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a arte de mandar
em português
estudo sintático-estilístico
baseado em autores
portugueses e brasileiros
a arte de mandar em português
Lexikon obras de refer~ncia
a arte de mandar em
A
portugues
estudo sintático-estilístico baseado em
autores portugueses e brasileiros
© 2014, by João Malaca Casteleiro
DIRETOR EDITORIAL
Carlos Augusto Lacerda
EDITOR
Paulo Geiger
EDIÇÃO
Shahira Mahmud
P RODUÇÃO EDITORIAL
Sonia Hey
CAPA
luís Saguar
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
CDD: 469.8or43
CDU: 8r'3:8n.r34.3
"La Syntaxe peut être autre chose, si elle part du point ou elle
aboutit généralement, autrement dit, si elle procede de la pen-
sée pour en étudier /es réalisations linguistiques. Au lieu de
collectionner et de classer des procédés formeis d'expression,
elle peut partir des aspects formeis de la pensée, autrement
dit, des idéesformes, et chercher les types grammaticaux que
ces idéesformes révetent dans une tangue donnée à une épo-
que donnée?' (Charles Bally, Traité de stylistique française,
2ª. ed., V. J, pp. 257-258)
Evanildo Bechara
9
Nota preambular
13
Sumário
INTRODUÇÃO 21
CAPÍTULO 1
1. A noção de "ordem" 33
2. O ordenante e o executante 45
A) Representação linguística do ordenante 49
B) Representação linguísti ca do executante: formas de
tratamento 53
3. A "modalidade" na expressão da "ordem" 64
CAPÍTULO li
A expressão da "ordem" por meio de formas verbais indiretas 71
1. Verbos de vontade e outros afins 73
2. Formas impessoais 84
3. Expressões categóricas indiretas 94
4. Conjuntivo presente indireto 97
CAPÍTULO Ili
A expressão da "ordem" por meio de formas verbais diretas 107
1. Imperativo/ (Preâmbu lo) 110
1. Imperativo positivo 112
A) 2ª. pessoa do singu lar (tu) 112
B) 2ª. pessoa do plural (vós) 116
2. " Imperativo" proibitivo 118
A) 2ª. pessoa do singu lar (tu) 120
B) 2ª. pessoa do plural (vós) 122
3. Duas formas populares do imperativo plural 123
A) " Não suspeitai" 123
B) " Ir-vos deitar" (como em espanhol) 124
4. Alguns vu lgarismos brasileiros de "imperativo" 127
li. Conjuntivo jussivo direto 134
1. Conjuntivo afirmativo 136
A) 3ª. pessoa do singu lar ("você") 136
B) 3ª. pessoa do plural ("vocês") 138
2. Conjuntivo negativo 139
A) 3ª. pessoa do singu lar ("você") 139
B) 3ª. pessoa do plural ("vocês") 140
3. 1ª pessoa do plural 141
A arte de mandar em português
CAPÍTULO IV
A expressão da "ordem" por meio de formas não verba is 173
1. Formas nominais 173
1. Vocativo imperioso 174
2. Expressões de natureza informativa 175
3. Expressões categóricas 177
A) Apelo ao silêncio 177
B) "Rua!" "Andor!" 179
16
Sumário
17
A arte de mandar em português
B) Olá?! 195
C) Pstt! 195
D) Tchê! 195
3. Interjeições de apelo ao silêncio 195
A) Caluda! 196
B) Chiu, chut, pchiu e variantes 196
4. Algumas interjeições jussivas dirigidas aos animais 196
A) Para mandar parar 197
B) De animação ou in citamento 197
C) De apelo 197
D) Para mandar afastar 198
IV. Expressão da "ordem" pelo gesto 198
CAPÍTULO V
Atenuação e reforço na expressão da "ordem" 201
1. Meios de va lorização implícita 206
1. Atenuação 206
A) Entoação 206
B) Gesto 207
2. Reforço 207
A) Entoação 207
B) Gesto e mímica 209
li. Meios de valorização explícita 211
A) Atenuação 211
1. Fórmu las de cortesia 211
2. Expressões de carinho 213
