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Cala a Boca

CL I C A !
e por H
enry Al f r e d Buga
lho

Curso de Introdução

à Fotografia
ficina Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
Copyright © Todos os direitos reservados.

Capa e Diagramação:
Henry Alfred Bugalho

Obra de:
Henry Alfred Bugalho

Fotos:
Henry Alfred Bugalho
Denise Nappi

www.calabocaeclica.com

As imagens publicadas são de autoria de Henry Alfred


­Bugalho e Denise Nappi, ou de domínio público, royalty free,
sob licença Creative Commons Atribuição 2.0 Genérica, ima-
gens promocionais de fabricantes ou se enquadram na ­doutrina
de “fair use” da Lei de Copyright dos EUA (§107-112).

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Índice
Apresentação 1
Como eu me torno um fotógrafo? 2
Qual é a melhor câmera fotográfica? 4
Câmera compactas 5
Câmeras compactas avançadas 6
Reflex introdutória 7
Reflex semiprofissional 8
Reflex profissional 9
Formato Médio 10
Câmeras de filme 12
Pinhole 14
Rangefinders 15
Reflex de filme 15
Formato médio de filme 16
Formato grande 16
Lomografia 17
Então você decidiu comprar uma câmera Reflex? 19
O básico do básico 24
Entendendo melhor a sua câmera 30

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Mas o que é fotografia? 33
Aprendendo a controlar o ISO da câmera 34
Aprendendo a controlar a velocidade do obturador 40
Aprendendo a controlar a abertura de diafragma 40
Obtendo a melhor exposição 48
Lentes e distância focal: normal, grande-angular e tele 53
Profundidade de campo e foco 60
Equilíbrio de Branco 65
Horários e condições do dia para se fotografar 68
Retrato ou paisagem? 78
Os modos da câmera 83
Preto e branco ou colorido? 88
Usos criativos da velocidade do obturador 92

Composição 97

A regra dos terços 98


Equilíbrio e Harmonia 102
Linhas, formas e cores 106
Ponto de vista 112
Contraste 116
Perspectiva 120
Repetição e ritmo 125
Recorte 130

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Regra dos ímpares 134
Regra do espaço 136
Iluminação 138
Espaço negativo 144
Profundidade de campo e bokeh 147
Enquadramento 151
Quebrando as regras 154
Os 2 maiores segredos dos grandes fotógrafos 157
Conclusão e conselhos aos aprendizes de fotógrafos 162
Workflow digital: e depois de tirar a foto, o que faço? 167

Sobre o autor 173


Crédito das fotos 174

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Apresentação

A paixão por fotografia ocorreu acidentalmente em minha vida. Na


verdade, quando criança, eu simplesmente detestava todas as vezes que
minha mãe aparecia com uma câmera, pois sabia que ela tiraria uma
foto atrás da outra de mim.
Logo descobri que minha vocação não estava diante da câmera, mas
atrás dela, quando minha esposa me convenceu a fazer um curso de
fotografia em Nova York.
Desde então, tanto eu quanto ela tivemos a oportunidade de ­estudar
com alguns dos melhores profissionais do mundo, fotógrafos da
­National Geographic, da Newsweek, premiados e reconhecidos interna-
cionalmente, das áreas de moda, casamento, retrato, natureza, viagens,
artística, street photography, documental, e assim por diante.
Ainda em Nova York, atuamos como fotógrafos freelancers em even-
tos e tirando retratos. No entanto, nosso maior prazer é a fotografia
de viagens, que se tornou um complemento do nosso trabalho como
­escritores de turismo, graças ao sucesso do guia Nova York para Mãos
de Vaca.
Apesar dos anos de estudo e prática, ainda me considero um aprendiz
e estou sempre à procura de novas técnicas e ideias, tanto em se tratan-
do de equipamentos (câmeras, iluminação, lentes) quanto de conceitos.
Espero compartilhar com vocês o que já aprendi, e também descobrir-
mos juntos outras maneiras para obtermos belas fotos.
A fotografia é a arte do momento, e qualquer segundo pode fazer
toda a diferença para uma foto perfeita. Quando estamos com a câmera
nas mãos, precisamos calar a boca e clicar!
E deixar que a foto fale por nós...
Henry Alfred Bugalho

1 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


Como eu me torno um
fotógrafo?
Nunca foi tão fácil, mas, ao mesmo tempo, tão
­difícil tornar-se um fotógrafo.
Num mundo onde qualquer bocoió pode pegar
uma câmera compacta e cobrar 30 reais para fazer
um book de modelo, é muito complicado destacar-se
e tornar-se um profissional reconhecido.
Via de regra, os leigos não conseguem d­ iferenciar
um retrato bem tirado ou não, mas conseguem
­perceber quando uma foto é extraordinária.
Fotos bem tiradas existem aos milhões. Fotos
memoráveis são raras e incrivelmente difíceis de se
obter. Mesmo os grandes fotógrafos conseguem tirar
poucas dezenas de fotos memoráveis em todas suas
carreiras. São necessários incontáveis cliques, anos
de estudo e muita dedicação para atingir uma foto
extraordinária.
A pergunta não deveria ser como tornar-se um
fotógrafo, mas sim: como eu me torno um excelente
fotógrafo?
A resposta é simples em teoria, mas na prática o
buraco é bem mais embaixo. Para tornar-se um exce-
lente fotógrafo é necessário estudo, prática e sorte.
Estudo e prática dependem somente de você, do
quanto você está disposto a dedicar-se à fotografia.
Bem, sorte é uma questão de sorte!

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Alguns estão no lugar certo e na hora certa, ­outros se mudam para o
lugar certo, mas quase sempre pode-se dar uma mãozinha para o acaso.

Estudo
Fotografia é, antes de tudo, um trabalho técnico, com princípios bas-
tante claros para um bom enquadramento, uma exposição fotográfica
correta, poses para os modelos, iluminação, etc.
Se você obteve um resultado satisfatório com uma configuração da
­câmera e com determinada iluminação, não há porque você não conse-
guir reproduzir este mesmo resultado com as mesmas configurações.
No entanto, a fotografia também é uma Arte, e, por isto, está em cons-
tante transformações e revoluções. As técnicas se aperfeiçoam, as regras
são quebradas, e entender este processo ajuda muito na hora de obter
fotos interessantes.
Você não precisa ir a uma escola para aprender fotografia, mas algu-
mas horas de estudos são fundamentais, mesmo como autodidata.

Prática
Agora, você pode ter frequentado as melhores escolas do mundo, ter
lido todos os livros de fotografia, ter assistido vídeos, mas, se você não
sair à rua com sua câmera, ou num estúdio, e tirar muitas, mas muitas
fotos mesmo, você jamais aprenderá realmente a fotografar.
A prática o ensinará a conhecer as potencialidades e os limites de sua
câmera, ajudará você a perceber quais são os horários ideais do dia para
se fotografar e como obter os melhores resultados.
Com a prática, você até poderá prever como ficará sua foto antes
­mesmo de ter clicado.
Você pode se gabar de entender tudo de teoria da fotografia, mas se
você não calar a boca e clicar, jamais será um excelente fotógrafo!

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Qual é a melhor ­câmera fotográfica?
Vira e mexe alguém me pergunta qual é a melhor câmera fotográfica para se comprar?
A resposta deveria ser outras duas perguntas:

1 - melhor câmera para o quê?


e
2 - quanto você pode/quer pagar?

Pense na câmera como uma ferramenta. A foto não está na câmera, mas está antes na
visão do fotógrafo.
Qualquer um que lhe disser que uma boa câmera faz toda a diferença, está equivoca-
do; assim como quem diz que uma boa câmera não faz diferença alguma também está
errado.
A boa fotografia é a junção entre uma boa ideia e a câmera apropriada.
- fotógrafos de paisagens e propaganda tem a tendência de fotografar com câmeras
imensas e caras, para capturarem o maior número de detalhes possíveis;
- fotógrafos de esporte precisam de câmeras rápidas, para capturarem o momento
­preciso;
- fotógrafos de rua precisam de câmeras discretas e silenciosas, que chamem pouca
­atenção;
- para levar na balada, pode ser um celular com câmera ou uma compacta que caiba
no bolso, e assim por diante.
Cada câmera apropriada para suas respectivas funções.
Como escolher então?
Não vou indicar modelos de câmera, pois, na era digital, em duas semanas boa parte
das indicações se tornaria obsoleta, por isto, vamos nos ater às categorias nas quais elas
se encaixam.

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Câmeras compactas (point-and-shoot)
São câmeras pequenas e, geralmente, com recursos bastante limitados. Algumas até
­podem ter uma boa qualidade de imagem, mas possuem muito ruído digital em condi-
ções de pouca luz (aqueles pontinhos vermelhos na foto) e são raras as que tem controles
­manuais.
São também conhecidas como câmeras point-and-shoot, pois é só mirar e fotografar, sem
precisar pensar muito, pois a câmera decide qual é a melhor exposição.
O maior grau de sofisticação delas são diferentes configurações, como para esportes,
neve, paisagem, retrato, etc., que permite uma performance melhor nestas circunstâncias.
As marcas líderes das compactas são Sony, Panasonic, Nikon, Olympus, Canon, Pentax,
Kodak, entre outras.
Para muita gente, o mais importante nestas câmeras é o design e as cores externas do
que tirar uma boa foto.
Custam de uns 70 dólares em diante.

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Câmeras compactas avançadas
(­Advanced point-and-shoot)
Costumam ser um pouco maiores dos que as compactas normais, com sensores maiores
e, por isto, com qualidade superior de imagem. Também tendem a dar um controle maior
ao fotógrafo, geralmente com possibilidade de controle manual.
É um grande passo para quem deseja começar a estudar fotografia a fundo, mas ainda
está longe de ter a versatilidade de uma câmera profissional.
No entanto, não se engane muito com o tamanho de algumas compactas avançadas, pois
tamanho nem sempre é documento!
As líderes de mercado são as mesmas das compactas, com especial atenção para alguns
modelos da Canon, Nikon, Olympus e Panasonic.
Podem custar de 300 dólares para cima.

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Reflex introdutória
(entry-level SLR)
Muita gente já considera este tipo de câmera o auge
do profissionalismo, pois são cameras relativamente
grandes, com lentes intercambiáveis e que permitem
um controle total do fotógrafo.
O nome Reflex, ou SLR, deriva de single-lens reflex,
e significa que, ao invés de você olhar pelo visor
digital, ou por uma lente paralela (como em antigas
­câmeras de filme), você está vendo através da ­própria
lente, graças a um espelho no interior da câmera.
A grande vantagem das Reflex, além da qualidade
da imagem, é a possibilidade de trocar de lentes, que
faz uma enorme diferença quando você decide inves-
tir em lentes de altíssimo padrão.
É neste nível de fotografia que o bicho começa
a comer dinheiro, pois você vai querer comprar
­acessórios, lentes, flashes... Depois de contaminado
pelo vírus da fotografia, não tem mais volta.

Apesar de haver várias marcas fabricando c­ âmeras


Reflex, apenas duas são realmente utilizadas por
fotógrafos profissionais: Canon e Nikon. Elas tem a
melhor qualidade, durabilidade e maior opções de
lentes e acessórios.

A partir de 450 dólares, é possível encontrar uma


Reflex remanufaturada ou do modelo anterior.

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Reflex semiprofissional
(­semi-pro SLR)
São quase idênticas às Reflex introdutórias, porém tem uma melhor
resolução, são mais resistentes e costumam ser mais rápidas.
As Reflex de uma determinada marca costumam ter lentes intercam-
biáveis entre si, portanto, se você comprar uma Reflex introdutória e
decidir trocar por uma mais avançada, você poderá utilizar as mesmas
lentes (desde que não mude de marca, câmeras Canon utilizam lentes
feitas para câmeras Canon, Nikon usam lentes para Nikon).
Costumam custar mais de 900 dólares.

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Reflex profissional
(­professional SLR)
Este é quase o topo da cadeia alimentar das câmeras. Possuem a
­ elhor qualidade de imagem, são à prova de clima (resistentes à chuva,
m
neve, areia, etc., mas não entram no mar nem no rio!), são monstrengos
que, se jogar na cabeça de alguém, até matam!
O clique delas é de assustar qualquer um e, para muitos fotógrafos,
este é o último degrau.
São câmeras pesadas e, às vezes, até um pouco complexas para um
leigo em fotografia utilizar.
Uma usada está saindo por mais de 1000 dólares e, uma de último
modelo, mais de 4 mil dólares, sem a lente!

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Formato Médio (Medium ­Format)
Muita gente jamais pegará uma destas câmeras nas mãos. São tão caras que alguns
­profissionais as alugam por um dia ou dois, ou pagam altos leasings por elas.
Tem resoluções absurdas e com elas se tiram as fotos de revistas como Vogue, ou para
anúncios da Chanel, Dior ou Louis Viutton.
São câmeras enormes e desengonçadas, geralmente utilizadas em estúdios.
As marcas principais são Hasselblad e Mamiya e comumente são antigas câmeras de
filme (filmes 120, 220, 6x4 ou 6x6) com um um sensor digital adaptado. Alguns modelos
mais novos já são digitais.
Podem custar mais de 20 mil dólares.

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Conclusão
Se você está começando a estudar s­ eriamente
­fotografia e está em dúvida sobre qual câmera
­comprar, a recomendação é uma Reflex introdutória.
Não deixa nada a desejar e ainda não é tão cara a
ponto de arrombar sua conta bancária.
Se depois você vir que a paixão pela fotografia é
séria, pode ir galgando até modelos mais avançados,
vendendo a câmera anterior para comprar a próxima
(como um carro usado...).
Mesmo assim, por mais que os fabricantes lancem
um modelo atrás do outro, sua câmera durará alguns
anos pela frente sem a necessidade de trocar por um
modelo mais novo. Tem câmeras de 5 ou 6 anos que
ainda causam estrago, principalmente nos níveis
mais avançados, com câmeras resistentes e com boa
resolução.
Agora, se sua meta é tirar foto das amigas na
­balada, do aniversário do filhão ou da sua viagem
uma vez por ano, uma compacta, ou compacta avan-
çada já está de bom tamanho.
Ainda falaremos de outras alternativas de câmeras,
não muito práticas, mas bastante divertidas.

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Câmeras de filme
Já falamos dos tipos de câmeras digitais amadoras
e profissionais, mas agora veremos algo que pode
parecer inusitado em pleno século XXI: câmeras de
filme.
- Mas alguém ainda fotografa com filme? - você
pode me perguntar, e a resposta não é exatamente
tão simples.
Profissionalmente, filme tem se tornado cada dia
mais inviável. Os custos são altos, tanto para filmes
de qualidade quanto para revelação, não há o be-
nefício de se acompanhar em tempo real um ensaio
fotográfico através do visor da câmera ou de um
computador, sem contar o risco de se perder um
­filme inteiro por mal exposição, ou queimá-lo ao
abrir incorretamente a câmera.
Ainda existem os puristas, geralmente fotógrafos
pré-era digital, que utilizam suas Leicas com 30 anos
de fabricação para fotodocumentários na África, ou
ainda utilizam Mamiyas ou Hasselblads de filme
para ensaios em estúdio, mas quase a totalidade dos
profissionais já migrou para câmeras digitais.
É muito mais simples, rápido e, em muitos casos,
mais barato também.
Por que então comprar uma câmera de filme?
Consigo pensar em algumas razões:
1 - porque é a certeza de estar realmente
­aprendendo fotografia.
Não entraremos na discussão tola de “verdadei-
ra fotografia”, estou apenas falando que, com uma

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câmera de filme, você não tem todas as facilidades que uma câmera
digital proporciona. Você só saberá se tirou fotos boas dias ou semanas
depois, quando houver revelado o rolo f­ otográfico.
Por isto, você tem de saber muito bem qual é a configuração adequa-
da, a melhor exposição e o melhor enquadramento, antes de apertar o
botão.
Enquanto que na era digital o lema é “cala a boca e clica!”, na era do
filme deveria ser “cala a boca, presta atenção, pensa e clica!”, pois, num
filme, você tem 24 ou 36 chances de acertar, depois disto, tem de trocar
para outro rolo e prosseguir.
Não é à toa que nas escolas de fotografia dos EUA, muitos professo-
res recomendam comprar, além de uma câmera digital, também uma
de filme, para que os alunos descubram como a fotografia pode ser tão
simples e complexa ao mesmo tempo, e aprender todas as estapas da
fotografia até a revelação.

2 - porque são câmeras que durarão por toda a sua vida.


Como já disse anteriormente, as câmeras digitais tem uma vida útil
muito breve, de poucos anos. No entanto, câmeras de filme são extre-
mamente duradouras e dificilmente se tornam obsoletas. Há câmeras
por aí com mais de 100 anos e que funcionam perfeitamente. Algumas
das melhores tem mais de 50 anos e ainda dão um baile em câmeras
digitais profissionais fabricadas ontem!
Sem contar que possuem algumas das lentes mais perfeitas jamais
fabricadas.
Uma Leica M3, símbolo da fotografia de rua de Cartier-Bresson, ainda
pode obter fotografias magníficas nas mãos de alguém que entenda do
assunto.
São equipamentos atemporais e, por mais que um dia não exista mais
filme para se comprar ou onde revelá-los, serão relíquias e itens de
­colecionadores e poderão valer uma fortuna!

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3 - porque é divertido!
Em nossa época tudo é tão rápido e instantâneo que deixamos de
dar valor ao que demanda tempo e concentração. A fotografia de filme
exige que paremos e pensemos, que esperemos, e que voltemos a uma
outra época sem computadores, photoshop, ou internet.
É muito divertido sair com uma câmera de filme no pescoço e ver a
reação das pessoas, assim como é gratificante checar o negativo e ver
que obteve boas fotos.
Somente assim é que presenciamos o milagre da fotografia, da escrita
com a luz, da simplicidade que com o tempo se perdeu... É lindo!
Depois de todo este saudosismo (vale ressaltar que sou um fotógrafo
digital 99% do tempo!), vejamos os tipos de câmeras de filme que talvez
possam interessá-lo.

Pinhole
Este é o princípio mais rudimentar da fotografia: uma caixa, que serve
de câmara escura, um pedaço de filme fotográfico, um pequeno furo
para entrar a luz e uma fita adesiva como obturador (veremos em breve
do que se trata, mas, a grosso modo, para tapar a luz).
Comumente, estas câmeras pinhole, que em bom português quer dizer
"buraco de agulha", são câmeras caseiras, que qualquer um pode cons-
truir a sua própria com uma caixa de sapatos.
Existem tutoriais na internet para quem um dia quiser se arriscar a
montar uma, mas vale lembrar que você terá de revelar o filme por si
próprio, sem levar a um laboratório.
Já adianto que as fotos não ficam lá grande coisa, mas existem fotógra-
fos artísticos que utilizam apenas câmeas pinhole de fabricação própria.

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Rangefinders
A primeira grande câmera rangefinder foi a Leica, que revolucionou
o mundo da fotografia ao utilizar filme 35mm, que tornou as câmeras
menores, mais discretas e mais populares.
Muitas outras marcas copiaram o layout simples e eficaz das Lei-
cas, inclusive no bloco soviético, que produziu algumas das melhores
réplicas de Leicas do mundo, e outra marca bastante reconhecida é a
­Voigtlander.
Uma Leica usada ainda é um equipamento caro, muitas vezes custan-
do mais de 3 mil dólares.
Já as réplicas soviéticas (FED e Zorki) podem ser encontradas por uns
40 dólares no Ebay (e entregam no Brasil desde a Ucrânia).

Reflex de filme
Até hoje, marcas importantes com Canon e Nikon fabricam câmeras
de filme. Alguns modelos são tão caros quanto câmeras digitais, mas
existem opções ótimas e bastante em conta.
Utilizam filme 35mm, que podem ser relevados em qualquer laborató-
rio fotográfico.
Estudantes de fotografia apreciam particularmente a Pentax K1000,
totalmente manual e mecânica, sem baterias, e muito confiável. É o tipo
de câmera que dura a vida inteira e com qualidade consistente. Pode ser
encontrada por menos de 100 dólares.
Canons e Nikons de filme custam um pouco mais e ainda tiram fotos
inacreditáveis.

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Formato Médio de filme
Como boa parte das câmeras de formato médio da Mamiya e
­ asselblad são câmeras de filme adaptadas para digital, nada o impede
H
de comprar uma e fotografar apenas com filme, o que custaria muito
mais barato do que adquirir um fundo digital.
Só lembrando que estas são algumas das melhores câmeras existentes
no planeta e capazes de tirar fotos icônicas.
Destas marcas é possível encontrar câmeras excelentes por 500 dóla-
res, mas existem câmeras de formato médio boas e mais baratas, como
das Pentax, ou como as TRL (twin lenses reflex, ou seja, com uma lente
para a foto, e outra como visor) Rollei, Yashica, Kodak, Seagull, ou a
russa Kiev 88, a partir de uns 100 dólares no Ebay.
Muitas deles usam filme 120, que só são relevados em laboratórios
especializados.

Formato Grande
Estas são câmeras imensas, usadas para fotografar paisagens, como
nas fotografias clássicas de Ansel Adams.
Não costumam ser baratas, além de não serem de fácil uso para um
fotógrafo sem treinamento e definitivamente não são câmeras portáteis.
O negativo fotográfico é imenso, só pode ser revelado em laboratórios
especializados ou pelo próprio fotógrafo.

Cala a Boca e Clica! 16 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


Lomografia
Nos últimos anos, tem ocorrido um revival de
a­ lgumas câmeras de filme de qualidade inferior, com
lentes de plástico, com vazamentos de luz e o lema
dos usuários é: "clique, não pense!".
O ideal por detrás da Lomografia é usar a câmera
quase como um brinquedo, de maneiras inusitadas e
soltar a imaginação.
Algumas das câmeras de lomografia mais popula-
res são as de formato médio Diana e Holga (ambas
russas) com filme 120, e as de 35mm com múltiplas
lentes ou com fisheye (uma lente que captura um
ângulo 180º), além disto, eles tem restaurado outras
câmeras de filme, como rangefinders russas e vendi-
das como câmera de lomografia.
Um erro comum é confundir fotografia de fi ­ lme
com lomografia, o que é uma grande besteira.
­Lomografia é um conceito, fotografia de filme é uma
tecnologia.
Você verá que os preços na loja oficial são quase
absurdos. Se houver algum modelo que o interesse,
procure depois no Ebay e peça para entregar em sua
casa.

