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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO – PROGRAD


CENTRO MULTIDISCIPLINAR DE ANGICOS - CMA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS
CURSO INTERDISCIPLINAR EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

FABRICIO JUNIOR DA SILVA MOURA

O TEOREMA DE GREEN E APLICAÇÕES

ANGICOS – RN
2020
©Todos os direitos estão reservados à Universidade Federal Rural do Semi-Árido.O conteúdo
desta obra é de inteira responsabilidade do (a) autor (a), sendo o mesmo, passível de sanções
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Intelectual, respectivamente, Patentes: Lei nº 9.279/1996, e Direitos Autorais: Lei nº
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homologação da sua respectiva ata, exceto as pesquisas que estejam vinculas ao processo de
patenteamento. Esta investigação será base literária para novas pesquisas, desde que a obra e
seu (a) respectivo (a) autor (a) seja devidamente citado e mencionado os seus créditos
bibliográficos.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Biblioteca Central Orlando Teixeira (BCOT)
Setor de Informação e Referência (SIR)

Setor de Informação e Referência

Bibliotecário-Documentalista
Nome do profissional, Bib. Me. (CRB-15/10.000)
FABRICIO JUNIOR DA SILVA MOURA

O TEOREMA DE GREEN E APLICAÕES

Monografia apresentada a Universidade


Federal Rural do Semi-Árido como requisito
para obtenção do título de Interdisciplinar em
Ciência e Tecnologia.

Defendida em: _____ / _____ / __________.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________
Jakcney Luan Azevedo de Sousa, Prof. Me. (UFERSA)
Orientador

_________________________________________
Tony Kleverson Nogueira, Prof. Dr. (UFERSA)
Membro Examinador

_________________________________________
Isabelly Camila Diniz de Oliveira, Prof. Ma. (IESP)
Membro Examinador

_________________________________________
Maria das Dores (In Memoriam ).

“Ninguém conhece as suas próprias capacidades


enquanto não as colocar à prova.”
Públio Siro
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pela minha família, pelos meus amigos, pelo dom da vida e
pela coragem e força durante toda a minha graduação.

Agradeço especialmente a minha mãe, Francisca de Fatima, por ter me apoiado em toda
minha vida acadêmica e por sempre estar ao meu lado. E ao meu pai, Francisco Moura, por
toda dedicação e carinho.

A todos os meus amigos, especialmente a Francisco Izaac, por todo apoio, por ser um irmão
que a vida me deu e por sempre estar presente nos momentos em que precisei. A minha
grande amiga, Alexsandra Kleyce, por ser companheira, por me apoiar e por ter contribuído
para o meu crescimento acadêmico. Aos meus amigos que fiz ao decorrer do curso, por todo
companheirismo e amizade. Agradeço Deyvison por todo apoio, por ser um irmão e por estar
sempre presente no meu dia a dia.

Agradeço muito a Deus pelo presente que me concedeu minha namorada, Rozenisia
Medeiros, por me apoiar, me incentivar, por ser companheira, por ser amiga, por todo carinho
e amor que tem me proporcionado.

Agradeço a todos os meus familiares que, de alguma forma, me apoiaram e contribuíram para
eu chegar onde estou, por todo amor e carinho.

Agradeço ao meu orientador Luan, por toda contribuição concedida para construção deste
trabalho, por todo aprendizado repassado e pela disponibilidade de tempo e dedicação.

Agradeço ao meu professor Aderí Fernandes, por todo o seu apoio e incentivo e por sempre
acredita em meu potencial.
É uma disciplina que promove, com visão
integrada, o gerenciamento e o
compartilhamento de todo o ativo de
informação possuído pela empresa. Esta
informação pode estar em um banco de dados,
documentos, procedimentos, bem como em
pessoas, através de suas experiências e
habilidades.Gartner Group
RESUMO

Este trabalho tem o objetivo de abordar o Teorema de Green e aplicações. De caráter


bibliográfico, vem dar ênfase as aplicações de cálculos de área e Momentos de Inércia,
estabelecendo para seus resultados, definições e teoremas, conceitos norteadores de grande
importância, tais como: Campos Vetoriais e Integrais de Linha. O Teorema de Green faz a
relação da integral de linha ao logo de uma determinada curva fechada simples parcialmente
suave com a integral dupla sobre a região delimitada por esta curva, expresso por
∮ 𝑀(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 + 𝑁(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 = ∬ − 𝑑𝐴. Esse teorema, que é um importante Teorema
de Cálculo Diferencial Vetorial, faz com que você tenha a opção de escolher trabalhar integral
simples em vez de integral dupla sobre uma região, e vice-versa, concretizando assim o
Teorema de Green como uma ferramenta importante para colaborar na resolução de
problemas difíceis de resolver. Com esse contexto que discorre a importância de mostrar sua
aplicação no cálculo de área de regiões determinadas por curvas simples e fechadas e também,
a relação do Teorema de Green e o Momento de Inércia. Para cálculo de área adotamos o
teorema que é consequência do Teorema de Green, expresso por ∮ 𝑥𝑑𝑦 − 𝑦𝑑𝑥 = 𝐴.

Palavras-chave: Teorema de Green. Cálculo de áreas. Aplicações.


ABSTRACT

This work aims to address green's theorem and applications. Of a bibliographic character, it
emphasizes the applications of area calculations and Moments of Inertia, establishing for their
results, definitions and theorems, guiding concepts of great importance, such as: Vector and
Integral Fields of Line. Green's Theorem interfaces the line integral to the logo of a certain
partially smooth single closed curve with the double integral over the region bounded by this
curve, expressed by∮ 𝑀(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 + 𝑁(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 = ∬ − 𝑑𝐴. This theorem, which is
an important Vector Differential Calculus Theorem, makes you have the option to choose to
work single integral instead of double integral on a region, and vice versa, thus realizing
green's theorem as a tool important to collaborate in solving difficult-to-solve problems. With
this context, it discusses the importance of showing its application in the area calculation of
regions determined by simple and closed curves and also the relationship of the Green
Theorem and the Moment of Inertia. For calculation of area we adopt the theorem which is a
consequence of green's theorem, expressed by ∮ 𝑥𝑑𝑦 − 𝑦𝑑𝑥 = 𝐴.

Keywords: Green theorem. Area calculation. Applications.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: George Green_____________________________________________________15


Figura 2: George Gabriel Stokes______________________________________________18
Figura 3: William Thomson_________________________________________________ 19
Figura 4: Placa para George Green na Abadia de Westminster, Londres, dedicada em
Julho de 1993, sobre o bicentenário do seu nascimento____________________________ 20
Figura 5: Diferenciando curvas que são denominadas simples ou fechadas. As curvas
fechadas também são conhecidas como laços____________________________________ 22
Figura 6: Movimento de uma partícula ao logo de uma curva C_____________________ 22
Figura 7: Esboço da curva e direção na medida que t aumenta______________________ 23
Figura 8: Esboço da curva e direção na medida que t aumenta______________________ 24
Figura 9: Representação do solido S que está acima da região R e abaixo do gráfico de 𝑓_25
Figura 10: Divisão de R em sub-retângulos_____________________________________ 26
Figura 11: Caixa retangular fina com base 𝑅 e altura 𝑓 𝑥 ∗ , 𝑦 ∗ .___________________27
Figura 12: Soma do volume de cada caixa retangular
Figura 13: A propriedade de aditividade para regiões retângulos é válida para regiões
delimitadas por curvas lisas__________________________________________________ 29
Figura 14: (a) Região D de forma mais geral e (b) D contida em uma região retangular R_31
Figura 15: algumas regiões do tipo I___________________________________________32
Figura 16: Exemplo de uma região D do tipo I___________________________________33
Figura 17: Algumas regiões do tipo II__________________________________________33
Figura 18: Exemplo de uma região D do tipo II__________________________________ 34
Figura 19: Campo vetorial em R²_____________________________________________ 36
Figura 20: Campo vetorial em R³_____________________________________________ 36
Figura 21: F (x, y) = -yi + xj_________________________________________________ 37
Figura 22: Vetores F (x, y) associados com os dezesseis pontos (x, y)_________________37
Figura 23: Curva 𝑟(𝑡) particionada em pequenos arcos de 𝑡 = 𝑎 a 𝑡 = 𝑏. O comprimento de
um subarco típico é ∆𝑆 _____________________________________________________ 39
Figura 24: Caminho de integração no exemplo 8_________________________________ 40
Figura 25: Caminho de integração no exemplo 9_________________________________ 42
Figura 26: Maneiras diferentes de escrever a integral do trabalho para F = Mi + Nj + Pk sobre
a curva C: r(t)=g(t)i+h(t)j+k(t)k,a ≤t ≤b_________________________________________43
Figura 27: – O trabalho realizado por uma força F é a integral de linha do componente
escalar F ∙ T sobre a curva lisa entre A e B______________________________________ 43
Figura 28: Curva no exemplo 10______________________________________________44
Figura 29: Campo vetorial F e a curva r(t) no exemplo 11__________________________ 45
Figura 30: Região do plano 𝑥𝑦_______________________________________________ 51
Figura 31: Região do plano definida por R (3.2)_________________________________ 51
Figura 32: Região do plano definida por R (3.3)_________________________________ 51
Figura 33: Caminho C de integração e região R delimitada por C____________________ 54
Figura 34: Região R com a curva de fronteira C__________________________________55
Figura 35: Regiões simplesmente e multiplamente conexas_________________________56
Figura 36: Fronteira de R com orientação positiva________________________________58
Figura 37: Região R dividida em R' e R''_______________________________________ 58
Figura 38: Região envolvida por C____________________________________________60
Figura 39: Partícula percorrendo um círculo no sentido anti-horário__________________61
Figura 40: Região de Jordan_________________________________________________62
LISTA DE SÍMBOLOS

R² Plano 𝑥𝑦.
R³ Plano 𝑥𝑦𝑧.

∫ Integral variando de 𝑎 a 𝑏.

Ω Ômega. Representando uma lâmina na forma de uma região de Jordan.


∇𝑓 Gradiente da função 𝑓.

∮ Integral de linha através de uma curva fechada 𝐶.

∫ ∫ Integral dupla sobre a região 𝑅.

∫ ∫ Integral dupla sobre a região 𝐷.



Derivada da função ∅ em relação a 𝑥.

∫ Integral de linha através da curva 𝐶.

<∙> Produto escalar.


𝑓′(𝑡) Derivada da função 𝑓 em relação a 𝑡.
λ Lambda. Representa a densidade de massa constante.
𝑊 Dáblio. Representa o trabalho.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 13
1. ASPECTOS HISTÓRICOS ....................................................................................................... 15
1.1. A VIDA DE GEORGE GREEN ........................................................................................ 15
1.2. A MATEMÁTICA DE GREEN......................................................................................... 17
1.3. TRABALHOS DE GEORGE GREEN.............................................................................. 17
1.4. RECONHECIMENTO ....................................................................................................... 18
2. CONCEITOS PRELIMINARES ............................................................................................... 21
2.1. CURVAS DEFINIDAS POR EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS ..................................... 21
2.2. INTEGRAIS DUPLAS ....................................................................................................... 24
2.2.1. INTEGRAIS DUPLAS SOBRE UM RETÂNGULO ............................................... 24
2.2.2. PROPRIEDADES DE INTEGRAIS DUPLAS......................................................... 28
2.2.3. INTEGRAIS ITERADAS ........................................................................................... 29
2.2.4. INTEGRAIS SOBRE REGIÕES NÃO RETANGULARES ................................... 30
2.3. CAMPOS VETORIAIS .................................................................................................. 34
2.4. CAMPOS GRADIENTES .................................................................................................. 37
2.5. INTEGRAL DE LINHA ..................................................................................................... 38
2.5.1. COMO CALCULAR UMA INTEGRAL DE LINHA ................................................. 39
2.6. TRABALHO REALIZADO POR UMA FORÇA SOBRE UMA CURVA NO ESPAÇO
42
2.7. INTEGRAIS DE ESCOAMENTO E CIRCULAÇÃO PARA CAMPOS DE
VELOCIDADE ................................................................................................................................ 44
2.8. CAMPOS CONSERVATIVOS .......................................................................................... 46
2.8.1. INTEGRAIS DE LINHA EM CAMPOS CONSERVATIVOS .................................. 47
2.8.2. UM TESTE PARA CAMPOS CONSERVATIVOS ................................................ 48
3. TEOREMA DE GREEN ............................................................................................................ 50
3.1. APLICAÇÕES DO TEOREMA DE GREEN .................................................................. 55
3.1.1. O TEOREMA DE GREEN NO CÁLCULO DE ÁREA.......................................... 55
3.1.2. O TEOREMA DE GREEN PARA REGIÕES MULTIPLAMENTE CONEXAS 56
3.1.3. DETERMINAÇÃO DO TRABALHO USANDO O TEOREMA DE GREEN ..... 60
3.1.4. TEOREMA DE GREEN APLICADO EM FÍSICA: MOMENTO DE INÉRCIA 61
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 63
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................. 64
13

INTRODUÇÃO

Esta revisão bibliográfica tem por intuito coletar importantes conceitos relacionados
ao tema: Teorema de Green e Aplicações. Para que possamos definir as relações necessárias e
suficientes, quanto mecanismo fundamental para o processo de construção do
desenvolvimento do Teorema de Green. Por essa razão, não podemos deixar de
mencionarmos a grande importância desses matemáticos para o Cálculo Diferencial e
Integral, os estudos de Isaac Newton (1643 – 1727) e Gottfried Leibniz (1646 – 1716), que
deram início aos fundamentos mais respeitáveis do Cálculo: as derivadas e as integrais;
também conhecido como Cálculo Infinitesimal e, que mais tarde refletem o Teorema de
Green como imprescindível Teorema no Cálculo Diferencial Vetorial.