3. Formas verba is atenuantes 215
4. "Poder+ infinitivo" 215
5. "Modo eventual" 216
6. Subord inantes cond icional e temporal 217
7. Interrogação imperativa 217
8. "H ipocrisia social" 218
B) Reforço 219
1. Expressões reforçativas por natureza 219
2. Iteração sinoními ca 220
A) Repetição 221
B) Insistência 222
C) Gradação 223
3. Reforço pela colocação do pronome 224
4. Form as verba is reforçativas 225
5. Reforço adverbial 227
18
Sumário
CONCLUSÃO 249
BIBLIOGRAFIA 259
1. Textos 259
A) Autores portugueses 259
1. Romance, novela e conto 259
2. Teatro 260
B) Autores brasileiros 263
1. Romance e novela 263
2. Teatro 263
C) Informação oral 265
1. Peças radiodifundidas 265
2. Testemunhos orais 265
A) Recolhidos na Beira Baixa (Teixoso) 265
B) Recolhidos em Lisb oa 265
11. Crítica 266
19
Introdução
"Le langage actif n'a guere été étudié jusqu'ici.I/ a pourtant son
importance, qui apparaft c/airement lorsqu'on essaie de se figurer
la génese du langage humain. En outre, au cours de l'histoire, il
se présente avec des /ois propres: grammaticalement, son domaine
est celui de 1'impératif dans /e verbe et du vocatif dans /e nom, qui
ont chacun dans leur catégorie respective desformes et des emplois
spéciaux. Lorsque nous avons précédemment réuni sous un même
concept un verbe comme 'tais-toi!; un nom comme 'Silence!' et une
interjection comme 'chut!; cette confusion n'était possible que parce
qu'il s'agissait du langage actif, ou les notions distinctes de verbe et de
nom s'effacent. Bien que /e langage actif s'alimente fréquemment du
langage logique, auquel il emprunte des expressions grammaticales
toutes faites, il mérite cependant d'en être distingué; caril a un rôle
propre et dispose d'instruments spéciaux. Mais son étude reste encare
àfaire:' (Le langage, p. 162)
lacuna. Mas quão difícil seria ela de obter em toda a sua exten-
são, se pensarmos na vastidão do domínio linguístico português!
A sintaxe regional é riquíssima de formas, umas de caráter
arcaico, de índole inovadora outras. A sua riqueza escapa bastan-
te aos Atlas linguísticos, preocupados sobretudo com os aspec-
tos fonético, morfológico, lexicológico e semântico. A recolha
das particularidades sintáticas regionais exigiria afinal um outro
método que não o dos questionários pré-elaborados. Seria preci-
so surpreender conversas espontâneas em todos os níveis sociais
e em todos os setores regionais, para nos darmos conta das suas
particularidades sintáticas. Mas semelhante tarefa seria impos-
sível de realizar no campo a que diretamente visa este trabalho.
Por isso, houve que tomar como base a informação escrita,
mais acessível e mais cômoda. Mas qual o critério de escolha a
adotar dentro da vastíssima produção que conta a língua nos
sessenta anos já decorridos deste século? Adotei naturalmente o
critério que melhor me pareceu ajustar-se à exigência do assun-
to. Ora, a "ordem"só tem verdadeiramente caráter ativo, quando
transmitida oralmente pelo ordenante ao seu interlocutor.
Por isso, pus quase de lado a "ordem" escrita que obrigaria
a um estudo da linguagem em que estão redigidas as leis e nor-
mas jurídicas, bem como as prescrições de qualquer natureza e
que, no fim de contas, resultaria monótono e pouco frutuoso.
Pus também de lado a poesia, na qual predominam as funções
representativa e expressiva da linguagem.
