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Documentos ISSN 2176-2937

Fevereiro, 2023 269

Manual de identificação de
insetos e outros invertebrados
da cultura da soja
4ª edição atualizada
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária ISSN 2176-2937
Embrapa Soja Fevereiro, 2023
Ministério da Agricultura e Pecuária

Documentos 269
Manual de identificação de insetos
e outros invertebrados da cultura da soja
4ª edição atualizada

Daniel Ricardo Sosa-Gómez, Beatriz Spalding Corrêa-Ferreira, Clara Beatriz Hoffmann-Campo,


Ivan Carlos Corso (in memoriam), Lenita Jacob Oliveira (in memoriam), Flávio Moscardi (in
memoriam), Antônio Ricardo Panizzi, Adeney de Freitas Bueno, Edson Hirose e Samuel Roggia

Embrapa Soja
Londrina, PR
2023
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Embrapa Soja
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Presidente: Adeney de Freitas Bueno
Secretária-executiva: Regina Maria Villas Bôas de Campos Leite Dados Internacionais na Publicação (CIP)
Membros: Claudine Dinali Santos Seixas, Edson Hirose, Ivani de Oliveira Embrapa Soja
Negrão Lopes, José de Barros França Neto, Leandro Eugênio Cardamone
Diniz, Marco Antonio Nogueira, Mônica Juliani Zavaglia Pereira e Norman
Neumaier. Manual de identificação de insetos e outros invertebrados da cultura da soja /
Daniel Ricardo Sosa-Gómez ...[ et al.] – 4. ed. atualizada – Londrina :
Supervisora editorial: Vanessa Fuzinatto Dall’Agnol Embrapa Soja, 2023.
Normalização: Valéria de Fátima Cardoso 104 p. - (Documentos / Embrapa Soja, ISSN 1516-781X; n. 269)
Editoração eletrônica: Marisa Yuri Horikawa
1. Soja. 2. Inseto. 3. Praga de planta. I. Sosa-Gómez, Daniel Ricardo. II.
1ª edição (2006)
2ª edição (2010) Corrêa-Ferreira, Beatriz Spalding. III. Hoffmann-Campo, Clara Beatriz. IV. Corso,
3a edição (2014) Ivan Carlos. V. Oliveira, Lenita Jacob. VI. Moscardi, Flávio. VII. Panizzi, Antônio
Ricardo. VIII. Bueno, Adeney de Freitas. IX. Hirose, Edson. X. Roggia, Samuel.
4ª edição (2023) XI. Série.
PDF Digitalizado (2023)
CDD: 633.3497 (21. ed.)

Valéria de Fátima Cardoso (CRB 9/1188) 


Embrapa 2023
Autores

Daniel Ricardo Sosa-Gómez Ivan Carlos Corso (in memoriam) Adeney de Freitas Bueno
Engenheiro-agrônomo, doutor, pesquisador da Engenheiro-agrônomo, doutor, pesquisador da
Embrapa Soja, Londrina, PR Lenita Jacob Oliveira (in memoriam) Embrapa Soja, Londrina, PR

Beatriz Spalding Corrêa-Ferreira Flávio Moscardi (in memoriam) Edson Hirose


Bióloga, doutora, pesquisadora aposentada da Engenheiro-agrônomo, doutor, pesquisador da
Embrapa Soja, Londrina, PR Antônio Ricardo Panizzi Embrapa Soja, Santo Antônio de Goiás, GO
Engenheiro-agrônomo, Ph.D., pesquisador da
Clara Beatriz Hoffmann-Campo Embrapa Trigo, Passo Fundo, RS Samuel Roggia
Bióloga, Ph.D., pesquisadora da Embrapa Soja, Engenheiro-agrônomo, doutor, pesquisador da
Londrina, PR Embrapa Soja, Londrina, PR
Apresentação

A identificação precisa de pragas é etapa crucial para o correto diagnóstico em campo, necessária para a tomada
de decisão de manejo e escolha da melhor estratégia de controle quando necessário. Espécies semelhantes podem
apresentar suscetibilidades diferentes a um mesmo inseticida, assim como comportamentos diferentes. Portanto,
erros no reconhecimento da espécie podem levar a fracassos do manejo dessas pragas.
Sendo assim, este manual tem como objetivos facilitar e orientar na identificação rápida das espécies de invertebrados-
pragas mais importantes encontradas na cultura da soja. A identificação da espécie, com o auxílio de imagens
contidas nesta publicação, permite obter informações adicionais existentes sobre a praga além de orientação para o
seu encaminhamento a um especialista para identificação definitiva.
Dessa forma, esta publicação é útil para agricultores, estudantes e profissionais que desenvolvem atividades
relacionadas à cultura da soja, especialmente naquelas ligadas ao manejo integrado de pragas.
Nesta quarta edição, foram atualizadas informações referentes às pragas da soja, além de algumas fotos contidas
no manual, visando sempre levar a melhor informação disponível ao campo.

Adeney de Freitas Bueno


Chefe-Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento
Embrapa Soja
Sumário
Pragas que atacam plântulas......................................................................................................................................... 9
Lagarta-elasmo ou broca-do-colo (Elasmopalpus lignosellus) ..................................................................................................................... 10
Lesmas e caracóis............................................................................................................................................................................... 12
Piolhos-de-cobra.................................................................................................................................................................................. 14
Pragas que atacam raízes............................................................................................................................................15
Percevejo-castanho-da-raiz (Scaptocoris castanea, S. carvalhoi e S. buckupi).............................................................................................. 16
Cochonilha-da-raiz (Dysmicoccus brevipes)............................................................................................................................................. 18
Corós (Phyllophaga cuyabana, Liogenys spp., Plectris pexa e outros)......................................................................................................... 20
Scutigerella immaculata....................................................................................................................................................................... 22
Pragas que atacam pecíolos e caules............................................................................................................................25
Tamanduá-da-soja ou bicudo-da-soja (Sternechus subsignatus)................................................................................................................. 26
Cascudinho (Myochrous armatus).......................................................................................................................................................... 28
Lagarta-maruca (Maruca vitrata)............................................................................................................................................................ 29
Broca-das-axilas (Crocidosema aporema)................................................................................................................................................ 30
Búfalo-da-soja (Ceresa brunnicornis e C. fasciatithorax)............................................................................................................................ 32
Mosca-da-haste-da-soja (Melanogromyza sojae)...................................................................................................................................... 34
Pragas que atacam folhas............................................................................................................................................37
Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis).................................................................................................................................................. 38
Falsa-medideira (Chrysodeixis includens)................................................................................................................................................ 40
Falsa-medideira (Rachiplusia nu)............................................................................................................................................................ 42
Lagarta-enroladeira (Omiodes indicata)................................................................................................................................................... 44
Vaquinha-verde ou patriota (Diabrotica speciosa)..................................................................................................................................... 46
Vaquinha (Cerotoma arcuata)................................................................................................................................................................ 48
Vaquinha (Colaspis sp.)........................................................................................................................................................................ 49
Tripes (Caliothrips braziliensis e Frankliniella schultzei)............................................................................................................................. 50
Ácaro-verde-da-soja (Mononychellus planki)............................................................................................................................................ 52
Ácaro-rajado (Tetranychus urticae)........................................................................................................................................................ 54
Ácaros-vermelhos (Tetranychus ludeni, Tetranychus desertorum e Tetranychus gigas)................................................................................. 56
Ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus)............................................................................................................................................. 58
Mosca-branca (Bemisia tabaci).............................................................................................................................................................. 60
Torrãozinho (Aracanthus mourei)........................................................................................................................................................... 62
Bicudo-pequeno-da-soja (Promecops claviger)......................................................................................................................................... 63
Metaleiro (Megascelis sp.).................................................................................................................................................................... 64
Burrinho-da-batatinha (Epicauta atomaria)............................................................................................................................................... 65
Gafanhotos........................................................................................................................................................................................ 66
Pragas que atacam vagens..........................................................................................................................................67
Lagarta Helicoverpa (Helicoverpa armigera)............................................................................................................................................. 68
Lagarta-das-vagens (Spodoptera albula)................................................................................................................................................. 72
Lagarta-das-vagens (Spodoptera cosmioides).......................................................................................................................................... 74
Lagarta-das-vagens (Spodoptera eridania)............................................................................................................................................... 76
Lagarta-das-vagens (Spodoptera frugiperda)............................................................................................................................................ 78
Broca-da-vagem (Etiella zinckenella)....................................................................................................................................................... 80
Lagarta-da-maçã do algodoeiro (Chloridea virescens)................................................................................................................................ 81
Percevejo-marrom (Euschistus heros)..................................................................................................................................................... 82
Percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii)........................................................................................................................................ 84
Percevejo-verde (Nezara viridula)........................................................................................................................................................... 86
Percevejo-barriga-verde (Diceraeus melacanthus e D. furcatus).................................................................................................................. 88
Percevejo-edessa (Edessa meditabunda)................................................................................................................................................. 90
Percevejo-acrosterno (Chinavia spp.)...................................................................................................................................................... 92
Percevejo-faixa-vermelha (Thyanta perditor)............................................................................................................................................ 94
Bicudo-negro-pequeno-da-soja (Rhyssomatus sp.).................................................................................................................................... 96
Outros insetos comuns nas lavouras de soja..................................................................................................................99
Percevejo-formigão (Neomegalotomus parvus)...................................................................................................................................... 100
Larva-angorá (Astylus variegatus)........................................................................................................................................................ 102
“Idi-Amin” (Lagria villosa)................................................................................................................................................................... 103
Agradecimentos....................................................................................................................................................... 104
Pragas que atacam plântulas
Lagarta-elasmo ou broca-do-colo (Elasmopalpus lignosellus)
O inseto conhecido popularmente Adultos: são mariposas pequenas Danos: A larva penetra na planta logo
como lagarta-elasmo ou broca-do- de cor cinza-amarelada, com cerca abaixo do nível do solo, cavando uma
colo prefere solos arenosos e causa de 20 mm de envergadura. As asas galeria ascendente no caule; junto ao
maior problema em períodos secos, em repouso são dispostas paralelas orifício de entrada, tece um casulo e
principalmente durante a fase de à linha do corpo, com uma mancha o cobre com excrementos e partículas
plântulas. As lagartas, que podem central preta. de terra. Devido a essa injúria, a
medir até 16 mm, possuem coloração planta pode morrer ou ficar debilitada,
de esverdeada a azulada, com faixas facilitando sua quebra. Se o ataque
transversais marrom ou marrom- for acentuado, aparecem falhas no
avermelhadas. Sua cabeça é pequena, estande da lavoura.
de cor marrom-escura. A pupa se
forma no solo, próximo da base da
planta.

