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FACULDADE DE ECONOMIA
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
Por:
LUANDA-ANGOLA
Maio, 2016
UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO
FACULDADE DE ECONOMIA
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
Por:
Martins Paulo Afonso
LUANDA-ANGOLA
Maio, 2016
Epígrafe
“Ao longo da história o dinheiro tem oprimido os povos de uma de duas formas; ou tem sido
abundante e de pouca confiança, e de confiança e muito escasso”.
Aos meus amigos e em especial aos meus irmãos em Cristo Jesus que, em momentos
difíceis e de angústia, aceitaram acolher-me em suas casas quando faltava de abrigo (António
Alberto Simão Lukoki, António Miguel Lukau Malungo e suas famílias) os meus
agradecimentos do fundo do meu coração; estimados colegas de sofrimento e muita batalha
do curso de economia (2014) em especial ao João Ramos Pedro, António Fernando, Narciso
Soares, Paulo S. Maurício, Stélvio João, Emanuel Quitumba, Lourenço F. Mateus e Adriano
J. Neto e a todos aqueles que directa ou indirectamente contribuíram na minha formação, os
meus agradecimentos.
i
Resumo
O trabalho que nos propusemos fazer tem como objectivo a análise do impacto do
sector financeiro no crescimento da economia angolana durante o período compreendido entre
2002 e 2014.
Utilizando os dados do PIB, Inflação, Taxa de Câmbio e Taxas de Juros de Angola, foi
estimado um modelo de vector autorregressivo VAR (1). A ordem de desfasagem foi
determinada mediante os critérios de Informação de Akaïke (AIC), Schwarz (SC) e Hannan-
Quinn (HQ).
Os primeiros resultados obtidos após a estimação do modelo VAR (1) as variáveis
inflação e taxas de juros apresentaram não terem efeitos estatísticos significativos pelo que
não se rejeita a nulidade de que os vectores da série de regressão destas variáveis explicam
positivamente as variações que ocorreram no Produto Interno Bruto de Angola. Após a
eliminação das duas variáveis, os termos do erro do modelo são independentes,
homocedásticos e seguem uma distribuição normal.
O segundo modelo VAR (1) estimado apresenta ser o modelo adequado por os
vectores da série de regressão admitir ter efeitos estatísticos. Na maioria das estimativas, a
taxa de câmbio apresentou um efeito positivo e robusto sobre o PIB, sugerindo que a
depreciação cambial é um importante factor para a expansão do Produto Interno Bruto de
Angola durante o período de 2002 e 2014.
ii
Abstract
The work we set out to do aims to analyze the impact of the financial sector in the
growth of the Angolan economy in the period between 2002 and 2014.
Using the data of GDP, Inflation, Exchange Rate and Interest Rate Angola was
estimated a vector autoregression model VAR (1). The lag order was determined by the
Akaike Information Criteria (AIC), Schwarz (SC) and Hannan-Quinn (HQ).
The first results obtained after the estimation of the VAR (1) the variables inflation
and interest rates had not have significant statistical purposes so do not reject the null that the
regression of these variables series vectors positively explain the changes that have occurred
in Gross Domestic product of Angola. After the elimination of the two variables, the model
error terms are independent, homoskedastic and follow a normal distribution.
The second model VAR (1) estimated present be the appropriate model for the
regression series vectors admitting statistical purposes. Most of the estimates, the exchange
rate had a positive and robust effect on GDP, suggesting that the exchange rate depreciation is
a major factor in the expansion of gross domestic product of Angola during the period 2002
and 2014.
iii
Lista de abreviaturas
iv
Lista de Figuras
v
Lista de Tabelas
vi
Índice
Agradecimentos .......................................................................................................................... i
Resumo ....................................................................................................................................... ii
Introdução ................................................................................................................................ 1
Objectivos .................................................................................................................................. 3
Justificativas .............................................................................................................................. 3
Metodologia ............................................................................................................................... 4
vii
Capítulo 2: Sistema Financeiro e Crescimento Económico ............................................... 17
viii
3.3.5.2. Teste de normalidade .................................................................................................. 44
Conclusão ................................................................................................................................ 59
Sugestões ................................................................................................................................. 60
ix
Introdução
Desde meados dos anos 1980, a teoria do crescimento económico veio sendo visto
como consequência do surgimento de uma vasta variedade de modelos que buscaram
explicar e sintetizar os determinantes do crescimento, isto é, do aumento da capacidade
produtiva de uma economia.
As economias precisam crescer cada vez mais e produzirem para a satisfação das
necessidades ilimitadas dos seus povos; mas, não haverá crescimento sem que haja um
financiamento (interno ou externo) dos factores que proporcionam este crescimento na
alocação de recursos financeiros, razão pela qual ressurge o interesse ao papel relevante do
sistema financeiro para o crescimento económico.
O sector financeiro é um sistema em forma de mercado que conglomera entre as
pessoas e empresas possuidoras de capitais ou mesmo de dinheiros que são colocados em
circulação nos bancos como intermediários financeiros e, as pessoas/empresas que
precisam deste dinheiro para investir contraindo créditos. Este mercado, de forma
generalizada, é formado em mercados de crédito, mercado monetário, mercado cambial,
mercado de capitais, mercados abertos e asseguradores que desempenham uma influência
enorme no crescimento de uma economia, isto é; na alocação dos recursos no espaço e no
tempo, administração ou gestão do risco, selecção e monitorização de empresas e,
produção e divulgação de informações; este, por ser capaz de mobilizar e direccionar
recursos a projectos produtivos viabilizando tanto o investimento quanto ao aumento de
produtividade. Mas para minimizar elevados custos, é necessária a presença de
intermediação financeira que permite maior eficiência na alocação dos recursos
financeiros, maior capacitação de poupanças que vão gerar em maiores recursos para
emprestar e que podem se destinar ao melhoramento do capital físico e humano e por sua
vez gerarem níveis de crescimento.
O processo de intermediação de acordo com Becsi e Wang, citados por Silva et al
(1997), amplia a probabilidade da realização de investimentos mais lucrativos porque o
aumento da quantidade dos investimentos se deve a economias de escala visto que, o
sistema financeiro reduz os custos envolvidos em uma transacção financeira conseguindo
captar mais recursos que podem ser utilizados em investimentos no sector privado
1
A quantidade de investimentos aumenta, segundo os autores que temos vindo a
citar, com a intermediação financeira porque o intermediário está mais disposto a financiar
projectos que são mais arriscados por esperarem uma rentabilidade mais elevada em
relação a um poupador individual. Os bancos (Intermediários) são instituições financeiras
de um país que colocam à disposição dos agentes económicos serviços que facilitem e
intensifiquem as transacções económicas destes no sentido de criação de poupanças e na
participação dos seus recursos na economia de um país. Estas podem também actuar de
forma a aumentar a eficiência na alocação de capital e que podem ser classificadas,
segundo os mesmos autores, por:
Intermédio da colecta de informações com vista à avaliação de projectos
alternativos de investimento, o que contribui para uma melhor selecção de
projectos.
Intermédio de indução ao investimento em tecnologia mais arriscada e mais
produtiva.
Por outro lado, o autor que temos vindo a citar, acrescenta que o sector financeiro,
em condições de globalização financeira, estimula o crescimento ao aprimorar os
investimentos e a eficiência na recolha e processamento de informações sobre os projectos
por parte das instituições financeiras ao viabilizar o fornecimento de serviços financeiros
que induzam as empresas a empregar tecnologias mais arriscadas, porém mais produtivas e
proporcionando maiores rendimentos.
Para além das vantagens acima apresentadas, o sistema financeiro apresenta
algumas restrições (imperfeições do mercado) que são nomeadamente assimetrias da
informação, custos de transacção, mercados incompletos.
Os factores enumerados contribuem no domínio do sistema financeiro fazendo que
a alocação de recursos para o financiamento de projectos de investimento que têm gerado
maiores índices de emprego na economia torna-se ineficiente, quando realizada.
