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ESTUDO SOBRE 1 CORÍNTIOS

As duas epístolas aos Coríntios foram escritas para a igreja de Corinto. A primeira trata de
problemas da igreja local, enquanto a segunda é uma defesa do ministério de Paulo em face
de falsos ensinos a seu respeito.

CIDADE DE CORINTO

Era uma cidade grega que, na época de Paulo, se tornou o maior e o mais próspero centro no
sul da Grécia. Ela serviu como a capital da província romana da Acaia. Na época de Paulo, a
população da cidade girava entre seiscentos e setecentos mil habitantes, dois quais
aproximadamente dois terços eram escravos.

Quanto aos aspectos não-físicos de Corinto, deve ser observado que uma grande parte da
população era muito inconstante, pessoas de muitas classes sociais e nacionalidades
diferentes (navegadores, negociantes, oficiais do governo, etc), porque Corinto era um porto
marítimo.

A imoralidade de Corinto estava associada à adoração da deusa Afrodite, deusa do amor


sensual. O templo dessa deusa, chamado Vênus, tinha mais de mil prostitutas para a livre
prática sexual dos visitantes do templo. A cidade abrigava ainda templos de vários outros
deuses, tais como Atenas, Apolo e Hermes, além de templos de cultos pagãos estrangeiros.

Perto de Corinto, os jogos ístmicos ocorriam a cada dois anos em homenagem a Posêidon,
deus do mar. Eventos atléticos incluíam corridas a pé, corridas com carros puxados por dois
cavalos, o pentatlo (salto, corrida, luta livre, lançamento de disco e lançamento de dardo) e o
pancratium (uma combinação de boxe e luta livre). A coroa de vitória parece ter sido um aipo
selvagem seco durante o século I d.C., realmente uma coroa corruptível (1 Co 9.25)

A péssima “moral de Corinto” se tornou um provérbio pejorativo até mesmo no mundo


romano pagão. Não é de se admirar que Paulo tivesse tanto a dizer sobre a santidade do corpo
em sua primeira carta aos coríntios.

Corinto era a quarta cidade em tamanho, em todo o Império Romano.

A permanência de Paulo em Corinto por mais de um ano e meio, deu-lhe a oportunidade de


observar a degradação moral e espiritual da cidade.

HISTÓRICO

De acordo com Atos 18:1-19, Paulo, na sua chamada segunda viagem missionária, chegou a
Corinto, e encontrou ali um casal judeu, Ãqüila e Priscila, que, juntamente com todos os outros
judeus, havia sido forçado, pelo Imperador Cláudio, a sair da cidade de Roma em 49 d.C. Ãquila
e Priscila, que eram cristãos e trabalhavam fazendo tendas, que também era a profissão de
Paulo,evidentemente freqüentavam a sinagoga judia com Paulo. Silas e Timóteo participavam,
com Paulo, do seu trabalho em Corinto. Depois de um conflito com os judeus, Paulo começou
a pregar na casa de Tito Justo, homem temente a Deus. A sua missão teve grande êxito (At.
18:8), e ele permaneceu em Corinto por um ano e meio (At. 18:11).

Paulo chega a Corinto cerca de 52 d.C. No curso de sua missão europeia, Paulo veio a Corinto
vindo de Atenas e começou seus trabalhos na sinagoga.

Enquanto morava ali com o casal Áquila e Priscila, pregava o evangelho, primeiro aos judeus e
depois aos gentios. Mais tarde, Silas e Timóteo vieram ter com ele e ajudaram no trabalho (2
Co 1,19), o que lhe permitiu dedicar-se a um ministério de tempo integral na cidade (At 18:1-
22). Após a partida de Paulo, no final de um ministério de 18 meses. Apolo veio e continuou
por um certo tempo (At 18.24,27,28; 1 Co 3.5). Embora alguns judeus tivessem se unido à
igreja ali, a maioria era gentílica. Havia alguns da classe elevada, na igreja, mas a grande
maioria dos convertidos era da classe humilde (1 Cor 1:26-31).

Entre os membros havia tanto escravos, como cidadãos livres, muitos dos quais arrancados
dos vícios e práticas pagãs (1 Cor 6:10-11).

1 CORÍNTIOS

Conforme o seu costume, Paulo fez contato com a igreja após sua partida. O conhecimento da
condição entre os seus convertidos chegou até ele pelos da casa de Cloe. (1 Co 1.11), por meio
de uma carta que lhe fora enviada pela congregação (1 Co 7.1) e pela chegada de três homens
(1 Co 16.17). Além disso, Apolo, que havia retomado a Éfeso antes de Paulo ter escrito 1
Coríntios, pode ter fornecido informações (1 Co 16.12).

