre dois monômios cujas
Solução: literais tenham expoentes pares. A fatoração algébrica de tais ex-
7 x 2 = 14. pressões é obtida com os seguintes passos:

Didatismo e Conhecimento 29
RACIOCÍNIO LÓGICO
- Extraímos as raízes quadradas dos fatores numéricos de cada 5. Resolva a equação x² – 6x = 0, no conjunto R.
monômio;
- Dividimos por dois os expoentes das literais; 6. Verifique se o trinômio 9x² – 12xy + 4y² é quadrado per-
- Escrevemos a expressão como produto da soma pela diferen- feito.
ça dos novos monômios assim obtidos.
7. Verifique se 16b² – 24b + 25 é quadrado perfeito.
Por exemplo, a expressão a2 – b2 seria fatorada da seguinte
forma: 8. Qual é a forma fatorada do polinômio a4b + ab4?
a2 – b2 = (a = b) (a – b)
9. Fatorar x3 – 4x² + 4x
Trinômio Quadrado Perfeito
10. Considere o polinômio a3 – ax². Procure fatorá-lo de
Uma expressão algébrica pode ser identificada como trinômio maneira completa, ou seja, efetuando todas as fatorações possíveis.
quadrado perfeito sempre que resultar do quadrado da soma ou
diferença entre dois monômios. Respostas
Por exemplo, o trinômio x4 + 4x2 + 4 é quadrado perfeito, uma
vez que corresponde a (x2 + 2)2. 1) Solução: Podemos notar que o fator comum é 5x.
São, portanto, trinômios quadrados perfeitos todas as expres- 10ax + 15bx =
sões da forma a2 ± 2ab + b2, fatoráveis nas formas seguintes: = 5x(2a + 3b)

a2 + 2ab + b2 = (a + b)2
a2 - 2ab + b2 = (a - b)2
Logo, a forma fatorada do polinômio dado é 5x(2a + 3b).
Trinômio Quadrado da Forma ax2 + bx + c
2) Solução: Podemos notar que o fator comum é y3.
Supondo sejam x1 e x2 as raízes reais do trinômio, ax2 + bx + y5 – 2y4 + y³ =
c (a ≠ 0), dizemos que: = y3(y² – 2y + 1)
ax2 + bx + c = a (x – x1)(x – x2)

Lembre-se de que as raízes de uma equação de segundo grau


podem ser calculadas através da fórmula de Bhaskara: (
, onde ∆ = b2 – 4ac) Logo, a forma fatorada do polinômio dado é y3(y² – 2y + 1).
Soma e Diferença de Cubos 3) Solução: O fator comum é: 4a3b².
8a4b² - 20a³b5 =
Se efetuarmos o produto do binômio a + b pelo trinômio a² – = 4a3b² (2a – 5b3)
ab + b², obtemos o seguinte desenvolvimento:
(a + b) (a2 – ab + b2) = a3 – a2b + ab2 + a2b – ab2 + b3
(a + b)(a2 - ab + b2) = a3 + b3
(8a4b² : 4a3b²)
Analogamente, se calcularmos o produto de a – b por a2 + ab
Logo, a forma do polinômio dado é 4a3b²(2a – 5b³).
+ b , obtemos a3 – b3.
2

O que acabamos de desenvolver foram produtos notáveis que


4) Solução: O fator comum é: (m + n).
nos permitem concluir que, para fatorarmos uma soma ou diferen-
x(m + n) – y(m + n) =
ça de cubos, basta-nos inverter o processo anteriormente demons-
= (m + n)(x – y)
trado.

a3 + b3 = (a + b)(a2 - ab + b2)
a3 - b3 = (a - b)(a2 + ab + b2)
Logo, a forma fatorada do polinômio dado é (m + n)(x – y).
Exercícios
5) Solução:
1. Fatore o seguinte polinômio: 10ax + 15bx x² – 6x = 0
x(x – 6) = 0 → colocando o fator x em evidência
2. Fatore o polinômio y5 – 2y4 + y³
Lembre-se: se a . b = 0, então a = 0 e b = 0. Portanto, na forma
3. Qual é a forma fatorada do polinômio 8a4b² - 20a³b5? fatorada temos:

4. Fatorar o polinômio x(m + n) – y(m + n)

Didatismo e Conhecimento 30
RACIOCÍNIO LÓGICO
x = 0 (1ª raiz) ou 30   =          2  x  3   x  5
x – 6 = 0 → x = 6 (2ª raiz) m.m.c (12,30)  = 2  x  2  x  3   x  5
Logo, S = {0, 6}. Escrevendo a fatoração dos números na forma de potência,
temos:
6) Solução: Existem dois termos quadrados 9x² e 4y² 12 = 22  x  3
30 = 2   x  3  x  5 
e m.m.c (12,30)  = 22  x  3  x  5
2 . 3x . 2y = 12xy → termo restante do trinômio dado. O mmc de dois ou mais números, quando fatorados, é o
produto dos fatores comuns e não comuns , cada um com seu
Logo, 9x² – 12xy + 4y² é quadrado perfeito.
maior expoente
Fatorando o polinômio temos:
9x² – 12xy + 4y² = (3x – 2y)(3x – 2y) = (3x – 2y)² 2) Método da decomposição simultânea
Vamos encontrar o mmc (15, 24, 60)
7) Solução: Existem dois termos quadrados: 16b² e 25.
e

2 . 4b . 5 = 40b → Não corresponde ao termo restante do


trinômio.

Logo, 16b² – 24b + 25 não é um trinômio de quadrado per-


feito.

8) Solução: Neste processo decompomos todos os números ao mesmo


a4b + ab4 = tempo, num dispositivo como mostra a figura acima. O produto
= ab(a3 + b3) = dos fatores primos que obtemos nessa decomposição é o m.m.c.
= ab(a + b)(a² – ab + b²). desses números.
Portanto, m.m.c.(15,24,60) = 2 x 2 x 2 x 3 x 5 = 120
9) Solução:
OBS:
x3 – 4x² + 4x =
1. Dados dois ou mais números,  se um deles é múltiplo de
= x(x² – 4x + 4) =
= x(x – 2)². todos os outros, então ele é o m.m.c. dos números dados.
2. Dados dois números primos entre si, o mmc deles é o pro-
10) Solução: Primeiro, como existe um fator comum, coloca- duto desses números.
mos em evidência:
a3 – ax² = a(a² – x²) Máximo divisor comum (mdc)

Porém, a fatoração não está completa, pois o fator (a² – x²) É o maior divisor comum entre dois ou mais números na-
representa uma diferença de dois quadrados e, portanto, pode ser turais. Usamos a abreviação MDC
fatorado novamente: Cálculo do m.d.c
a3 – ax² = a(a² – x²) = a(a + x)(a – x).
Vamos estudar dois métodos para encontrar o mdc de dois ou
MMC mais números
1) Um modo de calcular o m.d.c. de dois ou mais números é
utilizar a decomposição desses números em fatores primos:
O mmc de dois ou mais números naturais é o menor número, - Decompomos os números em fatores primos;
excluindo o zero, que é múltiplo desses números. - O m.d.c. é o produto dos fatores primos comuns.
Acompanhe o cálculo do m.d.c. entre 36 e 90:
Cálculo do m.m.c. 36 = 2 x 2 x 3 x 3
90 = 2 x 3 x 3 x 5
Vamos estudar dois métodos para encontrar o mmc de dois ou O m.d.c. é o produto dos fatores primos comuns =>
mais números: m.d.c.(36,90) = 2 x 3 x 3
1)  Podemos calcular o m.m.c. de dois ou mais números uti-
Portanto m.d.c.(36,90) = 18.
lizando a fatoração. Acompanhe o cálculo do m.m.c. de 12 e 30:
Escrevendo a fatoração do número na forma de potência te-
1º) decompomos os números em fatores primos
mos:
2º) o m.m.c. é o produto dos fatores primos comuns e não
36 = 22 x 32
comuns:
12   =  2  x  2  x  3 90 = 2  x 32 x 5
Portanto m.d.c.(36,90) = 2 x 32 = 18.

Didatismo e Conhecimento 31
RACIOCÍNIO LÓGICO
2) Processo das divisões sucessivas : Nesse processo efetua- Resposta
mos várias divisões até chegar a uma divisão exata. O divisor desta
divisão é o m.d.c. Acompanhe o cálculo do m.d.c.(48,30). 1. Calculamos o MDC entre 156 e 234 e o resultado é :  os
Regra prática: retalhos devem ter 78 cm de comprimento. 
1º) dividimos o número maior pelo número menor;
2. Calculamos o MDC entre 30, 48 e 36. O número de equipes
    48 / 30 = 1 (com resto 18) será igual a 19, com 6 participantes cada uma. 
2º) dividimos o divisor 30, que é divisor da divisão anterior,
por 18, que é o resto da divisão anterior, e assim sucessivamente; 3. Calculamos o MMC entre 3, 4 e 6. Concluímos que após
    30 / 18 = 1 (com resto 12) 12 dias, a manutenção será feita nas três máquinas. Portanto, dia
18 / 12 = 1 (com resto 6) 14 de dezembro. 
12 / 6 = 2 (com resto zero - divisão exata)
4. Calculamos o MMC entre 2, 3 e 6. De 6 em 6 horas os três remédios
serão ingeridos juntos. Portanto, o próximo horário será às 14 horas. 
3º) O divisor da divisão exata é 6. Então m.d.c.(48,30) = 6. 5. Se o primeiro menino ficar com 2 bolinhas, sobrarão 18 bolinhas
OBS: para os outros 3 meninos. Se o segundo receber 4, sobrarão 14
1.Dois ou mais números são primos entre si quando o máximo bolinhas para os outros dois meninos. O terceiro menino receberá
divisor comum entre eles é o número. 6 bolinhas e o quarto receberá 8 bolinhas.
2.Dados dois ou mais números, se um deles é divisor de todos
os outros, então ele é o mdc dos números dados.
6. O CONJUNTO DOS NÚMEROS
REAIS: RAZÕES E PROPORÇÕES;
Problemas PORCENTAGEM.
1. Uma indústria de tecidos fabrica retalhos de mesmo com-
primento. Após realizarem os cortes necessários, verificou-se que
duas peças restantes tinham as seguintes medidas: 156 centímetros
e 234 centímetros. O gerente de produção ao ser informado das Números Reais
medidas, deu a ordem para que o funcionário cortasse o pano em
partes iguais e de maior comprimento possível. Como ele poderá O conjunto dos números reais R é uma expansão do conjunto
dos números racionais que engloba não só os inteiros e os
resolver essa situação? 
fracionários, positivos e negativos, mas também todos os números
2. Uma empresa de logística é composta de três áreas: admi-
irracionais.
nistrativa, operacional e vendedores. A área administrativa é com-
Os números reais são números usados para representar uma
posta de 30 funcionários, a operacional de 48 e a de vendedores quantidade contínua (incluindo o zero e os negativos). Pode-se
com 36 pessoas. Ao final do ano, a empresa realiza uma integração pensar num número real como uma fração decimal possivelmente
entre as três áreas, de modo que todos os funcionários participem infinita, como 3,141592(...). Os números reais têm uma
ativamente. As equipes devem conter o mesmo número de fun- correspondência biunívoca com os pontos de uma reta.
cionários com o maior número possível. Determine quantos fun- Denomina-se corpo dos números reais a coleção dos
cionários devem participar de cada equipe e o número possível de elementos pertencentes à conclusão dos racionais, formado pelo
equipes.  corpo de frações associado aos inteiros (números racionais) e a
3. (PUC–SP) Numa linha de produção, certo tipo de manuten- norma associada ao infinito.
ção é feita na máquina A a cada 3 dias, na máquina B, a cada 4 dias, Existem também outras conclusões dos racionais, uma para
e na máquina C, a cada 6 dias. Se no dia 2 de dezembro foi feita cada número primo p, chamadas números p-ádicos. O corpo dos
a manutenção nas três máquinas, após quantos dias as máquinas números p-ádicos é formado pelos racionais e a norma associada
receberão manutenção no mesmo dia.  a p!

4. Um médico, ao prescrever uma receita, determina que três Propriedade


O conjunto dos números reais com as operações binárias de
medicamentos sejam ingeridos pelo paciente de acordo com a se-
soma e produto e com a relação natural de ordem formam um
guinte escala de horários: remédio A, de 2 em 2 horas, remédio corpo ordenado. Além das propriedades de um corpo ordenado, R
B, de 3 em 3 horas e remédio C, de 6 em 6 horas. Caso o paciente tem a seguinte propriedade: Se R for dividido em dois conjuntos
utilize os três remédios às 8 horas da manhã, qual será o próximo (uma partição) A e B, de modo que todo elemento de A é menor
horário de ingestão dos mesmos? que todo elemento de B, então existe um elemento x que separa os
dois conjuntos, ou seja, x é maior ou igual a todo elemento de A e
5. João tinha 20 bolinhas de gude e queria distribuí-las entre menor ou igual a todo elemento de B.
ele e 3 amigos de modo que cada um ficasse com um número par
de bolinhas e nenhum deles ficasse com o mesmo número que o
outro. Com quantas bolinhas ficou cada menino? 

Didatismo e Conhecimento 32
RACIOCÍNIO LÓGICO
- Transitiva: a ≤ b e b ≤ c → a ≤ c
- Anti-simétrica: a ≤ b e b ≤ a → a = b
- Ordem total: a < b ou b < a ou a = b 

Expressão aproximada dos números Reais

Ao conjunto formado pelos números Irracionais e pelos


números Racionais chamamos de conjunto dos números Reais. Ao
unirmos o conjunto dos números Irracionais com o conjunto dos
números Racionais, formando o conjunto dos números Reais, todas
as distâncias representadas por eles sobre uma reta preenchem-na
por completo; isto é, ocupam todos os seus pontos. Por isso, essa
reta é denominada reta Real.

Os números Irracionais possuem infinitos algarismos decimais


não-periódicos. As operações com esta classe de números sempre
produzem erros quando não se utilizam todos os algarismos
decimais. Por outro lado, é impossível utilizar todos eles nos
cálculos. Por isso, somos obrigados a usar aproximações, isto é,
cortamos o decimal em algum lugar e desprezamos os algarismos
restantes. Os algarismos escolhidos serão uma aproximação do
número Real. Observe como tomamos a aproximação de e do
número nas tabelas.

Aproximação por
Falta Excesso
Erro menor que π π
1 unidade 1 3 2 4
1 décimo 1,4 3,1 1,5 3,2
Podemos concluir que na representação dos números Reais
1 centésimo 1,41 3,14 1,42 3,15
sobre uma reta, dados uma origem e uma unidade, a cada ponto
da reta corresponde um número Real e a cada número Real 1 milésimo 1,414 3,141 1,415 3,142
corresponde um ponto na reta. 1 décimo de
1,4142 3,1415 1,4134 3,1416
milésimo

Operações com números Reais

Operando com as aproximações, obtemos uma sucessão de


intervalos fixos que determinam um número Real. É assim que
vamos trabalhar as operações adição, subtração, multiplicação e
divisão. Relacionamos, em seguida, uma série de recomendações
úteis para operar com números Reais:
Ordenação dos números Reais - Vamos tomar a aproximação por falta.
A representação dos números Reais permite definir uma - Se quisermos ter uma ideia do erro cometido, escolhemos o
relação de ordem entre eles. Os números Reais positivos são mesmo número de casas decimais em ambos os números.
maiores que zero e os negativos, menores. Expressamos a relação - Se utilizamos uma calculadora, devemos usar a aproximação
de ordem da seguinte maneira: Dados dois números Reais a e b,  máxima admitida pela máquina (o maior número de casas
a≤b↔b–a≥0 decimais).
- Quando operamos com números Reais, devemos fazer
Exemplo: -15 ≤ ↔ 5 – (-15) ≥ 0 constar o erro de aproximação ou o número de casas decimais.
5 + 15 ≥ 0 - É importante adquirirmos a idéia de aproximação em função
da necessidade. Por exemplo, para desenhar o projeto de uma casa,
Propriedades da relação de ordem basta tomar medidas com um erro de centésimo.
- Reflexiva: a ≤ a

Didatismo e Conhecimento 33
RACIOCÍNIO LÓGICO
- Em geral, para obter uma aproximação de n casas decimais, cada uma, sendo que a quantidade total de unidades compradas
devemos trabalhar com números Reais aproximados, isto é, com n será distribuída igualmente entre essas prateleiras. Desse modo,
+ 1 casas decimais. cada prateleira receberá um número de unidades, desses produtos,
Para colocar em prática o que foi exposto, vamos fazer as igual a
quatro operações indicadas: adição, subtração, multiplicação e A) 40
divisão com dois números Irracionais.  B) 50
C) 100
D) 160
E) 250
2 - (CÂMARA DE CANITAR/SP – RECEPCIONISTA – IN-
Valor Absoluto DEC/2013) Em uma banca de revistas existem um total de 870
Como vimos, o erro  pode ser: exemplares dos mais variados temas. Metade das revistas é da edi-
- Por excesso: neste caso, consideramos o erro positivo. tora A, dentre as demais, um terço são publicações antigas. Qual o
- Por falta: neste caso, consideramos o erro negativo. número de exemplares que não são da Editora A e nem são antigas?
Quando o erro é dado sem sinal, diz-se que está dado em valor A) 320
absoluto. O valor absoluto de um número a é designado por |a| e B) 290
coincide com o número positivo, se for positivo, e com seu oposto, C) 435
se for negativo.  D) 145
Exemplo: Um livro nos custou 8,50 reais. Pagamos com uma
nota de 10 reais. Se nos devolve 1,60 real de troco, o vendedor 3 - (TRT 6ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO- ADMINISTRATI-
cometeu um erro de +10 centavos. Ao contrário, se nos devolve VA – FCC/2012) Em uma praia chamava a atenção um catador de
1,40 real, o erro cometido é de 10 centavos.  cocos (a água do coco já havia sido retirada). Ele só pegava cocos
inteiros e agia da seguinte maneira: o primeiro coco ele coloca
inteiro de um lado; o segundo ele dividia ao meio e colocava as
metades em outro lado; o terceiro coco ele dividia em três partes
iguais e colocava os terços de coco em um terceiro lugar, diferen-
te dos outros lugares; o quarto coco ele dividia em quatro partes
iguais e colocava os quartos de coco em um quarto lugar diferente
dos outros lugares. No quinto coco agia como se fosse o primeiro
coco e colocava inteiro de um lado, o seguinte dividia ao meio, o
seguinte em três partes iguais, o seguinte em quatro partes iguais e
seguia na sequência: inteiro, meios, três partes iguais, quatro par-
tes iguais. Fez isso com exatamente 59 cocos quando alguém disse
ao catador: eu quero três quintos dos seus terços de coco e metade
dos seus quartos de coco. O catador consentiu e deu para a pessoa
A) 52 pedaços de coco.
B) 55 pedaços de coco.
C) 59 pedaços de coco.
D) 98 pedaços de coco.
E) 101 pedaços de coco.

4 - (UEM/PR – AUXILIAR OPERACIONAL – UEM/2014)


A mãe do Vitor fez um bolo e repartiu em 24 pedaços, todos de
mesmo tamanho. A mãe e o pai comeram juntos, ¼ do bolo. O
Vitor e a sua irmã comeram, cada um deles, ¼ do bolo. Quantos
pedaços de bolo sobraram?
A) 4
B) 6
C) 8
D) 10
E) 12

5 - (UEM/PR – AUXILIAR OPERACIONAL – UEM/2014)


Paulo recebeu R$1.000,00 de salário. Ele gastou ¼ do salário com
aluguel da casa e 3/5 do salário com outras despesas. Do salário
que Paulo recebeu, quantos reais ainda restam?
Questões A) R$ 120,00
B) R$ 150,00
1 - (SABESP – APRENDIZ – FCC/2012) Um comerciante C) R$ 180,00
tem 8 prateleiras em seu empório para organizar os produtos de D) R$ 210,00
limpeza. Adquiriu 100 caixas desses produtos com 20 unidades E) R$ 240,00

Didatismo e Conhecimento 34
RACIOCÍNIO LÓGICO
6 - (UFABC/SP – TECNÓLOGO-TECNOLOGIA DA IN- Respostas
FORMAÇÃO – VUNESP/2013) Um jardineiro preencheu par-
cialmente, com água, 3 baldes com capacidade de 15 litros cada 1 - RESPOSTA: “E”.
um. O primeiro balde foi preenchido com 2/3 de sua capacidade, o Total de unidades: 100⋅20=2000 unidades
segundo com 3/5 da capacidade, e o terceiro, com um volume cor-
respondente à média dos volumes dos outros dois baldes. A soma unidades em cada prateleira.
dos volumes de água nos três baldes, em litros, é 2 - RESPOSTA: “B”.
A) 27. editora A: 870/2=435 revistas
B) 27,5. publicações antigas: 435/3=145 revistas
C) 28.
D) 28,5.
E) 29.
O número de exemplares que não são da Editora A e nem são
7 - (UFOP/MG – ADMINISTRADOR DE EDIFICIOS – antigas são 290.
UFOP/2013) Uma pessoa caminha 5 minutos em ritmo normal e,
em seguida, 2 minutos em ritmo acelerado e, assim, sucessivamen- 3 - RESPOSTA: “B”.
te, sempre intercalando os ritmos da caminhada (5 minutos nor-
mais e 2 minutos acelerados). A caminhada foi iniciada em ritmo
normal, e foi interrompida após 55 minutos do início.
O tempo que essa pessoa caminhou aceleradamente foi:
A) 6 minutos 14 vezes iguais
B) 10 minutos Coco inteiro: 14
C) 15 minutos Metades:14.2=28
D) 20 minutos Terça parte:14.3=42
Quarta parte:14.4=56
8 - (PREF. IMARUÍ – AGENTE EDUCADOR – PREF. 3 cocos: 1 coco inteiro, metade dos cocos, terça parte
IMARUÍ/2014) Sobre o conjunto dos números reais é CORRETO Quantidade total
dizer: Coco inteiro: 14+1=15
A) O conjunto dos números reais reúne somente os números Metades: 28+2=30
racionais. Terça parte:42+3=45
B) R* é o conjunto dos números reais não negativos. Quarta parte :56
C) Sendo A = {-1,0}, os elementos do conjunto A não são
números reais.
D) As dízimas não periódicas são números reais.

9 - (TJ/SP - AUXILIAR DE SAÚDE JUDICIÁRIO - AU- 4 - RESPOSTA “B”.


XILIAR EM SAÚDE BUCAL – VUNESP/2013) Para numerar
as páginas de um livro, uma impressora gasta 0,001 mL por cada
algarismo impresso. Por exemplo, para numerar as páginas 7, 58 e
290 gasta-se, respectivamente, 0,001 mL, 0,002 mL e 0,003 mL de
tinta. O total de tinta que será gasto para numerar da página 1 até a Sobrou 1/4 do bolo.
página 1 000 de um livro, em mL, será
A) 1,111.
B) 2,003.
C) 2,893.
D) 1,003. 5 - RESPOSTA: “B”.
E) 2,561.
Aluguel:
10 - (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
GRANRIO/2013) Gilberto levava no bolso três moedas de R$ Outras despesas:
0,50, cinco de R$ 0,10 e quatro de R$ 0,25. Gilberto retirou do
bolso oito dessas moedas, dando quatro para cada filho.
A diferença entre as quantias recebidas pelos dois filhos de Restam :1000-850=R$150,00
Gilberto é de, no máximo,
A) R$ 0,45 6 - RESPOSTA: “D”.
B) R$ 0,90 Primeiro balde:
C) R$ 1,10
D) R$ 1,15
E) R$ 1,35

Didatismo e Conhecimento 35
RACIOCÍNIO LÓGICO
Segundo balde:
7. RACIOCÍNIO LÓGICO SEQUENCIAL.

Terceiro balde:

Lógica Sequencial

A soma dos volumes é : 10+9+9,5=28,5 litros O Raciocínio é uma operação lógica, discursiva e mental. Neste,
o intelecto humano utiliza uma ou mais proposições, para concluir
7 - RESPOSTA: “C”. através de mecanismos de comparações e abstrações, quais são
A caminhada sempre vai ser 5 minutos e depois 2 minutos, os dados que levam às respostas verdadeiras, falsas ou prováveis.
então 7 minutos ao total. Foi pelo processo do raciocínio que ocorreu o desenvolvimento
Dividindo o total da caminhada pelo tempo, temos: do método matemático, este considerado instrumento puramente
teórico e dedutivo, que prescinde de dados empíricos. Logo,
resumidamente o raciocínio pode ser considerado também um dos
integrantes dos mecanismos dos processos cognitivos superiores
Assim, sabemos que a pessoa caminhou 7. (5 minutos +2 mi- da formação de conceitos e da solução de problemas, sendo parte
nutos) +6 minutos (5 minutos+1 minuto) do pensamento.
Aceleradamente caminhou: (7.2)+1➜ 14+1=15 minutos
Sequências Lógicas
8 - RESPOSTA: “D”.
A) errada - O conjunto dos números reais tem os conjuntos: As sequências podem ser formadas por números, letras,
naturais, inteiros, racionais e irracionais. pessoas, figuras, etc. Existem várias formas de se estabelecer uma
B) errada – R* são os reais sem o zero. sequência, o importante é que existam pelo menos três elementos
C) errada - -1 e 0 são números reais. que caracterize a lógica de sua formação, entretanto algumas séries
necessitam de mais elementos para definir sua lógica. Algumas
9 - RESPOSTA: “C”. sequências são bastante conhecidas e todo aluno que estuda
1 a 9 =9 algarismos=0,001⋅9=0,009 ml lógica deve conhecê-las, tais como as progressões aritméticas
De 10 a 99, temos que saber quantos números tem. e geométricas, a série de Fibonacci, os números primos e os
99-10+1=90. quadrados perfeitos.
OBS: soma 1, pois quanto subtraímos exclui-se o primeiro
número. Sequência de Números
90 números de 2 algarismos: 0,002⋅90=0,18ml
Progressão Aritmética: Soma-se constantemente um mesmo
número.
De 100 a 999
999-100+1=900 números
900⋅0,003=2,7ml
1000=0,004ml
Somando: 0,009+0,18+2,7+0,004=2,893 Progressão Geométrica: Multiplica-se constantemente um
mesmo número.
10 - RESPOSTA: “E”.
Supondo que as quatro primeiras moedas sejam as 3 de R$
0,50 e 1 de R$ 0,25(maiores valores).
Um filho receberia : 1,50+0,25=R$1,75
E as ouras quatro moedas sejam de menor valor: 4 de R$
0,10=R$ 0,40. Incremento em Progressão: O valor somado é que está em
A maior diferença seria de 1,75-0,40=1,35 progressão.
Dica: sempre que fala a maior diferença tem que o maior valor
possível – o menor valor.

Série de Fibonacci: Cada termo é igual a soma dos dois


anteriores.

1 1 2 3 5 8 13

Números Primos: Naturais que possuem apenas dois divisores


naturais.

Didatismo e Conhecimento 36
RACIOCÍNIO LÓGICO
2 3 5 7 11 13 17 simples: cada elemento, a partir do terceiro, é obtido somando-
se os dois anteriores. Veja: 1 + 1 = 2, 2 + 1 = 3, 3 + 2 = 5 e
Quadrados Perfeitos: Números naturais cujas raízes são assim por diante. Desde o século XIII, muitos matemáticos, além
naturais. do próprio Fibonacci, dedicaram-se ao estudo da sequência que
foi proposta, e foram encontradas inúmeras aplicações para ela no
1 4 9 16 25 36 49
desenvolvimento de modelos explicativos de fenômenos naturais.
Sequência de Letras Veja alguns exemplos das aplicações da sequência de
Fibonacci e entenda porque ela é conhecida como uma das
As sequências de letras podem estar associadas a uma série maravilhas da Matemática. A partir de dois quadrados de lado 1,
de números ou não. Em geral, devemos escrever todo o alfabeto podemos obter um retângulo de lados 2 e 1. Se adicionarmos a esse
(observando se deve, ou não, contar com k, y e w) e circular as retângulo um quadrado de lado 2, obtemos um novo retângulo 3
letras dadas para entender a lógica proposta.
x 2. Se adicionarmos agora um quadrado de lado 3, obtemos um
ACFJOU retângulo 5 x 3. Observe a figura a seguir e veja que os lados dos
quadrados que adicionamos para determinar os retângulos formam
Observe que foram saltadas 1, 2, 3, 4 e 5 letras e esses números a sequência de Fibonacci.
estão em progressão.

ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTU

B1 2F H4 8L N16 32R T64

Nesse caso, associou-se letras e números (potências de 2),


alternando a ordem. As letras saltam 1, 3, 1, 3, 1, 3 e 1 posições.

ABCDEFGHIJKLMNOPQRST

Sequência de Pessoas

Na série a seguir, temos sempre um homem seguido de duas


mulheres, ou seja, aqueles que estão em uma posição múltipla de
três (3º, 6º, 9º, 12º,...) serão mulheres e a posição dos braços sempre
alterna, ficando para cima em uma posição múltipla de dois (2º, 4º,
6º, 8º,...). Sendo assim, a sequência se repete a cada seis termos, Se utilizarmos um compasso e traçarmos o quarto de
tornando possível determinar quem estará em qualquer posição. circunferência inscrito em cada quadrado, encontraremos uma
espiral formada pela concordância de arcos cujos raios são os
elementos da sequência de Fibonacci.

Sequência de Figuras

Esse tipo de sequência pode seguir o mesmo padrão visto na


sequência de pessoas ou simplesmente sofrer rotações, como nos
exemplos a seguir.

Sequência de Fibonacci O Partenon que foi construído em Atenas pelo célebre


arquiteto grego Fidias. A fachada principal do edifício, hoje em
O matemático Leonardo Pisa, conhecido como Fibonacci, ruínas, era um retângulo que continha um quadrado de lado igual à
altura. Essa forma sempre foi considerada satisfatória do ponto de
propôs no século XIII, a sequência numérica: (1, 1, 2, 3, 5, 8,
vista estético por suas proporções sendo chamada retângulo áureo
13, 21, 34, 55, 89, …). Essa sequência tem uma lei de formação
ou retângulo de ouro.

Didatismo e Conhecimento 37
RACIOCÍNIO LÓGICO

A diferença entre os números vai aumentando 1 unidade.


Como os dois retângulos indicados na figura são semelhantes 13 – 10 = 3
temos: (1). 17 – 13 = 4
22 – 17 = 5
Como: b = y – a (2). 28 – 22 = 6
Substituindo (2) em (1) temos: y2 – ay – a2 = 0. 35 – 28 = 7
Resolvendo a equação:
Exemplo 3
em que não convém.

Logo:

Esse número é conhecido como número de ouro e pode ser


representado por:

Todo retângulo e que a razão entre o maior e o menor lado


for igual a é chamado retângulo áureo como o caso da fachada do
Partenon.

As figuras a seguir possuem números que representam uma


sequência lógica. Veja os exemplos:

Exemplo 1 Multiplicar os números sempre por 3.


1x3=3
3x3=9
9 x 3 = 27
27 x 3 = 81
81 x 3 = 243
243 x 3 = 729
729 x 3 = 2187

Exemplo 4

A sequência numérica proposta envolve multiplicações por 4.


6 x 4 = 24
24 x 4 = 96
96 x 4 = 384
384 x 4 = 1536

Exemplo 2

Didatismo e Conhecimento 38
RACIOCÍNIO LÓGICO
Desse modo, podemos dizer que o número de formas diferente
que pode ocorrer em um acontecimento é igual ao produto m . n

Exemplo: Alice decidiu comprar um carro novo, e inicialmen-


te ela quer se decidir qual o modelo e a cor do seu novo veículo.
Na concessionária onde Alice foi há 3 tipos de modelos que são
do interesse dela: Siena, Fox e Astra, sendo que para cada carro há
5 opções de cores: preto, vinho, azul, vermelho e prata. Qual é o
número total de opções que Alice poderá fazer?

Resolução: Segundo o Principio Fundamental da Contagem,


Alice tem 3×5 opções para fazer, ou seja,ela poderá optar por 15
carros diferentes. Vamos representar as 15 opções na árvore de
A diferença entre os números vai aumentando 2 unidades.
possibilidades:
24 – 22 = 2
28 – 24 = 4
34 – 28 = 6
42 – 34 = 8
52 – 42 = 10
64 – 52 = 12
78 – 64 = 14

8. RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
ENVOLVENDO PRINCÍPIOS
DE CONTAGENS.

Análise Combinatória

Análise combinatória é uma parte da matemática que estuda,


ou melhor, calcula o número de possibilidades, e estuda os métodos
de contagem que existem em acertar algum número em jogos de
azar. Esse tipo de cálculo nasceu no século XVI, pelo matemático
italiano Niccollo Fontana (1500-1557), chamado também de Tar-
taglia. Depois, apareceram os franceses Pierre de Fermat (1601-
1665) e Blaise Pascal (1623-1662). A análise desenvolve métodos Generalizações: Um acontecimento é formado por k estágios
que permitem contar, indiretamente, o número de elementos de um
sucessivos e independentes, com n1, n2, n3, … , nk possibilidades
conjunto. Por exemplo, se quiser saber quantos números de quatro
para cada. O total de maneiras distintas de ocorrer este aconteci-
algarismos são formados com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 9, é
mento é n1, n2, n3, … , nk
preciso aplicar as propriedades da análise combinatória. Veja quais
Técnicas de contagem: Na Técnica de contagem não importa
propriedades existem:
a ordem.
- Princípio fundamental da contagem Considere A = {a; b; c; d; …; j} um conjunto formado por 10
- Fatorial elementos diferentes, e os agrupamentos ab, ac e ca”.
- Arranjos simples ab e ac são agrupamentos sempre distintos, pois se diferen-
- Permutação simples ciam pela natureza de um dos elemento.
- Combinação ac e ca são agrupamentos que podem ser considerados distin-
- Permutação com elementos repetidos tos ou não distintos pois se diferenciam somente pela ordem dos
elementos.
Princípio fundamental da contagem: é o mesmo que a Regra Quando os elementos de um determinado conjunto A forem
do Produto, um princípio combinatório que indica quantas vezes e algarismos, A = {0, 1, 2, 3, …, 9}, e com estes algarismos preten-
as diferentes formas que um acontecimento pode ocorrer. O acon- demos obter números, neste caso, os agrupamentos de 13 e 31 são
tecimento é formado por dois estágios caracterizados como suces- considerados distintos, pois indicam números diferentes.
sivos e independentes: Quando os elementos de um determinado conjunto A forem
pontos, A = {A1, A2, A3, A4, A5…, A9}, e com estes pontos preten-
• O primeiro estágio pode ocorrer de m modos distintos. demos obter retas, neste caso os agrupamentos são
• O segundo estágio pode ocorrer de n modos distintos. iguais, pois indicam a mesma reta.

Didatismo e Conhecimento 39
RACIOCÍNIO LÓGICO
Conclusão: Os agrupamentos... n → possibilidades na escolha do 1º elemento.
n - 1 → possibilidades na escolha do 2º elemento, pois um
1. Em alguns problemas de contagem, quando os agrupamen- deles já foi usado.
tos se diferirem pela natureza de pelo menos um de seus elemen- n - 2 → possibilidades na escolha do 3º elemento, pois dois
tos, os agrupamentos serão considerados distintos. deles já foi usado.
ac = ca, neste caso os agrupamentos são denominados com- .
binações. .
.
Pode ocorrer: O conjunto A é formado por pontos e o proble- n - (k - 1) → possibilidades na escolha do kº elemento, pois
ma é saber quantas retas esses pontos determinam. l-1 deles já foi usado.

2. Quando se diferir tanto pela natureza quanto pela ordem No Princípio Fundamental da Contagem (An, k), o número total
de seus elementos, os problemas de contagem serão agrupados e de arranjos simples dos n elementos de A (tomados k a k), temos:
considerados distintos.
ac ≠ ca, neste caso os agrupamentos são denominados arran- An,k = n (n - 1) . (n - 2) . ... . (n – k + 1)
jos. (é o produto de k fatores)

Pode ocorrer: O conjunto A é formado por algarismos e o pro- Multiplicando e dividindo por (n – k)!
blema é contar os números por eles determinados.

Fatorial: Na matemática, o fatorial de um número natural n,


representado por n!, é o produto de todos os inteiros positivos
menores ou iguais a n. A notação n! foi introduzida por Christian
Kramp em 1808. A função fatorial é normalmente definida por:
Note que n (n – 1) . (n – 2). ... .(n – k + 1) . (n – k)! = n!

Podemos também escrever

Por exemplo, 5! = 1 . 2 . 3 . 4 . 5 = 120 Permutações: Considere A como um conjunto com n ele-


mentos. Os arranjos simples n a n dos elementos de A, são de-
Note que esta definição implica em particular que 0! = 1, por- nominados permutações simples de n elementos. De acordo com
que o produto vazio, isto é, o produto de nenhum número é 1. a definição, as permutações têm os mesmos elementos. São os n
Deve-se prestar atenção neste valor, pois este faz com que a função elementos de A. As duas permutações diferem entre si somente
recursiva (n + 1)! = n! . (n + 1) funcione para n = 0. pela ordem de seus elementos.
Os fatoriais são importantes em análise combinatória. Por Cálculo do número de permutação simples:
exemplo, existem n! caminhos diferentes de arranjar n objetos dis-
tintos numa sequência. (Os arranjos são chamados permutações) E O número total de permutações simples de n elementos indi-
o número de opções que podem ser escolhidos é dado pelo coefi- cado por Pn, e fazendo k = n na fórmula An,k = n (n – 1) (n – 2) . …
ciente binomial. . (n – k + 1), temos:

Pn = An,n= n (n – 1) (n – 2) . … . (n – n + 1) = (n – 1) (n – 2)
. … .1 = n!
Portanto: Pn = n!
Arranjos simples: são agrupamentos sem repetições em que
Combinações Simples: são agrupamentos formados com os
um grupo se torna diferente do outro pela ordem ou pela natureza
dos elementos componentes. Seja A um conjunto com n elementos elementos de um conjunto que se diferenciam somente pela na-
e k um natural menor ou igual a n. Os arranjos simples k a k dos tureza de seus elementos. Considere A como um conjunto com n
n elementos de A, são os agrupamentos, de k elementos distintos elementos k um natural menor ou igual a n. Os agrupamentos de k
cada, que diferem entre si ou pela natureza ou pela ordem de seus elementos distintos cada um, que diferem entre si apenas pela na-
elementos. tureza de seus elementos são denominados combinações simples k
a k, dos n elementos de A.
Cálculos do número de arranjos simples:
Exemplo: Considere A = {a, b, c, d} um conjunto com ele-
Na formação de todos os arranjos simples dos n elementos de mentos distintos. Com os elementos de A podemos formar 4 com-
A, tomados k a k: binações de três elementos cada uma: abc – abd – acd – bcd

Didatismo e Conhecimento 40
RACIOCÍNIO LÓGICO
Se trocarmos ps 3 elementos de uma delas: Considerando:

Exemplo: abc, obteremos P3 = 6 arranjos disdintos. α elementos iguais a a,


β elementos iguais a b,
γ elementos iguais a c, …,
abc abd acd bcd
λ elementos iguais a l,
acb
bac Totalizando em α + β + γ + … λ = n elementos.
bca
Simbolicamente representado por Pnα, β, γ, …, λ o número
cab de permutações distintas que é possível formarmos com os n ele-
cba mentos:

Se trocarmos os 3 elementos das 4 combinações obtemos to-


dos os arranjos 3 a 3:

abc abd acd bcd Combinações Completas: Combinações completas de n ele-


acb adb adc bdc mentos, de k a k, são combinações de k elementos não necessaria-
bac bad cad cbd mente distintos. Em vista disso, quando vamos calcular as combi-
nações completas devemos levar em consideração as combinações
bca bda cda cdb com elementos distintos (combinações simples) e as combinações
cab dab dac dbc com elementos repetidos. O total de combinações completas de n
cba dba dca dcb elementos, de k a k, indicado por C*n,k

(4 combinações) x (6 permutações) = 24 arranjos

Logo: C4,3 . P3 = A4,3

Cálculo do número de combinações simples: O número total


QUESTÕES
de combinações simples dos n elementos de A representados por C
n,k
, tomados k a k, analogicamente ao exemplo apresentado, temos: 01. Quantos números de três algarismos distintos podem ser
a) Trocando os k elementos de uma combinação k a k, obte- formados com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 7 e 8?
mos Pk arranjos distintos. 02. Organiza-se um campeonato de futebol com 14 clubes,
b) Trocando os k elementos das Cn,k . Pk arranjos distintos. sendo a disputa feita em dois turnos, para que cada clube enfrente
Portanto: Cn,k . Pk = An,k ou o outro no seu campo e no campo deste. O número total de jogos
a serem realizados é:
A (A)182
C n,k = n,k (B) 91
Pk
(C)169
Lembrando que: (D)196
(E)160

03. Deseja-se criar uma senha para os usuários de um sistema,


Também pode ser escrito assim: começando por três letras escolhidas entre as cinco A, B, C, D e
E, seguidas de quatro algarismos escolhidos entre 0, 2, 4, 6 e 8. Se
entre as letras puder haver repetição, mas se os algarismos forem
todos distintos, o número total de senhas possíveis é:
(A) 78.125
(B) 7.200
(C) 15.000
Arranjos Completos: Arranjos completos de n elementos, de k (D) 6.420
a k são os arranjos de k elementos não necessariamente distintos. (E) 50
Em vista disso, quando vamos calcular os arranjos completos, de- 04. (UFTM) – João pediu que Cláudia fizesse cartões com
ve-se levar em consideração os arranjos com elementos distintos todas as permutações da palavra AVIAÇÃO. Cláudia executou
(arranjos simples) e os elementos repetidos. O total de arranjos a tarefa considerando as letras A e à como diferentes, contudo,
completos de n elementos, de k a k, é indicado simbolicamente por João queria que elas fossem consideradas como mesma letra. A
A*n,k dado por: A*n,k = nk diferença entre o número de cartões feitos por Cláudia e o núme-
ro de cartões esperados por João é igual a
Permutações com elementos repetidos

Didatismo e Conhecimento 41
RACIOCÍNIO LÓGICO
(A) 720 10. Considere os números de quatro algarismos do sistema
(B) 1.680 decimal de numeração. Calcule:
(C) 2.420 a) quantos são no total;
(D) 3.360
b) quantos não possuem o algarismo 2;
(E) 4.320
c) em quantos deles o algarismo 2 aparece ao menos uma vez;
05. (UNIFESP) – As permutações das letras da palavra PRO- d) quantos têm os algarismos distintos;
VA foram listadas em ordem alfabética, como se fossem palavras e) quantos têm pelo menos dois algarismos iguais.
de cinco letras em um dicionário. A 73ª palavra nessa lista é
(A) PROVA. Resoluções
(B) VAPOR.
(C) RAPOV.
(D) ROVAP.
(E) RAOPV. 01.

06. (MACKENZIE) – Numa empresa existem 10 diretores,


dos quais 6 estão sob suspeita de corrupção. Para que se ana- 02. O número total de jogos a serem realizados é A14,2 = 14 .
lisem as suspeitas, será formada uma comissão especial com 5
13 = 182.
diretores, na qual os suspeitos não sejam maioria. O número de
possíveis comissões é:
(A) 66 03.
(B) 72
(C) 90
(D) 120 Algarismos
(E) 124

07. (ESPCEX) – A equipe de professores de uma escola pos-


sui um banco de questões de matemática composto de 5 questões
sobre parábolas, 4 sobre circunferências e 4 sobre retas. De quan- Letras
tas maneiras distintas a equipe pode montar uma prova com 8
questões, sendo 3 de parábolas, 2 de circunferências e 3 de retas? As três letras poderão ser escolhidasde 5 . 5 . 5 =125 maneiras.
(A) 80
(B) 96 Os quatro algarismos poderão ser escolhidos de 5 . 4 . 3 . 2 =
(C) 240 120 maneiras.
(D) 640 O número total de senhas distintas, portanto, é igual a 125 .
(E) 1.280 120 = 15.000.
08. Numa clínica hospitalar, as cirurgias são sempre assis- 04.
tidas por 3 dos seus 5 enfermeiros, sendo que, para uma even- I) O número de cartões feitos por Cláudia foi
tualidade qualquer, dois particulares enfermeiros, por serem os
mais experientes, nunca são escalados para trabalharem juntos.
Sabendo-se que em todos os grupos participa um dos dois enfer- II) O número de cartões esperados por João era
meiros mais experientes, quantos grupos distintos de 3 enfermei-
ros podem ser formados?
(A) 06
Assim, a diferença obtida foi 2.520 – 840 = 1.680
(B) 10
05. Se as permutações das letras da palavra PROVA forem
(C) 12 listadas em ordem alfabética, então teremos:
(D) 15 P4 = 24 que começam por A
(E) 20 P4 = 24 que começam por O
09. Seis pessoas serão distribuídas em duas equipes para P4 = 24 que começam por P
concorrer a uma gincana. O número de maneiras diferentes de A 73.ª palavra nessa lista é a primeira permutação que começa
formar duas equipes é por R. Ela é RAOPV.
(A) 10 06. Se, do total de 10 diretores, 6 estão sob suspeita de corrup-
(B) 15 ção, 4 não estão. Assim, para formar uma comissão de 5 diretores
na qual os suspeitos não sejam maioria, podem ser escolhidos, no
(C) 20
máximo, 2 suspeitos. Portanto, o número de possíveis comissões é
(D) 25
(E) 30

Didatismo e Conhecimento 42
RACIOCÍNIO LÓGICO
S = evento certo.

Conceito de Probabilidade
07. C5,3 . C4,2 . C4,3 = 10 . 6 . 4 = 240
As probabilidades têm a função de mostrar a chance
08.
de ocorrência de um evento. A probabilidade de ocorrer um
I) Existem 5 enfermeiros disponíveis: 2 mais experientes e
outros 3. determinado evento A, que é simbolizada por P(A), de um espaço
II) Para formar grupos com 3 enfermeiros, conforme o enun- amostral S ≠ Ø, é dada pelo quociente entre o número de elementos
ciado, devemos escolher 1 entre os 2 mais experientes e 2 entre os A e o número de elemento S. Representando:
3 restantes.
III) O número de possibilidades para se escolher 1 entre os 2
mais experientes é
Exemplo: Ao lançar um dado de seis lados, numerados de 1 a
6, e observar o lado virado para cima, temos:
- um espaço amostral, que seria o conjunto S {1, 2, 3, 4, 5, 6}.
- um evento número par, que seria o conjunto A1 = {2, 4, 6}
IV) O número de possibilidades para se escolher 2 entre 3
C S.
restantes é
- o número de elementos do evento número par é n(A1) = 3.
- a probabilidade do evento número par é 1/2, pois

V) Assim, o número total de grupos que podem ser formados


é2.3=6 Propriedades de um Espaço Amostral Finito e Não Vazio

09. - Em um evento impossível a probabilidade é igual a zero. Em


um evento certo S a probabilidade é igual a 1. Simbolicamente:
10.
P(Ø) = 0 e P(S) = 1.
a) 9 . A*10,3 = 9 . 103 = 9 . 10 . 10 . 10 = 9000
- Se A for um evento qualquer de S, neste caso: 0 ≤ P(A) ≤ 1.
b) 8 . A*9,3 = 8 . 93 = 8 . 9 . 9 . 9 = 5832
c) (a) – (b): 9000 – 5832 = 3168 - Se A for o complemento de A em S, neste caso: P(A) = 1 -
d) 9 . A9,3 = 9 . 9 . 8 . 7 = 4536 P(A).
e) (a) – (d): 9000 – 4536 = 4464
Demonstração das Propriedades

Considerando S como um espaço finito e não vazio, temos:


9. PROBABILIDADE.

Probabilidade

Ponto Amostral, Espaço Amostral e Evento

Em uma tentativa com um número limitado de resultados,


todos com chances iguais, devemos considerar:
Ponto Amostral: Corresponde a qualquer um dos resultados
possíveis.
Espaço Amostral: Corresponde ao conjunto dos resultados
possíveis; será representado por S e o número de elementos do
espaço amostra por n(S).
Evento: Corresponde a qualquer subconjunto do espaço
amostral; será representado por A e o número de elementos do
evento por n(A).
União de Eventos
Os conjuntos S e Ø também são subconjuntos de S, portanto
são eventos. Considere A e B como dois eventos de um espaço amostral S,
Ø = evento impossível. finito e não vazio, temos:

Didatismo e Conhecimento 43
RACIOCÍNIO LÓGICO
Probabilidade Condicionada
A
Considere dois eventos A e B de um espaço amostral S, finito
e não vazio. A probabilidade de B condicionada a A é dada pela
B
probabilidade de ocorrência de B sabendo que já ocorreu A. É
S representada por P(B/A).

Veja:

Logo: P(A B) = P(A) + P(B) - P(A B)

Eventos Mutuamente Exclusivos

A
Eventos Independentes

Considere dois eventos A e B de um espaço amostral S, finito


B e não vazio. Estes serão independentes somente quando:
S
P(A/N) = P(A) P(B/A) = P(B)
Considerando que A ∩ B, nesse caso A e B serão denominados Intersecção de Eventos
mutuamente exclusivos. Observe que A ∩ B = 0, portanto: P(A
B) = P(A) + P(B). Quando os eventos A1, A2, A3, …, An de S
Considerando A e B como dois eventos de um espaço amostral
forem, de dois em dois, sempre mutuamente exclusivos, nesse
S, finito e não vazio, logo:
caso temos, analogicamente:

P(A1 A2 A3 … An) = P(A1) + P(A2) + P(A3) + ... +


P(An)

Eventos Exaustivos

Quando os eventos A1, A2, A3, …, An de S forem, de dois em


dois, mutuamente exclusivos, estes serão denominados exaustivos
se A1 A2 A3 … An = S Assim sendo:

P(A ∩ B) = P(A) . P(B/A)


P(A ∩ B) = P(B) . P(A/B)
Considerando A e B como eventos independentes, logo
P(B/A) = P(B), P(A/B) = P(A), sendo assim: P(A ∩ B) = P(A) .
P(B). Para saber se os eventos A e B são independentes, podemos
utilizar a definição ou calcular a probabilidade de A ∩ B. Veja a
representação:

A e B independentes ↔ P(A/B) = P(A) ou


A e B independentes ↔ P(A ∩ B) = P(A) . P(B)
Então, logo:
Lei Binominal de Probabilidade

Considere uma experiência sendo realizada diversas vezes,


Portanto: P(A1) + P(A2) + P(A3) + ... + P(An) = 1
dentro das mesmas condições, de maneira que os resultados de cada
experiência sejam independentes. Sendo que, em cada tentativa
ocorre, obrigatoriamente, um evento A cuja probabilidade é p ou o
complemento A cuja probabilidade é 1 – p.

Didatismo e Conhecimento 44
RACIOCÍNIO LÓGICO
Problema: Realizando-se a experiência descrita exatamente n 05. Uma urna contém 500 bolas, numeradas de 1 a 500. Uma
vezes, qual é a probabilidade de ocorrer o evento A só k vezes? bola dessa urna é escolhida ao acaso. A probabilidade de que seja
escolhida uma bola com um número de três algarismos ou múltiplo
Resolução: de 10 é
- Se num total de n experiências, ocorrer somente k vezes (A) 10%
o evento A, nesse caso será necessário ocorrer exatamente n – k (B) 12%
vezes o evento A. (C) 64%
- Se a probabilidade de ocorrer o evento A é p e do evento A é (D) 82%
1 – p, nesse caso a probabilidade de ocorrer k vezes o evento A e (E) 86%
n – k vezes o evento A, ordenadamente, é:
06. Uma urna contém 4 bolas amarelas, 2 brancas e 3 bolas
vermelhas. Retirando-se uma bola ao acaso, qual a probabilidade
de ela ser amarela ou branca?

07. Duas pessoas A e B atiram num alvo com probabilidade


40% e 30%, respectivamente, de acertar. Nestas condições, a
- As k vezes em que ocorre o evento A são quaisquer entre as probabilidade de apenas uma delas acertar o alvo é:
n vezes possíveis. O número de maneiras de escolher k vezes o (A) 42%
evento A é, portanto Cn,k. (B) 45%
- Sendo assim, há Cn,k eventos distintos, mas que possuem (C) 46%
a mesma probabilidade pk . (1 – p)n-k, e portanto a probabilidade (D) 48%
desejada é: Cn,k . pk . (1 – p)n-k (E) 50%

08. Num espaço amostral, dois eventos independentes A e B


QUESTÕES
são tais que P(A U B) = 0,8 e P(A) = 0,3. Podemos concluir que o
valor de P(B) é:
01. A probabilidade de uma bola branca aparecer ao se retirar
(A) 0,5
uma única bola de uma urna que contém, exatamente, 4 bolas
(B) 5/7
brancas, 3 vermelhas e 5 azuis é:
(C) 0,6
(D) 7/15
(A) (B) (C) (D) (E) (E) 0,7

09. Uma urna contém 6 bolas: duas brancas e quatro pretas.


02. As 23 ex-alunas de uma turma que completou o Ensino Retiram-se quatro bolas, sempre com reposição de cada bola antes
Médio há 10 anos se encontraram em uma reunião comemorativa.
de retirar a seguinte. A probabilidade de só a primeira e a terceira
Várias delas haviam se casado e tido filhos. A distribuição das
serem brancas é:
mulheres, de acordo com a quantidade de filhos, é mostrada no
gráfico abaixo. Um prêmio foi sorteado entre todos os filhos dessas
ex-alunas. A probabilidade de que a criança premiada tenha sido (A) (B) (C) (D) (E)
um(a) filho(a) único(a) é
10. Uma lanchonete prepara sucos de 3 sabores: laranja,
abacaxi e limão. Para fazer um suco de laranja, são utilizadas 3
laranjas e a probabilidade de um cliente pedir esse suco é de 1/3.
Se na lanchonete, há 25 laranjas, então a probabilidade de que,
para o décimo cliente, não haja mais laranjas suficientes para fazer
o suco dessa fruta é:

(A) 1 (B) (C) (D) (E)

Respostas
(A) (B) (C) (D) (E)
01.
03. Retirando uma carta de um baralho comum de 52 cartas,
qual a probabilidade de se obter um rei ou uma dama? 02.
A partir da distribuição apresentada no gráfico:
04. Jogam-se dois dados “honestos” de seis faces, numeradas 08 mulheres sem filhos.
de 1 a 6, e lê-se o número de cada uma das duas faces voltadas para 07 mulheres com 1 filho.
cima. Calcular a probabilidade de serem obtidos dois números 06 mulheres com 2 filhos.
ímpares ou dois números iguais? 02 mulheres com 3 filhos.

Didatismo e Conhecimento 45
RACIOCÍNIO LÓGICO
Como as 23 mulheres têm um total de 25 filhos, a probabilidade P (A B) = 40% . 70% + 60% . 30%
de que a criança premiada tenha sido um(a) filho(a) único(a) é P (A B) = 0,40 . 0,70 + 0,60 . 0,30
igual a P = 7/25. P (A B) = 0,28 + 0,18
03. P(dama ou rei) = P(dama) + P(rei) = P (A B) = 0,46
P (A B) = 46%
04. No lançamento de dois dados de 6 faces, numeradas de 1 a
6, são 36 casos possíveis. Considerando os eventos A (dois números 08.
ímpares) e B (dois números iguais), a probabilidade pedida é: Sendo A e B eventos independentes, P(A B) = P(A) . P(B) e
como P(A B) = P(A) + P(B) – P(A B). Temos:
P(A B) = P(A) + P(B) – P(A) . P(B)
05. Sendo Ω, o conjunto espaço amostral, temos n(Ω) = 500 0,8 = 0,3 + P(B) – 0,3 . P(B)
0,7 . (PB) = 0,5
A: o número sorteado é formado por 3 algarismos;
A = {100, 101, 102, ..., 499, 500}, n(A) = 401 e p(A) = 401/500 P(B) = 5/7.

B: o número sorteado é múltiplo de 10; 09. Representando por a


B = {10, 20, ..., 500}. probabilidade pedida, temos:
=
Para encontrarmos n(B) recorremos à fórmula do termo geral =
da P.A., em que
a1 = 10
an = 500
r = 10
Temos an = a1 + (n – 1) . r → 500 = 10 + (n – 1) . 10 → n = 50

Dessa forma, p(B) = 50/500. 10. Supondo que a lanchonete só forneça estes três tipos de
sucos e que os nove primeiros clientes foram servidos com apenas
A Ω B: o número tem 3 algarismos e é múltiplo de 10;
A Ω B = {100, 110, ..., 500}. um desses sucos, então:
De an = a1 + (n – 1) . r, temos: 500 = 100 + (n – 1) . 10 → n = I- Como cada suco de laranja utiliza três laranjas, não é
41 e p(A B) = 41/500 possível fornecer sucos de laranjas para os nove primeiros clientes,
pois seriam necessárias 27 laranjas.
Por fim, p(A.B) = II- Para que não haja laranjas suficientes para o próximo
cliente, é necessário que, entre os nove primeiros, oito tenham
06.
pedido sucos de laranjas, e um deles tenha pedido outro suco.
Sejam A1, A2, A3, A4 as bolas amarelas, B1, B2 as brancas e V1,
V2, V3 as vermelhas. A probabilidade de isso ocorrer é:
Temos S = {A1, A2, A3, A4, V1, V2, V3 B1, B2} → n(S) = 9
A: retirada de bola amarela = {A1, A2, A3, A4}, n(A) = 4
B: retirada de bola branca = {B1, B2}, n(B) = 2

10. NOÇÕES BÁSICAS DE ESTATÍSTICA:


ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS
APRESENTADOS EM GRÁFICOS E
TABELAS; MÉDIA, MODA E MEDIANA DE
UMA SÉRIE DE DADOS.
Como A B = , A e B são eventos mutuamente exclusivos;
Logo: P(A B) = P(A) + P(B) =

Conceitos Básicos
07.
A estatística é, hoje em dia, um instrumento útil e, em alguns
Se apenas um deve acertar o alvo, então podem ocorrer os
casos, indispensável para tomadas de decisão em diversos campos:
seguintes eventos: científico, econômico, social, político…
(A) “A” acerta e “B” erra; ou Todavia, antes de chegarmos à parte de interpretação para
(B) “A” erra e “B” acerta. tomadas de decisão, há que proceder a um indispensável trabalho
de recolha e organização de dados, sendo a recolha feita através
Assim, temos: de recenseamentos (ou censos ou levantamentos estatísticos) ou
P (A B) = P (A) + P (B) sondagens.

Didatismo e Conhecimento 46
RACIOCÍNIO LÓGICO
Existem indícios que há 300 mil anos a.C. já se faziam censos - Inferência Estatística: Testes de hipóteses - Significância
na China, Babilônia e no Egito. Censos estes que se destinavam à - Potência - Hipótese nula/Hipótese alternativa - Erro de tipo I -
taxação de impostos. Erro de tipo II - Teste T - Teste Z - Distribuição t de Student -
Estatística pode ser pensada como a ciência de aprendizagem Normalização - Valor p - Análise de variância.
a partir de dados. No nosso quotidiano, precisamos tomar decisões, - Estatística Não-Paramétrica: Teste Binomial - Teste Qui-
muitas vezes decisões rápidas. quadrado (uma amostra, duas amostras independentes, k amostras
independentes) - Teste Kolmogorov-Smirnov (uma amostra, duas
amostras independentes) - Teste de McNemar - Teste dos Sinais -
Teste de Wilcoxon - Teste de Walsh - Teste Exata de Fisher - Teste
Q de Cochran - Teste de Kruskal-Wallis - Teste de Friedman.
- Análise da Sobrevivência: Função de sobrevivência -
Kaplan-Meier - Teste log-rank - Taxa de falha - Proportional
Em linhas gerais a Estatística fornece métodos que auxiliam hazards models.
o processo de tomada de decisão através da análise dos dados que - Amostragem: Amostragem aleatória simples (com reposição,
possuímos. sem reposição) - Amostragem estratificada - Amostragem por
Em Estatística, um resultado é significante, portanto, tem conglomerados - Amostragem sistemática - estimador razão -
significância estatística, se for improvável que tenha ocorrido por estimador regressão.
acaso (que em estatística e probabilidade é tratado pelo conceito de - Distribuição de Probabilidade: Normal - De Pareto - De
chance), caso uma determinada hipótese nula seja verdadeira, mas Poisson - De Bernoulli - Hipergeométrica - Binomial - Binomial
não sendo improvável caso a hipótese base seja falsa. A expressão negativa - Gama - Beta - t de Student - F-Snedecor.
teste de significância foi cunhada por Ronald Fisher. - Correlação: Variável de confusão - Coeficiente de correlação
Mais concretamente, no teste de hipóteses com base em de Pearson - Coeficiente de correlação de postos de Spearman -
frequência estatística, a significância de um teste é a probabilidade Coeficiente de correlação tau de Kendall).
máxima de rejeitar acidentalmente uma hipótese nula verdadeira Regressão: Regressão linear - Regressão não-linear -
(uma decisão conhecida como erro de tipo I). O nível de
Regressão logística - Método dos mínimos quadrados - Modelos
significância de um resultado é também chamado de α e não deve
Lineares Generalizados - Modelos para Dados Longitudinais.
ser confundido com o valor p (p-value).
- Análise Multivariada: Distribuição normal multivariada -
Por exemplo, podemos escolher um nível de significância de,
Componentes principais - Análise fatorial - Análise discriminante
digamos, 5%, e calcular um valor crítico de um parâmetro (por
- Análise de “Cluster” (Análise de agrupamento) - Análise de
exemplo a média) de modo que a probabilidade de ela exceder esse
Correspondência.
valor, dada a verdade da hipótese nulo, ser 5%. Se o valor estatístico
- Séries Temporais: Modelos para séries temporais - Tendência
calculado (ou seja, o nível de 5% de significância anteriormente
e sazonalidade - Modelos de suavização exponencial - ARIMA -
escolhido) exceder o valor crítico, então é significante “ao nível
Modelos sazonais.
de 5%”.
Se o nível de significância (ex: 5% anteriormente dado) é
menor, o valor é menos provavelmente um extremo em relação Panorama Geral:
ao valor crítico. Deste modo, um resultado que é “significante
ao nível de 1%” é mais significante do que um resultado que é Variáveis: São características que são medidas, controladas
significante “ao nível de 5%”. No entanto, um teste ao nível de 1% ou manipuladas em uma pesquisa. Diferem em muitos aspectos,
é mais susceptível de padecer do erro de tipo II do que um teste de principalmente no papel que a elas é dado em uma pesquisa e na
5% e por isso terá menos poder estatístico. forma como podem ser medidas.
Ao divisar um teste de hipóteses, o técnico deverá tentar
maximizar o poder de uma dada significância, mas ultimamente Pesquisa “Correlacional” X Pesquisa “Experimental”:
A maioria das pesquisas empíricas pertencem claramente a uma
tem de reconhecer que o melhor resultado que se pode obter é um
dessas duas categorias gerais: em uma pesquisa correlacional
compromisso entre significância e poder, em outras palavras, entre
(Levantamento) o pesquisador não influencia (ou tenta não
os erros de tipo I e tipo II. influenciar) nenhuma variável, mas apenas as mede e procura por
É importante ressaltar que os valores p Fisherianos são relações (correlações) entre elas, como pressão sanguínea e nível
filosoficamente diferentes dos erros de tipo I de Neyman-Pearson. de colesterol. Em uma pesquisa experimental (Experimento) o
Esta confusão é infelizmente propagada por muitos livros de pesquisador manipula algumas variáveis e então mede os efeitos
estatística. desta manipulação em outras variáveis; por exemplo, aumentar
artificialmente a pressão sanguínea e registrar o nível de colesterol.
Divisão da Estatística: A análise dos dados em uma pesquisa experimental também calcula
“correlações” entre variáveis, especificamente entre aquelas
- Estatística Descritiva: Média (Aritmética, Geométrica, manipuladas e as que foram afetadas pela manipulação. Entretanto,
Harmônica, Ponderada) - Mediana - Moda - Variância - Desvio os dados experimentais podem demonstrar conclusivamente
padrão - Coeficiente de variação. relações causais (causa e efeito) entre variáveis. Por exemplo,
se o pesquisador descobrir que sempre que muda a variável A

Didatismo e Conhecimento 47
RACIOCÍNIO LÓGICO
então a variável B também muda, então ele poderá concluir que temperatura, medida em graus Celsius constitui uma variável
A “influencia” B. Dados de uma pesquisa correlacional podem intervalar. Pode-se dizer que a temperatura de 40C é maior do que
ser apenas “interpretados” em termos causais com base em outras 30C e que um aumento de 20C para 40C é duas vezes maior do que
teorias (não estatísticas) que o pesquisador conheça, mas não um aumento de 30C para 40C.
podem ser conclusivamente provar causalidade.  
Relações entre variáveis: Duas ou mais variáveis quaisquer
Variáveis dependentes e variáveis independentes: Variáveis
estão relacionadas se em uma amostra de observações os valores
independentes são aquelas que são manipuladas enquanto que
variáveis dependentes são apenas medidas ou registradas. Esta dessas variáveis são distribuídos de forma consistente. Em
distinção confunde muitas pessoas que dizem que “todas variáveis outras palavras, as variáveis estão relacionadas se seus valores
dependem de alguma coisa”. Entretanto, uma vez que se esteja correspondem sistematicamente uns aos outros para aquela amostra
acostumado a esta distinção ela se torna indispensável. Os termos de observações. Por exemplo, sexo e WCC seriam relacionados se
variável dependente e independente aplicam-se principalmente à a maioria dos homens tivesse alta WCC e a maioria das mulheres
pesquisa experimental, onde algumas variáveis são manipuladas, baixa WCC, ou vice-versa; altura é relacionada ao peso porque
e, neste sentido, são “independentes” dos padrões de reação tipicamente indivíduos altos são mais pesados do que indivíduos
inicial, intenções e características dos sujeitos da pesquisa baixos; Q.I. está relacionado ao número de erros em um teste se
(unidades experimentais).Espera-se que outras variáveis sejam pessoas com Q.I.’s mais altos cometem menos erros.
“dependentes” da manipulação ou das condições experimentais.
Ou seja, elas dependem “do que os sujeitos farão” em resposta.
Importância das relações entre variáveis: Geralmente o
Contrariando um pouco a natureza da distinção, esses termos
também são usados em estudos em que não se manipulam variáveis objetivo principal de toda pesquisa ou análise científica é encontrar
independentes, literalmente falando, mas apenas se designam relações entre variáveis. A filosofia da ciência ensina que não há outro
sujeitos a “grupos experimentais” baseados em propriedades pré- meio de representar “significado” exceto em termos de relações
existentes dos próprios sujeitos. Por exemplo, se em uma pesquisa entre quantidades ou qualidades, e ambos os casos envolvem
compara-se a contagem de células brancas (White Cell Count em relações entre variáveis. Assim, o avanço da ciência sempre tem
inglês, WCC) de homens e mulheres, sexo pode ser chamada de que envolver a descoberta de novas relações entre variáveis.
variável independente e WCC de variável dependente. Em pesquisas correlacionais a medida destas relações é feita de
  forma bastante direta, bem como nas pesquisas experimentais.
Níveis de Mensuração: As variáveis diferem em “quão bem” Por exemplo, o experimento já mencionado de comparar WCC
elas podem ser medidas, isto é, em quanta informação seu nível
em homens e mulheres pode ser descrito como procura de uma
de mensuração pode prover. Há obviamente algum erro em cada
correlação entre 2 variáveis: sexo e WCC. A Estatística nada
medida, o que determina o “montante de informação” que se pode
obter, mas basicamente o fator que determina a quantidade de mais faz do que auxiliar na avaliação de relações entre variáveis.
informação que uma variável pode prover é o seu tipo de nível de  
mensuração. Sob este prisma as variáveis são classificadas como Aspectos básicos da relação entre variáveis: As duas
nominais, ordinais e intervalares. propriedades formais mais elementares de qualquer relação entre
- Variáveis nominais permitem apenas classificação variáveis são a magnitude (“tamanho”) e a confiabilidade da
qualitativa. Ou seja, elas podem ser medidas apenas em termos relação.
de quais itens pertencem a diferentes categorias, mas não se pode - Magnitude é muito mais fácil de entender e medir do que a
quantificar nem mesmo ordenar tais categorias. Por exemplo, pode- confiabilidade. Por exemplo, se cada homem em nossa amostra
se dizer que 2 indivíduos são diferentes em termos da variável A tem um WCC maior do que o de qualquer mulher da amostra,
(sexo, por exemplo), mas não se pode dizer qual deles “tem mais”
poderia-se dizer que a magnitude da relação entre as duas variáveis
da qualidade representada pela variável. Exemplos típicos de
(sexo e WCC) é muito alta em nossa amostra. Em outras palavras,
variáveis nominais são sexo, raça, cidade, etc.
- Variáveis ordinais permitem ordenar os itens medidos poderia-se prever uma baseada na outra (ao menos na amostra em
em termos de qual tem menos e qual tem mais da qualidade questão).
representada pela variável, mas ainda não permitem que se diga - Confiabilidade é um conceito muito menos intuitivo, mas
“o quanto mais”. Um exemplo típico de uma variável ordinal é o extremamente importante. Relaciona-se à “representatividade”
status sócio-econômico das famílias residentes em uma localidade: do resultado encontrado em uma amostra específica de toda a
sabe-se que média-alta é mais “alta” do que média, mas não se população. Em outras palavras, diz quão provável será encontrar
pode dizer, por exemplo, que é 18% mais alta. A própria distinção uma relação similar se o experimento fosse feito com outras
entre mensuração nominal, ordinal e intervalar representa um bom amostras retiradas da mesma população, lembrando que o maior
exemplo de uma variável ordinal: pode-se dizer que uma medida interesse está na população. O interesse na amostra reside na
nominal provê menos informação do que uma medida ordinal, informação que ela pode prover sobre a população. Se o estudo
mas não se pode dizer “quanto menos” ou como esta diferença se atender certos critérios específicos (que serão mencionados
compara à diferença entre mensuração ordinal e intervalar. posteriormente) então a confiabilidade de uma relação observada
- Variáveis intervalares permitem não apenas ordenar em entre variáveis na amostra pode ser estimada quantitativamente e
postos os itens que estão sendo medidos, mas também quantificar representada usando uma medida padrão (chamada tecnicamente
e comparar o tamanho das diferenças entre eles. Por exemplo, de nível-p ou nível de significância estatística).

Didatismo e Conhecimento 48
RACIOCÍNIO LÓGICO
Significância Estatística (nível-p): A significância estatística Força X Confiabilidade de uma relação entre variáveis:
de um resultado é uma medida estimada do grau em que este Foi dito anteriormente que força (magnitude) e confiabilidade
resultado é “verdadeiro” (no sentido de que seja realmente o que são dois aspectos diferentes dos relacionamentos entre variáveis.
ocorre na população, ou seja no sentido de “representatividade da Contudo, eles não são totalmente independentes. Em geral, em
população”). Mais tecnicamente, o valor do nível-p representa um uma amostra de um certo tamanho quanto maior a magnitude da
índice decrescente da confiabilidade de um resultado. Quanto mais relação entre variáveis, mais confiável a relação.
alto o nível-p, menos se pode acreditar que a relação observada Assumindo que não há relação entre as variáveis na população,
entre as variáveis na amostra é um indicador confiável da relação o resultado mais provável deveria ser também não encontrar
entre as respectivas variáveis na população. Especificamente, o relação entre as mesmas variáveis na amostra da pesquisa. Assim,
nível-p representa a probabilidade de erro envolvida em aceitar o quanto mais forte a relação encontrada na amostra menos provável
resultado observado como válido, isto é, como “representativo da é a não existência da relação correspondente na população. Então
população”. Por exemplo, um nível-p de 0,05 (1/20) indica que há a magnitude e a significância de uma relação aparentam estar
5% de probabilidade de que a relação entre as variáveis, encontrada fortemente relacionadas, e seria possível calcular a significância a
na amostra, seja um “acaso feliz”. Em outras palavras, assumindo partir da magnitude e vice-versa. Entretanto, isso é válido apenas
que não haja relação entre aquelas variáveis na população, e o se o tamanho da amostra é mantido constante, porque uma relação
experimento de interesse seja repetido várias vezes, poderia-se de certa força poderia ser tanto altamente significante ou não
esperar que em aproximadamente 20 realizações do experimento significante de todo dependendo do tamanho da amostra.
haveria apenas uma em que a relação entre as variáveis em questão
seria igual ou mais forte do que a que foi observada naquela Por que a significância de uma relação entre variáveis
amostra anterior. Em muitas áreas de pesquisa, o nível-p de 0,05 é depende do tamanho da amostra: Se há muito poucas observações
costumeiramente tratado como um “limite aceitável” de erro. então há também poucas possibilidades de combinação dos
valores das variáveis, e então a probabilidade de obter por acaso
uma combinação desses valores que indique uma forte relação é
Como determinar que um resultado é “realmente”
relativamente alta. Considere-se o seguinte exemplo:
significante: Não há meio de evitar arbitrariedade na decisão
Há interesse em duas variáveis (sexo: homem, mulher; WCC:
final de qual nível de significância será tratado como realmente
alta, baixa) e há apenas quatro sujeitos na amostra (2 homens e 2
“significante”. Ou seja, a seleção de um nível de significância acima
mulheres). A probabilidade de se encontrar, puramente por acaso,
do qual os resultados serão rejeitados como inválidos é arbitrária.
uma relação de 100% entre as duas variáveis pode ser tão alta quanto
Na prática, a decisão final depende usualmente de: se o resultado
1/8. Explicando, há uma chance em oito de que os dois homens
foi previsto a priori ou apenas a posteriori no curso de muitas tenham alta WCC e que as duas mulheres tenham baixa WCC, ou
análises e comparações efetuadas no conjunto de dados; no total vice-versa, mesmo que tal relação não exista na população. Agora
de evidências consistentes do conjunto de dados; e nas “tradições” considere-se a probabilidade de obter tal resultado por acaso se
existentes na área particular de pesquisa. Tipicamente, em muitas a amostra consistisse de 100 sujeitos: a probabilidade de obter
ciências resultados que atingem nível-p 0,05 são considerados aquele resultado por acaso seria praticamente zero.
estatisticamente significantes, mas este nível ainda envolve uma Observando um exemplo mais geral. Imagine-se uma
probabilidade de erro razoável (5%). Resultados com um nível-p população teórica em que a média de WCC em homens e mulheres
0,01 são comumente considerados estatisticamente significantes, é exatamente a mesma. Supondo um experimento em que se retiram
e com nível-p 0,005 ou nível-p 0,001 são frequentemente pares de amostras (homens e mulheres) de um certo tamanho da
chamados “altamente” significantes. Estas classificações, porém, população e calcula-se a diferença entre a média de WCC em cada
são convenções arbitrárias e apenas informalmente baseadas em par de amostras (supor ainda que o experimento será repetido várias
experiência geral de pesquisa. Uma consequência óbvia é que um vezes). Na maioria dos experimento os resultados das diferenças
resultado considerado significante a 0,05, por exemplo, pode não serão próximos de zero. Contudo, de vez em quando, um par
sê-lo a 0,01. de amostra apresentará uma diferença entre homens e mulheres
consideravelmente diferente de zero. Com que frequência isso
Significância estatística e o número de análises realizadas: acontece? Quanto menor a amostra em cada experimento maior a
Desnecessário dizer quanto mais análises sejam realizadas em probabilidade de obter esses resultados errôneos, que, neste caso,
um conjunto de dados, mais os resultados atingirão “por acaso” indicariam a existência de uma relação entre sexo e WCC obtida
o nível de significância convencionado. Por exemplo, ao calcular de uma população em que tal relação não existe. Observe-se mais
correlações entre dez variáveis (45 diferentes coeficientes de um exemplo (“razão meninos para meninas”, Nisbett et al., 1987):
correlação), seria razoável esperar encontrar por acaso que cerca de Há dois hospitais: no primeiro nascem 120 bebês a cada dia
dois (um em cada 20) coeficientes de correlação são significantes e no outro apenas 12. Em média a razão de meninos para meninas
ao nível-p 0,05, mesmo que os valores das variáveis sejam nascidos a cada dia em cada hospital é de 50/50. Contudo, certo
totalmente aleatórios, e aquelas variáveis não se correlacionem dia, em um dos hospitais nasceram duas vezes mais meninas do
na população. Alguns métodos estatísticos que envolvem muitas que meninos. Em que hospital isso provavelmente aconteceu?
comparações, e portanto uma boa chance para tais erros, incluem A resposta é óbvia para um estatístico, mas não tão óbvia para
alguma “correção” ou ajuste para o número total de comparações. os leigos: é muito mais provável que tal fato tenha ocorrido no
Entretanto, muitos métodos estatísticos (especialmente análises hospital menor. A razão para isso é que a probabilidade de um
exploratórias simples de dados) não oferecem nenhum remédio desvio aleatório da média da população aumenta com a diminuição
direto para este problema. Cabe então ao pesquisador avaliar do tamanho da amostra (e diminui com o aumento do tamanho da
cuidadosamente a confiabilidade de descobertas não esperadas. amostra).

Didatismo e Conhecimento 49
RACIOCÍNIO LÓGICO
Por que pequenas relações podem ser provadas como tais avaliações é observar quão diferenciados são os valores das
significantes apenas por grandes amostras: Os exemplos dos variáveis, e então calcular qual parte desta “diferença global
parágrafos anteriores indicam que se um relacionamento entre disponível” seria detectada na ocasião se aquela diferença fosse
as variáveis em questão (na população) é pequeno, então não “comum” (fosse apenas devida à relação entre as variáveis) nas
há meio de identificar tal relação em um estudo a não ser que a duas (ou mais) variáveis em questão. Falando menos tecnicamente,
amostra seja correspondentemente grande. Mesmo que a amostra compara-se “o que é comum naquelas variáveis” com “o que
seja de fato “perfeitamente representativa” da população o efeito potencialmente poderia haver em comum se as variáveis fossem
não será estatisticamente significante se a amostra for pequena. perfeitamente relacionadas”. Outro exemplo:
Analogamente, se a relação em questão é muito grande na Em uma amostra o índice médio de WCC é igual a 100 em
população então poderá ser constatada como altamente significante homens e 102 em mulheres. Assim, poderia-se dizer que, em
mesmo em um estudo baseado em uma pequena amostra. Mais um média, o desvio de cada valor da média de ambos (101) contém
exemplo: uma componente devida ao sexo do sujeito, e o tamanho desta
Se uma moeda é ligeiramente viciada, de tal forma que componente é 1. Este valor, em certo sentido, representa uma
quando lançada é ligeiramente mais provável que ocorram caras medida da relação entre sexo e WCC. Contudo, este valor é uma
do que coroas (por exemplo uma proporção 60% para 40%). Então medida muito pobre, porque não diz quão relativamente grande é
dez lançamentos não seriam suficientes para convencer alguém de aquela componente em relação à “diferença global” dos valores de
que a moeda é viciada, mesmo que o resultado obtido (6 caras WCC. Há duas possibilidades extremas: S
e 4 coroas) seja perfeitamente representativo do viesamento da - Se todos os valore de WCC de homens são exatamente
moeda. Entretanto, dez lançamentos não são suficientes para iguais a 100 e os das mulheres iguais a 102 então todos os desvios
provar nada? Não, se o efeito em questão for grande o bastante, os da média conjunta na amostra seriam inteiramente causados pelo
dez lançamentos serão suficientes. Por exemplo, imagine-se que a sexo. Poderia-se dizer que nesta amostra sexo é perfeitamente
moeda seja tão viciada que não importe como venha a ser lançada correlacionado a WCC, ou seja, 100% das diferenças observadas
o resultado será cara. Se tal moeda fosse lançada dez vezes, e cada entre os sujeitos relativas a suas WCC’s devem-se a seu sexo.
lançamento produzisse caras, muitas pessoas considerariam isso - Se todos os valores de WCC estão em um intervalo de 0 a
prova suficiente de que há “algo errado” com a moeda. Em outras 1000, a mesma diferença (de 2) entre a WCC média de homens
palavras, seria considerada prova convincente de que a população e mulheres encontrada no estudo seria uma parte tão pequena
teórica de um número infinito de lançamentos desta moeda teria na diferença global dos valores que muito provavelmente seria
mais caras do que coroas. Assim, se a relação é grande, então considerada desprezível. Por exemplo, um sujeito a mais que
poderá ser considerada significante mesmo em uma pequena fosse considerado poderia mudar, ou mesmo reverter, a direção da
amostra. diferença. Portanto, toda boa medida das relações entre variáveis
tem que levar em conta a diferenciação global dos valores
Pode uma “relação inexistente” ser um resultado individuais na amostra e avaliar a relação em termos (relativos) de
significante: Quanto menor a relação entre as variáveis maior quanto desta diferenciação se deve à relação em questão.
o tamanho de amostra necessário para prová-la significante. Por
exemplo, imagine-se quantos lançamentos seriam necessários para “Formato geral” de muitos testes estatísticos: Como o
provar que uma moeda é viciada se seu viesamento for de apenas objetivo principal de muitos testes estatísticos é avaliar relações
0,000001 %! Então, o tamanho mínimo de amostra necessário entre variáveis, muitos desses testes seguem o princípio exposto no
cresce na mesma proporção em que a magnitude do efeito a ser item anterior. Tecnicamente, eles representam uma razão de alguma
demonstrado decresce. Quando a magnitude do efeito aproxima-se medida da diferenciação comum nas variáveis em análise (devido
de zero, o tamanho de amostra necessário para prová-lo aproxima- à sua relação) pela diferenciação global daquelas variáveis. Por
se do infinito. Isso quer dizer que, se quase não há relação entre duas exemplo, teria-se uma razão da parte da diferenciação global dos
variáveis o tamanho da amostra precisa quase ser igual ao tamanho valores de WCC que podem se dever ao sexo pela diferenciação
da população, que teoricamente é considerado infinitamente global dos valores de WCC. Esta razão é usualmente chamada
grande. A significância estatística representa a probabilidade de de razão da variação explicada pela variação total. Em estatística
que um resultado similar seja obtido se toda a população fosse o termo variação explicada não implica necessariamente que tal
testada. Assim, qualquer coisa que fosse encontrada após testar variação é “compreendida conceitualmente”. O termo é usado
toda a população seria, por definição, significante ao mais alto apenas para denotar a variação comum às variáveis em questão, ou
nível possível, e isso também inclui todos os resultados de “relação seja, a parte da variação de uma variável que é “explicada” pelos
inexistente”. valores específicos da outra variável e vice-versa.

Como medir a magnitude (força) das relações entre Como é calculado o nível de significância estatístico:
variáveis: Há muitas medidas da magnitude do relacionamento Assuma-se que já tenha sido calculada uma medida da relação entre
entre variáveis que foram desenvolvidas por estatísticos: a escolha duas variáveis (como explicado acima). A próxima questão é “quão
de uma medida específica em dadas circunstâncias depende do significante é esta relação”? Por exemplo, 40% da variação global
número de variáveis envolvidas, níveis de mensuração usados, ser explicada pela relação entre duas variáveis é suficiente para
natureza das relações, etc. Quase todas, porém, seguem um considerar a relação significante? “Depende”. Especificamente,
princípio geral: elas procuram avaliar a relação comparando-a de a significância depende principalmente do tamanho da amostra.
alguma forma com a “máxima relação imaginável” entre aquelas Como já foi explicado, em amostras muito grandes mesmo relações
variáveis específicas. Tecnicamente, um modo comum de realizar muito pequenas entre variáveis serão significantes, enquanto que

Didatismo e Conhecimento 50
RACIOCÍNIO LÓGICO
em amostras muito pequenas mesmo relações muito grandes não obter “por acaso” resultados representando vários níveis de desvio
poderão ser consideradas confiáveis (significantes). Assim, para da hipotética média populacional 0 (zero). Se tal probabilidade
determinar o nível de significância estatística torna-se necessária calculada é tão pequena que satisfaz ao critério previamente aceito
uma função que represente o relacionamento entre “magnitude” e de significância estatística, então pode-se concluir que o resultado
“significância” das relações entre duas variáveis, dependendo do obtido produz uma melhor aproximação do que está acontecendo
tamanho da amostra. Tal função diria exatamente “quão provável é na população do que a “hipótese nula”. Lembrando ainda que
obter uma relação de dada magnitude (ou maior) de uma amostra
a hipótese nula foi considerada apenas por “razões técnicas”
de dado tamanho, assumindo que não há tal relação entre aquelas
como uma referência contra a qual o resultado empírico (dos
variáveis na população”. Em outras palavras, aquela função
forneceria o nível de significância (nível-p), e isso permitiria experimentos) foi avaliado.
conhecer a probabilidade de erro envolvida em rejeitar a ideia de
que a relação em questão não existe na população. Esta hipótese Todos os testes estatísticos são normalmente distribuídos:
“alternativa” (de que não há relação na população) é usualmente Não todos, mas muitos são ou baseados na distribuição normal
chamada de hipótese nula. Seria ideal se a função de probabilidade diretamente ou em distribuições a ela relacionadas, e que podem ser
fosse linear, e por exemplo, apenas tivesse diferentes inclinações derivadas da normal, como as distribuições t, F ou Chi-quadrado
para diferentes tamanhos de amostra. Infelizmente, a função é (Qui-quadrado). Tipicamente, estes testes requerem que as
mais complexa, e não é sempre exatamente a mesma. Entretanto, variáveis analisadas sejam normalmente distribuídas na população,
em muitos casos, sua forma é conhecida e isso pode ser usado para ou seja, que elas atendam à “suposição de normalidade”. Muitas
determinar os níveis de significância para os resultados obtidos variáveis observadas realmente são normalmente distribuídas, o
em amostras de certo tamanho. Muitas daquelas funções são que é outra razão por que a distribuição normal representa uma
relacionadas a um tipo geral de função que é chamada de normal “característica geral” da realidade empírica. O problema pode
(ou gaussiana).
surgir quando se tenta usar um teste baseado na distribuição
normal para analisar dados de variáveis que não são normalmente
Por que a distribuição normal é importante: A “distribuição
normal” é importante porque em muitos casos ela se aproxima bem distribuídas. Em tais casos há duas opções. Primeiramente, pode-
da função introduzida no item anterior. A distribuição de muitas se usar algum teste “não paramétrico” alternativo (ou teste “livre
estatísticas de teste é normal ou segue alguma forma que pode ser de distribuição”); mas isso é frequentemente inconveniente porque
derivada da distribuição normal. Neste sentido, filosoficamente, tais testes são tipicamente menos poderosos e menos flexíveis em
a distribuição normal representa uma das elementares “verdades termos dos tipos de conclusões que eles podem proporcionar.
acerca da natureza geral da realidade”, verificada empiricamente, Alternativamente, em muitos casos ainda se pode usar um teste
e seu status pode ser comparado a uma das leis fundamentais baseado na distribuição normal se apenas houver certeza de que
das ciências naturais. A forma exata da distribuição normal (a o tamanho das amostras é suficientemente grande. Esta última
característica “curva do sino”) é definida por uma função que tem opção é baseada em um princípio extremamente importante que
apenas dois parâmetros: média e desvio padrão. é largamente responsável pela popularidade dos testes baseados
Uma propriedade característica da distribuição normal é que na distribuição normal. Nominalmente, quanto mais o tamanho
68% de todas as suas observações caem dentro de um intervalo da amostra aumente, mais a forma da distribuição amostral (a
de 1 desvio padrão da média, um intervalo de 2 desvios padrões
distribuição de uma estatística da amostra) da média aproxima-
inclui 95% dos valores, e 99% das observações caem dentro de
se da forma da normal, mesmo que a distribuição da variável em
um intervalo de 3 desvios padrões da média. Em outras palavras,
em uma distribuição normal as observações que tem um valor questão não seja normal. Este princípio é chamado de Teorema
padronizado de menos do que -2 ou mais do que +2 tem uma Central do Limite.
frequência relativa de 5% ou menos (valor padronizado significa
que um valor é expresso em termos de sua diferença em relação à Como se conhece as consequências de violar a suposição de
normalidade: Embora muitas das declarações feitas anteriormente
média, dividida pelo desvio padrão).
possam ser provadas matematicamente, algumas não têm provas
teóricas e podem demonstradas apenas empiricamente via
Ilustração de como a distribuição normal é usada em experimentos Monte Carlo (simulações usando geração aleatória
raciocínio estatístico (indução): Retomando o exemplo já de números). Nestes experimentos grandes números de amostras
discutido, onde pares de amostras de homens e mulheres foram são geradas por um computador seguindo especificações pré-
retirados de uma população em que o valor médio de WCC em designadas e os resultados de tais amostras são analisados usando
homens e mulheres era exatamente o mesmo. Embora o resultado uma grande variedade de testes. Este é o modo empírico de avaliar
mais provável para tais experimentos (um par de amostras por o tipo e magnitude dos erros ou viesamentos a que se expõe o
experimento) é que a diferença entre a WCC média em homens pesquisador quando certas suposições teóricas dos testes usados
e mulheres em cada par seja próxima de zero, de vez em quando não são verificadas nos dados sob análise. Especificamente, os
um par de amostras apresentará uma diferença substancialmente estudos de Monte Carlo foram usados extensivamente com testes
diferente de zero. Quão frequentemente isso ocorre? Se o tamanho baseados na distribuição normal para determinar quão sensíveis
da amostra é grande o bastante, os resultados de tais repetições eles eram à violações da suposição de que as variáveis analisadas
tinham distribuição normal na população. A conclusão geral destes
são “normalmente distribuídos”, e assim, conhecendo a forma da
estudos é que as consequências de tais violações são menos severas
curva normal pode-se calcular precisamente a probabilidade de
do que se tinha pensado a princípio. Embora estas conclusões não

Didatismo e Conhecimento 51
RACIOCÍNIO LÓGICO
devam desencorajar ninguém de se preocupar com a suposição x1; x2 ; x3;...; xn
de normalidade, elas aumentaram a popularidade geral dos testes x=
estatísticos dependentes da distribuição normal em todas as áreas n
de pesquisa.
Conclusão
Objeto da Estatística: Estatística é uma ciência exata que
visa fornecer subsídios ao analista para coletar, organizar, resumir, A média aritmética dos n elementos do conjunto numérico A é
analisar e apresentar dados. Trata de parâmetros extraídos da a soma de todos os seus elementos, dividida por n.
população, tais como média ou desvio padrão. A estatística
fornece-nos as técnicas para extrair informação de dados, os Exemplo
quais são muitas vezes incompletos, na medida em que nos dão
informação útil sobre o problema em estudo, sendo assim, é Calcular a média aritmética entre os números 3, 4, 6, 9, e 13.
objetivo da Estatística extrair informação dos dados para obter uma
melhor compreensão das situações que representam. Quando se
Resolução
aborda uma problemática envolvendo métodos estatísticos, estes
devem ser utilizados mesmo antes de se recolher a amostra, isto
é, deve-se planejar a experiência que nos vai permitir recolher os Se x for a média aritmética dos elementos do conjunto (3, 4, 6,
dados, de modo que, posteriormente, se possa extrair o máximo de 9, 13), então x será a soma dos 5 elementos, dividida por 5. Assim:
informação relevante para o problema em estudo, ou seja, para a 3 + 4 + 6 + 9 + 13 35
população de onde os dados provêm. Quando de posse dos dados, x= ↔x= ↔x=7
procura-se agrupá-los e reduzi-los, sob forma de amostra, deixando 15 5
de lado a aleatoriedade presente. Seguidamente o objetivo do
estudo estatístico pode ser o de estimar uma quantidade ou testar A média aritmética é 7.
uma hipótese, utilizando-se técnicas estatísticas convenientes,
as quais realçam toda a potencialidade da Estatística, na medida Média Aritmética Ponderada
em que vão permitir tirar conclusões acerca de uma população,
baseando-se numa pequena amostra, dando-nos ainda uma medida Definição
do erro cometido.
Exemplo: Ao chegarmos a uma churrascaria, não precisamos A média dos elementos do conjunto numérico A relativa à
comer todos os tipos de saladas, de sobremesas e de carnes adição e na qual cada elemento tem um “determinado peso” é
disponíveis, para conseguirmos chegar a conclusão de que a chamada média aritmética ponderada.
comida é de boa qualidade. Basta que seja provado um tipo de
cada opção para concluirmos que estamos sendo bem servidos e
que a comida está dentro dos padrões. Cálculo da média aritmética ponderada

Médias Se x for a média aritmética ponderada dos elementos do


conjunto numérico A = {x1; x2; x3; ...; xn} com “pesos” P1; P2; P3;
Noção Geral de Média ...; Pn, respectivamente, então, por definição:

Considere um conjunto numérico A = {x1; x2; x3; ...; xn} e P1 . x + P2 . x + P3 . x + ... + Pn . x =


efetue uma certa operação com todos os elementos de A. = P1 . x1 + P2 . x2 + P3 . x3 + ... + Pn . xn
Se for possível substituir cada um dos elementos do conjunto A (P1 + P2 + P3 + ... + Pn) . x =
por um número x de modo que o resultado da operação citada seja = P1 . x1 + P2 . x2 + P3 . x3 + ... + Pn . xn e, portanto,
o mesmo diz-se, por definição, que x será a média dos elementos
de A relativa a essa operação. P1 .x1; P2 .x2 ; P3 .x3;...Pn xn
Média Aritmética x=
P1 + P2 + P3 + ...+ Pn
Definição Observe que se P1 = P2 = P3 = ... = Pn = 1, então:
x1; x2 ; x3;...; xn que é a média aritmética simples.
A média dos elementos do conjunto numérico A relativa à x=
adição é chamada média aritmética. n

Cálculo da média aritmética Conclusão

Se x for a média aritmética dos elementos do conjunto A média aritmética ponderada dos n elementos do conjunto
numérico A = {x1; x2; x3; ...; xn}, então, por definição: numérico A é a soma dos produtos de cada elemento multiplicado
pelo respectivo peso, dividida pela soma dos pesos.

Exemplo
n parcelas
e, portanto, Calcular a média aritmética ponderada dos números 35, 20 e
10 com pesos 2, 3, e 5, respectivamente.

Didatismo e Conhecimento 52
RACIOCÍNIO LÓGICO
Resolução Solução:
M.A. ( 2 e 8 ) = 2 + 8 / 2 = 10 / 2 = 5 → M.A. ( 2 e 8 ) = 5.
Se x for a média aritmética ponderada, então:
2) Resposta “6”.
2.35 + 3.20 + 5.10 70 + 60 + 50 180 Solução:
x= ↔x= ↔x= ↔ x = 18
2 + 3+ 5 10 10 M.A. ( 3, 5 e 10 ) = 3 + 5 + 10 / 3 = 18 / 3 = 6 → M.A. ( 3, 5
e 10 ) = 6.
A média aritmética ponderada é 18.
3) Resposta “10”.
Observação: A palavra média, sem especificar se é aritmética, Solução: Para resolver esse exercício basta fazer a soma dos
deve ser entendida como média aritmética. números e dividi-los por quatro, que é a quantidade de números,
portanto:
Exercícios 11+ 7 + 13 + 9 40
M .A = = = 10
4 4
1. Determine a média aritmética entre 2 e 8.
Logo, a média aritmética é 10.
2. Determine a média aritmética entre 3, 5 e 10.
4) Resposta “164”.
3. Qual é a média aritmética simples dos números 11, 7, 13 Solução: Quando falamos de média aritmética simples, ao di-
e 9? minuirmos um dos valores que a compõe, precisamos aumentar
a mesma quantidade em outro valor, ou distribuí-la entre vários
4. A média aritmética simples de 4 números pares distintos, outros valores, de sorte que a soma total não se altere, se quisermos
pertences ao conjunto dos números inteiros não nulos é igual a obter a mesma média.
44. Qual é o maior valor que um desses números pode ter? Neste exercício, três dos elementos devem ter o menor valor
possível, de sorte que o quarto elemento tenha o maior valor dentre
5. Calcule a média aritmética simples em cada um dos seguin- eles, tal que a média aritmética seja igual a 44. Este será o maior
tes casos: valor que o quarto elemento poderá assumir.
a) 15; 48; 36 Em função do enunciado, os três menores valores inteiros, pa-
b) 80; 71; 95; 100 res, distintos e não nulos são:2, 4 e 6. Identificando como x este
c) 59; 84; 37; 62; 10 quarto valor, vamos montar a seguinte equação:
d) 1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9 2+4+6+x
= 44
6. Qual é a média aritmética ponderada dos números 10, 14, 4
18 e 30 sabendo-se que os seus pesos são respectivamente 1, 2, 3 Solucionando-a temos:
e 5?
Logo, o maior valor que um desses números pode ter é 164.
7. Calcular a média ponderada entre 3, 6 e 8 para os respecti-
vos pesos 5 , 3 e 2. 5) Solução:
a) (15 + 48 + 36)/3 =
99/3 = 33
8. Numa turma de 8ª série 10 alunos possuem 14 anos, 12
alunos possuem 15 anos e oito deles 16 anos de idade. Qual será
b) (80 + 71 + 95 + 100)/4=
a idade média dessa turma?
346/4 = 86,5
c) (59 + 84 + 37 + 62 + 10)/5=
9. Determine a média salarial de uma empresa, cuja folha de = 252/5
pagamento é assim discriminada: = 50,4

Profissionais → Quantidade → Salário d) (1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 + 8 + 9)/9=


Serventes → 20 profissionais → R$ 320,00 45/9 =
=5
Técnicos → 10 profissionais → R$ 840,00
Engenheiros → 5 profissionais → R$ 1.600,00 6) Resposta “22”.
Solução: Neste caso a solução consiste em multiplicarmos
10. Calcule a média ponderada entre 5, 10 e 15 para os respec- cada número pelo seu respectivo peso e somarmos todos estes pro-
tivos pesos 10, 5 e 20. dutos. Este total deve ser então dividido pela soma total dos pesos:
10.1+ 14.2 + 18.3 + 30.5 10 + 28 + 54 + 150 242
Respostas = = = 22
1+ 2 + 3 + 5 11 11
1) Resposta “5”.

Didatismo e Conhecimento 53
RACIOCÍNIO LÓGICO
Logo, a média aritmética ponderada é 22.
7.63 ⇒ 441 ⇒ 21
7) Resposta “4,9”.
Solução: Variações Percentuais em Sequência
3.5 + 6.3 + 8.2 15 + 18 + 16 49
MP = = = = 4,9 Outra utilização para este tipo de média é quando estamos tra-
5 + 3+ 2 10 10 balhando com variações percentuais em sequência.
8) Resposta “ ±14,93 ” Exemplo
Solução:
14.10 + 15.12 + 16.8 140 + 180 + 128 448 Digamos que uma categoria de operários tenha um aumento
MP = = = = ±14,93 salarial de  20%  após um mês,  12%  após dois meses e  7%  após
10 + 12 + 8 30 30
três meses. Qual o percentual médio mensal de aumento desta ca-
tegoria?
9) Resposta “ ≅ R$651, 43 ”
Solução: Estamos diante de um problema de média aritmética
ponderada, onde as quantidades de profissionais serão os pesos. E Sabemos que para acumularmos um aumento
com isso calcularemos a média ponderada entre R$ 320,00 , R$ de  20%,  12%  e  7%  sobre o valor de um salário, devemos
840,00 e R$ 1 600,00 e seus respectivos pesos 20 , 10 e 5. Portanto: multiplicá-lo sucessivamente por  1,2,  1,12  e 1,07  que são os
fatores correspondentes a tais percentuais.
320.20 + 840.10 + 1600.5 22.800 A partir dai podemos calcular a média geométrica destes
MP = = ≅ R$651, 43
20 + 10 + 5 35 fatores:
3
1,2.1,12.1,07 ⇒ 3 1, 43808 ⇒ 1,128741
10) Resposta “11,42”.
Solução:
Como sabemos, um fator de  1, 128741  corresponde a  12,
5.10 + 10.5 + 15.20 50 + 50 + 300 400
MP = = = = 11, 42 8741% de aumento.
10 + 5 + 20 35 35 Este é o valor percentual médio mensal do aumento salarial,
ou seja, se aplicarmos três vezes consecutivas o percentual  12,
Média Geométrica 8741%, no final teremos o mesmo resultado que se tivéssemos
aplicado os percentuais 20%, 12% e 7%.
Este tipo de média é calculado multiplicando-se todos os valo-
res e extraindo-se a raiz de índice n deste produto. Digamos que o salário desta categoria de operários seja
Digamos que tenhamos os números 4, 6 e 9, para obtermos o de R$ 1.000,00, aplicando-se os sucessivos aumentos temos:
valor médio geométrico deste conjunto, multiplicamos os elemen-
tos e obtemos o produto 216.
Salário +% Salário Salário +% Salário
Pegamos então este produto e extraímos a sua raiz cúbica,
Inicial Informado final inicial médio final
chegando ao valor médio 6.
Extraímos a raiz cúbica, pois o conjunto é composto de 3 ele- R$
20%
R$ R$
12, 8417
R$
mentos. Se fossem n elementos, extrairíamos a raiz de índice n. 1.000,00 1.200,00 1.000,00 1.128,74
R$ R$ R$ R$
Neste exemplo teríamos a seguinte solução: 12% 12, 8417
1.200,00 1.334,00 1.287,74 1.274,06
3
4.6.9 ⇒ 3 216 ⇒ 6 R$ R$ R$ R$
7% 12, 8417
1.334,00 1.438,00 1.274,06 1.438,08

Utilidades da Média Geométrica


Observe que o resultado final de R$ 1.438,08 é o mesmo nos
dois casos. Se tivéssemos utilizado a média aritmética no lugar da
Progressão Geométrica
média geométrica, os valores finais seriam distintos, pois a média
aritmética de 13% resultaria em um salário final de R$ 1.442,90,
Uma das utilizações deste tipo de média é na definição de uma
ligeiramente maior como já era esperado, já que o percentual
progressão geométrica que diz que em toda PG., qualquer termo
de 13% utilizado é ligeiramente maior que os 12, 8417% da média
é média geométrica entre o seu antecedente e o seu consequente:
geométrica.
an = an−1 .an+1
Cálculo da Média Geométrica
Tomemos como exemplo três termos consecutivos de uma
PG.: 7, 21 e 63.
Em uma fórmula: a média geométrica de a1, a2, ..., an é
Temos então que o termo 21 é média geométrica dos termos 1/n
7 e 63. ⎛ n ⎞
⎜⎝ ∏ ai ⎟⎠ = (a1 .a2 ...an )1/n = n a1 .a2 ...an
i=1
Vejamos:

Didatismo e Conhecimento 54
RACIOCÍNIO LÓGICO
A média geométrica de um conjunto de números é sempre
menor ou igual à  média aritmética  dos membros desse conjunto
(as duas médias são iguais se e somente se todos os membros do
conjunto são iguais). Isso permite a definição da média aritmética
geométrica, uma mistura das duas que sempre tem um valor inter-
mediário às duas.
A média geométrica é também a média aritmética harmôni-
ca no sentido que, se duas sequências (an) e (hn) são definidas:
Dessa junção aparecerá um novo segmento AC. Obtenha o
a +h x+y ponto médio O deste segmento e com um compasso centrado em
an+1 = n n ,a1 =
2 2 O e raio OA, trace uma semi-circunferência começando em A e
terminando em C. O segmento vertical traçado para cima a partir
de B encontrará o ponto D na semi-circunferência. A medida do
E
segmento BD corresponde à média geométrica das medidas dos
2 2 segmentos AB e BC.
hn+1 = ,h =
1 1 1 1 1
+ +
an hn x y Exercícios
então an e hn convergem para a média geométrica de x e y. 1. Determine a média proporcional ou geométrica entre 2 e 8.
Cálculo da Media Geométrica Triangular 2. Determine a média geométrica entre 1, 2 e 4.
Bom primeiro observamos o mapa e somamos as áreas dos 3. Determine a média geométrica entre dois números sabendo
quadrados catetos e dividimos pela hipotenusa e no final pegamos que a média aritmética e a média harmônica entre eles são, respec-
a soma dos ângulos subtraindo o que esta entre os catetos e dividi- tivamente, iguais a 4 e 9.
mos por PI(3,1415...) assim descobrimos a media geométrica dos
triângulos. 4. A média geométrica entre 3 números é 4. Quanto devo
multiplicar um desses números para que a média aumente 2 uni-
Exemplo dades ?

A média geométrica entre os números 12, 64, 126 e 345, é 5. Qual é a média geométrica dos números 2, 4, 8, 16 e 32?
dada por:
6. Dados dois números quaisquer, a média aritmética simples
G = R4[12 ×64×126×345] = 76,013 e a média geométrica deles são respectivamente 20 e 20,5. Quais
são estes dois números?
Aplicação Prática
7. A média geométrica entre dois números é igual a 6. Se a eles
Dentre todos os retângulos com a área igual a 64 cm², qual juntarmos o número 48, qual será a média geométrica entre estes
é o retângulo cujo perímetro é o menor possível, isto é, o mais três números?
econômico? A resposta a este tipo de questão é dada pela média
8. Calcule a média geométrica entre 4 e 9.
geométrica entre as medidas do comprimento a e da largura b, uma
vez que a.b = 64.
9. Calcule a média geométrica entre 3, 3, 9 e 81
A média geométrica G entre a e b fornece a medida desejada. 10. Calcule a média geométrica entre 1, 1, 1, 32 e 234.
G = R[a × b] = R[64] = 8 Respostas
Resposta
1) Resposta “4”.
É o retângulo cujo comprimento mede 8 cm e é lógico que
Solução:
a altura também mede 8 cm, logo só pode ser um quadrado! O
perímetro neste caso é p = 32 cm. Em qualquer outra situação em M .G.(2e8) = 2 2 × 8 = 16 = 4 ⇒ M .G.(2e8) = 4
que as medidas dos comprimentos forem diferentes das alturas,
teremos perímetros maiores do que 32 cm.
2) Resposta “2”.
Solução:
Interpretação gráfica
M .G.(1,2e4) = 3 1× 2 × 4 = 3 8 = 2 ⇒ M .G.(1,2e4) = 2
A média geométrica entre dois segmentos de reta pode ser
obtida geometricamente de uma forma bastante simples.
Sejam AB e BC segmentos de reta. Trace um segmento de reta Observação: O termo média proporcional deve ser, apenas,
que contenha a junção dos segmentos AB e BC, de forma que eles utilizado para a média geométrica entre dois números.
formem segmentos consecutivos sobre a mesma reta.
3) Resposta “6”.

Didatismo e Conhecimento 55
RACIOCÍNIO LÓGICO
Solução: Aplicando a relação: g2 = a.h, teremos: Agora para que possamos solucionar a segunda equação, é ne-
cessário que fiquemos com apenas uma variável na mesma. Para
g2 = 4.9 → g2 = 36 → g = 6 → MG. (4, 9) = 6. conseguirmos isto iremos substituir a por 41 - b:

( ) = 20
27 2
4) Resposta “ ” a.b = 20 ⇒ (41− b).b = 20 ⇒ 41b − b 2 2
8
Solução: Se a média geométrica entre 3 números é 4, pode- ⇒ 41b − b 2 = 400 ⇒ −b 2 + 41b − 400 = 0
mos escrever:
M .G. = 3 x.y.z ⇒ 4 = 3 x.y.z ⇒ x.y.z = 64 Note que acabamos obtendo uma equação do segundo grau:

Se multiplicarmos um deles por m, a nova média será: -b2 + 41b - 400 = 0

4 + 2 = 3 x.y.z.m ⇒ 6 = 3 x.y.z.m ⇒ x.y.z.m = 216 Solucionando a mesma temos:


216 27
e como x . y . z = 64 → 64 . m = 216 → m = =
64 8
−41 ± 412 − 4.(−1).(−400)
5) Resposta “8”. −b 2 + 41b − 400 = 0 ⇒ b =
Solução: Se dispusermos de uma calculadora científica, este 2.(−1)
exercício pode ser solucionado multiplicando-se todos os números ⎧ −41+ 81 −41+ 9 −32
e extraindo-se do produto final, a raiz de índice cinco, pois se tra- ⎪⎪b1 = ⇒ b1 = ⇒ b1 = ⇒ b1 = 16
tam de cinco números: −2 −2 −2
⇒⎨
⎪b = −41− 81 ⇒ b = −41+ 9 ⇒ b = −50 ⇒ b = 25
5
2.4.8.16.32 ⇒ 5 32768 ⇒ 8 ⎪⎩ 2 −2 −2 −2
2 2 2

Se não dispusermos de uma calculadora científica esta solução


ficaria meio inviável, pois como iríamos extrair tal raiz, isto sem O número b pode assumir, portanto os valores 16 e 25. É de
contar na dificuldade em realizarmos as multiplicações? se esperar, portanto que quando b for igual a 16, que a seja igual
a 25 e quando b for igual a 25, que a seja igual a 16. Vamos con-
Repare que todos os números são potência de 2, podemos en- ferir.
tão escrever:
Sabemos que a = 41 - b, portanto atribuindo a b um de seus
5
2.4.8.16.32 ⇒ 5 2.2 2.2 3.2 4.2 5 possíveis valores, iremos encontrar o valor de a.

Como dentro do radical temos um produto de potências de Para b = 16 temos:


mesma base, somando-se os expoentes temos:
5
2.2 2.2 3.2 4.2 5 ⇒ 5 215 a = 41 - b ⇒ 41 - 16 ⇒ a = 25

Finalmente dividindo-se o índice e o expoente por 5 e resol- Para b = 25 temos:


vendo a potência resultante:
a = 41 - b ⇒ a = 41 - 25 ⇒ a = 16
5
215 ⇒ 1 2 3 ⇒ 2 3 ⇒ 8
Logo, os dois números são 16, 25.
Logo, a média geométrica deste conjunto é 8.
6) Resposta “16, 25”. 7) Resposta “12”.
Solução: Chamemos de  a  e  b  estes dois números. A média Solução: Se chamarmos de P o produto destes dois números,
aritmética deles pode ser expressa como: a partir do que foi dito no enunciado podemos montar a seguinte
equação:
a+b
= 20,5
2 P =6

Já média geométrica pode ser expressa como: Elevando ambos os membros desta equação ao quadrado, ire-
mos obter o valor numérico do produto destes dois números:
a.b = 20 2
P = 6 ⇒ ( P) = 6 2 ⇒ P = 36
Vamos isolar a na primeira equação:
a+b Agora que sabemos que o produto de um número pelo outro
= 20,5 ⇒ a + b = 20,5.2 ⇒ a = 41− b é igual 36, resta-nos multiplicá-lo por 48 e extraímos a raiz cúbica
2 deste novo produto para encontrarmos a média desejada:

Didatismo e Conhecimento 56
RACIOCÍNIO LÓGICO

M = 3 36.48 ⇒ M = 3 (2 2.32 ).(2 4.3) ⇒ M = 3 2 6.33


⇒ M = 2 2.3 ⇒ M = 4.3 ⇒ M = 12

Note que para facilitar a extração da raiz cúbica, realizamos


a decomposição dos números 36 e 48 em fatores primos. Acesse
a página decomposição de um número natural em fatores primos
para maiores informações sobre este assunto.
Como medida de localização, a mediana é mais robusta do
que a média, pois não é tão sensível aos dados. Consideremos o
Logo, ao juntarmos o número 48 aos dois números iniciais, a seguinte exemplo: um aluno do 10º ano obteve as seguintes notas:
média geométrica passará a ser 12. 10, 10, 10, 11, 11, 11, 11, 12. A média e a mediana da amostra
anterior são respectivamente.
8) Resposta “6”.
Solução: G = 2 4.9 = 6
=10.75 e =11
9) Resposta “9”.
Solução: G = 4 3.3.9.81 = 9

10) Resposta “6”.


Solução: G = 5 1.1.1.32.243 = 6 Admitamos que uma das notas de 10 foi substituída por uma
de 18. Neste caso a mediana continuaria a ser igual a 11, enquanto
Mediana, Moda e Quartis que a média subiria para 11.75.

Mediana: é o valor que tem tantos dados antes dele, como


depois dele. Para se medir a mediana, os valores devem estar por
ordem crescente ou decrescente. No caso do número de dados Média e Mediana: Se se representarmos os elementos da
ser ímpar, existe um e só um valor central que é a mediana. Se amostra ordenada com a seguinte notação: X1:n, X2:n, ..., Xn: “n”
então uma expressão para o cálculo da mediana será:
o número de dados é par, toma-se a média aritmética dos dois
Como medida de localização, a mediana é mais robusta do
valores centrais para a mediana.
que a média, pois não é tão sensível aos dados.
É uma medida de localização do centro da distribuição dos - Quando a distribuição é simétrica, a média e a mediana
dados, definida do seguinte modo:  Ordenados os elementos da coincidem.
amostra, a mediana é o valor (pertencente ou não à amostra) que a - A mediana não é tão sensível, como a média, às observações
divide ao meio, isto é, 50% dos elementos da amostra são menores que são muito maiores ou muito menores do que as restantes
ou iguais à mediana e os outros 50% são maiores ou iguais à (outliers). Por outro lado a média reflete o valor de todas as
mediana.  observações.
Para a sua determinação utiliza-se a seguinte regra, depois de A média ao contrário da mediana, é uma medida muito
ordenada a amostra de n elementos: Se n é ímpar, a mediana é o influenciada por valores “muito grandes” ou “muito pequenos”,
elemento médio.  Se n é par, a mediana é a semi-soma dos dois mesmo que estes valores surjam em pequeno número na amostra.
elementos médios. Estes valores são os responsáveis pela má utilização da média em
A mediana, m, é uma medida de localização do centro da muitas situações em que teria mais significado utilizar a mediana.
A partir do exposto, deduzimos que se a distribuição dos
distribuição dos dados, definida do seguinte modo:
dados:
Ordenados os elementos da amostra, a mediana é o valor
- for aproximadamente simétrica, a média aproxima-se da
(pertencente ou não à amostra) que a divide ao meio, isto é, 50%
mediana.
dos elementos da amostra são menores ou iguais à mediana e os
- for enviesada para a direita (alguns valores grandes como
outros 50% são maiores ou iguais à mediana.
“outliers”), a média tende a ser maior que a mediana.
Para a sua determinação utiliza-se a seguinte regra, depois de
- for enviesada para a esquerda (alguns valores pequenos
ordenada a amostra de n elementos:
como “outliers”), a média tende a ser inferior à mediana.
- Se n é ímpar, a mediana é o elemento médio.
- Se n é par, a mediana é a semi-soma dos dois elementos
médios.

Se se representarem os elementos da amostra ordenada com


a seguinte notação: X1:n, X2:n, ..., Xn:n; então uma expressão para o
cálculo da mediana será:

Didatismo e Conhecimento 57
RACIOCÍNIO LÓGICO
Vejamos de uma outra forma: Sabes, quando a distribuição
dos dados é simétrica ou aproximadamente simétrica, as medidas
de localização do centro da amostra (média e mediana) coincidem
ou são muito semelhantes. O mesmo não se passa quando a
distribuição dos dados é assimétrica, fato que se prende com a
pouca resistência da média.

Representando as distribuições dos dados (esta observação é


válida para as representações gráficas na forma de diagramas de
barras ou de histograma) na forma de uma mancha, temos, de um
modo geral:
Dado um histograma é fácil obter a posição da mediana, pois
esta está na posição em que passando uma linha vertical por esse
ponto o histograma fica dividido em duas partes com áreas iguais.

Moda: é o valor que ocorre mais vezes numa distribuição, ou


seja, é o de maior efetivo e, portanto, de maior frequência. Define-
se moda como sendo: o valor que surge com mais frequência se os
dados são discretos, ou, o intervalo de classe com maior frequência
Como medida de localização, a mediana é mais resistente do se os dados são contínuos. Assim, da representação gráfica dos
que a média, pois não é tão sensível aos dados. dados, obtém-se imediatamente o valor que representa a moda ou
- Quando a distribuição é simétrica, a média e a mediana a classe modal. Esta medida é especialmente útil para reduzir a
coincidem. informação de um conjunto de dados qualitativos, apresentados
- A mediana não é tão sensível, como a média, às observações sob a forma de nomes ou categorias, para os quais não se pode
que são muito maiores ou muito menores do que as restantes calcular a média e por vezes a mediana.
(outliers). Por outro lado a média reflete o valor de todas as Para um conjunto de dados, define-se moda como sendo: o
observações. valor que surge com mais frequência  se os dados são discretos,
ou, o intervalo de classe com maior frequência se os dados são
Assim, não se pode dizer em termos absolutos qual destas contínuos. Assim, da representação gráfica dos dados, obtém-se
medidas de localização é preferível, dependendo do contexto em imediatamente o valor que representa a moda ou a classe modal.
que estão a ser utilizadas.
Exemplo: Os salários dos 160 empregados de uma
determinada empresa, distribuem-se de acordo com a seguinte
tabela de frequências:

Salário (em euros) 75 100 145 200 400 1700


Frequência absoluta 23 58 50 20 7 2
Frequência acumulada 23 81 131 151 158 160

Calcular a média e a mediana  e comentar os resultados


Esta medida é especialmente útil para reduzir a informação de
obtidos.
um conjunto de dados qualitativos, apresentados sob a forma de
Resolução: = = (75.23+100.58+...+400.7+1700.2)/160 =
nomes ou categorias, para os quais não se pode calcular a média
156,10
e por vezes a mediana (se não forem susceptíveis de ordenação).
Resolução: euros. m = semi-soma dos elementos de ordem 80
e 81 = 100 euros.
Comentário: O fato de termos obtido uma média de 156,10 e
uma mediana de 100, é reflexo do fato de existirem alguns, embora
poucos, salários muito altos, relativamente aos restantes. Repare-se
que, numa perspectiva social, a mediana é uma característica mais
importante do que a média. Na realidade 50% dos trabalhadores
têm salário menor ou igual a 100 €, embora a média de 156,10 €
não transmita essa ideia.

Didatismo e Conhecimento 58
RACIOCÍNIO LÓGICO
Quartis: Generalizando a noção de mediana m, que como
vimos anteriormente é a medida de localização, tal que 50% dos
elementos da amostra são menores ou iguais a m, e os outros 50%
são maiores ou iguais a m, temos a noção de quartil de ordem p,
com 0<p<1, como sendo o valor Qp tal que 100p% dos elementos
da amostra são menores ou iguais a Qp e os restantes 100 (1-p)%
dos elementos da amostra são maiores ou iguais a Qp.
Tal como a mediana, é uma medida que se calcula a partir da
amostra ordenada.
Um processo de obter os quartis é utilizando a Função
Distribuição Empírica.
Generalizando ainda a expressão para o cálculo da mediana,
temos uma expressão análoga para o cálculo dos quartis:

Diagramas Circulares

Qp =

onde representamos por [a], o maior inteiro contido em a.


Aos quartis de ordem 1/4 e 3/4 , damos respectivamente o
nome de 1º quartil e 3º quartil. Exemplo: Tendo-se decidido
registrar os pesos dos alunos de uma determinada turma prática do
10º ano, obtiveram-se os seguintes valores (em kg):
Histogramas
52 56 62 54 52 51 60 61

56 55 56 54 57 67 61 49

a) Determine os quantis de ordem 1/7, 1/2 e os 1º e 3º quartis.


b) Um aluno com o peso de 61 kg, pode ser considerado
“normal”, isto é nem demasiado magro, nem demasiado gordo?

Resolução: Ordenando a amostra anterior, cuja dimensão é 16,


temos:

49 51 52 52 54 54 55

56 56 56 57 60 61 61 62 67
Pictogramas
a) 16 . 1/7 = 16/7, onde [16/7] = 2 e Q1/7 = x3 : 16 = 52
1ª (10)
16 . 1/4 = 4, onde Q1/2 = [x8 : 16 + x9 : 16]/2 = 56
16 . 1/2 = 8, onde Q1/4 = [x4 : 16 + x5 : 16]/2 = 53 2ª (8)
16 . 3/4 = 12, onde Q3/4 = [x12 : 16 + x13 : 16]/2 = 60.5
3ª (4)
b) Um aluno com 61 kg pode ser considerado um pouco 4ª (5)
“forte”, pois naquela turma só 25% dos alunos é que têm peso 5ª (4)
maior ou igual a 60.5 kg.
Escalas – Tabelas – Gráficos = 1 unidade
Tabela de Frequências: Como o nome indica, conterá os
valores da variável e suas respectivas contagens, as quais são
Tipos de gráficos: Os dados podem então ser representados denominadas frequências absolutas ou simplesmente, frequências.
de várias formas: No caso de variáveis qualitativas ou quantitativas discretas, a
tabela de frequência consiste em listar os valores possíveis da
Diagramas de Barras variável, numéricos ou não, e fazer a contagem na tabela de dados
brutos do número de suas ocorrências. A frequência do valor i será
representada por ni, a frequência total por n e a frequência relativa
por fi = ni/n.

Didatismo e Conhecimento 59
RACIOCÍNIO LÓGICO
Para variáveis cujos valores possuem ordenação natural
(qualitativas ordinais e quantitativas em geral), faz sentido
incluirmos também uma coluna contendo as frequências
acumuladas f ac, obtidas pela soma das frequências de todos os
valores da variável, menores ou iguais ao valor considerado.
No caso das variáveis quantitativas contínuas, que podem
assumir infinitos valores diferentes, é inviável construir a tabela de
frequência nos mesmos moldes do caso anterior, pois obteríamos
praticamente os valores originais da tabela de dados brutos. Para
resolver este problema, determinamos classes ou faixas de valores
e contamos o número de ocorrências em cada faixa. Por ex., no
caso da variável peso de adultos, poderíamos adotar as seguintes
faixas: 30 |— 40 kg, 40 |— 50 kg, 50 |— 60, 60 |— 70, e assim
por diante. Apesar de não adotarmos nenhuma regra formal para
estabelecer as faixas, procuraremos utilizar, em geral, de 5 a 8
faixas com mesma amplitude.
Eventualmente, faixas de tamanho desigual podem ser Histograma: O histograma consiste em retângulos contíguos
convenientes para representar valores nas extremidades da tabela. com base nas faixas de valores da variável e com área igual à
Exemplo: frequência relativa da respectiva faixa. Desta forma, a altura de cada
retângulo é denominada densidade de frequência ou simplesmente
densidade definida pelo quociente da área pela amplitude da faixa.
Alguns autores utilizam a frequência absoluta ou a porcentagem
na construção do histograma, o que pode ocasionar distorções
(e, consequentemente, más interpretações) quando amplitudes
diferentes são utilizadas nas faixas. Exemplo:

Gráfico de Barras: Para construir um gráfico de barras,


representamos os valores da variável no eixo das abscissas e
suas as frequências ou porcentagens no eixo das ordenadas.
Para cada valor da variável desenhamos uma barra com altura
correspondendo à sua frequência ou porcentagem. Este tipo de
gráfico é interessante para as variáveis qualitativas ordinais ou
quantitativas discretas, pois permite investigar a presença de
tendência nos dados. Exemplo:

Gráfico de Linha ou Sequência: Adequados para apresentar


observações medidas ao longo do tempo, enfatizando sua tendência
ou periodicidade. Exemplo:
Diagrama Circular: Para construir um diagrama circular
ou gráfico de pizza, repartimos um disco em setores circulares
correspondentes às porcentagens de cada valor (calculadas
multiplicando-se a frequência relativa por 100). Este tipo de gráfico
adapta-se muito bem para as variáveis qualitativas nominais.
Exemplo:

Didatismo e Conhecimento 60
RACIOCÍNIO LÓGICO

Polígono de Frequência:
Semelhante ao histograma, mas construído a partir dos pontos
médios das classes. Exemplo:

A carta que está oculta é:

(A) (B) (C)

Gráfico de Ogiva:
Apresenta uma distribuição de frequências acumuladas,
utiliza uma poligonal ascendente utilizando os pontos extremos.
(D) (E)

02. Considere que a sequência de figuras foi construída


segundo um certo critério.

11. COMPREENSÃO DE TEXTOS


MATEMÁTICOS.

Se tal critério for mantido, para obter as figuras subsequentes,


o total de pontos da figura de número 15 deverá ser:
QUESTÕES (A) 69
(B) 67
01. Observe atentamente a disposição das cartas em cada linha (C) 65
do esquema seguinte: (D) 63
(E) 61
03. O próximo número dessa sequência lógica é: 1000, 990,
970, 940, 900, 850, ...

Didatismo e Conhecimento 61
RACIOCÍNIO LÓGICO
(A) 800 (D)
(B) 790 2
(C) 780
(D) 770 3 6 1
4 5
04. Na sequência lógica de números representados nos
hexágonos, da figura abaixo, observa-se a ausência de um deles (E)
que pode ser:
3
2 1 6 5
4

07. As figuras da sequência dada são formadas por partes


iguais de um círculo.

(A) 76
(B) 10
(C) 20
(D) 78
05. Uma criança brincando com uma caixa de palitos de Continuando essa sequência, obtém-se exatamente 16 círculos
fósforo constrói uma sequência de quadrados conforme indicado completos na:
abaixo: (A) 36ª figura
(B) 48ª figura
(C) 72ª figura
............. (D) 80ª figura
1° 2° 3° (E) 96ª figura

Quantos palitos ele utilizou para construir a 7ª figura? 08. Analise a sequência a seguir:
(A) 20 palitos
(B) 25 palitos
(C) 28 palitos
(D) 22 palitos

06. Ana fez diversas planificações de um cubo e escreveu em Admitindo-se que a regra de formação das figuras seguintes
cada um, números de 1 a 6. Ao montar o cubo, ela deseja que permaneça a mesma, pode-se afirmar que a figura que ocuparia a
a soma dos números marcados nas faces opostas seja 7. A única 277ª posição dessa sequência é:
alternativa cuja figura representa a planificação desse cubo tal
como deseja Ana é: (A) (B)
(A)
1 3 6
2 4 5
(B)
4
(C) (D)
5 1 2 3
6


(C)
(E)
5
6 4 1 2
3

Didatismo e Conhecimento 62
RACIOCÍNIO LÓGICO
09. Observe a sequência: 2, 10, 12, 16, 17, 18, 19, ... Qual é o
próximo número?
(A) 20
(B) 21
(C) 100
(D) 200
Os números X e Y, obtidos segundo essa lei, são tais que X +
10. Observe a sequência: 3,13, 30, ... Qual é o próximo Y é igual a:
número? (A) 40
(A) 4 (B) 42
(B) 20 (C) 44
(C) 31 (D) 46
(E) 48
(D) 21
14. A figura abaixo representa algumas letras dispostas em
11. Os dois pares de palavras abaixo foram formados segundo forma de triângulo, segundo determinado critério.
determinado critério.

LACRAÇÃO → cal
AMOSTRA → soma
LAVRAR → ?

Segundo o mesmo critério, a palavra que deverá ocupar o


lugar do ponto de interrogação é:
(A) alar
(B) rala Considerando que na ordem alfabética usada são excluídas as
(C) ralar letra “K”, “W” e “Y”, a letra que substitui corretamente o ponto
(D) larva de interrogação é:
(E) arval (A) P
(B) O
12. Observe que as figuras abaixo foram dispostas, linha a (C) N
linha, segundo determinado padrão. (D) M
(E) L

15. Considere que a sequência seguinte é formada pela


sucessão natural dos números inteiros e positivos, sem que os
algarismos sejam separados.

1234567891011121314151617181920...

O algarismo que deve aparecer na 276ª posição dessa


sequência é:
(A) 9
(B) 8
Segundo o padrão estabelecido, a figura que substitui (C) 6
corretamente o ponto de interrogação é: (D) 3
(E) 1

(B) (C) 16. Em cada linha abaixo, as três figuras foram desenhadas de
(A) acordo com determinado padrão.

(D)
(E)

13. Observe que na sucessão seguinte os números foram


colocados obedecendo a uma lei de formação.

Didatismo e Conhecimento 63
RACIOCÍNIO LÓGICO
Segundo esse mesmo padrão, a figura que deve substituir o XBX XBX XBX
ponto de interrogação é: BBB BXB BXX

O padrão que completa a sequência é:


(A) (B)
(A) (B) (C)
XXX XXB XXX
XXX XBX XXX
XXX BXX XXB
(C) (D)
(D) (E)
XXX XXX
XBX XBX
XXX BXX

(E) 21. Na série de Fibonacci, cada termo a partir do terceiro é


igual à soma de seus dois termos precedentes. Sabendo-se que os
17. Observe que, na sucessão de figuras abaixo, os números dois primeiros termos, por definição, são 0 e 1, o sexto termo da
que foram colocados nos dois primeiros triângulos obedecem a um série é:
mesmo critério. (A) 2
(B) 3
(C) 4
(D) 5
(E) 6
Para que o mesmo critério seja mantido no triângulo da direita, 22. Nosso código secreto usa o alfabeto A B C D E F G H
o número que deverá substituir o ponto de interrogação é: I J L M N O P Q R S T U V X Z. Do seguinte modo: cada letra
(A) 32 é substituída pela letra que ocupa a quarta posição depois dela.
(B) 36 Então, o “A” vira “E”, o “B” vira “F”, o “C” vira “G” e assim por
(C) 38 diante. O código é “circular”, de modo que o “U” vira “A” e assim
(D) 42 por diante. Recebi uma mensagem em código que dizia: BSA HI
(E) 46 EDAP. Decifrei o código e li:
(A) FAZ AS DUAS;
18. Considere a seguinte sequência infinita de números: 3, 12, (B) DIA DO LOBO;
27, __, 75, 108,... O número que preenche adequadamente a quarta (C) RIO ME QUER;
posição dessa sequência é: (D) VIM DA LOJA;
(A) 36, (E) VOU DE AZUL.
(B) 40,
(C) 42, 23. A sentença “Social está para laicos assim como 231678
(D) 44, está para...” é melhor completada por:
(E) 48 (A) 326187;
(B) 876132;
19. Observando a sequência (1, , , , , ...) o próximo (C) 286731;
numero será: (D) 827361;
(A) (E) 218763.

24. A sentença “Salta está para Atlas assim como 25435 está
(B) para...” é melhor completada pelo seguinte número:
(A) 53452;
(B) 23455;
(C) (C) 34552;
(D) 43525;
(E) 53542.
(D)
25. Repare que com um número de 5 algarismos, respeitada
20. Considere a sequência abaixo: a ordem dada, podem-se criar 4 números de dois algarismos.
Por exemplo: de 34.712, podem-se criar o 34, o 47, o 71 e o 12.
BBB BXB XXB Procura-se um número de 5 algarismos formado pelos algarismos

Didatismo e Conhecimento 64
RACIOCÍNIO LÓGICO
4, 5, 6, 7 e 8, sem repetição. Veja abaixo alguns números desse
tipo e, ao lado de cada um deles, a quantidade de números de
dois algarismos que esse número tem em comum com o número
procurado.
Excluídas do alfabeto as letras K, W e Y e fazendo cada letra
restante corresponder ordenadamente aos números inteiros de 1 a
Número Quantidade de números de 2 23 (ou seja, A = 1, B = 2, C = 3,..., Z = 23), a soma dos números
dado algarismos em comum que correspondem às letras que compõem o nome do animal é:
48.765 1 (A) 37
86.547 0 (B) 39
(C) 45
87.465 2 (D) 49
48.675 1 (E) 51

O número procurado é: Nas questões 29 e 30, observe que há uma relação entre o
(A) 87456 primeiro e o segundo grupos de letras. A mesma relação deverá
(B) 68745 existir entre o terceiro grupo e um dos cinco grupos que aparecem
(C) 56874 nas alternativas, ou seja, aquele que substitui corretamente o ponto
(D) 58746 de interrogação. Considere que a ordem alfabética adotada é a
(E) 46875 oficial e exclui as letras K, W e Y.

26. Considere que os símbolos ♦ e ♣ que aparecem no quadro 29. CASA: LATA: LOBO: ?
seguinte, substituem as operações que devem ser efetuadas em (A) SOCO
cada linha, a fim de se obter o resultado correspondente, que se (B) TOCO
encontra na coluna da extrema direita. (C) TOMO
(D) VOLO
(E) VOTO
36 ♦ 4 ♣ 5 = 14 30. ABCA: DEFD: HIJH: ?
48 ♦ 6 ♣ 9 = 17 (A) IJLI
(B) JLMJ
54 ♦ 9 ♣ 7 = ? (C) LMNL
(D) FGHF
Para que o resultado da terceira linha seja o correto, o ponto de (E) EFGE
interrogação deverá ser substituído pelo número:
(A) 16 31. Os termos da sucessão seguinte foram obtidos considerando
(B) 15 uma lei de formação (0, 1, 3, 4, 12, 123,...). Segundo essa lei, o
(C) 14 décimo terceiro termo dessa sequência é um número:
(D) 13 (A) Menor que 200.
(E) 12 (B) Compreendido entre 200 e 400.
(C) Compreendido entre 500 e 700.
27. Segundo determinado critério, foi construída a sucessão (D) Compreendido entre 700 e 1.000.
seguinte, em que cada termo é composto de um número seguido (E) Maior que 1.000.
de uma letra: A1 – E2 – B3 – F4 – C5 – G6 – .... Considerando
que no alfabeto usado são excluídas as letras K, Y e W, então, de Para responder às questões de números 32 e 33, você deve
acordo com o critério estabelecido, a letra que deverá anteceder o observar que, em cada um dos dois primeiros pares de palavras
número 12 é: dadas, a palavra da direita foi obtida da palavra da esquerda
(A) J segundo determinado critério. Você deve descobrir esse critério e
(B) L usá-lo para encontrar a palavra que deve ser colocada no lugar do
(C) M ponto de interrogação.
(D) N
(E) O 32. Ardoroso → rodo
Dinamizar → mina
28. Os nomes de quatro animais – MARÁ, PERU, TATU e Maratona → ?
(A) mana
URSO – devem ser escritos nas linhas da tabela abaixo, de modo
(B) toma
que cada uma das suas respectivas letras ocupe um quadrinho e,
(C) tona
na diagonal sombreada, possa ser lido o nome de um novo animal.
(D) tora
(E) rato

33. Arborizado → azar


Asteroide → dias

Didatismo e Conhecimento 65
RACIOCÍNIO LÓGICO
Articular → ?
(A) luar
(B) arar
(C) lira
(D) luta
(E) rara

34. Preste atenção nesta sequência lógica e identifique quais


os números que estão faltando: 1, 1, 2, __, 5, 8, __,21, 34, 55, __,
144, __...

35. Uma lesma encontra-se no fundo de um poço seco de


10 metros de profundidade e quer sair de lá. Durante o dia, ela
consegue subir 2 metros pela parede; mas à noite, enquanto dorme,
escorrega 1 metro. Depois de quantos dias ela consegue chegar à 41. Observe as multiplicações a seguir:
saída do poço? 12.345.679 × 18 = 222.222.222
12.345.679 × 27 = 333.333.333
36. Quantas vezes você usa o algarismo 9 para numerar as ... ...
páginas de um livro de 100 páginas? 12.345.679 × 54 = 666.666.666

37. Quantos quadrados existem na figura abaixo? Para obter 999.999.999 devemos multiplicar 12.345.679 por
quanto?

42. Esta casinha está de frente para a estrada de terra. Mova


dois palitos e faça com que fique de frente para a estrada asfaltada.

38. Retire três palitos e obtenha apenas três quadrados.

43. Remova dois palitos e deixe a figura com dois quadrados.

39. Qual será o próximo símbolo da sequência abaixo?

44. As cartas de um baralho foram agrupadas em pares,


segundo uma relação lógica. Qual é a carta que está faltando,
sabendo que K vale 13, Q vale 12, J vale 11 e A vale 1?
40. Reposicione dois palitos e obtenha uma figura com cinco
quadrados iguais.

Didatismo e Conhecimento 66
RACIOCÍNIO LÓGICO
45. Mova um palito e obtenha um quadrado perfeito. 01. Resposta: “A”.
A diferença entre os números estampados nas cartas 1 e 2, em
cada linha, tem como resultado o valor da 3ª carta e, além disso, o
naipe não se repete. Assim, a 3ª carta, dentro das opções dadas só
pode ser a da opção (A).

02. Resposta “D”.


Observe que, tomando o eixo vertical como eixo de simetria,
tem-se:
46. Qual o valor da pedra que deve ser colocada em cima de
Na figura 1: 01 ponto de cada lado  02 pontos no total.
todas estas para completar a sequência abaixo?
Na figura 2: 02 pontos de cada lado  04 pontos no total.
Na figura 3: 03 pontos de cada lado  06 pontos no total.
Na figura 4: 04 pontos de cada lado  08 pontos no total.
Na figura n: n pontos de cada lado  2.n pontos no total.

Em particular:
Na figura 15: 15 pontos de cada lado  30 pontos no total.

Agora, tomando o eixo horizontal como eixo de simetria, tem-


se:
47. Mova três palitos nesta figura para obter cinco triângulos. Na figura 1: 02 pontos acima e abaixo  04 pontos no total.
Na figura 2: 03 pontos acima e abaixo  06 pontos no total.
Na figura 3: 04 pontos acima e abaixo  08 pontos no total.
Na figura 4: 05 pontos acima e abaixo  10 pontos no total.
Na figura n: (n+1) pontos acima e abaixo  2.(n+1) pontos
no total.

Em particular:
Na figura 15: 16 pontos acima e abaixo  32 pontos no total.
48. Tente dispor 6 moedas em 3 fileiras de modo que em cada
fileira fiquem apenas 3 moedas. Incluindo o ponto central, que ainda não foi considerado, temos
para total de pontos da figura 15: Total de pontos = 30 + 32 + 1 =
63 pontos.

49. Reposicione três palitos e obtenha cinco quadrados. 03. Resposta “B”.
Nessa sequência, observamos que a diferença: entre 1000 e
990 é 10, entre 990 e 970 é 20, entre o 970 e 940 é 30, entre 940
e 900 é 40, entre 900 e 850 é 50, portanto entre 850 e o próximo
número é 60, dessa forma concluímos que o próximo número é
790, pois: 850 – 790 = 60.

04. Resposta “D”


Nessa sequência lógica, observamos que a diferença: entre 24
e 22 é 2, entre 28 e 24 é 4, entre 34 e 28 é 6, entre 42 e 34 é 8, entre
52 e 42 é 10, entre 64 e 52 é 12, portanto entre o próximo número
e 64 é 14, dessa forma concluímos que o próximo número é 78,
pois: 76 – 64 = 14.
50. Mude a posição de quatro palitos e obtenha cinco
triângulos. 05. Resposta “D”.
Observe a tabela:

Figuras 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª
Nº de Palitos 4 7 10 13 16 19 22

Temos de forma direta, pela contagem, a quantidade de palitos


das três primeiras figuras. Feito isto, basta perceber que cada figura
a partir da segunda tem a quantidade de palitos da figura anterior
Respostas acrescida de 3 palitos. Desta forma, fica fácil preencher o restante
da tabela e determinar a quantidade de palitos da 7ª figura.

Didatismo e Conhecimento 67
RACIOCÍNIO LÓGICO
06. Resposta “A”. 3; já do 2º termo para o 3º, houve uma subtração de 2 unidades.
Na figura apresentada na letra “B”, não é possível obter Assim, Y é igual a 10 multiplicado por 3, isto é, Y = 30. Logo, X
a planificação de um lado, pois o 4 estaria do lado oposto ao 6, + Y = 10 + 30 = 40.
somando 10 unidades. Na figura apresentada na letra “C”, da
mesma forma, o 5 estaria em face oposta ao 3, somando 8, não 14. Resposta “A”.
formando um lado. Na figura da letra “D”, o 2 estaria em face oposta A sequência do alfabeto inicia-se na extremidade direita
ao 4, não determinando um lado. Já na figura apresentada na letra do triângulo, pela letra “A”; aumenta a direita para a esquerda;
“E”, o 1 não estaria em face oposta ao número 6, impossibilitando, continua pela 3ª e 5ª linhas; e volta para as linhas pares na ordem
portanto, a obtenção de um lado. Logo, podemos concluir que a inversa – pela 4ª linha até a 2ª linha. Na 2ª linha, então, as letras são,
da direita para a esquerda, “M”, “N”, “O”, e a letra que substitui
planificação apresentada na letra “A” é a única para representar
corretamente o ponto de interrogação é a letra “P”.
um lado.
15. Resposta “B”.
07. Resposta “B”. A sequência de números apresentada representa a lista dos
Como na 3ª figura completou-se um círculo, para completar números naturais. Mas essa lista contém todos os algarismos
16 círculos é suficiente multiplicar 3 por 16 : 3 . 16 = 48. Portanto, dos números, sem ocorrer a separação. Por exemplo: 101112
na 48ª figura existirão 16 círculos. representam os números 10, 11 e 12. Com isso, do número 1 até
o número 9 existem 9 algarismos. Do número 10 até o número 99
08. Resposta “B”. existem: 2 x 90 = 180 algarismos. Do número 100 até o número 124
A sequência das figuras completa-se na 5ª figura. Assim, existem: 3 x 25 = 75 algarismos. E do número 124 até o número
continua-se a sequência de 5 em 5 elementos. A figura de número 128 existem mais 12 algarismos. Somando todos os valores, tem-
277 ocupa, então, a mesma posição das figuras que representam se: 9 + 180 + 75 + 12 = 276 algarismos. Logo, conclui-se que o
número 5n + 2, com n N. Ou seja, a 277ª figura corresponde à 2ª algarismo que ocupa a 276ª posição é o número 8, que aparece no
figura, que é representada pela letra “B”. número 128.

09. Resposta “D”. 16. Resposta “D”.


A regularidade que obedece a sequência acima não se dá por Na 1ª linha, internamente, a 1ª figura possui 2 “orelhas”, a 2ª
figura possui 1 “orelha” no lado esquerdo e a 3ª figura possui 1
padrões numéricos e sim pela letra que inicia cada número. “Dois,
“orelha” no lado direito. Esse fato acontece, também, na 2ª linha,
Dez, Doze, Dezesseis, Dezessete, Dezoito, Dezenove, ... Enfim, o mas na parte de cima e na parte de baixo, internamente em relação
próximo só pode iniciar também com “D”: Duzentos. às figuras. Assim, na 3ª linha ocorrerá essa regra, mas em ordem
inversa: é a 3ª figura da 3ª linha que terá 2 “orelhas” internas,
10. Resposta “C”. uma em cima e outra em baixo. Como as 2 primeiras figuras da 3ª
Esta sequência é regida pela inicial de cada número. Três, linha não possuem “orelhas” externas, a 3ª figura também não terá
Treze, Trinta,... O próximo só pode ser o número Trinta e um, pois orelhas externas. Portanto, a figura que deve substituir o ponto de
ele inicia com a letra “T”. interrogação é a 4ª.
11. Resposta “E”. 17. Resposta “B”.
Na 1ª linha, a palavra CAL foi retirada das 3 primeiras letras da No 1º triângulo, o número que está no interior do triângulo
palavra LACRAÇÃO, mas na ordem invertida. Da mesma forma, na dividido pelo número que está abaixo é igual à diferença entre
2ª linha, a palavra SOMA é retirada da palavra AMOSTRA, pelas o número que está à direita e o número que está à esquerda do
4 primeira letras invertidas. Com isso, da palavra LAVRAR, ao se triângulo: 40 5 21 13 8.
retirarem as 5 primeiras letras, na ordem invertida, obtém-se ARVAL. A mesma regra acontece no 2º triângulo: 42 ÷ 7 = 23 - 17 = 6.
Assim, a mesma regra deve existir no 3º triângulo:
12. Resposta “C”.
Em cada linha apresentada, as cabeças são formadas por ? ÷ 3 = 19 - 7
quadrado, triângulo e círculo. Na 3ª linha já há cabeças com círculo ? ÷ 3 = 12
e com triângulo. Portanto, a cabeça da figura que está faltando é ? = 12 x 3 = 36.
um quadrado. As mãos das figuras estão levantadas, em linha reta
ou abaixadas. Assim, a figura que falta deve ter as mãos levantadas 18. Resposta “E”.
(é o que ocorre em todas as alternativas). As figuras apresentam as Verifique os intervalos entre os números que foram fornecidos.
2 pernas ou abaixadas, ou 1 perna levantada para a esquerda ou 1 Dado os números 3, 12, 27, __, 75, 108, obteve-se os seguintes 9,
levantada para a direita. Nesse caso, a figura que está faltando na 15, __, __, 33 intervalos. Observe que 3x3, 3x5, 3x7, 3x9, 3x11.
3ª linha deve ter 1 perna levantada para a esquerda. Logo, a figura Logo 3x7 = 21 e 3x 9 = 27. Então: 21 + 27 = 48.
tem a cabeça quadrada, as mãos levantadas e a perna erguida para
a esquerda. 19. Resposta “B”.
Observe que o numerador é fixo, mas o denominador é
13. Resposta “A”. formado pela sequência:
Existem duas leis distintas para a formação: uma para a parte
superior e outra para a parte inferior. Na parte superior, tem-se que:
do 1º termo para o 2º termo, ocorreu uma multiplicação por 2; já do Primeiro Segundo Terceiro Quarto Quinto Sexto
2º termo para o 3º, houve uma subtração de 3 unidades. Com isso, 3x4= 4x5= 5x6=
X é igual a 5 multiplicado por 2, ou seja, X = 10. Na parte inferior, 1 1x2=2 2x3=6
12 20 30
tem-se: do 1º termo para o 2º termo ocorreu uma multiplicação por

Didatismo e Conhecimento 68
RACIOCÍNIO LÓGICO
20. Resposta “D”. trás para frente, de maneira que SOCIAL vira LAICOS. Fazendo o
O que de início devemos observar nesta questão é a quantidade mesmo com a sequência numérica fornecida, temos: 231678 viram
de B e de X em cada figura. Vejamos: 876132, sendo esta a resposta.

BBB BXB XXB 24. Resposta “A”.


XBX XBX XBX A questão nos traz duas palavras que têm relação uma com
BBB BXB BXX a outra, e em seguida, nos traz uma sequência numérica. Foi
7B e 2X 5B e 4X 3B e 6X perguntado qual a sequência numérica que tem relação com a já
dada de maneira que a relação entre as palavras e a sequência
Vê-se, que os “B” estão diminuindo de 2 em 2 e que os “X” numérica é a mesma. Observando as duas palavras dadas podemos
estão aumentando de 2 em 2; notem também que os “B” estão perceber facilmente que tem cada uma 6 letras e que as letras
sendo retirados um na parte de cima e um na parte de baixo e os de uma se repete na outra em uma ordem diferente. Essa ordem
“X” da mesma forma, só que não estão sendo retirados, estão, sim, diferente nada mais é, do que a primeira palavra de trás para frente,
sendo colocados. Logo a 4ª figura é: de maneira que SALTA vira ATLAS. Fazendo o mesmo com a
sequência numérica fornecida temos: 25435 vira 53452, sendo
XXX esta a resposta.
XBX
XXX 25. Resposta “E”.
1B e 8X Pelo número 86.547, tem-se que 86, 65, 54 e 47 não acontecem
no número procurado. Do número 48.675, as opções 48, 86 e 67
21. Resposta “D”. não estão em nenhum dos números apresentados nas alternativas.
Montando a série de Fibonacci temos: 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, Portanto, nesse número a coincidência se dá no número 75. Como o
34... A resposta da questão é a alternativa “D”, pois como a questão único número apresentado nas alternativas que possui a sequência
nos diz, cada termo a partir do terceiro é igual à soma de seus dois 75 é 46.875, tem-se, então, o número procurado.
termos precedentes. 2 + 3 = 5
26. Resposta “D”.
22. Resposta “E”.
O primeiro símbolo representa a divisão e o 2º símbolo
A questão nos informa que ao se escrever alguma mensagem,
representa a soma. Portanto, na 1ª linha, tem-se: 36 ÷ 4 + 5 = 9
cada letra será substituída pela letra que ocupa a quarta posição,
+ 5 = 14. Na 2ª linha, tem-se: 48 ÷ 6 + 9 = 8 + 9 = 17. Com isso,
além disso, nos informa que o código é “circular”, de modo que a
na 3ª linha, ter-se-á: 54 ÷ 9 + 7 = 6 + 7 = 13. Logo, podemos
letra “U” vira “A”. Para decifrarmos, temos que perceber a posição
concluir então que o ponto de interrogação deverá ser substituído
do emissor e do receptor. O emissor ao escrever a mensagem conta
pelo número 13.
quatro letras à frente para representar a letra que realmente deseja,
enquanto que o receptor, deve fazer o contrário, contar quatro letras
27. Resposta “A”.
atrás para decifrar cada letra do código. No caso, nos foi dada a
As letras que acompanham os números ímpares formam a
frase para ser decifrada, vê-se, pois, que, na questão, ocupamos a
posição de receptores. Vejamos a mensagem: BSA HI EDAP. Cada sequência normal do alfabeto. Já a sequência que acompanha os
letra da mensagem representa a quarta letra anterior de modo que: números pares inicia-se pela letra “E”, e continua de acordo com a
VxzaB: B na verdade é V; sequência normal do alfabeto: 2ª letra: E, 4ª letra: F, 6ª letra: G, 8ª
OpqrS: S na verdade é O; letra: H, 10ª letra: I e 12ª letra: J.
UvxzA: A na verdade é U;
DefgH: H na verdade é D; 28. Resposta “D”.
EfghI: I na verdade é E; Escrevendo os nomes dos animais apresentados na lista
AbcdE: E na verdade é A; – MARÁ, PERU, TATU e URSO, na seguinte ordem: PERU,
ZabcD: D na verdade é Z; MARÁ, TATU e URSO, obtém-se na tabela:
UvxaA: A na verdade é U;
LmnoP: P na verdade é L; P E R U
M A R A
23. Resposta “B”.
T A T U
A questão nos traz duas palavras que têm relação uma
com a outra e, em seguida, nos traz uma sequência numérica. É U R S O
perguntado qual sequência numérica tem a mesma ralação com a
sequência numérica fornecida, de maneira que, a relação entre as O nome do animal é PATO. Considerando a ordem do alfabeto,
palavras e a sequência numérica é a mesma. Observando as duas tem-se: P = 15, A = 1, T = 19 e 0 = 14. Somando esses valores,
palavras dadas, podemos perceber facilmente que têm cada uma obtém-se: 15 + 1 + 19 + 14 = 49.
6 letras e que as letras de uma se repete na outra em uma ordem
diferente. Tal ordem, nada mais é, do que a primeira palavra de 29. Resposta “B”.

Didatismo e Conhecimento 69
RACIOCÍNIO LÓGICO
Na 1ª e na 2ª sequências, as vogais são as mesmas: letra Dia Subida Descida
“A”. Portanto, as vogais da 4ª sequência de letras deverão ser as
mesmas da 3ª sequência de letras: “O”. A 3ª letra da 2ª sequência 1º 2m 1m
é a próxima letra do alfabeto depois da 3ª letra da 1ª sequência de 2º 3m 2m
letras. Portanto, na 4ª sequência de letras, a 3ª letra é a próxima letra 3º 4m 3m
depois de “B”, ou seja, a letra “C”. Em relação à primeira letra, 4º 5m 4m
tem-se uma diferença de 7 letras entre a 1ª letra da 1ª sequência e a
5º 6m 5m
1ª letra da 2ª sequência. Portanto, entre a 1ª letra da 3ª sequência e
a 1ª letra da 4ª sequência, deve ocorrer o mesmo fato. Com isso, a 6º 7m 6m
1ª letra da 4ª sequência é a letra “T”. Logo, a 4ª sequência de letras 7º 8m 7m
é: T, O, C, O, ou seja, TOCO. 8º 9m 8m
9º 10m ----
30. Resposta “C”.
Na 1ª sequência de letras, ocorrem as 3 primeiras letras do Portanto, depois de 9 dias ela chegará na saída do poço.
alfabeto e, em seguida, volta-se para a 1ª letra da sequência. Na 2ª
sequência, continua-se da 3ª letra da sequência anterior, formando- 36. 09 – 19 – 29 – 39 – 49 – 59 – 69 – 79 – 89 – 90 – 91 – 92
se DEF, voltando-se novamente, para a 1ª letra desta sequência: D. – 93 – 94 – 95 – 96 – 97 – 98 – 99. Portanto, são necessários 20
Com isto, na 3ª sequência, têm-se as letras HIJ, voltando-se para a algarismos.
1ª letra desta sequência: H. Com isto, a 4ª sequência iniciará pela
letra L, continuando por M e N, voltando para a letra L. Logo, a 4ª 37.
sequência da letra é: LMNL.

31. Resposta “E”. = 16


Do 1º termo para o 2º termo, ocorreu um acréscimo de 1
unidade. Do 2º termo para o 3º termo, ocorreu a multiplicação do
termo anterior por 3. E assim por diante, até que para o 7º termo
temos 13 . 3 = 39. 8º termo = 39 + 1 = 40. 9º termo = 40 . 3 = 120. = 09
10º termo = 120 + 1 = 121. 11º termo = 121 . 3 = 363. 12º termo
= 363 + 1 = 364. 13º termo = 364 . 3 = 1.092. Portanto, podemos
concluir que o 13º termo da sequência é um número maior que
1.000.

32. Resposta “D”. = 04


Da palavra “ardoroso”, retiram-se as sílabas “do” e “ro” e
inverteu-se a ordem, definindo-se a palavra “rodo”. Da mesma
forma, da palavra “dinamizar”, retiram-se as sílabas “na” e “mi”,
definindo-se a palavra “mina”. Com isso, podemos concluir que da
palavra “maratona”. Deve-se retirar as sílabas “ra” e “to”, criando-
se a palavra “tora”. =01
33. Resposta “A”. Portanto, há 16 + 9 + 4 + 1 = 30 quadrados.
Na primeira sequência, a palavra “azar” é obtida pelas letras
“a” e “z” em sequência, mas em ordem invertida. Já as letras “a” 38.
e “r” são as 2 primeiras letras da palavra “arborizado”. A palavra
“dias” foi obtida da mesma forma: As letras “d” e “i” são obtidas
em sequência, mas em ordem invertida. As letras “a” e “s” são as 2
primeiras letras da palavra “asteroides”. Com isso, para a palavras
“articular”, considerando as letras “i” e “u”, que estão na ordem
invertida, e as 2 primeiras letras, obtém-se a palavra “luar”.

34. O nome da sequência é Sequência de Fibonacci. O número


que vem é sempre a soma dos dois números imediatamente atrás
dele. A sequência correta é: 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 39. Os símbolos são como números em frente ao espelho.
233... Assim, o próximo símbolo será 88.
35. 40.

Didatismo e Conhecimento 70
RACIOCÍNIO LÓGICO
x2 x3 x4 x5 x6 x7

Portanto, a próxima pedra terá que ter o valor: 15.120 x 8 =


120.960

47.

41.
12.345.679 × (2×9) = 222.222.222
12.345.679 × (3×9) = 333.333.333
... ...
12.345.679 × (4×9) = 666.666.666 48.
Portanto, para obter 999.999.999 devemos multiplicar
12.345.679 por (9x9) = 81

42.

49.

43.

44. Sendo A = 1, J = 11, Q = 12 e K = 13, a soma de cada par 50.


de cartas é igual a 14 e o naipe de paus sempre forma par com
o naipe de espadas. Portanto, a carta que está faltando é o 6 de
espadas.

45. Quadrado perfeito em matemática, sobretudo na aritmética


e na teoria dos números, é um número inteiro não negativo que
pode ser expresso como o quadrado de um outro número inteiro.
Ex: 1, 4, 9...