Para evitar este problema, Levine e Zervos, citados por Oreiro et al. (1998),
sugerem o surgimento na criação de intermediários financeiros, porque estes aumentam a
eficiência na alocação de recursos ao reduzir o nível dessas imperfeições. Esta alocação
eficiente e racional alterará a estrutura da produção na acumulação de stoks de capital e na
implementação do factor técnico que proporciona maior eficiência na produção de bens e
serviços e daí induzirá o crescimento económico.
2
Sabendo que, Angola vive numa situação de transição económica e, eis a razão da
análise do tema em questão procurar avaliar em que medidas certas componentes do sector
financeiro desempenham um papel preponderante na aceleração do crescimento de médio e
longo prazo da economia angolana.
Objectivos
O objectivo geral desta monografia consiste em analisar o papel do sector
financeiro no crescimento da economia angolana durante o período compreendido entre
2002 e 2014.
Como objectivos específicos encontram-se:
Compreender a forma segundo a qual o sector financeiro afecta o crescimento de
toda economia.
Identificar as variáveis macroeconómicas que influenciam ou determinam o sector
financeiro.
Caracterizar as séries temporais referentes às variáveis utilizadas nesta monografia.
Caracterizar a economia angolana durante o período compreendido entre 2002 e
2014.
Justificativa
Nos últimos 12 anos, Angola tem vivido dias de paz e de estabilidade política, depois
do cessar-fogo em Abril de 2002. O país tem enfrentado agora a árdua tarefa de
canalização de fundos para a reconstrução de infraestruturas e para a redução da pobreza,
embora o sector de enclave domine a economia de Angola, sendo responsável por 95% das
receitas no país segundo o relatório do Banco Mundial (2013).
1
Valores percentuais calculados pelo autor a partir dos dados do Ministério do Planeamento
3
regulação dos preços de bens e serviços com uma variação percentual descendente de
0,16% no período compreendido entre 2013 e 2014 onde em 2014 registou uma taxa
inflacionária mais baixa de todos os tempos de quase 8% (Banco Nacional de Angola,
2014). Tal facto foi possível por o Banco Nacional de Angola como entidade reguladora do
Sector Financeiro centrou as suas políticas na estabilização da taxa de câmbio para a
redução das pressões inflacionárias, na valorização da moeda nacional e na estabilidade
das taxas de juro, pela aplicação de políticas monetárias que têm surtido efeitos
significativos no produto interno bruto (PIB) de Angola.
Metodologia
A última etapa trata da análise dos dados e discussão dos resultados. A partir da
análise dos dados, realizou-se a avaliação estatística e econométrica, com intuito de
observar a consistência do modelo estimado. Posteriormente foram realizados testes para
se detectar anomalias (por exemplo; heteroscedasticidade; autocorrelação;
multicolinearidade etc) nas variáveis envolvidas no modelo.
4
Estrutura do trabalho
5
CAPÍTULO 1 - Fundamentação Teórica
1.1. Introdução
Neste capítulo, começa-se por apresentar uma resenha comentada das distintas
teorias de evolução histórica do conceito crescimento económico. Em seguida, procede-se
à definição do PIB na óptica de distintos autores. Apresentam-se os indicadores de
medição do crescimento económico e as limitações do PIB.
6
crescimento económico. Este período é também caracterizado, segundo o autor que temos
vindo a citar, pelo surgimento do conceito de reserva de mercado com o Pacto colonial.
7
processo contínuo a longo prazo do aumento da capacidade de oferecer à população maior
quantidade e diversidade de bens e serviços.
Samuelson e Nordhaus (2012) definem crescimento económico como o processo
pelo qual as economias acumulam grandes quantidades de equipamentos de capital,
alargam as fronteiras tecnológicas e tornam-se cada vez mais produtivas. Em outras
palavras, é a expansão do PIB, ou produto nacional de um país.
O crescimento económico é o aumento contínuo do produto (Passos et al, 2003). De
igual modo, para Keynes citado por Tamele (2011), o crescimento é a expansão do produto
real ao longo do tempo, ou seja, em longo prazo o crescimento é dado pela acumulação de
capital, inovações tecnológicas ou elevação da eficiência do trabalho.
Samuelson e Nordhaus (2005) apresentam quatro (4) factores ou rodas importantes
do crescimento:
Recursos humanos (Oferta de trabalho, educação, disciplina, motivação), que
consistem na quantidade de mão-de-obra e nas qualificações da população
activam. Este factor é fundamental para se crescer porque, um país pode comprar
alta tecnologia de ponta (computadores rápidos, modernos aparelhos de
telecomunicações, equipamentos sofisticados para geração de electricidade ou
mais…), estes bens de capital só podem ser eficazmente usados e mantidos por
trabalhadores qualificados e treinados, caso contrário, é um investimento
amortizado antes do tempo.
Recursos naturais (terra, minerais, combustíveis, qualidade ambiental) com estes
recursos, são possíveis à economia crescer pese embora no mundo moderno a
posse de recursos naturais não é necessário para o sucesso económico.
Formação de capital (máquinas, fábricas, estradas). Acredita-se que a acumulação
de capital faz crescer rapidamente as economias na tendência a investir fortemente
em novos bens de capital (novas infraestruturas, construção de estradas de
qualidade, novas máquinas e etc.).
Progresso tecnológico (ciência, engenharia, gestão iniciativa empresarial). Tem
sido um dos ingredientes vital para o rápido crescimento das economias e dos
níveis de vida. O progresso tecnológico corresponde às alterações nos processos de
produção ou à introdução de novos produtos, ou serviços.
8
Estes factores são expressos sob a função de produção agregada (FPA) cuja
expressão matemática é:
= � , , (1.1)
9
económica é evidenciada em termos de eficiência na produção e alocação de recursos quer
em termos de bem-estar (Samuelson e Nordhaus, 2012).
O produto interno bruto (PIB) é o valor de mercado de todos os bens finais
produzidos durante um determinado período de tempo (um ano). O termo “bruto”
demonstra que o valor da produção não foi corrigido pela depreciação; o termo “interno”
aparece para informar que a produção foi efectuada dentro das fronteiras do país,
independentemente se por empresas nacionais ou estrangeiras; e o termo “valor de
mercado” informa que o produto foi avaliado aos preços correntes, ou seja, sem a
correcção da inflação (Mankiw, 2004).
Dornbusch et al (1998), definem o produto sob duas perspectivas distintas que são,
nomeadamente, a do rendimento e a das despesas.
Na óptica do rendimento, o produto remunera o trabalho sob a forma de salário e o
capital sob a forma dos juros e dividendos. Nesta perspectiva, o produto é consumido ou
investido para o futuro. A divisão do produto em remunerações dos factores proporciona
um enquadramento para o estudo do crescimento e da oferta agregada, visto que o
rendimento vai para o consumo ou para o investimento.
Y = C + I + G + NX (1.2)
10
mercantis. O primeiro sector é responsável exclusivo por mais de 95%, de acordo com o
Relatório do Banco Mundial (2013).
O crescimento económico é medido pelo PIB per capita (por habitantes) que ao
longo do tempo tem sido utilizado como o indicador do padrão de vida médio de uma
determinada sociedade e, esse indicador é visto como a renda média de certa comunidade.
O crescimento do produto ou da renda per capita tem sido associado à melhoria das
condições de vida ou bem-estar social que matematicamente é representado abaixo:
PIB
� � ��� = (1.3)
P laçã
O PIB per capita depende do tamanho da população. Quanto maior for este
tamanho, menor será o valor do PIB per capita e vice-versa.
Ademais deste indicador, existem outros que permitem medir o crescimento de uma
economia tais como o Produto Interno Bruto (PIB), Produto Interno Líquido (PIL), Produto
11
Nacional Bruto (PNB), Produto Nacional Líquido (PNL), Renda Nacional (RN), Índices de
preços ao consumidor (IPC), Taxa de desemprego, Nível de inflação, Taxa de câmbio, etc.
PNB=PIB-RLE (1.4)
12
1.3.4. Produto Interno Líquido
O capital ao longo da sua utilidade deprecia-se ou perde uma parte do seu valor.
