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Documentos

ISSN 1516-781X
Abril, 2014 269

Manual de identificação de
insetos e outros invertebrados
da cultura da soja
3ª edição
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária ISSN 1516-781X
Embrapa Soja Abril, 2014
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Documentos 269
Manual de identificação de insetos
e outros invertebrados da cultura da soja
3ª edição

Daniel Ricardo Sosa-Gómez, Beatriz Spalding Corrêa-Ferreira, Clara Beatriz


Hoffmann-Campo, Ivan Carlos Corso, Lenita Jacob Oliveira (in memoriam), Flávio
Moscardi (in memoriam), Antônio Ricardo Panizzi, Adeney de Freitas Bueno, Edson
Hirose e Samuel Roggia.
Autores

Embrapa Soja,
Londrina, PR
2014
Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:
Embrapa Soja
Rodovia Carlos João Strass, s/n - Acesso Orlando Amaral
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Secretária executiva: Regina Maria Villas Bôas de Campos Leite
Membros: Adeney de Freitas Bueno, Adônis Moreira,
Alvadi Antonio Balbinot Junior, Claudio Guilherme Portela Manual de identificação de insetos e outros invertebrados da cultura da soja/
de Carvalho, Fernando Augusto Henning, Eliseu Binneck, Daniel Ricardo Sosa-Gómez ...[ et al.] – 3.ed. Londrina: Embrapa Soja,
Liliane Márcia Mertz Henning e Norman Neumaier. 2014.
100p. : il. color. ; 18 cm. - (Documentos / Embrapa Soja, ISSN 1516-
Supervisora editorial: Vanessa Fuzinatto Dall’Agnol 781X; n. 269)
Normatização bibliográfica: Ademir Benedito Alves de Lima
Editoração eletrônica: Marisa Yuri Horikawa
1.Soja-Inseto. 2.Praga de planta. I.Sosa-Gómez, Daniel Ricardo. II.Título.
1ª edição III.Série.
1ª impressão (2006): 8.000 exemplares
2ª edição
1ª impressão (2010): 5.000 exemplares CDD 633.3497 (21.ed.)
3a edição
1a impressão (2014): 5.000 exemplares 
Embrapa 2014
Autores

Daniel Ricardo Sosa-Gómez Ivan Carlos Corso Adeney de Freitas Bueno


Engenheiro agrônomo, Dr. Engenheiro agrônomo, M.Sc. Engenheiro agrônomo, Dr.
Pesquisador, Embrapa Soja, Londrina/PR Pesquisador, Embrapa Soja (até 06/2009) Pesquisador, Embrapa Soja, Londrina/PR
daniel.sosa-gomez@embrapa.br i_corso@sercomtel.com.br adeney.bueno@embrapa.br

Beatriz Spalding Corrêa-Ferreira Lenita Jacob Oliveira (in memoriam) Edson Hirose
Bióloga, Dra. Engenheiro agrônomo, Dr.
Pesquisadora, Embrapa Soja (até 04/2008) Flávio Moscardi (in memoriam) Pesquisador da Embrapa Soja
Londrina/PR Santo Antônio de Goiás/GO
bscferreira@gmail.com Antônio Ricardo Panizzi edson.hirose@embrapa.br
Engenheiro agrônomo, Ph.D
Clara Beatriz Hoffmann-Campo Pesquisador, Embrapa Trigo Samuel Roggia
Bióloga, Ph.D. Passo Fundo/ RS Engenheiro agrônomo, Dr.
Pesquisadora, Embrapa Soja, Londrina/PR antonio.panizzi@embrapa.br Pesquisador, Embrapa Soja, Londrina/PR
clarabeatriz.campo@embrapa.br samuel.roggia@embrapa.br
Apresentação

Antes da adoção de qualquer medida de controle de uma praga agrícola, há necessidade da sua correta identificação.
Espécies semelhantes podem apresentar suscetibilidades diferentes a um mesmo inseticida, assim como
comportamentos diferentes. Portanto, o reconhecimento da espécie é de fundamental importância para o manejo
adequado de suas populações. Este manual tem por objetivos facilitar e orientar na identificação rápida das espécies
de invertebrados-pragas mais importantes encontradas na cultura da soja. A identificação da espécie, com base nas
imagens contidas nesta publicação, permite obter as informações adicionais existentes sobre a praga e pode orientar
para o seu encaminhamento a um especialista para identificação definitiva. Dessa forma, esta publicação é útil para
agricultores, estudantes e profissionais que desenvolvem atividades relacionadas à cultura da soja.

Nesta terceira edição foram adicionadas novas pragas de ocorrência mais recente.

José Renato Bouças Farias


Chefe-Geral da Embrapa Soja
Sumário
Pragas que atacam plântulas..................................................................................................................................................................... 9
Lagarta-elasmo ou broca-do-colo (Elasmopalpus lignosellus) .......................................................................................................................................................10
Lesmas e caracóis.................................................................................................................................................................................................................12
Piolhos-de-cobra....................................................................................................................................................................................................................14
Pragas que atacam raízes....................................................................................................................................................................... 15
Percevejo-castanho-da-raiz (Scaptocoris castanea, S. carvalhoi e S. buckupi)................................................................................................................................16
Cochonilha-da-raiz (Dysmicoccus brevipes)...............................................................................................................................................................................18
Corós (Phyllophaga cuyabana, Liogenys spp., Plectris pexa e outros)...........................................................................................................................................20
Pragas atacam pecíolos e caules............................................................................................................................................................. 23
Tamanduá-da-soja ou bicudo-da-soja (Sternechus subsignatus)....................................................................................................................................................24
Cascudinho (Myochrous armatus)............................................................................................................................................................................................26
Lagarta-maruca (Maruca vitrata)..............................................................................................................................................................................................27
Broca-das-axilas (Crocidosema aporema).................................................................................................................................................................................28
Búfalo-da-soja (Ceresa brunnicornis e C. fasciatithorax)..............................................................................................................................................................30
Pragas que atacam folhas....................................................................................................................................................................... 33
Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis)....................................................................................................................................................................................34
Falsa-medideira (Chrysodeixis includens)..................................................................................................................................................................................36
Falsa-medideira (Rachiplusia nu)..............................................................................................................................................................................................38
Lagarta-enroladeira (Omiodes indicata).....................................................................................................................................................................................40
Vaquinha-verde ou patriota (Diabrotica speciosa).......................................................................................................................................................................42
Vaquinha (Cerotoma arcuata)..................................................................................................................................................................................................44
Vaquinha (Colaspis sp.)..........................................................................................................................................................................................................45
Tripes (Caliothrips braziliensis e Frankliniella schultzei)...............................................................................................................................................................46
Ácaro-verde da soja (Mononychellus planki)..............................................................................................................................................................................48
Ácaro-rajado (Tetranychus urticae)..........................................................................................................................................................................................50
Ácaros-vermelhos (Tetranychus ludeni, Tetranychus desertorum e Tetranychus gigas)...................................................................................................................52
Ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus)..............................................................................................................................................................................54
Mosca-branca (Bemisia tabaci)................................................................................................................................................................................................56
Torrãozinho (Aracanthus mourei).............................................................................................................................................................................................58
Bicudo-pequeno-da-soja (Promecops claviger)............................................................................................................................................................................59
Metaleiro (Magacelis sp.)........................................................................................................................................................................................................60
Burrinho-da-batatinha (Epicauta atomaria).................................................................................................................................................................................61
Gafanhotos...........................................................................................................................................................................................................................62
Pragas que atacam vagens..................................................................................................................................................................... 63
Lagarta-do-velho-mundo (Helicoverpa armigera).........................................................................................................................................................................64
Lagarta-das-vagens (Spodoptera albula)....................................................................................................................................................................................68
Lagarta-das-vagens (Spodoptera cosmioides)............................................................................................................................................................................70
Lagarta-das-vagens (Spodoptera eridania).................................................................................................................................................................................72
Lagarta-das-vagens (Spodoptera frugiperda)..............................................................................................................................................................................74
Broca-da-vagem (Etiella zinckenella).........................................................................................................................................................................................76
Lagarta-da-maçã do algodoeiro (Heliothis virescens)...................................................................................................................................................................77
Percevejo-marrom (Euschistus heros).......................................................................................................................................................................................78
Percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii)..........................................................................................................................................................................80
Percevejo-verde (Nezara viridula).............................................................................................................................................................................................82
Percevejo-barriga-verde (Dichelops melacanthus e D. furcatus)....................................................................................................................................................84
Percevejo-edessa (Edessa meditabunda)...................................................................................................................................................................................86
Percevejo-acrosterno (Chinavia spp.)........................................................................................................................................................................................88
Percevejo-faixa-vermelha (Thyanta perditor)..............................................................................................................................................................................90
Bicudo-negro-pequeno-da-soja (Rhyssomatus sp.)......................................................................................................................................................................92
Outros insetos comuns nas lavouras de soja............................................................................................................................................. 95
Percevejo-formigão (Neomegalotomus parvus)...........................................................................................................................................................................96
Larva-angorá (Astylus variegatus)............................................................................................................................................................................................98
“Idi-Amin” (Lagria villosa).......................................................................................................................................................................................................99
Agradecimentos.................................................................................................................................................................................. 100
Pragas que atacam plântulas
Lagarta-elasmo ou broca-do-colo (Elasmopalpus lignosellus)
O inseto conhecido popularmente Adultos: são mariposas pequenas de Danos: A larva penetra na planta logo
como lagarta-elasmo ou broca-do- cor cinza-amarelada, com cerca de abaixo do nível do solo, cavando uma
colo prefere solos arenosos e causa 20 mm de envergadura; as asas em galeria ascendente no caule; junto ao
maiores problemas em períodos secos, repouso são dispostas paralelas à linha orifício de entrada, tece um casulo, e
principalmente durante a fase de do corpo. o cobre com excrementos e partículas
plântulas. As lagartas, que podem de terra. A planta pode morrer ou ficar
medir até 16 mm, possuem coloração debilitada, facilitando sua quebra. Se o
de esverdeada a azulada, com faixas ataque for acentuado, aparecem falhas
transversais marrom ou marrom- no estande da lavoura.
avermelhadas. Sua cabeça é pequena,
de cor marrom-escura. A pupa se
forma no solo, próxima da base da
planta.

