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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE ECONOMIA
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

O IMPACTO DO SECTOR FINANCEIRO NO CRESCIMENTO DA


ECONOMIA ANGOLANA DURANTE O PERÍODO DE
2002-2014

Por:

Martins Paulo Afonso

Orientador: Kiombo Jean Marie; PhD

LUANDA-ANGOLA
Maio, 2016
UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO
FACULDADE DE ECONOMIA
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

O IMPACTO DO SECTOR FINANCEIRO NO CRESCIMENTO DA


ECONOMIA ANGOLANA DURANTE O PERÍODO DE
2002-2014

Por:
Martins Paulo Afonso

Monografia submetida ao Departamento de Economia para obtenção de grau de


Licenciatura em economia.

LUANDA-ANGOLA
Maio, 2016
Epígrafe

“Ao longo da história o dinheiro tem oprimido os povos de uma de duas formas; ou tem sido
abundante e de pouca confiança, e de confiança e muito escasso”.

Samuelson et al citado por John Kenneth Galbraith (1977)


O Deus Todo-Poderoso a fonte de todo o conhecimento.
Aos meus pais e irmãos que arduamente acreditaram e apostaram na minha formação;
A minha futura esposa Maria H.H. Kiesse e aos nossos futuros filhos e a sua geração, e
finalmente aos meus seis sobrinhos em especial ao Sebastião Martins Francisco e a Nkailu
Martins Francisco, a eles dedico este trabalho.
Agradecimentos

É óbvio que nem sempre as palavras expressas exprimem os sentimentos com


profundidade que se desejam, mas pelo menos servem para atribuir mérito a todos aqueles que
contribuíram para o nosso sucesso académico.

Deste modo, queremos de antemão estender honestamente os nossos agradecimentos


a Deus Pai, o dono da vida e de todo o saber, pois podemos ser sábios, jamais na sua
plenitude. Ao meu ante querido pai Paulo Afonso Martins e a minha querida e abençoada mãe
Bebiana Monteiro, aos meus irmãos e irmãs em especial a minha irmã gêmea Engrácia
Afonso, ao meu orientador Professor Doutor Kiombo Jean Marie (PhD) Decano da Faculdade
de Economia da Universidade Lueji-Ya-Konda pela dedicação, paciência, pelos conselhos e
orientação na elaboração desta monografia (a minha eterna gratidão), ao meu professor MSc.
Jacob Pereira Lunghu (Grande Jacaré) os meus agradecimentos pelos seus conselhos e
incentivos, ao MSc. Makaya Malumbu pelos seus conselhos e assistência, ao MSc. Valery
pelos seus conselhos e acompanhamento, ao Professor Doutor Nelson Panzu pelo reparo e
sugestões.

Os meus agradecimentos estendem-se também a minha amada e querida noiva Maria


Humba Henriques Kiesse (Futura mãe dos meus filhos) pelos seus conselhos, carinho, afecto,
dedicação e que sempre esteve ao meu lado dando forças na conclusão da minha formação.

Aos meus amigos e em especial aos meus irmãos em Cristo Jesus que, em momentos
difíceis e de angústia, aceitaram acolher-me em suas casas quando faltava de abrigo (António
Alberto Simão Lukoki, António Miguel Lukau Malungo e suas famílias) os meus
agradecimentos do fundo do meu coração; estimados colegas de sofrimento e muita batalha
do curso de economia (2014) em especial ao João Ramos Pedro, António Fernando, Narciso
Soares, Paulo S. Maurício, Stélvio João, Emanuel Quitumba, Lourenço F. Mateus e Adriano
J. Neto e a todos aqueles que directa ou indirectamente contribuíram na minha formação, os
meus agradecimentos.

i
Resumo

O trabalho que nos propusemos fazer tem como objectivo a análise do impacto do
sector financeiro no crescimento da economia angolana durante o período compreendido entre
2002 e 2014.
Utilizando os dados do PIB, Inflação, Taxa de Câmbio e Taxas de Juros de Angola, foi
estimado um modelo de vector autorregressivo VAR (1). A ordem de desfasagem foi
determinada mediante os critérios de Informação de Akaïke (AIC), Schwarz (SC) e Hannan-
Quinn (HQ).
Os primeiros resultados obtidos após a estimação do modelo VAR (1) as variáveis
inflação e taxas de juros apresentaram não terem efeitos estatísticos significativos pelo que
não se rejeita a nulidade de que os vectores da série de regressão destas variáveis explicam
positivamente as variações que ocorreram no Produto Interno Bruto de Angola. Após a
eliminação das duas variáveis, os termos do erro do modelo são independentes,
homocedásticos e seguem uma distribuição normal.
O segundo modelo VAR (1) estimado apresenta ser o modelo adequado por os
vectores da série de regressão admitir ter efeitos estatísticos. Na maioria das estimativas, a
taxa de câmbio apresentou um efeito positivo e robusto sobre o PIB, sugerindo que a
depreciação cambial é um importante factor para a expansão do Produto Interno Bruto de
Angola durante o período de 2002 e 2014.

Palavras-Chave: Sector Financeiro, Crescimento Económico, Vector Auto-regressivo.

ii
Abstract

The work we set out to do aims to analyze the impact of the financial sector in the
growth of the Angolan economy in the period between 2002 and 2014.

Using the data of GDP, Inflation, Exchange Rate and Interest Rate Angola was
estimated a vector autoregression model VAR (1). The lag order was determined by the
Akaike Information Criteria (AIC), Schwarz (SC) and Hannan-Quinn (HQ).

The first results obtained after the estimation of the VAR (1) the variables inflation
and interest rates had not have significant statistical purposes so do not reject the null that the
regression of these variables series vectors positively explain the changes that have occurred
in Gross Domestic product of Angola. After the elimination of the two variables, the model
error terms are independent, homoskedastic and follow a normal distribution.

The second model VAR (1) estimated present be the appropriate model for the
regression series vectors admitting statistical purposes. Most of the estimates, the exchange
rate had a positive and robust effect on GDP, suggesting that the exchange rate depreciation is
a major factor in the expansion of gross domestic product of Angola during the period 2002
and 2014.

Keywords: Financial Sector, Economic Growth, Vector Auto-Regressive.

iii
Lista de abreviaturas

ADF ..................................................... Augmented Dickey-Fuller (Dickey-Fuller Aumentado)


AIC ...................................... Akaike Information Criterion (Critério de Informação de Akaike)
ARCH ........................................................... Heterocedasticidade Condicional Autorregressiva
ASF .............................................................................................. Acesso a Serviços Financeiros
BCI ................................................................................................. Banco Comercial e Indústria
BM ..................................................................................................................... Banco Mundial
BPC................................................................................................ Banco de Poupança e Crédito
FMI ............................................................................................ Fundo Monetário Internacional
FPA ............................................................................................. Função de Produção Agregada
FPE .................................................................. Final Prediction Error (Erros de Predição Final)
HQ ........................................................................................................................ Hannan-Quinn
INE ........................................................................................... Instituto Nacional de Estatística
INSS ............................................................................... Instituto Nacional de Segurança Social
IPCA .......................................................................... Índice de Preço do Consumidor Alargado
ISA ...............................................................................................Instituto de Seguros de Angola
JB-Test ....................................................................................................... Teste de Jarque-Bera
MAT ......................................................................... Ministério da Administração do Território
MINFIN ................................................................................................. Ministério das Finanças
MINPLAN ......................................................................................... Ministério do Planeamento
OCDE ......................................... Organização para Cooperação e Desenvolvimento da Europa
PIB ............................................................................................................ Produto Interno Bruto

PIL ......................................................................................................... Produto Interno Líquido


PNB ........................................................................................................ Produto Nacional Bruto
PNL.................................................................................................... Produto Nacional Líquido
PVD’s .................................................................................. Países em Via de Desenvolvimento
RLE..................................................................................... Renda Líquida Enviada ao Exterior
RN ............................................................................................. Índice de Preço ao Consumidor
SC ................................................................................................................. Critério de Schwarz
SEF ................................................................................... Saneamento Económico e Financeiro
SPA ......................................................................................... Sistema de Pagamento de Angola
VAR ...................................................................................................Vectores Auto Regressivos

iv
Lista de Figuras

Figura 1 – Evolução do Crédito à Economia em Angola 2001-2009....................................... 23


Figura 2 – Evolução da taxa de câmbio em Angola nos primeiros meses /Janeiro 2009-015 . 26
Figura 3 – Participação do Seguro no PIB de Angola 2001-2010 ........................................... 32
Figura 4 – Análise da depreciação da moeda em função da inflação 2002-2008 .................... 33
Figura 5 – Variação da Inflação em Angola 2002-014 ............................................................ 46
Figura 6 – Variação da Taxa de Juros de Redesconto em Angola 2002-014 ........................... 49
Figura 7 – Variação da Taxa de Câmbio em Angola 2002-014 ............................................... 50
Figura 8 – Análise sintética e comparativa das variáveis em estudo não logaritimizado ........ 53
Figura 9 – Análise sintética e comparativa das variáveis em estudo logaritimizado ............... 54

v
Lista de Tabelas

Tabela 1 – Contribuição dos sectores no Produto Interno Bruto, 2006-2011 .......................... 11

Tabela 2 – Evolução da taxa de inflação entre 2000-2009 ....................................................... 15

Tabela 3 – Evolução da taxa de câmbio anual entre 2009-2014 .............................................. 16

Tabela 4 – Representação matemática dos critérios de informação ........................................ 43

Tabela 5- Estatísticas Descritivas das variáveis em análise (em %) ........................................ 52

Tabela 6 – Teste de Dickey-Fuller Aumentado (ADF) para as variáveis transformadas e


logarítmo .................................................................................................................................. 55

Tabela 7 – Selecção do número de defasagens......................................................................... 55

Tabela 8 – Modelo estimado ................................................................................................... 56

Tabela 9 – Modelo Final estimado .......................................................................................... 57

vi
Índice

Agradecimentos .......................................................................................................................... i
Resumo ....................................................................................................................................... ii

Abstract ...................................................................................................................................... iii


Lista de Abreviaturas ................................................................................................................ iv
Lista de Figuras ......................................................................................................................... v

Lista de Tabelas ........................................................................................................................ vi

Introdução ................................................................................................................................ 1

Objectivos .................................................................................................................................. 3

Justificativas .............................................................................................................................. 3

Metodologia ............................................................................................................................... 4

Estrutura do trabalho ................................................................................................................. 5

Capítulo I: Fundamentação Teórica ...................................................................................... 6

1.1. Introdução ........................................................................................................................... 6

1.2. Definição e evolução histórica do conceito crescimento económico ................................ 6

1.2.1 Evolução histórica do conceito crescimento económico ............................................... 6

1.2.2. Definição e factor de crescimento económico ............................................................... 7

1.3. Indicadores de medição do crescimento económico ........................................................... 9

1.3.1. Produto interno bruto ..................................................................................................... 9


1.3.2. PIB per-capita ............................................................................................................... 11
1.3.3. Produto nacional bruto ................................................................................................. 12
1.3.4. Produto interno líquido ................................................................................................. 13
1.3.5. Renda nacional ............................................................................................................. 13
1.3.6. Taxa de desemprego ..................................................................................................... 13
1.3.7. Inflação ........................................................................................................................ 14
1.3.8. Taxa de câmbio ............................................................................................................ 16

vii
Capítulo 2: Sistema Financeiro e Crescimento Económico ............................................... 17

2.1. Introdução ......................................................................................................................... 17

2.2. Definição do conceito sistema financeiro ......................................................................... 17

2.3. Relação entre o sistema financeiro e crescimento económico ........................................ 18

2.4. Composição do sistema financeiro ................................................................................... 19

2.5. Instrumentos financeiros ................................................................................................... 20


2.6. Mercados financeiros, suas aplicabilidades nos mercados .............................................. 21
2.6.1. Mercado de crédito ...................................................................................................... 22
2.6.2. Mercado de capitais ...................................................................................................... 23
2.6.3. Mercado monetário ...................................................................................................... 24
2.6.4. Mercado cambial .......................................................................................................... 24
2.7. Imperfeições de mercados, problemas informacionais e o papel dos intermediários
financeiros ........................................................................................................................ 26
2.8. Caracterização do sistema financeiro angolano no contexto de globalização financeira .. 27
2.8.1. Origem e evolução do sistema financeiro angolano ..................................................... 27
2.8.2. Estrutura actual do sistema financeiro angolano ......................................................... 31
2.8.3. Sistema bancário e seus níveis de concentração em Angola ........................................ 33
2.8.4. Acesso aos serviços financeiros e seus determinantes em Angola .............................. 34

Capítulo 3: Impacto do Sistema Financeiro no Crescimento da Economia Angolana:


Análise econométrica ............................................................................................................. 37

3.1. Introdução ......................................................................................................................... 37

3.2. Breves resumos de trabalhos empíricos ........................................................................... 37

3.3. Modelo de vector autorregressivo (VAR) ........................................................................ 40

3.3.1. Definição do modelo VAR .......................................................................................... 40

3.3.2. Importância, vantagens e desvantagens do modelo VAR ............................................ 41

3.3.3. Apresentação do modelo VAR .................................................................................... 41

3.3.4. Identificação e estimação do modelo VAR ................................................................. 42

3.3.5. Diagnóstico do modelo VAR ...................................................................................... 43

3.3.5.1. Teste de Dickey-Fuller ............................................................................................... 43

viii
3.3.5.2. Teste de normalidade .................................................................................................. 44

3.3.5.3.Teste de Jarque-Bera ................................................................................................... 44

3.3.5.4.Teste de Homocedasticidade (Teste ARCH) ............................................................... 45

3.3.5.5.Teste de independência de Ljung-Box ........................................................................ 45

3.4. Caracterização das variáveis em análise .......................................................................... 45

3.5. Apresentação e discussão dos resultados .......................................................................... 51

Conclusão ................................................................................................................................ 59

Sugestões ................................................................................................................................. 60

Referência Bibliográfica .......................................................................................................... 61

ix
Introdução

Desde meados dos anos 1980, a teoria do crescimento económico veio sendo visto
como consequência do surgimento de uma vasta variedade de modelos que buscaram
explicar e sintetizar os determinantes do crescimento, isto é, do aumento da capacidade
produtiva de uma economia.
As economias precisam crescer cada vez mais e produzirem para a satisfação das
necessidades ilimitadas dos seus povos; mas, não haverá crescimento sem que haja um
financiamento (interno ou externo) dos factores que proporcionam este crescimento na
alocação de recursos financeiros, razão pela qual ressurge o interesse ao papel relevante do
sistema financeiro para o crescimento económico.
O sector financeiro é um sistema em forma de mercado que conglomera entre as
pessoas e empresas possuidoras de capitais ou mesmo de dinheiros que são colocados em
circulação nos bancos como intermediários financeiros e, as pessoas/empresas que
precisam deste dinheiro para investir contraindo créditos. Este mercado, de forma
generalizada, é formado em mercados de crédito, mercado monetário, mercado cambial,
mercado de capitais, mercados abertos e asseguradores que desempenham uma influência
enorme no crescimento de uma economia, isto é; na alocação dos recursos no espaço e no
tempo, administração ou gestão do risco, selecção e monitorização de empresas e,
produção e divulgação de informações; este, por ser capaz de mobilizar e direccionar
recursos a projectos produtivos viabilizando tanto o investimento quanto ao aumento de
produtividade. Mas para minimizar elevados custos, é necessária a presença de
intermediação financeira que permite maior eficiência na alocação dos recursos
financeiros, maior capacitação de poupanças que vão gerar em maiores recursos para
emprestar e que podem se destinar ao melhoramento do capital físico e humano e por sua
vez gerarem níveis de crescimento.
O processo de intermediação de acordo com Becsi e Wang, citados por Silva et al
(1997), amplia a probabilidade da realização de investimentos mais lucrativos porque o
aumento da quantidade dos investimentos se deve a economias de escala visto que, o
sistema financeiro reduz os custos envolvidos em uma transacção financeira conseguindo
captar mais recursos que podem ser utilizados em investimentos no sector privado

1
A quantidade de investimentos aumenta, segundo os autores que temos vindo a
citar, com a intermediação financeira porque o intermediário está mais disposto a financiar
projectos que são mais arriscados por esperarem uma rentabilidade mais elevada em
relação a um poupador individual. Os bancos (Intermediários) são instituições financeiras
de um país que colocam à disposição dos agentes económicos serviços que facilitem e
intensifiquem as transacções económicas destes no sentido de criação de poupanças e na
participação dos seus recursos na economia de um país. Estas podem também actuar de
forma a aumentar a eficiência na alocação de capital e que podem ser classificadas,
segundo os mesmos autores, por:
 Intermédio da colecta de informações com vista à avaliação de projectos
alternativos de investimento, o que contribui para uma melhor selecção de
projectos.
 Intermédio de indução ao investimento em tecnologia mais arriscada e mais
produtiva.
Por outro lado, o autor que temos vindo a citar, acrescenta que o sector financeiro,
em condições de globalização financeira, estimula o crescimento ao aprimorar os
investimentos e a eficiência na recolha e processamento de informações sobre os projectos
por parte das instituições financeiras ao viabilizar o fornecimento de serviços financeiros
que induzam as empresas a empregar tecnologias mais arriscadas, porém mais produtivas e
proporcionando maiores rendimentos.
Para além das vantagens acima apresentadas, o sistema financeiro apresenta
algumas restrições (imperfeições do mercado) que são nomeadamente assimetrias da
informação, custos de transacção, mercados incompletos.
Os factores enumerados contribuem no domínio do sistema financeiro fazendo que
a alocação de recursos para o financiamento de projectos de investimento que têm gerado
maiores índices de emprego na economia torna-se ineficiente, quando realizada.
Para evitar este problema, Levine e Zervos, citados por Oreiro et al. (1998),
sugerem o surgimento na criação de intermediários financeiros, porque estes aumentam a
eficiência na alocação de recursos ao reduzir o nível dessas imperfeições. Esta alocação
eficiente e racional alterará a estrutura da produção na acumulação de stoks de capital e na
implementação do factor técnico que proporciona maior eficiência na produção de bens e
serviços e daí induzirá o crescimento económico.

