A Ascensão do
sinal que antecede o
Anticristo: ou O
Mundo Moderno
Introdução.
Acordamos, tomamos
café e ouvimos as
notícias. A peste continua
a matar, políticos roubam,
escolas não ensinam. Da
janela vem o barulho dos
carros, pessoas gritando.
Sentimos o cheiro de
fumaça e do esgoto.
Civilização. Nos prédios já
não há arquitetura, não há
beleza: são imensos
quadrados cinzas, de
janelas metálicas,
expressando nosso
rebaixamento. Nas igrejas
senhoras e velhos
dormem, jovens olham o
celular, enquanto um
padre mais ou menos
efeminado fala sobre
amizade e tolerância.
Cristo está distante,
esquecido no altar, às
costas do celebrante que
já não quer ser sacerdote.
Novelas, filmes e livros
versam sobre temas
inúteis. São acúmulos de
traições, sexo e
desespero. Ao homem
cabe o papel de trabalhar,
de comer e dormir. Aos
finais de semana, como
lhe bate o desespero, lhe
cabe aproveitar tudo.
Bebidas, amores,
encontros íntimos, tudo é
um motor a espantar o
tédio e o real problema:
estamos mortos. Não
morremos quando veio o
vírus, nem quando vieram
as bombas atômicas.
Morremos quando estrondo. E quais foram as
perdemos o espírito, nuvens que se
quando trocamos nossa acumularam para gerar a
humanidade por esse modernidade? São o
projeto satânico chamado gnosticismo e o
modernidade. Já não panteísmo.
somos homens. Já não Após a Queda o homem
lembramos o verdadeiro afastou-se de Deus. Ou
cheiro da grama verde, seja, nós nos afastamos
nem a sensação do sol da verdade substancial do
nos dourando a face. mundo, e no lugar desta
Vagamos hipnotizados erguemos altares pra
num deserto de sensações ídolos, para nós mesmos.
e abstrações. Esquecemos Nasceu aí o paganismo, a
a vida real para pensarmos religião dos mistérios. Os
em boletos, ideologias, homens ergueram altares
políticas, ciência. aos demônios na tentativa
Colhemos algum conforto, de encontrar uma nova
mas perdemos a alma. ordem no mundo, de
Quando isso ocorreu? reconquistar o paraíso que
Quando foi que trocaram pelo fruto. A
degeneramos? Como gnose é a religião desse
aceitamos? A isso afastamento, é a revolta
pretendemos responder no contra Deus.
presente ensaio. Serão
uma série de textos, em Para a gnose Deus é mal,
que abordaremos a pois criou a existência e a
modernidade e nossa existência é má. A criação
doença espiritual. Ao fim tem em si um problema, e
de cada texto sugerimos deve ser eliminada. O
exercícios simples, para demiurgo deve ser vencido
que possa o leitor pelo conhecimento, por
começar a se libertar do nos tornamos puros, ou
erro, e voltar ao caminho seja, por nos afastarmos
único e verdadeiro. Que dele. Para Satã, existir é
Cristo nos guie, e que doloroso, posto que esta
Nossa Senhora nos no inferno. A criação deve
ampare. ser eliminada. Essa
religião existe desde os
tempos imemoriais e é a
Capítulo 1- As raízes raiz principal das
do Mal. ideologias modernas: A
revolta contra o ser.
É preciso entender de
onde vem a doença, como
A criação não é má, é o
ela foi gestada. Pois uma
afastamento de Deus que
tempestade não acontece
é mal, pois gera uma
de véspera, sempre há
ausência, uma falta. Santo
uma brisa, uma nuvem, um
Agostinho já nos ensinou
que o mal é uma negação
e não uma substância. A
tradição nos ensina que o
que existe é obra do amor
do Ser, e tudo tem
participação no Ser. Na
gnose é o contrário: tudo
que é afasta do bem, e só
o que não é pode ser. O
mal é uma substância que
gera a realidade, e superar
a realidade é acabar com
ele e com o Ser. É o
espírito da negação,
daquilo que não é.
Sabemos que Deus é tudo
em ato, e é Ele quem
preenche o vazio. Nós
somos por que
participamos dessa obra,
que é feita continuamente
Nele, através de seu Logos
e de Seu Espírito. Entender
essa profunda realidade
nos afasta de qualquer
tentativa gnóstica. Foi do
colapso causado pelo
Pecado Original que o mal
entrou nos homens, e não
pelo ato de os homens
existirem. E qual a
natureza desse Pecado? É
o afastar-se de Deus em
troca do conhecimento a
partir de nós mesmos.
Mas o homem não pode
conhecer as coisas por si
mesmo, posto que em si
não carrega a essência.
Quando nos destinamos a
conhecer as coisas em
nós mesmos caímos nas
abstrações dos
fenômenos.
Vamos deixar claro: como
se dá o processo de
conhecer? Como o leitor
sabe ao olhar para um
pinscher e um pastor
alemão que os dois são
cães, ou seja, que os dois
tem uma natureza comum,
e não são animais
diferentes? O leitor poderia
dizer que há semelhanças
entre eles: Latem, abanam
o rabo e etc. Certo, mas há
semelhanças entre cães e
lobos, e sabemos que uns
são cães e outros lobos.
Então como conhecemos
isso? Os modernos diriam
que apreendemos da
multidão dos fenômenos
as semelhanças entre os
entes, e os agrupamos,
pela razão, num mesmo
conjunto. Assim olhamos
a multidão de animais que
latem, e dessa diversidade
os agrupamos no conceito
de cão. Mas isso é
impossível, pois exigiria
que todo homem
conhecesse todos os
animais para formular seu
conceito. No entanto uma
criança percebe que o cão
é cão sem nunca ter visto
aquele tipo de cão.
