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Sistema Músculo-Esquelético

Posição anatómica - Universalidade na comunicação


 Corpo ereto em posição bípede
 Face virada para a frente e com o olhar fixo no horizonte
 Membros superiores ao longo do corpo com as palmas
orientadas para anterior
 Pés levemente separados e orientados para a frente
Terminologia descritiva

 Distal  Proximal
 Anterior  Posterior
 Dorsal  Ventral
 Externo  Interno
 Inferior  Superior
 Profundo  Superficial
 Lateral  Medial

Planos anatómicos
 Plano coronal / frontal (1)
 Plano sagital (2)
 Plano axial (3)

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Plano coronal/frontal:
 Plano vertical
 Divide o corpo em região anterior e posterior
 Anterior/ventral e Posterior/Dorsal
Plano sagital:
 Plano vertical perpendicular ao coronal
 Divide o corpo em esquerdo e direito
 Passa na linha média
Plano axial/transverso:
 Plano horizontal
 Divide o corpo em região superior e inferior

Anatomia regional
O corpo é dividido em regiões - cada área principal é subdividida em
regiões mais pequenas - compartimentalização
Regiões principais:
 Axial (azul)
o Cabeça (região cefálica)
o Pescoço (região cervical)
o Tronco
 Apendicular (sem cor)
o Membros superiores
o Membros inferiores

Quadrantes
 Superior direito
 Superior esquerdo
 Inferior direito
 Inferior esquerdo

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Regiões
 Hipocôndrio direito
 Epigastro
 Hipocôndrio esquerdo
 Lombar direita
 Umbilical
 Lombar esquerda
 Fossa ilíaca direita
 Hipogastro
 Fossa ilíaca esquerda

Descrição de movimentos
Referência – posição anatómica
Movimento– alteração da posição de uma estrutura do ponto A para o
ponto B, sendo realizado ao redor de um eixo fixo ou fulcro
(articulação) e com uma determinada direção.
Flexão e extensão
 Movimento no plano sagital
 Na flexão reduz-se o ângulo entre as duas entidades que
participam
 Na extensão o oposto

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Movimento - alteração da posição de uma estrutura do ponto A para
o ponto B, sendo realizado ao redor de um eixo fixo ou fulcro
(articulação) e com uma determinada direção.
Flexão do joelho
 Movimento da tíbia em relação ao fémur
 Movimento no plano sagital
 Eixo/fulcro é fornecido pela articulação do joelho
 Na flexão a perna realiza um movimento para posterior,
diminuindo o ângulo entre tíbia e fémur
Abdução e adução
 Movimento no plano coronal
 Afastamento / aproximação da linha média
 Aplicável a membros superior/inferior e dedos das mãos e dos
pés
Rotação lateral e medial
 Movimento no plano axial
 Rotação no sentido de aproximar / afastar da linha média
 Aplicável a cabeça, membros superior/inferior
Pronação e Supinação
 Movimento específico do antebraço
 Rotação do rádio sobre o cúbito
 Pronação: Rotação interna do rádio – palma fica orientada para
posterior/inferior
 Supinação: Rotação lateral do rádio – palma fica orientada para
anterior/superior
Desvio cubital e radial
 Movimento no plano coronal
 A articulação sobre a qual ocorre o movimento é o punho
 Desvio radial: Movimento do punho no sentido do polegar
 Desvio cubital: Movimento do punho no sentido do dedo
mínimo
Oposição e Reposição
 Movimento restrito aos dedos da mão
 Movimento de pinça - tocar com o polegar na ponta dos
restantes dedos
 Oposição: Movimento do polegar no sentido dos restantes
dedos

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 Reposição: Movimento do polegar afastando-se dos restantes
dedos
Inversão e Eversão
 Movimento restrito aos pés que ocorrem no eixo coronal
 Inversão: Face plantar movimenta-se no sentido do plano
médio
 Eversão: Face plantar movimenta-se no sentido de se afastar
do plano médio
Circundação
 Movimento combinado de flexão, extensão, abdução e adução.
 Frequentemente associado ao ombro pela sua mobilidade

Tipos de movimento
• Passivo: movimento do corpo ou das extremidade realizado por
outra pessoa sem qualquer ação voluntária por parte da pessoa
avaliada
• Ativo: Movimento produzido pela ação dos músculos da própria
pessoa
 Ativo assistido:
o O movimento é produzido pela pessoa, e auxiliado pelo
terapeuta
 Ativo livre:
o O movimento é produzido pela pessoa, sem auxílio e
sem resistência
 Ativo resistido:
o O movimento é produzido pela pessoa, contra a
resistência produzida pelo terapeuta

Avaliação da força: Escala Medical Research Council

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Arco de Mobilidade (ADM)
[ROM – Range of movement]

ADM: Amplitude máxima de movimento de uma articulação, medida


em graus
 ADM ativa: ADM utilizando trabalho ativo dos próprios
músculos, sem auxílio externo;
 ADM passiva: ADM quando a fonte de movimento é externa
(outra pessoa / máquina).

