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Rio Tinto – PB
2012
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Rio Tinto – PB
2012
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COMISSÃO EXAMINADORA
__________________________________________________
Profº Dr. Carlos Alberto Almeida – UFPB - DCE
__________________________________________________
Prof.Ms. Agnes Liliane L. S. de Santana - UFPB -DCE
__________________________________________________
Prof. Ms. José Elias dos Santos Filho – UFPB - DCE
4
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
This research has as objectives the demonstration of the Fundamental Theorem of Calculus in
a more clear and objective and the presentation of two application of this theorem. The
justification for the choice of the theme is given by the fact that he establish the link between
derivative and integral, one of the fundamental contents of a course in Differential and
Integral Calculus, which provides us with abstract perceptions and study some of its
applications. We started working through a literature search to present both a demonstration
of TFC as adapted for two of its applications, being respectively the solution of a problem the
Initial Value through the calculation of primitives and an application of Fhysics. Besides
research, we realized that it would be important to investigate the level of understanding,
specifically, students of 3rd and 7th period 2011.2 semester, our course in Mathematics,
Campus IV, UFPB have to study this theorem. For this, we developed and applied a
questionnaire composed of four essay questions and then conducted a brief review and
discussion of it. The results obtained are discussed in our concluding remarks, where we
understand that the knowledge base of students is very important so that they can learn new
content, however to alleviate this deficiency, teachers can appropriate more resources that
assist student learning among them, we highlight some of the issues that contextualization is
also one of our general goals, because we believe that when certain content, especially the
discipline of calculus are worked with applications to other sciences, students can realize their
importance in other areas of knowledge.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS
Lic Licenciatura
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 14
2 CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS....................................... 19
2.1.1 Os alunos................................................................................. 20
REFERÊNCIAS .................................................................................. 46
APÊNDICE A ...................................................................................... 48
APÊNDICE B ...................................................................................... 51
APÊNDICE C ...................................................................................... 52
ANEXO ................................................................................................ 54
14
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
O (CDI) é uma das disciplinas oferecidas na maioria dos cursos de ciências exatas e
geralmente é estudada no inicio da graduação como um pré-requisito para outras disciplinas.
Segundo (BALDINO, 1995, p. 1 apud Ronaldo Pereira Campos, 2007?), as disciplinas de
Cálculo: “São as disciplinas internacionalmente reconhecidas como as de maior dificuldade
para os alunos, onde os índices de reprovação são os mais altos.” Concordamos com o autor,
pois vivenciamos a reprovação de vários colegas ao longo do curso e os índices mais altos de
reprovação foram justamente no inicio quando estavam estudando as disciplinas de cálculo.
Com isso pudemos observar alguns motivos que levaram nossos colegas a apresentarem um
desempenho insatisfatório em relação ao estudo de (CDI). Entre eles destacamos a não
preocupação que os alunos apresentam em relação a construção dessa disciplina e a questão
de sua aplicabilidade a outras ciências, ou seja, a maioria dos alunos não conseguem perceber
como os conceitos do Cálculo foram criados ao longo dos anos e como eles podem ser
aplicados as mais diversas ciências.
Por ser um tema introdutório para a Matemática e um dos principais teoremas usados
no estudo do Cálculo, o Teorema Fundamental do Cálculo, que envolve derivação e
integração uma como sendo o inverso da outra, possui aplicações em diferentes áreas do
conhecimento, desde a própria matemática até as ciências físicas, engenharias, ciências
sociais e biológicas.
Partimos do pré-suposto que o (TFC) não recebe a devida atenção por alguns
estudantes, devido a análise que foi feita a partir do questionário aplicado aos alunos
ingressantes e da fase final do curso de Licenciatura em Matemática da UFPB, Campus IV.
Então pretendemos pesquisar como esse teorema pode contribuir para que os professores
trabalhem de forma contextualizada através de aplicações dele a própria Matemática e
também a outra ciência que está inteiramente relacionada a ela, a Física, pois acreditamos que
quando os alunos estudam determinados conteúdos matemáticos e conseguem observar sua
aplicação direta eles sentem-se estimulados e acabam desenvolvendo a curiosidade em
aprendê-los.
