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Sumário:

- Introdução à dinâmica: força, unidade S.I de força.


- 1ª Lei da Newton. Referencial de Inércia, massa inercial e
princípio da independência das forças.
- Massa inercial e princípio da independência das forças. 3ª Lei da
Newton.
- Forças diretamente aplicadas e forças de ligação: peso de um
corpo e força elástica.
- Forças de restrição ao movimento. Força normal ao movimento.
Força de atrito.
1
 Introdução à dinâmica

Dinâmica: porque se move?

Estudo da relação entre o movimento de um


corpo e as causas desse movimento.

O movimento de um corpo é o resultado directo da sua interacção


com os outros corpos que o rodeiam.

Esta interacção de um corpo com outros corpos, a qual altera o


seu estado de movimento, é convenientemente descrita pelo
conceito de força.

20
 Introdução à dinâmica

As leis que descrevem os


movimentos de um corpo foram
formuladas por Isaac Newton, em
1665-66.
Os resultados foram publicados,
Newton (1642-
em 1687, no livro “Philosophiae
1727) Naturalis Principia Mathematica”.

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 Introdução à dinâmica

As leis físicas, introduzidas por Newton, estão


alicerçadas em observações experimentais e os
Principia é a primeira exposição sistemática e
rigorosa, sob o ponto de vista matemático, da
Mecânica.

As leis de Newton deixam de ser


válidas em dois limites:
 dinâmica de sistemas com dimensões da ordem das
dimensões atómicas (≈10-10 m ► física quântica);

 dinâmica de sistemas com velocidades próximas da


velocidade da luz (≈ 3x108m/s ► relatividade).
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 Introdução à dinâmica

Mecânica newtoniana

A formulação newtoniana assenta em quatro conceitos funda-


mentais:
 espaço (noção entendida de forma intuitiva);
 tempo – medida de sucessão de acontecimentos. É uma
entidade absoluta e capaz de ser definida por qualquer
observador;
 massa – é utilizada de forma intuitiva mas requer para a
sua elaboração e compreensão o uso das leis de Newton;
 força.

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Força
- Da experiência podemos afirmar que só é possível alterar a velocidade
de um corpo se ele interatuar com outros corpos na sua vizinhança. Esta
interação entre corpos, que pode alterar a velocidade dos corpos,
traduz-se pelo conceito de força;

- A alteração de velocidade de um corpo devido à ação de uma força não


depende apenas da intensidade da força, também da sua direção e
sentido. A força é uma grandeza vetorial;

- Para que um corpo exerça uma força sobre outro não é necessário que
entre os dois haja contacto. Existem forças que determinados corpos
exercem sobre outros, mesmo que os corpos estejam separados uns dos
outros por uma dada distância (interação à distância). Na interação à
distância o conceito de campo atua como um agente intermediário (por
ex:campo gravitacional, magnético, electrico, etc.)
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Força
Força é toda a causa capaz de alterar o estado cinético, isto é, o
movimento ou de repouso de um corpo.
Desloca para a Desloca para a Desloca para cima Desloca para
direita esquerda cima e direita

Unidade S.I – Newton (N)

As forças têm todas a mesma intensidade mas são diferentes (produzem efeitos
diferentes).

Propriedades da força
 é sempre aplicada por um objecto noutro;

 é caracterizada pela sua intensidade e direção;

 existem sempre aos pares;

 é sempre possível combinar (somar) os efeitos das forças.

23
 Força

As forças aplicadas a um corpo


dividem-se habitualmente
em forças de contacto e
forças à distância.

Forças de contacto – envolvem


contacto a nível macroscópico
entre dois corpos.

Forças à distância (ou forças de


campo) – atuam através do
espaço vazio (não é necessário
contacto físico.

24
1ª lei de Newton
1ª lei de Newton ou Lei da inércia

Uma partícula livre, isto é, uma partícula que não está sujeita
a qualquer força (ou, o que é equivalente, que está sujeita a
um sistema de forças de resultante nula), ou está em repouso
( v  0 ), ou se move com movimento rectilíneo e uniforme
( v  const . ).

https://youtu.be/s09dy2a7omI

25
1ª lei de Newton ou lei da inércia

A lei da inércia contém as seguintes noções fundamentais:


 O conceito mecânico de força como agente da modificação do estado de
repouso ou de movimento de um corpo. Com efeito, a partir da lei da
inércia, podemos concluir que o único processo de modificar a velocidade
de um corpo é pela ação de uma força exterior não nula. Note-se que
sendo a velocidade uma grandeza vetorial basta variar um só dos seus
parâmetros – direção, sentido e intensidade – para que haja variação da
velocidade.

