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Lentes, Receitas e

Transposição 1.1
As lentes utilizadas para a correção das ametropias possuem características distintas em função
de seus objetivos e necessidades.

Lentes:

Segundo sua etimologia, óptica tem origem no termo grego optike, que significa “visão”. Vimos,
anteriormente, as propriedades e os elementos dos variados tipos de lentes. Inicialmente,
representaremos cada lente e suas diferenças e recursos em função de sua tipologia.
Lentes, Receitas e Transposição
1.2
Transposição:

Já vimos como é realizada a prescrição


de uma lente. Sabendo-se que as lentes
combinadas, cilíndricas ou tóricas
possuem duas formas de serem
prescritas, uma com o cilíndrico
negativo e outra com o cilíndrico
positivo, vamos procurar entender como
podemos descobrir cada valor específico
da receita.
Os valores dióptricos dos eixos das
lentes serão o nosso leme de orientação
para a avaliação de cada elemento da
receita. Acompanhe a representação
das lentes em função dos valores de
seus meridianos.
Lentes, Receitas e Transposição
1.3
Classificação das Dioptrias 1.1
A classificação das dioptrias está diretamente
relacionada a suas forças dióptricas.

A utilização dessa tabela deve ser observada em função do maior poder


dióptrico da lente (DNP = força horizontal / ALT = força vertical). Esse poder
dióptrico está diretamente relacionado às espessuras de borda (lentes
negativas) ou às espessuras centrais (lentes positivas). O que interfere na
escolha da armação.
Instrumentos de Medidas 1.1
O mundo da óptica respeita alguns princípios físicos de
medida. Entre eles, os mais usados nesse ramo são:
Grau, Milímetro, Escala de Snellen, Número Abbe e
Nanômetro.

Grau É a unidade de medida utilizada para indicar o eixo ou o meridiano ao qual determinada dioptria
está associada. Serve ainda para orientar a localização da base de um prisma a ser aplicado na lente.
Tem como símbolo o sinal °, variando, no caso de lentes de correção, de 0° a 180°. A medida dos
graus em um semicírculo é orientada pelo sistema Tabo, onde o 0° começa no lado direito e segue
através de um semicírculo até 180°, no sentido anti-horário.
Instrumentos de Medidas 1.2
Milímetro No sistema internacional de medidas (SI) o metro é a
medida padrão de distância. O milímetro é mil vezes menor
que o metro e o mais utilizado no ramo da óptica devido a sua
característica principal, que é a de medir pequenas distâncias.
É a unidade adotada em medidas como: DNP, altura (ALT),
medidas de armações (ponte e aro), entre outras. Para tais
medidas, recorremos a uma escala milimétrica, observada a
seguir.
Instrumentos de Medidas 1.3
Escala de Snellen O cálculo da Quando um cliente observa
Acuidade Visual (AV) de um determinada linha da escala e
cliente é determinado por meio aponta dificuldade ou erros ao
da observação e utilização de um determinar as letras constantes
optotipo, nesse caso, uma Escala naquela linha, sua acuidade
Optométrica de Snellen. Para a visual é justamente a linha
tomada da acuidade visual de uma anterior, onde ele não cometeu
pessoa, esta deve ser colocada a erros. E a determinação desse
uma distância de 6,1 metros (= 20 valor pode ser dada conforme
pés), conforme foi confeccionada consta na equação anterior ou
a Escala de Snellen. Para se por meio de seu percentual de
chegar ao valor de sua acuidade acuidade. Por exemplo, para
visual, a escala possui algumas olhos cuja visão é perfeita, ou
seja, 20/20, façamos a divisão Para a avaliação da acuidade visual
designações que determinam o
direta, o que determina: de uma pessoa para distâncias
valor final de medida.
próximas, ou seja, de leitura,
utilizamos um optotipo análogo de
perto, como a Cartilha de Jaeger,
confeccionada para a distância
padrão de 33 cm.
A sensação de cor é

Instrumentos de Medidas 1.4 uma


realizada
propriedade
pelo
cérebro ao receber
os impulsos
Número Abbe: provenientes da
O número Abbe ou valor Abbe é um valor calculado para determinar o índice de dispersão retina. O cérebro
associa cada
cromática (separação das cores) da luz. Esse valor está diretamente relacionado à qualidade do
comprimento de
material. Em resumo, quanto maior o número Abbe, melhor a qualidade da lente, em função onda a determinada
da “aberração cromática”. O número é adimensional e varia, normalmente, entre 30 e 60. cor.

