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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

FACULDADE DE DIREITO

ALEXANDRE GOMES ARANTES TELES – TIA 4161020-2


THIAGO DE JESUS FREIRE – TIA 4164214-7
VICTOR HUGO MAGALHÃES FREIRES – TIA 4160522-5

DIREITO IMOBILIÁRIO E BLOCKCHAIN

SÃO PAULO
2019
ALEXANDRE GOMES ARANTES TELES – TIA 4161020-2
THIAGO DE JESUS FREIRE – TIA 4164214-7
VICTOR HUGO MAGALHÃES FREIRES – TIA 4160522-5

DIREITO IMOBILIÁRIO E BLOCKCHAIN

Projeto de Iniciação Científica apresentado à


Faculdade de Direito da Universidade
Presbiteriana Mackenzie como avaliação do
segundo bimestre da disciplina de inovação.
Orientador: Eduardo Altomare Ariente

SÃO PAULO
2019

2
“Todo ato de criação é, antes de tudo, um ato de
destruição.” – Pablo Picasso

3
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 5

2 PROBLEMA DE PESQUISA...........................................................................................9

3 JUSTIFICATIVAS E OBJETIVOS.................................................................................10

4 MARCO TEÓRICO E HIPÓTESE DE PESQUISA.........................................................12

5 METODOLOGIA DE PESQUISA...................................................................................13

6 RESULTADOS.............................................................................................................. 14

6.1 CLASSIFICAÇÃO JURÍDICA DOS TOKENS E STABLECOINS E SUA REGULAÇÃO /


NORMAS BRASILEIRAS ACERCA DA INOVAÇÃO DE UTILIDADE À PROPCASH........14

6.2 RESULTADOS QUANTO AO FOMENTO ENCONÔMICO-FINANCEIRO DO ESTADO


À STARTUP PROPCASH....................................................................................................18

6.2.1 BNDES........................................................................................................................ 18

6.2.2 FINEP.......................................................................................................................... 20

6.2.3 SEBRAE...................................................................................................................... 21

7 CONCLUSÃO................................................................................................................23

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................24

4
1 INTRODUÇÃO

Com o surgimento do blockchain1, as relações de confiança nunca mais serão as


mesmas, dado que trata-se de um sistema que funciona de forma distribuída, sem
intermediadores que centralizam o poder dos dados e suas validações, de sorte a
possibilitar que pessoas físicas e jurídicas transacionem informação e até mesmo coisas
entre si de forma segura 2.

Instrumento que é de extrema valia para tais transações é o smartcontract3,


executado via blockchain, ou, em português, contrato inteligente, pois trata-se de um
contrato4 de qualidade distinta de todos idealizados até a chegada de tal tecnologia, pois é
escrito em linguagem de programação e é dotado de autoexecutoriedade, isto é,
preenchidas as condições, os efeitos dos contratos são realizados sem intervenções de
terceiros, podendo esses contratos serem operados em diversas plataformas, tais como
Ethereum, Iota, EOS, Cardano, dentre outras.

Surge, também, a possibilidade de transformar ativos tangíveis e intangíveis em


tokens, isto é, tokenizá-los5, processo que nada mais é do que criar uma representação
1
Nas palavras de Willian Mougayar, blockchain consiste em “parte de banco de dados, parte de plataforma de
desenvolvimento, parte viabilizadora de rede (...). Como uma camada acima da internet, os blockchains podem
ter muitas formas de implementação. Eles podem ser vistos como uma camada de confiança, um mediador de
troca, uma conexão segura, um conjunto de capacidades descentralizadas e muito mais”. (Mougaray, Willian.
Blockchain para negócios: promessa, prática e aplicação da nova tecnologia da internet. Rio de Janeiro:
Alta Books, 2017, p. 6).
2
Idem, pág. 34. “O blockchain oferece um grau de transparência e acesso à verdade que pode prevenir
violações na confiança. E se essa nova tecnologia pudesse redefinir a função da confiança que intermediários
costumavam ter e nos fornecer um resultado parecido, com mais benefícios? Os blockchains oferecem verdade
e transparência como uma camada básica. Mas a maioria das instituições em que confiamos não as oferece.
Esse será um encontro interessante.”
3
“A contract in the traditional sense is an agreement between two or more parties to do or not do something in
exchange for something else. Each party must trust the other party to fulfill its side of the obligation. Smart
contracts feature the same kind of agreement to act or not act, but they remove the need for one type of trust
between parties. This is because a smart contract is both defined by the code and executed (or enforced) by the
code, automatically without discretion. In fact, three elements of smart contracts that make them distinct are
autonomy, self-sufficiency, and decentralization. Autonomy means that after it is launched and running, a contract
and its initiating agent need not be in further contact. Second, smart contracts might be self-sufficient in their
ability to marshal resources—that is, raising funds by providing services or issuing equity, and spending them on
needed resources, such as processing power or storage. Third, smart contracts are decentralized in that they do
not subsist on a single centralized server; they are distributed and self-executing across network nodes”. (Swan,
Melanie. Blockchain: Blueprint for a New Economy, 2015, p. 16).
4
“O contrato constitui uma espécie de negócio jurídico, de natureza bilateral ou plurilateral, dependendo, para a
sua formação, do encontro da vontade das partes, por ser ato regulamentador de interesses privados. Deveras, a
essência do negócio jurídico é a autorregulamentação dos interesses particulares, reconhecida pela ordem
jurídica, que lhe dá força criativa”. (Diniz, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, volume 3: teoria das
obrigações contratuais e extracontratuais. 33ed.rev. e atual. São Paulo, Saraiva, 2017, p. 33).
5
“Asset Tokenization is the process of converting an asset- items that are not very easy to deal with and trade-
into a digital token that can be manipulated over the blockchain system. This digital token with a unique signature
can permit the transferring of ownership from one entity to another. This also secures guarantee of their
legitimacy which is bolstered by the fact that transactions are immutable in nature. Blockchain offer a smart
alternative to traditional paper markets by making trade possible between two parties using smart contracts. It
helps streamline the processes that are involved in an economy and puts forth a unique way of sharing ownership
of unique objects. Ownership, in this modern world, is taking a new shape and meaning altogether as it is made
possible for an intangible or fungible or non-fungible asset to have multiple owners. This is no longer an illusion as
it might be the case for an individual trading i) via conventional brick-mortar methods and ii) reluctant to adopt

5
digital para um ativo real. A semiótica, termo que vem do grego semeion (signo) e ótica
(ciência), estuda a forma pela qual representamos coisas em nossas mentes por meio de
signos, que são a união do representamen (a coisa em si, como ela realmente é) e seus
significados (aquilo que significa em nossa mente).

