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O Corpo Governante e as Questões de Consciência

A ideia por trás das questões de consciências é bíblica.


Mas o que são questões de consciência? São situações para as
quais não há princípios bíblicos claros que apontem algo
como errado ou certo, e que, portanto, caberá a cada cristão
ler e estudar a Bíblia e agir de acordo com aquilo que ele
entende que Deus aprova ou não.
Por exemplo, há princípios suficientes na Bíblia para o
cristão não celebrar o Natal.1 (2 Coríntios 6:14-18) Mas o
que significa “celebrar o Natal”? Será que participar de troca
de presentes ou de um amigo secreto é “celebrar o Natal”?
Será que participar de uma ceia com familiares é “celebrar o
Natal”? Não há muito que possa ser afirmado sobre até que
ponto um cristão pode se envolver com o tema natalino na
família, no comércio ou em outras formas de trabalho. Visto
que a Bíblia não diz nada disso de forma clara, não cabe a
nenhum magistério de instrutores da Bíblia definir isso.
Outras questões são semelhantes a essa: Seria correto um
cristão usar um chapéu natalino, vermelho e com uma bolota
branca na ponta, se ele trabalhasse como caixa de
supermercado e isso lhe fosse ordenado? A maioria das TJs
que conheço provavelmente se recusaria a vestir tal chapéu.
Mas visto que a Bíblia não dá detalhes, nenhuma regra pode
ser imposta a ninguém. Para questões como essa damos o
nome de “questão de consciência”.
1
Por “Natal” aqui eu me refiro à celebração em 25 de dezembro que
contém elementos natalinos, tais como Papai Noel, o qual é um
substituto de Deus e também de Cristo; cantigas natalinas, que fazem
parte de uma cerimônia; árvore de Natal, que pode ser um ídolo; além
dos demais objetos que se aproximam ou equivalem à idolatria, como
presépios.
‘SE FIZER MEU IRMÃO TROPEÇAR’ – (1 CORÍNTIOS 8:13)
O apóstolo Paulo disse:
É por isso que, se o alimento fizer o meu irmão tropeçar, nunca
mais comerei carne alguma, para que eu não faça o meu irmão
tropeçar.
Existia um dilema entre os primitivos cristãos. Era comum
que um animal fosse abatido em oferta a um ídolo no templo
e havia uma cerimônia durante a qual as pessoas comiam da
carne oferecida ao ídolo. Após isso, parte da carne era
oferecida em banquete e/ou levada a um açougue e lá
vendida. Os cristãos não participavam de cerimônias
idólatras, logo, seria inaceitável que um cristão comesse a
carne oferecida ao ídolo na cerimônia.
(1 Coríntios 8:10) Pois, se alguém vir você, que tem
conhecimento, tomando uma refeição no templo de um ídolo,
será que a consciência daquele que é fraco não ficará ousada a
ponto de ele comer alimentos oferecidos a ídolos? (Leia
também Atos 15:29)
(1 Coríntios 10:18) Não são participantes com o altar os que
comem dos sacrifícios?
Sobre a frase “tomando uma refeição no templo de um
ídolo”, o erudito John Gill explicou:
Sentar-se à mesa no templo do ídolo; ou à mesa, ou em um
banquete, onde, ao que parece, depois que o sacrifício
terminava, um banquete era feito com o que restava e amigos
eram convidados a participar dele; e alguns como havia nesta
igreja, que para mostrar sua liberdade cristã e seu conhecimento
dela, iriam e se sentariam nessas festas publicamente,
considerando tais carnes como nada tendo diferente da comida
comum, ou o que compravam no mercados. . .2 (Os grifos em
vermelho são meus.)