16
1.3.1Geral
1.3.2 Específicos
também acabam utilizando as bibliografias que lhes são recomendadas para que possam ter
uma maior facilidade no estudo de determinados conteúdos. Então entendemos que quanto
menos formal for a apresentação de determinados conceitos matemáticos mais simples será
seu entendimento.
Para alcançar um dos objetivos gerais desse trabalho, traremos duas aplicações do
TFC, uma para cada versão. Para a aplicação da primeira versão desse teorema, usamos como
guia (FIGUEIREDO, 1997), pois nele o autor traz a solução de um Problema de Valor Inicial
através do cálculo de primitivas que é trabalhado na primeira versão do TFC. Para a segunda
versão, traremos uma aplicação do TFC ao trabalho realizado tanto por uma força constante
como por uma força variável, exemplificando ambos os casos e para isso nos baseamos na
forma como (FLEMMING; GONÇALVES, 2006) e (STEWART, 2011) apresentam esse
assunto.
CAPÍTULO 2
CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS
2.1 O questionário
Para isso, pedimos aos professores dessas respectivas disciplinas, Cálculo Diferencial
e Integral III e Introdução a Álgebra Abstrata, um tempo de 20 minutos de suas aulas para que
20
2.1.1 Os alunos
1ª questão 7 0 5 1 13
2ª questão 13 0 0 0 13
3ª questão 8 0 0 5 13
4ª questão 13 0 0 0 13
Fonte: Arquivo pessoal
1ª questão 2 0 3 0 5
2ª questão 4 0 1 0 5
3ª questão 3 0 0 2 5
4ª questão 2 1 2 0 5
Fonte: Arquivo pessoal
Obs.: Na categoria não sei, estão incluídas também as respostas: Não lembro, não e esqueci.
A partir de agora apresentaremos cada questão com seu respectivo objetivo e também
a citação de apenas algumas respostas dadas. Os alunos participantes foram indicados pelas
letras do alfabeto de A a R. Vejamos os resultados.
22
Questão 1: Explique de maneira bem objetiva o que você entende por derivação e
integração.
Na primeira questão, pretendíamos verificar qual a noção que os alunos tem a respeito
da derivada e integral e também se percebem que esses conceitos básicos do (CDI) são
operações inversas uma da outra.
Olhando para a tabela 1 podemos verificar que 7 alunos responderam: “não sei”.
Dentre esses, o aluno A citou: “É complicado falar em palavras, até porque o professor não
foi um dos mais pacientes. Sinceramente, não sei”. Os outros 5 alunos deram respostas
consideradas parcialmente corretas. Aluno B: “derivação você tira, integração você coloca”.
Aluno C: “Derivação serve para o estudo da função. Integração é utilizada para calcular
áreas”. Aluno D: “Derivada é o inverso da integral”. O aluno O apresentou uma resposta
incorreta: “Entendo que derivadas são aliadas na Geometria Analítica que através delas
podemos calcular. É também a taxa de derivação de uma função. É também o coeficiente
angular da reta secante e tangente. Já integral não lembro”.
De acordo com a tabela 2, verificamos que 2 alunos responderam “não sei”, um deles,
o aluno M, respondeu: “EXQUECI”. Os outros 3 alunos apresentaram respostas consideradas
parcialmente corretas. Aluno I: “Integrar é o inverso de derivar. Usado para calcular área”.
Aluno J: “Integral está relacionada ao cálculo de área”. Aluno L: “Integração=cálculo de
áreas”.
Na tabela 1 vemos que todos os 13 alunos responderam “não sei”. Destes, os alunos
A, B e G, responderam “não”, o aluno C respondeu: “não vi o conteúdo”, o aluno D: “não
lembro” e o aluno N: “Não, nunca ouvi falar é a primeira vez. E se ouvi eu não lembro”.
