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ANNO I—NUM. 6 SEGUNDA SERIE OUTUBRO DE 1893.

REVISTA MO
Frontino Gruimarães, ^.r-ttivir' Go

Publica-se mensalmente em dias indeterminados. Assignatu Imero avulso Soo réis.


A correspondência deve ser dirigida para a RUA MAR )EODORO, N. IO-B

STJIMIIDwÉ-A-IEtI O o conhecido e venerando clinico dr. Cesario Motta e a


v:rtuosa senhora d. Cândida Clara da Motta.
Estudou primeiras lettras, latim e francez, com seu
DB. CESAKIO MOTTA JúNIOR. ... T. A. tio o cidadão Fernando Motta, na cidade de seu nas-
UM CASO EXTRANHO Magalhães Sobrinho. cimento, continuando os estudos no collegio do Lagea-
ALMA Júlio César da Silva.
INSTHUCÇÃO PUBLICA Frontino Guimarães. do, em Campo Largo.
Os POETAS Amadeu Amaral. No Rio, completou os preparatórios e matriculo.í-
iNSTKUCÇÃo PUERIL. ....... M. Carneiro. se em medicina, tendo feito um curso brilhante, termi-
ARAGY Rachel.
POEMA DA AGONIA Guerra Junqueira. nado com anotide distincção na these que defendeu.
ÁLBUM DE VJSITAS Foi um dos propagandistas republicanos mais in-
CHRONlCA A ESMO Arthur Goulart. temeratos, realisando conferências em diversas loca-
Aviso
lidades da nossa então província.
Em 1877 teve assento como deputado na nossa
O próximo numero da Itecista Moderna trará Assembléa Provincial, onde, com Prudente de Moraes
o retrato e esboço biographico do e Martinho Prado, completou o primeiro triumvirato
DR. HYPPOL1TO DE CAMARGO " republicano dos representantes do povo.
O seu primeiro discurso foi contra a despeza com
um obelisco no Ypiranga, entendendo que seria me-
!£)r. Cesario Dffíctta júnior lhor empregar o dinheiro em instituições de ensino que
emancipassem intelectualmente o brazileiro do eu-
ropeu.
Honra hoje uma dis paginas da nossa fíetista, o Apresentou um projecto criando nesta cap.tal ura
retrato do iilustrado medico e digno Secretario dos instituto de sciencias naturaes, um curso de agricultu-
Negócios do Interior deste Estado, dr. Cesario Motta
ra e outro de pharmacia, declarando que o seu intento
Júnior. era assentar as bases para a creação de faculdades su-
Folha dedicada exclusivamente aos interesses da
periores.
instrucção e do progresso paulista, entrando nesta
Foi signatário de uma indicação para que o gover-
nova phase, procura ella render um preito de home-
no ficasse auctorisado a dispender 100 contos annuaes
nagem a todos aquelles que se têm salientado em prol
para mobiliar as escolas publicas ou construir prédios
do adiantamento deste futuro-so estado, no comraercio,
para as mesmas, sendo preferidos os lugares cujas mu-
nas artes e nas lettras.
nicipalidades fizessem a metade da despeza.
De todos os elementos, porém,que concorrem para
Fundou com alguns companheiros um gabinete de
a civilisação e engrandecimento de um povo, é por sem
leitura em Porto-Feliz e outro em Capivary.
duvida a instrucção o mais importante e transcen-
Nesta ultima cidade residiu até 1890, de ondesa-
dente.
hiu para tomar assento no C mgres«o Federal, como
Eis porque cumpre esta folha um inadiável dever,
deputado paulista, transferindo então a sua residência
rendendo hoje este preito modesto de admiração ao
eminente cidadão que tanto se tem exforçado, no go- para esta capital.
verno deste Estado, pela elevação do nível intellectual Em Capivary clinicou durante muitos annos,
advogando também no crime, onde se salientou bri-
da terra que lhe foi berço.
O dr. Cesario Motta Júnior, nasceu a 5 de Março lhantemente na tribuna judiciaria.
de 1847, em Porto-Feliz, sendo filho de pães ytuanos, Podia ter feito uma grande fortuna si não se oppo-
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zesse a isso o seu generoso coração, pois era um pae da Taes são entre outros, conhecidos do publico, os
oobresa e a sua bolsa sempre se achava aberta para os serviços prestados pelo dr. Gesario Motta Júnior, na
necessitados, e os seus serviços médicos sempre fran- pasta que em boi hora lhe foi confiada.
cos e gratuitos para os menos favorecidos da fortuna. A /feBisía j/oderíiít rende portanto uma justa ho-
Por isso deixou naquella cidade um nome popu- menagem ao illustre cidadão, que tanto se tem imposto
larissimo, do qual se lembram saudosos quantos o co- á admiração e ao respeito dos paulistas, votando-se com
nhecem. tanta dedicação á causa do progresso e do engrande'
Para dar um traço caracterisco da generosidade cimento do seu torrão natal.
do nosso biographido, n'umi época em que não dis-
T. A.
punha de grandes recursos pecuniários, basta que lem-
bremos o que diz o saudoso e chorado patriota Silva
Jardim nas suas Memórias e Viagens, ao descrever as
suas difficuldades de estudante pobre :
« Não tinha dinheiro para pagar a matricula : foi
Gesario Nazianzeno quem m'o deu emprestad ).
Um rasa atemlia
Um modo de dizer, porque nunca mais quiz Ao dr. H. de Camargo.
acceital-o. »
O dr. Gesario Motta fez parte do Gongresso Agrí- Domingo.
cola no Rio em 1868 ; assistiu como representante aos Glara noite de luar esplendido.
Gongressos reunidos nesta capital ; foi autor na Gama- Pelas bandas de um tristonho bairro, afastado de-
ra Federal de diversos projectos relativos á instrucção masiadamente da paulistana cidade velha, lá onde nos
e hygierie; fezpirte da Goramissão dos 21,'dá qual fo1 não importuna o rumorconstante das ruas freqüentadas,
presidente e membro, das commissões de saúde publica e onde o progresso se não extendeu ainda com seus pa-
e instrucção e, á c mvite da Directoria da Sociedade rallelepipedos, suas linhas de bondes, sua iliuminação
de Hygiene do Rio, fez uma conferência no Lyceu. pródiga, seus prédios de architectura hodierna,—em
Oppoz-se como deputado á suppressão do curso pequenina casa arredada, amarella de óca, assim á gui-
annexo á Faculdade desta capital, idéa que tinha sido sa de habitações de proletários, em meu acanhado quar-
aventada. to de estudante acabava de sorver em ardente leitura
Foi membro da Gomraissão Gentral do Partido Re- as derradeiras paginas da historia de Sapho de Myte-
publicano, nesta capital, até que foi chamado ao Go- lene.
verno do Estado pelo digno presidente dr. Bernardino Ávida da grega genial me impressionara em extre-
de Gampos, afim de exercer o cargo de Secretario dos mo o espirito de moço.
Negócios do Interior, que até hoje occupa, com honra Poetisa prodigiosa, invejada por Gorgo e Andro-
para o Governo e lustre para o nome paulista. meda, comecei a maldizer em silencio a sorte que a
Neste cargo tem prestado inestimáveis e valiosissi- fez reinar ha tantos séculos transactos, quando hoje se-
mos serviços á causa publica, curando especialmente ria a mim em excesso deleitoso ouvir de seus lábios as
dos negócios que dizem respeito á hygiene e á instruc- elegias, as harmoniosas elegias, que a immortaliza-
ção primaria, secundaria e superior. ram !
Graças aos seu? exforços e dedicação inexcedivei Lá fora o luar é cadi vez mais enamorado : simu-
foi cortado o passo, neste Estado, á temivel moléstia la abraçar languidamente a extensão inteira da rua
que assombra e horrorisa a Europa inteira — o cholera; morta, clareando com a pallidez marmórea de sua luz
a variola que era quasi endêmica, nesta capital, foi ex- a gramma que a intervallos rasteja esraeraldina.
tincta completamente, fechando-se o respectivo lazare- Rápidas como relâmpagos succedem-se agradáveis
to; a instrucção publica cujas reformas até aqui eram idéas em minha mente scismadora.
executadas morosamente, encontrou no digno Secreta- Aqui eu vejo a formosa e intelligente Sapha dando
rio do Interior o mais disvellado apoio, procurando elle a Alceu apaixonado profundos ensinamentos de moral;
executar em todos os seus pontos a Lei n. 83 de 8 de alli, exilada em poética ilha italiana, banhada pelo Me-
Setembro de 1892 que a modifica, já organisando o diterrâneo, a contemplo triste, compartilhando de sua
Gonselho Superior, já tratando das nomeações dos in- desgraça.
spectores de districtos, já procurando adquirir moveis e Lesbos, cujas praias o mar Egeu beija voluptuosa-
utensílios para as escolas e, realisando a sua maior aspi- mente, parece-me a mim pequena ilha encantada, mo-
ração—ver creada uma faculdade superior em S. Paulo, rada eterna de fadas amorosas, construída de palácios
cuja lei de regulamentação teve a gloiia de assignar. scintillantes de ouro, de rubis, de esmeraldas.
.A.nno I REVISTA MODERNA Num. 6

