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Teatro Cora Coralina.

Personagens:
Cora Coralina: Jéssica Advogado: Livreiro José:
Mulher para entregar o prêmio: Anne Narrador(a):
Filhos: 1)Grazielle 2) 3) 4 e 5 (figurantes) )
Mãe: Victoria

Cora Coralina: descendo no meio do auditório:


‘’Eu sou aquela mulher
a quem o tempo
muito ensinou.
Ensinou a amar a vida.
Não desistir da luta.
Recomeçar na derrota.
Acreditar nos valores humanos.
Ser otimista.
Creio na solidariedade humana.
Creio na superação dos erros
e angústias do presente.
Creio nos milagres da ciência
e na descoberta de uma profilaxia
futura dos erros e violências
do presente.
Aprendi que mais vale lutar
do que recolher dinheiro fácil.
Antes acreditar do que duvidar.’’
Com as cortinas fechadas, entra e vai para o camarim. Abrem as cortinas:
Vídeo: (Cora Coralina foi uma mulher...Vídeo dela falando.)
Cena 1: Narradora: Ainda muito jovem, Cora Coralina perde a sua mãe Jacintha
Luiza e fica muito abalada.
Mãe (Victoria): chega passando mal. Fala:
‘’Porque a vida é fugaz,
tão veloz, tão passageira.
A gente sofre demais,
por bobagens, por besteira.
Importa é viver em paz
pois quando olhamos pra trás
lá se foi a vida inteira.’’
Desmaia. (Faz um barulho). Cora chega:
Que barulho foi esse?
Mãe, mãe, o que aconteceu? Acorda, por favor, por favor. Eu não acredito nisso.
Isso não pode acontecer com a senhora. Não, isso não, nãooooooooooooo.
(instrumentos tocam e as cortinas se fecham)
Narradora: A vida de Cora nunca foi fácil. Porém, a vida a ensinou que desistir não
é a solução. Guardava então os momentos de felicidades e alegrias com a mãe. E
dali para frente, nunca foi a mesma, decidiu lutar até realizar seus sonhos. Casou-se
com o advogado Cantídio e com ele teve seis filhos, sendo que dois deles
morreram. Contudo, não foi simples, passou mesmo assim por poucas e boas.
Cortinas abrem:
Cena 2:
Filha 1 (Grazi): Mãe, mãe, acabou de chegar uma carta para senhora.
Cora: (agradece e lê) ‘’Você foi convidada para participar da Semana de Arte
Moderna.’’ Meu Deus, eu não acredito!
Filha 1: Parabéns, mãe! Você merece muito!
Elas se abraçam.
O marido advogado entra em cena: Que baixaria toda é essa. Eu ouvi tudo. E você
não vai. Isso é uma besteira, a arte não lhe dará um futuro.
Cortinas se fecham.
Cena 3:
Narradora: Mesmo assim, não desistiu. Alguns anos depois, o marido é castigado,
falecendo.
Cortinas abrem. Cora em cena:
‘’Venho do século passado.
Pertenço a uma geração
ponte, entre a libertação
dos escravos e o trabalhador livre.
Entre a monarquia
caída e a república
que se instalava.
Todo o ranço do passado era
presente.’’

Cena 4:

Narradora: Cora continua sua vida na capital paulista, onde conhece um editor e
livreiro, o José Olympio.
Cora e ele entram conversando e param no meio do palco:
José: Mas por que você não passa a vender livros? Você já ama ler e escrever, se
identificaria.
Cora: É...
José: Vai, você poderia aproveitar para escrever mais e quem sabe depois, estará
vendendo seus próprios livros?
Cora: Nossa, meu sonho.
José: E pode se tornar possível.
Cora: Verdade, pode ser então.
Saem de cena.

Cena 5:
Narradora: Cora começa então a se dedicar a arte, conquistando um grande lugar
na literatura. Inclusive, recebe muitos prêmios pelo que fez.
Anne (para entregar o prêmio): Esse espaço de escritora não foi dado, foi um espaço
conquistado pela mulher. O espaço dado era o da máquina de costura, mas há muito
tempo as mulheres não aceitam essas imposições e querem escolher seus espaços.
Então é por isso que eu concedo esse prêmio hoje a ela, Cora Coralina. Uma das
primeiras escritoras e a primeira mulher a entrar na Academia de Letras!
Cora: Muito obrigada. Para mim, a vida tem duas faces:
Positiva e negativa.
O passado foi duro,
mas deixou o seu legado.
E agora aprendi a viver.
Cortinas fecham.

Cena 6:
Narradora: Depois de ter deixado uma história de muita inspiração e seu eterno
legado, Cora Coralina falece em Goiânia, em 10 de abril de 1985, com 95 anos,
vítima de pneumonia.
Cortinas abrem com Cora morta no chão e os quatro filhos ao redor.
Filho 2: ‘’Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga. Mas Deus nunca lhe esquecerá.
E abençoará tudo que fizerdes aos seus...’’
Filho 3: ‘’Nossa mãe será para sempre nossa maior inspiração.’’

Cena 7:
Cortinas se fecham e abram com todos do teatro dando a mão e fazendo
reverência.

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