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Os Sacrifícios no Antigo Testamento

Os sacrifícios no Antigo Testamento eram um ato indispensável do culto, devido à


tamanha importância que tinham. Geralmente quando falamos em sacrifício no
Antigo Testamento, logo, consideramos a imolação de um animal em oferta a Deus
pelos pecados do povo. Porém, para os hebreus, essa era apenas uma das muitas
maneiras possíveis do sacrifício.

No Antigo Testamento podemos perceber que também eram feitas ofertas de


alimentos, bebidas e incenso. Além disso, nem todos os sacrifícios eram de expiação
pelos pecados. Havia sacrifícios de gratidão (ação de graças), de reconciliação com
Deus ou purificação. Os sacrifícios no Antigo Testamento eram oferecidos
no Tabernáculo móvel, mediados pelos sacerdotes. Depois, quando o Templo foi
construído em Jerusalém, todos os sacrifícios passaram a ser realizados ali.
Também podemos classificar os sacrifícios em categorias ou tipos, onde um dos
principais era o holocausto. Já no Novo Testamento, aprendemos que Jesus Cristo,
mediante a sua morte na cruz, se ofereceu em sacrifício vivo de forma definitiva. Isto
significa que Ele fez a oferta do seu próprio corpo uma vez por todas pelos nossos
pecados, não sendo mais necessário qualquer tipo de sacrifício como os sacrifícios
do Antigo Testamento.
Pelo cumprimento dessa vontade fomos santificados, por meio do sacrifício
do corpo de Jesus Cristo, oferecido uma vez por todas.
(Hebreus 10:10)
No dia seguinte João viu Jesus aproximando-se e disse: “Vejam! É o Cordeiro
de Deus, que tira o pecado do mundo!
(João 1:29)

Sacrifícios no Antigo Testamento


Para entendermos melhor os sacrifícios no Antigo Testamento sob o sistema levítico,
vamos separar os sacrifícios por tipos, sendo eles: Consagração, Comunhão e
Expiação.
Consagração:
• Holocausto: era um tipo de sacrifício onde o elemento oferecido era totalmente
consumido pelo fogo. No Templo de Jerusalém, os holocaustos eram oferecidos
duas vezes ao dia (de manhã e à tarde). Algo interessante é que as pessoas podiam
oferecer um holocausto como sacrifício privado, por intermédio dos sacerdotes.
Eram utilizados bezerros, carneiros ou aves sem defeito. A escolha do animal era
feita de acordo com a situação econômica do ofertante.
• Oferta de manjares: era um sacrifício onde uma porção de alimento era
queimada como oferta a Deus, e o resto do alimento era dado ao sacerdote do
Templo. No caso de uma pessoa muito pobre, a oferta de manjares podia
substituir o sacrifício animal pelo pecado. Eram utilizados grãos (trigo e cevada),
flor de farinha, incenso, pão cozido (sem fermento), sal. O fermento e o mel eram
proibidos.
Comunhão:
• Pacífico: este sacrifício também era conhecido como oferta de comunhão. Era um
sacrifício que primeiro era oferecido ao Senhor e depois era distribuído ao
ofertante e sua família. O sacrifício pacífico servia como um um tipo de “alimento
da aliança”, pois simbolizava a união entre Deus e o seu povo. Era utilizado
qualquer animal do gado sem defeito e pães.
Expiação:
• Expiação pelo pecado: era uma oferta especial por diversos pecados praticados
contra o próximo e contra Deus. Nestes casos, era preciso ser oferecido um
carneiro sem defeito como sacrifício, além de uma restituição em espécie, à qual
se acrescentava uma quinta parte do que fora defraudado, para a pessoa
ofendida. Esse sacrifício tinha como finalidade restabelecer o relacionamento com
Deus, que havia sido comprometido pelas faltas praticadas ou por algum estado
de impureza. Eram utilizados novilho, bode, cabra, ovelha, dois pombinhos e a
décima parte de um Efa de flor de farinha. Como em outros tipos de sacrifícios, a
escolha da oferta também dependia da situação econômica do ofertante.
• Expiação pela culpa: este sacrifício é muito semelhante ao anterior, sendo, na
verdade, até difícil determinarmos com exatidão em que se diferenciavam.
Algumas características nos ajudam nessa tarefa, como o fato de sempre o
elemento de sacrifício ser obrigatoriamente um carneiro (Levítico 5:15-18). Além
disto, se a fraude cometida contra o próximo ou contra Deus podia ser estimada
em uma quantia de dinheiro, era acrescentada então a obrigação de pagar tal
dívida na íntegra, acrescida de uma quinta parte.