DR. GESARIO MOTTA JÚNIOR


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'^'iP/ n s^y® ^P6111^^"^ extranho interrompeu as minhas

(
^ '■^livagações^ ^N v'
'^f^^^iei alli a presença de Marcos, o louro
âMIA
"'ías orgias perennes.
Começava a despertar-se do lethargo a que o pros- (Sarcasmos)
trára a bebedeira da noite passada.
Ebrio, soturnamente ebrio, tinha vindo ás quatro A minh^lma, leitor, é uma pobre cidade
horas matinaes de uma tasca immunda, em cujos fun- Em abandono, após uma longa derrota ;
dos sempre e sempre se reunia aos companheiros de E' uma cidade pobre, amplíssima e remota
bohemia. Da qual a gente se recorda com saudade.
Cantarolando cantigas de sua terra, cambaleante
Largas ruas sem fim, amplas ladeiras... nota :
entrou na alcova, deixando-se cahir vestido, e ainda de
chape'u, sobre a cama, uma marqueza baixa, feia e es- Que silencio tão triste a praça toda invade!
treita. Tudo em ruinas, deserto !... a minha cara herdade...
Somente agora, nove d? noite, parecia dar accòr- Tudo immerso no cahos de uma tristeza ignota !
do de si.
Pomares todos nús de verdura... Um cypreste
Levantou a cabeça e, lançando rápido olhar em
Apenas, mudo, agita a folhagem, distante...
derredor, indagou a mim das haras.
Por tudo se respira um ambiente de peste
E adormeceu de novo.
Castellos a derruir... alas de casas nuas...
— Então ! vamos á cidade ? perguntei ao optimo Ninguém, ninguém,.. Eu só, como único habitante,
companheiro, qu", após novamente despertar, acabava A passear, a passear pelas desertas ruas.
de vestir uma elegante fatiota de cachemira clara.
— Vamos; necessito mesmo de buscar do Ambro- JúLIO CéSAR DA SILVA.

sio Le docteur Pascal, ultima producção do grande mes-


tre... e mesmo interessa a mim saber em que consiste
a tal combustão espontânea...
Sahimos. INSTRUCÇÃO PUBLICA
O luar... sempre o magnífico luar !
Marcos, distrahido, lépido gyrando nos dedos finís-
O indifferentismo, o menospreso, com que tem sido
sima bengala de unicornio, encastoada de ouro, asso-
tratada a classe do professorado publico, no nosso paiz
biava trechos da popular Gran ria, truncando-os sem-
por parte dos poderes competentes, tem levado quasi
pre.
o desanimo, a descrença de se vel-a elevar-se á altura
Quanto a mim, prolongando vagamente o olhar
a que merece. Si é principio incontroverso que o en-
pela extensão da rua deserta, allumiada com prodiga-
grandecimento de um povo está na rasão directa d.i
lidade pelo decantado planeta das noites de verão, scis-
sua instrucção, esta classe, cuja missão nobre é pre-
mava, scismava em não sei quê.
parar cidadãos ureis e prestaveis á pátria, quando não
Caminhamos desse modo muitas dezenas de passos.
gozasse de certas immunidades, de certos privilégios,
Súbito, porém, o meu amigo, que até áquelle mo-
devia ao menos merecer a attenção do governo, dando-
mento nada dissera, deixando de assobiar, parou, e,
lhe meios, recursos para a sua manutenção, para a sua
voz terrorizada, indicando com a bengala um trecho da
elevação, na posição que occupa na sociedade.
estrada, disse :
Os governos não podem descurar da instrucção
— Foi aqui !... Exactamente neste mesmo lo-
popular, base e alicerce de todo o governo e principal-
gar!...
mente da democracia que é o governo do povo pelo
MAGALHãES SOBRINHO. povo.
(Continua).
Já nos antigos tempos em Roma e Athenas, berço
de tantos jurisconsultos e philosophos, em cujas dou-
Tomou posse no dia 3 do corrente do cargo de trinas os modernos pensadores, vão encontrar um ma-
director da Escola Normal, para o qual foi ultima- nancial de sciencia e de luz, os governos procuravam
mente nomeado, o prestimoso cidadão Gabriel Prestes,
nosso distincto collega do «Estado de S. Paulo». diffundir a instrucção por todas as camadas sociaes.
Parabéns ao governo e á Escola Normal pela boa Na França, o paiz livre por excellencia cuja liber-
acquisição que acabam de fazer. dade fora conquistada com o sacrifício de milhares de
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vidas, mas dando ao homem direitos que até então OS FOET^-S


