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Sobrevivencialismo

Táticas, técnicas e guias para tempos


incertos
Primeira Edição
Copyright © 2019 de João Henrique Marques de Oliveira
Ramos
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pode ser reproduzido ou usado de forma alguma sem autorização
expressa, por escrito, datada e assinada seja por meio eletrônico ou
físico.
Isenção de Responsabilidade
Todas as opiniões desse livro são exclusivas do autor. As informações aqui
disponibilizadas são para fins educacionais e não são prescrições médicas. A
formação de quem escreveu esse livro não é medicina, mas sim administração
de empresas na Fundação Getúlio Vargas. Tudo o que é comentado nesse
livro é fruto de experiência de mais de dez anos com atividades físicas e
estudo das mais diversas publicações. É sempre recomendado que o leitor
acompanhe com o médico de sua confiança se o programa disponibilizado é
adequado para sua condição individual. Caso se trate de alguém com
problemas de saúde recorrentes ou graves é aconselhado um
acompanhamento com um profissional médico. Esse livro é material
puramente informativo e o autor não aceita qualquer responsabilidade por
danos ou problemas de saúde que puderem ocorrer com quem utilizar de
forma equivocada as informações aqui fornecidas. Trata-se de um livro sobre
filosofia sobrevivencialista, mas é sempre necessário ser sensato e não tomar
atitudes sem pensar ou aceitar como verdadeira as prescrições médicas e
curas de qualquer charlatão aleatório.
Sumário
Capítulo 1 – Introdução 120
Capítulo 2 – A mentalidade sobrevivencialista 405
Capítulo 3 – A história do sobrevivencialismo 524
Capítulo 4 – Despensa e estocagem de comida 704
Capítulo 5 – A água como bem primordial 873
Capítulo 6 – Conhecimento e manejo de armas de fogo 1037
Capítulo 7 – Algumas técnicas úteis 1464
Capítulo 8 – A natureza como cura universal 1765
Capítulo 9 – Primeiros socorros e remédios 2331
Capítulo 10 – Investimentos para sobrevivencialistas 2451
Capítulo 11 – A importância da hipertrofia para um
sobrevivencialista 2906
Capítulo 12 – Hábitos saudáveis e questões importantes para um
sobrevivencialista 3166
Capítulo 13 – Retiro – Bug Out Location 3526
Capítulo 14 – Preparação para sinistros, eventos caóticos e
tragédias 3685
Capítulo 15 – TEOTWAWKI 3826
Capítulo 16 – Conclusão 4097
Glossário - 4125
Sobre o autor - 4431
Capítulo 1

Introdução

“A extinção é a regra e a sobrevivência é a exceção”


Carl Sagan

Por que se preparar para o pior?

Existem dois tipos de pessoas no mundo atual (e talvez esses dois


grupos sempre existiram, mas o que mudava eram os problemas
específicos do mundo na época) que são aqueles que reconhecem
que está havendo uma grande mudança global em termos
econômicos, políticos, sociais e naturais (e que essa mudança não é
boa sob muitos aspectos) e aqueles que possuem uma mentalidade
de carneiro e não questionam nada, apenas seguem.

Não precisa ser um gênio para estimar qual grupo é o mais


numeroso. As pessoas que pertencem a esse segundo grupo
normalmente aderem sem pensar a um estilo de vida hedonista e
acreditam que apenas o presente existe e que qualquer
planejamento ou decisão que considere um prazo maior que o curto
prazo ou que envolva qualquer sacrifício momentâneo é uma
completa estupidez.

Esse tipo de pensamento é primitivo e animalesco, mas


infelizmente algumas engrenagens do sistema ocidental devem
mudar antes que seja possível convencer um número significativo
de pessoas de que existem perigos reais. Tentar evangelizar a
grande massa de pessoas seria como tentar convencer o seu
cachorro que se ele não comer a carne que está disponível na sua
frente ele vai ganhar o alimento mais vezes por semana.

Já no primeiro grupo podemos fazer uma divisão entre os otimistas


e os céticos. Os otimistas são aqueles que, apesar de perceberem as
mudanças, depositam uma fé extraordinária na inventividade e
tecnologia e que acham que tudo ficará bem no final das contas. Os
céticos são aqueles que preferem desconfiar e se preparam para
situações disruptivas.

O grupo dos que percebem a mudança e são céticos em relação às


perspectivas humanas contem os mais diversos tipos de pessoas e
que despertaram pelos mais diversos motivos. Esse motivos podem
ser religiosos de alguém que observa mudanças ocorrendo a uma
velocidade assustadora (e que 10 anos atrás pareceriam
impossíveis) ou mesmo surgir de observações sobre o clima e
outros eventos geopolíticos, como se o mundo não parecesse um
lugar estável como costumava ser no passado.

Há uma angústia geral: é como se faltasse alguma coisa, como se a


humanidade não estivesse indo em direção ao caminho certo. O
medo cresce e o ser humano com receio de perder o controle passa
a se preocupar cada vez mais em se ajustar a possíveis situações
adversas.

É para esse grupo de pessoas despertas e que são céticas que esse
livro foi escrito. Se você já começou a tomar alguma atitude e se
preparar, não tenho dúvida que essa obra irá fazer com que a
qualidade da sua preparação melhore e para aqueles que estão
começando não tenho dúvida que o que está escrito aqui fornecerá
um norte importante.

Irei tratar em mais de 200 páginas os principais pontos abordados


na literatura sobrevivencialista. Essa obra foi pensada para
proporcionar o máximo de diretrizes sem ser abusivamente técnica.
Ficar em muitos pontos pormenorizando cientificamente
determinadas atividades só iria tornar o livro excessivamente longo
e enfadonho para o leitor médio.

Sendo assim, foi buscada (e espero que alcançada) uma harmonia


saudável entre a qualidade do material, tamanho e prazer
proporcionado pela leitura. Praticamente não existe nenhuma
literatura sobrevivencialista no Brasil e esse livro tem como
objetivo iniciar uma discussão saudável e espero honestamente que
outras obras de qualidade apareçam a partir de agora.

Em muitos casos os sobrevivencialistas não precisam apenas


aprimorar seu conhecimento e desenvolver habilidades de
sobrevivência, mas também convencer e quebrar a resistência de
pessoas próximas que olham para filosofias análogas com
desconfiança e preconceito. Fornecendo evidências e informações
essa tarefa se torna muito mais simples.

De forma pragmática, quando você passa a comprar produtos a


granel você está economizando dinheiro e criando um cenário em
que você irá comprar menos itens por impulso. O tempo e
combustível também serão poupados e mesmo a sanidade será
preservada já que situações como doenças ou eventos como perda
de emprego não irão te afetar tanto como afetariam se você não
tivesse adotado essa forma de consumo.
A paz de espírito que a filosofia sobrevivencialista irá te
proporcionar é inenarrável e com esse livro será possível também
voltar a ter contato com técnicas e habilidades que eram comuns na
época dos nossos avós, mas que, em um mundo de facilidades e
grandes especializações, infelizmente se perderam.
Não é neurose: são eventos ocorrendo na frente dos seus olhos

Há inúmeros eventos ocorrendo que são manifestações geográficas,


políticas, econômicas e climáticas e que não deixam dúvida de que
devemos começar uma preparação adequada.

Não há qualquer argumento contrário que convença um espírito


racional e cético que a probabilidade de que eventos caóticos e
destrutivos ocorram é cada vez maior. O terrorismo é apenas mais
uma praga relacionada que afeta o Ocidente débil e enfermo.

Felizmente você leitor, assim como uma infinidade de outras


pessoas no Brasil e no mundo, já percebeu o que está ocorrendo e
começou a se planejar e preparar para enfrentar o desconhecido.

A filosofia sobrevivencialista é exatamente isso: ela parte da


premissa que os eventos, por mais graves que possam ser, podem
ser enfrentados de forma mais tranquila e adequada quando temos
alguma dose de controle sobre a situação.
A maioria de nós já presenciou, ao vivo ou pela televisão, uma
infinidade de catástrofes e eventos caóticos, mas na medida em que
esses ventos começam a ocorrer com frequência e não nos afetam
particularmente, a nossa mente passa a inconscientemente a aceitar
como normal a presença desses episódios, como se fosse uma
situação cotidiana como chover.
Normalmente quando ocorre um evento como o de Brumadinho
com a Vale as pessoas se revoltam e pedem a cabeça dos
responsáveis para algumas semanas depois esquecerem o que
ocorreu e voltarem a se preocupar com questões mais importantes
como assistir Big Brother por exemplo.

Vamos agora analisar um gráfico:

Deixe-me explicar o contexto e o que esse gráfico evidencia. Trata-


se de um gráfico que contabiliza as grandes catástrofes
(representadas pelas colunas) e desastres naturais (representadas
pelas linhas) da década de 50 até 2012.
É possível observar empiricamente e pelo gráfico que as catástrofes
naturais tem crescido exponencialmente ao longo dos anos. Não
apenas esses eventos se tornaram mais frequentes como as perdas
econômicas decorrentes se tornaram cada vez maiores.
Pegando os Estados Unidos como exemplo, nos últimos 40 anos o
país teve mais de 140 desastres climáticos que custaram mais de 1
bilhão cada. Todos somados chegaram a causar uma despesa de
aproximadamente 1 trilhão de dólares.
Um relatório de 2004 intitulado “International Strategy for Disaster
Reduction” citou um dado de que 254 milhões de pessoas foram
direta ou indiretamente afetadas por desastres naturais em 2003.
Segundo o mesmo relatório esse número representava 3 vezes o
número de pessoas afetadas em 1990.

Desastres que vão desde tempestades, terremotos e incêndios


florestais mataram 83.000 pessoas em 2003 se comparadas com a
morte de 53.000 treze anos antes, de acordo com o mesmo
relatório.

Não apenas tem aumentando o número de desastres como as


pessoas em geral estão ficando mais vulneráveis a seus efeitos. A
tendência é que esses números só cresçam.

O aspecto mais assustador e que a maioria das pessoas parece não


entender é que conforme o tempo passa a tendência é que os
governos e as empresas de seguro passem a cobrir cada vez menos
alguns desses eventos.

O que você vai fazer quando o Estado não te ajudar (ou auxiliar de
forma insuficiente) algum evento que te afetar? E em relação a
empresas de seguro que passem a cobrar cada vez mais ou mesmo
decidam que não vão cobrir algumas áreas porque esses lugares são
mais suscetíveis que outros a sofrerem influência de algum evento
catastrófico?

Será que isso é neurose e devaneio oriundo de filme de ficção ou a


realidade diante dos seus próprios olhos. O que vocês leitores me
dizem sobre isto:

“Renovar o seguro automobilístico na cidade do Rio de Janeiro


pode ser uma experiência não muito agradável para os cariocas.
Isso porque um levantamento da ComparaOnline, marketplace de
comparação de seguros e produtos financeiros, revelou um
crescimento significativo nos valores de seguros para 2018. De
acordo com a empresa, cidades cariocas tiveram um aumento
médio de 11% no preço do seguro de automóveis em relação ao
ano anterior.”

Não tem necessariamente ligação com desastres naturais, mas é


algo que pode ocorrer em tudo. Quem não tem ideia do valor
absurdo desse aumento deveria fazer as contas para chegar a
conclusão de que o valor irá dobrar em menos de 7 anos.

A transformação evidente
O grupo hedonista e que não se preocupa com qualquer tipo de
preparação poderia usar como argumento a proporção de pessoas
afetadas por desastres naturais em comparação com a população
mundial. Uma proporção não tão alta e que isso poderia servir
como evidência de que há uma alta probabilidade de que as pessoas
irão se preparar para algo que nunca irá afetá-las.

A questão é que esses eventos afetam a humanidade direta e


indiretamente. Lugares que não precisam de chuva recebem água
em abundância e lugares que precisam de fato não recebem nada.

Inundações e secas provocam mais de 80% de perdas nas


plantações e rebanhos brasileiros. E isso enquanto os alimentos
ficam cada vez mais caros e inacessíveis para as camadas mais
baixas.

Os animais em geral são bons indicadores do que está ocorrendo na


Terra. Golfinhos e baleias tem encalhado com mais frequência,
colônias de abelhas estão morrendo em números recordes, doenças
antes erradicadas voltam a ressurgir e enquanto algumas são
tratáveis, outras são resistentes a antibióticos.

O gelo polar está diminuindo e o seu derretimento irá causar


imensas inundações costeiras. Várias ilhas já estão desaparecendo.
E isso que estamos falando apenas do cenário global.

No Brasil, principalmente devido a cultura da impunidade oriunda


da noção marxista de que o criminoso é uma vítima da sociedade,
foi atingido um número superior a 60.000 mortes por ano. Isso
significa que o país (em vermelho) tem o mesmo número de mortes
violentas que todos os países azuis do mapa somados:
E o que falar do crescimento da dívida pública, desemprego e
achatamento do salário? Será que realmente não há nenhum sentido
em se preparar e começar a pensar no futuro? Será que só pessoas
excêntricas e neuróticas estão fazendo isso?
Você leitor já que está lendo essa obra indubitavelmente percebe e
vai ter essa noção mais solidificada após ler todas as páginas que os
seres problemáticos são os outros e que você apenas não está cego.
Nós, e isso vale mesmo para um indivíduo de classe média no
Brasil (que nem de longe é um país rico no sentido de país
desenvolvido) fomos acostumados a viver tendo fácil acesso a
serviços e itens de consumo.

Tem sido comum que geração após geração no Brasil tenham


maiores facilidades de consumo do que a geração anterior. Como o
acesso a esses itens vem de forma fácil – e aqui não excluo nem as
pessoas consideradas pobres porque se comparadas com os pobres
de outrora elas estão bem melhores – a população se tornou em boa
parte incapaz e com uma mentalidade de rebanho.

Para que esse modo de vida existisse foi necessário o surgimento


de um mundo complexo em que a superespecialização é uma
necessidade e realidade.

No mundo desenvolvido menos de 2% das pessoas trabalham na


agricultura o que quer dizer que menos de 2% da população está
trabalhando para alimentar todo o restante.

Você já parou para pensar como funciona a logística que faz com
que um alimento chegue a sua casa? Boa parte do que você
consome é fabricado a centenas de quilômetros de distância.

Nosso aquecimento e iluminação são também fornecidos por fontes


que estão distantes. Na maioria dos casos até a água de torneira
viaja por um longo percurso até chegar nas residências. A produção
de carros no Brasil e no mundo é feita com peças que são
fabricadas nos mais diversos continentes.

Ao invés de pararmos estupefatos para admirar essa grande


máquina moderna (que proporciona um padrão de vida sem
precedentes na história humana através da tecnologia) você leitor já
parou para pensar nas vulnerabilidades de um sistema como esse?

Pense agora nessa situação hipotética. Uma pandemia mais


poderosa que o Ebola e que é disseminada por contato surge em um
determinado país e ela é tão poderosa que mata 80% das pessoas
infectadas. Imagine também que com a globalização ela chegou aos
mais diversos continentes em menos de um mês.

Embora a ameaça fosse real, vamos imaginar que ela não tivesse
prestes a acabar com a população mundial, mas que a mídia de
diversos países aumentasse a situação em busca de audiência e
mostrasse situações caóticas e exageradas.

Com receio de infecção imagine que milhões de pessoas deixassem


de ir trabalhar e que classes econômicas que não estavam
completamente satisfeitas comecem a entrar em greve (você leitor
já percebeu o caos que uma greve curtíssima como a dos
caminhoneiros pode causar).

Você já imaginou o que aconteceria se boa parte dos policiais e


bombeiros não aparecessem para o trabalho tendo decidido que a
sobrevivência deles e de suas famílias são mais importantes do que
cumprir o dever cívico?

Já pensou torres de energia sendo derrubadas por ventos e havendo


grande demora para conserto devido à falta de pessoal para fazer o
serviço? E se com tudo isso juntarmos uma greve como a dos
caminhoneiros será que tudo isso é tão impossível assim no Brasil?
Mas não vamos ser tão pessimistas e vamos considerar que uma
possível crise no Brasil como essa dure só por 1 mês até tudo voltar
“ao normal”. Será que a população estaria preparada para lidar com
um cenário com esse?

Um brasileiro típico de classe média tem, na melhor das hipóteses,


comida guardada para durar uma semana sem ter que ir no
supermercado novamente. Imagine o que poderia acontecer se
depois de uma semana começasse a faltar alimentos em boa parte
das casas. Você realmente acha que as pessoas iriam se comportar
de forma racional em um cenário como esse sem uma visão clara
do que irá acontecer no futuro próximo?
Para quem ainda acha que tudo isso é muito surreal e impossível de
acontecer no Brasil gostaria de citar um trecho de uma matéria do
El País sobre nossos vizinhos argentinos:

“...A bola de neve dos protestos policiais na Argentina não para de


aumentar. E, com ela, o drama dos saques e as mortes. Há uma
semana os agentes da província de Córdoba (região central do país)
pressionaram as autoridades ao negarem-se a sair dos quartéis até
que seus salários não subissem. E a cidade, a 700 quilômetros de
Buenos Aires, ficou nas mãos dos saqueadores. O governador
peronista de Córdoba, José Manuel de la Sota, adversário do
Governo peronista da presidenta Cristina Fernández de Kirchner,
subestimou o problema. O Executivo, por sua vez, cometeu o erro
de não enviar reforços a seu rival político até que De la Sota não o
pedisse pelos canais oficiais. Em consequência de toda essa série
de erros, a cidade de 1,2 milhão de habitantes ficou durante 35
horas no meio do caos, uma pessoa morreu e dezenas ficaram
feridas. Finalmente, De la Sota outorgou aos policiais quase tudo o
que exigiram. O piso salarial passou de 6.000 pesos (cerca de 1.500
reais no câmbio extraoficial) ao dobro. Os policiais e o governador
mostraram-se sorridentes depois do acordo. Mas o problema só
acabava de começar para o resto do país.
Em menos de dois dias os agentes de cinco províncias argentinas
começaram a exigir aumentos com similares métodos de pressão.
Conforme alguns governadores consentiam nas reclamações dos
policiais, em outras províncias outros agentes se aquartelavam. Em
menos de uma semana ocorreram dezenas de saques em províncias
como Chaco (nordeste), Tucumán (noroeste), Jujuy (noroeste),
Entre Ríos (norte) ou Santa Fé (centro-leste). Na segunda-feira pela
manhã oito mortos já eram contados. A maioria deles era assaltante
de estabelecimentos comerciais. Mas também faleceu asfixiado o
proprietário chinês de um comércio em Glew (região metropolitana
de Buenos Aires) e morreu baleado um subcomissário no Chaco. O
estopim dos protestos tinha se estendido a 17 províncias. Em
muitas delas, os governadores aumentaram os salários e os agentes
depuseram sua atitude. Mas em sete ainda não se tinha chegado a
nenhum acordo na segunda-feira à tarde.
O grande temor do governo federal é que os saques cheguem à
periferia da capital, onde se concentram os maiores bolsões de
pobreza do país. Para evitar o contágio, o governador de Buenos
Aires, Daniel Scioli, adiantou o pagamento extra de Natal a meio
milhão de funcionários públicos e decretou um aumento de salário
para os policiais de quase o dobro de seus pisos. Passarão de 4.700
pesos mensais (cerca de 1.240 reais) a 9.000 (aproximadamente
2.380 reais). Os policiais de Buenos Aires ficam atrás de seus
colegas de Córdoba, mas, por enquanto, parece que a maioria se
conforma. Em qualquer caso, o governo decidiu reforçar com
agentes nacionais a vigilância dos supermercados da periferia da
capital argentina...”
Para quem não sabe, a Argentina se desenvolveu muito antes do
Brasil e se tornou, em algum lugar do passado, um país respeitado
e considerado quase como de primeiro mundo. Sob muitos aspectos
a sociedade argentina é menos desigual que o Brasil e se você acha
que isso não pode acontecer aqui deveria pensar outra vez.

Se ou quando essa pandemia chegar (no Brasil pode ser qualquer


coisa inclusive uma grave crise econômica ou uma convulsão
social generalizada) as coisas podem ficar realmente feias.

Pense no que aconteceria com a ausência de algumas peças dessa


grande engrenagem moderna de tecnologia. Nessa situação os
indivíduos serão obrigados a prover água, comida, proteção (entre
outras necessidades) para si próprios e para suas famílias. Nesse
contexto de ausência de “law enforcement” vai ser cada um por si
ou, na linguagem sobrevivencialista, YOYO (You’re on your own).

É por essas e outras razões que esse livro irá fornecer meios que te
possibilitarão pensar o mundo de forma mais sensata e vai te fazer
estar preparado para garantir a segurança e sobrevivência de sua
família se assim for necessário.

Para quem, ainda assim, é um romântico inveterado e acredita na


bondade inata do povo brasileiro em todas as situações, fica uma
reflexão sobre os saques que ocorreram após o rompimento da
barragem Mina Córrego do Feijão em Brumadinho/MG:

“A Polícia Militar (PM) está fazendo rondas no município de


Brumadinho para evitar saques nas áreas afetadas pelo rompimento
da barragem de Mina Córrego do Feijão, ocorrido na última sexta-
feira (25). Além disso, segundo a PM, os policiais também estão
patrulhando as áreas de risco para evitar acessos não autorizados.
Segundo o porta-voz da PM de Minas Gerais, major Flávio
Santiago, é preciso que a sociedade fique atenta a golpes, e
mensagens solicitando depósitos em conta corrente para ajudar os
atingidos.
‘É preciso ficar atento a casos de estelionato, que podem ser
aplicados em momentos como esse. Há pessoas que se aproveitam
dessas situações para se beneficiarem. Fiquem atentos a imagens
circulando nas redes sociais, umas até com fotografias de entidades
de renome, solicitando ajuda e dinheiro, mas geralmente com
endereços falsos. Vale ressaltar que os pedidos de donativos, como
água, roupas, material de limpeza, não estão sendo necessários,
conforme já foi divulgado’, comentou.”

Se em um cenário que famílias perderam tudo e estão arruinadas


ainda assim há pessoas querendo se aproveitar da situação para
obter vantagens, imagine o que aconteceria se elas dependessem do
roubo para manter a própria sobrevivência em um cenário caótico
global. Fica a reflexão.
Preparação para o SHTF
Para quem não está acostumado com a linguagem
sobrevivencialista, SHTF é uma expressão americana que indica o
momento atípico, disruptivo e hipotético que faz com que qualquer
cidadão não possa contar com os serviços da sociedade normal e
basicamente está à mercê da própria sorte tendo que sobreviver por
si mesmo.

Até algum tempo atrás esse conceito seria motivo de piada no


Brasil. Muitos olhavam para o Sobrevivencialismo como algo
criado por americanos excêntricos que assistiram muitos filmes de
ficção científica.
Com a escalada da violência e mais de 60 mil mortos no último ano
e com movimentos grevistas como ocorreu com os caminhoneiros
no final de 2018 a população começou a enxergar que um cenário
de caos é uma possibilidade real e que as “forças democráticas” em
muitos situações podem ser débeis a ponto de não conseguirem
fornecer o básico para a população.

A partir do momento que um indivíduo entende a realidade do


mundo moderno ocidental e percebe o quão vulnerável ainda é o
Brasil como país, um estado de constante preparação passa a fazer
parte da sua vida. Preparação (os survivalists americanos falam
muito de “prepping”) é vital para sobreviver.

Saber o porquê e como você deve se preparar vão ser fatores


essenciais para garantir a sua segurança durante situações
calamitosas e inesperadas. Entender o ambiente circunvizinho e
estar atento com o que está ocorrendo no seu país e no seu estado
vão te ajudar a reconhecer as habilidades e suprimentos mais
importantes para manter você e sua família vivos em qualquer
contexto.
Com há um relativo fácil acesso a uma infinidade de bens e
serviços na parte ocidental do globo as pessoas perderam
habilidades que eram comuns e triviais na época dos nossos avós.
Nesse contexto, mesmo com situações caóticas cada vez mais
comuns no Brasil, é difícil convencer a grande massa que algo
muito grave pode ocorrer com eles e que o Estado que prometeu
entregar tudo pode quase deixar de existir momentaneamente.
Os cidadãos brasileiros, muitos desses profundamente absortos no
Facebook e Instagram ignoram várias situações que aparecem de
vez em quando no noticiário, mas que podem acarretar problemas
graves na vida de milhões de pessoas. Os desastres naturais já
deslocaram 6,4 milhões de brasileiros desde 2000. E o que antes
era atenuado com a abertura imediata de um crédito extraordinário
pode não acontecer no futuro quando uma situação econômica
caótica impossibilitar qualquer intervenção estatal.
Embora não seja razoável e nem produtivo ser sempre pessimista e
achar que o fim do mundo irá ocorrer a qualquer momento, é
razoável e sábio sempre estar preparado para o pior. Com o
progresso desse capítulo várias noções de como se preparar para
qualquer cenário vão ser desenvolvidas. O leitor irá perceber que
com um planejamento inteligente algumas antecipações de
despesas serão necessárias, mas, no final, com outras atitudes
econômicas e inteligentes, só irá ser necessário gastar mais tempo
do que dinheiro.

A preparação discutida nesse capítulo visa não apenas preparar o


cidadão desperto para sobreviver em situações de desastre naturais,
crises sociais brasileiras como também cenários improváveis como
possíveis guerras ou crises econômicas globais.
Sobrevivencialistas experientes que são planejadores ou “preppers”
tem a completa noção que é gasto de energia e um exercício inútil
ficar tentando adivinhar o futuro, mas eles cultivam a noção
saudável que estar sempre preparado para todas as situações é a
forma mais inteligente de viver nos tempos atuais.

A melhor preparação, na sua fase inicial, consiste em identificar


quais itens são primordiais na sua vida e em um possível cenário de
desastre. Ter um kit de primeiros socorros, cabos de emergência e
estoque de alimentos obviamente são necessidades básicas de todas
as pessoas.
Um prepper avançado está em estado de alerta constante e sempre
analisando no cotidiano o que realmente é importante e
indispensável em qualquer situação.
Para quem nunca se preparou para uma situação parelha, é possível
pensar em se preparar selecionando o seu EDC (do inglês every
day carry). EDC são os itens que são consistentemente carregados
por uma pessoa todos os dias e seriam indispensáveis em uma
situação de caos. Os itens variam muito de acordo com as
preferências e habilidades de uma pessoa, mas itens padronizados
poderiam ser:
-Rações de comida
-Água
-Kit de primeiros socorros
-Canivete
-Lanterna
-Roupas
Ao pensar nos itens necessários para sua mochila EDC, é
necessário abstrair tudo que poderia ser útil para sua sobrevivência
caso você não conseguisse voltar para casa nas próximas 24 horas.
Um bom exemplo de um EDC de um prepper avançado seria algo
como:

Vamos explicar os itens menos intuitivos. O scanner de rádio é


mais popularizado nos EUA que basicamente é um receptor de
rádio que pode sintonizar ou escanear automaticamente duas ou
mais frequências discretas, parando quando encontra um sinal em
uma delas e depois continua a fazer a varredura de outras
frequências quando a transmissão inicial é interrompida.
Há também uma lanterna, um mouse ótico sem fio, um comprimido
de IMODIUM que é um fármaco indicado contra diarreias e
cólicas. O prepper se preocupou inclusive em levar um “dayquil”
que é um antitússico.
Os antitússicos ou antitussígenos são os fármacos utilizados no
tratamento sintomático da tosse. Dentre os outros itens que muitos
costumam relevar pode-se citar um livro (acredite em uma situação
caótica mesmo quem não gosta de ler mataria alguém para ter esse
tipo de passatempo) e um monóculo para enxergar melhor a
distância.
Capítulo 2

A mentalidade sobrevivencialista

“Não é a espécie mais forte nem a mais inteligente que sobrevive, mas a
mais adaptável”
Charles Darwin

A mentalidade sobrevivencialista

Com a urbanização da parte ocidental do globo (do qual o Brasil


faz parte) e com as facilidades de serviços ocasionadas por tal
processo, se em um cenário caótico a rede elétrica brasileira for
gravemente afetada por mais de uma semana as cidades se tornarão
rapidamente inabitáveis.

Uma cadeia de eventos racional seria: Falhas de energia à Falhas


municipais de abastecimento de água à Interrupção na distribuição
de alimentos à Colapso da lei e da ordem à Saques e Incêndios
em grande escala.

Como em um cenário como esse o conforto das grandes cidades vai


cair virtualmente para zero haverá um grande incentivo para a
formação de grupos que se uniriam e através da violência tentariam
sobreviver.
Esse tipo de exercício hipotético pode parecer forçado para quem
não tem conhecimento de psicologia humana, história e também
está acostumado a viver em um mundo em que a imensa maioria
dos conhecidos possui um padrão de vida sem paralelos na história
da humanidade (mesmo para os considerados mais pobres).

Em um cenário como o que estou propondo o pior do ser humano


viria a tona e você não seria capaz de reconhecer mesmo amigos
distantes. É por essa razão que todos devem estar preparados para o
pior e entender esses principais pontos que devem estar
solidificados na mente de qualquer prepper que se preze:

Há força nos números

O individualismo e mesmo a ambição podem ser muito úteis em


vários campos e o desejo de ficar rico de muitas pessoas
ambiciosas sem dúvida possibilitou a criação de inúmeros produtos
e serviços que facilitaram muito a vída de milhões de pessoas.
Como diria Gordon Gekko, a ganância pode ser boa.
Só que aqui estamos discutindo sobre um possível cenário de
sobrevivência e sem dúvida é necessário mais que um homem para
defender um retiro. A defesa eficaz exige que pelo menos duas
famílias forneçam segurança perimetral 24 horas por dia, 7 dias por
semana.
É claro que devemos levar em conta que cada indivíduo adicionado
significa ter outra boca para alimentar. A menos que você tenha um
orçamento ilimitado e uma despensa infinita, você precisará
encontrar um equilíbrio ao decidir o tamanho de um grupo.

Avalie de forma racional aqueles que são realmente importantes e


coloque na balança o que essas pessoas poderiam te fornecer em
um cenário caótico. Não estou falando para você cortar o contato
com as outras pessoas, mas fazer um exercício mental de quem
você cogitaria estar do seu lado em um cenário caótico não irá
fazer você perder essas amizades se esse evento não ocorrer.

Existe uma moralidade absoluta

Não é propósito desse livro entrar em uma discussão filosófica


sobre a moral e como nem todos os leitores são cristãos, acredito
que os Dez Mandamentos são a base universal para todo o mundo
ocidental.

O relativismo moral e o humanismo secular são nocivos em tempos


caóticos. Reconhecer e estimar como as pessoas vão se comportar
em determinado evento é ser realista e não pessimista.

Há, contudo, uma necessidade de seguir um código de conduta, ter


fé e contar com pessoas próximas para sobreviver em tempos de
crise. O indíviduo egoísta que só pensa em si irá ser um dos
primeiros a morrer na anarquia generalizada.
A força bruta é sempre uma opção

Há tempo para a diplomacia e há também momentos em que só a


força bruta pode resolver algo. É sempre melhor ter uma arma e
não precisar usá-la do que precisar de uma e não tê-la.
Avalie sempre as situações de acordo com a racionalidade e
sensatez e se realmente for necessário usar a força bruta, não deixe
que receios e fraquezas possam te impedir de tomar a melhor
opção.

Mais importante do que ter é ser

O que mais existe no mundo é poser que quer se inserir em alguma


subcultura por motivos psicológicos. Ser um prepper não é só ler
materiais ou acumular uma infinidade de itens, mas sim
desenvolver habilidades.
É precisso passar a ação e muito conhecimento útil e necessário só
irá ser adquirido após meses ou mesmo anos de esforço individual.
Qualquer um pode comprar roupas camufladas, mas será que você
está mesmo desenvolvendo suas habilidades para sobreviver?
Pergunte-se constantemente quais são seus pontos fortes e fracos e
o que você precisa desenvolver para estar pronto para um evento
caótico. E o que você está fazendo para fechar esse gap de
competência é suficiente? Essas são questões que devem estar
sempre presentes na sua mente.

A abundância pode ser uma necessidade


Você deve estar preparado para sustentar sua família durante um
período prolongado de perturbação social. Isso significa armazenar
uma infinidade de itens em grande quantidade.

Caso o comércio seja interrompido por um desastre, então você


deverá recorrer a sua própria logística. Quanto mais itens
estocados, mais fácil será sua vida na medida em que você poderá
usá-los inclusive para troca ou caridade.
Nesse aspecto, principalmente para famílias ricas, o
“esbanjamento” pode até ser positivo. Do ponto de vista de
sobrevivência e logística pode ser muito inteligente ter 3 carros
sendo que um movido a gasolina, outro a diesel e o outro sendo um
carro elétrico (ok eu sei que financeiramente não é a melhor das
escolhas por isso eu citei “famílias ricas”).
Qualquer tipo de tecnologia ou invenção é importante

No caso de um colapso social, tecnologias como a forja do ferreiro,


a máquina de costura a pedal e o arado puxado por cavalos serão
muito mais fáceis de serem aplicadas do que outros tipos mais
avançados.

Uma vez eu mostrei para um amigo como um pote zeer poderia ser
utilizado como refrigeração de alimentos e recebi como resposta
que aquilo era primitivo e saber aquilo era inútil. Ter mais opções e
aprender as coisas não pode ser “inútil” em nenhuma circunstância.

Escolha seus amigos com sabedoria


Associe-se a pessoas que fazem e não com as que falam muito, mas
não fazem nada. É preciso pensar também em indíviduos que
compartilham sua visão de mundo e moralidade.
Viver em confinamento com outras famílias certamente causará
atrito, mas isso será minimizado se você compartilhar uma religião
e normas comuns de comportamento.
É humanamente impossível aprender todas as habilidades
necessárias que você poderá precisar sozinho. Reúna uma equipe
que inclua membros com conhecimento médico, habilidades
táticas, experiência em eletrônica e habilidades práticas
tradicionais.

Mesmo que você tenha muitos amigos e não queira perder a


amizade de nenhum, fazer um exercício mental de quem poderia
ser útil em determinado momento não irá afetar suas relações sob
nenhum aspecto (a menos que você diga para alguns amigos que
eles são tão inúteis que não iriam ter nenhuma importância em um
cenário WSHTF).
Explore os Multiplicadores da Força
O equipamento de visão noturna, os sensores de detecção e os
equipamentos de radiocomunicação são os principais
multiplicadores de força. Como esses dispositivos usam alta
tecnologia, eles não serão úteis no longo prazo em um cenário de
ruptura, mas a curto prazo eles podem fornecer uma grande
vantagem.
Algumas tecnologias simples como o arame farpado também
oferecem vantagens e podem durar várias décadas. Aqui é preciso
saber dosar o novo e o antigo.

Aprenda a fazer você mesmo tudo que for possível

Mesmo que você tenha o orçamento de um milionário, é importante


aprender a fazer as coisas e estar diposto a sujar as mãos com
algumas atividades sempre que necessário.
Em um colapso social, a divisão do trabalho será reduzida
absurdamente. As probabilidades são de que os únicos "artesãos
qualificados" disponíveis para construir um galpão ou consertar um
motor serão você e sua família.
Fazer essas atividades ainda tem uma externalidade positiva que é
te deixar em forma e te permite aprender novas habilidades úteis
em qualquer situação.
Tenha sempre um plano B e um plano C
Independentemente do seu cenário favorito e do seu grande plano
pessoal de sobrevivência, você precisa ser flexível e adaptável.
Situações e circunstâncias mudam.
Por menos provável que seja algo de acontecer, é sempre positivo
ter vários cenários diferentes traçados para nunca ser pego de
surpresa. Mesmo fazendo isso você fatalmente será pego de
surpresa com algo, mas planejar os cenários faz com que isso
ocorra com menor frequência e te deixa mais calmo e tranquilo na
hora de lidar com o inesperado.
Capítulo 3

A história do sobrevivencialismo

“Aqueles que não conhecem a história estão destinados a repeti-la”


Edmund Burke

A história do sobrevivencialismo
De uma certa forma é possível encontrar exemplos de preparo para
as adversidades, que seria certo sobrevivencialismo embrionário,
desde o começo da história humana. Isso é evidenciado em livros
históricos e mesmo na Bíblia.
Sem poder contar com as facilidades modernas que começaram a
ser criadas em grande quantidade durante as revoluções industriais,
era comum que as pessoas se preparassem para enfrentar eventos
incertos.
Durante a Idade Média, a medida de exemplo, era comum que as
pessoas guardassem comida no verão para que pudessem ter o que
comer no inverno. Como os gastos associados com a alimentação
de animais era mais oneroso no inverno, a maioria era abatido no
outono e preservada para fornecer carne durante a estação mais
fria.
Essa necessidade básica de se preparar para a adversidade
continuou por milhares de anos. Continuou porque era algo
necessário para a sobrevivência individual. Sem se preparar, a
maioria das pessoas certamente teria perecido.
Imagine suportar um inverno alguns séculos atrás sem madeira pré-
cortada ou em conservação. A história do sobrevivencialismo está
repleta de exemplos daqueles que não pensaram adiante e provaram
que Darwin estava certo.
Durante o começo do século 20 os governos costumavam
incentivar que as populações se preparassem para as adversidades.
Era uma época do “Estado Mínimo” ao contrário do que ocorre
hoje em dia onde burocratas e políticos oportunistas prometem o
“Estado Máximo” e usam de classes vulneráveis como massa de
manobra eleitoral para continuarem no poder criando uma falsa
noção de que o Estado sempre irá ajudar quem precisar. Já foi
demonstrado que isso não é viável no médio prazo.
A questão é que naquela época havia um interesse dos estados que
as pessoas fossem de alguma forma autossustentáveis. Na maioria
dos casos isso ocorria como um empenho dos cidadãos para ajudar
a nação em um esforço conjunto.

No interregno referente ao que compreendeu as duas grandes


guerras mundiais era comum que os países beligerantes
encorajassem seus cidadãos a plantarem “hortas da vitória”. Isso
ocorria ao mesmo tempo em que havia uma racionamento de
comida. Essas campanhas eram promovidas como esforços
patrióticos que fariam com que determinado país supostamente
vencesse a guerra através do sacrifício dos seus cidadãos.
Veja como era a campanha de preparação e autoconfiança que foi
promovida como esforço patriótico que ajudaria a vencer as
guerras:
Nos Estados Unidos, o esforço para motivar a população a
melhorar a autossuficiência foi bem-sucedido e resultou no plantio
de 20 milhões de “hortas de vitória”. Em 1944, isso fez que a
população em casa produzisse mais de oito milhões de toneladas de
frutas e legumes. Isso foi responsável pelo total 40% de todas as
frutas e vegetais frescos consumidos nos Estados Unidos e foi igual
a toda a produção comercial dos EUA na época.
Com o começo da Segunda Guerra Mundial, muitos temiam que os
ataques com submarinos alemães não seriam a única ameaça e que
bombardeios aéreos iriam sobrevoar constantemente a costa leste
dos Estados Unidos. Com isso, outra ação de preparação adotada
por muitos foi a construção de abrigos antiaéreos domésticos.
Muitos desses abrigos antiaéreos ainda existem hoje.
O advento da Guerra Fria foi um marco de suma importância. Não
é por mero acaso que foi durante essa época que Kurt Saxon
utilizou o termo “sobrevivencialismo” pela primeira vez. Com o
fim da Segunda Guerra Mundial o mundo passou a viver em uma
“Era Nuclear”. O medo de que haveriam ataques atômicos entre as
superpotências era disseminado no mundo todo.

Essa preocupação fez com que não apenas indivíduos, mas também
governos locais e federais construíssem abrigos antiaéreos.
Um dos abrigos antiaéreos mais famosos e maciços foi o
Greenbrier Resort, em West Virginia. O Greenbrier começou em
1958 como "Projeto Ilha Grega". Este foi o nome de código para o
que acabaria se tornando um abrigo potencial para 1.100 pessoas,
incluindo todo o Congresso dos EUA.
O Greenbrier permaneceu em operação até 1992, quando foi
finalmente divulgado pela mídia. Se não tivesse sido exposto pelos
meios de comunicação, provavelmente ainda faria parte do plano
de sobrevivência do governo atualmente.
Apesar de o governo dos EUA não planejar usar o Greenbrier como
seu futuro lar apocalíptico, é certo que existem outros Greenbriers
preparados para possíveis situações caóticas.
O governo não apenas construia abrigos como o Greenbrier, mas
também instituía uma forma de educação e exercícios de
sobrevivencialismo forçado pelo Estado.
Era comum na época assistir filmes de segurança pública, como o
Atomic Alert e a realização de exercícios com bombas nucleares.
Esses exercícios foram baseados em orientações semelhantes às
fornecidas no Manual de Campo do Exército dos EUA, FM 3-4
NBC Protection:
“Os indicadores de ataque nuclear são inconfundíveis. O clarão
luminoso, a enorme explosão, os ventos fortes e a nuvem em forma
de cogumelo indicam claramente um ataque nuclear. Um ataque
inimigo normalmente viria sem aviso. As ações iniciais devem,
portanto, ser automáticas e instintivas. A queda imediata e a
cobertura da pele exposta proporcionam proteção contra efeitos de
explosão e térmicos. ”
Tão importante quanto Kurt Saxon foi Howard Ruff que escreveu
um livro chamado “Fome e Sobrevivência nos Estados Unidos”.
Muitos conceitos tratados no livro foram os precursores de várias
ideias que hoje são incorporadas na filosofia sobrevivencialista.
Ao mesmo tempo, o início do movimento de treinamento e
competição de armas de fogo contemporâneo começou no
American Pistol Institute (agora Gunsite Academy), que foi
fundado em 1976 pelo tenente-coronel Jeff Cooper.
Durante o fim da década de 80 e começo de 90, a mídia e uma
grande parte da sociedade começaram a rotular as pessoas que
realizavam ações sobrevivencialistas.
A mídia tão talentosa em deturpar os acontecimentos tratava todos
os “preppers” da época como um grupo específico de malfeitores.
Em vez de identificar pessoas e grupos com base em seus méritos,
os grandes meios de comunicação utilizavam rótulos e
generalizações na tentativa de pintar todas as pessoas que seguiam
a filosofia do sobrevivencialismo como loucas, racistas e
excêntricas.
Foi uma tática falsa, mas eficaz, que levou muitas pessoas boas,
mas preocupadas, a se comprometerem com a preparação
clandestina e evitarem compartilhar suas ideias com outros
preppers em potencial.