2
Sabendo que, Angola vive numa situação de transição económica e, eis a razão da
análise do tema em questão procurar avaliar em que medidas certas componentes do sector
financeiro desempenham um papel preponderante na aceleração do crescimento de médio e
longo prazo da economia angolana.

Objectivos
O objectivo geral desta monografia consiste em analisar o papel do sector
financeiro no crescimento da economia angolana durante o período compreendido entre
2002 e 2014.
Como objectivos específicos encontram-se:
 Compreender a forma segundo a qual o sector financeiro afecta o crescimento de
toda economia.
 Identificar as variáveis macroeconómicas que influenciam ou determinam o sector
financeiro.
 Caracterizar as séries temporais referentes às variáveis utilizadas nesta monografia.
 Caracterizar a economia angolana durante o período compreendido entre 2002 e
2014.

Justificativa

Nos últimos 12 anos, Angola tem vivido dias de paz e de estabilidade política, depois
do cessar-fogo em Abril de 2002. O país tem enfrentado agora a árdua tarefa de
canalização de fundos para a reconstrução de infraestruturas e para a redução da pobreza,
embora o sector de enclave domine a economia de Angola, sendo responsável por 95% das
receitas no país segundo o relatório do Banco Mundial (2013).

A economia de Angola teve um contínuo e constante crescimento marcado por um


aumento do PIB, registando em 2010, um crescimento real de 3,50% comparando com os
2,4% em 20091. Em 2008, a economia angolana atingiu uma das taxas mais elevada ao
longo da sua história e da África Subsariana na ordem de 13,3% (Ministério do
Planeamento, 2013) quando para o ano de 2015, estima-se um crescimento de 6,6% e, o
executivo angolano procurou sempre aplicar políticas de combate à inflação através da

1
Valores percentuais calculados pelo autor a partir dos dados do Ministério do Planeamento

3
regulação dos preços de bens e serviços com uma variação percentual descendente de
0,16% no período compreendido entre 2013 e 2014 onde em 2014 registou uma taxa
inflacionária mais baixa de todos os tempos de quase 8% (Banco Nacional de Angola,
2014). Tal facto foi possível por o Banco Nacional de Angola como entidade reguladora do
Sector Financeiro centrou as suas políticas na estabilização da taxa de câmbio para a
redução das pressões inflacionárias, na valorização da moeda nacional e na estabilidade
das taxas de juro, pela aplicação de políticas monetárias que têm surtido efeitos
significativos no produto interno bruto (PIB) de Angola.

Metodologia

Para alcançar os objectivos propostos, foi necessário adoptar o seguinte


procedimento metodológico:

Realizou-se a pesquisa bibliográfica, onde se efectuou a revisão de literatura que


norteia o tema em estudo, a fim de obter informações acerca do impacto do sector
financeiro na economia, suas principais ramificações no seio da economia internacional, e
acerca de técnicas estatísticas.

A pesquisa realizou-se a partir de consultas a livros, artigos, e consultas a internet.


Sendo este um estudo econométrico, está fundamentado nas bibliografias de Gujarati
(2009), Pindyck et al (2004) e Rossi et al (2014), que são os livros utilizados como base na
análise econométrica do modelo.

A partir da base de dados electrónicos das instituições como Banco Nacional de


Angola (BNA), Ministério das Finanças (MINFIN), Ministério do Planeamento
(MINPLAN), Fundo Monetário Internacional (FMI), Instituto Nacional de Estatística
(INE) e Banco Mundial (BM), foi colectado um conjunto de séries temporais, em relação à
entrada do PIB real; taxa de inflação mensal; taxa de juro, taxa de câmbio mensal.

A última etapa trata da análise dos dados e discussão dos resultados. A partir da
análise dos dados, realizou-se a avaliação estatística e econométrica, com intuito de
observar a consistência do modelo estimado. Posteriormente foram realizados testes para
se detectar anomalias (por exemplo; heteroscedasticidade; autocorrelação;
multicolinearidade etc) nas variáveis envolvidas no modelo.

4
Estrutura do trabalho

Este trabalho, para além da introdução, das conclusões e recomendações, está


estruturado por três (03) capítulos.

No primeiro capítulo. Trata-se de fundamentação teórica concernente a aspectos de


crescimento económico e suas correntes de pensamento.

No segundo capítulo analisa-se o sistema financeiro e o crescimento económico,


instituições financeiras e mercados financeiros, imperfeições de mercado e o papel de
intermediários financeiros, estrutura financeira e suas principais variáveis em Angola.

O terceiro capítulo debruça-se sobre o estudo de caso, dando ênfase a grelha


metodológica inerente não somente a construção dos índices (modelo), mas também às
ferramentas utilizadas para análise econométrica dos índices de estabilidade financeira no
crescimento da economia angolana incluindo a apresentação de uma breve análise de
trabalhos empíricos, enquadramento do modelo de vectores autorregressivos (VAR),
descrição e o tratamento de dados e interpretação dos resultados.

5
CAPÍTULO 1 - Fundamentação Teórica

1.1. Introdução
Neste capítulo, começa-se por apresentar uma resenha comentada das distintas
teorias de evolução histórica do conceito crescimento económico. Em seguida, procede-se
à definição do PIB na óptica de distintos autores. Apresentam-se os indicadores de
medição do crescimento económico e as limitações do PIB.

1.2. Definição e evolução histórica do conceito crescimento económico


I.2.1. Evolução histórica do conceito crescimento económico

Segundo Muller (2004), nada nasce como um relâmpago no céu dos


acontecimentos. Tudo tem uma causa primeira e os acontecimentos têm uma sequência
como se o tempo fosse o leito de um grande rio, por onde os factos se sucedem, numa
evolução contínua e criativa.
O crescimento económico obedeceu seis (6) fases históricas até ao momento actual
consubstanciadas na seguinte periodicidade: período Pré-Mercantilismo, Mercantilismo,
Revolução Industrial, Liberalismo Económico, Século XX e Século XXI (Hugon, 2009).

Período Pré-Mercantilismo (Século V-XIV): Não havia um conceito estruturado


de crescimento económico. As economias, ainda muito primitivas, cresciam a taxas muito
baixas ou mesmo não havia crescimento económico.
Neste período, a ausência do crescimento económico não se deu por falta de meios
ou recursos, mas sim, por motivos da Igreja exercer uma poderosa influência na vida de
toda Idade Média cujo pensamento domina na busca da concepção moral, moralizando o
interesse pessoal baseado a propriedade e ao lucro segundo o autor que temos vindo a citar.

Mercantilismo (1450 - 1750). Nesta fase o crescimento era associado à


acumulação de ouro e outros metais preciosos, sob o controle do Estado. O expansionismo
territorial e a formação de colónias se enquadram dentro dessa lógica, visando aumentar o
saldo comercial e a acumulação de riqueza. O termo “acumulação primitiva” é associado a
esse período. O superavit da balança comercial pode ser visto como o motor do

6
crescimento económico. Este período é também caracterizado, segundo o autor que temos
vindo a citar, pelo surgimento do conceito de reserva de mercado com o Pacto colonial.

Revolução Industrial (1756 – 1778). Durante a revolução industrial o conceito de


crescimento económico era associado à produção manufactureira. O desenvolvimento da
indústria manufactureira, a importação de matérias-primas baratas e a exportação de bens
manufacturados como motor do crescimento económico surgem com a Revolução
Industrial (Hugon, 2009).

Liberalismo Económico (1850 - 1910). O conceito de liberalismo económico


surge com a Revolução Industrial na Inglaterra e a produção manufactureira
atomizada/subdividida. Surge a concepção moderna do crescimento económico, primeiro,
com os Fisiocratas e, em seguida, com Adam Smith e David Ricardo. A grande
preocupação era estudar as causas da riqueza das nações. A teoria das vantagens
comparativas de David Ricardo dá o suporte em favor da estratégia de livre comércio como
motor do crescimento económico, altamente benéfica para a Inglaterra, nação-líder da
Revolução Industrial, e para outras nações que seguiram seus passos.

Séculos XX. Neste período surgem os modelos formais de crescimento económico:


modelo Harrod-Domar, modelo neoclássico e modelo de crescimento endógeno. Novas
variáveis são incorporadas: taxa de poupança, relação capital-produto, tecnologia, taxa de
investimento, progresso técnico, força de trabalho e capital humano. Esses modelos tentam
determinar as variáveis que poderiam explicar o crescimento económico dos países
capitalistas desenvolvidos.

Século XXI. Esta fase é concretizada pelo crescimento económico no contexto da


globalização: o aproveitamento das vantagens comparativas pelas empresas globais. A
concentração do capital. A ascensão de novas potências industriais e tecnológicas.

1.2.2. Definição e factor de crescimento económico


Das distintas definições existentes de acordo com a evolução histórica do conceito
crescimento económico; Kuznets, citado por Figueiredo et al (2008), salienta que o
crescimento económico reflecte a presença de transformações económicas e sociais num

7
processo contínuo a longo prazo do aumento da capacidade de oferecer à população maior
quantidade e diversidade de bens e serviços.
Samuelson e Nordhaus (2012) definem crescimento económico como o processo
pelo qual as economias acumulam grandes quantidades de equipamentos de capital,
alargam as fronteiras tecnológicas e tornam-se cada vez mais produtivas. Em outras
palavras, é a expansão do PIB, ou produto nacional de um país.
O crescimento económico é o aumento contínuo do produto (Passos et al, 2003). De
igual modo, para Keynes citado por Tamele (2011), o crescimento é a expansão do produto
real ao longo do tempo, ou seja, em longo prazo o crescimento é dado pela acumulação de
capital, inovações tecnológicas ou elevação da eficiência do trabalho.
Samuelson e Nordhaus (2005) apresentam quatro (4) factores ou rodas importantes
do crescimento:
 Recursos humanos (Oferta de trabalho, educação, disciplina, motivação), que
consistem na quantidade de mão-de-obra e nas qualificações da população
activam. Este factor é fundamental para se crescer porque, um país pode comprar
alta tecnologia de ponta (computadores rápidos, modernos aparelhos de
telecomunicações, equipamentos sofisticados para geração de electricidade ou
mais…), estes bens de capital só podem ser eficazmente usados e mantidos por
trabalhadores qualificados e treinados, caso contrário, é um investimento
amortizado antes do tempo.
 Recursos naturais (terra, minerais, combustíveis, qualidade ambiental) com estes
recursos, são possíveis à economia crescer pese embora no mundo moderno a
posse de recursos naturais não é necessário para o sucesso económico.
 Formação de capital (máquinas, fábricas, estradas). Acredita-se que a acumulação
de capital faz crescer rapidamente as economias na tendência a investir fortemente
em novos bens de capital (novas infraestruturas, construção de estradas de
qualidade, novas máquinas e etc.).
 Progresso tecnológico (ciência, engenharia, gestão iniciativa empresarial). Tem
sido um dos ingredientes vital para o rápido crescimento das economias e dos
níveis de vida. O progresso tecnológico corresponde às alterações nos processos de
produção ou à introdução de novos produtos, ou serviços.

8
Estes factores são expressos sob a função de produção agregada (FPA) cuja
expressão matemática é:
= � , , (1.1)

onde: Q representa o produto; K se refere aos serviços produtivos de capital; L é o factor


trabalho, R, A e F representam os recursos naturais, o nível de tecnologia e a função de
produção na economia, respectivamente.
O desempenho de uma economia é avaliado por meio de vários indicadores que
passaremos a descrever na secção a seguir.

1.3. Indicador de medição do crescimento económico

Os indicadores podem ser compreendidos como uma ferramenta de avaliação que


devem ser interpretados de maneira científica e política. Devem, com a devida frequência,
ser completados com outras informações qualitativas e científicas, sobretudo para explicar
factores que se encontram na origem de uma modificação do valor de um indicador, que
serve de base que uma avaliação (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento da
Europa (OCDE), 2002).

O uso dos indicadores reflectem as medições de parâmetros que permitem avaliar


uma determinada situação ao longo do tempo; tratados de individual, não permitem retirar
todas as conclusões de um determinado factor em estudo, necessitando de um contributo
qualitativo, de modo a complementar o objecto em estudo.

Os indicadores económicos são grandezas de carácter económico, expressos em


valor numérico com as seguintes principais utilidades: Aferir o nível de desenvolvimento
de países, regiões, empresas podendo naturalmente fazer-se a compreensão entre estas;
compreender, informar e prever o comportamento de uma economia; e, ajuizar a política
económica do Governo.

1.3.1 Produto Interno Bruto


O PIB é o indicador mais utilizado para analisar o crescimento de uma economia.
Fornece uma visão global do estado de uma economia onde a avaliação dinâmica

9
económica é evidenciada em termos de eficiência na produção e alocação de recursos quer
em termos de bem-estar (Samuelson e Nordhaus, 2012).
O produto interno bruto (PIB) é o valor de mercado de todos os bens finais
produzidos durante um determinado período de tempo (um ano). O termo “bruto”
demonstra que o valor da produção não foi corrigido pela depreciação; o termo “interno”
aparece para informar que a produção foi efectuada dentro das fronteiras do país,
independentemente se por empresas nacionais ou estrangeiras; e o termo “valor de
mercado” informa que o produto foi avaliado aos preços correntes, ou seja, sem a
correcção da inflação (Mankiw, 2004).
Dornbusch et al (1998), definem o produto sob duas perspectivas distintas que são,
nomeadamente, a do rendimento e a das despesas.
Na óptica do rendimento, o produto remunera o trabalho sob a forma de salário e o
capital sob a forma dos juros e dividendos. Nesta perspectiva, o produto é consumido ou
investido para o futuro. A divisão do produto em remunerações dos factores proporciona
um enquadramento para o estudo do crescimento e da oferta agregada, visto que o
rendimento vai para o consumo ou para o investimento.

Na óptica das despesas, consideram-se todos os dispêndios em bens e serviços


pelos agentes económicos de maneira a resolver suas necessidades. Esta perspectiva
oferece o enquadramento para o estudo da procura agregada, sabendo que o produto, nesta
óptica, é avaliado segundo o critério da procura de bens ou serviços pelos agentes
económicos, de modo a satisfazer as suas necessidades. O produto interno é o somatório de
quatro componentes, nomeadamente as despesas das famílias em consumo (C), as despesas
das famílias e empresa em investimento (I), consumo público de bens e serviços (G), e
procura externa ou exportação líquida (NX) cuja expressão analítica é representada
mediante a seguinte equação.