10
Lagarta

A. R. Panizzi

11
Adulto

M. White
Dano

D. R. Sosa-Gómez
Lesmas e caracóis
Em algumas safras, lesmas e caracóis Algumas espécies são capazes Danos: as lesmas e os caracóis
têm aparecido em altas populações de autofecundação e outras não. podem destruir os cotilédones, causar
atacando a soja. São moluscos Possuem hábito noturno e o período desfolha e até mesmo a morte das
que se desenvolvem quando existe de maior atividade alimentar ocorre plantas. Atacam normalmente na fase
abundância de palha, ocorrendo com nas primeiras horas da noite. Seus inicial do desenvolvimento da cultura.
maior frequência em ambientes úmidos ovos podem permanecer viáveis por As formas jovens alimentam-se das
e frescos. O grupo envolve várias longos períodos. Podem colocar entre folhas. Os caracóis podem ainda
espécies, de diferentes tamanhos, que 300 a mais de 1000 ovos dependendo ocorrer no final do ciclo da soja. Na
são hermafroditas. da espécie. colheita, quando em altas populações,
podem provocar o embuchamento das
colhedoras.

12
Lesma

Arquivo Embrapa Soja

13
Caracol

J.J. da Silva
Piolhos-de-cobra indivíduos por m2. Muitas espécies secretam substâncias irritantes para se
protegerem de predadores.
Os piolhos-de-cobra pertencem à Danos: alimentam-se, preferencialmente, de sementes de soja, podendo, ainda,
classe Diplopoda e se caracterizam atacar plântulas recém-emergidas, comendo pedaços de cotilédones e folhas
por apresentar dois pares de pernas dessas plântulas. Desta forma, podem matar plantas, causando falhas no
em cada segmento do corpo estande da lavoura, podendo haver necessidade de replantio e de tratamento
podendo ter entre 20 ou mais de 100 de sementes com inseticidas.
segmentos. Apresentam o hábito

Arquivo Embrapa Soja


de se enrolarem em espiral, quando
tocados. Concentram-se na linha
do sulco de semeadura, podendo,
periodicamente, penetrar nas camadas
superficiais do solo. São mais ativos à
noite, escondendo-se sob a palhada,
nas horas mais quentes do dia.
Colocam ovos de coloração branca, em
grupos ou isolados. Suas populações
podem ser muito elevadas, chegando,
em alguns casos, a atingir 30 a 40
14
Pragas que atacam raízes
Percevejo-castanho-da-raiz (Scaptocoris castanea, S. carvalhoi e S. buckupi)
Ninfas: são brancas e, nos últimos Adultos: têm coloração castanha, Danos: adultos e ninfas sugam
ínstares, os primórdios das asas são corpo convexo medindo entre 5 a as raízes da soja, desde a fase de
bem visíveis e de cor amarelada. A 10 mm, com as pernas anteriores plântula até a colheita, podendo causar
presença desse percevejo no solo, adaptadas para cavar. Quando decréscimo no rendimento. Quando o
independente da espécie, é facilmente expostos à superfície esses percevejos ataque ocorre na fase inicial, as plantas
perceptível pelo odor característico e emitem um som estridente. Os adultos atacadas podem morrer, resultando
desagradável que exalam. Tem alta saem do solo em revoadas no período em falhas de estande na lavoura.
capacidade de movimentação vertical chuvoso, com maior frequência de Ocorrem em reboleiras, e dentro
no perfil do solo. Ninfas de todos os novembro a março. O acasalamento destas, a densidade populacional pode
tamanhos podem ser encontradas ocorre no interior do solo e já foram alcançar mais de 300 indivíduos/m2.
a mais de 1,20 m de profundidade, observados adultos em cópula a No Cerrado, perdas no rendimento
mas durante os meses mais quentes e mais de 1,5 m de profundidade. No da soja podem ocorrer a partir de
chuvosos concentram-se nos primeiros Brasil, o número de espécies e a sua populações entre 25 e 40 percevejos/m
20 cm do solo. distribuição geográfica, ainda não são de fileira, dependendo da fertilidade do
bem conhecidos. solo. Devido a seu hábito críptico são
insetos de difícil controle.

16
Adultos
Ninfas

J. J. da Silva J. J. da Silva

17
Localização na raiz

Arquivo Embrapa Soja


Danos

Arquivo Embrapa Soja


Cochonilha-da-raiz (Dysmicoccus brevipes)
As cochonilhas são encontradas Adultos: as fêmeas têm o corpo Danos: sugam as raízes e, quando
usualmente nas raízes, mas convexo de cor rosada e apresentam suas populações são elevadas, podem
eventualmente podem atingir a parte filamentos laterais serosos longos, causar atraso no desenvolvimento
aérea da planta, e pelo seu aspecto são projetando-se para fora do perímetro das plantas, formando reboleiras com
chamadas de cochonilhas farinhosas do corpo. Cada fêmea pode produzir plantas de menor porte nas lavouras.
ou pulverulentas. As ninfas passam por uma progênie, em média, de 240
três estádios antes de chegar à fase indivíduos. Sua longevidade varia
adulta. Uma das espécies que ocorrem entre 50 a 110 dias. Em média
em soja é Dysmicoccus brevipes, vivem 90 dias. Os machos têm asas
também chamada de cochonilha- desenvolvidas, sendo, portanto de
farinhosa-do-abacaxi. vida livre e passam por quatro estádios
ninfais, até atingirem a fase adulta.

18
Adulto Fêmea

J.J. da Silva

19
Danos

D. R. Sosa-Gómez
Corós (Phyllophaga cuyabana, Liogenys spp., Plectris pexa e outros)
As larvas dos corós ocorrem no solo e Adultos: Os adultos dos corós Danos: as larvas consomem
são brancas, com três pares de pernas rizófagos mais comuns em soja, principalmente, as raízes secundárias,
torácicas. A coloração da cabeça varia são besouros ovalados, marrom- causando redução do crescimento da
com a espécie, mas em geral é marrom avermelhados. Com comprimento planta, folhas amareladas e murchas.
amarelada ou avermelhada. As larvas variável conforme a espécie: 12 a O ataque é em reboleiras e quando
passam por três ínstares e as espécies 15 mm (Liogenys sp.), 15 a 20 mm ocorre na fase inicial da cultura, pode
rizófagas mais comuns podem atingir (Phyllophaga sp.) e 15 a 17 mm resultar em morte das plantas. Quando
35 mm de comprimento. Larvas de (Plectris sp.). Apresentam hábitos o ataque é mais tardio, a soja produz
corós que fazem galerias no solo noturnos e as revoadas geralmente menor número de vagens e grãos, que,
podem medir 50 mm de comprimento. ocorrem logo após o crepúsculo. também, são menores nas plantas
A fase larval de P. cuyabana dura cerca Adultos de P. cuyabana se agregam atacadas. Os adultos geralmente não
de 8,5 meses, incluindo um período sobre a folhagem da lavoura para o causam dano. Larvas de algumas
de diapausa de 4 a 5 meses, quando acasalamento. Em geral, cerca de 2 espécies que fazem galerias e não
ficam inativas em câmaras, no solo. a 4 horas após o início da revoada, se alimentam de raízes vivas, são
os adultos retornam ao solo, onde benéficas e, geralmente, não causam
colocam os ovos. dano à soja. Os corós benéficos podem
ser diferenciados por “andarem de
costas”, arrastando o dorso no chão.
20
Fotos: J. J. da Silva
Larva Adulto Adulto Dano

Phyllophaga cuyabana Plectris pexa

Adulto
Pupa

Phyllophaga sp. Liogenys sp.

