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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO METROPOLITANO DE

ANGOLA

GERSON NEVES DAMIÃO DINIZ

TEMA: A MIGRAÇÃO: UMA ANALISE DA SUA


IMPLICAÇÃO NA ECONOMIA DE ANGOLA COM BASE O
MODELO DE CRESCIMENTO ECONÔMICO DE SOLOW-
SWAN

LUANDA

2019
GERSON NEVES DAMIÃO DINIZ

TEMA: A MIGRAÇÃO: UMA ANALISE DA SUA IMPLICAÇÃO NA ECONOMIA


DE ANGOLA COM BASE O MODELO DE CRESCIMENTO ECONÔMICO DE
SOLOW-SWAN

Projecto de pesquisa apresentado ao


Instituto Politécnico Metropolitano de
Angola, como requisito parcial para a
conclusão da, Licenciatura em Economia,
sob orientação do Professor José Manuel
Marcolino.

LUANDA

2020
GERSON NEVES DAMIÃO DINIZ

TEMA: A MIGRAÇÃO: UMA ANALISE DA SUA IMPLICAÇÃO NA ECONOMIA


DE ANGOLA COM BASE O MODELO DE CRESCIMENTO ECONÔMICO DE
SOLOW-SWAN

Projecto de pesquisa apresentado ao Instituto politécnico Metropolitano de Angola


como requisito parcial para a conclusão da Licenciatura em Economia sob orientação do
Professor José Manuel Marcolino

Aprovado ao: __/__/____ _______________________________________________

Coordenação do curso de Economia

Considerações___________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
____________________________________
DEDICATÓRIA

Dedico este Trabalho aos


meus pais, Francisco Diniz e
Rosária Neves.
AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a DEUS TODO-PODEROSO, CRIADOR DOS CEUS


E DA TERRA, a quem eu devo toda HONRA, GLORIA e ADORAÇÃO, por me ter
inspirado para fazer este trabalho, que pela sua BENEVOLÊNCIA e MISERICÓRDIA
INFINITA me concedeu os dias, para eu concluir a minha formação em nome de
JESUS CRISTO. Aos meus pais Francisco Diniz e Rosária Neves, pela confiança que
depositaram em mim, pelo apoio incondicional, por tudo quanto fizeram por mim, para
eu concluir a minha formação. E a toda minha família por estarem sempre ao lado.

Também agradeço todos os professores que estiveram ao meu lado ao longo da


minha formação, pelos seus ensinamentos que acompanharam o meu crescimento como
estudante: Armando Manuel, Manuel Saliulo, Lubanza Pedro, Augusto Luimbo, José
António, Francisco Gongo, especialmente ao Meu orientador Professor Doutor José
Manuel Marcolino que ao passar do tempo se tornou mais duque um professor, que
incansavelmente transmitiu-me os seus conhecimentos com tamanha estima e paciência.

Aos meus colegas e amigos, que sempre estiveram ao lado, nas controvérsias
que enfrentamos ao longo da formação. Ao Edgar Kiala a quem devo muito respeito e
consideração por estar sempre do meu lado nos períodos menos felizes da minha
formação. Ao Eliandro Cambanze, Ciríaco Dala, José Manança, Gilson Ambrósio, Jesus
Freitas a quem também, tenho muito respeito e consideração, pelos períodos de batalha
que temos passado para alcançar as nossas metas e discussões saudáveis que temos tido
sobre a situação económica de Angola e do Mundo no Centro de Estudo e Investigação
Científica, e a todos aqueles que não foram mencionados, mas que também partilharam
momentos imemoráveis comigo.
EPÍGRAFE

‘Antes de construir uma


parede tive de perguntar para
saber o que ia ficar dentro e
o que ia ficar fora…’

Robert Frost
RESUMO

O presente estudo tem como objectivo analisar a migração e a sua implicação na


Angolana com base no modelo de crescimento económico de solow-swan. No capítulo
2, fez se uma breve discussão teórica sobre a Economia da Migração e no subcapítulo
2.1, fez-se uma abordagem do Modelo de crescimento económico de Solow-Swan
incorporando a Migração. No capítulo 3, fez-se uma abordagem sobre a teoria do
crescimento económico de Solow-Swan incorporando a migração contextualizando a
Angola relevando a qualificação de mão-de-obra como um elemento principal do
modelo. Nos subcapítulos 3.1 e 3.2 é feito uma análise dos impactos das instituições no
processo crescimento económico tendo em conta a migração, e também uma a análise
do modelo SCHUMPETERIANO, que nos leva a seguinte conclusão do estudo: o
aumento da população, não associada a uma elevação na variação do capital e
investimento convertido em educação para um melhoramento tecnológico, não causara
aumento definitivo do produto, e o produto per capita será zero.

PALAVRAS-CHAVES: Capital- Humano, Crescimento Economico, Migração


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1…………………………………………………………………………Pag.19

Gráfico 2…………………………………………………………………………Pag.21

Gráfico 3…………………………………………………………………………Pag.24

Gráfico 4………………………………………………………………………….Pag.25
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

INE – INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA

OIT- ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO


Conteúdo
1. INTRODUÇÃO………………………………………………………………………12
1.1 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA……………………………………….….13
1.2 OBJECTIVO GERAL ……………………………………………………………...14
1.3 OBJECTIVO ESPECIFICO….…………………………………………...………..14
1.4 HIPÓTESES…….…………………………………………………………,,……….14
1.5 JUSTIFICATIV.……………………………………………………………,……….14
1.6 METODOLOGIA….………………………………………………………,,………15
2. REVISÃO DA LITERATURA….…………………………………,……………………………………16
2.1 DISCUSSÕES TEÓRICAS SOBRE A ECONOMIA DA
MIGRAÇÃO……………………………………….…………………………16
2.2 MODELO DO CRESCIMENTO ECONÓMICO DE SOLOW-SWAN
INCORPORANDO A MIGRAÇÃO………...………………………………17
3. CONTEXTUALIZANDO ANGOLA……………………...………………..23
3.1 INSTITUCIONALISMO E CRESCIMENTO ECONÓMICO…………...26
3.2 VARIAÇÕES DO MODELO SOLOWRINO: O CRESCIMENTO
POPULACIONAL CAUSADO PELO FLUXO MIGRATÓRIO EM
ANGOLA…………………………………………...…………………………28
3.3 UMA ANALISE DOS DERIVADOS DA MIGRAÇÃO COM BASE NO
MODELO SCHUMPETERIANO DE CRESCIMETO ECONÓMICO EM
ANGOLA………………………………………………………………….…..30
4. CONCLUSÃO………………………………………………………………...37

5. BIBLIOGRAFIA………………….………………………….………………38
1. INTRODUÇÃO

A migração está presente na história do ser humano desde o seu começo. As


primeiras relações sobre os movimentos populacionais podem ser encontradas na Bíblia
e outras fontes históricas da Antiguidade. O êxodo dos judeus do antigo Egipto
aproximadamente em 1200 antes de Cristo (a.C.), a migração dos gregos na região
mediterrânea desde 800 a.C., é apenas alguns exemplos desses processos. Com o fim do
período medieval, o avanço do capitalismo gerou a mobilidade do trabalho tornando-o
em uma questão socioeconómica. (BRZOZOWSKI, 2012).