No exercício 2 elevado a 2 = 4


46. Observe que:

3 6 18 72 360 2160 15120

Didatismo e Conhecimento 71
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Sob o aspecto operacional, administração pública é o de-
1. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E sempenho perene e sistemático, legal e técnico dos serviços
GOVERNO: CONCEITO E OBJETIVOS. próprios do Estado, em benefício da coletividade.
A administração pública pode ser direta, quando composta
pelas suas entidades estatais (União, Estados, Municípios e DF),
que não possuem personalidade jurídica própria, ou indireta
Noções de Administração Pública quando composta por entidades autárquicas, fundacionais e
paraestatais.
ESTADO: Segundo ensina Maria Sylvia Zanella Di Pietro o conceito de
O Estado é uma criação humana destinada a manter a coexis- administração pública divide-se em dois sentidos: “Em sentido
tência pacífica dos indivíduos, a ordem social, de forma que os se- objetivo, material ou funcional, a administração pública pode
res humanos consigam se desenvolver e proporcionar o bem estar ser definida como a atividade concreta e imediata que o Estado
a toda sociedade. Pode ser definido como o exercício de um poder desenvolve, sob regime jurídico de direito público, para a conse-
político, administrativo e jurídico, exercido dentro de um determi- cução dos interesses coletivos. Em sentido subjetivo, formal ou
nado território, e imposto para aqueles indivíduos que ali habitam. orgânico, pode-se definir Administração Pública, como sendo o
conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos quais a lei atribui
GOVERNO: o exercício da função administrativa do Estado”.
É o conjunto de órgãos e as atividades que eles exercem Assim, administração pública em sentido material é adminis-
no sentido de conduzir politicamente o Estado, definindo suas trar os interesses da coletividade e em sentido formal é o conjunto
diretrizes. Não se confunde com a Administração Pública em de entidade, órgãos e agentes que executam a função administra-
sentido estrito, que tem a função de realizar concretamente as tiva do Estado.
diretrizes traçadas pelo Governo. Portanto, enquanto o Governo
age com ampla discricionariedade, a Administração Pública atua ELEMENTOS DO ESTADO:
de modo subordinado. 1) População: Reunião de indivíduos num determinado local,
Sistema de Governo é o modo como se relacionam os poderes; submetidos a um poder central. O Estado vai controlar essas pes-
Executivo e Legislativo. Existem os seguintes sistemas de governo: soas, visando, através do Direito, o bem comum. A população pode
a) Presidencialista: O Chefe de Estado também é o chefe de ser classificada como nação, quando os indivíduos que habitam o
Governo. É o sistema adotado no Brasil; mesmo território possuem como elementos comuns a cultura, lín-
b) Parlamentarista: A chefia de Estado é exercida por um gua e religião. Possuem nacionalidades, cultura, etnias e religiões
presidente ou um rei, sendo que a chefia de Governo fica a cargo de diferentes.
um gabinete de ministros, nomeados pelo Parlamento e liderados
pelo primeiro-ministro; 2) Território: Espaço geográfico onde reside determinada po-
c) Semi-presidencialista: Também chamado de sistema pulação. É limite de atuação dos poderes do Estado. Vale dizer que
híbrido, é aquele em que o chefe de Governo e o chefe de Estado não poderá haver dois Estados exercendo seu poder num único
compartilham o Poder Executivo e exercem a Administração território, e os indivíduos que se encontram num determinado ter-
Pública; ritório estão submetidos a esse poder uno.
d) Diretorial: O Poder executivo é exercido por um
órgão colegiado escolhido pelo Parlamento. Ao contrário do 3) Soberania: É o exercício do poder do Estado, internamente
parlamentarismo, não há possibilidade de destituição do diretório e externamente. O Estado, dessa forma, deverá ter ampla liberdade
pelo Parlamento. para controlar seus recursos, decidir os rumos políticos, econômi-
As formas de Governo (ou sistemas políticos) dizem respeito cos e sociais internamente e não depender de nenhum outro Estado
ao conjunto das instituições pelas quais o Estado exerce seu poder ou órgão internacional.
sobre a sociedade e, principalmente, o modo como o chefe de
Estado é escolhido. Existem duas formas: PODERES DO ESTADO:
a) Presidencialismo: Escolhido pelo voto (direto ou indireto) A existência de três Poderes e a idéia que haja um equilíbrio
para um mandato pré-determinado; entre eles, de modo que cada um dos três exerça um certo controle
b) Monarquia: Escolhido geralmente pelo critério hereditário, sobre os outros é sem dúvida uma característica das democracias
sua permanência no cargo é vitalícia - o afastamento só pode modernas. A noção da separação dos poderes foi intuída por
ocorrer por morte ou abdicação. A monarquia pode ser absoluta, Aristóteles, ainda na Antigüidade, mas foi aplicada pela primeira
em que a chefia de Governo também está nas mãos do monarca; vez na Inglaterra, em 1653. Sua formulação definitiva, porém,
ou parlamentarista, em que a chefia de Governo está nas mãos do foi estabelecida por Montesquieu, na obra “O Espírito das Leis”,
primeiro-ministro; publicada em 1748, e cujo subtítulo é “Da relação que as leis
devem ter com a constituição de cada governo, com os costumes,
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: com o clima, com a religião, com o comércio, etc.”
A administração pública pode ser definida objetivamente “É preciso que, pela disposição das coisas, o poder retenha o
como a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve poder”, afirma Montesquieu, propondo que os poderes executivo,
para assegurar os interesses coletivos e, subjetivamente, como o legislativo e judiciário sejam divididos entre pessoas diferentes.
conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos quais a Lei atribui Com isso, o filósofo francês estabelecia uma teoria a partir da
o exercício da função administrativa do Estado. prática que verificara na Inglaterra, onde morou por dois anos. A

Didatismo e Conhecimento 1
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
influência da obra de Montesquieu pode ser medida pelo fato de Essas modalidades surgiram sucessivamente ao longo do
a tripartição de poderes ter se tornado a regra em todos os países tempo, não significando, porém, que alguma delas tenha sido
democráticos modernos e contemporâneos. definitivamente abandonada.
Na administração pública patrimonialista, própria dos Estados
Executivo e Legislativo absolutistas europeus doséculo XVIII, o aparelho do Estado é a
Em primeiro lugar, pode-se citar o poder Executivo que, em extensão do próprio poder do governante e os seus funcionários
sentido estrito, é o próprio Governo. No caso brasileiro - uma são considerados como membros da nobreza. O patrimônio do
república presidencialista - o poder Executivo é constituído pelo Estado confundese com o patrimônio do soberano e os cargos são
Presidente da República, supremo mandatário da nação, e por seus tidos como prebendas (ocupações rendosas e de pouco trabalho). A
auxiliares diretos, os Ministros de Estado. corrupção e o nepotismo são inerentes a esse tipo de administração.
O poder Executivo exerce principalmente a função A administração pública burocrática surge para combater
administrativa, gerenciando os negócios do Estado, aplicando a corrupção e o nepotismo do modelo anterior. São princípios
a lei e zelando pelo seu cumprimento. Além disso, o Executivo inerentes a este tipo de administração a impessoalidade, o
também exerce, em tese de modo limitado, a atividade legislativa formalismo, a hierarquia funcional, a idéia de carreira pública e a
através da edição de medidas provisórias com força de lei e da profissionalização do servidor, consubstanciando a idéia de poder
criação de regulamentos para o cumprimento das leis. No entanto, racionallegal.
desde o fim da ditadura militar, em 1985, os presidentes brasileiros
Os controles administrativos funcionam previamente,
demonstram uma tendência a abusar das medidas provisórias para
para evitar a corrupção. Existe uma desconfiança prévia dos
fazer leis de seus interesses, quando estas só deveriam ser editadas,
administradores públicos e dos cidadãos que procuram o Estado
de acordo com a Constituição, “em caso de urgência e necessidade
extraordinária”. com seus pleitos. São sempre necessários, por esta razão, controles
Fazer leis ou legislar é a função básica do poder Legislativo, rígidos em todos os processos, como na admissão de pessoal, nas
isto é, o Congresso Nacional. Composto pelo Senado e pela contratações do Poder Público e no atendimento às necessidades
Câmara dos Deputados, o Congresso também fiscaliza as contas da população.
do Executivo, por meio de Tribunais de Contas que são seus A administração burocrática, embora possua o grande mérito
órgãos auxiliares, bem como investiga autoridades públicas, de ser efetiva no controle dos abusos, corre o risco de transformar
por meio de Comissões Parlamentares de Inquéritos (CPIs). Ao o controle a ela inerente em um verdadeiro fim do Estado, e não
Senado Federal cabe ainda processar e julgar o presidente, o vice- um simples meio para atingir seus objetivos. Com isso, a máquina
presidente da República e os ministros de Estado no caso de crimes administrativa voltase para si mesmo, perdendo a noção de sua
de responsabilidade, após a autorização da Câmara dos Deputados missão básica, que é servir à sociedade. O seu grande problema,
para instaurar o processo. portanto, é a possibilidade de se tornar ineficiente, autoreferente e
incapaz de atender adequadamente os anseios dos cidadãos.
O Poder Judiciário A administração pública gerencial apresentase como solução
Já o poder Judiciário tem, com exclusividade, o poder de apli- para estes problemas da burocracia. Priorizase a eficiência da
car a lei nos casos concretos submetidos à sua apreciação. Nesse Administração, o aumento da qualidade dos serviços e a redução
sentido, cabe aos juízes garantir o livre e pleno debate da questão dos custos. Buscase desenvolver uma cultura gerencial nas
que opõe duas ou mais partes numa disputa cuja natureza pode organizações, com ênfase nos resultados, e aumentar a governança
variar - ser familiar, comercial, criminal, constitucional, etc. -, per- do Estado, isto é, a sua capacidade de gerenciar com efetividade
mitindo que todos os que serão afetados pela decisão da Justiça e eficiência. O cidadão passa a ser visto com outros olhos,
expor suas razões e argumentos.
tornandose peça essencial para o correto desempenho da atividade
pública, por ser considerado seu principal beneficiário, o cliente
FINS:
dos serviços prestados pelo Estado.
A Administração Pública tem como principal objetivo o in-
teresse público, seguindo os princípios constitucionais da legali- A administração gerencial constitui um avanço, mas sem
dade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. romper em definitivo com a administração burocrática, pois
Quanto à organização e aos princípios, vamos estudar mais não nega todos os seus métodos e princípios. Na verdade, o
adiante em tópico oportuno. gerencialismo apóiase na burocracia, conservando seus preceitos
básicos, como a admissão de pessoal segundo critérios rígidos, a
meritocracia na carreira pública, as avaliações de desempenho,o
2. EVOLUÇÃO DOS MODELOS DE ADMI- aperfeiçoamento profissional e um sistema de remuneração
NISTRAÇÃO PÚBLICA. estruturado. A diferença reside na maneira como é feito o controle,
que passa a concentrarse nos resultados, não mais nos processos
em si, procurandose, ainda, garantir a autonomia do servidor para
atingir tais resultados, que serão verificados posteriormente.
EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO Aceitase também uma maior participação da sociedade civil
BRASIL na prestação de serviços que não sejam exclusivos de Estado.
A evolução da administração pública em nosso país passou São as chamadas entidades paraestatais, que compõem o terceiro
por três modelos diferentes: a administração patrimonialista, a setor, composto por entidades da sociedade civil de fins públicos
administração burocrática e a administração gerencial.

Didatismo e Conhecimento 2
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
e não lucrativos, como as organizações sociais e as organizações 4.717/65), Ação civil pública (art. 129, III, CF; Lei n° 7.347/85),
da sociedade civil de interesse público (OSCIPs). Este setor passa Ação de improbidade administrativa (art. 37, § 4°,CF; Lei n°
a coexistir com o primeiro setor, que é o Estado, e com o segundo 8.429/92).
setor, que é o mercado. A seguir traremos o artigo científico de Diogo Dias Ramis
Na administração gerencial, a noção de interesse público para aprofundarmos a respeito do tema solicitado neste tópico.
é diferente da que existe no modelo burocrático. A burocracia Para iniciar o entendimento de o que é o controle da
vê o interesse público como o interesse do próprio Estado. A administração pública, cabe se utilizar do conceito da palavra
administração pública gerencial nega essa visão, identificando este
controle, em tema de administração pública, utilizado pelo
interesse com o dos cidadãos, passando os integrantes da sociedade
Professor Hely Lopes Meirelles, dizendo que controle “é a
a serem vistos como clientes dos serviços públicos.
Atualmente, o modelo gerencial na Administração Pública faculdade de vigilância, orientação e correção que um Poder, órgão
vem cada vez mais se consolidando, com a mudança de estruturas ou autoridade exerce sobre a conduta funcional de outro”.
organizacionais, o estabelecimento de metas a alcançar, a redução  Já se utilizando deste conceito, Marcelo Alexandrino e Vicente
da máquina estatal, a descentralização dos serviços públicos, Paulo conceituam o controle da administração pública dizendo que
a criação das agências reguladoras para zelar pela adequada esta é tanto o poder como o dever, que a própria Administração (ou
prestação dos serviços etc. O novo modelo propõese a promover o outro Poder) tem de vigiar, orientar e corrigir, diretamente ou por
aumento da qualidade e da eficiência dos serviços oferecidos pelo meio de órgãos especializados, a sua atuação administrativa. É o
Poder Público aos seus clientes: os cidadãos. controle que o Poder Executivo – e os outros órgãos administrativos
www.editoraferreira.com.br 2 Luciano Oliveira dos demais Poderes – tem sobre suas próprias atividades, tendo
como intenção a legitimidade de seus atos, mantê-los dentro da
lei, a defesa dos direitos dos administrados e a conduta adequada
3. REGIME JURÍDICOA DMINISTRATI- de seus agentes.
VO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE Assim, chega-se ao conceito mais simples de Fernanda
1988: PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS Marinela, que explana o controle da administração como “o
DO DIREITO ADMINISTRATIVO BRASI- conjunto de mecanismos jurídicos e administrativos para a
LEIRO.
fiscalização e revisão de toda atividade administrativa”.
 Cabe ressaltar que o controle da administração é exercitável
em todos e por todos os Poderes do Estado, devendo-se estender à
toda atividade administrativa e todos seus agentes.
Conceito de Controle Administrativo   Qualquer atuação administrativa estará condicionada aos
É o conjunto de mecanismos que permitem a vigilância, a princípios expressos no artigo 37 da Constituição Federal. Porém,
orientação e a correção da atuação administrativa quando ela se não há um capítulo ou título específico, nem um diploma único que
distancia das regras e dos princípios do ordenamento jurídico ad-
ministrativo. discipline o controle da administração. Por outro lado, a existência
Controle Externo x Controle Interno de diversos atos normativos colaboram com regras, modalidades,
O controle da Administração Pública compreende tanto o instrumentos, órgãos, etc. para a organização desse controle.
controle externo, como o controle interno. Portanto, este controle é extremamente necessário para se
Controle do Poder Legislativo garantir que a administração pública mantenha suas atividades
O Poder Legislativo tem por atribuição típica, além de inovar sempre em conformidade com os referidos princípios encontrados
na ordem jurídica, a fiscalização do Poder Executivo.
na Constituição e com as regras expressas nos atos normativos –
O controle do Legislativo sobre o Executivo somente é
efetivado na forma e nos limites permitidos pela Constituição tornando legítimos seus atos – e afastá-los da nulidade.
Federal.
Classificação
Existem diversos tipos e formas de controlar a administração
pública. Estes variam conforme o Poder, órgão ou autoridade que o
exercitará, ou também pelo sua fundamentação, modo e momento
de sua efetivação.
A classificação das formas de controle se dará, portanto,
conforme: sua origem; o momento do exercício; ao aspecto
controlado; à amplitude.
Controle do Poder Judiciário
Existem inúmeros instrumentos jurídicos que podem ser
utilizados pelo administrado resultando no controle da atuação Conforme a origem
administrativa: Habeas corpus (art. 5°, LXVIII), Habeas data(art. - Controle interno
5°, LXXII), Mandado de injunção (art. 5°, LXXI, CF; Lei n° O controle interno é aquele que é exercido pela entidade ou
9.507/97), Mandado de segurança individual (art. 5°, LXIX, CF; órgão que é o responsável pela atividade controlada, no âmbito de
Lei n° 12.016/09), Mandado de segurança coletivo (art. 5°, LXX, sua própria estrutura. O controle  que as chefias exercem nos atos
CF; Lei n° 12.016/09), Ação popular (art. 5°, LXXIII, CF; Lei n° de seus subordinados dentro de um órgão público é considerado

Didatismo e Conhecimento 3
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
um controle interno. Segundo Marinela, todo superior hierárquico da lei. Não existindo lei específica sobre o assunto, o controle
poderá exercer controle administrativo nos atos de seus subalternos, poderá ser feito através dos meios processuais comuns, como, por
sendo, por isso, responsável por todos os atos praticados em seu exemplo, o mandado de segurança e a ação popular.
setor por servidores sob seu comando.
 Sempre será interno o controle exercido no Legislativo ou no Conforme o momento do exercício
- Controle prévio ou preventivo (a priori)
Judiciário por seus órgãos de administração, sobre seus servidores
Se chama prévio o controle exercido antes do início ou da
e os atos administrativos praticados por estes.
conclusão  do ato, sendo um requisito para sua eficácia e validade.
  A Constituição Federal, em seu artigo 74, determina que É exemplo de controle prévio quando o Senado Federal autoriza a
deverá ser mantido pelos Poderes sistemas de controle interno, União, os Estados, o Distrito Federal ou os Municípios a contrair
estabelecendo alguns itens mínimos que este controle deverá ter empréstimos externos. Outro exemplo apresentado por Hely Lopes
como objeto, conforme exposto abaixo: Meirelles é o da liquidação da despesa para oportuno pagamento.
“Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário - Controle concomitante
manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a É o controle exercido durante o ato, acompanhando a sua
finalidade de: realização, com o intento de verificar a regularidade de sua
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano formação. Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo expõem como
plurianual, a execução dos programas de governo e dos exemplos do controle concomitante a fiscalização da execução de
um contrato administrativo e a realização de uma auditoria durante
orçamentos da União;
a execução do orçamento, entre outros.
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto
- Controle subsequente ou corretivo (a posteriori)
à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e Considera-se subsequente ou corretivo, o controle exercido
patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem após a conclusão do ato, tendo como intenção, segundo Fernanda
como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito Marinela, “corrigir eventuais defeitos, declarar sua nulidade
privado; ou dar-lhe eficácia, a exemplo da homologação na licitação”.
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e Alexandrino e Paulo ainda constatam que o controle judicial dos
garantias, bem como dos direitos e haveres da União; atos administrativos, por via de regra é um controle subsequente.
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão
institucional.” Quanto ao aspecto controlado
Em seu parágrafo primeiro, fica estabelecido que “Os - Controle de legalidade ou legitimidade
É este tipo de controle que verifica se o ato foi praticado em
responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento
conformidade com a lei; nas palavras de Hely Lopes Meirelles, “é
de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência
o que objetiva verificar unicamente a conformação do ato ou do
ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade procedimento administrativo com as normas legais que o regem”.
solidária”. Ou seja, se torna obrigatório a denúncia de qualquer   O controle de legalidade e legitimidade não só verifica
irregularidade encontrada para o TCU. apenas a compatibilidade entre o ato e o disposto na norma legal
- Controle externo positivada, mas também deverá ser apreciado os aspectos relativos
O controle externo ocorre quando outro Poder exerce controle à observância obrigatória da dos princípios administrativos.
sobre os atos administrativos praticados por outro Poder. Nas   Poderá ser exercido tanto pela própria administração que
palavras de Hely Lopes Meirelles, “é o que se realiza por órgão praticou o ato (que configurará um controle interno de legalidade)
estranho à Administração responsável pelo ato controlado”. Este quanto pelo Poder Judiciário, no exercício de sua função
mesmo autor utiliza como exemplo a apreciação das contas do jurisdicional, ou pelo Poder Legislativo em casos previstos na
Constituição.
Executivo e do Judiciário pelo Legislativo; a auditoria do Tribunal
  Nas palavras de Alexandrino e Paulo, “como resultado do
de Contas sobre a efetivação de determinada despesa do Executivo;
exercício do controle de legalidade pode ser declarada a existência
a anulação de um ato do Executivo por decisão do Judiciário; a de vício no ato que implique a declaração de sua nulidade”.
sustação de ato normativo do Executivo pelo Legislativo. O ato será declarado nulo nos casos em que existir ilegalidade
- Controle externo popular neste, e poderá ser feita pela própria Administração, ou pelo
Já que a administração sempre atua visando o interesse Poder Judiciário. A anulação terá efeito retroativo, desfazendo as
público, é necessário a existência de mecanismos que possibilitem relações resultantes dele.
a verificação da regularidade da atuação da administração por Com a edição da Lei nº 9.784/99, além de um ato poder
parte dos administrados, impedindo a prática de atos ilegítimos, ser válido ou nulo, passou a ser admitida a convalidação do ato
lesivos tanto ao indivíduo como à coletividade, e que também seja administrativo defeituoso, quando este não acarretar lesão ao
possível a reparação de danos caso estes atos de fato se consumem. interesse público ou a terceiros.
- Controle de mérito
O exemplo mais comum de controle externo popular é o
O controle de mérito tem como objetivo a verificação da
previsto no artigo 31, § 3º, da Constituição Federal, que determina
eficiência, da oportunidade, da conveniência e do resultado do
que as contas dos Municípios fiquem, durante sessenta dias, ato controlado. Conforme Hely Lopes Meirelles, “a eficiência é
anualmente, à disposição de qualquer contribuinte para o exame comprovada em face do desenvolvimento da atividade programada
e apreciação, podendo questionar-lhes a legitimidade nos termos pela Administração e da produtividade de seus servidores”.

Didatismo e Conhecimento 4
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Ele normalmente é de competência do próprio Poder que editou Em casos excepcionais (casos de descalabro administrativo),
o ato. Todavia, existem casos expressos na Constituição em que o poderá a Administração Direta controlar a indireta
Poder Legislativo deverá exercer controle de mérito sobre atos que o independentemente de regulamentação legal. É a chamada tutela
Poder Executivo praticou, caso este previsto no artigo 49, inciso X: extraordinária.
“Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:  Ele não se submete a hierarquia, visto que não há subordinação
(...) entre a entidade controlada e a autoridade ou o órgão controlador.
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Segundo Hely Lopes Meirelles, “é um controle teleológico, de
Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração verificação do enquadramento da instituição no programa geral no
indireta;” Governo e de seu acompanhamento dos atos de seus dirigentes no
Segundo grande parte da doutrina, não cabe ao Poder Judiciário desempenho de suas funções estatuárias, para o atingimento das
exercer esta revisão, para não violar o princípio de separação dos finalidades da entidade controlada”.
poderes. Quando o Poder Judiciário exerce controle sobre atos do
Executivo, o controle será sempre de legalidade ou legitimidade. Controle Judicial da Administração Pública
Entretanto, pelo fortalecimento dos princípios fundamentais da O controle judiciário ou judicial é o exercido pelos órgãos
administração como o da moralidade e eficiência, e os princípios do Poder Judiciário sobre os atos administrativos exercidos pelo
constitucionais implícitos da razoabilidade e da proporcionalidade, Poder Executivo, Legislativo e  do próprio Judiciário – quando
existe atualmente, nas palavras de Alexandrino e Paulo, “uma este realiza atividade administrativa.
nítida tendência à atenuação dessa vedação ao exercício, pelo Poder De acordo com Maria Sylvia Zanella Di Pietro, graças a
Judiciário, do controle de determinados aspectos de alguns atos adoção do sistema da jurisdição una, fundamentado no artigo
administrativos, que costumavam ser encobertos pelo conceito vago 5º, inciso XXXV da Constituição Federal, no direito brasileiro,
de ‘mérito administrativo’”. o Poder Judiciário deverá apreciar qualquer lesão ou ameaça a
Portanto, hoje em dia o Poder Judiciário pode invalidar um direito, mesmo que o autor da lesão seja o poder público.
ato administrativo de aplicação de uma penalidade disciplinar, por Este tipo de controle é exercido, por via de regra,
considerar a sanção desproporcional ao motivo que a causou, por posteriormente. Ele tem como intuito unicamente a verificação da
legalidade do ato, verificando a conformidade deste com a norma
exemplo. Quando o Judiciário se utiliza do controle de mérito, ele está
legal que o rege.
declarando ilegal um ato que estará ferindo os princípios jurídicos
Conforme Alexandrino e Paulo, os atos administrativos podem
básicos, como no exemplo acima, o da razoabilidade. Cabe também
ser anulados mediante o exercício do controle judicial, mas nunca
lembrar que o Judiciário não poderá revogar o ato administrativo, e
revogados. A anulação ocorrerá nos casos em que a ilegalidade
sim apenas anulá-lo.
for constatada no ato administrativo, podendo a anulação ser feita
pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário, e terá efeitos
Quanto à amplitude
retroativos, desfazendo as relações resultantes do ato. Entretanto,
- Controle hierárquico
de acordo com os mesmos autores, a regra de o ato nulo não gerar
O controle hierárquico, segundo Hely Lopes Meirelles, é efeitos “há que ser excepcionada para com os terceiros de boa-
aquele “que resulta automaticamente do escalonamento vertical fé que tenham sido atingidos pelos efeitos do ato anulado. Em
dos órgãos do Executivo, em que os inferiores estão subordinados relação a esses, em face da presunção de legitimidade que norteia
aos superiores”. O controle é hierárquico sempre que os órgãos toda a atividade administrativa, devem ser preservados os efeitos
superiores (dentro de uma mesma estrutura hierárquica) têm já produzidos na vigência do ato posteriormente anulado”.
competência para controlar e fiscalizar os atos praticados por seus No que concerne aos limites do controle do Poder Judiciário,
subordinados. este não deverá invadir os aspectos que são reservados à apreciação
Esta forma de controle é sempre um controle interno, típico do subjetiva da Administração Pública, conhecidos como o mérito
Poder Executivo, mas que também existe nos demais poderes. Nas (oportunidade e conveniência). Neste ponto, a doutrina se divide
palavras do professor Gustavo Mello,  “existe controle hierárquico ao analisar qual é o limite que a apreciação judicial poderá chegar:
em todos os poderes, quanto às funções administrativas, de acordo Alexandrino e Paulo consideram que “o Judiciário não pode
com a escala hierárquica ali existente, mas não há nenhum controle invalidar, devido ao acima explicado, a escolha pelo administrador
hierárquico entre Poderes distintos, vez que os três Poderes são (resultado de sua valoração de oportunidade e conveniência
independentes entre si”. Um exemplo de controle hierárquico é o administrativas) dos elementos motivo e objeto desses atos, que
diretor de uma secretaria controlando o ato de seu serventuário. formam o chamado mérito administrativo, desde que feita, essa
O controle hierárquico é irrestrito e não depende de alguma escolha, dentro dos limites da lei”, já Di Pietro considera que “não
norma específica que o estabeleça ou o autorize. Graças a este há invasão de mérito quando o Judiciário aprecia os motivos, ou
controle que se pode verificar os aspectos relativos à legalidade seja, os fatos que precedem a elaboração; a ausência ou falsidade
e ao mérito de todos atos praticados pelos agentes ou órgãos do motivo caracteriza ilegalidade, suscetível de invalidação pelo
subordinados a determinado agente ou órgão. Poder Judiciário”.
- Controle finalístico O Poder Judiciário sempre poderá, portanto, anular atos
É o controle que é exercido pela Administração Direta sobre administrativos, vinculados ou discricionários, desde que
as pessoas jurídicas integrantes da Administração Indireta. É um provocado, que apresentem vícios de ilegalidade ou ilegitimidade.
controle que depende de lei que o estabeleça, determine os meios Existem diversos meios de controle dos atos da Administração,
de controle, as autoridades responsáveis pela sua realização, bem sendo alguns acessíveis a todos os administrados, e outros restritos
como as suas finalidades. a legitimados específicos. Estes meios serão expostos a seguir.

Didatismo e Conhecimento 5
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Meios de controle judiciário suspensivo, independente de caução; decisão judicial que caiba
De acordo com Hely Lopes Meirelles, os meios de controle recurso com efeito suspensivo; e de decisão judicial transitada em
judiciário “são as vias processuais de procedimento ordinário, julgado.
sumaríssimo ou especial de que dispõe o titular do direito lesado Esse remédio constitucional admite a suspensão liminar do
ou ameaçado de lesão para obter a anulação do ilegal em ação ato, e a ordem, quando concedida, tem efeito mandamental e
contra a Administração Pública”. imediato, não podendo ser impedida sua execução por nenhum
- Habeas corpus recurso comum, exceto pelo Presidente do Tribunal competente
O  habeas corpus tem como objetivo proteger o direito de para apreciar a decisão inferior.
locomoção. Gustavo Mello ensina que este “será concedido sempre - Mandado de segurança coletivo
que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou Esse tipo de mandado de segurança surgiu com a Constituição
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso Federal de 88, em seu artigo 5º, inciso LXX, que determina:
de poder”. “LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
Este instrumento poderá ser impetrado por qualquer pessoa a) partido político com representação no Congresso Nacional;
(não necessita de advogado) quando seu direito de ir, vir e ficar b) organização sindical, entidade de classe ou associação
for prejudicado por alguém, tanto uma autoridade pública quanto legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um
um particular estranho à Administração. Ele é gratuito, conforme ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;”
disposto no artigo 5º, inciso LXXVII e se encontra previsto no De acordo com Gustavo Mello, “cabe ressaltar que as
inciso LXVIII deste mesmo artigo: entidades relacionadas na alínea b só podem defender os interesses
“LXVIII - conceder-se-á “habeas-corpus” sempre que alguém de seus ‘membros ou associados’, enquanto os partidos políticos
defendem os interesses da população.”
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua
- Ação popular
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;”
A ação popular é um instrumento de defesa dos interesses
- Habeas data
da coletividade. Ela é utilizável por qualquer de seus membros,
O  habeas data  é o instrumento constitucional que será
exercendo seus direitos cívicos e políticos. Não tem como intenção
concedido para assegurar à pessoa física ou jurídica o conhecimento proteger direito próprio do autor, mas sim interesses de toda a
de informações contidas em registros concernentes ao postulante comunidade. Ela poderá ser utilizada de forma preventiva ou
e constantes de repartições públicas ou particulares acessíveis de forma repressiva contra a atividade administrativa lesiva do
ao público, ou para retificação de dados pessoais. A Lei nº patrimônio público.
9.507/97, acrescentou mais uma hipótese em seu artigo 7º, inciso Ela poderá ser proposta por qualquer cidadão, ou seja, o
III, garantindo também “para a anotação nos assentamentos do brasileiro nato ou naturalizado, que está no gozo de seus direitos
interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro políticos, apto a votar e ser votado. Caso derrotado na ação, o autor
mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável”. não será obrigado a pagar custas judiciais ou indenizar a parte
 Deve-se lembrar que esse remédio constitucional tem como contraria, visto que a ação visa proteger um interesse público, e
objetivo garantir que a pessoa tenha conhecimento de quais não o seu interesse individual, salvo se o autor houver movido a
informações sobre sua própria pessoa constam de algum banco de ação de má-fé.
dados, bem como para retificá-las, caso tenha interesse. O habeas A ação popular se encontra prevista no artigo 5º, inciso
data  não serve para garantir o direito de obter uma informação LXXIII, da Constituição Federal:
qualquer, mesmo sendo de seu interesse particular, mas que não se “LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
refira à sua vida pessoal. popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
O habeas data será cabível, conforme o STJ consagrou em sua entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
Súmula nº 2, após a recusa por parte da autoridade administrativa ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
em fornecer a informação indesejada. autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
- Mandado de segurança individual da sucumbência”;
O mandado de segurança  é o meio constitucional que será Em caso de desistência da ação por parte do autor, como esta
concedido sempre para proteger um direito líquido e certo, que se trata de um interesse público, poderá haver o prosseguimento da
não seja amparado por habeas corpus e habeas data, lesado ou ação pelo Ministério Público ou por outro cidadão.
ameaçado de lesão por ato de autoridade pública ou agente de - Ação civil pública
pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. Nas palavras de Alexandrino e Paulo “a ação civil pública visa
Segundo Hely Lopes Meirelles, “Destina-se a coibir atos ilegais reprimir ou impedir lesão a interesses difusos e coletivos, como os
de autoridade que lesam direito subjetivo, liquido e certo, do relacionados à proteção do patrimônio público e social, do meio
impetrante”. ambiente, do consumidor, etc.”. Ela nunca deverá ser proposta para
O prazo para impetrar o mandado de segurança é de 120 dias defesa de direitos individuais, e não se destina a reparar prejuízos
contados após o conhecimento do ato a ser impugnado. É um prazo causados a particulares pela conduta comissiva ou omissiva do réu.
decadencial, onde não se admite interrupção nem suspensão. Este O doutrinador Gustavo Mello considera que essa ação “não é
meio constitucional não será cabível nas hipóteses de: direitos especificamente uma forma de controle da Administração, vez que
amparados pelo habeas corpus e habeas data;  para corrigir lesão tem como sujeito passivo qualquer pessoa, pública ou privada, que
decorrente de lei em tese (conforme preceitua a Súmula nº 266 cause o referido dano; eventualmente, essa pessoa poderá ser da
do STF); ato do qual caiba recurso administrativo com efeito Administração Pública”.

Didatismo e Conhecimento 6
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
em algumas situações concretas, os costumes da repartição podem
4. SERVIÇOS PÚBLICOS: CONCEITO; influir de alguma forma nas ações estatais, inclusive ajudando a
CARACTERÍSTICAS; CLASSIFICAÇÃO; produção de novas normas. Diz-se costume à reiteração uniforme
TITULARIDADE; PRINCÍPIOS. de determinado comportamento, que é visto como exigência legal.

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO ADMINISTRA-


TIVO: Os princípios jurídicos orientam a interpretação e a apli-
CONCEITO: São muitos os conceitos do que vem a ser Direi- cação de outras normas. São verdadeiras diretrizes do ordena-
to Administrativo. Em resumo, pode-se dizer que é o conjunto mento jurídico, guias de interpretação, às quais a administração
dos princípios jurídicos que tratam da Administração Pública, pública fica subordinada. Possuem um alto grau de generalida-
suas entidades, órgãos, agentes públicos, enfim, tudo o que diz de e abstração, bem como um profundo conteúdo axiológico e
respeito à maneira como se atingir as finalidades do Estado. Ou valorativo.
seja, tudo que se refere à Administração Pública e a relação entre Os principais princípios da Administração Pública estão
ela e os administrados e seus servidores é regrado e estudado inseridos no artigo 37 “caput” da Constituição Federal (CF):
pelo Direito Administrativo. legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
O Direito Administrativo integra o ramo do Direito Público, São cinco princípios, podendo ser facilmente memorizados
cuja principal característica encontramos no fato de haver uma através da palavra LIMPE, vejam: L (legalidade); I
desigualdade jurídica entre cada uma das partes envolvidas. (impessoalidade); M (moralidade); P (publicidade); e E
Assim, de um lado, encontramos a Administração Pública, que (eficiência).
defende os interesses coletivos; de outro, o particular. Havendo Esses princípios têm natureza meramente exemplificativa,
conflito entre tais interesses, haverá de prevalecer o da coleti- posto que representam apenas o mínimo que a Administração
vidade, representado pela Administração. Isto posto, veja que Pública deve perseguir quando do desempenho de suas atividades.
esta se encontra num patamar superior ao particular, de forma Exemplos de outros princípios: razoabilidade, motivação,
diferente da vista no Direito Privado, onde as partes estão em segurança das relações jurídicas.
igualdade de condições. Os princípios da Administração Pública são regras que
surgem como parâmetros para a interpretação das demais normas
FONTES: Diz-se fonte à origem, lugar de onde provém algo. jurídicas. Têm a função de oferecer coerência e harmonia para o
No caso, de onde emanam as regras do Direito Administrativo. ordenamento jurídico. Quando houver mais de uma norma, deve-
Quatro são as principais fontes: se seguir aquela que mais se compatibiliza com a Constituição
I – lei; Federal, ou seja, deve ser feita uma interpretação conforme a
II – jurisprudência; Constituição.
III – doutrina; Os princípios da Administração abrangem a Administração
IV – costumes. Pública direta e indireta de quaisquer dos Poderes da União, dos
Como fonte primária, principal, tem-se a lei, em seu Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 37 da CF/88).
sentido genérico (“latu sensu”), que inclui, além da Constituição
Federal, as leis ordinárias, complementares, delegadas, medidas 1. Princípio da Legalidade
provisórias, atos normativos com força de lei, e alguns decretos-lei Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
ainda vigentes no país etc. Em geral, é ela abstrata e impessoal. coisa senão em virtude de lei (art. 5.º, II, da CF). O princípio da
Mais adiante, veremos o princípio da legalidade, de suma legalidade representa uma garantia para os administrados, pois
importância no Direito Administrativo, quando ficará bem claro qualquer ato da Administração Pública somente terá validade se
por que a lei é sua fonte primordial. respaldado em lei. Representa um limite para a atuação do Estado,
As outras três fontes são ditas secundárias. visando à proteção do administrado em relação ao abuso de poder.
Chama-se jurisprudência o conjunto de decisões do Poder O princípio em estudo apresenta um perfil diverso no campo
Judiciário na mesma linha, julgamentos no mesmo sentido. Então, do Direito Público e no campo do Direito Privado. No Direito
pode-se tomar como parâmetro para decisões futuras, ainda que, Privado, tendo em vista o interesse privado, as partes poderão fazer
em geral, essas decisões não obriguem a Administração quando tudo o que a lei não proíbe; no Direito Público, diferentemente,
não é parte na ação. Diz-se em geral, pois, na CF/88, há previsão existe uma relação de subordinação perante a lei, ou seja, só se
de vinculação do Judiciário e do Executivo à decisão definitiva pode fazer o que a lei expressamente autorizar.
de mérito em Ação Declaratória de Constitucionalidade (art. 102, Nesse caso, faz-se necessário o entendimento a respeito do
§2º). ato vinculado e do ato discricionário, posto que no ato vinculado
A doutrina é a teoria desenvolvida pelos estudiosos do Direito, o administrador está estritamente vinculado ao que diz a lei e no
materializada em livros, artigos, pareceres, congressos etc. Assim, ato discricionário o administrador possui uma certa margem de
como a jurisprudência, a doutrina também é fonte secundária e discricionariedade. Vejamos:
influencia no surgimento de novas leis e na solução de dúvidas a) No ato vinculado, o administrador não tem liberdade para
no cotidiano administrativo, além de complementar a legislação decidir quanto à atuação. A lei previamente estabelece um único
existente, que muitas vezes é falha e de difícil interpretação. comportamento possível a ser tomado pelo administrador no fato
Por fim, os costumes, que hoje em dia têm pouca utilidade concreto; não podendo haver juízo de valores, o administrador não
prática, em face do citado princípio da legalidade, que exige poderá analisar a conveniência e a oportunidade do ato.
obediência dos administradores aos comando legais. No entanto,

Didatismo e Conhecimento 7
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
b) O ato discricionário é aquele que, editado debaixo da Os atos de improbidade podem ser combatidos através de
lei, confere ao administrador a liberdade para fazer um juízo de instrumentos postos à disposição dos administrados, são eles;
conveniência e oportunidade. 1 -Ação Popular, art. 5.º, LXXIII, da CF; e
A diferença entre o ato vinculado e o ato discricionário está no 2 - Ação Civil Pública, Lei n. 7347/85, art. 1.º.
grau de liberdade conferido ao administrador.
Tanto o ato vinculado quanto o ato discricionário só poderão 4. Princípio da Publicidade
ser reapreciados pelo Judiciário no tocante à sua legalidade, pois o É a obrigação, o dever atribuído à Administração, de dar total
judiciário não poderá intervir no juízo de valor e oportunidade da transparência a todos os atos que praticar, ou seja, como regra
Administração Pública. geral, nenhum ato administrativo pode ser sigiloso.
Importante também destacar que o princípio da legalidade, no A regra do princípio que veda o sigilo comporta algumas
Direito Administrativo, apresenta algumas exceções: Exemplo: exceções, como quando os atos e atividades estiverem relacionados
a) Medidas provisórias: são atos com força de lei que só po- com a segurança nacional ou quando o conteúdo da informação for
dem ser editados em matéria de relevância e urgência. Dessa resguardado por sigilo (art. 37, § 3.º, II, da CF/88).
forma, o administrado só se submeterá ao previsto em medida A publicidade, entretanto, só será admitida se tiver fim
provisória se elas forem editadas dentro dos parâmetros consti- educativo, informativo ou de orientação social, proibindo-se a
tucionais, ou seja, se presentes os requisitos da relevância e da promoção pessoal de autoridades ou de servidores públicos por
urgência; meio de aparecimento de nomes, símbolos e imagens. Exemplo:
b)Estado de sítio e estado de defesa: são momentos de anor- Placas de inauguração de praças com o nome do prefeito.
malidade institucional. Representam restrições ao princípio da le-
galidade porque são instituídos por um decreto presidencial que 5. Princípio da Eficiência
poderá obrigar a fazer ou deixar de fazer mesmo não sendo lei. A Emenda Constitucional n. 19 trouxe para o texto
constitucional o princípio da eficiência, que obrigou a
2. Princípio da Impessoalidade Administração Pública a aperfeiçoar os serviços e as atividades
Significa que a Administração Pública não poderá atuar que presta, buscando otimização de resultados e visando atender o
discriminando pessoas de forma gratuita, a Administração Pública interesse público com maior eficiência.
deve permanecer numa posição de neutralidade em relação às Para uma pessoa ingressar no serviço público, deve haver
pessoas privadas. A atividade administrativa deve ser destinada concurso público. A Constituição Federal de 1988 dispõe quais
os títulos e provas hábeis para o serviço público, a natureza e a
a todos os administrados, sem discriminação nem favoritismo,
complexidade do cargo.
constituindo assim um desdobramento do princípio geral da
Para adquirir estabilidade, é necessária a eficiência (nomeação
igualdade, art. 5.º, caput, CF.
por concurso, estágio probatório de três anos etc.). E para perder a
Ex.: Quando da contratação de serviços por meio de licitação, a
condição de servidor, é necessária sentença judicial transitada em
Administração Pública deve estar estritamente vinculada ao edital,
julgado, processo administrativo com ampla defesa e insuficiência
as regras devem ser iguais para todos que queiram participar da
de desempenho.
licitação.
Há ainda outros princípios que a Administração Pública deve
Segundo o art. 37, § 6.º, da CF “as pessoas jurídicas de direito
perseguir, dentre eles, podemos citar dois de grande importância;
público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, a) Princípio da Motivação:
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o É o princípio mais importante, visto que sem a motivação não
responsável nos casos de dolo ou culpa”. há o devido processo legal.
No entanto, motivação, neste caso, nada tem haver com aquele
3. Princípio da Moralidade estado de ânimo que os senhores devem ter para encarar a luta dos
O ato e a atividade da Administração Pública devem obedecer concursos públicos.
não só à lei, mas também à moral. Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicável ao
A Lei n. 8.429/92, no seu art. 9.º, apresentou, em caso concreto, relacionar os fatos que concretamente levaram à
caráter exemplificativo, as hipóteses de atos de improbidade aplicação daquele dispositivo legal.
administrativa; esse artigo dispõe que todo aquele que objetivar Todos os atos administrativos devem ser motivados para que
algum tipo de vantagem patrimonial indevida, em razão de cargo, o Judiciário possa controlar o mérito do ato administrativo quanto
mandato, emprego ou função que exerce, estará praticando ato de à sua legalidade. Para efetuar esse controle, devem-se observar os
improbidade administrativa. São exemplos: motivos dos atos administrativos.
1-Usar bens e equipamentos públicos com finalidade parti- Hely Lopes Meirelles entende que o ato discricionário,
cular; editado sob a lei, confere ao administrador uma margem de
2-Intermediar liberação de verbas; liberdade para fazer um juízo de conveniência e oportunidade, não
sendo necessária a motivação, porém, se houver tal, o ato deverá
3-Estabelecer contratação direta quando a lei manda licitar;
condicionar-se à referida motivação. O entendimento majoritário,
4-Vender bem público abaixo do valor de mercado;
no entanto, é de que, mesmo no ato discricionário, é necessária a
5-Adquirir bens acima do valor de mercado (superfaturamento). motivação para que se saiba qual o caminho adotado.

Didatismo e Conhecimento 8
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
b) Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Salienta-se que regras básicas desse regime devem estar
Particular: contidas em lei que possui duas características:
Sempre que houver a necessidade de sacrificar um interesse 1ª) pluralidade normativa, indicando que os estatutos
individual e um interesse público coletivo, prevalece o interesse funcionais são múltiplos.
público. São as prerrogativas conferidas à Administração Pública, 2º) natureza da relação jurídica estatutária. Portanto, não tem
porque esta atua por conta dos interesses públicos. natureza contratual, haja vista que a relação é própria do Direito
O administrador, para melhor se empenhar na busca do Público.
interesse público, possui direitos que asseguram uma maior Regime Trabalhista: De outra banda, esse regime é aquele
amplitude e segurança em suas relações. constituído das normas que regulam a relação jurídica entre o
No entanto, sempre que esses direitos forem utilizados para Estado e o empregado.
finalidade diversa do interesse público, o administrador será O regime em tela está amparado na Consolidação das Leis do
responsabilizado e surgirá o abuso de poder. Trabalho – CLT (Decreto-Lei nº 5.452, de 01/05/43), razão pela
qual essa relação jurídica é de natureza contratual.
Regime Especial: O Regime Especial visa disciplinar uma
5. ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO: COM- categoria específica de servidores: os servidores temporários.
PORTAMENTO PROFISSIONAL, ATITU- A Carta Política remeteu para a lei a disposição dos casos de
DES NO SERVIÇO, ORGANIZAÇÃO DO contratação desses servidores.
TRABALHO, PRIORIDADE EM SERVIÇO. Os pressupostos do Regime Especial são:
- determinabilidade temporal da contratação (prazo
determinado);
- temporariedade da função;
- excepcionalidade do interesse publico que obriga o
Regime jurídico dos servidores públicos é o conjunto de prin-
recrutamento.
cípios e regras referentes a direitos, deveres e demais normas que
regem a sua vida funcional. A lei que reúne estas regas é deno-
LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990
minada de Estatuto e o regime jurídico passa a ser chamado de
regime jurídico Estatutário.
Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis
No âmbito de cada pessoa política - União, os Estados, o Dis-
da União, das autarquias e das fundações públicas federais.
trito Federal e os Municípios - há um Estatuto. A lei 8.112/90, de
11/12/1990, com suas alterações, é o regime jurídico Estatutário
aplicável aos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e PUBLICAÇÃO CONSOLIDADA DA LEI Nº 8.112, DE
fundações públicas federais, ocupantes de cargos públicos. 11 DE DEZEMBRO DE 1990, DETERMINADA PELO ART.
O Regime Jurídico Único existiu até o advento da Emenda 13 DA LEI Nº 9.527, DE 10 DE DEZEMBRO DE 1997.
Constitucional nº 19, de 04/06/98. A  partir de então é possível
a admissão de pessoal ocupante de emprego público, regido pela O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
CLT,  na Administração federal direta, nas autarquias e nas funda- Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
ções públicas; por isto é que o regime não é mais um só, ou seja,
não é mais único. TÍTULO I
No âmbito federal, a Lei nº 9.962, de 22.02.2000, disciplina CAPÍTULO ÚNICO
o regime de emprego público do pessoal da Administração federal DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
direta, autárquica e fundacional, dispondo :
O pessoal admitido para emprego público terá sua relação de Art.  1o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores
trabalho regida pela CLT (art.1º, caput); Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime
Leis específicas disporão sobre a criação de empregos, bem especial, e das fundações públicas federais.
como sobre a transformação dos atuais cargos em empregos (§1º); Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente
Vedou que se submeta ao regime de emprego público os car- investida em cargo público.
gos públicos de provimento em comissão, bem como os servidores Art.  3o Cargo público é o conjunto de atribuições e
regidos pela lei 8.112/90, às datas das respectivas publicações de  responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem
tais leis específicas (§2º).   ser cometidas a um servidor.
Regime Estatutário: Registra-se por oportuno, que regime Parágrafo  único. Os cargos públicos, acessíveis a todos
estatutário é o conjunto de regras que regulam a relação jurídica
os brasileiros, são criados por lei, com denominação própria e
funcional entre o servidor publico, estatutário e o Estado. São
vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em
servidores públicos estatutários tanto os servidores efetivos
caráter efetivo ou em comissão.
(aqueles aprovados em concursos públicos) quanto os servidores
comissionados ou de provimento em comissão (esses cargos Art. 4o É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os
detêm natureza de ocupação provisória, caracterizados pela casos previstos em lei.
confiança depositada pelos administradores em seus ocupantes,
podendo seus titulares, por conseguinte, ser afastados ad nutum, TÍTULO II
a qualquer momento, por conveniência da autoridade nomeante. DO PROVIMENTO, VACÂNCIA, REMOÇÃO, REDISTRI-
Não há que se falar em estabilidade em cargo comissionado). BUIÇÃO E SUBSTITUIÇÃO

Didatismo e Conhecimento 9
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CAPÍTULO I Parágrafo  único. Os demais requisitos para o ingresso e o
DO PROVIMENTO desenvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção,
serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de
Seção I carreira na Administração Pública Federal e seus regulamentos.
Disposições Gerais (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Art.  5o São requisitos básicos para investidura em cargo Seção III


público: Do Concurso Público
I - a nacionalidade brasileira;
II - o gozo dos direitos políticos; Art.  11. O concurso será de provas ou de provas e títulos,
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; podendo ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; e o regulamento do respectivo plano de carreira, condicionada a
V - a idade mínima de dezoito anos; inscrição do candidato ao pagamento do valor fixado no edital,
VI - aptidão física e mental. quando indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóteses de
§ 1o As atribuições do cargo podem justificar a exigência de isenção nele expressamente previstas.(Redação dada pela Lei nº
outros requisitos estabelecidos em lei. 9.527, de 10.12.97) (Regulamento)
§  2o Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 (dois ) anos,
direito de se inscrever em concurso público para provimento de
podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período.
cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de
§ 1o O prazo de validade do concurso e as condições de sua
que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20%
realização serão fixados em edital, que será publicado no Diário
(vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.
Oficial da União e em jornal diário de grande circulação.
§  3o As universidades e instituições de pesquisa científica e
§ 2o Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato
tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores,
aprovado em concurso anterior com prazo de validade não
técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os
expirado.
procedimentos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.515, de 20.11.97)
Art.  6o O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante Seção IV
ato da autoridade competente de cada Poder. Da Posse e do Exercício
Art. 7o A investidura em cargo público ocorrerá com a posse.
Art. 8o São formas de provimento de cargo público: Art.  13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo
I - nomeação; termo, no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as
II - promoção; responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que
III - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) não poderão ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes,
IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) ressalvados os atos de ofício previstos em lei.
V - readaptação; §  1o A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da
VI - reversão; publicação do ato de provimento. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
VII - aproveitamento; de 10.12.97)
VIII - reintegração; §  2o Em se tratando de servidor, que esteja na data de
IX - recondução. publicação do ato de provimento, em licença prevista nos incisos
I, III e V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos incisos I, IV, VI,
Seção II VIII, alíneas “a”, “b”, “d”, “e” e “f”, IX e X do art. 102, o prazo
Da Nomeação será contado do término do impedimento. (Redação dada pela Lei
nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3o A posse poderá dar-se mediante procuração específica.
Art. 9o A nomeação far-se-á:
§ 4o Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por
I  -  em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de nomeação. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
provimento efetivo ou de carreira; §  5o No ato da posse, o servidor apresentará declaração de
II  -  em comissão, inclusive na condição de interino, para bens e valores que constituem seu patrimônio e declaração quanto
cargos de confiança vagos. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função pública.
10.12.97) § 6o Será tornado sem efeito o ato de provimento se a posse
Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão não ocorrer no prazo previsto no § 1o deste artigo.
ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício, Art.  14. A posse em cargo público dependerá de prévia
interinamente, em outro cargo de confiança, sem prejuízo das inspeção médica oficial.
atribuições do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar Parágrafo  único. Só poderá ser empossado aquele que for
pela remuneração de um deles durante o período da interinidade. julgado apto física e mentalmente para o exercício do cargo.
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do
Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado cargo público ou da função de confiança. (Redação dada pela Lei
de provimento efetivo depende de prévia habilitação em concurso nº 9.527, de 10.12.97)
público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de § 1o É de quinze dias o prazo para o servidor empossado em
classificação e o prazo de sua validade. cargo público entrar em exercício, contados da data da posse.
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 10
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 2o O servidor será exonerado do cargo ou será tornado sem § 1o 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio
efeito o ato de sua designação para função de confiança, se não probatório, será submetida à homologação da autoridade
entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, observado o competente a avaliação do desempenho do servidor, realizada por
disposto no art. 18. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) comissão constituída para essa finalidade, de acordo com o que
§ 3o À autoridade competente do órgão ou entidade para onde dispuser a lei ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo,
for nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe exercício. sem prejuízo da continuidade de apuração dos fatores enumerados
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) nos incisos I a V do caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
§ 4o O início do exercício de função de confiança coincidirá 11.784, de 2008
§  2o O servidor não aprovado no estágio probatório será
com a data de publicação do ato de designação, salvo quando exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente
o servidor estiver em licença ou afastado por qualquer outro ocupado, observado o disposto no parágrafo único do art. 29.
motivo legal, hipótese em que recairá no primeiro dia útil após o § 3o O servidor em estágio probatório poderá exercer quaisquer
término do impedimento, que não poderá exceder a trinta dias da cargos de provimento em comissão ou funções de direção, chefia
publicação. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e somente
Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar cargos de
exercício serão registrados no assentamento individual do servidor. Natureza Especial, cargos de provimento em comissão do Grupo-
Parágrafo  único. Ao entrar em exercício, o servidor Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou
apresentará ao órgão competente os elementos necessários ao seu equivalentes. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
assentamento individual. § 4o Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser
Art.  17. A promoção não interrompe o tempo de exercício, concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 81,
incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para participar
que é contado no novo posicionamento na carreira a partir da data
de curso de formação decorrente de aprovação em concurso para
de publicação do ato que promover o servidor. (Redação dada pela outro cargo na Administração Pública Federal. (Incluído pela Lei
Lei nº 9.527, de 10.12.97) nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro município § 5o O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças e
em razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedido os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem assim
ou posto em exercício provisório terá, no mínimo, dez e, no na hipótese de participação em curso de formação, e será retomado
máximo, trinta dias de prazo, contados da publicação do ato, a partir do término do impedimento. (Incluído pela Lei nº 9.527,
para a retomada do efetivo desempenho das atribuições do cargo, de 10.12.97)
incluído nesse prazo o tempo necessário para o deslocamento para
a nova sede. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Seção V
§  1o Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença ou Da Estabilidade
afastado legalmente, o prazo a que se refere este artigo será contado
a partir do término do impedimento. (Parágrafo renumerado e Art.  21. O servidor habilitado em concurso público e
alterado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá estabilidade
§ 2o É facultado ao servidor declinar dos prazos estabelecidos no serviço público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício.
no caput. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) (prazo 3 anos - vide EMC nº 19)
Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada Art.  22. O servidor estável só perderá o cargo em virtude
em razão das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, de sentença judicial transitada em julgado ou de processo
respeitada a duração máxima do trabalho semanal de quarenta administrativo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla
horas e observados os limites mínimo e máximo de seis horas e defesa.
oito horas diárias, respectivamente. (Redação dada pela Lei nº
8.270, de 17.12.91) Seção VI
§ 1o O ocupante de cargo em comissão ou função de confiança Da Transferência
submete-se a regime de integral dedicação ao serviço, observado
Art. 23. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
o disposto no art. 120, podendo ser convocado sempre que houver
interesse da Administração. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
Seção VII
10.12.97)
Da Readaptação
§ 2o O disposto neste artigo não se aplica a duração de trabalho
estabelecida em leis especiais. (Incluído pela Lei nº 8.270, de Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em cargo de
17.12.91) atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que
Art.  20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em
cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por inspeção médica.
período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão e § 1o Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando
capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo, será aposentado.
observados os seguinte fatores: (vide EMC nº 19) §  2o A readaptação será efetivada em cargo de atribuições
I - assiduidade; afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e
II - disciplina; equivalência de vencimentos e, na hipótese de inexistência de
III - capacidade de iniciativa; cargo vago, o servidor exercerá suas atribuições como excedente,
IV - produtividade; até a ocorrência de vaga.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de
V- responsabilidade. 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 11
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Seção VIII § 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante
Da Reversão será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ou
(Regulamento Dec. nº 3.644, de 30.11.2000) aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade.

Art.  25. Reversão é o retorno à atividade de servidor Seção X


aposentado: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, Da Recondução
de 4.9.2001)
I  -  por invalidez, quando junta médica oficial declarar Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo
insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou (Incluído pela anteriormente ocupado e decorrerá de:
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo;
II - no interesse da administração, desde que: (Incluído pela II - reintegração do anterior ocupante.
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem,
a)  tenha solicitado a reversão; (Incluído pela Medida o servidor será aproveitado em outro, observado o disposto no art.
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) 30.
b)  a aposentadoria tenha sido voluntária; (Incluído pela
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) Seção XI
c)  estável quando na atividade; (Incluído pela Medida Da Disponibilidade e do Aproveitamento
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores Art. 30. O retorno à atividade de servidor em disponibilidade
à solicitação; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em cargo de
4.9.2001) atribuições e vencimentos compatíveis com o anteriormente
e) haja cargo vago. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225- ocupado.
45, de 4.9.2001) Art.  31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil
§ 1o A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resultante determinará o imediato aproveitamento de servidor em
de sua transformação. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225- disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou entidades
45, de 4.9.2001) da Administração Pública Federal.
§  2o O tempo em que o servidor estiver em exercício será Parágrafo  único. Na hipótese prevista no § 3o do art. 37,
considerado para concessão da aposentadoria. (Incluído pela o servidor posto em disponibilidade poderá ser mantido sob
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) responsabilidade do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da
§  3o No caso do inciso I, encontrando-se provido o cargo, Administração Federal - SIPEC, até o seu adequado aproveitamento
o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a em outro órgão ou entidade. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.527,
ocorrência de vaga. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 10.12.97)
de 4.9.2001) Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada
§  4o O servidor que retornar à atividade por interesse da a disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo
administração perceberá, em substituição aos proventos da legal, salvo doença comprovada por junta médica oficial.
aposentadoria, a remuneração do cargo que voltar a exercer,
inclusive com as vantagens de natureza pessoal que percebia CAPÍTULO II
anteriormente à aposentadoria. (Incluído pela Medida Provisória DA VACÂNCIA
nº 2.225-45, de 4.9.2001)
§  5o O servidor de que trata o inciso II somente terá os
Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de:
proventos calculados com base nas regras atuais se permanecer
I - exoneração;
pelo menos cinco anos no cargo. (Incluído pela Medida Provisória
nº 2.225-45, de 4.9.2001) II - demissão;
§ 6o O Poder Executivo regulamentará o disposto neste artigo. III - promoção;
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art.  26. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de V - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
4.9.2001) VI - readaptação;
Art.  27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver VII - aposentadoria;
completado 70 (setenta) anos de idade. VIII - posse em outro cargo inacumulável;
IX - falecimento.
Seção IX Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do
Da Reintegração servidor, ou de ofício.
Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável I - quando não satisfeitas as condições do estágio probatório;
no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua II  -  quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em
transformação, quando invalidada a sua demissão por decisão exercício no prazo estabelecido.
administrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a dispensa de
vantagens. função de confiança dar-se-á: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
§ 1o Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará 10.12.97)
em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 e 31.

Didatismo e Conhecimento 12
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
I - a juízo da autoridade competente; VI  -  compatibilidade entre as atribuições do cargo e as
II - a pedido do próprio servidor. finalidades institucionais do órgão ou entidade. (Incluído pela Lei
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) nº 9.527, de 10.12.97)
§  1o A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento
CAPÍTULO III de lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços,
DA REMOÇÃO E DA REDISTRIBUIÇÃO inclusive nos casos de reorganização, extinção ou criação de órgão
ou entidade. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Seção I § 2o A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará mediante
Da Remoção ato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os órgãos e entidades
da Administração Pública Federal envolvidos. (Incluído pela Lei
Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou nº 9.527, de 10.12.97)
de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de §  3o Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou
sede.
entidade, extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, entende-se
órgão ou entidade, o servidor estável que não for redistribuído será
por modalidades de remoção: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
colocado em disponibilidade, até seu aproveitamento na forma dos
10.12.97)
arts. 30 e 31. (Parágrafo renumerado e alterado pela Lei nº 9.527,
I - de ofício, no interesse da Administração; (Incluído pela Lei
nº 9.527, de 10.12.97) de 10.12.97)
II - a pedido, a critério da Administração; (Incluído pela Lei §  4o O servidor que não for redistribuído ou colocado em
nº 9.527, de 10.12.97) disponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do órgão
III  - a pedido, para outra localidade, independentemente central do SIPEC, e ter exercício provisório, em outro órgão ou
do interesse da Administração: (Incluído pela Lei nº 9.527, de entidade, até seu adequado aproveitamento. (Incluído pela Lei nº
10.12.97) 9.527, de 10.12.97)
a)  para acompanhar cônjuge ou companheiro, também Capítulo IV
servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da Da Substituição
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi
deslocado no interesse da Administração; (Incluído pela Lei nº Art.  38. Os servidores investidos em cargo ou função de
9.527, de 10.12.97) direção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou terão substitutos indicados no regimento interno ou, no caso de
dependente que viva às suas expensas e conste do seu assentamento omissão, previamente designados pelo dirigente máximo do órgão
ou entidade. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
funcional, condicionada à comprovação por junta médica oficial;
§  1o O substituto assumirá automática e cumulativamente,
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do cargo ou função
c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em
de direção ou chefia e os de Natureza Especial, nos afastamentos,
que o número de interessados for superior ao número de vagas,
impedimentos legais ou regulamentares do titular e na vacância
de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade do cargo, hipóteses em que deverá optar pela remuneração de um
em que aqueles estejam lotados.(Incluído pela Lei nº 9.527, de deles durante o respectivo período. (Redação dada pela Lei nº
10.12.97) 9.527, de 10.12.97)
§ 2o O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do cargo
Seção II ou função de direção ou chefia ou de cargo de Natureza Especial,
Da Redistribuição nos casos dos afastamentos ou impedimentos legais do titular,
superiores a trinta dias consecutivos, paga na proporção dos dias de
Art.  37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de efetiva substituição, que excederem o referido período. (Redação
provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com Art.  39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos titulares
prévia apreciação do órgão central do SIPEC, observados os de unidades administrativas organizadas em nível de assessoria.
seguintes preceitos: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
I - interesse da administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de Título III
10.12.97) Dos Direitos e Vantagens
II - equivalência de vencimentos; (Incluído pela Lei nº 9.527, Capítulo I
de 10.12.97) Do Vencimento e da Remuneração
III  -  manutenção da essência das atribuições do cargo;
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício
IV  -  vinculação entre os graus de responsabilidade e de cargo público, com valor fixado em lei.
complexidade das atividades; (Incluído pela Lei nº 9.527, de Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 11.784, de 2008)
10.12.97) Art.  41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo,
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas
profissional; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) em lei.

Didatismo e Conhecimento 13
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 1o A remuneração do servidor investido em função ou cargo §  3o Na hipótese de valores recebidos em decorrência de
em comissão será paga na forma prevista no art. 62. cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada ou a sentença
§ 2o O servidor investido em cargo em comissão de órgão ou que venha a ser revogada ou rescindida, serão eles atualizados
entidade diversa da de sua lotação receberá a remuneração de até a data da reposição. (Redação dada pela Medida Provisória nº
acordo com o estabelecido no § 1o do art. 93. 2.225-45, de 4.9.2001)
§ 3o O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for demitido,
de caráter permanente, é irredutível. exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou disponibilidade
§  4o É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos cassada, terá o prazo de sessenta dias para quitar o débito. (Redação
de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo previsto
servidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter
implicará sua inscrição em dívida ativa. (Redação dada pela
individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
§ 5o Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao
Art.  48. O vencimento, a remuneração e o provento não
salário mínimo. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008 serão objeto de arresto, seqüestro ou penhora, exceto nos casos de
Art.  42. Nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a prestação de alimentos resultante de decisão judicial.
título de remuneração, importância superior à soma dos valores
percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer título, no CAPÍTULO II
âmbito dos respectivos Poderes, pelos Ministros de Estado, por DAS VANTAGENS
membros do Congresso Nacional e Ministros do Supremo Tribunal
Federal. Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor
Parágrafo  único. Excluem-se do teto de remuneração as as seguintes vantagens:
vantagens previstas nos incisos II a VII do art. 61. I - indenizações;
Art. 43. (Revogado pela Lei nº 9.624, de 2.4.98) (Vide Lei nº II - gratificações;
9.624, de 2.4.98) III - adicionais.
Art. 44. O servidor perderá: §  1o As indenizações não se incorporam ao vencimento ou
I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem motivo provento para qualquer efeito.
justificado; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) §  2o As gratificações e os adicionais incorporam-se ao
II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos atrasos, vencimento ou provento, nos casos e condições indicados em lei.
ausências justificadas, ressalvadas as concessões de que trata o Art.  50. As vantagens pecuniárias não serão computadas,
art. 97, e saídas antecipadas, salvo na hipótese de compensação de nem acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer outros
horário, até o mês subseqüente ao da ocorrência, a ser estabelecida acréscimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico
fundamento.
pela chefia imediata. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Parágrafo  único. As faltas justificadas decorrentes de caso
Seção I
fortuito ou de força maior poderão ser compensadas a critério da
Das Indenizações
chefia imediata, sendo assim consideradas como efetivo exercício.
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 51. Constituem indenizações ao servidor:
Art.  45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial, I - ajuda de custo;
nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento. II - diárias;
(Regulamento) III - transporte.
Parágrafo  único. Mediante autorização do servidor, poderá IV - auxílio-moradia.(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
haver consignação em folha de pagamento a favor de terceiros, Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos incisos
a critério da administração e com reposição de custos, na forma I a III do art. 51, assim como as condições para a sua concessão,
definida em regulamento. serão estabelecidos em regulamento. (Redação dada pela Lei nº
Art.  46. As reposições e indenizações ao erário, atualizadas 11.355, de 2006)
até 30 de junho de 1994, serão previamente comunicadas ao
servidor ativo, aposentado ou ao pensionista, para pagamento, no Subseção I
prazo máximo de trinta dias, podendo ser parceladas, a pedido do Da Ajuda de Custo
interessado. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45,
de 4.9.2001) Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas
§  1o O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao de instalação do servidor que, no interesse do serviço, passar a ter
exercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter
correspondente a dez por cento da remuneração, provento ou
permanente, vedado o duplo pagamento de indenização, a qualquer
pensão. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que detenha também
4.9.2001) a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma sede.
§ 2o Quando o pagamento indevido houver ocorrido no mês (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
anterior ao do processamento da folha, a reposição será feita §  1o Correm por conta da administração as despesas de
imediatamente, em uma única parcela. (Redação dada pela Medida transporte do servidor e de sua família, compreendendo passagem,
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) bagagem e bens pessoais.

Didatismo e Conhecimento 14
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§  2o À família do servidor que falecer na nova sede são Subseção IV
assegurados ajuda de custo e transporte para a localidade de Do Auxílio-Moradia
origem, dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
Art.  54. A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração
do servidor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo Art.  60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento das
exceder a importância correspondente a 3 (três) meses. despesas comprovadamente realizadas pelo servidor com aluguel
Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor que se de moradia ou com meio de hospedagem administrado por empresa
afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato eletivo. hoteleira, no prazo de um mês após a comprovação da despesa
Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não sendo pelo servidor. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
Art.  60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se
servidor da União, for nomeado para cargo em comissão, com
atendidos os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 11.355, de
mudança de domicílio.
2006)
Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso I do art. I  -  não exista imóvel funcional disponível para uso pelo
93, a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário, quando servidor; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
cabível. II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel
Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo funcional; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
quando, injustificadamente, não se apresentar na nova sede no III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou
prazo de 30 (trinta) dias. tenha sido proprietário, promitente comprador, cessionário ou
promitente cessionário de imóvel no Município aonde for exercer
Subseção II o cargo, incluída a hipótese de lote edificado sem averbação de
Das Diárias construção, nos doze meses que antecederem a sua nomeação;
(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em caráter IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba
eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou auxílio-moradia; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
para o exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas a indenizar V  -  o servidor tenha se mudado do local de residência para
as parcelas de despesas extraordinária com pousada, alimentação e ocupar cargo em comissão ou função de confiança do Grupo-
Direção e Assessoramento Superiores  -  DAS, níveis 4, 5 e 6,
locomoção urbana, conforme dispuser em regulamento. (Redação
de Natureza Especial, de Ministro de Estado ou equivalentes;
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
§  1o A diária será concedida por dia de afastamento, sendo VI  -  o Município no qual assuma o cargo em comissão ou
devida pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite função de confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, §
fora da sede, ou quando a União custear, por meio diverso, as 3o, em relação ao local de residência ou domicílio do servidor;
despesas extraordinárias cobertas por diárias.(Redação dada pela (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
Lei nº 9.527, de 10.12.97) VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido
§  2o Nos casos em que o deslocamento da sede constituir no Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo
exigência permanente do cargo, o servidor não fará jus a diárias. em comissão ou função de confiança, desconsiderando-se prazo
§  3o Também não fará jus a diárias o servidor que se inferior a sessenta dias dentro desse período; e (Incluído pela Lei
deslocar dentro da mesma região metropolitana, aglomeração nº 11.355, de 2006)
urbana ou microrregião, constituídas por municípios limítrofes VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração
e regularmente instituídas, ou em áreas de controle integrado de lotação ou nomeação para cargo efetivo. (Incluído pela Lei nº
mantidas com países limítrofes, cuja jurisdição e competência dos 11.355, de 2006)
órgãos, entidades e servidores brasileiros considera-se estendida, IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 2006.
salvo se houver pernoite fora da sede, hipóteses em que as diárias (Incluído pela Lei nº 11.490, de 2007)
pagas serão sempre as fixadas para os afastamentos dentro do Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será considerado
território nacional. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) o prazo no qual o servidor estava ocupando outro cargo em
Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar da sede, comissão relacionado no inciso V. (Incluído pela Lei nº 11.355,
por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las integralmente, no de 2006)
prazo de 5 (cinco) dias. Art. 60-C. O auxílio-moradia não será concedido por prazo
Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à sede em superior a 8 (oito) anos dentro de cada período de 12 (doze)
prazo menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as anos. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
Parágrafo único. Transcorrido o prazo de 8 (oito) anos dentro
diárias recebidas em excesso, no prazo previsto no caput.
de cada período de 12 (doze) anos, o pagamento somente será
retomado se observados, além do disposto no caput deste artigo,
Subseção III
os requisitos do caput do art. 60-B desta Lei, não se aplicando, no
Da Indenização de Transporte caso, o parágrafo único do citado art. 60-B. (Incluído pela Lei nº
11.784, de 2008
Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a 25%
que realizar despesas com a utilização de meio próprio de locomoção (vinte e cinco por cento) do valor do cargo em comissão, função
para a execução de serviços externos, por força das atribuições comissionada ou cargo de Ministro de Estado ocupado. (Incluído
próprias do cargo, conforme se dispuser em regulamento. pela Lei nº 11.784, de 2008

Didatismo e Conhecimento 15
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 1o O valor do auxílio-moradia não poderá superar 25% (vinte Art.  63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um
e cinco por cento) da remuneração de Ministro de Estado. (Incluído doze avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês de
pela Lei nº 11.784, de 2008 dezembro, por mês de exercício no respectivo ano.
§ 2o Independentemente do valor do cargo em comissão ou Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias
função comissionada, fica garantido a todos os que preencherem será considerada como mês integral.
os requisitos o ressarcimento até o valor de R$ 1.800,00 (mil e Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês
oitocentos reais). (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008 de dezembro de cada ano.
Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, colocação de Parágrafo único. (VETADO).
imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel, Art.  65. O servidor exonerado perceberá sua gratificação
o auxílio-moradia continuará sendo pago por um mês. (Incluído natalina, proporcionalmente aos meses de exercício, calculada
pela Lei nº 11.355, de 2006) sobre a remuneração do mês da exoneração.
Art.  66. A gratificação natalina não será considerada para
Seção II cálculo de qualquer vantagem pecuniária.
Das Gratificações e Adicionais
Subseção III
Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas nesta
Do Adicional por Tempo de Serviço
Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes retribuições,
gratificações e adicionais: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
10.12.97) Art. 67. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
I  -  retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e 2001, respeitadas as situações constituídas até 8.3.1999)
assessoramento; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
II - gratificação natalina; Subseção IV
III  -  (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou Atividades
4.9.2001) Penosas
IV  -  adicional pelo exercício de atividades insalubres,
perigosas ou penosas; Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade em
V - adicional pela prestação de serviço extraordinário; locais insalubres ou em contato permanente com substâncias
VI - adicional noturno; tóxicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um
VII - adicional de férias; adicional sobre o vencimento do cargo efetivo.
VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho. § 1o O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade
IX - gratificação por encargo de curso ou concurso. (Incluído e de periculosidade deverá optar por um deles.
pela Lei nº 11.314 de 2006) § 2o O direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade
cessa com a eliminação das condições ou dos riscos que deram
Subseção I
causa a sua concessão.
Da Retribuição pelo Exercício de Função de Direção,
Chefia e Assessoramento Art.  69. Haverá permanente controle da atividade de
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) servidores em operações ou locais considerados penosos,
insalubres ou perigosos.
Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em Parágrafo  único. A servidora gestante ou lactante será
função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das operações e
em comissão ou de Natureza Especial é devida retribuição pelo seu locais previstos neste artigo, exercendo suas atividades em local
exercício.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) salubre e em serviço não penoso e não perigoso.
Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remuneração Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades penosas,
dos cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9o. (Redação de insalubridade e de periculosidade, serão observadas as
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) situações estabelecidas em legislação específica.
Art.  62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal
Art.  71. O adicional de atividade penosa será devido aos
Nominalmente Identificada - VPNI a incorporação da retribuição
pelo exercício de função de direção, chefia ou assessoramento, servidores em exercício em zonas de fronteira ou em localidades
cargo de provimento em comissão ou de Natureza Especial a que cujas condições de vida o justifiquem, nos termos, condições e
se referem os arts. 3o e 10 da Lei no 8.911, de 11 de julho de 1994, limites fixados em regulamento.
e o art. 3o da Lei no 9.624, de 2 de abril de 1998. (Incluído pela Art.  72. Os locais de trabalho e os servidores que operam
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) com Raios X ou substâncias radioativas serão mantidos sob
Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste artigo controle permanente, de modo que as doses de radiação ionizante
somente estará sujeita às revisões gerais de remuneração dos não ultrapassem o nível máximo previsto na legislação própria.
servidores públicos federais. (Incluído pela Medida Provisória nº Parágrafo  único. Os servidores a que se refere este artigo
2.225-45, de 4.9.2001) serão submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses.
Subseção II
Subseção V
Da Gratificação Natalina
Do Adicional por Serviço Extraordinário

Didatismo e Conhecimento 16
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art.  73. O serviço extraordinário será remunerado com I - o valor da gratificação será calculado em horas, observadas
acréscimo de 50% (cinqüenta por cento) em relação à hora a natureza e a complexidade da atividade exercida; (Incluído pela
normal de trabalho. Lei nº 11.314 de 2006)
Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário para II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente a 120
atender a situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite (cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada situação de
máximo de 2 (duas) horas por jornada. excepcionalidade, devidamente justificada e previamente aprovada
pela autoridade máxima do órgão ou entidade, que poderá autorizar
Subseção VI o acréscimo de até 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais;
Do Adicional Noturno (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá aos
Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário compreendido seguintes percentuais, incidentes sobre o maior vencimento básico
da administração pública federal: (Incluído pela Lei nº 11.314 de
entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do dia
2006)
seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se
cento), computando-se cada hora como cinqüenta e dois minutos
tratando de atividades previstas nos incisos I e II do caput deste
e trinta segundos.
artigo; (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007)
Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraordinário, o
b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se tratando
acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a remuneração
de atividade prevista nos incisos III e IV do caput deste artigo.
prevista no art. 73.
(Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007)
§ 2o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
Subseção VII
somente será paga se as atividades referidas nos incisos do caput
Do Adicional de Férias
deste artigo forem exercidas sem prejuízo das atribuições do cargo
de que o servidor for titular, devendo ser objeto de compensação
Art.  76. Independentemente de solicitação, será pago ao de carga horária quando desempenhadas durante a jornada de
servidor, por ocasião das férias, um adicional correspondente a 1/3 trabalho, na forma do § 4o do art. 98 desta Lei. (Incluído pela Lei
(um terço) da remuneração do período das férias. nº 11.314 de 2006)
Parágrafo  único. No caso de o servidor exercer função de § 3o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso não se
direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, incorpora ao vencimento ou salário do servidor para qualquer efeito
a respectiva vantagem será considerada no cálculo do adicional de e não poderá ser utilizada como base de cálculo para quaisquer
que trata este artigo. outras vantagens, inclusive para fins de cálculo dos proventos da
aposentadoria e das pensões. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
Subseção VIII
Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso CAPÍTULO III
(Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) DAS FÉRIAS

Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso Art.  77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que
é devida ao servidor que, em caráter eventual: (Incluído pela Lei nº podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso
11.314 de 2006) (Regulamento) de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em que
I - atuar como instrutor em curso de formação, de haja legislação específica. (Redação dada pela Lei nº 9.525, de
desenvolvimento ou de treinamento regularmente instituído no 10.12.97) (Férias de Ministro - Vide)
âmbito da administração pública federal; (Incluído pela Lei nº § 1o Para o primeiro período aquisitivo de férias serão exigidos
11.314 de 2006) 12 (doze) meses de exercício.
II - participar de banca examinadora ou de comissão para § 2o É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço.
exames orais, para análise curricular, para correção de provas § 3o As férias poderão ser parceladas em até três etapas, desde
discursivas, para elaboração de questões de provas ou para que assim requeridas pelo servidor, e no interesse da administração
julgamento de recursos intentados por candidatos; (Incluído pela pública. (Incluído pela Lei nº 9.525, de 10.12.97)
Lei nº 11.314 de 2006) Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será efetuado
III - participar da logística de preparação e de realização até 2 (dois) dias antes do início do respectivo período, observando-
de concurso público envolvendo atividades de planejamento, se o disposto no § 1o deste artigo. (Férias de Ministro - Vide)
coordenação, supervisão, execução e avaliação de resultado, § 1° e § 2° (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
quando tais atividades não estiverem incluídas entre as suas § 3o O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão,
atribuições permanentes; (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) perceberá indenização relativa ao período das férias a que tiver
IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de direito e ao incompleto, na proporção de um doze avos por mês de
exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar essas efetivo exercício, ou fração superior a quatorze dias. (Incluído pela
atividades. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) Lei nº 8.216, de 13.8.91)
§ 1o Os critérios de concessão e os limites da gratificação de § 4o A indenização será calculada com base na remuneração
que trata este artigo serão fixados em regulamento, observados os do mês em que for publicado o ato exoneratório. (Incluído pela Lei
seguintes parâmetros: (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) nº 8.216, de 13.8.91)

Didatismo e Conhecimento 17
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§  5o Em caso de parcelamento, o servidor receberá o valor § 2o A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações,
adicional previsto no inciso XVII do art. 7o da Constituição poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes
Federal quando da utilização do primeiro período. (Incluído pela condições: (Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010)
Lei nº 9.525, de 10.12.97) I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a
Art.  79. O servidor que opera direta e permanentemente remuneração do servidor; e (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
com Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) dias II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem
consecutivos de férias, por semestre de atividade profissional, remuneração. (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
proibida em qualquer hipótese a acumulação. § 3o O início do interstício de 12 (doze) meses será
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
contado a partir da data do deferimento da primeira licença
Art.  80. As férias somente poderão ser interrompidas por
concedida. (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
motivo de calamidade pública, comoção interna, convocação para
júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço § 4o A soma das licenças remuneradas e das licenças não
declarada pela autoridade máxima do órgão ou entidade.(Redação remuneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) (Férias de Ministro - Vide) em um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto
Parágrafo  único. O restante do período interrompido será no § 3o, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos
gozado de uma só vez, observado o disposto no art. 77. (Incluído I e II do § 2o. (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Seção III
CAPÍTULO IV Da Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge
DAS LICENÇAS
Art.  84. Poderá ser concedida licença ao servidor para
Seção I acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado para outro
Disposições Gerais ponto do território nacional, para o exterior ou para o exercício de
mandato eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo.
Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença: § 1o A licença será por prazo indeterminado e sem remuneração.
I - por motivo de doença em pessoa da família; §  2o No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
companheiro também seja servidor público, civil ou militar, de
III - para o serviço militar;
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
IV - para atividade política;
V - para capacitação; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de e dos Municípios, poderá haver exercício provisório em órgão
10.12.97) ou entidade da Administração Federal direta, autárquica ou
VI - para tratar de interesses particulares; fundacional, desde que para o exercício de atividade compatível
VII - para desempenho de mandato classista. com o seu cargo. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

§ 1o A licença prevista no inciso I do caput deste artigo bem Seção IV


como cada uma de suas prorrogações serão precedidas de exame Da Licença para o Serviço Militar
por perícia médica oficial, observado o disposto no art. 204 desta
Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009) Art.  85. Ao servidor convocado para o serviço militar será
§ 2o (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) concedida licença, na forma e condições previstas na legislação
§ 3o É vedado o exercício de atividade remunerada durante o específica.
período da licença prevista no inciso I deste artigo. Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá
até 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício
Art.  82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias
do cargo.
do término de outra da mesma espécie será considerada como
prorrogação. Seção V
Da Licença para Atividade Política
Seção II
Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração,
durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção
Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro
de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral.
padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas § 1o O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde
expensas e conste do seu assentamento funcional, mediante desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chefia,
comprovação por perícia médica oficial. (Redação dada pela Lei assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a
nº 11.907, de 2009) partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a
§ 1o A licença somente será deferida se a assistência direta do Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito. (Redação
servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamente dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
com o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, na §  2o A partir do registro da candidatura e até o décimo dia
seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os
forma do disposto no inciso II do art. 44. (Redação dada pela Lei vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três meses.
nº 9.527, de 10.12.97) (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 18
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Seção VI Art.  93.  O servidor poderá ser cedido para ter exercício em
Da Licença para Capacitação outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, ou
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) do Distrito Federal e dos Municípios, nas seguintes hipóteses:
(Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) (Regulamento)
Art. 87. Após cada qüinqüênio de efetivo exercício, o servidor (Vide Decreto nº 4.493, de 3.12.2002) (Regulamento)
poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercício do I  -  para exercício de cargo em comissão ou função de
cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três meses, confiança; (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
para participar de curso de capacitação profissional. (Redação II - em casos previstos em leis específicas.(Redação dada pela
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Lei nº 8.270, de 17.12.91)
Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata o caput § 1o Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para órgãos ou
não são acumuláveis.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
entidades dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios,
Art. 88. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
o ônus da remuneração será do órgão ou entidade cessionária,
Art. 89. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 90. (VETADO). mantido o ônus para o cedente nos demais casos. (Redação dada
pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
Seção VII § 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pública ou
Da Licença para Tratar de Interesses Particulares sociedade de economia mista, nos termos das respectivas normas,
optar pela remuneração do cargo efetivo ou pela remuneração
Art. 91. A critério da Administração, poderão ser concedidas do cargo efetivo acrescida de percentual da retribuição do cargo
ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em em comissão, a entidade cessionária efetuará o reembolso das
estágio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares despesas realizadas pelo órgão ou entidade de origem. (Redação
pelo prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração. dada pela Lei nº 11.355, de 2006)
(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) § 3o A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no Diário
Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a qualquer Oficial da União. (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço. (Redação §  4o Mediante autorização expressa do Presidente da
dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) República, o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício em
outro órgão da Administração Federal direta que não tenha quadro
Seção VIII próprio de pessoal, para fim determinado e a prazo certo. (Incluído
Da Licença para o Desempenho de Mandato Classista pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
§ 5º Aplica-se à União, em se tratando de empregado ou
Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem servidor por ela requisitado, as disposições dos §§ 1º e 2º deste
remuneração para o desempenho de mandato em confederação, artigo. (Redação dada pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002)
federação, associação de classe de âmbito nacional, sindicato § 6º As cessões de empregados de empresa pública ou de
representativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão sociedade de economia mista, que receba recursos de Tesouro
ou, ainda, para participar de gerência ou administração em
Nacional para o custeio total ou parcial da sua folha de pagamento
sociedade cooperativa constituída por servidores públicos para
de pessoal, independem das disposições contidas nos incisos I
prestar serviços a seus membros, observado o disposto na alínea
e II e §§ 1º e 2º deste artigo, ficando o exercício do empregado
c do inciso VIII do art. 102 desta Lei, conforme disposto em
cedido condicionado a autorização específica do Ministério do
regulamento e observados os seguintes limites: (Redação dada
Planejamento, Orçamento e Gestão, exceto nos casos de ocupação
pela Lei nº 11.094, de 2005) (Regulamento)
I  -  para entidades com até 5.000 associados, um servidor; de cargo em comissão ou função gratificada. (Incluído pela Lei nº
(Inciso incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 10.470, de 25.6.2002)
II  -  para entidades com 5.001 a 30.000 associados, dois § 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,
servidores; (Inciso incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) com a finalidade de promover a composição da força de trabalho
III  -  para entidades com mais de 30.000 associados, três dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal, poderá
servidores. (Inciso incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) determinar a lotação ou o exercício de empregado ou servidor,
§  1o Somente poderão ser licenciados servidores eleitos independentemente da observância do constante no inciso I e nos
para cargos de direção ou representação nas referidas entidades, §§ 1º e 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002)
desde que cadastradas no Ministério da Administração Federal e (Vide Decreto nº 5.375, de 2005)
Reforma do Estado. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2° A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser Seção II
prorrogada, no caso de reeleição, e por uma única vez. Do Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo

CAPÍTULO V Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo aplicam-se


DOS AFASTAMENTOS as seguintes disposições:
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, ficará
Seção I afastado do cargo;
Do Afastamento para Servir a Outro Órgão ou Entidade II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;

Didatismo e Conhecimento 19
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
III - investido no mandato de vereador: tenham se afastado por licença para tratar de assuntos particulares
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vantagens para gozo de licença capacitação ou com fundamento neste artigo
de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo; nos 2 (dois) anos anteriores à data da solicitação de afastamento.
b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado do (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração. § 3o Os afastamentos para realização de programas de pós-
§ 1o No caso de afastamento do cargo, o servidor contribuirá doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares de
para a seguridade social como se em exercício estivesse. cargos efetivo no respectivo órgão ou entidade há pelo menos
§ 2o O servidor investido em mandato eletivo ou classista não quatro anos, incluído o período de estágio probatório, e que não
poderá ser removido ou redistribuído de ofício para localidade tenham se afastado por licença para tratar de assuntos particulares
diversa daquela onde exerce o mandato. ou com fundamento neste artigo, nos quatro anos anteriores à data
da solicitação de afastamento. (Redação dada pela Lei nº 12.269,
Seção III de 2010)
Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior § 4o Os servidores beneficiados pelos afastamentos previstos
nos §§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que permanecer no exercício
Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País para estudo de suas funções após o seu retorno por um período igual ao do
ou missão oficial, sem autorização do Presidente da República, afastamento concedido. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e Presidente do §  5o Caso o servidor venha a solicitar exoneração do cargo
Supremo Tribunal Federal. ou aposentadoria, antes de cumprido o período de permanência
§  1o A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda a previsto no § 4o deste artigo, deverá ressarcir o órgão ou entidade,
missão ou estudo, somente decorrido igual período, será permitida na forma do art. 47 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990,
nova ausência. dos gastos com seu aperfeiçoamento. (Incluído pela Lei nº 11.907,
§ 2o Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo não será de 2009)
concedida exoneração ou licença para tratar de interesse particular § 6o Caso o servidor não obtenha o título ou grau que justificou
antes de decorrido período igual ao do afastamento, ressalvada a seu afastamento no período previsto, aplica-se o disposto no § 5o
hipótese de ressarcimento da despesa havida com seu afastamento. deste artigo, salvo na hipótese comprovada de força maior ou de
§ 3o O disposto neste artigo não se aplica aos servidores da caso fortuito, a critério do dirigente máximo do órgão ou entidade.
carreira diplomática. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
§ 4o As hipóteses, condições e formas para a autorização de § 7o Aplica-se à participação em programa de pós-graduação
que trata este artigo, inclusive no que se refere à remuneração do no Exterior, autorizado nos termos do art. 95 desta Lei, o disposto
servidor, serão disciplinadas em regulamento. (Incluído pela Lei nos §§ 1o a 6o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 96. O afastamento de servidor para servir em organismo CAPÍTULO VI
internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere dar- DAS CONCESSÕES
se-á com perda total da remuneração. (Vide Decreto nº 3.456, de
2000) Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar-se
Seção IV do serviço:
(Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
Do Afastamento para Participação em Programa de Pós-Gra- II - por 2 (dois) dias, para se alistar como eleitor;
duação Stricto Sensu no País III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de :
a) casamento;
Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da Administração, b)  falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou
e desde que a participação não possa ocorrer simultaneamente com padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos.
o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, afastar- Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor estudante,
se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, quando comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar e
para participar em programa de pós-graduação stricto sensu em
o da repartição, sem prejuízo do exercício do cargo.
instituição de ensino superior no País. (Incluído pela Lei nº 11.907,
§  1o Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a
de 2009)
compensação de horário no órgão ou entidade que tiver exercício,
§ 1o Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade definirá,
respeitada a duração semanal do trabalho. (Parágrafo renumerado
em conformidade com a legislação vigente, os programas de
e alterado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
capacitação e os critérios para participação em programas de pós-
§  2o Também será concedido horário especial ao servidor
graduação no País, com ou sem afastamento do servidor, que serão
portador de deficiência, quando comprovada a necessidade por
avaliados por um comitê constituído para este fim. (Incluído pela
junta médica oficial, independentemente de compensação de
Lei nº 11.907, de 2009)
§  2o Os afastamentos para realização de programas de horário. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
mestrado e doutorado somente serão concedidos aos servidores §  3o As disposições do parágrafo anterior são extensivas
titulares de cargos efetivos no respectivo órgão ou entidade há ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente portador de
pelo menos 3 (três) anos para mestrado e 4 (quatro) anos para deficiência física, exigindo-se, porém, neste caso, compensação de
doutorado, incluído o período de estágio probatório, que não horário na forma do inciso II do art. 44. (Incluído pela Lei nº 9.527,
de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 20
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§  4o Será igualmente concedido horário especial, vinculado f) por convocação para o serviço militar;
à compensação de horário a ser efetivada no prazo de até 1 (um) IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18;
ano, ao servidor que desempenhe atividade prevista nos incisos X  -  participação em competição desportiva nacional ou
I e II do caput do art. 76-A desta Lei. (Redação dada pela Lei nº convocação para integrar representação desportiva nacional, no
11.501, de 2007) País ou no exterior, conforme disposto em lei específica;
Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no interesse XI - afastamento para servir em organismo internacional de
da administração é assegurada, na localidade da nova residência que o Brasil participe ou com o qual coopere. (Incluído pela Lei nº
ou na mais próxima, matrícula em instituição de ensino congênere,
9.527, de 10.12.97)
em qualquer época, independentemente de vaga.
Art.  103. Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria e
Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao cônjuge
ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor que vivam disponibilidade:
na sua companhia, bem como aos menores sob sua guarda, com I  -  o tempo de serviço público prestado aos Estados,
autorização judicial. Municípios e Distrito Federal;
II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da família
CAPÍTULO VII do servidor, com remuneração, que exceder a 30 (trinta) dias em
DO TEMPO DE SERVIÇO período de 12 (doze) meses. (Redação dada pela Lei nº 12.269, de
2010)
Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de serviço III - a licença para atividade política, no caso do art. 86, § 2o;
público federal, inclusive o prestado às Forças Armadas. IV  -  o tempo correspondente ao desempenho de mandato
Art.  101. A apuração do tempo de serviço será feita em eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, anterior ao ingresso
dias, que serão convertidos em anos, considerado o ano como de no serviço público federal;
trezentos e sessenta e cinco dias. V  -  o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Previdência Social;
Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no art. 97, VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra;
são considerados como de efetivo exercício os afastamentos em
VII - o tempo de licença para tratamento da própria saúde que
virtude de:
exceder o prazo a que se refere a alínea “b” do inciso VIII do art.
I - férias;
II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em órgão 102. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, Municípios e §  1o O tempo em que o servidor esteve aposentado será
Distrito Federal; contado apenas para nova aposentadoria.
III - exercício de cargo ou função de governo ou administração, § 2o Será contado em dobro o tempo de serviço prestado às
em qualquer parte do território nacional, por nomeação do Forças Armadas em operações de guerra.
Presidente da República; §  3o É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço
IV - participação em programa de treinamento regularmente prestado concomitantemente em mais de um cargo ou função de
instituído ou em programa de pós-graduação stricto sensu no País, órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito Federal
conforme dispuser o regulamento; (Redação dada pela Lei nº e Município, autarquia, fundação pública, sociedade de economia
11.907, de 2009) mista e empresa pública.
V  -  desempenho de mandato eletivo federal, estadual,
municipal ou do Distrito Federal, exceto para promoção por CAPÍTULO VIII
merecimento; DO DIREITO DE PETIÇÃO
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
VII  -  missão ou estudo no exterior, quando autorizado o Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de requerer aos
afastamento, conforme dispuser o regulamento; (Redação dada Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse legítimo.
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade competente
VIII - licença: para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que estiver
a) à gestante, à adotante e à paternidade; imediatamente subordinado o requerente.
b)  para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte e Art.  106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade que
quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de serviço público houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não
prestado à União, em cargo de provimento efetivo; (Redação dada podendo ser renovado. (Vide Lei nº 12.300, de 2010)
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Parágrafo único. O requerimento e o pedido de reconsideração
c) para o desempenho de mandato classista ou participação de de que tratam os artigos anteriores deverão ser despachados no
gerência ou administração em sociedade cooperativa constituída prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro de 30 (trinta) dias.
por servidores para prestar serviços a seus membros, exceto para Art. 107. Caberá recurso: (Vide Lei nº 12.300, de 2010)
efeito de promoção por merecimento; (Redação dada pela Lei nº I - do indeferimento do pedido de reconsideração;
11.094, de 2005) II - das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos.
d) por motivo de acidente em serviço ou doença profissional; §  1o O recurso será dirigido à autoridade imediatamente
e)  para capacitação, conforme dispuser o regulamento; superior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e,
sucessivamente, em escala ascendente, às demais autoridades.
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 21
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 2o O recurso será encaminhado por intermédio da autoridade XII  -  representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de
a que estiver imediatamente subordinado o requerente. poder.
Art.  108. O prazo para interposição de pedido de Parágrafo  único. A representação de que trata o inciso XII
reconsideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade
publicação ou da ciência, pelo interessado, da decisão recorrida. superior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao
(Vide Lei nº 12.300, de 2010) representando ampla defesa.
Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo,
a juízo da autoridade competente. CAPÍTULO II
Parágrafo  único. Em caso de provimento do pedido de DAS PROIBIÇÕES
reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à
Art. 117. Ao servidor é proibido: (Vide Medida Provisória nº
data do ato impugnado.
2.225-45, de 4.9.2001)
Art. 110. O direito de requerer prescreve:
I  -  ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia
I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de cassação autorização do chefe imediato;
de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse II  -  retirar, sem prévia anuência da autoridade competente,
patrimonial e créditos resultantes das relações de trabalho; qualquer documento ou objeto da repartição;
II  -  em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo III - recusar fé a documentos públicos;
quando outro prazo for fixado em lei. IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento
Parágrafo  único. O prazo de prescrição será contado da e processo ou execução de serviço;
data da publicação do ato impugnado ou da data da ciência pelo V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto
interessado, quando o ato não for publicado. da repartição;
Art.  111. O pedido de reconsideração e o recurso, quando VI  -  cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos
cabíveis, interrompem a prescrição. previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua
Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não podendo ser responsabilidade ou de seu subordinado;
relevada pela administração. VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a
Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é assegurada associação profissional ou sindical, ou a partido político;
vista do processo ou documento, na repartição, ao servidor ou a VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de
procurador por ele constituído. confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau
civil;
Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a qualquer
IX  -  valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de
tempo, quando eivados de ilegalidade.
outrem, em detrimento da dignidade da função pública;
Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos X - participar de gerência ou administração de sociedade
neste Capítulo, salvo motivo de força maior. privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio,
exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário;
TÍTULO IV (Redação dada pela Lei nº 11.784, de 2008
DO REGIME DISCIPLINAR XI  -  atuar, como procurador ou intermediário, junto a
repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios
CAPÍTULO I previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e
DOS DEVERES de cônjuge ou companheiro;
XII  -  receber propina, comissão, presente ou vantagem de
Art. 116. São deveres do servidor: qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; XIII  -  aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
II - ser leal às instituições a que servir; estrangeiro;
III - observar as normas legais e regulamentares; XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
IV  -  cumprir as ordens superiores, exceto quando XV - proceder de forma desidiosa;
manifestamente ilegais; XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em
V - atender com presteza: serviços ou atividades particulares;
a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo
ressalvadas as protegidas por sigilo; que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias;
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis
ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho;
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. XIX  -  recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando
VI  -  levar ao conhecimento da autoridade superior as solicitado. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo; Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do caput
VII  -  zelar pela economia do material e a conservação do deste artigo não se aplica nos seguintes casos: (Incluído pela Lei
patrimônio público; nº 11.784, de 2008
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; I - participação nos conselhos de administração e fiscal
IX  -  manter conduta compatível com a moralidade de empresas ou entidades em que a União detenha, direta ou
administrativa; indiretamente, participação no capital social ou em sociedade
X - ser assíduo e pontual ao serviço; cooperativa constituída para prestar serviços a seus membros;
XI - tratar com urbanidade as pessoas; e (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008

Didatismo e Conhecimento 22
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na Art.  124. A responsabilidade civil-administrativa resulta de
forma do art. 91 desta Lei, observada a legislação sobre conflito de ato omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou
interesses. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008 função.
Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão
CAPÍTULO III cumular-se, sendo independentes entre si.
DA ACUMULAÇÃO Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será
afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do
Art.  118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é fato ou sua autoria.
vedada a acumulação remunerada de cargos públicos.
§ 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos CAPÍTULO V
e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas, DAS PENALIDADES
sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos
Estados, dos Territórios e dos Municípios. Art. 127. São penalidades disciplinares:
§ 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada I - advertência;
à comprovação da compatibilidade de horários. II - suspensão;
§  3o Considera-se acumulação proibida a percepção de III - demissão;
vencimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas V - destituição de cargo em comissão;
remunerações forem acumuláveis na atividade. (Incluído pela Lei VI - destituição de função comissionada.
nº 9.527, de 10.12.97) Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a
Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo em natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela
comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do art. 9o, provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou
nem ser remunerado pela participação em órgão de deliberação atenuantes e os antecedentes funcionais.
coletiva. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade mencionará
Parágrafo  único. O disposto neste artigo não se aplica sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.
à remuneração devida pela participação em conselhos de (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de Art.  129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos
economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como de violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII
quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou e XIX, e de inobservância de dever funcional previsto em lei,
indiretamente, detenha participação no capital social, observado o
regulamentação ou norma interna, que não justifique imposição
que, a respeito, dispuser legislação específica. (Redação dada pela
de penalidade mais grave. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
10.12.97)
Art.  120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que
Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência
acumular licitamente dois cargos efetivos, quando investido em
das faltas punidas com advertência e de violação das demais
cargo de provimento em comissão, ficará afastado de ambos os
proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de
cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade
demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias.
de horário e local com o exercício de um deles, declarada pelas
autoridades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos. §  1o Será punido com suspensão de até 15 (quinze)  dias o
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido a
inspeção médica determinada pela autoridade competente, cessando
CAPÍTULO IV os efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação.
DAS RESPONSABILIDADES § 2o Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade
de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50%
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativamente (cinqüenta por cento)  por dia de vencimento ou remuneração,
pelo exercício irregular de suas atribuições. ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço.
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou Art.  131. As penalidades de advertência e de suspensão
comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário terão seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três)  e 5
ou a terceiros. (cinco) anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor
§ 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário não houver, nesse período, praticado nova infração disciplinar.
somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na falta de Parágrafo  único. O cancelamento da penalidade não surtirá
outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial. efeitos retroativos.
§  2o Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:
servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. I - crime contra a administração pública;
§ 3o A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores II - abandono de cargo;
e contra eles será executada, até o limite do valor da herança III - inassiduidade habitual;
recebida. IV - improbidade administrativa;
Art.  123. A responsabilidade penal abrange os crimes e V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;
contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade. VI - insubordinação grave em serviço;

Didatismo e Conhecimento 23
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
VII  -  ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, ou funções públicas em regime de acumulação ilegal, hipótese
salvo em legítima defesa própria ou de outrem; em que os órgãos ou entidades de vinculação serão comunicados.
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do §  7o O prazo para a conclusão do processo administrativo
cargo; disciplinar submetido ao rito sumário não excederá trinta dias,
X  -  lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio contados da data de publicação do ato que constituir a comissão,
nacional; admitida a sua prorrogação por até quinze dias, quando as
XI - corrupção; circunstâncias o exigirem. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 8o O procedimento sumário rege-se pelas disposições deste
XII  -  acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções
artigo, observando-se, no que lhe for aplicável, subsidiariamente,
públicas;
as disposições dos Títulos IV e V desta Lei. (Incluído pela Lei nº
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
9.527, de 10.12.97)
Art.  133. Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal Art.  134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade
de cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade a que do inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com
se refere o art. 143 notificará o servidor, por intermédio de sua a demissão.
chefia imediata, para apresentar opção no prazo improrrogável de Art.  135. A destituição de cargo em comissão exercido por
dez dias, contados da data da ciência e, na hipótese de omissão, não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de infração
adotará procedimento sumário para a sua apuração e regularização sujeita às penalidades de suspensão e de demissão.
imediata, cujo processo administrativo disciplinar se desenvolverá Parágrafo  único. Constatada a hipótese de que trata este
nas seguintes fases:(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) artigo, a exoneração efetuada nos termos do art. 35 será convertida
I  -  instauração, com a publicação do ato que constituir em destituição de cargo em comissão.
a comissão, a ser composta por dois servidores estáveis, e Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
simultaneamente indicar a autoria e a materialidade da transgressão nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a
objeto da apuração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem
II  -  instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e prejuízo da ação penal cabível.
relatório; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
III - julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o
§ 1o A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-se-á pelo ex-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo
prazo de 5 (cinco) anos.
nome e matrícula do servidor, e a materialidade pela descrição dos
Parágrafo  único. Não poderá retornar ao serviço público
cargos, empregos ou funções públicas em situação de acumulação
federal o servidor que for demitido ou destituído do cargo em
ilegal, dos órgãos ou entidades de vinculação, das datas de comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
ingresso, do horário de trabalho e do correspondente regime Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência intencional
jurídico. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) do servidor ao serviço por mais de trinta dias consecutivos.
§  2o A comissão lavrará, até três dias após a publicação do Art.  139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao
ato que a constituiu, termo de indiciação em que serão transcritas serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente,
as informações de que trata o parágrafo anterior, bem como durante o período de doze meses.
promoverá a citação pessoal do servidor indiciado, ou por Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade
intermédio de sua chefia imediata, para, no prazo de cinco dias, habitual, também será adotado o procedimento sumário a que se
apresentar defesa escrita, assegurando-se-lhe vista do processo refere o art. 133, observando-se especialmente que: (Redação dada
na repartição, observado o disposto nos arts. 163 e 164. (Redação pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) I - a indicação da materialidade dar-se-á: (Incluído pela Lei nº
§  3o Apresentada a defesa, a comissão elaborará relatório 9.527, de 10.12.97)
conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa do
em que resumirá as peças principais dos autos, opinará sobre período de ausência intencional do servidor ao serviço superior a
a licitude da acumulação em exame, indicará o respectivo trinta dias; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
dispositivo legal e remeterá o processo à autoridade instauradora, b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias
para julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) de falta ao serviço sem causa justificada, por período igual ou
§  4o No prazo de cinco dias, contados do recebimento do superior a sessenta dias interpoladamente, durante o período de
processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão, aplicando- doze meses; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
se, quando for o caso, o disposto no § 3o do art. 167. (Incluído pela II  -  após a apresentação da defesa a comissão elaborará
Lei nº 9.527, de 10.12.97) relatório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do
§  5o A opção pelo servidor até o último dia de prazo para servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, indicará
defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se converterá o respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono
automaticamente em pedido de exoneração do outro cargo. de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao serviço superior
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) a trinta dias e remeterá o processo à autoridade instauradora para
§  6o Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má- julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
fé, aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou cassação de Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas:
aposentadoria ou disponibilidade em relação aos cargos, empregos

Didatismo e Conhecimento 24
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas I - arquivamento do processo;
do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador- II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de
Geral da República, quando se tratar de demissão e cassação até 30 (trinta) dias;
de aposentadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao III - instauração de processo disciplinar.
respectivo Poder, órgão, ou entidade; Parágrafo  único. O prazo para conclusão da sindicância
II  -  pelas autoridades administrativas de hierarquia não excederá 30 (trinta)  dias, podendo ser prorrogado por igual
imediatamente inferior àquelas mencionadas no inciso anterior período, a critério da autoridade superior.
quando se tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias; Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar a
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos imposição de penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta) dias,
respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de advertência de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou
ou de suspensão de até 30 (trinta) dias; destituição de cargo em comissão, será obrigatória a instauração
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se de processo disciplinar.
tratar de destituição de cargo em comissão.
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá: CAPÍTULO II
I  -  em 5 (cinco)  anos, quanto às infrações puníveis com DO AFASTAMENTO PREVENTIVO
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e
destituição de cargo em comissão; Art.  147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; não venha a influir na apuração da irregularidade, a autoridade
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência. instauradora do processo disciplinar poderá determinar o
§ 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o seu afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de até 60
fato se tornou conhecido. (sessenta) dias, sem prejuízo da remuneração.
§ 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se Parágrafo  único. O afastamento poderá ser prorrogado por
às infrações disciplinares capituladas também como crime. igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não
§  3o A abertura de sindicância ou a instauração de processo concluído o processo.
disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida
por autoridade competente. CAPÍTULO III
§ 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a DO PROCESSO DISCIPLINAR
correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
Art.  148. O processo disciplinar é o instrumento destinado
TÍTULO V a apurar responsabilidade de servidor por infração praticada
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as
atribuições do cargo em que se encontre investido.
CAPÍTULO I Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por comissão
DISPOSIÇÕES GERAIS composta de três servidores estáveis designados pela autoridade
competente, observado o disposto no § 3o do art. 143, que indicará,
Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no dentre eles, o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo
serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade
mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, igual ou superior ao do indiciado. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
assegurada ao acusado ampla defesa. de 10.12.97)
§ 1o (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005) §  1o A Comissão terá como secretário servidor designado
§ 2o (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005) pelo seu presidente, podendo a indicação recair em um de seus
§  3o  A apuração de que trata o caput, por solicitação da membros.
autoridade a que se refere, poderá ser promovida por autoridade §  2o Não poderá participar de comissão de sindicância ou
de órgão ou entidade diverso daquele em que tenha ocorrido de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acusado,
a irregularidade, mediante competência específica para tal consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
finalidade, delegada em caráter permanente ou temporário pelo grau.
Presidente da República, pelos presidentes das Casas do Poder Art.  150. A Comissão exercerá suas atividades com
Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da independência e imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à
República, no âmbito do respectivo Poder, órgão ou entidade, elucidação do fato ou exigido pelo interesse da administração.
preservadas as competências para o julgamento que se seguir à Parágrafo  único. As reuniões e as audiências das comissões
apuração. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) terão caráter reservado.
Art.  144. As denúncias sobre irregularidades serão objeto Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes
de apuração, desde que contenham a identificação e o endereço fases:
do denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a I  -  instauração, com a publicação do ato que constituir a
autenticidade. comissão;
Parágrafo  único. Quando o fato narrado não configurar II  -  inquérito administrativo, que compreende instrução,
evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será
defesa e relatório;
arquivada, por falta de objeto.
III - julgamento.
Art. 145. Da sindicância poderá resultar:

Didatismo e Conhecimento 25
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 152. O prazo para a conclusão do processo disciplinar não § 2o O procurador do acusado poderá assistir ao interrogatório,
excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do ato bem como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado
que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual interferir nas perguntas e respostas, facultando-se-lhe, porém,
prazo, quando as circunstâncias o exigirem. reinquiri-las, por intermédio do presidente da comissão.
§  1o Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do
integral aos seus trabalhos, ficando seus membros dispensados do acusado, a comissão proporá à autoridade competente que ele seja
ponto, até a entrega do relatório final. submetido a exame por junta médica oficial, da qual participe pelo
§  2o As reuniões da comissão serão registradas em atas que menos um médico psiquiatra.
deverão detalhar as deliberações adotadas. Parágrafo  único. O incidente de sanidade mental será
processado em auto apartado e apenso ao processo principal, após
Seção I a expedição do laudo pericial.
Do Inquérito Art.  161. Tipificada a infração disciplinar, será formulada
a indiciação do servidor, com a especificação dos fatos a ele
Art.  153. O inquérito administrativo obedecerá ao princípio imputados e das respectivas provas.
do contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa, com a §  1o O indiciado será citado por mandado expedido pelo
utilização dos meios e recursos admitidos em direito. presidente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de
Art.  154. Os autos da sindicância integrarão o processo 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição.
disciplinar, como peça informativa da instrução. § 2o Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e
Parágrafo  único. Na hipótese de o relatório da sindicância de 20 (vinte) dias.
concluir que a infração está capitulada como ilícito penal, a § 3o O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, para
autoridade competente encaminhará cópia dos autos ao Ministério diligências reputadas indispensáveis.
Público, independentemente da imediata instauração do processo § 4o No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia
disciplinar. da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada, em
Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá a tomada termo próprio, pelo membro da comissão que fez a citação, com a
de depoimentos, acareações, investigações e diligências cabíveis, assinatura de (2) duas testemunhas.
objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessário, a Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica obrigado a
técnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidação dos comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado.
fatos. Art.  163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e não
Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o sabido, será citado por edital, publicado no Diário Oficial da União
processo pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e e em jornal de grande circulação na localidade do último domicílio
reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular conhecido, para apresentar defesa.
quesitos, quando se tratar de prova pericial. Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa
§  1o O presidente da comissão poderá denegar pedidos será de 15 (quinze) dias a partir da última publicação do edital.
considerados impertinentes, meramente protelatórios, ou de Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente
nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos. citado, não apresentar defesa no prazo legal.
§  2o Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a § 1o A revelia será declarada, por termo, nos autos do processo
comprovação do fato independer de conhecimento especial de e devolverá o prazo para a defesa.
perito. § 2o Para defender o indiciado revel, a autoridade instauradora
Art.  157. As testemunhas serão intimadas a depor mediante do processo designará um servidor como defensor dativo, que
mandado expedido pelo presidente da comissão, devendo a deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível,
segunda via, com o ciente do interessado, ser anexado aos autos. ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado.
Parágrafo  único. Se a testemunha for servidor público, a (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
expedição do mandado será imediatamente comunicada ao chefe Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório
da repartição onde serve, com a indicação do dia e hora marcados minucioso, onde resumirá as peças principais dos autos e
para inquirição. mencionará as provas em que se baseou para formar a sua
Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e reduzido a convicção.
termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito. § 1o O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou
§ 1o As testemunhas serão inquiridas separadamente. à responsabilidade do servidor.
§  2o Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se § 2o Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão
infirmem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes. indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem
Art.  159. Concluída a inquirição das testemunhas, a como as circunstâncias agravantes ou atenuantes.
comissão promoverá o interrogatório do acusado, observados os Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da comissão,
procedimentos previstos nos arts. 157 e 158. será remetido à autoridade que determinou a sua instauração, para
§ 1o No caso de mais de um acusado, cada um deles será ouvido julgamento.
separadamente, e sempre que divergirem em suas declarações
sobre fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação entre Seção II
eles. Do Julgamento

Didatismo e Conhecimento 26
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimento § 1o Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do
do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão. servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão do
§  1o Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da processo.
autoridade instauradora do processo, este será encaminhado à §  2o No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão
autoridade competente, que decidirá em igual prazo. será requerida pelo respectivo curador.
§ 2o Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções, Art.  175. No processo revisional, o ônus da prova cabe ao
o julgamento caberá à autoridade competente para a imposição da requerente.
pena mais grave. Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalidade não
§  3o Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação constitui fundamento para a revisão, que requer elementos novos,
de aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá às ainda não apreciados no processo originário.
autoridades de que trata o inciso I do art. 141. Art. 177. O requerimento de revisão do processo será dirigido
§  4o Reconhecida pela comissão a inocência do servidor, ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, se autorizar
a autoridade instauradora do processo determinará o seu a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade
arquivamento, salvo se flagrantemente contrária à prova dos autos. onde se originou o processo disciplinar.
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade competente
Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo providenciará a constituição de comissão, na forma do art. 149.
quando contrário às provas dos autos. Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo originário.
Parágrafo único. Quando o relatório da comissão contrariar as Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia e
provas dos autos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente, hora para a produção de provas e inquirição das testemunhas que
agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de arrolar.
responsabilidade. Art.  179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a
Art.  169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a conclusão dos trabalhos.
autoridade que determinou a instauração do processo ou outra Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no
de hierarquia superior declarará a sua nulidade, total ou parcial, que couber, as normas e procedimentos próprios da comissão do
processo disciplinar.
e ordenará, no mesmo ato, a constituição de outra comissão para
Art.  181. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a
instauração de novo processo.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de
penalidade, nos termos do art. 141.
10.12.97)
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 (vinte)
§ 1o O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade
dias, contados do recebimento do processo, no curso do qual a
do processo.
autoridade julgadora poderá determinar diligências.
§ 2o A autoridade julgadora que der causa à prescrição de que
Art.  182. Julgada procedente a revisão, será declarada sem
trata o art. 142, § 2o, será responsabilizada na forma do Capítulo efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos
IV do Título IV. do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em comissão,
Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade que será convertida em exoneração.
julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar
individuais do servidor. agravamento de penalidade.
Art.  171. Quando a infração estiver capitulada como crime,
o processo disciplinar será remetido ao Ministério Público para TÍTULO VI
instauração da ação penal, ficando trasladado na repartição. DA SEGURIDADE SOCIAL DO SERVIDOR
Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar só
poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntariamente, CAPÍTULO I
após a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade, DISPOSIÇÕES GERAIS
acaso aplicada.
Parágrafo  único. Ocorrida a exoneração de que trata o Art. 183. A União manterá Plano de Seguridade Social para o
parágrafo  único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em servidor e sua família.
demissão, se for o caso. § 1o O servidor ocupante de cargo em comissão que não
Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias: seja, simultaneamente, ocupante de cargo ou emprego efetivo na
I  -  ao servidor convocado para prestar depoimento fora da administração pública direta, autárquica e fundacional não terá
sede de sua repartição, na condição de testemunha, denunciado direito aos benefícios do Plano de Seguridade Social, com exceção
ou indiciado; da assistência à saúde. (Redação dada pela Lei nº 10.667, de
II  -  aos membros da comissão e ao secretário, quando 14.5.2003)
obrigados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a realização § 2o O servidor afastado ou licenciado do cargo efetivo,
de missão essencial ao esclarecimento dos fatos. sem direito à remuneração, inclusive para servir em organismo
oficial internacional do qual o Brasil seja membro efetivo ou com
Seção III
o qual coopere, ainda que contribua para regime de previdência
Da Revisão do Processo
social no exterior, terá suspenso o seu vínculo com o regime do
Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer Plano de Seguridade Social do Servidor Público enquanto durar
tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou o afastamento ou a licença, não lhes assistindo, neste período, os
circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a benefícios do mencionado regime de previdência. (Incluído pela
inadequação da penalidade aplicada. Lei nº 10.667, de 14.5.2003)

Didatismo e Conhecimento 27
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 3o Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem I  -  por invalidez permanente, sendo os proventos integrais
remuneração a manutenção da vinculação ao regime do Plano de quando decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional
Seguridade Social do Servidor Público, mediante o recolhimento ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificada em lei, e
mensal da respectiva contribuição, no mesmo percentual devido proporcionais nos demais casos;
pelos servidores em atividade, incidente sobre a remuneração II  -  compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com
total do cargo a que faz jus no exercício de suas atribuições, proventos proporcionais ao tempo de serviço;
computando-se, para esse efeito, inclusive, as vantagens pessoais. III - voluntariamente:
(Incluído pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003) a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos 30
(trinta) se mulher, com proventos integrais;
§ 4o O recolhimento de que trata o § 3o deve ser efetuado até o
b)  aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções de
segundo dia útil após a data do pagamento das remunerações dos
magistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se professora, com
servidores públicos, aplicando-se os procedimentos de cobrança e
proventos integrais;
execução dos tributos federais quando não recolhidas na data de c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 (vinte e
vencimento. (Incluído pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003) cinco) se mulher, com proventos proporcionais a esse tempo;
Art. 184. O Plano de Seguridade Social visa a dar cobertura aos d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e aos
riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família, e compreende 60 (sessenta) se mulher, com proventos proporcionais ao tempo
um conjunto de benefícios e ações que atendam às seguintes de serviço.
finalidades: §  1o Consideram-se doenças graves, contagiosas ou
I  -  garantir meios de subsistência nos eventos de doença, incuráveis, a que se refere o inciso I deste artigo, tuberculose
invalidez, velhice, acidente em serviço, inatividade, falecimento ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna,
e reclusão; cegueira posterior ao ingresso no serviço público, hanseníase,
II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade; cardiopatia grave, doença de Parkinson, paralisia irreversível e
III - assistência à saúde. incapacitante, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave,
Parágrafo único. Os benefícios serão concedidos nos termos estados avançados do mal de Paget (osteíte deformante), Síndrome
e condições definidos em regulamento, observadas as disposições de Imunodeficiência Adquirida - AIDS, e outras que a lei indicar,
desta Lei. com base na medicina especializada.
Art.  185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do §  2o Nos casos de exercício de atividades consideradas
insalubres ou perigosas, bem como nas hipóteses previstas no art.
servidor compreendem:
71, a aposentadoria de que trata o inciso III, “a” e “c”, observará o
I - quanto ao servidor:
disposto em lei específica.
a) aposentadoria;
§ 3o Na hipótese do inciso I o servidor será submetido à junta
b) auxílio-natalidade; médica oficial, que atestará a invalidez quando caracterizada a
c) salário-família; incapacidade para o desempenho das atribuições do cargo ou a
d) licença para tratamento de saúde; impossibilidade de se aplicar o disposto no art. 24. (Incluído pela
e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade; Lei nº 9.527, de 10.12.97)
f) licença por acidente em serviço; Art.  187. A aposentadoria compulsória será automática, e
g) assistência à saúde; declarada por ato, com vigência a partir do dia imediato àquele
h) garantia de condições individuais e ambientais de trabalho em que o servidor atingir a idade-limite de permanência no serviço
satisfatórias; ativo.
II - quanto ao dependente: Art. 188. A aposentadoria voluntária ou por invalidez vigorará
a) pensão vitalícia e temporária; a partir da data da publicação do respectivo ato.
b) auxílio-funeral; § 1o A aposentadoria por invalidez será precedida de licença
c) auxílio-reclusão; para tratamento de saúde, por período não excedente a 24 (vinte e
d) assistência à saúde. quatro) meses.
§ 1o As aposentadorias e pensões serão concedidas e mantidas §  2o Expirado o período de licença e não estando em
pelos órgãos ou entidades aos quais se encontram vinculados os condições de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o servidor
será aposentado.
servidores, observado o disposto nos arts. 189 e 224.
§  3o O lapso de tempo compreendido entre o término da
§ 2o O recebimento indevido de benefícios havidos por fraude,
licença e a publicação do ato da aposentadoria será considerado
dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário do total auferido,
como de prorrogação da licença.
sem prejuízo da ação penal cabível. §  4o Para os fins do disposto no § 1o deste artigo, serão
consideradas apenas as licenças motivadas pela enfermidade
CAPÍTULO II ensejadora da invalidez ou doenças correlacionadas. (Incluído pela
DOS BENEFÍCIOS
Lei nº 11.907, de 2009)
§ 5o A critério da Administração, o servidor em licença para
Seção I
tratamento de saúde ou aposentado por invalidez poderá ser
Da Aposentadoria
convocado a qualquer momento, para avaliação das condições que
Art.  186. O servidor será aposentado: (Vide art. 40 da ensejaram o afastamento ou a aposentadoria. (Incluído pela Lei nº
Constituição) 11.907, de 2009)

Didatismo e Conhecimento 28
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art.  189. O provento da aposentadoria será calculado com Art.  199. Quando o pai e mãe forem servidores públicos e
observância do disposto no §  3o do art. 41, e revisto na mesma viverem em comum, o salário-família será pago a um deles; quando
data e proporção, sempre que se modificar a remuneração dos separados, será pago a um e outro, de acordo com a distribuição
servidores em atividade. dos dependentes.
Parágrafo  único. São estendidos aos inativos quaisquer Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a
benefícios ou vantagens posteriormente concedidas aos servidores madrasta e, na falta destes, os representantes legais dos incapazes.
em atividade, inclusive quando decorrentes de transformação ou Art. 200. O salário-família não está sujeito a qualquer tributo,
reclassificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria. nem servirá de base para qualquer contribuição, inclusive para a
Art. 190. O servidor aposentado com provento proporcional
Previdência Social.
ao tempo de serviço se acometido de qualquer das moléstias
Art. 201. O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração,
especificadas no § 1o do art. 186 desta Lei e, por esse motivo, for
não acarreta a suspensão do pagamento do salário-família.
considerado inválido por junta médica oficial passará a perceber
provento integral, calculado com base no fundamento legal de
concessão da aposentadoria. (Redação dada pela Lei nº 11.907, Seção IV
de 2009) Da Licença para Tratamento de Saúde
Art. 191. Quando proporcional ao tempo de serviço, o provento
não será inferior a 1/3 (um terço) da remuneração da atividade. Art. 202. Será concedida ao servidor licença para tratamento
Art. 192. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem
Art. 193. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) prejuízo da remuneração a que fizer jus.
Art.  194. Ao servidor aposentado será paga a gratificação Art.  203. A licença de que trata o art. 202 desta Lei será
natalina, até o dia vinte do mês de dezembro, em valor equivalente concedida com base em perícia oficial. (Redação dada pela Lei nº
ao respectivo provento, deduzido o adiantamento recebido. 11.907, de 2009)
Art.  195. Ao ex-combatente que tenha efetivamente § 1o Sempre que necessário, a inspeção médica será realizada
participado de operações bélicas, durante a Segunda Guerra na residência do servidor ou no estabelecimento hospitalar onde se
Mundial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, encontrar internado.
será concedida aposentadoria com provento integral, aos 25 (vinte § 2o Inexistindo médico no órgão ou entidade no local onde
e cinco) anos de serviço efetivo. se encontra ou tenha exercício em caráter permanente o servidor,
e não se configurando as hipóteses previstas nos parágrafos do art.
Seção II 230, será aceito atestado passado por médico particular. (Redação
Do Auxílio-Natalidade
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3o No caso do § 2o deste artigo, o atestado somente produzirá
Art.  196. O auxílio-natalidade é devido à servidora por
efeitos depois de recepcionado pela unidade de recursos humanos
motivo de nascimento de filho, em quantia equivalente ao menor
vencimento do serviço público, inclusive no caso de natimorto. do órgão ou entidade. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
§ 1o Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido de §  4o A licença que exceder o prazo de 120 (cento e vinte)
50% (cinqüenta por cento), por nascituro. dias no período de 12 (doze) meses a contar do primeiro dia de
§ 2o O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro servidor afastamento será concedida mediante avaliação por junta médica
público, quando a parturiente não for servidora. oficial. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
§ 5o A perícia oficial para concessão da licença de que trata o
Seção III caput deste artigo, bem como nos demais casos de perícia oficial
Do Salário-Família previstos nesta Lei, será efetuada por cirurgiões-dentistas, nas
hipóteses em que abranger o campo de atuação da odontologia.
Art. 197. O salário-família é devido ao servidor ativo ou ao (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
inativo, por dependente econômico. Art.  204. A licença para tratamento de saúde inferior a 15
Parágrafo  único. Consideram-se dependentes econômicos (quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser dispensada de
para efeito de percepção do salário-família: perícia oficial, na forma definida em regulamento. (Redação dada
I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os enteados pela Lei nº 11.907, de 2009)
até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estudante, até 24 (vinte e Art. 205. O atestado e o laudo da junta médica não se referirão
quatro) anos ou, se inválido, de qualquer idade;
ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de lesões
II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante autorização
produzidas por acidente em serviço, doença profissional ou
judicial, viver na companhia e às expensas do servidor, ou do
qualquer das doenças especificadas no art. 186, § 1o.
inativo;
III - a mãe e o pai sem economia própria. Art.  206. O servidor que apresentar indícios de lesões
Art. 198. Não se configura a dependência econômica quando orgânicas ou funcionais será submetido a inspeção médica.
o beneficiário do salário-família perceber rendimento do trabalho Art.  206-A. O servidor será submetido a exames médicos
ou de qualquer outra fonte, inclusive pensão ou provento da periódicos, nos termos e condições definidos em regulamento.
aposentadoria, em valor igual ou superior ao salário-mínimo. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) (Regulamento).

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Seção V Art.  216. As pensões distinguem-se, quanto à natureza, em
Da Licença à Gestante, à Adotante e da Licença-Paternidade vitalícias e temporárias.
§  1o A pensão vitalícia é composta de cota ou cotas
Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante por 120 permanentes, que somente se extinguem ou revertem com a morte
(cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração. de seus beneficiários.
(Vide Decreto nº 6.690, de 2008) §  2o A pensão temporária é composta de cota ou cotas que
§ 1o A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês podem se extinguir ou reverter por motivo de morte, cessação de
de gestação, salvo antecipação por prescrição médica. invalidez ou maioridade do beneficiário.
§ 2o No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a Art. 217. São beneficiários das pensões:
partir do parto. I - vitalícia:
§  3o No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do a) o cônjuge;
evento, a servidora será submetida a exame médico, e se julgada b) a pessoa desquitada, separada judicialmente ou divorciada,
apta, reassumirá o exercício. com percepção de pensão alimentícia;
§ 4o No caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora c)  o companheiro ou companheira designado que comprove
terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado. união estável como entidade familiar;
Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá d) a mãe e o pai que comprovem dependência econômica do
direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos. servidor;
Art.  209. Para amamentar o próprio filho, até a idade de e) a pessoa designada, maior de 60 (sessenta) anos e a pessoa
seis meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de portadora de deficiência, que vivam sob a dependência econômica
trabalho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em do servidor;
dois períodos de meia hora. II - temporária:
Art.  210. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial a) os filhos, ou enteados, até 21 (vinte e um) anos de idade, ou,
de criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noventa) se inválidos, enquanto durar a invalidez;
dias de licença remunerada. (Vide Decreto nº 6.691, de 2008) b) o menor sob guarda ou tutela até 21 (vinte e um) anos de
Parágrafo  único. No caso de adoção ou guarda judicial de idade;
criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este c)  o irmão órfão, até 21 (vinte e um) anos, e o inválido,
artigo será de 30 (trinta) dias. enquanto durar a invalidez, que comprovem dependência
econômica do servidor;
Seção VI d) a pessoa designada que viva na dependência econômica do
Da Licença por Acidente em Serviço servidor, até 21 (vinte e um) anos, ou, se inválida, enquanto durar
a invalidez.
Art.  211. Será licenciado, com remuneração integral, o § 1o A concessão de pensão vitalícia aos beneficiários de que
servidor acidentado em serviço.
tratam as alíneas “a” e “c” do inciso I deste artigo exclui desse
Art.  212. Configura acidente em serviço o dano físico
direito os demais beneficiários referidos nas alíneas “d” e “e”.
ou mental sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou
§  2o A concessão da pensão temporária aos beneficiários de
imediatamente, com as atribuições do cargo exercido.
que tratam as alíneas “a” e “b” do inciso II deste artigo exclui
Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço o dano:
desse direito os demais beneficiários referidos nas alíneas “c” e
I  -  decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo
“d”.
servidor no exercício do cargo;
Art.  218. A pensão será concedida integralmente ao titular
II - sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-
da pensão vitalícia, exceto se existirem beneficiários da pensão
versa.
Art. 213. O servidor acidentado em serviço que necessite de temporária.
tratamento especializado poderá ser tratado em instituição privada, §  1o Ocorrendo habilitação de vários titulares à pensão
à conta de recursos públicos. vitalícia, o seu valor será distribuído em partes iguais entre os
Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta médica beneficiários habilitados.
oficial constitui medida de exceção e somente será admissível § 2o Ocorrendo habilitação às pensões vitalícia e temporária,
quando inexistirem meios e recursos adequados em instituição metade do valor caberá ao titular ou titulares da pensão vitalícia,
pública. sendo a outra metade rateada em partes iguais, entre os titulares da
Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo de 10 (dez) pensão temporária.
dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem. §  3o Ocorrendo habilitação somente à pensão temporária, o
valor integral da pensão será rateado, em partes iguais, entre os
Seção VII que se habilitarem.
Da Pensão Art.  219. A pensão poderá ser requerida a qualquer tempo,
prescrevendo tão-somente as prestações exigíveis há mais de 5
Art.  215. Por morte do servidor, os dependentes fazem jus (cinco) anos.
a uma pensão mensal de valor correspondente ao da respectiva Parágrafo único. Concedida a pensão, qualquer prova posterior
remuneração ou provento, a partir da data do óbito, observado o ou habilitação tardia que implique exclusão de beneficiário ou
limite estabelecido no art. 42. redução de pensão só produzirá efeitos a partir da data em que for
oferecida.

Didatismo e Conhecimento 30
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 220. Não faz jus à pensão o beneficiário condenado pela Seção IX
prática de crime doloso de que tenha resultado a morte do servidor. Do Auxílio-Reclusão
Art.  221. Será concedida pensão provisória por morte
presumida do servidor, nos seguintes casos: Art.  229. À família do servidor ativo é devido o auxílio-
I  -  declaração de ausência, pela autoridade judiciária reclusão, nos seguintes valores:
competente; I - dois terços da remuneração, quando afastado por motivo
II - desaparecimento em desabamento, inundação, incêndio ou de prisão, em flagrante ou preventiva, determinada pela autoridade
acidente não caracterizado como em serviço; competente, enquanto perdurar a prisão;
III - desaparecimento no desempenho das atribuições do cargo II - metade da remuneração, durante o afastamento, em virtude
ou em missão de segurança. de condenação, por sentença definitiva, a pena que não determine
Parágrafo  único. A pensão provisória será transformada em a perda de cargo.
vitalícia ou temporária, conforme o caso, decorridos 5 (cinco) anos § 1o Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o servidor
de sua vigência, ressalvado o eventual reaparecimento do servidor, terá direito à integralização da remuneração, desde que absolvido.
hipótese em que o benefício será automaticamente cancelado. § 2o O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir do dia
Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneficiário: imediato àquele em que o servidor for posto em liberdade, ainda
I - o seu falecimento; que condicional.
II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer após a
concessão da pensão ao cônjuge; CAPÍTULO III
III - a cessação de invalidez, em se tratando de beneficiário DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE
inválido;
IV - a maioridade de filho, irmão órfão ou pessoa designada, Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo ou inativo,
aos 21 (vinte e um) anos de idade; e de sua família compreende assistência médica, hospitalar,
V - a acumulação de pensão na forma do art. 225; odontológica, psicológica e farmacêutica, terá como diretriz básica
VI - a renúncia expressa. o implemento de ações preventivas voltadas para a promoção
Parágrafo único. A critério da Administração, o beneficiário de da saúde e será prestada pelo Sistema Único de Saúde – SUS,
pensão temporária motivada por invalidez poderá ser convocado a diretamente pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado o
qualquer momento para avaliação das condições que ensejaram a servidor, ou mediante convênio ou contrato, ou ainda na forma
concessão do benefício. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) de auxílio, mediante ressarcimento parcial do valor despendido
Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de beneficiário, a
pelo servidor, ativo ou inativo, e seus dependentes ou pensionistas
respectiva cota reverterá:
com planos ou seguros privados de assistência à saúde, na forma
I - da pensão vitalícia para os remanescentes desta pensão ou
estabelecida em regulamento. (Redação dada pela Lei nº 11.302
para os titulares da pensão temporária, se não houver pensionista
de 2006)
remanescente da pensão vitalícia;
§  1o Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja exigida
II - da pensão temporária para os co-beneficiários ou, na falta
perícia, avaliação ou inspeção médica, na ausência de médico
destes, para o beneficiário da pensão vitalícia.
ou junta médica oficial, para a sua realização o órgão ou
Art.  224. As pensões serão automaticamente atualizadas na
mesma data e na mesma proporção dos reajustes dos vencimentos entidade celebrará, preferencialmente, convênio com unidades
dos servidores, aplicando-se o disposto no parágrafo único do art. de atendimento do sistema público de saúde, entidades sem fins
189. lucrativos declaradas de utilidade pública, ou com o Instituto
Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a percepção Nacional do Seguro Social - INSS. (Incluído pela Lei nº 9.527,
cumulativa de mais de duas pensões. de 10.12.97)
§ 2o Na impossibilidade, devidamente justificada, da aplicação
Seção VIII do disposto no parágrafo anterior, o órgão ou entidade promoverá
Do Auxílio-Funeral a contratação da prestação de serviços por pessoa jurídica, que
constituirá junta médica especificamente para esses fins, indicando
Art.  226. O auxílio-funeral é devido à família do servidor os nomes e especialidades dos seus integrantes, com a comprovação
falecido na atividade ou aposentado, em valor equivalente a um de suas habilitações e de que não estejam respondendo a processo
mês da remuneração ou provento. disciplinar junto à entidade fiscalizadora da profissão. (Incluído
§  1o No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio será pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
pago somente em razão do cargo de maior remuneração. § 3o Para os fins do disposto no caput deste artigo, ficam a
§ 2o (VETADO). União e suas entidades autárquicas e fundacionais autorizadas a:
§  3o O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e oito) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
horas, por meio de procedimento sumaríssimo, à pessoa da família I - celebrar convênios exclusivamente para a prestação
que houver custeado o funeral. de serviços de assistência à saúde para os seus servidores ou
Art.  227. Se o funeral for custeado por terceiro, este será empregados ativos, aposentados, pensionistas, bem como para
indenizado, observado o disposto no artigo anterior. seus respectivos grupos familiares definidos, com entidades
Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em serviço fora de autogestão por elas patrocinadas por meio de instrumentos
do local de trabalho, inclusive no exterior, as despesas de transporte jurídicos efetivamente celebrados e publicados até 12 de fevereiro
do corpo correrão à conta de recursos da União, autarquia ou de 2006 e que possuam autorização de funcionamento do órgão
fundação pública. regulador, sendo certo que os convênios celebrados depois dessa

Didatismo e Conhecimento 31
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
data somente poderão sê-lo na forma da regulamentação específica b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ano após o
sobre patrocínio de autogestões, a ser publicada pelo mesmo órgão final do mandato, exceto se a pedido;
regulador, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias da vigência desta c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sindical a
Lei, normas essas também aplicáveis aos convênios existentes até que for filiado, o valor das mensalidades e contribuições definidas
12 de fevereiro de 2006; (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) em assembléia geral da categoria.
II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei no 8.666, de d) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 
21 de junho de 1993, operadoras de planos e seguros privados de e) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
assistência à saúde que possuam autorização de funcionamento do Art.  241. Consideram-se da família do servidor, além do
órgão regulador; (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expensas e
III - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) constem do seu assentamento individual.
§ 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) Parágrafo  único. Equipara-se ao cônjuge a companheira ou
§ 5o O valor do ressarcimento fica limitado ao total despendido companheiro, que comprove união estável como entidade familiar.
pelo servidor ou pensionista civil com plano ou seguro privado de Art. 242. Para os fins desta Lei, considera-se sede o município
assistência à saúde. (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) onde a repartição estiver instalada e onde o servidor tiver exercício,
em caráter permanente.
CAPÍTULO IV
DO CUSTEIO
TÍTULO IX
CAPÍTULO ÚNICO
Art. 231. (Revogado pela Lei nº 9.783, de 28.01.99)
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS
TÍTULO VII
CAPÍTULO ÚNICO Art. 243. Ficam submetidos ao regime jurídico instituído por
DA CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA DE EXCEPCIONAL esta Lei, na qualidade de servidores públicos, os servidores dos
INTERESSE PÚBLICO Poderes da União, dos ex-Territórios, das autarquias, inclusive as
em regime especial, e das fundações públicas, regidos pela Lei
Art. 232. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) nº 1.711, de 28 de outubro de 1952  -  Estatuto dos Funcionários
Art. 233. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) Públicos Civis da União, ou pela Consolidação das Leis do
Art. 234. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1o de maio
Art. 235. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) de 1943, exceto os contratados por prazo determinado, cujos
contratos não poderão ser prorrogados após o vencimento do prazo
TÍTULO VIII de prorrogação.
CAPÍTULO ÚNICO §  1o Os empregos ocupados pelos servidores incluídos no
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS regime instituído por esta Lei ficam transformados em cargos, na
data de sua publicação.
Art. 236. O Dia do Servidor Público será comemorado a vinte §  2o As funções de confiança exercidas por pessoas não
e oito de outubro. integrantes de tabela permanente do órgão ou entidade onde têm
Art.  237. Poderão ser instituídos, no âmbito dos Poderes exercício ficam transformadas em cargos em comissão, e mantidas
Executivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes incentivos enquanto não for implantado o plano de cargos dos órgãos ou
funcionais, além daqueles já previstos nos respectivos planos de entidades na forma da lei.
carreira: § 3o As Funções de Assessoramento Superior - FAS, exercidas
I - prêmios pela apresentação de idéias, inventos ou trabalhos por servidor integrante de quadro ou tabela de pessoal, ficam
que favoreçam o aumento de produtividade e a redução dos custos extintas na data da vigência desta Lei.
operacionais; § 4o (VETADO).
II  -  concessão de medalhas, diplomas de honra ao mérito, § 5o O regime jurídico desta Lei é extensivo aos serventuários
condecoração e elogio. da Justiça, remunerados com recursos da União, no que couber.
Art.  238. Os prazos previstos nesta Lei serão contados em
§ 6o Os empregos dos servidores estrangeiros com estabilidade
dias corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do
no serviço público, enquanto não adquirirem a nacionalidade
vencimento, ficando prorrogado, para o primeiro dia útil seguinte,
brasileira, passarão a integrar tabela em extinção, do respectivo
o prazo vencido em dia em que não haja expediente.
órgão ou entidade, sem prejuízo dos direitos inerentes aos planos
Art.  239. Por motivo de crença religiosa ou de convicção
filosófica ou política, o servidor não poderá ser privado de de carreira aos quais se encontrem vinculados os empregos.
quaisquer dos seus direitos, sofrer discriminação em sua vida § 7o Os servidores públicos de que trata o caput deste artigo,
funcional, nem eximir-se do cumprimento de seus deveres. não amparados pelo art. 19 do Ato das Disposições Constitucionais
Art. 240. Ao servidor público civil é assegurado, nos termos Transitórias, poderão, no interesse da Administração e conforme
da Constituição Federal, o direito à livre associação sindical e os critérios estabelecidos em regulamento, ser exonerados mediante
seguintes direitos, entre outros, dela decorrentes: indenização de um mês de remuneração por ano de efetivo
a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como substituto exercício no serviço público federal. (Incluído pela Lei nº 9.527,
processual; de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 32
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 8o Para fins de incidência do imposto de renda na fonte e na O PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL:
declaração de rendimentos, serão considerados como indenizações Faço saber que o CONGRESSO NACIONAL manteve, e eu,
isentas os pagamentos efetuados a título de indenização prevista MAURO BENEVIDES, Presidente do Senado Federal, nos termos
no parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) do § 7° do art. 66 da Constituição, promulgo as seguintes partes da
§ 9o Os cargos vagos em decorrência da aplicação do disposto Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990:
no § 7o poderão ser extintos pelo Poder Executivo quando “Art. 87 ....................................................................................
considerados desnecessários. (Incluído pela Lei nº 9.527, de § 1° ...........................................................................................
10.12.97) § 2° Os períodos de licença-prêmio já adquiridos e não
gozados pelo servidor que vier a falecer serão convertidos em
Art. 244. Os adicionais por tempo de serviço, já concedidos
pecúnia, em favor de seus beneficiários da pensão.
aos servidores abrangidos por esta Lei, ficam transformados em Art. 192. O servidor que contar tempo de serviço para
anuênio. aposentadoria com provento integral será aposentado:
Art. 245. A licença especial disciplinada pelo art. 116 da Lei I - com a remuneração do padrão de classe imediatamente
nº 1.711, de 1952, ou por outro diploma legal, fica transformada superior àquela em que se encontra posicionado;
em licença-prêmio por assiduidade, na forma prevista nos arts. 87 II - quando ocupante da última classe da carreira, com a
a 90. remuneração do padrão correspondente, acrescida da diferença
Art. 246. (VETADO). entre esse e o padrão da classe imediatamente anterior.
Art.  247. Para efeito do disposto no Título VI desta Lei, Art. 193. O servidor que tiver exercido função de direção,
haverá ajuste de contas com a Previdência Social, correspondente chefia, assessoramento, assistência ou cargo em comissão,
ao período de contribuição por parte dos servidores celetistas por período de 5 (cinco) anos consecutivos, ou 10 (dez) anos
interpolados, poderá aposentar-se com a gratificação da função ou
abrangidos pelo art. 243. (Redação dada pela Lei nº 8.162, de
remuneração do cargo em comissão, de maior valor, desde que
8.1.91)  exercido por um período mínimo de 2 (dois) anos.
Art.  248. As pensões estatutárias, concedidas até a vigência § 1° Quando o exercício da função ou cargo em comissão de
desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão ou entidade de origem maior valor não corresponder ao período de 2 (dois) anos, será
do servidor. incorporada a gratificação ou remuneração da função ou cargo em
Art. 249. Até a edição da lei prevista no § 1o do art. 231, os comissão imediatamente inferior dentre os exercidos.
servidores abrangidos por esta Lei contribuirão na forma e nos § 2° A aplicação do disposto neste artigo exclui as vantagens
percentuais atualmente estabelecidos para o servidor civil da previstas no art. 192, bem como a incorporação de que trata o art.
União conforme regulamento próprio. 62, ressalvado o direito de opção.
Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a Art. 231. ...................................................................................
satisfazer, dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias para a § 1° ...........................................................................................
§ 2º O custeio da aposentadoria é de responsabilidade integral
aposentadoria nos termos do inciso II do art. 184 do antigo Estatuto
do Tesouro Nacional.
dos Funcionários Públicos Civis da União, Lei n° 1.711, de 28 de Art. 240. ...................................................................................
outubro de 1952, aposentar-se-á com a vantagem prevista naquele a) ..............................................................................................
dispositivo. (Mantido pelo Congresso Nacional) b) ..............................................................................................
Art. 251. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) c) ..............................................................................................
Art. 252. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, d) de negociação coletiva;
com efeitos financeiros a partir do primeiro dia do mês subseqüente. e) de ajuizamento, individual e coletivamente, frente à Justiça
Art. 253. Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de outubro de do Trabalho, nos termos da Constituição Federal.
1952, e respectiva legislação complementar, bem como as demais Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a
disposições em contrário. satisfazer, dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias para a
aposentadoria nos termos do inciso II do art. 184 do antigo Estatuto
dos Funcionários Públicos Civis da União, Lei n° 1.711, de 28 de
Brasília, 11 de dezembro de 1990; 169o da Independência e outubro de 1952, aposentar-se-á com a vantagem prevista naquele
102o da República. dispositivo.»
FERNANDO COLLOR
Jarbas Passarinho Senado Federal, 18 de abril de 1991. 170° da Independência
e 103° da República.
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 12.12.1990 MAURO BENEVIDES
e Republicado no D.O.U. de 18.3.1998
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 19.4.1991
LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990

Partes vetadas pelo Presidente da República e mantidas pelo


Congresso Nacional, do Projeto que se transformou na Lei n.°
8.112, de 11 de dezembro de 1990, que “dispõe sobre o Regime
Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e
das fundações públicas federais”.

Didatismo e Conhecimento 33
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 3o  As universidades e instituições de pesquisa científica e
6. LEI FEDERAL Nº 8.112/90. tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores,
técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os
procedimentos desta Lei.(Incluído pela Lei nº 9.515, de 20.11.97)

Art. 6o  O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante


LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990
ato da autoridade competente de cada Poder.
PUBLICAÇÃO CONSOLIDADA DA LEI Nº   8.112, DE
11 DE DEZEMBRO DE 1990, DETERMINADA PELO ART. 
Art. 7o  A investidura em cargo público ocorrerá com a posse.
13 DA LEI Nº 9.527, DE 10 DE DEZEMBRO DE 1997.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
Art. 8o  São formas de provimento de cargo público:
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
I - nomeação;
II - promoção;
TÍTULO I
        III - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
CAPÍTULO ÚNICO
        IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
V - readaptação;
VI - reversão;
Art.  1o   Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores
VII - aproveitamento;
Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime
VIII - reintegração;
especial, e das fundações públicas federais.
IX - recondução.
Art. 2o  Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmen-
Seção II
te investida em cargo público.
Da Nomeação
Art. 3o  Cargo público é o conjunto de atribuições e respon-
Art. 9o  A nomeação far-se-á:
sabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser
I  -  em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de
cometidas a um servidor.
provimento efetivo ou de carreira;
Parágrafo  único.   Os cargos públicos, acessíveis a todos os
II  -  em comissão, inclusive na condição de interino, para
brasileiros, são criados por lei, com denominação própria e ven-
cargos de confiança vagos.  (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
cimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter
10.12.97)
efetivo ou em comissão.
Parágrafo único.  O servidor ocupante de cargo em comissão
Art. 4o  É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os
ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício, in-
casos previstos em lei.
terinamente, em outro cargo de confiança, sem prejuízo das atri-
buições do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar
TÍTULO II pela remuneração de um deles durante o período da interinida-
DO PROVIMENTO, VACÂNCIA, REMOÇÃO, REDISTRI- de. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
BUIÇÃO E SUBSTITUIÇÃO
Art. 10.  A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado
CAPÍTULO I de provimento efetivo depende de prévia habilitação em concurso
DO PROVIMENTO público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de
classificação e o prazo de sua validade.
Seção I Parágrafo único.  Os demais requisitos para o ingresso e o de-
Disposições Gerais senvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, serão
estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira
Art. 5o  São requisitos básicos para investidura em cargo pú- na Administração Pública Federal e seus regulamentos. (Redação
blico: dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
I - a nacionalidade brasileira;
II - o gozo dos direitos políticos; Seção III
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; Do Concurso Público
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
Art.  11.   O concurso será de provas ou de provas e títulos,
V - a idade mínima de dezoito anos; podendo ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei
VI - aptidão física e mental. e o regulamento do respectivo plano de carreira, condicionada a
§ 1o  As atribuições do cargo podem justificar a exigência de inscrição do candidato ao pagamento do valor fixado no edital,
outros requisitos estabelecidos em lei. quando indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóteses de
§ 2o  Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o di- isenção nele expressamente previstas.(Redação dada pela Lei nº
reito de se inscrever em concurso público para provimento de car- 9.527, de 10.12.97)   (Regulamento)
go cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que
são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte Art.  12.   O concurso público terá validade de até 2 (dois )
por cento) das vagas oferecidas no concurso. anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período.

Didatismo e Conhecimento 34
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 1o  O prazo de validade do concurso e as condições de sua Parágrafo único.  Ao entrar em exercício, o servidor apresen-
realização serão fixados em edital, que será publicado no Diário tará ao órgão competente os elementos necessários ao seu assen-
Oficial da União e em jornal diário de grande circulação. tamento individual.
§ 2o  Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato
aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expi- Art. 17.  A promoção não interrompe o tempo de exercício,
rado. que é contado no novo posicionamento na carreira a partir da data
de publicação do ato que promover o servidor. (Redação dada pela
Seção IV Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Da Posse e do Exercício
Art. 18.  O servidor que deva ter exercício em outro município
Art. 13.  A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo termo, em razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedido
no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as responsabi- ou posto em exercício provisório terá, no mínimo, dez e, no máxi-
lidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que não poderão mo, trinta dias de prazo, contados da publicação do ato, para a re-
ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes, ressalvados tomada do efetivo desempenho das atribuições do cargo, incluído
os atos de ofício previstos em lei. nesse prazo o tempo necessário para o deslocamento para a nova
§ 1o  A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da pu- sede. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
blicação do ato de provimento. (Redação dada pela Lei nº 9.527, §  1o   Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença ou
de 10.12.97) afastado legalmente, o prazo a que se refere este artigo será conta-
§ 2o  Em se tratando de servidor, que esteja na data de publi- do a partir do término do impedimento. (Parágrafo renumerado e
cação do ato de provimento, em licença prevista nos incisos I, III e alterado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos incisos I, IV, VI, VIII, § 2o  É facultado ao servidor declinar dos prazos estabelecidos
alíneas «a», «b», «d», «e» e «f», IX e X do art. 102, o prazo será no caput.  (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
contado do término do impedimento. (Redação dada pela Lei nº
9.527, de 10.12.97) Art. 19.  Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada
§ 3o  A posse poderá dar-se mediante procuração específica.
em razão das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, res-
§ 4o  Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por
peitada a duração máxima do trabalho semanal de quarenta horas
nomeação. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
e observados os limites mínimo e máximo de seis horas e oito ho-
§  5o   No ato da posse, o servidor apresentará declaração de
ras diárias, respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 8.270, de
bens e valores que constituem seu patrimônio e declaração quanto
17.12.91)
ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função pública.
§ 1o  O ocupante de cargo em comissão ou função de confiança
§ 6o  Será tornado sem efeito o ato de provimento se a posse
não ocorrer no prazo previsto no § 1o deste artigo. submete-se a regime de integral dedicação ao serviço, observado
o disposto no art. 120, podendo ser convocado sempre que houver
Art. 14.  A posse em cargo público dependerá de prévia inspe- interesse da Administração. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
ção médica oficial. 10.12.97)
Parágrafo único.  Só poderá ser empossado aquele que for jul- § 2o  O disposto neste artigo não se aplica a duração de traba-
gado apto física e mentalmente para o exercício do cargo. lho estabelecida em leis especiais. (Incluído pela Lei nº 8.270, de
17.12.91)
Art. 15.  Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do
cargo público ou da função de confiança. (Redação dada pela Lei Art. 20.  Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para car-
nº 9.527, de 10.12.97) go de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por
§ 1o  É de quinze dias o prazo para o servidor empossado em período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão e
cargo público entrar em exercício, contados da data da posse. (Re- capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo,
dação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) observados os seguinte fatores: (vide EMC nº 19)
§ 2o  O servidor será exonerado do cargo ou será tornado sem I - assiduidade;
efeito o ato de sua designação para função de confiança, se não II - disciplina;
entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, observado o III - capacidade de iniciativa;
disposto no art. 18.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) IV - produtividade;
§ 3o  À autoridade competente do órgão ou entidade para onde V- responsabilidade.
for nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe exercí- § 1o  4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio pro-
cio. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) batório, será submetida à homologação da autoridade competente
§ 4o  O início do exercício de função de confiança coincidirá a avaliação do desempenho do servidor, realizada por comissão
com a data de publicação do ato de designação, salvo quando o constituída para essa finalidade, de acordo com o que dispuser a lei
servidor estiver em licença ou afastado por qualquer outro motivo ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da
legal, hipótese em que recairá no primeiro dia útil após o término
continuidade de apuração dos fatores enumerados nos incisos I a
do impedimento, que não poderá exceder a trinta dias da publica-
V do caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.784, de 2008
ção. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2o  O servidor não aprovado no estágio probatório será exo-
nerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupa-
Art. 16.  O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do
exercício serão registrados no assentamento individual do servidor. do, observado o disposto no parágrafo único do art. 29.

Didatismo e Conhecimento 35
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 3o  O servidor em estágio probatório poderá exercer quais- II - no interesse da administração, desde que: (Incluído pela
quer cargos de provimento em comissão ou funções de direção, Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e so- a) tenha solicitado a reversão; (Incluído pela Medida Provisó-
mente poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar ria nº 2.225-45, de 4.9.2001)
cargos de Natureza Especial, cargos de provimento em comissão b) a aposentadoria tenha sido voluntária; (Incluído pela Medi-
do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis da Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
6, 5 e 4, ou equivalentes. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) c) estável quando na atividade; (Incluído pela Medida Provi-
§ 4o  Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser sória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 81, d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores
incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para participar à solicitação;  (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
de curso de formação decorrente de aprovação em concurso para 4.9.2001)
outro cargo na Administração Pública Federal. (Incluído pela Lei e) haja cargo vago. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-
nº 9.527, de 10.12.97) 45, de 4.9.2001)
§ 5o  O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças e § 1o  A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resul-
os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem assim tante de sua transformação.  (Incluído pela Medida Provisória nº
na hipótese de participação em curso de formação, e será retomado 2.225-45, de 4.9.2001)
a partir do término do impedimento. (Incluído pela Lei nº 9.527, § 2o  O tempo em que o servidor estiver em exercício será con-
de 10.12.97) siderado para concessão da aposentadoria. (Incluído pela Medida
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Seção V §  3o   No caso do inciso I, encontrando-se provido o cargo,
Da Estabilidade o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a ocor-
rência de vaga. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
Art. 21.  O servidor habilitado em concurso público e empos- 4.9.2001)
sado em cargo de provimento efetivo adquirirá estabilidade no ser- § 4o  O servidor que retornar à atividade por interesse da ad-
viço público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício. (pra- ministração perceberá, em substituição aos proventos da aposen-
zo 3 anos - vide EMC nº 19)
tadoria, a remuneração do cargo que voltar a exercer, inclusive
com as vantagens de natureza pessoal que percebia anteriormente
Art. 22.  O servidor estável só perderá o cargo em virtude de
à aposentadoria. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
sentença judicial transitada em julgado ou de processo administra-
4.9.2001)
tivo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa.
§ 5o  O servidor de que trata o inciso II somente terá os pro-
Seção VI
Da Transferência ventos calculados com base nas regras atuais se permanecer pelo
         menos cinco anos no cargo. (Incluído pela Medida Provisória nº
Art. 23. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 2.225-45, de 4.9.2001)
§  6o   O Poder Executivo regulamentará o disposto neste ar-
Seção VII tigo. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Da Readaptação
Art. 26.  (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
Art. 24.  Readaptação é a investidura do servidor em cargo de 4.9.2001)
atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que
tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em Art. 27.  Não poderá reverter o aposentado que já tiver com-
inspeção médica. pletado 70 (setenta) anos de idade.
§ 1o  Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando
será aposentado. Seção IX
§  2o  A readaptação será efetivada em cargo de atribuições Da Reintegração
afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e equi-
valência de vencimentos e, na hipótese de inexistência de cargo
Art.  28.  A reintegração é a reinvestidura do servidor está-
vago, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a
vel no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua
ocorrência de vaga.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
transformação, quando invalidada a sua demissão por decisão ad-
Seção VIII ministrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens.
Da Reversão § 1o  Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará
(Regulamento Dec. nº 3.644, de 30.11.2000) em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 e 31.
§ 2o  Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante
Art.  25.   Reversão é o retorno à atividade de servidor apo- será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ou
sentado:  (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade.
4.9.2001)
I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar insub- Seção X
sistentes os motivos da aposentadoria; ou (Incluído pela Medida Da Recondução
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)

Didatismo e Conhecimento 36
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 29.  Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo Seção I
anteriormente ocupado e decorrerá de: Da Remoção
I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo;
II - reintegração do anterior ocupante. Art. 36.  Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou
Parágrafo único.  Encontrando-se provido o cargo de origem, o de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de
servidor será aproveitado em outro, observado o disposto no art. 30. sede.
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, entende-se
Seção XI por modalidades de remoção: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
Da Disponibilidade e do Aproveitamento 10.12.97)
I - de ofício, no interesse da Administração; (Incluído pela Lei
Art. 30.  O retorno à atividade de servidor em disponibilidade nº 9.527, de 10.12.97)
far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em cargo de atribui- II - a pedido, a critério da Administração; (Incluído pela Lei
nº 9.527, de 10.12.97)
ções e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado.
III -  a pedido, para outra localidade, independentemente do in-
teresse da Administração: (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 31.  O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil determi-
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servi-
nará o imediato aproveitamento de servidor em disponibilidade em
dor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União,
vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou entidades da Administração dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslo-
Pública Federal. cado no interesse da Administração;(Incluído pela Lei nº 9.527,
Parágrafo  único.   Na hipótese prevista no § 3o  do art. 37, o de 10.12.97)
servidor posto em disponibilidade poderá ser mantido sob respon- b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou
sabilidade do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da Admi- dependente que viva às suas expensas e conste do seu assenta-
nistração Federal - SIPEC, até o seu adequado aproveitamento em mento funcional, condicionada à comprovação por junta médica
outro órgão ou entidade. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.527, de oficial; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
10.12.97) c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em
que o número de interessados for superior ao número de vagas,
Art. 32.  Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade
a disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo em que aqueles estejam lotados.(Incluído pela Lei nº 9.527, de
legal, salvo doença comprovada por junta médica oficial. 10.12.97)
CAPÍTULO II Seção II
DA VACÂNCIA Da Redistribuição

Art. 33.  A vacância do cargo público decorrerá de: Art.  37.   Redistribuição é o deslocamento de cargo de pro-
I - exoneração; vimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de
II - demissão; pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com prévia
III - promoção; apreciação do órgão central do SIPEC,     observados os seguintes
 IV -  (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) preceitos: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
V -  (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) I - interesse da administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de
VI - readaptação; 10.12.97)
VII - aposentadoria;
II - equivalência de vencimentos; (Incluído pela Lei nº 9.527,
VIII - posse em outro cargo inacumulável;
de 10.12.97)
IX - falecimento.
III - manutenção da essência das atribuições do cargo; (Incluí-
Art. 34.  A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do do pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
servidor, ou de ofício. IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e comple-
Parágrafo único.  A exoneração de ofício dar-se-á: xidade das atividades; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
I - quando não satisfeitas as condições do estágio probatório; V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação
II  -  quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em profissional; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
exercício no prazo estabelecido. VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as fina-
lidades institucionais do órgão ou entidade. (Incluído pela Lei nº
Art. 35.  A exoneração de cargo em comissão e a dispensa de 9.527, de 10.12.97)
função de confiança dar-se-á: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de § 1o  A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento de
10.12.97) lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços, inclu-
I - a juízo da autoridade competente; sive nos casos de reorganização, extinção ou criação de órgão ou
II - a pedido do próprio servidor. entidade. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) §  2o  A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará me-
diante ato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os órgãos e
CAPÍTULO III entidades da Administração Pública Federal envolvidos. (Incluído
DA REMOÇÃO E DA REDISTRIBUIÇÃO pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 37
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 3o  Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou en- §  4o   É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos
tidade, extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no órgão de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre
ou entidade, o servidor estável que não for redistribuído será co- servidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter
locado em disponibilidade, até seu aproveitamento na forma dos individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.
arts. 30 e 31. (Parágrafo renumerado e alterado pela Lei nº 9.527,         § 5o  Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao
de 10.12.97) salário mínimo. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
§  4o   O servidor que não for redistribuído ou colocado em
disponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do órgão Art. 42.  Nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a
central do SIPEC, e ter exercício provisório, em outro órgão ou título de remuneração, importância superior à soma dos valores
percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer título, no
entidade, até seu adequado aproveitamento. (Incluído pela Lei nº
âmbito dos respectivos Poderes, pelos Ministros de Estado, por
9.527, de 10.12.97)
membros do Congresso Nacional e Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal.
CAPÍTULO IV Parágrafo único.  Excluem-se do teto de remuneração as van-
DA SUBSTITUIÇÃO tagens previstas nos incisos II a VII do art. 61.
        
Art. 38.  Os servidores investidos em cargo ou função de dire- Art. 43.  (Revogado pela Lei nº 9.624, de 2.4.98)   (Vide Lei
ção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial terão nº 9.624, de 2.4.98)
substitutos indicados no regimento interno ou, no caso de omissão,
previamente designados pelo dirigente máximo do órgão ou enti- Art. 44.  O servidor perderá:
dade. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem motivo
§  1o   O substituto assumirá automática e cumulativamente, justificado; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do cargo ou função II  -  a parcela de remuneração diária, proporcional aos atra-
de direção ou chefia e os de Natureza Especial, nos afastamentos, sos, ausências justificadas, ressalvadas as concessões de que trata
impedimentos legais ou regulamentares do titular e na vacância do o art. 97, e saídas antecipadas, salvo na hipótese de compensação
cargo, hipóteses em que deverá optar pela remuneração de um de- de horário, até o mês subseqüente ao da ocorrência, a ser estabe-
les durante o respectivo período. (Redação dada pela Lei nº 9.527, lecida pela chefia imediata. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
de 10.12.97) 10.12.97)
Parágrafo  único.  As faltas justificadas decorrentes de caso
§ 2o  O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do cargo
fortuito ou de força maior poderão ser compensadas a critério da
ou função de direção ou chefia ou de cargo de Natureza Especial,
chefia imediata, sendo assim consideradas como efetivo exercí-
nos casos dos afastamentos ou impedimentos legais do titular, su-
cio. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
periores a trinta dias consecutivos, paga na proporção dos dias de Art.  45.   Salvo por imposição legal, ou mandado judicial,
efetiva substituição, que excederem o referido período. (Redação nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou proven-
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) to.  (Vide Decreto nº 1.502, de 1995)    (Vide Decreto nº 1.903,
de 1996)       (Vide Decreto nº 2.065, de 1996)     (Regulamen-
Art. 39.  O disposto no artigo anterior aplica-se aos titulares to)    (Regulamento)
de unidades administrativas organizadas em nível de assessoria. § 1o  Mediante autorização do servidor, poderá haver consig-
nação em folha de pagamento em favor de terceiros, a critério da
TÍTULO III administração e com reposição de custos, na forma definida em
DOS DIREITOS E VANTAGENS regulamento.   (Redação dada pela Lei nº 13.172, de 2015)
§ 2o  O total de consignações facultativas de que trata o §
CAPÍTULO I 1o não excederá a 35% (trinta e cinco por cento) da remuneração
mensal, sendo 5% (cinco por cento) reservados exclusivamente
DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO
para:  (Redação dada pela Lei nº 13.172, de 2015)
I - a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de
Art. 40.  Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício crédito; ou   (Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015)
de cargo público, com valor fixado em lei. II - a utilização com a finalidade de saque por meio do cartão
Parágrafo  único.  (Revogado pela Medida Provisória nº 431, de crédito.  (Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015)
de 2008).  (Revogado pela Lei nº 11.784, de 2008)         
Art. 46.  As reposições e indenizações ao erário, atualizadas
Art. 41.  Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acres- até 30 de junho de 1994, serão previamente comunicadas ao servi-
cido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. dor ativo, aposentado ou ao pensionista, para pagamento, no prazo
§ 1o  A remuneração do servidor investido em função ou cargo máximo de trinta dias, podendo ser parceladas, a pedido do inte-
em comissão será paga na forma prevista no art. 62. ressado.  (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
§ 2o  O servidor investido em cargo em comissão de órgão ou 4.9.2001)
entidade diversa da de sua lotação receberá a     remuneração de § 1o  O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao cor-
acordo com o estabelecido no § 1o do art. 93. respondente a dez por cento da remuneração, provento ou pen-
são.  (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
§ 3o  O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens
4.9.2001)
de caráter permanente, é irredutível.

Didatismo e Conhecimento 38
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 2o  Quando o pagamento indevido houver ocorrido no mês ráter permanente, vedado o duplo pagamento de indenização, a
anterior ao do processamento da folha, a reposição será feita ime- qualquer tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que dete-
diatamente, em uma única parcela.  (Redação dada pela Medida nha também a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) sede. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3o  Na hipótese de valores recebidos em decorrência de cum- § 1o  Correm por conta da administração as despesas de trans-
primento a decisão liminar, a tutela antecipada ou a sentença que porte do servidor e de sua família, compreendendo passagem, ba-
venha a ser revogada ou rescindida, serão eles atualizados até a gagem e bens pessoais.
data da reposição. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225- § 2o  À família do servidor que falecer na nova sede são asse-
45, de 4.9.2001) gurados ajuda de custo e transporte para a localidade de origem,
dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito.
Art. 47.  O servidor em débito com o erário, que for demitido,         § 3o  Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses de
exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou disponibilidade cas- remoção previstas nos incisos II e III do parágrafo único do art.
sada, terá o prazo de sessenta dias para quitar o débito. (Redação 36. (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Parágrafo único.  A não quitação do débito no prazo previsto Art.  54.  A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração
implicará sua inscrição em dívida ativa. (Redação dada pela Medi- do servidor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo
da Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) exceder a importância correspondente a 3 (três) meses.

