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ECONOMIA REGIONAL E

URBANA
AULA 3

Profa Rossandra Maciel de Bitencourt


CONVERSA INICIAL
O objetivo desta etapa é dar continuidade às interpretações acerca das teorias sobre o

desenvolvimento regional e urbano.

Inicialmente são trazidas as contribuições neoschumpeterianas sobre o desenvolvimento

regional. Na sequência, avança-se para a compreensão da teoria de base de exportação


desenvolvida por Douglass North. No terceiro tópico aborda-se o modelo urbano de Alonso, Muth e

de Mills (AMM).

Por fim, são trazidas as interpretações da nova geografia econômica e do neoinstitucionalismo

acerca do desenvolvimento.

Bons estudos!

CONTEXTUALIZANDO

Um estudo realizado por Ronivaldo Steingraber e Flávio de Oliveira Gonçalves, publicado em

2015 na Revista Economia e Sociedade Brasileira, aborda a influência da aglomeração e da

concentração da indústria sobre a produtividade total dos fatores das empresas industriais
brasileiras.

Na pesquisa, os autores demonstram que a aglomeração e a concentração, juntamente com as

competências internas da empresa, explicam as diferenças de produtividade entre as empresas. Os


resultados também mostram que alguns setores são mais sensíveis a aglomeração e a

concentração setoriais sobre a produtividade e a dinâmica de inovação da empresa.

Continue a leitura em: https://www.scielo.br/j/neco/a/nVvRwHds8JjB668jTNXgKKn/?lang=pt>.

Acesso em: 16 ago. 2022.

TEMA 1 CONTRIBUIÇÕES NEOSHUMPETERIANAS


-
E O
DESENVOLVIMENTO REGIONAL
4
E

& &

Créditos: pieceofmind/Shutterstock.

Para compreender as contribuições neoschumpeterianas ao debate do desenvolvimento

regional, primeiro precisamos pontuar alguns conceitos-chaves presentes na obra de Joseph Alois

Schumpeter (1883-1950), que se destacou em 1911 com a publicação intitulada Teoria do


Desenvolvimento Econômico, publicada pela primeira vez em 1911.

Em sua teoria, Schumpeter (1982) afirma que a incerteza é intrínseca ao capitalismo e que o

desenvolvimento econômico é um processo de destruição criadora, por isso é descontínuo. Nesse

sentido, Schumpeter demonstra que as mudanças econômicas são fecundas e que o


desenvolvimento ocorre quando, na realidade, há ausência de equilíbrio, ou seja, é a perturbação do

equilíbrio que altera e desloca o estado de equilíbrio previamente existente. Logo, nessa teoria o
desenvolvimento corresponde a um processo intencional de mudança das condições preexistentes.

Para Schumpeter, o desenvolvimento é um processo de transformação, de uma mutação que

revoluciona a estrutura econômica endogenamente destruindo o antigo e criando elementos novos.

Em suma, as mudanças revolucionárias, as inovações técnicas produtivas e o aperfeiçoamento dos

processos mecanizados são fenômenos fundamentais do desenvolvimento econômico.

Partindo dessa concepção, a corrente teórica neoschumpeteriana avançou substancialmente o

pensamento econômico sobre desenvolvimento. Essa teoria, que se desenvolve a partir dos anos
1980, é formada por um conjunto de contribuições e análises que não necessariamente formam um
todo uniforme (Dathein, 2003).

A análise neoschumpeteriana tem como pressuposto a existência de um princípio dinâmico que


conduz à evolução do sistema econômico, por isso é também conhecida como teoria evolucionária.
Esse princípio é a tecnologia, as revoluções que ela promove e os impactos referentes a novos

padrões produtivos e de consumo. Assim, os desequilíbrios são intrínsecos ao sistema econômico, e


as inovações promovem assimetrias entre firmas e entre os setores da atividade econômica

(Carleial, 2011).

Desse modo, a autora supracitada salienta que o pensamento neoschumpeitriano observa de


modo particular a firma, concedendo grande importância à história, às rotinas e influências do

ambiente e de instituições. Logo, as firmas são agentes específicos, organizações singulares que

usam diferentes insumos para a sua produção, um dos quais é o conhecimento.

