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Luk Dim Boon Kwan 六點半棍

Bastão Wing Chun de seis partes e 1/2

Bastão extra longo para ataques de alta precisão, utiliza


movimentos explosivos e de alto impacto. Foi desenvolvido para
uso em corredores, túneis e pórticos estreitos. Sua origem
remonta a o inicio da dinastia Sung (960-1279), mas foi no
sistema Wing Chun que essa arma ganhou popularidade e nova
releitura de uso. Entre outras funções o treinamento do Luk Dim
Boon Kwan como assim é chamado visa fortalecer fisicamente
os praticantes, fornecer uma visão de combate à longa distância
e potencializar o deslocamento e controle da energia “chi”
através do bastão, permitindo uma melhor compreensão da
linha central de ataques, que é à base de desenvolvimento do
Wing Chun. O uso do bastão longo se diversificou com o passar
do tempo e ganhou popularidade no Kung Fu, seu crescimento
e difusão para o ocidente se deu somente a partir de 1950, com
a imigração dos chineses para o ocidente.
A forma desse bastão é simples, mas executa-lo da maneira
correta requer muito treino e estudo, pois seus fundamentos
utilizam o conceito dos quatro quadrantes de projeções lineares
onde a energia “chi” se desloca pelo bastão e é descarregada
no outro extremo da arma.
Uma linha central de movimentos seguido por dois eixos
secundários de deslocamento contemplam o conjunto inercial
das técnicas.
A história sugere que o bastão extra longo foi introduzido na
prática marcial do século XIX de
kung fu provavelmente como
resultado de pessoas que viviam e
treinaram em barcos fluviais no sul
da China.
Devido ao seu longo tamanho ele
seria usado para empurrar
pequenas embarcações nos piers chineses, uma adaptação
muito conveniente usada pela tripulação que atravessavam
rasas vias fluviais diariamente.
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Alguns historiadores dizem que o bastão Wing Chun foi
inspirado no bastão longo do Hungar e modificado parcialmente
pelo mestre Yip Man. A forma de treinamento desse bastão no
estilo Wing Chun contempla somente seis técnicas diferentes,
que são repetidas em várias direções.
Os mestres da arte dizem que, é muito mais fácil de aprender o
Bart Chan Dao (Facas Borboletas) que tem mais de 100
técnicas de cortes combinados, do que dominar as arremetidas
do bastão do Wing Chun.
A forma de treinar o Luk Dim Boon Kwan ajuda o praticante a
ganhar força tanto nas pernas como nos braços, isto porque a
postura tradicional do cavalo é usada para a maioria das formas
que acrescenta considerável pressão extra nas pernas.
A postura de treinamento desse bastão exige muita força nos
braços, visto que a posição de guarda e de ataques se
manterem constantes e após alguns minutos, já se pode sentir o
peso da arma que parece aumentar à medida que o treinamento
prossegue. O comprimento padrão do bastão Wing Chun é de
2,65 m a 3 m variando de 14 cm de diâmetro em sua base a 2,5
cm em sua ponta, dependendo da escola que o utiliza,
assemelhando-se às vezes a um enorme taco de sinuca.
Porém, para uma prática mais aprimorada, uma vez e meia a
altura do praticante é uma regra geral.
Esse afunilamento foi feito para compensar o peso considerável
do bastão que gera grande esforço para mate-lo alinhado visto
que, 75% da massa do bastão não são tocadas pelo praticante
gerando um grande desbalanceamento entre o conjunto de
massa e a área de controle que permitem lançar o bastão para
ataque. Por causa dessa característica acabou ganhando o
nome popular de Vara do pescador semelhante a um caniço e
bastão “ sue mai Kwan ou rabo de rato devido ao estreitamento
semelhante ao rabo deste pequeno roedor.
Quando visto pela primeira vez o conjunto de pés nas posturas
de suporte à arma parece destoar completamente do núcleo de
formas de mão do Wing Chun, e foi ate sugerido por alguns
estudiosos que a técnica de Luk Dim Boon Kwan representaria
um estágio superior de desenvolvimento do wing Chun vindo de
outros sistemas pré-existentes de kung fu, uma alternativa a
teoria comum do uso de longas varas em barcos fluviais
chineses.
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Dizem que os ataques quando devidamente aplicados desse
bastão podem ser sentidos como uma força de mil quilos, isso
ocorre porque os movimentos são muito curtos e rápidos,
promovendo uma interceptação direta da arma inimiga.
Ser atingido por um impulso tão poderoso com a pequena
extremidade desse bastão equivale a um projetil de grande
poder de parada onde poucos adversários conseguem suportar.
Como a postura do praticante é baixa a técnica permite ao
praticante cobrir boa parte do corpo com movimentos muito
menores. Esse bastão é usado com poder explosivo e estoura
no alvo muito mais que um bastão comum pode oferecer, e
apesar do grande poder de impacto seus golpes são precisos e
muito silenciosos.
Como introdução a prática o estudante deve praticar um
exercício chamado Che Gwan Kuen que significa; bastão
empurrando e puxando soco que serve para projetar o bastão
nas arremetidas.
Para um artista marcial ter conhecimento do Luk Dim Boon
Kwan permite ao praticante se valer de qualquer objeto longo
como arma, pois os mesmos conceitos de projeção, estocadas e
desvios se aplicam da mesma forma a uma variedade imensa
de objetos.