Y = C + I + G + NX (1.2)

A Tabela 1 mostra a contribuição de cada sector no PIB de Angola durante o


período compreendido entre 2006 e 2011. Da inspecção visual da Tabela 1 ressalta-se que
o sector petrolífero aparece com maiores contribuições, seguido pelo sector dos serviços

10
mercantis. O primeiro sector é responsável exclusivo por mais de 95%, de acordo com o
Relatório do Banco Mundial (2013).

Tabela 1: Contribuição dos sectores no Produto Interno Bruto, 2006-2011


PIB (Preços Correntes) Mil PERÍODO
Milhões de Kwanzas

2006 2007 2008 2009 2010 2011


Agricultura 247,10 351,80 405,60 596,50 729,00 909,60
Pescas e Derivados 10,30 12,60 13,90 14,50 16,90 19,60
Diamantes e outros 78,60 80,40 66,10 53,70 71,10 71,80
*Petróleo 1.876,80 2.537,20 3.569,40 2.661,60 3.395,90 4.346,90
Indústria transformadora 162,80 241,20 303,10 363,80 464,20 539,70
Construção 146,30 224,10 318,60 449,60 601,60 714,80
Energia 3,10 3,80 5,40 7,40 9,50 12,30
*Serviços Mercantis 564,70 768,80 1.104,10 1.240,40 1.555,10 1.956,70
Outros 279,10 326,00 375,90 454,00 548,20 664,70
PIB a Custos de factores 3.368,90 4.545,90 6.162,10 5.841,50 7.391,80 9.236,00
PIB a preços de mercado 3.358,50 4.636,80 6.316,20 5.988,70 7.579,50 9.466,90
Fonte: MINPLAN (2012); *Sectores que mais contribuiram na formação do PIB.

1.3.2. PIB per capita

O crescimento económico é medido pelo PIB per capita (por habitantes) que ao
longo do tempo tem sido utilizado como o indicador do padrão de vida médio de uma
determinada sociedade e, esse indicador é visto como a renda média de certa comunidade.
O crescimento do produto ou da renda per capita tem sido associado à melhoria das
condições de vida ou bem-estar social que matematicamente é representado abaixo:

PIB
� � ��� = (1.3)
P laçã

O PIB per capita depende do tamanho da população. Quanto maior for este
tamanho, menor será o valor do PIB per capita e vice-versa.
Ademais deste indicador, existem outros que permitem medir o crescimento de uma
economia tais como o Produto Interno Bruto (PIB), Produto Interno Líquido (PIL), Produto

11
Nacional Bruto (PNB), Produto Nacional Líquido (PNL), Renda Nacional (RN), Índices de
preços ao consumidor (IPC), Taxa de desemprego, Nível de inflação, Taxa de câmbio, etc.

Apesar de medir o bem-estar nacional, o produto interno bruto apresenta algumas


limitações abaixo apresentadas.
 Não levam em conta as desigualdades de renda entre os indivíduos;
 Não considera as actividades informais da economia;
 Não calcula os custos ambientais (externalidades negativas) da produção e
do consumo;
 Não inclui as actividades das donas de casa e outros serviços que não são
remuneradas, isto porque estes não possuem um preço de mercado que lhes
permita mensurar, mas podem contribuir para o seu crescimento;
 E finalmente, não considera variáveis qualitativas importantes como:
longevidade, o acesso à educação e conhecimento.

1.3.3. Produto Nacional Bruto

O PNB é o indicador económico que explica a quantidade de toda a produção de


bens e serviços produzidos por cidadãos nacionais durante um período de tempo. Deste
modo, o PNB é a renda total dos residentes permanentes de um país. Este indicador difere
do PIB, pelo facto de as remunerações dos factores incluírem receitas externas resultantes
de remunerações de factores de produção nacionais. Acrescentando essas remunerações ao
PIB, obtém-se o PNB (Dornbusch et al, 1998).
Segundo Mankiw (2004), o produto nacional bruto (PNB) mede a produção nacional
bruta e não a produção territorial. A diferença entre o PIB e o PNB é a renda líquida enviada
ao exterior (RLE) pelos factores de produção (renda enviada menos renda recebida), por
exemplo, remessas de lucros das empresas multinacionais, remessas de rendimentos do
trabalho, etc.

PNB=PIB-RLE (1.4)

12
1.3.4. Produto Interno Líquido

O capital ao longo da sua utilidade deprecia-se ou perde uma parte do seu valor.
Este valor por sua vez é deduzido do PIB resultando, deste modo, o PIL que é o valor da
produção interna de um país disponível para o consumo. A depreciação corresponde
geralmente cerca de 11% do PIB, de forma que o PIL corresponde cerca de 89% do PIB,
(Fochezotto, 2000).

1.3.5. Renda Nacional

A Renda Nacional (RN) representa os valores monetários, das remunerações


atribuídas aos titulares dos factores de produção pela sua contribuição na actividade
económica desenvolvida durante um período de tempo (Pinho, 1978). As empresas dentro
da economia pagam os impostos indirectos que, por sua vez, são subtraídos do PIL antes
de se efectuar as remunerações dos factores de produção. Segundo Dornbusch et al (1998),
três quartos das remunerações dos factores são factores de remuneração do trabalho. A
maior parte destina-se a remunerar o capital, enquanto a pequena vai para outros factores
de produção.

1.3.6. Taxa de desemprego


É um indicador, muito utilizado na avaliação do desempenho da economia, porque
permite avaliar se a economia está operando acima ou abaixo do seu nível de produção,
devido à consequência que o desemprego tem na vida da sociedade (corrupção,
delinquência, maiores índices do consumo de anabolizantes etc…). Existem algumas
teorias que demonstram a relação entre taxa de desemprego e o crescimento económico, e,
esta é designada por lei de Okun (Blanchard, 2002). Esta lei estipula que um crescimento
elevado do PIB se associa com a frequência a uma redução na taxa de desemprego. Isto é,
quando a taxa de desemprego é elevada, o crescimento económico é baixo ou reduzido e,
vice-versa.
Por desemprego, entende-se o número de pessoas que não têm trabalho, mas que se
encontre em condições de trabalhar (Mankiw, 2004). Deste modo, a taxa de desemprego é
a relação entre o número de desempregados e a força de trabalho. Também, é a

13
representação da parte da população activa com capacidade física e mental, capaz de
executar uma actividade laboral formal, no limiar de 18 aos 62 anos, segundo a
Constituição da República de Angola (MAT, 2010).

1.3.7. Inflação
A inflação é o aumento contínuo do nível geral de preços. A taxa de inflação é o
percentual do aumento do nível geral do preço (Blanchard, 2002). Para Dornbusch et al
(1998), a inflação é a taxa de variação dos preços, e o nível de preços é acumulação da
inflação dos períodos anteriores. A taxa de inflação ao longo do tempo será expressa da
seguinte maneira:

P −P −
= ∗ (1.5)
P−

A taxa de inflação mede o valor percentual da subida do nível geral dos preços; este
indicador também reflecte o poder de compra dos consumidores; isto porque, quanto maior
for à inflação, menor será o poder de compra dos consumidores.
A taxa de inflação é, também, medida através do IPC. Este último mede e avalia o
custo de vida da população. Mede um cabaz fixo, de bens e serviços de um agregado
familiar durante um período de tempo (Dornbusch et al, 1998). Mas, para Blanchard
(2002), este indicador fornece o custo em moeda corrente de uma lista de bens e serviços
mais adquiridos num dado período de tempo. Mankiw (2004) define o IPC, como medida
do custo geral de todos os bens e serviços adquiridos por um consumidor habitual. Em
Angola, apenas a Província de Luanda, engloba, para o seu cálculo, apenas dados colhidos
na província. Estando neste momento a ser desenvolvido o Índice de Preços no
Consumidor Alargado (IPCA).
O IPC de Luanda é calculado mediante a fórmula de LASPEYERES, isto é, uma
média ponderada dos preços relativos multiplicados pela sua ponderação que corresponde
ao período de base e a sua cesta básica é medida pelos bens mais consumidos (Mankiw,
2004).
Os factores de ponderação são as participações percentuais dos produtos na cesta
também da época passada (Silva et al, 1999).

14

�⁄ = ∑ − �∗
(1.6)
∑� − ∗

onde;
It/0 = Índice no período “t”, com respeito ao período base “0” ou passado.
Pit = Preço da variedade “i” no período “t” ou actual.
Pi0 = Preço da variedade “i” no período base “0” ou passado.
Qi0 = Quantidade consumido da variedade “i” no período base “0” ou passado.
n = Número total de variedades.
∑i− Pit ∗ Qio = é o valor da cesta de produtos da época passada (q0), calculada a preços
actuais (pt).
∑i− Pi ∗ Qi = é o valor da cesta de produtos da época passada.

Na economia angolana, os altos níveis de inflação registados a partir dos anos


noventa geraram uma situação crónica e insustentável, visto o seu custo social e
económico. Com objectivo de ultrapassar tal situação, o Governo angolano, em Agosto de
2003, lança o programa de estabilidade macroeconómico baseado principalmente num
maior rigor orçamental e no controlo da taxa de câmbio; tais medidas surtiram efeitos no
domínio dos preços, (BNA, 2012). A Tabela 2 apresenta a evolução da taxa de inflação
entre 2000 e 2009. Da análise da Tabela 2, observou-se que em 2000, havia uma inflação
na ordem dos três dígitos, herdada dos conflitos armados que assolaram o país. Em 2002,
depois dos acordos da paz, observou-se uma tendência decrescente e contínua da inflação,
e em 2003 reduziu-se a dois dígitos repercutindo no aumento do poder de compra dos
consumidores no país. Em 2008, a taxa de inflação era de quase 12,2% e começou a
agravar de forma crescente, contrariando assim os movimentos observados em 2000.
Actualmente, a taxa de inflação em Angola situa-se entre cerca de 9% e 7,88% (BNA,
2015).

Tabela 2: Evolução da taxa de inflação entre 2000 e 2009


Anos 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Taxa de 264,4 116,1 121,85 106,03 62,44 30,44 17 12,4 12,18 13,3
Inflação
Fonte: BNA (2013a)

15
1.3.8. Taxa de câmbio

A taxa de câmbio é a proporção em que as moedas nacionais são trocadas contra as


divisas estrangeiras ou ainda a proporção em que as divisas estrangeiras são trocadas entre
elas nos mercados de câmbio.
A taxa de câmbio em Angola como pode ver na Tabela 3, em 2009 apresentou uma
depreciação na ordem de 79,59 AOA quando comparado com 1USD, uma variação
percentual de quase 16% em 2010 ano de apreciação da moeda angolana seis anos depois
da implementação política de estabilidade macroeconómica no país, 5% de variação
percentual de 2010 para 2013 e finalmente, nos últimos doze meses de 2014, a taxa de
câmbio em Angola situava-se na ordem dos 98,64 AOA por 1USD (média ponderada anual
(BNA, 2014)).

Tabela 3: Evolução da taxa de câmbio anual entre 2009-2014


Anos 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Taxa de câmbio 79,59 91,98 93,90 95,42 96,57 98,64
Fonte: Dados mensais (BNA, 2014)

16
CAPÍTULO 2 - Sistema Financeiro e Crescimento Económico

2.1. Introdução

Todas as economias num mundo moderno possuem complexos sistemas


financeiros, em que a moeda representa o papel de um activo financeiro, onde a
operacionalização do sistema é feita pelo conjunto de instituições financeiras voltadas para
a gestão da política monetária do Governo através de mercados específicos.
Neste capítulo, pretende-se, em primeiro lugar, definir o conceito do sistema
financeiro e fazer uma relação entre o sistema financeiro e o crescimento económico,
enquadramento das instituições financeiras e seus instrumentos; mercados financeiros e
suas aplicabilidades nos mercados. Em seguida debruça-se sobre imperfeições de mercado
e problemas informacionais, papel dos intermediários financeiros. Finalmente, apresenta-se
a caracterização do sistema financeiro angolano destacando a sua origem, estrutura e os
seus determinantes.

2.2. Definição do conceito sistema financeiro

Samuelson e Nordhaus (2010) definem sistema financeiro como um dos sectores


mais importantes e inovadores da economia moderna. Os referidos autores consideram-no
como um sistema circulatório vital que canaliza recursos dos poupadores para os
investidores. Compreende segundo os mesmos autores, um vasto sistema bancário
mundial, mercados de valores mobiliários, fundos de pensões e uma grande variedade de
instrumentos financeiros.
Segundo Passos et al (2003), o sistema financeiro é composto de um conjunto de
instituições financeiras que, com a utilização dos instrumentos financeiros (activos
financeiros monetários e não monetários), operacionaliza as actividades do sistema,
transferindo recursos dos aplicadores/poupadores para aqueles que necessitam de recursos
por uma razão qualquer (inclusive investidores).

17
2.3. Relação entre o sistema financeiro e o crescimento económico

A importância do sistema financeiro para o crescimento económico não está


necessariamente na capacidade de agilisar transacções comerciais entre agentes
económicos, mas, na capacidade de realçar recursos através da concessão de crédito e,
estes serviços são realizados por intermediários financeiros.
A presença de intermediários financeiros contribui para mitigar os problemas
decorrentes dos custos de transacção e de informação, um facto que concorre para
influenciar as decisões de poupança e de investimento, e, por via disso, o crescimento
económico. Os intermediários financeiros podem influenciar o crescimento através dos
seguintes canais: redução dos custos de aquisição e processamento de informação
(melhoramento da alocação de recursos para as famílias), diversificação do risco (um facto
que pode induzir os aforradores a direccionar a sua carteira de investimentos para projectos
com retornos esperados elevados), mobilização de poupanças individuais com vista a
aprofundar o processo de crescimento económico e, finalmente, o uso da moeda como um
meio mais eficaz no processo das trocas (Jossefa, 2011).
A partir dos novos modelos de desenvolvimento (modelos endógenos), passou-se a
reflectir sobre a possibilidade de haver um positivo impacto do sistema financeiro sobre o
crescimento económico através de sua capacidade de transformar recursos financeiros em
investimentos produtivos. A existência de um sistema financeiro na economia justifica-se
pelas três funções que este deve desempenhar junto ao sistema económico (Samuelson e
Nordhaus, 2010):
 Canalizar os recursos na direcção de sectores mais produtivos a fim de
proporcionar um crescimento na economia.
 Agir ou actuar com potenciais tomadores de créditos de acordo com diversas
possibilidades de investimento (atendendo a dimensão e a expansão).
 Aumentar a eficiência do uso dos recursos.
O cumprimento ou a realização das funções acima apresentadas estimula o
crescimento económico elevando a acumulação de capital e na redução dos índices da
pobreza, gera e expande a liquidez, mobiliza poupança, intensifica a acumulação de capital
e transfere recursos de sectores tradicionais para sectores mais modernos e indutores de
crescimento. Uma maior diversificação do sistema financeiro depende do crescimento de

18
sectores tradicionais (principalmente em economias em desenvolvimento) como também
do surgimento e crescimento de novos sectores que conduzam ao aumento do produto, da
renda e da poupança e, esta maior actividade económica elevaria a demanda por produtos
do sistema em causa tanto na perspectiva dos poupadores quanto dos investidores.
O funcionamento do sistema financeiro sem problemas como foi o caso na maior
parte do período decorrido desde a IIª Guerra Mundial, contribui grandemente para o
crescimento económico saudável. No entanto, quando os bancos falham e as pessoas
perdem a confiança no sistema financeiro, o crédito torna-se escasso, o investimento é
restringido e o crescimento económico abranda (Samuelson e Nordhaus, 2010).
Em suma, o sistema financeiro influencia o desempenho global da economia e sua
competitividade.

2.4. Composição do sistema financeiro

Instituições financeiras são organizações cuja finalidade é optimizar a alocação de


capitais financeiros próprios e/ou de terceiros, obedecendo a uma correlação de risco, custo
e prazo que atenda aos objectivos dos seus patrocinadores, incluindo pessoas físicas ou
jurídicas que tenham interesses em sua operação como accionistas, clientes, colaboradores,
fornecedores, agências reguladoras do mercado onde a organização opere (Passos e
Nogami, 2003).

Segundo Mishkin (1998), as instituições financeiras são intermediários financeiros


que desempenham um papel importante na melhoria da eficiência económica porque
ajudam os mercados financeiros a canalizar fundos de emprestador-poupadores para
pessoas com oportunidades de investimento produtivo. Sem um conjunto de
intermediários, é muito difícil para uma economia alcançar potencial total.

As instituições financeiras que operam no sistema financeiro são classificadas em


dois grupos: Instituições financeiras bancárias e instituições financeiras não bancárias
(Passos e Nogami, 2003).