A recorrência ao modelo de crescimento económico de solow-swan para analisar a


implicação da Migração no crescimento económico, deve-se a analogia que é feita no
modelo – a relação entre o crescimento económico ao longo do tempo e a dinâmica
demográfica. Visto que, o crescimento populacional de um país não depende somente
da diferença entre a taxa de natalidade e taxa de mortalidade, mas também pode ser
influenciada pelo fluxo migratório. Angola não esta isento deste fenómeno, onde as
variáveis coexistem e interagem entre si - a variável crescente migração laboral e
crescimento económico, nas dinâmicas intensas das migrações interna e externa. Por
outro, o modelo referido é determinado pela variação dos factores de produção (capital e
trabalho) e pelo ritmo de crescimento da produtividade do trabalho (progresso
tecnológico). Onde, a economia tende para um estado estacionário (steady-state)1, O
qual apresenta um crescimento equilibrado (balanced growth), ou seja, cresce de forma
homogénea e a uma velocidade constante. Caso exista, um cenário em que há ausência
do progresso tecnológico explicado pela ineficiência do trabalho, o crescimento do
produto per capita é nulo. Portanto, a migração é analisada como uma variável exógena
(imput) no modelo, cuja influência recai no aumento do produto per capita gerando
efeitos positivos na economia domestica e no resto do mundo (quando estamos numa
economia aberta) – quando ela é vista como um capital, que gera processos invocativos.
Em contraposição, ela pode gerar efeitos negativos na economia domestica e no resto do
mundo, quando não for qualificada e não carregar consigo elementos que geram
processos inovactivos, que poderá causar um desequilíbrio entre o investimento e a
depreciação.

1
steady-state é uma situação em economia na qual o investimento iguala a depreciação

12
1.1 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA
A alteração da estrutura demográfica de um determinado país não é somente
observada pelas modificações das taxas de mortalidade e taxas de natalidade dos seus
habitantes, mas também pode ser analisada pelos movimentos de entrada e de saída
intraterritorial, ou seja, as migrações que ocorrem em seu respectivo território, ou até
mesmo das migrações entre os Estados. Neste caso, sendo um processo que envolve o
Estado e cidadãos, a migração pode gerar efeitos diversificados, provocando impactos
diferenciados na economia de uma sociedade, processo este que tem sido estudado por
várias abordagens da teoria económica: a teoria Marxista, teoria Keynesiana, centrado
nos pressupostos Kaldoriano, a teoria clássica e os neoclássicos, a qual se destaca os
pressupostos de Solow-Swan incorporando a Migração, sendo este último o foco do
nosso trabalho.
Assim sendo, os movimentos migratórios podem ser definidos pelos contrastes
da distribuição geográfica da população, impactando nos serviços sociais básicos e na
protecção social dos indivíduos de um determinado território, no aumento de
participação dos migrantes em actividades informais, no aumento de oportunidades de
exploração, e no aumento da precariedade e da pobreza, por exemplo. No caso de
Angola, a migração pode provocar externalidades que podem ser negativas ou positivas,
pois a economia Angolana tem sido caracterizada por altos níveis de desemprego com
uma taxa de 29% da população (INE, 2019), salários baixos, fraca qualificação
profissional, uma tendência crescente de trabalho no sector informal (OIT, 2018). Por
este facto, e por serem poucos os estudos que relacionam os factos migratórios e sua
implicação na economia angolana, este trabalho se propõe a estudá-lo, partindo da
seguinte questão inicial: de que forma a Migração tem impactado a economia
Angolana?

13
1.2 OBJECTIVO GERAL

Objectivo geral deste estudo, consiste em analisar como a Migração tem


impactado a economia Angolana, focalizando-se a abordagem de Solow-Swan.

1.3 OBJECTIVOS ESPECIFICOS


Os objectivos específicos deste estudo são:
a) Fazer uma breve discussão sobre as teorias económicas das migrações
b) Analisar as implicações económicas dos derivados da migração
(imigração e emigração) com base a teoria económica de Solow-Swan
1.4 HIPÓTESES

As hipóteses deste trabalho são:

a) A emigração tem influenciado negativamente o crescimento económico em


Angola;
b) A imigração tem influenciado positivamente a economia de Angola.
1.5 JUSTIFICATIVA

Karl Marx considerava a migração como uma reacção da inevitabilidade e a


naturalização da pobreza. Ele colocava a culpa do quadro de pobreza nos
empreendedores capitalistas que deliberadamente abaixavam os salários para maximizar
seus ganhos. Ao examinar, os efeitos das mudanças económicas e políticas, realçou a
cumplicidade dos governos neste evento. Autores como Durkheim, Weber
consideravam a migração como consequência do desenvolvimento do capitalismo, que,
por sua vez, dá-se através da industrialização, urbanização e mobilidade populacional.
Angola, tem sido alvo de um fluxo migratório massivo, desde a sua independência, e é
notório o volume de entrada e saída de pessoas, cujas motivações podem ser de carácter
económico, toda via, as suas implicações podem ser observadas no quadro
socioeconómico do país, que nos leva a uma justificativa aplausível para a realização
deste estudo.

14
1.6 METODOLÓGIA

O presente estudo, é caracterizada por uma pesquisa Quali/Qualitativo. No


aspecto qualitativo, elaborou-se uma pesquisa bibliográfica consubstanciada em livros,
monografias, dissertações, teses, artigos e alguma Web Sites académicos, envolvendo
temas microeconómicos e macroeconómicos (Um esboço teórico sobre a Migração em
Angola, Economia da migração). No aspecto qualitativo foi feito uma abordagem sobre
o modelo de crescimento económico de Solow - Swan.

15
2. REVISÃO DA LITERATURA

Neste capítulo, o objectivo é fazer uma breve discussão sobre Economia da


Migração, focalizando a sua abordagem na Modelo de crescimento económico de
Solow-Swan incorporando a Migração, cujo contexto permiti-nos atingir o objectivo
estabelecido neste estudo.

2.1 DISCUSSÕES TEÓRICAS SOBRE A ECONOMIA DA MIGRAÇÃO

Thomas Malthus, segundo Pereira (2019), via a migração como uma


consequência inevitável da superpopulação. Ainda para o mesmo autor, o Novo Mundo
possibilitava um espaço para as migrações temporárias para fugir do ciclo de pobreza e
miséria. Este pensamento derivava de sua concepção de que a população crescia em
ordem geométrica, enquanto a capacidade de gerar tecnologias crescia em ordem
aritmética. Já Marx discordava de Malthus, cuja visão ele considerava reaccionária – ao
examinar os efeitos das mudanças económicas e políticas na França, Irlanda, e Escócia
em 1867 2 – pois apontava para a inevitabilidade e naturalização da pobreza. Marx
colocava a culpa do quadro de pobreza nos empreendedores capitalistas que
deliberadamente abaixavam os salários para maximizar seus ganhos

Ainda sobre a migração, os pressupostos base dos teóricos neoclássicos


centram-se na racionalidade individual e no modo como os indivíduos avaliam os custos
e benefícios relativos à decisão de migrar maximizando o seu bem-estar e utilidade
individual. Os defensores deste posicionamento teórico admitem a existência de
informação perfeita relativamente ao modo de actuação dos mercados, funcionando de
forma eficiente. Os neoclássicos procuraram explicar as deslocações internacionais de
trabalhadores através das diferenças entre as taxas salariais que se verificam entre
países. (BRUMES,2013).

Do mesmo modo, Os Economistas neoclássicos como Walras e Alfred


Marshal em Os Princípios da Economia, de 1890, consideravam que a remuneração do
serviço do factor trabalho era determinada pela lei da oferta e da demanda, e a sua
mobilidade geográfica. Todavia, a perfeita mobilidade do factor trabalho era um
postulado fundamental, tendo em conta a decorrência da busca atomizada pela
satisfação máxima, por meio de melhores rendimentos pelos seus serviços prestados.

2
Karl Marx - O Capital Vol. I

16
Por analogia, também existem outros pensadores importantes e tradicionais
no estudo do fenómeno migratório, como Ravenstein (1980) e Todaro (1980), que
adoptam o enfoque neoclássico. Esses estudiosos apresentam novidades teóricas com
base no exame de dados sobre a migração. Eles trazem referenciais de uma mobilidade
de trabalhadores que tomam decisões individuais, mas essas decisões apresentam
rebatimentos no fluxo migratório.