Ficou, portanto, o romance, o conto, a novela e o teatro,
que me parecem refletir melhor o caráter ativo da língua falada,
embora sob certos limites. Excluí as obras de caráter histórico,
por se afastarem das características do português contemporâ-
neo, sobretudo no que diz respeito ao tratamento e, em conse-
quência, à conjugação verbal. Escolhi obras cuja primeira edição
se fez entre 1900 e 1960, o que não quer dizer que não tenha
feito alguma exceção. É o caso, por exemplo, de Os meus amores
de Trindade Coelho, coletânea de contos publicada nos fins do
século passado, que oferece uma extraordinária riqueza de "lin-
29
A arte de mandar em português
32
Capítulo I
1. A noção de "ordem"
37
A arte de mandar em português
38
Capítulo 1
5 "- Olha, pregasses com ele na feira!" (Nova edição, s/d.(1944?], Bertrand, p.
143).
6
Também citado por L. Wainstein. Expression du commandement, pp. 19-20.
42
Capítulo 1
43
A arte de mandar em português
2. O ordenante e o executante
II
8
Também citado por Lia Wainstein, Exp ression du commandement, p. 8.
49
A arte de mandar em português
52
Capítulo 1
57
A arte de mandar em português
63
A arte de mandar em português
64
Capítulo 1
II
III
11
Brunot, La pensée... , p. 557.
68
Capítulo 1
12
Brunot, La pensée... , p. 557.
69
Capítulo II
A expressão da "ordem" por meio de
formas verbais indiretas
13 Ex: A dona de casa, a uma intrusa - "Saia! Saia da minha casa;' (Conde
Barão, 45).
73
A arte de mandar em português
B) Aconselho:
A a BB: "- Aconselho aos senhores que se não intrometam
onde não são chamados:' (Pescador, 52)
C) Não admito: (Só exprime "ordem" na negativa)
1) Entre colegas. O tratamento por "você", por não ser ha-
bitual, dá a esta "ordem" um caráter incisivo: "- Não lhe
admito que me fale nesse tom. Se é estúpida e não perce-
be as coisas, não deve tirar conclusões precipitadas." (Ca-
lendário, 116)
2) Entre amigos. B censura o procedimento da noiva de A,
que exige:"- Estou-me nas tintas para a ideia que fazes
de mim. Mas não admito é que andes para aí a aboca-
nhar o nome de uma mulher honesta!" (Companheiros,
503)
É de salientar o valor enfático e reforçativo da expressão
"não admito é que"; "abocanhar"traduz, pela sua dureza,
o estado de irritação do ordenante, reforçando mais a
"ordem".
3) A tia, à sobrinha: "- Regina, eu não te admito censuras."
(Lei, 41)
4) Uma mulher, a um indivíduo que discute com ela:"- Não
admito paleio, 'tá bem?!" (Oral, Mulher 1)
D) Não consinto: (Só exprime "ordem" na negativa)
1) B, que é atriz, defende certas liberdades em cena. A opõe-
se-lhe, "com convicção, firme":"- Pois muito bem! Eu, sen-
do teu amante, não consinto que o faças em caso algum!"
(Inimigos, 137)
2) B quer ir-se embora; A, "tomando-lhe a frente", ordena:"-
Não consinto! O sr. é da família. Fique:' (Tal, 88)
3) O marido, à mulher, que traz os filhos malvestidos: "- Não
consinto que se apresentem dessa forma:' (Oral, M.L.)
