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2 I SERIE —N? 36 — SUP. «B. 0.» DA REPUBLICA DE CABO VERDE —27 DE OUTUBRO DE 1995 Decreto-Lei n® 60/95 de 27 de Outubro Convindo alterar as caracterfsticas téc das metalicas de valor facial de 1008, criadas pelo De- creto-Lei n® 7/94, de 10 de Fevereiro, de forma a que elas possam ter o exterior, também, em aluminio- bronze; No uso da faculdade conferida pela alinea a) do n® 2 do artigo 216* da Constituigao, 0 Governo decreta 0 se- guinte: Antigo Unico ‘As caracteristicas téenicas das moedas de 100$ cons- tantes do artigo 3° do Deereto-Lei n* 7/94, de 10 de Fe- vereiro, passam a ser as seguintes: Didmetro 26 milimitros e peso de 11 gramas, cunha- das numa liga bimetalica, sendo 0 exterior em bronze ou aluminio-bronze, e o interior em cuproniquel e for- mato de um poligono de 10 lados ligeiramente arredon- dado», Visto e aprovado em Conselho de Ministros. Carlos Veiga —Anténio Gualberto do Rosdrio— Pedro Freire de Andrade. Promulgado em 24 de Outubro de 1995. Publique-se Presidente da Republica em exercicio, AMILCAR FERNANDES SPENCER LOPES. Referendado em 25 de Outubro de 1995. 0 Primeiro Ministro, Carlos Veiga. Decreto-Legislativo n° 9/95 de 27 de Outubro: Convindo dotar o pais de um adequado direito de mera ordenagdo social, traduzindo, assim, a urgencia que se vinha sentindo, tanto no plano da reflexao ted- rica como no da aplicagio pratica do direito, de dispor de um ordenamento sancionatério alternativo e dife- rente do direito criminal; Considerando que os proprios érgios legislative executivo tém, ndo raras vezes, sentido a caréncia de um tal ordenamento, impedindo, frequentemente, cesses érgiios de langar méo de uma gama diferenciada de sangées ajustada a natureza e gravidade dos ilicitos a reprimir ou prevenir; ‘Tendo em conta que nenhum Estado que promova a justiga social e que, portanto, desenvolve nesse sentido ‘uma larga intervengio da Administragdo, designad: mente, nos dominios da economia, sade, habitagao, cultura e ambiente, pode atingir os fins que se propoe sem uma aparelhagem de ordenacao social a que cor- responde um ilicito e sangdes préprias que ndo se confundem com 0 ilicito e sangdes penais, por néo vi larem aquele minimo ético social com relevaneia crimi- nal; Considerando, ainda, que & necessério libertar 0 di- reito penal do mimero inflaciondrio e incontrolével de infraegdes destinadas a assegurar a efiedcia dos coman- dos normativos da Administragéo, cuja desobediéncia néo se reveste da ressondncia moral caracteristica do ireito penal, como, alids, tem vindo a acontecer em va- rrias experiéneias comparadas; Dando, assim, cumprimento ao Programa do Go- verno; ‘Ao abrigo da autorizagao Legislativa concedida pela Lein® 131/1V/95, de 27 de Junho, ‘No uso da faculdade conferida pela alinea b) do n® 2, do artigo 216? da Constituigao, 0 Governo decreta 0 se- guinte: PARTE Da contra-ordenagao e da coima em geral CAPITULO I Disposigdes gerais Antigo 1" (Contra-ordenagio) 1. Constitui contra-ordenagao todo o facto ilicito censurdvel que preencha um tipo legal no qual se co- mine uma coima. 2. A lei determinaré os casos em que uma contra- ordenagéio pode ser imputada independentemente do cardcter censurdvel do facto. Antigo 2 (Principio da legalidade) 86 sera punido como contra-ordenagao 0 facto des- tito e declarado passivel de coima por lei anterior a0 ‘momento da sua pratica. Antigo # (Aplicagio no tempo) 1. A coima aplicével é a estabelecida pela lei vigente no momento da pratica do facto ou do preenchimento dos pressupostos de que depende. 2. Se a lei vigente ao tempo da pratiea do facto for posteriormente modificada, aplicar-se-4 a lei mais favo- vel ao arguido, salvo.se jé tiver transitado em jul- gado a decisto da autoridade administrativa ou do tri- bunal. 3, Nao se aplica o disposto na parte final do mimero anterior, se a lei posterior mais favordvel ao arguido se traduzir na eliminagdo do facto do mimero de infrac- ses cominadas com uma coima. 4. O disposto no nimero 2 deste artigo nao se aplica ‘as leis tempordrias, salvo se estas determinarem o contrario. 5. O regime previsto nos ntimeros anteriores apliea- se, com as devidas adaptagées, aos efeitos das contra- ordenagies. 1 SERIE — N* 36 — SUP. «B. 0.» DA REPUBLICA DE CABO VERDE — 27 DE OUTUBRO DE 1995 3 Artigo Aplicago no espage) A presente lei & aplicavel: @) A factos praticados em territério nacio- nal, independentemente da nacionalidade do agente; 6) A factos praticados a bordo de navios ou aero- naves nacionais, salvo tratado ou convengdio em contrério, Artigo (tomento da pritica do facto) 0 facto considera-se praticado no momento em que 0 agente actuou ou, no caso de omissao, deveria ter ac- tuado, independentemente do momento em que o re- sultado tipico se tenha produzido. Antigo 6 (Lugar da prética do facto) © facto considera-se praticado no lugar em que, total ou parcialmente e sob qualquer forma de comparticipa- $0, 0 agente actuou ou, no caso de omissao, devia ter actuado, bem como naquele em que 0 resultado tipico se tenha produzido. CAPITULO II Contra-ordenagio Antigo? (Comissio por acgio © por omissso) 1. Quando, num tipo legal no qual se comine uma coima, se preveja um certo resultado, o facto abrange nao 56 a acgdo adequada a produzi-lo, com a omissao da acgio adequada a evité-lo, salvo se outra for a in- tengao da lei 2, A comisso de um resultado por omissao s6 é puni- vel quando sobre 0 omitente recaia um dever juridico que pessoalmente o obrigue a evitar esse resultado. 3, No caso do mimero anterior, atendendo as cireuns- tancias coneretas do caso, a coima poderd ser livre- ‘mente atenuada. Artigo (Responsabilidade das pessoas colectivas ou equiparadas) 1. As coimas podem aplicar-se tanto as pessoas sin- gulares como as pessoas colectivas, bem como as asso- ciagées ou outros organismos sem personalidade juri- dica. 2. As pessoas colectivas ou equiparadas serdo res- ponsaveis pelas contra-ordenagies praticadas pelos seus 6rgdos no exercicio das suas fungées. Antigo (Dolo ¢ negligencia) 86 6 punivel o facto praticado com dolo ou, nos casos especialmente previstos na lei, com negligéncia. Artigo 10° (Brro sobre as cireunstincias de facto) erro sobre elementos descritivos ou normativos do tipo, ou sobre um estado de coisas que, a existir, afas- taria a ilicitude do facto, exclui o dolo. Artigo 11° (Brro sobre a ilicitude) 1, Age sem culpa quem actua sem consciéncia da ili- citude do facto, 50 0 erro nao lhe for censuravel. 