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Rima

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Rima é uma homofonia externa, em um sentido antigo, na tradição literária de língua portuguesa, constante da repetição da última
vogal tônica do verso e dos fonemas que eventualmente a seguem. No entanto, a rima pode ser classificada segundo sua Posição no
Verso, sua Posição na Estrofe, a sua Sonoridade, a Tonicidade e ainda o seu Valor, podendo-se rimar, pouco usualmente, consoantes,
e, na tradição de língua inglesa, sílabas átonas. Ou seja, o uso e o conceito usual de rima pode variar de uma língua para outra.
Existem ainda outras possibilidades de rima usadas ao longo da história, mas somente estudadas a partir do século XX.

Índice
Classificação usual das rimas na tradição da Língua Portuguesa
Posição no verso
Posição na estrofe
Categoria gramatical
Sonoridade
Valores
Conceito atual e amplo de rima
Referência e bibliografia
Ver também
Ligações externas

Classificação usual das rimas na tradição da Língua Portuguesa

Posição no verso
Externa - Quando a rima aparece ao final do verso. É o tipo mais comum de rima.
Interna - Quando a semelhança fonética aparece no interior do verso.

“ Lembranças, que lembrais meu bem passado


Para que sinta mais o mal presente
Deixai-me se quereis viver contente
Não me deixeis morrer neste estado

Posição na estrofe
Cruzada ou alternada: O primeiro verso rima com o terceiro, e o segundo com o quarto .

“ Minha desgraça, não, não é ser poeta,


Nem na terra de amor não ter um eco,
É meu anjo de Deus, o meu planeta
Tratar-me como trata-se um boneco

Interpolada ou intercalada: Frequentemente usada emsonetos, o primeiro verso rima com o quarto, e o segundo
com o terceiro .

“ Eu, filho do carbono e do amoníaco,


Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco

Emparelhada: O primeiro verso rima com o segundo, e o terceiro com o quarto .

“ Aos que me dão lugar no bonde


e que conheço não sei de onde,
aos que me dizem terno adeus
sem que lhes saiba os nomes seus

Encadeada ou internas: Quando rimam palavras que estão no fim do verso e no interior do verso seguinte:

“ Salve Bandeira do Brasil querida


Toda tecida de esperança e luz
Pálio sagrado sobre o qual palpita
A alma bendita do país da Cruz

Misturadas: Não tem ordem determinada entre as rimas.

“ A chuva chove mansamente em resende ... como um sono


Que tranquilize, pacifique, resserene...
A chuva chove mansamente... Que abandono!
A chuva é a música de um poema de Verlaine...
E vem-me o sonho de uma véspera solene,
Em certo paço, já sem data e já sem dono...
Véspera triste como a noite, que envenene
...Num velho paço, muito longe, em terra estranha,
Com muita névoa pelos ombros da montanha...
Paço de imensos corredores espectrais,
Onde murmurem, velhos órgãos, árias mortas,
Enquanto o vento, estrepitando pelas portas,
Revira in-fólios, cancioneiros e missais

Versos brancos ou soltos: São os versos que não tem rima

“ A rosa com cirrose


A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada

Categoria gramatical
Agudas ou masculinas: Quando a rima acontece entre palavras oxítonas ou monossilábicas.

Exemplo: Valor/Amor, és/viés


Graves ou femininas: Quando a rima acontece entre palavras paroxítonas.

Exemplo: Santa/planta, mala/sala, toque/choque.

Esdrúxulas: Quando a rima acontece entre palavras proparoxítonas.

Exemplo: Mágico/Trágico, Fábula/tábula.

Sonoridade
Perfeitas (consoantes, soantes, totais): Há uma perfeita identidade dos sons finais, assim como uma semelhança
entre as últimas vogais e consoantes.

Exemplo: Fada/dourada, rosa/formosa, anil/Brasil.