A Escola de Chicago desenvolveu as análises de Thomas e Znaniecki em várias


direcções. Cujo os focos destas análises estavam nos processos de adaptação,
aculturação e assimilação dos grupos imigrantes dentro de uma sociedade. Estes
teóricos acreditavam que ocorreria uma completa assimilação estrutural e cultural,
embora não fosse claro se isso envolveria a adopção de valores. (ASSIS,2000).

2.2 MODELO DO CRESCIMENTO ECONÓMICO DE SOLOW-SWAN


INCORPORANDO A MIGRAÇÃO

A Analise que se faz do Modelo de crescimento de Solow-Swan. É que ele é


construído como uma parábola de uma economia fechada que produz um único bem,
que pode ser utilizado tanto como bem de consumo quanto como bem de capital. Neste
cenário é necessário que a poupança seja igual ao investimento (𝑆 = 𝐼), e que a
população, seja igual à força de trabalho, e ela cresce à uma taxa constante 𝑛 > 03. As
possibilidades de tecnologia na economia são formadas em uma função de produção
neoclássica bem comportada e homogénea á um grau de progresso técnico exógeno do
tipo Harrod-Neutro, a qual explica a natureza das condições de equilíbrio entre
poupança e investimento ex ante, numa economia em expansão,4 Ou seja, passando por
uma função de produção ex post como, demostrado na equação 1, a seguir:

ϬF ϬF Ϭ2 𝐹 Ϭ2 𝐹
Y = F (k;L), Ϭ K > 0 ˄ ϬL> 0; Ϭ2 𝐾 <0 ˄ Ϭ2 𝐿 <0 (1)

3
Ver silveira Jaylson em Macro dinâmicas de Crescimento em uma Economia Solow-Swan com
Migração: Uma Abordagem de Jogos Evolucionários, Junho de 2007,baseiando-se nos artigos de Sala-i-
Martin
4
Ver Guttiere, Manuel em Os modelos macroeconómicos de crescimento e o crescimento demográfico,
Maio de 1975.

17
Ϭ𝐅 Ϭ𝐅
Onde Y é o produto, é a derivada de primeira ordem da função do capital (K), éa
Ϭ𝐊 Ϭ𝐋
Ϭ𝟐 𝐅 Ϭ𝟐 𝐅
derivada de primeira ordem da função de trabalho(L) e e são as derivadas de
Ϭ𝟐 𝐊 Ϭ𝟐 𝐋
segunda ordem das funções de Capital (K) e Trabalho (L), respectivamente. Nesse
sentido, a derivada da primeira ordem explica a variação dos factores de produção em
uma unidade, tendo impacto positivo na variação do produto. Já as derivadas da
segunda ordem, explicam as variações dos factores de produção na economia ao longo
do tempo, que vai decrescendo tendo em conta a depreciação dos factores.

Note que, na equação 1, o capital (𝐾) > 0 , a quantidade de trabalho em


unidades de eficiência (𝐿) > 0 e a taxa de progresso técnico – o aumentador de
trabalho constante – é exógena (𝑋) > 0. Ou seja, quanto maior for o progresso técnico,
maior será a taxa de eficiência do trabalho (L) e consequentemente levara a depreciação
do capital (δ), ao longo do tempo.

Nesta condição, Harrod argumenta que o equilíbrio entre poupança e


investimento deve ser tratado num contexto de crescimento económico, uma vez que a
poupança é função do nível de rendimento. O investimento também é uma função do
rendimento em crescimento através do princípio de aceleração da procura do
investimento. No entanto, o rendimento deve crescer para criar investimento, a
poupança também deve crescer para ter em conta o rendimento crescente. Mais ainda, o
investimento deve crescer para manter a igualdade entre a poupança planificada e o
investimento. Dentro desta análise surge um problema: qual será a taxa de crescimento
do rendimento capaz de manter esta igualdade? Para dar resposta desta questão, Harrod
explica:
𝑆 = 𝑠𝑌 0<𝑠<1 (2)
Esta condição assume que a poupança (S) é proporção constante do rendimento,
e s é a propensão à poupança. O investimento (I), de acordo com o princípio do
acelerador, é uma proporção constante da taxa de crescimento do output: como
apresentado na equação 3.
𝐼 = 𝑣𝑑𝑌/𝑑𝑡 (3)5

5
Ver Bresser-Pereira 1975

18
Onde v é o coeficiente de aceleração ou o 𝛥𝐾/𝛥𝑌 que é o coeficiente do capital
técnico. Nesta condição de equilíbrio entre a poupança e o investimento, o produto
nacional cresce com uma percentagem constante ou exponencial.

O problema deste modelo, revê-se na taxa, ou seja, numa perspectiva dinâmica


existirá uma diferença entre a taxa de crescimento efectivo e a taxa de crescimento
garantido, dando a origem a duas questões básicas: Existe um equilíbrio dinâmico de
curto prazo? Existe um equilíbrio de longo prazo e quais são a possibilidades de que
este equilíbrio garanta o pleno emprego?6
Solow dando resposta ao Harrod, argumenta que esta hipótese deve aceitar a
substituibilidade dos factores entre o capital e trabalho, ou seja, ao optar por uma função
que possibilita a contínua substituição entre os factores, resultará numa variabilidade do
produto marginal de cada factor, obedecendo a lei dos rendimentos marginais
decrescentes e as dos rendimentos técnicos constantes a escala, causando o pleno
emprego numa economia, como apresentado na equação 4 e no gráfico 1.
𝑌/𝐿 = 𝐹 (𝐾/𝐿; 𝐿/𝐿) = 𝑌 = 𝐹 (𝐾) , Sendo o Produto per capita (4)
Y

𝑓(𝐾)

Fonte: Almeida, 2009 adaptado polo autor

Neste gráfico 1, cenário apresentado ocorre porque no longo prazo o rendimento


per capita deixa de crescer, embora a taxa de investimento per capita se mantem
positivo, ou seja, o crescimento tende a diminuir quando a economia esta próxima ao
estado estacionário. Por isto, Solow defende uma maior variação entre o nível de
produção e os investimento, uma vez que o crescimento económico esta próximo do
pleno emprego, e poderá sofrer menor ajustes, caso exista possibilidade de substituírem

6
Citado Bresser-Pereira, O modelo HARROD-DOMAR e a substituibilidade de factores em Setembro
1975

19
o trabalho morto pelos trabalhos vivos, fazendo com que os equilíbrios e o pleno
emprego sejam mantidos.

Partindo do pressuposto de que a oferta agregada é igual a demanda agregada.


Do lado da oferta agregada – considerando a relação marginal do produto-capital – uma
variação na produção da oferta agregada, através do incentivo ao investimento que
aumenta em uma unidade o estoque de capital. E do lado da demanda considerando a
relação com a propensão marginal a poupar (s) ou seja, uma variação na poupança,
aumenta uma unidade da renda e da demanda agregada. Então teremos;

𝑆 = 𝐼 = ∆𝐾 (5)

∆𝑌 = ∆ 𝐾 = 𝐼 (6)

Visto que o estoque de capital (K) varia ao longo do tempo considerando a


eficiência do trabalho (L), será:

𝑠𝐿𝐹(𝐾) 𝛿𝐾
𝐾 = − – 𝑛𝑘 = 𝑠𝐹(𝑘) – (𝑛 − 𝛿)𝐾 (7)
𝐿 𝐿

Assim sendo, temos a Equação de Solow-Swan:

𝐾 = 𝑠𝑓 (𝐾) – δ𝐾 (8)

Sendo sf (K) uma fracção constante da função de capital ou a poupança per

capita, e δK é a depreciação efectiva do capital.7

Incorporando a migração nesta versão original do modelo Solow-Swan.