Para os neoschumpeterianos, o conhecimento tecnológico avança de forma dependente do

conhecimento acumulado anteriormente (path-dependence) e é compatível com rupturas, revoluções

e descontinuidades (mudanças de paradigmas):

Às fases de expansão do sistema estão associadas às grandes revoluções tecnológicas e ao êxito


de sua difusão, o que depende da capacidade institucional de perceber a transformação e

promover as mudanças necessárias para que o sistema econômico e a sociedade aproveitem


todas as suas vantagens. (Carleial, 2011, p. 119)

Cabe salientar que há muitos fatores externos à firma que influenciam a introdução de

inovações, tais como: a ação e a natureza do Estado, a situação da área científica em cada país, as

capacitações tecnológicas disponíveis, as qualificações, as condições ocupacionais, o

financiamento das inovações e as tendências macroeconômicas (Carleial, 2011).

Nessa perspectiva, é das contribuições neoschumpeterianas que emerge o sistema nacional de

inovação. Carleial (2011) ressalta que esse deve resultar de redes de firmas, agências

governamentais, universidades, laboratórios de pesquisa, sistema de financiamento (bancos),


sindicatos, centros de treinamento, os quais devem associar-se, interagir com base em objetivos
delineados para agilizar o fluxo de informações necessário para promover os avanços tecnológicos e

inovativos.

Em linhas gerais, a corrente neoschumpeteriana é apropriada para análises desenvolvimentistas

e, além disso, é utilizada como instrumento de elaboração de políticas econômicas, podendo ser

adaptada para casos de países não desenvolvidos, como o Brasil, o que tem sido feito por muitos
autores internacionais e brasileiros (Dathein, 2003).
Tendo essa compreensão sobre as contribuições da corrente neoschumpeteriana para o

desenvolvimento regional, a seguir, adentra-se a teoria da base de exportação, desenvolvida por

Douglass North.

TEMA 2 -
A TEORIA DA BASE DE EXPORTAÇÃO

FA

Créditos: Studio concept/Shutterstock.

O desenvolvimento regional possui inúmeros determinantes. Dentre eles, cabe salientar a

relevância das exportações para o bom desempenho de uma determinada região. Nesse âmbito, a

teoria da base de exportação foi a primeira a destacar as exportações como fator-chave para o

crescimento de uma determinada região. Apesar de poder ser encontrada na obra de outros autores

que o precederam, a teoria da base exportadora está associada ao trabalho do historiador


econômico e ganhador do Prêmio Nobel Douglass North.

Ao desenvolver essa teoria, North:

Contesta a visão de que o desenvolvimento regional teria ocorrido em etapas sucessivas que se

iniciariam em um mundo formado por regiões agrícolas autossuficientes e marcado por altíssimos

custos de transporte, passariam por um momento caracterizado pela especialização o comércio


entre as regiões em decorrência da redução dos custos de transporte, e alcançariam, com os

retornos decrescentes no setor primário e o aumento da população, a industrialização e a

especialização dessas atividades secundárias. North argumenta que essa sequência de


desenvolvimento regional talvez se aplique ao caso da Europa, mas não se aplicaria a outras

experiências, como a das Américas. (Monasterio; Cavalcante, 2011,p.71)

Partindo da presente crítica, a teoria da base de exportação destaca as exportações como fator

primordial para o crescimento de uma determinada região, tendo em vista o efeito multiplicador
exercido pelas exportações sobre as atividades locais, ou seja, orientadas à demanda interna. De

acordo com a teoria da base de exportação, as atividades econômicas de uma região podem ser

dispostas em dois tipos (Ferreira; Medeiros, 2016):

* Atividades básicas: voltadas ao atendimento da demanda externa à região, denominada na


teoria de base de exportação.
* Atividades não básicas: são aquelas que fornecem produtos e serviços aos residentes, ou seja,
atividades voltadas ao mercado interno.

