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OS EFEITOS COGNITIVOS DA CQMUNICAÇÃO DE


MASSAS
S- f'r6S
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ENRIC SAPERAS

ED.ASA

PORTO, 1987

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T e r e e r a p a r t e

OS EFEITOS RESULTANTES
/ ,
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DA CAPACIDADE SIMBOLICA
DOS M_EIOS DE -COAðUNICAÇÃO
DE MASSAS PARA ESTRUTURAREM
A OPINIÃO PÚBLICA (li):
A TEMATIZAÇÃO .

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16. O estudo da temati:zação: apresentação

A análise da tematização é de origem muito recente. Foi criada paralela-


mente às restantes formas de investigação orientadas, durante os últimos
anos, para o estudo dos efeitos cognitivos da comunicação de massas, e pode
ser considerada muito próxima da «Agenda-Setting Function», ainda que,
como se verá ao longo da nossa exposição, se tenham estabelecido diferenças
notórias entre as duas classes de investigação.
O conceito de tematização apareceu, pela primeira vez, no conhecido
texto de Ni.klas Luhmann intitulado «Õffentliche Meinung» (Luhmann, 1978),
publicado na Politische Vierteljahresschrift, em 1970. No entantd, a sua plena
,,
integração na investigação comunicativa germano-ocidental e italiana foi
muito recente, através de obras tão relevantes como as de F. Bockelmann,
Formación y fu~ciones sociales de la opinión.pública..(B.õckelmann, 1983) 1
publicada em 1975, ou como as de Franco Rositi, lnformazione e complessitá
sociale (Rositi, 1980), publicada em 1978, ou I modi dell'argomentazione e
l'opinione pubblica (Rositi, 1982), publicada em 1982. A sua introdução na
investigação comunicativa produziu-se através de um relativamente nume-
roso conjunto de artigos que exploraram esta nova classe de análise da comu-
nicação pública.
Encontramo-nos, assim, perante uma noção extremamente complexa,
surgida de um âmbito teórico alheio à própria investigação comunicativa, que

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como outras manifestações da Filosofia-Sociologia germano-ocidental, ofere- fundamenta na investigação empírica sobre os meios de comunicação de
ceu importante~ contribuições para o conhecimento da comunicação de mas- massas, já que parte da reflexão e da especulação, como formas preferí-
sas, sem, todavia, grande desenvolvimento. Não obstante, o seu alcance veis de acesso ao conhecimento da realidade estudada, contrariamente ao
torna-se especialmente importante na medida em que a análise da tematização e~tabelecirnento da agenda de temas, que obedece, exclusivamente, -~os ·
afecta três aspectos imprescindíveis para a compreensão da comunicação de critérios estabelecidos através da investigação empírica.
massas no seio da sociedade pós-industrial:
b) A rematização parte da modifi~ação do conceito de opinião pública sur-
a) Em primeiro lugar, o estudo da tematizaçãq está orientado para a avalia- gido na tradição liberal. O estudo do processo da tematização surgiu,
ção dos efeitos cognitivos resultantes da acção dos meios de comunicação quase exclusivamente, da necessidade de se analisarem os mecanismos
da massas no âmbito do sistema político actuat Podemos referir-nos a - actuais que dão lugar à opinião pública. Por isso;-podemos- definir a-
efeitos cognitivos, na medida em que a-tematização é definida como o tematização corno o mecanismo de formação da opinião pública no seio
processo de definição, estabelecimento e reconhecimento público dos da sociedade pós-industrial.
grandes ternas, dos grandes problemas políticos que constituem a opinião Muito se falou, sem dúvida de modo precipitado, sobre o desapareci-
pública, através da acção determinante dos meios de comunicação de mento da opinião pública. Quem não ouviu dizer «a. opinião pública já
massas. não existe», como afirmava o título de um conhecido artigo de Pierre
O processo de ternatização, e respectivo estudo das regras que a operacio- Bordieu!? No entanto, a nossa experiência quotidiana mostra que nos
nalizam, permitir-nos-á o reconhecimento dos mecanismos que possibili- encontramos perante um sistema político que necessita dos meios de
tam a existência de urna comunicação pública que se limita, necessaria- comunicação. e, consequentemente, da comunicação pública, para poder
mente, a determinados temas (reduzidos quanto ao seu número), devido levar a cabo a sua acção de tomada de decisões e gestão do sistema
precisamente ao seu carácter público ou maioritariamente partilhado pela social. A tematização parte da negação da noção de opinião pública sur-
população de um Estado. . gida na tradição filosófica liberal, antes procurando reconhecer um novo
Pelo que acabamos de dizer, a ternatizaçã~ situa-se próximo, quanto ao tipo de opinião pública consentâneo com uma nova sociedade definida
seu objecto de estudo, da «Agenda-Setting Function>>. Uma investiga- pela sua complexidade estrutural e pela transformação do sistema polí-
dora tão relevante como Elisabeth Noelle-Neurnann chega inclusiva- tico. Nas palavras de Angelo Agostini, um dos estudiosos italianos que
mente a identificá-las como sinónimas, se bem que, comportando mati- se tem ocupado deste tipo de análise, a tematização define-se, precisa-
zes distintos (Noelle-Neumann, 1979, p._439). Apesar desta opinião, a _mente, como: «Um processo que se realiza na relação estabelecida entre
tematização afigura-se muito diferente do estudo do estabelecime~to da o sistema político e a opinião pública, através da mediação dos mass
agenda temática, na medida em que a sua fundamentação teórica é muito media. Desta maneira, os meios de,~omunicação têm sido considerados,
divergente, a sua contextualização deste processo não se conhece no não como os protagonistas, mas só, precisamente, como os mediadores
estudo da agenda temática e a sua vinculação às transformações tecnoló- desta relação» (Agostini, 1984, p. 531).
gicas e políticas que actualmente estamos a sofrer são desconhecidas da O protagonismo assumido pelos meios de comunicação de massas e
«Agenda-Setting Function». Por último, o estudo da tematização não se pelos profissionais da informação no sistema político, será, justamente,