2, Se o erro for censurdvel, a coima poder ser livre- mente atenuada. 8. 0 regime previsto no niimero 1 6 aplicaval em caso de erro sobre um estado de coisas que, a existir afasta- ria a culpa do agente. Antigo 12° (nimputabilidade em razio da idade) Para efeitos do presente diploma, consideram-se in- imputaveis os menores de 16 anos. Antigo 15° (nimputabilidade em razo de anomalia psiquica) 1. E inimputavel quem, por forga de uma anomalia psiquiea, é incapaz, no momento da pratica do facto, de avaliar a ilicitude ou de se determinar de acordo com essa avaliagao. 2, Pode ser declarado inimputavel quem, por forga de uma anomalia psiquica grave nao acidental e cujos efeitos nado domina, sem que por isso possa ser censu- ado, tem no momento da pratica do facto a eapacidade para avaliar a ilicitude deste ou para se determinar de acordo com essa avaliago sensivelmente diminuida. 3. A imputabilidade nao é exclufda quando a anoma- lia psfquiea tiver sido provocada pelo proprio agente com intengao de cometer o facto. Aigo 14? (Actos preparatérios) Os actos preparatérios nao séo puniveis, salvo dispo- sigao da lei em contrario. Atigo 15" (Tentative) 1. Ha tentativa quando o agente pratica actos de exe- cugdo de uma contra-ordenagdo que decidiu cometer sem que esta chegue a consumar-se. 2. Sao actos de exeeugao: a) Os que preenchéim um elemento constitutivo de uum tipo de contra-ordenagao; 6) Os que so idéneos a produzir o resultado ti- ico; ©) Os que, segundo a experiéncia comum e salvo circunstancias imprevistveis, sdo de natu- Teza a fazer esperar que se Ihes sigam actos das espécies indicadas nas alineas. anterio- res. Antigo 16° (Punibilidade de tentativa) 1. A tentativa ‘86-6 punivel quando a lei expressa- mente o determinar, 2. Em caso de tentativa punivel, a coima ser, salvo disposigdo da lei em contrério, livremente atenuada. 4___1SERIE — N* 36 — SUP. «B. 0.» DA REPUBLICA DE CABO VERDE —27 DE OUTUBRO DE 1995 Antigo 17° (Dosisténcia em caso de tentativa) 1. A tentativa ndo é punivel quando o agente volun- tariamente desiste de prosseguir na execugo da contra-ordenagao ou impede a consumagao ou, ndo obs- tante a consumagdo, impede a verificagdo do resultado no compreendido no tipo da contra-ordenagao. 2, Quando a consumagéo ou a verificagdo do resul- tado sto impedidas por facto independente da conduta do desistente, a tentativa nao é punivel se este se es- forgar por evitar uma ou outra. Artigo 18° Autoria) E autor quem executa o facto por si mesmo ou por in- termédio de outrem, ou toma parte directa na sua exe- updo, por acordo com outro ou outros, e ainda, quem, dolosamente, determina outrem & pritica do facto, desde que haja comego de execugao. Artigo 19° (Cumplicidade) 1. E cuimplice quem, dolosamente, fornece auxilio material ou moral & pratica, por outrem, de um facto doloso. 2. Em caso de cumplicidade a coima ¢ livremente atenuada. ‘Antigo 20° (Comparticipasio) 1, Se varios agentes comparticipam no facto, qual- quer deles incorre em responsabilidade por contra- ordenagao mesmo que a ilicitude ou o grau de ilicitude do facto dependam de certas qualidades ou relagoes es- peciais do agente e estas s6 existam num dos comparti- cipantes, salvo se outra for a intengao da norma, 2, Se a lei determinar que um facto em principio qualificado como contra-ordenagio deve ser conside- ado como crime devido a certas qualidades ou relagées especiais do agente, 86. se aplicard a lei penal ao com- ieipante ou comparticipantes que detenham essas ‘qualidades ou relagées especiais. Artigo 21° (Desisténcia em caso de compat go) Em caso de comparticipagio, ndo é punivel a tenta- tiva daquele que voluntariamente impede a consuma- 40 ou a verificagdo do resultado, nem daquele que se esforga seriamente por impedir uma ou outra, ainda que 0s comparticipantes prossigam na execugdo da contra ordenagdo ou a consumem. Antigo 22° ‘(Culpa na comparticipagéo) Cada comparticipante € punido segundo a sua culpa,independentemente da punigio ou do grau de culpa’dos outros comparticipantes. Antigo 28° (Concurso de contra-ordenagio) Se 0 mesmo facto violar vérias leis pelas quais deve ser punido como contra-ordenagao, ou uma daquelas leis varias vezes, aplicar-se-4 a lei que comine a coima ‘mais elevada, podendo, today ser aplicadas as san- es acessérias previstas na out Artigo 24° (Concurso de infracgées) Se o mesmo facto constituir simultaneamente crime € contra-ordenagéo, seré o agente sempre punido a ti- tulo de crime, sem prejuizo da aplicagdo das sangées acessérias previstas para a contra-ordenagao. CAPITULO IIT Coima e sangses acesaéring Aigo 25" (fontante da coima) 1. Se 0 contrério nao resultar da lei, o montante mi- imo da coima aplicdvel as pessoas singulares serd de 8.000800 e o maximo de 300.000800. 2. Se a lei, relativamente ao montante maximo, no distinguir 0 comportamento doloso do negligente, este 46 peileré ser sancionado até metade do moniante maximo da coima prevista. 3. Se o contrario ndo resultar da lei, as coimas aplica- das as pessoas colectivas ou equiparadas poderdo ele- var-se até aos montantes maximos de: @) 4.000.000800, em caso de dolo; 6) 2.000.000$00, em caso de negligéncia. Artigo 26° (Determinagio da medida da coima) 1, A determinacdo da medida conereta da coima far- se-d em fungao da gravidade da ilicitude, da culpa e da situagdo econémica do agente. 