Sistema Esquelético
Introdução
 Seres humanos são vertebrados – possuem coluna vertebral
 O sistema esquelético corresponde a 20% da massa corporal
total
o Ossos, cartilagem, ligamentos e tendões
 Ossos são tecidos vivos, que utilizam oxigénio e produzem
produtos no seu metabolismo
o Necessidade de irrigação e drenagem
o São capazes de adaptação em resposta ao stress
mecânico a que são sujeitos
• Os ossos funcionam em conjunto com os músculos num sistema de
alavancas mecânicas para produzir movimento.
(Esqueleto adulto – 206 ossos individuais)

Funções
 Suporte e proteção de órgãos vitais
 Movimentação (em conjunto com sistema muscular)
 Armazenamento de minerais (++ Cálcio e Fósforo) e lípidos
 Hematopoiese - produção de células sanguíneas (medula óssea)
Suporte e proteção:
 Crânio- cérebro
 Grelha torácica- coração e pulmões
 Coluna vertebral- medula espinhal

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Movimento:
 Osso – Fornece a estrutura
 Sistema de alavancas
 Músculo – aplica a força
 Articulação – eixo de rotação
Armazenamento de minerais:
Tecido ósseo
 Principal reservatório de minerais (99% cálcio, 85% fosfato,
50% magnésio)
 Regulação hormonal pela PTH (hormona paratiroideia)
o Se os níveis de cálcio baixam → libertação de cálcio do
osso
o Se os níveis de cálcio sobem → depósito de cálcio nos
ossos
 Também é zona de depósito de tecido adiposo – libertação de
lípidos

Tecido ósseo - Hematopoiese:


• Muitos dos ossos possuem cavidades preenchidas por medula
óssea –local de produção de células sanguíneas

Organização do sistema esquelético


Esqueleto axial:
 Crânio
 Tronco
 Coluna vertebral
 Caixa torácica
 Esterno

Esqueleto apendicular:
 Cintura escapular
 Ossos do membro superior
 Cintura pélvica
 Ossos do membro inferior

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Tipos de ossos
 Ossos longos
o Úmero, cúbito, rádio, fémur, tíbia, peróneo, metacarpos,
falanges
 Ossos curtos
o Ossos do carpo e do tarso
 Ossos planos
o Ossos do crânio, costelas, esterno, omoplata
 Ossos irregulares
o Vértebras, ilíaco
 Ossos sesamóides
o Rótula

Ossos curtos
 Fina camada externa de osso compacto cobre o osso trabecular
e a medula, criando uma forma cubóide
 Não possuem diáfise
Ossos planos
 Duas camadas de osso compacto a envolver osso esponjoso e
medula óssea
 Superfícies articulares cobertas por fibrocartilagem

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Ossos irregulares
 Uma fina camada de osso compacto envolver uma massa
constituída por osso esponjoso
Ossos sesamóides
 Inseridos no interior de tendões, na extremidade distal dos
ossos longos
 Reduzem atrito e aumentam o braço de alavanca

Organização do tecido ósseo


Estrutura óssea
Os ossos longos servem de modelo típico de estrutura óssea
• Epífise – extremidades proximal e distal
• > osso esponjoso, camada externa de osso compacto
• Na região articular, o osso é revestido por cartilagem hialina
• Metáfise – Região de transição, proximal e distal
• Diáfise – porção central
• > osso compacto envolvendo um canal central – cavidade
medular

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Os ossos são revestidos por:
 Periósteo: camada dupla externa de tecido conjuntivo
o Camada fibrosa externa - constituído por fibras de
colagénio e fibroblastos
o Camada interna
 Endósteo
o Fina camada de tecido conectivo
o Reveste a cavidade interna do osso

A unidade funcional de um osso longo é o osteão, no denominado


sistema haversiano.

