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1 Coríntios 6

6.1-11 — Nestes versículos, Paulo instrui os coríntios a deixarem de levar suas discussões pessoais aos
tribunais pagãos. Os coríntios levavam seus conflitos aos tribunais romanos e, consequentemente, expunham
o cristianismo ao ridículo ao contenderem em público. Sua incapacidade de resolver suas discussões pessoais
ilustrava as divisões exacerbadas na igreja (1 Co 1.10-17). O apóstolo queria esclarecer várias ideias
importantes aos coríntios: o litígio público era uma vergonha para uma congregação cristã (v. 1); as
discussões pessoais deveriam ser resolvidas dentro da igreja (1 Co 6.2-6); o fato de existirem contendas
indica derrota espiritual (1 Co 6.7,8), e todas as injustiças, como as contendas, deveriam ter sido superadas
quando os coríntios se tornaram cristãos (1 Co 6.9-11).
6.2 — Não sabeis. Paulo usa essa expressão seis vezes neste capítulo (v.
3,9,15,16,19). Essa expressão deve ter diminuído o orgulho de uma igreja que se
enfatuou de seu conhecimento e sua sabedoria.

6.3 — Os cristãos também julgarão os anjos caídos (Ap 19.19,20; 20.10). Paulo
sugeriu que, se os coríntios haveriam de julgar com Cristo em Seu futuro Reino (Mt
19.28), eles, certamente, tinham os meios para acertar suas diferenças pessoais.
6.4-6 — A frase Aos que são de menos estima se refere a juízes em cortes civis. Embora eles
mesmos tivessem capacidade para julgar os casos, os coríntios levavam suas contendas ao tribunal
pagão para que os juízes de lá decidissem os casos.

6.7,8 — O dano [...] o dano. Em todas as brigas, os coríntios faziam acusações levianas e até
desonestas uns contra os outros. Paulo sugeriu que era melhor o indivíduo sofrer o dano causado por
uma das pessoas desonestas do que desonrar seu testemunho cristão diante de pagãos.

6.9,10 — O Reino de Deus, neste contexto, parece referir-se a um tempo no futuro em que Deus
governará a terra com justiça (Mt 6.10; Lc 11.2).

Não erreis. Tragicamente, os cristãos, às vezes, enganam-se ao pensar que Deus não requer que
levem uma vida reta. Paulo enfatizou que os tipos de pessoas listados nestes versículos não herdarão
ou possuirão o Reino de Deus.
6.11 — Neste versículo, Paulo usou três termos para descrever a conversão dos coríntios. O tempo de todos os verbos
indica uma ação no passado que está completa. Lavados significa espiritualmente purificados por Deus. Santificados
significa separados como povo de Deus. Justificados significa declarados justos por Deus por causa da obra de Cristo na
cruz.

6.12-20 — Paulo deixou de lado sua discussão sobre a relação dos coríntios com os tribunais de justiça e passou a falar
da integridade pessoal no corpo e no espírito. O apóstolo lidou com a questão da liberdade cristã ao tratar de três lemas
dos coríntios que refletiam as atitudes deles para com pecados sexuais (v. 12,13,18). No processo, ele apresentou um
conceito muito elevado sobre o corpo humano como algo criado por Deus Pai, resgatado por um alto preço e redimido
para o serviço de Cristo, o Filho, e transformado em templo de Deus por meio do Espírito que nele habita. Assim, o Deus
trino está envolvido naquilo que fazemos com nosso corpo. Chamamos o espaço onde a igreja se reúne de santuário. Na
verdade, nós somos santuário de Deus — Seu templo. Que diferença faria se vivêssemos com essa consciência! Nosso
corpo não é depósito de lixo. Ele é um templo!

6.12 — Todas as coisas me são lícitas era um lema que os coríntios haviam forjado para justificar sua conduta imoral.
Paulo fez com que eles se lembrassem de que o fato de estarem livres das leis cerimoniais de Moisés não lhes dava
licença para pecar ou se entregar ao próprio egoísmo. Isso só iria escravizá-los no pecado do qual Jesus os havia
libertado.
Dominar por nenhuma. O único poder que nos deveria controlar é o Espírito Santo. A iniquidade
nunca deveria dominar nossa vida, porque o Espírito nos capacita para lutar contra a tentação.

6.13,14 — Os manjares são para o ventre, e o ventre, para os manjares era outra expressão que os
coríntios usavam para justificar seu estilo de vida dominado pelo pecado (1 Co 6.12). O alimento é
gratificante e essencial para a vida. Quando os coríntios ficavam com fome, eles comiam. S e guindo
a mesma lógica, toda vez que desejavam ter relações sexuais, eles se entregavam ao desejo. Na
opinião deles, nenhuma atividade física deveria afetar a vida espiritual de uma pessoa, assim como
comer alimentos não afetava a espiritualidade de ninguém. O raciocínio dos coríntios tinha duas
falhas: (1) O estômago e o processo digestivo, de certo modo, não passam de coisas terrenas e de
nada servem na eternidade. Mas o corpo, por meio do poder de ressurreição de Cristo, é eterno. Ele
foi santificado por Deus para render-lhe glória (v. 20). (2) Embora a finalidade do estômago seja
digerir alimentos, não é o objetivo do corpo envolver-se com a imoralidade. Além disso, segundo
Seu próprio intento, Deus pôs restrições ao ato de comer e à atividade sexual. Comer a ponto de se
tornar gula e ter relações sexuais levianas fora do casamento são atos que violam o intento do Senhor
e, portanto, são pecados.

6,15-17 — A vida dos cristãos sofre uma mudança muito grande quando eles estão unidos a Cristo. A
união afeta tanto o cristão como Cristo. Quando o cristão se envolve com a imoralidade, ele está
arrastando a união com o Salvador para o relacionamento ilícito. Ao citar: Serão[...] dois numa só
6.18 — Todo pecado que o homem comete é fora do corpo era outro lema usado pelos coríntios para justificar sua
imoralidade (1 Co 6.12,13). Paulo mostrou que o contrário é verdadeiro: o pecado sexual é cometido contra o corpo, não
fora dele. Fugi. Paulo exortou os coríntios a fugirem de qualquer tentação de ceder ao pecado sexual (Gn 39.1-12).

6.19 — O templo (1 Co 3.16,17) era a congregação de cristãos, reconhecido como a habitação sagrada de Deus. A glória
(shekinah) do Senhor encheu o tabernáculo (Êx 40.34) e o templo (1 Rs 8.10,11). Agora, a glória de Deus, por
intermédio do Espírito Santo, habita em cada cristão (Jo 14-16,17) e, consequentemente, em toda a igreja. Os sacerdotes
do Antigo Testamento não poupavam esforços para manter o santuário puro para a presença de Deus. Todo cristão
também deveria cuidar com diligência de seu corpo, o templo do Espírito Santo, para honrar o Senhor e à Igreja.

6.20 — Comprados por bom preço se refere a alguém que está comprando um escravo em um leilão. Com Sua morte,
Jesus Cristo pagou o preço para nos resgatar da escravidão do pecado (Ef 1.7; 1 Pe 1.18,19). Embora seja verdade que
essa obra se aplique a todas as pessoas, mesmo àquelas que negam o Senhor (2 Pe 2.1), isso tem um significado muito
singular e especial para o cristão (compare com 1 Pe 2.9; 1 Tm 4.10). Paulo conclui com o imperativo glorificai, pois, a
Deus no vosso corpo. Em outras palavras, use seu corpo para que outras pessoas possam ver que você pertence a Deus.

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