23
2.4
Resposta do aluno D: 𝐴 = = 4, 4.2 ≅ 8.
2
𝑥 −3
Resposta do aluno Q: −𝑥 2 + 4 = + 4𝑥 =
3
De acordo com a tabela 2, 4 alunos responderam “não sei”. Dentre esses, o aluno I
respondeu o seguinte: “Não sei. Não lembro agora, mas se desse uma olhadinha poderia
lembrar”. Já o aluno L, “Só da pra fazer se ver o material”. Os outros 2 alunos deram
respostas consideradas incorretas. O aluno J não apresentou os cálculos, apenas responde “1”.
Já o aluno K realizou os cálculos de maneira incorreta:
= −𝑥 2 + 4𝑑𝑥 = −𝑥 3 + 4𝑥|2−2
−2
Por fim, na tabela 1 temos que todos os 13 alunos apresentaram a resposta: “não sei”.
Destacamos os alunos C e H que responderam respectivamente: “não vi o conteúdo” e “não
sei, pois não vi o professor resolver situações deste tipo”.
De acordo com os dados apresentados nas duas tabelas podemos constatar que a
maioria dos alunos adquire uma ideia insatisfatória a respeito da definição tanto de derivada
como de integral o que leva a um não entendimento do significado de integração indefinida
que é o processo de obter uma função a partir de sua derivada e consequentemente de integral
definida.
Outro ponto bastante forte e que merece devida atenção é em relação ao enunciado do
TFC, pois nenhum dos 18 alunos participantes souberam pelo menos rabiscar algo sobre o
enunciado desse teorema, apenas 1 deles ainda tentou enunciá-lo de forma algébrica, mas
apresentou uma resposta incorreta. Portanto esses estudantes ainda apresentam dificuldades na
25
aprendizagem dos conceitos referentes ao (TFC), o que se torna um processo mecânico sendo
levado em algumas situações a uma aplicação de forma errônea.
A questão 3 foi a que consideramos a mais fácil, onde os alunos não teriam muitas
dificuldades para respondê-la, já que no próprio questionário informamos que todas as
questões se referiam ao (TFC). Mas de acordo com as respostas dadas, percebemos que os
alunos ainda não conseguem relacionar a noção de área de regiões curvas com a integral
definida.
Após a analise das respostas, percebemos que a base de conhecimento dos alunos é
muito importante para que eles consigam aprender novos conteúdos. Quando preparamos o
questionário e aplicamos as duas turmas distintas, é evidente que não esperávamos que os
alunos usassem a definição formal para responder as questões. Mas em contrapartida,
esperávamos que pelo menos a maioria apresentasse uma resposta parecida com a considerada
correta, principalmente os alunos que estavam em um nível mais avançado, que era os do 7º
período, por possuírem um grau de maturidade matemática maior que os do 3º período. Mas o
que aconteceu foi o contrario. Foi uma minoria que respondeu de maneira parcialmente
correta.
Exemplos:
𝑥3 1
𝒊 𝐹 𝑥 = é uma primitiva da função 𝑓 𝑥 = 𝑥 2 , pois 𝐹 ′ (𝑥)= 3. 3𝑥 2 = 𝑥 2 = 𝑓 𝑥 .
3
𝑥3 1
𝒊𝒊 As funções 𝐺 𝑥 = + 4, 𝐻 𝑥 = (𝑥 3 +3) também são primitivas da função
3 3
𝑓 𝑥 = 𝑥 2 ,𝐺 ′ 𝑥 = 𝐻 ′ (𝑥) = 𝑓 𝑥 .
𝑥3
Na função 𝐺 𝑥 = + 4, do exemplo 𝒊𝒊 , no lugar de 4 podemos tomar uma
3
constante qualquer 𝑐, que ainda assim obtemos uma primitiva da função 𝑓(𝑥).