O conceito de inércia como uma propriedade geral e intrínseca de todos


os corpos. Inércia é a tendência que todos os corpos têm para permanecer
em repouso ou em movimento retilíneo e uniforme.

26
1ª lei de Newton

A lei da inércia contém as seguintes noções fundamentais:


 Se um corpo está em repouso, permanecerá nesse estado
indefinidamente, a menos que uma força (ou um conjunto de forças de
resultante não nula) actue sobre ele e o obrigue a alterar esse estado. Por
exemplo, um corpo em repouso no tampo horizontal de uma mesa é
incapaz de se pôr em movimento por si próprio. Tal passividade constitui a
chamada inércia no repouso.

Se um corpo está em movimento e, num dado instante cessam as forças


que atuam sobre ele, ficará desde então animado de movimento retilíneo e
uniforme, porque por si só não pode modificar a velocidade, quer em
módulo quer em direção. É a inércia no movimento.

27
1ª lei de Newton

 A equivalência entre o estado de repouso e o estado de movimento


retilíneo e uniforme.

Do ponto de vista físico, não existe diferença entre repouso e


movimento com velocidade constante. Ambos os estados requerem
uma força resultante nula

28
Referencial de inércia

Como movimento e repouso são conceitos relativos que só fazem


sentido quando referidos a um referencial específico, escolhido pelo
observador, é legítimo perguntar em relação a que referencial ou
sistema de referência é que um corpo, não atuado por forças ou
atuado por um sistema de forças de resultante nula, está em
repouso ou em movimento retilíneo e uniforme, isto é, em que
referencial é válida a lei da inércia.

29
Referencial de inércia

Um referencial onde a 1ª lei de Newton é válida é designado por


referencial de inércia ou referencial inercial.
É um referencial em relação ao qual a  0 , para todo e qualquer corpo

sujeito a uma força resultante nula ( F  0 ).

Um observador fixo num referencial de inércia designa-se por observador


de inércia ou observador inercial.

Qualquer referencial que se mova com uma velocidade constante (ou


seja, com movimento de translação uniforme) relativamente a um
referencial de inércia é também um referencial inercial

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Referencial de inércia

Do ponto de vista prático, mais do que saber se um referencial é ou não


inercial, interessa saber se um referencial é, ou não, suficientemente
inercial para uma dada aplicação.

De acordo com o valor da sua aceleração, um dado referencial pode ser


considerado de inércia para determinados fenómenos e ser considerado
não inercial ou acelerado para outros fenómenos.

A Terra, apesar de ser um corpo acelerado, é um referencial


suficientemente inercial para a descrição de fenómenos de curta duração,
como, por exemplo, o movimento de projéteis. Não pode ser considerada
como referencial não inercial no estudo de fenómenos de longa duração,
como, por exemplo, os movimentos celestes.

31
 Segunda lei de Newton

A segunda lei de Newton estabelece a relação entre


força, massa e aceleração.

2ª lei de Newton ou Lei fundamental da dinâmica

Relativamente a um referencial inercial, uma


partícula com massa m, sobre a qual se exercem
forças com resultante F ,sofre uma aceleração
dada por:  F  ma

2
 Segunda lei de Newton

Unidade SI: newton – N


Unidade CGS: dyne – dyn
1N=(1kg)(1ms-2)= 1kg ms-2
1 dyn=1 g cms-2

1 N – força que comunica a um corpo, de massa igual a


1 quilograma, uma aceleração de 1 metro por segundo
quadrado.