Organização em lâminas concêntricas de matriz (4-20)


 Contém osteócitos (nas lacunas)
 Ligados pelos canalículos
 Rodeiam um canal central (revestido por endósteo)

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Estrutura do osso compacto:
Lâminas circunferenciais
 Ao longo da superfície externa do osso compacto
Lâminas intersticiais
 Remanescentes do processo de remodelação
Canais perforantes (Volkman)
 Perpendiculares ao eixo ósseo
 Permitem chegada de sangue aos canais centrais (originários
do periósteo ou canal medular)
 Nutrição osteócitos

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Tecido ósseo
O osso é um tipo de tecido conectivo calcificado especializado
 Caracterizado por ter células vivas separadas por matriz óssea
 As células têm capacidade de produção e reabsorção da matriz
óssea
A constituição da matriz óssea é responsável pelas características do
osso.
Matriz óssea ou matriz extracelular
Constituída por uma porção orgânica e por uma porção inorgânica
Porção orgânica (35%):
 Fibras colagénio, proteoglicanos e glicoproteínas
 Produzida pelos osteoblastos
 Confere flexibilidade e resistência à distração
Porção inorgânica (65%):
 Hidroxiapatite – cristais de responsáveis pela rigidez dos ossos.
 Confere resistência à compressão
Se toda a componente mineral for retirada do osso este torna-se
flexível.
Se toda a componente de colagénio for retirada o osso torna-se rígido
e frágil.

Componentes celulares
Osteblastos
 Responsáveis pela síntese de matriz óssea – sintetizam
colagénio tipoI, glicoproteínas, proteoglicanos e osteocalcina e
osteonectina
 Correspondem a 4-6% do total de células ósseas
 Osteoblastos produzem vesículas com altas concentrações de
cálcio e fosfato → precipitam como cristais de hidroxiapatite
que formam a base da matriz óssea
 Após sintetizar a matriz e ser envolvido por esta – torna-se um
osteócito

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Osteócitos
 Quando os osteoblastos ficam rodeados pela matriz óssea que
produzem, tornam-se osteócitos
 Os osteócitos correspondem a 90-95% das células ósseas e
podem manter-se vivos durante até 25 anos
 Menos activos que os osteoblastos, mas capazes de
produzircomponentes essenciais à manutenção da matriz óssea.
 Presentes nas lacunas da matriz óssea.
 Apresentam canalículos – projeções celulares pelas quais
comunicam com outros osteócitos.
 As células (nas lacunas) e suas projecções celulares
(canalículos) formam o molde à volta do qual a matriz óssea é
formada
 Atuam como sensores mecânicos
o A carga mecânica leva a movimentos no fluído nos
canalículos
o Este estímulo é transformado em sinais químicos
o Adaptação na activação celular (formação de osso pelos
osteoblastos ou reabsorção pelos osteoclastos)
 Quando sofrem apoptose, são reabsorvidas pela matriz óssea.
Processo de ossificação
1. Os osteoblastos possuem extensões celulares que conectam
múltiplas células
2. Osteoblastos produzem matriz óssea, sendo rodeados por esta
e transformando-se em osteócitos
3. Osteócito numa lacuna com extensões celulares para os
canalículos

Osteclastos
 Responsáveis pelo processo de reabsorção óssea – pela
libertação de ácidos e enzimas que digerem a matriz
orgânica e dissolvem os cristais de cálcio.
 Linhagem diferente dos osteoblastos /osteócitos.
 Células de grande dimensão e móveis, multinucleadas
 Processo regulado hormonalmente pela calcitonina e e pela
PTH (paratormona)

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Homeostasia da remodelação óssea
Fase de crescimento
 Actividade osteoblastos > osteoclastos
Idade avançada
 Actividade osteoclastos > osteoblastos

Osteoperose
 Diminuição da densidade óssea
 Pico de massa óssea (+/- 25-30anos)
 Diferença entre géneros (F>M)
 Osteoporose primária vs secundária
Osteogenesis imperfecta
 É um tipo de osteodisplasia caracterizada por fragilidade óssea
 Carácter genético - alteração da síntese de colagénio
 Vários tipos - gravidade muito variável

Desenvolvimento ósseo
Tipos de ossificação
2 padrões de formação de osso no feto:
 Ossificação intramembranosa
o Parte de membranas conectivas embrionárias
o Locais onde se inicia a ossificação - centros de ossificação
 Ossificação endocondral
o A partir de um modelo de cartilagem formado por
condroblastos

Ossificação Intramembranosa
 Ponto de partida: Membrana mesenquimal embrinonária
 Formação de periósteo
o Células osteocondrais progenitoras diferenciam-se em
osteoblastos
o Células osteocondrais progenitoras formam o periósteo à
volta do osso

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 Centros de ossificação
o Ossificação começa nos centros de ossificação
o Osso esponjoso formado pelos osteoblastos internos
o Osso cortical formado pelos osteoblastos periostais
 Remodelação
o Osso sofre remodelação em osso lamelar e torna-se
indistinguível do osso proveniente da ossificação
endocondral