estava privado de gozar, apezar de lhe serem natuos,
defin'ndo-lhe a posição nobre e altiva para que veio
ao mundo, na França digo eu, já no tempo dos impe-
EpHEmRAS, versos, por Silvio de Almeida. Prefacio de
radores encontramos muitos delles preoccupando-se Haymundo Corrêa. — S. Paulo, 4893.
grandemente com a instrucção primaria, como Luiz
XIV, que deu o seu noma ao século em que viveu, Gentilmente convidado por um dos distinctos re-
como Francisco I, no século XVI, antevendo a ruina dactores desta folha para tratar do livro presente, co-
do seu paiz, pela ignorância do seu povo, mandou meço sem recusar o convite, por declarar que não são
chamar Erasmo, esse espirito reformador, e franquean- as linhas que aqui deixo, longe de merecerem foros de
do-lhe os cofres públicos diz-lhe qae trabalhasse e con- critica autorisada, que lhes não posso dar, senão um
seguisse o renascimento das lettras e das artes, tão de- simples juiso, modestamente despretencioso.
cadentes. Isto dito, levanto sem mais nada uma censura de
Erasmo, amante como era da instrucção, com- que merecida mente precisa o intelligente bardo minei-
prehendendo que para desempenhar-se desta incum- ro, por arrecadar de suas gavetas grande parte ou todas
bência, era necessário, era preciso instruir o povo, tra- as producções que lhe sahiram das mãos, excellentes e
ctou logo de crear escolas, institutos, onde a todos fos- medíocres, para offerece-las ao publico numa pouco at-
se dado freqüentar. tractiva mistura, volumosa, pesada, em que as cousas
Na republica Norte Americana, essa republica mo- boas são prejudicadas pelas que inteiramente não o
delo, muito se tem feito em prol da instrucção publica, são.
desde o tempo do seu immortal fundador Washington, O livro, tendo producções admiráveis, também
que ao assumir as rédeas do governo, exclamava : «a tem aquillo que se pode chamar—manchas do sol: pro-
virtude e a intelligencia dos cidadãos, são duas garantias ducções atarracadas numa mediocridade vulgar, umas,
indispensáveis das instituições republicanas». defeituosas quanto á fôrma, outras ; é um cofre, e bem
Ali o professor publico occupa uma posição ele- mau cofre, graças aos trabalhos typographico e de en-
vada, nobre, que teem os funccionarios públicos, os cadernação, atulhado de filigranas artisticamente tra-
magistrados, e as escolas primarias são plantadas era balhadas, de ouro puro, em mistura com quinquilhe-
todos os recantos das cidades e aldéas. rias ligeiras e pérolas betadas, diamantes com jaca.
Quando em 1866, o parlamento francez tratava de Faziam as Ephemeras outro effeito si fossem um
reformar a instrucção primaria, Jules Simon em um livro redondo á metade do que é, contendo, unicamen-
eloqüentíssimo discurso disse, que a primeira riqueza te as melhores producções do poeta, que as tem boas'
de um paiz, é a riqueza intellectual e como todas as e ao par disso bem impresso, bem encadernado, leve,
riquezas, tem ella necessidade de ser cultivada para ser elegante.
fecunda, disse mais, que a intelligencia é a primeira for- O talentoso sr. Silvio, um dos poucos poetas do
ça do mundo. microcosmo litterario paulista que fazem jús a encomios
Entretanto, si existe o desanimo, a descrença que ha de concordar que merece a censura...
já nos referimos, todavia, pelos legisladores do con-
gresso estadual fji elaborado um projecto de reforma
digno da uma corporação tão illustre, o qual apenas O livro presente é um escrinio de versos em gera1
depende da sancção governamental, para ser posto em fluentes, bem feitos, com uns tons levemente austeros
execução, que veio plantar um novo marco a esta clas- de ouro velho; a idéa aconchega-se á phrase, com
se do professorado publico, dando incentivo para uma suas bellezas, mais ternas e cantantes que atrevidas ou
nova vida, para o engrandecimento intellectual e mo- gritadoras.
ral deste Estado. O sr. Silvio reflecte em seus versos o temperamento
morno de que é dotado e a calma de seus trinta anhos
FKONTINO GCIMAUãES.
de moço burguez, assignalados pela sua barba avigorada
e por seu todo de homem serio, casado, director de
Por iniciativa do Bispo Diocesano exm. e revdm. collegio, mettido emfim no prosaismo desolador do
D. Lino Deodato Rodrigues de Carvalho, foi fundada
nesta Diocese, a Federação Catholica, que, entre os mundo. Em seus versos não transluzem chispas ver-
innumeros benefícios que pretende prestar ao nosso melhas de ligeiras brejeirices, de pequeninos atrevimen-
Estado e ao catholicismo, acha-se o da creação de es- tos poéticos, hoje tão em moda; são calmos, reflectidos,
colas gratuitas para as crianças desvalidas.
Apresentamos a sua-ex." o sr. Bispo Diocesano, as rriacissos.
nossas felicitações por tão grandiosa e humanitária idéa. Esse pessimismo de olhos esgazeados pallido e do-