2, Sem prejufzo dos limites maximos fixados no ar- tigo anterior, a coima deverd, sempre que possivel, ex- ceder o beneficio econémico que 0 agente retirou da prética da contra-ordenagdo. Antigo 27° (Sanges acessérias) 1. A lei pode, simmultaneamente com a coima, deter- minar as seguintes sangies acessorias: 4) Apreensaio de objectos; 5) Privagdo do direito a subsfdio ou beneticio ou- torgado por entidades ou servigos puiblicos; ©) Privagdo do direito de participar em feiras, mercados competigdes desportivas, ou de en- trada em recintos ou areas de acesso reserva- dos; 4d) Privagao do direito de participacdo em arrema- tagdes e concursos promovidos por entidades ‘ow servigos publicos, de obras publicas, de fornecimento de bens e servigos, ou conces- so de servigos, licengas ou alvards; e) Encerramento do estabelecimento ou cancela- mento de licengas e alvards. 2. As sangGes referidas nas alineas 6) ¢ seguintes do niimero anterior terdo a duragio maxima de dois anos, contados a partir da decisto condenatéria definitiva, se o contrério nao resultar da lei. 3. A lei pode ainda determinar os casos em que deva dar-se publicidade aos casos punidos por contra- ordenagao. 1 SERIE — N* 36 — SUP. «B, 0» DA REPUBLICA DE CABO VERDE — 27 DE OUTUBRO DE 1995 5 Antigo 26¢ (Principio da subsidiariedade da aprecnsio) 1, A apreenséo s6 6 permitida quando: 4) Ao tempo de decisio os objectos pertengam ao agente; 4) Representem um perigo para a comunidade ou favoregam prética de um crime ou de outra contra-ordenacao; ©) Tendo sido alienados ou onerados a terceiro, este conhecesse, ou devesse razoavelmente conhecer, as circunstancias determinantes da possibilidade da sua apreensdo. 2, Nao ha lugar a apreenséo, excepto nos casos pre- vistos na alinea 6) do mimero anterior, quando ela sej manifestamente desproporcionada a gravidade da ili tude e da culpa do agente ou do terceiro. 3. A apreensiio sera suspensa sempre que as suas fi- nalidades possam ser devidamente prosseguidas atr vés de medidas menos gravosas para as pessoas atin, das. 4. Quando for possivel, a apreenstio seré limitada a parte dos objectos. Antigo 29° (Bteitos de apreensio) 1. 0 transito em julgado da decisdo de apreensao de- termina a transferéncia da propriedade para o Estado ou para a entidade publica que a lei determinar. 2, Serdo nulos os negécios juridicos de alienagdo dos objectos posteriores ao transito em julgado da decisdo de apreensio. Artigo 30" (Apreensio independente de coima) 1, Se por qualquer motivo, nao puder haver procedi- mento contra uma pessoa ou contra ela nao puder ser aplicada uma coima, poder a apreensio dos objectos ser ordenada desde que se verifiquem os pressupostos da apreensao total ou parcial. 2, 0 disposto no niimero anterior aplicar-se-4 tam- bém nos casos em que a autoridade competente para 0 procedimento dele desista ou o juiz mande arquivar 0 Proceso. Atigo 33° ndemnizagio) 1. Quando a apreensdo referida na alinea 6) do ni- mero 1 do artigo 28° recair sobre objectos pertencentes a tereeiro, este terd direito a indemnizagao segundo as normas da lei civil, salvo se os tiver adquirido de ma ff. 2. A obrigagio de indemnizagdo compete ao Estado ou a entidade publica para a qual tenha sido transfe- ida a propriedade dos objectos apreendidos. CAPITULO IV Preserigdo Asti 32% (rescrigio do procedimento) Salvo disposi¢ao legal em contrério, 0 procedimento por contra-ordenagao extingue-se por efeito da prescri- a0 logo que sobre a pratica da contra-ordenagao hajam decorrido os seguintes prazos: @ ois anos, quando se trate de contra- ordenagdes a que seja apliedvel uma coima superior a 100 000$00; 4) Umano, nos restantes casos. Antigo 39° nterrupgio da prescrigéo) 1A preserigdo do procedimento por ordenagéo interrompe-se: @) Com a comunicagao ao arguido dos despachos, decisves ou medidas contra ele tomados ou com qualquer notificagao; contra. 4) Com a realizagao de quaisquer diligéncias de prova, designadamente exames e buscas, ou com 0 pedido de auxilio As autoridades poli- ciais ou a qualquer autoridade administra- tiva; ©) Com quaisquer declaragées que o arguido tenha proferido no exercicio do direito de audigao. 2. Nos casos de concurso de infracgées, a interrupgio da prescrigdo do procedimento criminal determina a in- terrupgdo da prescrigaéo do procedimento por contra- ordenagiéio. Antigo 4° (Preserigio da coima) 1. As coimas prescrevem nos prazos seguintes: a) 4.anos, no caso de uma coima superior a 100 000800; 6) 3.anos, nos restantes casos. 2. O prazo conta-se a partir do transite em julgado da decisao condenatéria. Antigo 35° (Susponsiio da prescrigio da coima) A prescrigéo da coima suspende-se durante o tempo em que: a) Por forga da lei a execugaio nao pode comegar ‘ou nao pode continuar a ter lugar; 4) A execugao foi interrompida; ) Foram concedidas facilidades de pagamento. Artigo 36° (Prescrigio das sangies acesssrias) Aplica-se as sangoes acessérias o regime previsto nos artigos anteriores para a prescrigio da coima. CAPITULO V Direito subsididrio Antigo a7” (Do direito subsididrio) Aplicam-se subsidiariamente, no que respeita a fixa- 40 do regime substantivo das contra-ordenagées, as hormas constantes da legislagdo penal desde que néo contrariem o presente diploma. PARTE II Do processe de contra-ordenagio CAPITULO I Disposigdes gerais, Antigo 38° (Principio da legalidade) 0 processo das contra-ordenages obedecerd ao prin- cipio da legalidade. Antigo 39° (Mcios de coacgio) 1. No processo das contra-ordenagdes nao é permi tida a prisdo preventiva, a intromissdo na correspon- déncia ou nos meios de telecomunicagdio, nem a utiliza- do de provas que impliquem a violagao do segredo pro- fissional. 2. As provas que colidam com a reserva da vida pri- vada, bem como 0s exames corporais e a prova de san- gue, 56 serac admissiveis mediante o consentimento de quem de direito, Artigo 40" (Testemunhas) As testemunhas nao serdo ajuramentadas. Antigo 41° (Exame dos autos e dos objectos apreendides) 1. Se 0 processo couber As autoridades competentes para a instrugdo criminal, poderdo as autoridades ad- ministrativas normalmente competentes examinar os autos, bem como os objectos apreendidos. 