10
Lagarta

A. R. Panizzi

11
Adulto

M. White
Dano

D. R. Sosa-Gómez
Lesmas e caracóis
Em algumas safras, lesmas e caracóis Algumas espécies são capazes Danos: as lesmas e os caracóis
têm aparecido em altas populações de autofecundação e outras não. podem destruir os cotilédones, causar
atacando a soja. São moluscos que Possuem hábito noturno e o período desfolha e até mesmo a morte das
se desenvolvem em locais com de maior atividade alimentar ocorre plantas. Atacam normalmente na fase
abundância de palha, ocorrendo com nas primeiras horas da noite. Seus inicial do desenvolvimento da cultura.
maior frequência em ambientes úmidos ovos podem permanecer viáveis por As formas jovens alimentam-se das
e frescos. O grupo envolve várias longos períodos. Podem colocar entre folhas. Os caracóis podem ainda
espécies, de diferentes tamanhos, que 300 a mais de 1000 ovos dependendo ocorrer no final do ciclo da soja. Na
são hermafroditas. da espécie. colheita, quando em altas populações,
podem provocar o embuchamento das
colhedoras.

12
Lesma

Arquivo Embrapa Soja

13
Caracol

Jovenil José da Silva


Piolhos-de-cobra indivíduos por m2. Muitas espécies de piolho-de-cobra secretam substâncias
irritantes para se protegerem de predadores.
Os piolhos-de-cobra pertencem à Danos: alimentam-se, preferencialmente, de sementes de soja, podendo,
classe Diplopoda e se caracterizam ainda, atacar plântulas recém-emergidas, comendo pedaços de cotilédones e
por apresentar dois pares de pernas folhas dessas plântulas. Podem matar plantas, causando falhas no estande da
em cada segmento do corpo, lavoura, levando às vezes a necessidade de ressemeadura e de tratamento de
podendo ter entre 20 ou mais de 100 sementes com inseticidas.
segmentos. Apresentam o hábito

Arquivo Embrapa Soja


de se enrolarem em espiral, quando
tocados. Concentram-se na linha
do sulco de semeadura, podendo,
periodicamente, penetrar nas camadas
superficiais do solo. São mais ativos à
noite, escondendo-se sob a palhada,
nas horas mais quentes do dia.
Colocam ovos de coloração branca, em
grupos ou isolados. Suas populações
podem ser muito elevadas, chegando,
em alguns casos, a atingir 30 a 40
14
Pragas que atacam raízes
Percevejo-castanho-da-raiz (Scaptocoris castanea, S. carvalhoi e S. buckupi)
Ninfas: são brancas e, nos últimos Adultos: têm coloração castanha, Danos: adultos e ninfas sugam
ínstares, os primórdios das asas são corpo convexo medindo entre 5 mm as raízes da soja, desde a fase de
bem visíveis e de cor amarelada. A a 10 mm, com as pernas anteriores plântula até a colheita, podendo causar
presença desse percevejo no solo, adaptadas para cavar. Quando decréscimo no rendimento. Quando o
independente da espécie, é facilmente expostos à superfície esses percevejos ataque ocorre na fase inicial, as plantas
perceptível pelo odor característico e emitem um som estridente. Os adultos atacadas podem morrer, resultando
desagradável que exalam. Tem alta saem do solo em revoadas no período em falhas de estande na lavoura.
capacidade de movimentação vertical chuvoso, com maior frequência de Ocorrem em reboleiras e, dentro
no perfil do solo. Ninfas de todos os novembro a março. O acasalamento dessas, a densidade populacional pode
tamanhos podem ser encontradas ocorre no interior do solo e já foram alcançar mais de 300 indivíduos/m2.
a mais de 1,20 m de profundidade, observados adultos em cópula a No Cerrado, perdas no rendimento
mas durante os meses mais quentes e mais de 1,5 m de profundidade. No da soja podem ocorrer a partir de
chuvosos concentram-se nos primeiros Brasil, o número de espécies e a sua populações entre 25 e 40 percevejos/m
20 cm do solo. distribuição geográfica ainda não são de fileira, dependendo da fertilidade do
bem conhecidos. solo. Devido a seu hábito críptico são
insetos de difícil controle.

16
Adultos
Ninfas

J. J. da Silva J. J. da Silva

17
Localização na raiz

Arquivo Embrapa Soja


Danos

Arquivo Embrapa Soja


Cochonilha-da-raiz (Dysmicoccus brevipes)
As cochonilhas são encontradas Adultos: as fêmeas têm o corpo Danos: sugam as raízes e, quando
usualmente nas raízes, mas convexo de cor rosada e apresentam suas populações são elevadas, podem
eventualmente podem atingir a parte filamentos laterais serosos longos, causar atraso no desenvolvimento
aérea da planta, e pelo seu aspecto são projetando-se para fora do perímetro das plantas, formando reboleiras com
chamadas de cochonilhas farinhosas do corpo. Cada fêmea pode produzir plantas de menor porte nas lavouras.
ou pulverulentas. As ninfas passam por uma progênie, em média, de 240
três estádios antes de chegar à fase indivíduos. Sua longevidade varia
adulta. Uma das espécies que ocorrem entre 50 a 110 dias. Em média
em soja é Dysmicoccus brevipes, vivem 90 dias. Os machos têm asas
também chamada de cochonilha- desenvolvidas, sendo, portanto de
farinhosa-do-abacaxi. vida livre e passam por quatro estádios
ninfais, até atingirem a fase adulta.

18
Adulto Fêmea

J.J. da Silva

19
Danos

D. R. Sosa-Gómez
Corós (Phyllophaga cuyabana, Liogenys spp., Plectris pexa e outros)
As larvas dos corós ocorrem no solo Adultos: Os adultos dos corós Danos: as larvas consomem
e são brancas, com três pares de rizófagos mais comuns em soja, principalmente, as raízes secundárias,
pernas torácicas. A coloração da são besouros ovalados, marrom- causando redução do crescimento da
cabeça varia com a espécie, mas avermelhados. O comprimento planta, folhas amareladas e murchas.
em geral é marrom-amarelada ou varia conforme a espécie: 12 mm a O ataque é em reboleiras e quando
avermelhada. As larvas passam por 15 mm (Liogenys sp.), 15 mm a 20 ocorre na fase inicial da cultura, pode
três ínstares e, as espécies rizófagas mm (Phyllophaga sp.) e 15 mm a resultar em morte das plantas. Com
mais comuns, podem atingir 35 mm 17 mm (Plectris sp.). Apresentam ataque mais tardio, a soja produz
de comprimento. Larvas de corós que hábitos noturnos e as revoadas, menor número de vagens e grãos,
fazem galerias no solo podem medir 50 geralmente, ocorrem logo após o que, também, são menores nas plantas
mm de comprimento. A fase larval de crepúsculo. Adultos de P. cuyabana se atacadas. Os adultos geralmente não
P. cuyabana dura cerca de 8,5 meses, agregam sobre a folhagem da lavoura causam dano. Larvas de algumas
incluindo um período de diapausa de 4 para o acasalamento. Em geral, espécies que fazem galerias e não
a 5 meses, quando ficam inativas em cerca de 2 a 4 horas após o início da se alimentam de raízes vivas, são
câmaras, no solo. revoada, os adultos retornam ao solo, benéficas e, geralmente, não causam
onde colocam os ovos. dano à soja. Os corós benéficos podem
ser diferenciados por “andarem de
costas”, arrastando o dorso no chão.
20
Fotos: J. J. da Silva
Larva Adulto Adulto Dano

Phyllophaga cuyabana Plectris pexa

Adulto
Pupa

Phyllophaga sp. Liogenys sp.

