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Redes de Alta Velocidade
Semestre V
O desenvolvimento das tecnologias de redes de computadores está em ritmo cada vez mais
acelerado. A demanda por redes cada vez mais rápidas é uma realidade, para tal, novos
protocolos e soluções têm sido pesquisados, gerando novas tecnologias que se tornam padrões
de mercado, interoperando com as já existentes. Além disso, o problema de esgotamento de
endereços IPv4 é uma realidade e a migração para o IPv6 está cada vez mais próxima,
principalmente pela necessidade dessas redes de alta velocidade e segurança dentro do
panorama das redes convergentes e de próxima geração, que demandam recursos físicos de
transmissão alinhados a tratamento de tráfego diferenciado e requerimentos de qualidade.
O grande motivador são as aplicações multimídias distribuídas e integração das redes fixa
móveis, visando à convergência e criando subsídios para o aprimoramento e desenvolvimento de
novas técnicas de transmissão que apresentam um desempenho muito melhor, maximizando a
velocidade e minimizando as perdas de dados durante a transmissão.
Nesta primeira parte, estudaremos novas técnicas de endereçamento (IPv6) e a solução ATM
para redes de alta velocidade.
2.1. Histórico
No começo do desenvolvimento do protocolo IP, por volta da década de 60, não se imaginava que
a Internet alcançaria a dimensão atual.
Na época, os projetistas argumentaram que a Internet seria suficiente para novas aplicações,
tanto em endereçamento como em suporte para aplicações e que o crescimento da Internet
esgotaria os endereços disponíveis, porém com o surgimento do NAT e CIDR para fornecer
extensão para os endereços, em termos de projeção de crescimento, estes não se esgotariam até
2022. Infelizmente, com a demanda de crescimento do uso da Internet, temos enfrentado cada
vez mais o problema de endereçamento IP e falta de suporte para as aplicações, e acreditamos
não poder esperar até 2022 para a migração de versão do protocolo, pois a Internet tem
experimentado um aumento exponencial ininterrupto.
A versão 4 do protocolo IP foi a primeira versão que permaneceu quase inalterada desde o seu
surgimento, no final da década de 1970. A longevidade da versão 4 mostra que o projeto é flexível
e poderoso. A versão número 5 do protocolo, foi descartada para evitar posteriores confusões e
ambigüidade, e pulada depois de uma série de erros e implementações mal-sucedidas.
Foram necessários vários anos para que o IETF pudesse projetar uma nova versão desse
protocolo: a versão 6. No fim de um primeiro momento, o projeto ficou conhecido como SIP
(Simple IP), porém hoje essa nomenclatura é usada para Session Initial Protocol, não mais se
referenciando ao Simple IP. O Simple IP tornou-se base para uma proposta estendida que incluía
idéias de outras propostas, e ficou conhecida como SIPP (Simple IP Plus).
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Ao final dessa fase do projeto, o IETF decidiu atribuir à revisão do IP o nome de IPv6 (ele também
é conhecido como IPng – IP The Next Generation).
À medida que a Internet se expande para acomodar as novas aplicações, não é só a arquitetura
que evolui, os protocolos tendem a acompanhar, bem como as formas de endereçamento, como é
o caso do IP. Sendo assim, devemos analisar esse crescimento não só pelo âmbito do
endereçamento, mas também do desenvolvimento de novas aplicações que demandam recursos
e serviços, porém nem sempre o protocolo está prontamente otimizado para oferecer. Por
exemplo, um aumento no interesse das aplicações em multimídia criou a demanda de protocolos
que pudessem transferir imagens e som com eficácia.
De modo semelhante, o interesse pela comunicação de áudio e vídeo em tempo real criou a
demanda por protocolos que pudessem garantir a entrega de informações dentre de um retardo
fixo de transmissão, bem como protocolos que pudessem sincronizar corrente de dados de vídeo
e áudio. Também essas aplicações requerem comunicações seguras.