Este valor por sua vez é deduzido do PIB resultando, deste modo, o PIL que é o valor da
produção interna de um país disponível para o consumo. A depreciação corresponde
geralmente cerca de 11% do PIB, de forma que o PIL corresponde cerca de 89% do PIB,
(Fochezotto, 2000).
13
representação da parte da população activa com capacidade física e mental, capaz de
executar uma actividade laboral formal, no limiar de 18 aos 62 anos, segundo a
Constituição da República de Angola (MAT, 2010).
1.3.7. Inflação
A inflação é o aumento contínuo do nível geral de preços. A taxa de inflação é o
percentual do aumento do nível geral do preço (Blanchard, 2002). Para Dornbusch et al
(1998), a inflação é a taxa de variação dos preços, e o nível de preços é acumulação da
inflação dos períodos anteriores. A taxa de inflação ao longo do tempo será expressa da
seguinte maneira:
P −P −
= ∗ (1.5)
P−
A taxa de inflação mede o valor percentual da subida do nível geral dos preços; este
indicador também reflecte o poder de compra dos consumidores; isto porque, quanto maior
for à inflação, menor será o poder de compra dos consumidores.
A taxa de inflação é, também, medida através do IPC. Este último mede e avalia o
custo de vida da população. Mede um cabaz fixo, de bens e serviços de um agregado
familiar durante um período de tempo (Dornbusch et al, 1998). Mas, para Blanchard
(2002), este indicador fornece o custo em moeda corrente de uma lista de bens e serviços
mais adquiridos num dado período de tempo. Mankiw (2004) define o IPC, como medida
do custo geral de todos os bens e serviços adquiridos por um consumidor habitual. Em
Angola, apenas a Província de Luanda, engloba, para o seu cálculo, apenas dados colhidos
na província. Estando neste momento a ser desenvolvido o Índice de Preços no
Consumidor Alargado (IPCA).
O IPC de Luanda é calculado mediante a fórmula de LASPEYERES, isto é, uma
média ponderada dos preços relativos multiplicados pela sua ponderação que corresponde
ao período de base e a sua cesta básica é medida pelos bens mais consumidos (Mankiw,
2004).
Os factores de ponderação são as participações percentuais dos produtos na cesta
também da época passada (Silva et al, 1999).
14
�
�⁄ = ∑ − �∗
(1.6)
∑� − ∗
onde;
It/0 = Índice no período “t”, com respeito ao período base “0” ou passado.
Pit = Preço da variedade “i” no período “t” ou actual.
Pi0 = Preço da variedade “i” no período base “0” ou passado.
Qi0 = Quantidade consumido da variedade “i” no período base “0” ou passado.
n = Número total de variedades.
∑i− Pit ∗ Qio = é o valor da cesta de produtos da época passada (q0), calculada a preços
actuais (pt).
∑i− Pi ∗ Qi = é o valor da cesta de produtos da época passada.
15
1.3.8. Taxa de câmbio
16
CAPÍTULO 2 - Sistema Financeiro e Crescimento Económico
2.1. Introdução
17
2.3. Relação entre o sistema financeiro e o crescimento económico
18
sectores tradicionais (principalmente em economias em desenvolvimento) como também
do surgimento e crescimento de novos sectores que conduzam ao aumento do produto, da
renda e da poupança e, esta maior actividade económica elevaria a demanda por produtos
do sistema em causa tanto na perspectiva dos poupadores quanto dos investidores.
O funcionamento do sistema financeiro sem problemas como foi o caso na maior
parte do período decorrido desde a IIª Guerra Mundial, contribui grandemente para o
crescimento económico saudável. No entanto, quando os bancos falham e as pessoas
perdem a confiança no sistema financeiro, o crédito torna-se escasso, o investimento é
restringido e o crescimento económico abranda (Samuelson e Nordhaus, 2010).
Em suma, o sistema financeiro influencia o desempenho global da economia e sua
competitividade.
19
Bancos comerciais; caixas económicas; cooperativas de crédito; bancos cooperativos e
bancos múltiplos com carteira comercial.
20
privadas que garantem o pagamento do capital no fim do prazo e o pagamento de juro ao
longo do prazo), acções (são direitos de propriedade sobre as empresas que rendem
dividendos dos pagamentos retirados dos lucros das empresas), fundos de pensões (são
activos financeiros provenientes das contribuições dos trabalhadores e empresas durante o
período útil de vida laboral que posteriormente são transferidos para pessoas no período da
reforma), segundo Passos e Nogami (2003).
21
2.6.1. Mercado de Crédito
22
alcance da paz em Abril de 2002, a economia angolana começou a registar um crescimento
nos diversos sectores de actividade fruto da evolução dos créditos que foram alavancando
o empresariado angolano por intermédio de investimentos avaliadas em média cerca de
220.394,694 mil milhões de Kwanzas, segundo a mesma fonte que temos vindo a citar.
Entre 2008 e 2009, as instituições financeiras cederam créditos à economia num valor
médio ponderado de 1.095.013,96 mil milhões de Kwanzas, contribuindo assim para o
avanço da economia angolana em quase todos os seus sectores (BNA, 2013b).
Passos e Nogami (2003) definem o mercado de capitais como o local onde está
concentrada toda a rede de bolsa de valores (local físico ou virtual onde se negoceiam-
compram e vendem-valores mobiliários e instrumentos financeiros derivados) e
instituições financeiras que operam com a compra e venda de acções e títulos de dívida em
geral, sempre em longo prazo. Este mercado actua no financiamento do capital de giro e do
capital fixo das sociedades anónimas de capital aberto.
Para Soares (2010), o mercado de capitais é um segmento do mercado financeiro
que trabalha, sobretudo com instrumentos de médio e de longo prazo, envolvendo as
acções, obrigações, os títulos de participação, os títulos do tesouro, entre outros. É um
mercado de valores mobiliários onde a sua principal função é a de facilitar a transferência
23
de recursos e a conversão de activos líquidos em investimento, isto é, canalizando as
poupanças para o sector produtivo da economia, não gerando massa monetária por motivos
inflacionários.
Este mercado tem a função de canalizar as poupanças da sociedade para a indústria,
o comércio e outras actividades económicas e até mesmo para o Governo.
Os instrumentos do mercado de capital são títulos de dívida e de acções com
vencimentos de mais de um ano. Eles têm flutuações de preços mais largas do que as dos
instrumentos do mercado monetário e são considerados investimentos bem menos
arriscados (Mishkin, 1998).
24
relação à moeda de outras onde estas, permanecendo tudo o mais constante. Uma
depreciação da moeda de um país em relação às moedas estrangeiras (uma elevação dos
preços em moeda doméstica AOA das moedas estrangeiras) torna suas exportações mais
baratas e suas importações mais caras e, torna o inverso quando há uma apreciação da
moeda doméstica AOA em relação às moedas estrangeiras.
Este processo ainda pode ser entendido, segundo o autor que temos vindo a citar,
permanecendo tudo o mais constante, uma depreciação/desvalorização da moeda de um
país o que torna seus bens mais baratos para os estrangeiros. No caso contrário, torna seus
bens mais caros para os estrangeiros.
Assim como os outros preços na economia são determinados pela interacção entre
compradores e vendedores, as taxas de câmbio são determinadas pela interacção entre
famílias, empresas e instituições financeiras que compram e vendem moeda estrangeira
para fazer pagamentos internacionais.
Tal como outros preços, as taxas de câmbio variam de semana para semana e de
mês para mês, de acordo com as forças de oferta e da procura e esta, é estabelecida quando
a oferta e a procura estão em equilíbrio e quando isto acontece, regista-se uma estabilidade
na taxa de câmbio na perspectiva de preservar o poder de compra interna.
Os principais participantes do mercado de câmbio são os bancos comerciais, as
empresas que se envolvem com o comércio internacional, as instituições financeiras não
bancárias como as empresas de administração de activos e as companhias de seguros e,
finalmente, os bancos centrais. Os bancos comerciais exercem uma função primordial no
mercado porque facilitam a troca de depósitos bancários, que rendem juros e constituem a
maior parte das operações de câmbio; embora as operações de câmbio ocorram em vários
centros financeiros ao redor do mundo, a tecnologia moderna das telecomunicações liga
esses centros em apenas um único mercado, aberto 24 horas por dia.