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um elemento de discussão a ter em conta nos futuros desenvolvimentos A opinião pública manifestar-se-á como o resultado desta limitação temática
deste tipo ,de investigação sobre os efeitos cognitivos e sobre a opinião que lhe confere a sua estrutura.
pública. Este formulação geral elaborada por Luhmann é concomitante de uma
crítica do conceito clássico de opinião pública; crítica explicitamente exposta
c) A tematização aplica-se às soçiedades complexas e adequa-se ao estudo
na própria definição proposta por Luhmann para a opinião pública: «A opi-
do impacto das novas tecnologias da comunicação e das transformações
nião pública deve ser concebida como estrutura temática da comunicação
do modelo jornalístico sobre a opinião pública - A análise da tematiza-
pública; não deve, contudo, ser.concebida causalmente como efeito produzido
ção permite-nós aproximarmo-nos da realidade da opinião pública alte-
rada pela transformação da profissão jornalística e pelas novas tecnolo- ou continuamente operante; antes deve ser concebida funcionalmente, como
gias da comunicação. Se bem que as suas propostas ainda não tenham instrumento auxiliar de selecção realizada de uma forma contingente [ ... ]. A
sido devidamente desenvolvidas, podemos partir das investigações reali- opinião pública não consiste na generalização do conteúdo das. opiniões indi-
zadas até ao momento, para adiantarmos alguns prognósticos sobre a viduais através de fórmulas gerais, aceitáveis por todo aquele que faça uso da
evolução futura da opinião pública, entendida como mecanismo de redu- razão, mas sim na adaptação da e~trutura dos temas do processo de comunica-
ção da crescente complexidade do sistema social e _da acção social que ção política às necessidades de decisão da _sociedade e do seu sistema polí-
este implica. tico» (Luhmann, 1978, pp. 97-98; Agostini, 1984, pp. 532-533).
Por outro lado, a tematização deverá adaptar-se às exigências impostas Observamos, pois, que Luhmann enquadra a tematização (enquanto

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pela comercialização das novas tecnologias no sistema comunicativo, estrutura temática) na comunicação política e, ao mesmo tempo, situa a opi-
podendo criar um novo comportamento do público, mormente face aos · nião pública em relação ao sistema político e às suas necessidl\des de decisão
políticos, aos profissionais dos media, e face a todos aqueles que exer- estratégica. Por isso, Luhmann insiste na afirmação do carácter contingente
cem a sua influência através da sua presença pública nos meios de comu- da opinião pública e na sua relação com o sistema político através da medía-
nicação de massas. ção dos meios de comunicação de massas.
A opinião pública deixa de ser, para Luhmann, o resultado da livre dis-
17. Niklas Luhmann: tematização e opinião pública cussão racional dos temas de interesse público por parte dos indivíduos inte--
---- -· ---- grados na sociedade.civil; deixa-de-obedecer à- expr-essão-das -atitudes-mani- -
A tematização foi definida, como já afirmámos, em- 1970 pelo alemão festadas através da diversidade de opiniões por parte dos grupos sociais,
Niklas Luhmann, actual representante do funcionalismo sistemático surgido políticos ou culturais a respeito dos temas de interesse público; a opinião
do desenvolvimento cio último período da obra de Talcott Parsons. Para Luh- pública deixa de ser considerada sob a perspectiva imposta pelo consenso nos
mann, a tematização enquadra-se na análise da opinião pública e da comuni- temas gerais. Pelo contrário, a opinião pública manifesta-se como uma estru-
cação. Neste sentido, a opinião pública deve ser concebida como uma estru- tura formada por temas institucionalizados, obedecendo a uma valoração de
tura temática da comunicação pública, fundada no facto de que, perante o relevância por parte dos meios de comunicação de massas em função das
número ilimitado de temas que podem ser veiculados pela comunicação necessidades do sistema político. Luhmann afirmará, de forma contundente,
pública, a atenção do público só se pode manifestar de forma limitada. · que a valoração de relevância exercida pelos media sobre determinados