E) Desafio:
Sua Alteza, a um amigo, que o criticava por cantar um hino
revolucionário:"- Sim, senhor Amaral ... C'est du luxe ... De-
safio-o a que faça o mesmo .. :' (Alteza, 83)
75
A arte de mandar em português
F) Desejo:
r) Durante uma investigação de roubo, o Administrador exige
de uma colaborante:"- Vamos por partes. Primeiro desejo
saber o que se passou:' (Santo, 99)
2) Um polícia, a um detido: "- Quanto ao senhor, desejo que
volte aqui( ... ). Leve a jovem a casa e apareça-me dentro de
uma hora:' (Amanuense, n3)
G) Digo/ Disse:
A forma de perfeito (disse) relembra uma "ordem" já dada,
atualizando-a e tornando-a presente ao espírito do executan-
te, até que este a cumpra. Embora a forma verbal "disse" seja
de pretérito, o valor temporal da expressão é de presente ou
futuro próximo, pois lembra que a "ordem" não foi cumprida
e deve sê-lo ainda. O verbo da oração dependente é, geralmen-
te, o conjuntivo presente, que contribui de modo especial para
a atualização da "ordem", sendo, ao mesmo tempo, um apelo
indireto à sua execução. Mas, mesmo no caso de o verbo da
oração dependente ser o imperfeito do conjuntivo, como su-
cede no exemplo indicado em último lugar, o valor global da
expressão é de presente, tornando a "ordem" igualmente atual;
a única diferença é que, neste caso, a "ordem" tem sempre um
valor terminativo, pois pretende por termo a uma ação que se
vem prolongando desde o passado até ao momento presente,
enquanto no primeiro caso pode ter um valor terminativo ou
prescritivo.
r) O Conde, à Severa, obrigando-a a ir com o indivíduo que
ela escolheu!"- Digo-te eu que vás! ( ... ) Vai com ela, Custó-
dia!" (Severa, 65)
2) B fala dos filhos do primeiro marido, que abandonou; o
novo marido exige:"- Já lhe disse que não fale neles". (Lam-
pião, 60)
3) A a B, criada: "- Já lhe disse que você não fala, Piedade:'
(Avisos, 262)
4) B é um cavalheiro importuno; A obriga-o a deixá-la em
paz:"- Já lhe disse que me deixasse em paz!"(Gaivotas, 320)
76
capítulo li
S) Prefiro:
1) O marido, à mulher, que lhe ia "falar francamente" sobre
uma questão de família: "- Prefiro que não fale. Peço-lhe
por favor:' (Marta, 113)
2) Uma mulher, a um estranho que entrou em casa:"- Não.
Prefiro que saia já, que saia imediatamente." (Oral, Dia)
T) Previno:
O marido, à mulher, em tom "firme": "- Previno-te de
que amanhã iremos os dois à missa das sete horas:' A mulher
responde:"- Havemos de ver ..." Ele insiste, de novo:"- Está
resolvido ... " Mas B não se convence ainda: "- Só se me ape-
tecer, se eu quiser..." Então A assume uma atitude mais au-
toritária: "- Irás, porque eu te ordeno: tu és minha mulher."
(Promessa, 20)
U) Proíbo:
Esta forma verbal, que só se emprega na afirmativa, exprime
uma "ordem" proibitiva.
1) A dirige-se à filha e ao genro, que é a pessoa principalmen-
te visada pela proibição:"- Proíbo a quem quer que seja
aqui em casa a se utilizar desse telefone:' O genro, "não
se contendo": "- Se a advertência é endereçada a mim,
senhora minha sogra, gastou inutilmente suas palavras."
(Sogra, IO)
2) Numa fazenda acaba de morrer o patrão. Os escravos,
recém-libertos, dão expressão ao seu contentamento;
então o feitor ordena: "- Proíbo, formalmente, mani-
festações nas terras do morto. Festejo, só longe daqui:'
(Seara, 79)
3) O avô, à neta, que lhe fala do namoro da irmã:"- Proíbo-
-te, pela última vez, que me fales nisso! Boneca ainda não
pensa em namoricos." (Iaiá, 99)
V) Quero/ Não quero/ Queria:
É o verbo "querer" que traduz mais frequentemente a von-
tade do ordenante, conforme ficou já assinalado. Emprega-se
tanto na afirmativa como na negativa e tanto pode ter como
81
A arte de mandar em português
W)Rogo:
Entre irmãs: "- Durante a romagem que ora encetas, eu te
rogo volvas a nós tua redimida piedade, e assim mais conso-
ladas seremos:' (Pescador, 179)
Só muito atenuadamente esta forma exprime uma exigência
no caso presente. Tem um caráter literário, devido à ausência
de partícula de subordinação ("eu te rogo volvas").