Site oficial da Lomogafia no Brasil


http://www.lomography.com.br/

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Considerações Finais

Fotografia de filme pode ser muito divertida e o


obrigará a aprender técnicas novas. Ninguém é obri-
gado a fotografar com filme hoje em dia, mas quase
todos os fotógrafos podem se beneficiar deste novo
"velho" olhar.
E assim como qualquer coisa relacionada a fotogra-
fia, câmeras de filme também se tornam um vício...
O importante, na hora de escolher tanto uma câme-
ra de filme quanto digital, é ir muito por sua intuição,
se possível ver a câmera antes e até testá-la, e sentir
quão confortável você se sente com ela.
Não adianta nada comprar uma câmera pesada
demais para você, ou desconfortável, ou complexa
demais.
Na fotografia, damos um passo de cada vez.

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Então você decidiu comprar
uma câmera Reflex?
Quer dizer que agora você resolveu comprar uma câmera Reflex?
Antes de tudo, você precisa se perguntar: para que preciso de uma
câmera como esta?
E segue uma lista de possíveis motivos:
1 - porque um dia quero me tornar um fotógrafo profissional;
2 - porque adoro fotografia e quero aprender a fotografar pra valer;
3 - porque não estou satisfeito com as fotos que obtenho com minha
câmera compacta;
4 - porque quero me exibir para os meus amigos;
5 - porque é legal!

Vai nessa!
Se você respondeu 1 ou 2, já é meio caminho andado.
Realmente, você não será um fotógrafo profissional se tiver apenas
uma câmera compacta, pois elas são bastante limitadas em comparação
a uma câmera Reflex e dificilmente você será levado a sério se aparecer
com uma camerazinha que cabe na palma da mão.
E para aprender fotografia, nada melhor do que uma câmera que lhe
permite controle total sobre suas funções, como ajustes de velocidade
do obturador, abertura de diafragma e ISO.
Várias câmeras compactas avançadas possuem controles manuais e
são uma opção se você não quiser ou não pude gastar muito, mas, com
uma Reflex, você terá opções de lentes e uma versatilidade muito maior.

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Reflita
Agora, se você respondeu 3, pode estar ocorrendo duas possibilida-
des: a — sua câmera compacta é uma porcaria mesmo, ou b — você não
sabe como utilizá-la.
Saiba que existem muitas camerazinhas boas por aí, basta você saber
extrair o que elas tem de melhor.
Sem dúvida, algumas coisas não podem ser mudadas, a profundi-
dade de campo e a redução de ruído digital das Reflex são muito mais
agradáveis do que nas compactas, mas se você tiver uma compacta boa,
como vários modelos da Panasonic, da Nikon, da Canon e da Olympus,
você pode aplicar todos os princípios de composição e obter belas fotos.
O segredo de uma boa fotografia é, na maioria dos casos, um bom
fotógrafo.
Não se iluda, se você não souber utilizar sua câmera compacta, há
grandes chances que você tenha dificuldades maiores ainda para utili-
zar uma Reflex e a qualidade de suas fotos poderá ser ainda pior.
É necessário estudar e aprender como usar uma Reflex para se tirar
belas fotos.

Cartão vermelho
No entanto, se você respondeu 4 ou 5, pense melhor antes de gastar
sua grana numa Reflex.
Elas impressionam mesmo, e quanto maior for sua Reflex, mais aten-
ção ela chamará na rua. Isto poderá atrair ladrõezinhos, curiosos ou, se
você for do tipo que gosta de fotografar pessoas na rua, poderá fazer
com que você perca belos momentos espontâneos porque sua câmera é
muito chamativa.
Além disto, uma Reflex pode ser pesada e se você não quiser ficar car-
regando um chumbo nas costas por horas durante sua viagem, é melhor
reconsiderar.
É um investimento muito grande para quem quer apenas se exibir.

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Nem todo o mundo tem disposição para aprender como utilizar uma
Reflex e depois sai reclamando que a câmera/marca/modelo é ruim.

Como escolher uma Reflex?


Mas o que é uma Reflex?
Uma Reflex ou SLR (Single Lens Reflex) é uma câmera com um espe-
lhinho dentro que reflete a imagem que passa através da lente e chega
até o visor ótico. Quando você aperta o botão, o espelhinho se ergue,
a cortina do obturador se abre e o filme ou o sensor digital captura a
imagem.
A grande vantagem de uma câmera Reflex é o fato de você estar
­vendo exatamente a imagem que você obterá.
No entanto, uma das desvantagens é que, quando o espelho se le-
vanta, o visor ótico fica todo escuro por uma fração de tempo, que é o
tempo para capturar a foto e a câmera retornar a seu estado inicial. Se
for uma velocidade do obturador rápida, isto será quase imperceptível,
mas se for uma velocidade lenta, poderão ser vários segundos sem ver
nada pelo visor ótico.
Existem várias marcas e modelos de câmeras Reflex por aí, mas você
provalvemente comprará — e é o que eu recomendo — uma Reflex da
Canon ou da Nikon.
— E a Sony, ou a Pentax, ou a Olympus, ou sei lá o quê? — você me
pergunta.
Até podem existir modelos bons destas outras marcas, mas, repito,
vá de Canon ou Nikon que não haverá erro. São as melhores marcas do
mercado, com a maior variedade de lentes e acessórios, e são as marcas
usadas por uns 90% dos fotógrafos profissionais, chutando por baixo.
O fator crucial na hora de escolher um modelo de Reflex é quanto
você pode ou quer gastar.
Uma Reflex manufaturada de um modelo anterior, com a lente do kit,
pode custar a partir de uns 400 dólares e é um preço justo para quem
está entrando neste mundo.

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Os modelos mais recentes podem custar o dobro, mas não se deslum-
bre com os lançamentos. Comprar uma câmera usada ou remanufatu-
rada é uma ótima maneira para investir seu dinheiro e ainda sobrar um
pouquinho para comprar lentes.
No caso de câmeras usadas, atente para o número de cliques, pois a
câmera tem uma vida útil média que varia de modelo para modelo. As
Reflex introdutórias costumam ter uma vida útil de 100 mil cliques, o
que é bastante, mas, se você tiver o dedo nervoso, é um prazo de uns 4
ou 5 anos de uso.
Para mim, por exemplo, não interessa se uma Reflex faz vídeos ou se
pode ser usada como telefone celular. O que importa é que tire fotos e
só. Se eu quiser uma câmera de vídeo, comprarei uma câmera de vídeo,
não uma Reflex.

Como escolher as lentes?


Se você comprar uma Reflex Introdutória, ela provavelmente virá com
a lente do kit, que não será a melhor lente do mundo, mas dará um baile
nas lentes de qualquer câmera compacta no mercado.
Estas lentes do kit são lentes de zoom que partem de grande angular
até uma telefoto curta, e geralmente não tem aberturas muito grandes.
Uma ótima aquisição, que pode ser feita logo assim que você comprar
a câmera, é de uma lente 50mm com uma grande abertura, como f/1.8.
Tanto a Canon quanto a Nikon possuem modelos acessíveis, na faixa
de 100 dólares, e estas lentes são excepcionais, essenciais para muitos
fotógrafos.
Durante anos, eu fotografei apenas com uma lente Canon 50mm f/1.8
e obtive imagens extraordinárias. São ótimas para situações com pouca
luminosidade e a pouca profundidade de campo é impressionante.
Posteriormente, é muito possível que você sinta a vontade de comprar
lentes melhores para complementar o seu equipamento, talvez uma
grande-angular, uma telefoto ou até uma lente de zoom com maior

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­ ualidade. Prepare-se para pagar o preço por um upgrade como este,
q
pois as lentes são caras, às vezes muito mais caras do que a própria
câmera.
Só lembrando que lentes com distância focal fixa, isto é, sem zoom,
costumam ser mais baratas e com qualidade ótica melhor do que boas
lentes de zoom. Além disto, estas lentes fixas são ótimas para treinar o
olhar, já que você se acostuma com aquela distância focal e é obrigado a
se mover para se aproximar ou se afastar do sujeito fotografado, explo-
rando as possibilidades e os diferentes ângulos, ao contrário das lentes
de zoom, que basta girá-las para fazer a aproximação.

E depois?
Bem, depois você estará condenado!
Assim que você comprar a primeira Reflex, você vai querer lentes,
trocar a Reflex por uma outra melhor, comprar flashes, comprar mais
lentes, e todos os tipos de equipamentos disponíveis.
É um vício que se justificará nas fotos que você tirar.
Não lhe diga que eu não avisei.
E, para concluir, não se esqueça de ler o manual da sua câmera! Do
começo ao fim...

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O Básico do Básico
Então você comprou a sua primeira câmera Reflex?
Muito bom! Agora você tem tudo que precisava
para sair tirando lindíssimas fotos por aí, certo?
Errado! Antes de tudo, antes de tudo mesmo, assim
que você abrir a caixa da câmera, você tem de...

Ler o Manual da Câmera


Eu não me canso de insistir e repetir, você precisa
entender como sua câmera funciona e isto só será
possível lendo o Manual do Fabricante. Não existe
atalho para este passo.
É óbvio que, assim que você desempacotar sua
câmera nova, você vai querer brincar com ela, tirar
várias fotos, montá-la e desmontá-la, mas, por favor,
no final do primeiro dia, sente-se por uma meia hora
e leia o manual do começo ao fim!
E ali que você descobrirá todas as funções da câme-
ra, como controlar a velocidade do obturador (­shutter
speed), o ISO e a abertura de diafragma (aperture), e
várias outras funções que você nem imaginava que
existia.
Pois não adianta você sair perguntado às pessoas:
"onde controlo a função tal da minha câmera?"
Existe trilhões de modelos de câmeras fotográficas
no mercado e, muitas vezes, a posição dos botões e as
funções mudam drasticamente de um modelo para
outro.
Assim, repito: LEIA O MANUAL!!!

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Ponha a alça no pescoço
A alça da câmera não é enfeite.
Pô-la ao redor do pescoço é a sua maior garantia
que você não deixará a câmera cair nem a esquecerá
em algum banco de restaurante. Antes que você per-
gunte: sim, eu sou do tipo que, se paro para comer
alguma coisa, a câmera vai comigo, dependurada.
Certa vez ouvi de um americano que ele havia es-
quecido a Reflex dele dentro de um trem na Europa.
Isto jamais ocorreria comigo, pois a câmera sempre
está no pescoço. Sempre!

Aprendendo a segurar a câmera


O modo mais fácil e instantâneo para distinguir um
completo leigo de alguém que sabe usar uma Reflex é
como ele segura a câmera.
A mão esquerda deve ficar embaixo da lente, dan-
do sustentação à câmera e servindo para dar zoom e/
ou controlar o foco.
A mão direita sustenta lateralmente a câmera,
enquanto o dedo indicador fica posicionado sobre o
botão que dispara a câmera, e também controla o dial
do obturador.
Se sua câmera tiver o controle da abertura da lente
nas costas da câmera, como alguns modelos mais
avançados, é o polegar da mão direita que realiza
este controle.
Este é o modo correto para segurar uma câmera
Reflex, independentemente de marca ou modelo,
analógica ou digital e, assim que você se acostumar,

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será muito difícil retornar aos maus hábitos anterio-
res. Inclusive, será até um pouco antinatural tirar foto
com câmeras compactas.
E lembre-se, sempre opte por fotografar enqua-
drando através do visor ótico da câmera, pois é como
sua câmera está "vendo" a imagem.

Filtros
Os filtros devem ser comprados no mesmo instante
em que você comprar a câmera ou uma lente nova,
um para cada lente que você possuir.
O filtro básico é o UV, que reduz a incidência de
raios ultravioletas numa fotografia. No entanto, o uso
­básico do filtro UV é mais para proteger os elementos
frontais da lente de riscos, arranhões ou batidas, do
que qualquer outra coisa.
A lógica é simples: uma lente boa pode custar mais
de mil dólares, um filtro mediano não custa mais do
que 30 dólares. O que você prefere ter de comprar de
novo, uma lente de U$ 1000 ou um filtro de U$ 30?
Eu prefiro comprar um filtro novo...

Existem vários tipos de filtros diferentes, polariza-


dor, de densidade neutra, de correção de cor, para
aumentar contraste, e assim por diante. No entanto,
na era digital, quase tudo pode ser feito ou corrigido
no pós-processamento, então estes outros filtros são
dispensáveis.
Eu não gastaria meu dinheiro com isto e não reco-
mendo que você faça.
Quando deixar o filtro na lente?

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Os filtros UV ficam nas minhas lentes 99% do tempo. Eu só retiro o
filtro para fotografia noturna, ou às vezes em ambientes internos, pois
as luzes podem refletir internamente na lente e causar uns pontos estra-
nhos na fotografia. Mas, assim que eu tiro a foto, coloco novamente o
filtro.

Parassol (Hood)
O parassol não tem nada a ver com tomar um chopinho gelado na
praia, é aquele acessório preto que se vê na frente de algumas lentes.
A função básica é obstruir a incidência lateral da luz na lente, que cau-
sa o famigerado flare, uma ou mais bolas de reflexo numa fotografia.
O flare é bastante controverso, pois enquanto pode ser indesejado na
maioria das circunstâncias, também pode ser um estilo fotográfico bas-
tante charmoso.
Mesmo assim, o parassol, ou hood, deve ser utilizado para evitar o flare
indesejado, além de dar uma visual superfodástico para sua lente (e
também serve para dar na cabeça dos intrometidos que se enfiarem na
frente da sua foto)!

Kit de Limpeza
Assim que você comprar sua câmera, é bom também comprar um kit
de limpeza básico, que venha com uma flanelinha, um líquido não-cor-
rosivo e uma bombinha para soprar ar.
Com a flanelinha e com o líquido, você poderá limpar a lente, os fil-
tros e o visor digital da câmera, deixando-os brilhando. Já a bombinha
de ar serve para limpar o espelho interno da câmera e soprar qualquer
partícula que esteja presa no sensor da câmera (isto se a câmera não for
autolimpante).
Jamais molhe ou toque com a flanela ou com a bombinha as partes
elétricas ou o sensor da câmera!

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Não precisa ter mania de limpeza. Limpe a lente
assim que você ver que ela está suja, com marca de
dedos, e assim por diante, e o restante quando você
julgar necessário. Geralmente, eu sempre dou uma
limpada na câmera depois de fotografar na praia, ou
quando pego muito vento, pois sei que terá areia ou
poeira na câmera.

Flash embutido ou flash externo?


A não ser que você pretenda cobrir eventos, como
casamentos, festinhas de crianças ou batizados, não
sei se um flash externo (external flash) seja necessário
logo de cara.
O flash embutido (built-in flash) da câmera não é lá
essas coisas, mas é muito melhor do que o flash de
­câmeras compactas e, com certeza, é melhor do que
tirar foto no escuro.
Já o flash externo proporciona uma liberdade cria-
tiva imensa, mas também necessita muito estudo e
dedicação para dominá-lo. Se você é um principiante,
já terá de estudar fotografia básica, o que lhe tomará
bastante tempo. Deixe o estudo de iluminação artifi-
cial mais para adiante.
Para o uso cotidiano, o flash embutido cumpre bem
o papel, mesmo que limitado.

Agora que você já sabe o básico do básico, resta


começar a estudar e ler todo este curso introdutório
de ­Fotografia e realizar os exercícios.
E sair para tirar boas fotos por aí!

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Entendendo Botão do obturador
É aqui que ocorre o mi-
melhor a sua Dial do obturador
Você poderá controlar lagre, é apertar o botão e
a velocidade do obtura- tirar a foto. Em várias câ-
câmera dor a girar este dial de meras, pressionar o botão
parcialmente também ativa
um lado para o outro.
o foco automático
Existem algumas dezenas de
modelos de Reflex digitais por
aí, por isto, antes de tudo, leia o
­manual do fabricante para conhe-
cer as funções do modelo específi-
co que você possui.
O que se segue são alguns
­botões ou funções que você deve
descobrir em sua câmera para ter
o controle de como você deseja a
sua foto.
Pode ser que em outras marcas
ou modelos, a posição dos botões
ou das funções sejam diferentes,
mas todas todas as câmeras Reflex
digitais devem possuí-los e você
deverá aprender onde estão e Lente Intercambiável
como manuseá-los. A luz atravessa a lente e projeta uma imagem invertida no
interior da câmera. Dentro da lente há lâminas que contro-
lam a entrada de luz, chamado de abertura de diafragma.
É aqui você controlará a aproximação da imagem em lentes
de zoom e também o foco manual.
A vantagem das Reflex é que possuem lentes intercambiá-
veis, assim você tem maior flexibilidade e qualidade ótica.

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Botão de abertura de diafragma
Em alguns modelos, você
­precisará apertar dois botões para
Visor Ótico controlar a abertura de diafragma
Usado para realizar o enquadra- (leia o manual da sua câmera),
mento. Em câmeras Reflex você vê ­enquanto em outros, haverá um
exatamente a imagem que passa dial ­específico para isto.
pela lente, graças a um espelho no
interior da câmera.

Display digital
Através do visor digital você
poderá visualizar suas fotos
e conferir se a exposição
está correta. Não recomen-
do compôr suas fotos por
Botão de apagar
aqui, o melhor é sempre
Tome muito cuidado com esta função para
usar o visor ótico.
não apagar a foto errada. Eu deixo para
apagar as fotos da câmera apenas depois de
tê-las passado para o computador

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Controle de ISO
A posição deste botão variará bastante
dependendo da marca e modelo de sua
câmera.
É através dele que você controla a
­sensibilidade do sensor para a luz.

Dial de Modos
Hotshoe para flash externo Este é o controle dos diversos modos:
O flash embutido da câmera pode dei- automático, modos criativos, manual,
xar a desejar em várias circunstâncias. prioridade do obturador, prioridade
Se você utilizar um flash externo, pode- da abertura ou A-Dep. Aprenda a
rá conectá-lo neste hotshoe, ou usá-lo utilizar sua câmera em modo manual.
fora da câmera com um controlador Fará toda a diferença.
remoto ou com cabo.

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Mas o que é fotografia?
Para quem pega uma câmera digital e aperta o ­botão,
todo o processo da fotografia deve parecer muito
­misterioso.
Precisaríamos retornar aos primórdios da fotografia para
compreendermos a simplicidade e engenhosidade deste
processo que nos permite congelarmos o tempo e preser-
vá-lo numa foto.
Os três princípios básicos da fotografia são: tempo de
­exposição, ­quantidade de luz e uma superfície fotossensível.

Complicou demais?

Então vamos por partes...


Uma câmera fotográfica nada mais é do que uma c­ aixa
escura, com um orifício para entrar a luz e com uma
­superfície sensível à luz (­fotossensível!), como um sensor
digital ou filme fotográfico.
Se você frequentou - e prestou atenção - às aulas de
­Física, sabe muito bem que a luz viaja em linha reta, ou
seja, a luz atravessa o orifício da câmera (ou a lente) e
projeta-se sobre a superfície fotossensível, formando uma
imagem invertida do que estamos fotografando.
Isto é a fotografia, a luz impressa sobre uma película.
No entanto, entenderemos mais como este processo
funciona ao ­analisarmos, isoladamente, cada um destes
três princípios: velocidade do obturador, abertura de
­diafragma e ISO (ou ASA).

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Velocidade do obturador (shutter speed)

Este nome assustador refere-se ao tempo de exposição de uma


­fotografia.
Pensemos em nossa câmera: todas as vezes que pressionamos o botão
para tirar uma foto, é como se um cortina se abrisse e permitisse que a
luz entre na câmera.
Geralmente, este mecanismo é muito rápido, frações de segundo ou
até milésimos de segundo, mas, às vezes, pode demorar segundos ou
até horas.
Obturador é o nome que se dá à esta cortina da câmera.
Se pensarmos na visão humana, o obturador seria a pálpebra, quando
estamos de olhos fechados, está tudo escuro, mas quando o abrimos, a
luz pode entrar e vemos todas as cores e movimentos do mundo. O ins-
tante da fotografia é um piscar de olhos, um abrir e fechar de pálpebras.

Quando você optará por uma velocidade rápida ou


lenta do obturador?

Se você quiser congelar um movimento rápido, como de um jogo de


futebol, você terá de fotografar com uma velocidade rápida, pois, se o
obturador ficar por muito tempo aberto, a foto ficará borrada.
Se você quiser dar a sensação de movimento, como de um carro pas-
sando e deixando um rastro atrás de si, você terá de fotografar numa
velocidade mais lenta.
Agora, se você quiser fotografar um cidade à noite, mostrando a cla-
ridade dos edifícios e das ruas, poderá fotografar com uma velocidade
bem mais lenta ainda.

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Abertura de Diafragma (Aperture)

A abertura de diafragma refere-se à quantidade de luz que entra na


câmera pela lente.
Se a abertura de diafragma é pequena, menos luz entra na câmera,
se a abertura é grande, mais luz entra. Isto pode parece óbvio, mas
afetará muito no resultado de sua foto, como entraremos em detalhes
­posteriormente.
Por exemplo, se você está num ambiente muito claro, como num dia
ensolarado numa praia, você controlará a quantidade de luz na câmera
ao reduzir a abertura da sua lente. Se você estiver num ambiente escuro,
você poderá capturar mais luminosidade com uma abertura maior.
A abertura maior ou menos também afetará a profundidade de c­ ampo
da fotografia, como naqueles casos em que a pessoa está em foco e o
fundo borrado, mas falaremos sobre isto mais tarde.

ISO (ou ASA) - superfície fotossensível

ISO, ou ASA no Brasil, são apenas siglas para representarem maior ou


menor sensibilidade da superfície que captura a luz.
Na era de filme, você poderia comprar filmes com diferentes sensibili-
dades, de acordo com o uso necessário.
Por exemplo, se você fosse fotografar de dia, compraria um filme
com ISO menor, ou seja, menos sensível à luz; se você fosse fotografar à
­noite, compraria um filme com ISO maior, isto é, mais sensível à luz.
As câmeras digitais simplesmente reproduziram estes códigos de
­sensibilidade e são utilizados da mesma maneira.
Em termos práticos, fotografia tiradas com ISO mais baixo tendem a
ser mais nítidas, já as com ISO mais alto tendem a ter grânulos maiores
no filme (ou ruído, os pontinhos vermelhos, nas câmeras digitais).

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Tudo junto

Este três princípios estarão sempre interligados


numa fotografia e esta interação pode parecer meio
abstrata, à princípio.
O uso deles dependerá totalmente da intenção por
detrás de uma fotografia: você quer congelar o movi-
mento? Quer uma foto mais clara, ou uma foto mais
escura? Quer uma foto borrada? Quer fotografar à
noite, ou de dia? Quer que o primeiro plano seja tão
nítido quanto o fundo?
Muitas vezes, alterar uma destas configurações - do
obturador, da abertura, ou do ISO - afetará as outras
duas e você terá de reconfigurar os três elementos.
Numa câmera compacta, todas as configurações
são decididas automaticamente pela câmera, no en-
tanto, nem sempre a câmera perfaz as melhores deci-
sões. Já nas câmeras profissionais, você tem controle
total destas funções e pode decidir exatamente como
você quer a sua foto.
Estes são alguns dos aspectos técnicos que devem
ser dominados por quem deseja aprender seriamen-
te fotografia, e nas próximas lições veremos alguns
exemplos e sugestões de prática.