Ossificação Endocondral
 Ponto de partida: Modelo de cartilagem hialina rodeada de
pericôndrio
 Formação de periósteo
o Hipertrofia condrócitos com calcificação da cartilagem
o Células osteocondrais progenitoras diferenciam-se em
osteoblastos
 Centros de ossificação
o Osteoblastos invadem a cartilagem calcificada nos centros de
ossificação
o CO primária formam osso esponjoso na diáfise / secundários
nas epífises
o Osso cortical formado pelos osteoblastos periostais

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 Remodelação
o Osso imaturo sofre remodelação em osso lamelar e torna-se
indistinguível do osso proveniente da ossificação
intramembranosa

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Crescimento ósseo
 Crescimento em comprimento
 Crescimento ao nível da cartilagem articular
 Crescimento em largura
 Fatores que afetam o crescimento ósseo
o Nutricionais
o Hormonais

Crescimento em comprimento dos ossos longos


• Crescimento aposicional ao nível da placa epifisária ou de
crescimento

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• O processo de crescimento é por ossificação endocondral
• Placa epifisária tem 5 zonas distintas:
1. Zona de repouso (mais próxima da epifise)
2. Zona proliferativa (produção de cartilagem)
3. Zona hipertrófica (maturação dos condrócitos da zona
proliferativa)
4. Zona de calcificação (fina, condrócitos hipertrofiados e
matriz calcificada)
5. Zona de ossificação (deposição de matriz óssea pelos
osteoblastos)

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Crescimento ao nível da cartilagem articular
• Onde ocorre o crescimento das epífises e dos ossos curtos
• Processo semelhante ao que ocorre na placa de crescimento
• Quando atingem a dimensão definitiva deixa de ocorrer substituição
de cartilagem por osso.
• A cartilagem persiste ao longo da vida sem ficar ossificada (como
ocorre na placa de crescimento).

Crescimento em largura dos ossos longos


• Crescimento aposicional ao nível da região interna do periósteo
• Osteoblastos depositam osso, acabando por formam novas lamelas
concêntricas
• O que era o periósteo passa a endósteo
• Ocorre formação de novos osteões e de túneis centrais

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Fatores que influenciam o crescimento ósseo
 O potencial de crescimento e a altura definitiva de um individuo
são determinadas geneticamente
 Fatores nutricionais e hormonais podem ter um impacto muito
significativo na expressão desses fatores genético

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 Nutrição
o Disponibilidade de vitaminas e minerais
 Vitamina D – associação ao raquitismo
 Vitamina C – associação ao escorbuto
o Doenças metabólicas que alterem a taxa de proliferação
celular, a produção de colagénio ou de outros
componentes da matriz
 A nível hormonal
o Hormona de crescimento (Secretada pela hipófise)
o Hormona tiroideia
o Estrogénio e testosterona
 Picos de crescimento na adolescência
 Final do crescimento com encerramento das placas
epifisárias

Remodelação óssea
 Processo continuo de renovação óssea
o Remoção de osso antigo pelos osteoclastos;
o Deposição de novo osso pelos osteoblastos.
 Adaptação: Osso imaturo → Osso lamelar
 Essencial a múltiplos processos
o Crescimento ósseo,
o Ajustes ao stress,
o Reparação óssea,
o Regulação da calcémia.

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Stress mecânico e força do osso
 O stress mecânico é essencial à remodelação óssea
o A carga estimula a atividade osteoblástica
 Em situações de diminuição do actividade física (doente
acamado, pós-operatório)
o A diminuição do stress leva a diminuição da act.
osteoblástica
o A atividade osteoclástica mantém-se a níveis normais
o Resultando numa diminuição da densidade óssea

Processo de reparação de fraturas


 O osso é um tecido vivo capaz de reparação quando danificado
 O processo de reparação tem 4 fases
o Formação de hematoma – proveniente dos vasos locais,
formando um coágulo de forma a parar a hemorragia.
Tecidos na
o região ficam inflamados
o Formação de calo – o calo é uma massa de tecido ósseo
que se forma no local da fratura.
o Ossificação do calo – a cartilagem no calo externo é
substituída por osso esponjoso por ossificação
endocondral – calo torna-se mais resistente

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o Remodelação óssea - embora o gap esteja preenchido, o
osso imaturo não é tão resistente como o osso lamelar.
Inicia-se o processo de remodelação de acordo com a
carga a que esteja sujeito e que pode demorar mais de
um ano.