Então, depois que a cerimônia tivesse acabado, aquela
carne era consumida por muitos, e parte dela era vendida até
mesmo no açougue. Será que a carne ainda era “impura”,
mesmo depois da cerimônia ter acabado? Paulo disse:
(1 Coríntios 10:25-28) Comam de tudo o que se vende no
açougue, sem fazer perguntas por causa da sua consciência,
26
 pois “a Jeová pertence a terra e tudo o que nela há” . . . 28 Mas,
se alguém lhes disser: “Isso é algo oferecido em sacrifício”, não
comam, por causa daquele que lhes disse isso e por causa da
consciência.
Paulo sabia que o ídolo não é nada, mas os demônios são
reais, e a carne oferecida ao ídolo durante a cerimônia
idólatra era, em verdade, oferecida aos demônios. Portanto,
os cristãos deveriam evitar comer a carne durante a
cerimônia, a fim de não serem “participantes de nada com os
demônios.” (Leia 1 Coríntios 10:18, 20)
Paulo também ensinou que a carne do açougue perdera
seu significado, pois a cerimônia idólatra já havia acabado.
No entanto, o cristão evitaria comer algo se, no momento em
que ele fosse comer a carne do açougue na casa de alguém, o
anfitrião o alertasse de que tal carne fora oferecida a um
ídolo. Por que deveria evitar comer diante de tal
identificação? Não por causa de si mesmo, mas por causa da
consciência do outro. Esse “outro” pode ser tanto o descrente,
quanto o concrente. O descrente poderia achar que o cristão
transgrediu sua fé, mas o concrente talvez pensasse que, visto
que um irmão maduro comeu a carne do açougue que fora
oferecida à ídolos, não haveria nada de errado em comer tal
2
Disponível em https://www.studylight.org/commentaries/geb/1-
corinthians-8.html
carne na cerimônia idólatra. Mas esta última situação é
inaceitável para um cristão. (Leia Apocalipse 2:14) Assim, o
concrente poderia tropeçar.
Em vista de tudo isso, Paulo disse que nunca mais comeria
carne se isso fizesse um irmão tropeçar. Porém, Paulo não
disse para evitar comer carne a fim de não fazer alguém
tropeçar, a menos que, conforme explicado, ao comer da
carne, o cristão fosse informado de que o alimento fora
oferecido a um ídolo. Então os cristãos poderiam comer carne
livremente, e isso em momento algum tornaria o cristão
“repreensível”. Dessa forma, o cristão somente evitaria comer
carne na iminência de fazer outro tropeçar, mas não deixaria
de comer carne para meramente satisfazer os caprichos dos
outros. Sobre esse ponto, A Sentinela de 1978 comentou
corretamente:
25
. . . em Romanos, capítulo 14, somos acautelados contra
fazermos os fracos tropeçar, no que se refere ao alimento, à
bebida ou a outra coisa. Significa isso que, caso se sirva café
numa grande família e um membro dela afirme que isso o faz
tropeçar, não se devia servir nenhum café? Ou que se deva usar
sapatos pretos, porque se faz outro “tropeçar” pelo uso de
sapatos marrons? Não há algum fator restritivo que governe a
aplicação deste conselho? O contexto refere-se a questões de fé,
a dias que alguns consideravam como santos e a carnes que
alguns consideravam como poluídas. O conselho refere-se a
assuntos de consciência, e é neste ponto que devemos fazer
concessões úteis aos outros. Mas, não se trata duma instrução
geral para satisfazer quaisquer caprichos pessoais, que não se
relacionam com a fé.3 (Os grifos são meus)
Esse é um comentário sábio que está de acordo com a
mensagem bíblica.

