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Um dos pontos interessantes que faz com que os atuais poderosos não aceitem, ainda,
a nova economia, está no fato de que ela possui uma estrutura socioeconômica,
sociopolítica e sociocultural não ideologizada; ou seja, o fato de que, na Economia do
Conhecimento, que estamos chamando neste ensaio de Economia Informacional
como um paradigma além da Economia Material, a influência das ideologias (e
teologias) perde fôlego, tendo em vista que a disseminação rápida e em volume
significativo do conhecimento, tende a gerar um pensamento coletivo muito forte,
flexível, avançado, responsável, não deixando margem para que os poderosos
tradicionais criem com seus discursos credos dogmatizadores em qualquer destas
direções.
Diante de situação crítica como esta (ou à sombra dessa situação) é que surgem
alguns indivíduos em número muito pequeno que, na linguagem de Edvinsson e
outros estudiosos da Economia do Conhecimento, são chamados de Competentes
Essenciais (CE), como se fossem pequenos ilhéus ou micro Think Tank dentro das
empresas. Para identificá-los, tomando por base o que Edvinsson e outros autores
discutem no momento, é necessário seguir pelos caminhos que levam ao labirinto do
conhecimento dentro das organizações e, neste foco, começa a perder valor, no
mercado de trabalho atual, os diplomas, que foram muito importantes no paradigma
anterior (da Economia Material) como marco norteador para se conseguir uma boa
colocação. Deste modo, não mais serão considerados pontos fortes nos ambientes de
seleção e recrutamento títulos e diplomas da USP, FGV, Campinas, UFRJ e outras
porque as organizações da Economia do Conhecimento não mais irão se orientar
a partir desses títulos, mas a partir das competências e habilidades essenciais que um
indivíduo vai levar consigo para dentro da empresa e deverão trazer dessas
organizações do conhecimento.
As pessoas são resistentes a mudanças, como se discute muito por aí, e isto não seria
diferente com referência às mutações que vêm sucedendo com o advento da
Infoeconomia. Mesmo aqueles empresários que ainda estão obtendo alguns
resultados com velhas e tradicionais estratégias de administração para os seus
negócios, logo mais estarão fora do mercado caso não saiam antes por aposentadoria.
O perigo está na sucessão que se dará aos negócios quando não se tem sucessores que
estejam bastante ligados às novas tendências desse mercado glocal5. Nestes casos
provavelmente a empresa, que já está navegando em um oceano vermelho, terá
grande dificuldade de se manter no mercado e encontrar estratégias de oceano azul,
mesmo que a nova direção seja feita por jovens diretivos descendentes de velhos
patriarcas empresariais.
Para ampliar mais um conceito para a metáfora glocal procurei reler o livro Mundo
Sem Fronteiras de Kenichi Ohmae, a fim de assimilar outras ideias que pudessem,
também, me ajudar em relação à visão e aos cenários para a região onde estive
atuando (Jequié e Região), bem como para poder orientar os estudantes sobre a
realização de projeções de futuros em Administração Estratégica e relacionadas com
o Desenvolvimento de Negócios (Empreendedorismo), visto que a ideia de realizar
estas projeções tinha como tese central a teoria do Ciclo GCEQ que desenvolvi no
mestrado. Esta releitura me projetou ainda mais na ideia de GLOCAL que lancei
neste ensaio, bem como no cenário de uma nova modernidade que chamei de
Terceira Modernidade.
Pelos meus estudos são poucos os países que realmente estão entrando nesta nova
era, excluídos os que já tinham iniciado sua arrancada para o pós-capitalismo ao
completar a Segunda Modernidade. Infelizmente, os países da América Latina ainda
estão deitados no berço esplendido costurado pelos neo-caudilhos e neo-populistas
que assumiram na década de 90 do século passado os poderes dessas nações e
continuam tentando retardar a entrada desses países na Infoeconomia. No antigo
paradigma, como se percebe pela leitura de Ohmae “o papel do governo era
representar o interesse do seu povo, atender às suas necessidades e protege-lo da
ameaça de estrangeiros e companhias estrangeiras. Quando os interesses comerciais
se estendiam além dos limites da soberania, os militares estavam lá para dar apoio”. 7
No Brasil ocorreu um ensaio de PPP (Parcerias Público Privado) que ainda está muito
lento, mas que já mostra em alguns casos, como o das rodovias e ferrovias, é
importante para o projeto de desenvolvimento. Seria sugestivo um projeto PPP para a
Educação Total (EdT). Isto permitiu nos NPI uma ampliação positiva do elemento
E do GCEQ com o que empresários, empreendedores e investidores não mais temiam
os absurdos dos arrochos estatais e a usurpação dos seus patrimônios pela estatização
de seus negócios. Com tudo isto quem saiu ganhando foi o mercado (elemento Q)
que passou a ser formado por consumidores de qualidade com um nível de
aprendizagem significativo e com uma capacidade de exigência e escolha também
importantes para a realização dos negócios graças ao crescimento da renda per
capita. Este é um dos conceitos que tenho para o neologismo glocal.