21
Scutigerella immaculata
Scutigerella immaculata é um artrópode antenais são adicionados a cada Dano: dependendo de sua densidade
da classe Symphyla, que apresenta muda, podendo chegar em média a podem provocar redução no poder
ampla distribuição geográfica. A partir 50 partes. Os adultos de cor branca germinativo, no número de raízes e no
da safra 2018/19 dano à soja tem sido medem aproximadamente 8 mm. estande de plantas. Entretanto, não
atribuídos a essa espécie nos estados Estes artrópodes se movimentam há informações disponíveis de nível
de Pará, Tocantins e Maranhão. S. rapidamente e escapam nas fendas do de dano econômico e níveis de ação.
immaculata é uma praga que habita solo, quando perturbados. O indivíduo
no solo e ataca as raízes das plantas da foto não pertence à espécie S.
de soja. Os ovos são brancos, na immaculata, mas trata-se de um
superfície apresentam uma rede de Symphyla não identificado.
pequenas crestas em sobre relevo.
A postura ocorre no solo em fileiras
de 9 a 12 ou mais ovos. Apresenta
múltiplos instares, o primeiro instar
possui 6 pares de pernas e a cada
muda é adicionado um par alcançando
na fase adulta 12 pares de pernas. Da
mesma maneira, novos segmentos
22
Fonte: Wikipedia

23

Foto: Adilson Santos


Pragas que atacam pecíolos e caules
Tamanduá-da-soja ou bicudo-da-soja (Sternechus subsignatus)
As larvas do tamanduá-da-soja ou Adultos: são gorgulhos com cerca de Danos: são causados pelos adultos que
bicudo-da-soja têm o corpo cilíndrico, 8 mm de comprimento, de coloração raspam e desfiam os tecidos do caule
levemente curvado e sem pernas. A geral preta, com listras amarelas, e ramos, e pelas larvas que broqueiam
coloração do corpo é branca-amarelada formadas por pequenas escamas, as hastes das plantas formando uma
e a da cabeça é castanha-escura. Nas na parte dorsal do corpo próximo à galha caulinar, composta de tecido
regiões frias, as larvas são hibernantes cabeça e nas asas duras. modificado e quebradiço. A ocorrência
por até 10 meses e, nas regiões com de altas populações de adultos causa

J. J. da Silva
invernos mais amenos, dependendo Adulto dano irreversível, com a morte de
da disponibilidade de alimento, pode plantas. Quando o ataque ocorre mais
haver emergência de adultos na tarde e as larvas se desenvolvem no
entressafra. A fase de pupa ocorre interior das galhas, a planta pode
no solo. quebrar, ocasionando perdas de
rendimento.

26
Larva

27
Dano
Dano

Fotos: C. B. Hoffmann-Campo
Cascudinho (Myochrous armatus)
As larvas do cascudinho-da-soja Adultos: são besouros de coloração Danos: o inseto adulto ataca a base
são amarelas, vivem no solo e se preta-fosca com variações de marrom do caule, causando tombamento e
alimentam de raízes. a acinzentada. O comprimento médio morte da plântula. Em plantas mais
dos adultos é de 5 mm e, como na desenvolvidas, o dano é menor, pois

J.J. da Silva
Adulto
maioria dos insetos, a fêmea é maior o inseto ataca os pecíolos provocando
que o macho. A margem lateral da murcha dos folíolos. Embora ataquem
parte anterior do tórax é dentado e o várias partes da planta, esses insetos
corpo é recoberto por escamas curtas raramente ocasionam danos sérios
e robustas. Ocasionalmente, têm sido à soja.
detectadas altas populações na região
próxima de São Gabriel do Oeste,
MS. Possuem o hábito de se fingir de
mortos quando perturbados e não são
bons voadores.

28
Lagarta-maruca (Maruca vitrata)
A lagarta-maruca apresenta coloração Adultos: são mariposas pequenas com Danos: as larvas broqueiam as
amarela a castanho-clara brilhante, 20 mm de envergadura, com asas axilas, as hastes e os pecíolos da
com pontuações escuras com pelos anteriores de cor marrom com uma soja, apresentando hábitos e danos
distribuídas pelo corpo; os segmentos mancha translúcida, próxima do corpo. semelhantes ao da broca-das-axilas.
do corpo são bem evidentes. Antes Porém, o dano mais importante

D. Herbison-Evans
da formação das pupas, as larvas Adulto ocorre no período reprodutivo da
podem atingir 20 mm de comprimento. soja quando broqueiam vagens,
podendo, eventualmente, danificar

Arquivo Embrapa Soja


Lagarta as inflorescências. Sua ocorrência é
esporádica e, quando broqueia hastes,
seu dano é de difícil percepção, mas
pode ocasionar a quebra das plantas.
As larvas podem ser encontradas no
interior das hastes realizando o corte
longitudinal, com canivete.

29
Broca-das-axilas (Crocidosema aporema)
A broca-das-axilas é pequena e, Adultos: são mariposas pequenas, Danos: a larva possui o hábito de
quando completamente desenvolvida, de 14 mm de envergadura, cujas penetrar no caule, através das axilas
pode medir cerca de 10 mm. Nos asas anteriores são cinzas com dos brotos terminais, formando um
primeiros ínstares, a lagarta apresenta manchas claras. As asas em repouso cartucho pela união dos folíolos
coloração branco-amarelada e a permanecem paralelas ao corpo. com fios-de-seda. Posteriormente,
cabeça preta. À medida que cresce, cava uma galeria descendente que
assume a cor geral bege ou amarelada lhe serve de abrigo, podendo causar
e a cabeça fica marrom. desenvolvimento anormal da planta ou,
até mesmo, a sua morte. Normalmente,
suas populações ocorrem com maior
intensidade em locais de clima
temperado. Desde a safra 2019/2020
foi relatada sua presença em soja que
expressa a proteína Cry1Ac.

30
Lagarta

Arquivo Embrapa Soja

31
Dano
Adulto

Arquivo Embrapa Soja J. J. da Silva


Búfalo-da-soja (Ceresa brunnicornis e C. fasciatithorax)
Estas cigarrinhas pertencem à família Adultos: apresentam 6 mm a Danos: Adultos e ninfas alimentam-
Membracidae e são conhecidas como 8 mm de comprimento, de coloração se fazendo perfurações adjacentes,
búfalo-da-soja ou periquito-da-soja. amarelada a marrom-esverdeada provocando uma depressão anelar em
Na soja, foram registradas duas e, vistos dorsalmente, possuem torno da haste, dos ramos e pecíolo.
espécies: C. brunnicornis, no Sul, e C. um aspecto triangular com três O dano é normalmente observado na
fasciatithorax, no Nordeste. Colocam espinhos, sendo dois superiores haste principal da planta de soja (V3-
seus ovos no solo, próximo à região bem desenvolvidos. Têm as asas Vn). Pode atacar ramos secundários
do colo da planta ou ovipositam membranosas parcialmente escondidas e pecíolos, no período reprodutivo.
endofíticamente na base das hastes. sob o pronoto e pernas robustas. Os Essas lesões favorecem a quebra da
Após um período de incubação de adultos fazem vôos curtos e tem o haste, podendo ser confundido com
cerca de cinco a oito dias eclodem as hábito de saltar, são bastante ágeis e danos causados pelo bicudo-da-soja,
ninfas. Essas apresentam coloração podem se dispersar para novas áreas. na fase inicial das plantas, ou pela
marrom-esverdeada ou acinzentada, lagarta-elasmo.
dependendo do estádio. Caracterizam-
se pelo aspecto bizarro em função da
presença de uma série de espinhos
dorsais no corpo. O período ninfal dura
de duas a três semanas.
32
Ninfas

33
Adulto
Dano

Fotos: P. R. V. S. Pereira
Mosca-da-haste-da-soja (Melanogromyza sojae)
A mosca Melanagromyza sojae Adultos: os adultos são moscas encurtamento de entrenós. As galerias
faz postura endofítica nos tecidos pequenas, apresentam tórax preto e podem ser observadas cortando-se
próximos a nervuras de folíolos mais asas transparentes com envergadura longitudinalmente o caule. O período
tenros da soja. Após a eclosão, as de 1,7 a 2,3 mm. O abdome é verde mais sensível à praga ocorre no primeiro
larvas minam os tecidos, migram metálico escuro e devido ao tamanho mês de desenvolvimento da planta. A
para as nervuras e, posteriormente, reduzido, a identificação dessa praga incidência elevada pode provocar
penetram no caule pelos pecíolos. O no campo é difícil. O adulto vive em perdas de rendimento de até 40%. Pelo
desenvolvimento ocorre internamente média 19 dias e as fêmeas depositam seu hábito críptico, a ocorrência da
e, as larvas se alimentam da medula do em média 170 ovos. praga passa despercebida, dificulta o
caule, deslocando-se, principalmente seu controle e, assim, frequentemente
para a parte inferior da planta. As as aplicações de inseticidas apresentam
larvas, de cor creme, são vermiformes Danos: no final da fase larval, o inseto baixa eficiência.
e podem medir até 4 mm. A duração da atravessa os tecidos do caule, faz um
fase de ovo depende da temperatura orifício de saída pouco visível pela
variando entre 2 a 6 dias, enquanto a presença de detritos, que protegem a
fase larval é de 8 dias e pupal de 6 a pupa, por onde os adultos emergem e
12 dias. O ciclo de ovo a adulto pode saem da planta. Quando danificadas,
totalizar entre 16 a 26 dias. as plantas apresentam murcha foliar e