Supondo que as populações da economia doméstica (Ld) e do resto do mundo (Lr)
crescem à mesma taxa constantes 𝑛 > 0. Desta forma a equação passa a ser apresentado
da seguinte forma:

𝐾 = 𝑠𝑓 (𝐾) – δ𝐾 + 𝑚𝑖 (8.a)8

7
Ver Bresser-Pereira, O modelo HARROD-DOMAR e a substituibilidade de factores em Setembro 1975 e
Ver silveira Jaylson, Macro dinâmicas de Crescimento em uma Economia Solow-Swan com Migração:
Uma Abordagem de Jogos Evolucionários, Junho de 2007,baseiando-se nos artigos de Sala-i-Martin,
também ver Blanchard, Macroeconomia 4ª edição e Froyen, Macroeconomia editora Saraiva
8
Adaptado pelo autor, inspirado em Barro e Sala-i-Martin 2001, citado por Silveira,2007

20
Onde mi é o fluxo migratório expresso por unidade de tempo. Seja mi> 0, a taxa
de variação da força de trabalho doméstica supera a do resto do mundo, ou seja, a
economia doméstica é uma receptora de mão-de-obra. E se mi <0, neste caso entende –
se que a economia domestica torna-se uma fornecedora de mão-de-obra.9

Por isso, pressupõe-se que os migrantes carregam consigo uma grande


quantidade de capital-humano (Kmi). Portanto a variação do estoque de capital da
economia doméstica passa a depender também do saldo migratório. Argumenta-se que o
fluxo migratório tem uma relação positiva com o diferencial de salários reais entre a
economia doméstica e o resto do mundo.10 Com base nisso, segue a seguinte função de
migração:

mi = Kmi ; Ϭ mi/ϬK= Kmi´> 0 (8.b)

Onde Kmi é o capital que o migrante carrega consigo, Ϭ mi/ϬK é a derivada da


migração em função do capital Kmi´> 0 é a variação do capital do migrante em uma
unidade. Portanto, teremos: K> 0 ceteris paribus. Desta forma, teremos a equação
(8.a.1) e o gráfico 2 apresentados da seguinte forma:

𝐾 = 𝑠𝑓 (𝐾) – δ𝐾 + 𝐾𝑚𝑖 ( 8.a.1)

f(K)

(δ𝐾 + 𝐾𝑚𝑖)

𝑠𝑓 (𝐾)

9
Ver silveira Jaylson , Macro dinâmicas de Crescimento em uma Economia Solow-Swan com Migração
10
Citado por Silveira,2007.

21
Fonte: Adaptada pelo autor, baseado em Barro e Sala-i-Martin 2001, citado
por Silveira,2007.

No gráfico 2, o fluxo migratório tem um impacto positivo na variação do capital,


e consequentemente causara um aumento no produto, uma vez que a entrada de
estrangeiro (mão-de-obra) num país ou numa economia doméstica implica importar
bens de capital de outras regiões, por exemplo, seria possível capturar a tecnologia
incorporada em tais bens e os estoques de conhecimento do parceiro comercial, também
passariam a determinar o crescimento da região em questão. Os avanços incorporados
nos bens de capital fluem das regiões mais desenvolvidas para as regiões em
desenvolvimento que permitem um crescimento mais rápido das regiões que apresentam
certo atraso tecnológico. (DOWRICK e NAGYEN, 1989).

Ao mesmo tempo, veja-se também que os benefícios da transferência do estoque


de conhecimento estrangeiro seriam de origem directa e indirecta. Os benefícios
directos consistem em aprendizado sobre as novas tecnologias e materiais, processos de
produção e métodos organizacionais. Já os benefícios indirectos são dados pelas
importações de bens e serviços. Ambos os tipos de benefícios aumentariam a
produtividade da região. (COE e HELPMAN 1995).

Por outro lado, é importante analisar a variação da taxa de crescimento


económico, por meio do aumento de produtividade marginal de cada trabalhador, uma
vez que o capital humano afectaria a quantidade de tecnologia disponível, influenciando
a criação e difusão de conhecimento consubstanciado em Investimento na educação.
Quanto maior for o nível de educação dos indivíduos, maior será o estoque de
conhecimento local - mantendo todo resto constante, e quanto maior a capacidade social
da região recebedora de tecnologia vinda do estrangeiro, mais eficiente e mais rápido
será o transbordamento tecnológico.11
Toda via, o nível de capital humano de uma população influencia o sistema
económico de várias formas: o aumento da produtividade, aumento dos lucros do
fornecimento de maiores conhecimentos e habilidades técnicas, que podem facilitar na
resolução de problemas e superar dificuldades a nível local, impactando a sociedade de
forma individual e colectiva. A qualificação e o aperfeiçoamento do nível conhecimento

11
Ver Ribeiro, Transbordamentos de Tecnologia e Capacidade de Absorção, 2009

22
da população, oriundos do investimento em educação, elevam a produtividade dos
trabalhadores e os rendimentos das famílias, influenciando a economia como um todo.12
3. CONTEXTUALIZANDO ANGOLA
Neste capítulo, o objectivo é fazer uma abordagem sobre a teoria do crescimento
económico de Solow-Swan incorporando a migração contextualizando a Angola para
nos ajudar a atingir o objectivo deste estudo.
Desde o estabelecimento da paz em 2002, as dinâmicas migratórias em Angola
são essencialmente caracterizadas por fluxos mistos: que incluem o afluxo massivo dos
refugiados angolanos nos países vizinhos e a subsequente mobilidade interna, os
trabalhadores migrantes, os requerentes de asilo, os migrantes irregulares. Os fluxos
migratórios, tanto internacionais como internos, constituíram, nos últimos 20 anos, uma
das mais importantes características da sociedade angolana. Está forte dinâmica
migratória processou-se de forma não planeada e a sua gestão assumiu um carácter
pontual e residual no âmbito da intervenção governativa. Foco da agenda política do
Estado Angolano, emerge como indispensável, nomeadamente numa fase em que o
crescimento da economia angolana se constitui como crescente pólo de atracção para os
migrantes. (LOPES,2015)

Desta maneira, se observar-mos a mobilidade de trabalhadores, em Angola a


maior parte dos migrantes são internos. Assim como WANDA, (2018) argumenta:

Luanda e outras urbes do País têm uma longa tradição de acolhimento de


migrantes de outras províncias, especialmente durante a guerra. No entanto, os
contrastes por segmento de mercado de trabalho, de acordo com a origem do capital
da empresa, tem sido marcante, a proporção de migrantes nas empresas chinesas é
próxima ou igual a 70%,onde 45% dos trabalhadores trabalham em fábricas e cerca de
27% trabalham em construções de fábricas com uma mão-de-obra não qualificada.

Podemos também, olhar a migração do ponto de vista internacional. Visto que


nalguns casos, ela não é motivada pelos altos salários na ecónoma domestica, ou pela
organização da estrutura de mercado e altos níveis da capital-humano. A economia
Angolana muitas das vezes tem sido receptora de mão-de-obra não qualificada.
MARCOLINO (2014), argumenta que a política de importação de quadros estrangeiros
feito pelo governo Angolano, os estrangeiros possuíam qualificações baixas das

12
Citado por lima Jandir, The human capital theory and the economic growth, 2010

23
exigências que o país necessitava na época. Isto aconteceu e ainda acontece pelo fato de
serem contratados por funcionário sénior governamentais sem níveis superior, o que
diminui a qualidade nas contratações.

Neste caso, para Angola a equação de Solow-Swan incorporando a Migração


será:

𝐾 = 𝑠𝑓 (𝐾) – δ𝐾 – 𝐾𝑚𝑖 (8.b.1)

Nesta equação, fluxo migratório terá uma relação negativa, com o diferencial da
estrutura de mercado ineficiente e a incapacidade de absorção de mão-de-obra, entre a
economia doméstica (Angola) e o resto do mundo. Com base nisso, segue a seguinte
função de migração: mi = Kmi, onde Kmi´ <0 e 𝐾𝑚𝑖 > 0, K <0 ceteris paribus.