Em Angola, nos primeiros meses (Janeiro) dos anos 2009-2015 a taxa de câmbio
apresentou uma tendência crescente como se pode observar no gráfico da Figura 2, que no
ano 2010 registou-se uma variação percentual de desvalorização da moeda (AOA)
angolana em relação às outras moedas na ordem dos 20% em função do ano 2009 e 2,15%
em 2013/20142.
No mês de Janeiro de 2014 e Janeiro de 2015, a taxa de câmbio variou numa ordem
tendencial crescente de 7,02% em Janeiro de 2015 em relação há cinco anos no mês de
2
Valores percentuais calculados pelo autor a partir dos dados do BNA, 2014.
25
Janeiro em quase 6% da taxa de câmbio médio ponderado, o que dificultou os agentes
económicos realizar suas transacções ao resto do mundo devido à escassez do USD,
elevando com os índices de preços (inflação) dos bens na economia angolana, como
também das importações realizadas durante este período (BNA, 2014).
Taxa de Câmbio
Período dae
depreciação/desvalorização
tendencial
Período de
apreciação/valorização da
moeda nacional
Figura 2- Evolução da taxa de câmbio em Angola nos primeiros meses /Janeiro 2009-2015
Fonte: Elaborada pelo autor a partir dos dados do BNA (www.bna.ao)
26
estão sob o controlo do empresário isto é, o grau de eficiência na utilização dos recursos
produtivos (Oreiro et al, 2010).
27
três essenciais etapas. A primeira etapa vai de 1976 a 1997; a segunda e a última etapa
compreendem os períodos de 1998–2000 e 2000–2009, respectivamente.
29
o quadro legal para o sistema financeiro e sua transparência que regulasse de forma mais
sólida o processo de estabelecimento, o exercício da actividade, a supervisão, o
saneamento e aplicações de sanções às instituições de crédito e sociedades financeiras com
uma nova estrutura, onde o BNA continuava sendo como órgão de supervisão do sistema
financeiro coadjuvado pelo Instituto de Seguros de Angola (ISA), os bancos, cooperativas
de crédito e sociedades de locações financeiras como instituições de crédito e finalmente as
sociedades de investimento, de capital de risco, de factoring, gestoras de patrimónios
imobiliários, fundos de investimentos, fundos de pensões, financeira de corretagem,
seguradoras (tuteladas pelo MINFIN) e as casas de câmbio como sociedades financeiras.
Finalmente, no período de 2000-2009, o mercado financeiro angolano começou a
registar índices de desenvolvimento fruto das mutações e alterações com vista a sua
modernização e adequação aos padrões financeiros internacionais e com o dinamismo da
economia de mercado, houve uma necessidade de dar respostas às exigências que o
caracterizam e no âmbito da sua evolução, foi instituído no sistema financeiro angolano o
sistema de pagamento de Angola (SPA) com o objectivo de supervisionar e regular o
sistema de pagamentos interbancários.
De acordo com a regulação em vigor, actualmente o sistema bancário angolano é
constituído por várias instituições bancárias de capital nacional e estrangeiro com uma
extensão em nível do território nacional, nomeadamente de capital português.
30
2.8.2. Estrutura actual do Sistema Financeiro Angolano
31
Inflação acumulada Deprecição cambial
0,01%
25,87% 9,13%
74,94%
12,20% 11,20%
76,57% 31,02% 18,53%
105,50% 11,78%
-4,50% -0,74%
-6,45%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
32
0,43% 0,44%
0,38%
0,34%
0,33%
0,28%
0,26%
0,15%
0,07%
0%
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 20010
33
depósitos à ordem mantiveram a predominância segundo o relatório da estabilidade
financeira do BNA (2014) na carteira de depósitos com quase 57%, tendo aumentado
24,52% face ao período homólogo. A semelhança do activo, o passivo deste sector
segundo a fonte, apresentou a predominância em moeda nacional um valor percentual de
quase 59% do volume total de obrigações do sistema bancário.
Quanto ao desempenho dos diferentes bancos por controle accionária, os bancos
privados nacionais apresentaram maiores volumes de activos, depósitos e resultados em
2014, enquanto os bancos privados estrangeiros detêm activos de melhor qualidade, ou
seja, maior volume de créditos concedidos e menores taxas de incumprimento. Os bancos
públicos angolanos, para o ano de 2014, foram os menos eficientes por motivos de terem
apresentado menores taxas de incumprimento e resultados mais reduzidos em comparação
com os Bancos privados nacionais e filiais de bancos estrangeiros segundo a fonte que
temos vindo a citar.
Em termos de activos e créditos, a concentração manteve-se em 0,11 e 0,16 até
Dezembro de 2013 quando os depósitos apresentaram um ligeiro aumento de 0,12 para
0,13, relatório de estabilidade financeira (BNA, 2014). Face ao elevado nível de
crescimento económico do país, aliado a maior oferta de produtos e serviços bancários, ao
aprimoramento da regulamentação do mercado e a uma crescente cobertura pelo país da
rede bancária, o sistema bancário angolano continua a demonstrar capitalização suficiente
para suportar os riscos económicos e financeiros. O índice de estabilidade financeira em
Angola situou-se na ordem dos quase 61% superando aos 43,46 (BNA, 2014) do período
homólogo de 2013. Este crescimento percentual explicou-se pela tendência crescente da
solvabilidade dos activos líquidos, bem como factores externos como o aumento do preço
do petróleo antes da sua queda.
Segundo Campbell (2006), citado por Jossefa, a análise das finanças das famílias é
um desafio porque o comportamento das mesmas é difícil de medir e, além disso, as
famílias se defrontam com constrangimentos que raras vezes são capturados pelos modelos
dos manuais de finanças, mas que é relevante analisar dada a importância do sistema
financeiro na economia.
34
O acesso a serviços financeiros (ASF) pelas famílias não é sinónimo do uso dos
mesmos. De acordo com Claessens (2006) citado pelo autor que temos vindo a citar,
enquanto o acesso refere-se à disponibilidade de serviços financeiros de boa qualidade e a
baixos custos, o uso corresponde ao consumo actual dos mesmos. Ainda o mesmo autor,
apresenta a diferença entre o acesso e o uso dos serviços financeiros na perspectiva das
curvas da procura e oferta. Assim, o acesso refere-se à oferta, enquanto o uso é a
intercessão das curvas da oferta e procura; e, nesta perspectiva, o equilíbrio depende da
relação entre os custos incorridos pelas instituições e o rendimento das famílias. Se o custo
for elevado, é evidente que as famílias não vão usar os serviços financeiros; assim, um
agente pode ter ASF, mas não exerce o direito de uso, porque, por um lado, tais serviços
são incompatíveis com a sua situação financeira, mas também não ter acesso aos mesmos e
não exercer o direito de uso.
Em função dos dados preliminares do censo populacional realizado em Maio de
2014 registou-se um crescimento populacional de 19.81 milhões para 24.38 milhões
projectados pelo INE até finais de 2014, tendo-se verificado um incremento percentual na
ordem dos 23,05%. Deste modo, derivado da não publicação de dados sobre a população
adulta superior a 15 anos, projectou-se pelo mesmo nível de crescimento, tendo a
população adulta passado de 10.47 milhões para 12.88 milhões de habitantes em finais de
2014, tendo desta forma, originado uma redução da taxa de bancarização para o período de
referência em 47,39%, superando em 1.46 pontos percentuais a taxa calculada no período
anterior (BNA, 2014).
Em Angola, fruto do programa implementado pelo BNA em 2012 sobre a educação
financeira, foram abertas até ao primeiro semestre de 2014 um total de 277.587 contas
Bankita à ordem, contra 202.942 registadas no período homólogo de 2013 com uma
representação de quase 1,6% e 2,15% da população adulta superior a 15 anos em nível do
território nacional respectivamente começaram a ter acesso a serviços financeiros
bancários, apresentando assim, um crescimento percentual de quase 37% (BNA, 2014).
