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Teste de avaliação
Avaliação
escrita 1
E. Educação Professor
Grupo I
PARTE A
Lê o poema.
1. Relaciona o sentido dos versos «Posto me tem Fortuna em tal estado, / e tanto a seus pés me
tem rendido!» (versos 1-2) com os restantes versos das duas quadras.
2. Explicita um dos efeitos de sentido que resultam da oposição estabelecida, nos dois tercetos,
entre «mal» e «bem».
PARTE B
Lê o seguinte excerto da Farsa de Inês Pereira de Gil Vicente. Se necessário, consulta as notas.
Inês Pessoa conheço eu Que seja homem mal feito
que levara outro caminho1. 20 feo, pobre, sem feição
Casai lá com um vilanzinho, como tiver descrição
mais covarde que um judeu2. nam lhe quero mais proveito.
5 Se fora outro homem agora E saiba tanger viola
e me topara a tal hora e coma eu pão e cebola3
estando assi às escuras 25 siquer ũa cantiguinha
falara-me mil doçuras discreto feito em farinha4
ainda que mais nam fora. porque isto me degola.
10 Vem a Mãe e diz: Pero Marques foi-se já? Mãe Sempre tu hás de bailar
Inês Pera que era ele aqui? e sempre ele há de tanger?
Mãe Nam te agrada ele a ti? 30 Se nam tiveres que comer
Inês Vá-se muit’ieramá o tanger te há de fartar.
que sempre disse e direi: Inês Cada louco com sua teima
15 mãe eu me nam casarei com ũa borda de boleima
senam com homem discreto. e ũa vez d’água fria
E assi vo-lo prometo 35 nam quero mais cada dia.
ou antes o leixarei. Mãe Como às vezes isso queima5.
Gil Vicente, As obras de Gil Vicente, José Camões (coord.),
vol. II, Lisboa, IN-CM, 2001, pp. 571-572.
1
que levara outro caminho: que agiria de outra forma; 3
coma eu pão e cebola: ainda que coma mal;
2
mais covarde que um judeu: comparação de Pero com 4
feito em farinha: carinhoso, tolerante;
um judeu, que seria igualmente sério e comedido; 5
queima: custa.
5. Refere o conceito de marido ideal para Inês e para a Mãe, a partir das qualidades que cada
uma privilegia.
No diálogo com Inês, a repetição do advérbio «sempre», nos versos 29 e 30, e a utilização da
interrogação constituem uma estratégia da Mãe para apelar à sensatez da filha, lembrando-lhe
que o tempo a) __________. A progenitora recorre ainda à b) __________, em «Se nam tiveres
que comer / o tanger te há de fartar» (versos 30-31) para censurar a conceção de vida idealizada
por Inês. Assim, na sua última réplica, através de uma afirmação sentenciosa, a Mãe assume-se
como c) __________.
a) b) c)
PARTE C
O amor é bondoso
Costuma dizer-se que é um fogo que arde sem se ver. E que, quando é verdadeiro, não
definha. E tem um jeito manso que só a alguém pertence. E que o corpo é testemunha de tudo o
que faz. É dado de graça e semeado no vento. Um bicho instruído que nos faz escrever cartas
ridículas e ser, igualmente, ridículos. É um verbo que dá vontade de conjugar perdidamente. Mas
5 também é uma dor que desatina sem doer. Passamos por uma fase em que não se tem a certeza se
é alegria ou tristeza. E, às vezes, no calendário, noutro mês é dor. Porque é cego e surdo e mudo,
o amor. Luís de Camões, Carlos Drummond de Andrade, Caetano Veloso, Fernando Pessoa,
Florbela Espanca, Ary dos Santos e Sérgio Godinho escreveram assim sobre e para ele. Tal como
milhares de poetas que o tentaram (e tentam) descrever, dedicando-lhe versos e quadras à procura
10 da definição perfeita.
Movidos e comovidos pelos versos dos poetas e pelas histórias de encantar, os sete mil
milhões de humanos que habitam o planeta procuram-no. O momento de procura, de partida para
o amor é feito de incertezas. Apenas sabendo de que se terá a certeza quando for a altura do passo
definitivo. E com a expectativa de que será para sempre. Foi isso que a sociedade e as histórias
15 de encantar nos ensinaram. Porém, nem todos os relacionamentos são eternos. O amor assume
muitas formas ao longo da vida. Não tem uma fórmula secreta e matematicamente certeira, mas
há um caminho para o fazer durar.
Há um coração que bate, sim, mas também moléculas que se espalham pelo corpo e
sentimentos que podem ser exercitados como um músculo para o fazer – ao amor – durar. «Sem
20 querer discutir a magia do amor do ponto de vista científico, há uma química que lhe está
associada: os compostos químicos que atuam sobre o nosso corpo – o cérebro em particular – e
nos transmitem sensações e comportamentos que associamos ao amor», diz Paulo Ribeiro Claro,
professor de Química na Universidade de Aveiro.
Mais importante do que descobrir a chave para o encontrar, é mantê-lo ao longo do tempo.
25 Como impedir que o amor se torne passado, pule o muro, suba a árvore e se transforme em ferida
que às vezes não sara nunca, às vezes sara amanhã, como canta a poesia de Carlos Drummond de
Andrade. Qualquer um de nós pode amar, mas para o fazer em pleno é bom que a infância tenha
sido passada sem medos e com um desenvolvimento espontâneo. A raiz do presente está no
passado. O que somos hoje e, por consequência, quanto conseguimos amar, depende da maneira
30 como fomos criados. O amor que hoje temos para dar, a nossa disponibilidade para o fazer,
depende da qualidade do amor que recebemos na infância, a altura em que estruturamos o nosso
estilo relacional até aos cinco/seis anos.
Muda o mundo, a norma, misturam-se os géneros. Mas há sempre uma ferida que dói e não se
sente. E a maior solidão é a do ser que não ama. Mas quando houver tormenta, resta sempre a
35 poesia. «Este céu passará e então teu riso descerá dos montes pelos rios até desaguar no nosso
coração», escreveu Ruy Belo.
Carolina Reis, «O Amor é Bondoso», in Expresso, 05.02.2017
(texto com supressões).
545 palavras
3. No segundo período do quatro parágrafo (linhas 25-27), para mostrar que, por vezes, o amor
acaba, recorre-se
A. à enumeração, à hipérbole e à comparação.
B. à personificação, à comparação e à hipérbole.
C. à metáfora, à enumeração e à personificação.
D. à comparação, à enumeração e à personificação.
4. Entre a «qualidade do amor que recebemos na infância» (linha 31) e a capacidade de amar «em
pleno» (linha 27) estabelece-se uma relação de
A. oposição.
B. causa-efeito.
C. semelhança.
D. parte-todo.
7. Identifica o antecedente do pronome presente em «mas para o fazer em pleno» (linha 27).
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta
integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do
número de algarismos que o constituam (ex.: /2021/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 350 palavras –, há que atender ao seguinte:
− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
− um texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com 0 pontos.
FIM