34
35
Dano
Larva

Adulto

Fotos: Beatriz Spalding Corrêa-Ferreira


Pragas que atacam folhas
Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis)
Na fase larval, a lagarta-da-soja passa Adultos: são mariposas de cor variável, Danos: no terceiro estádio, as lagartas
por seis ínstares. A lagarta pequena do cinza-claro ao marrom-escuro, mas já provocam perfurações nas folhas,
(até 10 mm) geralmente apresenta tendo sempre presente uma linha mas deixam as nervuras intactas.
cor verde e possui quatro pares de diagonal de cor marrom-avermelhada, Entretanto, o consumo foliar, até nos
propernas no abdômen, duas delas unindo as pontas do primeiro par de primeiros estádios, é muito pequeno.
vestigiais. Com isso, se locomove asas. Na face inferior do segundo par Do quarto ao sexto estádio, as lagartas
medindo palmos e, muitas vezes, são de asas, apresenta pequenos círculos consomem mais de 95% do total
confundidas com lagartas pequenas brancos, próximos da margem externa de consumo foliar, que é de 100
das falsas-medideiras. As lagartas da asa. Durante a noite, ovipositam cm 2 a 120 cm 2 por lagarta. Em
maiores do que 15 mm podem ser ovos individualizados e de cor verde- altas populações, se não controlado,
encontradas nas formas verdes ou claro, colocados principalmente na esse inseto pode provocar desfolhas
escuras; ambas apresentam três linhas face inferior das folhas, mas também elevadas (> 30%), causando perdas
longitudinais brancas no dorso e quatro nos pecíolos e ramos da soja. As de produtividade da cultura.
pares de propernas abdominais, além lagartas eclodem em três dias e
de um terminal. passam a se alimentar de folhas.

38
Lagarta

A. V. Carneiro

Lagarta
Lagarta

39

C. B. Hoffmann-Campo A. V. Carneiro
Adulto

Arquivo Embrapa Soja


Falsa-medideira (Chrysodeixis includens)
As lagartas são comumente Adultos: apresentam asas dispostas Danos: as lagartas consomem
denominadas falsas-medideiras, por se em forma inclinada e, principalmente, o parênquima foliar deixando as
deslocarem como que medindo palmos, as mariposas recém emergidas, nervuras, conferindo aos folíolos
são de cor verde-clara com listras apresentam manchas prateadas aspecto rendilhado. Essa espécie é de
longitudinais brancas e pontuações brilhantes no parte central do primeiro difícil controle, quando comparada com
pretas. A fase larval dura entre 14 par de asas. Os adultos também são a lagarta-da-soja. Devido ao manejo
a 20 dias. No seu último estádio muito semelhantes aos de R. nu, mas inapropriado de suas populações, há
larval, atinge 40 mm a 45 mm de as manchas das asas de C. includens relatos de resistência a inseticidas.
comprimento e a transformação para a são prateadas, bem mais brilhantes
fase de pupa ocorre sob uma teia, em e evidentes. As fêmeas apresentam
geral, na face ventral das folhas. Essa longevidade média de 15 a 18 dias e
lagarta pode ser confundida com a podem colocar até 600 ovos.
Rachiplusia nu que é mais frequente no
Sul do Brasil. Entretanto, C. includens
apresenta a face interna de suas
mandíbulas com dois dentes, difíceis
de serem observados a olho nu.

40
Lagarta

D. R. Sosa-Gómez

41
Adulto

J.J da Silva
Dano

J.J da Silva
Falsa-medideira (Rachiplusia nu)
As lagartas e as mariposas desta Adultos: Os adultos são semelhantes a Essa espécie apresenta resistência à
espécie são muito semelhantes às de C. includens, mas a mancha na região soja que expressa a proteína Cry1Ac
C. includens. Populações elevadas são central do primeiro par de asas não é e sua prevalência tem aumentado
encontradas com maior frequência na tão prateada e brilhante como em C. gradativamente desde a safra
região sul do continente americano, includens. Rachiplusia nu apresenta 2019/2020.
como no estado do Rio Grande do Sul, as partes dorsal e central do segundo
assim como no Uruguai e na Argentina, par de asas de cor castanho-clara

D. R. Sosa-Gómez
ocorrendo também nos estados do com a borda externa castanho-escura.
Paraná e São Paulo. As lagartas podem Rachiplusia nu, de maneira semelhante a
ser diferenciadas de C. includens A. gemmatalis, coloca os ovos
mediante a observação do lado interno isolados.
da mandíbula que não apresenta
dentes, ou seja, sua carena interna Danos: semelhantes aos de
é contínua até a borda externa da C. includens, ocasiona o aspecto
mandíbula. Rachiplusia nu apresenta rendilhado dos folíolos de soja, isto
micro-espinhos na região superior à é, se alimenta principalmente do
inserção das três pernas torácicas. A parênquima deixando as nervuras
cor das pernas verdadeiras, torácicas, intactas. Mandíbula de C. includens Mandíbula de R. nu

não é um caráter que diferencie as


duas espécies. 42
43
Lagarta
Adulto

Fotos: F. Flores
Lagarta-enroladeira (Omiodes indicata)
A lagarta-enroladeira tem coloração Adultos: são mariposas pequenas de Danos: a lagarta possui o hábito de
verde-escura, aspecto oleoso e pode, coloração geral alaranjada e apresenta enrolar ou de unir os folíolos da soja,
ao final do desenvolvimento, medir de três listras escuras onduladas nas por meio de secreções, formando
12 mm a 15 mm. A pupa é marrom e asas. Medem cerca de 18 mm de um abrigo onde passa a fase larval,
permanece no abrigo construído pela envergadura, quando em repouso. alimentando-se do parênquima das
lagarta, nas folhas, até a emergência folhas e, assim, diminuindo a área
dos adultos. foliar e a capacidade fotossintética da
planta. Normalmente ocorre com maior
densidade populacional no final do
ciclo da soja, quando a perda de área
foliar não mais afeta a produtividade
da cultura.

44
Fotos: J.J da Silva
Lagarta Adulto Dano

45
Vaquinha-verde ou patriota (Diabrotica speciosa)
Dentre as espécies da família Adultos: apresentam coloração geral Danos: os adultos alimentam-se de
Chrysomelidae encontradas na verde com três manchas amarelas folhas e de brotos e têm preferência
cultura da soja a mais comum é D. em cada asa anterior, sua cabeça é pelas folhas mais tenras. Ao se
speciosa, chamada comumente de avermelhada e medem entre 5 mm a alimentar, realizam pequenos orifícios,
vaquinha-verde ou patriota. A larva é 6 mm de comprimento. A postura é porém têm pouca capacidade de
de coloração amarela-pálida, tendo o feita com os ovos agrupados, sobre causar grande desfolha. Suas larvas
tórax, a cabeça e as pernas torácicas as partes subterrâneas da planta. O se alimentam das raízes das plantas e
pretas. Desenvolvem-se no solo e, no período de incubação dura em média o seu controle na soja, normalmente,
final da fase larval, medem 10 mm oito dias. não é necessário.
a 12 mm de comprimento e 1mm
de diâmetro. O período larval dura
aproximadamente 23 dias. A fase
pupal dura 17 dias e ocorre no solo,
dentro de câmaras.

46
47
Larva

D. R. Sosa-Gomez
Adulto

J.J da Silva
Vaquinha (Cerotoma arcuata)
Na fase larval, essa vaquinha é branca Danos: os adultos são desfolhadores,

J.J da Silva
Adulto
com cabeça preta, ocorre no solo e mas podem provocar dano direto às
dura de 20 a 25 dias. vagens e flores. As larvas alimentam-
se de nódulos de Bradyrhizobium,
Adultos: são besouros com o formato diminuindo a disponibilidade de
do corpo semelhante ao da vaquinha- nitrogênio para a planta, podendo
patriota (D. speciosa), mas de afetar negativamente a produção,
coloração bege, com quatro manchas mas raramente justificam medidas de
marrom-escuras, duas grandes e duas controle.
pequenas, em cada asa anterior e
medem cerca de 5 mm.

48
Vaquinha (Colaspis sp.)
Populações elevadas de Colaspis sp. Adultos: medem 5 mm de comprimento,

J.J da Silva
Adulto
são comuns em lavouras de soja, têm coloração verde-metálica e
principalmente nos estados de Mato apresentam sulcos longitudinais e
Grosso do Sul e do Paraná, mas pontuações em toda a extensão das
raramente atingem nível de dano. A asas.
larva pode medir até 7 mm e apresenta
cor branca-acinzentada. Danos: os adultos alimentam-se
das folhas, causando pequeno
desfolhamento que, em geral, não
comprometem a produção de soja.

