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COMO LIDAR COM A LIBERDADE CRISTÃ

Fortes e Fracos em Corinto

1ª Coríntios 8. 1 a 13

Congregação em Coroa Grande - aula de 01/08/2021

CONSIDERAÇÕES INICIAIS:

Há certas coisas na vida cristã que estão bastante evidentes pra nós.

Não temos problemas em distinguir o que está certo do que está errado. Por
exemplo, sabemos que matar, roubar, adulterar, mentir, está errado à luz da Palavra de
Deus, contudo existem coisas que não são tão claras pra nós, como jogos de loteria,
praticar esportes ou passear aos domingos, ir a festas de amigos ou shows, beber
cerveja no bar, usar roupa curta...

Para a igreja de Corinto o problema era com comida. As perguntas eram:


Podemos comer carne que os pagãos oferecem aos ídolos? É pecado fazer isso? Comer
carne sacrificada aos ídolos é a mesma coisa que adorar a um ídolo?

Os princípios para resolver essas dúvidas são os mesmos para eles e para nós.

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Outras considerações:

 A prática da morte de animais para sacrifício era comum.


DEMORARA

AQUI
NÃO

 Os coríntios eram muito supersticiosos, talvez só perdessem


R

para os atenienses.

A) O problema: Carne sacrificada aos ídolos (8.1,2)


Toda a população de Corinto praticava a idolatria, exceto a pequena colônia judia
Os convertidos entenderam que a idolatria violava o primeiro mandamento da lei de
Deus (8.4)
Havia três lugares onde se encontrava carne sacrificada aos ídolos em Corinto
3.1 - O próprio templo dos ídolos (8.10). Paulo argumenta: “Porque, se
alguém te vir a ti, que és dotado de saber, à mesa, em templo de ídolo, não será a
consciência do que é fraco induzida a participar de comidas sacrificadas a ídolos?”

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(8.10). Os membros da igreja de Corinto haviam sido convertidos, mas quando alguém é
convertido, não rompe os relacionamentos com as pessoas que ainda continuam não
convertidas. As pessoas convertidas ao evangelho ainda mantêm laços de amizade com
pessoas que ainda estão no mundo. Paulo já havia ensinado que ser crente não é viver
num gueto. Ser crente não é entrar numa incubadora e numa estufa espiritual e cortar
todos os vínculos de amizade com os não crentes. Do contrário teríamos de sair do
mundo, diz Paulo (5.10). No templo dos ídolos pagãos havia muitas festas e os crentes
eram convidados a participar dessas celebrações festivas, e muitos deles participavam.
Ali, sacrificava-se aos ídolos. A carne que era sacrificada nesse templo pagão era
dividida em três partes. Uma parte era sacrificada no altar desse templo pagão, a um
ídolo pagão. A outra parte ficava com o sacerdote pagão e a terceira parte da carne era
entregue ao adorador do ídolo. Esse adorador nem sempre consumia toda essa carne.
Parte dela, ele a vendia para o mercado, para os açougues públicos, e o restante ele
levava para a sua casa. Certamente, Paulo está dizendo, que os crentes não deviam
comer carne sacrificada aos ídolos nos templos de ídolos. Comer carne, que é um ato
amoral, nesse contexto, se torna imoral. Comer carne é lícito, mas comer carne em
templo de ídolo não convém.

3.2 - A casa dos amigos idólatras (10.27,28). Esse era o segundo lugar onde
as pessoas poderiam encontrar carne sacrificada aos ídolos, na casa de algum amigo
incrédulo.

Paulo ensina: “Se algum dentre os incrédulos vos convidar, e quiserdes ir, comei de tudo
o que for posto diante de vós, sem nada perguntardes por motivo de consciência.
Porém, se alguém vos disser: Isto é coisa sacrificada a ídolo, não comais, por causa
daquele que vos advertiu e por causa da consciência” (10.27,28). Algumas pessoas
traziam a carne para casa depois do sacrifício e convidavam seus amigos para comer. A
festa não transcorria na frente do ídolo, mas a carne servida era a mesma oferecida ao
ídolo lá no templo pagão. O que o crente deveria fazer neste caso: comer ou não
comer? Paulo orienta que se o crente viesse a saber que a carne havia sido sacrificada,
não deveria comer. Porém, se não soubesse, não havia problema em comer.

3.3 - Nos mercados públicos (10.25).

Paulo aconselha: “Comei de tudo o que se vende no mercado, sem nada perguntardes
por motivo de consciência” (10.25).