Embora a força motriz por trás desse fenômeno de crescimento seja relacionada a aplicações de
computadores, verificamos a demanda cada vez maior de vários outros mercados, como:
• Dispositivos pessoais de comunicação – PDAs, telefones celulares e outros dispositivos de
comunicação sem fio endereçáveis na rede. Todos esses dispositivos requerem um endereço
único e devem ser capazes de reconfiguração automática com um endereço correto quando
passam de uma localidade remota para outra.
• Entretenimento em rede – Vídeo sob demanda, estéreos, CDs e televisão interativa serão
acessíveis via Internet. Por exemplo, no universo de televisão conectada à rede, toda TV
torna-se uma máquina da Internet e precisa de um endereço IP.
• Dispositivos controlados por rede – Uma gama de dispositivos de aplicações simples, tais
como dispositivos eletrônicos de segurança, etc. controlados por chaveamento analógico,
atualmente, serão controlados via rede de pacotes e necessitam de endereçamento para
acesso à rede.
Cada um desses mercados é enorme, e todos têm uma característica em comum: precisam ser
postos na tabela e o IPv4 não tem como suportar essa gama de aplicações. Por exemplo, haverá
necessidade de roteamento em larga escala, configuração e reconfiguração automática,
autenticação e encriptação de dados internamente.
Para tal, o IPv6 resolve o problema de limite de endereçamento do IPv4, permite simplificar as
funções dos roteadores, suporta nativamente funções de segurança e oferece suporte para
tratamento de tráfego de aplicações multimídia, como várias outras características que serão
abordadas mais adiante.
O IPv6 provê solução para os problemas atuais de endereçamento e ainda provê a funcionalidade
necessária ao mercado emergente. Projetado como uma evolução do IPv4, o IPv6 mantém a
maioria das funções do IPv4, tornando algumas das funções raramente (ou não) usadas pelo IPv4
como opcionais e adicionando novas funções não existentes.
Conceitualmente as duas versões do protocolo IP são muito próximas (IPv4 e IPv6), mas em
termos de características existem muitas diferenças. Por exemplo, o IPv6 ainda admite entrega
sem conexão (ou seja, cada datagrama é roteado independentemente), permite que o emissor
escolha o tamanho de um datagrama e exige que o emissor especifique o número máximo de
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saltos que um datagrama pode fazer antes de ser entregue, incluindo também as facilidades para
fragmentação e roteamento de origem. Por outro lado, usa endereços maiores e acrescenta
novos recursos, revisando completamente o formato do datagrama, substituindo o campo de
opções de tamanho variável do IPv4 por uma série de cabeçalhos de tamanho fixo.
Podemos agrupar essas mudanças em categorias:
• Formato do pacote – Existem duas diferenças importantes: suporte a campos para garantia de
qualidade de serviço e existência de cabeçalhos de extensão. No IPv4, existe o campo TOS
(Type of Service), que é usado pela estação origem para definir a prioridade do pacote e para
tratar, de maneira diferenciada, os pacotes de maior prioridade. No caso do IPv6, além de um
campo equivalente ao TOS, denominado campo de prioridade, tem-se, também, um campo de
rótulo de fluxo (Flow Label). Esse campo pode ser empregado para realizar label ou tag
switching, podendo ser definidos diversos fluxos na rede, associados a tipos de tráfego
diferentes,com tratamento diferenciado pelos roteadores e switches. Os cabeçalhos de
extensão do IPv6, por sua vez, são empregados para fins de roteamento, fragmentação e
autenticação. A figura abaixo, mostra a diferença entre os campos dos pacotes IPv4 e IPv6.
Version IHL Type of Total Length Version Traffic Class Flow Label
Service
Identification FLAGS Fragment Payload Length Nest Header Hop Limit
OffSet
Time to Live Protocol Header Checksum Source Address
Source Address Destination Address
Destination Address Cabeçalho do datagrama - IPv6
Options Padding
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40 octetos Opcionais
Figura 2. Formato geral do datagrama IPv6. Fonte: RFC 1752, RFC 1883, RFC 2373.