No final dos anos 90, quando havia um medo generalizado do “Bug


do Milênio” a campanha da mídia contra os sobrevivencialistas
começou a enfraquecer. O “Bug do Milênio” foi o medo de que,
devido a uma falha no sistema, os computadores fossem desligados
no início do novo século.
Isso resultou na grande mídia publicando histórias de potenciais
falhas na rede de energia e paralisação da sociedade. Felizmente, o
ano de 2000 começou sem problemas, e as profecias de um fim do
ano 2000 nunca se concretizaram.
O que se materializou, contundo, foi uma reformulação do
movimento sobrevivencialista e preparação para a adversidade que
resultou em uma maior aceitação de toda a sociedade.
A palavra “survivalism” foi substituída por “prepper”, que
transformou “survivalists” em “preppers”. Essa aceitação, embora
não completa, continuou a aumentar em várias partes do mundo
ocidental. Os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 deram
início a uma nova era de preocupação.

Com o passar do tempo, as chamas da preocupação continuaram a


se espalhar pela sociedade. É este ciclo de notícias impulsionado
pela mídia, que sensibiliza tragédias como a gripe suína, a gripe
aviária, o ebola, o aumento da criminalidade, os repetidos ataques
terroristas, a agitação financeira, etc., com cobertura ininterrupta 24
horas por dia.
Por causa do medo das notícias sensacionalistas, muito mais
pessoas estão se preocupando com sua futura segurança e,
consequentemente, estão se preparando para as possíveis
adversidades futuras. Como resultado, o exército de “preppers”
continua a aumentar como nunca em toda a história moderna.
Essa crescente popularização do Sobrevivencialismo é ainda mais
intensificada pela explosão da Internet. Há cada vez mais sites,
blogs e podcasts relacionados a esse assunto. Isso permite que os
preppers iniciantes se tornem proficientes em um curto período.
Também serve para desmistificar ainda mais a preparação,
promovendo a aceitação da sociedade, aumentando ainda mais o
número de pessoas dispostas a se identificar como
sobrevivencialistas ou preppers.

Tudo isso resultou em uma definição mais ampla do que é


considerado "estar preparado". Alguns preppers consideram alguns
dias de alimentação e um plano de emergência familiar como uma
quantidade adequada de preparação.
Outros, no entanto, desejam ter um local pronto no caso de
precisarem evacuar sua família devido a um evento similar a um
desastre natural ou outra situação análoga.
Independentemente da quantidade desejada de preparação, um fato
se mantém verdadeiro hoje: qualquer prontidão é melhor do que
nenhuma prontidão.
Diferença entre sobrevivencialistas e "preppers"

Basicamente esses dois termos vão ser tratados de forma


equivalente nesse obra. Fora do Brasil, principalmente nos Estados
Unidos, contudo, há quem costume diferenciar os termos. Isso se
deve a uma maior popularização desse tipo de filosofia. Vários
programas de temática sobrevivencialista são grandes sucessos no
estrangeiro. Entre eles podemos citar Les Stroud e Bear Grylls.
A verdade é que, como tudo que aumenta em termos de
popularidade tende a atrair as mais diferentes pessoas, é comum a
formação de subgrupos e interesses.
Há também aquelas pessoas diferentes em todos os grupos que
querem ser mais "true" ou "oldschool" e quer apontar o dedo para
outros dentro do mesmo movimento.
Não importa a qualidade das pessoas que estão adentrando, a partir
do momento que o grupo deixa de ser "underground" eles
automaticamente viram oposição.

Particularmente não acho que isso seja muito importante no Brasil


já que não dá para comparar a adesão e conhecimento de pessoas
no nosso país e nos Estados Unidos. Sendo assim, os dois termos
vão ser tratados de forma equivalente nesse livro.
Vou, contudo, discutir quais são as possíveis diferenças para que o
leitor que queira ler outras obras estrangeiras ou mesmo artigos em
sites americanos possa ter uma maior compreensão dos conceitos e
não fique confuso.

Nos Estados Unidos, alguns usam os termos de forma equivalente,


mas outros consideram que os dois grupos possuem diferentes
motivações e filosofias de vida.
O que os dois grupos têm em comum é que todos são considerados,
de forma unânime, como pessoas que tem um intenso desejo de
viver, ou melhor, sobreviver. Isso não quer dizer paranoia e medo
de morrer, mas sim um desejo de tomar o controle da própria vida,
viver de acordo com seus critérios e estar preparado para qualquer
situação futura.
É possível dizer que os dois grupos são considerados como
obstinados e tenazes e que sempre buscam avaliar todas as opções
possíveis nos mais diversos cenários. Aqueles que desistem
facilmente de um problema não podem usar nenhum dos dois
termos para se auto designarem.
Ambos sobrevivencialistas e preppers gostam de planejar e analisar
possíveis eventos futuros, mas o primeiro grupo é visto de maneira
geral como tendo uma visão mais “improvisada” sobre sobreviver.

Um sobrevivencialista estrangeiro pode dar mais ênfase e


importância na habilidade de caçar na floresta e aprender a
sobreviver comendo larvas enquanto o prepper tradicional está
mais focado em criar um estoque de comida duradouro na sua
própria casa. Isso sem mencionar a questão de plantar as mais
diversas sementes na sua morada.

Além do desejo de sobreviver, tanto os sobrevivencialistas como os


preppers têm uma atitude otimista em relação a noção de superar
obstáculos. Ambos acreditam que com o treinamento adequado e
boas qualidades mentais nenhuma situação não possa ser superada.

A maioria das pessoas fora desse universo costuma ter uma visão
derrotista e imediatista dos problemas. Se você for tentar
“converter” um transeunte na rua e explicar a importância de se
preparar para possíveis eventos futuros vai receber como resposta,
na maioria das vezes, algo como “para que se preparar se no final
nós todos vamos morrer mesmo?”. Esse tipo de mentalidade é tão
primitiva quanto animalesca. É como se essas pessoas não tivessem
superado o estado animal de só viver para o momento.

O que ocorreria, e aqui não importa se você é descendente de


europeus, indígenas ou africanos, se os nossos antepassados
desistissem na primeira dificuldade?
Eles enfrentaram a fome, doenças e a morte diariamente e criaram
um país do nada sem estado de bem estar social, carros ou
qualquer smartphone. Imagine os europeus que navegavam por
mares durante meses para chegar a uma terra estrangeira que mal
conheciam ou os escravos africanos que corriam o risco de serem
mortos a qualquer momento e sofriam com privação de
alimentação constante. Os indígenas então não precisamos nem
comentar.
Todos esses povos obviamente tinham um desejo intenso de viver e
desbravar novas coisas e eles possuíam um espírito
sobrevivencialista que está desperto em todos nós.

A diferença dos dois tipos também está relacionada com a


formação dos cenários hipotéticos que podem ocorrer em uma
situação de sobrevivência. Um sobrevivencialista se imagina
sobrevivendo em uma selva com o mínimo de recursos possíveis.

Os preppers, ao contrário, costumam variar os cenários caóticos de


acordo com suas realidades locais. Se um prepper, a medida de
exemplo, vivesse em uma área sujeita a terremotos ele iria basear
todo um cenário de acordo com um evento desses ocorrendo.

Normalmente é aconselhado que quem está presenciando um


terremoto que vá para baixo de uma mesa, se proteja e segure o pé
do objeto. Um prepper poderia no caso imaginar que mesa seria
mais adequada se um terremoto maior acontecesse ou adaptar suas
janelas de acordo.
Um outro ponto interessante é que o prepper costuma pensar mais
no coletivo e nas pessoas circunjacentes que um sobrevivencialista.
Na sua visão quanto mais pessoas se adapatarem e colaborarem em
um cenário que afeta todos, maior a chance de tudo dar certo.

Um sobrevivencialista tem normalmente uma visão mais egoísta,


como se a sobrevivência de todos não fosse algo possível. É óbvio
que nos diversos grupos estrangeiros existem pessoas com os mais
diversos traços físicos e comportamentais, mas essa é uma
generalização correta.

Para finalizar, os Preppers parecem estar procurando uma mudança


de estilo de vida além de estar em um estado de constante preparo
para um dia do juízo final. Comer mais alimentos orgânicos, viver
vidas mais saudáveis, tornar-se mais auto-suficiente são temas
comuns e isso transcende qualquer desastre natural. Trata-se de
uma filosofia de vida aplicada. Isso mostra o desejo de ter uma vida
melhor e é algo que eu acho que todos nós podemos usar.
Capítulo 4

Despensa e estocagem de comida

“Não há nenhum problema em pensar positivo desde que você esteja


preparado para o pior”
Stephen King

Como escolher e quais itens estocar

Essa é uma parte essencial do estilo de vida sobrevivencialista ou


“prepper”. De nada adianta ficar traçando os planos mais
hollywoodianos sobre eventos caóticos e como se proteger se você
não tem o mínimo para sobreviver a um evento caótico simples, ou
seja, se você não tem alimentos estocados.

Vou primeiro citar uma lista de itens alimentares essenciais que


todos devem ter em sua casa ou no local onde fica seu retiro. Vou
elencar itens que julgo ser de primeira importância para depois
entrar em mais detalhes sobre os produtos e como armazená-los:

-Água
-Líquidos Enlatados
-Leite em Pó
-Ovos
-Queijo Encerado e Em Pó
-Barras de Proteínas
-Carnes liofilizadas e desidratadas
-Chá
-Café
-Caldos
-Coco
-Banha e Azeite
-Farinha de trigo
-Cereal
-Farinha de batata
-Milho enlatado
-Aveia
-Farinha de rosca
-Refeições prontas para comer
-Biscoitos
-Batatas em conserva
-Massas
-Arroz
-Frutas secas
-Geleias e Doces
-Frutas Enlatadas
-Vegetais enlatados
-Legumes e Feijões
-Manteigas
-Sementes de Nozes
-Mel
-Sal
-Melaço e Açúcar
-Ervas e especiarias
-Condimentos
-Vitaminas
-Chocolates
-Vodca
-Fermento em pó
-Bicarbonato de sódio
Um ponto importante a destacar é que esses são alimentos gerais e
que dependendo do estilo de vida da pessoa algumas mudanças
podem ser feitas. Eu adicionei itens que eu nem como normalmente
e aqui a qualidade e a questão de ser “saudável” ou não fica para
segundo plano.

Eu, a medida de exemplo, não como chocolates e nem bebo Vodca.


Em um cenário SHTF esses dois itens podem ser muito
importantes. Pode ser que você passe vários dias comendo itens
que não são apetitosos e então ter um chocolate passa a ser um item
interessante. Vodca também pode servir como elemento
“motivador” do grupo.

É sempre preciso entender o contexto de tudo e ser pragmático. Eu


não gosto de cervejas e acredito que elas no LP prejudicam o
homem e fazem com que ele fique afeminado, passivo e possibilita
mesmo a aparição de mamas.
Agora em um cenário de meses lutando pela sua sobrevivência esse
aspecto passa ser de segunda importância. A vodca é uma melhor
escolha do que a cerveja porque ela é considerada boa de se beber e
possui uma “efetividade alcoólica” maior. Seria uma completa
estupidez gastar boa parte do espaço para estocagem com dezenas
de cerveja, já algumas vodcas podem ser úteis.
Antes de entrar em especificidades de alguns alimentos e fornecer
algumas dicas importantes é importante falar sobre alimentos
liofilizados. Mas afinal o que são alimentos liofilizados e quais
alimentos podem passar por esse processo?

Os alimentos que passam pelo procedimento de liofilização são


submetidos a dois processos, o primeiro é o de congelamento e o
segundo é o de secagem. Através da sublimação é realizado o
controle de umidade. Não se utiliza nenhum componente químico e
nem conservante nesses alimentos.

O congelamento desses alimentos é feito a – 30ºC e depois eles


submetidos a uma pressão muito baixa a vácuo, onde toda a água
do alimento é eliminada e transformada em gelo, fazendo com que
o alimento passe diretamente do estado sólido para o estado gasoso.

Esse processo pode ser feito em diversos tipos de alimentos como


verduras, frutas, legumes, cereais, carnes em geral (frango, carne
vermelha e peixe), leguminosas, ovos, café em pó, sucos em pó,
ervas medicinais, leite em pó, sopas, achocolatados em pó,
temperos e condimentos em pó.

Antes de continuarmos cabem dois parênteses. Primeiro é que se


você estava pensando em liofilizar seu próprio alimento saiba antes
que a máquina para fazer isso custa 200 mil reais. O segundo é que
se você tem preocupação com o sabor pode ficar despreocupado.
Alguns alimentos ficam até melhor do que a versão natural. Os
abacaxis e morangos liofilizados são mais gostosos (pelo menos
para o meu paladar) do que as versões naturais. Veja como a
aparência é chamativa:
Em relação as vantagens dos alimentos liofilizados podemos citar:
-Todas as propriedades dos alimentos que passaram por esse
processo são preservadas;
-As embalagens costumam ser individualizadas, algumas podem
até conter duas porções;
-Esses alimentos podem ser conservados fora da refrigeração, não
estragam em temperatura ambiente;
-O preparo é feito de maneira muito simples, com apenas a adição
de água quente e a espera de 5 minutos é possível consumi-lo;
-Fácil armazenamento e transporte por causa do seu volume e peso
reduzidos;
-Alimentos com disponibilidade de serem consumidos durante todo
o ano;
-Durabilidade do produto muito maior;
-Possibilidade de se obter refeições completas liofilizadas.
Quem já foi escalar uma montanha ou mesmo fazer trekking já
percebeu que as comidas podem dificultar a locomoção e o que
antes parecia algo leve se torna um fardo insuportável. As comidas
liofilizadas ajudam muito também esse aspecto.

São por todas essas razões que esse processo é fundamental para
quem quer estocar comida. Obviamente esse tipo de alimento vai
ser mais caro e a própria lógica capitalista explica isso muito bem.
Como a máquina é cara, para ter algum lucro é preciso colocar esse
preço nos produtos.

Especificidades dos alimentos e dicas

Água

Antes de gastar dinheiro com sua sobrevivência e equipamentos,


você deve ter certeza de que tem água suficiente para você e seus
familiares. Não é possível viver mais de três dias sem ter água e na
sua despensa a água é o item mais importante.

Você vai precisar de um galão de água para ferver massas e para a


limpeza. Irá precisar de água para fazer arroz ou reconstituir
alimentos secos. A água é essencial. Uma família de quatro pessoas
precisará de 270 galões de água para sobreviver por apenas três
meses.
Anotando e experimentando

Antes que algo aconteça, tome nota dos alimentos de que sua
família gosta quando forem colocados à venda. Certifique-se de
que sejam itens enlatados, como carnes, sopas, feijões e alimentos
de conveniência.

Barras de proteínas, bolachas, cereais, manteigas, arroz, frutas


secas e massas são boas pedidas. Deve-se experimentar alguns
alimentos enlatados novos e adicioná-los à sua despensa, mas é
importante lembrar a filosofia de experimentá-los antes de comprar
um número excessivo.

Rotação e logística

Toda a comida que for comprada em excesso vai precisar ir para


algum lugar. É por isso que a sua despensa vai ter que estar além
dos alimentos estocados na cozinha.

Vai ser preciso também armazenar alimentos em outras áreas da


casa. Isso significa que você vai ter que achar espaço no armário e
ter uma despensa extra para seus alimentos.

Gire os alimentos deixando os mais velhos na frente e os mais


novos na parte de trás. Quando a comida é adquirida, uma vai para
a cozinha e a outra vai para o armário. Compre o que você come,
gire e repita. Esse é o sistema de sobrevivência simples para todas
as famílias.
Adapte a cozinha

Certifique-se de ter os itens de cozinha adequados e os fogões. No


caso de falta de energia, certifique-se de ter combustível e
equipamento para cozinhar. Quem armazena trigo duro e grãos em
sua despensa vai precisar de um moedor de grãos. Você pode
precisar cozinhar em ambientes fechados então não confie em uma
churrasqueira.

Alimentos liofilizados

O alimento enlatado tem uma data de validade que normalmente é


um ou dois anos. Se você comprar alimentos enlatados por um ano
inteiro, verá seu dinheiro sendo queimado já que terá que comprar
novamente daqui alguns anos.

Obviamente que com uma rotação de estoques inteligente os


produtos enlatados podem ser adquiridos, mas é essencial comprar
uma boa proporção de alimentos liofilizados (que já foram
explicados nesse capítulo).

Esses alimentos podem durar mais de cinco anos e existe uma


infinidade de marcas no mercado nacional. Não vou fazer
propaganda aqui, mas o Brasil já tem uma boa variabilidade de
itens para serem adquiridos e cabe ao leitor escolher a marca mais
conveniente.
Compre no atacado

Quanto mais você comprar, mais você economizará. Comece com


alguns alimentos populares, como feijão e arroz. Leite em pó é
outro ótimo item para comprar se você tiver filhos.

Por incrível que pareça e por mais óbvio que possa soar, a grande
massa de pessoas tem pensamentos de curto prazo e não se planeja
para comprar em grandes quantidades.

Mesmo o cidadão que não é prepper ou sobrevivencialista teria


boas vantagens de comprar em grandes quantidades, mas por
incrível que pareça mesmo fazer um cadastro de pessoa física pode
ser muito trabalhoso para ele.

Leia livros que ensinam como conservar e enlatar alimentos

É preciso ter uma boa noção para conservar alimentos de forma


consciente. Infelizmente a grande maioria dos brasileiros tem
conhecimentos nulos sobre processos químicos e fazer algo sem
saber poderá ser prejudicial a sua família como um todo.

Compre suas comidas preferidas para evitar “depressão alimentar”

Quem já comeu pratos semelhantes várias vezes na semana por um


período considerável de tempo sabe que é possível que qualquer
um perca a fome. Nesse contexto é razoável pensar em comprar
alimentos que são apetitosos e mesmo algumas “guloseimas” para
as crianças.

Considere comprar bacon, brownies, manteiga enlatada, café


solúvel, óleo de coco, etc. Para quem não sabe, existem pratos
como “strogonoff” que são liofilizados e podem ser preparados
com água quente. Isso não é um luxo e pode ajudar na sua
alimentação.

Plante a própria comida

Quando se trata de armazenar alimentos, às vezes você não pode


armazenar tudo, mas pode plantá-los. Você pode aprender a
cultivar batatas em pequenos recipientes, cultivar cogumelos em
casa para evitar o envenenamento de cogumelos silvestres e
cultivar feijões em casa para adicionar um pouco de sabor e
nutrição às suas refeições. Tudo que for aprendido é válido.

É possível também manter galinhas, cabras, coelhos e até mesmo


abelhas! Encontre animais de fazenda que possam sobreviver em
sua área sem antibióticos e energia, e então você terá um
ecossistema inteiro em seu quintal (infelizmente no Brasil nem
tudo é possível, mas no seu local de retiro tudo isso poderá ser
feito). Quando a primavera chegar, plante suas sementes não
transgênicas, para que você possa ter frutas e vegetais frescos.

Esconda a comida

É preciso esconder a comida em caixas e recipientes que não


parecem de comida e coloca-la em compartimentos secretos em sua
casa. Um bom exemplo é sob as escadas. Isso não é ser neurótico
demais e tem uma explicação racional.

Às vezes nem todos os seus familiares tem o seu espírito


sobrevivencialista e muitas vezes as crianças podem querer comer
algum item específico que você achou ser importante estocar. Para
evitar esses contratempos é interessante tomar todas as precauções
possíveis.

Estocagem de gorduras e óleos


Uma questão que é frequentemente negligenciada na sobrevivência
a longo prazo é a necessidade de gorduras e óleos. Se você observa
a lista de alimentos a serem estocados por um prepper nos manuais
e livros estrangeiros vai perceber essa omissão. Gorduras e óleos
são uma necessidade nutricional.
Para aqueles que não caçam, não pescam, não tem espaço para criar
gado, azeitonas ou girassóis em grande escala, existem poucas
opções preciosas de fontes de gorduras e óleos para o longo prazo.
A primeira opção é cara, mas viável: rotacionar continua e
completamente seus itens. A outra coisa que você pode fazer é
comprar manteiga enlatada e renovar o estoque depois de alguns
anos.
Seja muito seletivo sobre as gorduras e óleos que você armazena.
Prefira azeite de oliva em vez de óleo de milho. Eu também prefiro
armazenar manteiga enlatada em vez de banha de porco enlatada.
Algumas marcas de banha ainda são embaladas em latas de metal,
o que proporciona uma vida útil mais longa.
Tenha em mente também que uma dieta com muita carne magra
pode levar a problemas digestivos graves e até desnutrição. Caso
você planeje depender muito de caça selvagem ou gado que você
cria então não se esqueça de incluir fibras em sua dieta.
Capítulo 5

A água como bem primordial

“Milhões de pessoas vivem sem amor, mas nenhuma delas sem água”
W.H.Auden

Água
Considerando que a água é o principal recurso de sobrevivência é
necessário desenvolver páginas e páginas sobre ela. É preciso saber
muito mais do que simplesmente estocar alguns galões de água e é
isso que iremos tratar agora.

A água é o principal recurso para o planejamento da preparação da


sua família. Água doce abundante para beber, cozinhar e lavar é o
recurso mais crítico para todas sociedades. Você pode improvisar
muitas coisas, mas não consegue improvisar em um cenário com
falta de água.

Na verdade atualmente existe uma máquina muito interessante que


foi criada e patenteada no Brasil pelo engenheiro paulista Pedro
Ricardo Paulino. Devido ao alto preço ela irá ser inacessível para
boa parte dos leitores. De qualquer forma, seria irresponsabilidade
não citar essa tecnologia em um livro específico de
sobrevivencialismo.
A Wateair é uma máquina que condensa a umidade do ar e produz
água. O preço de cada uma varia de R$ 6 mil a R$ 350 mil.

Apesar de patentear a ideia em 2010, Paulino deu início às


pesquisas para a produção da máquina em 1990, quando era
engenheiro de uma multinacional. Na época, a empresa tinha como
missão produzir água para equipamentos de hemodiálise de países
africanos, mas por falta de tecnologia, o projeto foi abandonado no
fim de 1996 e só retomado mais tarde.

O funcionamento é fácil de explicar. A Wateair absorve o ar em


altíssima quantidade. Este ar coletado é desidratado, ou seja, as
moléculas de água do ar são condensadas e viram líquido. A água
obtida pelo sistema é purificada por filtros e raios ultravioletas. Por
fim, são acrescentados sais minerais. A água fica, então,
armazenada em um reservatório da máquina, pronta para o
consumo.

Por segurança, a fim de não deixar muito seco o ambiente onde a


máquina coleta o ar, a Wateair para de funcionar quando a umidade
atinge 10%. A manutenção dela é semestral.

É evidente que ter uma máquina como essa seria excepcional para
todo prepper que se preze, mas é preciso ser realista e entender que
nem todos vão ter os meios para comprá-la. Sendo assim irei
abordar aqui as fontes de água e como tratar e filtrar tão valioso
recurso para que ele seja potável.

Passo inicial: Planejamento


É importante que todas as famílias preparadas façam planos com
antecedência para saber exatamente como lidarão com seu
suprimento de água no caso de um evento caótico de longo prazo.
Localize fontes primárias, secundárias e até mesmo terciárias de
água em sua área.

Se você vive em uma região que não tem fontes de água abertas
que estão disponíveis em todos os meses do ano e a uma curta
distância, então você deve considerar seriamente se mudar para
uma região com água mais abundante. Esse inclusive é um ponto
principal na escolha de um retiro.

Caso haja espaço, os moradores de apartamentos devem armazenar


água levemente clorada em garrafas plásticas usadas de dois litros.
Eu recomendo usar garrafas de dois litros porque são relativamente
leves, ou seja, são facilmente transportáveis e compactas (podem
ser armazenadas debaixo de camas) e também são notavelmente
resistentes.

Uma vez que o suprimento acabe, é crucial que você tenha


localizado anteriormente uma fonte de água próxima (como um
lago ou reservatório) e que você possua contêineres para
transportar água e equipamentos de purificação e filtragem
conforme vai ser discutido mais adiante neste capítulo.

Fontes de água
Água da nascente

A água de nascente obtida usando a gravidade como transporte


(assim como tubos) é a fonte de água ideal para um retiro rural.
Não há necessidade de energia, a despesa de instalação é
relativamente baixa e necessita pouca manutenção.
Esse tipo de captação era usado na Roma Antiga. Os aquedutos
romanos moviam a água apenas com a gravidade, ao longo de uma
ligeira inclinação para baixo dentro de canais
de pedra, tijolo ou concreto. A maioria dos canais eram enterrados
sob a terra e seguiam os contornos do terreno.
Infelizmente poucas propriedades estão tão bem localizadas de
forma que uma obra similar seja possível. Ter uma propriedade que
te proporcione ter acesso a essa fonte de água é ter um verdadeiro
tesouro.
Água de poço

Bombas de poço elétricas são problemáticas já que a maioria dos


poços usa apenas um pequeno tanque de pressão. Sempre que há
uma falha de energia, a pressão da água cai para zero em pouco
tempo.
A água bombeada fotovoltaicamente é uma boa solução, embora
com um custo de instalação bastante alto. É preciso estudar e
conhecer melhor na prática esse tipo de tecnologia porque se isso
não for feito você irá se espantar com o valor do produto.
Existem kits de bombeamento solar que são alimentados
diretamente por painéis solares, através do CU (Unidade
controladora) que acompanha a bomba, assim este sistema pode ser
utilizado em áreas remotas de difícil acesso, sem a necessidade de
levar até a bomba cabo para alimentar o sistema de bombeamento,
tornando-se muitas vezes a melhor opção em relação a custo
benefício e facilidade de instalação.
Água da chuva

Eu acho incrível como tantas pessoas permitem que a copiosa água


da chuva caia de suas calhas do telhado para ser desperdiçada e
tudo isso no meio de uma crise de água cívica.
E o que dizer daquele seu vizinho que lava a calçada com água
potável? Geralmente eu sou contrário a intervenção do governo na
vida das pessoas e também desprezo a indústria de multas, mas
devo admitir que a lei paulistana que foi publicada e que proíbe que
as calçadas sejam lavadas com água potável em toda cidade de São
Paulo foi uma medida genial.

Segundo as diretrizes da lei, a água utilizada deve ser


obrigatoriamente de reuso, poço ou de chuva. Quem descumprir a
regra pode ser multado em 250 reais e em caso de reincidência a
multa será dobrada. Você consegue estimar quantos dias (ou horas)
um ser tão extraordinário como esse duraria em um evento
disruptivo global?
Eles simplesmente não têm a mentalidade de sobrevivência. No
mínimo, todos deveriam estar usando água da chuva para lavar
roupas, tomar banho e limpar o banheiro. Com um filtro de água, é
também possível usar a água da chuva para beber e cozinhar.
FAQ (Perguntas mais frequentes) sobre fontes de água
A água do poço ou de uma nascente é segura para beber?
R- Geralmente sim. E por não possuir flúor é mais saudável que a
água fornecida para as camadas mais pobres brasileiras.
Devo me preocupar com pesticidas ou contaminantes de metais
pesados em poços ou nascentes?
R- Sim e você deve testar a água antes de comprar um propriedade
que tem um poço. Qualquer laboratório certificado testará esses
contaminantes (assim como bactérias). A boa notícia é que você
terá que fazer isso apenas uma vez, a menos que você saiba sobre
alguma mudança drástica em condições locais da água.
Preciso usar cloro para tratar água da nascente ou do poço?
R- Na maioria dos casos, não. A melhor solução é usar um
esterilizador UV o ano todo para que você não precise se preocupar
com isso. Caso você saiba que ocorreu uma contaminação é
possível adicionar uma quantidade calculada de solução de
alvejante líquido hipoclorito simples, mas se houver contaminação
bacteriana contínua então a melhor solução é usar um Esterilizador
UV durante todo o ano. Para quem desconhece o assunto, o
esterilizador UV é recomendado para complementar algum
tratamento de ação oxidante como o cloro. Ele utiliza uma lâmpada
especial germicida, o que gera radiação ultravioleta. Isso faz com
que o esterilizador UV elimine micro-organismos com eficiência e
evite a proliferação de algas, bactérias e protozoários. Algumas
matérias orgânicas presentes na água como o suor e excreções não
são eliminadas, por isso não deve ser a única forma de tratamento
de água utilizada.
Tratamento da água
É preciso entender que a água de fontes abertas sempre devem ser
tratadas antes do uso. Concentrações típicas de cloro matam
bactérias, mas não todos os vírus, então eu recomendo uma
abordagem de três etapas para tratar a água de fontes abertas (no
entanto, lembre-se que nenhum sistema de filtragem é 100% eficaz
na remoção de herbicidas e pesticidas. Para conseguir isso seria
necessário fazer uma destilação ou um sistema de osmose reversa
(que são muito mais complexos).

Pré-filtragem

Serve para remover o material particulado. É como se você


estivesse fazendo café e aqui seria possível usar camisetas ou
mesmo toalha de banho. Ao pré-filtrar, você também estenderá a
vida do seu filtro de água porque você vai estar evitando o
entupimento dos poros microscópicos nos meios filtrantes.

Cloração

Esse é um processo mais complexo. O processo básico da cloração


consiste em utilizar produtos químicos à base de cloro, com o
objetivo de inativar os micro-organismos patogênicos existentes na
água. Além da função básica, o cloro é um poderoso oxidante e
assim reage com grande número de substâncias orgânicas e
inorgânicas presentes na água, como por exemplo, na remoção de
gás sulfídrico, ferro e manganês.
A FUNASA tem um manual de cloração de água em pequenas
comunidades que é muito interessante de ler. Para quem tem
interesse o link é:
http://www.funasa.gov.br/site/wp-
content/files_mf/manualdecloracaodeaguaempequenascomunidades.pdf
Filtragem

Eu recomendo o Katadyn ou Berkefeld britânico como filtros


ideais. Alguns elementos filtrantes disponíveis para os dois podem
remover até o cloro.
Tratamento de Água e Desinfecção com Ultravioleta

O tratamento ultravioleta (UV) é uma inovação interessante que foi


primeiro abraçada por criadores de peixes. A tecnologia UV é
bastante promissora para qualquer pessoa com um poço raso ou
nascente que tenha uma contagem inaceitável de bactérias, algo
que normalmente ocorre durante uma enchente ou sazonalmente
com fortes chuvas que aumentam a água da superfície que pode
entrar em um poço ou fonte.

O método UV de tratamento está crescendo em popularidade nos


Estados Unidos e no Canadá, porque não há necessidade de
utilização de produtos químicos. Os raios de luz ultravioleta - assim
como os do sol que produzem queimaduras solares só que mais
mais fortes - alteram o DNA de bactérias, vírus, fungos e parasitas
e isso faz com que eles não consigam mais se reproduzir. Eles não
são mortos, mas são simplesmente tornados estéreis. Dessa forma,
passam com segurança pelo trato digestivo, mas não conseguem se
reproduzir o que evita doenças intestinais.

O esterilizador UV compacto que eu recomendo para uso em


campo é vendido com o nome de SteriPEN. O SteriPEN é uma
solução prática às pessoas que querem certificar-se da qualidade da
água que vão consumir em qualquer lugar do planeta. O produto
pode ser considerado o primeiro e mais leve purificador de água
por UV recarregável do mundo.
Além disso, é altamente ecológico. Não só porque é capaz de
purificar a água para consumo, mas também porque sua bateria é
recarregável pela porta USB do computador, tomada de corrente
elétrica convencional ou carregador solar compatível com o
produto. Ou seja, o usuário, se assim preferir, pode dispensar o uso
da energia elétrica convencional e utilizar a luz do Sol para
recarregar o purificador, quando precisar.

O SteriPEN é muito eficiente na hora de remover germes e


bactérias da água. Ele oferece uma remoção de até 8000
microbactérias por seção de remoção, para cada 0,5 litros de água.
Em 48 segundos, a luz ultravioleta do produto é capaz de destruir
mais de 99,9% das bactérias, vírus e protozoários presentes no
copo com água. Para um volume de um litro de água, é necessário
executar o processo de tratamento por duas vezes.

O aparelho é perfeito para o uso em atividades ao ar livre e turismo


de aventura. O produto se destaca por ser muito portátil (pesa
apenas 74 gramas) e fácil de usar. Basta remover a tampa que
protege a lâmpada, mergulhar a lâmpada UV na água, e mexer a
lâmpada dentro do copo, por aproximadamente 48 segundos. A luz
indicadora verde vai alertar quando a água estiver pronta para o
consumo.

Indicadores de Pasteurização de Água e fervimento

Os indicadores de pasteurização de água (WAPIs) são agora


comumente usados nos países mais pobres para economizar
combustível e tempo ao tratar água potável.

A água que é aquecida a 100 graus por um curto tempo está livre
de micróbios vivos. Ela não precisa ser "fervida por dez minutos",
como a “sabedoria popular” costuma dizer.

Um WAPI é um tubo simples, pequeno e de baixo custo com cera


de soja especial que indica quando a água atingiu uma temperatura
segura de pasteurização.

Hipoclorito de cálcio

Hipoclorito de cálcio é um composto químico de fórmula


Ca(ClO)2. É largamente usado no tratamento de água e como
agente alvejante (alvejante em pó). Este composto é considerado
relativamente estável e possui mais cloro disponível do que
o hipoclorito de sódio (alvejante líquido).
Para purificar a água para consumo humano recomenda-se colocar
2 a 4 gotas de hipoclorito de sódio de concentração 2 a 2,5%, para
cada 1 litro de água. Essa solução deve ser guardada dentro de um
recipiente não transparente, como um pote de barro ou uma garrafa
térmica, por exemplo.
Capítulo 6

Conhecimento e manejo de armas de fogo

“Eu prefiro liberdade perigosa do que escravidão pacífica”


Thomas Jefferson

A importância do manejo de armas de fogo


Essa é uma das partes mais importantes de quem segue a filosofia
sobrevivencialista e provavelmente a que vai exigir maior esforço
para que você desenvolva um bom conhecimento e habilidades na
área.

Com o Estatuto do Desarmamento e a proibição de venda de armas


de fogo para civis ficou muito difícil não apenas que o cidadão se
defenda como também que ele tenha conhecimento prático de
armas de fogo e técnicas que ajudariam sua sobrevivência.

Para quem não lembra o governo promoveu um referendo popular


no ano de 2005 para saber se a população concordaria com o artigo
35 do estatuto, que tratava sobre a proibição da venda de arma de
fogo e munição em todo o território nacional. O artigo foi rejeitado
com 63,94% dos votos "NÃO" contra 36,06% dos votos "SIM".

Mesmo com essa derrota a esquerda militante proibiu da forma


mais cínica e descarada a venda. As pessoas que conseguiam armas
eram uma parcela insignificativa das que pediam o que
virtualmente significava proibição.
Se você está lendo esse livro então no mínimo posso supor que
você já sabe muito bem disso, mas, pensando naqueles que estão
lendo por curiosidade, vou esclarecer alguns pontos.

O primeiro ponto é que a venda de armas para civis não aumenta a


violência. Os formadores de politicas públicas de esquerda nunca
seguraram uma arma na mão e nunca participaram de qualquer
situação de risco. Eles não tem a menor noção de como realizar
uma política pública de segurança eficiente.

A questão aqui é que eles sabem disso e mesmo assim continuam a


defender essas ideias. Por qual razão você diria? Eles não vão
admitir publicamente, mas em toda noção distorcida e imbecil da
luta de classes eles consideram – ou quem formula as diretrizes que
eles seguem como massa de manobra – que a vida do indivíduo de
classe média que eles tão ironicamente chamam de “cidadão de
bem” vale menos que a de um criminoso que nasceu em camadas
mais pobres.

Quando você tenta argumentar com um esquerdista sobre as


falácias do desarmamento ele normalmente vem com o discurso de
que os Estados Unidos têm menos mortes porque são um país mais
rico e que não dá para comparar as realidades do Brasil com a parte
rica da América do Norte.

Pois bem vamos comparar então as realidades dentro do próprio


país rico. Este gráfico é tão definitivo que eu nunca consegui
receber uma resposta que fosse minimamente elaborada de um
esquerdista. Eles no máximo começavam a gaguejar e soltar frases
incoerentes ou dizer que era “fake news”. Trata-se da comparação
entre a cidade “liberal” Chicago (que nos Estados Unidos quer
dizer esquerdista) com a cidade conservadora de Houston:

Esse gráfico é tão avassalador porque ele apresenta cidades com


condições absurdamente próximas. Chicago é ainda maior e teve
quase 9x o número de homicídios de Houston que é uma cidade
conservadora que permite a venda de armas.

Até a questão da renda é favorável a Chicago já que a renda da


cidade é marginalmente superior a Houston. A parte final da
imagem é a mais engraçada já que o criador ironiza as políticas
públicas esquerdistas dizendo que esse tipo de gente iria concluir
dizendo que foi o Aquecimento Global que diminuiu a temperatura
nas cidades do norte dos EUA, o que acarretou maiores mortes.
Voltando para a realidade nacional, é bem verdade que com o novo
governo do Bolsonaro teremos uma maior liberação das armas e
tudo tende a mudar positivamente.

Agora quando eu escrevo (fevereiro de 2019) o decreto de posse de


armas de fogo já ocorreu e tudo indica que esse só foi o passo
inicial. De qualquer forma, vou aqui comentar baseado na nossa
realidade atual o que um sobrevivencialista/prepper pode fazer para
se preparar melhor nesse campo.

Clubes de tiro
Esse um tipo de lazer que as pessoas no Brasil não costumar ter –
mesmo aqueles que já conhecem melhor a filosofia
sobrevivencialista. Participar desses clubes que em muitos casos
são também clubes de caça é algo muito agradável e uma ótima
forma de conseguir networking com pessoas com uma ideologia
próxima a sua.
Em muitas situações você poderá formar grupos de amigos para
caçarem (javalis que foram liberados recentemente) e o seu
desempenho, tanto pela prática no clube quanto por simular uma
situação de combate, irá melhorar paulatinamente.

Existem as mais diversas formas de treinamento nos clubes que vão


desde atirar em alvos parados até máquinas que arremessam pratos
de cerâmica para que o atirador esportivo possa realizar o disparo
com o alvo em movimento. As balas nesse caso tem menos
chumbo (o suficiente apenas para destruir o prato).
Entre as partes mais interessantes e produtivas podemos citar os
campeonatos internos que permitem que você avalie seu progresso
e possa saber como está se saindo nas mais diversas modalidades.

Exemplos de campeonatos são campeonatos nacionais de tiros com


armas longas, tiro rápido de precisão com armas curtas e tiros de
precisão com armas longas de alma lisa.

Para quem não sabe a diferença vai aqui uma rápida explicação. As
armas mais rudimentares eram feitas com canos de metal simples,
sem nenhuma estrutura interna relevante. Os arcabuzes, bacamartes
e mosquetes, normalmente de antecarga, eram armas de pouco
alcance e precisão, que evoluiram na medida em que as guerras
exigiram.
No final do século XX, os alemães desenvolveram uma tecnologia
capaz de aprimorar a precisão dos disparos: estrias helicoidais na
parte interna dos canos das armas, faziam com que projéteis do
exato tamanho do cano girassem em torno do próprio eixo. O
processo, conhecido como “rifling” ou raiamento do cano é
repetido até hoje nas armas que necessitam de precisão.
São armas com o cano raiado ou de “alma raiada” (rifled barrel) os
rifles, as carabinas, as pistolas e os revólveres.Mesmo com o
interesse no esporte, muitos ainda têm dúvidas sobre quais
procedimentos devem ser tomados antes de visitar um clube, e
também quanto às exigências destes estabelecimentos para a
entrada de novos sócios ou visitantes.

O site defesa.org esclarece alguma das dúvidas mais comuns:

1. Preciso ter porte de arma para atirar no clube?


R – Não. Você não precisa ter porte de arma, você não precisa ter
registro de arma, você não precisa ter arma. A maior parte dos
clubes têm armas para alugar aos visitantes.
2. Preciso ter feito curso para atirar?
R – Não. Os clubes têm instrutores que acompanham os visitantes e
são responsáveis por ensiná-los e manter a segurança na linha de
tiro. Visitantes, especialmente os mais inexperientes, não são
deixados sozinhos.
3. De quanto dinheiro eu preciso para atirar?
R – Isso varia bastante entre os clubes de tiro. Como regra, para os
não-sócios, são cobrados os aluguéis do estande e da arma (se
necessário), o preço do alvo e, obviamente, a munição gasta. O
preço das munições varia de acordo com o calibre mas,
normalmente, os clubes recarregam as munições para oferecer um
preço mais acessível aos visitantes.
Você pode consultar nossa lista de clubes e estandes, entrar em
contato com o clube de sua preferência e verificar os valores
exatos. É provável que, com R$100,00, você consiga acessar e
queimar algumas munições em qualquer parte do país.
4. Qual é a idade mínima para frequentar o clube?
R – Essa é a parte em que encontramos maiores dissonâncias entre
os clubes. Sabe-se que a legislação exige 25 anos para a aquisição
de armas, mas a maioridade é atingida aos 18. Assim, boa parte dos
clubes limita a 18 anos a idade mínima dos praticantes.
Felizmente, nem todos os clubes impôem este limite, então existem
locais em que se permite a entrada de menores de idade, o que
permite que tenhamos atletas de sucesso com 13, 10 ou até 7 anos
de idade.
Se você tem menos de 18 anos de idade ou se você quer levar seu
filho ou sua filha ao clube, não desanime. Acesse nossa lista de
clubes e estandes e encontre um que respeite e a sua liberdade.
5. E quanto aos cursos de tiro? Qualquer um pode fazer?
R – Sim. Basta entrar em contato com a escola organizadora e fazer
a sua inscrição.
Como se observa, não há nenhuma razão para que você, seus
amigos e sua família não frequentem um clube de tiro.
Infelizmente, essa informação é proibida de ser veiculada em
determinados horários e meios de comunicação (Decreto
3.665/2000, Art. 268) e, portanto, fica distante da população geral.
Faça a sua parte, ajude a Campanha do Armamento e divulgue esta
informação que pode salvar vidas.
Cursos de tiro

Existem cursos com os mais diversos preços e de níveis e tipos


variados. Obviamente não existe uma uniformidade e eles variam
de acordo com a escola de tiro específica. Vou descrever
rapidamente os principais:

Curso básico de tiro para defesa:


Tem como objetivo iniciar o aluno aos princípios básicos do tiro e
manuseio de arma de fogo.O módulo teórico é ministrado em sala
de aula onde o aluno recebe informações relevantes ao ingresso no
mundo das armas de fogo. As aulas de tiro do módulo prático são
realizadas no estande, no qual há toda a supervisão de instrutores
profissionais, visando melhor segurança e aproveitamento no
aprendizado.
Temas normalmente abordados:
-Apresentação de armas curtas, com breve histórico de suas origens
e evoluções
-Legislação Penal e Específica
-Peças/Nomenclatura
-Regras de segurança
-Balística
-Conduta Preventiva
-Fundamentos do tiro de defesa
-Prática com revólver
-Prática com pistola
Curso de pistola básico:
Ao aluno com conhecimentos básicos em armas curtas, este curso
visa repassar técnicas específicas de uso da pistola. O módulo
teórico é ministrado em sala de aula, com simulações de tiro,
resoluções de panes e demais situações inerentes ao manuseio da
pistola. Os exercícios com disparos são realizado normalmente em
estandes de tiro. Durante todo o curso existe o acompanhamento de
instrutores especializados.