𝐾 = 𝑠𝐹 (𝐾) – δ𝐾 − (𝐾 + 𝐾𝑖) 𝑚𝑖 (8.c.1)

Onde (K +Ki) é o somatório do capital incorporado na migração entre o nacional


e o estrangeiro. Sendo, 𝐾𝑚𝑖 < 0, a economia doméstica é fornecedora de mão-de-obra
ao resto do mundo, e tendo ela um baixo nível da capital-humano não fornecerá de
competitividade e será pernicioso para a economia do resto do mundo. Se 𝐾𝑚𝑖 > 0, a
economia domestica é receptora de mão-de-obra proveniente do resto do mundo, e terá
de ter uma forte capacidade de absorvência da mão-de-obra proveniente do exterior,
embora tendo um fraco nível da capital-humano. Como apresentado no gráfico 3.

f(K)

𝑠𝑓(𝐾)

- (δ𝐾 + 𝐾𝑚𝑖 )

0 K

24
Fonte: Adaptada Pelo autor deste estudo, baseado em Barro e Sala-i-Martin
2001, citado por Silveira,2007.

Neste gráfico 3, cenário apresentado ocorre, quando os efeitos da migração são


negativos, ou seja, o estoque de capital efectivo vai depreciar mais depressa, cuja
variação tendera á menos infinito, um efeito menos esperado devido aos investimentos
feitos ao longo do tempo numa economia aberta.

Suponhamos que há uma constante incapacidade de absorção da mão-de-obra,


tanto doméstica como a do resto do mundo (imigração), a fraca qualificação dos
mesmos, fragilidade das instituições, e a corrupção por parte de Angola. Considerando a
migração como função crescente do modelo de solow-swan, e olhando para existência
de continuidade de crescimento, o modelo pode ser analisada a partir da seguinte
condição de inada:

lim𝑘−+∞ 𝑠𝑓(𝑘)/𝐾=0 ˄ lim𝑘−0 𝑠𝑓´(𝑘)/𝑘=+∞ (9)13


Desta forma, para contextualizar o nosso estudo a equação passara a ser:

lim[𝑠𝑓(𝑘)/𝐾] 𝐾𝑚𝑖=0 ˄ lim𝑘−0 [𝑠𝑓´(𝑘)/𝑘]𝐾𝑚𝑖=-∞ (9.1)14


𝑘−−∞

Onde lim[𝑠𝑓(𝑘)/𝐾] 𝐾𝑚𝑖=0 é o limite função do capital efectivo por trabalhador


𝑘−−∞

(incorporado o capital migratório), no ponto :] −∞; 0 ], Quando 𝑘 − −∞ e


lim𝑘−0 [𝑠𝑓´(𝑘)/𝑘]𝐾𝑚𝑖 =-∞ é variação decrescente da função capital efectivo por
trabalhador (incorporado o capital migratório) em uma unidade quando 𝑘 − 0. Desta
forma, partindo do ponto em que o capital se deprecia como apresentado na equação 8
citado no capítulo 2, teremos a seguinte representação gráfica 4

13
Ver silveira Jaylson em Macro dinâmicas de Crescimento em uma Economia Solow-Swan com
Migração: Uma Abordagem de Jogos Evolucionários, Junho de 2007,baseiando-se nos artigos de Sala-i-
Martin
14
A equação 9.1 é adaptada a equação 9 original da condição de inada, para explicar as insuficiências
relatada na contextualização de Angola incorporando a migração:

25
I, δ𝐾

I= δ𝐾 ʎ(𝒏 + 𝑰𝒏𝒆 + ɛ + 𝑩𝒙 + 𝑰𝒏𝒔)

([𝑠𝑓(𝑘)/𝐾]𝐾𝑚𝑖)𝑡+1 < 0

([𝑠𝑓(𝑘)/𝐾]𝐾𝑚𝑖)𝑡 > 0

0 K

Fonte: Adaptada pelo autor

No gráfico 4, o ponto de equilíbrio I= δ𝐾 pode ser considerado como estado


estacionário, onde a função da depreciação do capital efectivo (δ𝐾) é explicado pelas
seguintes variáveis: 𝑛 sendo o crescimento populacional, 𝐼𝑛𝑒 é a mão-de-obra não
qualificada, ɛ é a corrupção, 𝐵𝑥 é a baixa tecnologia, 𝑰𝒏𝒔 é a instabilidade institucional,
multiplicado pelo coeficiente de aceleração da depreciação do capital (ʎ ). Assim sendo,
as suas variações podem ser analisadas nas seguintes condições:

1) Se 𝐾1 > 0 e ([𝑠𝑓(𝑘)/𝐾]𝐾𝑚𝑖)𝑡 > 0 então 𝐼 > 𝛿𝐾


𝑠𝑓(𝑘)
2) Se 𝐾2 < 0 e ([ ] 𝐾𝑚𝑖) < 0 então 𝐼 < 𝛿𝐾
𝐾 𝑡+1

3.1.INSTITUCIONALISMO E CRESCIMENTO ECONÓMICO

Neste subcapítulo, o objectivo é fazer uma análise do impacto das instituições no


crescimento económico, para dar sustentabilidade na existência da variável coeficiente
de aceleração da depreciação do capital efectivo (ʎ), como um elemento da função da
depreciação efectiva do capital, para mostrar a possível influência das normas informas
no crescimento económico de Angola.

Douglass North, demonstrou as falhas da teoria neoclássica quando se trata


sobre os determinantes do crescimento económico ao longo do tempo. A sua análise
parte dos conceitos tradicionais de desenvolvimento, em que a produção depende do
estoque de capital (capital físico e humano), da tecnologia e do conhecimento
acumulado. Ao abordar o funcionamento dos mercados, analisou as instituições, em

26
suas diversas concepções, e enfocando os direitos de propriedade, que estimulam os
investimentos produtivos, reduzem a incerteza futura, garantem os rendimentos dos
inovadores e, assim, estimulam o aumento no estoque de capital físico e humano, o
avanço do conhecimento, a produtividade e finalmente o desenvolvimento económico15

Diante disso, observa-se que são as instituições, sejam elas políticas ou


económicas, que formam a estrutura de incentivos da sociedade e nos estímulos á
inovação e a eficiência. Da mesma forma, a evolução institucional geram incentivos aos
investimentos produtivos, as estruturas de incentivos são impostas por normas formais
tais como: leis, regras, constituições etc. - normas informais: normas de comportamento,
convenções, códigos de conduta etc.16

De igual modo, Thorstein Veblen, definiu as instituições, como sendo hábitos


estabelecidos pelo pensamento comum, de forma generalizada, pelos homens. Esses
hábitos de pensamento, ao tornarem-se colectivos, generalizados e enraizados no
ambiente formam as instituições políticas, económicas e sociais. (LOPES,2013)

Por esta razão, podemos presumir que em Angola, o institucionalismo pode


ganhar relevância quando se é questionado o posicionamento das instituições públicas e
privada relativamente aos contratos trabalhistas no país. Em vista disso, podemos
também pensar que existe um a supervalorização aos estrangeiros e que muitos deles
têm ocupado cargos de níveis superior mesmo não tendo qualificações académica
inerentes a necessidade que o país exige. Outrossim, MARCOLINO (2014), argumenta
que vários são os casos em que os expatriados chegam a exercer papel importante em
instituições chaves do Estado (Ministérios, Secretarias, Banco Nacional, Industrias,
dentre outras), inclusive na formação de quadros angolanos de níveis superior.