49
Tripes (Caliothrips braziliensis e Frankliniella schultzei)
Nas lavouras de soja, podem Adultos: são insetos pequenos, Danos: na soja, raspam as folhas,
ser encontradas várias espécies medindo de 1 mm a 2 mm, de cor tornando-as prateadas. Esse dano
de tripes, sendo as mais comuns marrom ou preta que possuem direto devido à sua alimentação, em
C. braziliensis e F. schultzei. Conforme aparelho bucal raspador-sugador. si, não causa reduções drásticas de
a espécie, as ninfas possuem coloração Podem se alimentar de várias culturas, produtividade, porém o seu dano
branca, bege-clara ou amarelada e principalmente hortaliças. No caso de indireto, como transmissor do vírus
marrom ou preta. Medem cerca de F. schultzei, os adultos apresentam que causa a doença “queima-do-broto”
2 mm e costumam se abrigar na face longevidade média de duas semanas pode causar sérios prejuízos à soja.
abaxial das folhas ou dos folíolos e se reproduzem por partenogênese;
novos, ainda não abertos, passando cada fêmea coloca em média 75 ovos.
por três ínstares, atingindo a fase
adulta entre oito e nove dias.

50
Adulto

51
Dano

Fotos: Arquivo Embrapa Soja


Ácaro-verde-da-soja (Mononychellus planki)
O ácaro-verde é a espécie mais Adultos: Têm coloração verde com as Danos: Seu ataque prejudica a atividade
frequente em soja no Brasil, porém quatro pernas dianteiras de coloração fotossintética da folha. Produzem
é menos agressiva do que os demais amarelo-ouro. A fêmea tem forma minúsculas pontuações cinza-claras na
ácaros. Na maior parte dos casos ocorre elíptica e o macho é menor e tem forma folha, que se concentram inicialmente
em baixa densidade, porém surtos de pêra, com a porção anterior mais na face inferior e junto das nervuras,
populacionais podem ocorrer devido larga do que a posterior. Apresentam que evoluem e se distribuem por toda
a estiagem e uso de determinados setas dorsais relativamente mais a folha, deixando-a com coloração
agrotóxicos, como fungicidas e curtas e mais largas em relação aos acinzentada. Folhas de diferentes
inseticidas piretroides, especialmente demais ácaros da soja. Seus ovos são posições na planta apresentam
quando pulverizados desde a fase pouco brilhantes, com coloração que intensidade de ataque semelhante,
vegetativa da soja. Ocorrem 3 fases varia de translúcida, creme a branco com tendência de menores densidades
ninfais, todas de coloração verde- leitoso, a medida que se desenvolve. no interior do dossel, pela ação de
claro, no primeiro ínstar possuem seis Os ovos são depositados ao longo inimigos naturais. O ataque é bem
pernas e a partir do segundo ínstar de toda a folha, principalmente na distribuído na lavoura, inicialmente as
oito pernas. Entre cada ínstar ocorre face inferior e junto às nervuras. reboleiras são pouco definidas, mas
uma fase quiescente, para a troca de Produz pequena quantidade de teia, podem atingir grandes áreas com
pele (ecdise). utilizada para fixar os ovos na folha e coloração acinzentada.
no processo de dispersão pelo vento.
52
Adulto

D. R. Sosa-Gómez

53
Dispersão

D. R. Sosa-Gómez
Dano

S. Roggia
Ácaro-rajado (Tetranychus urticae)
O ácaro-rajado é a segunda espécie Adultos: As duas manchas dorso- Danos: Seu ataque prejudica a
mais frequente em soja no Brasil, laterais típicas dessa espécie são mais atividade fotossintética da folha.
habitualmente é mais agressiva do que escuras nos adultos, especialmente Produzem minúsculas pontuações
o ácaro-verde, porém é muito sensível nas fêmeas. Eventualmente podem cinza-claras que evoluem rapidamente
a chuvas, predadores e patógenos. ocorrer fêmeas de coloração laranja para manchas contínuas acinzentadas
Em ataques intensos em soja, de a vermelha. O formato do corpo da na face inferior da folha, enquanto que
forma semelhante ao ácaro-verde, fêmea e do macho é semelhante ao na face superior ocorrem manchas
é favorecido pela estiagem, além do ácaro-verde, porém apresenta setas amareladas. Apresentam ataque
do uso de fungicidas e inseticidas dorsais mais longas e finas. Seus ovos concentrado em pequenas manchas
piretroides, especialmente quando são brilhantes, com coloração que, na folha. Folhas de uma mesma planta
pulverizados desde a fase vegetativa com o tempo, varia de translúcida, podem apresentar intensidades de
da soja. As ninfas do ácaro-rajado creme a branco-leitoso. Todas as fases ataques muito diferentes entre si.
são semelhantes às do ácaro-verde, do ácaro-rajado vivem em colônias Na lavoura são notadas pequenas
abrigadas sob teia que é produzida reboleiras com plantas intensamente
porém possuem coloração verde
em grande quantidade na face inferior atacadas, com aspecto amarelado. Em
com duas manchas escuras dorso-
das folhas. casos de ataque intenso, reboleiras
lateralmente na porção anterior do
vizinhas podem se fundir formando
corpo.
grandes áreas atacadas, podendo
ocorrer queda prematura de folhas.
54
Adulto

P. L. E. R. Cardoso

55
Dano

D. R. Sosa-Gómez
Dano
Dano

S. Roggia
Ácaros-vermelhos (Tetranychus ludeni, Tetranychus desertorum e Tetranychus gigas)
As espécies de ácaros-vermelhos Adultos: As fêmeas de ácaros- Danos: Os danos e características de
são muito semelhantes. São pouco vermelhos se assemelham às do ataque de ácaros-vermelhos em soja
frequentes em soja no Brasil e ocorrem ácaro-rajado em grande parte de se assemelham aos do ácaro-rajado.
associados às demais espécies de suas características, exceto
ácaros. Considera-se que apresentem por apresentarem coloração
potencial de ataque semelhante ao vermelho-carmim. Porém, com o
do ácaro-rajado, sendo igualmente desenvolvimento, elas podem passar
sensíveis à chuva, predadores e para o vermelho-escuro. Os machos
patógenos. Semelhante ao ácaro- apresentam coloração vermelho-
verde e ao ácaro-rajado, os ácaros- alaranjado.
vermelhos são favorecidos pela
estiagem, além do uso de fungicidas
e inseticidas piretroides, especialmente
quando pulverizados desde a fase
vegetativa da soja. As ninfas dos
ácaros-vermelhos são semelhantes às
do ácaro-verde e ácaro-rajado, porém
possuem coloração vermelho-claro.
56
Adulto
Adulto
Adulto

Fotos: L.M. Gouvêa

57
Dano

S. Roggia
Ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus)
O ácaro-branco é pouco frequente Adultos: Como as populações do Danos: Ataca preferencialmente a face
em soja no Brasil. É capaz de se ácaro-branco vivem em constante inferior de folhas novas (ponteiros) em
multiplicar rapidamente, porém é muito deslocamento para folhas novas, é processo de expansão, dificultando
sensível a fatores ambientais como comum observar machos transportando seu crescimento e deixando as
a baixa umidade. Ataca os brotos pupas de fêmeas, com as quais folhas levemente enrugadas. Essa
novos das plantas. São pequenos, copulam após sua emergência. Os deformação é sempre simétrica e
difíceis de serem vistos a olho nu. adultos apresentam corpo elíptico, ocorre com a mesma intensidade
Diferentes espécies de tarsonemideos, sendo o macho de tamanho menor. nos três folíolos da mesma folha. Na
conhecidos popularmente como Os ovos são elípticos, translúcidos e lavoura, o ataque ocorre em pequenas
ácaros-branco, podem ser encontrados externamente recobertos por cerca de reboleiras. A inspeção da folha sob
em soja, porém algumas destas não uma centena de protuberâncias cerosas lupa de 40x de aumento permite o
são pragas, se alimentam de fungos e que se assemelham a verrugas, sendo correto diagnóstico do ácaro-branco
de outros recursos disponíveis sobre essa uma característica que permite a na lavoura. A haste e as vagens em
as plantas. O ciclo do ácaro-branco é identificação dessa espécie de ácaro. desenvolvimento também podem ser
composto por ovo, larva, pupa (fase Os ovos são depositados diretamente atacadas. As estruturas atacadas
quiescente) e adulto. Em todas as sobre a superfície da folha ao longo de apresentam aspecto bronzeado.
fases apresentam coloração creme toda a sua extensão, principalmente Ataques precoces podem afetar
brilhante. na face inferior. O ácaro-branco não consideravelmente a estrutura e o
produz teia. porte da planta.
58
59
Adulto
Dano

Fotos: D. R. Sosa-Gómez
Mosca-branca (Bemisia tabaci)
Estudos recentes indicam a Adultos: medem 1 mm de comprimento, Danos: as ninfas, principalmente as do
predominância da mosca-branca possuem dois pares de asas brancas biótipo B, ao se alimentarem, liberam
biótipo B, nas lavouras de soja no e o corpo de cor amarelada, coberto grande quantidade de substância
Brasil. O biótipo B é mais agressivo, por cera pulverulenta. As populações açucarada. Essa substância favorece
mas a distinção dos biótipos A e B, podem ser muito elevadas e, nessas a formação do fungo fumagina
com base na sua morfologia não é ocasiões, quando as plantas de soja (Capnodium sp.), tornando as folhas
possível. As ninfas são transparentes, são perturbadas, podem voar em pretas, que, ao receberem radiação
ovais medem de 0,3 mm a grande número. solar, se desidratam e caem. Essa
0,7 mm e as fases quiescentes são espécie também é vetora da doença
amarelo-esbranquiçadas, cobertas causada por carlavírus. Quando a
por serosidade. Durante essa fase, densidade populacional é elevada, seu
os olhos do adulto em formação são controle é muito difícil.
avermelhados.