O IPv6 trata das especificações de tamanho de datagrama de uma nova maneira. Primeiro,como
o tamanho do cabeçalho básico é fixado em 40 octetos, o cabeçalho básico não inclui um campo
para o tamanho do cabeçalho. Em segundo lugar, o IPv6 substitui o campo de tamanho do
datagrama do IPv4 por um campo de Tamanho do payload que especifica o número de octetos
transportados no datagrama, excluindo o próprio cabeçalho. Assim, um datagrama IPv6 pode
conter 64K de octetos de dados.
O paradigma de um cabeçalho de base fixa por um conjunto de cabeçalhos de extensão foi
escolhido como um compromisso entre a generalidade e a eficiência. Para ser totalmente geral, o
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IPv6 precisa incluir mecanismos de modo a dar suporte às funções como fragmentação,
roteamento de origem e autenticação. Porém, a escolha de alocar campos fixos no cabeçalho do
datagrama para todos os mecanismos é ineficaz, pois a maioria dos datagramas não usa todos os
mecanismos, desta forma, o grande tamanho do IPv6 aumenta a ineficiência. Por exemplo, ao
enviar um datagrama por uma única rede local, um cabeçalho que contém campos de endereços
vazios pode ocupar uma fração substancial de cada frame.
O cabeçalho de extensão do IPv6 funciona de modo semelhante às opções do IPv4 – um emissor
pode escolher quais cabeçalhos de extensão incluir em determinado datagrama e quais omitir.
Assim, os cabeçalhos de extensão oferecem o máximo de flexibilidade. Desta forma, entendemos
que os cabeçalhos de extensão do IPv6 são semelhantes ao campo Opções do IPv4. Cada
datagrama inclui cabeçalhos de extensão somente para as facilidades que o datagrama utiliza.
Embora deva acomodar endereços maiores, um cabeçalho básico IPv6 contém menos
informações do que na versão anterior. As opções a alguns dos campos fixos que aparecem em
um cabeçalho de datagrama IPv4 foram movidas para os cabeçalhos de extensão no IPv6.
Em geral, as mudanças no cabeçalho do datagrama refletem as mudanças no protocolo. A figura
abaixo mostra o conteúdo e o formato de um cabeçalho IPv6 básico. Vários campos em um
cabeçalho básico do IPv6 correspondem diretamente aos campos em um cabeçalho IPv4:
4 4 24 16 8 8 128 128
V TF FL PL NH HL SA DA
Figura 3. Formato e conteúdos de um cabeçalho básico IPv6. O tamanho de cada campo é dado em bits.
Fonte: RFC 1752, RFC 1883, RFC 2373.
• V (Version) – Esse campo de 4 bits especifica o número da versão do protocolo. Para o IPv6
esse valor é 0110.
• TC (Traffic Class) – Especifica a prioridade do pacote de dados. Dividido em dois grupos: no
primeiro (prioridade de 0 a 7) corresponde a pacotes que podem responder a controle de
congestionamento, a exemplo das redes Frame Relay. O segundo (prioridade de 8 a 15)
corresponde a pacotes que não respondem a controle de congestionamento, usado
normalmente para dados críticos como voz e vídeo. Além disso, um novo mecanismo no IPv6
admite reserva de recurso e permite que um roteador associe cada datagrama a determinada
alocação de recurso. A abstração básica, um fluxo, consiste em um caminho por uma Internet
junto à qual roteadores intermediários garantem uma qualidade de serviço específica
• FL (Flow Label) – Campo de rótulo de fluxo corresponde a pacotes que necessitam de
tratamento especial. Um de seus usos é prover qualidade de serviço (QoS) via RSVP. Esse
campo no cabeçalho básico contém informações que os roteadores utilizam para associar um
datagrama a um fluxo específico e prioridade. Por exemplo, duas aplicações que precisam
enviar vídeo podem exigir que um assinante especifique a qualidade de serviço desejada e
depois use um fluxo para limitar o tráfego que um computador específico ou aplicação enviam.