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queQihí sa'agita amalucadamsnte nos diários bem e não perturbar a boa ordem que deve reinar em
N,c(3paiz/n&oypparece nas Ephemeras. o recinto da escola. O contrario seria, pelo cansa-
fíiTrq/la. seus versos duma sensivel noccão ço, enfraquecer as faculdades mentaes da criança, com
fé^-éç.ariw^y-ue esperanças; transparece nelles um grave risco de Ih3 prejudicar a co.istituição physica.
i^tfbnciliação, de branduras, bondadoso, numa Um menino em taes condições pôde tirar proveito
ímpetamento morno e dócil. estudando no lar doméstico; mas nos collegios ou esco-
Portanto, é esse um livro bom para a alma. Não se las publicas, freqüentadas por alumnos em numero
nos aviventa ao lel-a, essa chaga febricitante da doen- avultado, não pôde haver classe privilegiada e, por ex-
ça do século, chaga que sentimos premida irritante- cepção, dispensada do regimen e methodos adoptados.
mente por essa alluvião de versos que ahi pullulam, Aos 7 annos, porém, a criança de boi constituição
desesperados e doloridos, rebentando em imprecações, physica tem adquirido a robustez necessária para sup-
num desvairamento aloucado. portar os rigores da disciplina e fazer os esforços men-
Francamente : quasi cheguei a articular uma ben- taes a que é obrigado, conf jrme a classe a que per-
ção ás Ephemeras, quando fechava o livro. tencer.
O professor, para poder tirar o miior aproveita-
Antes de terminar este rosário de phrases insossas, mento, deve empregar o seu primeiro cuidado em es-
aqui encravo ama das bellezas do poeta : tudar a indile e temperamento dos alumnos, afim de
conhecer qual deve ser o seu procedimento para com
O POETA.
elles; porque os fracos e tímidos carecem de animação
Minh'alraa livre pelos ares voa. e agrado, emquanto os petulantes e altivos precisam de
Rápida e leve como pennas d'ave, um certo grão de rigor para se tornarem submissos,
E sobe, como o incenso pela nave
Edesce,comoa garça na lagoa. obedientes e disciplinados, a bem da ordem e respeito
que deve reinar em o seio da escola.
Em suas fibras tremulas resoa, A aprendizagem escolar inicia-se pelo alphabeto,
Por mais que a dor o pensamento entrave. que constitue a primeira difficuldade a vencer.
De amor um canto limpido e suave,
Que o mundo enflora e as solidões povoa. Gousa notável! A criança que em seus primeiros
annos faz prodígios de memória, distinguindo cousas e
O inexhaurivel quer, pouco lhe basta, pessoas e decorando milhares de nomes, ao encetar
E' doce, meiga, religiosa e casta,
Sorri e chora por um quasi nada. sua carreira escolar, mostra-se de uma imbecilidade
atroz para conhecer distinguir e gravar na memória os
Não vê perigos a que não se affoite, signaes característicos das lettras maiúsculas e minús-
E fica sem dormir por toda a noite
E sae cantando pela madrugada. culas do alphabeto. E' necessário tempo e paciência.
O alumno, depois, aprenderá a distinguir as sylla-
Para terminar : o sr. Silvio de Almeida nos deu bas e pronunciar as palavras, passando em seguida aos
um bom livro, não nos sendo, porém, licito esperar de elementos de escripta e contas, e quando tiver adquiri-
si um melhor, visto como sua estréa já foi tardia. do bom desenvolvimento de leitura, far-se-ha estudar
Emfim, merece parabéns, e eu lh'os dou sincera- as regras de grammatica, noções de geographia, de
mente. historia e noções de cousas, observando invariavelmen-
AMADEU AMARAL. te a regra—de que se deve marchar sempre do simples
e facto para o mais difficil e complicado.
O facto de irem os alumnos á escola para se in-
INSTRUCÇÃO PUERIL struírem intellectualmente por meio de exercícios men-
taes e práticos, não exime o professor da obrigação de
A criança, naturalmente bem constituida, dos 6 continuar a desenvolver sua educação moral, iniciada
para os 7 annos está apta para encetar seu curso primá- com maior ou menor proveito, com maior ou menor
rio em qualquer escola. cuidado, no seio das respectivas famílias. Por isso a
Ha progenitores que, por impulso mal entendido, missão do preceptor, em relação aos discípulos, é du-
mandam seus filhos á escola com 5 annos, e até com pla : educar e instruir. Educar, isto é, formar-lhes o
menos; mas, em tão tenra idade, o alumno não coração, de modo que se tornem bons, polidos, morige-
pôde ser submettido ao regimen escolar : poderá quan- rados e bem comportados; instruir, quer dizer, dilatar-
do muito ser extranumerario, com faculdade de estu- lhes a esphera da mentalidade, lubilitando-os a mais al-
dar e aprender livremente, sem methodo e sem outra tos commetimentos.
obrigação disciplinar que não seja a de se comportar Setembro de 93. M. CARNIIRO.
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ARACY cto ameaçador. O uivo feroz estrugiu na selva, que