De igual modo, a perspectiva de competitividade pode ser explicada com base


nas normas informais vigentes em Angola. Onde em muitos casos, os nacionais acabam
por deturpar os conceitos da meritocracia recorrendo a tais prática: a corrupção, o
padrinhismo ou nepotismo, etc. Todos estes factores podem ser impostas como barreira
aos indivíduos que realmente se esforçam e têm níveis de qualificações de padrão

15
Visitar HERTON em instituições e crescimento económico: os modelos teóricos de Thorstein veblen e
douglass north,2013
16
Visitar LOPES, Em instituições e crescimento econômico: os modelos teóricos de Thorstein Veblen e
Douglas North,2013

27
internacional. E eles acabam tendo efeitos negativo na dinâmica de crescimento
económico, levando a uma depreciação muito acelerado da variável capital efectivo (k)
ao longo do tempo. Por tanto, a equação da depreciação do capital efectivo será:

δ𝐾= ʎ(𝑛 + 𝐼𝑛𝑒 + ɛ + 𝐵𝑥 + 𝐼𝑛𝑠) , 0 < ʎ>1 (10)

Nesta equação, a depreciação do capital é influência pela variável aceleradora da


depreciação, e se ela for maior que um, o investimento efectivo por trabalhador será
inferior à taxa de depreciação efectiva 𝐼 < 𝛿𝐾 , então o rácio capital/trabalhador no
período t+1, será menor que zero ([𝑠𝑓(𝑘) /𝐾]𝐾𝑚𝑖)𝑡+1 <0 como é apresentado no
gráfico 4.

Com base nisso, as produtividades decrescentes associadas à condição de Inada


adaptada, levam a acumulação de capital físico e humano a possuir um limite nos seus
efeitos sobre o crescimento económico devido a depreciação. E se não haver um
mecanismo que o leva ao estado estacionário, existirá um deslocamento persistente do
capital/trabalhador que tenderá a menos infinito, como apresenta o gráfico 4 demostrado
no subcapítulo 3.1.

3.2 VARIAÇÕES DO MODELO SOLOWRINO: O CRESCIMENTO


POPULACIONAL CAUSADO PELO FLUXO MIGRATÓRIO EM ANGOLA

Neste capítulo, o objectivo é fazer uma análise do impacto variação da variável (L)
no modelo de solow-Swan, e a determinação da substituibilidade dos factores em
função da sua remuneração.

Numa perspectiva microeconómica, onde os factores de produção são


remunerados de acordo com as suas produtividades marginais. A condição ([𝑠𝑓(𝑘) /
𝐾]𝐾𝑚𝑖)𝑡+1 <0, apresentada no capitulo anterior implica uma menor disponibilidade
deste factor, que levará a uma remuneração, reduzida até ao ponto óptimo entre 𝐼 e δK.

Neste caso, recorre-se a função de Cobb-Douglas, com os rendimentos constantes a


escalas do tipo:

𝑌 = 𝐴𝐾 𝑎 𝐿1−𝑎 (11)

28
Onde A é o nível de tecnologia, e α é o peso relativo dos factores de produção
na formação de rendimento.

Numa perspectiva de produtividade per capita, a equação passara a ser:

𝐾
Y/L = 𝐴𝐾 𝑎 𝐿1−𝑎 /𝐿 = 𝐴𝐾 𝑎 𝐿1−𝑎−1 = 𝐴𝐾 𝑎 𝐿−𝑎 = (𝐴 𝐿 )𝑎 = A𝐾 𝑎 (12)17

𝐾
Sendo, 𝑘 = O capital per capita, e 𝑳 = (𝑳𝒅 + 𝑳𝒓) > 0 o crescimento
𝐿

demográfico explicado pela migração (𝐾𝑚𝑖), que segundo Solow, quanto maior for a
taxa de crescimento populacional, o produto per capita será menor correspondente ao
ponto de estacionariedade ou o equilíbrio dinâmico I= δ 𝐾 , quando rácio
capital/trabalhador no t supera a sua variação no período t+1, como apresentado:
([𝑠𝑓(𝑘)/𝐾]𝐾𝑚𝑖)𝑡 > ([𝑠𝑓(𝑘)/𝐾]𝐾𝑚𝑖)𝑡+1 . Desta forma, seria desejável adoptar uma
política de redução da população.

Por isso, é possível incrementar alguma variável ao progresso técnico no modelo


básico solowriano. E essa variável consiste na eficiência de cada trabalhador L (Ĕ ).
Assim sendo, a função de produção com a eficiência de cada trabalhador passara a ser:

Y = 𝐴𝑘𝐿[Ĕ(𝑳𝒅 + 𝑳𝒓)] (13)

Nesta equação, nível de capital efectivo por trabalhador eficiente causara um


aumento na função de capital per capita 𝐾 = 𝐾/𝐿(Ĕ), e poderá permanecer constante o
estoque de capital efectivo usado para o investimento ao longo do tempo. Deste modo, o
investimento deverá superar a taxa de depreciação 𝐼 > δK, e o acréscimo de estoque de
capital poderá acompanhar a variação da força de trabalho, permitindo a remuneração e
a substituição dos factores de produção.

Diante disso, tendo em conta a variável coeficiente de aceleração da depreciação


do capital (ʎ). Para determinar um nível óptimo entre a poupança e o investimento e
consequentemente traduzir-se no bem-estar da população em termos de consumo - é
necessário implementar uma grande quantidade de insumo ou input no factor trabalho,
traduzido por um alto nível de investimento em educação. O aumento da qualidade
intelectual do trabalho, deve-se ao maior nível médio de formação e educação, que

17
Ver Sousa em modelo neo-clássico de crescimento de Solow ao Modelo de Vantagens Competitivas
Dinâmicas

29
incentiva o trabalhador a contestar a organização científica. O trabalho intelectual nasce
numa esfera comum, que se desenvolve na totalidade do campo social e se reproduz de
forma endógena no tempo social de valorização, consumindo bens públicos, de ordem
universal.18

O trabalho complexo ou intelectual se torna tão importante nos novos processos


inovativos que leva a teoria económica a distingui‑lo do trabalho homogéneo e
considerá‑lo como capital humano. O trabalho complexo ou qualificado se apresenta
como resultado de um capital investido na formação do trabalhador.
(IZERROUGENE,2010).

3.3 UMA ANALISE DOS DERIVADOS DA MIGRAÇÃO COM BASE NO


MODELO SCHUMPETERIANO DE CRESCIMETO ECONÓMICO EM
ANGOLA

O modelo schumpeteriano de crescimento, capta a ideia de que a inovação


consiste na invenção de um novo bem intermediário que substitui (mata) o antigo e
aumenta o parâmetro tecnológico. O estoque de mão-de-obra, L, é fixo e possui dois
usos concorrentes: pode ser alocado na produção dos bens intermediários 19 ou na
produção de pesquisa. (RESENDE E CUNHA, 2006).

Neste modelo, existe um círculo virtuoso que introduz um componente de


tendência para a ocorrência de progresso técnico em uma região (país): a aglomeração
geográfica das actividades económicas favorece a inovação tecnológica e o
investimento e, ao mesmo tempo, estes estimulam a aglomeração geográfica das
actividades económicas. (RESENDE E CUNHA, 2006).Ou seja, um ponto de atracção
de demanda de bens cada vez mais diversificado. Desta forma, o modelo é explicado
pela seguinte equação:

𝑌 = 𝐴𝑋 𝑎 ,0 < 𝑎 <1 (13)

Onde, X é um bem intermédio, A é o parâmetro tecnologia.

Neste caso, tendo em conta o fluxo migratório a equação de mão-de-obra será:

18
Visitar BOUZID IZERROUGENE em a relação capital‑trabalho na economia do conhecimento
19
Bens intermédios são todas matérias-primas processadas para a produção de outros bens

30
𝐿 = 𝑥 + 𝑛 + 𝐾𝑚𝑖 (14)20

Sendo, (𝑥 𝑒 𝑛 ) a quantidade de trabalho usadas na manufacturação de bens


intermédio e na pesquisa e 𝐾𝑚𝑖 passa a ser a tecnologia que vem do resto do mundo.

Então teremos a seguinte condição de arbitragem:

Ӫ𝑡 = λ[ԝ𝑡+1+ 𝑤𝐾𝑚𝑖𝑡+1 ] (15)21

Onde, Ӫ𝑡 é o salario, t é o número de inovações geradas ao longo do tempo, λ é a


taxa de aceleração da produtividade de pesquisa em tecnologia, ԝ𝑡+1 é o resultado
esperado ou o efeito produzido ao longo do tempo, 𝑤𝐾𝑚𝑖𝑡+1 é o efeito produzido do
migrante ao longo do tempo num determinado país.