Observações:
𝑑𝐹
Uma primitiva da função 𝑓 no intervalo 𝐼 é uma função 𝐹 tal que 𝑥 = 𝑓(𝑥) para
𝑑𝑥
todo 𝑥 de 𝐼.
De acordo com os exemplos 𝒊 e 𝒊𝒊 , uma mesma função admite mais de uma
primitiva. Isso implica que se 𝐹 é uma primitiva de 𝑓 em um intervalo, 𝐹 adicionada
de uma função constante também é uma primitiva de 𝑓 nesse intervalo.
𝑓 𝑥 𝑑𝑥 = 𝐹 𝑥 + 𝑐 (1)
Observações:
(i) 𝑓 𝑥 𝑑𝑥 = 𝐹 𝑥 + 𝑐 ⇔ 𝐹 ′ 𝑥 = 𝑓(𝑥).
Em nosso trabalho vamos nos deter a uma descrição do que vem a ser as somas de
Riemann em um contexto mais simples que é o cálculo de áreas de regiões delimitadas sob
uma curva, sem fazer uso de uma definição mais formal que seria dada através de partições de
subintervalos. As somas de Riemann, em homenagem a George Friedrich Bernhard Riemann
(1826-1866) (STEWART, 2011), são construídas de um modo particular:
Em cada subintervalo formamos o produto 𝑓 𝑐𝑛 . ∆𝑥𝑛 que pode ser positivo, negativo
ou nulo, depende de 𝑓 𝑐𝑛 .
𝑓(𝑐𝑖 )∆𝑥𝑖
𝑖+1
Definição 3: Seja 𝑓 uma função definida no intervalo [𝑎, 𝑏] e seja 𝑃 uma partição
qualquer de [𝑎, 𝑏]. A integral definida de 𝑓 de 𝑎 até 𝑏, denotada por:
𝑓(𝑥) 𝑑𝑥,
𝑎
É dada por:
𝑏 𝑛
Portanto, o conceito de integral definida pode ser entendido como sendo a área
determinada entre o gráfico de uma função contínua 𝑓(𝑥), definida em um intervalo fechado
e limitado do domínio, com o eixo das abscissas, o eixo 𝑥. Como mostra a figura abaixo.
Definição 5: Se 𝑓 é uma função contínua em [𝑎, 𝑏], existe um ponto 𝑐 entre 𝑎 e 𝑏 tal
que:
𝑏
𝑎
𝑓 𝑥 𝑑𝑥 = (𝑏 - 𝑎)𝑓(𝑐).
CAPÍTULO 3
Se 𝑓 for uma função contínua num intervalo fechado [𝑎, 𝑏], então a função 𝑔: 𝑎, 𝑏 →
ℝ definida por:
𝑥
𝑔 𝑥 = 𝑓(𝑡) 𝑑𝑡
𝑎
𝑑
é contínua em 𝑎, 𝑏 e derivável em (𝑎, 𝑏) e 𝑔′ 𝑥 = 𝑓(𝑥), ou seja, 𝑑𝑥 𝑓 𝑡 𝑑𝑡 = 𝑓(𝑥).
Demonstração:
𝑔 𝑥 + ∆𝑥 − 𝑔(𝑥)
𝑔′ 𝑥 = lim (3)
∆𝑥→0 ∆𝑥
Temos:
𝑔 𝑥 = 𝑓(𝑡) 𝑑𝑡
𝑎
33
∆𝑥 𝑥 ∆𝑥
𝑔 𝑥 = 𝑓(𝑡) 𝑑𝑡
𝑎
Logo,
𝑥 ∆𝑥 𝑥
𝑔 𝑥 + ∆𝑥 − 𝑔 𝑥 = 𝑓 𝑡 𝑑𝑡 + 𝑓 𝑡 𝑑𝑡 − 𝑓 𝑡 𝑑𝑡
𝑎 𝑥 𝑎
∆𝑥
= 𝑓 𝑡 𝑑𝑡
𝑥
∆𝑥
𝑓 𝑡 𝑑𝑡 = 𝑥 + ∆𝑥 − 𝑥 . 𝑓(𝑥)
𝑥
Portanto:
𝑔 𝑥 + ∆𝑥 − 𝑔(𝑥) 𝑥 + ∆𝑥 − 𝑥 . 𝑓(𝑥)
lim = lim = lim 𝑓(𝑥).