Homeostase de cálcio
Objectivos
• Compreender a importância da regulação da calcémia
• Conhecer o papel do osso na homeostase do cálcio
• Descrever a influência do paratormona (PTH), calcitonina e calcitriol
Importância da regulação da calcémia
• Essencial à contração do músculo esquelético
• Estimulação e regulação da contração músculo cardíaco
• Exostose de moléculas de sinalização neurológica.
Papel do osso na manutenção da homeostase do cálcio
• O osso é o principal local de armazenamento de cálcio
• Balanço entre atividade entre osteoblastos e osteoclastos permite
regular a calcémia
• Células que regulam a deposição e reabsorção óssea são alvos das
hormonas que regulam a calcémia;

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• A homeostase é regulada por 3 hormonas (mensageiros químicos
via corrente sanguínea), que atuam, entre outros, no osso.
• Hormona paratiroideia (PTH), secretada pela glândula paratiroide
• Efeitos da secreção de PTH (que ocorre em resposta à
HipoCa2+):
• Efeito direto no osso (aumento da actividade
osteoclástica)
• Efeito direto no rim (reabsorção de Ca2+ a nível
tubular)
• Efeito indirecto no intestino delgado (estimula a
absorção intestinal de Ca2+
 Calcitriol, hormona esteróide derivada da vitamina D3
o Produção de Vit D3 é iniciada na pele e continuada no fígado
depois no figado onde a activação do calcitriol ocorre.
o Calcitriol tem função sinérgica com PTH
o Aumento da reabsorção intestinal de Ca2+

Hipocalcemia
 PTH

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 Calcitriol

Calcitoninasecretada pela glândula tiróide (células C)


 Inibe a atividade osteoclástica, baixando rapidamente a
calcémia.
Hipercalcémia: Calcitonina

Sistema Muscular

Funções do sistema muscular


 Movimentos corporais
 Postura
 Respiração
 Produção de calor
 Comunicação
 Constrição de órgão
 Contração muscular
O tecido muscular é altamente especializado
Propriedades:
 Contractilidade Capacidade de encurtamento (movimentando
estruturas ou aumentando a pressão vascular/intra-intestinal)
 Excitabilidade Capacidade de responder a um estímulo elétrico
(sistema nervoso)
 Extensibilidade Capacidade de alongar para além do
comprimento em repouso sem perder a capacidade de
contração

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 Elasticidade Capacidade de voltar ao comprimento em repouso
após ter sido alongado
Tipos de musculo:
 Liso
 Cardíaco
 Esquelético

Músculo Esquelético
 Resultam da fusão de centenas de mioblastos (células
embrionárias) - formando uma célula de grandes dimensões
polinucleada
 Fibras musculares variam de 1mm a 4cm (algumas mais
longas)
 Em cortes longitudinais apresentam um aspeto estriado.

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Contração Muscular
 Componente elétrica (propriedade excitabilidade)
o Transmissão de potenciais de ação (estímulo elétrico)
o Ocorre ao nível da junção neuromuscular (sinapse)
 Componente mecânica
o Resposta ao estímulo elétrico
o Dependente da organização / características anatómicas

Contração Muscular - Junção Neuromuscular


 Cada fibra muscular está em contacto com um ramo de um
axónio motor
 Axónio transportam sinais eléctricos – potenciais de acção –
que estimulam as fibras → contração muscular
 Junção neuromuscular (ou sinapse) - Ponto de contacto do
axónio - fibra muscular

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Organização do músculo esquelético
Inserção óssea via tendão
 Epimíseo: Envolve músculo (camada exterior junto à fáscia)
 Perimíseo: Envolve fascículos
 Endomíseo: Envolve fibras musculares
 Fibra muscular constituída por numerosas miofibrilas
 Miofibrilhas constituídas por 2 tipos de miofilamentos – Actina e
Miosina
 Organização em sarcómeros

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Sarcómero:
 Unidade mais pequena capaz de contração
 Limite – entre 2 discos Z – “âncora” dos
 filamentos de Actina
 Constituição:
o 2 bandas I – isotrópica (+ claras)
o 1 banda A – anisotrópica (+ escura)
 O centro da banda A, onde apenas existem filamentos de
Miosina é denominada zona H
 No centro da zona H está a linha M (sustentação da miosina)

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Anatomia Macroscópica
Conceitos básicos
 Quase todos os músculos esqueléticos têm inserção óssea
(exemplo de exceção: músculos faciais) via tendão
 Origem (podem ser várias cabeças) → Inserção
 Acção muscular (movimento gerado pela contração)
 Agonistas vs Antagonistas (biceps vs triceps braquial)
 Sinérgicos – função complementar (Deltóide, bíceps braquial e
grande peitoral na flexão do ombro)

