Você está na página 1de 6

Estava exausta, andava por aí de cabeça baixa, quando se quer andava.

Passava a
maioria das horas em meu quarto esperando meu ultimato...adeus casa...adeus
pai...adeus mãe...adeus Kahzim. Eu fiz o que pude, vou reencontrar voces em
breve...sinto tanto a falta de voces todos...queria que estivessem aqui...
Estava tão distraída em meus pensamentos que nem percebi chegar no telhado,
estava ao por do sol, tão lindo...Lila ia amar essa vista. A brisa fria...os raios
quentes...tudo tão embaçado lá embaixo...será que é longe? Parece uma queda e
tanto...
- Estou tão cansada...
Khazim: K! Venha!
- Huh? Kahzim?...
Kahzim: Vem logo dorminhoca! O dia está ótimo! Vamos ao riacho!
- Kahzim..espera...
Kahzim: Ahahaha vamos K!
Esticava minha mão para os raios de sol, a palma estava ficando quente de acordo
com a descida do astro e meus passos mais próximos a borda. Kahzim...por algum
motivo fechei os olhos, talvez isntinto..destino..precaução queria apenas...
Sonhar de olhos abertos doía muito, quero ver de olhos fechados, ser puxada pela
floresta, consumida por suas matas, seus campos floridos, riachos relaxantes, sons
únicos...
Esse furacão de pedra...não se compara a floresta...
E assim estava voando pelas árvores, sem perceber que estava caindo pelos ares...
O chão chegava perto...até que...
Kahzim: Kayla! Voa!
-Han?
Kahzim: Voe irmãzinha...abra as asas e voe...
Minhas asas se abriram e estava voando enquanto segurava a mão de Kahzim.
- Kahzim!
Kahzim: Não tenha medo. Sempre que se sentir perdida, sempre que se sentir presa,
com medo, confusa...abrace os céus...Assim saberá que estaremos sempre com
voce...
- Ka..
Kahzim: Ssshhh está tudo bem irmãzinha...apenas voe meu anjo..
E assim meu corpo pousou no chão comigo de olhos abertos, tudo estava me fazendo
ter um ataque. Minha garganta queimava, meu corpo estava dolorido, frio e quente ao
mesmo tempo...estava...queimando! Foi assim que gritei estridente e apaquei com as
asas em minhas costas.
Quando acordei estava exausta, tudo zumbia e embaçava. Sentei no lugar onde estava
deitada sem saber ao certo onde, então apenas esperei meus sentidos voltarem ao
lugar. Havia vozes altas e baixas, assim que olhei para o lado, Victor, Rosa, Vignarir
e...
‘’Kaus’’?
- O que ta acontecendo aqui?...
Victor: K!
Rosa: GAROTA VC FICOU MALUCA?!
- Ai...n grita Rosa...
Vignarir: Sinceramente...vc quer matar todos de medo?
- O que aconteceu?
Near: Voce não se lembra?
- Não.
Victor: Voce..pulou do telhado e criou asas.
- Que? Isso é estupidez.
Victor: K...voce voou..com asas.
- Isso é impossível...a..ai
Rosa: Ta tudo bem, não se mecha muito.
Victor: Do que voce se lembra?
- Eu estava na floresta com Kahzim e segurei a mão dele.
Viganrir: Quem é Kahzim?
- Meu...irmão
Rosa: Voce tem um irmão?!
- Falecido.
Rosa: O..oh
Victor: Pelo carrasco...
Rosa: Por que voce pulou?
- Eu estava cansada e esperando minha sentença...quando cheguei no telhado.
O silencio pairou sobre a ala médica.
Estavam me olhando em choque...talvez desaponto?. Eu apenas queria me levantar e
sair dali. Por que fui salva? Será Kahzim? Será mãe..ou pai? Ou...não...ele não me
salvaria. ‘’Kaus’’ não perderia tempo comigo.

...