Existem três técnicas ou sequencias principais de treinamento


no Wing Chun que são praticadas em todo mundo que são:

1º - Luk Dim Boon Kwan do Yip Man conhecida como pólo de


seis pontos e meio. ( técnica mais divulgada no ocidente )

2º - Luk Dim Boon Kwan da tradição Chi Sim Wing Chun vinda
de Tang Yik.

3º - Som Dim Boo Kuam praticado pelas linhagens da aldeia


Gulo.

Cada técnica é distinta entre si e cada estilo possui assinaturas


próprias, embora compartilhem das mesmas virtudes das armas
e conceito como: projeção, deslocamento de energia e
chicoteamento.

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De que madeira é feita o Luk Dim Boon Kwan

A madeira mais utilizada para confecção desse bastão


originalmente era o Quan Din, um tipo de madeira retirada dos
mastros dos barcos e que duram até 100 anos de idade.

Dizem que essa madeira é densa e que seus poros oferecem


grande resistência a penetração de humidade podendo
permanecer semanas debaixo da agua sem demonstrar
deformidade ou absorção de água. Atualmente o Luk Dim Boon
Kwan é fabricado nas mais diversas madeiras observando
apenas o critério de densidade e deformidade a partir do
torneamento. Qualquer deformação no bastão por menor que
seja o torna impróprio para a prática.
Os bastões mais longos e pesados são usados frequentemente
para o desenvolvimento da força, exigindo do praticante uma
quantidade considerável de energia superior do corpo apenas
para mantê-lo em linha reta por longas horas. A maior virtude do
treinamento desse bastão sem dúvida é a técnica de
transferência de energia onde uma das mãos segura à base do
bastão enquanto a outra mão direciona e desloca uma onda
vibratória com a energia chi travando o abdômen, a
energia então é deslocada e
projetada ao
longo do bastão até a outra extremidade. Essa
transferência cinética de energia é muito sutil e
requer muitos anos de aperfeiçoamento para
que produza resultados visíveis. Durante o
aprendizado o praticante começa a
praticar com um bastão mais leve de
modo a poder aprender os movimentos básicos de maneira
correta ganhando força e coordenação para evoluir para formas
mais avançadas e de uso pesado do bastão.
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Como exemplo de precisão, uma vez dominando o Luk Dim
Boon Kwan o praticante pode estourar uma nós no chão com
um único golpe a partir de uma base fixa.
Ao nível de combate, o uso de golpes de alta precisão pode
determinar o fim de uma luta em poucos segundos, pois o que
conta não é a quantidade de movimentos, mas a grande
quantidade de energia e precisão que eles contêm. Lembramos
novamente que não é qualquer bastão que serve para a prática
do Luk Dim Boon Kwan, a construção, tamanho do bastão e
nível de treinamento determinam diferentes modelos em cada
etapa do treinamento podendo variar de 1 a 3 modelos durante
toda a prática de exercícios. Nesse nível de aprendizado
existem alguns fatores a considerar.
A natureza da projeção e as forças de sustentação
dinâmica que envolve a técnica.
Esse conceito tem por base a teoria de sustentação da arma
que é focada na área de apoio ou manobras a que chamamos
zona vermelha. O controle da arma em sua totalidade é
sustentado por essa área que é bem mais robusta do bastão a
fim de prover melhor controle nas manobras e uma melhor
adesão. A mão direita como vista na figura abaixo esticada tem
a função de direcionar a energia através do bastão, enquanto a
esquerda carrega a energia para impulsiona-la.
A ação conjunta de ambas as mãos deve ser simétrica caso
contrário a técnica de disparo de energia não funcionará.

