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Fotointerpretação I

Prof.ª Lilian Elizabeth Diesel

Indaial – 2021
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021

Elaboração:
Prof.ª Lilian Elizabeth Diesel

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

D564f
Diesel, Lilian Elizabeth
Fotointerpretação I. / Lilian Elizabeth Diesel. – Indaial:
UNIASSELVI, 2021.
231 p.; il.
ISBN 978-65-5663-408-1
ISBN Digital 978-65-5663-404-3
1. Fotogrametria aérea. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da
Vinci.
CDD 526.9823

Impresso por:
Apresentação
A fotointerpretação é uma das principais técnicas de trabalho para
um profissional da área de geoprocessamento. Esta técnica permite a comu-
nicação entre o homem e a fotografia possibilitando, com isso, a identificação
dos elementos que se encontram presentes em uma fotografia aérea.

Portanto, na disciplina que estamos iniciando neste momento, Fo-


tointerpretação I, teremos uma série de conteúdos que propiciarão a você
um embasamento para que possa conhecer todos os aspectos da fotointer-
pretação. Assim, iniciaremos com a abordagem dos fundamentos da fotoin-
terpretação através de sua história e seus conceitos. Estudaremos também as
noções básicas e os diferentes níveis de interpretação. E, não menos impor-
tante, a introdução da inter-relação da fotointerpretação com a fotogrametria
e as demais disciplinas, também a situação atual da fotointerpretação.

Com os importantes avanços tecnológicos atuais não poderíamos


deixar de trazer esta abordagem relacionada à fotointerpretação, portanto,
na segunda unidade de livro, nós trataremos dos aspectos referentes à fo-
tointerpretação e os diferentes recursos tecnológicos empregados. Estes re-
cursos referem-se à qualidade, à geometria, aos processos de deslocamento
e às projeções e coordenadas das fotografias aéreas. O sistema fotográfico
é outro aspecto de suma importância quando falamos em recursos tecno-
lógicos. Hoje são vários os equipamentos que permitem fotografias de alta
qualidade para a fotointerpretação. Ainda o processo de estereoscopia, da
geração dos mosaicos, dos índices das fotografias e da paralaxe é possível
graças aos diversos recursos tecnológicos disponíveis no mercado.

Uma questão de fundamental importância para o aprendizado da


fotointerpretação são as aplicações práticas. Na Unidade 3, você conhecerá
as etapas, os estágios, os aspectos, os elementos básicos, assim como a meto-
dologia, enfim, o essencial para que se possa aplicar a fotointerpretação em
seus estudos. Outros estudos que também são importantes no momento da
aplicação da fotointerpretação e que você precisa saber referem-se aos tipos
de fotografias aéreas, ao uso de outros tipos de sensores para a obtenção das
fotografias, à restituição e ao georreferenciamento das fotografias aéreas. E,
para finalizar os nossos estudos, abordaremos, a análise digital das fotogra-
fias e a fotointerpretação aplicada. Temos a certeza de que será um momento
proveitoso, e, desta maneira, convidamos você, acadêmico, a iniciar conosco
este percurso incrível de aprendizagem da Fotointerpretação I.

Bons estudos!
Prof.ª Lilian Elizabeth Diesel
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!
LEMBRETE

Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela


um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro


que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


Sumário
UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA
FOTOINTERPRETAÇÃO......................................................................................... 1

TÓPICO 1 — FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO.................................................... 3


1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................................... 3
2 HISTÓRIA DA FOTOINTERPRETAÇÃO...................................................................................... 3
3 CONCEITOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO ............................................................................... 13
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 18
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 19

TÓPICO 2 — NOÇÕES BÁSICAS DA FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES


NÍVEIS DE INTERPRETAÇÃO................................................................................. 21
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 21
2 NOÇÕES BÁSICAS DE FOTOINTERPRETAÇÃO .................................................................... 21
3 DIFERENTES NÍVEIS DE INTERPRETAÇÃO ........................................................................... 27
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 36
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 37

TÓPICO 3 — INTRODUÇÃO DA INTERRELAÇÃO DA FOTOINTERPRETAÇÃO COM


A FOTOGRAMETRIA E AS DEMAIS DISCIPLINAS......................................... 39
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 39
2 INTER-RELAÇÃO DA FOTOINTERPRETAÇÃO COM A FOTOGRAMETRIAE AS
DEMAIS DISCIPLINAS.................................................................................................................... 39
3 SITUAÇÃO ATUAL DO FOTOINTÉRPRETE............................................................................. 47
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 53
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 59
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 60

REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 62

UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS


TECNOLÓGICOS EMPREGADOS...................................................................... 67

TÓPICO 1 — QUALIDADE, GEOMETRIA, PROCESSOS DE DESLOCAMENTO,


PROJEÇÕES E AS COORDENADAS DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS............ 69
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 69
2 QUALIDADE DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS E OS FATORES QUE AFETAM SUA
AQUISIÇÃO ....................................................................................................................................... 69
3 GEOMETRIA DA FOTOGRAFIA AÉREA.................................................................................... 71
4 DESLOCAMENTO DEVIDO AO RELEVO E INCLINAÇÃO DA CÂMERA....................... 79
5 PROJEÇÃO E COORDENADAS DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS ......................................... 83
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 92
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 93
TÓPICO 2 — SISTEMAS FOTOGRÁFICOS................................................................................... 95
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 95
2 BREVE INTRODUÇÃO DO ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO........................................... 95
3 NÍVEIS DE AQUISIÇÃO DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS........................................................ 99
4 CÂMERA AÉREA............................................................................................................................. 103
5 VANTs– VEÍCULOS AÉREOS NÃO TRIPULADOS ............................................................... 109
6 CONSTITUIÇÃO DOS FILMES................................................................................................... 112
7 ESTEREOSCÓPIO............................................................................................................................ 119
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 124
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 125

TÓPICO 3 — ESTEREOSCOPIA, OBTENÇÃO DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS,


MOSAICO, ÍNDICE DAS FOTOGRAFIAS E PARALAXE............................... 127
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 127
2 VISÃO ESTEREOSCÓPICA........................................................................................................... 127
3 PROCESSOS ESTEREOSCÓPICOS USADOS NA FOTOINTERPRETAÇÃO
DIGITAL............................................................................................................................................. 133
4 OBTENÇÃO DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS............................................................................ 134
4 MOSAICO E ÍNDICE DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS............................................................ 140
5 PARALAXE ESTEREOSCÓPICA.................................................................................................. 143
LEITURA COMPLEMENTAR........................................................................................................... 146
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 149
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 150

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 152

UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS.................................................................................... 155

TÓPICO 1 — A FOTOINTERPRETAÇÃO, AS ETAPAS E OS ESTÁGIOS, OS ASPECTOS


E OS ELEMENTOS BÁSICOS E A METODOLOGIA........................................ 157
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 157
2 A FOTOINTERPRETAÇÃO E O FATOR HUMANO................................................................ 157
3 ETAPAS E ESTÁGIOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO.............................................................. 158
3.1 DETECÇÃO.................................................................................................................................. 159
3.2 RECONHECIMENTO E IDENTIFICAÇÃO............................................................................ 160
3.3 ANÁLISE E DELINEAÇÃO....................................................................................................... 160
3.4 DEDUÇÃO .................................................................................................................................. 161
3.5 CLASSIFICAÇÃO . ..................................................................................................................... 161
3.6 IDEALIZAÇÃO............................................................................................................................ 162
4 ASPETOS E ELEMENTOS BÁSICOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO .................................. 163
5 METODOLOGIA PARA A FOTOINTERPRETAÇÃO............................................................. 171
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 173
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 174

TÓPICO 2 — TIPO DE FOTOGRAFIAS AÉREAS, USO DE OUTROS SENSORES,


RESTITUIÇÃO E GEORREFERENCIAMENTO DAS FOTOGRAFIAS
AÉREAS....................................................................................................................... 177
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 177
2 TIPOS DE FOTOGRAFIAS AÉREAS........................................................................................... 177
3 RESTITUIÇÃO OU COMPILAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL DAS FOTOGRAFIAS
AÉREAS ............................................................................................................................................. 180
4 USO DOS OUTROS SENSORES NA FOTOINTERPRETAÇÃO........................................... 183
4.1 LANDSAT..................................................................................................................................... 184
4.2 SPOT.............................................................................................................................................. 185
4.3 RADAR.......................................................................................................................................... 186
4.4 CBERS............................................................................................................................................ 187
5 GEORREFERENCIAMENTO DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS.............................................. 189
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 198
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 199

TÓPICO 3 — ANÁLISE DIGITAL E FOTOINTERPRETAÇÃO APLICADA......................... 201


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 201
2 ASPECTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL ............................... 201
3 ANÁLISE DIGITAL.......................................................................................................................... 206
LEITURA COMPLEMENTAR........................................................................................................... 219
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 226
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 227

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 229
UNIDADE 1 —

CONCEITOS, NOÇÕES
E FUNDAMENTOS DA
FOTOINTERPRETAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender a história da fotointerpretação;


• conhecer os conceitos da fotointerpretação;
• entender as noções básicas da fotointerpretação;
• identificar os diferentes níveis de interpretação;
• explicar a inter-relação da fotointerpretação com a fotogrametria
e as demais disciplinas.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

TÓPICO 2 – NOÇÕES BÁSICAS DA FOTOINTERPRETAÇÃO E OS


DIFERENTES NÍVEIS DE INTERPRETAÇÃO

TÓPICO 3 – INTRODUÇÃO DA INTER-RELAÇÃO DA


FOTOINTERPRETAÇÃO COM A FOTOGRAMETRIA
E AS DEMAIS DISCIPLINAS

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

1
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1

FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

1 INTRODUÇÃO

Neste tópico, abordaremos, inicialmente, os aspectos relativos às questões


históricas da fotointerpretação, os quais, desde os primórdios da humanidade,
o homem vem realizando suas observações e desenvolvendo teorias que funda-
mentam a fotointerpretação, com sua base voltada, principalmente, às fotografias.

O processo da evolução da fotointerpretação ocorreu pelos estudos e apli-


cações tecnológicas que envolveram tanto as áreas militares quanto as áreas cien-
tíficas através de pesquisadores.

Portanto, para contextualizar o desenvolvimento da fotointerpretação nos


estudos deste tópico, apresentaremos a você a história da fotointerpretação, dos
conceitos e com base na evolução tecnológica empregada na fotointerpretação,
também sofreram modificações ao longo do tempo, conforme os pesquisadores
iam descobrindo novas possibilidades de aplicações. Bons estudos!

2 HISTÓRIA DA FOTOINTERPRETAÇÃO

Assim que você leu o título desta disciplina, certamente, imaginou em


algo novo, descoberto recentemente, porém, a partir do momento em que come-
çamos a buscar um pouco mais do assunto, conseguimos observar que a fotoin-
terpretação não é tão nova assim.

Anderson (1982), descreve que a história da fotointerpretação relata o perí-


odo de Aristóteles, Grécia, há 300 anos a.C. Ele realizou observações e desenvolveu
importantes teorias que fundamentam o desenvolvimento da fotografia, sendo que
estes permaneceram sem qualquer tipo de aplicação por um período de 2000 anos.

A fotografia como invenção foi finalmente oficializada durante o período


que compreende os anos de 1833 a 1839.

Nesse período, já existiam diversos processos tecnológicos disponíveis, o


problema, na época, estava relacionado diretamente em ter um profissional que
colocasse essa tecnologia em funcionamento (JENSEN, 2011). Além de se ter um
profissional para colocar isso em funcionamento era ainda necessário observar
duas importantes teorias segundo Jensen (2011):

3
UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

• a existência de uma correta teoria que tratasse da luz e das cores;


• a existência de um instrumento que fosse suficiente para que pudesse realizar
a captação da cena.

Observamos que nesse período, conforme descreveu Jensen (2011), também


houve a necessidade da invenção de uma emulsão sensível a luz que ela pudesse
ser fixada e daí a sua função principal seria a de gravar a cena de forma permanente.

NOTA

Emulsão fotográfica “É a camada de gelatina depositada no papel ou filme


fotográfico na qual são encontrados os halogenetos de prata, constituindo uma superfície
impressionável pela luz; designa aparte do documento fotográfico em que está situada a
imagem, em oposição ao seu verso” (LACERDA, 2012, p. 301).

Avançando um pouco mais na história da fotointerpretação temos a com-


binação do desenvolvimento das tecnologias nas mais distintas áreas das ciências,
em especial naquelas mais específicas dos materiais fotográficos, das câmeras fo-
tográficas, dos aviões e dos sistemas computacionais (ANDERSON, 1982). Esses
avanços ocorreram basicamente pelas fundamentações militares e científicas que
possibilitaram que as diversas áreas do conhecimento pudessem ser atendidas.

Foi no início do século XIX que os franceses Niepce e D'Aguerre, através


dos seus estudos, elaboraram o primeiro método fotográfico. Neste método, as len-
tes que seriam utilizadas nas primeiras câmeras tinham a necessidade de passar
por um processo de aperfeiçoamento e somente depois disso é que elas estariam
aptas para produzir as imagens com emulsões fotográficas (ANDERSON, 1982).

As evoluções no campo da fotografia não paravam e houve inclusive ex-


perimentos realizados a bordo de balões. Um dos experimentos em balões foi
realizado pelo famoso fotógrafo francês Félix De Tournachon, conhecido também
como Nadar. Ele, a bordo de um balão, fotografou uma área próxima a Paris, na
Figura 1, você pode verificar uma pintura do referido fotógrafo. Infelizmente, o
registro da primeira fotografia aérea foi perdido (JENSEN, 2011).

Em 1860 foi registra a primeira fotografia realizada a bordo de um balão,


isso ocorreu nos Estados Unidos da América. Tal fato foi um acontecimento na
época gerando inúmeras especulações de curiosos.

4
TÓPICO 1 — FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

FIGURA 1 – FAMOSO FOTÓGRAFO PARISIENSE FÉLIX DE TOURNACHON CONHECIDO COMO


NADAR

FONTE: Jensen (2011, p. 69)

Félix De Tournachon tinha a certeza de que a fotografia aérea contribuiria para


a realização do mapeamento de superfície através da sobreposição de fotografias aéreas.

Segundo descreveu Jensen (2011), foi no ano de 1903, que Julius Neubronner
patenteou a câmera fotográfica que possibilitava ser acoplada ao peito de um pombo
correio. Com a decolagem desses pombos, era possível obter uma série de visadas de
distintos pontos de uma região específica. Eles realizam um voo em linha reta com
velocidade constante sendo que o percurso fotografado era definido anteriormente.
Na Figura 2, você consegue observar pombos correio com câmera acoplada ao peito.

FIGURA 2 – POMBOS CORREIO QUE REALIZAVAM FOTOGRAFIAS AÉREAS COM UMA CÂMARA
ACOPLADA EM SEU PEITO

FONTE: Jensen (2011, p. 74)

5
UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

As fotografias aéreas obtidas pelas câmeras acopladas ao peito dos pom-


bos eram capturadas de forma automática através de exposição com intervalos
que ocorriam a cada 30 segundos. Várias foram às razões para que os pombos
não fossem considerados como plataformas ideais para a captura das fotografias
aéreas para a fotointerpretação (JENSEN, 2011).

O uso da fotografia aérea de forma efetiva teve seu registro em três fatos
históricos de grande importância, o primeiro uso foi na Guerra Civil dos Estados
Unidos da América, o segundo uso na Primeira Guerra Mundial e o terceiro na
Segunda Guerra Mundial.

Durante a Guerra Civil dos Estados Unidos da América, o exército execu-


tou a tomada das fotografias aéreas de onde estavam localizadas efetivamente as
instalações de defesa do exército do sul.

Com isso eles conseguiram apresentar as potencialidades da fotointerpre-


tação também para os fins bélicos (ANDERSON, 1982).

E
IMPORTANT

“Outro aspecto importante registrado para a fotointerpretação foi o desenvol-


vimento do avião no começo do século XX” (ANDERSON, 1982, p. 4).

Foi durante o período da Primeira Guerra Mundial que a fotointerpreta-


ção contou com um avanço tecnológico de grande importância – o uso dos aviões.

Os exércitos que fizeram parte dessa guerra utilizaram os aviões para a


tomada das fotografias aéreas. Mesmo com todas as atividades militares da Pri-
meira Guerra, os exércitos que dela participaram conseguiram realizar o proces-
samento de mais de 10 mil fotografias aéreas ao dia, segundo Anderson (1982).

Ainda durante o período da Primeira Guerra Mundial, a obtenção das fo-


tografias aéreas era considerada uma tarefa perigosa e o fotógrafo deveria ser bas-
tante hábil, pois era necessário que ele, além de segurar a câmera com a mão para
o lado de fora do avião, conforme demonstrado nas Figuras 3 e 4, ele precisava,
também, cuidar de sua segurança ao mesmo tempo em que realizava a troca da
placa fotográfica para que somente após isso pudesse obter a próxima fotografia.

No início do processo de obtenção das fotografias aéreas realizadas a bor-


do de aviões, as câmeras deveriam ficar presas no peito dos fotógrafos ou, então,
eram fixadas de alguma forma na lateral do avião (ANDERSON, 1982).

6
TÓPICO 1 — FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

FIGURA 3 – FOTÓGRAFO AÉREO E PILOTO NA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

FONTE: Jensen (2011, p. 76)

FIGURA 4 – FOTOGRAFIA AÉREA TIRADA NA I GUERRA MUNDIAL

FONTE: Jensen (2011, p. 76)

A obtenção das fotografias aéreas com o uso de aviões teve seu reconheci-
mento no período da Primeira Guerra Mundial, pois foi através delas que se pôde
reconhecer as táticas militares utilizadas na guerra. Foram, portanto, construí-
dos mapas com maiores precisões que objetivavam a realização do planejamento
estratégico militar, fato este que fez toda a diferença, uma vez que detinham o
conhecimento de estradas, barreiras, movimentos de tropas e de materiais (AN-
DERSON, 1982). Este conhecimento era de fundamental importância para que as
forças militares pudessem evitar determinados ataques.

Jensen (2011, p. 77) apresenta em sua obra que “a Primeira Guerra Mun-
dial ficou conhecida pelos intensos combates baseados em trincheiras, estas que
eram cavadas nos campos de batalhas”. Na Figura 5, você pode observar uma
fotografia aérea vertical que demonstra as trincheiras.

7
UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

FIGURA 5 – FOTOGRAFIA VERTICAL DAS TRINCHEIRAS DURANTE A PRIMEIRA GUERRA MUN-


DIAL NA EUROPA

FONTE: Jensen (2011, p. 77)

Jensen (2011) destaca que no processo das análises de esteroscopia era


possível observar que as fotografias demonstravam a localização dos homens,
das armas e os abrigos das munições.

No período que compreende os anos de 1920 a 1930, inúmeros foram os


estudos realizados e publicados que relacionaram a fotointerpretação com diver-
sas áreas do conhecimento como a Geologia, a Engenharia Civil, a Geografia, a
Ecologia, a Arqueologia e a Engenharia Florestal.

Estes estudos consideravam, principalmente, as regiões da América do


Norte e da Europa, e, ainda, as pessoas que estavam envolvidas neles eram prin-
cipalmente as que, de alguma forma, tiveram experiência com as guerras; indife-
rentes do grau de experiência (ANDERSON, 1982).

Houve um fato importante que ocorreu após a Guerra Civil dos Estados
Unidos da América, da Primeira Guerra Mundial, das publicações realizadas no
período de 1920 a 1930, dos avanços relacionados às novas tecnologias das câme-
ras fotográficas, dos aviões e da invenção dos outros instrumentos para a obten-
ção de fotografias aéreas com melhor qualidade e precisão, a definição e criação
de uma nova disciplina que passaria a se chamar Fotogrametria (ANDERSON,
1982). Esta disciplina auxiliaria tanto os militares quanto os pesquisadores na
obtenção de dados quantitativos de maior precisão.

8
TÓPICO 1 — FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

TUROS
ESTUDOS FU

Prezado acadêmico, você estudará Fotogrametria de forma mais aprofundada


no Tópico 3 desta unidade.

O funcionamento da fotointerpretação utilizada pelos militares na Segun-


da Guerra Mundial era praticamente o mesmo daquele usado hoje: a aplicação no
planejamento das atividades que deveriam ser executadas durante o período da
guerra – fato que contribuiu para o desenvolvimento da técnica. Geralmente são
as áreas militares que investem mais financeiramente no desenvolvimento de siste-
mas fotográficos, sensores remotos, aviões e foguetes cada vez mais potentes tanto
para a obtenção das fotografias aéreas e imagens de radar ou satélite, bem como
para o transporte das câmeras fotográficas e os sensores (ANDERSON, 1982). Na
Figura 6 você pode observar uma fotografia aérea de uma base de lançamento de
foguete da Alemanha e que foi destruída ao final da Guerra, segundo Jensen (2011).

FIGURA 6 – FOTOGRAFIA AÉREA VERTICAL DA BASE DE LANÇAMENTO DE FOGUETE NA SE-


GUNDA GUERRA MUNDIAL

FONTE: Jensen (2011, p. 77)

Os avanços tecnológicos ocorridos durante a década de 1990 permitiram


que as fotografias em três dimensões – em anáglifos –fossem consideradas como
de baixo custo, porém, produziam cansaço visual no fotointérprete caso ele ne-
cessitasse realizar um trabalho mais prolongado. As fotografias aéreas em três
dimensões produzidas na década de 1990 eram possíveis de serem trabalhadas
no monitor do computador (DISAPARTTI; OLIVEIRA FILHO, 2005).

9
UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

E
IMPORTANT

“O anáglifo pode ser definido com a figura resultante da impressão ou projeção,


em superposição, de um par de fotografias estereoscópicas (ou mesmo desenhos) em
cores complementares (verde e vermelho), de tal forma que a imagem vista em relevo ou
em 3D é obtida pela observação do anáglifo através de óculos com filtros nas usadas cores
complementares” (GARCIA; PIEDADE, 1981 apud DISAPARTTI; OLIVEIRA FILHO, 2005, p. 4).

A fotointerpretação, conforme você estudará no Tópico 3 desta unidade, em


conceito, é subdividida em analógica e digital. A analógica, historicamente, foi marca-
da pela invenção do aparelho chamado estéreo comparador, que permite a agilidade
do trabalho do fotointérprete. No ano de 1911, o famoso austríaco, Scheimpfug, criou
o método de retificação de fotografias aéreas. Este método foi considerado como um
passo importante para a utilização das fotografias aéreas para o mapeamento das
grandes superfícies terrestres (BRITO; COELHO, 2002; COELHO; BRITO, 2007).

Estes aparelhos, os retificadores, foram usados pelos profissionais da fo-


tointerpretação das diversas aéreas do conhecimento, e mais tarde foram substi-
tuídos pelos restituidores analógicos. Os restituidores são os equipamentos que
possibilitam que o fotointérprete tenha uma visão estereoscópica através do uso
de um par de estereoscópios (BRITO; COELHO, 2002; COELHO; BRITO, 2007).

TUROS
ESTUDOS FU

Prezado acadêmico, você estudará visão estereoscópica e estereoscópio de


forma mais aprofundada na Unidade 2 deste livro didático. Sobre restituidores, você terá a
oportunidade de conhecê-los melhor na Unidade 3.

Houve um período em que a realização dos trabalhos de campo na


fotointerpretação analógica foi considerada como de mais fácil execução pela
inserção da fototriangulação analógica. A fototriangulação possibilitava a inserção
dos pontos coletados em campo nas fotografias aéreas.

10
TÓPICO 1 — FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

NOTA

Fototriangulação, conforme Brito et al. (2002 apud BASTOS, 2007, p. 39)


é “um conjunto de resseções espaciais realizadas simultaneamente com um conjunto
de interseções espaciais para um conjunto de imagens (bloco)”. Bastos (2007) destaca,
também, que o nome fototriangulação ou aerotriangulação se origina da formação de
triângulos no espaço obtidos devido à interseção espacial.

Surgiram, também, para auxiliar nos trabalhos de fotointerpretação as câ-


meras métricas. Essas câmeras apresentam uma tecnologia inovadora que auxilia o
fotointérprete, pois possuem um dispositivo que ao imprimir a fotografia aérea, as
informações importantes como os sistemas de coordenadas da imagem sejam im-
pressas junto. Com este dispositivo é possível melhorar a confiabilidade, bem como
a precisão das medidas efetuadas nos trabalhos de campo (BRITO; COELHO, 2002).

Você conheceu um pouco da história da fotointerpretação analógica, ago-


ra, conheceremos mais da história recente da fotointerpretação digital. O relato
de seu surgimento data os anos 1980. Neste período, a grande inovação foi des-
crita com muita euforia através do uso das fotografias aéreas digitais e imagens
digitais, sendo que elas são a fonte primária dos dados. A aquisição de uma ima-
gem digital é possível através do uso de uma câmera digital, ou então pela digita-
lização matricial de uma imagem analógica, com o uso de scanner. Por exemplo,
em estudos de séries históricas de determinadas áreas é comum nos dias atuais
realizar a digitalização de fotografias aéreas para as análises comparativas (BRI-
TO; COELHO, 2002; COELHO; BRITO, 2007).

Foi na década de 1990, segundo Brito e Coelho (2002), que a fotointerpre-


tação digital passou a ser utilizada por vários pesquisadores, devido aos compu-
tadores com capacidade de processamento de dados cada vez maiores, permitin-
do o processamento de imagens digitais em trabalhos cada vez mais apurados,
elevando ao extremo o uso da capacidade computacional para lidar com o volu-
me enorme de dados. A fotointerpretação contou ainda com o avanço da tecno-
logia através do uso de sensores para a obtenção de fotografias aéreas e imagens.
Loch (2008) e Florenzano (2002) destacam alguns sensores a serem utilizados,
como exemplo o LANDSAT, o SPOT e o CBERS.

O sensor LANDSAT teve seu primeiro lançamento em 1972, com o objetivo


principal de adquirir de forma repetitiva e de alta resolução dados da superfície da
Terra. No Brasil, as imagens do sensor LANDSAT ficam armazenadas no Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e podem ser obtidas de forma gratuita.

11
UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

DICAS

Para que você tenha as imagens de satélite de forma gratuita é necessário


acessar o endereço a seguir e realizar seu cadastro: http://www.dgi.inpe.br/CDSR/

O sensor SPOT teve seu lançamento no início do ano de 1986, através


do programa FrenchNational Space Program, uma associação entre os franceses,
suecos e os belgas. Os sensores SPOT se apresentam nos modos pancromático e
multiespectral (LOCH, 2008, p. 79).

O sensor CBERS faz parte de uma parceria entre China e Brasil. CBERSem
português significa satélite sino-brasileiro de recursos terrestres e suas imagens
estão armazenadas no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, e, da mesma
forma como ocorre com as imagens LANDSAT, elas podem ser obtidas gratui-
tamente. O lançamento do primeiro CBERS, chamado de CBERS-1, ocorreu em
1999. Na Figura 7, selecionamos uma imagem do CBERS, observe.

FIGURA 7 – IMAGEM CBERS VISTA AÉREA DE BRASÍLIA

FONTE: <https://bit.ly/3pzX4dh>. Acesso em: 4 fev. 2021.

Outro fato importante e atual, que faz parte da história da fotointerpreta-


ção, refere-se aos veículos aéreos não tripulados, os quais você estudará de forma
mais detalhada na Unidade 2 deste livro.

12
TÓPICO 1 — FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

Os veículos aéreos não tripulados são controlados por um operador que


deve permanecer em uma base principal. Este tipo de veículo tem a localização
exata sendo monitorada durante todo o tempo de seu percurso pelo Sistema de
Posicionamento Global, popularmente conhecido como GPS. Na Figura8, como
forma de ilustração, você pode observar um dos modelos aéreos não tripulados
que podem ser utilizados para a obtenção das fotografias aéreas ou imagens para
uso na fotointerpretação (JENSEN, 2011).

FIGURA 8 – VEÍCULO AÉREO NÃO TRIPULADO

FONTE: <https://bit.ly/3pEMGAN>. Acesso em: 4 fev. 2021.

Os veículos aéreos não tripulados possuem tecnologia de ponta para a


obtenção, armazenamento e transferência das imagens obtidas.

Até aqui, você acompanhou a descrição da história da fotointerpretação,


conheceu alguns fatos importantes que permitiram o avanço científico e tecnoló-
gico que se refletem nas possibilidades de obtenção de dados com grande preci-
são e acurácia. Agora, convidamos você para acompanhar o subtópico a seguir,
no qual estudaremos os conceitos da fotointerpretação.

3 CONCEITOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

Ao longo da história da fotointerpretação, diversos foram os pesquisadores


que conceituaram a técnica da fotointerpretação, portanto, convidamos você a conhe-
cer alguns destes conceitos, bem como algumas discussões geradas em torno deles.

Inicialmente, destacamos que a conceituação de fotointerpretação de Wolf


(1974 apud LOCH, 2008, p. 11) – também estabelecida pela Sociedade Americana
de Fotogrametria – dizia que “o ato de examinar e identificar objetos (ou situa-
ções) em fotografias aéreas (ou outros sensores) e determinar o seu significado”.

13
UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

Em uma linha muito próxima ao conceito de Wolf (1974), temos Anderson


(1982, p. 1), o qual afirma que “a fotointerpretação é o ato de examinar imagens com
o fim de identificar objetos e determinar seus significados”. Anderson (1982) também
defende que a conceituação é extremamente simples, uma vez que não leva em con-
sideração questões importantes que ocorrem no processo da fotointerpretação. Se ob-
servarmos esse conceito, em nenhum momento faz referência às mais variadas técnicas
existentes e que podem ser aplicadas durante o processo da fotointerpretação, porém,
este conceito, como o próprio Anderson (1982) destaca, é capaz, o suficiente, de atender
às necessidades dos estudiosos que estão iniciando a técnica da fotointerpretação.

Ainda sobre o conceito de Anderson (1982), o autor o defende como sendo um


conceito valioso, porque ele permite que, assim que o fotointérprete chega ao final do
processo da fotointerpretação em cada objeto que ele examinou, ele tenha condições
de nomear esses objetos. Acompanhe um exemplo: em uma fotografia aérea de uma
determinada região, foram traçados polígonos que se referem à plantação de soja,
a atribuição deste significado ao referido polígono ocorre pelo fato de que o objeto
considerado possui elementos de reconhecimento no processo da fotointerpretação.

Loch (2008, p. 11), em sua obra, apresenta outro conceito: “a previsão do


que pode ser visto na imagem”. Observando o conceito apresentado pelo autor, é
possível notar que ele se refere à possibilidade de deduzir os dados que se encon-
tram na fotografia aérea, quando lhe falta o conhecimento.

Fitz (2008, p. 118), por sua vez, traz um conceito de fotointerpretação que
trata da técnica em que se realizam os estudos das imagens fotográficas com o ob-
jetivo de se identificar, interpretar e de se obter informações dos fenômenos que
nela estão contidos. O autor descreve, ainda, que a fotointerpretação se encontra
estritamente vinculada com a aerofotogrametria, uma vez que elas podem ser
utilizar tanto as imagens tanto de satélite quanto às de radar.

Outro importante conceito de fotointerpretação foi apresentado por Teng


(1997, p. 49), no qual a fotointerpretação é “a inferência da informação a partir de
dados obtidos através da observação de um meio fotográfico com ou sem a ajuda
de equipamentos”. Aqui temos um conceito mais completo em que o autor traz a
discussão de detalhes importantes para auxiliar na compreensão da fotointerpre-
tação. Observando atentamente o conceito, é possível destacar quatro palavras
básicas e que fazem parte do dia a dia de um fotointérprete. Estas palavras que
compõem o glossário da fotointerpretação são: o meio fotográfico, a observação,
a inferência e o equipamento. Disperati, Santos e Zerda (2007) realizaram uma
discussão sobre estas palavras. Os conceitos de observação e inferência foram
trabalhados juntos. Vamos observar a descrição dos autores.

• Meio fotográfico: considerado como filme ou as suas cópias fotográficas. Po-


dem estar tanto em meio analógico quanto em meio digital. Elas registram a
energia refletida dos objetos, tanto no visível quanto no infravermelho.

14
TÓPICO 1 — FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

• Observação e inferência: são as partes que compreendem ao fator humano. A ob-


servação é crítica uma vez que fornece dados brutos e a inferência trata do proces-
so lógico no qual a observação e a interpretação são realizadas. Elas precisam de
treinamentos, experiências, da visão natural e das habilidades do fotointérprete.
• Equipamento: facilita o processo de interpretação de observação, o processo
de efetuar as medições necessárias na fotografia. Por meio de equipamentos é
possível realizar a transferência de resultados obtidos pela fotointerpretação
para uma base cartográfica que esteja disponível.

Com as ponderações de Disperati, Santos e Zerda (2007) acercado concei-


to de fotointerpretação por Teng (1997), fica evidente que esta técnica se utiliza
tanto do raciocínio lógico quanto dos raciocínios indutivo e dedutivo para com-
preender os objetos que se encontram presentes em uma fotografia aérea.

Em relação aos conceitos mais atuais de fotointerpretação, destacamos


Rosenfeldt (2016) e Câmara (2017). Por Rosenfeldt (2016) a fotointerpretação tem
como objetivo o exame das imagens possibilitando a identificação de objetos e
definir o seu significado. Com este breve conceito, salientamos que os objetos que
se encontram nas fotografias aéreas são importantes, uma vez que eles permitem
que sejam obtidas as reconstruções das geometrias dos objetos identificados. Des-
ta forma, o resultado gerado no processo da fotointerpretação permite que seja
realizada a classificação dos objetos por inúmeros recursos.

O conceito apresentado por Câmara (2017) refere-se à fotointerpretação


como o ato de identificar e examinar os objetos em uma imagem, e, desta forma,
o fotointérprete consegue determinar o seu significado. A autora destaca que este
conceito nos leva a uma visão mais empírica, embora haja duas formas distintas de
interpretar as imagens, sendo que uma delas é considerada como o método direto e
a outra como o método correlativo. Em relação ao método direto, trata-se somente
dos objetos visíveis e o método correlativo dos objetos não visíveis. Para o método
correlativo é necessário a realização do conhecimento do local, ou então, que se faça
uma visita em campo para o reconhecimento de determinados objetos.

Ainda no que se refere às subdivisões da fotointerpretação em direito e correlati-


va Disperati, Santos e Zerda (2007) deixam clara a necessidade de classificá-las. Portanto,
para os autores, a classificação é bem objetiva e segue o descrito por Câmara (2017), ou
seja, quando falamos em fotointerpretação direta estamos falando da interpretação dos
objetos visíveis na imagem, e quando falamos em fotointerpretação correlativa estamos
nos referindo à interpretação dos objetos que não são visíveis na imagem.

Pois bem, Disperati, Santos e Zerda (2007) descrevem que a fotointerpretação


direta é um reconhecimento direto dos objetos presentes em uma fotografia aérea,
e estes objetos podem ser os que foram construídos pelo homem ou podem ser os
objetos naturais como os rios, as florestas, as montanhas e outros. Então, no caso da
fotointerpretação direta é muito comum que o fotointérprete opte pelo não uso de
aparelhos durante o processo de observação e de análise das fotografias aéreas. No
caso da fotointerpretação correlativa, considerada como sendo a mais complexa das

15
UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

técnicas interpretativas, Disperati, Santos e Zerda (2007) pontuam que neste tipo de
fotointerpretação são incluídas as técnicas da fotointerpretação direta e outros exa-
mes com maior grau de detalhamento, como é o caso do estudo tridimensional da
imagem e, também, as deduções relativas aos elementos que se encontram ocultos
em uma fotografia aérea, como exemplo as análises de levantamento de solo e geoló-
gicos obtidas através das redes de drenagem e do aspecto topográfico.

A fotointerpretação, além de direta e correlativa, é também subdividida


conforme a tecnologia e equipamentos utilizados durante os processos de fotointer-
pretação, por isso ela basicamente pode ser classificada como analógica ou digital.

No Quadro 1 você acompanhará uma adaptação das diferenças existentes


entre a fotointerpretação analógica e digital para os processos de interpretação de
fotografias aéreas e imagens. Observe:

QUADRO 1 – DIFERENÇA ENTRE FOTOINTERPRETAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL

Analógica Digital
Formato: analógico Formato: digital
Interpretação visual Tratamento digital
Testes iniciais Pré-processamento
Trabalho de campo preliminar Realce
Confecção da chave de interpretação Trabalho de campo
Interpretação Classificação de padrões
Mapa preliminar Pós-processamento
Trabalho de campo Trabalho de campo
Exatidão do mapa Exatidão do mapa
FONTE: Machado e Kawakubo (2019, p. 26)

Como você pôde observar no quadro, as diferenças existentes entre a fo-


tointerpretação analógica e digital estão basicamente no formato da fotografia e/
ou imagem e a forma como ela é analisada, examinada, porém as diferenças nos
levam a um único objetivo, a identificação dos objetos na fotografia aérea ou ima-
gem com a devida exatidão e acurácia.

TUROS
ESTUDOS FU

Caro acadêmico, você estudará fotointerpretação analógica e digital com


mais detalhes na Unidade 3, Tópico 3, deste livro didático.

16
TÓPICO 1 — FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

Baseando-se nos conceitos apresentados, algumas dificuldades relaciona-


das ao fotointérprete devem ser levadas em consideração. Essas dificuldades são
dos mais variados tipos e interferem no resultado do trabalho final, elas podem
estar relacionadas aos aspectos geométricos, físicos, fisiológicos, psicológicos e
outros. Vamos observar algumas delas:

• Dificuldade devido à forma e ao tamanho dos objetos.


• Dificuldade devido à propagação da luz nos diversos meios.
• Dificuldade devido à visão binocular do observador.
• Dificuldade relativa à percepção do observador pelo objeto analisado de for-
ma ordenada e lógica.
• Dificuldade pela ausência de conhecimento da área.
• Dificuldade pelo fato de as fotografias aéreas estarem em escalas distintas da-
quelas em que os profissionais estão acostumados a trabalhar em seu dia a dia.

Como você pôde observar, são vários os autores que conceituam o tema
fotointerpretação, todos os conceitos estão certos, cabe a nós, enquanto estudio-
sos e profissionais da área, analisarmos e optarmos por aquele que for mais ade-
quado dentro do que conhecemos e defendemos como técnica fotointerpretativa.

17
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• A fotografia como invenção foi oficializada no período de 1833 a 1839. Para


que entrasse em funcionamento eram necessárias duas teorias principais: 1)
que tivesse a existência correta de uma teoria de luz e cores; e 2) um instru-
mento que fosse capaz de realizar a captação da cena.

• No início do século XIX, dois franceses elaboraram o primeiro método de


fotografias.

• Primeira fotografia aérea a bordo de um balão foi realizada pelo fotografo


francês Félix de Tournachon.

• Em 1903 foi patenteada a primeira câmera fotográfica que permitia o acopla-


mento ao peito do pombo correio.

• O uso da fotografia aérea, de forma efetiva, ocorreu na Guerra Civil dos Esta-
dos Unidos da América, Primeira Guerra Mundial e Segunda Guerra Mundial.

• As intensas atividades militares da Primeira Guerra Mundial permitiram que


os militares processassem mais de 10 mil fotografias aéreas por dia.

• Na década de 1990, foi possível realizar a geração de fotografias aéreas em


três dimensões.

• Definição do método de fotointerpretação direta e correlativa.

• A fotointerpretação pode ser subdividida em analógica e digital.

• Sensores como LANDSAT, SPOT e CBERS eram utilizados para a obtenção de


fotografias aéreas e imagens.

• Os veículos aéreos não tripulados são, hoje, outros métodos para a obtenção
das fotografias aéreas.

18
AUTOATIVIDADE

1 A fotografia, como invenção, foi oficializada entre os anos de 1833 a 1839,


e diversos processos tecnológicos já estavam disponíveis, porém existia o
problema relacionado ao fato de se ter um profissional que soubesse traba-
lhar com essas tecnologias. E, além da questão profissional, existiam, tam-
bém, teorias que deveriam ser consideradas. Sobre essas teorias, classifique
V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas.

( ) A existência de uma correta teoria que tratasse a luz e as cores.


( ) A existência de uma correta teoria que tratasse a luz e as formas.
( ) A existência de um instrumento suficiente para a captação da cena.
( ) A existência de um instrumento insuficiente para a captação da cena.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – V – F.
b) ( ) V – V – F – F.
c) ( ) F – V – V – F.
d) ( ) F – V – F – V.

2 “O anáglifo é definido como a figura resultante da impressão ou da pro-


jeção, em superposição, de um par de fotografias estereoscópica em cores
complementares – verde e vermelho. Essas fotografias aéreas em 3D eram
muito produzidas na década de 1990 e consideradas de baixo custo” (GAR-
CIA; PIEDADE, 1981 apud DISAPARTTI; OLIVEIRA FILHO, 2005, p. 4).
Diante deste contexto, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) A imagem vista em relevo ou em 3D é obtida pela observação do aná-


glifo somente com o uso de estereoscópico sem a necessidade dos ócu-
los com filtros
b) ( ) A imagem vista em relevo é obtida pela observação do anáglifo sem a
necessidade dos óculos com filtros usados em cores complementares.
c) ( ) A imagem vista em relevo ou em 3D é obtida pela observação do aná-
glifo através dos óculos com filtros usados nas cores complementares.
d) ( ) A imagem vista em 3D é obtida pela observação do anáglifo sem a ne-
cessidade dos óculos com filtros usados em cores complementares.

3 Observamos que, ao longo da história da fotointerpretação, vários pesqui-


sadores realizaram suas publicações e nelas continham conceitos de fotoin-
terpretação. Um dos conceitos é considerado simplista, porém, é suficiente-
mente capaz de atender às necessidades de quem está iniciando na técnica
da fotointerpretação. Sobre este conceito, assinale a alternativa CORRETA:

19
a) ( ) É o ato de examinar as imagens sem identificar os objetos e tampouco
determinar os significados.
b) ( ) É o ato de examinar as imagens com o fim de identificar objetos e deter-
minar seus significados.
c) ( ) É o ato de se prever o que está contido nas imagens sem a necessidade
de determinar seus significados.
d) ( ) É o ato de examinar e prever o que consta nas imagens sem a necessida-
de de determinar seus significados.

4 A fotointerpretação analógica foi marcada pela invenção do aparelho es-


téreo comparador que permitia ao fotointérprete uma maior agilidade na
execução de seu trabalho. Posteriormente, houve a criação do método de
retificação das fotografias aéreas considerado como sendo um passo impor-
tante no que se refere à utilização das fotografias aéreas para a realização de
mapeamentos de grandes áreas terrestres. Portanto, com esse breve relato
da história da fotointerpretação analógica e nos conhecimentos obtidos du-
rante os seus estudos, disserte sobre a o uso das fotografias digitais e das
imagens digitais como fonte primária de dados para a fotointerpretação.

5 A fotointerpretação também é compreendida como sendo a inferência da


informação com base em dados obtidos por meio do processo de observa-
ção fotográfica, com o uso ou não de equipamentos, como o estereoscópico,
que traz detalhes considerados importantes para a compreensão do proces-
so fotointerpretativo e que fazem parte do dia a dia da fotointerpretação – o
meio fotográfico, a observação, a inferência e o equipamento. Portanto, com
base neste relato e nos conhecimentos que você obteve em seus estudos,
disserte sobre o equipamento, a observação e a inferência.

20
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1

NOÇÕES BÁSICAS DA FOTOINTERPRETAÇÃO E


OS DIFERENTES NÍVEIS DE INTERPRETAÇÃO

1 INTRODUÇÃO

No tópico anterior, você estudou a história da fotointerpretação, seus con-


ceitos, bem como algumas ponderações. Essa primeira parte foi importante e nos
forneceu subsídios para que possamos avançar ainda mais em nossos estudos.

No segundo tópico, você estudará as noções básicas e os diferentes níveis de fo-


tointerpretação. Estes temas permitirão que você tenha uma visão mais crítica, principal-
mente, em relação aos níveis de fotointerpretação e quando eles deverão ser utilizá-los.