Após uma semana de recuperação na ala médica, Victor, Vignarir e Rosa me vigiavam
de perto sempre que podiam, disseram que vão ter certeza de que vou ficar fora do
telhado. Porém, a única coisa que queria era paz e sossego, a sensação de sufoco
piorou em dobro.
Chamei cada vez mais atenção quando na verdade queria ser invisível, eles tentaram
fazer meus dias melhores e mais agitados para me tirar desse ‘’estado’’. Chamaram
meus amigos Lila e Near que também estavam tentando ajudar, os guardas estavam
me cumprimentando todos os dias perguntando sempre onde ia e como estava.
Talvez deveria agradecer? Estão sendo tão gentis...do nada. Os que antes me
desperezavam e me julgavam...estão..cuidando de mim? Por que? Lila e Near eu
entendo...mas Victor...Rosa...até Vignarir. Por que? Deveria ser que sentiam pena? Ou
será que realmente se importam...
Não...quando verem que estou melhor...vão voltar ao normal.
E...ele...consigo sentir seus olhos em mim o tempo todo, sua presença está me
cobrindo...seguindo por onde vou. Será que está usando outro item em mim? Ugh...de
novo apenas perguntas sem respostas. Ele vem checar que estou no quarto, que estou
na sala de jantar comendo, que estou acompanhada... será que...não pode ser...
Ele...?
...
Aquela foi a primeira noite que sonhei com ‘’Kaus’’, seu cheiro de margaridas em
chamas, seu toque suave e quente. Seu belo rosto e lábios macios. Aquele cabelo
bagunçado. Aquilo tudo me fez acordar no susto com o coração acelerado, não poderia
estar realmente me apaixonando por ele... justo por ele? O que eu faço? Justo agora
que ele faz questão de me olhar nos olhos e checar meus passos.
Quando o tal veio ver se eu ia descer para o café da manhã, não consegui o olhar nos
olhos, estava com muita vergonha. Meu corpo queimava de uma forma que nunca
havia sentido antes, ardia tanto quanto o verão da floresta. Flores e
fogo...socorro...meu rosto corava só de pensar.
Seu braço me segurava enquanto me beijava...quando me segurou pela nuca...o que
está acontecendo comigo?!
- ACRODA K!!!
Oh no...eu falei alto de mais...
‘’Kaus’’ apenas me olhou enojado... como sempre, acho que realmente atingi o ponto
de limite dele... Victor deve estar forçando ele a fazer isso... é.. com certeza. Antes de
perceber que ele havia parado no meio do caminho meu rosto foi de encontro aos
músculos de suas costas.
- A..ah..desculpe...
‘’Kaus: Voce...
- Que..
Se virou para me fitar com um olhar furioso.
- R..Representante...
Meus passos tremidos iam para trás, antes que pudesse reagir de qualquer forma me
prendeu contra a parede.
- K..Kaus p..pare por favor..
Seus olhos laranjas encaravam minha alma, estava me lendo? Tão sério...seria essa a
hora que me mataria? Assim que se aproximava pressionando meu corpo contra a
pedra gelada as minhas costas, uma de suas mãos segurava minha cintura.
Meu coração pulava no peito, estava apavorada. Não posso morrer aqui. Por
favor...piedade... Implorava em minhas mente enquanto meu corpo queimava em suas
mãos. Até que senti... seus lábios... era tão forte...tão intenso...
Tão diferente da gentileza que teve da primeira vez que me beijou, dessa vez sua
língua indo de encontro com a minha, ficava difícil de respirar. Assim que separou
nossos lábios, nós dois estávamos ofegantes e sua expressão...parecia que queria me
devorar viva...
Seu rosto foi de encontro ao meu pescoço enquanto me pegava no colo. Foi aí que
senti...uma pressão misturando dor e o calor do meu corpo em chamas. Depois me
olhava aproximando nossos rostos... sua voz...estava diferente. Suave e grave,
autoritária...