2. Os autos e os objectos serdo examinados no servigo onde se encontrarem, salvo se razdes ponderosas justi- ficarem o seu envio as autoridades administrativas. Aigo 42" (Comunicagio de decisses) 1, Todas as decisdes, despachos e demais medidas proferidas © tomadas pelas autoridades administrati- ‘vas no processo das contra-ordenagdes serao comunica- dos &s pessoas a quem se dirigem, 2 Tratando-se de decisdes, despachos ou medidas que admitam impugnacao sujeita a prazo, a comunica- qo revestira a forma de notificagao, a’ qual deverd conter os esclarecimentos necessarios sobre a admissi- bilidade, prazo e forma de impugnagao, sob pena de nulidade, Antigo 4° Wotificagées) 1. As notifieagdes serdo dirigidas ao arguido ou ao seu representante legal, quando este exista, bem como ao defensor escolhido:e cuja procuragao conste dos autos ou ao cefensor nomeado. 2, Se uma notificagiio tiver de ser feita a varias pes- soas, 0 prazo da impugnacdo s6 comeca a correr depois de notificada a tiltima pessoa. Antigo 44° Wireitos » deveres das autoridades administrativas) No processo de aplicagdo da coima, as autoridades administrativas competentes gozam dos mesmos direi- DE CABO VERDE —27 DE OUTUBRO DE 1995 tos ¢ estdo sujeitas aos mesmos deveres das entidades competentes para instrugao criminal, sempre que 0 contririo ndo resulte do presente diploma Antigo 4 Wireito subsidiario) Ao processo das contra-ordenagdes aplica-se subsi- diariamente 0 disposto no Cédigo de Proceso Penal, com as devidas adaptagves. CAPITULO IL Acgio e competéncia Artign 46° (Legalidade da acgio) A toda contra-ordenagdo corresponde uma acgao, que serd exercida nos termos das disposigdes da Parte II deste diploma e demais legislagao aplicavel Antigo a7 (Competéneia das autoridades administrativas) 0 processamento das contra-ordenagdes e a aplicagio das coimas competem as autoridades administrativas, ressalvadas as particularidades previstas no presente diploma. Antigo 480 istirio Piblico e das entidades compe- {instruc criminal) 1, Quando se verifique coneurso de crime e contra- ordenagao, 0 processamento da contra-ordenagao ca- ber a autoridade competente para a instrugao crimi- nal (Competéneia do Mi ‘tentes para 2. Quando, pelo mesmo facto, uma pessoa deva res- ponder a titulo de crime e outra a titulo de contra- ordenagio e razées de economia processual ou relativas & prova assim o justificarem, poder a autoridade com- petente para a instrugdo eriminal chamar a si o pro- cesso da contra-ordenagao, desde que ainda nao tenha havido lugar aplicagao da coima. 8. Quando, nos casos previstos nos ntimeros anterio- res, 0 Ministério Publico arquivar 0 processo criminal, mas entender que subsiste a responsabilidade pela contra-ordenagao, remeterd o proceso a autoridade ad- ministrativa competente, 4. A deciso do Ministério Paiblico sobre se um facto deve ou nao ser processado como crime vincula as auto- ridades administrativas. Artigo 49" (Competéncia do tribunal) Nos casos referidos nos n°s 1 ¢ 2 do artigo anterior a aplicagio da coima caberé ao juiz competente para 0 julgamento do erime. Artigo 60" (Competéncia em razio da matérin) 1. A competéncia em razio da matéria pertencers as autoridades determinadas pela lei que prevé e san- ciona as contra-ordenagies, 2. No silencio da lei serao competentes os servigos de- signados pelo membro do Governo responsével pela tu- tela dos interesses que a contra-ordenagao visa defen- der ou promover. 3. Os dirigentes dos servigos aos quais tenha sido atribuida a competéncia a que se refere o mimero ante- ior podem delegé-la, nos termos gerais, nos dirigentes de grau hierarquicamente inferior, salvo disposigdio ex- pressa em contratio. Antigo 51" (Competéncia territorial 1. A competéncia territorial cabe & autoridade admi- nistrativa em cuja érea de actuacao: @) A infracedo foi praticada ou deseoberta; 6) O arguido tem a sua residéncia ao tempo do inicio ou durante qualquer fase do processo. 2, Se a infracgao for cometida a bordo do navio ou ae- ronave nacional, fora do Ambito de efiedcia espai deste diploma, sera competente a autoridade nacional ein cuja circunscrigdo se situe o porto ou aeroporto que primeiro for esealado depois do cometimento da infrac- sf. Astigo 52° (Competéneia por conexio) 1. Em caso de coneurso de contra-ordenagdes sera competente a autoridade a quem, segundo as disposi- es anteriores, incumba processar qualquer das contra-ordenagées 2. 0 disposto no niimero anterior aplica-se, igual- mente, aos casos em que um mesmo facto torna varias pessoas passiveis de uma coima. Aigo 5° (Conflitos de competéncia) 1, Se das disposi¢des anteriores resultar a competén- cia cumulativa de varias autoridades, 0 conflito sera resolvido a favor da autoridade que, por ordem de prio- ridades: a) Tiver primeiro ouvido o arguido ou em caso de comparticipagdo, um dos arguidos pela pra. tiea da contra-ordenagao; 6) Tiver primeiro requerido a sua audigdo pelas autoridades policiais; ©) Tiver primeiro reeebido das autoridades poli- ciais os autos de que conste a audigdo do ar- guido. 2. As autoridades competentes poderao, todavia, por razées de economia, celeridade ou eficdcia processuais, acordar em atribuir a competéncia a autoridade di- versa da que resultaria da aplieagao do disposto no nui- mero anterior. CAPITULO IIL Fase de inserigao Artigo 4° Cniciativa do processo) processo da eontra-ordenagao iniciar-se-A oficiosa- mente, desde que as autoridades administrativas com- petentes tenham conhecimento do facto constitutivo da contra-ordenagio ou mediante participagdo das autori- dades policiais ou fiscalizatloras e ainda mediante de- niineia particular. UBLICA DE CABO VERDE. "1 DE OUTUBRO DE 1995 1, As autoridades policiais e fiscalizadoras deverdo tomar conhecimento de todos os eventos ou cireunstan- cias susceptiveis de implicar responsabilidade por contra-ordenagao e providenciar as medidas necessa- rrias para impedir o desaparecimento de provas. 