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ISO 100 ISO 800

Aprendendo o controlar o ISO da câmera


O ISO, ou ASA, é como se mede a sensibilidade do para se tirar uma fotografia precisava-se de horas.
filme fotográfico, e esta mesma medida foi adaptada Por outro lado, atualmente tem havido uma revo-
para as câmeras digitais também. lução do ISO, com câmeras digitais com ISO tão alto
Quanto menor o ISO, menos sensível à luz é o que são capazes de fotografar quase em escuridão
­filme, quanto maior o ISO, mais sensível à luz. total.
Isto se reflete na fotografia de duas maneiras: 1 - A sequência padrão do ISO começa em 100 (apesar
filme lentos (com ISO menor) são mais nítido, mas de existir ISO mais baixo) e segue adiante, dobran-
necessitam de maior exposição à luz; 2 - filmes rápi- do de sensibilidade a cada gradação. Segue abaixo a
dos (com ISO maior) tem grânulos maiores, ou mais listagem do ISO.
ruído em câmeras digitais, mas necessitam de menor
exposição à luz. 100 - 200 - 400 - 800 - 1600 - 3200
No começo da fotografia, isto no final do século
XIX, a sensibilidade das películas era tão baixa, que e assim por d
­ iante, dobrando a cada incremento.

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ISO 100 ISO 400 ISO 1600

Um filme de ISO 200 é duas vezes mais sensível A influência do ISO numa fotografia p­ oderá
que um de ISO 100, e um de ISO 800 é 8 vezes mais ser ­observada acima, com o uso de difentes
sensível que o mesmo de ISO 100, e exige bem menos ­configurações de ISO.
luminosidade. Em muitas câmeras, o ruído digital (os pontinhos
Em condições de boa luminosidade, como num na fotografia) começa a ficar bastante discernível
dia ensolarado, você provavelmente optará pelo ISO depois de ISO 800. Muitas vezes, o ruído pode ser
mais baixo possível, pois a foto ficará mais nítida e ­arrumado parcialmente na pós-edição, mas é algo
com menos ruído digital. que se deve pensar na hora de tirar uma foto.
Já em ambientes com pouca luminosidade, como à Particularmente, eu prefiro uma foto com ruído
noite ou em ambientes internos, você terá de aumen- digital do que não tirá-la.
tar o ISO, o que fará com que sua câmera seja mais As câmeras compactas são, porém, muito mais
sensível à luz e torne a foto mais clara. afetadas pelo ruído de um ISO alto do que as
­profissionais.

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ISO 100 (recorte em 100%) ISO 400 (recorte em 100%) ISO 1600 (recorte em 100%)

Ao contrário de outros controle manuais, em Program (P, nas câmeras Reflex), tire uma foto de
­ eralmente só existentes em câmeras mais sofistica-
g um mesmo objeto ou paisagem para cada setting de
das, várias câmeras compactas permitem a seleção ISO: em 100, 200, 400, 800 e 1600.
de diferentes configurações de ISO, o que é ótimo na Depois, ao passar as fotos para o computador, veja
hora de obter o melhor desempenho de sua câmera. se você percebe alguma diferença entre as fotos.
Para saber como alterar o ISO de sua câmera, 2 - faça este mesmo experimento com ISO 100, 200,
recomendo a leitura do manual do fabricante, que o 400, 800 e 1600, em diferentes condições de luminosi-
ensinará todas as funções para o modelo e marca da dade: num dia ensolarado, dentro de casa, à noite.
câmera.
Confira o resulta e veja se percebe alguma dife-
Exercícios práticos rença. Não se importe muito, neste momento, com a
1 - descubra onde fica a função ISO em sua câmera qualidade da foto, ou se ela está borrada ou não.
e, no modo automático (nas câmeras compactas), ou

39 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


Foto tirada em velocidade de Aprendendo a controlar
1/250 para congelar o movimento
a ­velocidade do obturador
Neste altura, você já sabe que a velocidade do
­obturador (­shutter speed) é um dos princípios da foto-
grafia, e refere-se a tempo de exposição à luz.
Quando você pressiona o botão da câmera para
tirar uma foto, as cortinas do obturador se abrem,
permitindo que a luz atinja o sensor digital ou o filme
fotográfico, gerando a foto. Este processo pode ser
muito rápido, frações de segundo, ou até muito lento,
como segundos, minutos ou horas.
A seleção por uma velocidade do obturador rápida
ou lenta dependerá da luz disponível ou da proposta
de sua foto.
Antes de tudo, é fundamental que você leia o
manual da sua câmera assim que abrir a caixa, para
aprender como controlar suas funções e saber a que
estou me referindo. Não adianta nada eu falar para
você aumentar ou reduzir a velocidade do obturador
se você não souber qual botão ou dial da sua câmera
realiza esta função. Por isto, leia o manual!

Quais são as velocidades do


­obturador?
Existe uma certa padronização quanto ao tempo
que o obturador pode ficar aberto para uma exposi-
ção fotográfica.
O número 1 representa 1 segundo, o número 2

Cala a Boca e Clica! 40 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


representa meio segundo, o número 4 representa 1/4 de segundo, o número 8 representa
1/8 de segundo e assim por diante. Em algumas câmeras mais modernas, o velocidade do
obturador já é apresentada como fração, por exemplo, 1/50, ou 1/1000.
Vejamos agora uma listagem com as velocidades do obturador, da mais lenta para a
mais rápida.

1 - 2 - 4 - 8 - 15 - 30 - 60 - 125 - 250 - 500 - 1000

Sendo que 1 representa 1 segundo, enquanto 1000 um milésimo de segundo, ou seja


extremamente rápido.
Nesta sequência, da esquerda para direita, há o aumento de dobro de velocidade para
cada velocidade e, consequentemente, a redução pela metade de tempo de exposição para
cada velocidade; isto é chamado de stop.
Por exemplo, se mudamos a velocidade de 15 (isto é 1/15 segundo) para 30 (1/30
­segundo), estamos reduzindo o tempo de exposição em 1 stop, ou seja, reduzindo o tempo
de exposição pela metade. Agora, se mudamos a velocidade do obturador de 15 para 60,
estamos reduzindo o tempo de exposição em 2 stops, ou seja, uma diferença de 4 vezes à
mais de tempo de velocidade.
Isto tudo pode parecer muito complexo à primeira vista, mas veremos algumas
­aplicações práticas à seguir.
As fotos na página seguinte (p. 42) foram tiradas com três velocidades do obturador di-
ferentes, mas com a mesma abertura de diafragma e não sofreram nenhum retoque digital.
A foto do meio está na exposição correta, a uma velocidade de 1/250 de segundo, ou
seja, 250. Você pode notar que o foto não está clara demais, nem escura demais.
A primeira foto está 1 stop mais clara, então de acordo com a nossa sequência acima, ela
foi tirada em 125, ou seja, 1/125 de segundo.
Você pode perceber que os contornos entre os prédios e o céu já não são tão definidos e
que foto está clara demais. Chamamos isto de sobrexposição (overexposure).
Esta terceira foto está 1 stop mais escura do que a do meio, e 2 stops mais escura do que
a primeiro.
Ela foi tirada com a velocidade do obturador em 500, ou seja, 1/500 de segundo.

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Velocidade de 1/125 Velocidade de 1/250 Velocidade de 1/500
Sobrexposta em 1 f-stop Exposição correta Subexposta em 1 f-stop

Você pode notar que tanto os prédios quanto o céu estão escuros de-
mais, a isto ­chamamos de subexposição (underexposure).
Nestes três exemplos acima, temos a seguinte ordem:
- 125 ou 1/125 (sobrexposta, a foto ficou clara demais porque o obtu-
rador ficou aberto por mais tempo necessário);
- 250 ou 1/250 (exposição correta, tanto as cores quanto os contornos
da foto estão bem expostas);
- 500 ou 1/500 (subexposta, a foto ficou escura demais porque a
­velocidade do obturador estava muito rápida).

Cala a Boca e Clica! 42 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


Como eu sei qual é a ­velocidade Exercícios práticos
Você só entenderá este conceito quando o houver
­correta? posto em prática.
Por isto, nestes próximos dias, proponho-lhe a
Isto dependerá de vários fatores: está de dia ou de ­seguinte atividade:
noite? Ensolarado ou nublado? Você está fotografan- 1 - Com a sua câmera em Modo Manual (M),
do algo parado ou em movimento? ­configure o ISO em 100, a abertura de diafragma
Quanto mais claro for o ambiente em que você esti- em 8 (ou f/8) e, num dia ensolarado, tire três fotos
ver, mais rápido você poderá configurar a velocidade de um mesmo enquadramento (se sua câmera ti-
do obturador. Em um dia ensolarado, você poderá ver a opção Shutter Priority [Tv], ponha em ISO 100
tranquilamente fotografar em 1000 (1 milésimo de e só altere a velocidade, pois a abertura é ajustada
segundo), mas dificilmente conseguirá a mesma ­automaticamente):
­velocidade à noite. a - uma em velocidade de 125;
No entanto, via de regra, a sua câmera possui um b - uma em velocidade de 250;
indicador de que a exposição está correta, mas que c - uma em velocidade de 500.
falaremos em breve. Tudo ficará mais claro quan- E confira os resultados.
do houvermos falado da abertura de diafragma e
­juntarmos ao conhecimento adquirido sobre o ISO. PS: Se você não souber como alterar as configu-
Para fins de pós-edição digital, é melhor trabalhar rações de velocidade do obturador, abertura e ISO,
com fotos bem expostas ou subexpostas (escuras) em leia o manual! Cada câmera e cada marca possuem
até 2 stops do que com sobrexpostas (claras), pois ­botões diferentes para estas funções...
o Photoshop consegue recuperar mais detalhes das
fotos escuras do que das fotos claras demais. 2 - Com a sua câmera em Shutter Priority (Tv), tire
três fotos de um objeto em movimento (um carro,
avião, cachorro, pessoas correndo):
a - em velocidade de 300;
b - em velocidade de 50;
c - em velocidade de 8.
E confira os resultados.

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Aprendendo a controlar
a abertura de diafragma
Enfim, chegamos ao terceiro princípio da fotogra-
fia, a abertura de diafragma (Aperture), que controla a
quantidade de luz que entra na câmera.
A abertura de diafragma depende de lâminas no
interior da lente, que reduzem ou ampliam a abertu-
ra por onde a luz entra na câmera: a melhor metáfora
para a abertura é a pupila dos nossos olhos.
Você já deve ter reparado que as pupilas dos olhos
se contraem quando olham diretamente para o sol, e
se dilatam quando há pouca iluminação.
Esta abertura de diafragma natural indica que,
quanto mais luz disponível, menor precisa ser a
­abertura; quanto menos luz disponível, maior precisa
ser a abertura.
Isto faz sentido para você?

Quais são as aberturas de diafragma?

Os tamanhos da abertura são indicados através


de uma proporção, conhecida como número-f (f-
number) ou f-stop. Quanto menor for o f-stop, maior
a ­abertura, ou seja, maior a quantidade de luz que
entra na câmera.
Foto tirada em f/8 Por exemplo, f/1 significaria que a abertura de
­diafragma é igual ao diâmetro da lente, ou seja,
a lente está totalmente aberta. São raríssimas, e

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­ eralmente muito caras também, as lentes com aberturas de f/1, mas
g
existem lentes boas e mais acessíveis com aberturas a partir de f/1.4 ou
f/1.8.
Vejamos agora uma listagem com as aberturas, ou f-stops padrões,
partindo das aberturas maiores (maior quantidade luz) para as menores
(menor quantidade de luz).

f/1.4 - f/2 - f/2.8 - f/4 - f/5.6 - f/8 - f/11 - f/16 - f/22 - f/32

Ou seja, f/1.4 é uma abertura grande, que permite que bastante luz
entre na câmera, enquanto f/32 é uma abertura estreita, deixando bem
pouca luz entrar na câmera.
A seleção de uma abertura grande ou pequena também dependerá,
assim como os outros princípios da fotografia, da luz disponível e da
sua proposta fotográfica.
Quanto menos luz houver, maior terá de ser a abertura de diafragma,
quando mais luz houver, menor terá de ser a abertura.
Por exemplo, num dia ensolarado, você poderá fotografar em f/11 ou
f/16, mas dificilmente conseguirá fotografar à noite com uma abertura
semelhante, quando será necessária uma abertura maior, como f/4 ou
até maiores.

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No entanto, por causa de um efeito de ótica, quanto maior for a
­abertura, menos elementos de sua foto ficarão em foco, quanto menor a
abertura, mais em foco ficará a foto.
À esquerda, seguem alguns exemplos com três aberturas diferentes,
todas foram tiradas com ISO 200 e velocidade de obturador de 1/50.

f/1.4
f/2
f/1.4 f/2.8

Você pode reparar que a primeira foto, em f/1.4, está um tanto clara,
enquanto a última, em f/2.8, está um pouco escura.
Além disto, como mencionamos anteriormente, outra característica
das aberturas grandes é a redução de elementos em foco na fotogra-
fia. Podemos ver que a câmera no fundo está bem menos em foco com
abertura f/1.4 do que em f/2.8. Com uma abertura de f/16, por exem-
plo, a câmera no fundo estaria bem mais nítida, mas, com estas mesmas
configurações de ISO e obturador, a foto estaria totalmente escura.
f/2
Exercícios Práticos
Assim como com os outros princípios, você só entenderá o funciona-
mento da abertura de diafragma ao pô-lo em prática.
Se você não souber como configurar a abertura (aperture) de sua
­câmera, o conselho de ler o manual do fabricante ainda está em vigor!

1 - Com sua câmera em Modo Manual (M), configure a sua câmera


em ISO 100, sua velocidade de obturador em 500 (1/500), e, num dia
­ensolarado, tire três fotos diferentes:
a - uma em f/4
b - uma em f/5.6
f/2.8
c - uma em f/8

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E confira os resultados.

Qual delas ficou com a melhor


exposição?

2 - Com sua câmera no Modo de


Aperture Priority (Av), configure
sua câmera para ISO 100, abertura
de f/8 e tire três fotos: uma de dia,
uma dentro de casa e uma à noite.
As fotos devem ser tiradas sem
flash.

Confira os resultados.

Todas as fotos ficaram boas? O


que aconteceu?

Foto tirada em f/1.8

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Obtendo a melhor exposição
(exposure)
Agora você já sabe como utilizar os controles de ISO, velocidade do
obturador e abertura de diafragma de sua câmera, que, como dissemos
são os três princípios básicos da fotografia.
Mesmo assim, se você está se atrevendo a fotografar em Modo
­Manual (M), suas fotos ainda não estão ficando grande coisa, não é?
Isto porque você ainda não aprendeu como ajustar sua câmera
para tirar a melhor foto. De que adianta você ajustar ISO, obturador e
­abertura, se não souber qual é a melhor configuração para determinadas
situações?
— E como eu descubro isto? — você me pergunta.

Cala a Boca e Clica! 48 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


A grande sacada é que a sua câmera lhe diz qual é,
supostamente, a melhor exposição (exposure). Todas
as câmeras digitais possuem um medidor de luz,
chamado fotômetro (ligh meter), que recebe através
da lente a luz ambiente e calcula qual é a melhor
exposição.
Veja na foto da página anterior (p. 48) as
­informações do visor digital de uma reflex da Canon.

Você reconhece o número dentro do retângulo


azul?
Exatamente, é a velocidade do obturador!
E o número ao lado, com um “F” na frente?
Isto mesmo, é a abertura de diafragma!
O ISO é autoexplicativo, é o número ao lado de
onde está escrito ISO...
Agora, o que é aquela barra pontilhada logo abaixo
da velocidade do obturador?
Aquilo é o fotômetro da sua câmera, ou seja, o
­medidor de luz.
Se a barra vertical estiver no meio, é porque o
­fotômetro está indicando que a exposição está
­correta, se a barra vertical estiver para o lado esquer-
do, onde há os números -2 e -1, é porque a foto está
subexposta (escura), por fim, se a barra estiver para o
lado direito, onde há os números +2 e +1, é porque a
foto está sobrexposta (clara).
Os números -2, -1, +1 e +2 indicam stops de expo-
sição, ou seja, se você fotografar com a barra sobre o
+1, sua foto estará 1 stop mais clara.
Este medidor de luz pode ser visto, nas câme-
ras Reflex, pelo visor ótico, geralmente na parte de
1/300 f/8 ISO 100

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baixo ou na lateral do campo de visão. Em algumas câmeras, o medi-
dor ­também pode ser visto pelo visor digital atrás câmera ou em um
­pequeno mostrador no topo.
Eu recomendo que você aprenda a fotografar e enquadrar suas fotos
através visor ótico, pois assim você está olhando diretamente através da
lente da câmera, sem nenhum tipo de processamento digital, no entan-
to, isto vale principalmente para câmeras Reflex (com o espelho dentro).
Se sua câmera for uma compacta avançada, que tem visor digital,
isto não faz tanta diferença, penso que é até melhor ver no visor digital
maior atrás da câmera.
É este mesmo medidor de luz que permite que as câmeras automáti-
cas tirem, na maioria das vezes, fotos boas, só que isto é tudo feito sem
o controle do fotógrafo.
Já sei o que você deve estar se indagando: “se o fotômetro me indi-
ca qual é a exposição correta, e este é o mesmo princípio das câmeras
­automáticas, por que não fotografar apenas no Modo Automático?”
O problema é que o fotômetro nem sempre está certo. Geralmente,
ele faz uma avaliação de toda a claridade que entra pela lente e faz uma
estimativa do que seria a melhor exposição, porém, se você estiver dian-
te de uma situação com muito contraste, com sol forte e sombras, por
exemplo, a medição pode ser um pouco equivocada, então, você, com o
controle manual da câmera, pode fazer os ajustes e obter a melhor foto.
Como existem várias situações na qual o fotômetro pode dar a medi-
ção errada, o ideal é sempre pôr a barra vertical no meio, ajustando o
ISO, a abertura e obturador como for necessário, tirar a foto, ver como
ela ficou e, se você perceber que ela está muito clara ou muito escura,
fazer os ajustes.
Com a prática, você poderá se antecipar a certas situações de lumino-
sidade e já saberá se deve pôr a barra mais para a esquerda ou para a
direita, dependendo do efeito desejado.
A partir de agora, quando formos indicar a configuração utilizada
para se tirar uma foto (e recomendo que você faça o mesmo), usaremos

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a seguinte nomenclatura: (velocidade do obturador)
(abertura de diafragma) (ISO).
Por exemplo, se você estiver mostrando uma foto
tirada em velocidade do obturador de 1/500, com
abertura de f/8 e ISO 400, você escreverá o seguinte,
abaixo da foto:

1/500 f/8 ISO 400

Você pode anotar estas informações logo após tirar


a foto, ou, a maneira mais prática já no computador,
clicar com o botão direito sobre a foto e selecionar
“Ver propriedades”, na pasta “detalhes”, na seção
“camera”, você encontrará toda a configuração utili-
zada naquela foto.

Passo a passo para ajustar sua câmera de acordo


com o fotômetro
1 - Assim que você for fotografar, você apontará
sua câmera para o que você quer retratar e observará
o medidor de luz (a barra pontilhada) e verá onde
está a pequena barra vertical. Se houver muita luz,
ou pouca luz, a barra pode estar num dos cantos, pis-
cando, isto quer dizer que você terá de aumentar ou
reduzir bastante o ISO, o obturador e/ou a abertura.
2 - Geralmente, eu ajusto primeiro o ISO.
a - Está um dia ensolarado e eu quero a foto mais
nítida possível? Então ponho em ISO 100.
b - Já é fim de tarde e o sol está se pondo? Então
ponho em ISO 200 ou 400.
c - Está de noite e estou fotografando sem flash?
Então ponho em ISO 800 ou maior.
1/100 f/16 ISO 400

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3 - Em seguida, ajusto a abertura de diafragma.
1/2500 f/4 ISO 200 a - Se for um dia ensolarado e quero que boa parte da minha foto
fique em foco, ponho em f/8, f/11 ou f/16, porém, se eu estiver tirando
um retrato de alguém e quiser que apenas a pessoa esteja em foco, e o
segundo plano borrado, ponho em f/4 ou até aberturas maiores, como
f/2.8, f/2 ou f/1.4 (se minha lente permitir);
b - Está de noite e estou fotografando sem flash? Ponho a maior aber-
tura possível para a lente que estou usado, f/4 ou maior.
4 - Por fim, ajusto a velocidade do obturador, pondo a barra vertical
no centro do medidor de luz (fotômetro). Numa dia ensolarado, poderá
ficar entre 1/100 ou 1/500, dependendo das outras configurações. Já à
noite, pode ser que fique entre 1/50 ou mais lento, porém, sem flash ou
tripé, existem grandes chances de a foto ficar borrada.

Exercícios práticos
1 - Descubra onde está o medidor de luz de sua câmera (fotômetro/­
light meter), geralmente só presente nas câmeras com Modo Manual (M).
Leia o manual do fabricante se tiver dificuldades.
2 - Apontando sua câmera para o que você desejar fotografar, ajuste
a configuração em Modo Manual (M) de ISO, abertura e obturador até
conseguir pôr a barra vertical no centro do medidor de luz. Tire a foto.
Como ficou? Boa, escura ou clara?
3 - Ajuste as configurações da câmera até ficar no centro do medidor
de luz. Tire três fotos.
a - uma com a barra no centro;
b - uma com a barra em -2;
c - uma com a barra em +2.
Confira os resultados. O medidor de luz indicou a melhor exposição,
ou não?

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Lentes e distância focal:
­normal, grande-­angular e tele
Uma boa lente pode fazer muita diferença numa foto.
Lentes com qualidade superior proporcionam fotos mais nítidas, com
cores mais fiéis, com menos aberração cromática, mais resistentes a
­impacto e ao clima.
O tipo de lente também influenciará muito no resultado final, pois
lentes com diferentes distâncias focais criam imagens completamente
distintas, e abrem inesgotáveis possibilidades criativas.
Todas as fotos a seguir foram tiradas desde o mesmo ponto, com
­lentes de diferentes distâncias focais.

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1/50 f/6.3 ISO 100, lente 50mm Lente normal
Baseado nas câmeras de filme 35mm, uma lente de 50mm é conside-
rada como uma lente normal, pois se aproxima muito da visão do olho
humano.
Por criar imagens semelhantes ao que vemos todos os dias, é o tipo
de lente favorita de muitos fotógrafos, como de Cartier-Bresson, que
­fotografou com lentes de 50mm durante quase toda sua carreira.