3
 Segunda lei de Newton

Se considerarmos a aceleração expressa em função das


suas componentes normal e tangencial,

a  at tˆ  an nˆ   F  m(at tˆ  an nˆ ) 

 F ma tˆ  ma nˆ   F   F tˆ  F nˆ
t n t n

4
 Segunda lei de Newton

Pelo que,

 F tˆ  ma tˆ
t t e  F nˆ  ma nˆ 
n n

 ˆ dv ˆ
Ft t  m t e
dt  F nˆ  m  nˆ
n
v2

Responsável pela variação Responsável pela variação


do módulo do vetor da direção do vetor
velocidade velocidade

6
 Massa inercial

Resulta da 2ª lei de Newton que:

dv dv
Como, a , tem-se a  0   0  v  const.
dt dt

Então, da 2ª lei de Newton, pode concluir-se que se a


resultante das forças que atuam numa partícula for nula, ela
move-se com velocidade constante. Quer dizer: a partícula ou
está em repouso ou em movimento retilíneo e uniforme.

6
 Massa inercial

A grandeza escalar positiva, m, que figura na expressão da lei


fundamental da Dinâmica (  F  ma ) mede a inércia da partícula, ou
seja, a resistência que a partícula oferece à alteração da sua
velocidade. É, por isso, designada por massa inercial.

7
 Massa inercial

Com efeito, a expressão da lei fundamental pode escrever-


se na forma escalar:

m
 F
a

Esta relação mostra que para uma partícula, sujeita a uma força de
intensidade F , a grandeza da aceleração adquirida, a ,será tanto
menor quanto maior for a massa, m, da partícula.

8
 Massa inercial

Como essa aceleração é também


tanto menor quanto maior for a
sua inércia (oposição à variação de
velocidade), pode-se definir a
massa inercial de uma partícula
como a medida da sua inércia.

10
 Princípio da independência das forças

Quando várias forças atuam sobre uma partícula


material, cada uma comunica-lhe a aceleração
correspondente, independentemente de todas as outras.

A aceleração resultante, do corpo, é a soma vetorial das várias


acelerações independentes. Este princípio significa que se
várias forças F1, F2 , F3 ,..., Fn , atuam sobre uma partícula de
massa m, há dois processos para calcular a aceleração final,
que conduzem exatamente ao mesmo resultado:

11
 Princípio da independência das forças

Calculam-se as acelerações a1, a2 , a3 ,..., an , que cada uma das


forças comunica ao corpo: F1, F2 , F3 ,..., Fn ,

F F F F
a1  1 , a2  2 , a3  3 , ...,, an  n
m m m m

A aceleração total adquirida pelo corpo é então dada por:


a  a1  a2  a3  ...  an

12
 Princípio da independência das forças

Calcula-se a resultante das forças que atuam na


partícula:
n
 Fi  F1  F2  F3  ...  Fn
i 1

e, a partir dela, obtém-se a aceleração resultante


comunicada ao corpo: n
 Fi
a  i 1
m
13
 3ª Lei de Newton
A terceira lei de Newton estabelece as características de
qualquer par de forças que traduzem uma interação.

3ª lei de Newton ou Lei da Ação-Reação

Sempre que uma partícula material exerce uma força


sobre outra, esta exerce sobre a primeira uma força com
a mesma intensidade e linha de ação, mas com sentido
oposto à que a primeira exerce sobre ela.

14
 3ª Lei de Newton

Assim, sempre que existe uma interação entre duas


partículas A e B, há duas forças em jogo: a força que A
exerce sobre B, FB , A , e a força que B exerce sobre A, FA, B .
Estas forças têm a mesma linha de ação, a mesma
intensidade e sentidos opostos; contudo estão aplicadas em
partículas diferentes.
As forças FA, B e FB, A , que traduzem a ação recíproca e
simultânea entre os dois corpos, constituem um par ação-
reação.
15
 3ª Lei de Newton

16
 3ª Lei de Newton

17
 3ª Lei de Newton
Quatro observações importantes a registar relativamente à
terceira lei de Newton:
1. A lei da ação e reação é válida para todas as interações quer sejam
por contacto ou à distância e quer os corpos estejam em repouso ou em
movimento.

2. Não existe qualquer diferença na natureza das duas forças que


constituem um par ação-reação. Assim, não interessa qual destas forças
é considerada a ação e qual é considerada a reação. O que é importante
é que uma não pode existir sem a outra.

18
 3ª Lei de Newton

3. As forças do par ação e reação nunca se poderão anular uma à


outra porque estão aplicadas em partículas diferentes.

