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Brazilian Journal of Animal and Environmental Research

Répteis Depositados no CETAS/IBAMA, Teresina-Piauí

Reptiles Deposited at CETAS / IBAMA, Teresina- Piauí


DOI: 10.34188/bjaerv3n3-140

Recebimento dos originais: 20/05/2020


Aceitação para publicação: 20/06/2020

Wanderson Gabriel Gomes de Melo


Discente de Medicina Veterinária na Universidade Federal do Piauí
Universidade Federal do Piauí
Endereço: Centro de Ciências Agrárias, R. Dirce Oliveira, 3397 - Ininga, Teresina - PI, Brasil
E-mail: wanderson1021@outlook.com

Mariana Pacheco de Sousa


Discente de Medicina Veterinária na Universidade Federal do Piauí
Universidade Federal do Piauí
Endereço: Centro de Ciências Agrárias, R. Dirce Oliveira, 3397 - Ininga, Teresina - PI, Brasil
E-mail: mar.pacheco@live.com

Eglésia Rodrigues Leite Fernandes


Mestranda em Tecnologia Aplicada a Animais de Interesse da Região (PPGTAIR) pela
Universidade Federal do Piauí
Universidade Federal do Piauí
Endereço: Centro de Ciências Agrárias, R. Dirce Oliveira, 3397 - Ininga, Teresina - PI, Brasil
E-mail: eglesia.rodrigues@gmail.com

Diego Fernandes dos Santos Silva Leite


Químico e especialista em Biodiversidade da Conservação na Universidade Estadual do Piauí
Universidade Estadual do Piauí
Endereço: Rua João Cabral, 2231- Bairro: Pirajá, Teresina-Pi, Brasil
E-mail: dalassilva@hotmail.com

Laide Danielle Coelho da Silva Chaves


Discente de Medicina Veterinária na Universidade Federal do Piauí
Universidade Federal do Piauí
Endereço: Centro de Ciências Agrárias, R. Dirce Oliveira, 3397 - Ininga, Teresina - PI, Brasil
E-mail: la_danielle@hotmail.com

Ana Paula Fonseca Barros


Médica Veterinária Patologista Clínica pela Universidade Federal do Piauí
Criar Centro Veterinário
Endereço: Rua Anfrísio Lobão, 2039, Joquei, Teresina-PI, Brasil
Email: anapaula-92@hotmail.com

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Tairine Melo Costa


Residente em Doenças Parasitárias e Infecciosas dos animais na Universidade de Brasília
Universidade de Brasília- UnB
Endereço: Campus Universitário Darcy Ribeiro, na Asa Norte. Brasília- DF
E-mail: tairine_melo@hotmail.com

Kamilla Nogueira Soares


Discente de Medicina Veterinária na Universidade Federal do Piauí
Universidade Federal do Piauí
Endereço: Centro de Ciências Agrárias, R. Dirce Oliveira, 3397 - Ininga, Teresina - PI, Brasil
E-mail: kamillanog@hotmail.com

RESUMO
O Brasil é considerado o país com a maior biodiversidade e tem sido alvo de comercialização e
exportação de espécies da fauna e flora de forma ilícita. Este trabalho teve como objetivo apresentar
dados referentes ao número e espécies de répteis depositados no CETAS-PI no período de janeiro de
2012 a dezembro de 2015. A pesquisa foi realizada a partir da análise quantitativa e qualitativa dos
registros de entrada de répteis, apreendidos, recolhidos ou entregues voluntariamente pela população
em todo o estado, na unidade do CETAS-PI, o que totalizou 173 espécies de répteis depositados. A
espécie de maior acolhimento foi Chelonoidis carbonaria (jabuti), seguido por Boa constrictor
(jiboia), Phrynops geoffroanus (cágado-de-barbicha), Iguana iguana (iguana) e Bothrops jararaca
(jararaca). Estes resultados reforçam a necessidade de aprofundar os estudos sobre as principais
espécies vítimas do tráfico, a fim de verificar os impactos desta ação sobre as populações locais, além
de orientar ações de conservação da natureza no estado.