Os assuntos que serão abordados neste tópico formam a base do conhecimento


necessário para as próximas etapas de aprendizado em fotointerpretação. Acompanhe!

2 NOÇÕES BÁSICAS DE FOTOINTERPRETAÇÃO

As noções básicas da fotointerpretação abordam basicamente as fotografias


aéreas e os elevados cuidados e especificações técnicas e tecnológicas que os
profissionais devem considerar. Então, sobre estes cuidados e especificações,
destacamos alguns que irão nortear nossos estudos de forma introdutória neste
momento, pois, eles serão tratados de forma mais completa no decorrer de seu
livro didático. Portanto, os aspectos a serem destacados são:

• o avião e voo;
• a câmera;
• o filme;
• as condições atmosféricas;
• fotografias aéreas e imagens;
• Interpretação.

O avião, para que possa realizar a captura das fotografias aéreas, deve
manter durante todo o percurso de seu voo a mesma altura e velocidade constante.
Geralmente, os voos são realizados por solicitações contratuais de instituições
governamentais municipais, estaduais e federais, ou, ainda, por instituições
privadas. As empresas que têm permissão de realizarem estes voos pertencem
a organizações particulares e devem possuir especializações em mapeamentos
aéreos (LOCH; ERDA, 2007; CAZETTA, 2009; LOCH, 2008).

21
UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

Para que possamos obter fotografias aéreas, com o uso de um avião, por
exemplo, é necessário que ele percorra faixas estabelecidas e que cada uma delas
tenha entre 50 e 60% de sobreposição longitudinal e deverá, também, ter entre 10 a
30% de sobreposição lateral, é, portanto, desta forma, que teremos o recobrimento
total da área fotografada e obteremos a estereoscopia (CAZETTA, 2009; LOCH,
2008).Basicamente, para a obtenção de uma fotografia aérea, é necessário que se
tenha uma câmera aerofotogramétrica, uma vez que ela possui todos os princípios
de uma câmera fotográfica comum, a principal diferença entre essas câmeras está
relacionada ao seu tamanho e aos materiais técnicos que acompanham.

Porém, para que possam ser obtidas as fotografias da superfície terrestre ela
precisa conter certas especificidades como alta resolução, maior capacidade de filme
e também de fotografia, elas necessitam de um ativamento automático ou semiau-
tomático para que funcione nos intervalos determinados segundo a velocidade de
voo, deve ainda haver um nível de nave e um esférico que permita a realização dos
registros de todas as variações sofridas pelo avião durante o voo, precisa ter um es-
tatoscópico, ou seja, um altímetro diferencial, este aparelho tem a função de realizar
o registro das variações do voo; deve possuir um giroscópio, este aparelho possui a
finalidade de evitar que as oscilações – as quais, por ventura, possam ocorrer duran-
te o voo –interfiram, de alguma forma, na câmera (SOUZA et al., 2003).

As fotografias aéreas devem ser classificadas considerando critérios como o


eixo ótico da câmera aérea e o sistema ótico. Sobre o eixo ótico câmera, sua origem
pode estar relacionada tanto com uma fotografia aérea oblíqua quanto com uma fo-
tografia aérea vertical. O sistema ótico, por sua vez, pode ser simples ou múltiplo
(FLORENZANO, 2002). Outro fato importante a ser considerado refere-se aos tipos
de filmes utilizados para a obtenção das fotografias aéreas. Estes filmes geralmente
apresentam uma grande sensibilidade às diferentes faixas do espectro eletromagné-
tico, responsável por dar origem às fotografias. As fotografias aéreas podem ser do
tipo pancromáticas conhecidas popularmente como branco e preto, e, também as ob-
tidas em preto e branco infravermelho e as coloridas, conhecidas como normais e/ou
naturais infravermelhas, também chamadas de falsa cor (CAZETTA, 2009).

ATENCAO

“A falsa cor neste caso refere-se ao fato de que a paisagem é captada por este tipo
de filme não é produzida nas cores comumente vistas pelo olho humano” (CAZETTA, 2009, p. 79).

Os voos são planejados com uma devida antecedência, e como não é pos-
sível realizar uma previsão das condições atmosféricas em longo prazo, alguns fa-
tores atmosféricos podem, de alguma forma, comprometer a nitidez das imagens.

22
TÓPICO 2 —

Questões como presença de nuvens, nebulosidade e fumaça tendem a re-


duzir a nitidez dos objetos constantes em uma fotografia aérea. Estes fatores po-
dem ocasionar alterações da tonalidade, principalmente do cinza. As condições
atmosféricas são fatores que afetam a qualidade da imagem, porém não interfe-
rem na geometria das fotografias aéreas, conforme descreve Loch (2008).

Quando falamos em fotointerpretação, nos referimos sempre às fotogra-


fias aéreas, mas, como já vimos, é possível usarmos imagens obtidas por outros
sensores e os cuidados, por exemplo, como os fatores atmosféricos, também de-
vem ser considerados.

Além disso, destacaremos algumas comparações pertinentes entre foto-


grafias aéreas e o sensor LANDSAT e RADAR para que possamos conhecer as
características, observe o Quadro 2.

QUADRO 2 – COMPARAÇÃO ENTRE FOTOGRAFIAS AÉREAS E O SENSOR LANDSAT E RADAR

Fotos aéreas Imagens de satélite Imagens de radar


Existem fotografias aé- O satélite CBERS 4A – Câ- Existe um voo RADAR de
reas de todo o território mera WFI faz sua revisita todo o território nacional.
nacional a cada cinco dias, portan-
to temos imagens sempre
atualizadas.
A escala não é uniforme Existe recobrimento uni- O RADAMBRASIL é que
forme de todo o território detém o material de RA-
nacional. DAR no Brasil, o que fa-
cilita a sua aquisição pelo
usuário, uma vez que o
órgão pode informar ima-
gens de qualquer região
do país.
As escalas das fotogra- É fácil obter a imagem de Estão disponíveis no RA-
fias aéreas convencionais interesse, pois o INPE de- DAR, papel fotográfico
sendo maiores nos dão tém o controle de todas as OFF-SET e cartas imagens
condições de uma análise imagens; para isso basta e manuais com a análise
mais detalhada da região. informar o local e a épo- do material. Cada manual
ca desejados. Existe ficha abrange uma área de 4° em
de pedido do material, na latitude e 6° em longitude.
qual o cliente indica as ca-
racterísticas exigidas do
produto.

23
UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

Obter uma foto de uma re- Existem 12 canais espec-


gião de interesse é mais difí- trais.
cil, pois são várias as firmas
de aerolevantamento, em
todo o território nacional.
É necessário que o usu-
ário vá ao órgão de pla-
nejamento de cada esta-
do para investigar o que
existe de aerolevanta-
mento na região de inte-
resse. Além disso, exis-
tem voos isolados para
as prefeituras que, even-
tualmente, podem passar
despercebidos pelo órgão
do estado.
FONTE: Adaptado de LOCH (2008, p. 82)

Conforme observado no Quadro 2, temos tanto fotografias aéreas quanto


imagens de todo o território nacional. A diferença é que a imagem de satélite, a
exemplo do CBERS 4A, tem o seu recobrimento a cada cindo dias de maneira
uniforme e sua obtenção é através da página do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE). Visto isso, podemos dizer que as formas de obtenção das foto-
grafias aéreas e as imagens são distintas, porém, elas são possíveis de serem uti-
lizadas para a realização da interpretação técnica e visual em estudos do espaço.

As fotografias aéreas, no caso da fotointerpretação permitem que, enquan-


to indivíduos que somos, temos condições de identificar, através dos diversos
tipos de linguagens, o território e as suas paisagens. É possível, ainda, identificar
cada problemática a ser resolvida através de uma percepção da realidade que até
o momento não tínhamos (CAZETTA, 2009). As fotografias aéreas e as imagens
orbitais possibilitam que o fotointérprete tenha dois níveis de análise conhecidos
como cognoscibilidade e inteligibilidade. A cognoscibilidade trata da “aquisição
dos dados e independe da interpretação, limita-se somente à apreensão da infor-
mação sobre a superfície terrestre” (CAZETTA, 2009, p. 78).

A inteligibilidade, por sua vez, é a fase que trata da análise e da interpre-


tação, alguns autores descrevem como sendo o tratamento e a interpretação dos
dados, mas para Castilho (1999, p. 75-76 apud CAZETTA, 2009) ela “transcende
a uma questão somente técnica, mas ela não impõe um conhecimento racional,
uma interpretação da que se oferece aos sentidos, partindo-se dos dados para
criar a informação, atendendo a um objetivo em específico”. Para que o fotoin-
térprete possa ter uma boa interpretação dos dados através da inteligibilidade, é
preciso que as fotografias aéreas ofereçam ao fotointérprete condições de visibi-
lidade dos objetos presentes nas imagens (CAZETTA, 2009).Portanto, nas foto-

24
TÓPICO 2 —

grafias aéreas, a visibilidade é um fator fundamental, e esta visibilidade se deve a


aspectos como propriedade dos objetos, tipos dos objetos, escala, qualidade dos
equipamentos utilizados e aspectos relacionados à acuidade da visão estereoscó-
pica do fotointérprete. Estes fatores auxiliam no momento da realização da inter-
pretação das fotografias aéreas exigindo mais ou menos conhecimentos técnicos
e/ou tecnológicos do fotointérprete. De forma básica, a estereoscopia é conhecida
como a ciência e a arte que consentem a visão estereoscópica chamada por muitos
de método da terceira dimensão (CAZETTA, 2009). Sobre a visão estereoscópica é
importante que você acompanhe a citação a seguir:

Quando uma câmera aérea vai fotografando o terreno em espaços uni-


formes, ao longo do voo do avião, cada fotografia é tirada de um ângu-
lo diferente do ângulo pelo qual é obtida a fotografia seguinte. Então
a área comum entre as duas fotografias, que é a superposição, repete
a visão binocular humana. A fim de reproduzir artificialmente a visão
estereoscópica, tornam-se duas fotografias consecutivas e, mediante
um instrumento ótico binocular, chamado estereoscópico, consegue-
-se ver os objetos representados em ambas, em terceira direção. Como
a visão normal, com os dois olhos (OLIVEIRA, 1988, p. 104).

Aproveitando o ensejo, é através da estereoscopia que conseguimos confec-


cionar também as cartas topográficas, por meio da restituição. Para este processo, é
primordial o uso de duas fotografias aéreas, para que seja possível visualizar a ima-
gem de uma área selecionada de um terreno em três dimensões, e, portanto, o técnico
consegue executar o desenho pelo que ele vê no aparelho restituidor. Atualmente, as
imagens orbitais permitem a realização desta atividade (CAZETTA, 2009).

Nós, enquanto seres humanos, temos condições de realizar a interpretação


das imagens, através de elementos considerados básicos como a escala de tons de cin-
za, a cor, os aspectos relacionados à profundidade, ao tamanho, à textura, à localiza-
ção, bem como à associação e ao arranjo, como defendem Jensen (2011) e Loch (2008).

A mente humana possui condições excepcionais que permitem tanto o reco-


nhecimento quanto a associação dos elementos considerados complexos em uma dada
fotografia aérea, e até em uma imagem, isto porque estamos habituados a processar
estas informações como as das feições da Terra, através das imagens que visualizamos
diariamente nos mais diversos meios de comunicação, como bem ponderam Jensen
(2011) e Cazetta (2009), observe um exemplo na Figura 9, que demonstra a parte do
Litoral Norte de São Paulo –Caraguatatuba, São Sebastião e parte de Ilhabela.

25
UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

FIGURA 9 – IMAGEM WPM DO LITORAL NORTE DE SÃO PAULO - CARAGUATATUBA, SÃO SE-
BASTIÃO E PARTE DE ILHABELA

FONTE: <https://bit.ly/3ueAdaJ>. Acesso em: 4 fev. 2021.

De acordo com Jensen (2011), o que conseguimos visualizar na figura


apresentada é o que conseguimos processar de informações das quais já temos
algum conhecimento prévio, e, com isso, o processo de interpretação a partir do
reconhecimento dos elementos acaba por se tornar menos complexo.

Com base nos descritos, é possível destacar que as propriedades técnicas uti-
lizadas para capturar as informações são compostas de elementos de linguagens que
de alguma forma permitem a realização da interpretação das imagens que foram ob-
tidas, e então podemos dizer que a técnica faz parte da linguagem (CAZETTA, 2009).

Visto isso, ponderamos que as formas para a obtenção das fotografias aéreas e as
imagens são distintas, porém, elas são possíveis de serem utilizadas para a realização da
interpretação técnica e visual para a realização de estudos do espaço (CAZETTA, 2009).

A qualidade dos resultados obtidos no processo de fotointerpretação pode não


ser igual a todos os profissionais envolvidos, já que existem inúmeras diferenças entre
o processo de interpretação e estes dependem das características próprias dos obje-
tos considerados pelos próprios fotointérpretes, ou, também, pela existência de outras
características. Quando o fotointérprete possui mais experiência, ele consegue extrair
informações necessárias para a realização dos objetivos previstos em seus estudos e a
partir disso elaborar o mapa temático (DISPERAT; SANTOS; ZERDA, 2007).

Quando abordamos os casos relativos à investigação cientifica geográfica, a


exemplo, teríamos imagens das quais poderíamos considerar mais legitimas, princi-
palmente se formos colocá-los em uma dada realidade do que realmente venha a ser

26
TÓPICO 2 —

o espaço geográfico. Conforme o apontamento, vamos considerar as colocações de


Cazetta (2009) quando diz que os mapas, as cartas topográficas, as fotografias aéreas
e as imagens aéreas orbitais garantem o status do que é real ou do que é a realidade
geográfica de acordo com as técnicas e as tecnologias que produziram tais imagens.

Desta forma, quando pensamos em espaço geográfico, no mesmo instante


imaginamos que este possa ser de uma grande ou pequena escala, mas, indiferente
disso, esse espaço será sempre cartografado, fotografado, imageado e pesquisado,
conforme defende Cazetta (2009). Permitirá, ainda, que a sua realidade seja reco-
nhecida e apresentada de diversas formas como exemplo as físicas e as simbólicas.

Continuando a explorar a colocação de Cazetta (2009) sobre a forma de


como o espaço pode ser representado, não devemos esquecer que fatores como a
linguagem e realidade estão inter-relacionadas e, desta forma, é possível visuali-
zar um determinado local através de uma carta topográfica, ou então, de outras
formas, como as fotografias aéreas e as imagens orbitais.

Até aqui você estudou as noções básicas da fotointerpretação, agora, con-


vido você a estudar os diferentes níveis de interpretação.

3 DIFERENTES NÍVEIS DE INTERPRETAÇÃO

Inicialmente, você não necessita ser um profissional da fotointerpretação


para identificar em uma fotografia aérea uma zona urbana ou uma zona rural.
Uma zona urbana, por exemplo, pode ser interpretada através de linhas distribu-
ídas na forma de malhas, nas quais identificamos, muitas vezes, os traçados das
quadras, observe a Figura 10. Já na zona rural, o que a distingue da zona urbana
são os diversos tons e as texturas, estas possibilitam identificar os mais variados
tipos de cultivares agrícolas, conforme demonstrado na Figura 11 (LOCH, 2008).

FIGURA 10 – FOTOGRAFIA AÉREA ZONA URBANA

FONTE:<https://bit.ly/37Mg5Dp>. Acesso em: 4 fev. 2021.

27
UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

FIGURA 11 – FOTOGRAFIA AÉREA ZONA RURAL

FONTE: Câmara (2017, p. 38)

Observando rapidamente estas fotografias, você deve ter imaginado que a


fotointerpretação é algo extremamente simples e quase se assemelha aos jogos de
passa tempo, porém esta é só uma impressão. Devido aos instrumentos técnicos,
conhecimentos e processos que necessariamente são aplicados na fotointerpreta-
ção, ela foi dividida em níveis (ANDERSON, 1982). Estes níveis são chamados de:

• nível básico;
• nível técnico;
• nível profissional;
• nível especializado.

O nível básico trata de interpretações mais evidentes, uma vez que fazem
uso do conhecimento que o indivíduo traz consigo, e, ao mesmo tempo, cobra
dele um pouco do conhecimento básico de análise de imagens. O fotointérprete,
quando dedicado às técnicas básicas que porventura venham a empregar durante
o processo de interpretação das imagens, pode obter um expressivo número de
informações em uma mesma foto, possibilitando que a fotointerpretação, que es-
teja sendo realizada no momento, seja quase exata (ANDERSON, 1982).

O conhecimento no nível básico deve estar relacionado aos aspectos que in-
fluenciaram no reconhecimento como a forma, sombra, tamanho, tonalidade, den-
sidade, declividade, textura, posição, adjacências. Na Figura 12, você, certamente,
consegue, de forma visual, identificar alguns dos aspectos de reconhecimento.

28
TÓPICO 2 —

FIGURA 12 – IMAGEM CBERS 4A

FONTE: <https://bit.ly/3saBVYI>. Acesso em: 4 fev. 2021.

O nível técnico, segundo Anderson (1982), refere-se ao trabalho com uma


exigência de maior habilidade do que se espera de uma interpretação no nível bá-
sico, ou seja, no nível técnico o fotointérprete necessitará realizar procedimentos
como as medições e as identificações em diversos objetos, além de manusear as
fotografias. Porém, neste nível, não se espera do fotointérprete que ele tenha um
profundo conhecimento das disciplinas ou das áreas de pesquisa que estará ana-
lisando no devido momento. Observe a Figura 13, referente ao porto de Beirute
no Líbano, certamente, você, como nível técnico em interpretação, terá condições,
por exemplo, de realizar medições dos objetos presentes na imagem como as dis-
tâncias entre os berços de atracações dos navios.

FIGURA 13 – IMAGEM CBERS 4A – BEIRUTE – LÍBANO

FONTE: <https://bit.ly/3pJhqRz>. Acesso em: 4 fev. 2021.

29
UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

O nível profissional é o nível mais completo quando comparado com os


níveis básico e técnico. Este nível, segundo Anderson (1982), é aplicado a uma de-
terminada área ou campo de atividade. Nele, o fotointérprete tem a possibilidade
de atuar em diversas áreas do conhecimento, como: Engenharia de Minas, Enge-
nharia Florestal, Engenharia Civil, Geologia, Geografia, Arqueologia, Cartogra-
fia, Agronomia, Ecologia, Geomorfologia, Pedologia, Arquitetura, entre outras.

Veremos o exemplo do nível profissional da implementação de uma es-


trada, conforme Loch (2008). Para a fase de elaboração do projeto de estradas é
necessário que o profissional faça uso da interpretação de imagens através de
fotografias aéreas ou de imagens obtidas por meio de outros sensores.

Segundo Loch (2008), as fotografias aéreas, ou as imagens, permitirão ao pro-


fissional a realização de estudos que possam determinar as diversas diretrizes de
uma estrada, e, então, o profissional terá condições de optar por aquilo que for mais
conveniente em diversos aspectos, principalmente, os ambientais e econômicos.

Nesse caso, a fotointerpretação permite que o profissional identifique as ca-


racterísticas da região como no caso os terrenos montanhosos. Para esta situação, é
necessário que o profissional realize o levantamento planimétrico utilizando como
base as fotografias aéreas ou imagens (LOCH, 2008). Observe que, neste momento, o
nível profissional, conforme visto anteriormente, necessita ter os conhecimentos de
outras áreas como a engenharia civil, a geomorfologia e a topografia basicamente.

NOTA

Levantamento planimétrico é o “levantamento dos limites e confrontações de


uma propriedade, pela determinação do seu perímetro, bem como a sua orientação e a sua
amarração a pontos materializados no terreno de uma rede de referência cadastral, inexistên-
cia, ou, no caso de sua a pontos notáveis e estáveis nas suas imediações” (ABNT, 1994, p. 3).

Dando continuidade ao nosso exemplo, o intérprete do nível profissional


para realizar o estudo da implementação de uma estrada em uma determinada
área deverá além do que já apresentamos realizar o mosaico de fotografias aéreas.
Para a construção do mosaico costuma-se utilizar tanto fotografias aéreas quanto
imagens. O mosaico permite que o intérprete tenha uma visão geral da aérea, facili-
tando um estudo minucioso e, com isso, ele pode identificar as diversas alternativas
possíveis para realizar a escolha da diretriz ou linha a ser seguida (LOCH, 2008).

30
TÓPICO 2 —

TUROS
ESTUDOS FU

Caro acadêmico, você estudará Mosaico na Unidade 2, Tópico 3, deste livro didático.

Com a realização do mosaico, o intérprete profissional pode realizar a


análise do relevo e ainda tem a possibilidade de realizar as estimativas de proble-
mas econômicos que possam ocorrer devido a algum procedimento que precise
realizar por fatores que identifique durante a análise do relevo.

Concomitante ao mosaico, uma análise das fotografias aérea sem maior esca-
la deve ser realizada. Estas devem ser realizadas par a par com o uso de estereoscó-
pios e o profissional deverá ser rigoroso, analisando todos os pontos de interesse que
por algum motivo possam elevar o custo da obra, assim, o profissional fotointérprete
vai construindo o esboço de todos os pontos de sua diretriz ou linha (LOCH, 2008).

Com as etapas concluídas o intérprete de nível profissional deve fazer a


restituição de uma faixa de cada fotografia aérea que faça parte do traçado da
estrada. Nesta restituição, é importante que sejam marcados os pontos conside-
rados como de passagem obrigatória, assim, devem marcar outros pontos que se-
jam relevantes para a estrada. A restituição deverá ter um mínimo de três pontos
de apoio tanto vertical quanto horizontal como as coordenadas do terreno e eles
devem estar identificados nas fotografias aéreas (LOCH, 2008).

TUROS
ESTUDOS FU

Você, caro acadêmico, estudará Restituição na Unidade 3, Tópico 2, deste


livro didático.

Você acabou de acompanhar uma breve descrição de como funciona o tra-


balho de um fotointérprete de nível profissional, vamos agora para outro exem-
plo, também descrito por Loch (2008, p. 71) para o controle de uma barragem,
esta que exige um conhecimento avançado de algumas áreas, como exemplo:

• Declividade do rio.
• Tipos de solo.
• Topografia local.
• Estrutura rochosa.

31
UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

• Densidade demográfica.
• Avaliação da área em que a barragem ou o lago de inundação vai
atingir. Neste caso deve-se realizar a porcentagem das áreas que
poderão ser inundadas.

Observe que diante do pontuado anteriormente, o trabalho para se imple-


mentar uma barragem demanda de uma série de aplicações de fotointerpretação no
nível profissional. Acompanhe alguns detalhes das aplicações de fotointerpretação.

• construção de uma barragem com padrões rígidos de precisão é


necessário o trabalho integrado entre a geodésia, fotointerpreta-
ção e a fotogrametria.
• redes de pontos de controle geodésicos para subsídios de acom-
panhamento da área de toda barragem, todo esse trabalho é re-
alizado pela fotointerpretação. Tais pontos de controle terrestre
servem de sustentação para a cartografia da barragem.
• a implementação da rede de pontos de controle geodésico é reali-
zada antes do voo fotogramétrico.
• quando da execução do voo os pontos devem estar sinalizados
para que sejam mais fáceis de serem identificados nas fotografias
aéreas (LOCH, 2008, p. 71-72).

Com base no que lhe foi apresentado podemos dizer que a realização de uma
pesquisa que visa à construção de uma barragem exige inúmeras atividades de fo-
tointerpretação que devem ser realizadas. Portanto, para este profissional, é impor-
tante que ele tenha conhecimento em várias aéreas para que possa atuar neste estudo.

Para que possa exemplificar a descrição do controle de uma barragem


com o uso de fotointerpretação no nível profissional, apresentamos a você uma
imagem CBERS 4A com resolução de 2 m que você poderá utilizar.

FIGURA 14 – IMAGEM DE UMA BARRAGEM – CBERS 4A COM RESOLUÇÃO DE 2M

FONTE: <https://bit.ly/3bnLuwQ>. Acesso em: 4 fev. 2021.

32
TÓPICO 2 —

Sobre os pontos de controle para o acompanhamento de uma barragem,


Loch (2008) destaca que é necessário um trabalho intenso e integrado entre geo-
désia e a fotointerpretação. Esta rede de pontos de controle geodésico é o que for-
nece os principais subsídios para a realização do acompanhamento da barragem,
sendo que este trabalho é realizado por meio da fotointerpretação.

Os pontos de controle terrestre servem de base para a cartografia da barra-


gem. A implementação desta rede de pontos de controle geodésico é realizada no
local e ocorre antes do voo fotogramétrico. Para a realização deste voo os pontos
devem estar pré-visualizados a fim de facilitar a sua identificação nas fotografias
aéreas. É de extrema importância que estas fotografias aéreas estejam adequadas
à maior resolução possível para o projeto (LOCH, 2008). Estas descrições que se
referem ao nível profissional vão mais além em suas áreas, aqui, foram descritas
de forma básica e dando destaque ao que se refere à fotointerpretação.

Após estudarmos o nível profissional, vamos acompanhar o nosso último


nível – o especializado –, que trata do nível em que o interprete é pesquisador e se
utiliza de um embasamento teórico da fotointerpretação e associa a ele as outras
áreas de pesquisa, como é caso do sensoriamento remoto – do qual ele poderá
obter outros sensores de informações de forma concomitante, possibilitando a
criação do sistema por algoritmos que permitam extração de informações de for-
ma automática das fotografias aéreas (ANDERSON, 1982).

NOTA

Sensoriamento remoto é a arte e a ciência de obter informações de um objeto


sem estar em contato direto com ele (JENSEN, 2011).

Para uma melhor compreensão do nível de interpretação especializado, va-


mos acompanhar a descrição do artigo elaborado por Nepumoceno e Luchiari (2014)
intitulado Mapeamento morfológico de detalhe: experiência para a integração técnica da fo-
tointerpretação e sistemas de informações geográficas no município de Salesópolis – SP.

Trata-se de uma aplicação de fotointerpretação em nível especializado, pois


os autores se utilizaram de um embasamento teórico associado da fotointerpreta-
ção com outras áreas do conhecimento como é a geomorfologia, topografia, bem
como a associação de outras tecnologias como o sistema de informações geográfi-
cas (SIG), ou seja, neste caso, os autores realizaram a integração de técnicas para a
realização do estudo geomorfológicos que resultem em maior objetividade e preci-
são na identificação dos objetos de interesse (NEPUMOCENO; LUCHIARI, 2014).

33
UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

DICAS

Indicamos uma leitura mais aprofundada do artigo Mapeamento morfológico


de detalhe: experiência para a integração técnica da fotointerpretação e sistemas de
informações geográficas no município de Salesópolis – SP, de Nepumoceno e Luchiari
(2014), disponível em: www.revistas.usp.br/rdg/article/download/90012/92802.

Observando o artigo de Coelho, Zaine e Rodrigues (2016) intitulado Análise


fisiográfica, a partir de técnicas de fotointerpretação, aplicada ao mapeamento geológico-
-geotécnico de obras rodoviárias, os objetivos dos autores anteriormente citados são a
realização da avaliação da suscetibilidade do meio físico ao desenvolvimento das
ocorrências de instabilidades nos taludes de corte em empreendimentos rodoviá-
rios, associados às técnicas de fotointerpretação e trabalhos de campo caracterizan-
do o nível de interpretação especializado (COELHO; ZAINE; RODRIGUES, 2016).

Foram utilizadas para a análise fotointerpretativa fotografias aéreas e orto-


fotos com escala de 1:10000, das quais foram extraídas redes de drenagem, estru-
turas geológicas, formas e características de relevo, processo erosivos e anomalias,
delimitações das Unidades Básicas de Compartimentação UBCs, através de textu-
ras, padrões de relevos, cartografia de síntese e outros. Os autores destacam, com
base nas avaliações de instabilidade de taludes rodoviários por técnicas de fotoin-
terpretação e atividades de campo, que se mostram eficientes e devem ser aplicadas
nas intervenções de obras de engenharia (COELHO; ZAINE; RODRIGUES, 2016).

No trabalho realizado pelos autores Coelho, Zaine e Rodrigues (2016), fi-


caram evidentes o embasamento teórico associado às outras de pesquisa para a
extração das informações, e, também, para que possam ser realizadas as tomadas
de decisões adequadas à área de estudo.

DICAS

É interessante que você realize a leitura do artigo de Coelho, Zaine e Rodrigues


(2016) intitulado Análise fisiográfica, a partir de técnicas de fotointerpretação, aplicada ao
mapeamento geológico-geotécnico de obras rodoviárias. Disponível em: http://bit.ly/3qAVU2D.

34
TÓPICO 2 —

Portanto, ficou evidente nos exemplos apresentados dos níveis de inter-


pretações que é importante ter um embasamento teórico da área em que se vai
trabalhar, além da experiência necessária em fotointerpretação. Ainda é preciso
estar atento à qualidade dos materiais disponíveis para que se possa chegar a um
resultado preciso.

35
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• As noções básicas compreendem, basicamente, aspectos como o avião e voo;


a câmera; o filme; as condições atmosféricas; as fotografias aéreas e imagens;
e a interpretação.

• Existem fotografias aéreas, imagens de satélite e imagens de radar de todo o


território nacional.

• A mente do ser humano tem a capacidade de reconhecer a associação dos


elementos considerados complexos em uma fotografia ou imagem.

• As formas de obtenção das fotografias aéreas e as imagens ocorrem de forma


distinta.

• Os resultados obtidos no processo de fotointerpretação podem ser distintos


de um profissional para outro, pois dependem inclusive da experiência do
fotointérprete.

• Devido aos instrumentos técnicos, conhecimentos e processos aplicados, a fo-


tointerpretação foi dividida em quatro níveis: básico, técnico, profissional e
especializado.

36
AUTOATIVIDADE

1 As fotografias aéreas e as imagens orbitais permitem ao fotointérprete a iden-


tificação do território e de suas paisagens através de diversos tipos de lin-
guagens, bem como identificar cada problemática a ser resolvida através de
uma percepção da realidade que, até o momento, não se tinha, o que também
possibilita, ao fotointérprete, ter dois níveis de análise conhecidas. Diante do
exposto, assinale a alternativa CORRETA em relação os níveis de análise:

a) ( ) Cognoscibilidade e inteligibilidade.
b) ( ) Cognoscibilidade e conhecimento.
c) ( ) Inteligibilidade e acessibilidade.
d) ( ) Cognoscibilidade e interpretabilidade.

2 As noções básicas da fotointerpretação contemplam, de forma básica, al-


guns aspectos que consideram as fotografias aéreas, as especificações téc-
nicas e tecnológicas, bem como os profissionais. O avião e o voo, a câmera,
o filme, as condições climáticas, a interpretação e as fotografias aéreas são
alguns aspectos básicos considerados na fotointerpretação. Dessa maneira,
analise as seguintes sentenças.

I- A presença de nuvens, nebulosidade e fumaça reduzem a nitidez dos ob-


jetos em uma fotografia aérea.
II- O avião deve manter durante todo o seu percurso de voo a mesma altura
e velocidade constante.
III- As condições atmosféricas não influenciam na nitidez dos objetos presen-
tes em uma fotografia aérea.
IV- Existem fotografias aéreas de todo o território nacional e as escalas são as
mesmas para todas as fotos.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças III e IV estão corretas.


b) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
c) ( ) As sentenças II e IV estão corretas.
d) ( ) As sentenças I e II estão corretas.

3 Ao observamos uma fotografia aérea, mesmo não sendo um profissional da


fotointerpretação, conseguiremos, em um primeiro momento, identificar as
áreas urbanas e as rurais, mas a fotointerpretação é mais complexa do que
inicialmente possamos imaginar e, por isso, ela foi dividida em níveis. Para
esta divisão foram levados em consideração os instrumentos técnicos, os
conhecimentos e os processos. Diante disso, assinale a alternativa CORRE-
TA em relação os níveis de fotointerpretação.

37
a) ( ) Nível básico, nível teórico, nível profissional, nível especializado.
b) ( ) Nível básico, nível teórico, nível intermediário, nível especializado.
c) ( ) Nível básico, nível técnico, nível profissional, nível especializado.
d) ( ) Nível iniciante, nível técnico, nível intermediário, nível avançado.

4 As fotografias aéreas permitem que nós, enquanto indivíduos que somos,


conseguimos realizar a identificação dos mais variados tipos de linguagens
do território, bem como a identificação das suas paisagens. Temos ainda
condições de identificar cada problema a ser resolvido através de uma per-
cepção da realidade que até então não tínhamos. Com base neste breve re-
lato e nos conhecimentos que você adquiriu em seus estudos, disserte sobre
a percepção da realidade através de análises das fotografias aéreas.

5 Para o processo da fotointerpretação, alguns instrumentos técnicos, processos


e conhecimentos são necessários, e para isso os processos fotointerpretativos
foram subdivididos em níveis básico, técnico, profissional e especializado. Por-
tanto, com base nesse breve relato e nos conhecimentos que obteve com seus
estudos, disserte sobre o conhecimento no nível básico da fotointerpretação.

38
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1

INTRODUÇÃO DA INTERRELAÇÃO
DA FOTOINTERPRETAÇÃO COM A
FOTOGRAMETRIA E AS DEMAIS DISCIPLINAS
1 INTRODUÇÃO

Neste tópico, nós vamos abordar a introdução da inter-relação da fotointer-


pretação com a fotogrametria e as demais disciplinas, bem como a situação atual da
fotointerpretação. Para estudarmos esta inter-relação, vamos analisar o conceito de
fotogrametria e relacioná-lo ao conceito de fotointerpretação, posteriormente, vamos
buscar entender como elas se complementam durante a realização dos estudos.

A inter-relação da fotointerpretação e da fotogrametria com outras discipli-


nas será demonstrada para você através de estudos já realizados por alguns autores.

Por fim, a situação atual da fotointerpretação também será analisada neste


tópico, uma vez que depende sempre dos avanços tecnológicos, das formas de
aquisição das fotografias aéreas ou imagens, ou seja, a vida profissional de um
fotointérprete está totalmente relacionada com a tecnologia.

Bons estudos!

2 INTER-RELAÇÃO DA FOTOINTERPRETAÇÃO COM A


FOTOGRAMETRIAE AS DEMAIS DISCIPLINAS

A fotointerpretação, como não é considerada um ramo profissional, assim


como a Agronomia, a Geografia, a Geologia e outras, ela necessita estar vinculada a
uma delas. E, neste caso, o profissional será reconhecido como um fotogeógrafo, fo-
togeólogo, um agrônomo especializado em fotointerpretação, engenheiro florestal
especializado em fotointerpretação, entre outros (ANDERSON, 1982; LOCH, 2008).

A fotointerpretação se constitui em um grande conjunto de técnicas apli-


cadas a diversas aéreas do conhecimento, como no caso aos estudos urbanos e
rurais, a fotogeologia é um exemplo, e demanda de inúmeras técnicas que com-
põem a fotointerpretação (ANDERSON, 1982).

Muitas dessas técnicas são constituídas por medições realizadas nas fotogra-
fias aéreas, o que se constitui no objetivo da fotogrametria, como bem destaca Ander-
son (1982). O autor relata também que a “fotogrametria é usada na fotointerpretação

39
UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

do mesmo modo que a matemática é usada nas outras ciências: aplica-se muita mate-
mática em estudos florestais, econômicos etc.” (ANDERSON, 1982, p. 3).

Portanto, a fotogrametria faz uso do conhecimento da matemática, e ela


possui a sua própria área de aplicação. A fotointerpretação se utiliza de forma
frequente da fotogrametria básica (ANDERSON, 1982).

ATENCAO

Veremos, agora, alguns conceitos de fotogrametria necessários ao seu conhecimento.

Para Loche Erba (2007, p. 80) “é a ciência que estuda e desenvolve instru-
mentos e metodologias que permitem obter medições confiáveis em fotogramas,
a partir das quais é possível elaborar cartas básicas e temáticas”.

Os autores Coelho e Brito (2007, p. 16) destacam a fotogrametria da se-


guinte forma:
é a ciência e tecnologia de se reconstruir o espaço tridimensional, ou parte
do mesmo (espaço-objeto), a partir de imagens bidimensionais, advindas
da gravação de padrões de ondas eletromagnéticas (espaço-imagem),
sem contato físico direto entre o sensor e o objeto ou alvo de interesse.

Em Loch e Erba (2007, p. 67), “a fotogrametria pode ser definida como a


ciência, a arte e tecnologia de se obter informações confiáveis a partir de fotogra-
mas aéreos ou terrestres”.

NOTA

Fotograma é cada uma das imagens registradas em um filme fotográfico.

Para Loch e Erba (2007) a fotogrametria é dividida em duas grandes áreas


do conhecimento, a métrica e a interpretativa. Para os autores a “fotogrametria
métrica é de grande importância para a área de mensuração, pois permite a de-
terminação de distâncias, elevações, volumes etc., além de contribuir para a ela-
boração de documentos cartográficos, com medidas realizadas nos fotogramas”
(LOCH; ERBA, 2007, p. 67).

40
TÓPICO 3 — INTRODUÇÃO DA INTERRELAÇÃO DA FOTOINTERPRETAÇÃO COM A FOTOGRAMETRIA
E AS DEMAIS DISCIPLINAS

“A fotogrametria interpretativa tem por objetivo proporcionar o reconhe-


cimento de alguns padrões de objetos (formas, comprimentos, tonalidades, textu-
ras etc.) baseados em imagens fotográficas” Loch e Erba (2007, p. 67).

Durante o processo histórico da fotogrametria, podemos dizer que ela


passou por evoluções que ficaram registradas como as quatro etapas importantes
da fotogrametria segundo Loch e Erba (2007) que foram:

• Fotogrametria ordinária.
• Estereofotogrametria analítica.
• Estereofotogrametria automática.
• Fotogrametria digital.

DICAS

O artigo A evolução da fotogrametria no Brasil de Silva (2015) apresenta um


breve relato histórico da fotogrametria no mundo e relaciona com alguns fatos e experiências
ocorridas no Brasil. Disponível em: https://periodicos.utfpr.edu.br/rbgeo/article/view/5467.

A fotogrametria é também utilizada para a produção de dados cartográficos,


por muito tempo ela foi utilizada como a única forma que se tinha para a realização
do mapeamento das áreas extensas do território. Portanto, foi através da evolução
da informática e das tecnologias e técnicas de processamento digital de imagens que
houve o surgimento da fotogrametria digital (COELHO; BRITTO, 2007).

Para Coelho e Britto (2007, p. 23), a fotogrametria digital tem como “objetivo
principal a reconstrução automática do espaço tridimensional (espaço-objeto), a partir
de imagens bidimensionais (espaço-imagem)”. Os autores permitem concluir que a
fotogrametria digital automatizou a fotogrametria, uma vez que, atualmente, os pro-
cessamentos das informações fotogramétricas ocorrem de forma mais rápida e eficaz.

Como foi apresentado no Tópico 1, a fotointerpretação é uma análise quali-


tativa das fotografias aéreas e das imagens de satélite ou radar, e, neste tópico, vo-
cês estudarão a fotogrametria, uma análise quantitativa das fotografias e imagens.
Pois bem, a depender dos estudos que serão realizados com base na fotogrametria,
as análises necessitam de medições a exemplo das altitudes. Desta forma, conse-
guimos compreender que a fotogrametria e a fotointerpretação se complementam.

Visto esta descrição e conceitos, vamos conhecer as relações existentes en-


tre a fotointerpretação e a fotogrametria com as demais disciplinas através de
trabalhos que já foram desenvolvidos.

41
UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

O trabalho realizado por Rosenfeldt (2016), que traz como título a Integração
da geodésia, da fotogrametria e da fotointerpretação na construção de sistema cadastral para
a regularização fundiária plena. O autor relata que, nos últimos tempos, os sistemas de
administração de terras têm sido impulsionados pelos fatores tecnológicos devido
à necessidade de se ter uma gestão territorial e de governança adequados.

A proposta apresentada por Rosenfeldt (2016) leva em consideração


dados de diversas fontes, sendo eles fotogramétricos quantitativos e de
fotointerpretação, os qualitativos. Então, esta proposta visa a um sistema de
dados e informações territoriais obtidos através de sistemas imageadores para
o processo da construção do sistema cadastral, o qual objetiva a viabilização da
regularização fundiária plena. Portanto, apoiado tanto pelos métodos geodésicos
e fotogramétricos, elas apresentam as análises e testes de qualidade espacial e
temático dos dados cartográficos. Os resultados trazem um sistema cadastral
multifinalitário propício de ser utilizado para a regularização fundiária plena
urbana e rural, permitindo a identificação de parcelas cadastrais. Rosenfeldt
(2016, p. 47) destaca como objetivo principal de sua pesquisa o seguinte:

Desenvolver modelo conceitual de integração da geodésia, da foto-


grametria e da fotointerpretação na construção de sistema cadastral
para viabilizar a regularização fundiária plena, em glebas urbanas, em
conformidade com os parâmetros legais exigidos pelo Código Civil
brasileiro e os pressupostos do ordenamento territorial.

Com base no objetivo proposto por Rosenfeldt (2016) é possível identi-


ficar que, além da inter-relação da fotogrametria e da fotointerpretação, ele fez
uso de outras disciplinas e áreas do conhecimento como a geodésia, o direito e o
ordenamento territorial para a resolução de um problema identificado.

Observe um dos resultados obtidos com a integração, na Figura 15. Cabe


destacar que o autor realizou esta análise com outros anos (1978, 1989 e 1996), a
fim construir uma comparação entre períodos.

42
TÓPICO 3 — INTRODUÇÃO DA INTERRELAÇÃO DA FOTOINTERPRETAÇÃO COM A FOTOGRAMETRIA
E AS DEMAIS DISCIPLINAS

FIGURA 15 – ANÁLISE DA RESTRIÇÃO AMBIENTAL E APP PARA O ANO DE 2007

FONTE: Rosenfeldt (2016, p. 214)

Em uma de suas conclusões, Rosenfeldt (2016) pontua que, ao relacionar


a fotointerpretação, fotogrametria e a geodésia para auxiliar na construção de um
sistema cadastral, foi possível construir informações fundamentais e necessárias
para a regularização fundiária que viesse a atender à legislação brasileira.

DICAS

O trabalho de Rosenfeldt (2016), intitulado Integração da geodésia, da foto-


grametria e da fotointerpretação na construção de sistema cadastral para viabilizar a regu-
larização fundiária plena, vem de encontro com o proposto no presente tópico de estudo.
Disponível em: http://tede.ufsc.br/teses/PECV1015-T.pdf.

Lopes (2015) trabalhou a relação entre fotointerpretação, fotogrametria e a


detecção remota aplicada à prospecção mineira em Portugal. O principal objetivo
foi à geração de modelos tridimensionais com base em fotografias aéreas anti-
gas utilizando o processamento de imagens para identificar estruturas geológicas
para a prospecção mineira. Foram processadas inúmeras fotografias aéreas para
que fosse possível obter pontos que permitissem a geração de modelos digitais de

43
UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

superfície e a montagem de mosaicos das fotografias ortorretificadas. Os pontos


também foram utilizados para o georreferenciamento.

Lopes (2015) afirma que a aplicação de métodos fotogramétricos, quando


trabalhados juntos com outras técnicas, como a detecção remota e a fotointerpre-
tação, são adequados para a detecção de estruturas geológicas. Então, o proces-
samento fotogramétrico das imagens auxilia na visão tridimensional com quali-
dade, e, também, o processamento da imagem colabora para que o profissional
tenha uma melhor visualização das estruturas.

O uso da fotointerpretação, fotogrametria digital com dados LIDAR para a


produção de cartas de vulnerabilidade à intrusão de água marinha foi apresenta-
da por Gonçalves e Mitishita (2015). Este estudo demonstra que a inter-relação de
técnica e disciplina foi desenvolvido e aplicado para estimar a probabilidade de
ocorrência de riscos associados aos eventos extremos. Ainda segundo apontam os
autores é possível realizar a estimativa de custos para os danos produzidos pelas
inundações. Os dados utilizados por Gonçalves e Mitishita (2015) foram obtidos
através de aerotransporte de sensor LIDAR, e, também, de câmera fotogramétrica
digital; os apoios geodésicos utilizados foram do tipo convencionais e baseados
no posicionamento GNSS e com nivelamento geométrico de alta precisão.