Em 2014, foram atribuídos, de acordo com o BNA (2014), 157.388 cartões de
Multicaixa contra 112.038 registados no período homólogo de 2013 representando, assim,
um crescimento abaixo da média, de quase 40,5% e isto mostra que a emissão de cartões
de Multicaixas não acompanha com o número de abertura de conta Bankita e isto constitui
um factor inibidor à dinamização do subsistema de Multicaixa fruto da não dinamização e
gerência de tempo da emissão da mesma e por falta de cultura do próprio cidadão, razão
35
pela qual os bancos angolanos têm tido enormes filas nas suas agências em determinadas
zonas do território nacional.
Todavia, apesar da forte expansão, a actividade bancária ainda é incipiente, pelo
que existem espaços a preencher se essa actividade for encarada na perspectiva do índice
de bancarização da população, que em Angola se situava em 6,5% (KPMG, 2014).
Portanto, podemos considerar que o nível de acesso e de utilização dos serviços financeiros
pelas pessoas ainda é reduzido isto é, porque esta actividade está mais concentrada nas
províncias de Luanda com 52,34%, Benguela com quase 9%, Huila com quase 7% e
finalmente a província do Huambo com 4,08% (BNA, 2014). Podemos, assim, deduzir
que, aproximadamente 72,4% das actividades e serviços bancários estão concentradas em,
apenas, 4 províncias dos dezoitos existentes no país. Este facto pode ser explicado pela
configuração demográfica de Angola. Os resultados preliminares do censo populacional
revelam que 27%, 10% da população de Angola concentram-se em Luanda e Huíla
respectivamente, ao passo que 8% está concentrada em Benguela e Huambo (INE, 2014).
O rendimento médio, a escolaridade, o ambiente institucional, localização
geográfica e a distribuição etária são factores socioeconómicos apontados como os
determinantes do ASF nos países, em particular, nos países em via de desenvolvimento
(PVD´s); por exemplo, Beck et al (2005), citados por Jossefa (2011), apontam que o
ambiente institucional é o mais importante pelo facto de que os sistemas financeiros
desenvolvidos e eficientes conduzem ao alargamento do ASF. Mas, os factores
comportamentais tais como a conveniência, a confiança nas instituições e a aversão ao
risco também influenciam o ASF. Para o efeito, o definiram King e Honohan (2009)
citados pelo mesmo autor o ASF como a posse de uma conta bancária.
36
CAPÍTULO - 3: Impacto do Sistema Financeiro no Crescimento da
Economia Angolana: Análise econométrica
3.1. Introdução
Segundo Jossefa (2011), o acesso aos serviços financeiros (ASF) numa economia
depende de altos níveis de rendimento, uma elevada confiança, ou seja, credibilidade nas
instituições financeiras para que os agentes económicos estabeleçam relações comerciais, o
nível de escolaridade e finalmente a localização geográfica deste agente porque, há mais
acesso a esses serviços aos indivíduos que vivem nas zonas urbanas devido ao nível de
desenvolvimento nestes locais e pelo acesso a informações. Após ter estimado o modelo
Probit, o referido autor conclui que factores socioeconómicos e comportamentais,
determinam a probabilidade de ASF.
Para Corrêa (2005), o grau de desenvolvimento do sistema financeiro de um país
depende noutro sim do nível de protecção oferecida aos seus investidores e na
credibilidade das instituições financeiras no asseguramento dos retornos dos seus
investimentos repercutindo assim um impacto positivo no crescimento da economia. Mas,
Stiglitz (1989) citado por Corrêa (2005), sublinha que questões institucionais, têm um
impacto maior na economia real do que nos países mais desenvolvidos devido ao fracasso
dos seus Governos e das instituições em lidar com possíveis falhas de mercado.
37
Oreiro et al (2010), concluíram que para um maior desenvolvimento nesse sector, é
preciso registar-se um aumento na eficiência da alocação de recursos nomeadamente nos
bancos comerciais reflectindo assim um impacto positivo no crescimento económico.
O Departamento de Estudos Económicos e Estatísticos do Banco Central de
Moçambique avaliando a Importância da Estabilidade Macroeconómica e do Sector
Financeiro no crescimento da economia moçambicana estimou, um modelo de regressão
múltipla composta por sete (07) variáveis (o Índice Agregado de Instabilidade
Macroeconómica como a variável endógena, que varia de 1 a 0, em que 0 representa uma
estabilidade macroeconómica e 1 a instabilidade e, como variáveis exógenas a Inflação,
Défice Público, Grau de Abertura, Taxa de Câmbio, Taxa de Juro e as Reservas
internacionais Líquidas). Os resultados obtidos a partir do modelo estimado mostram que
o défice público, a dívida externa, a inflação e a taxa de câmbio, constituem as principais
fontes da instabilidade macroeconómica de uma economia e que o crescimento económico
está correlacionado negativamente com o nível de instabilidade macroeconómico e
positivamente com o nível de estabilidade financeira. O aumento da estabilidade do sector
financeiro da economia em 1% gera um impacto positivo de 1,9% sobre a expansão do PIB
per capita real, mantendo-se tudo o resto constante; noutro sim, um incremento do índice
de instabilidade macroeconómico em 1%, mantendo tudo o resto constante, resulta numa
recessão do crescimento económico na ordem dos 0,7% reflectindo assim, o inverso do
pressuposto, provoca uma estabilidade macroeconómica e concomitantemente num
aumento ascendente do crescimento da economia, mantendo tudo o resto constante.
Bjornland (2000) através da imposição de restrições contemporâneas para os preços
do petróleo procurou analisar os diferentes efeitos dinâmicos de um choque médio dos
preços reais petrolíferos no PIB real e do desemprego na Alemanha, Noruega, Reino Unido
e Estados Unidos usando dados trimestrais em períodos históricos diferentes como 1969 e
1994 para Alemanha, Noruega 1967 e 1994, Reino Unido 1966 e 1994 e Estados Unidos
1960 e 1994 usando o modelo VAR. Para testar a estacionaridade dos dados da série de
regressão, aplicou o teste de Dickey Fuller Aumentado (ADF) integrado às variáveis
transformadas em logarítmos, pelo que os dados das séries preços petrolíferos, PIB real em
todos os países admitiram ambos terem uma raís unitária ou não serem estacionários (não
reijetando a nulidade) com apenas um desfasamento quanto que os dados da série
desemprego admitiram serem estacionários com tendência. Procedeu-se de forma isolada
testar as séries em função de cada país, a um nível de significância de 5%, os critérios de
38
Schwarz, Hannan-Quinn e Erros de Predição Final sugeriram a estimação do modelo
VAR(3) para os EUA, VAR(5) para Alemanhã e VAR(6) para Noruega e Reino Unido não
mostrando qualquer evidência de correlação serial nos resíduos. Os resultados, obtidos a
partir do modelo VAR estimado, mostram que para todos os países com excepção da
Noruega, um choque adverso do preço do petróleo teve um efeito negativo sobre a
produção no curto prazo e um efeito negativo no longo prazo (10 anos) para os EUA. Já
para a Noruega, o sector petrolífero por desempenhar um importante papel na economia, os
choques dos preços sobre a produção é positivo em todos os horizontes embora, no longo
prazo seja não significativo. E que um choque petrolífero em todos os países, teve pouco
efeito no desemprego pelo que aumentou apenas 0, 1 pontos percentuais depois de dois
anos e que estes choques identificados nos modelos VAR, se encaixam bem com os
eventos reais que ocorreram nestes diferentes períodos.