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temas, e a recusa desta valoração relativamente a outros, implica já a certeza
da sua aceitação . .Mais resumidamente, a opinião pública já não se define pela necessariamente, um aumento considerável de experiências e de acções ofe-
livre discussão de opiniões sobre temas, mas sim através de uma actividade recidas pelo meio, e por isso caracterizada pela existência de uma grande
selectiva exercida pelos meios de comunicação que atribuem determinada variedade de grupos de interesse e por subsistemas dotados de interesses par-
relevância a determinados temas na comunicação pública. ticulares - é impossível alcançar formas de consenso através da opinião
pública considerada como fruto da discussão livre e racional dos temas de
No entanto, nãei podemos compreender esta revisão da noção de opinião
interesse público. Pelo contrário, na opinião de Niklas Luhmann, face à
pública realizada por Niklas Luhmann se não tivermos em conta o contexto
impossibilidade de se estabelecerem interesses gerais, impõe-se que a solu- ·
teórico em que teve lugar._Luhmann insere a sua definição de opinião pública
ção dos problemas, mediante decisões estratégicas parciais, su.rja da contin-
e a sua elaboração da tematização no âmbito de_u_ma_das ~u~s mais importan-_
gência ou, por outras palavras,_ da disponibilidade prática face ao possível
tes contribuições para a sociologia sistemática: o desenvolvimento do con- . -- ----------
(utilizando uma expressão de Rositi) .
ceito de sociedade complexa, que podemos assimilar aos conceitos de socie-
. A opinião pública opera, como já afirmámos anteriormente, como uma
dade pós-industrial ou de capitalismo maduro (Rusconi, 1979, p. 262).
estrutura temática que permite a redução da complexidade dos subsistemas .-
Luhmann afirma que, após um longo período de tempo dotado de uma certa
como, por exemplo, o político - em que intervém directamente. Nas palavras
estabilidade da sociedade liberal, se produziu um incremento da aceleração da
do próprio Luhmann: «[a diferenciação funcional da sociedade] chegou a um
evolução industrial e tecnológica da sociedade e um crescimento considerável
ponto tal que se torna muito improvável uma integração da sociedade no seu

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das organizações orientadas para a administração social ou para a gestão eco-
todo através de opiniões públicas não vinculadas de forma especial a qualquer
nómica, política, cultural ou social. Esta rápida transformação é concomitante
sistema parcial. O que obriga a reinterpretar o conceito de opinião pública,
da criação de uma sociedade complexa, caracterizada por uma diferenciação partindo da sua função, e a transferi-lo para os sistemas parciais; neste caso, o
funcional e uma especificação em subsistemas ou sistemas parciais, uma radi- sistema político da sociedade. Opinião pública significaria, pois, que o sis-
cal divisão do trabalho através da especialização do conhecimento, e pelo tema político cria situações nas quais haja lugar para o desempenho da função
aparecimento de novos processos de institucionalização que tendem a reduzir neutralizadora das situações públicas, ou seja, nas quais as comunicações se
esta complexidade do meio. Através de uma generalização das categorias da encontrem estruturadas, não por sistemas parciais apolíticos da sociedade
cibernética, Luhmann, a partir da posição do funcionalismo sistemático, (fami1ias, grupos de investigação, bancos, associações de camadas sociais
entende os sistemas como organizados através de unidades estruturais concretas), nem tão-pouco pelas peculiaridades de sistemas parciais mais
invariáveis que tendem para a própria automanutenção, através de uma auto- reduzidos do sistema político (associações particulares interessadas, partidos
-regulação, face ao meio mutável cuja complexidade, por sua vez, tende a políticos, grupos económicos), mas siin, justamente, por temas da opinião
aumentar. A relação de um sistema parcial com o seu meio pode ser caracteri- pública» (citado por Bõckelmann, 1983, p. 56) ..
zada pela complexidade. Definitivamente, a opinião pública já não compreende todo o sistema
No que respeita à opinião pública como resultado de uma estrutura social, mas sim fundamentalmente o sistema político como sistema parcial,
temática que tendé a reduzir a complexidade dos sistemas parciais_ em ~ue através de uma comunicação pública manifestada por uma selecção contin-
intervém, Luhmann afirma que numa sociedade complexa - que implica, gente de temas. Mas para nós, toma-se especialmente relevante a ideia geral