Temas normalmente abordados:


-Apresentação das pistolas
-Peças/Nomenclatura
-Regras de segurança
-Fundamentos do tiro de combate
-Saque
-Recarga Emergencial
-Administração de Panes
-Porte/Equipamentos
-Prática com disparos reais

Curso “Concealed Carry Combat”:


Esse curso tem como objetivo o porte velado para civis e militares.
O treinamento é direcionado para situações do cotidiano visando
preparar, desde iniciantes aos mais experientes, para que todos
saibam como enfrentar situações de risco que podem ocorrer em
nosso dia a dia.

Temas normalmente abordados:


-Segurança
-Fundamentos de Tiro
-Saque Velado
-Tiro de Indexação
-Speed Rock
-Posição Pronto
-Saque e Disparo com mão ativa e reativa
-Posições não ortodoxas
-Tiro para trás
-Tiro em movimento
-Saindo do X
-Retenção de armas curtas
-Tiro com táticas defensivas
-Cenários
Curso de primeiros socorros em situações de tiro:
Basicamente esse curso discorre sobre situações com armas de fogo
em que existe algum ferido e o que fazer para lidar com situações
adversas análogas.

Temas normalmente abordados:


-First Responder (Intervenção Médica de Alto Risco)
-Como lidar e neutralizar ameaças
-Como responder taticamente em situações com múltiplos feridos
-Como eficientemente evacuar feridos durante ameaças de alto
risco
-Indução de stress durante cenários de alto risco
-Aprendendo a lidar com situações de alto risco estressantes
-Exercícios realísticos envolvendo tiros reais e simulados com
armas curtas e Longas
Curso de formação de instrutor de armamento e tiro:
Tem como finalidade a formação de novos profissionais na área de
instrução de tiro, com procedimentos atuais, utilizados pelas
melhores forças policiais e militares do mundo.
Temas normalmente abordados:
-História das Armas de Fogo
-Leis e Decretos
-Regras de Segurança
-Introdução ao Ensino/Conduta do Professor/Didática
-Armas, acessórios e equipamentos
-Conduta preventiva
-Balística
-Recarga de munições
-Fundamentos do tiro com arma curta e longa
-Resolução de panes
-Tiro em Movimento
-Manipulação com uma mão
-Fundamentos do Tiro em Baixa Luminosidade
-Fundamentos do CQB
-Fundamentos do VCQB
-Combat Trauma/APH de Combate
-Tiro Esportivo e Tiro Prático
-Montagem / Desmontagem e Manutenção
Curso advanced driving:
As técnicas abordadas neste curso abrangem o que é comumente
chamado de “direção ofensiva”, “direção evasiva”, “direção
defensiva” e “pró-atividade”. Ele tem como objetivo desenvolver
técnicas através de exercícios com veículos e fornecer informações
através de uma aula teórica para montar um ‘know-how’
necessário, para elevar o nível do condutor de veículo automotor e
construindo, assim, um indivíduo mais apto a enfrentar situações
extremas na condução urbana.
Temas normalmente abordados:

Teoria
-Situações adversas
-Equilíbrio e fatores influentes em determinadas condições
-Limitadores na condução de veículos
-Segurança em área urbana (prevenção a assaltos e abordagens)

Prática
-Controle em situações de risco
-Controle em situações de perda de aderência
-Fuga em casos extremos
-Direção de ré e reverso
Curso de recarga de munições:
Curso normalmente direcionado a quaisquer pessoas que desejam
ingressar na recarga de munição, mesmo que não tenha
conhecimentos sobre o assunto.
O curso tem conteúdo técnico, teórico e prático, abordados de
maneira que os alunos consigam absorver o máximo de informação
possível sobre o mundo das recargas, bem como seus processos,
legislação e segurança. São abordados os calibres mais comuns
utilizados (.380 – .38 – 9mm – .40 – .45).

Temas normalmente abordados:


-Segurança
-Objetivo
-Preparação de Estojos
-Tipos de Pólvora, Espoleta e projéteis
-Ferramentas e Etapas de Recarga
-Acessórios e Ferramentas Auxiliares
-Como tirar o melhor proveito do equipamento
-Como reduzir panes através da recarga
-Recarga prática de vários calibres
Para finalizar essa parte de cursos, este que eu vou falar agora é a
cereja do bolo. Eu aconselho todo sobrevivencialista fazer, mas ele
deve ser feito por indivíduos que já tem experiência com armas,
atividades físicas e lutas. Trata-se do curso de Táticas de
Sobrevivência Urbana do CATI.

Eu aconselho a vocês visitarem o site, mas vou colar aqui o


programa e explicar o porquê de julgar fundamental:

Curso de Táticas de Sobrevivência Urbana (extraído de


http://cati.com.br/cursos/taticas-de-sobrevivencia-urbana/)

O curso de Táticas de Sobrevivência Urbana visa oferecer um


serviço diferenciado à sociedade, a fim de conscientizar e orientar o
cidadão comum para o dia a dia muitas vezes violento que,
infelizmente, está presente na vida da sociedade.
Neste curso ensinamos várias técnicas de prevenção,
procedimentos de minimização de riscos, sinalizamos falhas de
segurança diárias comuns, ensinamos comportamentos evasivos em
situações críticas e fatais, entre outras.
Demonstramos as medidas necessárias para uma melhor prevenção
no comportamento diário, quanto ao que se refere à prevenção
pessoal (indivíduo e seus familiares), tanto no ambiente doméstico
quanto profissional.
Utilizando técnicas de tiro e direção oriundas do meio policial, o
curso conta com simulações reais de diversas situações e cenários
que desenvolvem a experiência e a familiarização com situações de
risco – e com os meios de minimizar tais riscos.

É um curso exclusivo do CATI, ministrado por instrutores com


enorme experiência em técnicas policiais e situações de alto risco.
Ao término do curso, os participantes terão usado repetidamente
suas novas habilidades para avaliar o perigo, estabelecer limites e
responder de forma eficaz contra agressões verbais, físicas,
emboscadas contra seu veículo, ataques com diferentes tipos de
armas.

Objetivos Gerais:
-Proporcionar ao cidadão comum conhecimentos em técnicas de
defesa pessoal, tiro e direção, minimizando os riscos pessoais e
institucionais
-Trabalhar o estado emocional do aluno para usar técnicas de
defesa eficientes e de fácil aplicação
-Capacitar os condutores de veículos automotores para as
adversidades do trânsito e da violência urbana, fazendo com que a
condução transcorra de forma técnica e segura, utilizando o veículo
como ferramenta de defesa
-Introduzir conhecimentos com armas de fogo, aprimorando as
técnicas de tiro, elevando o nível e a eficácia da reação através de
disparos rápidos e precisos
Conteúdo programático:
Diagnostico da Segurança e Conscientização, Informações e
Métodos para:
-Prevenção em casa/família
-Prevenção nos trajetos
-Procedimentos em locais públicos
-Prevenção no trabalho
-Prevenção infantil
Segurança Urbana:
-Tomadas de decisão
-Proteção familiar
-Acionamento de emergência e contenção
-Uso de coberturas e abrigos residenciais e comerciais
-Procedimentos de busca em áreas residenciais e comerciais
-Armas naturais
-Práticas com equipe numa invasão de residência
-Noções sobre baixa luminosidade
-Exercício de simulação
Imobilizações Avançadas:
-Domínio das articulações superiores
-Dinâmicas em grupo
-Técnicas de desarme de armas brancas
-Técnicas de desarme de armas de fogo
-Desarme em situações com refém
Tiro Tático:
-Tiro a curta e média distância
-Técnicas de tiro parado
-Técnicas de tiro em movimento
-Técnicas CQB
Direção Defensiva, Ofensiva e Evasiva:
-Estado do veículo
-Estado emocional e físico do condutor
-Direção defensiva
-Direção ofensiva
-Direção evasiva.
Carga Horária:5 horas (3 dias)
Materiais fornecidos:
-Pasta
-Bloco de Anotações
-Caneta
-Camisa CATI
-Certificado CATI
Materiais requeridos (responsabilidade do aluno):
-Camisa Preta.
Pré-requisitos:
-Habilitação para condução de veículos (Categoria B);
-Não ter antecedentes criminais;
-Estar apto para atividades físicas.
Documentos para apresentar antecipadamente:
-Carteira Nacional de Habilitação válida (categoria B, no mínimo);
-Atestado Negativo de Antecedentes Criminais, ou documento
comprobatório equivalente.
Documentos para apresentar consigo na realização do curso:
-CNH válida (categoria B, no mínimo);
-Atestado Médico para atividades físicas (o mesmo exigido para
atividades em academias).
Valor do Investimento:
-À vista, R$ 3.700,00 (três mil e setecentos reais);
-Pagamento Programado CATI (pagamento integral antecipado,
parcelado, via depósito bancário) R$ 3.700,00 (três mil e setecentos
reais);
-A prazo: R$ 3.700,00 (três mil e setecentos reais), em até 12x,
mais custo financeiro pelo PagSeguro UOL.
Transporte, Hospedagem e Alimentação:
-Não estão inclusos.
Para quem não sabe, a CATI é uma empresa pioneira de
treinamento policial que atravessou as fronteiras do Brasil. O
Marcos do Val que é o fundador criou técnicas inovadoras de
imobilizações táticas que são difundidas em várias unidades
policiais ao redor do mundo.
Para se ter uma ideia do nível de qualidade, muitos treinamentos do
CATI são desenvolvidos no Brasil e ensinados para a SWAT nos
Estados Unidos. Não preciso dizer mais nada sobre a qualidade,
certo?
O único ponto a se considerar é que não é adequado que uma
pessoa que não tenha nenhum contato com armas, seja sedentária e
não tenha a menor noção sobre o que é sobrevivencialismo pratique
esse curso. Para que você aproveite de verdade e absorva tudo o
que ele tem para oferecer, é preciso estar em um nível
intermediário/avançado.

Airsoft como ferramenta sobrevivencialista

Para quem não sabe, Airsoft é um jogo desportivo onde os


jogadores participam de simulações de operações
policiais, militares ou de mera recreação com armas de pressão que
atiram projéteis plásticos não letais, utilizando-se frequentemente
de tácticas militares. É praticado em ambientes fechados ou ao ar
livre, frequentemente em áreas de grande extensão.

As armas estão em escala de 1:1 (ou às vezes mini ou '3/4'), podem


ser de metal, plástico (ABS) e/ou madeira e disparam projecteis de
6 ou 8 mm que pesam entre 120-600 miligramas (conhecidas como
BBs). De acordo com uma determinação do Exército Brasileiro, o
calibre das armas Airsoft são limitados a 6 mm.

Boa parte dos leitores já deve ter “brincado” de paintball com os


amigos durante a adolescência. E aqui é importante diferenciar os
dois porque ficar atirando aleatoriamente e de forma lúdica é inútil
e o Airsoft é muito superior como “treino sobrevivencialista”.
Por definição o Airsoft se baseia em simulações militares de
combate permitido ser praticado por maiores de 18 anos, onde os
objetivos variam conforme o estilo da partida.
Os objetivos podem ser: eliminação de adversários, resgate de
reféns ou conquista de territórios. Conforme o estilo da partida e
cenário em que há disputa é necessário desenvolver táticas distintas
para surpreender o adversário. Dá para ver claramente que o
Airsoft simula eventos que interessam ao
prepper/sobrevivencialista, não?
O paintball, ao contrário, é um esporte definido praticamente como
uma brincadeira, pois tanto crianças e adultos podem praticá-lo,
porém, há a versão profissional do esporte com disputa em
campeonatos, mas eu sugiro ignorar o paintball.

Treino de situações reais através do Airsoft

Antes de tudo é importante explicar as limitações do Airsoft para


depois explicar o que pode ser útil. Entre elas podemos citar:
-As armas do Airsoft não são tão precisas quanto uma arma de fogo
real
-Não tem a mesma distância da arma de fogo real
-Não tem o mesmo recuo de uma arma de fogo real
-Não tem o mesmo ruído que uma arma de fogo real
- Se usado ao ar livre, o ambiente e o clima terão um papel
fundamental na performance
Já que o Airsoft te possibilita brincar de “esconde-esconde” com
uma arma, suas possibilidades de treinamento são infinitas e isso é
uma incrivelmente positivo em termos de aprendizado.

Mesmo que você faça cursos ou pratique em clubes de tiro, será


impossível simular com realismo os mais diferentes cenários como
o Airsoft te possibilita fazer.

Defesa doméstica, buscas prediais, atirador ativo, ataques a


veículos, treinamento com pouca luz, retenção de armas,
sobrevivência fora de serviço, etc. Qualquer cenário que você possa
sonhar com a presença de uma arma de fogo, você pode usar o
Airsoft. Aqui vão alguns treinamentos e pontos a serem observados
em uma simulação de Airsoft com sua família.

Treinamento de defesa doméstica


Com o Airsoft você pode envolver toda a sua família. Você pode
ensinar sua mulher (e mesmo filhos) a entrar e sair de casa com sua
arma de fogo. Coisas que podem ser trabalhadas são:
-Onde ir para obter as melhores posições defensivas da sua
residência
-Como chegar a essa posição defensiva
-Como usar sua casa/terreno a seu favor
-Como trabalhar em conjunto para chegar ao intruso/posição
defensiva/rota de fuga
-Como usar ângulos para te favorecer
-Como manter sua arma de fogo em uma posição de tiro em todos
os momentos
-Simulação de situações de fogo cruzado
-Como realizar as transições de uma arma (esquerda, direita,
esquerda e direita)
Você pode até usar um membro da família como árbitro ou técnico
para gravar o evento, para que você possa criticar o que deu certo,
analisar o que deu errado, ver por que algo funcionou ou por que
não funcionou e como você pode melhorar das próximas vezes.
Vamos analisar os principais pontos:
Posições defensivas

A primeira coisa a se pensar é fazer uma análise da sua casa tanto


do vista de quem está invadindo quanto dos defensores. Quão fácil
é entrar em sua casa? Como você pode dificultar a entrada de uma
ou mais pessoas?

Uma vez dentro da casa, onde ele(s) poderia(m) ir? Quais áreas te
propiciariam uma posição de tiro totalmente segura e qual lugar
provavelmente significaria a morte certa?

Salas seguras, escadas e corredores são geralmente suas melhores


escolhas para uma posição defensiva. A maioria das pessoas não
pode pagar por um quarto seguro profissional, mas você pode criar
o melhor plano ou para atacar os assaltantes ou mesmo para uma
rota de fuga eficiente.
Tudo se resume a quão preocupado você está, quem você acha que
virá, quanto dinheiro e quanto tempo você tem? Escadas e
corredores costumam ser boas opções para áreas de tiro, porque
elas canalizam o intruso para uma área confinada.

Como chegar no lugar escolhido

Se a sua posição defensiva não é o quarto em que você está


dormindo, você terá que praticar e treinar como se deslocar para
esse local. Você vai querer ter certeza de que o caminho para a
posição defensiva está livre de obstruções e você vai querer fazer o
mínimo de barulho possível para chegar a esse local.
Alguns especialistas acreditam que você deve anunciar que está em
casa, que está armado e que já chamou a polícia. Outros acham que
você não deve revelar sua posição.
Qual é a resposta correta? É complicado responder porque algo que
pode funcionar em um contexto pode ser um completo desastre em
outro. Depende muito de pormenores que vão desde como a casa é
construída até as habilidades dos moradores.

A verdade é que só você pode tomar essa decisão no momento em


que a situação exigir. A única coisa que você quer ter certeza é que
os elementos vulneráveis de sua família não estejam acessíveis aos
invasores.

Vantagens de conhecer a sua própria casa

Como estamos falando de sua casa, você deve ser capaz de andar
por toda a estrutura do interior de olhos fechados. Toda a sua
família pode praticar este exercício. Você quer chegar a um ponto
em que possa literalmente caminhar em um ritmo constante com os
olhos fechados.
Toda casa tem rangidos. Saiba onde estão esses rangidos porque
eles lhe dirão exatamente onde alguém está em um determinado
momento. Saiba onde todos os interruptores de luz estão. Saiba
quais luzes eles operam e onde essas luzes estão naquela sala
específica.
Saiba onde estão os recantos escuros em sua casa e saiba onde
todos os esconderijos em potencial também estão. Saiba onde cada
foto e espelho está localizado. Você pode usá-los para ver em torno
de cantos cegos ou desviar a luz deles para iluminar uma sala sem
entrar necessariamente nela.

É possível fazer vários testes e jogos de simulação mesmo sem usar


armas para entender as peculiaridades de sua residência e como
usá-las ao seu benefício em uma situação de invasão.
É preciso entender que nada possivelmente na sua casa vale o risco
de ser morto ou gravemente ferido (com exceção da sua família).
Se você não tem membros da família em casa, não há motivos para
sair caçando os invasores e brincando de John Wick. Espere que
eles venham até você ou fuja por uma rota pré-estabelecida.
Trabalho em equipe

Certifique-se que todos os seus familiares sejam treinados. Até


mesmo crianças pequenas podem aprender a se esconder debaixo
da cama ou no armário até que você possa chegar até elas.

Trabalhe para onde ir, como chegar e, em seguida, inclua "e se"
para que todos estejam pensando além das situações comuns.
Lembre-se, a guerra é uma situação fluida que está mudando
constantemente. Se você não improvisar, adaptar e superar você
perderá.
O trabalho em equipe é extremamente importante, mas cada
indivíduo deve possuir seu próprio conjunto de habilidades. O
contato físico é também relevante quando você está se movendo
através de uma estrutura. Isso permite que você saiba exatamente
onde os seus familiares estão e proporciona uma maior segurança
psicológica a todos.
Isso também permite que você se comunique de perto para que
você não tenha que gritar e é possível fornecer uma segurança de
360 graus à medida que todos se movimentem.

O outro ponto importante é que você nunca deve perder o contato


visual com seu parceiro. Vocês podem se separar enquanto
procuram algo na mesma sala, mas não percam de vista um ao
outro.

The Three Eye Principal

Muitos sobrevivencialistas brasileiros não estão familiarizados com


o que é conhecido pelos americanos como "The Three Eye
Principal". Trata-se de uma sincronia que os seus 2 olhos e o cano
da sua arma devem ter como que criando um terceiro olho.

A arma nem sempre tem que estar ao nível dos olhos, mas, onde
quer que você olhe, sua arma deve ser apontada naquela direção
geral. Você nunca pode ter sua arma apontada para uma direção
enquanto você está olhando para outra.

Situações de fogo cruzado

Situações de fogo cruzado podem surgir enquanto você estiver


andando. Se você se separar em uma sala, deve estar
constantemente ciente de onde está seu parceiro.
Vocês dois são responsáveis por se manterem seguros, o que inclui
um do outro de um fogo amigo. Uma técnica simples pode ser
usada para prevenir situações de fogo cruzado.
Essa técnica consiste em uma pessoa fazer a busca enquanto o
parceiro a protege de uma posição defensiva dentro daquela sala.
Se um suspeito / intruso for encontrado, eles entrarão em um
ângulo de 90 graus e envolverão o suspeito.
A questão da iluminação

Invasões residenciais raramente acontecem durante o dia, então as


chances de a sua casa estar escura são muito maiores. Isso significa
que você terá que ter uma fonte de luz para identificar o suspeito.
Lembre-se que você não quer machucar erroneamente um membro
da família então certifique-se de ter uma lanterna para iluminar
todas as pessoa no escuro.
A maioria dos atiradores, em um cenário de escuridão, irá atirar na
lanterna ou no sinal de luz que observarem primeiro. Por isso é
importante manter a lanterna acima e longe do seu corpo no estilo
que o FBI faz nos filmes.
Fazendo isso se os invasores dispararem contra a luz, eles apenas
acertarão a lanterna ou a sua mão e não qualquer órgão vital ou a
cabeça.
A maioria dos quartos tem tetos brancos. Isso é para que o teto
possa dispersar a luz. Você pode usar isso a seu favor apontando a
lanterna diretamente para o teto isso iluminará a sala inteira, mas
também iluminará você.
Você terá que se mover com sua lanterna desligada. Pare, ilumine
com sua lanterna alguma parte escura onde alguém poderia estar,
apague a luz e mova-se novamente.

Idealmente, você quer se mover enquanto segura a lanterna, mas a


maioria das pessoas nunca pratica tiro em movimento, no escuro,
com apenas uma mão segurando a arma.
Tiro em movimento

Existem muitas escolas de pensamento sobre “quando você deve


atirar”, como “apenas quando o seu calcanhar toca o chão” ou
“quando um dos seus pés está plantado no chão”.
Você descobrirá que não precisa esperar ter um posicionamento
específico de pé para atirar. A maioria das pessoas, desde que
tenham sido condicionadas a atirar apenas de uma posição estática,
só atirarão quando não estiverem em movimento. É preciso
realmente mudar esse hábito.
Capítulo 7

Algumas técnicas úteis

“Excelência não é uma habilidade, mas uma atitude”


Ralph Marston

Combate à Inundação: Como usar sacos de areia – Traduzido do


US Army Corps of Engineers

O uso de sacos de areia é uma maneira simples, mas eficaz de


prevenir ou reduzir os danos causados pelas inundações.
Devidamente preenchidos e colocados de forma correta, os sacos
de areia podem atuar como uma barreira para desviar a água em
movimento ao redor, em vez de através de edifícios.
A construção de sacos de areia não garante uma vedação estanque,
mas é satisfatório para uso na maioria das situações. Sacos de areia
também são usados com sucesso para evitar o overtopping de
fluxos com diques.
O galgamento, ou overtopping, pode ser definido como o fluxo de
água através do topo ou coroamento de uma barragem. Em geral,
tal fenômeno se deve à ocorrência de chuvas intensas que elevam o
nível de água acima do topo ou do coroamento e pode gerar a
ruptura da estrutura ou não de uma barragem.
A ruptura de uma barragem pode ser definida como a perda da
integridade estrutural, podendo ocorrer uma liberação incontrolável
do conteúdo de água de um reservatório, ocasionada pelo colapso
da estrutura ou parte dela.

Sacos de areia soltos são recomendados para a maioria das


situações. Sacos de areia amarrados devem ser usados apenas para
situações especiais em que o pré-enchimento e empilhamento
podem ser necessários, ou para fins específicos, como preencher
furos, segurar objetos em posição, ou formar barreiras apoiadas por
pranchas de apoio.

Sacos de areia amarrados são geralmente mais fáceis de manusear e


armazenar. As operações de enchimento de sacos de areia podem
geralmente ser melhor realizadas no local em que os sacos serão
utilizados ou perto dele e amarrar os sacos seria um desperdício de
tempo e esforço que muitas vezes pode ser valioso. Se os sacos
forem pré-carregados em um local distante, a devida consideração
deve ser dada aos veículos de transporte e ao acesso ao local de
colocação.

Os sacos mais utilizados são os sacos de aniagem não tratados que


normalmente estão disponíveis nas lojas de rações ou ferragens.
Sacos vazios podem ser estocados para uso emergencial e poderão
ser reparados por vários anos, desde que armazenados
adequadamente. Sacos cheios de terra irão se deteriorar
rapidamente.

Sacos de areia de plástico comercial, feitos de polipropileno,


também estão disponíveis na maioria dos fornecedores de sacolas.
Esses sacos tem alta capacidade de armazenamento e alta
durabilidade com cuidado mínimo, mas não são biodegradáveis.
Sendo assim, eles devem ser eliminados ou irão existir por muito
tempo.

Não use sacos de lixo, pois eles são muito lisos para empilhar. Não
use sacos de alimentação, pois eles são muito difíceis de lidar por
serem muito grandes. Use sacos com cerca de 14-18 "de largura e
30-36" de profundidade.

Em relação ao material interno, o solo arenoso é mais desejável


para encher sacos de areia, mas qualquer material utilizável no
local ou próximo do local tem vantagens específicas.

Areia grossa pode vazar através da trama do saco(o termo trama na


área de tecelagem refere-se ao espaçamento entre os fios que
constituem o tecido: uma trama menor significa fios menos
espaçados entre si; uma trama maior significa fios mais espaçados
entre si). Para evitar isso, faça um duplo saco. Solos pedregosos ou
rochosos são péssimas escolhas por causa da permeabilidade.

As barreiras de sacos de areia podem ser facilmente construídas por


duas pessoas, já que quase todo mundo tem a capacidade física de
carregar ou arrastar um saco de areia pesando aproximadamente 10
quilos.
Como encher um saco de areia

O enchimento de sacos de areia é uma operação para duas pessoas.


Ambos devem estar usando luvas para proteger suas mãos. Um
membro da equipe deve colocar a bolsa vazia entre ou ligeiramente
na frente dos pés com os braços estendidos.

A garganta da bolsa é dobrada para formar uma espécie de colar e


segurada com as mãos em uma posição que permitirá ao outro
membro da equipe esvaziar uma pá redonda cheia de material na
extremidade aberta.

A pessoa que segura o saco deve estar em pé com os joelhos


levemente flexionados e a cabeça e o rosto o mais longe possível
da pá. O escavador deve soltar cuidadosamente a pá cheia de terra
na garganta do saco.

Tentar ir muito rápido nessa operação pode resultar em


derramamento indevido e um trabalho adicional. O uso de óculos
de segurança e luvas é desejável e às vezes necessário.
Os sacos devem ser preenchidos entre um terço (1/3) e a metade
(1/2) da sua capacidade. Isso evita que a bolsa fique muito pesada e
permite que os sacos sejam empilhados com uma boa vedação.
Para operações em larga escala, o enchimento de sacos de areia
pode ser acelerado usando suportes de sacos, funis de metal e
equipamento de carregamento. No entanto, o equipamento especial
necessário nem sempre está disponível durante uma emergência.
Como colocar os sacos de areia

Remova quaisquer detritos da área onde os sacos serão colocados.


Dobre a extremidade aberta da parte não preenchida do saco para
formar um triângulo. Se forem usadas bolsas amarradas será
necessário achatar a extremidade amarrada.

Coloque os sacos parcialmente cheios no sentido longitudinal e


paralelos à direção do fluxo com a extremidade aberta voltada
contra o fluxo de água. Coloque as abas embaixo, mantendo a parte
não preenchida sob o peso do saco.
Coloque os sacos subsequentes acima dos outros compensando
pela metade o comprimento do saco anterior. Coloque de forma a
eliminar vazios e formar uma vedação apertada.

Alterne as conexões da junção quando várias camadas forem


necessárias. Para camadas que não suportam 3 cursos de alta, use o
método de posicionamento da pirâmide.

Método de posicionamento pirâmide


A colocação da pirâmide é usada para aumentar a altura da
proteção do saco de areia. Coloque os sacos de areia para formar
uma pirâmide alternando sacos colocados transversalmente e sacos
colocados no sentido do comprimento.

Coloque cada saco no lugar, sobreponha os sacos, mantenha tudo


junto e escalonado e arrume quaisquer extremidades soltas.

Como montar um fogão caseiro de duas bocas usando 4 blocos de


cimento

Essa pode ser a melhor ideia para sua próxima viagem para
acampar. Basta pegar 4 blocos de concreto, algumas varas, dois
galhos e aproveitar o mais prático e econômico fogão para cozinhar
sem gás ou eletricidade de todos os tempos. Como tudo é
autoexplicativo, vou colocar fotos do passo a passo para depois
tecer um comentário final:
Só que queimar lenha nem sempre é possível para quem vive na
cidade. E nesse caso sugiro que usem um conceito comum em
cadeias: o pinguilim. Nada mais é do que uma folha de jornal
enrolada o mais apertada possível, de forma que não haja nenhum
ar no meio do jornal enrolado. Depois é só cruza-lo/dobra-lo, de
forma a caber no fogão, com uns dez desses se garante um jantar
feito! A razão é simples, o papel comprimido em tubo sem ar no
meio se comporta como um toco (graveto), na queima, fica lento
por falta de oxigênio para queimar no meio do tubo de papel.

Observo que o conceito do fogão “foguete” usa a guloseima por ar


do fogo para gerar mais calor, pois o que alimenta o fogo é o
ar(comburente), e o fogo e ar quente sempre sobem, dessa forma se
gera uma zona de baixa pressão(é bem baixa mesmo, pois a coluna
de ar subindo com força gera um “vácuo” na base do fogão)
fazendo com que esse “vácuo” chupe o ar de forma bruta.
É fundamental entender essa dinâmica pois é ela quem garante
inclusive fogo forte o suficiente para cozer uma peça de barro ou
fundir um metal. Assim, entendendo a arquitetura desse fenômeno
físico se garante a possibilidade de construir um “alto forno” em
casa, quanto mais se injeta ar sob pressão mais a temperatura
estoura para cima.

Entendendo que cada material tem um limite de geração de caloria,


madeira, papel e a maioria dos materiais não vai passar dos 800
graus, mas se confinado é possível chegar próximo aos 1100 que
são necessários para o cozimento de uma cerâmica. Mas para
fundir aço faz-se necessário o carvão mineral, pois esse tem um
poder calórico bem maior que orgânicos.

É interessante testar esse fogão na sua casa e aprender a usar os


materiais. Com o tempo você irá aprender que outros objetos
podem ser usados. Esse fogão em específico, se bem feito, pode ser
usado apenas com fins de economia. Só que existem variações que
são mais plausíveis de serem feitas em cenários caóticos.

Obviamente não seria possível carregar 4 blocos de cimento. Só


que é possível fazer um fogão similar usando tijolos. Por mais que
eu tente dar as diretrizes por aqui, o sobrevivencialista só irá
dominar a técnica se tentar fazer por si mesmo.
Gaiola de Faraday

Gaiola de Faraday foi um experimento de Michael Faraday. Feito


em 1836, através dele o químico Faraday provou o efeito da
blindagem eletrostática, ou seja, mostrou que há “espaço neutro”
num campo elétrico.
Como Funciona?

Uma superfície condutora isola um espaço impedindo descargas


elétricas.
Isso acontece porque um condutor carregado espalha cargas por
todo o campo elétrico. Mas, em decorrência do efeito da repulsão
das cargas, elas se distanciam entre elas e se alocam nos arredores
desse campo elétrico. Assim, os efeitos que acontecem no seu
interior se anulam, o que torna o campo elétrico nulo.

Por questões de segurança, a blindagem eletrostática é aplicada nos


aviões, nos carros e nos celulares, por exemplo. Trata-se de uma
proteção contra descargas elétricas (queda de raios, relâmpagos),
daí a sua enorme importância.

Há quem sugira que o que protege o carro é o pneu de borracha, o


que não é verdade. A verdade é que o carro tem metal em toda a
sua estrutura, o que favorece o efeito da Gaiola de Faraday.

Características da Gaiola de Faraday

Esse famoso experimento de Faraday, químico que trouxe muitas


contribuições para o estudo da eletricidade, consistia numa espécie
de gaiola feita de metal. O metal é dos materiais que são os
melhores condutores elétricos.

A gaiola era grande o suficiente para Faraday e uma cadeira de


madeira, onde ele se sentou. Após se submeter a fortes descargas
elétricas, que eram “barradas” pela gaiola, Faraday saiu em
segurança da estrutura inventada por ele.

Como Fazer?
Uma experiência que comprova o princípio da blindagem
eletrostática pode ser feita em casa. Para tanto você vai precisar de
um aparelho celular que esteja a funcionar normalmente e de papel
de alumínio.

Envolva o aparelho celular no papel de alumínio sem deixar


nenhuma brecha. O telefone deve estar ligado. Após embrulhar o
aparelho, utilize outro celular para ligar para o número do celular
que foi embrulhado e se surpreenderá com o fato de o aparelho
estar sem rede.

Isso acontece porque as ondas eletromagnéticas que permitem a


realização das chamadas, fica isolada ou nula, ou seja, bloqueada
para qualquer tipo de comunicação.Importa referir que as ondas
eletromagnéticas são o resultado da liberação das fontes de energia
elétrica e magnética.
Dejetos humanos e a criação do Bason
Os dejetos humanos podem ser um problema sério. Nós não
estamos mais acostumados a lidar com nossos próprios resíduos.
Um indivíduo médio produz de dois a três litros de urina e um
quilo de fezes por dia. Multiplique isso pelo número de pessoas do
seu grupo por um dia, uma semana ou mais e você começará a ver
o problema.
Em uma situação caótica você talvez terá que improvisar um balde
de cinco galões com um assento como banheiro portátil. Camadas
de calcário e cinzas de madeira podem ajudar a reduzir o odor.

A construção de uma latrina como a romana ou algo similar


também não é uma grande obra da engenheria humana e qualquer
um conseguiria fazer. Para quem quer testar algo mais elabora
existe o Bason.

Bason é o modelo de sanitário seco desenvolvido por Johan Van


Lengen e agora aperfeiçoado pelo seu filho, Peter Van Lengen. O
novo modelo tem um design mais apropriado para o clima do
Brasil melhorando seu desempenho e uso, inclui um separador de
urina (opcional), maior ventilação e outros recursos para ajudar a
evitar cheiros e facilitar o manejo do composto .

O Bason é um sanitário seco desenhado para ser fácil de construir,


higiênico, sem odores desagradáveis ou moscas, além de fácil uso e
manutenção. É dimensionado para o uso familiar de 4 a 5 usuários
com manejos entre 6 e 12 meses até atingir sua capacidade.

Eu particularmente nunca tentei fazê-lo, mas ele em teoria é


perfeito para um evento disruptivo. Aqueles que possuem maior
interesse em construir coisas novas deveriam tentar já que até em
termos de pessoas utilizando e tempo até atingir a capacidade total
esse sanitário acaba sendo perfeito para o sobrevivencialismo.

Técnicas de defesa pessoal

Essa é a parte mais difícil de inserir em um livro sobrevivencialista


porque ninguém vai aprender a se defender ou a lutar lendo
algumas palavras e vendo algumas figuras.

Da mesma forma, escrever um livro sem sequer citar alguma


técnica de como se defender em um possível cenário de agressão
apenas tornaria a obra incompleta.

O ideal é que você e sua família pratiquem alguma arte marcial e


façam, ao menos durante um tempo, algumas aulas de defesa
pessoal. A maioria das técnicas são fáceis de aprender e depois que
você tiver conhecimento de uma boa variedade de movimentos é
possível praticar sempre com os seus familiares.
Para quem nunca fez qualquer tipo de luta ou aula de defesa
pessoal, algumas técnicas aqui vão parecer mirabolantes e
impossíveis. Depois de um tempo e muito treinamento, contudo,
qualquer um irá entender que elas foram racionalmente criadas e
são muito efetivas.

Não se esqueça que nada impede você e sua família de treinarem


com um revolver de brinquedo ou facas de plástico.
Ameaça com faca 1
Ameaça com faca 2

Na minha experiência pessoal eu percebi que o cidadão comum


tende a ter muito mais efetividade em realizar esses movimentos se
ele usar um golpe para atacar e não apenas tentar neutralizar o
inimigo.
Quando você está sob pressão é muito difícil ter a precisão
adequada para segurar a mão do adversário. No estado de tensão o
ser humano normalmente fica em estado de sobrevivência e só
consegue fazer movimentos muito simples e curtos.
E isso vale também para o agressor. Quando você coloca a mão
perto da arma dele para tentar imobilizá-lo e reação instintiva e
natural é retirar imediatamente para depois atacar.

Só que quando você ataca e tira a arma do campo de alcance do seu


corpo é como se o agressor tivesse que lidar com 2 eventos que ele
não esperava ao mesmo tempo e é como se a cabeça dele
embaralhasse.
Um aspecto muito negligenciado ao ensinar os alunos sobre defesa
pessoa é a habilidade de saber ler a situação do seu agressor apenas
olhando para ele. É bem verdade que não daria para usar um
exemplo real nas aulas práticas, mas vou explicar como isso
funciona.

Por exemplo, alguém te ameaça com uma faca, se você perceber


que os braços do seu agressor estão muito tensos então é possível
saber que quando você golpear a mão dele para afastá-la, seu braço
não irá muito longe, apenas 10 ou 20 centímetros no máximo, então
de acordo com essa análise você terá que pegar imediatamente a
mão dele.
Se, por exemplo, no caso oposto, você observar que seus braços
estão completamente moles (se você tiver sendo atacado por
alguém sob forte efeito de drogas), você saberá que que quando
golpear a mão dele para afastar a ameaça, o braço do seu agressor
irá muito longe e instintivamente ele virá te atacar de volta com um
grande movimento de ataque e aqui novamente você terá que
adaptar sua defesa a essa nova situação para parar o segundo ataque
com dois antebraços no braço dele.
Ameaça com revolver 1
Ameaça com revolver 2

Qualquer cenário como esse requer extremo cuidado. A primeira


questão a observar é que, ao menos no momento inicial do ataque,
o agressor não tem a intenção de atirar, mas sim intimidar. Se o
agressor quisesse atirar você nem iria perceber e isso teria sido
realizado no primeiro momento.
A ameaça aqui é muito mais perigosa do que a com a faca e ela está
concentrada no gatilho e não na arma em si. Aqui é preciso ter
cuidado já que basta apenas um simples movimento para que o
agressor quase certamente acabe com a sua vida ou de um familiar.

A única recomendação que deve ser dada nesse cenário é que você
só deve reagir se essa for a única solução possível (como se você
tiver certeza que o agressor irá te matar depois) ou caso quem
estiver segurando o revolver se distrair de forma que você tenha
certeza que não irá ser atingido.
Ameaça de imobilização 1
Ameaça de imobilização 2
Ser atacado por trás e imobilizado pode ser pior pesadelo para
qualquer pessoa, ainda mais quando ela não sabe se defender. E o
pior de tudo é que a maioria das defesas são contraintuitivas, ou
seja, se você não souber o que fazer direito dificilmente irá sair
com êxito.

Existe uma técnica de imobilização bem eficaz, utilizada muito por


seguranças de festas para conter os mais exaltados chama
de Double Nelson (que é representada pelo exemplo 1 de ameaça
de imobilização).

Se você não souber o minimo de luta aguarrada provavelmente


você vai ser imobilizado com muita facilidade. O certo quanto
atacado dessa forma é não tentar compensar com a coluna porque
você pode ter ou agravar uma lesão. O ideal é usar o quadril e jogar
suas pernas para o lado de forma que seja possível levantar o
agressor.

Para quem não conseguiu entender como faz o movimento


(acredite que eu tentei da melhor forma que eu pude, mas alguns
movimentos são difíceis de explicar ainda mais para quem tem
pouca noção) sugiro que você digite “double nelson krav maga” no
YouTube e irá encontrar uma infinidade de vídeos detalhando o
movimento.
Técnicas de Krav Maga para mulheres
Obviamente que essas técnicas são diretrizes gerais e estão longe
de solucionar definitivamente um situação de conflito. Uma mulher
pode se soltar de uma situação de imobilização, mas o agressor
pode querer continuar a agressão.

É por essas e outras razões que julgo ser necessário que toda a
família faça alguma arte marcial. Essas técnicas foram colocadas
aqui, mas, como já foi citado, não é possível ensinar a lutar e a se
defender através de um livro.

Eu poderia ficar aqui escrevendo 30 páginas, mas isso seria pouco


produtivo para melhorar as habilidades de quem está lendo na
medida em que para aprimorar suas habilidades de combate você
terá que praticar e repetir diversas vezes.

Não tem como ressaltar o quão importante é saber lutar para quem
segue a filosofia sobrevivencialista e não deixe que o tamanho
desse capítulo te engane. Use as informações aqui como um guia
simples e busque praticar alguma atividade que te proporcione
evoluir em combates físicos.
Eu particularmente acho muito agradável treinar lutas e defesas
com familiares e é importante que você desenvolva uma rotina em
que pelo menos algumas vezes na semana você também o faça.

Essas técnica de defesa pessoal exigem corpos bem preparados e


repetição exaustiva dos movimentos. Fazer uma vez e dominar para
depois nunca mais fazer vai trazer poucos resultados práticos.
Capítulo 8

A natureza como cura universal

“Que os seus alimentos sejam os seus remédios e que seus remédios sejam
os seus alimentos”
Hipócrates

Antes de iniciar o capítulo eu gostaria de deixar claro que eu sou


inteiramente a favor da ciência. O avanço científico é a busca pela
verdade e jamais pode ser visto como algo negativo.

O que vai ser tratado aqui, contudo, é como se curar ou como


melhorar algumas condições usando elementos e itens presentes na
natureza propriamente dita.
Eu incentivo os leitores a serem céticos e a testarem na prática as
curas naturais em casos que não sejam graves. Por mais que em
mochilas de sobrevivência você deva levar remédios, caso você
saiba como usar elementos naturais para evitar ou diminuir
complicações isso só pode ser positivo.
Na minha opinião a “Naturopatia” como filosofia de vida pode ser
muito benéfica e saudável e existem ótimas práticas para curar e
amenizar doenças. Isso não quer dizer que eu concorde 100% com
tudo relacionado a isso.
Existem muitos charlatões mesmo entre a “comunidade científica
oficial” e quando eu descrever como funciona e quais são os pilares
dessa filosofia de vida não quer dizer que eu concorde com tudo e
esteja recomendando nada. Eu não quero e não tenho pretensão de
ser um médico.

Esse capítulo pode vir a ser muito útil em cenários de


sobrevivência extrema em que muitos medicamentos e produtos
podem faltar. Muitos militares de elite sabem como sobreviver e
improvisar em situações extremas nos cenários mais adversos
possíveis.

A cura pela natureza é um método construtivo de tratamento que


visa remover a causa básica da doença através do uso racional dos
elementos disponíveis gratuitamente na natureza.
Não é apenas um sistema de cura, mas também um modo de vida,
em sintonia com as forças vitais internas ou elementos naturais que
compõem o corpo humano. É uma revolução completa na arte e na
ciência da vida.
Embora o termo "naturopatia" seja de origem relativamente
recente, a base filosófica e vários dos métodos dos tratamentos de
cura da natureza são antigos. Foi praticado no antigo Egito, na
Grécia e em Roma. Hipócrates, o pai da medicina, defendeu essa
filosofia fortemente.

A Índia, ao que tudo indica, foi muito mais avançada, durante os


tempos antigos, no sistema de cura natural do que em outros países
do mundo. Há referências nos antigos livros sagrados da Índia
sobre o uso extensivo de excelentes agentes de cura da natureza,
como ar, terra, água e sol.