Nesse âmbito, North descreve o desenvolvimento regional a partir do surgimento de uma


atividade de exportação baseada em fatores locacionais específicos. As atividades ligadas a esse

setor são chamadas de base exportadora, cujos efeitos sobre a economia local são também

indiretos. De acordo com essa teoria, a atividade de exportação incentiva o surgimento de polos de

distribuição e cidades, nas quais começam a se desenvolver atividades de processamento industrial


e serviços associados ao produto de exportação (Monasterio; Cavalcante, 2011).

Saiba mais

No Brasil, a exemplificação da teoria da base de exportação pode ser realizada citando o

caso da produção cafeeira no estado de São Paulo. A referida atividade conseguiu criar
atividades locais vinculadas a sua produção, como também criou vantagens comparativas a

São Paulo, instituindo um ambiente propício ao desenvolvimento de outras atividades, dentre


elas a indústria. No caso da produção açucareira no Nordeste brasileiro, esse ambiente de

dinamismo não foi observado, haja vista que a cultura do açúcar não desenvolveu atividades

locais vinculadas a sua produção.

Continue a leitura em: https://www.revista.ueg.br/index.php/economia/article/view/5527/

3925%: --"text= A%20teoriaw20da%20base%20de,seja%2C%2Dorientadas%20a%20demanda%20i

nterna>. Acesso em: 16 ago. 2022.


Todavia, Monasterio e Cavalcante (2011) ressaltam que existem algumas críticas ao

pensamento de North, argumentando que a teoria da base não chega a ser uma teoria de
desenvolvimento. Isso porque estimativas exageradas acerca do efeito das exportações tendem a

subestimar que, por serem economias abertas, as regiões importam os insumos do restante do país

(ou mesmo do mundo). Ademais, a crença exclusiva na teoria da base faz com que as importações

regionais sejam vistas com maus olhos. Essa visão simplista esquece o papel que as importações

regionais têm para o bem-estar de seus moradores ou para a competitividade de suas firmas

(Monasterio; Cavalcante, 2011).

Após conhecer com mais profundidade as contribuições de Douglas North acerca da teoria da
base de exportação, na sequência veremos a interpretação do modelo urbano sob o olhar de Alonso.

TEMA 3 -
O MODELO URBANO DE ALONSO E EXTENSÕES

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O modelo de William Alonso (1933-1999) marca o início dos estudos no campo da economia
urbana. Contudo, Von Thiinen (1783-1850) o precedeu, com a análise do modelo que trata do padrão

de ocupação do solo por atividades agrícolas, propondo os custos de transporte como variável-
chave na decisão de localização ao longo do espaço. O modelo de Von Thiúnen de localização do

uso do solo fornece a base para os trabalhos elaborados no campo da economia urbana.

Ainda que em uma perspectiva rural, Thiinen deu início à linha de modelos conhecidos como

cidade monocêntrica, que tratam dos padrões de ocupação do solo exclusivamente urbano pelas

famílias moradoras na cidade. Adaptado por Alonso (1964) para o contexto das cidades, o modelo

mantém o cenário de único centro de empregos (negócios). Os fazendeiros são substituídos por

trabalhadores no percurso da residência para o local de trabalho, e os custos de transporte são

analisados como custos de deslocamento diário. Assim, a principal hipótese de Von Thiúnen é

mantida, a existência de um único centro de negócios, bem como a importância dos custos de

transporte (Proque, 2014).

Dando sequência, em seu modelo, Alonso (1964) estabeleceu que as famílias moradoras da

cidade escolheriam a localização e o tamanho de suas residências. Foi introduzido também o

conceito de curvas de bid rent, ou seja, a máxima disposição a pagar pela moradia em determinada

localização (Nadalin, 2011).

Para além das contribuições de Alonso, destacam-se ainda os trabalhos de Muth e de Mills, que

complementam a análise desembocando na síntese conhecida como o modelo de Alonso-Muth-Mills

(AMM). Esse modelo de cidade monocêntrica foi a estrutura dominante da área de economia urbana
nos anos 1970 e possibilitou grandes contribuições teóricas na área de economia urbana. Esses

trabalhos inspiraram a nova economia urbana (NEU), campo que tem como finalidade explicar a

distribuição do solo entre as atividades e o motivo de as cidades terem um ou mais de um centro de

negócios (Proque, 2014).