3
A Sentinela de 1 de julho de 1978, p. 19 par. 25.
A CELEBRAÇÃO DONATAL – A LIBERDADE INDIVIDUAL EA
CONSCIÊNCIA ALHEIA
No Brasil, na noite de 24 de dezembro, pais, filhos e vários
parentes se reúnem para uma ceia especial. Essa ceia varia de
acordo com a situação financeira da família e com os
costumes regionais. Geralmente, monta-se uma árvore de
Natal, a qual é decorada com bolinhas coloridas e luzes. Em
algumas culturas, talvez a família fique andando ao redor da
árvore enquanto canta canções de natal. Um presépio muitas
vezes é montado próximo à árvore de Natal. A família pode
fazer um amigo secreto/oculto, que é uma brincadeira onde
cada membro tem o nome sorteado por outro membro, e
nessa ocasião, o amigo secreto é revelado e a pessoa recebe
um presente de alguém inesperado. Um membro da família
pode estar vestido de Papai Noel e dar presentes às crianças.
Música de Natal é tocada no fundo, e muitos outros símbolos
do Natal, como decorações, luzes e velas, são colocados na
sala. E os quartos são decorados com cores de Natal. Esta é
uma típica celebração familiar.

Papai Noel, Árvore de Natal e outros costumes idólatras


A Bíblia diz:
(2 Coríntios 6:14-17) 14 Não se ponham em jugo desigual com
descrentes. Pois que afinidade a justiça tem com o que é contra a
lei? Ou o que a luz tem em comum com a escuridão? 15 Além
disso, que harmonia há entre Cristo e Belial? Ou o que o crente
tem em comum com o descrente? 16 E que acordo há entre o
templo de Deus e os ídolos? Pois nós somos templo de um Deus
vivente, como Deus disse: “Residirei entre eles e andarei entre
eles, e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.”
 “‘Portanto, saiam do meio deles e separem-se’, diz Jeová, ‘e
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parem de tocar em coisa impura’”; “‘e eu os acolherei’”.


O Papai Noel é um substituto de Jesus Cristo segundo a
visão católica. No catolicismo, Jesus é o Deus Supremo. Eis
alguns atributos do Papai Noel:
1. Imortal, igual ao Jesus da Bíblia;
2. Onipresente, igual ao Jesus do catolicismo;
3. Onisciente, igual ao Jesus do catolicismo;
4. Juiz, igual ao Jesus da Bíblia;
5. Justo e bondoso, igual ao Jesus das Bíblia;
6. Invisível, igual ao Jesus da Bíblia;
Criar um personagem, mesmo que fictício, para portar os
atributos de Deus e de Cristo é impróprio, e podemos dizer
que se assemelha à idolatria, para dizer o mínimo.
Lembremo-nos de que os deuses falsos não existem em
realidade, apenas na imaginação daqueles que neles creem.
Dessa forma, os deuses falsos são fictícios, assim como o
Papai Noel, e ambos são substitutos de Deus e/ou de Jesus
Cristo. Portanto, incentivar as crianças a crer e a brincar com
o Papai Noel certamente cria uma harmonia entre “Cristo e
Belial”, entre “o crente e o descrente”. (2 Coríntios 6:15) Há
base suficiente para entendermos isso como inaceitável para
um cristão.
A Bíblia nos apresenta casos em que árvores eram usadas
em cerimônias idólatras.
(Jeremias 3:13) 13 Apenas reconheça a sua culpa, pois você se
rebelou contra Jeová, seu Deus. Você distribuía seus favores a
estranhos debaixo de cada árvore frondosa. Mas vocês não
quiseram obedecer à minha voz”, diz Jeová.’”
A palavra “estranhos” é uma referência a deuses falsos. A
King James em inglês e várias outras traduções parafraseiam
“deuses estranhos”.4 A árvore não era o objeto de idolatria no
texto citado, mas fazia parte do ambiente onde ela era
praticada.
O site Ancient History afirma sobre a árvore de Natal:
Para os cristãos de hoje a árvore de Natal é de especial
importância, mas a árvore verde que decoramos pouco antes do
Natal tem raízes pagãs e houve um tempo em que não era aceita
pela Igreja. . . A Igreja há muito relutou em aceitar a árvore por
causa de suas origens pagãs. . . Os líderes cristãos não
conseguiam ver como a árvore verde poderia ser incorporada à
tradição do Natal. Por muito tempo, o uso de árvores de Natal
foi até proibido em muitos países, pelo menos até 1640.5
O site History também explicou:
O influente Oliver Cromwell pregou contra “as tradições pagãs”
de canções de Natal, árvores decoradas e qualquer expressão
alegre que profanasse “aquele evento sagrado”. Em 1659, o
Tribunal Geral de Massachusetts promulgou uma lei tornando
qualquer observância de 25 de dezembro (exceto um serviço
religioso) uma ofensa penal; as pessoas foram multadas por
pendurar decorações.6
Para ser sincero, a tradição da árvore de Natal é muito
parecida com o comportamento de um bêbado. Imagine a
cena: Um sujeito bêbado vai para fora da cidade, corta um
pinheiro e o traz para dentro de casa. Sua esposa fica
perplexa, apenas analisando o marido bêbado arrastar a
árvore para dentro e decorá-la. Então, ela pergunta: “Querido,
por que você trouxe essa árvore para a nossa sala e colocou
4
Veja a nota na TNM15.
5
Disponível em https://www.ancientpages.com/2020/12/11/ancient-
history-of-the-christmas-tree-and-its-pagan-roots-how-the-
forbiddentree-survived-against-all-odds/
6
Disponível em https://www.history.com/topics/christmas/history-of-
christmas-trees
bolinhas e luzinhas nela?” O bêbado balbucia em resposta: “É
pra Jesus!” Honestamente, não consigo imaginar um servo de
Deus envolvido em uma atividade dessas. Eu entendo que a
maioria das pessoas não se apercebe do significado religioso
que a decoração da árvore de Natal tem, mas há motivos
suficientes para os cristãos rejeitarem essa tradição.7
Não estou argumentando aqui que tudo que teve origem no
mundo pagão é impróprio para os cristãos, pois tal
extremismo acabaria com a liberdade cristã. Por exemplo, em
algumas culturas, a aliança de casamento teve origem no
paganismo, e atualmente usamos alianças naturalmente.8 O
uso da gravata tem raízes em práticas militares contrárias ao
Cristianismo, mas não há nada de errado em usar gravata.
Portanto, o ponto não é unicamente a “origem no
paganismo”, mas também o simbolismo que existe
atualmente e como certa celebração foi encarada pelos
cristãos primitivos.
A aliança de casamento é atualmente nada além de um
símbolo social que simplesmente significa que você é casado,
e a gravata é um acessório da vestimenta social, que indica
que alguém está vestido apropriadamente para um evento
específico. Não há contraindicações a isso na Bíblia. Nunca
houve um momento da história do cristianismo em que o uso
da aliança ou da gravata tenham sido motivo de discórdia.
Porém, a história mostra que vários cristãos no decorrer dos
séculos foram contra a celebração do Natal. A moral de Deus
não muda. Portanto, se a celebração do Natal foi errada no
passado, ela não se tornou apropriada para nós no presente. A