2. Na medida em que o contrario niio resulte das dis- posigdes deste diploma, as autoridades policiais tem di- reitos e deveres equivalentes aos que tem em matéria criminal, 3. As autoridades policiais e agentes de fiscalizagao remeterdo imediatamente As autoridades administrati- vas a participagao e as provas recoll Artigo 56° Anstrugio) 1. A autoridade administrativa procedera & investi- gacao dos factos constitutivos da contra-ordenagao e das circunstancias que precederam, acompanharam ou seguiram « sua pratica, 2, A inst agai deverd ser concluida no prazo maximo de 30 dias, prorrogdvel por igual perfodo, sob pena de caducidade do procedimento. 3. $6 6 admissivel a prorrogagdo do prazo da instru. ‘0 nos casos de comprovada complexidade processual. 4, As autoridades administrativas poderdo confiar a instrugdo, no todo ou em parte, as autoridades poli- ciais, bem como solicitar o auxilio de outras autorida- des ou servigos publicos. 5, Som prejuizo do disposto na parte final do mimero seguinte, a instrugdo poderd ser dispensada, em despa- cho fundamentado, quando todos os indicios relativos aos elementos constitutivos da contra-ordenagdio se en- contrem comprovados em face de documentos ou cons- tem de auto de noticia que faga fé em jufzo, nos termos estabelecidos no Cédigo de Proceso Penal 6. No caso previsto no mimero anterior, 0 arguido sera ouvido nos préprios documentos, podendo, no en- tanto, juntar ou requerer qualquer meio de prova desti- nado a abalar os indicios da contra-ordenagao. Antigo 67° (Bnvio do processo ao Ministério Publica) 1. A autoridade administrativa competente remeterd © proceso ao Ministério Publico sempre que considere que a infracedo constitui crime. 2. Se 0 Ministério Publico considerar que nao ha lugar para a responsabilidade criminal, devolverd 0 processo & mesma autoridade. Artign 58° Unstrugdo pelas autoridades competentes ‘para a instrugdo eriminal) 1. Quando 0 processo 6 instrufdo pelas autoridades ‘competentes para a instrugio criminal, as autoridades administrativas sao obrigadas a dar-Ihes toda a colabo- ragio, assistindo-Ihes, em geral, os direitos e deveres das autoridades policiais em relagao ao processo-erimi- nal 8__1 SERIE —N? 36 — SUP. «B. 0.» DA REPUBLICA DE CABO VERDE —27 DE OUTUBRO DE 1995 2. Quando, nos casos previstos no artigo anterior, 0 Ministério Publico deduzir acusagao por erime deverd, de igual modo, fazé-lo em relagaio & contra-ordenagao. 3. Quando o Ministério Publico acusar 0 arguido também por contra-ordenagio, deverd comunicar as autoridades administrativas, enviando-Ihes uma eépia da acusagao. Aig 59" (Deveres das testemunhas ¢ peritos) 1. As testemunhas e os peritos silo obrigados a obe- decer as autoridades administrativas quando forem so- licitados a comparecer ea pronunciar-se sobre a maté- ria do proceso. 2, Em caso de recusa injustificada, poderdo as auto- ridades administrativas aplicar sangdes pecuniérias até 10,000$00 e exigir a reparagdo dos danos causados com a sua recusa. Artigo 60" (aentificagéo pelas autoridades administrativas, polic ‘agentes de fiscaliza 1. As autoridades administrativas competentes, as autoridades policiais e os agentes de fiscalizagao podem exigir ao agente de uma contra-ordenagiio a res- peetiva identificagao. 2. Se esta nao for imediatamente possivel, em caso de flagrante delito, podem as autoridades policiais deter 0 presumivel agente pelo tempo necessério & sua identificagao, nao podendo, em caso algum, esse tempo exceder 12 horas, ‘Antigo 61" (Obrigatoriedade de audigio do arguido) 1. E obrigatéria a audigao do arguido durante a ins- trugao do processo. 2. O arguido, durante a fase de instrugao, poderd apresentar ou requerer qualquer meio de prova. Artigo 62" efensor) 1. arguido da prética de uma contra-ordenagaio tem o direito de se fazer representar no processo € acompanhar de advogado eseolhido em qualquer fase do processo. 2, As autoridades administrativas nomeardo um de- fensor oficioso ao arguido sempre que qualquer defi- ciéneia deste ou a gravidade da infraccao e da sangdo 0 justifique. CAPITULO IV Fase de decistio Antigo 6° (Decisio) 1. Concluida a instrugdo, se ndo resultar provada a contra-ordenagdo, a autoridade administrativa arqui- varé 0 process. 2, Se a contra-ordenacdo resultar provada a autori- dade administrativa imporé,-cam a devida fundamen- tagdo, a coima e ou as sangoes acessbrias que ao caso couberem. 3. A deciséo que aplica a coima deve conter: a) A identificagao do arguido e dos eventuais com- participantes; b) A deserigtio conereta e precisa dos factos consti- tutivos da contra-ordenagio que se imputa a0 arguido e das provas obtidas, bem como a indieagao das normas segundo as quais se pune; ¢) Acoima e as sangdes acessérias. 4. Da decistio deve ainda constar a informagio de que: 4) A condenagao transita em julgado se torna exe- quivel se ndo for judicialmente impugnada nos termos previstos no presente diploma; 4) Em caso de impugnagdo judicial, o tribunal pode decidir mediante audiéncia ou, caso 0 arguido e 0 Ministério Pablico ndo se opon- ham, mediante simples despacho; ©) Nao vigora a proibi¢ao da reformatio in pejus. 5. A decisiio conterd ainda: @) Aordem de pagamento voluntario da coima no prazo maximo de duas semanas apés o trén- sito em julgado; b) A indicagdo de que, em caso de impossibilidade de pagamento tempestivo, deve comunicar 0 facto, por escrito, a autoridade que aplicou a coima. Antigo 64 Pagamento voluntério) E admissivel o pagamento voluntédrio da coima em qualquer altura do processo, mas sempre antes da deci- sio, devendo, neste caso, a coima ser liquidada pelo mi- nimo, sem prejuizo das eustas que forem devidas. Aigo 65° (Processo de adverténela) 1. Em caso de contra-ordenagdo ligeira poderdo as autoridades administrativas competentes decidir por uma mera adverténcia, acompanhada da exigeneia do pagamento de uma soma pecunidria nunca superior a 5000300. 