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O problema (primal) do consumidor combina esses dois conceitos, ao caracterizar esse problema
como a maximização da utilidade sujeita à restrição orçamentária.
Vamos supor:
Hipótese 1.2 A relação de preferências é completa, transitiva, contı́nua, estritamente monótona
e estritamente convexa em Rn+ .
Portanto, pelos teoremas 1.1 e 1.3, pode ser representada por uma função de utilidade u contı́nua,
estritamente crescente e estritamente quasicôncava em Rn+ .
4. Renda é exógena.
1
1.1.4 Resolvendo o Problema
Se a hipótese 1.2 é válida, o problema do consumidor pode ser formulado de modo equivalente
como:
maxn u(x) tal que px ≤ y (2)
x∈R+
O consumidor escolhe os bens que maximizam a sua utilidade e que estão dentro da sua possibil-
idade de consumo (satisfazem a sua restrição orçamentária).
Se x∗ é solução do problema (2), então x∗ é solução do problema (1). O contrário também vale.
x∗ = x(p, y) (3)
Portanto, para cada bem, a sua demanda depende da renda e de todos os preços da economia:
2
1.1.8 Resolvendo o Problema
As CPO (5) são apenas necessárias para a solução. Essas condições são suficientes se o problema
do consumidor satisfaz as hipóteses do teorema abaixo.
Teorema 1.4 Suponha que u(x) é contı́nua e quasicôncava em Rn+ , e que (p, y) >> 0. Se u é
diferenciável em x∗ e (x, λ) >> 0 é solução de (5), então x∗ é solução do problema do consumidor
(problema (2)).
O lado esquerdo da equação acima é a TMS, que representa o valor marginal do bem i em termos
do bem j (inclinação da curva de indiferença).
O lado direito dessa equação é o custo de mercado do bem i em termos do bem j (a inclinação da
reta orçamentária).
A equação acima diz que o valor marginal do bem i em termos do bem j deve ser igual ao custo
marginal do bem i em termos do bem j.
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1.2 Demandas Marshallianas
1.2.1 Encontrando as Demandas
As CPO representam n+1 equações em n+1 variáveis, x1 , ..., xn e λ. A solução dessas equações do
problema do consumidor são as demandas Marshallianas dos bens (e o multiplicador de Lagrange),
funções dos preços e do nı́vel de renda:
xM M
i = xi (p, y), para todo i = 1, ..., n
λM = λM (p, y)
Nota: A dependência de xi em p e y e não diretamente na quantidade de outros bens não implica
que a escolha de consumo do bem i não dependa da escolha de consumo de outros bens, mas
apenas que a escolha desses outros bens está implicitamente incorporada na solução de xi .
1. Invertemos as duas primeiras CPO para achar x1 , x2 como funções dos preços e do multipli-
cador de Lagrange λ.
2. Substituı́mos esses valores para x1 , x2 na última CPO (a reta orçamentária) para achar λ
como função dos preços e da renda.
3. Substituı́mos esse valor de λ nas equações originais para x1 , x2 , o que nos dá as funções de
demanda Marshallianas.
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1.2.5 Utilidade Cobb-Douglas
O problema do consumidor com utilidade Cobb-Douglas é:
L = xα1 x1−α
2 + λ(y − p1 x1 − p2 x2 ),
Como achar as demandas quando não podemos usar o Lagrangeano? A análise deve então ser
feita caso a caso. Para os dois exemplos abaixo (e na maioria dos casos de apenas dois bens), a
solução gráfica pode ajudar a achar as demandas. Vamos analisar esses exemplos agora.
Os números a e b não tem significado isolado, porém determinam a taxa de substituição entre
os bens.
5
1.3.3 Curvas de Indiferença - Bens Substitutos
x2
6
Reta Orçamentária Curvas de Indiferença
m
p2 rE u(x1 , x2 ) = x1 + x2
@
A
A@ Suponha que p1 = 2p2
A @
Qual a solução?
@ A @
@A @
@A @
@ @ A @
@ A@ @
@ A @
@ @ A@ @
@ @
@A @ @
@ @A @
@@ @
@
@A @ -
m x1
p1
6
1.3.7 Curvas de Indiferença - Bens Complementares
x2
6 Curvas de Indiferença
u(x1 , x2 ) = min{x1 + x2 }
Suponha que p1 = 2p2
Qual a solução? =⇒ E
m
p2 HH
HH
E
r
H
HH
HH
HH
H
HH
H
HH
H
H -
m x1
p1
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1.4.2 Caso de Dois Bens
Algebricamente, as CSO são obtidas do Hessiano orlado (ou Hessiano com borda) da função de
Lagrange. Para o caso de dois bens, o Hessiano orlado é:
∂2L ∂2L ∂2L
∂λ 2 ∂λ∂x1 ∂λ∂x2
0 −p 1 −p 2
∂2L ∂2L ∂2L −p1 ∂2L ∂2L
HO = ∂x ∂λ ∂x ∂x =
1 ∂x 2
1 1 ∂x2
2 ∂x1 ∂x2 1
∂2L ∂2L ∂2L ∂2L ∂2L
∂x2 ∂λ ∂x2 ∂x1 ∂x22
−p2 ∂x2 ∂x1 ∂x22
Para o caso de dois bens, as CSO são satisfeitas se o determinante do Hessiano orlado, calculado
no ponto ótimo, for positivo. Nesse caso, é garantido que as demandas encontradas usando as CPO
são de fato um máximo para o problema do consumidor.