Tokenizar é, destarte, representar algo sob forma digital e, frise-se, em que pese não
seja possível fracionar diversas coisas em inúmeros pedaços, como um imóvel, é possível
fazê-lo quando representado por um token.

Dito isso, ao unir-se os conceitos e termos suprarreferidos, quais sejam blockchain,


smartcontracts e tokenização, tem-se uma quebra de paradigma da representação e
transação da propriedade6, visto que poder-se-á representar coisas digitalmente e
transacioná-las de forma segura (sem a necessidade de confiar em terceiros), fracionada e
automática (autoexecutoriedade contratual).

Pois bem, é possível, portanto, que um token, que representa um bem imóvel, seja
fracionado em inúmeras partes, as quais podem ser comercializadas via blockchain por
meio de contratos inteligentes. Trata-se do ativo, bens imóveis, que supera todos os outros
juntos, como ações, dívidas e estoques a nível global, além de crescer, em valores,
significativamente ao ano, como visto abaixo7:

Busca-se cada vez mais investimentos seguros, rentáveis e líquidos. Ora, sabe-se
que o investimento em imóveis individuais traz os dois primeiros elementos, porém não o
blockchaining to trade assets instead. Intangible assets account for the bubble representing concepts or ideas
which don’t have any physical presence, rather than actual physical goods. Use-cases like Copyrights, patents,
etc. contribute to the existence of this bubble in the first place. Fungible assets are the ones backed by a physical
resource. The prime examples being currency, oil, gold and other precious metals etc. The processes involved for
trading such assets is comparatively easier as each asset is of equal value and so can be exchangeable in
nature. Non-fungible assets are not exchangeable like their fungible counterparts which is attributable to their
uniqueness. Use-cases like real estate, artworks make use of non-fungible cryptographic tokens to transfer, sell
or verify ownership”. SANGHAVI, Vatsal; DOSHI, Ronak; DEVANSH, Shah; KANANI, Pratik. (2018). Blockchain
Based Asset Tokenization. Disponível em: <>. Download realizado em 18/05/2019.
6
“O primeiro que, tendo cercado um terreno, se lembrou de dizer: Isto é meu, e encontrou pessoas bastantes
simples para o acreditar, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil”. (Rousseau, Jean-Jacques. Discurso
sobre a origem da desigualdade social. Segunda Parte.).
7
TOSTEVIN, P. How much is the word worth? Disponível em > Acesso em 11 maio 2019.

6
terceiro. É o que busca-se mudar, dado que o crescente fenômeno da economia
compartilhada alinhado às novas tecnologias faz com que barreiras solidas de mercado
sejam rompidas.

Ante o cenário exposto, orquestrou-se projeto denominado Propcash, que visa


implementar no mercado imobiliário as tecnologias suprarreferidas, de sorte a resolver as
dores e necessidades do mercado imobiliário, engessado há muito tempo.

Propcash consiste em uma plataforma digital, acessada via internet por


computadores e dispositivos móveis, que permite com que se compre frações de bens
imóveis selecionados e devidamente representados por centenas ou milhares de tokens.

Cada imóvel, registrado como propriedade da pessoa jurídica Propcash, terá seus
tokens disponíveis à venda no mercado da plataforma. Aquele que adquirir seus tokens será
proprietário de certa fração que representa o imóvel, tendo direito aos seus rendimentos
mensais proporcionais à sua fração-parte, leia-se aluguéis. É certo, em vista disso, que os
imóveis deverão, primeiramente, ser adquiridos pela plataforma para que então sejam
tokenizados.

Caso deseje, poderá alienar seus tokens a outrem em mercado secundário


disponibilizado na plataforma, podendo estipular o preço que entender adequado e justo,
pagando-se taxas de corretagem à Propcash.

Aquele que for o inquilino de tal imóvel, caso deseje, poderá também comprar seus
tokens na plataforma, razão pela qual passará a pagar menos aluguel, dado que também
detém posse de parte dos tokens do imóvel, abatendo-se a proporção de sua fração
adquirida do valor do aluguel, mecanismo esse de valia para inquilinos que desejam investir
em imóveis e pagar menos aluguéis concomitantemente sem a necessidade de comprar um
imóvel unitariamente e também àqueles que não são aceitos em análise de crédito para
alugar o imóvel desejado.

Para a celeridade e redução de custos do sistema, baseado na blockchain, a


Propcash emitirá tokens pareados ao real, apelidados pelos internautas de stablecoins8,
denominados como propcashs, servindo como moeda de troca para que os usuários
possam transacionar entre si os tokens dos imóveis inteiramente via contratos inteligentes

8
“Stablecoins are digital tokens which are price-stabilized. Often this is done by pegging to another asset or
benchmark like the US Dollar. It is not Central Bank issued and has low-volatility. This measure aims to provide
them with stability as a unit of account and measure of value, given that currencies like Bitcoin have been plagued
with price fluctuations of more than 20% in a single day. Stablecoins create connections between the legacy world
and the blockchain. Thus, the raison d’être of stablecoins is to mitigate and solve price volatility which has so
pervasively characterized cryptocurrencies while attempting to retain other characteristics of bitcoin such as the
free flow of capital and censorship resistance.” SAMMAN, G. The State of Stablecoins 2019. Hype vs. Reality
in the Race for Stable, Global, Digital Money Disponível em: <> Acesso em 17 maio 2019.

7
na blockchain sem a necessidade de inúmeras transferências bancárias com taxas
abusivas. Em realidade, criar-se-á duas stablecoins, uma lastreada no imóvel per si e outra
na moeda fiduciária do Brasil, o Real.

Para isso, faz-se necessário o lastro dos propcashs a uma conta bancária com a
mesma quantia de reais que há de propcashs, que são emitidos conforme a entrada de
dinheiro de usuários, realizada por transferência bancária. Para o usuário sacar seus
propcashs, basta indicar a sua conta bancária para que a plataforma transfira a quantia
desejada e elimine os propcashs da operação para que se mantenha a estabilidade da
moeda digital.

Em suma, trata-se de uma nova identidade do mercado imobiliário. Adiciona-se


liquidez a um mercado, hoje, enormemente ilíquido. Permite-se um investimento de pequena
monta a uma fração de um bem imóvel especificado, auferindo-se mensalmente seus
rendimentos, podendo-se aliená-la em mercado secundário para terceiros, algo também até
então impossível de acontecer.

Assim, um mercado altamente centralizado nas mãos de poucos passa a ser


pulverizado, distribuindo-se propriedade imobiliária e seus frutos. Entrou-se na era da
economia compartilhada9.