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que subjaz a todo a elaboração de Niklas Luhmann, segundo o qual, à incer- Como já sabemos, Luhmann, na sua descrição da opinião pública,
teza e à angústia que caracterizam a história humana, se vem juntar actual- limita-se ao sistema político, considerado como subsistema ou sistema par-
mente a complexidade do sistema social que produz um afastamento constante cial. A opinião pública será, consequentemente, considerada como uma estru-
entre o indivíduo e o meio social complexo. O primeiro carece de possibilida- tura temática imersa num processo político de comunicação; Luhmann afirma
des reais para experienciar todas as experiências possíveis no meio, mas ao que o sistema político, por sua vez, se define com extrema precisão como
mesmo tempo funciona éomo sistema ao manter a sua identidade nesse meio «um processo estruturado de comunicação» (Agostini, 1984, p. 534; Luhmann,
extremamente complexo (Luhmann, 1983, p. 10). O segundo desenvolve-se 1978, p. 109). Luhmann conclui com a afirmação de que «[A opinião pública]
em função de sistemas parciais que adquirem sentido pela acção dos indiví- assume a função de mecanismo-guia do sistema político que não determina, é
duos que, por sua vez, formam o seu meio (Rositi, 1980, p. 353). certo, nem o exercício do poder, nem a formação da opinião, mas que estabe-
Podemos concluir que a tematização se define como o processo de selec- lece os contornos daquilo que vai sendo possível» (Agostini, 1984; p. 534; Luh-
ção e de valoração de determinados temas de interesse introduzidos de forma mann, 1978, p. 109).
contingente na opinião pública, entendida como estrutura temática contin-
gente, que reduz à complexidade social nos diversos subsistemas ou sistemas 18. Os critérios para a selecção de temas
parciais em que opera. Tenhamos em conta que, se a atenção é limitada e o
meio extremamente complexo, a opinião pública, como resultado do processo . A existência do processó de tematização realizado pela comunicação
de tematização, permite a comunicação entre os indivíduos, reclamando a sua pública pressupõe que este se realize através de uma acção estável em cada
atenção para um número limitado dos temas existentes no meio complexo, sistema particular no qual opera. Esta acção estável permite pres.ervar critérios
apontando possíveis soluções e possíveis opiniões que esses temas podem de selecção temática que sejam capazes de orientar a atenção pública. Estes
gerar, mas distinguindo tema e opi_nião (Agostini, 1984, p. 534). critérios de selecção, Luhmann designa-os como regras de atenção, na medida
Niklas Luhmann conclui que os temas podem ser .considerados como em que determinam o modo como os indivíduos são solicitados na sua atenção
«complexos de significação mais ou menos indeterfi?inados e susceptíveis de para com o número limitado de temas propostos na opinião pública.
desenvolvimento» (Bõckelmann, 1983, p. 48). A opinião pública, neste A exigência de regras prévias à tematização; permite a Luhmann afirmar
mesmo sentido, pode ser- interpretada-como uma estrutura.comum.de sentido que os.· indivíduos, apesar das suas possíveis preferências, podem optar
que permite que os indivíduos desenvolvam uma acção intersubjectiva, evi- somente entre as selecções temáticas previamente estabelecidas pelos meios
tando as consequências nocivas que para o sistema social poderia implicar de comunicação de massas. A selecção será, por isso, subsidiária da tematiza- ·
uma dispersã~ de experiências biográficas por esses Dl.~smos indivíduos ção produzida segundo critérios de selecção determinados pela comunicação
expostos à complexidade do meio sistemático no ·qual se vêem obrigados a pública. Podemos deduzir; a partir desta afirmação, que a exposição selectiva
participar. Por último, podemos concluir que a tematização deve ser enqua- só será praticável se se referir às ofertas comunicativas distinguidas, mas,
drada no que denominámos efeitos cognitivos da comunicação de massas, para além das selecções impostas pela comunicação pública contemplada por
visto realizar uma acção mediadora entre indivíduos e sistemas parciais em Niklas Luhmann, a percepção selectiva é muito reduzida, ou inexistente .
que a opinião pública opera. As regras de selecção orientadas para a solicitação da atenção pública