Pilstrom et al (2009), aplicando o mesmo modelo para prever o crescimento do PIB
para os Estados Balísticos (Estónia, Letóania e Lituânia) usando como variáveis
explicativas a inflação e o desemprego num período compreendido entre 1998 e 2008, sem
desfasamentos, constante e tendência, os testes mostraram que a um nível estatístico de 5%
rejeita a anulidade de que o desemprego e a inflação não têm efeitos estruturais no PIB dos
Estados Balísticos. Estimaram dois modelos procurando estudar a relação existente entre
PIB e Inflação e, PIB e desemprego. Concluiram, no caso do primeiro modelo, que uma
variação de 0,000579 pontos percentuais na inflação levaria ao crescimento do PIB nos
próximos anos com um efeito explicativo abaixo de 50%. Quanto ao segundo modelo, os
resultados obtidos mostram que as variações do desemprego explicam 82% na baixa das
variações do PIB. Os referidos autores concluiram que, o PIB deve diminuir com um
aumento de um ponto percentual do desemprego por estabelecerem uma relação inversa. O
PIB e a inflação têm uma relação positiva porque um crescimento rápido durante a maior
parte do Século XXI aumentaria com o emprego, as empresas contratariam mais
trabalhadores para o aumento da produção, aumentos de salários, o que iria estimular as
empresas a aumentar seus preços para pagar o aumento dos salários; e, isto levará a uma
pressão inflacionária na economia. Para tal previsão, o modelo VAR mostra ser bom
para horizontes até t+12 e mais confiáveis o contrário para previsões acima de t+12 porque
são altamente incertos e a incerteza, é aumentada pela crise financeira de 2008 e 2009 pese
embora no caso de Lituânia mostrasse ser uma previsão crescente no PIB na ordem dos
4,23% em 2010.
39
O Departamento de Estudos Económicos do Banco Central da Suiça (2006), para
poder prever a inflação de preços ao consumidor na economia estimou um modelo de
vectores autorregressivo logaritmizado (VAR) simulando diferentes resultados usando dez
(10) variáveis (Inflação como variável explicada; PIB, taxa de câmbio, agregados
monetários M1, M2 e M3, rendimentos dos títulos, índices de rendas para novos
apartamentos, os emprestimos bancários domésticos e a taxa de Juros como variáveis
explicativas). Os resultados obtidos, a partir do modelo VAR, mostram que através da
combinação de previsõs de diferentes modelos, uma redução significativa na raíz do erro
médio quadrático (RMSE) pode ser obtida e que as previsões favoráveis apartir de um
modelo com apenas sete variáveis monetárias e preço (índice do preço ao consumidor, taxa
de câmbio real, M2, M3, rendimentos dos títulos, índices de rendas para novos
apartamentos, os emprestimos bancários domésticos) dos quais emprestimos bancários
domésticos e M3 apresentaram ser as mais relevantes na previsão da inflação.
As estimativas dos parâmetros com base nas observações em um ambiente de baixa
inflação podem por tanto ser enganoso ao antecipar as consequências de grandes choques
estruturais, o que pode causar interrupções nas espectativas racionais, tanto quanto,
adaptativas nas previsões da inflação, porque esses argumentos conduziriam a uma pressão
inflacionária acumulada numa altura em que nem os modelos económicos e nem as
espectativas inflacionárias antecipariam a inflação.
Segundo o estudo feito, uma inflação baixa e estável requer um esforço especial na
análise cuidadosa e imparcial de potenciais ameaças à estabilidade de preços porque
podem minar na formulação de espectativas racionais, tanto dentro e fora de um banco
central. Por isso, os bancos centrais não devem se iludir com uma falsa sensação de
segurança por espectativas de baixa inflação mais sim, estar aberto e autocrítico ao
analisarem os riscos inflacionistas e terem um conhecimento aprofundado das
potencialidades e limitações de seus modelos de previsão.
3.3.1-Definição do modelo
41
onde, A é urna matriz � × � que define as restrições contemporâneas entre as variáveis que
constituem o vetor � × (�� ); é um vetor de constantes � × ; são matrizes � × �;
é urna matriz diagonal n x n de desvios-padrão; �� é um vector � × de perturbações
aleatórias não correlacionadas entre si contemporânea ou temporalmente, isto é:
�� ~�. �. ,� .
A equação (3.1) expressa às relações entre as variáveis endógenas de modelos
económicos teoricamente estruturados. Os choques estruturais das perturbações aleatórias
(�� ) afectam individualmente cada uma das variáveis endógenas porque as inter-relações
entre um choque e outro são captadas indiretamente pela matriz A. Logo, a independência
dos choques dá-se sem perda de generalidade.
Por causa da endogeneidade das variáveis, se procura estimar um modelo em sua
forma reduzida, conforme se segue:
− − −
�� = +∑= ��− + �� . (3.2)
Se: ϕ ≡ −
�, � = , , … , � �� ≡ �� (3.3)
X = ϕ + ∑ = ϕi X −i +. . . +ϕ Y− + Ԑ (3.4)
Como poderia ser apresentado de forma mais ainda simplificada do sguinte tipo:
� = − . � +� . �− +� . �− +Ԑ (3.5)
� = − . � +� . �− +� . �− +Ԑ
Para este caso, temos apenas um VAR(1) com duas variáveis onde e são
variáveis estacionárias I(0) e Ԑ e Ԑ são variáveis estocásticas não correlaccionadas
porque, os valores correntes de cada uma das variáveis influenciam a outra.
3.3.4-Identificação e estimação
O termo identificação em econometria refere-se à possibilidade de obtenção ou não
de parâmetros estruturais de uma equação pertencente a um modelo de equações
simultâneas, a partir das equações reduzidas. Se a equação não for identificada, as
estimativas de seus parâmetros podem referir-se a outra equação do sistema ou constituir
uma mistura das duas (Cunha, 2008).
Antes de estimarmos as equações (3.4) e (3.5), devemos decidir sobre o número
máximo de desfasagem (k), isto é, aplicando o teste de Dickey-Fuller Aumentado para
42
avaliar a estacionaridade das séries. Ressalta-se também que incluir vários termos
desfasados consumirá graus de liberdade, sem mencionar a introdução da possibilidade de
multicolinearidade; e levar a erros de especificação. E uma das formas de decidir sobre a
escolha óptima da ordem de desfasamento é utilizar os critérios como o Akaike (AIC) ou o
Schwarz (SC), Hannan-Quinn (HQ) apresentados na Tabela 4.
3.3.5-Diagnóstico do modelo
3.3.5.1- Teste de Dickey-Fuller
A inspeção visual de uma série raramente permite distinguir que existe uma
tendência estocástica ou determinística e, para não incorrer em equívocos foram
desenvolvidos testes para a verificação de existência ou não de raízes unitárias. Nesta
monografia, apresentam-se somente os testes de Dickey-Fuller.
Considere o seguinte modelo:
X = ϕX − + Ԑ (3.6)
A tendência inicial é estimar esse modelo e usar um teste convencional de t − ;
sobre ϕ, tendo como hipótese nula H0: ϕ = 1 de que as séries do modelo de regressão não
são estacionárias e como hipótese alternativa HA: ϕ = 0 admitindo a esxistência da
estacionaridade das séries (possui uma tendência estocástica) ou ainda, se a estatística
43
calculada for maior do que o valor tabelado, rejeitamos H0 significa rejeitar a hipótese de
raiz unitária, o que nos leva a concluir que a série é estacionária, possivelmente em torno
de uma tendência determinística. .
Para corrigir o erro do ruido branco porque frequentemente o erro é um processo
estacionário e que pode causar distorções no poder do teste, utiliza-se o teste de Dickey-
Fuller Aumentado que consiste em acrescentar termos de tendência e desfasagens da
diferença da série do modelo (Schroder et al, 2012).
Suponha que Y seja um processo autorregressivo de ordem p e que � é a constante,
com raíz unitária:
Y = �+� �− + ⋯+ � − �− + +� �− +Ԑ (3.7)
De acordo com Bueno (2008), a ideia é estimar o modelo com as variáveis
autorregressivas para poder corrigir o desvio do valor correcto da estatística, ou seja,
encontrar os desvios de Y em relação a sua média para deslocar a distribuição de � em
direcção à zero, caso a nulidade seja verdadeira. E no ponto de vista prático, é preciso
inserir mais variáveis para que o teste de resíduos não rejeite a hipótese de que se trata de
um ruído branco3.