7
Leia também o artigo na Wikipédia:
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81rvore_de_Natal#cite_note-1
8
Veja A Sentinela de 1º de setembro de 1972, p. 542-543.
árvore de Natal, isoladamente, talvez até não seja um ídolo
no mais pleno sentido, mas é algo que, para dizer o mínimo,
beira a idolatria, principalmente se a somarmos às cantigas e
aos presépios.
Certo site evangélico diz sobre o formato triangular da
árvore de Natal:
A árvore de Natal, tendo a forma triangular, foi pensada para
representar a Santíssima Trindade do Pai, Filho e Espírito
Santo.9
A doutrina da trindade é falsa e representa o ensino do
anticristo, pois afirma que Jesus é o próprio Deus em forma
de Filho, e nega que Jesus seja filho de Deus no mais pleno
sentido. (1 João 2:22, 23) Muitas cantigas natalinas
apresentam Jesus como “o Deus menino”. Se algumas
observações forem feitas, não está de um todo errado dizer
que Jesus foi “um deus menino”, pois Isaías 9:6 nos diz que o
“menino” que nasceu foi um “Deus Poderoso”. No entanto, a
palavra “Deus/deus” nesse contexto tem um sentido
secundário, semelhante a como é usada no Salmo 82:6, mas
diferente de como é usada em João 1:18. Porém, na canção,
“Deus menino” é uma referência ao Jesus da trindade. É
difícil escapar da conclusão de que colocar presépios
embaixo da árvore de Natal, ficar em volta da árvore e cantar
cantigas natalinas, juntos da presença de um Papai Noel não
seja um costume idólatra.
Todas essas evidências são suficientes para que os
verdadeiros cristãos rejeitem a tradição de montar uma árvore
de Natal, presépios e o envolvimento em cerimônias
9
Disponível em
https://www.crosswalk.com/special-coverage/christmas-and-advent/wh
at-does-the-bible-say-about-christmas-trees.html
idólatras, tais como dar as mãos em volta da árvore e cantar
cantigas natalinas. Mas o que dizer de coisas que são feitas
no Natal, mas que não são idólatras?