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1/400 f/7.1 ISO 200, lente 17mm

Grande-angular ­ ontanhas estão longe e bem pequenas, enquanto a


m
pessoa parecerá muito maior.
Como o nome sugere, as lentes grande-angulares
Há grande distorção do espaço e das formas, que
capturam imagens com ângulos maiores do que a
pode ser muito interessante em vários casos, mas não
visão humana (e do que as lentes de 50mm).
favorece muito para retratos, pois tende a alongar na-
Uma das características mais marcantes deste tipo
rizes, queixos, bocas, deixando as pessoas um tanto
de lente é o fato de passar a sensação de dilatar o
disformes, ainda mais em lentes de 14mm para baixo.
espaço.
Lentes que capturam em ângulo de 180º são conhe-
Por exemplo, se você fotografar uma pessoa
cidas como fisheye, pois dão a impressão de ser um
de ­perto, com montanhas atrás, parecerá que as
olho de peixe, com imagens totalmente distorcidas.

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1/2500 f/4 ISO 125, lente 70mm Telefoto (ou Teleobjetivas)
Lentes telefoto tem distâncias focais mais longas que 50mm e com
ângulos mais reduzidos.
São perfeitas para fotografar pessoas ou objetos distantes, além de
comprimirem o espaço, aproximando o segundo-plano ao primeiro. São
lentes ótimas para retratos de pessoas, pois diminuem o nariz e deixam
as proporções mais harmoniosas.
Costumam ser lentes caras, principalmente em distâncias focais
longas, como 400mm para cima, usadas por fotógrafos esportivos ou
­paparazzi.

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Lentes de Zoom 1/1000 f/4 ISO
100, lente 200mm

As lentes com distância focal fixa, como 50mm, 80mm, 24mm, etc.,
geralmente tem um custo mais baixo e tiram fotos melhores, além de
também permitirem aberturas de diafragma maiores.
No entanto, existem no mercado lentes de zoom, que possuem várias
distâncias focais, muitas vezes partindo de grande-angular até telefoto.
Estas lentes de zoom indicam em seu corpo da distância focal menor até
a maior, por exemplo, 24-105mm, quer dizer, esta lente pode fotografar
em várias distâncias focais, começando em grande-angular (de 24mm
até 49mm), passando por normal (50mm), até telefoto (de 51mm até
105mm).
São lentes versáteis e usadas bastante por fotógrafos que necessitam
de várias distâncias focais sem o inconveniente de trocar de lentes. As
lentes de zoom de qualidade superior costumam ser muito mais caras
do que as lentes fixas de qualidade superior.
No entanto, na maioria das vezes, não possuem aberturas tão grandes
quanto as lentes fixas e, usualmente, tem aberturas máximas diferen-
tes para certas distâncias focais. Uma lente de 18-55mm, como lente do
kit da Canon, tem abertura de diafragma máxima em 18mm de f/3.5,
enquanto que em 55mm a abertura máxima é de f/5.6 (indicada na lente
como 1:3.5-5.6).
Isto pode ser uma grande desvantagem se você precisar de lentes
rápidas.

Distância focal e velocidade do obturador


Outro detalhe muito importante é a relação entre distância focal e a
velocidade do obturador.
Recomenda-se que a velocidade do obturador mínima seja igual à
distância focal da lente, para não correr o risco de a foto ficar borrada, a
não ser que se esteja utilizando um tripé.

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Por exemplo, se você está utilizando uma lente de 200mm, a velocida-
de do obturador mínima recomendada é de 1/200. Se você quiser foto-
grafar em velocidade de 1/100 com esta mesma lente, o ideal é montar a
câmera num tripé.
Outro caso, com uma lente de 28mm, a velocidade mínima seria de
1/30, em velocidade mais lentas, opte por um tripé.
Isto não quer dizer que você não consiga tirar fotos nítidas com velo-
cidades inferiores ao da distância focal sem tripé, mas é preciso pulso
firme, ou apoiar-se em muretas, em postes, ou em qualquer outra coisa
que estiver no caminho.

Full frame e crop factor


As distâncias focais padrão indicadas acima foram determinadas a
partir das câmeras de filme, porém, na era digital, são poucas as câme-
ras com sensor full frame, isto é, com o sensores do tamanho exato do
quadro de uma câmera de filme 35mm.
A maioria das câmeras digitais contemporâneas tem sensores meno-
res, conhecido como crop factor, o que afeta a distância focal das lentes.
Os crop factors mais comuns são de 1.6 e 1.3, valor pelo qual você mul-
tiplicará a distância focal de sua lente, caso deseje saber realmente qual
será o efeito na foto.
Por exemplo, uma lente de 50mm, normal numa câmera full frame,
será uma telefoto de 80mm numa câmera com crop factor de 1.6.
Uma lente de 30mm equivalerá a uma de 50mm, ou seja, a uma lente
normal, numa câmera com crop factor de 1.6, e uma grande-angular de
14mm equivalerá a uma de 22mm.
Enquanto que isto é, na maioria dos casos, uma desvantagem, para
­telefotos pode aumentar bastante o alcance de uma lente, já que uma
lente de 300mm equivale, em crop factor 1.6, a uma de 480mm.

1/160 f/4 ISO 320, lente 100mm

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Exercícios práticos
1 - Com a lente de zoom que veio com a sua Reflex, ou com diferentes
zoom da sua câmera compacta, tire três fotos de um mesmo objeto:
a - com a menor distância focal possível, tire uma foto bem de perto
do objeto;
b - com uma distância focal intermediária 35mm ou 50mm, afaste-se
um pouco e fotografe o objeto;
c - com a maior distância focal possível, afaste um pouco mais e tire a
foto do objeto.
Analise as fotos e veja se percebe alguma diferença, tanto no objeto
fotografado quanto no que o circunda. Consegue perceber a compressão
e a dilatação do espaço?

2 - Com sua lente de zoom e sem mudar de posição, tire três fotos de
um mesmo objeto distante (prédio, pessoa, carro estacionado):
a - com a menor distância focal possível;
b - com uma distância focal intermediária 35mm ou 50mm;
c - com a maior distância focal possível.
Quais são as diferenças que você percebe entre estas três fotos?

3 - Com a maior distância focal possível da sua lente, tire duas fotos
em Modo Manual (M), ajustando sua exposição como o fotômetro da
câmera indica:
a - uma com a velocidade do obturador mínima (se a lente for de
100mm, a velocidade deverá ser 1/100, por exemplo);
b - uma com a velocidade do obturador bem abaixo do mínimo (se a
lente for de 100mm, tire a foto em 1/15, por exemplo).
Conseguiu manter a foto nítida ou ela ficou borrada?

1/320 f/4 ISO 200, lente 200mm

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1/250 f/1.4 ISO 200
Profundidade de campo e foco
Agora que você já sabe como controlar a abertura de diafragma,
­ amos aprender qual é sua relação com a profundidade de campo
v
(­depth of field) de uma fotografia.
Por um efeito de ótica, quanto maior a abertura de sua lente, mais
elementos de sua foto ficarão fora de foco, enquanto que quanto menor
for a abertura, mais elementos da foto ficarão em foco.
As lentes de câmeras compactas geralmente possuem aberturas
de diafragma muito estreitas, por isto as fotos tendem a ter tanto o
­primeiro quanto o segundo plano bastante nítidos.

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Enquanto que isto é ótimo em fotos de paisagens, nas quais você
­ eseja mostrar claramente todos os elementos visíveis, em retratos pode
d
ser um pouco desinteressante e distrair a atenção de quem vê a foto.

Controlando o foco
Antes de tudo, você precisa determinar o foco de sua lente, isto é feito
automaticamente (autofocus) em várias câmeras compactas e em R ­ eflex,
mas também pode ser controlado manualmente (manual focus) em com-
pactas avançadas e nas câmeras profissionais (geralmente puxando um
botão no corpo da lente).
O foco automático costuma ser bastante confiável, na maioria dos
casos. Ele funciona avaliando o contraste da foto e seleciona automatica-
mente o elemento que mais chama atenção, ou que esteja mais próximo
da câmera (primeira foto à direita), outra opção é você selecionar na sua
câmera quais pontos do quadro deverão estar em foco.
Para mim, funciona melhor quando eu programo a câmera para
­focalizar sempre no centro do quadro (segunda foto à direita).
Por exemplo, se eu estou fotografando uma pessoa e quero mostrar
a paisagem no fundo, eu foco primeiro no rosto da pessoa pressionan-
do parcialmente o botão do obturador, e sem soltá-lo, recomponho o
­quadro e termino de pressionar o botão para tirar a foto.
Manualmente, é só girar o anel do foco na lente até que o elemento
desejado esteja nítido no visor. É particularmente útil em situações com
pouco contraste, em imagens muito escuras ou muito claras, quando o
autofoco tem dificuldades para funcionar.
Já foco em infinito (∞) é quando você quer que todos os planos do
quadro estejam igualmente nítidos.
Por fim, a distância mínima para que um objeto esteja em foco depen-
derá da lente e de sua distância focal: com grande-angulares, é possível
aproximar-se mais do objeto, com telefotos, se o fotógrafo se aproximar
muito do objeto, a lente não conseguirá obter um foco adequado.

61 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


Profundidade de campo
A profundidade de campo, isto é, a quantidade de elementos em
sua foto que estão em foco, dependerá de vários fatores: abertura de
­diafragma, distância focal da lente, proximidade da câmera do primeiro
plano, e a distância entre o primeiro plano e o segundo plano.
A profundidade de campo será menor, ou seja, menos elementos da
foto estarão em foco quando a abertura de diafragma for grande (f/2.6,
por exemplo), quando o objeto fotografado estiver mais próximo da
câmera, quando o segundo plano estiver longe do primeiro plano (uma
pessoa perto da câmera no primeiro plano, e montanhas no segundo
plano) e/ou com lentes telefoto.
A profundidade de campo será maior, ou seja, mais elementos da foto
estarão em foco quando a abertura de diafragma for pequena (f/8, por
1/200 f/4.5 ISO 100, primeiro plano em exemplo), quando o objeto fotografado estiver mais distante da câme-
foco, segundo plano desfocado
ra, quando o segundo plano estiver próximo do primeiro plano (uma
­pessoa logo atrás da outra) e/ou com lentes grande-angulares.
1/640 f/9 ISO 160, tanto o primeiro plano
quanto o segundo plano em foco
Uso criativo da profundidade de campo
Acredito que o mais interessante da profundidade de campo é a
s­ ensação de tridimensionalidade que ela pode dar à foto, principalmen-
te em se tratando de retratos.
Via de regra, paisagens, fotos panorâmicas de cidades, retratos de
­família, costumam ter mais elementos em foco, ou seja, maior pro-
fundidade de campo, para que tudo tenha a mesma hierarquia de
­importância.
Já retratos, fotografia macro (de objetos pequenos), de detalhes, de
objetos, podem ter menos elementos em foco, para salientar o sujeito
principal da foto, destacando-o do segundo plano.
Mas nada impede que você experimente com a profundidade de
­campo e descubra o que lhe agrada mais.

Cala a Boca e Clica! 62 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


Exercícios práticos
1 - Utilizando os conhecimentos já adquiridos de ISO, velocidade do
obturador e abertura de diafragma, tire duas fotos em Modo Manual
(M):
a - uma de um objeto ou pessoa em foco perto da câmera, com um
segundo plano distante, com uma abertura de diafragma grande (f/3.5
ou maior);
b - uma de um objeto ou pessoa em foco perto da câmera, com um
segundo plano distante, com uma abertura de diafragma pequena (f/8
ou menor).
Percebe a diferença na profundidade de campo?

2 - tire outras duas fotos em Modo Manual (M):


a - uma de um objeto ou pessoa em foco longe da câmera com uma
abertura de diafragma grande (f/3.5 ou maior);
b - uma de um objeto ou pessoa em foco longe da câmera com uma
abertura de diafragma pequena (f/8 ou menor).
Nota alguma diferença entre estas duas fotos?

3 - Por fim, saia com sua câmera e realize vários experimentos de


­profundidade de campo (depth of field), alternando entre fotos com
­aberturas grandes e pequenas, entre fotos de objetos pertos e distantes,
e com lentes telefoto e grande-angulares. Confira os resultados.

1/25 f/4 ISO 100

63 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


1/1000 f/2 ISO 160

Cala a Boca e Clica! 64 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


Equilíbrio de Branco/White
­Balance
Os diferentes tipos de iluminação possuem temperaturas diferentes,
que se refletem, na fotografia, em tonalidades pouco naturais, se você
não configurar corretamente sua câmera.
Uma luz incandescente poderá deixar sua foto com uma tonalida-
de alaranjada, enquanto que luz fluorescente poderá deixá-la meio
­azulada. Mesmo um dia nublado pode alterar perceptivelmente a
­tonalidade da sua foto.
Estas variações não são perceptíveis pelo olho humano, que se adapta
facilmente às temperaturas de luz, mas a câmera precisa ser “ensina-
da” a fazer iso. E é através da cor branca que percebemos com maior
­facilidade quando uma foto está com a tonalidade incorreta.
Quase todas as câmeras digitais, mesmo as compactas, possuem
­algum tipo de controle de Equilíbrio de Branco (White balance), geral-
mente são pequenos ícones, com a forma de sol, de nuvens, de uma casa
projetando uma sombra, com uma lâmpada, etc., mas, em outros casos,
pode ser indicado pelo efeito que causa nas fotos, como Warm (quente,
ou seja, alaranjado), ou Cold (frio, ou seja, azulado). Arquivo .RAW e o equilíbrio de branco
Além disto, sua câmera também possui um ajuste de equilíbrio de Se você fotografa em formado .RAW, ao invés de
branco automático (Auto White Balance), que é a configuração padrão .JPEG, você não precisará se preocupar muito com
e funciona relativamente bem na maioria dos casos, julgando por si só o balanço de branco na hora de tirar a foto, pois o
qual é melhor balanço de branco para sua foto. formato .RAW permite alterar esta configuração na
Só para se ter uma noção de como o Equilíbrio de Branco pode afe- pós-produção.
Nem todas as câmeras possuem a opção de foto-
tar suas fotos, seguem exemplos (p. 66 e p. 67) de uma mesma foto em grafar em .RAW, mas, se a sua aceitar este formato,
­diferentes configurações de White Balance. recomendo que você o utilize sempre. O arquivo fica
maior, mas será muito melhor para se trabalhar com
a foto posteriormente.

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Dia ensolarado/Daylight Nublado/Cloudy
Você percebe a enorme diferença de tonalidade
entre estas fotos?
Enquanto que esta fotografia fica totalmente azula-
da na configuração de balanço de branco para luz in-
candescente (Tungsten), ela ­ficaria com as tonalidades
corretas se houvesse sido tirada num ambiente ilumi-
nado por uma lâmpada i­ ncandescente, por exemplo.
Algumas câmeras possuem um equilíbrio de
­branco automático bastante confiável e talvez sejam
raras as situações em que você terá de selecionar este
controle manualmente, porém, em circunstância com
vários tipos de iluminação juntas, como num ambien-
te interno com luz fluorescente e entrando luz do sol
pela janela, a câmera pode se confundir e selecionar
um balanço de branco pouco fiel.
Sombra/Shade

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Então você terá de testar outras configurações até
encontrar alguma que lhe agrade.

Exercícios práticos
1 - descubra onde fica a configuração de e­ quilíbrio
de branco (white balance) em sua câmera. Ler o
­manual do fabricante ajuda bastante se você estiver
tendo dificuldades.
2 - tire uma foto para cada configuração de balanço
de branco (daylight, cloudy, shade, tungsten, fluorescent,
flash, auto) de um mesmo objeto e/ou paisagem e
compare-as.
Em qual destas configurações as corem ficaram
mais fiéis ao objeto fotografado?
3 - tire várias fotos em diferentes situações de lumi-
nosidade, num dia ensolarado, nublado, na sombra, Luz incandescente/Tungsten
em ambiente iluminado por luz incandescente e fluo-
rescente, e tente ajustar manualmente o equilíbrio de
branco (white balance).
Conseguiu obter as tonalidades corretas?
4 - Por fim, se sua câmera possuir o formato .RAW,
fotografe um objeto ou paisagem em formato .RAW
e, no programa para conversão de .RAW de sua
­câmera, teste as diferentes configurações de equilí-
brio de branco (white balance).

Luz fluorescente/Fluorescent

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1/640 f/7.1 ISO 100

Horários e condições do dia


para se fotografar
Se você fotografar ao ar livre e depender de iluminação natural, isto é,
apenas da luz ambiente disponível sem a utilização de flashes, é funda-
mental entender a variação da qualidade da luz no decorrer do dia.
Existem horários melhores ou piores para tirar fotos, dependendo do
efeito desejado, da relação entre luz e sombras, e da tonalidade, como
veremos a seguir.

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Antes de amanhecer
Este é o horário do dia para os madrugueiros. A luz é azulada, não cria sombras e é óti-
ma para fotografar cenários sem pessoas, pois quase todo o mundo ainda está dormindo.
Não é exatamente a melhor iluminação para ­retratos.

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Aurora
Esta é considerada uma das “Horas
­Douradas” da fotografia, ideal para foto-
grafar pessoas e paisagens, por causa da
­belíssima qualidade da luz, sombras alonga-
das e tonalidade rosada.

1/1250 f/10 ISO 400

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Manhã
Até a metade da manhã, a qualidade da
luz é boa e, em dias ensolarados, permite
boa visibilidade.
Excelente para fotografar paisagens e
retratos.

1/640 f/7.1 ISO 100

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Meio-dia
As horas próximas ao meio-dia, quando
o sol está acima de nossas cabeças, é o pior
horário possível para se fotografar ao ar
­livre, pois as sombras são curtas e marca-
das, causando grande contraste.
Em retratos, cria um efeito de “olhos de
panda”, graças às fortes sombras na região
dos olhos.
Se você fizer questão de fotografar retra-
tos neste horário, o melhor é escolher uma
boa sombra e clicar por aí.

1/1250 f/4 ISO 100

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1/1250 f/4 ISO 400

Tarde
Com uma qualidade de luz semelhante à de ma-
nhã, mas com tons um pouco mais quentes. Em
grandes cidades, o ar pode começar a ficar um pouco
mais poluído e a visibilidade para fotos panorâmicas
pode já não ser das melhores.

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Crepúsculo
A segunda “Hora Dourada” do dia, com características semelhantes
às do nascer do sol, mas com uma tonalidade mais avermelhada. Perfei-
ta para retratos e fotos de paisagens, por causa das sombras alongadas e
pela belíssima qualidade da luz.

1/80 f/4 ISO 100

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Noite
Nos minutos logo após o pôr-do-sol, ainda é
­possível fotografar capturando uma auréola azulada
no horizonte.
No entanto, na escuridão da noite, será necessário
um tripé e longas exposições, algum tipo de ilumi-
nação artificial, como flashes, ou lentes rápidas (com
grandes aberturas de diafragma) e ISO alto.
É um ótimo horário para fotografar paisagens urba-
nas, com as luzes dos edifícios iluminando o cenário.

1/6 f/3.2 ISO 400 1/125 f/1.4 ISO 400

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Condições especiais

Nublado
Aposto que, quando amanhece nublado, você já
pensa: “que péssimo dia para se fotografar!”.
Enquanto que isto é parcialmente verdade para
fotos de paisagens, para retratos as nuvens podem
ser grandes aliadas, pois elas difundem a luz do sol,
tornando-a menos dura, suavizando as sombras e
privilegiando os traços faciais.
Também são boas circunstâncias para fotografar
em preto e branco, pois o céu fica totalmente branco e
permite uma interessante gradação de tons de cinza.

1/1000 f/4 ISO 400


Chovendo ou nevando
Não vou sugerir que você saia com sua câmera
num dia de chuva, principalmente se ela não for um
pouco mais resistente ao clima. Mesmo assim, dias
chuvosos são boas oportunidades para fazer alguns
experimentos fotografando gotas, ou até mesmo
pessoas e seus guarda-chuvas. Basta encontrar uma
proteção, como uma marquise, de dentro de seu
carro ou apartamento, assim você evita danificar seu
equipamento.
Capturar as govas de chuva exige uma velocidade
de obturador mais rápida, mas nem sempre é possí-
vel se a chuva for muito fina.
Dias de neve, caso você esteja em países onde este
fenômeno ocorre, são bem menos problemáticos do
1/125 f/4 ISO 200

Cala a Boca e Clica! 76 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


que dias de chuva, pois você não tem de se preocu-
par muito com a neve que cai na câmera, desde que
você a remova com frequência, a não ser que seja
neve molhada, como quando ainda não está tão frio e
é quase uma chuva congelada.
Assim como com chuva, para capturar os flocos de
neve você terá de usar uma velocidade de obturador
rápida.

Exercícios práticos

1 - Tente realizar fotos de paisagens e retratos em


vários horários do dia e em diferentes condições
climáticas.
Conferindo os resultados, em quais horários do dia
suas fotos ficaram mais bonitas?

1/500 f/4 ISO 125

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Retrato ou Paisagem?
As duas orientações básicas de papel para
­fotografia são retrato e paisagem, que derivam suas
denominações do tipo de imagem que melhor se
adapta às suas dimensões.

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Retrato
É um formato retangular
que tem a altura maior que o
­comprimento. É mais apropriada
para retratos porque o rosto e os
ombros da pessoa retratada são
enquadrados naturalmente.

1/250 f/8 ISO 100

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1/1000 f/5.6 ISO 100
Paisagem
É um formato retangular que tem o comprimento maior que a altura.
Utilizada para fotografias de paisagem porque amplia o campo de visão
lateral, incluindo mais elementos de um panorama.

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1/500 f/5 ISO 200

Vice-e-versa
Não isto não significa que você terá de fotografar retratos sempre
em orientação de retrato, e paisagem em orientação de paisagem. In- 1/125 f/9 ISO 100
clusive, às vezes, é até mais interessante quando você opta pela outra
­orientação.
Para retratos, fotografar em orientação de paisagem dá uma sensação
de mobilidade, além de incluir maior espaço ao lado, que pode ser apre-
sentar algum tipo de fundo interessante ou simplesmente ser um espaço
neutro.
Já para paisagens, fotografar em orientação de retrato delimita o tema
e cria mais tensão, além de ser particularmente interessante para cená-
rios urbanos, com altos edifícios.
Geralmente, eu acabo tirando duas fotos, uma para cada orientação e
depois seleciono a que ficou melhor.

