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1 Dualidade
1.1 Equivalência dos Problemas do Consumidor
1.1.1 Os Dois Problemas do Consumidor
Considere os dois problemas do consumidor:
max u(x) s.a px = y (1)
x∈Rn
+
1.1.3 Dualidade
Algebricamente, temos que as seguintes relações entre a função de utilidade indireta e a função de
dispêndio são válidas:
e(p, v(p, y)) = y
v(p, e(p, u)) = u
Para as funções de demanda, valem as seguintes relações para todo i = 1, ..., n:
xM h
i (p, y) = xi (p, v(p, y))
xhi (p, u) = xM
i (p, e(p, u)),
1.1.4 Dualidade
As relações entre a função de utilidade indireta e a função de dispêndio, dadas por
e(p, v(p, y)) = y
v(p, e(p, u)) = u,
mostram uma maneira mais curta para se achar a função dispêndio (a função de utilidade indireta)
a partir da função de utilidade indireta (da função dispêndio).
Para isso, basta ”invertemos” uma das funções para achar a outra, e, portanto, não é, em geral,
necessário resolver os dois problemas do consumidor.
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1.1.5 Estática Comparativa
As estáticas comparativas dos dois problemas do consumidor são diferentes. Por exemplo, os
ajustamentos nas duas demandas devido a uma mudança de preços são diferentes, já que diferentes
variáveis são mantidas constantes em cada problema.
A demanda Marshalliana xM (p, y), obtida do problema de maximização da utilidade, mantém o
nı́vel de renda constante. Se o preço do bem 1 diminui, por exemplo, a reta orçamentária se torna
mais horizontal (ver figura a seguir). O consumidor, com o mesmo nı́vel de renda, pode alcançar
um nı́vel de utilidade mais alto (cesta ótima se desloca de E para Ê).
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1.2.3 Representação Gráfica
x2
6 Equilı́brio: E
Preço do bem 1 aumentou
T Solução muda de E para Ê
T
T
T
Q
Q T r Ê
Q T
QT @ I
Q @
T rE
Q
T QQ
T Q
T Q
Q
T Q
T Q
-
x1
1.3 Formalização
1.3.1 Equivalência entre v(p, y) e e(p, u)
Teorema 1 (Theorem 1.8 - Relações entre v(p, y) e e(p, u)) Sejam v(p, y) e e(p, u) as funções
de utilidade indireta e dispêndio do consumidor, cuja utilidade é contı́nua e estritamente crescente.
Então para todo p >> 0, y ≥ 0 e u ∈ U valem as seguintes identidades:
1. e(p, v(p, y)) = y, e
2. v(p, e(p, u)) = u.
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1.3.3 Exemplo - Cobb-Douglas
Vimos que as demandas Hicksianas geradas pela utilidade Cobb-Douglas são:
1−α
h α
x1 (p1 , p2 , u0 ) = pα−1
1 p1−α
2 u0
1−α
−α
α
h
x2 (p1 , p2 , u0 ) = pα1 p−α
2 u0
1−α
Se substituirmos essas demandas em px, achamos a função dispêndio:
e(p1 , p2 , u) = α−α (1 − α)−(1−α) pα1 p1−α
2 u,
exatamente a expressão que achamos usando a identidade v(p1 , p2 , e(p, u)) = u, como esperado.
2 Elasticidades
2.1 Elasticidade-preço da demanda
2.1.1 Definição
A elasticidade-preço da demanda pelo bem i é calculada como a mudança percentual na quantidade
dividida pela mudança percentual no preço:
∂ log(xMi (p, y)) pi ∂xM
i (p, y)
εM M
i = εi (p, y) = = M
∂ log(pi ) xi (p, y) ∂pi
Apesar de a elasticidade-preço da demanda ser (quase sempre) um número negativo (a demanda
responde negativamente a mudanças no preço do bem), é comum se referir a ela como um número
positivo, já que o que importa é a magnitude do número e não o seu sinal.
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2.1.2 Classificações
Quando a elasticidade-preço da demanda é
A demanda pode ser elástica para certas faixas de preço e inelástica para outras faixas de preço.
1. Quanto mais fácil for substituir o consumo do bem i pelo consumo de outros bens.
2. No longo prazo.
3. Quanto menos ”necessário” o bem for.
• εM
ij < 0: i e j são bens complementares.
2.2.2 Exemplo
Em marketing, bens complementares dão um poder adicional à firma, permitindo que a firma
”prenda” o consumidor quando os custos para mudar de produto são altos. Algumas estratégias
de valoração usadas por firmas quando produzem um bem base e um bem complementar ao bem
base, são:
1) Cobrar barato o bem base em relação ao bem complementar (incentivo à entrada).
2) Cobrar caro o bem base em relação ao bem complementar (barreira à entrada).
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2.3 Elasticidade-renda
2.3.1 Definição
A elasticidade-renda do bem i mede a sensibilidade da demanda em relação a mudanças na renda:
1. Inferior : ηi < 0;
2. Normal : ηi ≥ 0;
2. Se algum bem é de luxo, deve existir pelo menos um bem necessário ou inferior.
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2.4.2 Relação obtida com a Agregação de Cournot
Se um bem é elástico (inelástico), os outros bens são, na média ponderada pela fração da renda
gasta no bem, substitutos (complementares) desse bem:
n
X
si (1 + εM
ii ) = − s j εM
ji (3)
j=1, j6=i
se x ∼ y, então αx ∼ αy, ∀α ≥ 0,
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2.5.4 Representação de Preferências Homotéticas
Teorema 3 (Representação de Preferências Homotéticas) Toda função utilidade que rep-
resenta preferências homotéticas pode ser escrita como:
u(x1 , ..., xn ) = f (v(x1 , ..., xn )),
onde f é uma função estritamente crescente e v é uma função homogênea de grau 1 (ou seja,
v(tx) = tv(x), ∀t ≥ 0).
É fácil verificar que a função Cobb-Douglas é homotética, pois ela é homogênea de grau 1 (f é a
identidade nesse caso).
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3.2.2 Equação de Slutsky
A equação de Slutsky permite decompor o efeito de uma mudança de preço em dois efeitos, o
efeito renda e o efeito substituição:
∂xM
i (p, y) ∂xhi (p, u) ∂xM
i (p, y)
= − xMj (p, y) ,
∂pj ∂pj ∂y
| {z } | {z } | {z }
efeito total efeito substituição efeito renda
onde u é o nı́vel de utilidade que o consumidor consegue alcançar aos preços p e renda y.
A equação de Slutsky relaciona a demanda Marshalliana, observável, com a demanda Hicksiana,
não observável, por meio do efeito renda.
∂xM
i (p, y) ∂xhi (p, u) ∂xM
i (p, y)
= − xMi (p, y)
∂pi ∂p ∂y
| {z } | {zi } | {z }
efeito total efeito substituição Efeito Renda
3.2.4 Observação
O consumidor, quando o preço muda, não calcula o seu efeito subsituição e o seu efeito renda, ele
apenas escolhe uma nova cesta de bens.
Essa divisão é apenas uma decomposição teórica que auxilia na compreensão do efeito de uma
mudança de preços na quantidade demandada do bem.
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3.2.6 Representação Gráfica
x2 Equilı́brio: E, consumo de x∗1 unidades do bem 1
6
m Preço do bem 1 diminuiu
p2 Q
e Q Efeito Substituição: x∗1 → x∗∗
1
eQ Efeito Renda: x∗∗1 → x1
∗∗∗
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