As instituições financeiras bancárias/monetárias são instituições com faculdades de


criação da moeda ou meios de pagamento, ou seja, são instituições autorizadas a captar
recursos juntos ao público sob a forma de depósitos à vista com as seguintes classificações:

19
Bancos comerciais; caixas económicas; cooperativas de crédito; bancos cooperativos e
bancos múltiplos com carteira comercial.

A Lei n.º 13/2005, de 30 de Setembro – Lei das Instituições Financeiras no seu


artigo nº 02 referida na alínea nº 11 (BNA, 2005), define as instituições financeiras
bancárias ou bancos como as entidades habilitadas para exercer, como actividade principal,
operações de receber do público depósitos ou outros fundos reembolsáveis, a fim de aplicá-
los, por conta própria, mediante a concessão de crédito.

A actividade de receber do público, depósitos ou outros fundos reembolsáveis, para


a utilização por conta própria e exercer a função de intermediário de liquidação de
operações de pagamento, apenas pode ser exercida pelas instituições financeiras bancárias,
de acordo com o princípio da exclusividade, previsto no artigo 7.º da Lei das Instituições
Financeiras (BNA, 2005).

Instituições financeiras não bancárias ou não monetárias são aquelas não


autorizadas a captar recursos sob a forma de depósito à vista como: bancos de
investimentos; bancos de desenvolvimento; Sociedades de arrendamento mercantil;
companhias hipotecárias; sociedades de créditos, financiamento e investimento e
instituições asseguradoras (Passos e Nogami, 2003).

2.5. Instrumentos Financeiros

Instrumento financeiro é qualquer contrato que resulte em activo financeiro para


uma empresa e passivo financeiro para outra, ou seja, são documentos físicos ou registos
electrónicos, padronizados, que permitem ao utilizador transferir fundos ou efectuar
pagamentos e estes, são classificados em activos financeiros monetários e não monetários
(Passos e Nogami, 2003). Para esses autores fazem parte dos activos financeiros
monetários o papel-moeda em poder do público e os depósitos à vista nos bancos
comerciais, tanto públicos como privados, e nas caixas económicas.
Compreendem activos financeiros não monetários todos os demais activos como
depósitos de poupança, letras de câmbio e certificados de depósitos bancários que pode ser
emitido por um banco comercial como por um banco de investimento, instrumentos do
mercado de crédito (são obrigações denominadas em dólares do Estado ou de entidades

20
privadas que garantem o pagamento do capital no fim do prazo e o pagamento de juro ao
longo do prazo), acções (são direitos de propriedade sobre as empresas que rendem
dividendos dos pagamentos retirados dos lucros das empresas), fundos de pensões (são
activos financeiros provenientes das contribuições dos trabalhadores e empresas durante o
período útil de vida laboral que posteriormente são transferidos para pessoas no período da
reforma), segundo Passos e Nogami (2003).

2.6. Mercados Financeiros, suas aplicabilidades nos mercados

Segundo Soares (2010), o mercado financeiro é o mecanismo que conjuga a


procura e oferta de produtos financeiros e este pode dividir-se em três grandes áreas:
mercado monetário, mercado de capitais e mercado cambial.
Para Stiglitz (1989), citados por Oreiro et al (2010), os mercados financeiros
desempenham três funções fundamentais numa economia de mercado, a saber: selecção de
projectos de investimento, controlo do uso de recursos e agregação de poupanças. Cada
uma destas funções é realizada num contexto no qual prevalece a informação assimétrica e
onde os custos envolvidos na realização das transacções e no cumprimento dos contratos
são não desprezíveis.
O mercado monetário agrupa as transacções efectuadas por prazos normalmente
inferiores há um ano e utiliza instrumentos como os bilhetes de tesouro, o papel comercial,
os depósitos a prazo.
O mercado de capitais se refere às operações por prazo, em princípio há um ano e
que respeitam a produtos como as obrigações, acções, títulos de participações. O mercado
cambial, diz respeito ao negócio de compra e venda de divisas.
Segundo Mishkin (1998) os mercados financeiros desempenham a função
económica essencial de canalizar fundos de pessoas que pouparam fundos em excesso por
gastarem menos que suas receitas, para pessoas que têm escassez de fundos porque
desejam gastar mais do que suas receitas.
Os mercados e instituições financeiras em bom funcionamento são necessários para
aumentar o bem-estar económico, a eficiência e são cruciais para a saúde económica; sem
mercados financeiros, é difícil transferir fundos de uma pessoa que não tem oportunidades
de investimento para uma que as tem.

21
2.6.1. Mercado de Crédito

O mercado de crédito compreende todas as operações de financiamento e


empréstimo de curto prazo e médio prazo para aquisição de bens de consumo corrente e
duráveis, bem como para o capital de giro das empresas e, as instituições que operam neste
mercado são os bancos comerciais, bancos de investimento e financeiras onde estas são
especializadas no fornecimento de crédito ao consumidor e no financiamento de bens
duráveis (Samuelson e Nordhaus, 2010).
Os bancos comerciais, de investimento e financeiros, desempenham um papel de
ofertantes de recursos financeiros (a partir dos depósitos efectuados por indivíduos
capacitados financeiramente/poupadores, ou seja, com excedentes monetários) a indivíduos
(credores) demandantes da moeda e com grandes oportunidades de investimento, mas, a
variável condicionante nesta ligação entre ofertante e demandante é a taxa de juro.
Os mercados de créditos dentro da economia servem para a criação e aumento de
investimentos e na criação de novos empregos na economia. Visa no aumento e redução da
produção na economia, mas, os investidores sentem-se mais atraídos quando este mercado
fornece taxas de juros atraentes, ou seja, equilibradas porque, a taxa de juro é a
remuneração de um capital emprestado em função de um determinado período, ou seja, é a
relação entre o valor de juro a pagar (ou a receber) num ano e do capital emprestado (ou
depositado) (Mishkin, 1998).
Neste mercado regista-se um maior índice de credores quando há maior oferta de
massa monetária porque força as taxas de juros a reduzirem e tornarem-se atraentes e,
quando o Banco Central decide reduzir com a massa monetária. Por motivos inflacionários
registar-se-á uma maior demanda que forçará o aumento da taxa de juro e automaticamente
reduzindo com os investimentos.
Os créditos na economia angolana feitos por diferentes operadores económicos e
sectores da economia por intermédio das instituições financeiras nos anos de 2001 e 2002
conforme mostra o gráfico da figura 1, eram avaliados, segundo o relatório do BNA
(www.bna.ao), em média, em aproximadamente 16.373,44 mil milhões de Kwanzas em
nível do país e que não representava significativamente um avanço à economia. Este valor
médio não contribuiu no crescimento económico do país, porque uma boa parte dos
recursos era canalizada na compra de armamentos. Após o fim do conflito armado, e o

22
alcance da paz em Abril de 2002, a economia angolana começou a registar um crescimento
nos diversos sectores de actividade fruto da evolução dos créditos que foram alavancando
o empresariado angolano por intermédio de investimentos avaliadas em média cerca de
220.394,694 mil milhões de Kwanzas, segundo a mesma fonte que temos vindo a citar.
Entre 2008 e 2009, as instituições financeiras cederam créditos à economia num valor
médio ponderado de 1.095.013,96 mil milhões de Kwanzas, contribuindo assim para o
avanço da economia angolana em quase todos os seus sectores (BNA, 2013b).

Crédito a Economia 2001-2009


Crédito à Economia (mil milhões de Kzs)

2000 2001 2002 2003 2004 2005


Tempo 2006 2007 2008 2009 2010

Figura 1- Evolução do Crédito à Economia em Angola.


Fonte: Elaborada pelo autor a partir dos dados do BNA (www.bna.ao).

2.6.2. Mercado de Capitais

Passos e Nogami (2003) definem o mercado de capitais como o local onde está
concentrada toda a rede de bolsa de valores (local físico ou virtual onde se negoceiam-
compram e vendem-valores mobiliários e instrumentos financeiros derivados) e
instituições financeiras que operam com a compra e venda de acções e títulos de dívida em
geral, sempre em longo prazo. Este mercado actua no financiamento do capital de giro e do
capital fixo das sociedades anónimas de capital aberto.
Para Soares (2010), o mercado de capitais é um segmento do mercado financeiro
que trabalha, sobretudo com instrumentos de médio e de longo prazo, envolvendo as
acções, obrigações, os títulos de participação, os títulos do tesouro, entre outros. É um
mercado de valores mobiliários onde a sua principal função é a de facilitar a transferência

23
de recursos e a conversão de activos líquidos em investimento, isto é, canalizando as
poupanças para o sector produtivo da economia, não gerando massa monetária por motivos
inflacionários.
Este mercado tem a função de canalizar as poupanças da sociedade para a indústria,
o comércio e outras actividades económicas e até mesmo para o Governo.
Os instrumentos do mercado de capital são títulos de dívida e de acções com
vencimentos de mais de um ano. Eles têm flutuações de preços mais largas do que as dos
instrumentos do mercado monetário e são considerados investimentos bem menos
arriscados (Mishkin, 1998).

2.6.3. Mercado Monetário

As operações financeiras de curto e de curtíssimo prazo são realizadas no mercado


monetário e, dele fazem parte órgãos financeiros que negociam em títulos e valores,
concedendo empréstimo a firmas ou particulares a curto e curtíssimos prazos, contra o
pagamento de juros. Nele, são financiados, também, os desencaixes momentâneos da caixa
dos bancos comerciais e do tesouro nacional (Downes e Goodman, 1995 citado por
Tamele, 2011).
É neste mercado que são realizadas as operações de mercado aberto, inclusive as
operações de um dia, conhecidas como operações de overnight. Este mercado também é
tido como um dos instrumentos de política monetária, utilizados pelo Banco Central actua
para controlar o nível de liquidez da economia. Quando o Governo pretende reduzir a
liquidez, ou seja, retirar o dinheiro de circulação, ele vende títulos públicos, e quando
deseja aumentar a liquidez, compram esses títulos, injectando de volta o dinheiro no
sistema económico (Passos e Nogami, 2003).

2.6.4. Mercado Cambial

Krugman e Obstfeld (2008) afirmam que as taxas de câmbio desempenham um


papel central no comércio internacional porque nos permitem comparar os preços de bens e
serviços produzidos em diferentes países, e estas operações são feitas no mercado cambial
em diferentes países do mundo. Uma taxa de câmbio é o preço da moeda de um país em

24
relação à moeda de outras onde estas, permanecendo tudo o mais constante. Uma
depreciação da moeda de um país em relação às moedas estrangeiras (uma elevação dos
preços em moeda doméstica AOA das moedas estrangeiras) torna suas exportações mais
baratas e suas importações mais caras e, torna o inverso quando há uma apreciação da
moeda doméstica AOA em relação às moedas estrangeiras.
Este processo ainda pode ser entendido, segundo o autor que temos vindo a citar,
permanecendo tudo o mais constante, uma depreciação/desvalorização da moeda de um
país o que torna seus bens mais baratos para os estrangeiros. No caso contrário, torna seus
bens mais caros para os estrangeiros.
Assim como os outros preços na economia são determinados pela interacção entre
compradores e vendedores, as taxas de câmbio são determinadas pela interacção entre
famílias, empresas e instituições financeiras que compram e vendem moeda estrangeira
para fazer pagamentos internacionais.
Tal como outros preços, as taxas de câmbio variam de semana para semana e de
mês para mês, de acordo com as forças de oferta e da procura e esta, é estabelecida quando
a oferta e a procura estão em equilíbrio e quando isto acontece, regista-se uma estabilidade
na taxa de câmbio na perspectiva de preservar o poder de compra interna.
Os principais participantes do mercado de câmbio são os bancos comerciais, as
empresas que se envolvem com o comércio internacional, as instituições financeiras não
bancárias como as empresas de administração de activos e as companhias de seguros e,
finalmente, os bancos centrais. Os bancos comerciais exercem uma função primordial no
mercado porque facilitam a troca de depósitos bancários, que rendem juros e constituem a
maior parte das operações de câmbio; embora as operações de câmbio ocorram em vários
centros financeiros ao redor do mundo, a tecnologia moderna das telecomunicações liga
esses centros em apenas um único mercado, aberto 24 horas por dia.
Em Angola, nos primeiros meses (Janeiro) dos anos 2009-2015 a taxa de câmbio
apresentou uma tendência crescente como se pode observar no gráfico da Figura 2, que no
ano 2010 registou-se uma variação percentual de desvalorização da moeda (AOA)
angolana em relação às outras moedas na ordem dos 20% em função do ano 2009 e 2,15%
em 2013/20142.
No mês de Janeiro de 2014 e Janeiro de 2015, a taxa de câmbio variou numa ordem
tendencial crescente de 7,02% em Janeiro de 2015 em relação há cinco anos no mês de

2
Valores percentuais calculados pelo autor a partir dos dados do BNA, 2014.

25
Janeiro em quase 6% da taxa de câmbio médio ponderado, o que dificultou os agentes
económicos realizar suas transacções ao resto do mundo devido à escassez do USD,
elevando com os índices de preços (inflação) dos bens na economia angolana, como
também das importações realizadas durante este período (BNA, 2014).

Taxa de Câmbio
Período dae
depreciação/desvalorização
tendencial

Período de
apreciação/valorização da
moeda nacional

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Figura 2- Evolução da taxa de câmbio em Angola nos primeiros meses /Janeiro 2009-2015
Fonte: Elaborada pelo autor a partir dos dados do BNA (www.bna.ao)

2.7. Imperfeições de mercado, problemas informacionais e o papel dos


intermediários Financeiros

Para Oreiro et al (2010) no mundo real existem diversas imperfeições (informações


assimétricas, custos de transacção, mercados incompletos, etc) que fazem com que a
alocação de recursos para o financiamento dos projectos de investimento possa ser
ineficiente, quando realizadas de forma descentralizada por intermédio dos mercados de
capitais. Dessa forma, o surgimento e a expansão dos intermediários financeiros
basicamente, bancos comerciais podem aumentar a eficiência na alocação de recursos ao
reduzir o nível destas imperfeições.
A existência de informações assimétricas pode tornar difícil o financiamento de
projectos de investimentos e a rentabilidade de um projecto depende de variáveis que só
são plenamente conhecidas pelo empresário como, por exemplo, o montante de recursos
efectivamente comprometido com o projecto e a atractividade intrínseca do mesmo ou que

26
estão sob o controlo do empresário isto é, o grau de eficiência na utilização dos recursos
produtivos (Oreiro et al, 2010).

Ainda, os referidos autores, estes autores, realçam que a mobilização de poupanças


é o processo custoso pelo qual o capital é aglomerado a partir de um grande número de
poupadores para a realização de investimentos, os quais são indivisíveis devido à
existência de economias de escala e, esta envolve a superação de duas imperfeições do
mercado, a saber: a superação dos custos de transacção associados à colecta de poupanças
a partir de diferentes indivíduos e a superação das informações assimétricas associadas à
tarefa de fazer com que os poupadores se sintam confortáveis com a delegação do controle
de suas poupanças.

2.8. Caracterização do Sistema Financeiro angolano no contexto de


globalização financeira

O sistema financeiro angolano vem sofrendo uma profunda transformação que


implica não só uma maior operacionalidade do sistema, como também maior diversidade
de operações a serem desenvolvidas pela actividade financeira, procurando-se assim
satisfazer aos desafios de uma economia em mutação permanente segundo a lei das
instituições financeiras (BNA, 2005).

2.8.1 Origem e evolução do sistema financeiro angolano

A origem do sistema financeiro angolano remonta em 1865 (BNA, 2014). Neste


ano surgiu o primeiro estabelecimento bancário que era considerado como uma sucursal do
Banco Nacional Ultramarino.
A 14 de Agosto de 1926 foi criado o Banco de Angola com sede em Lisboa, que, a
partir dos anos de 1957, começou a exercer actividades comerciais bancárias até ao
surgimento do Banco Comercial de Angola de direito angolano.
A partir do surgimento do Banco Comercial de Angola e de direito angolano, o
sistema financeiro angolano começou a registar uma evolução dinâmica que compreendeu

27
três essenciais etapas. A primeira etapa vai de 1976 a 1997; a segunda e a última etapa
compreendem os períodos de 1998–2000 e 2000–2009, respectivamente.