O modelo da cidade monocêntrica trabalha com a ideia de um trade-off entre acessibilidade aos

centros de emprego e a escolha de residência pelas famílias. Ou seja, as decisões são tomadas com

base nos custos de deslocamento diário da residência para o local de trabalho e o desejo de espaço

habitacional. Essa é uma contribuição importante que ajuda a entender a questão da formação das

estruturas urbanas:

Às cidades possuem uma região central que proporciona empregos. Nesta literatura, este centro é
chamado Central Business District (CBD). O CBD é o local com maior densidade de empregos e
onde encontram-se as atividades que tradicionalmente são lócus de comércio, serviços e

funcionalismo público. No ponto mais distante do CBD, os indivíduos consomem uma maior

quantidade de terras. Entretanto, estes incorrem em ambos os custos com transporte e tempo
despendido maiores. Os indivíduos que moram próximos ao CBD têm lotes de menor tamanho,
mas em compensação, têm maior acessibilidade ao emprego. (Proque, 2014, p. 63)

Apesar das contribuições trazidas para a nova economia urbana, Nadalin destaca que esse
modelo da cidade monocêntrica deixa a desejar por não tratar o uso do solo para negócios ou

produção, pois o centro de negócios ocupa o ponto central da cidade, sem dimensões.

Tendo essa compreensão do modelo de Alonso, Muth e Mills, a seguir adentra-se nas

contribuições da nova geografia econômica para o campo da economia regional e urbana.

TEMA 4 -
A NOVA GEOGRAFIA ECONÔMICA

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Você já ouviu falar na nova geografia econômica (NGE)?

Na prática, a NGE busca explicar por que determinadas atividades econômicas optam por se

estabelecer em alguns lugares em detrimento de outros. Os fundamentos da ciência regional

serviram de inspiração para um tratamento microeconômico do espaço dentro da teoria econômica.

O interesse recente pelo espaço, no centro da teoria econômica, surgiu dos avanços da NGE (Proque,

2014).
Com base na literatura da Organização Industrial, o modelo desenvolvido por Dixit-Stiglitz de

concorrência monopolista permitiu um tratamento microeconômico mais adequado e refinado ao

mercado. O espaço foi inserido na análise, de maneira que a NGE pode explicar a formação de

aglomerações da atividade econômica no espaço geográfico (Proque, 2014).

Cabe destacar a influência de três importantes cientistas que sintetizam as principais questões

levantadas na geografia econômica (Thisse, 2011):

* Johann Heinrich von Thiinen: é o fundador da teoria do uso do solo, e o seu trabalho serviu de

pilar para o desenvolvimento da moderna economia urbana.


* Harold Hotelling: focou na natureza da competição no espaço e na maneira pela qual as

empresas escolhem sua localização em um ambiente estratégico.


* Paul Krugman: destacou a sustentação microeconômica das aglomerações econômicas

espaciais e os desequilíbrios regionais nos níveis nacional e internacional. Para isso, construiu
um modelo completo de equilíbrio geral, capaz de explicar por que, como e quando a atividade

econômica pode ser concentrada em poucos locais.

A literatura-padrão da NGE está baseada no modelo centro-periferia (CP) proposto por Krugman.
O modelo expõe como um país pode transformar-se endogenamente diferenciado em um centro

industrializado e uma periferia agrícola. Esse modelo exibe como as aglomerações espaciais

surgem da interação entre retornos crescentes à escala e custos de transporte:

Se os custos de transporte forem baixos o suficiente, o setor industrial tende a concentrar-se em

uma região que se torna o centro. A outra região, a periferia da economia, fornece somente bens

agrícolas. Em oposição, quando os custos de transporte forem altos, existe um padrão regional
simétrico. O surgimento do padrão CP teve como base os custos de transporte, as variedades de

produtos e a produtividade do setor industrial. (Proque, 2014, p. 60)

Desse modo, a NGE permitiu a existência de um tratamento teórico mais adequado das

interações no espaço, com base em fundamentos da economia urbana. O modelo parte de uma
economia formada por duas regiões, dois tipos de produção (agrícola e industrial) e dois tipos de

mão de obra (Proque, 2014, p. 60):

e À produção agrícola de um bem homogêneo é caracterizada por retornos constantes de

escala e competição perfeita, sob o uso de uma mão de obra imóvel no espaço.
* À produção industrial fornece um bem diferenciado assumindo retornos crescentes de

escala, competição imperfeita, sob o uso de mão de obra espacialmente móvel.