Seguindo a linha do trabalho, será feita a abordagem de Cálculos Vetoriais. Uma classe
importante de campos vetoriais origina – se no processo de determinação dos gradientes –
Campos gradientes abordados nesse respectivo trabalho. Logo após, trataremos de apresentar
Integrais de Linha, e como se deve ser calculada.

As Integrais de Linha independentes do caminho são abordadas as suas definições, onde


será informado e demostrando um teorema que além de dar condições para que integral de
linha seja independente do caminho, também apresenta uma fórmula para encontrar o valor de
tal integral. Em seguida trataremos de apresentar de forma aparatoso, empregado em algumas
aplicações, um Teorema que expressa uma integral dupla sobre uma região plana R, em
termos de uma integral de linha ao longo da fronteira de R, chamado Teorema de Green. Esse
sem dúvida, é o propósito do tratamento dessa pesquisa.

Para efeito de fundamentação teórica compilamos alguns trechos de comentários e


exemplos das referências, querendo fazer, com que o leitor não fique preso somente a textos
pontuais. Sendo imposto uma serie de ideias que se relacionam e exercem interação para
compor a ideia consciente para trabalhar o nosso objeto de estudo, Teorema de Green e suas
aplicações.

Sabemos que o Teorema de Green é trabalhado no espaço 2D. no entanto, contemplamos


para suporte teórico, discursões de conceito no espaço 3D à medida que, levamos em
consideração, estudos futuros.

O assunto é de extrema importância para o cálculo vetorial, sobretudo pelos aspectos


físicos que contempla. E que faz parte da grande ementa da disciplina de funções de várias
14

variáveis e que, por alguns motivos, muitas vezes o tempo não é hábil para ver esse assunto
com tranquilidade. Nesse trabalho, vamos fazer um estudo mais detalhado dessa importante
ferramenta, que servirá também como material de apoio para os futuros alunos da UFERSA
nessa disciplina.

O Teorema de Green, que é de fundamental importância para o estudo do Cálculo


Diferencial Vetorial, permite a escolha de trabalhar a integral simples em vez da integral
dupla sobre uma região, e vice-versa. A aplicação do Teorema de Green, procura resolver
problemas como, áreas de regiões determinadas por curvas simples e fechadas, o mesmo
também pode ser aplicado para cálculos de áreas de regiões com furos, ou seja, regiões que
não são simplesmente conexas.

O trabalho é dividido em três tópicos, o primeiro conta um pouco da história de Green e


os benefícios dos seus estudos para o Cálculo Diferencial, já o segundo tópico refere-se há
alguns conceitos preliminares para ter mais compreensão do Teorema de Green e o terceiro
tópico e tema central deste trabalho, refere-se ao Teorema de Green e suas aplicações, nesse
tópico vamos ver de forma detalhada o Teorema de Green e demostrar algumas de suas
aplicações tanto na física como na matemática e engenharias.
15

1. ASPECTOS HISTORICOS

Neste capítulo iremos falar um pouco sobre a história e vida de George Green e, também,
abordar algumas de suas conquistas e reconhecimentos dos seus trabalhos durante a sua vida,
e sua contribuição para matemática. Para embasamento de tais fatos, iremos apresentar uma
adaptação de (BUFFONI, 2003).

1 –George
Figura 1: GeorgeGreen.
Green

Fonte: disponível em: https://knoow.net/cienciasexactas/fisica/green-george-biografia/.


Acesso em nov. 2019.

1.1. A VIDA DE GEORGE GREEN

George Green nasceu em Nottingham em 13 de julho de 1793. Por várias gerações seus
antepassados foram fazendeiros na aldeia de Saxondale, a algumas milhas de Nottingham,
mas o pai dele, o mais jovem dos três filhos, tinha sido enviado para lá em 1774 para se
aprendiz de um padeiro em Nottingham. Com o tempo ele comprou a própria padaria e
prosperou, adquirindo terra e propriedades. Quando George tinha oito anos, enviaram- no para
Robert Goodacre’s Academy. A instrução dele durou só quatro períodos. Ele teve sorte de que
o seu pai o enviou para aquela escolar particular, já que ali ele conheceria Robert Goodacre,
professor de ciência. Assim George Green teria adquirido um gosto pela ciência.
16

Aos nove anos, George Green havia recebido toda a educação formal que ele ia adquirir
até os quarenta anos. Nessa época não havia biblioteca em Nottingham, entretanto, nada o
impedia de comprar livros nas livrarias. Eram livros de ensino e enciclopédias. E possível que
ele possa ter recebido algum aconselhamento para leitura de um dos matemáticos diplomados
que viveram em Nottingham.

Com 24 anos, ele e os pais mudaram- se para uma casa com cinco quartos que eles
construíram próximo ao moinho e alguns anos depois ele se juntou a Biblioteca de
Nottingham, recentemente aberta. Esta logo se tornou o centro de vida intelectual em
Nottingham. Continha uma coleção decente de livros de ensino matemáticos e científicos, e,
de grande importância, tinha os jornais científicos britânicos importantes. Estes normalmente
também incluíram os títulos e abstratos de documentos de jornais estrangeiros, de forma que
Green poderia seguir o que estava sendo feito em outro lugar.

George Green publicou o seu primeiro documento “Um Ensaio na Aplicação de Análise
Matemática para as Teorias de Eletricidade e Magnetismo” em 1828, com 35 de idade. Era
um grande trabalho de originalidade notável. Ele inventou técnicas matemáticas
completamente novas para resolver os problemas que surgiram na análise e teria tido um
efeito imediato e profundo se tivesse sido lido por outros trabalhadores no campo.

Infelizmente, não teve este efeito até alguns anos depois de sua morte. Ele foi aconselhado
que como não tinha tido nenhum treinamento formal e a posição social dele era modesta, não
deveria enviar o documento a um jornal científico. Então, ao invés disso, ele teve seu trabalho
impresso reservadamente em Nottingham e presumivelmente distribuiu algumas cópias para
outros matemáticos e físicos que trabalhavam na Inglaterra. Não teve nenhum impacto;
dificilmente alguém na Inglaterra tinha trabalhado neste campo. Matemáticos britânicos
estavam interessados em mecânica, ótica, astronomia, movimento planetário e hidrodinâmica;
a inspiração de Green veio da França, de Laplace e Poisson, mas ninguém parece ter visto seu
trabalho lá. Esta falta de resposta deve ter deprimido Green, mas ele começou a trabalhar logo
em um segundo documento. Ele recebeu valioso encorajamento de Senhor Edward Bromhead,
um matemático de Cambridge diplomado e influente que viveu em Lincolnshire e claramente
percebeu habilidade excepcional em Green. Green procurou áreas de muito mais interesse a
físicos matemáticos britânicos e, com a influência de Bromhead, ele começou a publicar
documentos nos jornais científicos. A vida familiar dele também mudou consideravelmente
aproximadamente neste tempo, quando o seu pai morreu. Sua mãe havia morrido alguns anos
antes, então Green se tornou um homem bastante rico. Ele deixou de moer e arrendou o
17

moinho em 1833, com 40 anos de idade. Com a ajuda de Bromhead ele entrou em Cambridge
como um estudante universitário para conseguir um diploma em matemática, em 1837 atingiu
seu objetivo e logo depois foi eleito por companheirismo à Faculdade Gonville e Caius. Em
1841 Green morre em Nottingham, deixando a esposa, Jane Smith, e sete filhos. Tristemente,
o real valor do seu trabalho não foi apreciado até a sua morte.

1.2. A MATEMÁTICA DE GREEN

A matemática de Green era quase toda desenvolvida para resolver problemas físicos muito
gerais. O primeiro interesse dele estava em eletrostática. A lei do quadrado inverso tinha sido
a pouco tempo experimentalmente estabelecida, e ele quis calcular como isto determinou a
distribuição de carga nas superfícies de condutores. Ele fez grande uso do potencial elétrico (e
deu este nome) e um dos teoremas que ele provou neste trabalho ficou, famoso como teorema
de Green, relacionando as propriedades de funções matemáticas às superfícies de um volume
fechado para outras propriedades internas. Em sua forma habitual, o teorema envolve duas
funções, mas é simplificado prontamente ao que é chamado frequentemente o teorema da
divergência ou o Teorema de Gauss. (Muitos livros de ensino também chamaram desta forma
o Teorema de Green).

Green também inventou uma técnica que é usada para resolver Equações Diferenciais.
Esta técnica pode ser aplicada a outros sistemas mais complicados. Em um circuito elétrico a
função de Green é a corrente devido a um pulso de tensão aplicado. Em eletrostática, a função
de Green é o potencial devido a uma mudança aplicada a um ponto particular no espaço. Em
geral, a função de Green é a resposta de um sistema a um estímulo aplicado a um ponto
particular no espaço ou tempo. Este conceito foi adaptado prontamente à física quântica onde
o estímulo aplicado é a injeção de um quantum de energia. É no domínio do quantum que a
aplicação de funções de Green para problemas físicos têm crescido espetacularmente nas
últimas décadas. Green também fez um trabalho muito original em elasticidade onde ele é
lembrado através do tensor de Green.

1.3. TRABALHOS DE GEORGE GREEN


 Um ensaio na aplicação de análise matemática para as teorias de eletricidade e
magnetismo;
 Aplicação dos resultados preliminares na teoria de magnetismo;
 Investigação matemática relativa às leis do equilíbrio de fluidos análogo ao fluido
elétrico, com outras pesquisas semelhantes;
18

 Na determinação das atrações exteriores e interiores de elipsóides de densidades


variáveis;
 No movimento de ondas em um canal variável de pequena profundidade e largura;
 Na reflexão e refração de som;
 Na propagação de luz em meio cristalizadas.
1.4. RECONHECIMENTO

George Green recebeu pequeno reconhecimento popular, tanto durante a vida, como
depois sua morte, além disso suas contribuições para ciência foram desenvolvidas também
durante o século XIX por William Thomson, George Gabriel Stokes e outros. Seus trabalhos
fizeram muito para estabelecer a reputação de Green na física clássica e também demonstrar
aplicações em Engenharia, onde importante uso é feito do Teorema de Green.

2 –George
Figura 2: GeorgeGabriel Stokes1
GabrielStokes.

Fonte: disponível em: https://docplayer.com.br/83037831-Teorema-de-green-e-


aplicacoes.html. Acessado em nov. 2019.

1
Matemático e físico britânico nascido em Skreen, Sligo, Irlanda, 13 de agosto de 1819, faleceu em Cambridge,
Inglaterra, 1º de fevereiro de 1903.
19

Figura
Figura 33:– William Thomson2
William Thomson.

Fonte: disponível em: https://www.researchgate.net/figure/Figura-31-William-Thomson-


Lord-Kelvin-desde-1892-18241907_fig21_237266333. Acessado em nov. 2019.

O trabalho principal de Green em eletricidade e magnetismo estava negligenciado na


Inglaterra em lugar desconhecido. Suas contribuições em outros campos que foram
publicados entre 1835 e 1839 foram melhor conhecidas por seus contemporâneos, mas o
verdadeiro valor delas não foi apreciado até mais tarde.

Julian Schwinger (1918-1994), Nobel Laureate, e Freeman Dyson estabeleceram uma boa
reputação para Green em física moderna. Nos anos 40, Schwinger mostrou que as funções de
Green poderiam ser usadas muito efetivamente em mecânica quântica e poderiam ser
aplicadas para eletrodinâmica quântica, isto ampliou o campo de aplicações do trabalho de
Green.

Em 1972, houve a formação do Fundo Comemorativo de George Green, fundado no


Departamento de Físicas, Universidade de Nottingham. Em 1985 foi promovida a restauração
de Moinho de Green em Nottingham. Em julho de 1993, aconteceram as celebrações de
Bicentenário de nascimento de Green em três cidades: Nottingham, Cambridge e Londres.