‘’Kaus’’: Agora voce tem uma marca. Não ouse pensar que tem controle sobre sua
morte. Sua vida é minha. Sou eu que decido se voce vive ou se morre. Sua sentença é
viver para sempre sob os meus olhos...não vai deixar este lugar sem minha palavra.
Voce é minha...anjo.
Não tinha o que responder, minha mente estava um turbilhão. Foi aí que me soltou e
me acompanhou até a sala de jantar com todos nos esperando para tomar café.
Estavam todos a mesa, Rosa e Vignarir de um lado, Victor do outro. O representante
se sentou a sua cadeira ignorando minha presença, enquanto me sentava ao lado de
Victor, que engoliu a comidaquando me viu.
Victor: K! Bom dia, como está se sentindo hoje?
- A..ah estou bem. Obrigada.
Vignarir: Trouxe aquele bolo que gosta, se realmente quiser aprender..sou um
professor exigente HAHA.
- Obrigada Vignarir. Mas não precisa.
Rosa: Voce queria tanto aprender, vamos! Vai ser divertido! Vamos todos nós para a
cozinha aprender.
‘’Kaus’’: Voce não faz nada o tia todo mesmo, por que não?
Eu sabia... ele apenas quer brincar comigo. Fiquei sem o responder. Por que estou me
apaixonando por esse tipo... eu só vou sofrer desse jeito! Ele me chamou de
vagabunda outro dia... minha vontade gigante de gritar para todos ali...
‘’AÉ! PELO MENOS EU TENHO BUNDA!’’
Desgraçado...eu tenho que acabar esses sentimentos.
Ele não vai ganhar.
Me distrair com o grupo realmente deve me ajudar a apagar os acontecimentos da
mente, o problema é que, queria realmente ler sozinha ou descansar no jardim.
Nenhum deles vai se interessar por isso. Talvez o Victor... ele não gosta que o
incomodem então se eu ficar quieta não deve se irritar... isso se ele for pra blibioteca
hoje.
‘’Kaus’’: K.
- A..ahn?
A voz do diabo me acordou de meu devaneio.
‘’Kaus’’: É isso? Nada? Vai ficar sem me responder com sua atitude de sempre?
- Não vou perder tempo nem saliva respondendo comentários desnecessários.
‘’Kaus’’: Saliva é? Deve realmente ter perdido muito. Quer que ajuste o gasto?
Todos olhando...a ousadia desse...
Minha expressão furiosa o diverte tanto... não vou dar nada pra esse imbecil se divertir.
Vou apenas o ignorar. Uma hora vai desistir.
O dia se passou como todos os outros. Porém dessa vez, apenas ignorava a
prensença e as palavras de ‘’Kaus’’ dirigidas ou relacionadas a mim. Quanto mais
ficava quieta, mais me provacava, reclamou para um caralho sobre a minha ousadia e
a minha boca que não parava de falar que AGORA quer que eu o responda?!
Por que?!
Seria esse realmente seu jeito de chamar minha atenção?
Por que apenas não fala comigo como um ser normal?
Ah..é..esqueci...ele NÃO é normal.
O objetivo de apagar meus sentimentos por ele...não vai funcionar até eu ficar
completamente longe dele. Porém todas as vezes que me distraio ele quebra meus
esforços me fazendo olhar para seus olhos e...
Meu coração acelera com ele por perto e isso não é bom. Não quero me tornar outra
‘’qualquer’’ que ele usa e descarta...quero um amor de verdade. Por lei toda Kausiana é
do representante... eu não quero ser como ‘’toda’’ Kausiana.
Ele já tem a Rosa e não vai parar de ter seus ‘’serviços’’, ele apenas quer somar minha
pessoa com as outras. Essa mordida no meu pescoço não vai sumir cedo... Ele não
consegue nem me respeitar como ser vivo...idiota...lindo...mas idiota.

Você também pode gostar