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Pragas que atacam pecíolos e caules
Tamanduá-da-soja ou bicudo-da-soja (Sternechus subsignatus)
As larvas do tamanduá-da-soja ou Adultos: são carunchos com cerca de Danos: são causados pelos adultos que
bicudo-da-soja têm o corpo cilíndrico, 8 mm de comprimento, de coloração raspam e desfiam os tecidos do caule
levemente curvado e sem pernas. A geral preta, com listras amarelas, e ramos, e pelas larvas que broqueiam
coloração do corpo é branca-amarelada formadas por pequenas escamas, as hastes das plantas formando uma
e a da cabeça é castanha-escura. Nas na parte dorsal do corpo próximo à galha caulinar, composta de tecido
regiões frias, as larvas são hibernantes cabeça e nas asas duras. modificado e quebradiço. O dano é
por até 10 meses e, nas regiões com irreversível, com morte da planta,

J. J. da Silva
invernos mais amenos, dependendo Adulto quando altas populações do adulto
da disponibilidade de alimento, pode ocorrem na fase inicial da cultura.
haver emergência de adultos na Quando o ataque ocorre mais tarde e
entressafra. A fase de pupa ocorre as larvas se desenvolvem no interior
no solo. das galhas, a planta pode quebrar,
ocasionando perdas de rendimento.

24
Larva

25
Dano
Dano

Fotos: C. B. Hoffmann-Campo
Cascudinho (Myochrous armatus)
As larvas do cascudinho-da-soja Adultos: são besouros de coloração Danos: o inseto adulto ataca a base
são amarelas, vivem no solo e se preta-fosca com variações de marrom do caule, causando tombamento e
alimentam de raízes. a acinzentada. O comprimento médio morte da plântula. Em plantas mais
dos adultos é de 5 mm e, como na desenvolvidas, o dano é menor, pois

J.J. da Silva
Adulto
maioria dos insetos, a fêmea é maior o inseto ataca os pecíolos provocando
que o macho. A margem lateral da murcha dos folíolos. Embora ataquem
parte anterior do tórax é dentado e o várias partes da planta, esses insetos
corpo é recoberto por escamas curtas raramente ocasionam danos sérios
e robustas. Ocasionalmente, têm sido à soja.
detectadas altas populações na região
próxima de São Gabriel do Oeste,
MS. Possuem o hábito de se fingir de
mortos quando perturbados e não são
bons voadores.

26
Lagarta-maruca (Maruca vitrata)
A lagarta-maruca apresenta coloração Adultos: são mariposas pequenas com Danos: as larvas broqueiam as axilas,
amarela a castanho-clara brilhante, 20 mm de envergadura, com asas hastes e pecíolos da soja, apresentando
com pontuações escuras com pelos anteriores de cor marrom com uma hábitos e danos semelhantes ao da
distribuídas pelo corpo; os segmentos mancha translúcida. broca-das-axilas. Porém, o dano
Adulto
do corpo são bem evidentes. Antes mais importante ocorre no período

D. Herbison-Evans
da formação das pupas, as larvas Adulto reprodutivo da soja quando broqueiam
podem atingir 20 mm de comprimento. vagens, podendo, eventualmente,
danificar as inflorescências. Sua

Arquivo Embrapa Soja


Lagarta ocorrência é esporádica e, quando
broqueia hastes, seu dano é de difícil
percepção, mas pode ocasionar a
quebra das plantas. As larvas podem
ser encontradas no interior das hastes
realizando o corte longitudinal, com
canivete.

27
Broca-das-axilas (Crocidosema aporema)
A broca-das-axilas é pequena e, Adultos: são mariposas pequenas, Danos: a larva possui o hábito de
quando completamente desenvolvida, de 14 mm de envergadura, cujas penetrar no caule, através das axilas
pode medir cerca de 10 mm. Nos asas anteriores são cinzas com dos brotos terminais, formando um
primeiros ínstares, a lagarta apresenta manchas claras. As asas em repouso cartucho pela união dos folíolos
coloração branco-amarelada e a permanecem paralelas ao corpo. com fios-de-seda. Posteriormente,
cabeça preta. À medida que cresce, cava uma galeria descendente
assume a cor geral bege ou amarelada que lhe serve de abrigo, podendo
e a cabeça fica marrom. causar desenvolvimento anormal
da planta ou, até mesmo, a sua
morte. Normalmente, suas populações
ocorrem com maior intensidade em
locais de clima temperado.

28
Lagarta

Arquivo Embrapa Soja

29
Dano
Adulto

Arquivo Embrapa Soja J. J. da Silva


Búfalo-da-soja (Ceresa brunnicornis e C. fasciatithorax)
Essas cigarrinhas pertencem à família Adultos: apresentam 6 a 8 mm de Danos: Adultos e ninfas alimentam-
Membracidae e são conhecidas como comprimento, de coloração amarelada se fazendo perfurações adjacentes
búfalo-da-soja ou periquito-da-soja. a marrom-esverdeada e, vistos provocando uma depressão anelar em
Nesta cultura foram registradas duas dorsalmente, possuem um aspecto torno da haste, ramos e pecíolo. O dano
espécies, C. brunnicornis no Sul e C. triangular com três espinhos, sendo dois é normalmente observado na haste
fasciatithorax, no Nordeste. Colocam superiores bem desenvolvidos. Tem principal da planta de soja (V3-Vn),
seus ovos no solo, próximo à região as asas membranosas parcialmente podendo atacar ramos secundários e
do colo da planta ou ovipositam escondidas sob o pronoto e pernas pecíolos, no período reprodutivo. Essas
endofíticamente na base das hastes. robustas. Os adultos fazem vôos lesões favorecem a quebra da haste,
Após um período de incubação de curtos e tem o hábito de saltar, são podendo ser confundido com danos
cerca de cinco a oito dias eclodem as bastante ágeis e podem dispersar-se causados pelo bicudo da soja ou pela
ninfas. Estas apresentam coloração para novas áreas. lagarta elasmo.
marrom esverdeada ou acinzentada,
dependendo do estádio e, caracterizam-
se pelo aspecto bizarro em função da
presença de uma série de espinhos
dorsais no corpo. O período ninfal dura
de duas a três semanas.
30
Ninfas

31
Adulto
Dano

Fotos: P. R. V. S. Pereira
Pragas que atacam folhas
Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis)
A lagarta-da-soja, na fase larval, passa Adultos: são mariposas de cor variável, Danos: no terceiro estádio, as lagartas
por seis ínstares. A lagarta pequena do cinza-claro ao marrom-escuro, mas já provocam perfurações nas folhas,
(até 10 mm) geralmente apresenta tendo sempre presente uma linha mas deixam as nervuras centrais e
cor verde e possui quatro pares de diagonal de cor marrom-canela, unindo laterais intactas. O consumo foliar
propernas no abdômen, duas delas as pontas do primeiro par de asas. Na é muito pequeno nos três primeiros
vestigiais. Com isso, se locomove face inferior do segundo par de asas, estádios (lagartas até 10 mm). Do
medindo palmos e, muitas vezes, são apresenta pequenos círculos brancos, quarto ao sexto estádio, as lagartas
confundidas com lagartas pequenas próximos da margem externa da asa. consomem mais de 95% do total de
das falsas-medideiras. As lagartas Ovipositam durante a noite, ovos consumo foliar, que é de 100 a 120
maiores do que 15 mm podem ser individualizados e de cor verde claro, cm2 por lagarta. Em altas populações,
encontradas tanto nas formas verdes colocados principalmente na face se não controlado, esse inseto pode
como escuras e apresentam três linhas inferior das folhas, mas também nos provocar desfolhas elevadas (> 30%),
longitudinais brancas no dorso e quatro pecíolos e ramos da soja. As lagartas causando perdas de produtividade da
pares de propernas abdominais, além eclodem em três dias e passam a se cultura.
de um terminal. alimentar de folhas.