9
“A economia colaborativa foi citada pela primeira vez em 2008, pelo professor da universidade de Harvard,
Laurence Lessing. De acordo com Ferreira et al (2016) o termo “economia colaborativa’ se refere ao “consumo
colaborativo” realizado nas atividades de compartilhamento, troca ou aluguel de bens sem que haja, a
necessidade de aquisição dos mesmos. Segundo Choi et al (2014) essa tendência se popularizou nos últimos
anos, devido ao compartilhamento de bens individuais ociosos. Segundo ainda os autores, tanto os bens
tangíveis quanto os intangíveis passaram a ser compartilhado em negociações peer-to-peer (P2P) e business-to-
consumer (B2C). Neste modelo econômico a um ponto que merece destaque, na economia colaborativa, o
compartilhamento de bens é priorizado. Essa característica vai contra a essência do capitalismo, que consiste na
acumulação de bens. (CEROY, 2015).” - marcação nossa. DIAS, I. C. A Economia Compartilhada por meio de
Redes Sociais: Perfil dos Usuários da Página Loucas por Melissa Disponível em:
<https://even3.blob.core.windows.net/anais/89201.pdf> Acesso em 18 maio 2019.

8
2 PROBLEMA DE PESQUISA

Ante o exposto nos tópicos antecedentes, observa-se que se busca a criação de uma
empresa, Propcash, startup10que “tokenizará” bem imóveis selecionados e disponibilizará
tais tokens no mercado, seja para o próprio inquilino do imóvel, seja para outrem, de sorte a
mudar fulcralmente o sistema de moradia, propriedade e distribuição de renda imobiliária.

É neste cenário que pairam incertezas quanto ao cenário brasileiro acerca da higidez
de um sistema jurídico-normativo que viabilize inovação de tal monta e, ainda, resta-se
saber se o Estado tupiniquim possui mecanismos de fomento financeiro para a
concretização de tal projeto.

Tem-se, outrossim, o seguinte problema de pesquisa: no Brasil, há supedâneo legal


e fomento financeiro do Estado para constituição e funcionamento da startup Propcash, a
qual realizará o fracionamento de bens imóveis via blockchain como novo sistema de
moradia e democratização da propriedade e renda imobiliária?

10
“Uma startup é uma instituição humana projetada para criar novos produtos e serviços sob condições de
extrema incerteza.” (Ries, Eric. A Startup Enxuta: Como os empreendedores atuais utilizam inovação
contínua para criar empresas extremamente bem-sucedidas. São Paulo: Leya Editora, 2012. p. 24).

9
3 JUSTIFICATIVAS E OBJETIVOS

A tecnologia por trás do tão conhecido e polêmico Bitcoin vai muito além da criação
de moedas digitais, do inglês cryptocurrency. Esta tecnologia chama-se blockchain e, para
muitos, será tão inovadora quanto o protocolo Simple Mail Transfer Protocol (SMTP) fora
para a troca de e-mails; o File Transfer Protocol (FTP) fora para a troca de arquivos; o
Hypertext Transfer Protocol (HTTP) para o acesso a conteúdo; o World Wide Web (WWW)
para a conectividade mundial via web; entre outros11.

É notório o crescimento exponencial de tal tecnologia, utilizada cada vez mais mundo
afora para os mais diversos modelos de negócio, como na área cinematográfica12; cadeia de
produção transparente de inúmeras espécies de produtos13; seguros14; financeira15;
imobiliária16, dentre outras.

Ora, como exposto, pretende-se constituir startup denominada Propcash, a qual


utiliza a tecnologia blockchain aliada aos mecanismos de smartcontracts, “tokenização” e
stablecoin. É, portanto, imprescindível pesquisar acerca da viabilidade jurídica de tal
plataforma e, ainda, se o Estado brasileiro possui estruturas de fomento financeiro que
podem ser de bom grado a uma criação deste nível de inovação e disrupção, Estado esse
que já pecou muito no passado no quesito fomentação à inovação17.

11
“O blockchain não pode ser descrito apenas como uma revolução. É um fenômeno em curso, avançando
lentamente como um tsunami, gradualmente envolvendo tudo em seu caminho pela forma de sua progressão.
Basicamente, é a segunda sobreposição significativa à internet, assim como a web foi a primeira camada dos
anos 1990. Esta nova camada se relaciona muito com confiança, então poderíamos chamá-la de camada de
confiança. ” (Mougaray, Willian. Blockchain para negócios: promessa, prática e aplicação da nova
tecnologia da internet. Rio de Janeiro: Alta Books, 2017, introdução.)
12
RISSON, DANIELA. CANNES DEBATE A ERA BLOCKCHAIN NO CINEMA. DISPONÍVEL EM: >. Acesso
em: 18/05/2019
13
GUSSON, Cássio. Louis Vuitton e a Christian Dior usam blockchain do Ethereum para registrar e
rastrear produtos. Disponível em: <>. Acesso em 15/05/19; CUNHA, Joana. Carrefour usa blockchain para
rastrear carne. Disponível em: >. Acesso em 18/05/2019. SUPPLY CHAIN MAGAZINE. Starbucks aposta na
transparência através de blockchain. Disponível em: >. Acesso em 18/05/19.
14
SEGUROS SURA. Seguro Sura adota blockchain para Smart Contracts. Disponível em:
<>. Acesso em 18/05/19.
15
GUSSON, Cássio. Banco Itaú pretende ampliar serviços com blockchain para seus clientes. Disponível
em: <>. Acesso em 18/05/19.
16
https://propy.com/ - Acessos em 18/05/19.
17
“O Brasil tem uma longa história de maus tratos à inovação. Primeiro, por pensar que não dependeria dela,
século após século de economia baseada em matérias-primas. Depois, pela crença mágica nos poderes de um
grande mercado interno. Não deve ser apenas um erro de estratégia. Parece, a comprovar, ter a ver com uma
generalizada cultura de que aqui o futuro sempre aconteceria sem que o preparássemos e o perseguíssemos.”
(De Negri, Fernanda. Novos caminhos para a inovação no Brasil / Autora: Fernanda de Negri, Organizadores:
Wilson Center, Interfarma – Washington, DC: Wilson Center, 2018. p. 9). Idem. p. 15. “A inovação é,
principalmente, fruto da tentativa das empresas de ampliar fatias de mercado ou de proteger seu mercado de
concorrentes, potenciais ou reais. Uma economia fechada, na qual as empresas são protegidas de seus
concorrentes, domésticos ou externos, não tem incentivos para produzir inovações.”

10
De nada adianta existirem cabeças pensantes, que orquestrem modelos inovadores
e disruptivos de negócios, se os seus planos não saem do papel 18 e, para isso, o Estado tem
o papel crucial de permitir ou, pelo menos, não impedir que tais inovações floresçam19.