A Liberdade Cristã
Os costumes de feriados religiosos falsos de origem pagã
são algo que os cristãos evitarão. Mas e os costumes que não
são de origem pagã ou que não tem ligação com a religião
falsa, como a ceia no Natal e a troca de presentes ou o amigo
secreto/oculto? É errado participar uma ceia especial em um
feriado? É errado trocar presentes? É errado fazer amigo
secreto? Não há nenhuma contraindicação a isso na Bíblia.
(Leia Jó 1:4 e Mateus 2:11)
Vou contar uma experiência. Eu conheço um casal TJ que
participou de um amigo secreto no Natal. A família da esposa
era católica, e sempre respeitou a decisão dela de se tornar
TJ. Houve certa pressão no Natal, mas nada que mostrasse
desrespeito. Um dos irmãos dela nem religioso era, mas todos
aproveitaram o feriado para viajar e ver a família, e o casal TJ
também fez o mesmo. O casal explicou para mim que eles
não se envolveram em nada além daquilo que achavam que
era importante para a família. Tomaram uma refeição
especial com a família, mas a própria família respeitou e
entendeu que a participação deles era apenas familiar, não
religiosa. Será que eles cometeram um pecado? Será que eles
celebraram o Natal?
O livro Pastoreiem o Rebanho de Deus, capítulo 12.39
aponta “Comemorar feriados religiosos” como “Apostasia” e
como um pecado de desassociação.
39. Apostasia: Apostasia significa desvio da adoração verdadeira,
deserção, rebelião, abandono. Inclui o seguinte:
(1) Comemorar feriados religiosos: (Êxo. 32:4-6; Jer. 7:16-19)
Nem todos os feriados estão diretamente ligados à religião falsa.
Por isso, nem sempre é necessário tomar uma ação judicativa.
Porém, será que os irmãos que mencionei realmente
cometeram um pecado de desassociação de acordo com a
Bíblia? A resposta é não. O casal entendeu que não fez nada
de impróprio, e as consciências deles devem ser respeitadas.
Mas se os anciãos soubessem o que o casal fez, certamente
formariam uma comissão judicativa, e a maioria dos anciãos
diria que eles fizeram algo de errado e que deveriam parar. Se
o casal insistisse em dizer que não fez nada de errado e que
fariam novamente, os dois seriam desassociados. Entretanto,
a única base para a desassociação nesse exemplo, segundo a
Bíblia, é a idolatria.10 (1 Coríntios 5:11) Nesse contexto, o
casal só deveria ser desassociado se insistisse e ficasse
permeado por atos idólatras, como cantar cantigas natalinas
de mãos dadas em volta da árvore de Natal, ou se envolver na
veneração do Papai Noel, que é um substituto de Deus e de
Cristo.
Algo que o casal também deveria levar em conta é as
consciências dos demais irmãos. Se outros irmãos na
congregação soubessem do que o casal fez ou os vissem
fazendo aquilo, poderiam achar que não tem nada de errado
em celebrar o Natal. Por fim, algum irmão poderia se
envolver em idolatria. Neste ponto, aplicar-se-ia o conselho
de Paulo mencionado no início desse artigo. (1 Coríntios
8:10)
10
No caso dos pecados de desassociação, Paulo não descreve ações, mas
personalidades que devem ser expulsas da congregação. Portanto, um
irmão só pode ser desassociado com base bíblica se ele for um idólatra.
Porém, ainda que algum irmão tropece por causa disso, o
irmão que fez o outro tropeçar não pode ser desassociado.
Vale ressaltar que essas são situações raras, e eu jamais ouvi
falar de alguém que tropeçou por isso.

O cristão sábio evitará se envolver com práticas


religiosas falsas ou supersticiosas, e com
celebrações que remetam à religião falsa.
O irmão que pratica idolatria deve ser desassociado
da congregação.
Não há contraindicações na Bíblia quanto a dar
presentes e participar de uma ceia com a família em
respeito às tradições, desde que isso não fira as
consciências dos demais irmãos nem passe aos
descrentes a impressão de que o cristão está
pecando.