X) Suplico:
1) A mulher, ao marido, que a traiu:"- Exalto-me, porque a
sua presença me é odiosa, intolerável, e por isso lhe supli-
co que seja breve, que diga o que quer ou então que se vá,
que me deixe em paz, que não me torture mais .. :' (Casino,
156)
2) A abandonou a esposa para viver com uma amante. B,
cunhado de A, pergunta-lhe quando regressará para junto
da esposa; A exige atenuadamente: "- Suplico-te que não
mo perguntes:' (Inimigos, 67)
Y) Não tolero:
O pai, à filha, que se recusa a aceitar o noivo que ele lhe quer
impor: "- Agora não tolero que faltes à tua palavra! Não
quero escândalos!" (Marquês, 14)
2. Formas impessoais
99
A arte de mandar em português
106
Capítulo III
A expressão da "ordem" por meio de
formas verbais diretas
108
Capítulo Ili
109
A arte de mandar em português
1. Imperativo/ (Preâmbulo)
1. Imperativo positivo
3
A) 2 • PESSOA DO SINGULAR (TU)
2. "Imperativo" proibitivo
119
A arte de mandar em português
3
A) 2 • PESSOA DO SINGULAR (TU)
121
A arte de mandar em português
A) "NÃO SUSPEITAI"
'4 Ver: J. Mattoso Câmara Jr., Dicionário de f atos gramaticais, p. 215 ("Vulga-
rism os").
127
A arte de mandar em português
130
Capítulo Ili
133
A arte de mandar em português
16
Ex: O patrão, ao feitor, que desejaria ter tantos contos como de estrelas
vê brilhar no firmamento: "- Fales verdade e tenhas esses contos todos;'
(Gaibéus, 95)
134
Capítulo Ili
CONJUNTIVO IMPERATIVO
1. Conjuntivo afirmativo
2. Conjuntivo negativo
"Imperativo" Conjuntivo
proibitivo presente
("tu") negativo
("você")
Português metropolitano: 8,54% 5,21%
Português do Brasil: 2,52% n,28%
111.
1. Indicativo presente
2. Auxiliares modais
IV.
1. Futuro categórico. Futuro sugestivo
"(.. .) comme r' impératif, /e futur peut exprimer toutes les nuances qui
vont du commandement à la priere. Pourquoi /e sujet parlant recourt
-i/ alors à une autrefom1e que /'impératif? Et pourquoijustement au
futur? La raison en est que lefutur peut être tantôt plusfort et tantôt
plusfaible que l'impératif Lefutur catégorique signifie: tu feras cela,
je vai imposer ma volonté, que tu /e veuil/es ou non. Par contre, /e
futur suggestif part d'une question com me 'tu /e feras, n'est-ce pas?'
ou d'un cansei/ com me 'tu /e feras, si tu m'en crois'. Le sujet parlant
se sert dufutur au lieu de l'impératif afin de ne pas donner à ce qu'il
commande la fom1e du commandement. Le futur catégorique repose
sur un truc psychologique: pour anéantir la résistance éventuel/e de
l'entendeur, /e sujet parlant s'ejforce de /ui montrer l'inanité de cette
152
Capítulo Ili
résistance: par /à, /e futur catégorique 'tu te ta iras' doit produire plus
d'ejfet que l'impératif'tais-toi'. Et à cause de saforce, l'emploi dufu-
tur catégorique est limité aux casou /e sujet parlant redoute une résis-
tance. La nuance qu'il comporte est la menace qui peut être exprimée
par /e ton, les gestes ou des mots. Lefutur suggestij par contre, est tres
fréquent. li est plusfaible que l'impératif, car i/ comporte des égards
envers l'entendeur. Le sujet parlant ne peut /'employer que quand il
s'attend à ce que l'entendeur se laisse convaincre. "'7
153
A arte de mandar em português
2. Futuro perifrástico
"O caso mais extremo que con heço desta 'antecipação da ima-
ginação' é o que se verifica em português com o imperativo de
certos verbos usado com forma de pretérito, caso que, com meu
conhecimento, não foi ainda registrado pelos gramáticos ou pe-
los sintaticistas e não tem correspondente, salvo erro, nas outras
línguas românicas e germânicas. Em Aquilino Ribeiro Uardim
das Tormentas, p. 208) encontra-se a seguinte expressão, que é
também da linguagem corrente: Girou! - Trata-se, é bem de ver,
dum imperativo bastante enérgico, empregado em caso de irrita-
ção. Pela sua própria natureza, observa com razão Wackernagel
'todo o imperativo é, em certo sentido, futuraJ; aquilo que se or-
dena pertence sempre ao porvir'. O português, ao invés, está tão
impaciente no caso indicado, que a ordem é dada como estando
já realizada! Na linguagem familiar pode ouvir-se dizer a uma
164
Capítulo Ili
18
Ver mais adiante a forma de animação "Vá" (conjuntivo formal).