Art. 48.  O vencimento, a remuneração e o provento não serão Art. 55.  Não será concedida ajuda de custo ao servidor que se
objeto de arresto, seqüestro ou penhora, exceto nos casos de pres- afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato eletivo.
tação de alimentos resultante de decisão judicial.
Art. 56.  Será concedida ajuda de custo àquele que, não sen-
CAPÍTULO II do servidor da União, for nomeado para cargo em comissão, com
DAS VANTAGENS mudança de domicílio.
Parágrafo único.  No afastamento previsto no inciso I do art.
Art. 49.  Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor 93, a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário, quando ca-
as seguintes vantagens: bível.
I - indenizações;
II - gratificações; Art. 57.  O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de cus-
III - adicionais. to quando, injustificadamente, não se apresentar na nova sede no
§  1o  As indenizações não se incorporam ao vencimento ou prazo de 30 (trinta) dias.
provento para qualquer efeito. Subseção II
§ 2o  As gratificações e os adicionais incorporam-se ao venci- Das Diárias
mento ou provento, nos casos e condições indicados em lei.
Art. 58.  O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em ca-
Art. 50.  As vantagens pecuniárias não serão computadas, nem ráter eventual ou transitório para outro ponto do território nacio-
acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer outros acrésci- nal ou para o exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas
mos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico funda- a indenizar as parcelas de despesas extraordinária com pousada,
mento. alimentação e locomoção urbana, conforme dispuser em regula-
mento. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Seção I §  1o  A diária será concedida por dia de afastamento, sendo
Das Indenizações devida pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite
fora da sede, ou quando a União custear, por meio diverso, as des-
Art. 51.  Constituem indenizações ao servidor: pesas extraordinárias cobertas por diárias.(Redação dada pela Lei
I - ajuda de custo; nº 9.527, de 10.12.97)
II - diárias; §  2o   Nos casos em que o deslocamento da sede constituir
III - transporte. exigência permanente do cargo, o servidor não fará jus a diárias.
IV - auxílio-moradia.(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) § 3o  Também não fará jus a diárias o servidor que se deslo-
         car dentro da mesma região metropolitana, aglomeração urbana
Art. 52.  Os valores das indenizações estabelecidas nos incisos ou microrregião, constituídas por municípios limítrofes e regu-
I a III do art. 51, assim como as condições para a sua concessão, larmente instituídas, ou em áreas de controle integrado mantidas
serão estabelecidos em regulamento.  (Redação dada pela Lei nº com países limítrofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos,
11.355, de 2006) entidades e servidores brasileiros considera-se estendida, salvo se
houver pernoite fora da sede, hipóteses em que as diárias pagas
Subseção I serão sempre as fixadas para os afastamentos dentro do território
Da Ajuda de Custo
nacional. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
       
Art. 53.  A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas
Art.  59.   O servidor que receber diárias e não se afastar da
de instalação do servidor que, no interesse do serviço, passar a
sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las integralmen-
ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em ca-
te, no prazo de 5 (cinco) dias.

Didatismo e Conhecimento 39
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Parágrafo único.  Na hipótese de o servidor retornar à sede em Art. 60-C.  (Revogado pela Lei nº 12.998, de 2014)
prazo menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as
diárias recebidas em excesso, no prazo previsto no caput. Art. 60-D.   O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a
25% (vinte e cinco por cento) do valor do cargo em comissão, fun-
Subseção III ção comissionada ou cargo de Ministro de Estado ocupado.  (In-
Da Indenização de Transporte cluído pela Lei nº 11.784, de 2008
§ 1o  O valor do auxílio-moradia não poderá superar 25% (vin-
Art. 60.  Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor te e cinco por cento) da remuneração de Ministro de Estado. (In-
que realizar despesas com a utilização de meio próprio de locomo- cluído pela Lei nº 11.784, de 2008
ção para a execução de serviços externos, por força das atribuições § 2o  Independentemente do valor do cargo em comissão ou
próprias do cargo, conforme se dispuser em regulamento. função comissionada, fica garantido a todos os que preencherem
Subseção IV os requisitos o ressarcimento até o valor de R$ 1.800,00 (mil e
oitocentos reais). (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
Do Auxílio-Moradia
(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
Art. 60-E.  No caso de falecimento, exoneração, colocação de
imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel,
Art. 60-A.  O auxílio-moradia consiste no ressarcimento das
o auxílio-moradia continuará sendo pago por um mês.  (Incluído
despesas comprovadamente realizadas pelo servidor com aluguel pela Lei nº 11.355, de 2006)
de moradia ou com meio de hospedagem administrado por empre-
sa hoteleira, no prazo de um mês após a comprovação da despesa Seção II
pelo servidor. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) Das Gratificações e Adicionais
        
Art.  60-B.   Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se Art. 61.  Além do vencimento e das vantagens previstas nes-
atendidos os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 11.355, de ta Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes retribuições,
2006) gratificações e adicionais:  (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo servi- 10.12.97)
dor; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) I  -  retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel assessoramento; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
funcional; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) II - gratificação natalina;
III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou III  -  (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
tenha sido proprietário, promitente comprador, cessionário ou 4.9.2001)
promitente cessionário de imóvel no Município aonde for exercer IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigo-
o cargo, incluída a hipótese de lote edificado sem averbação de sas ou penosas;
construção, nos doze meses que antecederem a sua nomeação; (In- V - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
cluído pela Lei nº 11.355, de 2006) VI - adicional noturno;
IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba VII - adicional de férias;
auxílio-moradia; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho.
V  -  o servidor tenha se mudado do local de residência para
        IX - gratificação por encargo de curso ou concurso. (In-
ocupar cargo em comissão ou função de confiança do Grupo-Di-
cluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
reção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Na-
tureza Especial, de Ministro de Estado ou equivalentes; (Incluído
pela Lei nº 11.355, de 2006) Subseção I
VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou fun- Da Retribuição pelo Exercício de Função de Direção, Chefia e
ção de confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, § 3o, em Assessoramento 
relação ao local de residência ou domicílio do servidor; (Incluído (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
pela Lei nº 11.355, de 2006)        
VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido Art. 62.  Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em
no Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento
em comissão ou função de confiança, desconsiderando-se prazo em comissão ou de Natureza Especial é devida retribuição pelo seu
inferior a sessenta dias dentro desse período; e (Incluído pela Lei exercício.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
nº 11.355, de 2006) Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remuneração
VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração dos cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9o. (Reda-
de lotação ou nomeação para cargo efetivo. (Incluído pela Lei nº ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
11.355, de 2006)
        IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de Art.  62-A.  Fica transformada em Vantagem Pessoal Nomi-
2006. (Incluído pela Lei nº 11.490, de 2007) nalmente Identificada - VPNI a incorporação da retribuição pelo
Parágrafo único.  Para fins do inciso VII, não será considerado
exercício de função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de
o prazo no qual o servidor estava ocupando outro cargo em comis-
provimento em comissão ou de Natureza Especial a que se referem
são relacionado no inciso V. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)

Didatismo e Conhecimento 40
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
os arts. 3o e 10 da Lei no 8.911, de 11 de julho de 1994, e o art. 3o da Art.  71.   O adicional de atividade penosa será devido aos
Lei no 9.624, de 2 de abril de 1998. (Incluído pela Medida Provisó- servidores em exercício em zonas de fronteira ou em localidades
ria nº 2.225-45, de 4.9.2001) cujas condições de vida o justifiquem, nos termos, condições e li-
Parágrafo único.  A VPNI de que trata o  caput deste artigo mites fixados em regulamento.
somente estará sujeita às revisões gerais de remuneração dos ser-
vidores públicos federais.  (Incluído pela Medida Provisória nº Art. 72.  Os locais de trabalho e os servidores que operam com
2.225-45, de 4.9.2001) Raios X ou substâncias radioativas serão mantidos sob controle
permanente, de modo que as doses de radiação ionizante não ultra-
Subseção II passem o nível máximo previsto na legislação própria.
Da Gratificação Natalina Parágrafo único.  Os servidores a que se refere este artigo se-
rão submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses.
Art. 63.  A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze
avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezem- Subseção V
bro, por mês de exercício no respectivo ano. Do Adicional por Serviço Extraordinário
Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias
será considerada como mês integral. Art. 73.  O serviço extraordinário será remunerado com acrés-
cimo de 50% (cinqüenta por cento) em relação à hora normal de
Art. 64.  A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês trabalho.
de dezembro de cada ano.
Parágrafo único. (VETADO). Art. 74.  Somente será permitido serviço extraordinário para
atender a situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite
Art. 65.  O servidor exonerado perceberá sua gratificação na- máximo de 2 (duas) horas por jornada.
talina, proporcionalmente aos meses de exercício, calculada sobre
a remuneração do mês da exoneração.
Subseção VI
Do Adicional Noturno
Art. 66.  A gratificação natalina não será considerada para cál-
culo de qualquer vantagem pecuniária.
Art. 75.  O serviço noturno, prestado em horário compreen-
Subseção III
dido entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do
Do Adicional por Tempo de Serviço
dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por
        
cento), computando-se cada hora como cinqüenta e dois minutos
Art. 67.  (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
2001, respeitadas as situações constituídas até 8.3.1999) e trinta segundos.
Parágrafo  único.   Em se tratando de serviço extraordinário,
Subseção IV o acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a remuneração
Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade prevista no art. 73.
ou Atividades Penosas
        Subseção VII
Art. 68.  Os servidores que trabalhem com habitualidade em Do Adicional de Férias
locais insalubres ou em contato permanente com substâncias tó-
xicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um adicional Art. 76.  Independentemente de solicitação, será pago ao ser-
sobre o vencimento do cargo efetivo. vidor, por ocasião das férias, um adicional correspondente a 1/3
§ 1o  O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e (um terço) da remuneração do período das férias.
de periculosidade deverá optar por um deles. Parágrafo  único.   No caso de o servidor exercer função de
§ 2o  O direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em comissão,
cessa com a eliminação das condições ou dos riscos que deram a respectiva vantagem será considerada no cálculo do adicional de
causa a sua concessão. que trata este artigo.

Art. 69.  Haverá permanente controle da atividade de servi- Subseção VIII


dores em operações ou locais considerados penosos, insalubres ou Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
perigosos. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
Parágrafo único.  A servidora gestante ou lactante será afasta-
da, enquanto durar a gestação e a lactação, das operações e locais Art. 76-A.  A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
previstos neste artigo, exercendo suas atividades em local salubre é devida ao servidor que, em caráter eventual: (Incluído pela Lei nº
e em serviço não penoso e não perigoso. 11.314 de 2006)  (Regulamento)
I - atuar como instrutor em curso de formação, de desenvolvi-
Art. 70.  Na concessão dos adicionais de atividades penosas,
mento ou de treinamento regularmente instituído no âmbito da ad-
de insalubridade e de periculosidade, serão observadas as situa-
ministração pública federal; (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
ções estabelecidas em legislação específica.

Didatismo e Conhecimento 41
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
II - participar de banca examinadora ou de comissão para exa- § 1o  Para o primeiro período aquisitivo de férias serão exigi-
mes orais, para análise curricular, para correção de provas discur- dos 12 (doze) meses de exercício.
sivas, para elaboração de questões de provas ou para julgamento § 2o  É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço.
de recursos intentados por candidatos; (Incluído pela Lei nº 11.314 § 3o  As férias poderão ser parceladas em até três etapas, desde
de 2006) que assim requeridas pelo servidor, e no interesse da administração
III - participar da logística de preparação e de realização de pública. (Incluído pela Lei nº 9.525, de 10.12.97)
concurso público envolvendo atividades de planejamento, coor-
denação, supervisão, execução e avaliação de resultado, quando Art. 78.  O pagamento da remuneração das férias será efetuado
tais atividades não estiverem incluídas entre as suas atribuições até 2 (dois) dias antes do início do respectivo período, observando-
permanentes; (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) se o disposto no § 1o deste artigo.   (Férias de Ministro - Vide)
IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de         § 1° e § 2°  (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar essas § 3o  O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão,
atividades. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006) perceberá indenização relativa ao período das férias a que tiver
§ 1o  Os critérios de concessão e os limites da gratificação de
direito e ao incompleto, na proporção de um doze avos por mês de
que trata este artigo serão fixados em regulamento, observados os
efetivo exercício, ou fração superior a quatorze dias. (Incluído pela
seguintes parâmetros: (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
Lei nº 8.216, de 13.8.91)
I - o valor da gratificação será calculado em horas, observadas
§ 4o  A indenização será calculada com base na remuneração
a natureza e a complexidade da atividade exercida; (Incluído pela
do mês em que for publicado o ato exoneratório. (Incluído pela Lei
Lei nº 11.314 de 2006)
II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente a 120 nº 8.216, de 13.8.91)
(cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada situação de §  5o   Em caso de parcelamento, o servidor receberá o valor
excepcionalidade, devidamente justificada e previamente apro- adicional previsto no inciso XVII do art. 7o da Constituição Fede-
vada pela autoridade máxima do órgão ou entidade, que poderá ral quando da utilização do primeiro período. (Incluído pela Lei nº
autorizar o acréscimo de até 120 (cento e vinte) horas de trabalho 9.525, de 10.12.97)
anuais; (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá aos Art. 79.  O servidor que opera direta e permanentemente com
seguintes percentuais, incidentes sobre o maior vencimento básico Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) dias consecu-
da administração pública federal: (Incluído pela Lei nº 11.314 de tivos de férias, por semestre de atividade profissional, proibida em
2006) qualquer hipótese a acumulação.
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se tra-         Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
tando de atividades previstas nos incisos I e II do caput deste arti- Art.  80.   As férias somente poderão ser interrompidas por
go; (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007) motivo de calamidade pública, comoção interna, convocação para
b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se tratan- júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço de-
do de atividade prevista nos incisos III e IV do caput deste arti- clarada pela autoridade máxima do órgão ou entidade.(Redação
go. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007) dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)    (Férias de Ministro - Vide)
Parágrafo único.  O restante do período interrompido será go-
§ 2o  A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso somen-
zado de uma só vez, observado o disposto no art. 77. (Incluído pela
te será paga se as atividades referidas nos incisos do caput deste ar- Lei nº 9.527, de 10.12.97)
tigo forem exercidas sem prejuízo das atribuições do cargo de que
o servidor for titular, devendo ser objeto de compensação de carga CAPÍTULO IV
horária quando desempenhadas durante a jornada de trabalho, na DAS LICENÇAS
forma do § 4o do art. 98 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.314 de
2006) Seção I
§ 3o  A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso não se Disposições Gerais
incorpora ao vencimento ou salário do servidor para qualquer efei-
to e não poderá ser utilizada como base de cálculo para quaisquer Art. 81.  Conceder-se-á ao servidor licença:
outras vantagens, inclusive para fins de cálculo dos proventos da I - por motivo de doença em pessoa da família;
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
aposentadoria e das pensões. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
III - para o serviço militar;
IV - para atividade política;
CAPÍTULO III V - para capacitação;  (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
DAS FÉRIAS 10.12.97)
VI - para tratar de interesses particulares;
Art. 77.  O servidor fará jus a trinta dias de férias, que podem VII - para desempenho de mandato classista.
ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso de neces- § 1o  A licença prevista no inciso I do caput deste artigo bem
sidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja legislação como cada uma de suas prorrogações serão precedidas de exame
específica. (Redação dada pela Lei nº 9.525, de 10.12.97)   (Férias por perícia médica oficial, observado o disposto no art. 204 desta
de Ministro - Vide) Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
§ 2o    (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 42
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 3o  É vedado o exercício de atividade remunerada durante o Parágrafo único.  Concluído o serviço militar, o servidor terá
período da licença prevista no inciso I deste artigo. até 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício
do cargo.
Art. 82.  A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias do
término de outra da mesma espécie será considerada como pror- Seção V
rogação. Da Licença para Atividade Política

Seção II Art. 86.  O servidor terá direito a licença, sem remuneração,


Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção
         partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro
Art. 83.  Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral.
de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do § 1o  O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde
padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chefia,
expensas e conste do seu assentamento funcional, mediante com- assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a
provação por perícia médica oficial.  (Redação dada pela Lei nº partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a
11.907, de 2009) Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito. (Redação
§ 1o  A licença somente será deferida se a assistência direta dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
do servidor for indispensável e não puder ser prestada simulta- §  2o  A partir do registro da candidatura e até o décimo dia
neamente com o exercício do cargo ou mediante compensação de seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados
horário, na forma do disposto no inciso II do art. 44.  (Redação os vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três me-
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)        ses. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2o  A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações,
poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes Seção VI
condições: (Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010) Da Licença para Capacitação
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
remuneração do servidor; e (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remu- Art. 87.  Após cada qüinqüênio de efetivo exercício, o servi-
neração.  (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010) dor poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercício
§ 3o  O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três me-
partir da data do deferimento da primeira licença concedida. (In- ses, para participar de curso de capacitação profissional. (Redação
cluído pela Lei nº 12.269, de 2010) dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 4o  A soma das licenças remuneradas e das licenças não re- Parágrafo  único.   Os períodos de licença de que trata
muneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em o caput não são acumuláveis.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de
um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no § 10.12.97)
3o, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I e         
II do § 2o. (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010) Art.  88.  (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
        
Seção III Art. 89.   (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Da Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge
Art. 90.  (VETADO).
Art. 84.  Poderá ser concedida licença ao servidor para acom-
panhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado para outro pon- Seção VII
to do território nacional, para o exterior ou para o exercício de Da Licença para Tratar de Interesses Particulares
mandato eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo.
§ 1o  A licença será por prazo indeterminado e sem remune- Art. 91.  A critério da Administração, poderão ser concedidas
ração. ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em es-
 § 2o  No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou compa- tágio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo
nheiro também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração. (Redação
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
nicípios, poderá haver exercício provisório em órgão ou entidade Parágrafo único.  A licença poderá ser interrompida, a qual-
da Administração Federal direta, autárquica ou fundacional, des- quer tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço. (Re-
de que para o exercício de atividade compatível com o seu car- dação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
go. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Seção VIII
Da Licença para o Desempenho de Mandato Classista
Seção IV
        
Da Licença para o Serviço Militar
Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem re-
muneração para o desempenho de mandato em confederação, fe-
Art.  85.  Ao servidor convocado para o serviço militar será
deração, associação de classe de âmbito nacional, sindicato repre-
concedida licença, na forma e condições previstas na      legislação
sentativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão ou,
específica.

Didatismo e Conhecimento 43
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade de pessoal, independem das disposições contidas nos incisos I e
cooperativa constituída por servidores públicos para prestar ser- II e §§ 1º e 2º deste artigo, ficando o exercício do empregado ce-
viços a seus membros, observado o disposto na alínea c do inciso dido condicionado a autorização específica do Ministério do Pla-
VIII do art. 102 desta Lei, conforme disposto em regulamento e nejamento, Orçamento e Gestão, exceto nos casos de ocupação
observados os seguintes limites: (Redação dada pela Lei nº 11.094, de cargo em comissão ou função gratificada. (Incluído pela Lei nº
de 2005)  (Regulamento) 10.470, de 25.6.2002)
        I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, § 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, com
2 (dois) servidores; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014) a finalidade de promover a composição da força de trabalho dos ór-
II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 (trinta gãos e entidades da Administração Pública Federal, poderá deter-
mil) associados, 4 (quatro) servidores; (Redação dada pela Lei nº minar a lotação ou o exercício de empregado ou servidor, indepen-
12.998, de 2014) dentemente da observância do constante no inciso I e nos §§ 1º e
III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) associados, 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002)     (Vide
8 (oito) servidores. (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014) Decreto nº 5.375, de 2005)
§ 1o  Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos
para cargos de direção ou de representação nas referidas entidades, Seção II
desde que cadastradas no órgão competente. (Redação dada pela Do Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo
Lei nº 12.998, de 2014)        
§ 2o  A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser Art. 94.  Ao servidor investido em mandato eletivo aplicam-se
renovada, no caso de reeleição. (Redação dada pela Lei nº 12.998, as seguintes disposições:
de 2014) I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, ficará
afastado do cargo;
CAPÍTULO V II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
DOS AFASTAMENTOS sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
III - investido no mandato de vereador:
Seção I a)  havendo compatibilidade de horário, perceberá as vanta-
Do Afastamento para Servir a Outro Órgão ou Entidade
gens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo;
b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado do
Art.  93.  O servidor poderá ser cedido para ter exercício em
cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração.
outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, ou do
§ 1o  No caso de afastamento do cargo, o servidor contribuirá
Distrito Federal e dos Municípios, nas seguintes hipóteses: (Reda-
para a seguridade social como se em exercício estivesse.
ção dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) (Regulamento)    (Vide
§  2o   O servidor investido em mandato eletivo ou classista
Decreto nº 4.493, de 3.12.2002)  (Regulamento)
não poderá ser removido ou redistribuído de ofício para localidade
I - para exercício de cargo em comissão ou função de confian-
diversa daquela onde exerce o mandato.
ça; (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
II - em casos previstos em leis específicas.(Redação dada pela
Seção III
Lei nº 8.270, de 17.12.91)
Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior
§ 1o  Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para órgãos ou en-
       
tidades dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, o ônus
Art. 95.  O servidor não poderá ausentar-se do País para estu-
da remuneração será do órgão ou entidade cessionária, mantido o
do ou missão oficial, sem autorização do Presidente da República,
ônus para o cedente nos demais casos. (Redação dada pela Lei nº
Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e Presidente do Supre-
8.270, de 17.12.91)
mo Tribunal Federal.
        § 2º  Na hipótese de o servidor cedido a empresa pública
§  1o  A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda a
ou sociedade de economia mista, nos termos das respectivas nor-
missão ou estudo, somente decorrido igual período, será permitida
mas, optar pela remuneração do cargo efetivo ou pela remuneração
nova ausência.
do cargo efetivo acrescida de percentual da retribuição do cargo
§ 2o  Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo não
em comissão, a entidade cessionária efetuará o reembolso das des-
será concedida exoneração ou licença para tratar de interesse par-
pesas realizadas pelo órgão ou entidade de origem. (Redação dada
ticular antes de decorrido período igual ao do afastamento, res-
pela Lei nº 11.355, de 2006)
salvada a hipótese de ressarcimento da despesa havida com seu
§ 3o  A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no Diário
afastamento.
Oficial da União. (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
§ 3o  O disposto neste artigo não se aplica aos servidores da
§ 4o  Mediante autorização expressa do Presidente da Repú-
carreira diplomática.
blica, o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício em outro
§ 4o  As hipóteses, condições e formas para a autorização de
órgão da Administração Federal direta que não tenha quadro pró-
que trata este artigo, inclusive no que se refere à remuneração do
prio de pessoal, para fim determinado e a prazo certo.  (Incluído
servidor, serão disciplinadas em regulamento.  (Incluído pela Lei
pela Lei nº 8.270, de 17.12.91)
nº 9.527, de 10.12.97)
       § 5º Aplica-se à União, em se tratando de empregado ou
servidor por ela requisitado, as disposições dos §§ 1º  e 2º deste
Art. 96.  O afastamento de servidor para servir em organismo
artigo. (Redação dada pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002)
internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere dar-
§ 6º As cessões de empregados de empresa pública ou de so-
se-á com perda total da remuneração. (Vide Decreto nº 3.456, de
ciedade de economia mista, que receba recursos de Tesouro Na-
2000)
cional para o custeio total ou parcial da sua folha de pagamento

Didatismo e Conhecimento 44
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Seção IV I - por 1 (um) dia, para doação de sangue;
(Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)   II  -  pelo período comprovadamente necessário para alista-
Do Afastamento para Participação em Programa de Pós-Gradu- mento ou recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer caso, a
ação Stricto Sensu no País 2 (dois) dias; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de :
Art. 96-A.  O servidor poderá, no interesse da Administração, a) casamento;
e desde que a participação não possa ocorrer simultaneamente com b)  falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou
o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, afastar- padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos.
se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração,
para participar em programa de pós-graduação stricto sensu  em Art. 98.  Será concedido horário especial ao servidor estudan-
instituição de ensino superior no País. (Incluído pela Lei nº 11.907, te, quando comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar
de 2009) e o da repartição, sem prejuízo do exercício do cargo.
§ 1o  Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade defini-
§ 1o  Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a com-
rá, em conformidade com a legislação vigente, os programas de
pensação de horário no órgão ou entidade que tiver exercício, res-
capacitação e os critérios para participação em programas de pós-
peitada a duração semanal do trabalho. (Parágrafo renumerado e
graduação no País, com ou sem afastamento do servidor, que serão
alterado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
avaliados por um comitê constituído para este fim. (Incluído pela
Lei nº 11.907, de 2009) §  2o   Também será concedido horário especial ao servidor
§ 2o  Os afastamentos para realização de programas de mestra- portador de deficiência, quando comprovada a necessidade por
do e doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares junta médica oficial, independentemente de compensação de ho-
de cargos efetivos no respectivo órgão ou entidade há pelo menos rário. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
3 (três) anos para mestrado e 4 (quatro) anos para doutorado, in- § 3o  As disposições do parágrafo anterior são extensivas ao
cluído o período de estágio probatório, que não tenham se afastado servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente portador de de-
por licença para tratar de assuntos particulares para gozo de licen- ficiência física, exigindo-se, porém, neste caso, compensação de
ça capacitação ou com fundamento neste artigo nos 2 (dois) anos horário na forma do inciso II do art. 44. (Incluído pela Lei nº 9.527,
anteriores à data da solicitação de afastamento. (Incluído pela Lei de 10.12.97)
nº 11.907, de 2009) § 4o  Será igualmente concedido horário especial, vinculado
§ 3o  Os afastamentos para realização de programas de pós- à compensação de horário a ser efetivada no prazo de até 1 (um)
doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares de ano, ao servidor que desempenhe atividade prevista nos incisos
cargos efetivo no respectivo órgão ou entidade há pelo menos I e II do caput do art. 76-A desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
quatro anos, incluído o período de estágio probatório, e que não 11.501, de 2007)
tenham se afastado por licença para tratar de assuntos particulares
ou com fundamento neste artigo, nos quatro anos anteriores à data Art. 99.  Ao servidor estudante que mudar de sede no interesse
da solicitação de afastamento. (Redação dada pela Lei nº 12.269, da administração é assegurada, na localidade da nova residência
de 2010) ou na mais próxima, matrícula em instituição de ensino congênere,
§ 4o  Os servidores beneficiados pelos afastamentos previstos em qualquer época, independentemente de vaga.
nos §§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que permanecer no exercício de Parágrafo único.  O disposto neste artigo estende-se ao cônju-
suas funções após o seu retorno por um período igual ao do afasta- ge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor que vivam
mento concedido.(Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) na sua companhia, bem como aos menores sob sua guarda, com
§ 5o  Caso o servidor venha a solicitar exoneração do cargo autorização judicial.
ou aposentadoria, antes de cumprido o período de permanência
previsto no § 4o deste artigo, deverá ressarcir o órgão ou entidade, CAPÍTULO VII
na forma do art. 47 da Lei no8.112, de 11 de dezembro de 1990, DO TEMPO DE SERVIÇO
dos gastos com seu aperfeiçoamento. (Incluído pela Lei nº 11.907,
de 2009) Art. 100.  É contado para todos os efeitos o tempo de serviço
§ 6o  Caso o servidor não obtenha o título ou grau que justifi- público federal, inclusive o prestado às Forças Armadas.
cou seu afastamento no período previsto, aplica-se o disposto no
§ 5o deste artigo, salvo na hipótese comprovada de força maior ou Art. 101.  A apuração do tempo de serviço será feita em dias,
de caso fortuito, a critério do dirigente máximo do órgão ou enti- que serão convertidos em anos, considerado o ano como de trezen-
dade. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) tos e sessenta e cinco dias.
§ 7o  Aplica-se à participação em programa de pós-graduação  Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
no Exterior, autorizado nos termos do art. 95 desta Lei, o disposto
nos §§ 1o a 6o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) Art. 102.  Além das ausências ao serviço previstas no art. 97,
são considerados como de efetivo exercício os afastamentos em
CAPÍTULO VI virtude de:
DAS CONCESSÕES
I - férias;
        
II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em órgão
Art. 97.  Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar-
ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, Municípios e Dis-
se do serviço:  (Redação dada pela Medida provisória nº 632, de
trito Federal;
2013)

Didatismo e Conhecimento 45
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
III - exercício de cargo ou função de governo ou administra- § 3o  É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço
ção, em qualquer parte do território nacional, por nomeação do prestado concomitantemente em mais de um cargo ou função de
Presidente da República; órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito Federal
        IV - participação em programa de treinamento regular- e Município, autarquia, fundação pública, sociedade de economia
mente instituído ou em programa de pós-graduação stricto sensu mista e empresa pública.
no País, conforme dispuser o regulamento; (Redação dada pela Lei
nº 11.907, de 2009) CAPÍTULO VIII
V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, muni- DO DIREITO DE PETIÇÃO
cipal ou do Distrito Federal, exceto para promoção por mereci-
mento; Art. 104.  É assegurado ao servidor o direito de requerer aos
VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei; Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse legítimo.
VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o afas-
tamento, conforme dispuser o regulamento;  (Redação dada pela Art. 105.  O requerimento será dirigido à autoridade compe-
Lei nº 9.527, de 10.12.97) tente para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que
VIII - licença: estiver imediatamente subordinado o requerente.
a) à gestante, à adotante e à paternidade;
b)  para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte e Art.  106.   Cabe pedido de reconsideração à autoridade que
quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de serviço público houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não poden-
prestado à União, em cargo de provimento efetivo; (Redação dada do ser renovado. (Vide Lei nº 12.300, de 2010)
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Parágrafo único.  O requerimento e o pedido de reconsidera-
c) para o desempenho de mandato classista ou participação de ção de que tratam os artigos anteriores deverão ser despachados no
gerência ou administração em sociedade cooperativa constituída prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro de 30 (trinta) dias.
por servidores para prestar serviços a seus membros, exceto para
efeito de promoção por merecimento; (Redação dada pela Lei nº Art. 107.  Caberá recurso: (Vide Lei nº 12.300, de 2010)
11.094, de 2005)
I - do indeferimento do pedido de reconsideração;
d) por motivo de acidente em serviço ou doença profissional;
II - das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos.
e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento; (Reda-
§ 1o  O recurso será dirigido à autoridade imediatamente supe-
ção dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
rior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e, sucessiva-
f) por convocação para o serviço militar;
mente, em escala ascendente, às demais autoridades.
IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18;
§ 2o  O recurso será encaminhado por intermédio da autorida-
X - participação em competição desportiva nacional ou con-
de a que estiver imediatamente subordinado o requerente.
vocação para integrar representação desportiva nacional, no País
ou no exterior, conforme disposto em lei específica;
Art. 108.  O prazo para interposição de pedido de reconside-
XI - afastamento para servir em organismo internacional de
ração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da publicação
que o Brasil participe ou com o qual coopere. (Incluído pela Lei nº
ou da ciência, pelo interessado, da decisão recorrida. (Vide Lei nº
9.527, de 10.12.97)
12.300, de 2010)
Art. 103.  Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria e
Art. 109.  O recurso poderá ser recebido com efeito suspensi-
disponibilidade:
vo, a juízo da autoridade competente.
I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, Municí-
Parágrafo único.  Em caso de provimento do pedido de recon-
pios e Distrito Federal;
sideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do
II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da família
ato impugnado.
do servidor, com remuneração, que exceder a 30 (trinta) dias em
período de 12 (doze) meses. (Redação dada pela Lei nº 12.269, de
Art. 110.  O direito de requerer prescreve:
2010)
I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de cassa-
III - a licença para atividade política, no caso do art. 86, § 2o;
ção de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse
IV - o tempo correspondente ao desempenho de mandato ele-
patrimonial e créditos resultantes das relações de trabalho;
tivo federal, estadual, municipal ou distrital, anterior ao ingresso
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo quan-
no serviço público federal;
do outro prazo for fixado em lei.
V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à Pre-
Parágrafo único.  O prazo de prescrição será contado da data
vidência Social;
da publicação do ato impugnado ou da data da ciência pelo interes-
VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra;
sado, quando o ato não for publicado.
VII - o tempo de licença para tratamento da própria saúde que
exceder o prazo a que se refere a alínea “b” do inciso VIII do art.
Art.  111.   O pedido de reconsideração e o recurso, quando
102. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
cabíveis, interrompem a prescrição.
§ 1o  O tempo em que o servidor esteve aposentado será con-
tado apenas para nova aposentadoria.
Art. 112.  A prescrição é de ordem pública, não podendo ser
§ 2o  Será contado em dobro o tempo de serviço prestado às
relevada pela administração.
Forças Armadas em operações de guerra.

Didatismo e Conhecimento 46
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 113.  Para o exercício do direito de petição, é assegurada V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto
vista do processo ou documento, na repartição, ao servidor ou a da repartição;
procurador por ele constituído. VI  -  cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos
previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua res-
Art. 114.  A administração deverá rever seus atos, a qualquer ponsabilidade ou de seu subordinado;
tempo, quando eivados de ilegalidade. VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a
associação profissional ou sindical, ou a partido político;
Art. 115.  São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de
neste Capítulo, salvo motivo de força maior. confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau
civil;
TÍTULO IV IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de ou-
DO REGIME DISCIPLINAR trem, em detrimento da dignidade da função pública;
X - participar de gerência ou administração de sociedade pri-
CAPÍTULO I
vada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, ex-
DOS DEVERES
ceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário; (Redação
        
dada pela Lei nº 11.784, de 2008
Art. 116.  São deveres do servidor:
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a reparti-
II - ser leal às instituições a que servir; ções públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários
III - observar as normas legais e regulamentares; ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifesta- companheiro;
mente ilegais; XII  -  receber propina, comissão, presente ou vantagem de
V - atender com presteza: qualquer espécie, em razão de suas atribuições;
a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estran-
ressalvadas as protegidas por sigilo; geiro;
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; XV - proceder de forma desidiosa;
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do serviços ou atividades particulares;
cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo
suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autori- que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias;
dade competente para apuração; (Redação dada pela Lei nº 12.527, XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis
de 2011) com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho;
VII - zelar pela economia do material e a conservação do pa- XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando so-
trimônio público; licitado. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;         Parágrafo único.  A vedação de que trata o inciso X do
IX - manter conduta compatível com a moralidade adminis- caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos: (Incluído pela
trativa; Lei nº 11.784, de 2008
X - ser assíduo e pontual ao serviço; I - participação nos conselhos de administração e fiscal de
XI - tratar com urbanidade as pessoas; empresas ou entidades em que a União detenha, direta ou indireta-
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de po- mente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa
der. constituída para prestar serviços a seus membros; e (Incluído pela
Parágrafo  único.  A representação de que trata o inciso XII Lei nº 11.784, de 2008
será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na
superior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao re- forma do art. 91 desta Lei, observada a legislação sobre conflito de
presentando ampla defesa. interesses. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008

CAPÍTULO II CAPÍTULO III


DAS PROIBIÇÕES DA ACUMULAÇÃO
                
Art. 117.  Ao servidor é proibido: (Vide Medida Provisória nº Art. 118.  Ressalvados os casos previstos na Constituição, é
2.225-45, de 4.9.2001) vedada a acumulação remunerada de cargos públicos.
I  -  ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia § 1o  A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos
autorização do chefe imediato; e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas,
II  -  retirar, sem prévia anuência da autoridade competente,
sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos
qualquer documento ou objeto da repartição;
Estados, dos Territórios e dos Municípios.
III - recusar fé a documentos públicos;
§ 2o  A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicio-
IV - opor resistência injustificada ao andamento de documen-
nada à comprovação da compatibilidade de horários.
to e processo ou execução de serviço;

Didatismo e Conhecimento 47
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 3o  Considera-se acumulação proibida a percepção de ven- Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado ci-
cimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da vil, penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade su-
inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remu- perior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra
nerações forem acumuláveis na atividade.  (Incluído pela Lei nº autoridade competente para apuração de informação concernente à
9.527, de 10.12.97) prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, ain-
da que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou função
Art.  119.   O servidor não poderá exercer mais de um cargo pública. (Incluído pela Lei nº 12.527, de 2011)
em comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do art.
9o, nem ser remunerado pela participação em órgão de deliberação CAPÍTULO V
coletiva. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) DAS PENALIDADES
 Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se aplica à re-
muneração devida pela participação em conselhos de administra- Art. 127.  São penalidades disciplinares:
ção e fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mista, I - advertência;
suas subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas ou II - suspensão;
entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha par- III - demissão;
ticipação no capital social, observado o que, a respeito, dispuser IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
legislação específica.  (Redação dada pela Medida Provisória nº V - destituição de cargo em comissão;
2.225-45, de 4.9.2001) VI - destituição de função comissionada.

Art. 120.  O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acu- Art.  128.   Na aplicação das penalidades serão consideradas
mular licitamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela
de provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou
efetivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade de ho- atenuantes e os antecedentes funcionais.
rário e local com o exercício de um deles, declarada pelas autori- Parágrafo  único.   O ato de imposição da penalidade men-
cionará sempre o fundamento legal e a causa da sanção discipli-
dades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.(Redação dada
nar. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 129.  A advertência será aplicada por escrito, nos casos de
CAPÍTULO IV
violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX,
DAS RESPONSABILIDADES
e de inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamen-
tação ou norma interna, que não justifique imposição de penalida-
Art. 121.  O servidor responde civil, penal e administrativa-
de mais grave. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
mente pelo exercício irregular de suas atribuições.
        
Art. 130.  A suspensão será aplicada em caso de reincidência
Art. 122.  A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou
das faltas punidas com advertência e de violação das demais proi-
comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário
bições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demis-
ou a terceiros.
são, não podendo exceder de 90 (noventa) dias.
§ 1o  A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário
§  1o   Será punido com suspensão de até 15 (quinze)  dias o
somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na falta de
servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido a ins-
outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial.
peção médica determinada pela autoridade competente, cessando
§ 2o  Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o
os efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação.
servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva.
       § 2o  Quando houver conveniência para o serviço, a pe-
§ 3o  A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores
nalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de
e contra eles será executada, até o limite do valor da herança re-
50% (cinqüenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração,
cebida.
ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço.
Art. 123.  A responsabilidade penal abrange os crimes e con-
Art. 131.  As penalidades de advertência e de suspensão te-
travenções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
rão seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cin-
co) anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não
Art.  124.  A responsabilidade civil-administrativa resulta de
houver, nesse período, praticado nova infração disciplinar.
ato omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou
Parágrafo único.  O cancelamento da penalidade não surtirá
função.
efeitos retroativos.
        
Art. 125.  As sanções civis, penais e administrativas poderão
Art. 132.  A demissão será aplicada nos seguintes casos:
cumular-se, sendo independentes entre si.
I - crime contra a administração pública;
II - abandono de cargo;
Art. 126.  A responsabilidade administrativa do servidor será
III - inassiduidade habitual;
afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do
IV - improbidade administrativa;
fato ou sua autoria.
V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;

Didatismo e Conhecimento 48
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
VI - insubordinação grave em serviço; §  6o   Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé,
VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, sal- aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou cassação de apo-
vo em legítima defesa própria ou de outrem; sentadoria ou disponibilidade em relação aos cargos, empregos ou
VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; funções públicas em regime de acumulação ilegal, hipótese em
IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do que os órgãos ou entidades de vinculação serão comunicados. (In-
cargo; cluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio na- §  7o   O prazo para a conclusão do processo administrativo
cional; disciplinar submetido ao rito sumário não excederá trinta dias,
XI - corrupção; contados da data de publicação do ato que constituir a comissão,
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções pú- admitida a sua prorrogação por até quinze dias, quando as circuns-
blicas; tâncias o exigirem. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117. § 8o  O procedimento sumário rege-se pelas disposições deste
        artigo, observando-se, no que lhe for aplicável, subsidiariamente,
Art.  133.   Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal as disposições dos Títulos IV e V desta Lei. (Incluído pela Lei nº
de cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade a que se 9.527, de 10.12.97)
refere o art. 143 notificará o servidor, por intermédio de sua che-
fia imediata, para apresentar opção no prazo improrrogável de dez Art. 134.  Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade
dias, contados da data da ciência e, na hipótese de omissão, adotará do inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com a
procedimento sumário para a sua apuração e regularização ime- demissão.
diata, cujo processo administrativo disciplinar se desenvolverá nas
seguintes fases:(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 135.  A destituição de cargo em comissão exercido por
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a co- não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de infração
missão, a ser composta por dois servidores estáveis, e simultanea- sujeita às penalidades de suspensão e de demissão.
mente indicar a autoria e a materialidade da transgressão objeto da Parágrafo único.  Constatada a hipótese de que trata este arti-
go, a exoneração efetuada nos termos do art. 35 será convertida em
apuração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
destituição de cargo em comissão.
II  -  instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e
Art. 136.  A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
relatório; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a indis-
III - julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) ponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da
§ 1o  A indicação da autoria de que trata o inciso I dar-se-á pelo ação penal cabível.
nome e matrícula do servidor, e a materialidade pela descrição dos
cargos, empregos ou funções públicas em situação de acumula- Art. 137.  A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
ção ilegal, dos órgãos ou entidades de vinculação, das datas de por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o
ingresso, do horário de trabalho e do correspondente regime jurí- ex-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo
dico. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) prazo de 5 (cinco) anos.
§ 2o  A comissão lavrará, até três dias após a publicação do Parágrafo único.  Não poderá retornar ao serviço público fede-
ato que a constituiu, termo de indiciação em que serão transcritas ral o servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão
por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
as informações de que trata o parágrafo anterior, bem como pro-
moverá a citação pessoal do servidor indiciado, ou por intermédio Art. 138.  Configura abandono de cargo a ausência intencional
de sua chefia imediata, para, no prazo de cinco dias, apresentar do servidor ao serviço por mais de trinta dias consecutivos.
defesa escrita, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição,
observado o disposto nos arts. 163 e 164. (Redação dada pela Lei Art. 139.  Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao ser-
nº 9.527, de 10.12.97) viço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente,
§ 3o  Apresentada a defesa, a comissão elaborará relatório con- durante o período de doze meses.
clusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, em
que resumirá as peças principais dos autos, opinará sobre a licitude Art. 140.  Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade
da acumulação em exame, indicará o respectivo dispositivo legal habitual, também será adotado o procedimento sumário a que se
e remeterá o processo à autoridade instauradora, para julgamen- refere o art. 133, observando-se especialmente que: (Redação dada
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
to. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
I - a indicação da materialidade dar-se-á: (Incluído pela Lei nº
§ 4o  No prazo de cinco dias, contados do recebimento do pro- 9.527, de 10.12.97)
cesso, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão, aplicando-se, a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa do
quando for o caso, o disposto no § 3o do art. 167. (Incluído pela Lei período de ausência intencional do servidor ao serviço superior a
nº 9.527, de 10.12.97) trinta dias; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§  5o  A opção pelo servidor até o último dia de prazo para b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias
defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se converterá au- de falta ao serviço sem causa justificada, por período igual ou su-
tomaticamente em pedido de exoneração do outro cargo. (Incluído perior a sessenta dias interpoladamente, durante o período de doze
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) meses; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 49
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
II  -  após a apresentação da defesa a comissão elaborará re- respectivo Poder, órgão ou entidade, preservadas as competências
latório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do para o julgamento que se seguir à apuração. (Incluído pela Lei nº
servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, indicará 9.527, de 10.12.97)
o respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono
de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao serviço superior Art. 144.  As denúncias sobre irregularidades serão objeto de
a trinta dias e remeterá o processo à autoridade instauradora para apuração, desde que contenham a identificação e o endereço do
julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a auten-
ticidade.
Art. 141.  As penalidades disciplinares serão aplicadas:
I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas Parágrafo único.  Quando o fato narrado não configurar evi-
do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador- dente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquiva-
Geral da República, quando se tratar de demissão e cassação de da, por falta de objeto.
aposentadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao respec-
tivo Poder, órgão, ou entidade; Art. 145.  Da sindicância poderá resultar:
II - pelas autoridades administrativas de hierarquia imediata- I - arquivamento do processo;
mente inferior àquelas mencionadas no inciso anterior     quando II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de
se tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias; até 30 (trinta) dias;
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos III - instauração de processo disciplinar.
respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de advertência Parágrafo único.  O prazo para conclusão da sindicância não
ou de suspensão de até 30 (trinta) dias; excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual perío-
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se do, a critério da autoridade superior.
tratar de destituição de cargo em comissão.
Art.  146.   Sempre que o ilícito praticado pelo servidor en-
Art. 142.  A ação disciplinar prescreverá:
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demis- sejar a imposição de penalidade de suspensão por mais de 30
são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de (trinta) dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou disponi-
cargo em comissão; bilidade, ou destituição de cargo em comissão, será obrigatória a
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; instauração de processo disciplinar.
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência. CAPÍTULO II
§ 1o  O prazo de prescrição começa a correr da data em que o DO AFASTAMENTO PREVENTIVO
fato se tornou conhecido.
§ 2o  Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se Art. 147.  Como medida cautelar e a fim de que o servidor não
às infrações disciplinares capituladas também como crime. venha a influir na apuração da irregularidade, a  autoridade instau-
§ 3o  A abertura de sindicância ou a instauração de processo radora do processo disciplinar poderá determinar o seu afastamen-
disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida to do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem
por autoridade competente. prejuízo da remuneração.
§ 4o  Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a Parágrafo  único. O afastamento poderá ser prorrogado por
correr a partir do dia em que cessar a interrupção. igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não
concluído o processo.
TÍTULO V
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR CAPÍTULO III
DO PROCESSO DISCIPLINAR
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS Art.  148.   O processo disciplinar é o instrumento destinado
a apurar responsabilidade de servidor por infração praticada no
Art. 143.  A autoridade que tiver ciência de irregularidade no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribui-
serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, ções do cargo em que se encontre investido.
mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, asse-
gurada ao acusado ampla defesa. Art. 149.  O processo disciplinar será conduzido por comissão
§ 1o   (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005) composta de três servidores estáveis designados pela autoridade
        § 2o    (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005) competente, observado o disposto no § 3o do art. 143, que indicará,
§ 3o A apuração de que trata o caput, por solicitação da autori- dentre eles, o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo
dade a que se refere, poderá ser promovida por autoridade de órgão efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade
ou entidade diverso daquele em que tenha ocorrido a irregularida- igual ou superior ao do indiciado. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
de, mediante competência específica para tal finalidade, delegada de 10.12.97)
em caráter permanente ou temporário pelo Presidente da Repúbli- § 1o  A Comissão terá como secretário servidor designado pelo
ca, pelos presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribu- seu presidente, podendo a indicação recair em um de seus mem-
nais Federais e pelo Procurador-Geral da República, no âmbito do bros.

Didatismo e Conhecimento 50
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 2o  Não poderá participar de comissão de sindicância ou de Art. 157.  As testemunhas serão intimadas a depor mediante
inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acusado, consangüí- mandado expedido pelo presidente da comissão, devendo a segun-
neo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau. da via, com o ciente do interessado, ser anexado aos autos.
Parágrafo único.  Se a testemunha for servidor público, a ex-
pedição do mandado será imediatamente comunicada ao chefe da
Art. 150.  A Comissão exercerá suas atividades com indepen- repartição onde serve, com a indicação do dia e hora marcados
dência e imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucida- para inquirição.
ção do fato ou exigido pelo interesse da administração.
Parágrafo único.  As reuniões e as audiências das comissões Art. 158.  O depoimento será prestado oralmente e reduzido a
terão caráter reservado. termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito.
§ 1o  As testemunhas serão inquiridas separadamente.
§  2o   Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se
Art. 151.  O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes
infirmem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes.
fases:
I - instauração, com a publicação do ato que constituir a co- Art. 159.  Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão
missão; promoverá o interrogatório do acusado, observados os procedi-
II - inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa mentos previstos nos arts. 157 e 158.
e relatório; §  1o   No caso de mais de um acusado, cada um deles será
ouvido separadamente, e sempre que divergirem em suas decla-
III - julgamento.
rações sobre fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação
entre eles.
Art.  152.   O prazo para a conclusão do processo disciplinar §  2o   O procurador do acusado poderá assistir ao interroga-
não excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do tório, bem como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado
ato que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual interferir nas perguntas e respostas, facultando-se-lhe, porém, rein-
prazo, quando as circunstâncias o exigirem. quiri-las, por intermédio do presidente da comissão.
§ 1o  Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo inte-
Art. 160.  Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do
gral aos seus trabalhos, ficando seus membros dispensados do pon-
acusado, a comissão proporá à autoridade competente que ele seja
to, até a entrega do relatório final. submetido a exame por junta médica oficial, da qual participe pelo
§ 2o  As reuniões da comissão serão registradas em atas que menos um médico psiquiatra.
deverão detalhar as deliberações adotadas. Parágrafo  único.   O incidente de sanidade mental será pro-
Seção I cessado em auto apartado e apenso ao processo principal, após a
Do Inquérito expedição do laudo pericial.

Art. 153.  O inquérito administrativo obedecerá ao princípio do Art. 161.  Tipificada a infração disciplinar, será formulada a
contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa, com a utiliza- indiciação do servidor, com a especificação dos fatos a ele imputa-
ção dos meios e recursos admitidos em direito. dos e das respectivas provas.
§ 1o  O indiciado será citado por mandado expedido pelo pre-
Art. 154.  Os autos da sindicância integrarão o processo disci- sidente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de
plinar, como peça informativa da instrução. 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição.
Parágrafo único.  Na hipótese de o relatório da sindicância con- § 2o  Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e
cluir que a infração está capitulada como ilícito penal, a autoridade de 20 (vinte) dias.
competente encaminhará cópia dos autos ao Ministério Público, in- § 3o  O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, para
dependentemente da imediata instauração do processo disciplinar. diligências reputadas indispensáveis.
§ 4o  No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia
Art. 155.  Na fase do inquérito, a comissão promoverá a toma- da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada, em
da de depoimentos, acareações, investigações e diligências cabí- termo próprio, pelo membro da comissão que fez a citação, com a
veis, objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessário, assinatura de (2) duas testemunhas.
a técnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidação dos
fatos. Art. 162.  O indiciado que mudar de residência fica obrigado a
comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado.
Art. 156.  É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o
processo pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e Art. 163.  Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sa-
reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular bido, será citado por edital, publicado no Diário Oficial da União e
quesitos, quando se tratar de prova pericial. em jornal de grande circulação na localidade do último domicílio
§ 1o  O presidente da comissão poderá denegar pedidos con- conhecido, para apresentar defesa.
siderados impertinentes, meramente protelatórios, ou de nenhum Parágrafo único.  Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa
interesse para o esclarecimento dos fatos. será de 15 (quinze) dias a partir da última publicação do edital.
§ 2o  Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a com-
provação do fato independer de conhecimento especial de perito. Art. 164.  Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente
citado, não apresentar defesa no prazo legal.

Didatismo e Conhecimento 51
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 1o  A revelia será declarada, por termo, nos autos do proces- Art. 171.  Quando a infração estiver capitulada como crime,
so e devolverá o prazo para a defesa. o processo disciplinar será remetido ao Ministério Público para
§ 2o  Para defender o indiciado revel, a autoridade instaurado- instauração da ação penal, ficando trasladado na repartição.
ra do processo designará um servidor como defensor dativo, que
deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, Art. 172.  O servidor que responder a processo disciplinar só
ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado. (Re- poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntariamente,
dação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) após a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade, aca-
so aplicada.
Art. 165.  Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório Parágrafo único.  Ocorrida a exoneração de que trata o pará-
minucioso, onde resumirá as peças principais dos autos e mencio- grafo único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em demissão,
nará as provas em que se baseou para formar a sua convicção. se for o caso.
§ 1o  O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou
à responsabilidade do servidor.
Art. 173.  Serão assegurados transporte e diárias:
§  2o   Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comis-
I  -  ao servidor convocado para prestar depoimento fora da
são indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem
sede de sua repartição, na condição de testemunha, denunciado
como as circunstâncias agravantes ou atenuantes.
ou indiciado;
Art. 166.  O processo disciplinar, com o relatório da comissão, II - aos membros da comissão e ao secretário, quando obri-
será remetido à autoridade que determinou a sua instauração, para gados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a realização de
julgamento. missão essencial ao esclarecimento dos fatos.

Seção II Seção III


Do Julgamento Da Revisão do Processo

Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimen- Art. 174.  O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer
to do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão. tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem     fatos novos ou
§ 1o  Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da autori- circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a
dade instauradora do processo, este será encaminhado à autoridade inadequação da penalidade aplicada.
competente, que decidirá em igual prazo. § 1o  Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento
§ 2o  Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções, do servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão
o julgamento caberá à autoridade competente para a imposição da do processo.
pena mais grave. § 2o  No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão
§ 3o  Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação de será requerida pelo respectivo curador.
aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá às autori-
dades de que trata o inciso I do art. 141. Art.  175.   No processo revisional, o ônus da prova cabe ao
§ 4o  Reconhecida pela comissão a inocência do servidor, a au- requerente.
toridade instauradora do processo determinará o seu arquivamen-
to, salvo se flagrantemente contrária à prova dos autos. (Incluído
Art. 176.  A simples alegação de injustiça da penalidade não
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
constitui fundamento para a revisão, que requer elementos novos,
Art. 168.  O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo ainda não apreciados no processo originário.
quando contrário às provas dos autos.
Parágrafo único.  Quando o relatório da comissão contrariar as Art. 177.  O requerimento de revisão do processo será dirigido
provas dos autos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente, ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, se autorizar
agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade
responsabilidade. onde se originou o processo disciplinar.
Parágrafo único.  Deferida a petição, a autoridade competente
Art. 169.  Verificada a ocorrência de vício insanável, a autori- providenciará a constituição de comissão, na forma do art. 149.
dade que determinou a instauração do processo ou outra de hierar-
quia superior declarará a sua nulidade, total ou parcial, e ordenará, Art. 178.  A revisão correrá em apenso ao processo originário.
no mesmo ato, a constituição de outra comissão para instauração Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia e
de novo processo.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) hora para a produção de provas e inquirição das testemunhas que
§ 1o  O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade arrolar.
do processo.
§ 2o  A autoridade julgadora que der causa à prescrição de que
Art. 179.  A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a
trata o art. 142, § 2o, será responsabilizada na forma do Capítulo
conclusão dos trabalhos.
IV do Título IV.

Art. 170.  Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade Art. 180.  Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no
julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos indivi- que couber, as normas e procedimentos próprios da comissão do
duais do servidor. processo disciplinar.

Didatismo e Conhecimento 52
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art.  181.   O julgamento caberá à autoridade que aplicou a Parágrafo único.  Os benefícios serão concedidos nos termos
penalidade, nos termos do art. 141. e condições definidos em regulamento, observadas as disposições
Parágrafo único.  O prazo para julgamento será de 20 (vinte) desta Lei.
dias, contados do recebimento do processo, no curso do qual a
autoridade julgadora poderá determinar diligências. Art.  185.   Os benefícios do Plano de Seguridade Social do
servidor compreendem:
Art.  182.   Julgada procedente a revisão, será declarada sem I - quanto ao servidor:
efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos a) aposentadoria;
do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em comissão, b) auxílio-natalidade;
que será convertida em exoneração. c) salário-família;
Parágrafo único.  Da revisão do processo não poderá resultar d) licença para tratamento de saúde;
agravamento de penalidade. e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade;
f) licença por acidente em serviço;
TÍTULO VI g) assistência à saúde;
DA SEGURIDADE SOCIAL DO SERVIDOR h) garantia de condições individuais e ambientais de trabalho
satisfatórias;
CAPÍTULO I II - quanto ao dependente:
DISPOSIÇÕES GERAIS a) pensão vitalícia e temporária;
b) auxílio-funeral;
Art. 183.  A União manterá Plano de Seguridade Social para o c) auxílio-reclusão;
servidor e sua família. d) assistência à saúde.
§ 1o O servidor ocupante de cargo em comissão que não seja, § 1o  As aposentadorias e pensões serão concedidas e mantidas
simultaneamente, ocupante de cargo ou emprego efetivo na ad- pelos órgãos ou entidades aos quais se encontram vinculados os
ministração pública direta, autárquica e fundacional não terá di- servidores, observado o disposto nos arts. 189 e 224.
reito aos benefícios do Plano de Seguridade Social, com exceção § 2o  O recebimento indevido de benefícios havidos por frau-
da assistência à saúde.        (Redação dada pela Lei nº 10.667, de de, dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário do total auferido,
14.5.2003) sem prejuízo da ação penal cabível.
§ 2o O servidor afastado ou licenciado do cargo efetivo, sem
direito à remuneração, inclusive para servir em organismo oficial CAPÍTULO II
internacional do qual o Brasil seja membro efetivo ou com o qual DOS BENEFÍCIOS
coopere, ainda que contribua para regime de previdência social no
exterior, terá suspenso o seu vínculo com o regime do Plano de Se- Seção I
guridade Social do Servidor Público enquanto durar o afastamento Da Aposentadoria
ou a licença, não lhes assistindo, neste período, os benefícios do        
mencionado regime de previdência.         (Incluído pela Lei nº Art. 186.  O servidor será aposentado:  (Vide art. 40 da Cons-
10.667, de 14.5.2003) tituição)
§ 3o Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem I  -  por invalidez permanente, sendo os proventos integrais
remuneração a manutenção da vinculação ao regime do Plano de quando decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional
Seguridade Social do Servidor Público, mediante o recolhimento ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificada em lei, e
mensal da respectiva contribuição, no mesmo percentual devido proporcionais nos demais casos;
pelos servidores em atividade, incidente sobre a remuneração total II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proven-
do cargo a que faz jus no exercício de suas atribuições, compu- tos proporcionais ao tempo de serviço;
tando-se, para esse efeito, inclusive, as vantagens pessoais.      (In- III - voluntariamente:
cluído pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003) a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos 30
§ 4o O recolhimento de que trata o § 3o deve ser efetuado até o (trinta) se mulher, com proventos integrais;
segundo dia útil após a data do pagamento das remunerações dos b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções de ma-
servidores públicos, aplicando-se os procedimentos de cobrança e gistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se professora, com pro-
execução dos tributos federais quando não recolhidas na data de ventos integrais;
vencimento.        (Incluído pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003) c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 (vinte e
cinco) se mulher, com proventos proporcionais a esse tempo;
Art. 184.  O Plano de Seguridade Social visa a dar cobertura d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e aos
aos riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família, e com- 60 (sessenta) se mulher, com proventos proporcionais ao tempo
preende um conjunto de benefícios e ações que atendam às seguin- de serviço.
§  1o   Consideram-se doenças graves, contagiosas ou incu-
tes finalidades:
ráveis, a que se refere o inciso I deste artigo, tuberculose ativa,
I - garantir meios de subsistência nos eventos de doença, in-
alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira
validez, velhice, acidente em serviço, inatividade, falecimento e
posterior ao ingresso no serviço público, hanseníase, cardiopatia
reclusão;
grave, doença de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante,
II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade;
espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avança-
III - assistência à saúde.

Didatismo e Conhecimento 53
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
dos do mal de Paget (osteíte deformante), Síndrome de Imunode- Art. 192. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
ficiência Adquirida - AIDS, e outras que a lei indicar, com base na         
medicina especializada. Art. 193. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 2o  Nos casos de exercício de atividades consideradas insa-
lubres ou perigosas, bem como nas hipóteses previstas no art. 71, Art. 194.  Ao servidor aposentado será paga a gratificação na-
a aposentadoria de que trata o inciso III, «a» e «c», observará o talina, até o dia vinte do mês de dezembro, em valor equivalente ao
disposto em lei específica. respectivo provento, deduzido o adiantamento recebido.
§ 3o  Na hipótese do inciso I o servidor será submetido à jun-
ta médica oficial, que atestará a invalidez quando caracterizada a Art. 195.  Ao ex-combatente que tenha efetivamente participa-
incapacidade para o desempenho das atribuições do cargo ou a im- do de operações bélicas, durante a Segunda Guerra Mundial, nos
possibilidade de se aplicar o disposto no art. 24. (Incluído pela Lei termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, será concedida
nº 9.527, de 10.12.97) aposentadoria com provento integral, aos 25 (vinte e cinco) anos
de serviço efetivo.
Art. 187.  A aposentadoria compulsória será automática, e de-
clarada por ato, com vigência a partir do dia imediato àquele em
Seção II
que o servidor atingir a idade-limite de permanência no serviço
Do Auxílio-Natalidade
ativo.

Art. 188.  A aposentadoria voluntária ou por invalidez vigora- Art. 196.  O auxílio-natalidade é devido à servidora por moti-
rá a partir da data da publicação do respectivo ato. vo de nascimento de filho, em quantia equivalente ao menor venci-
§ 1o  A aposentadoria por invalidez será precedida de licença mento do serviço público, inclusive no caso de natimorto.
para tratamento de saúde, por período não excedente a 24 (vinte e § 1o  Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido de
quatro) meses. 50% (cinqüenta por cento), por nascituro.
§ 2o  Expirado o período de licença e não estando em condi- § 2o  O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro servidor
ções de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o servidor será público, quando a parturiente não for servidora.
aposentado.
§ 3o  O lapso de tempo compreendido entre o término da licen- Seção III
ça e a publicação do ato da aposentadoria será considerado como Do Salário-Família
de prorrogação da licença. Art. 197.  O salário-família é devido ao servidor ativo ou ao
 § 4o  Para os fins do disposto no § 1o deste artigo, serão con- inativo, por dependente econômico.
sideradas apenas as licenças motivadas pela enfermidade enseja- Parágrafo  único.   Consideram-se dependentes econômicos
dora da invalidez ou doenças correlacionadas. (Incluído pela Lei para efeito de percepção do salário-família:
nº 11.907, de 2009) I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os enteados
§ 5o  A critério da Administração, o servidor em licença para até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estudante, até 24 (vinte e
tratamento de saúde ou aposentado por invalidez poderá ser con- quatro) anos ou, se inválido, de qualquer idade;
vocado a qualquer momento, para avaliação das condições que II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante autoriza-
ensejaram o afastamento ou a aposentadoria. (Incluído pela Lei nº ção judicial, viver na companhia e às expensas do servidor, ou do
11.907, de 2009) inativo;
III - a mãe e o pai sem economia própria.
Art. 189.  O provento da aposentadoria será calculado com ob-
servância do disposto no § 3o do art. 41, e revisto na mesma data e Art. 198.  Não se configura a dependência econômica quando
proporção, sempre que se modificar a remuneração dos servidores o beneficiário do salário-família perceber rendimento do trabalho
em atividade. ou de qualquer outra fonte, inclusive pensão ou provento da apo-
Parágrafo  único.   São estendidos aos inativos quaisquer be- sentadoria, em valor igual ou superior ao salário-mínimo.
nefícios ou vantagens posteriormente concedidas aos servidores
em atividade, inclusive quando decorrentes de transformação ou Art. 199.  Quando o pai e mãe forem servidores públicos e vi-
reclassificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria. verem em comum, o salário-família será pago a um deles; quando
         separados, será pago a um e outro, de acordo com a distribuição
Art. 190.  O servidor aposentado com provento proporcional dos dependentes.
ao tempo de serviço se acometido de qualquer das moléstias es- Parágrafo único.  Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a
pecificadas no § 1o do art. 186 desta Lei e, por esse motivo, for madrasta e, na falta destes, os representantes legais dos incapazes.
considerado inválido por junta médica oficial passará a perceber
provento integral, calculado com base no fundamento legal de
Art. 200.  O salário-família não está sujeito a qualquer tributo,
concessão da aposentadoria. (Redação dada pela Lei nº 11.907,
nem servirá de base para qualquer contribuição,      inclusive para
de 2009)
a Previdência Social.
Art. 191.  Quando proporcional ao tempo de serviço, o pro-
Art. 201.  O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração,
vento não será inferior a 1/3 (um terço) da remuneração da ativi-
não acarreta a suspensão do pagamento do salário-família.
dade.

Didatismo e Conhecimento 54
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Seção IV III - celebrar convênios com operadoras de plano de assistên-
Da Licença para Tratamento de Saúde cia à saúde, organizadas na modalidade de autogestão, que pos-
suam autorização de funcionamento do órgão regulador, na forma
Art. 202.  Será concedida ao servidor licença para tratamento do art. 230; ou (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014)
de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem IV - prestar os exames médicos periódicos mediante contrato
prejuízo da remuneração a que fizer jus. administrativo, observado o disposto na Lei no  8.666, de 21 de
        junho de 1993, e demais normas pertinentes. (Incluído pela Lei nº
Art. 203.  A licença de que trata o art. 202 desta Lei será con- 12.998, de 2014)
cedida com base em perícia oficial.  (Redação dada pela Lei nº
11.907, de 2009) Seção V
§ 1o  Sempre que necessário, a inspeção médica será realizada Da Licença à Gestante, à Adotante e da Licença-Paternidade
na residência do servidor ou no estabelecimento hospitalar onde se
encontrar internado. Art.  207.   Será concedida licença à servidora gestante por
§ 2o  Inexistindo médico no órgão ou entidade no local onde 120 (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remunera-
se encontra ou tenha exercício em caráter permanente o servidor, ção. (Vide Decreto nº 6.690, de 2008)
e não se configurando as hipóteses previstas nos parágrafos do art. § 1o  A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês
230, será aceito atestado passado por médico particular. (Redação de gestação, salvo antecipação por prescrição médica.
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) § 2o  No caso de nascimento prematuro, a licença terá início
        § 3o  No caso do § 2o deste artigo, o atestado somente a partir do parto.
produzirá efeitos depois de recepcionado pela unidade de recursos § 3o  No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do even-
humanos do órgão ou entidade. (Redação dada pela Lei nº 11.907, to, a servidora será submetida a exame médico, e se julgada apta,
de 2009) reassumirá o exercício.
§  4o  A licença que exceder o prazo de 120 (cento e vinte) § 4o  No caso de aborto atestado por médico oficial, a servido-
dias no período de 12 (doze) meses a contar do primeiro dia de ra terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado.
afastamento será concedida mediante avaliação por junta médica
oficial. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009) Art. 208.  Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá
§ 5o  A perícia oficial para concessão da licença de que trata o direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos.
caput deste artigo, bem como nos demais casos de perícia oficial Art. 209.  Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis
previstos nesta Lei, será efetuada por cirurgiões-dentistas, nas hi- meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de tra-
póteses em que abranger o campo de atuação da odontologia. (In- balho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em dois
cluído pela Lei nº 11.907, de 2009) períodos de meia hora.
        
Art.  204.  A licença para tratamento de saúde inferior a 15 Art. 210.  À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial
(quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser dispensada de perí- de criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noventa)
cia oficial, na forma definida em regulamento. (Redação dada pela dias de licença remunerada. (Vide Decreto nº 6.691, de 2008)
Lei nº 11.907, de 2009) Parágrafo  único.   No caso de adoção ou guarda judicial de
criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este
Art. 205.  O atestado e o laudo da junta médica não se refe- artigo será de 30 (trinta) dias.
rirão ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de
lesões produzidas por acidente em serviço, doença profissional ou Seção VI
qualquer das doenças especificadas no art. 186, § 1o. Da Licença por Acidente em Serviço

Art. 206.  O servidor que apresentar indícios de lesões orgâni- Art. 211.  Será licenciado, com remuneração integral, o servi-
cas ou funcionais será submetido a inspeção médica. dor acidentado em serviço.
        
Art. 206-A.  O servidor será submetido a exames médicos pe- Art.  212.   Configura acidente em serviço o dano físico ou
riódicos, nos termos e condições definidos em regulamento. (In- mental sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou imedia-
cluído pela Lei nº 11.907, de 2009) (Regulamento). tamente, com as atribuições do cargo exercido.
Parágrafo único.  Para os fins do disposto no caput, a União e Parágrafo único.  Equipara-se ao acidente em serviço o dano:
suas entidades autárquicas e fundacionais poderão: (Incluído pela I - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo servi-
Lei nº 12.998, de 2014) dor no exercício do cargo;
I - prestar os exames médicos periódicos diretamente pelo ór- II - sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-
gão ou entidade à qual se encontra vinculado o servidor; (Incluído versa.
pela Lei nº 12.998, de 2014)
II - celebrar convênio ou instrumento de cooperação ou parce- Art. 213.  O servidor acidentado em serviço que necessite de
ria com os órgãos e entidades da administração direta, suas autar- tratamento especializado poderá ser tratado em instituição privada,
quias e fundações; (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014) à conta de recursos públicos.

Didatismo e Conhecimento 55
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta médi- § 1o  A concessão de pensão aos beneficiários de que tratam os
ca oficial constitui medida de exceção e somente será admissível incisos I a IV do caput exclui os beneficiários referidos nos incisos
quando inexistirem meios e recursos adequados em instituição pú- V e VI.       (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
blica. § 2o   A concessão de pensão aos beneficiários de que tra-
ta o inciso V do  caput  exclui o beneficiário referido no inciso
Art. 214.  A prova do acidente será feita no prazo de 10 (dez) VI.        (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem.  § 3o  O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho me-
diante declaração do servidor e desde que comprovada dependên-
Seção VII
cia econômica, na forma estabelecida em regulamento.        (In-
Da Pensão
cluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
        
        
Art. 215.  Por morte do servidor, os dependentes, nas hipóte-
ses legais, fazem jus à pensão a partir da data de óbito, observado Art. 218.  Ocorrendo habilitação de vários titulares à pensão,
o limite estabelecido no inciso XI do caput do art. 37 da Cons- o seu valor será distribuído em partes iguais entre os beneficiários
tituição Federal e no art. 2o da Lei no 10.887, de 18 de junho de habilitados.        (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
2004.            (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) § 1o  (Revogado).       (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
2015)
Art. 216.         (Revogado pela Medida Provisória nº 664, de § 2o  (Revogado).       (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
2014)    (Vigência)          (Revogado pela Lei nº 13.135, de 2015) 2015)
§ 3o  (Revogado).        (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
Art. 217.  São beneficiários das pensões:  2015)
  I - o cônjuge;            (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
2015) Art.  219.  A pensão poderá ser requerida a qualquer tempo,
a) (Revogada);         (Redação dada pela Lei nº 13.135, de prescrevendo tão-somente as prestações exigíveis há mais de 5
2015) (cinco) anos.
b) (Revogada);         (Redação dada pela Lei nº 13.135, de Parágrafo único.  Concedida a pensão, qualquer prova poste-
2015) rior ou habilitação tardia que implique exclusão de beneficiário ou
c) (Revogada);         (Redação dada pela Lei nº 13.135, de redução de pensão só produzirá efeitos a partir da data em que for
2015)
oferecida.
d) (Revogada);         (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
Art. 220.  Perde o direito à pensão por morte: (Redação dada
2015)
pela Lei nº 13.135, de 2015)
e) (Revogada);         (Redação dada pela Lei nº 13.135, de
I - após o trânsito em julgado, o beneficiário condenado pela
2015)
prática de crime de que tenha dolosamente resultado a morte do
II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de servidor; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
fato, com percepção de pensão alimentícia estabelecida judicial- II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se compro-
mente;       (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) vada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no casamento ou na
a) (Revogada);         (Redação dada pela Lei nº 13.135, de união estável, ou a formalização desses com o fim exclusivo de
2015) constituir benefício previdenciário, apuradas em processo judicial
b) (Revogada);         (Redação dada pela Lei nº 13.135, de no qual será assegurado o direito ao contraditório e à ampla defe-
2015) sa. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
c) Revogada);        (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
d) (Revogada);       (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) Art. 221.  Será concedida pensão provisória por morte presu-
III - o companheiro ou companheira que comprove união es- mida do servidor, nos seguintes casos:
tável como entidade familiar;        (Incluído pela Lei nº 13.135, I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária compe-
de 2015) tente;
IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos seguin- II - desaparecimento em desabamento, inundação, incêndio ou
tes requisitos:        (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) acidente não caracterizado como em serviço;
a) seja menor de 21 (vinte e um) anos;         (Incluído pela Lei III - desaparecimento no desempenho das atribuições do cargo
nº 13.135, de 2015) ou em missão de segurança.
b) seja inválido;        (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) Parágrafo único.  A pensão provisória será transformada em
c)        (Vide Lei nº 13.135, de 2015)  (Vigência) vitalícia ou temporária, conforme o caso, decorridos 5 (cinco) anos
d) tenha deficiência intelectual ou mental, nos termos do regu- de sua vigência, ressalvado o eventual reaparecimento do servidor,
lamento;        (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) hipótese em que o benefício será automaticamente cancelado.
V - a mãe e o pai que comprovem dependência econômica do
servidor; e         (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) Art. 222.  Acarreta perda da qualidade de beneficiário:
VI - o irmão de qualquer condição que comprove dependência I - o seu falecimento;
econômica do servidor e atenda a um dos requisitos previstos no II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer após a
inciso IV.        (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) concessão da pensão ao cônjuge;

Didatismo e Conhecimento 56
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
III - a cessação da invalidez, em se tratando de beneficiário Art. 223.  Por morte ou perda da qualidade de beneficiário, a
inválido, o afastamento da deficiência, em se tratando de bene- respectiva cota reverterá para os cobeneficiários.  (Redação dada
ficiário com deficiência, ou o levantamento da interdição, em se pela Lei nº 13.135, de 2015)
tratando de beneficiário com deficiência intelectual ou mental que I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
o torne absoluta ou relativamente incapaz, respeitados os períodos II - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
mínimos decorrentes da aplicação das alíneas “a” e “b” do inciso
VII;  (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) Art. 224.  As pensões serão automaticamente atualizadas na
IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, pelo filho mesma data e na mesma proporção dos reajustes dos vencimentos
ou irmão; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
dos servidores, aplicando-se o disposto no parágrafo único do art.
V - a acumulação de pensão na forma do art. 225;
189.
        VI - a renúncia expressa; e (Redação dada pela Lei nº
13.135, de 2015)         
VII - em relação aos beneficiários de que tratam os incisos I Art. 225.  Ressalvado o direito de opção, é vedada a percepção
a III do caput do art. 217: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) cumulativa de pensão deixada por mais de um cônjuge ou compa-
a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que nheiro ou companheira e de mais de 2 (duas) pensões. (Redação
o servidor tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos
de 2 (dois) anos antes do óbito do servidor; (Incluído pela Lei nº Seção VIII
13.135, de 2015) Do Auxílio-Funeral
b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de acordo
com a idade do pensionista na data de óbito do servidor, depois de Art. 226.  O auxílio-funeral é devido à família do servidor fa-
vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois) lecido na atividade ou aposentado, em valor equivalente a um mês
anos após o início do casamento ou da união estável:  (Incluído da remuneração ou provento.
pela Lei nº 13.135, de 2015) § 1o  No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio será
1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de ida- pago somente em razão do cargo de maior remuneração.
de; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) § 2o  (VETADO).
2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos §  3o   O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e oito)
de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
horas, por meio de procedimento sumaríssimo, à pessoa da família
3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove)
que houver custeado o funeral.
anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de Art. 227.  Se o funeral for custeado por terceiro, este será in-
idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) denizado, observado o disposto no artigo anterior.
5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e
três) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) Art. 228.  Em caso de falecimento de servidor em serviço fora
6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de ida- do local de trabalho, inclusive no exterior, as despesas de trans-
de. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) porte do corpo correrão à conta de recursos da União, autarquia ou
§ 1o  A critério da administração, o beneficiário de pensão cuja fundação pública.
preservação seja motivada por invalidez, por incapacidade ou por
deficiência poderá ser convocado a qualquer momento para avalia-
ção das referidas condições.(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) Seção IX
§ 2o   Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida no Do Auxílio-Reclusão
inciso III ou os prazos previstos na alínea “b” do inciso VII, ambos
do caput, se o óbito do servidor decorrer de acidente de qualquer Art. 229.  À família do servidor ativo é devido o auxílio-reclu-
natureza ou de doença profissional ou do trabalho, independente- são, nos seguintes valores:
mente do recolhimento de 18 (dezoito) contribuições mensais ou I - dois terços da remuneração, quando afastado por motivo
da comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou de união está- de prisão, em flagrante ou preventiva, determinada pela autoridade
vel. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) competente, enquanto perdurar a prisão;
§ 3o  Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e desde
II - metade da remuneração, durante o afastamento, em virtu-
que nesse período se verifique o incremento mínimo de um ano
inteiro na média nacional única, para ambos os sexos, correspon- de de condenação, por sentença definitiva, a pena que não determi-
dente à expectativa de sobrevida da população brasileira ao nascer, ne a perda de cargo.
poderão ser fixadas, em números inteiros, novas idades para os § 1o  Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o servidor
fins previstos na alínea “b” do inciso VII do caput, em ato do Mi- terá direito à integralização da remuneração, desde que absolvido.
nistro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão, limitado § 2o  O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir do dia
o acréscimo na comparação com as idades anteriores ao referido imediato àquele em que o servidor for posto em liberdade, ainda
incremento. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) que condicional.
§ 4o   O tempo de contribuição a Regime Próprio de Previ- § 3o   Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-reclusão
dência Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Previdência Social
será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos de-
(RGPS) será considerado na contagem das 18 (dezoito) con-
tribuições mensais referidas nas alíneas “a” e “b” do inciso VII pendentes do segurado recolhido à prisão.  (Incluído pela Lei nº
do caput. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) 13.135, de 2015)

Didatismo e Conhecimento 57
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CAPÍTULO III CAPÍTULO IV
DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO CUSTEIO
               
Art. 230.  A assistência à saúde do servidor, ativo ou inati- Art. 231.  (Revogado pela Lei nº 9.783, de 28.01.99)
vo, e de sua família compreende assistência médica, hospitalar,  
odontológica, psicológica e farmacêutica, terá como diretriz básica TÍTULO VII
CAPÍTULO ÚNICO
o implemento de ações preventivas voltadas para a promoção da
DA CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA DE EXCEPCIONAL
saúde e será prestada pelo Sistema Único de Saúde – SUS, direta-
INTERESSE PÚBLICO
mente pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado o servidor,         
ou mediante convênio ou contrato, ou ainda na forma de auxílio, Art. 232.  (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
mediante ressarcimento parcial do valor despendido pelo servidor,         
ativo ou inativo, e seus dependentes ou  pensionistas com planos Art. 233.  (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
ou seguros privados de assistência à saúde, na forma estabelecida         
em regulamento.(Redação dada pela Lei nº 11.302 de 2006) Art. 234.  (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
§  1o   Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja exigida         
perícia, avaliação ou inspeção médica, na ausência de médico ou Art. 235. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93)
junta médica oficial, para a sua realização o órgão ou entidade
TÍTULO VIII
celebrará, preferencialmente, convênio com unidades de atendi-
CAPÍTULO ÚNICO
mento do sistema público de saúde, entidades sem fins lucrativos
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
declaradas de utilidade pública, ou com o Instituto Nacional do
Seguro Social - INSS. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 236.  O Dia do Servidor Público será comemorado a vinte
§ 2o  Na impossibilidade, devidamente justificada, da aplica- e oito de outubro.
ção do disposto no parágrafo anterior, o órgão ou entidade pro-
moverá a contratação da prestação de serviços por pessoa jurídi- Art. 237.  Poderão ser instituídos, no âmbito dos Poderes Exe-
ca, que constituirá junta médica especificamente para esses fins, cutivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes incentivos funcio-
indicando os nomes e especialidades dos seus integrantes, com a nais, além daqueles já previstos nos respectivos planos de carreira:
comprovação de suas habilitações e de que não estejam responden- I - prêmios pela apresentação de idéias, inventos ou trabalhos
do a processo disciplinar junto à entidade fiscalizadora da profis- que favoreçam o aumento de produtividade e a redução dos custos
operacionais;
são. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao mérito, con-
§ 3o  Para os fins do disposto no caput deste artigo, ficam a
decoração e elogio.
União e suas entidades autárquicas e fundacionais autorizadas Art.  238.   Os prazos previstos nesta Lei serão contados em
a: (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) dias corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do
I - celebrar convênios exclusivamente para a  prestação de ser- vencimento, ficando prorrogado, para o primeiro dia útil seguinte,
viços de assistência à saúde para os seus servidores ou empregados o prazo vencido em dia em que não haja expediente.
ativos, aposentados, pensionistas, bem como para seus respectivos
grupos familiares definidos, com entidades de autogestão por elas Art. 239.  Por motivo de crença religiosa ou de convicção filo-
patrocinadas por meio de instrumentos jurídicos efetivamente ce- sófica ou política, o servidor não poderá ser privado de quaisquer
lebrados e publicados até 12 de fevereiro de 2006 e que possuam dos seus direitos, sofrer discriminação em sua vida funcional, nem
autorização de funcionamento do órgão regulador, sendo certo que eximir-se do cumprimento de seus deveres.
os convênios celebrados depois dessa data somente poderão sê-lo
Art. 240.  Ao servidor público civil é assegurado, nos termos
na forma da regulamentação específica sobre patrocínio de auto-
da Constituição Federal, o direito à livre associação      sindical e
gestões, a ser publicada pelo mesmo órgão regulador, no prazo os seguintes direitos, entre outros, dela decorrentes:
de 180 (cento e oitenta) dias da vigência desta Lei, normas essas a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como substi-
também aplicáveis aos convênios existentes até 12 de fevereiro de tuto processual;
2006; (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ano após o
II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei no 8.666, de final do mandato, exceto se a pedido;
21 de junho de 1993, operadoras de planos e seguros privados de        c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sin-
assistência à saúde que possuam autorização de funcionamento do dical a que for filiado, o valor das mensalidades e contribuições
órgão regulador; (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) definidas em assembléia geral da categoria.
III -  (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)         d)   (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) 
e)    (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 4o  (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006)
§ 5o  O valor do ressarcimento fica limitado ao total despendi-
Art.  241.   Consideram-se da família do servidor, além do
do pelo servidor ou pensionista civil com plano ou seguro privado cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expensas e
de assistência à saúde. (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) constem do seu assentamento individual.

Didatismo e Conhecimento 58
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Parágrafo único.  Equipara-se ao cônjuge a companheira ou Art. 246. (VETADO).
companheiro, que comprove união estável como entidade familiar.
Art. 247.  Para efeito do disposto no Título VI desta Lei, ha-
Art. 242.  Para os fins desta Lei, considera-se sede o município verá ajuste de contas com a Previdência Social, correspondente ao
onde a repartição estiver instalada e onde o servidor tiver exercí- período de contribuição por parte dos servidores celetistas abran-
cio, em caráter permanente. gidos pelo art. 243. (Redação dada pela Lei nº 8.162, de 8.1.91) 
TÍTULO IX Art. 248.  As pensões estatutárias, concedidas até a vigência
CAPÍTULO ÚNICO desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão ou entidade de origem
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS do servidor.
Art. 243.  Ficam submetidos ao regime jurídico instituído por Art. 249.  Até a edição da lei prevista no § 1o do art. 231, os
esta Lei, na qualidade de servidores públicos, os servidores dos
servidores abrangidos por esta Lei contribuirão na forma e nos per-
Poderes da União, dos ex-Territórios, das autarquias, inclusive as
centuais atualmente estabelecidos para o servidor civil da União
em regime especial, e das fundações públicas, regidos pela Lei nº
conforme regulamento próprio.
1.711, de 28 de outubro de 1952 - Estatuto dos Funcionários Pú-
blicos Civis da União, ou pela Consolidação das Leis do Trabalho,         
aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, exceto Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a satisfazer,
os contratados por prazo determinado, cujos contratos não poderão dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias para a aposenta-
ser prorrogados após o vencimento do prazo de prorrogação. doria nos termos do inciso II do art. 184 do antigo Estatuto dos
§ 1o  Os empregos ocupados pelos servidores incluídos no re- Funcionários Públicos Civis da União, Lei n° 1.711, de 28 de ou-
gime instituído por esta Lei ficam transformados em cargos, na tubro de 1952, aposentar-se-á com a vantagem prevista naquele
data de sua publicação. dispositivo.      (Mantido pelo Congresso Nacional)
§ 2o  As funções de confiança exercidas por pessoas não in-         
tegrantes de tabela permanente do órgão ou entidade onde têm Art. 251. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
exercício ficam transformadas em cargos em comissão, e mantidas
enquanto não for implantado o plano de cargos dos órgãos ou en- Art. 252.  Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação,
tidades na forma da lei. com efeitos financeiros a partir do primeiro dia do mês subseqüente.
§ 3o  As Funções de Assessoramento Superior - FAS, exerci-
das por servidor integrante de quadro ou tabela de pessoal, ficam Art. 253.  Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de outubro de
extintas na data da vigência desta Lei. 1952, e respectiva legislação complementar, bem como as demais
§ 4o  (VETADO). disposições em contrário.
§ 5o  O regime jurídico desta Lei é extensivo aos serventuários Brasília, 11 de dezembro de 1990; 169o  da Independência e
da Justiça, remunerados com recursos da União, no que couber. 102  da República.
o
§ 6o  Os empregos dos servidores estrangeiros com estabili- FERNANDO COLLOR
dade no serviço público, enquanto não adquirirem a nacionalidade Jarbas Passarinho
brasileira, passarão a integrar tabela em extinção, do respectivo
órgão ou entidade, sem prejuízo dos direitos inerentes aos planos
Este texto não substitui o publicado no DOU de 12.12.1990 e
de carreira aos quais se encontrem vinculados os empregos.
§ 7o  Os servidores públicos de que trata o caput deste artigo, republicado em 18.3.1998
não amparados pelo art. 19 do Ato das Disposições Constitucio-
nais Transitórias, poderão, no interesse da Administração e con-  Presidência da República Casa Civil Subchefia para As-
forme critérios estabelecidos em regulamento, ser exonerados me- suntos Jurídico
diante indenização de um mês de remuneração por ano de efetivo  
exercício no serviço público federal. (Incluído pela Lei nº 9.527,
de 10.12.97) LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990
§ 8o  Para fins de incidência do imposto de renda na fonte e na      Partes vetadas pelo Presidente da República e mantidas
declaração de rendimentos, serão considerados como indenizações pelo Congresso Nacional, do Projeto que se transformou na Lei
isentas os pagamentos efetuados a título de indenização prevista n.° 8.112, de 11 de dezembro de 1990, que “dispõe sobre o Regime
no parágrafo anterior.(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e
§ 9o  Os cargos vagos em decorrência da aplicação do disposto das fundações públicas federais”.
no § 7o poderão ser extintos pelo Poder Executivo quando consi-
derados desnecessários. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)  O PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL:
 Faço saber que o CONGRESSO NACIONAL manteve, e eu,
Art. 244.  Os adicionais por tempo de serviço, já concedidos MAURO BENEVIDES, Presidente do Senado Federal, nos termos
aos servidores abrangidos por esta Lei, ficam transformados em
do § 7° do art. 66 da Constituição, promulgo as seguintes partes da
anuênio.
Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990:
Art. 245.  A licença especial disciplinada pelo art. 116 da Lei     “
nº 1.711, de 1952, ou por outro diploma legal, fica transformada Art. 87 ......................................................................................
em licença-prêmio por assiduidade, na forma prevista nos arts. 87 .......................................
a 90.     § 1° .......................................................................................

Didatismo e Conhecimento 59
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
     § 2° Os períodos de licença-prêmio já adquiridos e não
gozados pelo servidor que vier a falecer serão convertidos em pe- 7. PODERES ADMINISTRATIVOS: PO-
cúnia, em favor de seus beneficiários da pensão. DER HIERÁRQUICO; PODER DISCIPLI-
     NAR; PODER REGULAMENTAR; PODER
Art. 192. O servidor que contar tempo de serviço para aposen- DE POLÍCIA; USO E ABUSO DO PODER.
tadoria com provento integral será aposentado:
    I - com a remuneração do padrão de classe imediatamente
superior àquela em que se encontra posicionado;
    II - quando ocupante da última classe da carreira, com a re-
muneração do padrão correspondente, acrescida da diferença entre PODERES E DEVERES DO ADMINISTRADOR
esse e o padrão da classe imediatamente anterior. PÚBLICO: Os poderes administrativos são instrumentos que,
     utilizados dentro da lei, servem para que a Administração alcance
Art. 193. O servidor que tiver exercido função de direção, che- a sua única finalidade; o atendimento do interesse público.
fia, assessoramento, assistência ou cargo em comissão, por perío- Sempre que esses instrumentos forem utilizados para
do de 5 (cinco) anos consecutivos, ou 10 (dez) anos interpolados, finalidade diversa do interesse público, o administrador será
poderá aposentar-se com a gratificação da função ou remuneração responsabilizado e surgirá o abuso de poder.
do cargo em comissão, de maior valor, desde que exercido por um Os poderes da Administração Pública são irrenunciáveis.
período mínimo de 2 (dois) anos. Sendo necessária a utilização desses poderes, a Administração
    § 1° Quando o exercício da função ou cargo em comissão deverá fazê-lo, sob pena de ser responsabilizada. O exercício é
de maior valor não corresponder ao período de 2 (dois) anos, será obrigatório, indeclinável.
incorporada a gratificação ou remuneração da função ou cargo em
comissão imediatamente inferior dentre os exercidos. DEVERES:
    § 2° A aplicação do disposto neste artigo exclui as vantagens Dever de Agir – o administrador público tem o dever de
previstas no art. 192, bem como a incorporação de que trata o art. agir, ele tem por obrigação exercitar esse poder em benefício da
62, ressalvado o direito de opção. comunidade. Esse poder é irrenunciável.
     Dever de Eficiência – cabe ao agente público realizar suas
Art. 231. ................................................................................... atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional.
........................................ Dever de Probidade – a Administração poderá invalidar o ato
    § 1° ....................................................................................... administrativo praticado com lesão aos bens e interesses públicos.
........................................... A probidade é elemento essencial na conduta do agente público
    § 2º O custeio da aposentadoria é de responsabilidade inte- necessária a legitimidade do ato administrativo.
gral do Tesouro Nacional. Dever de Prestar Contas – é o dever de todo administrador
     público prestar contas, é decorrência da gestão de bens e interesses
Art. 240. ................................................................................... alheios, nesse caso de bens e interesses coletivos.
........................................ PODERES:
    a) .......................................................................................... Poder Vinculado: No ato vinculado, o administrador não
........................................... tem liberdade para decidir quanto à atuação. A lei previamente
    b) .......................................................................................... estabelece um único comportamento possível a ser tomado pelo
........................................... administrador no fato concreto; não podendo haver juízo de
    c) .......................................................................................... valores, o administrador não poderá analisar a conveniência e a
........................................... oportunidade do ato.
    d) de negociação coletiva;
    e) de ajuizamento, individual e coletivamente, frente à Jus- Poder Discricionário: O ato discricionário é aquele que,
tiça do Trabalho, nos termos da Constituição Federal. editado debaixo da lei, confere ao administrador a liberdade para
     fazer um juízo de conveniência e oportunidade.
Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a satisfazer,
A diferença entre o ato vinculado e o ato discricionário está no
dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias para a aposenta-
grau de liberdade conferido ao administrador.
doria nos termos do inciso II do art. 184 do antigo Estatuto dos
Tanto o ato vinculado quanto o ato discricionário só poderão
Funcionários Públicos Civis da União, Lei n° 1.711, de 28 de ou-
tubro de 1952, aposentar-se-á com a vantagem prevista naquele ser reapreciados pelo Judiciário no tocante à sua legalidade, pois o
dispositivo.” judiciário não poderá intervir no juízo de valor e oportunidade da
    Senado Federal, 18 de abril de 1991. 170° da Independência Administração Pública.
e 103° da República.
    MAURO BENEVIDES Poder Hierárquico: É o poder conferido à Administração
Este texto não substitui o publicado no DOU de 19.4.1991 para organizar a sua estrutura e as relações entre seus órgãos e
agentes, estabelecendo uma relação de hierarquia entre eles.
* O poder é necessário para que se possa saber de quem o
servidor deve cumprir ordens e quais as ordens que devem ser
cumpridas por ele.

Didatismo e Conhecimento 60
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
É necessário, ainda, para que se possa apreciar a validade O poder de polícia poderá atuar inclusive sobre o direito da
do ato publicado, concluir se deverá ou não ser cumprido e saber livre manifestação do pensamento. Poderá retirar publicações de
contra quem se ingressará com o remédio judicial. livros do mercado ou alguma programação das emissoras de rádio
e televisão sempre que ferirem os valores éticos e sociais da pessoa
Poder Disciplinar: É o poder conferido à Administração e da família (ex.: livros que façam apologia à discriminação racial,
para organizar-se internamente, aplicando sanções e penalidades programas de televisão que explorem crianças etc.).
aos seus agentes por força de uma infração de caráter funcional. A competência surge como limite para o exercício do poder
Somente poderão ser aplicadas sanções e penalidades de caráter de polícia, conforme disposto na CF/88. Quando o órgão não for
administrativo (ex: advertências, suspensão, demissão etc.). competente, o ato não será considerado válido (art. 78 do CTN).
A expressão “agentes públicos” abrange todas as pessoas que O poder de polícia é um ato administrativo e como tal deverá
se relacionam em caráter funcional com a Administração, ou seja, ter as mesmas características, que são:
os agentes políticos, os servidores públicos e os particulares em 1-Presunção de legitimidade (presume-se o ato válido até que
colaboração com o Estado (ex.: jurados, mesários na eleição etc.). se prove o contrário);
Todas as pessoas envolvidas na expressão “agentes públicos”, 2-Auto-executoriedade (pode-se executar o ato sem a
portanto, estarão sujeitas ao poder disciplinar da Administração. autorização do Poder Judiciário, por conta do interesse público);
Só serão submetidos a sanções, entretanto, quando a infração 3-Imperatividade, coercitividade ou exigibilidade;
for funcional, ou seja, infração relacionada com a atividade 4-Discricionariedade.
desenvolvida pelo agente público.
O exercício do poder disciplinar é um ato discricionário, visto Observações:
que o administrador público, ao aplicar sanções, poderá fazer um A multa de trânsito é uma exceção à regra da auto-
juízo de valores. executoriedade; esta, para ser executada, deverá aguardar o prazo
Não há discricionariedade ao decidir pela apuração da falta para a defesa de quem foi multado.
funcional, sob pena de cometimento do crime de condescendência Em algumas situações, o ato poderá ser vinculado, ou seja,
criminal (art. 320, do CP). quando a norma legal que o rege estabelecer o modo e a forma de
Ao aplicar a sanção, o administrador deve levar em conta os sua realização.
seguintes elementos: atenuantes e agravantes do caso concreto; Não se deve confundir poder de polícia com atividade policial.
natureza e gravidade da infração; prejuízos causados para o
interesse público; antecedentes do agente público. USO E ABUSO DO PODER
Sempre que o administrador for decidir se será ou não aplicada Sempre que a Administração extrapolar os limites dos poderes
a sanção, deverá motivá-la de modo que se possa controlar a aqui expostos, estará cometendo uma ilegalidade. A ilegalidade
regularidade de sua aplicação. Da mesma forma, o administrador traduz o abuso de poder que, por sua vez, pode ser punido
que deixar de aplicar sanção deverá motivar a não aplicação da judicialmente.
mesma. O abuso de poder pode gerar prejuízos a terceiros, caso em
Poder Regulamentar ou Poder Normativo: É o poder que a Administração será responsabilizada. Todos os Poderes
conferido aos Chefes do Executivo para editar decretos e Públicos estão obrigados a respeitar os princípios e as normas
regulamentos com a finalidade de oferecer fiel execução à lei. constitucionais, qualquer lesão ou ameaça outorga ao lesado a
Decorre de disposição constitucional (art. 84, IV, CF/88). possibilidade do ingresso ao Poder Judiciário.
A responsabilidade do Estado se traduz numa obrigação,
Poder de Polícia: Poder de Polícia é o poder conferido à atribuída ao Poder Público, de compor os danos patrimoniais
Administração para condicionar, restringir, frenar o exercício de causados a terceiros por seus agentes públicos tanto no exercício
direitos e atividades dos particulares em nome dos interesses da das suas atribuições quanto agindo nessa qualidade.
coletividade. O Estado responde pelos danos causados com base no conceito
Existe, no entanto, uma definição legal do poder de polícia de nexo de causalidade – na relação de causa e efeito existente
que também surge como fato gerador do gênero tributo, a taxa. entre o fato ocorrido e as conseqüências dele resultantes.
O art. 78 do CTN define o poder de polícia como “a atividade da Não se cogita a necessidade de aquele que sofreu o prejuízo
Administração que, limitando ou disciplinando direitos, regula a comprovar a culpa ou o dolo, bastando apenas a demonstração do
prática de um ato em razão do interesse público”. nexo de causalidade.
O que autoriza o Poder Público a condicionar ou restringir o
Art. 37, § 6.º, da Constituição Federal: “As pessoas jurídicas
exercício de direitos e a atividade dos particulares é a supremacia
de direito público e as de direito privado, prestadoras de serviços
do interesse público sobre o interesse particular. públicos, responderão pelos danos que seus agentes, nessa
O poder de polícia se materializa por atos gerais ou atos qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
individuais. contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.”
Ato geral é aquele que não tem um destinatário específico Os poderes administrativos são instrumentos que, utilizados
(ex.: ato que proíbe a venda de bebidas alcoólicas a menores – dentro da lei, servem para que a Administração alcance a sua única
atinge todos os estabelecimentos comerciais). finalidade; o atendimento do interesse público.
Ato individual é aquele que tem um destinatário específico Sempre que esses instrumentos forem utilizados para
(ex. autuação de um estabelecimento comercial específico por finalidade diversa do interesse público, o administrador será
qualquer motivo, por exemplo, segurança). responsabilizado e surgirá o abuso de poder.

Didatismo e Conhecimento 61
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Os poderes da Administração Pública são irrenunciáveis. Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou
Sendo necessária a utilização desses poderes, a Administração omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o
deverá fazê-lo, sob pena de ser responsabilizada. O exercício é integral ressarcimento do dano.
obrigatório, indeclinável.
Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente
público ou terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao
8. LEI FEDERAL Nº 8.429/92: DEVER DE
EFICIÊNCIA; DEVER DE PROBIDADE; seu patrimônio.
DEVER DE PRESTAR CONTAS.
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimô-
nio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade
administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministé-
LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992. rio Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput
Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral ressar-
casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, cimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do
emprego ou função na administração pública direta, indireta ou enriquecimento ilícito.
fundacional e dá outras providências.
Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Con- público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: desta lei até o limite do valor da herança.

CAPÍTULO I CAPÍTULO II
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente
Seção I
público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam Enrique-
fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
cimento Ilícito
Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incor-
porada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou
custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinqüen- Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importan-
ta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na do enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patri-
forma desta lei. monial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função,
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades des- emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta
ta lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de lei, e notadamente:
entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou
creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indire-
ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cin- ta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de
qüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido
nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do
contribuição dos cofres públicos. agente público;
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para fa-
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, cilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel,
todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem re- ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por
muneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou preço superior ao valor de mercado;
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior. facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o for-
necimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, de mercado;
àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máqui-
para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qual- nas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de proprieda-
quer forma direta ou indireta. de ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art.
1° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empre-
Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia gados ou terceiros contratados por essas entidades;
são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta
legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar,
assuntos que lhe são afetos. de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qual-
quer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;

Didatismo e Conhecimento 62
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a ob-
ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação servância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à
em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, espécie;
peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens cesso seletivo para celebração de parcerias com entidades sem
fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente;          (Redação
lei; dada pela Lei nº 13.019, de 2014)    (Vigência)
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de manda- IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autori-
to, cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza zadas em lei ou regulamento;
cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à ren- X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda,
da do agente público; bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio pú-
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de con- blico;
sultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que te- XI - liberar verba pública sem a estrita observância das nor-
nha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou mas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação
omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a irregular;
atividade;
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enri-
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a libera-
queça ilicitamente;
ção ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular,
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta
ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou decla- veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natu-
ração a que esteja obrigado; reza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades.
entidades mencionadas no art. 1° desta lei; XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valo- objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão asso-
res integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas ciada sem observar as formalidades previstas na lei;        (Incluído
no art. 1° desta lei. pela Lei nº 11.107, de 2005)
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem su-
Seção II ficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as forma-
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo lidades previstas na lei.        (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
ao Erário XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a in-
corporação, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídica,
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que cau- de bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela ad-
sa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, ministração pública a entidades privadas mediante celebração de
que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamen- parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regula-
to ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no mentares aplicáveis à espécie;           (Incluído pela Lei nº 13.019,
art. 1º desta lei, e notadamente: de 2014)     (Vigência)
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorpora- XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica
ção ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos transferi-
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das dos pela administração pública a entidade privada mediante cele-
entidades mencionadas no art. 1º desta lei; bração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica regulamentares aplicáveis à espécie;           (Incluído pela Lei nº
privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acer- 13.019, de 2014)     (Vigência)
vo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem XVIII - celebrar parcerias da administração pública com enti-
a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicá- dades privadas sem a observância das formalidades legais ou regu-
veis à espécie; lamentares aplicáveis à espécie;           (Incluído pela Lei nº 13.019,
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente des- de 2014)     (Vigência)
personalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, bens, XIX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e aná-
rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades lise das prestações de contas de parcerias firmadas pela adminis-
mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades tração pública com entidades privadas;           (Incluído pela Lei nº
legais e regulamentares aplicáveis à espécie; 13.019, de 2014)    (Vigência)
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administração
bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas pública com entidades privadas sem a estrita observância das nor-
no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, mas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação
por preço inferior ao de mercado; irregular.           (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014)     (Vigência)
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela administra-
ção pública com entidades privadas sem a estrita observância das
bem ou serviço por preço superior ao de mercado;
normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplica-
VI - realizar operação financeira sem observância das normas
ção irregular.           (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014)     (Vi-
legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidô-
gência)
nea;

Didatismo e Conhecimento 63
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Seção III tar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra os ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio
Princípios da Administração Pública de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de
três anos.
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que aten-
Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o
ta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou
omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, le- juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim como o
galidade, e lealdade às instituições, e notadamente: proveito patrimonial obtido pelo agente.
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou
diverso daquele previsto, na regra de competência; CAPÍTULO IV
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofí- DA DECLARAÇÃO DE BENS
cio;
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam con-
das atribuições e que deva permanecer em segredo;
IV - negar publicidade aos atos oficiais; dicionados à apresentação de declaração dos bens e valores que
V - frustrar a licitude de concurso público; compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada no ser-
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo; viço de pessoal competente.(Regulamento)    (Regulamento)
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de ter- § 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoven-
ceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida polí- tes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie de bens e va-
tica ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou lores patrimoniais, localizado no País ou no exterior, e, quando for
serviço. o caso, abrangerá os bens e valores patrimoniais do cônjuge ou
        VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fisca-
companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a de-
lização e aprovação de contas de parcerias firmadas pela adminis-
tração pública com entidades privadas.           (Redação dada pela pendência econômica do declarante, excluídos apenas os objetos e
Lei nº 13.019, de 2014)      (Vigência) utensílios de uso doméstico.
IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessibili- § 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na data
dade previstos na legislação.        (Incluído pela Lei nº 13.146, de em que o agente público deixar o exercício do mandato, cargo,
2015)       (Vigência) emprego ou função.
§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço
CAPÍTULO III público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público
DAS PENAS
que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo de-
        
Art. 12.  Independentemente das sanções penais, civis e ad- terminado, ou que a prestar falsa.
ministrativas previstas na legislação específica, está o responsável § 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da de-
pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que po- claração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita Federal
dem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a na conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda e pro-
gravidade do fato:        (Redação dada pela Lei nº 12.120, de 2009). ventos de qualquer natureza, com as necessárias atualizações, para
I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos suprir a exigência contida no caput e no § 2° deste artigo .
ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, quan- CAPÍTULO V
do houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políti- DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E DO PRO-
cos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes CESSO JUDICIAL
o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o
Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou credi- Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade ad-
tícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa ministrativa competente para que seja instaurada investigação des-
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos; tinada a apurar a prática de ato de improbidade.
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, per- § 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo e
da dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se assinada, conterá a qualificação do representante, as informações
concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha
dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa conhecimento.
civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar § 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação, em
despacho fundamentado, se esta não contiver as formalidades esta-
com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais
belecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a representa-
ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio
ção ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei.
de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de § 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade
cinco anos; determinará a imediata apuração dos fatos que, em se tratando de
III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se servidores federais, será processada na forma prevista nos arts. 148
houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e, em se tratando
de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o de servidor militar, de acordo com os respectivos regulamentos
valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contra- disciplinares.

Didatismo e Conhecimento 64
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Minis- § 10.  Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo
tério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência de instrumento.       (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45,
de procedimento administrativo para apurar a prática de ato de im- de 2001)
probidade. §  11.   Em qualquer fase do processo, reconhecida a inade-
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conse- quação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o processo sem
lho de Contas poderá, a requerimento, designar representante para julgamento do mérito.        (Incluído pela Medida Provisória nº
acompanhar o procedimento administrativo. 2.225-45, de 2001)
§ 12.  Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas nos
Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a processos regidos por esta Lei o disposto no art. 221, caput e § 1o,
comissão representará ao Ministério Público ou à procuradoria do Código de Processo Penal.       (Incluído pela Medida Provisória
do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do nº 2.225-45, de 2001)
seqüestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido
ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público. Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de repa-
§ 1º O pedido de seqüestro será processado de acordo com o ração de dano ou decretar a perda dos bens havidos ilicitamente
disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil. determinará o pagamento ou a reversão dos bens, conforme o caso,
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.
exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações finan-
ceiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos CAPÍTULO VI
tratados internacionais. DAS DISPOSIÇÕES PENAIS

Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será pro- Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbida-
posta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, de contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor
dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar. da denúncia o sabe inocente.
§ 1º (Revogado pela Medida provisória nº 703, de 2015) Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está
§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as
sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou
ações necessárias à complementação do ressarcimento do patri-
à imagem que houver provocado.
mônio público.
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos
        § 3o  No caso de a ação principal ter sido proposta pelo
políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença
Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no § 3o do
condenatória.
art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965.         (Redação dada
Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa com-
pela Lei nº 9.366, de 1996)
petente poderá determinar o afastamento do agente público do
§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo como exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remune-
parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nu- ração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual.
lidade. Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe:
§ 5o  A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para         I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público,
todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma salvo quanto à pena de ressarcimento;         (Redação dada pela Lei
causa de pedir ou o mesmo objeto.       (Incluído pela Medida pro- nº 12.120, de 2009).
visória nº 2.180-35, de 2001) II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle
 § 6o  A ação será instruída com documentos ou justificação interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
que contenham indícios suficientes da existência do ato de impro- Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o Mi-
bidade ou com razões fundamentadas da impossibilidade de apre- nistério Público, de ofício, a requerimento de autoridade admi-
sentação de qualquer dessas provas, observada a legislação vigen- nistrativa ou mediante representação formulada de acordo com o
te, inclusive as disposições inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de disposto no art. 14, poderá requisitar a instauração de inquérito
Processo Civil.        (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, policial ou procedimento administrativo.
de 2001)
§ 7o  Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará au- CAPÍTULO VII
tuá-la e ordenará a notificação do requerido, para oferecer mani- DA PRESCRIÇÃO
festação por escrito, que poderá ser instruída com documentos e
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções pre-
justificações, dentro do prazo de quinze dias.        (Incluído pela
vistas nesta lei podem ser propostas:
Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001) I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de
§ 8o  Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, cargo em comissão ou de função de confiança;
em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da ine- II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica
xistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço
da inadequação da via eleita.(Incluído pela Medida Provisória nº público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego.
2.225-45, de 2001) III - até cinco anos da data da apresentação à administração
§ 9o  Recebida a petição inicial, será o réu citado para apresen- pública da prestação de contas final pelas entidades referidas no
tar contestação.       (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, parágrafo único do art. 1o desta Lei.         (Incluído pela Lei nº
de 2001) 13.019, de 2014)       (Vigência)

Didatismo e Conhecimento 65
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CAPÍTULO VIII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de


1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais disposições
em contrário.
Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da Independência e
104° da República.

FERNANDO COLLOR
Célio Borja

Este texto não substitui o publicado no DOU de 3.6.1992

Didatismo e Conhecimento 66
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Espera-se que um Plano de Negócio seja uma ferramenta ad-
1. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO ministrativa para o empreendedor expor suas ideias em uma lin-
: CONCEITOS, OBJETIVOS, EVOLUÇÃO guagem que os leitores do PN entendam e, principalmente, que
mostre viabilidade e probabilidade de sucesso em seu mercado.
HISTÓRICA, ORGANIZAÇÕES,
O Plano de negócios se aplica tanto no lançamento de novos em-
EFICIÊNCIA E EFICÁCIA. preendimentos quanto no planejamento de empresas maduras.
Com a elaboração de um Plano de Negócios é possível execu-
tar várias tarefas na empresa dentre elas pode-se destacar:
- Entender e estabelecer diretrizes para seu negócio;
- Gerenciar de forma mais eficaz a empresa e tomar decisões
Noções de administração: conceitos básicos; acertadas;
- Monitorar o dia-a-dia da empresa e tomar ações corretivas
Administração significa a maneira de governar organizações quando necessário;
ou parte delas. - Conseguir financiamentos e recursos junto a bancos, gover-
É o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de no, Sebrae, investidores, capitalistas de risco etc;
recursos organizacionais para alcançar determinados objetivos de - Identificar oportunidades e transformá-las em diferencial
maneira eficiente e eficaz. competitivo para a empresa; e
- Estabelecer uma comunicação interna eficaz na empresa e
Técnicas Administrativas são ferramentas utilizadas para a convencer o público externo (fornecedores, parceiros, clientes,
Eficácia dos Sistemas, com foco no desenvolvimento de Rotinas bancos, investidores etc.).
Funcionais.
São várias as ferramentas e técnicas administrativas dispo- As rotinas administrativas são as funções que o profissional
níveis na administração. Vamos abordar aquelas que são mais realiza dentro de uma empresa ou escritório, que são as seguintes:
corriqueiras em concursos públicos, como: Plano de Negócios, - Realizar a entrega de materiais diversos;
Administração de Marketing, Vendas, Qualidade, Comunicação, - Manter materiais e documentos organizados
Inteligência Emocional e Administração do Tempo. - Desenvolver e preparar expedientes administrativos sob
orientação dos superiores.
Plano de Negócios - Controlar a entrega e saída de materiais;
Plano de negócios é um documento usado para descrever um - Controlar o registro de frequência de funcionários;
empreendimento e o modelo de negócios que sustenta a empresa. - Inteirar dos serviços dos setores diversos da empresa visan-
Sua elaboração envolve um processo de aprendizagem e autoco- do orientar e facilitar a função de dados, documentos e outras soli-
nhecimento. E ainda, permite ao empreendedor situar-se no seu citações dos superiores;
ambiente de negócios. - Atuar como responsável fiscalizador pela manutenção da
O plano de negócios é uma ferramenta administrativa que ordem nos ambientes;
possui uma linguagem que descreve de forma completa o que é ou
- Operar equipamentos diversos como: e-mail, fax, máquina
o que pretende ser a empresa.
de xérox, projetor de multimídia;
Plano de Negócios é um documento pelo qual o empreende-
- Realizar e atender chamadas telefônicas;
dor formalizará os estudos a respeito de suas ideias transforman-
- Emitir notas fiscais, emitir contra-cheques de funcionários;
do-as num negócio.
- Realizar depósito de dinheiro.
A principal utilização do Plano de Negócios é a de prover
uma ferramenta de gestão para o planejamento e desenvolvimento
O Assistente Administrativo é o profissional que presta assis-
inicial de uma start-up. No entanto, o PN tem atingido notorie-
dade como instrumento de captação de recursos financeiros junto tência na área administrativa de uma empresa, auxiliando o ad-
a capitalistas de risco, principalmente no tocante às empresas de ministrador em suas atividades rotineiras e no controle de gestão
tecnologia e internet dos Estados Unidos. financeira, administração, organização de arquivos, gerência de
No PN estarão registrados o conceito do negócio, os riscos, informações, revisão de documentos entre outras atividades.
os concorrentes, o perfil da clientela, as estratégias de marketing, Um Assistente Administrativo controla os recebimentos e re-
bem como todo o plano financeiro que viabilizará o novo negócio. messas de correspondências e documentos, coordenando as ativi-
Além de ser um ótimo instrumento de apresentação do negócio dades administrativas, financeiras e de logística da unidade, orga-
para o empreendedor que procura sócio ou um investidor. nizando os arquivos e gerenciando informações.
Pode- se dizer que o plano de negócios é uma ferramenta que Está sob a responsabilidade de um Assistente Administrativo
explica a forma de pensar sobre o futuro dos negócios e o descre- receber e remessar correspondências e documentos, controlar as
ve. É mais um processo do que um produto. É um instrumento de contas a pagar, controlar os recebimentos da empresa, emitir notas
negociação interna e que é um instrumento que serve para obten- fiscais, preparar e encaminhar documentos, tirar cópias, coordenar
ção de financiamento. Essa ferramenta de gestão administrativa trabalho de logística da empresa, enviar documentos para o depar-
pode e deve ser usada por todo e qualquer empreendedor que quei- tamento contábil e fiscal, atender telefonemas e esclarecer dúvidas
ra transformar seu sonho em realidade, seguindo o caminho lógico sobre o financeiro, elaborar e apresentar relatório financeiro coor-
e racional que se espera de um bom administrador. denando o departamento de compras e sempre manter organizados
arquivos e cadastros da empresa.

Didatismo e Conhecimento 1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
O Assistente Administrativo deve estar em constante atuali- Tipos de organização; estruturas organizacionais;
zação relacionada à área ter conhecimentos de informática, além
de boa comunicação, responsabilidade, saber administrar bem o Estrutura organizacional é a forma pela qual as atividades
tempo, saber lidar com números, boa comunicação, boa memória, desenvolvidas por uma organização são divididas, organizadas e
bom humor, paciência e confiabilidade. coordenadas.

O Assistente Administrativo por ser um profissional que pres- ESTRUTURA FORMAL


ta assistência, se relaciona com toda a área relacionada à Adminis- Essa é a estrutura que a grande maioria das empresas adotam,
tração dentro de uma empresa. é a estrutura deliberadamente planejada, e formalmente represen-
É importante que as empresas mantenham todos os colabora- tada, em alguns aspectos, em organogramas.
dores informados sobre as mudanças de planejamento, lançamento Nessa fase, a definição de suas atribuições se torna mais cri-
de novos produtos ou serviços, alterações na rotina de trabalho, teriosa, ou seja, aqui a estrutura formal pode alcançar proporções
vagas de promoção e movimentações de setores, dentre outros. Em imensas.
uma empresa pequena essa tarefa pode ser descomplicada, mas em No desenvolvimento da estrutura formal deve-se considerar
uma grande multinacional é necessário um esforço muito maior, a os seus componentes, seus condicionantes e seus vários níveis de
seguir algumas dicas para fazer e divulgar um comunicado interno influência. Pois será, a partir de uma estrutura bem implementada
de maneira rápida e eficiente. que uma empresa irá alcançar seus objetivos estabelecidos.
A linguagem utilizada no comunicado interno deve ser objeti- Os principais fatores para a criação de uma estrutura formal
va e de fácil compreensão, quanto menos dificuldades de absorver empresarial são:
a informação os colaboradores obtiverem,mais rápido a empresa - Focar os objetivos estabelecidos pela empresa;
irá obter os resultados desejados. Existem diversos motivos para - Realizar atividades que podem chegar nesses objetivos;
divulgar um comunicado interno, dentre os já citados e que estão - Distribuir as funções administrativas para cada funcionário
relacionados á parte administrativa da empresa, se pode também desempenhar;
divulgar frases motivacionais,parabenizações por resultados obti- - Levar em consideração habilidades e limitações tecnológi-
dos, campanhas e gincanas para atingimento de metas, etc. cas;
A tecnologia deve ser uma grande aliada para as grandes em- - Tamanho da Empresa.
presas neste momento, pois com uma grande quantidade de fun-
cionários é mais difícil fazer com que todos recebam o comunica- E os componentes chaves para o bom funcionamento dessa
do. Duas alternativas excelentes são a intranet ou envio de e-mails formalidade são:
corporativos. A intranet é um canal de comunicação privado e - Sistema de Responsabilidade? que é constituído pela depar-
exclusivo para os funcionários da empresa, em que são publica- tamentalização, especialização.
dos os comunicados, treinamentos e informações sobre folha de - Sistema de Autoridade? nada mais é que a distribuição de
pagamento, dentre outros. Os funcionários podem receber indivi- poder;
dualmente um e mail corporativo, utilizado apenas para fins pro- - Sistema de Comunicação? é a interação entre todas as uni-
fissionais e que pode facilmente se tornar o meio de comunicação dades da empresa
mais fácil com a empregadora. Certamente são as duas melhores - Sistema de Decisão? que é ato de poder entender, e poder
opções para se divulgar um comunicado interno de forma rápida e definir e decidir uma ação solicitada.
sem muitos custos.
Empresas menores, que possuem uma baixa quantidade de Uma estrutura organizacional se resume, simplesmente, em
funcionários geralmente não possuem serviços de intranet ou e um organograma, que é um desenho gráfico onde mostra cada
mail corporativo, nesta situação os comunicados internos podem integrante de uma empresa se delegando a uma área especifica.
ser transmitidos pessoalmente através dos seus superiores ou em Podemos identificar num organograma simples de uma pequena
reuniões coletivas. empresa por exemplo, composta por: Presidência; Diretoria Ad-
Os cartazes também podem ser utilizados para transmitir as ministrativa; Diretoria Financeira e seus respectivos subordinados.
informações internas e devem ser posicionados em um lugar estra- A estrutura é a representação de um pequeno organograma,
tégico, de fácil visualização para todos os colaboradores e longe da mostrando a formalidade existente dentro de uma certa empresa.
vista de clientes caso se trate de uma empresa que presta serviços
e atenda pessoalmente o grande público. ORGANIZAÇÃO FORMAL
Os comunicados internos são fundamentais para manter um Hierarquia oficial como ela se apresenta no papel. Piramidal.
ambiente de trabalho transparente e agradável para todos, a ini-
ciativa de padronizar o conhecimento dos funcionários deve ser Status
levada em conta por todas as companhias do mercado, e cabe aos •Diferença entre operários e pessoal do escritório.
colaboradores também procurar por essas informações e absorve •Status medido pela opulência do escritório. Cada um em sua
-las da melhor maneira possível, contribuindo com o crescimento posição.
da empresa e com a própria carreira profissional. •Pessoas do mesmo departamento, juntas.

Autoridade e Poder:
• de cima para baixo

Didatismo e Conhecimento 2
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Ordens para baixo e informações para cima. Vantagem da grande empresa - resolver os problemas huma-
As informações sempre são relativas à produção e nunca em nos - solução de problemas, esquemas de participação, benéficos,
relação aos problemas humanos e ressentimentos. etc, dando segurança aos trabalhadores.
Informações relativas a assuntos pessoais circulam em forma Desvantagem – sua natureza impessoal, dificuldade de comu-
de cochichos. (não oficiais) nicação.
Comitês – tratar assuntos emocionais, pessoais e técnicos. Li-
mitam-se a tratar de assuntos e queixas triviais e formais. A estrutura de uma firma e sua organização influenciam o
Ressentimentos se manifestam: greves, sabotagens, absenteís- comportamento dos indivíduos e grupos. Assim como os atos in-
mo, etc. dividuais só podem ser compreendidos em relação ao grupo e o
comportamento de grupo só pode ser compreendido num contexto
Firma do tipo autoritário leva o trabalhador a um estado de de um grupo maior ao qual pertencem.
civilidade e disciplina superficial.
Trabalham na presença do “chefe”. Atmosfera de medo. Para se estudar pequenos grupos faz-se necessário o conheci-
Promoção mento das estruturas maiores. O grupo sofre influências de fatores
Gerentes promovem pessoas bem adaptadas ou que adotem
vindos de fora do mesmo.
seu ponto de vista. “Escolhidas” do gerente.
DEPARTAMENTALIZAÇÃO
Características das organizações formais
1. deliberadamente impessoal; É uma divisão do trabalho por especialização dentro da estru-
2. baseada em relações ideais; tura organizacional da empresa.
3. baseada na “hipótese da gentalha” sobre a natureza hu- Ou Departamentalização é o agrupamento, de acordo com um
mana. (a competição leva a máxima eficiência, luta de cada um por critério específico de homogeneidade, das atividades e correspon-
si leva a servir aos melhores interesses do grupo, homem unidade dente recursos (humanos, financeiros, materiais e equipamentos)
isolada que podem ser deslocadas de um trabalho para o outro...) em unidades organizacionais.
iguala o bem da organização com o bem dos indivíduos que a com- Existem diversas maneiras básicas pelas quais as organiza-
põem. ções decidem sobre a configuração organizacional que será usada
para agrupar as várias atividades. O processo organizacional de
Estrutura de trabalho determinar como as atividades devem ser agrupadas chama-se De-
• Organização em linha. partamentalização.
Divisão básica na estrutura de trabalho – baseada na autorida-
de – função definida (cada um tem um chefe e é responsável por Formas de Departamentalizar:
chefiar). 1- Função
Quanto maior o nível de estrutura maior a distância social. 2- Produto ou serviço
• Organização funcional. 3- Território
Baseada no tipo de trabalho a ser feito. Na subdivisão do tra- 4- Cliente
balho. 5- Processo
Status de função. Fonte de conflito. (mesma linha hierárquica, 6- Projeto
importância do trabalho) 7- Matricial
• Organização do estado-maior. 8- Mista
Fundamentada na especialização.
Posição de aconselhamento – não possuem autoridade na or- Deve-se notar, no entanto, que a maioria das organizações
ganização. usam uma abordagem da contingência à Departamentalização:
Podem ser integradas na organização em linha.
isto é, a maioria usará mais de uma destas abordagens usadas em
algumas das maiores organizações. A maioria usa a abordagem
FRAQUEZAS NA TEORIA DA ORGANIZAÇÃO FOR-
MAL funcional na cúpula e outras nos níveis mais baixos.
• Problemas de coordenação ►deficiências na comunicação
devido ao fator tempo, espaço e as divisões naturais da estrutura. DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR FUNÇÕES
• Tempo ►pouco contato entre turnos e pessoas, proble- A Departamentalização funcional agrupa funções comuns ou
mas são deixados para o outro turno, vagas trocas de informações. atividades semelhantes para formar uma unidade organizacional.
• Espaço ►unidades podem estar amplamente separadas, Assim todos os indivíduos que executam funções semelhantes fi-
quanto maior a separação maior dificuldade de coordenação. Dis- cam reunidos, todo o pessoal de vendas, todo o pessoal de contabi-
tância espacial tende a levar distância social. lidade, todo o pessoal de secretaria, todas as enfermeiras, e assim
• Divisões da estrutura ►funções diferentes, vários departa- por diante.
mentos na mesma linha horizontal – difícil o membros de um nível A Departamentalização funcional pode ocorrer em qualquer
apreciar o trabalho de outro nível. nível e é normalmente encontrada muito próximo à cúpula.
Vantagens: As vantagens principais da abordagem funcional
A organização formal não pode ser eliminada; é inevitável e são:
essencial, pois nenhuma organização pode ser compreendida sem • Mantém o poder e o prestígio das funções principais
o conhecimento da organização formal, é quase impossível tam- • Cria eficiência através dos princípios da especialização.
bém compreendê-la apenas nessa base. • Centraliza a perícia da organização.

Didatismo e Conhecimento 3
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
• Permite maior rigor no controle das funções pela alta admi- DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR CLIENTE
nistração. A Departamentalização de cliente consiste em agrupar as
• Segurança na execução de tarefas e relacionamento de co- atividades de tal modo que elas focalizem um determinado uso
legas. do produto ou serviço. A Departamentalização de cliente é usada
• Aconselhada para empresas que tenham poucas linhas de principalmente no grupamento de atividade de vendas ou serviços.
produtos. As lojas de departamentos, por exemplo, podem ter uma seção
para o grupo dos catorze aos vinte anos, uma seção para gestan-
Desvantagens: Existem também muitas desvantagens na abor- tes ou uma seção de roupas masculinas sociais, sem mencionar os
dagem funcional. departamentos para bebês e crianças. Em cada caso, o esforço de
• Entre elas podemos dizer: vendas pode concentrar-se nos atributos e necessidades especificas
• A responsabilidade pelo desempenho total está somente na
do cliente.
cúpula.
A principal vantagem da Departamentalização de cliente é a
• Cada gerente fiscaliza apenas uma função estreita
• O treinamento de gerentes para assumir a posição no topo é adaptabilidade uma determinada clientela.
limitado. As desvantagens são:
• A coordenação entre as funções se torna complexa e mais • Dificuldade de coordenação.
difícil quanto à organização em tamanho e amplitude. • Subutilização de recursos e concorrência entre os gerentes
• Muita especialização do trabalho. para concessões especiais em benefício de seus próprios clientes.

DEPARTAMENTALIZAÇÃO DE PRODUTO DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR PROCESSO OU


É feito de acordo com as atividades inerentes a cada um dos EQUIPAMENTO
produtos ou serviços da empresa. É o agrupamento de atividades que se centralizam nos proces-
Exemplos de Departamentalização de produto: sos de produção ou equipamento. É encontrada com mais frequên-
1- Lojas de departamentos cia em produção.
2- A Ford Motor Company tem as suas divisões Ford, Mer- As atividades de uma fábrica podem ser grupadas em perfu-
cury e Lincoln Continental. ração, esmerilamento, soldagem, montagem e acabamento, cada
3- Um hospital pode estar agrupado por serviços prestados, qual em seu departamento.
como cirurgia, obstetrícia, assistência coronariana. Você perceberá uma modificação deste agrupamento organi-
Vantagens: Algumas das vantagens da Departamentalização zacional quando comprar um hamburguer em um restaurante de
de produtos são:
serviço rápido. Note que algumas pessoas estão assando a carne,
• Pode-se dirigir atenção para linhas especificas de produtos
ou serviços. outras estão fritando as batatas, e outras preparando a bebida.
• A coordenação de funções ao nível da divisão de produto Usualmente há um anotador de pedidos que também recebe o pa-
torna-se melhor. gamento e compõe o pedido.
• Pode-se atribuir melhor a responsabilidade quanto ao lucro. Vantagens:
• Facilita a coordenação de resultados. • Maior especialização de recursos alocados.
• Propicia a alocação de capital especializado para cada grupo • Possibilidade de comunicação mais rápida de informações
de produto. técnicas.
• Propicia condições favoráveis para a inovação e criatividade.
Desvantagens:
Desvantagens: • Possibilidade de perda da visão global do andamento do pro-
• Exige mais pessoal e recursos de material, podendo daí re- cesso.
sultar duplicação desnecessária de recursos e equipamento. • Flexibilidade restrita para ajustes no processo.
• Pode propiciar o aumento dos custos pelas duplicidades de
atividade nos vários grupos de produtos. DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR PROJETO
• Pode criar uma situação em que os gerentes de produtos se Aqui as pessoas recebem atribuições temporárias, uma vez
tornam muito poderosos, o que pode desestabilizar a estrutura da que o projeto tem data de inicio e término. Terminado o projeto as
empresa.
pessoas são deslocadas para outras atividades.
Por exemplo: uma firma contábil poderia designar um sócio
DEPARTAMENTALIZAÇÃO TERRITORIAL
Algumas vezes mencionadas como regional, de área ou geo- (como administrador de projeto), um contador sênior, e três con-
gráfica. É o agrupamento de atividades de acordo com os lugares tadores juniores para uma auditoria que está sendo feita para um
onde estão localizadas as operações. Uma empresa de grande porte cliente.
pode agrupar suas atividades de vendas em áreas do Brasil como Uma empresa manufatureira, um especialista em produção,
a região Nordeste, região Sudeste, e região Sul. Muitas vezes as um engenheiro mecânico e um químico poderiam ser indicados
filiais de bancos são estabelecidas desta maneira. para, sob a chefia de um administrador de projeto, completar o
As vantagens e desvantagens da Departamentalização terri- projeto de controle de poluição.
torial são semelhantes às dadas para a Departamentalização de Em cada um destes casos, o administrador de projeto seria
produto. Tal grupamento permite a uma divisão focalizar as neces- designado para chefiar a equipe, com plena autoridade sobre seus
sidades singulares de sua área, mas exige coordenação e controle membros para a atividade específica do projeto.
da administração de cúpula em cada região.

Didatismo e Conhecimento 4
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
DEPARTAMENTALIZAÇÃO DE MATRIZ Hoje, em qualquer tipo de empresa, existe as estruturas infor-
A Departamentalização de matriz é semelhante à de projeto, mais. É errado pensar na hipótese de que grupos informais apenas
com uma exceção principal. No caso da Departamentalização de se formam dentro de um grupo religioso, ou até mesmo dentro de
matriz, o administrador de projeto não tem autoridade de linha uma sala de aula, muitas estruturas informais existem dentro de
sobre os membros da equipe. Em lugar disso, a organização do grandes empresas, e apresentam diferentes níveis de atuação.
administrador de projeto é sobreposta aos vários departamentos Os lideres dos grupos informais surgem por várias causas,
funcionais, dando a impressão de uma matriz. como por exemplo:
A organização de matriz proporciona uma hierarquia que res- - Idade;
ponde rapidamente às mudanças em tecnologia. Por isso, é tipica- - Competência;
mente encontrada em organização de orientação técnica, como a - Localização no Trabalho;
Boeing, General Dynamics, NASA e GE onde os cientistas, enge- - Conhecimento;
nheiros, ou especialistas técnicos trabalham em projetos ou pro- - Personalidade;
gramas sofisticados. Também é usada por empresas com projetos - Comunicação;
de construção complexos - Dentre varias outras situações.
Vantagens: Permitem comunicação aberta e coordenação de
atividades entre os especialistas funcionais relevantes. Capacita a Vale lembrar que a estrutura informal é um bom lugar para
organização a responder rapidamente à mudança. São abordagens lideres formais se desenvolverem, porem nem sempre um grande
orientadas para a tecnologia. líder informal será um grande líder formal, pois eles podem falhar
Desvantagens: Pode haver choques resultantes das priorida- com o medo da responsabilidade formal.
des. Algumas vezes, a estrutura informal se torna uma força nega-
tiva dentro da empresa, porém se a administração conseguir conci-
A MELHOR FORMA DE DEPARTAMENTALIZAR liar e/ou integrar os grupos formais com os informais, haverá uma
Para evitar problemas na hora de decidir como departamenta- harmonização nas tarefas, o que ai sim, se torna uma condição
lizar, pode-se seguir certos princípios: favorável de rendimento e produção.
• Princípio do maior uso – o departamento que faz maior uso Sendo assim a estrutura informal possui algumas vantagens
de uma atividade deve tê-la sob sua jurisdição. como por exemplo:
• Principio do maior interesse – o departamento que tem maior - Rapidez no processo;
interesse pela atividade deve supervisiona-la. - Redução de comunicação entre chefe e empregado;
• Principio da separação e do controle – As atividades do con- - Motiva e integra os grupos de trabalho.
trole devem estar separadas das atividades controladas. Contudo, possui suas desvantagens:
• Principio da supressão da concorrência – Eliminar a con- - Desconhecimento de chefia;
corrência entre departamentos, agrupando atividades correlatas no - Dificuldade de controle;
mesmo departamento. - Atrito entre pessoas.

Outro critério básico para departamentalização está baseado Com tudo isso, podemos notar que, se um executivo astuto
na diferenciação e na integração, os princípios são: sabe muito bem conciliar esse tipo de informalidade na sua estru-
• Diferenciação, cujo princípio estabelece que as atividades tura organizacional
diferentes devem ficar em departamentos separados. A diferencia-
ção ocorre quando:
• O fator humano é diferente,
• A tecnologia e a natureza das atividades são diferentes, 2. NOÇÕES DO PROCESSO
• Os ambientes externos são diferentes, ADMINISTRATIVO: PLANEJAMENTO,
• Os objetivos e as estratégias são diferentes.
ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO E CONTROLE.
A integração – Quanto mais atividades trabalham integradas,
maior razão para ficarem no mesmo departamento.
Fatores de integração são:
• Necessidade de coordenação. Administração significa a maneira de governar organizações
ou parte delas.
DEPARTAMENTALIZAÇÃO MISTA É o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de
É o tipo mais frequente, cada parte da empresa deve ter a es- recursos organizacionais para alcançar determinados objetivos de
trutura que mais se adapte à sua realidade organizacional. maneira eficiente e eficaz.

ESTRUTURA INFORMAL Técnicas Administrativas são ferramentas utilizadas para a


Esse tipo de estrutura se consiste numa rede de relações so- Eficácia dos Sistemas, com foco no desenvolvimento de Rotinas
ciais e pessoais que não é estabelecida formalmente, ou seja, a Funcionais.
estrutura surge da interação entre as pessoas, desenvolvendo-se São várias as ferramentas e técnicas administrativas dispo-
espontaneamente quando as pessoas se reúnem entre si. níveis na administração. Vamos abordar aquelas que são mais
A informalidade, é geralmente, mais instável, pois está sujeita corriqueiras em concursos públicos, como: Plano de Negócios,
aos sentimentos pessoais, pois se trata de uma natureza mais sub- Administração de Marketing, Vendas, Qualidade, Comunicação,
jetiva, ela não possui uma direção certa e obrigatória. Inteligência Emocional e Administração do Tempo.

Didatismo e Conhecimento 5
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Plano de Negócios • Controlar a entrega e saída de materiais;
Plano de negócios é um documento usado para descrever um • Controlar o registro de frequência de funcionários;
empreendimento e o modelo de negócios que sustenta a empresa. • Inteirar dos serviços dos setores diversos da empresa visan-
Sua elaboração envolve um processo de aprendizagem e autoco- do orientar e facilitar a função de dados, documentos e outras soli-
nhecimento. E ainda, permite ao empreendedor situar-se no seu citações dos superiores;
ambiente de negócios. • Atuar como responsável fiscalizador pela manutenção da
O plano de negócios é uma ferramenta administrativa que ordem nos ambientes;
possui uma linguagem que descreve de forma completa o que é ou • Operar equipamentos diversos como: e-mail, fax, máquina
o que pretende ser a empresa. de xérox, projetor de multimídia;
Plano de Negócios é um documento pelo qual o empreende- • Realizar e atender chamadas telefônicas;
dor formalizará os estudos a respeito de suas ideias transforman- • Emitir notas fiscais, emitir contra-cheques de funcionários;
do-as num negócio. • Realizar depósito de dinheiro.
A principal utilização do Plano de Negócios é a de prover O Assistente Administrativo é o profissional que presta assis-
uma ferramenta de gestão para o planejamento e desenvolvimento tência na área administrativa de uma empresa, auxiliando o ad-
inicial de uma start-up. No entanto, o PN tem atingido notorie- ministrador em suas atividades rotineiras e no controle de gestão
dade como instrumento de captação de recursos financeiros junto financeira, administração, organização de arquivos, gerência de
a capitalistas de risco, principalmente no tocante às empresas de informações, revisão de documentos entre outras atividades.
tecnologia e internet dos Estados Unidos. Um Assistente Administrativo controla os recebimentos e re-
No PN estarão registrados o conceito do negócio, os riscos, messas de correspondências e documentos, coordenando as ativi-
os concorrentes, o perfil da clientela, as estratégias de marketing, dades administrativas, financeiras e de logística da unidade, orga-
bem como todo o plano financeiro que viabilizará o novo negócio. nizando os arquivos e gerenciando informações.
Além de ser um ótimo instrumento de apresentação do negócio Está sob a responsabilidade de um Assistente Administrativo
para o empreendedor que procura sócio ou um investidor. receber e remessar correspondências e documentos, controlar as
Pode- se dizer que o plano de negócios é uma ferramenta que contas a pagar, controlar os recebimentos da empresa, emitir notas
explica a forma de pensar sobre o futuro dos negócios e o descre- fiscais, preparar e encaminhar documentos, tirar cópias, coordenar
ve. É mais um processo do que um produto. É um instrumento de trabalho de logística da empresa, enviar documentos para o depar-
negociação interna e que é um instrumento que serve para obten- tamento contábil e fiscal, atender telefonemas e esclarecer dúvidas
ção de financiamento. Essa ferramenta de gestão administrativa sobre o financeiro, elaborar e apresentar relatório financeiro coor-
pode e deve ser usada por todo e qualquer empreendedor que quei- denando o departamento de compras e sempre manter organizados
ra transformar seu sonho em realidade, seguindo o caminho lógico arquivos e cadastros da empresa.
e racional que se espera de um bom administrador. O Assistente Administrativo deve estar em constante atuali-
Espera-se que um Plano de Negócio seja uma ferramenta ad- zação relacionada à área ter conhecimentos de informática, além
ministrativa para o empreendedor expor suas ideias em uma lin- de boa comunicação, responsabilidade, saber administrar bem o
guagem que os leitores do PN entendam e, principalmente, que tempo, saber lidar com números, boa comunicação, boa memória,
mostre viabilidade e probabilidade de sucesso em seu mercado. bom humor, paciência e confiabilidade.
O Plano de negócios se aplica tanto no lançamento de novos em- O Assistente Administrativo por ser um profissional que pres-
preendimentos quanto no planejamento de empresas maduras. ta assistência, se relaciona com toda a área relacionada à Adminis-
tração dentro de uma empresa.
Com a elaboração de um Plano de Negócios é possível execu- É importante que as empresas mantenham todos os colabora-
tar várias tarefas na empresa dentre elas pode-se destacar: dores informados sobre as mudanças de planejamento, lançamento
- Entender e estabelecer diretrizes para seu negócio; de novos produtos ou serviços, alterações na rotina de trabalho,
- Gerenciar de forma mais eficaz a empresa e tomar decisões vagas de promoção e movimentações de setores, dentre outros. Em
acertadas; uma empresa pequena essa tarefa pode ser descomplicada, mas em
- Monitorar o dia-a-dia da empresa e tomar ações corretivas uma grande multinacional é necessário um esforço muito maior, a
quando necessário; seguir algumas dicas para fazer e divulgar um comunicado interno
- Conseguir financiamentos e recursos junto a bancos, gover- de maneira rápida e eficiente.
no, Sebrae, investidores, capitalistas de risco etc; A linguagem utilizada no comunicado interno deve ser objeti-
- Identificar oportunidades e transformá-las em diferencial va e de fácil compreensão, quanto menos dificuldades de absorver
competitivo para a empresa; e a informação os colaboradores obtiverem, mais rápido a empresa
- Estabelecer uma comunicação interna eficaz na empresa e irá obter os resultados desejados. Existem diversos motivos para
convencer o público externo (fornecedores, parceiros, clientes, divulgar um comunicado interno, dentre os já citados e que estão
bancos, investidores etc.). relacionados á parte administrativa da empresa, se pode também
divulgar frases motivacionais, parabenizações por resultados obti-
As rotinas administrativas são as funções que o profissional dos, campanhas e gincanas para atingimento de metas, etc.
realiza dentro de uma empresa ou escritório, que são as seguintes: A tecnologia deve ser uma grande aliada para as grandes em-
• Realizar a entrega de materiais diversos; presas neste momento, pois com uma grande quantidade de fun-
• Manter materiais e documentos organizados cionários é mais difícil fazer com que todos recebam o comunica-
• Desenvolver e preparar expedientes administrativos sob do. Duas alternativas excelentes são a intranet ou envio de e-mails
orientação dos superiores. corporativos. A intranet é um canal de comunicação privado e

Didatismo e Conhecimento 6
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
exclusivo para os funcionários da empresa, em que são publica- mas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Admi-
dos os comunicados, treinamentos e informações sobre folha de nistração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção
pagamento, dentre outros. Os funcionários podem receber indivi- dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins
dualmente um email corporativo, utilizado apenas para fins pro- da Administração.
fissionais e que pode facilmente se tornar o meio de comunicação
mais fácil com a empregadora. Certamente são as duas melhores PLANEJAMENTO
opções para se divulgar um comunicado interno de forma rápida e
sem muitos custos. É a primeira das funções, já que servirá de base diretora à
Empresas menores, que possuem uma baixa quantidade de operacionalização das outras funções.
funcionários geralmente não possuem serviços de intranet ou Estabelece os objetivos, especificando a forma como serão al-
email corporativo, nesta situação os comunicados internos podem cançados. Parte de uma sondagem do futuro, desenvolvendo um
ser transmitidos pessoalmente através dos seus superiores ou em plano de ações para atingir as metas traçadas. É a função admi-
reuniões coletivas. nistrativa que define objetivos e decide sobre os recursos e tarefas
Os cartazes também podem ser utilizados para transmitir as necessários para alcançá-los adequadamente.
informações internas e devem ser posicionados em um lugar estra- De forma resumida, podemos dizer que a função do Plane-
tégico, de fácil visualização para todos os colaboradores e longe da jamento é antever o futuro, trazer para o presente o que se quer
vista de clientes caso se trate de uma empresa que presta serviços
atingir como meta.
e atenda pessoalmente o grande público.
A principal decorrência do Planejamento são os Planos. Estes
Os comunicados internos são fundamentais para manter um
facilitam no alcance das metas e objetivos do Planejamento. Fun-
ambiente de trabalho transparente e agradável para todos, a ini-
ciativa de padronizar o conhecimento dos funcionários deve ser cionam também como guias para assegurar os seguintes aspectos:
levada em conta por todas as companhias do mercado, e cabe aos 1. Definem recursos – materiais, humanos, financeiros, tecno-
colaboradores também procurar por essas informações e absorvê lógicos, ambientais, etc.
-las da melhor maneira possível, contribuindo com o crescimento 2. Integrar os vários objetivos a serem alcançados, com vistas
da empresa e com a própria carreira profissional. à coordenação e integração.
3. Permitem que as pessoas trabalhem em diferentes ativida-
PLANEJAMENTO E FERRAMENTAS des.
4. Dão racionalidade ao processo.
A Administração, em seus primórdios – introdução do estudo 5. Permitem monitorar e avaliar o processo.
científico (Henry Fayol) –, definiu 5 funções básicas, no final do
século IX, atrelados à Teoria da Administração Clássica. Passos/Processos do Planejamento
• Planejar O Planejamento é constituído de forma sequencial de 6 pas-
• Organizar sos:
• Coordenar 1. Definição de objetivos
• Comandar 2. Verificar qual a situação atual em relação aos objetivos
• Controlar 3. Desenvolver premissas quanto às condições futuras – quan-
to mais pessoas estiverem atuando na elaboração e compreensão
Entretanto, com a evolução nos estudos, por volta dos anos do Planejamento e quanto mais se obter envolvimento para utilizar
50 (século XX), surgiu a Teoria Neoclássica da Administração, premissas consistentes, tanto mais coordenado será o Planejamen-
cuja proposição era retomar as abordagens da Teoria Clássica com to.
“roupagem” diferente, dando destaque em: 4. Alternativas de ação
• ênfase na prática da administração; 5. Escolha de uma ação dentre a cesta de ações
• reafirmação relativa das proposições clássicas; 6. Implementar o plano e avaliar os resultados
• ênfase nos princípios gerais de gestão;
• ênfase nos objetivos e resultados.
Todos os passos/processos do Planejamento devem considerar
suas viabilidades e aceitação pelos envolvidos no Planejamento
A Teoria Neoclássica redefiniu as funções básicas da Admi-
(colaboradores).
nistração ao aglutinar as funções “Coordenar” e “Comandar”,
dando-lhes outra nomenclatura: Dirigir. Portanto, as funções da
Administração na Teoria Neoclássica passaram a ser: Filosofia do Planejamento
• Planejar De forma ontológica (essência), o Planejamento está subor-
• Organizar dinado a filosofia de ação. Diz-se que o Planejamento é a ação do
• Dirigir pensamento.
• Controlar 1a – Planejamento Conservador – Voltado para a estabilidade e
para a manutenção da situação existente. As decisões são tomadas
Tanto na Teoria Clássica, quanto na Neoclássica, as funções no sentido de obter bons resultados, mas não necessariamente os
da Administração estão ligadas ao Processo Administrativo (PA). melhores possíveis. Está mais preocupado em identificar e sanar
Aqui, o PA é totalmente desassociado do Processo Administrativo deficiências e problemas internos do que explorar oportunidades
Disciplinar (PAD) contido na Lei N°. 9784/99, que estabelece nor- ambientais futuras.

Didatismo e Conhecimento 7
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
2a – Planejamento Otimizante – Voltado para a adaptabilidade e inovação. As decisões são tomadas no sentido de obter os melhores
resultados possíveis, seja minimizando recursos, seja maximizando o desempenho. Em geral, está baseado na preocupação em melhorar as
práticas atualmente vigentes. Sua base é incremental (melhora contínua).
3a – Planejamento Adaptativo – Voltado para as contingências e para os diferentes interesses envolvidos. Sua base é aderente no sentido
de ajustar-se às demandas ambientais e preparar-se para as futuras contingências.

Vantagens do Planejamento
• Aumento do foco e da flexibilidade – Orientado para resultados, para prioridades, para vantagens e para mudanças.
• Melhoria na coordenação – Hierarquia de objetivos é uma série de objetivos interligados juntos de modo que os objetivos em níveis
mais elevados são apoiados e suportados por objetivos de nível mais baixo. Os objetivos hierarquizados criam uma rede integrada de cadeias
de meios-fins.
• Melhoria no controle – Avaliação dos resultados do desempenho e a tomada de ação corretiva para melhorar as coisas quando neces-
sário.
• Administração do tempo

Tipos de Planejamento
São 3 os tipos de Planejamento: Estratégico, Tático e Operacional. Cada um desses tipos está associado ao nível organizacional, ao
conteúdo, ao tempo e à amplitude. Dessa forma, a tabela abaixo retrata de maneira fidedigna o entrelaçamento dessas variáveis.

NÍVEL ORGANIZACIONAL TIPO DE PLANEJAMENTO CONTEÚDO TEMPO AMPLITUDE


Macroorientado
Institucional Estratégico Genérico e Sintético Longo Prazo (aborda a organização
como um todo)
Aborda cada unidade
Menos genérico e
Intermediário Tático Médio Prazo organizacional em
mais detalhado
separado
Microorientado
Operacional Operacional Detalhado e analítico Curto Prazo (aborda cada operação
em separado)

O Planejamento Estratégico está relacionado à adaptação em um ambiente mutável. Portanto, sujeito à incerteza a respeito dos
eventos ambientais. Está orientado para o futuro e é compreensivo, ou seja, envolve a totalidade dos envolvidos, abarcando todos os seus
recursos. Constrói consenso e é uma forma de aprendizagem (aprende-se com os erros de planejamento).

O Planejamento Tático envolve-se com o nível intermediário de uma organização: um departamento ou divisão. Envolvem:
• Planos de produção
• Planos financeiros
• Planos de marketing
• Planos de RH
• Planos tecnológicos

Atenção: As Políticas constituem exemplos de planos táticos. Funcionam como orientações para tomadas de decisão e definem limites
e fronteiras dentro dos quais as pessoas podem tomar suas decisões. Dessa forma, as Políticas são, em certo ponto, limitadores do grau de
liberdade para a tomada de decisão. Especifica como os funcionários deverão se comportar frente ao seu conteúdo.
O Planejamento Operacional está inserido na lógica de sistema fechado, voltada para a otimização e maximização de resultados. Seu
foco é a busca da eficiência (ênfase nos meios). Classificam-se em 4 tipos:
• Procedimentos
• Orçamentos
• Programas – ou programações estão relacionadas ao tempo e as atividades.

Os cronogramas constituem os mais importantes tipos de programas. Entretanto, há outros como o gráfico Gantt (colunas predetermi-
nadas em semanas) e o PERT (Program Evaluation Review Technique – sistema lógico baseado em 5 elementos principais: 1° - rede básica,
subdividida em eventos, atividades e relações; 2° - alocação de recursos; 3° - considerações de tempo e de espaço; 4° - rede de caminhos;
e 5° caminhos críticos). O PERT permite acompanhar e avaliar o progresso dos programas e projetos em relação aos padrões de tempo
predeterminados, constituindo também um esquema de controle e avaliação. Facilita a localização de desvios e indica as ações corretivas
necessárias em tempo mínimo.

Didatismo e Conhecimento 8
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Matriz SWOT • Desejado ou Normativos: é a expressão do futuro baseada
O Planejamento em geral e a análise SWOT em particular ti- na vontade (factível) de uma coletividade, refletindo seus anseios
veram suas origens na Academia de Políticas e Negócios da Har- e expectativas.
vard Business Schools e na American Business Schools no anos
60. O Planejamento utiliza a estratégia, contida nos planos,  para Outras abordagens à construção de cenários:
atingir os objetivos traçados. Dessa forma, o uso da Matriz SWOT
é uma ferramenta da escola de Planejamento com vistas a identifi- Lógica Indutiva - a essência desta abordagem está em encon-
car os pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças. Em trar meios de mudar o pensamento dos gestores de modo que con-
inglês, SWOT (Strenghts, Weaknesses, Opportunities, Threats). sigam antecipar o futuro e preparar a organização para este futuro.
Isto é feito através da criação de um conjunto de histórias sobre o
A escola da estratégia envolve 3 análises: futuro, coerentes e realistas, para testar os planos e os projetos de
negócios, incitando o debate público e a convergência de opiniões.
1a – Análise Macroambientais    Esta abordagem pressupõe que a tomada de decisões da organiza-
Político-Legal
ção é baseada em um conjunto complexo de relações entre fatores
Econômico
econômicos, tecnológicos, sociais e políticos.
Tecnológico
A maioria destes fatores são externos à organização, mas
Sociais
devem ser entendidos para melhorar as decisões relativas ao de-
2a – Setor em que se opera senvolvimento de produtos, expansão de capacidade e estratégias
Ameaça de novos concorrentes que ingressam no setor; organizacionais. Alguns dos fatores são precisos, quantitativos e
A intensidade da rivalidade entre os concorrentes existentes; de certo modo previsíveis. A análise de cenários é um meio de
A ameaça de produtos ou serviços substitutos; avaliar riscos, antecipar os momentos–chave de mudança e iden-
O poder de barganha dos clientes; tificar trade-off entre as metas da organização. O ponto forte desta
O poder de barganha dos fornecedores. abordagem é sua habilidade em desenvolver cenários flexíveis e
consistentes sob uma perspectiva intuitiva, dispensando modelos
3a – Organização em si matemáticos de difícil adaptação em certas organizações.
Recursos
• Humanos (experiência, capacidades, conhecimentos, habili- Análise dos Impactos Tendenciais - esta abordagem enfo-
dades, e julgamento de todos os funcionários da empresa); ca o efeito de determinados eventos nas tendências das variáveis
• Organizacionais (os sistemas e processos da empresa); analisadas, em um dado período de tempo. Ao contrário da Lógica
• Físicos (instalações equipamentos, localização geográfica, Intuitiva que procura perturbações e rupturas de tendências, este
acesso a matérias-primas, rede de distribuição e tecnologia) método procura capturar as tendências, extrapolá-las e verificar os
efeitos de certos eventos relevantes na evolução da tendência.
A análise do ambiente possui os seguintes objetivos: Esta abordagem une métodos tradicionais de previsão como
• Conhecer as forças e fraquezas da organização (variáveis análises de séries de tempo e econometria com fatores qualitati-
internas e controláveis). vos, forçando o usuário a identificar explicitamente os eventos que
• Identificar oportunidades e ameaças (variáveis externas e influenciam a variável analisada e avaliar as probabilidades de sua
incontroláveis). ocorrência e de seus impactos. Este método não verifica possíveis
• Correlacionar os pontos fortes e fracos com as oportunida- efeitos de uma variável sobre a outra.
des e ameaças.
Análise de Impactos Cruzados -  é uma técnica para analisar
Construção de Cenários
sistemas complexos e se concentra no estudo dos modos que as
forças internas ou externas de uma empresa podem interagir pro-
A função Planejamento pode e deve se valer da construção
duzindo efeitos maiores que a soma de suas partes e na análise da
cenários. Trata-se de ensaios que visam incluir o Planejamento em
ampliação de uma única força através de feedbacks. Este método
condições específicas, de forma a dar-lhe dimensões semi verda-
deiras. Condições semi verdadeiras refere-se a um certo grau de tem sido útil em ambientes onde é possível identificar forças do-
subjetividade que os cenários trazem. Ao tentar definir cenários minantes e modelá-las, facilitando o entendimento dos gestores. É
para o Planejamento, perguntamo-nos: caso uma das variáveis seja um modelo matemático que apresenta como resultado final um ce-
alterada, qual o novo resultado do novo cenário? nário estático, exigindo do administrador a capacidade de imaginar
Não há limites de cenários, pois estes variam de acordo com um caminho entre cenário projetado e estado atual da ambiência
as variáveis que as organizações estão inseridas, os aspectos cul- ou empresa.
turais, as pessoas que contribuirão na realização do Planejamento, Atualmente, as organizações trabalham em contextos de in-
dentre outros aspectos. Esse dinamismo dá caráter indefinido do certezas e constantes alterações. Isso leva os gestores a trabalha-
número de cenários. rem em abordagens projetivas, pois são mais flexíveis e de fáceis
alterações. Já a abordagem projetiva requer ambientes estáveis,
Os cenários podem conter duas abordagens ou categorias: sem alterações significativas de sua forma.
• Exploratória: começando de tendência do passado e do pre-
sente e levando para futuros prováveis.

Didatismo e Conhecimento 9
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
ORGANIZAÇÃO DIREÇÃO
 
A palavra organização pode assumir vários significados: Está relacionada com a maneira pela qual os objetivos devem
a) Organização como uma entidade social: Uma organização ser alcançados através da atividade das pessoas e da aplicação dos
social dirigida para objetivos específicos e deliberadamente estru- recursos que compõem a organização.
turada. A organização é uma entidade social porque é constituída Direção é a atividade consistente em conduzir e coordenar
por pessoas. É dirigida para objetivos porque é desenhada para o pessoal na execução de um plano previamente elaborado. As-
alcançar resultados, como gerar lucros, proporcionar satisfação sim, dirigir uma organização pública ou privada significa dominar
social, etc. É deliberadamente estruturada pelo fato que o trabalho a habilidade de conseguir que os seus subordinados executem as
é dividido e seu desempenho é atribuído aos membros da orga- tarefas para as quais foram designados por força do cargo (setor
nização. Nesse sentido, a palavra organização significa qualquer público) ou por força do contrato de trabalho (setor privado).
empreendimento humano moldado intencionalmente par atingir Os meios normalmente utilizados para o desempenho de uma
determinados objetivos. Essa definição é aplicável a todos os ti- direção eficaz são: a) ordens e instruções, b) motivação, c) comu-
pos de organizações, sejam elas lucrativas ou não, como empresas, nicação e d) liderança, sendo que um bom gestor sabe que os me-
bancos, financeiras, hospitais, clubes, igrejas etc. Dentro desse lhores resultados de gestão surgirão do uso combinado delas.
ponto de vista, a organização pode ser visualizada sob dois aspec- Ou seja, não basta dar ordens e instruções, é preciso saber
tos distintos: motivar seus subordinados na execução das tarefas. E isso se faz,
• Organização formal: É a organização baseada em uma divi- por exemplo, através de uma comunicação eficiente entre chefe e
são de trabalho racional que especializa órgãos e pessoas em de- subordinado. É preciso dizer à equipe o motivo pelo qual aquele
terminadas atividades. É, portanto, a organização planejada ou a determinado trabalho é importante para a organização. Estes con-
organização que está definida no organograma, sacramentada pela ceitos, apesar de simples, são comumente esquecidos pelos diri-
direção e comunicada a todos por meio dos manuais de organiza- gentes de organizações públicas e privadas, trazendo-lhes sérios
ção. É a organização formalizada oficialmente. prejuízos financeiros e operacionais a curto prazo sem falar na per-
• Organização Informal: É a organização que emerge espon- da da credibilidade do trabalho executado pelo gestor perante seus
tânea e naturalmente entre as pessoas que ocupam posições na or- subordinados, pares e superiores.
ganização formal e a partir dos relacionamentos humanos como
ocupantes de cargos. Forma-se a partir das relações de amizade e CONTROLE
do surgimento de grupos informais que não aparecem no organo-
grama ou em qualquer outro documento formal. Controlar significa garantir que o planejamento seja bem exe-
cutado e que os objetivos estabelecidos sejam alcançados da me-
b) Organização como função administrativa e parte integrante lhor maneira possível.
do processo administrativo: Nesse sentido, organização significa  A função administrativa de controle está relacionada com a
o ato de organizar, estruturar e integrar os recursos e os órgãos maneira pela qual os objetivos devem ser alcançados através da
incumbidos de sua administração e estabelecer as relações entre atividade das pessoas que compõem a organização. O planejamen-
eles e as atribuições de cada um. Trataremos da organização sob to serve para definir os objetivos, traçar as estratégias para alcan-
o segundo ponto de vista, ou seja, a organização como a segunda çá-los e estabelecer os planos de ação. A organização serve para
função administrativa e que depende do planejamento, da direção estruturar as pessoas e recursos de maneira a trabalhar de forma
e do controle para formar o processo administrativo. Organizar organizada e racional. A direção mostra os rumos e dinamiza as
consiste em: pessoas para que utilizem os recursos da melhor maneira possível.
• Determinar as atividades específicas necessárias ao alcance Por fim, o controle serve para que todas as coisas funcionem da
dos objetivos planejados (especialização). maneira certa e no tempo certo.
• Agrupar as atividades em uma estrutura lógica (departamen-  O controle verifica se a execução está de acordo com o que foi
talização). planejado: quanto mais completos, definidos e coordenados forem
• Designar as atividades às específicas posições e pessoas os planos, mais fácil será o controle.
(cargos e tarefas).

A organização pode ser estruturada em três níveis diferentes:


a) Organização ao nível global: É a organização que abrange a
empresa como uma totalidade. É o chamado desenho organizacio-
nal, que pode assumir três tipos: Organização linear, organização
funcional e organização o tipo linha-staff;
b) Organização no nível departamental: é a organização que
abrange cada departamento da empresa. É o chamado desenho de-
partamental ou simplesmente departamentalização;
c) Organização no nível das tarefas e operações: é a organiza-
ção que focaliza cada tarefa, atividade ou operação especificamen-
te. É o chamado desenho dos cargos ou tarefas. É feita por meio da
descrição e análise dos cargos.
 