34
Lagarta

A. V. Carneiro

Lagarta
Lagarta

35

J. J. da Silva A. V. Carneiro
Adulto

Arquivo Embrapa Soja


Falsa-medideira (Chrysodeixis includens) Danos: as lagartas consomem
As lagartas são comumente Adultos: apresentam asas dispostas o parênquima foliar deixando as
denominadas falsas-medideiras, por se em forma inclinada e, principalmente, nervuras, conferindo aos folíolos
deslocarem como que medindo palmos, as mariposas recém emergidas, aspecto rendilhado. Esta espécie é
são de cor verde-clara com listras apresentam manchas prateadas de difícil controle, quando comparada
longitudinais brancas e pontuações brilhantes no parte central do primeiro com a lagarta-da-soja. Com manejo
pretas. A fase larval dura entre 14 a par de asas. Os adultos também são inapropriado de suas populações, há
20 dias. No seu último estádio larval, muito semelhantes aos de R. nu. As relatos de resistência a inseticidas.
atinge 40 a 45 mm de comprimento e fêmeas apresentam longevidade média
a transformação para a fase de pupa de 15 a 18 dias e podem colocar até
ocorre sob uma teia, em geral, na face 600 ovos.
ventral das folhas. Essa lagarta pode
ser confundida com a Rachiplusia nu
que é mais frequente no Sul do Brasil.
Entretanto, C. includens apresenta a
face interna de suas mandíbulas com
dois dentes.

36
Lagarta

D. R. Sosa-Gómez

37
Adulto

J.J da Silva
Dano

J.J da Silva
Falsa-medideira (Rachiplusia nu)
As lagartas e as mariposas desta Adultos: Os adultos são semelhantes Danos: semelhantes aos de
espécie são muito semelhantes às de a C. includens, mas a mancha na C. includens, ocasiona o aspecto
C. includens. Populações elevadas são região central do primeiro par de asas rendilhado dos folíolos de soja, isto
encontradas com maior freqüência na não é tão prateada e brilhante como é Z-se principalmente do parênquima
região sul do continente americano, em C. includens. R. nu apresenta a deixando as nervuras.
como no estado do Rio Grande do Sul, parte dorsal e central do segundo par
assim como no Uruguai e Argentina. de asas de cor castanho clara com
As lagartas podem ser diferenciadas a borda externa castanho escura.
de C. includens mediante a observação R. nu, de maneira semelhante a
do lado interno da mandíbula que não A. gemmatalis, coloca os ovos
apresenta dentes, ou seja, sua carena isolados.
interna é contínua até a borda externa
da mandíbula. R. nu apresenta micro-
espinhos na região superior à inserção
das três pernas torácicas. A cor das
pernas verdadeiras, torácicas, não
é um caráter que diferencie as duas
espécies.
38
39
Lagarta
Adulto

Fotos: F. Flores
Lagarta-enroladeira (Omiodes indicata)
A lagarta-enroladeira tem coloração Adultos: são mariposas pequenas de Danos: a lagarta possui o hábito
verde-escura, aspecto oleoso e pode coloração geral alaranjada, e apresenta de enrolar ou de unir os folíolos da
medir de 12 a 15 mm, ao final do três listras escuras onduladas nas soja, através de secreções, formando
desenvolvimento. A pupa é marrom e asas. Medem cerca de 18 mm de um abrigo onde passa a fase larval,
permanece no abrigo construído pela envergadura, quando em repouso. alimentando-se do parênquima das
lagarta, nas folhas, até a emergência folhas e, assim, diminuindo a área
dos adultos. foliar e a capacidade fotossintética
da planta. Normalmente ocorre com
maiores densidades populacionais
no final do ciclo da soja, quando a
perda de área foliar não mais afeta a
produtividade da cultura.

40
Fotos: J.J da Silva
Lagarta Adulto Dano

41
Vaquinha-verde ou patriota (Diabrotica speciosa)
Dentre as espécies da família Adultos: apresentam coloração geral Danos: os adultos alimentam-se de
Chrysomelidae encontradas na verde com três manchas amarelas folhas e de brotos, e têm preferência
cultura da soja a mais comum é D. em cada asa anterior, sua cabeça é pelas folhas mais tenras. Ao se
speciosa, chamada comumente de avermelhada e medem entre 5 a 6 mm alimentar, realizam pequenos orifícios,
vaquinha-verde ou patriota. A larva é de comprimento. A postura é feita com porém têm pouca capacidade de
de coloração amarela-pálida, tendo o os ovos agrupados, sobre as partes causar grandes desfolhas. Suas larvas
tórax, a cabeça e as pernas torácicas subterrâneas da planta, e o período se alimentam das raízes das plantas e
pretas. Desenvolvem-se no solo e, de incubação dura em média oito dias. o seu controle, normalmente, não é
quando completamente desenvolvidas, necessário.
medem 10 a 12 mm de comprimento
e 1mm de diâmetro. O período larval
dura aproximadamente 23 dias. A fase
pupal dura 17 dias e ocorre no solo,
dentro de câmaras.

42
43
Larva

D. R. Sosa-Gomez
Adulto

J.J da Silva
Vaquinha (Cerotoma arcuata)
Na fase larval esta vaquinha é branca Danos: os adultos são desfolhadores,

J.J da Silva
Adulto
com cabeça preta, ocorre no solo e mas podem provocar dano direto às
dura de 20 a 25 dias. vagens e flores. As larvas alimentam-
se de nódulos de Bradyrhizobium,
Adultos: são besouros com o formato diminuindo a disponibilidade de
do corpo semelhante à vaquinha- nitrogênio para a planta, podendo
patriota (D. speciosa), mas de afetar negativamente a produção.
coloração bege, com quatro manchas
marrom-escuras, duas grandes e duas
pequenas, em cada asa anterior e
medem cerca de 5 mm.

44
Vaquinha (Colaspis sp.)
Populações elevadas desta vaquinha Danos: os adultos alimentam-se

J.J da Silva
Adulto
são comuns em lavouras de soja, das folhas, causando pequeno
principalmente nos estados de Mato desfolhamento que, em geral, não
Grosso do Sul e Paraná, mas raramente comprometem a produção de soja.
atingem nível de dano. A larva pode
atingir até 7 mm e apresenta cor
branca-acinzentada.

Adultos: medem 5 mm de comprimento,


tem coloração verde-metálica e
apresentam sulcos longitudinais e
pontuações em toda a extensão das
asas.

45
Tripes (Caliothrips braziliensis e Frankliniella schultzei)
Nas lavouras de soja, podem ser Adultos: são insetos pequenos, Danos: na soja, raspam as folhas
encontradas várias espécies de medindo de 1 a 2 mm, de cor marrom tornando-as prateadas. Esse dano
tripes, sendo as mais comuns o ou preta que possuem aparelho bucal direto devido à sua alimentação, em
C. braziliensis e F. schultzei. Conforme raspador-sugador. Podem se alimentar si, não causa reduções drásticas de
a espécie, as ninfas possuem coloração de várias culturas, principalmente produtividade, porém o seu dano
branca, bege-clara ou amarelada e hortaliças. No caso de F. schultzei, os indireto, como transmissor do vírus
marrom ou preta. Medem cerca de adultos apresentam longevidade média que causa a doença “queima-do-broto”
2 mm e costumam se abrigar no de duas semanas, e se reproduzem por pode causar sérios prejuízos à soja.
interior das folhas ou dos folíolos partenogênese; cada fêmea coloca em
novos, ainda não abertos, passando média 75 ovos.
por três instares, atingindo a fase
adulta entre oito e nove dias.