166
Capítulo Ili
1. Formas nominais
(Frequência: P 2,31%; B 3,19%)
A arte de mandar em português
1. Vocativo imperioso
3. Expressões categóricas
A) APELO AO SILÊNCIO
s) "RuA!""ANDOR!"
4. Expressões de advertência
B) CAUTELA!/ CAUTELINHA!
181
A arte de mandar em português
E) PRUD~NCIA!
F) MAIS RESPEITO!
G) TENTO/ TERMOS
5. Expressões exortativas
A) CALMA
6. Formas pronominais
7. Adjetivos modais
1. De tempo
2. De modo
A) D EPRESSA
3. De lugar
A) ABAIXO!
B) ACIMA!
C) ADIANTE!
o) ARRIBA!
190
Capítulo IV
E) FoRA!
4. De negação
A) ALTO!
B) EMBORA!
C) AVANTE!
1. Interjeições de animação
Algumas interjeições são um incitamento, uma animação
para o executante.
193
A arte de mandar em português
A) ALA!
e) Sús!
o) UrA!
2. Interjeições de chamamento
A) H É!
194
Capítulo IV
B) ÜLA? !
e) PSTI!
o) TCHt !
195
Capítulo IV
199
A arte de mandar em português
203
A arte de mandar em português
Exemplifiquemos:
1) Um tio, ao sobrinho indiscreto, que acaba de revelar uma
notícia para a qual lhe tinham pedido segredo:"- Então
o meu amigo, quando repetir isso a alguém, faz-me a
fineza, pede também segredo, sim?" (Conde Barão, 13)
2) A pede segredo a um amigo sobre uma notícia revela-
da:"- Não, peço-te eu, já! Não sejas chato, cala a boca."
(Companheiros, 700)
B) GESTO
2. Reforço
A) ENTOAÇÃO
B) GESTO E MÍMICA
A) A TENUAÇÃO
1. Fórmulas de cortesia
2. Expressões de carinho
4. "Poder+ infinitivo"
5. "Modo eventual"
7. Interrogação imperativa
8. "Hipocrisia social" 2 º
2
° Cf. Bally, Le langage et la vie, p. 28 (Ex: "je n'ai pas besoin de vous recommander
la plus grande discrétion :').
218
Capítulo V
B) Reforço
2. Iteração sinonímica
A) REPETIÇÃO
B) lN SISTtNC IA
e) GRADAÇÃO
mim ... que nada tens que fazer a meu lado ... Acabou-
-se!" (Inimigos, 140)
2) A, a uma nova criada:"- Tu não começa com idolatria,
ouviu?" (Rua, 193)
3) A mãe, à filha: "- Ó rapariguinha, vem cá para fora!. ..
Estás a ouvir, Alice!..:' (Sol, 29)
5. Reforço adverbial
229
A arte de mandar em português
8. Ameaça
9. Antífrase
A) D ESAFIO
235
A arte de mandar em português
B) IRONIA
A) EM FUNÇÃO DO ORDENANTE
B) EM FUNÇÃO DO EXECUTANTE
21
Ver: Said Ali, "De 'eu' e 'tu' a 'majestade"', in A língua portuguesa, V, p. 285.