parecia estremecer de temor e foi despertara joven
indiana adormecida na rede de pennas.
Cantava meio dia no alto. Aterrorisada saltou precipitadamente, e gelada
O céu era um vasto zimborio de turqueza onde immovel como uma estatua, fixou o negro olhar na
fluctuava derramando a prumo sobre a terra a sua al- terrível panthera.
java de settas doiradas, o disco abrazador do sol de O medonho felino approximou-se mais da joven,
estio. parecendo extasiado de admiração. Os olhos cresciam-
Circulava uma temperatura morna pelo ambiente lhe das orbitas, as fauces medonhamente distendidas,
e se evolava pelo espaço uma nuvem de aromas e abertas, deixavam ver duas fileiras de dentes al-
caricias vindas do espesso bosque que se perde lá ao vos e agudos e as patas dianteiras alongavam-se para
longe no horisonte da matta. diante.
Cessara o ruido dos trinados dos pássaros cantores, Frente a frente mediram-se num olhar,
os sibilos das serpentes, e nem si quer a voz rouca do O terror gelava os membros de Aracy que fixava
vento passava nas franças dos arvoredos. Apenas um os grandes e profundos olhos sobre a panthera, em-
ou outro som longiquo e doce vinha rolando dos cumes quanto que esta despedia das orbitas um olhar parado
dos outeiros azues e morriam em suas verdejantes e numa reflexão de ameaça. Parecia que tanta beüeza a
florescentes bases. petrificara; diante d'aquelles olhos que cantavam uma
Tudo era verde e delicioso ! suavidade angelical, o aspecto da panthera transformou-
Aqui estendia-se um tapis de esmeralda com es- se subitamente, o olhar ameaçador tornou-se brando,
maltes variegados, ali extensos pinheiraes—violinos das meigo dolorido, e como o coração de fera se enterne-
flores, em cujas cordas a briza desfere suas canções. cesse, as patas vergaram sobre a relva espessa lamben-
Viam-se também cyprestes que pareciam contemplar do-lhe as plantas amorosamente.
serenos e impassíveis a todo o explendor deste bosqu». E depois, dando um pulo, rápido, selvagem saccu-
Uma alluviáo de borboletas quaes pétalas orvalhadas diu a cauda e foi em largos galões para o seio da matta
cabidas do céu, adejavam de flor em flor e ninhos virgem.
de pássaros balançavam-se docemente nos delicad is Aracy abandonou a sua rede de pennas e mages-
ramos das heras serpejantes. tosamente encaminhou-se a passos lentos para a taba
Tudo convidava a silenciosa contemplação. de seu pães.
Abrigada do sol ardente, fluctuava no ar uma rede
RACHEL.
de macias pennas coloridas de vários matizes, suspen-
sa aos troncos de dous jacarandás, onde se via recli-
nada de flmco, Aracy, a filha do cacique de uma das
tribus mais guerreiras e valentes das tribus indíge-
:E>O:B:M:.A. JDJ±. ^.a-onsri-A.
nas. (FRAGMENTOS)
As flores e as pennas das suas vestes pareciam
harmonisar-se para realçarem-lhe a bellezi. Salão de castello feudal. Nas paredes panoplias tape-
Nos seus olhos brilhava o negrume de um perigo e çarias, retratos dos antepassados. No fogão colos-
os longos cabellos cahiam índolentemente sobre o bron- sal arde um tronco d'arvore. Ao lume amodor-
zeado crestado pelo sol tropical. rados, os três cães familiares do monarcha : lago,
Mais lá, ao longe, quasi occulta nos bosques cerra- cão de fila feroz e estropeado ; Judas, cão de caça
dqs estava a taba de seus pães. tinhoso, lazarento, espinha torta, olhar dúbio de
As horas passavam de manso, de manso... hiena; Veneno, fraldigueiro pérfido, raça Carlin.
Cançados de contemplar tanta verdura, os olhos Noute trágica. O mar ulula, a ventania ruge. Tro-
de Aracy cerraranti-se pouco a pouco e ella adormeceu. vões profundos, relâmpagos formidáveis.
De vez em quando agitava-se na rede, e ura leve De quando em quando na escuridão aziaga da noute,
sorriso passava-lhe pelos lábios coralinos. um velho doido fantasmatico, longas barbas de
Parecia sonhar. neve. olhar alucinado, coberto de andrajos, esvoa'
O celeste plainos dos céus tinha o colorido dos çando-lhe aos hombros um manto esfarrapado,
mares, e a natureza desatava-se em risos e flores. restos de bandeira podre ou de sudario, canta so-
Veio quebrar este silencio morno o estridente luçando, ele^ias trágicas, numa melopéia fúnebre
uivo de uma panthera esfaimada, cinzenta, coberta d'agoiro. Todas as vezes que o doido canta os
de pequenas manchas de um negro carregado de aspe- , três cães ladram furiosos e espavoridos.
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SCENA 11 {lago redobra de festas, lambendo-lhe humildemen-