ANIVERSÁRIOS NATALÍCIOS – MOTIVOS BÍBLICOS E


RESPEITO ÀS DIFERENÇAS
Eu não comemoro aniversários natalícios. Para ser sincero,
até mesmo me esqueço do meu próprio aniversário. A revista
Despertai! de 8 de novembro de 1976, páginas 27-28,
disserta sobre aniversários natalícios:
Em realidade, a Bíblia só menciona celebrações natalícias nos
casos do Faraó do Egito, durante os dias de José, e de Herodes
Ântipas, no primeiro século E. C. (Gên. 40:20; Mat. 14:6-11)
Tais celebrações, contudo, aparecem em luz desfavorável, pois
ambas foram realizadas por pessoas que não adoravam a Jeová.
O Professor Margoliouth comenta mais: “As celebrações
natalícias na família herodiana . . . eram, sem dúvida, imitação
dos costumes greco-romanos da época.”
Interessante é o que a mesma enciclopédia afirma sobre os
antigos gregos e romanos: “Dar presentes em determinadas
ocasiões era amiúde ditado por temores supersticiosos, como no
caso de presentes de aniversário”. O artigo observa que ao
costume de dar estes presentes “anteriormente se atribuía uma
virtude mágica”.
Explica ainda mais que a finalidade especial das celebrações
natalícias na antiga Grécia “era invocar a ajuda do Bom
Demônio (agathos daimon) numa ocasião em que — no limite
de dois períodos — os maus espíritos estavam especialmente
inclinados a estender sua influência”.
Em vista da origem pagã de muitos costumes natalícios e o fato
de os únicos relatos bíblicos de celebrações natalícias serem
relacionados à adoração falsa, nem os antigos judeus nem os
cristãos, no início da Era Comum, celebravam aniversários. A
respeito destes últimos, o historiador Augustus Neander escreve:
“A noção de uma festa de aniversário natalício era alheia às
idéias dos cristãos deste período, em geral.” Por volta de meados
do terceiro século E. C., Orígenes observou, em seus
comentários sobre Mateus, capítulo 14: “Alguém dentre aqueles
que estão diante de nós comentou o que está escrito em Gênesis
sobre o aniversário de Faraó, e disse que é o homem
imprestável, que ama as coisas relacionadas com o nascimento,
que guarda as festas de aniversário; e nós, aceitando a sugestão
dele, não encontramos em nenhuma Escritura que um
aniversário tenha sido guardado por um homem justo.”
No quarto século E. C., contudo, aconteceu algo que mudou as
coisas. O quê? Os cristãos professos começaram a celebrar o
nascimento de Jesus Cristo na data falsa de 25 de dezembro. O
livro Curiosities of Popular Customs (Curiosidades dos
Costumes Populares) indica: “Junto com a celebração do Natal
de Cristo retornou a celebração dos natais de mortais comuns.”
Conforme observado no início deste artigo, reunir-se com
amigos para companheirismo alegre é algo ótimo. Quanto aos
presentes, os cristãos atentam ao conselho de Jesus de ‘praticar o
dar’, pois “há mais felicidade em dar do que há em receber”.
(Luc. 6:38; Atos 20:35) A Bíblia não estabelece regras quanto a
quando ou com que freqüência durante o ano as pessoas podem
celebrar tais festas. (Rom. 14:5) Mas, o bom critério e a boa
discrição são sempre apropriados.
Diante dessas colocações, o cristão que evita celebrar ou ir
a aniversários não exagera. Visto que eu acredito que cada
relato foi deixado por Deus na Bíblia para “a nossa
instrução”, não vejo como irrelevante nem como uma mera
coincidência que os únicos a celebrarem aniversários
natalícios na Bíblia sejam pagãos, e que em ambas as
situações pessoas inocentes tenham morrido. (Gênesis 40:20;
Mateus 14:6-11; compare com Romanos 15:4) Certamente
houve muitos aniversários natalícios nos tempos bíblicos nos
quais ninguém inocente morreu, mas nenhum desses é
registrado na Bíblia. Por que será que Deus registrou na
Bíblia apenas casos de aniversário em que pessoas inocentes
morreram? Somemos a isso o fato de que nenhum servo de
Deus na Bíblia é mencionado celebrando seu próprio
aniversário, e a história mostra os cristãos só começaram a
celebrar aniversários natalícios quando a igreja apostatou de
vez. Em vista de toda essa argumentação, há boa evidência
em favor da posição atual das TJs de não celebrar
aniversários.

E se alguém discordar disso?