NOTA

O LIDAR (Light Detection and Ranging) é um sensor remoto ativo a bordo de


plataformas (tripuladas ou não tripuladas) e consiste em um método direto para a captura
de dados, ele é capaz de modelar a superfície do terreno tridimensionalmente.

FONTE: <http://bit.ly/37t0ubs>. Acesso em: 4 fev. 2021.

Para realizar a ortorretificação, os autores necessitaram construir um mo-


delo editado, composto somente de registro que foram por eles selecionados so-
bre as vias públicas, incluindo as áreas não edificadas e foram, portanto, filtrados
pelas técnicas de fotointerpretação considerando vegetação, veículos e outros
obstáculos. Na Figura 16, você pode visualizar a imagem da seção do mosaico
obtido por Gonçalves e Mitishita (2015, p. 5663).

44
TÓPICO 3 — INTRODUÇÃO DA INTERRELAÇÃO DA FOTOINTERPRETAÇÃO COM A FOTOGRAMETRIA
E AS DEMAIS DISCIPLINAS

FIGURA 16 – SECÇÃO DE ORTOFOTOMOSAICO

FONTE: Gonçalves e Mitishita (2015, p. 5663)

Sobre a modelagem e a representação das áreas inundadas após serem exa-


minados os pontos que foram apontados o processamento das inundações foi então
considerado pelos autores como uma “máscara binária georreferenciada que pode ser
superposta aos mosaicos ortorretificados, constituindo um produto de análise da con-
dição de inundação resultante” (GONÇALVES; MITISHITA, 2015, p. 5664). Observe
a Figura 17, que trata da sobreposição da máscara de simulação obtida pelos autores.

FIGURA 17 – SOBREPOSIÇÃO DA MÁSCARA DE SIMULAÇÃO DE INUNDAÇÃO

FONTE: Gonçalves e Mitishita (2015, p. 5664)

Gonçalves e Mitishita (2015) pontuam que o trabalho metodológico relacionado


à fotogrametria e à fotointerpretação com os dados LIDAR, para a geração de cartas de
vulnerabilidade à intrusão de água marinha, foi possível atestar a sua validade. As car-
tas de vulnerabilidade apresentadas no trabalho demonstram o detalhamento em alta
resolução dos pontos que podem ser afetados em ocorrências de ondas “de ressaca e de
marés meteorológicas mais intensas, cuja probabilidade de ocorrência é alta”, segundo
registros históricos da região analisada (GONÇALVES; MITISHITA 2015, p. 5666).
45
UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

DICAS

Indicamos uma leitura mais aprofundada do artigo de Gonçalves e Mitishita (2015)


intitulado Uso de Dados LIDAR e Fotogrametria Digital para Produção de Cartas de Vulne-
rabilidade à Intrusão de Águas Marinhas, no qual os autores abordam a inter-relação da fo-
tointerpretação e da fotogrametria com outras áreas do conhecimento, para a resolução de
problemas identificados em uma determinada aérea. Disponível em: https://bit.ly/37wMVrx.

Almeida, Tavares Junior e Beserra Neta (2012) inter-relacionaram a fo-


tointerpretação, a fotogrametria com o mapeamento geomorfológico na serra do
Tepequém em Roraima, utilizando, para isso, imagens de sensores remotos e de
produtos integrados via IHS (produtos integrados multifontes).

A pesquisa dos autores teve como objetivo principal estudar os compar-


timentos geomorfológicos que fazem parte da paisagem da serra do Tepequém,
baseado nas técnicas fotointerpretativas de sensoriamento remoto e de produtos
IHS buscando caracterizar da melhor forma as feições do terreno (ALMEIDA;
TAVARES JUNIOR; BESERRA NETA, 2012).

Foi, portanto, realizado o tratamento das imagens dos sensores remotos,


através das operações que objetivem a atenuação dos efeitos atmosféricos, bem
como das distorções atmosféricas e das técnicas de integração digital dos dados
multifontesutilizando as técnicas de análise de imagens digitais.

As análises das diferenciações da paisagem local ocorreram por meio de


trabalhos de campo, o processo de interpretação do meio físico com análise dos
elementos textuais da paisagem que, no caso, são o relevo e a drenagem, e foram
realizadas as aplicações das técnicas de geoprocessamento para que fosse possí-
vel gerar o mapeamento morfoestrutural e geomorfológico (ALMEIDA; TAVA-
RES JUNIOR; BESERRA NETA, 2012).

Na Figura 18, você pode observar o resultado obtido pelos autores com base
na interpretação das estruturas que condicionam o relevo local. Ainda, segundo os
autores, é possível “identificar as unidades geomorfológicas que compõem a serra
do Tepequém –RR (ALMEIDA; TAVARES JUNIOR; BESERRA NETA, 2012, p. 7).

46
TÓPICO 3 — INTRODUÇÃO DA INTERRELAÇÃO DA FOTOINTERPRETAÇÃO COM A FOTOGRAMETRIA
E AS DEMAIS DISCIPLINAS

FIGURA 18 – PRODUTO INTEGRADO VIA TÉCNICA DE INTEGRAÇÃO IHS DA IMAGEM DE RA-


DAR COM O PRODUTO GEOMORFOLÓGICO

FONTE: Almeida, Tavares Junior e Beserra Neta (2012, p. 8)

Conforme ponderado pelos autores, a integração das técnicas fotointer-


pretativas nas imagens de sensoriamento remoto e de produtos de integração
IHS para a caracterização das feições morfoestruturais e geomorfológicas com-
preendem um avanço importante para as análises que se referem à evolução da
paisagem local (ALMEIDA; TAVARES JUNIOR; BESERRA NETA, 2012).

Neste tópico, você estudou a inter-relação da fotointerpretação com a foto-


grametria e as demais disciplinas e pode acompanhar alguns exemplos de traba-
lhos já realizados com base nessa inter-relação. Estes exemplos tiveram como obje-
tivo demonstrar a forma como realmente funciona a inter-relação de forma prática.

3 SITUAÇÃO ATUAL DO FOTOINTÉRPRETE

A primeira discussão sobre a situação atual do fotointérprete de que se


têm notícias ocorreu através de Colwell (1997 apud DISPERATI; SANTOS; ZER-
DA, 2007). Ele era considerado um importante pesquisador e tinha uma grande
contribuição na área da fotointerpretação com os seus estudos, principalmente
com os relacionados aos recursos naturais. O autor, na época, fez uma relação da
situação atual da fotointerpretação com outras técnicas e áreas de estudo como,
por exemplo, o sensoriamento remoto (SR), a fotogrametria, os sistemas de infor-
mações geográficas (SIGs), o inventário, o monitoramento e o manejo dos recur-
sos terrestres (DISPERATI; SANTOS; ZERDA, 2007).

47
UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

ATENCAO

Se observarmos, a preocupação descrita por Colwell (1997 apud DISPERATI;


SANTOS; ZERDA, 2007) é de 1997, porém os aspectos pontuados por ele continuam atuais.

A fotointerpretação é uma técnica importante para as atividades de sensoriamen-


to remoto, da fotogrametria e do sistema de informação geográfica. Tal importância se dá
pelo fato da necessidade de se extrair as informações adequadas tanto das fotografias
aéreas quanto das imagens de satélite orbitais ou de outros tipos de sensores. A extração
das informações com base nas interpretações das fotografias aéreas ou das imagens, não
importa se ela ocorre de forma automática, o que importa é que ela não supera a interpre-
tação humana (ANDERSON, 1982; DISPERAT; SANTOS; ZERDA, 2007).

A fotointerpretação, conforme descrito anteriormente, é uma técnica im-


portante para o sistema de informação geográfica. Por se tratar de um sistema, o
intérprete tem a possibilidade de, além de extrair a informação das fotografias ou
imagens, organizar as informações em um sistema de gerenciamento de banco de
dados (DISPERAT; SANTOS; ZERDA, 2007).

NOTA

De todas as definições de Sistemas de Informações Geográficas (SIG) sugeridas


ao longo dos anos destacamos a definição de Goodchild (1991 apud SILVA, 2003, p. 45):

É um banco de dados contendo uma discreta representação


da realidade geográfica na forma estática de objetos geomé-
tricos. Em duas dimensões, com seus atributos ou dados não
espaciais associados, com uma funcionalidade grandemen-
te limitada pelas operações geométricas primitivas para criar
objetos ou para computar as relações entre objetos, ou para
simples interrogações e descrições sumárias.

Silva (2003, p. 45), baseado em Goodchild (1991) e Carter (1989), esboçou uma definição
mais completa para SIG, observe:

Os SIGs necessitam usar o meio digital, portanto, o uso in-


tenso da informática é imprescindível; deve existir uma base
de dados integrada, estes dados precisam estar georreferen-
ciados e com controle de erro; devem conter funções de
análises destes dados que variem de álgebra cumulativa (ope-
rações de soma, subtração, multiplicação, divisão etc.) até ál-
gebra não cumulativa (operações lógicas).

48
TÓPICO 3 — INTRODUÇÃO DA INTERRELAÇÃO DA FOTOINTERPRETAÇÃO COM A FOTOGRAMETRIA
E AS DEMAIS DISCIPLINAS

As informações obtidas através das fotografias aéreas, bem como das ima-
gens de satélite ou de radar são hoje uma ampla base de inúmeros planos para
um sistema de informação geográfica, e a etapa a que se refere o processo de fo-
tointerpretação se constitui em uma das mais importantes formas para a obtenção
das informações espaciais (DISPERAT; SANTOS; ZERDA, 2007).

Mesmo com todo o avanço tecnológico existente para a aquisição das fo-
tografias e imagens, estando elas vinculadas às formas antigas ou às novas, ou a
diversos outros procedimentos, quer seja para a obtenção ou então para a extração
das informações através de tecnologias cada vez mais potentes para se manipular
os dados obtidos, é evidente que a fotointerpretação permanecerá tendo a sua pri-
mordial importância para a obtenção dos dados gerados, permitindo que discus-
sões que objetivem, por exemplo, a preservação do meio ambiente e da qualidade
de vida dos seres possa continuar a existir (DISPERAT; SANTOS; ZERDA, 2007).

Como vimos nesta unidade, a fotointerpretação, atualmente, conta com


uma grande quantidade de equipamentos tecnológicos que permitem a obtenção
de fotografias aéreas, imagens aéreas ou de radar cada vez com mais qualidade,
bem como equipamentos e softwares que permitam ao fotointérprete uma auto-
matização para a extração das informações.

Hoje, a fotointerpretação, por exemplo, conta com imagens do satélite


CBERS 4A, com resolução de 2 m no pancromático e 8 m no multiespectral.

O campo de aplicação para o uso das imagens CBERS 4A é diversificado,


exemplos: a vegetação, agricultura, meio ambiente, águas, cartografia, geologia e
solos, educação e outros. Com essas imagens é possível realizar o monitoramento
das queimadas. Observe a Figura 19, que trata de uma queimada em Uberaba–
MG, próxima de Aramina – SP.

FIGURA 19 – IMAGEM CBERS 4A QUEIMADA EM UBERABA – MG

FONTE: <https://bit.ly/3u8nOF8>. Acesso em: 4 fev. 2021.

49
UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

O fotointérprete poderá realizar a interpretação desta imagem identifi-


cando, a exemplo, se a área em questão é rural, qual tipo de cultivo agrícola se faz
presente, se há área de preservação ambiental. Com o auxílio de imagens poste-
riores a queimada o fotointérprete poderá estimar a área total queimada dentre
outras possíveis informações que se fizerem necessárias para o estudo.

Outras tecnologias que surgiram e auxiliam no trabalho do fotointérprete


foram os softwares para a interpretação digital. Estes vieram para otimizar seu
trabalho, permitindo integrá-los a sistemas que auxiliam na realização de tra-
balhos mais complexos e que permitam a tomada de decisões. Esses exemplos
foram citados por Rosenfeldt (2016) e Gonçalves e Mitishita (2015).

Atualmente, com as tecnologias disponíveis, o fotointérprete, ao associar


a fotointerpretação com o sensoriamento remoto e/ou com o sistema de informa-
ções geográficas, conforme Pissarra et al. (2004), que avaliaram por fotointerpre-
tação o uso e ocupação do solo e a erosão acelerada em microbacias hidrográficas
utilizando o sistema de informação geográfica, e Oliveira et al. (2007), com estudo
da utilização das técnicas de fotointerpretação na compartimentação fisiográfica
do município de Cananeia, SP, como apoio para o planejamento territorial e urba-
no tendo como auxílio as técnicas de sensoriamento remoto. Os autores julgaram
importantes que a associação destas técnicas para o desenvolvimento de seus
métodos uma vez estes demonstram importantes potenciais de aplicações para a
resolução de problemas relacionados ao meio físico, ambiental e social.

Como bem descrito por Disperati, Santos e Zerda (2007, p. 86)

As informações aéreas ou de satélite constituem a base para informa-


ções de um sistema de informações geográficas e seu procedimento
fotointerpretativo é uma fase da abordagem via sensoriamento remo-
to, torna-se compreensível o importante papel da denominada fotoin-
terpretação como base para a obtenção dessas informações espaciais.

Disperati, Santos e Zerda (2007) ponderam que esta visão é prática mesmo
após o surgimento da terceira geração dos sistemas de informações geográficas
através dos sistemas que permitem o compartilhamento de informações entre
diversos atores presentes na sociedade.

A escassez de recursos naturais em escala local, regional, nacional e glo-


bal, bem como sua qualidade comprometida, estão ocorrendo cada vez mais de
forma acelerada. Isso nos faz pensar na grande necessidade de uma formulação
de políticas públicas tendo como base a utilização de recursos naturais de for-
ma sustentável, visando ao controle e uma fiscalização intensa de tais recursos.
Uma das formas de contribuir para um uso racional dos recursos naturais é a
realização de inventários ambientais com intervalos de tempo pré-estabelecidos,
permitindo que as informações atuais sejam disponíveis para a população, como
ponderam Disperati, Santos e Zerda (2007).

50
TÓPICO 3 — INTRODUÇÃO DA INTERRELAÇÃO DA FOTOINTERPRETAÇÃO COM A FOTOGRAMETRIA
E AS DEMAIS DISCIPLINAS

Com base em tais inventários, é possível realizar ações de monitoramento


com base em produtos oriundos de fotografias aéreas, de sensores remotos que es-
tejam integrados a um sistema de informações geográficos, e a fase de interpretação
mantém a sua importância e valor, ponderam Disperati, Santos e Zerda (2007).

As ocorrências de inundações estão cada vez mais frequentes e afetam


comunidades em todo o mundo. Este fato nos leva a considerar um sistema que
permita tomadas de decisões com avisos prévios de possíveis locais próprios à
ocorrência das inundações.

Uma das formas de se construir um modelo que possa auxiliar instituições


públicas que tomem decisões é através das tecnologias baseadas em fotointerpre-
tação associadas ao sensoriamento remoto, ao sistema de informação geográfica
e ao desenvolvimento de algoritmos.

O desenvolvimento de um sistema desses deve permitir medições de es-


timativas de possíveis áreas que poderão ser alagadas e em quanto tempo. Essas
informações devem permitir a realização de um monitoramento continuo com
base nas informações extraídas dos sensores remotos, dos sistemas de informa-
ções geográficas, e, desta forma, o fotointérprete se apresenta como um profissio-
nal indispensável e de extrema importância.

A dinâmica da inundação em áreas úmidas costeiras, em zonas urbanas


das cidades de Macapá e Santana no Amapá, foi analisada com o uso de técnicas
de fotointerpretação e sistemas de informações geográficas por Santos (2016).

Os processos de fotointerpretação nessa pesquisa compreendem, por


exemplo, a realização da fotointerpretação do mosaico, sendo considerados para
a interpretação os padrões de forma e relevo (SANTOS, 2016).

O mapeamento das áreas consideradas como suscetíveis para a inundação


foi elaborado com base em critérios de fotointerpretação que foram apresentados
por Soares e Fiori (1976 apud SANTOS, 2016, p. 11), que destacam: “presença de
quebra de relevo, situação de umidade no terreno e forma de vales”. Também
foram considerados os padrões relacionados à cobertura vegetal presentes nas
imagens através da forma, cor, tonalidade e textura (SANTOS, 2016).

Para que a validação dos padrões pudesse ser realizada através da fotoin-
terpretação, tendo como base os dados obtidos em campo, e de fotografias aéreas
resultantes de dois sobrevoos ocorridos em 2009. Estas fotografias, segundo a
autora, foram obtidas por meio de uma câmera digital, e seu relógio foi sincroni-
zado a um GPS (Sistema de Posicionamento Global), o que permitiu a geolocali-
zação das fotografias aéreas nas imagens (SANTOS, 2016).

SANTOS (2016) descreve nos resultados de seu trabalho que as informa-


ções obtidas no momento não permitem que se possa falar em magnitude dos
processos de inundação, porém, cita que a adaptação do procedimento metodo-

51
UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

lógico deve ser aprimorada e automatizada para que haja uma melhora na coleta
dos dados da variação do nível de água e que estes possam ser correlacionados
aos dados fotográficos em um referencial geodésico único.

Pires et al. (2015), por sua vez, demonstram através de seu trabalho que a
fotointerpretação é importante e necessária para a realização da análise e estudos
da estrutura da paisagem como forma de se estabelecer estratégias de conserva-
ção em fragmentos da Mata Atlântica com o uso da fotointerpretação e do sistema
de informação geográfica.

Os autores utilizam técnicas de fotointerpretação para o mapeamento dos


remanescentes florestais através da vetorização manual. O resultado obtido por
eles, além de fornecer informações da situação atual, permite a tomada de deci-
sões ao que se refere às questões de planejamento ambiental e o ordenamento
territorial (PIRES et al. 2015).

DICAS

O artigo intitulado Levantamento de solo e declividade da microbacia hidrográfi-


ca Timbaúba no Brejo do Paraíba, através de técnicas de fotointerpretação e sistema de infor-
mações geográficas, de Duarte et al. (2004), diz que as técnicas de interpretação de fotografias
aéreas e imagens associadas ao SIG, possibilitam interpretações que permitiram identificar a
diferenciação das unidades de mapeamento dos solos. Ainda, esta associação da fotointerpre-
tação com o sistema de informação geográfica permitiu o diagnóstico do uso atual das terras
gerando um indicativo da situação presente da área. Disponível em: https://bit.ly/3blhx0m.

Devido a uma carente política de ordenamento territorial, as áreas urbanas


expandiram-se de forma considerável, ocasionando variados impactos ambientais
como exemplo a degradação das áreas de preservação permanente. A combinação
destes fatores torna-se urgente uma formulação de diretrizes públicas mais rígidas
de forma a intensificar a fiscalização e o controle das invasões de preservações per-
manentes. É necessária para uma situação como essa a realização de um mapea-
mento e monitoramento contínuo baseado em produtos relacionados aos sensores
remotos, aos sistemas de informações geográficas e a fotointerpretação.

Apesar do avanço tecnológico para a obtenção das fotografias aéreas, ima-


gens de satélite e radar, para a extração das informações e manipulação dos da-
dos, deixam claro que a fotointerpretação permanece em posição de destaque ao
que se refere à arquitetura e funcionamento dos dados, permitindo cada vez mais
as discussões acerca obtenções dos dados que defendam e preservem a vida na
Terra (DISPERATI; SANTOS; ZERDA 2007).

52
TÓPICO 3 — INTRODUÇÃO DA INTERRELAÇÃO DA FOTOINTERPRETAÇÃO COM A FOTOGRAMETRIA
E AS DEMAIS DISCIPLINAS

LEITURA COMPLEMENTAR

UTILIZAÇÃO DA FOTOINTERPRETAÇÃO PARA IDENTIFICAÇÃO DA


COBERTURA DO SOLO NO MUNICÍPIO DE SANTA HELENA DE GOIÁS

Gabriela de Camargo
Kardillis Araújo Castro
Luiz Fernando Gomes
Pedro Rogério Giongo

INTRODUÇÃO

A fotointerpretação requer um trabalho analítico-dedutivo, sintetizando as re-


lações existentes entre a identificação e a interpretação, não de forma independente,
mas cíclica. Tem também implícito um conhecimento das condições de execução da
fotografia (condicionantes atmosféricas e escala) e de um variado leque de informações
adicionais (data e hora do registro, filme e filtros utilizados). Não obstante vantagens e
desvantagens inerentes da aplicação deste método, com o avanço tecnológico no domí-
nio da computação, possibilitou-se vetorizar sobre o monitor as fotografias aéreas, com
excelentes ganhos de rigor, tempo e precisão (ABRANTES et al. 2011).

Nos últimos tempos, a preocupação com o meio ambiente tem sido motivo
de atenção cada vez maior devido à degradação que o homem vem causando ao
usar de forma irracional os recursos naturais (BATISTA; SILVA; SANTOS, 2010).

A depender de intensidade e do período, a prática de devastação da ve-


getação pode se tornar irreversível, comprometendo o equilíbrio das espécies
animais e vegetais presentes numa determinada área, provocando, desta forma,
o desaparecimento e/ou até mesmo a extinção de seres vivos. Com os avanços
geotecnológicos ocorridos nos últimos tempos, os estudos do uso e ocupação do
solo têm-se tornado cada vez mais precisos, demandando menor tempo para re-
alização de tais estudos (BATISTA; SILVA; SANTOS, 2010).

Dentre os recursos, a vegetação tem sido a mais prejudicada, através da


retirada da madeira para indústrias de móveis, carvoarias, lenha, estacas, forma-
ção de pastagens, agricultura, entre outros usos realizados pelo homem (BATIS-
TA; SILVA; SANTOS, 2010).

Desta forma, as imagens de satélite com resolução espectral, espacial, ra-


diométrica e temporal cada vez melhor revelam a situação em que se encontra a
cobertura do solo, demonstrando, os diversos tipos de usos e cobertura do solo
resultante ou não da ação antrópica. Essas informações adquiridas por meio das
geotecnologias são instrumentos de grande importância para um planejamento
do uso racional dos recursos naturais. Um diagnóstico preciso e confiável do uso
e ocupação do solo é indispensável para que medidas de planejamento, inde-

53
UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

pendentemente da escala, sejam elaboradas aproveitando os recursos naturais de


forma mais equilibrada (BATISTA; SILVA; SANTOS, 2010).

A fotogrametria é a arte, a ciência e tecnologia de obtenção de informa-


ções de objetos físicos e meio ambientes através de processos de gravação, medi-
ção e interpretação de imagens fotográficas e padrões da energia eletromagnética
radiante e outros fenômenos (ANTUNES, 2009).

A fotogrametria interpretativa objetiva o reconhecimento, a identificação


e o julgamento de seu significado, uma análise cuidadosa, identificando o am-
biente (TEMBA, 2000).

Elementos de reconhecimento são características das fotografias que se ori-


ginam da escala selecionada, cor da rocha, vegetação e solos do terreno fotografa-
do, a qualidade do filme e filtros usados, o processo de revelação do filme, e fatores
relacionados. Os mais significativos elementos de reconhecimento são: a tonalida-
de fotográfica relativa, cor, textura, padrão e a associação de aspectos. A aparência
é importante para identificar muitas formas fisiográficas construcionais.

A forma, aliada ao reconhecimento de configurações e margens em geral,


é o fator mais importante na identificação visual de objetos numa fotografia aérea
vertical. O tamanho, objetos, com forma idêntica e visão plana podem ser distin-
guidos pelo tamanho relativo (TEMBA, 2000).

O padrão refere-se à combinação de detalhes ou à forma que são características


de muitos grupos de objetos, tanto natural como construído pelo homem. Ou seja, é o
arranjo espacial ordenado de aspectos geológicos, topográficos ou de vegetação, quan-
do os elementos de reconhecimento do padrão se tornam muito pequenos, passam a
constituir uma textura fotográfica. O Padrão também nos permite identificar alguns
tipos de coberturas artificiais tais como plantações, áreas de reflorestamento, áreas ur-
banas, distritos industriais, área urbana e algumas áreas de lazer (TEMBA, 2000).

A textura é a frequência de mudança da tonalidade dentro de uma ima-


gem. Esta tonalidade é produzida por um agregado de componentes muito pe-
quenos que não podem ser distintos individualmente na fotografia. A tonalidade
é uma medida da quantidade relativa de luz refletida por um objeto e realmente
registrada numa fotografia em preto e branco (TEMBA, 2000).

Em síntese, a arte de interpretação de fotos aéreas é internacionalmente reco-


nhecida como uma ciência. Pode ser usada para determinar a significância do meio
ambiente para uso da terra, para fins agrícolas e para outros incontáveis levantamentos
e projetos. Seria possível identificar os usos do solo na região através de geotecnolo-
gias? Qual o uso do solo predominante? O objetivo do trabalho é utilizar as técnicas de
fotointerpretação para a identificação de uso e cobertura do solo por meio da geotecno-
logia. Este estudo, também proporcionará a criação de uma base de dados sobre a área.

54
TÓPICO 3 — INTRODUÇÃO DA INTERRELAÇÃO DA FOTOINTERPRETAÇÃO COM A FOTOGRAMETRIA
E AS DEMAIS DISCIPLINAS

MATERIAIS E MÉTODOS

A área de estudo compreende uma porção delimitada nas proximidades


de Santa Helena de Goiás, conforme a Figura 1. A imagem foi obtida a partir do
Google Earth, no ano de 2010, a qual corresponde a carta de Rio Verde, ou ainda
a nomenclatura SE22-X-C-IV, com escala de 1:100000.

FIGURA 1 – ÁREA DE ESTUDO CORRESPONDENTE À PARTE DO MUNICÍPIO DE SANTA HELENA


DE GOIÁS, RIO VERDE E SANTO ANTÔNIO DA BARRA, COMPOSTA EM IMAGEM DO GOOGLE
EARTH, 2010

Após a aquisição da imagem em formato TIFF, a mesma foi georreferen-


ciada no software QGIS v.2.8, permitindo assim a visualização e digitalização das
classes temáticas, a partir da imagem digital.

Para identificação das classes temáticas, foram criados arquivos vetoriais, com
os nomes a cada classe, permitindo assim identificar e quantificar as áreas (Figura 3).

O procedimento de digitalização seguiu os procedimentos e princípios da


fotointerpretação o qual se baseia em elementos como a forma, o tamanho, a cor,
o padrão e a textura. Para utilizar o elemento forma, um dos mais importantes, é
preciso avaliar os aspectos existentes na área de estudo, associando-os com for-
mas geométricas.

O padrão possibilita unir os detalhes e/ou formas características de grupos


de objetos, tanto naturais como não naturais. O mesmo permite a identificação de
coberturas artificiais como cultivos ou construções. A textura permite diferenciar
aspectos dentro da imagem, através da mudança de tonalidade dentro da mesma.
55
UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A região analisada corresponde entre os municípios de Rio Verde, Santa He-


lena de Goiás e Santo Antônio da Barra, localizada próxima a uma usina de proces-
samento de cana-de-açúcar. As classes identificadas na imagem foram: agricultura,
mata, área irrigada, água e área construída (Usina Floresta), Figura 2. A área agrícola
corresponde a 72,04% da área total e a área irrigada 10,82%, esses dados indicam que
a agricultura predomina nessa região. A área de mata representa apenas 15,65%. A
área também possui um reservatório de água, representando 0,78 % da cena.

FIGURA 2 – USOS DO SOLO MAPEADO NA REGIÃO DE ESTUDO COM IMAGEM GOOGLE EARTH 2010

A imagem classificada representa as características típicas dessa região,


pois apresenta o uso intensivo do solo, ou seja, quase todas as áreas sofreram ação
antrópica, sendo que a vegetação remanescente foi convertida para uso agrícola.

Dentro da classe agricultura há vários tipos de cultivo, provavelmente


grande parte dessa classe é utilizada para o cultivo de cana-de-açúcar, pois essa
está dentro do raio de ação de uma unidade processadora desse produto. O ele-
vado perímetro irrigado indica que a região apresenta agricultura tecnificada, ou
seja, utiliza-se de técnicas que garantem elevada produtividade. A Tabela 1 indica
a área correspondente às classes.

56
TÓPICO 3 — INTRODUÇÃO DA INTERRELAÇÃO DA FOTOINTERPRETAÇÃO COM A FOTOGRAMETRIA
E AS DEMAIS DISCIPLINAS

TABELA 1 – DADOS DOS USOS DO SOLO COM AS RESPECTIVAS ÁREAS (HA), DA ÁREA DE
ESTUDO

Classes Área (ha)


Agricultura 6368,47
Área irrigada 956,74
Mata 1383,5
Fazenda 60,84
Água 69,65
Total 8839,2

As áreas de Agricultura foram caracterizadas por terem uma forma re-


tangular bem definida, com uma textura homogênea dentro do seu perímetro.
Algumas áreas apresentaram tonalidade mais clara, outras mais escuras, onde as
claras eram áreas recentemente colhidas, as mais escuras estavam para colher e
outras com a emergência da cultura.

As áreas irrigadas foram identificadas por apresentarem forma circular


bem definida, podendo ou não apresentar duas colorações dentro da mesma, o
que caracteriza o cultivo ou ainda o pousio das áreas. A área correspondente à
sede da fazenda foi identificada por apresentar formas de construções e cores
diferenciadas em relação ao contexto.

A área de mata foi caracterizada por ter um formato irregular, algumas


fragmentadas e com a tonalidade escura de fácil percepção em relação aos demais
usos, caracterizando-a por apresentar áreas que estavam com uma tonalidade di-
versificada, com pontos que supostamente seriam árvores e textura mais rugosa.

A água foi identificada por abranger uma pequena área e apresentar tonali-
dade mais escura do que as demais, o que pode ser uma característica da água ou dos
sedimentos no fundo da represa, ainda com textura mais lisa e proximidade a mata.

57
UNIDADE 1 — CONCEITOS, NOÇÕES E FUNDAMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

FIGURA 3 – AMOSTRAS DE CLASSES MAPEADAS NA REGIÃO DE ESTUDO CORRESPONDENTE


A PARTE DO MUNICÍPIO DE SANTA HELENA DE GOIÁS, RIO VERDE E SANTO ANTÔNIO DA
BARRA, COMPOSTA EM IMAGEM DO GOOGLE EARTH, 2010.

CONCLUSÃO

As análises fotogramétricas são de grande importância na identificação,


delineamento e descrição de áreas rurais. Com a edição vetorial no softwareQGIS
foi possível caracterizar as classes de uso do solo e calcular suas respectivas áreas.

A classe agricultura apresenta os maiores índices de uso, por caracterís-


ticas típicas da região. Dentro da classe agricultura o cultivo de cana-de-açúcar
provavelmente é destaque por ser localizada dentro do raio de ação de uma uni-
dade processadora.

Esta ferramenta pode ser utilizada não só para caracterizar um terreno,


mas para o monitoramento de áreas florestais e fiscalizando as áreas de preserva-
ção permanente (APP).

Conhecer os elementos de reconhecimento é de total importância, para a


caracterização do ambiente analisado.

FONTE: CAMARGO, G. de et al. Utilização da fotointerpretação para identificação da cobertura do


solo no município de Santa Helena de Goiás. In: JORNADA ACADÊMICA DA JORNADA DA UEG “IN-
TEGRANDO SABERES E CONSTRUINDO CONHECIMENTO”, 10., 2016, Santa Helena de Goiás. Anais
[...]. Santa Helena de Goiás: UFG, 2016. Disponível em: https://bit.ly/3bqC2sF. Acesso em: 4 fev. 2021.

58
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• A fotointerpretação é constituída por um grande conjunto de técnicas aplica-


das em várias áreas do conhecimento, como são os casos dos estudos urbanos
e rurais.

• A fotointerpretação permite análises qualitativas, enquanto na fotogrametria


as análises são quantitativas. Quando trabalhadas em conjunto elas se com-
plementam.

• A fotointerpretação é uma técnica importante para as atividades que envol-


vam o sensoriamento remoto, a fotogrametria e o sistema de informação geo-
gráfica. Essa importância se dá pelo fato de extrair informações adequadas e
de qualidade das fotografias aéreas e de imagens.

• Com todo o avanço tecnológico para que possamos obter fotografias aéreas e
imagens de satélite ou radar para que possamos extrair as informações e ma-
nipular os dados, fica claro que a fotointerpretação continua com a sua posi-
ção de destaque ao que se refere à arquitetura e ao funcionamento dos dados.

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59
AUTOATIVIDADE

1 Para a realização de alguns trabalhos é necessário o uso inter-relacionado


da fotointerpretação com a fotogrametria. Enquanto a fotointerpretação é
considerada como uma técnica, a fotogrametria é uma disciplina que faz
uso do conhecimento da matemática. Diante disso, assinale a alternativa
CORRETA em relação ao significado de fotogrametria:

a) ( ) Ciência que estuda e desenvolve instrumentos e metodologias que per-


mitem a obtenção de medições confiáveis em fotografias aéreas, sendo
possível elaborar cartas básicas e temáticas.
b) ( ) Ciência que estuda e desenvolve metodologias que analisam os objetos
de forma qualitativa e confiável em fotografias aéreas, permitindo a ela-
boração de cartas topográficas e temáticas.
c) ( ) Ciência que estuda e desenvolve instrumentos e metodologias que per-
mitem a análise dos objetos de forma qualitativa em fotografias aéreas,
para a elaboração de cartas topográficas.
d) ( ) Ciência que estuda e desenvolve metodologias que analisam os objetos
de forma qualitativa em fotografias aéreas, permitindo que seja realiza-
da a elaboração de mapas temáticos.

2 A fotointerpretação se constitui em um grande conjunto de técnicas que po-


dem ser aplicadas em diversas áreas do conhecimento como são os casos dos
estudos urbanos e rurais. Muitas dessas técnicas de fotointerpretação são as-
sociadas com as técnicas fotogramétricas, geodésicas, topográficas e geológi-
cas, por exemplo. Diante do exposto, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) A fotogrametria permite uma análise qualitativa dos objetos da fotogra-


fia aérea e não necessita de outras disciplinas para as análises.
b) ( ) A fotointerpretação permite uma análise quantitativa dos objetos da fo-
tografia aérea e não necessita de outras disciplinas para as análises.
c) ( ) A fotogrametria permite que sejam realizadas as medições como altitu-
des nas fotografias aéreas e se inter-relacionam com outras disciplinas.
d) ( ) A fotointerpretação e a fotogrametria não devem se inter-relacionar
com as demais disciplinas como a topografia e a geodésia, por exemplo.

3 A fotointerpretação se utiliza de forma muito frequente da fotogrametria


básica. A fotogrametria passou por inúmeras evoluções desde o seu surgi-
mento e estas ficaram registradas como sendo as etapas mais importantes
desta ciência. Diante do exposto, assinale a alternativa CORRETA, que re-
presenta as quatro etapas da fotogrametria.

a) ( ) Fotogrametria primária, Estereofotogrametria analítica, Estereofoto-


grametria automática, Fotogrametria digital.
b) ( ) Fotogrametria ordinária, Estereofotogrametria analítica, Estereofoto-
grametria manual, Fotogrametria digital.
60
c) ( ) Fotogrametria ordinária, Estereofotogrametria analítica, Estereofoto-
grametria automática, Fotogrametria digital.
d) ( ) Fotogrametria semiordinária, Estereofotogrametria analítica, Estereo-
fotogrametria automática, Fotogrametria digital

4 A situação atual do fotointérprete vem sendo discutida desde 1997, princi-


palmente pelos avanços tecnológicos, mas também pelos recursos naturais.
A fotointerpretação é uma técnica de suma importância para as atividades
de sensoriamento remoto, fotogrametria e sistema de informação geográfi-
ca. Esta importância ocorre pelo fato de se extrair informações adequadas
das fotografias aéreas ou das imagens de satélite ou radar. Portanto, com
base nesse breve relato e nos conhecimentos que obteve com seus estudos,
disserte sobre a situação atual do fotointérprete.

5 O satélite CBERS 4A tem como objetivo a observação da Terra, e faz parte


de um acordo sino-brasileiro, sendo de responsabilidade do Instituto Na-
cional de Pesquisas Espaciais (INPE). O programa CEBRS fornece imagens
para o monitoramento do meio ambiente, da expansão da agricultura e das
cidades, dentre outras finalidades. Portanto, com base neste breve relato e
nos conhecimentos que adquiriu em seus estudos, disserte sobre o campo
de aplicação para o uso das imagens CBERS 4A na fotointerpretação.

61
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65
66
UNIDADE 2 —

FOTOINTERPRETAÇÃO E
OS DIFERENTES RECURSOS
TECNOLÓGICOS EMPREGADOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender a qualidade, a geometria e os processos de desloca-


mento das fotografias aéreas;
• perceber as projeções e as coordenadas das fotografias aéreas;
• entender os sistemas fotográficos;
• conhecer os processos estereoscópicos;
• apreender as formas de obtenção das fotografias aéreas;
• identificar o mosaico e os índices das fotografias aéreas.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – QUALIDADE, GEOMETRIA, PROCESSOS DE


DESLOCAMENTO, PROJEÇÕES E AS
COORDENADAS DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS

TÓPICO 2 – SISTEMAS FOTOGRÁFICOS

TÓPICO 3 – ESTEREOSCOPIA, OBTENÇÃO DAS FOTOGRAFIAS


AÉREAS, MOSAICO, ÍNDICE DAS FOTOGRAFIAS E
PARALAXE

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

67
68
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2

QUALIDADE, GEOMETRIA, PROCESSOS


DE DESLOCAMENTO, PROJEÇÕES E AS
COORDENADAS DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS
1 INTRODUÇÃO

Neste tópico, iniciaremos os nossos estudos dos aspectos referentes às quali-


dades das fotografias aéreas e os fatores que afetam a sua aquisição de forma direta, e
que não estão relacionados ao nível de conhecimento e experiência do fotointérprete.

A geometria da fotografia aérea aborda principalmente o aspecto referente à


escala e à forma de realização de seus cálculos. Sobre a questão do deslocamento de-
vido ao relevo e a inclinação da câmera, você estudará os fatores que interferem neste
deslocamento. E para finalizar os estudos deste tópico serão apresentadas a projeção
e as coordenadas das fotografias aéreas e sua importância na fotointerpretação.

Bons estudos!

2 QUALIDADE DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS E OS FATORES


QUE AFETAM SUA AQUISIÇÃO

Sempre que tiramos fotografias percebemos que nem todas possuem as


mesmas qualidades, algumas ficam tremidas e outras foscas, assim, também
ocorre com as fotografias aéreas.

As fotografias aéreas nem sempre fornecem a mesma quantidade de in-


formações, e essa situação não se encontra relacionada ao nível de conhecimen-
to ou experiência do profissional. Elas estão relacionadas diretamente a fatores
que afetam de forma direta na qualidade das fotografias, conforme pontuado por
Loch (2008, p. 11), e estes fatores são:

• Região fotografada.
• Condições atmosféricas.
• Momento da tomada da foto.
• Ordem técnica.
• Qualidade do equipamento.
• Escala da foto.

A região fotografada é uma região que possui características próprias que po-
dem afetar a qualidade das imagens, o que inclui principalmente os fatores do clima
da região fotografada. Um dos principais aspectos que afetam as fotografias aéreas é

69
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

a presença de neblina e isso deve ser levado em consideração tanto no planejamento


quanto na avaliação da qualidade das imagens. A presença de neblina é considerada
um obstáculo no das análises, principalmente das fotografias obtidas no espectro vi-
sível e também das fotografias coloridas (LOCH, 2008). As regiões que ficam cobertas
pela neblina acabam por resultar em fotografias e imagens com manchas brancas, e
estas encobrem os objetos presentes dificultando a sua identificação e análise.

O problema ocasionado pela neblina nas fotografias aéreas não é diferente


do que ocorre nas imagens de satélite, uma vez que o “sensor imageia na parte da
luz visível é o infravermelho próximo” (LOCH, 2008; p. 12). Para que as imagens
não tenham tal problema o sensor que pode imagear ultrapassando as nuvens, e,
portanto, obter imagens sem a presença de neblina é o sensor RADAR (LOCH,
2008). Condições atmosféricas que devem ser observadas durante o processo de
aquisição das fotografias aéreas foram pontuadas por Loch (2008, p. 12), observe:

a) nuvens, nebulosidade e fumaça passageira fazem com que diminua


a nitidez do corpo imageado pela foto, alterando a tonalidade do
cinza normal das imagens.
b) variação da natureza da luz solar devido à posição do sol durante
o dia fazem com que a incidência dos raios de luz sobre a Terra não
sejam uniformes em termos de intensidade.
c) a reflexão e a emissão da luz pelas folhas da vegetação fazem com
que a mesma região apresente tonalidades diferentes dependendo
da estação do ano em que for executado o voo.

Ao analisarmos as condições atmosféricas citadas, destacamos que elas


afetam as fotografias aéreas e imagens através da sua qualidade radiométrica,
mas elas não acarretam nenhuma alteração em sua qualidade geométrica.

O momento de tomada da fotografia aérea, quando obtida através de sen-


sores passivos, faz-se importante destacar que “a luz é gerada pelo sol, conse-
quentemente cada corpo terá sombra diferente conforme a posição do sol em
relação a ele” (LOCH 2008, p. 12). Neste caso, o autor chama a atenção para o fato
de que em cada fotografia aérea deve constar o horário em que ela foi tirada, para
que o fotointérprete possa analisar os elementos presentes na imagem.

A ordem técnica é outro fator apresentado para a qualidade das fotografias,


nela se encontram o conhecimento “da posição do eixo óptico durante o processo de to-
mada da fotografia aérea” (LOCH 2008, p. 13). O fotointérprete precisa tomar cuidado
para não realizar análises de fotografias como se todas elas fossem fotografias verticais.

Em uma situação como a descrita anteriormente, na qual se deve observar


a posição da câmera no momento exato da tomada da fotografia aérea, pois é a
posição do eixo óptico que influi de forma considerável ao que se refere à quali-
dade geométrica da imagem (LOCH, 2008).

70
TÓPICO 1 — QUALIDADE, GEOMETRIA, PROCESSOS DE DESLOCAMENTO, PROJEÇÕES E AS COORDENADAS DAS
FOTOGRAFIAS AÉREAS

A qualidade do equipamento, também elencando por Loch (2008) como


fator contribuinte para que as fotografias tenham uma boa qualidade, está rela-
cionada diretamente com a estabilidade da aeronave juntamente com os outros
acessórios que devem estar acoplados à câmera fotográfica, e que permitem uma
imagem com mais ou menos precisão. Destacando ainda que a falta de estabili-
dade da aeronave ocasiona distorções nas fotografias aéreas que nos trará uma
maior ou menor quantidade de informações disponíveis. Se tivermos uma foto-
grafia aérea e sua escala for pequena, o fotointérprete terá dificuldade na obten-
ção de informações mais detalhadas, ele conseguirá realizar somente uma análise
mais ampla da aérea, ou seja, ele terá uma visão geral dos macros objetos cons-
tantes na imagem (LOCH, 2008). Neste subtópico, você estudou a qualidade das
fotografias aéreas e os fatores que afetam a sua aquisição, convido você a conti-
nuarmos os nossos estudos de geometria da fotografia aérea.

3 GEOMETRIA DA FOTOGRAFIA AÉREA

O estudo da geometria da fotografia aérea é através da escala, conside-


rada a característica mais importante e informativa de uma fotografia. Através
da escala é possível obter outras informações primordiais, como é o caso da área
coberta por uma imagem (COELHO; BRITO, 2007).Anderson (1982) apresenta as
três principais formas para se calcular a escala, são elas: absoluta, de comparação
relativa e classificação arbitrária.