O REI (d janella, tremulo de medo, acabando de te os pés)
ouvir uma canção do doido) Ah ! escusas de ganir dedicações idiotas !
O doido!... Aquella voz de fintasma titanico Fiel?... Fidelidade má... suja-me as botas !
Gela-me o sangue, e petrifica-me de pânico !... Vae-te d'aqui !... conheço o teu caracter... vae !...
Porque ? Ignoro-o... E' o mesmo instincto singular, Tu mordestes meu pae ! tu mordestes meu pae.
Que faz ladrar os cáes mal o ouvem cantar !... Cachorro ! !... No esqueleto ainda porventura
Visiono um justiceiro... um carrasco sangrento Se encontrarão signaes da ignóbil dentadura...
D'além campa... a marchar no escuro, a passo lento, Seu manto esfrangalhaste aos pedaços, e em troca
Direito a mim... Lá vem ! Lá vem vindo... não tarda !... Meu pae, ó covardia real ! disse-te—aboca !
Quem me defende ?... a minha corte? a minha guarda ? Atirando-te um osso aos pés... E desde então
A minha guarda!... a minha corte!... Ah bons amigos ... E'sda realeza o melhor guarda, o melhor cão !...
Como hei de crer em saltimbancos e em mendigos E o vadiod'outr'ora, o mastim fero e bruto,
(Assentando-se ao fogão, juncto dos cães) De ventre magro, o olhar em sangue, o pello hirsuto,
Se nem mesmo nos cães tenho confiança já ! Capaz de trincar ferro ou mastigar cascalho,
Eil-o:-Rufião!... Poltrão!... Ventrudo-mór!... Bandalho!
(Silencio. Os três cães enchem-o de festas, bei- [Erguendo-se)
jam-lhe as pernas, enrodilham-se-lhe aos pés como que
soluçando fidelidade fanática; dedicação sem limites). E são três cães, lago, Judas e Veneno,
[Affastando lago brutalmente) Um tigre podre, um chacal torto e um rato obsceno,
lago... lago... então !... basta de festas, vá I... O meu ultimoamparo!... Oh, baixeza! oh, baixeza!...
Beijocahdo-me os pés, lambusando-me as mãos, Tutelada por cães d'esquina uma realeza
Pretendes tu ganir, tal qual os cortezãos, De oito séculos '
Que és meu amigo... Eu sei... eu sei que na verdade
E's meu amigo... Estás obeso como um frade,
o DOIDO {na escuridão da noute)
Tive castellos, fortalezas pelo mundo...
E, com esse ar de grande gala e de respeito,
Não tenho casa, não tenho pão !...
Davas um duque embaixador... Ah, que perfeito,
Tive navios... immensas frotas... mar profundo,
Seria o teu brazão ! Um mastim como um toiro,
Onde é que estão ? !... onde é que estão ? !...
Guela aberta a ladrar furioso em campo d'oiio...
Tive uma espada... ah ! como um raio ardia, ardia
O que é pena, cachorro, é ver-te a dentadura
Na minha mão...
Já toda apodrecida e partida... Foi dura.,.
Quem m'a levou, quem m'a trocou quando eu dormia
Mas tanto pontapé t'a esmigalhou, coitado.
Por um bordão ? !
Tanto festim, monstro voraz, tens mastig ido,
E tive um nome... um nome grande... e clamo e clamo,
Que os teias colmilhos, que eram d'aço e eram punhaes,
Expiação !
Eil-os : cortiça com bolor !... Não mordem mais...
A perguntar, a perguntar como me chamo !...
Não mordem mais, nedio cachorro, amigo meu !...
E as unhas, á cautella, essas cortei-t'as eu
Como me chamo ? !... como me chamo !...
Prefiro ver-te assim, opiparo e pacato,
Péra a fingir, molosso falso d'apparato. Ai! não me lembro !... perdi o nome na escuridão ! !...
Roncas inda na voz trovões... trovões de farça...
GüERKA JUNQÜEIRO.
Anda, troveja, charlatão ! Ladra, comparsa !
Nem a um rato põe medo o teu olhar sombrio :
Domestiquei em porco o javaly bravio... ÃLBUM DS VISITAS
■ ■*•