Os grandes banhos da civilização do Vale do Indo, conforme


descoberto em Mohenjodaro, no antigo Sind, testemunham o uso
de água para fins curativos na antiga Índia.
Os métodos modernos de cura pela natureza se originaram na
Alemanha em 1822 quando Vincent Priessnitz estabeleceu o
primeiro estabelecimento hidropático no país.
Com o grande sucesso do sistema de cura pela água, a ideia de cura
sem drogas se espalhou por todo o mundo civilizado e muitos
médicos de todos os lugares do mundo foram para lá visando obter
um maior conhecimento. Logo eles se tornaram discípulos fiéis de
Priessnitz.
Esses estudantes posteriormente ampliaram e desenvolveram os
vários métodos de cura natural à sua maneira. Toda a massa de
conhecimento foi posteriormente coletada sob o nome
“Naturopatia”.

O crédito pelo origem do termo vai para o médico alemão Dr.


Benedict Lust e, sendo assim, ele é considerado o pai da
Naturopatia embora o Vincent Priessnitz merecesse mais esse título
do que o doutor Lust.

A cura através natureza baseia-se na percepção de que o homem


nasce saudável e forte e que ele pode permanecer assim por um
longo período, vivendo de acordo com as leis da natureza.

Mesmo nascendo com alguma doença ou circunstância limitadora


pode se não eliminar, ao menos diminuir os efeitos, se essa pessoa
se mantiver em contato com os elementos naturais de cura.
O ar fresco, a luz do sol, uma dieta adequada, exercícios,
relaxamento, pensamento construtivo e a atitude mental correta,
juntamente com a oração e a meditação, desempenham um papel
fundamental na manutenção de uma mente sadia em um corpo
sadio.
A cura através da natureza acredita que a doença é uma condição
anormal do corpo resultante da violação das leis naturais. Toda
violação desse tipo tem repercussões no sistema humano seja em
forma de vitalidade diminuída, irregularidades do sangue e da linfa
e acúmulo de resíduos e toxinas.
Dessa forma, através de uma dieta defeituosa, não é apenas o
sistema digestivo que é afetado negativamente. Quando as toxinas
se acumulam, outros órgãos, como os intestinos, os rins, a pele e os
pulmões, estão sobrecarregados de trabalho e não conseguem se
livrar dessas substâncias nocivas tão rapidamente quanto são
produzidas.

Princípios fundamentais

Toda a filosofia e prática da cura da natureza é construída sobre


três princípios básicos. Estes princípios baseiam-se nas conclusões
alcançadas em mais de um século de estudos naturopatas eficazes
em tratamentos de doenças na Alemanha, Estados Unidos e Reino
Unido.

O primeiro e mais básico princípio da cura através da natureza é


que todas as formas de doença são devidas à mesma causa, a saber,
as acumulações de materiais residuais no corpo do indivíduo.

Esses materiais residuais dentro do indivíduo saudável são


removidos do sistema através dos órgãos de eliminação. Só que na
pessoa doente, eles estão constantemente se acumulando no corpo
através de anos de hábitos pouco saudáveis.

Entre esses hábitos podemos citar alimentação errada, cuidados


inadequados com corpo e hábitos que contribuem para enervação e
exaustão nervosa, como preocupação, excesso de trabalho além de
excessos de todos os tipos.
Segue-se desse princípio básico que a única maneira de curar
doenças é empregar métodos que permitam ao sistema eliminar
esses acúmulos tóxicos. Todos os tratamentos naturais são
realmente direcionados para esse fim.

O segundo princípio básico da cura da natureza é que todas as


doenças simples, como febres, resfriados, inflamações, distúrbios
digestivos e erupções cutâneas são nada mais nada menos do que
esforços auto-iniciados por parte do corpo para jogar fora os
resíduos acumulados.

Já as doenças mais graves como doenças cardíacas, diabetes,


reumatismo, asma, distúrbios renais, ocorrem como consequência
da supressão contínua através de métodos nocivos, como drogas,
vacinas e narcóticos.

O terceiro princípio de cura através da natureza consiste na noção


de que o corpo contém um mecanismo de cura muito bem
elaborado que tem o poder de provocar um retorno às condições
normais de saúde, desde que os métodos certos sejam usados e que
fatores externos não boicotem esse mecanismo de cura.
Em outras palavras, o poder de curar doenças está dentro do
próprio corpo do indivíduo e não nas mãos de um médico. Não é
um remédio que vai te curar, mas sim você desde que forneça os
meios adequados para que seu corpo trabalhe.
A “pseudociência” contra a verdade científica absoluta

O sistema médico moderno trata os sintomas e suprime a doença,


mas faz pouco para determinar a causa real. Drogas tóxicas que
podem suprimir ou aliviar algumas doenças geralmente têm efeitos
colaterais prejudiciais.
Drogas geralmente impedem os esforços de auto-cura do corpo e
tornam a recuperação mais difícil. De acordo com o falecido Sir
William Osler, médico eminente e cirurgião, quando os remédios
são usados, o paciente tem que se recuperar duas vezes - uma vez
da doença e outra do remédio.
Remédios não podem curar doenças; a doença continua. É apenas
seu padrão que muda. Os medicamentos também podem acarretar
deficiências nutricionais.

Todo tratamento medicamentoso tem um custo para o organismo.


Quando tomamos medicamentos, estes podem causar além do
efeito desejado, efeitos que podem não nos fazer bem. Estes são
chamados de efeitos colaterais ou efeitos indesejados.

Muitas drogas, como os estimulantes Ritalin (metilfenidato)


e Adderall, são prescritas para o transtorno do déficit de
atenção. Estes podem reduzir o apetite. Isso, por sua vez, diminui a
ingestão de nutrientes benéficos. Alguns antidepressivos também
tendem a ter esse efeito de redução do apetite.
Por outro lado, algumas drogas podem esgotar o estado nutricional,
aumentando o desejo de alimentos pouco saudáveis, como
carboidratos refinados.
Muitos dos neurolépticos (medicamentos antipsicóticos) e alguns
antidepressivos causam resistência à insulina ou síndrome
metabólica, com resultados em balanço de açúcar no sangue. Os
pacientes então desejam carboidratos simples, como açúcar, pão e
macarrão.
Os medicamentos esteroides, incluindo aqueles fornecidos por um
inalador, também podem criar problemas semelhantes. Se eu for
continuar a citar os efeitos nocivos teremos mais de 30 páginas
sobre o assunto.
Além desses efeitos, a toxicidade que os medicamentos produzem
ocorre em um momento em que o seu corpo é menos capaz de lidar
com isso. O poder de restaurar a saúde, portanto, não está nos
remédios, mas na natureza.
A abordagem “científica” do sistema moderno enfatiza um
combate depois que a doença se instalou, enquanto o sistema de
cura através da natureza dá maior ênfase ao método preventivo e
adota medidas para alcançar e manter a saúde e prevenir a doença.
O sistema médico moderno trata cada doença como uma entidade
separada, exigindo medicamentos específicos para sua cura,
enquanto o sistema de cura natural trata o organismo como um todo
e busca restaurar a harmonia de todo o ser do paciente.

Métodos de cura através da natureza

O sistema de cura através da natureza visa o reajuste do sistema


interno de defesa humano transformando condições anormais em
normais e adota métodos de cura que estão em conformidade com
os princípios construtivos da natureza.
Tais métodos removem do sistema o acúmulo de matéria tóxica
sem prejudicar de maneira alguma o funcionamento dos órgãos
vitais do corpo humano. Eles também estimulam os órgãos de
eliminação e purificação a terem um melhor funcionamento.
Para curar doenças, a primeira e principal exigência é regular a sua
dieta. Para se livrar das toxinas acumuladas e restaurar o equilíbrio
do sistema, é desejável adotar o jejum e confinar a dieta a frutas
frescas que desinfetarão o estômago e o canal alimentar.
Obviamente isso só será feito por alguns dias no período inicial.
Dependendo do grau de qualidade da sua alimentação, um jejum
completo por alguns dias pode ser necessário para a eliminação de
toxinas. Suco de fruta, no entanto, pode ser tomado durante o
jejum. Uma regra simples é: não coma quando estiver doente,
mantenha uma dieta leve de frutas frescas. Aguarde o retorno do
apetite saudável habitual.
Perda de apetite é a advertência da natureza de que nenhum fardo
deve ser colocado nos órgãos digestivos. Alimentos alcalinos,
como vegetais crus e cereais integrais, podem ser adicionados após
algum tempo da dieta de apenas frutas.

Outro fator importante na cura de doenças por métodos naturais é


estimular a vitalidade do corpo. Isso pode ser conseguido usando a
água de várias maneiras e a temperaturas variadas na forma de
banhos. A aplicação de água fria, especialmente no abdômen, sede
da maioria das doenças, e nos órgãos sexuais, através de um banho
de frio (quadril) reduz imediatamente o calor corporal e estimula o
sistema nervoso.

A hidroterapia também oferece um método natural e simples de


diminuir as febres e reduzir a dor e a inflamação, sem efeitos
colaterais prejudiciais. Aplicações de água morna, por outro lado,
tem efeitos relaxantes.
Outros métodos naturais úteis na cura de doenças são ar e banho de
sol, exercícios e massagem. O ar e os banhos de sol revitalizam a
pele morta e ajudam a mantê-la em condições normais.
O exercício físico, especialmente o Ioga, promove a harmonia e a
saúde interior e ajuda a eliminar toda a tensão: física, mental e
emocional. A massagem tonifica o sistema nervoso e acelera a
circulação sanguínea e o processo metabólico.
Dessa forma e analisando todos os fatores, uma dieta bem
equilibrada, exercício físico regular, a observação das outras leis de
bem-estar como ar fresco, muita luz solar, água potável pura,
preocupação incessante com a limpeza de tudo ao seu redor,
descanso adequado e atitude mental positiva podem garantir uma
saúde vigorosa e prevenir doenças.
Banhos terapêuticos
A água tem sido usada como agente terapêutico valioso desde
tempos imemoriais. Em todas as grandes civilizações antigas, o
banho era considerado uma medida importante para a manutenção
da saúde e prevenção de doenças.
Ele também foi valorizado por suas propriedades corretivas. A
literatura védica antiga na Índia contém numerosas referências à
eficácia da água no tratamento de doenças.
Nos tempos modernos, o valor terapêutico da água foi popularizado
por Vincent Priessnitz, padre Sebastian Kneipp, Louis Kuhne e
outros pioneiros europeus em hidroterapia.
Essas pessoas elevaram a cura através da água a um nível muito
superior e a empregaram com sucesso para o tratamento de
inúmeras doenças conhecidas. Existem inúmeros spas na maioria
dos países europeus onde os banhos terapêuticos são usados como
um grande agente de cura.
É indiscutível que a água exerce efeitos benéficos no corpo
humano. Ela equilibra a circulação, aumenta o tónus muscular e
ajuda na digestão e nutrição.
Ela também tonifica a atividade da glândula transpiratória e, no
processo, elimina as células danificadas e a matéria tóxica do
sistema. E o melhor de tudo é que, não fazendo nenhuma loucura
ou estupidez, a hidroterapia não trás nenhum malefício.
Os principais métodos de tratamento de água que podem ser
empregados na cura de várias doenças de uma maneira “faça você
mesmo” são descritos abaixo.
Compressa fria
Esta é uma aplicação local usando um pano que foi espremido em
água fria. O pano deve ser dobrado em uma tira larga e mergulhado
em água fria ou água gelada.
A compressa é geralmente aplicada na cabeça, pescoço, peito,
abdômen e costas. A compressa fria é um meio eficaz de controlar
as condições inflamatórias do fígado, baço, estômago, rins,
intestinos, pulmões, cérebro, órgãos pélvicos e assim por diante.

Também é vantajosa em casos de febre e doença cardíaca. A


compressa fria mitiga dermatites e inflamações de partes externas
do olho. Quando o globo ocular é afetado, a compressa fria deve
seguir um breve fomento.
Compressa quente
A compressa quente é ideal para situações infecciosas, como
aquelas em que há formação de pus (furúnculo, terçol etc.), e para
amenizar edemas e hematomas que se formaram após um trauma
não tratado em 48 horas. A água quente tem função contrária a da
fria.
Ao invés de contrair os vasos, ela dilata, aumentando o fluxo
sanguíneo. Esse efeito acaba contendo o processo inflamatório,
pois a grande quantidade de sangue correndo nos vasos acaba
recolhendo e purificando os líquidos que vazaram e se acumularam
em torno da região afetada após o trauma.
A compressa quente também proporciona relaxamento muscular, o
que a torna ideal para tratar dores como torcicolos, e pode ser usada
ainda para aliviar desconfortos comuns como dor de dente e cólicas
abdominais provocadas pela TPM.
Banhos de quadril
O banho de quadril é uma das formas mais úteis de hidroterapia.
Como o próprio nome sugere esse modo de tratamento envolve
apenas os quadris e a região abdominal abaixo do umbigo.
Um tipo especial de banheira é usado para o propósito. A banheira
é cheia de água de tal maneira que cubra os quadris e alcança o
umbigo quando o paciente se senta nela. O que pode ser visto nesta
foto (perdoe o modelo e entenda que podem ser feitas adaptações
não sendo necessário gastar dinheiro com uma banheira
específica):
Geralmente, quatro a seis litros de água são necessários. Se a
banheira especial não estiver disponível, uma banheira comum
pode ser usada. Um suporte pode ser colocado sob uma borda para
uma elevação necessária. O banho de quadril pode ser tomado em
temperaturas frias, quentes, neutras ou alternadas.
Banho de quadril frio
A temperatura da água deve ser de 10ºC a 18ºC. A duração do
banho é geralmente de 10 minutos, mas em condições específicas
pode variar de um minuto a 30 minutos.
O paciente deve esfregar o abdome rapidamente do umbigo para
baixo e através do corpo com um pano úmido moderadamente
grosso. As pernas, os pés e a parte superior do corpo devem
permanecer completamente secos durante e após o banho.
O paciente deve realizar um exercício moderado como ioga, após o
banho de quadril frio, para aquecer o corpo. É prejudicial ignorar
esse conselho portanto não tenha preguiça.
Um banho de quadril frio é um tratamento de rotina para a maioria
das doenças. Alivia a constipação, a indigestão, a obesidade e ajuda
os órgãos eliminadores a funcionar adequadamente.
Também é útil em problemas uterinos como menstruação irregular,
infecções uterinas crônicas, inflamação pélvica, hemorroidas,
congestão hepática, congestão crônica da próstata, fraqueza
seminal, impotência, esterilidade, deslocamentos uterinos e
ovarianos, dilatação do estômago e do cólon, diarreia, disenteria,
hemorragia da bexiga e assim por diante.
O banho de quadril frio não deve ser empregado em inflamações
agudas dos órgãos pélvicos e abdominais e em contrações
dolorosas da bexiga, do reto ou da vagina.

Banho de quadril quente


Este banho é geralmente tomado de 8 a 10 minutos a uma
temperatura da água de 40°C a 45°C. O banho deve começar a
40°C. A temperatura deve ser aumentada gradualmente para 45°C.
Antes de entrar na banheira, o paciente deve beber um copo de
água fria. Uma compressa fria deve ser colocada na cabeça.
Novamente não tenha preguiça de fazer isso.
Um banho de quadril quente ajuda a aliviar menstruação dolorosa,
dor nos órgãos pélvicos, dor ao urinar, proctite e hemorroidas
dolorosas. Também melhora a glândula prostática aumentada e a
neuralgia dos ovários e da bexiga.
Um banho de chuveiro frio deve ser tomado imediatamente após o
banho de quadril quente. O banho deve ser terminado se o paciente
se sentir tonto ou se queixar de dor excessiva.

Banho de quadril neutro


A temperatura da água deve estar entre 32°C e 36°C. Este banho é
geralmente tomado de 20 minutos a uma hora. O banho de quadril
neutro ajuda a aliviar todas as condições inflamatórias agudas e
subagudas. Também alivia a nevralgia das trompas de falópio ou
testículos e espasmos dolorosos da vagina.

Banho de quadril alternado

A temperatura na banheira de hidromassagem (ou outra adaptação)


deve ser de 40ºC a 45ºC e na câmara fria de 10ºC a 18ºC. O
paciente deve sentar-se alternadamente na banheira de
hidromassagem por cinco minutos e depois na banheira fria por três
minutos.
A duração do banho é geralmente de 10 a 20 minutos. A cabeça e o
pescoço devem ser mantidos frios com uma compressa fria. O
tratamento deve terminar com um pouco de água fria nos quadris.
Esse banho alivia as condições inflamatórias crônicas das vísceras
pélvicas, como salpingite, ovaríte, celulite e várias neuralgias dos
órgãos geniturinários, ciática e lombalgia.
Banho espinhal
O banho espinhal é outra importante forma de tratamento
hidroterápico. Esse banho fornece um efeito calmante para a coluna
vertebral e, portanto, influencia o sistema nervoso central.
Ele é tomado em uma cuba especialmente projetada com suas
costas levantadas para prover apoio apropriado à cabeça. O banho
pode ser administrado a temperaturas frias, neutras e quentes.
O nível de água na cuba deve ser de 2 a 3,5 centímetros e o
paciente deve permanecer nele por três a dez minutos. Algumas
adaptações podem ser feitas caso não seja encontrada uma cuba
adequada.
O banho espinhal frio alivia a irritação, fadiga e hipertensão. É
benéfico em quase todos os distúrbios nervosos, como histeria,
convulsões, distúrbios mentais, perda de memória e tensão.
O banho neutro da coluna vertebral é um tratamento calmante e
sedativo, especialmente para o paciente altamente tenso e irritável.
É o tratamento ideal para a insônia e também alivia a tensão da
coluna vertebral. A duração deste banho é de 20 a 30 minutos.
O banho de coluna quente, por outro lado, ajuda a estimular o
sistema nervoso. Também alivia a dor vertebral na espondilite e a
dor muscular nas costas. Alivia também a dor ciática e distúrbios
gastrointestinais.
Lençol molhado coberto

Esse é um procedimento em que todo o corpo é coberto por um


lençol molhado, que por sua vez é envolto em um cobertor seco
para regular a evaporação.
Uma toalha turca deve ser colocada abaixo do queixo para proteger
o rosto e pescoço de entrar em contato com o cobertor. Os pés
devem ser mantidos aquecidos durante todo o tratamento.
Se os pés do paciente estiverem frios, coloque garrafas de água
quente perto deles para acelerar a reação. Normalmente esse tipo de
hidroterapia dura de 30 minutos a até uma hora ou até quando o
paciente começar a transpirar muito.

Ele pode beber água quente ou fria. Esse tratamento é útil em casos
de febre, especialmente em febre tifoide e também outras febres
contínuas. Há benefícios para aqueles que sofrem de insônia,
epilepsia e convulsões infantis. É útil no alívio de bronquite e ajuda
no tratamento de reumatismo e obesidade.

Banhos quentes de pés


Nesse método, o paciente deve manter suas pernas em uma cuba ou
balde cheio de água quente a uma temperatura de 40°C a 45°C.
Antes de tomar esse banho, um copo de água deve ser tomado e o
corpo deve ser coberto com um cobertor para que nenhum calor ou
vapor escape do banho para os pés.

A cabeça deve ser protegida com uma compressa fria. A duração


do banho é geralmente de 5 a 20 minutos. O paciente deve tomar
um banho frio imediatamente após o término.
O banho de pé quente alivia entorses e dores nas articulações do
tornozelo, dores de cabeça causadas por congestão cerebral e
resfriados. Nas mulheres, ajuda a restaurar a menstruação, se
suspensa, aumentando a oferta de sangue, especialmente para o
útero e os ovários.
Banhos frios de pés

A temperatura de 7°C a 12°C os pés devem ser colocados em uma


pequena cuba ou balde. Eles devem ficar completamente imersos
na água de um a cinco minutos.
A fricção deve ser aplicada continuamente aos pés durante o banho,
seja por um atendente ou pelo paciente, esfregando um pé contra o
outro.

Um banho de pés frios, tomado por um ou dois minutos, alivia a


congestão cerebral e a hemorragia uterina. Ele também ajuda no
tratamento de entorses, distensões e joanetes inflamados quando
tomados por períodos mais longos. Não deve ser tomado em casos
de condições inflamatórias do sistema urogenital, fígado e rins.
Banho de vapor

O banho de vapor é um dos mais importantes tratamentos de água


testados e que induz a transpiração de uma forma natural. O
paciente, usando uma toalha ou roupas intimas, senta-se em um
banco dentro de um gabinete especialmente projetado.
Antes de entrar lá, o paciente deve beber um ou dois copos de água
fria e proteger a cabeça com uma toalha fria. A duração do banho
de vapor é geralmente de 10 a 20 minutos ou até que a transpiração
ocorra.
Um banho frio deve ser tomado imediatamente após o término.
Pacientes muito fracos, mulheres grávidas, pacientes cardíacos e
aqueles que sofrem de pressão alta devem evitar o banho de vapor.

Se o paciente se sentir tonto ou desconfortável durante o


procedimento, ele ou ela deve ser imediatamente retirado e receber
um copo de água fria e o rosto deve ser lavado com água também
fria.
O banho de vapor ajuda a eliminar a matéria mórbida da superfície
da pele. Também melhora a circulação do sangue e a atividade dos
tecidos. Alivia o reumatismo, gota, problemas de ácido úrico e
obesidade.
O banho de vapor é útil em todas as formas de toxemias crônicas.
Também alivia nevralgias, nefrite crônica, infecções, tétano e
enxaqueca.

Banhos de imersão
Também é conhecido como banho completo. É administrado em
uma banheira que deve ser adequadamente equipada com conexões
de água quente e fria. O banho pode ser tomado a temperaturas
frias, neutras, quentes, graduadas e alternadas.

Banho de imersão frio


Isso pode ser tomado por quatro segundos a 20 minutos a uma
temperatura que varia de 10°C a 24°C.
Antes de entrar no banho, a água fria deve ser derramada na
cabeça, no peito e no pescoço do paciente e a cabeça deve ser
protegida com uma toalha úmida e fria.
Durante o banho, o paciente deve esfregar vigorosamente seu
corpo. Após o término, o corpo deve ser rapidamente secado e
embrulhado em um cobertor. Se o clima for favorável, deve-se
fazer exercícios moderados.
Esse banho ajuda a reduzir a febre. Também melhora a pele quando
tomado durante cinco a 15 segundos após um banho quente
prolongado, estimulando a circulação e o sistema nervoso.
Banho graduado
O paciente deve entrar no banho a uma temperatura de 31ºC. A
temperatura da água deve ser reduzida gradualmente a uma taxa de
1°C por minuto até atingir 25°C.
O banho deve continuar até que o paciente comece a tremer. O
banho graduado destina-se a evitar o choque nervoso pelo
mergulho repentino na água fria.
Esse banho é muitas vezes administrado a cada três horas em casos
de febre. Ele efetivamente reduz a temperatura, exceto na febre da
malária. Além disso, também produz um efeito tônico geral,
aumenta as resistências vitais e energiza o coração.

Banho de imersão neutro


Esse banho pode ser dado de 15 a 60 minutos a uma temperatura
variando de 26ºC a 28ºC. Pode ser administrado por longa duração,
sem quaisquer efeitos nocivos, pois a temperatura da água é
semelhante à temperatura do corpo.
O banho neutro diminui a pulsação sem modificar a respiração.
Esse tratamento é o melhor sedativo. Como o banho neutro
estimula a atividade da pele e dos rins, é recomendado em casos
relacionados a esses órgãos.
Também é benéfico para casos de doenças orgânicas do cérebro e
da medula espinhal, incluindo condições inflamatórias crônicas,
como meningite, reumatismo e artrite.
Um banho de imersão neutro tomado por 30 a 60 minutos é
altamente benéfico em hidropisia geral, devido a doenças cardíacas
ou renais. Também ajuda aqueles que sofrem de neurites múltiplas,
alcoolismo e outros hábitos narcóticos, diarreia crônica, peritonite e
afecções crônicas do abdômen.
Em tais casos, o banho pode ser administrado diariamente por 15 a
30 minutos. Esse banho também é útil nas condições toxêmicas
causadas por dispepsia e prurido.
O banho neutro não deve ser prescrito em certos casos de eczema e
outras formas de doenças de pele onde a água agrava os sintomas,
nem em casos de fraqueza cardíaca extrema.

Banho de imersão quente


Esse banho pode ser tomado de 2 a 15 minutos a uma temperatura
de 36ºC a 40ºC. Geralmente é iniciado em 37ºC e a temperatura é
então gradualmente aumentada para o nível exigido ao adicionar
água quente.

Antes de entrar no banho, o paciente deve beber água fria e


também molhar a cabeça, pescoço e ombros com água fria. Uma
compressa fria deve ser aplicada em todo o tratamento.
Esse tratamento alivia a bronquite capilar e a pneumonia brônquica
em crianças. Alivia o congestionamento dos pulmões e ativa os
vasos sanguíneos da pele.

Após o banho, um óleo deve ser aplicado na pele, se necessário. O


banho quente é um tratamento valioso no reumatismo crônico e na
obesidade. Dá alívio imediato quando há dor devido a pedras na
vesícula biliar e nos rins.
O banho quente não deve ser tomado em casos de doenças
orgânicas do cérebro ou da medula espinhal, nem em casos de
fraqueza e hipertrofia cardíaca.
Precauções

Certas precauções são necessárias ao tomar esses banhos


terapêuticos. Banhos completos devem ser evitados dentro de três
horas após uma refeição e uma hora antes.
Os banhos locais, como o banho de quadril e o banho de pés,
podem, no entanto, ser tomados duas horas depois de uma refeição.
Água limpa e pura deve ser usada para banhos e a água, uma vez
usada não deve ser usada novamente.
Ao tomar banhos, a temperatura e a duração devem ser
rigorosamente observadas para que os efeitos desejados sejam
obtidos. Um termômetro deve sempre ser usado para medir a
temperatura do corpo.
As mulheres não devem tomar nenhum dos banhos durante a
menstruação. Eles podem tomar apenas banhos de quadril durante a
gravidez até a conclusão do terceiro mês.
A cura através de elementos da terra

A terra foi usada extensivamente para fins de medicação nos


tempos antigos, assim como na Idade Média. Nos tempos
modernos, voltou a ter destaque como um valioso agente
terapêutico no século passado através dos incansáveis esforços de
Emanuel Felke, um pastor luterano nascido na Alemanha que foi
apelidado de "pastor da argila".
Felke descobriu que as forças da terra têm efeitos notáveis sobre o
corpo humano, especialmente durante a noite. Estes efeitos são
descritos como refrescantes, revigorantes e vitalizantes.

Adolf Just foi um dos pioneiros da naturopatia moderna e ele


acreditava que todas as doenças e também os sérios problemas
nervosos de nossa época seriam curados ou em muito amenizados
se apenas dormir ou deitar na terra à noite se tornasse um hábito na
cura de doenças.
Esses autores da “geoterapia” eu considero menos científicos que
os citados na cura através da água. Muitos defendem ideias
estranhas como “andar descalço faz com que você absorva o poder
vital da mãe Terra” e coisas do tipo. De qualquer forma, existem
benefícios importantes do contato com elementos da terra. Temos
como exemplos:

Beneficios do banho de argila

-Favorece a reprodução celular integral, afinando e clareando a


pele.
-Promove a esfoliação da pele e do couro cabeludo.
-Absorve toxinas e impurezas.
-Promove a reconstituição dos tecidos.
-Faz desintoxicação metabólica capilar, facial e corporal.
-Estimula o crescimento dos fios, pois atua na circulação.
-Elimina a oleosidade da pele e cabelo.
-Elimina bactérias e tem efeito calmante.
-Suaviza e amacia a pele.

Banho de lama

O banho de lama serve para aliviar o estresse da vida diária, o barro


vai ajudar a sua pele a ficar limpa e hidratada, além de ser um
esfoliante eficaz, um potente purificador, cicatrizante e calmante.

Assim como o barro, a argila é um dos materiais naturais para


ajudar a combater a acne, devido à sua grande ação
remineralizante, e também ajuda a remover as células mortas da
pele. Também é aconselhável para pacientes com psoríase ou
celulite, já que atuam como hidratante da pele, reequilibrando seu
pH e devolvendo o seu tônus natural.
Graças às suas propriedades calmantes, o banho de lama poderá
ajudar no alívio das dores nos ossos, músculos e articulações.
Revigora o seu corpo no inchaço, choque e inflamações. O barro
tem grande poder antiinflamatório e desinfetante. Para se beneficiar
ao máximo dos efeitos da lama, o certo é esperar secar. A espera
vai valer a pena.

Plantas medicinais
É importante saber o efeito das principais plantas medicinais. Eu
não sugiro que elas substitutam os remédios e nem que você decore
os fins medicinais de todas. Só que pode ocorrer que por alguma
razão você ter na sua casa ou em um local próximo contato com
alguma dessas plantas e elas podem ser úteis em um cenário de
escassez. Deixe anotado em algum lugar o que cada uma faz e
decore e se familiarize apenas com as que são facilmente
acessíveis.

Principais plantas medicinais:


Agrião:
Fins medicinais: Diurético, anti-inflamatório, pode ser usado para
tratar aftas, gengivites, acne e eczemas, ajuda melhorar a digestão e
tratar a tosse.

Como usar: A simples digestão do agrião libera substâncias


expectorantes que ajudam a limpar as vias respiratórias. Pode ser
consumido em saladas, batido em sucos ou tomado em chás ( 1
colher de sopa de folhas secas para uma xícara de chá de água
fervente, três vezes ao dia)

Atenção! Por ser abortiva, a infusão de agrião não deve ser


consumida por grávidas. Além disso, o excesso costuma irritar a
mucosa do estômago e as vias urinárias. Não deve ser ingerido por
quem tem úlceras e doenças renais inflamatórias

Alfazema:
Fins medicinais: Suas folhas são usadas em remédios contra
conjuntivite e as flores funcionam contra tosse, bronquite,
queimaduras e enxaqueca.

Como usar: Misture 100 mililitros de óleo de amêndoa com 40


gotas de essência de alfazema. Use esse óleo para massagear o
corpo - uma boa ideia é aplicá-lo antes de dormir.

Atenção! Em excesso, o chá de alfazema irrita bastante o


estômago. E há pessoas com alergia ao seu óleo essencial. Mais: a
planta não deve ser confundida com a alfazema-do-brasil ou erva-
santa.

Alcaçus:
Fins medicinais: É usado contra problemas pulmonares, como
tosses, por ser anti-séptico e anti-inflamatório. Para completar,
pesquisas sugerem sua aplicação nos casos de reações alérgicas,
bronquite e artrite.

Como usar: Use 3 gramas (1 ½ colher de sopa) da raiz seca do


alcaçuz, cortada em pedaços pequenos. Esquente água para 1 xícara
de chá. Desligue o fogo antes de atingir a fervura. Deixe a raiz na
água durante 15 minutos. Faça essa decocção 2 vezes ao dia e beba
antes das refeições.

Atenção! A dose máxima de alcaçuz é de 6 g ao dia - ou corre-se o


risco de a pressão sanguínea subir. A espécie é proibida para quem
tem problemas cardíacos, é hipertenso ou gestante.

Alecrim:
Fins medicinais: Há indícios de que seus princípios ativos
combateriam enxaquecas, para lapsos de memória e baixa de
imunidade, diminui dores reumáticas e articulares.

Como usar: Dilua 1 colher de café de óleo essencial de alecrim em


1 xícara de azeite de oliva. Esfregue, então, o óleo na região
dolorida com massagens suaves.

Atenção! Em pessoas sensíveis, pode irritar a pele quando usado


topicamente. Seu óleo jamais deve ser engolido e, em altas
dosagens, é abortivo. Quem é epilético não pode usar a erva,
principalmente no difusor.
Alho:
Fins medicinais: Pesquisas recentes sugerem um pontencial
anticancerígeno, desde que consumido sempre cru.

Como usar: Para controlar o colesterol e ajudar na expectoração,


faça uma maceração com 1 colher de café (0,5 g) de alho em 30 ml
de água. Tome 1 cálice desse preparado duas vezes ao dia, antes
das refeições.

Atenção! Há pessoas que podem ser alérgicas ao alho. Ele também


não deve ser usado por quem sofre de gastrite, úlcera, pressão baixa
ou hipoglicemia. Se for fazer uma cirurgia, não use nos dez dias
anteriores porque isso favoreceria hemorragias indesejáveis. Pelo
mesmo motivo, não serve para quem já faz uso de anticoagulantes.

Arnica:
Fins medicinais: Também é usada em para tratar problemas de
pele como acne e furunculose. E ajuda a aliviar dores reumáticas,
gota e tendinites.

Como usar: Para tratar contusões, faça a seguinte tintura, que pode
durar até um ano, se for armazenada corretamente: respeite a
proporção de 1 parte de arnica fresca, 5 partes de álcool de cereais
(encontrado em farmácias) e 5 partes de água. Pique a planta e
misture-a com os outros ingredientes. Deixe descansar por pelo
menos 15 dias antes de usar. Deve ser diluída a 10% para uso em
compressas.

Atenção! A planta tem compostos tóxicos e, por isso, sua tintura


não deve ser ingerida de jeito nenhum, nem se fazem chás com
suas folhas e flores. Também não pode ser aplicada sobre feridas
abertas. Seus efeitos colaterais incluem vômitos, aumento da
pressão arterial e aborto. Grávidas e mulheres que amamentam não
podem usá-la. Além disso, a arnica potencializa sangramentos,
especialmente se a pessoa toma remédios anticoagulantes. Nunca a
use com outras ervas: a mistura pode alterar a função das plaquetas.

Babosa:
Fins medicinais: A babosa também tem sido usada no combate à
caspa, aos piolhos e às lêndeas. Há testes sobre seus efeitos no
tratamento de inflamações e queimaduras.

Como usar: Esfregue folhas de babosa cozidas no couro cabeludo.


Deixe agir durante 15 minutos e enxágue. Outra opção é cortar as
folhas pela base deixando escoar o sumo gosmento. Passe-o então
nos fios. E saiba: ele dura apenas 2 dias na geladeira

Atenção! A babosa nunca deve ser ingerida. Ela tem resinas que
irritam o estômago e o intestino, podendo causar cólicas,
hemorragias e nefrites. Além disso, parece ser tóxica ao fígado.
Boldo-do-chile:
Fins medicinais: O boldo-do-chile também age como anti-
inflamatório inibindo a síntese de prostaglandinas, substâncias
envolvidas no processo de uma inflamação.

Como usar:Para prevenir pedras na vesícula coloque em 1 xícara


de água fervente, ponha 1 colher de sobremesa de folhas picadas.
Abafe por 10 minutos e beba sem perder tempo.

Atenção! Nada de usar o boldo-do-chile a torto e a direito. Tome


somente em casos isolados de mal-estar porque o excesso, em vez
de fazer bem, causa intoxicação hepática. A planta também está
vetada a grávidas e pessoas com asma, distúrbios renais e
problemas do fígado.

Calêndula:
Fins medicinais: É usada para tratar fungos, acne e escaras, ajuda a
prevenir assaduras em crianças e pode aliviar queimaduras leves,
inclusive as de sol.
Como usar: Para cólicas menstruais, coloque em 1 xícara de chá
de água fervente, coloque 1 colher de sobremesa das flores de
calêndula. Abafe por 10 minutos e coe. Tome 2 xícaras do
preparado diariamente nos oito dias anteriores à menstruação.
Camomila:
Fins medicinais: É usada com tônico digestivo, facilita a
eliminação de gases e estimula o apetite. A infusão concentrada
pode ser usada em bochechos para tratar inflamação das gengivas.
Também alivia dores musculares, na coluna e ciáticas.

Como usar: Para aliviar irritações de pele use 6 colheres de sopa


de flores frescas de camomila para preparar uma infusão com 1
litro de água. Aplique o líquido em compressas sobre a área
afetada.

Atenção! Algumas pessoas têm alergia à erva. E o excesso sempre


pode causar mal-estar, enjoo e vômitos. Deve ser evitada por
grávidas e por quem estiver tomando remédios anticoagulantes
Canela:
Fins medicinais: Contra gases e má digestão.

Como usar: Faça uma decocção com a casca desidratada usando 1


colher de café para cada xícara de água.

Atenção! Em indivíduos sensíveis, a canela pode despertar reações


alérgicas.
Capim-limão:
Fins medicinais: O chá de capim-limão também é indicado para
ajudar no trabalho estomacal, para expulsar gases, além de ser
ligeiramente analgésico e anti-reumático.

Como usar: Para diminuir a ansiedade, coloque em 1 xícara de chá


de água fervente, coloque 1 colher de sopa de folhas frescas
picadas. Se quiser, acrescente gotas de limão e adoce com mel.

Atenção! Em geral é seguro, mas não deve ser usado na gravidez


nem para dores abdominais de causa desconhecida.
Carqueja:
Fins medicinais: A carqueja reduz as taxas de açúcar no sangue e
tem propriedades anti-úlcera e anti-inflamatórias, o que ajuda no
tratamento de artrites.

Como usar: Para auxiliar na digestão, prepare um chá com 1


colher de sopa da erva para cada xícara de água e tome até 3 vezes
ao dia.

Atenção! Estudos não apontam toxicidade renal ou hepática, mas


há risco de queda na pressão arterial. Por isso não deve ser usada
por quem tem problemas de pressão baixa ou toma remédios contra
a hipertensão. Também é contraindicada em casos de diarreia
crônica. Por falta de estudos conclusivos, grávidas devem evitá-la,
principalmente no primeiro trimestre.

Erva cidreira:
Fins medicinais: Também é analgésico e antiespasmódico, além de
funcionar topicamente (em extrato) contra herpes labial.

Como usar: Para tratar dores de cabeça e cólicas intestinais,


coloque m 1 xícara de chá, coloque 1 colher de sobremesa de
folhas e ramos frescos. Adicione água fervente. Abafe, espere
amornar e coe. Tome uma xícara de manhã e outra à noite.
Eucalipto:
Fins medicinais: O chá é usado para abaixar a febre e combater
dores de ciática e gota. Também alivia dores do reumatismo e
estimula as defesas. A planta serve como antisséptico e repelente
de insetos.

Como usar: Para sinusite (inalação), jogue 1 litro de água fervente


sobre 6 ou 8 folhas de eucalipto. Aspire o vapor 2 vezes ao dia.

Atenção! Nos casos de asma seca, pode ter efeito contrário,


irritando mais e piorando o quadro alérgico. Em excesso, pode
causar sonolência, vômitos, transtornos respiratórios e até perda de
consciência. Grávidas, quem tem doenças inflamatórias ou
hepáticas graves não podem usar. Crianças não devem fazer
inalação nem usar o óleo essencial. A planta também interage com
vários remédios, como antidiabéticos e drogas metabolizadas pelo
fígado.

Guaraná:
Fins medicinais: Atenua perturbações gastrointestinais e cólicas e
é ainda usado contra perda de memória e como analgésico.

Como usar: Para aumentar a disposição coloque 1 colher de chá de


pó de guaraná em 1 copo de água filtrada e acrescente 1 colher de
sopa de mel. Misture bem. Tome logo de manhã, em jejum.

Atenção! Deve ser evitado por crianças, portadores de distúrbios


cardíacos e psíquicos como síndrome do pânico ou hiperatividade.
Nunca consuma junto com outras bebidas ricas em cafeína.
Pimenta:
Fins medicinais: É usada para acelerar o metabolismo e ajuda
emagrecer

Como usar: Para melhorar a digestão consuma com freqüência e


em doses bem moderadas (até 5 gramas diárias), ela estimula as
funções do estômago.

Atenção! Vale o bom senso: tem gente que é muito sensível ao


ardido da pimenta. Quem sofre de úlcera e gastrite, portanto,
precisa evitá-la. Há quem diga que o uso excessivo provocaria
hemorroidas.
Capítulo 9

Primeiros socorros e remédios

“Nós só sobrevivemos pelo que recebemos, mas só vivemos de verdade pelo


que entregamos às pessoas próximas de nós”
Churchill

Ter uma visão ampla sobre primeiros socorros é algo de suma


importância. Os primeiros socorros são uma reação contra
possíveis eventos e entre os mais importantes temos diarreia,
feridas, infecções respiratórias, dor e febre, gripe, emergências
dentárias, etc.

Diarreia

Diarreia pode ser causada por bactérias, vírus, medicamentos,


parasitas, intolerância à frutose e muitos outros distúrbios
digestivos. Geralmente não levamos a sério a ameaça da diarreia,
mas em situações caóticas ela pode ser um problema grave. Aqui
estão algumas coisas que podem prevenir e ajudar a aliviar a
diarreia, para que ela não se torne uma ameaça à vida:

Suplementos enzimáticos para a saúde digestiva. Depois de comer


um certo alimento, se você sente desconforto, gases, diarreia, dor
de cabeça, inchaço abdominal ou dificuldade para respirar pode ser
que seu corpo não tenha a capacidade de digeri-lo corretamente.
Isso caracteriza uma intolerância alimentar, ou seja, seu corpo não
tem ou produz pouco a enzima necessária para digerir aquela
substância. É como se a enzima fosse a chave e o alimento, um
carro. Para tirá-lo do caminho, é necessário que a chave se encaixe
perfeitamente. A suplementação enzimática já é amplamente
utilizada na intolerância contra a lactose. Essas enzimas garantem
que as proteínas ou substâncias que gerariam o desconforto sejam
devidamente digeridas e eliminadas, como se não houvesse
intolerância nenhuma.
Complexo de Artemísia e nozes pretas verdes. As cascas da noz
preta têm sido consideradas por muito tempo um remédio poderoso
para expelir parasitas e vermes do corpo. Elas contêm iodo e
taninos orgânicos, que contêm propriedades fortes antissépticas.
Também têm demonstrado ter capacidades de oxigenação, que
podem ajudar a queimar toxinas excedentes e matérias gordas e
limpar o sangue. São indicadas em uma série de problemas
cutâneos. A ação amarga desta erva estimula o sistema digestivo,
ajudando na indigestão, especialmente quando causada por
problemas do suco gástrico. Também é uma das melhores ervas
disponíveis para tratar de infestações de vermes e parasitas. Devido
à ação geral do tônico, a artemísia pode beneficiar muitas
condições, pois beneficia o corpo em geral.

Antidiarreico Imodium. Os comprimidos de Imodium são usados


no tratamento da diarreia. Estes podem fornecer quase
imediatamente o alívio sintomático por diminuírem os movimentos
intestinais. Este facto dá ao corpo mais tempo para absorver a água
e os nutrientes dos alimentos presentes no seu sistema, prevenindo,
assim, a desidratação. O Imodium contém loperamida, que atua nos
receptores das paredes musculares dos intestinos. Estes receptores
estimulam as contrações musculares, mas após a ação da
loperamida, estas são diminuídas, permitindo que os alimentos
sejam digeridos mais devagar. Isto não só ajuda a prevenir a
desidratação, mas pode também reduzir o desconforto causado por
uma condição como a diarreia.
Tabletes de Carvão Ativado. A principal função do carvão ativado
é remover as impurezas do organismo, por esse motivo o produto é
muito utilizado em casos de intoxicação por alimentos, drogas,
medicamentos ou produtos químicos. Além de auxiliar na
desintoxicação do organismo, o carvão ativado é usado para tratar
disfunções, branquear dentes e em cosméticos. Em hospitais, pode
ser usado para desintoxicação por medicamentos, venenos ou
agentes químicos.