Paulo havia escrito uma carta, provavelmente breve e limitada em seu alcance, e que não foi
preservada (1 Co 5.9). Levando-se tudo em consideração, a igreja em Corinto trouxe ao
apóstolo mais problemas do que qualquer outra que ele havia fundado. As cartas do apóstolo
a esta congregação o demonstram claramente. Apesar da necessidade de correção e
advertência, Paulo não deixa de ministrar a estas sua garantia de amor e preocupação.

O PROPÓSITO

Paulo tinha dois propósitos ao escrever 1 Coríntios:

1. Reprovar os coríntios pelos flagrantes pecados que eram permitidos na igreja;


2. Responder às perguntas sobre a vida e a doutrina cristã, feitas pelos coríntios. Os
assuntos referentes aos quais os coríntios pediam conselhos eram: problemas
matrimoniais (7:1), carne sacrificada aos ídolos (8:1), dons espirituais (12 :1) e coleta
para os santos (16:1).

Nenhuma outra carta do Novo Testamento trata de forma tão enérgica os problemas de uma
igreja local quanto a carta de 1 Coríntios.
CONTEÚDO DA CARTA

Seguindo-se a introdução (1.1-9), o apóstolo passa imediatamente a lidar com um grave


problema:

1. O espírito de divisão que estava ameaçando a igreja (1.10-4.21);

A triste notícia das divisões na igreja chegou a Paulo através da família de Cloe. Alguns tinham
uma grande fidelidade a Paulo, como o fundador da igreja; outros se ligaram a Apolo, e ainda
outros a Cefas (Pedro), embora, pelo que se sabe, ele não havia sequer visitado aquela cidade.
Um quarto segmento, desgostoso com seus companheiros, se voltou contra toda a liderança
humana (1.12).

Com este último grupo, Paulo sustenta sua luta principal. Era um grupo que não professava
lealdade a Paulo e mantinham a escravidão espiritual dos crentes através do falso ensino. Os
ensinos destes falsos mestres trouxeram graves condutas na Igreja. Esse grupo veio de fora,
eram recém-chegados, e trouxeram à igreja um ensinamento liberal e antibíblico, mas com
aparência cristã. Pregavam o evangelho, o espírito e dizem “eu sou de Cristo”, mesmo assim,
Paulo afirma que eles pregavam outro Jesus, e que proclamavam um evangelho diferente (2
Cor 11:4).

Por que não dividir:

A. Cristo não está divido. A divisão implica haver vários Cristos, sendo um de cada crente
dividido;
B. Cristo morreu por nós, e não um homem qualquer. Paulo está perguntando: Foi Paulo
crucificado em favor de vós... (1 Cor 1:13);
C. Somos batizados em nome de Cristo, e não no de um homem. Paulo está
perguntando: fostes, porventura, batizados em nome de Paulo? (1 Cor 1:13);

O cristianismo não é uma filosofia com várias escolas de pensamento dirigidas por professores
que têm seus próprios círculos seletos de discípulos.

Os falsos mestres fizeram da igreja a sua presa e tiravam vantagem dela. Em Coríntios 4:18-19,
Paulo diz que eles eram arrogantes e espalhavam que Paulo nunca mais voltaria a Corinto.

● Exaltavam a sabedoria humana (1 Cor 3:18,20 e 8:1-3).

Os gregos criam que a mente do sábio dominava todas as coisas, e que todas as coisas lhe
pertenciam. Para eles, a sabedoria os tornava livres, e que os levava além das Escrituras e dos
ensinos dos apóstolos. Seu lema era: Todas as coisas são lícitas. Paulo diz duas vezes (1 Cor
6:12 e 10:23): “Todas as coisas são lícitas, mas nem todas me convêm.” Paulo declara que
todas as coisas pertencem aos que estão unidos em Cristo.

A resposta de Paulo à sabedoria do mundo em relação ao evangelho que ele pregava se


encontra em 2 Coríntios 2:4-5. Paulo tinha uma mensagem clara, que pregava por toda parte:
o Cristo crucificado. Tanto judeus quanto gregos (especialmente gnósticos) achavam difícil crer
que Deus se revelara na derrota aparentemente ignominiosa de uma cruz. Por isso, em 1
Coríntios 1:18 Paulo diz que: “A palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para
nós, que somos salvos, poder de Deus”. Uma pessoa precisa fazer-se louca, isto é, precisa
aceitar pela fé, o Cristo crucificado, a fim de se tornar sábia.

2. Um grave caso de imoralidade sexual (5.1-13);

● Ensinavam que esta sabedoria os tornava livres das exigências morais. Os coríntios
criam que o que é feito com o corpo físico não tem nenhum efeito danoso sobre o
destino da alma. Em outras palavras, separam as coisas físicas das espirituais. Ao ser
negligente em relação à disciplina e até mesmo envaidecendo-se desta situação (1 Cor
5:2), a igreja como um todo compartilhava a culpa.

Paulo exige que a mais severa disciplina lhe seja aplicada e expõe os perigos inerentes em
tolerarem este mal. Ao permitirem que o homem cometesse tal pecado, a Igreja de Corinto
estava fazendo mal ao transgressor.