A primeira fase foi caracterizada pelo confisco do activo e passivo do Banco de


Angola. Este confisco foi feito com base na lei nº 67/76 e; depois do mesmo, no dia 10 de
Novembro de 1976 um ano depois da proclamação da independência, surgiu o Banco
Nacional de Angola através da lei nº 69/76 publicada no Diário da República nº 266 – 1ª
Série em todos os seus compromissos internos e externos com a aprovação da sua lei
orgânica.
O BNA tinha por funções fundamentais a do Banco Central e função de Banco
Comercial, estando sob a supervisão do Ministério das Finanças com base na lei nº 67/76;
mas ao decorrer dos tempos, a actividade bancária passou a ser exclusivamente exercida
pelos Bancos do Estado através da lei nº 4/78 de 25 de Fevereiro e nos anos 80 e princípios
de 90, aprovou-se pela comissão permanente da Assembleia do Povo a lei nº 4/91 a 20 de
Abril que dispunha o sistema financeiro que vigorava até a publicação da presente lei que
assentava num único Banco que é o BNA com o monopólio do exercício das funções
centrais, comerciais e de investimento.
Com as concentrações de actividades e funções, foi aprovada uma nova lei orgânica
do BNA devido à nova filosofia económico financeira nacional reflectida na primeira lei
do quadro reguladora das instituições financeiras, a lei nº 5/91 aprovada a 20 de Abril que
facilitou a extensão da rede de balcões do BNA por todo o território nacional.
Fruto das reorganizações do quadro regulador das instituições financeiras do
sistema financeiro foi aprovado a 11 de Julho a lei nº 6/97 com um novo quadro jurídico
que passou a estabelecer a diferença claro entre os mercados monetários, financeiro e
cambial, definindo as suas fronteiras mediante a utilização de meios e instrumentos de
pagamentos para o efeito e com a instauração no mercado monetário de níveis de
pagamento como o circuito primário entre os bancos comerciais (ou agências do BNA em
regime de transição) e os agentes económicos no mercado de bens e serviços, circuito
interbancário entre as agências do BNA, em regime de transição.
Com a aprovação do novo quadro jurídico a partir da lei acima citada, o sistema
financeiro passou a apresentar a seguinte estrutura orgânica: BNA respondia como órgão
de supervisão do sistema financeiro; os bancos comerciais e os bancos de investimento
e/ou desenvolvimento respondiam as funções de instituições bancárias; as cooperativas e
28
caixas de crédito e instituições de poupanças e de crédito imobiliário respondiam pelas
funções de instituições especiais de crédito; sociedade de investimento, sociedade de
capital de risco, sociedade de locação financeira e finalmente às sociedades de factoring
respondiam as funções de instituições para-bancários.
Ainda assim, com base no quadro legal aprovado, o Banco Nacional de Angola,
passou a ser consagrado como banco emissor e de reserva, banco dos bancos, banqueiro do
Estado, autoridade monetária e cambial dos respectivos mercados tendo-lhe assim,
consequentemente sido atribuído à função fundamental de assegurar o equilíbrio monetário
interno e a solvabilidade exterior da nossa moeda como objectivo basilar da sua actividade
deixando de abrir contas de depósitos tanto em moeda local ou estrangeira e, foram
igualmente introduzidos os primeiros instrumentos de política monetária, nomeadamente
as reservas obrigatórias e o aumento das taxas de juros.
Para além do BNA, o sistema bancário angolano passou a ser composto por mais
duas instituições bancárias comerciais de direito angolano sobre forma de sociedade
anónimas de capitais públicos conforme a lei nº 70/76, o Banco de Poupança e Crédito
(BPC. Ex. BPA), Banco Comercial e Indústria (BCI) e três bancos de capitais estrangeiros
(Banco Totta Standard, Banco Pinto & Sotto Mayor e o Banco Inter Unido) assim como
quatro estabelecimentos de crédito (o Instituto de Crédito de Angola, o Banco Fomento de
Angola, a Caixa de Crédito Agro-Pecuário e o Montepio de Angola) nos anos 1992.
Atendendo a dinâmica das reformas estruturais para o alcance da construção e da
estabilidade económica, o sistema financeiro angolano conheceu uma segunda fase
progressiva compreendida no período de 1998-2000.
Nesta etapa, o Governo angolano, nos anos de 1997-1999 dentro dos seus
objectivos decisivos, começou a primar pela eficiência do mercado financeiro nacional,
sendo deliberado na sua 12ª sessão realizada em 26 de Outubro de 1999, onde o BNA
definiu uma estratégia para a evolução do sistema financeiro angolano por motivos de estar
obsoleta, ou seja, desactualizada em função da emissão das novas tecnologias
fundamentada por dois grandes factores nomeadamente, a evolução dos mercados
monetários, financeiro e cambial e dos respectivos agentes em função das novas
tecnologias e, finalmente, os direitos e garantias fundamentais consignados na Constituição
revista em 1992.
Atendendo as consequências das reformas legislativas de 1992 consagradas na
primeira constituição, o BNA dentro das suas funções aprovou a lei nº 1/99 em 29 de Abril

29
o quadro legal para o sistema financeiro e sua transparência que regulasse de forma mais
sólida o processo de estabelecimento, o exercício da actividade, a supervisão, o
saneamento e aplicações de sanções às instituições de crédito e sociedades financeiras com
uma nova estrutura, onde o BNA continuava sendo como órgão de supervisão do sistema
financeiro coadjuvado pelo Instituto de Seguros de Angola (ISA), os bancos, cooperativas
de crédito e sociedades de locações financeiras como instituições de crédito e finalmente as
sociedades de investimento, de capital de risco, de factoring, gestoras de patrimónios
imobiliários, fundos de investimentos, fundos de pensões, financeira de corretagem,
seguradoras (tuteladas pelo MINFIN) e as casas de câmbio como sociedades financeiras.
Finalmente, no período de 2000-2009, o mercado financeiro angolano começou a
registar índices de desenvolvimento fruto das mutações e alterações com vista a sua
modernização e adequação aos padrões financeiros internacionais e com o dinamismo da
economia de mercado, houve uma necessidade de dar respostas às exigências que o
caracterizam e no âmbito da sua evolução, foi instituído no sistema financeiro angolano o
sistema de pagamento de Angola (SPA) com o objectivo de supervisionar e regular o
sistema de pagamentos interbancários.
De acordo com a regulação em vigor, actualmente o sistema bancário angolano é
constituído por várias instituições bancárias de capital nacional e estrangeiro com uma
extensão em nível do território nacional, nomeadamente de capital português.

Para além de assegurar a preservação do valor da moeda nacional, compete


essencialmente ao BNA (com representações em Benguela, Cabinda e Huila): actuar como
banqueiro único do Estado, aconselhar o Estado nos domínios monetário, financeiro e
cambial, colaborar na definição e executar a política cambial, bem como o respectivo
mercado, gerir as disponibilidades externas do país ou as que lhe sejam acometidas, agir
como intermediário nas relações monetárias internacional do Estado velar pela estabilidade
do sistema financeiro nacional, assegurando com essa finalidade a função de financiador
de última instância.

No domínio dos mercados, fala-se da abertura da bolsa de valores de Angola que


tem como objectivo potenciar o sistema financeiro e atrair cada vez mais os investidores
locais e estrangeiros a investirem na economia angolana e, deste modo o panorama actual
do sistema financeiro angolano continua registando mutações constantes em todos os seus
órgãos.

30
2.8.2. Estrutura actual do Sistema Financeiro Angolano

O sistema financeiro angolano apresenta hoje um nível de desenvolvimento e


sofisticação considerável, longe daquele que vigorou nos primeiros anos da independência
nacional, em que, em função do modelo económico adoptado pelo país, o modelo de
economia planificada centralmente, de inspiração socialista, a actividade bancária e
seguradora (e de comércio externo) eram monopólios do Estado (KPMG, 2014).
Angola ensaiou as primeiras mudanças no domínio económico, através do
lançamento do Programa de Saneamento Económico e Financeiro (SEF), em 1988, que, de
entre várias acções, objectivava a adopção do modelo de economia de mercado segundo o
autor que temos vindo a citar.
Com a crescente modernização do sistema financeiro angolano, em particular do
bancário, outros operadores nacionais e estrangeiros entraram em cena neste período de
extrema importância da actividade de intermediação financeira, pilar determinante para o
desenvolvimento económico e social do país.
Exercem actualmente a actividade bancária em Angola 29 instituições de crédito,
sendo três públicas e 26 privadas, numa extensão de mais de 500 agências.
Até ao ano 2000 operavam em Angola sete bancos e, em 2009 ascenderam para 19
e hoje o número ascende para 29 instituições de crédito, sendo três públicas e 26 privadas,
numa extensão de 500 agências (BNA, 2014). Desta forma, registou-se, um crescimento
considerável; em média, um banco por ano no período de 2000 a 2009 e quase dois bancos
por ano, nos últimos quatro anos segundo a fonte.
Vários factores fundamentam esta evolução, mas dois são predominantes. O
primeiro, de natureza política, deve-se ao facto de o país ter conhecido a paz definitiva em
2002, com a assinatura dos acordos de paz no dia 4 de Abril de 2002. O segundo, de
natureza económica, prende-se com o facto de, a partir de 2003, a economia angolana ter
começado a apresentar sinais visíveis de estabilização macroeconómica, a julgar pelos
índices de inflação e de depreciação cambial como podemos observar no gráfico da Figura
3.

31
Inflação acumulada Deprecição cambial

0,01%

25,87% 9,13%
74,94%

12,20% 11,20%
76,57% 31,02% 18,53%
105,50% 11,78%

-4,50% -0,74%
-6,45%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Figura 3 - Análise da depreciação da moeda em função da inflação


Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da taxa de câmbio de referência média no final do
ano, publicados no Boletim Estatístico do BNA (2008).

Para além das actividades bancárias, o sistema financeiro angolano compreende


também, as casas de câmbio com uma extensão de Setenta (70) agências no nível do país,
oito (8) sociedades de micro crédito e, as casas de seguro com uma extensão de sete (07)
agências (BNA, 2014).
O sector de seguros em Angola como pode observar no gráfico da Figura 4, tem
contribuído bastante no crescimento da economia com uma participação significativa no
PIB. Em 2002, teve a maior participação na ordem dos 0,44% e, em 2007 e 2008. Registou
uma redução na ordem de 0,15% e 0,07%, respectivamente, em termos de sua contribuição
no crescimento económico de Angola. Esta redução percentual explica-se pela crise
financeira que está assolando o mundo. Finalmente, no período 2009-2010, o referido
sector teve uma variação percentual crescente de 0,03% (INSS, 2014).

32
0,43% 0,44%
0,38%
0,34%
0,33%
0,28%
0,26%

0,15%

0,07%

0%

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 20010

Participação do seguro no PIB

Figura 4 – Participação do Seguro no PIB de Angola 2001-2010


Fonte: Elaborada pelo autor com base aos dados do ISS.

2.8.3. Sistema Bancário e seus Níveis de Concentração em Angola

O sistema bancário a partir dos seus serviços prestados, registou um aumento no


volume de seus negócios no ano de 2014 em kz 1.004.989,54 milhões no Iº trimestre que
corresponde a 16,17%, passando de kz 6.214.495,67 milhões no IIº trimestre para kz
7.219.485,21 milhões no IIº trimestre (BNA, 2014) com um crescimento médio ponderado
de kz 2,67268 milhões, com este crescimento registado neste sector da economia angolana,
impulsionado sobre tudo pelo aumento dos títulos e valores mobiliários, particularmente
dos títulos de tesouro mantidos até ao vencimento e da carteira de crédito que manteve a
sua relevância na estrutura de negócios da banca, tornando pouco saudável o sector em
análise.
No período de 2014, verificou-se uma migração de activos detidos em moeda
estrangeira para moeda nacional, quando os activos em moeda nacional rondaram em
64,1% superior em 7,1% (BNA, 2014) em relação do período homólogo de 2013, o que
mostra o efeito positivo da aplicação da política de desdolarização da moeda na economia
implementada no princípio do ano 2014.
Ainda assim, os passivos para este sector no ano 2014, os recursos captados a
terceiros somaram kz 6.460.166,10 milhões com uma expansão de kz 873.747,98 milhões
(quase 16%), que constitui a maior fonte de recursos das instituições financeiras bancárias
representando um total de passivos na ordem dos quase 79% (BNA, 2014), quando os

33
depósitos à ordem mantiveram a predominância segundo o relatório da estabilidade
financeira do BNA (2014) na carteira de depósitos com quase 57%, tendo aumentado
24,52% face ao período homólogo. A semelhança do activo, o passivo deste sector
segundo a fonte, apresentou a predominância em moeda nacional um valor percentual de
quase 59% do volume total de obrigações do sistema bancário.
Quanto ao desempenho dos diferentes bancos por controle accionária, os bancos
privados nacionais apresentaram maiores volumes de activos, depósitos e resultados em
2014, enquanto os bancos privados estrangeiros detêm activos de melhor qualidade, ou
seja, maior volume de créditos concedidos e menores taxas de incumprimento. Os bancos
públicos angolanos, para o ano de 2014, foram os menos eficientes por motivos de terem
apresentado menores taxas de incumprimento e resultados mais reduzidos em comparação
com os Bancos privados nacionais e filiais de bancos estrangeiros segundo a fonte que
temos vindo a citar.
Em termos de activos e créditos, a concentração manteve-se em 0,11 e 0,16 até
Dezembro de 2013 quando os depósitos apresentaram um ligeiro aumento de 0,12 para
0,13, relatório de estabilidade financeira (BNA, 2014). Face ao elevado nível de
crescimento económico do país, aliado a maior oferta de produtos e serviços bancários, ao
aprimoramento da regulamentação do mercado e a uma crescente cobertura pelo país da
rede bancária, o sistema bancário angolano continua a demonstrar capitalização suficiente
para suportar os riscos económicos e financeiros. O índice de estabilidade financeira em
Angola situou-se na ordem dos quase 61% superando aos 43,46 (BNA, 2014) do período
homólogo de 2013. Este crescimento percentual explicou-se pela tendência crescente da
solvabilidade dos activos líquidos, bem como factores externos como o aumento do preço
do petróleo antes da sua queda.

2.8.4. Acesso aos serviços Financeiros e seus determinantes em Angola

Segundo Campbell (2006), citado por Jossefa, a análise das finanças das famílias é
um desafio porque o comportamento das mesmas é difícil de medir e, além disso, as
famílias se defrontam com constrangimentos que raras vezes são capturados pelos modelos
dos manuais de finanças, mas que é relevante analisar dada a importância do sistema
financeiro na economia.