2
William Thomson nasceu em 26 de Junho de 1824, em Belfast, Irlanda, sendo o quarto filho de uma família de
sete.
20

Figura 44: –Placa


Placapara
paraGeorge
George Green
Green na
na Abadia
Abadia de
de Westminster,
Westminster, Londres,
Londres, dedicada em
Julho de 1993, sobre o bicentenário do seu nascimento.
Julho de 1993, sobre o bicentenário do seu nascimento.

Fonte: disponível em: https://www.greensmill.org.uk/about/about-george-green/. Acessado


em nov. 2019.
21

2. CONCEITOS PRELIMINARES
2.1. CURVAS DEFINIDAS POR EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS

Definição 2.1. Uma curva plana (C) no espaço R² é um conjunto de pares ordenados da
forma

𝑟(𝑡) = 𝑓(𝑡), 𝑔(𝑡) = 𝑓(𝑡)𝒊 + 𝑔(𝑡)𝒋, 𝑡 ∈ 𝐼,

onde as funções 𝑓 𝑒 𝑔 são contínuas em um intervalo I.

Definição 2.2. Uma curva C é chamada de simples (Figura 5), caso não se intercepte, isto é,
se

𝑟(𝑡 ) ≠ 𝑟(𝑡 ), 𝑡 ≠ 𝑡 ∈𝐼

Definição 2.3. Uma curva C definida no intervalo 𝐼 = [𝑎, 𝑏] é dita simples e fechada (Figura
5) se o ponto inicial 𝑓(𝑎), 𝑔(𝑎) e o ponto final (𝑓(𝑏), 𝑔(𝑏)) coincidem.

Definição 2.4. Uma curva plana é chamada de suave (lisa) se 𝑓′ e 𝑔′ existem, são contínuas e
não se anulam simultaneamente em 𝐼.

Considere que uma determinada partícula se desloque ao longo de uma curva C em R², de
acordo com a Figura 6, sabendo que as coordenadas x e y da partícula são funções do tempo,
com isso, 𝑥 = 𝑓(𝑡) e 𝑦 = 𝑔(𝑡). Com auxilio desse par de equações, muitas vezes, é uma
opção adequada de expressar uma curva e para ter uma melhor compreensão apresentaremos a
definição a seguir, segundo (STEWART, 2013).

Definição 2.5. Sejam x e y ambas dadas como funções de uma terceira variável t (chamada de
parâmetro) pelas equações

𝑥 = 𝑓(𝑡) 𝑒 𝑦 = 𝑔(𝑡)

(denominadas equações paramétricas). Cada valor de t determina um ponto (x, y), que
podemos marcar em um plano coordenado. Quando 𝑡 varia, o ponto (𝑥, 𝑦) = (𝑓(𝑡), 𝑔(𝑡))
também varia e traça a curva C, que chamamos de curva parametrizada.
22

5 –diferenciando
Figura 5: Diferenciando curvas que são denominadas simples ou fechadas. As curvas
fechadas também são conhecidas como laços.
fechadas também são conhecidas como laços.

Fonte: (THOMAS, 2012, p. 376).

Figura 66:–Movimento
Figura Movimentode
deuma
umapartícula
partículaao
aologo
logode
deuma
umacurva
curvaC.C.

Fonte: (STEWART, 2013, p. 576).

Exemplo 1. Usando as equações paramétricas

𝑥 =𝑡 −2 𝑦 = 5 − 2𝑡 −3≤𝑡 ≤4

(a). Esboce a curva usando as equações paramétricas para marcar os pontos. Indique com a
seta a direção na qual a curva é traçada quando t aumenta.
23

(b). Elimine o parâmetro para encontrar uma equação cartesiana da curva.

Solução (a): Como cada valor do parâmetro t fornece um ponto na curva, como mostra a
Tabela 1, sabendo que o intervalo de t é de t = – 3 a t = 4. Com o auxílio desses pontos (x, y)
marcados na Tabela 1, podemos assim, esboçar a curva e sua direção na medida que t
aumenta (figura 3).

Tabela 1 – Pontos (x, y) fornecidos pelo parâmetro t = –3 a t = 4.

t X y
-3 7 11
-2 2 9
-1 -1 7
0 -2 5
1 -1 3
2 2 1
3 7 -1
4 14 -3
Fonte: Elaborada pelo autor.

Figura
Figura 7:
7 –Esboço
esboçoda
dacurva
curvaeedireção
direçãona
namedida
medidaque
quet taumenta.
aumenta.

Fonte: (STEWART, 2013, p. A65).

(b): Obtemos 𝑡 = a partir da segunda equação e substituímos na primeira equação. Com

isso,
24

( ) ( )
𝑥 =𝑡 −2= − 2, ou seja, 𝑥 = −2

então a curva representada pelas equações paramétricas dadas é a parábola como mostra a
Figura 3.

Exemplo 2. Que curva é representada pelas seguintes equações paramétricas

𝑥 = cos 𝑡 𝑦 = 𝑠𝑒𝑛 𝑡 0 ≤ 𝑡 ≤ 2𝜋

Solução: Sabendo que 𝑥 + 𝑦 = 1, então 𝑠𝑒𝑛 𝑡 + 𝑐𝑜𝑠 𝑡 = 1. Como cada valor do


parâmetro 𝑡 fornece um ponto na curva, como mostra a Tabela 2, sabendo que 𝑡 pode ser
interpretado como o ângulo (em radianos). Com isso, podemos esboçar a curva e sua direção
na medida que 𝑡 aumenta de 0 a 2𝜋 (Figura 8).

Tabela 2 – pontos (x, y) fornecidos pelo parâmetro 𝑡 = 0 a 𝑡 = 2𝜋.

𝑡 0 π/2 π 3 π/2 2π

𝑥 1 0 -1 0 1
𝑦 0 1 0 -1 0
Fonte: elaborada pelo autor.

Figura
Figura 8:
8 –esboço
esboçodadacurva
curvae edireção
direçãonanamedida
medidaque
quet taumenta.
aumenta.

Fonte: (STEWART, 2013, p. 577).

2.2. INTEGRAIS DUPLAS

A noção de integral definida pode ser estendida para funções de duas ou mais variáveis.
Nesta seção, abordaremos apenas as integrais duplas, que é de grande importância para o
decorrer dos próximos capítulos abordados nesse trabalho.

2.2.1. INTEGRAIS DUPLAS SOBRE UM RETÂNGULO


25

Vamos considerar uma função 𝑓 de duas variáveis em um retângulo fechado

𝑅 = [𝑎, 𝑏] × [𝑐, 𝑑] = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅 |𝑎 ≤ 𝑥 ≤ 𝑏, 𝑐 ≤ 𝑦 ≤ 𝑑}

e vamos inicialmente supor 𝑓(𝑥, 𝑦) ≥ 0. O gráfico de 𝑓 é a superfície com equação 𝑧 =


𝑓(𝑥, 𝑦). Seja 𝑆 o solido que está acima da região R e abaixo do gráfico de 𝑓 (Figura 9), isto é,

𝑆 = {(𝑥, 𝑦, 𝑧) ∈ 𝑅 |0 ≤ 𝑧 ≤ 𝑓(𝑥, 𝑦), (𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅}.

9 Representação
Figura 9: representação do
dosolido
solido𝑆Sque
queestá
estáacima
acimada
daregião
região𝑅Reeabaixo
abaixodo
dográfico
gráficode
de𝑓.
𝑓.

Fonte: (STEWART, 2013, p. 874).

Vamos agora dividir o retângulo R em sub- retângulos. Dividindo o intervalo [𝑎, 𝑏] em m


subintervalos [𝑥 , 𝑥 ] de mesmo comprimento ∆𝑥 = (𝑏 − 𝑎)/m e dividindo também o
intervalo [𝑐, 𝑑] em n subintervalos 𝑦 ,𝑦 de mesmo comprimento ∆𝑦 = (𝑑 − 𝑐)/n.
Traçando retas paralelas aos eixos coordenados, passando pelas extremidades dos
subintervalos, como na Figura 5, formamos assim os sub- retângulos.

𝑅 = [𝑥 ,𝑥 ] × 𝑦 , 𝑦 = (𝑥, 𝑦) 𝑥 ,≤ 𝑥 ,𝑦 ≤𝑦≤𝑦

cada um dos quais com área ∆𝐴 = ∆𝑥 ∆𝑦.


26

Figura 10:
10 –Divisão
DivisãodedeR𝑅em
emsub-
sub-retângulos.
retângulos.

Fonte: (STEWART, 2013, p. 875).

Se escolhermos um ponto arbitrário, que chamaremos de ponto médio, 𝑥 ∗ , 𝑦 ∗ , em


cada 𝑅 , poderemos aproxima a parte 𝑆 que está acima de cada 𝑅 por uma caixa retangular
fina com base 𝑅 e altura 𝑓(𝑥 ∗ , 𝑦 ∗ ), como mostrado na Figura 11. O volume dessa caixa é
dado pela sua altura vezes a área do retângulo da base

𝑓 𝑥 ∗ , 𝑦 ∗ ∆𝐴.

Se seguimos com esse procedimento para todos os retângulos e somarmos os volumes das
caixas correspondentes, obteremos uma aproximação do volume total de 𝑆.
𝒎 𝒏

𝑉≈ 𝑓 𝑥 ∗ , 𝑦 ∗ ∆𝐴.
𝒊 𝟏𝒋 𝟏

Essa soma dupla significa que, para cada sub-retângulo, calculamos o valor de 𝑓 no
ponto escolhido, multiplicamos esse valor pela área do sub- retângulo e então adicionamos os
resultados (Figura 12).
27

Figura 11: Caixa retangular fina com base 𝑅 e altura 𝑓 𝑥 ∗ , 𝑦 ∗ .

Fonte: ((STEWART, 2013, p. 875).

Figura 12: Soma do volume de cada caixa retangular.

Fonte: (STEWART, 2013, p. 875).

Assim, faremos a seguinte definição:


28

Definição 2.6. A integral dupla de 𝑓 sobre o retângulo 𝑅 é

𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝐴 = lim 𝑓(𝑥 ∗ , 𝑦 ∗ )∆𝐴 3


, →

se o limite existir.

Note que esta definição nos fornece o valor do volume de solido S.

2.2.2. PROPRIEDADES DE INTEGRAIS DUPLAS

Sabemos que as integrais de uma variável de funções continuas possui propriedades


algébricas. Com as integrais duplas não é diferente, elas também possuem propriedades
semelhantes que são uteis em cálculos e aplicações. Mostraremos, a seguir, quatro
propriedades das integrais duplas.
Se 𝑓(𝑥, 𝑦) e 𝑔(𝑥, 𝑦) são continuas na região limitada 𝑅, então as propriedades a seguir
se aplicam:

1. Múltiplo constante:

𝑐𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝐴 = 𝑐 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝐴 , 𝑐𝑜𝑚 𝐶 ∈ 𝑅.

2. Soma e diferença:

(𝑓(𝑥, 𝑦) ± 𝑔(𝑥, 𝑦)) 𝑑𝐴 = 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝐴 ± 𝑔(𝑥, 𝑦)𝑑𝐴.

3. Dominação:

𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝐴 ≥ 𝑠𝑒 𝑓(𝑥, 𝑦) ≥ 0 𝑒𝑚 𝑅

Ou

𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝐴 ≥ 𝑔(𝑥, 𝑦)𝑑𝐴 𝑠𝑒 𝑓(𝑥, 𝑦) ≥ 𝑔(𝑥, 𝑦) 𝑒𝑚 𝑅.

4. Aditividade:

𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝐴 = 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝐴 + 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝐴.

3 ∑ ∑ 𝑓(𝑥 ∗ , 𝑦 ∗ )∆𝐴 é chamada soma dupla de Riemann e é utilizada como uma aproximação do
valor da integral dupla.
29

Se 𝑅 for a união de dois retângulos não sobrepostos 𝑅 e 𝑅 .

A quarta propriedade presume que a região de integração 𝑅 é dividida em regiões não


sobrepostas 𝑅1 e 𝑅2 com seus limites que se baseam em um número finito de segmentos de
reta ou curvas lisas (Figura 13), segundo (THOMAS, 2012).

11 –AApropriedade
Figura 13: propriedadededeaditividade
aditividadepara
pararegiões
regiõesretângulos
retângulosééválida
válidapara
pararegiões
regiões
delimitadas por curvas lisas.

Fonte: (THOMAS, 2012, p. 307).

2.2.3. INTEGRAIS ITERADAS

Nesta seção, vamos abordar uma integral dupla como uma integral iterada, cujo o
valor pode ser obtido calculando- se duas integrais unidimensionais, já que por meio da
definição é por muitos considerado um pouco mais complicado.

Suponha que 𝑓 seja uma função de duas variáveis contínua no retângulo 𝑅 = [𝑎, 𝑏] ×

[𝑐, 𝑑]. Usaremos a notatação ∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 para dizer que 𝑥 é mantido fixo e 𝑓(𝑥, 𝑦) é
integrada em relação a 𝑦 de 𝑦 = 𝑐 até 𝑦 = 𝑑. Esse procedimento é chamado integração

parcial em relação a 𝑦. Como ∫ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 é um número que depende do valor de 𝑥, ele
define uma função em 𝑥:

𝐴(𝑥) = 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦.