Antiácido Tums. Medicamento indicado para o alívio da azia e


indigestão gástrica. A diarreia é geralmente acompanhada de
transtorno digestivo, também para ajudar a prevenir infecções
fúngicas, indigestão ácida e problemas estomacais.
Pedialyte. É destinado à prevenção da desidratação e manutenção
da hidratação, após a fase de reidratação, como em quadros de
doença diarreica aguda, de qualquer origem, por exemplo. O
medicamento substitui rapidamente os fluidos e eletrólitos perdidos
durante a diarreia e vômito ajudando a prevenir a desidratação. Este
medicamento foi desenvolvido para promover a absorção de
fluidos mais efetivamente do que as soluções caseiras comuns. O
início da ação é imediato.
Tratamento de feridas

Perfurações, arranhões, cortes, queimaduras, mordidas, bolhas,


picadas e queimaduras de radiação podem causar complicações
graves dependendo do cenário. A pele é uma barreira que serve
como proteção contra infecções e radiação. Os itens que devem ser
adquiridos são vários.

Podemos citar o sabão para limpar feridas, peróxido de hidrogênio


para prevenir infecções, Neosporina (uma pomada antibiótica para
feridas), ataduras, band-aid, compressas de gaze estéreis, Nebacetin
(para queimaduras), hidrocortisona(um creme anti-coceira para
erupções cutâneas), curativo hemostático (uma maneira de evitar
que as feridas sangrem profusamente), Ibuprofeno (para aliviar a
dor e prevenir o inchaço), pinças (para retirar lascas e outros
objetos indesejados em feridas) e protetor solar.

Infecções Respiratórias

São mais comuns no outono e no inverno, e podem incluir


corrimento nasal, tosse ou dor de garganta. Entre os principais itens
a serem adquiridos temos:

Anti-histamínicos. Também conhecidos como antialérgicos, são


remédios utilizados para tratar reações alérgicas, como urticária,
rinite alérgica ou conjuntivite, por exemplo, reduzindo os sintomas
de coceira, inchaço, vermelhidão ou corrimento nasal.

Lanternas. Para verificar a garganta em busca de feridas.

Pastilha Benalet. Trata-se de uma pastilha indicada no tratamento


contra tosse e irritação da garganta que tem ação antialérgica
e expectorante. Pode ser comprada em farmácias e drogarias, nos
sabores mel-limão, framboesa ou menta. O Benalet é indicado
como tratamento auxiliar nos quadros de inflamações das vias
aéreas superiores como tosse seca, irritação da garganta e faringite
que normalmente acompanha gripes e resfriados ou que está
associada à inalação de fumaça, por exemplo.
Água oxigenada. Pode ajudar a eliminar a fleuma e outras
secreções associadas a uma boca inflamada.
Dor e febre

Causas de febre podem incluir um vírus, infecção bacteriana,


queimaduras solares extremas e exaustão pelo calor. Para aliviar a
febre durante uma situação de emergência, armazene alguns destes
itens:
-Termômetro analógico (é melhor um termômetro que funcione
sem baterias);
-Ibuprofeno (para reduzir a febre e prevenir o inchaço);
-Compressas quentes e frias (para reduzir a temperatura corporal;
-Amoxicilina (esse medicamento é um antibiótico de amplo
espectro indicado para o tratamento de infecções bacterianas).
Gripe

Se você estiver em uma situação na qual não pode procurar ajuda


médica para a gripe, você pode querer algumas destas coisas:
-Luvas (luvas de exame para que você possa conduzir exames em
familiares com segurança);
-Kit antigripal (Resfenol, Previgrip e Aspirina C);
-Kit de proteção contra Infecção (kit que possui equipamento para
proteção dos olhos, mãos e rosto).
Emergências Dentárias

A maioria das pessoas sequer cogitaria citar uma emergência


dentária como um perigo em uma situação de sobrevivência, mas e
se você tiver uma emergência odontológica durante uma cenário
caótico? Um dente ruim pode acabar custando sua vida. Tenha
alguns destes em mãos no caso de uma emergência odontológica:
-Peróxido de Hidrogênio (agente de desbridamento oral);
-Gel anestésico para dentes (aliviar a dor);
-Kit Dental (para infecções, obturações perdidas ou dentes
fraturados, adquira um kit com fio dental, algodão, anestésicos
orais e misturas temporárias de preenchimento de cavidades).
Emergências pessoais

Possivelmente haverá uma emergência específica para um dos


membros da sua família como diabetes ou tratamento
oftalmológico. Aqueles que têm diabetes podem precisar de
insulina.

Se esse for o caso, deve-se ter aveia em mãos para aqueles que são
diabéticos para ajudar a controlar seus picos de insulina. É preciso
ter cuidado com os olhos. O cloridrato de tetraidrozolina é
essencial. Nos olhos, ele dilata as pupilas, aumenta o escoamento
do humor aquoso e promove vasoconstrução.

Outras dicas

Mantenha um manual básico de primeiros socorros sempre por


perto. A maioria dos livros trata bem mais de uma centena de tipos
diferentes de condições e ferimentos e deixará claro como tratar
alguém se não houver equipes médicas de emergência por perto
para ajudar.

Fazer cursos na Cruz Vermelha Brasileira também é uma boa


pedida. Normalmente são cursos baratos e que inclusive fornecem
certificado de conclusão.
Nas aulas básicas de primeiros socorros, você aprenderá como
reconhecer e cuidar de uma variedade de situações como cortes,
queimaduras, arranhões, doenças súbitas, lesões no pescoço, na
cabeça e nas costas.
É importante saber como usar tudo em seus kits. Reações alérgicas,
envenenamentos e picadas de cobra e ataques de asma exigem ação
imediata. Descubra como você pode lidar com essas situações antes
que elas ocorram.
Se você mora em uma área onde há cobras venenosas, você deve
saber como usar um kit de mordida de cobra. Se alguém da família
é alérgico a abelhas, saiba como usar um kit de picada de abelha.

Deve-se conhecer também os diferentes tratamentos para


queimaduras. Elas são a segunda principal causa de morte em
crianças pequenas. Nunca se deve usar gelo ou manteiga. O melhor
procedimento é esfriar a queimadura sob água corrente morna ou
fria por quinze minutos.

O torniquete pode ser também algo perigoso. Em caso de mau uso


um torniquete pode fazer com que alguém perca um membro, então
é interessante saber como usá-lo.
Capítulo 10

Investimentos e negócios para um


sobrevivencialista

“O mundo precisa do que os bancos fazem, mas não necessariamente


deles”
Bill Gates

Investimentos e negócios
Para quem me conhece pessoalmente algumas das passagens aqui
escritas parecerão hipócritas. Eu não apenas sou formado em
administração de empresas pela FGV como invisto no mercado
financeiro já faz algumas décadas.

Eu também escrevi um livro sobre Fundos de Investimento Imobiliário


que o leitor pode checar na parte final “sobre o autor”. De qualquer
forma, para quem tem mentalidade sobrevivencialista não faz sentido
depositar todas as fichas no mercado de capitais. Se estamos tratando
da possibilidade de eventos catastróficos acontecerem (e como se
preparar para eles) não faz sentido desenvolver esse capítulo dando
ênfase no mercado de capitais.

A verdade é que estamos entrando em tempos econômicos perigosos.


Depois da debacle econômica dos dois governos petistas, o Brasil
estancou a sangria elegendo Jair Bolsonaro. Só que não há mágica
para ser feita no curto prazo.
Por mais que o Paulo Guedes seja uma pessoa extremamente
capacitada para ser Ministro da Fazenda, não há dúvida que
entraremos em tempos de escassez e privações. A Reforma da
Previdência vai ser aprovada e a tendência é que o povo brasileiro
trabalhe cada vez mais e conte cada vez menos com o Estado.

No Brasil atual não se pode nem contar com os concursos públicos


como ocorria no passado. É provável que a estabilidade irá
desaparecer ou, no mínimo, vai ser relativizada. Vários benefícios e
excessos serão diminuídos e/ou cortados. As vagas recordes que as
escolas preparatórias para concursos preveem não passam de
fantasias para buscar novos alunos já que estamos em um cenário
de controle dos gastos públicos com um exército cada vez maior de
gente abandonando a iniciativa privada.

Você pode ser um excelente trabalhador, em uma indústria


presumivelmente “segura”, mas em uma depressão você ainda
assim pode perder seu emprego. Esse capítulo apresentará
estratégias para garantir sua segurança financeira.
Fornecerei conselhos sobre investimentos inteligentes para fazer
agora visando proteger seu dinheiro, sugestões de fontes de receita
e técnicas de barganha eficazes que você pode usar para o
WTSHTF.

Obviamente que não estou aconselhando todos os leitores a


abandonarem seus empregos e a cidade grande e irem se refugiar
no campo. O que vai ser tratado nessa parte do livro é como se
tornar mais independente e seguro e ir aos poucos deixando de ser
um escravo do sistema. Esse capítulo vai ser útil mesmo se o leitor
morrer sem que nada catastrófico tenha acontecido.
O problema da inflação
Por mais que o Brasil tenha esquecido como a inflação pode ser
nociva, esse é um assunto que poderá voltar a ser caótico no futuro.
Quem tem menos de 30 anos provavelmente não viveu o caos
econômico que ocorria no Brasil antes do Plano Real estabilizar as
coisas.

Se o governo de Jair Bolsonaro não atacar a questão fiscal, o país


pode voltar a entrar em um abismo inflacionário, como está
ocorrendo com a Argentina, Pelas contas de economistas
renomados o Brasil precisará fazer um ajuste de R$ 300 bilhões, ou
seja, o equivalente a 4,2% do Produto Interno Bruto (PIB), para
que as contas públicas se reequilibrem e voltem a registrar
superávit primário (economia para o pagamento dos juros da dívida
pública).
Isso é tudo muito bonito na teoria, mas ninguém sabe como as
coisas vão se desenvolver. Não dá para prever como o poder
legislativo vai se comportar e o presidente Bolsonaro, por mais
bem intencionado que seja, não tem uma grande compreensão de
economia.
Pode ser que algumas reformas econômicas não passem e que ele
seja aconselhado a tomar medidas que, por mais que no longo
prazo possam ser boas para o Brasil, possam afetar severamente a
classe média.

E outra, qual a garantia que temos que um outro governo


irresponsável com as contas públicas como os últimos governos
petistas não possa voltar ao poder? Geralmente a população
brasileira é péssima para entender quem é responsável por
determinado problema econômico.
Caso o Bolsonaro não possa concorrer e não surja uma figura
igualmente carismática (ou mesmo ocorra uma crise econômica) é
bem possível pensar um cenário em que alguém de uma “esquerda
reformista e limpa” ganhe força e isso pode ameaçar o futuro
econômico do país.
Para quem é jovem e não entende ainda por não ter vivenciado o
problema vou usar um exemplo de dois casos típicos de países com
problemas de inflação para que através do cotejo numérico seja
possível uma maior compreensão. A comparação da inflação será
feita considerando dois países: Brasil e Alemanha.
Em um passado recente e lendo um artigo de um economista
respeitado em 2012 eu percebi que esse exemplo era o mais
didático possível para mostrar o perigo da inflação brasileira.
Nos últimos cinquenta anos, a inflação na Alemanha foi de
309,4%, ou 2,86% ao ano em média. No mesmo período, a
brasileira atingiu estonteantes 36 552 126 060 062 700% (trinta e
seis quatrilhões, quinhentos e cinquenta e dois trilhões, cento e
vinte e seis bilhões, sessenta milhões, sessenta e dois mil e
setecentos por cento), com média anual de 95,55%.

Lá, a rejeição tem origem no terror da hiperinflação dos anos 1920,


na República de Weimar. A maioria dos alemães tem profundo
pavor de qualquer aumento inflacionário e isso engloba jovens,
adultos e idosos. O ambiente inflacionário teve papel relevante na
ascensão do nazismo ao poder. Hitler foi “o filho adotivo da
inflação”.

Aqui no Brasil, contudo, quem tem menos de 30 anos sequer


considera a inflação como um problema grave em potencial.
Inflação, para a maioria das pessoas, é só um assunto de economia
que quase não tem nenhum efeito no mundo real.
Será que isso é verdade e será que a intensidade dos efeitos atuais
vai ser a mesma em uma possível crise futura? Vejam esse gráfico
do valor do preço do combustível na bomba dos últimos 20 anos:

Como a inflação é tão implacável como pode ser visto no gráfico,


recomendo investir em bens tangíveis - como terras agrícolas
produtivas, ouro, prata, armas e munições de calibre comum. O real
certamente continuará a cair vertiginosamente e não adianta
colocá-lo em um banco ou em um colchão, mas a maior parte dos
bens tangíveis manterá seu valor não importa o cenário
inflacionário.

É preciso também entender algumas dinâmicas econômicas. No


nosso atual sistema monetário e bancário, quando uma pessoa ou
empresa pega empréstimo, os bancos criam dinheiro do nada — na
verdade, meros dígitos eletrônicos — e simplesmente acrescentam
esses dígitos na conta do tomador do empréstimo. Portando, todo o
processo de expansão de crédito nada mais é do que um mecanismo
que aumenta a quantidade de dinheiro na economia.
Não cabe aqui desenvolver profundamente sobre economia, mas o
principal de entender é que os períodos de boom e crescimento
recentes eram falsos e não tinham como durar. O Brasil está com
um problema de dívida pública que poderá ficar muito grave caso
algumas reformas não passem.
Eu lembro quando era adolescente o político Enéas Carneiro
falando sobre juros da dívida e como o Brasil iria ser estrangulado
se alguma coisa não fosse feita. Por incrível que pareça o que o
político que era considerado louco naquela época faz muito sentido
agora.

É preciso entender que o carrossel da dívida não pode durar para


sempre. Quando o consumidor médio fica sem crédito, quando o
próprio tesouro brasileiro não é mais considerado digno de crédito,
e quando o real passar a ser reconhecido pelo que de fato é (papel
higiênico bem impresso), as coisas vão ficar muito feias. Se você
parar de fazer os pagamentos do seu carro, os bancos enviam um
representante para tirá-lo de você. E quando nações inteiras entram
em default, geralmente eventos caóticos podem surgir. Esteja
preparado.

Inflação e impostos sobre imóveis

O aumento de impostos sobre bens imóveis é uma das razões pelas


quais agora as propriedades parecem tão caras para o indivíduo
comum. Mesmo que você possua sua casa própria, os impostos
sobre a propriedade são inescapáveis.
E os impostos e a forma como os governos democráticos têm se
comportado fazem com que os gastos com moradia só aumentem.
Isso não é neurose de prepper, mas a pura realidade ratificada por
fatos empíricos como estes:

“De acordo com Simões, o ITBI, sofreu reajuste de 1%. Antes a


alíquota era de 2% com a nova lei sobe para 3%. Já o IPTU passa a
ter uma cobrança de 40% a 50% a mais para imóveis das classes
baixa e média e 15% para as unidades mais caras, aumentando
ainda mais a carga tributária para os contribuintes.”
Ou este aqui:
“A prefeitura de São Paulo reajustou a tabela do ITBI (Imposto
sobre a transmissão de bens imóveis) em até 173%. Essa é a tabela
de valor dos imóveis como referência para pagamento de impostos
em transações imobiliárias e deve fazer com que proprietários
paguem mais imposto na hora de transferir um imóvel de nome.”

Sendo assim, mesmo no modo autossuficiente, embora você possa


se alimentar, você ainda precisa de um emprego remunerado,
apenas para pagar os impostos da sua residência que tendem a
crescer cada vez mais.
Até que esse sistema monetário de dívida - que é a raiz da inflação
- seja substituído por um sistema de moeda sólida que seja
resgatável em espécie é prudente pensar em criar fontes de renda
adicionais por mais autossuficiente que você acredite ser.

Empregos imunes a depressões

Nos tempos econômicos atuais, que são marcados por crescentes


demissões corporativas, é importante estudar quais empregos são à
prova de recessão. Se você é demitido e não consegue encontrar
trabalho em seu campo escolhido, então você deve pensar em
aceitar um salário menor para iniciar um trabalho muito menos
glamoroso.
No Japão, esses trabalhos são chamados de trabalhos “Três K”:
kitsui (“hard”), kitanai (“sujo”) e kiken (“perigoso”). Se você está
disposto a assumir qualquer um dos Três Ks e você realiza o seu
trabalho com afinco e dedicação então é provável que você irá
mantê-lo mesmo em situações econômicas catastróficas.

Obviamente o salário recebido nesses empregos é na maioria das


vezes insuficiente. A questão principal aqui é que a maioria dos
brasileiros tem a visão tola e infantil de que o salário é a única
fonte de renda disponível. Existe uma infinidade de formas de
economizar e ganhar dinheiro e isso vai desde criar uma plantação
na sua casa a descobrir como ter renda extra na internet.
A maioria desses empregos são considerados de baixo nível.
Trabalhadores de saneamento, agentes de controle de animais,
técnicos de esgoto e trabalhadores de manutenção de rodovias são
uma parte vital de qualquer sociedade. Não há vergonha nenhuma
nisso.

O principal erro que muitas pessoas cometem ao simplesmente


evitar alguns empregos é considerar as condições atuais de uma
determinada sociedade como imutáveis e ficar fantasiando que
algumas profissões e determinados segmentos que vivem bem vão
continuar assim infinitamente.
Acredite, caro leitor, é muito provável que pessoas que tem bons
recursos hoje em dia vão passar por dificuldades muito maiores nos
tempos porvindouros do que uma pessoa com menos recursos que
se preparar antecipadamente para o que está por vir.
Recentemente surgiu uma notícia nos portais financeiros que
William Preston King, um antigo investidor que era amigo do
Jordan Belfort (o verdadeiro “Lobo de Wall Street”) e que, em um
passado não muito distante, tinha muitos cavalos e andava de
BMW estava morando nas ruas de Nova York.

Por mais que seja triste e revoltante ver alguém com tanto potencial
(William falava cinco línguas e era considerado muito inteligente
por todos os seus pares) acabar em uma situação como essa,
podemos dizer que a sua situação atual é reflexo de falta de preparo
(aqui no sentido de planejar para longo prazo em ser um prepper e
não viver para o presente apenas). Ele achou que iria continuar
vivendo de forma luxuosa para sempre.
Quem entende para onde o mundo está caminhando, mesmo que
tenha infinitamente menos recursos, não irá deixar sua família
passar fome ou acabar sem lar. E acredite esses casos vão ser cada
vez mais comuns e simplesmente não vão existir mais lugares
desenvolvidos para fugir.
Entenda que não há vergonha em aceitar o trabalho duro. Se você
aceitar um emprego que traga apenas metade de sua renda antiga,
considere que, na verdade, você sairá na frente de seus
contemporâneos, que serão demitidos por mais da metade de cada
ano. Além disso, você terá benefícios ininterruptos, como seguro
de saúde.

Não se acomode com seu emprego e pense constantemente em


como criar novas rendas, pergunte a si mesmo se os gastos que
você faz não podem ser evitados e como criar ativos tangíveis que
trabalhem para o seu bem estar no longo prazo.
A necessidade de um negócio doméstico que te gere renda
A maioria dos preppers que vivem em cidades grandes ou médias
gostariam de viver em tempo integral em um retiro em uma área
rural. Essa é uma discussão que ocorre frequentemente não apenas
no Brasil como também nos Estados Unidos.
O motivo desse anseio é quase sempre o mesmo: a preocupação
com a falta de autonomia. Como é difícil encontrar trabalho no
campo e a maioria dos trabalhos da cidade não permitem o
teletrabalho, boa parte desses indivíduos se sente presa.

Ao longo dos anos, vi muitas pessoas desse meio abandonarem


tudo e irem para uma cidade pequena (bem pequena mesmo) com a
esperança de encontrar um trabalho lá e conseguir maior
autonomia.
Isso geralmente não funciona. Os empregos mais rurais geralmente
pagam pouco mais do que o salário mínimo e muitas vezes são
informalmente reservados para pessoas que nasceram e cresceram
no lugar. Os recém-chegados da cidade grande certamente não irão
ter prioridade de contratação.

Meu conselho para quem tem uma mentalidade sobrevivencialista é


desenvolver, mesmo que você more na cidade grande
momentaneamente, um negócio que você possa movimentar da sua
casa. Depois que esse negócio prosperar, inicie outro e assim
sucessivamente.

Qual negócio especificamente não dá para generalizar porque as


pessoas possuem a mais diversa gama de habilidades. Não posso
citar um determinado empreendimento se um indivíduo pode não
ter talento algum para levá-lo adiante.
O ideal é pensar porém em um negócio que possa se manter
saudável mesmo em condições adversas como em crises ou eventos
catastróficos. Se a sua mulher é, a medida de exemplo, muito boa
em fazer doces essa é uma atividade que seria terrivelmente afetada
em um cenário adverso.

Não necessariamente que seja algo que se deva evitar se ela estiver
desempregada, mas se tiver uma outra perspectiva de uma
atividade mais resiliente é mais adequado dar prioridade à segunda
atividade.

Existem inúmeras vantagens para essa abordagem, a saber:


-Você pode viver no seu retiro em tempo integral. Isso contribuirá
para sua autossuficiência, desde que você esteja lá para cuidar do
seu jardim, árvores frutíferas e animais.
-Se um de seus negócios domésticos falhar, você poderá se dedicar
ao outro.
-Você geralmente pode construir os negócios gradualmente, de
modo que você não precisa sair da sua ocupação atual
imediatamente.
-Ao trabalhar em casa, você terá tempo para educar suas crianças e
elas vão aprender sobre como operar um negócio.

Esse último aspecto é interessante. Hoje em dia ensinar uma


criança sobre negócios e botá-la para trabalhar parcialmente para
que ela aprenda como as coisas funcionam na realidade é mal visto
e pode inclusive acarretar problemas para o pai.

Em um passado não muito distante em São Paulo (e provavelmente


no Brasil inteiro) era comum ver famílias comerciantes de árabes,
portugueses e judeus com crianças no estabelecimento para que os
filhos aprendessem como funciona um negócio e desenvolvessem
na prática conceitos importantes relacionados a matemática,
psicologia do consumidor, marketing, etc.

Hoje em dia, contudo, ensinar educação sexual e lixo ideológico


parece ser uma forma muito mais produtiva de educar os jovens
brasileiros. Para quem não sabe o Warren Buffet começou sua vida
vendendo limonada e não tenho dúvida que esses anos iniciais
foram de suma importância na formação do homem que ele iria se
tornar.

Pergunte-se a si mesmo “em que eu sou bom?”. Que conhecimento


ou habilidades que você tem que você pode utilizar? Em seguida,
considere quais são as empresas e empreendimentos que
florescerão durante os tempos difíceis.
Negócios bem-sucedidos em domicílio geralmente se concentram
em necessidades não atendidas. Se você mora em uma área rural,
pergunte aos seus vizinhos: há algo que você compra ou aluga, ou
um serviço que você contrata regularmente que atualmente requer
uma viagem de vários quilômetros até a cidade? Esses são seus
nichos potenciais.
Um negócio domiciliar à prova de recessão bem-sucedido será
aquele em que a demanda por seus bens e serviços seja consistente
- mesmo em uma economia fraca.
Existem infinidades de oportunidades para aqueles que pensam
segundo esses critérios. Por exemplo, caso você seja um prepper
habilidoso e experiente você pode oferecer serviços de especialista
em energia alternativa, reparador, vendedor de roupas de segunda
mão para classes mais baixas, etc.

Em tempos econômicos difíceis, as pessoas tentam se contentar


com o que eles têm. Então, as empresas de reparo vão sempre
existir. Talvez haja algum pequeno aparelho que você possa reparar
e que possa ser enviado de e para o cliente. Isso pode incluir reparo
de algum eletrônico (existem muitos cursos do Senai para
reparadores: mesmo que você não entre nessa área, que mal vai
fazer aprender?)
Outra categoria é lojas de segunda mão. Pessoas com orçamentos
apertados estarão ativamente procurando por bens de segunda mão
em vez de comprar novos itens. Uma loja de segunda mão em uma
cidade de tamanho pequeno pode funcionar bem em uma
depressão.

Outra abordagem para aqueles com aptidão mecânica que não se


importam com o trabalho extenuante ao ar livre é possuir uma ou
mais peças de máquinas bastante caras que muitas pessoas
precisam alugar (ou contratar os serviços) semestralmente, mas que
são caras o suficiente para não justificar a compra de uma.
Exemplos incluem as valetadeiras, serrarias portáteis, talhas de
caçamba,
Tratores Bobcat, pequenas escavadeiras de esteiras e assim por
diante (o que mais tem é equipamento que preenche esses
requisitos).

Depois de identificar uma necessidade clara e não preenchida na


sua comunidade, e depois de confirmar que mais ninguém na sua
área já tem uma máquina que ele atualmente aluga, comece a
procurar uma.

Idealmente, você desejará uma que tenha alguns anos (já que o
maquinário novo em geral é muito caro), em condições confiáveis
de funcionamento e a preços razoáveis.
Se necessário, pegue um trailer para transporte. Pratique com ele
em sua propriedade, para que você seja competente e tenha
confiança de que você pode fazer um bom trabalho.

Pratique carregar, transportar e descarregar seu maquinário


algumas vezes, para que você não pareça um idiota ao fazer isso.
Certifique-se antes de tudo de ter um seguro de responsabilidade
civil antes começar qualquer atividade.

A partir daí, é hora de pensar no marketing. A abordagem pode


variar muito de acordo com a sede do seu negócio. A propaganda
boca a boca, pode ser eficiente, as novas tecnologias também,
assim como parcerias com outros estabelecimentos da cidade.

Você pode "dimensionar" o tamanho da sua segunda empresa de


acordo com os preços cobrados. Se você tem disponibilidade de
horas e acha que faz sentido cobrar um valor menor, então preço
baixo. Se você está ficando com muito trabalho, então comece a
aumentar o preço cobrado para desacelerar seus negócios.

Se e quando você perder seu fluxo de renda primário, você pode


reduzir substancialmente o preço cobrado em seu negócio
secundário, para que ele possa absorver a sua renda perdida.
Alguns bons exemplos de negócios domésticos podem ser:
-Reparo e reforma em geral
-Venda por correspondência ou pela internet
-Escrita freelancer
-Criação de blogs com publicidade
-Instalação de alarmes contra roubos
-Fabricação de vassouras e cestos
-Tecelagem e fiação
-Fabricação de velas e sabonetes
Metais preciosos como hedge e não como investimento

Os metais preciosos, em geral, não são um investimento em si. Em


vez disso, eles são mais uma forma de proteção contra a destruição
do mercado financeiro global. As pessoas podem esperar comprar
metais preciosos sem esperança firme de retorno.

Existem duas formas de comprar ouro: através da B3 ou


no mercado de balcão. Na bolsa, o investidor precisa ter uma conta
em uma corretora de valores e os contratos são negociados
em lotes-padrão de 250 gramas de ouro. No mercado balcão, por
outro lado, o cliente pode investir em barras de 1g até 1kg.

Em vez de pensarmos em especulação, pode-se esperar que o ouro


acompanhe a taxa de inflação. Recomendo que todas as famílias
tenham uma participação essencial (não especulativa) de 5% a 10%
de seu patrimônio líquido em metais preciosos.
É óbvio que é possível perder dinheiro com ouro e depois da crise
de 2008/2009 o ouro se valorizou para alcançar quase U$2.000 e
agora está próximo de U$1.300. E é por essa razão que eu
aconselho ter apenas uma pequena proporção em metais preciosos.

Por mais complicado que seja falar em termos de proporção e


mesmo usar a bolsa de valores para um prepper, creio que comprar
metais preciosos seja algo racional.

Como não temos certeza de que tipo de crise poderá ocorrer, só nos
resta criar um portfólio bem balanceado de metais preciosos. Por
exemplo, o ouro disparou US$869,75 a onça durante a crise
financeira de 2008.
O preço de uma onça de ouro bateu um recorde histórico de
US$1.895 em 5 de setembro de 2011, em resposta às preocupações
de que os Estados Unidos ficariam inadimplentes em sua dívida.

Um sobrevivencialista/prepper nesse contexto que tinha


investimentos em ouro obviamente se sentiu mais seguro e
confiante do que alguém que não tinha nada.

De qualquer forma, eu costumo ver que a maioria das pessoas


desse meio normalmente prefere adquirir barras de ouro ao invés
de utilizar o mercado de capitais. Isso pode fazer sentido ou não de
acordo com o que vier a acontecer.

Para quem é dessa opinião, aconselho que procure uma corretora


autorizada pelo Banco Central e pela CVM (Comissão de Valores
Mobiliários) a vender ouro. Entre as empresas mais conhecidas
estão Ourominas, Parmetal e Carol DTVM.
Evite comprar em lojas indicadas nas ruas. As barras vendidas nas
distribuidoras autorizadas são lacradas. Mantenha o lacre, senão é
preciso pagar para lacrar de novo.

Em um grande desastre que gerar um colapso econômico, os metais


preciosos terão sua maior utilidade como um item de valor
reconhecido para facilitar o escambo nas últimas etapas de uma
economia pós-colapso, à medida que o comércio regular começa
ocorrer novamente.
Antes disso, você pode esperar que apenas alimentos enlatados e
armas sejam aceitos como permuta. O mercado livre determinará
seu valor, como sempre ocorre.

Se o Real (assim como as outras moedas) for completamente


eliminado (temporária ou definitivamente), os Reais antigos
provavelmente serão declarados sem valor e uma nova unidade
monetária será estabelecida (provavelmente atrelada ao ouro).

No curto prazo, os mercados de metais – principalmente a prata -


são de fato bastante voláteis. Mas é importante ter uma visão de
longo prazo e entender que você está gastando um valor que
representa uma proporção baixa do seu patrimônio como seguro.

De nada adiantaria comprar metais e ficar acompanhando


diariamente o que está ocorrendo no mercado global para decidir se
você irá vender. Isso é especulação como qualquer outra.
Eu recomendo comprar moedas de prata em vez de moedas de
ouro. Se você quiser, em um cenário catastrófico, comprar água,
chocolate ou mesmo um pão será extremamente estranho utilizar
ouro para esse tipo de aquisição.
Como alguém iria dar um troco para algo que vale infinitamente
menos do que está recebendo? É por essas e outras que eu
recomendo uma diversificação que envolve inclusive contratos
futuros na B3.

Estratégias de troca, pechincha e sobrevivência

Como há efetivamente apenas uma moeda no Brasil, só podemos


usá-la para fazer negócios. Pode ser difícil, mas você precisa
superar sua mentalidade tradicional sobre o valor da moeda e
perceber que estamos descendo uma escada rolante.
Um ambiente inflacionário sustenta a lógica tradicional, uma vez
que a poupança se perde, e investir é quase como jogar moedas em
uma lagoa se a taxa de retorno de qualquer investimento for menor
do que a taxa de inflação do mundo real.
A única exceção digna de nota, como já discutido, é investir em
tangíveis. Aqui estão algumas sugestões para se proteger da
inflação e dominar a arte da barganha:

Compre em abundância sempre que as condições permitirem

Compre a maioria de seus alimentos básicos em lugares que


proporcionem descontos. O que mais existe no Brasil é
“superatacado” e se você for inteligente não apenas vai estar
economizando como vai estar iniciando sua estocagem de produtos
necessários.
Estoque itens não perecíveis sempre que estiverem à venda: itens
como lâmpadas, produtos de papel, sabão em barra, produtos de
limpeza, sabão em pó, lubrificantes e assim por diante.
Desde que você proteja esses suprimentos contra roubo, umidade e
deterioração, eles são, de acordo com uma ótica sobrevivencialista,
melhores do que dinheiro no banco. São tangíveis comprados a
preços de hoje, que você pode usar ainda por muitos anos.

Aprenda a realizar trocas

A troca, por sua própria natureza, protegerá você e sua família da


inflação. Eu defendo fortemente a estocagem de itens extras para
troca. Obviamente isso deve ser feito com a condição de você não
iniciar a compra de bens que serão usados para a troca antes de ter
estocado os principais itens prementes para a sobrevivência
familiar.

Essas características devem ser levadas em consideração antes da


aquisição de itens para troca sob pena de você fracassar nos seus
objetivos:
-Utilidade para a maioria dos cidadãos. Quase todas as famílias no
Brasil usam sabão, mas apenas algumas irão precisar de agulhas de
costura.
-Reconhecimento imediato. Marcas conhecidas não precisam de
introdução. Marcas suspeitas podem ser problemáticas em uma
situação de troca.
-Longevidade. Se você não pode trocar tudo antes que os itens
estraguem, então você está comprando demais.
-Fácil divisibilidade. Caixa de fósforo é o exemplo mais perfeito
que existe. Se você planeja dividir uma mercadoria em transações
de permuta, certifique-se de ter onde armazenar as partes divididas.
-Compactação relativa e transporte a um custo razoável. O papel
higiênico terá um grande apelo em um cenário WSHTF, mas
apenas quinhentos reais quase encheria minha garagem.
Aprenda e desenvolva técnicas de negociação

Como discutido anteriormente, toda família deve ter pelo menos


um negócio caseiro que ela pode recorrer em caso de uma recessão
econômica ou grande depressão.
Concentre-se em desenvolver habilidades ao invés de ter apenas
mercadorias para a troca. A beleza de ter habilidades únicas para
barganhar é que a maioria delas não exige muita matéria-prima,
então ao contrário dos bens de troca, você sempre vai ter algo para
oferecer.
Uma profissão ou habilidade que também requeira um conjunto de
ferramentas especializadas pode ser útil; no entanto, se a habilidade
desenvolvida também exigir a entrega de um dispositivo de fábrica
para concluir cada transação, você deveria considerar fazer outra
coisa.
Por exemplo, instalar alarmes contra roubo pode ser lucrativo
contanto que você tenha uma fonte de reabastecimento e desde que
as redes de energia e telefonia estejam funcionando, mas em um
cenário TEOTWAWKI, por quanto tempo será que você poderia
continuar executando tal negócio?

Evite também desenvolver uma habilidade que atraia apenas os


clientes ricos para gastos esporádicos. Esses são os gastos que
serão adiados ou ignorados em uma depressão econômica.
Trocando itens

Estar pronto para realizar trocas não é apenas uma questão de ter
uma pilha de itens estocados. Embora a logística de trocas seja
importante, o que é ainda mais importante é o que está entre os
seus ouvidos.
Barganhar requer prática: é uma habilidade adquirida. Eu sugiro
que você comece a ir em feiras ou outros eventos similares e passe
a não apenas ouvir como também tentar realizar negócios mais
vantajosos.

É irrelevante, no começo, se você vai conseguir ou não. Por mais


ridículo que você se sinta, você não irá ter progresso se não der o
primeiro passo e acredite quando eu digo que você não irá aprender
sozinho.

Comece praticando trocas em questões cotidianas mesmo com itens


de baixo valor. Se um amigo ou companheiro do trabalho quiser
alguma coisa barata que você tenha, tente de forma amistosa
receber algo em troca.

Esses pequenos eventos irão desenvolver sua habilidade de


pechinchar de forma que você aprenda perfeitamente o valor das
coisas e passe a enxergar formas de conseguir itens mesmo que
você não julgue que eles são importantes no presente.
A transação ocasional em que você acaba “sendo passado para
trás” não deve ser motivo de preocupação. A única coisa que você
deve ter em mente é que você está desenvolvendo suas habilidades
de como barganhar.
Os atributos que o colocarão em uma posição de barganha superior
incluem conhecimento específico sobre o que está sendo
negociado, conhecimento sobre quem está sentado do outro lado da
mesa e bom senso empírico e esses atributos só são adquiridos após
uma infinidade de transações feitas.
O que fazer para negociar melhor

Quanto mais você souber sobre as mercadorias que estão sendo


trocadas, melhor você poderá barganhar. Com esse conhecimento
você poderá falar de maneira honesta, mas persuasiva, sobre as
virtudes de seus próprios produtos, enquanto fala educadamente
sobre os defeitos dos produtos de seu parceiro comercial.
Dessa forma, quanto maior for o seu conhecimento técnico de bens,
melhor. Aproveite o seu tempo extra para estudar e desenvolver o
olhar de um avaliador profissional em relação à condição de
mercadorias usadas, o valor relativo dos produtos de um fabricante
em relação ao outro e como está o seu conhecimento em relação ao
mercado em geral.

Com esse conhecimento você pode avaliar de forma mais perspicaz


a escassez de qualquer item específico em seu estoque de permuta.
Depois de tudo, como em qualquer outra transação de livre
mercado, o principal fator na determinação do valor é a relação
entre oferta e demanda.

Se você está negociando um item para colecionador, então saber o


quão escasso esse item é te proporcionará uma tremenda vantagem
comparativa na negociação. Você precisa saber com autoridade
qual fabricante, modelo, ano de produção e todos os demais
pormenores de determinado produto.
Táticas para pechinchar
Por mais que alguém absorva conteúdo teórico sobre negociação, é
muito difícil quantificar o quão habilidosa é uma pessoa na arte de
pechinchar. Essa é uma habilidade que também pode demorar anos
para ser desenvolvida.

O Donald Trump nos seus ótimos livros fornece várias dicas


importantes. É bem verdade que em conversas e entrevistas ele
costuma dizer que sua capacidade para negociação é inata e nem
todos podem chegar a esse nível.

Eu particularmente acredito que existe um forte componente inato


no fato de alguém ser ou não um bom negociador. Só que
obviamente também é possível desenvolver em maior ou menor
grau essa capacidade.
Parte desse desenvolvimento é aprender a ler o rosto e a linguagem
corporal de quem está do outro lado da mesa. Quão ansioso ele está
para te vender um produto ou mesmo comprar o seu?

A rapidez que alguém aceita uma oferta é um indicador-chave. E se


há um negociante experiente avaliando você, será necessário
desenvolver uma expressão facial de jogador de pôquer.

Tome o tempo que for necessário para examinar cuidadosamente


qualquer item oferecido a você. Isso lhe dará a oportunidade de
detectar quaisquer falhas, defeitos ou sinais de deterioração no item
que está sendo oferecido. Se você gastar mais tempo examinando
um item isso pode levar o vendedor a duvidar do valor do que ele
está oferecendo.
Caso você faça uma oferta por um item e ela for prontamente
rejeitada, ou a contraproposta feita for absurdamente alta, então a
melhor coisa a se fazer é desistir da negociação ou ao menos deixar
claro atiladamente que não há perspectiva nenhuma de ter algum
negócio sob essas condições.
Isso te distancia psicologicamente do item e, mais uma vez, faz
com que o vendedor comece a duvidar de seu valor. No processo
de pechinchar, uma das frases mais valiosas que você pode usar é
"e o melhor que você pode oferecer?" Se o vendedor não se mexer
e você estiver próximo a um preço aceitável, a melhor coisa a fazer
é oferecer alguma coisa que você possua para facilitar o negócio.

Se você ainda não conseguiu chegar a um acordo e quer concluir o


negócio, provavelmente irá prejudicar a operação fazer com que
sutilmente seja reduzido o valor do que está sendo oferecido a você
ou aumentado o que você está oferecendo.

Procure algum defeito ou algum pormenor que possa ser


conveniente e sutilmente de uma cutucada do tipo “realmente é um
bom produto e se não fosse já um pouco usado o preço que você
está pedindo poderia ser justo”.

A próxima coisa mais valiosa que você pode aprender é como não
dizer nada. Depois de fazer uma oferta e receber uma
contraproposta, silenciosamente comece a contar até vinte.
Há alguma coisa relacionada a uma longa pausa que faz com que
todos, menos o negociante mais robusto, desejem preencher esse
silêncio. E nove vezes em dez, ele preencherá esse silêncio com
outra oferta, geralmente uma que seja melhor.

Como último recurso, agradeça ao vendedor e comece a se afastar.


Esse será sua prova final de quão ansioso o vendedor está em
vender ou não sua mercadoria. Se você ouvir “Espere, volte
aqui...", então você sabe que o vendedor ainda tem espaço para
negociar o preço ou a quantidade a ser vendida.
Tenha em mente, no entanto, que essa é uma tática arriscada. Uma
vez que você se afaste sem que o vendedor expresse objeção, se
você voltar mais tarde, você será refém do último preço oferecido
ou até mais se o vendedor for um velhaco experiente.

Se você voltar mais tarde, o vendedor saberá que você está ansioso
para comprar e não encontrou uma oferta melhor para um item
comparável em outro lugar, então ele estará com todas as cartas na
mão.

Ao vender, tenha em mente que você pode negociar, mas não para
um valor acima. Sempre faça seu preço inicial um pouco mais alto
do que você realmente quer para o produto. Algumas pessoas não
concordarão nem mesmo com um bom negócio, a menos que
possam extrair pelo menos uma concessão do preço inicial. Sendo
assim, é inteligente definir um preço mais alto e a partir daí
negociá-lo.

A imagem importa e muito

Quando você estiver indo negociar alguma coisa é importante não


exagerar na vestimenta. Se você estiver muito bem vestido e com
um relógio muito caro, a pessoa com quem você irá negociar pode
achar que você é um ricaço e isso irá te prejudicar no negócio.

Dessa forma, é importante se vestir de forma limpa e ordenada,


mas sem excessos. Se você tem um relógio caro, a melhor coisa a
se fazer é deixa-lo em casa.

É preciso também aprender a ser observador e entender até os


mínimos pormenores sobre com quem você está negociando e qual
é a situação dessa pessoa.
Ele é um colecionador que por acaso está vendendo um item por
não ter mais interesse ou ele é um vendedor cujo sustento depende
desse negócio? Ele está vendendo mercadoria em nome de um
amigo ou parente? O principal a saber é o quão ansioso ele está em
concluir o negócio porque isso irá te dar uma grande vantagem.

Abordagem adequada

Ao abordar um vendedor pela primeira vez, é importante primeiro


esperar até que ele tenha terminado de lidar com qualquer cliente.
Não interrompa um homem quando ele está fazendo um acordo.
Sorria e faça contato visual e, se for apropriado, apresente-se e
aperte as mãos do seu interlocutor.

Dê a entender que você irá comprar muito de um produto porque


isso pode fazer uma grande diferença quando for negociar o preço.
Mesmo que o local de venda possua poucos produtos interessantes,
elogie o estabelecimento e faça algum comentário positivo mesmo
sobre itens que você não pretenda comprar.