O Que Significa Holocausto na Bíblia?


O termo holocausto significa “oferta queimada”. Esse termo traduz na Bíblia algumas
palavras originais do hebraico (Antigo Testamento) e do grego (Novo Testamento).
Em todas as vezes que essa palavra é aplicada sempre está presente a ideia de uma
oferta totalmente queimada.

No contexto das Escrituras, teologicamente o holocausto significa dedicação a Deus


e propiciação pelo pecado (cf. Levítico 1:4; 6:8-13). O sacrifício propiciatório tinha o
objetivo de acalmar a indignação divina contra o pecado e prefigurar a morte de
Cristo Jesus, o holocausto perfeito (cf. Isaías 53:10). Então quando lemos sobre os
sacrifícios da Antiga Aliança à luz do Novo Testamento, percebemos facilmente que
o sistema sacrifical levítico tinha um caráter transitório.

Os primeiros holocaustos
Desde o período mais remoto da história da humanidade a Bíblia registra a prática
de oferecer holocausto a Deus. Obviamente isso teve início após a Queda do
Homem. Antes, porém, não havia a necessidade do holocausto, pois o homem
desfrutava de plena paz com Deus. Mas quando essa comunhão foi quebrada, algo
precisou ser feito, pois o homem pecador não poderia mais se aproximar do
Santíssimo Deus.
O sistema sacrifical foi mencionado pela primeira vez na Bíblia de forma mais explicita
quando Noé saiu da arca após o dilúvio. De forma significativa, o primeiro ato do
patriarca sobrevivente foi adorar a Deus. Ele levantou um altar e ofereceu aves e
animais limpos em holocausto sobre o altar (Gênesis 8:20-22).
Mas vários aspectos desse sistema sacrifical remontam uma época anterior a Noé.
Apesar de não haver qualquer referência acerca da construção de um altar para
holocausto antes disso, Abel, filho de Adão, foi o primeiro homem a ser citado na
Bíblia apresentando uma oferta agradável ao Senhor; seu irmão, Caim, também foi o
primeiro homem citado a oferecer a Deus uma oferta reprovável (Gênesis 4:4,5). É
que possível Adão igualmente tenha oferecido sacrifícios ao Senhor, apesar de a
Bíblia não registrar isto.
Os três grandes patriarcas do povo de Israel também ofereceram holocaustos a
Deus. Abraão construiu altares ao Senhor, dos quais o mais conhecido e significativo
foi aquele erguido no Monte Moriá. Com a finalidade de testar Abraão, Deus lhe
pediu que seu filho fosse oferecido em holocausto. Abraão provou sua obediência
através de uma fé inabalável ao Senhor, e Deus providenciou um carneiro como
sacrifício substituto para Isaque (Gênesis 22:9-13; cf. Gênesis 12:6-8; 13:18).
Isaque também construiu um altar em resposta a revelação de Deus (Gênesis 26:23-
25). Mais tarde, Jacó também construiu altares ao Senhor (Gênesis 33:18-20; 35:1-7).
Mas a Bíblia não fala nada a respeito de como eram esses altares e do tipo de oferta
apresentada sobre eles.

