Paulo esta respondendo a perguntas que lhe foram feitas pelos crentes de Corinto.
A pergunta é: Pode o cristão comer carne sacrificada a ídolos?
Na época de Paulo, havia dois ambientes em que era possível um crente comer esse tipo de carne. O primeiro era na própria casa ou na casa de algum amigo ou irmão, durante uma refeição comum. A carne sacrificada a ídolos podia ser comida nessas ocasiões porque as partes do animal que sobravam após a oferenda eram levadas ao açougue, onde eram comercializadas. Ao comprar essa carne, a pessoa acabava comendo alimento consagrado a falsos deuses. Como agir em face desses dois ambientes distintos? Paulo responde a essa pergunta com bastante clareza. A carne vendida no açougue e servida numa refeição comum pode ser comida tranquilamente pelo cristão, pois tudo foi criado por Deus e pertence a ele (1Co 10.25- 27) “25. Comei de tudo quanto se vende no mercado, nada perguntando por causa da consciência. 26. Pois do Senhor é a terra e a sua plenitude. 27. Se, portanto, algum dos incrédulos vos convidar, e quiserdes ir, comei de tudo o que se puser diante de vós, nada perguntando por causa da consciência.” Não existem animais — vivos ou mortos — que pertençam ao diabo ou aos demônios. Do Senhor é tudo que há, podendo o crente comer o que quiser (1Co 8.4-6). Além disso, a oração do cristão santifica a refeição, reconhecendo-a como dádiva do céu (1Co 10.30; 1Tm 4.4). O segundo ambiente em que era possível um cristão comer carne sacrificada era durante uma refeição cultual (1Co 8.10). Nesse ponto é preciso lembrar que a antiga sociedade pagã não fazia distinção alguma entre a vida social e a vida religiosa. Os jogos, as diversões, as festas e todo o cotidiano do homem antigo estavam entrelaçados com suas crenças nas divindades. Por isso, a participação na vida social da cidade colocava os crentes muitas vezes diante de refeições litúrgicas ou cultuais em que a carne oferecida aos deuses era servida. Essa era outra ocasião em que os crentes se viam diante da carne de animais consagrados a ídolos. E quanto ao segundo ambiente? Como agir diante de refeições cultuais? Bem, isso seria mais raro hoje em dia, mas a ordem de Paulo é: “Caia fora!”. As refeições cerimoniais são parte de um culto de adoração aos ídolos e disso os crentes jamais devem participar — não pelo alimento em si, o qual em qualquer situação (no açougue ou no templo) pertence a Deus (1Co 8.8) —, mas porque tomar parte em ações que veneram falsos deuses é um ato que só honra a Satanás (1Co 10.19-22).