246
Capítulo V
247
Conclusão
Português Português do
metropolitano Brasil
Formas verbais indiretas
(Capítulo II) 6,02% 3,28%
Formas verbais diretas
(Capítulo III) 89,6% 92,44%
Formas não verbais
(Capítulo IV) 4,37% 4,28%
Conjuntivo Imperativo
Português europeu 43,49% 40,25%
Português do Brasil 64,49% 19,2%
"Ordem" "Ordem"
afirmativa proibitiva
Português europeu 68,49% 15,25%
Português do Brasil 68,53% 15,12%
Singular Plural
Português europeu 72,69% 7,8%
Português do Brasil 72,53% 4,89%
22
Said Ali, "De 'eu' e 'tu' a 'majestade"', in A língua portuguesa, V, p. 281.
255
A arte de mandar em português
256
Conclusão
257
Bibliografia
1. Textos25
A) AUTORES PORTUGUESES
Abreviatura usada
2. TEATRO
1) Alteza Ramada Curto, "Sua alteza". Peça em 3
atos. J. Rodrigues e ca. Lisboa, 1930
260
Bibliografia
B) AUTORES BRASILEIROS
I. ROMANCE E NOVELA
1) Amanuense Ciro dos Anjos, O amanuense Belmiro. Li-
vros do Brasil, Lisboa, s.d. (1ª. ed.: 1937)
2) Bagaceira José Américo de Almeida, A bagaceira, 8ª.
ed. Livraria José Olympio, Rio de Janeiro,
1954
3) Caetés Graciliano Ramos, Caetés, 4ª. ed. José Olym-
pio, Rio de Janeiro, 1953
4) Lugar(*) Erico Veríssimo, Um lugar ao Sol, 9ª. ed.,
Globo, Rio de Janeiro, s.d. (1956)
5) Madona Antonio Callado, A Madona de Cedro, José
Olympio, Rio de Janeiro, 1956
6) Madrugada(*) Mário Donato, Madrugada sem Deus, 2ª.
ed. revista, José Olympio, Rio de Janeiro,
1955
7) Menino José Lins do Rego, Menino de engenho, 6ª.
ed., José Olympio, Rio de Janeiro, 1956
8) Rua Orígenes Lessa, Rua do Sol, José Olympio,
Rio de Janeiro, 1955
9) Seara(*) Rosalina Coelho Lisboa, ... a seara de Caim.
Romance da Revolução no Brasil, 5ª. ed.,
José Olympio, Rio de Janeiro, 1956
ro) Sem fim Jorge Amado, Terras do sem.fim . Livros do
Brasil, s.d. (1ª. ed. 1942?)
2. TEATRO
1) Afogados Nelson Rodrigues, "A Senhora dos Afoga-
dos". Tragédia em 3 atos e 6 quadros. Dra-
mas e Comédias. Rio de Janeiro, 1956
263
A arte de mandar em português
264
Bibliografia
C) INFORMAÇÃO ORAL
I.PEÇAS RADIODIFUNDIDAS
1) Dia Botelho da Silva, ''Antes que nasça o dia".
Peça radiodifundida pela Emissora Nacio-
nal (Teatro das Comédias), em 18/ro/r960
2) Encontro Manuel de Azambuja, "O encontro". Peça
radiodifundida pela Emissora Nacional
(Teatro das Comédias), em 4/4/r961
3) Mandamento Botelho da Silva, "Mandamento esqueci-
do". Peça radiodifundida pela Emissora Na-
cional (Teatro das Comédias) em 23/8/r960
2. TESfEMUNHOS ORAIS
A) RECOLHIDOS NA BEIRA BAIXA (TEixoso)
1) J.P., trabalhador rural
2) M.A., camponesa
3) M.C.M., doméstica
4) M.E., trabalhador rural
5) M.E, agricultor
6) M.L., negociante
7) P.A., pároco de T.
B) RE COLHIDOS E M LI SBOA
1) C., estudante universitário
2) Cap. T., capitão do exército
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A arte de mandar em português
11. Crítica 26
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Bibliografia
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