Neste projeto de pesquisa, visa-se aferir se o Estado brasileiro, atualmente,


(enquanto escreve-se, de abril a junho de 2019) comporta o fomento financeiro à criação da
startup Propcash e, ainda, se o seu modelo de negócios é viável ante o ambiente jurídico
nacional, sobretudo quanto ao direito material.

É preciso reconhecer os papéis dos atores individuais que ocasionam a inovação. O


Estado, em sua imensidão tributária, financeira e formal, deve fomentar a criação de novos
modelos de negócio, sobretudo os inovadores. Deve ser, assim, empreendedor. A iniciativa
privada deve não somente aceitar tal fomento, como levá-lo adiante, participando dos riscos
naturais da sociedade capitalista. Engana-se quem entende que tais agentes, Estado e
iniciativa privada, devem estar indubitavelmente isolados20.

18
Idem. Pág 22. “O mais importante é que a inovação, como produto ou processo produtivo, precisa ser
introduzida no mercado para ser uma inovação. Uma invenção ou uma nova tecnologia não é uma inovação até
que se torne um produto (ou processo) colocado no mercado por uma empresa. ”
19
Idem. Pág 98. “Dessa forma, além do financiamento direto à ciência e à inovação, o estado pode intervir sobre
os fatores enumerados anteriormente e que afetam a capacidade de inovação do país, a saber: i) educação e
formação de cientistas; ii) infraestrutura de pesquisa; iii) um ambiente propício à inovação. ”
20
MAZZUCATO, M. O Estado Empreendedor: desmascarando o mito do setor público x setor privado. São
Paulo: Portfolio-Penguin, 2014. p. 256/257. “Ao buscar promover o crescimento puxado pela inovação, é
fundamental entender a importância dos papéis do setor público e do setor privado. Isso requer não apenas o
entendimento do valor do “ecossistema” de inovação, mas principalmente qual é a contribuição de cada ator para
esse sistema. A suposição de que o setor público pode no máximo incentivas inovações puxadas pelo setor
privado (através de subsídios, reduções fiscais, precificação do carbono, padrões técnicos etc.), principalmente,
mas não apenas diante da crise recente, não leva em consideração os muitos exemplos em que a principal força
empreendedora veio do Estado e não do setor privado. A não consideração desse papel tem causado grande
impacto sobre os tipos de parcerias público-privadas que são criadas (potencialmente parasitárias em vez de
simbióticas) e tem desperdiçado dinheiro ou incentivos ineficazes (incluindo diferentes tipos de isenções fiscais)
que poderiam ter sido usados de forma mais eficiente. Para entender o papel fundamental do Estado ao assumir
os riscos do capitalismo moderno, é importante reconhecer o caráter “coletivo” da inovação. Diferentes tipos de
empresas (grandes e pequenas), diferentes tipos de financiamento e diferentes tipos de políticas estatais,
instituições e departamentos interagem às vezes de formas imprevisíveis – mas certamente de maneira que
podemos ajustar a moldar para alcançar os fins desejados. A literatura dos sistemas de inovação, que tem entre
seus pioneiros Freeman (1995), Lundvall (1992) e Nelson (1993), é especialmente relevante. Existe uma
dependência cada vez maior desses sistemas de difusão horizontais à medida que avançamos para sistemas de
inovação abertos, em que as barreiras entre colaboração pública e privada são reduzidas.”.

11
4 MARCO TEÓRICO E HIPÓTESE DE PESQUISA

O marco teórico do presente projeto de pesquisa é a tecnologia blockchain,


viabilizadora do modelo de negócios da Propcash, a qual nada mais é que um sistema de
registro de fatos que funciona de forma distribuída, como transações de um criptoativo, tal
como Bitcoin e os tokens da Propcash, ou mesmo a assinatura de um contrato.

Cuida-se de um sistema seguro de comunicação e validação de informações, sejam


elas quais forem, que são armazenadas em um livro razão compartilhado por nós na rede,
responsáveis por validar cada operação, verificando-se as partes, identificadas por chaves
públicas, se possuem fundos, e se possuem autorização para tal por meio da sua chave
privada, espécie de senha criptografada. Para isso, deve-se chegar a um consenso, o qual
pode ser alcançado por diversos algoritmos, sendo o mais conhecido denominado prova de
trabalho, o qual consiste na resolução de um problema matemático complexo.

O nó que resolver tal problema enviará a resolução aos demais para que verifiquem
se procede a resolução. Havendo consenso de mais da metade dos nós, cria-se um bloco, o
qual é diretamente ligado ao bloco antecedente por meio do número de identificação de
cada bloco, chamado de hash, motivo pelo qual tal sistema é extremamente seguro, pois as
operações são imutáveis, de acesso público, de manipulação externa improvável, pois
precisar-se-ia ter poder computacional para se ter mais que 50% do número de nós.

Abaixo vê-se a diferença entre um sistema centralizado/descentralizado e


distribuído21, sendo os nós representados pelos pontos, e o sistema concatenado de criação
de blocos interligados na rede blockchain22por meio do número de identificação hash.

Assim, ao lado de tecnologias adjacentes ao blockchain, como os smartcontracts,


tokenização e stablecoins, tem-se a seguinte hipótese de pesquisa: O Brasil possui
mecanismos de fomento econômico-financeiro que podem ser de utilidade à Propcash e, no
tocante à viabilidade jurídica do modelo de negócios abordado, vê-se que está nascendo um
ambiente normativo para a sua chegada, em que pese a existência de inúmeras lacunas a
serem preenchidas.

21
DASH, Priyab. Crypto Thoughts – Does it matter who came first Blockchain or Bitcoin? Disponível em:
<https://medium.com/crypt-bytes-tech/crypto-thoughts-does-it-matter-who-came-first-blockchain-or-bitcoin-
fcdc0268f8f9>. Acesso em 18/05/19.
22
TECNOBLOG. As vantagens do blockchain nos serviços bancário e de comércio exterior. Disponível em:
<https://boainformacao.com.br/2018/06/as-vantagens-do-blockchain-nos-servicos-bancario-e-de-comercio-
exterior/>. Acesso em 18/05/19.

12
5 METODOLOGIA DE PESQUISA

Para efetiva e positiva conclusão desta pesquisa, utilizaremos uma frente de estudo,
ou melhor, um método de pesquisa subdividido em duas vertentes. A legal e a econômico-
financeira.

Faremos o uso da pesquisa que abarca a legislação e regulação que aborda o


problema de pesquisa sob o espectro do direito material, incluindo-se instruções normativas,
lege ferenda e pesquisas acadêmicas nacionais e internacionais sobre o tema, buscando-se
supedâneos legais para a correta concretização do Propcash.