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Formato Quadrado
Algumas câmeras, como algumas de
formato médio, já fotografam em um
formato quadrado, que elimina esta
dúvida entre as orientações de retrato
ou paisagem.
Se este é um formato que o agrada,
você pode fotografar com sua própria
câmera, recortar a foto durante a edição
e fazer alguns testes com ela.

Exercícios práticos

1 - Tire duas fotos do rosto de uma


pessoa:
a - uma em orientação retrato
b - uma em orientação paisagem
Qual das duas o agrada mais?

2 - Tire duas fotos de uma paisagem:


a - uma em orientação paisagem
b - uma em orientação retrato
Na sua opinião, qual das duas ficou
mais interessante?
Por fim, experimente com estas
duas orientações e analise suas fotos,
questionando-se qual delas transmite
melhor a sua mensagem.

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os Modos da Câmera
As câmeras Reflex e algumas compactas possuem diferentes m ­ odos
para se fotografar, tais como automático, manual e outros para
­diferentes situações de luminosidade ou estilos de fotografia.

Automático (Auto Mode)


No modo automático, o retângulo verde no dial, a câmera determina
qual é a melhor configuração de velocidade de obturador, abertura de
diafragma e ISO sem nenhuma intervenção do fotógrafo. É a câmera
que decide qual é a melhor exposição de acordo com a medição do fotô-
metro, por isto, como vimos, nem sempre obtemos a melhor foto.
Neste modo, se a câmera detecta pouca luminosidade, o flash

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e­ mbutido se abre automaticamente. Se você quiser fotografar sem flash,
há um Modo Automático Sem Flash (que é um retângulo com um raio
riscado), assim, o flash não se abre de maneira automática.
Sinceramente, não vejo nenhuma razão para alguém fotografar em
Modo Automático com uma Reflex. Se a pessoa não está interessada em
ter maior controle sobre as configurações da câmera, uma compacta já
seria mais do que suficiente.

Modos Criativos (Creative Modes)


Os Modos Criativos das câmeras ajustam as configurações de
­velocidade de obturador, abertura de diafragma e ISO de acordo com
­diferentes situações.
Por exemplo:
- no modo “Esporte” (o homenzinho correndo) a câmera selecio-
nará velocidades de obturador mais rápidas para poder congelar o
­movimento;
- no modo Macro (a flor) a câmera escolherá a melhor configuração
para se fotografar objetos pequenos ou muito próximos da câmera;
- no modo Paisagem (as montanhas) a câmera ajustará a abertura de
diafragma para deixar todos os elementos do quadro em foco;
- no modo Retrato (a carinha) a câmera utilizará a melhor
­configuração para se fotografar pessoas;
- por fim, no modo Retrato Noturno (a pessoa com uma estrela atrás)
a câmera decidirá qual o melhor ajuste para se fotografar uma pessoa à
noite.
Estes modos criativos nada mais são que um Modo Automático
um pouco mais espertos, dedicados a certas ocasiões. Em câmeras
­compactas, ainda é possível encontrar outros modos criativos, como Fo-
gos de Artifícios (Fireworks), Luz de Vela (Candlelight), Longa Exposição
(Long Exposition) e assim por diante.

1/80 f/8 ISO 100

Cala a Boca e Clica! 84 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


Já não é um uso tão básico, mas eu também não recomendaria a
­qualquer um interessado em aprender fotografia.
Os Modos Automático, Criativos e Automático sem Flash só foto-
grafam em formato .JPEG, não possuem a opção de se fotografar em
.RAW, um formato não comprimido que registra todas as informações
­originais da foto.

Program Mode (P)


Neste modo, a câmera funciona, à princípio, como no Modo
­ utomático, ajustando as configurações de velocidade do obturador e
A
da abertura de diafragma de acordo com a medição do fotômetro.
No entanto, o Program Mode também permite que o fotógrafo altere
as velocidades do obturador OU da abertura de diafragma, sendo que
a outra configuração se ajustará automaticamente. O ISO é selecionado
pelo próprio fotógrafo.
Por exemplo, numa determinada situação num dia ensolarado, a
câmera em Program Mode (P) ajusta as configurações, para ISO 100, em
1/125 e f/16.
No entanto, se você desejar uma velocidade de obturador mais
­rápida, como 1/250, neste modo, a câmera automaticamente ajustará a
abertura de diafragma para f/11 assim que você alterar a velocidade.
Agora, se você desejar uma abertura de f/8, a câmera em Program
Mode ajustará a velocidade de obturador para 1/500.
Já é um grande passo para quem deseja a ter algum controle sobre
como ficará sua foto.

Prioridade de Obturador/Shutter Priority (Tv)


Neste modo, o fotógrafo seleciona qual a velocidade do obturador e
ISO desejados e a câmera ajusta a melhor configuração de abertura de
diafragma de acordo com o fotômetro.

1/250 f/8 ISO 100

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Ótima configuração para se fotografar pessoas, animais ou objetos em
movimento, pois a velocidade do obturador permanece fixa, enquanto a
abertura se modifica de acordo com a luminosidade da cena.

Prioridade de Abertura/Aperture Priority (Av)


Neste modo, o fotógrafo seleciona qual a abertura de diafragma e ISO
desejados e a câmera ajusta a melhor configuração de velocidade do
obturador de acordo com o fotômetro.
Esta é uma boa configuração para retratos ou fotos de paisagens, pois
se determina qual é a abertura desejada, e a câmera ajusta a velocidade
do obturador de acordo com a luminosidade da cena.

Modo Manual/Manual Mode (M)


Este é o modo que utilizo 99,9% das vezes, pois nele o fotógrafo tem
controle total da velocidade do obturador, da abertura de diafragma e
do ISO, ajustando estas configurações de acordo com a proposta de sua
fotografia.
Via de regra, você utilizará o medidor do fotômetro como indicativo
da exposição correta e realizará ajustes posteriores caso necessário.
À princípio, pode levar um tempo até se acostumar a fazer todos os
ajustes manualmente, mas depois você passará realizá-los de maneira
quase espontânea. É preciso insistir!

Modo A-Dep
Neste modo, a câmera ajusta automaticamente qual é a melhor confi-
guração de velocidade de obturador e abertura de diafragma para que
todos os elementos do quadro fiquem em foco.
Acho que nunca utilizei o modo A-Dep na vida...

Obs.: estes modos referem-se a uma câmera Reflex da Canon, em outras marcas
1/125 f/1.4 ISO 200 podem ser indicados por nomes ou ícones diferentes.

Cala a Boca e Clica! 86 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


Exercícios Práticos

1 - tire uma foto de um mesmo objeto, pessoa ou


paisagem utilizando todos os modos de sua câmera.
Compare-as e confire quais foram as configurações
de abertura, ISO e obturador das fotos.
Qual delas ficou melhor, na sua opinião?

2 - tente fotografar apenas no Modo Manual, ajus-


tando a exposição de acordo com o medidor de luz
(fotômetro) da câmera.
Está conseguindo obter boas fotos, ou elas estão
ficando claras ou escuras demais?

1/125 f/4 ISO 125

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Preto e branco ou
­colorido?
Durante algumas décadas dos primórdios de
f­ otografia, só se podia fotografar em preto e branco.
A fotografia colorida só se tornou popular quando a
Kodak lançou o filme Kodachrome em 1935.
Desde então, fotografar em preto e branco é
­apenas uma questão de estilo e proposta fotográfica.
­Vejamos as diferenças.

Cala a Boca e Clica! 88 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


Fotografia em preto e branco
Algumas das fotos mais icônicas da História da
fotografia são em preto e branco, primeiro, como já
dissemos, porque durante bom tempo era a única
possibilidade, além de ser mais simples revelar um
filme preto e branco num laboratório caseiro.
Fotógrafos como Weegee, Cartier-Bresson, Brassai,
Kertész, Sebastião Salgado, Ansel Adams ou Robert
Cappa, para citar alguns exemplos, criaram imagens
eternas através de suas fotografias monocromáticas.
Um das grandes vantagens deste tipo de f­ otografia
é o fato de não ter se preocupar com o equilíbrio
de branco/white balance, nem com cores fortes que
­possamm distrair o espectador do tema principal.
Além disto, a fotografia em preto e branco propor-
ciona uma aura de atemporalidade, além do espaço
e tempo, de algum modo revelando a essência do
mundo.
A maior preocupação é como controlar o contraste
e a gradação de tons de cinza, que podem variar de
acordo com a sua proposta estética, desde de fotogra-
fias com forte constrate até a imensa gama de deta-
lhes como vemos nas fotos de Sebastião Salgado.
Na época de filme, você era obrigado a selecionar,
de antemão, se fotografaria com filme em preto e
branco ou colorido, na era digital, esta seleção pode
ser feita na câmera. No entanto, a não ser que sua
câmera tenha a possibilidade de fotografar em .RAW,
ou seja, apenas em .JPEG, o melhor é fotografar
em colorido e depois converter para preto e branco
no pós-processamento, seja no Photoshop, no Li-

89 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


ghtroom ou em qualquer outro programa de edição
de ­imagens.
Se você fotografar diretamente em preto e branco
no formato .JPEG perderá as informações das cores
e não poderá revertê-lo posteriormente; já no caso
inverso, você possui a informações das cores e pode
converter para preto e branco como bem entender,
principalmente tendo controle, em certos programas,
sobre os diferentes canais de cores.

Fotografia colorida
Neste tipo de fotografia, você preserva as cores do
mundo como nós as vemos, com toda sua vasta gama
de tonalidades e matizes.
Desde a sua popularização, a fotografia à cor
também arrebanhou seus adeptos, como William
Eggleton, Annie Leibovitz, Steve McCurry, Ira Block,
Allison Wright, principalmente nas áreas de moda
e natureza, como na das publicações da National
­Geographic.
Se você pretende se tornar fotógrafo de casamento
ou de eventos, é provável que acabe selecionando
uma ou duas fotos para converter para preto e bran-
co, e manter todas as outras coloridas, para preservar
as cores originais.
De certo modo, o próprio tema acaba decidindo se
permanecerá colorido ou monocromático, por exem-
plo, não faz muito sentido converter uma plantação
de tulipas ou girassóis numa fotografia em preto e
branco, pois boa parte da beleza está nas cores vivas.
Já um retrato de refugiados de guerra pode exigir a

Cala a Boca e Clica! 90


1/250 f/1.8 ISO 100 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
monocromia para reforçar as cicatrizes, as rugas e a
dor nos corpos e rostos das pessoas.
Na hora de fotografar em cor, preste sempre aten-
ção ao equilíbrio de branco/white balance, se está de
acordo com a luz ambiente e se mantém as tonalida-
des corretas.
No pós-processamento de uma fotografia colorida,
você poderá aumentar a saturação das fotos, para
tornar as cores ainda mais fortes, mas sem exagerar
muito. Você também poderá alterar o equilíbrio de
branco nesta fase, se houver fotografado em formato
.RAW.

Exercícios práticos

1 - Tire várias fotos de objetos coloridos, depois,


ajuste sua câmera para “Black and White” ou “Mono-
chrome” e tire fotos destes mesmos objetos.
Quais ficaram melhores, na sua opinião?

2 - Tire fotos de paisagens, pessoas, objetos e ani-


mais no modo colorido e, posteriormente, no Pho-
toshop ou algum programa de edição de imagem,
converta-as para preto e branco (salvando num outro
arquivo).
Você gostou mais das fotografias em preto e branco
ou das coloridas?

3 - Pesquise sobre os fotógrafos mencionados neste


artigo e analise as fotos tiradas por eles.

1/160 f/4 ISO 125

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1,3” f/4 ISO 200
Usos criativos da velocidade do
obturador
Já vimos o que é a velocidade do obturador e como ele funciona quase
da mesma maneira de nossas pálpebras. Também aprendemos como as
diferentes velocidades do obturador influenciam na imagem final, se
congelará o movimento ou se deixará a imagem borrada.
Neste artigo, apresentaremos alguns usos criativos da velocidade do
obturador, diante de diferentes situações.

Cala a Boca e Clica! 92 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


1/1600 f/4 ISO 100

Congelando o movimento Se sua ideia for congelar o movimento das hélices


do helicóptero, por exemplo dando a sensação de ser
Para congelar o movimento, seja de uma criança
um brinquedo imóvel suspenso no céu, a velocidade
correndo, de um pássaro voando, de um carro de
do obturador precisaria ser ainda mais rápida, em
corridas ou da neve caindo, você precisará fotografar
torno de 1/2500 de segundo.
com uma velocidade de obturador rápida.
Já a velocidade do obturador necessária para
Por exemplo, na foto acima, da água de um
­congelar os flocos de neve não é tão alta quanto a da
­chafariz, foi uma usada uma velocidade de 1/1600 de
água do chafariz, mas, mesmo assim, ainda é bas-
segundo, ou seja, quase dois milésimos de segundo,
tante rápida, de 1/320 de segundo. Outros fatores
para obtermos esta sensação de uma água cristaliza-
determinantes para se obter uma foto de neve são os
da, quase como se fossem pedras de gelo. Se houvés-
tamanhos dos flocos, quanto maiores, melhor, e tam-
semos utilizado uma velocidade lenta demais, a água
bém o contraste com o segundo-plano - se o fundo
teria ficado borrada, dando uma sensação maior de
for de branco ou de uma cor clara, o flocos de neve
movimento, sem congelar as gotículas que caem e
não serão tão perceptíveis
sem capturar os detalhes da água projetando-se no
.
ar.

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30” f/8 ISO 100

Longa exposição Os rastros luminosos na rua são dos faróis dos


­carros, pois, por ficar com o obturador aberto por
Longa exposição é quando o obturador fica aberto
tanto tempo, o sensor da câmera registra todas as
durante um longo tempo para poder capturar mais
luzes que passam pelo quadro.
luz.
Já a foto da página 90, da Ponte do Brooklyn, uti-
Quase sempre será necessário utilizar um tripé,
lizou uma exposição bem mais breve, de 1.3 segun-
caso você não queira que sua foto fique borrada,
dos, tempo necessário para ressaltar a iluminação já
apesar de nem sempre o tripé ser uma garantia total,
existente na paisagem urbana.
pois, se a exposição for muito longa, até o vento que
Nos primórdios da fotografia, exposições longas
bate em sua câmera pode causar um ligeiro tremor
era muito mais habituais, às vezes de várias horas,
na foto, principalmente com lentes telefoto.
pois a sensibilidade (ISO) dos filmes ou chapas foto-
A foto acima, tirada numa rua relativamente
gráficas eram muito baixas. Mas, com uma câmera
­escura, utilizou uma velocidade de obturador de 30
Reflex, ainda hoje é possível fotografar com exposi-
segundos. Isto mesmo, 30 segundos! Você aperta o
ção de vários minutos, dependendo da escassez da
botão da câmera, a cortina do obturador se abre, e
iluminação ambiente.
você espera, espera e espera... 30 segundos depois,
você tem a foto.

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Panning
1/15 f/13 ISO 200
Panning é uma técnica bastante específica para congelar o movimento
de um elemento na foto, mas ainda dar a sensação de movimento.
Ela é sempre tirada com a velocidade de 1/15 de segundo e o segredo
está em acompanhar o sujeito da foto com a câmera que passa por você
numa ângulo de 90 graus, ou seja, alguém que passe pela sua frente da
direita para a esquerda (ou vice-versa), e não que venha em sua direção
ou que se afaste de você.
Para tanto, você deve ajustar a velocidade do obturador em 1/15, e
as demais configurações de abertura e ISO como indicar o fotômetro e
aguardar que o sujeito passe diante de você. Você o acompanha com a
câmera, aperta o botão para fotografar, e continua acompanhando-o até
ouvir o clique.
Você terá o objeto em movimento com nitidez (ou praticamente ní-
tido) e o fundo ficará borrado, dando uma sensação interessante de
movimento.
Geralmente, esta técnica funciona melhor com veículos com rodas
do que com pessoas ou animais, pois as pernas ou patas tendem a ficar
­borradas e disformes.

Exercícios práticos
1 - Em modo manual, tire fotos de objetos em movimento - carro,
avião, esporte, animais, chafariz, etc - com a velocidade do obturador
necessária para congelar o movimento.
2 - Em modo manual, tire fotos à noite em longa exposição (com velo-
cidades do obturador superiores a 1 segundo) e confira o resultado. Se
você não possuir um tripé, pode utilizar qualquer superfície plana como
suporte, como bancos, muretas ou o próprio chão.
3 - Em modo manual, configure a velocidade do obturador em 1/15
de segundo e tente a técnica de panning, com um sujeito passando por
você em ângulo de 90 graus. Tente várias vezes, pois não é muito fácil
obter um bom resultado da primeira vez.

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Cala a Boca e Clica! 96 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
Composição
A fotografia se assenta sobre alguns dos mesmos
princípios das demais formas de Arte e, além dos
princípios técnicos sobre os quais já falamos - ISO,
velocidade do obturador, abertura de diafragma,
­distância focal -, um dos maiores segredos de uma
boa foto é como os elementos de um quadro estão
dispostos, o que chamamos de composição.

Existem várias técnicas de composição, e mais de


uma pode estar presente numa foto.

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1/2500 f/4 ISO 160

A Regra dos ­Terços


Se você já estudou um pouco sobre pintura ou artes plásticas, já deve
ter ouvido falar da “proporção áurea”, uma proporção geométrica
usada há séculos e que dizem ser esteticamente agradável ao ser huma-
no. Esta proporção áurea já estava presente nas obras de arte da Grécia
Antiga, do Renascimento, e pode ser claramente percebida em pinturas
modernistas como nas de Mondrian (imagem à esquerda).
A Regra dos Terços é basicamente uma simplificação desta propor-
ção áurea e funciona assim: divida o quadro da foto com duas linhas
horizontais e com duas linhas verticais, como na figura da p. 99.
Geralmente, nossa primeira reação ao fotografarmos um objeto ou
pessoa é posicioná-lo no meio do quadro e clicar. Isto é o que quase
sempre ocorre quando pedimos para alguém tirar nossa foto com uma

Cala a Boca e Clica! 98 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


paisagem no fundo, como quando estamos viajan-
do, por exemplo. As pessoas ficam centralizadas e o
segundo plano fica ao seu redor.
O problema é que o objeto centralizado é quase
sempre o menos interessante na fotografia. Os es-
tudos de composição indicam que, na maioria das
vezes, nossos olhos tendem a se fixar nos elementos
que estão na interseção daquelas linhas horizontais e
verticais (nos pontos vermelhos), que se aproximam
bastante da proporção áurea.
Por isto, ao utilizarmos a Regra dos Terços
­aumentam nossas chances de tirar uma foto mais
atraente ou interessante.
Veja como a aquela primeira foto se enquadra neste
­princípio (foto à direita).
O principal na foto é a pessoa (neste caso, eu). A
intenção é mostrá-la diante do rio e da ponte. Ao
posicionar o sujeito nas interseções, você estabelece a
hierarquia de importância na foto, primeiro a pessoa,
depois o plano de fundo.
A Regra dos Terços também pode ajudar na hora
de se fotografar uma paisagem, como o mar ou
um cenário urbano. Recomenda-se que a linha do
horizonte esteja na altura de um das duas linhas
­horizontais.

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Na foto ao lado, o destaque é para a cidade, depois
para a montanhas e, por fim, para o céu, por isto, o
horizonte está enquadrado mais para cima, na altura
da primeira linha da regra dos terços, para reforçar a
presença dos prédios e do cenário urbano.
Na segunda fotografia, o tema é o jipe dos guarda-
vidas na praia, por esta razão, o carro vermelho se
encontra na intersecção da Regra dos Terços.
Na última foto (p. 101), o tema é a igreja. As duas
torres se encontram na intersecção da Regra dos Ter-
ços, enquanto o telhado da igreja situa-se na divisão
inferior do quadro, reforçando o ângulo diagonal das
torres.
1/400 f/8 ISO 100 Quando utilizar a Regra dos Terços?
Então quer dizer que os meus problemas acaba-
ram? Basta usar a Regra dos Terços que minhas fotos
ficarão boas?
Não exatamente. Como dissemos no início, a R ­ egra
dos Terços é uma das ténicas de composição. Ao
utilizá-la, você já perceberá uma diferença grande no
resultado de suas fotos.
Esta é uma ótima técnica para criar uma noção de
hierarquia, do que é mais importante no enquadra-
mento, ou para qual segmento da foto devemos olhar
primeiro.
Não se preocupe em posicionar o objeto exatamen-
te na intersecção, posicioná-lo nas proximidades da
intersecção já é o suficiente.
Mesmo assim, tende a ser um recurso tedioso se
1/160 f/11 ISO 100
você abusar demais dele.
Nos próximos artigos, veremos outras técnicas de
composição, que o ajudarão a fotografar melhor.

Cala a Boca e Clica! 100 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
Exercícios práticos
1 - Tire duas fotos de um mesmo objeto ou paisagem:
a - centralizando o tema ou o horizonte;
b - posicionando o sujeito que você deseja destacar numa das intersec-
ções da Regra dos Terços.
Qual das duas fotos ficou mais interessante?

2 - Pratique a Regra dos Terços em várias situações diferentes, com


pessoas, objetos, animais, paisagens, etc. e confira o resultado.

1/320 f/8 ISO 100

101 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


1/125 f/1.8 ISO 50

Equilíbrio e Harmonia
Ao contrário da Regra dos Terços, que é uma técnica bastante específi-
ca sobre o posicionamento do foco de interesse numa foto, o conceito de
Equilíbrio e Harmonia é bastante subjetivo.
Basicamente, a ideia que sustenta o Equilíbrio é que algumas partes
da foto possuam igual importância, seja porque possuem simetria (são
iguais), seja porque são assimétricos (desiguais).
Na página seguinte, há dois exemplos de fotografias adotando este
método de composição.

Cala a Boca e Clica! 102 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
Simetria
A foto da direita poderia ser dividida em quatro partes, duas acima
da linha do horizonte, e duas abaixo. Nas partes acima, temos algumas
pessoas, o céu e a marquise; estas partes são parcialmente simétricas,
pois há o mesmo número de colunas, no entanto, o movimento das pes-
soas e as cores de suas roupas são diferentes, mas que não é tão percep-
tível no conjunto. Nas partes inferiores, temos o reflexo da marquise e
do céu na água, um espelho da simetria das partes superiores.

Assimetria
Já a foto abaixo, o equilíbrio está no contraste entre as duas partes da
foto: do lado esquerdo, temos um homem caminhando, do lado direito,
um cão parado, mas somente aguardando-o para segui-lo. Uma linha 1/1250 f/5.6 ISO 100
ligeiramente diagonal, o meio-fio, separa-os, não apenas visualmente,
mas simbolicamente enquanto ser humano e cachorro, enquanto dono e
companheiro.
Eles estão juntos, mas apartados. 1/200 f/8 ISO 100

Não existe uma regra matemática para a criação de harmonia, prin-


cipalmente quando se trata de um equilíbrio assimétrico, pois depende
muito da sensibilidade do fotógrafo e também do espectador.