34
O acesso a serviços financeiros (ASF) pelas famílias não é sinónimo do uso dos
mesmos. De acordo com Claessens (2006) citado pelo autor que temos vindo a citar,
enquanto o acesso refere-se à disponibilidade de serviços financeiros de boa qualidade e a
baixos custos, o uso corresponde ao consumo actual dos mesmos. Ainda o mesmo autor,
apresenta a diferença entre o acesso e o uso dos serviços financeiros na perspectiva das
curvas da procura e oferta. Assim, o acesso refere-se à oferta, enquanto o uso é a
intercessão das curvas da oferta e procura; e, nesta perspectiva, o equilíbrio depende da
relação entre os custos incorridos pelas instituições e o rendimento das famílias. Se o custo
for elevado, é evidente que as famílias não vão usar os serviços financeiros; assim, um
agente pode ter ASF, mas não exerce o direito de uso, porque, por um lado, tais serviços
são incompatíveis com a sua situação financeira, mas também não ter acesso aos mesmos e
não exercer o direito de uso.
Em função dos dados preliminares do censo populacional realizado em Maio de
2014 registou-se um crescimento populacional de 19.81 milhões para 24.38 milhões
projectados pelo INE até finais de 2014, tendo-se verificado um incremento percentual na
ordem dos 23,05%. Deste modo, derivado da não publicação de dados sobre a população
adulta superior a 15 anos, projectou-se pelo mesmo nível de crescimento, tendo a
população adulta passado de 10.47 milhões para 12.88 milhões de habitantes em finais de
2014, tendo desta forma, originado uma redução da taxa de bancarização para o período de
referência em 47,39%, superando em 1.46 pontos percentuais a taxa calculada no período
anterior (BNA, 2014).
Em Angola, fruto do programa implementado pelo BNA em 2012 sobre a educação
financeira, foram abertas até ao primeiro semestre de 2014 um total de 277.587 contas
Bankita à ordem, contra 202.942 registadas no período homólogo de 2013 com uma
representação de quase 1,6% e 2,15% da população adulta superior a 15 anos em nível do
território nacional respectivamente começaram a ter acesso a serviços financeiros
bancários, apresentando assim, um crescimento percentual de quase 37% (BNA, 2014).
Em 2014, foram atribuídos, de acordo com o BNA (2014), 157.388 cartões de
Multicaixa contra 112.038 registados no período homólogo de 2013 representando, assim,
um crescimento abaixo da média, de quase 40,5% e isto mostra que a emissão de cartões
de Multicaixas não acompanha com o número de abertura de conta Bankita e isto constitui
um factor inibidor à dinamização do subsistema de Multicaixa fruto da não dinamização e
gerência de tempo da emissão da mesma e por falta de cultura do próprio cidadão, razão

35
pela qual os bancos angolanos têm tido enormes filas nas suas agências em determinadas
zonas do território nacional.
Todavia, apesar da forte expansão, a actividade bancária ainda é incipiente, pelo
que existem espaços a preencher se essa actividade for encarada na perspectiva do índice
de bancarização da população, que em Angola se situava em 6,5% (KPMG, 2014).
Portanto, podemos considerar que o nível de acesso e de utilização dos serviços financeiros
pelas pessoas ainda é reduzido isto é, porque esta actividade está mais concentrada nas
províncias de Luanda com 52,34%, Benguela com quase 9%, Huila com quase 7% e
finalmente a província do Huambo com 4,08% (BNA, 2014). Podemos, assim, deduzir
que, aproximadamente 72,4% das actividades e serviços bancários estão concentradas em,
apenas, 4 províncias dos dezoitos existentes no país. Este facto pode ser explicado pela
configuração demográfica de Angola. Os resultados preliminares do censo populacional
revelam que 27%, 10% da população de Angola concentram-se em Luanda e Huíla
respectivamente, ao passo que 8% está concentrada em Benguela e Huambo (INE, 2014).
O rendimento médio, a escolaridade, o ambiente institucional, localização
geográfica e a distribuição etária são factores socioeconómicos apontados como os
determinantes do ASF nos países, em particular, nos países em via de desenvolvimento
(PVD´s); por exemplo, Beck et al (2005), citados por Jossefa (2011), apontam que o
ambiente institucional é o mais importante pelo facto de que os sistemas financeiros
desenvolvidos e eficientes conduzem ao alargamento do ASF. Mas, os factores
comportamentais tais como a conveniência, a confiança nas instituições e a aversão ao
risco também influenciam o ASF. Para o efeito, o definiram King e Honohan (2009)
citados pelo mesmo autor o ASF como a posse de uma conta bancária.

36
CAPÍTULO - 3: Impacto do Sistema Financeiro no Crescimento da
Economia Angolana: Análise econométrica

3.1. Introdução

Neste capítulo, pretende-se numa primeira secção realizar uma apresentação


de um breve resumo de trabalhos empíricos com uso de modelos econométricos; um
enquadramento teórico sobre o modelo econométrico VAR destacando o seu campo de
utilização. Em seguida, apresentam-se os critérios de selecção utilizando os testes de
Dickey-Fuller Aumentado (ADF), e realiza-se o diagnóstico do modelo estimado mediante
os testes de normalidade e independência dos termos de erros. Finalmente, procede-se à
análise de dados e interpretação dos resultados derivados do modelo estimado.

3. 2. Breve resumo de trabalhos empíricos

Segundo Jossefa (2011), o acesso aos serviços financeiros (ASF) numa economia
depende de altos níveis de rendimento, uma elevada confiança, ou seja, credibilidade nas
instituições financeiras para que os agentes económicos estabeleçam relações comerciais, o
nível de escolaridade e finalmente a localização geográfica deste agente porque, há mais
acesso a esses serviços aos indivíduos que vivem nas zonas urbanas devido ao nível de
desenvolvimento nestes locais e pelo acesso a informações. Após ter estimado o modelo
Probit, o referido autor conclui que factores socioeconómicos e comportamentais,
determinam a probabilidade de ASF.
Para Corrêa (2005), o grau de desenvolvimento do sistema financeiro de um país
depende noutro sim do nível de protecção oferecida aos seus investidores e na
credibilidade das instituições financeiras no asseguramento dos retornos dos seus
investimentos repercutindo assim um impacto positivo no crescimento da economia. Mas,
Stiglitz (1989) citado por Corrêa (2005), sublinha que questões institucionais, têm um
impacto maior na economia real do que nos países mais desenvolvidos devido ao fracasso
dos seus Governos e das instituições em lidar com possíveis falhas de mercado.

37
Oreiro et al (2010), concluíram que para um maior desenvolvimento nesse sector, é
preciso registar-se um aumento na eficiência da alocação de recursos nomeadamente nos
bancos comerciais reflectindo assim um impacto positivo no crescimento económico.
O Departamento de Estudos Económicos e Estatísticos do Banco Central de
Moçambique avaliando a Importância da Estabilidade Macroeconómica e do Sector
Financeiro no crescimento da economia moçambicana estimou, um modelo de regressão
múltipla composta por sete (07) variáveis (o Índice Agregado de Instabilidade
Macroeconómica como a variável endógena, que varia de 1 a 0, em que 0 representa uma
estabilidade macroeconómica e 1 a instabilidade e, como variáveis exógenas a Inflação,
Défice Público, Grau de Abertura, Taxa de Câmbio, Taxa de Juro e as Reservas
internacionais Líquidas). Os resultados obtidos a partir do modelo estimado mostram que
o défice público, a dívida externa, a inflação e a taxa de câmbio, constituem as principais
fontes da instabilidade macroeconómica de uma economia e que o crescimento económico
está correlacionado negativamente com o nível de instabilidade macroeconómico e
positivamente com o nível de estabilidade financeira. O aumento da estabilidade do sector
financeiro da economia em 1% gera um impacto positivo de 1,9% sobre a expansão do PIB
per capita real, mantendo-se tudo o resto constante; noutro sim, um incremento do índice
de instabilidade macroeconómico em 1%, mantendo tudo o resto constante, resulta numa
recessão do crescimento económico na ordem dos 0,7% reflectindo assim, o inverso do
pressuposto, provoca uma estabilidade macroeconómica e concomitantemente num
aumento ascendente do crescimento da economia, mantendo tudo o resto constante.
Bjornland (2000) através da imposição de restrições contemporâneas para os preços
do petróleo procurou analisar os diferentes efeitos dinâmicos de um choque médio dos
preços reais petrolíferos no PIB real e do desemprego na Alemanha, Noruega, Reino Unido
e Estados Unidos usando dados trimestrais em períodos históricos diferentes como 1969 e
1994 para Alemanha, Noruega 1967 e 1994, Reino Unido 1966 e 1994 e Estados Unidos
1960 e 1994 usando o modelo VAR. Para testar a estacionaridade dos dados da série de
regressão, aplicou o teste de Dickey Fuller Aumentado (ADF) integrado às variáveis
transformadas em logarítmos, pelo que os dados das séries preços petrolíferos, PIB real em
todos os países admitiram ambos terem uma raís unitária ou não serem estacionários (não
reijetando a nulidade) com apenas um desfasamento quanto que os dados da série
desemprego admitiram serem estacionários com tendência. Procedeu-se de forma isolada
testar as séries em função de cada país, a um nível de significância de 5%, os critérios de

38
Schwarz, Hannan-Quinn e Erros de Predição Final sugeriram a estimação do modelo
VAR(3) para os EUA, VAR(5) para Alemanhã e VAR(6) para Noruega e Reino Unido não
mostrando qualquer evidência de correlação serial nos resíduos. Os resultados, obtidos a
partir do modelo VAR estimado, mostram que para todos os países com excepção da
Noruega, um choque adverso do preço do petróleo teve um efeito negativo sobre a
produção no curto prazo e um efeito negativo no longo prazo (10 anos) para os EUA. Já
para a Noruega, o sector petrolífero por desempenhar um importante papel na economia, os
choques dos preços sobre a produção é positivo em todos os horizontes embora, no longo
prazo seja não significativo. E que um choque petrolífero em todos os países, teve pouco
efeito no desemprego pelo que aumentou apenas 0, 1 pontos percentuais depois de dois
anos e que estes choques identificados nos modelos VAR, se encaixam bem com os
eventos reais que ocorreram nestes diferentes períodos.
Pilstrom et al (2009), aplicando o mesmo modelo para prever o crescimento do PIB
para os Estados Balísticos (Estónia, Letóania e Lituânia) usando como variáveis
explicativas a inflação e o desemprego num período compreendido entre 1998 e 2008, sem
desfasamentos, constante e tendência, os testes mostraram que a um nível estatístico de 5%
rejeita a anulidade de que o desemprego e a inflação não têm efeitos estruturais no PIB dos
Estados Balísticos. Estimaram dois modelos procurando estudar a relação existente entre
PIB e Inflação e, PIB e desemprego. Concluiram, no caso do primeiro modelo, que uma
variação de 0,000579 pontos percentuais na inflação levaria ao crescimento do PIB nos
próximos anos com um efeito explicativo abaixo de 50%. Quanto ao segundo modelo, os
resultados obtidos mostram que as variações do desemprego explicam 82% na baixa das
variações do PIB. Os referidos autores concluiram que, o PIB deve diminuir com um
aumento de um ponto percentual do desemprego por estabelecerem uma relação inversa. O
PIB e a inflação têm uma relação positiva porque um crescimento rápido durante a maior
parte do Século XXI aumentaria com o emprego, as empresas contratariam mais
trabalhadores para o aumento da produção, aumentos de salários, o que iria estimular as
empresas a aumentar seus preços para pagar o aumento dos salários; e, isto levará a uma
pressão inflacionária na economia. Para tal previsão, o modelo VAR mostra ser bom
para horizontes até t+12 e mais confiáveis o contrário para previsões acima de t+12 porque
são altamente incertos e a incerteza, é aumentada pela crise financeira de 2008 e 2009 pese
embora no caso de Lituânia mostrasse ser uma previsão crescente no PIB na ordem dos
4,23% em 2010.

39
O Departamento de Estudos Económicos do Banco Central da Suiça (2006), para
poder prever a inflação de preços ao consumidor na economia estimou um modelo de
vectores autorregressivo logaritmizado (VAR) simulando diferentes resultados usando dez
(10) variáveis (Inflação como variável explicada; PIB, taxa de câmbio, agregados
monetários M1, M2 e M3, rendimentos dos títulos, índices de rendas para novos
apartamentos, os emprestimos bancários domésticos e a taxa de Juros como variáveis
explicativas). Os resultados obtidos, a partir do modelo VAR, mostram que através da
combinação de previsõs de diferentes modelos, uma redução significativa na raíz do erro
médio quadrático (RMSE) pode ser obtida e que as previsões favoráveis apartir de um
modelo com apenas sete variáveis monetárias e preço (índice do preço ao consumidor, taxa
de câmbio real, M2, M3, rendimentos dos títulos, índices de rendas para novos
apartamentos, os emprestimos bancários domésticos) dos quais emprestimos bancários
domésticos e M3 apresentaram ser as mais relevantes na previsão da inflação.
As estimativas dos parâmetros com base nas observações em um ambiente de baixa
inflação podem por tanto ser enganoso ao antecipar as consequências de grandes choques
estruturais, o que pode causar interrupções nas espectativas racionais, tanto quanto,
adaptativas nas previsões da inflação, porque esses argumentos conduziriam a uma pressão
inflacionária acumulada numa altura em que nem os modelos económicos e nem as
espectativas inflacionárias antecipariam a inflação.
Segundo o estudo feito, uma inflação baixa e estável requer um esforço especial na
análise cuidadosa e imparcial de potenciais ameaças à estabilidade de preços porque
podem minar na formulação de espectativas racionais, tanto dentro e fora de um banco
central. Por isso, os bancos centrais não devem se iludir com uma falsa sensação de
segurança por espectativas de baixa inflação mais sim, estar aberto e autocrítico ao
analisarem os riscos inflacionistas e terem um conhecimento aprofundado das
potencialidades e limitações de seus modelos de previsão.

3.3-Modelo de Vectore autorregressivo (VAR)

3.3.1-Definição do modelo

Os modelos económicos são expressos por meio de diversas variáveis que


procuram explicar de forma simplificada a relação de dependência existente entre elas.
40
O modelo de vector autorregressivo (VAR) é aquele que permite definir as
restrições entre as equações do modelo e expressar diversas variáveis económicas (Chan
2009).

3.3.2-Importância, vantagens e desvantagens do modelo VAR

O modelo VAR mostra a trajetória das variáveis endógenas dadas a um choque


estrutural.
Estes modelos podem fornecer uma visão do comportamento passado da economia;
ajudar a conhecer a dinâmica do comportamento da economia e identificar as relações de
causalidade e finalmente, indicar-nos como situações não esperados podem influênciar a
economia e assim fundamentar as acções de políticas económicas.
Não exigem a divisão entre variáveis endógenas e exógenas e nem impõem
restrições nulas de forma abusiva e podem não levar em conta a teoria económica sobre a
qual assenta o modelo, apenas obrigam preocupar-se com a escolha das variáveis
(Andrade, 2004).
Uma das principais limitações deste modelo consiste na perca de informações
quando são desfasadas porque podem levar a grandes distorções nas respostas de impulso,
tornando-os de pouco uso para interpretações estruturais (Hendry, 1995 citado por
Bjornland, 2000).
De acordo Andrade (2004), a sobre parametrização destes modelos, levam a más
previsões e que os erros aumentam com o afastamento do período de previsão com n, por
isso aconcelha-se ter acautela no uso destes modelos em previsõs.

3.3.3-Apresentação de modelos VAR

De acordo com Bueno (2008), de modo geral, pode expressar um modelo


autorregressivo de ordem � por um vector com � variáveis endógenas, �� , conectadas entre
sí por meio de uma matriz , conforme segue:

�� = +∑= ��− + �� , (3.1)

41
onde, A é urna matriz � × � que define as restrições contemporâneas entre as variáveis que
constituem o vetor � × (�� ); é um vetor de constantes � × ; são matrizes � × �;
é urna matriz diagonal n x n de desvios-padrão; �� é um vector � × de perturbações
aleatórias não correlacionadas entre si contemporânea ou temporalmente, isto é:
�� ~�. �. ,� .
A equação (3.1) expressa às relações entre as variáveis endógenas de modelos
económicos teoricamente estruturados. Os choques estruturais das perturbações aleatórias
(�� ) afectam individualmente cada uma das variáveis endógenas porque as inter-relações
entre um choque e outro são captadas indiretamente pela matriz A. Logo, a independência
dos choques dá-se sem perda de generalidade.
Por causa da endogeneidade das variáveis, se procura estimar um modelo em sua
forma reduzida, conforme se segue:

− − −
�� = +∑= ��− + �� . (3.2)

Se: ϕ ≡ −
�, � = , , … , � �� ≡ �� (3.3)
X = ϕ + ∑ = ϕi X −i +. . . +ϕ Y− + Ԑ (3.4)

Como poderia ser apresentado de forma mais ainda simplificada do sguinte tipo:
� = − . � +� . �− +� . �− +Ԑ (3.5)

� = − . � +� . �− +� . �− +Ԑ
Para este caso, temos apenas um VAR(1) com duas variáveis onde e são
variáveis estacionárias I(0) e Ԑ e Ԑ são variáveis estocásticas não correlaccionadas
porque, os valores correntes de cada uma das variáveis influenciam a outra.

3.3.4-Identificação e estimação
O termo identificação em econometria refere-se à possibilidade de obtenção ou não
de parâmetros estruturais de uma equação pertencente a um modelo de equações
simultâneas, a partir das equações reduzidas. Se a equação não for identificada, as
estimativas de seus parâmetros podem referir-se a outra equação do sistema ou constituir
uma mistura das duas (Cunha, 2008).
Antes de estimarmos as equações (3.4) e (3.5), devemos decidir sobre o número
máximo de desfasagem (k), isto é, aplicando o teste de Dickey-Fuller Aumentado para

42
avaliar a estacionaridade das séries. Ressalta-se também que incluir vários termos
desfasados consumirá graus de liberdade, sem mencionar a introdução da possibilidade de
multicolinearidade; e levar a erros de especificação. E uma das formas de decidir sobre a
escolha óptima da ordem de desfasamento é utilizar os critérios como o Akaike (AIC) ou o
Schwarz (SC), Hannan-Quinn (HQ) apresentados na Tabela 4.