60
Ninfa

A. F. Bueno

61
Adulto

J.J da Silva
Dano

D. R. Sosa-Gómez
Torrãozinho (Aracanthus mourei)
A fase larval do besouro comumente Adultos: são pequenos besouros de cor Danos: atacam a soja logo após a
denominado torrãozinho ocorre no marrom e medem aproximadamente, emergência, causando um serrilhado
solo, podendo durar cerca de 11 4 mm de comprimento. Possuem característico nas bordas dos folíolos,
meses. saliências nas asas duras (élitros) podendo atingir os pecíolos. São
que seguram partículas de solo, de ocorrência comum em lavouras
mimetizando pequenos torrões. do norte do Paraná. Podem ocorrer
em grandes populações, mas sua

Fotos: J.J da Silva


Adulto Dano
capacidade de desfolha é reduzida.

62
Bicudo-pequeno-da-soja (Promecops claviger)
Essa espécie ocorre no Brasil e tem Adultos: são insetos típicos Danos: os adultos alimentam-se das
sido relatada ocasionalmente causando da família Curculionidae, medem folhas realizando cortes em formato
danos na cultura da soja. A fase larval aproximadamente 3,5 mm, são de da letra U. Suas larvas alimentam-se
ocorre no solo durante o inverno, cor marrom, com manchas claras na de raízes e dos nódulos da soja.
localizando-se, principalmente, entre parte medial e terminal dos élitros.
cinco a 10 cm de profundidade. As Seu corpo está recoberto de setas

M. Barreto
pupas são encontradas também no curtas, possuem antenas clavadas e
solo, transformando-se em adultos suas asas podem estar normalmente
na primavera. Os adultos atacam desenvolvidas ou serem curtas
plantas pequenas causando danos nos (braquípteros).
cotilédones e desfolha.

63
Metaleiro (Megascelis sp.)
Adultos: são insetos alongados, medem

J.J da Silva

M. C. Meyer
Adulto Dano
3 mm a 4 mm, cujos tórax e abdômen
apresentam os lados paralelos, de cor
verde-metálico brilhante. Por esse
motivo são conhecidos vulgarmente
como “metaleiros”. A parte anterior
do tórax é mais estreita do que a base
do primeiro par de asas. Seus élitros
apresentam pontuação pronunciada.
As antenas são longas, mas menores
do que o corpo; as antenas das fêmeas
são menores que dos machos.
Danos: provocam desfolha de forma
irregular. Geralmente, são comuns
no inicio do cultivo da soja, mas de
importância secundária.

64
Burrinho-da-batatinha (Epicauta atomaria)

J. J. da Silva
Adulto
A fase larval é predadora de ovos, mas Danos: os adultos provocam desfolha,
na fase adulta são fitófagos. O corpo mas não ocorrem com frequência e
possui forma cilíndrica levemente são considerados pragas-secundárias.
cônica e medem de 10 mm a Também podem ocasionalmente se
15 mm de comprimento. Apresentam alimentar de flores.
pubescência cinza com manchas pretas
por ausência de pelos. São besouros
de tegumento pouco esclerosado,
incluindo-se o primeiro par de asas.
Suas antenas são relativamente
longas. Os ovos são colocados no solo
e são branco-cremosos e alongados.
As larvas de primeiro ínstar possuem
mandíbulas fortes e suas pernas
funcionais apresentam três unhas nas
extremidades, passam por mais dois
ínstares, antes de se transformarem
em pupas que são parecidas com os
adultos.
65
Gafanhotos
Os gafanhotos observados em soja,

J. J. da Silva
Adulto
em geral, são gregários. Existem
várias espécies que ocorrem na
cultura, mas os gêneros mais comuns
são Bacacris sp., Rhammatocerus sp.
e Schistocerca sp.

Danos: são desfolhadores, raramente


ocasionam danos importantes mas,
quando ocorrem em altas populações,
podem ocasionar redução total da
área foliar.

66
Pragas que atacam vagens
Lagarta Helicoverpa (Helicoverpa armigera)
Essa espécie era considerada praga diferente quando o ataque ocorre em - Chloridea apresenta microespinhos
quarentenária no Brasil até a safra plantas já mais desenvolvidas. nas chalazas (verrugas) dorsais
2012/2013, quando sua presença do segundo e do oitavo segmento
foi registrada pela primeira vez e Lagartas: Sua coloração é abdominal e pela presença de um
comunicada ao Mapa pela Embrapa em muito variável, pode apresentar dente interno (face interna) das
22 de março de 2013. O seu manejo predominância de verde, com mandíbulas.
deve ser realizado de forma integrada tonalidades amarelada ou rosada ou
com as demais pragas da soja para predominância da cor preta. - As lagartas de Helicoverpa apresentam
evitar pulverizações desnecessárias e, chalazas só com espinho na base e a
assim, desenvolvimento de resistência No último ínstar pode alcançar 35 mm a face interna das mandíbulas sem
aos inseticidas. 40 mm. A biologia e o comportamento dentes.
são muito semelhantes à lagarta-da-
Na cultura da soja, quando o espiga-do-milho, H. zea. Na cultura Embora a literatura registre a ocorrência
ataque ocorre ainda no início do da soja as lagartas podem ainda ser de H. zea em soja, no Brasil ataques
desenvolvimento das plantas as confundidas com a lagarta-da-maçã- de lagartas do gênero Helicoverpa têm
lagartas frequentemente são do-algodoeiro, Chloridea virescens. sido causados, predominantemente,
encontradas escondidas nos folíolos Entretanto, as lagartas de Chloridea por H. armigera. Portanto, quando é
ainda não abertos totalmente. Esse podem ser diferenciadas das do gênero determinada a ocorrência de lagartas
comportamento provavelmente é Helicoverpa por duas características: do gênero Helicoverpa nessa cultura,
provavelmente trata-se de H. armigera.
68
Fotos: P. Gallo

Fotos: D. R. Sosa-Gómez
H. armigera Chalaza de Helicoverpa Mandíbula de Helicoverpa

Foto: A. V. Carneiro
H. armigera Chalazas de Chloridea Mandíbula de Chloridea

69
Adultos: Os adultos são de cor

D. R. Sosa-Gómez
Adulto
castanho-claro a amarelado, com uma
faixa castanha transversal próxima
à parte distal das asas anteriores,
podendo ter uma mancha reniforme
castanho escura próxima à porção
medial das asas. As asas posteriores
são mais claras com a margem distal
castanho-escura. As mariposas de H.
armigera e de H. zea são indistinguíveis
a olho nu. Portanto, para a correta
identificação da espécie sugere-se
consultar especialistas. Essa espécie
é controlada pela soja que expressa
as proteínas Cry1A.505, Cry2Ab2 e
Cry1AC.

70
Danos: Ataques da lagarta Helicoverpa fase reprodutiva da soja, atacam as

Fotos: P. Gallo
têm sido observados com maior vagens, alimentando-se dos grãos, Dano
frequência e com grande abrangência, ocasionando injúrias semelhantes
nos estados das regiões Nordeste, àquelas causadas por lagartas do
Central e Sul do Brasil. As lagartas gênero Spodoptera. Ocorrem em
podem ocorrer sobre plântulas diversas culturas de importância
pequenas, causando desfolha e, econômica, tais como algodão, soja,
em algumas oportunidades, podem milho, feijão, trigo e plantas daninhas,
comer brotos apicais e cotilédones, tais como Conyza bonariensis (buva),
raspando-os e prefurando-os. Na Rumex sp., Datura sp. e outras.
Dano Dano

71
Lagarta-das-vagens (Spodoptera albula)
É uma das espécies conhecidas Adultos: são mariposas de,

A. F. Bueno
Dano
como lagarta-das-vagens, podendo aproximadamente, 40 mm de
atingir até 50 mm de comprimento. envergadura. De um modo geral
A lagarta apresenta cor geral cinza- as asas são de cor cinza, mas
escura à castanha, com três listras apresentam dimorfismo sexual. As
longitudinais alaranjadas e cerca de asas dos machos tem uma mancha
20 triângulos pretos, na parte dorsal preta, em forma de ponto, que nas
do corpo, lembrando o desenho fêmeas, às vezes não é evidente ou
de uma cobra. As lagartas dessa nao tem forma definida.
espécie podem ser identificadas pela Danos: a lagarta alimenta-se
presença de uma mancha branca principalmente de vagens e grãos,
próxima da parte apical das manchas mas pode, também, comer as folhas.
pretas, triangulares, dorsais, na parte Ocasionalmente, provoca dano
posterior do tórax e dos segmentos econômico à cultura da soja. Também
abdominais. As variações de cor pode ocasionar danos na soja que
podem dificultar a identificação e expressa apenas a toxina Cry1Ac.
e o formato das manchas brancas
(pontos) dificultam a distinção entre
as manchas menores, pequenas. 72
Lagarta