Didatismo e Conhecimento 10
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Os gerentes são responsáveis pelo elo entre o nível operacional,
3. ORGANIZAÇÕES: FUNDAMENTOS, onde os colaboradores desenvolvem os produtos e serviços da or-
ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS ganização.
As Organizações formais possuem uma estrutura hierárquica
TRADICIONAIS, TENDÊNCIAS E com suas regras e seus padrões. Os Organogramas com sua estru-
PRÁTICAS ORGANIZACIONAIS. tura bem dimensionada podem facilitar a autonomia interna, agi-
lizando o processo de desenvolvimento de produtos e serviços. O
mundo empresarial cada vez mais competitivo e os clientes a cada
dia mais exigentes levam as organizações a pensar na sua estrutu-
O conceito de administração representa uma governabilidade, ra, para se adequar ao que o mercado procura. Com os órgãos bem
gestão de uma empresa ou organização de forma que as atividades dispostos nessa representação gráfica, fica mais bem objetivada a
sejam administradas com planejamento, organização, direção, e hierarquia bem como o entrosamento entre os cargos.
controle. Montana e Charnov em 2003 asseveraram que o ato de As organizações fazem uso do organograma que melhor re-
administrar é trabalhar com e por intermédio de outras pessoas presenta a realidade da empresa, vale lembrar que o modelo pira-
na busca de realizar objetivos da organização bem como de seus midal ficou obsoleto, hoje o que vale é a contribuição, são muitas
membros. pessoas empenhadas no desenvolvimento da empresa, todos con-
  tribuem com ideias na tomada de decisão.
A administração tem uma série de características entre elas: Com vistas às diversidades de informações, é preciso estar
um circuito de atividades interligadas, buscar de obtenção de re- atento para sua relevância, nas organizações as informações são
importantes, mesmo em tomada de decisões. É necessário avaliar a
sultados, proporcionar a utilização dos recursos físicos e materiais
qualidade da informação e saber aplicar em momentos oportunos.
disponíveis, envolver atividades de planejamento, organização,
Para o desenvolvimento de sistemas de informação, há que
direção e controle.
se definir qual informação e como ela vai ser mantida no sistema,
O planejamento consiste em definir objetivos para traçar me-
deve haver um estudo no organograma da empresa verificando as-
tas, assim identificando forças, fraquezas, oportunidades e amea-
sim quais os dados e quais os campos vão ser necessários para
ças. Interpretam-se dados, analisam-se recursos. O planejamento
essa implantação. Cada empresa tem suas características e suas
ocorre com base em muito estudo, muita pesquisa, antes da im-
necessidades, e o sistema de informação se adéqua a organização
plantação de qualquer coisa, ele pode durar meses ou até anos. e aos seus propósitos.
Organizar significa preparar processos a fim de obter os resul- Para as organizações as pessoas são as mais importantes, por
tados planejados. isso tantos estudos a fim de sanar interrogações a respeito da com-
Direção, neste procedimento decisões são necessárias, para plexidade do ser humano. Maslow diz que em primeiro na base da
que os objetivos relacionados no planejamento continuem alinha- pirâmide vem às necessidades fisiológicas, como: fome, sede sono,
dos. sexo, depois ele nomeia segurança como o segundo item mais im-
Controle, aqui é possível vislumbrar todo o processo de pla- portante, estabilidade no trabalho, por exemplo, logo depois ne-
nejar, organizar e direcionar. Liderar e discernir se o resultado foi cessidades afetivo sociais, como pertencer a um grupo, ter amigos,
o almejado. Assim é possível recomeçar um novo ciclo com mais família; necessidades de status e estima, aqui podemos dar como
planejamento e suas etapas subsequentes. exemplo a necessidade das pessoas em ter reconhecimento, por
Para administrar nos mais variados níveis de organização é seu trabalho por seu empenho, no topo Maslow colocou as neces-
necessário ter habilidades, estas são divididas em três grupos: as sidades de autorrealização, em que o indivíduo procura tornar-se
Habilidades Técnicas são habilidades que necessitam de conheci- aquilo que ele pode ser, explorando suas possibilidades.
mento especializado e procedimentos específicos e pode ser obtida O raciocínio de Viktor Frankl “ vontade de sentido” também é
através de instrução. As Habilidades Humanas envolvem também coerente, ele nos atenta para o fato de que nem sempre a pirâmide
aptidão, pois interage com as pessoas e suas atitudes, exige com- de Maslow ocorre em todas as escalas de uma forma sequencial,
preensão para liderar com eficiência. As Habilidades Conceituais de acordo com ele, o que nos move é aquilo que faz com que nossa
englobam um conhecimento geral das organizações, o gestor pre- vida tenha sentido, nossas necessidades aparecem de forma aleató-
cisa conhecer cada setor, como ele trabalha e para que ele existe. ria, são nossas motivações que nos levam a agir. Os colaboradores
De acordo com Chiavenato a estrutura garante a totalidade de são estimulados, fazendo o que gostam, as pessoas alocam mais
um sistema e permite sua integridade, assim são as organizações, tempo nas atividades em que estão motivados. Sendo assim um
diversos órgãos agrupados hierarquicamente, os sistemas de res- funcionário trabalhando em uma determinada tarefa, pode sentir
ponsabilidade, sistemas de autoridade e os sistemas de comunica- autorrealização sem necessariamente ter passado por todas as es-
ções são componentes estruturais. calas da piramide. Mas o que é realização para um, não é reali-
Existem vários modelos de organização, Organização Empre- zação para todas as pessoas. O ser humano é insaciável, quando
sarial, Organização Máquina, Organização Política entre outras. realiza algo que desejou intensamente, logo cobiçara outras coisas.
As organizações possuem seus níveis de influência. O nível estra- O comportamento das pessoas nas organizações afetam dire-
tégico é representado pelos gestores e o nível tático, representado tamente na imagem, no sucesso ou insucesso da mesma, o com-
pelos gerentes. Eles são importantes para manter tudo sob contro- portamento dos colaboradores refletem seu desempenho. Há uma
le. O gerente tem uma visão global, ele coordena, define, formula, necessidade das pessoas de ter incentivos para que o trabalho flua,
estabelece uma autoridade de forma construtiva, competente, enér- a motivação é intrínseca, mas os estímulos são imprescindíveis
gica e única. Fayol nomeia 16 diferentes atribuições dos gerentes. para que a motivação pelo trabalho continue gerando resultados
para a empresa.

Didatismo e Conhecimento 11
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Os lideres são importantes no processo de sobrevivência no mercado, Lacombe descreveu que o líder tem condição de exercer, função,
tarefa ou responsabilidade quando é responsável pelo grupo. Um líder precisa ser motivado, competente, conseguir conquistar e conhecer
as pessoas, ter habilidades e intercalar objetivos pessoais e organizacionais. O estilo do líder Democrático contribui na condução das or-
ganizações, ele delega não só tarefas, mas poderes, isso é importante para estimular os mais diversos profissionais dentro da organização.
No processo de centralização a tomada de decisões é unilateral, deixando os colaboradores travados, sem poder de opinião. Já no pro-
cesso de descentralização existe maior estimulo por parte dos funcionários, podendo opinar eles se sentem parte ativa da empresa.
Existem benefícios assegurados por leis e benefícios espontâneos. Um bom plano de benefícios motivam os colaboradores. O funcio-
nário hoje com todo seu conhecimento adquirido na empresa tem sido tratado como ativo não mais como recurso. Dar estímulos como os
benefícios contribuem para a permanência do funcionário na organização. São inúmeras vantagens tanto para o empregado quanto para o
empregador. Reduzindo insatisfações e aumentando a produção, gerando assim resultados satisfatórios.1
O conceito de administração representa uma governabilidade, gestão de uma empresa ou organização de forma que as atividades sejam
administradas com planejamento, organização, direção, e controle.  

PLANEJAR

É a função administrativa em que se estima os meios que possibilitarão realizar os objetivos (prever), a fim de poder tomar decisões
acertadas, com antecipação, de modo que sejam evitados entraves ou interrupções nos processos organizacionais.
É também uma forma de se evitar a improvisação.
Nesta função, o gerente especifica e seleciona os objetivos a serem alcançados e como fazer para alcançá-los.
Exemplos: o chefe de seção dimensiona os recursos necessários (materiais, humanos, etc.), em face dos objetivos e metas a serem
atingidos; a montagem de um plano de ação para recuperação de uma área avariada.

Planejamento: funciona como a primeira função administradora, pois serve de base para as demais.
• É uma reflexão que antecede a ação;
• É um processo permanente e contínuo;
• É sempre voltado para o futuro;
• É uma relação entre as coisas a serem feitas e o tempo disponível para tanto;
• É mais uma questão de comportamento e atitude da administração do que propriamente um elenco de planos e programas de ação;
• É a busca da racionalidade nas tomada de decisões;
• É um curso de ação escolhido entre várias alternativas de caminhos potenciais;
• É interativo, pois pressupõem avanços e recuos, alterações e modificações em função de eventos novos ocorridos no ambiente
externo e interno da empresa.
• O planejamento é um processo essencialmente participativo, e todos os funcionários que são objetos do processo devem participar.
• Para realizar o planejamento, a empresa deve saber onde está agora (presente) e onde pretende chegar (futuro).

Para isso, deve dividir o planejamento em sete fases sequenciais, como veremos abaixo.

Etapas do planejamento

1 Fonte: www.administradores.com.br – Por Luciana de Assis Fernandes Pereira

Didatismo e Conhecimento 12
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
1.Definir: visão e missão do negócio 

Visão 
É a direção em que a empresa pretende seguir, ou ainda, um quadro do que a empresa deseja ser. Deve refletir as aspirações da empresa
e suas crenças.
Fórmula base para definição da visão:
Verbo em perspectiva futura + objetivos desafiadores + até quando.
 
Missão 
A declaração de missão da empresa deve refletir a razão de ser da empresa, qual o seu propósito e o que a empresa faz.
Fórmula base para definição da Missão:
Fazer o quê + Para quem (qual o público?) + De que forma.

2. Analisar o ambiente externo 


Uma vez declarada a visão e missão da empresa, seus dirigentes devem conhecer as partes do ambiente que precisam monitorar para
atingir suas metas. É preciso analisar as forças macroambientais (demográficas, econômicas, tecnológicas, políticas, legais, sociais e cul-
turais) e os atores microambientais (consumidores, concorrentes, canais de distribuição, fornecedores) que afetam sua habilidade de obter
lucro.
 
Oportunidades
Um importante propósito da análise ambiental é identificar novas oportunidades de marketing e mercado. 
 
Ameaças
Ameaça ambiental é um desafio decorrente de uma tendência desfavorável que levaria a deterioração das vendas ou lucro. 
 
3. Analisar o ambiente interno
Você saberia dizer quais são as qualidades e o que pode ou deve ser melhorado na sua empresa? Esses são os pontos fortes/forças e
fracos/fraquezas do seu negócio.

4. Analisar a situação atual 


Depois de identificados os pontos fortes e pontos fracos e analisadas as oportunidades e ameaças, pode-se obter a matriz FOFA (força ou
fortalezas, oportunidades, fraquezas e ameaças) ou SWOT (strengths, weaknesses, opportunities e threats). Inclua os pontos fortes e fracos
de sua empresa, juntamente com as oportunidades e ameaças do setor, em cada uma das quatro caixas:
 

A análise FOFA fornece uma orientação estratégica útil.

5. Definir objetivos e Metas


São elementos que identificam de forma clara e precisa o que a empresa deseja e pretende alcançar. A partir dos objetivos e de todos os
dados levantados acima, são definidas as metas.

Didatismo e Conhecimento 13
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
As Metas existem para monitorar o progresso da empresa. COORDENAR
Para cada meta existe normalmente um plano operacional, que é o É a função administrativa que visa ligar, unir, harmonizar to-
conjunto de ações necessárias para atingi-la; Toda meta, ao ser de- dos os atos e todos os esforços coletivos através da qual se esta-
finida, deve conter a unidade de medida e onde se pretende chegar. belece um conjunto de medidas, que tem por objetivo harmonizar
  recursos e processos. Dois tipos de Coordenação:
6. Formular e Implementar a estratégia  •Vertical/Hierárquico: É aquela que se faz com as pessoas
Até aqui, você definiu a missão e visão do seu negócio e de- sempre dentro de uma rigorosa observância das linhas de comando
finiu metas e objetivos visando atender sua missão em direção à (ou escalões hierárquicos estabelecidos).
visão declarada. Agora, é necessário definir-se um plano para se •Horizontal: É aquela que se estabelece entre as outras pes-
atingir as metas estabelecidas, ou seja, a empresa precisa de uma soas sem observância dos níveis hierárquicos dessas mesmas pes-
formulação de estratégias para serem implantadas. soas. Essa coordenação possibilita a comunicação entre as pessoas
Após o desenvolvimento das principais estratégias da empre- de vários departamentos e de diferentes níveis hierárquicos. Risco
sa, deve-se adotar programas de apoio detalhados com responsá- Básico: Desmoralização ou destruição das linhas de comando ou
veis, áreas envolvidas, recursos e prazos definidos. hierarquia.
 
7. Gerar Feedback e Controlar CONTROLAR
À medida que implementa sua estratégia, a empresa precisa Esta função se aplica tanto a coisas quanto a pessoas.
rastrear os resultados e monitorar os novos desenvolvimentos nos Para que a função de controle possa efetivamente se processar
ambientes interno e externo. Alguns ambientes mantêm-se está- e aumentar a eficiência do trabalho, é fundamental que o estabeleci-
veis de um ano para outro. O ideal é estar sempre atento à realiza- do ou determinado esteja perfeito, claramente explicado.
ção das metas e estratégias, para que sua empresa possa melhorar “O que perturba o bom entendimento não são regras do jogo
a cada dia. muito exigentes, mas sim regras esclarecidas após o jogo iniciado.”
  É a função administrativa através da qual se verifica se o que
Princípios aplicados ao planejamento foi estabelecido ou determinado foi cumprido (sem entrar especifi-
  camente nos méritos e se deu ou não bons resultados).
I-    Princípio da definição dos objetivos (devem ser traçados
Um sistema de controle deve ter:
com clareza, precisão)
•um objetivo, um padrão, uma linha de atuação, uma norma,
II-   Princípio da flexibilidade do planejamento (poderá e de-
uma regra “decisorial”, um critério, uma unidade de medida;
verá ser alterado sempre que necessário e possível).
•um meio de medir a atividade desenvolvida;
 
•um procedimento para comparar tal atividade com o critério
Com esta primeira função montaremos o plano teórico, com-
fixado;
pletando assim o ciclo de planejamento: Estabelecer objetivos, to- •algum mecanismo que corrija a atividade como critério fixa-
mar decisões e elaborar planos. do. O processo de controle é realizado em quatro fases a saber:
a) Estabelecimento de padrões ou critérios;
ORGANIZAR b) Observação do desempenho;
É a função administrativa que visa dispor adequadamente os c) Comparação do desempenho com o padrão estabelecido;
diferentes elementos (materiais, humanos, processos, etc.) que d) Ação para corrigir o desvio entre o desempenho atual e o
compõem (ou vierem a compor) a organização, como objetivo de desempenho esperado.
aumentar a sua eficiência, eficácia e efetividade.
MOTIVAÇÃO
DIREÇÃO Trata-se de processos psíquicos que a pessoa tem que
Podemos dividir essa função em duas subfunções: a impulsiona à ação. Existe uma influência tanto individual
como pelo contexto em que essa pessoa se encontre. Indivíduos
COMANDAR motivados tendem a ter um melhor desempenho, o que faz com que
É a função administrativa que consiste basicamente em: a organização invista em estímulos para promover essa motivação.
A ideia de hierarquizar os motivos humanos foi, sem dúvida,
Decidir a respeito de “que” (como, onde, quando, com que, a solução inovadora para que se pudesse compreender melhor o
com quem) fazer, tendo em vista determinados objetivos a serem comportamento humano na sua variedade. Um mesmo indivíduo
conseguidos. ora persegue objetivos que atendem a uma necessidade, ora busca
satisfazer outras. Tudo depende da sua carência naquele momento.
Determinar as pessoas, as tarefas que tem que executar. Duas pessoas não perseguem necessariamente o mesmo objetivo no
É fundamental para quem comanda desfrutar de certo poder: mesmo momento. O problema das diferenças individuais assume
•Poder de decisão. importância preponderante quando falamos de motivação.
•Poder de determinação de tarefas a outras pessoas.
•Poder de delegar – a possibilidade de conferir á outro parte Razões da Motivação
do próprio poder. • Razões empresariais 
•Poder de propor sanções àqueles que cumpriram ou não ás • concorrência 
determinações feitas. • produtos e preços
• fidelização

Didatismo e Conhecimento 14
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Razões Pessoais Segundo Abraham Maslow, o homem se motiva quando suas
necessidades são todas supridas de forma hierárquica. Maslow or-
• empregabilidade ganiza tais necessidades da seguinte forma:
• motivos p/ servir

* (ordem material = cliente =lucro)


* (ordem intelectual = interação / troca / oportunidade)
* (ordem espiritual = crescimento pessoal)

O indivíduo precisa suprir suas necessidades para motivar-se


e alcançar seus objetivos. Podemos identificar os seguintes tipos
de motivação:
• Motivação Externa: a pessoa realiza determinadas tarefas
por ser “obrigada”, ou seja, são impostas determinações para que
essa pessoa cumpra. É a forma mais “primitiva” de motivação,
baseada na hierarquia e normalmente utilizando as punições como
fator principal de motivação. Trata-se de “fazer o ordenado para
não ser punido”, “cumprir ordens”.
• Pressão Social: a pessoa cumpre as atividades porque ou-
tras pessoas também o fazem. Ela não age por si, mas sim, para
acompanhar um grupo e cumprir as expectativas de outras pessoas.
Aqui, estamos falando de “fazer o que os outros fazem para ser - Autorrealização
aceito, fazer parte do grupo”. - Autoestima
• Automotivação: a pessoa automotivada age por iniciativa - Sociais
própria, em função de objetivos que escolheu. A automotivação é a - Segurança
convicção que a pessoa tem de que deseja os frutos das suas ações. - Fisiológicas
É “fazer o que creio ser adequado aos meus objetivos”.
Não existe motivação “certa”. Em situações de emergência, Tais necessidades devem ser supridas primeiramente no ali-
por exemplo, provavelmente a simples obediência seja a ação mais cerce das necessidades escritas, ou seja, as necessidades fisiológi-
indicada. O sucesso de uma ação coletiva pode depender da con- cas são as iniciantes do processo motivacional, porém, cada indi-
formidade das ações individuais à orientação do grupo. Por outro víduo pode sentir necessidades acima das que está executando ou
lado, uma pessoa pode ser fortemente auto motivada a objetivos
abaixo, o que quer dizer que o processo não é engessado, e sim
destrutivos, como uma ambição excessiva.
flexível.
O ideal seria o alinhamento de todos estes tipos de motivação;
Teoria dos Dois Fatores - Para Frederick Herzberg, a motiva-
pessoas auto motivadas atuando em grupos coesos, com orientação
ção é alcançada através de dois fatores:
clara, sólida e coerente.
 Fatores higiênicos que são estímulos externos que me-
lhoram o desempenho e a ação de indivíduos, mas que não conse-
Afinal o que é motivação? É ser feliz? É enxergar o mundo
gue motivá-los.
com outros olhos? É conquistar resultados, é superar obstáculos, é
ser persistente, é acreditar nos seus sonhos, é o que? 
Motivação segundo o dicionário é o ato de motivar; exposição  Fatores motivacionais que são internos, ou seja, são sen-
de motivos ou causas ; conjunto de fatores psicológicos, timentos gerados dentro de cada indivíduo a partir do reconheci-
conscientes ou não, de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, mento e da autorrealização gerada através de seus atos.
que determinam um certo tipo de conduta em alguém. Sendo assim
Motivação está intimamente ligado aos Motivos que segundo o Já David McClelland identificou três necessidades que seriam
dicionário é fato que leva uma pessoa a algum estado ou atividade.  pontos chave para a motivação: poder, afiliação e realização.
Motivação vem de motivos que estão ligados simplesmente ao que Para McClelland, tais necessidades são “secundárias”, são ad-
você quer da vida , e seus motivos são pessoais , intransferíveis quiridas ao longo da vida, mas que trazem prestígio, status e outras
e estão dentro da sua cabeça (e do coração também) , logo seus sensações que o ser humano gosta de sentir.
motivos são abstratos e só têm significado pra você , por isso
motivação é algo tão pessoal , porque vêm de dentro. Em relação às teorias, podemos ainda citar as linhas teóricas,
A motivação é uma força interior que se modifica a cada mo- que se dividem em Teorias de Conteúdo e Teorias de Processo,
mento durante toda a vida, onde direciona e intensifica os objetivos onde, em cada uma delas, identificamos as correntes pertencentes.
de um indivíduo. Dessa forma, quando dizemos que a motivação
é algo interior, ou seja, que está dentro de cada pessoa de forma
particular erramos em dizer que alguém nos motiva ou desmotiva,
pois ninguém é capaz de fazê-lo. Existem pessoas que pregam a
automotivação, mas tal termo é erroneamente empregado, já que
a motivação é uma força intrínseca, ou seja, interior e o emprego
desse prefixo deve ser descartado.

Didatismo e Conhecimento 15
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração

Existem algumas teorias mais clássicas sobre motivação que veremos abaixo:

 Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow:


Organiza as necessidades humanas em cinco categorias hierárquicas: necessidades fisiológicas, necessidades de segurança, necessidades
sociais, necessidades de autoestima e necessidades de autorrealização.

 Teoria ERC de Alderfer:


Tentou aperfeiçoar a hierarquia das necessidades de Maslow, criando três categorias: Existência (necessidades fisiológicas e de
segurança), Relacionamento (dividiu a estima em duas partes: o componente externo da estima. (social) e o componente interno da estima
(autoestima) incluindo nessa categoria as necessidades sociais e o componente externo da estima) e Crescimento (incluindo aqui autoestima
e a necessidade de autorrealização).

 Teoria dos dois fatores de Herzberg:


Herzberg descobriu que há dois grandes blocos de necessidade humanas: os fatores de higiene (extrínsecos) e os fatores motivacionais
(intrínsecos). Os fatores de Higiene são fatores extrínsecos ou exteriores ao trabalho. Para Herzberg, eles podem causar a insatisfação e
desmotivação se não atendidos, mas, se atendidos, não necessariamente causarão a motivação. Exemplos: segurança, status, relações de
poder, vida pessoal, salário, condições de trabalho, supervisão, política e administração da empresa. Os fatores motivadores são os fatores
intrínsecos, internos ao trabalho. Estes fatores podem causar a satisfação e a motivação. Exemplos: crescimento, progresso, responsabilidade,
o próprio trabalho, o reconhecimento e a realização.

 Teoria da determinação de metas:


Considera que a determinação de metas motiva os trabalhadores. A equipe deve participar na definição das metas (construção conjunta),
que devem ser claras, desafiadoras mas alcançáveis.

 Teoria da equidade:
Também conhecida como teoria da comparação social. A motivação seria influenciada fortemente pela percepção de igualdade e justiça
existente no ambiente profissional.

 Teoria da expectativa (ou expectância) de Victor Vroom:


Construída em função da relação entre três variáveis: Valência, força (instrumentalidade) e expectativa, referentes a um determinado
objetivo. Valência, ou valor, é a orientação afetiva em direção a resultados particulares. Pode-se traduzi-la como a preferência em direção,
ou não, a determinados objetivos. Valência positiva atrai o comportamento em sua direção, valência zero é indiferente e valência negativa é
algo que o indivíduo prefere não buscar. Expectativa é o grau de probabilidade que o indivíduo atribui a determinado evento, em função da
relação entre o esforço que vai ser despendido no evento e o resultado que se busca alcançar. Força, ou instrumentalidade, por sua vez, é o
grau de energia que o indivíduo irá ter que gastar em sua ação para alcançar o objetivo.
 Teorias X e Y:
McGregor afirmava que havia duas abordagens principais de motivação e liderança: as teorias X e Y.A teoria X apresentava uma visão
negativa da natureza humana: pressupunha que os indivíduos são naturalmente preguiçosos, não gostam de trabalhar, precisam ser guiados,
orientados e controlados para realizarem a contento os trabalhos. A teoria Y é o oposto: diz que os indivíduos são automotivados, gostam de
assumir desafios e responsabilidades e irão contribuir criativamente para o processo se tiverem suficientes oportunidades de participação.

Didatismo e Conhecimento 16
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Dentre as teorias citadas, a mais difundida é a da Hierarquia das Necessidades, abaixo mais detalhes sobre ela.

Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow:


necessidades fisiológicas, necessidades de segurança, necessidades sociais, necessidades de autoestima e necessidades de auto
realização.

Quanto às implicações dessas teorias:


Implicações aos Administradores:
As implicações para os administradores estão relacionadas quanto à forma como motivar os subordinados:
 Devem determinar recompensas que são valorizadas por cada subordinado. Ao serem motivadoras devem ser adequadas aos indi-
víduos observando suas reações em diferentes situações e perguntando que tipos de recompensas desejam;
 Determinar o desempenho que você deseja - determinar qual o nível de desempenho que os subordinados têm que ter para serem
recompensados;
 Fazer com que o nível de desempenho seja alcançável - a motivação poderá ser baixa se os subordinados acharem que o que foi
determinado é difícil ou impossível;

Didatismo e Conhecimento 17
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
 Ligar as recompensas ao desempenho; satisfação, de certas necessidades. E quando uma necessidade é
 Certificar se a recompensa e adequada - recompensas pe- satisfeita ela não é mais motivadora de comportamento já que não
quenas significam motivações fracas. causa tensão ou desconforto.
O ciclo motivacional pode alcançar vários níveis de resolução
Implicações para a Organização: da tensão: uma necessidade pode ser satisfeita, frustrada (quando a
A expectativa da motivação também traz várias implicações satisfação é impedida ou bloqueada) ou compensada (a satisfação
para a organização: é transferida para objeto). Muitas vezes a tensão provocada pelo
Geralmente, as organizações recebem o equivalente a surgimento da necessidade encontra uma barreira ou obstáculo
recompensa e não o que desejam - o sistema de recompensas para a sua liberação. Não encontrando a saída normal, a tensão
devem ser projetados para motivar os comportamentos desejados; represada no organismo procura um meio indireto de saída, seja
ex.: segurança, aumento de produção. por via psicológica (agressividade, descontentamento, tensão
O trabalho em si pode tornar-se intrinsicamente recompensador emocional, apatia, indiferença etc.) seja por via fisiológica (tensão
nervosa, insônia, repercussões cardíacas ou digestivas etc.).
- se forem projetados para atender as necessidades mais elevadas
Outras vezes, a necessidade não é satisfeita nem frustrada, mas é
dos empregados, como ex.: independência, criatividade, o trabalho
transferida ou compensada. Isto se dá quando a satisfação de outra
pode ser motivador por si mesmo. necessidade reduz ou aplaca a intensidade de uma necessidade que
Portanto, a tarefa mais importante para os administradores e não pode ser satisfeita.
organizações é garantir que os subordinados tenham os recursos A satisfação de alguma necessidade é temporal e passageira,
necessários para dar o melhor de si em prol do planejamento da ou seja, a motivação humana é cíclica e orientada pelas diferentes
organização. necessidades. O comportamento é quase um processo de resolução
de problemas, de satisfação de necessidade, à medida que elas vão
Ainda sobre motivação, precisamos entender o processo que surgindo.
leva o indivíduo a tomar uma ação em busca de um objetivo, con- O conceito de motivação – ao nível individual – conduz
forme mostra o Ciclo Motivacional. ao de clima organizacional – ao nível da organização. Os seres
humanos estão continuamente engajados no ajustamento a uma
O Ciclo Motivacional variedade de situações, no sentido de satisfazer suas necessidades
e manter um equilíbrio emocional. Isto pode ser definido com um
estado de ajustamento. Tal ajustamento não se refere somente à
satisfação das necessidades de pertencer a um grupo social de
estima e de auto realização. É a frustração dessas necessidades que
causa muitos dos problemas de ajustamento. Como a satisfação
dessas necessidades superiores depende muito de outras pessoas,
particularmente daquelas que estão em posições de autoridade,
torna-se importante para a administração compreender a natureza
do ajustamento e do desajustamento das pessoas.
O ajustamento – assim como a inteligência ou as aptidões
– varia de uma pessoa para outra e dentro do mesmo indivíduo
de um momento para outro. Varia dentro de um continuum
e pode ser definido em vários graus, mas do que em tipos. Um
bom ajustamento denota “saúde mental”. Uma das maneiras de
se definir saúde mental é descrever as características de pessoas
mentalmente sadias. As características básicas de saúde mental
são:
- As pessoas sentem-se bem consigo mesmas;
- As pessoas sentem-se bem em relação às outras pessoas;
- As pessoas são capazes de enfrentar por si as demandas da
O ciclo motivacional percorre as seguintes etapas: uma vida.
necessidade rompe o estado de equilíbrio do organismo, causando
um estado de tensão, insatisfação, desconforto e desequilíbrio. LIDERANÇA
Esse estado de tensão leva o indivíduo a um comportamento ou Liderança é uma habilidade que o indivíduo tem para
influenciar os outros, levando-os a fazerem aquilo que ele deseja.
ação, capaz de descarregar a tensão ou livrá-lo do desconforto
A Liderança é necessária em todos os tipos de organização
e do desequilíbrio. Se o comportamento ‘for eficaz o indivíduo humana, principalmente nas empresas, onde uma boa liderança
encontrará a satisfação da necessidade e, portanto, a descarga da pode gerar satisfação num grupo de pessoas envolvidas pelo líder,
tensão provocada por ela’. Satisfeita a necessidade, o organismo assim como uma má liderança pode gerar separação do grupo não
volta ao estado de equilíbrio anterior e à sua forma de ajustamento atingindo o mesmo objetivo da organização.
ao ambiente. Liderança é uma questão de redução de incertezas do grupo,
As necessidades ou motivos não são estáticos, pelo contrario, pois o indivíduo que passa a contribuir mais com orientações e
são forças dinâmicas e persistentes que provocam comportamentos. assistência ao grupo (auxiliando para tomada de decisões eficazes)
Com a aprendizagem e a repetição (reforço positivo), os tem maiores possibilidades de ser considerado seu líder. Assim, a
comportamentos tornam-se gradativamente mais eficazes na Liderança é uma questão de tomada de decisões do grupo.

Didatismo e Conhecimento 18
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
A Liderança é uma influência interpessoal, a influência Comunicação de Cima Para Baixo
envolve conceitos como poder e autoridade, abrangendo todas as A comunicação de cima para baixo refere-se ao fluxo de
maneiras pelas quais se introduzem mudanças no comportamento informação que parte dos níveis mais altos da hierarquia da orga-
de pessoas ou de grupos de pessoas. A importância da Liderança, nização, chegando aos mais baixos. Entre os exemplos estão um
sobretudo nas empresas, é bastante visível nos dias de hoje, pois gerente passando umas atribuições a sua secretária, um supervisor
se a liderança é uma influência interpessoal, que modifica o fazendo um anúncio a seus subordinados e o presidente de uma
comportamento, esta, deve ser dirigida à aumentar a satisfação na empresa dando uma palestra para sua equipe de administração. Os
conquista de determinada meta e na diminuição dos riscos. funcionários devem receber a informação de que precisam para
O líder apresenta traços marcantes pôr meio dos quais pode desempenhar suas funções e se tornar (e permanecer) membros
influenciar o comportamento das pessoas, passando para elas leais da organização.
parte das suas ações, a maneira de agir em determinada situação, Muitas vezes, os funcionários ficam sem a informação ade-
como lidar com pessoas temperamentais, enfim alguns líderes quada. Um problema é a sobrecarga de informação: os funcioná-
rios são bombardeados com tanta informação que não conseguem
possuem traços tão marcantes que pode até influenciar a missões
absorver tudo. Grande parte da informação não é muito impor-
importantes como religião ou uma missão militar.
tante, mas seu volume faz com que muitos pontos relevantes se
Hoje em dia o espírito de Liderança é muito valorizado,
percam.
tanto no âmbito profissional como no pessoal, ser Líder não é
Quanto menor o número de níveis de autoridade através dos
ser o “chefe” ou o “gerente”, é muito diferente disto. Os Líderes quais as comunicações devem passar, tanto menor será a perda ou
autênticos são pessoas que já absorveram a verdade fundamental distorção da informação.
da existência: que não é possível fugir das contradições inerentes
à vida. A mente de Liderança é ampla. O comportamento de Administração da comunicação de cima para baixo
Liderança envolve funções como planejar, dar informações, Os administradores podem fazer muitas coisas para melhorar
avaliar, arbitrar, controlar, recompensar, estimular, punir etc., deve a comunicação de cima para baixo. Em primeiro lugar, a admi-
ajudar o grupo a satisfazer suas necessidades. Um líder inato pode nistração deve desenvolver procedimentos e políticas de comu-
ser facilmente reconhecido perante o grupo, pois sua capacidade nicação. Em segundo lugar, a informação deve estar disponível
de coordenar, direcionar, conduzir o grupo a atingir seus objetivos àqueles que dela necessitam. Em terceiro lugar, a informação deve
ficam evidentes e o tornam uma espécie de guia representativo do ser comunicada de forma adequada e eficiente. As linhas de comu-
grupo. nicação devem ser tão diretas, breves e pessoais quanto possível.
A liderança está baseada no prestígio pessoal do administrador A informação deve ser clara, consistente e pontual - nem muito
e na aceitação pelos dirigidos ou subordinados. Três fatores, pelo precoce nem (o que é um problema mais comum) muito atrasada.
menos, influem no poder de liderança de um administrador:
· posição hierárquica (status) - decorrente de sua função de Comunicação de Baixo Para Cima
autoridade (direito de mandar e de se fazer obedecer); A comunicação de baixo para cima vai dos níveis mais bai-
·competência funcional - resultante de seus conhecimentos xos da hierarquia para os mais altos.
gerais e especializados (cultura geral e técnica). Os administradores devem facilitar a comunicação de baixo
· personalidade dinâmica - produto de suas características e para cima.
qualidades pessoais (aspecto físico, temperamento, caráter, etc.). Mas os administradores devem também motivar as pessoas a
Os estilos de liderança determinam o tipo de relação dos fornecer informações valiosas.
líderes com os grupos, dependendo da diversidade da situação e
das diversas forças que afetam a conduta dos liderados. Comunicação Horizontal
A liderança autocrática é aquela em que as decisões são Muita informação precisa ser partilhada entre pessoas do mes-
mo nível hierárquico. Essa comunicação horizontal pode ocorrer
tomadas unicamente pelo líder, sem a participação da equipe.
entre pessoas da mesma equipe de trabalho. Outro tipo de comuni-
A liderança liberal é aquela que praticamente não conta com
cação importante deve ocorrer entre pessoas de departamentos di-
a participação do líder.
ferentes. Por exemplo, um agente de compras discute um problema
Na liderança democrática, o líder participa e estimula na com um engenheiro de produção, ou uma força-tarefa de chefes de
equipe os comportamentos desejados, mas a equipe possui relativa departamento se reúne para discutir uma preocupação particular.
autonomia para, com apoio do líder, decidir. Especialmente em ambientes complexos, nos quais as deci-
A liderança situacional depende da relação entre líder, sões de uma unidade afetam a outra, a informação deve ser parti-
liderados e situação, não estando sujeita a um único estilo. lhada horizontalmente.
As empresas integrantes da GE poderiam operar de forma
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO completamente independente. Mas cada uma deve ajudar as ou-
Ser um comunicador habilidoso é essencial para ser um bom tras. Transferem entre si recursos técnicos, pessoas, informação,
administrador e líder de equipe. Mas a comunicação também ideias e dinheiro. A GE atinge esse alto nível de comunicação e
deve ser administrada em toda a organização. A cada minuto de cooperação através de um fácil acesso entre as divisões e ao CEO;
cada dia, incontáveis bits de informação são transmitidos em uma cultura de abertura, honestidade, confiança e obrigação mú-
uma organização. Serão discutidas as comunicações de cima para tua; e reuniões trimestrais em que todos os altos executivos se reú-
baixo, de baixo para cima, horizontal e informal nas organizações. nem informalmente para partilhar informações e ideias. Os mes-
mos tipos de coisas são feitas também nos níveis inferiores.

Didatismo e Conhecimento 19
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Comunicação Formal e Informal Outras características importantes é que as equipes são uma forma
As comunicações organizacionais diferem em sua formalida- eficaz de facilitar a participação dos trabalhadores nos processos
de. As comunicações formais são oficiais, episódios de transmis- decisórios aumentar a motivação dos funcionários.
são de informação sancionados pela organização. Podem mover-se
de baixo para cima, de cima para baixo ou horizontalmente, muitas Diferença entre Grupo e Equipe
vezes envolvendo papel. Grupo e equipe não é a mesma coisa. Grupo é definido como
A comunicação informal é menos oficial. dois ou mais indivíduos, em interação e interdependência, que se
A função de controle está relacionada com as demais funções juntam para atingir um objetivo. Um grupo de trabalho é aquele
do processo administrativo: o planejamento, a organização e a que interage basicamente para compartilhar informações e tomar
direção repercutem nas atividades de controle da ação empresa- decisões para ajudar cada membro em seu desempenho na sua área
rial. Muitas vezes se torna necessário modificar o planejamento, a de responsabilidade.
organização ou a direção, para que os sistemas de controle possam Os grupos de trabalho não têm necessidade nem oportunidade
ser mais eficazes. de se engajar em um trabalho coletivo que requeira esforço
A avaliação intimida. É comum os gerentes estarem ocupados conjunto. Assim, seu desempenho é apenas a somatória das
demais para se manterem a par daquilo que as pessoas estão fazendo contribuições individuais de seus membros. Não existe uma
e com qual grau de eficiência. É quando gerentes não sabem o que sinergia positiva que possa criar um nível geral de desempenho
seu pessoal está fazendo, não podem avaliar corretamente. Como maior do que a soma das contribuições individuais.
resultado, sentem-se incapazes de substanciar suas impressões e Uma equipe de trabalho gera uma sinergia positiva por meio
comentários sobre desempenho - por isso evitam a tarefa. do esforço coordenado. Os esforços individuais resultam em um
Mas quando a seleção e o direcionamento são feitos nível de desempenho maior do que a soma daquelas contribuições
corretamente, a avaliação se torna um processo lógico de fácil individuais. O quadro abaixo ressalta as diferenças entre grupos de
implementação. Se você sabe o que seu pessoal deveria fazer e trabalho e equipes de trabalho.
atribui tarefas, responsabilidades e objetivos com prazos a cada
funcionário especificamente, então você terá critérios com os Comparação entre Grupos de Trabalho e Equipes de Trabalho
quais medir o desempenho daquele indivíduo. Nessa situação, a Transformando indivíduos em membros de equipe
avaliação se torna uma simples questão de determinar se, e com - partilham suas ideias para a melhoria do que fazem e de
que eficiência, uma pessoa atingiu ou não aquelas metas. todos os processos do grupo;
Os gerentes costumam suor que se selecionarem boas pessoas - respeitam as individualidades e sabem ouvir;
e as direcionarem naquilo que é esperado, as coisas serão bem - comunicam-se ativamente;
feitas. Eles têm razão. As coisas serão feitas, mas se serão bem - desenvolvem respostas coordenadas em benefícios dos
feitas e quanto tempo levará para fazê-las são fatores incertos. propósitos definidos;
A avaliação permite que se determine até que ponto uma coisa - constroem respeito, confiança mútua e afetividade nas
foi bem feita e se foi realizada no tempo certo. De certa forma, a relações;
avaliação é como um guarda de trânsito. Você pode colocar todas - participam do estabelecimento de objetivos comuns;
as placas indicadoras de limite de velocidade do mundo: não serão - desenvolvem a cooperação e a integração entre os membros.
respeitadas a não ser que as pessoas saibam que as infrações serão
descobertas e multadas. Fatores que interferem no trabalho em equipe
Isso parece lógico, mas é surpreendente quantos gerentes - Estrelismo;
adiam continuamente a avaliação enquanto se concentram em - Ausência de comunicação e de liderança;
atribuições urgentes mas, em última análise, menos importantes. - Posturas autoritárias;
Quando a avaliação é adiada, os prazos também são prorrogados, - Incapacidade de ouvir;
porque funcionários começam a sentir que pontualidade e - Falta de treinamento e de objetivos;
qualidade não são importantes. Quando o desempenho cai, mais - Não saber “quem é quem” na equipe.
responsabilidades são deslocadas para o gerente - que, assim, tem
ainda menos tempo para direcionar e avaliar funcionários. São características das equipes eficazes:
- Comprometimento dos membros com um propósito comum
EQUIPE e significativo;
Cada vez mais, as equipes se tornam a forma básica de - O estabelecimento de metas específicas para a equipe que
trabalho nas organizações do mundo contemporâneo. As conduzam os indivíduos a um melhor desempenho e também
evidências sugerem que as equipes são capazes de melhorar o energizam as equipes. Metas específicas ajudam a tornar a
desempenho dos indivíduos quando a tarefa requer múltiplas comunicação mais clara. Ajudam também a equipe a manter seu
habilidades, julgamentos e experiências. Quando as organizações foco sobre o obtenção de resultados;
se reestruturaram para competir de modo mais eficiente e eficaz, - Os membros defendem suas ideias, sem radicalismo;
escolheram as equipes como forma de utilizar melhor os talentos - Grande habilidade para ouvir;
dos seus funcionários. As empresas descobriram que as equipes - Liderança é situacional; ou seja, o líder age de acordo com
são mais flexíveis e reagem melhor às mudanças do que os o grau de maturidade da equipe; de acordo com a contingência;
departamentos tradicionais ou outras formas de agrupamentos - Questões comportamentais são discutidas abertamente,
permanentes. As equipes têm capacidade para se estruturar, principalmente as que podem comprometer a imagem da equipe
iniciar seu trabalho, redefinir seu foco e se dissolver rapidamente. ou organização

Didatismo e Conhecimento 20
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
- O nível de confiança entre os membros é elevado; pode ser prejudicial às pessoas e à própria organização, que perde
- Demonstram confiança em seus líderes, tornando a equipe em criatividade e falta de questionamentos, além de aumentar
disposta a aceitar e a se comprometer com as metas e as decisões a resistência às mudanças, uma vez que as pessoas se sentem
do líder; mais confortáveis agindo da forma a que estão habituadas e que
- Flexibilidade permitindo que os membros da equipe possam aprenderam ser a maneira correta de agir.
completar as tarefas uns dos outros.
Isso deixa a equipe menos dependente de um único membro; Ao ingressar em uma organização, indivíduos com
- Conflitos são analisados e resolvidos; características diversas se unem para atuar dentro de um mesmo
- Há uma preocupação / ação contínua em busca do sistema sociocultural na busca de objetivos determinados. Essa
autodesenvolvimento. união provoca um compartilhamento de crenças, valores, hábitos,
O desempenho de uma equipe não é apenas a somatória das entre outros, que irão orientar suas ações dentro de um contexto
capacidades individuais de seus membros. preexistente, definindo assim as suas identidades.
Contudo, estas capacidades determinam parâmetros do que
Segundo Dupuis (1996), são os indivíduos que, por meio
os membros podem fazer e de quão eficientes eles serão dentro
de suas ações, contribuem para a construção de sua sociedade.
da equipe. Para funcionar eficazmente, uma equipe precisa de três
Entretanto os indivíduos agem sempre dentro de contextos que lhes
tipos diferentes de capacidades. Primeiro, ela precisa de pessoas
são preexistentes e orientam o sentido de suas ações. A construção
com conhecimentos técnicos. Segundo, pessoas com habilidades
para solução de problemas e tomada de decisões que sejam do mundo social é assim mais a reprodução e a transformação
capazes de identificar problemas, gerar alternativas, avaliar essas do mundo existente do que sua reconstrução total. Para Berger e
alternativas e fazer escolhas competentes. Finalmente, as equipes Luckmann (1983) a vida cotidiana se apresenta para os homens
precisam de pessoas que saibam ouvir, deem feedback, solucionem como realidade ordenada. Os fenômenos estão pré-arranjados em
conflitos e possuam outras habilidades interpessoais. padrões que parecem ser independentes da apreensão que cada
pessoa faz deles, individualmente.
O individuo na organização Dentro dessa perspectiva, a ação humana, em nível do
Assistimos hoje a transformações importantes no ambiente de indivíduo e do grupo, mediada pelos processos cognitivos, e
trabalho. Cada vez mais os funcionários são convidados a vestir a interdependente do contexto, varia conforme a inserção ambiental
camisa da empresa. Para isso devem estar conscientes e engajados e o tipo de organização, tanto quanto também varia internamente
com os valores organizacionais, bem como ter claramente em suas subunidades. É importante salientar que o universo
definidos os objetivos que a organização pretende atingir e os simbólico integra um conjunto de significados, atribuindo-lhes
meios para alcançá-los. É muito comum se afirmar que a principal consistência, justificativa e legitimidade. Em outras palavras, o
responsabilidade dos gerentes é a de motivar seu pessoal; para isso universo simbólico possibilita aos membros integrantes de um
é feito um trabalho de conscientização, que se inicia no momento grupo uma forma consensual de apreender a realidade, integrando
de inserção do empregado no ambiente organizacional. os significados e viabilizando a comunicação.
Conforme citado por Zanelli (2003), do ponto de vista social, Em outras palavras, a realidade é constituída por uma
a ordem que se estabelece, ou não, resulta do compartilhamento série de objetivos que foram designados como objetos antes da
que ocorre na interação humana. Do ponto de vista individual, a minha aparição em cena. O indivíduo percebe, assim, que existe
identidade é elemento chave da realidade subjetiva e se encontra correspondência entre os significados por ele atribuídos ao objeto e
em relação dialética com a sociedade. Nesta acepção, o indivíduo os significados atribuídos pelos outros, isto é, existe o compartilhar
é produto e produtor do sistema social. de um senso comum sobre a realidade.
Ao apresentar aos funcionários os ritos, crenças, valores, É por meio desse compartilhar da realidade que as identidades
rituais, normas, rotinas e tabus da organização, o que se pretende dos indivíduos nas organizações são construídas, ao se comunicar
é buscar a sua identificação com os padrões a serem seguidos na
aos membros, de forma tangível, um conjunto de normas, valores e
empresa. Dessa forma, se fornece um senso de direção para todas
concepções que são tidas como certas no contexto organizacional.
as pessoas que compartilham desse meio. As definições do que é
Ao definir a identidade social dos indivíduos, o que se pretende é
desejável e indesejável são introjetadas pelos indivíduos atuantes
garantir a produtividade, pela harmonia e manutenção do que foi
no sistema, orientando suas ações nas diversas interações que
executam no cotidiano. aprendido na convivência. É importante ressaltar que muitas vezes
Reconhecer os significados e a própria razão de ser da empresa, essas identidades precisam ser reconstruídas, quando a empresa se
bem como se familiarizar com as percepções e comportamentos vê diante de situações que exigem mudanças.
mais aceitos e valorizados na organização, conduz os funcionários O papel da cultura organizacional no processo de formação
a uma uniformidade de atitudes, o que é positivo no sentido de da identidade dos indivíduos nas organizações
possibilitar maior coesão. No entanto pode levar a uma perda de O fenômeno cultura organizacional já era estudado desde o
individualidade, pois o comportamento dos indivíduos passa a ser início do século passado, a partir da experiência de Hawthorne,
uma extensão do grupo, muitas vezes se estendendo para ambientes desenvolvida entre 1927 e 1932. Sob coordenação de Elton Mayo,
externos da organização, quando passam a adotar comportamentos adquiriu maior evidência, com a constatação da grande influência
padronizados nas mais diversas situações. do grupo sobre o comportamento do indivíduo. Atualmente é
O presente artigo pretende contribuir para o debate acerca dada grande importância ao estudo da cultura organizacional, por
desse processo de construção das identidades dos indivíduos considerar que ela é determinante do desempenho individual, da
nas organizações, argumentando que a padronização de atitudes satisfação no trabalho e da produtividade da empresa.

Didatismo e Conhecimento 21
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Considerando a afirmação de Motta e Vasconcelos (2002, as normas e o processo de comunicação.Cada um deles tem
p. 302), segundo os quais “para desenvolver-se e sobreviver, o função específica na construção da cultura; mas todos servem
grupo organizacional tem dois grandes problemas a solucionar: para estimular a adoção, por parte dos empregados, do conteúdo
adaptar-se ao ambiente e manter a coerência interna”, partiremos difundido, além de reforçar uma imagem positiva da organização.
do conceito de que cultura organizacional é No entanto, a partir do momento em que as pessoas internalizam
o conjunto de pressupostos básicos que um grupo inventou, verdades inquestionáveis, passando a adotar comportamentos
descobriu ou desenvolveu ao aprender como lidar com os padronizados, colocam-se em posição de passividade, perdendo a
problemas de adaptação externa e integração interna, e que percepção individual da realidade. Essa falta de questionamentos,
funcionaram bem o suficiente para serem transmitidos aos novos vista como positiva no sentido de promover uma homogeneização
membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir, em de atitudes, pode ser muito negativa principalmente em ambientes
relação a esses problemas(Schein, 1989, p. 12). de mudanças constantes, que primam pela criatividade e inovação.
Podemos afirmar que é através da experiência coletiva que os Quando um questionamento é visto como ameaça para a
membros da organização encontram respostas para as questões do organização e possível desestruturação dela, a tendência é que o
cotidiano da empresa, pois são os valores e crenças compartilhados grupo se torne alienado; assim, a participação dos membros será
que definem seu modo de pensar e agir. Assim, ao definir padrões praticamente nula.
de comportamento com o objetivo de conservar a estabilidade e o A revisão da literatura nos leva a concordar em que o sucesso
equilíbrio do grupo, justifica-se a importância crescente atribuída organizacional deve ser definido em termos concretos para os
à cultura organizacional. funcionários por meio dos elementos que compõem a cultura.
Um importante aspecto para a sobrevivência de um indivíduo Porém a maneira como os objetivos e metas serão atingidos podem
é a necessidade de construção de uma identidade, uma noção de ser flexíveis, a partir de um maior envolvimentos dos dirigentes no
totalidade que o leve a fazer convergir em uma imagem de si sentido de estimular a participação dos membros, levando a uma
mesmo as muitas facetas do seu modo de ser, os muitos papéis maior interação e conhecimentos mútuos.
que ele representa em diferentes momentos da sua experiência Segundo Schein (2001) a cultura de uma organização pode ser
social. Assim, sucessivamente, o indivíduo vai-se diferenciando e aprendida em vários níveis, são eles: o nível dos artefatos visíveis,
se igualando conforme os vários grupos sociais de que faz parte, que compreende os padrões de comportamento visíveis, ou seja,
tornando-se uma unidade contraditória, múltipla e mutável. a forma como as pessoas se vestem, se comunicam, entre outros;
Conforme citado por Silva e Vergara (2000, p. 5), “não há o nível dos valores que governam o comportamento das pessoas,
sentido em falar-se em uma única identidade dos indivíduos, mas que são mais difíceis de serem identificados, pois compreendem
sim em múltiplas identidades que constroem-se dinamicamente, ao os valores que levam as pessoas a agirem de determinada forma; e
longo do tempo e nos diferentes contextos ou espaços situacionais por último o nível dos pressupostos inconscientes, que são aqueles
dos quais esses indivíduos participam”. Sem compartilhar uma pressupostos que determinam como os membros de um grupo
cultura comum, não poderíamos falar em construção de identidade, percebem, pensam e sentem.
seja no nível dos indivíduos, dos grupos, ou da organização como É importante diferenciar aqueles valores organizacionais que
um todo. A cultura organizacional pode ser vista, portanto, como justificam a razão de ser da organização, e por isso se situam em
o alicerce para a formação da identidade dos indivíduos nas um nível mais profundo, e outros referentes à maneira de resolver
organizações, não havendo como pensar a noção de identidade, se problemas do cotidiano da empresa. Os primeiros servem de
não for em função da interação com outros. guia, devendo realmente ser internalizados pelos membros que
Assim, as identidades dos indivíduos são construídas de compõem a organização. Já os outros podem e devem estar abertos
acordo com o ambiente em que se inserem envolvendo, entre a sugestões, flexibilizando-se para se adaptar às exigências internas
outras coisas, as estruturas sociais, a cultura e o histórico das e externas do ambiente.
relações. Segundo Zanelli (2003), a organização, como sistema  
social, inserida em seu contexto, busca preservar sua identidade Identidade pessoal e identidade social
e sobrevivência. Para tanto, desenvolve uma estrutura normativa Os conceitos de identidade pessoal e identidade social são
(valores, normas e expectativas de papéis, padrões esperados de distintos. Segundo Ting-Toomey (1998), a identidade pessoal
comportamento e interação) e uma estrutura de ação (padrões reais refere-se ao modo como o indivíduo define suas características
de interação e comportamento), originada sobretudo nas posições próprias, seu autoconceito, geralmente comparando-se com outros
dirigentes. indivíduos. Já a identidade social refere-se aos conceitos que o
Vários outros autores corroboram essa afirmação, ao sugerir indivíduo desenvolve de si mesmo e que derivam de sua afiliação
que deve haver preocupação dos dirigentes em desenvolver valores em categorias ou grupos, emocionalmente significantes para ele.
e padrões em comum, a fim de que os membros da organização Esse tipo de classificação inclui, entre outras, as identidades por
possam trabalhar em conjunto e comunicar-se, integrando as afiliação étnica ou cultural, de gênero, de orientação sexual, de
estratégias e objetivos gerais da organização, possuindo, assim, classes sociais, de idade ou profissionais.
uma visão global do sistema. Turner (1982) define a identificação social como o processo
Freitas (1991) entende que, de modo geral, as respostas de alguém se localizar ou localizar outra pessoa dentro de um
que geram resultados favoráveis em determinada cultura são sistema de categorizações sociais; mas define simultaneamente
internalizadas como verdades inquestionáveis. Entre essas a identidade social como a soma total das identificações sociais
verdades ou pressupostos, encontram-se os diferentes elementos usadas por uma pessoa para definir a si própria. Assim, a maneira
que formam a cultura organizacional: os valores, as crenças, os pela qual alguém é definido por outros influencia sua auto-
ritos, rituais e cerimônias, os mitos e histórias, os tabus, os heróis, identidade em algum grau.

Didatismo e Conhecimento 22
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Estudos realizados por Ashforth e Mael (1989) identificam Alguns autores vêem a identidade organizacional como algo
três conseqüências gerais da identificação do grupo, que são que tende a ser preservado ao longo do tempo; outros argumentam
especialmente relevantes para o comportamento organizacional. que ela possui uma natureza fluida, contínua, adaptativa, ou seja,
Segundo eles, os indivíduos tendem a escolher atividades e depende do modo como os membros organizacionais interpretam
instituições que sejam congruentes com suas identificações mais os valores e as crenças essenciais da organização nos diferentes
evidentes; a identificação afeta os resultados, como a coesão e a contextos em que eles se deparam em sua trajetória.
interação intragrupais; e a identificação reforça a fixação ao grupo O fato de os indivíduos terem identidades múltiplas e não
e a seus valores, e aumenta a competição com grupos externos. uma identidade única contribui para a complexidade da identidade
Podemos afirmar, portanto, que quanto maior a identificação nas organizações. As maneiras como as identidades interagem
dos indivíduos com a organização, maior o comprometimento ou se tornam destacáveis são importantes para um contexto
desses. Os mesmos autores sugerem que a existência da organizacional. Assim, o estudo da identidade de uma organização
diversidade na identificação do grupo pode levar a alguma envolve, necessariamente, a atenção com sua interação com várias
dificuldade nas relações entre pessoas de identidades de grupos identidades.
diferentes. Segundo Ting-Toomey (1998), os indivíduos tendem Gioia, Schultz e Corley (2000) ressaltam que a noção
a experimentar maior grau de vulnerabilidade em seus encontros de identidade organizacional tem sido definida como sendo
iniciais com pessoas de outros grupos do que com as pessoas do a compreensão coletiva dos membros da organização, sobre
seu próprio grupo. as características presumidas como centrais e relativamente
Lopes (2001) define o significado de identidade social como permanentes, e que a distingue das demais, possuindo, assim,
sendo construído pela ação conjunta de participantes discursivos, estreita relação com a imagem organizacional.
em práticas discursivas situadas na história, na cultura e na Devemos considerar que a cultura preserva a identidade
instituição. O mesmo autor cita algumas características importantes organizacional, e essa se traduz na forma como os públicos da
das identidades sociais, como se explicitam nos três itens abaixo. organização a vêem, a imagem que eles constroem a respeito
. A sua natureza fragmentada, no sentido de que as pessoas não dela. Assim, em uma cultura organizacional que busca interagir
possuem uma identidade social homogênea, como se pudessem ser com o ambiente, adaptando-se a ele, essa personalidade que a
definidas por sexualidade ou raça, por exemplo. organização assume tende a ser proativa, atenta às necessidades
. A possibilidade de que identidades contraditórias coexistam de mudanças, que se tornam cada vez mais presentes no ambiente
na mesma pessoa. Um exemplo seriapensar na existência de organizacional. Dessa forma, a identidade organizacional é muitas
um homem que vote em um partido conservador, embora seja vezes reconstruída para se adequar ao mercado.
sindicalista. Na sociedade moderna, talvez as organizações sejam a arena
. O fato de as identidades sociais não serem fixas, uma vez que
mais significativa em que as identidades dos indivíduos são
estão sempre construindo-se e reconstruindo-se no processo social
constituídas. Para muitas pessoas, sua identidade profissional ou
de construção do significado.
organizacional pode ser mais persuasiva e importante do que as
Em oposição a uma visão tradicional, que compreende a
identidades atribuídas com base em gênero, idade, etnia, raça ou
identidade social de um indivíduo como fixa e contínua, como
nacionalidade (Hogg & Terry, 2000).
algo que lhe pertence de modo quase permanente, uma corrente
É fácil perceber que a experiência no mundo do trabalho é
significativa de autores tem procurado desenvolver um conceito
de identidade como algo fluido, multidimensional, dependente importante componente de aspectos identitários, pois nos leva a
do contexto sociocultural das situações nas quais os indivíduos incorporar características, hábitos e valores compartilhados por um
se vêem envolvidos, e como algo que possui forte componente grupo com o qual passamos a maior parte do nosso tempo. Assim,
relacional. o trabalho nos modifica, nos torna iguais em alguns aspectos, e nos
Sendo a identidade social construída a partir do momento em separa e distingue em outros.
que os indivíduos se vêem como parte de um grupo, as organizações  
de trabalho representam um grupo muito expressivo na definição Como são orientadas as identidades dos indivíduos
da identidade social dos seus membros. Daí a necessidade de se Devemos fazer distinções entre as identidades baseadas em
estudar a interação deles, uma vez que o convívio entre as pessoas categorias sociais como raça, gênero, etnia e classe, e as identidades
pertencentes a esse grupo é intenso e significativo. baseadas em categorias como função organizacional ou tempo de
  As perspectivas intergrupais têm sido uma das principais serviço, pois estas últimas podem ser assumidas, difundidas ou
estruturas para o entendimento das interações humanas, perdidas quando o indivíduo deixa a organização.
envolvendo indivíduos percebendo a si mesmos como membros Brickson (2000) identifica três modos distintos de como os
de uma categoria social, ou sendo percebidos por outros como indivíduos orientam as suas identidades nos diferentes contextos
pertencentes a uma categoria social (Taylor & Moghaddam, 1987). específicos em que se vêem envolvidos. Segundo o autor, essas
Conforme Oliveira e Bastos (2001), seguindo o senso comum orientações da identidade do indivíduo são ativadas em função
nos vemos como a mesma pessoa em diferentes interações. No da forma como esse indivíduo define a si mesmo, prioritariamente,
entanto é possível também perceber que nos posicionamos de em cada contexto, se como um indivíduo, como um ser interpessoal
modos diferentes, em diferentes momentos e lugares, de acordo ou como um membro de um grupo.
com os diferentes papéis que estamos exercendo. Segundo este autor, quando a pessoa se define prioritariamente
Silva e Vergara (2000) concluem que, sendo a identidade como indivíduo, tende a ativar uma orientação para a identidade
algo que se constrói como produto das interações dos diferentes pessoal, a ser motivada pelo auto-interesse, a conceber-se em
indivíduos e grupos, criando, portanto, um senso comum, tem termos de suas características e traços individuais e a avaliar-se
sentido falar da existência de uma identidade organizacional. por meio da comparação com os outros indivíduos.

Didatismo e Conhecimento 23
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Já quando se define prioritariamente como ser em relação com essas pessoas demonstraram nos seus relatos. Segundo esta autora,
outros, a pessoa tende a ativar a orientação para uma identidade as organizações estão exigindo mais do que adesão aos princípios
relacional, em que a principal motivação passa a ser a procura e valores da empresa, o que está sendo cada vez mais solicitado é
pelo benefício do outro. A concepção de si mesmo baseia-se, a entrega total ao mundo organizacional, onde, a partir de então, se
predominantemente, em seus papéis na relação com esses outros estará total e absolutamente envolvido.
que significam algo para ela, e a auto-avaliação tende a dar-se No discurso de inclusão do candidato ao quadro efetivo da
em termos da proficiência com que ela desempenha seus papéis organização, já está embutido o discurso de exclusão: se não houver
interpessoais diante desse outro. identificação entre ambos com os valores e comportamentos, o
Finalmente, ao definir-se prioritariamente como membro desligamento será conseqüência natural e, claro, por iniciativa do
de grupo, a pessoa tende a ativar uma identidade de orientação futuro colaborador, que não colaborou na proporção desejada. Os
coletiva. Sua motivação passa a ser a garantia do bem-estar de seu candidatos já são informados de que não fará parte da organização
grupo, freqüentemente com relação a outros grupos. Ela procura quem não se identificar integralmente com a história e com o
caracterizar-se em termos do perfil ou do protótipo do grupo e comportamento da empresa. A adesão é mais do que aceitação:
tende a determinar seu autovalor com base na comparação de seu é superposição ao já constituído anteriormente, é o alinhamento
grupo com outros grupos. do comportamento ao padrão de comportamento observado nos
Faremos aqui uma análise, posteriormente aprofundada, companheiros.
com relação às conseqüências da identificação descrita acima. Schirato (2000, p. 100) ressalta ainda que:
Identificar-se prioritariamente como membro de um grupo é o na necessidade de sobrevivência dentro de um sistema
desconhecido, e por isso hostil, é comum observarmos reações
que grande parte das organizações busca nos seus funcionários.
padronizadas, sem características pessoais, sem a impressão
A maioria das empresas procura motivar seus empregados nesse
pessoal do indivíduo dentro do grupo. Ele passa a ser a extensão
sentido. No entanto, se observarmos um indivíduo que se define
do comportamento do grupo na forma de vestir-se, de comer, de
prioritariamente como membro de um grupo, veremos que ele arrumar seu objetos, de organizar sua agenda, desenvolvendo uma
tenderá a perder completamente a sua identidade, e não mais “personalidade organizacional” que se sobrepõe à sua, quando não
conseguirá reconhecer-se como indivíduo, caso não faça mais a substitui por inteiro.
parte da organização, ou do grupo a que estava vinculado. Essa Essa fusão de identidades - o eu organizacional e o eu individual
é uma conseqüência facilmente visualizada, quando funcionários do empregado - pode vir a resultar na perda da cidadania civil para
antigos são demitidos ou se aposentam após anos de dedicação à uma suposta cidadania empresarial. Rompendo seus vínculos
empresa. pessoais com o mundo fora da organização, o indivíduo deixa
Segundo Brickson (2000), cada uma das orientações de de sentir-se cidadão no sentido pleno do termo. Compartilhando
identidade pode ser impulsionada por elementos do contexto dessa visão, podemos afirmar que a empresa não apenas emprega,
organizacional, tais como a estrutura organizacional, que se e remunera a força de trabalho, ela praticamente ocupa todo o
refere ao grau e à forma de integração entre os membros da espaço afetivo, intelectual, e imaginário do indivíduo. É por meio
organização, se eles estão primariamente atomizados como da organização em que trabalham e do que ela lhes proporciona
indivíduos, integrados por meio de redes que ultrapassam as que as pessoas projetam seus sonhos e buscam alcançá-los.
fronteiras das divisões formais, ou separados por divisões e grupos Percebe-se com nitidez nesse estudo que a identificação com
formais. Outro elemento é a estrutura das tarefas executadas pelos a organização muitas vezes acaba tornando-se uma obrigação dos
indivíduos, ou seja, a maneira pela qual o trabalho é organizado, funcionários. Assim, a maioria das pessoas não questiona o que
se de modo individual, por cooperação interpessoal ou em equipe. faz no dia-a-dia das empresas, adotando tão cegamente certos
E ainda, a estrutura de reconhecimento, que demonstra como o comportamentos que, quando surge a necessidade de mudança,
desempenho é medido e recompensado, se de modo individual, se sentem vulneráveis, resistindo fortemente, por acreditarem que
pela cooperação interpessoal ou por equipe. as mudanças irão interferir no domínio que possuem do trabalho
Dessa forma, é fácil perceber que ao valorizar o trabalho em que realizam. Isso dificulta muito o processo de reconstrução das
equipe, a cooperação, participação nos lucros e resultados do grupo, identidades dos indivíduos, cada vez mais necessário em ambientes
entre outros, o que a maioria das empresas está buscando, é ativar de mudanças constantes.
uma identidade de orientação coletiva, em que os funcionários se  
Mudança organizacional e a reconstrução das identidades
reconhecem primeiramente como membros da organização em
dos indivíduos envolvidos
que trabalham, priorizando os objetivos da empresa em detrimento
Cada vez mais as empresas se preocupam com as mudanças
dos seus próprios objetivos.
que, mais do que nunca, se tornam universais. Grouard e Meston
 A análise feita aqui procura demonstrar que o processo de (2001) comentam que há atualmente constantes discussões sobre
construção das identidades dos indivíduos pode ser visto de duas reestruturação, reorganização, implantação de novas tecnologias e
formas, como fonte de motivação e identificação dos funcionários novos métodos de distribuição, reorientação, reengenharia, fusões
em relação à empresa, o que é positivo para ambos, mas também e aquisições, entre outras mudanças nas maneiras de pensar e agir.
como forma de moldar o comportamento das pessoas que trabalham É inegável que as mudanças estão cada vez mais presentes na
na organização, o que pode trazer conseqüências negativas tanto vida das pessoas, tanto no âmbito organizacional como fora dele.
para a empresa, como já foi comentado anteriormente, quanto para Os motivos que levam a essas mudanças são os mais variados.
os indivíduos, como veremos a seguir. Wood, Curado e Campos (1995) definem como sendo os objetivos
Schirato (2000) desenvolveu uma pesquisa com ex- mais freqüentes das mudanças nas organizações: melhorar a
funcionários da Embraer, em que verificou, entre outras coisas, qualidade, aumentar a produtividade, refletir os valores dos novos
o impacto da demissão, e a conseqüente perda de identidade que líderes, reduzir custos e administrar conflitos.

Didatismo e Conhecimento 24
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
De modo geral, podemos perceber que, quanto mais estável for O momento da mudança geralmente é caracterizado por uma
a organização, mais difícil será a realização de mudanças, uma vez indefinição quanto à própria identidade da organização, quesito
que as pessoas tendem a se acomodar, quando estão bem adaptadas básico para que as pessoas se situem e consigam direcionar esforços
à vida organizacional. Nesse sentido, a perfeita adaptação a para objetivos predefinidos. No entanto Schein (1989) reforça que
determinado ambiente pode repentinamente transformar-se em o processo evolucionário geralmente não muda alguns elementos
grande obstáculo à mudança. Grouard e Meston (2001) ressaltam identitários profundos da organização, aqueles princípios e
que o índice e a freqüência das mudanças podem ser diferentes, conceitos que se encontram profundamente assimilados pelos seus
assim como as forças que as motivam, mas uma coisa é certa: as membros.
organizações devem mudar; e seja qual for a mudança, necessitará As mudanças organizacionais mais complexas ocorrem,
da desestabilização do estado existente. quando envolvem a razão de ser da organização. Giroux e
Quando ocorrer de forma proativa e incremental, ou seja, Dumas (1997) observam que as fusões e aquisições de empresas
progressivamente, o tempo para implementar a mudança será representam um tipo de experiência de mudança que força os
maior, e as pessoas terão mais condição de assimilar os motivos indivíduos a renunciarem ao seu passado e, então, a desconstruírem
que levaram à necessidade de mudar. Já quando a sobrevivência da seus engajamentos precedentes em certa forma de trabalhar, em
organização depende da mudança, aí podemos falar em mudança certo estilo de relações sociais ou de práticas culturais. Esse tipo de
revolucionária, em que as pessoas são forçadas a mudar e não há mudança exige das pessoas mais do que a aprendizagem de novos
tempo para assimilarem e se adaptarem às novas exigências. modos de fazer (novos métodos e equipamentos) e novas formas
Vários autores consideram que, em geral, o tempo necessário de ligação (nova estrutura, nova cultura).
para operar mudanças organizacionais é subestimado, por não se Segundo Hogg e Terry (2000), uma fusão ou aquisição é um
levar em conta os laços das pessoas com os elementos culturais. Para caso especial de alteração da dinâmica das relações intragrupos e
Motta e Vasconcelos (2002), mudar convicções e valores adquiridos intergrupos nas organizações. Nesses casos, a resistência tende a
com a experiência não é tarefa simples. Bertero (1996) define o ser maior, pois se torna necessário mudar os elementos identitários
processo de mudança organizacional como longo e problemático, mais profundos e já completamente incorporados pelos membros
podendo até encontrar semelhanças com o processo de psicoterapia da organização.Para Barros e Rodrigues (2001), quando uma
individual. Para este autor, promessas de bons resultados não podem empresa é adquirida por outra, o sentimento de inferioridade da
ser feitas por profissionais corretos, uma vez que os resultados são primeira gera tensão e descontentamento, ampliados pelo temor
sempre incertos e o tempo demandado é necessariamente longo. de perda de sua cultura genuína. Esse medo de perder a identidade
Estudo desenvolvido por Dutra (1996) verificou que, para acaba gerando, na maioria das vezes, uma posição defensiva e,
realizar uma mudança organizacional efetiva, é necessário muito mais conseqüentemente, maior resistência à integração cultural.
do que mudar a estrutura da empresa. A mudança organizacional é No processo de reconstrução das identidades dos indivíduos,
fruto de uma série de aspectos interagentes, e muitas vezes envolve a é de grande importância o papel da comunicação, no sentido
necessidade de alterações nos rituais, símbolos e pressupostos, entre de informar os empregados acerca dos valores declarados, as
outros elementos que formam a cultura organizacional. Devemos diretrizes, os objetivos e as definições gerais estabelecidas
considerar que mudar elementos da cultura não é tarefa fácil, pois pela organização, incluindo o perfil que ela deseja para os seus
afetam as crenças, percepções e emoções das pessoas envolvidas. empregados no novo contexto. É justamente a comunicação o
No entanto, quando pensamos em mudanças, devemos analisá- meio privilegiado pelo qual se reconstrói, ao longo do tempo, a
las como algo positivo, que trará melhorias para a organização, nova coletividade organizacional. Acreditamos que o engajamento
que estará atualizando-se para se manter competitiva e, assim, das pessoas envolvidas no processo de mudança será maior,
alcançar os resultados esperados. Uma cultura organizacional que se forem levados em consideração por parte dos gestores, entre
priorize a comunicação, justificando por que certas ações são mais outras coisas, os sentimentos, dúvidas, inseguranças, opiniões e
valorizadas que outras, se adaptará melhor às mudanças do que uma percepções dos indivíduos envolvidos.2
cultura em que a forma como as pessoas devem agir é imposta, sem
explicações ou justificativas. A comunicação e a participação efetiva Tipos de Equipe
dos funcionários é de fundamental importância em situações de As equipes podem realizar uma grande variedade de coisas.
mudança. As pessoas precisam entender por que devem mudar para Elas podem fazer produtos, prestar serviços, negociar acordos,
que haja menos resistência. coordenar projetos, oferecer aconselhamentos ou tomar decisões.
Para Hernandez e Caldas (2002) a resistência à mudança é Equipe de soluções de problemas: Neste tipo de equipe, os
vista como uma das principais barreiras na implementação de membros trocam ideias ou oferecem sugestões sobre os processos
processos de mudança e inovação. É importante destacar que essa e métodos de trabalho que podem ser melhorados. Raramente,
resistência muitas vezes se deve ao fato de que a mudança implica entretanto, estas equipes têm autoridade para implementar
uma reconstrução das identidades dos indivíduos no ambiente de unilateralmente suas sugestões.
trabalho. No entanto, como as mudanças geralmente dizem respeito Equipes de trabalho autogerenciadas: São equipes
à estratégia da empresa e ao seu modo de funcionamento, aqueles autônomas, que podem não apenas solucionar os problemas, mas
elementos profundos da identidade dos indivíduos, que estão também implementar as soluções e assumir total responsabilidade
bastante incorporados e dificilmente se transformam, não devem pelos resultados. São grupos de funcionários que realizam
trabalhos muito relacionados ou interdependentes e assuem muitas
ser vistos como fonte de resistência ao processo de mudança, pois
das responsabilidades que antes eram de seus antigos supervisores.
as identidades dos indivíduos podem ser reconstruídas sem alterá-
los. 2 Por Karina Ribeiro Fernandes/José Carlos Zanelli

Didatismo e Conhecimento 25
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Normalmente, isso inclui o planejamento e o cronograma de crenças e estilo comportamental, o que traz inevitáveis diferenças
trabalho, a delegação de tarefas aos membros, o controle coletivo de percepções, opiniões, sentimentos em relação a cada situação
sobre o ritmo de trabalho, a tomada de decisões operacionais e a compartilhada. Essas diferenças passam a constituir um repertório
implementação de ações para solucionar problemas. As equipes de novo: o daquela pessoa naquele grupo. Como essas diferenças são
trabalho totalmente autogerenciadas até escolhem seus membros e encaradas e tratadas determina a modalidade de relacionamento en-
avaliam o desempenho uns dos outros. tre membros do grupo, colegas de trabalho, superiores e subordina-
Consequentemente, as posições de supervisão perdem a sua dos. Por exemplo: se no grupo há respeito pela opinião do outro, se
importância e até podem ser eliminadas. a idéia de cada um é ouvida, e discutida, estabelece-se uma moda-
Equipes multifuncionais: São equipes formadas por lidade de relacionamento diferente daquela em que não há respeito
funcionários do mesmo nível hierárquico, mas de diferentes pela opinião do outro, quando idéias e sentimentos não são ouvidos,
setores da empresa, que se juntam para cumprir uma tarefa. As ou ignorados, quando não há troca de informações. A maneira de
equipes desempenham várias funções (multifunções), ao mesmo lidar com diferenças individuais criam certo clima entre as pessoas
tempo, ou seja, não há especificação para cada membro. O sentido e tem forte influência sobre toda a vida em grupo, principalmente
de equipe é exatamente esse, os membros compensam entre si as nos processos de comunicação, no relacionamento interpessoal, no
competências e as carências, num aprendizado contínuo. comportamento organizacional e na produtividade.
As equipes multifuncionais representam uma forma eficaz de
permitir que pessoas de diferentes áreas de uma empresa (ou até Valores: Representa a convicções básicas de que um modo es-
de diferentes empresas) possam trocar informações, desenvolver pecífico de conduta ou de condição de existência é individualmente
novas ideias e solucionar problemas, bem como coordenar projetos ou socialmente preferível a modo contrário ou oposto de conduta
complexos. Evidentemente, não é fácil administrar essas equipes. ou de existência. Eles contêm um elemento de julgamento, basea-
Seus primeiros estágios de desenvolvimento, enquanto as pessoas do naquilo que o indivíduo acredita ser correto, bom ou desejável.
aprendem a lidar com a diversidade e a complexidade, costumam Os valores costumam ser relativamente estáveis e duradouros.
ser muito trabalhosos e demorados. Demora algum tempo até que se
desenvolva a confiança e o espírito de equipe, especialmente entre Atitudes: As atitudes são afirmações avaliadoras – favoráveis
pessoas com diferentes históricos, experiências e perspectivas. ou desfavoráveis – em relação a objetos, pessoas ou eventos. Re-
Equipes Virtuais: Os tipos de equipes analisados até agora fletem como um indivíduo se sente em relação a alguma coisa.
Quando digo “gosto do meu trabalho” estou expressando minha
realizam seu trabalho face a face. As equipes virtuais usam a
atitude em relação ao trabalho. As atitudes não são o mesmo que os
tecnologia da informática para reunir seus membros, fisicamente
valores, mas ambos estão inter-relacionados e envolve três compo-
dispersos, e permitir que eles atinjam um objetivo comum. Elas
nentes: cognitivo, afetivo e comportamental.
permitem que as pessoas colaborem on-line utilizando meios de
A convicção que “discriminar é errado” é uma afirmativa ava-
comunicação como redes internas e externas, videoconferências
liadora. Essa opinião é o componente cognitivo de uma atitude.
ou correio eletrônico – quando estão separadas apenas por uma
Ela estabelece a base para a parte mais crítica de uma atitude: o seu
parede ou em outro continente. São criadas para durar alguns componente afetivo. O afeto é o segmento da atitude que se refere
dias para a solução de um problema ou mesmo alguns meses para ao sentimento e às emoções e se traduz na afirmação “Não gosto de
conclusão de um projeto. Não são muito adequadas para tarefas João porque ele discrimina os outros”. Finalmente, o sentimento
rotineiras e cíclicas. pode provocar resultados no comportamento. O componente com-
portamental de uma atitude se refere à intenção de se comportar de
Em todo processo onde haja interação entre as pessoas vamos determinada maneira em relação a alguém ou alguma coisa. Então,
desenvolver relações interpessoais. para continuar no exemplo, posso decidir evitar a presença de João
Ao pensarmos em ambiente de trabalho, onde as atividades por causa dos meus sentimentos em relação a ele.
são predeterminadas, alguns comportamentos são precisam ser Encarar a atitude como composta por três componentes – cog-
alinhados a outros, e isso sofre influência do aspecto emocional nição, afeto e comportamento – é algo muito útil para compreender
de cada envolvido tais como: comunicação, cooperação, respei- sua complexidade e as relações potenciais entre atitudes e compor-
to, amizade. À medida que as atividades e interações prosseguem, tamento. Ao contrário dos valores, as atitudes são menos estáveis.
os sentimentos despertados podem ser diferentes dos indicados
inicialmente e então – inevitavelmente – os sentimentos influen- Eficácia no relacionamento interpessoal
ciarão as interações e as próprias atividades. Assim, sentimentos A competência interpessoal é a habilidade de lidar
positivos de simpatia e atração provocarão aumento de interação eficazmente com relações interpessoais, de lidar com outras
e cooperação, repercutindo favoravelmente nas atividades e ense- pessoas de forma adequada à necessidade de cada uma delas e às
jando maior produtividade. Por outro lado, sentimentos negativos exigências da situação. Segundo C. Argyris (1968) é a habilidade
de antipatia e rejeição tenderão à diminuição das interações, ao de lidar eficazmente com relações interpessoais de acordo com
afastamento nas atividades, com provável queda de produtividade. três critérios:
Esse ciclo “atividade-interação-sentimentos” não se relaciona Percepção acurada da situação interpessoal, de suas
diretamente com a competência técnica de cada pessoa. Profissio- variáveis relevantes e respectiva interrelação.
nais competentes individualmente podem render muito abaixo de Habilidade de resolver realmente os problemas de tal modo
sua capacidade por influência do grupo e da situação de trabalho. que não haja regressões.
Quando uma pessoa começa a participar de um grupo, há uma Soluções alcançadas de tal forma que as pessoas envolvidas
base interna de diferenças que englobam valores, atitudes, conhe- continuem trabalhando juntas tão eficientemente, pelo menos,
cimentos, informações, preconceitos, experiência anterior, gostos, como quando começaram a resolver seus problemas.

Didatismo e Conhecimento 26
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Dois componentes da competência interpessoal assumem im- Ele simboliza a estratégia da organização e de seus gestores
portância capital: a percepção e a habilidade propriamente dita. O de delegar a tomada de decisão para seus colaboradores, promo-
processo da percepção precisa ser treinado para uma visão acurada vendo a flexibilidade, rapidez e melhoria no processo de tomada
da situação interpessoal. de decisão da empresa.
A percepção seletiva é um processo que aparece na comunica- O empowerment permite aos funcionários da empresa toma-
ção, pois os receptores vêm e ouvem seletivamente com base em rem decisões com base em informações fornecidas pelos gestores,
suas necessidades, experiências, formação, interesses, valores, etc. aumentando sua participação e responsabilidade nas atividades
A percepção social: É o meio pelo qual a pessoa forma im- da empresa. Geralmente é utilizado em organizações com cultura
pressões de uma outra na esperança de compreendê-la. participativa, que utilizam equipes de trabalho autodirigidas e que
compartilham o poder com todos os seus funcionários.
Empatia O empowerment está diretamente ligado ao conceito de lide-
Colocar-se no lugar do outro, mediante sentimentos e rança e, também, cultura organizacional. Uma vez que não se pode
situações vivenciadas. criar uma cultura de delegação de poder aos funcionários em uma
“Sentir com o outro é envolver-se”. A empatia leva ao empresa engessada e burocrática, sem uma estrutura de hábitos e
envolvimento, ao altruísmo e a piedade. Ver as coisas da pensamentos preparada para isso. A empresa que pretende se utili-
perspectiva dos outros quebra estereótipos tendenciosos e assim zar de uma prática como o empowerment não pode ter uma cultu-
leva a tolerância e a aceitação das diferenças. A empatia é um ato ra de tomada de decisões centralizada, por exemplo.
de compreensão tão seguro quanto à apreensão do sentido das
palavras contidas numa página impressa. O empowerment possui quatro bases principais, que são:
A empatia é o primeiro inibidor da crueldade humana: reprimir
• Poder  – dar poder às pessoas, delegando autoridade e
a inclinação natural de sentir com o outro nos faz tratar o outro
responsabilidade em todos os níveis da organização. Isso significa
como um objeto.
dar importância e confiar nas pessoas, dar-lhes liberdade e
O ser humano é capaz de encobrir intencionalmente a empatia,
é capaz de fechar os olhos e os ouvidos aos apelos dos outros. autonomia de ação.
Suprimir essa inclinação natural de sentir com outro desencadeia • Motivação – proporcionar motivação às pessoas para
a crueldade. incentivá-las continuamente. Isso significa reconhecer o bom
Empatia implica certo grau de compartilhamento emocional desempenho, recompensar os resultados, permitir que as pessoas
- um pré-requisito para realmente compreender o mundo interior participem dos resultados de seu trabalho e festejem o alcance das
do outro. metas.
• Desenvolvimento – dar recursos às pessoas em termos
A empatia nas empresas de capacitação e desenvolvimento pessoal e profissional. Isso
Qual a relação entre empatia e produtividade? significa treinar continuamente, proporcionar informações e
“O conceito de empatia está relacionado á capacidade de conhecimento, ensinar continuamente novas técnicas, criar e
ouvir o outro de tal forma a compreender o mundo a partir de seu desenvolver talentos na organização.
ponto de vista. Não pressupõe concordância ou discordância, mas • Liderança – proporcionar liderança na organização. Isso
o entendimento da forma de pensar, sentir e agir do interlocutor. significa orientar as pessoas, definir objetivos e metas, abrir novos
No momento em que isso ocorre de forma coletiva, a organização horizontes, avaliar o desempenho e proporcionar retroação.
dialoga e conhece saltos de produtividade e de satisfação das Alguns gestores pensam que o ato de delegar a tomada de
pessoas”. decisão para um funcionário é sinônimo de perda de controle ou
liderança. Este é um ponto que merece uma discussão maior, uma
“A empatia é primordial para o desenvolvimento das vez que abrange diversos aspectos, mas o mais importante de se
organizações pois, ela é que define no comportamento individual destacar é que o empowerment valoriza os funcionários e melhora
a preocupação de cada indivíduo no equilíbrio comportamental a condução dos processos internos à empresa.
de todos os envolvidos no processo, pois, empatia pressupõe o
respeito ao outro.” Vantagens do empowerment
É quando desenvolvemos a compreensão mútua, ou seja, Com mencionado anteriormente, a adoção do empowerment
um tipo de relacionamento onde as partes compreendem bem os por parte das empresas traz diversos benefícios para elas, como
valores, deficiências e virtudes do outro. No contexto das relações
por exemplo: o aumento da motivação e da satisfação dos funcio-
humanas, pode-se afirmar que o sucesso dos relacionamentos
nários, aumentando assim a taxa de retenção dos talentos da em-
interpessoais depende do grau de compreensão entre os indivíduos.
presa, o compartilhamento das responsabilidades e tarefas, maior
Quando há compreensão mútua as pessoas comunicam-se melhor
e conseguem resolver conflitos de modo saudável. agilidade e flexibilidade no processo de tomada de decisão, etc.
Além, claro, de estimular o aparecimento de novos líderes dentro
Empoderamento das empresas.
Para Chiavenato, o empowerment ou empoderamento, é uma Por este motivo, é cada vez maior o número de gestores que
ação que permite melhorar a qualidade e a produtividade dos preparam suas organizações para a prática do empowerment, trei-
colaboradores, fazendo com que o resultado do serviço prestado nando e doutrinando seus funcionários para que possam receber
seja satisfatoriamente melhor. Estas melhorias acontecem através tais responsabilidades de forma correta.
de delegação de autoridade e de responsabilidade, fomentando Para Carlos Hilsdorf, o empowerment corresponde a uma re-
a colaboração sistêmica entre diferentes níveis hierárquicos e a lação que envolve poder e responsabilidade, como duas faces de
propagação de confiança entre os liderados e os líderes. uma mesma moeda. Para promovê-lo, não basta transferir verbal-

Didatismo e Conhecimento 27
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
mente poder às pessoas; elas precisam ter reais condições de agir • controle da empresa, que representa o controle e a
no pleno exercício da sua responsabilidade, desenvolvendo o que avaliação dos resultados obtidos em relação aos objetivos e
chamamos de “ownership“, ou seja, agirem como intraempreen- resultados esperados
dedores e como se fossem “proprietárias” do negócio, pensando
como empresários. Quando a estrutura organizacional é estabelecida de forma
adequada, ela propicia:
Aplicação do empowerment
Segundo Hilsdorf, para uma correta implantação do empo- • identificação das tarefas necessárias
werment é necessário: • organização das funções e responsabilidades
1. Um profundo compartilhamento das informações com • informações, recursos e feedback aos empregados
todos os envolvidos. A informação é o objeto que destrói a incer- • medidas de desempenho compatíveis coom os objetivos
teza. Ela é fundamental para a correta tomada de decisões. A In- • condições motivadoras
formação deve circular, de maneira clara, transparente e adaptada
à condição e necessidade de cada equipe em particular. Algumas ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
informações gerais para o bom entendimento do negócio e do ce-
nário devem ser compartilhadas com todas as pessoas, outras mais Para administrar nos mais variados níveis de organização é
restritas e sigilosas, apenas com as pessoas-chave. necessário ter habilidades, estas são divididas em três grupos: as
2. A abertura para uma real autonomia dando às pessoas Habilidades Técnicas são habilidades que necessitam de conheci-
não somente as informações, mas o apoio e a liberdade necessária mento especializado e procedimentos específicos e pode ser obtida
para agirem. É preciso confiar nestes profissionais e incentivá-los através de instrução. As Habilidades Humanas envolvem também
a liderar os processos em que estão envolvidos, e sob os quais aptidão, pois interage com as pessoas e suas atitudes, exige com-
assumiram responsabilidades. Uma cultura punitiva impede a au- preensão para liderar com eficiência. As Habilidades Conceituais
tonomia; erros devem ser corrigidos, não punidos. A autonomia englobam um conhecimento geral das organizações, o gestor pre-
deve guiar-se pela visão, missão e valores da empresa, assim como cisa conhecer cada setor, como ele trabalha e para o que ele existe.
por seus objetivos e metas, dentro do contexto dos sistemas e pro- De acordo com Chiavenato a estrutura garante a totalidade de
cessos em vigor na organização. um sistema e permite sua integridade, assim são as organizações,
3. Redução dos níveis hierárquicos e da burocracia que tor- diversos órgãos agrupados hierarquicamente, os sistemas de res-
nam as empresas lentas e rígidas. Através da prática de empower- ponsabilidade, sistemas de autoridade e os sistemas de comunica-
ment, equipes auto-gerenciadas podem atingir alta performance e ções são componentes estruturais.
buscar a excelência em níveis muito superiores aos de empresas Existem vários modelos de organização, Organização Empre-
centralizadoras. sarial, Organização Máquina, Organização Política entre outras.
Seguindo estes 3 passos básicos, a empresa torna sua adap- As organizações possuem seus níveis de influência. O nível estra-
tação mais fácil e menos traumática. Gerando um ambiente apro- tégico é representado pelos gestores e o nível tático, representado
priado para o aprendizado dos funcionários a fim de torná-los to- pelos gerentes. Eles são importantes para manter tudo sob contro-
madores de decisão dentro da empresa.3 le. O gerente tem uma visão global, ele coordena, define, formula,
Responsabilidade, coordenação, autoridade, poder e delega- estabelece uma autoridade de forma construtiva, competente, enér-
ção gica e única. Fayol nomeia 16 diferentes atribuições dos gerentes.
Os gerentes são responsáveis pelo elo entre o nível operacional,
Organização da empresa é definida como a ordenação e onde os colaboradores desenvolvem os produtos e serviços da or-
agrupamento de atividades e recursos, visando ao alcance dos ganização.
objetivos e resultados estabelecidos. As Organizações formais possuem uma estrutura hierárquica
com suas regras e seus padrões. Os Organogramas com sua estru-
Para a adequada organização de uma empresa, pode-se tura bem dimensionada podem facilitar a autonomia interna, agi-
considerar o desenvolvimento de alguns aspectos: lizando o processo de desenvolvimento de produtos e serviços. O
mundo empresarial cada vez mais competitivo e os clientes a cada
• estrutura organizacional dia mais exigentes levam as organizações a pensar na sua estrutu-
• rotinas e procedimentos administrativos ra, para se adequar ao que o mercado procura. Com os órgãos bem
dispostos nessa representação gráfica, fica mais bem objetivada a
Além da organização da empresa, o administrador tem três hierarquia bem como o entrosamento entre os cargos.
outras funções básicas: As organizações fazem uso do organograma que melhor re-
presenta a realidade da empresa, vale lembrar que o modelo pira-
• planejamento da empresa, que representa o midal ficou obsoleto, hoje o que vale é a contribuição, são muitas
estabelecimento de objetivos e resultados estabelecidos e dos pessoas empenhadas no desenvolvimento da empresa, todos con-
meios mais adequados para se alcançar estas metas tribuem com ideias na tomada de decisão.
• a direção da empresa, que representa a orientação e/ Com vistas às diversidades de informações, é preciso estar
ou coordenação e/ou motivação e/ou liderança das atividades e atento para sua relevância, nas organizações as informações são
recursos visando alcançar os objetivos e resultados esperados; e importantes, mesmo em tomada de decisões. É necessário avaliar a
3 Texto adaptado de Gustavo Periard qualidade da informação e saber aplicar em momentos oportunos.

Didatismo e Conhecimento 28
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Para o desenvolvimento de sistemas de informação, há que Benefícios de uma estrutura adequada.
se definir qual informação e como ela vai ser mantida no sistema, • Identificação das tarefas necessárias;
deve haver um estudo no organograma da empresa verificando as- • Organização das funções e responsabilidades;
sim quais os dados e quais os campos vão ser necessários para • Informações, recursos, e feedback aos empregados;
essa implantação.  Cada empresa tem suas características e suas • Medidas de desempenho compatíveis com os objetivos;
necessidades, e o sistema de informação se adéqua a organização • Condições motivadoras.
e aos seus propósitos.
Para as organizações as pessoas são as mais importantes, por Estrutura:
isso tantos estudos a fim de sanar interrogações a respeito da com- Toda empresa possui dois tipos de estrutura: Formal e
plexidade do ser humano. Maslow diz que em primeiro na base da informal.
pirâmide vem às necessidades fisiológicas, como: fome, sede sono, Formal: Deliberadamente planejada e formalmente
sexo, depois ele nomeia segurança como o segundo item mais im- representada, em alguns aspectos pelo seu organograma.
portante, estabilidade no trabalho, por exemplo, logo depois ne- • Ênfase a posições em termos de autoridades e responsa-
cessidade afetivo sociais, como pertencer a um grupo, ter amigos, bilidades.
família; necessidades de status e estima, aqui podemos dar como • É estável.
exemplo a necessidade das pessoas em ter reconhecimento, por • Está sujeita a controle.
seu trabalho por seu empenho, no topo Maslow colocou as neces- • Está na estrutura.
sidades de autorrealização, em que o indivíduo procura tornar-se • Líder formal.
aquilo que ele pode ser, explorando suas possibilidades. •
O raciocínio de Viktor Frankl “vontade de sentido” também ESTRUTURA FORMAL
é  coerente, ele nos atenta para o fato de que nem sempre a pirâ- • É representada pelo organograma da empresa e seus as-
mide de Maslow ocorre em todas as escalas de uma forma sequen- pectos básicos.
cial, de acordo com ele, o que nos move é aquilo que faz com que • Reconhecida juridicamente de fato e de direito.
nossa vida tenha sentido, nossas necessidades aparecem de forma • É estruturada e organizada.
aleatória, são nossas motivações que nos levam a agir. Os colabo-
radores são estimulados, fazendo o que gostam, as pessoas alocam ESTRUTURA INFORMAL
mais tempo nas atividades em que estão motivados. Sendo assim Surge da interação social das pessoas, o que significa que
um funcionário trabalhando em uma determinada tarefa, pode sen- se desenvolve espontaneamente quando as pessoas se reúnem.
tir autorrealização sem necessariamente ter passado por todas as
Representa relações que usualmente não aparecem no organograma.
escalas da pirâmide. Mas o que é realização para um, não é rea-
São relacionamentos não documentados e não reconhecidos
lização para todas as pessoas. O ser humano é insaciável, quando
oficialmente entre os membros de uma organização que surgem
realiza algo que desejou intensamente, logo cobiçara outras coisas.
inevitavelmente em decorrência das necessidades pessoais e
O comportamento das pessoas nas organizações afeta direta-
grupais dos empregados.
mente na imagem, no sucesso ou insucesso da mesma, o compor-
• Está nas pessoas.
tamento dos colaboradores refletem seu desempenho. Há uma ne-
cessidade das pessoas de ter incentivos para que o trabalho flua, a • Sempre existirão.
motivação é intrínseca, mas os estímulos são imprescindíveis para • A autoridade flui na maioria das vezes na horizontal.
que a motivação pelo trabalho continue gerando resultados para a • É instável.
empresa. • Não está sujeita a controle.
Os lideres são importantes no processo de sobrevivência no • Está sujeita aos sentimentos.
mercado, Lacombe descreveu que o líder tem condição de exer- • Líder informal.
cer, função, tarefa ou responsabilidade quando é responsável pelo • Desenvolve sistemas e canais de comunicação.
grupo. Um líder precisa ser motivado, competente, conseguir con-
quistar e conhecer as pessoas, ter habilidades e intercalar objetivos Vantagens da estrutura informal.
pessoais e organizacionais. O estilo do líder Democrático contribui • Proporciona maior rapidez no processo.
na condução das organizações, ele delega não só tarefas, mas po- • Complementa e estrutura formal.
deres, isso é importante para estimular os mais diversos profissio- • Reduz a carga de comunicação dos chefes.
nais dentro da organização. • Motiva e integra as pessoas na empresa.
No processo de centralização a tomada de decisões é unila-
teral, deixando os colaboradores travados, sem poder de opinião.  Desvantagens:
Já no processo de descentralização existe maior estimulo por par- • Desconhecimento das chefias.
te dos funcionários, podendo opinar eles se sentem parte ativa da • Dificuldade de controle.
empresa. • Possibilidade de atritos entre pessoas
Existem benefícios assegurados por leis e benefícios espon- • Fatores que condicionam o aparecimento da estrutura
tâneos. Um bom plano de benefícios motivam os colaboradores. informal.
O funcionário hoje com todo seu conhecimento adquirido na em- • Interesses comuns
presa tem sido tratado como ativo não mais como recurso. Dar • Interação provocada pela própria estrutura formal.
estímulos como os benefícios contribuem para a permanência do • Defeitos na estrutura formal.
funcionário na organização.  São inúmeras vantagens tanto para • Flutuação do pessoal dentro da empresa.
o empregado quanto para o empregador. Reduzindo insatisfações • Períodos de lazer.
e aumentando a produção, gerando assim resultados satisfatórios. • Disputa do poder.

Didatismo e Conhecimento 29
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Fatores que condicionam o aparecimento da estrutura Avaliar
informal.  Quanto ao alcance dos objetivos
• Interesses comuns  Influencia dos aspectos formais e informais
• Interação provocada pela própria estrutura formal.
• Defeitos na estrutura formal. Componentes da estrutura organizacional
• Flutuação do pessoal dentro da empresa. ⇒ Sistema de responsabilidade, constituído por:
• Períodos de lazer.  Departamentalização;
• Disputa do poder.  Linha e assessoria; e
•  Especialização do trabalho.
A estrutura informal será bem utilizada quando:
• Os objetivos da empresa forem idênticos aos objetivos ⇒ Sistema de autoridade, constituído por:
dos indivíduos.  Amplitude administrativa ou de controle;
• Existir habilidade das pessoas em lidar com a estrutura
 Níveis hierárquicos;
informal.
 Delegação;

 Centralização/descentralização.
Elaboração da estrutura organizacional
É o conjunto ordenado de responsabilidades, autoridades,
comunicações e decisões das unidades organizacionais de uma ⇒ Sistema de comunicações (Resultado da interação das
empresa. unidades organizacionais), constituída por:
• Não é estática.  O que,
• É representada graficamente pelo organograma.  Como,
• É dinâmica.  Quando,
• Deve ser delineada de forma a alcançar os objetivos ins-  De quem,
titucionais.  Para quem.
• (Delinear = Criar, aprimorar).
• Deve ser planejada. Condicionantes da estrutura organizacional.
São Quatro:
O Planejamento deve estar voltado para os seguintes  Objetivos e estratégias,
objetivos:  Ambiente,
• Identificar as tarefas físicas e mentais que precisam ser  Tecnologia,
desempenhadas.  Recursos humanos.
• Agrupar as tarefas em funções que possam ser bem de- Níveis de influência da estrutura organizacional.
sempenhadas e atribuir sua responsabilidade a pessoas ou grupos. São três:
• Proporcionar aos empregados de todos os níveis:  Nível estratégico,
 Informação.  Nível tático,
 Recursos para o trabalho.  Nível operacional.
 Medidas de desempenho compatíveis com objetivos e
metas. Níveis de abrangência da estrutura organizacional.
 Motivação. Três níveis podem ser considerados quando do
desenvolvimento e implantação da estrutura organizacional:
Tipos de estrutura organizacional
 Nível da empresa,
 Funcional.
 Nível da UEN – Unidade Estratégica de Negócio
 Clientes.
 Nível da Corporação.
 Produtos.
 Territorial.
 Por projetos. Condicionantes da estrutura organizacional.
 Matricial.  Fator humano

Desenvolvimento, implantação e avaliação de estrutura A empresa funciona por meio de pessoas, a eficiência depende
organizacional. da qualidade intrínseca e do valor e da integração dos homens que
ela organiza.
No desenvolvimento considerar: Ao desenvolver uma estrutura organizacional deve-se levar
 Seus componentes. em consideração o comportamento e o conhecimento das pessoas
 Condicionantes. que irão desempenhar funções.
 Níveis de influência. Não podemos nos esquecer da MOTIVAÇÃO.
 Níveis de abrangência.  Fator ambiente externo
Avaliação das mudanças e suas influências.
Implantação / Ajustes  Fator sistema de objetivos e estratégias
 Participação dos funcionários Quando os objetivos e estratégias estão bem definidos e
 Motivar claros, é mais fácil organizar. Sabe-se o que se espera de cada um.

Didatismo e Conhecimento 30
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Fator tecnologia • Gestão de projetos – todas as organizações desempe-
Conhecimentos nham algum tipo de trabalho e este envolve operações e projetos.
Equipamentos O fim de um projeto é alcançado quando os objetivos do projeto
são atingidos ou quando fica claro que seus objetivos não podem
Implantação da estrutura organizacional ser atingidos.
Três aspectos devem ser considerados:
• A mudança na estrutura organizacional. As tendências organizacionais no mundo moderno se
• O processo de implantação; e caracterizam por: 
• As resistências que podem ocorrer. • Cadeias de comando mais curtas (enxugar níveis hierár-
quicos).
Avaliação da estrutura organizacional • Menos unidade de comando (a subordinação ao chefe
• Levantamento está sendo substituída pelo relacionamento horizontal em direção
• Análise ao cliente).
• Avaliação • Maior responsabilidade e autonomia às pessoas.
• Políticas de avaliação de estruturas. • Ênfase nas equipes de trabalho.
• Organizações estruturadas sobre unidades autônomas e
Tendências e Práticas Organizacionais autossuficientes, com metas e resultados a alcançar.
Visando oferecer soluções práticas e que atendam às • Infoestrutura (permite uma organização integrada sem
emergências impostas pelas mudanças e transformações, ao final necessariamente estar concentrada em um único local).
da era neoclássica surgiram algumas técnicas de intervenção:  • Preocupação maior com o alcance dos objetivos e metas
• Melhoria contínua – os processos de mudança devem do que com o comportamento variado das pessoas.
começar pequenos e sempre de baixo para cima, ou seja, da base • Foco no negócio básico e essencial (enxugamento e ter-
para a cúpula. A filosofia da melhoria contínua deriva do Kaizen ceirização visando reorientar a organização para aquilo que ela foi
(palavra japonesa). As melhorias não precisam ser grandes, mas criada).
devem ser contínuas e constantes.  • As pessoas deixam de ser fornecedoras de mão de obra
• Qualidade total – qualidade é o atendimento das exigên- para serem fornecedoras de conhecimentos capazes de agregar va-
cias do cliente. O tema central da qualidade total está nas pes- lor ao negócio.
soas que a produzem sendo os funcionários e não os gerentes os
responsáveis pelo elevado padrão de qualidade. Para isso devem- DEPARTAMENTALIZAÇÃO
se proporcionar aos funcionários habilidades e a autoridade para É uma divisão do trabalho por especialização dentro da
tomar decisões que tradicionalmente eram dadas aos gerentes. O estrutura organizacional da empresa.
gerenciamento da qualidade total trouxe técnicas conhecidas, tais Departamentalização é o agrupamento, de acordo com
como o enxugamento, a terceirização e a redução do tempo do um critério específico de homogeneidade, das atividades e
ciclo de produção.
correspondente recursos (humanos, financeiros, materiais e
• Reengenharia – para reduzir a enorme distância entre a
equipamentos) em unidades organizacionais.
velocidade das mudanças ambientais e a permanência das organi-
Existem diversas maneiras básicas pelas quais as organizações
zações tratou-se de aplicar um remédio forte e amargo. Reenge-
decidem sobre a configuração organizacional que será usada
nharia significa fazer uma nova engenharia da estrutura organi-
para agrupar as várias atividades. O processo organizacional de
zacional, ou seja, é uma reconstrução e não apenas uma reforma
determinar como as atividades devem ser agrupadas chama-se
total ou parcial da empresa. A reengenharia não se confunde com
Departamentalização.
a melhoria contínua, pois pretende criar um processo inteiramente
Formas de Departamentalizar:
novo e não o aperfeiçoamento gradativo e lento do processo atual.
A reengenharia trás consequência para a organização: os departa-
mentos tendem a desaparecer; estrutura organizacional horizonta- • Função
lizada; atividades baseadas em equipe; a avaliação deixa de ser a • Produto ou serviço
atividade e passa a ser os resultados alcançados; os gerentes pas- • Território
sam a ficar mais próximo das operações e das pessoas e passam a • Cliente
ser educadores dotados de habilidades interpessoais. • Processo
• Benchmarking – é um processo contínuo de avaliar pro- • Projeto
dutos, serviços e práticas dos concorrentes mais fortes e daquelas • Matricial
empresas que são reconhecidas como líderes empresariais. Isso • Mista
permite comparações entre empresas para identificar o “melhor do
melhor” e alcançar um nível de superioridade ou vantagem com- Deve-se notar, no entanto, que a maioria das organizações usa
petitiva. uma abordagem da contingência à Departamentalização: isto é, a
• Equipes de alto desempenho – as organizações estão mi- maioria usará mais de uma destas abordagens usadas em algumas
grando velozmente para o trabalho em equipe, visando obter a par- das maiores organizações. A maioria usa a abordagem funcional na
ticipação das pessoas na busca de respostas rápidas às mudanças cúpula e outras nos níveis mais baixos.
no ambiente de negócios.

Didatismo e Conhecimento 31
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR FUNÇÕES: A • Pode criar uma situação em que os gerentes de produtos
Departamentalização funcional agrupa funções comuns ou se tornam muito poderosos, o que pode desestabilizar a estrutura
atividades semelhantes para formar uma unidade organizacional. da empresa.
Assim todos os indivíduos que executam funções semelhantes
ficam reunidos, todo o pessoal de vendas, todo o pessoal de DEPARTAMENTALIZAÇÃO TERRITORIAL: Algumas
contabilidade, todo o pessoal de secretaria, todas as enfermeiras, vezes mencionadas como regional, de área ou geográfica. É o
e assim por diante. agrupamento de atividades de acordo com os lugares onde estão
A Departamentalização funcional pode ocorrer em qualquer localizadas as operações. Uma empresa de grande porte pode
nível e é normalmente encontrada muito próximo à cúpula. agrupar suas atividades de vendas em áreas do Brasil como a
Vantagens: As vantagens principais da abordagem funcional região Nordeste, região Sudeste, e região Sul. Muitas vezes as
são: filiais de bancos são estabelecidas desta maneira.
• Mantém o poder e o prestígio das funções principais
• Cria eficiência através dos princípios da especialização. As vantagens e desvantagens da Departamentalização
territorial são semelhantes às dadas para a Departamentalização
• Centraliza a perícia da organização.
de produto. Tal grupamento permite a uma divisão focalizar as
• Permite maior rigor no controle das funções pela alta ad-
necessidades singulares de sua área, mas exige coordenação e
ministração.
controle da administração de cúpula em cada região.
• Segurança na execução de tarefas e relacionamento de
colegas. DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR CLIENTE: A
• Aconselhada para empresas que tenham poucas linhas de Departamentalização de cliente consiste em agrupar as atividades
produtos. de tal modo que elas focalizem um determinado uso do produto ou
Desvantagens: Existem também muitas desvantagens na serviço. A Departamentalização de cliente é usada principalmente
abordagem funcional. no grupamento de atividade de vendas ou serviços.
Entre elas podemos dizer:
• A responsabilidade pelo desempenho total está somente A principal vantagem:
na cúpula. • a adaptabilidade uma determinada clientela.
• Cada gerente fiscaliza apenas uma função estreita Desvantagens:
• O treinamento de gerentes para assumir a posição no • Dificuldade de coordenação.
topo é limitado. • Subutilização de recursos e concorrência entre os gerentes
• A coordenação entre as funções se torna complexa e mais para concessões especiais em benefício de seus próprios clientes.
difícil quanto à organização em tamanho e amplitude.
• Muita especialização do trabalho. DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR PROCESSO OU
EQUIPAMENTO: É o agrupamento de atividades que se centralizam
DEPARTAMENTALIZAÇÃO DE PRODUTO: É feito de nos processos de produção ou equipamento. É encontrada com
acordo com as atividades inerentes a cada um dos produtos ou mais frequência em produção. As atividades de uma fábrica podem
serviços da empresa. ser grupadas em perfuração, esmerilamento, soldagem, montagem
Exemplos de Departamentalização de produto: e acabamento, cada qual em seu departamento.
1- Lojas de departamentos
2- A Ford Motor Company tem as suas divisões Ford, Mercury Vantagens:
e Lincoln Continental. • Maior especialização de recursos alocados.
3- Um hospital pode estar agrupado por serviços prestados, • Possibilidade de comunicação mais rápida de informa-
ções técnicas.
como cirurgia, obstetrícia, assistência coronariana.
Vantagens: Algumas das vantagens da Departamentalização
Desvantagens:
de produtos são:
• Possibilidade de perda da visão global do andamento do
• Pode-se dirigir atenção para linhas especificas de produ- processo.
tos ou serviços. • Flexibilidade restrita para ajustes no processo.
• A coordenação de funções ao nível da divisão de produto •
torna-se melhor. DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR PROJETO: Aqui as
• Pode-se atribuir melhor a responsabilidade quanto ao lu- pessoas recebem atribuições temporárias, uma vez que o projeto
cro. tem data de inicio e término. Terminado o projeto as pessoas são
• Facilita a coordenação de resultados. deslocadas para outras atividades. Por exemplo: uma firma contábil
• Propicia a alocação de capital especializado para cada poderia designar um sócio (como administrador de projeto), um
grupo de produto. contador sênior, e três contadores juniores para uma auditoria que
• Propicia condições favoráveis para a inovação e criati- está sendo feita para um cliente. Uma empresa manufatureira, um
vidade. especialista em produção, um engenheiro mecânico e um químico
Desvantagens: poderiam ser indicados para, sob a chefia de um administrador
• Exige mais pessoal e recursos de material, podendo daí de projeto, completar o projeto de controle de poluição. Em cada
resultar duplicação desnecessária de recursos e equipamento. um destes casos, o administrador de projeto seria designado para
• Pode propiciar o aumento dos custos pelas duplicidades chefiar a equipe, com plena autoridade sobre seus membros para a
de atividade nos vários grupos de produtos. atividade específica do projeto.

Didatismo e Conhecimento 32
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
DEPARTAMENTALIZAÇÃO DE MATRIZ: A Para ocorrer uma mudança ou transformação pressupõe-se
Departamentalização de matriz é semelhante à de projeto, com uma alteração de um estado ou modelo anterior para uma situação
uma exceção principal. No caso da Departamentalização de futura, que, geralmente, é ocasionada por motivações inesperadas
matriz, o administrador de projeto não tem autoridade de linha e incontroláveis, ou por razões planejadas e premeditadas.
sobre os membros da equipe. Em lugar disso, a organização do Nas organizações, isso pode estar aliado a diferentes cenários:
administrador de projeto é sobreposta aos vários departamentos direcionamento estratégico, fusões ou aquisições de novas em-
funcionais, dando a impressão de uma matriz. presas e, até mesmo, mudanças nas tecnologias utilizadas, entre
A organização de matriz proporciona uma hierarquia que outras.
responde rapidamente às mudanças em tecnologia. Por isso, é Geralmente, essas transformações trazem a necessidade de
tipicamente encontrada em organização de orientação técnica, reavaliação dos processos organizacionais nos diferentes níveis de
também é usada por empresas com projetos de construção autoridade e responsabilidade.
complexos Teóricos do desenvolvimento organizacional, como Kurt Le-
Vantagens: win, afirmam que toda mudança organizacional implica em ne-
• Permitem comunicação aberta e coordenação de ativida- cessária alteração de comportamentos, hábitos ou atividades de
des entre os especialistas funcionais relevantes. indivíduos ou grupos.
• Capacita a organização a responder rapidamente à mu- Para que um processo de mudança organizacional tenha su-
dança. cesso, além do desejo das lideranças, é necessário que estas desen-
• São abordagens orientadas para a tecnologia. volvam novas competências para a gestão dos aspectos técnicos
e humanos inerentes a este tipo de processo.  O impulso para o
Desvantagens: novo momento começa com a liderança, conforme constata Leon
• Pode haver choques resultantes das prioridades. Tolstoi: “todos pensam em mudar o mundo, mas ninguém pensa
• em mudar a si mesmo”.
DEPARTAMENTALIZAÇÃO MISTA - É o tipo mais Na preparação das lideranças é importante a utilização de
frequente, cada parte da empresa deve ter a estrutura que mais se uma metodologia específica para facilitar e legitimar o processo.
adapte à sua realidade organizacional. Os métodos, que são um caminho para chegar a um fim, condu-
zem o gerenciamento do processo de mudança para que, de fato,
eles sejam efetivos e conduzidos além do planejamento. As ações
A MELHOR FORMA DE DEPARTAMENTALIZAR
devem estar voltadas para os focos de comunicação, capacitação
Para evitar problemas na hora de decidir como
e mapeamento dos impactos organizacionais, e a execução destas
departamentalizar, pode-se seguir certos princípios:
atividades deve contemplar um “como”, que facilite aos conduto-
• Princípio do maior uso – o departamento que faz maior
res do processo se apropriarem deste papel e das responsabilida-
uso de uma atividade deve tê-la sob sua jurisdição.
des, legitimando o processo em todos os níveis da organização.
• Principio do maior interesse – o departamento que tem
Neste aspecto, é necessário avaliar se a estrutura da metodo-
maior interesse pela atividade deve supervisiona-la. logia contempla as etapas prioritárias para o processo e suas ativi-
• Principio da separação e do controle – As atividades do dades, tais como preparação e alinhamento da visão da mudança,
controle devem estar separadas das atividades controladas. mapeamento dos impactos, estruturação do plano de transição e
• Principio da supressão da concorrência – Eliminar a con- comunicação e capacitação dos envolvidos.
corrência entre departamentos, agrupando atividades correlatas no O autor John Kotter, em seu best seller “Liderando Mudan-
mesmo departamento. ças”, já explica que outro aspecto é avaliar como estas atividades
Outro critério básico para departamentalização está baseado devem ser conduzidas e o que contempla as análises de funciona-
na diferenciação e na integração, os princípios são: mento de grupos e equipes, bem como a cultura organizacional.4
Diferenciação, cujo princípio estabelece que as atividades As organizações, com o papel de servir uma sociedade,
diferentes devem ficar em departamentos separados. A continuam apresentando soluções para todas as nossas
diferenciação ocorre quando: necessidades. Ao fazermos uso delas de maneira constante,
• O fator humano é diferente, contribuímos para a manutenção do princípio de que estão em
• A tecnologia e a natureza das atividades são diferentes, constante construção, fortalecendo um entendimento ideológico de
• Os ambientes externos são diferentes, ser uma reunião de comportamentos, ou como observam Lacombe
• Os objetivos e as estratégias são diferentes. e Heilborn (2003), um sistema de comportamentos sociais
Integração – Quanto mais atividades trabalham integradas, interligados por participantes de uma organização. Considerando
maior razão para ficarem no mesmo departamento. Fator de como instrumentos vitais de uma sociedade, Gibson et al. (1981),
integração: dizem que as organizações se caracterizam por um comportamento
• Necessidade de coordenação. voltado para uma determinada meta e que além de instrumentos,
criam ambientes que exercem sobre a vida de todos nós e de nossos
ORGANOGRAMA E FLUXOGRAMA comportamentos.
No campo da sociologia, vamos encontrar em Bernardes e
Na condução de um processo de mudança organizacional, fa- Marcondes (2005) que tratam organizações como termo genérico,
lar sobre a importância da utilização de um método, com foco em fruto de associações de produtores de bens ou serviços e que,
minimizar o impacto nos aspectos humanos, é tratar da preparação assim considerado, estão as empresas.
das lideranças e das equipes envolvidas como condutores deste 4 Fonte: www.convergecom.com.br - Texto de Carla
processo. Amoedo Souza

Didatismo e Conhecimento 33
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Não vamos nos aprofundar neste item organização em vista aspectos de suporte como: a) objetivos organizacionais; b) tipolo-
do assunto já ter sido tratado e que, com muita propriedade, fez re- gias; c) comunicação; d) comportamentos; e) aspectos formais e
ferências a conceitos e exemplos, em disciplinas anteriores. Que- informais; e h) estágios organizacionais, assuntos que serão trata-
remos destacar que, na condução deste estudo e na relação com a dos nesta unidade.
área de OSM, a observação e a consideração de variáveis organi-
zacionais intervenientes, se localizam na linha comportamental.
Visão Geral de Organização
Como conceito Lacombe e Heilborn (2003), defendem como
sendo um grupo de pessoas constituído para, de forma organizada,
alcançar um objetivo. Os autores nos oferecem um caminho que
nem sempre possui o mesmo roteiro de entendimento e nem
sempre alcança a mesma visão sobre esse assunto. Adiantam ainda
que é necessário ter noção clara de que tudo que nos cerca e nos
oferece bens e serviços, se constitui numa organização.
Em teoria estruturalista – que surgiu por volta da década de
1950, encontramos um desdobramento dos estudos voltados para
a teoria da Burocracia. Relativo estudo contemplou a tentativa em
conciliar as teses propostas pela Teoria Clássica e pela Teoria das
Relações Humanas. Conhecimento Organizacional
Na linha Estruturalistas encontramos relação de organizações
com seus ambientes externos, como veremos na unidade 2, ou Na unidade 1 vimos uma visão de organização – objetivos
seja, a sociedade de organizações, caracterizada pela sua interde- e tipologias, e a comunicação tratada como uma ferramenta de
pendência. Fonte: Wikipédia (2007), onde Etzioni (1984) defende contribuição e integração. Quanto às estruturas, comentamos
que todas as estruturas devem ser vistas como uma organização e alguns tipos, assim como características e comportamentos,
que nascemos, vivemos e morremos em organizações, ou ainda fazendo perceber que métodos e processos tendem à adaptação
como observam Bernardes e Marcondes (2005, p.11) “...quem não desses preceitos organizacionais. Vimos também fatores que
veio ao mundo em um hospital, logo vai estudar em uma escola, contribuem para a delimitação de objetivos, melhorias no processo
para depois, já adulto, trabalhar em fábricas, escritórios, comprar de comunicação e na definição de linhas estratégicas coerentes com
em lojas e supermercados, frequentar clubes, igrejas, assistir espe- um comportamento predominante em uma determinada estrutura.
táculos...“, como uma inconteste interação com organizações, ou Em vista da conotação de efetividade ou execução de um
seja, a sua contribuição e o quanto as organizações lhe dão suporte. processo que sustenta, organiza e encaminha atividades, fica
Ainda temos a contribuição de Daft (2002) que diz existir evidente a necessidade de tratarmos, embora de maneira menos
relativa dificuldade em conceituar organizações pelas suas profunda, o conhecimento organizacional.
características diversas, vistas a partir da permissão de estruturas Ao fazer referência ao termo grego epistemologia, Sveiby
com variados objetivos, mesmo assim defende serem entidades (1998), trata como um conjunto de conhecimentos que têm
socialmente construídas e dirigidas por metas, desenhadas como por objeto o conhecimento científico, visando explicar os seus
sistemas de atividades e ligadas ao ambiente externo, assunto condicionamentos, sistematizar suas relações, esclarecer os seus
que fazemos referência na unidade seguinte. Para Certo (2003), vínculos e avaliar os seus resultados e aplicações.
considera um processo de uso ordenado de todos os recursos e A Teoria do Conhecimento – que provém da palavra episteme,
diz que uma organização se refere ao resultado do processo de significa verdade absolutamente certa e, apesar do “conhecimento”
organizar. ter ocupado a mente de filósofos ao longo do tempo, não temos
Em uma relação mais aproximada com que trata este trabalho, registro de qualquer consenso. Não há nenhuma definição da
especialmente sobre processos e gestão, Mintzberg (1995) observa palavra amplamente aceita, ou podemos admitir que é a informação
que uma organização pode ser dividida em cinco componentes depois de interpretada.
básicos: cúpula estratégica, tecnoestrutura, linha intermediária, O conhecimento se interpretado e admitido como uma fer-
assessoria de apoio e núcleo operacional. ramenta é um aliado ou um recurso que precisa ser gerenciado,
Com estes componentes podemos afirmar que uma pois nada representa ter e não utilizar. Por isso, Lacombe e Heil-
organização – ao cumprir suas atividades, oferece oportunidades born (2003) definem gestão do conhecimento como um conjunto
diversas, exercendo papéis diferentes de ofertas em um estado de de esforços ordenados visando novos conhecimentos. Como um
adaptação permanente. processo de gestão, podemos perceber o conhecimento em quatro
Daí a razão de uma organização estar em constante vertentes - geração, organização, desenvolvimento e distribuição,
construção, fortalecendo um entendimento ideológico de ser uma tendo a distribuição o papel de manter um ciclo para uma nova ge-
reunião de comportamentos, ou um sistema de comportamentos ração. Justifica tal distribuição, quando verificado que o conheci-
sociais interligado por seus participantes. mento adotado por agentes produz resultantes para a organização,
Havendo agentes voltados para determinados fins com a utili- gerando novos conteúdos.
zação de todos os recursos e instrumentos para oferecer condições
de mutação e adaptação – como queiram conceber, então deve-
mos aliar a noção de tempo e de recursos disponíveis em tipos de
estruturas e características, para que possamos correlacionar com

Didatismo e Conhecimento 34
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Sendo a aprendizagem organizacional um processo contínuo
de crescimento individual, grupal e organizacional, criando novas
oportunidades e experimentando novos desafios, Nadler et al
(1993) observam que ensinar as organizações a aprender é a
capacidade que seus agentes possuem de adquirir conhecimentos
com sua experiência e a experiência dos outros, modificando sua
forma de funcionar de acordo com esses conhecimentos.
Do ponto de vista conceitual, Araújo (2006) contribui
afirmando que uma organização que aprende é aquela que
reconhece não existirem forças separadas do mundo, mas sim fatos
e situações gerados a um nível inter-relacionado e de afinidade.
Isto se refere ao que métodos e processos devem possuir para, no
É a partir destes processos que podemos contribuir para uma mínimo, encontrar resultados previstos.
organização que aprende, visto que ela tem a capacidade de adquirir Ao tratar de transferência de conhecimentos visando modificar
e transferir conhecimentos, bem como mudar comportamentos. comportamentos, Lacombe e Heilborn (2003), destacam existir
Portanto, todo processo administrativo possibilita a utilização uma acentuada relação com a tipologia de uma organização que
de um método mais adequado, trabalhando com conhecimento aprende, apesar da observação de Wardman (1996): nós só vemos
aquilo sobre o que podemos falar. Nossa linguagem influencia a
organizacional, para que seu papel no contexto possa apresentar
maneira como vemos as coisas.
resultados satisfatórios. Na relação que estabelecemos com
Esta observação serve como meio para criarmos novas
todas as partes de uma estrutura, podemos perceber que há
realidades e se não conseguimos falar sobre organizações que
uma dependência do conhecimento que gera atividades através
aprendem, dificilmente iremos criá-las ou enxergá-las. Este é um
de comportamentos e de ações executadas por seus agentes, caminho possível de estimular a reflexão sobre as experiências que
utilizando-se de recursos ou artefatos disponíveis, para manter cruzam as organizações em todo momento, bem como saber que
seus ciclos. experiências outras organizações estão recebendo e o que existe
Não vamos, neste breve contexto, abordar de uma forma mais nesse contexto.
ampla o ciclo de vida organizacional, mas apenas reforçar o que Como um processo natural de conduta, no sentido
evidencia a relação com este assunto. Daft (2002) compreende que contingencial, para Carvalhal e Ferreira (1999) a organização deve
as organizações nascem, envelhecem e eventualmente morrem e estar amparada sobre alguns princípios, como:
observa que o próprio processo administrativo, na forma em que  estratégia: onde situam-se as células de competitividade,
foi conceituado, é um ciclo. Neste sentido, podemos perceber que que concretizam programas de desenvolvimento de agentes com
a soma dos ciclos oriunda de Processos Administrativos, os quais ênfase no valor; e
formam ou definem o próprio ciclo de vida de uma organização,  cultura organizacional: onde situam-se as células de
tem sua base no conhecimento organizacional. complexidade, que concentram programas de administração de
Como exemplo de ciclo, o aprendizado se dá pela prática e é conflitos.
preciso, desta forma, permitir que agentes tenham a liberdade e o Essas células mantêm identidades de valor e de cultura. Por
poder de executar suas atividades, num quase sem fim ‘aprender’. isso Chanlat (1996) descreve que os agentes não se reduzem a
Por isso Daft (2002) destaca que a isto podemos entender como apenas mão-de-obra ou criadores de significância. Eles são,
empowerment ou delegação de autoridade – que é dar aos agentes necessariamente, ao mesmo tempo, sujeitos dos dois e submetidos
o poder, a liberdade e a informação para tomarem decisões e subjetivamente aos dois, ou seja, eles se definem como mão-
participarem de forma ativa. É um comportamento que exige de-obra e ao mesmo tempo como portadores de diferentes
conhecimento, podendo ser adotado em qualquer tipo e tipologia identidades sociais múltiplas interligadas, sustentando princípios
de estrutura. de competitividade e de complexidade.
Quanto ao procedimento gerencial, destaca o autor, há neces- Por isso que a aquisição de conhecimento e o processo de
sidade de preparação de agentes para decidirem sobre parte de um experiência só se concretizam havendo múltiplas identidades
processo a partir de oportunidades concedidas, como forma de re- interligadas, como uma riqueza dos valores que se debatem e se
conhecer que aos valores devem ser atribuídas condições para uma multiplicam em favor da organização. A extensão deste assunto
participação mais efetiva. não cabe dentro deste breve estudo, mas sua relação tem influência
Os agentes ou executores devem ter liberdade para interpretar no contexto da efetividade, por isso sua consideração, pelo menos
e implementar novas direções, como defende TARAPANOFF para ilustrar sua amplitude.
(2001). Por isso, aliar suporte técnico e cultura – no sentido O aprendizado faz parte da natureza humana, pois no fundo
do fortalecimento das relações e criação de novas redes de sempre somos aprendizes, portanto podemos dizer que a comu-
comunicação – auxilia no crescimento pessoal e organizacional, nidade do mundo dos negócios está aprendendo a aprender em
pois existem fluxos de aprendizagem e estes precisam ser grupo – domínio pessoal, transformando-se numa comunidade de
alimentados. Do lado técnico, somente oportunizando agentes aprendizagem, com a prática dos cinco níveis de aprendizagem de
é que poderemos fortalecer um processo de aprendizagem. Esta Guns (1998):
atitude é um método que envolve comportamento e compreensão
de que uma estrutura deve reconhecer e utilizar seu nível cognitivo.

Didatismo e Conhecimento 35
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Educação organizacional, defendidas por Senge (1998), referem-se à adaptação e reeducação administrativa de qualquer tipo de
estrutura, voltado para um produto ou para um serviço, sustentado por processos.
São cinco as disciplinas conduzidas e que tomamos a liberdade em apresentar em dois planos: individual e organizacional, numa relação
entre raciocínio sistêmico e visão sistêmica integrada, conforme figura a seguir:

Raciocínio sistêmico: todo trabalho realizado no meio organizacional se define como um sistema que, amarrado por fios invisíveis ou
ações inter-relacionadas, estabelece profunda influência entre si. Geralmente levamos muitos anos para o desenvolvimento pleno assim
como para registrar os efeitos que essas ações exercem sobre ciclos de métodos e processos administrativos. Nem todas as organizações,
entretanto, têm a capacidade em evidenciar os problemas que elas mesmas cultivam ou de apresentar alternativas.
- Domínio pessoal: a maneira que começamos a desenvolver um senso de domínio pessoal é abordando-o como uma disciplina, uma
série de princípios e práticas que devem ser aplicados a fim de serem úteis. Conforme Senge (1999), da mesma maneira que um agente se
torna um mestre das artes plásticas através da prática, assim também os seguintes princípios e práticas constituem a base para a contínua ex-
pansão do domínio pessoal. A relação primeira que estabelecemos é que o empenho e a capacidade de aprendizado de uma organização não
podem ser maior que a dos membros que a compõem e as organizações só aprendem através de agentes que aprendem. O domínio pessoal é,
portanto, a base espiritual, pois através dele aprendemos a esclarecer e aprofundar o objetivo pessoal – que é algo intrínseco e não relativo.
Por isso, o domínio pessoal incorpora dois movimentos subjacentes:
 esclarece continuamente o que é importante e nos permite a participação nos contextos social e profissional; e
 consiste em aprender continuamente a enxergar com mais clareza a realidade do momento e praticar uma visão mais ampla .

- Modelos mentais: quando tratamos de ideias profundamente arraigadas, generalizações ou mesmo imagens que influenciam o modo de
encarar o mundo e as atitudes em volta, dizemos que são fruto de modelos mentais que cultivamos e, muitas vezes, sem a devida consciência.
Proposições de ordem estritamente pessoal tendem a dificultar relacionamentos, engajamentos e participação produtiva no meio profissional.

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Caso queiramos falar de aprendizagem e utilização de métodos Neste momento a capacidade individual somada registra
adequados e atuais e de processos que nos exigem atualidade e enorme diferença na média do grupo. A disciplina do aprendizado
aperfeiçoamento, precisamos rever nossos modelos de admissão, em grupo enfrenta este paradoxo, embora vital, porque a unidade
para perceber o nível balizador no contexto produtivo. Existem, fundamental nas organizações modernas é o grupo e não os
pelo menos, três pontos sobre os quais podemos sustentar nossos indivíduos.
questionamentos: Enquanto o aprendizado em grupo se desenvolve aprendendo,
 primeiro ter uma nova visão do mundo dos negócios, além de produzir resultados extraordinários em conjunto, seus
através de um planejamento não apenas que reforce opiniões já agentes também se desenvolvem com maior rapidez no sentido
formadas, mas que atue como aprendizado genuíno; individual. Por esta visão já comentamos de que o aprendizado
 segundo, rever as doenças crônicas da hierarquia, não em grupo é apenas uma consequência de um comportamento
apenas permitindo que as decisões residam em outros níveis hie- diferenciado que podemos praticar.
rárquicos inferiores, mas dando a eles os rótulos de sinceridade – Quando tratamos de processo e gestão, como veremos adiante,
comportamento de agentes medido pelas ações – e mérito - tomar não permitimos que métodos, processos, comportamentos e
decisões tendo em mente os interesses da organização; e conhecimentos - apenas para citar alguns preceitos organizacionais,
 terceiro, a organização deve dar apoio ao desenvolvi- estejam em planos diferenciados de relação.
mento dos modelos mentais, através de técnicas como as que se re- Sobre as etapas que compõem um método de trabalho, como
ferem às questões interpessoais, sem criar treinamento confinado, fizemos referência no início desta unidade, destacamos:
tipo modelagem, para tratar de qualquer assunto, menos os ligados Etapa 01 – obtenção de dados
às questões profissionais. proceder levantamento para identificação dos níveis fortes,
fracos e com possibilidades de melhorias e seus sintomas, para
Precisamos então praticar a revisão de nossa conduta e de avaliação da funcionalidade de uma área ou de uma unidade. A
nossas ações, para encontrar respostas de inovação, fortalecendo utilização de instrumentos adequados - questionário, entrevista
a relação profissional mantida através de fios invisíveis. Em e observação direta, além de pesquisa sobre documentação
vista da formação de cada agente os modelos mentais tornam- disponível, nos permitem obter dados necessários para uma
se um processo natural de conflito, o que leva ao salutar desafio avaliação, além de contar com a colaboração e participação de
de aprender e entender que precisamos conduzir os processos de agentes atuantes na área ou unidade em estudo. Como destaca
engajamento, de participação, via adaptação constante de nosso D’Ascenção (2007), o questionário consiste na formulação de
modo de ver o desenvolvimento e formação de novos ciclos. perguntas, podendo ser utilizado com ou sem a presença de
- Objetivo comum: a técnica de criar um objetivo comum respondentes.
consiste em buscar imagens do futuro que promovam um É um instrumento indicado para obter dados em quantidade
engajamento verdadeiro ao invés de simples anuência. Para elevada; em casos de respostas quantitativas; em diferentes
qualquer atividade, a liderança tem o papel de traduzir as ideias pontos geográficos; quando requer análise estatística; quando se
levando a organização ao seu objetivo, ou seja, transmitindo aos trata de áreas conflitantes, entre outros indicativos para uso deste
outros, imagens do futuro. Um objetivo compartilhado ou comum poderoso instrumento. Para isto é necessário um planejamento em
deixa de ser abstrato e se transforma em algo concreto. Senge sua elaboração quanto à clareza de seus objetivos e formulação
(1998) lembra: os objetivos que são realmente compartilhados das questões; avaliação as alternativas de respostas quando de sua
levam tempo para emergir, pois são subprodutos de interações dos estruturação se abertas, fechas ou mistas; proceder teste antes de
objetivos pessoais dos agentes e resultam em processos integrados sua aplicação para avaliação de possíveis interpretações, entre
no contexto organizacional. outros cuidados que contribuem para a obtenção e disposição dos
Torna-se comum, em nossa concepção, remeter aos que deci- dados pretendidos.
dem o papel de facultar o livre fluxo de ideias, possibilitando que Quanto à entrevista – como uma técnica de conversação exe-
modelos mentais encontrem ressonância de comunicação e enten- cutada de forma planejada, é aplicada entre duas ou mais pessoas
dimento, em seus pares. Por isso precisamos perceber e admitir que possuem interesse comum sobre determinado assunto. Para
de que somos gerentes de atividades e exercemos lideranças sobre uma conduta salutar, o assunto deve merecer um planejamento de
agentes, numa demonstração de que, se pretendemos praticar e forma sistemática para que produza os efeitos esperados a partir
buscar crescimento pessoal e profissional, parte desta possibilida- dos dados obtidos.
de nos pertence e somos responsáveis por ela. O planejamento, neste caso, compreende alguns principais
Tendo isto em mente, nossa contribuição através de um fatores:
objetivo comum ganha outro nível de valor e outra forma de - determinação dos objetivos e finalidade da entrevista;
avaliação para com nossas ações e seus resultados. Esta prática - abrangência da entrevista;
desperta, em demais agentes, de que o processo participativo pode - definição, sempre que possível, de local, hora e tempo de
ser praticado por todos e que isto acaba por exercer uma linguagem duração;
e um comportamento comum. Experimente tratar suas ações nesta - dispor de um roteiro auxiliar dos assuntos a serem abordados; e
direção. - ‘desenhar’ um contorno da conversação que permita variação
- Aprendizado em grupo: o aprendizado, conforme Ferreira na entrevista.
(2004) começa com o “diálogo”: do grego, livre fluxo de ideias
entre um grupo de pessoas, ou a capacidade de os agentes de um Em sua execução, observar:
grupo levantar suas ideias preconcebidas e participar do raciocínio - a existência de roteiros incompletos que comprometem a
em grupo. entrevista;

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- definição de horários dos entrevistados; De Sordi (2008) lembra que fatores como recursos de
- utilização, por um tempo mínimo, de diálogo informal que informática e recursos do capital humano, devem estar ao nível
auxilie na conquista do ambiente; de contribuição para um redesenho atenda a dinâmica das
- relatar, com clareza, os objetivos da entrevista, sua análise e necessidades do assunto em estudo. Por exemplo, um estudo
seu redesenho de processo; e sobre o mercado, cujas variáveis são desafiadores em vista de sua
- seguindo o roteiro definido, trabalhar com questões dinamicidade, podemos dispor de um ‘modelo’ que se constitui
abrangentes que dê sustentação ao assunto tratado. em uma base que permite dar suporte as variações do mercado.
Nesse caso o redesenho tem uma frequência maior em relação a
No decorrer da entrevista: determinadas áreas de estudos. Então o modelo pode ser definido
- manter a direção dos assuntos mesmo que questões não como parâmetros que norteia as ações de um estudo.
previstas sejam tratadas;
- estar atento (escutar) aos dados oferecidos pelo entrevistado; Etapa 04 - normatização e teste de forma natural, as etapas
- evitar a inclusão de comentários, ou juízos de valor sobre possuem sequências que se complementam. Para normatizar e
assuntos abordados; colocar em prática em nível de teste, precisamos contar com a
- evitar sugestões e formas de execução; participação de agentes que irão contribuir, de forma significativa,
- adicionar ao conteúdo conduzido, observações quanto na reunião de alternativas passíveis de alterações e de execuções,
ao ambiente, disposição de móveis, tratamento com as pessoas para garantir um patamar mínimo de resposta ao estudo proposto.
daquele setor, área ou unidade, entre outros aspectos que auxiliam É inconteste que se o estudo irá representar uma redistribuição
na análise do processo; de tarefas, nova disposição física no local de trabalho, nova
- conduzir os assuntos para que os mesmos sejam subsidiados responsabilidade atribuída a um agente, a adoção de novas
com clareza; e tecnologias em vista de novas atarefas assumidas, eventualmente
- anotar de forma discreta, manifestações do entrevistado. poderá até ser oferecido um programa de treinamento em vista
Temos ainda como instrumento, a observação direta que, da remodelação de tarefas, uma reestruturação será desenhada
apesar de sua técnica, planejamento, vantagens e desvantagens, e, por conta disto, irá despertar resistências normais de quem,
não serve como um instrumento de uso isolado para dar contorno por ventura, atua em determinada tarefa em um mesmo nível de
definitivo a uma situação, apenas vem subsidiar dados colhidos via responsabilidade, por muito tempo.
questionário e/ou entrevista. Portanto, reduzir resistências e conduzir propostas em nível
Outros autores da área de OSM, além do acima citado, como mínimo de aceitação é resultante, dentre outros aspectos, da parti-
Araujo |(2006), Carreira (2009), oferecem detalhes para uso desses cipação de agentes na primeira etapa de obtenção de dados, dando
instrumentos de obtenção de dados, quando pretendemos proceder a eles ciência da direção do estudo a ser realizado e a adoção práti-
análise de um processo. ca de um método de trabalho. A partir de então, o método torna-se
Etapa 02 – análise crítica um instrumento normatizado que suportará a condução prática do
é através da análise critica que reunimos fatores para a estudo proposto, assim como definirá metas para oferecer treina-
simplificação ou racionalização de um processo. Essa análise mento e estruturar manuais e/ou redesenhar fluxos que represen-
permite a ‘construção’ de alternativas, conforme Carreira (2009), tem redução de tempo e de esforços.
desde que a reunião de dados seja fruto de um bem elaborado e
executado planejamento na fase de levantamento. Análise Organizacional
Por isso que o analista de OSM deve identificar correlação desta Vamos nos referir a alguns instrumentos que estabelecem
com a etapa anterior, para fazer uma avaliação do levantamento. relações de proximidade com processos, ou ainda, os que
Para melhor disposição de dados que facilite a avaliação, uma representam estruturas de processos em suas formas de atuação,
bem elaborada representação gráfica facilita em muito sequenciar no campo de OSM.
passos sobre o problema tratado. Essa representação deve ser Existem diferentes linhas que se dirigem para uma análise
adequada segundo a direção dada à área ou unidade em estudo. organizacional, levando consigo princípios de cunho teórico na
Antes de apresentar alternativas como sendo definitivas, intenção em dar sustentação à sua defesa, em meio a um universo
temos a possibilidade de trabalhar com simulações utilizando de variáveis que envolvem uma organização e seus ambientes –
todos os recursos disponíveis. Por exemplo, ao estruturar e definir interno e externo. Somente nas últimas décadas, os teóricos das
um fluxo de trabalho apresentando alternativas de eliminação de organizações passaram a dar relativa importância ao ambiente de
passos ou de fases ou mesmo de unidades envolvidas, podemos uma organização - a partir da teoria da contingencia, percebendo
utilizar recursos facilitadores, além de avaliar, na prática, sugestões que existem fatores que influenciam como também recebem
propostas. influência de um contexto cada vez mais amplo, pressupostos
Etapa 03 – dispor de um modelo como resultante dos estudos básicos da linha contingencial teórica.
(parâmetro comparativo) Por sua vez, os estudos da base Estruturalista voltam-se
o redesenho de um processo pode ser definido como um mo- para os aspectos formal e informal de uma organização, tendo
delo ou um novo processo que irá requerer um novo desenho or- perspectivas de análise organizacional relacionadas a fatores de
ganizacional – quer seja para um produto ou para um serviço. A ambiente, enquanto que a mesma direção não percebemos nas
proposta de um modelo, embora há reserva em assim tratar pois Escolas Clássica e de Relações Humanas. E apesar da expressiva
parece representar uma forma menos flexível e adaptativa, é uma consideração nos estudos, uma questão ainda não encontrou
expressão que traduz uma maneira diferenciada e inovadora de ca- resposta: identificar onde começa e onde termina o limite entre a
racterizar e colocar em prática a resultante desta etapa. organização e o ambiente.

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Mesmo entendendo que nem todas as “posições” ambientais de uma organização precisa ser compreendido para que possamos
influentes em uma organização estão sob o controle de um ter elementos que nos permitam, de forma instrumentalizada, lidar
estudo, este deve ser conduzido de forma que possamos melhor com uma realidade. Do contrário, a análise organizacional não tem
entender uma realidade. A intenção em compreender a dinâmica expressão operacional.
organizacional em variados tipos de ambientes, contribuíram nas
pesquisas que definiram as bases da Teoria da Contingência. Um Então vimos que:
dos pressupostos desta Teoria destaca que a flexibilidade de uma  diagnóstico organizacional - é o conhecimento analítico
estrutura responde por uma organização bem-sucedida, oferecendo da natureza e do estado circunstancial de uma organização - ou
estilos de organização para cada situação ou ambiente, o que deve - é uma atividade que, usando experiência e uma adequada me-
também ser considerado em um estudo. todologia, tem como objetivo melhorar o conhecimento sobre a
Então podemos admitir que uma análise organizacional, con- organização para indicar soluções adequadas, mas isto somente é
forme Abbagnano (2000), possui como intenção compreender a possível com a contribuição de agentes;
situação de elementos constitutivos de um sistema interativo e  análise organizacional - possui como intenção compreen-
estabelecer uma cadeia de proposições para interpretar procedi- der a situação de elementos constitutivos de um sistema interativo
mentos verificáveis, identificados em composição e decomposição e estabelecer uma cadeia de proposições para interpretar procedi-
das partes. Kant (1980) observa também, que a análise desses pro- mentos verificáveis, identificados em composição e decomposição
cedimentos é vista não como uma divisão, mas como uma subdivi- das partes.
são do todo composto.
Para melhor compreender os elementos constitutivos D’Ascenção (2007) se refere à análise crítica e comenta: ela
podemos tratar uma organização, dentro da abordagem sócio responde a questões que nos permitirão verificar o que pode ser
técnica, constituída de um sistema técnico e de um sistema feito para racionalizar um processo. Adianta que enquanto a fase
social, interdependentes. Os elementos destes sistemas abrangem de diagnóstico é obter dados e revelar o que é feito na organiza-
ambientes, estruturas e cadeia de relações entre unidades, em ção, a análise trabalha os dados obtidos e indica o que deve ser
diferentes níveis. feito.
Enquanto o sistema técnico é determinado pelos requisitos
típicos de tarefas, como habilidades, conhecimentos, uso de (Re) desenho de Processos de Negócios
equipamentos e de demais artefatos, o sistema social é constituído Um processo de negociação requer um elevado número de
considerações, da análise comportamental à análise das decisões e
por agentes, suas relações formais e informais, suas características
dos resultados. D’Ascenção (2007) define o redesenho de negócios
e execução de tarefas.
como um processo que envolve duas ou mais partes interessadas
Pagés (1993) observa que um sistema social se constitui
que se sustentam em uma troca de promessas e compromissos para
em um parâmetro de mediações entre organizações, numa visão
estabelecer um grau de confiança entre as partes envolvidas.
mais ampla do contexto ambiental e qualquer mudança em um
No contexto prático, um processo de negociação ocorre da
deles afeta, necessariamente, o outro. Levados os sistemas para a
seguinte forma:
variante tecnológica situada no macro ambiente – em um confronto  as partes interessadas referem-se às equipes atuantes, às
entre organizações – vamos perceber que há uma enorme variação lideranças e chefias diretamente envolvidas no processo que con-
quando fazemos esta forma de mediação, mesmo dentro do duz uma negociação. Todos esses agentes estão interativos;
universo de organizações de bens e de serviços idênticos.  todos os agentes envolvidos em um processo deverão ter
Enriquez (1997), no entanto, sugere a compreensão participação nas decisões, assumindo as proposições de mudan-
sobre processos em uma organização através de uma análise ças, entre outras ações necessárias. Sobre a tomada de decisão,
organizacional, tendo como ponto de partida os agentes, seus Daft (2002), observa que são muitos os fatores que a envolvem
vínculos sociais e o sistema cultural adotado, entre outros fatores e, em grande parte, os que residem na estrutura interna. Ao nível
que constroem uma estrutura associada a valores e normas. organizacional, são tomadas por agentes que compartilham de se-
Em abordagens contingenciais de eficácia, Daft (2002) ainda melhante posição sobre um assunto e que identificam, a priori,
reforça que as organizações trazem recursos do ambiente e os um resultado previsto. Este processo decisivo também envolve os
devolvem para o mesmo ambiente exigindo, para isto, etapas princípios de um negócio;
diferentes de processos adaptativos para atender diferentes  para que haja melhoria em um processo e que resulte em
demandas. benefício para uma organização, deverá prevalecer a confiança en-
Por isso que a eficácia, como ponto auxiliar na avaliação de tre as partes envolvidas;
uma medida, representa uma contingência estrutural totalmente  do ponto de vista efetivo, as promessas e os compromis-
condicionada a fatores ambientais e suas formas em todo tipo e sos retratam o que esperamos como resultados de uma negociação.
tipologia organizacional. Surgem, por este motivo, diferentes Esta linguagem deverá ser a de implementação, de acordo com as
formas de combinar elementos importantes e intervenientes nos decisões que foram tomadas; e
objetivos, conflitos e resultados. Por isso afirmamos que uma  toda negociação é feita por meio de um entendimento,
organização não possui um caminho igualmente efetivo e, por pois caso contrário, o resultado previsto tenderá ao fracasso.
consequência, não há uma forma definida para conduzi-la.
Esses pontos principais vão nos auxiliar na identificação de Podemos adiantar que toda mídia que diariamente nos invade
elementos constitutivos e na cadeia que eles formam em torno tem como propósito um processo de negociação. Diariamente
de procedimentos, processos e na busca de melhor método para também praticamos negociações nos mais diversos enfoques e nas
viabilizar resultados. Hall (1982) diz que o papel central e crucial mais diversas direções e intenções.

Didatismo e Conhecimento 39
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A negociação – como um (re)desenho, é um dos aspectos “Quando um leigo, por exemplo, um candidato para uma vaga
centrais de nossa atitude coletiva e por isso, sempre que possível, quando acessa o site de uma empresa e encontra o organograma
tentamos determinar um grau de confiança entre as partes. Embora bem elaborado, ele consegue enxergar o macro daquela vaga
não tenhamos opção facilitada em realizar curso de negociação, de emprego em questão, pois, consegue ver a partir do cargo
na verdade é o que mais praticamos em nosso dia-a-dia. Pode almejado a trilha de carreira que ele deverá percorrer dentro
até parecer um paradoxo que na definição de Ferreira (2004), é daquela corporação”, explica Soraia Pena.
o conceito que é ou parece contrário ao comum; contra-senso, A interpretação de um organograma não deve ser linear
absurdo, disparate. quando o tema é desenvolvimento de carreira, pois, o nível no
Num primeiro plano, equipes de trabalho atuando em nível qual o funcionário chegará depende de seu desempenho, ou
organizacional, objetivam oferecer alternativas operacionais para seja, pelo organograma, um funcionário de assistente irá para
um (re)desenho de conversações dentro do círculo de promessas, analista júnior, mas, esta interpretação não dever ser limitada. É
envolvendo juízos e explicações para uma clara coordenação de interessante enfatizar que é importante desenvolvê-lo com base
ações. em posições que precisam ser preenchidas e não com base em
Em segundo plano, vamos nos reportar a Descartes, conforme pessoas atualmente dentro da organização, desta maneira, a planta
D’Ascenção (2007), que observa: da empresa fica completa.
 não aceitar nada como verdadeiro, enquanto Para Renata Lage, analista de Recrutamento & Seleção
não for reconhecido;
da Catho, o organograma mais simples e mais utilizado pelas
 para melhor compreensão e análise, dividir
organizações é o vertical. “ Ele é simplificado, facilita na leitura
um problema em partes possíveis;
e procura deixar bem claro os níveis de hierarquia”, explica Lage.
 identificar os problemas mais simples até che-
gar aos mais complexos; e
 trabalhar com a certeza de que nada foi omi- Tipos de Organograma
tido. Para concepção de um organograma é necessário o domínio da
estrutura geral da empresa, dispostos em níveis que representam a
Em terceiro plano, encontramos uma ordem em um círculo de hierarquia existente entre eles. Em um organograma vertical, por
promessas: exemplo, quanto mais alto estiver um cargo, maior a autoridade e
 criação do contexto, ou seja, propostas apre- a abrangência da atividade.
sentadas que sustentam uma intenção de uma equipe. Agentes estão O conceito de cargo é diverso, baseando-se em diferentes
inteiramente acordados com o processo; noções fundamentais, tais como tarefa, atribuição, função e cargo.
 fase de execução, de acordo com o proposto; A noção de tarefa consiste nas atividades individuais executadas
 implementação de mudanças, acompanhada pelo titular do cargo e é atribuída, normalmente, a cargos bastante
de resultados e de juízo de valores; e simples. Já a noção de atribuição caracteriza-se por ser uma
 acompanhamento, validação de mudanças e atividade individual, executada pelo titular respectivo, referindo-
correções. se a cargos que envolvem tarefas mais diferenciadas. A função
já é um conceito de maior abrangência, ela se refere ao conjunto
Então no grupo principal de instrumentos, vimos o diagnóstico de tarefas que são executadas, de uma forma sistemática, pelo
– como um caminho para encontrar um estado circunstancial, ocupante do cargo.
momento e real de uma unidade ou de organização; a análise que, Por último, a definição de cargo, integra um conjunto de
com base nesse quadro obtido, propor efetivação de ação; e (re) funções com uma posição definida na estrutura organizacional,
desenho de processo de negócio, um instrumento abrangente e isto é, no organograma da empresa. “Quando o organograma é
presente em todos os níveis possíveis. bem estruturado, permite aos colaboradores saber exatamente os
papéis dentro da organização. Além disso, ele ajuda a mostrar as
Organograma hierarquias e as relações de comunicações existentes entre elas”,
Na intenção de tornar as estruturas organizacionais enfatiza Lage.
transparentes, as empresas investem e focam, cada vez mais,
em uma ferramenta estrutural denominada organograma. Esta
Os tipos de organogramas mais usados são:
estrutura é a representação gráfica da empresa, funciona como a
planta da corporação.
• Organograma Clássico – O organograma clássico
O objetivo do organograma é ilustrar, de forma clara, cada também é chamado de vertical. É o mais comum tipo de
departamento da empresa e seus colaboradores em questão, com organograma, elaborado com retângulos que representam os
intuito de esclarecer dúvidas de clientes, parceiros e fornecedores. órgãos e linhas que fazem a ligação hierárquica e de comunicação
O ponto positivo é garantir a agilidade da percepção das entre eles;
áreas de negócios, ou seja, entender quem é o responsável e quais
departamentos podem crescer e para onde os colaboradores podem
almejar uma evolução.
Segundo Soraia Pena, consultora de novos negócios da Apoena
Consultoria Organizacional, o ponto negativo é que quando se
tem um organograma as pessoas se tornam muito engessadas,
mantendo uma hierarquia que, muitas vezes, pode atrapalhar o
andamento de departamentos e, no caso mais crítico, influenciar o
desenvolvimento dos funcionários por barreiras burocráticas.

Didatismo e Conhecimento 40
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• Organograma Lambda – apresentam, apenas, grupos


de órgãos que possuam características comuns.
• Organograma Em barras – representados por
intermédio de longos retângulos a partir de uma base vertical, onde
o tamanho do retângulo é diretamente proporcional à importância
da autoridade que o representa;

• Organograma Bandeira - apresentam grupos de órgãos


que possuem uma missão específica e bem definida na estrutura
organizacional, normalmente em quatro níveis;

• Organograma Em setores (setorial, setograma) - são


elaborados por meio de círculos concêntricos, os quais representam
os diversos níveis de autoridade a partir do círculo central, onde
localiza-se a autoridade maior da empresa;

• Organograma Linear de Responsabilidade (OLR) –


possui um diferenciador em relação aos demais organogramas, pois
a sua preocupação não é apresentar o posicionamento hierárquico,
mas sim o inter-relacionamento entre diversas atividades e os
• Organograma Radial (solar, circular) – o seu objetivo responsáveis por cada uma delas;
é mostrar o macrossistema das empresas componentes de um
grande grupo empresarial;

Didatismo e Conhecimento 41
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• Organograma Informativo - apresenta um máximo de informações de diversas naturezas relacionadas com cada unidade
organizacional da empresa;

• Organograma Dial de Wyllie – na forma de um disco separado por círculos concêntricos conforme o grau hierárquico e, dentro de
tais sessões, órgãos representados por círculos menores, cuja posição relativa aos órgãos representados em sessões mais próximas ao centro
indicam sua subordinação hierárquica. O organograma Dial de Wyllie tem por objetivo representar organizações de hierarquia dinâmica,
com vinculações variando conforme o desenvolvimento de novos projetos interdepartamentais.5

5 Texto de Samara Teixeira

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Fluxograma
Além do nome fluxograma, podemos encontrar definições como gráfico de procedimentos, ou gráficos de processos, fluxo de pessoas
e papéis, diagrama de fluxo de dados ou ainda diagrama de blocos. Para Ballestero Alvarez (1991), trata-se de uma representação gráfica
em rede de um sistema, mostrando os elementos ativos e respectivas interligações de dados, com outros elementos e unidades. OSM (2011),
trata de uma ferramenta indispensável, pois oferece ao analista uma visão do caminho percorrido por um processo até atingir seu objetivo
final.
Em geral, podemos utilizar o termo fluxograma para todo e qualquer gráfico construído para este fim, e conceituá-lo como um
instrumento que procura apresentar um processo passo a passo, ação por ação.
Araújo (2006) diz que é um processo formado pelos movimentos de papéis entre pessoas e unidades de uma organização, com um início
e um fim delimitados. E na proposição de um objetivo, podemos dizer que é o de assegurar a fluidez dessa movimentação, manter claramente
os limites do fluxo e dispor de uma linguagem de leitura técnica, através do uso de simbologias universalmente aceitas.
A representação de uma atividade em um gráfico com o uso de simbologias, torna-se um documento, um legado organizacional,
contribuindo para a transferência de conhecimentos para outros agentes e para gerações futuras, fortalecendo os caminhos da formalidade
e da comunicação.
Nas palavras de Cruz (2002) os canais formais de uma organização ordenam as comunicações e os informais tratam a comunicação com
relativa dispersão, no entanto, mantêm uma cadeia produtiva. Lacombe e Heilborn (2003) destacam a importância de comunicar-se em uma
comunidade organizacional. Em outro momento, tratando das relações entre unidades, se referem ao grande número de relações informais
existentes; já as relações formais, não são muitas, por isso precisam ter um tratamento de manutenção, com utilização de simbologias.
Podemos afirmar, então, que o campo da comunicação informal tende a crescer em vista das características das organizações e de seus
subsistemas, por influência de seus ambientes.
A integração, que anotamos como um papel do fluxograma, consiste em unificar esforços na direção de um objetivo. Não tratamos de
um princípio regulatório, mas de uma disciplina centrada na formalidade de uma organização, como um caminho para o aprendizado.
A partir da integração, Oliveira (1986) lembra que isto se realiza através de duas principais vertentes:
 comprometimento: como um processo interativo, que gera responsabilidade , o comprometimento será objeto de estudo na última
Unidade; e
 administração participativa: que se define como um estilo que consolida um modo de a organização aprender as habilidades e os
conhecimentos que darão suporte a outros sistemas, como o de informações que, nas palavras de Araújo (2006), tem por objetivo apresentar
os fluxos de informação e estabelecer vinculações com processos decisórios. Portanto, um fluxograma é também um processo que gera
responsabilidade e consolida um modo formal de agrupar atividades.
Como um processo tem o papel de integração, não podemos considerar que sua leitura, como a que traduz um fluxograma no contexto de
uma organização, possa ser eficiente sem uma filosofia de comunicação. Envolve, ainda, o conhecimento e a disseminação, o planejamento
das atividades, o controle e a avaliação, que poderão dar suporte na definição de possíveis mudanças.
A leitura técnica, como indica Lerner (1978) e que vamos encontrar também em Carreira (2009) e em OSM (2011), exige o uso de
simbologias simples para a construção de um gráfico do tipo vertical ou de coluna, ou outra definição admitida por outros autores da área,
como título.

Didatismo e Conhecimento 43
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Como exemplo e numa construção simples, a figura abaixo, na primeira coluna, passos, fase ou etapas e nas seguintes, a disposição
das unidades - em A,B,C... onde jamais devemos dispor de cargos ou funções, em vista de suas definições e existências serem menos
permanentes, o que implica em alterações frequentes no gráfico e nas informações neles dispostas.
A utilização deste tipo de gráfico com estas simbologias possui limitações, principalmente na representação de nº de vias que envolvem
uma atividade ou um processo. Apesar disto, ele é adotado pela sua relativa facilidade leitura e interpretação.

Didatismo e Conhecimento 44
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4. NOÇÕES DE COMPORTAMENTO
ORGANIZACIONAL: COMUNICAÇÃO,
LIDERANÇA, MOTIVAÇÃO, GRUPOS,
EQUIPES E CULTURA ORGANIZACIONAL.

O fator humano dentro das organizações é, ainda hoje, um


tema frequentemente estudado por pesquisadores das áreas de
psicologia e sociologia, os quais analisam o comportamento e
as relações no ambiente corporativo. Contribuindo para o bom
funcionamento das empresas, as políticas de  RH  são regras
estabelecidas para administrar funções e fazer os colaboradores de
uma organização desempenharem seu papel de forma eficiente, de
Para o tipo de gráfico – aqui tratado como Diagrama de Blocos,
acordo com os objetivos estipulados pela empresa.
o universo de simbologias sugerido por alguns autores, como
Araújo (2006), permite representar uma atividade nos detalhes
técnicos necessários desde a emissão de uma ou mais vias de uma As  políticas de Recursos Humanos  são guias para ação.
atividade e seus respectivos arquivamentos, em ordem escolhida: Servem para promover a resolução dos problemas que acabam
alfabética, cronológica ou numérica: ocorrendo com frequência no mundo organizacional. Para evitar
conflitos dentro deste ambiente, é preciso estabelecer práticas com
objetivo de administrar os comportamentos internos e potencia-
lizar o capital humano, tendo como finalidade selecionar, gerir e
nortear os colaboradores na direção das metas da organização.
No entanto, as polícias de Recursos Humanos de uma empresa
podem variar de acordo com a sua cultura organizacional. Para que
o objetivo da empresa tenha possibilidade de ser atingido de forma
eficiente, é preciso estabelecer uma competente e eficaz política de
RH. Isso requer investimentos e recomposição integral de conheci-
mento organizacional tanto operacional quanto gerencial.

Veja algumas políticas de RH que as empresas adotam:


• Valorização do potencial humano para gerar ambiência
organizacional favorável à motivação das pessoas, levando-as a
contribuir e se comprometer com a excelência do desempenho e
A utilização de fluxograma para representar uma atividade, dos resultados organizacionais.
de acordo com Préve (2009), tende a fortalecer a prática de • Salário condizente com o que o mercado oferece.
uniformidade, utilização de uma linguagem uniforme de • Bonificação por performance.
comunicação, elevar o nível de compreensão na sua realização, • Progressão na carreira.
reduzir conflitos e definir responsabilidades dos executores. • Remuneração nos padrões do mercado.
Em outra visão, quando tratamos a execução ao nível informal, • Benefícios educacionais.
instrumentos dessa ordem não representam necessariamente o
• Assistência médica.
mesmo papel.
• Treinamentos de capacitação.
• Promoção de cargos.
• Dar feedbacks com frequência.
• Promoção de desafios.6

RECRUTAMENTO, SELEÇÃO, TREINAMENTO E


DESENVOLVIMENTO
Recrutar é atrair pessoas. É uma forma preliminar, inicial, de
agregar pessoas à organização. É uma comunicação, emitida pela
organização, para as pessoas, a respeito das vagas em aberto na
organização. Seleção, por sua vez, é uma etapa posterior. A seleção
é uma espécie de filtro: é a etapa em que a organização utiliza
instrumentos concretos para avaliar e classificar os candidatos.