Observe que os fluxos também podem ser usados dentro de uma determinada organização
para gerenciar recursos da rede e garantir que todas as aplicações recebam uma fatia justa.
Um roteador usa a combinação de endereço de origem do datagrama e identificador de fluxo ao
associar um datagrama a um fluxo específico.
• PL (Payload Length) – Especifica o comprimento dos dados do usuário que seguem o
cabeçalho. No IPv4, o campo correspondente incluía o cabeçalho e os dados.
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• NH (Next Header) – Esse campo substitui o campo de protocolo do IPv4. NH especifica o tipo
de cabeçalho que segue o cabeçalho do IPv6. Ele permite que extensões de cabeçalho possam
ser inseridas entre o cabeçalho do IP e do TCP (ou do UDP) que precedem os dados do
usuário. Um exemplo desses campos é o uso de cabeçalhos para autenticação IPSec e
criptografia para segurança. Esse campo substitui os campos de comprimento do cabeçalho e
opções do IPv4.
• HL (Hop Limit) – Esse campo de limite de saltos é usado para especificar o número de
segundos em que um pacote pode permanecer ativo na Internet. O valor desse campo é
decrementado em 1 segundo cada vez que ele passa pelo roteador. O campo Limite de salto,
corresponde ao campo Tempo de vida (TTL-time-to-live) do IPv4. Diferente do IPv4, que
interpreta um tempo de vida como uma combinação de contagem de saltos e tempo máximo, o
IPv6 interpreta o valor como dado um limite restrito sobre o número máximo de saltos que um
datagrama pode fazer antes de ser descartado.
• SA (Source Address) – Esse é o endereço IP de origem. Tem o mesmo propósito do SA do
IPv4, difere apenas no tamanho e localização no pacote.
• DA (Destination Address) – Esse é o endereço IP de destino. Da mesma forma que o SA, o
DA tem o mesmo propósito do IPv4, diferenciado pelo tamanho e localização no pacote.
Em resumo, cada datagrama IPv6 começa com um cabeçalho básico de 40 octetos, que inclui
campos para os endereços de origem e destino, o limite máximo de saltos, a classe de tráfego, o
rótulo de fluxo e o tipo do próximo cabeçalho. Assim, um datagrama IPv6 precisa conter pelo
menos 40 octetos além dos dados.
Cada um dos cabeçalhos básico e de extensão contém um campo Próximo cabeçalho (Next
Header) que os roteadores intermediários e o destino final utilizam para desmembrar o
datagrama. O processamento é seqüencial – o campo Próximo cabeçalho em cada cabeçalho
diz o que aparece em seguida, conforme pode ser visto na figura abaixo:
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Figura 4. Três datagramas com (A) somente um cabeçalho básico, (B) um cabeçalho básico e uma extensão e (C) um
cabeçalho básico mais duas extensões.
Para agilizar o processamento, o IPv6 exige que os cabeçalhos de extensão utilizados por
roteadores intermediários sejam colocados antes dos cabeçalhos de extensão usados pelo
destino final. O IPv6 usa o termos cabeçalho salto a salto (hop-a-hop header) para se referir a um
cabeçalho de extensão que um roteador intermediário precisa processar. Assim, os cabeçalhos
salto a salto precedem os cabeçalhos fim a fim.