4. Apesar das forças do par ação-reação terem a mesma intensidade,


os seus efeitos podem não ser igualmente observáveis. Por exemplo,
quando uma maçã cai para a Terra, impelida pela força de atração
gravítica que esta exerce sobre ela, a Terra também se aproxima da
maçã ("cai" para a maçã), puxada pela força de atração gravítica que
a maçã exerce sobre ela.

19
 3ª Lei de Newton
4. (cont.) As forças que se exercem nos dois corpos (Terra e maçã)
têm a mesma intensidade, mas as acelerações produzidas por elas são
muito diferentes; a aceleração que a Terra sofre, na direção da maçã, é
extremamente pequena, devido à sua enorme massa. O efeito da força
que a maçã exerce sobre a Terra não é, portanto, observável.

20
 Forças diretamente aplicadas

As forças que podem atuar sobre uma partícula material podem


ser agrupadas em dois tipos distintos:
 forças diretamente aplicadas;
 forças de restrição ao movimento.

Exemplos de forças diretamente aplicadas:


 o peso de um corpo;
 a força de uma mola elástica;
 a força de atração ou repulsão elétrica;
 a força exercida por um taco numa bola de bilhar.
Fg  maC

22
 Forças de restrição ao movimento

Exemplos de forças de restrição ao movimento:


I. forças de ligação perpendiculares às possíveis direções do
movimento, e que assim impõem restrições à trajetória do
corpo, como por exemplo,
(i) reacção normal de um plano sobre um corpo nele assente;
(ii) tensão no fio de um pêndulo;

23
 Forças de restrição ao movimento
Exemplos de forças de restrição ao movimento:
II. força de ligação tangente à trajetória – o atrito – que exprime a
maior ou menor dificuldade que um corpo tem para deslizar sobre
outro;
(i) atrito dos pneus de um automóvel numa estrada que impede
que ele “derrape” nas curvas;
(ii) atrito que impede um caixote de escorregar ao longo de uma
ladeira;
Rn

Fa
C
Fa Fa maC

Fg

 24
 Forças diretamente aplicadas: peso de um corpo

As forças aplicadas são independentes entre si e atuam


independentemente das ligações ou vínculos e, portanto, das forças de
ligação.
Exemplo: peso de um corpo (no campo gravítico terrestre).

O peso de um corpo situado à superfície da Terra, ou nas proximidades


desta, é a força gravitacional com que o corpo é atraído para a Terra.

25
 Forças directamente aplicadas: peso de um corpo

A atração gravitacional entre um corpo e a Terra é


traduzida pelo par de forças ação-reação indicado na
figura ao lado.

Destas, apenas a força P actua sobre o corpo e será


apenas dela que dependerá o movimento do corpo (a
força - P actua sobre a Terra e, portanto, apenas pode
determinar o movimento desta).

Sendo a aceleração da gravidade devida à atração da


Terra sobre o corpo e, sendo m a massa do corpo, tem-
se, de acordo com a segunda lei de Newton:
P  mg

26
 Forças directamente aplicadas: peso de um corpo

Como aproximação válida nas situações que nos


interessam, pode considerar-se que g é um vetor com:
 a direção da reta que une o ponto material (que
representa o corpo) ao centro da Terra, no sentido
corpo-Terra.
 grandeza constante para determinada região do espaço.

27
 Forças diretamente aplicadas: força elástica

r y
Rn

r
Forças elásticas
Fg
r • força a que fica sujeito um corpo ligado a uma
Rn mola elástica
r Quando sujeita à força que a mola elástica
Fe
exerce sobre o corpo, este executa um
r
Fg movimento retilíneo segundo o eixo dos xx’
r
r Rn
Origem do eixo xx’ - ponto onde se encontra o
Fe
corpo quando a mola está na posição de
r equilíbrio.
Fg
28
 Forças diretamente aplicadas: força elástica

Sentido positivo do eixo xx’ – sentido da


r
Rn
y distenção da mola.

x
Experimentalmente verifica-se que a Fe tem as
r
Fg seguintes características:
r
 na posição de equilíbrio, x=0 , a mola não está
Rn
r distendida nem comprimida e Fe  o .
 sempre que o corpo se encontra numa posição em
Fe
r
Fg que a mola está comprimida, x<0 , Fe aponta no
r
sentido positivo do eixo xx’.
r Rn
Fe  sempre que o corpo se encontra numa posição em

que a mola está distendida, x>0 , Fe aponta no


r
Fg sentido negativo do eixo xx’.