A. F. Bueno

73
Adulto Fêmea

J.J da Silva
Adulto Macho

A. F. Bueno
Lagarta-das-vagens (Spodoptera cosmioides)
É outra espécie conhecida como que as manchas do primeiro ao sexto. orbiculares ovais e uma reniforme
lagarta-das-vagens. Essa espécie No último ínstar essas manchas branca com o centro marrom-claro,
era referida como S. latisfacia, mas triangulares podem ser reduzidas. delimitada por uma linha marrom
referências recentes indicam que Nessa fase, apresentam movimentos -tênue ou marrom-escura. As asas
essa espécie está restrita aos Estados vagarosos, deslocando-se lentamente. posteriores são brancas com manchas
Unidos. As lagartas apresentam cinzas nas escamas na parte distal.
variações de cor desde amarelo- Adultos: são mariposas que medem
claro a preto, com listras ao longo de 16 mm a 20 mm e apresentam Danos: atacam as vagens e causam
do corpo, podendo medir 50 mm dimorfismo sexual. Nas fêmeas, as danos semelhantes aos referidos
de comprimento, no último ínstar. asas anteriores são pardas, com para as demais espécies do gênero
Apresentam listras dorsais amarelas muitos riscos ou desenhos brancos Spodoptera.
ou ocres, com a área dorsal às que se interceptam; as posteriores Essa espécie não é afetada pela toxina
vezes mais clara entre as manchas são de coloração branca. As fêmeas Cry1Ac da soja Bt, mas é afetada
triangulares pretas, como ocorre depositam ovos em massas sobre pela soja que expressa as proteínas
em S. albula. As manchas dorsais as folhas. As asas anteriores dos Cry2Ab2, Cry1A.105 e Cry1Ac.
triangulares do sétimo e oitavo machos são de cor geral marrom-
segmentos abdominais são maiores avermelhado, com duas manchas

74
Lagarta

J.J da Silva

75
Adulto Fêmea

J.J da Silva
Adulto Macho

J.J da Silva
Lagarta-das-vagens (Spodoptera eridania)
As lagartas apresentam a linha por Adultos: apresentam a asa anterior Danos: além de atacar as vagens
baixo dos espiráculos interrompida com traço curto no sentido longitudinal causa desfolha em soja e algodão,
ou pouco visível na parte lateral. As na base da margem posterior. Essa semelhante as demais espécies do
manchas triangulares do primeiro mancha pode estar apagada em gênero Spodoptera.
segmento abdominal são grandes e espécimes mais velhos. Observa-se Essa espécie pode provocar danos na
aproximadamente de igual tamanho também uma mancha arredondada, soja que expressa a toxina Cry1Ac.
até as do 8º segmento abdominal. preta, mas geralmente apagada ou
pode estar modificada em um traço
longo que se estende até a margem da
asa. Comparativamente, S. eridania
apresenta tonalidade geral bronzeada
que a difere de S. albula.

76
Fotos: J.J da Silva
Lagarta Adulto Fêmea Adulto Macho

77
Lagarta-das-vagens (Spodoptera frugiperda)
As lagartas totalmente desenvolvidas Adultos: possuem envergadura de camadas e são cobertos por escamas
possuem 35 mm a 40 mm de asas de 32 mm a 38 mm e apresentam provenientes do abdome da fêmea.
comprimento. Apresentam pontos dimorfismo sexual. As asas anteriores Cada fêmea pode colocar até 1000
pretos denominados pináculos com das fêmeas são em geral cinza- ovos.
uma seta longa, distribuídos em pares, prateadas e não apresentam padrão Danos: pode atacar vagens e pode
em cada lado dos segmentos do definido. Os machos tem coloração cortar plantas ao nível do solo.
corpo. No último segmento abdominal cinza-amarronzadas, mais escura
apresenta quatro pontos pretos nos extremos, apresentam círculos Essa espécie pode provocar danos
distribuídos como vértices de um brancos no centro, próximo as na soja Bt que expressa a proteína
quadrado. A cabeça apresenta uma margem possuem duas manchas. Cry1.105, Cry2Ab2 e Cry1Ac.
figura de um ípsilon invertido, mas As asas posteriores em ambos os
essa característica não é suficiente sexos são branco-prateadas, suas
para confirmar a espécie. A fase veias são evidentes e sua margem
larval transcorre em duas semanas externa possui uma banda marrom e
durante o verão e até quatro semanas estreita próxima da borda. Os ovos
no inverno. são sub-esféricos, depositados em

78
Fotos: J.J da Silva
Lagarta Adulto Fêmea Adulto Macho

79
Broca-da-vagem (Etiella zinckenella)
A lagarta, conhecida como broca- Adultos: as mariposas medem, Danos: a lagarta penetra na vagem
das-vagens, mede aproximadamente aproximadamente, 20 mm de para se alimentar e consome grãos
20 mm de comprimento, tem a cor envergadura, têm asas anteriores de soja, podendo um mesmo
amarela-esverdeada ou azulada, com de cor cinza, sendo as posteriores indivíduo danificar diversas vagens.
manchas pretas na porção anterior mais claras, com franjas brancas nas Entretanto, raramente tem sido
do corpo. bordas. observada causando danos à soja,
que justifiquem medidas de controle.

A. R. Panizzi
Lagarta

80
Lagarta-da-maçã do algodoeiro (Chloridea virescens)
As lagartas conhecidas como lagarta- Adultos: têm a coloração marrom- Danos: em geral, as lagartas comem
da-maçã do algodoeiro, têm coloração clara com tonalidade geral esverdeada. vagens, mas podem, também,
que varia de verde-amarelada a Apresentam três listras castanho se alimentar de folhas e brotos
marrom-avermelhada, até próximo -escuras, cada uma acompanhada por terminais da soja. Essa espécie é
a preta. A maioria possui listras uma banda mais clara, amarelada ou suscetível a soja que expressa a
pálidas, longitudinais ao corpo e esbranquiçada. proteína Cry1Ac e a que expressa
pequenos pontos escuros em todos As asas posteriores são esbranquiçadas Cry1A.105, Cry2Ab2, Cry1Ac.
os segmentos do corpo. com a borda externa escura. Adulto

Fotos: D.R. Sosa-Gómez


Lagarta

81
Percevejo-marrom (Euschistus heros)
O percevejo-marrom é, atualmente, Adultos: de cor marrom-escura, Danos: adultos e ninfas alimentam-
o percevejo mais abundante na soja, apresentam dois prolongamentos se das vagens e dos grãos causando
desde o norte do Paraná ao Centro- laterais, próximos à cabeça, em perdas de rendimentos e afetando
Oeste e Norte do Brasil. Encontra-se forma de espinhos. Seus ovos, de a qualidade da semente. Essa
também em abundância no Rio Grande cor amarelada, são normalmente espécie provoca menos sintomas
do Sul. As ninfas, recém-eclodidas depositados nas folhas, em de retenção foliar, em comparação
medem 1 mm e têm o corpo alaranjado pequenas massas com cinco a sete com o percevejo-verde-pequeno e o
e a cabeça preta. Passam por cinco ovos. Próximo a eclosão, os ovos percevejo-verde.
estádios de desenvolvimento, até se apresentam uma mancha rósea. Um aspecto importante a ser
transformarem em adultos; as ninfas considerado antes de adotar medidas
maiores assumem coloração que pode de controle é a ocorrência de
variar de cinza à marrom. populações resistentes a inseticidas
no país, que pode resultar em falhas
no controle.

82
Ovo

83
Ninfa
Adulto

Fotos: J.J da Silva


Percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii)
As ninfas do percevejo-verde-pequeno Adultos: são percevejos de cor verde- Danos: sugam as vagens, atingindo
recém-eclodidas são avermelhadas e amarelada com, aproximadamente, os grãos de soja. Apresentam maior
passam por diferentes fases. No início 10 mm de comprimento. Apresentam potencial de dano, com acentuada
do desenvolvimento, apresentam as uma listra transversal marrom- capacidade de provocar retenção
cores preta e vermelha, assumindo, avermelhada, na parte dorsal do foliar, quando comparada aos demais
posteriormente, coloração esverdeada tórax, próximo à cabeça. Os ovos são percevejos comuns da cultura da soja.
com manchas pretas e rosadas no pretos, em forma de barril, colocados
abdômen nos estádios finais, quando em fileiras pareadas, com 10 a 20
medem cerca de 8 mm. ovos por massa, que geralmente, são
colocados sobre as vagens de soja.