6 Fonte: www.sbcoaching.com.br

Didatismo e Conhecimento 45
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
O recrutamento é um conjunto de técnicas e procedimentos 1. Elaboração das políticas de recrutamento; 
que visam atrair candidatos potencialmente qualificados, capazes 2. Organização do recrutamento, delegação de autoridade e
de assumirem cargos dentro da organização. É como um sistema responsabilidade apropriadas a essa função; 
de informação, através do qual a organização divulga e oferece 3. Listagem dos requisitos necessários à força de trabalho; 
ao mercado de recursos humanos as oportunidades de emprego 4. Utilização de meios e técnicas para atrair; 
que pretende preencher. O recrutamento é uma atividade que tem 5. Avaliação do programa de recrutamento, em função dos
por objetivo imediato atrair candidatos que, na fase de seleção objetivos e dos resultados alcançados.
serão apontados como adequados ou não para a vaga disponível,
o que leva a afirmação de que o recrutamento é uma atividade de Processo de recrutamento
comunicação com o ambiente externo. O recrutamento envolve um processo que varia conforme a
Os processos de recrutamento e seleção podem ser internos, organização. O órgão de recrutamento não tem autoridade para
quando são voltados para as pessoas que já trabalham para a efetuar qualquer atividade de recrutamento sem a devida tomada
organização; ou externos, quando buscam atrair para a organização de decisão por parte do órgão que possui a vaga a ser preenchida.
pessoas que ainda não são colaboradoras dela. O recrutamento de pessoal é oficializado através de uma ordem
O processo decisório, na contratação de pessoas, não é feito de serviço denominada como requisição de pessoal. Quando o
apenas pela área de gestão de pessoas. O processo é conduzido órgão de recrutamento a recebe, verifica se existe algum candidato
em parceria, tanto pela área que quer preencher a vaga quanto adequado disponível nos seus arquivos; caso contrário, deve
pela unidade de gestão de pessoas. A decisão final a respeito da recrutá-lo através das técnicas de recrutamento.
contratação cabe à área que quer preencher a vaga.
Existem diversas técnicas de seleção, tais como entrevistas, Meios de recrutamento
provas de conhecimento, testes psicológicos, técnicas vivenciais e Verificou-se que as fontes de recrutamento são áreas do
análise de currículo. No caso de concursos públicos, a divulgação mercado de recursos humanos exploradas pelos mecanismos
do edital corresponde ao recrutamento, enquanto as provas de de recrutamento. O mercado de recursos humanos apresenta
conhecimento e de títulos correspondem à seleção. fontes diversificadas que devem ser diagnosticadas e localizadas
Treinamento é voltado para as competências relacionadas pela empresa. Deste modo, ela passa a influencia-las através de
a tarefas e atividades do trabalho atual. São ações bastante uma multiplicidade de técnicas de recrutamento, visando atrair
candidatos para atender às suas necessidades. Verificamos também
específicas, voltadas para o curto ou médio prazo. Programas de
que o mercado de recursos humanos é constituído por um conjunto
treinamento são desenhados em função das necessidades atuais da
de candidatos que podem ser empregados (a exercer atividades
organização.
noutra empresa) ou disponíveis (desempregados). Os candidatos
Desenvolvimento é um conceito mais geral. Ele refere-se a
empregados ou disponíveis podem ser reais (que estão à procura
competências mais gerais, não necessariamente relacionadas ao
ou querem mudar de emprego) ou potenciais (que não estão
trabalho atual. Tem forte vínculo com a carreira do indivíduo,
interessados em procurar emprego). Daí existirem dois meios de
com o crescimento do indivíduo, ou seja, ele pode desenvolver
recrutamento: o interno e o externo.
competências que hoje ainda não utiliza. São ações educacionais
voltadas para o futuro do indivíduo. Recrutamento interno
Educação tem um horizonte temporal maior, de médio e Diz-se que o recrutamento é interno quando uma determinada
longo prazo. É um conceito abrangente, que, na nossa vida, pode se empresa, para preencher uma vaga, aproveita o potencial humano
referir a qualquer processo de aprendizado, mas que, no contexto existente na própria organização. A razão deste aproveitamento
profissional, refere-se a competências futuras. Educação tem a ver prende-se, muitas vezes, com promoções, programas de
com a necessidade de aprendizado contínuo. desenvolvimento pessoal, planos de carreira e transferências. Para
isso, algumas questões devem ser levadas em consideração:
Fontes de recrutamento 1. Resultados das avaliações de desempenho do candidato
As fontes de recrutamento representam os alvos específicos interno; 
sobre os quais irão incidir as técnicas de recrutamento. Para melhor 2. Análise e descrição do cargo atual do candidato interno
identificar as fontes de recrutamento (dentro dos requisitos que a e comparação com a análise e descrição do cargo que se está a
organização irá exigir aos candidatos), são possíveis dois tipos de pensar ocupar;
pesquisa: a pesquisa externa e a pesquisa interna. 3. Planos de carreira de pessoal para se verificar qual a tra-
Pesquisa externa - verificar o que o mercado tem a oferecer, jetória mais adequada para o ocupante do cargo em questão; 
onde está o candidato ideal para suprir essa deficiência na 4. Condições de promoção do candidato interno, para saber
organização. Relaciona-se com a elaboração de uma pesquisa do se este tem um substituto preparado para o seu lugar; 
mercado de recursos humanos, de modo a poder segmentá-lo, para 5. Resultados obtidos pelo candidato interno nos testes de
facilitar a sua análise. seleção no momento da sua entrada na organização; 
Pesquisa interna – Aqui faz-se o desenho do cargo, ou seja: 6. Resultados dos programas de formação, caso tenha feito,
• Descrição – o que o funcionário vai fazer do candidato interno.
• Análise – o que ele tem que ter
Corresponde a uma pesquisa sobre as necessidades da Vantagens do recrutamento interno
organização em relação aos recursos humanos e quais as políticas O recrutamento interno constitui uma transferência de recursos
que a organização pretende adaptar em relação ao seu pessoal. Esta humanos dentro da própria organização. As principais vantagens
pesquisa, geralmente, envolve a:  deste tipo de recrutamento são: 

Didatismo e Conhecimento 46
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
1. Maior rapidez: evita as demoras frequentes no recrutamento são as fontes de recrutamento e as qualificações. O recrutamento
externo, como por exemplo, a colocação de anúncios, a espera externo incide sobre candidatos reais ou potenciais, disponíveis ou
de respostas e ainda a demora natural do próprio processo de em situação de emprego e pode envolver uma ou mais técnicas de
admissão;  recrutamento. As principais técnicas de recrutamento externo são: 
2. Mais econômico para a empresa: evita os custos inerentes 1. Consulta de bases de dados: os candidatos que tenham
ao processo do recrutamento externo, custos de admissão do novo enviado o seu currículo para uma organização e não tenham sido
candidato e os custos relacionados com a integração do novo considerados em recrutamentos anteriores, têm a sua candidatura
colaborador;  devidamente arquivada no órgão de recrutamento e podem ser
3. Aproveita os investimentos da empresa em formação do chamados a qualquer momento para um processo de seleção. A
pessoal: o que, por vezes, só tem retorno quando o colaborador organização deve estimular a vinda de candidaturas espontâneas,
passa a ocupar cargos mais complexos;  para garantir um stock de candidatos para qualquer eventualidade.
4. Apresenta maior índice de segurança: o candidato é Considera-se esta técnica a que acarreta menores custos para
conhecido, a empresa tem a sua avaliação de desempenho, a organização, uma vez que elimina a necessidade de colocar
dispensa-se a integração na organização e, por vezes, não necessita anúncios, tornando-a, por isso mesmo, numa das mais rápidas; 
de período experimental;  2. Boca a boca: apresentação do candidato a partir de
5. É uma fonte de motivação para os colaboradores: porque um colaborador. Desta forma, a organização faz com que
possibilita o crescimento dentro da organização. Quando uma o colaborador se sinta prestigiado pelo fato da organização
empresa desenvolve uma política consistente de recrutamento considerar as suas recomendações, ao apresentar um amigo ou
interno estimula os seus colaboradores a um constante conhecido e, dependendo da forma como o processo é conduzido,
autoaperfeiçoamento, no sentido de estes depois estarem aptos a o colaborador torna-se co-responsável junto à empresa pela sua
ocupar cargos mais elevados e complexos;  admissão. É também uma técnica de baixo custo, alto rendimento
6. Cria uma competição salutar entre o pessoal: uma vez e baixa morosidade; 
que as oportunidades serão oferecidas aqueles que realmente as 3. Cartazes ou anúncios na portaria da empresa: é uma técnica
merecerem. de baixo custo, mas cuja eficácia nos resultados depende de uma
Desvantagens do recrutamento interno série de fatores, como a localização da empresa, a proximidade das
1. A organização pode estagnar, perdendo criatividade e fontes de recrutamento, a proximidade de movimento de pessoas,
inovação;  facilidade de acesso. É uma técnica que espera que o candidato
2. Se a organização não oferecer as oportunidades de vá até ela. Normalmente, é utilizada para funções de baixo nível; 
crescimento no momento certo, corre-se o risco de defraudar as 4. Anúncios em jornais e revistas: é considerada uma das
expectativas dos colaboradores e, consequentemente, podem-se técnicas de recrutamento que atrai mais candidatos à organização.
criar estados de desinteresse, apatia e até levar à demissão;  Porém, é mais quantitativa, uma vez que se dirige ao público em
3. Pode gerar conflitos de interesses entre pessoas que estão geral e a sua discriminação depende da objetividade do anúncio; 
em pé de igualdade para ocupar o mesmo cargo;  5. Contatos com sindicatos e associações de classe: tem
4. Pode provocar nos colaboradores menos capazes, a vantagem de envolver outras organizações no processo de
normalmente em cargos de chefia, um sentimento de insegurança recrutamento sem que isso traga à organização qualquer tipo de
que poderá fazer com que estes sufoquem o desempenho e encargos; 
aspirações dos subordinados, a fim de evitarem futura concorrência;  6. Contatos com centros de emprego; 
5. Quando administrado incorretamente, pode levar à 7. Contatos com universidades, associações de estudantes,
situação denominada de Principio de Peter, segundo o qual as escolas e centros de formação profissional, no sentido de divulgar
empresas, ao promoverem incessantemente os seus colaboradores, as oportunidades oferecidas pela empresa; 
elevam-nos sempre à posição onde demonstram o máximo 8. Conferências em universidades e escolas: no sentido de
da sua incompetência; ou seja, à medida que um colaborador promover a empresa: para tal, há uma apresentação da organização,
demonstra competência num determinado cargo, a organização, em que esta fala dos seus objetivos, da sua estrutura e das políticas
a fim de premiar o seu desempenho, promove-o sucessivamente de emprego; 
até ao cargo em que o colaborador por se mostrar incompetente, 9. Viagens de recrutamento a outras localidades: quando
estagnará, uma vez que o sistema jurídico-laboral não permite que o mercado de recursos humanos local está bastante explorado,
o colaborador retome à sua posição anterior;  a empresa pode recorrer ao recrutamento em outras cidades ou
6. Não pode ser feito em termos globais dentro da outras localidades. Neste caso o técnico de recrutamento dirige-se
organização: uma vez que o recrutamento interno só pode ao local em questão e anuncia através da rádio e imprensa local; 
ser efetuado à medida que o candidato interno tenha, a curto 10. Contatos com outras empresas que atuam no mesmo
prazo, condições de igualar a performance do antigo ocupante. mercado, em termos de cooperação mútua: estes contatos
interempresas chegam a formar cooperativas de recrutamento; 
Recrutamento externo 11. Agências de recrutamento: estas agências estão a proliferar,
O recrutamento é externo quando, havendo uma determinada no sentido de prestar serviços de recrutamento e seleção a pequenas,
vaga, a organização tenta atrair os talentos disponíveis no mercado médias e grandes empresas. Estão aptas a recrutar e selecionar
através de técnicas de recrutamento. As técnicas de recrutamento candidatos independentemente das suas qualificações. Ou seja, ao
são os métodos através dos quais a organização divulga a contrário de outras técnicas, esta permite recrutar candidatos não
existência de uma oportunidade de trabalho junto às fontes de só de baixo nível, mas também altamente qualificados. Torna-se,
recursos humanos mais adequadas. O que vai definir as técnicas então uma das técnicas mais caras, embora seja compensada pelos

Didatismo e Conhecimento 47
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
fatores tempo e rendimento. Na maior parte das vezes, as técnicas Levantamento de necessidades, programação, execução e
de recrutamento são utilizadas conjuntamente, pois o processo de avaliação.
recrutamento tem que ter em conta a relação custo/rapidez. Assim, As organizações organizam as ações de Treinamento,
o custo de recrutamento aumenta à medida que se exige maior Desenvolvimento e Educação (TD&E) em um ciclo composto de
rapidez no recrutamento e seleção dos candidatos. quatro etapas.
A primeira etapa é o levantamento de necessidades de
Vantagens do recrutamento externo treinamento. Consiste em avaliar as lacunas (diferenças) entre as
1. Traz sangue novo e experiências novas à organização: a competências atualmente existentes e as competências necessárias,
entrada de recursos novos na organização impulsiona novas ideias, obtíveis por treinamento. O gap ou diferença seriam justamente as
novas estratégias, diferentes abordagens dos problemas internos necessidades.
da organização; A segunda etapa, denominada programação, consiste
2. Permite munir a empresa com quadros técnicos com na elaboração do planejamento instrucional. O planejamento
formação no exterior: isto não significa que, a partir da admissão, instrucional é a etapa na qual as ações educacionais são formatadas.
não tenha que investir em formação com esse candidato, mas o que Inclui a definição dos objetivos instrucionais, estratégias de ensino,
é certo é que vai usufruir de imediato do retorno dos investimentos estratégias de avaliação, planejamento e produção de materiais
efetuados pelos outros;  didáticos etc.
3. Renova e enriquece os recursos humanos da organização; Finalmente, temos a terceira etapa, a execução. É quando a
4. Evita conflitos entre pessoas que fazem parte da mesma ação de TD&E efetivamente ocorre. Para que a aprendizagem
organização: no caso de, por exemplo, duas pessoas estarem aptas ocorra, a execução requer uma série de atividades pedagógicas e
a ocupar o mesmo cargo e a organização escolher uma delas, pode logísticas.
desencadear na rejeitada um sentimento de injustiça e provocar um Finalmente, temos a avaliação, que é o fechamento do
conflito grave. ciclo. Nesta etapa, são avaliados os resultados obtidos pela ação
Desvantagens do recrutamento externo educacional. A avaliação se dá em diversos níveis:
1. É um processo mais demorado do que o recrutamento interno: • Avaliação de reação: nível mais imediato que busca ava-
porque temos de considerar o tempo despendido com a escolha das liar as opiniões e satisfações dos participantes acerca do treina-
técnicas mais adequadas, com as fontes de recrutamento, com a mento;
atração dos candidatos, com a seleção, os exames médicos, com • Avaliação de aprendizagem: verifica a diferença nos re-
possíveis compromissos do candidato a outra organização e com o pertórios, conhecimentos e capacidades dos participantes antes e
processo de admissão. depois dos treinamentos;
2. Desmotiva as pessoas que trabalham na organização: os • Avaliação de transferência ou impacto: realizada alguns
funcionários podem, em determinados casos, ver o recrutamento meses após o final do treinamento, verifica se houve mudança de
externo como uma política de deslealdade para com eles;  comportamento dos indivíduos após o treinamento.
3. Cria distorções ao nível salarial: porque quem vem de novo, • Mudança organizacional: verifica se houve alterações em
normalmente vem ganhar mais do que aquele que já está há mais processos de trabalho, indicadores duros, estrutura organizacional
tempo na organização e a desempenhar a mesma função, o que ou outras mudanças na organização, decorrentes do treinamento.
pode levar ao aumento dos salários em geral, para evitar grandes • Valor final: Último nível da avaliação e verifica a con-
disparidades; tribuição do treinamento para os objetivos mais importantes da
4. É mais caro: exige despesas imediatas com anúncios, organização
jornais, agências de recrutamento; 
5. É menos seguro do que o recrutamento interno: dado Este ciclo é preconizado, por exemplo, pela norma ISO
que os candidatos são desconhecidos: apesar das técnicas de 10.015. A figura abaixo ilustra estas etapas.
seleção, muitas vezes a empresa não tem condições de confirmar
as qualificações do candidato; daí submeter o candidato a um
período experimental, precisamente pela insegurança da empresa
relativamente ao processo de recrutamento e seleção.

Independente da estratégia ou tipo de recrutamento e seleção


utilizados é necessário estar atento aos erros de avaliação que
frequentemente são observados, tais como:

• Efeito Halo - Ato de beneficiar o candidato (gostou do


candidato)
• Efeito Horn - Ato de prejudicar o candidato (não gostou
dele)
• Recenticidade - O que importa são os últimos fatos
• Avaliação Congelada - A primeira impressão é a que fica
• Tendencia Central - Intermediário, todos são bons.
• Identificação - Espelho, o candidato é parecido comigo.

Didatismo e Conhecimento 48
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Muitas empresas tem investido cada vez mais em programas GESTÃO DE DESEMPENHO
de treinamentos e desenvolvimento de funcionários, a ideia
é aprimorar o potencial e a capacidade dos funcionários, e Avaliação Convencional e Diferenciada de Desempenho
abrir novas oportunidades dentro da empresa. As organizações As organizações necessitam de sistemáticas de avaliação
contemporâneas têm sido levadas à modernização e/ou adequação capazes de acompanhar o crescimento das pessoas que nela
ao novo contexto produtivo por diferentes caminhos, seja pela via exercem suas atribuições;
tecnológica, seja pela via gerencial diferentes mecanismos e/ou A questão é de que forma que é possível obter um
ferramentas são utilizados, em um esforço voltado à eficácia na acompanhamento eficiente ao mesmo tempo integrado com os
utilização dos recursos produtivos visando, em última instância a propósitos da organização como um todo.
melhor adequação das pessoas ao local de trabalho. O essencial é a maneira com que as pessoas dão andamento as
A capacitação dos funcionários é inegavelmente a responsável suas atribuições e o desempenho será mensurado a partir dessas
hoje, pelo sucesso organizacional. Assim, as organizações têm que exigências.
estar “preocupadas” com o treinamento e desenvolvimento das
pessoas envolvidas em sua empresa para que tenham sempre um Definições e conceitos
segmento adequado. Desempenho: “conjunto de entregas e resultados de
Com base no contexto atual das empresas e nos desafios que determinada pessoa para a empresa ou negócio” (DUTRA, 2002);
as pessoas enfrentam no desempenho de suas funções, decidiu-
Avaliação de desempenho: implica na “identificação,
se pesquisar as competências requeridas aos funcionários para
mensuração e administração do desempenho humano nas
atuarem nos setores da organização, para a partir daí propor
organizações” (GÓMEZ-MEJÍA, BALKIN e CARDY, 1995).
treinamentos nas áreas adequadas.
Nos últimos anos as organizações, cada vez mais conscientes • Identificação: ao notar as conseqüências das atividades, a
de que seu sucesso será determinado pela qualificação de seus empresa estará apta a remanejar pessoas de acordo com a definição
empregados passaram a atribuir maior relevância à gestão de desempenho exigida para satisfazer as suas necessidades;
estratégica de pessoas principalmente no que diz respeito ao • Mensuração: elemento central, tem por objetivo princi-
desenvolvimento de competências humanas ou profissionais. pal a busca pela determinação de como o desempenho pode ser
Assim, o treinamento do funcionário passou a ser assunto de relacionado a certas formas de medições.
interesse das organizações.  • Administração: dirigida para o futuro. Busca o desenvol-
A conceituação de treinamento apresenta significados vimento e fornece subsídios que geram a possibilidade de alcance
diferentes e assim, diversos autores têm apresentado definições de todo o potencial das pessoas, gerando resultados positivos.
com relação ao treinamento.  De acordo com Chiavenato quase A AD engloba todo o processo desde a identificação do
sempre o treinamento tem sido entendido como o processo pelo desempenho, passando pela mensuração, ou seja, medindo tal
qual a pessoa é preparada para desempenhar de maneira excelente desempenho, até alcançar projeções para o médio e curto prazo,
as tarefas específicas do cargo que deve ocupar. Modernamente, o onde o potencial de cada estará a serviço da organização”.
treinamento é considerado um meio de desenvolver competências
nas pessoas para que elas se tornem mais produtivas, criativas Alguns dos motivos que leva à utilização da AD:
e inovadoras, a fim de contribuir melhor para os objetivos • Alicerçar a ação do gestor: a empresa se torna mais trans-
organizacionais. parente, pois as ações de seus gestores estão alicerçadas em ele-
Ainda segundo Chiavenato “treinamento é o processo mentos palpáveis (avaliação realizada com rigor técnico).
educacional de curto prazo aplicado de maneira sistemática e • Nortear e mensurar o processo de treinamento e desen-
organizada, através do qual as pessoas aprendem conhecimentos, volvimento (T&D): ponderação do nível de CHA (conhecimentos,
atitudes e habilidades em função de objetivos definidos”. habilidades e atitudes), determinando a direção que o processo de
Há uma diferença entre treinamento e desenvolvimento de T&D deve tomar e a sua medida em cada caso;
pessoas. Embora os seus métodos sejam similares para afetar a • Facilitar o feedback das pessoas: na medida em que men-
aprendizagem, a sua perspectiva de tempo é diferente. 
sura os desempenhos das pessoas em avaliação e informa de modo
Ambos, treinamento e desenvolvimento (T&D), constituem
a sugerir mudanças, quando necessário; e
processos de aprendizagem por isso que Chiavenato afirma que
• Facilitar o progresso das organizações: feedback organi-
segundo a base primordial para o atingimento dos objetivos de
uma instituição, começa pelo treinamento e desenvolvimento zacional, acompanhamento do desempenho identificando pontos
das pessoas. Tende-se a investir pesadamente em treinamentos críticos, negativos e positivos dando caráter facilitador à elabora-
para obter um retomo garantido. Treinamento não é uma simples ção de estratégias para manutenção e crescimento.
despesa, mas um precioso investimento seja na organização ou
nas pessoas. Isto é, traz benefícios diretos. Antigamente, alguns Finalidades:
especialistas em RH consideravam o treinamento um meio para - Identificar o valor das pessoas para a organização:
adequar cada pessoa ao seu cargo, recentemente mudou este mensurar qualitativamente o impacto de cada pessoa nos resultados
conceito, considerando um meio para alcançar o desempenho no organizacionais;
cargo. Quase sempre treinamento é compreendido como o processo - Desenvolver talentos: detectados os pontos fortes e
pelo qual as pessoas vão desenvolver de maneira excelente as fracos das pessoas, via avaliação de desempenho, as necessidades
tarefas específicas dos cargos. de desenvolvimento tornam-se transparentes;
Assim, acredita-se que através de um treinamento visando o - Fornecer informações essenciais: que auxiliem o
desenvolvimento das pessoas nas organizações os resultados serão desenvolvimento das demais atividades referentes à gestão de
satisfatórios tanto para os indivíduos como para as organizações. pessoas;

Didatismo e Conhecimento 49
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
- Tornar transparente a relação entre avaliadores e ferramenta da gestão de pessoas que visa analisar o desempenho
avaliados: ao se recolher informações essenciais sobre o quadro individual ou de um grupo de funcionários em uma determinada
funcional, identificar talentos potenciais e o que as pessoas empresa. É um processo de identificação, diagnóstico e análise do
agregam para a organização; e comportamento de um colaborador durante um intervalo de tempo,
- Abastecer a organização com avaliações periódicas: as analisando sua postura profissional, seu conhecimento técnico, sua
organizações necessitam estar permanentemente empenhadas na relação com os parceiros de trabalho etc.
atualização da AD. Este método tem por objetivo analisar as melhores práticas
dos funcionários, proporcionando um crescimento profissional
Vantagens da utilização e pessoal, visando um melhor desempenho de suas funções no
- Possibilita a descoberta de talentos: por meio da ambiente de trabalho. Além disso, é uma importante ferramenta
identificação dos atributos de cada pessoa; de auxílio à administração de  recursos humanos  da empresa,
- Facilita o feedback às pessoas da organização: desfrutar alimentando-a com informações que auxiliam a tomada de decisão
do que foi coletado, analisado e concluído pelos avaliadores, po- sobre práticas de bonificação, aumento de salários, demissões,
dendo a partir daí encontrar caminhos para auto-desenvolvimento; necessidades de treinamento etc.
- Auxilia o direcionamento dos esforços da organização: o Segundo Wagner Siqueira, o processo de  avaliação de
fato de se ter informações proporciona a organização a possibili- desempenho  de um colaborador inclui, dentre outras, as
dade de “identificar aquelas pessoas que necessitam de aperfeiçoa- expectativas desejadas e os resultados reais. Sendo divida em
mento” (MARRAS, 2000); algumas etapas:
- Auxilia o aprimoramento da qualidade de vida: “cons- • Apreciação diária do comportamento do colaborador,
titui um poderoso meio de resolver problemas de desempenho e seus progressos e limitações, êxitos e insucessos, com oferecimento
melhorar a qualidade do trabalho e a qualidade de vida dentro das permanente de feedback instantâneo;
organizações” (CHIAVENATO, 1999); • Identificação e equacionamento imediato dos problemas
- Situa as pessoas na estrutura organizacional: a AD subsi- emergentes, procurando manter continuamente um alto padrão de
dia as demais atividades desencadeando ações que culminem com motivação e de obtenção de resultados;
alterações significativas na estrutura da organização; e • Entrevistas formais periódicas de avaliação de
- Incentiva a utilização do coaching: a AD “ajuda ou es- desempenho, em que avaliador e avaliado analisam os resultados
timula os supervisores a observarem seus subordinados mais de obtidos no período considerado e redefinem novas orientações,
perto e a desempenhar melhor a função de treinadores” (OBERG, compromissos recíprocos e ações corretivas, se for o caso.
1997).
Neste processo, o gestor precisa avaliar as fraquezas e
Limitações da utilização limitações dos funcionários, buscando identificar pontos de
- Serve de justificativa para discussões salariais: ao situar melhoria, necessidade de treinamento ou até mesmo remanejamento
as pessoas na estrutura organizacional, pode gerar argumentações do indivíduo para outras funções em que poderia render melhor.
direcionadas a salários e vantagens face à uma possível nova Assim, o papel principal da avaliação de desempenho
posição funcional numa outra unidade; é identificar e trabalhar de forma sistêmica as diferenças de
- Trata-se de um processo vulnerável: “as avaliações desempenho entre os muitos funcionários da organização. Tendo
fornecem informações inadequadas sob as sutilezas do sempre como base a interação constante entre avaliador e avaliado.
desempenho, os gerentes freqüentemente fazem julgamentos
arbitrários” (LEVINSON, 1997); Formas de avaliação de desempenho – Listamos abaixo os
- Há uma tendência à exclusão dos não envolvidos métodos mais tradicionais de avaliação:
diretamente: com o processo. A não influência direta nos resultados
da organização, dificulta o questionamento à avaliação feita • Escalas gráficas de classificação: é o método mais utili-
desmotivação e desinteresse; zado nas empresas. Avalia o desempenho por meio de indicadores
- Dificuldade de manter as avaliações periódicas: a definidos, graduados através da descrição de desempenho numa
elaboração e aplicação do processo de AD depende do feedback variação de ruim a excepcional. Para cada graduação pode haver
oferecido às pessoas pelos avaliadores; exemplos de comportamentos esperados para facilitar a observa-
- Inibe o desenvolvimento criativo do potencial humano: ção da existência ou não do indicador. Permite a elaboração de
manter avaliações constantes, dependendo da maneira como é gráficos que facilitarão a avaliação e acompanhamento do desem-
realizada, pode representar um controle na visão das pessoas em penho histórico do avaliado.
processo de avaliação; e • Escolha e distribuição forçada: consiste na avaliação
- Dificulta a avaliação do grupo: este tipo de procedimento dos indivíduos através de frases descritivas de determinado tipo de
sempre tende a recair numa avaliação individualizada.7 desempenho em relação às tarefas que lhe foram atribuídas, entre
as quais o avaliador é forçado a escolher a mais adequada para
A maneira mais eficaz do gestor demonstrar que está a par dos descrever os comportamentos do avaliado. Este método busca mi-
resultados apresentados por seus colaboradores é acompanhando nimizar a subjetividade do processo de avaliação de desempenho.
de perto as atividades que esses realizam. E o método mais eficaz • Pesquisa de campo: baseado na realização de reuniões
de demonstrar este acompanhamento é através da  Avaliação de entre um especialista em avaliação de desempenho da área de Re-
Desempenho do colaborador. A avaliação de desempenho é uma cursos Humanos com cada  líder, para avaliação do desempenho
7 Fonte: gestaopublica.org de cada um dos subordinados, levantando-se os motivos de tal de-

Didatismo e Conhecimento 50
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
sempenho por meio de análise de fatos e situações. Este método • Avaliação de competências e resultados: é a conjuga-
permite um diagnóstico padronizado do desempenho, minimizan- ção das avaliações de competências e resultados, ou seja, é a verifi-
do a subjetividade da avaliação. Ainda possibilita o planejamento, cação da existência ou não das competências necessárias de acordo
conjuntamente com o líder, do desenvolvimento profissional de com o desempenho apresentado.
cada um. • Avaliação de potencial: com ênfase no desempenho
• Incidentes críticos: enfoca as atitudes que representam futuro, identifica as potencialidades do avaliado que facilitarão o
desempenhos altamente positivos (sucesso), que devem ser realça- desenvolvimento de tarefas e atividades que lhe serão atribuídas.
dos e estimulados, ou altamente negativos (fracassos), que devem Possibilita a identificação de talentos que estejam trabalhando
ser corrigidos através de orientação constante. O método não se aquém de suas capacidades, fornecendo base para a recolocação
preocupa em avaliar as situações normais. No entanto, para haver dessas pessoas.
sucesso na utilização desse método, é necessário o registro cons- • Balanced Scorecard: sistema desenvolvido por Robert
tante dos fatos para que estes não passem despercebidos. S. Kaplan e David P. Norton na década de 90, avalia o desempe-
• Comparação de pares: também conhecida como com- nho sob quatro perspectivas: financeira, do cliente, dos processos
paração binária, faz uma comparação entre o desempenho de dois internos e do aprendizado e crescimento. São definidos objetivos
colaboradores ou entre o desempenho de um colaborador e sua estratégicos para cada uma das perspectivas e tarefas para o aten-
equipe, podendo fazer o uso de fatores para isso. É um processo dimento da meta em cada objetivo estratégico.
muito simples e pouco eficiente, mas que se torna muito difícil de
ser realizado quanto maior for o número de pessoas avaliadas. Vantagens da Avaliação de desempenho
• Autoavaliação: é a avaliação feita pelo próprio avaliado Por meio da avaliação de desempenho é possível identificar
com relação a sua performance. O ideal é que esse sistema seja novos talentos dentro da própria organização, por meio da análise
utilizado conjuntamente a outros sistemas para minimizar o for- do comportamento e das qualidades de cada indivíduo. Gerando,
te viés e falta de sinceridade que podem ocorrer. assim, novas possibilidades para remanejamento interno de
• Relatório de performance: também chamada de avalia- colaboradores. Além de poder oferecer bonificações e premiações
ção por escrito ou avaliação da experiência, trata-se de uma descri- aos funcionários que mais se destacarem na avaliação.
ção mais livre acerca das características do avaliado, seus pontos Outra vantagem é a possibilidade de gerar um feedback mais
fortes, fracos, potencialidades e dimensões de comportamento, fácil aos funcionários analisados e gestores, uma vez que tem
entre outros aspectos. Sua desvantagem está na dificuldade de se como resultado informações relevantes, sólidas e tangíveis para
combinar ou comparar as classificações atribuídas e por isso exige um resultado eficiente. Este feedback faz com que os avaliados
a suplementação de um outro método, mais formal. queiram investir ainda mais em seu desenvolvimento, melhorando
• Avaliação por resultados: é um método de avaliação ba- seu desempenho e trazendo vantagens para a empresa.
seado na comparação entre os resultados previstos e realizados. É Este método é importante, também, para eliminar “achismos”
um método prático, mas que depende somente do ponto de vista do e palpites quando da avaliação de um funcionário. É um meio de
supervisor a respeito do desempenho avaliado. obter informações reais e avaliar de perto as implicações de uma
• Avaliação por objetivos: baseia-se numa avaliação do possível mudança na gestão de recursos humanos da empresa.
alcance de objetivos específicos, mensuráveis, alinhados aos obje- Por isso, manter este tipo de avaliação pode trazer muitos
tivos organizacionais e negociados previamente entre cada colabo- benefícios e mudanças positivas na gestão de pessoas de uma
rador e seu superior. É importante ressaltar que durante a avaliação organização, seja qual for o seu tamanho. Com ela o gestor pode
não devem ser levados em consideração aspectos que não estavam avaliar melhor seus subordinados, melhorar o clima de trabalho,
previstos nos objetivos, ou não tivessem sido comunicados ao co- investir no treinamento de seus pares, melhorar a produtividade,
laborador. E ainda, deve-se permitir ao colaborador sua auto ava- desenvolver os métodos de remuneração, fazê-los trabalhar de
liação para discussão com seu gestor. forma mais eficiente etc. Todos ganham quando uma equipe é
• Padrões de desempenho: também chamada de padrões avaliada de forma satisfatória pelos gerentes.
de trabalho é quando há estabelecimento de metas somente por
parte da organização, mas que devem ser comunicadas às pessoas Aplicações
que serão avaliadas. A avaliação de desempenho presta-se ao exercício de dife-
• Frases descritivas: trata-se de uma avaliação através de rentes funções administrativas, motivacionais e de comunicação,
comportamentos descritos como ideais ou negativos. Assim, assi- como citados a seguir:
nala-se “sim” quando o comportamento do colaborador correspon- • Identificação de pontos fortes e fracos dos colaborado-
de ao comportamento descrito, e “não” quando não corresponde. É res e, consequentemente, da organização;
diferente do método da Escolha e distribuição forçada no sentido • Identificação de diferenças individuais;
da não obrigatoriedade na escolha das frases. • Estímulo à comunicação interpessoal;
•   Avaliação 360 graus: neste método o avaliado rece- • Desenvolvimento do conceito “equipe de dois”, forma-
be  feedbacks  (retornos) de todas as pessoas com quem ele tem da por chefe e subordinado;
relação, também chamados de stakeholders, como pares, superior • Informação ao colaborador de como o seu desempenho
imediato, subordinados, clientes, entre outros. é percebido;
• Avaliação de competências: trata-se da identificação de • Estímulo ao desenvolvimento individual do avaliador e
competências conceituais (conhecimento teórico), técnicas (habili- do avaliado;
dades) e interpessoais (atitudes) necessárias para que determinado • Indicações de promoções e de aumentos salariais por
desempenho seja obtido. mérito;

Didatismo e Conhecimento 51
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
• Indicações de necessidade de treinamento; com certos princípios de racionalização do trabalho para projetar
• Gestão de crises nas equipes e nos processos operacio- cargos, definir métodos padronizados, treinar as pessoas para obter
nais (sistemas técnicos e sociais); máxima eficiência e usavam incentivos salariais para assegurar a
• Auxílio na verificação de aprendizagens; adesão aos métodos de trabalho.
• Identificação de problemas de trabalho em geral, no No modelo humanístico é denominado pelas relações humanas
relacionamento individual, intraequipe ou interequipes; através da experiência de Hawthorne, tendo o objetivo de substituir
• Registro histórico suplementar para ações administrati- a engenharia industrial pelas ciências sociais, a organização formal
vas de gestão; pela informal, a chefia pela liderança, etc. 
• Apoio às pesquisas de clima organizacional. No modelo contingencial representa a abordagem mais ampla
e complexa pelo fato de considerar três variáveis simultaneamente:
REMUNERAÇÃO as pessoas, a tarefa e a estrutura organizacional. O desenho do cargo
Quando se trata de estar apto para definir desenho, análise, é dinâmico e se baseia na contínua mudança e revisão do cargo
descrição e especificação de cargos é para entender como o dese-
como uma responsabilidade básica colocada nas mãos do gerente
nho de cargo afeta as práticas de RH e depois descrever os méto-
ou de sua equipe de trabalho. Isso faz do modelo contingencial
dos obtidos na informação e os ajustando com o objetivo de ter as
mutável em decorrência do desenvolvimento pessoal do ocupante
especificações precisas do cargo e os critérios a exigir do futuro
e do desenvolvimento tecnológico da tarefa. 
ocupante.
Em um âmbito sobre as especificações, análise e descrição
de cargos é importante salientar a conceituação para interpretar Enriquecimento de cargos 
de uma maneira coesa na tomada de decisão, tendo como O desenho contingencial de cargos é dinâmico e privilegia
exemplo um modelo de entrevista e um questionário onde será a mudança em função do desenvolvimento pessoal do
feita a colheita de informações sobre os cargos para montar uma ocupante, ou seja, permite a adaptação do cargo ao potencial de
descrição de cargo detalhada com as relações, responsabilidades e desenvolvimento pessoal do ocupante. Essa adaptação contínua é
experiências exigidas com o propósito de fazer um mapeamento feita pelo enriquecimento de cargos que significa a reorganização
das especificidades do cargo para estar redesenhando a estrutura e ampliação do cargo para proporcionar adequação ao ocupante no
e coligindo conforme o desempenho de cada um, tornando-o mais sentido de aumentar a satisfação intrínseca, através do acréscimo
flexível e mutável.  de variedade, autonomia, significado das tarefas, identidade
com as tarefas e retroação. Tem como objetivo de aumentar as
Conceito de Cargo  responsabilidades e desafios das tarefas do cargo para ajustá-los às
Hoje, os cargos requerem maior flexibilidade e características progressivas do ocupante. 
participação contínua das pessoas transformando-as em equipes A adequação do cargo ao ocupante melhora o relacionamento
multidisciplinares mutáveis com o ambiente. O cargo pode- interpessoal dentro do trabalho e visam novas oportunidades de
se analisar numa maneira global onde todas as atividades são mudanças para uma melhor qualidade de vida no trabalho. O que
executadas por um ocupante e que se situa em uma posição no se espera é um aumento de produtividade e redução das taxas
organograma organizacional.  de rotatividade e de absenteísmo do pessoal, para isso precisará
A posição do cargo mo organograma define o nível de introduzir uma nova estratégia que faça uma reeducação dos
hierarquia do ocupante como a quem reportará e sobre quem cargos de gerente e chefia, descentralização das pessoas dando
exercerá autoridade que pode ser localizado num departamento ou empowerment e maiores oportunidades de participação. 
divisão. 
Conceito de descrição de cargos
Desenho de Cargos Descrever um cargo significa relacionar desde o que o ocupante
Envolve-se a especificação do conteúdo de cada cargo,
faz até o motivo porque faz, a descrição de cargo é um retrato
dos métodos de trabalho e das relações com os demais cargos.
simplificado do conteúdo e das principais responsabilidades do
O desenho de cargos constitui na maneira como cada cargo é
cargo. O formato de uma descrição de cargo inclui o título do cargo,
estruturado e dimensionado, dentre disso precisa-se definir quatro
o sumário das atividades a serem desempenhadas e as principais
condições básicas: 
- Qual é o conteúdo do cargo, ou seja, o conjunto de tarefas ou responsabilidades do cargo. A descrição do cargo relaciona de
atribuições que o ocupante desempenhará;  maneira breve as tarefas, deveres e as responsabilidades do cargo. 
- Quais são os métodos e processos de trabalho, ou seja, como
as tarefas deverão ser desempenhadas; Conceito de Análise de cargos 
 - A quem o ocupante do cargo deve prestar responsabilidade, Analisar um cargo significa detalhar o que o cargo exige
isto é, quem é o seu superior imediato;  do seu ocupante em termos de conhecimentos, habilidades e
- Quem o ocupante do cargo deverá supervisionar ou dirigir capacidades para que possa desempenhá-lo adequadamente. A
autoridade, ou seja, quem serão os seus subordinados.  análise de cargos procura determinar quais os requisitos físicos e
mentais que o ocupante deve possuir, as responsabilidades que o
Modelos de desenhos de cargos cargo lhe impõe e as condições em que o trabalho deve ser feito. E
Os modelos de desenhos de cargos existem três tipos: o também se preocupa com as especificações do cargo em relação ao
Clássico, o Humanístico e o Contingencial; sendo que o Clássico ocupante que deverá preenchê-lo. 
foram criados pelos engenheiros da Administração Científica

Didatismo e Conhecimento 52
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Métodos de colheita de dados sobre cargos Programa de Gestão de Cargos e Salários
Existem três métodos para obtenção de dados a respeito Para que possa existir ambiente motivador no seio da
dos cargos: entrevista, questionário e observação. Na entrevista organização, pessoas integradas e produtivas, são necessários
existem três tipos para tal finalidade como a entrevista individual, planos adequados de RH. O plano básico, o carro-chefe é, sem
a entrevista em grupo e a entrevista com o supervisor tendo como dúvida, o de cargos e salários, porque sem ele, dificilmente os
objetivo buscar dados a respeito dos cargos e determinar seus demais planos de desenvolvimento funcionam. Após a implantação
deveres e responsabilidades.  do programa de cargos e salários é que devem ser implantados os
No método do questionário a colheita de dados a respeito de planos de carreira, treinamento e desenvolvimento, avaliação de
um cargo é feita através de questionários que são distribuídos aos desempenho e potencial e planejamento de recursos humanos.
seus ocupantes ou ao seu supervisor. Na prática segue o mesmo A empresa deve ver o salário como função agregada de
roteiro da entrevista, com a diferença de que é preenchido pelo motivação e procurar utilizá-lo como um instrumento a mais
ocupante do cargo, ou pelo supervisor ou também em ambos. Tem na compatibilização dos objetivos organizacionais e pessoais.
como vantagem proporcionar um meio eficiente e rápido de coletar A preocupação central da administração de cargos e salários é a
informação de um grande número de funcionários, tendo como
manutenção dos equilíbrios internos e externos.
custo operacional menor do que a entrevista. 
No método da observação é direta daquilo que o ocupante
Segundo PONTES (1993, p. 19):
do cargo está fazendo constitui um outro método de colher
O equilíbrio interno é conseguido através de uma correta
informação sobre o cargo é aplicável em cargos simples, rotineiros
e repetitivos. É comum o método da observação utilizar um avaliação dos cargos, de forma a manter uma hierarquia. O equilíbrio
questionário para ser preenchido pelo observador para assegurar a interno é muito importante porque os funcionários comumente
cobertura de todas as informações necessárias.  julgam a equidade de suas remunerações, comparando-as com
as dos demais empregados. Muitas vezes, a insatisfação com a
Etapas do Processo de Análise de cargos remuneração advém da diferença de remuneração entre cargos
O processo de analisar cargos envolve seis etapas que considera e pessoas, quando não são visíveis maiores responsabilidades,
a organização em constante e dinâmica mudança. Os cargos produtividade, conhecimento e capacidade.
devem ser constantemente descritos, analisados e redefinidos para O equilíbrio externo é obtido através da adequação salarial
acompanhar as mudanças na organização e no seu conteúdo.  da organização frente ao mercado de trabalho. Também é muito
Os primeiros passos são examinar a estrutura da organização importante o equilíbrio externo, uma vez que os funcionários
total e de cada cargo para definir quais as informações requeridas julgam a equidade de suas remunerações comparando-as com as
pela análise de cargos, depois selecionar os cargos a serem dos ocupantes de cargos similares em outras organizações. Além
analisados e ajustar os dados necessários para análise, e por último disso, quando o equilíbrio externo não é mantido, a empresa tem
preparar as descrições e especificações de cargos. Isso tem como dificuldades em conservar seus talentos profissionais.
função de fazer um planejamento de RH, desenhos de cargos, Na implantação do programa de administração de cargos
recrutamento e seleção, treinamento, avaliação de desempenho, e salários em uma organização é necessário seguir as etapas de
remuneração e benefícios e a avaliação dos resultados.  planejamento e divulgação do plano, análise e avaliação dos
cargos, pesquisa salarial e definição da política salarial. Terminada
Os usos da Descrição e Análise de cargos  a última etapa, devem ser definidas as políticas de remuneração e
A descrição e análise de cargos funcionam como mapeamento implantadas as carreiras profissionais.
do trabalho realizado dentro da organização. Um programa de O plano de administração de cargos e salários deve ser
descrição e análise de cargos produz subsídios para o recrutamento implantado com a colaboração das chefias, uma vez que são os
e seleção das pessoas, para identificação das necessidades de chefes os responsáveis pela motivação e produtividade dos recursos
treinamento, elaboração de programas de treinamento, para
humanos e serão eles que terão que conviver com as políticas e
planejamento da força de trabalho, avaliação de cargos e critérios
regras traçadas. Desta forma, o órgão de Recursos Humanos terá
de salários, etc. 
amplo apoio durante a elaboração do programa, além de maior
Os objetivos são de subsídios ao recrutamento (definir o
certeza de que o mesmo será mais condizente com a cultura da
mercado RH para onde deverá recrutar dados para a elaboração
de anúncios de recrutamento); subsídios à seleção de pessoas organização.
(características do ocupante do cargo, ou seja, requisitos
exigidos); material para o treinamento (conteúdo dos programas Avaliação e Classificação de Cargos
de treinamento, conhecimentos e habilidades exigidas ao ocupante A avaliação, para Carvalho, deve ser feita com critérios e
e atitudes perante o cliente); base para a avaliação e classificação levando em consideração a seleção de fatores e a elaboração
de cargos (fatores de especificações para serem utilizados como do manual para a análise. Segundo Chiavenato (1991, p. 37), a
fatores de avaliação de cargos, definição de faixas salariais, avaliação e a classificação de cargos foram introduzidas para o
etc.); avaliação do desempenho (definição de critérios e padrões estudo do trabalho e sua racionalização no sentido de elevar a
de desempenho para avaliar os ocupantes, metas e resultados produtividade do operário. E deve basear-se em uma estrutura de
a ser atingindo); base para programas de higiene e segurança salários acurada e objetiva. Portanto, requer do administrador de
(informações sobre condições de insalubridade e periculosidade Recursos Humanos um empenho maior, a fim de selecionar os
comuns a determinados cargos) e guia para o gerente (informações métodos aplicados.
sobre o conteúdo dos cargos e desempenho dos ocupantes). 

Didatismo e Conhecimento 53
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Administração de Salários • o equilíbrio orçamentário da empresa: a política salarial
A administração de salários é algo importante na relação levará em conta o desempenho da empresa e seus resultados.
capital x trabalho no sistema das organizações. A Política de Administração de Cargos e Salários da Empresa
É uma função organizacional baseada em certos pressupostos, tem por objetivo reconhecer a capacitação profissional e o desem-
nos quais, segundo Lobos (1979, p. 260): penho dos seus funcionários. O desenvolvimento técnico-profis-
1. A contribuição do empregado à organização é um deter- sional do funcionário e sua contribuição efetiva para os resultados
minante adequado da remuneração por ele recebida; da empresa serão os indicadores utilizados para esse reconheci-
2. Tal contribuição pode ser medida objetivamente e tradu- mento. 8
zida a valores monetários ou equivalentes, constituindo a remu-
neração; CONFLITOS
3. A remuneração exerce uma influência motivadora sobre Conflitos
o individuo no trabalho.
É a capacidade de enfrentamento, condução e superação de
Esses pressupostos são aspectos convencionais da remuneração situações e cenários, onde o conflito faz-se presente é crucial aos
e devem ser objeto de estudos dentro das organizações. gestores de qualquer organização. O conhecimento das causas
geradoras de conflitos somado à habilidade de diagnosticar o
Objetivos da Administração Salarial conflito de forma mais abrangente podem auxiliar os mediadores
Os objetivos da administração salarial são obtidos através dos no gerenciamento de conflitos.
equilíbrios internos e externos nas organizações. Segundo Pontes Quando se estiver administrando um conflito é de suma
(1989, p. 19), o equilíbrio interno é muito importante porque os importância que, antes de se tomar qualquer decisão, investiguem-
funcionários comumente julgam a equidade de suas remunerações se os fatos ocorridos, o histórico das pessoas envolvidas, como o
comparadas com as dos demais empregados. O equilíbrio externo tempo em que os envolvidos no conflito trabalham na empresa,
é obtido através da adequação salarial da organização frente ao suas condutas e desempenho. Ressalta-se a importância de se
mercado de trabalho. empregar a empatia, ou seja, considerar os valores da organização;
levar em consideração pressões não usuais de trabalho, como
Métodos de Administração Salarial o fato de dois funcionários terem uma discussão; se o produto
As etapas da análise de cargos englobam a coleta de dados, dessa empresa é sazonal e se, no período que antecedeu a referida
a descrição, a especificação e a titulação dos cargos. Os métodos discussão, os funcionários tiveram que aumentar sua jornada de
de coleta de dados podem ser observação local, questionário, trabalho; verificar a ocorrência de explicação insatisfatória, por
entrevista e métodos combinados. Segundo Souto Maior, as parte do responsável, de normas e/ou procedimentos. Tudo isto
informações e sua análise são os elementos essenciais para para que o conflito tenha um desfecho satisfatório para todos os
desenhar um cargo. envolvidos. Na administração de conflitos, é relevante também
identificar se os envolvidos trabalham em equipe. Uma equipe tem
Análise de Função um objetivo em comum, além de possuir um número reduzido de
Na análise de função deve-se seguir adequadamente uma componentes. Seus integrantes, necessariamente, devem possuir as
metodologia para se desenvolver a devida análise e seguir os seguintes qualidades: disposição para compartilhar oportunidades
devidos passos: e reconhecimentos; além de comunicarem-se de forma aberta
- Dotar-se de um guia de entrevista para conduzir uma e direta (supervisão funcional). Para que tais qualidades sejam
entrevista;
fomentadas numa organização, é necessário estabelecer objetivos
- Treinar-se na entrevista entre um analista e um entrevistado;
claros e métodos de trabalho eficazes, e ainda, que os indivíduos
- Quais questões colocar?;
sejam respeitados, tanto pessoal, quanto profissionalmente.
- Como redigir os dossiês de análise?
É sabido que cada ser humano é único, ou seja, possui
aptidões, valores, cultura, que o torna um indivíduo. No entanto,
Conhecer o método de qualificação de pontos:
muitos gestores esquecem de tirar proveito dessas habilidades
- Definição de fatores, escalas e graus;
heterogêneas em prol da empresa. Assim, as empresas que
- A construção do Manual e a Comissão de Qualificação;
- Qualificação piloto, testes estatísticos ao manual; trabalham com equipes, devem aproveitar-se dessas diferenças,
- Cálculo do salário teórico “versus” real;- Os re- maximizando-as ou otimizando-as, utilizando-se da ferramenta
enquadramentos e os estudos de melhoria organizacional. denominada holismo, que consiste em aproveitar as desigualdades
para que a totalidade represente mais do que a soma das partes.
Enfim, Política de Administração de Cargos e Salários Outro aspecto importante sobre as equipes consiste no seu ciclo
 A administração de cargos e salários será feita considerando: de vida. Tal ciclo pode ser dividido em quatro estágios: o primeiro
• a relatividade interna: cada cargo terá sua remuneração consiste na sua formação propriamente dita; o segundo estágio
estabelecida conforme as responsabilidades e qualificações neces- preocupa-se em desenvolver um método de trabalho; no terceiro,
sárias para o desempenho da função. visa-se a atingir os objetivos estabelecidos; e, por fim, no quarto
• a situação de mercado: os salários serão estabelecidos estágio, os integrantes começam a sair da equipe para buscar
conforme os padrões de mercado para cargos com responsabilida- novos desafios.
des semelhantes.
8 Fonte: www.portaleducacao.com.br

Didatismo e Conhecimento 54
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
O significado da palavra conflito segundo o Dicionário Como pode ser visto, as causas dos conflitos podem ter origens
Aurélio é: “1. Luta, combate; 2. Guerra; 3. Enfrentamento; 4. diversas, e a maneira com que as identificamos e tratamos poderá
Oposição entre duas ou mais partes; 5. Desavença entre pessoas, acentuar o problema ou resolvê-lo sem maiores danos. 
grupos; 6. Divergência, discordância de ideais, de opiniões”. A Terceira Lei de Newton, também denominada de princípio
Assim, para melhorar o nosso entendimento a respeito do assunto, da ação e reação, diz: “Se um corpo A aplicar uma força sobre um
vamos conceituar Administração de Conflitos como: corpo B receberá deste uma força de mesma intensidade, mesma
direção e de sentido contrário”. A lei da Ação e Reação apresenta
“A arte de identificar, lidar e resolver situações divergentes
na prática que para cada ação produzida, há uma reação em sentido
entre pessoas ou grupo no relacionamento interpessoal ou
oposto de mesma intensidade. No relacionamento interpessoal,
intrapessoal’. 
precisamos entender que a forma que nos comunicamos e nos
O conflito tem sua principal causa na divergência de posicionamos frente às situações faz toda a diferença. 
interesses, ideologias ou opiniões a respeito de certo assunto, O princípio 90/10 de Stephen Covey, diz que “os 10% da vida
procedimento ou realização. Diferentemente do que a maioria das estão relacionados com que se passa com você e os 90% restantes
pessoas imaginam, os conflitos bem administrados, podem gerar estão relacionados com a forma como você reage ao que se passa
mudanças positivas no comportamento das pessoas, pois motiva com você”. Tomando por base a afirmação de Stephen Covey, a
a busca de soluções. Por outro lado, os conflitos administrados maior parte da nossa vida está relacionada com o comportamento
de maneira errada, causam tensão, levam a agressão e geram que adotamos frente às circunstâncias impostas pela vida. A maneira
ambientes improdutivos.  de agir e reagir faz toda a diferença. Se eu desisto facilmente ou se
No intuito de contribuir com o aprendizado organizacional luto bravamente diante das circunstâncias impostas pela vida, faz a
a respeito da administração de conflitos, apresentamos os tipos diferença entre vitória/derrota e sucesso/fracasso. Como você tem
de conflitos, as causas mais comuns, as possíveis estratégias que agido e reagido diante destas circunstâncias? Tem vencido ou tem
determinam o comportamento das partes envolvidas, e por último,
sido vencido?
as fases para solucioná-los. 
Em muitos casos, a falta de conhecimento e experiência em
Tipos de conflitos lidar com situações de adversidades, lutas ou discordâncias entre
O conflito é necessário, por mais que se desenvolvam esforços pessoas ou grupos, gera baixo desempenho na execução das
no sentido de eliminá-lo, não poderemos ignorá-lo ou impedi-lo. atividades operacionais, pois se perde a capacidade de interação
É importante entender as suas causas, compreender suas origens, e de relacionamento funcional, e assim, metas e objetivos são
perceber a expressão do sentimento do outro, saber qual é a comprometidos. Por isso, empresários, diretores, gerentes,
dimensão do problema e se estamos preparados para administrá- supervisores e outras pessoas que ocupam cargos de confiança,
los, isso determina o nosso comportamento frente à situação. precisam aprender a lidar com situações de conflito, pois a
Existem vários tipos de conflito e sua identificação pode maneira de gerenciá-las pode causar: desmotivação, absenteísmo,
auxiliar a detectar a estratégia mais adequada para administrá-lo. turn over, insubordinação e etc. Agora, quando o líder sabe gerir
Abaixo são mencionados os seguintes tipos de conflitos: estas situações de maneira eficiente, pode até acontecer conflitos,
• Conflito latente: não é declarado e não há, mesmo por mas haverá satisfação, confiança, compromisso, empenho, busca
parte dos elementos envolvidos, uma clara consciência de sua
de soluções, crescimento e, enfim, melhoria nos resultados
existência. Eventualmente não precisam ser trabalhados; Para lidar
com conflitos, é importante conhecê-los, saber qual é sua amplitu- organizacionais.
de e como estamos preparados para trabalhar com eles;
• Conflito percebido: os elementos envolvidos percebem, Um ponto nevrálgico na administração de conflitos consiste
racionalmente, a existência do conflito, embora não haja ainda ma- em identificar os tipos de comportamento de cada um dos
nifestações abertas do mesmo; envolvidos. Segundo Gillen (2001), os tipos de comportamento
• Conflito sentido: é aquele que já atinge ambas as partes, são quatro:  ponto nevrálgico na administração de conflitos
e em que há emoção e forma consciente; consiste em identificar os tipos de comportamento de cada um dos
• Conflito manifesto: trata-se do conflito que já atingiu envolvidos. Segundo Gillen (2001), os tipos de comportamento
ambas as partes, já é percebido por terceiros e pode interferir na são quatro:
dinâmica da organização. 1) passivo – é o indivíduo que procura evitar o conflito, mesmo
que sofra com isso; via de regra, apresenta voz hesitante, atitude
As principais causas dos conflitos defensiva, contato visual mínimo, e, geralmente, é uma pessoa é
• Choques de interesses individuais, grupais e organizacio-
quieta; 
nais;
2) agressivo – é o indivíduo que aspira fervorosamente vencer,
• Luta pelo poder;
• Inveja; mesmo à custa de outras pessoas. Tende a ser individualista, uma
• Fofocas; vez que está mais interessado nos próprios desejos do que com
• Frustrações por promessas não cumpridas; os dos outros. Tal comportamento apresenta voz alta e máximo
• Falhas de Comunicação; contato;
• Mudanças estruturais; 3) passivo/agressivo – é o indivíduo que apresenta um
• Intrigas de colegas com mais tempo de empresa; comportamento misto. São as pessoas que desejam se firmar,
• Apadrinhamento de profissionais incompetentes;  contudo, não possuem estrutura para tanto. Este comportamento
• Nepotismo. apresenta muita irritação, postura fechada, pessoa lacônica;

Didatismo e Conhecimento 55
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
4) assertivo – é o indivíduo que aspira a defender seus direitos, mudança, cada dia mais tecnologias, mais necessidade de redução
bem como aceita que as outras pessoas também os tenham. Este de custos, mais mão de obra disponível, mais famílias destruídas,
comportamento apresenta tom de voz moderado, as pessoas deste mais problemas emocionais não resolvidos, maiores exigências
tipo de comportamento são neutras, possuem uma postura de dos consumidores, mais pressão do governo sobre empresas, mais
prudência e segurança.  proliferação de doenças, mais problemas ambientais e etc. Por tudo
isso, os profissionais precisam se moldar frente às dificuldades e
Estratégias para solução de conflitos reagir com flexibilidade.
Para que o gerenciamento dos conflitos seja eficaz, é preciso Outro aspecto importante é a adoção da imparcialidade
conhecer as formas de agir numa situação conflituosa. Por isso, quando o conflito envolver a necessidade de julgamento de um
conhecer o campo onde se travará a batalha e se como atuar terceiro. Lembre-se disso, o comportamento humano também é
durante o embate é importante para não causar feridas irreparáveis determinado pelos hábitos e costumes adquiridos na criação da
ou incendiar ainda mais a situação. A estratégia adotada define o pessoa, além é claro, das variáveis encontradas no ambiente. Neste
comportamento para solução das divergências.  caso, o julgamento mal feito, pode destruir a vida ou a carreira de
A partir do momento que identificamos os tipos e as causas uma pessoa.
dos conflitos, temos condições de determinar “as estratégias” que Lembre-se, administrar conflitos faz parte do nosso cotidiano
devem ser adotadas para administrá-los. Todavia, a estratégia e requer constante aprendizado. Por isso, cuidar da nossa vida
escolhida deve ser utilizada a partir de uma análise ampla, espiritual, afetiva, familiar, intelectual, emocional e profissional,
coerente, sincera e correta da situação. O sucesso da escolha de contribui para um bom desempenho. Administrar empresas implica
uma estratégia, não é garantia de sucesso em outros momentos de em gerir conflitos internos e externos resultantes do relacionamento
conflitos. Cada situação deve ser estudada e planejada. entre pessoas. Não pense que os conflitos desaparecerão, pois isto
Para administrar um conflito organizacional, pode-se empregar é um sonho!
um dos seguintes estilos, segundo Chiavenato:  Precisamos entender que, através das situações de conflitos
1) estilo de evitação: consiste na fuga do conflito. É empregado podemos extrair experiências de crescimento e desenvolvimento
quando o problema é corriqueiro, quando não há perspectiva humano, que se bem aproveitadas gerará mudanças e oportunidades
de ganhar o conflito, quando se necessita tempo para obter uma de crescimento mútuo entre os envolvidos.
informação ou quando um conflito pode ser desvantajoso; 
2) estilo de acomodação: visa a resolver os pontos de menor Habilidades de Administração de Conflitos
divergência e deixar os problemas maiores para depois;  O que é administração de conflitos?
3) estilo competitivo: consiste no comando autoritário, O conflito pode ter consequências positivas, como, por
é empregado quando se faz necessário tomar uma decisão  exemplo, manter os grupos de trabalho viáveis, autocríticos e
rapidamente ou uma decisão impopular;  criativos. A administração de conflitos requer a conservação de
4) estilo de compromisso: ocorre quando as partes envolvidas um nível ótimo de conflitos em um grupo. Pouco conflito cria
aceitam perdas e ganhos para todos os envolvidos;  estagnação. Muito conflito cria rupturas.
5) estilo de colaboração: é empregado numa situação ganha/ Por que a administração de conflitos é importante?
ganha, visto que todos os interesses podem ser reunidos numa Um estudo sobre executivos de nível médio e superior revelou
solução mais ampla.  que a média dos gerentes gasta 20% de seu tempo lidando com
conflitos.
Fases da solução de conflito Desenvolvendo habilidades para a resolução eficaz de
• Identifique a causa do problema; conflitos
• Procure soluções, não culpados; Embora os gerentes possam mudar de acordo com a situação,
• Analise e escolha a melhor solução; seus estilos básicos indicam o modo mais provável como tenderão
• Durante todo o momento mantenha um clima de respeito; a se comportar e o tratamento que adotam com mais frequência.
• Aperfeiçoe a habilidade de ouvir e falar, compreendendo
o que ouve e sendo claro na transmissão da sua mensagem; Seja ponderado na escolha dos conflitos que deseja controlar
• Se coloque no lugar do outro; Nem todo conflito vale seu tempo e esforço para solucioná-
• Seja construtivo ao fazer uma crítica; lo. Além disso, alguns conflitos podem ser simplesmente
• Procure a solução Ganha-ganha; incontroláveis. Dessa forma, os gerentes não devem se deixar
• Aja sempre no sentido de eliminar as causas do conflito; seduzir pela crença ingênua de que podem solucionar eficazmente
• Quando estiver errado, reconheça; todos os conflitos.
• Não varra os problemas para debaixo do tapete;
• Agir com Resiliência.  Avalie os participantes do conflito
Conhecer os participantes promove sucesso na administração
Entre as várias competências do líder moderno, uma se destaca dos conflitos.
no rol de competências procuradas pelas empresas, a Resiliência.
Resiliência é um termo utilizado pela física que demonstra a Avalie a fonte do conflito
capacidade de um material voltar ao seu estado original depois de O conflito brota de três fontes: diferenças de comunicação,
ter sofrido uma pressão. Isso quer dizer – ter capacidade de reagir diferenças estruturais e diferenças pessoais. Diferenças de
com flexibilidade às situações de conflitos. Ou, ter a capacidade de comunicação brotam de dificuldades semânticas, mal-entendidos
se moldar frente às dificuldades. Hoje o mundo vive em constante e ruídos nos canais de comunicação. Uma vez que as organizações

Didatismo e Conhecimento 56
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são horizontalmente diferenciadas pela especialização e Poder nas organizações
departamentalização e verticalmente diferenciadas pela criação
de níveis hierárquicos, a diferenciação estrutural pode criar Definimos como burocratização o processo gradual que
conflitos. A terceira fonte de conflito são as diferenças pessoais: as se apresenta nas organizações, mediante o qual as relações se
idiossincrasias e os sistemas de valores pessoais. formalizam, a hierarquia se institucionaliza, a improvisação
diminui, o trabalho de cada um se especializa, são criadas normas
Conheça suas opções escritas, procedimentos e rotinas, se procura submeter a todos os
Os gerentes podem utilizar cinco opções de resolução de membros da organização às mesmas regras e regulamentos e esses
conflitos: abstenção, acomodação, imposição, conciliação e membros separam seus domicilio do local de trabalho.
colaboração. Nem todo conflito exige ação decisiva. Às vezes, As burocracias exercem um formidável controle sobre as
a abstenção (evitar ou ocultar o conflito) é a melhor solução. Os pessoas que nelas trabalham, sobre a informação que flui e sobre
gerentes utilizam a acomodação para manter relações harmoniosas, as atividades que realizam.
colocando as necessidades e preocupações dos outros acima das Deve-se compreender que o processo de burocratização e a
estrutura organizacional formam dois aspectos complementares na
suas. Na imposição, os gerentes tentam satisfazer suas próprias
vida de uma organização. A burocracia de uma organização forma
necessidades às custas da outra parte. Um acordo exige que cada
a estrutura orgânica desta, ou ainda, a estrutura orgânica de uma
uma das partes abra mão de alguma coisa de valor. Colaboração é a
administração está baseada no seu processo de burocratização.
solução final em que todos saem ganhando, todas as partes tentam
Um importante processo social é a capacidade que possuem
satisfazer seus interesses. os indivíduos ou grupo social de modificar o comportamento de
outros grupos ou pessoas. Estas manifestações estão associadas a
Deve-se estimular o conflito? uma importante interação social entre os homens que denominamos
Os dados sugerem que existem algumas situações nas quais o poder.
conflito é favorável. Poder, segundo Max Weber, significa toda probabilidade
de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contra
Mudar a Cultura da Organização. resistências, seja qual for o fundamento dessa probabilidade.
O passo inicial a ser dado pelos gerentes é premiar aqueles Embora de seu ponto de vista considere o poder “sociologicamente
que desafiam o status quo, sugerem ideias inovadoras, apresentam amorfo” podemos encontrar os fundamentos dessa probabilidade
opiniões divergentes e pensamentos criativos. num leque que inclui a legitimidade e a não legitimidade.
Weber afirmava que dominação é a probabilidade de encontrar
Use a Comunicação. obediência a uma ordem...A situação de dominação está ligada à
Os funcionários mais antigos do governo “plantam” possíveis presença efetiva de alguém mandando eficazmente em outros, mas
decisões na mídia por meio do infame caminho da “fonte confiável”. não necessariamente à existência de um quadro administrativo
Mensagens ambíguas ou ameaçadoras também encorajam conflito. nem a de uma associação; porém certamente – pelo menos em
Outro modo pelo qual a comunicação pode estimular o conflito é todos os casos normais – à existência de um dos dois.
chamar a atenção para diferenças de opinião que os indivíduos por De acordo com Weber, a existência de um quadro
si mesmos ainda não reconheceram. administrativo configura uma forma de dominação. E qualquer
que seja a associação, ela é sempre em algum grau associação de
Traga Gente de Fora. dominação, em virtude da existência de um quadro administrativo.
Um método muito usado para abalar uma unidade ou É importante destacar que não basta a vontade de dominar o
organização estagnadas é trazer de fora indivíduos com outro (ou outros), para que haja dominação; é necessário que haja
antecedentes, valores, atitudes ou estilos gerenciais diferentes dos disposição de obediência por parte do outro (ou outros).
de seus membros atuais. Do ponto de Weber toda dominação busca a legitimidade, o
reconhecimento social de sua validade, e a sua institucionalização
está baseada na figura da autoridade que, como vimos, pode
Reestruture a Organização.
ser racional-burocrática, tradicional e carismática, deste modo
Conflitos para romper o status quo podem ser promovidos
teríamos os tipos de dominação: legal, tradicional e carismática.
pelos seguintes dispositivos estruturais: centralizar as decisões, O exercício do poder, de acordo com Weber, está relacionado
reposicionar grupos de trabalho, introduzir equipes em uma com a administração, é inerente à função gerencial, pois trata-se de
cultura altamente individualista, aumentar a formalização e as induzir pessoas a agirem de acordo com determinadas expectativas.
interdependências entre as unidades. Visto desta maneira, quem administra o faz influenciando o
comportamento de outras pessoas, portanto exercendo algum
Indique um Advogado do Diabo. poder. Seja institucional, derivado do cargo que ocupa, seja
O advogado do diabo é uma pessoa que intencionalmente motivado pela capacidade pessoal, ou ambos.
apresenta argumentos contrários aos propostos pela maioria. Atua Denominamos força ao uso ou ameaça, a coerção física
como uma barreira ao pensamento grupal e às práticas que não pode ser expressa através de armas de todo o tipo uma lança, um
encontram justificativa melhor do que “foi assim que sempre revolver, etc. É um importante atributo da força.
fizemos aqui”. Compreende-se como autoridade um direito estabelecido para
tomar decisões e ordenar ações de outrem. Dito de outro modo é a
legitimação do poder, através da incorporação de conteúdo jurídico

Didatismo e Conhecimento 57
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e/ou moral. Essa legitimidade assenta sobre o consentimento
durável e tendente à unanimidade entre os membros de uma 5. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
sociedade ou de um grupo social.
PÚBLICA: PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Chamamos de influencia a habilidade para afetar as decisões
e ações de outros, mesmo não possuindo autoridade ou força para
QUE REGEM A ADMINISTRAÇÃO
assim proceder. É influente um individuo que consegue modificar FEDERAL; ADMINISTRAÇÃO
o comportamento dos outros sem ocupar um cargo público ou DIRETA E INDIRETA.
provado, e não utilizar nenhuma forma de coerção física.
Na estrutura de funcionamento das organizações, a questão
do poder é fundamental, pois trata-se de um sistema de relações
sociais em que existe permanentemente uma hierarquização 1) Princípios da Administração Pública
baseada em diferentes capacidades dos indivíduos nas posições Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permitem que
que se ocupam nestas organizações. ele consolide o bem comum e garanta a preservação dos interes-
O poder e o controle ocupam um lugar central na vida das ses da coletividade, se encontram exteriorizados em princípios e
organizações e na existência dos seres humanos. regras. Estes, por sua vez, são estabelecidos na Constituição Fede-
Ainda segundo Weber, as organizações seriam também ral e em legislações infraconstitucionais, a exemplo das que serão
instrumentos de dominação (física ou psíquica) sobre todos estudadas neste tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n°
os membros, desde o presidente ou diretor geral, até o operário 8.112/90 e Lei n° 8.429/92.
ou empregado. Desde o uniforme ou o slogan até os jargões Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no setor
organizacionais, as organizações apresentam esse poder de público partem da Constituição Federal, que estabelece alguns
influenciar os comportamentos, pensamentos e as emoções dos princípios fundamentais para a ética no setor público. Em outras
seus integrantes. palavras, é o texto constitucional do artigo 37, especialmente o
O controle faz parte das funções e dos processos das caput, que permite a compreensão de boa parte do conteúdo das
organizações. Poder e controle podem ser considerados como leis específicas, porque possui um caráter amplo ao preconizar os
face de duas moedas. Quem exerce controle tem poder. Quem tem princípios fundamentais da administração pública. Estabelece a
poder exerce controle. Constituição Federal:
De um ponto de vista racional, as estruturas de poder
hierárquicas e formais nas organizações evitam tensões que Artigo 37, CF. A administração pública direta e indireta de
poderiam surgir quando da tentativa de se achar pessoas superiores qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
a outras para certas posições. Havendo a estrutura hierárquica e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impes-
formal, o poder é transferido automaticamente ao ocupante soalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao se-
do cargo, que é transitório. Muito embora, na realidade, as guinte: [...]
características individuais modificam frequentemente o sistema
formal e em grande parte determinam a verdadeira estrutura do São princípios da administração pública, nesta ordem:
poder que emergirá. Legalidade
Impessoalidade
Moralidade
Publicidade
Eficiência
Para memorizar: veja que as iniciais das palavras formam o
vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da Administra-
ção Pública. É de fundamental importância um olhar atento ao sig-
nificado de cada um destes princípios, posto que eles estruturam
todas as regras éticas prescritas no Código de Ética e na Lei de
Improbidade Administrativa, tomando como base os ensinamentos
de Carvalho Filho9 e Spitzcovsky10:
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legalidade sig-
nifica a permissão de fazer tudo o que a lei não proíbe. Contudo,
como a administração pública representa os interesses da coleti-
vidade, ela se sujeita a uma relação de subordinação, pela qual só
poderá fazer o que a lei expressamente determina (assim, na esfera
estatal, é preciso lei anterior editando a matéria para que seja pre-
servado o princípio da legalidade). A origem deste princípio está
na criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio Esta-
do deve respeitar as leis que dita.

9 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 23.


ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
10 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método,
2011.

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b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interesses que II -  o acesso dos usuários a registros administrativos e a in-
representa, a administração pública está proibida de promover dis- formações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º,
criminações gratuitas. Discriminar é tratar alguém de forma di- X e XXXIII;
ferente dos demais, privilegiando ou prejudicando. Segundo este III -  a disciplina da representação contra o exercício negli-
princípio, a administração pública deve tratar igualmente todos gente ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração
aqueles que se encontrem na mesma situação jurídica (princípio pública.
da isonomia ou igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a im-
pessoalidade no que tange à contratação de serviços. O princípio e) Princípio da eficiência: A administração pública deve
da impessoalidade correlaciona-se ao princípio da finalidade, pelo manter o ampliar a qualidade de seus serviços com controle de
qual o alvo a ser alcançado pela administração pública é somente gastos. Isso envolve eficiência ao contratar pessoas (o concurso
o interesse público. Com efeito, o interesse particular não pode in- público seleciona os mais qualificados ao exercício do cargo), ao
fluenciar no tratamento das pessoas, já que deve-se buscar somente manter tais pessoas em seus cargos (pois é possível exonerar um
a preservação do interesse coletivo. servidor público por ineficiência) e ao controlar gastos (limitando
c) Princípio da moralidade: A posição deste princípio no o teto de remuneração), por exemplo. O núcleo deste princípio é
artigo 37 da CF representa o reconhecimento de uma espécie de a procura por produtividade e economicidade. Alcança os serviços
moralidade administrativa, intimamente relacionada ao poder pú- públicos e os serviços administrativos internos, se referindo dire-
blico. A administração pública não atua como um particular, de tamente à conduta dos agentes.
modo que enquanto o descumprimento dos preceitos morais por Além destes cinco princípios administrativo-constitucionais
parte deste particular não é punido pelo Direito (a priori), o or- diretamente selecionados pelo constituinte, podem ser apontados
denamento jurídico adota tratamento rigoroso do comportamento como princípios de natureza ética relacionados à função pública a
imoral por parte dos representantes do Estado. O princípio da mo- probidade e a motivação:
ralidade deve se fazer presente não só para com os administrados, a) Princípio da probidade:  um princípio constitucional in-
mas também no âmbito interno. Está indissociavelmente ligado à cluído dentro dos princípios específicos da licitação, é o dever de
noção de bom administrador, que não somente deve ser conhece- todo o administrador público, o dever de honestidade e fidelidade
dor da lei, mas também dos princípios éticos regentes da função com o Estado, com a população, no desempenho de suas funções.
administrativa. TODO ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE Possui contornos mais definidos do que a moralidade. Diógenes
ILEGAL OU AO MENOS IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação Gasparini11 alerta que alguns autores tratam veem como distintos
com os dois princípios anteriores. os princípios da moralidade e da probidade administrativa, mas
d) Princípio da publicidade: A administração pública é obri- não há  características que permitam tratar os mesmos como pro-
gada a manter transparência em relação a todos seus atos e a todas cedimentos distintos, sendo no máximo possível afirmar que a
informações armazenadas nos seus bancos de dados. Daí a publi- probidade administrativa é um aspecto particular da moralidade
cação em órgãos da imprensa e a afixação de portarias. Por exem- administrativa.
plo, a própria expressão concurso público (art. 37, II, CF) remonta b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao ad-
ao ideário de que todos devem tomar conhecimento do processo ministrador de motivar todos os atos que edita, gerais ou de efei-
seletivo de servidores do Estado. Diante disso, como será visto, tos concretos. É considerado, entre os demais princípios, um dos
se negar indevidamente a fornecer informações ao administrado mais importantes, uma vez que sem a motivação não há o devido
caracteriza ato de improbidade administrativa. processo legal, uma vez que a fundamentação surge como meio
No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que o prin- interpretativo da decisão que levou à prática do ato impugnado,
cípio da publicidade seja deturpado em propaganda político-elei- sendo verdadeiro meio de viabilização do controle da legalidade
toral: dos atos da Administração.
Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicável ao
Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas, obras, caso concreto e relacionar os fatos que concretamente levaram à
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter edu- aplicação daquele dispositivo legal. Todos os atos administrativos
cativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo devem ser motivados para que o Judiciário possa controlar o méri-
constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção to do ato administrativo quanto à sua legalidade. Para efetuar esse
pessoal de autoridades ou servidores públicos. controle, devem ser observados os motivos dos atos administrati-
Somente pela publicidade os indivíduos controlarão a legali- vos.
dade e a eficiência dos atos administrativos. Os instrumentos para Em relação à necessidade de motivação dos atos administra-
proteção são o direito de petição e as certidões (art. 5°, XXXIV, tivos vinculados (aqueles em que a lei aponta um único comporta-
CF), além do habeas data e - residualmente - do mandado de segu- mento possível) e dos atos discricionários (aqueles que a lei, den-
rança. Neste viés, ainda, prevê o artigo 37, CF em seu §3º:  tro dos limites nela previstos, aponta um ou mais comportamentos
possíveis, de acordo com um juízo de conveniência e oportuni-
Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de participa- dade), a doutrina é uníssona na determinação da obrigatoriedade
ção do usuário na administração pública direta e indireta, regu- de motivação com relação aos atos administrativos vinculados;
lando especialmente: todavia, diverge quanto à referida necessidade quanto aos atos dis-
I -  as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos cricionários.
em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento
ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualida- 11 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo: Saraiva,
de dos serviços; 2004.

Didatismo e Conhecimento 59
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Meirelles12 entende que o ato discricionário, editado sob os Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de car-
limites da Lei, confere ao administrador uma margem de liberdade reira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de prévia
para fazer um juízo de conveniência e oportunidade, não sendo habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos,
necessária a motivação. No entanto, se houver tal fundamentação, obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua validade.
o ato deverá condicionar-se a esta, em razão da necessidade de ob- Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o
servância da Teoria dos Motivos Determinantes. O entendimento desenvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção,
majoritário da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato discricio- serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de
nário, é necessária a motivação para que se saiba qual o caminho carreira na Administração Pública Federal e seus regulamentos.
adotado pelo administrador. Gasparini13, com respaldo no art. 50
da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive a superação de tais discussões No concurso de provas o candidato é avaliado apenas pelo seu
doutrinárias, pois o referido artigo exige a motivação para todos desempenho nas provas, ao passo que nos concursos de provas e
os atos nele elencados, compreendendo entre estes, tanto os atos títulos o seu currículo em toda sua atividade profissional também
discricionários quanto os vinculados. é considerado. Cargo em comissão é o cargo de confiança, que não
exige concurso público, sendo exceção à regra geral.
2) Regras mínimas sobre direitos e deveres dos servidores
O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os princípios Artigo 37, III, CF. O prazo de validade do concurso público
da administração pública estudados no tópico anterior, aos quais será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.
estão sujeitos servidores de quaisquer dos Poderes em qualquer
das esferas federativas, e, em seus incisos, regras mínimas sobre o Artigo 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável previsto
serviço público: no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público
Artigo 37, I, CF. Os cargos, empregos e funções públicas são de provas ou de provas e títulos será convocado com priorida-
acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabele- de sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na
cidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei. carreira.

Aprofundando a questão, tem-se o artigo 5º da Lei nº Prevê o artigo 12 da Lei nº 8.112/1990:


8.112/1990, que prevê:
Artigo 12, Lei nº 8.112/1990. O concurso público terá valida-
Artigo 5º, Lei nº 8.112/1990. São requisitos básicos para in- de de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado uma única vez,
vestidura em cargo público: por igual período.
I - a nacionalidade brasileira; §1º O prazo de validade do concurso e as condições de sua
II - o gozo dos direitos políticos; realização serão fixados em edital, que será publicado no Diário
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; Oficial da União e em jornal diário de grande circulação.
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; § 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato
V - a idade mínima de dezoito anos; aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expi-
VI - aptidão física e mental. rado.
§ 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigência de
outros requisitos estabelecidos em lei. [...] O edital delimita questões como valor da taxa de inscrição,
§ 3º As universidades e instituições de pesquisa científica e casos de isenção, número de vagas e prazo de validade. Havendo
tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores, candidatos aprovados na vigência do prazo do concurso, ele deve
técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os ser chamado para assumir eventual vaga e não ser realizado novo
procedimentos desta Lei. concurso.
Destaca-se que o §2º do artigo 37, CF, prevê:
Destaca-se a exceção ao inciso I do artigo 5° da Lei nº
8.112/1990 e do inciso I do artigo 37, CF, prevista no artigo 207 Artigo 37, §2º, CF. A não-observância do disposto nos incisos
da Constituição, permitindo que estrangeiros assumam cargos no II e III implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade
ramo da pesquisa, ciência e tecnologia. responsável, nos termos da lei.

Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego público Com efeito, há tratamento rigoroso da responsabilização da-
depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou quele que viola as diretrizes mínimas sobre o ingresso no serviço
de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade público, que em regra se dá por concurso de provas ou de provas
do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as e títulos.
nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre no-
meação e exoneração. Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exercidas exclu-
Preconiza o artigo 10 da Lei nº 8.112/1990: sivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos
em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos
casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, desti-
12 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São Paulo:
Malheiros, 1993.
nam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramen-
13 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São Paulo: Saraiva, to.
2004.

Didatismo e Conhecimento 60
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Observa-se o seguinte quadro comparativo14:

Função de Confiança Cargo em Comissão


Exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo Qualquer pessoa, observado o percentual mínimo reservado ao
efetivo. servidor de carreira.
Com concurso público, já que somente pode exercê-la o
Sem concurso público, ressalvado o percentual mínimo
servidor de cargo efetivo, mas a função em si não prescindível de
reservado ao servidor de carreira.
concurso público.
É atribuído posto (lugar) num dos quadros da Administração
Somente são conferidas atribuições e responsabilidade Pública, conferida atribuições e responsabilidade àquele que irá
ocupá-lo
Destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e Destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e
assessoramento assessoramento
De livre nomeação e exoneração no que se refere à função e
De livre nomeação e exoneração
não em relação ao cargo efetivo.

Artigo 37, VI, CF. É garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical.

A liberdade de associação é garantida aos servidores públicos tal como é garantida a todos na condição de direito individual e de direito
social.

Artigo 37, VII, CF. O direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica.

O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar pela preservação da
sociedade quando exercê-lo. Enquanto não for elaborada uma legislação específica para os funcionários públicos, deverá ser obedecida a lei
geral de greve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89 (Mandado de Injunção nº 20).

Artigo 37, VIII, CF. A lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá
os critérios de sua admissão.

Neste sentido, o §2º do artigo 5º da Lei nº 8.112/1990:

Artigo 5º, Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso público para provi-
mento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20%
(vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.

Prossegue o artigo 37, CF:


Artigo 37, IX, CF. A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de ex-
cepcional interesse público.

A Lei nº 8.745/1993 regulamenta este inciso da Constituição, definindo a natureza da relação estabelecida entre o servidor contratado e
a Administração Pública, para atender à “necessidade temporária de excepcional interesse público”.
“Em se tratando de relação subordinada, isto é, de relação que comporta dependência jurídica do servidor perante o Estado, duas opções
se ofereciam: ou a relação seria trabalhista, agindo o Estado iure gestionis, sem usar das prerrogativas de Poder Público, ou institucional,
estatutária, preponderando o ius imperii do Estado. Melhor dizendo: o sistema preconizado pela Carta Política de 1988 é o do contrato, que
tanto pode ser trabalhista (inserindo-se na esfera do Direito Privado) quanto administrativo (situando-se no campo do Direito Público). [...]
Uma solução intermediária não deixa, entretanto, de ser legítima. Pode-se, com certeza, abonar um sistema híbrido, eclético, no qual coexis-
tam normas trabalhistas e estatutárias, pondo-se em contiguidade os vínculos privado e administrativo, no sentido de atender às exigências
do Estado moderno, que procura alcançar os seus objetivos com a mesma eficácia dos empreendimentos não-governamentais”15.

Artigo 37, X, CF. A remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados
ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem
distinção de índices.

14 http://direitoemquadrinhos.blogspot.com.br/2011/03/quadro-comparativo-funcao-de-confianca.html
15 VOGEL NETO, Gustavo Adolpho. Contratação de servidores para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_39/Artigos/Art_Gustavo.htm>. Acesso em: 23 dez. 2014.

Didatismo e Conhecimento 61
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Artigo 37, XV, CF. O subsídio e os vencimentos dos ocupan- Prevê a Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 42:
tes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o
disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, Artigo 42, Lei nº 8.112/90. Nenhum servidor poderá perce-
II, 153, III, e 153, § 2º, I. ber, mensalmente, a título de remuneração, importância superior
à soma dos valores percebidos como remuneração, em espécie, a
Artigo 37, §10, CF. É vedada a percepção simultânea de qualquer título, no âmbito dos respectivos Poderes, pelos Minis-
proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. tros de Estado, por membros do Congresso Nacional e Ministros
42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pú- do Supremo Tribunal Federal. Parágrafo único. Excluem-se do
blica, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constitui- teto de remuneração as vantagens previstas nos incisos II a VII
ção, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei do art. 61.
de livre nomeação e exoneração.
Com efeito, os §§ 11 e 12 do artigo 37, CF tecem aprofunda-
Sobre a questão, disciplina a Lei nº 8.112/1990 nos artigos mentos sobre o mencionado inciso XI:
40 e 41:
Artigo 37, § 11, CF. Não serão computadas, para efeito dos
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste
de cargo público, com valor fixado em lei. artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.

Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acres- Artigo 37, § 12, CF. Para os fins do disposto no inciso XI do
cido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal
§ 1º A remuneração do servidor investido em função ou cargo fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constitui-
em comissão será paga na forma prevista no art. 62. ções e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos
§ 2º O servidor investido em cargo em comissão de órgão ou Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a
entidade diversa da de sua lotação receberá a remuneração de acor- noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio
do com o estabelecido no § 1º do art. 93. mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se apli-
§ 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens cando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados
de caráter permanente, é irredutível. Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
§ 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos de
atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre ser- Por seu turno, o artigo 37 quanto à vinculação ou equiparação
vidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter indi- salarial:
vidual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.
§ 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao salá- Artigo 37, XIII, CF. É vedada a vinculação ou equiparação
rio mínimo. de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remunera-
ção de pessoal do serviço público.
Ainda, o artigo 37 da Constituição:
Os padrões de vencimentos são fixados por conselho de polí-
Artigo 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos ocupan- tica de administração e remuneração de pessoal, integrado por ser-
tes de cargos, funções e empregos públicos da administração vidores designados pelos respectivos Poderes (artigo 39, caput e §
direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer 1º), sem qualquer garantia constitucional de tratamento igualitário
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- aos cargos que se mostrem similares.
nicípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes
políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, Artigo 37, XIV, CF. Os acréscimos pecuniários percebidos
percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pes- por servidor público não serão computados nem acumulados
soais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o sub- para fins de concessão de acréscimos ulteriores.
sídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal
Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do A preocupação do constituinte, ao implantar tal preceito, foi
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do de que não eclodisse no sistema remuneratório dos servidores, ou
Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Depu- seja, evitar que se utilize uma vantagem como base de cálculo de
tados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o um outro benefício. Dessa forma, qualquer gratificação que venha
subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a ser concedida ao servidor só pode ter como base de cálculo o pró-
a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do sub- prio vencimento básico. É inaceitável que se leve em consideração
sídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal outra vantagem até então percebida.
Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos
membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defen- Artigo 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remunerada de
sores Públicos. cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de ho-
rários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a)  a
Artigo 37, XII, CF. Os vencimentos dos cargos do Poder Le- de dois cargos de professor; b)  a de um cargo de professor com
gislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos outro, técnico ou científico; c)  a de dois cargos ou empregos pri-
pagos pelo Poder Executivo. vativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.

Didatismo e Conhecimento 62
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Artigo 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende-se a é relativamente brando, quando cotejado com outros estatutos de
empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas alguns Estados, visto que propicia ao servidor incurso nessa ilici-
públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e so- tude diversas oportunidades para regularizar sua situação e esca-
ciedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público. par da pena de demissão. Também prevê a lei em comentário, um
processo administrativo simplificado (processo disciplinar de rito
Segundo Carvalho Filho16, “o fundamento da proibição é im- sumário) para a apuração dessa infração – art. 133” 17.
pedir que o cúmulo de funções públicas faça com que o servidor Artigo 37, XVIII, CF. A administração fazendária e seus ser-
não execute qualquer delas com a necessária eficiência. Além vidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e juris-
disso, porém, pode-se observar que o Constituinte quis também dição, precedência sobre os demais setores administrativos, na
impedir a cumulação de ganhos em detrimento da boa execução forma da lei.
de tarefas públicas. [...] Nota-se que a vedação se refere à acumu-
lação remunerada. Em consequência, se a acumulação só encerra a Artigo 37, XXII, CF. As administrações tributárias da União,
percepção de vencimentos por uma das fontes, não incide a regra dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades es-
constitucional proibitiva”. senciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de
A Lei nº 8.112/1990 regulamenta intensamente a questão: carreiras específicas, terão recursos prioritários para a realiza-
ção de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive
Artigo 118, Lei nº 8.112/1990.  Ressalvados os casos previstos com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na
na Constituição, é vedada a acumulação remunerada de cargos forma da lei ou convênio.
públicos.
§ 1o  A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos “O Estado tem como finalidade essencial a garantia do bem
e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas, -estar de seus cidadãos, seja através dos serviços públicos que dis-
sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos ponibiliza, seja através de investimentos na área social (educação,
Estados, dos Territórios e dos Municípios. saúde, segurança pública). Para atingir esses objetivos primários,
§ 2o  A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicio- deve desenvolver uma atividade financeira, com o intuito de obter
nada à comprovação da compatibilidade de horários. recursos indispensáveis às necessidades cuja satisfação se com-
§ 3o  Considera-se acumulação proibida a percepção de ven- prometeu quando estabeleceu o “pacto” constitucional de 1988.
cimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da [...] A importância da Administração Tributária foi reconhecida
inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remu- expressamente pelo constituinte que acrescentou, no artigo 37 da
nerações forem acumuláveis na atividade. Carta Magna, o inciso XVIII, estabelecendo a sua precedência e de
Art. 119, Lei nº 8.112/1990.  O servidor não poderá exercer seus servidores sobre os demais setores da Administração Pública,
mais de um cargo em comissão, exceto no caso previsto no pará- dentro de suas áreas de competência”18.
grafo único do art. 9o, nem ser remunerado pela participação em
órgão de deliberação coletiva.  Artigo 37, XIX, CF. Somente por lei específica poderá ser
Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se aplica à re- criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública,
muneração devida pela participação em conselhos de administra- de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei
ção e fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mis- complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação.
ta, suas subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas
ou entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha Artigo 37, XX, CF. Depende de autorização legislativa, em
participação no capital social, observado o que, a respeito, dispu- cada caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas
ser legislação específica. no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas
em empresa privada.
Art. 120, Lei nº 8.112/1990.  O servidor vinculado ao regime
desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efetivos, quando Órgãos da administração indireta somente podem ser criados
investido em cargo de provimento em comissão, ficará afastado por lei específica e a criação de subsidiárias destes dependem de
de ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver autorização legislativa (o Estado cria e controla diretamente deter-
compatibilidade de horário e local com o exercício de um deles, minada empresa pública ou sociedade de economia mista, e estas,
declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades por sua vez, passam a gerir uma nova empresa, denominada sub-
envolvidos. sidiária. Ex.: Transpetro, subsidiária da Petrobrás). “Abrimos um
parêntese para observar que quase todos os autores que abordam o
“Os artigos 118 a 120 da Lei nº 8.112/90 ao tratarem da acu- assunto afirmam categoricamente que, a despeito da referência no
mulação de cargos e funções públicas, regulamentam, no âmbito texto constitucional a ‘subsidiárias das entidades mencionadas no
do serviço público federal a vedação genérica constante do art. inciso anterior’, somente empresas públicas e sociedades de eco-
37, incisos VXI e XVII, da Constituição da República. De fato, a nomia mista podem ter subsidiárias, pois a relação de controle que
acumulação ilícita de cargos públicos constitui uma das infrações existe entre a pessoa jurídica matriz e a subsidiária seria própria
mais comuns praticadas por servidores públicos, o que se constata
observando o elevado número de processos administrativos ins- 17 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públicos da
União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.br/artigos/almir-
taurados com esse objeto. O sistema adotado pela Lei nº 8.112/90 morgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.
16 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 18 http://www.sindsefaz.org.br/parecer_administracao_tributaria_sao_pau-
23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. lo.htm

Didatismo e Conhecimento 63
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
de pessoas com estrutura empresarial, e inadequada a autarquias e I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demis-
fundações públicas. OUSAMOS DISCORDAR. Parece-nos que, são, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição
se o legislador de um ente federado pretendesse, por exemplo, de cargo em comissão;
autorizar a criação de uma subsidiária de uma fundação pública, II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
NÃO haveria base constitucional para considerar inválida sua au- III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
torização”19. § 1o  O prazo de prescrição começa a correr da data em que o
Ainda sobre a questão do funcionamento da administração in- fato se tornou conhecido.
direta e de suas subsidiárias, destaca-se o previsto nos §§ 8º e 9º § 2o  Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se
do artigo 37, CF: às infrações disciplinares capituladas também como crime.
§ 3o  A abertura de sindicância ou a instauração de processo
Artigo 37, §8º, CF. A autonomia gerencial, orçamentária e disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida
financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indi- por autoridade competente.
reta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre § 4o  Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a
seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, caben-
do à lei dispor sobre: Prescrição é um instituto que visa regular a perda do direito
I -  o prazo de duração do contrato; de acionar judicialmente. No caso, o prazo é de 5 anos para as
II -  os controles e critérios de avaliação de desempenho, di- infrações mais graves, 2 para as de gravidade intermediária (pena
reitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; de suspensão) e 180 dias para as menos graves (pena de adver-
III -  a remuneração do pessoal. tência), contados da data em que o fato se tornou conhecido pela
administração pública. Se a infração disciplinar for crime, valerão
Artigo 37, § 9º, CF. O disposto no inciso XI aplica-se às em- os prazos prescricionais do direito penal, mais longos, logo, menos
presas públicas e às sociedades de economia mista e suas subsi- favoráveis ao servidor. Interrupção da prescrição significa parar
diárias, que receberem recursos da União, dos Estados, do Dis- a contagem do prazo para que, retornando, comece do zero. Da
trito Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de abertura da sindicância ou processo administrativo disciplinar até
pessoal ou de custeio em geral. a decisão final proferida por autoridade competente não corre a
prescrição. Proferida a decisão, o prazo começa a contar do zero.
Continua o artigo 37, CF: Passado o prazo, não caberá mais propor ação disciplinar.

Artigo 37, XXI, CF. Ressalvados os casos especificados na Artigo 37, §7º, CF. A lei disporá sobre os requisitos e as res-
legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contra- trições ao ocupante de cargo ou emprego da administração direta
tados mediante processo de licitação pública que assegure igual- e indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas.
dade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições A Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013 dispõe sobre o conflito
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá de interesses no exercício de cargo ou emprego do Poder Execu-
as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis tivo federal e impedimentos posteriores ao exercício do cargo ou
à garantia do cumprimento das obrigações. emprego; e revoga dispositivos da Lei nº 9.986, de 18 de julho de
A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta o art. 2000, e das Medidas Provisórias nºs 2.216-37, de 31 de agosto de
37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para li- 2001, e 2.225-45, de 4 de setembro de 2001.
citações e contratos da Administração Pública e dá outras provi- Neste sentido, conforme seu artigo 1º:
dências. Licitação nada mais é que o conjunto de procedimentos Artigo 1º, Lei nº 12.813/2013. As situações que configuram
administrativos (administrativos porque parte da administração conflito de interesses envolvendo ocupantes de cargo ou emprego
pública) para as compras ou serviços contratados pelos governos no âmbito do Poder Executivo federal, os requisitos e restrições
Federal, Estadual ou Municipal, ou seja todos os entes federativos. a ocupantes de cargo ou emprego que tenham acesso a informa-
De forma mais simples, podemos dizer que o governo deve com- ções privilegiadas, os impedimentos posteriores ao exercício do
prar e contratar serviços seguindo regras de lei, assim a licitação cargo ou emprego e as competências para fiscalização, avaliação
é um processo formal onde há a competição entre os interessados. e prevenção de conflitos de interesses regulam-se pelo disposto
nesta Lei.
Artigo 37, §5º, CF. A lei estabelecerá os prazos de prescrição
para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que 3) Responsabilidade civil do Estado e de seus servidores
causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de O instituto da responsabilidade civil é parte integrante do di-
ressarcimento. reito obrigacional, uma vez que a principal consequência da prá-
tica de um ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de
A prescrição dos ilícitos praticados por servidor encontra dis- reparar o dano, mediante o pagamento de indenização que se re-
ciplina específica no artigo 142 da Lei nº 8.112/1990: fere às perdas e danos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre em
omissão que gere dano deve suportar as consequências jurídicas
Art. 142, Lei nº 8.112/1990.  A ação disciplinar prescreverá: decorrentes, restaurando-se o equilíbrio social.20
19 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo Descomplicado. São 20 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. ed. São Paulo:
Paulo: GEN, 2014. Saraiva, 2005.

Didatismo e Conhecimento 64
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, podendo somente aquele que é causado por um agente público no exercício
recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os limites da heran- de suas funções e que exceda as expectativas do lesado quanto à
ça, embora existam reflexos na ação que apure a responsabilidade atuação do Estado.
civil conforme o resultado na esfera penal (por exemplo, uma ab- É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola os direi-
solvição por negativa de autoria impede a condenação na esfera tos humanos, porque o Estado é uma ficção formada por um gru-
cível, ao passo que uma absolvição por falta de provas não o faz). po de pessoas que desempenham as atividades estatais diversas.
A responsabilidade civil do Estado acompanha o raciocínio Assim, viola direitos humanos não o Estado em si, mas o agente
de que a principal consequência da prática de um ato ilícito é a que o representa, fazendo com que o próprio Estado seja responsa-
obrigação que gera para o seu auto de reparar o dano, mediante bilizado por isso civilmente, pagando pela indenização (reparação
o pagamento de indenização que se refere às perdas e danos. To- dos danos materiais e morais). Sem prejuízo, com relação a eles,
dos os cidadãos se sujeitam às regras da responsabilidade civil, caberá ação de regresso se agiram com dolo ou culpa.
tanto podendo buscar o ressarcimento do dano que sofreu quanto Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal:
respondendo por aqueles danos que causar. Da mesma forma, o
Estado tem o dever de indenizar os membros da sociedade pelos Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito público e as
danos que seus agentes causem durante a prestação do serviço, de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão
inclusive se tais danos caracterizarem uma violação aos direitos pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a ter-
humanos reconhecidos. ceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
Trata-se de responsabilidade extracontratual porque não de- casos de dolo ou culpa.
pende de ajuste prévio, basta a caracterização de elementos genéri-
cos pré-determinados, que perpassam pela leitura concomitante do Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurídica
Código Civil (artigos 186, 187 e 927) com a Constituição Federal autônoma entre o Estado e o agente público que causou o dano
(artigo 37, §6°). no desempenho de suas funções. Nesta relação, a responsabilidade
Genericamente, os elementos da responsabilidade civil se en- civil será subjetiva, ou seja, caberá ao Estado provar a culpa do
contram no art. 186 do Código Civil: agente pelo dano causado, ao qual foi anteriormente condenado a
reparar. Direito de regresso é justamente o direito de acionar o cau-
Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, sador direto do dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a ou- considerada a existência de uma relação obrigacional que se forma
trem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. entre a vítima e a instituição que o agente compõe.
Assim, o Estado responde pelos danos que seu agente causar
Este é o artigo central do instituto da responsabilidade civil, aos membros da sociedade, mas se este agente agiu com dolo ou
que tem como elementos: ação ou omissão voluntária (agir como culpa deverá ressarcir o Estado do que foi pago à vítima. O agente
não se deve ou deixar de agir como se deve), culpa ou dolo do causará danos ao praticar condutas incompatíveis com o compor-
agente (dolo é a vontade de cometer uma violação de direito e tamento ético dele esperado.21
culpa é a falta de diligência), nexo causal (relação de causa e efeito A responsabilidade civil do servidor exige prévio processo
entre a ação/omissão e o dano causado) e dano (dano é o prejuízo administrativo disciplinar no qual seja assegurado contraditório
sofrido pelo agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou e ampla defesa. Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou
material, econômico e não econômico). com culpa. Havendo ação ou omissão com culpa do servidor que
1) Dano - somente é indenizável o dano certo, especial e anor- gere dano ao erário (Administração) ou a terceiro (administrado),
mal. Certo é o dano real, existente. Especial é o dano específico, o servidor terá o dever de indenizar.
individualizado, que atinge determinada ou determinadas pessoas. Não obstante, agentes públicos que pratiquem atos violado-
Anormal é o dano que ultrapassa os problemas comuns da vida res de direitos humanos se sujeitam à responsabilidade penal e
em sociedade (por exemplo, infelizmente os assaltos são comuns à responsabilidade administrativa, todas autônomas uma com
e o Estado não responde por todo assalto que ocorra, a não ser que relação à outra e à já mencionada responsabilidade civil. Neste
na circunstância específica possuía o dever de impedir o assalto, sentido, o artigo 125 da Lei nº 8.112/90:
como no caso de uma viatura presente no local - muito embora o
direito à segurança pessoal seja um direito humano reconhecido). Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais e ad-
2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe dentro da ministrativas poderão cumular-se, sendo independentes entre si.
administração pública, tenha ingressado ou não por concurso, pos-
sua cargo, emprego ou função. Envolve os agentes políticos, os No caso da responsabilidade civil, o Estado é diretamente
servidores públicos em geral (funcionários, empregados ou tem- acionado e responde pelos atos de seus servidores que violem di-
porários) e os particulares em colaboração (por exemplo, jurado reitos humanos, cabendo eventualmente ação de regresso contra
ou mesário). ele. Contudo, nos casos da responsabilidade penal e da responsa-
3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta quali- bilidade administrativa aciona-se o agente público que praticou o
dade - é preciso que o agente esteja lançando mão das prerrogati- ato.
vas do cargo, não agindo como um particular. São inúmeros os exemplos de crimes que podem ser pratica-
Sem estes três requisitos, não será possível acionar o Estado dos pelo agente público no exercício de sua função que violam
para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por mais relevante direitos humanos. A título de exemplo, peculato, consistente em
que tenha sido a esfera de direitos atingida. Assim, não é qual- 21 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método,
quer dano que permite a responsabilização civil do Estado, mas 2011.

Didatismo e Conhecimento 65
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
apropriação ou desvio de dinheiro público (art. 312, CP), que viola IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercí-
o bem comum e o interesse da coletividade; concussão, que é a cio de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para
exigência de vantagem indevida (art. 316, CP), expondo a vítima todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
a uma situação de constrangimento e medo que viola diretamente V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afas-
sua dignidade; tortura, a mais cruel forma de tratamento humano, tamento, os valores serão determinados como se no exercício es-
cuja pena é agravada quando praticada por funcionário público tivesse.
(art. 1º, §4º, I, Lei nº 9.455/97); etc.
Quanto à responsabilidade administrativa, menciona-se, a tí- 5) Regime de remuneração e previdência dos servidores
tulo de exemplo, as penalidades cabíveis descritas no art. 127 da públicos
Lei nº 8.112/90, que serão aplicadas pelo funcionário que violar a Regulamenta-se o regime de remuneração e previdência dos
ética do serviço público, como advertência, suspensão e demissão. servidores públicos nos artigo 39 e 40 da Constituição Federal:
Evidencia-se a independência entre as esferas civil, penal e
Artigo 39, CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
administrativa no que tange à responsabilização do agente público
Municípios instituirão conselho de política de administração e re-
que cometa ato ilícito.
muneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos
Tomadas as exigências de características dos danos acima co-
respectivos Poderes. (Redação dada pela Emenda Constitucional
lacionadas, notadamente a anormalidade, considera-se que para o nº 19, de 1998 e aplicação suspensa pela ADIN nº 2.135-4, des-
Estado ser responsabilizado por um dano, ele deve exceder ex- tacando-se a redação anterior: “A União, os Estados, o Distrito
pectativas cotidianas, isto é, não cabe exigir do Estado uma ex- Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competên-
cepcional vigilância da sociedade e a plena cobertura de todas as cia, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores
fatalidades que possam acontecer em território nacional. da administração pública direta, das autarquias e das fundações
Diante de tal premissa, entende-se que a responsabilidade ci- públicas”).
vil do Estado será objetiva apenas no caso de ações, mas sub- § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais com-
jetiva no caso de omissões. Em outras palavras, verifica-se se o ponentes do sistema remuneratório observará:
Estado se omitiu tendo plenas condições de não ter se omitido, isto I -  a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade
é, ter deixado de agir quando tinha plenas condições de fazê-lo, dos cargos componentes de cada carreira;
acarretando em prejuízo dentro de sua previsibilidade. II -  os requisitos para a investidura;
São casos nos quais se reconheceu a responsabilidade omis- III -  as peculiaridades dos cargos.
siva do Estado: morte de filho menor em creche municipal, bura- § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas
cos não sinalizados na via pública, tentativa de assalto a usuário de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores
do metrô resultando em morte, danos provocados por enchentes e públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requi-
escoamento de águas pluviais quando o Estado sabia da problemá- sitos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração
tica e não tomou providência para evitá-las, morte de detento em de convênios ou contratos entre os entes federados.
prisão, incêndio em casa de shows fiscalizada com negligência, § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o
etc. disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV,XVI, XVII,
Logo, não é sempre que o Estado será responsabilizado. Há XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requi-
excludentes da responsabilidade estatal, notadamente: a) caso sitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o
fortuito (fato de terceiro) ou força maior (fato da natureza) fora dos exigir.
alcances da previsibilidade do dano; b) culpa exclusiva da vítima. § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela úni-
4) Exercício de mandato eletivo por servidores públicos
ca, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
A questão do exercício de mandato eletivo pelo servidor pú-
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória,
blico encontra previsão constitucional em seu artigo 38, que nota-
obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
damente estabelece quais tipos de mandatos geram incompatibi- § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
lidade ao serviço público e regulamenta a questão remuneratória: nicípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor re-
muneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso,
Artigo 38, CF.  Ao servidor público da administração direta, o disposto no art. 37, XI.
autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, apli- § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publica-
cam-se as seguintes disposições: rão anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos car-
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distri- gos e empregos públicos.
tal, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, nicípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários prove-
emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remune- nientes da economia com despesas correntes em cada órgão, autar-
ração; quia e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibili- de qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, mo-
dade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego dernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público,
ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade.
havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso ante- § 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em
rior; carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.

Didatismo e Conhecimento 66
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Artigo 40, CF.  Aos servidores titulares de cargos efetivos da II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluí- cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite máximo
das suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previ- estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência so-
dência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição cial de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da par-
do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos cela excedente a este limite, caso em atividade na data do óbito.
pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio fi- § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para pre-
nanceiro e atuarial e o disposto neste artigo. servar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme crité-
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de rios estabelecidos em lei.
que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus proven- § 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal
tos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17: será contado para efeito de aposentadoria e o tempo de serviço
I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcio- correspondente para efeito de disponibilidade.
nais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente § 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de conta-
em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou gem de tempo de contribuição fictício.
incurável, na forma da lei; § 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos
II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com pro- proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acu-
ventos proporcionais ao tempo de contribuição; mulação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de previ-
dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no dência social, e ao montante resultante da adição de proventos
cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as se- de inatividade com remuneração de cargo acumulável na forma
guintes condições: desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre
a)  sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se nomeação e exoneração, e de cargo eletivo.
homem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de contribuição, § 12. Além do disposto neste artigo, o regime de previdência
se mulher; dos servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no
b)  sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral
de previdência social.
de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de
§ 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em
contribuição.
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem
§ 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião
como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-se
de sua concessão, não poderão exceder a remuneração do respecti-
o regime geral de previdência social.
vo servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
serviu de referência para a concessão da pensão.
desde que instituam regime de previdência complementar para os
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por oca-
seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderão fi-
sião da sua concessão, serão consideradas as remunerações utili-
xar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas
zadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de pelo regime de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido
previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei. para os benefícios do regime geral de previdência social de que
§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados trata o art. 201.
para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime § 15. O regime de previdência complementar de que trata o
de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder Exe-
complementares, os casos de servidores: cutivo, observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos, no
I -  portadores de deficiência; que couber, por intermédio de entidades fechadas de previdência
II -  que exerçam atividades de risco; complementar, de natureza pública, que oferecerão aos respectivos
III -  cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais participantes planos de benefícios somente na modalidade de con-
que prejudiquem a saúde ou a integridade física. tribuição definida.
§ 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão § 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, o dis-
reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no § 1º, III, a, posto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver in-
para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo gressado no serviço público até a data da publicação do ato de ins-
exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensi- tituição do correspondente regime de previdência complementar.
no fundamental e médio. § 17. Todos os valores de remuneração considerados para o
§ 6º  Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualiza-
acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção dos, na forma da lei.
de mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposenta-
previsto neste artigo. dorias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do
morte, que será igual: regime geral de previdência social de que trata o art. 201, com
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor faleci- percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de
do, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime cargos efetivos.
geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de § 19. O servidor de que trata este artigo que tenha completado
setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso aposen- as exigências para aposentadoria voluntária estabelecidas no §
tado à data do óbito; ou 1º, III, a, e que opte por permanecer em atividade fará jus a um

Didatismo e Conhecimento 67
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
abono de permanência equivalente ao valor da sua contribuição § 2º O servidor não aprovado no estágio probatório será exo-
previdenciária até completar as exigências para aposentadoria nerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente ocupa-
compulsória contidas no § 1º, II. do, observado o disposto no parágrafo único do art. 29.
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime próprio § 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer quais-
de previdência social para os servidores titulares de cargos efe- quer cargos de provimento em comissão ou funções de direção,
tivos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo regime em chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e so-
cada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X. mente poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá ape- cargos de Natureza Especial, cargos de provimento em comissão
nas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de pensão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis
que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os be- 6, 5 e 4, ou equivalentes.
nefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. § 4º Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser
201 desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 81,
portador de doença incapacitante. incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para participar
de curso de formação decorrente de aprovação em concurso para
outro cargo na Administração Pública Federal.
6) Estágio probatório e perda do cargo
§ 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças
Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 41, a ser lido
e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem
em conjunto com o artigo 20 da Lei nº 8.112/1990:
assim na hipótese de participação em curso de formação, e será
retomado a partir do término do impedimento.
Artigo 41, CF.  São estáveis após três anos de efetivo exercí-
cio os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em O estágio probatório pode ser definido como um lapso de
virtude de concurso público. tempo no qual a aptidão e capacidade do servidor serão avaliadas
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: de acordo com critérios de assiduidade, disciplina, capacidade de
I -  em virtude de sentença judicial transitada em julgado; iniciativa, produtividade e responsabilidade. O servidor não apro-
II -  mediante processo administrativo em que lhe seja asse- vado no estágio probatório será exonerado ou, se estável, recon-
gurada ampla defesa; duzido ao cargo anteriormente ocupado. Não existe vedação para
III -  mediante procedimento de avaliação periódica de de- um servidor em estágio probatório exercer quaisquer cargos de
sempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla de- provimento em comissão ou funções de direção, chefia ou assesso-
fesa. ramento no órgão ou entidade de lotação.
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a disciplina do
estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se estágio probatório mudou, notadamente aumentando o prazo de 2
estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indeniza- anos para 3 anos. Tendo em vista que a norma constitucional pre-
ção, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com valece sobre a lei federal, mesmo que ela não tenha sido atualiza-
remuneração proporcional ao tempo de serviço. da, deve-se seguir o disposto no artigo 41 da Constituição Federal.
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser- Uma vez adquirida a aprovação no estágio probatório, o ser-
vidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração propor- vidor público somente poderá ser exonerado nos casos do §1º do
cional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em artigo 40 da Constituição Federal, notadamente: em virtude de
outro cargo. sentença judicial transitada em julgado; mediante processo ad-
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obri- ministrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; ou me-
gatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituí- diante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na
da para essa finalidade. forma de lei complementar, assegurada ampla defesa (sendo esta
lei complementar ainda inexistente no âmbito federal.
Art. 20, Lei nº 8.112/1990. Ao entrar em exercício, o servidor
7) Atos de improbidade administrativa
nomeado para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio
A Lei n° 8.429/1992 trata da improbidade administrativa, que
probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o
é uma espécie qualificada de imoralidade, sinônimo de desonesti-
qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o dade administrativa. A improbidade é uma lesão ao princípio da
desempenho do cargo, observados os seguinte fatores: moralidade, que deve ser respeitado estritamente pelo servidor
I - assiduidade; público. O agente ímprobo sempre será um violador do princípio
II - disciplina; da moralidade, pelo qual “a Administração Pública deve agir com
III - capacidade de iniciativa; boa-fé, sinceridade, probidade, lhaneza, lealdade e ética”22.
IV - produtividade; A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada devido
V - responsabilidade. ao amplo apelo popular contra certas vicissitudes do serviço pú-
§ 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio pro- blico que se intensificavam com a ineficácia do diploma então vi-
batório, será submetida à homologação da autoridade competente gente, o Decreto-Lei nº 3240/41. Decorreu, assim, da necessidade
a avaliação do desempenho do servidor, realizada por comissão de acabar com os atos atentatórios à moralidade administrativa e
constituída para essa finalidade, de acordo com o que dispuser a causadores de prejuízo ao erário público ou ensejadores de enri-
lei ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo quecimento ilícito, infelizmente tão comuns no Brasil.
da continuidade de apuração dos fatores enumerados nos incisos I 22 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquematizado. 15. ed. São
a V do caput deste artigo. Paulo: Saraiva, 2011.

Didatismo e Conhecimento 68
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Com o advento da Lei nº 8.429/1992, os agentes públicos Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies: desvio,
passaram a ser responsabilizados na esfera civil pelos atos de im- que é o direcionamento indevido; apropriação, que é a transferên-
probidade administrativa descritos nos artigos 9º, 10 e 11, ficando cia indevida para a própria propriedade; malbaratamento, que sig-
sujeitos às penas do art. 12. A existência de esferas distintas de nifica desperdício; e dilapidação, que se refere a destruição25.
responsabilidade (civil, penal e administrativa) impede falar-se em O objeto da tutela é a preservação do patrimônio público, em
bis in idem, já que, ontologicamente, não se trata de punições idên- todos seus bens e valores. O pressuposto exigível é a ocorrência de
ticas, embora baseadas no mesmo fato, mas de responsabilização dano ao patrimônio dos sujeitos passivos.
em esferas distintas do Direito. Este artigo admite expressamente a variante culposa, o que
Destaca-se um conceito mais amplo de agente público pre- muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no REsp n° 939.142/
visto pela lei nº 8.429/1992 em seus artigos 1º e 2º porque o agen- RJ, apontou alguns aspectos da inconstitucionalidade do arti-
te público pode ser ou não um servidor público. Ele poderá estar go. Contudo, “a jurisprudência do STJ consolidou a tese de
vinculado a qualquer instituição ou órgão que desempenhe direta- que é indispensável a existência de dolo nas condutas descritas
mente o interesse do Estado. Assim, estão incluídos todos os inte- nos artigos 9º e 11 e ao menos de culpa nas hipóteses do arti-
grantes da administração direta, indireta e fundacional, conforme go 10, nas quais o dano ao erário precisa ser comprovado. De
o preâmbulo da legislação. Pode até mesmo ser uma entidade pri- acordo com o ministro Castro Meira, a conduta culposa ocor-
vada que desempenhe tais fins, desde que a verba de criação ou re quando o agente não pretende atingir o resultado danoso,
custeio tenha sido ou seja pública em mais de 50% do patrimônio mas atua com negligência, imprudência ou imperícia (REsp n°
ou receita anual. Caso a verba pública que tenha auxiliado uma 1.127.143)”26. Para Carvalho Filho27, não há inconstitucionalidade
entidade privada a qual o Estado não tenha concorrido para cria- na modalidade culposa, lembrando que é possível dosar a pena
ção ou custeio, também haverá sujeição às penalidades da lei. Em conforme o agente aja com dolo ou culpa.
caso de custeio/criação pelo Estado que seja inferior a 50% do O ponto central é lembrar que neste artigo não se exige que o
patrimônio ou receita anual, a legislação ainda se aplica. Entretan- sujeito ativo tenha percebido vantagens indevidas, basta o dano
to, nestes dois casos, a sanção patrimonial se limitará ao que o ao erário. Se tiver recebido vantagem indevida, incide no artigo
ilícito repercutiu sobre a contribuição dos cofres públicos. Signifi- anterior. Exceto pela não percepção da vantagem indevida, os tipos
ca que se o prejuízo causado for maior que a efetiva contribuição
exemplificados se aproximam muito dos previstos nos incisos do
por parte do poder público, o ressarcimento terá que ser buscado
art. 9°.
por outra via que não a ação de improbidade administrativa.
c) Ato de improbidade administrativa que atente con-
A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de impro-
tra os princípios da administração pública (artigo 11, Lei nº
bidade administrativa em três categorias:
8.429/1992)
a) Ato de improbidade administrativa que importe enri-
Nos termos do artigo 11 da Lei nº 8.429/1992, “constitui ato
quecimento ilícito (artigo 9º, Lei nº 8.429/1992)
de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
O grupo mais grave de atos de improbidade administrativa se
administração pública qualquer ação ou omissão que viole os de-
caracteriza pelos elementos: enriquecimento + ilícito + resultante
de uma vantagem patrimonial indevida + em razão do exercício veres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às
de cargo, mandato, emprego, função ou outra atividade nas enti- instituições [...]”. O grupo mais ameno de atos de improbidade
dades do artigo 1° da Lei nº 8.429/1992. administrativa se caracteriza pela simples violação a princípios
O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não se opõe da administração pública, ou seja, aplica-se a qualquer atitude
que o indivíduo enriqueça, desde que obedeça aos ditames morais, do sujeito ativo que viole os ditames éticos do serviço público.
notadamente no desempenho de função de interesse estatal. Isto é, o legislador pretende a preservação dos princípios gerais da
Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimonial ilícita. administração pública28.
Contudo, é dispensável que efetivamente tenha ocorrido dano aos O objeto de tutela são os princípios constitucionais. Basta a
cofres públicos (por exemplo, quando um policial recebe propina vulneração em si dos princípios, sendo dispensáveis o enriqueci-
pratica ato de improbidade administrativa, mas não atinge direta- mento ilícito e o dano ao erário. Somente é possível a prática de
mente os cofres públicos). algum destes atos com dolo (intenção), embora caiba a prática por
Como fica difícil imaginar que alguém possa se enriquecer ação ou omissão.
ilicitamente por negligência, imprudência ou imperícia, todas as Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalidade para
condutas configuram atos dolosos (com intenção). Não cabe prá- não permitir a caracterização de abuso de poder, diante do conteú-
tica por omissão.23 do aberto do dispositivo. Na verdade, trata-se de tipo subsidiário,
b) Ato de improbidade administrativa que importe lesão ou seja, que se aplica quando o ato de improbidade administrativa
ao erário (artigo 10, Lei nº 8.429/1992) não tiver gerado obtenção de vantagem
O grupo intermediário de atos de improbidade administrativa 25 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo.
se caracteriza pelos elementos: causar dano ao erário ou aos cofres 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
públicos + gerando perda patrimonial ou dilapidação do patri- 26 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade administrativa: deso-
mônio público. Assim como o artigo anterior, o caput descreve nestidade na gestão dos recursos públicos. Disponível em: <http://www.stj.gov.
a fórmula genérica e os incisos algumas atitudes específicas que br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=103422>.
exemplificam o seu conteúdo24. Acesso em: 26 mar. 2013.
27 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo.
23 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método, 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
2011. 28 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método,
24 Ibid. 2011.

Didatismo e Conhecimento 69
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Com efeito, os atos de improbidade administrativa não são com culpa do empregado. No caso de exercer apenas uma função
crimes de responsabilidade. Trata-se de punição na esfera cível, pública, fora de tais situações, a perda se dará pela revogação da
não criminal. Por isso, caso o ato configure simultaneamente um designação”. Lembra-se que determinadas autoridades se sujeitam
ato de improbidade administrativa desta lei e um crime previsto na a procedimento especial para perda da função pública, ponto em
legislação penal, o que é comum no caso do artigo 9°, responderá que não se aplica a Lei de Improbidade Administrativa.
o agente por ambos, nas duas esferas. - Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo, mas
Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte forma: ini- flexibilidade dentro deste limite, podendo os julgados nesta mar-
cialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito passivo) e daqueles gem optar pela mais adequada. Há ainda variabilidade na base de
que podem praticar os atos de improbidade administrativa (sujeito cálculo, conforme o tipo de ato de improbidade (a base será o valor
ativo); ainda, aborda a reparação do dano ao lesionado e o ressar- do enriquecimento ou o valor do dano ou o valor da remuneração
cimento ao patrimônio público; após, traz a tipologia dos atos de do agente). A natureza da multa é de sanção civil, não possuindo
improbidade administrativa, isto é, enumera condutas de tal natu- caráter indenizatório, mas punitivo.
reza; seguindo-se à definição das sanções aplicáveis; e, finalmente, - Proibição de receber benefícios: não se incluem as imunida-
descreve os procedimentos administrativo e judicial. des genéricas e o agente punido deve ser ao menos sócio majoritá-
No caso do art. 9°, categoria mais grave, o agente obtém um rio da instituição vitimada.
enriquecimento ilícito (vantagem econômica indevida) e pode ain- - Proibição de contratar: o agente punido não pode participar
da causar dano ao erário, por isso, deverá não só reparar eventual de processos licitatórios.
dano causado mas também colocar nos cofres públicos tudo o que
adquiriu indevidamente. Ou seja, poderá pagar somente o que enri-
queceu indevidamente ou este valor acrescido do valor do prejuízo Descentralização e Desconcentração
causado aos cofres públicos (quanto o Estado perdeu ou deixou de A atividade administrativa pode ser prestada de duas formas,
ganhar). No caso do artigo 10, não haverá enriquecimento ilícito, uma é a centralizada, pela qual o serviço é prestado pela Adminis-
mas sempre existirá dano ao erário, o qual será reparado (even- tração Direta, e a outra é a descentralizada, em que o a prestação é
tualmente, ocorrerá o enriquecimento ilícito, devendo o valor ad- deslocada para outras Pessoas Jurídicas.
quirido ser tomado pelo Estado). Já no artigo 11, o máximo que Assim, descentralização consiste na Administração Direta
pode ocorrer é o dano ao erário, com o devido ressarcimento. Além deslocar, distribuir ou transferir a prestação do serviço para a Ad-
disso, em todos os casos há perda da função pública. Nas três ca- ministração a Indireta ou para o particular. Note-se que, a nova
tegorias, são estabelecidas sanções de suspensão dos direitos polí- Pessoa Jurídica não ficará subordinada à Administração Direta,
ticos, multa e vedação de contratação ou percepção de vantagem, pois não há relação de hierarquia, mas esta manterá o controle e
graduadas conforme a gravidade do ato. É o que se depreende da fiscalização sobre o serviço descentralizado.
leitura do artigo 12 da Lei nº 8.929/1992 como §4º do artigo 37, Por outro lado, a desconcentração é a distribuição do serviço
CF, que prevê: “Os atos de improbidade administrativa impor- dentro da mesma Pessoa Jurídica, no mesmo núcleo, razão pela
tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pú- qual será uma transferência com hierarquia.
blica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1126602/qual-a-diferenca
na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal
-entre-descentralizacao-e-desconcentracao
cabível”.
A única sanção que se encontra prevista na Lei nº 8.429/1992
Administração Direta e Indireta
mas não na Constituição Federal é a de multa. (art. 37, §4°, CF).
Não há nenhuma inconstitucionalidade disto, pois nada impediria
ADMINISTRAÇÃO DIRETA: É chamado de Administração
que o legislador infraconstitucional ampliasse a relação mínima de
Direta o núcleo de cada Administração Pública (federal, estadual,
penalidades da Constituição, pois esta não limitou tal possibilidade
distrital ou municipal), que corresponde à própria pessoa jurídica
e porque a lei é o instrumento adequado para tanto29.
política (União, Estado, Distrito Federal, Municípios) e seus ór-
Carvalho Filho30 tece considerações a respeito de algumas das
sanções: gãos despersonalizados.
- Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre os bens ADMINISTRAÇÃO INDIRETA: Administração Indireta é
acrescidos após a prática do ato de improbidade. Se alcançasse o conjunto de entidades personalizadas, vinculadas normalmente
anteriores, ocorreria confisco, o que restaria sem escora constitu- a um órgão da Administração Direta (Ministério ou Secretaria),
cional. Além disso, o acréscimo deve derivar de origem ilícita”. previstas no art. 4, II, do Decreto-lei nº 200, de 25 de fevereiro de
- Ressarcimento integral do dano: há quem entenda que en- 1967:
globa dano moral. Cabe acréscimo de correção monetária e juros · autarquias;
de mora. · fundações públicas;
- Perda de função pública: “se o agente é titular de mandato, · empresas públicas;
a perda se processa pelo instrumento de cassação. Sendo servidor · sociedades de economia mista.
estatutário, sujeitar-se-á à demissão do serviço público. Havendo Portando, as atividades realizadas em nome da própria pes-
contrato de trabalho (servidores trabalhistas e temporários), a per- soa jurídica política, são as atividades realizadas de forma cen-
da da função pública se consubstancia pela rescisão do contrato tralizada. As atividades realizadas de forma centralizadas podem
ser desconcentradas, isto é, podem ser distribuídas entre os vários
29 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo.
23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. órgãos despersonalizados componentes da pessoa jurídica política
30 Ibid. (ministérios, secretarias, departamentos, diretorias etc).

Didatismo e Conhecimento 70
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Gestão de Processos Hierarquia
O atual dinamismo das organizações, aliado ao peso cada vez Uma das consequências do princípio da divisão do trabalho
maior que a tecnologia exerce nos negócios, vem fazendo com que é a diversificação funcional dentro da organização. Porém, uma
o tema processos e, mais recentemente, gestão por processos (Bu- pluralidade de funções desarticuladas entre si não forma uma orga-
siness Process Management, ou BPM) seja discutido e estudado nização eficiente. ◦ Como decorrência das funções especializadas,
com crescente interesse pelas empresas. surge inevitavelmente a de comando, para dirigir e controlar todas
Sua implantação deve considerar no mínimo cinco 5 diferen- as atividades para que sejam cumpridas harmoniosamente. Por-
tes passos fundamentais:
tanto, a organização precisa, além de uma estrutura de funções, de
1. Tradução do negócio em processos: É importante definir
uma estrutura hierárquica, cuja missão é dirigir as operações dos
quais são os processos mais relevantes para a organização e aque-
les que os suportam. Isso é possível a partir do entendimento da níveis que lhes estão subordinados ◦ Em toda organização formal
Visão Estratégica, como se pretende atuar e quais os diferenciais existe uma hierarquia.
atuais e desejados para o futuro. Com isso, é possível construir o
Mapa Geral de Processos da Organização. Distribuição da autoridade e da responsabilidade
2. Mapeamento e detalhando os processos: A partir da de- A hierarquia na organização formal representa a autoridade e a
finição do Mapa Geral de Processos inicia-se a priorização dos responsabilidade em cada nível da estrutura. A autoridade é, pois,
processos que serão detalhados. O mapeamento estruturado com o fundamento da responsabilidade, dentro da organização formal,
a definição de padrões de documentação permite uma análise de ela deve ser delimitada explicitamente. Assim, como a condição
todo o potencial de integração e automação possível. De forma básica para a tarefa administrativa, a autoridade investe o admi-
complementar são identificados os atributos dos processos, o que nistrador do direito reconhecido de dirigir subordinados, para que
permite, por exemplo, realizar estudos de custeio das atividades desempenhem atividades dirigidas pra a obtenção dos objetivos da
que compõe o processo, ou ainda dimensionar o tamanho da equi- empresa. A autoridade formal é sempre um poder, uma faculdade,
pe que deverá realizá-lo.
concedidos pela organização ao indivíduo que nela ocupe uma po-
3. Definição de indicadores de desempenho: O objetivo. do
BPM é permitir a gestão dos processos, o que significa medir, atuar sição determinada em relação aos outros.
e melhorar! Assim, tão importante quanto mapear os processos é
definir os indicadores de desempenho, além dos modelos de con- Racionalismo
trole a serem utilizados. Uma organização é substancialmente um conjunto de encar-
4. Gerando oportunidades de melhoria: A intenção é garantir gos funcionais e hierárquicos a cujas prescrições e normas de com-
um modelo de operação que não leve a retrabalho, perda de es- portamento todos os seus membros se devem sujeitar. ◦ O princípio
forço e de eficiência, ou que gere altos custos ou ofereça riscos básico desta forma de conceber uma organização é que, dentro de
ao negócio. Para tal é necessário identificar as oportunidades de limites toleráveis, os seus membros se comportarão racionalmente,
melhoria, que por sua vez seguem quatro alternativas básicas: in- isto é, de acordo com as normas lógicas de comportamento pres-
crementar, simplificar, automatizar ou eliminar. Enquanto que na critas para cada um deles. ◦ Toda organização se estrutura a fim de
primeira busca-se o ganho de escala, na última busca-se a simples atingir os seus objetivos, procurando com a sua estrutura organiza-
exclusão da atividade ou transferência da mesma para terceiros. cional a minimização de esforços e a maximização do rendimento.
5. Implantando um novo modelo de gestão: O BPM não deve
◦ A organização, portanto, não é um fim, mas um meio de permitir
ser entendido como uma revisão de processos. A preocupação
maior é assegurar melhores resultados e nesse caminho trata-se de à empresa atingir adequadamente determinados objetivos.
uma mudança cultural. É necessária maior percepção das relações
entre processos. Nesse sentido, não basta controlar os resultados Departamentalização:
dos processos, é preciso treinar e integrar as pessoas visando gerar É o agrupamento, de acordo com um critério específico de
fluxo de atividades mais equilibrado e de controles mais robustos. homogeneidade, das atividades e correspondentes recursos (huma-
nos, financeiros, materiais e equipamentos) em unidades organiza-
Divisão do Trabalho cionais. Nada mais é que as divisões da empresa, seus órgãos que
O objetivo imediato e fundamental de todo e qualquer tipo compõem a estrutura base como departamento de compras, vendas
de organização é a produção. ◦ Para ser eficiente, a produção deve e demais repartições, porém há critérios e considerações para criar
basear-se na divisão do trabalho, que nada mais é do que a maneira esses departamentos. Não há departamentalização ideal, todos os
pela qual um processo complexo pode ser decomposto em uma tipos apresentam vantagens e desvantagens.
série de pequenas tarefas.
Tipos de Estrutura Organizacional:
Especialização ◦
I. Quantidade
A especialização do trabalho proposta pela Administração
Científica constitui uma maneira de aumentar a eficiência e de II. Funcional
diminuir os custos de produção. ◦ Simplificando as tarefas, atri- III. Territorial (ou Geográfica)
buindo a cada posto de trabalho tarefas simples e repetitivas que IV. Produtos (ou Serviços)
requeiram pouca experiência dos executores e escassos conheci- V. Clientes
mentos prévios, reduzem-se os períodos de aprendizagem, facili- VI. Processo
tando substituições de uns indivíduos por outros, permitindo me- VII. Projeto
lhorias de métodos de incentivos no trabalho e, consequentemente, VIII. Mista
aumentando o rendimento de produção.

Didatismo e Conhecimento 71
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
I. Quantidade: Neste são agrupados um número apropriado de la pessoa que preenche todos os requisitos do cargo, longe dessa
número apropriado de pessoas não individualizadas que, entretan- ideia, selecionar significa buscar o profissional que mais atende
to, pessoas não individualizadas tem obrigação de executar tarefas tais requisitos.
sob as ordens de um superior. Os profissionais de Recursos Humanos com foco em Recruta-
II. Funcional: são agrupadas de acordo com as funções da s mento e Seleção utilizam ferramentas de investigação que aponte,
funções da empresa. dentre um universo de candidatos, os mais qualificados para ocu-
III. Territorial (ou Geográfica): este tipo é usado por empresas par um determinado cargo dentro da empresa, as bases primordiais
territorialmente e territorialmente espalhadas. Um bom exemplo dessa procura se baseia em características pessoais dentro de seus
para entender espalhadas melhor é o tipo que se usa nos bancos. conhecimentos, suas habilidades, postura para o trabalho entre ou-
As atividades são agrupadas e colocadas sob a ordem de um ad- tras competências.
ministrar apenas. As avaliações as quais os candidatos serão submetidos são
IV. Produtos (ou Serviços): Neste tipo, as atividades são agru- processos de busca que possam identificar quais dentre eles (can-
padas feitas de acordo com as atividades essenciais a cada um dos
didatos) o que reúne mais qualidades para ocupar a cadeira em
as atividades essenciais a cada um dos produtos ou serviços da
vacância.
empresa.
É importante saber quais são as expectativas de carreira do
V. Clientes: Neste tipo as atividades são agrupadas com base
candidato, até onde ele pretende chegar, quais são as suas reais
nas necessidades diversas e necessidades diversas e exclusivas dos
clientes da empresa. necessidades de colocação profissional naquela empresa.
VI. Processo: Neste são agrupadas conforme as etapas de um As empresas costumam ter um fluxo de trabalho com os can-
etapas de um processo. É considerado de maneira pelo qual pro- didatos, esses trabalhos podem variar de empresa para empresa,
cesso são executados os serviços ou processos para conseguir a compreende as seguintes etapas:
meta ou objetivo especifico. • Análise dos Currículos;
VII. Projeto: As atividades e as pessoas recebem atribuições • Pré-entrevista por telefone ou pela internet;
temporárias. O gerente de atribuições temporárias projeto é res- • Entrevista presencial;
ponsável pela realização de todo o projeto ou de uma parte dele. • Preenchimento de ficha de solicitação de emprego;
Terminada a tarefa, o pessoal é designado para outros departamen- • Questionários psicológicos;
tos ou outros projetos. • Analise Grafológica;
VIII. Mista: Muitas empresas usam esse tipo de departamen- • Dinâmicas de grupo;
talização, principalmente as grandes empresas. Pois apresenta vá- • Testes de Conhecimento;
rias técnicas. É o tipo mais usado, pois adapta melhor a É o tipo • Exame médico pré admissional;
mais usado, pois adapta melhor a realidade organizacional. • Exames para detectar vícios de teor toxicológicos;
https://mauricioteles.files.wordpress.com/2011/02/adminis- • Demais exigências internas da empresa.
trac3a7c3a3o-pc3bablica-aula.pdf
Toda e qualquer entrevista de emprego deve ter seu lado hu-
mano enfatizado, para tanto o entrevistador deverá adotar uma
postura para tornar a entrevista agradável possibilitando ao candi-
6. NOÇÕES DE RH: RECRUTAMENTO,
dato que se expresse de forma livre sem sentir-se ameaçado, opri-
SELEÇÃO, TREINAMENTO,
mido, coagido, e inferiorizado, naquele momento ele poderá ser
DESENVOLVIMENTO E importante para a empresa como a empresa para ele.
RELAÇÕES INTERPESSOAIS. Toda e qualquer pergunta deverá estar relacionada a vida pro-
fissional do candidato a empregado observando o princípio da não
discriminação, sabemos que o empregador tem o poder da direção,
mas precisará limitar-se a perguntar somente sobre às atividades
técnico profissional que o candidato poderá a vir a desenvolver
São comuns as empresas em geral aplicar técnicas de seleção
caso seja escolhido, não podendo usar de ferramentas que tem por
de pessoal visando analisar determinadas características, totalmen-
te voltadas a sua área de atuação profissional. objetivo o de revelar aspectos de personalidade dos candidatos
Os profissionais de RH estão acostumados a analisar deter- Nascimento (2009, p. 110), [...] todas e quaisquer informações
minadas condições no candidato no campo físico, psicológico e obtidas neste procedimento de avaliação devem ser relacionadas
comportamental, fatores, segundo sua ótica, é imprescindível para apenas com as atividades profissionais do trabalhador e com o
sua contratação. Essa condição para as contratações é quase que objeto de sua prestação de serviços. Trata-se, portanto, de nítido
uma regra onde os profissionais do RH procuram por qualificar-se e legítimo limite imposto pela ordem constitucional ao limite de
quase que constantemente para conhecerem as melhores técnicas alcance do exercício do poder diretivo do empregador.
de seleção. O procedimento de entrevista deve se limitar a obter informa-
Para ser escolhido, o candidato passa por essa seleção que é o ções sobre o candidato ao emprego, de acordo com os seguintes
processo de escolha da pessoa certa para o lugar certo, sabendo-se aspectos: a) histórico escolar e profissional; b) experiência, quali-
que ainda resta o processo de adaptação dentro do cargo para o ficações e aptidões profissionais; c) organização de trabalho; d) de-
qual se candidatou. Quando falamos em seleção de pessoal não es- senvolvimento de atividades; e) outros assuntos relacionados com
tamos afirmando que o candidato escolhido seja exatamente aque- o perfil da vaga e com o objeto da prestação de serviços.

Didatismo e Conhecimento 72
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
A intimidade do candidato não deve em hipótese alguma ser E todo processo de seleção deve ter um planejamento estraté-
violado, caso o entrevistador ultrapasse esse direito, nesse momen- gico, com objetivos de longo prazo, para que eventuais ocorrências
to, abre-se um leque a favor do candidato podendo ele não respon- não venham a prejudicar o bom andamento da empresa, princi-
der tais perguntas, ou responder da forma que bem lhe convir, ou palmente se os substitutos não forem eficientemente selecionados.
por último omitir. Veremos de uma forma genérica as definições de recrutamen-
As entrevistas e testes de conhecimento técnico profissional to e seleção e suas diferenças.
permitem a todos os candidatos a participação e a igualdade, elimi- Recrutamento é um sistema de informações, que visa atrair
nando a condução de perguntas de cunho discriminatório segundo candidatos potencialmente qualificados, dos quais serão seleciona-
as normas jurídicas.
dos futuros funcionários da organização. A função do recrutamen-
As entrevistas, testes psicológicos, as análises grafológicas e
to é suprir a seleção de pessoal de matéria-prima básica, ou seja,
demais testes, deverão estar alinhados as competências técnicas e
comportamentais requisitos do cargo, eliminando toda e qualquer os candidatos ao emprego.
tendência a propriedade da personalidade do candidato. A seleção de recursos humanos é a escolha da pessoa certa
Caso o profissional encarregado de formar as perguntas aos para o cargo certo, com o objetivo de manter ou aumentar tanto a
candidatos tenha dificuldade de identificar se elas ferem os direitos produtividade quanto os resultados.
dos candidatos, fica aqui uma dica, faça uma relação de perguntas Podemos concluir que enquanto o recrutamento é um proces-
e solicite ajuda ao sindicato ou ao Ministério do Trabalho, para so de coleta de informações, a seleção é um processo de compa-
verificação e ajuste dentro das normas jurídicas. É um meio de ca- ração de conhecimento, habilidades e atitudes (CHA) e decisão
librar as perguntas para que a empresa, seus dirigentes e prepostos sobre os melhores candidatos.
não corram o risco de processos futuros. É apenas e tão somente Na gestão pública, o recrutamento e a seleção ocorrem sob a
uma dica, não existe nenhuma legislação a respeito. denominação de provimento de cargo público.
Hoje em dia, aumentou-se a procura por pessoas eficazes e di- O processo de recrutamento e seleção tem passado por mu-
nâmicas, capazes de aumentar a perspectiva de vida das empresas danças no que diz respeito ao perfil dos candidatos a servidor pú-
e, consequentemente, alcançar o sucesso. O processo para fazer
blico desejado pelas instituições. Além do conhecimento técnico
com que essas pessoas trabalhem é de extrema importância para a
empresa que, quer chegar ao sucesso. específico para execução de suas tarefas, a gestão pública tem bus-
Os objetivos organizacionais podem ser atingidos somente cado servidores que possuam um conjunto de habilidades e atitu-
com, e através de pessoas, por isso a importância do cuidado com des compatíveis com sua futura função.
a condução do processo de seleção. As variadas formas de avaliação para um candidato a servidor
O objetivo maior da seleção é contratar os melhores dentre os público estão presentes além das provas e comprovação de titula-
candidatos, um processo pelo qual se faz a escolha dos candidatos ção, também curso de formação após a aprovação em fase inicial,
que possuam o perfil necessário para ocupar o cargo. com o objetivo de contar com servidores aptos a desempenhar suas
Quando feita adequadamente garante a entrada de pessoas funções com toda eficiência. As provas abrangem conteúdos am-
de alto potencial e qualidade na organização, que é o objetivo de plos e profundos, exigindo dos candidatos elevado nível de conhe-
qualquer empresa, pois o lado humano da empresa deve apresen- cimentos e alta performance para serem aprovados e classificados
tar coerência em termos de políticas e práticas de recrutamento e de acordo com o número de vagas previamente fixado.
seleção. A seleção pública, como é realizada atualmente, escolhe can-
O alinhamento dos recursos humanos à estratégia da empresa
didatos aptos intelectualmente, não se preocupando com o perfil
é muito importante, visto que o planejamento estratégico é uma
poderosa ferramenta para a construção e a consolidação da ima- do servidor, comprometendo assim sua adaptação na função para
gem dela. Apenas com planejamento é possível estabelecer uma a qual foi designado.
comunicação integrada que dê consistência e potencialize a men- O cargo público é a unidade de competência indivisível, pre-
sagem em todos os pontos de contato com o mercado, ele é um visto em número certo, com denominação própria, colocado à dis-
dos elementos mais importantes para um bem sucedido programa posição por pessoas jurídicas de direito público.
de administração de recursos humanos, é um processo pelo qual a
organização garante o número certo e as pessoas apropriadas, no CAPACITAÇÃO
lugar certo.
“Recrutamento é o processo de atrair candidatos para uma A capacitação profissional e os requisitos necessários aos pro-
vaga, anunciando e tornando atrativo para candidatos disponíveis fissionais da atualidade são temas muito relevantes, tanto do ponto
no mercado. Buscando candidatos dentro e fora da organização”. de vista das empresas, que muitas vezes se veem em dificuldades
O recrutamento nunca teve importância tão significativa nos em encontrar trabalhadores qualificados, quando do ponto de vista
resultados de uma empresa como no mercado atual, uma prática do profissional que busca direcionamento de seus talentos para ga-
bem desenhada, integrada e praticada terá um impacto positivo na rantir sua empregabilidade.
empresa e o inverso, um resultado devastador.
Por isso, se a escolha de pessoas é realizada a satisfação, da 1. Autogerenciamento da carreira
melhor e mais eficiente forma possível, visando ao benefício da A carreira de um profissional deve ser encarada como um
empresa, a empresa já tem grande chance de obter sucesso, com
projeto, e como tal, deve ter bem definidos os objetivos, passos a
base nas pessoas que a compõe. Por isso, o processo de seleção
serem executados e previsão de prazos para cada uma dessas ativi-
merece atenção especial, já que é ele que vai definir, por diferentes
dades, pois somente assim, existe um esforço estruturado para que
modos e com diferentes estratégias, qual candidato ficará com a
vaga. os objetivos sejam atingidos.

Didatismo e Conhecimento 73
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Quem não planeja e gerencia a própria carreira, fica ao sabor A maioria dos estressados e insatisfeitos, com certeza falha
das circunstâncias, dependendo apenas da sorte, esperando que um na organização pessoal e, por conta disso, tem-se uma situação de
belo dia o chefe venha até a sua mesa e o convide para ser vice trabalho excessivo, pouco rendimento, falta de tempo para laser,
-presidente. Convenhamos que, na vida real, isso é muito difícil saúde e para a família, criando uma situação de péssima qualidade
de acontecer. de vida.
O profissional deve ter consciência de que seu sucesso ou Para não cair nessa armadilha, é importante que o profissional
fracasso depende apenas dele mesmo. Sem objetivos claros não saiba planejar o seu tempo e as suas ações. Com raras, exceções,
existe ponto de chegada, e sem planejamento não é possível atingir o trabalho de um dia SEMPRE pode ser feito normalmente dentro
um objetivo. das 8 horas úteis do mesmo. Aprender a dizer “não” de vez em
O cuidado com o marketing pessoal também é muito impor- quando, definir prioridades e delegar funções são pequenas atitu-
tante. Muitos profissionais se queixam de que não são reconhe- des que geram resultados surpreendentes.
cidos, agindo como se a empresa fosse seu pai ou mãe, que têm
obrigação de ficar olhando cada passo de seu querido filho. É claro NOÇÕES SOBRE RECURSOS HUMANOS
que as empresas devem se atentar para o desempenho de seus co-
laboradores para incentivá-los a melhorar sempre, bem como para O departamento pessoal ou recursos humanos é parte inte-
premiar a dedicação, mas não é possível ser onisciente. grante da estrutura organizacional de praticamente todas as em-
Cabe ao profissional ajudar a empresa e a si mesmo, cuidando presas, excetuando-se apenas aquelas de porte muito pequeno. O
de seu marketing pessoal para que seu trabalho e resultados sejam departamento pessoal ou de recursos humanos é imprescindível
para o bom funcionamento dos negócios.
conhecidos. O melhor produto do mundo não será comprado se
O departamento pessoal ou recursos humanos executa algu-
ninguém souber que ele existe.
mas funções básicas para o andamento das atividades de uma em-
presa: admissão de funcionários, controle de presença, treinamen-
2. Importância da qualificação profissional
to e orientação, e desligamento.
Há 200 anos um profissional poderia passar toda a sua vida A atividade de admissão executada pelo departamento de pes-
útil sem aprender nada de novo, apenas fazendo o que aprendeu no soal envolve todo o processo de avaliação de necessidade (abertura
início da carreira. Hoje isso é impossível. A globalização fez com de vagas), desenvolvimento junto ao setor envolvido do perfil de
que o mercado se tornasse mais complexo e dinâmico, exigindo trabalhador procurado, formas de divulgação da vaga, recepção,
das empresas rapidez e eficiência para lidar com as constantes mu- avaliação e seleção de candidatos.
danças, condição essencial para sua sobrevivência. O departamento de pessoal também é o responsável pela con-
Naturalmente essa necessidade se refletiu nos profissionais. tratação, dentro das normas trabalhistas vigentes no país. A admis-
Nenhuma empresa hoje quer “mão de obra”. O que se procura são são é, portanto uma rotina departamento pessoal. Mas o papel do
“cabeças de obra”, profissionais altamente capacitados, que as- departamento pessoal ou recursos humanos não se encerra com a
sumem responsabilidades, tomam decisões e resolvem situações admissão, cabendo a ele integrar o novo funcionário à empresa e
complexas e inusitadas com rapidez e segurança. Isso não aparece a sua nova função, treinando, acompanhando e supervisionando.
do nada. Somente com constante aperfeiçoamento e estudo, o pro- Outra rotina departamento pessoal é a relativa ao controle
fissional consegue as ferramentas necessárias para utilizar em suas de frequência, chamado usualmente de compensação de pessoal.
atividades diárias dentro dessas condições. Cabe ao departamento de pessoal efetuar o controle de frequên-
Esse cenário exige também uma base cada vez mais multidis- cia, calcular os salários, impostos, benefícios e outros adicionais
ciplinar. O objetivo de qualquer profissional atualmente é tentar previstos em contrato e legislação e efetuar o pagamento desses
ser o melhor possível na sua área de atuação, mas também obter valores. Essa atividade está intrinsecamente ligada ao departamen-
conhecimento em outras áreas. Saber muito de sua especialidade to financeiro ou contábil da empresa. Envolve contínua atualização
e, ao mesmo tempo, um pouco de tudo. quanto a leis trabalhistas e outras específicas. O departamento pes-
Por outro lado, as empresas devem fomentar esse desenvolvi- soal necessita estar constantemente a par das modificações ocor-
mento pessoal, incentivando sempre seus colaboradores a não es- ridas na área e informar e efetuar as mudanças necessárias com
tagnarem, pois, implementando a cultura de constante capacitação, agilidade e precisão.
tanto profissional quanto empresa saem ganhando. O departamento de pessoal também é o responsável pelo des-
ligamento de funcionários da empresa. A rotina de departamento
pessoal envolvida nessa atividade inclui os procedimentos esta-
3. Estresse e qualidade de vida
belecidos em lei, incluindo cálculo de valores, representação da
Com certeza, esse ritmo alucinado do mercado atual tem ge-
empresa junto à aos vários órgãos da Justiça do Trabalho ou a sin-
rado muito estresse. No sentido de minimizar os efeitos negativos
dicatos, entre outros.
dessa situação e melhorar a produtividade de seus colaboradores,
O moderno departamento de recursos humanos também tem
a empresa pode (e deve) agir para garantir, tanto quanto possível, a importante função de treinar e orientar a força de trabalho na
um ambiente amigável e de cooperação, com políticas e diretrizes empresa. Isso envolve desde atividades básicas de treinamento
claras, e feedbacks constantes para que cada profissional saiba o para a função, passando por aperfeiçoamento ou revisão de co-
que se espera dele. nhecimentos de interesse da empresa ou setores da empresa, até o
Por outro lado, o profissional deve saber planejar seu tempo estabelecimento de programas de educação continuada e especia-
e ações para que o trabalho não se transforme num tormento. Boa lizada para funcionários. Os Recursos Humanos pode trabalhar de
parte do estresse que afeta as pessoas tem origem nelas próprias.

Didatismo e Conhecimento 74
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
diversas formas nesses casos. Inclui desenvolvimento de cursos ou interno que concorra para viabilizar a atuação da área de vendas
atividades de treinamento próprias ou a contratação de terceiros propriamente dita e de uma projeção externa de imagem que favo-
para a execução dessas atividades. Pode também envolver a aloca- reça essa atuação. “Do ajudante ao diretor... todo mundo é vende-
ção de recursos financeiros para o pagamento de cursos externos dor”. Até os vendedores.
para funcionários. Essa visão holística da organização, em que todos são intera-
De qualquer forma, apesar de não ser considerada uma rotina tivamente responsáveis pelos seus resultados, está totalmente coe-
departamento pessoal, as atividades de treinamento, orientação e rente e convergente com as concepções atuais que estão mudando
educação continuada são cada vez mais consideradas peças fun- completamente e configuração das relações de trabalho (relações
damentais para o sucesso de qualquer empresa competindo num estas vistas da maneira mais ampla) nas organizações – a visão da
mundo globalizado. Uma força de trabalha bem treinada produz própria pessoa como um ser holístico, a participação responsável,
mais e melhor, significando ganhos e lucros para o empregador. a democratização das informações, a busca de objetivos comuns,
Qualquer rotina do departamento pessoal, em suas várias ati- a valorização e o respeito pelo indivíduo etc. E é essa mudança da
vidades e atribuições, envolve extensa e complexa legislação. Os configuração das relações de trabalho que está fazendo a diferença
funcionários do setor devem se manter constantemente atualizados entre organizações ganhadoras e perdedoras. A máxima é inexorá-
e informados. Essa atualização pode ser em rotinas usuais, como vel – “não mudou, dançou”.
admissão e desligamento, por exemplo. Mas também podem ser Essa mudança na configuração das relações de trabalho leva,
feitas para temas específicos, como participação de empregados inevitavelmente, a uma mudança no papel na área de RH.
em resultados da empresa, novas técnicas de avaliação de candi- Deve-se começar pela mudança do próprio nome da área: em
datos, legislação de contratos terceirizados e outros inúmeros as- vez de continuarmos a chamar a função e a área de Recursos Hu-
suntos. Tributação e fiscalização são também dois assuntos que manos, vamos passar a identificá-la como “Gestão de Pessoas”.
abrangem várias atividades do departamento pessoal e que exigem A mudança no papel no papel da área e da função de Gestão de
constante atualização para que a rotina do departamento pessoal Pessoas passa então por uma reformulação total. Os principais as-
seja executada corretamente. pectos dessa mudança são:
Para os interessados na área, mas sem conhecimentos iniciais, • a área de Gestão de Pessoas deixa de ser uma área cen-
o melhor caminho é um curso de departamento pessoal. Esse curso tralizada e centralizadora e passa a ser descentralizada pelas várias
de departamento pessoal pode ser feito de forma presencial, ofere- áreas da organização e a ter uma função muito mais orientadora
cido por escolas e instituições como SENAC, por exemplo. Outras (exercendo a “liderança” da organização no que diz respeito às
opções para quem deseja aprender é adquirir um curso de depar- relações de trabalho);
tamento pessoal disponível, por exemplo, em CD-ROM. Esse tipo • a função Gestão de Pessoas passa a ser exercida por todas
de curso envolve parte teórica e exercícios práticos. Cada qual pos- as pessoas na organização, com base em diretrizes gerais oriundas
sui suas vantagens e desvantagens. e aprovadas por toda a organização e coerentes com os objetivos
O curso de departamento pessoal do tipo oferecido pelo SE- das pessoas e da própria organização;
NAC oferece a chance do estudante praticar cada rotina do depar- • os esforços da área de Gestão de Pessoas passam a se
tamento pessoal, familiarizando-o com os procedimentos. Além
concentrar muito mais nos aspectos estratégicos de sua atuação
disso, muitos desses cursos oferecem certificação, o que pode ser
do que nos aspectos operacionais propriamente ditos. Isso implica
útil no momento de procurar um emprego no mercado de trabalho.
mudanças profundas também no perfil dos profissionais que atuam
Os cursos virtuais ou em forma de apostila de departamento
na área de Gestão de Pessoas, que se devem tornar muito mais
pessoal oferecem a vantagem de permitir ao aluno que estude em
generalistas e empreendedores, deixando as especializações para
seu próprio ritmo. O aluno escolhe seu horário e seu ambiente de
empresas terceirizadoras;
estudo. É mais útil para quem já está empregado e quer melhorar
• o poder público da área de Gestão de Pessoas (poder pú-
seus conhecimentos, pois não oferecem certificado.
blico no sentido de ocupação de espaço para contribuir para os
Para os cargos de chefia, supervisão e gerência em recursos
humanos ou departamento de pessoal, quase sempre é necessário o resultados da organização) não está mais ligado ao seu poderio
curso de contabilidade, ciências contábeis, direito, administração “militar” (grandes estruturas e poder de mando), mais sim à sua
ou psicologia. Além disso, para o emprego nesse nível em depar- competência em contribuir efetivamente para que a organização
tamentos de recursos humanos, é necessário experiência no setor e alcance seus resultados. Isso implica áreas de Gestão de Pessoas
perfil adequado para o cargo. menores, descentralizadas, composta de profissionais com compe-
Ao referir-se à “função” RH, em vez de área, departamento tência mais abrangente que visualizam os objetivos da organização
ou diretoria, deve-se deixar claro que a responsabilidade pelas re- (tema que será melhor detalhado no decorrer do trabalho).
lações entre a organização e seus colaboradores é de todos os que
nela trabalham, dentro de um processo essencialmente interativo. RECRUTAMENTO, SELEÇÃO E DESENVOLVIMEN-
Assim, não faz sentido entender o papel do RH como uma TO DE PESSOAL
responsabilidade limitada a uma área específica da organização, no
caso a área de RH. Da mesma maneira, a atividade financeira não é Mais do que em qualquer outro momento da história das cor-
responsabilidade isolada de uma Controladoria; e a função Vendas porações, as pessoas e suas competências estão no centro das aten-
também não se restringe à área de Vendas. Todos são responsáveis ções. É a competência dos empregados a condição essencial para
pela saúde financeira da organização, utilizando adequadamente a competitividade e sobrevivência das empresas. Saber escolher
os recursos dessa natureza, do mesmo modo que todos são respon- os colaboradores adequados é prover os meios para se ganhar as
sáveis pelos resultados de vendas, por meio de um desempenho etapas da corrida – e assim se distanciar dos concorrentes.

Didatismo e Conhecimento 75
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Dentre os subsistemas de RH, é a atividade de Atração e Se- empresas está na atuação sinérgica dos seus colaboradores, com-
leção que identifica e provê, interna ou externamente, as compe- petências como comunicação, relacionamento interpessoal, coope-
tências individuais necessárias ao alcance das estratégias organi- ração, habilidade em lidar com mudanças, solução de problemas e
zacionais. conflitos, visão sistêmica e empreendedora tem sido o diferencial
É responsabilidade desta área planejar e implantar mecanis- na escolha dos candidatos. Para níveis de gestão não podemos es-
mos que garantam um processo de atração dos talentos necessários quecer das competências voltadas a gestão de pessoas.
bem como definir e implantar políticas e ferramentas que garantam
a escolha dos profissionais adequados. DESENVOLVIMENTO DE PESSOAL
Mas cabe aqui esclarecermos diferenças entre os conceitos de
“Recrutamento” e “Atração”: Desenvolver pessoas não é o mesmo que treinar pessoas. Esse
“Recrutamento” é um conjunto de técnicas e procedimentos conceito de desenvolvimento de pessoas é mais amplo, pois tem
que visa atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes como o objetivo principal capacitar as pessoas para serem profis-
de ocupar cargos dentro da organização. É basicamente um siste- sionais de sucesso.
ma de formação, através do qual a organização divulga e oferece Desenvolvimento é o processo de longo prazo para aperfei-
ao mercado de recursos humanos, oportunidades de emprego que çoar as capacidades e motivações dos empregados a fim de torná
-los futuros membros valiosos da organização.
pretende preencher. O Recrutamento é feito a partir das necessi-
Claro que não será desenvolvido o profissional perfeito, já que
dades presentes e futuras dos Recursos Humanos da organização.
a perfeição humana não existe, mas o que se busca é estabelecer
Esse recrutamento requer um cuidadoso planejamento.
um perfil dentro do ideal que a empresa deseja, para isso é impor-
As fontes de recrutamento podem vir de dentro da empresa tante saber que o profissional plenamente desenvolvido é uma pes-
ou de fora, neste caso, correspondendo à pesquisa no mercado de soa com boa formação, experiência garantida na área, uma pessoa
recursos humanos. Exemplos de fontes de recrutamento são: reco- disposta a aprender sempre mais, tem vínculos fortes de amizade,
mendação ou indicação de empregados; ex-empregados; anúncios conquista com facilidade o respeito das pessoas e de preferência
em jornais ou revistas; Sites Corporativos ou de Empregos; Esco- ser arbitrário quando existir conflitos.
las e Universidades; sindicatos e Associações de Classe; caçadores Mas qual a necessidade de se ter profissionais desenvolvidos?
de talentos – headhunters; consultorias na área de Recursos Hu- No mundo de hoje é primordial. O mercado de trabalho vem
manos; banco de talentos das empresas; redes sociais profissionais passando por mudanças radicais do qual algumas empresas passa-
na internet como Linke-in, Plaxo e Via6 - vêm crescendo o uso ram a ser multinacionais e funcionários com um outro idioma em
de Redes Sociais onde os profissionais se cadastram evidenciando nível avançado à fluente, com as características descritas acima
suas experiências e qualificações e formam uma rede com outros tem grandes chances de ser o representante principal dessa mul-
profissionais do seu network. Nessas redes, os profissionais podem tinacional e conquistar os benefícios que todo profissional sonha
fazer recomendações em relação aos outros contando o que obser- quando inicia uma carreira, como altos salários, benefícios esten-
varam quando trabalharam juntos. dido a família, respeito dentro da empresa pelos demais colabora-
Já o termo “atração” destaca mudanças na forma de se buscar dores, reconhecimentos dos concorrentes. Para essas empresas, os
profissionais no mercado de trabalho. Reflete o investimento feito profissionais precisam ter não só o aprendizado no idioma, como
por algumas organizações para aperfeiçoar seus procedimentos. experiência internacional, com viagens e cursos no exterior e uma
O processo de seleção é um processo de “duas mãos”, ou seja, grande habilidade de relacionamento, pois estará enfrentando uma
a empresa escolhe e é escolhida. Pesquisas brasileiras que estu- cultura e pessoas muito diferentes do convívio do país nativo.
dam os fatores de atração e retenção no trabalho demonstram que Outros motivos que levam as empresas desenvolverem os fun-
a imagem da empresa no mercado, a oferta de desafios, as pers- cionários são os aumentos de concorrentes (a maior realidade no
pectivas de crescimento, a liberdade de ação e um clima organiza- momento), sendo que muitos dos concorrentes não são empresas
cional favorável despertam mais o interesse dos profissionais do físicas e sim virtuais, que prestam um serviço tão qualificado que
que a remuneração. As organizações que desejam atrair profissio- os clientes preferem buscar os produtos necessários nas empresas
virtuais no conforto da casa, pois sabe que serão bem atendidos e
nais competentes devem cuidar de suas imagens. A forma como
algumas vezes até mais rápido que se comprar algum produto em
a responsabilidade social com os diversos grupos – empregados,
loja física.
comunidade e sociedade – influencia os conceitos que terão para o
Nem sempre o desenvolvimento profissional parte da empre-
candidato potencial. sa, muitas vezes os funcionários deverão se demonstrar proativos
Cabe ainda a área de Seleção avaliar o sucesso obtido no pro- e buscar com seus próprios recursos o desenvolvimentos que tanto
cesso visando readequá-lo ser for o caso. precisam. Alguns percebem que podem estar ficando para trás por
Uma área de Recrutamento e Seleção atuando de forma mais faltar alguma competência, que também podemos chamar de CHA
estratégica pode, a partir do entendimento do plano estratégico da (conhecimento, habilidade e atitude), e o mesmo tem que buscar
empresa e do acompanhamento dos indicadores de gestão, plane- se habilitar para viver a concorrência interna, ou seja, entre os pró-
jar, antecipadamente, as demandas em relação ao preenchimento prios funcionários da empresa.
de vagas. O desenvolvimento de pessoal está cada vez mais ganhando
No mercado de trabalho hoje se busca um profissional que destaque, porque ele tem como objetivo estratégico o crescimen-
alie competências técnicas às comportamentais. Mas por quê? Em to e a sustentabilidade das organizações para enfrentar as rápidas
um ambiente onde o tempo é determinante, muitas empresas op- mudanças que os tempos atuais e a globalização estão proporcio-
tam por buscar profissionais já capacitados, pois estes darão um nando, assim com funcionários desenvolvidos, as empresas con-
retorno mais rápido às organizações. No entanto, num ambiente seguem buscar o crescimento e até mesmo a manutenção dela na
em constantes transformações onde a vantagem competitiva das posição de liderança no mercado.