Num equilíbrio estacionário, em que o produto é definido pelo ajuste da taxa de


salario à produtividade, teremos a seguinte equação:

L=A= Ӫ𝑡 /𝐴𝑡 (16)

Contudo, ao analisar-mos as dinâmicas das equações 13,14 e 16. Elas só


causarão efeitos positivos no aumento do produto, se a equação 6 do investimento, se
converter em gastos em educação, ou seja, tanto o crescimento populacional e o
progresso tecnológico, deve variar no mesmo ritmo que o investimento em educação.
Desta forma a equação de equilíbrio será:

∆𝑌 = ∆ 𝐾 = 𝐼 = ∆𝐺𝐸 = 𝐴𝑋 𝑎 (17)

Desta forma, a nova função de produção passará a ser designada por:

𝑌 = 𝐺𝐸 (18)

Onde Y é o produto, 𝐺𝐸 é o todo investimento por parte do governo destinado


em educação.

Nesta equação, um dos principais meios de produção é a força de trabalho e ela


deve estar fortemente capacitada para gerar processos inovativos. Schumpeter considera
este meio de produção como um fator exógeno, estando fora do controle dos homens de

20
Adaptada a equação original apresentada por RESENDE E CUNHA, 2006.
21
A análise desta função também foi baseada nas argumentações de RESENDE E CUNHA, 2006

31
negócios (Investidores do sector privados). Teoricamente, pela versão clássica, um
aumento da população seria capaz de elevar a produção da economia - essa teoria é
contestada por Schumpeter que considera a função de produção relativamente rígida e
dependente da tecnologia, algo que só pode ser gerado se a quantidade de trabalho
existente uma parte dela for destinada a produção científica22.

Por isso, um aumento da população, não associada a uma elevação na variação


do capital e investimento convertido em educação para um melhoramento tecnológico,
não causara aumento definitivo do produto, apenas em queda do produto per capita.

Assim, desenvolvimento é um processo que resulta na superação do estado


estacionário por meio de novas formas de produzir, de novos mercados, de novos
fornecedores, entre outras modificações que implicam a redução nos custos das
actividades já existentes - ampliação ou criação de novos mercados consumidores, entre
outros. 23 Com o efeito, o factor interno da inovação é o principal determinante da
evolução do modo de produção capitalista consubstanciada na livre iniciativa.

Por exemplo, se pensarmos numa economia aberta do ponto de vista de


importação e exportações. As tecnologias também podem ser importadas e
exportadas, ou por outra, podemos relembrar o processo de desenvolvimento histórico
do Japão e EUA. Os Estados Unido são um exemplo estimulante para o resto do
partindo das invenções chaves ligadas aos automóveis que tiveram as suas origens
exclusivamente no exterior. Não obstante, a Ford e a General Motores aplicaram as
invenções estrangeiras e rapidamente se tornaram nos primeiros da indústria de
automóvel mundial.24

Já o Japão, juntou-se mais tarde à corrida industrial, e só no fim do seculo XIX,


enviou estudantes para os estrangeiros para estudar a tecnologia ocidental, o governo
Japonês desempenhou um papel activo no estímulo para o desenvolvimento económico.

22 22
Visitar ALBUQUERQUE, em O Ciclo económico Em KALECKI, SCHUMPETER E SEUS INTÉRPRETES:
POSSAS E MINSKY,2015
23
Visitar ALBUQUERQUE, em O Ciclo económico Em KALECKI, SCHUMPETER E SEUS INTÉRPRETES:
POSSAS E MINSKY,2015
24
Visitar Samuelson e Nordhaus, Economia 19 edição, enfatiza a sua abordagem sobre o
desenvolvimento económico usando O EUA e o Japão como exemplo.

32
E ao adoptar as tecnologias produtivas estrangeiras, o Japão guindou para a posição da
segunda maior economia do mundo. 25

Desta forma, Schumpeter defende a tese, de que as inovações surgem por meio
de empresários, pessoas com qualidades especiais ou qualificadas, e que estes são
seguidos por outros que agregam determinadas qualidades à inovação inicial e
possibilitam a formação de determinado nicho de mercado a fim de serem transbordadas
para toda a economia.

Partindo da equação 18, ao analisar os efeitos marginais dos factores de


produção acima referenciado, com base a lei dois rendimentos marginais decrescente e
rendimentos técnicos constantes a escala, teremos a seguinte função:

Ϭ𝒀
𝑌 = 𝐺𝐸 = >0 (18.a)
Ϭ 𝐺𝐸

Ϭ𝒀
Onde é a derivada de primeira ordem da produto em função do
Ϭ 𝐺𝐸
Investimento convertido em gastos em educação, ou seja, o aumento do produto tendo
em conta a variação em uma unidade do gasto em educação.

Esta equação, também pode ser apresentada da seguinte forma:

𝑌𝑡+1 = [ Ӫ𝑡 /𝐴𝑡 𝑋 𝑎 ]´ >0 (19)

Visto que acumulação de capital tem rendimentos marginais decrescentes, e o


progresso técnico é exógeno, a força de trabalho e sua da externalidade causa retornos
crescentes a escala, fazendo com que a eficiência do trabalho L ( Ĕ ) seja função de uma
proxy da experiência progressiva da economia, fazendo com que taxa de crescimento do
progresso técnico exógeno gere retornos constante de escala, tornando a derivada de
primeira ordem do produto em função dos gastos em educação positivo-maior que zero.

Diante disso, podemos afirmar que os salários devem ser ajustados em função do
nível de produtividade de cada trabalhador. Portanto, a variação da função de produção
ao longo do tempo será:

25
Também visitar samuelson e Nordhaus, Economia 19 edição

33
(Ӫ𝑡 )´𝐴𝑡 −(𝐴𝑡 )´ Ӫ𝑡
𝑌𝑡 = Ӫ𝑡 /𝐴𝑡 𝑋 𝑎 = 𝑌𝑡+1 = [ Ӫ𝑡 /𝐴𝑡 𝑋 𝑎 ]´ = [ ] 𝑋 𝑎 + (𝑋 𝑎 )´ Ӫ𝑡 /𝐴𝑡 =
𝐴𝑡 2

𝐴𝑡 − Ӫ𝑡 Ӫ 1 𝛼𝑋 𝛼 Ӫ𝑡 𝛼𝑋 𝛼 1
( 2 ) 𝑋 𝑎 + 𝑎 𝑋 𝑎−1 ( 𝐴 𝑡) = [ Ӫ𝑡 + − 1] = 𝐴𝑡 −1 [ Ӫ𝑡 ( + ) − 1];
𝐴𝑡 𝑡 𝐴𝑡 𝑋 𝐴𝑡 𝑋 𝐴𝑡

então teremos a seguinte equação:

𝑌𝑡+1 = 𝐴𝑡 −1 [ Ӫ𝑡 (𝑎 𝑋 𝑎−1 + 𝐴𝑡 −1 ) − 1 (20)

Incorporando o fluxo migratório, ajustado ao rácio salario-produtividade do


Ӫ𝑡𝐾𝑚𝑖
migrante , A função de produção será:
𝐴𝑡𝐾𝑚𝑖

Ӫ𝑡 𝐾𝑚𝑖,
𝑌𝑡+1 = 𝐴𝑡 −1 [ Ӫ𝑡 (𝑎 𝑋 𝑎−1 + 𝐴𝑡 −1 ) − 1] + (17.a)
𝐴𝑡𝐾𝑚𝑖

Nesta equação, é feita uma análise explícita com base nos pressupostos de
substituição directa dos factores de produção, que é derivado das hipóteses anteriores
apresentados no capitulo 2 deste estudo, sobre a exogeneidade dos factores e a
existência de uma multiplicidade de métodos de produção disponíveis, todos eles
caracterizados por retornos constantes a escala, isto é, para os quais o produto
aumentaria proporcionalmente se fossem expandidas simultaneamente, a quantidade
empregada de todos os factores. Os retornos decrescentes asseguram o aumento de cada
factor mantendo algum outro fixo: ceteris paribus. Sobre o mesmo ponto de vista, não é
uma hipótese sobre a tecnologia, mas sim do resultado da combinação e do uso de uma
tecnologia de retornos constantes de escala com a dotação exógena de factores
assegurando a expansão paralela da quantidade dos outros factores.26