Exercícios práticos

1 - com sua câmera em Modo Manual, tente tirar várias fotos


­ tilizando a técnica de composição equilibrando os elementos do
u
­quadro:
a - simetricamente;
b - assimetricamente.

103 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


Linhas, formas e cores
Linhas e formas estão presentes de várias manei-
ras na natureza e a representação fotográfica delas
­determinará o tipo de efeito que você pretende no
espectador.
1/5000 f/2 ISO 160

Cala a Boca e Clica! 104 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
1/250 f/11 ISO 100

Linhas horizontas e verticais


Linhas horizontais tendem a passar uma impressão de estabilidade e
calma.
Quando se trata da linha do horizonte, como no caso acima, há uma
divisão da foto, por isto, é muito importante evitar centralizar a linha,
dando mais espaço para o elemento da foto que se quer destacar.
Já linhas verticais ressaltam a altura e dão a sensação de
­grandiosidade.
Elementos como árvores, edifícios, postes ou outras pessoas podem
contribuir para estabelecer uma hierarquia de importância na foto, ou 1/640 f/8 ISO 100
para quebrar um pouco a estabilidade de uma linha horizontal.

105 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


Linhas diagonais
Linhas diagonais são dinâmicas
e proporcionam uma sensação de
­movimento. São excelentes para direcio-
nar o olhar do espectador para algum
ponto específico da foto, para forçá-lo
a observar todo o conjunto de uma
­fotografia, ou para criar tensão.

1/640 f/8 ISO 100

Cala a Boca e Clica! 106 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
1/250 f/1.8 ISO 100
Linhas curvas
As linhas curvam atuam como as linhas diagonais, adicionando dina-
mismo e movimento a um foto, porém com um pouco mais de sutileza.
São mais harmônicas e suaves e rompem delicadamente a rididez das
linhas horizontais ou verticais.

107 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


1/250 f/5 ISO 100

Formas
Circunferências, retângulos, losangos, triângulos e outras formas
­geométricas são facilmente reconhecidas pelas pessoas e podem ser
­elementos de atração, causar curiosidade, estímulo, ou identificação
numa foto.
A utilização de formas é mais simples do que pode parecer à princí-
pio, às vezes, uma mesa com pratos, como na foto ao lado, já é o sufi-
ciente para intrigar espectador.
1/8000 f/4 ISO 250
Rodas de bicicletas, balões de festa infantil, caminhões ou janelas,
todo o universo é composto por formas geométricas ou linhas, basta
observá-lo e apresentá-lo de uma maneira interessante através de sua
fotografia.

Cala a Boca e Clica! 108 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
Cores
As cores podem ser as maiores aliadas ou as piores
­inimigas de um fotógrafo. Podem fazer com uma que
­imagem ­salte da tela, reforçando sua mensagem, ou pode
distrair totalmente o espectador do que é o tema principal da
­fotografia.
Não é à toa que se recomenda aos fotógrafos iniciantes que
saiam às ruas e só fotografem em preto e branco, pois assim
não terão de se preocupar com cores fortes, nem com confi-
gurações de White Balance (Equilíbrio de Branco) da câmera.
Assim como a presença de linhas e de formas, as cores
­devem contribuir para a melhor transmissão de sua mensa-
gem, e não deve ofuscar o conteúdo.
Você deve ter percebido que em todas estas fotos, estes
diferentes princípios de composição - linhas horizontais, ver- 1/1000 f/9 ISO 400
ticais, diagonais, curvas, formas geométricas e cores - intera-
gem e se complementam.
A combinação destes princípios é o que torna uma foto
interessante.

Exercícios práticos
1 - tire várias fotos ressaltando diferente tipos de linhas:
a - horizontais
b - verticais
c - diagonais
d - curvas
2 - tire várias fotos com formas geométricas, como circunfe-
rências, retângulos, quadrados, losangos, etc.
3 - tire várias fotos de objetos ou paisagens coloridas. Qual
foi o resultado final? Na sua opinião, as cores distraem ou
reforçam o tema de sua foto?

109 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.

1/320 f/4 ISO 200


1/250 f/3.5 ISO 200

Ponto de Vista
Se você der uma câmera para cem pessoas dife-
rentes para que fotografem uma cena, você terá cem
fotos diferentes. Isto ocorre por várias razões: cada
um destes fotógrafos destacará algo que o atrai nesta
cena, uns fotografarão antes e outros depois, uns che-
garão mais perto e outros ficarão mais distantes, uns
ficarão de pé e outos se agacharão.
O ponto de vista é extremamente importante numa
imagem. Geralmente fotografias tiradas por volta da
altura de nossos olhos (de pé) são as menos interes-
1/125 f/4.5 ISO 400
santes, pois é como vemos o mundo todos os dias.
Às vezes, se nos ajoelharmos, ou se subirmos numa

Cala a Boca e Clica! 110 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
1/50 f/8 ISO 100
escada ou num banco, com um ponto de vista total-
mente não usual, obteremos uma foto ­incomum e
atraente.
Por exemplo, a foto à esquerda da página 110 foi
tirada na altura da cachorrinha, que tem menos de 30
cm de altura. Ao fazermos isto, nós a privilegiamos
mais, ao apresentarmos um ponto de vista inespera-
do.
Na foto no topo da p. 111, tirada de cima, passa
uma sensação completamente distinta, ao ressaltar
a nossa altura em relação à cachorrinha. Enquanto
que na primeira nós nos pusemos da altura dela e
a engrandecemos, na segunda nós a fotografamos
de cima e a mostramos como nós, seres humanos,
­habitualmente a vemos.
Uma foto não é necessariamente melhor do que a
outra, são apenas dois pontos de vista distintos e que 1/50 f/8 ISO 50
geram imagens e transmitem mensagens distintas.
Na foto acima à direita, vemos um esquilo entre as
folhas secas do outono, ele nos observa com curio-
sidade, mas o conjunto da foto estabelece a mesma
hierarquia de importância ao animal e ao resto do
quadro. Talvez se alguém olhar rapidamente a foto,
nem perceba o esquilo ali. O ponto de vista é quase
o mesmo habitual do nosso dia a dia, de pé, com a
câmera na altura de nossos olhos.
Na segunda foto abaixo, também temos um es-
quilo que nos observa, no entanto, não temos como
ignorar sua presença. O ponto de vista é na altura
dele e, todo os restante da foto, como o parque, as
pessoas ao fundo, são apenas um complemento ao
animalzinho que nos olha. Não estamos de pé, mas

111 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


sim ­sentados ao lado dele, somente aguardando
que ele se aproxime para tirarmos a melhor foto.
­Deste ­ângulo, o esquilo parece ser bem maior do que
­realmente é.
Por fim, a foto à esquerda foi tirada durante uma
gigantesca guerra de travesseiro. Deste ponto de
­vista, no meio do embate, podemos ver a expressão
das pessoas, rindo e se divertindo.
Na segunda foto, abaixo, tirada durante a mesma
guerra de travesseiros, temos uma visão de cima,
capturando várias pessoas sem conseguirmos muitos
detalhes de seus rostos ou expressões, mas conse-
guindo transmitir toda a bagunça do momento.
Como dissemos acima, uma foto não é melhor do
que a outra, são apenas pontos de vistas diferentes,

1/320 f/5.6 ISO 100 1/500 f/5.6 ISO 100

Cala a Boca e Clica! 112 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
que revelarão aspectos diferentes da realidade e nos
contarão histórias diferentes.
Quando você estiver com uma câmera em mãos,
explore os pontos de vista, saia de sua zona de con-
forto e arrisque-se, abaixe-se, agache-se, deite no
chão, suba no banco ou pendure-se num poste (mas,
por favor, não caia nem se machuque!), afaste-se ou
se aproxime, tente ver o ­mundo como ninguém mais
viu e clique.
Nem sempre um ponto de vista inusitado resultará
numa boa foto, mas há grandes chances de você con-
seguir ser original e criativo.
Não tenha medo de explorar!

Exercícios práticos
1 - selecione um objeto, uma pessoa ou animal e
tire três fotos em ­diferentes pontos de vista:
a - na altura do objeto ou sujeito;
b - de cima;
c - de baixo.
Qual delas ficou mais interessante?

2 - sempre que for fotografar, tente explorar os


pontos de vista, ­aproxime-se ou se afaste do objeto
fotografado, tente diferentes ângulos.

1/50 f/4 ISO 125

113 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


1/6400 f/4 ISO 200

Contraste
Os nossos olhos são extremamente eficientes na hora de controlar
o contraste, conseguimos nos adaptar facilmente a situações com alto
contraste, isto é, quando há uma diferença muito grande de iluminação
num mesmo cenário.
No entanto, nossas câmeras não enxergam o mundo exatamente
como os nossos olhos, em situações de alto contraste, você será obriga-
do a ­decidir pela câmera o que você quer que ela enxergue melhor, a
­claridade ou as sombras.

Cala a Boca e Clica! 114 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
Veja as três fotos acima:
Na primeira, estamos expondo a foto para mostrar-nos o céu e a
área iluminada pelo sol, que inclui o Empire State Building e alguns
­edifícios.
Por ser uma situação de alto contraste, temos nenhum ou pouco
­detalhe na região da sombra, que ficou completamente escura.
Nesta segunda foto, estamos expondo para mostrar-nos o que há na
região das sombras, mostrar as pessoas nas ruas.
Por outro lado, isto faz com que o céu e os edifícios fiquem completa-
mente sobrexpostos, sem nenhum ou pouco detalhe nas áreas ilumina-
das.
Por fim, nesta última, expomos para obtermos um pouco de detalhes
tanto na região iluminada quanto na região das sombras, o que ocorre
é que o céu fica um pouco sobrexposto, enquanto a região das sombras
fica um pouco subexposta.

115 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


Qual destas três fotos é a melhor?
A princípio, nenhuma das três é uma foto excepcional,
mas não existe uma resposta simples. Tudo dependerá do
que você gostaria de mostrar às outras pessoas. Se você
quer destacar os edifícios e o ceu azulzinho, a primeira
será melhor, se você quer mostrar a rua e as pessoas, a
segunda será a melhor, mas se você quiser mostrar os dois,
mesmo que sem muitos detalhes, a terceira será a melhor.
Em dias ensolarados, o tipo de contraste mostrado acima
será bastante comum, por isto, você sempre terá de esco-
lher qual seção de uma imagem com alto contraste você
destacará. Infelizmente, com câmeras digitais não há como
obter tudo bem exposto com uma única imagem.

Aproveitando situações com alto


­contraste
Situações de alto contraste podem ser problemáticas se
o seu objetivo for expôr corretamente todas as áreas de
uma cena, tanto as claras quanto as escuras, no entanto,
podem contribuir também para criarmos imagens bastante
interessantes, talvez até mais interessantes do que uma
­exposição perfeita.
O jogo de luz e sombras, de claridade e trevas, podem
ser altamente estimulantes para nossos sentidos e nossa
imaginação.
A região de sombras pode servir para conduzir o nosso
olhar até o ponto de interesse na foto, pode estabelecer
uma hierarquia de importância ou pode criar tensão.
1/400 f/5 ISO 100

Cala a Boca e Clica! 116 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
Aproveitando situações com baixo
contraste

Em dias nublados, na sombra ou em ambientes


fechados, geralmente se obtém fotografias com baixo
contraste. Enquanto que, por um lado, há uma perda
de detalhes, ocorre também um incremento de tona-
lidades e, no caso de fotografia em preto e branco, de
gradações de cinza.
São ocasiões mais privilegiadas para retratos de
pessoas, pois disfarçam as rugas, cicatrizes ou outras
marcas, além de criar sombras mais suaves.

Exercícios práticos 1/125 f/7.1 ISO 100


1 - em dias ensolarados, fotografe cenários, paisa-
gens ou pessoas em situações de alto contraste.
a - expondo corretamente a região iluminada pela
luz;
b - expondo corretamente a região iluminada pelas
sombras;
c - expondo numa configuração intermediária.
Qual das fotos ficou melhor, na sua opinião?

2 - em dias nublados, fotografe cenários, paisagens


ou pessoas em situações de baixo contraste.

117 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


Perspectiva
Perspectiva é a representação numa superfícia
­plana (bidimensional), como num papel ou numa
tela, de uma imagem como nossos olhos a veem
(­tridimensional).
Duas características da perspectiva são: suas pro-
priedades se acentuam quanto mais próximo do obje-
to estiver o observador, e o “escorço”, que é a distor-
ção das formas.
Felizmente, para o fotógrafo, a proposta não é tanto
reproduzir o que os olhos veem, já que a câmera
funciona basicamente como os nossos olhos, mas sim
utilizar a perspectiva da maneira mais eficaz para
transmitir nossa mensagem.

1/1250 f/9 ISO 160

Cala a Boca e Clica! 118 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
Perspectiva de um ponto de fuga
Ponto de fuga é o ponto de convergência das linhas de uma figura. Na foto abaixo, por
exemplo, o ponto de fuga é o final da rua, que concentra toda as linhas da imagem, como
podemos ver com as linhas vermelhas.
Esta é uma situação bastante comum, especialmente em fotografias urbanas e
­conhecida como “perspectiva de um ponto de fuga”.
Estas linhas convergentes conduzem o nosso olhar por toda a extensão da fotografia até
o horizonte.

1/500 f/7.1 ISO 100

119 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


Perspectiva de dois pontos de fuga
Esta também é uma situação bastante comum ao se retratar edifícios ou objetos,
­principalmente quando se está a um nível inferior ao objeto fotografado.
Neste caso, temos dois pontos de fuga, um em cada lado do edifício, onde as linhas
­convergem.
Não vemos a convergência do lado esquerdo, mas sabemos que, em algum ponto, as
linhas se encontrarão.

1/160 f/8 ISO 100

Cala a Boca e Clica! 120 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
Perspectiva de 3 pontos de fuga
Por fim, esta é uma situação um pouco mais incomum, pois o objeto
precisa ser fotografado de cima. Nesta imagem, temos três pontos de
fuga, um para cada convergência das linhas deste edifício, como veremos
­abaixo.
Neste caso, é um pouco mais difícil visualizarmos quais são os três
­pontos de fuga, mas na segunda figura é possível ter uma noção mais precisa.

1/500 f/4 ISO 100

121 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


Perspectiva, ponto de vista e distância focal
Como você já deve ter concluído, a perspectiva é também influenciada
pelo ponto de vista. Fotografar um cenário ou objeto de diferentes pon-
tos de vista criará diferentes efeitos de perspectiva, que poderão afetar
dramaticamente a percepção da imagem pelo espectador.
Além disto, a distância focal de sua lente pode acentuar ou reduzir as
característica da perspectiva. Como já dissemos, lentes grande-angula-
res tendem a alongar as formas e as linhas, dilatando o espaço, enquan-
to que as lentes telefoto tendem a comprimir o espaço, achatando as
formas e as linhas.
A perspectiva, o ponto de vista e a distância focal devem ser decisões
conscientes do fotógrafo para obter uma foto melhor. E quando bem
utilizadas podem produzir imagens poderosas.

Exercícios práticos
1 - procure por situações de perspectiva de um ponto de fuga e tire
várias fotos com diferentes distâncias focais, normal, grande angular e
telefoto, e também com diferentes pontos de vista.

2 - procure por situações de perspectiva de dois pontos de fuga e tire


várias fotos com diferentes distâncias focais e também com diferentes
pontos de vista.

3 - procure por situações de perspectiva de três pontos de fuga e tire


várias fotos com diferentes distâncias focais e também com diferentes
pontos de vista.

Por fim, confira a fotos que você obteve e as analise. Quais delas
­ficaram mais interessantes?

1/30 f/4 ISO 200

Cala a Boca e Clica! 122 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
1/125 f/8 ISO 100
Repetição e Ritmo
Na música, define-se ritmo como o movimento marcado pela sucessão regular de
e­ lementos fortes e fracos. Pense numa canção ou numa dança, o ritmo é que o nos leva a
bater o pé, a tamborilar os dedos, a mover os quadris ou a bater palmas. O ritmo é o que
nos põe em movimento.
Ritmo e repetição estão conectados, repetição cria pode criar um ritmo, enquanto o ritmo
funda-se numa repetição.

123 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


Numa fotografia, o ritmo é que o estimula o nosso
olhar a mover-se pelo quadro de uma foto, visuali-
zando todos os elementos relevantes. Já vimos como
as linhas, formas e cores podem contribuir para
transmitir-nos diferentes sensações e certamente
elas também são fundamentais na hora de impor um
ritmo.
Na foto das bicicletas à esquerda, a repetição das
rodas cria uma linha diagonal, dinâmica, que conduz
o nosso olhar do canto inferior direito da foto até o
canto superior esquerdo.

1/250 f/8 ISO 100

Cala a Boca e Clica! 124 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
1/160 f/4 ISO 320
Esta é a mesma lógica utilizada na foto destes carros cobertos de neve,
a repetição cria uma linha diagonal que cruza toda a extensão da ima-
gem, conduzindo o nosso olhar até o segundo plano, onde podemos ver
o pub e a mulher de guarda-chuvas roxo.

125 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


Neste outro caso, temos a combi-
nação de linhas diagonais, de con-
traste e do padrão criado a partir
do reflexo de um edifício no outro.
É o tipo de imagem que intriga,
pois o espectador precisa pensar
um pouco para compreender do
que se trata.

1/2500 f/4 ISO 500

Cala a Boca e Clica! 126 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
1/400 f/3.5 ISO 400

Já na foto das abóboras, além das linhas diagonais formada


pelas caixas, e pelo contraste entre os frutos coloridos e os reci-
pientes negros, temos também o oposição de formas, arrendon-
dadas versus retilíneas.
Por fim, na fotografia de um por-de-sol, a repetição das nu-
vens cria tensão, dinamismo e até podemos vê-las lentamente
se movendo pelo céu.
A repetição e o ritmo são maneiras muito interessantes, e em
várias situações quase intuitivas, de atrair a atenção do espec-
tador e criar uma hierarquia de valores. É um fator que pode
diferenciar fotos convencionais de fotos atraentes.

Exercícios práticos
1 - procure situações de repetição, padrões ou texturas que
possam criar fotografias com ritmo.

127 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


Recorte (Cropping)
Uma imagem poderosa é aquela que nos capta
desde o primeiro instante e nos obriga a examiná-la
melhor.
No entanto, às vezes, uma fotografia pode con-
ter tantos elementos, tanta coisa para se ver, que o
­espectador acaba se distraindo e não prestando aten-
ção ao que é mais importante.
É nestas horas que o fotógrafo deve decidir, cons-
cientemente, como recortar a imagem e determinar o
que é o mais importante.
1/500 f/8 ISO 100

Cala a Boca e Clica! 128 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
1/320 f/4 ISO 50

1/1250 f/7.1 ISO 100

Veja estas duas imagens acima: da agitação urbana.


Aqui temos o Chrysler Building, em Nova York, Já na segunda foto, temos de perto o topo do
cercado por outros prédios e, abaixo, a movimentada ­Chyrsler Building, podemos ver suas janelas triangu-
avenida cheia de carros. O Chrysler é um dos ele- lares, a superfície reflexiva, podemos até ver as ante-
mentos da foto, em meio a vários outros elementos. nas. São vários detalhes que não podíamos visualizar
Pode até ser o que mais chama atenção na foto, mas o na primeira foto, além disto, ao isolarmos o topo do
conjunto é que nos dá a sensação dos arranhas-céus e prédio, deixamos muito claro qual é o tema.

129 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


1/160 f/8 ISO 200 1/160 f/8 ISO 200

Veja outros dois exemplos: Apesar de na segundo foto ainda termos vários
A primeira foto, tirada durante a parada do orgu- elementos, como sujeitos no primeiro e no segundo
lho gay em Nova York, mostra-nos duas pessoas em plano, o recorte nos permite visualizarmos detalhes
primeiro plano com um poodlezinho, eles desfilam que haviam passado despercebidos na primeira foto,
na parada, já no segundo plano, há os espectadores como a rosa na mão e a pomba sobre a cabeça do ho-
do desfile. São vários elementos, mas que transmitem mem com barba e a riqueza de suas expressões, além
a ideia de uma parada colorida e cheia de pessoas. disto, o desfocado no segundo-plano ressalta ainda
mais os personagens adiante.

Cala a Boca e Clica! 130 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
Como realizar um bom recorte A desvantagem de se usar uma lente para realizar
o recorte é que você não terá a opção de desfazê-lo
(­cropping)? posteriormente: a imagem criada é definitiva, você
Um bom recorte dependerá muito do seu bom não poderá ampliar os limites dela, poderá apenas
senso e do que você deseja ressaltar numa imagem. recortá-la ainda mais.
Quanto mais elementos houver numa fotografia, A segunda opção é recortar uma imagem num
mais disperso será o seu tema. ­software de edição de imagens, como o Photoshop
Devemos insistir que uma foto não é melhor do ou o Lightroom, nos quais você poderá, após ter tira-
que a outra, são apenas duas maneiras diferentes do a foto, alterá-la e recortá-la como desejar.
de abordar um tema e apresentá-lo visualmente aos A desvantagem neste caso é a perda de resolução
espectadores. para recortes de seções muito pequenas de uma foto-
A primeira opção para realizar um recorte é utili- grafia, e isto dependerá principalmente da resolução
zando uma lente com distância focal longa (telefoto) da câmera (megapixels) e também da qualidade da
ou uma lente de zoom. Só lembrando que as diferen- imagens. Câmeras melhores costumam ter imagens
tes distâncias focais proporcionam diferentes sen- mais nítidas e com resolução melhor, que permitem
sações espaciais numa fotografia e criam diferentes recortes mais aproximados. Fotos de câmeras com-
tipos de imagens. pactas nem sempre permitem grandes recortes.

Exercícios práticos
1 - Utilizando uma lente de zoom, ou duas lentes com distâncias focais diferentes (preferencialmente uma
grande-angular e outra telefoto), tire duas fotos:
a - uma incluindo vários elementos em uma imagem;
b- outra recortando apenas um dos elementos.
Qual das duas ficou mais interessante na sua opinião?
2 - utilizando um programa de edição de imagens de sua preferência, escolha uma foto que você já tenha
tirado que contenha vários elementos, como pessoas, animais ou objetos, e faça o recorte de apenas um destes
elementos e salve num outro arquivo.
Como ficou o resultado final? O recorte é mais interessante do que a imagem original? A resolução da
­imagem final é boa ou houve perda perceptível de qualidade?