Trata-se de um teste para verificar se os momentos da série estimada são iguai aos
da normal. O teste de Jarque-Bera é feito através da seguinte estatística:
̂� ̂�
JB =
6
+ − ; quando = ∑= e = ∑= , (3.8)
3
Vide p. 22 Bueno (2008) e p.751 Gujaratte (2011).
44
Demonstra-se que, sob a hipótese nula de que os resíduos sejam normalmente
distribuidos, a estatística JB converge assintoticamente para uma distribuição com 2
graus de liberdade (Sartoris, 2003).
De acordo com Bueno (2008), a rejeição da hipótese nula indica não normalidade e,
porém a sua não rejeição indica normalidade dos erros.
Este teste baseia-se na possibilidade de a variância dos erros terem uma estrutura
autorregressiva.
De acordo com Cunha (2008), é desejável que a variânvia dos resíduos Ԑ gerados
pela estimação de um modelo, seja constante Var Ԑ = � e se isto ocorre, o pressuposto
da homocedasticidade é satisfeito pelo que a dispersão dos resíduos é uniforme ao longo da
linha de regressão. A violação desse pressuposto é a heterocedasticidade, porque a
variância dos termos do erro não ser constante.
45
Taxa de inflação
120
100
TAxa de Inflação
80
60
40
20
0
2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014
Tempo
46
Como podemos observar na Figura 5, em Angola o período de 2002, apresentava
uma taxa de inflação em tornos dos três dígitos, 121,85% e no final de 2011, apresentava
uma taxa de 14,53% registando-se uma considerável redução em quase cerca de 107,32%
(BNA, 2015).
Os altos índices de inflação tiveram um forte impacto na alta dos preços que o país
apresentava, e como corolário, paulatinamente corroía a moeda angolana e reduzia o poder
de compra da população. Na altura o AOA não desempenhava as reais funções de uma
moeda, tais como: reserva de valor, meio de pagamento e unidade de conta.
O kwanza (AOA) não era considerado reserva de valor, pois os agentes económicos
preferiam outras moedas por entesourar as suas poupanças noutras moedas com maior
robustez e sustentabilidade como o dólar e o euro.
Pese embora o AOA declarado como meio de pagamento, e a moeda nacional em
circulação, a real moeda que era utilizada nas transacções comerciais era o dólar, e era
aceite por todos sem nenhuma contestação inclusive em alguns estabelecimentos e
instituições financeiras unicamente aceitavam o dólar nas transacções comerciais.
Não era considerada unicamente como unidade de conta, pois não havia unicidade na
fixação ou indexão dos preços na moeda nacional, pois os preços eram estabelecidos não
apenas em AOA mais também em outras moedas especificamente o dólar.
Actualmente, com as políticas que tem se vindo aplicado pelo Estado angolano em
colaboração com FMI, a taxa de inflação em Angola historicamente foi reduzida para um
dígito, ou seja, 7,69% e almeja-se que venha durante o ano de 2015 cifrar-se em torno de
um dígito (inflação moderada ou tratante) podendo variar aos 9%
(http://www.minfin.gv.ao/docspOrcaCorren.htm), observa-se que os restantes mercados
provinciais são excluídos no cálculo do IPC sendo um dos elementos determinantes para a
inflação.
O controlo da inflação, embora sejam em última instância da responsabilidade dos
bancos centrais (BCs), por se concordar na existência de uma associação entre a oferta de
moeda (M3) e o nível de preços (IPC) e, por se considerar que os BCs desempenham
melhor as suas funções se estiverem concentradas em controlar a variação do nível geral de
preços.
A variabilidade da inflação tem bastantes inconvenientes em que, quanto maior for a
incerteza relativa à inflação mais difícil se torna distinguir entre variações relativas e
absolutas dos preços e que são essências para o bom funcionamento da economia, são elas
47
que orientam as decisões de investimento, de produção e de consumo “nesta lógica de ideia
e sem qualquer sentimento de errar, afirmamos que a inflação tem um impacto descendente
no PIB de uma Economia relativamente no sector produtivo inibindo com o
desenvolvimento” (De Sousa, 1990).
Segundo Pinto (1999), uma inflação elevada e incerta exige uma introdução de prémios
de riscos nas taxas de juro de longo prazo dado que os investidores precisam de uma
compensação para suportar os riscos da inflação no reembolso em moeda depreciada
resultando uma diminuição ao investimento e a produtividade da economia e, se a inflação
for superior ao aumento dos salários o poder de compra destes tende a diminuir e leva
numa alteração da distribuição do rendimento em desfavor dos rendimentos salariais
provocando índices de desemprego.
Taxa de juro
48
de investimentos, porque a cedência de créditos no sector bancário torna a ser muito difícil
(Kupper, 2000).
140
120
100
80
60
40
20
0
2002 2004 2006 2008 2010 2012
Tempo
Taxa de câmbio
49
na taxa de câmbio na perspectiva de preservar o poder de compra interna (Samuelson e
Nordhaus, 2012).
95
90
Taxa de Câmbio
85
80
75
70
65
60
55
2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014
Tempo
O gráfico da Figura 7 mostra que, em Angola, a taxa de câmbio sempre teve dois
cenários devido a uma forte intervenção do sector informal, foram apresentados os
cenários referentes ao câmbio AOA/USD, no entanto no período de 2002, a taxa de câmbio
50
básica era de 58,7 no mercado formal e no informal apresentava uma indexação de 62,3%
sendo a depreciação do kwanza no sector formal de 7,4 e no informal de 15,3.
A partir de 2004, verificou-se uma redução da desvalorização cambial da moeda
como resultado das medidas implementadas pelo executivo angolano e pela autoridade
máxima monetária BNA, seguindo-se um período de estabilidade cambial. O aumento
crescente do grau de abertura da economia nacional, num regime de taxas de câmbio
flutuantes, torna a taxa de câmbio de uma variável importante na estabilização
macroeconómica, isto é, devido aos seus efeitos na competitividade da economia, na
posição líquida do investimento e do comércio internacional, sobretudo no comportamento
da inflação através dos índices dos preços dos bens importados, ou seja, indirectamente,
por via dos preços das matérias-primas importadas.
Em 2014 registou-se uma estabilidade do AOA isto é, devido a política de
desdolarização da economia angolana, que acabou por valorizar a moeda do país e
desempenhando as suas devidas funções (reserva de valor, medida de pagamento e unidade
de conta), mantendo quase inalterável a taxa de câmbio AOA/USD a taxa média fixa em
torno dos 98kz e actualmente, devido a política contraccionista (o Governo compra títulos
ou as obrigações do Estado) do USD no mercado, a taxa de câmbio AOA/USD, depreciou
a moeda nacional apreciando assim de forma abismal a moeda estrangeira na ordem dos
quase 109AOA/1USD no mercado formal e 200AOA/1USD no mercado informal
dificultando assim o comércio externo (transacções de bens e serviços) e as importações na
economia angolana.
Nesta secção, é apresentada a modelização das séries do produto interno bruto, taxa
de inflação, taxa de juro e a taxa de câmbio em Angola para fins de previsão e efeitos de
política económica. Para o desenvolvimento do referido modelo, recorreu-se aos dados do
BNA, MINFIM, INE, MINPLAN entre 2002 e 2014.
51
Tabela 5: Estatísticas descritivas das variáveis em análise (%)
52
120
20
100
80
15
Inflação
PIB
60
10
40
5
20
2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014
Tempo Tempo
100
120
90
Taxa de Câmbio
Taxa de Juros
80
80
60
70
40
20
60
2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014
Tempo Tempo
53
A Figura 9 apresenta a evolução das variáveis transformadas em logarítmos.
l_PIB l_INFLA
3,5 5
3 4,5
2,5 4
2 3,5
1,5 3
1 2,5
0,5 2
2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014
l_TxCAMBIO l_TxJUROS
4,6 5,5
4,5 5
4,4 4,5
4,3 4
4,2 3,5
4,1 3
4 2,5
2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014
54
Para o mesmo autor, assim como as demais regras de decisão para raíz unitária, se o
valor calculado, ou seja, observado dessa estatística for menor que o valor crítico, procede-
se a uma rejeição da hipótese de raiz unitária. Permanecendo outro problema, contudo, os
testes são sensíveis ao tamanho da defasagem autorregressiva p.