46
Adulto

47
Dano

Fotos: Arquivo Embrapa Soja


Ácaro-verde-da-soja (Mononychellus planki)
O ácaro-verde é a espécie mais Adultos: São de coloração verde Danos: Seu ataque prejudica a
frequente em soja no Brasil, porém com as quatro pernas dianteiras de atividade fotossintética da folha.
é menos agressiva do que os demais coloração amarelo-ouro. A fêmea é Produzem minúsculas pontuações
ácaros. Na maior parte dos casos ocorre elíptica e o macho é menor e tem forma cinzas-clara na folha que se concentram
em baixa densidade, porém surtos de pêra, com a porção anterior mais inicialmente na face inferior e junto das
populacionais podem ocorrer devido larga do que a posterior. Apresentam nervuras e com o passar do tempo se
a estiagem e uso de determinados setas dorsais relativamente mais distribuem por toda a folha deixando-a
agrotóxicos, como fungicidas e curtas e mais largas em relação aos com coloração acinzentada. Folhas
inseticidas piretróides, especialmente demais ácaros da soja. Seus ovos de diferentes posições na planta
quando pulverizados desde a fase são pouco brilhantes, com coloração apresentam intensidade de ataque
vegetativa da soja. Ocorrem 3 fases que, com o passar do tempo, varia de semelhante entre si, com tendência
ninfais, todas de coloração verde- translúcida, creme a branco leitoso. Os de menores densidades no interior do
claro, no primeiro instar possuem seis ovos são depositados ao longo de toda dossel, pela ação de inimigos naturais.
pernas e a partir do segundo instar a folha, principalmente na face inferior O ataque é bem distribuído na lavoura,
oito pernas. Entre cada instar ocorre e junto às nervuras. Produz pequena inicialmente as reboleiras são pouco
uma fase quiescente, para a troca de quantidade de teia, utilizada para fixar definidas, mas com o passar do tempo
pele (ecdise). os ovos na folha e no processo de podem atingir grandes áreas com
dispersão pelo vento. coloração acinzentada.
48
Adulto

D. R. Sosa-Gómez

49
Dispersão

D. R. Sosa-Gómez
Dano

S. Roggia
Ácaro-rajado (Tetranychus urticae)
O ácaro-rajado é a segunda espécie Adultos: As duas manchas dorso- Danos: Seu ataque prejudica a
mais frequente em soja no Brasil, laterais típicas desta espécie são mais atividade fotossintética da folha.
habitualmente é mais agressiva do que escuras nos adultos, especialmente Produzem minúsculas pontuações
o ácaro-verde, porém é muito sensível nas fêmeas. Eventualmente podem cinzas-clara que evoluem rapidamente
a chuvas, predadores e patógenos. É ocorrer fêmeas de coloração laranja para manchas contínuas acinzentadas
notado em ataques intensos em soja, a vermelha. O formato do corpo da na face inferior da folha, enquanto que
e, de forma semelhante ao ácaro- fêmea e do macho é semelhante ao na face superior ocorrem manchas
verde, é favorecido pela estiagem do ácaro-verde, porém apresenta amareladas. Apresentam ataque
e uso de fungicidas e inseticidas setas dorsais mais longas e finas. Seus concentrado em pequenas manchas
piretróides, especialmente quando ovos são brilhantes, com coloração na folha. Folhas de uma mesma planta
pulverizados desde a fase vegetativa que, com o passar do tempo, varia de podem apresentar intensidades de
da soja. As ninfas do ácaro-rajado translúcida, creme a branco leitoso. ataques muito diferentes entre si.
são semelhantes às do ácaro-verde, Todas as fases do ácaro-rajado vivem Na lavoura são notadas pequenas
em colônias abrigadas sob teia que é reboleiras com plantas intensamente
porém possuem coloração verde
produzida em grande quantidade na atacadas, com aspecto amarelado. Em
com duas manchas escuras dorso-
face inferior das folhas. casos de ataque intenso, reboleiras
lateralmente na porção anterior do
vizinhas podem se fundir formando
corpo.
grandes áreas atacadas, podendo
ocorrer queda prematura de folhas.
50
Adulto

S. Roggia

51
Dano

D. R. Sosa-Gómez
Dano
Dano

S. Roggia
Ácaros-vermelhos (Tetranychus ludeni, Tetranychus desertorum e Tetranychus gigas)
As espécies de ácaros-vermelhos são Adultos: As fêmeas de ácaros- Danos: Os danos e características de
muito semelhantes entre si. São pouco vermelhos se assemelham às do ataque de ácaros vermelhos em soja
frequentes em soja no Brasil e ocorrem ácaro-rajado na maior parte de se assemelham aos do ácaro-rajado.
associados às demais espécies de suas características, exceto por
ácaros. Considera-se que apresentem apresentarem coloração vermelha-
potencial de ataque semelhante ao carmim. Porém, com o passar do tempo
do ácaro-rajado, sendo igualmente elas podem passar para o vermelho-
sensíveis a chuvas, predadores e escuro. Os machos apresentam
patógenos. Semelhante ao ácaro-verde coloração vermelho-alaranjado.
e ácaro-rajado, os ácaros-vermelhos
são favorecidos pela estiagem e uso
fungicidas e inseticidas piretróides,
especialmente quando pulverizados
desde a fase vegetativa da soja. As
ninfas dos ácaros-vermelhos são
semelhantes às do ácaro-verde e ácaro-
rajado, porém possuem coloração
vermelho-claro.
52
Adulto
Adulto
Adulto

Fotos: L.M. Gouvêa

53
Dano

S. Roggia
Ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus)
O ácaro-branco é pouco frequente em Adultos: Como as populações do Danos: Ataca preferencialmente a face
soja no Brasil. É capaz de se multiplicar ácaro-branco vivem em constante inferior de folhas novas (ponteiros) em
rapidamente, porém é muito sensível deslocamento para folhas novas é processo de expansão, dificultando
a fatores ambientais como a baixa comum observar machos transportando seu crescimento e deixando as folhas
umidade. Ataca os brotos novos pupas de fêmeas, com as quais levemente enrugadas. Esta deformação
das plantas. São ácaros pequenos, copulam após sua emergência. Os é sempre simétrica e ocorre com a
difíceis de serem vistos a olho nu. adultos apresentam corpo elíptico, mesma intensidade nos três folíolos
Diferentes espécies de tarsonemideos, sendo o macho de tamanho menor. da mesma folha. Na lavoura, o ataque
conhecidos popularmente como Os ovos são elípticos, translúcidos e ocorre em pequenas reboleiras. A
ácaros-branco, podem ser encontrados externamente recobertos por cerca de inspeção da folha sob lupa de 40x de
em soja, porém algumas destas não uma centena de protuberâncias cerosas aumento permite o correto diagnóstico
são pragas, se alimentam de fungos e que se assemelham a verrugas, sendo do ácaro-branco na lavoura. A haste e
de outros recursos disponíveis sobre esta uma característica que permite a vagens em desenvolvimento também
as plantas. O ciclo do ácaro-branco é identificação desta espécie de ácaro. podem ser atacadas. As estruturas
composto por ovo, larva, pupa (fase Os ovos são depositados diretamente atacadas apresentam aspecto
quiescente) e adulto. Todas as fases sobre a superfície da folha ao longo bronzeado. Ataques precoces podem
apresentam coloração creme brilhante. de toda sua extensão, principalmente afetar consideravelmente a estrutura
na face inferior. O ácaro-branco não e porte da planta.
produz teia.
54
55
Adulto
Dano

Fotos: D. R. Sosa-Gómez
Mosca-branca (Bemisia tabaci)
Estudos recentes indicam a Adultos: medem 1 mm de comprimento, Danos: as ninfas, principalmente as do
predominância da mosca-branca possuem dois pares de asas brancas biótipo B, ao se alimentarem, liberam
biótipo B nas lavouras de soja no Brasil. e o corpo apresenta cor amarelada, grande quantidade de substância
O biótipo B é mais agressivo, mas a coberto por cera pulverulenta. As açucarada. Essa substância favorece
distinção dos biótipos A e B, com base populações podem ser muito elevadas a formação do fungo fumagina
na sua morfologia não é possível. As e, nessas ocasiões, quando as plantas (Capnodium sp.), tornando as folhas
ninfas são transparentes, ovais medem de soja são perturbadas, podem voar pretas, que, ao receberem radiação
de 0,3 a 0,7 mm e as fases quiescentes em grande número. solar, se desidratam e caem. Esta
são amarelo-esbranquiçadas, cobertas espécie também é vetora da doença
por serosidade. Durante essa fase, causada por carlavírus. Seu controle
os olhos do adulto em formação são é muito difícil, quando a densidade
avermelhados. populacional é elevada.