Se agora integrarmos a função 𝐴 com relação a variável 𝑥 de 𝑥 = 𝑎 até 𝑥 = 𝑏, obtemos

𝐴(𝑥)𝑑𝑥 = 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 𝑑𝑥 . (2.1)

A integral do lado direito da equação 1 é chamada integral iterada. Em geral, os


colchetes são omitidos. Então,
30

𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦𝑑𝑥 = 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 𝑑𝑥 (2.2)

Significa que o primeiro integramos com relação a 𝑦 de 𝑐 a 𝑑 e depois em relação a 𝑥


de 𝑎 até 𝑏. Apresentaremos agora o teorema de Fubini que tem como finalidade fornece
um método mais prático para o cálculo de uma integral dupla, expressando- a como uma
integral iterada (em qualquer ordem).

2.1. Teorema de Fubini: Se 𝑓 for contínuo no retângulo

𝑅 = {(𝑥, 𝑦)|𝑎 ≤ 𝑥 ≤ 𝑏, 𝑐 ≤ 𝑦 ≤ 𝑑, então

𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝐴 = 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦𝑑𝑥 = 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦 (2.3)

De modo mais objetivo, esses resultados só serão verdadeiros se imaginamos que 𝑓 seja
limitada em 𝑅, 𝑓 tenha descontinuidades em um número finito de curvas lisas e que
exista a integral iterada.

Exemplo 34. Calcule a integral dupla.

(6𝑥 𝑦 − 5𝑦 )𝑑𝐴, 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑅 = {(𝑥, 𝑦)|0 ≤ 𝑥 ≤ 3, 0 ≤ 𝑦 ≤ 1}

Solução : Pelo Teorema de Fubini, integrando primeiramente em relação a y temos

3 𝑦=1
(6𝑥 𝑦 − 5𝑦 )𝑑𝐴 = (6𝑥 𝑦 − 5𝑦 )𝑑𝑦𝑑𝑥 = 𝑥 𝑦 −𝑦 𝑑𝑥
2 𝑦=0

3 1 𝑥=3 21
= ( 𝑥 − 1) 𝑑𝑥 = 𝑥 − 𝑥 = 10,5 𝑜𝑢 .
2 2 𝑥=0 2

2.2.4. INTEGRAIS SOBRE REGIÕES NÃO RETANGULARES

Agora utilizaremos as integrais duplas, para integrar uma função 𝑓 não somente sobre
retângulo, mas também sobre uma região 𝐷 de forma mais geral (Figura 14 (a)).
Suponhamos que 𝐷 seja uma região limitada, ou seja, 𝐷 agora está contida em uma
região retangular 𝑅 (Figura 14 (b)), segundo (STEWART, 2013). Vamos agora então
apresenta uma definição da integral dupla de 𝑓 em 𝐷.

4
Questão resolvida pelo graduando, ver referência Sterwart (2013, p. 917).
31

Definição 2.7. Se 𝐹 for integrável em 𝑅, então definimos a integral dupla de 𝒇 em 𝑫


por

𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝐴 = 𝐹(𝑥, 𝑦) 𝑑𝐴.

Onde 𝐹(𝑥, 𝑦) = 𝑓(𝑥, 𝑦) se (𝑥, 𝑦) está em 𝐷 ou 𝐹(𝑥, 𝑦) = 0 se (𝑥, 𝑦) está em 𝑅, mas não
em 𝐷.

Figura 14 – (a) Região 𝐷 de forma mais geral e (b) 𝐷 contida em uma região retangular
𝑅.

Fonte: (STEWART, 2013, p. 887).


Segundo Stewart (2013, p. 888) se 𝑓 for contínua em 𝐷 e se a curva limite de 𝐷 for
“comportada”, então pode ser mostrado que ∬ 𝐹(𝑥, 𝑦)𝑑𝐴 existe e, portanto,

∬ 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝐴 existe. Com isso mostraremos a definição a seguir de dois tipos de regiões
que são, região do tipo I e região do tipo II.

Definição 2.8. Se 𝑓 é contínua em uma região 𝐷 do tipo I tal que

𝐷 = {(𝑥, 𝑦)|𝑎 ≤ 𝑥 ≤ 𝑏, 𝑔 (𝑥) ≤ 𝑦 ≤ 𝑔 (𝑥)}.

Então,

( )
𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝐴 = 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦𝑑𝑥.
( )

Onde 𝑔 e 𝑔 são contínuas em [𝑎, 𝑏]. Alguns exemplos de regiões do tipo I estão
ilustrados na Figura 15.
32

Figura 15 – algumas regiões do tipo I.

Fonte: (STEWART, 2013, p. 888).


Exemplo 4. Calcule ∬𝑫(𝑥 + 2𝑦)𝑑𝐴, onde 𝐷 é a região limitada pelas parábolas 𝑦 = 2𝑥²
e𝑦 =1+𝑥 .

Solução: As parábolas se interceptam quando 2𝑥 = 1 + 𝑥², ou seja, 𝑥 = 1, logo, 𝑥 =


± 1. Observamos que a região 𝐷, ilustrada na Figura 16, é uma região do tipo I, mas não
do tipo II, e podemos escrever

𝐷 = {(𝑥, 𝑦)| − 1 ≤ 𝑥 ≤ 1, 2𝑥 ≤ 𝑦 ≤ 1 + 𝑥 }

Com isso, o limite inferior é 𝑦 = 2𝑥² e o superior é 𝑦 = 1 + 𝑥², como mostra a Figura
15. Então,

²
(𝑥 + 2𝑦)𝑑𝐴 = (𝑥 + 2𝑦)𝑑𝑦𝑑𝑥
²

𝑦 = 1 + 𝑥²
= [𝑥𝑦 + 𝑦 ] 𝑑𝑥
𝑦 = 2𝑥²

= [𝑥(1 + 𝑥 ) + (1 + 𝑥 ) − 𝑥(2𝑥 ) − (2𝑥 ) ]𝑑𝑥

= (−3𝑥 − 𝑥 + 2𝑥 + 𝑥 + 1)𝑑𝑥

𝑥 𝑥 𝑥 𝑥 1 32
= −3 − +2 + +𝑥 = .
5 4 3 2 −1 15
33

Figura 16: Exemplo de uma região 𝐷 do tipo I.

Fonte: (STEWART, 2013, p. 889).


Definição 2.9. Se 𝑓 é contínua em uma região 𝐷 do tipo II tal que

𝐷 = {(𝑥, 𝑦)|𝑐 ≤ 𝑦 ≤ 𝑑, ℎ (𝑦) ≤ 𝑥 ≤ ℎ (𝑦)}.

Então,

( )
𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝐴 = 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦.
( )

Onde ℎ e ℎ são contínuas em [𝑐, 𝑑]. Alguns exemplos de regiões do tipo II estão
ilustradas na Figura 17.

Figura 17: Algumas regiões do tipo II.

Fonte: (STEWART, 2013, p. 889).


Exemplo 5. Determine o volume do sólido que está abaixo do paraboloide 𝑧 = 𝑥 + 𝑦² e

acima da região 𝐷 do plano 𝑥𝑦 limitada pela reta 𝑥 = e pela parábola 𝑥 = 𝑦 .

Solução
34

Da Figura 18 vemos que 𝐷 é uma região do tipo II e

𝑦
𝐷 = {(𝑥, 𝑦)|0 ≤ 𝑥 ≤ 4, ≤𝑥≤𝑦 }
2

Portanto, o volume abaixo de 𝑧 = 𝑥 + 𝑦² e acima de 𝐷 é

𝑥 𝑥=𝑦
𝑉= (𝑥 + 𝑦 )𝑑𝐴 = (𝑥 + 𝑦 )𝑑𝑥𝑑𝑦 = +𝑦 𝑥 𝑦 𝑑𝑦
3 𝑥=2

𝑦 𝑦 𝑦 2𝑦 2𝑦 13𝑦 4 216
= ( +𝑦 − − )𝑑𝑦 = [ + − ] = .
3 24 2 15 7 96 0 35

Figura 18: Exemplo de uma região D do tipo II.


Figura 1 – Exemplo de uma região 𝐷 do tipo II.

Fonte: (STEWART, 2013, p. 890).


2.3. CAMPOS VETORIAIS
Iremos apresenta nesta seção, a definição de campos vetoriais no espaço 2D e no
espaço 3-D. prosseguindo, forneceremos as representações gráficas pertinentes para mostrar a
descrição dos vetores na representação do campo vetorial desses espaços.

Segundo Leithold (1967, p. 1073) um campo vetorial associa um vetor a um ponto no


espaço. Por exemplo, se F for uma função com valores vetoriais definida numa bola aberta B
em R³, F associa a cada ponto (x, y, z) em B um vetor, sendo F chamado de campo vetorial.
Esse campo vetorial tem como seu domínio um subconjunto de V3.
35

Em geral, um campo vetorial é uma função cujo domínio é um conjunto de pontos do


R³ (ou R²) e cuja a imagem é um conjunto de vetores em V3 (ou V2).

Definição 2.10. Seja D um subconjunto em R² (uma região plana). Um campo vetorial em R²


é uma função F que associa a cada ponto (x, y) em D um vetor bidimensional F (x, y).

Segundo Stewart (2001, p. 976) para perceber um campo vetorial, a melhor maneira é
desenhar setas representando os vetores F (x, y), dando início no ponto (x, y). É
compreensível que não é possível fazer isso para todos os pontos (x, y), mas podemos
visualizar F fazendo isso para alguns pontos representativos em D, como na Figura 19. Como
F é um vetor bidimensional, podemos escrevê-lo em termos de suas funções componentes P e
Q, da seguinte forma:

F (x, y) = P (x, y) i + Q (x, y) j = < P (x, y), Q (x, y) > (2.4)

ou, de forma mais compacta,

F = Pi + Qj (2.5)

Definição 2.11. Seja F um subconjunto do R³. Um campo vetorial em R³ é uma função F que
associa a cada ponto (x, y, z) em F um vetor tridimensional F (x, y, z).

Um campo vetorial F em R³ está delineado na Figura 20. Podemos escrevê-lo em


termos das funções componentes P, Q e R como:

F (x, y, z) = P (x, y, z) i + Q (x, y, z) j + R (x, y, z) k (2.6)

Exemplo 6.

(a) Mostre numa figura as representações, tendo ponto inicial em (x, y), dos vetores do
campo vetorial

F (x, y) = - yi + xj

Onde x é + ou – 1 ou + ou – 2 e y é + ou – 1 ou + ou – 2.

(b) Prove que cada representação é tangente a uma circunferência tendo seu centro na
origem e no comprimento igual ao raio da circunferência.
36

Figura 119:
– Campo vetorial em R²
R².

Fonte: (STEWART, 2013, p. 976)

18 –Campo
Figura 20: Campovetorial
vetorialem
emR³.

Fonte: (STEWART, 2013, p. 976)

Solução:

(a) A Figura 22 indica os vetores F (x, y) associados com os dezesseis pontos (x, y). As
representações destes vetores aparecem na Figura 21.
(b) Seja
R (x, y) = xi + yj
o vetor de posição cujo ponto final está em (x, y). Então,
R (x, y) . F (x, y) = (xi + yj) . (-yi + xj)
= - xy + xy
=0
Portando, R e F são ortogonais. Assim, a representação de F cujo ponto inicial está em (x,
y) é tangente à circunferência com o centro na origem e raio ‖ R (x, y) ‖. Como
‖𝐹 (𝑥, 𝑦)‖ = (−𝑦) + 𝑥
= ‖𝑅 (𝑥, 𝑦)‖.
O comprimento de cada representação é igual ao raio da circunferência.
37

Figura 19
21:–FF(x,
(x,y)y)==-yi
-yi++xj.
xj.

Fonte: (LEITHOLD, 1967, p. 1074).


Figura 22: Vetores F (x, y) associados com os dezesseis pontos (x, y).

Fonte: (LEITHOLD, 1967, p. 1074).


