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SENHOR não é um pronome de tratamento, é um título!

Na última década, podemos observar uma crescente onda de canções evangélicas que
buscam uma aproximação do relacionamento do homem com o Criador. Segundo o
entendimento de alguns, em tempos mais distantes, as músicas de adoração a Deus nos
colocavam muito distante dEle. Como exemplo disso, as composições mais antigas tinham uma
forma de se referir a Deus como “SENHOR”. Fato é, que sabendo disso ou não, a palavra
Senhor no contexto bíblico não é um pronome de tratamento quando referida a Ele, e sim, um
título. Sendo assim, os compositores antigos acertavam nas suas letras, talvez não com esse
conhecimento de causa, mas acertavam. Entretanto, para que não fiquemos só na teoria, é
bom explicarmos o porquê dessa forma de tratá-lo na Bíblia não ser um pronome de
tratamento, e sim um título.

Com uma ênfase muito grande nos escritos do Antigo Testamento, não raramente
encontramos o vocábulo SENHOR escrito exatamente desta forma, em caixa alta, ou seja,
todas as letras maiúsculas. Será que você nunca se perguntou o porquê disso? Ou você nunca
se questionou? Seria por um acaso? A resposta para esta última pergunta é não. Não é por
acaso que a palavra SENHOR na Bíblia quando referida a Deus está colocada com todas as
letras maiúsculas. A questão, é que para entendermos isso, será necessária uma breve
explicação sobre o alfabeto hebraico e um pouco da cultura dos hebreus.

O alfabeto hebraico não possui vogais. Todas as letras são consoantes. Dentro do que
você conhece de língua pátria e estrangeira, é possível pronunciar alguma palavra sem vogal?
Difícil né? Pois é. Para facilitar a leitura, foram criados alguns sinais que colocados em
determinados locais na palavra significam vogais, o que faz com que a palavra possa ser
pronunciada. Entretanto, em relação ao nome de Deus, os hebreus tinham tanto temor, que
sequer queriam pronunciar ou transcrever esse nome. Sendo assim, eles criaram um código
que quando escrito significava o nome de Deus. Esse código, doravante chamado de
TETRAGRAMA, foi elaborado de maneira tal que ficasse impronunciável, a fim de que ninguém
descuidado na leitura pudesse ler o nome de Deus. Esse tetragrama, traduzido para o nosso
alfabeto seria algo aproximadamente assim: YHWH. Como pronunciar isso? Pois bem! Essa era
a intenção dos hebreus. Ao escrever o nome de Deus, esse era o TETRAGRAMA SAGRADO,
assim, todos saberiam que se tratava de Deus, e com a impossibilidade de ler, não cairiam no
erro de pronunciar.

Os judeus usam então a palavra ADONAI que significa SENHOR ou ETERNO. Dessa
forma, eles se referem a Deus, colocando essas palavras como título. Sendo assim, SENHOR
não é um simples pronome de tratamento, como estamos habituados a utilizar. Não em
referência a YHWH.

Você já deve ter visto, talvez até em algumas traduções bíblicas, o nome de Deus
escrito como YAWEH. Essa tradução está ERRADA! Absolutamente ERRADA! Foi uma tentativa
equivocada de traduzir o intraduzível. Assim como outros tentaram, também
equivocadamente, traduzir como, JHVH (JAVÉ). E o equívoco continuou de tal maneira, que se
criou uma seita baseada no nome “verdadeiro” de Deus. Você deve conhecer os famosos
Testemunhas de... Jeová! Veja a que ponto a falta de conhecimento levou os homens!
Portanto, voltando a nossa questão inicial, ao trocarmos o SENHOR por você nas
composições musicais, não estamos fazendo uma simples troca de pronomes de tratamento, e
sim, de título por pronome de tratamento. Sendo assim, essa simples troca, que inicialmente
era para nos aproximar mais de Deus, na tentativa de demonstrar um relacionamento de
intimidade, na verdade, nos coloca em um grave erro: o de rebaixarmos o título dado a Deus a
uma simples forma de tratamento dado a qualquer mero ser humano. Pensando na origem de
tudo, isso chega a ser um insulto à pessoa de Deus. Todavia, isso também pode ser uma
explicação do porquê estamos tão desconhecidos de quem é Deus, pois não sabemos nem
como nos relacionar com Ele.

Posso concluir que essa tentativa frustrante de compor músicas que demonstram uma
falsa aproximação de Deus, evidencie o quanto estamos distantes dEle. Para nos
aproximarmos de Deus, não temos que humanizá-lo, tampouco tratá-lo como um de nós. Ao
contrário, devemos ser santos porque Ele é Santo, conforme registrado em Levítico 11.45 e I
Pedro 1.15,16. Na incapacidade de sermos santos, devemos nos render ao Senhor,
reconhecendo nossa limitação e pecaminosidade, nos arrependermos na cinza e no pó; e não
tentar demonstrar a uma fracassada tentativa de rebaixá-lo a um de nós.

Talvez, há ainda quem diga que Ele se tornou como um de nós e habitou
corporalmente entre nós, homem de dores sabe o que é padecer. Entretanto, cabe ressaltar
que apesar disso, Ele não se comportou como nenhum de nós, antes, diante do pecado Ele não
pecou, diante da soberania do Pai Ele se rendeu, e por fim, diante da morte Ele venceu. Ele de
fato se tornou como um de nós e habitou corporalmente entre nós, mas para mostrar o que
nós deveríamos ser e fazer, e não somos e tampouco fazemos. De posse dessa compreensão,
não se torna mais uma falta de conhecimento chamarmos SENHOR de você, e sim, um
rebaixamento do ETERNO a uma criatura qualquer, como um de nós. Afinal, “nunca foi sobre
nós”*.

Com afeto e orando por você...

Pr. Luiz Philipe Graça

*“Nunca foi sobre nós” é uma canção da atualidade que usa excessivamente o pronome de tratamento você para se
referir a Deus

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