131 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


Regra dos Ímpares 1/125 f/9 ISO 100

Esta técnica fotográfica pode soar muito estranha para a maioria das pessoas, pois defende
que o nosso cérebro se interessa mais por imagens com um número ímpar de elementos do que
por com número par.
Isto é, se você for tirar uma foto onde haja mais de 1 elemento, o melhor seria que houvesse 3,
5, 7 ou assim por diante, pois criaria uma imagem mais atraente.

Cala a Boca e Clica! 132 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
A lógica por detrás desta técnica é que nossa mente agrupa facilmente
objetos pares, criando uma simetria, enquanto que números ímpares
causam tensão. 3 elementos numa imagem podem facilmente criar uma
linha ou um triâgulo, tornando uma foto atraente.
É óbvio que, no caso desta técnica específica, não precisamos ser radi-
cais e fotografarmos apenas imagens com um número ímpar de elemen-
tos. Ou como faríamos para fotografar um casal, por exemplo?
Ela também não vale muito para fotos com muitos objetos ou pessoas,
pois, depois de uma certa quantidade de elementos, nosso cérebro dei- 1/60 f/4 ISO 500
xar de contar e só entende que existe um montão de coisas na foto, não
se importando se é par ou ímpar.
Para utilizarmos a Regra dos Ímpares, o que eu sugiro é que você
fotografe sem pensar muito nela, apenas retratando as cenas, paisagens
ou retratos que lhe interessam e, posteriormente, verificar quais são as
imagens mais interessantes e perceber se elas possuem um número par
ou ímpar de elementos.
Talvez você constate que a regra realmente funciona para vários
casos, ou, se você quiser adequar uma foto à Regra dos Ímpares, você
pode recortá-la no pós-processamento.
No entanto, se você tiver a possibilidade de preparar a composição
da foto, como um jarro de flores, por exemplo, você poderá organizá-la
para se adequar a esta técnica.

Exercícios práticos
1 - tire fotos com elementos pares e ímpares e depois analise quais
delas lhe parecem ser mais interessantes;
2 - dê uma olhada em fotos que você já tenha tirado anteriormente e
das quais goste muito. Você consegue identificar a Regra dos Ímpares
nelas?

1/250 f/4 ISO 100

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1/250 f/8 ISO 100

Regra do Espaço
A melhor maneira para se passar a sensação de movimento é, na hora
de enquadrar uma imagem, deixar um espaço no sentido para onde a
pessoa, animal ou objeto se desloca.
Ao detectar um movimento, imediatamente os nossos olhos procu-
ram por um espaço vazio para seguir a trajetória, e isto é conhecido em
­fotografia como “Regra do Espaço”.
Como você pode ver nos exemplos acima, tanto dos quadriciclos
quanto da mulher peruana, há um espaço adiante na direção para
1/300 f/7.1 ISO 100 onde eles se deslocam, ressaltando a noção de movimento, este espaço
­também é chamado de “espaço ativo”.
No entanto, a “Regra do Espaço” não serve apenas para movimento,
mas também para guiar o espectador na direção do olhar das pessoas
retratadas.

Cala a Boca e Clica! 134 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
Na foto à direita, o espaço em frente ao cozinhei-
ro serve para nos mostrar que ele estava vendo e o
­ambiente onde ele se encontra.
Apesar de funcionar bem na maioria das s­ ituações,
a “Regra do Espaço” não é inviolável. Às vezes,
­brincar com a noção de espaço também pode criar
fotos bastante interessantes.

Exercícios práticos
1 - tire duas fotos de um objeto, animal ou pessoa
em movimento:
a - uma deixando um espaço na frente do elemento;
b - uma deixando um espaço atrás do elemento.
Qual das duas é melhor em sua opinião?

2 - tire duas fotos de uma pessoa:


a - uma deixando um espaço maior na direção do
olhar dela;
b - uma deixando um espaço maior na direção
oposta ao olhar.

1/800 f/1.4 ISO 250

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1/125 f/1.4 ISO 400

Iluminação
Sem a luz, a fotografia sequer existiria. A iluminação é o que torna
esta Arte possível, é a essência da fotografia e todos seus princípios
­básicos, como velocidade do obturador, ISO e abertura de diafragma,
são para aprender como controlar a luz que entra na câmera.
Entretanto, saber utilizar a iluminação, tanto a luz ambiente quanto
iluminação artificial, também é uma técnica de composição. A dispo-
sição e a qualidade da luz pode criar efeitos completamente diversos
numa imagem, como veremos à seguir.

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Luz natural
A luz do Sol é a primeira fonte
de iluminação do ser humano, e é
o tipo de iluminação ao qual todos
os fotógrafos terão de se habituar.
É uma luz potente e que cria
fortes sombras, é por isto que se
torna necessário aprender quais
são os melhores horários do dia
ou condições climáticas para se
fotografar, ou utilizar refletores ou
difusores para atenuar as sombras.
Via de regra, toda a iluminação
artificial, como flashes ou luzes
de estúdio, visa recriar o tipo de
iluminação do sol, com ângulos de
incidência semelhantes aos criados
pelo sol na natureza.
A foto acima foi tirada duran-
te o sol de fim de tarde, com um
agradável tom avermelhado e com
a típica iluminação de inverno no
hemisfério norte, com sombras
fortes e marcadas.

1/2500 f/4 ISO 160

137 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


1/10 f/4.5 ISO 200 1/50 f/8 ISO 400

Iluminação ambiente da igreja, com uma velocidade do obturador relati-


vamente lenta e que, se eu não houvesse segurado a
O termo iluminação ambiente é usado basicamen-
câmera com firmeza, havia grandes chances de ficar
te para se referir a qualquer tipo de luz disponível
borrada.
numa cena, que pode ser tanto a luz natural do sol ou
Já na segunda foto existem dois tipos de ilumina-
da lua, quanto luz de postes ou lâmpadas em am-
ção ambiente, uma luz natural, do sol atravessando
bientes externos ou internos.
as clarabóias e projetando-se na parede interna da
A foto acima à esquerda foi tirada apenas com a
galeria, e outra luz das lâmpadas da galeria que sua-
luz ambiente à noite, os postes da rua e a iluminação
vizam um pouco as sombras.

Cala a Boca e Clica! 138 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
Iluminação Artificial
Geralmente, o termo iluminação artificial refere-se
a algum tipo de foco de luz que não pertence à cena,
um flash ou strobe de estúdio, ou até mesmo uma
lanterna ou lâmpada que você traz ao cenário para
aumentar a iluminação.
A utilização de iluminação artificial é uma arte
por si própria, tão complexa e minuciosa que muitos
fotógrafos jamais a dominarão.
Na maioria da vezes que você ouvir um fotógrafo
dizendo: “eu não gosto de flash, só uso luz ambien-
te”, isto quer dizer “eu não sei como utilizar bem os
flashes, por isto, tenho de me virar apenas com a luz
ambiente”.
Pois, como eu disse, a intenção da iluminação artifi-
cial é, na maior parte dos casos, reproduzir a natura-
lidade da luz do sol, portanto, não deve parecer que
o fotógrafo está utilizando uma luz artificial, o que
não é nada fácil.
Muitas vezes, você será obrigado a utilizar uma
luz artificial quando a cena estiver escura demais de
modo que não seja possível fotografar uma pessoa ou
cena segurando a câmera sem tripé, ou porque a ilu-
minação do fundo é mais clara que o primeiro plano,
ou até durante o dia para amenizar as sombras, o que
é conhecido como luz de preenchimento (fill light).

1/250 f/11 ISO 320

139 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


A iluminação artificial mais acessível de todas é
a do flash embutido, presente em quase todas as
­câmeras compactas e Reflex. É a mais acessível,
mas também uma das piores de todas, pois é uma
luz forte, direta, que cria sombras fortíssimas e
­desagradáveis e totalmente antinaturais.
Como se diz no mundo da fotografia, é como se
você estivesse tirando uma foto usando um capacete
de mineiro (aquele com uma luzinha em cima).
É o tipo de iluminação que deixa o primeiro plano
totalmente claro, ressaltando olheiras, rugas e cica-
trizes em pessoas, enquanto deixa o segundo plano
totalmente escuro.
Um flash externo resolveria este problema em
várias situações, principalmente se você rebater a luz
em paredes, refletores ou usando difusores.
Além disto, em quase todas as circunstâncias em
que você utilizar um flash, haverá um misto de luz
artificial com luz ambiente, como na foto da página
141. Quanto melhor você conseguir equilibrar estes
dois tipos de iluminação, mais natural e agradável
será o resultado final, sem aquela sensação de capa-
cete de mineiro, com uma luz forte e direta na cara
do sujeito.
Qualquer um que trabalha com casamentos
ou eventos nos quais o uso do flash é necessário,
­conhece os desafios para conseguir um equilíbrio
­entre o flash e a luz ambiente, que requer muita
­técnica e várias tentativas e erros.

Cala a Boca e Clica! 140 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
Exercícios práticos
1 - arranje uma vítima para ser fotografada, pode
ser sua mãe, pai, irmão, um amigo e faça uma série
de fotografias em diferentes tipos de iluminação:
a - com luz natural (do sol), se possível em diferen-
tes horários do dia, manhã, meio dia e à tarde;
b - com luz ambiente, como em locais fechados,
com lâmpadas, postes, na sombra e à noite.
c - com o flash embutido da sua câmera;
d - se você possuir um flash externo, tire uma foto
com ele também.
Depois, compare as fotos e analise-as. Consegue
perceber a diferença entre estes tipos de iluminação,
as sombras, as regiões iluminadas, as tonalidades?
Qual ficou mais bonita, em sua opinião?

2 - Reveja fotos que você já tenha tirado anterior-


mente. Qual é o tipo de iluminação que você mais
costuma utilizar? Luz ambiente ou luz artificial?

1/25 f/4 ISO 400

141 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


Espaço Negativo
O espaço ao redor ou no interior do objeto de
uma fotografia é conhecido como espaço negati-
vo (­negative space). O uso do esapço negativo é um
­recurso muito poderoso para destacar o tema de
uma imagem e é bastante comum em se tratando
de ­silhuetas ou em retratos, no entanto, o papel do
espaço negativo é tão relevante quanto o do espaço
positivo (o tema).
1/100 f/4 ISO 400

Cala a Boca e Clica! 142 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
Em retratos, particularmente quando se utiliza um
fundo de cor sólida em estúdio, o espaço negativo
serve para emoldurar e ressaltar o sujeito retratado.
No caso da foto à direita, o contraste entre o fundo
negro e o pelo branco do cão cria uma gradação de
tonalidades e gera tensão.

1/800 f/5 ISO 320 1/250 f/8 ISO 100

143 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


1/60 f/7.1 ISO 100
Mas é na fotografia em preto e branco que pode-
mos perceber o real valor do uso do espaço negativo.
Os espaços brancos ao redor da Torre Eiffel ­acentuam
as linhas diagonais, e no interior da i­ magem criam
contraste e formas interessantes.
O segredo do espaço negativo é saber equilibrar
os elementos da imagem, trabalhar com as formas e
linhas, ou seja, reunindo as várias técnicas que você
já aprendeu de composição.

Exercícios práticos
1 - tente fotografar situações nas quais você percebe
a presença do espaço negativo, criando formas e ou
linas ao redor ou no interior do sujeito. Conseguiu
obter fotos interessantes?

2 - procure por fotos de fotógrafos famosos e tente


identificar o uso do espaço negativo.

Cala a Boca e Clica! Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


1/500 f/1.8 ISO 500

Profundidade de Campo e
Bokeh
Como já dissemos, a variação na profundidade de campo, isto é, na
quantidade de elementos de uma imagem que estão em foco, depende
de quatro fatores: abertura de diafragma, distância focal da lente, a pro-
ximidade entre a câmera e o objeto, e entre o objeto e o segundo plano.
Além de ser um aspecto técnico da fotografia, é também uma técnica
de composição, pois a utilização de um foco raso (com poucos elemen-
tos nítidos) ou de um foco profundo (com muitos elementos nítidos)
pode alterar muito a percepção de uma imagem.

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Foco profundo
Quando você for fotografar paisagens, ou dese-
jar mostrar nitidamente tanto o primeiro quanto o
­segundo plano, você optará por um foco profundo, e
isto implica em:
1 - uma abertura de diafragma pequena (f/11, por
exemplo),
2 - uma lente grande-angular,
3 - uma distância grande entre a câmera e o
­primeiro plano
e/ou
4 - uma distância pequena entre o primeiro e o
segundo plano.

A escolha por um foco profundo é importante


quando você estiver fotografando um cenário com
várias pessoas em diferentes planos e você queira
que todas elas estejam em foco, como na imagem
abaixo, das pessoas tomando sol no parque.

1/30 f/22 ISO 400

1/500 f/7.1 ISO 160

Cala a Boca e Clica! 146 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
1/80 f/1.4 ISO 200

1/125 f/1.4 ISO 200

Foco raso
A possibilidade de se utilizar lentes com grandes
No entanto, se você quiser isolar um elemento, ou
aberturas talvez seja um dos maiores diferenciais
parte de um elemento, deixando nítido, mas todo o
para se comprar uma câmera Reflex, pois geralmente
resto desfocado, você optará por um foco raso. Para
as lentes de câmeras compactas não possuem aber-
tanto, você terá de cumprir as seguintes exigências:
turas grandes e não permitem a criação de imagens
1 - uma abertura de diafragma grande (f/1.8, por
com pouca profundidade de campo.
exemplo),
Este tipo de foco raso é particularmente eficaz, pois
2 - uma lente telefoto,
permite ao fotógrafo isolar apenas o que ele deseja
3 - uma distância pequena entre a câmera e o
mostrar com nitidez, como na foto acima (à direita)
­primeiro plano,
do baixo-relevo egípcio, onde apenas parte da ima-
e/ou
gem está em foco.
4 - uma distância grande entre o primeiro e o
­segundo plano.

147 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


1/500 f/5 ISO 200

Bokeh
Exercícios práticos
Bokeh é um termo utilizado para designar o
1 - tire fotos com diferentes profundidades de
­desfocado fora da área da profundidade de campo,
­campo de paisagens, pessoas e objetos:
como o segundo plano do retrato acima.
a - com aberturas de diafragma grande (f/3.5 ou
Este tipo de desfocado é muito utilizado em
maiores)
­retratos, pois destaca o sujeito e cria uma sensação de
b - com aberturas de diafragma pequenas (f/8 ou
tridimensionalidade.
menores)
A qualidade do bokeh dependerá muito também
É possível perceber a variação de áreas nítidas e
da qualidade da lente e da distância focal. Telefotos
desfocadas nestas fotos?
costumam criar desfocados muito mais agradáveis
de que lentes mais curtas, mesmo com aberturas de
2 - tire fotos de um único objeto ou pessoa:
diafragma pequenas.
a - tentando desfocar o segundo plano;
Você até pode fazer o desfocado posteriormente,
b - tentando deixar o segundo plano nítido.
no Photoshop ou em algum outro editor de imagens,
Conseguiu ou está tendo dificuldades?
mas é muito mais simples e mais bonito conseguir
um bokeh na hora em que se tira a foto.

Cala a Boca e Clica! 148 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
Enquadramento
­(Framing)
Esta é uma das técnicas de composição mais básicas
e uma das mais simples de ser aplicada. Basicamente,
o enquadramento (framing) é criar um quadro dentro
de outro quadro.
Para tanto, você utilizará elementos da própria
­imagem, como pilares, árvores, muros, portas, jane-
las, pessoas, para delimitar o campo de visão de uma
foto e conduzir o olhar ao tema.
1/60 f/4 ISO 100

149 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


1/100 f/4 ISO 400 1/200 f/8 ISO 100

Cala a Boca e Clica! 150 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
1/2500 f/4 ISO 160

Este é um dos casos nos quais centralizar o tema não é tão problemá-
tico, pois o enquadramento já serve para destacá-lo, ao restringir a área
da imagem.
Nas fotos nas páginas anteriores e ao lado, vemos diferentes tipos de
­enquadramento.
Na primeira (p. 149), a porta de entrada da estação de trem e o jogo
de luz e sombras reforça a presença das pessoas que entram e saem pela
porta.
Na segunda (p. 150), temos um reflexo numa poça. Os limites da poça
realizam o enquadramento, criando um ar misterioso e até absurdo,
como se houvesse uma fenda no chão por onde passa a mulher.
Na terceira (p. 150), vemos a praça principal de Cusco através das
janelas de um prédio e, neste caso, é o jogo de cores que torna a imagem
mais interessante.
E na quarta foto (topo à direita), há novamente o contraste entre
o ­primeiro e o segundo plano. As sombras atuam como um quadro,
­salientando as silhuetas e os edifícios iluminados atrás.
Já na foto do cão correndo pelo parque (à direita), são as pernas das
pessoas que compõem o enquadramento e destacam o cachorro, ao
mesmo tempo em que o olhar do animal nos conduz a uma cena que
não podemos ver, ou seja, a parte superior dos corpos das pessoas.

Exercícios práticos
1 - tente criar situações de enquadramento (framing), utilizando:
a - janelas e portas;
b - árvores;
c - pessoas;
d - objetos quaisquer.

2 - observe fotos de outros fotógrafos e tente perceber o uso do


­enquadramento. É uma técnica comum de composição?

1/800 f/4 ISO 200

151 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


1/125 f/1.8 ISO 50

Quebrando as regras
Nestas várias lições do fotografia, falamos de várias regrinhas e técnicas de composição
para se obter uma foto melhor. Algumas são muito conhecidas e repetidas por todos os
cursos de fotografia por aí, como a Regra dos Terços, Contraste, Ponto de Vista ou Recorte
(Cropping), outras já não são tão conhecidas ou até controversas, como a Regra dos Ímpares
ou Ritmo.

Cala a Boca e Clica! 152 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
Tantas técnicas ou regras podem confundir o fotógrafo iniciante.
— Terei de pensar em todas estas coisas antes de tirar uma foto? —
você deve ter se perguntado ao longo deste curso.
A resposta é “sim” e “não”.
A princípio, você terá pensar e utilizar conscientemente estas regras.
Terá de testá-las, terá de dizer para si mesmo: “hoje vou utilizar a Regra
dos Terços”, ou “hoje vou tentar tirar uma foto com Espaço N ­ egativo”,
e assim por diante, pois será apenas através da repetição que você
aprenderá a utilizar tais técnicas.
No entanto, com o tempo e com a prática, todas estas técnicas e
­princípios se tornarão intuitivos e você saberá criar uma bela composi-
ção sem precisar pensar muito. Bastará você ver uma cena e, no ato, já
saberá se será uma foto bonita ou não.
E, depois de um tempo, você também começará a perceber que todas
estas regras e técnicas tem um limite, que não bastam para expressar 1/60 f/1.8 ISO 50
certas ideias, para capturar certos momentos ou sentimentos.
É neste momento em que você sentirá a necessidade de quebrar as
regras e criar algo diferente.
No entanto, para quebrar as regras, você precisa conhecê-las antes.
Fazer como todo mundo faz é a fórmula certa para uma fotografia
sem personalidade, plana e monótona.
Alguns pontos de vista, alguns estilos de composição, algumas poses,
são usadas por muitos fotógrafos de tal modo que, ao compará-las, você
não saberia distinguir quem tirou aquela foto.
O diferencial está em somar todas as técnicas ensinadas, praticá-las e,
no meio delas, encontrar sua própria voz e seu próprio estilo, transgre-
dir e experimentar. A fotografia pode ser o maior mais belo e incrível
para você mostrar que você é e o que você sente ou pensa.
Ao experimentar e brincar com as regras, você revela sua criatividade
e que consegue ir muito além do óbvio, mas, para isto, você também
tem de começar a prestar atenção aos detalhes, ao que ninguém mais vê

1/50 f/3.2 ISO 50

153 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


ou dá importância, ao que está escondido, ou ao que
somente você se
Arriscando-se, você tirará muita foto ruim ou
ridícula, mas o importante é que você não mostre
os experimentos ruins aos outros, apenas o que deu
certo, que tudo ficará bem.
É esta habilidade entre utilizar as técnicas e as
regras e rompê-las que diferencia grandes fotógrafos
dos demais.
Por isto, arrisque-se! Experimente! Crie!

Exercícios práticos
1 - após ter posto em prática todas as técnicas e
regras de composição apresentadas neste curso, tente
ser inovador, criativo e tirar uma foto diferente de
qualquer uma que você já tenha tirado ou visto por
aí.

1/250 f/4 ISO 800

Cala a Boca e Clica! 154 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
1/250 f/8 ISO 100

Os 2 ­maiores Durante todas estas lições introdutórias de


f­ otografia, falamos de vários princípios básicos, de

segredos técnicas e regras para se obter uma melhor exposição


e uma melhor composição.
Este é um percurso necessário e incontornável para
dos grandes quem desejar obter fotos mais interessantes e cria-
tivas, no entanto, o que se segue, será revelado por
­fotógrafos bem poucos profissionais, ou de maneira velada, e
é o fator principal que separa os grandes fotógrafos
dos medianos.

155 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


Tantos os bons fotógrafos quanto os ruins obtém fotos interessantes e
fotos medíocres, e isto é inevitável, pois ninguém acerta sempre, con-
tudo, os bons fotógrafos só mostram às outras pessoas suas melhores
fotos - apenas os seus acertos, nunca seus erros.
O que se vê comumente por aí, na internet, é um sujeito tirar cinquen-
ta fotos de uma modelo, e mostrá-las todas, inclusive aquelas em que a
modelo está de olhos fechados, tirando catota do nariz ou bocejando. O
fotógrafo tem a obrigação de, após ter feito uma sessão fotográfica, seja
de retratos, seja de objetos ou paisagens, fazer uma triagem das quais
são as melhores fotos.
Depois, dentre estas melhores, ele selecionará apenas umas 10 ou 15.
Por fim, para compor seu portifólio, apenas 1 ou 2 fotos, às vezes,
nenhuma, se não houver uma foto que se destaque.
O pior erro de um fotógrafo é sair mostrando tudo o que faz, fotos
excelentes, medianas e ruins.

Edição
Isto se chama “edição”, que é a hora em que você vai se sentar dian-
te do computador e analisar, uma por uma, todas as fotos que tirou
­durante o dia.
Antes de tudo, é fundamental que você tire o maior número possível
de fotos de uma pessoa, objeto ou paisagem. Explore todos os ângulos,
posições e tipos de iluminação, pois nunca é o bastante.
Quanto mais fotos você tirar, maiores são as chances de haver obtido
uma foto excelente ou muito boa.
Depois, você analisará o resultado de seu trabalho e escolherá apenas
as melhores fotos para o pós-processamento (no Photoshop, Lightroom
ou qualquer outro software de tratamento de imagens).
Por fim, fará uma nova seleção, deixando apenas as melhores das
melhores.