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são prévias ao processo comunicativo, são aceites de forma implícita pelo [I] . A referência ao pessoal, ao privado e ao íntimo, do ponto de vista da
público e não tê~ con-espondência com as motivações que regem a conduta, redução ao familiar, da comparação normativa e da identificação com
devendo ser consideradas como a origem da selecção temática pertinente em a autoridade - Como afirma Bockelmann, os media transferem a
cada sistema parcial (Bockelmann, 1983, p. 49). experiência daquilo que foi e~perienciado individualmente para a expe-
Niklas Luhmann, no seu «Õffentliche Meinung», cita as seguintes regras riência esperada por parte do político, através da percepção dos media.
de atenção como características do subsistema político: «P1ioridade clara de É bem sabido que a cultura de massas tende a manifestar uma preemi-
determinados valores, as crises ou os sintomas de crise, o status do emissor nência da esfera privada sobre a esfera pública, da individualidade
de uma comunicação, os sintomas do êxito político, a novidade dos aconteci- sobre a colectividade, porquanto aquilo que é qualificado como íntimo
mentos, as dores ou sucedâneos da dor na civilização» (citado por Boc~el- ou pessoal merece u~a maior atenção por parte dos ingiyíd!}OS que _p8!-_ _
mann, 1983, p. 50). ticipam da opinião pública. Este critério de selecção temática encontra-
No subsistema político, um tema nunca poderá adquirir relevância -se largamente implantado no sistema comunicativo actual e não neces-
pública, nunca poderá concentrar a atenção generalizada dos indivíduos, se sita de maiores especificações.
não corresponder à fundamentação das regras prévias à tematização. Inversa- [II] Os sintomas do êxito quanto à importância e autoridade pessoais ( con-
mente, os temas fundamentados nos critérios de selecção intersubjectiva- secução do prestígio) - O êxito, e seus modelos de identificação e pro-
mente reconhecidos podem adquirir uma relevância pública variável, mas em j ecção, constituem um critério normativo de primeira ordem. Nesta
qualquer caso sujeita ao desgaste temporal. A tematização, longe da estabili- regra se insere o que Luhmami denomina «status do emissor», enten:-
dade temática, permite a sua modificação através da sua sucessão temporal e dida como regra de atenção que determina a selecção temática. As pes-
segundo as necessidades de decisão do sistema parcial em que se realiza a sua soas que exemplificam publicamente o ideal do êxito, a fortuna, o tri-
acção. Concluamos, pois, na esteira de Luhmann, que os temas da comunica- unfo ou o bem-estar funcionam por si mesmas como tema.
ção possível «actuam como regras da permanente actua:lização das expectati- [III] A novidade dos acontecimentos - A novidade do acontecimento deter-
vas no seio da interacção concreta, regendo assim a formação da opinião» mina um valor acrescido para a selecção dos temas através da inclusão
(citado por Bockelmann, 1983, p. 50). do tempo como um elemento decisivo na determinação do «news value».
F. Bockelmann, na sua obra Formación y funciones sociales de la opi- [IV] Os sintomas do exercício do poder político (como realização do poder
nión pública (Bõckelmann, 1983), propôs um outro desenvolvimento das ·-estatal l! como desenvolvimento da representatividade) - As informa-
regras dominantes da atenção que determinam os critérios de selecção temá- ções sobre o sistema político contêm, com preferência sobre outros ele-
tica nos meios de comunicação de massas. Apesar do seu distanciamento teó- mentos, temas associados a um grande valor simbólico vinculado com a
rico relativamente ao funcionalismo sistemático de Luhmann, Bockelmann,
política interna ou externa do Estado, com as representações do próprio
através do recurso a outros autores e à simples observação da actividade dos
Estado ou com a representação das m~ifestações externas do poder
meios de comunicação de massas, oferece-nos um excelente desenvolvimento
(notícias bélicas, referências gerais à política internacional, às grandes
das propostas realizadas por Luhmann. Vejamos, de seguida e de forma abre-
decisões económicas, presença de hinos e de músicas ligados ao poder
viada, quais são estas regras dominantes da atenção: político, etc.).

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[V] A distinção entre normalidade e anormalidade, acordo e discrepân- do sistema (anúncio de crise, constatação da crise), um processo de afi-
cia, rel_ativamente à orientação da conduta individual e à sua valori- ançamento do sistema através de uma vinculação dos indivíduos à
zação - como afirma Bõckelmann, atraem os temas que se referem a necessidade de uma maior estabilidade, de uma preocupação de inte-
este tipo de distinção e que mostram a.possível vinculação de um indi- gração num sistema estávei.
víduo com uma determinada maioria ou minoria sociais. A denúncia, · [X] A observação do extraordinário, do singular e do exótico no sentido da
por meio da informação ou de certas formas de entretenimento, dos distinção e confirmação do próprio, no sentido da possibilidade de
desvios relativamente à normatividade social e moràl vigente constitui alternativas fictícias à vida quotidiana, e no sentido da projecção cul-
um exemplo deste critério de selecção. tural e da assimilação consúmista - Esta regra manifesta-se nas nume-
[VI] A violência, a agressividade, a dor e os sucedâneos da dor na nossa rosas oportunidades de se observar o singular e o extraordinário através
sociedade (como provas documentais do estar permanentemente amea- da imprensa e da televisão, em simultâneo com as informações mais
çado, da «infinitude» e da fatalidade do destino), assim como no fen6- variadas, mas constituindo um conteúdo permanente da comunicação
meno da «delegação» (projecção nos autores e nas vítimas; a experi- pública. (Referências extra{das de Bõckelmaqn, 1983, pp. 65-71. O
ência de ter escapado com vida a um grande perigo) - O constante destaque reproduz os títulos expostos pelo investigador alemão). ·
tratamento de acontecimentos desastrosos, a referência imediata aos
O interesse da descrição realizada por Bõckelmann torna-se evidente se
perigos do meio e os desvios mais perigosos aos comportamentos sociais
tivermos em conta que estes critérios de selecção temática se manifestam
constituem um dos critérios mais elementares de selecção temática.
quotidianamente no seu valor e na sua eficácia comunicativos. Por outro
[VIl] A consideração das formas de competição pelo ângulo da luta, com
lado, Bõckelmann estende a sua descrição por uma longa lista de temas
con.otações afectivas de competência de «status» e de rivalidade pes-
negligenciados ou publicitados com fraca reiteração, segmentados por gru-
soal - Este critério resulta, em larga medida, da maior parte dos crité-
pos sociais ou por blocos de temas em que podemos encontrar _grande parte
rios anteriormente expostos e da interiorização da competitividade no
dos componentes da nossa vida quotidiana nas suas mais diversas facetas e
sistema social.
nas suas diversas manifestações (Bõckelmann, 1983, pp. 72-80).
[VIII] A referência ao crescimento da propriedade sob o ângulo das receitas
e das posses pessoais, e do enriquecimento na vida individual - Esta
regra prévia à tematização toma-se especialmente relevante em certos 19. Os desenvolvimentos do estudo da tematização no seio
tipos de comunicação comercial, de propaganda política ou de entrete-
da investigação italiana
nimento, em que o indivíduo percebe a possibilidade (real ou, na ·maio- .
Alguns investigadores italianos desenvolveram parcialmente alguns
ria das vezes, compensatória) de melhorar o seu «status» e a sua capa-
aspectos contemplados por Luhmann na sua definição e descrição do pro-
cidade de consumo ou a sua demonstração de ostentação. cesso da tematização. Fundamentalmente Rositi, Grossi e Marletti protagoni-
[IX] As crises e os sintomas de crise pelo ângulo do afiançamento de uma zaram estes desenvolvimentos.
«estabilidade do sistema», formalmente determinada, face às-ameaças
Pela sua relevância teórica e pela sua personalidade destacada na investi-
actuais - Bõckelmann observa, nas ameaças explícitas à estabilidade
gação italiana, Franco Rositi merece o nosso maior interesse. Se Rositi, na