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Os Exercícios e fundamentos associados à prática.
Existem seis exercícios que estão ligados diretamente a prática
do bastão extra longo. Muitos praticantes acreditam que
aprendendo a rotina diretamente, já é possível deter o
entendimento da técnica, contudo por mais repetições que
executem o movimento chamado de “disparo do bastão” jamais
será alcançado. A importância desses exercícios constrói o
alicerce necessário da correta manipulação e desenvolvimento
da energia “chi” permitindo projeta-la através do bastão para o
movimento de explosão de apenas um único golpe. Segundo o
mestre Adriano Azevedo professor de Wing Chun, o treinamento
do bastão longo está alicerçado em seis exercícios.

Descritivo dos seis exercícios de treinamento


01 – Jum Ma - Base preparatória para o uso de bastão, porém é
treinada sem o bastão. O objetivo é criar uma base estável e de
baixo centro de gravidade para sustentar o movimento de
explosão impactado pelo bastão. Apesar de similar a postura do
cavalo a postura base de treinamento é um pouco diferente e
mais curta. Segundo dizem essa base é uma herança dos
tripulantes que impulsionavam longos bastões pelas rasas vias
fluviais mantendo assim um maior equilíbrio em detrimento a
grande força exigida para impulsionar as pequenas
embarcações.

02 – Jum Choi - conhecido como o soco de batalha, base


fundamental para desenvolver o lançamento explosivo do
bastão.
É treinado na base Jum Ma
com o bastão centrado na
linha do peito enquanto
lançamentos consecutivos se
repetem centenas de vezes a
fim de desenvolver o chamado
gatilho de explosão, sem o
qual não será possível aprender a técnica corretamente. Como
os movimentos do Wing Chun são curtos e retos, o conceito da
linha central também é alicerçado nessa premissa.

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Uma grande força nos braços também é gerada pela enorme
massa do bastão sustentado apenas pela extremidade, mas que
no final do treinamento permite um controle perfeito da arma.

03 – Tiu Gwon / Dan Gwon são exercícios que visam preparar o


praticante para o uso do bastão de forma ativa (ação defensiva).

04 – Lan Gwon / Dan – segundo grupo de exercício para


preparação do uso prático do bastão

05 – Biu Gwon - Exercício de disparo do bastão, principal


exercício de desenvolvimento onde a força explosiva é
aprimorada visto que a técnica tem apenas um golpe certeiro
que por regra deve ser o suficiente para tirar o oponente de
ação. Por ser um golpe previsível devido à postura preparatória
não existe margem para erros, e cada movimento deve ser
preciso e certeiro.

06 – Chi Gwon – Exercício de sensibilidade de


energia. Nessa fase o nível de controle da
arma permite sentir a força da arma do
adversário através do “toque” quando
defrontada com outra arma de igual
proporção. É considerada a fase onde a
energia “chi” flui através do bastão e estoura
no adversário.
Por isso a expressão disparo do bastão é
referenciada, pois esse modo permite
descarregar uma quantidade gigantesca de
energia com um golpe curto capaz de quebrar
uma nós a centímetros de distância.
Uma vez exercitadas as premissas de
treinamento, algumas escolas adentram direto
na pratica da rotina sem explicar devidamente
os elementos construtivos do bastão.
Todo fundamento do Luk Dim Boo Kwan está
alicerçado no próprio nome que se traduz
como bastão de seis partes e meia ou seis
pontos e meio.