Apesar de não ser proibido apontar um defeito em um item


específico durante a negociação, não seja muito radical criticando
tudo o que você estiver interessado. Isso pode prejudicar todo o
processo de negociação.
Não tenha vergonha também de apontar defeitos em sua própria
mercadoria. De uma maneira sutil, isso permite que seu cliente
saiba que você é respeitável.
Se encontrar um vendedor que tenha o tipo de mercadoria que você
acha que será interessante adquirir no futuro, então pegue o contato
dele assim você pode entrar em contato mais tarde. Tome notas
sobre todas as particularidades dos itens.
O mesmo pode ser aplicado quando se deparar com um vendedor
que tenha um estoque raro de itens, especialmente peças
sobressalentes. É sempre interessante manter um networking com
essas pessoas.

Considerações finais sobre a arte de negociar

Se o que você está oferecendo em uma negociação for um item


compacto, valioso, durável e tangível que está em falta ou
altamente valorizado, não cometa o erro de trocá-lo por itens
menos duráveis ou desejáveis. Caso contrário, no final do dia o seu
homólogo estará indo para casa com os melhores produtos.

A única exceção a essa regra é se a outra parte estiver disposta a


negociar uma quantidade muito maior de seus itens e você sabe que
tem um mercado já esperando por eles.

Use essas habilidades com sabedoria e sempre entenda que as


mercadorias para troca devem ser estocadas sempre que você já
tiver garantido o mínimo suficiente para sua família. Não espere
dominar a arte de barganhar em um mês. Você provavelmente irá
ter que fracassar algumas vezes para depois evoluir.
Muitos preppers americanos acreditam de forma equivocada (em
termos de probabilidade porque nunca sabemos com certeza o que
acontecerá no futuro) que existe uma grande chance de um ataque
nuclear global que fará com que o mundo inteiro fique inabitável.
O cenário mais provável, contudo, principalmente no Brasil que é o
que nos interessa, é que a economia irá entrar em colapso, o Estado
irá ficar cada vez menor e que milhões de pessoas que antes
sonhavam que iriam ter auxílio estatal eterno para resolver seus
problemas ficarão agressivas e com comportamento antissocial
(para usar um eufemismo politicamente correto e não dizer que elas
serão potencialmente criminosas).
A violência já está em níveis de guerra e o desemprego é muito
alto. É perfeitamente possível imaginar um cenário em que um
número elevado de pessoas irá cometer crimes e a polícia
simplesmente não vai ser capaz de lidar com todos. Isso já ocorre é
verdade, mas estou retratando um possível cenário totalmente fora
de controle e piorado.

É bem verdade que o governo Bolsonaro tomou importantes


medidas para fornecer armas para a população se defender e
começou em 2019 a adotar uma abordagem mais inteligente sobre
a forma como a polícia deveria lidar com os criminosos.
Só que no Brasil não dá para ter segurança de nada e é razoável
sempre esperar pelo pior. É esse cenário que é mais provável e que
devemos ter em mente. Isso significa planejar e se preparar de
forma inteligente. Como seria uma preparação adequada?
Tendo saída de emergência na sua casa, ferrolhos que dificultam o
arrombamento de portas, e áreas secretas onde estão estocadas
armas e alimentos necessários.
Todos os membros familiares devem estar preparados e treinados
para o que deve ser feito em situações de emergência. Isso
independe se estamos falando de uma invasão, incêndio ou
alagamento. No pior dos casos deve existir um retiro ou “bug out
location” para ir quando sua própria casa não puder mais ser
considerada um lugar seguro.
Capítulo 11

A importância da hipertrofia para um


sobrevivencialista

“A fraqueza vai embora, a orgulho aumenta e o sucesso passa a fazer parte


da sua vida”
Greg Plitt

Era preciso criar um capítulo específico sobre musculação. É bem


verdade que a maioria dos fisiculturistas ou aqueles fanáticos de
academia que fazem exercícios 7x por semana e tomam shake de
proteína e outros suplementos diariamente não aguentariam ficar 2
dias em uma selva tendo que caçar e se proteger ao relento.

Por mais que isso seja verdade, eu ainda assim acho que a
musculação e hipertrofia são essenciais para um sobrevivencialista.
A questão da força física é provavelmente subvalorizada nesse
meio e é comum ver preppers apregoando apenas exercícios que
proporcionam maior resistência.
Obviamente que aguentar andar e correr por mais tempo é
importante. Só que ter uma força física relevante é no mínimo, se
não for mais, tão importante em questões de sobrevivência.

Eu escrevi um livro sobre hipertrofia (não é propaganda e vou


demonstrar logo em seguida o porquê dele ser importante para um
maior preparo) que é de suma importância para aqueles que querem
evoluir na arte sobrevivencialista.

O livro é este:

https://www.amazon.com.br/Hipertrofia-Total-avan%C3%A7ado-
m%C3%BAsculos-corporal-ebook/dp/B07MVXWRQD

Mas por qual razão o livro é relevante na “arte sobrevivencialista”?


É porque ele aborda a hipertrofia sob dois aspectos que são muito
importantes para o propósito do presente livro. Primeiro ele
defende e demonstra cientificamente que o jejum intermitente não
apenas é mais saudável como é o modo de vida natural do ser
humano que evoluiu fazendo jejum antes da caça e coleta diária.

Segundo e mais importante é que esse livro aborda o método de


treinamento HIT. Basicamente essa técnica foi popularizada por
Dorian Yates e é um tipo de treino em que o praticante de
atividades físicas frequenta a academia 3 vezes por semana e adota
um estilo de treino com menores repetições e com maior carga.

Eu não vou dar mais detalhes porque esse livro não é sobre
musculação, mas basicamente esse tipo de treino potencializa os
ganhos musculares e o aumento da força física através do menor
esforço possível (ao menos em termos aeróbicos e de frequência na
academia).

Basicamente seguindo essa metodologia você ficará com um físico


poderoso e perfeito para a arte de sobreviver em eventos caóticos.
O físico esperado e mais capaz deve ser algo próximo de:

Mas ao contrário o que se vê são pessoas ou obesas ou magricelas


como estes:
Obviamente não vou gastar muitas páginas dando dicas de
musculação até porque não é o propósito desse livro. Vou, contudo,
citar algumas passagens dos exercícios mais relevantes para
potencializar o seu preparo físico pela simples razão de que isso vai
te tornar um indivíduo muito mais capaz na arte da sobrevivência
do que se você for uma pessoa fora de forma como os indivíduos
acima.

Esses exercícios foram selecionados porque são completos, fáceis


de fazer mesmo fora da academia e por proporcionarem resultados
incríveis tanto no aspecto da força como em termos de hipertrofia.
Barra fixa com pesos amarrados

Sem exagerar é possível dizer que esse é provavelmente o exercício


mais importante para o homem que existe entre todos. Não apenas
é excelente em termos estéticos para criar o shape em forma de V
como também aumenta sua força e desempenho em vários outros.
Ele é tão importante e completo que até o bíceps que nem é o
músculo principal do exercício acaba se transformando
consideravelmente.

Para fazer o exercício o ideal é segurar a barra com as mãos a uma


distância equivalente à largura dos ombros e pendurar-se a barra
com os pés cruzados. Logo após, aperte as escápulas dos ombros
para baixo e para atrás, dobre os cotovelos e puxe a parte de cima
do peito em direção à barra. Após uma pausa, deve-se retornar à
posição original.

Esse exercício atinge os grandes músculos das costas que ficam em


volta do tronco. Esses músculos são responsáveis por oferecer um
formato amplo e alargado ao tronco (estão vendo o shape V???) e
podem dar a impressão que a pessoa está mais magra e saudável
mesmo quando ela não emagreceu.

A maioria dos homens procura ter uma dorsal mais forte e


esculpida, com ombros largos e braços poderosos. É por isso que
recomendo esse exercício. Ele consegue promover as três coisas de
forma incrivelmente efetiva. Claro desde que você adicione pesos e
progrida pouco a pouco.

Uma das questões a serem tratadas (mesmo esse ponto já tendo


sido tratado na parte específica do treino com pirâmide inversa) é
que fazer muitas repetições pensando em ganhar massa acaba
sendo pouco produtivo.
Evidentemente em termos de resistência muscular e "stamina" é
interessante ver alguém fazendo 30 repetições diretas de barra fixa
sem peso. Isso para determinados esportes pode fazer muito
sentido, mas para hipertrofia não faz muita diferença de alguém
que faz 12.

É totalmente possível e não é incomum ver indivíduos muito


magros e com algum treinamento fazer esse tipo de exercício com
muitas repetições. É incrível, contudo, como muitas pessoas que
querem hipertrofiar pensam que fazer dezenas de repetições deve
ser o modelo a ser seguido. Com isso muitos conseguem fazer 20
ou 30, mas o resultado estético continua a mesma coisa.
O que deve ser feito, ao contrário, é fazer esse exercício com pesos.
Praticamente não há nada mais impressionante na academia do que
ver alguém pendurado na barra fixa com 50 quilos amarrados na
cintura fazendo várias repetições. Isso é força de verdade. Você
nunca irá ver um gordo fazendo isso e muito menos um magrelo.

Todos que começam a adotar esse exercício com o passar do tempo


passam a ter um físico muito masculino e simétrico. É
impressionante: é como se o corpo automaticamente encontrasse
um equilíbrio natural quando você pratica movimentos de
suspensão em treinamentos que envolvem a gravidade.
É provável que o leitor já tenha entendido que esse exercício é “O”
exercício. Caso se trate de um leitor desconfiado, esquivo e
teimoso, ainda vou dar uma ajuda apontando vários benefícios
únicos que a barra fixa com pesos amarrados proporciona. Não tem
como pensar em deixar de fora esse exercício para quem quer ter
desempenho de alto nível.

Um dos benefícios mais ignorados quando costumam discorrer


sobre esse exercício é o benefício do aumento da força de preensão.
A força de aderência é muitas vezes negligenciada como um
benefício, mas ela acaba por ser de grande valor e um diferencial
importante.
Ao fazer esse exercício você irá estar aumentando automaticamente
a força em várias áreas musculares como antebraços, costas,
bíceps, etc. Com o passar do tempo você vai conseguir fazer
exercícios de forma mais fácil só com o aumento da força de
preensão geral.

O alinhamento postural é outro benefício e esse é mais evidente e


autoexplicativo. Isso é especialmente verdadeiro quando as pernas
são mantidas retas, alinhadas com a parte superior do corpo. Tal
posição dos membros ajuda a criar uma postura adequada de
alinhamento da coluna vertebral.
Quando a parte inferior do corpo está um pouco esticada, o arco e a
coluna naturais do corpo são reforçados, proporcionando uma
postura adequada ao longo do tempo. Caso a postura seja um
problema para você, esse é mais um benefício a ser obtido.
Em geral, quanto mais horizontal for um exercício em termos de
puxar e/ou empurrar, mais curta será sua amplitude de movimento.
Por outro lado, exercícios verticais como esse permitem uma maior
amplitude de movimento.
De fato, fazer barra fixa com pesos amarrados não apenas
proporciona o desenvolvimento de uma grande força como
discutido anteriormente, mas também pode melhorar a mobilidade
geral do ombro, o que pode ser muito importante se você for
alguém que pratica qualquer tipo de esporte que exija muito dessa
parte do corpo.
Uma desvantagem de fazer flexões regulares é a falta de tensão na
escala de todo o seu corpo. Ao usar pesos, especialmente a seus
pés, você essencialmente produz uma tensão de corpo inteiro ao se
exercitar.
A ativação necessária para manter os pesos em seus pés ou entre
suas pernas geralmente promove mais concentração e ativação. Isso
significa que você está essencialmente ativando partes do corpo
que normalmente ficam inativas.
Pense nas suas mãos, pés, rosto e pescoço, por exemplo. Tudo isso,
por sua vez, ativa mais o seu controle motor e aumenta sua
capacidade de produzir força, o que é uma grande ajuda ao fazer
outros exercícios avançados mais tarde.

Depois de tantas vantagens acho que não tem mais ninguém que
duvide da importância desse exercício. O único cuidado que se
deve ter é que esse é um exercício mais avançado.
Quem é intermediário e não aguenta sequer fazer umas 10
repetições de barra fixa sem peso não devem sequer cogitar a fazer
esse exercício. O ideal é conseguir fazer facilmente pelo menos 3
séries de 10 sem peso para só depois começar a adicionar pesos.
Mergulho com peso nas paralelas

Esse é um ótimo exercício ignorado pelo praticante médio de


atividade física (embora não o seja por bodybuilders tops que
fazem com correntes pesadas). É muito mais comum ver gente
fazendo exercício com polias ou extensões do que mergulho com
peso nas paralelas. Esse exercício pode beneficiar tanto os
powerlifters quanto os bodybuilders, até atletas de diversos outros
esportes e modalidade.
A ignorância é o que faz com que esse exercício não seja
popularizado porque ele é confundido com um exercício
meramente funcional. A modalidade com peso, contudo,
proporciona inúmeros benefícios e uma excelente hipertrofia
fazendo desse um exercício indispensável.

O mergulho com peso nas paralelas é um exercício composto que


irá trabalhar o tríceps, peito e ombro e irá aumentar
consideravelmente a força dos membros superiores, antebraços e
poder de preensão.
O leitor já deve ter reparado que muito dos exercícios aqui
inseridos trabalham várias partes do corpo. Se você pode
desenvolver vários músculos ao mesmo tempo qual razão para
preferir um que só irá trabalhar um músculo e não irá trazer
benefícios adicionais?
Esse exercício melhora o desempenho no supino porque os dois
exercícios trabalham basicamente os mesmos músculos (tríceps,
peito, ombro) e o que muda é basicamente a ênfase que vai ser
dada a cada um. É possível ainda mudar o mergulho para que ele
foque mais no peitoral. Isso é possível se você inclinar o tronco
para frente (45 graus) e mantiver os cotovelos para fora como o
Arnold aqui:
Como há a necessidade de estabilizar o core e as costas, o
mergulho com pesos irá trabalhar marginalmente outras partes do
corpo além dos membros superiores. Quando digo marginalmente é
evidente que irá desenvolver menos que o tríceps, peitoral e ombro,
mas sem dúvida é muito mais que um exercício com polia por
exemplo.
Chega a ser interessante observar como a flexão não sofre do
mesmo preconceito que o mergulho mesmo sendo um exercício
"inferior". Os dois são considerados os dois melhores exercícios de
cadeia cinética fechada para membros superiores. No mergulho, o
praticante de exercícios consegue levantar absolutamente a
totalidade do próprio peso enquanto na flexão parte dele fica
apoiada no chão, o que torna um exercício "mais completo" e
eficaz.
Um dos aspectos mais importantes do mergulho (e que é ignorando
pela grande massa) é que quando feito corretamente, ele irá
diminuir consideravelmente o risco de lesão nas articulações. Ele
também ajuda a desenvolver controle motor e estabilidade.
Além de desenvolver vários grupos musculares ao mesmo tempo o
exercício irá corroborar para que no futuro você não perca sequer
um dia de treinamento e irá também melhorar o seu desempenho
em vários exercícios. Como alguém pode não incorporá-lo em um
treinamento sério?

Desenvolvimento Militar com barra em pé

Esse é sem dúvida o melhor exercício de ombro que existe. Ele foi
escolhido seguindo os mesmos critérios dos outros: excelente para
desenvolver um físico poderoso e estético, trabalha diversas partes
musculares e proporciona inúmeros benefícios para quem faz o
exercício de maneira correta. Infelizmente esse é um exercício que
perdeu toda a glória que já teve no passado.
Até 1972 o desenvolvimento militar com barra era um dos
principais exercícios nas competições de levantamento de peso ao
redor do mundo. O problema é que os atletas inclinavam tanto as
costas que acabou ficando difícil, para não dizer impossível, para
os juízes definirem se ocorria excesso de curvatura ou se a
curvatura estava dentro do “aceitável”.

Esse exercício é melhor que qualquer outro (inclusive melhor que


sua versão sentada) porque, graças ao fato de o praticante estar de
pé, vários músculos (como oblíquos, músculos abdominais
transversais, parte inferior das costas e estabilizadores da coluna
vertebral) vão “ter que trabalhar duro” para que o exercício seja
feito.

Do ponto de vista estético esse é um exercício que não pode ser


ignorado. Ombros desenvolvidos aparentam ser mais poderosos e
dominantes do que alguém que tem apenas um peitoral
desenvolvido, mas ombros frágeis.

O aspecto de imponência que é derivado da prática de exercícios


não deve ser ignorado por sobrevivencialistas/preppers. Só o fato
de você parecer forte e dominante já faz com que você evite uma
infinidade de conflitos porque o seu antagonista irá ter medo de
confrontá-lo.
Eu já falei sobre as outras partes do corpo trabalhadas, mas vamos
focar nos ombros que é o que o exercício deveria supostamente
entregar de resultado. O Desenvolvimento Arnold que é mais
popularizado nas academias trabalha praticamente apenas o
deltoide anterior. O Desenvolvimento Militar com barra em pé
trabalha de forma razoavelmente igual a deltoide anterior, lateral e
superior.

Como pode ser visto na figura anterior é o exercício perfeito para


ombro. O deltoide anterior inicia o movimento, o medial realiza e o
posterior serve como estabilizador/finalizador do exercício. É
impossível levantar uma barra com uma carga considerável sem ter
um deltoide completamente forte e construído. Obviamente dá para
concluir que ele serve para prevenir lesões.

A questão das lesões é algo que merece maior desenvolvimento.


Um grande número de pessoas tem preconceito com esse exercício
porque ele supostamente causaria problemas lombares.

O que acontece é que muitas pessoas realizam o exercício de forma


equivocada ou têm problemas de postura. Como eles têm uma
condição inicial deficiente, acabam por fazer automaticamente o
exercício de forma equivocada e assim prejudicam a lombar. É por
essa razão que um professor deve analisar o seu movimento porque
mesmo alguém avançado pode estar fazendo o exercício
erroneamente sem perceber.
Do ponto de vista funcional poucos exercícios podem ser
considerados melhores que esse. Entre os aspectos funcionais
podemos citar maior explosão, aumento de capacidades de pulo
(para pular você não precisa apenas da perna, acredite em mim) e
mesmo aumentar consideravelmente a capacidade de realizar
movimentos pesados e bruscos. A grande maioria dos atletas que
participam de competições como o “World’s Strongest Man”
costuma fazer esse exercício.

Durante o exercício a pressão sobre a cabeça vai ser muito grande e


isso fortalecerá as costas e o tronco, exigindo que o atleta resista à
hiperextensão da região lombar. As consequências naturais são o
fortalecimento dos eretores, dos oblíquos, dos músculos retos
abdominais, da musculatura profunda do núcleo e a melhora do
desempenho esportivo em vários aspectos.
Pular Corda
Esse é um exercício essencial para quem está obeso e quer não
apenas ganhar músculos como também eliminar gordurinhas
localizadas. É sempre bom começar por uma experiência pessoal
para que as pessoas entendam como pular corda é disparado o
melhor exercício aeróbico que existe.

E eu não sou suspeito para falar porque eu sempre achei algo idiota
pular corda e isso era baseado em um preconceito de infância
porque na minha cabeça parecia “brincadeira de menina”.
Isso começou mudar quando eu tive a minha primeira aula de boxe.
O professor era um campeão mundial sul-americano e por incrível
que pareça ainda lutava e dava uma surra nos alunos mais
avançados mesmo tendo 65 anos.

O mais impressionante, contudo, era como ele aguentava lutar e


não ficava cansado. Depois de 1 minuto de luta todos os alunos
mais novos estavam boquiabertos e cansados ao passo que ele
lutava com 5 ou 6 pelo mesmo tempo sem cansar.
Com o passar do tempo eu comecei a pular corda, mas inicialmente
isso era feito com a intenção de me preparar para o boxe e inclusive
melhorar a coordenação motora e o jogo de perna. Só que com o
tempo eu passei a ficar muito mais disposto para treinar
musculação e o cansaço que existia antes basicamente sumiu.

A partir daí eu comecei a pesquisa a base científica por trás de


pular corda. Eu queria saber se o grosso da minha melhora em
termos de disposição estava mais ligado ao boxe ou ao fato de eu
ter começado a pular corda com mais frequência.

E por incrível que pareça todo material científico que eu li não


apenas confirmou minha visão inicial como ainda me convenceu de
que não tem sentido para qualquer pessoa que tenha como objetivo
ganhar músculo ou mesmo ter um corpo atraente e estético
(ignorando atletas que precisam correr ou pessoas que
simplesmente gostam de correr na rua) fazer outro exercício
aeróbico além de pular corda.

Esse é um aspecto muito importante e é por isso que temos um


capítulo específico só de “melhores exercícios”.
Independentemente de quem você seja, as pessoas em geral têm
problemas com o tempo e tarefas.
Se você quer maximizar a chance de viver de forma saudável e ter
um desempenho espetacular você obrigatoriamente tem que se
preocupar em usar o tempo para fazer os melhores exercícios, ou
seja, os que dão melhores resultados. Pular corda não é uma
preferência ou um hábito. Esse exercício é objetivamente melhor
que correr ou fazer qualquer outra atividade aeróbica.

Pular corda é também o exercício que tem o maior impacto no seu


físico em um curto espaço de tempo. Depois das aulas iniciais de
boxe eu sabia que era um exercício muito bom, mas depois de ver
alguns vídeos na internet sobre transformações é que eu percebi
como esse exercício era bom de verdade.

Em um vídeo específico um usuário dizia que começou a pular


corda por 10 minutos diários durante 1 mês. Ele não mudou nada
de sua rotina e inclusive nem fazia musculação. O resultado do
antes e depois foi:
Agora que já foi feita “propaganda” o suficiente do exercício,
vamos passar para o que importa que são os benefícios
comprovados de acordo com pesquisas sérias.
Pular corda irá não apenas melhorar seu aspecto físico e sua saúde
em geral como irá proporcionar benefícios funcionais inclusive
fora do aspecto físico, benefícios esses que o leitor sequer
imaginou que fossem possíveis. Como a questão de emagrecer e
melhorar o desempenho são óbvias eu vou me focar nas que não
são tão óbvias assim.

O primeiro benefício que todo boxeador percebe é que pular corda


melhora a coordenação. Mesmo que o praticante esteja olhando ou
não para os pés, o seu cérebro sabe o que os pés estão fazendo. Isso
é benéfico para inúmeras atividades diárias que vão desde a dançar
até a melhorar a sua esquiva em uma luta.

Depois de um tempo os pés ficam acostumados com o movimento


e o praticante acaba aprendendo habilidades que nem sabia que
existiam antes como por exemplo avançar rapidamente sobre um
determinado objeto ou pegar algum alimento caindo.
O segundo e que já apareceu em outros exercícios está relacionado
com a prevenção de lesões. O leitor atento já reparou que isso
apareceu em outros exercícios. Obviamente se um exercício é o
mais eficiente que existe, apresenta vantagens funcionais diárias,
trabalha diversos músculos ao mesmo tempo e ainda assim diminui
sua chance de se machucar então obviamente nós estamos unindo o
melhor do mundos em um exercício só.
O ato de pular corda irá diminuir as lesões não apenas de um
praticante de musculação como também daqueles que praticam
outros esportes de maneira ocasional ou mesmo profissional.

Muitos atletas de futebol e basquete sofrem lesões no pé e no


tornozelo ao correr e, em seguida, parar rápido e virar. Pular corda
não irá apenas melhorar a coordenação do pé como também irá
aumentar a força nos músculos ao redor da articulação do tornozelo
e do pé, diminuindo assim a chance de lesões nessas áreas.

Se você gosta de jogar o seu futebol com os amigos no final de


semana esse é mais um motivo para adotar esse exercício. Já
pensou que desastre ficar parado 6 meses por uma lesão em uma
brincadeira com os colegas?
Além de prevenir lesões, o ato de pular é muito benéfico em termos
de aumentar a densidade óssea. Dr. Daniel Barry, professor da
Universidade do Colorado pesquisou e comparou os ossos de
idosos e atletas e concluiu que o melhor exercício para melhorar a
densidade óssea é simplesmente pular corda. De acordo com o The
New York Times, em estudos no Japão, os camundongos que
saltavam e aterrissavam 40 vezes durante uma semana aumentaram
significativamente a densidade óssea ao longo do tempo. E esse
ganho era mantido se eles continuassem a pular ao menos 20 vezes
por semana depois disso.
Agora vem o mais impressionante. Acredite ou não, pular corda
pode torná-lo mais inteligente. De acordo com o Jump Rope
Institute, o salto auxilia no desenvolvimento dos hemisférios
esquerdo e direito do cérebro, o que desenvolve ainda mais a
consciência espacial, melhora as habilidades de leitura, aumenta a
memória e deixa você mais alerta mentalmente.
Pular nas bolas de seus pés requer que seu corpo e sua mente façam
ajustes musculares neurais a desequilíbrios criados a partir de saltos
contínuos. Como resultado, o salto melhora o equilíbrio dinâmico e
a coordenação, os reflexos, a densidade óssea e a resistência
muscular.
Capítulo 12

Hábitos saudáveis e questões importantes


para um sobrevivencialista

“É mais difícil derrubar alguém que fisicamente está preparado para


nunca desistir”
Babe Ruth

Nesse capítulo irei abordar alguns hábitos, dietas e questões que


são importantes na vida de um sobrevivencialista, mas que
normalmente são ignoradas na literatura ortodoxa sobre
sobrevivencialismo.
É preciso deixar claro que esse capítulo fornece opções de como
viver de forma mais saudável em tempos normais e que em um
cenário WSHTF muito do que está aqui não apenas pode como
deve ser relativizado.
Em uma situação extrema de sobrevivência é estupidez ficar
pensando em estrogenização ou se estamos seguindo a dieta
paleolítica de forma rigorosa. O jejum intermitente, contudo, é algo
que deve ser inserido na sua vida e que é benéfico em qualquer
contexto.

Jejum Intermitente
O tipo de JI que será abordado aqui é o chamado 16/8 e que foi
popularizado por Martin Berkhan. Trata-se simplesmente de
prolongar o tempo sem comer no período posterior ao sono. Os
números 16 e 8 representam o tempo de jejum contínuo e a janela
diária em que seria possível comer, respectivamente.

Vamos a um exemplo prático. Suponha que alguém coma sua


última refeição do dia às 20 horas, vá dormir às 22 horas e acorde
no outro dia exatamente às 6 da manhã. A partir do momento que
acorda já vai estar 10 horas de jejum contabilizando as 2 horas
antes de dormir mais as 8 horas de sono. Daí em diante, para seguir
a regra 16/8, ele iria abandonar o café da manhã e ter sua primeira
refeição ao meio-dia.

Antes de entrar nos tópicos das vantagens do JI, explicar o que


pode e não pode ser absorvido durante esse período de abstinência
e como tornar a adaptação mais fácil, gostaria de elaborar mais
sobre os tipos apresentados no mercado e a razão de eu não gostar
deles.
Depois que esse modelo de jejum intermitente foi criado, muitos
“especialistas” passaram criar variações para fins puramente
comerciais e esses tipos não apenas não apresentam vantagens
como tornam a experiência muito mais difícil e árdua.

É bem verdade que, em um cenário extremo sobrevivencialista, o


indivíduo provavelmente vá passar por situações bem mais difíceis
do que simplesmente fazer tipos diferentes de jejum.
Alguém treinado em ficar sem comer de formas diversas poderia
ter uma vantagem relativa em um cenário WSHTF. A questão é
que é preferencial adotar a técnica 16/8 porque ela é mais fácil de
seguir e irá proporcionar inúmeros benefícios em termos de saúde.
Só depois que essa técnica já faça parte da sua vida é que tem
algum sentido para o prepper fazer variações.
No tocante aos outros tipos de JI, há por exemplo o jejum em dias
alternados em que o indivíduo pratica o jejum em alguns dias da
semana. Por exemplo, alguém come normalmente durante dois dias
e no terceiro pratica o JI. Pode ser uma técnica interessante de ser
dominada para facilitar o racionamento em um cenário específico
de caos. De qualquer forma, ao tirar uma refeição do dia já estamos
nos preparando para o racionamento já que a janela de ingestão
alimentícia passa a ser bem menor.

A dieta 5:2 (outro tipo de JI) envolve comer normalmente 5 dias da


semana e restringir as calorias para o total máximo de 600 nos
outros dois dias. Para fins de comparação, um Big Mac tem 500
calorias só o lanche. Essa dieta foi popularizada pelo jornalista
britânico e médico Michael Mosley.
É conveniente, agora, explicar o porquê da escolha do modelo 16/8
e suas vantagens que são em regra vantagens do JI em geral e
também o que é passível ou não de ser feito durante a janela do
jejum.
A razão principal para adotar o modelo mais tradicional de jejum
intermitente é simples: ele é a forma mais fácil e agradável de obter
todos os benefícios possíveis. Isso pode soar forçado e para uma
pessoa que nunca adotou esse método em sua vida pode parecer um
tormento insuportável abandonar o café-da-manhã diário e só
comer pela primeira vez várias horas depois de ter acordado.

Devo admitir que esse é um pensamento razoável para aqueles que


nunca adotaram o JI na sua vida. Obviamente não estou falando
que 100% das pessoas que tentarem vão conseguir sem qualquer
sofrimento seguir tudo perfeitamente sem dor e nem esforço. Claro
que varia de indivíduo para indivíduo, mas também é evidente e
óbvio que depois de um tempo isso se torna natural e fácil de ser
seguido.
Aqui é preciso destruir algumas “verdades” que você ouviu durante
toda sua vida, mas que não passam de completa estupidez. Primeiro
não é necessário comer de 3 em 3 horas. No final o que importa é
total de calorias consumidas menos o total de energia gasta durante
o dia. O déficit ou o superávit dessa equação é que irá definir se
uma pessoa irá engordar ou emagrecer. Qualquer um que fale o
contrário é ignorante ou está apenas repassando algo que ouviu sem
pesquisar a fundo.

Outro ponto importante é destruir o mito de que “o café-da-manhã”


é a refeição mais importante do dia. A verdade é que os seres
humanos evoluíram em um cenário em que havia falta de comida
quando acordavam e então eles deveriam caçar para só depois
comer em abundância caso o objetivo fosse alcançado.

Uma análise histórica do ser humano indica que os humanos já


estão jejuando há milhares de anos não por escolha, mas sim por
dinâmica de sobrevivência. É um fato científico comprovado que
nós nos desenvolvemos para estarmos preparados para lidar com
períodos prolongados de jejum e todos os tipos de processos no
corpo mudam quando não comemos por um tempo, visando
permitir que nosso corpo nos sustente durante um período de fome.
Essa tolice do café-da-manhã sagrado como a refeição mais
importante do dia foi em muito difundida como marketing de
grandes empresas de cereais (e que possuem um grande poder de
lobby nos Estados Unidos) o que passou a ser aceito em nossa
cultura como algo auto evidente sem nos darmos conta que isso
tinha sido importado da cultura americana.
Os benefícios do jejum intermitente são tantos (assim como a
diminuição da janela de alimentação) que depois que você se
acostumar com o período matinal sem comer você nunca mais vai
preocupar em se abster de comer nessas refeições. No máximo é
preciso selecionar a qualidade dos alimentos durante boa parte dos
dias.

Mas afinal o que pode e o que não pode fazer durante o jejum
intermitente? Qual é a fórmula mágica para não sofrer enquanto a
janela da alimentação não é aberta? Isso vai me permitir suportar
melhor um cenário WSHTF? Nenhum alimento é permitido
durante o período do jejum além de água, café, chá ou outras
bebidas não calóricas. Só que eu vou mostrar a forma mais
inteligente de fazer com que a adaptação inicial seja a menos
dolorosa possível. Açúcares nessas bebidas também não são
permitidos.

Dormindo oito horas e acordando no dia seguinte já vão ter sido 10


horas sem comer. Faltam 6 horas para acabar (se você ficou mais 2
sem comer depois do jantar) o que para o leitor provavelmente
ainda parece um tempo infindável de sofrimento.

Só que ao fazer isso você vai estar treinando para um evento


caótico e vai ser bem mais fácil suportá-lo ou mesmo racionar
comida se necessário. Pois veja bem eu vou apresentar um
importante aliado para superar essas 6 horas que é o café.

Após tomar banho e a higiene pessoal do começo do dia que,


dependendo da pessoa, pode chegar a até uma hora, aconselho a
primeira bebida de café diária.

A cafeína é muito mais poderosa quando ingerida no estado de


jejum e ela serve para potencializar muito dos benefícios que serão
vistos logo em seguida. Ela serve para estimular o metabolismo,
abrandar o apetite, aumentar os níveis de energia, ajudar no
processo de queima de gordura e principalmente elevar o estado de
alerta mental.

Você provavelmente já passou por situações em que, após comer


muito, se sentiu cansado e sonolento. Isso é uma reação normal do
organismo humano. Com o jejum intermitente, depois de estar
acostumado, o leitor passará a ter manhãs muito mais produtivas.
Esse é outro benefício oculto dessa metodologia de jejum
intermitente.

Já pensou aqui um JI sincronizado com cada membro da família


pulando uma refeição do dia (um não come de manhã, outro na
tarde e o outro na noite)? O nível de alerta e preparo da família
seria incrível. Embora as reuniões familiares fossem ser
prejudicadas.

Dito isso, deve-se deixar claro que o ideal é consumir apenas café
preto no máximo duas vezes e só durante o jejum matinal. Caso o
uso de café se prolongue durante o dia, não apenas o efeito da
cafeína irá diminuir como também irá prejudicar a alimentação
durante as outras refeições. É por isso que é interessante estocar
muito café. Em um cenário que falte comida o café pode ser usado
para facilitar o racionamento.

Utilizando essa abordagem vai ficar claro que a adaptação não será
tão dolorosa como se pensava antes. O ideal é tomar uma vez o
café após tomar banho e uma segunda vez na metade final antes da
primeira refeição caso o leitor sinta fome.
Depois do detalhamento da importância e da forma como deve ser
feito o JI, é preciso citar os verdadeiros benefícios científicos por
trás de tudo isso. Afinal por qual razão eu devo fazer jejum e por
qual razão ele é considerado tão importante nesse livro? Essas
questões vão ser elucidadas agora e vão deixar evidente o porquê
de o JI ser uma ferramenta sobrevivencialista importante.
O primeiro benefício está relacionado a uma mudança na função
das células, genes e hormônios. Ao ficar muito tempo sem receber
alimento, muitos eventos começam a ocorrer dentro do nosso
corpo. Há o início de processos de reparo celular e alteração dos
níveis hormonais para tornar a gordura corporal armazenada mais
acessível.

Durante o JI, os níveis de insulina decrescem e o hormônio do


crescimento, ao contrário, aumenta. Com a queda do nível de
insulina o processo de queima de gordura é absurdamente
facilitado. Como o hormônio do crescimento aumenta, se torna
mais fácil o ganho muscular com qualidade. É totalmente contra
intuitivo, mas o jejum facilita a hipertrofia. Há também o início de
um processo de reparo celular em que ocorre a remoção dos
resíduos das células.

É também consenso no meio científico que esse tipo de jejum pode


reduzir o estresse oxidativo e a inflamação no corpo. Isso acarreta
benefícios contra o envelhecimento e impede o desenvolvimento de
inúmeras doenças. Como a inflamação é fator determinante para o
desenvolvimento de outras doenças comuns, o JI acaba
indiretamente evitando uma infinidade de doenças e promovendo
uma maior longevidade.
Ainda no tocante a doenças comuns, o jejum intermitente é
benéfico para a saúde do coração. Ele tende a melhorar inúmeros
fatores de risco de doenças cardíacas como pressão arterial, níveis
de colesterol, triglicérides e marcadores inflamatórios.
Considerando que a doença cardíaca é atualmente a que mais mata
no mundo, atacar os fatores de risco vai fazer com que exista um
menor risco de uma possível doença cardíaca.

Além das doenças comuns e cardíacas, ele também ajuda a saúde


do cérebro. Estudos realizados em animais sugerem que o jejum
intermitente pode ser protetor contra doenças como o Alzheimer.
Mesmo não existindo cura atual para a doença, ele normalmente
retarda o aparecimento ou reduz a sua gravidade. Em relatos de
casos práticos, uma intervenção no estilo de vida que incluiu jejuns
diários de curto prazo foi capaz de melhorar significativamente os
sintomas de Alzheimer de vários pacientes.
Vou parar por aqui porque sei que o leitor já está com vergonha de
ter considerado como insuportável um possível jejum e já se deu
conta que os benefícios são infinitamente superiores aos possíveis
contratempos. E você verá com a prática que o sofrimento é um
medo infundado.

Fazendo tudo o que é sugerido aqui é perfeitamente possível se


adaptar suportando o mínimo de privações. E fazendo isso você vai
estar mais apto para ser um verdadeiro sobrevivencialista em
qualquer situação.
Estrogenização e como ela pode te prejudicar como prepper

Sejam bem vindos à parte mais “homofóbica” do livro.


Brincadeiras à parte (e o leitor curioso deve estar se perguntando
como alimentos podem ser homofóbicos) resolvi ter uma
abordagem mais heterodoxa do que é comumente tratado em livros
sobrevivencialistas.
Para quem não sabe o estrógeno é um hormônio sexual feminino
produzido pelos ovários e liberado na primeira fase do ciclo
menstrual. É o estrogênio (ou estrógeno) que confere todas as
características femininas das mulheres, como tamanho dos seios,
textura e brilho da pele. Além de ser o responsável pelo controle da
ovulação e preparo do útero para a reprodução.

Não há nada de errado com as características femininas para as


mulheres e todos sabemos que elas apresentam qualidades
complementares que, em alguns setores, podem ser mais
necessárias do que as qualidades masculinas.

A questão é que um homem com alta produção de hormônio


feminino vai ter um desempenho inferior em atividades físicas.
Vou apresentar um gráfico das vantagens do alto testosterona para
ficar mais palatável o conteúdo:
Não é interesse aqui discutir os aspectos sociológicos da
“estrogenização” no ocidente, mas sim apontar as suas causas e
como isso pode afetar negativamente a performance atlética e
mesmo a qualidade de vida masculina, assim como a estética
propriamente dita. Muitas pessoas se deram conta que o modo de
vida moderno na cidade grande pode trazer indeléveis prejuízos à
saúde.
Essa questão é discutida em diversos setores da sociedade e mesmo
pessoas que não praticam atividades físicas regulares ou jamais
ouviram falar de sobrevivencialismo podem evitar comer alguns
alimentos industrializados que julguem ser nocivos.
A questão hormonal e a consequência desses produtos nos homens
é, contudo, muito pouco abordada. O que não falta é material a esse
respeito, mas no Brasil provavelmente o politicamente correto
impediu até agora que esse fator fosse discutido com mais
profundidade.

Nos Estados Unidos existe a expressão depreciativa “soyboy” ou


“menino-soja” que é um termo pejorativo usado para ofender
homens que tem trejeitos físicos e psicológicos menos másculos (é
um termo que a direita americana usa normalmente contra
esquerdistas). Um típico soyboy seria alguém magro, que tenha
feições delicadas, seja fraco de caráter, tenha depressão, medo de
barata, etc.

O que não faltam no Brasil são exemplos, mas o propósito desse


livro não é apontar pessoas ou mesmo fazer uma análise crítica do
que o país precisaria ou não para ser melhor ou pior, mas
simplesmente apontar como isso afeta a performance atlética e a
construção de corpos imponentes e que geram confiança e uma
melhor qualidade de vida para o possuidor. E realmente como será
visto no decorrer do capítulo a soja faz com que ocorra a
“estrogenização” naqueles que a consomem.
O afastamento do estilo de vida natural (o caçador-coletor) trouxe
profundos problemas para a saúde do indivíduo, mas alguns
aspectos da produção de alimentos na civilização acarretaram
graves transformações hormonais nos homens (e nas mulheres
também, mas não é o propósito desse capítulo entrar nessa
questão).

Longe de mim fazer qualquer crítica ao capitalismo e é inegável


que foi o desenvolvimento capitalista iniciado na Revolução
Industrial que possibilitou hoje que bilhões de pessoas se
alimentem melhor do que muitos nobres no passado. Isso gerou
uma infinidade de opções para consumo, mas o que muitas vezes é
a forma mais lucrativa de ofertar um produto não é
necessariamente a que é a mais saudável.

Ao invés de ficar culpando o mundo e um sistema que gerou uma


infinidade de opções de consumo (algo que qualquer regime
socialista só sonhou em fazer) o mais inteligente é se educar e
escolher os produtos que possibilitem que você tenha uma vida
mais saudável e bem sucedida não tendo necessariamente que ser
um amish para viver bem.

O primeiro conceito que eu gostaria de abordar é o que são os


xenoestrogênios. Xenoestrógenos ou xenoestrogênios se
enquadram nos chamados disruptores endócrinos, ou seja,
substâncias artificiais que poluem o meio ambiente pela
contaminação exógena e imitam os efeitos dos estrogênios naturais,
atuando como potentes mensageiros hormonais e propiciando
mudanças importantes nos humanos.
Esses compostos se diferem dos estrogênios naturais por serem
sintéticos e serem encontrados em produtos artificiais introduzidos
no mundo por empresas químicas, agrárias e industriais quase um
século atrás.

Atualmente a estrogenização ambiental é muito alta e a principal


razão disso é a poluição. A estrogenização ocorre através do
revestimento interno de latas e garrafas, dos aditivos nos alimentos
processados, do ar-condicionado, de substâncias químicas
derramadas na água e também da infinita gama de plástico que nos
rodeia. É uma verdadeira ameaça e poucas pessoas estão cientes
dessa praga. Isso é tão assustador que até tribos mais isoladas da
“civilização” podem sofrer efeitos através da água e do ar.
E por mais que espírito e mente sejam importantes, o que é mais
importante em termos físicos é entender que os hormônios são os
mensageiros biológicos mais poderosos que existem. A variação de
pequenas quantidades condicionam o nosso comportamento
sobremaneira.

É preciso lembrar que o que diferencia inicialmente os homens das


mulheres física e psicologicamente é, a priori, a predominância de
andrógenos ou estrógenos. Não é possível, assim, viver em um
ambiente extremamente estrogenizado sem sofrer as
consequências.

Vou agora citar alguns alimentos que devem ser consumidos para
combater e outros que devem ser evitados porque acabam por
favorecer a estrogenização. Depois de enumerar todos vou
desenvolver com mais detalhes alguns itens especificamente.
Entre os principais aniquiladores do estrogênio podemos citar os
vegetais crucíferos (como brócolis, couve-flor, couve e repolho). O
repolho vermelho é excelente e é altamente recomendável pela
medicina tradicional chinesa. As frutas cítricas (como laranjas,
tangerinas, limões e toranjas) são também muito efetivas.

Mel puro, camomila e maracujá (presente também no chá), cebola


e alho, chá verde, espinafre, azeite virgem extra (sem fritar), peixe
selvagem gordo (como salmão por exemplo), nozes, amêndoas e
sementes de abóbora são também excelentes produtos a serem
consumidos.