Nada disto, porém vem acontecendo de forma efetiva e continuada desde os últimos
60 anos na América Latina, como pode ser lido nas histórias econômicas e
midialógicas desses países, e chegamos ao alvorecer da Terceira Modernidade como
se ainda estivéssemos na Primeira Modernidade. Veja-se o que aconteceu e vem
acontecendo na Venezuela, Equador, Bolívia, Brasil, Argentina e outros. Em nenhum
governo populista registrado pela História houve desenvolvimento econômico
orientado para beneficiar o povo, embora todas as ações ditatoriais assumidas foram
ditas nos discursos que eram para proteger o povo e suas instituições contra os
(supostos) invasores econômicos, políticos, militares, tecnológicos (como no caso da
reserva de mercado de informática que foi imposto pelo governo militar no Brasil),
culturais, etc. Em todos eles apenas grupos fechados se locupletavam dos resultados,
em especial através das empresas estatais e os projetos de negócio de empresas
privadas foram todos minimizantes seguidos de forte transferência de recursos para o
exterior a título de proteção do capital social das firmas.
Em resumo, tomando por base o texto de Ohmae, identifiquei nos NPI que eles se
caracterizaram por: a) terem pequenas concentrações de terra per capita; b) não
disporem de grandes recursos; c) terem elaborados bons projetos que elevaram o
nível educacional da população; e d) terem trabalhadores que acreditavam e
desejavam participar de uma economia glocal. Junte-se a estas características a
vontade e a determinação e a atitude aberta e não-ideológica de seus governos, aliada
ao interesse e predisposição dos empreendedores e investidores de caminharem para
o futuro de forma proativa Veja-se que o Brasil não possui de forma ampla e explícita
nenhuma destas características e como ele os demais países da A. L., e só faço uma
exceção parcial para o Chile. Observem que nesses NPI, simultâneo com o elemento
(G) do Ciclo GCEQ aparecem os elementos C e E, com o elemento Q se tornando forte
também, como se pode perceber pelo aumento do PIB per capita em cada um deles.
Para uma verificação disto vejam os relatórios de desenvolvimento humano da ONU.
E nós, o que fizemos, estamos fazendo e o que faremos de agora para o Futuro?
1
DASH se refere a um dos produtos do Ambiente de Negócios SHENG.
2
ADIZES, I. Os Ciclos de Vida das Organizações. São Paulo: Pioneira, 2002.
3
EDVINSSON, L. Longitude Corporativa, Navegando pela Economia do Conhecimento. São Paulo: M.Books, 2003.
4
SHENG Sistemas Humanos, Estratégias Negociais e Gerenciais. Organização voltada para o Desenvolvimento Humano e
ambientes empresariais para Administração da Economia do Conhecimento.
5
GLOCAL é um neologismo que estou usando para simplificar a expressão Pense Global e aja Local
6
Ver Blog: http://jovinomoreira.zip.net que ainda está disponível para leitura.
7
OHMAE, K. Mundo sem Fronteiras. Poder e estratégia em uma economia global. São Paulo: Makron Books, 1991.
8
A Primeira Modernidade começa com a Escola de SAGRES dos portugueses e suas navegações que gerou o ciclo das
descobertas. A Segunda Modernidade vem com a Primeira Revolução Industrial e a Terceira com a criação da Equação
Matemática da Comunicação por Claude Shanon e seu parceiro Weaver sem o que a invenção do microchip iria ficar muito
tempo na geladeira em termos de conhecimento útil como estamos a perceber hoje nos micro e na comunicação wireless.