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Rotina de treinamento Luk Dim Boo Kwan
Considerada a forma principal da técnica é composto por
apenas uma rotina. Engloba todos os conceitos dos seis pontos
e meio que alicerça toda teoria da arma. Vários estilos de kung
fu atualmente utilizam o bastão extra longo de forma diferente e
com concepções independentes.
A prática desse bastão aumenta o uso da inteligência
estratégica, e apesar de ser impossível seu uso como
instrumento do cotidiano ou de defesa pessoal, pois a
previsibilidade de ataque da arma faz com que o praticante
antecipe como em um jogo de xadrez as ações do adversário
que a chave para qualquer vitória.

Mas o que são os seis pontos e meio


que compõem a técnica?
São técnicas de construção que formam o alicerce fundamental
onde toda rotina se desenvolve e se direciona, atuando nos
chamados; quadrantes de projeção linear. Apesar de usar a
linha central base como diretiva de ações, o bastão se desvia
em linhas retas com quatro pontos de ações para cada técnica
executadas nos quatro pontos cardeais. Alguns mestres afirmam
que seis pontos e meios seriam conceitos que podem ser
aplicados a um numero infinito de técnicas, e que a meia técnica
seria a habilidade de fluir de uma para outra de forma mais
natural.
Conhecendo os seis pontos e meio

1°- Ponto ( Tai ) A terra levanta o Dragão. Colocado ao chão o


bastão é erguido acima do joelho.

2° - Ponto ( Lan ) Apoiado sobre a terra, o dragão olha para o


horizonte. Segurando o bastão o praticante assume a postura
defensiva e olha para a esquerda sobre a linha reta do bastão
para a linha do horizonte.

3° - Ponto ( Dim ) Através do horizonte o Dragão mostra sua


língua. Após calcular e definir o alvo o bastão é disparado em
um golpe único e certeiro.

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4°- Ponto ( Kit ) Defletir o poste na cachoeira - Através da fuga
uma nova postura é assumida com a guarda baixa.

05 - Ponto ( Gwot ) Guarda corta palito, quando o arroz atinge


os pés. Uma esquiva com ataques pontilhados garante um
recuo seguro enquanto a área de avanço inimiga e resguardada.

06 - Ponto ( Wun) Dragão em circulo levanta a cabeça e atinge


virilha. Um golpe de elevação nas áreas baixa atordoa o
adversário.

½ - Ponto – Lao recebe o Dragão e balança a cauda. Não é


uma técnica completa, mas meia técnica, uma fluência que se
resume a meio balanço de recuo com bastão, por isso o nome
meia técnica, pois esse realinhamento ou recuo esta
relacionado com a pratica de todos os demais pontos. Segundo
o mestre Wong Shun Leung o conceito de meia técnica pode ser
interpretado como uma ação emergencial para recuperar a
posição deslocada, realinhando o corpo para uma posição
segura.

Uso do bastão extra longo no Hungar


Adotado como arma curricular do estilo Hungar as técnicas de
uso nesse estilo adotam outra linha de ação. A mão esquerda
direciona as linhas de ataque enquanto a direita exerce forte
pressão no controle de giro permitindo golpes semelhantes a
grande lança de infantaria chinesa.
Possivelmente uma herança dos padrões militares que foram
incorporados a marcialidade chinesa com o passar do tempo.
O estilo Hungar faz uso das chamadas varreduras curtas, uma
técnica semelhante ao uso de
uma vassoura em postura baixa
destinadas a bloquear as bases
de avanço do adversário e faze-lo
tropeçar e cair. As técnicas
permitem também contrapor um
grande numero de armas inclusive as
temidas Hudiedao conhecidas como facas borboletas.

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Na foto abaixo, podemos ver o mestre de Hungar Kwong Wing
executando uma luta com bastão extra longo.