2.4.CAMPOS GRADIENTES
Neta seção estudaremos uma classe muito importante de campos vetoriais, os
chamados campos vetoriais gradientes. Com o auxílio da leitura de Stewart, apresentaremos
um exemplo que se pede para determinar um campo vetorial gradiente.
Segundo Stewart (2001, p. 979) se 𝑓 é uma função escalar de duas variáveis seu
gradiente ∇𝑓 (ou grad ∇𝑓) é definido por
∇𝑓 (𝑥, 𝑦) = 𝑓 (𝑥, 𝑦)𝒊 + 𝑓 (𝑥, 𝑦)𝒋
38

portanto, ∇𝑓 é realmente um campo vetorial em R² e é denominado campo vetorial


gradiente. Da mesma forma, se f for uma função escalar de três variáveis, seu gradiente é um
campo vetorial em R³ dado por
∇𝑓 (𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑓 (𝑥, 𝑦, 𝑧)𝒊 + 𝑓 (𝑥, 𝑦, 𝑧)𝒋 + 𝑓 (𝑥, 𝑦, 𝑧)𝒌
Exemplo 7.
Determine o campo vetorial gradiente de 𝑓 (𝑥, 𝑦) = 𝑥 𝑦 − 𝑦 .
Solução
Como sabemos que:
𝜕𝑓 𝜕𝑓
∇𝑓 (𝑥, 𝑦) = 𝒊+ 𝒋
𝜕𝑥 𝜕𝑦
Calculando as derivadas com relação a x temos
𝜕𝑓
= 2𝑥𝑦.
𝜕𝑥
Calculando agora as derivadas com relação a y temos:
𝜕𝑓
= 𝑥 − 3𝑦 .
𝜕𝑦
Então
𝜕𝑓 𝜕𝑓
∇𝑓 (𝑥, 𝑦) = 𝒊+ 𝒋 = 2𝑥𝑦 𝒊 + (𝑥 − 3𝑦 ) 𝒋.
𝜕𝑥 𝜕𝑦
2.5. INTEGRAL DE LINHA
Se F é um campo vetorial no espaço então uma partícula neste espaço (por exemplo, uma
massa em um campo gravitacional) vai ser submetida à força F. suponha que a partícula se
movimenta ao longo de uma curva 𝐶 sob a ação de uma força F. um dos conceitos
fundamentais da física é o trabalho realizado por F ao longo de 𝐶. Veremos que esse trabalho
é medido por uma integral sobre a curva (integral de linha).
Na integral de linha precisamos integrar sobre uma curva 𝐶, e não sobre um intervalo
[𝑎, 𝑏]. Essas integrais mais gerais são denominadas integrais de linha (ainda que integrais de
caminho talvez fosse mais descritiva).

Suponha que 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) seja uma função de valores reais que desejamos integrar sobre
a curva 𝐶 que está dentro do domínio de 𝑓 é parametrizada por 𝒓(𝑡) = 𝑔(𝑡)𝒊 + ℎ(𝑡)𝒋 +
𝑘(𝑡)𝒌, 𝑎 ≤ 𝑡 ≤ 𝑏. Os valores de 𝑓 ao longo da curva são fornecidos pela função composta
𝑓 𝑔(𝑡), ℎ(𝑡), 𝑘(𝑡) . Vamos integrar essa composta com relação ao comprimento de arco de
𝑡 = 𝑎 a 𝑡 = 𝑏. Para começar, primeiro particionamos a curva 𝐶 em um número finito 𝑛 de
39

subarcos (Figura 23). O subarco típico tem comprimento ∆𝑠 . Em cada subarco escolhemos
um ponto (𝑥 , 𝑦 , 𝑧 ) e formamos a soma

𝑆 = 𝑓(𝑥 , 𝑦 , 𝑧 )∆𝑠 ,

que é semelhante a uma soma de Riemann. Dependendo de como é dividida a curva 𝐶 e


selecionamos (𝑥 , 𝑦 , 𝑧 ) no k-ésimo subarco, podemos obter valores diferentes para 𝑆 .

Segundo Thomas (2012, p. 362), se 𝑓 é continua e as funções 𝑔, ℎ 𝑒 𝑘 têm derivadas


de primeira ordem, então essas somas se aproximam de um limite à medida que 𝑛 cresce e os
comprimentos ∆𝑠 se aproximam de zero. O limite fornece a definição a seguir, semelhante
àquela para uma integral simples.

Definição 2.12. Se 𝑓 é definida em uma curva 𝐶 fornecida parametricamente por


𝒓(𝑡) = 𝑔(𝑡)𝒊 + ℎ(𝑡)𝒋 + 𝑘(𝑡)𝒌, 𝑎 ≤ 𝑡 ≤ 𝑏, então a integral de linha de 𝒇 sobre 𝑪 é

𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑑𝑠 = lim 𝑓(𝑥 , 𝑦 , 𝑧 )∆𝑠 ,


Contanto que esse limite exista.

Figura 25
23:–Curva
Curvar(t) particionada
particionada
𝒓(𝑡) emem pequenos
pequenos arcos
arcos de de =a𝑎𝑡a=𝑡 𝑏.
𝑡 =𝑡 𝑎 =O O comprimento
𝑏. comprimento de de
um subarco típico é ∆𝑠
∆𝑆 .

Fonte: (THOMAS, 2012, p. 362).


2.5.1. COMO CALCULAR UMA INTEGRAL DE LINHA
Para integrar uma função continua 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) sobre uma curva 𝐶:

Passo 1: Encontre uma parametrização lisa de 𝐶,

𝒓(𝑡) = 𝑔(𝑡)𝒊 + ℎ(𝑡)𝒋 + 𝑘(𝑡)𝒌, 𝑎≤𝑡≤𝑏


40

Passo 2: Calcule a integral como

𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑑𝑠 = 𝑓 𝑔(𝑡), ℎ(𝑡), 𝑘(𝑡) |𝒓′(𝑡)|𝑑𝑡.

Se 𝑓 tem o valor constante de acordo com o passo 1, então a integral de 𝑓 sobre 𝐶


fornece o comprimento de 𝐶 de 𝑡 = 𝑎 a 𝑡 = 𝑏 na Figura 23

Exemplo 8. Integre 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑥 − 3𝑦 + 𝑧 sobre o segmento de reta 𝐶 unindo a origem ao


ponto (1,1,1) (Figura 24).

Solução

Escolhemos a parametrização mais simples que pudermos imaginar

𝒓(𝑡) = 𝑡𝒊 + 𝑡𝒋 + 𝑡𝒌, 0 ≤ 𝑡 ≤ 1.

Os componentes possuem derivadas de primeira ordem continuas e |𝒓′(𝑡)| = |𝒊 + 𝒋 + 𝒌| =

1 + 1 + 1² = √3 nunca é 0, portanto a parametrização é lisa. A integração de 𝑓 sobre 𝐶 é

𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑑𝑠 = 𝑓(𝑡, 𝑡, 𝑡) √3 𝑑𝑡

1
= (𝑡 − 3𝑡 + 𝑡)√3𝑑𝑡 = √3 (2𝑡 − 3𝑡 )𝑑𝑡 = √3[𝑡 − 𝑡 ] = 0
0

Figura 24:
Caminho de integração
Caminho no exemplo
de integração 2.7.8
no exemplo

Fonte: (THOMAS, 2012, p. 363).

As integrais de linha têm a propriedade útil de que se uma curva lisa definida em
trechos 𝐶 for feita ligando-se um número finito de curvas lisas 𝐶 , 𝐶 ,......, 𝐶 pelas
41

extremidades, então a integral de uma função sobre 𝐶 é a soma das integrais sobre as curvas
que a compõem (Aditividade):

𝑓𝑑𝑠 = 𝑓𝑑𝑠 + 𝑓𝑑𝑠 + ⋯ + 𝑓𝑑𝑠.

Exemplo 9. A Figura 25 mostra outra trajetória a partir da origem a (1, 1, 1), a união dos
segmentos de reta 𝐶 e 𝐶 . Integre 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧) = 𝑥 − 3𝑦 + 𝑧 sobre 𝐶 ∪ 𝐶 .

Solução

Escolhemos as parametrizações mais simples para 𝐶 e 𝐶 que pudermos encontrar,


calculando os comprimentos dos vetores velocidade à medida que prosseguimos:

𝐶: 𝒓(𝑡) = 𝑡𝒊 + 𝑡𝒋, 0 ≤ 𝑡 ≤ 1; |𝒗| = 1 + 1 = √2.

𝐶: 𝒓(𝑡) = 𝒊 + 𝒋 + 𝑡𝒌, 0 ≤ 𝑡 ≤ 1; |𝒗| = 0 + 0 + 1 = 1.

Com essas parametrizações, descobrimos que

𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑑𝑠 = 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑑𝑠 + 𝑓(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝑑𝑠


= 𝑓(𝑡, 𝑡, 0)√2𝑑𝑡 + 𝑓(1, 1, 𝑡)(1)𝑑𝑡

= (𝑡 − 3𝑡 + 0)√2𝑑𝑡 + (1 − 3 + 𝑡)(1)𝑑𝑡

𝑡 1 𝑡 1 √2 + 3
= √2 −𝑡 + − 2𝑡 = − .
2 0 2 0 2

Observe três coisas sobre as integrais nos Exemplos 2.7 e 2.8. Primeiro, logo que os
componentes da curva apropriada foram substituídas na fórmula para 𝑓, a integração se tornou
uma integração padrão com relação a 𝑡. Em segundo lugar, a integral de 𝑓 sobre 𝐶 ∪ 𝐶 foi
42

obtida através da integração de 𝑓 sobre cada seção do caminho e da soma desses resultados.
Em terceiro lugar, as integrais de 𝑓 sobre 𝐶 e 𝐶 ∪ 𝐶 tinham valores diferentes, ou seja, o
valor da integral de linha ao longo de um caminho unindo dois pontos pode mudar se você
mudar o caminho entre eles, segundo (THOMAS, 2012).

Figura 225:
– Caminho de integração no exemplo 2.8.
9.

Fonte: (THOMAS, 2012, p.364).

2.6.TRABALHO REALIZADO POR UMA FORÇA SOBRE UMA CURVA NO


ESPAÇO
Nesta seção, iremos falar da definição para trabalho realizado por uma força sobre uma
curva lisa. E por fim, discutiremos o passo a passo para calcular uma integral de trabalho por
meio de um exemplo.
Suponha que o campo vetorial F = M (x, y, z)i + N (x, y, z)j + P (x, y, z)k represente uma
força em uma região no espaço (pode ser a força da gravidade ou uma força eletromagnética
de algum tipo) e que
𝑟(𝑡) = 𝑔(𝑡)𝒊 + ℎ(𝑡)𝒋 + 𝑘(𝑡)𝒌, 𝑎 ≤𝑡 ≤𝑏
Dividimos C em n subarcos 𝑃 𝑃 com comprimentos ∆𝑠 , começando em A e
terminando em B. escolhemos qualquer ponto (𝑥 , 𝑦 , 𝑧 ) no subarco 𝑃 𝑃 e definimos
𝑻(𝑥 , 𝑦 , 𝑧 ) como o vetor tangente unitário no ponto escolhido. O trabalho 𝑊 realizado para
mover um objeto ao longo do subarco 𝑃 𝑃 é aproximado pelo componente tangencial da
força 𝑭(𝑥 , 𝑦 , 𝑧 ) vezes o comprimento do arco ∆𝑠 aproximando a distância que o objeto se
move ao longo do subarco (como mostra a Figura 26), ou seja, o trabalho total executado na
movimentação do objeto do ponto A ao ponto B é, então, aproximado pela soma do trabalho
ao logo de cada um dos subarcos, de modo que
43

𝑊 ≈ 𝑊 ≈ 𝑭(𝑥 , 𝑦 , 𝑧 ) ∙ 𝑻(𝑥 , 𝑦 , 𝑧 ) ∆𝑠

Definição 2.13. Seja C uma curva lisa parametrizada por r(t), a ≤ t ≤ b, e F um campo de
força continuo sobre uma região contendo C. então o trabalho realizado na movimentação de
um objeto de um ponto A = r(a) ao ponto B = r(b) ao longo de C é
𝑑𝑟
𝑊= 𝑭 ∙ 𝑻𝑑𝑠 = 𝑭(𝒓(𝑡)) ∙ 𝑑𝑡.
𝑑𝑡

21 Maneiras
Figura 26: – Maneiras diferentes
diferentes de de escrever
escrever a integral
a integral do trabalho
do trabalho parapara F =+Mi
F = Mi Nj sobre
Nj + Pk + Pk
a curva C: r(t)=g(t)i+h(t)j+k(t)k,a ≤t ≤b.
sobre a curva C: 𝒓(𝑡) = 𝑔(𝑡)𝒊 + ℎ(𝑡)𝒋 + 𝑘(𝑡)𝒌, 𝑎 ≤ 𝑡 ≤ 𝑏.

Fonte: (THOMAS, 2012, p. 374).


Figura
Figura 27: 22 –OOtrabalho
trabalhorealizado
realizadopor
poruma
umaforça
forçaFFé éa aintegral
integraldedelinha
linhadodocomponente
componenteescalar
escalar
FF ∙∙ TT sobre
sobre aa curva
curva lisa
lisa entre
entre AA ee B.
B.

Fonte: (THOMAS, 2012, p. 374).

Exemplo 10. Encontre o trabalho realizado pelo campo de 𝐅 = (y – x²)𝐢 + (z – y²)𝐣 +


(x – z²)𝐤 ao longo da curva 𝒓(𝑡) = 𝑡𝒊 + 𝑡 𝒋 + 𝑡 𝒌, 0 ≤ 𝑡 ≤ 1, de (0, 0, 0) a (1, 1, 1) (Figura
28).
44

Figura 23
28:–Curva
Curvano
noexemplo
exemplo10.
.