Palavras-chave: Apreensão de fauna, Preservação, Sustentabilidade

ABSTRACT
Brazil is considered the country with the greatest biodiversity and has been the target of illicit
commercialization and export of species of fauna and flora. This work aimed to present data referring
to the number and species of reptiles deposited at CETAS-PI from January 2012 to December 2015.
The research was carried out from the quantitative and qualitative analysis of the seized reptile entry
records, collected or voluntarily delivered by the population across the state, at the CETAS-PI unit,
which totaled 173 species of reptiles deposited. The species with the greatest reception was
Chelonoidis carbonaria (jabuti), followed by Boa constrictor (boa), Phrynops geoffroanus
(chinstrap), Iguana iguana (iguana) and Bothrops jararaca (jararaca). These results reinforce the
need to deepen the studies on the main trafficked species, in order to verify the impacts of this action
on local populations, in addition to guiding nature conservation actions in the state.

Keywords: Seizure of fauna, Preservation, Sustainability

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1 INTRODUÇÃO
O Brasil é um país com grande diversidade em fauna e flora, o que desperta o interesse
econômico dos traficantes de animais silvestres. Estima-se que mais 12 milhões de animais são
retirados anualmente do seu habitat natural pela atividade ilegal do tráfico, afetando diretamente a
biodiversidade, principalmente de animais nativos nos ambientes brasileiros, e em consequência
muitas espécies já se encontram com risco de extinção ou já foram até mesmo extintas[1].
Os Centros de Triagem de Animais Silvestres – CETAS, são responsáveis pelo manejo dos
animais silvestres que são apreendidos, recolhidos por ação fiscalizatória ou entrega voluntária de
particulares, além de realizar e subsidiar pesquisas científicas, ensino e extensão [2].
Nos últimos dez anos a demanda de répteis criados como “pet” e com finalidadede pesquisas
científicas, zoológicos e aquários, além de alimentação e comércio, cresceu intensamente em todo o
mundo [3].
Este estudo teve como objetivo apresentar dados referentes ao número e espécies de répteis
depositados no CETAS-PI no período de janeiro de 2012 a dezembro de 2015.

2 MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada a partir da análise quantitativa dos registros documentais de entrada
de animais silvestres, apreendidos, recolhidos pelos Órgãos de fiscalização, Polícia Ambiental ou
entregues voluntariamente pela população em todo o estado, na unidade do Centro de Triagem de
Animais Silvestres, CETAS, situada na sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis, IBAMA, em Teresina-PI, no período de janeiro de 2012 a dezembro de 2015.
Para a identificação das espécies, foram consultados, a Lista Brasileira de Répteis [4].

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados coletados a partir dos registros de entradas, entre os anos de 2012 a 2015, totalizaram
em 173 espécies de répteis depositados no CETAS-PI.
Os répteis de maior acolhimento foram o Chelonoidis carbonaria (jabuti), seguido pela Boa
constrictor (jiboia), Phrynops geoffroanus (cágado-de-barbicha), Iguana iguana (iguana) e Bothrops
jararaca (jararaca), demonstrado na Tabela 1.

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Tabela 1. Espécies de répteis recebidos no CETAS- Piauí, no período entre 2012 a 2015.
Espécie Nome popular Ano de recebimento Total
2012 2013 2014 2015
Chelonoidis carbonária Jaboti 71 14 10 23 118
Boa constrictor Jibóia 18 3 0 2 23
Phrynopsgeoffroanus Cágado-de-barbicha 8 5 3 2 18
Iguana iguana Iguana 4 0 2 0 6
Bothrops jararaca Jararaca 2 0 1 0 3
Micruruslemniscatus Cobra coral 2 0 0 1 3
Crotalusdurissus Cascavel 1 0 0 0 1
Eunectesmurinus Sucuri 0 1 0 0 1