Por tanto, podemos analisar Angola partindo da função de migração mi = Kmi,


em dois cenários:

1º) Quando 𝐾𝑚𝑖 < 0, isto é Angola é emissora de mão-de-obra ao resto do


mundo. Isto Pressupõe que a mão-de-obra proveniente de Angola é qualificada e deve
gerar um processo inovativos que favorece a actividade económica do resto do mundo,
gerando cada vez mais bens intermédios a fim de estimular a concorrência, e desta
forma aumentar o Produto Nacional Bruto de Angola e aumentar o nível de
produtividade na economia do resto do mundo.

26
sraffia faz Uma abordagem mas abrangente sobre as leis de rendimento marginais decrescente nas
teorias neoclássicas do crescimento.

34
Por outro lado, BAPTISTA (2007), argumenta que os angolanos que emigraram
para o Brasil nas últimas décadas, justificavam a sua vinda devido à instabilidade
política e sócio-económica do seu país. E trouxeram consigo seus modos de vida, sua
cultura e identidade. E enfrentavam muitas dificuldades, tendo como principal barreira a
questão do emprego. Nenhum dos angolanos pesquisados que pleiteia refúgio havia
conseguido emprego formal ou informal. Em sua maioria, têm baixa escolaridade, não
estudaram além do ensino fundamental, o que também dificulta a busca e a aquisição de
um bom emprego, e muitos que trabalham vivem no limiar da sobrevivência.

Diante disto, é possível fazer uma análise dos impactos negativo da mão-de-obra
não qualificada na economia do resto do mundo, sendo ela é uma receptora líquida de
mão-de-obra que não gera valor agregado, e que somente contribui para o aumento de
externalidades negativas. A função de produção será:

𝑟Ӫ𝑡 𝐾𝑚𝑖,
𝑟𝑌𝑡+1 = 𝐴𝑟𝑡 −1 [𝑟 Ӫ𝑡 (𝑎𝑟 𝑋 𝑎−1 + 𝐴𝑟𝑡 −1 ) − 1] - (20.b)
𝑟𝐴𝑡𝐾𝑚𝑖

Onde 𝑟𝑌𝑡+1 é a função de produção do resto do mundo, 𝐴𝑟𝑡 é o parâmetro tecnologia do


resto do mundo, 𝑟 Ӫ𝑡 é o salario do resto do mundo, rX é um bem intermédio produzido
𝑟Ӫ𝑡 𝐾𝑚𝑖,
no resto do mundo, é rácio salario-produtividade do migrante do resto do
𝑟𝐴𝑡𝐾𝑚𝑖

mundo.

2º) Quando 𝐾𝑚𝑖 < 0, isto é Angola é receptora líquida de mão-de-obra, que pressupõe
que a mão-de-obra proveniente do resto do mundo é qualificada, e deve gerar um
processo inovativos que favorece a actividade económica de Angola, gerando cada vez
mais bens intermédios a fim de estimular a concorrência, e desta forma, aumentar o
Produto Interno Bruto do país com altos de níveis de produtividade. Mas em contra
posição, o impacto positivo do processo de importação de mão-de-obra é posta em
causa, como é apresentado no capítulo 3 deste estudo com base nas argumentações de
MARCOLINO (2014) e WANDA (2018). Assim sendo, a função de produção de
Angola será:

−1 −1 Ặ Ӫ𝑡 𝐾𝑚𝑖,
Ặ𝑌𝑡+1 = Ặ𝐴𝑡 [ ẶӪ𝑡 (𝑎 Ặ𝑋 𝑎−1 + Ặ𝐴𝑡 ) − 1] - (20.c)
Ặ𝐴𝑡𝐾𝑚𝑖

35
Onde, Ặ𝑌𝑡+1 é a função de produção de Angola, Ặ𝐴𝑡 é o parâmetro tecnologia de
Angola, ẶӪ𝑡 é o salario de Angola, Ặ𝑋 é um bem intermédio produzido em
Ặ Ӫ𝑡 𝐾𝑚𝑖,
Angola, é o é rácio salario-produtividade do migrante em Angola.
Ặ𝐴𝑡𝐾𝑚𝑖

O efeito negativo causada pela migração não qualificada, poderá se rever na


forte necessidade do governo intervir na economia, aumentando os seus gastos, para
mitigar os tais efeitos: altas taxas de desemprego, criminalidade, altos níveis de
corrupção, etc.

4 CONCLUSÃO

36
Neste estudo, inicialmente demonstramos como a migração tornou-se um problema
económico, apresentando discussões teóricas, como: a de Thomas Malthus que via a
migração como uma consequência inevitável da superpopulação, e a de Marx que
discordava de Malthus, pois apontava para a inevitabilidade e naturalização da pobreza.
Marx colocava a culpa do quadro de pobreza nos empreendedores capitalistas que
deliberadamente abaixavam os salários para maximizar seus ganhos. Relevando também
os pressupostos base dos teóricos neoclássicos que centram-se na racionalidade
individual e no modo como os indivíduos avaliam os custos e benefícios relativos à
decisão de migrar maximizando o seu bem-estar e utilidade individual.

Do mesmo modo, fez-se uma análise dos impactos da migração na economia


Angolana com base o Modelo de crescimento económico de Solow-Swan, onde modelo
referenciado é determinado pela variação dos factores de produção (capital e trabalho) e
pelo ritmo de crescimento da produtividade do trabalho (progresso tecnológico). A
incorporação do fluxo migratório como uma variável do modelo gera um impacto
positivo na variação do estoque de capital, quando ela agrega um alto nível de
qualificação de mão-de-obra, e consequentemente causa um aumento no produto, uma
vez que a entrada de estrangeiro (mão-de-obra) num país ou numa economia implica
importar bens de capital de outras regiões.

Na contextualização de Angola, a migração do ponto de vista internacional, nalguns


casos, ela não é motivada pelos altos salários na ecónoma, ou pela organização da
estrutura de mercado e altos níveis da capital-humano. E também, em alguns casos
Angola tem sido receptora de mão-de-obra não qualificada, que consequentemente tem
causado efeitos negativos na economia. Também é referenciado os efeitos das
instituições no processo de crescimento económico, visto que elas formam a estrutura
de incentivos da sociedade e nos estímulos á inovação e a eficiência, gerando
investimentos produtivos, através das estruturas de incentivos que são impostas por:
leis, regras, constituições normas de comportamento, etc. Sendo estes bem estruturado,
geram efeitos positivos na economia, principalmente no combate a corrupção e o
nepotismo que são uns dos elementos que causam uma depreciação muito rápida do
capital investido ao longo do tempo. Portanto, fez-se também uma análise dos efeitos da
migração com base ao modelo SCHUMPETERIANO, que nos leva a concluir que um
aumento da população, não associada a uma elevação na variação do capital e
investimento convertido em educação para um melhoramento tecnológico, não causara
aumento definitivo do produto, e o produto per capita será zero. Deste modo
desenvolvimento é um processo que resulta na superação do estado estacionário por
meio de novas formas de produzir, descobrir novos mercados, novos fornecedores, entre
outras modificações que implicam a redução nos custos das actividades já existentes -
ampliação ou criação de novos paradigmas.

5 BIBLIOGRAFIA

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38

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