Tanto os sacerdotes quanto os adoradores costumavam vender a carne que sobrava dos
sacrifícios para os açougueiros. Agora veja duas informações importantes: Primeira: Os
animais sacrificados tinham de ser perfeitos, portanto, a carne sacrificada aos ídolos era
a melhor carne. Então a dona-de-casa que não tivesse nenhum problema em relação ao
assunto ia até o açougue e procurava saber qual a carne sacrificada aos ídolos. Tinha
preferência por essa carne. Segunda: Os estudiosos dizem que a parte que sobejava
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dessa carne sacrificada no templo era vendida por preço menor ao comercializado no
mercado de carnes. Portanto, comprava-se uma carne de melhor qualidade por um
preço menor.

Na igreja de Corinto formaram-se dois grupos opostos.

Os abstinentes e legalistas. Diziam: “Nós não podemos comer carne em


hipótese nenhuma, pois corremos o grave risco de comer carne sacrificada a ídolos”.

Os permissivos e libertinos. Diziam: “Não! O ídolo é nada! Não passa de um


pedaço de barro ou madeira e ele não tem valor algum, vamos comer carne a valer! Não
importa o lugar ou a circunstância, vamos comer carne sem qualquer drama de
consciência”.

Paulo chama os dois grupos de fracos e fortes.

Os fracos eram ex adoradores de ídolos, que se converteram ao Evangelho


e que, haviam comido do que era sacrificado aos ídolos, e, agora, não conseguiam
deixar de associar o comer carne com a idolatria. O medo era de cometer idolatria e até
de serem possuídos por demônios. Eles evitavam qualquer carne por esse motivo. Se a
abstinência fosse apenas uma questão de foro íntimo, não haveria problema, pois era a
sua consciência que os movia, contudo, eles criticavam os que comiam carne. Isso
acontece até o dia de hoje com outras questões.

Os fortes entendiam que o culto idólatra não era nada, e que tudo
pertencia a Deus, que criou todas as coisas. Eles se sentiam a vontade até para ir ao
templo pagão e participar de festas com seus amigos.

Os fracos consideravam os fortes como mundanos, já os fortes,


consideravam os fracos, fanáticos.

Os coríntios não conseguiam viver com as diferenças (quanto à liderança,


quanto ao casamento e quanto ao alimento).

Qual é o princípio que deve reger a questão da liberdade cristã? O princípio


geral de Paulo era: “[...] quem come não despreze o que não come; e o que não come
não julgue o que come, porque Deus o acolheu” (Rm 14.3). A orientação de Paulo é que
não devemos ser fiscais da vida alheia.
É preciso que o crente tenha sabedoria para adotar uma postura coerente
dentro da liberdade cristã.

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B) O princípio: O amor deve controlar o conhecimento (8.3-6)
Paulo elogia o conhecimento dos cristãos "fortes" que não tinham problemas com
a carne sacrificada aos ídolos: “No tocante à comida sacrificada a ídolos, sabemos que o
ídolo, de si mesmo, nada é no mundo e que não há senão um só Deus” (8.4). A teologia
estava certa, mas o problema é que esses cristãos não estavam associando
corretamente essa teologia com uma atitude certa. Não estavam regendo essa teologia
pelo amor. Paulo escreve: “No que se refere às coisas sacrificadas a ídolos,
reconhecemos que todos somos senhores do saber” (8.1). Os crentes de Corinto tinham
uma vaidade muito grande devido ao seu vasto conhecimento. Paulo já os havia
elogiado pelo seu conhecimento: “[...] porque, em tudo, fostes enriquecidos nele, em
toda a palavra e em todo o conhecimento” (1.5). Os crentes de Corinto tinham uma
forte tendência para a vaidade, orgulho, e altivez. Eles estavam cheios como um balão.
Paulo, então, exorta-os dizendo que o saber ensoberbece, mas o amor edifica. “Se
alguém julga saber alguma coisa, com efeito, não aprendeu ainda como convém saber.
Mas, se alguém ama a Deus, esse é conhecido por ele” (8.2,3).

conhecer a Deus ≠ ser conhecido por ele


o amor que procede do conhecimento de Deus edifica os irmãos e
Deus dá testemunho dele

Paulo entende que o amor ágape precisa controlar o conhecimento, gnosis.

C) A consciência cristã: Aplicações práticas (8.7-13)


A nossa consciência é um tribunal que o próprio Deus instalou dentro de nós. Pela
consciência temos uma noção do que é certo e errado.
Deus colocou essa lei moral dentro de nós. Esse tribunal da consciência nos
defende e nos acusa (Rm 2.14,15).
A consciência depende do conhecimento. Quanto mais conhecemos a Deus e Sua
Palavra, tanto mais forte é a nossa consciência.
Os fortes precisam amar os fracos e ter paciência com eles.
Os fracos precisam se fortalecer e olhar com amor para com os fortes.

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