∆𝑥→0 ∆𝑥 ∆𝑥→0 ∆𝑥 ∆𝑥→0
Como 𝑥 é um ponto que está entre 𝑥, ∆𝑥, segue que 𝑥 → 𝑥 quando ∆𝑥 → 0. Como 𝑓 é
contínua, temos:
Logo,
𝑔 𝑥 + ∆𝑥 − 𝑔(𝑥)
lim = 𝑓(𝑥)
∆𝑥→0 ∆𝑥
34
Ou seja,
𝑔′ 𝑥 = 𝑓 𝑥 .
Essa ideia é muito importante, por isso que é a primeira parte do Teorema
Fundamental do Cálculo.
Se 𝑓 for uma função contínua num intervalo fechado [𝑎, 𝑏] e se 𝐹 é uma primitiva de 𝑓
nesse intervalo, então:
𝑏
𝑓 𝑡 𝑑𝑡 = 𝐹 𝑏 − 𝐹(𝑎)
𝑎
Demonstração:
𝑔 𝑥 = 𝑓(𝑡) 𝑑𝑡 (4)
𝑎
é uma primitiva de 𝑓 em 𝑎, 𝑏 .
Sendo 𝐹 𝑥 uma primitiva qualquer de 𝑓 sobre esse intervalo. Pela definição 6, temos
que:
𝐹 𝑥 = 𝑔 𝑥 + 𝑐 ∀𝑥 ∈ [𝑎, 𝑏].
𝑎
𝑔 𝑎 = 𝑓 𝑡 𝑑𝑡 = 0
𝑎
35
𝑏
𝑔 𝑏 = 𝑓 𝑡 𝑑𝑡
𝑎
𝐹 𝑏 −𝐹 𝑎 = 𝑔 𝑏 +𝑐 − 𝑔 𝑎 +𝑐
=𝑔 𝑏 −𝑔 𝑎
𝑏
= 𝑓 𝑡 𝑑𝑡
𝑎
Portanto,
𝑏
𝑓 𝑡 𝑑𝑡 = 𝐹 𝑏 − 𝐹 𝑎 .
𝑎
Observações:
Também escrevemos
𝑏
𝑓 𝑡 𝑑𝑥 = 𝐹(𝑡)|𝑏𝑎 = 𝐹 𝑏 − 𝐹 𝑎 .
𝑎
36
CAPÍTULO 4
A base dos problemas básicos da teoria clássica das Equações Diferenciais Ordinárias
está no Cálculo Diferencial e Integral. Esse estudo começou com os próprios criadores do
Cálculo, no final do século XVII, Newton e Leibniz. Havia uma preocupação, surgida de
maneira natural onde dominava os estudos das EDOs daquela época, que era obter de maneira
explícita as soluções de uma equação diferencial. Veremos que um método bastante usado foi
a obtenção da solução de um Problema de Valor Inicial através do cálculo de primitivas
(FIGUEIREDO, 1997).
Recordando a 1ª parte do TFC temos que: Se 𝑓 for uma função contínua num intervalo
fechado [𝑎, 𝑏], então a função 𝑔: 𝑎, 𝑏 → ℝ definida por:
𝑔 𝑥 = 𝑓(𝑡) 𝑑𝑡 (5)
𝑎
𝑑
𝑓 𝑡 𝑑𝑡 = 𝑓(𝑥)
𝑑𝑥
Veja que a função 𝑔 definida por (5) é uma solução da equação diferencial
𝑑𝑦
=𝑓 𝑥 (6)
𝑑𝑥
𝑓 𝑥 𝑑𝑥 = 𝐹 𝑥 + 𝑐
Como veremos abaixo, o problema (i) é solúvel, ou seja, pode-se determinar a solução
geral de (6). Mas será que esse mesmo problema apresenta apenas uma única solução?