E muito do que foi citado aqui não é difícil de achar nem


necessariamente caro. Óbvio que não é necessário comer salmão
todo dia, mas adicionar esses itens com maior frequência na sua
vida vai fazer com que os progressos sejam notáveis.

É preciso também comer muita fibra. A fibra tende a se ligar à


gordura, servir como uma esponja e “puxar” tudo que sai do trato
digestivo. Isso faz com que ocorra uma eliminação do excesso de
estrogênio.
As fibras de produtos vegetais são recomendadas. Os outros
benefícios das fibras como reduzir o colesterol, melhorar a função
intestinal (entre outros) são lugares comuns e não necessitam de
maior elaboração.

Agora em relação aos alimentos ricos em pró-estrogênios que


devem ser evitados e/ou diminuídos vamos observar vários
produtos muito presentes na vida moderna.

Dentre eles podemos citar o leite e outros produtos lácteos, cerveja


e outras bebidas alcóolicas, água de torneira, doces e outros
alimentos açucarados, soja e derivados de soja (óleo de soja,
fórmulas infantis à base de soja e assim por diante).

Alimentos fritos também devem ser evitados (especialmente se


forem com óleo de soja), assim como a hortelã. A soja tem
isoflavonas estrogências que são fortes precursores diretos do
hormônio feminino. A brincadeira americana de “soyboy” é a pura
realidade e aqueles que ignoram a verdade deveriam procurar
artigos científicos para ver se o que estou dizendo é baseado na
ciência ou não.

Agora que uma visão geral dos alimentos foi citada, vamos para a
parte específica de alguns. Cervejas e outras bebidas alcoólicas
contém estrogênio vegetal (fitoestrógenos) que inativa a
testosterona e, sendo assim, reduz a força muscular e promove o
desenvolvimento das glândulas mamárias, o volume do quadril,
cintura e barriga. Em um cenário de sobrevivência extrema acho
todos concordam que as qualidades femininas da esposa ou filha já
servem o bastante e que seria contraproducente se todos tivessem
os mesmos “dons”.

Mudanças estéticas em homens que bebem normalmente em


grandes quantidades são notáveis e o desenvolvimento de um físico
que se parece com o de uma mulher ocorre cada vez mais no
público masculino. O motivo, como citado, é a perda do equilíbrio
natural dos hormônios.

Obviamente que não estou dizendo para todos os leitores cortem


todas as bebidas alcoólicas de sua vida. Isso seria muito difícil para
a maioria das pessoas não apenas por questão de “gosto” mas
principalmente por pressão social. Particularmente acho que beber
em festas e em eventos de finais de semana não causa tanto dano.

Em termos de estocagem de alimentos para situações críticas eu


mesmo costumo colocar vodca como um item que deveria ser
estocado pelas mais diversas famílias já que estamos falando de
uma situação extrema. No dia-a-dia, contudo, tudo muda.

Beber diariamente é sem dúvida um veneno que deveria ser


evitado. Muitas vezes as pessoas bebem por pressão social ou
porque existem outras pessoas bebendo em situações diárias
mesmo quando não estão com muita vontade. Só de saber o mal
que essa ingestão faz e suas consequências já colabora para que
muito do progresso seja feito.
Ainda na questão do que beber e o que não beber, a água pura deve
estar presente na sua vida e se tornar a bebida por excelência. Caso
seja possível acessar água de poço, fontes naturais ou,
preferencialmente água de riachos em altitudes altas, não hesite em
colocá-la, se tiver a oportunidade, em uma pilha de recipientes de
vidro e levá-la. Eu não sou utópico e sei que isso não é acessível
para a grande maioria das pessoas, mas é apenas um exemplo para
quem for possível.

Comprar um ionizador de água é uma ótima opção, mas pode ser


considerado caro por muitos. Entre os benefícios da água alcalina
ionizada podemos citar que ela promove a desintoxicação (beber
água alcalina diariamente faz com que a acidez seja neutralizada e
ocorra uma limpeza nos resíduos ácidos das células e tecidos). A
água alcalina chega também a hidratar até 6 vezes mais que a água
comum além de alcalinizar o pH do seu corpo e melhorar o seu
sistema imunológico.
Refrigerantes são também bebidas problemáticas e embora sejam
mais fáceis de serem eliminados da dieta por algumas pessoas,
também podem, no final, ser difíceis de largar. O problema dessas
bebidas é que elas são fruto de processos industriais onde são
colocados açúcares de má qualidade, além de todos os tipos de
conservantes, aromatizantes e corantes que tornam essa bebida um
lixo para a sua saúde.

Mesmo que quem está lendo não queira deixar de tomar


refrigerantes eternamente, não creio que seria muito difícil para
alguém que bebe Coca-Cola todos os dias substituir na maioria dos
dias o refrigerante por um suco de laranja natural, água de coco ou
mesmo água natural. Substituir 7 dias por semana de refrigerantes
por apenas 2 dias já irá fazer uma diferença brutal na sua vida.
Ainda na questão das bebidas é importante ressaltar a importância
de evitar plásticos. Água e qualquer outra bebida devem ser
armazenadas em recipientes de vidro. Mesmo que isso não evite a
contaminação que já ocorreu, ao menos vai ser evitada que a
contaminação se degenere ainda mais por causa da liberação
gradual das substâncias nocivas do plástico. Na imensa maioria das
áreas do Brasil, deve-se abster totalmente de beber água de torneira
(o que já é senso comum).

Drogas possuem também um efeito nocivo e devem ser totalmente


evitadas. Ao contrário das bebidas alcoólicas que podem ser usadas
moderadamente em algumas situações, as drogas devem ser
banidas de sua vida sem exceção. O problema de drogas da forma
como eu trato aqui não é que usar drogas seja pouco ético, moral
ou que faça chorar o menino Jesus, mas sim que drogas destroem
totalmente seu desempenho atlético e sua capacidade de
sobrevivência.

Todas as drogas têm um efeito estrogênico mais ou menos


acentuado. Não importa se é droga recreativa ou drogas leves que
supostamente possuem efeitos medicinais. Fumar maconha por
exemplo faz com que o usuário tenha atitudes afeminadas e
passivas. É impossível ter um ótimo desempenho físico e usar essas
drogas com frequência. Isso é uma realidade e não um sermão
moral.

Para finalizar e considerando que fatalmente o leitor vai estar sobre


influência estrogênica do ambiente em maior ou menor grau, cabe
aqui citar algumas formas de diminuir os efeitos e que não estão
relacionadas com os alimentos que foram citados como possíveis
aliados nessa luta.

Fazer exercício aeróbico é muito importante não apenas para


melhorar a definição e diminuir o “bodyfat”, mas porque esse tipo
de exercício colabora para limpar todas as substâncias
sobressalentes acumuladas no nosso corpo como toxinas e
estrógenos. Um prepper não deve nem cogitar ignorar as atividades
aeróbicas. O ideal é manter o coração entre 120-140 pulsações por
minutos durante essas atividades.
Outra forma de ter ganhos de desempenho e combater os efeitos
nocivos da estrogenização é tomar um suplemente de zinco (o
famoso ZMA antes de dormir algo que não afetará o jejum
intermitente das duas horas anteriores). O ZMA proporciona a
melhora no desempenho de força, a recuperação e a construção de
massa muscular através do suprimento potencializado de zinco,
magnésio e vitamina B6.

Em um estudo feito por uma universidade de Washington, atletas


receberam a suplementação de ZMA ou placebo durante 8 semanas
de treinamento e foi observado um aumento de até 30% dos níveis
de testosterona no grupo que tomava ZMA. O aumento de força no
grupo que tomava ZMA foi quase de 3x maior do que o outro
grupo. E por incrível que pareça o ZMA é bem acessível
economicamente e apresenta resultados incríveis.

Dieta Paleolítica

Particularmente não acho que seja necessário inicialmente adotá-la


todos os dias e um prepper pode vivenciar uma situação em que
não vai poder ficar sendo tão seletivo com comidas. Essa dieta é
mais um ideal a se buscar do que uma religião que deve ser seguida
a qualquer custo.
Digamos que se essa dieta paleolítica for adotada 3 vezes por
semana e nos outros 3 dias o leitor continuar a comer aquilo que
gosta os resultados já serão extremamente positivos.

O que é afinal a chamada “Dieta Paleolítica”? Ela consiste


basicamente no consumo dos mesmos alimentos que o homem
ingeria na Idade da Pedra (daí a origem do “paleolítica”). Quem
nunca ouviu falar dessa dieta pode achar estranho já que isso iria
soar muito pouco razoável e algo como “quer dizer que vamos
comer como seres primitivos, mas que absurdo” iria passar por sua
cabeça.

Antes de tudo convém elucidar que esse tipo de dieta consiste no


consumo baseado em carne, peixe, frutos e vegetais. Na época não
existiam cereais, laticínios, sal e açúcar branco. Mas por que razão
iriamos nos privar de todos os avanços que ocorreram desde essa
época primitiva? Isso não seria uma tolice ou uma forma ignorante
e preconceituosa de avaliar tudo o que é vendido hoje em dia?

As razões de adotar uma dieta paleolítica estão firmadas nos


princípios da medicina darwiniana que parte da premissa que os
seres humanos estão geneticamente adaptados para se alimentar
como os ancestrais dessa época.

Essas premissas são tão verdadeiras que a Dieta Paleolítica é


considerada pelos especialistas como uma das mais recomendadas
já que considera como alimentos possíveis de serem ingeridos só
alimentos não-industrializados (não se esqueça das nossas lições de
estrogenização).
A verdade pura e simples é que houve um declínio da saúde
humana com o advento da agricultura. É claro que alguém pode
argumentar que um dos aspectos que motivou tal declínio foi a
sedentarização do homem já que ele não precisa estar sempre ativo
em busca de caçar e coletar alimentos. Isso é um ponto válido, mas
como será visto aqui não é a única causa da degeneração física
humana.
A Dieta Paleolítica é contestada com o argumento de que o ser
humano evoluiu e que, assim, a alimentação também precisa
necessariamente evoluir. Essa linha de raciocínio apresenta várias
inconsistências já que hoje em dia existem várias doenças que na
primitiva “época da pedra” não existiam. Isso sem contar a
existência de alergias a alguns tipos de alimentos.

Um dos argumentos mais tolos contra essa dieta decorre mais da


“moda vegan” e do politicamente correto do que de uma base
científica sólida. Ao consumir carne vermelha quem seguir essa
dieta estaria aumentando em muito a sua chance de ter problemas
cardiovasculares no futuro. O problema com essa linha de
raciocínio é que as pessoas que tem esses problemas de saúde além
de ingerir carne também consomem muito sal e abusam de
carboidratos e açucares.
Isso sem contar que em muitos casos também tem uma vida
sedentária. Não é a dieta que gera os problemas cardiovasculares,
mas sim um conjunto de ações aliados a uma vida pouco ativa que
afetam a sua saúde. Esse tipo de análise ignorante deve ser evitada
e condenada porque isso afasta pessoas bem intencionadas de
desenvolverem um estilo de vida saudável e produtivo.
Trata-se de consumir produtos que hoje são chamados de “raiz”
como carne vermelha, frutas, vegetais e gorduras (as certas) e
também legumes e leguminosas. Vamos agora dar exemplos mais
diversos do que comer e do que evitar segundo essa dieta.

Frango, carne vermelha, ovos e peixes estão liberados. Frutas


também podem ser consumidas a vontade, principalmente as
fibrosas e com menos açúcar como abacate, açaí e fruta-pão. O
mesmo vale para vegetais menos doces como quiabo, berinjela,
maxixe, brócolis, pimentão, jiló, abobrinha e chuchu. As folhas,
como alface, são livres.

É aceitável também comer raízes com moderação como inhame e


aipim. Há bastante gente que não gosta de colocar a batata doce
como produto aceitável. Já eu particularmente acho positiva a sua
inserção e a dieta paleolítica não fica “mais contaminada” só
porque todos costumam consumi-la.
Outros alimentos produtivos são castanhas e nozes. O mel é
produtivo e caso você ache palatável substituir o açúcar pelo mel
em chás e outras bebidas poderá fazê-lo. Só tome cuidado com o
excesso do mel. Vamos agora para o que deve ser evitado.

Leite e derivados como o queijo devem ser abandonados. Cerais


como trigo, feijão e soja estão totalmente fora da dieta. Açúcar
refinado e qualquer coisa industrializada ou enlatada também está
fora. Nesse campo são incluídos os sucos não naturais e óleos
industriais que não estão presentes em nenhuma dieta considerada
paleolítica.

Biscoitos, massas, salgados, bolos e cervejas (assim como tudo que


não é natural ou feito de cereais) também devem ser evitados. O
leitor mais atento vai reparar que boa parte dos produtos que
causam “estrogenização” masculina estão fora desse tipo de dieta.
Se obrigarmos um entrevistado leigo a comparar um prato colorido
de uma dieta paleolítica e mostrarmos também uma refeição padrão
aleatória, o entrevistado fatalmente irá escolher a refeição
paleolítica como a mais saudável mesmo que não tenha
conhecimento teórico o suficiente. Mesmo assim essa dieta ainda
sofre preconceitos e podemos dizer que há um lobby muito forte
para tirar sua legitimidade como estilo de vida saudável.

A dieta paleo apresenta uma infinidade de benefícios para a saúde.


Deve-se deixar isso bem claro. Ela elimina os carboidratos de pães,
massas e arroz que são digeridos no estômago rapidamente e
elevam os níveis de glicose na corrente sanguínea. É conhecido que
glicose em excesso é metabolizada e transformada em gordura,
levando o aumento do tecido adiposo.
Há também uma melhora no tocante à tolerância à glicose. Um
estudo feito com dezenas de homens com doença cardíaca e níveis
elevados de açúcar no sangue ou diabetes tipo 2, mostrou
resultados positivos e melhoras na tolerância à glicose, níveis de
insulina, peso e circunferência da cintura. Diante de tantos
benefícios a crítica principal e que já foi mencionada sempre recai
sobre o consumo de carnes vermelhas que são a base da Dieta
Paleolítica.
As carnes não são nocivas. Na verdade são fontes de proteínas e
nutrientes de extrema importância na nossa alimentação já que
fazem parte da composição muscular e recuperação dos tecidos.
Ajudam também na produção de hormônios, enzimas, anticorpos e
outros agentes metabólicos. É justamente na carne que estão
concentradas a maior quantidade de aminoácidos essenciais,
aqueles que não são produzidos no nosso organismo.
O segundo ponto positivo dessa dieta é que, como não havia
cozinha na época e os homens ainda não sabiam como plantar
trigo, milho ou arroz (e as massas não existiam), as fontes de
carboidratos eram apenas as naturais como legumes, verduras e
frutas. Essas fontes trazem a quantidade que precisamos desse
macronutriente e uma boa quantidade de fibras. Isso tudo tendo um
índice glicêmico menor que as massas, além de não causarem
inflamações. É um cenário perfeito em que não há desvantagens
para a saúde.

Não poderia concluir esse capítulo sem dizer que é possível que
exista algum tipo de reação na primeira semana com o corte de
açúcar e farinha branca e os sintomas mais comuns são as tonturas
e dores de cabeça.

Se você é “viciado” em café tente tirar ele da sua vida por duas
semanas e você vai ver se não vai ter dores de cabeça também. De
qualquer forma, não se preocupe. Isso é normal e tende a passar na
segunda semana.
Capítulo 13

Retiro – Bug Out Location

“Em nenhum lugar um homem pode encontrar um retiro mais quieto que
em sua alma”
Marco Aurélio

Retiro (Bug Out Location)

Qualquer sobrevivencialista sério seja no Brasil ou nos Estados


Unidos já pensou na possibilidade de construir um retiro. No inglês
Bug Out Location (BOL) é uma necessidade constantemente
discutida entre preppers e sobrevivencialistas.

Nesse capítulo serão abordados os principais pontos que são


considerados na escolha de um retiro e como você pode começar a
se preparar usando seu local oculto. Também discorrerei como
você pode armazenar itens necessários e como evitar ser afetado
por possíveis desastres naturais.

Pontos a serem considerados

Quando se trata de comprar um local para um retiro, não há dúvida


que a localização é o aspecto mais importante. Algumas perguntas
então devem ser feitas antes de considerar a levar o negócio
adiante.
Quão distante você está do seu retiro? Quer dizer caso aconteça
algum evento catastrófico é fácil para você chegar a esse local em
segurança? Aqui é de suma importância que o seu retiro fique a
menos de um tanque cheio de combustível de distância da sua
residência oficial.

No Brasil nós já presenciamos recentemente a “Greve dos


caminhoneiros” e ela mostrou a possibilidade real de surgir uma
situação onde a falta de combustível impossibilite muitos
brasileiros de realizarem suas atividades normais. Imagine se isso
ocorresse somado com um evento caótico de guerra e/ou
sublevação?

Felizmente o Brasil é um país muito grande e com excelentes


oportunidades não importa o estado onde você mora. Vamos pegar
a cidade São Paulo (capital) como exemplo. De lá é possível pensar
em vários lugares ideais para um retiro. Tanto Holambra quanto
Brotas são lugares interessantes onde um retiro poderia ser
construído.

E isso vale para todos os estados brasileiros com exceção talvez do


Rio de Janeiro por ser pequeno e estar em boa parte cercado pelo
Oceano Atlântico. É óbvio que não é possível citar todos possíveis
lugares para a construção de uma Bug Out Location na medida em
que isso depende de particularidades econômicas e geográficas de
cada um, mas cabe aqui citar o que é importante.

É preciso também se perguntar e analisar o quão distante de


grandes centros populacionais o seu retiro vai estar. De nada
adianta sair de uma grande cidade se é possível chegar no seu local
em menos de 30 minutos. Como regra geral quanto mais longe seu
retiro estiver de grandes centros populacionais, melhor.

Escolher áreas mais afastadas não é neurose ou alguma preferência


hippie, mas pura racionalidade aplicada. É evidente que em algum
evento caótico, as áreas de maior densidade populacional vão ser as
que mais irão sofrer com crimes, epidemia e agitação social.
Em situações extremas de convulsão social é possível pensar em
um maior número de mortos em áreas mais populosas
principalmente por ser uma situação onde a falta de recursos e o
saneamento poderão ter um impacto maior.
Outro ponto muito importante a se considerar é a acessibilidade a
fontes de água natural. De nascentes de água doce a poços de água
subterrânea, a necessidade de uma fonte de água limpa e renovável
pode ser tão importante quanto a localização. Esse foi o principal
motivo pelo qual eu citei Brotas/SP ou arredores como um bom
local de Bug Out Location para paulistas.

É preciso ter em mente algumas questões no tocante à água. A água


do seu retiro é independente de suprimentos ou fontes municipais?
A água é renovável e está disponível para você e sua família
durante todo o ano? A propriedade que você comprou possibilita a
instalação de uma cisterna?

A partir do momento em que a localização é afastada e boa o


suficiente e a água não é mais um fator a se considerar, surgem
outras considerações. A capacidade de ocultar a propriedade pode
se tornar uma necessidade durante uma situação de SHTF.
Ter um local com recursos adequados para esconder os alojamentos
é outro fator na escolha de uma propriedade. Mantenha algumas
das seguintes considerações em mente quando você olha para
propriedades. Quão fácil é para alguém entrar na propriedade
durante uma situação de emergência? A topografia do lugar é
favorável ou desfavorável? Você conseguiria defender o local?
Autossuficiência
A questão da autossuficiência é também muito importante. De nada
adiantaria ter água potável, estar bem escondido e com suprimentos
se o local não for autossuficiente. Pense em um cenário SHTF
duradouro. Uma hora os suprimentos irão acabar e a partir daí
poderemos ter um problema relevante.

É preciso, assim, escolher um local onde você possa se manter por


meses. Isso inclui desde ter luz solar suficiente, disponibilidade de
lenha para aquecer sua casa, possibilidade de pesca e caça de
animais, etc.
Sendo assim, você deve se indagar sobre algumas questões. Quão
fácil é cultivar comida? Existem animais silvestres suficientes para
caçar? Há infraestrutura e espaço para a criação de animais?
É importante entender que os padrões climáticos naturais e
considerações ambientais têm de ser pesquisados antes de decidir
sobre a aquisição de uma propriedade.
Certifique-se de saber quais são as ameaças climáticas e ambientais
que você enfrentará e como o clima afetará sua capacidade de
caçar, cultivar alimentos e obter recursos. Tudo isso afeta sua
autossuficiência no médio prazo.
Analise os dados históricos para fazer uma estimativa de como vai
estar o local e os arredores no futuro. Leve em consideração
enchentes, secas, estatísticas de crimes para um raio de 50 kms. É
preciso analisar não só o presente, mas também projetar o futuro.
Caso isso não seja feito a chance de errar na aquisição e não
conseguir uma razoável autossuficiência é grande.

Retiros em áreas isoladas ou em pequenas cidades?

Mesmo depois de todas as considerações feitas nesse capítulo ainda


assim pode surgir uma dúvida terrível: é melhor construir o meu
retiro em uma área isolada ou em uma cidade pequena?
O primeiro vai ter que ser projetado para ser completamente
autossuficiente já o segundo irá depender de alguma infraestrutura
local. Não existe uma resposta melhor e tudo vai depender das
particularidades de cada um, mas é sempre bom conhecer os prós e
contras de cada um antes de responder a pergunta do que talvez não
seja o melhor universalmente falando, mas que faz mais sentido
para o leitor que se perguntar.

Existem os “trues” do movimento que buscam a autossuficiência


total e que descartam qualquer concessão. Esse tema na verdade é
fonte de grande debate entre os preppers e sobrevivencialistas
americanos. A maioria é a favor de escolher um retiro totalmente
isolado, mas a verdade é que nem todos estão preparados ou vão
viver em um local adequado para a autossuficiência total.

Isso é mais verdade ainda no Brasil. Se para os americanos que


estão muito mais familiarizados com armas, estão sujeitos a uma
legislação muito menos restritiva em relação a caça e possuem uma
“cultura sobrevivencialista” muito mais desenvolvida, é difícil
imagine para a maioria dos brasileiros.
Há muitas coisas que você precisa considerar ao escolher seu retiro
como a idade avançada, condições crônicas de saúde, deficiências
físicas e até mesmo a falta de familiares ou amigos dignos de
confiança pode prejudicar a noção de uma autossuficiência total. É
por isso que, na maioria dos casos, é mais razoável procurar um
refúgio discreto na cidade em vez de pensar em criar uma fortaleza
autossuficiente e isolada.

Se você decidir se estabelecer em uma cidade pequena, aqui estão


algumas sugestões. Quando decidir construir o seu Bug Out
Location, procure cidades com população pequena algo entre 1.000
e 5.000. No entanto, cidades com uma população de menos de
1.000 habitantes podem apresentar problemas de saneamento,
enquanto cidades com mais de 5.000 habitantes não têm um senso
coeso de comunidade.

Existem aqueles que irão para uma cidade que tenha entre 2000 e
5000 residentes e que é uma escolha ideal do meu ponto de vista.
Se a sua cidade tiver uma população menor que 2000
provavelmente faltará uma combinação suficiente de habilidades e
mão de obra para organizar uma defesa adequada em situações de
convulsões sociais.
Eu também acho que qualquer cidade que tenha uma população de
mais de 5.000 pessoas pode se tornar um barril de pólvora e
poderia ser “cada um por si” em determinados cenários.
Este é o tipo de cenário, localização e escolha de cidade que faz
sentido para a construção de um retiro (em São Paulo é o ideal, mas
no sul que tem estados de tamanho similar mas menos populosos
existem várias cidades que atendem aos requisitos assim como em
quase todo o Brasil):
Águas de São Pedro:
Criar um BOL nessa cidade ou nas proximidades atende a todos os
critérios desejados. A cidade mais próxima está a 10 quilômetros
de distância, mas é uma cidade de apenas 30 mil habitantes.
Piracicaba é a cidade “média (tem 300 mil habitantes)” mais
próxima e ainda assim está a 30 minutos de carro de distância. As
outras cidades são bem pequenas e estão a uma distância similar.
Aqui estão as vantagens de um retiro em uma cidade pequena, mas
bem localizada como Águas de São Pedro:
-Pronto acesso a economia de troca e comércio;
-Possibilidade de ser um membro da comunidade e formar alianças;
-Você pode se beneficiar dos resultados agrícolas locais e do
conhecimento coletivo;
-Pronto acesso a habilidades locais e instalações médicas;
-Possibilidade para formar acordos de segurança locais em
situações caóticas em um local com topografia perfeita para defesa;
-Ter uma geração de família vivendo na mesma cidade fornecerá a
força de trabalho necessária para projetos privados;
-Acesso à reuniões sociais. É um lugar ideal para criar seus filhos,
se você decidir torná-la uma solução permanente.
Quando se trata de desvantagens (em comparação com um retiro
totalmente isolado), podemos citar:
-A privacidade é de alguma forma limitada e se você precisar
transportar muitas coisas, você precisaria fazê-lo em horários
estranhos para minimizar a observação dos vizinhos;
-Caso alguém pretendesse violar a lei e estocar combustíveis,
obviamente iria correr mais riscos na cidade do que em um retiro
isolado;
-Não é possível testar suas armas em sua propriedade;
-A caça pode ser limitada em sua terra, exceto talvez referente a
algumas pragas como javali;
-É proibido criar aves, porcos e galinhas em perímetros urbanos;
-Maior risco de doenças transmissíveis;
-Maior risco de roubo caso ocorra SHTF.
Entre as vantagens de um retiro isolado podemos citar:
-Mais espaço para jardinagem e pastoreio;
-É possível criar gado;
-Os preços de terrenos para retiros isolados são bem mais baixos;
-É possível estocar e trazer qualquer volume de itens sem se
preocupar com olhar bisbilhoteiro de ninguém;
-É possível testar armas de fogo;
-Pode-se construir com arquitetura não tradicional sem se
preocupar com nada;
-Caçar não é um problema como nos perímetros urbanos;
-É possível cortar a própria lenha, se necessário;
-Menor risco de doenças transmissíveis;
-A coleta de água da chuva não é um problema e podemos
improvisar todos os tipos de sistemas de captação de chuva;
-Opções quase infinitas de estocagem.
Há também desvantagens claras:
-É difícil de manter e defender por apenas uma família,
especialmente se for uma família pequena;
-No caso de um incêndio ou emergência médica, não podemos
depender de muita ajuda dos vizinhos ou da aplicação da lei;
-Isolamento do comércio ou troca diária;
-Um trajeto mais longo para fazer compras;
-Baixa interação social, se pretendemos torná-lo um local de vida
permanente.
É importante deixar claro que não existe uma resposta definitiva já
que depende das particularidades e gosto de cada um. Eu mesmo
posso achar que o ideal é viver em uma cidade de 2500 habitantes
com uma localização parecida com a de Águas de São Pedro, mas
uma outra família pode achar mais razoável e agradável um retiro
mais isolado.
O que interessa é ser realista e não ficar fantasiando cenários
perfeitos que não podem ser colocados em prática. Muitos
sobrevivencialistas e preppers brasileiros ficam sonhando com um
lugar assim (e não saem do lugar):
Capítulo 14

Preparação para sinistros, eventos caóticos e


tragédias

“Ao falhar em se preparar você vai estar se preparando para falhar”


Benjamin Franklin

Vamos pensar em uma situação hipotética. Você está dormindo


com sua esposa e seus 3 filhos estão no quarto também dormindo.
Com um barulho de vidro quebrado no andar inferior você acorda e
percebe que alguém está invadindo sua casa. Será que você está
preparado para lidar com isso? Mais importante ainda, seus filhos e
sua mulher estão preparados para lidar com isso?

Por incrível que pareça a imensa maioria das famílias (estimaria


que mais de 95%) nunca sequer se prepararou para uma situação
dessas. Ao contrário dos familiares despreparados, temos o invasor
que sabe exatamente o que irá fazer, que se preparou para todos os
cenários possíveis e que possivelmente já realizou eventos
similares uma infinidade de vezes. Em uma situação como essa
você acha que a “sorte” tenderá a sorrir para que lado?
É preciso se preparar por etapas. E a etapa inicial é traçar um plano
no papel.
Criando um plano

Essa etapa pode parecer uma superficialidade e até desnecessária,


mas é um dos aspectos mais importantes. A verdade é que colocar
no papel e fazer um brainstorming junto com seus familiares
(principalmente com a mulher) são duas questões primordiais.
Como os eventos e os planos que devem ser feitos variam de
pessoa para pessoa por motivos de renda, localização geográfica,
maior ou menor sensibilidade a desastres naturais (entre outros
fatores) cada família pode ter problemas diversos.
É importante ouvir outras opiniões principalmente a feminina
porque isso te proporcionará uma compreensão muito mais
abrangente de que tipo de preparo será necessário.

Isso pode parecer forçado, mas a maioria das pessoas fazem planos
e querem se preparar sem na verdade entender quais são as
ameaças reais próximas e prováveis. Sendo assim, é importante
anotar em um papel as possíveis ameaças que poderão afetar sua
família.

Pode ser necessário fazer uma pesquisa. É importante saber se


algum desastre afetou a sua região no passado, saber quais são os
dados estatísticos sobre crimes e as especificidades do local.
Tudo deve ser anotado e aqui “tudo” quer dizer proximidade de
hospitais, problemas econômicos da região, grupo de pessoas que
devem requerer mais atenção e que são mais perigosos, etc.

Depois da análise sobre os particularidades do local e da sua


situação e de um brainstorming intenso, vários planos
devem/podem ser feitos. Estes planos que serão citados são
meramente exemplificativos e poderiam ser criados infinitos planos
de acordo com situações próprias de cada moradia.
Plano de evacuação da residência

Este é um plano que é um guia passo a passo para o que você vai
fazer durante uma emergência que pode tornar sua casa insegura,
como inundação, invasão de domicílio ou incêndio. Entre outras
questões a serem observadas podemos citar:
Instruções e procedimentos a observar por todo o pessoal do
recinto, relativos à articulação das operações destinadas a garantir a
evacuação ordenada, total ou parcial, dos espaços considerados em
risco e abranger:
a) O encaminhamento rápido e seguro dos familiares para o
exterior ou para uma zona segura, mediante detalhamento de vias
de evacuação, zonas de refúgio e pontos de encontro;
b) O auxílio a pessoas com capacidades limitadas ou em
dificuldade, de forma a assegurar que ninguém fique bloqueado(é
preciso avaliar antes se algum familiar pode precisar de ajuda
durante uma situação análoga);
c) A confirmação da evacuação total dos espaços e garantia de que
ninguém a eles retorne.
Fuga para o retiro
Esse plano leva em consideração um desastre que pode fazer com
que você não apenas tenha que sair de sua casa, mas do bairro em
que vive. Uma parte importante da preparação para a sobrevivência
é saber o que aconteceu historicamente.
Sua área é conhecida por ter grandes inundações? Você está em
uma zona de terremoto? Sua área ou cidade tem sido alvo de
ataques terroristas (eu sei que isso no Brasil ainda não ocorre, mas
relaxe que em breve teremos novidades)? Tudo deve ser estimado,
mesmo que não seja possível prever 100% do que poderá ocorrer.

A melhor prática para planejamento de fuga para um retiro é ter


pelo menos 4 destinos como parte do seu plano, um para cada
direção cardeal no mapa (norte, sul, leste, oeste). Esses 4 destinos
podem obviamente diminuir de acordo com a geografia e a
probabilidade de ocorrência de eventos específicos.
Ter múltiplos destinos em seu plano, assim como várias rotas para
cada um, adiciona um nível de flexibilidade interessante e que
definitivamente precisa ser levada em consideração antes do tempo.
Passar por este esforço de planejamento fará com que você se
prepare, não importa qual situação ocorra.

Ter diversos destinos em mente proporcionará um enorme impacto


psicológico positivo em seu cenário de sobrevivência. Sobreviver é
extremamente difícil mesmo em condições favoráveis e ter um
estado de espírito positivo faz uma enorme diferença para o
sucesso ou não de uma preparação.
Determinados tipos de destinos, como uma segunda casa, a casa do
parente ou o acampamento designado também permitem o
armazenamento de suprimentos de sobrevivência no local e nas
rotas para chegar até eles.

Estimar o tempo da possível viagem também é essencial. Se você


puder calcular sua velocidade média de viagem, saberá quantas
horas ou dias levará para chegar ao seu destino.
Ter essa informação faz com que você saiba a quantidade de
equipamento de sobrevivência e suprimentos que você precisa
carregar, armazenar ou colocar em locais estratégicos ao longo do
caminho.
Plano de comunicação
Se houver um desastre, os canais de comunicação provavelmente
falharão. Você precisa de um plano de comunicação de emergência
para poder entrar em contato com seus familiares próximos. Ter um
local de encontro fixo fora da sua casa onde todos devem se reunir
é quase sempre essencial.

Aqui especificamente quanto mais opções de comunicação


possíveis, melhor. Grupo de Whatsapp para toda família, e-mail
acessível a todos, definição de locais onde todos devem se reunir,
definição de locais onde mensagens escritas podem ser deixadas,
etc. As possibilidades são infinitas e nunca se sabe como os meios
de comunicação tradicionais serão afetados então quanto mais
opções, melhor.
Realize exercícios de treinamento frequentemente

Uma vez que os planos foram elaborados, você tem que descobrir
se esses planos vão ser aplicados corretamente. Uma das melhores
maneiras de fazer isso é realizar alguns exercícios de segurança
periódicos. Esses exercícios devem ser baseados nas ameaças
identificadas em seu processo de planejamento. Entre os possíveis
treinos podemos citar:

Simulação de Incêndio

Esse é um tipo de teste universal já que em tese todos estão sujeitos


a um possível incêndio. No primeiro momento deve haver uma
preocupação mais teórica e uma grande ênfase deve ser dada a
explicar para todos os membros da família o que fazer e como se
portar em uma situação de incêndio.

Depois que todos já aprenderam o que deve ser feito, é prudente


agendar uma aula surpresa no dia seguinte antes que todos se
levantem. O fator surpresa vai ajudar sobremaneira para ver em um
evento empírico como cada um dos membros da família vai se
comportar nessa situação de perigo.
Com base no plano, todos os membros da família precisam
primeiramente seguir sua rota de desastre até o ponto de encontro
predeterminado, em algum lugar fora de casa.
Certifique-se de que todos tenham uma rota alternativa, caso elas
sejam bloqueadas pelo fogo. Se houver uma casa de dois andares
ou um apartamento de nível superior, compre uma escada de
emergência.
Todos precisam estar cientes que caso alguém fique preso em meio
à fumaça ele deve respirar pelo nariz, em rápidas inalações. Se
possível é adequado também molhar um lenço e utilizá-lo como
máscara improvisada. Ensine a todos que pode ser necessário
rastejar para a saída, pois o ar é sempre melhor junto ao chão.
Exercício para simular desastre natural

Embora os planos variem com base no desastre que pode ocorrer,


esses tipos de planos não são muito diferentes de um exercício de
incêndio. O objetivo principal é percorrer as etapas identificadas
em sua fase de planejamento de emergência e testá-las em um
cenário simulado.
Tente simular o que pode acontecer durante o desastre. Desligue
toda a energia, desligue todos os telefones celulares e conduza-se
de uma forma que pareça que você está em meio de um desastre.
Pratique suas rotas. Certifique-se de que todos estejam
familiarizados com o plano de evacuação e que eles possam chegar
com segurança aos locais de encontro que você identificou no seu
planejamento.

É importante também realizar o plano de comunicação. Certifique-


se de que pode contatar todos os interessados sem utilizar um
celular. Pratique o que você faria se o desastre acontecesse
enquanto você não estivesse em casa.

Não se esqueça de deixar uma mochila de fuga com itens de


primeira necessidade em um local específico da casa e incentive
todos os membros da família a irem buscar ou ao menos confirmar
se alguém, durante o caos, lembrou de pegá-la.
Em situações como essa é comum que as pessoas esqueçam de tudo
e só pensem em fugir. Sendo assim, é importante que todos sejam
aconselhados a irem buscar a “Bug out Bag” sob pena de a
ausência só ser notada quando a família estiver centenas de
quilômetros distante.
Exercício para simular ataques violentos

É bem verdade que uma situação de fogo cruzado ou algo análogo


com um ladrão atirando durante um roubo não é tão comum. De
qualquer forma, é sempre positivo planejar todas as situações e o
primeiro passo consiste em tomar conhecimento do que está
acontecendo ao seu redor.

Ensine os membros familiares sobre como identificar que esse


evento está ocorrendo. A maioria das mulheres e crianças sequer
sabem qual é o som de um tiro então esse é o primeiro ponto que
deve ser abordado para que um planejamento eficiente ocorra.
Ensine as crianças a diferença entre se esconder e se defender. Há
uma diferença entre se esconder atrás de uma mesa e se esconder
atrás de uma parede de tijolos.
Quando você estiver em público, pergunte aos familiares se eles
sabem apontar áreas em que possam se esconder para parar uma
bala e onde eles devem procurar abrigo para esperar o momento
certo de escapar.

Simulação de invasão domiciliar

Essa situação é tão universal e necessária como a simulação de


incêndio. Aqui a primeira medida é definir um sinal que irá
significar que está na hora de todos agirem. O sinal pode variar de
um alarme de segurança em casa, alguém gritando uma frase, apito
ou qualquer outra coisa desde que seja alto o suficiente e a
mensagem possa chegar a todos.

O segundo passo é ter um caminho de segurança. Todos na casa


devem ter um caminho para uma sala segura em casa. Isto é
importante para as casas onde os quartos estão em andares
separados. Neste caso, a criança mais velha deve ser responsável
por levar as crianças mais novas para o quarto seguro, sem a ajuda
dos pais.

As crianças devem ser ensinadas a ficarem quietas no quarto


seguro e também devem ser ensinadas a ligar para o 190 depois que
estiverem a salvo. Em uma situação de emergência, até mesmo os
melhores planos têm a capacidade de falhar.
Devido à natureza imprevisível dos eventos caóticos (e isso
engloba todos os eventos relacionados a esses testes), há uma boa
chance de que você tenha que fazer alterações imediatamente. A
condução desses exercícios de treinamento de rotina poderá ajudá-
lo a identificar problemas antes que eles se concretizem.
Capítulo 15

TEOTWAWKI

“Eu não sei quais armas os países irão utilizar na Terceira Guerra
Mundial, mas na quarta as armas utilizadas serão paus e pedras”
Albert Einstein

O experimento de final de semana “TEOTWAWKI”

Para quem não sabe “TEOTWAWKI” é um acrônimo em inglês


para “The End of The World as We Know it” que quer dizer um
cenário onde um evento catastrófico irá destruir temporária ou
definitivamente as instituições e normas da sociedade.

Esses termos são conceitos sobrevivencialistas essenciais e é


necessário que quem se interessa por nossa literatura que não
apenas entenda como também se prepare paulatinamente para esses
eventos.

E como se preparar melhor para uma situação de caos do que


treiná-la aos poucos? Para se preparar para um cenário extremo é
interessante simulá-lo em alguns dias algumas vezes durante o ano.

E como seria um experimento TEOTWAWKI? Seria um fim de


semana específico usado para você e sua família viver em
condições primitivas, sem energia elétrica, sem fogão e mesmo sem
água.

Esse cenário pode parecer extremo e realmente quem nunca


realizou uma atividade análoga pode “sofrer” no começo. Hoje em
dia as pessoas estão tão acostumadas com as tecnologias modernas
que ficar um dia sem o smartphone acaba por ser um verdadeiro
suplício para muitos. O que dizer então de um cenário extremo
como esse?

A verdade é que se você tiver uma esposa e filhos o evento pode


ser incrivelmente divertido. Isso obviamente se for feito de maneira
correta e com boa vontade.

Todas as facilidades tecnológicas que permitem que você viva sem


esforços não vão estar mais lá para te ajudar e ao ter que realizar
atividades físicas intensas e muitas vezes trabalhosas para apenas
comer vai fazer com que você passe a dar valor para algumas
coisas que antes não dava.

Isso é um ótimo aprendizado para crianças em fase de crescimento


já que a maioria das crianças de classe média para cima crescem
mimadas e com tudo disponível de forma incrivelmente fácil.

Acaba por ser inacreditável também como sua família se torna mais
unida e confiante depois que vocês passam junto por uma situação
parecida. Grande parte dos momentos mais próximos e calorosos
que você pode ter na vida acontecem em situações de contato com
a natureza ou em condições primitivas como a luz de velas.

Esse tipo de evento é não apenas uma necessidade e um treino


interessante de fazer com sua família. Repare que pode surgir uma
situação extrema de sobrevivência em que ficar com todas as luzes
acesas pode ser quase como um aviso para quem está lá fora como
um outdoor gigantesco dizendo “venham nos saquear”.

Ao se preparar para enfrentar situações assim anteriormente você e


sua família podem suportar um evento de ter que ficar alguns dias
sem energia e também não chamar atenção.

É importante também usar essa atividade como exercício de


previsão do que pode acontecer e pensar em comprar telas de
blackout para janela ou mesmo cortinas opacas.

A fantasia de sobreviver na selva durante o TEOTWAWKI

O que pode parecer evidente para pessoas mais sensatas nem


sempre é o que todos pensam. Quem não costuma acompanhar
grupos de discussão sobrevivencialistas na internet pode achar que
é perda de tempo discutir isso.

A verdade é que tem um considerável número de pessoas no Brasil


e no exterior que julga ser razoável pensar em fugir para uma
floresta ou um lugar análogo em um cenário TEOTWAWKI.

E aqui não estamos falando apenas de preppers posers de internet,


mas também de pessoas que por terem ficado 1 um 2 dias em uma
floresta já acham que são o Solid Snake no Metal Gear Solid 3.

Sequer cogitar isso é jogar contra a própria sorte. Em um cenário


como esse muitas coisas podem dar errado. Você estará forçando
para você e sua família um cenário onde vocês não terão abrigo e
não poderão carregar reservas de comida suficientes.

Infelizmente esses não são todos os problemas que você pode ter.
Qualquer doença ou lesão pode significar morte em questão de dias
e acredite que você fica muito mais vulnerável em um local como
esse do que na sua própria casa.

A questão de armamentos também é importante. Em uma


residência fixa você pode armazenar as mais diversas armas. Já
para transportar um arsenal vai ser muito mais complicado. Caso
você perca ou por alguma razão alguma arma fique inutilizável
você e sua família estarão muito vulneráveis.

O cenário é tão arriscado que mesmo um mergulho em um córrego


no meio de um inverno poderia, em teoria, custar sua vida. Outro
ponto a se pensar é a realidade de muitas pessoas no Brasil.