• A escala absoluta é obtida com base nos próprios valores numéricos da escala,
estes podem ser representados através de uma fração representativa, 1/50.000
por meio de um gráfico e ainda podem ser representados por uma expressão
que, no caso, dois centímetros equivalem a um quilômetro (ver Figura 1).
• Para a escala de comparação relativa é possível utilizar as palavras maior ou
menor. Desta forma, entre duas escalas distintas, a maior será aquela com a
maior fração representativa, ou seja, quando o denominador diminui a escala
aumenta, observe: “a escala de 1/60.000 é menor do que a escala de 1/40.000,
e esta, por sua vez é maior do que a de 1/100.000” (ANDERSON, 1982, p. 93).
• A escala de classificação arbitrária é a organização da escala absoluta em
grupos lógicos, com base nos seguintes termos: grande, média e pequena.
Observe o exemplo destacado por Anderson (1982, p. 93):
O escala grande: de 1:1 até 1:15000 (inclusive);
O escala média: de 1:15000 até 1:60000 (inclusive);
O escala pequena: de 1:60000 em diante.

71
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

FIGURA 1 – ESCALA GRÁFICA

FONTE: A autora

Vamos apresentar para você as formas para a realização do cálculo da


escala de uma fotografia aérea. Para Jensen (2011) o cálculo de uma escala de uma
fotografia aérea (E) é descrito como um processo simples desde que tenhamos os
dados para a sua realização, como a altura (H) no momento da tomada da fotografia
e a distância focal da câmera (f) utilizada durante a tomada da fotografia aérea.
Com isso, temos a expressão matemática f / H , é esta expressão que resultará
na escala da fotografia. Na Figura 2, observe os parâmetros que foram utilizados
para o cálculo da escala, a imagem retrata a geometria de uma fotografia aérea
pancromática de um terreno plano de Columbia, na Carolina do Norte, Estados
Unidos da América (JENSEN, 2011).

FIGURA 2 – FOTOGRAFIA AÉREA PANCROMÁTICA VERTICAL DE COLUMBIA, CAROLINA DO


NORTE, ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA – 30 DE MARÇO DE 1993.

FONTE: Jensen (2011, p. 154)

Observando a Figura 2, vamos considerar, de forma hipotética, os


exemplos de Santos (2007, p. 67), no qual “a fotografia aérea foi obtida com uma
câmera que apresenta uma distância focal (f) de 153 mm e uma altura de voo (H)
de 1.224 m”, a escala desta foto será de:

72
TÓPICO 1 — QUALIDADE, GEOMETRIA, PROCESSOS DE DESLOCAMENTO, PROJEÇÕES E AS COORDENADAS DAS
FOTOGRAFIAS AÉREAS

f
E=
H
0,153
E= = 0, 000125 ou 1:8.000
1,224

ATENCAO

Para a realização do cálculo da escala, fique atento para a conversão de


milímetros para metros.
Observe: para realizar a conversão de metro para milímetro, mover três casas para direita
(1, 0 metro = 1000, 0 milímetros), e quando for realizar de milímetros para metros, mover a
vírgula quatro casas para esquerda (1000, 0 milímetros = 1, 0 metro).

Anderson (1982), por sua vez, apresenta a forma mais habitual da apre-
sentação da escala, representada pela letra S, fração representativa, observe:

1
100.000

Esta escala apresentada por Anderson (1982) pode ser também represen-
tada por 1/SN, sendo que o SN se refere ao número da escala ou scale number, que,
no caso, ele é o denominador da fração representativa, também chamada de DFR.

Os elementos contidos na equação da escala são três, sendo que dois deles
são necessários para que possamos identificar o terceiro número. Então, um dos
elementos que vamos necessitar é a medida da fotografia e o outro é a medida no
terreno, e o terceiro é o que desejamos conhecer, a escala (ANDERSON, 1982). Des-
sa forma, os dados de distância focal e da altura do voo, são os dados dos quais pre-
cisamos para obter a escala. Observe o exemplo de Anderson (1982, p. 91) a seguir:

“Se a distância focal (f) for 150 mm e a altura de voo for 6000 mm, então a
escala da fotografia aérea é de”:

f 150mm 1
S S S
H 6000000 40000

73
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

DICAS

“A escala é sem unidade; daí as unidades de f e de H devem ser as mesmas,


quando da realização do cálculo da escala de uma fotografia aérea” (ANDERSON, 1982, p. 91).

TUROS
ESTUDOS FU

Caro acadêmico, você estudará câmera fotográfica ou câmera aérea no Tópico


2 desta unidade.

A partir do momento que conhecemos a escala da fotografia aérea, con-


seguimos utilizar essa informação juntamente com a medida realizada entre dois
pontos conhecidos na fotografia, (pontos a e b), e estimar a distância real no ter-
reno entre os pontos selecionados, portanto, segundo Anderson (1982, p. 91) “a
distância AB , no terreno é igual ao valor da medida na fotografia entre “a” e “b”
dividido pelo valor da escala (S), ou seja, 1/SN”.

ATENCAO

Lembre-se, você estudou o valor de escala (S) que também pode ser represen-
tada por 1/SN, na página anterior!

Anderson (1982, p. 91) destaca ainda outra forma para se realizar esse
cálculo, utilizado unicamente o número referente ao denominador da escala que,
neste caso, é SN, e assim temos: a distância AB identificada no terreno é a mesma
distância ab que temos na fotografia, só que neste caso ela deve ser multiplicada
pelo número da escala (SN) da fotografia utilizada para a realização da medição,
assim, pelo denominador da fração representativa (DFR) da escala da fotografia.

Observe a fórmula de cálculo apresentada por Anderson (1982, p. 91):

74
TÓPICO 1 — QUALIDADE, GEOMETRIA, PROCESSOS DE DESLOCAMENTO, PROJEÇÕES E AS COORDENADAS DAS
FOTOGRAFIAS AÉREAS

“ ABterreno = ab foto × SN = ab foto × DFR = ab foto ÷ S “

Vamos acompanhar um exemplo hipotético das fórmulas apresentadas.


O sinal de igual está sendo usado para substituir a palavra “ou”, neste caso, você
pode optar por qualquer uma das fórmulas apresentadas, observe dois exemplos:

AB ou ab = 0, 5 metros.
SN ou DFR ou S = 1.000 metros.

1º Exemplo:
= abfoto × SN
ABterreno

1
0,5 x
1000
0, 5 ÷1000 = 0, 0005

2º Exemplo:
= abfoto ÷ S
ABterreno

0, 5 ÷1000 = 0, 0005

E
IMPORTANT

Com a elaboração do cálculo de medições nas fotografias aéreas, o fotointér-


prete não terá a necessidade de realizar trabalhos de campo em área distante e de difícil
acesso, além de estar evitando gastos financeiros e de tempo desnecessários e isto só é
possível pelas características geométricas das fotografias aéreas (ANDERSON, 1982).

Para Jensen (2011), a escala de uma fotografia aérea pode ser expressa de forma
verbal ou em fração representativa, chamada por alguns profissionais como adimen-
sional. Neste caso, temos: “1cm em uma fotografia aérea equivale a 200 m ou 20.000 cm
no solo”, e, portanto, a escala é expressa da seguinte maneira (JENSEN, 2011, p. 157):

• Escala verbal: 1 cm – 200 m.

• Fração representativa: 1 ou 1: 20.000.


20.000
A escala verbal é considerada como uma informação auxiliar, e ela se encon-
tra disponível nas bordas das fotografias aéreas, conforme destaca Jensen (2011).

75
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

Jensen (2011) e Santos (2007) destacam o método para a obtenção da escala,


o método de comparação das distâncias existentes seleciona pontos na fotografia aé-
rea e realiza em campo a medição real das distâncias entre os pontos selecionados,
permitindo, assim, comparar as medidas dessas mesmas distâncias na fotografia, e
conhecer, através do cálculo, a escala da fotografia entre os pontos selecionados na
fotografia aérea e identificados em pontos selecionados no mapa de escala conhecida.

Para muitos estudiosos da aérea esta escala é considerada correta, porém


é preferível por muitos fotointérpretes a realização do cálculo da escala exata de
toda a fotografia (JENSEN, 2011). São muitos os métodos utilizados para a reali-
zação do cálculo das fotografias aéreas obtidas sobre o terreno plano ou em um
terreno de relevo acidentado.

Como já sabemos, a altura do voo é um dado importante, e ele não é constante,


portanto, apresenta variações nas áreas em que são realizados os imageamentos, e esta
inconsistência ocorre principalmente pelas ondulações do terreno (SANTOS, 2004).

Para situações em que ocorrem ondulações no terreno, Santos (2007) des-


creve que geralmente se adota uma altura de voo média, correspondente à média
aritmética menor e à maior altura de voo da região que deverá ser fotografada.

Dessa forma, haverá um registro de variação das escalas para os pontos


que se encontram mais baixos em relação aos pontos que se encontram mais ele-
vados no terreno, estas variações na escala podem ser consideradas entre 5 a 10%.

Na Figura 3, você consegue observar a altura do voo, a distância focal, a


elevação acima do nível do mar, a direção de voo, o nível do mar, as lentes da câ-
mera, o centro óptico da lente da câmera, dentre outras informações importantes
para se trabalhar nas etapas da geometria da fotografia aérea.

76
TÓPICO 1 — QUALIDADE, GEOMETRIA, PROCESSOS DE DESLOCAMENTO, PROJEÇÕES E AS COORDENADAS DAS
FOTOGRAFIAS AÉREAS

FIGURA 3 – GEOMETRIA DE UMA FOTOGRAFIA AÉREA VERTICAL SOBRE TERRENO PLANO DE


COLUMBIA, CAROLINA DO NORTE, ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

FONTE: Jensen (2011, p. 156)

Ao observar a Figura 3, pontuamos Anderson (1982, p. 90), que esclarece que: “a


altitude de voo é a distância entre o nível do mar e o centro ótico da lente da câmera. A
diferença entre a altitude e altura do voo é a cota de elevação do terreno acima do mar”.

NOTA

Sobre altitude de voo, observe o exemplo destacado por Anderson (1982, p. 90):

a cidade de Brasília está a 1.000m acima do nível do mar,


desta forma um avião que sobrevoe Brasília a uma altura de
2.000m, estaria a uma altitude de 3.000m. Portanto, o enten-
dimento de tais termos, e, também da geometria básica da
fotografia aérea é o necessário para que possamos determi-
nar as escalas com o uso de uma fotografia aérea somente.

77
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

A falta de informações em fotografias aéreas é algo que pode ocorrer, al-


gumas vezes existe somente a informação com valor aproximado da altura de voo
ou de escala, porém como destaca Anderson (1982) existem outras formas para
resolver tal problema, acompanhe um breve relato a seguir:

A altura do voo de zonas mais baixas é maior do que a de zonas mais


altas, cujos pontos são mais elevados. Digamos que distâncias iguais
ao terreno (de, por exemplo 1km) aparecem maiores no negativo quan-
do as áreas são mais elevadas, e menores quando são menos elevadas.
Teoricamente, a escala da fotografia aérea varia segundo a altitude de
cada ponto do terreno, e somente áreas de mesmas altitudes podem
ter escalas iguais, mesmo se estiverem separadas uma da outra na ima-
gem fotográfica. Na prática, quando uma área é relativamente plana
(com diferenças de relevo inferiores a 3% da altura do voo), podemos,
normalmente usar a escala do nível médio do relevo, sem prejudicar
a precisão do levantamento. Mas, se precisamos de medidas exatas ou
se a área mostra um relevo acidentado, é aconselhável calcular as esca-
las dos vários níveis de terreno (ANDERSON, 1982, p. 93).

No momento em que conhecermos a escala e as dimensões de uma foto-


grafia aérea, será possível avaliarmos a área coberta pela imagem como pondera
Santos (2007), então se a fotografia aérea possuir uma dimensão de 23 cm, com as
características descritas a seguir, conseguimos saber qual será a área coberta pela
imagem da fotografia, conforme demonstrado na Figura 4. (SANTOS, 2007, p. 67):

• área de cobertura única: é toda a área coberta;


• área de recobrimento longitudinal (RLo): é o planejado para pro-
ver aproximadamente 60% da cobertura;
• área de recobrimento lateral (RLa): é o planejado para prover
aproximadamente 30% da cobertura;
• lado da foto (L): é a lateral da fotografia.

FIGURA 4 – CARACTERÍSTICAS DA FOTOGRAFIA AÉREA

FONTE: Santos (2007, p. 67)

Para identificarmos o valor do “lado da foto” (L) é necessário realizarmos


o seguinte procedimento, segundo Santos (2007, p. 67):

78
TÓPICO 1 — QUALIDADE, GEOMETRIA, PROCESSOS DE DESLOCAMENTO, PROJEÇÕES E AS COORDENADAS DAS
FOTOGRAFIAS AÉREAS

Se utilizarmos a escala de 1:8.000 do lado da foto no terreno (L) possui


a dimensão de:
L = 0, 23 x 8.000
L = 1.840 m
Portanto, teríamos uma área coberta pela imagem da fotografia aérea
de: Áreafoto= L= 2
1,84 x1,84 ≅ 3,4km 2

Para sabermos o número de fotografias aéreas necessárias para a cobertu-


ra de uma determinada área de interesse, Santos (2007) alerta da necessidade de
se atender aos requisitos da estereoscopia, que em primeiro lugar, deve-se prever
a superposição longitudinal e considerar as fotografias consecutivas na ordem de
60%. Da mesma forma deve ocorrer com as faixas das fotografias de superposição
lateral na ordem de 30%. Portanto, a área de cobertura de uma fotografia aérea
precisa corresponder à dimensão representativa de 40% do lado da foto no sen-
tindo longitudinal e de 70% no sentindo lateral (SANTOS, 2007).

Portanto, para o exemplo desenvolvido por Santos (2007), o lado da foto


no terreno é de 1, 84 km e a área total de uma foto é de 3, 4 km², neste caso a área
de cobertura única é de:

Áreaúnica 28% xÁrea


= = foto 0,28
= x 2,4 0,95km 2

Então, para que possamos saber a quantidade de fotos para recobrir uma
área de 100 km² é necessário dividir o valor da área de cobertura de uma foto,
acompanhe:

Área 100
N=
fotos = = 105fotos ± 15%desegurança
Áreaúnica 0,95

Para o exemplo apresentado por Santos (2004) são necessárias 105 fotos
para recobrir uma área de 100 km².

Vamos, agora, acompanhar os estudos dos deslocamentos devido ao rele-


vo e inclinação da câmera aérea.

4 DESLOCAMENTO DEVIDO AO RELEVO E INCLINAÇÃO DA


CÂMERA

O deslocamento devido ao relevo foi descrito por Anderson (1982, p. 95) que,
na forma real, um objeto que apresente altura como a de “uma árvore, um prédio, ou
uma montanha, por exemplo, tenha o seu topo na mesma posição planimétrica que a
da base, isso quer dizer que o topo se encontra diretamente acima da base”.

79
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

De forma semelhante ocorre com a carta topográfica em que a base e o


topo se encontram sempre no mesmo lugar, este fato ocorre principalmente pela
projeção ortogonal da carta, que, segundo Anderson (1982, p. 95), “os raios de ob-
servação são paralelos uns aos outros e perpendiculares à superfície observada”.

Em uma fotografia vertical plana, os pontos do terreno são representados


através de suas posições corretas, porém, para os objetos que apresentem alguma
altitude, ou alguma dimensão vertical, os seus topos serão deslocados, conforme
pondera Anderson (1982).

Anderson (1982, p. 95) descreve que a “mudança aparente da posição pla-


nimétrica é chamada de deslocamento devido ao relevo, uma das características
mais importantes das fotografias aéreas”.

Este deslocamento ocorre para objetos presentes na fotografia aérea e que possu-
am altura distinta do datum do ponto nadir. Portanto, a posição do objeto é “lateralmente
deslocada em relação à sua própria base” (ANDERSON, 1982, p. 95), observe a Figura 5.

FIGURA 5 – DESLOCAMENTO RADIAL PELO RELEVO E ALTURA

FONTE: Anderson (1982, p. 97)

Os deslocamentos que ocorrem pelo relevo são considerados como ra-


diais do ponto nadir da fotografia, desta forma não devemos esquecer que o pon-
to nadir em fotografias aéreas verticais são coincidentes com o ponto principal.

80
TÓPICO 1 — QUALIDADE, GEOMETRIA, PROCESSOS DE DESLOCAMENTO, PROJEÇÕES E AS COORDENADAS DAS
FOTOGRAFIAS AÉREAS

Portanto, cabe considerar que o “nível do ponto nadir como um nível ou


plano datum para este tipo de fotografia aérea”, é com base neste plano datum,
que qualquer fotografia que esteja em um nível considerado diferente sofra um
deslocamento radial” (ANDERSON, 1982, p. 97).

NOTA

DATUM: “Marco determinado por meios geodésicos, de alta precisão, que ser-
ve como ponto de referência para todos os levantamentos que venham a ser executados
sobre uma determinada área do globo terrestre” (TEIXEIRA; CHRISTOFOLETTI, 1997, p. 80)

TUROS
ESTUDOS FU

Caro acadêmico, você estudará ponto principal no Tópico 3 desta unidade.

Devemos estar atentos aos aspectos que possam interferir no deslocamento


radial e Anderson (1982, p. 98) pontua quatro deles a serem considerados. Observe:

• O deslocamento é maior quando o objeto se encontra afastado do ponto nadir


(Figura 6a).
• Para os pontos situados na distância do ponto nadir, os deslocamentos são
menores para os objetos que possuem alturas menores. Isto pode ser observa-
do na Figura 6b nas duas torres em destaque.
• A influência da altura do voo tende a aumentar o deslocamento devido ao re-
levo. Então, quando a altura do voo (H) é menor, o deslocamento pela altura
do objeto é maior. Tal fato ocorre quando temos duas câmeras com lentes de
ângulos de aberturas menores, que acabam captando mais os lados dos objetos.
• Notamos que o deslocamento devido ao relevo de um objeto tem duas repre-
sentações distintas, quando usamos um par de fotografias aéreas para visão
estereoscópica.

81
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

NOTA

Ponto Nadir: é a interseção da vertical que passa pelo centro de projeção com o pla-
no do negativo ou, então, o plano da fotografia. Normalmente, ele é representado com as letras “n”
e “N”, tanto na fotografia quanto no terreno, de forma respectiva. Quando se trata de uma fotografia
aérea vertical, o ponto nadir se confunde facilmente com o ponto principal (ANDERSON, 1982).

Anderson (1982, p. 98) destaca um exemplo que pode ser visualizado na


Figura 6, observe: “o deslocamento devido ao relevo de um ponto qualquer na
fotografia ‘a’ de um par é diferente do deslocamento devido ao relevo do mesmo
ponto na fotografia ‘b’, tirada de outra posição”. Esses dois deslocamentos juntos
são importantes para as medições de paralaxe e de alturas.

FIGURA 6 – FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O DESLOCAMENTO RADIAL

FONTE: Anderson (1982, p. 98)

82
TÓPICO 1 — QUALIDADE, GEOMETRIA, PROCESSOS DE DESLOCAMENTO, PROJEÇÕES E AS COORDENADAS DAS
FOTOGRAFIAS AÉREAS

TUROS
ESTUDOS FU

Caro acadêmico, você estudará paralaxe no Tópico 3 desta unidade.

Como visto, os fatores que contribuem para que ocorra o deslocamento


radial são: distância do ponto nadir; alturas diferentes dos objetos (distância do
ponto nadir iguais); e alturas de voos diferentes (ANDERSON, 1982).

5 PROJEÇÃO E COORDENADAS DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS

Para que tenhamos um sistema de coordenadas das fotografias aéreas


precisamos ter uma relação espacial ou plana. Para isto, é imprescindível que os
pontos da imagem aérea possuam tal relação.

Portanto, o posicionamento de pontos sobre um elipsoide se dá através do Sis-


tema de Coordenadas Geodésicas, que devem corresponder a “ângulos diedros que
tem como referência os meridianos e os paralelos” (LOCH; ERBA, 2007, p. 71). A Figura
7 demonstra as coordenadas geodésicas e com destaque na Figura 7b, o ângulo diedro.

FIGURA 7 – COORDENADAS GEODÉSICAS E O ÂNGULO DIEDRO

FONTE: Borges (2017, p. 3)

Observando a Figura 7, destacamos que o ângulo horizontal é o ângulo


diedro existente entre dois planos verticais e que apresenta duas direções espa-
ciais e, na Longitude Geodésica o ângulo diedro é “formado pelo meridiano geo-
désico de Greenwich (origem) e do ponto P, sendo positivo para Leste e negativo
para Oeste” (SANCHES, 2019, p. 33).

83
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

DICAS

Caro acadêmico, para saber mais de Coordenadas Geodésicas e Ângulo


Diedro, assista aos vídeos destacados:

• Coordenadas Geodésicas: https://www.youtube.com/watch?v=RxLrXbGH82A


• Ângulo Diedro: https://www.youtube.com/watch?v=HUfYL4S-hsQ.

Segundo Loch e Erba (2007, p. 71), temos que:

os meridianos são seções elípticas que surgem da interseção de planos


que contêm o eixo de rotação da Terra com o elipsoide. Os paralelos são
círculos resultantes da interseção de planos perpendiculares ao eixo de
rotação com o elipsoide. A latitude geodésica corresponde ao ângulo for-
mado entre a normal do observador e o plano do Equador. A sua variação
é de 0o a 90o no hemisfério norte e de 0o a -90o no hemisfério sul, tendo
como origem o círculo máximo do Equador. A longitude geodésica cor-
responde ao ângulo diedro formado entre o Meridiano de Greenwich e o
meridiano do observador. A sua variação é de 0o a 180o a leste do citado
meridiano e de 0o a -180o a oeste. Assim, por cada ponto P da superfície
terrestre passa um meridiano e um paralelo que definem a posição.

Na Figura 8, você pode observar a ilustração da latitude e da longitude


geodésica de um ponto P, bem como a terceira coordenada de P, dada através da
distância vertical, que vai desde a superfície terrestre chegando até a superfície de
referência (Elipsóide), e esta é chamada, portanto de altura geométrica (h).

84
TÓPICO 1 — QUALIDADE, GEOMETRIA, PROCESSOS DE DESLOCAMENTO, PROJEÇÕES E AS COORDENADAS DAS
FOTOGRAFIAS AÉREAS

FIGURA 8 – COORDENADAS GEOGRÁFICAS

FONTE: Loch e Erba (2007, p. 71)

Assim como em outros países, no Brasil se utiliza o sistema de projeção Uni-


versal Transversa de Mercator (UTM), resultado da modificação da projeção Trans-
versa de Mercator (TM), conhecida também como a projeção de Gauss Krugger.

O sistema UTM faz uso de uma superfície de projeção de 60 cilindros


que são transversos e secantes ao elipsoide. [Então] cada cilindro é
considerado responsável pela representação de 6° de amplitude em
longitude, denominados fusos, e eles são contados desde os “antime-
ridiano de Greenwich (LOCH; ERBA, 2007, p. 71).

“O primeiro fuso UTM encontra-se na forma intermediária entre os meri-


dianos de 180° e 174° W, com o Meridiano Central (MC) em 177°” (FITZ, 2008). Na
Figura 9, você pode observar a divisão dos fusos UTM, sobre o território brasileiro.

85
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

FIGURA 9 – FUSOS UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR – UTM SOBRE O TERRITÓRIO


BRASILEIRO

FONTE: Ladwig (2011, p. 53)

Como você pôde observar, este tópico trata do sistema de coordenadas e


do sistema de projeção para as fotografias aéreas, porém, neste momento vamos
conhecer outras formas de se trabalhar as projeções e coordenadas das fotogra-
fias aéreas, a coordenada milimétrica (CMM), informação esta que se encontra
contida nas fotografias, e o seu número é colocado após a revelação do negativo e
antes da realização das cópias em papel. Outra informação que se costuma ter nas
fotografias aéreas é o número da faixa de voo, ou então do rolo do filme utilizado
para a obtenção das fotografias. Estes dados são muito importantes para que pos-
samos ter o conhecimento da sequência da fotografia (ANDERSON, 1982).

O número da fotografia tem várias utilidades e deverá estar marcada


em somente um dos cantos, podendo ele estar no canto superior direito (S-D),
superior esquerdo (S-E), inferior esquerdo (I-E) e no canto inferior direito (I-D).
Portanto, no momento em que for definida a posição deste número temos as con-
dições para utilizarmos um sistema de coordenadas a fim de localizar os objetos
que se encontram presentes na fotografia aérea. Para isso, Anderson (1982) elen-
cou um exemplo na Figura 10, no qual é possível medir, em milímetros, desde a
linha reta da margem esquerda até o ponto ou objeto selecionado, observe:

86
TÓPICO 1 — QUALIDADE, GEOMETRIA, PROCESSOS DE DESLOCAMENTO, PROJEÇÕES E AS COORDENADAS DAS
FOTOGRAFIAS AÉREAS

FIGURA 10 – EXEMPLO DO SISTEMA DE COORDENADAS MILIMÉTRICAS

FONTE: Anderson (1982, p. 81)

Para este caso, as medições precisam ser realizadas de forma perpendicular à


margem, onde as medições devem seguir da margem inferior até o objeto ou o pon-
to selecionado. Se as medições forem inferiores a 100 mm é preciso acrescentar um 0
(zero) a sua frente, no caso à esquerda, quando for escrevê-la. Vamos observar o exem-
plo descrito por Anderson (1982, p. 82) “uma medida de 67 mm seria escrita 067”.

Desta forma, segundo Anderson (1982), estamos compondo um número


com seis algoritmos em que os três primeiros serão sempre os da medida para a
direita e os três últimos os da medida para cima. Com base neste sistema de coorde-
nadas, o profissional tem condições de realizar a identificação de quaisquer pontos
na fotografia aérea, conforme pondera Anderson (1982). Para esta situação, o autor
destaca um exemplo importante, observe: “ (1) medindo 115 mm para a direita e
115 mm para cima chegaremos ao centro da fotografia aérea; (2) podemos encon-
trar o canto superior direito com as coordenadas 230 230; (3) e a marca fiducial à
esquerda com as coordenadas 000115” (ANDERSON, 1982, p. 82).

Você pode observar que não é necessário colocar a vírgula entre o grupo
dos três algoritmos, pois sabemos que a primeira metade dos dígitos está relacio-
nada à medição para a direita e a segunda metade com a medição realizada para
cima. Uma anotação de coordenadas deve sempre existir uma quantidade par de
objetos (ANDERSON, 1982).

Em se tratando das margens, elas se referem ao limite que existe entre


uma imagem fotográfica do terreno e a margem negra, ela não tem nenhum tipo
de dependência em relação à largura da margem do papel, e as coordenadas mili-
métricas (CMM) não tem nenhum tipo de influência das margens fiduciais, assim
como não possui da margem negra, como bem destaca Anderson (1982).

87
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

Como vimos, o sistema CMM faz uso das medidas diretas e acima de
duas linhas de referência, e Anderson (1982) cita que este sistema é similar ao
sistema de coordenadas UTM (Universal Transversa de Mercator), e que se en-
contram impressas em mapas e cartas topográficos do Brasil. O autor pondera
que existem três diferenças, e que o profissional deve ficar atento pelo fato delas
serem consideradas fundamentais, observe: “medições de distância, orientação
de direções cardeais e o ponto de origem (000 000)” (ANDERSON, 1982, p. 82).

Um aspecto importante a ser considerado é o fato do sistema de coordena-


das CMM não ser utilizado para obter distâncias terrestres, porque a escala foto-
gráfica não é conhecida, portanto, as coordenadas UTM são as utilizadas paras as
distâncias terrestres, e elas não variam em distintas escalas (ANDERSON, 1982).

Ao que se refere à margem superior de uma fotografia aérea, ela necessaria-


mente não indica a direção Norte (N), e as medidas do sistema CMM podem ser obti-
das utilizando-se, como base, a margem esquerda e a margem inferior, e que a margem
esquerda pode tanto indicar o Norte, o Sul, o Oeste ou o Leste. Portanto, qualquer uma
das margens pode se encontrar à esquerda de quem está observando, de acordo com a
posição do número da fotografia, o qual depende basicamente do horário em que ela
foi tirada, isto devido à sombra e à direção do voo (ANDERSON, 1982).

E
IMPORTANT

Se na fotografia aérea estiver definido o sistema UTM, ela terá o norte identifi-
cado em sua margem superior.

Em relação ao estudo das projeções e coordenadas das fotografias aéreas,


precisamos destacar Santos (2009), que aborda as referências do espaço imagem.
O autor relata que as observações, quando realizadas no negativo fotográfico, de-
monstram que o espaço da imagem é a região que vai do ponto nodal posterior até
o ponto negativo. O centro perspectivo da câmera (CP) trata-se de uma obstrução
pontual de lentes em que a projeção ortogonal no plano da fotografia é o que define
o ponto principal (PP). A distância que existe do centro de perspectiva da câmera
com o plano fotográfico é o denominado de distância focal da câmera (f).

Os sistemas de coordenadas de referência do espaço imagem, utilizados


no processo da fotointerpretação são o sistema de referência fiducial, o sistema de
referência fotográfico e o sistema de referência digital (SANTOS, 2009).

O sistema fiducial é um sistema do tipo cartesiano bidimensional construí-


do com a sua base na interseção entre as marcas fiduciais que são “apostas de uma
fotografia” obtidas por meio de uma câmera métrica convencional que possibilita

88
TÓPICO 1 — QUALIDADE, GEOMETRIA, PROCESSOS DE DESLOCAMENTO, PROJEÇÕES E AS COORDENADAS DAS
FOTOGRAFIAS AÉREAS

definir o centro fiducial (CF) de uma fotografia. “As marcas fiduciais são impressas
pelo cone interno da câmera métrica convencional”, durante o processo de obtenção
da fotografia aérea, as câmeras métricas possuem geralmente entre “4 e 8 marcas
fiduciais” (SANTOS, 2009, p. 49). Na Figura 11, é possível observar a marca fiducial,
o sistema de referência fiducial, bem como o cone da câmera métrica convencional.

FIGURA 11 – MARCA FIDUCIAL, SISTEMA DE REFERÊNCIA FIDUCIAL E O CONE DA CÂMERA


MÉTRICA CONVENCIONAL

FONTE: Santos (2009, p. 48)

Em que:

CF: é a origem do sistema referencial fiducial, também conhecido


como sendo centro fiducial.
Eixo CFx’: orientado positivamente para o voo, sendo paralelo à linha
fiducial que melhor se aproxima da linha de voo;
Eixo CFy’: é orientado a partir do eixo CFx’ com uma rotação anti-
horária de 90o graus (sistema dextrógiro);
p’: é o ponto imagem com as coordenadas no sistema referencial
fiducial (X'p, Y'p) e
ẟ: é o ângulo da não ortogonalidade entre eixos x' e y'. oO
ângulo pode ser determinado pela expressão da tangente, dado
por”: (SANTOS, 2009, p. 49).

O sistema de referência fotográfica trata-se de um sistema cartesiano tridi-


mensional, no qual a “orientação dos eixos CPx e CPy é paralela, respectivamente
aos eixos CFx1e CFy1 do referencial fiducial” (SANTOS, 2009, p. 49). A origem
desse sistema é considerada o centro da projeção do sistema de lentes, o ponto
anterior se o fotointérprete estiver realizando o trabalho com o diapositivo ou o
ponto nodal posterior se ele estiver utilizando o negativo.

A origem do sistema fotográfico é considerada o centro de projeção do


sistema de lentes, neste caso, o ponto anterior. Como a coordenada Z é constante
e ela é igual a distância focal da câmera, Santos (2009) destaca que se deve utilizar
um referencial plano cuja sua origem é o ponto principal (PP).

89
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

FIGURA 12 – SISTEMA REFERENCIAL FOTOGRÁFICO OU FOTOGRAMÉTRICO

FONTE: Santos (2009, p. 50)

Em que:

“CP: centro perspectivo da câmera, considerado para fins de simplifi-


cação como uma abstração pontual do sistema de lentes;
f: distância focal calibrada da câmera
PP: ponto principal definido pelo ponto de intersecção entre a proje-
ção ortogonal do CP da câmera e o plano fotográfico, com coordena-
das
 (Xpp, Ypp, 0); e  
v : vetor posição no espaço-imagem definido por v = CPp ' ou seja,

v = ( x ' p − x pp ' y ' p − y pp ' − f )
Observação:
Centro perspectivo da câmera é determinado tendo como base as medidas
internas que são realizadas através do uso de um paquímetro, levando em
consideração todas as informações, bem como, as documentações que são
referentes à câmera e a lente, e estas são disponibilizadas pelos fabricantes.
Abstração pontual do sistema de lentes: o ato de abstrair de forma
pontual o sistema de lentes da câmera.
Projeção ortogonal: trata-se de uma imagem que se refere a projeção
de um plano através de uma figura geométrica ou por meio de um
objeto matemático que pertencem ao espaço.
Plano fotográfico: trata-se de uma organização dos elementos/fotogra-
fias que serão utilizados (SANTOS, 2009, p. 50).

O sistema de referência digital, segundo Santos (2009), diz que: em uma


imagem digital tem-se um conjunto de elementos espacialmente ordenados em
um arranjo matricial, e sua posição é representada pela coluna e linha (C, L), o
sistema referencial digital é definido da seguinte forma:

90
TÓPICO 1 — QUALIDADE, GEOMETRIA, PROCESSOS DE DESLOCAMENTO, PROJEÇÕES E AS COORDENADAS DAS
FOTOGRAFIAS AÉREAS

Em que:
• Origem (O): a origem do sistema é o canto superior esquerdo.
• Eixo OC: direção horizontal e sentido positivo para a direita.
• Eixo OL: rotacionado 90° graus em relação ao eixo OC, sen-
tido horário.
• C, L: coluna e linha, respectivamente (SANTOS, 2009, p. 51).

NOTA

Arranjo matricial: as matrizes são arranjos bidimensionais utilizados tanto


para as equações lineares quanto para o armazenamento dos dados (MATRIZES, 2011).

FIGURA 13 – SISTEMA REFERENCIAL DIGITAL.

FONTE: Santos (2009, p. 51)

Santos (2009) finaliza o sistema de referência digital destacando que, de


forma geral, a compilação de uma carta topográfica, por exemplo, encontra-se
restrita na transformação das imagens digitais brutas em arquivos de saída, como
são os casos das ortofotos digitais.

91
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• As qualidades das fotografias aéreas dependem de fatores classificados em


região fotografada, condições atmosféricas, momento da tomada da foto, or-
dem técnica, qualidade do equipamento e a escala da fotografia.

• A geometria da fotografia aérea encontra-se basicamente vinculada ao estudo


da escala.

• O deslocamento devido ao relevo e a inclinação da câmera dependem, dentre


outros fatores, da altitude dos objetos ou de sua dimensão vertical.

• As projeções e coordenadas das fotografias aéreas precisam ter uma relação


espacial ou plana. Existem também, outras formas de se trabalhar as proje-
ções e coordenadas das fotografias aéreas, a coordenada milimétrica (CMM).

92
AUTOATIVIDADE

1 Nem todas as fotografias aéreas fornecem a mesma quantidade de informações,


e tal situação não se encontra vinculada com o conhecimento ou com a experiên-
cia que o profissional tem, e sim com fatores que afetam diretamente a qualidade
das fotografias aéreas. Diante deste contexto, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Visão estereoscópica, condições atmosféricas, momento da tomada da


foto, ordem técnica, qualidade do equipamento e escala da foto.
b) ( ) Fator humano, condições atmosféricas, momento da tomada da foto,
ordem técnica, qualidade do equipamento e escala da foto.
c) ( ) Região fotografada, condições atmosféricas, momento da tomada da
foto, ordem técnica, qualidade do equipamento e escala da foto.
d) ( ) Índice das fotografias, condições atmosféricas, momento da tomada da
foto, ordem técnica, qualidade do equipamento e escala da foto.

2 O estudo da geometria da fotografia aérea ocorre através da escala, consi-


derada como a característica mais importante e que também possui infor-
mações de uma fotografia. São três as principais formas para que possamos
calcular a escala – absoluta, de comparação relativa e classificação arbitrá-
ria. Sobre a escala de classificação arbitrária assinale CORRETA:

a) ( ) É a organização da escala absoluta em grupos lógicos, com base nos


termos: grande, média e pequena.
b) ( ) Não usa a organização da escala absoluta em grupos lógicos, com base
nos termos: grande, média e pequena.
c) ( ) É a organização da escala absoluta em grupos lógicos, mas não classifi-
ca nos termos: grande, média e pequena.
d) ( ) Trata da organização da escala sem a utilização dos grupos lógicos, com
base nos termos: grande, média e pequena.

3 Para que as fotografias aéreas tenham um sistema de coordenadas é necessário


que elas apresentem uma relação espacial ou plana, para isto é imprescindível
que um ponto na imagem possua essa relação. Os sistemas de coordenadas de
referência do espaço imagem utilizados no processo da fotointerpretação são de-
terminados por três aspectos. Diante deste contexto, assinale a alternativa COR-
RETA, que apresenta os três aspectos do sistema de coordenadas de referência.

a) ( ) Sistema de referência fiducial, sistema de referência estereoscópico e o


sistema de referência digital.
b) ( ) Sistema de referencial fiducial, sistema de referência fotográfico e o sis-
tema de referência digital.
c) ( ) Sistema de referencial fiducial, sistema de referência fotográfico e o sis-
tema de referência nadir.
d) ( ) Sistema de referencial anáglifo, sistema de referência fotográfico e o sis-
tema de referência digital.
93
4 A região fotografada refere-se a uma região que apresenta características
próprias e que podem alterar a qualidade das fotografias aéreas ou das ima-
gens de satélite, uma destas características são os fatores climáticos atu-
antes nas regiões fotografadas. Dos fatores climáticos que mais afetam as
fotografias ou as imagens é a presença da neblina. Portanto, com base no
exposto e nos conhecimentos adquiridos em seus estudos, disserte sobre os
problemas ocasionados pela neblina nas fotografias áreas, e o que deve ser
observado durante a aquisição das fotografias aéreas.

5 As fotografias aéreas nem sempre fornecem a mesma quantidade de infor-


mações e um dos fatores que contribui para isso é a qualidade do equipa-
mento. A estabilidade da aeronave, juntamente com os demais acessórios
que necessitam estar acoplados à câmera fotográfica, é o que permite que
as imagens apresentem maior ou menor precisão. A falta de estabilidade da
aeronave tende a ocasionar distorções nas fotografias gerando uma nova
quantidade de informações. Portanto, com base no exposto e nos conheci-
mentos adquiridos em seus estudos, disserte sobre a qualidade do equipa-
mento e a quantidade de informações disponíveis nas fotografias aéreas.

94
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2

SISTEMAS FOTOGRÁFICOS

1 INTRODUÇÃO

No Tópico 1, você estudou a qualidade, a geometria, o processo de desloca-


mento as projeções e as coordenadas das fotografias aéreas. Temas importantes uma
vez que nos fornecem conhecimento para que possamos avançar em nossos estudos.

No presente tópico, você terá a oportunidade de estudar o espectro ele-


tromagnético, os níveis de aquisição das fotografias aéreas e imagens, a câmera
aérea, os veículos aéreos não tripulados (VANTs), a constituição dos filmes e o
estereoscópio. Esses assuntos são fundamentais para complementar seus conhe-
cimentos em fotointerpretação.

Bons estudos!

2 BREVE INTRODUÇÃO DO ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO

O espectro eletromagnético é denominado como regiões espectrais da ra-


diação eletromagnética (REM) conhecidas pelo indivíduo. Existem estrelas que
emitem radiação eletromagnética e “comprimentos de onda do raio x e outras
como o Sol, que emitem radiação eletromagnética no visível” (MENESES; AL-
MEIDA, 2012; p. 18). Meneses e Almeida (2012, p. 18) destacam que o indivíduo
homem já realizou construções de fontes artificiais da REM, que produz “ondas
com comprimento do 10-15 até 108 metros” com as máquinas de raio x, os reatores
nucleares e os sinais de radares são alguns exemplos.

A REM pode ser entendida como um espectro contínuo, dividido em interva-


los de comprimento de onda, que possui como base os mecanismos físicos geradores
da energia eletromagnética, e, também dos mecanismos físicos de sua detecção.

Os intervalos dos comprimentos de onda são: “Raios cósmicos, Raios


gama, Raios X, Ultravioleta, Visível, Infravermelho próximo, infravermelho de
ondas curtas, Infravermelho médio, Infravermelho termal, Micro-ondas, Rádio,
Áudio, e a Corrente alternada” (MENESES; ALMEIDA, 2012, p. 19).

95
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

DICAS

Caro acadêmico, para saber mais de espectro eletromagnético, assista ao


vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=28JVQrLCFtM.

ATENCAO

“A nomenclatura de cada um dos intervalos foi feita em função do uso que o


homem encontrou para as suas aplicações” (MENESES; ALMEIDA, 2012, p. 18).

Dos intervalos ou faixas de comprimentos de ondas, a luz visível da radia-


ção solar é aquela que o olho humano tem condições de detectar. “A luz visível foi
decomposta pela primeira vez em 1766 por Isaac Newton, atravessando a luz bran-
ca por um prisma de vidro, através do processo de dispersão e emergindo do lado
oposto do prisma em raios de luz coloridos” (MENESES; ALMEIDA, 2012, p. 18).

FIGURA 14 – DISPERSÃO DA LUZ BRANCA AO ATRAVESSAR O PRISMA DE VIDRO

FONTE: Meneses e Almeida (2012, p. 18)

Meneses e Almeida (2012, p. 18) destacam que cada raio colorido tem o
seu próprio comprimento de onda, “a inclinação de cada raio, ao emergir da ou-
tra face do prisma”, ocorre devido à relação existente entre o comprimento de
onda e o índice de refração do prisma.

Para Florenzano (2002), o espectro eletromagnético demonstra como ocorre a


distribuição da radiação eletromagnética através das regiões de acordo com o compri-
mento de onda e da frequência. Na Figura 15, é possível observar que o espectro ele-
96
TÓPICO 2 — SISTEMAS FOTOGRÁFICOS

tromagnético compreende outros comprimentos de onda como, por exemplo, os raios


cósmicos e os raios gama (ɣ) de alta frequência, chegando inclusiveaos longos compri-
mentos de onda como é o caso das ondas de rádio e TV, que são de baixa frequência.

É na região do espectro visível que o olho humano enxerga a energia eletro-


magnética, distinguindo as cores que vão do violeta ao vermelho. Quando enxerga-
mos a cor branca é porque temos a somatória de todas as cores do espectro visível,
e, no caso da cor preta, é quando temos a ausência da reflexão da luz pelo objeto.

Sobre a radiação do infravermelho, ela é subdividida em três regiões: o in-


fravermelho próximo (0, 7-1, 3 µm); o infravermelho médio (1, 3-6, 0 µm); e o infra-
vermelho distante, também conhecido como termal (6, 0-1000 µm) (FLORENZANO
2002). Observe a Figura 15, que demonstra o gráfico do espectro eletromagnético.

FIGURA 15 – ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO

FONTE: Florenzano (2002, p. 3)

Em todas as atividades necessitamos de energia, não diferente ocorre com


a obtenção de dados para a fotointerpretação através das fotografias aéreas, das
imagens de satélite ou de radar. A energia que faz com que os sensores possam
obter informações podem ser provenientes de uma fonte natural, como a luz so-
lar, ou pode ser obtido através de uma fonte artificial, como o flash das máquinas
fotográficas, e ainda pelo sinal produzido por um radar, estes são exemplos de
fontes artificiais que foram construídos pelo homem (FLORENZANO, 2002).

Portanto, a energia utilizada para a obtenção dos dados em fotointerpre-


tação é a radiação eletromagnética “que propaga em forma de ondas eletromag-
néticas com a velocidade da luz (300.000 km/s). Ela é a frequência (em unidades
de Hertz – Hz), e comprimentos de onda (em unidade de metro). [Então] a fre-
quência de onda refere-se ao número de vezes em que uma onda se repete por
unidade de tempo” (FLORENZANO, 2002, p. 2).

97
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

Observando a Figura 15, é possível identificar que:


[...] quanto maior for o número, maior será a frequência e, quanto
menor, menor será a frequência de onda. O comprimento de onda é
a distância entre dois picos de ondas sucessivos: quanto menos dis-
tantes, menor será o comprimento de onda. A frequência de onda é
diretamente proporcional à velocidade de proporção e inversamente
proporcional ao comprimento de onda (FLORENZANO 2002, p. 2).