𝑑𝑦
=𝑓 𝑥
𝑑𝑥 (7)
𝑦 𝑎 =0
Será que 𝑔 é a única solução do problema de valor inicial acima? Provaremos por
absurdo que sim.
De fato, Suponha que seja outra solução, então 𝑔 − teria derivada 0, o que implica
dizer que 𝑔 − = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡. Mas em 𝑥 = 𝑎, 𝑔 − = 0, logo temos que 𝑔 = . Absurdo, pois se
𝑔 ≠ . Se existir uma solução ela tem que ser única.
38
Portanto o problema de valor inicial tem uma e somente uma solução. Esse fato
constitui um dos mais básicos teoremas de existência e unicidade da matemática.
Obs.: Estamos supondo 𝑓(𝑥) contínua em [𝑎, 𝑏] e que por solução de (7) entendemos
uma função contínua em [𝑎, 𝑏] e derivável em (𝑎, 𝑏).
Para recordar: Vimos que a função 𝑔(𝑥) é uma solução da equação diferencial (6).
Vemos ainda que qualquer função da forma 𝑔 𝑥 + 𝑐, onde 𝑐 é uma constante
arbitrária, é também solução de (6).
𝑦 𝑥 =𝑔 𝑥 +𝑐 (8)
Onde 𝑐 é uma constante arbitrária, engloba todas as soluções de (6), isto é, (8) é a
solução geral de (6)? Vejamos:
𝑑𝑧
=0
𝑑𝑥 .
𝑧 𝑎 =0
𝑥 =𝑔 𝑥 + 𝑎 .
Portanto só foi possível obter a solução desse problema na forma explicita devido a
natureza simples das equações.
39
4.2 Trabalho
Nesta seção apresentaremos uma importante ligação entre o cálculo integral e a física,
que é uma aplicação do (TFC) ao trabalho realizado por uma força variável e como calcular o
trabalho através de alguns exemplos.
O trabalho pode ser realizado por dois tipos de força: uma Força Constante e uma
Força Variável.
𝑊 = 𝐹𝑑 9
Trabalho=força x distância”
quanto maior for a força 𝐹 ou o deslocamento 𝑑, maior será o trabalho 𝑊 realizado sobre o
corpo.
EXEMPLO 1:
Quanto trabalho é exercido ao se levantar um livro de 1,2𝑘𝑔 do chão até uma carteira
de altura 0,7𝑚? Considere que a aceleração da gravidade é 𝑔 = 9,8𝑚𝑠 2 2.
Solução
A força exercida é igual e oposta à força exercida pela gravidade, que é dada pela
equação
𝐹 = 𝑚𝑔 10
1,2 9,8 = 11,76N
W = Fd = (11,76)(0,7) ≈ 8,2J
Portanto, a equação (9) define trabalho desde que a força seja constante.
1
“Abreviada pela letra J, pronunciada como “jaule”, nome dado em homenagem ao físico
inglês do século XIX James Prescott Joule”. (YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A,
2003, pag. 160).
2
(STEWART, 2011, p. 412).
41
Queremos calcular o trabalho realizado por essa força sobre o objeto, quando este se
desloca de 𝑥 = 𝑎 até 𝑥 = 𝑏.
Então podemos aproximar o trabalho total realizado pela força 𝐹 = 𝐹(𝑥) sobre o
objeto, quando este se desloca de 𝑎 até 𝑏 por:
𝑊≈ 𝐹 𝑐𝑖 ∆𝑥 (11)
𝑖=1
Como o lado direito de (11) é uma soma de Riemann da função contínua 𝐹(𝑥),
podemos definir 𝑊 por
𝑊= 𝐹 𝑥 𝑑𝑥 (12)
𝑎
42
𝑏 𝑏
𝑊= 𝐹 𝑥 𝑑𝑥 = 𝐹 𝑑𝑥 = 𝐹 𝑏 − 𝑎 .