A disciplina apontada por Paulo consistia em:

1. Disciplinar o transgressor para o bem do transgressor (5:5). Para que o indivíduo sinta
o seu pecado, sinta que está fora da graça, sob o domínio de Satanás e que se
arrependa e volte à comunhão;
2. Disciplinar o transgressor para o bem da igreja (5:6). Paulo estava querendo dizer: Não
reconhecemos que um só membro vivendo em flagrante pecado pode corromper a
igreja inteira?
3. Disciplinar o transgressor para o bem do mundo. A Igreja não pode ganhar almas para
Cristo se andar como o mundo.

Em linhas mais abrangentes do que no capítulo 5, Paulo ensina sobre a santidade do corpo
(6.9-20). Paulo apresenta três verdades para conduzir os coríntios a uma posição de santidade:

1. Praticando a imoralidade, o cristão pode perder a salvação (6:9-10);


2. A liberdade cristã é a capacidade e o desejo de fazer aquilo que agrada a Deus (6:12);
3. O corpo não deve ser usado como o crente bem entender, porque pertence a Cristo
(6:15).

3. Crentes que levam as suas queixas, uns contra os outros, a magistrados pagãos em
busca de soluções (6.1-8);

● Os pregadores desta nova liberdade não tinham interesse na conservação da pureza


da Igreja, nem chamavam os irmãos errados a prestarem constas dos seus atos, pelo
contrário, os litígios entre os cristãos eram levados aos tribunais (1 Cor 6:1-11).

Paulo descobre que os cristãos estavam levando uns aos outros em julgamento aos tribunais
pagãos, dando assim mal testemunho aos incrédulos.

Paulo dá algumas razões para os santos julgarem as causas entre si:

1. Os crentes julgarão o mundo (6:2). No Juízo Final do último dia, os santos serão juízes
assistentes de Cristo;
2. Os crentes julgarão os anjos (6:3). A Bíblia não revela o teor desse julgamento.

Como os crentes que julgarão os anjos e o mundo não podem resolver questões triviais entre
eles?

Paulo os envergonha ao perguntá-los no versículo 5 "Não há, pois, entre vós sábios, nem
mesmo um, que possa julgar entre seus irmãos?". Paulo, neste verso, faz um contraste à
sabedoria tão exaltada pelos coríntios.

O cristão deve estar mais preocupado com a reputação do seu Pai celeste do que com suas
próprias vontades.

4. O casamento e os assuntos correlatos requerem atenção (7.1-40);

Era difícil para estes jovens cristãos romperem com as amarras de seu ambiente anterior, por
isso, a partir do capítulo 7, Paulo passa a responder aos questionamentos outrora lhe
outorgados.

● Pergunta 1: Como deve ser o ato conjugal entre os casais. (7:4). Paulo orienta que o
casal não se afaste sexualmente, a menos que seja em caso de consentimento mútuo
(7:5);
● Pergunta 2: O divórcio é permitido entre os cristãos? (7:10-11). No verso 11 Paulo
trata de separação em caso de uma não infidelidade conjugal, mas que permaneça
sem casar. Essa separação não é um divórcio formal. No versículo 15, na eventualidade
do cônjuge descrente abandonar ou divorciar-se do cônjuge crente, o relacionamento
conjugal é dissolvido e o crente está livre de suas obrigações conjugais anteriores.

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5. Comer alimentos que foram oferecidos aos ídolos (8.1-11.1);

6. A conduta das mulheres na assembleia;

● A falsa liberdade provocada pelo conhecimento também infectou a vida devocional da


Igreja. As mulheres estavam afirmando sua liberdade, recém adquirida, comparecendo
aos cultos sem véu, que, segundo a sua cultura era símbolo de submissão feminina
diante do homem e de Deus.

7. A observância incorreta da Ceia do Senhor (11.2-34);

● Os cultos eram caracterizados pela falta de amor para com as demais pessoas
presentes.

8. Os coríntios, sendo gregos, amavam a autoexpressão;

Por esta razão, tinham em alta estima o dom de línguas. Paulo trata de toda a questão dos
dons espirituais, não proibindo o falar em línguas, mas requerendo um maior interesse pelo
dom da profecia, e uma preocupação suprema pelo amor, que é maior do que todos os dons
(12,1-14.40).

9. A carta chega a um clímax com seu ensino sobre a ressurreição (15,1-58);

● A filosofia grega não era receptiva a uma doutrina de ressurreição do corpo. Para eles,
o espírito era o que importava, não o corpo. Mas, como Cristo ressuscitou (e os
coríntios haviam aceitado isso, 15.3-11), a ressurreição dos crentes está garantida.

10. Os dons espirituais.

● A despeito de todos os seus dons, lhes faltava amor (1 Cor 13:1-3).

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