56
Ninfa

A. F. Bueno

57
Adulto

J.J da Silva
Dano

D. R. Sosa-Gómez
Torrãozinho (Aracanthus mourei)
A fase larval do besouro comumente Adultos: são pequenos besouros de cor Danos: atacam a soja logo após a
denominado torrãozinho ocorre no marrom, que medem aproximadamente, emergência, causando um serrilhado
solo, podendo durar cerca de 11 4mm de comprimento e têm saliências característico nas bordas dos folíolos,
meses. nas asas duras (élitros) que lembram podendo atingir os pecíolos. São
partículas de solo. de ocorrência comum em lavouras
do Norte do Paraná. Podem ocorrer

Fotos: J.J da Silva


Adulto Dano em grandes populações, mas sua
capacidade de desfolha é reduzida.

58
Bicudo-pequeno-da-soja (Promecops claviger)
Esta espécie ocorre no Brasil e tem Adultos: são insetos da Danos: os adultos alimentam-se das
sido relatada ocasionalmente causando família Curculionidae, medem folhas realizando cortes em formato
danos na cultura da soja. A fase larval aproximadamente 3,5 mm, são de da letra U. Suas larvas alimentam-se
ocorre no solo durante o inverno, cor marrom, com manchas claras na de raízes e dos nódulos da soja.
localizando-se principalmente entre parte medial e terminal dos élitros,
cinco a 10 cm de profundidade. As seu corpo está recoberto de setas

M. Barreto
pupas são encontradas também no curtas, possuem antenas clavadas e
solo, transformando-se em adultos suas asas podem estar normalmente
na primavera. Os adultos atacam desenvolvidas ou serem curtas
plantas pequenas causando danos nos (braquípteros).
cotilédones e desfolha.

59
Metaleiro (Megascelis sp.)
Adultos: são insetos alongados,

J.J da Silva

M. C. Meyer
Adulto Dano
medem 3 a 4 mm, cujo tórax e abdômen
apresentam os lados paralelos, de cor
verde metálico brilhante. Por esse
motivo são conhecidos vulgarmente
como “metaleiros”. A parte anterior
do tórax é mais estreita do que a base
do primeiro par de asas. Seus élitros
apresentam pontuação pronunciada.
Antenas são longas, mas menores do
que o corpo; nas fêmeas as antenas
são menores que nos machos.
Danos: provocam desfolha de forma
irregular. Geralmente, são comuns
no inicio do cultivo da soja, mas de
importância secundária.

60
Burrinho-da-batatinha (Epicauta atomaria)

J. J. da Silva
Adulto
A fase larval é predadora de ovos, Danos: os adultos provocam desfolha,
mas na fase adulta são fitófagos. mas não ocorrem com freqüência e
O corpo possui forma cilíndrica são considerados praga-secundária.
levemente cônica e medem de 10 a Também podem ocasionalmente
15 mm de comprimento. Apresentam alimentar-se de flores.
pubescência cinza com manchas pretas
por ausência de pelos. São besouros
de tegumento pouco esclerosado,
assim como seu primeiro par de
asas. Suas antenas são relativamente
longas. Os ovos são colocados no solo
e são branco-cremosos e alongados.
As larvas de primeiro ínstar possuem
mandíbulas fortes e suas pernas
funcionais apresentam três unhas nas
extremidades, passa por mais dois
ínstares, antes de se transformar em
pupa que é parecida com o adulto.
61
Gafanhotos
Os gafanhotos observados em soja,

J. J. da Silva
Adulto
em geral, são gregários. Existem
várias espécies que ocorrem na
cultura, mas os gêneros mais comuns
são Bacacris sp., Rhammatocerus sp.
e Schistocerca sp.

Danos: são desfolhadores, raramente


ocasionam danos importantes, mas,
quando ocorrem em altas populações,
podem ocasionar redução da área foliar
de até 100%.

62
Pragas que atacam vagens
Lagarta-do-velho-mundo (Helicoverpa armigera)
Esta espécie era considerada praga diferente quando o ataque ocorre em - Heliothis apresenta microespinhos
quarentenária no Brasil até a safra plantas já mais desenvolvidas. nas chalazas (verrugas) dorsais do
2012/13, quando sua presença segundo e oitavo segmento abdominal
foi registrada pela primeira vez e Lagartas: Sua coloração é e pela presença de um dente interno
comunicada ao MAPA pela Embrapa muito variável, pode apresentar (face interna) das mandíbulas.
em 22 de março de 2013. O seu predominância de verde, com
manejo deve ser realizado de forma tonalidades amarelada ou rosada ou - As lagartas de Helicoverpa apresentam
integrada com as demais pragas da predominância da cor preta. chalazas só com espinho na base e a
soja para evitar desenvolvimento de face interna das mandíbulas sem
resistência aos inseticidas entre outros No último ínstar pode alcançar 35 a dentes.
problemas. 40 mm. A biologia e comportamento
são muito semelhantes à lagarta-da- Embora a literatura registre a ocorrência
Na cultura da soja, quando o espiga-do-milho, H. zea. Na cultura de H. zea em soja, no Brasil ataques
ataque ocorre ainda no início do da soja as lagartas podem ainda ser de lagartas do gênero Helicoverpa têm
desenvolvimento das plantas as confundidas com a lagarta-da–maçã- sido causados predominantemente
lagartas frequentemente são do-algodoeiro, Heliothis virescens. por H. armigera. Portanto quando é
encontradas escondidas nos folíolos Entretanto, as lagartas de Heliothis determinada a ocorrência de lagartas
ainda não abertos totalmente. Esse podem ser diferenciadas das do gênero do gênero Helicoverpa nesta cultura,
comportamento provavelmente é Helicoverpa por duas características: provavelmente trata-se de H. armigera.

64
Fotos: P. Gallo

Fotos: D. R. Sosa-Gómez
H. armigera Chalaza de Helicoverpa Mandíbula de Helicoverpa

Foto: A. V. Carneiro
H. armigera Chalazas de Heliothis Mandíbula de Heliothis

65
Adultos: Os adultos são de cor

D. R. Sosa-Gómez
Adulto
castanho claro a amarelado, com uma
faixa castanha transversal próxima
a parte distal das asas anteriores,
podendo ter uma mancha reniforme
castanho escura próxima a parte
medial das asas. As asas posteriores
são mais claras com a margem distal
castanho escura. As mariposas de H.
armigera e de H. zea são indistinguíveis
a olho nu. Portanto, para a correta
identificação da espécie sugere-se
consultar especialistas.

66
Danos: Ataques da lagarta-do-velho- raspam e perfuram. Na fase reprodutiva

Fotos: P. Gallo
mundo têm sido observados com maior da soja atacam as vagens, alimentando- Dano
frequência e com grande abrangência, se dos grãos, ocasionando injurias
nos estados das regiões nordeste, semelhantes àquelas causadas por
central e sul do Brasil, no inicio da lagartas do gênero Spodoptera. Ocorre
safra de soja de 2012/2013. As em diversas culturas de importância
lagartas podem ocorrer sobre plântulas econômica, tais como algodão, soja,
pequenas, causando desfolha e em milho, feijão, trigo e plantas daninhas,
algumas oportunidades podem comer tais como Conyza bonariensis (buva),
brotos apicais e cotilédones, que Rumex sp., Datura sp. e outras.
Dano Dano

67
Lagarta-das-vagens (Spodoptera albula)
É uma das espécies conhecidas formato de ponto são difíceis de

A. F. Bueno
Dano
como lagarta-das-vagens, podendo serem distinguidas entre as manchas
atingir até 50mm de comprimento. menores, pequenas.
A lagarta apresenta cor geral cinza- Adultos: são mariposas de,
escura à castanha, com três listras aproximadamente, 40mm de
longitudinais alaranjadas, e cerca, de envergadura, de cor cinza com uma
20 triângulos pretos, na parte dorsal mancha preta na parte mediana das
do corpo, lembrando o desenho asas anteriores, as vezes, pouco
de uma cobra. As lagartas desta evidente.
espécie podem ser identificadas
pela presença de uma mancha Danos: a lagarta alimenta-se
branca próxima da parte apical principalmente de vagens e grãos,
das manchas negras, triangulares, mas pode, também, comer as folhas.
dorsais, na parte posterior do tórax Ocasionalmente, provoca dano
e dos segmentos abdominais. As econômico à cultura da soja. Também
variações de cor podem dificultar a pode ocasionar danos na soja que
identificação. Ocorrem formas em expressa apenas a toxina Cry1Ac.
que essas manchas brancas em
68
Lagarta