Os rendimentos de ambas as regiões dependerão da distribuição dos trabalhadores. Quando

uma das regiões tem uma força de trabalho maior, existe a tendência de os trabalhadores migrarem

para essa região. Desse modo, os trabalhadores deslocam-se para regiões onde os salários reais
são maiores (Thisse, 2011).

A grande contribuição da NGE foi explicar o surgimento e o crescimento das cidades com base
nas forças de aglomerações. Esse conceito diz respeito a situações muito distintas no mundo real:

Num extremo do espectro está a divisão Norte-Sul. No outro, a aglomeração surge quando

restaurantes, cinemas ou lojas que vendem produtos similares se agrupam dentro do mesmo

bairro, ou até na mesma rua. O que distingue os vários tipos de aglomeração é a escala espacial,

ou a unidade de referência espacial escolhida na condução da pesquisa, da mesma forma que

existem tipos diferentes de agregação de agentes econômicos. (Thisse, 2011, p. 17)

Em suma, a história da geografia econômica unificou diferentes segmentos do conhecimento,

como o demonstram os diferentes nomes dados ao campo científico (economia regional e urbana,

teoria locacional e economia espacial), no qual o foco se desloca da competição perfeita para

competição imperfeita e falhas de mercado (Thisse, 2011).

Vistas as principais contribuições da NGE para a economia regional e urbana, a seguir veremos
com mais detalhes a perspectiva neoinstitucionalista.

TEMA 5 -
A PERSPECTIVA NEOINSTITUCIONALISTA
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O ideário conceitual e metodológico do pensamento institucionalista está mais próximo da

perspectiva heterodoxa do que da teoria neoclássica, visto que os princípios institucionalistas

originaram-se da oposição aos fundamentos de equilíbrio e racionalidade substantiva. Qualquer

abordagem analítica institucionalista deve incluir path dependency, ou seja, reconhecer o caráter
diferenciado do processo de desenvolvimento econômico considerando que o ambiente envolve

disputas, antagonismos, conflitos e incertezas (Conceição, 2002).

A abordagem neoinstitucionalista resgata no final dos anos 1960 a importância de conceitos


centrais ao Antigo Institucionalismo Norte-americano (com origem em Veblen) e se alimenta das

contribuições trazidas pela tradição evolucionária. Tal revigoramento se dá, principalmente, por meio
da Association for Evolutionary Economics (AFFE), responsável pelo Journal of Economic Issues, que,

sob a influência de autores como Galbraith e Gruchy, seguidos de Hodgson, Ramstad, Rutherford,

Samuels, Mark Tool, Stanfield e outros, constituiu a corrente neo-institucionalista (Conceição, 2002).

O desenvolvimento econômico depende das instituições, portanto elas são uma medida do

desenvolvimento econômico. Na prática, as instituições vigentes influenciam o indivíduo e, em

seguida, o indivíduo se torna um potencial agente de mudança institucional necessária para que o
-
desenvolvimento aconteça. Logo, o Estado tem um papel central no processo de desenvolvimento,

pois há situações em que o crescimento ou a redistribuição da riqueza é condição prévia necessária


à mudança institucional.

A evolução das instituições e sua influência sobre o desempenho econômico dependem do

aprendizado pelo qual as pessoas passam em seu contexto e que se propaga pelas instâncias em

que atuam no esforço de melhorar suas condições de vida. O aprendizado reconstitui o indivíduo em
termos de valores e preferências.