De outra frente, buscar-se-á as principais formas de fomentos provenientes do


Estado brasileiro no tocante ao fomento econômico-financeiro de modelos de negócios
inovadores, com especial enfoque no projeto ora abordado.

13
6 RESULTADOS

6.1 CLASSIFICAÇÃO JURÍDICA DOS TOKENS E STABLECOINS E SUA REGULAÇÃO /


NORMAS BRASILEIRAS ACERCA DA INOVAÇÃO DE UTILIDADE À PROPCASH

Necessário é dissertar acerca da natureza jurídica dos tokens que representariam os


imóveis e também dos que serão utilizados como moeda, os chamados stablecoins.

Para isso, agregou enormemente o trabalho de conclusão de curso (TCC) “Definição


da Natureza Jurídica do Bitcoin e suas Repercussões Tributárias”, de Thiago Barra de
Souza23, que pincela com maestria o seu problema de pesquisa. Baseou-se na criptomoeda
Bitcoin ante a sua relevância mundial e, por certo, nada impede que seus levantamentos,
discussões e conclusões não sejam de valia para o presente projeto de pesquisa, como se
verá adiante.

Chegou-se à conclusão, por meio do estudo de direito comparado, que o processo


de definição da natureza jurídica do Bitcoin fora definido de três formas diferentes por
diversos países. São elas assim definidas pelo autor: a) a partir do uso dado pelos agentes;
b) por subsunção das características observáveis aos conceitos jurídicos pré-existentes; c)
pela construção da natureza econômica do bitcoin e posterior análise da subsunção desta
natureza às normas e conceitos jurídicos existentes.

O processo 1) ocorre por meio de um método indutivo de enquadramento legal,


partindo-se do micro para o macro. Se a criptomoeda for utilizada como um bem, assim
será, o mesmo se aplica a dinheiro, commodity e serviço de pagamento.

O processo 2), de modo diametralmente oposto ao 1), utiliza o método dedutivo para
a subsunção do fato à norma, leia-se do bitcoin ao direito. Parte-se do macro ao micro, isto
é, se o bitcoin preenche os requisitos do dinheiro, dinheiro ele será e somente isso. O
mesmo se aplica a bens, serviços de pagamento e commodity.

O processo 3), também operado pela metodologia dedutiva, visa, de início, analisar a
criptomoeda e suas particularidades para então enquadrá-la a conceitos jurídicos já
existentes, sendo o método que mais se faz lógico, na visão do autor.

Eis o elenco de países estudados no TCC que enquadraram as criptomoedas


juridicamente de acordo com os métodos acima24.

23
SOUZA, Thiago Barra de. Definição da Natureza Jurídica do Bitcoin e suas Repercussões Tributárias.
Disponível em: <>. Acesso em 19/05/2019.
24
Idem. pág 43 (Acesso em 19/05/2019)

14
Tabela 1 - Abordagem utilizada na análise para cada país

Uso de dado Subsunção das Definição da natureza econômica


pelos agentes características observáveis do bitcoin e posterior análise da
no caso do bitcoin aos conceitos subsunção desta natureza às
concreto jurídicos pré-existentes normas e conceitos jurídicos
existentes
Austrália
Canadá Argentina
EUA Israel União Europeia
Japão
Dinamarca
China

Por meio dos processos supracitados, tais países classificaram a natureza jurídica
da criptomoeda das seguintes maneiras: (i) Dinheiro (moeda); (ii) Commodity; (iii) Serviço de
pagamento; (iv) Bem latu sensu.

Eis o resultado25:

Tabela Tabela 2 – Natureza do bitcoin para cada país

Moeda/Dinheiro Commodity Serviço de Bem


Pagamento
Canadá Canadá EUA
Austrália China União Europeia Canadá
Canada Dinamarca Japão Argentina
EUA EUA Israel
Japão

O autor ressalta como melhor metodologia a da construção da natureza econômica


do bitcoin e posterior análise da subsunção desta natureza às normas e conceitos jurídicos
existentes, assim escolhida apenas pela União Europeia, como se vê acima, dado que
respeitam-se as particularidades das moedas digitais, dado que são um fato econômico
antes de um fato jurídico.

25
Idem. Pág 42.

15
Utilizou, para isso teorias econômicas, tais como a definição de dinheiro, para então
entender o papel da criptomoeda na economia, amoldando a criptomoeda à classificação
jurídica de serviço de pagamento.

Eis a definição do Banco Central Europeu: “Virtual currency is a digital representation


of value, not issued by a central bank, credit institution or e-money institution, which, in some
circumstances, can be used as an alternative to money.”26

Saindo do campo de pesquisa do TCC supra e adentrando-se no cenário pátrio atual,


vê-se que a Receita Federal do Brasil editou a instrução normativa 1.888 27, a qual “Institui e
disciplina a obrigatoriedade de prestação de informações relativas às operações realizadas
com criptoativos à Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil (RFB).”.

Em seu capítulo II, “Das definições”, art. 5º, I, considerou-se criptoativo como “a
representação digital de valor denominada em sua própria unidade de conta, cujo preço
pode ser expresso em moeda soberana local ou estrangeira, transacionado eletronicamente
com a utilização de criptografia e de tecnologias de registros distribuídos, que pode ser
utilizado como forma de investimento, instrumento de transferência de valores ou acesso a
serviços, e que não constitui moeda de curso legal”.

Portanto, é mais detalhada a definição da RFB do que a do Banco Central Europeu.


Especifica o fato de tais criptoativos poderem ter preço em moeda soberana local ou
estrangeira, além de serem transacionado eletronicamente com a utilização de criptografia e
de tecnologias de registros distribuídos, podendo ser utilizados como forma de investimento,
instrumento de transferência de valores ou acesso a serviços, não se constituindo moeda de
curso legal.

Ora, admitiu-se a multiplicidade de natureza jurídica de um criptoativo, adotando-se o


método indutivo da classificação do criptiativo conforme o seu uso, podendo ser enquadrado
como: (i) forma de investimento; (ii) instrumento de transferência de valores; e (iii) acesso a
serviços

No caso da propcash, vê-se que os tokens que representam os bens imóveis se


enquadram na natureza, item (1), dado que são uma forma de investimento no mercado
imobiliário, além de também poderem ser utilizados como forma de transferência de valores,
caso assim o seu detentor deseje, amoldando-se ao item (3).

26
EUROPEAN CENTRAL BANK. Virtual currency schemes – a further analysis. Disponível em:
https://www.ecb.europa.eu/pub/pdf/other/virtualcurrencyschemesen.pdf>. Acesso em 20/05/2018.
27
BRASIL. RECEITA FEDERAL. Instrução Normativa RFB nº 1888, de 03 de maio de 2019. Disponível em:
http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=100592>. Acesso em
20/05/2019.