A. F. Bueno

69
Adulto Fêmea

J.J da Silva
Adulto Macho

A. F. Bueno
Lagarta-das-vagens (Spodoptera cosmioides)
É outra espécie conhecida como ao sexto. No último instar essas muitos riscos ou desenhos brancos
lagarta-das-vagens. Esta espécie manchas triangulares podem ser que se interceptam; as posteriores
era referida como S. latisfacia, mas reduzidas. Nessa fase, apresentam são de coloração branca. As fêmeas
referências recentes indicam que movimentos vagarosos, deslocando- depositam ovos em massas sobre as
esta espécie está restrita aos Estados se lentamente. folhas.
Unidos. As lagartas apresentam
variações de cor desde amarelo- Adultos: são mariposas que medem de Danos: atacam as vagens e causam
claro a preto, com listras ao longo 16 a 20 mm e apresentam dimorfismo danos semelhantes aos referidos
do corpo, podendo medir 50 mm de sexual, as asas anteriores dos machos para as demais espécies do gênero
comprimento no último ínstar. Há são de cor geral marrom avermelhado, Spodoptera.
listras dorsais amarelas ou ocres, com a mancha orbicular oval, branca com Esta espécie não é afetada pela toxina
a área dorsal às vezes mais clara entre o centro marrom claro, delimitada por Cry1Ac da soja Bt.
as manchas triangulares pretas, como uma linha marrom tênue ou marrom
ocorre em S. albula. As manchas escura. As asas posteriores são
dorsais triangulares do sétimo e brancas com manchas cinzas nas
oitavo segmentos abdominais são escamas na parte distal. Nas fêmeas,
maiores que as manchas do primeiro as asas anteriores são pardas, com

70
Lagarta

A. F. Bueno

71
Adulto Fêmea

J.J da Silva
Adulto Macho

J.J da Silva
Lagarta-das-vagens (Spodoptera eridania)
As lagartas apresentam a linha por Adultos: apresentam a asa anterior Danos: além de atacar as vagens
baixo dos espiráculos interrompida ou com traço curto no sentido longitudinal causa desfolha em soja e algodão,
perde sua intensidade na parte lateral. na base da margem posterior. Essa semelhante as demais espécies do
As manchas triangulares do primeiro mancha pode ser apagada em gênero Spodoptera.
segmento abdominal são grandes e espécimes mais velhos. Observa-se Esta espécie pode provocar danos na
aproximadamente de igual tamanho também uma mancha arredondada, soja que expressa a toxina Cry1Ac.
até as do 8º segmento abdominal. negra, mas geralmente apagada ou
pode estar modificada em um traço
longo que se estende até a margem da
asa. Comparativamente, em relação a
S. albula, S. eridania apresenta uma
tonalidade geral bronzeada nas asas
anteriores.

72
Fotos: J.J da Silva
Lagarta Adulto Fêmea Adulto Macho

73
Lagarta-das-vagens (Spodoptera frugiperda)
As lagartas totalmente desenvolvidas Adultos: possuem envergadura de são sub-esféricos, colocados em
possuem 35 a 40 mm de asas de 32 a 38 mm e apresentam camadas e são cobertos por escamas
comprimento. Apresentam pontos dimorfismo sexual. As asas anteriores provenientes do abdome da fêmea.
pretos denominados pináculos são cinzas-amarronzadas nas fêmeas Cada fêmea pode colocar até 1000
distribuídos, em pares, em cada e nos machos são mais escuras, ovos.
lado dos segmentos do corpo, cada com margens escuras e listras mais Danos: pode atacar vagens e pode
um com uma seta longa. No último claras próximas da margem da asa cortar plantas ao nível do solo.
segmento abdominal apresenta quatro e com pontos brancos próximos
pontos pretos distribuídos como os do centro da mesma. As fêmeas Esta espécie pode provocar danos
vértices de um quadrado. A cabeça não apresentam um padrão de cor na soja Bt.
apresenta uma figura de um ípsilon definido, sendo predominantemente
invertido, mas essa característica cinzas. As asas posteriores em ambos
não é suficiente para confirmar a sexos são branco-prateadas, suas
espécie. A fase larval transcorre em veias são evidentes, e sua margem
duas semanas durante o verão e até externa possui uma banda marrom e
quatro semanas no inverno. estreita próxima da borda. Os ovos

74
Fotos: J.J da Silva
Lagarta Adulto Fêmea Adulto Macho

75
Broca-da-vagem (Etiella zinckenella)
A lagarta, conhecida como broca- Adultos: as mariposas medem, Danos: a lagarta penetra na vagem
das-vagens, mede aproximadamente aproximadamente, 20 mm de para se alimentar e consome grãos de
20 mm de comprimento, tem a cor envergadura, têm asas anteriores soja, podendo um mesmo indivíduo
amarela-esverdeada ou azulada, com de cor cinza, sendo as posteriores danificar diversas vagens. Entretanto,
manchas pretas na porção anterior mais claras, com franjas brancas nas raramente tem sido observada
do corpo. bordas. causando danos à soja.

A. R. Panizzi
Lagarta

76
Lagarta-da-maçã do algodoeiro (Heliothis virescens)
As lagartas conhecidas como lagarta- Adultos: têm a coloração marrom- Danos: em geral, as lagartas comem
da-maçã do algodoeiro, têm coloração clara com tonalidade geral esverdeada vagens, mas podem, também, se
que varia de verde-amarelada a e apresentam três listras castanho alimentar de folhas e brotos terminais
marrom-avermelhada até próximo escuras, cada uma acompanhada por da soja.
a preta. A maioria possui listras uma banda mais clara, amarelada ou

Fotos: D.R. Sosa-Gómez


pálidas, longitudinais ao corpo e esbranquiçada. Adulto
pequenos pontos escuros em todos As asas posteriores são esbranquiçadas
os segmentos do corpo. com a borda externa escura.
Lagarta

77
Percevejo-marrom (Euschistus heros)
O percevejo-marrom é, atualmente, Adultos: de cor marrom-escura, Danos: adultos e ninfas alimentam-se
o percevejo mais abundante na apresentam dois prolongamentos das vagens e grãos causando perdas
soja, desde o Norte do Paraná ao laterais, em forma de espinhos, de rendimentos e afetando a qualidade
Centro-Oeste e Norte do Brasil próximos à cabeça. Seus ovos, de da semente. Esta espécie provoca
e já se encontra em abundância cor amarelada, são normalmente menos sintomas de retenção foliar,
também no Rio Grande do Sul. As depositados nas folhas, em em comparação com o percevejo
ninfas, recém-eclodidas medem 1 pequenas massas com cinco a sete verde e o percevejo-verde-pequeno.
mm e têm o corpo alaranjado e a ovos. Próximo a eclosão, os ovos Um aspecto importante a ser
cabeça preta, passam por cinco apresentam uma mancha rósea. considerado antes de adotar medidas
estádios de desenvolvimento, até se de controle é a ocorrência de
transformarem em adultos; as ninfas populações resistentes a inseticidas
maiores assumem coloração que pode no país.
variar de cinza à marrom.

78
Ovo

79
Ninfa
Adulto

Fotos: J.J da Silva


Percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii)
As ninfas recém-eclodidas do Adultos: são percevejos de cor verde- Danos: sugam as vagens, atingindo
percevejo-verde-pequeno são amarelada com, aproximadamente, os grãos de soja. Apresenta maior
avermelhadas e passam por diferentes 10 mm de comprimento. Apresentam potencial de dano, com acentuada
fases. No início do desenvolvimento, uma listra transversal marrom- capacidade de provocar retenção
apresentam as cores preta e vermelha, avermelhada, na parte dorsal do foliar, quando comparada aos
assumindo, posteriormente, coloração tórax, próximo à cabeça. Os ovos são percevejos mais comuns da cultura
esverdeada com manchas pretas e pretos, em forma de barril, colocados da soja.
rosadas no abdômen nos estádios em fileiras pareadas, com 10 a 20
finais, quando medem cerca de 8mm. ovos por massa, que geralmente, são
colocados sobre as vagens de soja.

80
Ovo

81
Ninfa
Adulto

Fotos: J.J da Silva


Percevejo-verde (Nezara viridula)
A ninfa do percevejo-verde apresenta Adultos: também conhecidos Danos: adultos e ninfas causam
coloração verde ou preta, com como fede-fede ou maria-fedida dano semelhante ao provocado pelos
d if e re n te s m a n c h a s c i r c u l a r e s pelo cheiro que exalam quando outros percevejos, exceto, que sua
brancas e pequenos pontos pretos molestados, são totalmente verdes e capacidade de provocar hastes verdes
distribuídos pelo corpo, passa por com tamanho entre 12 e 15 mm. Os é menor que a de P. guildinii e maior
cinco fases ninfais e completam o seu ovos, de coloração amarelada, são que a de E. heros.
desenvolvimento em cerca de 25 dias. depositados, preferencialmente, na
Ao eclodirem, as ninfas, assim como face inferior das folhas, em massas
as ninfas de E. heros e P. guildinii, regulares com 50 a 100 ovos, com
permanecem sobre os ovos. formato semelhante a favos de
colméia.