Entendo que é muito importante o respeito às opiniões.
Fala-se muito na organização de Jeová que devemos ser
submissos e respeitar aqueles em cargo de autoridade, tais
como os anciãos. Mas será que, assim como eu respeito a
minha religião, a minha religião também me respeita? E se
algum irmão achar que não tem problema celebrar seu
próprio aniversário, ou se ele não vir problema em ir a um
aniversário, deve ser desassociado por isso? Não há base
bíblica clara para que tal irmão seja se quer repreendido,
quanto menos desassociado. Certamente muitos irmãos se
sentiriam desconfortáveis se soubessem que um irmão foi a
uma festa de aniversário ou que celebrou seu próprio
aniversário, mas isso não deve ser, segundo a Bíblia, motivo
nem de repreensão congregacional, muito menos de
desassociação.
O ponto que quero fazer aqui é o seguinte: Eu não estou
defendendo celebrações de aniversários para os cristãos, e há
boa evidência bíblica e histórica que mostra que quem deseja
evitar comemorar aniversários não exagera, mas não há
evidência suficiente para desassociar alguém que celebrou
aniversário, nem mesmo para que alguém seja repreendido
congregacionalmente. (1 Coríntios 5:9-13; 2 Tessalonicenses
3:14-15) No máximo poderíamos dizer que um irmão que foi
a um aniversário ou que celebrou seu próprio não é exemplar,
e não poderia ter cargo de superintendente. (1 Timóteo 3:1-7)
Em outras palavras, celebrar aniversários não é idolatria.
Existem muitas culturas ao redor do globo, e talvez em
algumas delas exista algo idólatra em celebrar aniversários,
mas nesse caso a prática idólatra deve ser analisada por si só.
Vou contar uma experiência. Um irmão fora desassociado
e passou a viver junto com uma jovem mulher sem estar
devidamente casado com ela. Ela tinha uma filha de outro
relacionamento. Mas ele passou a amar a enteada, tratando-a
como se fosse sua própria filha. Por fim, ele percebeu que
aquele relacionamento não tinha futuro. Ele também desejou
retornar à congregação após vários anos. Então ele terminou
o relacionamento e também foi readmitido. Porém, o carinho
pela sua anterior “família” ainda existia, e a enteada já estava
com quase 15 anos de idade. Na região onde isso aconteceu,
o aniversário de 15 anos de uma moça é um evento nobre e
muito importante. Então, o ex-padrasto, agora já readmitido à
congregação, foi convidado. O que ele poderia fazer? Ele
decidiu ir ao aniversário da moça. A consciência dele o
permitiu fazer isso porque ele entendeu que ir ao aniversário
não era algo antibíblico, mas era apenas uma demonstração
do carinho e do respeito que ele tinha por aquela gente. Ele
não se envolveu com nada idólatra ou imoral. Se a
consciência dele o permitiu fazer isso, quem sou eu para dizer
que ele pecou?
Veja uma situação hipotética: Uma irmã tem um filho
pequeno. Então, no dia do aniversário do seu filho, ela talvez
decida convidar uns coleguinhas dele para ir comer e brincar
na sua casa. Ela faz um bolo, pasteizinhos, e outras comidas
festivas. Ela não faz nada idólatra. Quem sou eu para
condenar a irmã pelo que ela fez? Ela pecou contra Deus?
Veja outro exemplo. Um irmão trabalha em uma empresa,
e seu colega está de aniversário. O irmão tem um grande
respeito por seu colega e vice-versa. Então o irmão lhe dá um
presente e também lhe deseja felicitações. Ele fez algo
idólatra? Ele pecou contra Deus? Não há uma ordem bíblica
clara sobre o que se pode e o que não se pode fazer no dia do
aniversário, portanto, não cabe a ninguém dizer o que cada
irmão individual deve ou não deve fazer. Essa é a liberdade
cristã apresentada na Bíblia. Nessa situação, a única coisa
inapropriada seria assoprar velinhas e fazer um pedido a um
anjo protetor, pois essa é uma prática supersticiosa. (Leia
Isaías 65:11)
Eu não conheço nenhuma TJ que faria isso, tampouco
estou dizendo que alguém deve fazer isso. O que defendo é a
liberdade cristã e o respeito às decisões pessoais. Se alguém
discorda de mim e não vê problema em algo para o qual a
Bíblia não dá uma ordem clara, eu não posso condenar essa
pessoa. Porém, algo que cada cristão deve considerar é como
suas ações afetarão aqueles de mentalidade fraca, que é o
conselho de Paulo.

O cristão que evita se envolver com aniversários


natalícios não exagera, mas não há uma ordem
bíblica clara sobre o que o cristão pode ou não
fazer no dia do seu aniversário ou no dia do
aniversário de outrem.
Celebrar aniversários não é idolatria. Portanto, não
deve resultar em desassociação nem em repreensão
congregacional.

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