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Identificação do Datagrama
O IPv6 retém a funcionalidade de fragmentação básica. Cada fragmento precisa ser múltiplo de 8
octetos, o único bit no campo M marca o último fragmento, como o bit More Fragments do IPv4,
e o campo Identificação do datagrama transporta um ID exclusivo que o receptor usa para
agrupar fragmentos (o IPv6 expande o campo de Identificação do IPv4 para 32 bits, a fim de
acomodar redes de maior velocidade). Finalmente o campo RS é atualmente reservado; os dois
bits são definidos como zero na transmissão e ignorados pelo receptor.
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No IPv6, a fragmentação é fim a fim, sendo que nenhuma fragmentação ocorre nos roteadores
intermediários. A origem que é responsável pela fragmentação tem duas escolhas: ela pode usar
a MTU mínima garantida de 1280 octetos ou realizar a descoberta de MTU do caminho (Path
MTU Discovery) para identificar a MTU mínima ao longo do caminho até o destino. De qualquer
forma, a origem fragmenta o datagrama de modo que cada fragmento seja menor que a MTU
esperada do caminho.
A motivação para usar a fragmentação fim a fim está em sua capacidade de reduzir o overhead
em roteadores e permitir que cada roteador trate de mais datagramas por tempo unitário. Porém,
a fragmentação de fim a fim tem uma conseqüência importante: ela altera a suposição
fundamental do IPv4 de que as rotas mudam dinamicamente.
Para entender a conseqüência da fragmentação fim a fim, lembre-se de que o IPv4 foi projetado
para permitir que as rotas mudem a qualquer hora. Por exemplo, se uma rede ou roteador falhar,
o tráfego poderá ser roteado por um caminho diferente. A principal vantagem desse sistema é a
flexibilidade – o tráfego pode ser roteado ao longo de um caminho alternativo sem atrapalhar o
serviço, sem informar a origem ou o destino. Porém, no IPv6, as rotas não podem ser alteradas
tão facilmente, pois uma mudança em uma rota pode alterar também a MTU do caminho. Se a
MTU do caminho ao longo de uma nova rota for menor que a MTU do caminho ao longo da rota
original, então um roteador intermediário precisará fragmentar o datagrama ou a origem terá de
ser informada.
O problema pode ser resumido desta forma: Um protocolo de Internet que usa a fragmentação fim
a fim exige que o emissor descubra a MTU do caminho para cada destino e fragmente qualquer
datagrama de saída que seja maior do que a MTU do caminho. A fragmentação de fim a fim não
acomoda mudanças de rota.
Para resolver o problema de mudanças de rota que afetam a MTU do caminho, o IPv6 inclui uma
nova mensagem de erro do ICMP. Quando um roteador descobrir que a fragmentação é
necessária, ela enviará a mensagem de volta à origem. Ao receber tal mensagem, a origem
realizará outra descoberta de MTU do caminho para determinar uma nova MTU mínima e depois
fragmentará os datagramas de acordo com o novo valor.
O IPv6 retém a capacidade para um emissor especificar uma rota de origem solta, através de um
cabeçalho de extensão separado. Diferente do IPv4, em que o roteamento de origem é fornecido
por opções, o IPv6 usa apenas uma.
Como mostra na figura abaixo, os quatro primeiros campos do cabeçalho de roteamento são
fixos. O Tipo de roteamento (Routing Type) especifica o tipo de informação de roteamento; o
único tipo que foi definido, tipo 0, corresponde ao roteamento de origem solto. O campo Dados
específicos do tipo (Type-Specific Data) contém uma lista de endereços de roteadores através
dos quais o datagrama precisa passar. O campo Seg restantes (Seg Left) especifica o número
total de endereços da lista. Finalmente, o campo Tamanho do cabeçalho extensão (Hdr Ext
Len) especifica o tamanho do cabeçalho de roteamento.
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Figura 6. Formato de um cabeçalho de roteamento IPv6. Somente o tipo 0 (rota de origem solta) está definido
atualmente.
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Como sempre, o campo Próximo cabeçalho indica o tipo de cabeçalho que vem em seguida.