Se nem mesmo boa parte das pessoas quem tem recursos costuma
se preparar para eventos catastróficos (como os preppers costumam
fazer) o que iremos dizer das pessoas mais pobres? Em um cenário
de convulsão social em que viver nas cidades se torne impossível
essas serão as primeiras a irem para um lugar “selvagem”.

Nesse contexto, o perigo de viver na selva (ou em um lugar


análogo) será absurdamente potencializado. Os recursos se
esgotarão rapidamente e você terá uma competição para
sobrevivência não apenas com os animais.

Deve ficar claro para todos os sobrevivencialistas/preppers que


esse é um cenário de último recurso. E ainda assim é preciso estar
ciente dos perigos e desenvolver uma estratégia inteligente.

Caso você tenha que ir para uma floresta ou um local parecido é de


suma importância ter um equipamento de visão noturna e já ter
frequentado o local antes para saber se existe alguma possibilidade
de se esconder com sua família em uma área difícil de ser
encontrada.

Em um cenário TEOTWAWKI (em que se saiba que uma grande


quantidade de famílias adentraram em um ambiente selvagem) a
melhor estratégia de sobrevivência é se esconder em um local
pouco acessível ou que possa ser escondido sem fazer muitos
esforços e sair durante a noite com o equipamento de visão noturna
para caçar e ter ciência do que está acontecendo ao seu redor.

Na maioria dos casos as pessoas que estarão em um cenário como


esse são pessoas sem preparo, experiência ou equipamento. O fato
de ter um equipamento de visão noturna vai ser uma vantagem
extraordinária. Só que não se engane se você nunca ficou em uma
floresta durante a noite.

Nas propagandas, na literatura e na mídia a natureza é sempre


maravilhosa e amiga. Só que na vida real, para quem não tem
experiência, ter que aguentar horas em um ambiente noturno e
selvagem pode ser algo extremamente assustador.

Em um cenário de escuridão os animais e insetos passam a ser até


perigos secundários e a questão psicológica passa a ser o fator mais
importante. Sua mente e seus olhos começam a te pregar peças e
começam a surgir vultos misteriosos e flashes.

Obviamente para quem pensa de forma racional é até razoável que


sua cabeça te engane dessa forma na medida que instintiva e
inconscientemente esse é um mecanismo de defesa. Ao reconhecer
o perigo é como se seu cérebro quisesse te enganar a qualquer
custo para que você se afaste de lá.
Para amplificar as chances de sobrevivência nesse contexto é
importante que você e sua família estejam acostumados com o
jejum intermitente e com a “dieta do guerreiro”.

Conhecer bem o local também é importante. Nesse aspecto é


aconselhável ter estado durante o período noturno em um local
próximo e que seja um possível candidato para um “retiro
selvagem” de última instância.

Mesmo que você deprecie essa ideia e tenha preparado um retiro


fixo, não vai te fazer nenhum mal conhecer as redondezas e
possíveis locais “selvagens” durante a noite. Só não aconselho
levar as crianças, mas sim companheiros experientes.

Água

A água é tão importante que tem um capítulo exclusivo dedicado a


ela nesse livro. De qualquer forma, ainda assim é importante tecer
considerações sobre a água em um cenário específico.

Mesmo utilizando medidas extremas de conservação, ainda assim


será necessário ao menos um galão de água por dia. Esse galão
fornecerá apenas água suficiente para um adulto beber e cozinhar,
mas nenhuma para lavar.

Caso haja falta de água você será obrigado a sair de um abrigo para
busca-la e isso poderá ser um risco enorme. E mesmo que consiga
ainda haverá uma boa chance de ter que trata-la com um dos itens
discutidos no capítulo específico sobre a água.

Sem água para descarga dos banheiros, há grandes probabilidades


de que as pessoas nos apartamentos vizinhos despejem o esgoto cru
pelas janelas, causando um pesadelo de saúde pública no térreo.

Já que você não vai querer alertar os outros sobre sua presença
abrindo sua janela, e sem dúvida o sistema séptico do prédio estará
entupido em pouco tempo, você precisará fazer planos para
armazenar seus resíduos em seu apartamento.

Sugiro baldes de cinco galões e um grande suprimento de cal em


pó para reduzir o fedor antes de cada balde ser selado. Já que pode
ser necessário um racionamento e não haverá água disponível para
lavar, também deve haver também um suprimento de lenços
umedecidos.

Odores de comida

Muitas pessoas em locais de trabalho ou mesmo em casa já


sentiram um odor de comida vindo do vizinho e pensaram “essa
comida deve estar boa”. Agora pense o que aconteceria em um
cenário de privação em que as pessoas ao seu redor estão passando
fome.

Em um cenário como esse apenas o fato de fritar alimentos com


gordura ou mesmo cozinhar a refeição mais simples do mundo
pode significar a sua sentença de morte.

Sendo assim, é preciso ter um estoque diversificado de alimentos


para evitar o enjoo alimentar e também não despertar a atenção de
vizinhos famintos. Nesse contexto é importante ter um bom
estoque de alimentos preparados com o mínimo de especiarias.

Disciplina para lidar com ausência de luz e barulhos


Se você fizer barulho ou tiver alguma fonte de luz em seu
apartamento, isso poderá tornar sua presença conhecida. Em um
apagão de energia prolongado, ficará óbvio para saqueadores
dentro de algumas semanas quem tem lanternas ou grandes
suprimentos de velas e/ou baterias.

Eu prevejo também que, em um cenário de caos e violência, serão


os apartamentos que ainda estão acesos que serão considerados
aqueles que mais valem a pena roubar.

Dessa forma, é importante pensar seu retiro e mesmo sua residência


oficial e observar se é possível enxergar de fora se as pessoas lá
dentro estão usando energia elétrica ou se o local está aceso. Caso a
resposta seja afirmativa, é preciso pensar como fazer para tornar o
local de habitação em um “fantasma”.

Cortinas e janelas opacas devem ser usadas e você também deve


pensar um sistema de ventilação adequado já que de nada
adiantaria uma “casa stealth” que não demonstrasse nenhuma
atividade interna se ela estiver em conflito direto com as
necessidades de ventilação e aquecimento familiar da sua família.

Sanidade

A questão da sanidade é um dos aspectos mais importantes e ela


passa a se tornar um assunto mais crítico conforme o tempo vai
passando. Ficar com a sua família em situações extremas sem
energia, água ou fogão pode até ser divertido em um curto período,
mas e se tivermos falando de um período de vários meses?
Já pensou o que é ter que ficar em silêncio ou fazer o menor ruído
possível por várias semanas por alguma razão externa? Mesmo o
melhor planejamento sob qualquer prisma estará incompleto se não
for planejado como você e seus familiares manterão a sanidade em
um evento atípico.

Nesse ponto não tem o que inventar e os livros vão ser os seus
melhores aliados na batalha para manter a sanidade. É importante
também desenvolver uma forma de contato com seus familiares
que não faça barulho (caso isso seja necessário). Um quadro negro
localizado em algum lugar ou mesmo linguagem de sinais podem
ser suficientes.

Embarcações como BOL em um cenário TEOTWAWKI

Esse é particularmente um assunto que eu considero muito


instigante no mundo sobrevivencialista/prepper. Em grupos de
discussão na internet eu já vi muitas discussões de qualidade e por
ser um assunto pertinente resolvi escrever sobre ele.

Seria morar em um barco (ou se mudar para um


momentaneamente) uma estratégia razoável para um cenário
WSHTF? Essa é uma pergunta importante e realmente não existe
uma resposta fácil. Cabe a mim então discutir alguns cenários,
vantagens e desvantagens e no final dar minha opinião sobre o que,
EM REGRA, me parece ser o mais razoável.

Eu particularmente já tive experiências com barcos. Não


necessariamente de morar por meses, mas sim de conhecimento e
de pequenas viagens. E muito de leitura também. Quando eu vi
essa discussão pela primeira vez comecei a raciocinar e analisar se
o barco poderia ser um retiro interessante em um cenário caótico.

As vantagens iniciais me pareceram óbvias: seria possível fugir das


cidades, não seria necessário disputar recursos terrestres, poderia
ser um abrigo interessante caso surgisse algum surto de doença
contagiosa, etc.
Foi aí que eu comecei a pesar os contras e analisar não apenas para
mim, mas para o cidadão médio brasileiro, os custos, habilidades
necessárias, o que iria acontecer em um cenário WSHTF brasileiro,
entre muitas outras coisas.

Antes de começar a discutir as circunstâncias de um cenário


caótico brasileiro e como uma embarcação se comportaria, as
desvantagens e custos de manutenção, é primeiro discorrer se é
plausível economicamente uma família adquirir um barco que sirva
como retiro.

Obviamente aqui vou discutir sobre veleiros especificamente. É


bem evidente que quem tem dinheiro para comprar um iate luxuoso
pode ficar longos períodos no mar (da mesma forma que tem
recursos para montar uma fortaleza em terra firme), mas não teria
sentido criar um cenário rosado e de fantasia em que todos os
leitores podem comprar iates e se protegerem.

Partindo dessa premissa e tendo os veleiros como barcos possíveis


de serem usados como retiro familiar em um evento disruptivo, a
primeira pergunta que deve ser feita é se esses veleiros são viáveis
economicamente de serem adquiridos? E nesse caso a resposta é
sim.
Com isso não quero dizer que todos os leitores atualmente tem
meios para comprar ótimos veleiros, mas que se discutimos a
aquisição de uma Bug Out Location em locais isolados então temos
que comparar o custo de uma aquisição como essa com o de um
veleiro.

No Brasil, é possível achar veleiros pelo preço de um carro (e não


estou falando de um BMW) só que para que essa embarcação sirva
minimamente como um possível retiro e abrigue uma família de
digamos 4 pessoas então será necessário gastar algumas centenas
de milhares de reais.
Um veleiro seminovo no Brasil que custe cerca de 250.000 reais
vai ter uma aparência similar a:
Sem dúvida uma família de 4 pessoas acostumada com a cidade
grande não irá viver de forma luxuosa em um veleiro como esse,
mas estamos aqui discutindo uma possibilidade em um evento
caótico e então a questão da viabilidade econômica não é um
problema maior que a aquisição de um retiro, logo é viável um
retiro aquático sobre esse prisma.

Vamos agora pegar essa embarcação como exemplo e calcular


quais seriam os custos e despesas além do valor de R$250.000,00
hipotético. Para quem não sabe esse veleiro tem 39,5 pés de
comprimento.

Primeiramente é preciso estar com os documentos em ordem e tudo


deve ser regularizado junto a Capitania dos Portos. Por mais que
esses documentos sejam secundários em um cenário WSHTF você
deve tê-los regularizados antes até para ter uma experiência com
navegação. Estamos falando de 4 documentos especificamente.

O dono de um barco vai ter que ter o TIE/TIEM Original que nada
mais é que o Título de Inscrição de Embarcação), o Termo de
Responsabilidade (documento que expressa que você está se
responsabilizando para todos os fins), DPEM (Seguro Obrigatório
de Danos Pessoais Causados por Embarcações ou por suas Cargas)
juntamente com o comprovante de pagamento e a Carteira de
Habilitação de Amador (Arrais, Mestre Capitão) do condutor da
embarcação.

Cada uma delas tem uma validade diferente, sendo que o DPEM é
o único que precisa ser renovado todo ano, o TIE/TIEM tem
validade de cinco anos e a Carteira de Habilitação, de 10 anos. O
valor gasto com toda a documentação varia, mas vamos ser
conservadores e considerar que você irá gastar R$800,00.

A esse valor é preciso acrescentar o preço dos cursos de Arrais


Amador, que variam de estado para estado, mas que digamos você
irá gastar mais R$ 1.200,00.

Além do Seguro Obrigatório, outro gasto que você provavelmente


vai ter é o seguro do barco. Aqui especificamente o gasto varia em
termos de % do valor da embarcação. É possível achar seguros que
cobram 1,5% então considerando nosso veleiro especificamente
teremos mais R$ 3.750,00
Teremos que pensar também no local onde o veleiro ficará.
O preço de uma vaga numa marina ou num iate clube depende de
diversos fatores, desde a demanda/oferta de vagas na região e
localização da marina até os serviços oferecidos e infraestrutura. A
média brasileira é de R$ 60,00 por pé por mês. O preço varia entre
R$ 40,00 a R$ 120,00 por pé por mês.
Preço médio da vaga por pé por mês

Centro-Oeste: R$ 40,50 (seca) / R$ 41,40 (molhada)


Sudeste: R$ 45,60 (seca) / R$ 40,20 (molhada)
Nordeste: R$ 35,70 (seca) / R$ 34,50 (molhada)
Norte: R$ 35,90 (seca) / R$ 33,90 (molhada)
Sul: R$ 35,10 (seca) / R$ 27,80 (molhada)

Eu vou usar 45,60 como multiplicador, mas o leitor deve entender


que isso pode variar e estamos apenas fazendo um exercício
hipotético. Multiplicando pelo número de pés temos um gasto de
aproximadamente R$ 1800,00.

O proprietário ainda terá que gastar com a manutenção mensal do


barco, fazer funcionar o motor semanalmente, limpar e verificar
pequenos reparos para que quando ele quiser sair tudo esteja em
ordem. Alguns marinheiros são contratados a parte para esse tipo
de serviço. Uma média de valor de manutenção para embarcações
de pequeno e médio porte é de R$ 800,00 contando com limpeza,
peças e pequenos reparos.

Calma que ainda não acabou e tem mais gastos. Mesmo para quem
prefere pilotar a própria lancha, muitas vezes o salário do
marinheiro entra na conta de gastos, pois é esse profissional quem
mantém seu barco em ordem e até limpo.
Não é possível definir um valor certo do salário base de
marinheiros de esporte e recreio, pois a classe, apesar de estar
lutando por isto, ainda não tem leis específicas para a própria
regulamentação, mas conversando com alguns marinheiros, a
contratação fica no mínimo R$ 1.500,00 podendo chegar a R$
8.000,00 dependendo do currículo do marinheiro e do tamanho do
barco.

E se formos pensar ainda tem o valor do combustível. Analisando


de forma objetiva e sem gostos pessoais dá para ver que a questão
dos gastos de manutenção são realmente um problema para quem
cogita a ideia de ter uma embarcação como possível retiro.
Com o que você gastaria seria possível montar um retiro terrestre
que iria te oferecer mais segurança e muito mais conforto.
Obviamente que quem é rico pode ter os dois, mas se somarmos
esses gastos vemos que as embarcações no Brasil não apresentam o
melhor custo-benefício para um retiro.
Agora que ficou claro que as despesas são um empecilho, é preciso
demonstrar que existem muitas outras dificuldades. Para viver em
um barco por algum tempo você precisa ser muito bom em muitas
coisas.
Navegação celestial, encanamento, reparo de casco, reparo de
motores a diesel, reparo de trocador de calor, manutenção de
vedação de eixos, reparo de velas de costura, reparo elétrico,
manutenção de baterias, reparo de vasos sanitários, limpeza,
provisionamento, ancoragem, fixação e ajuste de aparelhamento
são apenas algumas das habilidades que você precisa ter.

Para considerar uma embarcação como um bom Bug Out Location


o indivíduo deveria ter vários anos de experiência no mínimo. É
evidente que você gastará muito mais energia e esforço aprendendo
essas coisas do que as necessidades básicas para manter um retiro
em terra firme.

Se formos analisar também os riscos de ataque por outras pessoas,


uma embarcação é só marginalmente (isso se for mesmo) superior
que um retiro em um local isolado.

Por todas essas razões não vejo como possa ser inteligente gastar
tempo, dinheiro e energia planejando um retiro dentro de uma
embarcação. Os preppers que defendem essa ideia me parecem
pessoas que já gostam de navegar pelo mar e acabam por deixar
esse hobby afetar seu julgamento do que é mais sensato.
Sob determinado ponto de vista (pensando em pessoas com muitos
recursos financeiros) pode ser razoável pensar em uma embarcação
como “retiro reserva”. Só que mesmo essa noção é passível de
críticas.

A questão da logística é um problema sério. Para que seja possível


transportar tudo o que vai ser necessário para a sobrevivência
fatalmente vai ser necessário um barco muito grande.
E para aqueles que pensarem em um refúgio móvel reserva, será
que os gastos compensam os benefícios? Será que sua embarcação
vai estar no lugar que você deixou em um cenário WSHTF? Será
que realmente tem algum sentido em gastar tanto com ela?

No exemplo de veleiro eu coloquei como valor base R$250.000,00


pense o que uma família (mesmo rica) não poderia fazer com esse
dinheiro em termos de itens e melhoras na construção do retiro.

A compra de uma embarcação para um cenário assim só tem


sentido ao meu ver para pessoas incrivelmente ricas e que possam
deixar o bem em um lugar seguro. E quando eu digo absurdamente
rica quero dizer que não apenas é indiferente a questão do dinheiro
gasto com a embarcação como ela também já tomou todas as
medidas humanamente possíveis para construir um retiro ideal em
terra. Nesse cenário, não tem porque não ter uma segunda opção.

Prós de uma embarcação usada como retiro:


- Em um cenário de pulso eletromagnético (PEM) a embarcação
poderá te levar de um lugar para outro;
- Livrar-se do lixo sanitário e dejetos não é um problema no mar;
- Infinidade de frutos do mar e peixes no oceano;
- Possibilidade de se afastar de uma pandemia.

Contras de uma embarcação usada como retiro:


- Alto dispêndio com manutenção com recursos que poderiam ser
usados em outros lugares;
- É necessária uma grande especialização;
- Ocorrem problemas de manutenção frequentemente em
embarcações;
- Uma embarcação é muito mais fácil de ser atacada por um
inimigo depois que descoberta do que uma residência adaptada
para a defesa. Um veleiro pode ser afundado a qualquer momento e
você dificilmente irá poder adotar estratégias defensivas;
- Menor espaço para estocagem de alimentos;
- As condições climáticas são um problema maior do que em um
retiro em terra firme;
-Detritos na água e contêineres marítimos quase inteiramente
submersos podem afundar o seu barco facilmente durante a noite;
-Impossibilidade de fazer trocas com outras pessoas ou mesmo
fazer alianças momentâneas para determinados fins.

Diante do que foi exposto não tenho dúvida que não é uma boa
ideia usar uma embarcação como retiro em um cenário WSHTF.
Somente em situações muito específicas essa opção deve ser
considerada e mesmo os amantes de atividades com barcos
deveriam pensar dez vezes antes de adotarem essa estratégia.
Capítulo 16

Conclusão

“Nem o prazer nem a dor devem ser motivos ou empecilhos para alguém
fazer o que precisa ser feito”
Julius Evola

Depois de aproximadamente 200 páginas e escritas e depois de


revisar o material diversas vezes, estou convencido que essa obra
cumpriu o seu propósito. Tudo foi pensado mais de uma vez para
que o conteúdo ficasse completo e de fácil entendimento.

Não tenho dúvida que essa obra como primeiro livro nacional sobre
o Sobrevivencialismo irá ser um ponto de partida para que novos
materiais surjam e que um conteúdo de qualidade se desenvolva no
Brasil. Infelizmente ainda temos poucos materiais relacionados ao
tema e isso inclui blogs, canais de Youtube ou mesmo manuais.

Para o leitor iniciante sugiro ler esse livro quantas vezes for
necessário. Para o intermediário ou quem já seguiu essa
recomendação sugiro passar a frequentar grupos de discussão nos
Estados Unidos (caso você fale inglês) e/ou passe a ler obras
estrangeiras.

Mais importante do que ler o conteúdo é tentar botar na prática o


que foi aprendido. Nessa obra há uma infinita gama de atividades
que um sobrevivencialista pode fazer para conseguir uma boa
evolução e não há razão para que você não faça nada.

Desejo sucesso na jornada dos leitores e que eles pensem em


sempre evoluir na filosofia prepper/sobrevivencialista. Essa obra
provavelmente irá ter novas versões e se você gostou da leitura ou
julgou que ela foi produtiva gostaria de pedir que ela fosse indicada
para amigos e/ou parentes próximos de forma que a filosofia
sobrevivencialista vá se desenvolvendo no nosso país.

Para quem quiser me contactar com dúvidas, sugestões ou que


estiver querendo um norte sobre algo relacionado a esse livro
sugiro que me contactem pelo email ou Instagram conforme será
disponibilizado na parte final “Sobre o Autor”.
Um forte abraço.

Att,

João Henrique Marques de Oliveira Ramos


Glossário
A
Absorvedores de oxigênio - O uso de absorvedores de oxigênio na
conservação de alimentos vem crescendo a cada dia. Esta técnica foi
desenvolvida para diminuir o teor de oxigênio presente na atmosfera interna
dos alimentos acondicionados, com o principal objetivo de inibição e, ou,
redução da carga microbiológica desses alimentos. A concentração de 02 no
interior da embalagem usando essa tecnologia pode alcançar níveis inferiores
aos de 02 remanescente comumente encontrados em produtos a vácuo. A
eficiência dos absorvedores é dependente da barreira do material da
embalagem para oxigênio, do teor de umidade no interior da embalagem, da
temperatura e da composição do absorvedor.

B
Balde para estocar comida (qualidade alimentar) - Baldes de qualidade
alimentar são baldes brancos feitos especificamente para armazenamento de
alimentos. Eles ajudarão a armazenar alimentos por mais de 25 anos, manter
a comida hermética, segura e seca. Baldes de qualidade alimentar devem ser
marcados como tal, caso contrário, eles podem conter produtos químicos que
acarretam efeitos nocivos no resultado.

Berkey - Sabe aquele filtro de barro bem comum no Brasil? Então, ele
é quase um filtro de água Berkey, seguindo o mesmo princípio de filtragem
por gravidade. A vantagem do método Berkey é que você filtra uma
infinidade de coisas da água como coliformes fecais, parasitas, cloro, flúor,
metais pesados e bactérias. Além disso, você ioniza a água e corrige o PH,
sem remover os sais minerais que seu corpo precisa para continuar
funcionando corretamente.

BOB – “Bug Out Bag”: Mochila, mala ou saco que contenha no


seu interior diversos bens necessários que garantam algum nível de
subsistência até cerca de 72h para que seja possível avançar para
um local seguro ou esperar pelo resgate. Geralmente contém
comida, água, equipamento de primeiros socorros, equipamento de
emergência, equipamento de comunicações, equipamento de
defesa, lanterna e outros itens de necessidade (Sinônimos: BIB –
“Bug In Bag”; GOOD KIT – “Get Out Of Dodge Kit”; INCH –
“I’m Never Coming Home Kit”).

BOL – “Bug Out Location” é uma localização segura previamente


preparada e definida para tal de acordo com os nossos planos de
atuação. Pode igualmente surgir definida como “retreat location”.

BOV – “Bug Out Vehicle”, veículo usado para nos transportar para
uma localização segura ou para nos ajudar a afastar de zonas de
perigo.

Buddy Burner – É apelidado de “forno para vagabundos” que na


verdade é um “mini-fogão” improvisado para cozinhar comida.
Geralmente é feito com cera de parafina que é derretida e despejada
em uma lata de atum que é preenchida com papelão enrolado. O
dispositivo é então colocado debaixo de uma lata de café ventilada,
que serve como fogão para o queimador.

Bug do Milênio - Problema do ano 2000, bug do


milênio (ou milénio) ou Bug Y2K foi o termo usado para se referir
ao problema previsto ocorrer em todos os sistemas
informatizados na passagem do ano de 1999 para 2000. Bug é um
jargão internacional usado por profissionais e conhecedores
de programação, para se referir a um erro de lógica na programação
de um determinado software.
Bug Out (verbo) – Sair de um local perigoso e ir para um retiro ou
lugar seguro.

Bug Out Bag – Uma mochila que contém equipamentos e itens


essenciais para a sobrevivência de um prepper e que será usada em
um evento caótico. Geralmente é incluído um suprimento para a
sobrevivência de uma pessoa por 72 horas.

C
Cache – Como na computação é um local para armazenar algo. Só
que aqui não estamos falando de dados e sim de suprimentos. Um
cache pode ser um estoque de alimentos ou munição. Geralmente
envolve enterrar algo porque estamos falando de um esconderijo
secreto. Supondo que sua casa possa ser saqueada ou queimada,
você terá o estoque de comida e suprimentos para chegar ao seu
próximo destino. Os preppers costumam enterrar um cache na rota
para o local do bugout para reabastecer os suprimentos.

Chave de boca de incêndio - Uma chave de boca de incêndio pode


destravar uma fonte de água escondida ou inatingível: o hidrante
local. A propriedade deste dispositivo barato pode desbloquear a
água como um recurso para toda a sua vizinhança.

D
Despensa - Despensa é o lugar da casa geralmente destinado à
guarda ou armazenagem de gêneros alimentícios (entre outros
produtos). Uma despensa deve ser: tão fresca quanto possível, perto
da área de preparo dos alimentos, construída para evitar a entrada
de insectos e roedores e fácil de manter limpa.

E
EDC – “Everyday Carry” - Itens que alguém não abdica no seu dia
à dia e que serão utilizados em caso de necessidade.

Ejeção de massa coronal - Ejeções de massa coronal (EMC) são


grandes erupções de gás ionizado a alta temperatura, provenientes
da coroa solar. O gás expelido constitui parte do vento solar e,
quando atinge o campo magnético terrestre, pode
causar tempestades geomagnéticas, prejudicando os meios de
comunicações e estações elétricas.Frequentemente estão associadas
a outras formas de atividade solar, como a erupção solar, mas ainda
não há uma relação estabelecida entre esses fenômenos. A maior
parte das ejeções origina-se de regiões ativas da superfície solar,
como grupos de manchas solares, geralmente associadas a campos
magnéticosinstáveis distribuídos ao longo do Sol, principalmente
no período mais ativo do ciclo solar. Em épocas de máxima
atividade solar, são produzidas pelo menos três ejeções de massa
coronal por dia, enquanto que em épocas de mínima atividade
solar, há apenas uma ejeção a cada cinco dias, em média.

EMP (PEM no Brasil) – “Electromagnetic Pulse”: Pulso abrupto


de radiação eletromagnética geralmente resultante de explosões
com grande libertação de energia, especialmente explosões
nucleares, fortes explosões solares, etc. De um modo geral, todos
os equipamentos eletrônicos dos nossos dias que estejam dentro da
área de impacto ficarão inutilizados.

EOTW – “End Of The World”, também chamado de


TEOTWAWKI (“The End Of The World As We Know It” – O fim
do mundo como conhecemos), descreve um acontecimento ou uma
situação que pode causar o fim da vida ou do planeta (guerra
nuclear, colisão de asteróide, etc.).

Era Nuclear - A Era Atómica ou Atômica, por vezes também


designada Era Nuclear, é o termo utilizado para referir-se ao
período da história posterior à primeira explosão nuclear levada a
cabo em 16 de julho de 1945 no deserto de Alamogordo, no Novo
México, Estados Unidos. O termo foi amplamente utilizado durante
a década de 1950, década imediatamente subsequente a
das primeiras explosões nucleares que puseram fim à Segunda
Guerra Mundial, para se referir à generalização da opinião de que,
no futuro, todas as fontes de energia seriam de natureza atômico-
nuclear.
Foi nessa época que a fabricação e utilização de armas nucleares
difundiu-se amplamente. Estima-se que, até 1998, 2053 testes
nucleares tenham sido realizados ao longo do globo pelas
principais potências armadas do mundo.

Erupção Solar – A NASA.gov define erupções solares como


tempestades no sol que enviam para fora os raios e as partículas. A
NASA também explica que a erupção solar é uma explosão intensa
de radiação proveniente da liberação de energia magnética
associada às manchas solares. Potencialmente poderia derrubar
redes de energia, perturbar satélites e trazer a economia a um
impasse. Uma ejeção de massa coronal precede uma erupção solar.

Estatuto do desarmamento - No Brasil, o Estatuto do


Desarmamento é uma lei federal derivada do projeto de lei nº 292
(PL 1555/2003), de autoria do então senador Gerson Camata
(MDB/ES), que entrou em vigor no dia seguinte à sanção do então
presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 23 de
dezembro de 2003. Trata-se da Lei 10826 de 23 de dezembro de
2003, regulamentada pelo decreto 5123 de 1º de julho de 2004 e
publicada no Diário Oficial da União no dia seguinte, que "dispõe
sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição
(...)".
O governo promoveu um referendo popular no ano de 2005 para
saber se a população concordaria com o artigo 35 do estatuto, que
tratava sobre a proibição da venda de arma de fogo e munição em
todo o território nacional. O artigo foi rejeitado com 63,94% dos
votos "NÃO" contra 36,06% dos votos "SIM".

Estratégia Alfa - Uma estratégia de sobrevivência que envolve


acumular e armazenar mantimentos com a intenção de troca ou
caridade visando se preparar para um evento caótico.

F
Forno Holandês - O forno holandês é uma panela pesada com
tampa tradicionalmente feita de ferro, mas às vezes feita de aço.
Ela faz um ótimo guisado para um acampamento, é perfeito para
fazer um assado no forno, e muito mais.
Forno Solar - O forno solar é um tipo de forno descrito
por Nicholas de Saussure por volta de 1770 e criado por Horace de
Saussure em 1767.É constituído de uma caixa com fundo preto e
tampa de vidro, com abas refletoras. O fundo preto absorve a luz
solar e converte-a em radiação infravermelha, que não passa pela
tampa de vidro, criando o efeito estufa.Desta forma, possui a
capacidade de atingir 150ºC, cozinhando qualquer alimento sem
dificuldade.O cozimento dos alimentos leva, dependendo de suas
características, de 2 a 6 horas neste equipamento. Apesar da
utilização de energia solar desde longa data, somente na década de
1990 é que intensificaram-se os estudos e desenvolvimento de
tecnologias para cozinhas solares.

G
Gaiola de Faraday - Gaiola de Faraday foi um experimento
conduzido por Michael Faraday para demonstrar que uma
superfície condutora eletrizada possui campo elétrico nulo em seu
interior dado que as cargas se distribuem de forma homogênea na
parte mais externa da superfície condutora (o que é fácil de provar
com a Lei de Gauss), como exemplo podemos citar o Gerador de
Van de Graaff. No experimento de Faraday foi utilizada uma gaiola
metálica, onde foi colocado um isolante e uma cadeira de madeira
cujo Faraday se sentou, foi dada uma descarga elétrica e nada
aconteceu a ele, provando que um corpo dentro da gaiola poderia
permanecer lá, isolado e sem levar nenhuma descarga elétrica pois
os elétrons se distribuem em sua parte exterior da superfície.

GHEE - Manteiga clarificada indiana, tradicionalmente é feita a


partir de manteiga produzida com leite acidificado por ação
bacteriana. Na indústria tem se optado por utilizado o creme de
leite como base. O tempo e a temperatura variam para
tostar/queimar os sólidos de leite e agregar sabor ao produto.

GOOD – “Get Out Of Dodge” é um termo usado para o momento


em que devemos abandonar a zona onde num determinado
momento nos encontramos para procurar uma localização segura.

Greve dos caminhoneiros - A greve dos caminhoneiros no Brasil


em 2018, também chamada de Crise do Diesel, foi
uma paralisação de caminhoneirosautônomos com extensão
nacional iniciada no dia 21 de maio, no Brasil, durante o governo
de Michel Temer,e terminou oficialmente no dia 30 de maio, com a
intervenção de forças do Exército Brasileiro e Polícia Rodoviária
Federal para desbloquear as rodovias.Algumas tentativas de
continuidade do movimento ainda ocorreram, como a liderada no
Distrito Federal pelo caminhoneiro Wallace Landim, alcunhado de
"Chorão", mas não tiveram adesão. Os grevistas se manifestaram
contra os reajustes frequentes e sem previsibilidade mínima nos
preços dos combustíveis, principalmente do óleo diesel, realizados
pela estatal Petrobras com frequência diária, pelo fim da cobrança
de pedágio por eixo suspenso e pelo fim do PIS/Cofins sobre o
diesel. O preço dos combustíveis vinha aumentando desde 2017 e
sua tributação representa 45% do preço final, sendo 16% referente
ao PIS/COFINS, de competência da União.O preço ao consumidor
da gasolina brasileira estava na média mundial na semana da greve,
em valores absolutos, enquanto o diesel estava abaixo da média,
sendo o segundo mais barato do G8+5, apesar de ser o segundo
mais caro na América Latina, ao lado de Paraguai e Argentina.

Grid Down – Uma situação “Grid Down” poderia ser um simples


apagão ou mesmo um PEM onde a civilização precisaria de meses
ou anos para se recuperar.
H

K
Krav Maga - (em hebraico: ‫קרב מגע‬, "combate de contato") é um
sistema de combate corpo a corpo, desenvolvido em Israel, que
envolve técnicas de luta, torções, defesa contra armas, bastões,
facas e golpeamentos.
O Krav Maga é derivado de habilidades de briga de rua,
desenvolvidas por Imi Lichtenfeld como um modo de defender o
quarteirão judeu, durante o período de ativismo anti-
semita em Bratislava, nos anos 1940. Após sua imigração para
Israel, ele começou a fornecer treinamento para as Forças de
Defesa de Israel, desenvolvendo as técnicas que se tornaram
conhecidas como Krav Maga. Desde então, ele tem sido
aperfeiçoado para ambas aplicações, civis e militares.

M
Marina - Uma marina é um pequeno centro portuário de recreação
usado primariamente por iates privados e botes
recreacionais. Marinas normalmente possuem corredores primários
e secundários permitindo acesso a todos os barcos atracados.
Muitas vezes oferecem serviços como lavagem, venda
de combustível e manutenção.

Molon labe - Um termo clássico usado pelos patriotas americanos,


Molon Labe, significa "Venha e pegue [minhas armas]. "Uma
expressão de desafio utilizada por preppers e sobrevivencialistas
para reivindicar seus direitos de possuir armas. É uma declaração
de advertência para quem acha que pode confiscar as armas ou
minar a liberdade alheia. (Em grego: μολὼν λαβέ molṑn labé).

Monsanto - O público em geral desconhece que a Monsanto tem


bilhões de dólares investidos em culturas e sementes de
Organismos Geneticamente Modificados (OGMs). A única maneira
de se proteger contra a compra de alimentos geneticamente
modificados é comprar produtos orgânicos, mas mesmo a compra
de produtos orgânicos não é 100% efetiva, já que as culturas
orgânicas, ao lado de uma safra de OGM, serão contaminadas. De
acordo com seu site "Até 90% da soja, milho, algodão, canola e
beterraba são geneticamente modificados e rotineiramente
inseridos em alimentos para humanos e animais sem rótulos ou
testes de segurança".

MRE (Meals Ready to eat) – Acrônimo em inglês que significa


refeições prontas para o consumo. Um verdadeiro MRE é uma
refeição que está pronta para comer porque inclui pacote químico
para aquecer instantaneamente refeições individuais permitindo o
consumo de alimentos aquecidos sem o uso de fogo ou fogão.

N
Naturopatia - Naturopatia ou medicina natural é uma forma
de medicina alternativa que recorre a uma série de
práticas pseudocientíficascomercializadas como "naturais", "não
invasivas" ou "regenerativas". A ideologia e os métodos da
naturopatia têm por base o vitalismo e a medicina popular, e não
a medicina baseada em evidências. Os naturopatas geralmente
recomendam às pessoas que não recorram a práticas medicinais
modernas, como exames
médicos, medicamentos, vacinas ou cirurgias. Em vez disso, os
estudos e práticas naturopatas assentam em noções não científicas,
que levam frequentementemente a diagnósticos e tratamentos sem
mérito factual.
A naturopatia é considerada pelos profissionais de medicina como
sendo ineficaz e potencialmente prejudicial, o que levanta questões
de ética médica acerca da sua prática. Os naturopatas têm sido
continuamente acusados de charlatanismo.Nos tribunais de muitos
países, vários naturopatas têm sido julgados como responsáveis por
vários crimes. Em alguns países, é crime os naturopatas
apresentarem-se como profissionais de saúde.

O
Off grid – “Fora da grade” ou Off Grid é uma escolha de estilo de
vida para viver sem eletricidade e para ser auto-suficiente sem
qualquer ajuda.

Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) -


Geneticamente modificado não é o mesmo que "híbrido", que é um
cruzamento entre duas espécies. Com Organismos Geneticamente
Modificados, um gene de uma espécie (planta ou animal) é
transferido para outro, criando algo artificial (não encontrado na
natureza). OGMs são perigosos para os seres humanos. Testes de
laboratório em ratos sugerem possíveis problemas de infertilidade.
Ovelhas – Termo usado para identificar a maioria da população
que não está preparada para um cenário catastrófico e estão
dependentes do sistema. Alguns num SHTF possivelmente optarão
por um comportamento agressivo atacando, agredindo e roubando
os que previamente se prepararam para o pior.

P
Paracord - A Paracord (também conhecida como cordame de
paraquedas) ganhou este nome por ter sido desenvolvida para o uso
em paraquedas, como linhas de suspensão (para = paraquedas /
cord = corda). De forma simples, é um cordame feito de Nylon,
extremamente resistente e com bom potencial elástico. Em termos
de comparação entre peso, volume e resistência, é um equipamento
fantástico. É claro que com uma tecnologia tão versátil assim foi
questão de tempo até o paracord começar a ser aplicado em muitas
outras atividades militares, servindo para pendurar itens na
mochila, amarrar cargas, montar acampamentos e tendas e outras
tarefas de campo. Lentamente foi sendo aplicada em outros
cenários, inclusive até mesmo em ambientes extremos como na
missão STS-82 para reparar o telescópio espacial Hubble.

Parafina - Um conservante químico que retarda a perda de


umidade e evita a deterioração dos alimentos. Usado
principalmente para conservas e que pode ser até comestível. É
possível encontrar cera de parafina adicionada ao chocolate porque
dá um acabamento brilhante (embora não se destine ao consumo).
Use-a com cuidado, pois é inflamável quando superaquecida. É
também às vezes chamada de cera de padeiro ou cera de conserva.

Pote Zeer - Um pote zeer é um dispositivo simples para manter


seus alimentos frios sem eletricidade. É uma geladeira simplificada
que não usa energia elétrica. Para criar um Pote Zeer são
necessários dois potes de barro (um aninhado dentro do outro com
uma camada de areia molhada no meio), água e uma tampa.

Preppers - Os preppers são pessoas que se preparam ativamente


para a sobrevivência em tempos incertos, incluindo um colapso
econômico, um desastre natural, um evento cósmico incomum,
uma pandemia ou uma catástrofe provocada pelo homem. Os
preppers tomam medidas significativas para garantir as
necessidades básicas de sobrevivência antes que o impensável
ocorra, o que perturbaria as condições normais de vida. Preparar é
um estilo de vida que proporciona conforto e paz de espírito.
Embora paixão e nível de habilidade variem seu objetivo final é o
mesmo: sobrevivência.

R
Regra de três - Um termo prepper para descrever como os seres
humanos podem viver apenas três minutos sem ar, três dias sem
água e três semanas sem comida. A definição foi expandida para
incluir abrigo (humanos podem viver apenas três horas de
exposição a condições climáticas adversas sem abrigo).

S
Sacos de mylar - Os sacos de Mylar utilizados no armazenamento
de alimentos revolucionaram a maneira como os alimentos são
armazenados a longo prazo. As principais formas pelas quais os
alimentos podem ser danificados no longo prazo são o calor, a luz,
a umidade, o oxigênio e os roedores. Os sacos de mylar fazem com
que nenhum desses fatores interfira na preservação dos alimentos
embora não substituam um recipiente de armazenamento de
alimentos adequado como baldes de armazenamento de qualidade
alimentar. Quando usado em conjunto com absorvedores de
oxigênio e baldes de armazenamento de grau alimentício os sacos
de mylar fornecem inúmeros benefícios para manter sua comida
segura por muitos anos.

Seguro Alimentar (Food Insurance) – O seguro alimentar não é


uma política real oferecida para venda, mas sim a frase de um
prepper para a paz de espírito em saber que se tem garantido
reservas alimentares de longo prazo.

SHTF – Um dos acrónimos mais comuns que significa “Shit Hits


The Fan” (alternativa: WTSHTF – “When The Shit Hits The Fan “.
A tradução não poderia ser mais simples: Quando a mer** atingir o
ventilador. Este termo diz respeito a um acontecimento a nível
local, nacional ou global que pode mudar radicalmente as nossas
vidas.

Sobrevivencialismo - Uma disposição de esperança para


sobreviver! É uma atitude, política ou prática baseada na primazia
da sobrevivência como um valor absoluto.

T
TEOTWAWKI - Um evento catastrófico que destrói as instituições
e normas existentes da sociedade. Do inglês, acrônimo para “The
End of The World as We Know It” que basicamente é traduzido
para “o fim do mundo como nós conhecemos”.
Trama - O termo trama na área de tecelagem refere-se ao
espaçamento entre os fios que constituem o tecido: uma trama
menor significa fios menos espaçados entre si; uma trama
maior significa fios mais espaçados entre si.

V
Veleiro - Um veleiro é uma embarcação propelida por um velame,
conjunto de velas de tecido de corte e cálculo apropriado, apoiado
em um ou mais mastros e controlados por um conjunto de cabos
chamado cordoalha, todo esse sistema costuma denominar-se
armadoria.

W
WROL – Acrônimo para “WithOut Rule Of Law”. Basicamente
descreve situações ou zonas que momentaneamente ou
permanentemente ficam sem lei nem ordem.

Z
Zumbis - Em suma, os zumbis são as pessoas infelizes que não
planejaram ou prepararam-se para o WTSHTF. Eles são uma
ameaça direta aos preppers na medida em que eles vão estar
desesperados por comida, água e suprimentos. Não é figura de
linguagem esperar que eles comportem como zumbis nos filmes.
Ou você realmente acha que todos vão ficar sentados esperando
pela própria morte? Até o aspecto de zumbis não é exagerado já
que provavelmente essas pessoas vão estar famintas, cheia de
feridas e infecções e desesperadas em busca da sobrevivência
através de “seres saudáveis”. Os zumbis, ou “mortos-vivos” são
seres reais e muito preocupantes.
Sobre o autor
João Henrique Marques de Oliveira Ramos é sou formado em
administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas. Desde
cedo sempre teve as atividades físicas como uma das suas paixões
assim como as finanças e o hábito da leitura. Com mais de 15 anos
treinando e lendo os mais variados livros sobre o assunto, resolveu
criar essa obra para levar o HIT e alguns conceitos específicos mais
ao alcance do leitor. Tem também publicado um livro sobre Fundos
de Investimento Imobiliário:
https://www.amazon.com.br/Investindo-Fundos-Investimento-
Imobili%C3%A1rio-realidade-ebook/dp/B079ZQFJ2G

https://www.amazon.com.br/Hipertrofia-Total-avan%C3%A7ado-
m%C3%BAsculos-corporal-ebook/dp/B07MVXWRQD
E-mail para contato: joaohenriquer14@gmail.com
Instagram: @jhrac14

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