Meneses e Almeida (2012) descrevem alguns aspectos importantes dos


intervalos espectrais, observe o Quadro 1.

QUADRO 1 – ASPECTOS DOS INTERVALOS ESPECTRAIS

Esta é a região do espectro que tem a radiação mais intensa e


com a melhor janela atmosférica, um espaço sem a barreira de
nuvens ou gases e que deixam passar uma quantidade signifi-
cativa de radiação. É a responsável pela interação dos minerais
Visível
e que origina as suas cores, assim com os pigmentos da vege-
tação. Esta faixa espectral apresenta como problema alta radia-
ção que incide nos gases atmosféricos gerando uma redução do
contraste da refletância dos alvos presentes na Terra.
É a região do espectro em que a atmosfera é considerada trans-
parente. Neste intervalo ocorrem interações da REM conside-
radas importantes como os níveis de energia eletrônica dos
Infravermelho
átomos. Elas geram feições espectrais que permitem realizar
próximo
a identificação na natureza os diferentes tipos de rochas exis-
tentes, principalmente aqueles de composição mineral como
são os casos dos metais de transição (Fe, Ni, Cr, Mn, ...)
Esta região é conhecida como a região espectral geológica,
Infravermelho
porque é nela que a faixa espectral identifica os vários mine-
de ondas curtas
rais que compõem as rochas.
É a Região onde o Sol e a Terra não conseguem emitir quan-
tidade de energia suficiente para que os sensores possam de-
tectar. Assim, só os alvos que possuem elevadas temperaturas
Infravermelho
como é o caso dos vulcões e os incêndios, podem ser detec-
médio
tados através do monitoramento de queimadas como ocorre
no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), uma vez
que eles são as próprias fontes de emissão de radiação.
Conhecida como a região termal, pela radiação emitida através
Infravermelho dos objetos terrestres devido as temperaturas da superfície. O in-
termal fravermelho termal é considerado como uma ótima faixa do es-
pectro para detecção do mineral quartzo encontrado nas rochas.

98
TÓPICO 2 — SISTEMAS FOTOGRÁFICOS

Esta é a região de uso dos sensores ativos, conhecidos como sen-


sores radar. Estes sensores fazem uso das fontes artificiais para
a geração da REM. Pelo seu tamanho de onda, o radar tem con-
dições de operar em distintas condições atmosféricas, podendo
Micro-ondas haver coberturas de nuvens ou ocorrências de chuvas e ainda ele
pode operar tanto durante o dia e à noite. Esta região é importante
para a área da geologia estrutural e para o mapeamento geológico,
devido à interação das ondas de micro-ondas com as rochas, uma
vez que elas são controladas devido as texturas do relevo.
FONTE: Meneses e Almeida (2012, p. 20-21)

3 NÍVEIS DE AQUISIÇÃO DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS

Os níveis de aquisição das fotografias aéreas, e das imagens de satélite e radar


encontram-se relacionadas diretamente com a altitude do sensor em relação à super-
fície imageada. A altitude é um grande fator de interferência não somente ao que se
refere à intensidade ou à qualidade do sinal, mas, sobretudo, em relação às formas de
registros, como também da análise dos dados. A definição de nível de aquisição dos
dados foi determinada pelos profissionais devido à altitude do sensor em relação ao
alvo, no caso a distância existente entre o alvo e o sensor (GONÇALVES, 2006).

Os níveis de aquisição dos dados foram classificados basicamente em três:


o nível de aquisição terrestre, o nível de aquisição suborbital e o nível de aquisi-
ção orbital (BRASIL, 2019). Na Figura 16, é possível observar os diferentes tipos
de níveis de aquisição das fotografias e das imagens.

FIGURA 16 – NÍVEIS DE AQUISIÇÃO TERRESTRE, SUBORBITAL E ORBITAL

FONTE: Brasil (2019, p. 13)

99
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

No nível de aquisição terrestre são realizadas as pesquisas básicas dos ob-


jetos que absorvem, refletem e emitem a radiação. Os resultados obtidos apontam
objetos identificados pelos sensores orbitais, e, portanto, é possível distinguir, nas
imagens orbitais, as áreas de florestas, áreas urbanas, plantação agrícola, inclu-
sive, é possível identificar a vegetação que esteja adoecida, bem como as regiões
de queimadas. Fazem parte dos sensores terrestres os radiômetros e os espectro
radiômetros, estes são sistemas não imageadores e seus resultados saem na forma
de dígitos ou gráficos (BRASIL, 2019).

O nível de aquisição suborbital é subdividido em partes. Primeiro a ener-


gia registrada pelo sensor não se refere especificamente a um único objeto, mas a
vários objetos que se encontram presentes na cena. É possível que alguns destes
objetos possam ser identificados individualmente devido a sua forma de confi-
guração. É neste nível que são obtidas as imagens fotográficas diferentes escalas.
Segundo, no nível de aquisição suborbital, é composto de sensores aerotranspor-
tados, conhecidos também como câmeras, radiômetros hiperespectrais, os scan-
ners e radares. Do nível suborbital destaca-se o produto mais conhecido, ou seja,
as fotografias aéreas muito utilizadas para a produção dos mapas (BRASIL, 2019).

No nível de aquisição orbital, as aquisições são realizadas através de sensores


que se encontram a bordo de satélites artificiais, no caso, os imageadores que se en-
contram em orbita. É neste nível de aquisição que as câmeras, os scanners e os rada-
res estão. Estes podem estar embarcados em balões meteorológicos ou em satélites.

Os balões meteorológicos são utilizados para estudos que envolvem o


clima e a atmosfera terrestre, bem como nas previsões de tempo. Os satélites a
depender de sua altitude em órbita (36.000 km aproximadamente) também pro-
duzem imagem para uso meteorológico, e estes satélites são chamados de geoes-
tacionários. Os satélites de observação da Terra encontram-se nas altitudes mais
baixa, a cerca de 500 km, eles produzem imagens utilizadas para o mapeamento
terrestre, incluindo o planejamento e o acompanhamento de operações militares,
os estudos de recursos naturais, como também o acompanhamento dos eventos
naturais, dentre inúmeras outras aplicações (BRASIL, 2019).

É importante que você conheça de forma básica, nesta disciplina, os sen-


sores utilizados para a aquisição das fotografias aéreas e as imagens. Eles são
classificados quanto a sua forma de radiação, ao seu princípio de funcionamento
e, também, ao tipo de produto. Estes sistemas sensores foram classificados em:
sensores passivos, sensores de não varredura, sensores de varredura, sensores
imageadores multiespectrais, sensores imageadores hiperespectrais, sensores
imageadores termais, sensores ativos.

Os sensores passivos “detectam a radiação solar refletida a partir da Ter-


ra, além da radiação térmica nos comprimentos de onda da faixa do visível e do
infravermelho do espectro eletromagnético” (BRASIL, 2019, p. 17). Este tipo de
sensor não possui condições de emitir sua própria radiação, e, portanto, recebe
apenas a luz e a radiação de calor, a qual é refletida pela superfície da Terra.

100
TÓPICO 2 — SISTEMAS FOTOGRÁFICOS

A maioria desses tipos de sensores são do tipo scanner, a exemplo, o


Landsat, que possui como vantagem reunir várias bandas espectrais de forma
simultânea, o que resulta nas chamadas imagens multiespectrais, o que permite a
realização de numerosas interpretações.

Os sensores de não varredura, também, conhecidos como sensores foto-


gráficos registram a REM, refletida por uma área em sua totalidade, que no mes-
mo instante ela adquire a imagem da cena de toda a área no mesmo tempo. Estes
sistemas são mais utilizados do que os sistemas aerotransportáveis, e eles são
compostos de câmeras métricas.

Os produtos resultantes das câmeras métricas são as fotografias aéreas.


Destacamos também os sensores aéreos em que o registro da energia refletida ocor-
re por meio de um dispositivo chamado de carga acoplada ou CCD (BRASIL, 2019).

TUROS
ESTUDOS FU

Caro acadêmico, você estudará câmera métrica no Subtópico 4 deste tópico.

NOTA

Os CCDs são peças consideradas de grande destaque para a tecnologia de


imageamento digital e são usadas para as fotografias digitais, imagens de satélite, equipa-
mentos médico-hospitalares entre outros usos (BRASIL, 2019).

Em relação “a capacidade de resolução da imagem, esta depende do ta-


manho e do número da célula fotoelétricas da câmera CCD, expressa em pixels”
(BRASIL, 2019, p. 17). Quanto maior for o número de células, maior será o núme-
ro dos pixels e como resultado maior será a área imageada.

Os sensores de varredura são de dois tipos, o de varredura transversal à


trajetória e o sistema de varredura transversal ao longo da trajetória. O sistema
de varredura transversal à trajetória se utiliza de um scanner do tipo espanador,
varre a Terra em uma série de linhas orientadas perpendicularmente à direção de
movimento da plataforma. “Cada linha é varrida de um lado do sensor ao outro,
com o uso de um espelho rotor” (BRASIL, 2019, p. 18).

101
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

O sistema de varredura ao longo da trajetória faz uso de um scanner do


tipo vassoura que dispensa o uso do espelho rotor. Este sistema “apresenta os
detectores dispostos através de um arranjo linear com um grande número de
elementos do tipo CCD. Este tipo de sensor faz uso de uma lente que direciona
a energia recebida de uma faixa da superfície terrestre” (BRASIL, 2019, p. 18), de
direção perpendicular à linha de voo diretamente para o arranjo de detectores.

QUADRO 2 – COMPARAÇÕES ENTRE SENSORES FOTOGRÁFICOS E DE VARREDURA

Imageamento por Imageamento por


Parâmetros
Sensores Fotográficos Sensores de Varredura
Resolução geométrica Alta Média
Resolução espectral Média Alta
Repetitividade Baixa Alta
Visão sinóptica Baixa Alta
Base de dados Analógica Digital
FONTE: Brasil (2019, p. 19)

Os sensores imageadores multiespectrais “dividem a faixa do espectro


imageador em dezenas de bandas” (BRASIL, 2019, p. 19). Uma imagem multies-
pectral trata de imagens de um mesmo objeto que foram obtidas através de dis-
tintos comprimentos de ondas eletromagnéticas como a luz visível, o infraverme-
lho, o ultravioleta, o raio x, assim como elas podem ter sido obtidas de qualquer
outro comprimento de onda da faixa do espectro.

Os sistemas imageadores hiperespectrais são considerados os sistemas que


possuem a capacidade de adquirir dados com base em centenas de bandas que se
dividem desde a faixa do espectro imageada até as centenas de bandas ou faixas.

As imagens hiperespectrais são formadas pelo maior número de bandas


que se encontram próximas. Um dos principais objetivos para se utilizar a técnica
das classificações hiperespectrais é a identificação dos materiais na imagem.

Este caso é simples, e deve-se realizar a comparação do espectro dos pi-


xels da imagem com os espectros dos materiais referência, testados em relação à
sua presença na cena. Portanto, os aspectos de referência podem ser procedentes
tanto das bibliotecas espectrais quanto das imagens, ou então dos dados obtidos
em laboratório ou em campo pelos usuários (BRASIL, 2019).

O sensor imageador que se encontra na faixa do termal é considerado um


sistema imageador infravermelho termal, dispositivo que permite realizar a co-
leta, a detecção e também a tradução da radiação infravermelha termal, emitida
pelos alvos, por meio da plataforma em que se encontra instalada, gerando, desta
forma, uma imagem correspondente (BRASIL, 2019).

102
TÓPICO 2 — SISTEMAS FOTOGRÁFICOS

Os sistemas ativos permitem a irradiação da energia artificial que mo-


nitora tanto a superfície terrestre quanto as características atmosféricas. Estes
sensores quando aerotransportados, a sua antena deve estar posicionada no eixo
longitudinal da parte inferior da aeronave que permitirá a emissão de pulsos na
forma de um leque que irá proporcionar a criação das imagens (BRASIL, 2019).

4 CÂMERA AÉREA
A câmera aérea é composta basicamente de uma lente e de um plano nega-
tivo de exposição. E quando pensamos em lente de câmera fotográfica, logo imagi-
namos que se trata de uma lente somente, mas na verdade consiste em uma série
sequencial de lentes que em conjunto possuem o objetivo principal de minimizar
distorções e maximizar a focalização ótima da imagem, conforme descreve Ander-
son (1982). Desta forma, cada uma das lentes deste conjunto possui o seu próprio
centro ótico, é importante, destacar que, em um só centro ótico do conjunto das
lentes, é obtida a precisão das câmeras aerofotográficas (ANDERSON, 1982).

Anderson (1982) destaca que o raio de luz que atravessa o centro da lente,
é perpendicular ao plano da lente, e, portanto, é denominado de eixo ótico. En-
tão, como “o foco da lente é fixo e resulta de uma distância constante ao longo do
eixo ótico, do centro da lente até o plano do negativo, essa distância é chamada
normalmente de distância focal” (ANDERSON, 1982, p. 87). A distância focal é
representada pela letra f, e a distância principal pela letra c. Observe a equação a
seguir e a relação entre “f” e “c”:

Para este caso temos: “H é a distância existente entre a câmera e o objeto


fotografado” (ANDERSON, 1982, p. 87). Em se tratando de fotografias aéreas H
refere-se à altura do voo. Se “o valor de 1/H for muito pequeno em relação ao va-
lor de 1/c, o resultado é que a diferença existente entre f e c é mínima” (ANDER-
SON, 1982, p. 87), e desta forma possui grande importância para os profissionais
da fotogrametria. Para Anderson (1982) a medida de distância focal é realizada
pelo fabricante da câmera com precisão, sendo ela anotada na margem de cada
uma das fotografias aéreas que foram obtidas.

O plano negativo quando estiver perpendicular ao eixo que atravessa o


“centro óptico da lente, a câmera está bem posicionada e o eixo óptico encontra-se o
plano negativo, bem no centro da imagem fotografada” (ANDERSON, 1982, p. 87).
Então esse ponto central é identificado por meio das chamadas marcas fiduciais,
que se encontram nas margens das fotografias. Portanto, este é o que se definiu de
ponto principal, ele é muito importante quando as fotografias aéreas são utilizadas.
Na Figura 17, você pode observar as marcas fiduciais e o ponto principal.

103
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

FIGURA 17 – MARCAS FIDUCIAIS E PONTO PRINCIPAL DE UMA FOTOGRAFIA AÉREA

FONTE: Jensen (2011, p. 155)

Anderson (1982, p. 88) descreve que “os raios de luz chegam à câmera de
forma convergente, com um feixe de raios não paralelos. O funcionamento da
câmera fotográfica é similar ao olho humano, e esse fenômeno é denominado de
projeção central, em que o feixe de raios de luz forma um cone”.

Cabe destacar que a projeção central possui um ponto somente de perspecti-


va, a lente, e este fato pode ser explicado porque a fotografia aérea é totalmente dis-
tinta de um mapa topográfico, construído tendo como base a projeção ortogonal, que
permite que os raios de luz paralelos entre eles têm condições de interceptar o terreno
em ângulos retos. Ainda segundo Anderson (1982), a projeção central tem a sua im-
portância tanto para a geometria quanto para as características das fotografias aéreas.
Observe a Figura 18, que demonstra o esquema das câmeras e lentes fotográficas.

104
TÓPICO 2 — SISTEMAS FOTOGRÁFICOS

FIGURA 18 – ESQUEMA DAS CÂMERAS E LENTES FOTOGRÁFICAS

FONTE: Anderson (1982, p. 88)

Dos materiais fotográficos utilizados para a obtenção das fotografias aé-


reas, Jensen (2011) destaca alguns: câmeras métricas com objetiva, câmera com
múltiplas objetivas ou múltiplas bandas, câmeras digitais e as câmeras variadas.

As câmeras métricas para mapeamentos com uma objetiva conseguem a


maior parte das fotografias aéreas necessárias para o uso nos mapeamentos planimé-
tricos (x, y), permitindo a localização das feições, e, também, para que sejam possíveis
as gerações das cartas topográficas, no caso as curvas de nível. Pois bem, este tipo de
câmera deve sempre ser calibrada para que sejam possíveis a obtenção de fotografias
aéreas com alta qualidade geométrica e radiométrica (JENSEN, 2011).

Estas câmeras são construídas pelo “corpo da câmera do cone de montagem


das lentes, do obturador, de um conjunto que serve para a alimentação e rebobina-
gem do filme, uma plataforma de suporte da câmera da aeronave” (JENSEN, 2011,
p. 100). Os filtros são colocados em frente à objetiva com o objetivo de limitar o com-
primento de onda de luz que deve chegar ao plano do filme. Na Figura 19, você pode
observar o exemplo de uma câmera métrica analógica com os seus componentes.

105
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

FIGURA 19 – CÂMERA MÉTRICA ANALÓGICA

FONTE: Jensen (2011, p. 100)

Jensen (2011) pondera que o cone de montagem da lente tem a sua impor-
tância relatada, pois, é composto por uma objetiva com inúmeros elementos de
lentes com valores elevados e que projetam as imagens do mundo real, sem que
haja distorções do plano do filme. Segundo o autor, as câmeras métricas utiliza-
das para o mapeamento fazem uso de distintas objetivas em diversos campos de
visada angular. O campo de visada angular das câmeras de acordo com Jensen
(2011, p. 101) é de “<60°, com objetiva normal de 60°- 75°, com objetiva grande
angular é de 75°- 100°, e com supergrande angular é >100°”. Desta forma, quanto
mais largo o campo for, maior será a nossa área de cobertura, isso a depender da
altitude em que estiver sendo realizado o voo, ou seja, maior a altitude em que a
aeronave estiver acima do terreno, maior será a área a ser fotografada para uma
mesma objetiva; observe a Figura 20.

106
TÓPICO 2 — SISTEMAS FOTOGRÁFICOS

FIGURA 20 – ÂNGULO DE VISADA DA CÂMERA FOTOGRÁFICA

FONTE: Jensen (2011, p. 101)

Conforme a velocidade da aeronave (v) e também da altitude em que a


aeronave se encontra acima do terreno (h) “o filme pode ser avançado de forma
suave para a exposição a fim de compensar o movimento da imagem também
chamado de arraste” (JENSEN, 2011, p. 101).

Geralmente, os filmes das câmeras aéreas são de 24 cm de largura com rolos


que podem ir de ≥30, 5 m até 152,4 m de comprimento dependendo da espessura
do filme. As fotos individuais costumam ter um tamanho de 23 x 23 cm. Durante
o processo de exposição do filme, este deve ser preso na superfície plana que está
localizado no plano focal. A placa em que o filme se encontra exerce uma pressão a
vácuo antes do momento da exposição fotográfica, com a finalidade de eliminar as
bolhas de ar ou qualquer outra irregularidade que possa estar presente na superfície
do filme virgem. Assim que ocorre a exposição, o vácuo se movimenta e se prepara
para uma nova exposição (JENSEN, 2011). Dentre as informações que constam em
uma fotografia destacamos, segundo Jensen (2011, p. 102), as seguintes:

1) uma escala de nível de cinza para determinar se a exposição


correta foi utilizada; 2) um lugar em que o fotógrafo aéreo pode fazer
anotações sobre a missão a lápis se for necessário; 3) altímetro; 4)
linhas das marcas fiduciais; 5) relógio; 6) número de série do cone na
objetiva; 7) distância focal em milímetro; 8) número da fotografia do
projeto; 9) nome da missão e data; e 10) data da navegação.

As câmeras com múltiplas objetivas, também chamadas de múltiplas ban-


das, são utilizadas para a obtenção de informações do meio ambiente nos estudos
realizados com base nas fotografias que foram tomadas de forma simultânea com
diversas regiões do espectro eletromagnético, (bandas) do que as que foram obti-
das em uma única banda.

107
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

Durante o processo de reconhecimento aéreo com múltiplas bandas es-


pectrais, cada uma das câmeras consegue gravar de forma simultânea fotografias
de uma mesma área geográfica como o uso de filmes distintos ou com a combi-
nação de outros filmes, segundo descreve Jensen (2011). Na Figura 21, observe a
imagem de uma câmera multibanda.

FIGURA 21 – CÂMERA MULTIBANDA

FONTE: Jensen (2011, p. 104)

As câmeras digitais aéreas foram uma revolução para a coleta de dados aero-
fotogramétricos. Nelas há um sensor de imageamento que normalmente é um circuito
e encontra-se integrado de detector por carga acoplada CCD ou de semicondutor de
óxido de metal complementar. O detector do sensor irá converter a luz em elétrons
medidos e após convertidos nos valores de intensidade radiométrica (JENSEN, 2011).

As câmeras digitais fazem uso das objetivas com diafragma que servem
para controlar o flstop, com obturador para controlar o tempo de exposição, e com
um mecanismo para focalização. O fstop refere-se à velocidade do obturador e à
abertura do diafragma em uma câmera. Contudo, a maior diferença das câmeras
digitais consiste no uso de uma matriz uni ou bidimensional de CCD ao invés de
um filme. Desta forma, a objetiva focaliza a luz proveniente da cena sobre a matriz
de detectores que podem ser uni ou bidimensionais, e os fótons de luz que ilumi-
nam cada um dos detectores é que produzem a carga elétrica que está diretamente
relacionada com a quantidade de energia radiante incidente. Então, o sinal analó-
gico é eletronicamente amostrado e convertido em um valor digital de brilho que
varia de 8 bit (valores de 0-255) a 12 bit (valores de 0 a 4095) (JENSEN, 2011).

Câmeras digitais de pequeno formato possuem geralmente < 15 megapi-


xels (MP), e durante o momento da exposição da câmera ela consegue gravar três
versões da cena com o uso da filtragem interna.

108
TÓPICO 2 — SISTEMAS FOTOGRÁFICOS

O resultado é uma imagem gerada com base em uma luz azul refletida pela
superfície, outra gerada a partir da luz verde refletida pela superfície e uma última
imagem gerada a partir da luz vermelha refletida pela superfície. Desta forma, as três
imagens individuais, em preto e branco, são gravadas na memória de acesso aleató-
rio (RAM) elas poderão ser compostas em uma imagem colorida com o uso da teoria
aditiva de cores a fim de se produzir uma imagem colorida normal. Também é pos-
sível ter detectores sensíveis à radiação no infravermelho próximo (JENSEN, 2011).

No caso das câmeras digitais de médio formato, elas são normalmente


baseadas em matrizes bidimensionais, contendo cerca de 4.000 x 4.000 detectores
(16 MP). Pelo fato de se ter um uso limitado de pixels, a cobertura do terreno não
é adequada quanto às câmeras tradicionais analógicas de grande formato, no en-
tanto, as câmeras digitais de médio formato têm-se mostrado úteis para diversas
outras aplicações (JENSEN, 2011).

As câmeras digitais de grande formato apresentam um desempenho su-


perior ao das câmeras analógicas de grande formato. Algumas destas câmeras
são baseadas em múltiplas matrizes lineares apresentam visadas frontais e nadir
a popa cada uma com 12.000 elementos de detecção (JENSEN, 2011).

Em relação às câmeras diversas, existe uma enorme variedade delas, relati-


vamente simples e de custo baixo e muito utilizadas tanto comercialmente quanto
para as pesquisas a fim de se obter fotografias aéreas de alta qualidade. Este tipo de
câmera aérea pode fornecer fotografias de excelente qualidade com um baixo custo
se forem adequadamente montadas, expostas e processadas (JENSEN, 2011).

5 VANTs– VEÍCULOS AÉREOS NÃO TRIPULADOS

Nos últimos tempos, o avanço tecnológico para a área de fotointerpreta-


ção permitiu que novas alternativas de aquisição de dados surgissem como foi o
caso dos Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs) ou Aeronaves Remotamente
Pilotadas (ARPs). Estes veículos permitem a aquisição de imagens da superfície
terrestre, possuindo vantagens como o menor custo, a maior facilidade de opera-
ção e ainda eles permitem geração de imagens em alta resolução em questão de
poucos minutos (MOREIRA et al. 2017).

Os veículos aéreos não tripulados são classificados em dois subtipos devi-


do ao seu uso, sendo eles os drones e os VANTs.

• Os drones foram classificados para fins recreativos e não devem ser usados
em locais densamente povoados.
• Os VANTs, por sua vez, foram desenvolvidos para serem utilizados de forma
comercial e podem ser utilizados em pesquisas científicas.

109
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

NOTA

O termo Drone é um nome genérico. Drone, ou “zangão” em português, é um


apelido originado nos EUA e difundido aos demais países caracterizando um objeto voador
sem a presença de tripulação, ou seja, não tripulado. O termo genérico não possui amparo
técnico ou possui definição na legislação (VIEIRA, 2017).

Os VANTs, segundo Eisenbeiss (2009 apud LINS, 2019, p. 31), “são veícu-
los aéreos não tripulados, motorizados e reutilizáveis que podem voar autôno-
ma, semiautônoma ou manualmente, conduzidos por um piloto, a partir do solo,
usando um controle remoto”. Zanetti (2017, p. 9) destacando o Departamento
Norte Americano (DOD) tem a definição de VANT como:

Veículo aéreo motorizado que não transportam operador humano,


utilizam forças aerodinâmicas para se elevar, podem voar de forma
autônoma ou ser pilotado remotamente, podem ser dispensáveis ou
recuperáveis, e podem transportar carga bélicas ou não bélicas. Veícu-
los balísticos ou não balísticos como mísseis de cruzeiro e projéteis de
artilharia não são considerados veículos aéreos não tripulados.

Lins (2019) descreve que os VANTs são utilizados com maior frequência
para as análises de pequenos e médios objetos, principalmente nas áreas urbanas,
devido a sua resolução espacial, como também, pela facilidade em atualizar as
imagens (resolução temporal) e ainda pelo seu baixo custo quando comparado
com uma imagem orbital, e a qualidade geométrica (resolução espacial) das ima-
gens correspondem à necessidade para estes tipos de uso.

Os veículos aéreos não tripulados podem ser divididos em: multirrotores e


asa fixa. Os VANTs de asa fixa possuem mais autonomia de voo devido a sua capa-
cidade de sustentação conferida pelas asas, e, também, por necessitarem de menor
energia para se manterem no ar. Os VANTs multirrotores decolam na vertical e
apresentam uma maior facilidade para sobrevoar as áreas mais restritas espacial-
mente (LINS, 2019). O VANT multirrotor é a categoria mais usual desse tipo de
equipamento. Eles têm decolagem e pouso na vertical e seus voos têm uma duração
de aproximadamente 25 minutos, podendo ser programado tanto para voo auto-
mático quanto para voo manual a depender dos objetivos da operação. Na Figura
22, você pode observar um VANT do tipo multirrotor (LINS, 2019).

110
TÓPICO 2 — SISTEMAS FOTOGRÁFICOS

FIGURA 22 – VANT DO TIPO MULTIRROTOR

FONTE: <https://bit.ly/2Nw0px1>.Acesso em: 4 fev. 2021.

No VANT de asa fixa, a sua decolagem em geral ocorre com o auxílio de uma
catapulta, e seu pouso pode ser realizado com o auxílio de um paraquedas, ou ainda
pode pousar de barriga. Este tipo de VANT apresenta maior autonomia de voo quan-
do comparado com o multirrotor, portanto, a duração de seu voo é de aproximada-
mente 50 minutos, sendo ele indicado para uso em áreas mais extensas (LINS, 2019).

FIGURA 23 – VANT DO TIPO ASA

FONTE: <https://bit.ly/3pLNcgy>.Acesso em: 4 fev. 2021.

Lins (2019) descreve que o termo drone se trata de uma expressão co-
mum muito utilizada para descrever os pequenos multirrotores, até VANTs de
aplicações militares. Assim, o termo drone não é utilizado na regulamentação
da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Só possui autorização para ope-
rar um drone o indivíduo que estiver de posse de uma autorização emitida pela
ANAC, segundo a Instrução Suplementar nº 21-002A (ANAC, 2017).

Portanto, com o desenvolvimento tecnológico dos veículos aéreos não


tripulados (VANTs), eles ganharam destaque em diversas aplicações como as ci-
ências agrárias, principalmente na agricultura e no manejo florestal de precisão.
Dos sistemas que compõem esses veículos destacam-se os que são constituídos
111
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

pelos GNSS (Global Navigation Satellite System) e INS (Inertial Navigation System),
responsáveis pelo posicionamento e direcionamento da plataforma, e, também,
dos sistemas de sensores, cuja função principal é a captação de dados espaciais,
espectrais, temporais, dentre outros (SCHEIBEL et al. 2019).

6 CONSTITUIÇÃO DOS FILMES

A fotografia é a ferramenta que o fotointérprete tem para realizar seu tra-


balho. Na natureza, são vários os materiais sensíveis à luz, um desses materiais
sensíveis e que reage quimicamente de forma mais rápida na presença de luz é o
brometo de prata. “Quando a molécula do brometo de prata recebe a luz ela se re-
duz a bromo e prata” (ZAIDAN, 2010, p. 12. Desta forma, conforme a intensidade
e tempo de duração da exposição, o resultado pode ser mais ou menos prata. De
forma geral “o brometo de prata é diluído em uma espécie de gelatina específica
para dar origem à emulsão fotográfica. A emulsão fotográfica quando aplicada em
um “suporte adequado ele dá origem ao filme fotográfico” (ZAIDAN, 2010, p. 12).

FIGURA 24 – TIPOS DE EMULSÕES PARA FILME FOTOGRÁFICO

FONTE: Zaidan (2010, p. 13)

É durante a fase do processo fotográfico que o filme é exposto à luz, e, com


isso, parte do brometo de prata é reduzido, originando o que se chama de imagem
latente. É com base na aplicação de um agente chamado revelador que ocorre a re-
dução total dos grãos de brometo de prata permitindo, portanto, que a imagem fique
visível e dando origem à imagem revelada. Todo esse processo de revelação da ima-
gem deve ser realizado em um ambiente escuro para evitar a redução dos grânulos
de brometo de prata. Os grânulos de brometo de prata que não foram reduzidos
devem ser retirados para que não estraguem a imagem obtida, e após todo esse pro-
cesso deve-se aplicar um solvente chamado de fixador (ZAIDAN, 2010p. 13).

112
TÓPICO 2 — SISTEMAS FOTOGRÁFICOS

Zaidan (2010) descreve ainda que os grãos de brometo de prata que per-
maneceram foram os que receberam mais luz, e, portanto, criam uma imagem ne-
gativa, em que as áreas mais claras são representadas pelas tonalidades de cores
mais escuras, observe a Figura 25, que se refere a uma imagem negativa.

FIGURA 25 – IMAGEM NEGATIVA

FONTE: Zaidan (2010, p. 13)

Para Zaidan (2010, p. 13) “a imagem positiva pode ser produzida em material
fotográfico transparente ou opaco”. Portanto, a imagem positiva quando produzida em
material transparente recebe o nome de diapositivo fotográfico e quando ela é produzi-
da em material opaco ela recebe o nome de fotografia, segue um exemplo na Figura 27.

FIGURA 27 – COMPARAÇÃO DE IMAGENS POSITIVA E NEGATIVA

FONTE: Zaidan (2010, p. 14)

113
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

O processo fotográfico, segundo Zaidan (2010), segue o modelo de cores


aditivo e depende principalmente do fluxo luminoso que incide no filme e que
depende do tempo de exposição dele à luz.

Então, essa combinação entre o fluxo luminoso com o tempo de exposição


é que produz o nível de escurecimento do filme revelado dado em densidade.
Essa densidade não deve ser muito alta e nem muito baixa para que não haja um
comprometimento em relação à distinção dos objetos representados na fotografia,
uma vez que este fator pode ocasionar comprometimento em relação aos níveis
de contraste da fotografia (ZAIDAN, 2010). Na Figura 28 estão demonstradas as
representações dos níveis de contrastes nas fotografias, observe:

FIGURA 28 – NÍVEIS DE CONTRASTE NAS FOTOGRAFIAS

FONTE: Zaidan (2010, p. 14)

O aspecto velocidade está diretamente relacionado com o tempo em que ocorre


a redução após a exposição do filme à luz. Conforme pondera Zaidan (2010), são vários
os métodos que podem ser utilizados para se determinar a velocidade dos filmes.

Zaidan (2010) aponta alguns critérios importantes para se determinar a


velocidade dos filmes aéreos distintos daqueles utilizados para filmes pictóricos.
Os critérios apontados são a variação e a distância do alvo, uma pequena variação
de iluminação dos objetos e a presença dos aerossóis são alguns deles.

O poder da resolução refere-se basicamente à qualidade que uma emulsão


fotográfica possui em gravar detalhes mais minuciosos, porém, isso depende tam-
bém da granulometria da emulsão, do contraste do filme e do contraste do alvo.

A resolução pode influenciar no tamanho do menor objeto real que deverá


ser identificado além da sua capacidade de ampliação, vamos observar a Figura
29 que demonstra essa ampliação da resolução de uma imagem (ZAIDAN, 2010).

114
TÓPICO 2 — SISTEMAS FOTOGRÁFICOS

FIGURA 29 – AMPLIAÇÃO DA RESOLUÇÃO DA IMAGEM

FONTE: Zaidan (2010, p. 15)

Zaidan (2010) pondera a necessidade de se usar filtros –materiais opacos


utilizados para determinados comprimentos de onda de luz (cores) –, e suas
aplicações são muito variadas e sem o uso de forma adequada é difícil conse-
guir boas imagens fotográficas.

Os filmes coloridos possuem uma cor de cada emulsão fotográfica para


cada uma das cores, combinando com as camadas dos filmes existentes para cada
comprimento de onda, segundo destaca Zaidan (2010). A estrutura dos filmes
coloridos é considerada mais complexa se comparada com os filmes em preto e
branco, os coloridos são mais sensíveis (SANTOS, 2007).

A sensibilidade do espectro eletromagnético “fornece uma curva de res-


postas de sensibilidade aos diversos comprimentos de onda” (SANTOS, 2007, p.
71). Onde um filme pancromático apresenta sensibilidade nos comprimentos de
ondas vermelho, verde e azul, no caso, o espectro visível.

Os filmes disponíveis possuem sensibilidade espectral que varia desde


o ultravioleta até o infravermelho, e dentro desta variação do espectro temos os
filmes em “preto e branco, coloridos e o infravermelho” (SANTOS, 2007, p. 72).

“O filme preto e branco é o mais utilizado nas fotografias aéreas devido


ao seu baixo custo e, também, pelo fato de sua resposta espectral se encontrar
próxima do espectro visível pelo olho humano” (SANTOS, 2007, p. 72). Portan-
to, o fotointérprete consegue distinguir as pequenas variações nos tons de cinza,
permitindo identificar elementos naturais ou construídos pelo homem (SANTOS,
2007). Na Figura 30, você pode observar imagens em preto e branco.

115
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

FIGURA 30 – IMAGENS EM PRETO E BRANCO

FONTE: Santos (2007, p. 73)

Os filmes coloridos também conhecidos como cores naturais apresentam


uma riqueza de detalhes pelos variados elementos que se encontram presentes
na imagem em sua cor real. Os filmes coloridos facilitam no processo de interpre-
tação de objetos e cenas, uma vez que eles são mais fáceis de serem identificados
(SANTOS, 2007). Observe, na Figura 31, um exemplo de imagem colorida.

FIGURA 31 – IMAGEM COLORIDA

FONTE: Santos (2007, p. 73)

Por outro lado, os filmes coloridos são mais sensíveis aos fenômenos at-
mosféricos como as névoas, poluições atmosféricas e aos extremos das tempera-
turas podendo ocasionar alterações nas imagens obtidas (SANTOS, 2007).

116
TÓPICO 2 — SISTEMAS FOTOGRÁFICOS

E
IMPORTANT

Nos filmes coloridos é preciso considerar o princípio da fotografia colorida, a qual con-
siste na reprodução de qualquer cor com base em uma mistura de três cores primárias: azul, verde
e vermelho, ou seja, estamos nos referindo ao sistema RGB – Red, Green e Blue. Portanto, a mistura
dessas cores, ou o processo de adição de uma cor sobre a outra em medidas distintas, chama-se
“Processo Aditivo”, segundo Zaidan (2010). Vamos observar os sistemas de cores aditivas, e você
pode observar as cores primárias e a obtenção de novas cores através do processo de adição.

SISTEMA DE CORES ADITIVAS (CORES PRIMÁRIAS)

FONTE: Zaidan (2010, p. 11)

SISTEMA DE CORES ADITIVAS

FONTE: Zaidan (2010, p. 11)

Ao realizarmos as misturas destas cores teremos como resultado a formação de cores


secundárias como amarelo, ciano e magenta, também conhecidas como cores subtrativas
(ZAIDAN, 2010). Realizando o processo de subtração das cores secundárias, amarelo, ciano
e magenta, em proporções distintas com o uso de um filtro, teremos novamente a forma-
ção das cores primárias conforme apresenta Zaidan (2010), observe:

117
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

SISTEMAS DE CORES SECUNDÁRIAS

FONTE: Zaidan (2010, p. 12)

SISTEMA SUBSTRATIVO DAS CORES SECUNDÁRIAS

FONTE: Zaidan (2010, p. 12)

Os filmes infravermelhos coloridos são compostos de três camadas de


emulsão e possuem sensibilidade nos seguintes comprimentos de onda: verde,
vermelho e infravermelho.

Como estas camadas apresentam sensibilidade para a luz azul, o filme


infravermelho necessita do uso de um filtro amarelo. Após o processo
de revelação a camada sensível ao verde é representada como azul, a
sensível ao vermelho é representada como verde e o próximo do infra-
vermelho com o vermelho (SANTOS, 2007, p. 74).

Observe na sequência uma fotografia no infravermelho, como exemplo.

118
TÓPICO 2 — SISTEMAS FOTOGRÁFICOS

FIGURA 32 – FOTOGRAFIA NO INFRAVERMELHO

FONTE: Santos (2007, p. 74)

O infravermelho tem como uma das principais vantagens o fato de atra-


vessar a névoa atmosférica, conseguindo um melhor realce das imagens, e, tam-
bém dos objetos que se encontram presentes nas fotografias permitindo, ainda,
identificar a diferença de uma vegetação que se encontre sadia para uma vegeta-
ção que se encontre em estado de estresse, por exemplo (SANTOS, 2007).

Neste subtópico, você estudou a constituição dos filmes, vamos agora es-
tudar a estereoscopia.

7 ESTEREOSCÓPIO

Para a realização das atividades de fotointerpretação o estereoscópio é o


principal instrumento utilizado para realizaras análises das fotografias aéreas.
Dentre os tipos de o estereoscópio destacamos o de bolso, que possui um manu-
seio mais simples e ele pode ser levado para qualquer local; e ode espelhos, que
permite análises de regiões maiores e no modelo tridimensional através do uso
dos pares de fotografias aéreas (GRANDO; GRANEMANN, 2008).

O estereoscópio de lente é um equipamento que consiste na “utilização de


um par de lentes convergentes de distância focal ao comprimento de seu suporte”
(ZAIDAN, 2010, p. 29). Estas lentes permitem que o observador tenha uma visão
dos dois olhos em paralelismo tendendo ao infinito.

A estereoscopia permite que se tenha uma visualização do mesmo objeto


fotografado em duas fotografias distintas, em ângulos também distintos, fazendo
com que o cérebro humano tenha condições de realizar a interpretação da dife-
rença angular com o efeito da profundidade. Na Figura 33, você pode observar
um estereoscópio portátil de lentes.

119
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

FIGURA 33 – ESTEREOSCÓPIO PORTÁTIL DE LENTES

FONTE: Zaidan (2010, p. 29)

O estereoscópio de lente simples, segundo Anderson (1982), apresenta


uma distância focal de 12 cm com um aumento óptico de 2, 2 vezes, e este modelo
permite que o aparelho possa ser ajustado para a distância interpupilar. Sendo
que, a distância interpupilar refere-se a distância existente entre os centros das
pupilas dos olhos. Observe, na Figura 34, o estereoscópio de lente simples.

FIGURA 34 – ESTEREOSCOPIA DE LENTE SIMPLES

FONTE: Anderson (1982, p. 65)

O estereoscópio de espelhos é um instrumento que possui o mesmo princípio


do estereoscópio de lentes, porém, existe algo que diferencia os dois, e essa diferença
se dá por um par de espelhos e, também, por um par de prismas que possibilitam
a ocorrência de um maior afastamento entre o par de fotografias, vindo a facilitar o
trabalho do fotointérprete durante o processo de observação (ZAIDAN, 2010).

120
TÓPICO 2 — SISTEMAS FOTOGRÁFICOS

No estereoscópio de espelhos, Anderson (1982) pontua que é possível que


o observador possa ver o modelo tridimensional, no caso, 60% de recobrimento
sem que haja a necessidade da superposição das fotografias aéreas. A seguir, você
pode observar duas imagens referentes a um estereoscópio de espelhos. Observe,
nas Figuras 35 e 36, um estereoscópio de espelhos.

FIGURA 35 – ESTEREOSCÓPIO DE ESPELHOS

FONTE: Zaidan (2010, p. 30)

FIGURA 36 – ESTEREOSCÓPIO DE ESPELHOS

FONTE: Anderson (1982, p. 66)

Existem ainda outros métodos utilizados na estereoscopia: o método do


anáglifo por impressão e por projeção, o método da luz polarizada, o método do
cintilamento, o método das cores, e, também, o método da holografia, conforme
pondera Zaidan (2010).

121
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

Existem ainda outros recursos utilizados, porém cabe destacar que eles não
substituem os métodos de estereoscopia de lente e de espelho. Dos novos recursos,
os mais usuais são os polarizados passivos e ativos, e, nas Figuras 37 e 38, você pode
observar um exemplo de polarização passiva e um sistema de polarização ativa.

FIGURA 37 – SISTEMA DE POLARIZAÇÃO PASSIVA

FONTE: <https://bit.ly/3gXTjvV>. Acesso em: 23 jun. 2021.

FIGURA 38 – SISTEMA DE POLARIZAÇÃO ATIVA

FONTE: <https://bit.ly/3gXTjvV>. Acesso em: 23 jun. 2021.

122
TÓPICO 2 — SISTEMAS FOTOGRÁFICOS

ATENCAO

“Um aspecto importante a que o fotointérprete deve estar atento é para a


questão do exagero da estereoscopia, esta que se refere à mudança na escala vertical do
modelo tridimensional observado em relação à escala horizontal” (ZAIDAN, 2010, p. 31).

Você acabou de estudar estereoscopia, convidamos para continuarmos


nossos estudos com a revisão através do resumo e da autoatividade do Tópico 2.

123
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• O espectro eletromagnético é definido como uma das regiões espectrais da


radiação eletromagnética (REM) conhecidas pelo indivíduo.

• É na região do espectro visível, que o olho humano enxerga a energia eletro-


magnética distinguindo as cores que ao do violeta ao vermelho.

• Os níveis de aquisição dos dados encontram-se classificados basicamente em


nível de aquisição terrestre, nível de aquisição suborbital e o nível de aquisi-
ção orbital.

• A câmera aérea é composta basicamente de uma lente e de um plano fotográ-


fico. Os tipos de câmeras mais utilizados para a obtenção das fotografias aé-
reas são as câmeras métricas com objetivas, câmeras métricas com múltiplas
objetivas ou múltiplas bandas, câmeras digitais e as câmeras variadas.

• Os VANTs (Veículos Aéreos Não Tripulados) surgiram como novas alterna-


tivas para a aquisição dos dados para a área da fotointerpretação. O uso des-
ses equipamentos permite atualização das imagens (resolução temporal) com
baixo custo e com qualidade geométrica. Os tipos de VANTs são classificados
em multirrotor e asa fixa.

• Os filmes disponíveis possuem sensibilidade espectral que vai desde o ultra-


violeta até o infravermelho, incluindo os filmes em preto e branco, coloridos
e infravermelho.

• O estereoscópio é um instrumento utilizado para a realização das análises dos


pares das fotografias aéreas. Existem dois modelos de estereoscópios, sendo o
estereoscópio de bolso, ou lente simples e o estereoscópio de espelhos.