Conhecendo um cão ele
reconhece outro. É,
portanto, da apreensão da
essência que
conhecemos. E essa
essência existe em Deus, e
é organizada pelo Logos
para existir no mundo.
Então a existência
depende do Pai. Quando
Adão e Eva comem o fruto
eles se afastam dessa
essência, fazendo com
que o conhecimento fique
imperfeito. Fora das
essências eles vagam pelo
mundo das aparências, do
tempo, e da morte.
A Gnose inverte essa
verdade, colocando na
própria existência a culpa
do Pecado. A morte já não
é resultado dessa Queda,
mas a condição mesma
imposta pelo demiurgo ao
nos criar. É necessário,
para eles, corrigir a
criação, corrigir a Deus. E
corrigimos através do
conhecimento. É reafirmar
o Pecado Original. É
vivermos em negação. Um
gnóstico é um negador da
realidade. É um idealista.
Se olharmos para as
ideologias modernas,
todas elas, veremos esse
espírito de negação. O
liberalismo nega o ser e
tenta consertar o mundo
pela razão livre. O
marxismo nega o ser e
tenta consertar o mundo
pelas relações de trabalho.
O fascismo nega o ser, e
tenta consertar o mundo
através do Estado. O
tecnocracismo nega o ser,
e quer consertar o mundo
pela ciência. Em todos
eles há a falha principal, a
gnose, a ideia de que o
mundo é mal por existir.
Sabemos que há mal no
mundo, sabemos que ele é
imperfeito. Mas ele o é por
nós mesmos. Não porque
essa seja sua realidade,
mas porque nós nos
afastamos do Ser. O
mundo é o que é. Essa
conclusão tem de ficar
clara àquele que quer
recusar o delírio moderno.
Não há o que consertar, há
apenas a aceitação de
como as coisas são na
natureza, e a fé de que
estamos além dessa
natureza, que não somos
do mundo, apenas
estamos no mundo.
A outra ponta do nosso
mal, a outra raiz, é a
conclusão oposta: Deus é
a soma de tudo quanto
existe. Ele não é o criador
das coisas, nem o
demiurgo. Ele é o mundo.
Cada ser é um pedaço do
Ser. Isso é o panteísmo. E
é igualmente falso.
O Ser de Deus é maior que
o mundo. Ele é o criador,
portanto transcende a
criação, pois ninguém cria
algo que é maior que si. A
simples soma de todas as
coisas não resulta no Ser.
Ele é, nós somos na
medida que participamos
da criação. E cada ser
participa de uma maneira.
A pedra não participa do
Ser da mesma maneira
que o animal, este não
participa da mesma
maneira que os homens.
Há uma hierarquia na
criação pois há uma
hierarquia na participação.
Deus nos fez a Sua
imagem e semelhança,
isso nos força a ver que
temos uma participação
maior, mais liberdade e
mais pecado. Não peca o
cachorro que mata o outro
para comer a sua comida:
ele faz aquilo que esta
escrito em sua natureza. A
participação dele no Ser é
apenas física e natural. Ao
homem isso não é
permitido, pois nossa
participação não é física, é
espiritual, uma vez que foi
Deus quem nos deu o
sofro da vida em Gênesis,
e Ele nos deu seu corpo e
sangue em Cristo, uma
nova vida. Por isso somos
chamados a uma
perfeição que não é da
natureza, mas da alma.
Somos chamados a
nobreza de estarmos nele.
O panteísmo nega a isso,
uma vez que se Deus é
uma soma, tudo é Deus, e,
portanto, nada tem uma
hierarquia, tudo tem uma
igualdade. Por isso, no
mundo moderno, não é
estranho que a se
preocupem tanto com o
mico leão e liberem o
aborto: Deus esta na
natureza, e ela prospera
melhor sem o homem.
Como o valor de tudo é
igual, uma floresta sem
homens tem mais Deus
que uma casa. O
ecologismo moderno é
fruto desse desvio.
E a modernidade é uma
síntese da mentira. É a
junção do panteísmo com
a gnose, formando a
religião do homem. Não
que somente hoje ela
tenha existido. Todas as
religiões antigas, todo o
paganismo é fruto dessa
síntese. O que vemos
agora é a religião do
homem voltando com
força, remodelando a
humanidade para
voltarmos ao tempo dos
mistérios, do abismo dos
inocentes, de Moloch e
Baal. A única solução é
nos voltarmos para a
Verdade, que é a Pessoa
de Cristo. É Cristo ou a
barbárie.
Sugestão de exercício-
“Para começar a se libertar
desse erro sugerimos que
faça um profundo exame
de seus pensamentos.
Anote o que pensa sobre a
natureza, o ecologismo, o
aborto, e tudo quanto se
lembrar. Busque suas
profundas crenças: Se crê
na democracia, na
igualdade, na liberdade
sexual. Tudo. Depois tente
descobrir o motivo de você
pensar o que pensa. Se
pergunte de onde vieram
essas ideias. Onde as
aprendeu? Como se
convenceu dessas
verdades? Lembre-se de
buscar as ideias mais
profundas, aquelas que
são a base de tudo que
acredita. Depois de
averiguar isso responda: O
que há de gnóstico ou
panteísta nisso? Será que
isso pode ser confrontado
com a realidade?
Faça isso, e vai perceber o
quanto vai se abalar seu
mundo interior: é a dor de
quem começa a ver a luz
depois de anos na
sombra”