Didatismo e Conhecimento 76
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
A ARTE É COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL Este mesmo princípio de empatia se processa para quem dese-
ja se comunicar. Para conseguir um ótimo resultado, basta colocar-
Além das palavras, existe um mundo infinito de nuances e se no lugar do outro e gerar estímulos adequados conforme o jeito
prismas diferentes que geram energias ou estímulos que são per- do outro funcionar, de processar informações, de entender confor-
cebidos e recebidos pelo outro, através dos quais a comunicação me o seu nível cultural ou limitações de vocabulário, conceitos e
se processa. Um olhar, um tom de voz um pouco diferente, um experiências pessoais. A pergunta ideal para termos a evidência se,
franzir de cenho, um levantar de sobrancelhas, podem comunicar de fato, o outro entendeu o que dissemos é “O que você entendeu
muito mais do que está contido em uma mensagem manifestada do que eu disse?”. O mundo seria, certamente, bem melhor e as
através das palavras. Em 15 anos atuando como professor de Co- pessoas conseguissem relacionar-se melhor se pudessem fazer e
municações Verbais, tendo treinado mais de 13.000 pessoas, tenho responder a essa pergunta;
observado algumas curiosidades que creio interessantes para que
cada um possa refletir e tirar algum proveito. d) Voz: Outra grande dificuldade para muitos (e o problema é
que desses, poucos sabem) é sobre a utilização adequada da voz.
Há pessoas que falam muito devagar, outras ainda que tem dicção
PROBLEMAS DA COMUNICAÇÃO
ruim ou falam de forma linear ou ainda com volume muito baixo.
A questão é simples: Como posso esperar, de fato, que alguém
Uma dessas constatações de pessoas que se dizem com gran- me compreenda ou preste atenção no que digo se nem sequer con-
des problemas de comunicação é que, de fato, os problemas são sigo entender o que estou dizendo?
relativamente simples e de fácil solução. O que ocorre é que esse
problema, por menor que seja, compromete todo o sistema de co- e) Corpo: Curiosamente, a expressão corporal assume até
municação. Por exemplo, uma pessoa pode ter boa cultura, ser ex- mais importância do que a voz e, em alguns casos, do que o pró-
trovertida e desinibida, saber usar bem as mãos, possuir um rico prio conteúdo. Medo de olhar nos olhos, expressão facial incon-
vocabulário e dominar uma boa fluência verbal. Pode possuir tudo gruente com o conteúdo, aparência mal cuidada, ausência de ges-
isso, mas se falar de forma linear, com voz monótona irá provocar tos ou excessiva gesticulação, bem como posturas inadequadas são
desinteresse e sonolência aos ouvintes e, consequentemente, a co- suficientes para tirarem o brilho de um processo de comunicação;
municação ficou limitada.
f) Vícios: Quantas vezes ouvimos, ou melhor, tentamos ouvir
pessoas, acompanhar seu raciocínio, mas fica difícil pois ouvimos
O somatório desses pequenos problemas impede que uma pes-
alguns ruídos, tais como “aaaa...”, “éééé....”, “tá”, “né”, “certo”,
soa se comunique com fluidez e naturalidade. É o mesmo princípio
“percebe” repetidos inúmeras vezes. Deixamos de prestar atenção
de que: “A união faz a força”, ou seja, o conjunto dessas dificulda- no conteúdo e ficamos incomodados com esses sons que dificultam
des neutraliza o efeito que a comunicação poderia provocar, impe- a compreensão;
dindo-a de mostrar o seu potencial e a sua competência, gerando
frustrações na vida pessoal e profissional: g) Prolixidade: Por acaso, você conhece pessoas que dão vá-
rias voltas, entram em paralelas ou transversais, fazem retornos,
a) Timidez: Há pessoas que possuem muito conhecimento e dão marcha ré, engatam novamente a primeira marcha... Já deu
muito talento mas na hora de falar em público, em uma reunião para perceber que estamos falando de pessoas prolixas, ou seja:
ou quando convidadas para proferir uma palestra, ficam totalmen- Ninguém aguenta por muito tempo ouvir aquelas pessoas que fa-
te apavoradas e preferem fugir do que enfrentar. Se observarmos lam demais e desnecessariamente, principalmente sobre assuntos
bem, uma pessoa não é valorizada por aquilo que sabe ou conhece, sem interesse;
mas por aquilo que faz com aquilo que sabe. Por isso, a timidez
tem impedido muitas pessoas de conseguirem galgar melhores h) Controle emocional: Você já ficou magoado e ficou cha-
teado um dia inteiro por um simples fato ocorrido no trânsito ou
possibilidades de sucesso na vida. Basicamente, os problemas de
um tom de voz mais elevado em um momento de discussão ou
timidez manifestam-se por medos, tais como de não ser bem su- um “bom dia” que não lhe disseram? Você já imaginou o poder
cedido, de errar, de ter o famoso “branco”. Outra evidência é a que você mesmo dá, assim, de presente a uma pessoa que você
baixa auto-estima, ou a sensação de incapacidade para se expres- nem conhece, talvez nunca mais a veja na vida, ou mesmo que
sar diante de situações desafiadoras. Além disso, há o excesso de seja alguém conhecido, que é a capacidade de tirar o seu bom hu-
manifestações no próprio corpo, tais como tremedeira, gagueira, mor, seu otimismo, ou a sua motivação? Esteja atento para essas
sudorese, taquicardia, chegando, em alguns casos até a desmaios; armadilhas da comunicação e previna-se. Conheço uma frase de
um filme de treinamento chamado “O Homem Milagre”, que diz o
b) Saber Ouvir: Saber ouvir é muito mais do que escutar e seguinte: “SNIOP”, ou seja: “Salve-se das Nefastas Influências de
darmos a nossa interpretação conforme desejarmos ou baseada nas Outras Pessoas”. De qualquer modo é importante que você mesmo
nossas próprias limitações. Saber ouvir é cultivar a difícil arte da mantenha o devido controle emocional e saiba proteger-se dessas
empatia que é a habilidade de se colocar no lugar do outro e prestar negatividades;
muita atenção no significado das palavras, na maneira em que a
i) Foco de mudanças: Você não pode mudar as atitudes e
pessoa está transmitindo, no seu estado emocional, seus limites e
comportamentos de outras pessoas. Assuma! Você é o responsá-
conhecimentos; é olhar para os seus olhos, é perguntar se houver vel apenas por aquilo que está ao seu alcance e pelas mudanças
dúvidas, é evitar interpretar ou “alucinar” a partir do que foi dito; que pode proporcionar a você mesmo;

Didatismo e Conhecimento 77
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
j) Motivação e autoestima: Considero um dos aspectos mais vivem os empregados. Ou seja, os empregados necessitam de uma
importantes da comunicabilidade de uma pessoa, a energia que flui comunicação just-in-time, isto é, a informação certa, na medida
sutilmente através da sua voz e do seu corpo, das palavras e da certa e no tempo certo para executarem com êxito suas tarefas.
sua postura, dos gestos e do olhar. É a expressão do seu otimismo
ou pessimismo, da agressividade ou suavidade, do nível da sua A propósito, é bom lembrar o que diz Levine and Wright Ko-
autoestima. É a comunicação invisível, mas presente, percebida zoles que, “quando os empregados são mantidos informados, ten-
pelos sentidos. Quão agradável é a energia que flui de pessoas oti- dem a se sentir mais satisfeitos com seus trabalhos, apresentam
mistas, bem humoradas, felizes, que diante das adversidades da um moral de nível mais alto e são motivados a serem empregados
vida encontram desafios que serão superados. produtivos”. Continua sendo verdadeiro afirmar que a existência
Para concluir, cabe ressaltar a sutileza da comunicação das de um processo de comunicação bem planejado e executado pro-
pessoas que tem bondade no coração, a gentileza nos gestos, be- voca impacto positivo no desempenho individual dos empregados.
leza e doçura nas palavras. “Sensualidade, alinhamento e graça Como se vê, o impacto da comunicação sobre os empregados deve
permeiam seus movimentos. Uma nobreza natural flui silenciosa ser avaliado de maneira muito mais profunda e crítica para que as
e discretamente em suas ações; há uma segurança pessoal apoiada empresas atinjam suas metas em parceria com seus funcionários.
na humildade; uma reverência, um senso de humor mesclado com
a consciência do sagrado”. Essas são as pessoas que fazem mais do O QUE É EQUIPE
que se comunicar, irradiam luz e brilho pessoal.
Há alguns anos atrás, não falavam em equipe, elas existiam
O QUE É COMUNICAÇÃO INTERGRUPAL mais eram convencionais, orientadas para a função, compostas de
especialistas nessas funções. O mundo está cheio de equipes, e
“Uma comunicação bem estruturada e efetiva provoca im- existem muitos tipos, e cada uma possui seu próprio potencial que
pacto positivo no desempenho individual dos empregados”. Não se desmorona à sua frente. Elas tem sido um componente-chave da
obstante todo o progresso tecnológico deve-se levar em conta uma realidade organizacional desde que existem as organizações, diga-
verdade fundamental. O homem, para produzir e sobreviver neces- mos que, é a unidade natural para atividades de pequena escala,
sita da comunicação. Comunicar-se com seu semelhante está na desde o início da Revolução Industrial, iniciada no século XVIII.
base de qualquer relacionamento humano. E mais: Quanto maior O mundo, após o final da II Guerra Mundial, estava em ruínas,
for o entendimento entre as pessoas, melhor será o bem-estar exis- tinha recém se reconstruído e tornara-se altamente competitivo.
tente entre elas e mais produtivas elas serão. Diante dessa perspec- Em outros países, estavam-se experimentando novos modelos para
tiva é que as organizações modernas, de grande ou pequeno porte, grandes organizações. O sucesso desses países deve-se a custa dos
devem orientar-se, lembrando-se de que sua maior força produtiva, norte-americanos. O entusiasmo da prosperidade norte-americana
de muito mais valia do que suas máquinas, são seus funcionários. estava parada, e o novo entusiasmo viraria a velha pirâmide de
A eles deve ser dada toda a atenção, para que convivam em har- ponta-cabeça e iria devolver o foco à esquecida e básica unidade
monia, conheçam os objetivos pelos quais trabalham e possam ser de operações: o grupo de trabalho ou equipe. Mas o que é uma
produtivos pela sua atuação em equipe. E o que pode produzir essa equipe? O Japão após a II Guerra estava sem infra-estrutura, mas
ligação entre pessoas é a comunicação. possuía pessoas motivadas, com disposição cultural para trabalha-
rem juntas e a visão e paciência para traçar estratégias e praticá
Diversos sentimentos negativos podem surgir dentro da orga- -las. Alguns anos mais tarde os japoneses estavam exigindo o má-
nização quando essa não se preocupa em criar um eficiente proces- ximo, para todos os trabalhadores de todas as funções, e a missão
so permanente de comunicação com os empregados. Um sistema de cada equipe era a melhoria contínua dos processos. Nenhuma
ineficiente de comunicação pode causar nos funcionários frustra- idéia era pequena demais e nenhum trabalhador insignificante. To-
ção por se sentirem de certa forma menosprezados, e ansiedade por dos participavam.
se verem diante do desconhecido, o que acaba provocando medos
e incertezas quanto à segurança no emprego. Em um ambiente fe- São pessoas fazendo algo juntas. O algo que uma equipe faz
chado de trabalho, no qual centenas de pessoas dependem da con- não é o que a torna uma equipe, é o juntos que interessa. Por várias
fiança que depositam umas nas outras para o cumprimento de suas vantagens as organizações estão mudando de grupos para equipes,
tarefas, a existência de um quadro psicológico negativo, inseguro, em resumo:
diminui a concentração no trabalho, a motivação e pode provocar
irritação e muito estresse em quem deve atender a programas rígi- • Aumento de produtividade: Outra visão para oportuni-
dos de produtividade. dades que a gerência convencional deixaria passar despercebida.
Organizações que viram as equipes apenas como estratégia de re-
Hoje, a importância estratégica da comunicação nos negócios dução de custos não se desapontaram;
tornou-se tão grande que é impossível uma organização manter • Melhoria de comunicação: Informações compartilhas e
seus níveis de produtividade e lucratividade sem que institua inter- trabalho delegado. Equipes realizam tarefas que grupos comuns
namente excelente processo de informação, de diálogo com seus não podem fazer. Há conhecimentos demais para que uma única
funcionários. A existência de boa comunicação na empresa motiva pessoa ou turma de funcionários possa saber tudo e competir com
a boa execução das tarefas, elimina as incertezas, as ambiguidades uma equipe de integrantes versáteis;
e produz confiança e segurança. Para ser eficaz, o processo de co- • Melhor uso dos recursos: As equipes focalizam seus re-
municação não pode ser tratado como algo sazonal. Ao contrário, cursos mais importantes diretamente nos problemas. É o princípio
precisará ser permanente, acurado, adequado ao contexto em que de que nada pode ser desperdiçado;

Didatismo e Conhecimento 78
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
• Mais criatividade e eficiência na resolução de proble- Formar equipes não é uma idéia inovadora, isto está em nos-
mas: Além de estarem mais motivadas, estão mais próximas dos so sangue, queremos fazê-lo e bem, mas temos essa tendência de
clientes e combinam-se. Elas invariavelmente sabem mais sobre a estragar tudo na execução. Quando as coisas estiverem difíceis,
estrutura da organização; ajuda lembrar que nossas intenções são sempre boas no fundo, e
• Decisões de alta qualidade; Vem do princípio do conhe- muito naturais.
cimento compartilhado;
• Melhores produtos e serviços: As equipes aumentam o NECESSIDADES INDIVIDUAIS X NECESSIDADES DE
conhecimento que, quando aplicado no momento certo, é a chave EQUIPE
para a melhoria contínua;
• Processos Melhorados: Apenas as equipes, que possuem Mesmo com a tendência do ser humano pertencer a uma
o conhecimento de todas as funções, podem remover os obstáculos equipe, não queremos desenraizar nossas vidas e prioridades in-
e acelerar o ciclo; dividuais pelo bem de um grupo de trabalho desprezível qualquer.
• Diferenciam enquanto integram: As equipes permitem Se os membros de uma equipe não tiverem suas necessidades in-
às organizações misturar pessoas com diferentes tipos de conheci- dividuais satisfeitas ou pelo menos direcionadas para um mesmo
mentos sem que essas diferenças rompam o tecido da organização. objetivo, dificilmente serão uma grande equipe; e não conseguirão
As organizações mudaram da velha pirâmide hierárquica para atingir suas metas de forma oportuna, porque as metas de sua equi-
trabalharem em equipes, e muitas já fracassaram no início. E agora pe estão sendo sutilmente enfraquecidas por uma grande quantida-
será que compensa continuar com isso? Ou deve-se voltar para a de de metas pessoais insatisfeitas.
velha pirâmide da burocracia? Quando fracassam, é quase sempre Trabalho eficaz em equipe significa saber manter um equilí-
porque a organização que as emprega voltou-se para equipes para brio constante entre as necessidades da equipe e as necessidades
diminuir a gerência de nível médio, sem dar-lhes atenção, ferra- individuais. Não apenas as básicas de sobreviver através de filia-
mentas, visão, recompensas, ou a clareza de que necessitam para ção, mas também coisas que cada um deseja, coisa que nada tem a
serem bem sucedidas. As empresas que abordam a formação de ver com equipes ou cargos. As equipes devem desconfiar de mem-
equipes com a orientação de numerador (potencial de uma empre- bros que não tem qualquer intenção honesta de serem membros
ativos da equipe. Sacrifício, lealdade e a vontade de passar por um
sa para crescimento) não abandonam a idéia da lucratividade de
pouco de dificuldades uns pelos outros apenas ocorrem quando as
seus resultados financeiros.
cartas estão na mesa e as pessoas podem ser honestas acerca de
suas necessidades. Quaisquer que sejam as metas pessoais, preci-
NECESSIDADES HUMANAS
samos saber quais são para lidar com elas, ou ao menos reconhe-
cê-las, como equipe. Quando sabemos o que nossos companheiros
O ser humano, como ser social, necessita de interação com desejam que consigamos e o que nós mesmos queremos, forma-se
outras pessoas, da mesma forma que necessitamos da água, ar, etc. um excelente vínculo entre os membros.
Uns mais ou menos do que outros. Mas o que obtemos uns dos
outros? O QUE É TRABALHO EM EQUIPE

• Afeição: Todo ser humano necessita de afeição; Uma das condições essenciais nas organizações é o trabalho
• Afiliação: É o sentimento de pertencer a algum grupo ou em grupo. Parece bastante simples, visto que as necessidades e
organização; os resultados alcançados são de longe muito mais significativo do
• Reconhecimento: Uma vida sem reconhecimento é algo que o trabalho separado. Então o desafio resume-se somente em
superficial; colocar as pessoas ao lado das outras e explicar bem os desafios e
• Troca de idéias: É a maneira mais rápida e prática de dar condições para a realização das tarefas, certo? Errado, o que
aprender; parece extremamente fácil, pode ser algo de extrema dificuldade,
• Valorização pessoal: Processo de benchmarking pessoal. quando se tenta colocar em prática.

Alguns tipos de cultura, não só antigamente, mas ainda hoje, Pesquisas mostram que quanto maior a habilidade de um líder
fazem ao contrário para punir alguém, excluem-no, não o deixando em utilizar os métodos de supervisão em grupo, tanto maiores se-
relacionar-se com outros membros. Nós ainda queremos que gos- rão a produtividade e as satisfações encontradas no emprego, pelos
tem de nós, ainda usamos uns aos outros para aprender, realizar subordinados. A frequência das reuniões de grupo de trabalho, bem
tarefas complexas e enfatizar nosso valor individual como colabo- como a atitude e comportamento do superior em relação às idéias
radores. A afiliação existe em diversas gradações de intensidade e dos subordinados, afetam o grau em que os subordinados acham
acontece por diferentes razões, uma delas, é a fim de sobreviver. O que o supervisor é bom nas relações humanas. Assim, um super-
indivíduo isolado é solitário; ele também é ineficaz e vive pouco. visor ou gerente só deve fazer uma reunião se realmente estiver
Para muitos membros de equipe, sua equipe é sua passagem para interessado em servir-se das idéias dos subordinados. Uma atitude
solidária por parte do chefe/supervisor, assim como a utilização
a sobrevivência. A equipe fornece a força dos números que serve,
construtivas das reuniões de grupo, é necessária para desenvol-
muitas vezes, de camuflagem para esconder seus fracassos ou me-
ver orgulho e lealdade no grupo. Supervisores que são altamente
diocridade. Eles farão o que for necessário, incluindo juntar-se a
cotados pela administração fazem uso frequentes de reuniões de
uma equipe, para sobreviver.
grupos para tratar de problemas relativos ao trabalho.

Didatismo e Conhecimento 79
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Outro fator importante registrado, é que mestres de grupos de d) Numa equipe gerencial eficiente, os aspectos de com-
trabalho de elevada produção reportam, com muito mais frequên- petição encarniçada, que representam um prejuízo para o suces-
cia do que mestres de grupos de baixa produção, que seus grupos so organizacional, podem ser minimizados pelo desenvolvimento
de trabalho apresentam bom desempenho quando os mestres estão da “unidade de propósito”, sem reduzir a motivação individual.
ausentes. Aparentemente mestres de alta produtividade criam no Temos muito o que aprender, e muitos preconceitos para vencer.
interior do grupo de trabalho expectativas, a capacidade e as me- Mas realmente acredito que essa transição seja inevitável, a longo
tas necessárias para seus funcionamento normal na ausência do prazo. Logo mais já não será possível dirigir uma empresa com-
mestre. plexa, interdependente e cooperativa, como a companhia industrial
moderna, com base nas premissas totalmente ilusórias de que ela é
Os grupos de trabalho com maior orgulho de sua capacidade feita de relações individuais.
de produzir ou com maior lealdade pelo grupo tendem a ser grupos
de altos índices de produtividade. O alto índice de lealdade em um MITOS DA EQUIPE
grupo, não está necessariamente relacionada com produtividade.
Existem consideráveis indícios que grupos de trabalho podem ter 1. O mito do aprendizado através da aventura: O aprendizado
objetivos que influenciarão a produtividade e custo tanto favorável através da aventura é um evento de grupo em que uma equipe é
como desfavoravelmente. A capacidade e tendência de grupos de submetida a uma série de tarefas desafiadoras, físicas e mentais.
trabalho para restringir a produção foram encontradas em muitos Frequentemente são realizadas em locais abertos, em um cenário
estudos. As organizações informais que se compõe quase na tota- idílico ou em um retiro nas montanhas, ou em um hotel-fazenda
lidade ou da maioria dos membros dos grupos de trabalho podem ou parque.
restringir ou aumentar a produção, aumentar as faltas e, de outras Descobriu-se que as pessoas poderiam passar por transfor-
maneiras, influir nos objetivos da empresa. Portanto já se verifi- mações comportamentais incríveis, se solicitadas a fazer coisas
cou que aumentos substanciais de produtividade e reciprocamente que comumente não faziam, com o resto do grupo atuando como
diminuição do desperdício, quando os objetivos grupais são alte- apoio. Há dois graus básicos de aprendizado por aventura:
rados de forma a se tornarem compatíveis com os da organização.
Razões diversas parecem concorrer para maior produtividade dos - De alto risco: São os de maior aventura, há um certo grau de
grupos de trabalho com elevado índice de orgulho e lealdade entre perigo físico real nos exercícios desse tipo;
os colegas. Uma delas é que os trabalhadores nesses grupos reve- - De Baixo risco: Implicam um risco real muito pequeno. É o
lam mais cooperação para realizar as tarefas. aprendizado através da aventura de forma barata, geralmente uma
série de exercícios físicos ao ar livre, que podem ser realizados em
TRABALHO EM EQUIPE X AGENDA SOCIAL um parque ou num quintal.

O propósito da equipe é reunir pessoas e fazer coisas juntas, As lições que as pessoas aprendem nestes grupos incluem a
e o propósito da agenda social é satisfazer suas necessidades pes- superação do medo e da desconfiança, assim como a lição de que a
soais de afiliação ao estar envolvido em um grupo. Um deles diz força sinérgica do grupo trabalha para ajudar o indivíduo;
respeito a trabalho, o outro não. Se conhecermos os detalhes uns
dos outros logo no início, poderemos resolver ansiedades e expec- 2. O mito do tipo de personalidade: As categorias de perso-
tativas antes que elas arrastem a equipe para baixo. Algumas ve- nalidade também fornecem a cada membro de equipe uma nova
zes a definição de trabalho em equipe e agenda social torna-se um compreensão de si mesmo e um conjunto de iniciais para explicar
pouco indefinida. Pesquisadores afirmam que a agenda social é um que tipo de personalidade tem. Mas a classificação de personali-
componente necessário para manter a sanidade durante o trabalho, dade não mede nada que seja importante para equipes. As equipes
aliviar o estresse. não se destacam ou fracassam em função de como as pessoas são
lá no fundo, seja em sua forma real ou percebida. Elas se destacam
AS POTENCIALIDADES DO TRABALHO EM EQUIPE ou fracassam em função do que elas, de fato, realizam ou de como
elas, de fato, se comportam com relação a outros grupos que lhe
O pequeno grupo face-a-face é uma unidade tão importante são externos;
quanto o indivíduo, na organização. Os dois não se opõem. Isto só
pode ser realizado se certas exigências forem cumpridas. Teremos 3. O mito de que as pessoas gostam de trabalhar juntas: As
de aprender a distinguir entre atividades que são próprias para gru- pessoas precisam de seu espaço para se sentirem calmas e segu-
pos e as que não são. Na medida em que essas exigências forem sa- ras. Passar o dia inteiro encurralados com colegas de equipe pa-
tisfeitas, faremos algumas descobertas importantes. Por exemplo: rece menos com uma receita para desempenho do que com uma
peça teatral francesa de tédio existencial. Ao projetar um ambiente
a) O estabelecimento de metas em grupo oferece vantagens para equipes, não espere que as pessoas fiquem loucas para terem
que não podem ser obtidas pelo estabelecimento de metas por um contatos constantes entre si. Respeite sua relutância em perder sua
indivíduo; identidade individual para a equipe;
b) Um grupo gerencial eficiente proporciona o melhor am-
biente possível para o desenvolvimento individual; 4. O mito de que o trabalho em equipe é mais produtivo do
c) Muitos objetivos importantes e muitas medidas de de- que o individual: A verdade é que as equipes são inerentemente
sempenho podem ser criadas para serem aplicadas ao grupo, o que inferiores a indivíduos, em termos de eficiência. Se uma única pes-
não acontece no plano individual; soa tiver informações suficientes para completar uma tarefa, ela

Didatismo e Conhecimento 80
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
sobrepujará uma equipe incumbida da mesma tarefa. Não há in- estes quatro elementos compreende a agenda inteira da equipe. O
terfaces, repasses de serviços intermediários entre indivíduos. Não treinador está ali para ajudar, não para interferir. É tão delicado
há mal-entendidos nem culturas conflitantes. Nenhum conflito de como andar na corda bamba, porque o moral pode cair a níveis
personalidade ou algo assim. baixos e as hostilidades emergirão e exigirão alguma espécie de
reação. De qualquer modo, estas coisas acontecem na tormenta. A
5. O mito do “quanto mais, melhor” nas equipes: Há uma única reação errada em tal circunstância é a de tornar-se realmente
tendência em algumas empresas de pensar sua organização inteira defensivo. Não houve intenção de ofensa.
como uma equipe. Esta é uma expressão interessante mas sem uti-
lidade. Equipes, por sua própria natureza, não podem ser grandes. Os líderes devem compreender os sinais de tormenta. A tor-
Em algum ponto elas deixam de ser equipes e tornam-se multi- menta é a esperança misturada com uma grande dose de temor.
dões. O tamanho da equipe é importante. Pequeno é melhor que Durante a tormenta, todos os membros da equipe estão cogitando
grande. Uma equipe pode ser conduzida, dirigida por um líder, se são respeitados pelos demais. A tormenta é o estágio no qual
instituída formalmente. algumas pessoas decidirão diminuir o ritmo. Elas aparecerão para
trabalhar, e ainda se comunicarão com membros de outras equipes,
REVIRANDO AS EQUIPES mas não muito bem. Mas se olhar mais de perto para o comporta-
mento delas, ficará claro que a equipe considerada não é a equipe
1. Fazendo As Equipes Passarem Por Estágios Rumo Ao que elas queriam, e por isso elas decidirão não ser membros entu-
Sucesso siastas;
Há quatro estágios no desenvolvimento de equipes que alme- c) Aquiescência: Uma época na qual os papéis são aceitos.
jam ser bem sucedidas: Todas as equipes bem sucedidas passam Com o passar da tormenta chega-se a um novo alinhamento e acei-
por todos estes quatro estágios: tação dos papéis na equipe. O sucesso experimentado durante o
a) Formação: Quando os membros do grupo está ainda apren- estágio de aquiescência é um sucesso marcado por contradições,
dendo a lidar uns com os outros. A formação é aquele estágio do de que o grupo se torna mais forte à medida que os indivíduos
desenvolvimento de equipe em que tudo está para se iniciado, cedem em suas defesas-chave, reconhecem pontos fracos e pedem
quando a equipe é ainda somente uma equipe no sentido mais solto a ajuda das pessoas como formas de compensação. O estágio de
da palavra. Um dos sinais de uma equipe no estágio de formação aquiescência é definido pela aceitação dos mesmos papéis que a
é a extrema delicadeza, um esforço enorme para não ofender e tormenta renegou. Os relacionamentos que começaram no estágio
para não provocar animosidades. Isso é compreensível quando se da formação, tem a oportunidade de se aprofundarem durante a
considera que as boas maneiras são instituídas de uma forma glo- aquiescência. Durante a aquiescência as arestas não tratadas do
bal para evitar que as pessoas que não se conhecem não ameacem conflito começam a ceder. O que aconteceu é que as agendas ocul-
umas às outras. Essa ânsia de se apresentar como não ameaçador tas pelos membros durante a tormenta foram desmascaradas ou
é realmente a chave para quão ameaçador o estágio de formação diminuíram de importância. A necessidade das pessoas de avaliar
realmente é. As pessoas que se reúnem pela primeira vez tem con- seus domínios sobre o grupo, sejam eles ativos ou passivos, redu-
sigo todos os tipos de pergunta acerca de quais membros tem poder ziu-se na medida em que aumentou a intimidade do grupo;
e se eles compartilharão este poder e com quem, dúvidas a respeito
de suas próprias capacidades e a dos demais, e preconceitos sobre d) Realização: Quando níveis ótimos são finalmente alcança-
os tipos de pessoas com que terão que se ombrear dentro na equi- dos. Realização não é ser viciado em trabalho. De certa forma é o
pe. Em meio a tais sentimentos conflitantes, as pessoas se agarram contrário, porque é admissão por cada membro da equipe de que
ansiosamente em alguma coisa para formar alianças temporárias. ele não pode fazer o trabalho sozinho. Trata-se de um nível de
compromisso genuíno com as metas e objetivos da empresa que
Durante o estágio de formação, os potenciais colegas de equi- pode ser novidade para os membros de equipe individualmente.
pe identificam similaridades e expectativas de resultados, concor- Os realizadores sabem o valor real de todos com que trabalham.
dam com o propósito da equipe e identificam recursos possíveis Os membros de equipe realizadores não demonstram cansaço se
e conjuntos de habilidades. A formação é uma época de grande forem convocados no fim de semana para ajudarem a resolver um
perigo. As primeiras impressões são formadas e fixadas. As perso- problema aparente. A realização é um período de grande cresci-
nalidades agressivas se movimentam para estabelecer o domínio; mento pessoal entre os membros da equipe. Com o compartilha-
mento de experiências, sentimentos e idéias de outros membros da
b) Tormenta: Uma época de difícil negociação das condições equipe que advém de um novo nível de consciência.
sob as quais a equipe deverá trabalhar juntas. Estima-se que três
quintos da extensão de um projeto de equipe, do começo ao fim, 2. Equipes E Tecnologia
sejam constituídos com os dois primeiros estágios, formação e tor-
menta. Nunca houve uma equipe que não tenha sido testada na fase Naturalmente, a tecnologia é o que tornou possível esta es-
de tormenta. E a tormenta sempre vem como uma surpresa, inde- pécie global de trabalho em equipe. Com sorte, a tecnologia irá
pendentemente de como se tenha preparado para ela. Esta é a hora ajudar para que isso tudo funcione. É difícil elaborar uma frase tec-
de entrar, de explicar limites, de oferecer sugestões, de manter um nológica que signifique tanto e tenha tão pouca conotação como a
controle sobre a anarquia inevitável. A tarefa de treinar é crítica, palavra “groupware”, que é um software para uso em PC e voltado
porque a tormenta é onde mais importantes dimensões da equipe para grupos. Até agora os produtos de groupware se destinaram a
são delineadas. Juntamente com suas metas, as quais a equipe co- dois problemas principais, controlar o fluxo de trabalho e regular o
meçou a estabelecer durante a formação, esclarecer e implementar conteúdo do trabalho ou uma certa combinação destas duas coisas.

Didatismo e Conhecimento 81
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Decidir qual tecnologia é a mais indicada para tal equipe é uma - Informação: É o que se tem em abundância pelo mundo, a
pergunta de porte, envolvendo tudo o que existe no mercado hoje, informação é boa e indispensável para o término de muitas tarefas;
desde de programas de software, plataformas de hardware e mon-
tagem de fone/fax, até lápis e borracha. As tecnologias de equipe - Conhecimento: É um ponto de vista sobre a informação, uma
são raramente solicitadas pelas equipes, elas são em geral impostas teoria que lhe dá um contorno e um significado, acontece dentro de
pela organização. Impor soluções às equipes subtrai a flexibilidade nós e somente dentro de nós, é esta transformação mágica que nos
que queremos delas. faz humanos, que nos permite mudar. Ao respirarmos, inspiramos
informação e expiramos conhecimento.
Muitas equipes tem uma subequipe encarregada de monitorar
o desenvolvimento de novas tecnologias e recomendar compras. O
trabalho dessas subequipes é difícil, pois tem que andar na ponta
dos pés em um campo minado de paradoxos que podem ser fatais.
A triste verdade é que, embora as tecnologias de equipe existen- 7. REGIMENTO JURÍDICO
tes no momento sejam frequentemente fantásticas, as equipes es- ÚNICO DO SERVIDOR
tão ainda tropeçando em suas ferramentas, gastando seu precioso PÚBLICO FEDERAL.
tempo aprendendo sistemas que não fazem o que elas querem que
façam ou que são muito difíceis de serem dominados por cada um
dos membros da equipe e tentando fazer com que essas ferramen-
tas façam coisas que elas simplesmente ainda não conseguem fa-
zer. LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990
3. Saúde Da Equipe A Longo Prazo
Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis
Tendo-se conseguido uma boa trilha para a equipe, tem-se que da União, das autarquias e das fundações públicas federais.
achar formas de conservá-las e evitar que ela se desgaste, transfor-
mando-se em um beco sem saída. A equipe sobrevive ao sucesso PUBLICAÇÃO CONSOLIDADA DA LEI Nº 8.112, DE 11
lutando para manter o mesmo nível de atenção a seus próprios pro- DE DEZEMBRO DE 1990, DETERMINADA PELO ART. 13
cessos como ela mantinha quando começou a ter êxito. O ponto de DA LEI Nº 9.527, DE 10 DE DEZEMBRO DE 1997.
referência é a melhoria contínua, a idéia de que o processo pode
ser melhorado indefinidamente. A clareza contínua significa que O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
deve-se estar constantemente esclarecendo a clareza já alcançada Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
durante a formação inicial da equipe. Não basta que os membros
de equipe se reúnam e discutam com detalhes suas metas e visões Título I
em um determinado dia. Eles tem que continuar mantendo aquele Capítulo Único
entendimento novo e claro no dia seguinte, um dia após o outro. Das Disposições Preliminares

A clareza contínua significa enumerar continuamente as coi- Art. 1o Esta Lei institui o Regime Jurídico dos Servidores
sas que levam a equipe ao sucesso e perguntar se elas estão fun- Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime
cionando ou se precisam ser trabalhadas de alguma forma. Adotar especial, e das fundações públicas federais.
uma atitude de diagnóstico contínuo sobre si própria. Normalmen-
te há alguém na equipe que tem um jeito especial para o pensamen- Art. 2o Para os efeitos desta Lei, servidor é a pessoa
to circunspecto, aquele que cobre todos os aspectos das coisas, o legalmente investida em cargo público.
que é um requisito para o diagnóstico. Esta pessoa tem seus “fios”
ligados de forma diferente da maioria das outras pessoas. Algu- Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e
mas equipes não tem ninguém que atenda a esta descrição. Não responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem
podem designar ninguém para ser o controlador de clareza e tem ser cometidas a um servidor.
uma brutal dificuldade de permanecer focalizadas. Outras equipes Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos
tem o problema oposto, um ou mais membro gostam da tarefa do os brasileiros, são criados por lei, com denominação própria e
diagnóstico. Estas pessoas são extremamente apaixonadas pela vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em
clareza. Seus egos e autoestimas estão excessivamente voltados caráter efetivo ou em comissão.
para detectar variações mínimas. Elas visualizam como um bando
de maníacos que se aplicam chicotadas implacáveis com fins de Art. 4o É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os
autocorreção. casos previstos em lei.

A razão para se ter uma equipe hoje é explorar o conhecimen-


to e a inteligência das pessoas. A razão para se tê-la ao longo do
tempo é fazer com que o conhecimento e a inteligência cresçam,
se disseminem e se multipliquem. As pessoas às vezes confundem
informações com conhecimento:

Didatismo e Conhecimento 82
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Título II Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado
Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e de provimento efetivo depende de prévia habilitação em concurso
Substituição público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de
classificação e o prazo de sua validade.
Capítulo I Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o
Do Provimento desenvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção,
serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de
Seção I carreira na Administração Pública Federal e seus regulamentos.
Disposições Gerais (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo
Seção III
público:
I - a nacionalidade brasileira; Do Concurso Público
II - o gozo dos direitos políticos;
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e títulos,
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo; podendo ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei
V - a idade mínima de dezoito anos; e o regulamento do respectivo plano de carreira, condicionada a
VI - aptidão física e mental. inscrição do candidato ao pagamento do valor fixado no edital,
§ 1o As atribuições do cargo podem justificar a exigência de quando indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóteses de
outros requisitos estabelecidos em lei. isenção nele expressamente previstas.(Redação dada pela Lei nº
§ 2o Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o 9.527, de 10.12.97) (Regulamento)
direito de se inscrever em concurso público para provimento de
cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 (dois )
que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período.
(vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.
§ 3o As universidades e instituições de pesquisa científica e § 1o O prazo de validade do concurso e as condições de sua
tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores, realização serão fixados em edital, que será publicado no Diário
técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os Oficial da União e em jornal diário de grande circulação.
procedimentos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.515, de 20.11.97)

Art. 6o O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante § 2o Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato
ato da autoridade competente de cada Poder. aprovado em concurso anterior com prazo de validade não
expirado.
Art. 7o A investidura em cargo público ocorrerá com a posse.
Seção IV
Art. 8o São formas de provimento de cargo público: Da Posse e do Exercício
I - nomeação;
II - promoção; Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo
III - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) termo, no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as
IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97 responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que
V - readaptação; não poderão ser alterados unilateralmente, por qualquer das partes,
VI - reversão; ressalvados os atos de ofício previstos em lei.
VII - aproveitamento; § 1o A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da
VIII - reintegração; publicação do ato de provimento. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
IX - recondução. de 10.12.97)
§ 2o Em se tratando de servidor, que esteja na data de
Seção II
publicação do ato de provimento, em licença prevista nos incisos
Da Nomeação
I, III e V do art. 81, ou afastado nas hipóteses dos incisos I, IV, VI,
Art. 9o A nomeação far-se-á: VIII, alíneas «a», «b», «d», «e» e «f», IX e X do art. 102, o prazo
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de será contado do término do impedimento. (Redação dada pela Lei
provimento efetivo ou de carreira; nº 9.527, de 10.12.97)
II - em comissão, inclusive na condição de interino, para § 3o A posse poderá dar-se mediante procuração específica.
cargos de confiança vagos. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de § 4o Só haverá posse nos casos de provimento de cargo por
10.12.97) nomeação. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão § 5o No ato da posse, o servidor apresentará declaração de
ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício, bens e valores que constituem seu patrimônio e declaração quanto
interinamente, em outro cargo de confiança, sem prejuízo das ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função pública.
atribuições do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar § 6o Será tornado sem efeito o ato de provimento se a posse
pela remuneração de um deles durante o período da interinidade. não ocorrer no prazo previsto no § 1o deste artigo.
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 83
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia § 1o O ocupante de cargo em comissão ou função de confiança
inspeção médica oficial. submete-se a regime de integral dedicação ao serviço, observado
Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que for o disposto no art. 120, podendo ser convocado sempre que houver
julgado apto física e mentalmente para o exercício do cargo. interesse da Administração. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
10.12.97)
Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do § 2o O disposto neste artigo não se aplica a duração de
cargo público ou da função de confiança. (Redação dada pela Lei trabalho estabelecida em leis especiais. (Incluído pela Lei nº 8.270,
nº 9.527, de 10.12.97) de 17.12.91)
§ 1o É de quinze dias o prazo para o servidor empossado
Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para
em cargo público entrar em exercício, contados da data da posse. cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão e
§ 2o O servidor será exonerado do cargo ou será tornado sem capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo,
efeito o ato de sua designação para função de confiança, se não observados os seguinte fatores: (vide EMC nº 19)
entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, observado o I - assiduidade;
disposto no art. 18. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) II - disciplina;
§ 3o À autoridade competente do órgão ou entidade para onde III - capacidade de iniciativa;
for nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe exercício. IV - produtividade;
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) V- responsabilidade.
§ 4o O início do exercício de função de confiança coincidirá § 1o 4 (quatro) meses antes de findo o período do estágio
com a data de publicação do ato de designação, salvo quando probatório, será submetida à homologação da autoridade
o servidor estiver em licença ou afastado por qualquer outro competente a avaliação do desempenho do servidor, realizada por
comissão constituída para essa finalidade, de acordo com o que
motivo legal, hipótese em que recairá no primeiro dia útil após o
dispuser a lei ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo,
término do impedimento, que não poderá exceder a trinta dias da
sem prejuízo da continuidade de apuração dos fatores enumerados
publicação. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) nos incisos I a V do caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº
11.784, de 2008
Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do § 2o O servidor não aprovado no estágio probatório será
exercício serão registrados no assentamento individual do servidor. exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anteriormente
ocupado, observado o disposto no parágrafo único do art. 29.
Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor § 3o O servidor em estágio probatório poderá exercer
apresentará ao órgão competente os elementos necessários ao seu quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções de
assentamento individual. direção, chefia ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação,
e somente poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar
Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de exercício, cargos de Natureza Especial, cargos de provimento em comissão
que é contado no novo posicionamento na carreira a partir da data do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de níveis
de publicação do ato que promover o servidor. (Redação dada pela 6, 5 e 4, ou equivalentes. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 4o Ao servidor em estágio probatório somente poderão ser
Lei nº 9.527, de 10.12.97)
concedidas as licenças e os afastamentos previstos nos arts. 81,
incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem assim afastamento para participar
Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro município de curso de formação decorrente de aprovação em concurso para
em razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedido outro cargo na Administração Pública Federal. (Incluído pela Lei
ou posto em exercício provisório terá, no mínimo, dez e, no nº 9.527, de 10.12.97)
máximo, trinta dias de prazo, contados da publicação do ato, § 5o O estágio probatório ficará suspenso durante as licenças
para a retomada do efetivo desempenho das atribuições do cargo, e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem
incluído nesse prazo o tempo necessário para o deslocamento para assim na hipótese de participação em curso de formação, e será
a nova sede. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) retomado a partir do término do impedimento. (Incluído pela Lei
§ 1o Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença ou nº 9.527, de 10.12.97)
afastado legalmente, o prazo a que se refere este artigo será contado
a partir do término do impedimento. (Parágrafo renumerado e Seção V
alterado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Da Estabilidade
§ 2o É facultado ao servidor declinar dos prazos estabelecidos
Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e
no caput. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá estabilidade
no serviço público ao completar 2 (dois) anos de efetivo exercício.
Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada (prazo 3 anos - vide EMC nº 19)
em razão das atribuições pertinentes aos respectivos cargos,
respeitada a duração máxima do trabalho semanal de quarenta Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em virtude
horas e observados os limites mínimo e máximo de seis horas e de sentença judicial transitada em julgado ou de processo
oito horas diárias, respectivamente. (Redação dada pela Lei nº administrativo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla
8.270, de 17.12.91) defesa.

Didatismo e Conhecimento 84
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Seção VI § 5o O servidor de que trata o inciso II somente terá os
Da Transferência proventos calculados com base nas regras atuais se permanecer
pelo menos cinco anos no cargo. (Incluído pela Medida Provisória
Art. 23. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) nº 2.225-45, de 4.9.2001)
§ 6o O Poder Executivo regulamentará o disposto neste
Seção VII artigo. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Da Readaptação
Art. 26. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
Art. 24. Readaptação é a investidura do servidor em cargo de 4.9.2001)
atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que
tenha sofrido em sua capacidade física ou mental verificada em Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver
inspeção médica. completado 70 (setenta) anos de idade.
§ 1o Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando
será aposentado. Seção IX
§ 2o A readaptação será efetivada em cargo de atribuições Da Reintegração
afins, respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e
equivalência de vencimentos e, na hipótese de inexistência de Art. 28. A reintegração é a reinvestidura do servidor estável
cargo vago, o servidor exercerá suas atribuições como excedente, no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua
até a ocorrência de vaga.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de transformação, quando invalidada a sua demissão por decisão
10.12.97) administrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as
vantagens.
Seção VIII § 1o Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará
Da Reversão em disponibilidade, observado o disposto nos arts. 30 e 31.
(Regulamento Dec. nº 3.644, de 30.11.2000) § 2o Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante
será reconduzido ao cargo de origem, sem direito à indenização ou
Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em disponibilidade.
aposentado: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45,
de 4.9.2001) Seção X
I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar Da Recondução
insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou (Incluído pela
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) Art. 29. Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo
II - no interesse da administração, desde que: (Incluído pela anteriormente ocupado e decorrerá de:
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) I - inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo;
a) tenha solicitado a reversão; (Incluído pela Medida II - reintegração do anterior ocupante.
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo de origem,
b) a aposentadoria tenha sido voluntária; (Incluído pela o servidor será aproveitado em outro, observado o disposto no art.
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) 30.
c) estável quando na atividade; (Incluído pela Medida
Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) Seção XI
d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores Da Disponibilidade e do Aproveitamento
à solicitação; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
4.9.2001) Art. 30. O retorno à atividade de servidor em disponibilidade
e) haja cargo vago. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225- far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em cargo de
45, de 4.9.2001) atribuições e vencimentos compatíveis com o anteriormente
§ 1o A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo ocupado.
resultante de sua transformação. (Incluído pela Medida Provisória
nº 2.225-45, de 4.9.2001) Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil
§ 2o O tempo em que o servidor estiver em exercício será determinará o imediato aproveitamento de servidor em
considerado para concessão da aposentadoria. (Incluído pela disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos órgãos ou entidades
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001) da Administração Pública Federal.
§ 3o No caso do inciso I, encontrando-se provido o cargo, Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3o do art. 37,
o servidor exercerá suas atribuições como excedente, até a o servidor posto em disponibilidade poderá ser mantido sob
ocorrência de vaga. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, responsabilidade do órgão central do Sistema de Pessoal Civil da
de 4.9.2001) Administração Federal - SIPEC, até o seu adequado aproveitamento
§ 4o O servidor que retornar à atividade por interesse da em outro órgão ou entidade. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.527,
administração perceberá, em substituição aos proventos da de 10.12.97)
aposentadoria, a remuneração do cargo que voltar a exercer,
inclusive com as vantagens de natureza pessoal que percebia Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada
anteriormente à aposentadoria. (Incluído pela Medida Provisória a disponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo
nº 2.225-45, de 4.9.2001) legal, salvo doença comprovada por junta médica oficial.

Didatismo e Conhecimento 85
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Capítulo II Seção II
Da Vacância Da Redistribuição

Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de: Art. 37. Redistribuição é o deslocamento de cargo de
I - exoneração; provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral
II - demissão; de pessoal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder, com
III - promoção; prévia apreciação do órgão central do SIPEC, observados os
IV - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) seguintes preceitos: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
V - (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) I - interesse da administração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de
VI - readaptação; 10.12.97)
VII - aposentadoria;
VIII - posse em outro cargo inacumulável; II - equivalência de vencimentos; (Incluído pela Lei nº 9.527,
IX - falecimento. de 10.12.97)
Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do
III - manutenção da essência das atribuições do cargo;
servidor, ou de ofício.
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
IV - vinculação entre os graus de responsabilidade e
I - quando não satisfeitas as condições do estágio probatório;
II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em complexidade das atividades; (Incluído pela Lei nº 9.527, de
exercício no prazo estabelecido. 10.12.97)
V - mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habilitação
Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a dispensa de profissional; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
função de confiança dar-se-á: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de VI - compatibilidade entre as atribuições do cargo e as
10.12.97) finalidades institucionais do órgão ou entidade. (Incluído pela Lei
I - a juízo da autoridade competente; nº 9.527, de 10.12.97)
II - a pedido do próprio servidor. § 1o A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) de lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços,
inclusive nos casos de reorganização, extinção ou criação de órgão
Capítulo III ou entidade. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Da Remoção e da Redistribuição § 2o A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará
mediante ato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os órgãos e
Seção I entidades da Administração Pública Federal envolvidos. (Incluído
Da Remoção pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3o Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou
Art. 36. Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou entidade, extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade no
de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de órgão ou entidade, o servidor estável que não for redistribuído será
sede. colocado em disponibilidade, até seu aproveitamento na forma dos
Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, entende-se arts. 30 e 31. (Parágrafo renumerado e alterado pela Lei nº 9.527,
por modalidades de remoção: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de de 10.12.97)
10.12.97) § 4o O servidor que não for redistribuído ou colocado em
I - de ofício, no interesse da Administração; (Incluído pela Lei disponibilidade poderá ser mantido sob responsabilidade do órgão
nº 9.527, de 10.12.97) central do SIPEC, e ter exercício provisório, em outro órgão ou
II - a pedido, a critério da Administração; (Incluído pela Lei
entidade, até seu adequado aproveitamento. (Incluído pela Lei nº
nº 9.527, de 10.12.97)
9.527, de 10.12.97)
III - a pedido, para outra localidade, independentemente
do interesse da Administração: (Incluído pela Lei nº 9.527, de
10.12.97) Capítulo IV
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também Da Substituição
servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi Art. 38. Os servidores investidos em cargo ou função de
deslocado no interesse da Administração; (Incluído pela Lei nº direção ou chefia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial
9.527, de 10.12.97) terão substitutos indicados no regimento interno ou, no caso de
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou omissão, previamente designados pelo dirigente máximo do órgão
dependente que viva às suas expensas e conste do seu assentamento ou entidade. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
funcional, condicionada à comprovação por junta médica oficial; § 1o O substituto assumirá automática e cumulativamente,
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) sem prejuízo do cargo que ocupa, o exercício do cargo ou função
c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em de direção ou chefia e os de Natureza Especial, nos afastamentos,
que o número de interessados for superior ao número de vagas, impedimentos legais ou regulamentares do titular e na vacância
de acordo com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade do cargo, hipóteses em que deverá optar pela remuneração de um
em que aqueles estejam lotados.(Incluído pela Lei nº 9.527, de deles durante o respectivo período. (Redação dada pela Lei nº
10.12.97) 9.527, de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 86
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
§ 2o O substituto fará jus à retribuição pelo exercício do Parágrafo único. As faltas justificadas decorrentes de caso
cargo ou função de direção ou chefia ou de cargo de Natureza fortuito ou de força maior poderão ser compensadas a critério da
Especial, nos casos dos afastamentos ou impedimentos legais do chefia imediata, sendo assim consideradas como efetivo exercício.
titular, superiores a trinta dias consecutivos, paga na proporção (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
dos dias de efetiva substituição, que excederem o referido período.
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judicial,
nenhum desconto incidirá sobre a remuneração ou provento. (Vide
Art. 39. O disposto no artigo anterior aplica-se aos titulares Decreto nº 1.502, de 1995)(Vide Decreto nº 1.903, de 1996) (Vide
de unidades administrativas organizadas em nível de assessoria. Decreto nº 2.065, de 1996) (Regulamento)(Regulamento)
Título III § 1o Mediante autorização do servidor, poderá haver
Dos Direitos e Vantagens
consignação em folha de pagamento em favor de terceiros, a
critério da administração e com reposição de custos, na forma
Capítulo I
Do Vencimento e da Remuneração definida em regulamento. (Redação dada pela Lei nº 13.172, de
2015)
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício § 2o O total de consignações facultativas de que trata o §
de cargo público, com valor fixado em lei. 1o não excederá a 35% (trinta e cinco por cento) da remuneração
Parágrafo único. (Revogado pela Medida Provisória nº 431, mensal, sendo 5% (cinco por cento) reservados exclusivamente
de 2008). (Revogado pela Lei nº 11.784, de 2008) para: (Redação dada pela Lei nº 13.172, de 2015)
I - a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, crédito; ou (Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015)
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas II - a utilização com a finalidade de saque por meio do cartão
em lei. de crédito. (Incluído pela Lei nº 13.172, de 2015)
§ 1o A remuneração do servidor investido em função ou cargo
em comissão será paga na forma prevista no art. 62. Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atualizadas
§ 2o O servidor investido em cargo em comissão de órgão até 30 de junho de 1994, serão previamente comunicadas ao
ou entidade diversa da de sua lotação receberá a remuneração de servidor ativo, aposentado ou ao pensionista, para pagamento, no
acordo com o estabelecido no § 1o do art. 93. prazo máximo de trinta dias, podendo ser parceladas, a pedido do
§ 3o O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens interessado. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45,
de caráter permanente, é irredutível.
de 4.9.2001)
§ 4o É assegurada a isonomia de vencimentos para cargos
§ 1o O valor de cada parcela não poderá ser inferior ao
de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre
correspondente a dez por cento da remuneração, provento ou
servidores dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter
individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho. pensão. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
§ 5o Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao 4.9.2001)
salário mínimo. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008 § 2o Quando o pagamento indevido houver ocorrido no
mês anterior ao do processamento da folha, a reposição será feita
Art. 42. Nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a imediatamente, em uma única parcela. (Redação dada pela Medida
título de remuneração, importância superior à soma dos valores Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer título, no § 3o Na hipótese de valores recebidos em decorrência de
âmbito dos respectivos Poderes, pelos Ministros de Estado, por cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada ou a sentença
membros do Congresso Nacional e Ministros do Supremo Tribunal que venha a ser revogada ou rescindida, serão eles atualizados
Federal. até a data da reposição. (Redação dada pela Medida Provisória nº
Parágrafo único. Excluem-se do teto de remuneração as 2.225-45, de 4.9.2001)
vantagens previstas nos incisos II a VII do art. 61.
Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for demitido,
Art. 43. (Revogado pela Lei nº 9.624, de 2.4.98) (Vide Lei exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou disponibilidade
nº 9.624, de 2.4.98) cassada, terá o prazo de sessenta dias para quitar o débito. (Redação
dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Art. 44. O servidor perderá:
Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo previsto
implicará sua inscrição em dívida ativa. (Redação dada pela
I - a remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem motivo
justificado; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
II - a parcela de remuneração diária, proporcional aos atrasos,
ausências justificadas, ressalvadas as concessões de que trata o Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento não
art. 97, e saídas antecipadas, salvo na hipótese de compensação de serão objeto de arresto, seqüestro ou penhora, exceto nos casos de
horário, até o mês subseqüente ao da ocorrência, a ser estabelecida prestação de alimentos resultante de decisão judicial.
pela chefia imediata. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 87
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Capítulo II Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não sendo
Das Vantagens servidor da União, for nomeado para cargo em comissão, com
mudança de domicílio.
Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso I do art.
as seguintes vantagens: 93, a ajuda de custo será paga pelo órgão cessionário, quando
I - indenizações; cabível.
II - gratificações;
III - adicionais. Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo
§ 1o As indenizações não se incorporam ao vencimento ou quando, injustificadamente, não se apresentar na nova sede no
provento para qualquer efeito. prazo de 30 (trinta) dias.
§ 2o As gratificações e os adicionais incorporam-se ao
Subseção II
vencimento ou provento, nos casos e condições indicados em lei.
Das Diárias
Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão computadas, Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em caráter
nem acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer outros eventual ou transitório para outro ponto do território nacional ou
acréscimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico para o exterior, fará jus a passagens e diárias destinadas a indenizar
fundamento. as parcelas de despesas extraordinária com pousada, alimentação e
locomoção urbana, conforme dispuser em regulamento. (Redação
Seção I dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Das Indenizações § 1o A diária será concedida por dia de afastamento, sendo
devida pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite
Art. 51. Constituem indenizações ao servidor: fora da sede, ou quando a União custear, por meio diverso, as
I - ajuda de custo; despesas extraordinárias cobertas por diárias.(Redação dada pela
II - diárias; Lei nº 9.527, de 10.12.97)
III - transporte. § 2o Nos casos em que o deslocamento da sede constituir
IV - auxílio-moradia.(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) exigência permanente do cargo, o servidor não fará jus a diárias.
§ 3o Também não fará jus a diárias o servidor que se
Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos incisos deslocar dentro da mesma região metropolitana, aglomeração
urbana ou microrregião, constituídas por municípios limítrofes
I a III do art. 51, assim como as condições para a sua concessão,
e regularmente instituídas, ou em áreas de controle integrado
serão estabelecidos em regulamento. (Redação dada pela Lei nº mantidas com países limítrofes, cuja jurisdição e competência dos
11.355, de 2006) órgãos, entidades e servidores brasileiros considera-se estendida,
salvo se houver pernoite fora da sede, hipóteses em que as diárias
Subseção I pagas serão sempre as fixadas para os afastamentos dentro do
Da Ajuda de Custo território nacional. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar da sede,
de instalação do servidor que, no interesse do serviço, passar a ter por qualquer motivo, fica obrigado a restituí-las integralmente, no
exercício em nova sede, com mudança de domicílio em caráter prazo de 5 (cinco) dias.
permanente, vedado o duplo pagamento de indenização, a qualquer Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar à sede em
tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que detenha também prazo menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá as
a condição de servidor, vier a ter exercício na mesma sede. diárias recebidas em excesso, no prazo previsto no caput.
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1o Correm por conta da administração as despesas de Subseção III
transporte do servidor e de sua família, compreendendo passagem, Da Indenização de Transporte
bagagem e bens pessoais.
Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ao
§ 2o À família do servidor que falecer na nova sede são
servidor que realizar despesas com a utilização de meio próprio
assegurados ajuda de custo e transporte para a localidade de
de locomoção para a execução de serviços externos, por força
origem, dentro do prazo de 1 (um) ano, contado do óbito. das atribuições próprias do cargo, conforme se dispuser em
§ 3o Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses de regulamento.
remoção previstas nos incisos II e III do parágrafo único do art.
36. (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014) Subseção IV
Do Auxílio-Moradia
Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a remuneração (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
do servidor, conforme se dispuser em regulamento, não podendo
exceder a importância correspondente a 3 (três) meses. Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarcimento das
despesas comprovadamente realizadas pelo servidor com aluguel
Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor que se de moradia ou com meio de hospedagem administrado por empresa
afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de mandato eletivo. hoteleira, no prazo de um mês após a comprovação da despesa
pelo servidor. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)

Didatismo e Conhecimento 88
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor se Seção II
atendidos os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 11.355, de Das Gratificações e Adicionais
2006)
I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas nesta
servidor; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes retribuições,
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel gratificações e adicionais: (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
funcional; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) 10.12.97)
III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou
tenha sido proprietário, promitente comprador, cessionário ou I - retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e
promitente cessionário de imóvel no Município aonde for exercer assessoramento; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
o cargo, incluída a hipótese de lote edificado sem averbação de II - gratificação natalina;
construção, nos doze meses que antecederem a sua nomeação; III - (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de
(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006). 4.9.2001)
IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres,
IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba
perigosas ou penosas;
auxílio-moradia; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006)
V - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
V - o servidor tenha se mudado do local de residência para
VI - adicional noturno;
ocupar cargo em comissão ou função de confiança do Grupo- VII - adicional de férias;
Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do trabalho.
de Natureza Especial, de Ministro de Estado ou equivalentes; IX - gratificação por encargo de curso ou concurso. (Incluído
(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) pela Lei nº 11.314 de 2006)
VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou
função de confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, § Subseção I
3o, em relação ao local de residência ou domicílio do servidor; Da Retribuição pelo Exercício de Função de Direção, Chefia
(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006) e Assessoramento
VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
no Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo
em comissão ou função de confiança, desconsiderando-se prazo Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em
inferior a sessenta dias dentro desse período; e (Incluído pela Lei função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento
nº 11.355, de 2006) em comissão ou de Natureza Especial é devida retribuição pelo seu
VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração exercício.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de lotação ou nomeação para cargo efetivo. (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remuneração
11.355, de 2006) dos cargos em comissão de que trata o inciso II do art. 9o. (Redação
IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 2006. dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
(Incluído pela Lei nº 11.490, de 2007)
Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será considerado Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal
o prazo no qual o servidor estava ocupando outro cargo em Nominalmente Identificada - VPNI a incorporação da retribuição
comissão relacionado no inciso V. (Incluído pela Lei nº 11.355, pelo exercício de função de direção, chefia ou assessoramento,
de 2006) cargo de provimento em comissão ou de Natureza Especial a que
se referem os arts. 3o e 10 da Lei no 8.911, de 11 de julho de 1994,
Art. 60-C. (Revogado pela Lei nº 12.998, de 2014) e o art. 3o da Lei no 9.624, de 2 de abril de 1998. (Incluído pela
Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a
Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste artigo
25% (vinte e cinco por cento) do valor do cargo em comissão,
somente estará sujeita às revisões gerais de remuneração dos
função comissionada ou cargo de Ministro de Estado ocupado. servidores públicos federais. (Incluído pela Medida Provisória nº
(Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008 2.225-45, de 4.9.2001)
§ 1o O valor do auxílio-moradia não poderá superar 25%
(vinte e cinco por cento) da remuneração de Ministro de Estado. Subseção II
(Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008 Da Gratificação Natalina
§ 2o Independentemente do valor do cargo em comissão ou
função comissionada, fica garantido a todos os que preencherem Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um
os requisitos o ressarcimento até o valor de R$ 1.800,00 (mil e doze avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês de
oitocentos reais). (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008 dezembro, por mês de exercício no respectivo ano.
Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias
Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, colocação de será considerada como mês integral.
imóvel funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel,
o auxílio-moradia continuará sendo pago por um mês. (Incluído Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do mês
pela Lei nº 11.355, de 2006) de dezembro de cada ano.
Parágrafo único. (VETADO).

Didatismo e Conhecimento 89
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua gratificação Subseção VI
natalina, proporcionalmente aos meses de exercício, calculada Do Adicional Noturno
sobre a remuneração do mês da exoneração.
Art. 75. O serviço noturno, prestado em horário compreendido
Art. 66. A gratificação natalina não será considerada para entre 22 (vinte e duas) horas de um dia e 5 (cinco) horas do dia
cálculo de qualquer vantagem pecuniária. seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por
cento), computando-se cada hora como cinqüenta e dois minutos
Subseção III e trinta segundos.
Do Adicional por Tempo de Serviço Parágrafo único. Em se tratando de serviço extraordinário,
o acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a remuneração
Art. 67. (Revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45, de prevista no art. 73.
2001, respeitadas as situações constituídas até 8.3.1999)
Subseção VII
Subseção IV Do Adicional de Férias
Dos Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou
Atividades Penosas Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago ao
servidor, por ocasião das férias, um adicional correspondente a 1/3
Art. 68. Os servidores que trabalhem com habitualidade (um terço) da remuneração do período das férias.
em locais insalubres ou em contato permanente com substâncias
tóxicas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um adicional Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função de
sobre o vencimento do cargo efetivo. direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em comissão,
§ 1o O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade a respectiva vantagem será considerada no cálculo do adicional de
e de periculosidade deverá optar por um deles. que trata este artigo.
§ 2o O direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade
cessa com a eliminação das condições ou dos riscos que deram Subseção VIII
causa a sua concessão. Da Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
(Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
Art. 69. Haverá permanente controle da atividade de servidores
em operações ou locais considerados penosos, insalubres ou
Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
perigosos.
é devida ao servidor que, em caráter eventual: (Incluído pela Lei nº
Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será
11.314 de 2006) (Regulamento)
afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das operações e
locais previstos neste artigo, exercendo suas atividades em local I - atuar como instrutor em curso de formação, de
salubre e em serviço não penoso e não perigoso. desenvolvimento ou de treinamento regularmente instituído no
âmbito da administração pública federal; (Incluído pela Lei nº
Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades penosas, 11.314 de 2006)
de insalubridade e de periculosidade, serão observadas as situações II - participar de banca examinadora ou de comissão para
estabelecidas em legislação específica. exames orais, para análise curricular, para correção de provas
discursivas, para elaboração de questões de provas ou para
Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido aos julgamento de recursos intentados por candidatos; (Incluído pela
servidores em exercício em zonas de fronteira ou em localidades Lei nº 11.314 de 2006)
cujas condições de vida o justifiquem, nos termos, condições e III - participar da logística de preparação e de realização
limites fixados em regulamento. de concurso público envolvendo atividades de planejamento,
coordenação, supervisão, execução e avaliação de resultado,
Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que operam com quando tais atividades não estiverem incluídas entre as suas
Raios X ou substâncias radioativas serão mantidos sob controle atribuições permanentes; (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
permanente, de modo que as doses de radiação ionizante não IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de
ultrapassem o nível máximo previsto na legislação própria. exame vestibular ou de concurso público ou supervisionar essas
Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo atividades. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
serão submetidos a exames médicos a cada 6 (seis) meses. § 1o Os critérios de concessão e os limites da gratificação de
que trata este artigo serão fixados em regulamento, observados os
Subseção V seguintes parâmetros: (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
Do Adicional por Serviço Extraordinário I - o valor da gratificação será calculado em horas, observadas
a natureza e a complexidade da atividade exercida; (Incluído pela
Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com Lei nº 11.314 de 2006)
acréscimo de 50% (cinqüenta por cento) em relação à hora normal II - a retribuição não poderá ser superior ao equivalente a 120
de trabalho. (cento e vinte) horas de trabalho anuais, ressalvada situação de
excepcionalidade, devidamente justificada e previamente aprovada
Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário para pela autoridade máxima do órgão ou entidade, que poderá autorizar
atender a situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite o acréscimo de até 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais;
máximo de 2 (duas) horas por jornada. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)

Didatismo e Conhecimento 90
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá aos Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas por
seguintes percentuais, incidentes sobre o maior vencimento básico motivo de calamidade pública, comoção interna, convocação para
da administração pública federal: (Incluído pela Lei nº 11.314 de júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço
2006) declarada pela autoridade máxima do órgão ou entidade.(Redação
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)(Férias de Ministro - Vide)
tratando de atividades previstas nos incisos I e II do caput deste Parágrafo único. O restante do período interrompido será
artigo; (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007) gozado de uma só vez, observado o disposto no art. 77. (Incluído
b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se tratando pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de atividade prevista nos incisos III e IV do caput deste artigo.
(Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007) Capítulo IV
§ 2o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso Das Licenças
somente será paga se as atividades referidas nos incisos do caput
deste artigo forem exercidas sem prejuízo das atribuições do cargo Seção I
de que o servidor for titular, devendo ser objeto de compensação Disposições Gerais
de carga horária quando desempenhadas durante a jornada de
trabalho, na forma do § 4o do art. 98 desta Lei. (Incluído pela Lei Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença:
nº 11.314 de 2006) I - por motivo de doença em pessoa da família;
§ 3o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso não se II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro;
incorpora ao vencimento ou salário do servidor para qualquer efeito III - para o serviço militar;
e não poderá ser utilizada como base de cálculo para quaisquer IV - para atividade política;
outras vantagens, inclusive para fins de cálculo dos proventos da V - para capacitação; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
10.12.97)
aposentadoria e das pensões. (Incluído pela Lei nº 11.314 de 2006)
VI - para tratar de interesses particulares;
VII - para desempenho de mandato classista.
Capítulo III
§ 1o A licença prevista no inciso I do caput deste artigo bem
Das Férias
como cada uma de suas prorrogações serão precedidas de exame
por perícia médica oficial, observado o disposto no art. 204 desta
Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos, no caso § 2o(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em que § 3o É vedado o exercício de atividade remunerada durante o
haja legislação específica. (Redação dada pela Lei nº 9.525, de período da licença prevista no inciso I deste artigo.
10.12.97) (Férias de Ministro - Vide)
§ 1o Para o primeiro período aquisitivo de férias serão Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias
exigidos 12 (doze) meses de exercício. do término de outra da mesma espécie será considerada como
§ 2o É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço. prorrogação.
§ 3o As férias poderão ser parceladas em até três etapas, desde
que assim requeridas pelo servidor, e no interesse da administração Seção II
pública. (Incluído pela Lei nº 9.525, de 10.12.97) Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família
Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será efetuado Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo
até 2 (dois) dias antes do início do respectivo período, observando- de doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do
se o disposto no § 1o deste artigo. (Férias de Ministro - Vide) padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas
§ 1° e § 2° (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) expensas e conste do seu assentamento funcional, mediante
§ 3o O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em comissão, comprovação por perícia médica oficial. (Redação dada pela Lei
perceberá indenização relativa ao período das férias a que tiver nº 11.907, de 2009)
direito e ao incompleto, na proporção de um doze avos por mês de § 1o A licença somente será deferida se a assistência direta do
efetivo exercício, ou fração superior a quatorze dias. (Incluído pela servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamente
Lei nº 8.216, de 13.8.91) com o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, na
§ 4o A indenização será calculada com base na remuneração forma do disposto no inciso II do art. 44. (Redação dada pela Lei
do mês em que for publicado o ato exoneratório. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
nº 8.216, de 13.8.91) § 2o A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações,
§ 5o Em caso de parcelamento, o servidor receberá o valor poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes
adicional previsto no inciso XVII do art. 7o da Constituição condições: (Redação dada pela Lei nº 12.269, de 2010)
Federal quando da utilização do primeiro período. (Incluído pela
Lei nº 9.525, de 10.12.97) I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a
remuneração do servidor; e (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
Art. 79. O servidor que opera direta e permanentemente II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem
com Raios X ou substâncias radioativas gozará 20 (vinte) dias remuneração. (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
consecutivos de férias, por semestre de atividade profissional, § 3o O início do interstício de 12 (doze) meses será contado
proibida em qualquer hipótese a acumulação. a partir da data do deferimento da primeira licença concedida.
Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)

Didatismo e Conhecimento 91
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
§ 4o A soma das licenças remuneradas e das licenças não Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata o caput
remuneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas não são acumuláveis.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
em um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto
no § 3o, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos Art. 88. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
I e II do § 2o. (Incluído pela Lei nº 12.269, de 2010)
Art. 89. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Seção III
Da Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge Art. 90. (VETADO).
Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor para Seção VII
acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslocado para outro Da Licença para Tratar de Interesses Particulares
ponto do território nacional, para o exterior ou para o exercício de
mandato eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo. Art. 91. A critério da Administração, poderão ser concedidas
§ 1o A licença será por prazo indeterminado e sem ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em
remuneração. estágio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares
§ 2o No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou pelo prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração.
companheiro também seja servidor público, civil ou militar, de (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, poderá haver exercício provisório em órgão Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a qualquer
ou entidade da Administração Federal direta, autárquica ou tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço. (Redação
fundacional, desde que para o exercício de atividade compatível dada pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
com o seu cargo. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Seção VIII
Seção IV
Da Licença para o Desempenho de Mandato Classista
Da Licença para o Serviço Militar

Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar será Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem
concedida licença, na forma e condições previstas na legislação remuneração para o desempenho de mandato em confederação,
específica. federação, associação de classe de âmbito nacional, sindicato
Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá representativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão
até 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício ou, ainda, para participar de gerência ou administração em
do cargo. sociedade cooperativa constituída por servidores públicos para
prestar serviços a seus membros, observado o disposto na alínea
Seção V c do inciso VIII do art. 102 desta Lei, conforme disposto em
Da Licença para Atividade Política regulamento e observados os seguintes limites: (Redação dada
pela Lei nº 11.094, de 2005) (Regulamento)
Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração, I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, 2
durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção (dois) servidores; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 (trinta
de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral. mil) associados, 4 (quatro) servidores; (Redação dada pela Lei nº
12.998, de 2014)
§ 1o O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) associados,
desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chefia, 8 (oito) servidores. (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a § 1o Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos
partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a para cargos de direção ou de representação nas referidas entidades,
Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito. (Redação desde que cadastradas no órgão competente. (Redação dada pela
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Lei nº 12.998, de 2014)
§ 2o A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser
§ 2o A partir do registro da candidatura e até o décimo dia renovada, no caso de reeleição. (Redação dada pela Lei nº 12.998,
seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os de 2014)
vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três meses.
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Capítulo V
Dos Afastamentos
Seção VI
Da Licença para Capacitação Seção I
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Do Afastamento para Servir a Outro Órgão ou Entidade

Art. 87. Após cada qüinqüênio de efetivo exercício, o servidor Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício em
poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercício do outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, ou
cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três meses, do Distrito Federal e dos Municípios, nas seguintes hipóteses:
para participar de curso de capacitação profissional. (Redação (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) (Regulamento)
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) (Vide Decreto nº 4.493, de 3.12.2002) (Regulamento)

Didatismo e Conhecimento 92
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
I - para exercício de cargo em comissão ou função de § 2o O servidor investido em mandato eletivo ou classista
confiança; (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) não poderá ser removido ou redistribuído de ofício para localidade
II - em casos previstos em leis específicas.(Redação dada pela diversa daquela onde exerce o mandato.
Lei nº 8.270, de 17.12.91)
§ 1o Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para órgãos ou Seção III
entidades dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, Do Afastamento para Estudo ou Missão no Exterior
o ônus da remuneração será do órgão ou entidade cessionária,
mantido o ônus para o cedente nos demais casos. (Redação dada Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País para estudo
pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) ou missão oficial, sem autorização do Presidente da República,
§ 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa pública ou Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e Presidente do
sociedade de economia mista, nos termos das respectivas normas, Supremo Tribunal Federal.
optar pela remuneração do cargo efetivo ou pela remuneração § 1o A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda a
do cargo efetivo acrescida de percentual da retribuição do cargo missão ou estudo, somente decorrido igual período, será permitida
em comissão, a entidade cessionária efetuará o reembolso das nova ausência.
despesas realizadas pelo órgão ou entidade de origem. (Redação § 2o Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo não
dada pela Lei nº 11.355, de 2006) será concedida exoneração ou licença para tratar de interesse
§ 3o A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no Diário particular antes de decorrido período igual ao do afastamento,
Oficial da União. (Redação dada pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) ressalvada a hipótese de ressarcimento da despesa havida com seu
§ 4o Mediante autorização expressa do Presidente da afastamento.
República, o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício em § 3o O disposto neste artigo não se aplica aos servidores da
outro órgão da Administração Federal direta que não tenha quadro carreira diplomática.
próprio de pessoal, para fim determinado e a prazo certo. (Incluído § 4o As hipóteses, condições e formas para a autorização de
pela Lei nº 8.270, de 17.12.91) que trata este artigo, inclusive no que se refere à remuneração do
§ 5º Aplica-se à União, em se tratando de empregado ou servidor, serão disciplinadas em regulamento. (Incluído pela Lei
servidor por ela requisitado, as disposições dos §§ 1º e 2º deste nº 9.527, de 10.12.97)
artigo. (Redação dada pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002)
§ 6º As cessões de empregados de empresa pública ou de Art. 96. O afastamento de servidor para servir em organismo
sociedade de economia mista, que receba recursos de Tesouro internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere dar-
Nacional para o custeio total ou parcial da sua folha de pagamento se-á com perda total da remuneração. (Vide Decreto nº 3.456, de
de pessoal, independem das disposições contidas nos incisos I 2000)
e II e §§ 1º e 2º deste artigo, ficando o exercício do empregado
cedido condicionado a autorização específica do Ministério do Seção IV
Planejamento, Orçamento e Gestão, exceto nos casos de ocupação (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
de cargo em comissão ou função gratificada. (Incluído pela Lei nº Do Afastamento para Participação em Programa de
10.470, de 25.6.2002) Pós-Graduação Stricto Sensu no País
§ 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,
com a finalidade de promover a composição da força de trabalho Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da Administração,
dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal, poderá e desde que a participação não possa ocorrer simultaneamente com
determinar a lotação ou o exercício de empregado ou servidor, o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, afastar-
independentemente da observância do constante no inciso I e nos se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração,
§§ 1º e 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 10.470, de 25.6.2002) para participar em programa de pós-graduação stricto sensu em
(Vide Decreto nº 5.375, de 2005) instituição de ensino superior no País. (Incluído pela Lei nº 11.907,
de 2009)
Seção II § 1o Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade definirá,
Do Afastamento para Exercício de Mandato Eletivo em conformidade com a legislação vigente, os programas de
capacitação e os critérios para participação em programas de pós-
Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo aplicam- graduação no País, com ou sem afastamento do servidor, que serão
se as seguintes disposições: avaliados por um comitê constituído para este fim. (Incluído pela
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distrital, ficará Lei nº 11.907, de 2009)
afastado do cargo; § 2o Os afastamentos para realização de programas de
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, mestrado e doutorado somente serão concedidos aos servidores
sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração; titulares de cargos efetivos no respectivo órgão ou entidade há
III - investido no mandato de vereador: pelo menos 3 (três) anos para mestrado e 4 (quatro) anos para
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as vantagens doutorado, incluído o período de estágio probatório, que não
de seu cargo, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo; tenham se afastado por licença para tratar de assuntos particulares
b) não havendo compatibilidade de horário, será afastado do para gozo de licença capacitação ou com fundamento neste artigo
cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração. nos 2 (dois) anos anteriores à data da solicitação de afastamento.
§ 1o No caso de afastamento do cargo, o servidor contribuirá (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
para a seguridade social como se em exercício estivesse.

Didatismo e Conhecimento 93
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
§ 3o Os afastamentos para realização de programas de pós- § 4o Será igualmente concedido horário especial, vinculado
doutorado somente serão concedidos aos servidores titulares de à compensação de horário a ser efetivada no prazo de até 1 (um)
cargos efetivo no respectivo órgão ou entidade há pelo menos ano, ao servidor que desempenhe atividade prevista nos incisos
quatro anos, incluído o período de estágio probatório, e que não I e II do caput do art. 76-A desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
tenham se afastado por licença para tratar de assuntos particulares 11.501, de 2007)
ou com fundamento neste artigo, nos quatro anos anteriores à data
da solicitação de afastamento. (Redação dada pela Lei nº 12.269, Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no interesse
de 2010) da administração é assegurada, na localidade da nova residência
§ 4o Os servidores beneficiados pelos afastamentos previstos ou na mais próxima, matrícula em instituição de ensino congênere,
nos §§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que permanecer no exercício em qualquer época, independentemente de vaga.
de suas funções após o seu retorno por um período igual ao do Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao
afastamento concedido. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do servidor que
§ 5o Caso o servidor venha a solicitar exoneração do cargo vivam na sua companhia, bem como aos menores sob sua guarda,
ou aposentadoria, antes de cumprido o período de permanência com autorização judicial.
previsto no § 4o deste artigo, deverá ressarcir o órgão ou entidade,
na forma do art. 47 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, Capítulo VII
dos gastos com seu aperfeiçoamento. (Incluído pela Lei nº 11.907, Do Tempo de Serviço
de 2009)
§ 6o Caso o servidor não obtenha o título ou grau que justificou Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de serviço
seu afastamento no período previsto, aplica-se o disposto no § 5o público federal, inclusive o prestado às Forças Armadas.
deste artigo, salvo na hipótese comprovada de força maior ou de
caso fortuito, a critério do dirigente máximo do órgão ou entidade. Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita em
(Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) dias, que serão convertidos em anos, considerado o ano como de
§ 7o Aplica-se à participação em programa de pós-graduação trezentos e sessenta e cinco dias.
no Exterior, autorizado nos termos do art. 95 desta Lei, o disposto Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
nos §§ 1o a 6o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no art. 97,
Capítulo VI são considerados como de efetivo exercício os afastamentos em
Das Concessões virtude de:
I - férias;
Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar- II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em órgão
se do serviço: (Redação dada pela Medida provisória nº 632, de ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, Municípios e
2013) Distrito Federal;
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue; III - exercício de cargo ou função de governo ou administração,
II - pelo período comprovadamente necessário para
em qualquer parte do território nacional, por nomeação do
alistamento ou recadastramento eleitoral, limitado, em qualquer
Presidente da República;
caso, a 2 (dois) dias; (Redação dada pela Lei nº 12.998, de 2014)
IV - participação em programa de treinamento regularmente
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de :
instituído ou em programa de pós-graduação stricto sensu no País,
a) casamento;
conforme dispuser o regulamento; (Redação dada pela Lei nº
b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, madrasta ou
11.907, de 2009)
padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou tutela e irmãos.
V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual,
municipal ou do Distrito Federal, exceto para promoção por
Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor estudante,
quando comprovada a incompatibilidade entre o horário escolar e merecimento;
o da repartição, sem prejuízo do exercício do cargo. VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
§ 1o Para efeito do disposto neste artigo, será exigida a VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado o
compensação de horário no órgão ou entidade que tiver exercício, afastamento, conforme dispuser o regulamento; (Redação dada
respeitada a duração semanal do trabalho. (Parágrafo renumerado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
e alterado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) VIII - licença:
§ 2o Também será concedido horário especial ao servidor a) à gestante, à adotante e à paternidade;
portador de deficiência, quando comprovada a necessidade por b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte e
junta médica oficial, independentemente de compensação de quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de serviço público
horário. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) prestado à União, em cargo de provimento efetivo; (Redação dada
§ 3o As disposições do parágrafo anterior são extensivas pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente portador de c) para o desempenho de mandato classista ou participação de
deficiência física, exigindo-se, porém, neste caso, compensação de gerência ou administração em sociedade cooperativa constituída
horário na forma do inciso II do art. 44. (Incluído pela Lei nº 9.527, por servidores para prestar serviços a seus membros, exceto para
de 10.12.97) efeito de promoção por merecimento; (Redação dada pela Lei nº
11.094, de 2005)

Didatismo e Conhecimento 94
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
d) por motivo de acidente em serviço ou doença profissional; II - das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos.
e) para capacitação, conforme dispuser o regulamento; § 1o O recurso será dirigido à autoridade imediatamente
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) superior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão, e,
f) por convocação para o serviço militar; sucessivamente, em escala ascendente, às demais autoridades.
IX - deslocamento para a nova sede de que trata o art. 18; § 2o O recurso será encaminhado por intermédio da autoridade
X - participação em competição desportiva nacional ou a que estiver imediatamente subordinado o requerente.
convocação para integrar representação desportiva nacional, no
País ou no exterior, conforme disposto em lei específica; Art. 108. O prazo para interposição de pedido de
XI - afastamento para servir em organismo internacional de reconsideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a contar da
que o Brasil participe ou com o qual coopere. (Incluído pela Lei nº publicação ou da ciência, pelo interessado, da decisão recorrida.
9.527, de 10.12.97) (Vide Lei nº 12.300, de 2010)

Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de aposentadoria e Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo,
disponibilidade: a juízo da autoridade competente.
I - o tempo de serviço público prestado aos Estados,
Municípios e Distrito Federal; Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido de
II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da família reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à
do servidor, com remuneração, que exceder a 30 (trinta) dias em data do ato impugnado.
período de 12 (doze) meses. (Redação dada pela Lei nº 12.269, de
2010) Art. 110. O direito de requerer prescreve:
III - a licença para atividade política, no caso do art. 86, § 2o; I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão e de cassação
IV - o tempo correspondente ao desempenho de mandato de aposentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse
eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, anterior ao ingresso patrimonial e créditos resultantes das relações de trabalho;
no serviço público federal; II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo
V - o tempo de serviço em atividade privada, vinculada à quando outro prazo for fixado em lei.
Previdência Social; Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado da
VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra; data da publicação do ato impugnado ou da data da ciência pelo
VII - o tempo de licença para tratamento da própria saúde que
interessado, quando o ato não for publicado.
exceder o prazo a que se refere a alínea “b” do inciso VIII do art.
102. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso, quando
§ 1o O tempo em que o servidor esteve aposentado será
cabíveis, interrompem a prescrição.
contado apenas para nova aposentadoria.
§ 2o Será contado em dobro o tempo de serviço prestado às
Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não podendo ser
Forças Armadas em operações de guerra.
relevada pela administração.
§ 3o É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço
prestado concomitantemente em mais de um cargo ou função de
órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito Federal Art. 113. Para o exercício do direito de petição, é assegurada
e Município, autarquia, fundação pública, sociedade de economia vista do processo ou documento, na repartição, ao servidor ou a
mista e empresa pública. procurador por ele constituído.

Capítulo VIII Art. 114. A administração deverá rever seus atos, a qualquer
Do Direito de Petição tempo, quando eivados de ilegalidade.

Art. 104. É assegurado ao servidor o direito de requerer aos Art. 115. São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos
Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse legítimo. neste Capítulo, salvo motivo de força maior.

Art. 105. O requerimento será dirigido à autoridade Título IV


competente para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela Do Regime Disciplinar
a que estiver imediatamente subordinado o requerente.
Capítulo I
Art. 106. Cabe pedido de reconsideração à autoridade que Dos Deveres
houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não
podendo ser renovado. (Vide Lei nº 12.300, de 2010) Art. 116. São deveres do servidor:
Parágrafo único. O requerimento e o pedido de reconsideração I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
de que tratam os artigos anteriores deverão ser despachados no II - ser leal às instituições a que servir;
prazo de 5 (cinco) dias e decididos dentro de 30 (trinta) dias. III - observar as normas legais e regulamentares;
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando
Art. 107. Caberá recurso: (Vide Lei nº 12.300, de 2010) manifestamente ilegais;
I - do indeferimento do pedido de reconsideração; V - atender com presteza:

Didatismo e Conhecimento 95
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
ressalvadas as protegidas por sigilo; XV - proceder de forma desidiosa;
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em
ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; serviços ou atividades particulares;
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias;
do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis
houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho;
autoridade competente para apuração; (Redação dada pela Lei nº XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando
12.527, de 2011) solicitado. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
VII - zelar pela economia do material e a conservação do Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do caput
patrimônio público; deste artigo não se aplica nos seguintes casos: (Incluído pela Lei
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; nº 11.784, de 2008
IX - manter conduta compatível com a moralidade I - participação nos conselhos de administração e fiscal
administrativa; de empresas ou entidades em que a União detenha, direta ou
X - ser assíduo e pontual ao serviço; indiretamente, participação no capital social ou em sociedade
XI - tratar com urbanidade as pessoas; cooperativa constituída para prestar serviços a seus membros; e
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
poder. II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na
Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII forma do art. 91 desta Lei, observada a legislação sobre conflito de
será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade interesses. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008
superior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao
representando ampla defesa. Capítulo III
Da Acumulação
Capítulo II
Das Proibições Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é
vedada a acumulação remunerada de cargos públicos.
Art. 117. Ao servidor é proibido: (Vide Medida Provisória nº § 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos
2.225-45, de 4.9.2001)
e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas,
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia
sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos
autorização do chefe imediato;
Estados, dos Territórios e dos Municípios.
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente,
§ 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica
qualquer documento ou objeto da repartição;
condicionada à comprovação da compatibilidade de horários.
III - recusar fé a documentos públicos;
§ 3o Considera-se acumulação proibida a percepção de
IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento
e processo ou execução de serviço; vencimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas
da repartição; remunerações forem acumuláveis na atividade. (Incluído pela Lei
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos nº 9.527, de 10.12.97)
previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua
responsabilidade ou de seu subordinado; Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo em
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do art. 9o,
associação profissional ou sindical, ou a partido político; nem ser remunerado pela participação em órgão de deliberação
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de coletiva. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
civil; à remuneração devida pela participação em conselhos de
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de
outrem, em detrimento da dignidade da função pública; economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como
X - participar de gerência ou administração de sociedade quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou
privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, indiretamente, detenha participação no capital social, observado o
exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário; que, a respeito, dispuser legislação específica. (Redação dada pela
(Redação dada pela Lei nº 11.784, de 2008 Medida Provisória nº 2.225-45, de 4.9.2001)
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a
repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que
previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e acumular licitamente dois cargos efetivos, quando investido em
de cônjuge ou companheiro; cargo de provimento em comissão, ficará afastado de ambos os
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade
qualquer espécie, em razão de suas atribuições; de horário e local com o exercício de um deles, declarada pelas
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado autoridades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.
estrangeiro; (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 96
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Capítulo IV Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos
Das Responsabilidades de violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII
e XIX, e de inobservância de dever funcional previsto em lei,
Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativamente regulamentação ou norma interna, que não justifique imposição
pelo exercício irregular de suas atribuições. de penalidade mais grave. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de
10.12.97)
Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou
comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência
ou a terceiros. das faltas punidas com advertência e de violação das demais
§ 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de
somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na falta de demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias.
outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial. § 1o Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o
§ 2o Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido a
servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. inspeção médica determinada pela autoridade competente, cessando
§ 3o A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores os efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação.
e contra eles será executada, até o limite do valor da herança § 2o Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade
recebida. de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50%
(cinqüenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração,
Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço.
contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão terão
Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta de seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco)
ato omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não
função. houver, nesse período, praticado nova infração disciplinar.
Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não surtirá
Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão efeitos retroativos.
cumular-se, sendo independentes entre si.
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos:
Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será I - crime contra a administração pública;
afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do II - abandono de cargo;
fato ou sua autoria. III - inassiduidade habitual;
IV - improbidade administrativa;
Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado V - incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição;
civil, penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade VI - insubordinação grave em serviço;
superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular,
autoridade competente para apuração de informação concernente salvo em legítima defesa própria ou de outrem;
à prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
ainda que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou IX - revelação de segredo do qual se apropriou em razão do
função pública. (Incluído pela Lei nº 12.527, de 2011) cargo;
X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio
Capítulo V nacional;
Das Penalidades XI - corrupção;
XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções
Art. 127. São penalidades disciplinares: públicas;
XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
I - advertência;
II - suspensão; Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal
III - demissão; de cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade a que
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; se refere o art. 143 notificará o servidor, por intermédio de sua
V - destituição de cargo em comissão; chefia imediata, para apresentar opção no prazo improrrogável de
VI - destituição de função comissionada. dez dias, contados da data da ciência e, na hipótese de omissão,
adotará procedimento sumário para a sua apuração e regularização
Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas imediata, cujo processo administrativo disciplinar se desenvolverá
a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela nas seguintes fases:(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou I - instauração, com a publicação do ato que constituir
atenuantes e os antecedentes funcionais. a comissão, a ser composta por dois servidores estáveis, e
Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade simultaneamente indicar a autoria e a materialidade da transgressão
mencionará sempre o fundamento legal e a causa da sanção objeto da apuração; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
disciplinar. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 97
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
II - instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
relatório; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a
III - julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem
§ 1o A indicação da autoria de que trata o inciso I dar- prejuízo da ação penal cabível.
se-á pelo nome e matrícula do servidor, e a materialidade pela
descrição dos cargos, empregos ou funções públicas em situação Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão,
de acumulação ilegal, dos órgãos ou entidades de vinculação, das por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o
datas de ingresso, do horário de trabalho e do correspondente ex-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo
regime jurídico. (Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) prazo de 5 (cinco) anos.
§ 2o A comissão lavrará, até três dias após a publicação Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público
do ato que a constituiu, termo de indiciação em que serão federal o servidor que for demitido ou destituído do cargo em
transcritas as informações de que trata o parágrafo anterior, bem comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI.
como promoverá a citação pessoal do servidor indiciado, ou por
intermédio de sua chefia imediata, para, no prazo de cinco dias, Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência intencional
apresentar defesa escrita, assegurando-se-lhe vista do processo do servidor ao serviço por mais de trinta dias consecutivos.
na repartição, observado o disposto nos arts. 163 e 164. (Redação
dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao
serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente,
§ 3o Apresentada a defesa, a comissão elaborará relatório
durante o período de doze meses.
conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor,
em que resumirá as peças principais dos autos, opinará sobre
Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inassiduidade
a licitude da acumulação em exame, indicará o respectivo
habitual, também será adotado o procedimento sumário a que se
dispositivo legal e remeterá o processo à autoridade instauradora, refere o art. 133, observando-se especialmente que: (Redação dada
para julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 4o No prazo de cinco dias, contados do recebimento do I - a indicação da materialidade dar-se-á: (Incluído pela Lei nº
processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão, aplicando- 9.527, de 10.12.97)
se, quando for o caso, o disposto no § 3o do art. 167. (Incluído pela a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação precisa do
Lei nº 9.527, de 10.12.97) período de ausência intencional do servidor ao serviço superior a
§ 5o A opção pelo servidor até o último dia de prazo para trinta dias; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se converterá b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias
automaticamente em pedido de exoneração do outro cargo. de falta ao serviço sem causa justificada, por período igual ou
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) superior a sessenta dias interpoladamente, durante o período de
§ 6o Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má- doze meses; (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
fé, aplicar-se-á a pena de demissão, destituição ou cassação de II - após a apresentação da defesa a comissão elaborará
aposentadoria ou disponibilidade em relação aos cargos, empregos relatório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do
ou funções públicas em regime de acumulação ilegal, hipótese servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, indicará
em que os órgãos ou entidades de vinculação serão comunicados. o respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de abandono
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao serviço superior
§ 7o O prazo para a conclusão do processo administrativo a trinta dias e remeterá o processo à autoridade instauradora para
disciplinar submetido ao rito sumário não excederá trinta dias, julgamento. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
contados da data de publicação do ato que constituir a comissão,
admitida a sua prorrogação por até quinze dias, quando as Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas:
circunstâncias o exigirem. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das Casas
§ 8o O procedimento sumário rege-se pelas disposições deste do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-
artigo, observando-se, no que lhe for aplicável, subsidiariamente, Geral da República, quando se tratar de demissão e cassação
as disposições dos Títulos IV e V desta Lei. (Incluído pela Lei nº de aposentadoria ou disponibilidade de servidor vinculado ao
respectivo Poder, órgão, ou entidade;
9.527, de 10.12.97)
II - pelas autoridades administrativas de hierarquia
imediatamente inferior àquelas mencionadas no inciso anterior
Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade
quando se tratar de suspensão superior a 30 (trinta) dias;
do inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com a III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na forma dos
demissão. respectivos regimentos ou regulamentos, nos casos de advertência
ou de suspensão de até 30 (trinta) dias;
Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido por IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, quando se
não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de infração tratar de destituição de cargo em comissão.
sujeita às penalidades de suspensão e de demissão.
Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
artigo, a exoneração efetuada nos termos do art. 35 será convertida I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com
em destituição de cargo em comissão. demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e
destituição de cargo em comissão;

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II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; Capítulo II
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência. Do Afastamento Preventivo
§ 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o
fato se tornou conhecido. Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servidor
§ 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se não venha a influir na apuração da irregularidade, a autoridade
às infrações disciplinares capituladas também como crime. instauradora do processo disciplinar poderá determinar o seu
§ 3o A abertura de sindicância ou a instauração de processo afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta)
disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida dias, sem prejuízo da remuneração.
por autoridade competente.
§ 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorrogado por
correr a partir do dia em que cessar a interrupção. igual prazo, findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não
concluído o processo.
Título V
Do Processo Administrativo Disciplinar Capítulo III
Do Processo Disciplinar
Capítulo I
Disposições Gerais Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento destinado
a apurar responsabilidade de servidor por infração praticada
Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregularidade no no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as
serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, atribuições do cargo em que se encontre investido.
mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar,
assegurada ao acusado ampla defesa. Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por comissão
§ 1o (Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005) composta de três servidores estáveis designados pela autoridade
§ 2o(Revogado pela Lei nº 11.204, de 2005) competente, observado o disposto no § 3o do art. 143, que indicará,
§ 3o A apuração de que trata o caput, por solicitação da dentre eles, o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo
autoridade a que se refere, poderá ser promovida por autoridade efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolaridade
de órgão ou entidade diverso daquele em que tenha ocorrido igual ou superior ao do indiciado. (Redação dada pela Lei nº 9.527,
a irregularidade, mediante competência específica para tal de 10.12.97)
finalidade, delegada em caráter permanente ou temporário pelo § 1o A Comissão terá como secretário servidor designado
pelo seu presidente, podendo a indicação recair em um de seus
Presidente da República, pelos presidentes das Casas do Poder
membros.
Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da
§ 2o Não poderá participar de comissão de sindicância ou
República, no âmbito do respectivo Poder, órgão ou entidade,
de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do acusado,
preservadas as competências para o julgamento que se seguir à
consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
apuração. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
grau.
Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão objeto
Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com
de apuração, desde que contenham a identificação e o endereço
independência e imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à
do denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a elucidação do fato ou exigido pelo interesse da administração.
autenticidade. Parágrafo único. As reuniões e as audiências das comissões
Parágrafo único. Quando o fato narrado não configurar terão caráter reservado.
evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será
arquivada, por falta de objeto. Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes
fases:
Art. 145. Da sindicância poderá resultar: I - instauração, com a publicação do ato que constituir a
I - arquivamento do processo; comissão;
II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de II - inquérito administrativo, que compreende instrução,
até 30 (trinta) dias; defesa e relatório;
III - instauração de processo disciplinar. III - julgamento.
Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicância
não excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por igual Art. 152. O prazo para a conclusão do processo disciplinar
período, a critério da autoridade superior. não excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do
ato que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual
Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar prazo, quando as circunstâncias o exigirem.
a imposição de penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta) § 1o Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo
dias, de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade, integral aos seus trabalhos, ficando seus membros dispensados do
ou destituição de cargo em comissão, será obrigatória a instauração ponto, até a entrega do relatório final.
de processo disciplinar. § 2o As reuniões da comissão serão registradas em atas que
deverão detalhar as deliberações adotadas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Seção I Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do
Do Inquérito acusado, a comissão proporá à autoridade competente que ele seja
submetido a exame por junta médica oficial, da qual participe pelo
Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao princípio menos um médico psiquiatra.
do contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa, com a Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será
utilização dos meios e recursos admitidos em direito. processado em auto apartado e apenso ao processo principal, após
a expedição do laudo pericial.
Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o processo
disciplinar, como peça informativa da instrução. Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formulada
Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sindicância a indiciação do servidor, com a especificação dos fatos a ele
concluir que a infração está capitulada como ilícito penal, a imputados e das respectivas provas.
autoridade competente encaminhará cópia dos autos ao Ministério § 1o O indiciado será citado por mandado expedido pelo
Público, independentemente da imediata instauração do processo presidente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de
disciplinar. 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição.
§ 2o Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum
Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá a e de 20 (vinte) dias.
tomada de depoimentos, acareações, investigações e diligências § 3o O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro,
cabíveis, objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando para diligências reputadas indispensáveis.
necessário, a técnicos e peritos, de modo a permitir a completa § 4o No caso de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia
elucidação dos fatos. da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada, em
termo próprio, pelo membro da comissão que fez a citação, com a
Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o assinatura de (2) duas testemunhas.
processo pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar e
reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e formular Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica obrigado a
quesitos, quando se tratar de prova pericial. comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado.
§ 1o O presidente da comissão poderá denegar pedidos
considerados impertinentes, meramente protelatórios, ou de Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e não
nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos.
sabido, será citado por edital, publicado no Diário Oficial da União
§ 2o Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a
e em jornal de grande circulação na localidade do último domicílio
comprovação do fato independer de conhecimento especial de
conhecido, para apresentar defesa.
perito.
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa
Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor mediante será de 15 (quinze) dias a partir da última publicação do edital.
mandado expedido pelo presidente da comissão, devendo a
segunda via, com o ciente do interessado, ser anexado aos autos. Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente
Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público, a citado, não apresentar defesa no prazo legal.
expedição do mandado será imediatamente comunicada ao chefe § 1o A revelia será declarada, por termo, nos autos do processo
da repartição onde serve, com a indicação do dia e hora marcados e devolverá o prazo para a defesa.
para inquirição. § 2o Para defender o indiciado revel, a autoridade instauradora
do processo designará um servidor como defensor dativo, que
Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e reduzido a deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível,
termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito. ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do indiciado.
(Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 1o As testemunhas serão inquiridas separadamente.
§ 2o Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará
infirmem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes. relatório minucioso, onde resumirá as peças principais dos autos
e mencionará as provas em que se baseou para formar a sua
Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a convicção.
comissão promoverá o interrogatório do acusado, observados os § 1o O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência
procedimentos previstos nos arts. 157 e 158. ou à responsabilidade do servidor.
§ 1o No caso de mais de um acusado, cada um deles será § 2o Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão
ouvido separadamente, e sempre que divergirem em suas indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem
declarações sobre fatos ou circunstâncias, será promovida a como as circunstâncias agravantes ou atenuantes.
acareação entre eles.
§ 2o O procurador do acusado poderá assistir ao interrogatório, Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da comissão,
bem como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado será remetido à autoridade que determinou a sua instauração, para
interferir nas perguntas e respostas, facultando-se-lhe, porém,
julgamento.
reinquiri-las, por intermédio do presidente da comissão.

Didatismo e Conhecimento 100


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Seção II Seção III
Do Julgamento Da Revisão do Processo

Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimento Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer
do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão. tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou
§ 1o Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a
autoridade instauradora do processo, este será encaminhado à inadequação da penalidade aplicada.
autoridade competente, que decidirá em igual prazo. § 1o Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento
§ 2o Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções, do servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão
o julgamento caberá à autoridade competente para a imposição da do processo.
pena mais grave. § 2o No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão
§ 3o Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação será requerida pelo respectivo curador.
de aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá às
autoridades de que trata o inciso I do art. 141.
Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe ao
§ 4o Reconhecida pela comissão a inocência do servidor,
requerente.
a autoridade instauradora do processo determinará o seu
arquivamento, salvo se flagrantemente contrária à prova dos autos.
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalidade não
constitui fundamento para a revisão, que requer elementos novos,
Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo ainda não apreciados no processo originário.
quando contrário às provas dos autos.
Parágrafo único. Quando o relatório da comissão contrariar as Art. 177. O requerimento de revisão do processo será dirigido
provas dos autos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente, ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, se autorizar
agravar a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade
responsabilidade. onde se originou o processo disciplinar.
Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade competente
Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a providenciará a constituição de comissão, na forma do art. 149.
autoridade que determinou a instauração do processo ou outra
de hierarquia superior declarará a sua nulidade, total ou parcial, Art. 178. A revisão correrá em apenso ao processo originário.
e ordenará, no mesmo ato, a constituição de outra comissão para Parágrafo único. Na petição inicial, o requerente pedirá dia e
instauração de novo processo.(Redação dada pela Lei nº 9.527, de hora para a produção de provas e inquirição das testemunhas que
10.12.97) arrolar.
§ 1o O julgamento fora do prazo legal não implica nulidade
do processo. Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a
§ 2o A autoridade julgadora que der causa à prescrição de que conclusão dos trabalhos.
trata o art. 142, § 2o, será responsabilizada na forma do Capítulo
IV do Título IV. Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no
que couber, as normas e procedimentos próprios da comissão do
Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade processo disciplinar.
julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos
individuais do servidor. Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a
penalidade, nos termos do art. 141.
Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como crime,
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 (vinte)
o processo disciplinar será remetido ao Ministério Público para
instauração da ação penal, ficando trasladado na repartição. dias, contados do recebimento do processo, no curso do qual a
autoridade julgadora poderá determinar diligências.
Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar só
poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntariamente, Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada sem
após a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade, efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos
acaso aplicada. do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em comissão,
Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o que será convertida em exoneração.
parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar
demissão, se for o caso. agravamento de penalidade.

Art. 173. Serão assegurados transporte e diárias: Título VI


I - ao servidor convocado para prestar depoimento fora da Da Seguridade Social do Servidor
sede de sua repartição, na condição de testemunha, denunciado Capítulo I
ou indiciado; Disposições Gerais
II - aos membros da comissão e ao secretário, quando
obrigados a se deslocarem da sede dos trabalhos para a realização Art. 183. A União manterá Plano de Seguridade Social para o
de missão essencial ao esclarecimento dos fatos. servidor e sua família.

Didatismo e Conhecimento 101


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
§ 1o O servidor ocupante de cargo em comissão que não d) assistência à saúde.
seja, simultaneamente, ocupante de cargo ou emprego efetivo § 1o As aposentadorias e pensões serão concedidas e mantidas
na administração pública direta, autárquica e fundacional não pelos órgãos ou entidades aos quais se encontram vinculados os
terá direito aos benefícios do Plano de Seguridade Social, com servidores, observado o disposto nos arts. 189 e 224.
exceção da assistência à saúde.(Redação dada pela Lei nº 10.667, § 2o O recebimento indevido de benefícios havidos por
de 14.5.2003) fraude, dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário do total
§ 2o O servidor afastado ou licenciado do cargo efetivo, auferido, sem prejuízo da ação penal cabível.
sem direito à remuneração, inclusive para servir em organismo
oficial internacional do qual o Brasil seja membro efetivo ou com Capítulo II
o qual coopere, ainda que contribua para regime de previdência Dos Benefícios
social no exterior, terá suspenso o seu vínculo com o regime do
Plano de Seguridade Social do Servidor Público enquanto durar Seção I
o afastamento ou a licença, não lhes assistindo, neste período, os Da Aposentadoria
benefícios do mencionado regime de previdência.(Incluído pela
Lei nº 10.667, de 14.5.2003) Art. 186. O servidor será aposentado: (Vide art. 40 da
§ 3o Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem Constituição)
remuneração a manutenção da vinculação ao regime do Plano de I - por invalidez permanente, sendo os proventos integrais
Seguridade Social do Servidor Público, mediante o recolhimento quando decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional
mensal da respectiva contribuição, no mesmo percentual devido ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificada em lei, e
pelos servidores em atividade, incidente sobre a remuneração proporcionais nos demais casos;
total do cargo a que faz jus no exercício de suas atribuições, II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com
computando-se, para esse efeito, inclusive, as vantagens pessoais. proventos proporcionais ao tempo de serviço;
(Incluído pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003) III - voluntariamente:
§ 4o O recolhimento de que trata o § 3o deve ser efetuado até a) aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, e aos 30
o segundo dia útil após a data do pagamento das remunerações dos (trinta) se mulher, com proventos integrais;
servidores públicos, aplicando-se os procedimentos de cobrança e b) aos 30 (trinta) anos de efetivo exercício em funções de
execução dos tributos federais quando não recolhidas na data de magistério se professor, e 25 (vinte e cinco) se professora, com
vencimento.(Incluído pela Lei nº 10.667, de 14.5.2003) proventos integrais;
c) aos 30 (trinta) anos de serviço, se homem, e aos 25 (vinte e
Art. 184. O Plano de Seguridade Social visa a dar cobertura cinco) se mulher, com proventos proporcionais a esse tempo;
aos riscos a que estão sujeitos o servidor e sua família, e d) aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e aos
compreende um conjunto de benefícios e ações que atendam às 60 (sessenta) se mulher, com proventos proporcionais ao tempo
seguintes finalidades: de serviço.
I - garantir meios de subsistência nos eventos de doença, § 1o Consideram-se doenças graves, contagiosas ou
invalidez, velhice, acidente em serviço, inatividade, falecimento incuráveis, a que se refere o inciso I deste artigo, tuberculose
e reclusão; ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna,
II - proteção à maternidade, à adoção e à paternidade; cegueira posterior ao ingresso no serviço público, hanseníase,
III - assistência à saúde. cardiopatia grave, doença de Parkinson, paralisia irreversível e
incapacitante, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave,
Parágrafo único. Os benefícios serão concedidos nos termos estados avançados do mal de Paget (osteíte deformante), Síndrome
e condições definidos em regulamento, observadas as disposições de Imunodeficiência Adquirida - AIDS, e outras que a lei indicar,
desta Lei. com base na medicina especializada.
§ 2o Nos casos de exercício de atividades consideradas
Art. 185. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do insalubres ou perigosas, bem como nas hipóteses previstas no art.
servidor compreendem: 71, a aposentadoria de que trata o inciso III, «a» e «c», observará o
I - quanto ao servidor: disposto em lei específica.
a) aposentadoria; § 3o Na hipótese do inciso I o servidor será submetido à
b) auxílio-natalidade; junta médica oficial, que atestará a invalidez quando caracterizada
c) salário-família; a incapacidade para o desempenho das atribuições do cargo ou a
d) licença para tratamento de saúde; impossibilidade de se aplicar o disposto no art. 24. (Incluído pela
e) licença à gestante, à adotante e licença-paternidade; Lei nº 9.527, de 10.12.97)
f) licença por acidente em serviço;
g) assistência à saúde; Art. 187. A aposentadoria compulsória será automática, e
h) garantia de condições individuais e ambientais de trabalho declarada por ato, com vigência a partir do dia imediato àquele
satisfatórias; em que o servidor atingir a idade-limite de permanência no serviço
II - quanto ao dependente: ativo.
a) pensão vitalícia e temporária;
b) auxílio-funeral; Art. 188. A aposentadoria voluntária ou por invalidez vigorará
c) auxílio-reclusão; a partir da data da publicação do respectivo ato.

Didatismo e Conhecimento 102


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
§ 1o A aposentadoria por invalidez será precedida de licença § 1o Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido de
para tratamento de saúde, por período não excedente a 24 (vinte e 50% (cinqüenta por cento), por nascituro.
quatro) meses. § 2o O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro servidor
§ 2o Expirado o período de licença e não estando em público, quando a parturiente não for servidora.
condições de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o servidor
será aposentado. Seção III
§ 3o O lapso de tempo compreendido entre o término da Do Salário-Família
licença e a publicação do ato da aposentadoria será considerado
como de prorrogação da licença. Art. 197. O salário-família é devido ao servidor ativo ou ao
§ 4o Para os fins do disposto no § 1o deste artigo, serão inativo, por dependente econômico.
consideradas apenas as licenças motivadas pela enfermidade Parágrafo único. Consideram-se dependentes econômicos
ensejadora da invalidez ou doenças correlacionadas. (Incluído pela para efeito de percepção do salário-família:
Lei nº 11.907, de 2009) I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os enteados
§ 5o A critério da Administração, o servidor em licença até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se estudante, até 24 (vinte e
para tratamento de saúde ou aposentado por invalidez poderá ser quatro) anos ou, se inválido, de qualquer idade;
convocado a qualquer momento, para avaliação das condições que II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, mediante autorização
ensejaram o afastamento ou a aposentadoria. (Incluído pela Lei nº judicial, viver na companhia e às expensas do servidor, ou do
11.907, de 2009) inativo;
III - a mãe e o pai sem economia própria.
Art. 189. O provento da aposentadoria será calculado com
Art. 198. Não se configura a dependência econômica quando
observância do disposto no § 3o do art. 41, e revisto na mesma
o beneficiário do salário-família perceber rendimento do trabalho
data e proporção, sempre que se modificar a remuneração dos
ou de qualquer outra fonte, inclusive pensão ou provento da
servidores em atividade.
aposentadoria, em valor igual ou superior ao salário-mínimo.
Parágrafo único. São estendidos aos inativos quaisquer
benefícios ou vantagens posteriormente concedidas aos servidores Art. 199. Quando o pai e mãe forem servidores públicos e
em atividade, inclusive quando decorrentes de transformação ou viverem em comum, o salário-família será pago a um deles; quando
reclassificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria. separados, será pago a um e outro, de acordo com a distribuição
dos dependentes.
Art. 190. O servidor aposentado com provento proporcional Parágrafo único. Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a
ao tempo de serviço se acometido de qualquer das moléstias madrasta e, na falta destes, os representantes legais dos incapazes.
especificadas no § 1o do art. 186 desta Lei e, por esse motivo, for
considerado inválido por junta médica oficial passará a perceber Art. 200. O salário-família não está sujeito a qualquer tributo,
provento integral, calculado com base no fundamento legal de nem servirá de base para qualquer contribuição, inclusive para a
concessão da aposentadoria. (Redação dada pela Lei nº 11.907, Previdência Social.
de 2009)
Art. 201. O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração,
Art. 191. Quando proporcional ao tempo de serviço, o não acarreta a suspensão do pagamento do salário-família.
provento não será inferior a 1/3 (um terço) da remuneração da
atividade. Seção IV
Da Licença para Tratamento de Saúde
Art. 192. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
Art. 202. Será concedida ao servidor licença para tratamento
Art. 193. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem
prejuízo da remuneração a que fizer jus.
Art. 194. Ao servidor aposentado será paga a gratificação
natalina, até o dia vinte do mês de dezembro, em valor equivalente Art. 203. A licença de que trata o art. 202 desta Lei será
ao respectivo provento, deduzido o adiantamento recebido. concedida com base em perícia oficial. (Redação dada pela Lei nº
11.907, de 2009)
Art. 195. Ao ex-combatente que tenha efetivamente § 1o Sempre que necessário, a inspeção médica será realizada
participado de operações bélicas, durante a Segunda Guerra na residência do servidor ou no estabelecimento hospitalar onde se
Mundial, nos termos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, encontrar internado
será concedida aposentadoria com provento integral, aos 25 (vinte § 2o Inexistindo médico no órgão ou entidade no local onde
e cinco) anos de serviço efetivo. se encontra ou tenha exercício em caráter permanente o servidor,
e não se configurando as hipóteses previstas nos parágrafos do art.
Seção II 230, será aceito atestado passado por médico particular. (Redação
Do Auxílio-Natalidade dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 3o No caso do § 2o deste artigo, o atestado somente
Art. 196. O auxílio-natalidade é devido à servidora por produzirá efeitos depois de recepcionado pela unidade de recursos
motivo de nascimento de filho, em quantia equivalente ao menor humanos do órgão ou entidade. (Redação dada pela Lei nº 11.907,
vencimento do serviço público, inclusive no caso de natimorto. de 2009)

Didatismo e Conhecimento 103


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
§ 4o A licença que exceder o prazo de 120 (cento e vinte) Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá
dias no período de 12 (doze) meses a contar do primeiro dia de direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos.
afastamento será concedida mediante avaliação por junta médica
oficial. (Redação dada pela Lei nº 11.907, de 2009) Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade de
§ 5o A perícia oficial para concessão da licença de que trata seis meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de
o caput deste artigo, bem como nos demais casos de perícia oficial trabalho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em
previstos nesta Lei, será efetuada por cirurgiões-dentistas, nas dois períodos de meia hora.
hipóteses em que abranger o campo de atuação da odontologia.
(Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial
de criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noventa)
Art. 204. A licença para tratamento de saúde inferior a 15 dias de licença remunerada. (Vide Decreto nº 6.691, de 2008)
(quinze) dias, dentro de 1 (um) ano, poderá ser dispensada de Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de
perícia oficial, na forma definida em regulamento. (Redação dada criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este
pela Lei nº 11.907, de 2009) artigo será de 30 (trinta) dias.

Art. 205. O atestado e o laudo da junta médica não se Seção VI


referirão ao nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de Da Licença por Acidente em Serviço
lesões produzidas por acidente em serviço, doença profissional ou
qualquer das doenças especificadas no art. 186, § 1o. Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o
servidor acidentado em serviço.
Art. 206. O servidor que apresentar indícios de lesões
orgânicas ou funcionais será submetido a inspeção médica. Art. 212. Configura acidente em serviço o dano físico
ou mental sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou
Art. 206-A. O servidor será submetido a exames médicos imediatamente, com as atribuições do cargo exercido.
periódicos, nos termos e condições definidos em regulamento. Parágrafo único. Equipara-se ao acidente em serviço o dano:
(Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009) (Regulamento). I - decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo
Parágrafo único. Para os fins do disposto no caput, a União e servidor no exercício do cargo;
suas entidades autárquicas e fundacionais poderão: (Incluído pela II - sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-
Lei nº 12.998, de 2014) versa.
I - prestar os exames médicos periódicos diretamente pelo
órgão ou entidade à qual se encontra vinculado o servidor; Art. 213. O servidor acidentado em serviço que necessite de
(Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014) tratamento especializado poderá ser tratado em instituição privada,
II - celebrar convênio ou instrumento de cooperação ou à conta de recursos públicos.
parceria com os órgãos e entidades da administração direta, suas Parágrafo único. O tratamento recomendado por junta médica
autarquias e fundações; (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014) oficial constitui medida de exceção e somente será admissível
III - celebrar convênios com operadoras de plano de assistência quando inexistirem meios e recursos adequados em instituição
à saúde, organizadas na modalidade de autogestão, que possuam pública.
autorização de funcionamento do órgão regulador, na forma do art.
230; ou (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014) Art. 214. A prova do acidente será feita no prazo de 10 (dez)
IV - prestar os exames médicos periódicos mediante contrato dias, prorrogável quando as circunstâncias o exigirem.
administrativo, observado o disposto na Lei no 8.666, de 21 de
junho de 1993, e demais normas pertinentes. (Incluído pela Lei nº Seção VII
12.998, de 2014) Da Pensão

Seção V Art. 215. Por morte do servidor, os dependentes, nas hipóteses


Da Licença à Gestante, à Adotante e da Licença-Paternidade legais, fazem jus à pensão a partir da data de óbito, observado o
limite estabelecido no inciso XI do caput do art. 37 da Constituição
Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante por 120 Federal e no art. 2o da Lei no 10.887, de 18 de junho de 2004.
(cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
(Vide Decreto nº 6.690, de 2008)
§ 1o A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês Art. 216. (Revogado pela Medida Provisória nº 664, de 2014)
de gestação, salvo antecipação por prescrição médica. (Vigência) (Revogado pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 2o No caso de nascimento prematuro, a licença terá início
a partir do parto. Art. 217. São beneficiários das pensões:
§ 3o No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do I - o cônjuge;(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
evento, a servidora será submetida a exame médico, e se julgada a) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
apta, reassumirá o exercício. b) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 4o No caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora c) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado. d) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)

Didatismo e Conhecimento 104


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
e) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira se comprovada,
II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato, a qualquer tempo, simulação ou fraude no casamento ou na união
com percepção de pensão alimentícia estabelecida judicialmente; estável, ou a formalização desses com o fim exclusivo de constituir
(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) benefício previdenciário, apuradas em processo judicial no qual
a) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) será assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa.
b) (Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
c) Revogada);(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
d) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) Art. 221. Será concedida pensão provisória por morte
III - o companheiro ou companheira que comprove união presumida do servidor, nos seguintes casos:
estável como entidade familiar;(Incluído pela Lei nº 13.135, de I - declaração de ausência, pela autoridade judiciária
2015) competente;
IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos II - desaparecimento em desabamento, inundação, incêndio ou
seguintes requisitos:(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) acidente não caracterizado como em serviço;
a) seja menor de 21 (vinte e um) anos; (Incluído pela Lei nº III - desaparecimento no desempenho das atribuições do cargo
ou em missão de segurança.
13.135, de 2015)
Parágrafo único. A pensão provisória será transformada em
b) seja inválido;(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
vitalícia ou temporária, conforme o caso, decorridos 5 (cinco) anos
c)(Vide Lei nº 13.135, de 2015) (Vigência)
de sua vigência, ressalvado o eventual reaparecimento do servidor,
d) tenha deficiência intelectual ou mental, nos termos do
hipótese em que o benefício será automaticamente cancelado.
regulamento;(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
V - a mãe e o pai que comprovem dependência econômica do
Art. 222. Acarreta perda da qualidade de beneficiário:
servidor; e (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
I - o seu falecimento;
VI - o irmão de qualquer condição que comprove dependência
II - a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer após a
econômica do servidor e atenda a um dos requisitos previstos no
concessão da pensão ao cônjuge;
inciso IV.(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) III - a cessação da invalidez, em se tratando de beneficiário
§ 1o A concessão de pensão aos beneficiários de que tratam inválido, o afastamento da deficiência, em se tratando de
os incisos I a IV do caput exclui os beneficiários referidos nos beneficiário com deficiência, ou o levantamento da interdição, em
incisos V e VI. (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) se tratando de beneficiário com deficiência intelectual ou mental
§ 2o A concessão de pensão aos beneficiários de que trata que o torne absoluta ou relativamente incapaz, respeitados os
o inciso V do caput exclui o beneficiário referido no inciso períodos mínimos decorrentes da aplicação das alíneas “a” e “b”
VI.(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) do inciso VII; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
§ 3o O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho IV - o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, pelo filho
mediante declaração do servidor e desde que comprovada ou irmão; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
dependência econômica, na forma estabelecida em regulamento. V - a acumulação de pensão na forma do art. 225;
(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) VI - a renúncia expressa; e (Redação dada pela Lei nº 13.135,
de 2015)
Art. 218. Ocorrendo habilitação de vários titulares à pensão, VII - em relação aos beneficiários de que tratam os incisos I
o seu valor será distribuído em partes iguais entre os beneficiários a III do caput do art. 217: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
habilitados.(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) a) o decurso de 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que
§ 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de o servidor tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se
2015) o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos
§ 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de de 2 (dois) anos antes do óbito do servidor; (Incluído pela Lei nº
2015) 13.135, de 2015)
§ 3o (Revogado).(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) b) o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de acordo
com a idade do pensionista na data de óbito do servidor, depois de
Art. 219. A pensão poderá ser requerida a qualquer tempo, vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois)
prescrevendo tão-somente as prestações exigíveis há mais de 5 anos após o início do casamento ou da união estável: (Incluído
(cinco) anos. pela Lei nº 13.135, de 2015)
Parágrafo único. Concedida a pensão, qualquer prova posterior 1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade;
ou habilitação tardia que implique exclusão de beneficiário ou (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
redução de pensão só produzirá efeitos a partir da data em que for 2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos
oferecida. de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove)
Art. 220. Perde o direito à pensão por morte: (Redação dada anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
pela Lei nº 13.135, de 2015) 4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de
I - após o trânsito em julgado, o beneficiário condenado pela idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
prática de crime de que tenha dolosamente resultado a morte do 5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e
servidor; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) três) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)

Didatismo e Conhecimento 105


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade. Art. 227. Se o funeral for custeado por terceiro, este será
(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) indenizado, observado o disposto no artigo anterior.
§ 1o A critério da administração, o beneficiário de pensão
cuja preservação seja motivada por invalidez, por incapacidade ou Art. 228. Em caso de falecimento de servidor em serviço fora
por deficiência poderá ser convocado a qualquer momento para do local de trabalho, inclusive no exterior, as despesas de transporte
avaliação das referidas condições. (Incluído pela Lei nº 13.135, do corpo correrão à conta de recursos da União, autarquia ou
de 2015) fundação pública.
§ 2o Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida no
inciso III ou os prazos previstos na alínea “b” do inciso VII, Seção IX
ambos do caput, se o óbito do servidor decorrer de acidente de Do Auxílio-Reclusão
qualquer natureza ou de doença profissional ou do trabalho,
independentemente do recolhimento de 18 (dezoito) contribuições Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio-
mensais ou da comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou de reclusão, nos seguintes valores:
união estável. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) I - dois terços da remuneração, quando afastado por motivo
de prisão, em flagrante ou preventiva, determinada pela autoridade
§ 3o Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e
competente, enquanto perdurar a prisão;
desde que nesse período se verifique o incremento mínimo de
II - metade da remuneração, durante o afastamento, em virtude
um ano inteiro na média nacional única, para ambos os sexos,
de condenação, por sentença definitiva, a pena que não determine
correspondente à expectativa de sobrevida da população brasileira a perda de cargo.
ao nascer, poderão ser fixadas, em números inteiros, novas idades § 1o Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o servidor
para os fins previstos na alínea “b” do inciso VII do caput, em terá direito à integralização da remuneração, desde que absolvido.
ato do Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão, § 2o O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir do dia
limitado o acréscimo na comparação com as idades anteriores ao imediato àquele em que o servidor for posto em liberdade, ainda
referido incremento. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015) que condicional.
§ 4o O tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdência § 3o Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-reclusão
Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS) será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos
será considerado na contagem das 18 (dezoito) contribuições dependentes do segurado recolhido à prisão. (Incluído pela Lei nº
mensais referidas nas alíneas “a” e “b” do inciso VII do caput. 13.135, de 2015)
(Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)
Capítulo III
Art. 223. Por morte ou perda da qualidade de beneficiário, a Da Assistência à Saúde
respectiva cota reverterá para os cobeneficiários. (Redação dada
pela Lei nº 13.135, de 2015) Art. 230. A assistência à saúde do servidor, ativo ou inativo,
I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) e de sua família compreende assistência médica, hospitalar,
II - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) odontológica, psicológica e farmacêutica, terá como diretriz básica
o implemento de ações preventivas voltadas para a promoção
Art. 224. As pensões serão automaticamente atualizadas na da saúde e será prestada pelo Sistema Único de Saúde – SUS,
mesma data e na mesma proporção dos reajustes dos vencimentos diretamente pelo órgão ou entidade ao qual estiver vinculado o
dos servidores, aplicando-se o disposto no parágrafo único do art. servidor, ou mediante convênio ou contrato, ou ainda na forma
189. de auxílio, mediante ressarcimento parcial do valor despendido
pelo servidor, ativo ou inativo, e seus dependentes ou pensionistas
Art. 225. Ressalvado o direito de opção, é vedada a com planos ou seguros privados de assistência à saúde, na forma
estabelecida em regulamento. (Redação dada pela Lei nº 11.302
percepção cumulativa de pensão deixada por mais de um cônjuge
de 2006)
ou companheiro ou companheira e de mais de 2 (duas) pensões.
§ 1o Nas hipóteses previstas nesta Lei em que seja exigida
(Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)
perícia, avaliação ou inspeção médica, na ausência de médico
ou junta médica oficial, para a sua realização o órgão ou
Seção VIII entidade celebrará, preferencialmente, convênio com unidades
Do Auxílio-Funeral de atendimento do sistema público de saúde, entidades sem fins
lucrativos declaradas de utilidade pública, ou com o Instituto
Art. 226. O auxílio-funeral é devido à família do servidor Nacional do Seguro Social - INSS. (Incluído pela Lei nº 9.527,
falecido na atividade ou aposentado, em valor equivalente a um de 10.12.97)
mês da remuneração ou provento. § 2o Na impossibilidade, devidamente justificada, da
§ 1o No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio será aplicação do disposto no parágrafo anterior, o órgão ou entidade
pago somente em razão do cargo de maior remuneração. promoverá a contratação da prestação de serviços por pessoa
§ 2o (VETADO). jurídica, que constituirá junta médica especificamente para esses
§ 3o O auxílio será pago no prazo de 48 (quarenta e oito) fins, indicando os nomes e especialidades dos seus integrantes,
horas, por meio de procedimento sumaríssimo, à pessoa da família com a comprovação de suas habilitações e de que não estejam
que houver custeado o funeral. respondendo a processo disciplinar junto à entidade fiscalizadora
da profissão. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

Didatismo e Conhecimento 106


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
§ 3o Para os fins do disposto no caput deste artigo, ficam a Art. 239. Por motivo de crença religiosa ou de convicção
União e suas entidades autárquicas e fundacionais autorizadas a: filosófica ou política, o servidor não poderá ser privado de
(Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) quaisquer dos seus direitos, sofrer discriminação em sua vida
I - celebrar convênios exclusivamente para a prestação funcional, nem eximir-se do cumprimento de seus deveres.
de serviços de assistência à saúde para os seus servidores ou
empregados ativos, aposentados, pensionistas, bem como para Art. 240. Ao servidor público civil é assegurado, nos termos
seus respectivos grupos familiares definidos, com entidades da Constituição Federal, o direito à livre associação sindical e os
de autogestão por elas patrocinadas por meio de instrumentos seguintes direitos, entre outros, dela decorrentes:
jurídicos efetivamente celebrados e publicados até 12 de fevereiro a) de ser representado pelo sindicato, inclusive como substituto
de 2006 e que possuam autorização de funcionamento do órgão processual;
regulador, sendo certo que os convênios celebrados depois dessa b) de inamovibilidade do dirigente sindical, até um ano após o
data somente poderão sê-lo na forma da regulamentação específica final do mandato, exceto se a pedido;
sobre patrocínio de autogestões, a ser publicada pelo mesmo órgão c) de descontar em folha, sem ônus para a entidade sindical a
regulador, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias da vigência desta que for filiado, o valor das mensalidades e contribuições definidas
Lei, normas essas também aplicáveis aos convênios existentes até em assembléia geral da categoria.
12 de fevereiro de 2006; (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) d) (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
II - contratar, mediante licitação, na forma da Lei no 8.666, de e)(Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
21 de junho de 1993, operadoras de planos e seguros privados de
assistência à saúde que possuam autorização de funcionamento do Art. 241. Consideram-se da família do servidor, além do
órgão regulador; (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que vivam às suas expensas e
III - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) constem do seu assentamento individual.
§ 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) Parágrafo único. Equipara-se ao cônjuge a companheira ou
§ 5o O valor do ressarcimento fica limitado ao total despendido companheiro, que comprove união estável como entidade familiar.
pelo servidor ou pensionista civil com plano ou seguro privado de
assistência à saúde. (Incluído pela Lei nº 11.302 de 2006) Art. 242. Para os fins desta Lei, considera-se sede o município
onde a repartição estiver instalada e onde o servidor tiver exercício,
Capítulo IV em caráter permanente.
Do Custeio
Título IX
Art. 231. (Revogado pela Lei nº 9.783, de 28.01.99) Capítulo Único
Das Disposições Transitórias e Finais
Título VII
Capítulo Único Art. 243. Ficam submetidos ao regime jurídico instituído por
Da Contratação Temporária de Excepcional Interesse Público esta Lei, na qualidade de servidores públicos, os servidores dos
Poderes da União, dos ex-Territórios, das autarquias, inclusive as
Art. 232. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) em regime especial, e das fundações públicas, regidos pela Lei
Art. 233. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) nº 1.711, de 28 de outubro de 1952 - Estatuto dos Funcionários
Art. 234. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) Públicos Civis da União, ou pela Consolidação das Leis do
Art. 235. (Revogado pela Lei nº 8.745, de 9.12.93) Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio
de 1943, exceto os contratados por prazo determinado, cujos
Título VIII contratos não poderão ser prorrogados após o vencimento do prazo
Capítulo Único de prorrogação.
Das Disposições Gerais § 1o Os empregos ocupados pelos servidores incluídos no
regime instituído por esta Lei ficam transformados em cargos, na
data de sua publicação.
Art. 236. O Dia do Servidor Público será comemorado a vinte
§ 2o As funções de confiança exercidas por pessoas não
e oito de outubro.
integrantes de tabela permanente do órgão ou entidade onde têm
exercício ficam transformadas em cargos em comissão, e mantidas
Art. 237. Poderão ser instituídos, no âmbito dos Poderes enquanto não for implantado o plano de cargos dos órgãos ou
Executivo, Legislativo e Judiciário, os seguintes incentivos entidades na forma da lei.
funcionais, além daqueles já previstos nos respectivos planos de § 3o As Funções de Assessoramento Superior - FAS,
carreira: exercidas por servidor integrante de quadro ou tabela de pessoal,
I - prêmios pela apresentação de idéias, inventos ou trabalhos ficam extintas na data da vigência desta Lei.
que favoreçam o aumento de produtividade e a redução dos custos § 4o (VETADO).
operacionais; § 5o O regime jurídico desta Lei é extensivo aos serventuários
II - concessão de medalhas, diplomas de honra ao mérito, da Justiça, remunerados com recursos da União, no que couber.
condecoração e elogio. § 6o Os empregos dos servidores estrangeiros com estabilidade
no serviço público, enquanto não adquirirem a nacionalidade
Art. 238. Os prazos previstos nesta Lei serão contados em brasileira, passarão a integrar tabela em extinção, do respectivo
dias corridos, excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do órgão ou entidade, sem prejuízo dos direitos inerentes aos planos
vencimento, ficando prorrogado, para o primeiro dia útil seguinte, de carreira aos quais se encontrem vinculados os empregos.
o prazo vencido em dia em que não haja expediente.

Didatismo e Conhecimento 107


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
§ 7o Os servidores públicos de que trata o caput deste artigo, Brasília, 11 de dezembro de 1990; 169o da Independência e
não amparados pelo art. 19 do Ato das Disposições Constitucionais 102o da República.
Transitórias, poderão, no interesse da Administração e conforme
critérios estabelecidos em regulamento, ser exonerados mediante FERNANDO COLLOR
indenização de um mês de remuneração por ano de efetivo Jarbas Passarinho
exercício no serviço público federal. (Incluído pela Lei nº 9.527,
de 10.12.97) Este texto não substitui o publicado no DOU de 12.12.1990 e
§ 8o Para fins de incidência do imposto de renda na fonte e na republicado em 18.3.1998
declaração de rendimentos, serão considerados como indenizações
isentas os pagamentos efetuados a título de indenização prevista Brastra.gif (4376 bytes)
no parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
§ 9o Os cargos vagos em decorrência da aplicação do Presidência da República
disposto no § 7o poderão ser extintos pelo Poder Executivo Casa Civil
quando considerados desnecessários. (Incluído pela Lei nº 9.527, Subchefia para Assuntos Jurídicos
de 10.12.97)
LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990
Art. 244. Os adicionais por tempo de serviço, já concedidos
aos servidores abrangidos por esta Lei, ficam transformados em Partes vetadas pelo Presidente da República e mantidas pelo
anuênio. Congresso Nacional, do Projeto que se transformou na Lei n.°
8.112, de 11 de dezembro de 1990, que “dispõe sobre o Regime
Art. 245. A licença especial disciplinada pelo art. 116 da Lei Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das autarquias e
nº 1.711, de 1952, ou por outro diploma legal, fica transformada das fundações públicas federais”.
em licença-prêmio por assiduidade, na forma prevista nos arts. 87
a 90. O PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL:

Art. 246. (VETADO). Faço saber que o CONGRESSO NACIONAL manteve, e eu,
MAURO BENEVIDES, Presidente do Senado Federal, nos termos
Art. 247. Para efeito do disposto no Título VI desta Lei, do § 7° do art. 66 da Constituição, promulgo as seguintes partes da
haverá ajuste de contas com a Previdência Social, correspondente Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990:
ao período de contribuição por parte dos servidores celetistas
abrangidos pelo art. 243. (Redação dada pela Lei nº 8.162, de “Art. 87 ....................................................................................
8.1.91) .........................................
§ 1° ...........................................................................................
.......................................
Art. 248. As pensões estatutárias, concedidas até a vigência
§ 2° Os períodos de licença-prêmio já adquiridos e não
desta Lei, passam a ser mantidas pelo órgão ou entidade de origem
gozados pelo servidor que vier a falecer serão convertidos em
do servidor.
pecúnia, em favor de seus beneficiários da pensão.
Art. 249. Até a edição da lei prevista no § 1o do art. 231,
Art. 192. O servidor que contar tempo de serviço para
os servidores abrangidos por esta Lei contribuirão na forma e
aposentadoria com provento integral será aposentado:
nos percentuais atualmente estabelecidos para o servidor civil da
I - com a remuneração do padrão de classe imediatamente
União conforme regulamento próprio.
superior àquela em que se encontra posicionado;
II - quando ocupante da última classe da carreira, com a
Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a remuneração do padrão correspondente, acrescida da diferença
satisfazer, dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias para a entre esse e o padrão da classe imediatamente anterior.
aposentadoria nos termos do inciso II do art. 184 do antigo Estatuto
dos Funcionários Públicos Civis da União, Lei n° 1.711, de 28 de Art. 193. O servidor que tiver exercido função de direção,
outubro de 1952, aposentar-se-á com a vantagem prevista naquele chefia, assessoramento, assistência ou cargo em comissão,
dispositivo. (Mantido pelo Congresso Nacional) por período de 5 (cinco) anos consecutivos, ou 10 (dez) anos
interpolados, poderá aposentar-se com a gratificação da função ou
Art. 251. (Revogado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97) remuneração do cargo em comissão, de maior valor, desde que
exercido por um período mínimo de 2 (dois) anos.
Art. 252. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, § 1° Quando o exercício da função ou cargo em comissão de
com efeitos financeiros a partir do primeiro dia do mês subseqüente. maior valor não corresponder ao período de 2 (dois) anos, será
incorporada a gratificação ou remuneração da função ou cargo em
Art. 253. Ficam revogadas a Lei nº 1.711, de 28 de outubro de comissão imediatamente inferior dentre os exercidos.
1952, e respectiva legislação complementar, bem como as demais § 2° A aplicação do disposto neste artigo exclui as vantagens
disposições em contrário. previstas no art. 192, bem como a incorporação de que trata o art.
62, ressalvado o direito de opção.

Didatismo e Conhecimento 108


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Art. 231. ................................................................................... II - entidade - a unidade de atuação dotada de personalidade
........................................ jurídica;
III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de poder
§ 1° ........................................................................................... de decisão.
.......................................
§ 2º O custeio da aposentadoria é de responsabilidade integral Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros,
do Tesouro Nacional. aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade,
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
Art. 240. ................................................................................... segurança jurídica, interesse público e eficiência.
........................................ Parágrafo único. Nos processos administrativos serão
a) .............................................................................................. observados, entre outros, os critérios de:
....................................... I - atuação conforme a lei e o Direito;
b) .............................................................................................. II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia
....................................... total ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em
c) .............................................................................................. lei;
....................................... III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada
d) de negociação coletiva; a promoção pessoal de agentes ou autoridades;
e) de ajuizamento, individual e coletivamente, frente à Justiça IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e
do Trabalho, nos termos da Constituição Federal. boa-fé;
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as
Art. 250. O servidor que já tiver satisfeito ou vier a hipóteses de sigilo previstas na Constituição;
satisfazer, dentro de 1 (um) ano, as condições necessárias para a VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de
aposentadoria nos termos do inciso II do art. 184 do antigo Estatuto obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas
dos Funcionários Públicos Civis da União, Lei n° 1.711, de 28 de estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que
outubro de 1952, aposentar-se-á com a vantagem prevista naquele
determinarem a decisão;
dispositivo.”
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos
direitos dos administrados;
Senado Federal, 18 de abril de 1991. 170° da Independência
IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar
e 103° da República.
adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos
administrados;
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de
alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos,
8. NOÇÕES DE GESTÃO DE PROCESSOS:
nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de
FERRAMENTAS E CONCEITOS. litígio;
XI - proibição de cobrança de despesas processuais,
ressalvadas as previstas em lei;
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem
prejuízo da atuação dos interessados;
LEI Nº 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE 1999. XIII - interpretação da norma administrativa da forma que
melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige,
Regula o processo administrativo no âmbito da Administração vedada aplicação retroativa de nova interpretação.
Pública Federal.
CAPÍTULO II
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante a
CAPÍTULO I Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados:
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que
deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de
Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo suas obrigações;
administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos
visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e em que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter
ao melhor cumprimento dos fins da Administração. cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões
§ 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos proferidas;
Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho III - formular alegações e apresentar documentos antes
de função administrativa. da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão
§ 2o Para os fins desta Lei, consideram-se: competente;
I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo
Administração direta e da estrutura da Administração indireta; quando obrigatória a representação, por força de lei.

Didatismo e Conhecimento 109


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
CAPÍTULO III CAPÍTULO VI
DOS DEVERES DO ADMINISTRADO DA COMPETÊNCIA

Art. 4o São deveres do administrado perante a Administração, Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos
sem prejuízo de outros previstos em ato normativo: órgãos administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os
I - expor os fatos conforme a verdade; casos de delegação e avocação legalmente admitidos.
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
III - não agir de modo temerário; Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência
colaborar para o esclarecimento dos fatos. a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam
hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão
CAPÍTULO IV de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou
DO INÍCIO DO PROCESSO territorial.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à
Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos
a pedido de interessado. presidentes.

Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo casos em Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por escrito e I - a edição de atos de caráter normativo;
conter os seguintes dados: II - a decisão de recursos administrativos;
I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige; III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou
II - identificação do interessado ou de quem o represente; autoridade.
III - domicílio do requerente ou local para recebimento de
comunicações; Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser
publicados no meio oficial.
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus
§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes
fundamentos;
transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e
V - data e assinatura do requerente ou de seu representante.
os objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada
ressalva de exercício da atribuição delegada.
de recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o
§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela
interessado quanto ao suprimento de eventuais falhas.
autoridade delegante.
§ 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar
Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão elaborar
explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo
modelos ou formulários padronizados para assuntos que importem delegado.
pretensões equivalentes.
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos
Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de
tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, poderão ser formulados competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.
em um único requerimento, salvo preceito legal em contrário.
Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão
CAPÍTULO V publicamente os locais das respectivas sedes e, quando
DOS INTERESSADOS conveniente, a unidade fundacional competente em matéria de
interesse especial.
Art. 9o São legitimados como interessados no processo
administrativo: Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o processo
I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares administrativo deverá ser iniciado perante a autoridade de menor
de direitos ou interesses individuais ou no exercício do direito de grau hierárquico para decidir.
representação;
II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos CAPÍTULO VII
ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada; DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO
III - as organizações e associações representativas, no tocante
a direitos e interesses coletivos; Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o
IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas servidor ou autoridade que:
quanto a direitos ou interesses difusos. I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;
II - tenha participado ou venha a participar como perito,
Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo, testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto
os maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial em ato ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau;
normativo próprio. III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o
interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro.

Didatismo e Conhecimento 110


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se
deve comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se de representar;
atuar. V - informação da continuidade do processo independentemente
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o do seu comparecimento;
impedimento constitui falta grave, para efeitos disciplinares. VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.
§ 2o A intimação observará a antecedência mínima de três dias
Art. 20. Pode ser argüida a suspeição de autoridade ou servidor úteis quanto à data de comparecimento.
que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos § 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no processo,
interessados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, por via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro
parentes e afins até o terceiro grau. meio que assegure a certeza da ciência do interessado.
§ 4o No caso de interessados indeterminados, desconhecidos
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por
objeto de recurso, sem efeito suspensivo. meio de publicação oficial.
§ 5o As intimações serão nulas quando feitas sem observância
CAPÍTULO VIII das prescrições legais, mas o comparecimento do administrado
DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO supre sua falta ou irregularidade.
PROCESSO
Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o
Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito
forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir. pelo administrado.
§ 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será
em vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura garantido direito de ampla defesa ao interessado.
da autoridade responsável.
§ 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo
somente será exigido quando houver dúvida de autenticidade. que resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus,
§ 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá
sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos
ser feita pelo órgão administrativo.
de outra natureza, de seu interesse.
§ 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas
seqüencialmente e rubricadas.
CAPÍTULO X
DA INSTRUÇÃO
Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis,
no horário normal de funcionamento da repartição na qual tramitar
Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e
o processo.
comprovar os dados necessários à tomada de decisão realizam-
Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário normal
os atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o curso regular do se de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo
procedimento ou cause dano ao interessado ou à Administração. processo, sem prejuízo do direito dos interessados de propor
atuações probatórias.
Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão § 1o O órgão competente para a instrução fará constar dos
ou autoridade responsável pelo processo e dos administrados que autos os dados necessários à decisão do processo.
dele participem devem ser praticados no prazo de cinco dias, salvo § 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos interessados
motivo de força maior. devem realizar-se do modo menos oneroso para estes.
Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser
dilatado até o dobro, mediante comprovada justificação. Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as
provas obtidas por meios ilícitos.
Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se
preferencialmente na sede do órgão, cientificando-se o interessado Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de
se outro for o local de realização. interesse geral, o órgão competente poderá, mediante despacho
motivado, abrir período de consulta pública para manifestação de
CAPÍTULO IX terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver prejuízo para
DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS a parte interessada.
§ 1o A abertura da consulta pública será objeto de divulgação
Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou jurídicas
administrativo determinará a intimação do interessado para ciência possam examinar os autos, fixando-se prazo para oferecimento de
de decisão ou a efetivação de diligências. alegações escritas.
§ 1o A intimação deverá conter: § 2o O comparecimento à consulta pública não confere, por
I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade si, a condição de interessado do processo, mas confere o direito
administrativa; de obter da Administração resposta fundamentada, que poderá ser
II - finalidade da intimação comum a todas as alegações substancialmente iguais.
III - data, hora e local em que deve comparecer;

Didatismo e Conhecimento 111


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade, § 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser
diante da relevância da questão, poderá ser realizada audiência emitido no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a
pública para debates sobre a matéria do processo. respectiva apresentação, responsabilizando-se quem der causa ao
atraso.
Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria § 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser
relevante, poderão estabelecer outros meios de participação emitido no prazo fixado, o processo poderá ter prosseguimento e
de administrados, diretamente ou por meio de organizações e ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade
associações legalmente reconhecidas. de quem se omitiu no atendimento.

Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam ser
de outros meios de participação de administrados deverão ser previamente obtidos laudos técnicos de órgãos administrativos
apresentados com a indicação do procedimento adotado. e estes não cumprirem o encargo no prazo assinalado, o órgão
responsável pela instrução deverá solicitar laudo técnico de outro
Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a órgão dotado de qualificação e capacidade técnica equivalentes.
audiência de outros órgãos ou entidades administrativas poderá ser
realizada em reunião conjunta, com a participação de titulares ou Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de
representantes dos órgãos competentes, lavrando-se a respectiva manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo
ata, a ser juntada aos autos. for legalmente fixado.
Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pública
alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente poderá motivadamente adotar providências acauteladoras sem a
para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. prévia manifestação do interessado.
Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo e a
registrados em documentos existentes na própria Administração obter certidões ou cópias reprográficas dos dados e documentos
responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o que o integram, ressalvados os dados e documentos de terceiros
órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção
protegidos por sigilo ou pelo direito à privacidade, à honra e à
dos documentos ou das respectivas cópias.
imagem.
Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes
Art. 47. O órgão de instrução que não for competente para
da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer
emitir a decisão final elaborará relatório indicando o pedido
diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à
inicial, o conteúdo das fases do procedimento e formulará proposta
matéria objeto do processo.
§ 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na de decisão, objetivamente justificada, encaminhando o processo à
motivação do relatório e da decisão. autoridade competente.
§ 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão
fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando CAPÍTULO XI
sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. DO DEVER DE DECIDIR

Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir
ou a apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou
expedidas intimações para esse fim, mencionando-se data, prazo, reclamações, em matéria de sua competência.
forma e condições de atendimento.
Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a
órgão competente, se entender relevante a matéria, suprir de ofício Administração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo
a omissão, não se eximindo de proferir a decisão. prorrogação por igual período expressamente motivada.

Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao CAPÍTULO XII


interessado forem necessários à apreciação de pedido formulado, DA MOTIVAÇÃO
o não atendimento no prazo fixado pela Administração para a
respectiva apresentação implicará arquivamento do processo. Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
diligência ordenada, com antecedência mínima de três dias úteis, II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
mencionando-se data, hora e local de realização. III - decidam processos administrativos de concurso ou
seleção pública;
Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo
consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de licitatório;
quinze dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de V - decidam recursos administrativos;
maior prazo. VI - decorram de reexame de ofício;

Didatismo e Conhecimento 112


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão CAPÍTULO XV
ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou
convalidação de ato administrativo. Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, razões de legalidade e de mérito.
podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos § 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a
de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o
neste caso, serão parte integrante do ato. encaminhará à autoridade superior.
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, § 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso
pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos administrativo independe de caução.
das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos § 3o Se o recorrente alegar que a decisão administrativa
contraria enunciado da súmula vinculante, caberá à autoridade
interessados.
prolatora da decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar,
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e
antes de encaminhar o recurso à autoridade superior, as razões da
comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de
aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso.
termo escrito. (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006). Vigência
CAPÍTULO XIII Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por
DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO três instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa.
DO PROCESSO
Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrativo:
Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação escrita, I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no
desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, processo;
renunciar a direitos disponíveis. II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente
§ 1o Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia afetados pela decisão recorrida;
atinge somente quem a tenha formulado. III - as organizações e associações representativas, no tocante
§ 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso, a direitos e interesses coletivos;
não prejudica o prosseguimento do processo, se a Administração IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses
considerar que o interesse público assim o exige. difusos.

Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o
prazo para interposição de recurso administrativo, contado a partir
processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão
da ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida.
se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente.
§ 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso
administrativo deverá ser decidido no prazo máximo de trinta dias,
CAPÍTULO XIV a partir do recebimento dos autos pelo órgão competente.
DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO § 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser
prorrogado por igual período, ante justificativa explícita.
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos,
quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos no qual o recorrente deverá expor os fundamentos do pedido de
adquiridos. reexame, podendo juntar os documentos que julgar convenientes.

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os tem efeito suspensivo.
destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou
praticados, salvo comprovada má-fé. incerta reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar
decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. efeito suspensivo ao recurso.
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer
Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele
medida de autoridade administrativa que importe impugnação à
conhecer deverá intimar os demais interessados para que, no prazo
validade do ato.
de cinco dias úteis, apresentem alegações.
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:
lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que I - fora do prazo;
apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela II - perante órgão incompetente;
própria Administração. III - por quem não seja legitimado;
IV - após exaurida a esfera administrativa.

Didatismo e Conhecimento 113


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
§ 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a CAPÍTULO XVIII
autoridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso. DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
§ 2o O não conhecimento do recurso não impede a
Administração de rever de ofício o ato ilegal, desde que não Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a
ocorrida preclusão administrativa. reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente
os preceitos desta Lei.
Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá Art. 69-A. Terão prioridade na tramitação, em qualquer órgão
confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a ou instância, os procedimentos administrativos em que figure
decisão recorrida, se a matéria for de sua competência. como parte ou interessado: (Incluído pela Lei nº 12.008, de
Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo 2009).
puder decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos;
cientificado para que formule suas alegações antes da decisão. (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental;
Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de enunciado da (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
súmula vinculante, o órgão competente para decidir o recurso III – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
explicitará as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose
súmula, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 11.417, de múltipla, neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversível
2006). Vigência e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson,
espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia
Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante),
reclamação fundada em violação de enunciado da súmula contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência
vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao órgão adquirida, ou outra doença grave, com base em conclusão da
competente para o julgamento do recurso, que deverão adequar as medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída
futuras decisões administrativas em casos semelhantes, sob pena após o início do processo. (Incluído pela Lei nº 12.008, de
de responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e 2009).
penal. (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006). Vigência § 1o A pessoa interessada na obtenção do benefício,
juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade
Art. 65. Os processos administrativos de que resultem administrativa competente, que determinará as providências a
sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de serem cumpridas. (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes § 2o Deferida a prioridade, os autos receberão identificação
suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada. própria que evidencie o regime de tramitação prioritária.
(Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar § 3o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).
agravamento da sanção. § 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009).

CAPÍTULO XVI Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
DOS PRAZOS
Brasília 29 de janeiro de 1999; 178o da Independência e 111o
Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da da República.
cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e
incluindo-se o do vencimento. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
§ 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil
seguinte se o vencimento cair em dia em que não houver expediente
ou este for encerrado antes da hora normal.
§ 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo 9. COMPRAS PÚBLICAS.
contínuo.
§ 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data
a data. Se no mês do vencimento não houver o dia equivalente
àquele do início do prazo, tem-se como termo o último dia do mês. A corrente que defende a Lei afirma que é impossível
controlar as aquisições públicas sem os processos licitatórios e
Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente argumentam ainda que este instrumento é o meio capaz de gerar
comprovado, os prazos processuais não se suspendem. economicidade, igualdade e moralidade nas contratações públicas
(PIMENTA, 1998).
CAPÍTULO XVII
DAS SANÇÕES No seu Artigo 1º a Lei 8.666/93 estabelece:
Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos
Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade administrativos pertinentes a obras, serviços, inclusive de
competente, terão natureza pecuniária ou consistirão em obrigação publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes
de fazer ou de não fazer, assegurado sempre o direito de defesa. da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Didatismo e Conhecimento 114


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Segundo Justen Filho (2000), a licitação consiste em um O Pregão tem uma peculiaridade em relação ao seu objeto,
procedimento administrativo, composto de atos sequenciais, pois estes só podem ser bens e serviços de uso comum, cujos
ordenados e independentes, mediantes os quais a Administração padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente
Pública seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu definidos em edital, sendo vedada a utilização para bens e serviços
interesse, devendo ser conduzida em estrita conformidade com os de engenharia, locações imobiliárias e alienações.
princípios constitucionais e aqueles que lhes são correlatos. Além de prevê as modalidades de licitação, a Lei 8.666/93
A Lei 8.666/93 em seu Art. 3º prevê: estabelece em ser art. 45, os tipos de julgamento das propostas,
A licitação destina-se a garantir a observância do princípio que devem ser previamente estabelecidos no ato convocatório e de
constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a
vantajosa para a Administração e será processada e julgada em possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.
estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, Os critérios podem ser por menor preço; melhor técnica; técnica e
da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, preço ou maior lance ou oferta.
da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento No Menor Preço, será vencedor o licitante que apresentar a
convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhe são correlatos. proposta de acordo com as especificações constantes no edital e
A Lei 8.666/93 estabeleceu cinco modalidades de licitação: ofertar o menor preço.
Concorrência; Tomada de Preços; Convite; Concurso; Leilão. Na Melhor Técnica, selecionará o proponente melhor
Entretanto, a Lei 10.520, de 17 de julho de 2002, instituiu a sexta qualificado para execução de uma técnica para atingir um
modalidade de licitação denominada Pregão, para aquisição de determinado fim.
bens e serviços comuns. Na Técnica e Preço será selecionada a proposta que alcance a
Para cada modalidade de licitação há exigências específicas maior média ponderada das valorizações das propostas técnicas e
de procedimentos, formalização do processo e prazos. Respeitadas de preço, de acordo com os pesos pré-estabelecidos.
as exceções estabelecidas na Lei, o que determina a modalidade da No Maior Lance ou oferta vence o licitante que fizer a melhor
proposta quando da alienação de bens ou concessão de direito real
contratação é o valor do objeto a ser contratado.
de uso.
É importante salientar que a obrigatoriedade em utilizar as
modalidades Concorrência; Tomada de Preços e Convite, é dada
2.2 - Inexibilidade e Dispensa de Licitação
para valores superiores a um limite estabelecido nas legislações
Apesar do ordenamento jurídico brasileiro ter referendado a
de cada Ente Federativo; porém, valores abaixo do limite também
licitação como regra para a contratação, por parte da Administração
podem ser licitados através das modalidades mais complexas, caso
Pública, este prevê exceções nas quais a contratação pode ser
seja necessário, ou seja, pequenas compras podem ser realizadas
realizada de forma direta. As previsões transcritas tanto no art. 17
através de Concorrência.
quanto no art. 24 da Lei 8.666/93, só devem ocorrer por razões de
As modalidades Concurso, Leilão e Pregão têm procedimentos
interesse público e nos casos expressamente previstos.
diversos e não estão vinculadas a tabelas de valores. Justen Filho (2000) assim descreve sobre a questão:
O Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer a supremacia do interesse público fundamenta a exigência,
interessados, para escolha de trabalho técnico, científico ou como regra geral, de licitação para contratações da Administração
artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos Pública. No entanto, existem hipóteses em que a licitação formal
vencedores. seria impossível ou frustraria a própria consecução dos interesse
O Leilão é a modalidade de licitação para a venda de bens públicos.(...). Por isso, autoriza-se a Administração a adotar um
móveis inservíveis para a Administração e mercadorias legalmente outro procedimento, em que formalidades são suprimidas ou
apreendidas ou penhoradas. substituídas por outras.
O Pregão é a modalidade de licitação para aquisição de bens Uma das formas de contratação direta é a inexibilidade de
e serviços comuns, qualquer que seja o valor estimado, onde a licitação, que tem como característica o fato de que a licitação não
disputa pelo fornecimento é feita por meio de propostas e lances é possível, haja vista que um dos possíveis competidores possui
em sessão pública ou por meio eletrônico. qualidades que atendem de forma exclusiva às necessidades da
Justen Filho (2000) descreve o Pregão nos seguintes termos: administração pública, inviabilizando os demais participantes.
O pregão é absolutamente peculiar, com duas características A utilização deste dispositivo deverá obedecer a comprovação
fundamentais. Uma consiste na inversão das fases de habilitação de exclusividade em relação a especificação do item a ser
e julgamento. Outra é a possibilidade de renovação de lances contratado, sendo vedada a indicação de uma marca específica
por todos ou alguns dos licitantes, até chegar-se à proposta mais quando houver mais de uma que atenda as exigências descritas
vantajosa. Em segundo lugar, o pregão comporta propostas por no item.
escrito, mas o desenvolvimento do certame envolve a formação Outra forma de contratação direta é através da dispensa
de novas proposições (“lances”), sobre forma verbal (ou, mesmo, de licitação, que tem como característica o fato de que a
por via eletrônica). Em terceiro lugar, podem participar quaisquer licitação é possível, entretanto não se realiza por conveniência
pessoas, inclusive aqueles não inscritos em cadastro. Sob um certo administrativa. Para caracterizar a dispensa, a Lei 8.666/93, no seu
ângulo, o pregão é uma modalidade muito similar ao leilão, apenas art. 24, enumerou 24 situações que tornam facultativo o processo
que não se destina a alienação de bens públicos e à obtenção licitatório. Fatores como emergência e a relação custo-benefício,
da maior oferta possível. O pregão visa à aquisição de bens ou são exemplos do que deve ser levado em consideração na opção
contratações de serviços comuns, pelo menor preço. deste tipo de contratação.

Didatismo e Conhecimento 115


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
3 - Procedimentos de Contratação É esperado que a tendência atual seja que, nos processos de
Em relação aos procedimentos para contratação, a Lei contratação não analise apenas se a norma foi cumprida, mas se o
8.666/93, nos seus artigos 14 e 15, traz de forma bastante objetiva valor contratado foi o mais vantajoso e se os objetivos propostos
as regras que deverão ser obedecidas nos procedimentos de foram alcançados. A burocracia deixará de exercer o papel
contratação com a administração pública. principal, se tornando acessória.
Outro ponto importante é a diminuição da utilização das
A Lei 8.666/93 prevê: compras públicas como instrumento de política industrial e
de reservas de mercado para setores específicos, o que tende a
Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a adequada
aumentar a competitividade com a busca do menor preço com a
caracterização de seu objeto e indicação dos recursos orçamentários
para seu pagamento sob pena de nulidade do ato e responsabilidade maior qualidade.
de quem lhe tiver dado causa. A flexibilização dos processos ainda se faz bastante necessária
e urgente, devido ao fato de que os organismos internacionais
Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão: exigem a aplicação de suas regras na utilização de seus empréstimos
I. Atender ao princípio da padronização, que imponha e estas são bastante ágeis e devem estar compatíveis com as normas
compatibilidade de especificações técnicas e de desempenho, internas. È importante salientar que a cada ano vem crescendo a
observadas, quando for o caso, as condições de manutenção, participação dos empréstimos de organismos internacionais para
assistência técnica e garantias oferecidas; financiar as compras públicas brasileiras.
II. Ser processadas através de sistema de registro de preços;
III. Submeter-se às condições de aquisição e pagamento Fonte: http://licitacao.uol.com.br/apoio-juridico/
semelhantes às do setor privado; artigos/63-politica-de-compras-na-administracao-publica-
IV. Ser subdivididas em tantas parcelas quantas necessárias brasileira.html?showall=&start=1
para aproveitar as peculiaridades do mercado, visando
economicidade;
V. Balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos órgãos e
entidades da Administração Pública.
10. CONTRATOS PÚBLICOS.
3.1 - Registro de Preços
De acordo com o art. 15 da Lei 8.666/93, as compras, sempre
que possível, deverão ser processadas através de sistema de
registro de preços. Este consiste em uma forma de contratação, Preza a Lei Federal nº 8.666/93, em seu artigo 67, que os con-
onde a administração pública promove uma concorrência para tratos firmados pela Administração Pública serão acompanhados
estabelecer preços para itens que virá a necessitar, gerando para e fiscalizados por representantes da mesma. Este fiscal terá como
o fornecedor vencedor uma expectativa de venda de acordo com principal obrigação verificar o atendimento a todas as cláusulas
a necessidade futura da administração, até o limite do quantitativo do contrato, seções do edital e do projeto básico. Cumpre obser-
previsto no processo licitatório. var que para todos estes instrumentos há um rol exemplificativo
Este modelo traz características bastante positivas para a e mínimo de itens obrigatórios tanto na Lei 8.666/93 quanto nas
administração pública, tais como, a redução significativa de
demais legislações que regulamentam procedimentos de licitação.
gastos com gestão de grandes estoques e a não necessidade de
disponibilizar um grande volume de capital em uma única compra, Nesse sentido, pode o Administrador Público incluir nos con-
haja vista que estas serão realizadas de forma paulatina, atendendo tratos, editais e termos de referência cláusulas ou itens que propi-
a cada necessidade que venha a surgir. ciem o atendimento ao nível de qualidade necessário desde que
este não restrinja a competição e estejam devidamente fundamen-
4 - Considerações Finais tados. Um exemplo destas cláusulas que não são contempladas nas
A política de compras governamentais no Brasil, apesar de leis, mas que são incluídas em alguns contratos é a “Da Fraude e
estar alicerçada em uma legislação pouco flexível, está seguindo da Corrupção”, a inclusão desta cláusula em contratos cujo objeto
a tendência para a flexibilização dos processos, com controle seja custeado por recursos do Banco Mundial é obrigatória confor-
nos resultados e não apenas nos meios. Já está comprovado que me disposto na publicação: “Diretrizes: Seleção e Contratação de
o excesso de formalismos não garante a utilização eficiente dos Consultores pelos Mutuários do Banco Mundial”.
recursos públicos. Além da citada lei, o Ministério do Planejamento, Orçamento
Atualmente percebe-se a implantação de uma série de e Gestão por meio da Secretaria de Logística e Tecnologia da In-
iniciativas, no sentido de aprimorar os processos relacionados
formação (SLTI) editou em 2008 a Instrução Normativa nº 02 de
a gestão de compras, incorporando modernas ferramentas já
utilizadas com eficiência na iniciativa privada. A utilização do 30/04/2008, que “dispõe sobre regras e diretrizes para a contrata-
comércio eletrônico, a contratação através do registro de preços ção de serviços, continuados ou não.”
e a incorporação do pregão como modalidade de licitação são Nesta Instrução Normativa, nos itens abaixo transcritos, são
exemplos da preocupação com a otimização dos processos. previstas as regras principais para a inclusão de Acordos de Nível
Faz necessário, com a maior brevidade possível, a revisão de Serviço em editais e sua aplicação.
da legislação vigente, visando simplificar os procedimentos;
padronizar e racionalizar as rotinas e introduzindo controles de Art. 15. O Projeto Básico ou Termo de Referência deverá conter:
custo gerenciais. [...]