Fonte: (THOMAS, 2012, p. 374)


Solução

Primeiro calculamos F na curva r(t):

F = (y – x²)𝐢 + (z – y²)𝐣 + (x – z²)𝐤

= (𝑡 − 𝑡 )𝐢 + (𝑡 − 𝑡 )𝐣 + (𝑡 − 𝑡 )𝐤.
Então encontramos 𝑑𝑟/𝑑𝑡,
dr d
= (𝑡𝐢 + 𝑡 𝐣 + 𝑡 𝐤) = 𝐢 + 2𝑡𝐣 + 3𝑡 𝒌.
dt dt
Por fim, encontramos F ∙ dr/dt e integramos de t = 0 a t = 1:
dr
𝐅 ∙ = [(0)𝐢 + (𝑡 − 𝑡 )𝐣 + (t − 𝑡 )𝐤] ∙ (𝐢 + 2𝑡𝐣 + 3𝑡 𝐤)
dt
= (𝑡 − 𝑡 )(2𝑡) + (𝑡 − 𝑡 )(2𝑡 ) = 2𝑡 − 2𝑡 + 3𝑡 − 3𝑡 .
Portanto,

𝑊= (2𝑡 − 2𝑡 + 3𝑡 − 3𝑡 )𝑑𝑡

2 2 3 3 1 29
= 𝑡 − 𝑡 + 𝑡 − 𝑡 = .
5 6 4 9 0 60
2.7. INTEGRAIS DE ESCOAMENTO E CIRCULAÇÃO PARA CAMPOS DE
VELOCIDADE
Nesta seção, com auxílio da leitura de Thomas, definiremos integrais de escoamento e
circulação para campos vetoriais. Em seguida, usaremos a definição estudada para obter os
resultados relativos ao tema exposto.
Thomas (2012, p. 375) constituir o estudo de integrais de escoamento e circulação para
campos de velocidade, considerando F como o campo de velocidade de um fluído escoando
por uma região no espaço (um dique ou câmara de turbina de um gerador hidroelétrico, por
45

exemplo). Com isso, a integral de F ∙ T ao longo de uma curva na região fornece o


escoamento do fluido ao longo da curva.
Definição 2.14. (Fluxo, integral de escoamento e circulação). Se r (t) é uma curva lisa no
domínio de um campo de velocidade contínuo F, o escoamento ao longo da curva entre A =
r(𝑎) e B = r(b) é

𝐸𝑠𝑐𝑜𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 𝐹. 𝑇𝑑𝑠.

A integral nesse contexto é denominada integral de escoamento. Se a curva começa e


termina no mesmo ponto, de forma que A = B, o escoamento é chamado circulação ao redor
da curva.
As integrais de escoamento são calculadas de maneira semelhante as integrais de
trabalho.
Exemplo 11. Encontre a circulação do campo F = (x – y )i + xj ao redor da circunferência r(t)
= (cos t)i + (sem t)j, 0 ≤ t ≤ 2π (figura 29).
Figura 29 – Campo vetorial F e a curva r(t) no exemplo 11.

Fonte: (THOMAS, 2012, p. 376)


Solução5
Primeiro calculamos F na circunferência:
𝐅 = (𝑥 − 𝑦)𝒊 + 𝑥𝒋 = (cos 𝑡 − 𝑠𝑒𝑛 𝑡)𝒊 + (cos 𝑡) 𝒋
Segundo calculamos dr/dt:

𝑑𝒓
= (−𝑠𝑒𝑛 𝑡)𝒊 + (cos 𝑡)𝒋
𝑑𝑡

5
Questão resolvida do livro, ver referência Thomas (2012, p. 376)
46

Então, integramos F ∙ (dr/dt) de t = 0 a t = 2π

d𝐫
𝐅∙ = −𝑠𝑒𝑛 𝑡 cos 𝑡 + 𝑠𝑒𝑛 𝑡 + 𝑐𝑜𝑠 𝑡.
dt
Sabendo que 𝑠𝑒𝑛 𝑡 + 𝑐𝑜𝑠 𝑡 = 1 é uma identidade trigonométrica, então:

d𝐫 𝑠𝑒𝑛 𝑡 2𝜋
𝐅∙ = (1 − 𝑠𝑒𝑛 𝑡 cos 𝑡) 𝑑𝑡 = 𝑡 − = 2𝜋.
dt 2 0

De acordo com a Figura 29, o fluindo com esse campo de velocidade está circulando em
sentido anti-horário ao redor da circunferência.
2.8. CAMPOS CONSERVATIVOS
Segundo Thomas (2012, p. 381), a palavra conservativa vem da física e se refere a
campos vetoriais nos quais os princípios da conservação de energia é valido (somente em
campos conservativos).
Definição 2.15. Dizemos que um campo vetorial F do espaço bi e tridimensional é
conservativo numa região se for o campo gradiente de alguma função ∅ naquela região ou
seja, se
𝐅 = 𝛁∅
A função ∅ é denominada uma função potencial de F na região.
Definição 2.15. Se F é um campo vetorial definido em D e F = ∇∅ para alguma função
escalar ∅ em D, então ∅ é chamada de função potencial de F.
De acordo com Thomas (2012, p. 382), uma vez que tenhamos encontrado uma função
potencial ∅ para o campo F6, podemos calcular todas as integrais de linha no domínio de F
sobre qualquer caminho entre A e B por

𝐅 ∙ d𝐫 = 𝛁∅ ∙ d𝐫 = ∅(𝐵) − ∅(𝐴).

6
F é conservativo em D é o mesmo que afirmar que a integral de F em torno de qualquer caminho em D fechado
é zero. Consequentemente há condições nas curvas, campos e domínios para que a equação (x) e suas
implicações sejam totalmente provadas. Essas condições são: considerar que todas as curvas sejam lisas por
partes; considerar que as funções componentes de F têm derivadas parciais de primeira ordem continuas;
também considerar que D é uma região aberta no espaço; também D conexo e simplesmente conexo.
47

Se imaginamos que 𝛁∅ para funções de várias variáveis como algo semelhante


com a derivada ∅’ para funções de uma única variável, então perceberemos que a
equação acima é similar no cálculo vetorial do Teorema Fundamental do Cálculo:

∅ (𝑥)𝑑𝑥 = ∅(𝑏) − ∅(𝑎).

2.8.1. INTEGRAIS DE LINHA EM CAMPOS CONSERVATIVOS


Mediante a derivação de uma função escalar ∅ são encontrados os campos
conservativos (gradientes). O teorema apresentado a seguir é semelhante ao teorema
fundamental do cálculo, fenecendo o cálculo de integrais de linha de campos conservativos
(gradientes), de acordo com (THOMAS, 2012).

Teorema 2.2 (Teorema Fundamental das Integrais de Linha). Imaginemos que

𝑭 (𝑥, 𝑦) = 𝑓(𝑥, 𝑦)𝒊 + 𝑔(𝑥, 𝑦)𝒋


Seja um campo vetorial conservativo em alguma região aberta D (ou R) contendo os pontos A
e B e que 𝑓(𝑥, 𝑦) 𝑒 𝑔(𝑥, 𝑦) sejam contínuas nessa região. Se

𝑭(𝑥, 𝑦) = ∇∅(𝑥, 𝑦)
e se C for uma curva paramétrica lisa por partes qualquer, que começa em A e termina em B e
esteja toda contida na região D, então

𝑭(𝑥, 𝑦) ∙ 𝑑𝒓 = ∅(𝐵) − ∅(𝐴)

ou, de maneira equivalente,

∇∅(𝑥, 𝑦) ∙ 𝑑𝒓 = ∅(𝐵) − ∅(𝐴).

Em campos conservativos tem uma propriedade de grande importância das integrais


de linha, que acontece quando um caminho de integração é uma curva fechada, ou um laço.
Para esse tipo de integração normalmente se utiliza a seguinte notação ∮ que é a integração
em volta de um caminho fechado, segundo (THOMAS, 2012).

Teorema 2.3 (propriedade do laço para campos conservativos). Se 𝑓(𝑥, 𝑦) 𝑒 𝑔(𝑥, 𝑦) forem
contínuas em alguma região aberta e curva fechada (conexa), então as informações a seguir
são equivalentes ( todas verdadeiras ou todas falsas)

1. ∮ 𝐅 ∙ d𝐫 = 0 em volta de todo o laço, ou seja, a curva é fechada em D.


48

2. O campo F é conservativo em D.
3. ∮ 𝐅 ∙ d𝐫 = 0 é independente do caminho de qualquer ponto A em D para qualquer ponto B
em D para cada curva C lisa por partes em D.

2.8.2. UM TESTE PARA CAMPOS CONSERVATIVOS


O teorema 2.2 pode ser uma importante ferramenta para caracteriza um campo vetorial
conservativo, mas apesar disso, ele não é uma ferramenta tão eficiente para o cálculo por que,
normalmente, não é possível calcular a integral de trabalho sobre todas as curvas lisas por
partes em D. como é requerido nas partes (1) e (2), então com isso precisamos mostra um
novo teorema, ou seja, teorema 2.3 (teste de campos conservativos), que é a principal
ferramenta para se identificar se um campo vetorial no espaço bidimensional é ou não
conservativo, segundo (ANTON et al, 2014).

Teorema 2.4 (Teste dos componentes para campos conservativos). Seja 𝑭 = 𝑀(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝒊 +
𝑁(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝒋 + 𝑃(𝑥, 𝑦, 𝑧)𝒌 um campo em domínio conexo e simplesmente conexo, cujas
funções componentes possuem derivadas parciais de primeira ordem contínuas. Então, 𝑭 é
conservativo se, e somente se,

𝜕𝑃 𝜕𝑁 𝜕𝑀 𝜕𝑃 𝜕𝑁 𝜕𝑀
= , = , 𝑒 = . (2.7)
𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦
O teste para campo vetorial conservativo envolve a equivalência de determinadas
derivadas parciais dos componentes do campo.

Exemplo7 12. Mostre que 𝑭 = (𝑦𝑧)𝒊 + (𝑥𝑧)𝒋 + (𝑥𝑦)𝒌 é conservativo sobre seu domínio
natural.

Solução
O domínio natural de 𝑭 é todo o espaço, que é conexo e simplesmente conexo. Aplicando o
teorema 2.3, temos

𝑀 = 𝑦𝑧, 𝑁 = 𝑥𝑧, 𝑃 = 𝑥𝑦
calculando suas derivadas parciais temos

𝜕𝑃 𝜕𝑁 𝜕𝑀 𝜕𝑃 𝜕𝑁 𝜕𝑀
=𝑥= , =𝑦= , =𝑧= .
𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦

7
Questão resolvida pelo graduando, ver referência Thomas (2012, p. 390).
49

como as derivadas parciais são continuas, portanto essas igualdades nos dizem que 𝑭 é
conservativo.

Exemplo8 13. Mostre que 𝑭 = (𝑦)𝒊 + (𝑥 + 𝑧)𝒋 + (−𝑦)𝒌 é conservativo sobre seu domínio
natural.

Solução
O domínio natural de 𝑭 é todo o espaço, que é conexo e simplesmente conexo. Aplicando o
teorema 2.3, temos

𝑀 = 𝑦, 𝑁 = 𝑥 + 𝑧, 𝑃 = −𝑦
calculando suas derivadas parciais temos:

𝜕𝑃 𝜕𝑁 𝜕𝑀 𝜕𝑃 𝜕𝑁 𝜕𝑀
= −1 ≠ = 1, =0= , =1=
𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦
como as derivadas parciais não são continuas, então nos dizemos que 𝑭 não é conservativo.

8
Questão resolvida pelo graduando, ver referência Thomas (2012, p. 390).
50

3. TEOREMA DE GREEN
Este capitulo é a parte principal do trabalho, o Teorema de Green, onde faremos uso
dos teoremas e definições anteriormente expostas no decorrer desse trabalho até o momento
para definir o Teorema, e, logo em seguida, provar e mostrar algumas aplicações do mesmo.

Segundo Leithold (1994, p. 1099) existe um teorema que expressa uma integral dupla
sobre uma região plana 𝑅, em termos de uma integral de linha ao longo da fronteira de 𝑅,
chamada Teorema de Green. Como foi revisado nos capítulos anteriormente, a definição de
curvas planas, então podemos definir o Teorema de Green.

No enunciado do Teorema de Green iremos nos referir a uma integral de linha ao longo
de uma curva 𝐶, fechada, simples e seccionalmente suave que forma a fronteira de uma região
𝑅 no plano e o sentido ao longo de 𝐶 é anti-horário. A integral de linha em torno de 𝐶 no
sentido anti-horario é denotada por ∮ .