L = u(x1 , x2 ) + λ (m − p1 x1 − p2 x2 ) ,
A CSO é satisfeita se o determinante for maior do que zero. Como λ2 é sempre maior do que
zero, podemos simplificar a condição acima para:
u1 = αxα−1
1 x1−α
2 >0
α −α
u2 = (1 − α)x1 x2 > 0
u11 = α(α − 1)xα−2
1 x21−α < 0
u21 = u12 = α(1 − α)xα−1
1 x−α
2 > 0
α −α−1
u22 = −α(1 − α)x1 x2 <0
É fácil verificar que 2u1 u2 u21 − u22 u11 − u21 u22 é positivo quando 0 < α < 1. Nesse caso, as CSO para
a maximização da utilidade Cobb-Douglas são satisfeitas: as demandas achadas usando as CPO são de
fato a solução (maximizam a utilidade) do problema do consumidor.
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1.4.5 Caso Geral
No caso geral de n bens, os determinantes dos menores principais do Hessiano orlado devem alternar
sinais. Por exemplo, no caso de quatro bens devemos ter que:
−p1 −p2
0
2
∂ L 2
∂ L
det −p1 ∂x1 ∂x2 > 0
∂x21
2L ∂2L
−p2 ∂x∂2 ∂x 1 ∂x22
0 −p1 −p2 −p3
−p1 ∂2L ∂2L ∂2L
∂x21 ∂x1 ∂x2 ∂x1 ∂x3
det
∂2L ∂2L ∂2L
<0
−p 2 ∂x 2 ∂x 1 ∂x22 ∂x 2 ∂x3
2 L 2
∂ L 2
∂ L
−p3 ∂x∂3 ∂x 1 ∂x3 ∂x2 ∂x23
0 −p1 −p2 −p3 −p4
−p ∂2L ∂2L ∂2L ∂2L
1 ∂x 2 ∂x1 ∂x2 ∂x1 ∂x3 ∂x1 ∂x4
1
∂2L ∂2L ∂2L ∂2L
det −p2 ∂x2 ∂x1 ∂x2 ∂x4 > 0
∂x22 ∂x2 ∂x3
2L ∂2L ∂2L ∂2L
−p3 ∂x∂ ∂x
2
∂x ∂x ∂x ∂x
3 1 3 2 ∂x3 3 4
2 L 2
∂ L 2
∂ L 2
∂ L
−p4 ∂x∂4 ∂x 1 ∂x4 ∂x2 ∂x4 ∂x3 ∂x2
4
A função de utilidade indireta está bem definida (teorema de Weierstrass). A função de utilidade indireta
diz qual o máximo de utilidade alcançável aos preços p e renda y.
Se a solução do problema do consumidor for única (caso de u estritamente quasicôncava), então temos
que:
v(p, y) = u(x(p, y))
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2.2 Propriedades
2.2.1 Teorema 1.6
Teorema 1.6 Se u(x) é contı́nua e estritamente crescente em Rn+ , então v(p, y) é:
1. Contı́nua em Rn++ × R+ ,
∂v(p0 , y 0 )/∂pi
xi (p0 , y 0 ) = − , i = 1, ..., n. (6)
∂v(p0 , y 0 )/∂y
2.2.2 Continuidade
A função de utilidade indireta é contı́nua nos preços e na renda.
2.2.3 Homogeneidade
As funções de demanda e a função de utilidade indireta são homogêneas de grau 0 nos preços e na renda:
Lembre-se que se aumentarmos todos os preços e a renda pelo mesmo fator, nada muda na restrição
orçamentária. Portanto, o problema do consumidor permanece inalterado e as funções de demanda e a
utilidade máxima alcançável serão as mesmas.
Essa propriedade é natural: se os preços aumentam, a utilidade máxima possı́vel vai cair ou permanecer
a mesma. Se a renda aumenta, a utilidade máxima possı́vel necessariamente aumenta (supondo mais é
sempre melhor).
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2.2.6 Identidade de Roy
4. Identidade de Roy. A identidade de Roy conecta a demanda Marshalliana com a função de utilidade
indireta:
xi (p, y) = − ∂v/∂p
∂v/∂y
i
A identidade de Roy conecta a utilidade indireta com as funções de demanda Marshallianas. Se em algum
problema for dada a utilidade indireta, podemos calcular as demandas usando essa identidade.
Observações:
• Dizer que a demanda é negativamente inclinada ou que o valor marginal de um bem é decrescente
é a mesma coisa.
• Exceções são chamados de Bens de Giffen.
@
@
@
@ Curva de Demanda
@
@
@
@
@
@
@
@
-
preço
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2.3.4 Interpretando a curva de demanda
Existem duas formas de se interpretar a curva de demanda:
1) Você me diz o preço, eu digo a quantidade que quero. Essa é a forma comum de ver a função demanda.
Para cada preço, sabemos qual será a quantidade demandada pelo consumidor.
2) Você me diz a quantidade, eu digo o valor marginal de mais uma unidade.
-
quantidade
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