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Organização dos fascículos
 Circular
 Convergente (triangular)
 Paralelo (trapezoide; romboide; quadrado)
 Penado (Tendão central com fibras anguladas ao vetor de força
 Fusiforme

Nomenclatura
 Região anatómica (Peitoral; Glúteo)
 Dimensão (Curto vs Longo peroneal)
 Forma (Deltóide; Quadrado pronador)
 Orientação dos fascículos (Recto femoral)
 Origem e inserção (Esternocleidomastoideu; Braquiradialis)
 Número de cabeças musculares (Bicípete; Tricípete)
 Função (Longo Adutor)

Correlação Clínica
Efeitos do envelhecimento no sistema muscular
 Sarcopenia
o Diminuição da massa muscular (25% dos 40 → 70)
o Aumento do tempo de reação ao estímulo nervoso
o Diminuição da capacidade de exercício?
o Aumento do tempo de recuperação
o Perda das fibras rápidas

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Importância clínica

 Influência na dependência nas AVDs!!


 Estas alterações podem ser atrasadas mantendo-se
fisicamente ativo
 Mesmo idosos sedentários podem recuperar mobilidade e força
com o exercício

Coluna Vertebral

Funções da coluna vertebral


 Suporte do peso cabeça e tronco
 Proteção da medula
 Permite saída das raízes nervosas
 Local de inserções musculares
 Permite mobilidade da cabeça e tronco
A coluna vertebral é constituída por 25 vertebras:
 7 vertebras cervicais (C1-C7)
 12 vertebras torácicas (T1-T12)
 5 vertebras lombares (L1-L5)
 1 osso sagrado (resultado da fusão de 5 peças)

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 1 osso coccígeo (resultado da fusão de 4/5 peças)

Curvas fisiológicas
 Surgem durante o desenvolvimento embrionário
 Importantes para alinhamento do peso corporal com a pélvis e
membros inferiores
 Curvas principais:
o Lordose cervical
o Cifose torácica
o Lordose lombar
o Cifose sagrada

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Variações das curvas fisiológicas
 Plano sagital
o Cifose
o Lordose
 Plano frontal
 Plano coronal
o Escoliose

NOTA:
Movimentos
Coluna cervical e
 Flexão / Extensão lombar possuem
 Flexão lateral esquerda e direita maior mobilidade que
 Rotação (torção) torácica e sagrada

Constituição vertebral típica (Não há 2 vértebras iguais)


 Corpo
 Arco vertebral
o Foramen vertebral
o Pedículos
o Lâminas
 Apófise transversa (2)
 Apófises articulares (2+2)
 Apófise espinhosa (1)

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Coluna como uma unidade:
 Corpos vertebrais adjacentes são unidos por sínfises chamadas
de discos intervertebrais.
 Exceções: C1-C2 e após S2 – disco inexistente

Disco intervertebral:
 Estruturas fibrocartilagíneas localizadas entre vertebras
adjacentes
 Função de suporte e amortecimento
 Permitem pequeno grau de flexibilidade
 Correspondem a 25-33% do comprimento da coluna
 Existem 23 discos (6C, 12T, 5L)

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Disco intervertebral – estrutura
 Anel fibroso
o Constituído por 15-25 lamelas concêntricas com fibras de
colagénio paralelas
o Fibras de elastina entre lamelas, auxiliando o disco a volta
a sua conformação inicial
o O anel é relativamente rígido, fornecendo resistência ao
disco face a forças compressivas

 Núcleo Pulposo
o Fibras de colagénio organizadas de forma aleatória e
fibras de elastina organizadas radialmente
o Fibras estão embebidas numa matriz extracelular de àgua
e proteoglicanos
o O núcleo é relativamente elástico, permitindo absorção de
choques

Região Cervical
Coluna Cervical:
 Região com maior mobilidade
 Suporte do peso da cabeça
 Apófises espinhosas bífidas
 Apófise transversas com forâmen (artérias e veias vertebrais)
 Corpos vertebrais conectados pelas art. uncovertebrais (fendas
de Luschka)

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Coluna Cervical:
 Articulação atlanto-occipital (Occipital - C1)
 Articulação atlanto-axial (C1-C2)

Articulação atlanto-occipital:
 Função: ++ flexão-extensão (também flexão lateral e rotação)

Coluna cervical – Articulação atlanto-axial (C1-C2)


C1 (Atlas) – Mitologia grega – “suporta o peso do mundo
 Não possui corpo ou apófise espinhosa
 Possui zonas aplanadas – facetas articulares superiores onde os
côndilos occipitais se apoiam (Usada ao responder SIM com a
cabeça
 Arco anterior / posterior
 Processos transversos
 Foramen transverso – zona de passagem das art. Vertebrais

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C2 (Axis) – Vértebra com processo superior altamente modificado –
chamado processo odontóide.
 Forma com C1 a articulação atlantoaxial (Usada ao responder
NÃO com a cabeça)

Coluna cervical – C3 a C7

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 Específicos da coluna
cervical
 Permitem a passagem da
artéria vertebral

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 Restantes vértebras cervicais sem características específicas
 Apófise espinhosa mais proeminente tipicamente é a de C7.