16
Frise-se que não se tokenizará o imóvel em si, como direito real, e sim uma
representação do imóvel, fato esse que é óbice às possíveis ações judiciais dos detentores
dos tokens para ingressaram no imóvel e, certamente, não ensejará o registro de cada token
no cartório de registro de imóveis, embora a blockchain posse ser utilizada para tal no
futuro, sobretudo ante a Medida Provisória da liberdade, que dá margem interpretativa para
isso28.

Interessante é a lide julgada pelo Superior Tribunal de Justiça29 em dezembro de


2018, o qual afirmou que ainda não havia definição da natureza jurídica de criptoativos no
Brasil, seja pelo Banco Central (BACEN), seja pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
e, de fato, não há, como bem explanado no acórdão. Assim, os criptoativos não estão sob
regulação do BACEN e da CVM.

Ora, quem regula o mercado de criptoativos? Sobretudo no caso dos tokens


emitidos e colocados no mercado pela Propcash, sejam os que representam os imóveis,
sejam os stablecoins? Haverá necessidade de registro da plataforma na CVM?

Ainda não há resposta certeira, porém, projetos de lei não faltam para, de fato,
regular o tema30, além de parecer constar uma leve guinada no atual governo ao mercado
de criptoativos, como exemplo disso, tem-se a fala do presidente do BACEN Roberto
Campos Neto31: “Tenho estudado e me dedicado intensamente ao desenho de como será o
sistema financeiro do futuro. Participei de estudos sobre blockchain e ativos digitais. Uma
das contribuições que espero trazer para o Banco Central é preparar a instituição para o
mercado futuro, em que as tecnologias avançam de forma exponencial, gerando
transformações mais acelerada”.

28
Alteração da Lei nº 6.015/1973 em seu art. 1º, §3º pela Medida Provisória nº 881: “Os registros poderão ser
escriturados, publicitados e conservados em meio eletrônico, obedecidos os padrões tecnológicos
estabelecidos em regulamento.” – Grifo nosso.
29
Conflito de Competência 161.123/SP (2018/0248430-4), j. 28/11/2018, DJe 5/12/2018. “O Banco Central do
Brasil, em seu portal eletrônico, informa que não regula, autoriza ou supervisiona a troca ou negociação de
moedas virtuais: [...] 3) O Banco Central do Brasil autoriza o funcionamento das empresas que negociam
“moedas virtuais” e/ou guardam chaves, senhas ou outras informações cadastrais dos usuários, empresas
conhecidas como “exchanges”? Não. Essas empresas não são reguladas, autorizadas ou supervisionadas pelo
Banco Central. Não há legislação ou regulamentação específica sobre o tema no Brasil. O cidadão que decidir
utilizar os serviços prestados por essas empresas deve estar ciente dos riscos de eventuais fraudes ou outras
condutas de negócio inadequadas, que podem resultar em perdas patrimoniais. [...]
(https://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/moedasvirtuais.asp?idpai=FA QCIDADAO. Acesso em: 19/11/2018)
(…). Ainda sobre a ausência de regulação, convém ressaltar que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem
interpretado, até então, que a negociação de moedas virtuais, como o Bitcoin, está fora do perímetro regulatório
daquela instituição, já que tal moeda não é considerada valor mobiliário por aquele órgão, circunstância essa que
exclui eventual negociação de criptomoeda das obrigações previstas na Lei n. 6.385/1976” – Acesso em
16/05/2019.
30
https://www.camara.leg.br/busca-portal?
contextoBusca=BuscaProposicoes&pagina=1&order=relevancia&abaEspecifica=false&q=criptomoeda
31
RIGGS, Wagner. “Estudei blockchain e criptomoedas”, diz indicado de Bolsonaro para o Banco Central.
Disponível em: https://portaldobitcoin.com/blockchain-criptomoedas-bolsonaro-banco-central/>. Acesso em
19/05/19.

17
6.2 RESULTADOS QUANTO AO FOMENTO ENCONÔMICO-FINANCEIRO DO ESTADO
À STARTUP PROPCASH.

6.2.1 BNDES

De pronto, vê-se que o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), empresa


pública federal, possui como meio de fomento a empresas inovadoras a “linha BNDES de
inovação”32, a qual consiste em empréstimos diretos, provenientes somente do próprio
banco, e indiretos, solicitados por instituição financeira credenciada, ambos a taxas menores
que usuais, concedidos a empresas de classificação micro, pequena, médio e grande
porte33.

A taxa do empréstimo direto é composta por três elementos, sendo eles o custo
financeiro, remuneração do BNDES e taxa de risco de crédito, sendo este último variável
conforme o risco do cliente e prazos de financiamento.

A totalidade da taxa é calculada multiplicando-se os três elementos suprarreferidos,


sendo que o primeiro elemento, calculado com base na Taxa de Longo Prazo (TLP), está
fixado em 6,49% ao ano à data de 16/05/2019. A remuneração do BNDES, à mesma data,
consta de 0,9% ao ano e, quanto ao último item, a taxa de risco de crédito varia conforme
análise do banco quanto ao risco do cliente e prazos de financiamento.

Quanto ao empréstimo indireto, vê-se que a taxa total é composta, igualmente, de


três elementos, quais sejam o custo financeiro, taxa do BNDES e taxa do agente financeiro.
O valor do primeiro elemento é calculado igualmente com base na TLP, já o do segundo
altera-se de 0,9% para 1,05% ao ano e a taxa do agente financeiro varia conforme
negociado com a instituição financeira.

Há incidência também das taxas de juros específicas do banco cobradas de acordo


com as operações taxadas em tabela disponível em seu website34, tais como de comissão
por elaboração financeira, de 0,2%, e comissão por comprometimento de crédito, de 03%.

O valor mínimo de financiamento concedido pelo banco a esta linha de fomento à


inovação é de R$ 10.000.000 (dez milhões de reais) e, ainda, exige-se garantias
previamente elencadas pelo empréstimo direto35, sendo as garantias do empréstimo indireto

32
(Acesso em 19/05/2019).
33
Divisão conforme faturamento em R$. Microempresa: 360 mil. Pequena empresa: Maior que 360 mil e menor
ou igual a 4,8 milhões. Média empresa/; Maior que 4,8 milhões e menor ou igual a 300 milhões. Grande
empresa: Maior que 300 milhões.
34
(Acesso em 19/05/2019).
35
1)Hipoteca; 2)Penhor; 3)Propriedade Fiduciária; 4)Fiança; 5)Aval; e 6)Vinculação em garantia ou cessão sob a
forma de Reserva de Meios de Pagamento, de receitas oriundas de: transferências federais, produto de
cobrança de impostos, taxas e sobretaxas, incentivos fiscais, ou rendas ou contribuições de qualquer espécie.