Como um cabeçalho de opção não tem tamanho fixo, o campo rotulado como Tamanho do
Cabeçalho especifica o tamanho total do cabeçalho. A área rotulada com Uma ou mais opções
representa uma seqüência de opções individuais.
A figura abaixo ilustra que cada opção individual é codificada com um tipo, tamanho e valor; as
opções não estão alinhadas ou preenchidas.
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As opções do IPv6 seguem o mesmo formato das opções do IPv4. Cada opção começa com um
campo Tipo de um octeto, seguido por um campo de Tamanho de um octeto. Se a opção exigir
dados adicionais, os octetos que constituem o Valor vêm após o Tamanho.
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Os bits de alta ordem de cada campo Tipo da opção especificam como um host ou roteador
deverá descartar um datagrama se não atender à opção:
Além disso, o terceiro bit no campo Tipo especifica se a opção poderá mudar em trânsito. É
importante ter essa informação para autenticação – o conteúdo de uma opção que pode mudar
em trânsito é tratado como zeros, para fins de autenticação.
No IPv6, cada endereço ocupa 16 octetos, quatro vezes a mais que o IPv4. Esse espaço de
endereçamento grande garante ao IPv6 qualquer esquema de atribuição de endereços.
É difícil compreender o tamanho do espaço de endereços no IPv6. Um modo de examinar isso
relaciona a magnitude ao tamanho da população: o espaço de endereços é tão grande que cada
pessoa no planeta pode ter endereços suficientes para ter sua própria Internet. Uma segunda
forma de pensar relaciona-se ao espaço físico disponível: a superfície da terra tem
aproximadamente 5,1 x 108 Km2, significando que existem mais de 10 24 endereços por m2 na
superfície da terra. Outra forma de entender o tamanho relaciona-se ao esgotamento de
endereços. Por exemplo, considere quanto tempo levaria para atribuir todos os endereços
possíveis. Um inteiro de 16 octetos pode manter 2 128 valores. Assim, o espaço de endereços é
maior do que 3,4 x 1038. Se os endereços forem atribuídos na velocidade de um milhão de
endereços a cada microssegundo, seriam necessários mais de 10 20 anos para atribuir todos os
endereços possíveis.
• Sendo assim, temos 2128 possibilidades de endereços, ou seja, 3,4x10 38. Isso poderia ser
comparado a 1030 IP´s por pessoa no planeta.
• O valor 3,4x1038 é igual a 340.282.366.920.463.374.607.432.768.211.456 endereços IPv6.
128 bits
Os primeiros octetos (n) são usados como Global Routing Prefix, a fim de identificar um endereço
especial como o multicast ou para identificar um endereço atribuído a uma mesma rede. Os
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próximos octetos (m) podem ser utilizados para uma melhor administração dos endereços,
atribuindo-os a uma sub-rede. Por fim, os octetos restantes (n-m) identificam uma interface
específica dentro de uma sub-rede (link) e necessariamente precisa ser único dentro daquela
sub-rede.
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de um octeto. Naturalmente, a compactação de zeros pode ser usada com o número anterior para
produzir uma seqüência hexa de dois pontos equivalente, muito semelhante a um endereço IPv4:
::128.10.2.1. Esse endereço é chamado de IPv6 compatível ao IPv4 e usado para representar nós
que dão suporte ao IPv6, mas fazem roteamento de pacotes IPv4.
O endereço acima ainda poderia ser escrito como ::FFFF:128.10.2.1. Esse endereço é chamado
de IPv4 mapeado em IPv6 e é usado para representar nós IPv4 que dão suporte ao IPv6.
Finalmente, o IPv6 estende a notação tipo CIDR, permitindo que um endereço seja seguido por
uma barra e um inteiro que especifica um número de bits. Por exemplo: 12AB::CD30:0:0:0:0/60
especifica os primeiros 60 bits do endereço ou 12AB00000000CD3 em hexadecimal.