Um cão sem dentes, defensa d'um rei sem throno ! Recebemos:


Analyseda Constituição Brazileira, pelo dr, José
Pobre de ti !... pobre de mim !... tal cão, tal dono !,.-
Maria C. de Sá e Benevides.
O throno !... oh! bem te importa o throno! eu sei, eu sei Por ser um trabalho importantíssimo, incumbimos
Que é a mesa, o erário e a cosinha d'el-rei. a um nosso collaborador de fazer uma apreciação sobre
este livro, que publicaremos no próximo numero.
O que te importa unicamente... Se eu faltar, 0 Álbum, que vem sempre magnífico. A Semana,
Adeus coleira, adeus gordura, adeus jantar !... da qual é director o conhecido escriptor fluminense
Sórdido animalejo tropego, corrido. Valentim Magalhães; 0 Ecko da Mocidade, orgam do
Grêmio Litterario e Scientifico do Instituto Official da
De viella em viella e beco em beco, entre o alarido Bahia, Norte Paulista, de S. José dos Campos, 0 Athle-
Da multidão, irás, espostejado á faca, ía, deMogy-mirim, Correio do Povo, hous Córregos,
Obturur a garganta podre a uma cloaca ! Gazeta de Bragança, Sportsman, etc.
A todos, os nossos agradecimentos.
REVISTA MODERNA