2, Este processo s6 teré lugar quando o arguido, in- formado do direito de o recusar, com ele se conformar se dispuser a pagar a respectiva soma pecunidria ime- diatamente ou no prazo maximo de cinco dias. 3, Nos casos referidos nos mimeros 1 2 ndo pode 0 facto voltar a ser apreciado e sancionado como contra- ordenagao. CAPITULO V ‘Fase de recurso Antigo 66? (Forma e prazo) 1.A deciso da autoridade administrativa que aplica ‘uma coima, com ou sem sangdo acesséria, 6 susceptivel de impugnagao judicial. ISERIE — N® 36 — SUP. «B. 0.» DA REPUBLICA DE CABO VERDE — 27 DE OUTUBRO DE 1995 9 2, A impugnagaio judicial poder ser interposta pelo arguido ou pelo seu defensor com poderes bastantes € tem sfeito suspensivo. 3. 0 recurso seré formulado em requerimento diri- ido ao juiz do tribunal competente e apresentado na secretaria da autoridade administrativa que aplicou a coima, no prazo de oito dias. 4. 0 prazo referido no mimero anterior conta-se a partir do conhecimento pelo arguido da decisdo que aplicou a coima, 5. O requerimento de impugnagio judicial deveré conter as alegagdes sumarias de facto e de direito, as respectivas conclusdes, bem como a indieagdo ou jun- G0 de todos os meios de prova disponiveis que, com- provadamente, néo Ihe foi possivel apresentar em in- stancia administrativa, Artigo 67 (Tribunal competente) Salvo disposi¢do da lei em contrario, 6 competente para conhecer do recurso o tribunal de comarea com ju- risdipéio em matéria crime na drea territorial onde se tiver aplicado a coima. Artigo 68° nvio dos autos ao tribunal) 1. Recebido o recurso, deve a autoridade administra- tiva remeter os autos ao tribunal competente, no prazo de quarenta e cite horas. 2, Até A remessa dos autos ao tribunal competent para conhecer do recurso, pode a autoridade adi trativa revogar a decisdo de aplicagdo da coima ou ape nas revogar a decisao de aplicacao da sangao acess6ria. Antigo 6° Mejeigio do recurso) juiz rejeitard, por meio de despacho fundamen- tado, 0 recurso interposto fora do prazo ou sem obser- vancia dos requisites de forma, Antigo 70° (Remessa dos autos no Ministério Publico) 1. Admitido 0 recurso, o Juiz ordenaré a remessa dos autos ao Ministério Publico para realizar as diligéncias requeridas pelo arguido, nos termos do mimero 5 do ar- tigo 66° ou, ndo as havendo, para simples parecer. 2. As diligéncias referidas no mimero anterior sero realizadas no prazo maximo de 8 dias. Antigo 71° (Parecer do Ministério Publico) Recebido 0 processo ou concluidas as di que se refere o artigo anterior, havendo-as, 0 Mini tio Publico elaborara 0 seu parecer no prazo de cinco dias e ordenard a remessa dos autos ao Jufz, Antigo 728 (Dosisténcia do recurso) recorrente poderd desistir do recurso até a decisio final, Antigo 73° (Ambito da prova) Compete ao Juiz determinar 0 ambito da prova a produzir, recusando a aceitagao de meios de prova que Julgue desnecessdrios a formagao da sua conviegao. Antigo 4° (Decisio do recurso) 1, A deciséo do Juiz serd proferida na prazo de 8 dias. 2. A decisao poderd ordenar o arquivamento do pro- cesso, absolver o arguido, manter ou alterar a decisao proferida na instancia administrativa. 3. O Juiz deverd fundamentar sumariamente a sua decisdo, tanto no que concerne aos factos como ao di- reito aplicado e as circunstancias que determinam a medida da sangao. CAPITULO VI Processo de contra ordenagao e Processo Criminal Antigo 75° (Conversio em processo criminal) 1. 0 tribunal nao esta vineulado a apreciagao do facto como contra-ordenagio, podendo, oficiosamente ‘ou a requerimento do Ministério Publico, converter 0 proceso em processo criminal. 2. A conversdo do proceso determinaré a interrup- ¢40 da instancia e a remessa dos autos ao Ministério Pablico, para efeitos de instauragéo de corpo delito, aproveitando-se, na medida do possivel, as provas jé produzidas. 3. A decisio de converstio do processo deve ser comu- nicada autoridade administrativa que seria compe- tente para promover a instauragéio do processo de contra-ordenagiio. Antigo 16° (Conhecimento da contra-ordenago no processo criminal) 1. 0 tribunal poder apreciar como contra-ordenagao uma infracgdo que foi acusada eomo crime. 2, No caso referido no ntimero anterior o jufs julgaré ‘a contra-ordenagao, aplicando-se as disposigdes do pre- sente diploma. 3.A decisdo a que se refere o ntimero anterior deve ser comunicada & autoridade administrativa que seria competente para promover a instauragéo do processo de contra-ordenagao. Antigo 7° (Processo relative a crimes e contra-ordenagses) 1. Se 0 mesmo processo versar sobre crimes e contra~ ordenagies, havendo infracyles que devam apenas considerar-se como contra-ordenagées, ap quanto a clas, as disposigbes dos artigos 36a 41° « 61 do presente diploma, 2. Quando, nos casos previstos no némero anterior, se interpuser simultaneamente recurso em relago contra-ordenagdo e a crime, os recursos subirdo em si- multdneo. 10__1 SERIE— N* 36 — SUP. «B. 0.» DA REPUBLICA DE CABO VERDE —27 DE OUTUBRO DE 1995 3. O recurso subird nos termos do Cédigo de Proceso Penal, nao se aplicando 0 disposto nos artigos 66° a 74° do presente diploma, CAPITULO VIL Caso julgado e revisio Artigo 78° (Aleance do caso julgado) 1. O trénsito em julgado da decisio da autoridade administrativa ou da decisao judicial sobre o facto jul- gado como contra-ordenagdo ou como crime preclude a possibilidade de novo conhecimento de tal facto como contra-ordenagao. 2. 0 transito em julgado de decisio judicial sobre 0 facto julgado como contra-ordenagio preclude igual- ‘mente o seu novo conhecimento como crime. Artigo 79" (Admissibilidade da revisio) 1. A revisio das decisées proferidas em matéria contra-ordenacional e transitadas em julgado obede- cerd ao disposto nos artigos 673° e seguintes do Cédigo de Processo Penal, sempre que 0 contrério ndo resulte do presente diploma. 2. A revisio do processo a favor do arguido com base ‘em novos factos ou em novos meios de prova nao sera admissivel quando: @)_O arguido apenas foi condenado, em coima igual ou inferior a 50.0008 ou, tendo havido lugar aplicago da sangdo acesséria, esta seja de natureza patrimonial © nfo ‘exce- dente aquele limite; 1b) Tenha decorrido dois anos apés o transito em julgado da decisao revidenda. 