29
 Forças diretamente aplicadas: força elástica

A intensidade da Fe , isto é, Fe , é proporcional a grandeza


da compressão ou distensão da mola, x .

ou como, neste caso, Fe e x têm a direção do eixo xx’, isto


é
 Fe   k x Fe  k x

30
 Forças diretamente aplicadas: reação normal

I. Forças de ligação normais ao movimento


Sempre que um corpo está sujeito a uma ligação, o efeito
desta traduz-se por uma força de ligação que atua no corpo e
que vai condicionar o movimento do mesmo. Consideremos
alguns exemplos:

(i) Corpo assente sobre a superfície horizontal de uma mesa


Um corpo assente na superfície de uma mesa está sujeito a
uma ligação a essa superfície. Esta ligação impede o
movimento livre do corpo. O movimento do corpo é um
movimento condicionado, pois só pode ocorrer na superfície da
mesa.
31
 Forças diretamente aplicadas: reação normal

Ao atingir uma extremidade da mesa, o corpo


fica livre da ligação ou vínculo à mesa. Cai,
então, livremente, até acabar por ficar sujeito a
nova ligação ou vínculo por parte do soalho.

As ligações ou vínculos originam as forças de ligação. O caso


do corpo ligado à mesa, essa força de ligação, que impede
que o corpo atravesse a superfície da mesa caindo sobre a
acção do seu peso, é a reacção normal, , que a mesa exerce
sobre o corpo.

32
 Forças diretamente aplicadas: reação normal

As forças que atuam sobre o corpo são:


 a reação normal, , exercida pela mesa (força de
ligação).
 o peso do corpo, (força aplicada).
Esta última força atua independentemente do facto do
corpo estar sujeito ou não a uma ligação à mesa.
Como o corpo está em equilíbrio sob a ação destas duas
forças, tem-se:

Logo,

33
 Forças diretamente aplicadas: reação normal

(ii) Corpo assente sobre um plano inclinado

A força de ligação (reação normal), perpendicular à


superfície de ligação anula o efeito da componente do peso P,
normal à mesma superfície, ou seja:

N  mg cos 

34
 Forças diretamente aplicadas: tensão

(iii) Corpo em equilíbrio suspenso por um fio


O fio exerce sobre o corpo em equilíbrio uma força de ligação –
a tensão T que impede que ele caia sob a acção do peso P .
Como o corpo está em equilíbrio sob a acção destas duas
forças, tem-se: T  P  0

Logo,
T  P

35
 Forças diretamente aplicadas: tensão

Se o corpo for afastado da sua posição de equilíbrio, ele


passa a descrever a trajetória representada a tracejado na
figura ao lado.
– descreve o arco de circunferência de raio igual ao
comprimento do fio;
– por estar sujeito às forças T (normal à trajetória e variável
ao longo desta) e P .

36
 Forças diretamente aplicadas: força de atrito

II. Força de ligação tangente à trajetória : o atrito – que


exprime a maior ou menor dificuldade que um corpo tem para
deslizar sobre outro;

 A força de atrito é uma força de resistência que se opõe ao


movimento relativo de um corpo sobre outro, com o qual está
em contacto.

 O sentido das forças de atrito será sempre oposto ao sentido


do movimento relativo dos corpos em contacto.

37
 Forças diretamente aplicadas: força de atrito

Quando se aplica a força F ao corpo A, o corpo B tende a


deslocar-se para a esquerda (relativamente a A).
A força de atrito que o corpo A exerce no corpo B, Fa , tem
sentido contrário ao do movimento de B relativo a A e,
portanto, aponta para a direita.

38
 Forças diretamente aplicadas: força de atrito

As forças de atrito manifestam-se quando se observam,


simultaneamente, as condições seguintes:
 os corpos estão em contacto e comprimem-se
mutuamente;
 os corpos apresentam rugosidades superficiais;
 os corpos estão em movimento relativo ou, pelo
menos, estão a ser solicitados a mover-se em
movimento relativo.