Olavo Bilac, Raymundo Corrêa, Alberto de Oli-


GHROMCA A ESMO veira e Luiz Murat. Pois nós conhecemos muitos ou-
tros e entre elleso d.. Sylviode Almeida. O dr. Syl-
vio tem inspiração, estylo mavioso e correcção, predi-
cados necessários a um bom poeta. Logo elle é um
verdadeiro bardo.
SUMMARIO :— A Semana.- -Ephemeras.— G. Prestes.—
Raymundo Corrêa, um dos mestres da actual poe-
Passamento.
sia brazileira, disse : «O livro de Sylvio é dos que se re-
Temos recebido com regularidade os números commendam a si mesmo, sem dependência de para-
d'«A Semana», a brilhante folha fluminense sob a illus- nymphos litterarios, não só pelo fundo, como pela for-
trada e criteriosa redacção do festejado escriptor dr. ma com que as idéias e imagens se nos offerecem nelle,
Valentim Magalhães. trajadas naturalmente e em geral com uma graciosa
simplicidade que me não parece muito commum. E
«A Semana» é um orgam por excellencia littera-
não é somente um bom livro, é um livro bom.»
rio e é c dlaborada pelas mais brilhantes pennas nacio-
naes. Opiniõescomo estas, valem por certo alguma cousa.
O livro em geral contém poesias bellissimas e di-
Só um nome basta para tornai-a popular e para
gnas de serem lidas pelas mais abalisadas aucto-
fazel-a querida e apreciada dos litteratos novos e ve-
ridades poéticas. Horário disse : «A poesia é uma das
lhos,—é o do seu glorioso redactor dr. Valentim Ma-
galhães. bellas artes, e nestas não ha meio termo. Ou o bom
ou cousa nenhuma.»
A «Revista Moderna» saúda pois com enthusiasmo
Ora o livro do dr. Sylvio de Almeida foi julgado
o alegre reapparecimento d'aA Semana.»
bom pela critica imparcial e abalisada, logo elle é um
verdadeiro poeta e não um simples versejador, como
disse o sr. Garcia Redondo !
A obra poética «Ephemeras» conquistou pois des-
Parece que á nossa poesia começa a despontar uma
de já ao dr. Sylvio de Almeida um logar distincto entre
epocha de renascença.
os nossos mais inspirados poetas.
Assim temos tido > prazer de ver publicadas ulti-
mamente varias obras poéticas de verdadeiros tal-entos
nacionaes da moderna geração. Assim, Júlio César da
Silva deu-nos as Estalactites, Ezequiei Júnior os Poe-
Por acto de 25 de Agosto do corrente anno, foi
mas, Cruz e Souza os Gloqueios, Luiz Rosi as imagens e
Visões, e Sylviode Almeida as Ephemeras. nomeado o nosso distincto amigo Gabriel Prestes para
occupar o importante e espinhoso cargo de director da
Avante, pois, esperançosa e brilhante mocidade !
Escola Normal deste Estado. A escolha do governo
Vossos talentos sã J risonhos e bellos! O Brazil, es-
não podia ser melhor, pois o illustrado moço além
ta abençoada pátria de tantos filhos illustres, terá o
orgulho de mais tarde registrar com caracteres doura- de possuir um espirito preparadissimo, tem concor-
rido muito, por meio da sua palavra de deputa-
dos os vossos nomes no sacrosanto p.intheon das let-
tras ' do estadoal e da sua scintíllante penna de jorna-
lista, para o progresso da nossi Instrucção Publica.
Vamos fallar, pois, um pouco do livro de versos
Parabéns a Gabriel Prestes. Parabéns á Escola
Ephemeras, obra que tem sido plenamente acce.ta não
Normai,
só pela imprensa paulista como também pela flumi-
nense.
O seu auctor dr. Sylvio de Almeida, embora exa-
geradamente modesto, já possue como poeta uma repu- Não podemos fechar a nossa chronica sem registrar
tação firmada em o meio litterario deste Estado. O mo- o passamento do integro magistrado dr. Francisco Ma-
ço poeta ainda era estudante, quando as columnas do chado Pedrosa, ministro do Tribunal de Justiça deste
«Estado», d'«A Platéa» e do «Diário Popular» estam- Estado. O finado foi um cavalheiro de finas qualidades
pavam de quando em vez uma producção poética de sua e um funccionario publico dos mais distinctos.
lavra. Nossos sentidos pezames a sua exma. família.
Então já o dr. Sylvio goziva de merecido conceito
nas lettras e todos os seus confrades o respeitavam como 3o—Setembro—93.
um poeta de estylo elegante e de correcçáo a toda a
prova. ARTHDR GOULART.
Vemos, pois, que o dr. Sylvio é um verdadeiro bar-
do, desde menino que se dedica com apaixonado amorá
ftntig^ublime da poesia.
» As «Ephemeras» são um bom livro de versos sim-
ples e inspirados, e perfeitamente correctos.
Por ter sido impossível trabalhar a nova machina
O dr, Sylvio de Almeida é um poeta de nascimento,
não ha duvida, b^sta ler os seus primorosos trabalhos de phototypia mandada vir pelos srs. Souza & Steidel
poéticos para provar exuberantemente o que affirmi- para a impressão dos retratos do nosso jornal, damos o
mos.
retrato deste numero em litographia, garantindo-nos os
Alguns críticos censuraram a má impressão do li-
vro, e realmente ella não está nitida, mais em compen- mesmos senhores que dqjjrtlíioíoHiaiTSStíSjn diante
sação o que a obra contém é primoroso, attrahente e continuarão a dar-nQKlffabffiao. LIc 1 fi. 11u aaqSIM íaova
agradável.
O sr. Garcia Redondo disse em uma critica sua so-
bre as «Ephemeras», publicada'em o «Diário Popular»
de 24 do mez de Setembro passado, que só reconhece
"achin"ph°,0,,pí1±ÍLüMM
no Brazil quatro poetas verdadeiros que são : Typ. de Oscar Mohiç&i,^i^i

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