18
definidas pela instituição financeira escolhida pelo empreendedor. O prazo de pagamento do
empréstimo varia conforme a capacidade do empreendimento, limitado a 20 anos e a
participação do BNDES. A participação do banco está limitada a 80% do valor total do
projeto, limitada a 100% dos itens financiáveis.

Há incidência também das taxas de juros específicas do banco cobradas de acordo


com as operações taxadas em tabela disponível em seu website36, tais como de comissão
por elaboração financeira, de 0,2%, e comissão por comprometimento de crédito, de 03%.

O fluxo do empréstimo direto ocorre da seguinte maneira:

Inicia-se com a habilitação, em que são analisados os aspectos cadastrais, de


crédito e jurídicos e também a diretoria do BNDES aprecia a proposta de habilitação,
comunicando o cliente se fora aceito ou não.

Após isso, há solicitação de apoio financeiro encaminhada pelo roteiro de pedido de


financiamento, com informações sobre o projeto, ocasião em que se avaliará
preliminarmente a adequação do projeto às políticas operacionais e de Crédito do BNDES e
comunicará o cliente da decisão para que prossiga à etapa de análise.

Na etapa de análise, o Comitê de Elegibilidade de Operações e Crédito (CEC) do


BNDES analisa pormenorizadamente o projeto, sobretudo a sua viabilidade econômico-
financeira, aspectos jurídicos e regularidade fiscal, podendo ser solicitadas novas
informações aos clientes. Por fim, a Diretoria do BNDES decidirá sobre a aprovação ou não
do financiamento, comunicando o requerente.

Por derradeiro, a empresa requerente e o BNDES assinam contrato de mútuo, com


cláusulas pré-estipuladas pelo banco, e então há a etapa de acompanhamento, em que
verifica-se o cumprimento do acordado entre as partes, bem como a evolução econômico-
financeira do projeto.

Já o fluxo de empréstimo na modalidade indireta, solicitado a instituição financeira


credenciada, varia conforme as políticas e normas de concessão de crédito conforme cada
instituição, respeitados os limites de participação do financiamento dados pelo BNDES,
assim como suas normas e regulamentos. Como dito, são as instituições financeiras que
definem as garantiam desta operação.

Após a prevenção do crédito pela instituição, encaminha-se o pedido ao BNDES para


que o homologue, e após isso a instituição financeira chamará o seu cliente para a devida
assinatura do contrato de mútuo. Após o registro da documentação de toda a operação, a

36
(Acesso em 19/05/2019)

19
instituição financeira pedirá ao BNDES a liberação da primeira parcela do crédito, o qual
deve ser repassado ao cliente prazo limite de 1 (um) dia útil.

6.2.2 FINEP37

Continuando com a linha de fomento a startups no Brasil, seria interessante uma


análise do programa de desenvolvido pela Finep – Programa de Investimento em Startups
Inovadoras. De início, já é notório que este programa foi desenvolvido para startups com um
maior grau de desenvolvimento, por este motivo far-se-á um breve resumo do edital do
referido programa de fomento.

De pronto, será realizada a celebração de um contrato Particular de Outorga de


Opção de Subscrição de Participação Social (posteriormente podendo ser exercida a
“Opção de Compra” pela Finep, nos moldes do edital), sem restrições ao direito de voto
entre Finep e a empresa, registrada na Junta Comercial, e constituída obrigatoriamente sob
forma de Sociedade Limitada ou Sociedade por Ações, com período mínimo de 6 (seis)
meses a contar do período de inscrições da rodada de investimentos do edital, com
anuência dos sócios.

Além do requisito supracitado, vê-se que a utilização da tecnologia blockchain38


consta como tecnologia passível de habilitação ao processo de seleção, dentre outras, de
modo que os modelos de negócio propostos pela Propcash abarcam a criação de soluções
relacionadas às áreas de processos, serviços e produtos que ensejam a redução da
possibilidade de fraude, além de possibilitarem a manutenção da integridade criptográfica
das transações registradas e verificações digitais.

Em acréscimo, as empresas participantes deverão, obrigatoriamente, ser brasileiras;


os sócios administradores serem detentores de posição majoritária na Estrutura Social da
empresa, e de preferência nenhum obtenha mais que 90% de participação; ao menos 1
(um) dos empreendedores seja totalmente disponível ao negócio para realização das
atividades necessárias; a sociedade tenha apresentado entre 01 de janeiro de 2018 e 31 de
dezembro de 2018, Receita Operacional Bruta inferior ou igual à R$ 4.800.000,00 (quatro
milhões e oitocentos mil reais) e não tenha o seu controle acionário detido por grupo de

37
FINEP. Programa de Investimento em Startups Inovadoras - Edital de Seleção Pública. Disponível em:
<http://www.finep.gov.br/images/chamadas-publicas/2017/21_11_2017_Finep_Startup_Rodada_II.pdf>. Acesso
em 18/05/19.
38
“Para efeitos desse Edital, Blockchain é entendido como tecnologia que mantém um arquivo digital distribuído
(“digital ledger”), gerando e mantendo um registro de transações validado num modelo de consenso entre os nós
de uma rede, sem a necessidade de uma autoridade central para certificar quais transações são válidas e quais
não são. A tecnologia pode ser usada para controlar transações sobre qualquer coisa que represente valor,
sejam modelos ou registros de propriedades, patentes, direitos autorais, certidões de nascimento, casamento e
óbitos, registros médicos, dentre outros. ” – Edital de Seleção Pública (Finep – 2018), pg. 7.
http://www.finep.gov.br/images/chamadas-publicas/2017/21_11_2017_Finep_Startup_Rodada_II.pdf. Acesso em
18/05/19.

20
sociedades de fato ou de direito, que apresente ativo total ou superior a R$ 80.000.000,00
(oitenta milhões de reais) ou receita bruta anual superior a R$100.000.000,00 (cem milhões
de reais) no encerramento do exercício social anterior; e, ter ao menos, sua tecnologia
desenvolvida na etapa de um protótipo final e com a viabilidade comercial comprovada.

O processo de seleção é composto por duas Rodadas de Investimento, uma em


2018 e a outra em 2019, sendo cada Rodada de Investimento composta por 3 (três) etapas
de seleção (1ª – avaliação do plano de negócios; 2ª – Banca Avaliadora Presencial; 3ª –
Visita Técnica e Avaliação de Documentação Jurídica), e posteriormente serão selecionadas
até 30 (trinta) empresas para o investimento Finep, investimento esse no valor de apoio
financeiro máximo de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), ou até mesmo a possibilidade
de realizar uma Carta de Compromisso de Investimento com um Investidor-Anjo, nos
moldes do presente edital.