124
AUTOATIVIDADE

1 Os níveis de aquisição das fotografias aéreas, imagens de satélite e radar estão


relacionados à altitude do sensor em relação à superfície imageada, ou seja, a
distância entre o alvo e o sensor. Os níveis de aquisição apresentam-se em três
classificações distintas. Diante do exposto, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Aquisição terrestre, aquisição celeste e aquisição orbital.


b) ( ) Aquisição terrestre, aquisição suborbital e aquisição orbital.
c) ( ) Aquisição terrestre, aquisição suborbital e aquisição marítima.
d) ( ) Aquisição terrestre, aquisição suborbital e aquisição planetária.

2 A câmera aérea é o material fotográfico utilizado para a obtenção das foto-


grafias aéreas, e elas podem ser: câmeras métricas com objetiva, câmera mé-
trica com múltiplas objetivas, câmeras digitais e câmeras variadas. Diante
do exposto, assinale a alternativa CORRETA em relação às câmeras digitais:

a) ( ) Câmeras digitais de pequeno formato possuem >15 megapixels.


b) ( ) Câmeras digitais de pequeno formato não possuem pixel suficiente.
c) ( ) Câmeras digitais não são recomendadas para a fotointerpretação.
d) ( ) Câmeras digitais de pequeno formato possuem <15 megapixels.

3 O estereoscópio é o instrumento utilizado para a realização das análises


dos pares das fotografias aéreas. Existem dois tipos de estereoscópios: o de
bolso e o de espelhos. Diante disso, assinale a alternativa CORRETA, sobre
o estereoscópio de espelhos.

a) ( ) O observador consegue ver o modelo tridimensional, no caso, 60% de


recobrimento sem a superposição da fotografia aérea.
b) ( ) O observador consegue ver o modelo tridimensional, no caso, 70% de
recobrimento sem a superposição da fotografia aérea.
c) ( ) O observador consegue ver o modelo tridimensional, no caso, 80% de
recobrimento sem a superposição da fotografia aérea.
d) ( ) O observador consegue ver o modelo tridimensional, no caso, 90% de
recobrimento sem a superposição da fotografia aérea.

4 Os níveis de aquisição das fotografias aéreas e das imagens de satélite e


radar estão relacionados com a altitude que o sensor possui em relação à
superfície imageada, ou seja, em relação ao alvo, neste caso a distância que
existe entre o sensor e o alvo. Os níveis de aquisição dos dados foram clas-
sificados em três: o terrestre, o suborbital e o orbital. Portanto, com base no
exposto e nos conhecimentos adquiridos em seus estudos, disserte sobre o
nível de aquisição dos dados suborbital.

125
5 Nos últimos anos o avanço tecnológico para a área da fotointerpretação
permitiu o surgimento de novos equipamentos para a aquisição dos dados
como foi o caso dos Veículos Aéreos não Tripulados (VANTs) e as Aerona-
ves Remotamente Pilotadas (ARPs). Os VANTs permitem a aquisição dos
dados da superfície da terrestre com um menor custo e com uma maior faci-
lidade de operação e obtenção de imagens em alta resolução. Portanto, com
base no exposto e nos conhecimentos adquiridos em seus estudos, disserte
sobre os tipos de veículos aéreos não tripulados de asa fixa e multirrotores.

126
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2

ESTEREOSCOPIA, OBTENÇÃO DAS FOTOGRAFIAS


AÉREAS, MOSAICO, ÍNDICE DAS FOTOGRAFIAS
E PARALAXE

1 INTRODUÇÃO

Neste tópico, vamos abordar a visão estereoscópica, como ocorre o seu


funcionamento em relação à tridimensionalidade e a forma como o cérebro capta,
compara e interpreta as imagens da visão binocular.

Os processos estereoscópicos usados na fotointerpretação digital serão


demonstrados para você através de dois métodos.

Veremos, também, que, para a obtenção das fotografias aéreas, é necessá-


rio a utilização de equipamentos específicos.

O mosaico e o índice das fotografias aéreas serão demonstrados através


de um estudo teórico seguido de exemplos para facilitar a sua compreensão.

E, finalizando o Tópico 3, você estudará a paralaxe estereoscópica que


trata basicamente do deslocamento da posição de um determinado objeto em re-
lação a um sistema de referência conhecido, causado devido à alteração de mu-
dança do ponto de observação.

2 VISÃO ESTEREOSCÓPICA

Para o indivíduo, a concepção da ideia de tridimensionalidade é propor-


cionada pelos dois olhos. Fato que ocorre devido à fisiologia humana, quando o
cérebro capta, compara e interpreta imagens oriundas da visão binocular.

Tal característica permite que as imagens recebidas por cada um dos olhos se
tornem uma só, ocasionando, além da visão bidimensional, a sensação de profundidade.

A Figura 39 demonstra o “esquema da visão binocular humana com a


visão diferencial de um mesmo objeto; no caso um cubo” (FITZ, 2008, p. 120).
Observe a seguir:

127
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

FIGURA 39 – VISÃO BINOCULAR HUMANA

FONTE: Fitz (2008, p. 120)

Santos (2007) destaca que o olho humano é considerado a ferramenta pri-


mordialpara a estereoscopia, uma vez que sem eles é impossível que tenhamos a
terceira dimensão. Portanto, para que seja possível conseguir a visão estereoscó-
pica, através do uso das fotografias aéreas é imprescindível que o fotointérprete
tenha a mesma condição visual em seus dois olhos. Se o fotointérprete possuir
somente a visão monocular ele terá condições de examinar a posição e a direção
dos objetos constantes na fotografia em um único plano, porém, poderá realizar
o reconhecimento dos objetos, formas, cores e tamanhos.

Fitz (2008) pondera que a percepção tridimensional é, de certa forma, ins-


tintiva, porém, é com base na visão binocular normal que o indivíduo consegue
distinguir os objetos mais próximos ou mais distantes, mas esse treinamento da
visão binocular não é considerado como sendo suficiente para que se tenha uma
visão completa, caso a visão fosse considerada monocular

A questão da noção de profundidade trata-se mais da experiência do ob-


servador em relação a sua visão em perspectiva dos objetos que ele visualiza em
uma determinada posição relativa de um ponto de vista fixo, que propicia a ele
uma noção de profundidade. Fitz (2008, p. 120) exemplifica da seguinte forma:

a visualização de um edifício que parece afunilar-se conforme aumen-


ta a sua altura em relação a um observador situado em sua base; ou
de uma avenida em um bairro residencial, onde o leito da rua parece,
também, afunilar-se, além das árvores, residenciais e dos postes da
rua parecer ter tamanho reduzido conforme se afastam do observador.

Em relação às imagens obtidas através de sensores, a noção de profundi-


dade relatada por Fitz (2008) não se encontra presente de forma tão direta, por se
tratarem de produtos bidimensionais, eles possuem somente duas dimensões, a
largura e o comprimento.
128
TÓPICO 3 — ESTEREOSCOPIA, OBTENÇÃO DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS, MOSAICO, ÍNDICE DAS FOTOGRAFIAS

Anderson (1982) descreve que os seres humanos possuem visão binocu-


lar, ou seja, a visão em três dimensões (3D), durante o período em que se encontra
com os olhos abertos, é a visão binocular que fornece o registro de profundidade,
o qual serve para estimar a distância das profundidades que existem entre os ob-
jetos que se encontram em nossa frente.

A visão binocular tem seu fundamento baseado em duas imagens de um


só objeto visualizado através dos nossos olhos de maneira separada tendo, por-
tanto, perspectivas distintas. Ainda, segundo Anderson (1982), em se tratando da
visão binocular normal, dizemos que uma imagem corresponde a cada olho, na
sequência, o cérebro tende a realizar um processo conhecido como fusão estereos-
cópica, permitindo, neste caso, a visão das três dimensões no indivíduo.

Para que tenhamos condições de enxergar as fotografias aéreas em três


dimensões, o processo realizado é o mesmo da fusão estereoscópica mental, e
para que isso seja possível é necessário que haja uma imagem para cada olho, fato
comum para a visão normal, não é comum para a visão binocular.

Conseguimos ver, de forma direta, um objeto ou uma imagem com os


nossos dois olhos, porém, na visão estereoscópica das fotografias aéreas, ao invés
de visualizarmos objetos, conseguimos ver fotografias de uma paisagem com um
dos nossos olhos e uma fotografia da mesma aérea, porém, tirada de outra posi-
ção, com o nosso outro olho. Portanto, conseguimos ver um objeto representado
por duas fotografias, sendo que cada uma delas mostra uma imagem fotográfica
distinta, e cada uma das imagens é vista por um dos olhos (ANDERSON, 1982).

A visão estereoscópica encontra-se baseada em atividade de laboratório,


na qual as linhas óticas ou os raios luminosos, que formam as imagens negativas,
são reproduzidas na fotografia para cada um dos olhos.

De forma conjunta, os olhos formam um estereoscópio, ou seja, os olhos


assumem a posição das câmeras aéreas, os cristalinos equivalem-se às lentes, as
retinas são consideradas análogas aos negativos, e a fotografia aérea representa o
terreno, porém em escala reduzida. Cada um dos olhos vê a imagem como plana
e é através da fusão estereocópica mental que a visão se transforma em tridimen-
sional, segundo relata Anderson (1982).

Observando a Figura 40, que demonstra “uma representação diagramática


de um gigante observando o terreno, e também, vendo fotografias aéreas ordena-
das de tal forma que lhe proporcionem a visão estereoscópica” (ANDERSON, 1982
p. 55). É possível notar que as duas fotografias se encontram em uma linha que
passa na horizontal em frente aos olhos do observador demonstrando cada uma,
das estações aéreas do avião no momento em que as fotografias foram tiradas.

129
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

FIGURA 40 – VISÃO DIAGRAMÁTICA DE UM OBSERVADOR

FONTE: Anderson (1982, p. 56)

A distância interpupilar refere-se à distância que existe entre as posições


das tomadas das fotografias aéreas, e elas são obtidas pelo tamanho da cabeça do
observador, a qual não é semelhante a distância que existe entre as posições do
avião quando as fotografias são tiradas. Em relação à fotointerpretação é necessá-
rio realizar a medição da distância interpupilar de cada observador. Geralmente,
“a distância interpupilar, no caso de pessoas adultas, varia entre 58 a 60 mm, po-
rém há pessoas que possuem distância interpupilar menor ou maior e que podem
inclusive ultrapassar os 70 mm” (ANDERSON 1982, p. 56).

Anderson (1982) pondera que a distância interpupilar está relacionada


diretamente à maneira como os nossos olhos estão acostumados a ver as linhas
convergentes ou as linhas paralelas. Um exemplo destacado pelo autor é: “se vir-
mos uma árvore, ou outro objeto que tenha a largura de imagem igual a 7 cm a
distância de 100 m ou mais estaremos vendo um objeto maior do que nossa dis-
tância interpupilar” (ANDERSON, 1982, p. 82). Portanto, naquela distância, os
objetos grandes irão parecer menores, e a nossa visão é paralela, portanto, se for
olhar a distância, as linhas de observação de nossos olhos são paralelas.

130
TÓPICO 3 — ESTEREOSCOPIA, OBTENÇÃO DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS, MOSAICO, ÍNDICE DAS FOTOGRAFIAS

Outro exemplo foi apresentado por Santos (2007, p. 69) que relata “uma
fila de postes: notamos que a sua altura diminui com o afastamento dos postes”.
O autor descreve ainda que: “Olhando a estrada, as suas margens parecem con-
vergir para um ponto” (SANTOS, 2007, p. 69). E, para finalizar os exemplos apre-
sentados, temos o seguinte: “As montanhas distantes apresentam cor azulada,
enquanto que as próximas apresentam cor verde” (SANTOS, 2007, p. 69).

Para ilustrar e ajudar na compreensão da visão paralela dos objetos a distância,


observe a Figura 41, nela conseguimos identificar um leitor (b e c) e seus olhos conver-
gindo para que possa realizar a leitura do livro, geralmente, para a leitura, um indiví-
duo se encontra mais ou menos a 25 cm de distância, porém, se estiver a uma distância
menor do que 15 cm teremos problemas devido à convergência excessiva dos olhos
para a realização da leitura, e, com isso, é possível que ocorram danos à saúde ocular.
No exemplo “a”, o indivíduo apresenta visão paralela dos objetos a distância, o mesmo
ocorre com o exemplo “c”, este sem ajuda de aparelho. Nos exemplos “d” e “e”, o indi-
víduo consegue a visão paralela através do uso do estereoscópio.

FIGURA 41 – VISÃO PARALELA DE OBJETOS A DISTÂNCIA

FONTE: Anderson (1982, p. 57)

No momento de se fazer uso do estereoscópio é necessário que o fotointér-


prete “ajuste a distância da separação entre os centros da lente conforme a nossa
distância interpupilar” (ANDERSON 1982, p. 57). Alguns estereoscópios não apre-
sentam a possibilidade de realizar esse ajuste, e, também, é bastante comum o uso
de estereoscópios de bolso, em que a separação das lentes tenha uma distância me-

131
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

nor do que a distância interpupilar do fotointérprete. Essas situações não causam


problemas demasiados no momento em que se está realizando o exame, porém,
é sempre bom estar atento à possibilidade de surgir algum problema inesperado.

A estereoscopia é um processo simples que o fotointérprete tem para que


possa realizar a visualização das imagens em três dimensões, porém, existem in-
divíduos que apresentam alguma dificuldade de realizá-lo de forma direta, recor-
rendo ao uso da visão binocular através das lentes ou dos polarizadores. No uso
da visão binocular é preciso que se tenha em mãos o par de fotografias aéreas com
as áreas de recobrimento (ZAIDAN, 2010). Em relação à visão estereoscópica sem
o auxílio de estereoscópios, foi relatado por Anderson (1982, p. 67) que:

O treinamento consiste em ver de perto um estereograma, utilizando


uma folha de papel, pode utilizar a própria mão, também, como divi-
sor entre as imagens homólogas. Para se obter resultados satisfatórios é
preciso concentração, olhos descansados, e exercitação com a distância
de observação, para que as imagens permaneçam focalizadas depois da
fusão. As pessoas míopes têm uma vantagem, porque podem tirar os
seus óculos e ainda focar os objetos localizados a distância de observa-
ções pequenas. Também podem praticar e obter a visão paralela mesmo
a distâncias muito curtas de observação, através do exercício da “lingui-
ça flutuante”, o qual se faz com os dedos indicadores horizontalmente
opostos. A linguiça é formada pelas imagens dos pontos dos dedos, a
do dedo direito no olho direito e a do dedo esquerdo no olho esquerdo.
Assim as imagens se sobrepõem na fusão mental. Separando as mãos
lentamente a visão torna-se menos convergente, até se tornar paralela.

Acompanhe a Figura 42, que mostra o exercício da visão estereoscópica


sem ajuda do aparelho.

FIGURA 42 – EXERCÍCIO DA VISÃO ESTEREOSCÓPICA SEM O USO DE ESTEREOSCÓPIO

FONTE: Anderson (1982, p. 67)

Você acabou de estudar a visão estereoscópica, convidamos você a estu-


dar o processo estereoscópico utilizado na fotointerpretação digital.
132
TÓPICO 3 — ESTEREOSCOPIA, OBTENÇÃO DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS, MOSAICO, ÍNDICE DAS FOTOGRAFIAS

3 PROCESSOS ESTEREOSCÓPICOS USADOS NA


FOTOINTERPRETAÇÃO DIGITAL

Coelho e Brito (2007) descrevem que a visualização esteresocópica das


fotografias digitais são classificadas em relação à separação espacial, separação
espectral, separação temporal e a combinação de dois dos métodos descritos.

O processo de visualização estereoscópica pelo método de separação es-


pacial é similar ao método adotado nos restituidores analógicos, que se caracte-
rizam por meio de componentes ópticos-mecânicos. Este sistema tem a desvan-
tagem de ser utilizado por um observador de cada vez (COELHO; BRITO, 2007).

O processo de separação espectral é caracterizado, segundo Coelho e Brito


(2007), devido à necessidade de se utilizar processadores gráficos que permitem
análises mais robustas, a necessidade de se utilizar óculos especiais com cristal
líquido, dispositivos de sincronização para que seja possível realizar a exibição,
e, também, o fechamento das imagens.

A visualização estereoscópica das imagens digitais pelo processo de aná-


glifo é uma técnica que permite a separação das imagens de um estereopar atra-
vés do uso de óculos especiais que possuem filtros em cores distintas em cada
uma das lentes e que se complementam. De uma forma geral, o par de óculos
possui lentes ou filtros em cores vermelho e ciano (COELHO; BRITO, 2007).

Em relação às lentes, Coelho e Brito (2007, p. 184) destacam o seguinte:


“a lente vermelha irá permitir que somente as frequências da cor vermelha pos-
sam atravessar. Para que haja a complementação das outras cores, o outro filtro
precisa ser ciano, uma mistura de verde com azul, desta forma as cores primárias
complementam o vermelho”.

Portanto, a imagem que corresponde ao olho esquerdo deve conter somente


o componente na cor vermelha, e a imagem do olho direito deve possuir os compo-
nentes nas cores azul e ciano. As imagens quando são fundidas e o anáglifo for uti-
lizado, cada um dos olhos terá a capacidade de perceber a imagem correspondente,
propiciando, portanto, a impressão de três dimensões (COELHO; BRITO, 2007).

Portanto, quando um ponto vermelho encontrar o ponto ciano, ele deverá


provocar no observador a sensação de que ele está “em um plano acima do pla-
no do objeto”, e quando coincidirem ocorrerá a impressão de que tal coincidência
ocorre no plano do objeto. Então quando o ponto vermelho estiver na esquerda de
seu homólogo, a impressão será que esse ponto se encontra “em um plano abaixo
do plano do objeto” (COELHO; BRITO 2007, p. 185). Observe a Figura 43, que de-
monstra a composição de um estereograma através do processo de anáglifo.

133
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

FIGURA 43 – COMPOSIÇÃO DE ESTEREOGRAMA ATRAVÉS DO PROCESSO DE ANÁGLIFO PARA


IMAGENS DIGITAIS

FONTE: Coelho e Brito (2007, p. 185)

Esta técnica de composição de estereograma pode ser aplicada nas imagens em


tons de cinza, e ele é o mesmo utilizado nas imagens coloridas (COELHO; BRITO, 2007).

Você acabou de estudar os processos estereoscópicos usados na fotointer-


pretação digital, vamos agora estudar a obtenção das fotografias aéreas.

4 OBTENÇÃO DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS

O processo de obtenção das fotografias aéreas é um trabalho que deve


ser realizado por uma equipe de profissionais especializados, uma vez que eles
precisam operar aviões que têm um elevado custo financeiro, bem como devem
saber manipular todo o equipamento e material fotográfico necessários para a
obtenção das fotografias aéreas (ANDERSON, 1982).

De uma forma geral, as fotografias são obtidas por meio de aviões, e em ca-
sos mais específicos são utilizados helicópteros para a obtenção. Quando utilizado
o avião para a obtenção das fotografias aéreas, a posição no instante da tomada das
fotografias do terreno que aparece abaixo da câmera é classificada como vertical.

134
TÓPICO 3 — ESTEREOSCOPIA, OBTENÇÃO DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS, MOSAICO, ÍNDICE DAS FOTOGRAFIAS

Uma fotografia vertical é composta de inúmeras características, como as


marcas fiduciais, que permitem a localização do ponto principal (PP) em uma foto-
grafia, ou seja, ela se encontra situada no centro da fotografia aérea. O avião deve
realizar o seu movimento para a obtenção das fotografias sempre em linha reta, a
linha determinada por quem realizou o planejamento da cobertura fotográfica, des-
ta forma, a segunda fotografia aérea terá outro ponto principal e assim por diante.

A segunda fotografia aérea terá inclusa a imagem correspondente ao pon-


to principal (PP) da primeira fotografia que recebe o nome de ponto principal
conjugado (PPC) da primeira fotografia (ANDERSON, 1982).

O recobrimento chamado de longitudinal recebe esta denominação quan-


do ele é realizado ao longo de uma faixa de voo, e “entre duas fotografias aéreas
tiradas em uma mesma direção de voo”, e quando é recobrimento transversal
é porque ele é realizado “entre duas faixas consecutivas”, conforme ponderam
Loch e Erba (2007, p. 84).

FIGURA 44 – LINHA DE VOO DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS

FONTE: Jensen (2010, p. 152)

A segunda fotografia aérea terá inclusa a imagem que se refere ao ponto


principal (PP) da primeira fotografia, que recebe o nome de “ponto principal
conjugado (PPC) da primeira fotografia” (ANDERSON, 1982, p. 58).

135
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

FIGURA 45 – PONTO PRINCIPAL CONJUGADO DAS FOTOS 1 E 2

FONTE: Jensen (2010, p. 155)

Para que seja possível ter o ponto principal da primeira fotografia incluí-
do na segunda fotografia, se faz necessário que o recobrimento seja de 50 a 60%
conforme demonstrado na Figura 45 (ANDERSON, 1982).

Segundo Anderson (1982), com a obtenção de duas fotografias aéreas


subsequentes estamos de posse de duas imagens da mesma área, e desta forma
temos condições de visualizar em estações aéreas distintas os mesmos objetos
presentes no terreno. Neste caso, estas duas imagens de um mesmo objeto são
denominadas de imagens conjugadas, ou então, homólogas, uma vez que elas
procedem de um mesmo objeto no terreno.

Observando uma fotografia aérea, identificamos que o ponto principal


dela e o ponto principal conjugado da fotografia seguinte são visíveis, e a linha
que realiza a conexão entre estes pontos é a linha de voo.

A linha de voo é a linha em que o avião realizou o seu deslocamento entre a


posição na qual foi tirada a fotografia 1 e a posição na qual foi tirada a fotografia 2,
representada respectivamente por PP1 e PP2. Destacando que só é possível identi-
ficar esta linha nas duas fotografias quando ela está presente em ambas. Uma foto-
grafia aérea somente não apresenta linha de voo identificável (ANDERSON, 1982).

136
TÓPICO 3 — ESTEREOSCOPIA, OBTENÇÃO DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS, MOSAICO, ÍNDICE DAS FOTOGRAFIAS

NOTA

“A linha de voo é uma resultante, e não necessariamente corresponde ao mo-


vimento real do avião” (ANDERSON, 1982, p. 58).

A linha de voo é formada entre a ligação existente entre o PP1 com o PP2,
e é denominada de fotobase, sendo ela medida em milímetros e trata-se de uma
distância relativa. A aerobase refere-se à distância absoluta real existente entre as
estações em que foram tiradas as fotos aéreas, e suas medidas são realizadas em
metros ou quilômetros (ANDERSON, 1982).

A linha de voo é importante para o alinhamento ou para a orientação das


fotografias aéreas no caso de uma reconstrução de uma situação ótica, que venha
a proporcionar imagens em 3D. Esta situação ótica compreende um sistema de
coordenadas retangulares, conforme descreve Anderson (1982).

Após a realização da obtenção de uma faixa das fotografias aéreas, o avião


deve retornar pela outra rota que permite, portanto, recobrir entre 10 a 30% da
faixa lateral anterior, desta forma, alguns dos pontos do terreno serão fotogra-
fados nas duas faixas aparecendo nos recobrimentos em até seis fotografias no
máximo, conforme pondera Anderson (1982).

Para que haja estereoscopia completa de uma faixa é necessário que se


tenha um recobrimento igual a 50% pelo menos, entre cada par de fotos por sequ-
ência. De forma geral, o recobrimento chega a 60% evitando os chamados buracos
na cobertura (ANDERSON, 1982).

Esses buracos a que Anderson (1982) se refere, podem acontecer devido às


oscilações da altura do voo e do vento, em determinadas situações o avião pode
apresentar problemas como o fato de derivar, o desvio, ou ainda a inclinação. Tais
problemas não são considerados como fatos intencionais, porém, as fotografias
que apresentam alguns destes problemas não são aceitos por quem requisita o
voo, e, então, o trabalho necessita ser refeito. A seguir, é possível observamos
duas imagens que demonstram o recobrimento das fotografias aéreas indicando
a deriva e o desvio dos voos (ANDERSON, 1982).

137
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

FIGURA 46 – RECOBRIMENTO DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS INDICANDO A DERIVA E O DESVIO

(a)

(b)
FONTE: Anderson (1982, p. 60)

138
TÓPICO 3 — ESTEREOSCOPIA, OBTENÇÃO DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS, MOSAICO, ÍNDICE DAS FOTOGRAFIAS

Nos últimos anos, as empresas que realizam os voos começaram a reali-


zá-los de forma apoiada, com a vantagem de produzir as coordenadas do centro
de cada fotografia aérea. Com a realização dos apoios é possível determinar a
posição, bem como a altitude da câmera a cada tomada da fotografia aérea, além
de obter os parâmetros de orientação externa da câmera necessários para os casos
de restituição (LOCH; ERBA, 2007).

Os voos apoiados levam um sistema de posicionamento global (GPS)


“com um rastreamento a bordo da aeronave e outro num ponto na terra”, que
auxiliam no processo de geração das coordenadas em cada centro das fotografias
que foram obtidas. Desta forma, “o voo apoiado auxilia o processo de planeja-
mento e o recobrimento longitudinal e lateral tendo como base o uso de progra-
mas computacionais permitindo que o operador possa visualizar as próximas
fotografias que devem ser obtidas” (LOCH; ERBA, 2007, p. 85).

O ponto de apoio terrestre para a obtenção das fotografias aéreas é basica-


mente dividido em: apoio básico e apoio fotogramétrico. O apoio fotogramétrico
descrito por Loch e Erba (2007) é composto de pontos planimétricos e pontos al-
timétricos. Estes apoios deverão ser projetados sobre a planta do fotoíndice com
base em determinados critérios, observe a descrição a seguir.

Apoio planimétrico:
• Em cada par de fotografias, devem figurar pelo menos três pontos
facilmente identificáveis;
• Esses pontos devem estar o mais afastado possível entre si, porém
não muito próximos das bordas das fotografias para evitar a redu-
ção da nitidez dos pontos situados nessas regiões;
• Devem ser escolhidos em posições elevadas, para facilidade
de intervisibilidade com os vértices da triangulação básica ou
pelo levantamento com o GPS. (LOCH; ERBA, 2007, p. 85)

TUROS
ESTUDOS FU

Caro acadêmico, você estudará fotoíndice no Subtópico4 deste tópico.

Os pontos a que Loch e Erba (2007, p. 85) se referem podem ser “confluência
de riachos, cruzamentos de cercas ou outros pontos que sejam de fácil identificação nas
fotografias”. A seleção é realizada com base no exame estereoscópico das fotografias.

Com relação ao apoio altimétrico, Loch e Erba (2007) destacam os critérios


que devem ser observados para o apoio, acompanhe:

139
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

• Devem figurar ao menos cinco pontos uniformemente distribu-


ídos em cada estereoscópio, sendo um deles próximo ao centro;
• Devem ser escolhidos locais, ou acidentes com as mesmas características
dos planimétricos e não muito próximos das bordas das fotografias;
• Devem estar situados em locais planos para maior rigor na colo-
cação da mira (LOCH; ERBA, 2007, p. 85).

Os pontos, segundo Loch e Erba (2007), devem ser marcados em uma có-
pia do fotoíndice para que sejam utilizadas para o levantamento no terreno dos
pontos planimétricos e altimétricos.

Caro acadêmico, você acabou de estudar a obtenção das fotografias aére-


as, vamos agora estudar os mosaicos e os índices das fotografias.

4 MOSAICO E ÍNDICE DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS

O mosaico é basicamente entendido como a constituição de um bloco de


fotografias aéreas ou imagens adjacentes unidas de forma sistemática pela so-
breposição de margens vizinhas para uma representação contínua da superfície
(SANTOS, 2004; JUNIOR, 2002; RAFFO, 2000).

O mosaico é utilizado quando uma fotografia não cobre uma superfície


extensa, e para equacionar o problema, os profissionais recorrem para a geração
dos mosaicos (SANTOS, 2004).

A forma mais tradicional de geração de mosaicos, segundo Santos (2004), é ob-


tenção pelo processo manual com a impressão em papel fotográfico, porém a sua produ-
ção irá ocorrer pelo meio da digitalização das fotografias aéreas com o uso dos escâneres,
ou também, pela obtenção direta por câmeras digitais, os mosaicos podem ser divididos
em três classes: os não controlados, os controlados e os mosaicos semicontrolados.

Os mosaicos não controlados segundo Santos (2004) são obtidos pela mescla-
gem e ajuste realizados entre os detalhes comuns que existem nas margens das ima-
gens aéreas. Segundo o autor, para esse tipo de mosaico não se usam pontos de referên-
cia no solo e as fotografias utilizadas não necessitam passar por técnicas de retificação.

O tipo de mosaico não controlado faz uso de uma técnica simples e ele pode
ser produzido de forma rápida, mas apresentará distorções decorrentes do deslo-
camento planimétrico dos objetos, pela irregularidade do terreno, e, também, pela
possível diferença de escala que pode ocorrer ao longo da superfície. Este tipo de
mosaico apresenta, ainda, uma precisão bastante reduzida (SANTOS, 2004).

Os mosaicos controlados são gerados com base em fotografias aéreas que


passam pelo método de retificação. A retificação fará com que as imagens cor-
respondam ao exato momento em que elas foram tiradas e com escala constante,
dessa forma, as possíveis deformações que geralmente são causadas pelas irregu-
laridades da superfície são corrigidas (SANTOS, 2004).

140
TÓPICO 3 — ESTEREOSCOPIA, OBTENÇÃO DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS, MOSAICO, ÍNDICE DAS FOTOGRAFIAS

Em relação ao processo manual no caso dos mosaicos controlados, os pon-


tos conhecidos como homólogos nas imagens devem ser emparelhados ao máxi-
mo e o relacionamento entre as fotografias aéreas deve ocorrer por um arranjo de
pontos de controle que devem ser plotados em uma prancheta onde as imagens
são montadas (SANTOS, 2004).

O mosaico controlado no processo digital possui características parecidas


com o processo manual, porém são construídos através de processo analítico de ge-
orreferenciamento utilizando toda a extensão das feições que determinam o tama-
nho de cada uma das fotografias aéreas envolvidas no processo (SANTOS, 2004).

O mosaico semicontrolado é gerado com base em combinações referentes


às classes de mosaico não controlado. Neste tipo de mosaico, o profissional pode
fazer uso de fotografias retificadas sem pontos de controle, ou também, podem ser
gerados mosaicos com o uso de pontos de apoio, segundo descreve Santos (2004).

Observe um exemplo de mosaico que demonstra o traçado de uma estra-


da na Figura 47.

FIGURA 47 – MOSAICO DEMONSTRANDO O TRAÇADO DE UMA ESTRADA

FONTE:<https://bit.ly/2P262U4>.Acesso em: 4 fev. 2021.

Os índices das fotografias aéreas têm como principal objetivo realizar a classi-
ficação e a numeração das inúmeras fotografias aéreas tiradas a cada ano. Os índices
das fotografias são classificados basicamente em fotoíndice fotográfico, fotoíndice de
margens e o fotoíndice de pontos principais e linhas de voo (ANDERSON, 1982).

O fotoíndice fotográfico trata-se de um tipo de mosaico, em que o recobri-


mento, tanto longitudinal quanto lateral, das fotografias aéreas são sobrepostos e
seu resultado é fotografado, conforme descreve Anderson (1982).

No fotoíndicefotográfico as margens e os números das fotos ficam visíveis para


que possam ser realizadas as identificações das fotografias que recobrem as áreas de
interesse profissional. Na Figura 48, você pode visualizar um exemplo do fotoíndice.

141
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

FIGURA 48 – FOTOÍNDICE DA LINHA DE VOO (ORLA DE MATINHOS, LITORAL DO PARANÁ)


DATA DO VOO: 21/07/2005

FONTE: Gonçalves (2006, p. 7)

O fotoíndice de margens refere-se a um desenho que se assemelha a um


mapa, no qual há características como as margens e o número de cada uma das foto-
grafias que estejam relacionadas a aspectos como as estradas, os canais hidrográficos,
bem como de outros aspectos considerados importantes (ANDERSON, 1982).

O fotoíndice dos pontos principais e das linhas de voo trata de um de-


senho que retrata um mapa, no qual são demonstrados, de forma sequencial, os
pontos principais unidos pelas linhas de voos com base em um mapa-esboço,
como destaca Anderson (1982).

ATENCAO

No Brasil, o controle em relação aos fotoíndices é realizado pelas empresas aero-


fogramétricas, porém, a coordenação nacional é feita pela Diretoria de Serviço Geográfico (DSG)

142
TÓPICO 3 — ESTEREOSCOPIA, OBTENÇÃO DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS, MOSAICO, ÍNDICE DAS FOTOGRAFIAS

Neste subtópico, você estudou mosaico e os índices das fotografias aéreas,


vamos agora estudar a paralaxe estereoscópica.

5 PARALAXE ESTEREOSCÓPICA

A paralaxe estereoscópica tem a sua definição, segundo Coelho e Brito (2007,


p. 180), como “o deslocamento da posição de um corpo ou objeto em relação a um
ponto ou sistema de referência, causado pela mudança do ponto de observação”.

Vamos acompanhar a descrição de um exemplo descrito por Coelho e Brito (2007,


p. 180) para que possamos entender melhor o que é a paralaxe estereoscópica, observe:

Se um observador tomar como referência a quina de uma parede de uma


sala, estender seu polegar apontando para cima entre a quina e seus olhos
e visualizá-la alternadamente, com um só olho aberto de cada vez, perce-
berá que o alinhamento entre o seu dedo e a quina da parede deslocar-se-
-á horizontalmente. Esse deslocamento aparente entre o dedo e a quina é
chamado de paralaxe estereoscópica. Quanto mais próximo do observa-
dor estiver o polegar maior será esse deslocamento horizontal. Desta for-
ma, o cérebro é capaz de ter a noção de profundidade num cenário real.

Um exemplo de Anderson (1982) para a paralaxe estereoscópica encontra-


se demonstrado na Figura 49, observe.

FIGURA 49 – PARALAXE ESTEREOSCÓPICA APARENTE

FONTE: Anderson (1982, p. 100)

143
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

O deslocamento aparente apontado por Coelho e Brito (2007) ocorre de


forma paralela à linha imaginária que realiza a ligação do centro do olho esquer-
do com o centro do olho direito.

Coelho e Brito (2007) apresentam outro exemplo bastante simples e facilita


muito para entendermos e memorizarmos o conceito de paralaxe estereoscópica.

Observe a Figura 50,

na qual imagens de pirâmides quadrangulares que supostamente


encontram-se tomada pelo eixo óptico da câmera verticalizada a
plano da base da pirâmide, a linha horizontal que une as imagens
do topo da pirâmide materializa [Figura 50a] na direção ao longo
da qual ocorre a paralaxe, na [Figura 50b], os deslocamentos apa-
rentes do topo da pirâmide, tanto na direção horizontal quanto
na direção perpendicular a esta (COELHO; BRITO, 2007, p. 181).

FIGURA 50 – IMAGEM DA PIRÂMIDE QUADRANGULAR

FONTE: Coelho e Brito (2007, p. 181)

A base de uma pirâmide quando colocada sobre um terreno plano e com


duas fotografias próximas, e movendo a câmera apenas em direção ao eixo X.
Observe a Figura 50a, você consegue verificar o tombamento ocorrido no topo da
pirâmide neste eixo.

Agora, se você movimentar a câmera em direção a Y perceberá também o


tombamento nesta direção (Figura 50b). Então, na Figura 50a, nós temos a para-
laxe estereoscópica em X com deslocamento do topo da pirâmide nesta direção,
e, na Figura 50b, observamos o efeito de paralaxe estereoscópica ocorrendo tanto
em X quanto em Y (COELHO; BRITO, 2007).

Sobre a paralaxe estereoscópica absoluta, Coelho e Brito (2007, p. 182) re-


latam que ela se encontra ligada diretamente com o deslocamento total ocorrido
de um “mesmo ponto fixo do objeto em relação ao centro focal de cada olho hu-

144
TÓPICO 3 — ESTEREOSCOPIA, OBTENÇÃO DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS, MOSAICO, ÍNDICE DAS FOTOGRAFIAS

mano, ou então, de cada câmera fotográfica”. Já o deslocamento relativo ocorre


entre dois pontos de referência diferentes e, portanto, eles são chamados como
“diferença de paralaxe estereoscópica”.

Precisamos estar atentos tanto para a questão da paralaxe estereoscópica


absoluta quanto para a questão da diferença da paralaxe, pois elas irão permitir que
sejam realizadas as determinações da altura dos objetos presentes nas fotografias
aéreas ou da realização de um cálculo para estimar a diferença de nível existente
entre dois pontos no espaço-objeto ou então no terreno (COELHO; BRITO, 2007).

Na Figura 51, conseguimos observar as marcas de referência das medi-


ções, que se referem às marcas flutuantes ou às marcas estereoscópicas que se
encontram sobre a base e o topo de um objeto, permitindo que a altura deste
possa ser calculada tendo como base a diferença existente entre a paralaxe estere-
oscópica e os pontos (COELHO; BRITO, 2007).

FIGURA 51 – IMAGENS ESTEREOSCÓPICAS

FONTE: Coelho e Brito (2007, p. 182)

Coelho e Brito (2007) ponderam que a realização da medição referente à


diferença da paralaxe existe entre o topo e a base de um objeto através de uma
marca de medição da paralaxe estereoscópica. A “marca estereoscópica é cha-
mada de marca flutuante, marca de referência ou então marca estereoscópica”
(COELHO; BRITO, 2007, p. 182).

145
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

LEITURA COMPLEMENTAR

USO DE ANÁGLIFOS DIGITAIS COMO FERRAMENTA AUXILIAR EM


FOTOINTERPRETAÇÃO AMBIENTAL

Attilio Antonio Disperati


Paulo Costa de Oliveira Filho

1 Introdução

A maioria das atividades conduzidas em Fotogrametria e em Foto interpre-


tação é realizada através da observação das fotografias aéreas em três dimensões
(3D). Esse tipo de observação, também denominada estereoscópica ou tridimen-
sional, proporciona uma melhor visualização e medição do relevo fotografado. O
anáglifo é um dos métodos utilizados para observar as fotografias aéreas em 3D.

Na década de 1990, os avanços da informática permitiram a geração de ima-


gens em 3D no monitor de computador e a utilização em diversas aplicações, incluin-
do a Cartografia (GONZÁLEZ, 2000). Os softwares computacionais de Fotograme-
tria Digital e alguns Sistemas de Informações Geográficas utilizam a técnica 3D para
a observação do par de fotografias aéreas ou de imagens satelitárias estereoscópicas.

A presente pesquisa discute a geração de anáglifos digitais utilizando fotogra-


fias aéreas e terrestres bem como a sua utilização, como alternativa de baixo custo, em
atividades práticas de ensino, pesquisa e profissionais de foto interpretação ambiental.

2 Objetivos

Os objetivos do presente artigo são:

• utilizar um software computacional gratuito para gerar anáglifos digitais par-


tindo de fotografias aéreas e terrestres;
• discutir a utilização de anáglifo digital como uma ferramenta auxiliar no en-
sino prático da Fotointerpretação e em estudos ambientais.

3 Revisão da literatura

3.1 Visão binocular, estereoscopia, anáglifos

Intrínseco ao processo de ver os objetos em 3D, encontra-se a observação


de duas imagens do mesmo objeto (ou mesmo local) vistas de posições ligeira-
mente diferentes. A visão binocular implica na observação de duas imagens do
mesmo objeto de posições ligeiramente diferentes, ou mais especificamente sepa-
radas pela distância interpupilar.

146
TÓPICO 3 — ESTEREOSCOPIA, OBTENÇÃO DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS, MOSAICO, ÍNDICE DAS FOTOGRAFIAS

As duas imagens visuais são conduzidas por estímulos elétrico são cé-
rebro que, aceitando a disparidade de uma pequena distância horizontal entre
elas, as une resultando em uma imagem tridimensional. Assim, cada olho ob-
serva apenas uma imagem e posteriormente ocorre a formação do modelo tridi-
mensional do objeto observado. Na observação monocular, isto é, efetuada com
apenas um olho, não ocorre a formação do modelo tridimensional do local obser-
vado, dificultando as medições, principalmente as diferenças de profundidade
entre objetos, a qual passa a ser feita na perspectiva de objetos e no encobrimento
parcial entre os objetos. Dessa forma, a observação em 3D só e factível através
da observação binocular de duas imagens do mesmo local obtidas de posições
diferentes, sendo que cada olho deve observar apenas uma imagem (ANDRADE,
1998; TAVARES; FAGUNDES, 1995; ROQUES; PESCE, 2004).

A Estereoscopia é a ciência e a arte que permite a visão estereoscópica


(terceira dimensão) e o estudo dos métodos que tornam possíveis esses efeitos
(GARCIA; PIEDADE, 1981).

Curiosamente, a estereoscopia precedeu a fotografia estabelecida, defini-


tivamente, em 1839. Thompson e Gruner (1980) comentaram que no período da
Idade Média, cientistas e especialistas em artes gráficas já dedicavam sua atenção
para o desenho de pessoas e de objetos e a respectiva observação em 3D. Eles
mostraram o que foi, provavelmente, o primeiro desenho de par em estéreo feito
à mão, elaborado por volta de 1600 pelo pintor florentino Jacopo Chimenti. Em
1726, o suíço F. Kapeller usou pela primeira vez desenhos estereoscópicos, do
Monte Pilatus próximo do Lago de Lucerne, para elaborar um mapa topográfico.

A maior utilização da estereoscopia foi com o advento da fotografia. Gon-


zalez (2000) comenta que o físico escocês Sir Charles Wheatstone, em junho de
1838, foi o primeiro a descrever com rigor o fenômeno da visão tridimensional e,
além disso, construiu um aparelho, denominado estereoscópio, com o qual se po-
dia apreciar em relevo os desenhos geométricos. Em 1849, Sir David Brewster ela-
borou a primeira câmara fotográfica estereoscópica com a qual obteve as primeiras
fotografias estereoscópicas, além de construir um visor com lentes para observar
as referidas fotografias. Em 1862, Oliver Wendell Holmes, desenvolveu um outro
modelo de estereoscópio de mão que se tornou muito popular no final do século
XIX, pois utilizava as fotografias estereoscópicas montadas em um cartão.

A fotografia aérea é um dos principais produtos de sensoriamento remoto


utilizado para a elaboração de mapas topográficos e temáticos da superfície da Terra.

No aerolevantamento de uma região, as fotografias aéreas são obtidas com um


determinado valor de recobrimento longitudinal (geralmente de 60%) e recobrimento
lateral (de 30%) visando à futura observação estereoscópica. O par de fotografias com
recobrimento é também denominado par estereoscópico; para sua observação, o fo-
tointérprete usa um método indireto propiciando que cada olho veja apenas uma das
fotografias; a observação do par de fotografias gera duas imagens diferentes no cérebro
e como consequência a parte comum do terreno nas duas fotografias é vista em 3D.

147
UNIDADE 2 — FOTOINTERPRETAÇÃO E OS DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS EMPREGADOS

Na Fotogrametria e na Fotointerpretação, usam-se dois métodos indiretos


para produzir a visão estereoscópica e assim ver as fotografias aéreas em 3D:
estereoscópio e anáglifo. O estereoscópico é o mais usado, propicia um modelo
melhor de ser observado e, por isso, conduz a medidas mais precisas, e cujos apa-
relhos são constituídos de lentes (estereoscópio de bolso) ou de um conjunto de
lentes, prismas e espelhos (estereoscópio de espelhos).

O anáglifo caracteriza uma solução mais simples, mais econômica visualização


em 3D, porém de menor qualidade visual quando comparado com o estereoscópio.

O anáglifo pode ser definido com a figura resultante da impressão ou pro-


jeção, em superposição, de um par de fotografias estereoscópicas (ou mesmo de-
senhos) em cores complementares (verde e vermelho), de tal forma que a imagem
vista em relevo ou em 3D é obtida pela observação do anáglifo através de óculos
com filtros nas usadas cores complementares (GARCIA e PIEDADE, 1981).