Didatismo e Conhecimento 116


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
X - a unidade de medida utilizada para o tipo de serviço a ser § 2º O órgão contratante deverá monitorar constantemente o
contratado, incluindo as métricas, metas e formas de mensuração nível de qualidade dos serviços para evitar a sua degeneração, de-
adotadas, dispostas, sempre que possível, na forma de Acordo de vendo intervir para corrigir ou aplicar sanções quando verificar
Níveis de Serviços, conforme estabelece o inciso XVII deste ar- um viés contínuo de desconformidade da prestação do serviço à
tigo; qualidade exigida.
[...]
XVII - o Acordo de Níveis de Serviços, sempre que possível, Anexo I:
conforme modelo previsto no anexo II, deverá conter: [...]
a) os procedimentos de fiscalização e de gestão da qualidade XXII - ACORDO DE NÍVEL DE SERVIÇO - ANS, para os
do serviço, especificando-se os indicadores e instrumentos de me- fins desta Instrução Normativa, é um ajuste escrito, anexo ao con-
dição que serão adotados pelo órgão ou entidade contratante; trato, entre o provedor de serviços e o órgão contratante, que defi-
b) os registros, controles e informações que deverão ser pres- ne, em bases compreensíveis, tangíveis objetivamente observáveis
tados pela contratada; e e comprováveis, os níveis esperados de qualidade da prestação do
c) as respectivas adequações de pagamento pelo não atendi- serviço e respectivas adequações de pagamento;
mento das metas estabelecidas.
[...]
HIPÓTESES DE EXPLICAÇÃO DA LÓGICA DE IN-
CLUSÃO DE ACORDO DE NÍVEIS DE SERVIÇO EM
Art. 17. Quando for adotado o Acordo de Níveis de Serviços,
este deverá ser elaborado com base nas seguintes diretrizes: CONTRATOS PÚBLICOS
I - antes da construção dos indicadores, os serviços e resul-
tados esperados já deverão estar claramente definidos e identifi- Partindo do conceito apresentado pela Instrução Normativa do
cados, diferenciando-se as atividades consideradas críticas das Governo Federal, cumpre observar que pressuposto essencial do
secundárias; Acordo de Nível de Serviço (ANS) é a quantificação da qualidade
II - os indicadores e metas devem ser construídos de forma do serviço prestado em bases compreensíveis, tangíveis objetiva-
sistemática, de modo que possam contribuir cumulativamente para mente observáveis e comprováveis.
o resultado global do serviço e não interfiram negativamente uns Quanto ao termo bases compreensíveis, entende-se que o tex-
nos outros; to do edital não pode incluir frases com possibilidade de dupla
III - os indicadores devem refletir fatores que estão sob con- interpretação, termos desconhecidos da pessoa média e deve optar
trole do prestador do serviço; pela simplicidade das orações. Neste caso, deve-se privilegiar a
IV - previsão de fatores, fora do controle do prestador, que interpretação gramatical da norma, não indo nem além nem aquém
possam interferir no atendimento das metas; do texto escrito no edital e seus anexos.
V - os indicadores deverão ser objetivamente mensuráveis, de Devem ser compreensíveis também os fatos que gerem a in-
preferência facilmente coletáveis, relevantes e adequados à natu- cidência da ANS, logo a descrição detalhada do objeto no Termo
reza e características do serviço e compreensíveis. de Referência também deve ser de fácil entendimento tanto com a
VI - evitar indicadores complexos ou sobrepostos; finalidade da correta caracterização e precificação do objeto, con-
VII - as metas devem ser realistas e definidas com base em forme se verifica na Lei Federal 8.666/93, quanto para servir de
uma comparação apropriada; base para mensuração do ANS.
VIII - os pagamentos deverão ser proporcionais ao atendimen- Quanto aos requisitos de tangibilidade e objetividade de ob-
to das metas estabelecidas no ANS, observando-se o seguinte: servação estes podem ser resumidamente explicados da seguinte
a) as adequações nos pagamentos estarão limitadas a uma fai- forma: tangível é o que pode ser percebido de maneira precisa, ou
xa específica de tolerância, abaixo da qual o fornecedor se sujeitará seja, passível de comprovação; quanto à objetividade esta se refere
às sanções legais; e à imparcialidade, comprovação por fatos “crus” ou números, que
b) na determinação da faixa de tolerância de que trata a alínea
não são afetados por interpretação subjetiva.
anterior, considerar-se-á a relevância da atividade, com menor ou
Quanto ao requisito da obrigatoriedade de comprovação este
nenhuma margem de tolerância para as atividades consideradas
críticas. já está implícito no requisito da tangibilidade. Sendo assim, pode-
IX - o não atendimento das metas, por ínfima ou pequena di- se entender que, além de comprovável,a cobrança do ANS deveter
ferença, em indicadores não críticos, poderá ser objeto apenas de as características próprias da prova documental e esta, ser acres-
notificação nas primeiras ocorrências, de modo a não comprometer centada ao processo de execução do serviço.
a continuidade da contratação. Devem constar do projeto básico ou termo de referência, nos
[...] termos do art. 15, inciso X, da Instrução Normativa nº 02/2008
da SLTI, a unidade de medida utilizada para o tipo de serviço a
Art. 33. A verificação da adequação da prestação do serviço ser contratado, incluindo as métricas, metas e formas de mensu-
deverá ser realizada com base no Acordo de Níveis de Serviço, ração adotadas dispostos de forma igual à que constará no ANS.
quando houver, previamente definido no ato convocatório e pac- Percebe-se que o redator da citada Instrução se preocupou com a
tuado pelas partes. uniformidade do edital e seus anexos, o que facilita a compreensão
§ 1º O prestador do serviço poderá apresentar justificativa e reduz a chance de existência de informações contraditórias.
para a prestação do serviço com menor nível de conformidade, Além dos requisitos extraídos do conceito de Acordo de Ní-
que poderá ser aceita pelo órgão ou entidade, desde que comprova- vel de Serviço, o inciso XVII do art. 15 da Instrução Normativa
da a excepcionalidade da ocorrência, resultante exclusivamente de nº02/2008 da SLTI, determina que nos documentos referentes à
fatores imprevisíveis e alheios ao controle do prestador. contratação constem:

Didatismo e Conhecimento 117


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
a) os procedimentos de fiscalização e de gestão da qualidade Art. 69.  O contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover,
do serviço, especificando-se os indicadores e instrumentos de me- reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou em parte, o
dição que serão adotados pelo órgão ou entidade contratante; objeto do contrato em que se verificarem vícios, defeitos ou incor-
b) os registros, controles e informações que deverão ser pres- reções resultantes da execução ou de materiais empregados.
tados pela contratada; e [...]
c) as respectivas adequações de pagamento pelo não atendi-
mento das metas estabelecidas. Art. 77.  A inexecução total ou parcial do contrato enseja a sua
Tais informações nada mais são que desdobramentos práticos rescisão, com as consequências contratuais e as previstas em lei
dos três requisitos de validade do ANS extraídos do conceito. ou regulamento.
As regras para elaboração de um Acordo de Nível de Serviço [...]
constam do art. 17 da Instrução Normativa nº02/2008 da SLTI.
Para tanto o gestor da aquisição ou contrato deverá: Art. 87.  Pela inexecução total ou parcial do contrato a Admi-
1.       identificar e definir previamente e de forma clara (requi- nistração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao contratado
sito da tangibilidade) os serviços e resultados esperados; as seguintes sanções:
2.       após a identificação e definição acima definir criticidade I - advertência;
das atividades (tanto para serviços quanto para resultados); II - multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou
3.       se houver mais de um indicador de ANS a ser criado, no contrato;
cria-los de forma que haja harmonia entre todo o conjunto, não III - suspensão temporária de participação em licitação e im-
existindo, por exemplo, indicadores que se anulem ou que redu- pedimento de contratar com a Administração, por prazo não supe-
zam a eficácia uns dos outros; rior a 2 (dois) anos;
4.       devem fazer parte do indicador apenas fatores que estão IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a
Administração Pública enquanto perdurarem os motivos determi-
sob o controle do prestador de serviço. Caso existam fatores que
nantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante
não estão sob o controle do prestador de serviço estes deverão es-
a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida
tar expressos e não devem contar, quando ocorrerem, do cálculo
sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos
do ANS;
resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada com base
5.       os indicadores deverão ser objetivamente mensuráveis, no inciso anterior.
de preferência facilmente coletáveis, relevantes e adequados à na- § 1º Se a multa aplicada for superior ao valor da garantia
tureza e características do serviço e compreensíveis; prestada, além da perda desta, responderá o contratado pela sua
6.       evitar indicadores complexos ou sobrepostos; diferença, que será descontada dos pagamentos eventualmente de-
7.       as metas devem ser realistas e definidas com base em vidos pela Administração ou cobrada judicialmente.
uma comparação apropriada; § 2º As sanções previstas nos incisos I, III e IV deste artigo
8.       pagamentos proporcionais ao atendimento da meta es- poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso II, facultada a
tabelecida: defesa prévia do interessado, no respectivo processo, no prazo de
8.1.    as adequações nos pagamentos estarão limitadas a uma 5 (cinco) dias úteis.
faixa específica de tolerância, abaixo da qual o fornecedor se su- § 3º A sanção estabelecida no inciso IV deste artigo é de com-
jeitará às sanções legais; e petência exclusiva do Ministro de Estado, do Secretário Estadual
8.2.    na determinação da faixa de tolerância de que trata a alí- ou Municipal, conforme o caso, facultada a defesa do interessado
nea anterior, considerar-se-á a relevância da atividade, com menor no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de
ou nenhuma margem de tolerância para as atividades consideradas vista, podendo a reabilitação ser requerida após 2 (dois) anos de
críticas. sua aplicação.
9.       o não atendimento das metas, por ínfima ou pequena Como o próprio art. 87 transcrito acima a inexecução não
diferença, em indicadores não críticos, poderá ser objeto apenas de deve ser tratada de forma intolerante havendo diversas formas de
notificação nas primeiras ocorrências, de modo a não comprometer se “avisar” ao prestador do serviço do não atendimento pleno do
a continuidade da contratação disposto em edital. Neste sentido, pergunta-se: por que então é
Dos itens acima é interessante ressaltar que pode parecer que necessário o ANS?
a Administração contratou um serviço, mas que, por mera deli- A resposta pode ser encontrada na estatística, analisando-se o
beração expressa em edital (afinal papel aceita tudo), “resolveu” conceito de erro. Abaixo utilizaremos o conceito apresentado pelo
aceitar um serviço um pouco inferior ao contratado sem aplicar as Instituto de Física “Gleb Wataghin” da UNICAMP.
Todo valor obtido experimentalmente deve ser indicado na
penalidades previstas em lei, desde que tivesse o preço do mesmo
forma: (medida +/- erro) unidade.
reduzido. Tal entendimento não deve prevalecer.
O erro é uma estimativa da faixa em torno do valor medido
O agente público está obrigado a agir nos limites da lei, e a Lei
onde o valor “verdadeiro” tem maior probabilidade de ser encon-
Federal nº 8.666/93 definiu que:
trado. (UNICAMP)
Cumulando o conceito de erro acima com o item 8.1 contido
Art. 66 O contrato deverá ser executado fielmente pelas par- nas regras para elaboração de um ANS, novamente transcrito abai-
tes, de acordo com as cláusulas avençadas e as normas desta Lei, xo, pode-se notar uma semelhança: o erro estatístico é a faixa onde
respondendo cada uma pelas consequências de sua inexecução to- há maior probabilidade de o valor verdadeiro estar, o ANS é a faixa
tal ou parcial. específica de tolerância onde a adequação do serviço contratado
[...] pode estar.

Didatismo e Conhecimento 118


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
As adequações nos pagamentos estarão limitadas a uma faixa O ANS cobrado de forma repetitiva e que, analisando o caso
específica de tolerância, abaixo da qual o fornecedor se sujeitará concreto, verificar-se que a prestação inadequada do serviço cau-
às sanções legais; sará danos à Administração poderá ser subsídio pela aplicação das
Isto quer dizer que, se um valor obtido experimentalmente sanções previstas em lei, quaisquer uma. Atenção para par o fato
pode estar errado, os parâmetros definidos previamente para veri- que as sanções não podem ser aplicadas sem o devido processo le-
ficações de atendimento de execução de um serviço definido com gal conforme disposto no caput art. 87 da Lei Federal nº 8.666/93.
base na experiência própria e subjetiva do gestor também podem. Quanto à aceitação do Acordo de Nível de Serviços pelos ór-
Logo, deve ser atribuída a estes parâmetros estimativas de faixas gãos de fiscalização o Tribunal de Contas da União expediu a Nota
de tolerância (erro estatístico). Este erro, na linguagem da Admi- Técnica 6/2010 – Sefit/TCU a qual tem o objetivo de:
nistração Pública, pode ser entendido como Acordo de Nível de Firmar entendimento da Secretaria de Fiscalização de Tec-
Serviços: desvios objetivamente verificados que pode ser deriva- nologia da Informação (Sefti) sobre a aplicabilidade da gestão de
dos das definições iniciais do serviço. nível de serviço como mecanismo de pagamento por resultados em
Deve-se ponderar contundo que, embora os conceitos sejam contratações de serviços de Tecnologia da Informação (TI) pela
semelhantes, matematicamente não pode ser aplicada a fórmula do Administração Pública Federal (APF).
erro à definição dos níveis de serviço. Isto porque algumas variá-
veis que devem ser conhecidas para o cálculo do erro não são co-
nhecidas no momento da definição dos parâmetros de atendimento
aos contratos administrativos. 11. PATRIMÔNIO PÚBLICO.
Preliminarmente e de forma simplificada, verificou-se tam-
bém que a curva criada a partir de dados disponíveis de contratos
que continham controle de sua execução com base no acordo de
nível de serviço não coincide com as particularidades da curva ca- Bens Públicos
racterística do erro estatístico. É o conjunto de coisas corpóreas e incorpóreas, imóveis
Neste sentido, apesar de o conceito do erro estatístico ser uma e semoventes de que o Estado se vale para poder exercer suas
possível explicação para a adoção do Acordo de Nível de Serviço, funções administrativas e sociais. (Meirelles, 2004, p. 493).
deve-se desenvolver metodologia e fórmula próprias para justifi- Todos os bens públicos são bens nacionais, por integrantes
cação dos parâmetros adotados em contratos. Mas, o grande parâ- do patrimônio da Nação, na sua unidade estatal, mas,
metro para a Administração Pública seria a possibilidade ou não de embora politicamente componham o acervo nacional, civil e
dano ao erário, este é inadmissível, logo tudo que o gere deve ser administrativamente pertencem a cada uma das entidades públicas
punido nos termos da Lei. que os adquiriram.
Quanto à legalidade da adoção do ANS em contratos admi- Segundo a destinação os bens públicos classificam-se em três
nistrativos, a adoção do conceito de erro estatístico encaixaria a
categorias:
questão no Princípio da Autotutela Administrativa, neste caso o
I – os de uso comum do povo, como; rios, mares, estradas,
administrador não pode se furtar de definir características, métri-
ruas e praças; (Meirelles, 2004, p. 495).
cas, metas e formas de mensuração no edital de licitação e tam-
II – os de uso especial, tais como os edifícios ou terrenos
bém  não  pode permanecer silente quando do não cumprimento
destes na fase de execução contratual independente do motivo. destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal,
Contudo, este não atendimento pode derivar da impossibilidade estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;
de saber previamente se a Administração conseguiu prever a meta (Meirelles, 2004, p. 495).
exata para aplicação das sanções propriamente ditas previstas em III – os dominiais, que constituem o patrimônio das pessoas
Lei. jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou
Assim, a definição de ANS (conforme criticidades definidas real, de cada uma dessas entidades. (Meirelles, 2004, p. 496).
também anteriormente) é o ajuste das definições frente á realidade Administração dos bens públicos
observada. Assim, se o fornecedor conseguir cumprir todos os pra- O poder de utilização e conservação das coisas administradas,
zos, a administração mensurou com exatidão as suas metas; se não diversamente da ideia de propriedade, que contém, além desse, o
consegue, mas se manteve em na faixa definida que não causa poder de oneração e disponibilidade e a faculdade de aquisição.
dano ao erário, o desconto no pagamento ocorrerá não como san- Estando submissa ao direito público e no caso de falhas ou omissão
ção, mas como ajuste da meta definida de forma mais rigorosa, recorre-se ao direito privado (Meirelles, 2004, p. 496).
mas que era impossível à Administração prever o rigor possível Patrimônio Público é o conjunto de bens e direitos, mensurável
exato. em dinheiro, que pertence à União, a um Estado, a um Município,
Quanto à forma de aplicação dos ANS o art. 33 da Instrução a uma autarquia ou empresa pública. (Art. 1º, §1º, Lei 4.717/65).
Normativa nº 02/2008 define que sua aplicação não pode ser distinta Patrimônio Público é o conjunto de direitos e bens, tangíveis
da disposta no Termo de Referência. Contudo, resta ao administra- ou intangíveis, onerados ou não, adquiridos, formados, produzidos,
dor ainda a possibilidade de dispensar o desconto desde que com- recebidos, mantidos ou utilizados pelas entidades do setor público,
provada  a excepcionalidade da ocorrência, resultante exclusiva- que seja portador ou represente um fluxo de benefícios, presente ou
mente de fatores imprevisíveis e alheios ao controle do prestador. futuro, inerente à prestação de serviços públicos ou à exploração
Note-se que a dispensa deve ser documentada exatamente como a econômica por entidades do setor público e suas obrigações. (NBC
cobrança do ANS, pois as ações do administrador público são vincu- T 16.2 – Patrimônio e Sistemas Contábeis )
ladas ao disposto no edital (e seus anexos) e nas Leis.

Didatismo e Conhecimento 119


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
A contabilidade esta intrinsicamente ligada ao controle do (c) o Patrimônio Líquido representa a diferença entre o Ativo
patrimônio público, a Lei Federal nº 4.320/64 predispõe o seguinte; e o Passivo.
Art. 94. “Haverá registros analíticos de todos os bens de O que determina um sistema de controle mais eficiente e
caráter permanente, com indicação dos elementos necessários abrangente, dando uma ênfase mais pratica ao sistema contábil de
para a perfeita caracterização de cada um deles e dos agentes controle patrimonial.
responsáveis pela sua guarda e administração”; este artigo nos No caso do Município, a responsabilidade direta pelo zelo
informa que o Poder Executivo deve ter controle individual e com o patrimônio público em regra é do Poder Executivo. Ele
pormenorizado do bem público. pode, entretanto, dividir esta responsabilidade como os demais
agentes públicos (Secretários, Diretores de Departamentos e ao
Art. 95. Nos fala que a contabilidade manterá registros Encarregado do Setor de Patrimônio, devidamente nomeado para
sintéticos dos bens móveis e imóveis; tal função). Basta, para isto, delegar tal responsabilidade através
de Decreto.
Art. 96. Traz uma conotação física onde diz “O levantamento Não se pode perder de vista, a responsabilidade indireta de
geral dos bens móveis e imóveis terá por base o inventário analítico toda a população, em relação ao cuidado com o patrimônio público.
de cada unidade administrativa e os elementos da escrituração Isto porque, sendo o patrimônio público pertencente ao povo – a
sintética na contabilidade; todos cabe por ele zelar, preservando-o e defendendo-o, inclusive
judicialmente, através de Ação Popular. (Art. 1º, Lei 4.717/65).
Art. 97. Preconiza a Lei nº101/2000, Lei de Responsabilidade O gestor público municipal, assim como nas demais esferas,
Fiscal, onde se estipula os fins orçamentários e determinação dos deverá promover a adoção de procedimentos administrativos e
devedores, bem como o registro contábil das receitas patrimoniais, contábeis que garantam o bom uso do patrimônio público, e para
fiscalizando-se sua efetivação; melhor adequar as decisões de sua administração.

Art. 100. Nos mostra que as alterações da situação líquida Domínio Público
patrimonial, que abrange os resultados da execução orçamentária, É o poder de dominação ou de regulamentação que o Estado
bem como as variações independentes dessa execução constituem exerce sobre os bens do seu patrimônio (bens públicos), ou sobre os
elementos da conta patrimonial. bens do patrimônio privado, bens particulares de interesse público
Trata-se de uma acepção restritiva do termo, que considera ou sobre as coisas inapropriáveis individualmente, mas de fruição
que o patrimônio público é formado pelos bens públicos, definidos geral da coletividade – res nullius. (Meirelles, 2004, p. 490).
no Código Civil como sendo os bens do domínio nacional
pertencentes as pessoas jurídicas de direito público interno, http://www.administradores.com.br/producao-
diferençando-os, portanto, dos bens particulares. academica/patrimonio-publico-estudo-do-patrimonio-
De acordo com Meirelles “bens públicos, em sentido publico-bens-imoveis-no-municipio-de-sete-lagoas-mg/5115/
amplo, são todas as coisas corpóreas ou incorpóreas, moveis e
imóveis e semoventes créditos, direitos e ações que pertencem
a qualquer titulo as entidades, autarquias, fundações e empresas
governamentais”. (Justen filho, 2006, p. 712)
Segundo Mello “os bens públicos são todos que pertencem ás 12. FUNDAMENTOS DE ORGANIZAÇÃO,
pessoas jurídicas de direito público” (Justen filho, 2006, p. 712).
No entendimento de Di Pietro, não se deve formular uma
SISTEMAS E MÉTODOS.
definição abrangente de bem público, preferindo examinar os
bens do domínio público e os bens do domínio privado do Estado.
(Justen filho, 2006, p. 712).
A temática é bem aceita, mas analisando as propostas de
ambos os autores. A que melhor define patrimônio público é O aprofundamento da Revolução Industrial a partir da segun-
a de Meirelles, por abranger um leque maior e salvaguardar o da metade do século XIX gerou inúmeras consequências para a
patrimônio. sociedade, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento
No que afirma as Normas brasileiras de contabilidade NBC e aumento da complexidade das organizações empresariais. O apa-
T 16 e NBC T 16.2 – patrimônio e sistemas contábeis – normas recimento exponencial de novas tecnologias, invenções, inovações
brasileiras de contabilidade aplicadas ao setor público. Esta norma técnicas e sociais, e a tendência de concentração do capital, ocasio-
estabelece a definição do patrimônio público e a classificação dos nou o surgimento de grandes fábricas responsáveis por empregar
elementos patrimoniais sob o aspecto contábil, além de apresentar - em um só local – centenas e às vezes milhares de seres humanos
o conceito de sistema e de subsistemas de informações contábeis que só tinham a força de trabalho a oferecer aos detentores dos
para as entidades públicas. meios de produção.
Patrimônio público sob o enfoque contábil: O Patrimônio Dentro desse contexto de grandes mudanças econômicas, so-
Público é estruturado em Ativo, Passivo e Patrimônio Liquido: ciais e demográficas, muitos estudiosos e profissionais começaram
(a) o Ativo compreende as disponibilidades, os bens e os a perceber o quão difícil se tornava a organização e o controle
direitos que possam gerar benefícios econômicos ou potencial de dessas grandes empresas, as quais precisavam lidar com diversas
serviço. variáveis, ao mesmo tempo em que buscavam garantir o lucro ne-
(b) o Passivo compreende as obrigações, as contingências e cessário à manutenção do empreendimento e a remuneração do
as provisões. capital investido. No início do século XX, grandes empresários,

Didatismo e Conhecimento 120


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
como Ford, Rockefeller dentre outros, estavam com bastantes A Teoria Clássica da Administração de Henri Fayol surgia
problemas em seus conglomerados, principalmente no que tange logo depois dos primeiros estudos e resultados de Taylor realiza-
à gestão dos empregados. Dessa forma, foram nas duas primeiras dos nos Estados Unidos. Pode-se dizer que o ponto de partida foi
décadas do século passado que apareceram os acadêmicos e “pe- em 1916, com a primeira publicação do trabalho de Fayol, inti-
ritos da indústria”, os quais apresentaram-se oferecendo ajuda aos tulado Administration Industrielle et Générale – Prévoyance, Or-
empresários americanos e europeus. ganisation, Comandement, Coordination, Controle. Assim como a
Como havia a necessidade de produção em massa, devido à Administração Científica, a Teoria Clássica se caracterizava tam-
demanda sempre crescente e a exploração de novos mercados, a bém pela busca da eficiência organizacional, porém com um foco
relação empregado x empregador parecia ser a mais complexa. Os diferenciado: a estrutura da organização e as funções gerenciais.
principais problemas podem ser assim enumerados: 1) altíssimas Fayol estabeleceu a definição de gerência, como compreen-
taxas de rotatividade da mão-de-obra; 2) pressão por produtivi- dendo cinco elementos: 1) Planejar, diz respeito ao “olhar para
dade por meio de atitudes muitas vezes agressivas e injustas; 3) o futuro”, preparando-se para ele. Sobre essa função, a gerência
baixa qualificação dos empregados; 4) necessidade de adaptação deveria levar em conta os objetivos de cada unidade e alinha-
às novas tecnologias, como a linha de montagem; 5) modelos de mento aos objetivos organizacionais; utilizar previsões de curto e
remuneração capazes de gerar motivação e produtividade. longo prazo; ter flexibilidade para adaptações do plano; ser capaz
Surge, então, neste momento, no despontar do século XX, de prognosticar os cursos das ações. 2) Organizar, referindo-se a
os primeiros trabalhos de cunho científico na administração. Os elaboração de uma estrutura material e humana onde as ativida-
expoentes dessa fase científica foram dois engenheiros: Frederick des poderão ser desenvolvidas de forma otimizada. 3) Comando,
Winslow Taylor, responsável pelo desenvolvimento da Escola da que significa manter as pessoas em atividade, buscando, através
Administração Científica, e Henri Fayol, criador da Teoria Clássi- da liderança e relacionamento, o melhor desempenho dos cola-
ca. Dessa forma, a chamada Abordagem Clássica da Administra- boradores. 4) Coordenação, em que o gestor busca harmonizar e
ção é formada pelas duas abordagens construídas por esses dois unificar todos os esforços e atividades, a fim de que os objetivos
engenheiros pesquisadores. das unidades estejam alinhados com os objetivos estratégicos da
Os trabalhos de Taylor podem ser considerados como a pri- organização. 5) Controle, responsável pela verificação do desem-
meira tentativa de fundar uma “ciência da administração”. O pes- penho de todos os elementos anteriores. O controle deve se certifi-
car que as atividades estão sendo realizadas de acordo com o plano
quisador era engenheiro, e teve a possibilidade de atuar em vários
estabelecido.
cargos dentro uma fábrica, desde operário até engenheiro-chefe.
Após alguns anos como empregado, Taylor passou a trabalhar
Fayol também desenvolveu alguns princípios gerais da admi-
como consultor, aperfeiçoando suas pesquisas e ideias sobre ges-
nistração, os quais são a base de sua teoria. São alguns deles: divi-
tão. O aspecto fundamental de sua teoria é a busca do aumento da
são do trabalho (a especialização torna o indivíduo mais produti-
eficiência da organização, por meio da racionalização do trabalho
vo); unidade de comando, em que Fayol estabelece que o empre-
e da obtenção de métodos mais eficientes de controle dos traba-
gado deve ter somente um chefe, para evitar conflitos de comando;
lhadores.
remuneração, como importante fator de motivação; cadeia escalar,
Para solucionar a questão do relacionamento empregado em que se diz que a hierarquia é necessária, porém a comunicação
x empregador, Taylor propõe quatro “grandes princípios”: 1) O lateral também é importante, desde que os superiores sejam infor-
desenvolvimento de uma verdadeira ciência do trabalho, em que mados a respeito daquilo que está sendo tratado; espírito de equi-
seria necessária uma investigação científica para se chegar a uma pe, equidade e justiça na condução da empresa; ordem material,
jornada de trabalho justa. Neste caso, o empregador saberia qual a social e estabilidade de pessoal, para minimização dos custos com
quantidade de trabalho ideal a ser realizada pelo trabalhador, e este desenvolvimento da equipe.
receberia uma alta taxa de pagamento, já que este busca a “maxi- Apesar das criticas à visão minimalista do ser humano (homo
mização de seus ganhos”; 2) A seleção científica e o desenvolvi- economicus) ou talvez a uma “falta de humanidade” dos princí-
mento progressivo do trabalhador. Aqui caberia à administração da pios tayloristas, que levariam o homem a comportar-se como uma
organização desenvolver os trabalhadores, buscando garantir que máquina, as contribuições de Taylor e Fayol foram de essencial
estes se tornem altamente produtivos, ou seja, de “primeira linha”; importância para o desenvolvimento posterior da administração,
3) A conexão da ciência do trabalho e trabalhadores cientificamen- servindo de base para várias áreas, tais como a engenharia indus-
te selecionados e treinados; 4) A constante e íntima cooperação de trial, gestão de processos, qualidade, modelos de gestão e aperfei-
gestores e trabalhadores. Esta cooperação eliminaria os conflitos, çoamento das funções gerenciais.
já que os gestores e operários estariam cientes de suas responsabi-
lidades e funções. ORGANIZAÇÃO FORMAL
O trabalho de Taylor visou resolver a problemática da depen-
dência do capital frente ao trabalho vivo. Para isso, a administra- Hierarquia oficial como ela se apresenta no papel. Piramidal.
ção deveria entender, sistematizar e normatizar a execução das ta-
refas dentro da organização, visando a máxima produtividade por Status
meio das ferramentas adequadas. •Diferença entre operários e pessoal do escritório.
O Taylorismo, esclarecendo que este se caracteriza como uma •Status medido pela opulência do escritório. Cada um em sua
forma de controle do capital sobre os processos de trabalho, atra- posição.
vés do controle de todos os tempos e movimentos do trabalhador, •Pessoas do mesmo departamento, juntas.
ou seja, do trabalho vivo.

Didatismo e Conhecimento 121


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Autoridade e Poder: • Divisões da estrutura - funções diferentes, vários departa-
• de cima para baixo mentos na mesma linha horizontal – difícil o membros de um nível
apreciar o trabalho de outro nível.
Ordens para baixo e informações para cima. A organização formal não pode ser eliminada; é inevitável e
As informações sempre são relativas à produção e nunca em essencial, pois nenhuma organização pode ser compreendida sem
relação aos problemas humanos e ressentimentos. o conhecimento da organização formal, é quase impossível tam-
Informações relativas a assuntos pessoais circulam em forma bém compreendê-la apenas nessa base.
de cochichos. (não oficiais) Vantagem da grande empresa - resolver os problemas huma-
Comitês – tratar assuntos emocionais, pessoais e técnicos. nos - solução de problemas, esquemas de participação, benéficos,
Limitam-se a tratar de assuntos e queixas triviais e formais. etc, dando segurança aos trabalhadores.
Ressentimentos se manifestam: greves, sabotagens, absente- Desvantagem – sua natureza impessoal, dificuldade de comu-
ísmo, etc. nicação.
A estrutura de uma firma e sua organização influenciam o
Firma do tipo autoritário leva o trabalhador a um estado de comportamento dos indivíduos e grupos. Assim como os atos in-
civilidade e disciplina superficial. dividuais só podem ser compreendidos em relação ao grupo e o
Trabalham na presença do “chefe”. Atmosfera de medo. comportamento de grupo só pode ser compreendido num contexto
de um grupo maior ao qual pertencem.
Promoção Para se estudar pequenos grupos faz-se necessário o conheci-
Gerentes promovem pessoas bem adaptadas ou que adotem mento das estruturas maiores. O grupo sofre influências de fatores
seu ponto de vista. “Escolhidas” do gerente. vindos de fora do mesmo.
Características das organizações formais DEPARTAMENTALIZAÇÃO
1. deliberadamente impessoal; É uma divisão do trabalho por especialização dentro da estru-
2. baseada em relações ideais; tura organizacional da empresa.
3. baseada na “hipótese da gentalha” sobre a natureza hu- Ou Departamentalização é o agrupamento, de acordo com um
mana. (a competição leva a máxima eficiência, luta de cada um por critério específico de homogeneidade, das atividades e correspon-
si leva a servir aos melhores interesses do grupo, homem unidade
dente recursos (humanos, financeiros, materiais e equipamentos)
isolada que podem ser deslocadas de um trabalho para o outro...)
em unidades organizacionais.
iguala o bem da organização com o bem dos indivíduos que a com-
Existem diversas maneiras básicas pelas quais as organiza-
põem.
ções decidem sobre a configuração organizacional que será usada
para agrupar as várias atividades. O processo organizacional de
Estrutura de trabalho
determinar como as atividades devem ser agrupadas chama-se De-
• Organização em linha.
partamentalização.
Divisão básica na estrutura de trabalho – baseada na autorida-
Formas de Departamentalizar:
de – função definida (cada um tem um chefe e é responsável por
chefiar). 1- Função
Quanto maior o nível de estrutura maior a distância social. 2- Produto ou serviço
3- Território
• Organização funcional. 4- Cliente
Baseada no tipo de trabalho a ser feito. Na subdivisão do tra- 5- Processo
balho. 6- Projeto
Status de função. Fonte de conflito. (mesma linha hierárquica, 7- Matricial
importância do trabalho) 8- Mista

• Organização do estado-maior. Deve-se notar, no entanto, que a maioria das organizações


Fundamentada na especialização. usam uma abordagem da contingência à Departamentalização:
Posição de aconselhamento – não possuem autoridade na or- isto é, a maioria usará mais de uma destas abordagens usadas em
ganização. algumas das maiores organizações. A maioria usa a abordagem
Podem ser integradas na organização em linha. funcional na cúpula e outras nos níveis mais baixos.

FRAQUEZAS NA TEORIA DA ORGANIZAÇÃO FOR- DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR FUNÇÕES


MAL A Departamentalização funcional agrupa funções comuns ou
• Problemas de coordenação - deficiências na comunicação atividades semelhantes para formar uma unidade organizacional.
devido ao fator tempo, espaço e as divisões naturais da estrutura . Assim todos os indivíduos que executam funções semelhantes fi-
• Tempo - pouco contato entre turnos e pessoas, problemas são cam reunidos, todo o pessoal de vendas, todo o pessoal de contabi-
deixados para o outro turno, vagas trocas de informações. lidade, todo o pessoal de secretaria, todas as enfermeiras, e assim
• Espaço - unidades podem estar amplamente separadas, quan- por diante.
to maior a separação maior dificuldade de coordenação. Distância A Departamentalização funcional pode ocorrer em qualquer
espacial tende a levar distância social. nível e é normalmente encontrada muito próximo à cúpula.

Didatismo e Conhecimento 122


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Vantagens: As vantagens principais da abordagem funcional As vantagens e desvantagens da Departamentalização terri-
são: torial são semelhantes às dadas para a Departamentalização de
• Mantém o poder e o prestígio das funções principais produto. Tal grupamento permite a uma divisão focalizar as neces-
• Cria eficiência através dos princípios da especialização. sidades singulares de sua área, mas exige coordenação e controle
• Centraliza a perícia da organização. da administração de cúpula em cada região.
• Permite maior rigor no controle das funções pela alta admi-
nistração. DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR CLIENTE
• Segurança na execução de tarefas e relacionamento de co- A Departamentalização de cliente consiste em agrupar as
legas. atividades de tal modo que elas focalizem um determinado uso
• Aconselhada para empresas que tenham poucas linhas de do produto ou serviço. A Departamentalização de cliente é usada
produtos. principalmente no grupamento de atividade de vendas ou serviços.
As lojas de departamentos, por exemplo, podem ter uma seção
Desvantagens: Existem também muitas desvantagens na abor- para o grupo dos catorze aos vinte anos, uma seção para gestan-
dagem funcional. tes ou uma seção de roupas masculinas sociais, sem mencionar os
• Entre elas podemos dizer:
departamentos para bebês e crianças. Em cada caso, o esforço de
• A responsabilidade pelo desempenho total está somente na
vendas pode concentrar-se nos atributos e necessidades especificas
cúpula.
do cliente.
• Cada gerente fiscaliza apenas uma função estreita.
• O treinamento de gerentes para assumir a posição no topo é A principal vantagem da Departamentalização de cliente é a
limitado. adaptabilidade uma determinada clientela.
• A coordenação entre as funções se torna complexa e mais As desvantagens são:
difícil quanto à organização em tamanho e amplitude. • Dificuldade de coordenação.
• Muita especialização do trabalho. • Subutilização de recursos e concorrência entre os gerentes
para concessões especiais em benefício de seus próprios clientes.
DEPARTAMENTALIZAÇÃO DE PRODUTO
É feito de acordo com as atividades inerentes a cada um dos DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR PROCESSO OU
produtos ou serviços da empresa. EQUIPAMENTO
Exemplos de Departamentalização de produto: É o agrupamento de atividades que se centralizam nos pro-
1- Lojas de departamentos cessos de produção ou equipamento. É encontrada com mais fre-
2- A Ford Motor Company tem as suas divisões Ford, Mer- quência em produção. As atividades de uma fábrica podem ser
cury e Lincoln Continental. grupadas em perfuração, esmerilamento, soldagem, montagem e
3- Um hospital pode estar agrupado por serviços prestados, acabamento, cada qual em seu departamento.
como cirurgia, obstetrícia, assistência coronariana. Você perceberá uma modificação deste agrupamento organi-
Vantagens: Algumas das vantagens da Departamentalização zacional quando comprar um hamburguer em um restaurante de
de produtos são: serviço rápido. Note que algumas pessoas estão assando a carne,
• Pode-se dirigir atenção para linhas especificas de produtos outras estão fritando as batatas, e outras preparando a bebida. Usu-
ou serviços. almente há um anotador de pedidos que também recebe o paga-
• A coordenação de funções ao nível da divisão de produto mento e compõe o pedido.
torna-se melhor. Vantagens:
• Pode-se atribuir melhor a responsabilidade quanto ao lucro. • Maior especialização de recursos alocados.
• Facilita a coordenação de resultados. • Possibilidade de comunicação mais rápida de informações
• Propicia a alocação de capital especializado para cada grupo técnicas.
de produto.
• Propicia condições favoráveis para a inovação e criatividade.
Desvantagens:
Desvantagens: • Possibilidade de perda da visão global do andamento do pro-
• Exige mais pessoal e recursos de material, podendo daí re- cesso.
sultar duplicação desnecessária de recursos e equipamento. • Flexibilidade restrita para ajustes no processo.
• Pode propiciar o aumento dos custos pelas duplicidades de
atividade nos vários grupos de produtos. DEPARTAMENTALIZAÇÃO POR PROJETO
• Pode criar uma situação em que os gerentes de produtos se Aqui as pessoas recebem atribuições temporárias, uma vez
tornam muito poderosos, o que pode desestabilizar a estrutura da que o projeto tem data de inicio e término. Terminado o projeto as
empresa. pessoas são deslocadas para outras atividades.
Por exemplo: uma firma contábil poderia designar um sócio
DEPARTAMENTALIZAÇÃO TERRITORIAL (como administrador de projeto), um contador sênior, e três con-
Algumas vezes mencionadas como regional, de área ou geo- tadores juniores para uma auditoria que está sendo feita para um
gráfica. É o agrupamento de atividades de acordo com os lugares cliente.
onde estão localizadas as operações. Uma empresa de grande porte Uma empresa manufatureira, um especialista em produção,
pode agrupar suas atividades de vendas em áreas do Brasil como um engenheiro mecânico e um químico poderiam ser indicados
a região Nordeste, região Sudeste, e região Sul. Muitas vezes as para, sob a chefia de um administrador de projeto, completar o
filiais de bancos são estabelecidas desta maneira. projeto de controle de poluição.

Didatismo e Conhecimento 123


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Em cada um destes casos, o administrador de projeto seria
designado para chefiar a equipe, com plena autoridade sobre seus 13. NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO
membros para a atividade específica do projeto.
FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
DEPARTAMENTALIZAÇÃO DE MATRIZ
NO SERVIÇO PÚBLICO.
A Departamentalização de matriz é semelhante à de projeto,
com uma exceção principal. No caso da Departamentalização de
matriz, o administrador de projeto não tem autoridade de linha
sobre os membros da equipe. Em lugar disso, a organização do
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
administrador de projeto é sobreposta aos vários departamentos
Neste tópico do edital, vamos fazer uma abordagem geral
funcionais, dando a impressão de uma matriz.
dos temas propostos, logo após, faremos a leitura da Lei de
A organização de matriz proporciona uma hierarquia que res-
Responsabilidade Fiscal; indispensável para o entendimento e
ponde rapidamente às mudanças em tecnologia. Por isso, é tipica-
complementação da matéria.
mente encontrada em organização de orientação técnica, como a
Boeing, General Dynamics, NASA e GE onde os cientistas, enge-
Finanças Públicas é a terminologia que tem sido
nheiros, ou especialistas técnicos trabalham em projetos ou pro-
tradicionalmente aplicada ao conjunto de problemas da política
gramas sofisticados. Também é usada por empresas com projetos
econômica que envolve o uso de medidas de tributação e de
de construção complexos.
dispêndios públicos. Esta expressão não é muito adequada, já
Vantagens: Permitem comunicação aberta e coordenação de
que os problemas básicos não são financeiros, mas tratam do uso
atividades entre os especialistas funcionais relevantes. Capacita a
dos recursos econômicos, da distribuição da renda e do nível de
organização a responder rapidamente à mudança. São abordagens
emprego.
orientadas para a tecnologia.
Ainda que a política orçamentária seja uma parcela importante
Desvantagens: Pode haver choques resultantes das priorida-
deste tema tão amplo, dificilmente ela poderia reivindicar uma
des.
participação exclusiva.
Há muito tempo, economistas e filósofos sociais preocupavam-
A MELHOR FORMA DE DEPARTAMENTALIZAR
se com a equidade fiscal. Seus pensamentos geraram duas teorias
Para evitar problemas na hora de decidir como departamenta-
básicas:
lizar, pode-se seguir certos princípios:
dos “benefícios recebidos”; e
• Princípio do maior uso – o departamento que faz maior uso
da “capacidade de pagamento”.
de uma atividade deve tê-la sob sua jurisdição.
A teoria dos benefícios foi a primeira a ser desenvolvida e
• Principio do maior interesse – o departamento que tem maior
utilizada extensivamente. Com o advento do marginalismo –
interesse pela atividade deve supervisioná-la.
utilidade marginal aplicada na determinação do valor e preço – o
• Principio da separação e do controle – As atividades do con-
princípio da capacidade de pagamento evoluiu considera­velmente.
trole devem estar separadas das atividades controladas.
Boa parcela do nexo desses princípios é devida ao próprio
• Principio da supressão da concorrência – Eliminar a con-
Adam Smith que, em “A Riqueza das Nações” (1776), estabeleceu
corrência entre departamentos, agrupando atividades correlatas no
que “os cidadãos de qualquer Estado devem contribuir para o
mesmo departamento.
suporte do Governo, tanto quanto possível, na proporção de sua
capacidade, ou seja, da renda que usufruem sob a proteção do
Outro critério básico para departamentalização está baseado
Estado”.
na diferenciação e na integração, os princípios são:
Smith reconheceu o princípio da progres­sividade na tributação.
• Diferenciação, cujo princípio estabelece que as atividades
Na mesma obra, estipula que “não é irrazoável que os ricos devam
diferentes devem ficar em departamentos separados. A diferencia-
contribuir para a despesa pública, não apenas na proporção de suas
ção ocorre quando:
rendas, mas em algo mais do que essa proporção”.
• O fator humano é diferente,
Esses três princípios – benefício, capacidade e progressividade
• A tecnologia e a natureza das atividades são diferentes,
– fornecem as bases para as discussões correntes da equidade
• Os ambientes externos são diferentes,
fiscal.
• Os objetivos e as estratégias são diferentes.
1 ORÇAMENTO PÚBLICO.
A integração – Quanto mais atividades trabalham integradas,
A função do Orçamento é permitir que a sociedade acompanhe
maior razão para ficarem no mesmo departamento.
o fluxo de recursos do Estado (receitas e despesas). Para isto, o
Fatores de integração são:
governo traduz o seu plano de ação em forma de lei. Esta lei passa
• Necessidade de coordenação.
a representar seu compromisso executivo com a sociedade que lhe
delegou poder.
DEPARTAMENTALIZAÇÃO MISTA
O projeto de lei orçamentária é elaborado pelo Executivo,
É o tipo mais frequente, cada parte da empresa deve ter a es-
e submetido à apreciação do Legislativo, que pode realizar
trutura que mais se adapte à sua realidade organizacional.
alterações no texto final. A partir daí, o Executivo deve promover
sua implementação de forma eficiente e econômica, dando
transparência pública a esta implementação. Por isso o orçamento

Didatismo e Conhecimento 124


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
é um problema quando uma administração tem dificuldades para Como o orçamento passa a ser apresentado de forma mais
conviver com a vontade do Legislativo e da sociedade: devido à simples e acessível, mais gente pode entender seu significado.
sua força de lei, o orçamento é um limite à sua ação. A sociedade passa a ter mais condições de fiscalizar a execução
Em sua expressão final, o orçamento é um extenso conjunto orçamentária e, por extensão, as próprias ações do governo
de valores agrupados por unidades orçamentárias, funções, municipal. Se, juntamente com esta simplificação, forem adotados
programas, atividades e projetos. Com a inflação, os valores não instrumentos efetivos de intervenção da população na sua
são imediatamente compreensíveis, requerendo vários cálculos e elaboração e controle, a participação popular terá maior eficácia.
o conhecimento de conceitos de matemática financeira para seu Os orçamentos sintéticos, ao apresentar o orçamento (ou
entendimento. Isso tudo dificulta a compreensão do orçamento partes dele, como o plano de obras e os orçamentos setoriais) de
e a sociedade vê debilitada sua possibilidade de participar da forma resumida, fornecem uma informação rápida e acessível.
elaboração, da aprovação, e, posteriormente, acompanhar a sua A análise vertical permite compreender o que de fato influencia
execução. a receita e para onde se destinam os recursos, sem a “poluição
Pode-se melhorar a informação oferecida aos cidadãos sem numérica” de dezenas de rubricas de baixo valor. Funciona como um
dificultar o entendimento, através da técnica chamada análise demonstrativo de origens e aplicações dos recursos da prefeitura,
vertical, agrupando as receitas e despesas em conjuntos (atividade, permitindo identificar com clareza o grau de dependência do
grupo, função), destacando-se individualmente aqueles que tenham governo de recursos próprios e de terceiros, a importância relativa
participação significativa. É apresentada a participação percentual das principais despesas, através do esclarecimento da proporção
dos valores destinados a cada item no total das despesas ou dos recursos destinada ao pagamento do serviço de terceiros, dos
receitas. Em vez de comunicar um conjunto de números de difícil materiais de consumo, encargos financeiros, obras, etc.
entendimento ou valores sem base de comparação, é possível A análise horizontal facilita as comparações com governos e
divulgar informações do tipo “a prefeitura vai gastar 15% dos seus anos anteriores.
recursos com pavimentação”, por exemplo. A evidenciação das premissas desnuda o orçamento ao público,
Uma outra análise que pode ser realizada é a análise horizontal trazendo possibilidades de comparação. Permite perguntas do tipo:
do orçamento. Esta técnica compara os valores do orçamento com “por que a prefeitura vai pagar x por este serviço, se o seu preço de
os valores correspondentes nos orçamentos anteriores (expressos mercado é metade de x ?”. Contribui para esclarecer os motivos de
em valores reais, atualizados monetariamente, ou em moeda forte). ineficiência da prefeitura nas suas atividades-meio e na execução
Essas técnicas e princípios de simplificação devem ser das políticas públicas.
aplicados na apresentação dos resultados da execução orçamentária
(ou seja, do cumprimento do orçamento), confrontando o previsto ORÇAMENTO PÚBLICO NO BRASIL
com o realizado em cada período e para cada rubrica. Deve-se Apesar dos muitos avanços alcançados na gestão das contas
apresentar, também, qual a porcentagem já recebida das receitas e públicas no Brasil, a sociedade ainda não se desfez da sensação
a porcentagem já realizada das despesas. de caixa preta quando se trata de acompanhar as contas públicas.
É fundamental que a peça orçamentária seja convertida em A gestão das contas públicas brasileiras passou por melhorias
valores constantes, permitindo avaliar o montante real de recursos institucionais tão expressivas que é possível falar-se de uma
envolvidos. verdadeira revolução. Mudanças relevantes abrangeram os
Uma outra forma de alteração do valor real é através das processos e ferramentas de trabalho, a organização institucional, a
margens de suplementação. Para garantir flexibilidade na execução constituição e capacitação de quadros de servidores, a reformulação
do orçamento, normalmente são previstas elevadas margens de do arcabouço legal e normativo e a melhoria do relacionamento
suplementação, o que permite um uso dos recursos que modifica com a sociedade, em âmbito federal, estadual e municipal.
profundamente as prioridades estabelecidas. Com a indexação Os diferentes atores que participam da gestão das finanças
orçamentária mensal à inflação real, consegue-se o grau necessário públicas tiveram suas funções redefinidas, ampliando-se as
de flexibilidade na execução orçamentária, sem permitir burlar o prerrogativas do Poder Legislativo na condução do processo
orçamento através de elevadas margens de suplementação. Pode- decisório pertinente à priorização do gasto e à alocação da despesa.
se restringir a margem a um máximo de 3%. Esse processo se efetivou fundamentalmente pela unificação dos
Não basta dizer quanto será arrecadado e gasto. É preciso orçamentos do Governo Federal, antes constituído pelo orçamento
apresentar as condições que permitiram os níveis previstos de da União, pelo orçamento monetário e pelo orçamento da
entrada e dispêndio de recursos. previdência social.
No caso da receita, é importante destacar o nível de evolução Criou-se a Secretaria do Tesouro Nacional, em processo em
econômica, as melhorias realizadas no sistema arrecadador, o que foram redefinidas as funções do Banco do Brasil, do Banco
nível de inadimplência, as alterações realizadas na legislação, os Central e do Tesouro Nacional.
mecanismos de cobrança adotados. Consolidou-se a visão de que o horizonte do planejamento
No caso da despesa, é importante destacar os principais custos deve compreender a elaboração de um Plano Plurianual (PPA) e, a
unitários de serviços e obras, as taxas de juros e demais encargos cada ano, uma Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que por sua
financeiros, a evolução do quadro de pessoal, a política salarial e a vez deve preceder a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA).
política de pagamento de empréstimos e de atrasados. Introduziu-se o conceito de responsabilidade fiscal,
Os resultados que a simplificação do orçamento geram são, reconhecendo-se que os resultados fiscais e, por consequência, os
fundamentalmente, de natureza política. Ela permite transformar níveis de endividamento do Estado, não podem ficar ao sabor do
um processo nebuloso e de difícil compreensão em um conjunto acaso, mas devem decorrer de atividade planejada, consubstanciada
de atividades caracterizadas pela transparência. na fixação de metas fiscais. Os processos orçamentário e de

Didatismo e Conhecimento 125


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
planejamento, seguindo a tendência mundial, evoluíram das § 5° Durante a execução orçamentária do exercício, não
bases do orçamento-programa para a incorporação do conceito poderá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações
de resultados finalísticos, em que os recursos arrecadados devem que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes
retornar à sociedade na forma de bens e serviços que transformem orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a
positivamente sua realidade. abertura de créditos suplementares ou especiais (CF, art 99, § 5°;
A transparência dos gastos públicos tornou-se possível graças CF, art. 127, § 6°).
à introdução de modernos recursos tecnológicos, propiciando Enfim, a Constituição determina que a elaboração da LDO
registros contábeis mais ágeis e plenamente confiáveis. A execução ocorra à luz das diretrizes fixadas no PPA (CF, art. 166, § 4°).
orçamentária e financeira passou a contar com facilidades Esta mesma orientação vale para a elaboração da LOA (CF,
operacionais e melhores mecanismos de controle. Por consequência, art. 165, § 7°; CF, art. 166, § 3°, inciso I).
a atuação dos órgãos de controle tornou-se mais eficaz, com a O ciclo orçamentário tem início com a elaboração da proposta
adoção de novo instrumental de trabalho, como a introdução do do Plano Plurianual (PPA) pelo poder Executivo.
SIAFI e da conta única do Tesouro Nacional, acompanhados de Isso ocorre no primeiro ano de governo do presidente,
diversos outros aperfeiçoamentos de ferramentas de gestão. governador ou prefeito recém-empossado ou reeleito.
O exercício financeiro, no Brasil, é um período de doze meses
O CICLO ORÇAMENTÁRIO (um ano). O exercício financeiro coincidirá com o ano civil (Lei
A CF 88 determina a elaboração do contrato orçamentário 4.320/64, Art. 34). O exercício financeiro define o período para fins
com base em três leis ordinárias: de organização dos registros relativos à arrecadação de receitas, a
Plano Plurianual (PPA), a cada 4 anos; execução de despesas.
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), anualmente;
Lei Orçamentária Anual (LOA). ORÇAMENTO-PROGRAMA
A experiência demonstra, ao longo dos últimos anos,
Visando fortalecer a interligação dos processos de a preocupação em fortalecer a vinculação existente entre
planejamento e orçamento (alocação de recursos), a CF 88 exigiu planejamento e orçamento. Ao contrário do que ocorria em
que o PPA, a LDO e a LOA fossem articulados, interdependentes períodos de altos índices inflacionários, hoje é possível planejar
e compatíveis. (pelo menos a curto e médio prazo) ações voltadas à realização
A LDO recebeu a função unir o PPA e a LOA. Por isso, a eficiente de políticas públicas de bem-estar. É a programação
LDO pode ser considerada um “esqueleto” da lei orçamentária orçamentária voltada não só para o controle de gastos, mas também
anual: estabelece, anualmente, a estrutura para a elaboração para a avaliação de resultados.
do orçamento. Por sua vez, a própria elaboração da LDO deve Com esse objetivo, foram promovidas mudanças
metodológicas na elaboração e acompanhamento da execução
obedecer aos princípios do PPA.
orçamentária, cuja ênfase recaísse sobre a alocação de recursos com
Essa sobreposição entre as três leis está disposto
vistas à consecução dos objetivos de governo, consubstanciados
prioritariamente nos artigos 165, 166 e 167 da CF.
no plano governamental e na Lei de Diretrizes Orçamentárias,
O artigo 165 da Constituição determina que os orçamentos
preconizando, pois, a adequação das necessidades de realização
anuais, neste caso tanto a LOA como a LDO, precisam ser
de despesas à realidade cada vez mais gritante da restrição de
compatíveis com o PPA. recursos destinados ao seu financiamento.
Art. 165. (...) O processo de elaboração foi aperfeiçoado na tentativa de
§ 7° Os orçamentos previstos no § 5°, I e II, deste artigo, eliminar a prática já tão enraizada nas unidades orçamentárias
compatibilizados com o plano plurianual, terão entre suas de elaborar propostas pedindo o máximo de recursos possível,
funções a de reduzir desigualdades inter regionais, segundo de modo que se pudesse conferir aos órgãos centrais (com poder
critério populacional (CF, art. 165, § 7°). Compreendendo o ciclo político-decisório) a faculdade de ajustar o volume das demandas
orçamentário à receita existente, de modo que cada unidade fosse contemplada
O artigo 167 da CF exige que emendas que modifiquem a com um montante de recursos “suficiente” para o desenvolvimento
LOA, ou projetos no mesmo sentido, precisam ser compatíveis de suas atividades e para os novos projetos.
tanto em relação ao PPA como naquilo que determina a LDO: A principal mudança refere-se à transição entre a época de
Art. 166. (...) altos índices de inflação para a realidade atual, na qual as taxas
§ 3° As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos parecem ser controláveis. No período inflacionário, o orçamento era
projetos que o modifiquem somente podem ser aprovados caso: elaborado a preços correntes e, ao longo da execução, corrigiam-
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de se as distorções de preços através de suplementações, pois os
diretrizes orçamentárias. Compreendendo o ciclo orçamentário valores orçados já não correspondiam, quando do desembolso,
.O super ordenamento do PPA sobre à LOA está claro no art. ao montante necessário ao cumprimento da despesa. Não havia
167, da CF: correspondência entre a realidade da execução orçamentária
Art. 167. (...) com a execução financeira das despesas, que acabavam sendo
§1° Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um mensalmente corrigidas.
exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no Com a redução dos índices de inflação, nova metodologia
plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob crime de foi adotada, qual seja a introdução da sistemática de indexação
responsabilidade (CF, art. 167,§ 1°). do orçamento à sua execução a preços constantes, o que acabou
.Esse super-ordenamento também aparece em outros trechos permitindo às unidades executoras a reavaliação permanente
da Constituição, como a necessidade de que a LOA observe a de seus gastos, sobretudo em face da efetiva disponibilidade de
LDO: recursos.

Didatismo e Conhecimento 126


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Dessa forma, o orçamento passou a ser peça estratégica para o - Foram estabelecidos parâmetros disciplinadores do gasto
controle financeiro, deixando compatíveis receitas e despesas em com os Poderes Legislativo e Judiciário;
volume, dentro de um determinado período de tempo. O efeito esperado com tais mudanças é duplo: maior eficiência
A crise fiscal não é caracterizada pelo desempenho na gestão das políticas públicas e possibilidade de se ajustar o
insatisfatório no tocante à obtenção de receitas, mas sim pela dispêndio às necessidades de retomada dos investimentos em
rigidez das despesas: pessoal; gastos com assistência e previdência áreas hoje carentes de expansão e modernização, em particular de
dos servidores; juros da dívida interna e externa, além de contratos elevado interesse social.
com taxas de correção exorbitantes, isso sem falar no montante de Mas, tais medidas seriam inócuas se não houvesse uma
despesas desnecessárias e das alheias à função estatal. Confirma- reformulação no instrumento de asseguramento dos gastos, qual
se, assim, a regra de que o Estado é perdulário, de que gasta muito seja, o orçamento. Daí a necessidade de estabelecer medidas para
e, principalmente, de que gasta mal. que a lei orçamentária não apenas sirva como uma peça meramente
Como, de um modo geral, o crescimento do setor público contábil, mas sim como ferramenta para a execução e controle dos
está diretamente relacionado ao aumento da população, ao seu gastos públicos.
nível de renda per capita e à estrutura de faixa etária, fatalmente o Para tanto, de grande importância são os critérios de
Estado brasileiro teria mesmo que abandonar a posição de direção classificação das contas públicas, pois são utilizados para facilitar
para efetivamente prestar, por sua conta, políticas e atividades de e padronizar as informações a serem obtidas. Pela classificação
bem-estar. Isso porque, no Brasil, encontram-se presentes todos é possível visualizar o orçamento por poder, por instituição, por
os fatores supracitados, os quais acabam por exercer pressão por função de governo, por programa, por projeto e/ou atividade, ou,
serviços sociais básicos como assistência à saúde, à infância, ainda, por categoria econômica.
educação, serviços de segurança etc. Várias são as razões por que deve existir um bom sistema de
A soma dos fatores de pobreza da população e da sua classificação no orçamento, a saber:
dependência cada vez maior em relação à prestação de serviços 1) facilitar a formulação de programas;
estatais, aliados, é claro, à já constatada realidade de que o Estado 2) proporcionar uma contribuição efetiva para o
emprega muito mal seus recursos, causa, por conseguinte, uma acompanhamento da execução do orçamento;
constante ampliação do montante referente à despesa, forçando, 3) determinar a fixação de responsabilidades e
cada vez mais, a busca de novas fontes de custeio, e, principalmente, 4) possibilitar a análise dos efeitos econômicos das ações
de mecanismos eficazes de controle. governamentais.
O fato é que o Estado parece dar sinais de não poder arcar com A lei nº 4.320/64 estabelece a obrigatoriedade de classificação
um valor tão elevado de sua despesa, sobretudo se comparado à segundo critérios, dentre os quais o da classificação por categoria
disponibilidade de recursos em face de seu endividamento. A fim econômica, cuja importância refere-se ao impacto das ações de
de conter esse processo, passou-se, então, a falar na redução do governo na conjuntura econômica do país. Ela possibilita que o
tamanho do Estado, na sua reorganização, visando à retomada da orçamento constitua um instrumento de importância para a análise
taxa de desenvolvimento sustentável. e ação de política econômica, de maneira a ser utilizado no fomento
Tais são as razões que levaram o Poder Executivo a enviar ao ao desenvolvimento nacional, no controle do déficit público etc.
Congresso Nacional um conjunto de alterações em dispositivos da A moderna visão de gestão fiscal responsável não concebe,
Constituição Federal que propõe: pois, o planejamento apenas dos quantitativos financeiros das
- Restrição à criação de novos Estados e Municípios; ações, mas também dos quantitativos físicos que irão reverter em
- Aperfeiçoamento no processo de elaboração dos orçamentos; benefício do cidadão/contribuinte, introduzindo parâmetros de
- Mudança na relação entre os Poderes Executivo e Legislativo custos destas ações, o que acaba por exigir mudança de postura
e na fixação dos limites para operação de créditos dos Estados; por parte de governantes e dirigentes.
- Exigência de maior controle nos gastos com pessoal por Nesse sentido, deve-se tomar como premissa básica a
parte dos três poderes. transparência na realização dos gastos, segundo referenciais de
Como resultado das reformas em andamento, atualmente eficiência e eficácia, aliada à sua seletividade e otimização, tudo a
temos os seguintes instrumentos que visam a garantir o equilíbrio fim de cumprir os objetivos e metas do Estado brasileiro.
das contas públicas e o atendimento de necessidades sociais A elaboração de uma proposta orçamentária eficiente e
básicas: condizente com os ditames legais recomenda, necessariamente:
- Lei Complementar n.º 101, de 04 de maio de 2000 (Lei - a compreensão da importância dos instrumentos (Plano
da Responsabilidade na Gestão Fiscal) - que estabeleceu limites Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias, e Lei Orçamentária
para as despesas de pessoal: em nível da União - 50% da receita Anual);
corrente líquida federal; em nível dos Estados e Distrito Federal - - a precisão, padronização e agilização das informações
60% e em nível dos municípios - 60%; gerenciais dos processos de elaboração e execução que subsidiam
- O acompanhamento sistemático das despesas de Pessoal a tomada de decisões e que irão repercutir sobre todo o ciclo
e Encargos Sociais foi aperfeiçoado, assegurando-se com essa orçamentário, evitando-se, com isso, excessivas correções e
medida que os gastos com admissão e benefícios de pessoal não desvios.
assumam montantes incompatíveis com a arrecadação; - o entendimento de que a metodologia de trabalho a ser seguida
- No âmbito da Lei de Diretrizes Orçamentárias é estabelecido pelos governantes deve ser consistente com o equilíbrio das contas
valor mínimo para aplicação na área da saúde; públicas e com as metas a serem alcançadas pela administração
-Dispositivo Constitucional determina a aplicação mínima de que, em última instância, se entende como o atendimento dos
25% da receita tributária na área da educação; reclamos da sociedade.

Didatismo e Conhecimento 127


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Assim, a mudança na sistemática orçamentária traz outras receitas de capital — classificação genérica para receitas
importantes modificações de cunho metodológico, introduzindo não especificadas na lei; também classifica-se aqui o superávit do
elementos que evidenciam a transparência de suas ações e contínua orçamento corrente (diferença entre receitas e despesas correntes),
prestação de contas, não apenas no sentido financeiro, mas no de embora este não constitua item orçamentário.
prover informações, discutir alternativas, exibir custos e resultados Receita extra orçamentária
de suas ações, criando no setor público uma cultura de respeito à Receitas extra orçamentárias são aquelas que não fazem parte
sociedade. do orçamento público.
Como exemplos temos as cauções, fianças, depósitos para
CLASSIFICAÇÃO ORÇAMENTÁRIA DE RECEITA garantia, consignações em folha de pagamento, retenções na fonte,
PÚBLICA POR CATEGORIA salários não reclamados, operações de crédito a curto prazo e
A receita pública se divide em dois grandes grupos: as receitas outras operações assemelhadas.
orçamentárias e as extra orçamentárias. Sua arrecadação não depende de autorização legislativa e sua
realização não se vincula à execução do orçamento.
Receita orçamentária Tais receitas também não constituem renda para o Estado,
Receitas orçamentárias são aquelas que fazem parte do uma vez que este é apenas depositário de tais valores. Contudo
orçamento público. tais receitas somam-se às disponibilidades financeiras do Estado,
1- receitas correntes — destinadas a cobrir as despesas porém têm em contrapartida um passivo exigível que será
orçamentárias que visam a manutenção das atividades resgatado quando da realização da correspondente despesa extra
governamentais; orçamentária.
receita tributária — é a proveniente de impostos, taxas e Em casos especiais, a receita extra orçamentária pode
contribuições de melhorias; converter-se em receita orçamentária. é o caso de quando
receita de Contribuições — é a proveniente das seguintes alguém perde, em favor do Estado, o valor de uma caução por
contribuições sociais(previdência social, saúde e assistência social), inadimplência ou quando perde o valor depositado em garantia.
de intervenção domínio econômico (tarifas de telecomunicações) O mesmo acontece quando os restos a pagar têm sua prescrição
e de interesse das categorias profissionais ou econômicas (órgãos administrativa decorrida. É importante frisar que cauções, fianças,
representativos de categorias de profissionais), como instrumentos e depósitos efetuados em títulos e assemelhados quando em moeda
de intervenção nas respectivas áreas; estrangeira são registrados em contas de compensação, não sendo,
receita patrimonial — rendas obtidas pelo Estado quando este portanto considerados receitas extra orçamentárias.
aplica recursos em inversões financeiras, ou as rendas provenientes
de bens de propriedade do Estado, tais como aluguéis; CLASSIFICAÇÃO DE GASTOS PÚBLICOS.
receita agropecuária — é a proveniente da exploração de Despesa pública ou gastos públicos é a aplicação (em dinheiro)
atividades agropecuárias de origem vegetal ou animal; de recursos do Estado para custear os serviços de ordem pública ou
receita de serviços — é a proveniente de atividades para investir no próprio desenvolvimento econômico do Estado.
caracterizadas pelas prestações de serviços financeiros, transporte, As despesas públicas devem ser autorizadas pelo Poder
saúde, comunicação, portuário, armazenagem, de inspeção e legislativo, através do ato administrativo chamado orçamento
fiscalização, judiciário, processamento de dados, vendas de público. Exceção são as chamadas despesas extra orçamentárias.
mercadorias e produtos inerentes a atividades da entidade entre As despesas públicas devem obedecer aos seguintes
outros ; requisitos: utilidade (atender a um número significativo de
receita industrial — resultante da ação direta do Estado em pessoas) legitimidade (deve atender uma necessidade pública
atividades comerciais, industriais ou agropecuárias; real) discussão pública (deve ser discutida e aprovada pelo Poder
transferências correntes — recursos financeiros recebidos de Legislativo e pelo Tribunal de Contas) possibilidade contributiva
outras entidades públicas ou privadas e que se destinam a cobrir (possibilidade da população atender à carga tributária decorrente
despesas correntes; da despesa) oportunidade hierarquia de gastos deve ser estipulada
outras receitas correntes — provenientes de multas, cobrança em lei
da dívida ativa, indenizações e outra receitas de classificação Divide-se, no Brasil, em despesa orçamentária e despesa extra
específica; orçamentária.
2- receitas de capital — provenientes de operações de crédito, Despesa Orçamentária é aquela que depende de autorização
alienações de bens, amortizações de empréstimos concedidos, legislativa para ser realizada e que não pode ser efetivada
transferências de capital e outras receitas de capitais; sem a existência de crédito orçamentário que a corresponda
operações de crédito — oriundas da constituição de dívidas suficientemente.
(empréstimos e financiamentos); Classificam-se em categorias econômicas as quais se dividem
alienação de bens — provenientes da venda de bens móveis e conforme o esquema abaixo:
imóveis e de alienação de direitos; Despesas correntes:
amortização de empréstimos concedidos — retorno de valores Despesas de custeio: destinadas à manutenção dos serviços
anteriormente emprestados a outras entidades de direito público; criados anteriormente à Lei Orçamentária Anual, e correspondem
transferência de capital — recursos recebidos de outras entre outros gastos, os com pessoal, material de consumo, serviços
pessoas de direito público ou privado, destinados à aquisição de de terceiros e gastos com obras de conservação e adaptação de
bens; bens imóveis;

Didatismo e Conhecimento 128


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Transferências correntes: são despesas que não correspondem Art. 167. São vedados:
a contraprestação direta de bens ou serviços por parte do Estado e VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de
que são realizadas à conta de receitas cuja fonte seja transferências recursos de uma categoria de programação para outra ou de um
correntes. Dividem-se em: órgão para outro, sem prévia autorização legislativa;
Subvenções sociais: destinadas a cobrir despesas de custeio de A vigência dos créditos adicionais não pode ul­trapassar o
instituições públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural, exercício financeiro, exceto os especiais e os extraordinários,
desde que sem fins lucrativos; quando houver expressa determinação legal.
Subvenções econômicas: destinadas a cobrir despesas de
custeio de empresas públicas de caráter industrial, comercial,
agrícola ou pastoril.
Despesas de capital: 14. NOÇÕES DE ARQUIVAMENTO.
Despesas de investimentos: despesas necessárias ao
planejamento e execução de obras, aquisição de instalações,
equipamentos e material permanente, constituição ou aumento do
capital do Estado que não sejam de caráter comercial ou financeiro,
incluindo-se as aquisições de imóveis considerados necessários à Arquivologia
execução de tais obras;
Inversões financeiras: são despesas com aquisição de imóveis,
bens de capital já em utilização, títulos representativos de capital A arquivística ou arquivologia é uma ciência que estuda as
de entidades já constituídas (desde que a operação não importe funções do arquivo, e também os princípios e técnicas a serem
em aumento de capital), constituição ou aumento de capital de observados durante a atuação de um arquivista sobre os arquivos.
entidades comerciais ou financeiras (inclusive operações bancárias É a Ciência e disciplina que objetiva gerenciar todas as informa-
e de seguros). Ou seja, operações que importem a troca de dinheiro ções que possam ser registradas em documentos de arquivos. Para
por bens. tanto, utiliza-se de princípios, normas, técnicas e procedimentos
Transferências de capital: transferência de numerário a
diversos, que são aplicados nos processos de composição, coleta,
entidades para que estas realizem investimentos ou inversões
análise, identificação, organização, processamento, desenvolvi-
financeiras. Nessas despesas, inclui-se as destinadas à amortização
da dívida pública Podem ser: mento, utilização, publicação, fornecimento, circulação, armaze-
Auxílios: se derivadas da lei orçamentária; namento e recuperação de informações.
Contribuições: derivadas de lei posterior à lei orçamentária. O arquivista é um profissional de nível superior, com for-
As categorias econômicas dividem-se em elementos que se mação em arquivologia ou experiência reconhecida pelo Estado.
separam em sub elementos, estes por sua vez bifurcam, por fim, Ele pode trabalhar em instituições públicas ou privadas, centros
em rubricas e sub rubricas. de documentação, arquivos privados ou públicos, instituições
Despesa extra orçamentária: Constituem despesa extra culturais etc. É o responsável pelo gerenciamento da informação,
orçamentária os pagamentos que não dependem de autorização gestão documental, conservação, preservação e disseminação da
legislativa, ou seja, não integram o orçamento público. Se informação contida nos documentos. Também tem por função a
resumem a devolução de valores arrecadados sob título de receitas preservação do patrimônio documental de um pessoa (física ou
extra orçamentárias. jurídica), institução e, em última instância, da sociedade como um
todo. Ocupa-se, ainda, da recuperação da informação e da elabo-
TIPOS DE CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS.
ração de instrumentos de pesquisa, observando as três idades dos
Créditos orçamentários são autorizações constantes na Lei
Orçamentária para a realização de despesas. arquivos: corrente, intermediária e permanente.
Créditos adicionais são autorizações de despesas não O arquivista atua desenvolvendo planejamentos, estudos e
computadas ou insuficientemente dotadas na lei de orçamento. técnicas de organização sistemática e conservação de arquivos, na
Estes cré­ditos classificam-se em: elaboração de projetos e na implantação de instituições e sistemas
• Suplementares: Os destinados a reforços de do­tação arquivísticos, no gerenciamento da informação e na programação e
orçamentária. Ex: acréscimo das despesas com pessoal, acima do organização de atividades culturais que envolvam informação do-
previsto, em virtude do au­mento dos vencimentos. cumental produzida pelos arquivos públicos e privados. Uma gran-
• Especiais: Os destinados a despesas para as quais não haja de dificuldade é que muitas organizações não se preocupam com
dotação orçamentária específica. Ex: cri­ação de órgão. seus arquivos, desconhecendo ou desqualificando o trabalho deste
• Extraordinários: Os destinados a despesas urgen­tes e profissional, delegando a outros profissionais as atividades espe-
imprevisíveis, em caso de guerra ou calami­dade pública. cíficas do arquivista. Isto provoca problemas quanto à qualidade
Os Suplementares e Especiais são autorizados por lei e do serviço e de tudo o que, direta ou indiretamente, depende dela.
abertos por decreto do Executivo; os extraordinários são abertos
Arquivo é um conjunto de documentos criados ou recebidos
por decreto do Executivo, que dará imediato co­nhecimento ao
Poder Legislativo. Normalmente, a própria lei orçamentária já por uma organização, firma ou indivíduo, que os mantém ordena-
autoriza o Poder Executivo a abrir créditos suplementares até um damente como fonte de informação para a execução de suas ati-
determinado limite. Deve-se, contudo, observar que a transposição, vidades. Os documentos preservados pelo arquivo podem ser de
o remanejamento, ou a transferência de re­cursos de uma categoria vários tipos e em vários suportes. As entidades mantenedoras de
de programação para outra, ou de um órgão para outro, é proibida arquivos podem ser públicas (Federal, Estadual Distrital, Munici-
sem prévia autoriza­ção legislativa (art. 167, VI da CF). pal), institucionais, comerciais e pessoais.

Didatismo e Conhecimento 129


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Um documento (do latim documentum, derivado de docere As comunicações oficiais devem tratar os assuntos públicos
“ensinar, demonstrar”) é qualquer meio, sobretudo gráfico, que de forma impessoal, ou seja, sem impressões pessoais sobre o as-
comprove a existência de um fato, a exatidão ou a verdade de uma sunto tratado.
afirmação etc. No meio jurídico, documentos são frequentemente Esta recomendação não tem relação direta com a pessoa gra-
sinônimos de atos, cartas ou escritos que carregam um valor pro- matical do verbo relativo ao emissor que tanto pode ser empregado
batório. na 1ª pessoa do singular (ex: Comunico, Solicito), quanto na 1ª do
Documento arquivístico: Informação registrada, independen- plural (ex: Comunicamos, Solicitamos).
te da forma ou do suporte, produzida ou recebida no decorrer da
atividade de uma instituição ou pessoa e que possui conteúdo, con- Concisão - Consiste em apresentar uma ideia com poucas
texto e estrutura suficientes para servir de prova dessa atividade. palavras, sem, no entanto, comprometer a clareza. Uma redação
Desde o desenvolvimento da Arquivologia como disciplina, a concisa evita-se adjetivação desnecessária, períodos extensos e
partir da segunda metade do século XIX, talvez nada tenha sido tão redundância.
revolucionário quanto o desenvolvimento da concepção teórica e Polidez - É o resultado final de uma redação, apresentando-se
dos desdobramentos práticos da gestão. um texto agradável para ser lido e no tratamento respeitoso, digno
e apropriado do emissor. Devem ser evitadas a ironia, as gírias e
PRINCÍPIOS: a irreverência.

Os princípios arquivísticos constituem o marco principal da Os atos administrativos são compostos pelos seguintes ele-
diferença entre a arquivística e as outras “ciências” documentárias. mentos:
São eles:
1. Competência - É a condição primeira para a validade do ato
Princípio da Proveniência: Fixa a identidade do documento, administrativo. Nenhum ato pode ser realizado validamente sem
relativamente a seu produtor. Por este princípio, os arquivos de- que o agente disponha de poder legal para praticá-lo.
vem ser organizados em obediência à competência e às atividades
da instituição ou pessoa legitimamente responsável pela produção, 2. Finalidade - É o objetivo de interesse público a atingir. Não
acumulação ou guarda dos documentos. Arquivos originários de se compreende ato administrativo sem fim público.
uma instituição ou de uma pessoa devem manter a respectiva in-
dividualidade, dentro de seu contexto orgânico de produção, não 3. Forma - A forma em que se deve exteriorizar o ato adminis-
devendo ser mesclados a outros de origem distinta. trativo constitui elemento vinculado e indispensável à sua perfei-
ção. A inexistência da forma induz à inexistência do ato adminis-
Princípio da Organicidade: As relações administrativas or- trativo. A forma normal do ato administrativo é a escrita, embora
gânicas se refletem nos conjuntos documentais. A organicidade atos existam consubstanciados em ordens verbais, e até mesmo
é a qualidade segundo a qual os arquivos espelham a estrutura, em sinais convencionais, como ocorre com as instruções momen-
funções e atividades da entidade produtora/acumuladora em suas tâneas de superior a inferior hierárquico, com as determinações
relações internas e externas. da polícia em casos de urgência e com a sinalização do trânsito.
No entanto, a rigor, o ato escrito em forma legal não se exporá à
Princípio da Unicidade: Não obstante, forma, gênero, tipo invalidade.
ou suporte, os documentos de arquivo conservam seu caráter úni-
co, em função do contexto em que foram produzidos. 4. Motivo - O motivo ou a causa é a situação de direito ou de
fato que determina ou autoriza a realização do ato administrati-
Princípio da Indivisibilidade ou integridade: Os fundos de vo. O motivo como elemento integrante da perfeição do ato, pode
arquivo devem ser preservados sem dispersão, mutilação, aliena- vir expresso em lei, como pode ser deixado a critério do adminis-
ção, destruição não autorizada ou adição indevida. trador. Em se tratando de motivo vinculado pela lei, o agente da
administração, ao praticar o ato, fica na obrigação de justificar a
Princípio da Cumulatividade: O arquivo é uma formação existência do motivo, sem o qual o ato será inválido ou pelo menos
progressiva, natural e orgânica. invalidável por ausência da motivação.
A redação oficial é a maneira de redigir as correspondências,
processos e documentos afetos à administração pública. 5. Objeto - O objeto do ato administrativo é a criação, a mo-
Assim, a correta redação dos atos administrativos é necessária dificação ou a comprovação de situações jurídicas concernentes a
e algumas características devem ser observadas na elaboração dos pessoas, coisas ou atividades sujeitas à atuação do Poder Público.
textos oficiais. Tais como: Neste sentido, o objeto identifica-se com o conteúdo do ato e por
Objetividade e clareza - Dar a impressão exata das palavras, meio dele a administração manifesta o seu poder e a sua vontade
visando facilitar a compreensão da informação, evitando o supér- ou atesta simplesmente situações pré-existentes.
fluo, a linguagem técnica.
A linguagem culta deve nortear a formalidade do texto.
Correção - Uso das regras gramaticais, segundo os padrões e
normas do idioma.
Impessoalidade - O emissor do documento não é a pessoa que
o assina, mas a Instituição que ele representa.

Didatismo e Conhecimento 130


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Não cabem também, nos textos oficiais, coloquialismos, neo-
logismos, regionalismos, bordões da fala e da linguagem oral, bem
15. REDAÇÃO OFICIAL. como as abreviações e imagens sígnicas comuns na comunicação
eletrônica.
Diferentemente dos textos escolares, epistolares, jornalísticos
ou artísticos, a Redação Oficial não visa ao efeito estético nem à
originalidade. Ao contrário, impõe uniformidade, sobriedade, cla-
Conceito reza, objetividade, no sentido de se obter a maior compreensão
possível com o mínimo de recursos expressivos necessários. Porta-
Entende‑se por Redação Oficial o conjunto de normas e prá- rias lavradas sob forma poética, sentenças e despachos escritos em
ticas que devem reger a emissão dos atos normativos e comuni- versos rimados pertencem ao “folclore” jurídico‑administrativo e
cações do poder público, entre seus diversos organismos ou nas são práticas inaceitáveis nos textos oficiais. São também inacei-
relações dos órgãos públicos com as entidades e os cidadãos. táveis nos textos oficiais os vícios de linguagem, provocados por
A Redação Oficial inscreve‑se na confluência de dois univer- descuido ou ignorância, que constituem desvios das normas da
sos distintos: a forma rege‑se pelas ciências da linguagem (morfo- língua‑padrão. Enumeram‑se, a seguir, alguns desses vícios:
logia, sintaxe, semântica, estilística etc.); o conteúdo submete‑se
aos princípios jurídico‑administrativos impostos à União, aos Es- - Barbarismos: São desvios:
tados e aos Municípios, nas esferas dos poderes Executivo, Legis- - da ortografia: “ advinhar” em vez de adivinhar; “excessão”
lativo e Judiciário. em vez de exceção.
Pertencente ao campo da linguagem escrita, a Redação Oficial - da pronúncia: “rúbrica” em vez de rubrica.
deve ter as qualidades e características exigidas do texto escrito - da morfologia: “interviu” em vez de interveio.
destinado à comunicação impessoal, objetiva, clara, correta e efi- - da semântica: desapercebido (sem recursos) em vez de des-
caz. percebido (não percebido, sem ser notado).
Por ser “oficial”, expressão verbal dos atos do poder público, - pela utilização de estrangeirismos: galicismo (do francês):
essa modalidade de redação ou de texto subordina‑se aos princí- “mise‑en‑scène” em vez de encenação; anglicismo (do inglês):
pios constitucionais e administrativos aplicáveis a todos os atos da “delivery” em vez de entrega em domicílio.
administração pública, conforme estabelece o artigo 37 da Cons-
tituição Federal: - Arcaísmos: Utilização de palavras ou expressões anacrôni-
cas, fora de uso. Ex.: “asinha” em vez de ligeira, depressa.
“A administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- - Neologismos: Palavras novas que, apesar de formadas de
nicípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, acordo com o sistema morfológico da língua, ainda não foram in-
moralidade, publicidade e eficiência ( ... )”. corporadas pelo idioma. Ex.: “imexível” em vez de imóvel, que
não se pode mexer; “talqualmente” em vez de igualmente.
A forma e o conteúdo da Redação Oficial devem convergir na
produção dos textos dessa natureza, razão pela qual, muitas vezes, - Solecismos: São os erros de sintaxe e podem ser:
não há como separar uma do outro. Indicam‑se, a seguir, alguns - de concordância: “sobrou” muitas vagas em vez de sobra-
pressupostos de como devem ser redigidos os textos oficiais. ram.
- de regência: os comerciantes visam apenas “o lucro” em vez
Padrão culto do idioma de ao lucro.
- de colocação: “não tratava‑se” de um problema sério em vez
A redação oficial deve observar o padrão culto do idioma de não se tratava.
quanto ao léxico (seleção vocabular), à sintaxe (estrutura grama-
tical das orações) e à morfologia (ortografia, acentuação gráfica - Ambiguidade: Duplo sentido não intencional. Ex.: O desco-
etc.). nhecido falou‑me de sua mãe. (Mãe de quem? Do desconhecido?
Por padrão culto do idioma deve‑se entender a língua refe- Do interlocutor?)
rendada pelos bons gramáticos e pelo uso nas situações formais
de comunicação. Devem‑se excluir da Redagão Oficial a erudição - Cacófato: Som desagradável, resultante da junção de duas
minuciosa e os preciosismos vocabulares que criam entraves inú- ou mais palavras da cadeia da frase. Ex.: Darei um prêmio por
teis à compreensão do significado. Não faz sentido usar “perfunc- cada eleitor que votar em mim (por cada e porcada).
tório” em lugar de “superficial” ou “doesto” em vez de “acusação”
ou “calúnia”. São descabidos também as citações em língua es- - Pleonasmo: Informação desnecessariamente redundante.
trangeira e os latinismos, tão ao gosto da linguagem forense. Os Exemplos: As pessoas pobres, que não têm dinheiro, vivem na
manuais de Redação Oficial, que vários órgãos têm feito publicar, miséria; Os moralistas, que se preocupam com a moral, vivem vi-
são unânimes em desaconselhar a utilização de certas formas sa- giando as outras pessoas.
cramentais, protocolares e de anacronismos que ainda se leem em
documentos oficiais, como: “No dia 20 de maio, do ano de 2011 do A Redação Oficial supõe, como receptor, um operador linguís-
nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo”, que permanecem nos tico dotado de um repertório vocabular e de uma articulação ver-
registros cartorários antigos. bal minimamente compatíveis com o registro médio da linguagem.

Didatismo e Conhecimento 131


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Nesse sentido, deve ser um texto neutro, sem facilitações que in- “Excelentíssimo”, “Ilustríssimo”, “Meritíssimo”, “Reverendíssi-
tentem suprir as deficiências cognitivas de leitores precariamente mo” são vocativos que, em algumas instâncias do poder, torna-
alfabetizados. ram‑se inevitáveis. Entenda­-se que essa solenidade tem por consi-
Como exceção, citam‑se as campanhas e comunicados des- deração o cargo, a função pública, e não a pessoa de seu exercente.
tinados a públicos específicos, que fazem uma aproximação com Vale lembrar que os pronomes de tratamento são obrigato-
o registro linguístico do público‑alvo. Mas esse é um campo que riamente regidos pela terceira pessoa. São erros muito comuns
refoge aos objetivos deste material, para se inserir nos domínios e construções como “Vossa Excelência sois bondoso(a)”; o correto é
técnicas da propaganda e da persuasão. “Vossa Excelência é bondoso(a)”.
Se o texto oficial não pode e não deve baixar ao nível de com- A utilização da segunda pessoa do plural (vós), com que os
preensão de leitores precariamente equipados quanto à lingua- textos oficiais procuravam revestir‑se de um tom solene e cerimo-
gem, fica evidente o falo de que a alfabetização e a capacidade nioso no passado, é hoje incomum, anacrônica e pedante, salvo em
de apreensão de enunciados são condições inerentes à cidadania. algumas peças oratórias envolvendo tribunais ou juizes, herdeiras,
Ninguém é verdadeiramente cidadão se não consegue ler e com- no Brasil, da tradição retórica de Rui Barbosa e seus seguidores.
preender o que leu. O domínio do idioma é equipamento indispen- Outro aspecto das formalidades requeridas na Redação Oficial
sável à vida em sociedade. é a necessidade prática de padronização dos expedientes. Assim,
as prescrições quanto à diagramação, espaçamento, caracteres ti-
Impessoalidade e Objetividade
pográficos etc., os modelos inevitáveis de ofício, requerimento,
memorando, aviso e outros, além de facilitar a legibilidade, ser-
Ainda que possam ser subscritos por um ente público (fun-
vem para agilizar o andamento burocrático, os despachos e o ar-
cionário, servidor etc.), os textos oficiais são expressão do poder
público e é em nome dele que o emissor se comunica, sempre nos quivamento.
termos da lei e sobre atos nela fundamentados. É também por essa razão que quase todos os órgãos públicos
Não cabe na Redação Oficial, portanto, a presença do “eu” editam manuais com os modelos dos expedientes que integram
enunciador, de suas impressões subjetivas, sentimentos ou opi- sua rotina burocrática. A Presidência da República, a Câmara dos
niões. Mesmo quando o agente público manifesta‑se em primeira Deputados, o Senado, os Tribunais Superiores, enfim, os poderes
pessoa, em formas verbais comuns como: declaro, resolvo, deter- Executivo, Legislativo e Judiciário têm os próprios ritos na elabo-
mino, nomeio, exonero etc., é nos termos da lei que ele o faz e é ração dos textos e documentos que lhes são pertinentes.
em função do cargo que exerce que se identifica e se manifesta.
O que interessa é aquilo que se comunica, é o conteúdo, o Concisão e Clareza
objeto da informação. A impessoalidade contribui para a necessá-
ria padronização, reduzindo a variabilidade da linguagem a certos Houve um tempo em que escrever bem era escrever “difícil”.
padrões, sem o que cada texto seria suscetível de inúmeras inter- Períodos longos, subordinações sucessivas, vocábulos raros, in-
pretações. versões sintáticas, adjetivação intensiva, enumerações, gradações,
Por isso, a Redação Oficial não admite adjetivação. O adje- repetições enfáticas já foram considerados virtudes estilísticas.
tivo, ao qualificar, exprime opinião e evidencia um juízo de valor Atualmente, a velocidade que se impõe a tudo o que se faz, inclu-
pessoal do emissor. São inaceitáveis também a pontuação expres- sive ao escrever e ao ler, tornou esses recursos quase sempre obso-
siva, que amplia a significação (! ... ), ou o emprego de interjeições letos. Hoje, a concisão, a economia vocabular, a precisão lexical,
(Oh! Ah!), que funcionam como índices do envolvimento emocio- ou seja, a eficácia do discurso, são pressupostos não só da Redação
nal do redator com aquilo que está escrevendo. Oficial, mas da própria literatura. Basta observar o estilo “enxuto”
Se nos trabalhos artísticos, jornalísticos e escolares o estilo de Graciliano Ramos, de Carios Drummond de Andrade, de João
individual é estimulado e serve como diferencial das qualidades Cabral de Melo Neto, de Dalton Trevisan, mestres da linguagem
autorais, a função pública impõe a despersonalização do sujeito, altamente concentrada.
do agente público que emite a comunicação. São inadmissíveis, Não têm mais sentido os imensos “prolegômenos” e “exór-
portanto, as marcas individualizadoras, as ousadias estilísticas, a dios” que se repetiam como ladainhas nos textos oficiais, como o
linguagem metafórica ou a elíptica e alusiva. A Redação Oficial
exemplo risível e caricato que segue:
prima pela denotação, pela sintaxe clara e pela economia vocabu-
lar, ainda que essa regularidade imponha certa “monotonia buro-
“Preliminarmente, antes de mais nada, indispensável se faz
crática” ao discurso.
Reafirma‑se que a intermediação entre o emissor e o recep- que nos valhamos do ensejo para congratularmo‑nos com Vossa
tor nas Redações Oficiais é o código linguístico, dentro do padrão Excelência pela oportunidade da medida proposta à apreciação
culto do idioma; uma linguagem “neutra”, referendada pelas gra- de seus nobres pares. Mas, quem sou eu, humilde servidor público,
máticas, dicionários e pelo uso em situações formais, acima das para abordar questões de tamanha complexidade, a respeito das
diferenças individuais, regionais, de classes sociais e de níveis de quais divergem os hermeneutas e exegetas.
escolaridade. Entrementes, numa análise ainda que perfunctória das cau-
sas primeiras, que fundamentaram a proposição tempestivamen-
Formalidade e Padronização te encaminhada por Vossa Excelência, indispensável se faz uma
abordagem preliminar dos antecedentes imediatos, posto que estes
As comunicações oficiais impõem um tratamento polido e res- antecedentes necessariamente antecedem os consequentes”.
peitoso. Na tradição ibero‑americana, afeita a títulos e a tratamen-
tos reverentes, a autoridade pública revela sua posição hierárquica Observe que absolutamente nada foi dito ou informado.
por meio de formas e de pronomes de tratamento sacramentais.

Didatismo e Conhecimento 132


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
As Comunicações Oficiais - Do Poder Legislativo - Deputados Federais e Senadores;
Ministro do Tribunal de Contas da União; Deputados Estaduais e
A redação das comunicações oficiais obedece a preceitos de Distritais; Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; Presi-
objetividade, concisão, clareza, impessoalidade, formalidade, pa- dentes das Câmaras Legislativas Municipais.
dronização e correção gramatical. - Do Poder Judiciário - Ministros dos Tribunais Superiores;
Além dessas, há outras características comuns à comunica- Membros de Tribunais; Juizes; Auditores da Justiça Militar.
ção oficial, como o emprego de pronomes de tratamento, o tipo de Vocativos
fecho (encerramento) de uma correspondência e a forma de iden-
tificação do signatário, conforme define o Manual de Redação da O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos
Presidência da República. Outros órgãos e instituições do poder chefes de poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respec-
público também possuem manual de redação próprio, como a Câ- tivo: Excelentíssimo Senhor Presidente da República; Excelentís-
mara dos Deputados, o Senado Federal, o Ministério das Relações simo Senhor Presidente do Congresso Nacional; Excelentíssimo
Exteriores, diversos governos estaduais, órgãos do Judiciário etc. Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal.
As demais autoridades devem ser tratadas com o vocativo Se-
Pronomes de Tratamento nhor ou Senhora, seguido do respectivo cargo: Senhor Senador /
Senhora Senadora; Senhor Juiz/ Senhora Juiza; Senhor Ministro
A regra diz que toda comunicação oficial deve ser formal e / Senhora Ministra; Senhor Governador / Senhora Governadora.
polida, isto é, ajustada não apenas às normas gramaticais, como
também às normas de educação e cortesia. Para isso, é fundamen- Endereçamento
tal o emprego de pronomes de tratamento, que devem ser utili-
zados de forma correta, de acordo com o destinatário e as regras De acordo com o Manual de Redação da Presidência, no en-
gramaticais. velope, o endereçamento das comunicações dirigidas às autorida-
Embora os pronomes de tratamento se refiram à segunda pes- des tratadas por Vossa Excelência, deve ter a seguinte forma:
soa (Vossa Excelência, Vossa Senhoria), a concordância é feita em
terceira pessoa. A Sua Excelência o Senhor
Fulano de Tal
Concordância verbal: Ministro de Estado da Justiça
Vossa Senhoria falou muito bem. 70064‑900 ‑ Brasília. DF
Vossa Excelência vai esclarecer o tema.
Vossa Majestade sabe que respeitamos sua opinião. A Sua Excelência o Senhor
Senador Fulano de Tal
Concordância pronominal: Senado Federal
Pronomes de tratamento concordam com pronomes possessi- 70165‑900 ‑ Brasília. DF
vos na terceira pessoa.
Vossa Excelência escolheu seu candidato. (e não “vosso...”). A Sua Excelência o Senhor
Fulano de Tal
Concordância nominal: Juiz de Direito da l0ª Vara Cível
Os adjetivos devem concordar com o sexo da pessoa a que se Rua ABC, nº 123
refere o pronome de tratamento. 01010‑000 ‑ São Paulo. SP
Vossa Excelência ficou confuso. (para homem)
Vossa Excelência ficou confusa. (para mulher) Conforme o Manual de Redação da Presidência, “em comuni-
Vossa Senhoria está ocupado. (para homem) cações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssimo (DD)
Vossa Senhoria está ocupada. (para mulher) às autoridades na lista anterior. A dignidade é pressuposto para que
se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária sua repetida
Sua Excelência - de quem se fala (ele/ela). evocação”.
Vossa Excelência - com quem se fala (você)
Vossa Senhoria: É o pronome de tratamento empregado para
Emprego dos Pronomes de Tratamento as demais autoridades e para particulares. O vocativo adequado é:
Senhor Fulano de Tal / Senhora Fulana de Tal.
As normas a seguir fazem parte do Manual de Redação da
Presidência da República. No envelope, deve constar do endereçamento:
Ao Senhor
Vossa Excelência: É o tratamento empregado para as seguin- Fulano de Tal
tes autoridades: Rua ABC, nº 123
70123-000 – Curitiba.PR
- Do Poder Executivo - Presidente da República; Vice-presi-
denIe da República; Ministros de Estado; Governadores e vice‑go- Conforme o Manual de Redação da Presidência, em comu-
vernadores de Estado e do Distrito Federal; Oficiais generais das nicações oficiais “fica dispensado o emprego do superlativo Ilus-
Forças Armadas; Embaixadores; Secretários‑executivos de Minis- tríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa
térios e demais ocupantes de cargos de natureza especial; Secretá- Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de
rios de Estado dos Governos Estaduais; Prefeitos Municipais. tratamento Senhor. O Manual também esclarece que “doutor não

Didatismo e Conhecimento 133


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
é forma de tratamento, e sim título acadêmico”. Por isso, reco- (espaço para assinatura)
menda-se empregá-lo apenas em comunicações dirigidas a pessoas Nome
que tenham concluído curso de doutorado. No entanto, ressalva-se Chefe da Secretaria‑Geral da Presidência da República
que “é costume designar por doutor os bacharéis, especialmente os
bacharéis em Direito e em Medicina”. (espaço para assinatura)
Vossa Magnificência: É o pronome de tratamento dirigido a Nome
reitores de universidade. Corresponde‑lhe o vocativo: Magnífico Ministro de Estado da Justiça
Reitor.
Vossa Santidade: É o pronome de tratamento empregado em “Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura
comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo correspondente é: em página isolada do expediente. Transfira para essa página ao
Santíssimo Padre. menos a última frase anterior ao fecho”, alerta o Manual.

Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima: São os Padrões e Modelos


pronomes empregados em comunicações dirigidas a cardeais. Os
vocativos correspondentes são: Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou O Padrão Ofício
Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal.
O Manual de Redação da Presidência da República lista três
Nas comunicações oficiais para as demais autoridades ecle- tipos de expediente que, embora tenham finalidades diferentes,
siásticas são usados: Vossa Excelência Reverendíssima (para arce- possuem formas semelhantes: Ofício, Aviso e Memorando. A
bispos e bispos); Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reve- diagramação proposta para esses expedientes é denominada pa-
rendíssima (para monsenhores, cônegos e superiores religiosos); drão ofício.
Vossa Reverência (para sacerdotes, clérigos e demais religiosos). O Ofício, o Aviso e o Memorando devem conter as seguintes
partes:
Fechos para Comunicações
- Tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão
que o expede. Exemplos:
De acordo com o Manual da Presidência, o fecho das comu-

nicações oficiais “possui, além da finalidade óbvia de arrematar o
Of. 123/2002-MME
texto, a de saudar o destinatário”, ou seja, o fecho é a maneira de
Aviso 123/2002-SG
quem expede a comunicação despedir‑se de seu destinatário.
Mem. 123/2002-MF
Até 1991, quando foi publicada a primeira edição do atual
Manual de Redação da Presidência da República, havia 15 pa-
- Local e data. Devem vir por extenso com alinhamento à
drões de fechos para comunicações oficiais. O Manual simplificou direita. Exemplo:
a lista e reduziu­-os a apenas dois para todas as modalidades de
comunicação oficial. São eles: Brasília, 20 de maio de 2011
Respeitosamente: para autoridades superiores, inclusive o - Assunto. Resumo do teor do documento. Exemplos:
presidente da República.
Atenciosamente: para autoridades de mesma hierarquia ou de Assunto: Produtividade do órgão em 2010.
hierarquia inferior. Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores.
“Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a - Destinatário. O nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida
autoridades estrangeiras, que atenderem a rito e tradição próprios, a comunicação. No caso do ofício, deve ser incluído também o
devidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério endereço.
das Relações Exteriores”, diz o Manual de Redação da Presidên-
cia da República. - Texto. Nos casos em que não for de mero encaminhamento
A utilização dos fechos “Respeitosamente” e “Atenciosamen- de documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura:
te” é recomendada para os mesmos casos pelo Manual de Reda- Introdução: que se confunde com o parágrafo de abertura, na
ção da Câmara dos Deputados e por outros manuais oficiais. Já os qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o
fechos para as cartas particulares ou informais ficam a critério do uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cum-
remetente, com preferência para a expressão “Cordialmente”, para pre‑me informar que”,empregue a forma direta;
encerrar a correspondência de forma polida e sucinta. Desenvolvimento: no qual o assunto é detalhado; se o texto
contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas
Identificação do Signatário em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição;
Conclusão: em que é reafirmada ou simplesmente reapresen-
Conforme o Manual de Redação da Presidência do Repúbli- tada a posição recomendada sobre o assunto.
ca, com exceção das comunicações assinadas pelo presidente da
República, em todas as comunicações oficiais devem constar o Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos ca-
nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo de sua assina- sos em que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtí-
tura. A forma da identificação deve ser a seguinte: tulos.

Didatismo e Conhecimento 134


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Quando se tratar de mero encaminhamento de documentos, a - a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel
estrutura deve ser a seguinte: branco. A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos
Introdução: deve iniciar com referência ao expediente que e ilustrações;
solicitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver - todos os tipos de documento do padrão ofício devem ser im-
sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo da comu- pressos em papel de tamanho A‑4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm;
nicação, que é encaminhar, indicando a seguir os dados completos - deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo
do documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário, e Rich Text nos documentos de texto;
assunto de que trata), e a razão pela qual está sendo encaminhado, - dentro do possível, todos os documentos elaborados devem
segundo a seguinte fórmula: ter o arquivo de texto preservado para consulta posterior ou apro-
veitamento de trechos para casos análogos;
“Em resposta ao Aviso nº 112, de 10 de fevereiro de 2011, - para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser
encaminho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 2010, do formados da seguinte maneira: tipo do documento + número do
Departamento Geral de Administração, que trata da requisição do documento + palavras‑chave do conteúdo. Exemplo:
servidor Fulano de Tal.”
“Of. 123 ‑ relatório produtivida-
ou de ano 2010”

“Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa cópia Aviso e Ofício (Comunicação Externa)
do telegrama nº 112, de 11 de fevereiro de 2011, do Presidente da
Confederação Nacional de Agricultura, a respeito de projeto de São modalidades de comunicação oficial praticamente idênti-
modernização de técnicas agrícolas na região Nordeste.” cas. A única diferença entre eles é que o aviso é expedido exclu-
sivamente por Ministros de Estado, para autoridades de mesma
Desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer hierarquia, ao passo que o ofício é expedido para e pelas demais
algum comentário a respeito do documento que encaminha, pode- autoridades. Ambos têm como finalidade o tratamento de assuntos
rá acrescentar parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário, oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e, no caso
não há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou ofício de mero do ofício, também com particulares.
encaminhamento. Quanto a sua forma, Aviso e Ofício seguem o modelo do pa-
drão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o destinatário,
- Fecho. seguido de vírgula. Exemplos:
- Assinatura.
- Identificação do Signatário Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
Senhora Ministra,
Forma de Diagramação Senhor Chefe de Gabinete,

Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as seguin-


Os documentos do padrão ofício devem obedecer à seguinte
tes informações do remetente:
forma de apresentação:
- nome do órgão ou setor;
- endereço postal;
- deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo
- telefone e endereço de correio eletrônico.
12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé;
- para símbolos não existentes na fonte Times New Roman,
Obs: Modelo no final da matéria.
poder‑se‑ão utilizar as fontes symbol e Wíngdings;
- é obrigatório constar a partir da segunda página o número Memorando ou Comunicação Interna
da página;
- os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impres- O Memorando é a modalidade de comunicação entre unidades
sos em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda administrativas de um mesmo órgão, que podem estar hierarquica-
e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem mente em mesmo nível ou em nível diferente. Trata‑se, portanto,
espelho”); de uma forma de comunicação eminentemente interna.
- o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distân- Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser empregado
cia da margem esquerda; para a exposição de projetos, ideias, diretrizes etc. a serem adota-
- o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no míni- dos por determinado setor do serviço público.
mo 3,0 cm de largura; Sua característica principal é a agilidade. A tramitação do
- o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm; memorando em qualquer órgão deve pautar-­se pela rapidez e pela
- deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de simplicidade de procedimentos burocráticos. Para evitar desneces-
6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não sário aumento do número de comunicações, os despachos ao me-
comportar tal recurso, de uma linha em branco; morando devem ser dados no próprio documento e, no caso de fal-
- não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, ta de espaço, em folha de continuação. Esse procedimento permite
letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer formar uma espécie de processo simplificado, assegurando maior
outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do transparência a tomada de decisões, e permitindo que se historie o
documento; andamento da matéria tratada no memorando.

Didatismo e Conhecimento 135


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do padrão - se há projetos sobre a matéria no Legislativo;
ofício, com a diferença de que seu destinatário deve ser menciona- - outras possibilidades de resolução do problema.
do pelo cargo que ocupa. Exemplos: - Custos. Mencionar:
- se a despesa decorrente da medida está prevista na lei orça-
Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração mentária anual; se não, quais as alternativas para custeá‑la;
Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos. - se a despesa decorrente da medida está prevista na lei orça-
mentária anual; se não, quais as alternativas para custeá‑la;
Obs: Modelo no final da matéria. - valor a ser despendido em moeda corrente;
- Razões que justificam a urgência (a ser preenchido somente
Exposição de Motivos se o ato proposto for medida provisória ou projeto de lei que deva
tramitar em regime de urgência). Mencionar:
É o expediente dirigido ao presidente da República ou ao vice- - se o problema configura calamidade pública;
-presidente para: - por que é indispensável a vigência imediata;
- informá-lo de determinado assunto; - se se trata de problema cuja causa ou agravamento não te-
- propor alguma medida; ou nham sido previstos;
- submeter a sua consideração projeto de ato normativo. - se se trata de desenvolvimento extraordinário de situação já
prevista.
Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente da - Impacto sobre o meio ambiente (somente que o ato ou medi-
República por um Ministro de Estado. Nos casos em que o assunto da proposta possa vir a tê-lo)
tratado envolva mais de um Ministério, a exposição de motivos - Alterações propostas. Texto atual, Texto proposto;
deverá ser assinada por todos os Ministros envolvidos, sendo, por - Síntese do parecer do órgão jurídico.
essa razão, chamada de interministerial.
Formalmente a exposição de motivos tem a apresentação do Com base em avaliação do ato normativo ou da medida propo-
padrão ofício. De acordo com sua finalidade, apresenta duas for- sa à luz das questões levantadas no ítem 10.4.3.
mas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter exclu- A falta ou insuficiência das informações prestadas pode acar-
sivamente informativo e outra para a que proponha alguma medida retar, a critério da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil,
ou submeta projeto de ato normativo. a devolução do projeto de ato normativo para que se complete o
No primeiro caso, o da exposição de motivos que simples- exame ou se reformule a proposta.
mente leva algum assunto ao conhecimento do Presidente da Re- O preenchimento obrigatório do anexo para as exposições de
pública, sua estrutura segue o modelo antes referido para o padrão motivos que proponham a adoção de alguma medida ou a edição
ofício. de ato normativo tem como finalidade:
Já a exposição de motivos que submeta à consideração do Pre- - permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca
sidente da República a sugestão de alguma medida a ser adotada resolver;
ou a que lhe apresente projeto de ato normativo, embora sigam - ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do pro-
também a estrutura do padrão ofício, além de outros comentários blema e dos defeitos que pode ter a adoção da medida ou a edição
julgados pertinentes por seu autor, devem, obrigatoriamente, apon- do ato, em consonância com as questões que devem ser analisadas
tar: na elaboração de proposições normativas no âmbito do Poder Exe-
- na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da cutivo (v. 10.4.3.)
medida ou do ato normativo proposto; - conferir perfeita transparência aos atos propostos.
- no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou
aquele ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e Dessa forma, ao atender às questões que devem ser analisadas
eventuais alternativas existentes para equacioná‑lo; na elaboração de atos normativos no âmbito do Poder Executivo,
- na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou o texto da exposição de motivos e seu anexo complementam-se
qual ato normativo deve ser editado para solucionar o problema. e formam um todo coeso: no anexo, encontramos uma avaliação
profunda e direta de toda a situação que está a reclamar a adoção
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição de certa providência ou a edição de um ato normativo; o problema
de motivos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte a ser enfrentado e suas causas; a solução que se propõe, seus efei-
modelo previsto no Anexo II do Decreto nº 4.1760, de 28 de março tos e seus custos; e as alternativas existentes. O texto da exposição
de 2010. de motivos fica, assim, reservado à demonstração da necessidade
Anexo à exposição de motivos do (indicar nome do Ministério da providência proposta: por que deve ser adotada e como resol-
ou órgão equivalente) nº ______, de ____ de ______________ de verá o problema.
201_. Nos casos em que o ato proposto for questão de pessoal (no-
meação, promoção, ascenção, transferência, readaptação, rever-
- Síntese do problema ou da situação que reclama providên- são, aproveitamento, reintegração, recondução, remoção, exone-
cias; ração, demissão, dispensa, disponibilidade, aposentadoria), não é
- Soluções e providências contidas no ato normativo ou na necessário o encaminhamento do formulário de anexo à exposição
medida proposta; de motivos. Ressalte-se que:
- Alternativas existentes às medidas propostas. Mencionar: - a síntese do parecer do órgão de assessoramento jurídico não
- se há outro projeto do Executivo sobre a matéria; dispensa o encaminhamento do parecer completo;

Didatismo e Conhecimento 136


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
- o tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos - Encaminhamento de medida provisória: Para dar cumpri-
pode ser alterado de acordo com a maior ou menor extensão dos mento ao disposto no art. 62 da Constituição, o Presidente da Re-
comentários a serem alí incluídos. pública encaminha mensagem ao Congresso, dirigida a seus mem-
bros, com aviso para o Primeiro Secretário do Senado Federal, jun-
Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente que a tando cópia da medida provisória, autenticada pela Coordenação
atenção aos requisitos básicos da Redação Oficial (clareza, conci- de Documentação da Presidência da República.
são, impessoalidade, formalidade, padronização e uso do padrão
culto de linguagem) deve ser redobrada. A exposição de motivos - Indicação de autoridades: As mensagens que submetem ao
é a principal modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da Senado Federal a indicação de pessoas para ocuparem determina-
República pelos Ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser dos cargos (magistrados dos Tribunais Superiores, Ministros do
encaminhada cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário TCU, Presidentes e diretores do Banco Central, Procurador‑Geral
ou, ainda, ser publicada no Diário Oficial da União, no todo ou da República, Chefes de Missão Diplomática etc.) têm em vista
em parte. que a Constituição, no seu art. 52, incisos III e IV, atribui àquela
Casa do Congresso Nacional competência privativa para aprovar a
Mensagem
indicação. O currículum vitae do indicado, devidamente assinado,
acompanha a mensagem.
É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos
Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe
do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato - Pedido de autorização para o presidente ou o vice‑presi-
da Administração Pública; expor o plano de governo por ocasião dente da República se ausentarem do País por mais de 15 dias:
da abertura de sessão legislativa; submeter ao Congresso Nacional Trata‑se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, III, e
matérias que dependem de deliberação de suas Casas; apresentar 83), e a autorização é da competência privativa do Congresso Na-
veto; enfim, fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja cional.
de interesse dos poderes públicos e da Nação. O presidente da República, tradicionalmente, por cortesia,
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Ministérios quando a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comuni-
à Presidência da República, a cujas assessorias caberá a redação cação a cada Casa do Congresso, enviando‑lhes mensagens idên-
final. ticas.
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Congresso
Nacional têm as seguintes finalidades: - Encaminhamento de atos de concessão e renovação de
concessão de emissoras de rádio e TV: A obrigação de submeter
- Encaminhamento de projeto de lei ordinária, complemen- tais atos à apreciagão do Congresso Nacional consta no inciso XII
tar ou financeira: Os projetos de lei ordinária ou complementar do artigo 49 da Constituição. Somente produzirão efeitos legais a
são enviados em regime normal (Constituição, art. 61) ou de ur- outorga ou renovação da concessão após deliberação do Congresso
gência (Constituição, art. 64, §§ 1º a 4º). Cabe lembrar que o pro- Nacional (Constituição, art. 223, § 3º). Descabe pedir na mensa-
jeto pode ser encaminhado sob o regime normal e mais tarde ser gem a urgência prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o §
objeto de nova mensagem, com solicitação de urgência. 1º do art. 223 já define o prazo da tramitação.
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos Membros do Além do ato de outorga ou renovação, acompanha a mensa-
Congresso Nacional, mas é encaminhada com aviso do Chefe da gem o correspondente processo administrativo.
Casa Civil da Presidência da República ao Primeiro Secretário
da Câmara dos Deputados, para que tenha início sua tramitação
(Constituição, art. 64, caput). - Encaminhamento das contas referentes ao exercício ante-
Quanto aos projetos de lei financeira (que compreendem pla- rior: O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias após
no plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e cré-
a abertura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Nacio-
ditos adicionais), as mensagens de encaminhamento dirigem‑se
nal as contas referentes ao exercício anterior (Constituição, art.
aos membros do Congresso Nacional, e os respectivos avisos são
84, XXIV), para exame e parecer da Comissão Mista permanente
endereçados ao Primeiro Secretário do Senado Federal. A razão é
que o art. 166 da Constituição impõe a deliberação congressual so- (Constituição, art. 166, § 1º), sob pena de a Câmara dos Deputados
bre as leis financeiras em sessão conjunta, mais precisamente, “na realizar a tomada de contas (Constituição, art. 51, II), em procedi-
forma do regimento comum”. E à frente da Mesa do Congresso mento disciplinado no art. 215 do seu Regimento Interno.
Nacional está o Presidente do Senado Federal (Constituição, art. - Mensagem de abertura da sessão legislativa: Ela deve con-
57, § 5º), que comanda as sessões conjuntas. ter o plano de governo, exposição sobre a situação do País e soli-
As mensagens aqui tratadas coroam o processo desenvolvi- citação de providências que julgar necessárias (Constituição, art.
do no âmbito do Poder Executivo, que abrange minucioso exame 84, XI).
técnico, jurídico e econômico‑financeiro das matérias objeto das O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da Presi-
proposições por elas encaminhadas. dência da República. Esta mensagem difere das demais porque vai
Tais exames materializam‑se em pareceres dos diversos ór- encadernada e é distribuída a todos os congressistas em forma de
gãos interessados no assunto das proposições, entre eles o da Ad- livro.
vocacia Geral da União. Mas, na origem das propostas, as análises
necessárias constam da exposição de motivos do órgão onde se - Comunicação de sanção (com restituição de autógrafos):
geraram, exposição que acompanhará, por cópia, a mensagem de Esta mensagem é dirigida aos membros do Congresso Nacional,
encaminhamento ao Congresso. encaminhada por Aviso ao Primeiro ­Secretário da Casa onde se

Didatismo e Conhecimento 137


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
originaram os autógrafos. Nela se informa o número que tomou a - o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do texto, e
lei e se restituem dois exemplares dos três autógrafos recebidos, horizontalmente fazendo coincidir seu final com a margem direita.
nos quais o Presidente da República terá aposto o despacho de A mensagem, como os demais atos assinados pelo Presidente da
sanção. República, não traz identificação de seu signatário.

- Comunicação de veto: Dirigida ao Presidente do Senado Obs: Modelo no final da matéria.


Federal (Constituição, art. 66, § 1º), a mensagem informa sobre a
decisão de vetar, se o veto é parcial, quais as disposições vetadas, e Telegrama
as razões do veto. Seu texto vai publicado na íntegra no Diário Ofi-
cial da União, ao contrário das demais mensagens, cuja publicação Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar os pro-
se restringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo. cedimentos burocráticos, passa a receber o título de telegrama toda
comunicação oficial expedida por meio de telegrafia, telex etc. Por
- Outras mensagens: Também são remetidas ao Legislativo se tratar de forma de comunicação dispendiosa aos cofres públicos
com regular frequência mensagens com: e tecnologicamente superada, deve restringir‑se o uso do telegra-
- encaminhamento de atos internacionais que acarretam encar- ma apenas àquelas situações que não seja possível o uso de correio
gos ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49, I); eletrônico ou fax e que a urgência justifique sua utilização e, tam-
- pedido de estabelecimento de alíquolas aplicáveis às opera- bém em razão de seu custo elevado, esta forma de comunicação
ções e prestações interestaduais e de exportação (Constituição, art. deve pautar‑se pela concisão.
155, § 2º, IV); Não há padrão rígido, devendo‑se seguir a forma e a estrutura
- proposta de fixação de limites globais para o montante da dos formulários disponíveis nas agências dos Correios e em seu
dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI); sítio na Internet.
- pedido de autorização para operações financeiras externas
(Constituição, art. 52, V); e outros. Obs: Modelo no final da matéria.

Entre as mensagens menos comuns estão as de: Fax


- convocação extraordinária do Congresso Nacional (Consti-
tuição, art. 57, § 6º); O fax (forma abreviada já consagrada de fac‑símile) é uma
- pedido de autorização para exonerar o Procurador‑Geral da forma de comunicação que está sendo menos usada devido ao de-
República (art. 52, XI, e 128, § 2º); senvolvimento da Internet. É utilizado para a transmissão de men-
sagens urgentes e para o envio antecipado de documentos, de cujo
- pedido de autorização para declarar guerra e decretar mobi-
conhecimento há premência, quando não há condições de envio do
lização nacional (Constituição, art. 84, XIX);
documento por meio eletrônico. Quando necessário o original, ele
- pedido de autorização ou referendo para celebrara paz
segue posteriormente pela via e na forma de praxe.
(Constituição, art. 84, XX);
Se necessário o arquivamento, deve‑se fazê‑lo com cópia xe-
- justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua
rox do fax e não com o próprio fax, cujo papel, em certos modelos,
prorrogação (Constituição, art. 136, § 4º);
se deteriora rapidamente.
- pedido de autorização para decretar o estado de sítio (Cons-
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a estrutura
tituição, art. 137); que lhes são inerentes. É conveniente o envio, juntamente com o
- relato das medidas praticadas na vigência do estado de sítio documento principal, de folha de rosto, isto é, de pequeno formu-
ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo único); lário com os dados de identificação da mensagem a ser enviada.
- proposta de modificação de projetas de leis financeiras
(Constituição, art. 166, § 5º); Correio Eletrônico
- pedido de autorização para utilizar recursos que ficarem sem
despesas correspondentes, em decorrência de veto, emenda ou re- O correio eletrônico (“e‑mail”), por seu baixo custo e cele-
jeição do projeto de lei orçamentária anual (Constituição, art. 166, ridade, transformou‑se na principal forma de comunicação para
§ 8º); transmissão de documentos.
- pedido de autorização para alienar ou conceder terras públi- Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua
cas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art. 188, § 1º); etc. flexibilidade. Assim, não interessa definir forma rígida para sua
As mensagens contêm: estrutura. Entretanto, deve‑se evitar o uso de linguagem incompa-
- a indicação do tipo de expediente e de seu número, horizon- tível com uma comunicação oficial.
talmente, no início da margem esquerda: O campo assunto do formulário de correio eletrônico mensa-
gem deve ser preenchido de modo a facilitar a organização docu-
Mensagem nº mental tanto do destinatário quanto do remetente.
Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado,
- vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o cargo preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem que enca-
do destinatário, horizontalmente, no início da margem esquerda: minha algum arquivo deve trazer informações mínimas sobre seu
conteúdo.
Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal, Sempre que disponível, deve‑se utilizar recurso de confirma-
ção de leitura. Caso não seja disponível, deve constar da mensa-
- o texto, iniciando a 2 cm do vocativo; gem pedido de confirmação de recebimento.

Didatismo e Conhecimento 138


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de externa), nos quais a autoridade que assina expressa uma opinião
correio eletrônico tenha valor documental, isto é, para que possa ou dá uma informação não sua, mas, sim, do órgão pelo qual res-
ser aceita como documento original, é necessário existir certifica- ponde. Em grande parte dos casos da correspondência enviada por
ção digital que ateste a identidade do remetente, na forma estabe- deputados, deve‑se usar a carta, não o memorando ou ofício, por
lecida em lei. estar o parlamentar emitindo parecer, opinião ou informação de
sua responsabilidade, e não especificamente da Câmara dos Depu-
Apostila tados. O parlamentar deverá assinar memorando ou ofício apenas
como titular de função oficial específica (presidente de comissão
É o aditamento que se faz a um documento com o objetivo ou membro da Mesa, por exemplo). Estrutura:
de retificação, atualização, esclarecimento ou fixar vantagens,
- Local e data.
evitando‑se assim a expedição de um novo título ou documento.
- Endereçamento, com forma de tratamento, destinatário, car-
Estrutura:
- Título: APOSTILA, centralizado. go e endereço.
- Texto: exposição sucinta da retificação, esclarecimento, - Vocativo.
atualização ou fixação da vantagem, com a menção, se for o caso, - Texto.
onde o documento foi publicado. - Fecho.
- Local e data. - Assinatura: nome e, quando necessário, função ou cargo.
- Assinatura: nome e função ou cargo da autoridade que cons-
tatou a necessidade de efetuar a apostila. Se o gabinete usar cartas com frequência, poderá numerá‑las.
Nesse caso, a numeração poderá apoiar­-se no padrão básico de
Não deve receber numeração, sendo que, em caso de docu- diagramação.
mento arquivado, a apostila deve ser feita abaixo dos textos ou no O fecho da carta segue, em geral, o padrão da correspondência
verso do documento. oficial, mas outros fechos podem ser usados, a exemplo de “Cor-
Em caso de publicação do ato administrativo originário, a dialmente”, quando se deseja indicar relação de proximidade ou
apostila deve ser publicada com a menção expressa do ato, núme- igualdade de posição entre os correspondentes.
ro, dia, página e no mesmo meio de comunicaçao oficial no qual
o ato administrativo foi originalmente publicado, a fim de que se Obs: Modelo no final da matéria.
preserve a data de validade.
Declaração
Obs: Modelo no final da matéria.

ATA É o documento em que se informa, sob responsabilidade, algo


sobre pessoa ou acontecimento. Estrutura:
É o instrumento utilizado para o registro expositivo dos fatos - Título: DECLARAÇÃO, centralizado.
e deliberações ocorridos em uma reunião, sessão ou assembleia. - Texto: exposição do fato ou situação declarada, com fina-
Estrutura: lidade, nome do interessado em destaque (em maiúsculas) e sua
- Título ‑ ATA. Em se tratando de atas elaboradas sequen- relação com a Câmara nos casos mais formais.
cialmente, indicar o respectivo número da reunião ou sessão, em - Local e data.
caixa‑alta. - Assinatura: nome da pessoa que declara e, no caso de autori-
- Texto, incluindo: Preâmbulo ‑ registro da situação espacial dade, função ou cargo.
e temporal e participantes; Registro dos assuntos abordados e de
suas decisões, com indicação das personalidades envolvidas, se for A declaração documenta uma informação prestada por autori-
o caso; Fecho ‑ termo de encerramento com indicação, se neces- dade ou particular. No caso de autoridade, a comprovação do fato
sário, do redator, do horário de encerramento, de convocação de ou o conhecimento da situação declarada deve serem razão do car-
nova reunião etc. go que ocupa ou da função que exerce.
A ATA será assinada e/ou rubricada portodos os presentes à Declarações que possuam características específicas podem
reunião ou apenas pelo presidente e relator, dependendo das exi-
receber uma qualificação, a exemplo da “declaração funcional”.
gências regimentais do órgão.
A fim de se evitarem rasuras nas atas manuscritas, deve‑se,
em caso de erro, utilizar o termo “digo”, seguido da informação Obs: Modelo no final da matéria.
correta a ser registrada. No caso de omissão de informações ou de Despacho
erros constatados após a redação, usa‑se a expressão “Em tempo”
ao final da ATA, com o registro das informações corretas. É o pronunciamento de autoridade administrativa em petição
que lhe é dirigida, ou ato relativo ao andamento do processo. Pode
Obs: Modelo no final da matéria. ter caráter decisório ou apenas de expediente. Estrutura:
- Nome do órgão principal e secundário.
Carta - Número do processo.
- Data.
É a forma de correspondência emitida por particular, ou au- - Texto.
toridade com objetivo particular, não se confundindo com o me- - Assinatura e função ou cargo da autoridade.
morando (correspondência interna) ou o ofício (correspondência

Didatismo e Conhecimento 139


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
O despacho pode constituir‑se de uma palavra, de uma expres- - Texto: desenvolvimento do assunto, que pode ser dividido
são ou de um texto mais longo. em artigos, parágrafos, incisos, alíneas e itens.
- Assinatura: nome da autoridade competente e indicação do
Obs: Modelo no final da matéria. cargo.

Ordem de Serviço Certas portarias contêm considerandos, com as razões que


justificam o ato. Neste caso, a palavra “resolve” vem depois deles.
É o instrumento que encerra orientações detalhadas e/ou pon- A ementa justifica‑se em portarias de natureza normativa.
tuais para a execução de serviços por órgãos subordinados da Ad- Em portarias de matéria rotineira, como nos casos de nomea-
ministração. Estrutura: ção e exoneração, por exemplo, suprime­-se a ementa.
- Título: ORDEM DE SERVIÇO, numeração e data.
- Preâmbulo e fundamentação: denominação da autoridade Obs: Modelo no final da matéria.
que expede o ato (em maiúsculas) e citação da legislação perti-
nente ou por força das prerrogativas do cargo, seguida da palavra Relatório
“resolve”.
- Texto: desenvolvimento do assunto, que pode ser dividido É o relato exposilivo, detalhado ou não, do funcionamento
em itens, incisos, alíneas etc. de uma instituição, do exercício de atividades ou acerca do de-
- Assinatura: nome da autoridade competente e indicação da senvolvimento de serviços específicos num determinado período.
função.
Estrutura:
- Título ‑ RELATÓRIO ou RELATÓRIO DE...
A Ordem de Serviço se assemelha à Portaria, porém possui
- Texto ‑ registro em tópicos das principais atividades desen-
caráter mais específico e detalhista. Objetiva, essencialmente, a
otimização e a racionalização de serviços. volvidas, podendo ser indicados os resultados parciais e totais,
com destaque, se for o caso, para os aspectos positivos e negativos
Obs: Modelo no final da matéria. do período abrangido. O cronograma de trabalho a ser desenvolvi-
do, os quadros, os dados estatísticos e as tabelas poderão ser apre-
Parecer sentados como anexos.
- Local e data.
É a opinião fundamentada, emitida em nome pessoal ou de - Assinatura e função ou cargo do(s) funcionário(s) relator(es).
órgão administrativo, sobre tema que lhe haja sido submetido para
análise e competente pronunciamento. Visa fornecer subsídios No caso de Relatório de Viagem, aconselha‑se registrar uma
para tomada de decisão. Estrutura: descrição sucinta da participação do servidor no evento (seminá-
- Número de ordem (quando necessário). rio, curso, missão oficial e outras), indicando o período e o tre-
- Número do processo de origem. cho compreendido. Sempre que possível, o Relatório de Viagem
- Ementa (resumo do assunto). deverá ser elaborado com vistas ao aproveitamento efetivo das
- Texto, compreendendo: Histórico ou relatório (introdução); informações tratadas no evento para os trabalhos legislativos e ad-
Parecer (desenvolvimento com razões e justificativas); Fecho opi- ministrativos da Casa.
nativo (conclusão). Quanto à elaboração de Relatório de Atividades, deve‑se aten-
- Local e data. tar para os seguintes procedimentos:
- Assinatura, nome e função ou cargo do parecerista. - abster‑se de transcrever a competência formal das unidades
administrativas já descritas nas normas internas;
Além do Parecer Administrativo, acima conceituado, existe o - relatar apenas as principais atividades do órgão;
Parecer Legislativo, que é uma proposição, e, como tal, definido - evitar o detalhamento excessivo das tarefas executadas pelas
no art. 126 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. unidades administrativas que lhe são subordinadas;
O desenvolvimento do parecer pode ser dividido em tantos - priorizar a apresentação de dados agregados, grandes metas
itens (e estes intitulados) quantos bastem ao parecerista para o fim realizadas e problemas abrangentes que foram solucionados;
de melhor organizar o assunto, imprimindo‑lhe clareza e didatis-
- destacar propostas que não puderam ser concretizadas, iden-
mo.
tificando as causas e indicando as prioridades para os próximos
anos;
Obs: Modelo no final da matéria.
Portaria - gerar um relatório final consolidado, limitado, se possível, ao
máximo de dez páginas para o conjunto da Diretoria, Departamen-
É o ato administrativo pelo qual a autoridade estabelece re- to ou unidade equivalente.
gras, baixa instruções para aplicação de leis ou trata da organiza-
ção e do funcionamento de serviços dentro de sua esfera de com- Obs: Modelo no final da matéria.
petência. Estrutura:
- Título: PORTARIA, numeração e data. Requerimento (Petição)
- Ementa: síntese do assunto.
- Preâmbulo e fundamentação: denominação da autoridade É o instrumento por meio do qual o interessado requer a uma
que expede o ato e citação da legislação pertinente, seguida da autoridade administrativa um direito do qual se julga detentor. Es-
palavra “resolve”. trutura:

Didatismo e Conhecimento 140


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
- Vocativo, cargo ou função (e nome do destinatário), ou seja, da autoridade competente.
- Texto incluindo: Preâmbulo, contendo nome do requerente (grafado em letras maiúsculas) e respectiva qualificação: nacionalidade,
estado civil, profissão, documento de identidade, idade (se maior de 60 anos, para fins de preferência na tramitação do processo, segundo a
Lei 10.741/03), e domicílio (caso o requerente seja servidor da Câmara dos Deputados, precedendo à qualificação civil deve ser colocado
o número do registro funcional e a lotação); Exposição do pedido, de preferência indicando os fundamentos legais do requerimento e os
elementos probatórios de natureza fática.
- Fecho: “Nestes termos, Pede deferimento”.
- Local e data.
- Assinatura e, se for o caso de servidor, função ou cargo.

Quando mais de uma pessoa fizer uma solicitação, reivindicação ou manifestação, o documento utilizado será um abaixo‑assinado, com
estrutura semelhante à do requerimento, devendo haver identificação das assinaturas.
A Constituição Federal assegura a todos, independentemente do pagamento de taxas, o direito de petição aos Poderes Públicos em defe-
sa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder (art. 51, XXXIV, “a”), sendo que o exercício desse direito se instrumentaliza por meio
de requerimento. No que concerne especificamente aos servidores públicos, a lei que institui o Regime único estabelece que o requerimento
deve ser dirigido à autoridade competente para decidi‑lo e encaminhado por intermédio daquela a que estiver imediatamente subordinado
o requerente (Lei nº 8.112/90, art. 105).

Obs: Modelo no final da matéria.

Protocolo

O registro de protocolo (ou simplesmente “o protocolo“) é o livro (ou, mais atualmente, o suporte informático) em que são transcritos
progressivamente os documentos e os atos em entrada e em saída de um sujeito ou entidade (público ou privado). Este registro, se obedece-
rem a normas legais, têm fé pública, ou seja, tem valor probatório em casos de controvérsia jurídica.
O termo protocolo tem um significado bastante amplo, identificando-se diretamente com o próprio procedimento. Por extensão de sen-
tido, “protocolo” significa também um trâmite a ser seguido para alcançar determinado objetivo (“seguir o protocolo”).
A gestão do protocolo é normalmente confiada a uma repartição determinada, que recebe o material documentário do sujeito que o
produz em saída e em entrada e os anota num registro (atualmente em programas informáticos), atruibuindo-lhes um número e também uma
posição de arquivo de acordo com suas características.
O registro tem quatro elementos necessários e obrigatórios:
- Número progressivo.
- Data de recebimento ou de saída.
- Remetente ou destinatário.
- Regesto, ou seja, breve resumo do conteúdo da correspondência

Didatismo e Conhecimento 141


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Exemplo de Ofício

(Ministério)
(Secretaria/Departamento/Setor/Entidade)
(Endereço para correspondência)
(Endereço – continuação)
(Telefone e Endereço de Correio Eletrônico)

Ofício nº 524/1991/SG-PR

Brasília, 20 de maio de 2011

A Sua Excelência o Senhor


Deputado (Nome)
Câmara dos Deputados
70160-900 – Brasília – DF
3 cm 297 mm
1,5 cm
Assunto: Demarcação de terras indígenas

Senhor Deputado,

1. Em complemento às observações transmitidas pelo telegrama nº 154, de


24 de abril último, informo Vossa Excelência de que as medidas mencionadas em
sua carta nº 6708, dirigida ao Senhor Presidente da República, estão amparadas
pelo procedimento administrativo de demarcação de terras indígenas instituído
pelo Decreto nº 22, de 4 de fevereiro de 1991 (cópia anexa).
2. Em sua comunicação, Vossa Excelência ressalva a necessidade de que –
na definição e demarcação das terras indígenas – fossem levadas em consideração
as características sócio-econômicas regionais.
3. Nos termos do Decreto nº 22, a demarcação de terras indígenas
deverá ser precedida de estudos e levantamentos técnicos que atendam ao disposto
no art. 231, § 1º, da Constituição Federal. Os estudos deverão incluir os aspectos
etno-históricos, sociológicos, cartográficos e fundiários. O exame deste último
aspecto deverá ser feito conjuntamente com o órgão federal ou estadual
competente.
4. Os órgãos públicos federais, estaduais e municipais deverão
encaminhas as informações que julgarem pertinentes sobre a área em estudo. É
igualmente assegurada a manifestação de entidades representativas da sociedade
civil.
5. Os estudos técnicos elaborados pelo órgão federal de proteção ao índio
serão publicados juntamente com as informações recebidas dos órgãos públicos e
das entidades civis acima mencionadas.
6. Como Vossa Excelência pode verificar, o procedimento estabelecido
assegura que a decisão a ser baixada pelo Ministro de Estado da Justiça sobre os
limites e a demarcação de terras indígenas seja informada de todos os elementos
necessários, inclusive daqueles assinalados em sua carta, com a necessária
transparência e agilidade.

Atenciosamente,

(Nome)
(cargo)

210 mm

Didatismo e Conhecimento 142


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Exemplo de Aviso

Aviso nº 45/SCT-PR

Brasília, 27 de fevereiro de 2011

A Sua Excelência o Senhor


(Nome e cargo)
297 mm

3 cm
1,5 cm
Assunto: Seminário sobre o uso de energia no setor público

Senhor Ministro,

Convido Vossa Excelência a participar da sessão de abertura do Primeiro


Seminário Regional sobre o Uso Eficiente de Energia no Setor Público, a ser
realizado em 5 de março próximo, às 9 horas, no auditório da Escola Nacional de
Administração Pública – ENAP, localizada no Setor de Áreas Isoladas, nesta
capital.
O Seminário mencionado inclui-se nas atividades do Programa Nacional das
Comissões Internas de Conservação de Energia em Órgãos Públicos, instituído
pelo Decreto nº 99.656, de 26 de outubro de 1990.

Atenciosamente,

(Nome do signatário)
(cargo do signatário)

210 mm

Didatismo e Conhecimento 143


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Exemplo de Memorando

Mem. 118/DJ

Em 12 de abril de 2011

Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração

297 mm
Assunto: Administração, Instalação de microcomputadores
1,5 cm

1. Nos termos do Plano Geral de Informatização, solicito a Vossa


Senhoria verificar a possibilidade de que sejam instalados três microcomputadores
neste Departamento.
2. Sem descer a maiores detalhes técnicos, acrescento, apenas, que o ideal
seria que o equipamento fosse dotado de disco rígido e de monitor padrão EGA.
Quanto a programas, haveria necessidade de dois tipos: um processador de textos
e outro gerenciador de banco de dados.
3. O treinamento de pessoal para operação dos micros poderia ficar a cargo
da Seção de Treinamento do Departamento de Modernização, cuja chefia já
manifestou seu acordo a respeito.
4. Devo mencionar, por fim, que a informatização dos trabalhos deste
Departa-mento ensejará racional distribuição de tarefas entre os servidores e,
sobretudo, uma melhoria na qualidade dos serviços prestados.

Atenciosamente,

(Nome do signatário)

210 mm

Didatismo e Conhecimento 144


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Exemplo de Memorando

Mem. 118/DJ

Em 12 de abril de 2011

Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração

297 mm
Assunto: Administração, Instalação de microcomputadores
1,5 cm

1. Nos termos do Plano Geral de Informatização, solicito a Vossa


Senhoria verificar a possibilidade de que sejam instalados três microcomputadores
neste Departamento.
2. Sem descer a maiores detalhes técnicos, acrescento, apenas, que o ideal
seria que o equipamento fosse dotado de disco rígido e de monitor padrão EGA.
Quanto a programas, haveria necessidade de dois tipos: um processador de textos
e outro gerenciador de banco de dados.
3. O treinamento de pessoal para operação dos micros poderia ficar a cargo
da Seção de Treinamento do Departamento de Modernização, cuja chefia já
manifestou seu acordo a respeito.
4. Devo mencionar, por fim, que a informatização dos trabalhos deste
Departa-mento ensejará racional distribuição de tarefas entre os servidores e,
sobretudo, uma melhoria na qualidade dos serviços prestados.

Atenciosamente,

(Nome do signatário)

210 mm

Didatismo e Conhecimento 145


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Exemplo de Mensagem

5 cm

Mensagem nº 118

4 cm

297 mm

Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal,

2 cm 1,5 cm

3 cm
Comunico a Vossa Excelência o recebimento das mensagens SM nºs
106 a 110, de 1991, nas quais informo a promulgação dos Decretos Legislativos
nºs 93 a 97, de 1991, relativos à exploração de serviços de radiodifusão.

Brasília, 28 de março de 2011

210 mm

Didatismo e Conhecimento 146


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Exemplo de Telegrama

[órgão Expedidorl
[setor do órgão expedidor]
[endereço do órgão expedidor]

Destinatário: _________________________________________________________
Nº do fax de destino: _________________________________ Data: ___/___/_____
Remetente: __________________________________________________________
Tel. p/ contato: ____________________Fax/correio eletrônico: ________________
Nº de páginas: esta + ______Nº do documento: _____________________________
Observações: _________________________________________________________
_____________________________________________________________________


Exemplo de Apostila

APOSTILA

A Diretora da Coordenação de Secretariado Parlamentar do Departamento de Pessoal declara que


o servidor José da Silva, nomeado pela Portaria CDCC-RQ001/2004, publicada no Suplemento ao Boletim
Administrativo de 30 de março de 2004, teve sua situação funcional alterada, de Secretário Parlamentar
Requisitado, ponto n. 123, para Secretário Parlamentar sem vínculo efetivo com o serviço público, ponto n.
105.123, a partir de 11 de abril de 2004, em face de decisão contida no Processo n. 25.001/2004.

Brasília, em 26/5/2011

Maria da Silva
Diretora

Exemplo de ATA
CAMARA DOS DEPUTADOS
CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO
Coordenação de Publicações

ATA

As 10h15min, do dia 24 de maio de 2011, na Sala de Reunião do Cedi, a Sra. Maria da Silva, Diretora
da Coordenação, deu início aos trabalhos com a leitura da ala da reunião anterior, que foi aprovada, sem
alterações. Em prosseguimento, apresentou a pauta da reunião, com a inclusão do item “Projetos Concluídos”,
sendo aprovada sem o acréscimo de novos itens. Tomou a palavra o Sr. José da Silva, Chefe da Seção de
Marketing, que apresentou um breve relato das atividades desenvolvidas no trimestre, incluindo o lançamento
dos novos produtos. Em seguida, o Sr. Mário dos Santos, Chefe da Tipografia, ressaltou que nos últimos
meses os trabalhos enviados para publicação estavam de acordo com as normas estabelecidas, parabenizando
a todos pelos resultados alcançados. Com relação aos projeXos concluídos, a Diretora esclareceu que todos
mantiveram-se dentro do cronograma de trabalho preestabelecido e que serao encaminhados à gráfica na
próxima semana. Às 11h45min a Diretora encerrou os trabalhos, antes convocando reunião para o dia 2 de
junho, quarta-feira, às 10 horas, no mesmo local. Nada mais havendo a tratar, a reunião foi encerrada, e eu,
Ana de Souza, lavrei a presente ata que vai assinada por mim e pela Diretora.

Diretora

Secretária

Didatismo e Conhecimento 147


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Exemplo de Despacho

CÂMARA DOS DEPUTADOS


PRIMEIRASECRETARIA

Processo n . .........
Em .... / .... /200 ...

Ao Senhor Presidente da Câmara dos Deputados, por força do disposto no inciso I do art. 70 do Regimento
do Cefor, c/c o art. 95, da Lei n. 8.112/90, com parecer favorável desta Secretaria, nos termos das informações e
manifestações dos órgãos técnicos da Casa.

Deputado José da Silva


PrimeiroSecretário

Exemplo de Ordem de Serviço

CÂMARA DOS DEPUTADOS


CONSULTORIA TÉCNICA

ORDEM DE SERVIÇO N. 3, DE 6/6/2010

O DIRETOR DA CONSULTORIA TÉCNICA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, no uso de suas


atribuições, resolve:
1. As salas 3 e 4 da Consultoria Técnica ficam destinadas a reuniões de trabalho com deputados,
consultores e servidores dos setores de apoio da Consultoria Técnica.
2. As reuniões de trabalho serão agendadas previamente pela Diretoria da Coordenação de Serviços
Gerais.
................................................................................................................................
6. Havendo mais de uma solicitação de uso para o mesmo horário, será adotada a seguinte ordem de
preferência:
1 reuniões de trabalho com a participação de deputados;
11 reuniões de trabalho da diretoria;
111 reuniões de trabalho dos consultores;
IV . ..................................................................................................................................
V . ....................................................................................................................................
7. O cancelamento de reunião deverá ser imediatamente comunicado à Diretoría da Coordenação de
Serviços Gerais.

José da Silva
Diretor

Didatismo e Conhecimento 148


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Exemplo de Parecer

PARECER JURÍDICO

De: Departamento Jurídico


Para: Gerente Administrativo

Senhor Gerente,

Com relação à questão sobre a estabilidade provisória por gestação, ou não, da empregada Fulana de Tal, passamos
a analisar o assunto.
O artigo 10, letra “b”, do ADCT, assegura estabilidade à empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até
cinco meses após o parto.
Nesta hipótese, existe responsabilidade objetiva do empregador pela manutenção do emprego, ou seja, basta
comprovar a gravidez no curso do contrato para que haja incidência da regra que assegura a estabilidade provisória no
emprego. O fundamento jurídico desta estabilidade é a proteção à maternidade e à infância, ou seja, proteger a gestante e o
nascituro, assegurando a dignidade da pessoa humana.
A confirmação da gravidez, expressão utilizada na Constituição, refere-se à afirmativa médica do estado gestacional
da empregada e não exige que o empregador tenha ciência prévia da situação da gravidez. Neste sentido tem sido as
reiteradas decisões do C. TST, culminando com a edição da Súmula n. 244, que assim disciplina a questão:
I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o direito ao pagamento da indenização
decorrente da estabilidade. (art. 10, II, “b” do ADCT). (ex-OJ nº 88 – DJ 16.04.2004).
II - A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se der durante o período de estabilidade. Do
contrário, a garantia restringe-se aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade. (ex-Súmula nº
244 – Res 121/2003, DJ 19.11.2003).
III - Não há direito da empregada gestante à estabilidade provisória na hipótese de admissão mediante contrato de
experiência, visto que a extinção da relação de emprego, em face do término do prazo, não constitui dispensa arbitrária ou
sem justa causa. (ex-OJ nº 196 - Inserida em 08.11.2000).
No caso colocado em análise, percebe-se que não havia confirmação da gestação antes da dispensa. Ao contrário,
diante da suspeita de gravidez, a empresa teve o cuidado de pedir a realização de exame laboratorial, o que foi feito, não
tendo sido confirmada a gravidez. A empresa só dispensou a empregada depois que lhe foi apresentado o resultado negativo
do teste de gravidez. A confirmação do estado gestacional só veio após a dispensa.
Assim, para solução da questão, importante indagar se gravidez confirmada no curso aviso prévio indenizado
garante ou não a estabilidade.
O TST tem decidido (Súmula 371), que a projeção do contrato de trabalho para o futuro, pela concessão de aviso
prévio indenizado, tem efeitos limitados às vantagens econômicas obtidas no período de pré-aviso. Este entendimento
exclui a estabilidade provisória da gestante, quando a gravidez ocorre após a rescisão contratual.
A gravidez superveniente à dispensa, durante o aviso prévio indenizado, não assegura a estabilidade. Contudo, na
hipótese dos autos, embora a gravidez tenha sido confirmada no curso do aviso prévio indenizado, certo é que a empregada
já estava grávida antes da dispensa, como atestam os exames trazidos aos autos. A conclusão da ultrossonografia obstétrica
afirma que em 30 de julho de 2009 a idade gestacional ecografica era de pouco mais de 13 semanais, portanto, na data do
afastamento a reclamante já contava com mais de 01 mês de gravidez.
Em face do exposto, considerando os fundamentos jurídicos do instituto da estabilidade da gestante, considerando
que a responsabilidade do empregador pela manutenção do emprego é objetiva e considerando que o desconhecimento do
estado gravídico não impede o reconhecimento da gravidez, conclui-se que:
a) não existe estabilidade quando a gravidez ocorre na vigência do aviso prévio indenizado;
b) fica assegurada a estabilidade quando, embora confirmada no período do aviso prévio indenizado, a gravidez
ocorre antes da dispensa.
De acordo com tais conclusões, entendemos que a empresa deve proceder a reintegração da empregada diante da
estabilidade provisória decorrente da gestação.
É o parecer.

(localidade), (dia) de (mês) de (ano).


(assinatura)
(nome)
(cargo)

Didatismo e Conhecimento 149


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Exemplo de Portaría

CÂMARA DOS DEPUTADOS


DIRETORIAGERAL

PORTARIA N. 1, de 13/1/2010

Disciplina a utilização da chancela eletrônica nas requisições de


passagens aéreas e diárias de viagens, autorizadasem processos
administrativos no âmbito da Câmara dos Deputados e assinadas
pelo DiretorGeral.

O DIRETORGERAL DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, no uso das atribuições que lhe confere o
artigo 147, item XV, da Resolução n. 20, de 30 de novembro de 1971, resolve:
Art. 11 Fica instituído o uso da chancela eletrônica nas requisições de passagens aéreas e diárias de
viagens, autorizadas em processos administrativos pela autoridade competente e assinadas pelo DiretorGeral, para
parlamentar, servidor ou convidado, no âmbito da Câmara dos Deputados.
Art. 21 A chancela eletrônica, de acesso restrito, será válida se autenticada mediante código de segurança
e acompanhada do atesto do Chefe de Gabinete da DiretoriaGeral ou do seu primeiro substituto.
Art. 31 Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação.

Sérgio Sampaio Contreiras de Almeida


DiretorGeral

Modelo de Relatório

CÂMARA DOS DEPUTADOS


ÓRGÃO PRINCIPAL
órgão Secundário

RELATÓRIO

Introdução
Apresentar um breve resumo das temáticas a serem abordadas. Em se tratando de relatório de viagem,
indicar a denominação do evento, local e período compreendido.

Tópico 1
Atribuir uma temática para o relato a ser apresentado.
........................................................................................................................

Tópico 1.1
Havendo subdivisões, os assuntos subseqüentes serão apresentados hierarquizados à temática geral.
. ................................................................................ ....

Tópico 2
Atribuir uma temática para o relato a ser apresentado.
.........................................................................................................................

3. Considerações finais
.........................................................................................................................

Brasília, . .......................... de de 201...

Nome
Função ou Cargo

Didatismo e Conhecimento 150


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Modelo de Requerimento

CÂMARA DOS DEPUTADOS


ÓRGÃO PRINCIPAL
Órgão Secundário

(Vocativo)
(Cargo ou função e nome do destinatário)

.................................... (nome do requerente, em maiúsculas) ..........................


.......................................................... (demais dados de qualificação), requer .................
............................................................................................................................................

Nestes termos,
Pede deferimento.

Brasília, ....... de .................. ���������������������������������������������������������� de 201.....

Nome
Cargo ou Função

16. TRANSPARÊNCIA NO
SERVIÇO PÚBLICO.

LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011.


A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1o  Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem observados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim de
garantir o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição
Federal. 
Parágrafo único.  Subordinam-se ao regime desta Lei: 
I - os órgãos públicos integrantes da administração direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Judiciário
e do Ministério Público; 
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta
ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. 

Art. 2o  Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, às entidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para realização
de ações de interesse público, recursos públicos diretamente do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato de gestão, termo de
parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos congêneres. 

Didatismo e Conhecimento 151


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Parágrafo único.  A publicidade a que estão submetidas II - proteção da informação, garantindo-se sua disponibilidade,
as entidades citadas no  caput  refere-se à parcela dos recursos autenticidade e integridade; e 
públicos recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das prestações III - proteção da informação sigilosa e da informação pessoal,
de contas a que estejam legalmente obrigadas.  observada a sua disponibilidade, autenticidade, integridade e
eventual restrição de acesso. 
Art. 3o  Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a
assegurar o direito fundamental de acesso à informação e devem Art. 7o  O acesso à informação de que trata esta Lei compreende,
ser executados em conformidade com os princípios básicos da entre outros, os direitos de obter: 
administração pública e com as seguintes diretrizes:  I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de
I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou
como exceção;  obtida a informação almejada; 
II - divulgação de informações de interesse público, II - informação contida em registros ou documentos,
independentemente de solicitações;  produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos
III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela ou não a arquivos públicos; 
tecnologia da informação;  III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou
IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos
na administração pública;  ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado; 
V - desenvolvimento do controle social da administração IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada; 
pública.  V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e
entidades, inclusive as relativas à sua política, organização e
Art. 4o  Para os efeitos desta Lei, considera-se:  serviços; 
I - informação: dados, processados ou não, que podem ser VI - informação pertinente à administração do patrimônio
utilizados para produção e transmissão de conhecimento, contidos público, utilização de recursos públicos, licitação, contratos
em qualquer meio, suporte ou formato;  administrativos; e 
II - documento: unidade de registro de informações, qualquer VII - informação relativa: 
que seja o suporte ou formato;  a) à implementação, acompanhamento e resultados dos
III - informação sigilosa: aquela submetida temporariamente programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem
à restrição de acesso público em razão de sua imprescindibilidade como metas e indicadores propostos; 
para a segurança da sociedade e do Estado;  b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas
IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa natural de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo,
identificada ou identificável;  incluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores. 
V - tratamento da informação: conjunto de ações referentes § 1o  O acesso à informação previsto no caput não compreende
à produção, recepção, classificação, utilização, acesso, as informações referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimento
reprodução, transporte, transmissão, distribuição, arquivamento, científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à
armazenamento, eliminação, avaliação, destinação ou controle da segurança da sociedade e do Estado. 
informação;  § 2o  Quando não for autorizado acesso integral à informação
VI - disponibilidade: qualidade da informação que pode ser por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado o acesso à parte não
conhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou sistemas sigilosa por meio de certidão, extrato ou cópia com ocultação da
autorizados;  parte sob sigilo. 
VII - autenticidade: qualidade da informação que tenha sido § 3o  O direito de acesso aos documentos ou às informações
produzida, expedida, recebida ou modificada por determinado neles contidas utilizados como fundamento da tomada de decisão
indivíduo, equipamento ou sistema;  e do ato administrativo será assegurado com a edição do ato
VIII - integridade: qualidade da informação não modificada, decisório respectivo. 
inclusive quanto à origem, trânsito e destino;  § 4o  A negativa de acesso às informações objeto de pedido
IX - primariedade: qualidade da informação coletada na fonte, formulado aos órgãos e entidades referidas no art. 1o, quando não
com o máximo de detalhamento possível, sem modificações.  fundamentada, sujeitará o responsável a medidas disciplinares, nos
termos do art. 32 desta Lei. 
Art. 5o  É dever do Estado garantir o direito de acesso à § 5o  Informado do extravio da informação solicitada, poderá
informação, que será franqueada, mediante procedimentos o interessado requerer à autoridade competente a imediata abertura
objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de de sindicância para apurar o desaparecimento da respectiva
fácil compreensão.  documentação. 
§ 6o  Verificada a hipótese prevista no § 5o  deste artigo, o
CAPÍTULO II responsável pela guarda da informação extraviada deverá, no
DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA DIVULGAÇÃO  prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar testemunhas que
comprovem sua alegação. 
Art. 6o  Cabe aos órgãos e entidades do poder público,
observadas as normas e procedimentos específicos aplicáveis, Art. 8o  É dever dos órgãos e entidades públicas promover,
assegurar a:  independentemente de requerimentos, a divulgação em local de
I - gestão transparente da informação, propiciando amplo fácil acesso, no âmbito de suas competências, de informações de
acesso a ela e sua divulgação;  interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas. 

Didatismo e Conhecimento 152


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
§ 1o  Na divulgação das informações a que se refere o caput, c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a
deverão constar, no mínimo:  informações; e 
I - registro das competências e estrutura organizacional, II - realização de audiências ou consultas públicas, incentivo à
endereços e telefones das respectivas unidades e horários de participação popular ou a outras formas de divulgação. 
atendimento ao público; 
II - registros de quaisquer repasses ou transferências de CAPÍTULO III
recursos financeiros;  DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO 
III - registros das despesas;  Seção I
IV - informações concernentes a procedimentos licitatórios, Do Pedido de Acesso 
inclusive os respectivos editais e resultados, bem como a todos os
contratos celebrados;  Art. 10.  Qualquer interessado poderá apresentar pedido de
V - dados gerais para o acompanhamento de programas, acesso a informações aos órgãos e entidades referidos no art.
ações, projetos e obras de órgãos e entidades; e  1o desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o pedido conter
VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade.  a identificação do requerente e a especificação da informação
§ 2o  Para cumprimento do disposto no  caput, os órgãos e requerida. 
entidades públicas deverão utilizar todos os meios e instrumentos § 1o  Para o acesso a informações de interesse público, a
legítimos de que dispuserem, sendo obrigatória a divulgação em identificação do requerente não pode conter exigências que
sítios oficiais da rede mundial de computadores (internet).  inviabilizem a solicitação. 
§ 3o  Os sítios de que trata o § 2o  deverão, na forma de § 2o  Os órgãos e entidades do poder público devem viabilizar
regulamento, atender, entre outros, aos seguintes requisitos:  alternativa de encaminhamento de pedidos de acesso por meio de
I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o seus sítios oficiais na internet. 
acesso à informação de forma objetiva, transparente, clara e em § 3o  São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos
linguagem de fácil compreensão;  determinantes da solicitação de informações de interesse público. 
II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos formatos
eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais como Art. 11.  O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou
planilhas e texto, de modo a facilitar a análise das informações;  conceder o acesso imediato à informação disponível. 
III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos § 1o  Não sendo possível conceder o acesso imediato, na
em formatos abertos, estruturados e legíveis por máquina;  forma disposta no caput, o órgão ou entidade que receber o pedido
IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para deverá, em prazo não superior a 20 (vinte) dias: 
estruturação da informação;  I - comunicar a data, local e modo para se realizar a consulta,
V - garantir a autenticidade e a integridade das informações efetuar a reprodução ou obter a certidão; 
disponíveis para acesso;  II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou
VI - manter atualizadas as informações disponíveis para parcial, do acesso pretendido; ou 
acesso;  III - comunicar que não possui a informação, indicar, se for do
VII - indicar local e instruções que permitam ao interessado seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou, ainda,
comunicar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou remeter o requerimento a esse órgão ou entidade, cientificando o
entidade detentora do sítio; e  interessado da remessa de seu pedido de informação. 
VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a § 2o  O prazo referido no § 1o  poderá ser prorrogado por
acessibilidade de conteúdo para pessoas com deficiência, nos mais 10 (dez) dias, mediante justificativa expressa, da qual será
termos do art. 17 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, cientificado o requerente. 
e do  art. 9o  da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com § 3o  Sem prejuízo da segurança e da proteção das informações
Deficiência, aprovada pelo Decreto Legislativo no  186, de 9 de e do cumprimento da legislação aplicável, o órgão ou entidade
julho de 2008.  poderá oferecer meios para que o próprio requerente possa
§ 4o  Os Municípios com população de até 10.000 (dez pesquisar a informação de que necessitar. 
mil) habitantes ficam dispensados da divulgação obrigatória § 4o  Quando não for autorizado o acesso por se tratar de
na internet a que se refere o § 2o, mantida a obrigatoriedade de informação total ou parcialmente sigilosa, o requerente deverá ser
divulgação, em tempo real, de informações relativas à execução informado sobre a possibilidade de recurso, prazos e condições
orçamentária e financeira, nos critérios e prazos previstos no art. para sua interposição, devendo, ainda, ser-lhe indicada a autoridade
73-B da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de competente para sua apreciação. 
Responsabilidade Fiscal).  § 5o  A informação armazenada em formato digital será
fornecida nesse formato, caso haja anuência do requerente. 
Art. 9o  O acesso a informações públicas será assegurado § 6o  Caso a informação solicitada esteja disponível ao público
mediante:  em formato impresso, eletrônico ou em qualquer outro meio de
I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos órgãos acesso universal, serão informados ao requerente, por escrito, o
e entidades do poder público, em local com condições apropriadas lugar e a forma pela qual se poderá consultar, obter ou reproduzir
para:  a referida informação, procedimento esse que desonerará o órgão
a) atender e orientar o público quanto ao acesso a informações;  ou entidade pública da obrigação de seu fornecimento direto, salvo
b) informar sobre a tramitação de documentos nas suas se o requerente declarar não dispor de meios para realizar por si
respectivas unidades;  mesmo tais procedimentos. 

Didatismo e Conhecimento 153


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Art. 12.  O serviço de busca e fornecimento da informação é Art. 17. No caso de indeferimento de pedido de desclassificação
gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução de documentos pelo de informação protocolado em órgão da administração pública
órgão ou entidade pública consultada, situação em que poderá ser federal, poderá o requerente recorrer ao Ministro de Estado da área,
cobrado exclusivamente o valor necessário ao ressarcimento do sem prejuízo das competências da Comissão Mista de Reavaliação
custo dos serviços e dos materiais utilizados.  de Informações, previstas no art. 35, e do disposto no art. 16. 
Parágrafo único.  Estará isento de ressarcir os custos previstos § 1o  O recurso previsto neste artigo somente poderá ser
no  caput  todo aquele cuja situação econômica não lhe permita dirigido às autoridades mencionadas depois de submetido à
fazê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da família, declarada apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente
nos termos da Lei no 7.115, de 29 de agosto de 1983.  superior à autoridade que exarou a decisão impugnada e, no caso
das Forças Armadas, ao respectivo Comando. 
Art. 13.  Quando se tratar de acesso à informação contida em § 2o  Indeferido o recurso previsto no caput que tenha como
documento cuja manipulação possa prejudicar sua integridade, objeto a desclassificação de informação secreta ou ultrassecreta,
deverá ser oferecida a consulta de cópia, com certificação de que caberá recurso à Comissão Mista de Reavaliação de Informações
esta confere com o original.  prevista no art. 35. 
Parágrafo único.  Na impossibilidade de obtenção de cópias, o
interessado poderá solicitar que, a suas expensas e sob supervisão Art. 18.  Os procedimentos de revisão de decisões denegatórias
de servidor público, a reprodução seja feita por outro meio que não proferidas no recurso previsto no art. 15 e de revisão de classificação
ponha em risco a conservação do documento original.  de documentos sigilosos serão objeto de regulamentação própria
dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Ministério Público, em
Art. 14.  É direito do requerente obter o inteiro teor de decisão seus respectivos âmbitos, assegurado ao solicitante, em qualquer
de negativa de acesso, por certidão ou cópia.  caso, o direito de ser informado sobre o andamento de seu pedido. 

Seção II Art. 19.  (VETADO). 