82
Ovo

83
Ninfa
Adulto

Fotos: J.J da Silva


Percevejo-barriga-verde (Dichelops melacanthus e D. furcatus)
Dos percevejos-barriga-verde, a Adultos: medem de 9 a 11 mm e sua Danos: as formas jovens e os adultos
espécie D. melacanthus é a mais coloração varia da castanha-amarelada alimentam-se das vagens, danificando
comum nas lavouras de soja, da à acinzentada, apresentando o os grãos, prejudicando o rendimento
região Norte do Paraná ao Centro- abdômen verde. A cabeça é típica, e qualidade da soja. Populações do
Oeste brasileiro, enquanto a espécie terminando em duas projeções percevejo barriga-verde também
D. furcatus ocorre mais ao sul do pontiagudas e a parte anterior do ocorrem em lavouras de milho
Brasil. As ninfas são de coloração tórax tem margens dentadas e e trigo, causando sérios danos,
castanha, com abdômen mais claro e expansões laterais espinhosas. Os especialmente, às plantas jovens de
pontuações mais escuras distribuídas ovos são verde-claros, normalmente milho.
sobre o corpo. Permanecem colocados sobre as folhas ou vagens,
agregadas sobre os ovos logo após em massas de cerca de 14 ovos.
a sua emergência, dispersando-se
posteriormente.

84
Ovo

85
Ninfa
Adulto

Fotos: J.J da Silva


Percevejo-edessa (Edessa meditabunda)
A ninfa tem a cor geral verde- Adultos: medem 13 mm, tem o Danos: em geral, semelhantes aos
amarelada, com antenas e pernas de corpo oval, apresentando a cabeça e demais percevejos sugadores de
coloração semelhante. Ventralmente parte do tórax verde e asas marrom semente, mas com menor capacidade
têm o corpo amarelo-escuro brilhante. escuras. Os ovos de cor verde- de dano. Podem, ainda, ser observados
A fase de ninfa dura aproximadamente, clara são colocados, em geral, nas sugando caules e, originado lesões
de 35 a 40 dias. folhas em número de 14 por massa, escuras. De maneira geral, suas
distribuídos em duas fileiras. Os populações não são elevadas.
adultos vivem, em média de 30 a
40 dias.

86
Ovo

87
Ninfa
Adulto

Fotos: J.J da Silva


Percevejo-acrosterno (Chinavia spp.)
Este percevejo, até há pouco Adultos: são percevejos de coloração Danos: adultos e ninfas sugam
tempo, estava incluído no gênero verde, normalmente, ocorrem em vagens, danificando os grãos da soja,
Acrosternum, de onde vem seu nome baixas populações na cultura da a exemplo de outros percevejos.
popular (percevejo acrosterno). As soja. As espécies desse gênero são
ninfas de Chivania spp. apresentam bastante semelhantes ao percevejo
colorações variadas com diferentes verde, N. viridula, mas apresentam
manchas brancas, pretas e alaranjadas antenas com segmentos de tonalidade
distribuídas pelo corpo. escura e espinho ventral no abdômen.
Algumas espécies apresentam a parte
membranosa das asas de cor escura.
Seus ovos, normalmente, colocados
nas folhas em grupos de 14, são de
coloração acinzentada.

88
Ovo

89
Ninfa
Adulto

Fotos: J.J da Silva


Percevejo-faixa-vermelha (Thyanta perditor)
Percevejo de ocorrência esporádica Adultos: são verde-acinzentados com Danos: danifica pouco a soja sendo
em soja. As ninfas apresentam pelos mancha de coloração avermelhada encontrado comumente em picão
esbranquiçados na superfície dorsal em forma de faixa entre os espinhos preto, Bidens pilosa L. Populações
do corpo, são de cor negro a ocre, do tórax, próxima à cabeça. O adulto desta espécie podem ocorrer nas
com manchas brancas amareladas. pode ser verde ou marrom dependendo culturas do trigo e do sorgo.
da época do ano. Os ovos, em forma
de tonel, colocados em grupos de 25
a 35, são castanho-acinzentados e
apresentam, lateralmente, duas faixas
esbranquiçadas.

90
Ovo

91
Ninfa
Adulto

Fotos: J.J da Silva


Bicudo-negro-pequeno-da-soja (Rhyssomatus sp.)
Este gênero apresenta mais de 100 Adultos: são insetos da família Danos: os ovos são depositados
espécies com diversos hospedeiros. Curculionidae, de cor negra podem nas vagens e as larvas para se
Na cultura da soja tem sido relatadas ter tonalidades avermelhadas. Medem alimentar penetram em seus tecidos,
as espécies R. subtilis no nordeste da 5 mm, cabeça, tórax e élitros tem danificando os grãos. A fase de
Argentina e R. nigerrimus no México. pontuações, que nos élitros estão pupa ocorre no solo. Os adultos ao
Em ambos os países são praga de distribuídas longitudinalmente. O se alimentarem causam manchas,
importância econômica, entretanto rostro (bico) é tão comprido quanto a necrosando o tecido superficial das
no Brasil, embora ocorram espécies cabeça e a parte anterior do tórax. As vagens e de pecíolos ou hastes. No
do gênero, não tem sido relatados larvas são curculioniformes brancas, norte da Argentina ocorre durante todo
danos por estes insetos. roliças e com a cabeça de cor marrom o período vegetativo e reprodutivo da
claro, enrijecida. soja.

92
Adulto

93
Dano

Fotos: D.R.Sosa-Goméz
Outros insetos comuns nas lavouras de soja
Percevejo-formigão (Neomegalotomus parvus)
Esse percevejo é conhecido como Adultos: medem cerca de 10 mm, Danos: é um inseto sugador de
“formigão”, devido à semelhança de sendo os machos de cor marrom sementes, mas de ocorrência
suas ninfas com formigas. com manchas claras nas laterais. As tardia e, mesmo ocorrendo em
fêmeas são escuras, com abdômen altas populações, não causa danos
maior. consideráveis à soja.

96
Ovo

97
Ninfa
Adulto

Fotos: J.J. da Silva


Larva-angorá (Astylus variegatus)
Os adultos da larva-angorá se Adultos: medem cerca de 8 mm e têm Danos: os adultos não causam danos
alimentam de pólen e, assim, podem as asas amarelas com pintas pretas. e as larvas podem, eventualmente, se
ser observados em populações altas alimentar de raízes.
em lavouras de soja, principalmente

Arquivo Embrapa Soja


Adulto
próximas à floração. Suas larvas
vivem no solo, são de coloração
marrom-escura e têm pêlos esparsos
distribuídos pelo corpo.

98
“Idi-Amin” (Lagria villosa)

Fotos: J.J. da Silva


O besouro conhecido popularmente Danos: apesar de serem abundantes Adulto
como “Idi-Amin”, é um inseto exótico em algumas lavouras, normalmente
que entrou no Brasil juntamente com não causam danos à soja. Em geral,
café, importado da África. Suas larvas são insetos saprófitas, ou seja, se
são pretas e com pêlos distribuídos alimentam de material vegetal em
pelo corpo. decomposição.

Adultos: são besouros de coloração Larva


marrom-escura ou preta, com tons
metálicos ligeiramente bronzeados,
corpo alongado, mais estreito na parte
anterior do que na posterior, medindo
cerca de 12 mm. Apresentam a
superfície do corpo com pêlos visíveis
à contraluz.

99
Agradecimentos

A Jovenil José da Silva, Embrapa Soja, pela maior parte das fotografias que constam neste manual. A Fernando Flores
INTA, Argentina, pelas fotos de Rachiplusia nu, a Paulo Roberto Valle da Silva Pereira, Embrapa Trigo, pelas fotos do
búfalo-da-soja, a Don Herbison-Evans, Universidade de Sidney, pela foto da mariposa de Maruca vitrata, a Maurício
Conrado Meyer pelas fotos de Megascelis, a Marliton Barreto pelas fotos de Promecops claviger, a Luciano Moisés
Gouvea pelas fotos dos ácaros vermelhos e a Paulo Gallo, Fundação ABC, pelas fotos de H. armigera.

100
Soja

CGPE 11258

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