Existem duas variantes do método do anáglifo: por projeção (através de


projetores) e por impressão (em papel) (ANDRADE, 1998). O anáglifo por proje-
ção é usado em restituidores fotogramétricos de dupla projeção, tendo o multiplex
como o exemplo característico, visando à elaboração de mapas topográficos com
curvas de níveis. Esses restituidores, apesar de resultarem modelos estereoscópicos
de qualidade visual inferior aos provenientes de restituidores óticos-mecânicos, fo-
ram muito usados para mapeamento planialtimétrico nas décadas de 1940 a 1970
devido ao baixo custo, facilidade de manuseio e ao rápido aprendizado.

O anáglifo por impressão em papel, face ao aspecto prático pode ser dis-
ponibilizado mais facilmente, tem sido usado em revistas infantis e também como
meio de propaganda comercial principalmente em produtos alimentícios infantis.

Além disso, Davies e Bolas (1973) utilizaram a técnica para ensinar a lei-
tura e a interpretação de mapas topográficos. Nos casos citados, sempre houve a
disponibilidade dos óculos (feitos em papelão) com lentes coloridas para a res-
pectiva observação em 3D.

FONTE: DISPERATI, A. A.; OLIVEIRA FILHO, P. C. de. Uso de anáglifos digitais como ferramenta
auxiliar em fotointerpretação ambiental Revista Ciências Exatas e Naturais, Guarapuava, v. 7, n. 2,
jul./dez. 2005. Disponível em: http://bit.ly/3pASSKc. Acesso em: 25 ago. 2020.

148
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• O olho humano é a principal ferramenta para a estereoscopia, com ele é pos-


sível obter a terceira dimensão.

• A distância interpupilar em pessoas adultas varia de 58 a 60 mm, porém, algu-


mas pessoas têm distâncias interpupilares que podem ultrapassar os 70 mm.

• A visualização estereoscópica das fotografias digitais é classificada quanto à


separação espacial, separação espectral, separação temporal e pela combina-
ção de dois dos métodos descritos.

• A obtenção das fotografias aéreas ocorre através do uso de aviões, porém, em


alguns casos em específico, podem ser utilizados helicópteros.

• Os mosaicos são blocos de fotografias aéreas ou imagens adjacentes unidas


através da superposição das margens vizinhas das fotografias para uma re-
presentação continua de uma grande extensão da superfície. Os mosaicos são
classificados em: não controlados, controlados e semicontrolados.

• Os índices das fotografias aéreas têm o objetivo de classificar as fotos e enu-


merá-las, e elas são classificadas em: fotoíndice fotográfico, fotoíndice de mar-
gem e o fotoíndice de pontos principais e linhas de voo.

• A paralaxe trata do deslocamento da posição de um objeto em relação a um


sistema de referência, ocasionado devido à mudança do ponto de observação.

CHAMADA

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149
AUTOATIVIDADE

1 A distância interpupilar é a distância entre as posições das tomadas aére-


as, e elas são obtidas pelo tamanho da cabeça do observador, essa medida
não é semelhante a distância existente entre a posição do avião quando a
fotografia é tirada. Diante disso, assinale a alternativa CORRETA, sobre a
medida da distância interpupilar adulta.

a) ( ) Em pessoas adultas, a distância interpupilar varia entre menores que 40


e até no máximo 55 mm.
b) ( ) Em pessoas adultas, a distância interpupilar varia entre menores que 58
a maiores que 70 mm.
c) ( ) Em pessoas adultas, a distância interpupilar varia entre menores que 44
e até no máximo 57 mm.
d) ( ) Em pessoas adultas, a distância interpupilar varia entre menores que 39
e até no máximo 54 mm.

2 O mosaico é entendido como a constituição de um bloco de fotografias aéreas


ou de imagens unidas através da sobreposição de margens vizinhas para re-
presentar uma área contínua e extensa da superfície. O mosaico foi classificado
em mosaicos não controlados, controlados e os semicontrolados. Diante do ex-
posto, assinale a alternativa CORRETA em relação ao mosaico não controlado.

a) ( ) Nesse tipo de mosaico se usam pontos de referência no solo e as foto-


grafias não passam por técnicas de retificação.
b) ( ) Nesse tipo de mosaico não se usam pontos de referência no solo e as
fotografias passam por técnicas de retificação.
c) ( ) Nesse tipo de mosaico não se usam pontos de referência no solo e as
fotografias não passam por técnicas de retificação.
d) ( ) Nesse tipo de mosaico se usam pontos de referência no solo e as foto-
grafias passam por técnicas de retificação.

3 Os índices das fotografias aéreas objetivam a classificação e a numeração


das inúmeras fotografias tiradas todos os anos. No Brasil, a coordenação
nacional dos índices das fotografias é feita pela Diretoria de Serviços Geo-
gráficos. Diante disso, assinale a alternativa CORRETA, em relação à classi-
ficação dos índices das fotografias aéreas.

a) ( ) Fotoíndice fotográfico, fotoíndice de estereoscopia, fotoíndice de pon-


tos principais e linhas de voo.
b) ( ) Fotoíndice fotográfico, fotoíndice do ponto nadir, fotoíndice de pontos
principais e linhas de voo.
c) ( ) Fotoíndice fotográfico, fotoíndice de margem, fotoíndice de geometria
e índice das linhas de voos.
d) ( ) Fotoíndice fotográfico, fotoíndice de margem, fotoíndice de pontos
principais e linhas de voo.
150
4 A visualização estereoscópica das fotografias digitais foi classificada consi-
derando a separação espacial, separação espectral, a separação temporal e
a combinação de dois dos métodos descritos. A visualização das imagens
com o uso de processo de anáglifo permite que sejam realizadas a separa-
ção das imagens com o auxílio de um estereopar com o uso de óculos espe-
ciais que possuem filtros com cores distintas em cada lente. Portanto, com
base no exposto e nos conhecimentos adquiridos em seus estudos, disserte
sobre o par de óculos utilizado para as técnicas do processo de anáglifo.

5 O mosaico é entendido como sendo a constituição de um bloco de foto-


grafias aéreas ou imagens adjacentes unidas através de uma sobreposição
de margens vizinhas para a representação de forma contínua da superfície
terrestre. Usa-se o mosaico quando uma fotografia aérea não cobre uma
área extensa, e desta forma a geração do mosaico resolve o problema. Os
mosaicos são divididos em três classes – não controlados, controlados e se-
micontrolados – e todos eles são utilizados para as técnicas de fotointerpre-
tação. Portanto, com base no exposto e nos conhecimentos adquiridos em
seus estudos, disserte sobre o tipo de mosaico controlado.

151
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154
UNIDADE 3 —

APLICAÇÕES PRÁTICAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer as etapas e os estágios da fotointerpretação;


• compreender os aspectos e os elementos básicos e a metodologia;
• identificar os tipos de fotografias aéreas;
• assimilar o uso de outros sensores para a fotointerpretação;
• apreender os processos de restituição e georreferenciamento;
• distinguir os aspectos relacionados à análise digital da fotointer-
pretação;
• entender o processo da fotointerpretação aplicada.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – A FOTOINTERPRETAÇÃO, AS ETAPAS E OS


ESTÁGIOS, OS ASPECTOS E OS ELEMENTOS
BÁSICOS E A METODOLOGIA

TÓPICO 2 – TIPO DE FOTOGRAFIAS AÉREAS, USO DE OUTROS


SENSORES, RESTITUIÇÃO E
GEORREFERENCIAMENTO DAS FOTOGRAFIAS
AÉREAS

TÓPICO 3 – ANÁLISE DIGITAL E FOTOINTERPRETAÇÃO


APLICADA

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

155
156
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3

A FOTOINTERPRETAÇÃO, AS ETAPAS E OS
ESTÁGIOS, OS ASPECTOS E OS ELEMENTOS
BÁSICOS E A METODOLOGIA

1 INTRODUÇÃO

Neste tópico, nós trataremos, inicialmente, da fotointerpretação e o fa-


tor humano essencial para a realização da interpretação relacionado diretamente
com a acuidade visual do indivíduo.

As etapas e os estágios da fotointerpretação envolvem fases primordiais:


a observação e a interpretação, e as etapas compreendem o método sistemático
como a fotoleitura, a fotoanálise e a fotointerpretação.

Os aspectos e os elementos básicos da fotointerpretação são classificados


basicamente pela ordem de complexidade que auxiliarão no reconhecimento dos
objetos e elementos presentes nas fotografias aéreas e imagens de satélite e radar.
E, para finalizar os estudos deste tópico, será apresentada a metodologia para a
fotointerpretação e sua aplicação nas diversas aéreas do conhecimento.

Bons estudos!

2 A FOTOINTERPRETAÇÃO E O FATOR HUMANO

O fator humano na atividade de fotointerpretação está diretamente rela-


cionado com a acuidade visual do indivíduo, ou seja, com a capacidade que ele
possui em separar os detalhes possíveis de identificar em objetos visíveis e, isto
depende muito do poder de resolução que o olho humano possui (LOCH, 2008).

Portanto, é possível destacar que, além da experiência do fotointérprete, é ne-


cessária a acuidade visual do profissional. A capacidade que nossos olhos possuem para
conseguir distinguir desde os microdetalhes é necessária para que haja um contraste do
elemento em que se está analisando com relação aos demais elementos (LOCH, 2008).

É preciso destacar que no fator humano se deve ainda considerar a acui-


dade mental e nela encontram-se “o bom-senso, a experiência, a imaginação e a
perícia”, como bem destaca Loch (2008, p. 15).

157
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

Um dos aspectos do fator humano abordado por Loch (2008) e que auxilia
no processo da fotointerpretação são as chamadas chaves. A chave é um material
considerado de referência e muito utilizado para auxiliar no processo de identifi-
cação e determinação do significado dos objetos para o fotointérprete.

As chaves têm por objetivo auxiliar os profissionais nos processos de detecção,


identificação, além, de informar as conclusões dos objetivos e/ou elementos observados
nas fotografias. Uma das formas que o profissional tem de obter as chaves para o pro-
cesso da interpretação ocorre através do estudo dos sensores, uma vez que os objetos
podem apresentar respostas espectrais distintas para cada tipo de sensor (LOCH, 2008).

Vamos aqui pontuar dois tipos de chaves que foram apresentadas por
Loch (2008): as chaves de nível técnico e as de caráter intrínseco.

Nas chaves de nível técnico, o fotointérprete se utiliza de sua formação


técnica com base nas experiências, em formação de cursos acadêmicos, através de
pesquisas realizadas. No caso das chaves de caráter intrínseco é possível destacar
as diretas e associativas (LOCH, 2008).

No caso das chaves diretas, elas são muito usadas para identificar os fenômenos
discretos, identificados de forma direta na fotografia. As chaves associativas, por sua
vez, são utilizadas para a realização da dedução das informações que não são possíveis
de serem identificadas de forma direta em uma fotografia, e, neste caso, é necessário
o uso de objetos vizinhos para que o fotointérprete possa identificá-los (LOCH, 2008).

O fotointérprete é o profissional que possui, dentre outras habilidades, o


conhecimento, o treinamento e a experiência para estudar e realizar as atividades
que envolvem fotografias aéreas, imagens de satélite ou de radar, identificando
os significados dos elementos presentes nas fotos e imagens (LOCH, 2008).

Loch (2008, p. 17) relata em seu texto as características fundamentais que um


fotointérprete necessita ter, “a acuidade visual, a acuidade mental e a paciência e adap-
tabilidade”. O autor ainda destaca as características como tolerância e perseverança.

Sobre a perseverança, o fotointérprete, necessita ir à busca de todos os


meios e formas possíveis para que consiga atingir o objetivo, que no caso, é a so-
lução do problema. A tolerância por sua vez encontra-se relacionada com o fato
de o profissional realizar o trabalho de forma tranquila e correta (LOCH, 2008).

3 ETAPAS E ESTÁGIOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

Assim como em todos os trabalhos que realizamos precisamos determi-


nar as etapas, na fotointerpretação não é diferente. Para que possamos realizar
o processo de interpretação tanto das fotografias aéreas quanto das imagens de
satélite ou radar, necessitamos de duas fases primordiais: a observação e a in-
terpretação. O processo de interpretação é composto por três etapas conforme

158
TÓPICO 1 — A FOTOINTERPRETAÇÃO, AS ETAPAS E OS ESTÁGIOS, OS ASPECTOS E OS ELEMENTOS BÁSICOS E A METO-
DOLOGIA

descreve Anderson (1982), e que fazem parte do método sistemático. Estas etapas
são a foto leitura, a foto análise e a fotointerpretação.

A fotoleitura trata da realização de uma análise superficial da fotografia


aérea, imagem de satélite ou da imagem de radar. Nessa etapa, não se tem com-
promisso com o que é real na identificação dos objetos constantes nas fotos e
imagens (ANDERSON, 1982).

Na fotoanálise, ocorre o processo de estudo e ordenação das partes da foto-


grafia ou da imagem. É organizada uma legenda de interpretação, na qual consta o
agrupamento das regiões consideradas similares, através da repetição de elementos
que apresentam propriedades análogas e com mesma estrutura (ANDERSON, 1982).

A fotointerpretação se refere à etapa em que o profissional fotointérprete


realiza a análise e a explicação de cada um dos objetos presentes nas fotos e ima-
gens, fazendo uso do seu raciocínio lógico e dedutivo, baseado em técnicas que,
por vezes, são consideradas simples (ANDERSON, 1982).A fotointerpretação, para
que seja devidamente trabalhada, depende de fatores como (ANDERSON, 1982):

• Pessoa que irá realizar a fotointerpretação.


• O objetivo para o qual se está fazendo a fotointerpretação.
• O tipo e a qualidade das fotografias aéreas, imagens de satélite e radar.
• Os tipos e a disponibilidade dos instrumentos utilizados para a realização das
análises.
• Fator escala e demais exigências do trabalho.
• Conhecimentos obtidos por meio de fontes bibliográficas, ou de outras fontes
como o sensoriamento remoto.

Após conhecermos os fatores envolvidos no processo da fotointerpre-


tação, vamos conhecer e entender cada um dos estágios envolvidos. Anderson
(1982), em sua obra, apresenta seis estágios: detecção; reconhecimento e identifi-
cação; análise ou delineação; dedução; classificação; e idealização.

Anderson (1982, p. 14) destaca ainda um aspecto importante que se refere à


interpretação dos “fenômenos bem visíveis”, que no caso são os prédios, casas e ruas,
por exemplo, e para estes deve-se utilizar o termo “fotointerpretação direta”, e que
se faça uso do termo “objetos”. Em relação à interpretação dos fenômenos invisíveis,
como é o caso do solo Anderson (1982, p. 14) propõe a utilização do termo “fotointer-
pretação correlativa” e o uso do termo “elementos”. Após os esclarecimentos, vamos
acompanhar a descrição de cada um dos estágios da fotointerpretação.

3.1 DETECÇÃO

A detecção encontra-se relacionada com a visibilidade do objeto que deve ser


interpretado estando diretamente vinculado aos aspectos, como a escala, a qualidade
das fotografias, e também, ao conhecimento do fotointérprete (ANDERSON, 1982).
159
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

O ato de detectar não é simplesmente olhar, observar um objeto, e sim realizar


uma seleção, um agrupamento de objetos e/ou elementos de acordo com a importân-
cia e objetivo do trabalho que está sendo realizado (ANDERSON, 1982; LOCH, 2008).

O processo inverso da detecção ocorre a partir do momento em que obje-


tos e elementos não podem ser visualizados devido a fatores como escala muito
pequena, ou, então, a baixa qualidade das fotografias aéreas (ANDERSON, 1982).

3.2 RECONHECIMENTO E IDENTIFICAÇÃO

O processo de reconhecimento e de identificação necessitam tanto da


acuidade mental quanto da perícia e da experiência que o fotointérprete possui,
conforme pondera Loch (2008). Estes fatores têm a vantagem de serem auxiliares
através do uso de equipamentos como exemplo, o estereoscópio e as lentes de au-
mento. O reconhecimento e a identificação, segundo apontamentos de Anderson
(1982), quando combinados recebem o nome de foto leitura. O termo foto leitura
é de fácil entendimento, uma vez que ele se refere aos objetos que se encontram
visíveis na fotografia aérea. Portanto, é realizada uma leitura de forma sequencial
dos elementos visíveis e justapostos existentes na fotografia (LOCH, 2008).

Para que seja possível realizar a confirmação da identificação dos objetos


e/ou elementos que foram reconhecidos é preciso fazer o uso das chaves de in-
terpretação, e também, do conhecimento que o profissional fotointérprete tenha
da região que está sendo analisada (LOCH, 2008; ANDERSON, 1982). É neste
estágio de reconhecimento e de identificação que o intérprete deve considerar os
aspectos como sombra, tamanho, tonalidade, textura, densidade, declividade e
posição (LOCH, 2008; ANDERSON, 1982).

TUROS
ESTUDOS FU

Caro acadêmico, você irá estudar os aspectos da fotointerpretação no


Subtópico 4 deste Tópico 1.

3.3 ANÁLISE E DELINEAÇÃO

O processo de análise é utilizado de forma distinta por inúmeros fotoin-


térpretes. A análise trata, portanto, de um processo que permite que o intérprete
possa delimitar, e também, identificar o objeto. Neste momento, a preocupação
encontra-se mais direcionada com a particularidade de cada objeto ou de cada
elemento identificado (ANDERSON, 1982; LOCH, 2008).

160
TÓPICO 1 — A FOTOINTERPRETAÇÃO, AS ETAPAS E OS ESTÁGIOS, OS ASPECTOS E OS ELEMENTOS BÁSICOS E A METO-
DOLOGIA

Desta forma, o processo de delimitação pode ser classificado de três formas dis-
tintas que, segundo Anderson (1982, p. 16), são: “de confiança, de moderada confiança
e de pouca confiança”. Esta classificação apresentada pelo autor é muito importante,
principalmente na fotointerpretação correlativa. Anderson (1982) destaca que os ma-
pas fotoanalíticos são exemplos de mapas que podem ser elaborados desta forma.

3.4 DEDUÇÃO

A dedução é um dos processos mais complexos do estágio da fotointer-


pretação, uma vez que ela se fundamenta em convergências de evidências. As
evidências encontram-se baseadas em objetos claramente visíveis ou em elemen-
tos que disponibilizam informações para indicações correlatas. A dedução tem
como objetivo dividir os “diferentes grupos de objetos ou de elementos”. Neste
caso, a dedução é dependente do processo de análise (ANDERSON, 1982, p. 16).

De uma forma habitual podemos dizer que a dedução possui seu lugar na clas-
sificação. O processo de dedução pode ser realizado em níveis distintos. Primeiro, des-
taca-se o processo com objetos ou elementos que se encontram claramente visíveis, nes-
te caso, a dedução tende a condicionar o intérprete a conclusões, ou então, as hipóteses
funcionais devido a diferenças e as similaridades que apresentam (ANDERSON, 1982).

Em segundo, quando o processo da dedução for utilizado para estipular


tanto as diferenças quanto as similaridades dos objetos que não são visíveis, neste
caso, o cuidado que se deve ter é maior a fim de evitar as conclusões apressadas
e errôneas (ANDERSON, 1982).

Loch (2008) pondera a necessidade de se investigar os objetos claramente


visíveis em um primeiro momento, e obtendo as suas conclusões, para só depois
analisar os elementos.

3.5 CLASSIFICAÇÃO

Dos itens que compõem o estágio da fotointerpretação, a classificação, se-


gundo Loch (2008), é a que estabelece o agrupamento com base na identidade
dos elementos, objetos, ou então, as superfícies que foram identificadas. Para a
realização do agrupamento dos objetos Loch (2008, p. 26) pondera ser necessário
observar os seguintes itens:

1. Uma descrição do objeto da superfície.


2. Um agrupamento em sistemas pertinentes para as investigações
de campo (quando não tenha sido feita investigação de superfície
no campo) ou então, o agrupamento para a publicação final.
3. Uma codificação necessária para caracterizar o sistema.

161
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

A classificação, portanto, objetiva a comparação das diferentes superfícies


ou objetos identificados nas fotografias. Em relação aos objetos visíveis o proces-
so de classificação deve ser realizado considerando a natureza dos próprios obje-
tos como é o caso das árvores, estradas, edifícios, rios, características de relevo e
outros, como ponderam Loch (2008) e Anderson (1982).

No caso dos elementos invisíveis devem ser consideradas as “associações


com os objetos visíveis como é o caso dos solos, delimitação geológica como a
rede de drenagem” (LOCH, 2008, p. 26). O processo da classificação é o estágio
da fotointerpretação em que o intérprete necessita muito de sua acuidade mental
e do seu conhecimento do elemento que se está estudando (ANDERSON, 1982).

3.6 IDEALIZAÇÃO

A idealização trata de um aspecto um tanto quanto normal e obrigatório em to-


dos os trabalhos de mapeamento cartográfico. Refere-se a uma forma padronizada para
representar o que foi visto na foto imagem, permitindo que os demais usuários possam
entender de forma clara o mapa apresentado (ANDERSON, 1982; LOCH, 2008).

Para o processo de idealização, é necessário que sejam seguidas as normas téc-


nicas de representação, ou seja, um fotointérprete não tem como criar seus próprios
símbolos. “Existem manuais de simbologia técnica padrão” (LOCH, 2008, p. 27).

DICAS

Um dos exemplos de manual técnico de simbologia são as Convenções


Cartográficas, normas para o emprego dos símbolos. Acesse a primeira parte em:
https://bit.ly/3unE9WD.

Para Anderson (1982) e Loch (2008) a importância da idealização é tornar


os mapas mais compreensíveis para que os diversos tipos de usuários possam
compreendê-los. O processo de idealização envolve inúmeros elementos e cada
um deles tem o seu valor e significado.

Você acabou de estudar as etapas e os estágios da fotointerpretação, va-


mos agora estudar os aspectos e elementos básicos da fotointrepretação.

162
TÓPICO 1 — A FOTOINTERPRETAÇÃO, AS ETAPAS E OS ESTÁGIOS, OS ASPECTOS E OS ELEMENTOS BÁSICOS E A METO-
DOLOGIA

4 ASPETOS E ELEMENTOS BÁSICOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO


Os aspectos e elementos básicos de reconhecimento da fotointerpretação são
classificados em ordem de complexidade em primário, secundário e terciário, confor-
me apresentado por Jensen (2011). Na Figura 1, observamos a ilustração destas ordens.

FIGURA 1 – ELEMENTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO

FONTE: Adaptada de Jensen (2011, p. 134)

• Localização

O elemento localização, segundo Jensen (2011), refere-se às coordenadas


x, y das imagens, em que: a coordenada (x) é a coluna e (y) é a linha em uma ima-
gem que não foi retificada. A coordenada x, y de uma dada fotografia aérea, ou
imagem, devem ser retificadas para uma projeção de mapas conhecidos como é o
exemplo do Universal Transverso de Mercator (UTM).

• Posição geográfica ou regional

A posição está relacionada com a região onde a fotografia aérea ou ima-


gem de satélite e radar foram obtidas. O fotointérprete deve, inicialmente, rea-
lizar a localização da fotografia geograficamente, depois, ele deve realizar uma
pesquisa bibliográfica através de livros e jornais para obter um conhecimento
prévio da região que será interpretada (LOCH, 2008)

• Tom, cor, tonalidade

Este é um dos primeiros elementos que devem ser considerados após o


elemento localização e a posição geográfica. Em uma fotografia em preto e bran-
co, a tonalidade irá variar devendo ser analisadas as graduações do cinza. O olho

163
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

humano possui a capacidade de distinguir entre 130 a 200 tonalidades de distin-


tas de cinza (ANDERSON, 1982). O tom de cinza, segundo Loch (2008), depen-
de da cor: cores claras darão tonalidade clara na foto em preto e branco. Vamos
acompanhar alguns exemplos que foram apresentados por Loch (2008, p. 23).

1. Tom claro: terra arada para o plantio, aéreas sem vegetação, aflo-
ramentos rochosos e terrenos arenosos.
2. Tom intermediário: vegetação rasteira, pastagem, culturas anuais etc.
3. Tom escuro: áreas úmidas, solos orgânicos, alagadiços, vegetação
arbórea densa etc.

Nas fotografias coloridas conseguimos identificar inúmeras combinações


e em distintos níveis de intensidade, dependendo do contraste (ANDERSON,
1982). Vamos acompanhar, na Figura 2, exemplos do elemento tonalidade.

FIGURA 2 – ELEMENTO TONALIDADE

FONTE: Jensen (2011, p. 136)

A Figura 2a representa uma plantação e pinheiro, com suas folhagens em verde


e circundado por floresta. Na Figura 2b, a vegetação aparece escura, o solo encontra-se
descoberto e brilhante com e suas águas turbulentas são cinza. A Figura 2c refere-se a
uma fotografia U-2 do local de lançamento do satélite Russo o Sputnik (JENSEN, 2011).

• Tamanho

O tamanho do objeto em uma fotografia aérea depende exclusivamen-


te de sua escala. Portanto, a escala é o principal fator que deve ser considerado
quando se vai interpretar o tamanho do objeto (LOCH, 2008).

Nas Figuras 3a e 3b, você pode observar alguns exemplos referentes ao


tamanho do objeto presente na fotografia.

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TÓPICO 1 — A FOTOINTERPRETAÇÃO, AS ETAPAS E OS ESTÁGIOS, OS ASPECTOS E OS ELEMENTOS BÁSICOS E A METO-
DOLOGIA

FIGURA 3– ELEMENTO TAMANHO

FONTE: Jensen (2011, p. 138)

As figuras apresentadas demonstram, respectivamente, o tamanho dos


objetos presentes nas fotografias aéreas. É possível identificar o tamanho dos ve-
ículos de passeio e caminhões (JENSEN, 2011).

• Forma

O quarto elemento de reconhecimento na fotointerpretação é a forma. An-


derson (1982, p. 42) faz uma colocação interessante que diz que:

sempre devemos lembrar que a forma dos objetos que aparecem em


uma fotografia aérea é a de uma vista aérea, portanto, quando formos
observar uma foto aérea de um vulcão não estaremos vendo um cone
e sim um círculo menor dentro de um círculo maior, com dois anéis,
respectivamente, o cume e a base do vulcão.

As formas vistas nas fotografias aéreas representam traçados retos que


demonstram os aspectos humanos, através de linhas retas, ou então essas formas
se apresentam em formas de polígonos (ANDERSON, 1982).

Loch (2008, p. 21) destaca alguns exemplos para o elemento formas na


fotointerpretação, vamos acompanhar:

1. As construções têm forma retangular e sempre são servidas de


um acesso.
2. Cursos d'água apresentam-se com traçados em linhas contínuas e
irregulares, variando muito de um tipo de rocha para outro. Este
é um aspecto muito usado na interpretação de limites litológicos.
3. Culturas apresentam formas regulares, variando de uma espécie
para outra.

Na Figura 4, você pode observar alguns exemplos do elemento forma que


foram apresentados por Jensen (2011).

165
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

FIGURA 4 – ELEMENTO FORMA

FONTE: Jensen (2011, p. 140)

As Figura 4ª demonstra uma forma triangular de um jato de passageiros.


Na Figura 4b, é possível observar as formas retangulares das residências com os
módulos de larguras simples e duplas. Na Figura 4c, observamos o Pentágono, e
na Figura 4d, a forma radial das copas de palmeiras em San Diego na Califórnia,
Estados Unidos (JENSEN, 2011).

• Textura

O elemento textura é determinado pela união de muitos elementos iguais


ou similares e que se encontra em uma mesma área (ANDERSON, 1982). O arran-
jo desta união forma um objeto.

Para Loch (2008), a textura é um elemento que depende da escala, uma


vez que, em uma escala grande, é possível identificar micro detalhes que não são
possíveis em fotografias de escala pequena.

A textura segundo Anderson (1982) e Loch (2008) pode ser classificada


em: tosca ou fina e áspera ou suave. Na Figura 5, é possível observar exemplos do
elemento textura que foram apresentados por Jensen (2001).

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TÓPICO 1 — A FOTOINTERPRETAÇÃO, AS ETAPAS E OS ESTÁGIOS, OS ASPECTOS E OS ELEMENTOS BÁSICOS E A METO-
DOLOGIA

FIGURA 5 – ELEMENTOS TEXTURA

FONTE: Jensen (2011, p. 141)

Nas imagens, você pode observar os diferentes tipos de texturas, a Fi-


gura 5a trata-se de uma textura grosseira de plantações de abacate, gramado e
uma rodovia com textura lisa. Na Figura 5b, encontram-se texturas grosseiras de
troncos de pinheiros de uma serraria na Geórgia– EUA. Na Figura 5c, também na
Geórgia– EUA, a imagem demonstra uma textura mosqueada com solo exposto
em sistema de irrigação. E, para finalizar, a Figura 5d demonstra uma variedade
de texturas ao longo de um tributário do Mississipi (JENSEN, 2011).

• Padrão

Este elemento também é conhecido como modelo e se caracteriza através


da união ou da extensão das formas. Alguns padrões são mais fáceis de serem
reconhecidos devido aos seus aspectos como é o caso das ruas das cidades, ou en-
tão, de uma rede de drenagem formada pelos rios e pelos córregos (ANDERSON,
1982). Os padrões de drenagem possuem a sua importância na fotointerpretação,
uma vez que eles revelam informações importantes acerca do terreno como, por
exemplo, os solos, as rochas, a vegetação, os rios, a utilização de recursos naturais
e do ambiente pelo homem (ANDERSON, 1982).

Anderson (1982, p. 42) destaca três grupos distintos de padrões, sendo


eles: “1. o dos terrenos aluviais; 2. o das zonas de erosão, onde se observa pouco
ou nada da influência estrutural sobre a rede de drenagem; 3. o das zonas de ero-
são, onde a influência estrutural é evidente”.

167
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

Na Figura 6, seguem os principais padrões de drenagem que foram apre-


sentados por Anderson (1982).

FIGURA 6 – PADRÕES DE DRENAGEM

FONTE: Anderson (1982, p. 44)

Os padrões de drenagem possuem um lugar de destaque no que se refe-


rem aos demais elementos de reconhecimento utilizados para a identificação dos
fenômenos tanto geológicos quanto os do meio ambiente (ANDERSON, 1982).

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TÓPICO 1 — A FOTOINTERPRETAÇÃO, AS ETAPAS E OS ESTÁGIOS, OS ASPECTOS E OS ELEMENTOS BÁSICOS E A METO-
DOLOGIA

• Densidade

A densidade trata da “quantidade de unidade de um objeto que aparece


por unidade de área” (LOCH, 2008, p. 23). A forma correta de se quantificar a
densidade é em relação à área real do terreno. Vamos acompanhar um exemplo
de Loch (2008, p. 23), no qual:

1. É possível distinguir um tipo de vegetal através do espaçamento


entre as plantas (sempre associado à escala da foto).
2. Pode-se classificar o solo através da quantidade de rios (soma dos
comprimentos dos rios) por unidade de área (m² hectare).

Na Figura 7, encontram-se três tipos de densidade, apresentados por


Anderson (1982).

FIGURA 7– DENSIDADE DE DRENAGEM

FONTE: Anderson (1982, p. 45)

Na Figura 7,você pode observar os três tipos de densidade possível: espar-


sa, média e densa.

• Declividade

O elemento declividade é também conhecido como “ângulo de mergu-


lho”. Para Loch (2008, p. 23) o ângulo de mergulho é o “ângulo que a posição do
objeto forma o horizonte”. Este tipo de elemento é utilizado para realizar a deter-
minação do tipo de vertentes de um muro, ou para determinar a quantidade de
metros existentes em desnível em um trecho de rio (LOCH 2008).

O elemento declividade permite ainda que o fotointérprete possa identifi-


car quanto o terreno possui de inclinação e se tal inclinação pode ser benéfica ou
não para determinados tipos de estudos e análises de fenômenos naturais ou não.

169
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

FIGURA 8 – DECLIVIDADE

FONTE: Giasson (2010, p. 14)

• Sombra

A sombra, como elemento da fotointerpretação, é considerada uma con-


sequência da “forma do objeto”, e também do horário em que a fotografia foi
tirada. Sabendo o horário em que a foto foi tomada e o comprimento da sombra
do objeto é possível determinar a sua altura (ANDERSON, 1982; LOCH, 2008). A
sombra pode interferir de forma negativa no processo de interpretação pelo fato
dela não apresentar nitidez dos objetos que ficam “escondidos” por ela. Jensen
(2011) apresenta fotografias aéreas contendo o aspecto sombra. Estas fotos servi-
rão de exemplo para que você possa compreender melhor a descrição.

FIGURA 9 – ELEMENTO SOMBRA

FONTE: Jensen (2011, p. 143)

170
TÓPICO 1 — A FOTOINTERPRETAÇÃO, AS ETAPAS E OS ESTÁGIOS, OS ASPECTOS E OS ELEMENTOS BÁSICOS E A METO-
DOLOGIA

Na figura, você pode observar a sombra das pessoas e bancos (Figura 9a), som-
bra da placa de sinalização (Figura 9b), a sombra das Pirâmides de Gisa (Figura 9c), e a
sombra em uma imagem que demonstra a altura dos objetos (Figura 9d) (JENSEN, 2011).

• Adjacências

Este elemento de interpretação consiste na identificação de um objeto que


seja claramente visível e de fácil interpretação. Para isso, Loch (2008, p. 24) apre-
senta um exemplo: “um morrinho próximo a uma serraria nos levar a concluir
que ele é a serragem da madeira”.

Você acabou de estudar os aspectos e elementos básicos da fotointerpre-


tação, vamos agora iniciar os estudos da metodologia para a fotointerpretação.

5 METODOLOGIA PARA A FOTOINTERPRETAÇÃO


A fotointerpretação é uma técnica que está sendo utilizada cada vez mais
e por diferentes aéreas do conhecimento. Para atender a todos os usuários, foi es-
tabelecida uma metodologia sistemática que permite um melhor desenvolvimen-
to para uma utilização melhor e mais ampla das técnicas de fotointerpretação. O
uso de uma metodologia é fundamental para que possamos traduzir o empírico
em uso concreto e sistemático (ANDERSON, 1982)

O uso de uma metodologia geral de análise de fotointerpretação permite


que possam ser realizadas as trocas de experiências adquiridas no processo de
interpretação das fotografias aéreas com as demais aéreas do conhecimento. Sen-
do assim, uma “metodologia geral” serve em um primeiro momento como um
banco de dados para uso nas diversas ciências (ANDERSON, 1982).

Para uma metodologia geral é preciso que os diferentes aspectos relaciona-


dos com o processo da fotointerpretação sejam vistos e revistos de forma criteriosa,
a começar pelos materiais tecnológico e digitais presentes desde a primeira etapa,
chegando até os trabalhos de levantamento de campo. Destacando, aqui, que a in-
terpretação das fotografias aéreas não se trata de um método isolado, ela faz parte
de um grande grupo composto por vários processos (ANDERSON, 1982).

O grau e a precisão da identificação dos objetos nas fotografias aéreas


dependem exclusivamente do objetivo do estudo. A determinação da quantidade
de trabalho de campo que necessita ser realizada depende da “diferença entre o
grau de identificação” (ANDERSON, 1982, p. 32) que, em algum momento, fo-
ram requeridos. O grau de identificação na foto imagem estereoscópica encontra-
-se dependente da visibilidade do objeto em estudo. Objetos como árvores, casas
e estradas são claramente visíveis em uma fotografia aérea, porém, a visibilidade
real depende de fatores como a escala e a qualidade da fotografia, por exemplo.
Objetos como solo e água subterrânea não são visíveis em uma fotografia aérea.

171
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

Para a fotointerpretação são consideradas algumas ferramentas genéricas:


câmeras fotográficas, fotografias, estereoscópios, computadores e seus periféri-
cos, bem como programas computacionais (ANDERSON, 1982; LOCH, 2008).

Para o processo de interpretação devemos estar atentos a dois aspectos, o


“nível de formação para interpretação e os tipos ou fases da interpretação”, con-
forme sugere Anderson (1982, p. 35).

Sobre o nível de formação tem-se que: “o conhecimento geral, científico ou


especializado que o intérprete tenha, traz consigo o estudo da fotografia aérea”
(ANDERSON, 1982, p. 35). O profissional fotointérprete que não possui conhe-
cimento especializado tende a cometer inúmeros erros em suas interpretações.
A importância dos níveis de formação apresenta vantagens significativas como:

Uma seleção incorreta de fotointérpretes pode ser quase que comple-


tamente evitada.
Pode-se empreender um treinamento sistemático daqueles cientistas
que desejam usar a interpretação de fotografias aéreas (ANDERSON,
1982, p. 35).

As etapas, também chamadas de estágios da fotointerpretação, foram


classificadas em detecção, reconhecimento e identificação, análise, dedução, clas-
sificação e idealização, segundo Anderson (1982) e estudados por você no Subtó-
pico 3 deste tópico.

Anderson (1982) pondera que uma metodologia geral para a interpreta-


ção das fotografias aéreas deve servir como um banco de dados para os métodos
investigativos que façam uso dos mesmos padrões. Este tipo de metodologia deve
ser elaborado por especialistas de diversas aéreas como o caso dos geomorfólo-
gos, ecologistas, agrônomos, geólogos, matemáticos, Geógrafos e tantos outros.
Os resultados obtidos devem estar disponíveis como ferramentas de fotointerpre-
tação para todas as áreas do conhecimento, o que pode também facilitar a inclu-
são periódica de análises matemáticas sejam elas quantitativas ou de tratamentos
físicos (ANDERSON, 1982).

172
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• O fator humano nas atividades de fotointerpretação encontra-se diretamente


relacionado com a acuidade visual do fotointérprete, neste caso, com a ca-
pacidade que ele tem para separar e identificar os objetos visíveis em uma
fotografia aérea.

• As etapas e os estágios da fotointerpretação foram classificados em seis está-


gios: detecção, reconhecimento e identificação, análise e delineação, dedução,
classificação e idealização.

• Os aspectos e os elementos básicos da fotointerpretação são classificados por or-


dem de complexidade em primário, secundário e terciário. Na ordem primária
encontram-se os aspectos de localização, posição geográfica e tom/cor. Na ordem
secundária os aspectos tamanho, forma e textura. A terceira ordem compreende
os aspectos como padrão, sombra, densidade, adjacências e declividade.

• A metodologia para a interpretação é fundamental, uma vez que a técnica está


sendo usada cada vez mais por distintas áreas do conhecimento. Portanto, foi
estabelecida uma metodologia sistemática que permite ao fotointérprete uma
melhor utilização das técnicas de fotointerpretação. O uso de uma metodolo-
gia é de fundamental importância para que possamos traduzir o empírico em
uso concreto e sistemático.

173
AUTOATIVIDADE

1 Em estudos e trabalhos que realizamos é preciso determinar etapas, e na fo-


tointerpretação não é diferente. Para que possamos executar essas atividades
de interpretação das fotografias aéreas ou das imagens de satélite ou radar, ne-
cessitamos de duas fases: observação e interpretação. Sobre a fase da interpre-
tação, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas.

( ) A foto leitura é a realização de uma análise superficial da fotografia aé-


rea, imagem de satélite ou radar.
( ) No processo de foto análise, ocorre o estudo e a ordenação das partes da
fotografia aérea ou da imagem.
( ) A fotointerpretação é a etapa em que o intérprete realiza a análise e expli-
cação dos objetos presentes nas fotos.
( ) A foto leitura e a foto análise não fazem parte do processo das atividades
referentes a interpretação das fotos

Agora, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) F – V – V – V.
b) ( ) V – V – V – F.
c) ( ) F – V – F – V.
d) ( ) V – F – V – F.

2 Para que a fotointerpretação possa ser trabalhada de forma efetiva, foram


determinados alguns estágios. Estes são aspectos importantes que permi-
tem ao fotointérprete realizar a interpretação dos fenômenos visíveis e dos
fenômenos que não são visíveis. Diante do exposto, assinale a alternativa
CORRETA, que se refere aos estágios da fotointerpretação.

a) ( ) Detecção, reconhecimento e identificação, análise e delineação, dedu-


ção, classificação e idealização.
b) ( ) Detecção, reconhecimento e identificação, análise e delineação, dedu-
ção, visibilidade e idealização.
c) ( ) Indução, reconhecimento e identificação, análise e delineação, dedução,
classificação e idealização.
d) ( ) Detecção, amostragem e identificação, análise e delineação, dedução,
classificação e idealização.

3 Os aspectos e elementos básicos da fotointerpretação foram classificados segun-


do a ordem de complexidade para a realização da interpretação. Diante disso,
assinale a alternativa CORRETA, sobre os elementos da ordem secundária.

a) ( ) A ordem secundária é composta pelos elementos localização, tom e tamanho.


b) ( ) A ordem secundária é composta pelos elementos tamanho, forma e textura.

174
c) ( ) A ordem secundária é composta pelos elementos altura, densidade e
profundidade.
d) ( ) A ordem secundária é composta pelos elementos localização, textura e
densidade.

4 O fator humano no processo da fotointerpretação encontra-se relacionado


diretamente à acuidade visual do indivíduo, na capacidade em identificar
objetos visíveis na imagem, e isso depende do poder de resolução que o
olho humano possui. Além da acuidade visual destaca-se a experiência do
fotointérprete em distinguir desde os micros detalhes e relacioná-los aos
demais elementos. Com base no exposto e nos conhecimentos adquiridos
com seus estudos, disserte sobre a fotointerpretação e o fator humano.

5 A fotointerpretação é uma técnica que vem sendo cada vez mais utilizada
pelas distintas áreas do conhecimento e para isso se faz necessário uma
metodologia sistemática. O uso de uma metodologia permite que possa-
mos traduzir o empírico em uso concreto e sistemático, propiciando ainda
a troca de experiências adquiridas durante o processo de interpretação das
fotografias aéreas e das imagens de satélite. Portanto, com base no exposto
e nos conhecimentos adquiridos com seus estudos, disserte sobre o uso de
uma metodologia para a fotointerpretação.

175
176
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3

TIPO DE FOTOGRAFIAS AÉREAS, USO DE OUTROS


SENSORES, RESTITUIÇÃO E GEORREFERENCIAMENTO
DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS

1 INTRODUÇÃO

Neste segundo tópico, você estudará os tipos de fotografias aéreas, o uso


de outros sensores, a restituição e o georreferenciamento das fotografias aéreas.

O estudo das fotografias aéreas e o uso de imagens obtidas por outros senso-
res são de primordial importância, uma vez que é através delas que o fotointérprete
consegue extrair as informações para a realização dos seus trabalhos e estudos.

Portanto, os assuntos abordados aqui permitirão que você tenha uma base de
conhecimento necessária para as próximas etapas de seu aprendizado. Bons estudos!

2 TIPOS DE FOTOGRAFIAS AÉREAS


As fotografias aéreas foram classificadas de acordo com critérios e um deles
é a geometria, no caso, a orientação do eixo da câmera. Para a classificação baseada
na geometria as fotografias aéreas podem ser verticais e oblíquas. A fotografia aé-
rea vertical é a mais utilizada para a técnica da fotointerpretação (ZAIDAN, 2010).

A fotografia aérea vertical resulta quando o eixo ótico da câmera irá “coin-
cidir com a vertical” (ZAIDAN, 2010, p. 20) do local que está sendo fotografada,
na hora em que a fotografia está sendo tirada. As fotografias aéreas verticais, se-
gundo Zaidan (2010), além de serem muito utilizadas para as análises de fotoin-
terpretação, elas são também utilizadas para a elaboração das bases de dados
digitais para uso no geoprocessamento.

Vamos observar, na Figura 10, uma representação de uma tomada da foto-


grafia aérea vertical apresentada por Zaidan (2010) e uma fotografia aérea vertical
de um mosaico referente a uma área florestal demonstrada por Disperati, Santos
e Zerda (2007) (Figura 11).