O estilo Hungar adotou uma postura impar para o uso intenso


desse bastão, pois o chamado “afunilamento” não existe e deu
lugar a um bastão de grandes proporções que usa o mesmo
diâmetro de circunferência de uma ponta a outra.
Como consequência, o conjunto de massa regular permitiu esse
estilo explorar o uso de forma muito semelhante ao bastão
comum da maioria dos estilos de kung fu. Outra vantagem do
bastão sem redução de massa é para os chamados “movimento
de açoite” que carregam uma grande energia de impacto e que
permite manobras em todas as alturas com uma enorme riqueza
de movimentos. Tudo indica que o Hungar inovou no quesito
criatividade preservando apenas algumas das antigas
assinaturas que fundamentam o bastão longo.

Conhecendo as assinaturas originais que


Identificam os fundamentos do bastão extra longo

1°- Empunhadura parcial, segurando de forma predominante,


apenas 25% da área total do bastão é utilizado para manobra.

2°- Ataques consecutivos, marteladas curtas projetadas a frente


dos pés do adversário, a idéia e proteger a distância de solo a
frente como chamado escudo de movimentos.

3°- Estocadas curtas da cintura para baixo, tem como objetivo


quebrar as bases do adversário.

4°- Uso defensivo na zona amarela, comum a maioria das


técnicas de bastão que na versão extra longa ganha força pelo
principio de Arquimedes.

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5°- Uso da postura guarda baixa ou postura do general, uma
herança militar das lanças de infantaria que usa o bastão
apoiado no chão com elevação de 45° a 60° para reter fortes
ataques lineares.

6°- Varredura defensiva para esquerda a 45° da linha da em que


se encontra o bastão. No Wing Chum é o elemento base para a
chamada meia técnica dos seis pontos e meio.

7°- Chicoteamento vertical curto, empunhando a zona vermelha


de manobra o bastão açoita com grande energia golpes no
centro da cabeça.

8°- Movimentos fortes e explosivos, essa é uma regra de uso


para esse bastão, independente do estilo esse bastão só pode
ser treinado dessa forma.

Uso do bastão extra longo no Choy Lee Fut


Aprimorado como arma do estilo do Choy Lee Fut, fundado por
Chan Heung em 1836, algumas rotinas derivada do bastão extra
longo foram criadas e incorporadas ao
estilo do tigre assumindo uma identidade
própria e independente. O Choy Lee Fut
apresenta o uso desse bastão manipulando
algumas técnicas semelhantes as do
Hungar mas preservando boa parte da área
de manobra conhecida como “ideal”
correspondente a 25% da área total do
bastão. É provável que essa metodologia já
venha se aperfeiçoando desde a dinastia
Sung (960-1279) onde os primeiros registros do bastão longo
são mencionados. O uso no Choy Lee Fut faz evoluções das
chamadas “linhas alternadas”, uma sucessão de deslocamentos
em várias direções. O uso da força também é uma constante
com golpes potentes e de grande energia. Cada movimento é
enfatizado inclusive a assinatura das picadas de Chão, padrão
em quase todos os estilos que utilizam esse bastão.

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No Brasil uma rotina de bastão longo do Choy Lee Fut é
ensinada pelo mestre Chan Kowk Wai conhecida como; “vara do
pescador”, um nome popular que varia muito de estilo para
estilo, visto que, essa arma possui muitos nomes de batismo.
Existe também uma rotina praticada pela direita chamada:
hu n téng u g n 穿騰左棍 - mais conhecido como 單頭棍 ou
bastão esquerdo que juntamente com a outra forma completa o
treinamento ambidestro permitindo que a força nos braços se
desenvolva de maneira igual e uniforme.
Segundo o mestre Chan Kowk Wai esse Kati foi ensinado por
um monge para o pai de seu professor no Choy Lee Fut e
apesar de haver bastante semelhança com os padrões do
sistema do tigre essa forma não nasceu dentro do estilo. Sua
criação certamente se deu como um visto de necessidade ou
por inspiração onde a ideia de executar a técnica pela esquerda
com certeza é algo inovador para um bastão extra longo.