Teorema 3.1 (Teorema de Green). Sejam 𝑀 e 𝑁 funções de duas variáveis 𝑥 e 𝑦, de tal


modo que tenham derivadas parciais primeira continuas em um disco aberto 𝐵 em 𝑅². Se 𝐶
for uma curva fechada, simples, seccionalmente suave, contida inteiramente em 𝐵, e se 𝑅 for
a região limitada por 𝐶, então

𝜕𝑁 𝜕𝑀
𝑀(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 + 𝑁(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 = − 𝑑𝐴. (3.1)
𝜕𝑥 𝜕𝑦
A demonstração de Teorema de Green para todas as regiões limitadas por curvas que
são fechadas, simples e seccionalmente suaves é matéria de um curso de cálculo avançado.
Provaremos o teorema para um tipo particular de região, onde cada reta horizontal ou vertical
intercepta-a em no máximo dois pontos. A prova está a seguir.

Prova. Seja 𝑅 a região do plano 𝑥𝑦 que pode ser definida por:


𝑅 = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅²|𝑎 ≤ 𝑥 ≤ 𝑏, 𝑓 (𝑥) ≤ 𝑦 ≤ 𝑓 (𝑥)}. (3.2)
e
𝑅 = {(𝑥, 𝑦) ∈ 𝑅²|𝑐 ≤ 𝑦 ≤ 𝑑, 𝑔 (𝑦) ≤ 𝑥 ≤ 𝑔 (𝑦)}. (3.3)
Onde as funções 𝑓 , 𝑓 , 𝑔 e 𝑔 são suaves. A Figura (30) representa tal região 𝑅, que deve ser
considerada por (3.2) na Figura (31) e por (3.3) na Figura (32).

A prova consistirá em mostrar que


51

𝜕𝑀
𝑀(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 = − 𝑑𝐴 (3.4)
𝜕𝑦
𝜕𝑁
𝑁(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 = 𝑑𝐴 (3.5)
𝜕𝑥
Figura 30: Regiãododoplano
–Região plano𝑥𝑦.
𝑥𝑦.

𝑥𝑦.

Fonte: (LEITHOLD, 1994, p. 1101).


29 –Região
Figura 31: Regiãododoplano
planodefinida
definidapor
porR𝑅(3.2).
(3.2).

Fonte: (LEITHOLD, 1994, p. 1101).


Figura 32 - Região do plano definida por 𝑅 (3.3).

Fonte: (LEITHOLD, 1994, p. 1101).


52

Para provar (3.4), trataremos 𝑅 como a região definida por (3.2). Consulte a Figura (30).
Seja 𝐶 o gráfico de 𝑦 = 𝑓 (𝑥) de 𝑥 = 𝑎 a 𝑥 = 𝑏; isto é, 𝐶 é a parte mais baixa da
curva de fronteira orientada 𝐶, indo da esquerda para a direita. Seja 𝐶 o gráfico de
𝑦 = 𝑓 (𝑥) de 𝑥 = 𝑏 a 𝑥 = 𝑎 isto é, 𝐶 é a parte superior da curva de fronteira orientada 𝐶, que
vai da direita para a esquerda. Considerando a integral de linha ∮ 𝑀(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥.

𝑀(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥. = 𝑀(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 + 𝑀(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥

= 𝑀 𝑥, 𝑓 (𝑥) 𝑑𝑥 + 𝑀 𝑥, 𝑓 (𝑥) 𝑑𝑥

= 𝑀 𝑥, 𝑓 (𝑥) 𝑑𝑥 − 𝑀 𝑥, 𝑓 (𝑥) 𝑑𝑥

= [𝑀 𝑥, 𝑓 (𝑥) 𝑑𝑥 − 𝑀(𝑥, 𝑓 (𝑥))]𝑑𝑥. (3.6)

Vamos considerar agora a integral dupla ∬ 𝑑𝐴, onde 𝑅 é ainda tratada como sendo

definida por (3.2)

( )
𝜕𝑀 𝜕𝑀
𝑑𝐴 = 𝑑𝑦𝑑𝑥
𝜕𝑦 ( ) 𝜕𝑦
( )
𝜕𝑀
= 𝑑𝑦 𝑑𝑥
( ) 𝜕𝑦

𝑓 (𝑥)
= [𝑀(𝑥, 𝑦)] 𝑑𝑥
𝑓 (𝑥)

= 𝑀 𝑥, 𝑓 (𝑥) − 𝑀 𝑥, 𝑓 (𝑥) 𝑑𝑥. (3.7)

comparando (3.6) e (3.7), comprovamos que a igualdade (3.4) é verdadeira.


Para provar (3.5), 𝑅 é considerada como uma região definida por (3.3), como na Figura (32).
O procedimento é análogo a demonstração (3.4), temos:

𝑁(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 = 𝑁(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 + 𝑁(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦

= 𝑁(𝑔 (𝑦), 𝑦)𝑑𝑦 + 𝑁(𝑔 (𝑦), 𝑦)𝑑𝑦

=− 𝑁(𝑔 (𝑦), 𝑦)𝑑𝑦 + 𝑁(𝑔 (𝑦), 𝑦)𝑑𝑦


53

= 𝑁(𝑔 (𝑦), 𝑦)𝑑𝑦 − 𝑁(𝑔 (𝑦), 𝑦)𝑑𝑦

= [𝑁(𝑔 (𝑦), 𝑦) − 𝑁(𝑔 (𝑦), 𝑦)]𝑑𝑦. (3.8)

Vamos considerar agora a integral dupla ∬ 𝑑𝐴, onde 𝑅 é ainda tratada como sendo

definida por (3.3)

( )
𝜕𝑁 𝜕𝑁
𝑑𝐴 = 𝑑𝑥𝑑𝑦
𝜕𝑥 ( ) 𝜕𝑥
( )
𝜕𝑁
= 𝑑𝑥 𝑑𝑦
( ) 𝜕𝑥

𝑔 (𝑦)
= [𝑁(𝑥, 𝑦)] 𝑑𝑦
𝑔 (𝑦)

= [𝑁(𝑔 (𝑦), 𝑦) − 𝑁(𝑔 (𝑦), 𝑦)]𝑑𝑦. (3.9)

Comparando (3.8) e (3.9), comprovamos que a igualdade (3.5) é verdadeira. Com isso
provamos as duas partes do Teorema de Green, então somando os termos que correspondentes
das igualdades (3.4) e a (3.5), obtemos o Teorema de Green para essa região 𝑅.

Exemplo 1. Usando o teorema de Green, calcular ∮ [𝑦 𝑑𝑥 + 2𝑥 𝑑𝑦], sendo 𝐶 o triângulo de


vértices (0, 0), (1, 2) e (0, 2), no sentido anti-horário.

Solução
Como 𝑅 é dada por, 0 ≤ 𝑥 ≤ 1 e 2𝑥 ≤ 𝑦 ≤ 2, usando o teorema de Green, temos

[𝑦 𝑑𝑥 + 2𝑥 𝑑𝑦] = (4𝑥 − 2𝑦)𝑑𝑥𝑑𝑦

= (4𝑥 − 2𝑦)𝑑𝑦 𝑑𝑥

2
= (4𝑥𝑦 − 𝑦 )| 𝑑𝑥
2𝑥

4
= [(8𝑥 − 4) − (8𝑥 − 4𝑥 )]𝑑𝑥 = − .
3
54

Figura 33 – Caminho 𝐶 de integração e região 𝑅 delimitada por 𝐶.

Fonte: (GONÇALVES; FLEMMING, 2007, p. 350).


Exemplo 2. Use o teorema de Green para calcular a integral de linha ∮ (𝑦 𝑑𝑥 + 4𝑥𝑦𝑑𝑦, onde
𝐶 é a curva fechada que consiste no arco da parábola 𝑦 = 𝑥², da origem ao ponto (2, 4) e no
segmento de reta de (2, 4) até a origem. A região 𝑅 com a curva de fronteira orientada 𝐶 está
ilustrada na Figura 34.

Solução
Do teorema de Green, temos:
𝜕 𝜕
𝑦 𝑑𝑥 + 4𝑥𝑦𝑑𝑦 = (4𝑥𝑦) − (𝑦 ) 𝑑𝐴
𝜕𝑥 𝜕𝑦

= (4𝑦 − 2𝑦)𝑑𝑦𝑑𝑥

2𝑥
= 𝑦 | 𝑑𝑥
𝑥

= (2𝑥 − 𝑥 )𝑑𝑥

4 1 2 64
= 𝑥 − 𝑥 ] = .
3 5 0 15
55

Figura 34:
3 – Região R
𝑅 com a curva de fronteira C.
𝐶.

Fonte: (LEITHOLD, 1994, p. 1102).

3.1. APLICAÇÕES DO TEOREMA DE GREEN


Nesta seção apresentaremos algumas aplicações do teorema de Green para ter uma
noção mais ampla da importância desse teorema tanto para matemática como para física e
para determinadas áreas de estudo.

3.1.1. O TEOREMA DE GREEN NO CÁLCULO DE ÁREA

Teorema 3.2. Se 𝑅 for uma região tendo por fronteira uma curva 𝐶 fechada simples e
seccionalmente suave, e 𝐴 unidade de área for a área de 𝑅, então:

1
𝐴= 𝑥𝑑𝑦 − 𝑦𝑑𝑥.
2

Prova. No enunciado do Teorema de Green, seja 𝑀(𝑥, 𝑦) = − 𝑦 e 𝑁(𝑥, 𝑦) = 𝑥. Então:

1 1 𝜕 1 𝜕 1
− 𝑦𝑑𝑥 + 𝑥𝑑𝑦 = 𝑥 − − 𝑦 𝑑𝐴
2 2 𝜕𝑥 2 𝜕𝑦 2
1 1
= + 𝑑𝐴
2 2
= 𝑑𝐴.

Exemplo 3. Use o Teorema 3.2 para encontrar a área da região encerrada pela elipse
56

𝑥 𝑦
+ =1
𝑎 𝑏
Solução
As equações paramétricas da elipse são
𝑥 = 𝑎 cos 𝑡 𝑦 = 𝑏 𝑠𝑒𝑛 𝑡 0 ≤ 𝑡 ≤ 2𝜋
Então 𝑑𝑥 = −𝑎 𝑠𝑒𝑛 𝑡 𝑑𝑡 e 𝑑𝑦 = 𝑏 cos 𝑡 𝑑𝑡. Se 𝐶 for a elipse e 𝐴 unidade for a área da região
encontrada por 𝐶, então, do teorema 3.2,

1
𝐴= 𝑥𝑑𝑦 − 𝑦𝑑𝑥
2

1
= [(𝑎 cos 𝑡)(𝑏 cos 𝑡 𝑑𝑡) − (𝑏 𝑠𝑒𝑛 𝑡)(−𝑎 𝑠𝑒𝑛 𝑡 𝑑𝑡)]
2

1
= 𝑎𝑏(𝑐𝑜𝑠 𝑡 + 𝑠𝑒𝑛 𝑡)𝑑𝑡
2

1
= 𝑎𝑏 𝑑𝑡 = 𝜋𝑎𝑏.
2

Logo, a área é 𝜋𝑎𝑏 unidades.


3.1.2. O TEOREMA DE GREEN PARA REGIÕES MULTIPLAMENTE CONEXAS
Sabendo que uma região é dita simplesmente conexa se não tiver buracos e é dita
multiplamente conexa se tiver um ou mais buracos, como mostra a Figura (35). No início
deste capitulo demonstramos o teorema de Green para integração no sentido anti-horário ao
longo da fronteira de uma região simplesmente conexa 𝑅 (Teorema 3.1).

Figura 35 – Regiões simplesmente e multiplamente conexas.

Fonte: (ANTON et al, 2014, p. 1115).


Para a aplicação do teorema de Green para cálculo de área de regiões multiplamente
conexa, precisamos que a região fique a esquerda quando qualquer porção da fronteira é
57

percorrida no sentido de sua orientação. Isso significa que a curva da fronteira externa da
região é orientada no sentido anti-horário e que as curvas da fronteira que envolvem furos têm
orientação no sentido horário (Figura 36). Se todas as porções da fronteira de uma
multiplamente conexa 𝑅 forem orientadas desse modo, então dizemos que essa fronteira de 𝑅
tem orientação positiva. Agora, deduziremos uma versão do teorema de Green para o mesmo
se aplicado para o cálculo de área de regiões multiplamente conexas com fronteira orientada
positivamente. Vamos considerar uma região multiplamente conexa 𝑅 com um buraco e supor
que 𝑀(𝑥, 𝑦) e 𝑁(𝑥, 𝑦) tenham derivadas parciais de primeira ordem contínuas em algum
conjunto aberto contendo 𝑅. Como ilustrado na Figura (37), dividimos 𝑅 em duas regiões 𝑅′ e
𝑅 introduzimos dois “cortes” em 𝑅. Os cortes são mostrados como segmentos de reta, mas
quaisquer curvas lisas por partes servem. Supondo que 𝑀 e 𝑁 satisfaçam as hipóteses do
teorema de Green em 𝑅 (e, portanto, em 𝑅′ e 𝑅′′), podemos aplicar o teorema a ambas 𝑅′ e 𝑅′′
para obter:

𝜕𝑁 𝜕𝑀 𝜕𝑁 𝜕𝑀 𝜕𝑁 𝜕𝑀
− 𝑑𝐴 = − 𝑑𝐴 = − 𝑑𝐴
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑥 𝜕𝑦

= 𝑀(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 + 𝑁(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 = 𝑀(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 + 𝑁(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦.