𝑎 𝑎
EXEMPLO 2:
Uma criança rolando uma pedra utiliza uma força de 120 + 25𝑠𝑒𝑛𝑥 Newtons sobre
ela, quando esta rola 𝑥 metros. Quanto trabalho deve a criança realizar, para fazer a pedra
rolar 2𝑚?3
Solução
W= 120 + 25𝑠𝑒𝑛𝑥 𝑑𝑥
0
= (120𝑥 − 25𝑐𝑜𝑥)|20
= 120.2 − 25𝑐𝑜𝑠. 2 − 120.0 + 25. 𝑐𝑜𝑠0
= 265 − 25𝑐𝑜𝑠. 2 𝑁. 𝑚 𝑁𝑒𝑤𝑡𝑜𝑛𝑠. 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠 = 𝐽𝑜𝑢𝑙𝑒𝑠 .
3
(FLEMMING; GONÇALVES, 2006, p. 392)
43
CAPÍTULO 5
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos através das próprias falas de alguns alunos que eles apenas memorizavam
o (TFC) para realizarem uma prova e logo depois esqueciam. Os resultados encontrados
também podem ser reflexos de estudantes que não se preocupam em aprender e refletir sobre
44
aspectos conceituais e aplicabilidade do teorema para que assim possam colocá-los em prática
como na questão 3.
Além dos objetivos que foram alcançados, a presente pesquisa também nos
proporcionou refletir sobre o processo de ensino-aprendizagem do (TFC). Percebemos o
quanto a ação tanto dos docentes como dos discentes é importante para se obter êxito na
aprendizagem. O professor sempre deve buscar sua qualificação profissional e apropriar-se
dos mais variados recursos didáticos em suas aulas. Entre eles destacamos a importância que
deve ser dada ao uso da história do Cálculo para que os alunos notem que assim como a
criação desta disciplina, o processo de aprendizagem também ocorre de forma lenta e através
de várias etapas. Outro fator de grande importância e que pode ser empregado nas praticas
pedagógicas é a utilização de softwares matemáticos como o winplot, maple e geogebra, pois
possibilitam uma aprendizagem prática de alguns assuntos vistos de forma apenas teórica.
Destacamos nesse trabalho, um dos recursos do qual um professor de um curso superior em
Matemática deve se apropriar, esse é inclusive um dos objetivos de nosso trabalho, a
contextualização de alguns assuntos, pois acreditamos que quando determinados conteúdos
são vistos de forma contextualizada, isto é, aplicados a outras ciências, os alunos percebem
sua importância e conseguem entender que a matemática é uma ciência dinâmica e
proporciona várias aplicações a outras ciências.
Deixamos aqui essas considerações como um convite para que tanto professores como
alunos reflitam sobre sua postura de ensino-aprendizagem e possam aproveitá-la da melhor
maneira possível. Além disso, esperamos que este trabalho tenha proporcionado aos
45
REFERÊNCIAS
BOULOS, Paulo. Cálculo Diferencial e Integral. São Paulo: Pearson Makron Books, v. 1
1999.
STEWART, James. Cálculo, volume I. Trad. Antônio Carlos Gilli Martins. 6. ed. São Paulo:
Cengage Learning, 2011.
YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A. Sears e Zemansky Física. Trad. Adir Moysés
Luiz. 10. ed. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2003.
48
Seja 𝑓 uma função contínua em [𝑎, 𝑏] e derivável em (𝑎, 𝑏). Então existe um número 𝑐
no intervalo (𝑎, 𝑏) tal que:
𝑓 𝑏 − 𝑓(𝑎)
𝑓′ 𝑐 = (1)
𝑏−𝑎
𝑓 𝑏 − 𝑓 𝑎 = 𝑓′ 𝑐 𝑏 − 𝑎 . (2)
𝑓 𝑏 − 𝑓(𝑎)
𝑚𝑃𝑄 = (3)
𝑏−𝑎
Que é a mesma expressão mostrada no lado direito da Equação (1). Uma vez que
𝑓 ′ 𝑐 é a inclinação da reta tangente no ponto 𝑅(𝑐, 𝑓 𝑐 ), o Teorema do Valor Médio na
forma dada pela Equação (1) diz que há no mínimo um ponto 𝑅(𝑐, 𝑓 𝑐 ), sobre o gráfico onde
a inclinação da reta tangente é igual a inclinação da reta secante 𝑃𝑄.