Dos Recursos  § 1o  (VETADO). 
§ 2o  Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Público
informarão ao Conselho Nacional de Justiça e ao Conselho
Art. 15.  No caso de indeferimento de acesso a informações
Nacional do Ministério Público, respectivamente, as decisões que,
ou às razões da negativa do acesso, poderá o interessado interpor
em grau de recurso, negarem acesso a informações de interesse
recurso contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua público. 
ciência. 
Parágrafo único.  O recurso será dirigido à autoridade Art. 20.  Aplica-se subsidiariamente, no que couber, a  Lei
hierarquicamente superior à que exarou a decisão impugnada, que no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao procedimento de que trata
deverá se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias.  este
Capítulo. 
Art. 16.  Negado o acesso a informação pelos órgãos ou
entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá CAPÍTULO IV
recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO 
de 5 (cinco) dias se:  Seção I
I - o acesso à informação não classificada como sigilosa for Disposições Gerais 
negado; 
II - a decisão de negativa de acesso à informação total ou Art. 21.  Não poderá ser negado acesso à informação necessária
parcialmente classificada como sigilosa não indicar a autoridade à tutela judicial ou administrativa de direitos fundamentais. 
classificadora ou a hierarquicamente superior a quem possa ser Parágrafo único.  As informações ou documentos que versem
dirigido pedido de acesso ou desclassificação;  sobre condutas que impliquem violação dos direitos humanos
III - os procedimentos de classificação de informação sigilosa praticada por agentes públicos ou a mando de autoridades públicas
estabelecidos nesta Lei não tiverem sido observados; e  não poderão ser objeto de restrição de acesso. 
IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros
procedimentos previstos nesta Lei.  Art. 22.  O disposto nesta Lei não exclui as demais hipóteses
§ 1o  O recurso previsto neste artigo somente poderá ser legais de sigilo e de segredo de justiça nem as hipóteses de segredo
dirigido à Controladoria-Geral da União depois de submetido industrial decorrentes da exploração direta de atividade econômica
à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente pelo Estado ou por pessoa física ou entidade privada que tenha
superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará qualquer vínculo com o poder público. 
no prazo de 5 (cinco) dias. 
§ 2o  Verificada a procedência das razões do recurso, a Seção II
Controladoria-Geral da União determinará ao órgão ou entidade Da Classificação da Informação quanto ao Grau e Prazos
que adote as providências necessárias para dar cumprimento ao de Sigilo 
disposto nesta Lei. 
Art. 23.  São consideradas imprescindíveis à segurança da
§ 3o  Negado o acesso à informação pela Controladoria-Geral
sociedade ou do Estado e, portanto, passíveis de classificação as
da União, poderá ser interposto recurso à Comissão Mista de
informações cuja divulgação ou acesso irrestrito possam: 
Reavaliação de Informações, a que se refere o art. 35. 

Didatismo e Conhecimento 154


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a § 2o  O acesso à informação classificada como sigilosa cria a
integridade do território nacional;  obrigação para aquele que a obteve de resguardar o sigilo. 
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações § 3o  Regulamento disporá sobre procedimentos e medidas a
ou as relações internacionais do País, ou as que tenham sido serem adotados para o tratamento de informação sigilosa, de modo
fornecidas em caráter sigiloso por outros Estados e organismos a protegê-la contra perda, alteração indevida, acesso, transmissão
internacionais;  e divulgação não autorizados. 
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população; 
IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, Art. 26.  As autoridades públicas adotarão as providências
econômica ou monetária do País;  necessárias para que o pessoal a elas subordinado hierarquicamente
V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações conheça as normas e observe as medidas e procedimentos de
estratégicos das Forças Armadas;  segurança para tratamento de informações sigilosas. 
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e Parágrafo único.  A pessoa física ou entidade privada que,
desenvolvimento científico ou tecnológico, assim como a sistemas, em razão de qualquer vínculo com o poder público, executar
bens, instalações ou áreas de interesse estratégico nacional;  atividades de tratamento de informações sigilosas adotará as
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas providências necessárias para que seus empregados, prepostos ou
autoridades nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou  representantes observem as medidas e procedimentos de segurança
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como de das informações resultantes da aplicação desta Lei. 
investigação ou fiscalização em andamento, relacionadas com a
prevenção ou repressão de infrações.  Seção IV
Dos Procedimentos de Classificação, Reclassificação e
Art. 24.  A informação em poder dos órgãos e entidades Desclassificação 
públicas, observado o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade
à segurança da sociedade ou do Estado, poderá ser classificada Art. 27.  A classificação do sigilo de informações no âmbito da
como ultrassecreta, secreta ou reservada. 
administração pública federal é de competência:  (Regulamento)
§ 1o  Os prazos máximos de restrição de acesso à informação,
I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades: 
conforme a classificação prevista no  caput, vigoram a partir da
a) Presidente da República; 
data de sua produção e são os seguintes: 
b) Vice-Presidente da República; 
I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos; 
c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas
II - secreta: 15 (quinze) anos; e 
prerrogativas; 
III - reservada: 5 (cinco) anos. 
§ 2o As informações que puderem colocar em risco a segurança d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; e 
do Presidente e Vice-Presidente da República e respectivos e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanentes
cônjuges e filhos(as) serão classificadas como reservadas e ficarão no exterior; 
sob sigilo até o término do mandato em exercício ou do último II - no grau de secreto, das autoridades referidas no inciso
mandato, em caso de reeleição.  I, dos titulares de autarquias, fundações ou empresas públicas e
§ 3o  Alternativamente aos prazos previstos no § 1o, poderá ser sociedades de economia mista; e 
estabelecida como termo final de restrição de acesso a ocorrência III - no grau de reservado, das autoridades referidas nos
de determinado evento, desde que este ocorra antes do transcurso incisos I e II e das que exerçam funções de direção, comando
do prazo máximo de classificação.  ou chefia, nível DAS 101.5, ou superior, do Grupo-Direção e
§ 4o  Transcorrido o prazo de classificação ou consumado Assessoramento Superiores, ou de hierarquia equivalente, de
o evento que defina o seu termo final, a informação tornar-se-á, acordo com regulamentação específica de cada órgão ou entidade,
automaticamente, de acesso público.  observado o disposto nesta Lei. 
§ 5o  Para a classificação da informação em determinado grau § 1o  A competência prevista nos incisos I e II, no que se refere
de sigilo, deverá ser observado o interesse público da informação e à classificação como ultrassecreta e secreta, poderá ser delegada
utilizado o critério menos restritivo possível, considerados:  pela autoridade responsável a agente público, inclusive em missão
I - a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade e no exterior, vedada a subdelegação. 
do Estado; e  § 2o  A classificação de informação no grau de sigilo
II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento que ultrassecreto pelas autoridades previstas nas alíneas “d” e “e” do
defina seu termo final.  inciso I deverá ser ratificada pelos respectivos Ministros de Estado,
no prazo previsto em regulamento. 
Seção III § 3o  A autoridade ou outro agente público que classificar
Da Proteção e do Controle de Informações Sigilosas  informação como ultrassecreta deverá encaminhar a decisão de que
trata o art. 28 à Comissão Mista de Reavaliação de Informações, a
Art. 25.  É dever do Estado controlar o acesso e a divulgação que se refere o art. 35, no prazo previsto em regulamento. 
de informações sigilosas produzidas por seus órgãos e entidades,
assegurando a sua proteção. (Regulamento) Art. 28.  A classificação de informação em qualquer grau de
§ 1o  O acesso, a divulgação e o tratamento de informação sigilo deverá ser formalizada em decisão que conterá, no mínimo,
classificada como sigilosa ficarão restritos a pessoas que tenham os seguintes elementos: 
necessidade de conhecê-la e que sejam devidamente credenciadas I - assunto sobre o qual versa a informação; 
na forma do regulamento, sem prejuízo das atribuições dos agentes II - fundamento da classificação, observados os critérios
públicos autorizados por lei.  estabelecidos no art. 24; 

Didatismo e Conhecimento 155


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
III - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses ou I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa
dias, ou do evento que defina o seu termo final, conforme limites estiver física ou legalmente incapaz, e para utilização única e
previstos no art. 24; e  exclusivamente para o tratamento médico; 
IV - identificação da autoridade que a classificou.  II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de
Parágrafo único.  A decisão referida no caput será mantida no evidente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo vedada
mesmo grau de sigilo da informação classificada.  a identificação da pessoa a que as informações se referirem; 
III - ao cumprimento de ordem judicial; 
Art. 29.  A classificação das informações será reavaliada pela IV - à defesa de direitos humanos; ou 
autoridade classificadora ou por autoridade hierarquicamente V - à proteção do interesse público e geral preponderante. 
superior, mediante provocação ou de ofício, nos termos e prazos § 4o  A restrição de acesso à informação relativa à vida privada,
previstos em regulamento, com vistas à sua desclassificação honra e imagem de pessoa não poderá ser invocada com o intuito de
ou à redução do prazo de sigilo, observado o disposto no art. prejudicar processo de apuração de irregularidades em que o titular
24.  (Regulamento) das informações estiver envolvido, bem como em ações voltadas
§ 1o  O regulamento a que se refere o caput deverá considerar para a recuperação de fatos históricos de maior relevância. 
as peculiaridades das informações produzidas no exterior por § 5o  Regulamento disporá sobre os procedimentos para
autoridades ou agentes públicos.  tratamento de informação pessoal. 
§ 2o  Na reavaliação a que se refere o  caput, deverão ser
examinadas a permanência dos motivos do sigilo e a possibilidade CAPÍTULO V
de danos decorrentes do acesso ou da divulgação da informação.  DAS RESPONSABILIDADES 
§ 3o  Na hipótese de redução do prazo de sigilo da informação,
o novo prazo de restrição manterá como termo inicial a data da sua Art. 32.  Constituem condutas ilícitas que ensejam
produção.  responsabilidade do agente público ou militar: 
I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos
Art. 30.  A autoridade máxima de cada órgão ou entidade desta Lei, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou fornecê-
publicará, anualmente, em sítio à disposição na internet e destinado la intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa; 
à veiculação de dados e informações administrativas, nos termos II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir,
de regulamento:  inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente,
I - rol das informações que tenham sido desclassificadas nos informação que se encontre sob sua guarda ou a que tenha acesso
últimos 12 (doze) meses;  ou conhecimento em razão do exercício das atribuições de cargo,
II - rol de documentos classificados em cada grau de sigilo, emprego ou função pública; 
com identificação para referência futura;  III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de
III - relatório estatístico contendo a quantidade de pedidos acesso à informação; 
de informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem como IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou permitir
informações genéricas sobre os solicitantes.  acesso indevido à informação sigilosa ou informação pessoal; 
§ 1o  Os órgãos e entidades deverão manter exemplar da V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal ou
publicação prevista no caput para consulta pública em suas sedes.  de terceiro, ou para fins de ocultação de ato ilegal cometido por si
§ 2o  Os órgãos e entidades manterão extrato com a lista de ou por outrem; 
informações classificadas, acompanhadas da data, do grau de VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente
sigilo e dos fundamentos da classificação.  informação sigilosa para beneficiar a si ou a outrem, ou em
prejuízo de terceiros; e 
Seção V VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos
Das Informações Pessoais  concernentes a possíveis violações de direitos humanos por parte
de agentes do Estado. 
Art. 31.  O tratamento das informações pessoais deve ser feito
§ 1o  Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa
de forma transparente e com respeito à intimidade, vida privada,
e do devido processo legal, as condutas descritas no caput serão
honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias
consideradas: 
individuais. 
I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças
§ 1o  As informações pessoais, a que se refere este artigo,
Armadas, transgressões militares médias ou graves, segundo os
relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem: 
critérios neles estabelecidos, desde que não tipificadas em lei
I - terão seu acesso restrito, independentemente de classificação
como crime ou contravenção penal; ou 
de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a contar da sua
data de produção, a agentes públicos legalmente autorizados e à II - para fins do disposto na Lei no 8.112, de 11 de dezembro de
pessoa a que elas se referirem; e  1990, e suas alterações, infrações administrativas, que deverão ser
II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por apenadas, no mínimo, com suspensão, segundo os critérios nela
terceiros diante de previsão legal ou consentimento expresso da estabelecidos. 
pessoa a que elas se referirem.  § 2o  Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar ou
§ 2o  Aquele que obtiver acesso às informações de que trata agente público responder, também, por improbidade administrativa,
este artigo será responsabilizado por seu uso indevido.  conforme o disposto nas  Leis nos  1.079, de 10 de abril de 1950,
§ 3o  O consentimento referido no inciso II do § 1o não será e 8.429, de 2 de junho de 1992. 
exigido quando as informações forem necessárias: 

Didatismo e Conhecimento 156


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Art. 33.  A pessoa física ou entidade privada que detiver § 3o  A revisão de ofício a que se refere o inciso II do §
informações em virtude de vínculo de qualquer natureza com o 1   deverá ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro) anos, após a
o

poder público e deixar de observar o disposto nesta Lei estará reavaliação prevista no art. 39, quando se tratar de documentos
sujeita às seguintes sanções:  ultrassecretos ou secretos. 
I - advertência;  § 4o  A não deliberação sobre a revisão pela Comissão Mista de
II - multa;  Reavaliação de Informações nos prazos previstos no § 3o implicará
III - rescisão do vínculo com o poder público;  a desclassificação automática das informações. 
IV - suspensão temporária de participar em licitação e § 5o  Regulamento disporá sobre a composição, organização e
impedimento de contratar com a administração pública por prazo funcionamento da Comissão Mista de Reavaliação de Informações,
não superior a 2 (dois) anos; e  observado o mandato de 2 (dois) anos para seus integrantes e
V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com demais disposições desta Lei.  (Regulamento)
a administração pública, até que seja promovida a reabilitação
perante a própria autoridade que aplicou a penalidade.  Art. 36.  O tratamento de informação sigilosa resultante de
§ 1o  As sanções previstas nos incisos I, III e IV poderão ser tratados, acordos ou atos internacionais atenderá às normas e
aplicadas juntamente com a do inciso II, assegurado o direito de recomendações constantes desses instrumentos. 
defesa do interessado, no respectivo processo, no prazo de 10 (dez)
dias.  Art. 37.  É instituído, no âmbito do Gabinete de Segurança
§ 2o  A reabilitação referida no inciso V será autorizada Institucional da Presidência da República, o Núcleo de Segurança
somente quando o interessado efetivar o ressarcimento ao órgão e Credenciamento (NSC), que tem por objetivos:  (Regulamento)
ou entidade dos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da I - promover e propor a regulamentação do credenciamento
sanção aplicada com base no inciso IV.  de segurança de pessoas físicas, empresas, órgãos e entidades para
§ 3o  A aplicação da sanção prevista no inciso V é de tratamento de informações sigilosas; e 
competência exclusiva da autoridade máxima do órgão ou entidade II - garantir a segurança de informações sigilosas, inclusive
pública, facultada a defesa do interessado, no respectivo processo, aquelas provenientes de países ou organizações internacionais com
no prazo de 10 (dez) dias da abertura de vista.  os quais a República Federativa do Brasil tenha firmado tratado,
acordo, contrato ou qualquer outro ato internacional, sem prejuízo
Art. 34.  Os órgãos e entidades públicas respondem das atribuições do Ministério das Relações Exteriores e dos demais
diretamente pelos danos causados em decorrência da divulgação órgãos competentes. 
não autorizada ou utilização indevida de informações sigilosas ou Parágrafo único.  Regulamento disporá sobre a composição,
informações pessoais, cabendo a apuração de responsabilidade organização e funcionamento do NSC. 
funcional nos casos de dolo ou culpa, assegurado o respectivo
direito de regresso.  Art. 38.  Aplica-se, no que couber, a Lei no 9.507, de 12 de
Parágrafo único.  O disposto neste artigo aplica-se à pessoa novembro de 1997, em relação à informação de pessoa, física ou
física ou entidade privada que, em virtude de vínculo de qualquer jurídica, constante de registro ou banco de dados de entidades
natureza com órgãos ou entidades, tenha acesso a informação governamentais ou de caráter público. 
sigilosa ou pessoal e a submeta a tratamento indevido. 
Art. 39.  Os órgãos e entidades públicas deverão proceder à
CAPÍTULO VI reavaliação das informações classificadas como ultrassecretas
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS  e secretas no prazo máximo de 2 (dois) anos, contado do termo
inicial de vigência desta Lei. 
Art. 35.  (VETADO).  § 1o  A restrição de acesso a informações, em razão da
§ 1o  É instituída a Comissão Mista de Reavaliação de reavaliação prevista no  caput, deverá observar os prazos e
Informações, que decidirá, no âmbito da administração pública condições previstos nesta Lei. 
federal, sobre o tratamento e a classificação de informações § 2o  No âmbito da administração pública federal, a reavaliação
sigilosas e terá competência para:  prevista no  caput  poderá ser revista, a qualquer tempo, pela
I - requisitar da autoridade que classificar informação como Comissão Mista de Reavaliação de Informações, observados os
ultrassecreta e secreta esclarecimento ou conteúdo, parcial ou termos desta Lei.
integral da informação;  § 3o  Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação previsto
II - rever a classificação de informações ultrassecretas ou no caput, será mantida a classificação da informação nos termos
secretas, de ofício ou mediante provocação de pessoa interessada, da legislação precedente. 
observado o disposto no art. 7o e demais dispositivos desta Lei; e  § 4o  As informações classificadas como secretas e
III - prorrogar o prazo de sigilo de informação classificada ultrassecretas não reavaliadas no prazo previsto no  caput  serão
como ultrassecreta, sempre por prazo determinado, enquanto o seu consideradas, automaticamente, de acesso público. 
acesso ou divulgação puder ocasionar ameaça externa à soberania
nacional ou à integridade do território nacional ou grave risco às Art. 40.  No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da vigência
relações internacionais do País, observado o prazo previsto no § desta Lei, o dirigente máximo de cada órgão ou entidade da
1o do art. 24.  administração pública federal direta e indireta designará autoridade
§ 2o  O prazo referido no inciso III é limitado a uma única que lhe seja diretamente subordinada para, no âmbito do respectivo
renovação.  órgão ou entidade, exercer as seguintes atribuições: 

Didatismo e Conhecimento 157


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso a Art. 47.  Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias
informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos desta Lei;  após a data de sua publicação.  
II - monitorar a implementação do disposto nesta Lei e Brasília, 18 de novembro de 2011; 190o da Independência e
apresentar relatórios periódicos sobre o seu cumprimento;  123o da República.  
III - recomendar as medidas indispensáveis à implementação http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/
e ao aperfeiçoamento das normas e procedimentos necessários ao lei/l12527.htm
correto cumprimento do disposto nesta Lei; e 
IV - orientar as respectivas unidades no que se refere ao
cumprimento do disposto nesta Lei e seus regulamentos. 
17. ESTATUTO E REGIMENTO
Art. 41.  O Poder Executivo Federal designará órgão da GERAL DA UFAL.
administração pública federal responsável: 
I - pela promoção de campanha de abrangência nacional de
fomento à cultura da transparência na administração pública e
conscientização do direito fundamental de acesso à informação;  ESTATUTO DA UFAL
II - pelo treinamento de agentes públicos no que se refere
ao desenvolvimento de práticas relacionadas à transparência na CAPÍTULO I
administração pública;  Da Universidade
III - pelo monitoramento da aplicação da lei no âmbito da
administração pública federal, concentrando e consolidando a Art. 1º. A Universidade Federal de Alagoas (UFAL), com
publicação de informações estatísticas relacionadas no art. 30;  sede e foro na cidade de Maceió, Capital do Estado de Alagoas,
IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional de relatório criada pela Lei Federal nº 3.867, de 25 de janeiro de 1961, é uma
anual com informações atinentes à implementação desta Lei.  instituição federal de educação superior pluridisciplinar, de ensino,
pesquisa e extensão, mantida pela União, gozando de autonomia
Art. 42.  O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta assegurada pela Constituição Brasileira , pela legislação nacional
Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da data de sua e por este Estatuto.
publicação.  Parágrafo único. A UFAL observa os seguintes princípios e
finalidades decorrentes de sua natureza de instituição pública e
Art. 43.  O inciso VI do art. 116 da  Lei no 8.112, de 11 de gratuita:
dezembro de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação:  a) da gestão democrática e descentralizada;
“ b) da legalidade, da moralidade, da impessoalidade, da
Art. 116.  ................................................................... eficiência e eficácia, da publicidade de seus atos;
............................................................................................  c) da ética, como norteadora de toda a prática institucional, em
VI -  levar as irregularidades de que tiver ciência em razão todas as suas relações internas e com a sociedade;
do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando d) da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão;
houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra e) da liberdade de expressão do pensamento, de criação, de
autoridade competente para apuração; difusão e socialização do saber;
.................................................................................” (NR)  f) da universalidade do conhecimento e do fomento à
interdisciplinaridade;
Art. 44.  O g) do desenvolvimento científico, político, cultural, artístico e
Capítulo IV do Título IV da Lei no  8.112, de 1990, passa a sócio econômico do Estado de Alagoas;
vigorar acrescido do seguinte art. 126-A:  h) da regular prestação de contas;
“ i) da articulação sistemática com as diversas instituições e
Art. 126-A.  Nenhum servidor poderá ser responsabilizado organizações da sociedade.
civil, penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade
superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra Art. 2º. São objetivos institucionais da UFAL:
autoridade competente para apuração de informação concernente I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito
à prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, científico e do pensamento reflexivo;
ainda que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento,
função pública.”  aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, colaborando na sua
Art. 45.  Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos formação contínua;
Municípios, em legislação própria, obedecidas as normas gerais III - incentivar o trabalho de pesquisa e a investigação
estabelecidas nesta Lei, definir regras específicas, especialmente científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia
quanto ao disposto no art. 9o e na Seção II do e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o
Capítulo III.  entendimento do homem e do meio em que vive;
IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais,
Art. 46.  Revogam-se:  científicos, e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e
I - a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005; e  comunicar o saber por meio do ensino, de publicações ou de outras
II - os arts. 22 a 24 da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991.  formas de comunicação;

Didatismo e Conhecimento 158


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
V - estimular o conhecimento dos problemas do mundo V - contratação e dispensa de professores e técnicos-
presente, em particular os nacionais e regionais, prestar serviços administrativos;
especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação VI - planos de carreira docente e técnico-administrativo.
de reciprocidade;
VI - promover a extensão, aberta à participação da população, Art. 4º. O Regimento Geral da UFAL, os regimentos internos
visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação de seus órgãos e as resoluções do Conselho Universitário
cultural e da pesquisa científica geradas na instituição. regulamentam os preceitos deste estatuto.

Art. 3º. A UFAL, no exercício de sua autonomia poderá, sem Art. 5º. A qualidade das atividades da UFAL está vinculada ao
prejuízo de outras atribuições de sua competência: processo de planejamento e de avaliação periódica, em função de
I - criar, organizar e extinguir cursos e programas de educação seus objetivos institucionais e setoriais de universidade pública e
superior, obedecendo às normas gerais da União e, quando for o gratuita, voltada para a sociedade.
caso, do respectivo sistema de ensino;
II - fixar os currículos dos seus cursos e programas, observadas Art. 6º. A UFAL oferece cursos de graduação, pós-graduação,
as diretrizes gerais pertinentes; sequenciais, de extensão e de educação profissional, aprovados
III - estabelecer planos, programas e projetos de pesquisa mediante resoluções de seu Conselho Universitário, observadas as
científica, produção artística e atividades de extensão; diretrizes gerais definidas em atos normativos superiores.
IV - fixar o número de vagas de acordo com a capacidade
institucional e as exigências do seu meio; CAPÍTULO II
V - elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos em Dos Órgãos
consonância com as normas gerais atinentes;
VI - conferir graus, diplomas e outros títulos; Art. 7º. São órgãos da UFAL:
VII - firmar contratos, acordos e convênios; I - Conselho Universitário - CONSUNI;
VIII - aprovar e executar planos, programas e projetos II - Conselho de Curadores - CURA;
de investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em III - Reitoria;
geral, bem como administrar rendimentos conforme dispositivos IV - Unidades Acadêmicas;
institucionais; V - De Apoio.
IX - administrar os rendimentos e deles dispor na forma
prevista no ato de constituição, nas leis e neste estatuto; Seção I
X - receber subvenções, doações, heranças, legados e Do Conselho Universitário - CONSUNI
cooperação financeira resultante de convênios com entidades
públicas e privadas; Art. 8º. O Conselho Universitário, órgão de deliberação
XI - propor o seu quadro de pessoal (docente e técnico superior da UFAL, compõe-se de 70% (setenta por cento) de
-administrativo), assim como um plano de cargos e salários, representantes do corpo docente, 15% (quinze por cento) de
atendidas as normas gerais pertinentes e a disponibilidade de representantes do corpo discente e 15% (quinze por cento) de
recursos; representantes do corpo técnico -administrativo da Universidade.
XII - elaborar o regulamento de seu pessoal (docente e § 1º. O Regimento Geral da UFAL disciplina o número total
técnico-administrativo) em conformidade com as normas gerais de membros do Conselho
concernentes; Universitário e o modo de escolha dos representantes de cada
XIII - aprovar e executar planos, programas e projetos de segmento, devendo considerar como membros natos do corpo
investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em geral, docente os Diretores das Unidades Acadêmicas, além do Reitor e
de acordo com os recursos alocados pelo Governo Federal; o Vice-Reitor como seus Presidente e Vice-Presidente.
XIV - elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais; § 2º. A comunidade local, regional e os setores organizados
XV - adotar regime financeiro e contábil que atenda às suas da sociedade participarão do Conselho Universitário, de forma
peculiaridades deorganização e funcionamento; consultiva, conforme o Regimento Geral.
XVI - realizar operações de crédito ou de financiamento para § 3º. O Conselho Universitário delibera em plenário, em
aquisição de bens imóveis, instalações e equipamentos, mediante Câmaras e em Comissões, de acordo com as composições e
aprovação do Governo Federal; atribuições definidas no Regimento Geral.
XVII - efetuar transferências, quitações e tomar outras § 4º. Das decisões tomadas nas Câmaras e Comissões cabe
providências de ordem orçamentária, financeira e patrimonial recurso ao plenário do Conselho Universitário, interposto por
necessárias ao seu bom desempenho. qualquer de seus membros ou interessado.
Parágrafo único. Aos Conselhos Universitário e de § 5º. Na forma das disposições do Regimento Geral o
Unidade Acadêmica compete, observadas as disponibilidades Conselho Universitário terá instâncias assessoras para formulação
orçamentárias, decidir sobre: de políticas acadêmicas;
I - criação, expansão, modificação e extinção de cursos; § 6º. Como órgão de assessoria ao Conselho Universitário
I - ampliação e diminuição de vagas; e à Reitoria, o Regimento Geral organizará uma Ouvidoria na
III - elaboração da programação dos cursos; Universidade Federal de Alagoas.
IV - programação das pesquisas e das atividades de extensão;

Didatismo e Conhecimento 159


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Art. 9º. Compete ao Conselho Universitário, além de outras Parágrafo único. Em casos de urgência e relevante interesse,
atribuições definidas no Regimento Geral : o Reitor pode editar resoluções “Ad Referendum” do Conselho
I - aprovar e/ou modificar, ouvida a comunidade universitária, Universitário, submetendo-as para aprovação na sessão
o Estatuto e o Regimento Geral da UFAL, com quórum qualificado subsequente.
de 2/3 dos seus membros;
II - deliberar, em caráter geral, mediante resoluções, sobre Art. 10. Toda decisão do Conselho Universitário será divulgada
matérias de ensino, pesquisa, extensão e administração e traçar a de acordo com o disposto no Regimento Geral da UFAL.
política geral da Universidade;
III - elaborar, com quórum de 2/3, a lista de candidatos a Art. 11. Excetuando os membros natos do Conselho
Reitor e Vice-Reitor da Universitário e a representação do corpo discente, cujos mandatos
UFAL, observada a consulta prévia à comunidade universitária; são de um (01) ano, os demais representantes e seus suplentes
IV - apreciar e deliberar sobre os recursos interpostos contra terão mandato de dois (02) anos.
decisão do Reitor e dos Conselhos das Unidades Acadêmicas; Parágrafo único. Será permitida apenas uma (01) recondução
V - autorizar, suspender ou suprimir cursos oferecidos pela do mandato.
Universidade;
VI - apreciar e aprovar os projetos pedagógicos dos cursos, Seção II
observada a legislação aplicável; Do Conselho de Curadores - CURA
VII - regulamentar as formas de acesso de estudantes à UFAL;
VIII - criar, modificar, fundir e extinguir, com quorum de Art. 12. O Conselho de Curadores, órgão de fiscalização
2/3, as Unidades Acadêmicas e Unidades de Apoio ouvidas as econômico-financeira da UFAL, compõe-se de um representante
comunidades interessadas; do Ministério da Educação, um representante do Conselho
IX - aprovar os Regimentos Internos do Conselho de Regional de Contabilidade, um representante do Conselho
Curadores, da Reitoria, das Unidades Acadêmicas e Órgãos de Regional de Economia, um representante do Conselho Regional
Apoio; de Administração, um representante do corpo docente, um
X - elaborar a proposta de seu Regimento Interno, representante do corpo discente e um representante do corpo
submetendo-o à sua aprovação. técnico administrativo.
XI - aprovar o planejamento global da Universidade, anual e Parágrafo único. Excetuados os representantes do corpo
plurianual, acompanhando e avaliando sua execução; docente e técnico administrativo, que serão escolhidos em votação
XII - aprovar o orçamento anual da Universidade, elaborado direta e secreta, os demais representantes serão indicados pelas
pela Reitoria, acompanhando a sua execução; suas respectivas entidades representativas (MEC, CRC/AL,
XIII - aprovar as linhas gerais dos programas de pesquisa e CORECON/AL, CRA/AL e DCE/UFAL).
extensão;
XIV - conceder títulos honoríficos e acadêmicos definidos no
Art. 13. Compete ao Conselho de Curadores, além de outras
Regimento Geral, mediante parecer prévio da Unidade Acadêmica
atribuições definidas no Regimento Geral:
pertinente;
I - eleger o seu Presidente e Vice-Presidente, na forma prevista
XV - homologar convênios firmados pelo Reitor;
em seu Regimento Interno;
XVI - Aprovar o recebimento pela UFAL de subvenções,
II - emitir parecer sobre a proposta orçamentária, o orçamento
doações, heranças, legados e de cooperações financeiras resultantes
próprio e a prestação
de convênios com entidades públicas e privadas;
XVII - definir o quadro de pessoal docente e técnico- de contas anual da Universidade, para aprovação do Conselho
administrativo, ouvidas as Unidades Acadêmicas; Universitário;
XVIII - autorizar o Reitor a realizar operações de crédito ou III - acompanhar a fiscalização e a execução orçamentária da
de financiamento, mediante a apresentação de projetos e ouvido o Universidade;
Conselho de Curadores; IV - emitir parecer sobre a alienação, cessão, locação e
XIX - aprovar a abertura de créditos adicionais ao orçamento transferência de bens da Universidade, para aprovação do
da UFAL, mediante parecer do Conselho de Curadores - CURA; Conselho Universitário;
XX - aprovar a prestação de contas anual da Universidade, V - emitir parecer sobre o recebimento pela UFAL de
mediante parecer do Conselho de Curadores - CURA; subvenções, doações, heranças, legados e de cooperações
XXI - aprovar o calendário acadêmico; financeiras resultantes de convênios com entidades públicas e
XXII - decidir, após processo administrativo, sobre privadas, para aprovação do Conselho Universitário;
intervenção em Unidade Acadêmica e destituição de seu Diretor VI - emitir parecer sobre a abertura de créditos adicionais ao
e/ou Vice-Diretor na forma do Regimento Geral, com quórum de orçamento da UFAL, para aprovação do Conselho Universitário;
2/3 dos seus membros; VII - elaborar a proposta de seu Regimento Interno,
XXIII - apurar atos de responsabilidade do Reitor e do Vice- submetendo-o à aprovação do Conselho Universitário.
Reitor e tomar as providências cabíveis, inclusive de propor à
autoridade competente suas destituições, na forma definida no Art. 14. Excetuando a representação do corpo discente no
Regimento Geral, com quórum de 2/3 dos seus membros; Conselho de Curadores, cujo mandato é de um (01) ano, os demais
XXIV - definir e acompanhar o Programa de Avaliação representantes e seus suplentes terão mandato de dois (02) anos.
Institucional, seus planos de trabalho e orçamento, e aprovar os Parágrafo único. Será permitida apenas uma (01) recondução
respectivos relatórios produzidos. do mandato.

Didatismo e Conhecimento 160


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Seção III § 1º. Cada Unidade Acadêmica, no âmbito de sua área de
Da Reitoria e da Administração conhecimento, deve oferecer no mínimo um curso de graduação,
podendo agregar outros cursos afins.
Art. 15. A Reitoria é o órgão máximo de execução § 2º. Além de curso(s) de graduação, integram a Unidade
administrativa e acadêmica da Universidade dirigido pelo Reitor, Acadêmica todos os cursos/programas de pós-graduação, projetos
que terá como substituto e auxiliar o Vice-Reitor, integrantes do e atividades de extensão, grupos ou linhas de pesquisa relativos à
corpo docente da UFAL, eleitos na forma da legislação em vigor, área de conhecimento.
deste Estatuto e do Regimento Geral, para mandato de quatro (04) § 3º. Os órgãos de apoio de natureza administrativa ou
anos.
acadêmica que dão suporte às atividades e projetos de ensino,
§ 1º. Compete ao Reitor administrar, coordenar e supervisionar
pesquisa e extensão, integram a unidade acadêmica respectiva à
todas as atividades da UFAL, dar cumprimento às resoluções do
Conselho Universitário e editar atos não privativos deste, mediante sua área de conhecimento, de acordo com seu Regimento Interno.
portarias, observado o parágrafo único do art. 9º do presente § 4º. As Unidades Acadêmicas podem adotar em cada área do
Estatuto. conhecimento as denominações que melhor correspondam ao uso
§ 2º. Fica vedada a reeleição do Reitor e do Vice-Reitor para corrente.
o mandato subsequente.
§ 3º. O Reitor é auxiliado diretamente pelo Vice -Reitor, por Art. 19. São atribuições da Unidade Acadêmica, além de
assessores e por órgãos de apoio da Reitoria, cujas atribuições são outras definidas em seu Regimento Interno, e no âmbito de sua
definidas no Regimento Geral. competência:
§ 4º. Os titulares e os assessores dos órgãos de apoio à Reitoria I - aprovar e modificar seu Regimento, em sessão(ões) do seu
são nomeados ou designados pelo Reitor, dentre o pessoal do Conselho com quórum qualificado de 2/3 dos seus membros e por
quadro permanente da UFAL. maioria absoluta, submetendo-o à aprovação superior do Conselho
§ 5º. Das decisões do Reitor cabe recurso ao Conselho Universitário;
Universitário, interposto por qualquer membro ou pelo interessado. II - fazer constar em seu Regimento as funções gratificadas no
âmbito da Unidade;
Art. 16. O Reitor representa ativa e passivamente a UFAL III - propor a criação, organização e extinção de cursos e
perante pessoas físicas e jurídicas de direito público ou privado, programas de educação superior;
em juízo e fora dele, e em todos os atos jurídicos com poderes de
IV - elaborar o projeto pedagógico de seus cursos de educação
administração em geral.
§ 1º. Nos impedimentos e ausências eventuais, o Reitor é superior e submetê-lo à aprovação de seu Conselho;
substituído pelo Vice Reitor, e na ausência de ambos, pelo Diretor V - estabelecer e executar planos, programas e projetos de
de unidade acadêmica mais antigo no magistério da UFAL. pesquisa e extensão;
§ 2º. No caso de vacância do cargo de Reitor, o Vice-Reitor o VI - propor o número de vagas de seus cursos de educação
substitui para conclusão do mandato. superior;
§ 3º. No caso de vacância do cargo de Vice-Reitor, o Conselho VII - propor a celebração de contratos, acordos e convênios;
Universitário elege o substituto para a conclusão do mandato, na VIII - gerir-se administrativa e financeiramente no âmbito de
forma da legislação em vigor. sua competência;
IX - atuar como primeira instância disciplinar para todos os
Art. 17. A administração da UFAL dá-se de forma membros da comunidade universitária que se encontrem a ela
descentralizada, mediante: vinculados ou nela lotados.
I - gestão delegada aos titulares dos órgãos de apoio da
Reitoria, conforme disposto no Regimento Geral. Os gestores Art. 20. Os docentes são lotados na Unidade Acadêmica
delegados respondem solidariamente com o Reitor por seus atos, correspondente à área de conhecimento em que atuam.
no limite da delegação; Parágrafo único. O docente, em comum acordo com as partes
II - autonomia administrativa, acadêmica, gestão financeira e envolvidas, poderá atuar em programas e atividades desenvolvidas
patrimonial das Unidades Acadêmicas.
por outra Unidade Acadêmica.
§ 1º. À Reitoria cabe exercer diretamente as atividades
que sejam comuns às Unidades Acadêmicas, ou quando houver
impedimento a qualquer delas em fazê-lo. Art. 21. São requisitos para constituição de Unidade
§ 2º. O fomento e a supervisão das atividades das Unidades Acadêmica:
Acadêmicas, por parte da Reitoria, não incluem o exercício direto I - ter em seu quadro de docentes, pelo menos, 1/3 de seu total
delas ou interferência em suas políticas de ensino, pesquisa e efetivo com titulação acadêmica de Mestrado ou Doutorado;
extensão. II - ter em seu quadro de docentes, 1/2 de seu total efetivo em
regime de tempo integral;
Seção IV III - oferecer, no mínimo, 01 (um) curso de graduação;
Das Unidades Acadêmicas IV - oferecer curso de pós-graduação Lato Sensu ou Stricto
Sensu, com ofertas permanentes e regulares;
Art. 18. As Unidades Acadêmicas, organizadas por áreas V - ter grupo de pesquisa institucionalizado;
de conhecimento, realizam as atividades de ensino, pesquisa e VI - ter programa de extensão institucionalizado;
extensão da Universidade, administrando-as de modo autônomo, VII - dispor de infra -estrutura adequada para o desenvolvimento
observadas as diretrizes emanadas do Conselho Universitário e a de suas atividades.
supervisão geral da Reitoria.

Didatismo e Conhecimento 161


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Art. 22. O Conselho da Unidade Acadêmica é o órgão de III - os vinculados às Unidades Acadêmicas, quando sua
deliberação coletiva sobre ensino, pesquisa, extensão, política natureza e finalidade predominantes forem relacionadas às
acadêmica e de interesse da área, no seu âmbito. O Conselho respectivas áreas de conhecimento, conforme disposto no
poderá funcionar em plenário, câmaras e comissões, de acordo Regimento Geral.
com o Regimento Interno da Unidade, cabendo recurso ao plenário Parágrafo único. Os órgãos de apoio da Unidade Acadêmica,
das deliberações tomadas nas câmaras e comissões. com estruturas e funções próprias, podem ter autonomia se prevista
§ 1º. O Conselho da Unidade Acadêmica, presidido por seu no Regimento Interno da Unidade.
Diretor, compõe-se de docentes nela lotados, correspondendo a
70% (setenta por cento) de seus membros, completando-se os 30% Art. 25. Incluem-se nos órgãos de apoio, todos os núcleos de
(trinta por cento) restantes com representação dos corpos técnico estudos temáticos, preferencialmente interdisciplinares, destinados
administrativo e discente, nos níveis de graduação e pós-graduação a reunir especialistas da Universidade ou da comunidade externa,
e na forma estabelecida pelo Regimento Interno da Unidade. com o objetivo de desenvolver novos programas de ensino, pesquisa
§ 2º. Participarão do Conselho com direito a voz, a comunidade e extensão, ou os núcleos de prestação de serviços especializados e
local, os conselhos regionais e/ou associações profissionais da de treinamento, no interesse exclusivo da Unidade.
categoria correspondente ao(s) curso(s) de graduação, oferecido(s)
pela Unidade Acadêmica. CAPÍTULO III
§ 3º. Das deliberações do plenário do Conselho, cabe recurso Do Regime Acadêmico e Científico
ao Conselho Universitário, interposto por qualquer de seus
membros ou pela parte interessada. Seção I
Dos Cursos de Educação Superior
Art. 23. A Diretoria é o órgão executivo da Unidade e
compõe-se das funções de Diretor e de Vice-Diretor, cabendo-lhe Art. 26. A Universidade Federal de Alagoas oferece cursos de
a administração financeira, acadêmica, patrimonial e de pessoal, educação superior nos seguintes níveis:
das atividades e curso(s) a ele vinculado(s), além do cumprimento I - cursos de graduação, abertos aos concluintes do ensino
das deliberações de seu Conselho e das do Conselho Universitário, médio ou equivalente, classificados mediante processo seletivo;
bem como dos atos editados pelo Reitor, podendo recorrer quanto II - cursos de pós-graduação, abertos aos diplomados em
a estes ao Conselho Universitário. cursos de graduação, classificados mediante processo seletivo,
§ 1º. O Diretor e o Vice-Diretor são escolhidos dentre os nos seguintes níveis: de aperfeiçoamento, de especialização, de
professores efetivos integrantes da carreira, eleitos pelos docentes, mestrado, doutorado e outros;
discentes e técnico -administrativos da Unidade, para mandato III - cursos sequenciais, abertos aos candidatos que atendam
de quatro anos, vedada a reeleição para o mandato subsequente, aos requisitos estabelecidos pela instituição no ato de sua criação,
sendo assegurados a eleição direta e o voto facultativo. conforme suas finalidades, mediante classificação em processo
§ 2º. Nos impedimentos e ausências eventuais, o Diretor seletivo;
é substituído pelo Vice Diretor, e na ausência de ambos, pelo IV - cursos de extensão, abertos aos candidatos que atendam
professor mais antigo do corpo docente da Unidade Acadêmica. aos requisitos estabelecidos pela instituição no ato de sua criação,
§ 3º. No caso de vacância do cargo de Diretor, o Vice-Diretor conforme suas finalidades.
o substitui para a conclusão do mandato. § 1º. Os cursos de graduação, pós-graduação e sequenciais
§ 4º. No caso de vacância do cargo de Vice-Diretor, o Conselho são aprovados pelo Conselho Universitário e ofertados pelas
da Unidade Acadêmica elege o substituto para a conclusão do Unidades Acadêmicas às quais estão vinculados, conforme a área
mandato, na forma da legislação em vigor. do conhecimento.
§ 5º. Os titulares das funções de assessoria, de coordenação § 2º. Os cursos de extensão são aprovados e ofertados pela
dos órgãos de apoio, programas, atividades e curso(s), de secretaria Unidade Acadêmica as quais estão vinculados, conforme a área do
executiva, vinculados à Unidade, são escolhidos na forma do conhecimento.
Regimento Geral e Regimento Interno da Unidade e designados
pelo Diretor. Art. 27. A Universidade Federal de Alagoas pode ofertar,
§ 6º. As funções remuneradas são definidas no Regimento ainda, cursos de educação profissional.
Interno da Unidade, aprovado pelo Conselho Universitário, dentro Parágrafo único. Os cursos de educação profissional são
do quadro geral de funções da UFAL. aprovados pelo Conselho Universitário e ofertados pelas Unidades
Acadêmicas aos quais estão vinculados, conforme a área do
Seção V conhecimento.
Dos Órgãos de Apoio
Art. 28. Os cursos oferecidos pela UFAL, respeitadas as suas
Art. 24. São órgãos de apoio administrativo e acadêmico às especificidades, observarão os seguintes princípios:
atividades universitárias: I - compreensão do currículo como a totalidade de experiências
I - os pertencentes à Reitoria, para atender às necessidades formativas, no qual o educando é sujeito de seu processo de
administrativas comuns da Instituição, conforme o disposto no conhecimento, sendo estimulado a desenvolver elevados graus de
Regimento Geral; autonomia intelectual, política, cultural e estética;
II - os vinculados à Reitoria, quando tenham objetivos comuns II - oferta de sólida formação teórico-prática, referenciada na
a várias Unidades Acadêmicas ou ofertem serviços específicos à qualidade acadêmica e no compromisso social de construção de
comunidade, conforme o disposto no Regimento Geral; valores da ética e da cidadania;

Didatismo e Conhecimento 162


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
III - flexibilidade na organização curricular, para promoção Seção IV
de perfis profissionais flexíveis, aptos a desenvolver novas Da Avaliação Institucional
competências e habilidades e posicionar-se criticamente frente à
realidade. Art. 34. A fim de preservar e aperfeiçoar continuamente os
padrões de qualidade acadêmica, a Universidade mantém seu
Art. 29. A Universidade Federal de Alagoas oferece seus Programa de Avaliação Institucional, com os seguintes princípios:
cursos nas modalidades: I - a avaliação é processual, formativa, permanente, global,
I – presencial; conduzida de forma ética, útil, viável, precisa, transparente,
II - a distância.
respeitando a pluralidade de concepções, métodos e processos de
trabalho acadêmico;
Art. 30. O sistema acadêmico; o modelo pedagógico; as
normas de freqüência de avaliação da aprendizagem; os critérios II - a avaliação é concebida como um processo de
de admissão, permanência, desligamento, diplomação ou autoconhecimento e de prestação de contas permanente à
certificação dos alunos, reconhecimento e revalidação de diplomas comunidade e referenciada à missão institucional e ao plano
são disciplinados no Regimento Geral da Universidade e as institucional.
normas complementares relativas às especificidades de cada curso Parágrafo único. O Regimento Geral disporá sobre as formas
ou área do conhecimento são definidas no Regimento Interno de de avaliação.
cada Unidade Acadêmica e no projeto pedagógico de cada curso.
CAPÍTULO IV
Seção II Da Comunidade Universitária
Da Pesquisa
Art. 36. A comunidade universitária é constituída pelos corpos
Art. 31. A pesquisa tem como objetivos produzir, criticar docente, discente e técnico -administrativo, diversificados em suas
e difundir conhecimentos culturais, artísticos, científicos e atribuições e funções, e unificados pelos princípios que norteiam
tecnológicos, de forma articulada com o ensino e a extensão, as ações da Instituição.
comprometendo-se com os interesses coletivos da sociedade, e,
em particular, com os interesses da Região Nordeste e do Estado Art. 37. A natureza, a forma de acesso, as atribuições, os
de Alagoas. relacionamentos estruturais, as responsabilidades individuais, os
limites de autoridade e os requisitos exigidos dos membros da
Art. 32. Cabe à Universidade assegurar o desenvolvimento comunidade universitária, bem como os seus direitos e deveres,
da pesquisa e da produção acadêmica, respeitando a liberdade são pautados nos princípios deste Estatuto e definidos pelo
científica, artística e cultural, e consignando em seu orçamento
Regimento Geral.
recursos para este fim, inclusive para fins de concessão de bolsas,
Parágrafo único. Será objetivo permanente da Instituição
levando em consideração as prioridades acadêmicas definidas por
elevar a qualificação da comunidade universitária, desenvolvendo
sua comunidade.
programas de formação inicial e continuada, que possibilitem o
Seção III aperfeiçoamento contínuo da qualidade dos serviços que presta à
Da Extensão sociedade.

Art. 33. A extensão é o processo de relações diretas e recíprocas Seção I


com a sociedade, que se desenvolverá de forma indissociável com Do Corpo Docente
o ensino e a pesquisa, observando:
I - objetivos de promoção do conhecimento, democratização Art. 38. O corpo docente é constituído pelos integrantes
do acesso ao saber, elevação do nível cultural da população e da carreira do magistério do quadro de pessoal permanente da
intervenção solidária junto à comunidade para a transformação Universidade e demais professores admitidos, na forma da lei.
social, inclusive a relação respeitosa entre conhecimento popular e
conhecimento científico e filosófico; Art. 39. Os professores integrantes do corpo docente são
II - respeito à liberdade científica, artística e cultural da lotados nas Unidades Acadêmicas.
comunidade universitária e aos direitos de cidadania e autonomia
da comunidade externa; Art. 40. O ingresso, a nomeação, a posse, a carreira, o regime
III - os compromissos sociais, éticos e políticos com os de trabalho, a promoção, a aposentadoria e a dispensa do docente
interesses coletivos da sociedade e com os valores da cidadania, são regidos pela legislação em vigor, por este Estatuto e pelo
particularmente com os da Região Nordeste e do Estado de Regimento Geral.
Alagoas.
Art. 41. Os atos de provimento, de exoneração ou dispensa
Art. 34. Cabe à Universidade assegurar o desenvolvimento dos dos cargos e empregos da carreira de magistério superior, bem
programas e projetos de extensão consignando em seu orçamento como os de admissão e dispensa de professor visitante e substituto,
recursos para esse fim. são de competência do Reitor, observadas as prescrições legais.

Didatismo e Conhecimento 163


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Art. 42. O corpo docente terá direito a voto nos processos Art. 48. Os atos de provimento, de exoneração ou dispensa
de eleições e consultas e nas instâncias colegiadas da Instituição, dos cargos e empregos do corpo técnico-administrativo, são de
sendo que, neste último caso, o voto será exercido por meio de competência do Reitor, observada a legislação vigente que rege
representação eleita especificamente para tal, na forma do Estatuto a espécie.
e Regimento Geral.
Art. 49. O corpo técnico-administrativo terá direito a voto
Seção II nos processos de eleições, consultas e nas instâncias colegiadas da
Do Corpo Discente Instituição, sendo que, neste último caso, o voto será exercido por
meio de representação eleita especificamente para tal, na forma do
Art. 43. O corpo discente da Universidade é constituído por Estatuto e do Regimento Geral.
duas categorias :
I - alunos regulares; Seção IV
II - alunos especiais. Do Regime Disciplinar
§ 1º. São alunos regulares os matriculados em cursos de
graduação, pós-graduação, sequenciais, e de formação profissional Art. 50. As normas sobre a ordem disciplinar na Universidade,
por campo do saber, observado os requisitos indispensáveis à as sanções disciplinares aplicáveis e a competência para sua
obtenção dos respectivos diplomas ou certificados. aplicação, bem como os recursos cabíveis são fixados pelo
§ 2º. São alunos especiais os matriculados em cursos de Regimento Geral, observadas as disposições legais.
extensão, em disciplinas isoladas de cursos de graduação ou pós-
graduação. CAPÍTULO V
§ 3º. A aprovação em disciplinas, cursadas na qualidade de Dos Diplomas, Certificados e Títulos
aluno especial, não assegura o direito à obtenção de diploma
ou certificado em cursos de graduação ou pós graduação, sendo Art. 51. Aos concluintes dos cursos de graduação e pós-
garantido o atestado ou declaração correspondente. graduação Stricto Sensu a Universidade confere grau e expede o
correspondente diploma.
Art. 44. A Universidade presta assistência aos alunos Parágrafo único. Aos concluintes dos demais cursos a
regulares, sem prejuízo de suas responsabilidades com os demais Universidade expedirá diploma, certificado ou declaração,
membros da comunidade, fomentando entre outras iniciativas, de dependendo da natureza do Curso, de acordo com a legislação em
acordo com suas disponibilidades orçamentárias: vigor.
I - programas de bolsas de trabalho, de extensão, de iniciação
científica, de estágio, de monitoria e de treinamento; Art. 52. A Universidade pode instituir prêmios e conferir
II - promoção ou participação de eventos de natureza científica, títulos honoríficos por decisão do Conselho Universitário.
artística, cultural, esportiva e recreativa; § 1º. A concessão dos títulos e prêmios é disciplinada pelo
III - orientação psico pedagógica, psicossocial e profissional; Regimento Geral.
IV - programas de moradia estudantil universitária e de § 2º. O reconhecimento de notório saber pelo Conselho
restaurante universitário aos comprovadamente carentes. Universitário é condicionado à prévia avaliação e indicação do
V - programas de assistência à saúde. curso de Doutorado mantido pela UFAL em área afim, suprindo
exigência do título de Doutor.
Art. 45. O corpo discente é representado através do Diretório
Central dos Estudantes – DCE, Diretórios Acadêmicos – DA’s e Art. 53. Os Conselhos Universitário e de Curadores se reunirão
Centros Acadêmicos – CA’s, na forma definida em estatuto próprio. em sessão conjunta para entrega de Títulos Honoríficos e a posse
Parágrafo único. Os alunos regulares do corpo discente de Reitor e Vice-Reitor da UFAL.
terão direito à voz e voto nos processos de eleição e consultas e
nas instâncias colegiadas da Instituição na forma do Estatuto e CAPÍTULO VI
Regimento Geral. Do Patrimônio e do Orçamento

Seção III Art. 54. Constituem bens patrimoniais da Universidade:


Do Corpo Técnico - Administrativo I - imóveis, móveis e semoventes;
II - títulos e direitos;
Art. 46. O corpo técnico-administrativo é constituído III - fundos especiais e recursos financeiros extra
dos servidores integrantes do quadro de pessoal permanente orçamentários;
da Universidade que exerçam atividades de caráter técnico, IV - saldos de exercícios financeiros;
administrativo e operacional. V - doações e legados de quaisquer espécies.

Art. 47. O ingresso, a nomeação, a posse, a carreira, o regime Art. 55. Os bens patrimoniais devem ser empregados na
de trabalho, a promoção, a aposentadoria e a dispensa do servidor realização dos objetivos da Universidade, ou de outras destinações
técnico -administrativo são regidos pela legislação em vigor, por definidas pelo Conselho Universitário.
este Estatuto e pelo Regimento Geral. Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, os bens
patrimoniais podem ser aplicados em:

Didatismo e Conhecimento 164


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
I - investimentos para valorização patrimonial, observadas as Art. 64. Este Estatuto entra em vigor na data de sua publicação
disposições legais em vigor e ou vido o Conselho Universitário; no Diário Oficial da União.
II - inversões financeiras para obtenção de rendas, observadas REGIMENTO GERAL D A U F A L
as disposições legais e ouvido o Conselho Universitário.
TÍTULO I
Art. 56. A aquisição de bens e valores pela Universidade DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
depende de prévia autorização do Reitor, na qualidade de ordenador
de despesa, observadas as disposições legais em vigor. Art. 1. Este Regimento Geral disciplina os aspectos gerais e
Parágrafo Único. A alienação e oneração de bens, bem como comuns da estruturação e do funcionamento dos órgãos e serviços
a aceitação de legados e doações à Universidade, dependem de da Universidade Federal de Alagoas – UFAL.
prévia autorização do Conselho Universitário, ouvido o Conselho Parágrafo Único – As normas deste Regimento serão
de Curadores. complementadas pelos regimentos da Reitoria, das Unidades
Acadêmicas, dos Órgãos de Apoio e pelas Resoluções do Conselho
Art. 57. A proposta do orçamento da UFAL é precedida de
Universitário da UFAL.
consulta e discussões com as diversas unidades da Instituição.
TÍTULO II
CAPÍTULO VII
Disposições Gerais e Transitórias DA ESTRUTURA

Art. 58. Quando presente a reuniões de órgãos colegiados, o Art. 2º. Integram a estrutura da UFAL o Conselho Universitário
Reitor assume a sua - CONSUNI, o Conselho de Curadores - CURA, a Reitoria, as
presidência automaticamente. Unidades Acadêmicas e os Órgãos de Apoio.
Parágrafo Único – A UFAL poderá se estruturar em sistema
Art. 59. O Reitor é competente para convocar reunião de multi campi.
qualquer órgão da
Universidade, ou em conjunto com outros órgãos, observado CAPÍTULO I
o Regimento Geral. DO CONSELHO UNIVERSITÁRIO

Art. 60. Os cargos ou funções de direção acadêmica, somente Art. 3º - O Conselho Universitário, CONSUNI, órgão de
podem ser exercidos deliberação superior da UFAL, compõe-se de:
por docentes que tenham, no mínimo, cinco anos de exercício I. Reitor/a, como Presidente;
de magistério superior em II. Vice-Reitor/a, como Vice -Presidente;
instituição pública de ensino superior, ou dois anos de III. Diretores/as de Unidades Acadêmicas;
docência na UFAL. IV. Representantes do Corpo Docente;
Parágrafo único. Os cargos e as funções compreendidas nas V. Representantes do Corpo Técnico Administrativo;
áreas de apoio acadêmico, planejamento e administração, podem VI. Representantes do Corpo Discente;
ser exercidas por servidores integrantes do quadro técnico- VII. Membros designados pelo/a Reitor/a, em número de 06
administrativo permanente da Universidade. (seis).
§ 1º São membros natos do CONSUNI o/a Reitor/a, o/a Vice-
Art. 61. O Conselho Universitário pode autorizar a criação Reitor/a, e os/as Diretores/as de Unidades Acadêmicas;
e manutenção de fundos especiais para subsidiar as atividades- § 2º Os representantes do Corpo Docente serão em número
fim da UFAL, promovendo fiscalização e avaliação permanentes,
de 2/5 (dois quintos) do número dos/as Diretores/as de Unidades
devendo ser revertido para a Universidade os resultados líquidos,
Acadêmicas, com seus respectivos suplentes, sendo 01 (um)
na forma do Regimento Geral.
Parágrafo único. O orçamento e patrimônio destes fundos membro indicado pela entidade representativa e os demais
submetem-se em tudo ao disposto neste Estatuto, particularmente representantes eleitos por seus pares em votação direta e secreta,
ao para cumprirem mandato de 02 (dois) anos, com apenas uma única
Capítulo VI, inclusive a supervisão do controle interno da recondução.
Universidade. § 3º A representação do Corpo Técnico-Administrativo com
seus respectivos suplentes será constituída de 01 (um) membro
Art. 62. No prazo de noventa dias, contados da publicação indicado pela entidade representativa e os demais representantes
deste Estatuto, deve o Colegiado Especial aprovar o Regimento eleitos por seus pares em votação direta e secreta, para cumprirem
Geral. mandato de 02 (dois) anos, com apenas uma única recondução.
Parágrafo único. Os demais Regimentos Internos das Unidades § 4º Os representantes do Corpo Discente e seus respectivos
devem ser submetidos a aprovação do Colegiado Especial que suplentes, estudantes regulares da Universidade, serão eleitos por
aprovou este Estatuto, no prazo de cento e oitenta dias, à partir da seus pares, para cumprirem mandato de 01 (um) ano, com apenas
publicação do Regimento Geral. uma única recondução.
§ 5º A Coordenação das eleições de que tratam os parágrafos
Art. 63. As disposições transitórias, em virtude do advento anteriores será de responsabilidade da Secretaria Executiva dos
deste Estatuto, serão definidas pelo Conselho Universitário - Conselhos Superiores, salvo quando as respectivas entidades
CONSUNI, mediante resoluções especificas. representativas usarem o direito de avocar a condução do processo.

Didatismo e Conhecimento 165


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
§ 6º Os membros designados pelo/a Reitor/a serão os titulares IX. elaborar a proposta de seu Regimento Interno,
das Pró Reitorias mencionadas no Art.16 deste Regimento. submetendo-o à sua aprovação;
X. aprovar o planejamento global da Universidade, anual e
Art. 4º É admitida a participação nas reuniões do CONSUNI plurianual;
de representantes das comunidades local e regional e de setores da XI. aprovar o orçamento anual da Universidade, elaborado
sociedade civil organizada. pela Reitoria;
Parágrafo Único – Os representantes, que terão direito à voz, XII. aprovar as linhas gerais dos programas de pesquisa e
poderão, na forma que vier a ser definida no regimento interno do extensão;
Conselho, formular proposições ao Colegiado ou, por designação XIII. conceder títulos honoríficos e acadêmicos definidos no
deste, funcionar como consultores em matérias específicas. Regimento Geral, mediante parecer prévio da Unidade Acadêmica
pertinente;
Art. 5º A competência do Conselho Universitário está definida XIV. homologar convênios firmados pelo/a Reitor/a;
no artigo 9º do Estatuto da Universidade. XV. autorizar o/a Reitor/a a realizar operações de crédito ou
§ 1º - Ressalvadas as deliberações que versem as matérias de financiamento, mediante a apresentação de projetos e ouvido o
referidas nos incisos I, III, VIII, XXII e XXIII do artigo 9º do Conselho de Curadores;
Estatuto, as decisões do CONSUNI serão tomadas em votação, XVI. aprovar a abertura de créditos adicionais ao orçamento
por maioria simples de seus membros. da UFAL, mediante parecer do Conselho de Curadores - CURA;
§ 2 - Serão consideradas aprovadas as propostas sufragadas XVII. aprovar a prestação de contas anual da Universidade,
pela maioria dos Conselheiros presentes. mediante parecer do Conselho de Curadores - CURA;
§ 3º Em casos de urgência e relevante interesse, o/a Reitor/a pode XVIII. decidir, após processo administrativo, sobre
editar resoluções “Ad Referendum” do Conselho Universitário,
intervenção em Unidade Acadêmica e destituição de seu/sua
submetendo-as para aprovação na sessão subsequente.
Diretor/a e/ou Vice-Diretor/a na forma do Regimento Geral, com
quórum de 2/3 (dois terços) dos seus membros;
Art. 6º O Conselho Universitário é constituído de 02 (duas)
Câmaras, sendo uma Acadêmica e outra Administrativa. XIX. apurar atos de responsabilidade do/a Reitor/a e do/a
§ 1º À Câmara Acadêmica compete conhecer, analisar e Vice-Reitor/a e tomar as providências cabíveis, inclusive de propor
deliberar sobre matérias concernentes ao ensino, à pesquisa e à à autoridade competente suas destituições, na forma definida
extensão, especialmente as que versem sobre: no Regimento Geral, com quórum de 2/3 (dois terços) dos seus
I. projetos pedagógicos de cursos de graduação e de pós- membros;
graduação; XX. definir e acompanhar o Programa de Avaliação
II. calendário acadêmico da Universidade. Institucional, seus planos de trabalho e orçamento, e aprovar os
§ 2º À Câmara Administrativa compete conhecer, analisar respectivos relatórios produzidos.
e deliberar sobre matérias concernentes à administração da § 4º As Câmaras Acadêmica e Administrativa poderão
Universidade, especialmente as que versem sobre: constituir Comissões, conforme dispuser o Regimento Interno do
I. definição do quadro de pessoal docente e técnico- CONSUNI.
administrativo, ouvidas as unidades acadêmicas;
II. aprovação do recebimento pela UFAL de subvenções, Art. 7º Cada Câmara é composta pela metade dos membros
doações, heranças, legados e de cooperações financeiras resultantes do CONSUNI, tendo, proporcionalmente, representantes de todos
de convênios com entidades públicas e privadas. os segmentos, observada a aproximação para maior, cuja escolha,
§ 3º São matérias de deliberação exclusiva do plenário do sempre que possível, levará em conta a opção formalmente
CONSUNI: manifestada pelo Conselheiro por ocasião de sua posse.
I. aprovar e/ou modificar, ouvida a comunidade universitária, § 1º As deliberações das Câmaras serão tomadas por maioria
o Estatuto e o Regimento Geral da UFAL, com quórum qualificado simples e encaminhadas ao plenário do CONSUNI na primeira
de 2/3 (dois terços) dos seus membros; reunião subsequente.
II. deliberar, em caráter geral, mediante resoluções, sobre § 2º Das decisões adotadas pelas Câmaras cabe recurso ao
matérias de ensino, pesquisa, extensão, administração e definição pleno do CONSUNI, na forma prevista nos § 4º do artigo 8º do
da política geral da Universidade; Estatuto da Universidade.
III. elaborar, com quórum de 2/3 (dois terços), a lista de
candidatos a Reitor/a e Vice-Reitor/a da UFAL, observada a
Art. 8º - As decisões do Conselho Universitário serão
consulta prévia à comunidade universitária;
expressas em forma de Resolução.
IV. apreciar e deliberar sobre os recursos interpostos contra
decisão do/a Reitor/a e dos Conselhos das Unidades Acadêmicas;
V. autorizar, suspender ou suprimir cursos oferecidos pela Seção I
Universidade; Da Ouvidoria Geral
VI. regulamentar as formas de acesso de estudantes à UFAL;
VII. criar, modificar, fundir e extinguir, com quórum de 2/3 Art. 9º Junto ao Conselho Universitário e à Reitoria funcionará
(dois terços), as Unidades Acadêmicas e Unidades de Apoio a Ouvidoria Geral, órgão encarregado de prestar assessoramento
ouvidas as comunidades interessadas; em questões de natureza administrativa e acadêmica que envolvam
VIII. aprovar os Regimentos Internos do Conselho de interesse dos segmentos docente, discente e técnico-administrativo,
Curadores, da Reitoria, das Unidades Acadêmicas e Órgãos de bem como os da comunidade externa que guardem relação com a
Apoio; Universidade.

Didatismo e Conhecimento 166


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Parágrafo Único – O Regimento Interno da Reitoria e do § 1º As atribuições do/a Reitor/a são as definidas nos artigos
CONSUNI disciplinará as atribuições e ações da Ouvidoria Geral. 15 § 1º e 16 do Estatuto da Universidade.
§ 2º Ao/à Vice -Reitor/a compete auxiliar o/a Reitor/a no
Art. 10. À Ouvidoria Geral, com jurisdição em todos as desempenho das atividades próprias do cargo, substituí-lo/a em
instâncias administrativas e acadêmicas da Universidade, compete suas ausências eventuais, afastamentos, impedimentos e férias, e
: sucedê-lo/a no caso de vacância.
I. receber e apurar a procedência de reclamações ou
denúncias que lhe forem formalmente dirigidas por membros das Art. 15. O/a Reitor/a e o/a Vice-Reitor/a, indicados em lista
comunidades universitária e externa; tríplice elaborada pelo Conselho Universitário, serão escolhidos e
II. receber, encaminhar e acompanhar propostas feitas por nomeados pelo Presidente da República para cumprir mandato de
membros das comunidades universitária e externa; 04 (quatro) anos.
III. desempenhar outras atribuições compatíveis, conforme Parágrafo único – Na elaboração da lista tríplice de que trata o
dispuser o Regimento Interno da Reitoria e do CONSUNI. caput deste artigo, o Conselho Universitário observará o resultado
de consulta prévia levada a efeito pela comunidade universitária.
Seção II
Do/a Ouvidor/a Geral Art. 16. Junto à Reitoria funcionarão se is Pró Reitorias, a
saber:
Art. 11. A função de Ouvidor/a Geral será exercida por I. Pró Reitoria Estudantil - PROEST;
servidor ativo ou inativo reconhecidamente idôneo, escolhido pelo II. Pró Reitoria de Extensão - PROEX;
Conselho Universitário e designado pelo/a Reitor/a para cumprir III. Pró Reitoria de Graduação - PROGRAD;
mandato de 02 (dois) anos, admitida uma única recondução para IV. Pró Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação - PROPEP;
mandato consecutivo. V. Pró Reitoria de Gestão de Pessoas e do Trabalho – PROGEP;
Parágrafo Único – O Regimento Interno da Reitoria e do VI. Pró Reitoria de Gestão Institucional - PROGINST.
CONSUNI disciplinará as atribuições e ações do/a Ouvidor/a § 1º À Pró Reitoria Estudantil compete:
Geral. I. superintender, planejar e coordenar as políticas e atividades
estudantis, promovendo ampla integração do corpo discente, da
CAPÍTULO II comunidade e Universidade;
DO CONSELHO DE CURADORES II. planejar, coordenar e supervisionar as atividades
relacionadas com assistência ao corpo discente, desenvolvidas
Art. 12. O Conselho de Curadores, CURA, órgão de na forma de acesso ao Restaurante Universitário, à Residência
fiscalização econômico financeira da UFAL, é composto por 07 Universitária, à assistência à saúde, ao programa de Bolsas de
(sete) membros titulares e outros tantos suplentes, sendo: Estudo/Trabalho e de outras formas;
I. 01 (um) representante do Ministério da Educação, indicado III. desempenhar outras atribuições compatíveis, conforme
pelo Titular da Pasta; dispuser o Regimento Interno da Reitoria.
II. 01 (um) representante do Conselho Regional de § 2º À Pró Reitoria de Extensão compete:
Contabilidade; I. planejar, superintender e coordenar as políticas de extensão
III. 01 (um) representante do Conselho Regional de Economia; da Universidade;
IV. 01 (um) representante do Conselho Regional de II. planejar, coordenar e supervisionar as atividades artístico-
Administração; culturais da Universidade;
V. 01 (um) representante do corpo docente, eleito por seus III. planejar, coordenar e supervisionar os programas de
pares em votação direta e secreta; extensão da Universidade;
VI. 01 (um) representante do corpo discente, estudante regular IV. desempenhar outras atribuições compatíveis, conforme
da Universidade, indicado pelo Diretório Central dos Estudantes dispuser o Regimento Interno da Reitoria.
da UFAL, em conformidade com seu Estatuto; § 3º À Pró Reitoria de Graduação compete:
VII. 01 (um) representante do corpo técnico-administrativo, I. planejar, superintender e coordenar as políticas de ensino de
eleito por seus pares em votação direta e secreta. graduação da Universidade;
Parágrafo Único – Excetuado o representante do corpo II. acompanhar e avaliar a elaboração e implementação dos
discente, que terá mandato de 01 (um) ano, os demais membros Projetos Pedagógicos dos Cursos de Graduação da Universidade;
do CURA cumprirão mandato de 02 (dois) anos, permitida uma III. acompanhar e avaliar as atividades de estágios
única recondução. curriculares e monitoria relacionados aos Cursos de Graduação da
Universidade;
Art. 13. A competência do Conselho de Curadores é a definida IV. desempenhar outras atribuições compatíveis, conforme
no artigo 13 do Estatuto da Universidade. dispuser o Regimento Interno da Reitoria.
§ 4º À Pró Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação compete:
CAPÍTULO III I. planejar, superintender e coordenar as políticas de pesquisa
DA REITORIA e de ensino de pós-graduação da Universidade;
II. acompanhar e avaliar a elaboração e implementação
Art. 14. A Reitoria, órgão máximo de execução administrativa dos programas e projetos dos Cursos de Pós-Graduação da
e acadêmica da Universidade, é dirigida pelo/a Reitor/a. Universidade;

Didatismo e Conhecimento 167


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
III. planejar, organizar e executar ações institucionais para I. Departamento de Registro e Controle Acadêmico - DRCA;
promover a geração de empreendimentos de base tecnológica; II. Departamento de Contabilidade e Finanças - DCF;
IV. desempenhar outras atribuições compatíveis, conforme III. Departamento de Administração de Pessoal – DAP;
dispuser o Regimento Interno da Reitoria. IV. Núcleo de Tecnologia da Informação - NTI;
§ 5º À Pró Reitoria Gestão de Pessoas e do Trabalho compete: V. Núcleo Executivo de Processos Seletivos – NEPS;
I. planejar, superintender e coordenar as políticas de VI. Superintendência de Infraestrutura – SINFRA.
desenvolvimento dos corpos docente e técnico-administrativo da § 1º Os órgãos de apoio da estrutura da Reitoria serão
Universidade; administrados por gestores designados pelo/a Reitor/a, escolhidos
II. superintender e coordenar as atividades relacionadas à dentre os servidores da Universidade.
administração, ao controle e avaliação do quadro funcional; § 2º Compete ao Conselho Universitário, por proposta do/a
III. superintender e coordenar as atividades relacionadas ao Reitor/a, criar, desmembrar, fundir ou extinguir órgãos de apoio da
pro cesso de trabalho; estrutura da Reitoria.
IV. planejar, coordenar e supervisionar as atividades § 3º Os órgãos de apoio administrativo da estrutura da Reitoria
relacionadas com assistência aos integrantes dos corpos docente e terão suas atribuições definidas conforme dispuser o Regimento
técnico-administrativo; Interno da Reitoria.
V. desempenhar outras atribuições compatíveis, conforme
dispuser o Regimento Interno da Reitoria. Seção III
§ 6º À Pró Reitoria de Gestão Institucional compete:
Dos Órgãos de Apoio Acadêmico
I. planejar, superintender e coordenar as políticas de
desenvolvimento institucional da UFAL;
Art. 20. São órgãos de apoio acadêmico vinculados à Reitoria:
II. superintender e coordenar as atividades de gestão da
informação, de programação orçamentária, de planejamento e de I. Biblioteca Central - BC;
avaliação da Universidade; II. Editora Universitária - EDUFAL;
III. desempenhar outras atribuições compatíveis, conforme III. Hospital Universitário - HU;
dispuser o Regimento Interno da Reitoria. IV. Núcleo de Desenvolvimento Infantil – NDI;
V. Restaurante Universitário – RU;
Art. 17. As Pró Reitorias serão dirigidas por Pró-Reitores/as VI. Biotério Central – BIOCEN.
escolhidos/as dentre servidores ocupantes de cargos efetivos do § 1º Os órgãos de apoio acadêmico vinculados à Reitoria serão
quadro de pessoal permanente da Universidade, designados pelo/a administrados por gestores designados pelo/a Reitor/a, escolhidos
Reitor/a. dentre servidores do quadro da Universidade.
§ 2º Compete ao Conselho Universitário, por proposta do/a
CAPÍTULO IV Reitor/a, criar, desmembrar, fundir ou extinguir órgãos de apoio
DOS ÓRGÃOS DE ASSESSORAMENTO E DE APOIO acadêmico vinculados à Reitoria.
VINCULADOS À REITORIA § 3º Os órgãos de apoio acadêmico da estrutura da Reitoria
terão suas atribuições definidas conforme dispuser o Regimento
Seção I Interno da Reitoria.
Dos Órgãos de Assessoramento
CAPÍTULO V
Art. 18. Junto à Reitoria funcionarão os seguintes órgãos de DAS UNIDADES ACADÊMICAS
assessoramento:
I. Chefia de Gabinete - GR; Art. 21. Às Unidades Acadêmicas (UA’s), organizadas por
II. Assessoria de Comunicação – ASCOM; área de conhecimento, compete desenvolver as atividades de
III. Assessoria de Intercâmbio Internacional – ASI; ensino, pesquisa e extensão, administrando as de modo autônomo
IV. Controladoria Geral – CG; sob a supervisão geral da Reitoria e de acordo com as diretrizes
V. Ouvidoria Universitária - OUVIDORIA; emanadas do Conselho Universitário.
VI. Procuradoria Geral Federal da UFAL – PGF;
§ 1º A criação de Unidades Acadêmicas (UA’s) far-se-á
VII. Secretaria Executiva dos Conselhos Superiores - SECS.
mediante resolução do CONSUNI, observados os requisitos
§ 1º Os órgãos de assessoramento da estrutura da Reitoria
serão administrados por gestores designados pelo/a Reitor/a. previstos no artigo 21 do Estatuto e de acordo com projeto
§ 2º Compete ao Conselho Universitário, por proposta encaminhado pela área interessada.
do/a Reitor/a, criar, desmembrar, fundir ou extinguir órgãos de § 2º Quaisquer que sejam as denominações que vierem a
assessoramento da estrutura da Reitoria. adotar, as Unidades Acadêmicas terão a mesma posição hierárquica
§ 3º Os órgãos de assessoramento da estrutura da Reitoria na estrutura da Universidade.
terão suas atribuições definidas conforme dispuser o Regimento
Interno da Reitoria. Art. 22. Cada Unidade Acadêmica disporá de uma estrutura
mínima, definida em seu Regimento Interno, constituída pelos
Seção II seguintes órgãos:
Dos Órgãos de Apoio Administrativo I. Órgãos de Deliberação Coletiva:
a) Conselho de Unidade Acadêmica;
Art. 19. A Reitoria contará com os seguintes órgãos de apoio b) Colegiado(s) de Curso(s).
administrativo: II. Órgão de Direção:

Didatismo e Conhecimento 168


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
a) Diretoria de Unidade Acadêmica. VII. manifestar-se sobre a celebração de contratos, acordos e
III. Órgãos Operativos: convênios que envolvam peculiar interesse da Unidade Acadêmica;
a) Órgãos de Apoio Acadêmico; VIII. deliberar sobre a instauração de sindicâncias e processos
b) Órgãos de Apoio Administrativo. administrativos disciplinares, no âmbito da Unidade Acadêmica;
§ 1º A comprovação do preenchimento dos requisitos para a IX. desempenhar outras atribuições compatíveis.
criação da Unidade Acadêmica previstos no artigo 21 do Estatuto Parágrafo Único – Em caso de urgência ou relevante
da Universidade é pré-requisito indispensável para aprovação de interesse, ao/à Diretor/a da Unidade Acadêmica é facultado
seu Regimento Interno. adotar providências “Ad Referendum” do Conselho de Unidade
§ 2º A presença dos requisitos para constituição e Acadêmica, submetendo-as a esse Conselho na primeira sessão
funcionamento da Unidade Acadêmica será verificada a cada triênio subsequente.
pelo CONSUNI, tomando-se por base a avaliação institucional, a
partir da data da aprovação de seu Regimento Interno. Seção II
Dos Colegiados de Cursos de Graduação
Seção I
Do Conselho de Unidade Acadêmica Art. 25. O Colegiado de Curso de Graduação é órgão
vinculado à Unidade Acadêmica, com o objetivo de coordenar
Art. 23. O Conselho de Unidade Acadêmica, órgão colegiado o funcionamento acadêmico de Curso de Graduação, seu
com capacidade deliberativa em matérias atinentes ao ensino, à desenvolvimento e avaliação permanente, sendo composto de:
pesquisa, à extensão, à política acadêmica e de interesse da área, é I. 05 (cinco) professores efetivos, vinculados ao Curso e
presidido pelo/a Diretor/a da Unidade seus respectivos suplentes, que estejam no exercício da docência,
Acadêmica. eleitos em Consulta efetivada com a comunidade acadêmica,
§ 1º Comporão o Conselho representantes dos corpos docente, para cumprirem mandato de 02 (dois) anos, admitida uma única
discente e técnico administrativo da Unidade Acadêmica. recondução;
§ 2º Participarão do Conselho da Unidade Acadêmica com II. 01 (um) representante do Corpo Discente, e seu respectivo
direito à voz, a comunidade local, os conselhos regionais e/ou suplente, escolhido em processo organizado pelo respectivo
associações profissionais da(s) categoria(s) correspondente(s) ao(s) Centro ou Diretório Acadêmico, para cumprir mandato de 01 (um)
Curso(s) de Graduação, oferecido(s) pela Unidade Acadêmica. ano, admitida uma única recondução;
§ 3º O Conselho, conforme dispuser o Regimento Interno da III. 01 (um) representante do Corpo Técnico-Administrativo, e
Unidade Acadêmica, poderá constituir câmaras e ou comissões seu respectivo suplente, escolhidos dentre os Técnicos da unidade
especializadas. acadêmica, eleito pelos seus pares, para cumprir mandato de 02
§ 4º As decisões das câmaras e/ou das comissões especializadas (dois) anos, admitida uma única recondução.
serão comunicadas ao plenário na primeira reunião subsequente. Parágrafo Único – O Colegiado terá 01 (um) Coordenador e
§ 5º Das decisões adotadas pelas câmaras e comissões cabe seu Suplente, escolhidos pelos seus membros dentre os docentes
recurso ao Conselho de Unidade Acadêmica, na forma prevista no que o integram.
artigo 22, do Estatuto da Universidade.
§ 6º Das deliberações do plenário do Conselho de Unidade Art. 26. São atribuições do Colegiado de Curso de Graduação:
Acadêmica cabe recurso ao Conselho Universitário, interposto por I. coordenar o processo de elaboração e desenvolvimento do
qualquer de seus membros ou pela parte interessada. Projeto Pedagógico do Curso, com base nas Diretrizes Curriculares
§ 7º O Conselho da Unidade Acadêmica deverá se reunir Nacionais, no perfil do profissional desejado, nas características e
ordinariamente, no mínimo, 02 (duas) vezes por semestre ou com necessidades da área de conhecimento, do mercado de trabalho e
outra periodicidade definida em seu da sociedade;
Regimento Interno. II. coordenar o processo de ensino e de aprendiza gem,
promovendo a integração docente-discente, a interdisciplinaridade
Art. 24. Compete ao Conselho de Unidade Acadêmica: e a compatibilização da ação docente com os planos de ensino,
I. aprovar, com quórum de 2/3 (dois terços), o Regimento com vistas à formação profissional planejada;
Interno da Unidade e submetê-lo à homologação do Conselho III. coordenar o processo de avaliação do Curso, em termos
Universitário; dos resultados obtidos, executando e/ou encaminhando aos órgãos
II. propor, com quórum de 2/3 (dois terços), reformas no competentes as alterações que se fizerem necessárias;
Regimento Interno da Unidade Acadêmica, submetendo-as à IV. colaborar com os demais Órgãos Acadêmicos;
apreciação do Conselho Universitário; V. exercer outras atribuições compatíveis.
III. opinar sobre transferência, remoção e afastamento de
docentes e de servidores técnicos-administrativos lotados na Seção III
Unidade Acadêmica; Dos Colegiados de Cursos e Programas de Pós-Graduação
IV. propor, no âmbito da Unidade Acadêmica, a criação,
organização e extinção de cursos e programas de educação Art. 27. O Curso ou Programa de Pós-Graduação é
superior; vinculado à Unidade Acadêmica e terá um Conselho de Pós-
V. aprovar planos, programas e projetos de pesquisa e Graduação constituído por todos os docentes do Programa, em
extensão; efetivo exercício, e 01 (um) representante Discente e Técnico-
VI. propor o número de vagas de seus cursos; Administrativo, com atribuições definidas pelo CONSUNI.

Didatismo e Conhecimento 169


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
§ 1º O representante do Corpo Discente, e seu suplente, será § 4º No caso de vacância do cargo de Vice-Diretor/a, o
escolhido dentre os discentes do Curso ou Programa regularmente Conselho da Unidade Acadêmica elegerá o substituto para a
matriculados e eleitos pelos seus pares, para cumprir mandato de conclusão do mandato, na forma da legislação em vigor.
um 01 (um) ano. § 5º Os titulares das funções de secretaria executiva e
§ 2º O representante do Corpo Técnico-Administrativo, e seu assessorias, vinculadas à Unidade Acadêmica, serão escolhidos
suplente, será escolhido dentre os Técnicos da Unidade Acadêmica, pelo/a Diretor/a e designados pelo/a Reitor/a.
eleito pelos seus pares, para cumprir mandato de 02 (dois) anos. § 6º Os titulares das funções de coordenação de programas e
coordenação de órgãos de apoio, vinculados à Unidade Acadêmica,
Art. 28. O Curso ou Programa de Pós-Graduação terá um serão escolhidos na forma de seu Regimento Interno e designados
Colegiado composto de: pelo/a Reitor/a.
I. 05 (cinco) professores, e respectivos suplentes, escolhidos § 7º As funções remuneradas serão definidas no Regimento
dentre os membros docentes do Conselho da Pós-Graduação e Interno da Unidade, aprovado pelo Conselho Universitário, de
eleitos pelos seus pares, para cumprirem mandato de 02 (dois) acordo com o quadro geral de funções da UFAL.
anos; § 8º O cargo de Diretor/a de Unidade somente poderá ser
II. 01 (um) representante do Corpo Discente, e seu suplente; exercido em regime de tempo integral ou de tempo integral com
III. 01 (um) representante do Corpo Técnico-Administrativo, dedicação exclusiva.
e seu respectivo suplente. § 9º O Exercício da Direção de Unidade não exime seu titular
§ 1º Os representantes Discente e Técnico-Administrativo do desempenho de atividades de ensino.
serão os mesmos do Conselho de Pós-Graduação do Curso ou
Programa. Art. 32. Compete ao/à Diretor/a de Unidade Acadêmica:
§ 2º As atribuições do Colegiado do Curso ou Programa I. dirigir, superintender e coordenar as atividades da Unidade
serão definidas em regulamentação do CONSUNI e do respectivo Acadêmica;
Conselho. II. convocar e presidir as reuniões do Conselho de Unidade
Acadêmica;
Art. 29. O Curso ou Programa de Pós-Graduação será III. representar a Unidade Acadêmica;
dirigido por 01 (um/uma) Coordenador/a do Curso ou Programa IV. cumprir e fazer cumprir as disposições do Estatuto da
eleito/a pelo Colegiado do Curso ou Programa, referendado Universidade, deste Regimento Geral e do seu próprio Regimento
pelo(s) Conselho(s) da Unidade(s) Acadêmica(s) proponente(s) e Interno;
designado por ato do/a Reitor/a. V. cumprir e fazer cumprir as deliberações do Conselho de
§ 1º O Coordenador e o Vice Coordenador serão escolhidos Unidade Acadêmica e dos órgãos da administração superior da
dentre os membros docentes do Colegiado do Curso ou Programa. Universidade, assim como as instruções e determinações do/a
§ 2º As atribuições do Coordenador serão definidas em Reitor/a;
regulamentação do CONSUNI. VI. distribuir o pessoal técnico-administrativo lotado na
Unidade Acadêmica;
Seção IV VII. assinar certificados;
Da Diretoria de Unidade Acadêmica VIII. exercer atividades de supervisão e fiscalização no âmbito
da Unidade Acadêmica;
Art. 30. Cada Unidade Acadêmica contará com uma Diretoria, IX. constituir comissões para o estudo e a execução de projetos
órgão executivo encarregado de exercer a gestão administrativa, específicos;
financeira, patrimonial e acadêmica dos cursos a ela vinculados. X. manter a disciplina, representando ao/à Reitor/a nos casos
Parágrafo Único – A Diretoria atuará em consonância com em que se imponha a aplicação de penalidade superior à de sua
os princípios regentes da Administração Pública, observando as esfera de competência;
deliberações do Conselho de Unidade Acadêmica e as diretrizes XI. prorrogar o expediente por necessidade de serviço;
emanadas do CONSUNI e da Reitoria. XII. apresentar ao Conselho de Unidade Acadêmica, na
primeira quinzena posterior ao encerramento do período letivo, o
Art. 31. A Diretoria será composta por 01 (um/uma) Diretor/a relatório das atividades nele desenvolvidas com as sugestões de
e 01 (um/uma) Vice Diretor/a, providos em comissão por ato do/a providências necessárias ao aperfeiçoamento das atividades da
Reitor/a. Unidade, encaminhando-as, depois de aprovadas, ao/à Reitor/a;
§ 1º O/a Diretor/a e o/a Vice-Diretor/a são escolhidos dentre os XIII. participar do processo de elaboração da proposta
professores efetivos integrantes da carreira, eleitos pelos docentes, orçamentária anual da Universidade;
discentes e técnico-administrativos da Unidade, para mandato de XIV. superintender a administração dos bens patrimoniais
04 (quatro) anos, vedada a reeleição para o mandato subsequente, de uso dos órgãos administrativos e outros que estejam na carga
sendo assegurados a eleição direta e o voto facultativo. da Unidade Acadêmica, definindo a responsabilidade de seus
§ 2º Nas faltas, impedimentos e ausências eventuais, o/a detentores diretos;
Diretor/a será substituído pelo/a Vice-Diretor/a, assumindo a XV. encaminhar no início de cada exercício, ao Chefe do
direção, na ausência de ambos, o professor mais antigo do corpo Patrimônio da UFAL, o resultado da conferência da carga dos bens
docente da Unidade. patrimoniais existentes na Unidade;
§ 3º No caso de vacância do cargo de Diretor/a, o/a Vice- XVI. praticar outros atos de administração, no âmbito de sua
Diretor/a ocupará esse cargo até a conclusão do mandato. competência.

Didatismo e Conhecimento 170


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Seção V Art. 37. O ingresso dos discentes na UFAL será efetivado
Dos Órgãos de Apoio às Unidades Acadêmicas através de processo seletivo, com a realização de 01 (um) único
certame por ano, com a entrada de todos os discentes em uma única
Art. 33. Cada Unidade Acadêmica definirá no Regimento turma, no primeiro semestre, ou com a divisão dos aprovados em
Interno seus Órgãos de Apoio. 02 (duas) turmas, conforme o Projeto Pedagógico do Curso (PPC).
§ 1º Os Órgãos de Apoio, na conformidade do que dispuser o Parágrafo Único - Poderá ingressar em curso de graduação,
Regimento Interno da Unidade Acadêmica, poderão ter autonomia com dispensa de aprovação no processo seletivo referido no caput:
operacional, além de estrutura e funções próprias. deste artigo:
§ 2º Incluem-se na categoria Órgãos de Apoio os núcleos de I. portador de diploma de graduação, havendo vaga;
estudos temáticos, preferencialmente interdisciplinares, destinados II. estudante estrangeiro, desde que haja convênio cultural
a reunir especialistas da Universidade e/ou da comunidade externa, do Brasil com seu país de origem no qual esteja contemplada a
com o objetivo de desenvolver novos programas de ensino, pesquisa hipótese, dentro do número de vagas especificamente oferecidas.
e extensão, ou os núcleos de prestação de serviços especializados
e de treinamento, no interesse exclusivo da Unidade Acadêmica. Seção II
Do Sistema Acadêmico
TÍTULO III
DO REGIME ACADÊMICO E CIENTÍFICO Art. 38. A programação acadêmica terá como base o semestre
letivo de 100 (cem) dias de trabalho escolar efetivo.
CAPÍTULO I § 1º Os sábados são dias letivos, podendo ser utilizados para
DO ENSINO reposição de aulas e/ou complementação das atividades acadêmicas
previstas nos Projetos Pedagógicos dos Cursos, e serão contados
Seção I na composição dos 100 (cem) dias letivos.
Disposições Comuns § 2º A oferta acadêmica deverá ser organizada pelos Colegiados
de Curso, para viabilizarem seus Projetos Pedagógicos.
Art. 34. A Universidade Federal de Alagoas oferece Cursos de
Educação Superior nos seguintes níveis: Art. 39. O discente cumprirá a matriz curricular mediante a
I. cursos de graduação, abertos aos concluintes do ensino seguinte dinâmica acadêmica:
médio ou equivalente, classificados mediante processo seletivo; I. Fluxo Padrão: matriculado em disciplinas e outros
II. cursos de pós-graduação, abertos aos diplomados em componentes curriculares obrigatórios, organizados em séries
cursos de graduação, classificados mediante processo seletivo, semestrais, conforme definido nos Projetos
nos seguintes níveis: de aperfeiçoamento, de especialização, de Pedagógicos dos Cursos;
mestrado, de doutorado e outros; II. Fluxo Individual: matriculado em disciplinas constantes
III. cursos sequenciais, abertos a candidatos que atendam aos da matriz curricular, respeitados os pré -requisitos e co requisitos
requisitos estabelecidos pela instituição no ato de sua criação, estabelecidos nos Projetos Pedagógicos dos Cursos.
conforme suas finalidades, mediante classificação em processo § 1º Vivenciarão o Fluxo Padrão os discentes ingressantes e
seletivo; os veteranos que lograram aprovação em todas as disciplinas da
IV. cursos de extensão, abertos a candidatos que atendam aos série anterior.
requisitos estabelecidos pela instituição no ato de sua criação, § 2º Vivenciarão o Fluxo Individual os discentes que não
conforme suas finalidades. lograram aprovação em todas as disciplinas do período anterior, os
que trancaram matrícula em disciplina e os que estejam submetidos
Art. 35. Os cursos oferecidos pela Universidade, respeitadas à adaptação curricular.
as suas especificidades, observarão os seguintes princípios: § 3º A matrícula em disciplinas do discente que estiver a
I. compreensão do currículo como a totalidade de experiências vivenciar o Fluxo Individual será acompanhada pelo Colegiado de
formativas, no qual o educando é sujeito de seu processo de Curso, que objetivará sua volta ao Fluxo Padrão.
conhecimento, sendo estimulado a desenvolver elevados graus de § 4º Em qualquer situação, verificada a impossibilidade de
autonomia intelectual, política, cultural e estética; o discente integralizar a matriz curricular no prazo previsto no
II. oferta de formação teórico-prática, referenciada na Projeto Pedagógico de Curso, isso implicará o seu desligamento
qualidade acadêmica e no compromisso social de construção de automático do Curso.
valores da ética e da cidadania;
III. flexibilidade na organização curricular, para promoção Art. 40. O regime de aprovação do discente em cada disciplina
de perfis profissionais flexíveis, aptos a desenvolver novas será efetivado mediante a apuração:
competências e habilidades e posicionarem-se criticamente frente I. da frequência às atividades didáticas;
à realidade. II. do rendimento escolar.

Art. 36. Os cursos poderão ser oferecidos nas modalidades Seção III
presencial ou a distância. Da Avaliação
Parágrafo Único – Um curso oferecido na modalidade a
distância deve ter, quando couber, a definição das atividades Art. 41. A avaliação do rendimento escolar será feita através
realizadas na modalidade presencial e da frequência mínima de:
necessária para aprovação fixada em seu projeto pedagógico, nos I. Avaliação Bimestral (AB), em número de 02 (duas), por
marcos da legislação em vigor. semestre letivo;

Didatismo e Conhecimento 171


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
II. Prova Final (PF), quando for o caso; I. o TCC não se constitui como disciplina, não tendo, portanto,
III. Trabalho de Conclusão de Curso. carga horária fixa semanal, sendo sua carga horária total prevista
§ 1º Não poderá ser realizada qualquer atividade de avaliação, no Projeto Pedagógico do Curso e computada para a integralização
inclusive prova final, antes de decorridas, pelo menos, 48 (quarenta do Curso;
e oito) horas da divulgação das notas obtidas pelo discente em II. a matrícula no TCC dar-se-á automaticamente a partir
do período previsto no Projeto Pedagógico do Curso para a sua
avaliações anteriores.
elaboração, não tendo número limitado de vagas, nem sendo
§ 2º O discente terá direito de acesso aos instrumentos e necessária a realização de sua matrícula específica no Sistema
critérios de avaliação e, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas Acadêmico;
após a divulgação de cada resultado, poderá solicitar revisão de III. a avaliação do TCC será realizada através de 01 (uma)
sua avaliação, por uma comissão de professores designada pelo única nota, dada após a entrega do trabalho definitivo, sendo
Colegiado do Curso. considerada a nota mínima 7,0 (sete), nas condições previstas no
§ 3º Será também considerado, para efeito de avaliação, Projeto Pedagógico do Curso;
o Estágio Curricular Obrigatório, quando previsto no Projeto IV. caso o discente não consiga entregar o TCC até o final
Pedagógico do Curso. do semestre letivo em que cumprir todas as outras exigências da
matriz curricular, deverá realizar matrícula-vínculo no início de
Art. 42. Cada Avaliação Bimestral (AB) deverá ser limitada, cada semestre letivo subsequente, até a entrega do TCC ou quando
sempre que possível, aos conteúdos desenvolvidos no respectivo atingir o prazo máximo para a integralização do seu curso, quando
bimestre e será resultante de mais de um instrumento de avaliação. então esse discente será desligado.
Art. 43. A Nota Final (NF) das Avaliações Bimestrais será a Art. 48. Além das médias finais das disciplinas, o histórico do
média aritmética, apurada até centésimos, das notas obtidas nas 02 discente conterá o Coeficiente de Rendimento Escolar Recente e o
(duas) Avaliações Bimestrais. Coeficiente de Rendimento Escolar Total.
§ 1º Será considerado aprovado, livre de prova final, o discente § 1º O Coeficiente de Rendimento Escolar Recente é a média
que alcançar Nota Final (NF) das Avaliações Bimestrais, igual ou ponderada das médias finais obtidas nas disciplinas cursadas,
superior a 7,00 (sete). no último período letivo, com pesos iguais às respectivas cargas
§ 2º Será automaticamente reprovado o discente cuja Nota horárias.
Final (NF) das Avaliações Bimestrais for inferior a 5,00 (cinco). § 2º O Coeficiente de Rendimento Escolar Total é a média
§ 3º O discente que alcançar nota inferior a 7,00 (sete), em ponderada das médias finais obtidas nas disciplinas cursadas até o
uma das duas Avaliações Bimestrais (AB), terá direito, no final do
último período letivo frequentado, com pesos iguais às respectivas
semestre letivo, a ser reavaliado naquela em que obteve a menor
cargas horárias.
pontuação, prevalecendo, neste caso, a maior nota.
Seção IV
Art. 44. O discente que obtiver a Nota Final (NF) das
Avaliações Bimestrais igual ou superior a 5,00 (cinco) e inferior a Da Matrícula Institucional
7,00 (sete), terá direito a prestar a Prova Final (PF).
Parágrafo Único - A Prova Final (PF) versará sobre todo o Art. 49. A matrícula do estudante ingressante na Universidade
conteúdo da disciplina ministrada e será realizada no término do Federal de Alagoas via processo seletivo deverá ser efetivada na
semestre letivo, em época posterior às reavaliações, conforme o Coordenação do respectivo Curso de Graduação, que recolherá os
Calendário Acadêmico da UFAL. documentos necessários para a matrícula institucional e procederá
à matrícula acadêmica.
Art. 45. Será considerado aprovado com avaliação final, após Parágrafo Único – O número de matrícula do estudante
a realização da Prova Final (PF), em cada disciplina, o discente ingressante será gerado pelo Departamento de Registro e Controle
que alcançar média final igual ou superior a 5,5 (cinco inteiros e Acadêmico - DRCA/UFAL, baseado na listagem dos aprovados e
cinco décimos). classificados, encaminhada pelo Núcleo Executivo de Processos
Parágrafo Único – O cálculo para a obtenção da média final é Seletivos - NEPS/UFAL.
a média ponderada da Nota Final (NF) das Avaliações Bimestrais,
com peso 6 (seis) e da nota da Prova Final (PF), com peso 4 Art. 50. O candidato aprovado e classificado no processo
(quatro). seletivo para ingressar em Curso de Graduação da UFAL que não
se apresentar para matrícula institucional no prazo definido pela
Art. 46. Terá direito a uma segunda chamada o discente que, instituição, ou que não apresentar a documentação exigida nos
não tendo comparecido à Prova Final (PF), comprove impedimento termos do Edital de convocação do Processo Seletivo/UFAL, será
legal ou motivo de doença, devendo requerê-la ao respectivo considerado desistente.
Colegiado de Curso, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, após a Parágrafo Único – O DRCA/UFAL convocará o próximo
realização da Prova Final a que deixou de comparecer. candidato classificado, por ordem de classificação naquele Curso
Parágrafo Único – A Prova Final (PF) em segunda chamada de Graduação, para ocupar a vaga.
realizar-se-á até 05 (cinco) dias após a realização da primeira
chamada. Art. 51. A aprovação e a classificação no Processo Seletivo da
UFAL de candidato para o Curso de Graduação no qual já é discente,
Art. 47. O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é componente efetivamente matriculado, não implicarão o preenchimento de
curricular obrigatório em todos os Projetos Pedagógicos dos vaga, sendo esta ocupada conforme o disposto no artigo 58 deste
Cursos da UFAL, assumindo a seguinte conformação: Regimento.

Didatismo e Conhecimento 172


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Seção V Art. 59. As transferências obrigatórias serão concedidas
Da Matrícula Acadêmica independentemente da existência de vaga e de avaliação.
Parágrafo Único – Na hipótese deste artigo, caso a
Art. 52. Somente a partir da segunda série, será permitido ao Universidade não oferte o curso frequentado pelo interessado, este
discente o trancamento de matrícula, em disciplinas ou na série, poderá optar por ser matriculado em outro afim, definido pela Pró
em data fixada pelo Calendário Acadêmico da UFAL, exceto nos Reitoria de Graduação, ouvida a Unidade Acadêmica em que seja
casos em que for comprovada, pela Junta Médica da UFAL, a
ofertado.
necessidade do afastamento do discente por questões de saúde.

Art. 53. Todo discente de graduação deverá, a cada semestre Seção IX


letivo, a partir do segundo semestre do curso, e de acordo com o Matrícula de Diplomados
calendário acadêmico, efetuar sua matrícula acadêmica no sistema.
Parágrafo Único – A matrícula dar-se-á na série a que tiver Art. 60. As vagas não preenchidas resultantes do processo
direito ou em disciplinas, observado o artigo 39 deste Regimento. seletivo para ingresso de discentes na UFAL serão destinadas
à matrícula de pessoas portadoras de diplomas de cursos de
Art. 54. O discente que não efetuar sua matrícula, no tempo graduação reconhecidos conforme a legislação.
especificado deverá, no período de ajuste definido no calendário Parágrafo Único – O candidato à matrícula será submetido a
acadêmico, comparecer à Coordenação do Curso para efetuá-la. processo seletivo realizado na forma de edital próprio.
§ 1º Não será matriculado, no semestre letivo correspondente,
o discente que não fizer matrícula e deixar de comparecer à CAPÍTULO II
Coordenação do Curso no período de ajuste.
DO ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO
§ 2º Será permitida a efetivação de matrícula mediante
procuração.
Art. 61. Os cursos de pós-graduação “Lato Sensu”, em nível
Seção VI de aperfeiçoamento e especialização, e “Sricto Sensu”, em nível
Do Bloqueio de Matrícula e do Desligamento da UFAL. de mestrado e doutorado, são vinculados às Unidades Acadêmicas
que os ofertam.
Art. 55. Terá o seu registro de matrícula suspenso e será, em § 1º A implantação de cursos de Pós-Graduação Sricto Sensu”
consequência, bloqueado no Sistema Acadêmico da Universidade depende da prévia recomendação de seus projetos pedagógicos
Federal de Alagoas, o discente que deixar de efetuar a matrícula pela CAPES e da subsequentes homologação pelo Conselho
em 01 (um) semestre letivo. Universitário.
Parágrafo Único – O pedido de desbloqueio será formalizado § 2º A implantação de cursos de Pós-Graduação “Lato Sensu”
ao Colegiado do Curso, mediante formulário próprio, acompanhado depende da prévia aprovação de seus projetos pedagógicos pelo
de justificativa, nos prazos fixados pelo Calendário Acadêmico. Conselho Universitário.
§ 3º Do projeto pedagógico dos cursos constarão, entre outros,
Art. 56. Terá o seu registro de matrícula cancelado e,
os critérios de verificação de aprendizagem e o sistema acadêmico
consequentemente, será desligado da Universidade Federal de
Alagoas, não sendo permitida sua rematrícula, o discente que: do curso.
I. ultrapassar o tempo máximo de integralização do curso,
incluindo os períodos de trancamento e de bloqueio; Art. 62. A admissão em curso de Pós-Graduação far-se-á
II. apresentar o coeficiente de rendimento, no semestre, mediante prévia aprovação em processo seletivo específico.
inferior a 3,0 (três), em 03 (três) semestres consecutivos. Parágrafo Único – O processo seletivo poderá constar,
III. estiver bloqueado no sistema por 02 (dois) semestres alternativa ou concomitantemente, conforme definido no projeto
letivos consecutivos, ou 03 (três) semestres letivos intercalados. pedagógico do curso, de provas escritas e/ou orais, entrevistas,
Parágrafo Único – Nos casos de discentes que ingressaram na análise de currículo ou análise de propostas de planos de estudos
UFAL, por transferência não obrigatória de outra IES, a contagem e de pesquisas.
do tempo será iniciada a partir do ingresso no Curso de origem.
CAPÍTULO III
Seção VII
DA PESQUISA
Da Re opção e da Transferência

Art. 57. É permitida ao discente regular da Universidade, Art. 63. A Pesquisa tem por objetivo produzir, criticar
mediante re opção, a mudança para outro curso de graduação por e difundir, de forma articulada com o ensino e a extensão,
ela ofertado, desde que haja vaga na série em que o interessado conhecimentos culturais, artísticos, científicos e tecnológicos,
deva ser matriculado. voltados para os interesses coletivos, particularmente aqueles
relacionados com a região Nordeste e o Estado de Alagoas.
Art. 58. A transferência, que dependerá da existência de vaga,
dar-se-á para curso idêntico ao que esteja sendo frequentado pelo Art. 64. A Universidade incentivará a pesquisa por todos os
interessado, em outro estabelecimento de nível superior de ensino meios ao seu alcance, especialmente mediante:
credenciado, mediante processo seletivo. I. concessão de bolsas de pesquisa de categorias diversas,
Parágrafo Único – O Curso de origem deverá estar regularizado inclusive de iniciação científica para discentes regulares da
de acordo com a legislação em vigor. Universidade;

Didatismo e Conhecimento 173


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
II. formação de pessoal em cursos de pós-graduação próprios TÍTULO IV
ou de outras instituições nacionais, estrangeiras ou internacionais; DA COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA
III. concessão de auxílio para execução de projetos de pesquisa
específicos; Art. 70. A comunidade universitária é constituída por
IV. formalização de convênios com agências de fomento docentes, discentes e servidores técnico-administrativos que,
à pesquisa nacionais, estrangeiras ou internacionais, visando a desempenhando funções específicas e atribuições próprias, atuam
programas de investigação específica; de modo integrado na realização das finalidades da Universidade.
V. intercâmbio com outras instituições científicas, estimulando § 1º É dever de todo membro da comunidade universitária
os contatos entre pesquisadores e o desenvolvimento de projetos contribuir para a consecução das finalidades da instituição, pautar
comuns; sua conduta, segundo os preceitos da ética, do respeito e da
VI. divulgação de resultados de pesquisas realizadas; solidariedade mútuas, e dignificar a instituição por cuja promoção
VII. promoção de congressos, simpósios e seminários para é responsável, por seus atos e modo de proceder.
estudo e debate de temas científicos, bem como a participação em § 2º Salvo disposição legal expressa em contrário, os atos
iniciativas semelhantes, levadas a efeito em outras instituições. praticados por membro da comunidade, fora dos limites da
Instituição, e que não guardem relação com suas atividades ou
Art. 65. A pesquisa, na Universidade, obedecerá a uma política atribuições legais ou estatutárias, não vinculam a Universidade.
institucional definida pelo Conselho Universitário, sem prejuízo
de outras iniciativas oriundas de Unidades Acadêmicas. Art. 71. Os direitos e os deveres dos membros da comunidade
universitária, nesses incluídos os papéis sociais, os relacionamentos
Art. 66. O Conselho Universitário regulamentará as questões estruturais, as responsabilidades individuais e os requisitos
da ética em pesquisa na UFAL. exigidos de seus integrantes, serão pautados pelos princípios e
Parágrafo Único – As pesquisas cujo objeto envolva seres pelas disposições expressas no Estatuto da Universidade, neste
humanos e animais deverão ser previamente submetidas ao Comitê Regimento Geral e nas Resoluções dos Conselhos da Instituição.
de Ética em Pesquisa da UFAL.
Art. 72. A Universidade prestará, na medida de sua capacidade,
CAPÍTULO IV assistência aos membros da comunidade interna, observadas as
DA EXTENSÃO disposições do Estatuto e deste Regimento
Geral.
Art. 67. A Extensão Universitária, enquanto processo Parágrafo Único – A assistência de que trata este artigo poderá
educativo, cultural e científico que articula o Ensino e a Pesquisa ser promovida mediante o desenvolvimento de:
de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre I. programas de alimentação e saúde;
Universidade e Sociedade, observará: II. promoções de natureza artística, cultural, esportiva e
I. a promoção da arte e do conhecimento, a democratização recreativa;
do acesso ao saber, e a intervenção solidária junto à comunidade, III. programas de monitoria;
para a transformação social, inclusive a relação respeitosa entre IV. programas de bolsa Estudo/Trabalho;
expressões artísticas e culturais, populares e eruditas, bem como V. orientação psico pedagógica e profissional;
entre o conhecimento popular e o conhecimento científico e VI. programas de formação inicial e continuada, que
filosófico; possibilitem o aperfeiçoamento contínuo da qualidade dos serviços
II. respeito à liberdade científica, artística e cultural da que presta à sociedade;
comunidade universitária e aos direitos de cidadania e autonomia VII. e outros programas de interesse da comunidade.
da comunidade externa;
III. compromissos sociais, éticos e políticos com os Art. 73. A política comunitária global da Universidade será
interesses coletivos da Sociedade e com os valores da cidadania, institucionalizada em resolução do Conselho Universitário.
particularmente com os da região Nordeste e do Estado de Alagoas.
CAPÍTULO I
Art. 68. A extensão será desenvolvida sob a forma de ações DO CORPO DOCENTE
integradas no cumprimento de programas específicos, ou de
cursos e atividades de formação nas modalidades de atualização Art. 74. O corpo Docente da Universidade é constituído
profissional e difusão cultural. por professores que exercem as atividades de ensino, pesquisa e
Parágrafo Único – As atividades de extensão serão oferecidas extensão.
sob a forma de atendimento, de consulta, de realização de estudos,
elaboração e orientação de projetos em matérias científicas,
Art. 75. Compreendem o corpo docente as seguintes classes
técnicas, educacionais, artísticas e culturais, bem como de
da Categoria Funcional Professor de Ensino Superior do Grupo
participação em iniciativas de quaisquer desses setores.
Magistério:
I. Professor Titular;
Art. 69. As atividades de extensão podem ser remuneradas
II. Professor Adjunto;
de acordo com seus fins específicos, características e destinatários
III. Professor Assistente;
imediatos, conforme dispuser resolução do Conselho Universitário.
IV. Professor Auxiliar.

Didatismo e Conhecimento 174


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Parágrafo Único – Além das classes referidas neste artigo, e as § 1º São discentes regulares aqueles matriculados em cursos de
que vierem a ser estabelecidas em legislação pertinente, integram graduação, pós graduação, sequenciais e de formação profissional
ainda o corpo docente Professores Substitutos, Professores por campo do saber, observados os requisitos indispensáveis à
Visitantes e Professores Voluntários, admitidos na forma da obtenção dos respectivos diplomas ou certificados.
legislação específica. § 2º São discentes especiais aqueles matriculados em cursos
de extensão, ou em disciplinas isoladas de cursos de graduação ou
Art. 76. O regime jurídico a que são submetidos os docentes, pós-graduação.
seu ingresso, nomeação, posse, regime de trabalho, promoção, § 3º A aprovação em disciplinas cursadas na qualidade de
acesso, aposentadoria e dispensa são definidos pela legislação discente especial não assegura o direito à obtenção de diploma
em vigor, pelas disposições do Estatuto da Universidade e deste ou certificado em cursos de graduação ou pós graduação, sendo
Regimento Geral e atos normativos baixados pelo Conselho garantido o atestado ou declaração correspondente.
Universitário.
Art. 84. O vinculo do discente com a Universidade é definido
Art. 77. Compete ao docente desenvolver atividades de em função do curso e/ou do programa em que estiver matriculado
ensino, pesquisa, extensão e gestão universitária de acordo com as ou inscrito.
atribuições definidas pela natureza do vínculo, de sua classe e do
seu regime de trabalho, nos termos deste Regimento Geral e dos CAPÍTULO III
atos normativos gerais baixados pelo Conselho Universitário. DO CORPO TÉCNICO-ADMINISTRATIVO

Art. 78. A lotação define o contexto institucional de atuação do Art. 85. Integram o corpo Técnico-Administrativo da
docente, de sua subordinação e de sua participação em atividades Universidade os servidores que exerçam funções de apoio técnico,
administrativo e operacional necessárias ao desenvolvimento das
acadêmicas, de gestão universitária e de atuação em órgãos
atividades levadas a efeito pela Instituição.
colegiados.
Art. 86. O regime jurídico a que são submetidos os servidores
Art. 79. Os docentes têm lotação permanente nas Unidades técnicos administrativos, seu ingresso, nomeação, posse, regime
Acadêmicas, sendo permitida a designação temporária para atuar de trabalho, promoção, acesso, aposentadoria e dispensa são
em órgãos de assessoramento ou de apoio, para exercer funções definidos pela legislação em vigor, pelas disposições do Estatuto
administrativas, de gestão universitária e/ou para desenvolver da Universidade e deste Regimento Geral e dos atos normativos
atividades técnicas. baixados pelo Conselho Universitário.

Art. 80. É admitida a mudança de lotação de uma para outra Art. 87. Os servidores técnicos-administrativos são lotados
Unidade Acadêmica mediante a anuência formal do docente e a nas Unidades Acadêmicas, nos órgãos de assessoramento e nos
concordância expressa dos Conselhos da Unidade Acadêmica de órgãos de apoio.
origem e da destinatária. Parágrafo Único – O Conselho Universitário, observadas as
Parágrafo Único – A lotação do docente deve ter por objetivo disposições deste Regimento Geral, regulamentará a lotação do
maximizar sua contribuição para o cumprimento dos fins da servidor técnico-administrativo.
Universidade, prevalecendo sobre outros critérios a afinidade de
sua formação e produção com as atividades desenvolvidas pela CAPÍTULO IV
DO REGIME DISCIPLINAR
Unidade Acadêmica.
Seção I
Art. 81. O docente poderá ser designado, sem prejuízo das Do Regime Disciplinar dos Corpos Docente e Técnico-
atividades de ensino, desenvolvidas em sua unidade de lotação, Administrativo
para prestar serviço complementar em outro órgão da Universidade,
mediante anuência do Conselho da Unidade Acadêmica em que se Art. 88. Pelas faltas que praticarem no exercício do cargo,
encontre lotado. emprego ou função, os integrantes dos corpos docente e técnico-
Parágrafo Único – Na hipótese deste artigo, a carga horária administrativo ficam sujeitos às penalidades disciplinares previstas
semanal a que estiver obrigado será partilhada entre a unidade de na legislação a que corresponde o vínculo que os une à Instituição
lotação e o órgão em que vier a prestar serviço. e àquelas definidas pelo Conselho Universitário.
Parágrafo Único – O Conselho Universitário regulamentará
Art. 82. O Conselho Universitário, observadas as disposições mecanismos de controle de frequência docente às atividades
deste Regimento Geral, regulamentará a lotação docente. acadêmicas perante os discentes e de cumprimento das
determinações emanadas das instâncias superiores.
CAPÍTULO II
DO CORPO DISCENTE Art. 89. A aplicação de penalidades disciplinares, conforme o
caso, é competência do/a Reitor/a, dos/as Pró-Reitores/as, dos/as
Diretores/as das Unidades Acadêmicas, dos dirigentes de Órgãos
Art. 83. O corpo Discente da Universidade é constituído por
de Assessoramento e Órgãos de Apoio, ressalvadas aquelas que
duas categorias :
tenham como consequência o rompimento do vínculo com a
I. discentes regulares; Universidade, que são da competência exclusiva do/a Reitor/a.
II. discentes especiais.

Didatismo e Conhecimento 175


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Seção II TÍTULO V
Do Regime Disciplinar do Corpo Discente DOS DIPLOMAS, CERTIFICADOS E TÍTULOS

Art. 90. Os integrantes do corpo discente, qualquer que seja CAPÍTULO I


sua categoria, estarão sujeitos às seguintes penas disciplinares: DOS DIPLOMAS E CERTIFICADOS
I. advertência;
II. repreensão; Art. 95. A Universidade expedirá os diplomas de Graduado,
III. suspensão; de Mestre e de Doutor.
IV. exclusão. Parágrafo Único – Os diplomas serão assinados pelo/a
§ 1º Na aplicação das penas previstas neste artigo, serão Reitor/a, pelo/a Pró-Reitor/a específico e pelo diplomado.
observadas as seguintes prescrições, a serem regulamentadas em
Resolução do CONSUNI: Art. 96. No caso de cursos que comportem mais de uma
I. a advertência será feita verbalmente e em caráter particular, habilitação sob o mesmo título, observar-se-á o seguinte:
não se aplicando em casos de reincidência; I. o diploma conterá no anverso o título geral correspondente
II. a repreensão será lida perante o Conselho da Unidade ao curso concluído, sendo as habilitações especificadas no verso.
Acadêmica e comunicada, por escrito, ao discente punido; II. as novas habilitações adicionais a título já concedido serão
III. a suspensão implicará o afastamento do discente de todas consignadas no verso do diploma, dispensando-se a expedição de
as atividades universitárias, por um período mínimo de 05 (cinco) um novo instrumento.
e máximo de 45 (quarenta e cinco) dias letivos;
IV. a exclusão implicará o afastamento compulsório da Art. 97. A Universidade só revalidará diploma obtido em
Universidade. instituição estrangeira, se o curso concluído for por ela oferecido
§ 2º As penas de repreensão, suspensão e exclusão serão no mesmo nível do curso cujo diploma deva ser revalidado.
registradas na pasta do discente, pelo Departamento de Registro e Parágrafo Único – A revalidação de diploma obtido em
instituição estrangeira é concedida pelo Conselho Universitário,
Controle Acadêmico - DRCA.
conforme legislação vigente.
§ 3º Na aplicação das penas disciplinares, em analogia ao
disposto nos termos do
Art. 98. A Universidade registrará os diplomas relativos a:
I. cursos de graduação correspondentes a profissões
Art. 89, levar-se-ão em conta a gravidade da infração e os
regulamentadas;
antecedentes do discente.
II. outros cursos de graduação, criados pela Universidade e
reconhecidos pelo Poder Público, para atender às exigências de
Art. 91. Constituem práticas passíveis de acarretar a aplicação
sua programação específica ou às peculiaridades do mercado de
de pena disciplinar, dentre outras:
trabalho;
I. colar ou filar; III. cursos de pós-graduação “Stricto Sensu” credenciados, em
II. plagiar trabalhos acadêmicos; nível de mestrado e de doutorado;
III. agredir verbal ou fisicamente colega, docente ou técnico- IV. cursos em nível de graduação, de mestrado e de
administrativo doutorado, obtidos em instituições estrangeiras e revalidados pela
IV. portar, mesmo que autorizado, arma no espaço do Campus Universidade.
Universitário; Parágrafo Único – Os diplomas registrados pela Universidade,
V. dilapidar o patrimônio da Universidade; mediante delegação do Ministério da Educação, têm validade
VI. usar drogas no âmbito da Instituição, inclusive bebidas em todo o território nacional e darão direito, na forma da lei, ao
alcoólicas; exercício profissional no setor de estudos, abrangido pelo currículo
VII. utilizar, no âmbito da Instituição e no horário destinado do curso a que correspondam.
a aulas ou a outras atividades acadêmicas, aparelhos de ampliação
de som, salvo em situações regulamentadas pelo Conselho Art. 99. A Universidade expedirá certificados de conclusão de
Universitário. cursos de pós-graduação “Lato Sensu” e de extensão.
§ 1º Os certificados referentes a cursos de aperfeiçoamento e
Art. 92. Enquanto estiver respondendo a processo disciplinar, especialização só terão validade se assinados pelo/a Pró-Reitor/a
o discente não poderá obter trancamento de matrícula ou específico, pelo Coordenador do Curso e pelo concluinte.
transferência. § 2º Os certificados referentes a cursos de extensão só terão
validade se assinados pelo/a Pró-Reitor/a específico, pelo/a
Art. 93. Na aplicação de penas disciplinares observar-se-ão o Diretor/a da Unidade Acadêmica e pelo Coordenador do Curso.
devido processo legal e o direito ao contraditório.
Art. 100. O reconhecimento de notório saber pelo Conselho
Art. 94. A cominação das penas de suspensão, por mais de 30 Universitário é condicionado à prévia avaliação e indicação do
(trinta) dias e de exclusão, far-se-á de acordo com as conclusões de curso de Doutorado mantido pela UFAL, em área afim, suprindo
processo disciplinar, levado a efeito por comissão composta de 03 exigência do título de Doutor.
(três) membros, designada pelo/a Reitor/a.

Didatismo e Conhecimento 176


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Art. 101. A outorga dos graus relativos aos cursos de graduação Art. 105. O planejamento institucional terá como fundamento
e de pós-graduação será feita em solenidade pública, presidida os seguintes princípios:
pelo/a Reitor/a, conforme dispuser norma específica emanada do I . reflexão crítica sobre o trabalho;
Conselho Universitário. II . cultivo do sentimento de pertencimento;
III . planejamento como prática educativa, que ensina e orienta
CAPÍTULO II o trabalho;
DAS DIGNIDADES UNIVERSITÁRIAS IV. apropriação, tratamento e emprego do conjunto de
informações e ações que formam o trabalho;
Art. 102. A Universidade conferirá títulos honoríficos de V. organização e otimização de recursos de toda natureza
Professor Emérito, Professor Honoris Causa e Doutor Honoris – humanos, materiais, financeiros, estruturais, ambientais,
Causa. informacionais e tecnológicos;
§ 1º O título de Professor Emérito será concedido ao docente VI. ampliação do diálogo entre as pessoas, negociação de
aposentado que tenha se distinguido na Universidade, mediante estratégias e recursos, fortalecimento de alianças e parcerias
proposta do/a Reitor/a ou de Conselho de Unidade Acadêmica. internas e externas.
§ 2º O título de Professor Honoris Causa será concedido a
professor ou pesquisador estranho aos quadros da Universidade, Art. 106. Haverá na Universidade uma Comissão Própria
que tenha prestado relevantes serviços à instituição, mediante de Avaliação (CPA), incumbida da coordenação central das
proposta do/a Reitor/a ou de Conselho de Unidade Acadêmica. atividades de avaliação, de acordo com as normas estabelecidas
§ 3º O título de Doutor Honoris Causa será concedido pelo Conselho Universitário.
a personalidades eminentes que tenham contribuído
significativamente para o progresso da Universidade, da Região Art. 107. A CPA, em suas ações, será norteada pelos seguintes
ou do País, ou que se tenham distinguido por sua atuação em favor princípios:
da ciência, das letras, das artes, do meio ambiente ou da cultura em I. preservação da autonomia, em relação aos órgãos de gestão
geral, mediante proposta do/a Reitor/a ou de Conselho de Unidade acadêmica, necessária ao cumprimento de sua missão;
Acadêmica. II. compromisso com a garantia da fidedignidade das
§ 4º As propostas para concessão dos títulos honoríficos informações coletadas, no processo avaliativo;
de que trata o caput deste artigo serão submetidas ao Conselho III. respeito e valorização dos sujeitos e dos órgãos que
Universitário, sendo sua aprovação condicionada à manifestação integram a UFAL;
favorável, em votação secreta: IV. respeito à liberdade de expressão, de pensamento e de
I. da maioria simples dos membros do Colegiado, na hipótese crítica;
da concessão do título de Professor Emérito; V. compromisso com a melhoria da qualidade da educação
II. de mais de 3/5 (três quintos) dos membros do Colegiado, como caminho para a construção de uma sociedade mais justa e
na hipótese da concessão do título de Professor Honoris Causa; solidária;
III. de mais de 2/3 (dois terços) dos membros do Colegiado, VI. garantia e difusão de valores éticos e de liberdade,
na hipótese da concessão do título de Doutor Honoris Causa . igualdade e pluralidade cultural e democrática.

Art. 103. A Universidade concederá Medalha do Mérito Art. 108. A CPA define como objetivos:
Universitário destinada a reconhecer ou premiar personalidades I. coordenar os procedimentos de construção, sistematização,
eminentes, professores distinguidos, técnicos administrativos implantação e implementação da auto avaliação no âmbito da
exemplares e discentes laureados que tenham contribuído UFAL;
significativamente para a causa da educação e da cultura ou para o II. promover uma cultura avaliativa no âmbito da UFAL;
progresso da Universidade, mediante proposta do/a Reitor/a ou do III. estimular a melhoria da qualidade educativa pela
Conselho de Unidade Acadêmica. otimização das atividades de ensino, pesquisa e extensão.
Parágrafo Único – A proposta será apresentada ao Conselho
Universitário, sendo sua aprovação condicionada à manifestação Art. 109. A CPA garante a representatividade dos diferentes
favorável, em votação secreta, da maioria simples de seus segmentos da comunidade acadêmica interna e de representantes
membros. da sociedade civil organizada, sendo vedada a composição que
privilegie a maioria absoluta de um dos segmentos: Docente,
TITULO VI Técnico-Administrativo e Discente.
DO PLANEJAMENTO E DA AVALIAÇÃO Parágrafo Único – O Conselho Universitário regulamentará o
funcionamento da Comissão Própria de Avaliação (CPA).
Art. 104. A Universidade procederá, de modo permanente e
contínuo, ao planejamento institucional e aos meios necessários TITULO VII
para a execução e a avaliação das atividades acadêmicas e DO PATRIMÔNIO E DO ORÇAMENTO
administrativas em consonância com as deliberações do Conselho
Universitário. Art. 110. O patrimônio da Universidade, constituído de bens
Parágrafo Único – As atividades de planejamento serão objeto imóveis, móveis, semoventes, títulos, direitos, fundos especiais,
de coordenação central pela Pró -Reitoria de Gestão Institucional recursos financeiros orçamentários e extra orçamentários, doações
com a corresponsabilidade de todos os órgãos integrantes da e legados, será administrado pela Reitoria, conforme dispuser seu
estrutura organizacional. Regimento Interno.

Didatismo e Conhecimento 177


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Art. 111. É dever da comunidade universitária zelar pela Parágrafo Único – Até que se dê posse e instalação do Conselho
manutenção e conservação dos bens patrimoniais da Instituição. Universitário, o Colegiado Especial cumprirá provisoriamente
suas atribuições.
Art. 112. O resultado líquido gerado, no âmbito da
Universidade, mediante a exploração de seu patrimônio disponível Art. 121. A distribuição dos corpos docente e técnico-
e o emprego dos meios de que disponha, será aplicado em administrativo, dentre as diversas Unidades Acadêmicas, far-se-á,
atividades ligadas às finalidades da Instituição. preferencialmente, observada a atual lotação, de acordo com a
§1º Os recursos de que trata este artigo serão depositados tabela de correspondência constante do Anexo II deste Regimento
em conta individuada, nominalmente identificável, aberta em Geral.
estabelecimento oficial de crédito, podendo ser aplicados no
mercado de capitais. Art. 122. As atribuições próprias dos atuais Departamentos,
§ 2º A aplicação e a movimentação dos recursos mencionados especialmente aquelas relativas à pesquisa, pós-graduação e
no caput serão disciplinadas em resolução do Conselho extensão, bem como os núcleos de estudos temáticos a eles
Universitário. vinculados, passarão à responsabilidade das Unidades Acadêmicas
que lhes correspondam, de acordo com a tabela de correspondência
Art. 113. O controle da utilização dos recursos referidos
constante do Anexo II deste Regimento Geral.
no artigo precedente será levado a efeito pela Controladoria
Geral - CG e pelo Conselho de Curadores - CURA, observados
os objetivos estabelecidos nos programas, projetos e planos de Art. 123. Os cursos de graduação, aí incluídas as habilitações,
aplicação, aprovados pelo Conselho Universitário. ficam vinculados às Unidades Acadêmicas na forma definida
na tabela de correspondência que constitui o Anexo III deste
Art. 114. A Universidade encaminhará ao Tribunal de Regimento Geral.
Contas da União - TCU a contabilidade geral e as demonstrações
financeiras dos recursos referidos no artigo 112 deste Regimento Art. 124. As Unidades Acadêmicas serão provisoriamente
Geral. dirigidas pelos/as atuais Diretores/as de Centro, observada a tabela
de correspondência constante do Anexo II.
Art. 115. A Reitoria, as Unidades Acadêmicas e os Órgãos de Parágrafo Único – No prazo de até 15 (quinze) dias, contados
Apoio que constituam unidades orçamentárias, sob a coordenação da data da publicação deste Regimento Geral, o/a Diretor/a
da Pró Reitoria específica, participarão do processo de elaboração Provisório de Unidade Acadêmica convocará os corpos discente,
da proposta orçamentária anual da Universidade. docente e técnico-administrativo vinculados à Unidade Acadêmica
para a escolha direta dos docentes que assumirão a direção das
Art. 116. A aquisição de bens e valores pela Universidade Unidades Acadêmicas.
depende de prévia autorização do/a Reitor/a, na qualidade de
ordenador de despesa, observadas as disposições legais em vigor. Art. 125. No prazo de até 06 (seis) meses, contados a partir
Parágrafo Único – A alienação e oneração de bens, bem como da data da promulgação deste Regimento Geral, a Universidade
a aceitação de legados e doações à Universidade, dependem de promoverá a adequação às suas disposições das normas, dos
prévia autorização do Conselho Universitário, ouvido o Conselho Regimentos Internos e das resoluções em vigor, ressalvadas
de Curadores - CURA. aquelas que por ele hajam sido recepcionadas.
TÍTULO VII Art. 126. A Superintendência de Infraestrutura - SINFRA,
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS no prazo de 01 (um) ano, contado a partir da data da aprovação
deste Regimento Geral, promoverá o levantamento dos bens
Art. 117. As Unidades Acadêmicas estão definidas conforme o
patrimoniais da Universidade e sua distribuição dentre as diversas
Anexo I deste Regimento Geral.
Unidades Acadêmicas.
Art. 118. O Colegiado Especial de que trata o artigo 62 do
Estatuto é constituído pelos/as Conselheiros/as do CONSUNI e Art. 127. O comparecimento às reuniões dos Conselhos, das
do CEPE, na composição prevista no Estatuto anterior, presidido Câmaras e das Comissões é obrigatório ao componente, sendo
pelo/a Reitor/a. preferencial a qualquer outra atividade universitária.
Parágrafo Único – A ausência não justificada à reunião
Art. 119. O processo de escolha dos representantes dos corpos formalmente convocada implica no registro da falta e no
docente, técnico administrativo e discente para compor o Conselho consequente corte da frequência do faltoso, quando couber.
Universitário, na forma prevista nos §§ 2º, 3º e 4º do artigo 3º deste
Regimento Geral, será instaurado pelo/a Reitor/a no prazo de até Art. 128. Os processos de escolha dos candidatos a cargos de
30 (trinta) dias contados a partir da data de sua publicação. direção serão normatizados pelo CONSUNI e coordenados por
Comissão Especial designada:
Art. 120. O Conselho Universitário tomará posse perante I. pelo/a Reitor/a, mediante indicação do Conselho
o Colegiado Especial referido no artigo 118, reunido em sessão Universitário para o caso de Reitor/a e Vice-Reitor/a;
pública e solene, convocada pelo/a Reitor/a no prazo de até II. pelo/a Diretor/a de Unidade Acadêmica, mediante
cento e oitenta dias contados a partir da data da publicação deste indicação do respectivo Conselho de Unidade Acadêmica, para o
Regimento Geral. caso de Diretor/a e Vice-Diretor/a de Unidade Acadêmica.

Didatismo e Conhecimento 178


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Art. 129. O processo de escolha dos candidatos a cargos de ção. Está centrado na pessoa, família e coletividade e pressupõe
direção das Unidades Acadêmicas de que trata o artigo 124 deste que os trabalhadores de enfermagem estejam aliados aos usuários
Regimento Geral será normatizado pelo Colegiado Especial, no na luta por uma assistência sem riscos e danos e acessível a toda
prazo de 07 (sete) dias, contados a partir da data da promulgação população.
deste Regimento Geral. O presente Código teve como referência os postulados da De-
claração Universal dos Direitos do Homem, promulgada pela As-
Art. 130. Permanecem em vigor todas as Resoluções sembléia Geral das Nações Unidas (1948) e adotada pela Conven-
decorrentes de deliberações dos antigos Conselho de Ensino, ção de Genebra da Cruz Vermelha (1949), contidos no Código de
Pesquisa e Extensão - CEPE/UFAL e Conselho Universitário Ética do Conselho Internacional de Enfermeiros (1953) e no Códi-
– CONSUNI, naquilo que não contrariarem as disposições do go de Ética da Associação Brasileira de Enfermagem (1975). Teve
Estatuto da UFAL e deste Regimento Geral. como referência, ainda, o Código de Deontologia de Enfermagem
do Conselho Federal de Enfermagem (1976), o Código de Ética
Art. 131. Este Regimento Geral entrará em vigor na data de dos Profissionais de Enfermagem (1993) e as Normas Internacio-
sua promulgação, ficando revogadas as disposições em contrário, nais e Nacionais sobre Pesquisa em Seres Humanos [Declaração
especialmente o Regimento Geral aprovado pela Portaria nº 226, Helsinque (1964), revista em Tóquio (1975), em Veneza (1983),
de 27 de março de 1978, do Ministro da Educação e do Desporto, em Hong Kong (1989) e em Sommerset West (1996) e a Resolução
publicada no Diário Oficial da União de 29 do mesmo mês e ano. 196 do Conselho Nacional de Saúde, Ministério da Saúde (1996)].
ANEXOS DISPONÍVEIS EM: http://www.ufal.edu.br/
transparencia/institucional/estatuto-e-regimento/Estatuto_ PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Regimento_Ufal.pdf
A enfermagem é uma profissão comprometida com a saúde e a
qualidade de vida da pessoa, família e coletividade.
O profissional de enfermagem atua na promoção, prevenção,
18. ÉTICA NO recuperação e reabilitação da saúde, com autonomia e em conso-
SERVIÇO PÚBLICO. nância com os preceitos éticos e legais.
O profissional de enfermagem participa, como integrante da
equipe de saúde, das ações que visem satisfazer as necessidades
de saúde da população e da defesa dos princípios das políticas pú-
blicas de saúde e ambientais, que garantam a universalidade de
CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE ENFER- acesso aos serviços de saúde, integralidade da assistência, resolu-
MAGEM tividade, preservação da autonomia das pessoas, participação da
comunidade, hierarquização e descentralização político-adminis-
PREÂMBULO trativa dos serviços de saúde.
O profissional de enfermagem respeita a vida, a dignidade e os
A enfermagem compreende um componente próprio de co- direitos humanos, em todas as suas dimensões.
nhecimentos científicos e técnicos, construído e reproduzido por O profissional de enfermagem exerce suas atividades com
um conjunto de práticas sociais, éticas e políticas que se processa competência para a promoção do ser humano na sua integralidade,
pelo ensino, pesquisa e assistência. Realiza-se na prestação de ser- de acordo com os princípios da ética e da bioética.
viços à pessoa, família e coletividade, no seu contexto e circuns-
tâncias de vida. CAPÍTULO I
O aprimoramento do comportamento ético do profissional DAS RELAÇÕES PROFISSIONAIS
passa pelo processo de construção de uma consciência individual e
coletiva, pelo compromisso social e profissional configurado pela DIREITOS
responsabilidade no plano das relações de trabalho com reflexos
no campo científico e político. Art. 1º - Exercer a enfermagem com liberdade, autonomia e
A enfermagem brasileira, face às transformações sociocul- ser tratado segundo os pressupostos e princípios legais, éticos e
turais, científicas e legais, entendeu ter chegado o momento de dos direitos humanos.
reformular o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem
(CEPE). Art. 2º - Aprimorar seus conhecimentos técnicos, científicos e
A trajetória da reformulação, coordenada pelo Conselho Fede- culturais que dão sustentação a sua prática profissional.
ral de Enfermagem com a participação dos Conselhos Regionais
de Enfermagem, incluiu discussões com a categoria de enferma- Art. 3º - Apoiar as iniciativas que visem ao aprimoramento
gem. O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem está profissional e à defesa dos direitos e interesses da categoria e da
organizado por assunto e inclui princípios, direitos, responsabili- sociedade.
dades, deveres e proibições pertinentes à conduta ética dos profis-
sionais de enfermagem. Art. 4º - Obter desagravo público por ofensa que atinja a pro-
O Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem leva em fissão, por meio do Conselho Regional de Enfermagem.
consideração a necessidade e o direito de assistência em enferma-
gem da população, os interesses do profissional e de sua organiza-

Didatismo e Conhecimento 179


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
RESPONSABILIDADES E DEVERES Art. 17 - Prestar adequadas informações à pessoa, família e
coletividade a respeito dos direitos, riscos, benefícios e intercor-
Art. 5º - Exercer a profissão com justiça, compromisso, eqüi- rências acerca da assistência de enfermagem.
dade, resolutividade, dignidade, competência, responsabilidade,
honestidade e lealdade. Art. 18 - Respeitar, reconhecer e realizar ações que garantam o
direito da pessoa ou de seu representante legal, de tomar decisões
Art. 6º - Fundamentar suas relações no direito, na prudência, sobre sua saúde, tratamento, conforto e bem estar.
no respeito, na solidariedade e na diversidade de opinião e posição
ideológica. Art. 19 - Respeitar o pudor, a privacidade e a intimidade do ser
humano, em todo seu ciclo vital, inclusive nas situações de morte
Art. 7º - Comunicar ao COREN e aos órgãos competentes, e pós-morte.
fatos que infrinjam dispositivos legais e que possam prejudicar o
exercício profissional. Art. 20 - Colaborar com a equipe de saúde no esclarecimento
da pessoa, família e coletividade a respeito dos direitos, riscos,
PROIBIÇÕES benefícios e intercorrências acerca de seu estado de saúde e tra-
tamento.
Art. 8º - Promover e ser conivente com a injúria, calúnia e
difamação de membro da equipe de enfermagem, equipe de saúde Art. 21 - Proteger a pessoa, família e coletividade contra da-
e de trabalhadores de outras áreas, de organizações da categoria nos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência por par-
ou instituições. te de qualquer membro da equipe de saúde.

Art. 9º - Praticar e/ou ser conivente com crime, contravenção Art. 22 - Disponibilizar seus serviços profissionais à comuni-
penal ou qualquer outro ato, que infrinja postulados éticos e legais. dade em casos de emergência, epidemia e catástrofe, sem pleitear
vantagens pessoais.
SEÇÃO I
DAS RELAÇÕES COM A PESSOA, FAMÍLIA E Art. 23 - Encaminhar a pessoa, família e coletividade aos ser-
COLETIVIDADE. viços de defesa do cidadão, nos termos da lei.

Art. 24 - Respeitar, no exercício da profissão, as normas rela-


DIREITOS
tivas à preservação do meio ambiente e denunciar aos órgãos com-
petentes as formas de poluição e deterioração que comprometam
Art. 10 - Recusar-se a executar atividades que não sejam de
a saúde e a vida.
sua competência técnica, científica, ética e legal ou que não ofe-
reçam segurança ao profissional, à pessoa, família e coletividade.
Art. 25 - Registrar no prontuário do paciente as informações
inerentes e indispensáveis ao processo de cuidar.
Art. 11 - Ter acesso às informações, relacionadas à pessoa,
família e coletividade, necessárias ao exercício profissional. PROIBIÇÕES
RESPONSABILIDADES E DEVERES Art. 26 - Negar assistência de enfermagem em qualquer situa-
ção que se caracterize como urgência ou emergência.
Art. 12 - Assegurar à pessoa, família e coletividade assistência
de enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligên- Art. 27 - Executar ou participar da assistência à saúde sem o
cia ou imprudência. consentimento da pessoa ou de seu representante legal, exceto em
iminente risco de morte.
Art. 13 - Avaliar criteriosamente sua competência técnica,
científica, ética e legal e somente aceitar encargos ou atribuições, Art. 28 - Provocar aborto, ou cooperar em prática destinada a
quando capaz de desempenho seguro para si e para outrem. interromper a gestação.
Parágrafo único - Nos casos previstos em lei, o profissional
Art. 14 - Aprimorar os conhecimentos técnicos, científicos, deverá decidir, de acordo com a sua consciência, sobre a sua parti-
éticos e culturais, em benefício da pessoa, família e coletividade e cipação ou não no ato abortivo.
do desenvolvimento da profissão.
Art. 29 - Promover a eutanásia ou participar em prática desti-
Art. 15 - Prestar assistência de enfermagem sem discrimina- nada a antecipar a morte do cliente.
ção de qualquer natureza.
Art. 30 - Administrar medicamentos sem conhecer a ação da
Art. 16 - Garantir a continuidade da assistência de enferma- droga e sem certificar-se da possibilidade de riscos.
gem em condições que ofereçam segurança, mesmo em caso de
suspensão das atividades profissionais decorrentes de movimentos Art. 31 - Prescrever medicamentos e praticar ato cirúrgico,
reivindicatórios da categoria. exceto nos casos previstos na legislação vigente e em situação de
emergência.

Didatismo e Conhecimento 180


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Art. 32 - Executar prescrições de qualquer natureza, que com- SEÇÃO III
prometam a segurança da pessoa. DAS RELAÇÕES COM AS ORGANIZAÇÕES
DA CATEGORIA
Art. 33 - Prestar serviços que por sua natureza competem a
outro profissional, exceto em caso de emergência. DIREITOS

Art. 34 - Provocar, cooperar, ser conivente ou omisso com Art. 44 - Recorrer ao Conselho Regional de Enfermagem,
qualquer forma de violência. quando impedido de cumprir o presente Código, a legislação do
exercício profissional e as resoluções e decisões emanadas do Sis-
Art. 35 - Registrar informações parciais e inverídicas sobre a tema COFEN/COREN.
assistência prestada.
Art. 45 - Associar-se, exercer cargos e participar de entidades
SEÇÃO II de classe e órgãos de fiscalização do exercício profissional.
DAS RELAÇÕES COM OS TRABALHADORES DE
ENFERMAGEM, SAÚDE E OUTROS Art. 46 - Requerer em tempo hábil, informações acerca de
normas e convocações.
Art. 47 - Requerer, ao Conselho Regional de Enfermagem,
DIREITOS
medidas cabíveis para obtenção de desagravo público em decor-
rência de ofensa sofrida no exercício profissional.
Art. 36 - Participar da prática multiprofissional e interdiscipli-
nar com responsabilidade, autonomia e liberdade. RESPONSABILIDADES E DEVERES

Art. 37 - Recusar-se a executar prescrição medicamentosa e Art. 48 - Cumprir e fazer os preceitos éticos e legais da pro-
terapêutica, onde não conste a assinatura e o número de registro do fissão.
profissional, exceto em situações de urgência e emergência.
Parágrafo único - O profissional de enfermagem poderá recu- Art. 49 - Comunicar ao Conselho Regional de Enfermagem
sar-se a executar prescrição medicamentosa e terapêutica em caso fatos que firam preceitos do presente Código e da legislação do
de identificação de erro ou ilegibilidade. exercício profissional.

RESPONSABILIDADES E DEVERES Art. 50 - Comunicar formalmente ao Conselho Regional de


Enfermagem fatos que envolvam recusa ou demissão de cargo,
Art. 38 - Responsabilizar-se por falta cometida em suas ativi- função ou emprego, motivado pela necessidade do profissional em
dades profissionais, independente de ter sido praticada individual- cumprir o presente Código e a legislação do exercício profissional.
mente ou em equipe.
Art. 51 - Cumprir, no prazo estabelecido, as determinações e
convocações do Conselho Federal e Conselho Regional de Enfer-
Art. 39 - Participar da orientação sobre benefícios, riscos e
magem.
conseqüências decorrentes de exames e de outros procedimentos,
na condição de membro da equipe de saúde.
Art. 52 - Colaborar com a fiscalização de exercício profissio-
nal.
Art. 40 - Posicionar-se contra falta cometida durante o exer-
cício profissional seja por imperícia, imprudência ou negligência. Art. 53 - Manter seus dados cadastrais atualizados, e regulari-
zadas as suas obrigações financeiras com o Conselho Regional de
Art. 41 - Prestar informações, escritas e verbais, completas e Enfermagem.
fidedignas necessárias para assegurar a continuidade da assistên-
cia. Art. 54 - Apor o número e categoria de inscrição no Conse-
lho Regional de Enfermagem em assinatura, quando no exercício
PROIBIÇÕES profissional.

Art. 42 - Assinar as ações de enfermagem que não executou, Art. 55 - Facilitar e incentivar a participação dos profissionais
bem como permitir que suas ações sejam assinadas por outro pro- de enfermagem no desempenho de atividades nas organizações da
fissional. categoria.

Art. 43 - Colaborar, direta ou indiretamente com outros pro- PROIBIÇÕES


fissionais de saúde, no descumprimento da legislação referente aos
Art. 56 - Executar e determinar a execução de atos contrários
transplantes de órgãos, tecidos, esterilização humana, fecundação
ao Código de Ética e às demais normas que regulam o exercício
artificial e manipulação genética.
da Enfermagem.

Didatismo e Conhecimento 181


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
Art. 57 - Aceitar cargo, função ou emprego vago em decorrên- RESPONSABILIDADES E DEVERES
cia de fatos que envolvam recusa ou demissão de cargo, função ou
emprego motivado pela necessidade do profissional em cumprir o Art. 69 - Estimular, promover e criar condições para o aperfei-
presente código e a legislação do exercício profissional. çoamento técnico, científico e cultural dos profissionais de Enfer-
magem sob sua orientação e supervisão.
Art. 58 - Realizar ou facilitar ações que causem prejuízo ao
patrimônio ou comprometam a finalidade para a qual foram insti- Art. 70 - Estimular, facilitar e promover o desenvolvimento
tuídas as organizações da categoria. das atividades de ensino, pesquisa e extensão, devidamente apro-
vadas nas instâncias deliberativas da instituição.
Art. 59 - Negar, omitir informações ou emitir falsas declara-
ções sobre o exercício profissional quando solicitado pelo Conse- Art. 71 - Incentivar e criar condições para registrar as infor-
lho Regional de Enfermagem. mações inerentes e indispensáveis ao processo de cuidar.

SEÇÃO IV Art. 72 - Registrar as informações inerentes e indispensáveis


DAS RELAÇÕES COM AS ORGANIZAÇÕES ao processo de cuidar de forma clara, objetiva e completa.
EMPREGADORAS
PROIBIÇÕES
DIREITOS
Art. 73 - Trabalhar, colaborar ou acumpliciar-se com pessoas
Art. 60 - Participar de movimentos de defesa da dignidade físicas ou jurídicas que desrespeitem princípios e normas que re-
profissional, do aprimoramento técnicocientífico, do exercício da gulam o exercício profissional de enfermagem.
cidadania e das reivindicações por melhores condições de assistên-
cia, trabalho e remuneração. Art. 74 - Pleitear cargo, função ou emprego ocupado por cole-
ga, utilizando-se de concorrência desleal.
Art. 61 - Suspender suas atividades, individual ou coletiva-
mente, quando a instituição pública ou privada para a qual trabalhe Art. 75 - Permitir que seu nome conste no quadro de pessoal
não oferecer condições dignas para o exercício profissional ou que de hospital, casa de saúde, unidade sanitária, clínica, ambulató-
desrespeite a legislação do setor saúde, ressalvadas as situações rio, escola, curso, empresa ou estabelecimento congênere sem nele
de urgência e emergência, devendo comunicar imediatamente por exercer as funções de enfermagem pressupostas.
escrito sua decisão ao Conselho Regional de Enfermagem.
Art. 76 - Receber vantagens de instituição, empresa, pessoa,
Art. 62 - Receber salários ou honorários compatíveis com família e coletividade, além do que lhe é devido, como forma de
o nível de formação, a jornada de trabalho, a complexidade das garantir Assistência de Enfermagem diferenciada ou benefícios de
ações e a responsabilidade pelo exercício profissional. qualquer natureza para si ou para outrem.

Art. 63 - Desenvolver suas atividades profissionais em condi- Art. 77 - Usar de qualquer mecanismo de pressão ou suborno
ções de trabalho que promovam a própria segurança e a da pessoa, com pessoas físicas ou jurídicas para conseguir qualquer tipo de
família e coletividade sob seus cuidados, e dispor de material e vantagem.
equipamentos de proteção individual e coletiva, segundo as nor-
mas vigentes. Art. 78 - Utilizar, de forma abusiva, o poder que lhe confere
a posição ou cargo, para impor ordens, opiniões, atentar contra
Art. 64 - Recusar-se a desenvolver atividades profissionais na o pudor, assediar sexual ou moralmente, inferiorizar pessoas ou
falta de material ou equipamentos de proteção individual e coletiva dificultar o exercício profissional.
definidos na legislação específica.
Art. 79 - Apropriar-se de dinheiro, valor, bem móvel ou imó-
Art. 65 - Formar e participar da comissão de ética da insti- vel, público ou particular de que tenha posse em razão do cargo, ou
tuição pública ou privada onde trabalha, bem como de comissões desviá-lo em proveito próprio ou de outrem.
interdisciplinares.
Art. 80 - Delegar suas atividades privativas a outro membro
Art. 66 - Exercer cargos de direção, gestão e coordenação na da equipe de enfermagem ou de saúde, que não seja enfermeiro.
área de seu exercício profissional e do setor saúde.
CAPÍTULO II
Art. 67 - Ser informado sobre as políticas da instituição e do DO SIGILO PROFISSIONAL
serviço de enfermagem, bem como participar de sua elaboração.
DIREITOS
Art. 68 - Registrar no prontuário, e em outros documentos
próprios da enfermagem, informações referentes ao processo de Art. 81 - Abster-se de revelar informações confidenciais de
cuidar da pessoa. que tenha conhecimento em razão de seu exercício profissional a
pessoas ou entidades que não estejam obrigadas ao sigilo.

Didatismo e Conhecimento 182


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
RESPONSABILIDADES E DEVERES Art. 92 - Disponibilizar os resultados de pesquisa à comunida-
de científica e sociedade em geral.
Art. 82 - Manter segredo sobre fato sigiloso de que tenha co-
nhecimento em razão de sua atividade profissional, exceto casos Art. 93 - Promover a defesa e o respeito aos princípios éticos
previstos em lei, ordem judicial, ou com o consentimento escrito e legais da profissão no ensino, na pesquisa e produções técnico-
da pessoa envolvida ou de seu representante legal. científicas.
§ 1º - Permanece o dever mesmo quando o fato seja de conhe-
cimento público e em caso de falecimento da pessoa envolvida. PROIBIÇÕES
§ 2º - Em atividade multiprofissional, o fato sigiloso poderá
Art. 94 - Realizar ou participar de atividades de ensino e pes-
ser revelado quando necessário à prestação da assistência.
quisa, em que o direito inalienável da pessoa, família ou coletivi-
§ 3º - O profissional de enfermagem, intimado como teste- dade seja desrespeitado ou ofereça qualquer tipo de risco ou dano
munha, deverá comparecer perante a autoridade e, se for o caso, aos envolvidos.
declarar seu impedimento de revelar o segredo. Art. 95 - Eximir-se da responsabilidade por atividades execu-
§ 4º - O segredo profissional referente ao menor de idade de- tadas por alunos ou estagiários, na condição de docente, enfermei-
verá ser mantido, mesmo quando a revelação seja solicitada por ro responsável ou supervisor.
pais ou responsáveis, desde que o menor tenha capacidade de dis-
cernimento, exceto nos casos em que possa acarretar danos ou ris- Art. 96 - Sobrepor o interesse da ciência ao interesse e segu-
cos ao mesmo. rança da pessoa, família ou coletividade.

Art. 83 - Orientar, na condição de enfermeiro, a equipe sob Art. 97 - Falsificar ou manipular resultados de pesquisa, bem
sua responsabilidade, sobre o dever do sigilo profissional. como, usá-los para fins diferentes dos pré-determinados.

PROIBIÇÕES Art. 98 - Publicar trabalho com elementos que identifiquem o


sujeito participante do estudo sem sua autorização.
Art. 84 - Franquear o acesso a informações e documentos para
pessoas que não estão diretamente envolvidas na prestação da as- Art. 99 - Divulgar ou publicar, em seu nome, produção téc-
nico-científica ou instrumento de organização formal do qual não
sistência, exceto nos casos previstos na legislação vigente ou por
tenha participado ou omitir nomes de coautores e colaboradores.
ordem judicial.
Art. 100 - Utilizar sem referência ao autor ou sem a sua auto-
Art. 85 - Divulgar ou fazer referência a casos, situações ou rização expressa, dados, informações, ou opiniões ainda não pu-
fatos de forma que os envolvidos possam ser identificados. blicados.

CAPÍTULO III Art. 101 - Apropriar-se ou utilizar produções técnico-científi-


DO ENSINO, DA PESQUISA, E DA PRODUÇÃO cas, das quais tenha participado como autor ou não, implantadas
TÉCNICO-CIENTÍFICA em serviços ou instituições sem concordância ou concessão do
autor.
DIREITOS
Art. 102 - Aproveitar-se de posição hierárquica para fazer
Art. 86 - Realizar e participar de atividades de ensino e pes- constar seu nome como autor ou coautor em obra técnico-cien-
quisa, respeitadas as normas ético-legais. tífica.

Art. 87 - Ter conhecimento acerca do ensino e da pesquisa CAPÍTULO IV


a serem desenvolvidos com as pessoas sob sua responsabilidade DA PUBLICIDADE
profissional ou em seu local de trabalho.
DIREITOS
Art. 88 - Ter reconhecida sua autoria ou participação em pro- Art. 103 - Utilizar-se de veículo de comunicação para conce-
dução técnico-científica. der entrevistas ou divulgar eventos e assuntos de sua competência,
com finalidade educativa e de interesse social.
RESPONSABILIDADES E DEVERES
Art. 104 - Anunciar a prestação de serviços para os quais está
Art. 89 - Atender as normas vigentes para a pesquisa envol- habilitado.
vendo seres humanos, segundo a especificidade da investigação.
RESPONSABILIDADES E DEVERES
Art. 90 - Interromper a pesquisa na presença de qualquer peri- Art. 105 - Resguardar os princípios da honestidade, veracida-
go à vida e à integridade da pessoa. de e fidedignidade no conteúdo e na forma publicitária.

Art. 91 - Respeitar os princípios da honestidade e fidedignida- Art. 106 - Zelar pelos preceitos éticos e legais da profissão nas
de, bem como os direitos autorais no processo de pesquisa, espe- diferentes formas de divulgação.
cialmente na divulgação dos seus resultados.

Didatismo e Conhecimento 183


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
PROIBIÇÕES § 4º - A suspensão consiste na proibição do exercício profis-
sional da enfermagem por um período não superior a 29 (vinte e
Art. 107 - Divulgar informação inverídica sobre assunto de nove) dias e será divulgada nas publicações oficiais dos Conselhos
sua área profissional. Federal e Regional de Enfermagem, jornais de grande circulação e
comunicada aos órgãos empregadores.
Art. 108 - Inserir imagens ou informações que possam identi- § 5º - A cassação consiste na perda do direito ao exercício
ficar pessoas e instituições sem sua prévia autorização. da enfermagem e será divulgada nas publicações dos Conselhos
Federal e Regional de Enfermagem e em jornais de grande circu-
Art. 109 - Anunciar título ou qualificação que não possa com- lação.
provar. Art. 119 - As penalidades, referentes à advertência verbal,
Art. 110 - Omitir em proveito próprio, referência a pessoas ou multa, censura e suspensão do exercício profissional, são da al-
instituições. çada do Conselho Regional de Enfermagem, serão registradas no
prontuário do profissional de enfermagem; a pena de cassação do
Art. 111 - Anunciar a prestação de serviços gratuitos ou pro- direito ao exercício profissional é de competência do Conselho Fe-
por honorários que caracterizem concorrência desleal. deral de Enfermagem, conforme o disposto no art. 18, parágrafo
primeiro, da Lei n° 5.905/73.
CAPÍTULO V Parágrafo único - Na situação em que o processo tiver origem
DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES no Conselho Federal de Enfermagem, terá como instância superior
a Assembléia dos Delegados Regionais.
Art. 112 - A caracterização das infrações éticas e disciplinares
e a aplicação das respectivas penalidades regem-se por este Có- Art. 120 - Para a graduação da penalidade e respectiva impo-
digo, sem prejuízo das sanções previstas em outros dispositivos sição consideram-se:
legais. I - A maior ou menor gravidade da infração;
II - As circunstâncias agravantes e atenuantes da infração;
Art. 113 - Considera-se infração ética a ação, omissão ou co- III - O dano causado e suas conseqüências;
nivência que implique em desobediência e/ou inobservância às IV - Os antecedentes do infrator.
disposições do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem.
Art. 121 - As infrações serão consideradas leves, graves ou
Art. 114 - Considera-se infração disciplinar a inobservância gravíssimas, segundo a natureza do ato e a circunstância de cada
das normas dos Conselhos Federal e Regional de Enfermagem. caso.
§ 1º - São consideradas infrações leves as que ofendam a in-
Art. 115 - Responde pela infração quem a cometer ou concor- tegridade física, mental ou moral de qualquer pessoa, sem causar
rer para a sua prática, ou dela obtiver benefício, quando cometida debilidade ou aquelas que venham a difamar organizações da ca-
por outrem. tegoria ou instituições.
§ 2º - São consideradas infrações graves as que provoquem
Art. 116 - A gravidade da infração é caracterizada por meio da perigo de vida, debilidade temporária de membro, sentido ou fun-
análise dos fatos do dano e de suas consequências. ção em qualquer pessoa ou as que causem danos patrimoniais ou
financeiros.
Art. 117 - A infração é apurada em processo instaurado e con- § 3º - São consideradas infrações gravíssimas as que provo-
duzido nos termos do Código de Processo Ético das Autarquias quem morte, deformidade permanente, perda ou inutilização de
Profissionais de Enfermagem. membro, sentido, função ou ainda, dano moral irremediável em
qualquer pessoa.
Art. 118 - As penalidades a serem impostas pelos Conselhos
Federal e Regional de Enfermagem, conforme o que determina o Art. 122 - São consideradas circunstâncias atenuantes:
art. 18, da Lei n° 5.905, de 12 de julho de 1973, são as seguintes: I - Ter o infrator procurado, logo após a infração, por sua es-
I - Advertência verbal; pontânea vontade e com eficiência, evitar ou minorar as conse-
II – Multa; qüências do seu ato;
III – Censura; II - Ter bons antecedentes profissionais;
IV - Suspensão do exercício profissional; III - Realizar atos sob coação e/ou intimidação;
V - Cassação do direito ao exercício profissional. IV - Realizar ato sob emprego real de força física;
§ 1º - A advertência verbal consiste na admoestação ao in- V - Ter confessado espontaneamente a autoria da infração.
frator, de forma reservada, que será registrada no prontuário do
mesmo, na presença de duas testemunhas. Art. 123 - São consideradas circunstâncias agravantes:
§ 2º - A multa consiste na obrigatoriedade de pagamento de I - Ser reincidente;
01 (uma) a 10 (dez) vezes o valor da anuidade da categoria profis- II - Causar danos irreparáveis;
sional à qual pertence o infrator, em vigor no ato do pagamento. III - Cometer infração dolosamente;
§3º - A censura consiste em repreensão que será divulgada nas IV - Cometer a infração por motivo fútil ou torpe;
publicações oficiais dos Conselhos Federal e Regional de Enfer- V - Facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impuni-
magem e em jornais de grande circulação. dade ou a vantagem de outra infração;

Didatismo e Conhecimento 184


CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/ Assistente em Administração
VI - Aproveitar-se da fragilidade da vítima;
VII - Cometer a infração com abuso de autoridade ou violação
do dever inerente ao cargo ou função;
VIII - Ter maus antecedentes profissionais.

CAPÍTULO VI
DA APLICAÇÃO DAS PENALIDADES

Art. 124 - As penalidades previstas neste Código somente po-


derão ser aplicadas, cumulativamente, quando houver infração a
mais de um artigo.
Art. 125 - A pena de advertência verbal é aplicável nos casos
de infrações ao que está estabelecido nos artigos: 5º a 7º; 12 a 14;
16 a 24; 27; 30; 32; 34; 35; 38 a 40; 49 a 55; 57; 69 a 71; 74; 78; 82
a 85; 89 a 95; 98 a 102; 105; 106; 108 a 111 deste Código.

Art. 126 - A pena de multa é aplicável nos casos de infrações


ao que está estabelecido nos artigos: 5º a 9º; 12; 13; 15; 16; 19;
24; 25; 26; 28 a 35; 38 a 43; 48 a 51; 53; 56 a 59; 72 a 80; 82; 84;
85; 90; 94; 96; 97 a 102; 105; 107; 108; 110; e 111 deste Código.

Art. 127 - A pena de censura é aplicável nos casos de infrações


ao que está estabelecido nos artigos: 8º; 12; 13; 15; 16; 25; 30 a 35;
41 a 43; 48; 51; 54; 56 a 59; 71 a 80; 82; 84; 85; 90; 91; 94 a 102;
105; 107 a 111 deste Código.

Art. 128 - A pena de suspensão do exercício profissional é


aplicável nos casos de infrações ao que está estabelecido nos ar-
tigos: 8º; 9º; 12; 15; 16; 25; 26; 28; 29; 31; 33 a 35; 41 a 43; 48;
56; 58; 59; 72; 73; 75 a 80; 82; 84; 85; 90; 94; 96 a 102; 105; 107
e 108 deste Código.

Art. 129 - A pena de cassação do direito ao exercício profissio-


nal é aplicável nos casos de infrações ao que está estabelecido nos
artigos: 9º; 12; 26; 28; 29; 78 e 79 deste Código.

CAPITULO VII
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 130 - Os casos omissos serão resolvidos pelo Conselho


Federal de Enfermagem.

Art. 131- Este Código poderá ser alterado pelo Conselho Fe-
deral de Enfermagem, por iniciativa própria ou mediante proposta
de Conselhos Regionais.
Parágrafo único - A alteração referida deve ser precedida de
ampla discussão com a categoria, coordenada pelos Conselhos Re-
gionais.

Art. 132 - O presente Código entrará em vigor 90 dias após


sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 08 de fevereiro de 2007.

Didatismo e Conhecimento 185

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