Nanômetro: Luz Visível:


Unidade de comprimento O espectro visível, ou luz
equivalente à bilionésima visível, é uma pequena fração
parte do metro (10-9 m), do espectro eletromagnético,
representada pela sigla cujos comprimentos de onda
“nm”. É comumente variam de 380 nm a 780 nm. A
utilizada para medir sensação de cor é uma
comprimentos de onda do propriedade realizada pelo
espectro. Também cérebro ao receber os
amplamente adotada impulsos provenientes da
para medir a quantidade retina. O cérebro associa
de absorção dos raios cada comprimento de onda a
ultravioleta (UV). determinada cor.
Instrumentos de Medidas 1.5
Raios Ultravioleta:

A radiação solar é composta por inúmeras ondas eletromagnéticas, de diferentes


comprimentos de onda. A maior parte da radiação solar é absorvida pela atmosfera. Parte dos
raios ultravioleta ultrapassa essa proteção atmosférica e chega à superfície da Terra.

A radiação ultravioleta (UV) está dividida em três tipos, em função de seus comprimentos de
onda:

• UVA (de 315 nm a 400 nm): responsáveis pelo efeito bronzeador da pele;

• UVB (de 280 nm a 315 nm): provocam distúrbios oculares (ex.: catarata),
queimaduras na pele e podem ainda induzir o aparecimento de câncer;

• UVC (de 200 nm a 280 nm): é a mais energética e mais perigosa, normalmente
bloqueada pela camada de ozônio. É capaz de destruir germes e bactérias,
normalmente utilizadas para esterilizar alimentos e equipamentos médicos.
Lentes Oftálmicas 1.1
Uma das classificações mais utilizadas em lentes
é em função da quantidade de focos que elas
possuem:

Lentes monofocais:

As lentes monofocais são destinadas a corrigir uma única


distância para o campo visual, ou seja, para longe, para
perto ou intermediário, podendo, ainda, ser esféricas ou
asféricas.

• Lentes monofocais:

São lentes responsáveis pela correção de apenas uma


ametropia, pois possuem apenas um foco;
Lentes Oftálmicas 1.2
Lentes bifocais:

As lentes bifocais se caracterizam por possuírem duas forças dióptricas distintas na


mesma lente. Alguns tipos de lentes bifocais ainda são muito utilizados no mercado:

• Lentes bifocais:

Possuem dois focos, utilizadas para a correção de duas distâncias de visão;

Bifocal Ultex:

Bifocal de base prismática inferior utilizada para


corrigir os campos visuais de longe e de perto.
Apresenta apenas dois centros ópticos distantes, o
que causa saltos de imagem, pois não possui o
campo intermediário. Esse tipo de lente é usado
somente para dioptrias esféricas positivas para
longe, que sejam maiores que a adição. Por
exemplo, uma lente de 3,50 di, mas com uma
adição de 2,25 di.
Lentes Oftálmicas 1.3
Lentes bifocais:

As lentes bifocais se caracterizam por possuírem duas forças dióptricas distintas na


mesma lente. Alguns tipos de lentes bifocais ainda são muito utilizados no mercado:

Bifocal Flat Top, Topo reto, Biovis, Panoptik:

Como o próprio nome diz, é um bifocal onde a


película de visão para perto apresenta um
desenho com o topo reto. Apresenta base
prismática superior, causando menor salto das
imagens. É indicado para miopias, nas quais o
grau de longe é menor que a adição para perto.
Por exemplo, uma lente de 1,50 di, com uma
adição de 2,50 di.
Lentes Oftálmicas 1.4
Lentes bifocais:

As lentes bifocais se caracterizam por possuírem duas forças dióptricas distintas na


mesma lente. Alguns tipos de lentes bifocais ainda são muito utilizados no mercado:

Bifocal Kriptok:

É um bifocal de película redonda. Apresenta


base prismática central e é indicado para os
casos em que o grau de longe é igual à
adição para perto. Por exemplo, uma lente
de + 2,00 di com adição de 2,00 di.
Lentes Oftálmicas 1.5

Lentes Trifocais:

As lentes trifocais são recomendadas para as


pessoas que necessitam da visão intermediária
seguidamente e com maior amplitude.
Lentes Oftálmicas 1.6
Lentes Progressivas:

A evolução das lentes foi naturalmente progredindo até o


surgimento das lentes progressivas. Com o
desenvolvimento da tecnologia de surfaçagem das lentes,
permitiu-se a utilização de múltiplos focos em uma
mesma lente. Sua invenção consistia em uma lente
multifocal progressiva com um meridiano principal ao
longo de parte da curvatura da lente, variando tal
curvatura continuamente. A lente possui, a partir de seu
centro óptico, determinada dioptria inicial (visão para
longe) e seguindo pelo meridiano principal, sua curvatura
vai variando conforme aumenta seu poder dióptrico. Essa
evolução é contínua e gradativa até atingir a dioptria
necessária à correção para a visão para perto. Em relação
ao plano vertical, ao mesmo tempo que a dioptria
aumenta, o meridiano principal é esfericamente
deslocado em direção ao nariz, na parte inferior da lente,
respeitando a convergência de cada olho.
Lentes Oftálmicas 1.7

O desenho de uma lente progressiva


consiste na variação da dioptria ao longo
do meridiano principal. O problema é
que, ao alterarmos progressivamente a
curvatura da lente, essa mesma
alteração da dioptria provoca, nas bordas
da lente, um fenômeno chamado
astigmatismo induzido. São popularmente
conhecidos como aberrações laterais
(zona de distorção ou zona de
astigmatismo marginal).
Lentes Oftálmicas 1.8
As lentes progressivas são as mais indicadas para pessoas com presbiopia. Em função do
envelhecimento do cristalino, torna-se primordial a correção dióptrica para diferentes
distâncias. Assim não há a necessidade de utilizar vários óculos para as diferentes distâncias
de visualização. Outro ponto positivo desse tipo de lente é não apresentar saltos de
imagem, como acontecem nas lentes bifocais e trifocais.

O avanço da tecnologia foi um fator determinante para o


aparecimento de inúmeros tipos de lentes progressivas. A
prescrição dessas lentes está diretamente ligada à necessidade de
uso de cada cliente. Veremos em sala as zonas de distorção e
discutiremos a adição, os tipos de multifocais e as prescrições mais
indicadas. A visão em lentes progressivas, como o próprio nome diz,
está dividida, basicamente, em três grandes áreas de visão: longe,
intermediário e perto. Então, de acordo com os diferentes
fabricantes, tipos de material das lentes, adição, objetivos etc.,
cada caso é único em termos de prescrição de lentes multifocais.
Devemos analisar cada necessidade, pois há casos em que a visão
intermediária (uso do computador) é a mais utilizada, isso indica
um tipo específico de lente.
Tomada de Medidas 1.1

A tomada de medidas é um dos pontos cruciais no processo de correção visual. É de extrema


importância realizar o procedimento com calma e dedicação, pois em óptica estamos
lidando o tempo todo com pequenas margens de erro. As tomadas de medida envolvem
inúmeros parâmetros que devem ser analisados por meio de diferentes procedimentos
adotados para tais medições. Cada pessoa possui um universo próprio (estrutura física,
óptica, fisiológica etc.) a ser respeitado e englobado na hora desses exames e, ainda, na
escolha do melhor material para a sua correção. Vamos analisar todas as medidas a serem
realizadas, passo a passo:

Ajuste de armação:

O primeiro ponto para medir com precisão os principais elementos de uma lente envolve
um bom ajuste de armação. Não se trata apenas de combinar a armação com a estética do
rosto. Devemos levar em conta: o tipo de lente, o tamanho mínimo ou máximo da lente, as
espessuras de borda e central, o formato da armação etc. Os ajustes da armação passam
pelas seguintes etapas:
Tomada de Medidas 1.2
• Ajuste preliminar:

A armação deve ser conferida em cada aspecto. Um bom ajuste preliminar envolve: o aperto
dos parafusos, o apoio correto nas orelhas e a utilização de ferramentas corretas.