O tráfico de répteis se torna ainda mais preocupante, devido a popularização entre criadores
de jabutis, serpente e lagartos que buscam atributos relacionados a beleza e menor atenção quanto a
alimentação, espaço físico e menor frequência de limpeza. Contudo, existe o risco de entrada de
diversos patógenos nas residências, principalmente as enterobactérias[5;6]
A espécie de jabuti (Chelonoidis carbonária) no Brasil e a mais comercializada ilegalmente
segundo Lopes [7], graças a atratividade de sua beleza, mansidão, adaptabilidade e fácil reprodução
em cativeiro, além da facilidade de transporte na comercialização ilegal. Outro fator importante, para
o aumento da procura para criação domiciliar, é a crença da cura de doenças respiratórias [3;8]
No levantamento feito por Moura [6], no CETAS-PI, foram recebidas 129 espécies de jabuti,
o que demonstra que no estado do Piauí, o comércio ilegal ainda é crescente.
De acordo com os estudos de Freitas [9], dos 522 répteis entregues ao CETAS-BH, 62(17,9 %)
pertenciam a espécie de jiboia (Boa constrictor). Segundo Shiauet al. [5] a maioria desses animais
são originados de cativeiro ilegal, que tem a finalidade a criação domiciliar, pois os seres humanos
são atraídos pela beleza e menor trabalho referentes à alimentação e alojamento desses animais.
Segundo Moura [6], o grande número de registro de jiboias se deve ao fato destes animais ocorrerem
naturalmente em áreas urbanas de cidades piauienses, o que demanda o recolhimento por órgãos
fiscalizatórios, policia ambiental e entregas voluntárias. Além disso, há os casos em que esses animais
são criados em ambiente doméstico e mantidos ilegalmente e, muitas vezes, são apreendidos por
Órgãos de fiscalização. Em seu trabalho foram recebidas 38 espécies de jiboias (Boa constrictor) dos
190 répteis, no ano de 2011.
Além de criação como “Pets” as peles de cobras são comercializadas e utilizadas para
confecção de uma variedade de artigos: sapatos, roupas, malas, bolsas, cintos entre outros [3]. O couro
dos répteis é considerado fino e seus produtos alcançam alto valor no mercado, sendo por isso uma
atividade muito lucrativa.
A diminuição do número de répteis entre os anos de 2012 até 2015, pode ser explicada pela
publicação da lei complementar 140/2011, que descentraliza a reponsabilidade do IBAMA para

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outros órgãos competentes [10], como por exemplo o Batalhão de Polícia Ambiental do estado, como
a captura, resgate, apreensões e doações de animais silvestres no estado do Piauí. Portanto o registro
de animais desde 2012, não estará apenas vinculado ao IBAMA, mas como também aos demais
órgãos responsáveis.

4 CONCLUSÃO
As espécies de répteis depositadas ou entregues voluntariamente no Centro de Triagem de
Animais Silvestres, CETAS, do IBAMA no Piauí, entre os anos de 2012 a 2015, são uma pequena
amostra daquilo que é comercializado e mantido ilegalmente em lares piauienses. Neste contexto, a
análise destes dados fornecerá subsídios para a elaboração e adoção de programas de fiscalização,
reintrodução e de educação ambiental voltados à conservação da fauna silvestre vítima da atividade
ilegal no estado do Piauí.

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REFERÊNCIAS

[1] Oliveira YR. Levantamento de animais silvestres recebidos pelo Criadouro Conservacionista da
Universidade do Vale da Paraíba [Trabalho de Conclusão de Curso]. São José dos Campos: Faculdade
de Educação e Artes da Universidade do Vale da Paraíba; 2014.
[2] Brasil. Diário Oficial da Republica Federativa do Brasil (2011). Lei Complementar nº 150.
Brasilia, DF: Senado Federal; 2011.
[3] Renctas. 1º Relatório Nacional sobre o Tráfico de Fauna Silvestre. Rede Nacional de Combate ao
Tráfico de Animais Silvestres; 2001; 107.
[4] Bérnils RS, Costa HC. Répteis Brasileiros: lista de espécie. Sociedade Brasileira de Herpetologia.
2012; 2.
[5] Shiau TW, Hou PC, Wu SH, Tu MC. A survey on alien pet reptiles in Taiwan.Taiwania. 2006;
51(2):71-80.
[6] Moura SG. Animais Silvestres Recebidos pelo Centro de Triagem do IBAMA no Piauí no ano de
2011. Enciclopédia Biosfera. 2012; 8(15):1752.
[7] Lopes PRD. Comércio de animais silvestres. Biokos. 1991; 5(1):49-56.
[8] Pimentel PCB, Santos JM. Diagnóstico do tráfico de animais silvestres no estado da Bahia:
identificação, quantificação e caracterização das espécies-alvo. Revista Diálogo & Ciência (Online).
2009; 3(8).
[9] Freitas ACP, Oviedo-Pastrana ME, Vilela DAR, Pereira PLL, Loureiro LOC, Haddad JPA et al.
Diagnóstico de animais ilegais recebidos no centro de triagem de animais silvestres de Belo
Horizonte, Estado de Minas Gerais, no ano de 2011. Ciência Rural. 2015; 45:163-170.
[10] Brasil. Diário Oficial da Republica Federativa do Brasil (2011). Lei Complementar nº 140.
Brasilia, DF: Senado Federal; 2011.

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