6.2.3 SEBRAE-SP 39

Cumpre salientar que o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas


(SEBRAE) é entidade paraestatal, de qualidade dos Serviços Sociais Autônomos (SSA),
mantidos por dotação orçamentária ou dotações parafiscais do Estado sendo pessoa
jurídica de direito privado criada por lei sem fins lucrativos. No caso, tal entidade era
vinculada à Administração Pública (CEBRAE), porém fora desvinculada por meio do Decreto
nº 99.570/1990 e transformada no SEBRAE. Tais fatos não desqualificam a entidade como
forma de fomento do Estado à inovação, ainda que indiretamente.

O Programa de Desenvolvimento de Startup “Startup SP”, produzido pelo Serviço


Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE-SP) engloba e visa selecionar
startups digitais40 que possuam ou não CNPJ, e encontram-se no processo de validação de
seus modelos de negócios, com ênfase naquelas que estejam relacionadas ao problema de
mercado, solução e modelos de receita, bem como certos segmentos de clientes.

Vale ressaltar a credibilidade do programa, que recentemente abriu inscrições para a


sua 6ª edição, na qual serão selecionadas 10 (dez) startups digitais, salvo exceções, que até
o presente momento já tenham iniciado a construção de um Produto Mínimo

39
SEBRAE. Programa Startup SP – 2º Semestre 2019 – Chamada Pública para processo de seleção de
startups. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/UFs/SP/Programas%20e%20Solu
%C3%A7%C3%B5es/StartupSP/StartupSP%20-%20Edital%202019.2.pdf>. Acesso em 18/05/19.
40
Informação retirada do edital fornecido para o segundo semestre de 2019. - 5.1.1. Ser uma startup
digital*: a. Entrega valor para seus clientes através de canais digitais; b. Utiliza software ou serviços de
tecnologia de informação e comunicação como ponto central do seu modelo de negócio, o qual objetiva que seja
replicável, escalável e inserido no mercado; c. Aplicações de startups que trabalhem com hardware são bem-
vindas, desde que seus modelos de negócio também envolvam aspectos digitais na entrega de valor para o
cliente; - http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/UFs/SP/Programas%20e%20Solu
%C3%A7%C3%B5es/StartupSP/StartupSP%20-%20Edital%202019.2.pdf

21
Viável/Protótipo, com base em validações realizadas com potenciais clientes ou enfrentem
dificuldades para escalar suas vendas e/ou ainda não adentraram no estágio de crescimento
acelerado.

Em acréscimo, será necessário ao menos 2 (dois) integrantes na composição da


equipe, e pelo menos 1 (um) com disponibilidade de 100% de dedicação ao
desenvolvimento da startup para que seja possível a participação em todas as atividades
previstas no programa, com risco de terem suas atividades descontinuadas, caso o
desempenho desejado não seja atingido ao longo do programa.

No decorrer do programa, as startups selecionadas participarão de atividades que


possibilitem o melhor desenvolvimento de capacitações de seus integrantes por meio de
workshops, oficinas, entre outras. Ainda, farão reunião de acompanhamento de negócios
com consultores do SEBRAE-SP, bem como plano individual de mentoria, além de mentoria
com parceiros locais para que seja possível o compartilhamento de ideias, intensificando a
conexão com investidores e aceleradoras, sendo possível ainda, a utilização ao coworking
para a realização de trabalhos relacionados ao programa.

Por fim, é preciso ter em mente que o programa é totalmente gratuito e não tem
previsão de nenhum tipo de investimento financeiro nas startups selecionadas, desta forma,
o escopo do programa tem como premissa que as startups atinjam a validação de hipóteses
do modelo de negócio, e/ou realização de testes do seu MVP com clientes reais, e/ou
passem a apresentar ou aumentem seu faturamento, sem prejuízo da possibilidade de
receber-se investimentos de investidores interessados.

22
7 CONCLUSÃO

Ante as pesquisas supra e, diante do problema de pesquisa focalizado na possível


startup Propcash, conclui-se que o cenário de fomento econômico-financeiro do Estado
brasileiro a startups está favorável, possuindo-se fomento praticamente em todas as etapas
de constituição de uma startup, desde mais maduras, como no caso do BNDES e SEBRAE,
até as um pouco mais desenvolvidas, como no caso da FINEP. Vê-se, também, que há
fomento financeiro direto do Estado, vide BNDES e indireto, vide SEBRAE e FINEP.

No tocante ao ambiente jurídico normativo pátrio para a saudável consecução das


atividades da Propcash, vê-se cenário mais complexo. De fato, observa-se um nascimento
normativo quanto à classificação e regulação de criptoativos, seja na forma de propostas
legislativas, como fora mencionado, seja quanto a instruções normativas, tais como a
nº 1.888 da Receita Federal do Brasil e, por fim, não se descuida das manifestações no
sentido da isenção de regulação do BACEN e da CVM no tocante às criptomoedas, como
fora mencionado no acórdão do STJ.

Ex positis, constata-se um desbalanceamento entre o fomento econômico-financeiro


do Estado e o arcabouço jurídico normativo para a consecução de startup tal qual a
Propcash. É, certamente, importante o resultado obtido quanto ao fomento Estatal no plano
monetário ou até mesmo operacional, como no caso do SEBRAE, alinhando-se tal conduta
estatal ao chamado Estado empreendedor, nos termos da egrégia economista italiana
Mariana Mazzucato.

Contudo, não há segurança jurídica para a constituição de uma empresa de tal nível
tecnológico e ideológico, dado que fracionar-se-á bens imóveis por intermédio da tecnologia
blockchain, operando-se as transações de tokens via smartcontracts, os quais validarão as
transações com base na stablecoin denominada propcash. Em que pese existam lacunas e
insegurança jurídica sobre o tema, entende-se exequível a constituição de tal modelo de
negócios.

Assim, o Brasil fomentará a inovação41 e estará na linha de frente de um mercado em


ascensão, o qual já começou a dar frutos no exterior por meio de startups semelhantes, que
também atuam no mercado imobiliário 42. Dito isso, constata-se verdadeira a hipótese de
pesquisa. É a era da economia compartilhada.

41
Lei da Inovação (Lei nº 10.973/2004): Art. 1º “Esta Lei estabelece medidas de incentivo à inovação e à
pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, com vistas à capacitação tecnológica, ao alcance da
autonomia tecnológica e ao desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional do País, nos termos dos
arts. 23, 24, 167,200, 213, 218, 219 e 219-A da Constituição Federal.”
42 <
https://www.swissrealcoin.io/> ACESSO em 21/05/2019.> Acesso em 21/05/2019.

23
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