Este autor sublinha que nessas circunstâncias, é preciso desenvolver uma técnica
dependente da amostra para selecionar a desfasagem ótima.
Critérios
AIC -13.22245 ----
SC -13.67849 ----
HQ -12.49901 ----
FPE 2.410922x10-06 -6.399628x10-41
Fonte: Elaborada pelo autor usando dados do site www.bna.gov.ao e www.ine.gov.ao (2015).
55
Da análise da Tabela 7, os critérios AIC, SC e HQ sugerem a estimação do modelo
VAR (1) com o desfasamento de ordem 1. Este modelo estimado é apresentado na Tabela
8.
Log(PIB)t= -24,90-0,35-0,35t+0,37Log(PIB)t-1-0,65Log(Inflaçao)t-1+6,90Log(Câmbio)t-1
-0,40 Log(JURO)t-1 (3.10)
De acordo com equação (3.10) do modelo VAR (1), em média o Produto Interno
Bruto de Angola num horizonte temporal compreendido entre 2002 e 2014 teve uma
elasticidade na ordem dos 0,37 pontos percentuais de mil milhões de Kwanzas em relação
ao período passado quando tudo o resto se mantiveio constante; e com uma variação de um
ponto percentual na taxa de inflação, o PIB de Angola variou de forma descendente na
ordem dos 0,65 pontos percentuais de mil milhões de Kwanza quando tudo o resto se
mantiveio constante.
Com uma variação de 1 ponto percentual na taxa de Câmbio, o Produto Interno
Bruto variou ascendentemente na ordem dos 6,9 pontos percentuais ceteris paribus; e
decresceu na ordem dos 0,40 pontos percentuais quando as Taxas de Juros podessem variar
em 1% mantendo tudo o resto constante. As variáveis explicativas da série do modelo de
regressão apresentaram uma constante e tendência.
Da inspenção da Tabela 8, ressalta-se que os sinais obtidos em algumas variáveis
são os menos esperados. Por exemplo, as variáveis Inflação e Taxas de Juros apresentam
sinais negativos o que não justifica com os índices inflacionários e de taxas de juros na
economia Angolana. Por outro lado, alguns valores de estatística t de Student são muito
pequenos isto é, inferiores a 2 em termos absolutos, enquanto que o coeficiente de
determinação (R2) é bastante alto pelo que suspeita-se efeitos de multicolinearidade isto é
a relação existente entre duas ou mais vectores da série.
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Para suprir estes problemas, isto é, de nulidade dos efeitos das variáveis inflação e
Juros, procede-se à eliminação de ambas as variáveis referidas. O modelo que melhor se
ajusta às variáveis utilizadas nesta monografia é aquele que se apresenta na Tabela 9.
Da análise da Tabela 9, constata-se que é o modelo que melhor se ajusta aos dados
utilizados nesta monografia pelo que todos os vectores (parâmetros) da série de regressão
são estatisticamente significativos para os níveis de significância de 5% e 10%, admitindo
constante e tendência.
Em relação ao período passado, de acordo a equação (3.11) do modelo VAR (1) o
Produto Interno Bruto de Angola variou na ordem dos 0,52 pontos percentuais de mil
milhões de Kwanzas em média quando a Taxa de Câmbio mantiveio constante; e com uma
variação de 1 ponto percentual nas Taxas de Câmbio em relação ao período passado, em
resposta, o Produto Interno Bruto variou de forma ascendente na ordem dos 6,34 potos
percentuais apresentando uma constante e tendência para o período em estudo nesta
monografia.
Os valores dos coeficientes de determinação não ajustado e ajustado são os
adequados, pelo que implica dizer que a variável independente (Taxa de Cãmbio) explica
as variações que ocorrem na variável dependente (PIB) na ordem dos 76.6%. Dado o valor
do teste, F=8,729 com 3 graus de liberdade no númerador e 8 no denominador, é
confirmada pela estatística de p-value=0,006652, confirma-se que pelo menos um
coeficiente é diferente de zero pelo que podemos concluir que a regressão é significativa e
pode servir para efeitos de previsão.
O diagnóstico do modelo da Tabela 9 foi feito utilizando os testes de
independência, normalidade e homocedasticidade sobre os resíduos.
57
Relativamente aos resíduos do modelo estimado na Tabela 9, o teste de
Portmanteau proporciona um valor de Qui Quadrado igual a 16,5258, com um número de
graus de liberdade igual a 20 e um p-valor igual a 0,6835. Portanto, não se rejeita a
hipótese nula de que os resíduos do modelo estimados são independentes considerando um
nível de significância de 5% e 10%.
No que diz respeito à normalidade dos termos do erro do modelo estimado, o teste
de Jarque Bera fornece um valor Qui Quadrado igual a 0,9839, com um número de grau de
liberdade igual a 4 e um p-valor igual a 0,9122, pelo que mostra a não rejeição da hipótese
nula deque a série das variáveis estimadas seguem uma distribuição normal (o valor da
estatística p-value deveria ser zero para que houvesse assimetria) ao nível de 5% e 10% de
significância.
Quanto à homocedasticidade dos resíduos, o teste de ARCH proporciona um valor
de Qui Quadrado igual a 10, 1217, com um número de graus de liberdade igual a 9 e um p-
valor igual a 0.3407, se rejeita a hipótese nula de homocedasticidade, ou seja, concluimos
que o modelo estimado não apresenta efeitos de heteroscedasticidade isto é, a variância dos
termos do erro é constante.
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Conclusão
O presente trabalho buscou analisar o impacto do sector financeiro no crescimento
da economia angolana, visto que o mesmo sector, através dos indicadores usados na
elaboração do modelo VAR (1) das séries de regressão logaritimizada (Taxa de Inflação,
Taxa de câmbio e Taxa de juro), mede a saúde financeira da economia por intermédio das
suas flutuações, e, concomitantemente, o PIB como variável explicada que representa o
indicador mais utilizado para avaliar o estado e o crescimento económico de um país.
Com base na nossa monografia, podemos observar que o primeiro modelo
estimado, engloba todas as variáveis, mais os vectores da série das variáveis Inflação e
Juros mostraram a não rejeição da anulidade pelo que não são significativos em todos os
níveis de significância. Para colmatar tal situação, utilizamos o método de eliminação de
variáveis (Gujarati, 2011), pelo facto de se verificar insuficiência de dados para aumentar o
número da amostra, resultando assim na construção de um novo modelo eliminando a Taxa
de Inflação e Juros.
O test de F dos vectores da série do segundo modelo de regressão VAR (1) mostra
em conjunto ter efeitos estáticos significativos, e exercem influência significativa sobre o
crescimento e expansão do PIB em Angola pelo que 76,6% da expansão deste indicador no
horizonte temporal entre 2002 e 2014 foram explicadas ascendentemente pela
sencibilidade da Taxa de Câmbio no mercado cambial.
O diagnóstico do modelo foi feito utilizando os testes de independência,
normalidade e homocedasticidade sobre os resíduos, pelo que mostraram a rejeição da
anulidade de que os resíduos do modelo VAR (1) estimado são independentes, seguem
uma distribuição normal e que a variância dos termos do erro é constante.
Através deste modelo de regressão, se conseguiu demostrar que os constantes
aumentos da taxa de inflação e da taxa de juros em Angola não exerceram uma ifluência
posetiva e robusta sobre a expansão do Produto Interno Bruto pelo que aumentou o custo
de vida dos angolanos e o aumento do preço pago pelo crédito contraído no mercado
monetário. Pelo que se percebe o sector financeiro em Angola é altamente afectado pelos
maiores e crescentes índices inflacionários que levam o BNA responder em uma política
restritiva sobre a liquidez monetária para combater os tais índices, na elevação das taxas de
juros procurando manter o equilíbrrio pelo que acaba por afectar negativamente a renda
agregada, o consumo, poupança, investimentos, baixos salários e finalmente com os altos
ídices de desemprego.
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Sugestões
correctas.
60
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