84
Ovo

85
Ninfa
Adulto

Fotos: J.J da Silva


Percevejo-verde (Nezara viridula)
A ninfa do percevejo-verde apresenta Adultos: também conhecidos como Danos: adultos e ninfas grandes (a
coloração verde ou preta, com fede-fede ou maria-fedida pelo cheiro partir do 3º ínstar) causam dano
d i fe r e n te s m a n c h a s c i r c u l a r e s que exalam quando molestados. semelhante ao provocado pelos outros
brancas e pequenos pontos pretos São totalmente verdes e com percevejos, exceto na sua capacidade
distribuídos pelo corpo. Passa por tamanho entre 12 mm e 15 mm. Os de provocar hastes verdes, que é
cinco fases ninfais e completa o seu ovos, de coloração amarelada, são menor que a de P. guildinii e maior
desenvolvimento em cerca de 25 dias. depositados, preferencialmente, na que a de E. heros.
Ao eclodirem, as ninfas, assim como face inferior das folhas, em massas
as ninfas de E. heros e P. guildinii, regulares com 50 a 100 ovos, com
permanecem sobre os ovos. formato semelhante a favos de
colmeia.

86
Ovo

87
Ninfa
Adulto

Fotos: J.J da Silva


Percevejo-barriga-verde (Diceraeus melacanthus e D. furcatus)
Dos percevejos-barriga-verde, a Adultos: medem de 9 mm a 11 mm Danos: as formas jovens e os adultos
espécie D. melacanthus é a mais e sua coloração varia de castanha- alimentam-se das vagens, danificando
comum nas lavouras de soja, da amarelada à acinzentada; o abdômen os grãos, prejudicando o rendimento
região norte do Paraná ao Centro- é verde. A cabeça é típica, terminando e a qualidade da soja. Apresenta
Oeste brasileiro. A espécie em duas projeções pontiagudas. A reduzido potencial de dano na cultura
D. furcatus ocorre mais ao sul do parte anterior do tórax tem margens da soja. Populações do percevejo
Brasil. As ninfas são de coloração dentadas e expansões laterais barriga-verde também ocorrem em
castanha, com abdômen mais claro e espinhosas. Os ovos são verde- lavouras de milho e trigo, causando
pontuações mais escuras distribuídas claros, normalmente colocados sobre sérios danos, especialmente, às
sobre o corpo. Permanecem as folhas ou vagens, em massas de plantas jovens de milho.
agregadas sobre os ovos logo após cerca de 14 ovos.
a sua emergência, dispersando-se
posteriormente, a partir do 2º ínstar.

88
Ovo

89
Ninfa
Adulto

Fotos: J.J da Silva


Percevejo-edessa (Edessa meditabunda)
A ninfa tem a cor geral verde- Adultos: medem 13 mm, têm o Danos: em geral, semelhantes aos
amarelada, com antenas e pernas de corpo oval, apresentando a cabeça e demais percevejos sugadores de
coloração semelhante. Ventralmente parte do tórax verde e asas marrom- semente, mas com menor capacidade
têm o corpo amarelo-escuro brilhante. escuras. Os ovos de cor verde- de dano. Podem, ainda, ser observados
A fase de ninfa dura aproximadamente, clara são colocados, em geral, nas sugando caules, originado lesões
de 35 a 40 dias. folhas em número de 14 por massa, escuras. De maneira geral, suas
distribuídos em duas fileiras. Os populações não são elevadas.
adultos vivem, em média de 30 a
40 dias.

90
Ovo

91
Ninfa
Adulto

Fotos: J.J da Silva


Percevejo-acrosterno (Chinavia spp.)
Esse percevejo, até recentemente, Adultos: são percevejos de coloração Danos: adultos e ninfas sugam
estava incluído no gênero verde que, normalmente, ocorrem vagens, danificando os grãos da
Acrosternum, de onde vem seu nome em baixas populações na cultura soja, a exemplo de outros percevejos,
popular (percevejo-acrosterno). As da soja. As espécies desse gênero porém ocorrem em populações
ninfas de Chinavia spp. apresentam são bem semelhantes ao percevejo menores.
colorações variadas com diferentes -verde, N. viridula, mas apresentam
manchas brancas, pretas e alaranjadas antenas com segmentos de tonalidade
distribuídas pelo corpo. escura e espinho ventral no abdômen.
Algumas espécies apresentam a parte
membranosa das asas de cor escura.
Seus ovos, normalmente, colocados
nas folhas em grupos de 14, são de
coloração acinzentada.

92
Ovo

93
Ninfa
Adulto

Fotos: J.J da Silva


Percevejo-faixa-vermelha (Thyanta perditor)
Percevejo de ocorrência esporádica Adultos: são verde-acinzentados com Danos: danifica pouco a soja sendo
em soja. As ninfas apresentam pelos mancha de coloração avermelhada encontrado comumente em picão
esbranquiçados na superfície dorsal como uma linha/faixa entre os -preto, Bidens pilosa L. Populações
do corpo, são de cor preta a ocre, e s p in h o s d o tórax, próxima à dessa espécie podem ocorrer nas
com manchas brancas amareladas. cabeça. O adulto pode ser verde culturas do trigo e do sorgo.
ou marrom dependendo da época
do ano. Os ovos, em forma de
tonel, colocados em grupos de 25
a 35, são castanho-acinzentados e
apresentam, lateralmente, duas faixas
esbranquiçadas.

94
Ovo

95
Ninfa
Adulto

Fotos: J.J da Silva


Bicudo-negro-pequeno-da-soja (Rhyssomatus sp.)
Esse gênero de curculionideo Larvas: são curculioniformes brancas, Danos: os ovos são depositados
apresenta mais de 100 espécies com roliças e com a cabeça de cor marrom- nas vagens e as larvas, para se
diversos hospedeiros. Na cultura da claro, enrijecida. alimentar, penetram em seus tecidos,
soja têm sido relatadas as espécies R. danificando os grãos. A fase de
subtilis, no nordeste da Argentina e pupa ocorre no solo. Os adultos ao
R. nigerrimus, no México. Em ambos Adultos: são insetos da família se alimentarem causam manchas,
os países são praga de importância Curculionidae, de cor preta, necrosando o tecido superficial das
econômica, entretanto no Brasil, eventualmente com tonalidades vagens e de pecíolos ou hastes. No
embora ocorram espécies do gênero, avermelhadas e medem 5 mm. A norte da Argentina ocorre durante todo
não têm sido relatados danos por cabeça e o tórax, assim como os o período vegetativo e reprodutivo da
esses insetos. élitros têm pontuações, distribuídas soja.
longitudinalmente pelo corpo/asa. O
rostro (bico) é tão comprido quanto
a cabeça e a parte anterior do tórax.

96
Adulto

97
Dano

Fotos: D.R.Sosa-Goméz
Outros insetos comuns nas lavouras de soja
Percevejo-formigão (Neomegalotomus parvus)
É conhecido como “formigão”, devido Adultos: medem cerca de 10 mm. Os Danos: é um inseto sugador de
à semelhança de suas ninfas com machos de cor marrom com manchas sementes, mas de ocorrência
formigas. claras nas laterais. As fêmeas são tardia e, mesmo ocorrendo em
escuras, com abdômen maior. altas populações, não causa danos
consideráveis à soja.

100
Ovo

101
Ninfa
Adulto

Fotos: J.J. da Silva


Larva-angorá (Astylus variegatus)
Os adultos da larva-angorá se Adultos: medem cerca de 8 mm e Danos: os adultos não causam
alimentam de pólen que podem ser têm as asas amarelas com manchas danos à soja e as larvas podem,
observados em populações altas pretas. eventualmente, se alimentar de raízes,
em lavouras de soja, principalmente sem prejudicar o desenvolvimento das

Arquivo Embrapa Soja


Adulto
próximas à floração. Suas larvas plantas.
vivem no solo, são de coloração
marrom-escura e têm pelos esparsos
distribuídos pelo corpo.

102
“Idi-Amin” (Lagria villosa)

Fotos: J.J. da Silva


O besouro conhecido popularmente Danos: apesar de serem abundantes Adulto
como “Idi-Amin”, é um inseto exótico em algumas lavouras, normalmente
que entrou no Brasil juntamente com não causam danos à soja. Em geral,
o café, importado da África. Suas são insetos saprófitas, ou seja, se
larvas são pretas, tem pelos brilhantes alimentam de material vegetal em
distribuídos pelo corpo. decomposição.

Adultos: são besouros de coloração Larva


marrom-escura ou preta, com tons
metálicos ligeiramente bronzeados.
Tem corpo alongado, mais estreito
na parte anterior, medindo cerca de
12 mm. Apresentam a superfície do
corpo com pelos visíveis à contraluz.

103
Agradecimentos

À Jovenil José da Silva, Embrapa Soja, pela maior parte das fotografias que constam nesse manual. À Fernando Flores
INTA, Argentina, pelas fotos de Rachiplusia nu, Paulo Roberto Valle da Silva Pereira, Embrapa Trigo, pelas fotos do
búfalo-da-soja, Don Herbison-Evans, Universidade de Sidney, pela foto da mariposa de Maruca vitrata, Maurício Conrado
Meyer pelas fotos de Megascelis, Marliton Barreto pelas fotos de Promecops claviger, Luciano Moisés Gouvea pelas fotos
dos ácaros-vermelhos, Paulo Gallo, Fundação ABC, pelas fotos de H. armigera, Adilson Santos, pela foto de redução
de stand por Scutigerella, Pedro Lívio Enes Rocha Cardoso e João Pedro Ignez Martin pela foto de Tetranychus urticae.

104
Soja

Parceria

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