3. A revisdo contra o arguido 36 seré admissivel quando vise a sua condenagéo pela pratica de um crime. Artigo 80° (Regime do processo de revisio) 1. A revisio da decisdo da autoridade administrativa 6 dq competéncia do tribunal de comarea competente para ¢onbecer da impugnagao judicial. 2. A revisdo da decisdo proferida pelo tribunal.é da competéncia do Supremo Tribunal de Justiga. Artigo 81° (Cadiucidade da decieds de aplicacio da coima pot feito da ‘decisio proferida em proceseo criminal) 1. A deciso da autoridade administrativa que apli- cou uma eoima gaduca quando o arguido venha a ser condenado em processo criminal velo mesmo facto 2..0 mesmo ofgito terd. a decisso final proferida em proceso eriminal que, ndo consistindo numa condena- (ho, seja.ineompetivel eom-a aplicagdo da coima, 3. As importdncias pecunidrias que tiverem sido pagas 2 timla de coima e eustas sero, por ordem de prioridades, levadas & conta da multa, dos efeitos das Penas que impliquem um pagamento em dinheiro: e das custas processuais. 4, Da deciséo ou dos demais despachos proferidos em processo criminal e referidos nos mimeros 1 ¢ 2 deste artigo deverd constar a referéncia expressa aos efeitos previstos nos seus mimeros 1, 2€ 3. CAPITULO VIII Execucéo Antigo 62" (Pagamento voluntirio das quantias fixadas na decisio) 1, B exequivel toda a decisdéo que haja transite em Julgado hé, pelo menos, duas semanas, 2. 0 pagamento voluntério da coima e das custas do processo, quando estas forem devidas, devers ser efec- tuado no prazo referido no niimero anterior, contra re- cibo, cujo duplicado sera entregue & autoridade admi- nistrativa ou ao tribunal que tiver proferido a decisao. 3. Sempre que a situagdo econémica do arguido o jus- tifique a requerimento deste, a autoridade adminis- trativa ou o tribunal poderd autorizar que o pagamento da coima e das custas se efectue dentro de um prazo no superior a um ano ou em prestagdes no exeeden- tes a vinte e quatro meses, sem prejuizo do disposto no niimero seguinte. 4. A autoridade administrativa ou o tribunal poderd, também, condicionar 0 pagamento da coima no prazo condigées previstos no numero anterior & liquidagaio imediata das custas. 5. O pagamento autorizado nos termos do mimeros 3 deste artigo sera, por ordem de prioridades, levado & conta da coima e, por ultimo, das custas. 6. No caso de pagamento a prestagdes, a falta de pa- gamento de uma delas implica o vencimento de todas as outras e sua exigibilidade imediata. 7, Dentro dos limites referidos no nimero 3 deste ar- tigo, quando motivos supervenientes o justifiquem, os prazos e os planos de pagamento inicialmente estabele- cidos podem ser alterados, a requerimento fundamen- tado do arguido. Artigo 83° (Bxecusio) 1. O nao pagamento voluntario da coima e das cus- tas, em conformidade com o disposto no artigo anterior, dara lugar a execugao, a qual ser promovida pelo Mi- nistério Puiblico perante o tribunal competente previsto 2. A execugio tera por base a decisao que aplicou a coima, que constitui titulo executivo, 3. Quando a execugdo deverd ter por base uma dei so da autoridade administrativa, esta remeterd ao Mi- nistério Publico junto do tribunal competente uma cépia autenticada dessa decisdo, para efeitos da sua promociio, 4, A execugio abrange todas as quantias pecuniérias constantes da decisfio exequenda. Aigo 64° (Tramitagio) 1. A exeeugdo obedeceta aos termos da execugo por cusias, aplicando-se, com as necessérias adaptagves, 0 disposto no artigo 640" do Cédigo de Processo Penal. I SERIE — N® 36 — SUP. «B. 0.» DA REPUBLICA DE CABO VERDE — 27 DE OUTUBRO DE 199511 2. Para efeitos de execugto 6 dispensavel a petigao inicial, bastando a simples promogao do Ministério Pi- blico, a qual sera sempre acompanhada do titulo execu- tivo, Artigo 85° (Suspensii e extingao da execugio) 1, Suspender-se-4 a execugaio quando, apés o transito em julgado da decisio da autoridade administrativa que aplicou a coima, foi dada acusagaio em processo cri- minal pelo mesmo facto. 2. A execugao extingue-se com a morte do arguido. 3. 0 tribunal da execucdo deverd, oficiosamente ou a Tequeri- mento do Ministério Publico ou do arguido, pronunciar-se ex-pressamente sobre todas as questoes a que se refere o artigo 81°, quando elas nao tiverem sido conhecidas no proceso criminal, de acordo com 0 miimero 4 daquele artigo. Artigo 86° (Ineidentes) tribunal perante 0 qual se promove a execugio serd 0 competente para decidir sobre todos os inciden- tes € questées suscitados na pendéncia da execugio, nomeadamente: @) A admissibilidade da execucio; 6) As decisées tomadas pelas autoridades admi- nistrativas em matéria de facilidades de pa. gamento; ©) Assuspensio e a extingiio da execugao. CAPITULO Ix Custas 1, Em processo das contra-ordenagies as custas re- gular-se-do, com as necessdrias adaptagdes, pelo di posto nos artigos 159° a 197°, 205° a 229° do Cédigo das Custas Judiciais e pelo disposto na Portaria n° 53-A/ 85, de 20 de Setembro, sem prejuizo da aplicagao de disposigéo legal em contrario, 2. As decisdes da autoridade administrativa proferi- das sobre a matéria do processo das contra-ordenagses deverdo fixar o montante das custas e determinar quem as deve suportar. 3. Sem prejuizo do disposto no numero seguinte, as custas serdo suportadas pelo arguido em-caso de apli- cacao da coima pela autoridade administrativa ou pelo tribunal e, ainda, em casos de desisténcia ou de rejei- 0 da impugnagao judicial. 4, Em caso da nao aplicagdo da coima, a autoridade administrativa devera reembolsar ao arguido, pelos seus cofrés, as despesas que, comprovadamente, tenha realizado com o processoy dosignadamente os honoré- trios ao seu defensor. Artigo 83° (Ambito das custas) 1. As custas abrangem 0 imposto de justiga, 0 im- posto de selo e os encargos. 