Nesta foto o Mestre Tadeu Fernandes do Shaolin do Norte


executa manobras com linhas variadas de ação percorrendo o
bastão em linhas furtivas com golpes violentos e muito bem
centrados. Diferente do estilo Wing Chun e do Hungar o Choy
Lee Fut adaptou os movimentos do bastão tradicional para o
bastão extra grande, mantendo inalterada a sustentação de 25%
de apoio em parte da rotina o que representa a segunda
assinatura do bastão extra longo. Tudo indica que o estilo do
tigre já conhecia a chamada sustentação extrema onde
possivelmente o mestre Yip Man através do Wing Chum usou
essa assinatura como elemento base para criar o Luk Dim Boo
Kwan.

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Dificuldade na prática do bastão
extra longo nos dias de hoje
01 – Pouco espaço em academias dificultando a prática.

02 – Dificuldade de carregar a arma e pouco espaço para


armazenamento.

03 – Para obter os melhores resultados a arma tem de ser


personalizada nas medidas de, uma altura e meia com base na
altura do praticante.

04 – Dificuldade de se obter bastões de boa qualidade 100%


retos e afunilados para potencializar a prática.

05 – Dificuldade de achar professores capacitados a ensinar a


técnica com todo seu esplendor.

Vantagens da prática do bastão extra longo


nos dias de hoje

01 – Desenvolve excelente controle de precisão e força nos


braços e mãos com base no controle postural.

02 – Desenvolve noção de distância que se repercute nas ações


do dia a dia desde atravessar uma rua ate desviar-se de um
golpe ou uma agressão.

03 – Permite Antecipar ações do oponente em caso de uma


contenda estabelecendo uma zona segura defensiva

04 - Excelente exercício de coordenação motora ambidestra,


pois o treinamento é feito nos dois lados “esquerdo e direito “

05 – É uma arte diferenciada de alta capacitação que muito


poucas pessoas dominam, classificada como de elevado grau
dentro das artes marciais.

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Altura padrão personalizada do Bastão
.
Existe uma medida de construção dessa arma chamada de;
medida regulamentar. O manejo através dos tempos permitiu o
estudo da altura máxima adequada para a prática a fim de
extrair o melhor rendimento nas manobras.
Normalmente o bastão extra longo em todos os estilos de kung
fu tem por base três vezes a altura entre o cóccix e a cabeça.
O cóccix é um osso multissegmentado que fica localizado na
parte inferior da espinha, logo acima das nádegas.
É relativamente pequeno, mas desempenha papéis importantes
para ajudar a manter a estabilidade do corpo, motivo pelo qual
os chineses determinaram ser essa a melhor distância da
divisão do corpo para estabelecer diferenças equilibradas entre
a parte inferior e superior. Independente do estilo que utiliza o
bastão longo essa regra sempre será a melhor matemática de
dimensionamento para a construção dessa arma.

Diâmetro superior da base do bastão 25mm a 28 mm

O que um modelo correto de bastão proporciona

Maior força nos braço e pernas


Força e controle do núcleo de ação
Aprimora o controle da linha do ombro
Ativa a liberação de energia
Ativa as força em espiral do bastão
Desenvolve um foco disciplinado
Depura os ataques de precisão

Diâmetro inferior da base do bastão 120mm a 140mm

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Nomes conhecidos do bastão extra longo

01- Bastão de Seis Partes e Meia. Luk Dim Boo Kuan, nome
conhecido no estilo Wing Chun.

02- Bastão do Dragão - Chamado no Hungar.

03- Vara do Pescador – Chamado no Choy Lee Fut

04 - Bastão Rabo de Rato – Chamado no Garra de Águia e no


estilo Mizuquan

Texto: Alexandre Riegel

Bibliografia:

Wing Chun Ilustrated – David Peterson


Ving Tsun Coach – Adriano Azevedo
Chinese Martial Arts – Culture Center
Mestre em Armas – Alexandre Riegel
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