Nessa abordagem, Hodgson (2000) atualiza o conceito de instituição dentro dos novos

enfoques econômicos. Segundo esse autor, as instituições são sistemas duráveis de regras sociais
estabelecidas e incorporadas que estruturam as interações sociais.

Logo, esse conceito de instituição remete à importância do processo histórico na economia


institucionalista, com ênfase na formulação das ideias e das políticas econômicas. Hábitos,

linguagem, dinheiro, sistemas de pesos e medidas, modos à mesa, firmas (e outras organizações)
são todas instituições na abordagem analítica neoinstitucionalista. Em parte, a durabilidade das

instituições decorre do fato de que elas podem criar expectativas estáveis sobre o comportamento
dos outros. Geralmente as instituições possibilitam o pensamento, a expectativa e a ação

ordenados, criando forma e consistência às atividades humanas (Hodgson, 2000).

Para análise de economia regional, a abordagem institucionalista se destaca por permitir sair do

abstrato e ir ao concreto, ou seja, conhecer os elementos que de fato propiciam o desenvolvimento

em uma determinada região, pois, diferente da teoria neoclássica, o institucionalismo não prevê o

que vai acontecer, mas busca uma aproximação com a realidade concreta para compreender os
fenômenos à sua volta. Quais são os hábitos comuns de pensamento? Como o conhecimento

evolui? Quais são as regras sociais incorporadas que favorecem o desenvolvimento? Como a

população responde à implementação de uma política pública? As respostas para esses

questionamentos certamente requerem estudos empíricos, que podem ser pautados na abordagem
neoinstitucionalista.

TROCANDO IDEIAS
O conceito para desenvolvimento econômico não possui um consenso universal. No entanto,

sabe-se que as instituições são parte do desenvolvimento, assim como os indivíduos. Um estudo
realizado por Zulian, Marin e Feistel (2014) destaca o papel das instituições no comportamento

individual com base na visão de Douglass North e de Geoffrey M. Hodgson. Continue a leitura em: <h

https//revistas.ufpr.br/ret/article/download/35203/25127>.

Convidamos você a acessar esse artigo e responder às seguintes perguntas: Qual é a influência

das instituições no comportamento dos indivíduos? É possível relacionar as instituições e os

indivíduos com o desenvolvimento econômico?

NA PRÁTICA

O desenvolvimento econômico depende das instituições, portanto estas são uma medida do

desenvolvimento econômico. Na prática, as instituições vigentes influenciam o indivíduo e, em

seguida, o indivíduo se torna um potencial agente de mudança institucional necessária para que o
-

desenvolvimento aconteça.

Com base nessa afirmação, elenque cinco exemplos de instituições que influenciam as

interações sociais.

Resposta: cultura, crença religiosa, ideologia, hábitos, rotina dentre outros.

FINALIZANDO

Chegamos ao final desta etapa! O objetivo foi aprofundar o conhecimento sobre as

interpretações acerca das teorias que perpassam o desenvolvimento regional e urbano.

Inicialmente foram trazidas as contribuições neoschumpeterianas sobre o desenvolvimento

regional. Na sequência, avançamos para a compreensão da teoria de base de exportação


desenvolvida por Douglass North. No terceiro tema, abordamos o modelo urbano de Alonso, Muth e

de Mills (AMM). Por fim, foram trazidas as interpretações da nova geografia econômica e do

neoinstitucionalismo acerca do desenvolvimento.

É importante salientar que uma única teoria por si só não esgota essa abordagem, que é tão

complexa sobre a economia regional e urbana. O mais importante é compreender o leque de


interpretações acerca da temática. Algumas teorias perpassam conceitos centrais, como o de

aglomerações. Outras podem ser empregadas como métodos, por trazerem instrumentos analíticos
que auxiliam a interpretação de um dado contexto, como o neoinstitucionalismo.

Quanto maior for a aproximação com uma determinada teoria, mais natural tende a ser a

observação da realidade econômica à luz dessa interpretação.

REFERÊNCIAS

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Disponível em: https://books.scielo.org/id/8m95t/pdf/dathein-9788538603825-06.pdf>. Acesso


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