2. Para efeitos do presente diploma, consideram-se encargos: 4) Os reembolsos ao cofre da autoridade adminis- trativa ou do tribunal, por gastos com papel, franquias postais, expediente e outras despe- sas realizadas; 5) Os pagamentos devidos aos servigos ou quais- guer entidades pelo custo de certidées, salvo as extraidas oficiosamente pela autoridade administrativa ou pelo tribunal, documentos, pareceres, plantas, outros elementos de in- formagao ou de prova e servigos que a autori- dade administrativa ou o tribunal tenha re- quisitado; ©) Retribuigio, custo de transporte ou indemniza- 9 > pessoas com intervengao acidental no rocesso ou que colaboram com a autoridade administrativa oa o tribunal, designada- ‘mente as testemunhas e os peritos; @) O custo da publicagao de antincios, de comuni- cagdes telefinieas, telegraficas e postais e de transporte de bens apreendidos; @) As despesas qué o arguido tiver despendido com 0 processo, em caso da nao aplicagdo da coima; Os caminhos devidos pelas diligéncias realiza- das na drea territorial sob jurisdigao da auto- ridade administrativa ou do tribunal 4) Outras despesas relacionadas com o proceso. Antigo 89° Asengées) Estado, as autoridades administrativas e 0 Minis- tério Pitblico so isentos de custas, Artigo 90" (Imposto de justia e prepare inicial) 1. O processo das contra-ordenagbes que corre pe- rante as autoridades administrativas ndo esta sujeito a0 pagamento do imposto de justiga e do preparo ini- cal. 2. Nao 6, igualmente, devido o imposto de justiga na impugnagdo judicial de qualquer deciséo das autorida- des administrativas. 3. Porém, é devido o pagamento do imposto de justiga em todos os processos em que tenha havido decisdes ju- diciais desfavoraveis ao arguido. 4. 0 imposto de justiga nao ser4 inferior a 1000800 e nem saperior a 50.0008, devendo 0 seu montante ser fixado em raz8o da sitaagao eeonémica do inf¥actor, da complexidade do processo e da natureza da infracgaé. 12__1 SERIE — N* 36 — SUP, «B. 0.» DA REPUBLICA DE CABO VERDE —27 DE OUTUBRO DE 1995. Antigo 91° ({mpugnagso das custas) 1. As decisées das autoridades administrativas rela- tivas as custas proferidas em proceso das contra- ordenagoes sao impugndveis, nos termos estabelecidos no Cédigo das Custas Judiciais, 2. Da decisio das autoridades administrativas profe- ridas sobre a reclamagdo em matéria de custas cabe re- curso para o tribunal da comarca com jurisdigao em matéria criminal na circunscrigao das referidas autori- dades, que decidird em dltima instaneia. 3. No proceso da impugnagdo judicial, da decisao do tribunal proferida sobre a reclamagao em matéria de custas cabe recurso para o Supremo Tribunal de Jus- tiga, nos termos gerais. Visto e aprovado em Conselho de Ministros. Carlos Veiga — Ulpio Napoledo Fernandes — Teéfilo Figueiredo Silva — Pedro Freire de Andrade. Promulgado em 25 de Outubro 1995. Publique-se. © Presidente da Republica, em exereicio, Amilear Fernandes Spencer Lopes. Referendado em 25 de Outubro de 1995. O Primeiro Ministro, Carlos Veiga. ——Fe- MINISTERIO DA JUSTICA Despacho Foi requerido a0 Ministério da Justiga 0 reconheci- mento da Associagiio Caboverdiana para Protecgao da Familia — VERDEFAM —cujos objectivos, de entre outros, se destacam os seguintes: —divulgago junto da populagao dos direitos da familia e promogio de inicitativas eficazes de debate e sensibilizacdo para os problemas ¢ caréncias existentes, especialmente em rela- ‘yo A sauide reprodutiva. —intervengio no dominio do planeamento fami- liar e da satide materno-infantil, permitindo s familias uma escolha responsdvel e pla- neada quanto ao ntimero de filhos a ter num quadro de garantia de condigdes dignas de smide e existéncia. 0 processo esta devidamente instrufdo e nada obsta a0 deferimento do pedido. Nestes termos e nos do disposto no n® 2 do artigo 10° da Lei n? 28/11/87, de 31 de Dezembro, vai reconhecida como pessoa juridica a Associagaio Caboverdiana para Protecedo da Familia — VERDEFAM. ‘Ministério da Justiga, 24 de Outubro de 1996. Ministro, Pedro Freire de Andrade. ° MINISTERIO DA COORDENAGAO ECONOMICA E MINISTERIO DO TRABALHO, JUVENTUDE E PROMOCAO SOCIAL Portaria n° 56/95 de 27 de Outubro Considerando que o Decreto-Legislativo 1/95, de 29 de Maio, estabelece o direito & aposentagao ou reforma dos funciondrios aposentados por outro Governo que hajam prestado Servigo ao Estado de Cabo Verde de- pois de 5 de Julho de 1975; Considerando que se condiciona a concretizagdio deste direito a efectivagao dos descontos legais nos ter- mos do Estatuto de Aposentagao e de Sobrevivencia dos Funcionsrios Publicos e A entrada das contribui- ges nos termos do regime geral da Previdéncia Social dos trabalhadores por conta de outrem; Ao abrigo do disposto no n® 2 do artigo 3° do Decreto- Lei n® 1/95 de 29 de Maio; Manda 0 Governo da Republica de Cabo verde, pelos Ministros da Coordenago Econémica e do Trabalho, Juventude e Promogdio Social, o seguinte: Axtigo 1° (0 requerente que tenha sido autorizado pelo Secreta- rio de Estado das Finangas a efectuar os documentos ou contribuigdes devidas poderd liquidé-los em presta- ses dedutiveis na remuneragao mensal ou por dedugio hha pensio, nos termos estabelecidos no artigo 25% do Estatuto de Aposentago e da Pensao de Sobrevivencia, Arig? desconto poderd, igualmente, ser feito em presta- ses, quando a institui¢do gestora da previdéncia social niisso consinta, nao podendo em qualquer caso ultra- passar 1/3 da remuneragdo a receber. Antigos? Sem prejuizo das responsabilidades e encargos que devam ser assumidos proporeionalmente pela institu ‘go gestora da previdencia social, ao Estado, ao aposen- tado ¢ garantido o direito de receber as remuneragdes da entidade para qual tenha prestado mais tempo de servigo. Antigo Para preenchimento do periodo de garantia, seré contado conjuntamente, tanto o tempo de servigo pres- tado na fungao publica como 0 prestado na empresa, ‘com entrada de contribuigdes, procedendo-se a transfe- réncia dos descontos para a instituigao onde o benefi- cidrio descontou mais anos. Antigo ‘A presente portaria produz efeitos a partir da data a sua publicagdo. Gabinetes dos Ministros da Coordenagéo Eeonémica edo Trabalho, Juventude e Promogao Social, 24 de de Outubro de 1995.—Os Ministros, Anténio Gualberto do Rosario — José Antonio dos Reis. ——_—_—_————————————————— IMPRENSA NACIONAL DE CABO VERDE

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