• Horizontalidade:

Devemos nos orientar pela posição das sobrancelhas e garantir um bom ajuste da
armação no rosto para uma perfeita tomada de altura;
Tomada de Medidas 1.3
• Curvatura facial:

A armação deve acompanhar a curvatura do rosto, sendo ajustada por meio de sua ponte.
O objetivo dessa curvatura é garantir uma boa visão periférica;
Tomada de Medidas 1.4
Ângulo pantoscópico:

O ângulo pantoscópico padrão utilizado nas armações varia entre 10º e 12º. O ângulo atesta
amplitude de visão nos campos intermediário e perto. Ângulos acima desse valor induzem
alterações no aspecto cilíndrico das lentes;
Tomada de Medidas 1.5
• Distância vértice:

A distância normalmente varia entre 12 e 14 mm. Cada armação possui um valor próprio de
distância vértice, em função de seu encaixe no nariz do cliente. É crucial respeitar a mesma
distância utilizada no momento do exame de vista;

• Plaquetas:

Utilizadas com o intuito não só


de garantir conforto, mas regular,
principalmente, a altura da
armação e, consequentemente,
das lentes.
Tomada de Medidas 1.6
Finalmente, após revisarmos cada um dos itens anteriores, podemos começar a medir todos os
parâmetros das lentes, iniciando pela medida da distância nasopupilar (DNP).
Tomada de Medidas 1.7
Pupilometria:

A medida nasopupilar (DNP) talvez seja a mais importante a ser tomada em um exame depois
do valor dióptrico da lente. Sua importância está ligada ao conforto e à adaptação das lentes,
não só progressivas, mas de todos os tipos. A precisão dessa medida é fundamental para que o
caminho dos raios luminosos, ao passarem pela lente, atinja o ponto correto na retina,
formando a imagem com qualidade.
Tomada de Medidas 1.8
O pupilômetro fornece de forma rápida e precisa as medidas de DP e DNP tanto para longe quanto para perto.
A medida é realizada através do reflexo corneano de um feixe de luz emitido pelo aparelho. A posição desse
reflexo deve coincidir com a barra de marcação, conforme é mostrada abaixo:

• Determinar, previamente, a distância pela qual será feita a medida;


• O cliente deverá segurar o aparelho em uma posição confortável e bem ajustada em seu rosto;
• O profissional deve estar alinhado com o cliente, e o aparelho deve estar nivelado horizontalmente;
• O cliente deve acompanhar o ponto luminoso que aparece dentro do aparelho;
• A medida é determinada ao mover as barras de marcação até que coincidam com o reflexo corneano de cada
olho, separadamente.
Tomada de Medidas 1.9

Altura:

Pode-se fazer a marcação da altura de uma lente com o auxílio de uma armação já ajustada e nivelada no
rosto do cliente. Cabe lembrar que o procedimento a ser adotado também serve para medir a DNP. O
processo, assim como na medida de DNP, requer extremo cuidado. O erro de medida na marcação da altura,
assim como foi dito no erro de DNP, induz um prisma na correção visual. E a determinação da altura está
diretamente ligada à correção dos campos visuais, que possuem relação direta com a distância dos objetos a
serem focalizados. E antes de fazer a medida, o primeiro ponto a ser observado é a postura do cliente, pois
influencia, principalmente pela posição da cabeça, na variação de altura do centro óptico da lente. A medida
da altura é a mesma com a qual se pode medir a DNP utilizando a escala milimétrica. Mas, nesse caso, o uso
da armação dispensa a utilização da escala, uma vez que a marcação do centro da pupila é feito diretamente
na lente da armação, com um pequeno ponto feito a caneta.
Tomada de Medidas 1.10

Altura:

O cliente, nessa situação, está com a armação ajustada em seu rosto, e pede-se para que, com seu OD,
focalize o centro da pupila do OE do optometrista, sendo que seu OE já está ocluído. Nesse momento, marca-
se na lente da armação, com a caneta branca, a posição do centro da pupila do cliente. Da mesma forma,
repete-se o procedimento invertendo-se os olhos, ou seja, OD ocluído e OE observando o olho direito do
profissional. Para conferirmos a medida, pedimos que o cliente se levante, caminhe por um tempo e observa-
se, a distância de mais de três metros, a posição da marcação branca na lente, conferindo se ela se encontra
centralizada no centro da sua pupila. Após o procedimento, a armação é retirada e, não só a altura, mas
também a DP e a DNP podem ser calculadas. De acordo com o tipo de lente a ser utilizado, algumas técnicas
devem ser realizadas de maneira diferente para a medida da altura.

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