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Informações adicionais podem ser pegas nas RFCs 1884, 2073, 2373 e 2374.
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• 0000 0000 0000 0000 0000 0000 – Designa um endereço IPv6 compatível com IPv4.
Embora o prefixo 0000 0000 seja rotulado como Reservado, os projetistas planejam usar uma
pequena fração dos endereços nessa seção para codificar os endereços IPv4. Em particular,
qualquer endereço que começa com 80 bits 0 seguidos por 16 bits 1 ou 16 bits 0 contém
endereço IPv4 nos 32 bits de baixa ordem. O valor de campo de 16 bits indica se o nó também
tem um endereço de unicast IPv6 convencional.
Assim como no IPv4, o IPv6 associa um endereço a uma conexão de rede específica e não a um
computador específico, e as atribuições de endereço são semelhantes ao IPv4: um roteador IPv6
possui dois ou mais endereços e um host; IPv6 com uma conexão de rede só precisa de um
endereço. O IPv6 também retém a hierarquia de endereços do IPv4 em que uma rede física
recebe um prefixo. Porém, para tornar a atribuição e a modificação mais fáceis, o IPv6 permite
que vários prefixos sejam atribuídos a determinada rede e que um computador tenha vários
endereços simultâneos atribuídos à determinada interface.
Em geral, um endereço de destino em um datagrama cai em uma das três categorias:
• Unicast – Identifica uma única interface de um nó IPv6.
• Anycast – Conjunto de interfaces e roteadores com um mesmo prefixo.
• Multicast – Grupos de interfaces. Não existem endereços broadcast.
O IPv6 não usa os termos broadcast ou broadcast direcionado para se referir a uma entrega a
todos os computadores em uma rede física ou a uma sub-rede IP lógica. Em vez disso, ele usa o
termo multicast, e trata o broadcast como uma forma especial de multicast, onde o hardware
envia um pacote de multicast a todos os computadores da rede, exatamente como um pacote de
broadcast e o hardware de interface de cada computador filtra todos os pacotes de multicast.
Para ver por que o IPv6 escolhe o multicast como abstração central em vez de broadcast,
considere as aplicações em vez de examinar o hardware adjacente. Uma aplicação precisa se
comunicar com uma única aplicação ou com um grupo de aplicações. A comunicação direta é
tratada melhor por meio de unicast; a comunicação em grupo é melhor por multicast ou broadcast.
Para prover o máximo de flexibilidade, a inscrição no grupo não deve ser determinada pelas
conexões de rede, pois os membros do grupo podem residir em locais quaisquer. O uso do
broadcast para toda a comunicação em grupo não se expande para tratar de uma Internet tão
grande quanto a Internet global. Assim, além do seu próprio endereço de unicast, cada roteador
precisa aceitar pacotes endereçados aos grupos multicast All Routers para o seu ambiente local.
Assim, como no IPv4, alguns endereços IPv6 recebem significado especial. Por exemplo, o
endereço tudo zero: 0:0:0:0:0:0:0:0 é um endereço não especificado, que não pode ser atribuído a
qualquer computador ou usado como destino. Ele é só usado como endereço de origem durante a
inicialização por um computador que ainda não descobriu o seu endereço. Outro exemplo é o
endereço de loopback que será entregue à máquina local, ou seja, ele nunca deve ser usado
como endereço de destino em um datagrama que sai: 0:0:0:0:0:0:0:1.
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Além dos endereços não especificado e de loopaback, existe o aggregatable unicast address.
Esse tipo de endereço IPv6 é identificado pela seqüência de bits 001 nos 3 primeiros bits de mais
alta ordem do endereço, serve para agregar prefixos de rede (sumarização).
Os 64 bits de baixa ordem de um endereço unicast do IPv6 identificam uma interface de rede
específica.