Em outras palavras, há um ponto 𝑅 onde a reta tangente é paralela à reta secante 𝑃𝑄.
49
Demonstração:
𝑓 𝑏 −𝑓 𝑎
𝑦−𝑓 𝑎 = (𝑥 − 𝑎)
𝑏−𝑎
𝑓 𝑏 −𝑓 𝑎
𝑥 = 𝑥 − 𝑎 + 𝑓(𝑎)
𝑏−𝑎
Temos:
𝑓 𝑏 −𝑓 𝑎
𝑔 𝑥 =𝑓 𝑥 − 𝑥−𝑎 −𝑓 𝑎 .
𝑏−𝑎
4
Produzida no software Paint
50
𝑖𝑖𝑖 𝑔 𝑎 = 𝑔 𝑏 = 0, pois
𝑓 𝑏 −𝑓 𝑎
𝑔 𝑎 =𝑓 𝑎 − 𝑎−𝑎 −𝑓 𝑎 = 0
𝑏−𝑎
𝑓 𝑏 −𝑓 𝑎
𝑔 𝑏 =𝑓 𝑏 − 𝑏−𝑎 −𝑓 𝑎 =0
𝑏−𝑎
𝑓 𝑏 −𝑓 𝑎
𝑔′ 𝑥 = 𝑓 ′ 𝑥 − ,
𝑏−𝑎
Temos:
𝑓 𝑏 −𝑓 𝑎
𝑔′ 𝑐 = 𝑓 ′ 𝑐 − = 0.
𝑏−𝑎
E desta forma,
𝑓 𝑏 − 𝑓(𝑎)
𝑓′ 𝑐 = .
𝑏−𝑎
5
“Um caso particular do T.V.M., em que𝑓 𝑎 = 𝑓(𝑏), é conhecido como Teorema de Rolle
(Michel Rolle, 1652-1719, matemático francês que descobriu o resultado em 1690)”
(BOUOS, Paulo, 1999, p. 192).
51
APÊNDICE B - CONTINUIDADE
O limite de uma função quando 𝑥 tende a 𝑎 pode muitas vezes ser encontrado
simplesmente calculando-se o valor da função em 𝑎. Acontecem casos em que lim𝑥→𝑎 𝑓(𝑥)
pode existir, mesmo que 𝑓 não seja definida no ponto 𝑎.
Quando lim𝑥→𝑎 𝑓(𝑥) = 𝑓(𝑎) diremos, de acordo com a definição a seguir, que 𝑓 é
contínua em 𝑎.
Se 𝑓 está definida próximo de𝑎 (em um intervalo aberto contendo 𝑎), dizemos que 𝑓 é
descontínua em 𝒂, ou que 𝑓 tem uma descontinuidade em 𝒂, se 𝑓 não é contínua em 𝑎.
6
Produzida no software Paint
52
APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO
Este questionário é parte de um Trabalho de Conclusão de Curso e tem por objetivo colher
algumas informações para uma futura analise sobre um dos Teoremas bastante importante que
estudamos no nosso curso de Licenciatura em Matemática: o Teorema Fundamental do
Cálculo. Portanto pedimos que você responda de maneira bem objetiva. As informações
fornecidas por você serão sigilosas.
1. Explique de maneira bem objetiva o que você entende por derivação e integração.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
____________________________________________.
4. Cite um exemplo de uma situação onde o Teorema Fundamental do Cálculo possa ser
aplicado.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________.
Obrigada!
54