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t consiste em seleccionar ulteriormente, no universo informativo já
sua obra lnformazione e complessitá sociale (1978), se limitava a elaborar
sujeito a duas selecções, os grandes temas nos quais se irá concentrar a
algumas apreciações sobre a obra de Luhmann nos seus aspectos mais gerais
atenção pública e em mobilizá-la para a tomada de decisões» (Rositi, -
ou nos aspectos referentes à noção de sociedade complexa, em relação com as
actuais transformações por que o sistema comunicativo está a passar, já na 1982, p. 139).
sua obra posterior,/ modi dell'argomentazione e l'opinione pubblica (1982), Posteriormente, Rositi aplica estes três níveis à análise da actividade jor-
tratou mais profundamente o processo da tematização. nalística dos profissionais da jnforrnação, concluindo que, no terceiro nível,
Rositi enquadra a descrição da tematização na avaliação da estrutura as organizações profissionais jornalísticas dispõem de uma maior autonomia
organizativa em que se produz a informação no seio do sistema social. relativamente às pressões externas, enquanto nos outros dois níveis essas
Nesta estrutura organizativa cumprem-se diversas funções que podemos pressões externas têm mais possibilidades. Por isso, afirma-Rositi: -«[ .. :-] a
classificar em três níveis analisados em profundidade (Rositi, 1982, Redacção de um diário está naturalmente muito mais exposta a ter que se
pp. 138-139): sujeitar às pressões externas para a publicação de uma notícia quando não
quer conceder um relevo especial a essa notícia; inversamente, é muito mais
a) Selecção de primeiro grau - No nível inferior, reconhecemos a existên-
capaz de recusar uma tematização» (Rositi, 1982, p. 537).
cia de um primeiro tipo de capacidade de selecção gerado nas organiza-
Para Rositi, a selecção temática pode realizar-se através de uma grande
ções especializadas na produção da informação que permitem o, ou con- !' variedade de tipos de selecção, desde a simples selecção de um aconteci-
ferem o direito de, acesso ao circuito informativo. Nas palavras de
mento - considerado como suficientemente relevante para constituir notícia
Franco Rositi: «[ ... ] a função da selecção de primeiro grau consiste
diária, passando pela crónica ou pela reportagem, ou mesmo pela selecção de
numa espécie de regulação de um direito geral de acesso ao, ou direito
um tema que é acompanhado ao longo de um certo tempo -, ate à própria
de entrada no, circuito informativo» (Rositi, 1982, p. 138).
tematização. Tomando como situações ideais os dois extremos desta varie-
b) Selecção de segundo grau -No nível intermédio, reconhecemos um tipo dade de selecção, Rositi refere-se, no extremo mais ligado às s·elecçõe's roti-
de selecção de segundo grau que cumpre uma função de hierarquização neiras do dia-a-dia, às «selezione ideologiche e irriflesse», enquanto que nas
que permite o estabelecimento de uma ordem de valoração (atribuição de selecções mais próximas do acompanhamento dos grandes temas que afectam
uma maior ou menor importância) dos diversos temas de interesse o sistema político e suscitam a atenção pública de uma forma contínua, se
público. Por outro lado, este tipo de função de selecção de segundo grau refere às «selezione ragionate e scientifiche», em que os critérios de selecção
também pode exercer uma hierarquização de prioridades no que se refere obedecem a formas de fundamentação racional explicitamente manifestadas.
às diferentes categorias de temas de interesse público. A tematização resulta de um processo de selecção próximo deste último
;
extremo racional (Rositi, 1982, p. 147).
c) Selecção de terceiro grau - É ~este terceiro nível que se situa a temati- '
Por outro lado, se tivermos em consideração o trabalho jornalístico na
zaç~o. Por outras palavras, a função de selecção de terceiro grau é
esfera política e as organizações nas quais se realiza - Rositi refere-se
aquela que permite, ao nível mais complexo das estruturas organizati-
sobretudo à imprensa -, o professor Rositi sustenta que a origem da temati-
vas que produzem a informação, a selecção dos grandes temas que
zação se decide nos grandes diários·, bem como nas revistas políticas e nas
orientarão a atenção pública. Nas palavras de Rositi: «[ ... ] a operação