Tabela 4: Representação matemática dos critérios de informação


Critérios de Informação Definição
AIC
���̂ + n

SC ���
���̂ + n

HQ ���̂ + n �lnlnT

Fonte: Bueno (2008)

Para a estimação do modelo, aplica-se o método dos mínimos quadrados ordinários


(MQO) que consiste em determinar os parâmetros do modelo de regressão, minimizando a
soma do quadrado dos termos do erro estocástico.

3.3.5-Diagnóstico do modelo
3.3.5.1- Teste de Dickey-Fuller

A inspeção visual de uma série raramente permite distinguir que existe uma
tendência estocástica ou determinística e, para não incorrer em equívocos foram
desenvolvidos testes para a verificação de existência ou não de raízes unitárias. Nesta
monografia, apresentam-se somente os testes de Dickey-Fuller.
Considere o seguinte modelo:

X = ϕX − + Ԑ (3.6)
A tendência inicial é estimar esse modelo e usar um teste convencional de t − ;
sobre ϕ, tendo como hipótese nula H0: ϕ = 1 de que as séries do modelo de regressão não
são estacionárias e como hipótese alternativa HA: ϕ = 0 admitindo a esxistência da
estacionaridade das séries (possui uma tendência estocástica) ou ainda, se a estatística

43
calculada for maior do que o valor tabelado, rejeitamos H0 significa rejeitar a hipótese de
raiz unitária, o que nos leva a concluir que a série é estacionária, possivelmente em torno
de uma tendência determinística. .
Para corrigir o erro do ruido branco porque frequentemente o erro é um processo
estacionário e que pode causar distorções no poder do teste, utiliza-se o teste de Dickey-
Fuller Aumentado que consiste em acrescentar termos de tendência e desfasagens da
diferença da série do modelo (Schroder et al, 2012).
Suponha que Y seja um processo autorregressivo de ordem p e que � é a constante,
com raíz unitária:

Y = �+� �− + ⋯+ � − �− + +� �− +Ԑ (3.7)
De acordo com Bueno (2008), a ideia é estimar o modelo com as variáveis
autorregressivas para poder corrigir o desvio do valor correcto da estatística, ou seja,
encontrar os desvios de Y em relação a sua média para deslocar a distribuição de � em
direcção à zero, caso a nulidade seja verdadeira. E no ponto de vista prático, é preciso
inserir mais variáveis para que o teste de resíduos não rejeite a hipótese de que se trata de
um ruído branco3.

3.3.5.2- Testes de normalidade


Uma maneira de testar a série é verificar se, além de ruído branco, os resíduos são
normalmente distribuídos. Para o efeito, utilizam-se os testes de normalidade de
Kolmogorrov-Smirnov ou da Jarque-Bera. Nesta monografia, apresnta-se apenas o teste de
Jarque-Bera.

3.3.5.3. Teste de Jarque-Bera

Trata-se de um teste para verificar se os momentos da série estimada são iguai aos
da normal. O teste de Jarque-Bera é feito através da seguinte estatística:
̂� ̂�
JB =
6
+ − ; quando = ∑= e = ∑= , (3.8)

onde A é o coeficiente de assimetria para os resíduos e C é o de curtose.

3
Vide p. 22 Bueno (2008) e p.751 Gujaratte (2011).

44
Demonstra-se que, sob a hipótese nula de que os resíduos sejam normalmente
distribuidos, a estatística JB converge assintoticamente para uma distribuição com 2
graus de liberdade (Sartoris, 2003).
De acordo com Bueno (2008), a rejeição da hipótese nula indica não normalidade e,
porém a sua não rejeição indica normalidade dos erros.

3.3.5.4-Teste Homocedasticidade (Teste ARCH)

Este teste baseia-se na possibilidade de a variância dos erros terem uma estrutura
autorregressiva.

De acordo com Cunha (2008), é desejável que a variânvia dos resíduos Ԑ gerados
pela estimação de um modelo, seja constante Var Ԑ = � e se isto ocorre, o pressuposto
da homocedasticidade é satisfeito pelo que a dispersão dos resíduos é uniforme ao longo da
linha de regressão. A violação desse pressuposto é a heterocedasticidade, porque a
variância dos termos do erro não ser constante.

3.3.5.5-Teste de independência de Ljung-Box

Trata-se de um teste de Box-Pierce adaptado a amostras pequenas, para valores


elevados da ordem de autocorrelação e o que a estatística de Ljung-Box, Q, pode ser usada
para testar a presença de heterocedasticidade condicional (Andrade, 2004).

Sua hipótese nula é que a soma das autocorrelações é estatisticamente diferente de


zero. Isto é: :∑ = ̂ = × �: ̂ ≠ , para algum j, em que
̂
� �
=� �+ ∑ = �− →� (3.9)

3.4-Caracterização das variáveis em análise

Metodologicamente, a presente pesquisa visa analisar as variáveis afectas ao sector


financeiro (Inflação, Taxa de juro, Taxa de câmbio) e a sua influência no Produto Interno
Bruto da economia de Angola durante o período compreendido entre 2002 e 2014.

45
Taxa de inflação

Inflação é a subida generalizada e contínua dos preços de bens e serviços numa


economia e, ela é um fenómeno monetário, no desequilíbrio dos mercados (de bens e
serviços e de factores produtivos), nas estruturas económicas e nos comportamentos sociais
(De Sousa, 1990).
A inflação tem causas variadas, mas os preços sobem sustentadamente quando as
intenções da procura aos preços actuais não são cobertas pela oferta disponível. Para além
da inércia do comportamento dos agentes económicos, podem-se apontar três tipos de
causas da inflação: excesso de procura, subida dos custos de produção e jogos de
antecipações por parte dos agentes económicos (Mishkin, 1988).
Em economias abertas assim como a de Angola, muito dependente do comércio
exterior, isto é com grande especialização internacional, os aumentos de preços dos bens e
serviços importados traduzem-se directamente em aumentos de preços no mercado interno
quando principalmente são bens finais, ou indirectamente, pelos custos, se são bens
intermédios. Pode ainda também verificar-se uma depreciação ou desvalorização cambial,
o que faz aumentar os preços dos bens e serviços importados quando expressos na moeda
Nacional AOA como ilustra o gráfico da Figura 5.

Variação da Taxa de Inflação em Angola (2002-2014)


140

120

100
TAxa de Inflação

80

60

40

20

0
2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014
Tempo

Figura nº 5 Variação da Inflação em Angola 2002-014


Fonte: Elaborada pelo autor usando dados do site www.bna.ao (2015)

46
Como podemos observar na Figura 5, em Angola o período de 2002, apresentava
uma taxa de inflação em tornos dos três dígitos, 121,85% e no final de 2011, apresentava
uma taxa de 14,53% registando-se uma considerável redução em quase cerca de 107,32%
(BNA, 2015).
Os altos índices de inflação tiveram um forte impacto na alta dos preços que o país
apresentava, e como corolário, paulatinamente corroía a moeda angolana e reduzia o poder
de compra da população. Na altura o AOA não desempenhava as reais funções de uma
moeda, tais como: reserva de valor, meio de pagamento e unidade de conta.
O kwanza (AOA) não era considerado reserva de valor, pois os agentes económicos
preferiam outras moedas por entesourar as suas poupanças noutras moedas com maior
robustez e sustentabilidade como o dólar e o euro.
Pese embora o AOA declarado como meio de pagamento, e a moeda nacional em
circulação, a real moeda que era utilizada nas transacções comerciais era o dólar, e era
aceite por todos sem nenhuma contestação inclusive em alguns estabelecimentos e
instituições financeiras unicamente aceitavam o dólar nas transacções comerciais.
Não era considerada unicamente como unidade de conta, pois não havia unicidade na
fixação ou indexão dos preços na moeda nacional, pois os preços eram estabelecidos não
apenas em AOA mais também em outras moedas especificamente o dólar.
Actualmente, com as políticas que tem se vindo aplicado pelo Estado angolano em
colaboração com FMI, a taxa de inflação em Angola historicamente foi reduzida para um
dígito, ou seja, 7,69% e almeja-se que venha durante o ano de 2015 cifrar-se em torno de
um dígito (inflação moderada ou tratante) podendo variar aos 9%
(http://www.minfin.gv.ao/docspOrcaCorren.htm), observa-se que os restantes mercados
provinciais são excluídos no cálculo do IPC sendo um dos elementos determinantes para a
inflação.
O controlo da inflação, embora sejam em última instância da responsabilidade dos
bancos centrais (BCs), por se concordar na existência de uma associação entre a oferta de
moeda (M3) e o nível de preços (IPC) e, por se considerar que os BCs desempenham
melhor as suas funções se estiverem concentradas em controlar a variação do nível geral de
preços.
A variabilidade da inflação tem bastantes inconvenientes em que, quanto maior for a
incerteza relativa à inflação mais difícil se torna distinguir entre variações relativas e
absolutas dos preços e que são essências para o bom funcionamento da economia, são elas

47
que orientam as decisões de investimento, de produção e de consumo “nesta lógica de ideia
e sem qualquer sentimento de errar, afirmamos que a inflação tem um impacto descendente
no PIB de uma Economia relativamente no sector produtivo inibindo com o
desenvolvimento” (De Sousa, 1990).
Segundo Pinto (1999), uma inflação elevada e incerta exige uma introdução de prémios
de riscos nas taxas de juro de longo prazo dado que os investidores precisam de uma
compensação para suportar os riscos da inflação no reembolso em moeda depreciada
resultando uma diminuição ao investimento e a produtividade da economia e, se a inflação
for superior ao aumento dos salários o poder de compra destes tende a diminuir e leva
numa alteração da distribuição do rendimento em desfavor dos rendimentos salariais
provocando índices de desemprego.

Taxa de juro

A taxa de juro é a variável mais importante no mercado financeiro e tem um efeito


inversamente proporcional de como as pessoas tomam decisões de como poupar e
consumir e as empresas (investir ou poupar) onde se o excesso ao crédito for muito alto
então, os empresários tendem a desistir ao investimento reduzindo as receitas nas
instituições financeiras e, para tal nesta pesquisa usar-se-á a taxa de juros de redesconto.
Em Angola, as políticas relacionadas com a taxa de juro, continuam a merecer a sua
especial atenção pelo órgão regulador e supervisor que é o Banco Nacional de Angola
(BNA), a autoridade máxima e monetária no país. Periodicamente através de diversos
instrutivos, o BNA, dita as regras relacionadas como “o preço do dinheiro” na economia
angolana.
Na análise das taxas de juro praticadas no mercado angolano, é necessário ter em
conta que as mesmas reflectem, implicitamente, as taxas de crescimento do país, bem
como um referencial de inflação e, com a redução ou queda da inflação, a taxa de juro
conheceu retracção tornando o dinheiro mais barato na economia angolana, embora os
juros das operações activas (empréstimos) continuam a serem altos quando comparados
com os juros das operações passivas (depósitos a prazo) conforme mostra o gráfico da
Figura 6. A taxa de juros é uma variável que age inversamente sobre o nível de produção
industrial porque um aumento das taxas de juros faz com que as indústrias reduzam o nível

48
de investimentos, porque a cedência de créditos no sector bancário torna a ser muito difícil
(Kupper, 2000).

Variação da Taxa de Juros de Redesconto em Angola (2002-2014)


160

140

120

100

80

60

40

20

0
2002 2004 2006 2008 2010 2012
Tempo

Figura 6 – Variação da Taxa de Juros de Redesconto em Angola 2002-014


Fonte: Elaborada pelo autor com base aos dados do site www.bna.ao (2015)

A inspecção visual do gráfico da Figura 6 indica que, no final de 2002, Angola


possuía uma taxa de juro básica em tornos de 150% e para o ano de 2013 o BNA decidiu
reduzir para 17,08% a taxa básica de juros BNA, conhecendo assim em 2014 uma taxa
ainda mais baixa de quase 11% com uma variação descendente de 139,43% de 2002 para
2014.

Taxa de câmbio

A taxa de câmbio é o preço de uma moeda em termos de outra moeda e, é


determinada no mercado cambial que é o mercado em que se transaccionam as diferentes
moedas.
Tal como outros preços, as taxas de câmbio variam de semana para semana e de
mês para mês, de acordo com as forças de oferta e da procura e esta, é estabelecida quando
a oferta e a procura estão em equilíbrio e quando isto acontece, regista-se uma estabilidade

49
na taxa de câmbio na perspectiva de preservar o poder de compra interna (Samuelson e
Nordhaus, 2012).

Quando a moeda de um país diminui em valor relativamente à de outro país diz-se


que a moeda sofreu uma depreciação enquanto a moeda estrangeira teve uma apreciação e,
quando a taxa de câmbio oficial de um país é diminuída, diz-se que a moeda sofreu uma
desvalorização e quando regista um aumento diz-se que a moeda sofreu uma revalorização
(Krugman, 2008).
A moeda nacional, Kwanza, permanece estável e essencialmente suportada pela
acumulação de reservas internacionais. Apesar das desvalorizações sucessivas face ao
dólar americano, desde 2008, a moeda tem conseguido estabilizar o seu valor. Em Abril de
2014, a taxa de câmbio registava um valor de 97,6 AOA/USD, tendo em 2013 registado
uma desvalorização de 1,9%, face ao ano anterior (Deloitte, 2014) tal como ilustra o
gráfico da Figura 7.
Variação da Taxa de Câmbio em Angola (2002-2014)
100

95

90
Taxa de Câmbio

85

80

75

70

65

60

55
2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014
Tempo

Figura 7 – variação da Taxa de Câmbio em Angola 20022-014


Fonte: Elaborada pelo autor com base aos dados do site www.bna.ao (2015)

O gráfico da Figura 7 mostra que, em Angola, a taxa de câmbio sempre teve dois
cenários devido a uma forte intervenção do sector informal, foram apresentados os
cenários referentes ao câmbio AOA/USD, no entanto no período de 2002, a taxa de câmbio

50
básica era de 58,7 no mercado formal e no informal apresentava uma indexação de 62,3%
sendo a depreciação do kwanza no sector formal de 7,4 e no informal de 15,3.
A partir de 2004, verificou-se uma redução da desvalorização cambial da moeda
como resultado das medidas implementadas pelo executivo angolano e pela autoridade
máxima monetária BNA, seguindo-se um período de estabilidade cambial. O aumento
crescente do grau de abertura da economia nacional, num regime de taxas de câmbio
flutuantes, torna a taxa de câmbio de uma variável importante na estabilização
macroeconómica, isto é, devido aos seus efeitos na competitividade da economia, na
posição líquida do investimento e do comércio internacional, sobretudo no comportamento
da inflação através dos índices dos preços dos bens importados, ou seja, indirectamente,
por via dos preços das matérias-primas importadas.
Em 2014 registou-se uma estabilidade do AOA isto é, devido a política de
desdolarização da economia angolana, que acabou por valorizar a moeda do país e
desempenhando as suas devidas funções (reserva de valor, medida de pagamento e unidade
de conta), mantendo quase inalterável a taxa de câmbio AOA/USD a taxa média fixa em
torno dos 98kz e actualmente, devido a política contraccionista (o Governo compra títulos
ou as obrigações do Estado) do USD no mercado, a taxa de câmbio AOA/USD, depreciou
a moeda nacional apreciando assim de forma abismal a moeda estrangeira na ordem dos
quase 109AOA/1USD no mercado formal e 200AOA/1USD no mercado informal
dificultando assim o comércio externo (transacções de bens e serviços) e as importações na
economia angolana.

3.5- Apresentação e discussão dos resultados

Nesta secção, é apresentada a modelização das séries do produto interno bruto, taxa
de inflação, taxa de juro e a taxa de câmbio em Angola para fins de previsão e efeitos de
política económica. Para o desenvolvimento do referido modelo, recorreu-se aos dados do
BNA, MINFIM, INE, MINPLAN entre 2002 e 2014.

51
Tabela 5: Estatísticas descritivas das variáveis em análise (%)

PIB INFLAÇÃO CÂMBIO TX JURO


MINI 2,40 7,88 58,70 10,57
MEDIANA 6,80 13,91 80,80 21,67
MÉDIA 10,13 33,30 84,03 51,47
MÁX 23,20 121,85 98,64 150,00
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do BNA, MINFIN, MINPLAN e INE.
OBS. Os valores do PIB são avaliados em % de mil milhões de Kwanzas.