Entretanto, as duas integrais de linha são tomadas em sentidos opostos ao longo dos cortes e,
portanto, cancelam-se, deixando somente as contribuições ao longo de 𝐶 e 𝐶 . Assim,

𝜕𝑁 𝜕𝑀
− 𝑑𝐴 = 𝑀(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 + 𝑁(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 = 𝑀(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 + 𝑁(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 (4.0)
𝜕𝑥 𝜕𝑦

que é uma extensão do teorema de Green para uma região multiplamente conexa com um
buraco. Observe que a integral ao longo da fronteira externa é tomada no sentido anti-horário
e a integral em torno do buraco é tomada no sentido horário. Caso 𝑅 for uma região com mais
𝑛 buracos, então o análogo de (4.0) envolve a soma de 𝑛 + 1 integrais, uma tomada no
sentido anti-horário em torno da fronteira externa e as demais tomadas no sentido horário em
torno dos buracos.
58

Figura 36 – Fronteira de 𝑅 com orientação positiva.

Fonte: (ANTON et al, 2014, p. 1125).


Figura 37 – Região 𝑅 dividida em 𝑅′ e 𝑅 .

Fonte: (ANTON et al, 2014, p. 1125).


Exemplo 4. Calcule a integral
−𝑦𝑑𝑥 + 𝑥𝑑𝑦
.
𝑥 +𝑦
Se 𝐶 for uma curva simples fechada lisa por partes orientada no sentido anti-horário, de modo
que (a) 𝐶 não envolva a origem e (b) 𝐶 envolva a origem.

Solução (a)
Sejam
𝑦 𝑥
𝑀(𝑥, 𝑦) = − , 𝑁(𝑥, 𝑦) = (4.1)
𝑥 +𝑦 𝑥 +𝑦
de modo que
𝜕𝑁 𝑦 −𝑥 𝜕𝑀
= =
𝜕𝑥 (𝑥 + 𝑦 ) 𝜕𝑦
se 𝑥 e 𝑦 não forem ambas nulas. Assim, se 𝐶 não envolver a origem, temos
𝜕𝑁 𝜕𝑀
− =0 (4.2)
𝜕𝑥 𝜕𝑦
59

na região simplesmente conexa envolvida por 𝐶 e, portanto, a integral é nula pelo teorema de
Green.
Solução (b)
Para obter tal curva, vamos aplicar o teorema de Green para regiões multiplamente conexas a
uma região que não contenha a origem. Com essa finalidade, construímos um circulo 𝐶 com
orientação no sentido horário, centrado na origem e com raio 𝑎 suficientemente pequeno para
que fique dentro da região envolvida por 𝐶 (Figura 38). Isso cria uma região multiplamente
conexa 𝑅, cujas curvas de fronteira 𝐶 e 𝐶 têm as orientações requeridas pela formula (4.0) e
de modo que no interior de 𝑅 as funções 𝑀(𝑥, 𝑦) e 𝑁(𝑥, 𝑦) em (4.1) satisfazem as hipóteses
do teorema de Green (a origem está fora de 𝑅). Assim, por (4.0) e (3.2) segue que

−𝑦𝑑𝑥 + 𝑥𝑑𝑦 −𝑦𝑑𝑥 + 𝑥𝑑𝑦


+ = 0𝑑𝐴 = 0
𝑥 +𝑦 𝑥 +𝑦

Desta equação, obtemos


−𝑦𝑑𝑥 + 𝑥𝑑𝑦 −𝑦𝑑𝑥 + 𝑥𝑑𝑦
=−
𝑥 +𝑦 𝑥 +𝑦

Que pode ser reescrita como


−𝑦𝑑𝑥 + 𝑥𝑑𝑦 −𝑦𝑑𝑥 + 𝑥𝑑𝑦
=
𝑥 +𝑦 𝑥 +𝑦

Observe que invertendo a orientação de 𝐶 troca o sinal da integral. Mas 𝐶 tem


orientação no sentido horário, portanto −𝐶 tem orientação no sentido anti-horário.
Mostramos, assim, que a integral original pode ser calculada integrando no sentido anti-
horário em torno de um circulo de raio 𝑎, centrado na origem e que fica no interior da região
envolvida por 𝐶. Tal circulo pode ser expresso parametricamente como 𝑥 = acos 𝑡, 𝑦 =
𝑎 𝑠𝑒𝑛 𝑡 (0 ≤ 𝑡 ≤ 2𝜋); e portanto

−𝑦𝑑𝑥 + 𝑥𝑑𝑦 (−𝑎 𝑠𝑒𝑛 𝑡)(−𝑎 𝑠𝑒𝑛 𝑡)𝑑𝑡 + (𝑎 cos 𝑡)(𝑎 cos 𝑡)𝑑𝑡)
=
𝑥 +𝑦 (𝑎 cos 𝑡)² + (𝑎 𝑠𝑒𝑛 𝑡)²

= 1𝑑𝑡 = 2𝜋.
60

Figura 338:
– Região
Região envolvida
envolvida por
por C.
𝐶.

Fonte: (ANTON et al, 2014, p. 1126).


3.1.3. DETERMINAÇÃO DO TRABALHO USANDO O TEOREMA DE GREEN
Para uma curva 𝐶 orientada no espaço bidimensional em um campo vetorial
𝐹(𝑥, 𝑦) = 𝑀(𝑥, 𝑦)𝒊 + 𝑁(𝑥, 𝑦)𝒋
escrevemos

𝑭 ∙ 𝑑𝒓 = (𝑀(𝑥, 𝑦)𝒊 + 𝑁(𝑥, 𝑦)𝒋) ∙ (𝑑𝑥𝒊 + 𝑑𝑦𝒋) = 𝑀(𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 + 𝑁(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦. (4.3)
𝑪

Então sabendo que de (4.3), a integral do lado esquerdo de (4.1) é o trabalho realizado
pelo campo de força 𝑭(𝑥, 𝑦) = 𝑀(𝑥, 𝑦)𝒊 + 𝑁(𝑥, 𝑦)𝒋 numa partícula que se move no sentido
anti-horário ao longo da curva fechada simples 𝐶. No caso em que esse campo vetorial for
conservativo, segue o Teorema 2.2 que o integrando da integral dupla do lado direito de (4.1)
é nulo, de modo que o trabalho realizado pelo campo é nulo, como esperado. Para campos
vetoriais que não são conservativos, em geral é mais eficiente calcular o trabalho ao longo de
curvas fechadas simples usando o Teorema de Green do que parametriza a curva.

Exemplo 5. Encontre o trabalho realizado pelo campo de forças


𝑭(𝑥, 𝑦) = 𝑀(𝑒 − 𝑦³)𝒊 + (cos 𝑦 + 𝑥³) 𝒋
nua partícula que percorre uma vez o circulo 𝑥 + 𝑦 = 1 no sentido anti-horário (Figura 39).
Solução
O trabalho 𝑊 realizado pelo campo é

𝑊= 𝑭 ∙ 𝑑𝒓 = (𝑒 𝒙 − 𝑦 )𝑑𝑥 + (cos 𝑦 + 𝑥³)𝑑𝑦


𝑪
61

𝜕 𝜕
=9 (cos 𝑦 + 𝑥 ) − (𝑒 − 𝑦 ) 𝑑𝐴
𝜕𝑥 𝜕𝑦

= (3𝑥 + 3𝑦 )𝑑𝐴 = 3 (𝑥 + 𝑦 )𝑑𝐴

3 3𝜋
= 103 (𝑟 )𝑟 𝑑𝑟 𝑑𝜃 = 𝑑𝜃 = .
4 2
Figura 39 – Partícula percorrendo um círculo no sentido anti-horário.

Fonte: (ANTON, 2014, p. 1124).


3.1.4. TEOREMA DE GREEN APLICADO EM FÍSICA: MOMENTO DE INÉRCIA
Considere Ω uma lâmina com densidade de massa constante λ na forma de uma região
de Jordan (Figura 40) com fronteira 𝐶 suave por partes. Mostraremos que os momentos de
inércia da lâmina em torno dos eixos coordenados 𝑥 e 𝑦 são então dados por:

λ λ
𝐼 =− 𝑦 𝑑𝑥, 𝐼 = 𝑥 𝑑𝑦.
3 3
Temos da definição de 𝐼 :
𝜕𝑁 𝜕𝑀
𝐼𝒙 = 𝑦 𝜌(𝑥, 𝑦)𝑑𝐴 = 𝜆𝑦²𝑑𝐴 = − 𝑑𝑥𝑑𝑦.
𝑹 𝑹 𝜕𝑥 𝜕𝑦

9
Teorema de Green.
10
Convetemos para coordenadas polares.
62

Figura 340:
– Região de Jordan.

Fonte: (SALAS, 2005, p. 408).


Segundo Salas (2005, p. 408) a Figura t mostra um exemplo com 𝑛 = 4. A soma das
integrais duplas sobre os Ω é a integral dupla sobre Ω e, como as integrais de linha ao longo
dos cortes se cancelam, a soma das integrais ao logo das fronteiras de Ω é a integral de linha
ao longo de 𝐶.

Onde:
𝜆𝑦
𝑀(𝑥, 𝑦) = − 𝑒 𝑁(𝑥, 𝑦) = 0.
3
Daí, pelo Teorema de Green
𝜆𝑦 𝜆
𝐼 = − 𝑑𝑥 + 0𝑑𝑦 = − 𝑦 𝑑𝑥.
3 3
Por outro lado, temos
𝜕𝑁 𝜕𝑀
𝐼𝒚 = 𝑥 𝜌(𝑥, 𝑦)𝑑𝐴 = 𝜆𝑥²𝑑𝐴 = − 𝑑𝑥𝑑𝑦.
𝑹 𝑹 𝜕𝑥 𝜕𝑦
Onde
𝜆𝑥
𝑁(𝑥, 𝑦) = 𝑒 𝑀(𝑥, 𝑦) = 0.
3
Daí, pelo Teorema de Green
𝜆𝑥 𝜆
𝐼 = 𝑑𝑦 + 0𝑑𝑦 = 𝑥 𝑑𝑦.
3 3
63

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer deste estudo, percebemos a importância do Teorema de Green para
facilitar o cálculo de áreas de regiões limitadas por uma curva seccionalmente suave, simples
e fechada. Para ter um conhecimento mais ampliado e indispensável no cálculo de área,
tratando-a via Teorema de Green, como uma ferramenta de grande importância nas áreas da
Engenharia, Geologia e em particular na área da Física. Para termos um embasamento mais
transparente sobre tal Teorema, recorremos da fundamentação o aporte teórico apresentado
que serve-nos de estímulos para ter uma boa compreensão da relação de cálculo Vetorial e
Teorema de Green no cálculo de áreas de regiões planas e integrais curvilíneas.

Sabemos que na geometria plana, existi inúmeros polígonos muito conhecidos de


natureza regular, como, por exemplo, o quadrado que é um dos mais conhecidos. Mas existem
outras áreas de figuras geométricas planas difíceis de se calcular áreas, que possuem suas
unidades de superfície bastante irregulares, e que pouco são exploradas. São essas áreas pouco
exploradas que o Teorema de Green tem facilidade de trabalhar para se fazer o cálculo de tais
áreas, usando como base uma integral dupla para os referidos cálculos.

Sem dúvida o Teorema de Green é ferramenta poderosa na resolução de diversos tipos


de problemas que envolvem Matemática, Física e Engenharia. Sendo assim, estudá-lo e
compreendê-lo se torna indispensável para estudantes dessas áreas de ensino.
64

BIBLIOGRAFIA

ANTON, H.; BIVENS, I.; DAVIS, S. Cálculo: um novo horizonte. 10. ed. Porto Alegre :
Bookman, v. 2, 2014.

BUFFONI, S. Três homens e dois teoremas. cálculo vetorial aplicado. Universidade Federal
Fluminense (UFF). 2003. Disponível em: http://www.professores.uff.br/salete/wp-
content/uploads/sites/111/2017/08/HistoriaMat.pdf.

GOLÇALVES, M. B.; FLEMMING, D. M. Cálculo B. 2. ed. São Paulo : Prentice Hall, v. 2,


2007.

LEITHOLD, L. O Cálculo com Goemetria Analitica. 3. ed. São Paulo: Harbra, v. 2, 1994.

SALAS, S. L. Cálculo. Rio de Janeiro: LTC, 2005.

STEWART, J. Cálculo. 7. ed. São Paulo: Cengage Learning, v. 2, 2013.

THOMAS, G. B. Cálculo. 12. ed. São Paulo: Pearson, v. 2, 2012.

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