Cala a Boca e Clica! 156 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
São estas fotos, e apenas estas, que
você deverá mostrar ao mundo!
Por exemplo, em cada saída com mi-
nha câmera, tiro entre 100 e 300 fotos,
escolho numa primeira triagem umas
50, só arrumo umas 20, e mostro para
as outras pessoas 1 ou 2.
Dentre as vários milhares de fotos
que já tirei nestes anos, meu portifólio
tem apenas umas 30 fotos, as melhores
de todas, as minhas favoritas.

E o que fazer com o restante?


Eu nunca apago foto alguma, nem na
câmera (isto enquanto estou fotografan-
do), nem depois no computador. Você
nunca sabe quando uma foto que nem
está tão boa poderá servir para alguma
coisa um dia. Às vezes, o que importa
só foi capturado numa foto borrada, ou
mal enquadrada, ou mal exposta.

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Quantidade pode ser qualidade
Muita gente fala que “quantidade não é qualida-
de”, no entanto, em fotografia, o raciocínio é o opos-
to, quanto mais fotos você tirar, mais chances terá de
acertar.
Durante todos os anos que passei em Nova York,
tirei várias centenas de fotos da Times Square, um
dos pontos turísticos mais importantes da cidade, no
entanto, todas as vezes que tenho de mostrar uma
foto para representar a Times Square, eu escolho a
foto ao lado, pois apresenta tudo que há de interes-
sante nesta região: há os táxis amarelos, os cartazes
dos musicais da Broadway, a multidão de pessoas e a
sensação de se estar numa metrópole.
Num ensaio para um book, você facilmente pode-
rá tirar umas 300 fotos num intervalo de meia hora,
para capturar cada pose, cada expressão e cada troca
de roupa.
Num casamento, então, muitos fotógrafos tiram
milhares de fotos, para selecionarem apenas algumas
dezenas para o álbum dos noivos.
Fotógrafos de esportes geralmente utilizam suas
câmeras com função de vários quadros por segundo
ligada porque, às vezes, basta uma fração de segun-
do para se perder um lance, um gol, uma cesta ou
­alguma jogada importante.
Numa viagem, você deve se esforçar para tirar
o maior número possível de fotos, dos locais, das
­atrações turísticas, das moradores, da sua família e
de aspectos curiosos, como comida, cartazes e coisas
1/320 f/8 ISO 100

Cala a Boca e Clica! 158 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
estranhas. Tudo isto o ajudará a ambientar melhor o que você fez e viu,
revelando melhor a sua experiência.
Na fotografia, quantidade pode ser qualidade, desde que seja acom-
panhada de uma boa edição, na qual você fará uma seleção criteriosa do
que merece atenção daquilo que deve ser posto de lado.

Portanto, os dois maiores segredos dos fotógrafos são:


1 - tirar um montão de fotos: quanto mais, melhor;
2 - editar: fazer uma seleção rigorosa do que merece ser v
­ isto pelos
outros, uma ou duas fotos, e só!

Exerícios práticos
1 - escolha um sujeito para ser fotografado, não importa se é uma
­pessoa, objeto ou paisagem:
a - tire o maior número possível de fotos deste mesmo sujeito, no
mínimo umas 36 fotos, utilizando vários pontos de vista, poses, tipos de
iluminação, etc.;
b - depois, no computador, analise todas as fotos que tirou e escolha
apenas duas, as que você considera as melhores.
2 - Procure por fotos de grandes fotógrafos e reflita sobre o quão
difícil deve ter sido para eles conseguir aquela imagem, e quantas fotos
devem ter sido necessárias para obtê-las.

1/160 f/8 ISO 100

159 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.


1/100 f/8 ISO 200

Conclusão e c
­ onselhos Neste curso, apresentamos os princípios básicos da
fotografia, técnicas e regras para se obter uma foto

aos aprendizes de melhor e vários exercícios práticos para que qualquer


um, seja com uma câmera compacta, seja com uma
câmera profissional, possa aprender.
­fotógrafos E a prática leva à perfeição, quanto mais você
estudar e fotografar, mais confiante você se tornará
e melhor serão as suas fotos. É preciso paciência e
muita dedicação.

Cala a Boca e Clica! 160 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
Aqui está o básico, o alicerce para qualquer pessoa interessada em
fotografia. Sem este conhecimento básico, você terá muitas dificuldades
para avançar neste campo, pois até se pode acertar algumas vezes atra-
vés da intuição, mas a arte da fotografia está aí há mais de um século e
muitas destas técnicas se consagraram desde então.
Isto não quer dizer que você terá de fazer sempre igual a todo o mun-
do. Recomendamos que você explore as possibilidades, ouse, cometa
erros e tente descobrir sua própria linguagem, pois o mais fascinante da
fotografia é que, se você entregar a câmera na mãos de 50 pessoas dife-
rentes, você terá 50 fotos diferentes. Cada um vê e interpreta o mundo a
seu modo, e também é atraído por diferentes aspectos da realidade, que
podem vir a ser retratados através de sua câmera.
Por isto, seja sempre fiel ao seu instinto, ao que você gosta, ao que o
atrai. Se você pretende tornar-se um fotógrafo de casamento, estude as
técnicas, vá a workshops, aprenda com os melhores e crie um portifólio,
e o mesmo vale para qualquer área. No entanto, não se corrompa, não
aceite qualquer trabalho apenas por causa do dinheiro. Se você deseja
seguir determinado rumo, determinada área da fotografia, invista seu
tempo em criar um círculo de relações e aprender sobre o meio. A foto-
grafia deve transparecer sua paixão por aquilo!
Este curso de Introdução à Fotografia deve ser lido do começo ao fim
e posto em prática.
O que se segue é uma coleção de pequenos conselhos para o fotógrafo
amador ou para quem deseja se tornar um fotógrafo profissional um
dia.
1 - leia o manual da sua câmera!
Assim que você comprar a sua câmera, leia o manual do começo ao
fim e teste todas as funções da câmera. Você tem de conhecer bem seu
equipamento antes de sair tirando fotos por aí, especialmente se você
estiver sendo pago por isto.
Isto também vale para os manuais de flashes externos ou de
­acessórios complicados.

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2 - a alça da câmera não é enfeite
Quando estiver usando a sua câmera, ponha a alça ao redor do
­pescoço. Esta é a sua maior segurança que a câmera não vai cair e se
estatelar no chão.
3 - ponha o filtro UV na lente
O filtro UV é usado principalmente para proteger o elemento frontal
da lente contra riscos ou sujeira. Use o filtro o tempo todo.
4 - carregar bateria e cartão de memória extra não
pesa
Não existe nada pior do que ficar sem bateria no meio de um ensaio
fotográfico, ou durante uma viagem. O mesmo vale para o cartão de
memória, senão depois você tem de ficar apagando as fotos ruins e
pode acabar se livrando de fotos boas sem perceber.
5 - leve sua câmera consigo o tempo todo
Você nunca sabe quando se deparará com a oportunidade de tirar
uma foto interessante. Se você acha ruim carregar sua Reflex o dia
­inteiro, seja pelo peso, seja por segurança, carregue uma compacta ou
um telefone celular com boa câmera.
6 - sempre descarregue sua câmera no fim do dia
Isto evita que você encha um cartão de memória e, quando for utilizar
sua câmera, ainda tenha no cartão fotos do dia, da semana ou do mês
anterior.
7 - faça backups periódicos de seus arquivos
Não precisa ser histérico e fazer cópias diárias dos arquivos, mas é
importante ter uma HD extra para fazer backups ocasionais, particular-
mente se você fotografa profissionalmente.

Cala a Boca e Clica! 162 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
8 - tire muitas fotos
Nunca é o bastante. Quanto mais fotos você tirar, maior será o núme-
ro de fotos boas para você fazer uma triagem depois. Não confie demais
no seu talento, pois, às vezes, aquela foto que parece maravilhosa no
visor da câmera pode estar um pouco fora de foco ou tremida. Afinal de
contas, estamos na era digital e você não precisa ter pena de fotografar.
9 - não entre na paranóia tecnológica do último
modelo
As marcas de câmeras lançam vários modelos todos os anos, assim,
você nunca estará totalmente atualizado. Uma câmera dura tranqui-
lamente quatro anos ou mais, ou seja, não existe necessidade de ficar
trocando de câmera todos os anos. Compre lentes boas e troque o corpo
da câmera só quando for necessário.
10 - tamanho nem sempre é documento
Comumente, as câmeras maiores são mais caras e se pode tirar fotos
melhores com elas, mas é preciso saber usá-las. Não adianta você ter um
trambolho se não estiver disposto a dedicar um tempo para aprender
fotografia.
Além disto, existem câmeras para diferentes tipos de fotografia e para
diferentes situações, nem sempre uma câmera servirá para todas as
circunstâncias.
11 - se for fotografar à noite, um tripé é essencial
Como você necessitará de uma velocidade de obturador lenta, é fun-
damental ter um tripé para apoiar a câmera, se não quiser que sua foto
fique borrada.

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12 - escolha os melhores horários do dia para
­retratos
Se for fotografar uma pessoa, prefira o começo da manhã ou o fim
do dia para isto, pois são os melhores horários para a iluminação. Dias
nublados também são ótimos para retratos.
13 - passe mais tempo com a câmera na mão do
que no computador
O Photoshop pode ser milagroso na hora de se fazer retoques em
fotos, mas um fotógrafo prefere passar mais tempo tirando fotos do que
arrumando-as. Faça pós-processamento apenas nas melhores fotos do
dia.
14 - seja impiedoso. Mostre aos outros somente o
melhor do melhor
Eu sei que você ficará tentado a mostrar todas as 300 fotos que você
tirou durante sua viagem, mas controle-se. Mostre aos demais apenas as
melhores fotos e todos invejarão seu talento fotográfico.
15 - jamais pare de estudar
Você nunca saberá tudo, por isto, jamais convença-se que é bom e
que não precisa aprender mais nada. Humildade é a chave para evoluir
sempre.
16 - cala a boca e clica!
Pare de ficar falando de megapixels, zoom, câmeras, lentes, marcas,
modelos... Simplesmente pegue a sua câmera e vá tirar umas fotos
por aí! Fotografar é uma diversão, fará com que você veja o mundo de
­maneira diferente e preste atenção ao que jamais imaginou.
Cale a boa e clique!

Cala a Boca e Clica! 164 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
Workflow digital:
E depois de tirar a foto, o que
faço?
Você apertou o botão da câmera e tirou a foto.
Então quer dizer que o seu trabalho terminou?

Longe disto! Sair à rua com a câmera no pescoço é apenas parte da


tarefa do fotógrafo.
Além de pensar em tudo que já foi dito, nos princípios técnicos da
fotografia, em como criar uma bela composição, você também terá de
pensar o que fará com as fotos depois: já mencionamos que existe tam-
bém o processo de edição, mas como você fará para passar a foto para
seu computador e organizá-las?

Da câmera para o computador


Atualmente, existem duas maneiras para você passar as fotos de sua
câmera digital para o computador:
1 - conectando a câmera através de cabo numa entrada USB do
­computador;
ou
2 - utilizando um leitor de cartão de memória ou, se o seu computa-
dor possuir esta entrada, inserir o cartão de memória no slot específico
(mais usual para cartões miniSD).
Algumas câmeras mais modernas já possuem a opção de transferir
os arquivos por um sistema sem fio (wireless) através de acessórios. A
tendência é que isto se torne cada vez mais comum.

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A cópia dos arquivos da câmera pode ser feita por diferentes proces-
sos, seja copiando-as diretamente da pasta onde elas se encontram para
a pasta de destino, seja através de algum programa que importará as
fotos para o local de destino.
Geralmente, no CD de instalação de sua câmera virão alguns progra-
mas que o ajudarão nesta tarefa. Eu prefiro utilizar o Adobe Lightroom
(é possível baixar uma versão de teste no site da Adobe), que, até o
momento, foi o melhor programa de gerenciamento de i­ magens que já
conheci, através do qual é possível importar as fotos e também fazer
pequenas correções nelas.

Como organizar seus arquivos?

Pergunte a mil fotógrafos como eles organizam suas fotos e cada um


dará uma resposta diferente.
O melhor método de organização é simples: aquele que o permita
encontrar a foto que você deseja na hora que quiser.
Se você for do tipo que tira um trilhão de fotos por anos, tenha cer-
teza que, com o passar do tempo, ficará cada vez mais difícil lembrar-
se onde aquela foto maravilhosa que você tirou num parque num dia
ensolarado está.
Para mim, o que funciona melhor é o seguinte:

1 - eu crio pastas diferentes para cada ano, por exemplo:


C:/fotos/2011/
C:/fotos/2012/

2 - dentro destas pastas, eu crio uma subpasta para cada câmera dife-
rente que eu tenho:
C:/fotos/2012/1D/

Cala a Boca e Clica! 166 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
ou
C:/fotos/2012/XSI/

3 - no interior das pastas das câmeras, eu crio ainda mais uma subpas-
ta, uma para cada mês do ano:

C:/fotos/2012/1D/fevereiro/

4 - por fim, no interior das pastas dos meses, eu crio subpastas para
cada dia de saída fotográfica, utilizando a nomenclatura de [ano]_
[mês]_[dia], por exemplo:

C:/fotos/2012/1D/fevereiro/2012_02_22/

Se você utilizar o Adobe Lightroom, esta subpasta com o dia será cria-
da pelo próprio programa.

Ou seja, se eu quiser encontrar uma foto tirada em 25 de dezembro de


2010, com a minha câmera principal, eu vou procurar no subdiretório
.../2010/1D/dezembro/2010_12_25/, onde estarão todas as fotos tira-
das neste dia.
Pode parecer complexo, mas este é como funciona melhor para mim.

Como nomear suas fotos?

Os nomes dos arquivos padrão das fotos que saem de sua câmera não
são muito fáceis de serem reconhecidos, geralmente é uma sigla com
número, como IMG_001.jpg, isto é, se você tirar milhares de fotos, terá
uma porção de arquivos com o nome IMG_ e algum número. Por esta
razão, é importante você nomear suas fotos com alguma informação
que facilite a sua busca quando você precisar delas.

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Uma boa opção é sempre colocar um nome significativo, como pa-
pai_dezembro_2011.jpg, ou paris_­natal_2008.jpg, que, primeiro, ajude-o
a saber do que a foto se trata e, segundo, quando foi tirada. Se você é do
tipo de viaja bastante, se você pôr um nome genérico demais, logo terá
várias fotos com o mesmo nome, como rio_de_janeiro.jpg. Então como
você saberá em qual das viagens para o Rio você tirou aquela foto?

Organizandos os arquivos .RAW e .JPEG

Eu só fotografo em extensão .RAW, que são arquivos sem compressão


e que permitem maior controle sobre a imagem no pós-processamento.
Eu importo todos os arquivos .RAW para a pasta de destino e, ainda
no Lightroom, faço uma triagem de quais são as melhores fotos (com a
ferramente Pick, que marca a foto com uma bandeirinha).
Depois, repasso apenas as fotos marcadas e faço uma segunda tria-
gem, deixando apenas umas dez ou vinte fotos. São estas as fotos
que vou arrumar no pós-processamento, usando as ferramentas do
­Lightroom.
Converto estas dez ou vinte imagens do formato .RAW para .JPEG,
renomeando-as para um daqueles nomes que me ajudem a encontrá-
las no futuro, como madri_2009.jpg (numa ordem sequencial, ma-
dri_2009_1, madri_2009_2, e assim por diante), por exemplo, armaze-
nando-as na mesma pasta onde estão os arquivos .RAW.
Alguns fotógrafos preferem manter os arquivos .JPG e .RAW em
­pastas separadas, mas eu não vejo necessidade.
Se você fotografar diretamente em .JPEG, sugiro que, sempre que
você for fazer um pós-processamento em suas fotos, tanto no Lightroom
quanto no Photoshop, que você sempre salve a foto num novo arquivo,
e não gravando em cima da imagem original.

Cala a Boca e Clica! 168 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
Assim, você sempre terá a foto inicial intocada, caso você faça alguma
alteração indesejada e queira reiniciar o processo.

Pós-Processamento: qual é o limite?

Tem fotógrafo que é simplesmente deslumbrado com o Photoshop e


acha que pode fazer tudo que não conseguiu fazer atrás da câmera na
hora do pós-processamento.
Eu sou daqueles que prefere tirar uma foto boa e, depois, fazer os mí-
nimos de retoques possíveis, principalmente porque acho uma chatice
ficar horas e horas arrumando fotos que não ficaram tão boas quanto eu
gostaria.
O que eu faço, diretamente no Adobe Lightroom, é ajustar o contraste,
o brilho, a saturação (o controle das cores, para deixá-las mais vivas), a
nitidez e reduzir o ruído digital. É nesta etapa que também faço a con-
versão para preto e branco, se eu desejar.
Comumente faço também pequenos recortes, para retirar do quadro
elementos indesejados que não vi na hora de tirar a foto, ou para desta-
car mais algum elemento.
Quase nunca uso o Photoshop e posso contar nos dedos as vezes que
fiz retoques digitais em fotos, como montagens, ou retirar manchas, ci-
catrizes, olheiras, ou apagar alguma coisa no pós-processamento (a foto
ao lado é uma destas exceções).
Simplesmente não tenho paciência para isto, mas conheço muitas pes-
soas que adoram e que são muito competentes nesta área.
Eu apenas prefiro estar com a câmera na mão fazendo o que gosto
mais.

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E depois?

Você passou as fotos da câmera para o computa-


dor, renomeou-as, fez uma seleção e realizou o pós-
processamento. E agora?

Bem, esta é a etapa na qual você mostra as suas


fotos para o mundo!
Se você ainda não tem uma conta no Flickr, está na
hora de criar. Ponha suas melhores fotos (e apenas as
melhores!) nos seus perfis de redes sociais e chame
seus amigos para ver. Se você é daqueles que ainda
gosta de imprimir as fotos, escolha um bom laborató-
rio em sua cidade, de preferência um que o permita
selecionar o tipo de papel para impressão e também
só imprima as melhores fotos.
Se você tirou uma daquelas fotos de cair o queixo,
imprima uma ampliada e pendure na sua sala, pois
aposto que depois de estudar todas as lições deste
curso introdutório, você passará a receber muitos
elogios.

Verá que valeu a pena ter calado a boca e clicado,


para variar!

Cala a Boca e Clica! 170 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
Sobre o autor
Henry Alfred Bugalho é formado em Filosofia
pela UFPR, com ênfase em Estética. Especialista em
­Literatura e História.
Autor dos romances “O Canto do Peregrino”
(­Editora Com-Arte/USP), “O Covil dos Inocentes”,
“O Rei dos Judeus”, da novela “O H ­ omem Pós-­
Histórico”, e de três duas coletâneas de contos.
Editor da Revista SAMIZDAT e fundador da
­Oficina Editora. Autor do livro best-selling “Guia
Nova York para Mãos-de-Vaca”, cidade na qual
­morou por 4 anos.
Estudou fotografia em Nova York e participou
de workshops com alguns dos mais reconhecidos
­fotógrafos da atualidade. Suas fotos apareceram em
publicações no Brasil e no exterior e, recentemente,
foram publicadas no site da National Geographic.
Está baseado, atualmente, na Itália, com sua esposa
Denise e Bia, sua cachorrinha.

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Créditos das Fotos
p. 17
(topo)
p. 6 Alex Grechman
stevenc0726 http://www.flickr.com/photos/grechman/2518395116/
http://www.flickr.com/photos/22784678@N08/5732195035/ (centro)
Jeff Meye
p. 8 http://www.flickr.com/photos/soundman1024/3773804193/
Geoffrey Fairchild (abaixo)
http://www.flickr.com/photos/gcfairch/3604777119/ cleiph
http://www.flickr.com/photos/the-indie-cab/3531873333/
p. 10
Tophee p. 19
http://www.flickr.com/photos/64667396@N00/2795336383/ Debra Ramos
http://www.flickr.com/photos/28795465@N03/6085075516/
p. 11
(topo esq.) Herni Cartier-Bresson p. 20
(topo dir.) André Kertész Nono Fara
(abaixo esq.) Ansel Adams http://www.flickr.com/photos/n-o-n-o/3240393162/
(abaixo dir.) Ray Man
p. 23
p. 12 Cubmundo
Andrew Mccue Photography http://www.flickr.com/photos/cubmundo/6219247999/
http://www.flickr.com/photos/ravegloves/5527469599/
p. 34
p. 13 Santiago Atienza
(topo) Alexander Rodchenko http://www.flickr.com/photos/freakyman/281409654/
(centro dir.) Henri Cartier-Bresson
(abaixo dir.) Brassaî p. 35
(abaixo esq.) Manuel Álvarez Bravo Nayu Kim
http://www.flickr.com/photos/nayukim/3969530649/
p. 14
(topo) p. 69
hartman045 fennfoot
http://www.flickr.com/photos/hartman045/3962134056/ http://www.flickr.com/photos/fennfoot/5736556452/
(abaixo)
flakeparadigm p. 82
http://www.flickr.com/photos/flakepardigm/4363370932/ Pavel Arsenyev and Fedorova Olga
http://www.flickr.com/photos/pauandlo/3415963138/
p. 15
(topo)
Christopher Robin Roberts
http://www.flickr.com/photos/chrizzle/2445039228/
p. 16
(topo)
Chandler Abraham
http://www.flickr.com/photos/chandl3r/5875348793/
(abaixo)
memekode
http://www.flickr.com/photos/memekode/3741908350/

Cala a Boca e Clica! 172 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.
Fotografar requer talento.
Não é qualquer um que pega uma
câmera, olha no visor e tira belas
fotos. É necessário ver beleza no
mundo, indignar-se com as injusti-
ças, acreditar no poder da expressão,
pois criar é um ato de fé.
Alguns fotografam para recordar,
outros para mostrar ao resto das pes-
soas o que ocorre todos os dias dian-
te dos nossos olhos sem nos darmos
conta, outros apenas pelo prazer de
registrar a passagem do tempo.
Os motivos que nos atraem à
fotografia podem ser vários, mas os
instrumentos são os mesmos.
Fotografia requer talento, mas
também exige estudo. Não importa
se você é profissional, amador ou
curioso, qualquer um pode aprender
a fotografar melhor e, às vezes, um
estudante com disciplina vai mui-
to mais longe do que alguém com
talento mas sem dedicação.
Pare de se preocupar tanto com
câmeras, lentes e acessórios. Primei-
ro, antes de tudo, treine o seu olhar:
aprenda a enxergar um novo mun-
do, onde a cada segundo milhões de
coisas ocorrem. Pois isto é a fotogra-
fia: congelar para sempre o fugidio
instante de ­nossas existências.

Henry Alfred Bugalho


173 Cópia para clebermferreira@gmail.com. É proibida a reprodução ou distribuição.

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