Os holocaustos em Israel
Quando Deus libertou os israelitas do Egito, Ele instituiu a regulamentação de como
deveria ser o culto em Israel. Essas instruções foram fornecidas de forma detalhada
através de Moisés. Portanto, com a entrega da Lei no Monte Sinai os israelitas
receberam de Deus todas as informações necessárias para apresentar-lhe
holocaustos corretamente.
O livro de Êxodo, e especialmente o livro de Levítico, trazem todas as especificações
sobre os holocaustos que deveriam ser oferecidos pelos hebreus (cf. Êxodo 29;
Levítico 1-9). Uma pessoa simplesmente não poderia oferecer holocaustos a Deus de
qualquer maneira. Para isso Deus separou uma classe sacerdotal para mediar e cuidar
o culto em Israel. Por isso o livro de Levítico dedica seções acerca da adoração no
Tabernáculo que são dirigidas aos leigos (Levítico 1:1-6:7) e aos sacerdotes (Levítico
6:8-7:38).
Os holocaustos em Israel envolviam a oferta de animais domésticos selecionados sob
critérios rígidos. Havia também ofertas de cereais, azeite e vinho. Cada sacrifício tinha
suas características próprias, de acordo com sua finalidade particular. Mas todos os
sacrifícios tinham em comum o fato de simbolizarem o adorador que se apresentava
diante de Deus. Saiba quais eram os sacrifícios no Antigo Testamento.
Quando um animal era oferecido em holocausto, por exemplo, o adorador colocava
sua mão sobre a cabeça do animal como um ato de identificação com ele. Isso
significa que a partir dali aquele animal que seria ofertado em holocausto
representaria aquele que o ofertou.

Obviamente a oferta do animal em holocausto envolvia sua morte. O animal era


completamente queimado no altar do holocausto no Tabernáculo. Por isso esse tipo
de sacrifício tinha um caráter expiatório. Basicamente o animal oferecido em
holocausto morria no lugar do adorador que o ofereceu, e sua morte simbolizava a
redenção do castigo que o adorador pecador era merecedor. Assim, os sacrifícios
que eram oferecidos em holocaustos possibilitava a expiação do pecado do povo e
dos próprios sacerdotes, que apesar de serem ministros do culto, também eram
pecadores.

Jesus, o holocausto perfeito


Os holocaustos oferecidos no Antigo Testamento não podiam expiar em definitivo o
pecado do homem. Isso significa que os holocaustos apresentados na Antiga Aliança
eram imperfeitos transitórios. Por esse motivo os holocaustos eram constantemente
repetidos. Todos os dias sacrifícios eram oferecidos em holocausto a Deus, além da
ocasião especial do dia da expiação, quando uma vez por ano o sumo
sacerdote entrava no lugar mais secreto do Tabernáculo (Levítico 16:12-34).
O escritor de Hebreus fala muito sobre a natureza temporária dos holocaustos na
Antiga Aliança. Ele diz que através deles o pecador não podia desfrutar de uma
purificação completa de sua consciência alcançando o perdão total e definitivo de
seus pecados (Hebreus 9:11).
Somente Jesus, o holocausto perfeito, foi capaz de fazer isto. Ele redimiu seu povo
de uma vez por todas. Ele ofereceu sua própria vida em holocausto para a expiação
do pecado de seu povo. Os holocaustos da Antiga Aliança serviam para apontar para
o holocausto perfeito de Cristo.

Essa conexão está clara em toda a Escritura, como por exemplo, quando Deus
providenciou o carneiro para que Abraão pudesse oferecê-lo em holocausto em
lugar de Isaque. Aquele sacrifício substituto tipificou o sacrifício de Jesus Cristo. Ele
morreu no lugar de suas ovelhas para que estas pudessem viver. Jesus, o holocausto
perfeito, reconciliou o pecador, que merecia a morte, com Deus.
O fogo do juízo de Deus que consumia o holocausto pela expiação do pecado passou
sobre Cristo no Calvário. É por causa de Jesus, o holocausto perfeito, que o redimido
não é consumido. Entenda também por que Deus é fogo consumidor.

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