39
 Forças diretamente aplicadas: força de atrito

Corpo em repouso
Consideremos um corpo, em repouso, assente sobre uma
superfície horizontal (figura ao lado).
O corpo está sujeito ao seu peso, P , e à reação normal
exercida pela superfície de apoio, N .
Como o corpo está em repouso (equilíbrio estático), a
resultante,
 F , das forças que actuam sobre ele deve
ser nula: NP0

Logo:
P  N
40
 Forças diretamente aplicadas: força de atrito
Corpo em repouso
Suponhamos que aplicamos ao corpo uma força horizontal, F,
dirigida para da esquerda para a direita, com o objetivo de o
colocar em movimento (figura ao lado).
Se a força for pouco intensa verificamos que o corpo não se
move. Isto significa que a resultante das forças que nele
atuam continua a ser nula.

Fa

41
 Forças diretamente aplicadas: força de atrito

Como a resultante das forças P, N e F nunca pode ser nula, temos


de admitir que, para além destas forças, tem de existir uma outra
força a actuar sobre o corpo: essa força é a força de atrito
estático, Fa .
Esta força é uma força de ligação (surge por haver contato entre
a superfície do corpo e a superfície de apoio) com a mesma
direcção e a mesma intensidade da força, com sentido oposto
àquele segundo o qual o corpo tenderia a mover-se se não
existisse atrito ( Fa  F ).
Como o corpo permanece em repouso, tem-se: P  N  F  Fa  0
42
 Forças diretamente aplicadas: força de atrito
Corpo em repouso
Se fizermos aumentar continuamente a intensidade da
força F aplicada ao corpo (figura ao lado), a intensidade da
força de atrito Fa vai aumentando também e enquanto o
corpo permanecer em repouso, tem-se:

e, portanto:

P   N e Fa   F

P  N  F  Fa  0

43
 Forças diretamente aplicadas: força de atrito

Enquanto não houver movimento, a intensidade da força de


atrito Fa é igual à intensidade da força F aplicada ao corpo.
Se aumentarmos a intensidade da força, a intensidade da
força de atrito aumenta também mas, em determinado
momento, torna-se eminente o escorregamento do corpo
sobre a superfície (figura ao lado).
Nesse momento, ou seja,
imediatamente antes do corpo
entrar em movimento, a força de
atrito estático atinge o seu valor
máximo: Fa  Fa,max
44
 Forças diretamente aplicadas: força de atrito

Experimentalmente verifica-se que a intensidade da força de


atrito estático máxima é proporcional à intensidade da
reação normal, N , podendo escrever-se:

Fa,max  e N

onde e é o coeficiente de atrito estático entre as superfícies


em contacto (grandeza sem dimensões que depende das
características das superfícies em contacto).

Portanto, conclui-se que: 0  Fa  Fa, max


45
 Forças diretamente aplicadas: força de atrito

O bloco permanece em repouso enquanto Fa  Fa, max .

A força mínima, Fmin , necessária para iniciar o movimento


relativo de dois corpos inicialmente em contacto e em
repouso relativo tem, portanto, uma intensidade dada por:

Fmin  Fa, max  e N

46
 Forças diretamente aplicadas: força de atrito

Experimentalmente verifica-se que:


 a força de atrito estático depende da natureza das
superfícies em contacto;
 a força de atrito estático é praticamente
independente da área da superfície de contacto.

A interação entre as superfícies é tanto maior quanto


maior for a força normal que pressiona uma superfície
contra a outra.
47
 Forças diretamente aplicadas: força de atrito

A partir do momento em que o corpo entra em movimento


fica sujeito a um segundo tipo de força de atrito: força de
atrito cinético Fc .
Para duas superfícies dadas, a intensidade da força de
atrito cinético depende também de N e pode escrever-se
como:
Fc  c N

48
 Forças diretamente aplicadas: força de atrito

De um modo geral, tem-se c  e , o que significa que


normalmente a força de atrito cinético é menor do que a
força de atrito estático máxima, ou seja:

Fc  Fa, max

Enquanto, a força de atrito estático impede que um corpo


em repouso inicie qualquer movimento, a força de atrito
cinético surge quando existe movimento relativo entre dois
corpos em contacto.

49
https://youtu.be/C9iwevyIj9s

 Forças diretamente aplicadas: força de atrito

Experimentalmente verifica-se que:

 a força de atrito cinético depende da natureza das


superfícies em contacto;
 a força de atrito cinético é praticamente
independente da área da superfície de contacto;
 a força de atrito cinético é independente da
velocidade relativa das duas superfícies, se esta não
for muito elevada.

50

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