Da análise da Tabela 5, ressalta-se que os valores mínimos e máximos do PIB entre


2002 e 2014 foram, aproximadamente, 2,40% e 23,20% mil milhões de Kwanzas. Além
disso, o valor que divide a distribuição do PIB em duas partes iguais foi de kz 6,80% e, o
valor médio observado foi de 10,13% mil milhões de Kwanzas.
Relativamente à taxa de inflação em Angola, os valores mínimos e máximos
observados no período acima referido rondam, respectivamente, em redor de quase 8% e
121,85%, sendo que o valor que divide este indicador económico (que mede o aumento
generalizado e contínuo dos preços de bens e serviços na economia) em duas partes iguais
é de 13,91%, admitindo assim um valor médio de 33,3%.
No que diz respeito à taxa de câmbio (indicador financeiro que mede o preço do
dinheiro em relação à moeda nacional e estrangeira), registaram-se, em termos de valores
mínimos e máximos, 58,70% e 98,64% respectivamente. Enquanto, 80,8% de unidades
monetárias, representa o valor que divide este indicador em duas partes iguais, com uma
média na ordem de 84,03%.
No que concerne ao indicador que avalia os retornos financeiros dos bancos
comerciais e o preço do capital emprestado (taxa de juro), os valores mínimos e máximos
observados no período em análise estão na ordem de 10,57% e 150,00%, enquanto a
mediana é de 21,67% e, o valor representativo na ordem de 51,47%.
A análise da Figura 8 permite ter noção sobre a evolução das variáveis em estudo
durante o período compreendido entre 2002 e 2014.

52
120
20

100
80
15

Inflação
PIB

60
10

40
5

20
2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014

Tempo Tempo
100

120
90
Taxa de Câmbio

Taxa de Juros
80

80
60
70

40
20
60

2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014

Tempo Tempo

Figura 8- Análise sintética e comparativa das variáveis em estudo não logaritimizados.


Fonte: Elaborada pelo autor usando dados dos sites www.bna.gov.ao e www.ine.gov.ao (2015).

Da inspecção visual da Figura 8, podemos observar que os índices inflacionários


continuaram a decrescer desde o primeiro ano do horizonte temporal considerado nesta
monografia até ao ano 2008, que reflectiu em uma flutuação crescente do PIB entre 2002 e
2007 e descendente da mesma variável a partir de 2008 até 2009; e apartir deste ano, o PIB
voltou a crescer até 2013, e registou um declíneo em 2014, quanto que no mercado
cambial, apartir do ano 2002 registrou-se uma depreciação cambial até 2004, quando a taxa
de juros cobrada no mercado de crédito reduzia de forma robusta de 2002 até 2006,
atigindo uma pequena estabilidade a partir de 2006 até aos finais de 2008 reflectindo
também em uma estabilidade cambial neste mesmo período para o mercado cambial,
começando a depreciar-se a partir dos finais de 2008 até 2014 quando a taxa de juros
continuava alta desde 2008 até 2010, tornando assim a decresce em 2009 até 2014. Os
gráficos da Figura 8 apresentam uma ligeira variabilidade.
Para reduzir a variabilidade existente entre os vectores da série foi necessário
aplicar logarítmos a todas às variáveis consideradas neste estudo.

53
A Figura 9 apresenta a evolução das variáveis transformadas em logarítmos.

l_PIB l_INFLA
3,5 5

3 4,5

2,5 4

2 3,5

1,5 3

1 2,5

0,5 2
2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014

l_TxCAMBIO l_TxJUROS
4,6 5,5

4,5 5

4,4 4,5

4,3 4

4,2 3,5

4,1 3

4 2,5
2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014

Figura 9- Análise sintética e comparativa das variáveis em estudo logaritimizados.


Fonte: Elaborada pelo autor usando dados do site www.bna.gov.ao e www.ine.gov.ao (2015).

Da análise da Figura 9, verifica-se uma redução na variabilidade dos vectores da


série, o que indica a existência de não estacionaridade das variáveis em estudo nesta
monografia.
Para verificar a existência ou não da estacionaridade, aplicou-se o teste de Dickey-
Fuller Aumentado (ADF) às variáveis transformadas em logarítmos, como se pode
observar na Tabela 6.
De acordo com Bueno (2008), a estacionaridade das séries é fundamental para
estimar uma série temporal e a constatação da estacionaridade é que permitirá proceder às
inferências estatísticas sobre os parâmetros estimados com base na realização de um
processo estocástico.
Da inspecção visual da Tabela 6, o teste de ADF mostra que as variáveis em estudo
apresentam uma constante e tendência e são deste modo, estacionárias a um nível de
significância de 5% e 10%.

54
Para o mesmo autor, assim como as demais regras de decisão para raíz unitária, se o
valor calculado, ou seja, observado dessa estatística for menor que o valor crítico, procede-
se a uma rejeição da hipótese de raiz unitária. Permanecendo outro problema, contudo, os
testes são sensíveis ao tamanho da defasagem autorregressiva p.
Este autor sublinha que nessas circunstâncias, é preciso desenvolver uma técnica
dependente da amostra para selecionar a desfasagem ótima.

Tabela 6: Teste de Dickey-Fuller Aumentado (ADF) para as variáveis transformadas


em logarítmo
Variáveis Termos determinísticos Desfasagens Valor do teste Valores críticos
1% 5% 10%
PIB Constante 0 -4,23 -3,75 -3,00 -2,63
Constante e tendência 3 -4,02 -4,38 -3,60 -3,24
Sem constante 0 4,57 -2,66 -1,95 -1,66
Inflação Constante 1 -5,83 -3,75 -3,00 -2,66
Constante e tendência 1 -7,44 -4,38 -3,60 -3,24
Sem constante 0 0,74 -2,66 -1,95 -1,66
Taxa de Constante 0 -2.99 -3,75 -3,00 -2,63
câmbio Constante e tendência 4 -6.52 -4,38 -3,60 -3,24
Sem constante 0 -1.40 -2,66 -1,95 -1,66
Taxa de juros Constante 3 -3.66 -3,75 -3,00 -2,63
Constante e tendência 3 -8.36 -4,38 -3,60 -3,24
Sem constante 1 -1.92 -2,66 -1,95 -1,66
Fonte: Elaborada pelo autor usando dados do site www.bna.gov.ao e www.ine.gov.ao (2015).

Para a escolha do número óptimo de desfasagens, se utilizou os critérios de


Hannan-Quinn (HQ), Schwarz (SC), Critérios de Informação de Akaike (AIC) e Erros de
Predição Final, como se pode observar na Tabela 7.
A desfasagem foi determinada considerando que o termo determinístico ou
regressão de Dickey-Fuller Aumentado apresenta constante e tendência a um nível de
significancia de 10%.

Tabela 7: Selecção do número de defasagens


No de defasagens 1 2

Critérios
AIC -13.22245 ----
SC -13.67849 ----
HQ -12.49901 ----
FPE 2.410922x10-06 -6.399628x10-41
Fonte: Elaborada pelo autor usando dados do site www.bna.gov.ao e www.ine.gov.ao (2015).

55
Da análise da Tabela 7, os critérios AIC, SC e HQ sugerem a estimação do modelo
VAR (1) com o desfasamento de ordem 1. Este modelo estimado é apresentado na Tabela
8.

Tabela 8: Modelo estimado (O nível de significancia considerado é o de 10%)


Variáveis Coeficientes Erro-padrao Estatística t Probabilidade
Log(PIB)t-1 0.36613 0.24193 1.513 0.1810
Log(Inflaçao)t-1 -0.06298 0.64867 -0.097 0.9258
Log(Câmbio)t-1 6.88092 1.62015 4.247 0.0054
Log(JURO)t-1 -0.38889 0.53955 -0.721 0.4982
Constante -24.89512 6.90136 -3.607 0.0113
Tendência -0.34798 0.12458 -2.793 0.0314
Multiple R-Squared: 0.8168, Adjusted R-squared: 0.6641
F-statistic: 5.35 on 5 and 6 DF, p-value: 0.03235

Log(PIB)t= -24,90-0,35-0,35t+0,37Log(PIB)t-1-0,65Log(Inflaçao)t-1+6,90Log(Câmbio)t-1
-0,40 Log(JURO)t-1 (3.10)

De acordo com equação (3.10) do modelo VAR (1), em média o Produto Interno
Bruto de Angola num horizonte temporal compreendido entre 2002 e 2014 teve uma
elasticidade na ordem dos 0,37 pontos percentuais de mil milhões de Kwanzas em relação
ao período passado quando tudo o resto se mantiveio constante; e com uma variação de um
ponto percentual na taxa de inflação, o PIB de Angola variou de forma descendente na
ordem dos 0,65 pontos percentuais de mil milhões de Kwanza quando tudo o resto se
mantiveio constante.
Com uma variação de 1 ponto percentual na taxa de Câmbio, o Produto Interno
Bruto variou ascendentemente na ordem dos 6,9 pontos percentuais ceteris paribus; e
decresceu na ordem dos 0,40 pontos percentuais quando as Taxas de Juros podessem variar
em 1% mantendo tudo o resto constante. As variáveis explicativas da série do modelo de
regressão apresentaram uma constante e tendência.
Da inspenção da Tabela 8, ressalta-se que os sinais obtidos em algumas variáveis
são os menos esperados. Por exemplo, as variáveis Inflação e Taxas de Juros apresentam
sinais negativos o que não justifica com os índices inflacionários e de taxas de juros na
economia Angolana. Por outro lado, alguns valores de estatística t de Student são muito
pequenos isto é, inferiores a 2 em termos absolutos, enquanto que o coeficiente de
determinação (R2) é bastante alto pelo que suspeita-se efeitos de multicolinearidade isto é
a relação existente entre duas ou mais vectores da série.

56
Para suprir estes problemas, isto é, de nulidade dos efeitos das variáveis inflação e
Juros, procede-se à eliminação de ambas as variáveis referidas. O modelo que melhor se
ajusta às variáveis utilizadas nesta monografia é aquele que se apresenta na Tabela 9.

Tabela 9: Modelo Final estimado (O nível de significancia considerado é o de 10%)

Variáveis Coeficientes Erro-padrao Estatística t Probabilidade


Log(PIB)t-1 0.51950 0.19320 2.689 0.02754
Log(Câmbio)t-1 6.33616 1.52221 4.162 0.00315
Constante -25.33255 6.53672 -3.875 0.00471
Tendência -0.22589 0.05787 -3.904 0.00452
Multiple R-Squared: 0.766, Adjusted R-squared: 0.6782
F-statistic: 8.729 on 3 and 8 DF, p-value: 0.006652

Log(PIB)t= -25,33-0,23t+0,52Log(PIB)t-1+6,34Log(Câmbio)t-1 (3.11)

Da análise da Tabela 9, constata-se que é o modelo que melhor se ajusta aos dados
utilizados nesta monografia pelo que todos os vectores (parâmetros) da série de regressão
são estatisticamente significativos para os níveis de significância de 5% e 10%, admitindo
constante e tendência.
Em relação ao período passado, de acordo a equação (3.11) do modelo VAR (1) o
Produto Interno Bruto de Angola variou na ordem dos 0,52 pontos percentuais de mil
milhões de Kwanzas em média quando a Taxa de Câmbio mantiveio constante; e com uma
variação de 1 ponto percentual nas Taxas de Câmbio em relação ao período passado, em
resposta, o Produto Interno Bruto variou de forma ascendente na ordem dos 6,34 potos
percentuais apresentando uma constante e tendência para o período em estudo nesta
monografia.
Os valores dos coeficientes de determinação não ajustado e ajustado são os
adequados, pelo que implica dizer que a variável independente (Taxa de Cãmbio) explica
as variações que ocorrem na variável dependente (PIB) na ordem dos 76.6%. Dado o valor
do teste, F=8,729 com 3 graus de liberdade no númerador e 8 no denominador, é
confirmada pela estatística de p-value=0,006652, confirma-se que pelo menos um
coeficiente é diferente de zero pelo que podemos concluir que a regressão é significativa e
pode servir para efeitos de previsão.
O diagnóstico do modelo da Tabela 9 foi feito utilizando os testes de
independência, normalidade e homocedasticidade sobre os resíduos.

57
Relativamente aos resíduos do modelo estimado na Tabela 9, o teste de
Portmanteau proporciona um valor de Qui Quadrado igual a 16,5258, com um número de
graus de liberdade igual a 20 e um p-valor igual a 0,6835. Portanto, não se rejeita a
hipótese nula de que os resíduos do modelo estimados são independentes considerando um
nível de significância de 5% e 10%.
No que diz respeito à normalidade dos termos do erro do modelo estimado, o teste
de Jarque Bera fornece um valor Qui Quadrado igual a 0,9839, com um número de grau de
liberdade igual a 4 e um p-valor igual a 0,9122, pelo que mostra a não rejeição da hipótese
nula deque a série das variáveis estimadas seguem uma distribuição normal (o valor da
estatística p-value deveria ser zero para que houvesse assimetria) ao nível de 5% e 10% de
significância.
Quanto à homocedasticidade dos resíduos, o teste de ARCH proporciona um valor
de Qui Quadrado igual a 10, 1217, com um número de graus de liberdade igual a 9 e um p-
valor igual a 0.3407, se rejeita a hipótese nula de homocedasticidade, ou seja, concluimos
que o modelo estimado não apresenta efeitos de heteroscedasticidade isto é, a variância dos
termos do erro é constante.

58
Conclusão
O presente trabalho buscou analisar o impacto do sector financeiro no crescimento
da economia angolana, visto que o mesmo sector, através dos indicadores usados na
elaboração do modelo VAR (1) das séries de regressão logaritimizada (Taxa de Inflação,
Taxa de câmbio e Taxa de juro), mede a saúde financeira da economia por intermédio das
suas flutuações, e, concomitantemente, o PIB como variável explicada que representa o
indicador mais utilizado para avaliar o estado e o crescimento económico de um país.
Com base na nossa monografia, podemos observar que o primeiro modelo
estimado, engloba todas as variáveis, mais os vectores da série das variáveis Inflação e
Juros mostraram a não rejeição da anulidade pelo que não são significativos em todos os
níveis de significância. Para colmatar tal situação, utilizamos o método de eliminação de
variáveis (Gujarati, 2011), pelo facto de se verificar insuficiência de dados para aumentar o
número da amostra, resultando assim na construção de um novo modelo eliminando a Taxa
de Inflação e Juros.
O test de F dos vectores da série do segundo modelo de regressão VAR (1) mostra
em conjunto ter efeitos estáticos significativos, e exercem influência significativa sobre o
crescimento e expansão do PIB em Angola pelo que 76,6% da expansão deste indicador no
horizonte temporal entre 2002 e 2014 foram explicadas ascendentemente pela
sencibilidade da Taxa de Câmbio no mercado cambial.
O diagnóstico do modelo foi feito utilizando os testes de independência,
normalidade e homocedasticidade sobre os resíduos, pelo que mostraram a rejeição da
anulidade de que os resíduos do modelo VAR (1) estimado são independentes, seguem
uma distribuição normal e que a variância dos termos do erro é constante.
Através deste modelo de regressão, se conseguiu demostrar que os constantes
aumentos da taxa de inflação e da taxa de juros em Angola não exerceram uma ifluência
posetiva e robusta sobre a expansão do Produto Interno Bruto pelo que aumentou o custo
de vida dos angolanos e o aumento do preço pago pelo crédito contraído no mercado
monetário. Pelo que se percebe o sector financeiro em Angola é altamente afectado pelos
maiores e crescentes índices inflacionários que levam o BNA responder em uma política
restritiva sobre a liquidez monetária para combater os tais índices, na elevação das taxas de
juros procurando manter o equilíbrrio pelo que acaba por afectar negativamente a renda
agregada, o consumo, poupança, investimentos, baixos salários e finalmente com os altos
ídices de desemprego.
59
Sugestões

Após a explanação desta monografia, recomenda-se, o sugere-se:

 Compilação e organização de séries temporais referentes às variáveis

macroeconómicas para facilitar a mensuração da actual situação económica do país

e elaborar modelos que visam a prever o rítmo das variáveis macroeconómicas;

 Que se elimine a burocracia existente entre as instituições empregadoras e

acadêmicas, na obtenção de informações para trabalhos académicos;

 Realização de constantes estudos científicos para o conhecimento da realidade

sócio-económica de Angola com vista a facilitar as tomadas de decisões e

correctas.

60
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