O IPv6 não usa ARP para traduzir um endereço IP em um endereço de hardware. Em vez disso,
IPv6 usa um protocolo de descoberta de vizinho (Neighbor Discovery Protocol) disponível em
uma nova versão do ICMP (ICMPv6) para permitir que um nó determine quais computadores são
seus vizinhos conectados diretamente.
Para garantir a interoperabilidade, todos os computadores precisam usar a mesma codificação
para um endereço de hardware. Conseqüentemente, os padrões IPv6 especificam exatamente
como codificar várias formas de endereço de hardware. No caso mais simples, o endereço de
hardware é colocado diretamente no endereço IPv6.
Duas codificações de exemplo ajudam a esclarecer o conceito. Por exemplo, o IEEE define um
formato de endereço globalmente exclusivo de 64 bits conhecido como EUI-64. A única mudança
necessária quando se codifica um endereço EUI-64 em um endereço IPv6 consiste em inverter o
bit 6 no octeto de alta ordem do endereço, que indica se o endereço é conhecido como sendo
globalmente exclusivo.
Uma mudança mais complexa é exigida para um endereço Ethernet convencional de 48bits. Os
bits de endereço original não são contíguos na forma codificada. Em vez disso, 16 bits com o
valor hexadecimal FFFF16 são inseridos no meio. Além disso, o bit 6, que indica se o endereço
possui escopo global, é alterado de 0 para 1. Os bits restantes do endereço, incluindo o bit de
grupo (rotulado com g), a ID da empresa que fabricou a interface (rotulada com c) e a extensão do
fabricante são copiados.
Além dos endereços de unicast globais o IPv6 inclui prefixos para endereços de unicast que
possuem escopo local. O padrão define endereços locais ao enlace (link-local address) que são
restritos a uma única rede.
Outras formas de endereços restritos também foram propostas. Os roteadores honram as regras
de escopo no seguinte sentido: um roteador nunca encaminha um datagrama que contém um
endereço de escopo local fora do escopo especificado (ou seja, fora da rede local).
Os endereços locais ao enlace oferecem comunicação por uma única rede física sem perigo de o
datagrama ser encaminhado pela Internet. Por exemplo, ao realizar a descoberta de vizinho, um
nó IPv6 usa um endereço local ao enlace. As regras de escopo especificam que somente
computadores da mesma rede física do emissor receberão mensagens de descoberta do vizinho.
De modo semelhante, os computadores conectados a uma rede isolada (ou seja, uma rede que
não possui roteadores conectados) podem usar endereços locais ao enlace para se comunicar.
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Maiores informações, consulte a RFC 2462
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O IPv6 não é apenas uma atualização de versão do IPv4, mas uma versão completamente nova.
Seu endereçamento é diferente, seus cabeçalhos são mais específicos, ele provê mais opções,
inclusive para segurança e controle de fluxo, e dá suporte à mobilidade juntamente com outras
características. A conversão será lenta e não será feita em uma noite. Nem todo usuário irá mudar
para o IPv6 até uma data especificada.
A migração para o IPv6 sem interromper as operações existentes na rede IPv4 é uma questão
importante, para que as operações durante a migração para o IPv4 sejam válidas. O atual plano
de migração para o IPv6 dá suporte a vários tipos de transições.
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010 Registry ID Provider ID Subscriber ID Intrasubscriber
Figura 11. Estrutura geral de um endereço unicast baseado em provedor IPv6. Valores expressos em bits.
Fonte: RFC 2050, RFC 2073, RFC 2074.
Essa transição deverá ser feita em duas fases: na primeira, ambos os dispositivos IPv4 e IPv6
devem coexistir; na segunda, apenas os dispositivos IPv6. Durante a primeira fase, acredita-se
que nós IPv4 e IPv6 irão interoperar, novos dispositivos IPv6 serão introduzidos de forma
incremental com poucas interdependências, e usuários finais, administradores de sistemas e
operadores de sistemas serão capazes de fazer a transição sem muita dificuldade.
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