Coluna cervical – lesão tipo chicote


 Cabeça funciona como uma estrutura pesada na extremidade
uma região altamente móvel
 Pode ocorrer uma hiperextensão cervical por uma aceleração
súbita
 Lesão típica:
o Processos espinhosos cervicais
o Herniação por lesão do anulo fibroso

Região torácica
Coluna torácica:
 Localizada entre região cervical e lombar
 Dimensão do corpo vertebral aumenta no sentido cefálico-
caudal
 Presença de facetas para articulação com os arcos costais
(exceto T11 e T12)
 Processos espinhosos mais proeminentes e mais angulados
inferiormente

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Articulações Costovertebrais:
 Entre as extremidades proximais das costelas (cabeça) e suas
respetivas vértebras
 Permitem um certo grau de rotação
 Constituída por 2 grupos de articulações sinoviais planas:

 União entre cabeça da costela e os corpos das vértebras


torácicas
 As superfícies articulares da 2ª a 9º costela consistem
 Faceta costal superior e uma inferior que se articular com os
corpos de 2 vértebras adjacentes (a do mesmo número e a
imediatamente acima)
 Está presente um disco intervertebral entre as facetas
 As cabeças da 1ª e da 10ª, 11ª e 12ª costelas articulam apenas
com uma vértebra (a correspondente)

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Articulações Costotransversárias
 União entre as facetas articulares dos tubérculos das costelas e
as facetas costais dos processos transversos vertebrais
correspondentes.
 Presentes da 1ª à 10ª costelas.
 Possuem uma pequena cavidade sinovial envolvida por uma
fraca cápsula articular, reforçada por ligamentos
 Permitem um grau limitado de deslizamento

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Costelas:

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Região Lombar
Coluna lombar
 Localizada entre região dorsal e sacro-coccígea
 Corpos vertebrais de maiores dimensões – suporte do peso do
tronco e cabeça
 Mais móvel que a coluna dorsal
 Processo espinhoso de grandes dimensões – zona de inserção
muscular
 Maior suscetibilidade a hérnias devido ao maior suporte de peso

Vértebras específicas
 L1
o Alinhada com a extremidade anterior da 9ª costela e ao
nível do plano transpilórico (o piloro do estômago é
encontrado neste nível)
 L5
o Corpo mais profundo anteriormente que posteriormente
o Articula com as proeminências sacrovertebrais
o Processo espinhoso menor

Cauda Equina
• A medula óssea estende-se até ao nível de L1/L2
• Abaixo deste nível, o canal espinhal envolve uma feixe nervoso
conhecido como cauda equina, que inerva a região pélvica e
membros inferiores

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Região Sacro-Coccígea
Coluna sagrada
 Sacro consiste em 5 vértebras sagradas fundidas
 Localizada entre a região lombar e o coccix.
 Papel principal é a transmissão da carga da região superior do
corpo à pélvis
 O sacro tem um base, um apex e 3 superfícies (pélvica, posterior e
lateral)
 Canal sagrado da continuidade ao canal medular, contendo a
cauda equina
 A saída de ramos nervosos ocorre nos foramens sagrados

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Coccix
 Cóccix articula com o sacro
 Consiste em 4 a 5 vértebras fundidas
 Tem 2 superfícies (pélvica e posterior)
 É um ponto de inserção do grande glúteo e músculos coccígeos
 O filum terminale para ao nível de Co1

Músculos
Ligamentos:
Ligamento longitudinal anterior
 Ao longo da face anterolateral externa dos corpos vertebrais
desde a base do crânio até ao sacro
 Função: Estabiliza e evita hiperextensão da coluna

Ligamento longitudinal posterior


 Cursa no interior do canal vertebral ao longo da face posterior
dos corpos vertebrais de C2 até ao sacro
 Função: Estabiliza e evita hiperflexão da coluna; previne
herniação dos discos intervertebrais

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Os arcos vertebrais são reforçados por vários ligamentos
acessórios:
 Ligamento amarelo (flavum)
o Conecta lâminas adjacentes.
o Evitam a avulsão da lâmina durante uma flexão súbita da
coluna vertebral.
 Ligamentos interespinhosos
o Conectam os processos espinhosos de vértebras
próximas.
 Ligamento nucal
o Estende-se do crânio (protuberância occipital) aos
processos espinhosos de C7, onde se funde com o
ligamento supraespinhoso.
 Ligamento supraespinhoso
o Longa faixa que liga as extremidades dos processos
espinhosos.