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1.
revistas de actualidade mais relevantes para opinião pública de ·um Estado. temas colectivos que implicam, por um lado, uma necessidade de decisão
Na opinião de ~ositi, o p·rocesso de constituição do processo de tematização para resolver um problema concreto que afecta a colectividade; por outro
política realiza-se através da passagem dos grandes temas, destas organiza- lado, a tematização comporta a existência de diversas argumentações (de
_ções jornalísticas para os jornais e para as revistas com menor poder de valor_ação) sobre o tema através da expressão de uma variedade de opiniões: a
decisão, de carácter mais local ou viradas para um público mais restrito. tematização deve ser entendida como uma mobilização para a decisão, na
a
Destaquemos, por isso, que decisãorncional e explícita de aproximação a medida em que exige a resolução de um problema estrutural através da adop-
certos temas como componentes da tematização política se produz, precisa- ção de uma determinada opinião:
mente, naquelas organizações jornalísticas que manifestam uma maior Outros investigadores italianos, como Angelo Agostini, afirmam que a
inter-relação com o sistema político, com a actividade dos partidos políticos tematização não implica necessariamente uma exigência de solução, de
e com a confiança política mais imediata; por outras palavras, dispõem de mobilização da opinião pública para a resolução de um tema, antes podendo,
uma aproximação aos centros com poder de decisão política e, por sua vez, em numerosos casos, implicar simplesmente uma interpretação .da realidade,
estes dependem da publicidade que os organismos jornalísticos concedem à a constatação de uma determinada situação ou a exposição de um qualquer
acção dos agentes institucionais e individuais da vida política (Rositi, 1982, problema sem que isso implique uma necessidade de resolução. Nas palavras
p. 551). Por outro lado, o espaço redactorial dedicado à actualidade política de Agostini: «A tematização [ .. .f cumpre permanentemente a tarefa de ins-
nacional nos jornais e nas revistas locais é suficientemente reduzido para 11 trumento com o qual a informação jornalística assume, umas vezes uma,
não permitir que se inicie um processo de tematizaçãq, na medida em que outras vezes outra, as funções de intérprete, ou de orientação, ou de simples
um dos objectivos mais destacados da grande imprensa é o de realizar uma relatora da realidade. Por exemplo, nos últimos anos da pesada e forçada
informação exaustiva deste tipo de actualidade política. Rositi afirma que o tematização do terrorismo, os jornalistas mais conhecedores do tema •têm-se
processo de criação da tematização se torna «labiríntico», na medida em esforçado por compreender, explicar e até interpretar o fenómeno» (Agos-
que a passagem da imprensa nacional à imprensa local, e consequente tini, 1984, pp. 552-553).
selecção temática, obedecem a rotinas permanentes de carácter repetitivo Consequentemente, a tematização deve ser compreendida 'na sua relação
que, em última instância, operam como geradoras da opinião pública, tema- com a função da informação jornalística e, nas palavras de Agostini, como o
tizada na sua origem. resultado de uma selecção e de um d_eterminado tratamento das notícias que
Por último, Rositi insiste na necessidade de se compreender a tematiza,- determinam a possibilidade da sua çontextualização numa narração jornalís-
ção como um processo de decisão selectiva que permite reconhecer os gran- tica mais ampla, a sua interpretação e a solicitação da atenção pública para
des problemas que afectam a vida colectiva de um Estado,· de uma comuni- certos aspectos da actualidade política ou de qualquer outro componente do
dade ou de um determinado grupo, no que se refere à totalidade dos sistema social.
componentes do sistema social (ainda que os estudos até agora realizados se
tenham orientado sobretudo para o estudo do sistema político). Rositi, à
semelhança de Luhmann, observa que aquilo que define o processo de temati-
zação é a selecção (que Rositi designa de terceiro grau, como já sabemos) dos

