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Tradução
Universidade F ederal do A B C (U FA B C )
S ão B ernardo do C ampo (S P )
A p re s e nta ç ão
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Tra d uç ão
Intro d uç ão
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1. D e s e nv o lv im e nto
1. Dada a ausênc ia de c itações diretas e de ex plic itação das versões utiliz adas de
cada obra referenc iada na versão original do tex to aqui traduz ido, optamos por
indicar, na primeira ocorrênc ia, as versões em português das obras c itadas por
Juan José B autista, para aux iliar o leitor e pesquisador. Des se modo, para todos
os trabalhos c itados que tives sem publicações em português correspondentes ,
a estas nos referenc iamos . No caso das ex ceções , optamos por indicar versões
publicadas no original. 25 7
no procedimento metodológico da fenomenologia, trata-s e de
ver de onde surge não s omente es s a afirmaç ão feuerbachiana,
mas também a reflex ão c ategorial ex plícita de M arx , is to é, a
pas s agem do conceito à c ategoria ou ainda a pas s agem da
interpretaç ão à trans formaç ão. E m nos s a opinião, é um diálogo
implícito com os pres supos tos fundamentais com os quais
surge a modernidade e que agora há de s e superar. C omo
dizem B loch e B enjamin em s eus diálogos com Hegel, no final
é quando aparece com maior nitidez a origem ou o começo de
um proces s o. E jus to agora que começ a a alvorecer o final da
modernidade e o amanhecer de um novo s éculo, de um novo
tempo ou, como diria B enjamin, do autêntico futuro contido no
tempo mes siânico.
A mens agem do mes sias , a boa nova com a qual des cende a
es ta terra o espírito mes siânico é que o s er humano pode fazer
de si divino, is to é, pode s er como Deus , e quando os faris eus
o acus am de heresia, ele mesmo, mes sias , cita os s almos onde
efetivamente s e diz na B íblia que chegará o momento em que
os filhos de Deus s e tornarão como Deus e s erão um com
ele. E com es ta mens agem s e ins taura um novo ensinamento
que o mandamento contido na Torá ordena o s er humano a
s e converter não em cris tão, judeu ou o que s eja, mas em s er 279
humano. M as o problema é s empre o que signific a s er humano,
qual é o conteúdo des s a palavra ou des s e imperativo, havendo
tantas maneiras de s ê -lo. Para o mes sias , é claro que quando
o s er humano reconhece que é filho de Deus , is to é, que foi
criado por ele, signific a que tem em s eu s eio, em sua alma, em
sua subjetividade, quer dizer, em sua interioridade, um conteúdo
também divino, que provém do pai e que por is s o pode fazer
cois as similares às que faz ou fez o Pai, ou s eja, Deus . S e o
s er humano reconhece em Deus s eu pai, então tem como s er
humano um ex emplo, um critério do que ele poderia s er s e
quis er fazê -lo. S e is to é as sim, então o problema é es clarecer a
qual deus o M es sias es tá s e referindo ou, em todo c as o, a qual
tipo de conteúdo de Deus s e refere, ou ainda como é es s e deus
ao qual s e refere, porque Deus tem muitas determinações ou
modos de s er e de aparecer, mas dentro todos eles , há alguns
que s ão fundamentais .
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E m nos s a opinião, M arx , em sua primeira reflex ão dialétic a,
como crític a de uma dialétic a de direita, faz s eculariz ar es ta
ideia mes siânic a de que o s er humano é divino, afirmando
agora o s er humano como s er supremo, is to é, digno, não de
adoraç ão, s enão de respeito, de cuidado e proteç ão. E quando
M arx faz is s o, o que daí realiz a é as s entar as bas es para a
partir des ta ideia de s er humano des envolver s eu modelo
ideal pertinente. C omo diz Franz Hinkelammert, no início M arx
chama es te modelo ideal de comunismo, mas n’O Capital, o
chama ex plicitamente de “reino da liberdade”. Is to é, da reflex ão
antropológic a com a qual começ a a reflex ão dialétic a de
M arx , es ta é coroada com a reflex ão relativa ao modelo ideal
pertinente a es ta antropologia. Por is s o afirmamos que o método
dialético em M arx es tá contido e des envolvido em sua teoria do
fetichismo, ao final de sua reflex ão dialétic a em 1873, porque
com es ta reflex ão relativa ao fetichismo próprio do c apitalismo,
o que M arx faz é mos trar porque a merc adoria es conde ou
oculta o que ela pres supõe e que é s eu conteúdo, que s ão as
relações de dominaç ão e ex ploraç ão, tanto do trabalho humano
como da naturez a. A teoria do fetichismo em M arx s erve para
mos trar que os modelos ideais pres supos tos tanto na economia
polític a clás sic a quanto na filos ofia hegeliana, tornam invisível
a dominaç ão e a ex ploraç ão. M arx tem que mos trar como is to
que es tá na realidade aparece de modo encoberto, negado e
velado não s omente pelas relações s ociais , mas também por
sua ciência e sua filos ofia. A penas quando M arx nos mos tra s eu 282
outro modelo ideal, s omente a partir daí s e pode ver de modo
diáfano o que es tá es condido e encoberto, mas a condiç ão
de que levemos a s ério a reflex ão antropológic a de M arx que,
como es ta reflex ão tenta mos trar, não es tá s eparada de sua
reflex ão dialétic a, s enão que es tá intimamente ligada a ela; por
is s o afirmamos que a dialétic a de M arx é de quatro momentos e
não s omente de três , como em Hegel.
S egundo nos s a inves tigaç ão, es ta tarefa não foi terminada por
M arx , apenas começou com sua obra, e agora o que c abe é
continuar com es te tipo de reflex ão, repens ando a partir das 283
humanidades negadas pelo c apitalismo e pela modernidade para
daí retornarmos a s eus próprios modelos ideais , para a partir daí
retornarmos na crític a e na luta, mais além do c apitalismo e da
modernidade.
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R e fe rê nc ia s B ib lio g ráfic a s
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