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Articulações
Articulações Zigoapofisárias

 Articulação sinovial que conecta corpos vertebrais adjacentes


 Entre facetas articulares superiores e inferiores
 Facilitam a flexão e extensão da coluna cervical e torácica
 Permitem movimentos rotacionais da coluna torácica

Suporte muscular:
Músculo Longissimus

 Tem origem nos processos espinhosos e inserções nos


processos costais das vértebras lombares
 Permite extensão da coluna (contração bilateral)
 Permite flexão lateral (contração unilateral)
Músculo Espinhal

 Parte dos músculos e tendões eretores da coluna


 Manutenção da postura e a permanecer ereto quando em p
Músculo Multífido

 Músculo longo que cursa ao longo do dorso


 Estabilizador da coluna lombar
Psoas maior

 Flexão lateral do tronco


 Elevação do tronco na posição supina

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Vascularização
Fornecido pelas artérias segmentares
 Coluna torácica e lombosagrada
o Artérias intercostais posteriores e subcostais
o Artérias Lombares e Iliolombares (ramo ilíaca interna)
o Artérias sagradas
 Coluna cervical
o Artérias vertebrais e cervicais ascendentes

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Drenagem sangue venoso
 Veias vertebrais → plexos venosos vertebrais interno e externo
 Veias basivertebrais → plexo venoso vertebral interno
 2 plexos venosos drenam para a veias intervertebrais → veias
vertebrais e segmentares do pescoço e tronco

Relação com estruturas medulares


Medula Espinhal
 Longa estrutura cilíndrica
 Surge como extensão do bulbo no tronco cerebral
 Ocupa canal vertebral ao longo da maior parte da coluna
vertebral
 42-45cm de comprimento (varia com tamanho e sexo)
 Termina no cone medular (nível L1-L2)

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Medula espinhal
1. Desenvolvimento Intra-uterino
o Até ao 3º mês é do mesmo tamanho que a coluna

2. No momento do nascimento
o Habitualmente ao nível de L3

3. Idade adulta
o Termina ao nível de L1-L2

Nota: O crescimento da coluna vertebral é mais rápido que o


medular.

 Cada vértebra tem associado um par de nervos espinhais até


ao cóccix
 Nervos espinhais atravessam os foramens intervertebrais
 Estruturas mais complexas implicam uma maior inervação –
membros superiores e inferiores
o Dilatação cervical
o Dilatação lombo-sagrada (L1-S3, membro inferior)

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Há 31 pares de nervos espinhais
o 8 Cervicais
o 12 Torácicos
o 5 lombares
o 5 Sagrados
o 1 Coccígeo

Região Cervical
 8 pares de nervos
 Nervos de C1 a C7 saem acima do nível vertebral
correspondente
o Por exemplo: a raiz do nervo C3 sai acima da vértebra C3
 Na região cervical existe 8 pares de nervos (e 7 vértebras)
o A raiz do nervo de C8 sai abaixo de C7

Região Torácica
 12 pares de nervos
 Nervos de T1 a T12 saem abaixo do nível vertebral
correspondente, na zona do foramen intervertebral
o Por exemplo: a raiz do nervo T12 sai abaixo da vértebra
T12
Região Lombar
 5 pares de nervos
 Nervos de L1 a L5 saem abaixo do nível vertebral
correspondente, na zona do foramen intervertebral
o Por exemplo: a raiz do nervo L4 sai abaixo da vértebra L4

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Região Sagrada
 5 pares de nervos
 Nervos de S1 a S5 saem abaixo do nível vertebral
correspondente, na zona do foramen intervertebral
o Por exemplo: a raiz do nervo S4 sai abaixo da vértebra
S4
 Vértebras fundidas nesta zona – saída ocorre pelo foramens
sagrados
o Ramos anteriores dos nervos S1-S4 saem pelos foramens
sagrados anteriores
o Ramos posteriores dos nervos S1-S4 saem pelos
foramens sagrados posteriores
o Nervos de S5 saem através do hiato sagrado

Síndrome da cauda equina:

 Dor lombar baixa


 Diminuição de força nos membros inferiores
 Incontinência de esfíncteres (alt urinárias e fecais)
 Disfunção sexual súbita
 Anestesia em sela (nádegas, períneo)

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