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20. O estudo da tematização: conclusão opinião, e para programar o carácter cíclico dos próprios temas» (citado por
Agostini, 1984, p. 535).
Após esta ·visão geral dos principais contributos para o estudo do pro-
Por outro lado, o reconhecimento da função desempenhada pelo profissi-
cesso de tematização, podemos concluir que este tipo de análise comunicativa
onal da informação no seio do sistema social como agente que dá resposta a
se encontra ainda no seu início e que, por isso mesmo, apresenta numerosos
determinadas necessidades de c~nhecimento público através de uma publici-
«espaços vazios» que, sem dúvida alguma, poderão ser colmatados noutros
dade das mesmas, também não está suficientemente desenvolvida como qua-
desenvolvimentos futuros.
. dro geral no qual se define o estudo da tematização.
À luz do que observámos, podemos afirmar serem dois os aspectos que,
Parece, ainda, pertinente afirmar que a complexidade de um sistema
pela sua relevância, merecem um estudo mais exaustivo com a finalidade de
social determina o tipo de informação necessária, enten~iga_comº con,,heçi-: _
se conseguir uma correcta avaliação desta modalidade de investigação: em menta s.obre o público, pelo que para uma maior complexidade se produz
primeiro lugar, é necessário aprofundar o estudo da relação· existente entre o uma maior necessidade de especializar a informação, de aumentar a quanti-
sistema político e a actividade dos meios de comunicação e, no seu interior, a dade d~ informação circulante e de adaptar o estatuto da informação às neces-
dos profissionais da informação jornalística; em segundo lugar, impõe-se uma sidades estruturais do sistema social. Neste sentido, é possível determinar a
análise mais completa da função desempenhada pelo profissional da informa- função que o profissionai da informação cumpre; função, por outro lado, vari-
ção e do estatuto da informação obtida pelo seu trabalho, no conjunto do sis- ável segundo as modificações do meio social. A nossa experiência quotidiana
tema social em que desenvolvem a sua acção. permite:-nos, justamente, afirmar que nos encontramos mergulhados num
No que respeita ao primeiro aspecto, parece pertinente afirmar que, período de mudança e de transformação desta função, com o cr:escimento da
contrariamente ao exposto por Luhmann, os meios de comunicação de mas- complexidade do meio e com a modificação do próprio estatuto da informa-
sas não operam como simples mediadores entre o sistema político e a opi- ção e do saber sobre esse mesmo meio. Esta será, p0rtanto, outra faceta a
nião pública. A tematização poderia ser considerada como o resultado de desenvolver profundamente num futuro imediato, por parte do estu_do da
uma acção conjunta do sistema político e dos meios de comunicação. Neste tematização.
sentido, parece pertinente afirmar, como o faz Giorgio Grossi em «Per una . Como último contributo para a nossa descrição do estudo da tematiza-
interpretazione del apporto tra Parlamento e sistema informativo: analisi e ção, faremos ecoar aqui as quatro conclusões gerais elaboradas por Angelo
indicazioni di ricerca», que os meios de comunicação de massas «não são Agostini sobre as necessidades de desenvolvimento futuro que, no nosso
um mero canal, mas sim co-produtotes [... ], não se limitam a transmitir a entender, descrevem correctamente as principais expectativas de desenvolvi-
política nem a torná-la mais agradável, antes contribuem para a definir» mento deste tipo de análise dos efeitos cognitivos produzidos no seio da opi-
(citado por Agostini, 1984, p. 534). Por isso, a política tende a manifestar-se nião pública (Agostini, 1983, pp. 557-558):
no contexto de uma comunicação produzida pelos meios de comunicação de
massas à maneira de uma interacção em que a função básica da comunicação [I] Como afirma Agostini, uma das áreas de estudo que requer um maior
política é a de realizar a tematização que, na opinião de Grossi; consiste na desenvolvimento num futuro imediato é .a da relação, ou interacção,
«capacidade simbólica das estruturas de atenção para se distinguir item e existente entre os diversos meios de comunicação de massas, que até ao

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momento apenas foi analisada. Será necessário estudar, muito especial-
mente, a i~teracção que se estabelece entre imprensa escrita e televisão.

íll] Para Agostini, torna-se imprescindível a integração desta forma de


investigação nos modelos e nas finalidades da teoria da «Agenda-Setting
Function».

[III] É necessário, por outro lado, estudar, como desenvolvimento geral dos
três níveis apontados por Rositi, o tipo de racionalidade subjacente às
diversas formas de actividade da informação jornalística e no lugar que
esta ocupa, nó que respeita às .funções cumpridas pelas organizações que
se dedicam à produção da informação.

[IV] Por último, para Agostini será interessante o reconhecim.ento dos crité-
rios que determinam como é que um órgão de informação selecciona e
...
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dá publicidade a um determ!nado tema no quadro geral do processo da
tematização. Observar, ainda e por outro lado, a incidência da tematiza-
ção nas diversas manifestações da informação jornalística, tanto escrita
como audiovisual, e na própria procura do público relativamente aos
meios de comunicação de massas.

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