Imperfeitas (assonantes, toantes, parciais): Quando, ou há identidade apenas entre as vogais finais, não havendo
necessariamente identidade entre os sons finais, ou quando a sonoridade é semelhante, mas a grafia das palavras
é diferente.

Exemplo: Estrela/vela, vertigem/virgem, mais/faz, seis/fez, boca/foca, viu/funil.

Valores
Pobres: Quando a rima acontece entre palavras da mesma classe gramatical.

Exemplo: Falar/amar, o calor/o sabor, bonito/bendito.


Ricas: Quando a rima acontece entre palavras de classes gramaticais diferentes.

Exemplo: Cantando/bando, mar/navegar


, vagos/lagos e quem/tem
Raras: Quando a rima acontece entre palavras de difícil combinação melódica.

Exemplo: Cisne/tisne.
Preciosas: Rimas entre verbos na forma verbo-pronome com outras palavras.

Exemplo: Estrela/tê-la, Tranquilo/segui-lo, Amar/Aramar. rimas alternadas.

Conceito atual e amplo de rima


No século XX, a partir dos estudos dos formalistas russos, principalmente Roman Jakobson entre estes, surgiram novas definições e
classificações para a rima na ciência Linguística. Além dos linguistas, muitos poetas como Wladimir Maiakovski perceberam a
inadequação de alguns antigos conceitos sobre a rima.

Um exemplo clássico é o poema épico inglês antigo Beowulf, que usa a aliteração como forma principal de coesão dos versos entre
si. Neste sentido, a aliteração se transformaria em rima.

Um exemplo de versos aliterativos atuais são os seguintes, do poetaW. H. Auden:

“ Now the news. Night raids on


Five cities. Fires started.
Pressure applied by pincer movement
In threatening thrust. Third Division
Enlarges beachhead. Lucky charm
Saves sniper. Sabotage hinted
In steel-mill stoppage. . . .

Observe-se que os versos se dividem por uma pausa, rimando uma consoante ou grupo de consoantes no início (ou próximo dele) de
cada uma destas duas divisões. Neste caso vemos uma rima que não é feita por vogais e não está no fim do verso, não é externa.
Também relevante é o exemplo inquestionável de Emily Dickinson, poeta americana considerada de difícil tradução, posto que ela
rimava, muitas vezes, somente as consoantes, não as vogais, nos finais dos versos. Não há diferença de função com a rima
tradicional.

No livro "Como fazer versos", traduzido por Boris Schnaiderman, Maiakovski escreveu: “Pode-se rimar o início das linhas, pode-se
rimar o fim da primeira linha com o princípio da seguinte. Pode-se rimar o fim da primeira linha e o fim da segunda e, ao mesmo
tempo, com a última palavra, da terceira e quarta linhas. Etc. etc., indefinidamente.”

Em vista destas discrepâncias entre a rima tal qual ela é utilizada pelos poetas ao redor do mundo ao longo da história e as suas
definições tradicionais é que os linguistas e poetas atuais tem proposto novas classificações e definições para a rima, sem chegar a um
consenso.

Não há, no entanto, discordância quanto à função da rima. Mais uma vez, o poeta Maiakovski nos explica: “A rima faz voltar à linha
precedente, força a pensar nela, obriga as linhas que formulam um pensamento a terem unidade.” Ou seja, é um mecanismo de coesão
do texto poético.

Referência e bibliografia
COELHO, Nelly Novaes.Literatura e Linguagem: a obra literária e a expressão linguística, introdução aos cursos de
Letras e de Ciências Humanas, Rio de Janeiro, Livraria José Olympio, 1974

Jatobá, João Felipe Brandão Jatobá 9( de Janeiro de 2008). «Elemento Literário Estrutural - Poesia - Rima»
. Ofício
Literário. Consultado em 9 de Janeiro de 2008.

Ver também
Métrica
Estrofe
Ritmo

Ligações externas
Dicionário de Rimas da Língua Portuguesa - Brasil
Poeta Vadio Dicionário de Rimas da Língua Portuguesa

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