177
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

FIGURA 10 – DEMONSTRAÇÃO DE UMA TOMADA DE FOTOGRAFIA AÉREA VERTICAL

FONTE: Zaidan (2010, p. 20)

FIGURA 11– FOTOGRAFIA AÉREA VERTICAL DE UMA ÁREA FLORESTAL – MOSAICO

FONTE: Disperati, Santos e Zerda (2007, p. 78

A vantagem de uma fotografia aérea vertical em relação a uma fotografia


aérea oblíqua está relacionada com a obtenção das medidas, que ocorrem através
das relações geométricas, bem como com a detecção e o reconhecimento dos obje-
tos identificados na imagem e por estarem mais próximas do real (ZAIDAN, 2010).

As fotografias aéreas oblíquas, também chamadas de fotografias aéreas


inclinadas, são as obtidas quando o eixo da câmera se encontra direcionado de
forma intencional entre o horizonte e a vertical. A depender da inclinação da
câmera, esta fotografia aérea pode ser classificada como alta ou baixa (ZAIDAN,
2010; DISPERATI; SANTOS; ZERDA, 2007).

Zaidan (2010, p. 21) pondera que o “ângulo normalmente oscila entre 90°
e 270°” para a tomada das fotografias aéreas, e, em alguns casos, pode ser maior
nas fotografias ou imagens obtidas através de satélites.

Na Figura 12, é possível observar fotografias aéreas oblíquas alta e baixa,


e que se referem ao “ângulo de inclinação do eixo ótico da câmera em relação à
vertical”, conforme foi determinado por Zaidan (2010, p. 21).

178
TÓPICO 2 — TIPO DE FOTOGRAFIAS AÉREAS, USO DE OUTROS SENSORES, RESTITUIÇÃO E GEORREFERENCIAMENTO DAS
FOTOGRAFIAS AÉREAS

FIGURA 12 – FOTOGRAFIA AÉREA OBLÍQUA ALTA E BAIXA

FONTE: Zaidan (2010, p. 21)

Zaidan (2010) ainda afirma que as fotografias aéreas oblíquas apresentam o


mesmo aspecto das fotografias panorâmicas, essas obtidas no ponto alto de uma eleva-
ção. Neste tipo de fotografia aérea, a escala vai aumentando de forma progressiva indo
dos primeiros até os últimos planos. Desta forma, quanto mais distante se encontram
os objetos fotografados, menor é a definição deles nas imagens que foram tomadas.

FIGURA 13 – FOTOGRAFIA OBLÍQUA

FONTE: Zaidan (2010, p. 21-22)

Na Figura 13a, conseguimos observar uma fotografia oblíqua normal, na


Figura 13b, é possível identificar o aumento progressivo da escala e, na Figura
13c, a perda de definição dos objetos nos últimos planos da fotografia.

Você acabou de estudar os tipos de fotografias aéreas, vamos agora estu-


dar a restituição ou compilação analógico e digital das fotografias aéreas.

179
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

3 RESTITUIÇÃO OU COMPILAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL


DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS

O termo restituição significa a reconstrução do terreno fotográfico com


base em suas fotografias. O resultado da restituição é um modelo ótico tridimen-
sional conhecido, também, como estéreo modelo ou modelo estereoscópico do
terreno fotografado, segundo descreve Zaidan (2010).

Para Temba (2000), a restituição refere-se a um procedimento do qual se


pretende obter de fotografias aéreas, as feições sejam elas planimétricas ou alti-
métricas de um local que esteja expresso na projeção ortogonal.

ATENCAO

Caro acadêmico, você já estudou projeção ortogonal no Tópico 1, da Unidade


2, deste livro didático.

Na Figura 14 é possível observar a representação do processo de restituição


desde o modelo gráfico.

FIGURA 14 – REPRESENTAÇÃO DO PROCESSO DE RESTITUIÇÃO DESDE O MODELO GRÁFICO

FONTE: Zaidan (2010, p. 44)

180
TÓPICO 2 — TIPO DE FOTOGRAFIAS AÉREAS, USO DE OUTROS SENSORES, RESTITUIÇÃO E GEORREFERENCIAMENTO DAS
FOTOGRAFIAS AÉREAS

Temba (2000, p. 8) descreve que, para a realização da “edição das cartas to-
pográficas de precisão”, faz-se necessário a reconstituição da exata posição de cada
uma das fotografias na hora exata em que elas foram tiradas. Para este procedimen-
to, o autor descreve como sendo a orientação interior do modelo estereoscópico. A
orientação relativa refere-se à reconstrução da posição que uma fotografia apresen-
ta em relação à outra e a localização de ambas as fotografias em relação a um deter-
minado terreno. Vamos acompanhar a descrição de cada um destes procedimentos:

• Orientação interior

Neste procedimento, faz-se o processo de recuperação da geometria in-


terna da câmera, no qual é necessário que se tenha o conhecimento prévio da
distância focal e das coordenadas do ponto principal. Ainda, “para que ocorra a
recuperação do feixe de luz de forma correta, é preciso que os erros sistemáticos
referentes às distorções óticas e a refração sejam eliminados” (TEMBA, 2000, p. 8).

• Orientação relativa

Trata-se da “reconstrução espacial de um ponto-objeto” em uma determi-


nada superfície fotografada, e de outros pontos que em função das projeções dos
mesmos pontos imagens, eles se interceptem (TEMBA, 2000, p. 9)

No processo de orientação relativa é preciso que sejam realizados em um


par de fotografias as orientações da posição e da altitude. A automação é realiza-
da basicamente pela correlação estrutural e pelos métodos de correlação por área
(KOKUBUM; TOMMASELLI, 2002).

• Orientação absoluta

Este é o último procedimento destacado por Temba (2000). A orientação


absoluta refere-se a vários tipos de cálculos considerados necessários para que
seja possível colocar em uma imagem a escala e a altitude correta considerando o
referencial espaço objeto (KOKUBUM; TOMMASELLI, 2002).

Zaidan (2010) descreve, com base em modelos estereoscópicos do terreno foto-


grafado, que conseguimos realizar medições e, é através do restituidor fotográfico que
os profissionais realizam a construção do modelo óptico tridimensional, tendo como
base as imagens e a medição das coordenadas dos pontos nestes mesmos modelos.

Desta forma, o que resultará da restituição de um levantamento aerofo-


togramétrico, é, portanto, uma carta ou um mapa do terreno fotografado com as
informações planimétricas e altimétricas, no caso, como exemplo as curvas de
nível e os pontos cotados: “1) curvas de nível: forma geométrica dos pontos de
mesma altitude; 2) pontos cotados: pontos do terreno situados em locais notáveis
de altitude indicado com topos ou depressões (ZAIDAN, 2010, p. 44).

181
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

Portanto, para que possamos elaborar um mapa com base em fotografias aéreas
faz-se necessário seguir algumas etapas como: “1) restituição do modelo; 2) compilação
das feições extraídas do modelo estereoscópico; e 3) edição” (ZAIDAN, 2010, p. 44).

Para que possamos realizar a restituição do par de estereoscópio da fotogra-


fia será preciso a utilização de um aparelho chamado de restituidor fotogramétrico.

O restituidor realiza a transformação de um par de fotografias aéreas em uma


projeção ortogonal, portanto, um “modelo estereoscópico do terreno fotografado, es-
tas que são as imagens perspectivas do terreno fotografado” (ZAIDAN, 2010, p. 44).

Com isso, será possível realizar as medições das coordenadas do ponto no esté-
reo modelo, assim como, a execução das compilações das feições da imagem, as formas
de representação do terreno por meio das curvas de nível, e também, dos pontos cotados.

Vamos observar, na Figura 15, imagens referentes aos restituidores do


método analógico e do método analítico acoplado em computador.

FIGURA 15 – RESTITUIDOR ANALÓGICO E ANALÍTICO ACOPLADO EM COMPUTADOR

FONTE: Zaidan (2010, p. 44-45)

Temba (2000) relata que as restituições realizadas em equipamentos analí-


ticos precisavam que programas específicos fossem instalados em computadores
para que fosse possível a realização de determinadas operações como as ope-
rações de orientações, de medições e as de desenho, ficando somente o modelo
óptico para a realização do processo de observação estereoscópica.

A restituição digital possui uma capacidade superior em relação às ope-


rações realizadas nas fotografias aéreas quando comparadas com a restituição
analógica (TEMBA, 2000).

A imagem digital tem o comportamento das feições armazenadas em uma ma-


triz, na qual cada registro demonstra uma intensidade da energia eletromagnética.

182
TÓPICO 2 — TIPO DE FOTOGRAFIAS AÉREAS, USO DE OUTROS SENSORES, RESTITUIÇÃO E GEORREFERENCIAMENTO DAS
FOTOGRAFIAS AÉREAS

A restituição digital facilitou também o processo de análises, tanto as de


caráter pictórico quanto as relacionadas às feições demonstradas através de tra-
ços que podem ser realizadas sobre as imagens (TEMBA, 2000).

Na Figura 16, você pode observar modelos de restituidores pelo método


digital apresentados por Zaidan (2010).

FIGURA 16 – RESTITUIDORES DIGITAIS

FONTE: Zaidan (2010, p. 45-46)

Na Figura 16a, você pode observar os modelos de restituidores digitais


que servem basicamente para formar um modelo geométrico do terreno, um
exemplo de restituidor com sistema de polarização ativa, um óculos de cristal
líquido com uma oscilação de 120 Hz (Figura 16b) e um modelo de produto gera-
do, ou seja, a imagem restituída(Figura 16c).

Você acabou de estudar a restituição ou compilação analógica e digital das fo-


tografias aéreas. Vamos agora estudar o uso de outros sensores na fotointerpretação.

4 USO DOS OUTROS SENSORES NA FOTOINTERPRETAÇÃO

Para a utilização dos trabalhos de fotointerpretação além das fotografias


aéreas é possível utilizarmos imagens de satélite e radar, produtos obtidos por
meio de sensores. Os sensores que serão apresentados para você neste subtópico
de estudo são os sensores Landsat, o sensor Spot, o sensor Radar e o Cbers.

183
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

4.1 LANDSAT

O objetivo principal do sistema Landsat é a realização da aquisição de


forma repetitiva e com alta resolução dos dados da superfície terrestre.

Para atingir o objetivo principal dois sistemas sensores foram desenvol-


vidos e construídos sendo eles: imageador multiespectral que ficou conhecido
como sendo subsistema Multispectral Scanner System (MSS), e um subsistema de
câmera de televisão, chamado de RBV, no caso, Return Beam Vidicam. O sistema
Landsat conta com inúmeros outros acessórios para a execução de diversas ati-
vidades como o “controle de altitude do satélite, o controle de temperatura, o
ajustamento da órbita, os equipamentos de gravação, de processamento e os de
transmissão dos dados” (LOCH, 2008, p. 75).

DICAS

Para a obtenção de imagens do sistema Landsat você pode acessar o catálogo


de imagens do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), realizar seu cadastro e sele-
cionar as imagens de seu interesse. Disponível em: http://www.dgi.inpe.br/CDSR/.

A cidade de Cuiabá–MT, considerada o centro geográfico da América do


Sul, foi o local escolhido para a implementação do centro de recepção e de grava-
ção dos dados do satélite Landsat, ficando descoberto, sem as imagens Landsat,
o sul da Argentina e do Chile, assim como o norte da Venezuela (LOCH, 2008).

Logo após o processo de recepção e geração, as fitas são encaminhadas


para a cidade de Cachoeira Paulista– SP, no Instituto Nacional de Pesquisas Es-
paciais (INPE), onde fica o Laboratório de Processamento de Imagens (LOCH,
2008). Na Figura 17, você pode observar uma imagem Landsat 8 de Tijuana – Mé-
xico, de 25 de janeiro de 2017.

184
TÓPICO 2 — TIPO DE FOTOGRAFIAS AÉREAS, USO DE OUTROS SENSORES, RESTITUIÇÃO E GEORREFERENCIAMENTO DAS
FOTOGRAFIAS AÉREAS

FIGURA 17 – IMAGEM LADSAT 8 - TIJUANA - MÉXICO

FONTE: <https://bit.ly/3dB8Oda>. Acesso em: 4 fev. 2021.

4.2 SPOT
O sistema Spot faz parte de uma associação entre a França, Suécia e Bélgi-
ca e tem como principal objetivo a construção de um arquivo que possa ser dis-
ponível em uma base de dados mundial para a exploração da superfície da Terra,
e que possibilite ainda a construção de um arquivo que permita a realização de
análises estereoscópicas com finalidades para as áreas da fotointerpretação, car-
tografia e a atualização cadastral em escala de 1:100.000 e 1:50.000 (LOCH, 2008).
A seguir, você pode observar uma imagem Spot.

DICAS

Caro acadêmico, para maiores informações do sistema Spot, você pode aces-
sar o manual do usuário. Neste manual, você encontrará informações do modelo espectral
e geométrico, a forma de aquisição das imagens entre outras informações, basta que você
acesse o endereço: https://bit.ly/3aKujq4.

185
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

FIGURA 18 – IMAGEM DE SATÉLITE DE HONG KONG – SATÉLITE SPOT-5, EM 2002

FONTE: <https://bit.ly/37D4UfS>. Acesso em: 4 fev. 2021.

O sensor Spot imageia tanto no modo multiespectral quanto no pancro-


mático. O sistema Spot é comercializado através de uma empresa privada e ele
imageia apenas as áreas que foram solicitadas antecipadamente (LOCH, 2008).

4.3 RADAR
É um sistema ativo e sua operação ocorre na faixa de rádio ou micro-on-
das. Radar significa Radio Detection anda Ranging e tem a sua tradução como “De-
tecção e Localização por Ondas de Rádio” (LOCH, 2008, p. 80).

Em relação ao Radar, o princípio básico é “a emissão de um sinal de rádio,


que não é dependente da iluminação do sol, e, portanto, ele pode imagear pelo perí-
odo de 24 horas diárias e sob quaisquer condições atmosféricas” (LOCH, 2008, p. 80).

A forma de aquisição dessas imagens ocorre através de uma antena pa-


rabólica refletora que possui 15 m de diâmetro e as suas aplicações encontram-se
voltadas paras a detecção de óleo em oceano, de florestamento da Amazônia,
monitoramento de deslizamentos e riscos urbanos, agricultura e para a meteoro-
logia. Na Figura 19, você pode observar uma imagem de Radar.

186
TÓPICO 2 — TIPO DE FOTOGRAFIAS AÉREAS, USO DE OUTROS SENSORES, RESTITUIÇÃO E GEORREFERENCIAMENTO DAS
FOTOGRAFIAS AÉREAS

FIGURA 19 – IMAGEM DE RADAR SOLAR

FONTE: <https://bit.ly/37AAXgH>. Acesso em: 4 fev. 2021.

Observe que na imagem os rios, estradas e ruas encontram-se com aspec-


tos lisos e planos e aparecem na tonalidade mais escura. Os edifícios como são
considerados como fortes refletores e tendem a ser mais claros e brilhantes. Os
terrenos mais acidentados são semelhantes aos de uma fotografia aérea.

4.4 CBERS
O programa CBERS é uma parceria entre o Brasil e a China na área técnico
científica espacial. A principal missão do programa Cbers, no caso o Cbers 3 e 4, é
a coleta dos dados para o monitoramento e estudos tanto dos fenômenos naturais
quanto dos antrópicos ocorridos na superfície da Terra (EPIPHANIO, 2011).

Alguns fatores que fazem parte da missão Cbers 3 e 4 foram relatados por
Epiphanio, (2011, p. 2), observe:
a) adquirir imagens pancromáticas de alta resolução da superfície terrestre;
b) adquirir imagens de alta resolução nas bandas do visível, infraverme-
lho próximo, infravermelho de ondas curtas e infravermelho termal;
c) adquirir imagens da superfície terrestre com grande frequência;
d) receber e retransmitir dados de estações terrenas de coleta de dados;
e) monitorar o ambiente do satélite quanto à irradiação por partículas.

Em 20 de dezembro de 2019, foi lançado o CBERS 4-A, este é sexto satélite


da parceria Brasil e China. No dia 27 de dezembro do mesmo ano, ocorreram as
primeiras recepções das imagens deste satélite (INPE, 2019).

Na Figura 20, você pode observar uma imagem do CBERS 4-A, referente
à LhaSa, província do Tibete.

187
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

FIGURA 20 – CBERS 4-A, REFERENTE A LHASA, PROVÍNCIA DO TIBETE

FONTE: <https://bit.ly/2ZNV9XT>. Acesso em: 4 fev. 2021.

Esta é uma imagem em composição nas cores reais, encontram-se em


banda pancromática, 2 metros, mas as bandas multiespectrais de 8 metros e
recorte de 2 quilômetros.

Como sistemas sensores têm ainda o MOMS (Modular Opto Eletronic Mul-
tiespectral Scanner), ele é um sistema óptico eletrônico lançado pela Alemanha. O
satélite JERS, satélite japonês para os recursos da Terra e o RADARSAT, canadense,
projetado para o oceano, terra, gelo e tem uma órbita quase polar (LOCH, 2008).

DICAS

Para a obtenção de imagens do sistema CBERS, você pode acessar o catálo-


go de imagens do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), realizar seu cadastro e
selecionar as imagens de seu interesse, basta acessar os seguintes endereços eletrônicos:
• http://www.cbers.inpe.br/
• http://www.dgi.inpe.br/CDSR/

188
TÓPICO 2 — TIPO DE FOTOGRAFIAS AÉREAS, USO DE OUTROS SENSORES, RESTITUIÇÃO E GEORREFERENCIAMENTO DAS
FOTOGRAFIAS AÉREAS

5 GEORREFERENCIAMENTO DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS


A localização geográfica é o fator que diferencia a informação geográfica
dos demais tipos de informação, e os métodos utilizados para que possam ser loca-
lizados determinados lugares na superfície terrestre são considerados como sendo
cruciais para a geração de novas informações geográficas (LONGLEY et al., 2013).

Longley et al. (2013, p. 124) destaca que “os termos utilizados para de-
terminar a atribuição das localizações das informações são inúmeros. Os termos
apresentados foram: georreferenciar, geolocalizar e geocodificar”. Para a reali-
zação de uma referência geográfica é preciso estar atento para alguns requisitos:

1. ela precisa ser única, portanto, deve haver “somente uma localiza-
ção associada a uma dada referência geográfica;
2. o seu significado possa ser compartilhado entre as pessoas que tra-
balhem com tais informações, e que elas possam ser utilizadas em
sistemas de informações geográficas (LONGLEY et al., 2013, p. 124).

As referências geográficas, para que tenham mais utilidades, como des-


creve Longley et al. (2013), devem ser constantes ao longo do tempo, e apresentar
precisão ao longo do tempo. Os autores ponderam ainda que “cada uma das
referências geográficas deve estar relacionada a uma resolução espacial, e que
esta deve conter o tamanho da área igual àquela em que se encontra associado à
referência” (LONGLEY et al., 2013, p. 124).

Em algumas situações, o sistema de georreferenciamento é considerado


como sendo único em apenas uma dada área ou espaço da superfície terrestre, ou
seja, não devem existir mais de um sistema de georreferenciamento na mesma área
ou espaço da superfície terrestre. Existem referências geográficas fundamentadas
em nomes considerados como sendo simples, como é o caso do Monte Everest, po-
rém, existem outras referências geográficas que precisam ser baseadas em inúme-
ros tipos de medições, e essas são chamadas de referências geográficas métricas. As
referências geográficas métricas fazem uso da latitude e da longitude, bem como de
outros tipos de sistemas de coordenadas, também essenciais para a construção de
mapas e visualização em sistemas de informações geográficas, como também em
qualquer outro tipo de análise numérica (LONGLEY et al., 2013).

As vantagens do georreferenciamento que merecem destaque, segundo


apontamento de Longley et al. (2013), referem-se a um grande potencial para as
resoluções espaciais desde que tenhamos medições precisas e que sejam utiliza-
das casas decimais suficientes (o número das casas decimais depende do tipo de
instrumento que se esteja utilizando) e que permitam localizar e identificar qual-
quer que seja a informação em qualquer nível de acurácia.

Ainda é possível obter medidas de dois ou mais locais, além de realizar


cálculos de distância.

189
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

NOTA

As medições precisas são obtidas através do Posicionamento por Ponto Preci-


so, uma técnica que faz uso do Sistema Global de Navegação por Satélite, conhecido po-
pularmente como GNSS, e que fornece, portanto, um elevado nível de precisão através de
um único receptor. Para saber mais da obtenção de medições precisas por ponto preciso,
acesse:https://bit.ly/37Dxgqq.

Longley et al. (2013) ponderam que os mais poderosos sistemas de georrefe-


renciamento são os que conseguem fornecer uma resolução espacial com maior nível
de detalhe, também os cálculos de distância e das diversas formas de análise espacial
possíveis, e podem, atualmente, ser obtidos através de sistemas de posicionamento
por satélites como o método de posicionamento de ponto preciso, por exemplo.

O sistema UTM (Universal Transversa de Mercator), através da latitude e


longitude, é o mais compreendido e o mais utilizado como sistema geográfico de
coordenadas, estando baseado na rotação da Terra.

O georreferenciamento para as imagens obtidas através dos satélites, a


elevadas altitudes resultam em deslocamentos, e para solucionar tal fato, utili-
za-se o processo de transformação sistemática utilizando como base posições co-
nhecidas de um determinado conjunto de pontos de controle que se encontram
dispersos, este processo é realizado com base em um sistema de informação geo-
gráfica (SIG) (BRITO; COELHO, 2002).

Em relação ao processo de georreferenciamento com fotografias aéreas, é


mais complexo do que ocorre com as imagens de satélite uma vez que é necessário
levar em consideração o movimento que está relacionado com o balanço da aero-
nave, bem como com a variação da altitude da aeronave, e também com o fator
referente à variação da topografia do relevo. São estes os fatores que contribuem
para as distorções sistemáticas irregulares da imagem e que não são possíveis
de serem removidas pelos mesmos procedimentos utilizados para as imagens
orbitais (BRITO; COELHO, 2002). Portanto, em se tratando de fotografias aéreas,
o procedimento a ser utilizado é a restituição fotogramétrica, que possibilita a re-
moção das distorções, além de propiciar que sejam executadas medidas de mapas
de formas mais exatas (BRITO; COELHO, 2002).

Brito e Coelho (2002) chamam a atenção para a questão do georreferencia-


mento, uma vez que ela trata de uma transformação geométrica em que relaciona
as coordenadas planas de um objeto ou elementos com as coordenadas de refe-
rência. Os autores descrevem que o georreferenciamento, assim como os demais
tipos de transformações, determinam parâmetros que com base nas leituras de
coordenadas pixel das imagens, se consegue obter as coordenadas corresponden-

190
TÓPICO 2 — TIPO DE FOTOGRAFIAS AÉREAS, USO DE OUTROS SENSORES, RESTITUIÇÃO E GEORREFERENCIAMENTO DAS
FOTOGRAFIAS AÉREAS

tes no terreno de determinados pontos. São inúmeros os modelos que podem ser
adotados para realizar esta transformação, e devem ser adotados no mínimo três
pontos de controle, porém, recomenda-se a adoção de mais pontos.

A seguir, acompanhe o processo de realização de georreferenciamento com


o uso do software QGIS, passo a passo desenvolvido por Alves e Machado (2014).

GEORREFERENCIAMENTO

O Georreferenciamento descreve a relação entre os parâmetros de loca-


lização dos objetos no espaço da imagem e no sistema de referência.

O procedimento habitual para o georreferenciamento de uma imagem


consiste em selecionar múltiplos pontos no raster, especificar suas coordena-
das e escolher o tipo de transformação mais apropriado para o arquivo. Ba-
seado nos dados e parâmetros de entrada, o complemento irá computar os
parâmetros do arquivo world ou então criar um novo GeoTIFF. Quanto mais
pontos de controle (coordenadas) forem informados, melhor será o resultado
do processo.

1. Abra o QGIS no Menu Raster→ Georreferenciador→ por fim clique em Georre-


ferenciador, para abrir o Aplicativo Georreferenciador.

191
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

• Aplicativo Georreferenciador

2. Clique no ícone abrir raster e adicione a imagem que deseja


georreferenciar.

3. O ícone adicionar ponto usado para adicionar pontos na área de tra-


balho principal e introduzir as suas coordenadas. Para este procedimento
existem três opções:

A) Clique em determinado ponto da imagem raster e entre com suas coorde-


nadas X e Y manualmente;

Figura Operação de Adição de Imagens)

192
TÓPICO 2 — TIPO DE FOTOGRAFIAS AÉREAS, USO DE OUTROS SENSORES, RESTITUIÇÃO E GEORREFERENCIAMENTO DAS
FOTOGRAFIAS AÉREAS

B) Clique no ponto da imagem matricial e escolha o botão a partir do mapa da


tela Funcionalidades das Ferramentas para adicionar as coordenadas
X e Y com a ajuda do mapa georreferenciado que já se encontra carregado
na janela principal do QGIS, isto é, clica-se em um local conhecido em am-
bos os mapas e a coordenada da imagem georreferenciada automaticamen-
te carrega na imagem não referenciada.

• Pode haver a combinação de ambas ao mesmo tempo, hora marca-se inserindo


as coordenadas manualmente e hora utilizando a imagem georreferenciada; e

• O ícone mover ponto GCP pode mover os GCP em ambas as janelas,


se estiverem no lugar errado.

4. Insira pontos de controle, o mínimo necessário é de 4 pontos, espalhados


pelas 4 pontas da imagem, quanto mais pontos forem adicionados melhor
será o resultado obtido.

Os pontos que adicionar ao mapa serão guardados num arquivo de


texto separado ([filename].points) normalmente junto com a imagem raster. Isto
permite que possamos reabrir o módulo do Georreferenciador mais tarde e
adicionar novos pontos ou apagar existentes para otimizar o resultado. O ar-
quivo de pontos contém valores na forma de: mapX, mapY, pixelX, pixelY.

Pode usar o carregar pontos GCP e o Salvar pontos GCP como


para gerir os arquivos.

193
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

5. Depois que os pontos GCP estão devidamente adicionados à imagem raster,


é necessário definir as configurações de transformação para o processo de ge-
orreferenciamento, para isso clique em configurações de transformação .

194
TÓPICO 2 — TIPO DE FOTOGRAFIAS AÉREAS, USO DE OUTROS SENSORES, RESTITUIÇÃO E GEORREFERENCIAMENTO DAS
FOTOGRAFIAS AÉREAS

6. Algoritmos de transformação disponíveis:

Dependendo da quantidade de pontos de controle capturados, será


possível a utilização de diferentes algoritmos de transformação. A escolha de
um desses algoritmos também depende do tipo e da qualidade dos dados de
entrada inseridos e a quantidade de distorção geométrica que se está disposto
a introduzir no resultado final.

Atualmente, os seguintes Tipos de transformação estão disponíveis:

A) O algoritmo Linear é usado para criar o world-file, é diferente dos outros al-
goritmos, e não transforma verdadeiramente o raster. Este algoritmo provavel-
mente não será suficiente se estiver trabalhando com material digitalizado;
B) A transformação de Helmert executa um simples escalonamento e transfor-
mações de rotação;
C) O algoritmo Polinomial 1-3 está entre os algoritmos mais utilizados intro-
duzidos para coincidir com a origem e o destino dos pontos de controle. O
algoritmo polinomial mais amplamente utilizado é a transformação polino-
mial de segunda ordem, o que permite alguma curvatura. A transformação
polinomial de primeira ordem (afim) preserva a colinearidade e permite
apenas o escalonamento, translação e rotação;
D) O algoritmo Suavizador em Lâminas Finas (TPS) é o método mais moder-
no de georreferenciamento, que permite introduzir deformações locais nos
dados. Este algoritmo é útil quando originais de baixa qualidade estão a ser
georreferenciado; e
E) A transformação Projectivaé uma rotação linear e de translação de coordenadas.

7. Definindo o método de reamostragem:

O tipo de amostragem que escolhe irá depender dos seus dados de


entrada e do objetivo do exercício. Se não quiser mudar as estatísticas da ima-
gem, deverá escolher “Vizinho mais próximo”, uma vez que a “amostragem
cúbica”irá fornecer um resultado mais suavizado.

No QGIS, é possível escolher entre 05 diferentes métodos de reamostragem:

A) Vizinho mais próximo;


B) Linear;
C) Cúbico;
D) Cúbico suavizado; e
E) Lanczos.

8. Definindo as configurações de transformação:

Existem várias opções que devem ser definidas para o arquivo raster
(georreferenciado) de saída.

195
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

A) A caixa de verificação Criar world file está apenas disponível se decidir


usar o tipo de transformação linear, pois significa que a sua imagem raster
atualmente não será transformada. Nesse caso, o campo Raster de Saída
não está ativo, porque apenas será criado um novo world-file.
B) Para outro tipo de transformação você necessita definir um Raster de Saída.
Por padrão um novo arquivo ([filename]_modified) será criado na mesma
pasta junto da imagem raster original.
C) Como próximo passo, necessitamos definir SRC (Sistema de Referência Espa-
cial) para o raster georreferenciado.
D) Também é possível gerar um mapa em.pdfe também um Relatório pdf. O rela-
tório inclui informações dos parâmetros de transformação utilizados, além de
uma imagem dos resíduos e uma lista com todos os GCPs e seus erros RMS.
E) Além disso, é possível ativar a caixa de diálogo Acertar a definição de saída
e definir a resolução dos pixels do raster de saída. Como padrão, as resolu-
ções horizontal e vertical são iguais a 01.
F) A caixa Use 0 para transparência quando necessário pode ser ativada,
caso os pixels com valor 0 devam ser visualizados como transparentes.
G) Finalmente, Carregar no QGIS quando concluído carrega o raster de sa-
ída automaticamente para o enquadramento do mapa do QGIS depois de
ser feita a transformação.

9. Iniciando a transformação:

Depois de recolher todos os GPCs e as configurações de transformação


definidas, pressione o botão Iniciar georreferenciamento para criar o novo
raster georreferenciado.

10. Observações:

A) Clicando no menu Opções → Propriedades do rasterabrirá a caixa de diálogo


com as propriedades do raster que será georreferenciado;
B) Dois procedimentos alternativos podem ser usados, para adicionar as coor-
denadas X e Y (DMS (dd mm ss.ss), DD (dd.dd)) ou coordenadas projetadas
(mmmm.mm) que correspondem aos pontos selecionados na imagem;
C) O raster as vezes apresenta cruzes, marcas fiduciais, com coordenadas “escritas”
na imagem. Neste caso, você pode introduzir as coordenadas manualmente;
D) Usando camadas já georreferenciadas. Elas podem conter informação ve-
torial ou raster que contenham os mesmos objetos/elementos que esteja na
imagem que queira georreferenciar e com a projeção que você deseja para
a sua imagem. Neste caso, você pode digitar as coordenadas, clicando no
conjunto de dados de referência carregados nos | qg| tela do mapa;
E) O procedimento habitual para o georreferenciamento de uma imagem con-
siste em selecionar múltiplos pontos no raster, especificar suas coordena-
das e escolher o tipo de transformação mais apropriado para o arquivo.
Baseado nos dados e parâmetros de entrada, o complemento irá computar

196
TÓPICO 2 — TIPO DE FOTOGRAFIAS AÉREAS, USO DE OUTROS SENSORES, RESTITUIÇÃO E GEORREFERENCIAMENTO DAS
FOTOGRAFIAS AÉREAS

os parâmetros do arquivo World ou então criar um novo GeoTIFF. Quanto


mais pontos de controle (coordenadas) forem informados, melhor será o
resultado do processo”.
FONTE: ALVES, E. A.; MACHADO, A. V. Manual do operador QGIS – QGIS 2.4.0 – Chugiak.
Brasília, DF: Centro de Imagens e Informações Geográficas do Exército, 2014 (Curso de Foto-
grametria e Sensoriamento Remoto). p. 24-29.

197
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• As fotografias aéreas são classificadas de acordo com critérios, e um dos mais


importantes é a geometria. As fotografias aéreas classificadas com base na
geometria podem ser do tipo vertical e oblíqua.

• A restituição fotogramétrica é a reconstrução do terreno fotografado tendo


como base as suas fotografias. O resultado da restituição é um modelo ótico
tridimensional.

• Além do uso das fotografias aéreas na fotointerpretação é possível utilizar-


mos imagens de satélite e radar obtidas por meio de sensores. Dentre os prin-
cipais sensores destacam-se o LANDSAT, SPOT, RADAR e o CBERS.

• O georreferenciamento trata de uma transformação geométrica em que rela-


ciona as coordenadas planas de um objeto ou elemento com as coordenadas
de referência. O sistema de latitude e longitude é o mais compreendido e o
mais utilizado como sistema geográfico de coordenadas, estando ele baseado
na rotação da Terra.

198
AUTOATIVIDADE

1 As fotografias aéreas tiveram suas classificações determinadas com base em


alguns critérios e, entre eles, a geometria. Os tipos de fotografias classifica-
das com base na geometria são as verticais e as oblíquas. Sobre as fotogra-
fias oblíquas assinale a alternativa CORRETA.

a) ( ) As fotografias aéreas oblíquas foram classificadas em alta e baixa.


b) ( ) As fotografias aéreas oblíquas foram classificadas em média e baixa.
c) ( ) As fotografias aéreas oblíquas foram classificadas em alta e média.
d) ( ) As fotografias aéreas oblíquas não sofreram nenhum tipo de classificação.

2 A restituição refere-se à reconstrução do terreno geográfico através da uti-


lização de suas fotografias. O que resulta da restituição é um modelo ótico
tridimensional. Foram descritos alguns procedimentos para a realização
da restituição. Dessa maneira, analise as seguintes sentenças referentes aos
procedimentos.

I- Orientação interior; orientação relativa; orientação absoluta.


II- Orientação exterior; orientação relativa; orientação absoluta.
III- Orientação interior; orientação correlativa; orientação absoluta.
IV- Orientação interior; orientação relativa; orientação inferior.

Assinale a alternativa CORRETA

a) ( ) As sentenças I e IV estão corretas.


b) ( ) As sentenças II e III estão corretas.
c) ( ) A sentença I está correta.
d) ( ) A sentença IV está correta.

3 Os sistemas de georreferenciamento mais poderosos são os sistemas que


fornecem uma resolução espacial com um maior nível de detalhamento,
além de permitir que sejam realizados cálculos de distâncias e outros tipos
de análises espaciais. Sobre georreferenciamento de fotografias aéreas, assi-
nale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Para as fotografias aéreas o procedimento a ser utilizado é a restituição


fotogramétrica que possibilita a remoção das distorções.
b) ( ) Para as fotografias aéreas o procedimento que não deve ser utilizado é
a restituição fotogramétrica, ele não remove as distorções.
c) ( ) Para as fotografias aéreas usamos os mesmos procedimentos das ima-
gens de satélite, pois as fotos não têm problemas de distorções.
d) ( ) Para as fotografias aéreas não existe a necessidade de se realizar o geor-
referenciamento, pois as fotos tiradas já vêm georreferenciadas.

199
4 As fotografias aéreas tiveram a sua classificação definida com base em al-
guns critérios e um deles é a geometria – a orientação do eixo da câmera.
A classificação das fotografias aéreas baseadas na geometria é subdividida
em vertical e obliqua. A fotografia vertical é mais utilizada para as técnicas
fotointerpretativas. Portanto, com base no exposto e nos conhecimentos ad-
quiridos com seus estudos, disserte sobre as fotografias aéreas verticais.

5 Na fotointerpretação também são utilizados outros tipos de sensores, como é


o caso do CBERS. O CBERS é uma parceria entre Brasil e China na área técnica
científica espacial e sua missão principal é a coleta de dados para o monitora-
mento e estudos de fenômenos naturais, e antrópicos ocorridos na superfície
terrestre. Com base no exposto e nos conhecimentos adquiridos com seus estu-
dos, disserte sobre os fatores que fazem parte da missão CBERS 3 e 4.

200
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3

ANÁLISE DIGITAL E FOTOINTERPRETAÇÃO


APLICADA

1 INTRODUÇÃO
Nesta unidade, vamos abordar de forma inicial as aplicações práticas das
etapas, estágios, aspectos dos elementos básicos, e, da metodologia. O conheci-
mento obtido com estes temas irá contribuir para que possamos compreender
melhor os assuntos que complementarão esta unidade.

O conhecimento dos tipos de fotografias aéreas, o uso de outros sensores,


a restituição e o georreferenciamento das fotografias são etapas que auxiliam no
processo da análise digital e da fotointerpretação aplicada, os quais serão os últi-
mos assuntos que você estudará nesta unidade.

Bons estudos!

2 ASPECTOS DA FOTOINTERPRETAÇÃO ANALÓGICA E


DIGITAL
A produção das fotografias aéreas e das imagens na atualidade são pos-
síveis pelos avanços constantes nas tecnologias desde a obtenção das primeiras
fotografias aéreas. Os avanços tecnológicos permitiram que hoje, tanto as foto-
grafias aéreas quanto as imagens são obtidas através de satélites artificiais, e, com
isso, nos possibilitam realizarmos análises de forma real através dos aparelhos e
softwares específicos (CAZETTA et al., 2009).

Hoje, com o acesso ao Google Earth, por exemplo, é possível acessarmos


de forma virtual territórios não visitados por nós anteriormente, e conseguirmos
realizar análises da paisagem e territoriais (CAZETTA et al., 2009).

A fotointerpretação, quer seja através de processos analógicos ou digitais,


nos proporciona um olhar do alto, um olhar de cima, um olhar em que podemos
ser os gerenciadores do território, porém, isto é possível pelas técnicas que pos-
sibilitam o enquadramento da paisagem em escalas distintas, indo desde o deta-
lhamento até a generalização, quer sejam eles por meio de processos constantes
ou não constantes, buscando compreender e trabalhar com os aspectos políticos e
estéticos do território que está em análise (CAZETTA et al., 2009).

201
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

Achegada dos satélites e suas imagens não fez com que as técnicas de análise
de fotografias aéreas verticais, a fotointerpretação, fosse extinta, pelo contrário, a fotoin-
terpretação “adotou” para ela a banda infravermelho e o sistema digital, além de deixar
cada vez mais evidente que as fotografias aéreas verticais são de extrema importância
para os estudos das mais diversas áreas do conhecimento (CAZETTA, 2009).

As características técnicas a que se referem à captura da informação na


fotointerpretação estão constituídas nos elementos da linguagem que, através de-
les, é possível realizar a interpretação das imagens ou das fotografias com base
em uma técnica que integra os elementos da linguagem (CAZETTA et al. 2009).

O aspecto da visibilidade dos objetos presentes nas fotografias aéreas ver-


ticais, principalmente, encontra-se relacionado a fatores como as propriedades
dos objetos com base ao tipo, escala, ao fator correspondente à qualidade das
fotografias, dos instrumentos utilizados, e, também, da acuidade visual do fo-
tointérprete (CAZETTA et al. 2009).

Os aspectos referentes ao processo de fotointerpretação analógico e digital foi


descrito por Disperati, Santos e Zerda (2007), destacando, inicialmente, que se deve
observar a disponibilidade das fotografias aéreas do local de interesse, tendo como a
etapa subsequente a que trata da extração das informações que são objeto de estudo, ou
de interesse de uma determinada aérea do conhecimento, ou então, de uma atividade.

Em determinados casos, uma análise simples associada a uma interpre-


tação do material fotográfico seja suficiente dependendo do nível de trabalho
elaborado. Em outros casos, é possível que exista a exigência de uma interpre-
tação mais centrada em uma tipologia mais adequada e que, seguidamente, se-
jam elaborados mapas temáticos abordando outros aspectos, como exemplo, a
vegetação, a área e o percentual dos aspectos que foram mapeados. Estes mapas
temáticos, antes de serem uma obra de arte, precisam obrigatoriamente obedecer
tanto aos princípios, quanto as normas da Cartografia.

O que se obtém de resultados nos processos da fotointerpretação é um con-


junto que contém pontos, linhas e polígonos traçados, podendo ser nas próprias foto-
grafias aéreas, ou então, em um overlay transparente, que ficam sobre as fotografias,
ou em camadas digitais, chamadas de shapes files. O overlay é considerado a técnica
mais adequada, uma vez que ela permite que as fotografias possam ser utilizadas vá-
rias outras vezes, por não haver nenhum traço ou risco sobre elas. Outra forma de se
obter os resultados dos processos de fotointerpretação são através das shapes files que
ficam armazenadas nos ambientes digitais dos programas de processamento digitais
de imagens e programas de sistemas de informações geográficas.

As informações que serão traçadas no overlay ou nas shapes files precisam


estar em sintonia com a tipologia estabelecida na interpretação. A fase da elabo-
ração do processo de tipologia é considerada como sendo o diferencial em cada
área do conhecimento (DISPERATI; SANTOS; ZERDA, 2007).

202
TÓPICO 3 — ANÁLISE DIGITAL E FOTOINTERPRETAÇÃO APLICADA

Para que o fotointérprete consiga extrair informações das fotografias aé-


reas ele conta com o uso de equipamentos que auxiliam na interpretação visual
utilizada para observar, medir, e anotar todos os detalhes que foram identificados
no processo da fotointerpretação.

A extração das informações de caráter quantitativo em fotografias aéreas é


obtida através de linhas, e também, dos polígonos fechados definidos na fase da in-
terpretação, estes representam claramente o significado de um determinado aspecto
tipológico adotado na fase pré-interpretação (DISPERATI; SANTOS; ZERDA, 2007).

Os resultados obtidos das análises qualitativas e quantitativas do proces-


so fotointerpretativo são anotadas e registradas como mapas, os fotointérpretes
transferem estes resultados para uma base cartográfica, que geralmente são ex-
traídos dos mapas planimétricos ou dos mapas topográficos que se encontram
disponíveis e precisos e confiáveis.

A base cartográfica utilizada encontra-se integrada a um sistema de informa-


ções geográficas (SIG) e possui acidentes naturais como é o caso das redes de drena-
gem e dos relevos, e outros acidentes considerados artificiais e conhecidos como as
redes viárias e as áreas urbanas, por exemplo (DISPERATI; SANTOS; ZERDA, 2007).

Para que seja possível realizar a transferência dos resultados obtidos no


processo da fotointerpretação para as bases cartográficas, os mesmos são possí-
veis através de três equipamentos distintos: câmera lúcida, projeção ótica e pro-
jeção mecânica.

A câmera lúcida é o tipo de equipamento conhecido também como ste-


reo zoom transferscape, e o equipamento de projeção ótica é o map-o-graph. Esses
equipamentos permitem, além da transferência das informações, a ampliação e
redução das fotografias, e, também, é possível realizar a correção de alguns erros,
como é o caso da escala e da inclinação na fotografia no momento da transferência
das informações (DISPERATI; SANTOS; ZERDA, 2007).

Em relação aos equipamentos mecânicos, eles se utilizam do princípio da


triangulação radial para que seja possível realizar a transferência das informações
planimétricas obtidas das fotografias aéreas para uma base cartográfica (DISPE-
RATI; SANTOS; ZERDA, 2007).

NOTA

“A triangulação radial surgiu após 1930 como um método fotogramétrico de


extensão do controle horizontal, sobretudo para construir mosaicos (semi)controlados e
atualizar cartas topográficas” (MAFRA; SILVA, 2002, p. 237).

203
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

Restituidores fotogramétricos são também utilizados para as fases de ob-


servação e anotação da fotointerpretação e para a transferência dos detalhes para
uma base cartográfica e, inclusive, para a construção precisa de mapas temáticos
(DISPERATI; SANTOS; ZERDA, 2007).

Na Figura 21a, você pode observar um stereo zoom transferscape, na Figura


21b um map-o-grapheo e na Figura 21c um sistema fotogramétrico.

FIGURA 21 – EQUIPAMENTOS STEREO ZOOM TRANSFERSCAPE, O MAP-O-GRAPHEO SISTEMA


FOTOGRAMÉTRICO

FONTE: Disperati, Santos e Zerda (2007, p.83)

Um dos aspectos importantes da fotointerpretação analógica é o uso do


overlay transparente, conforme pondera Anderson (1982) e Moura (2012).

Com o overlay, a interpretação das fotografias aéreas, imagens de satélite


e radar não ocorrem diretamente sobre a imagem, ela é realizada em umoverlay
– um papel vegetal ou plástico transparente do tipo acetato, que deve possuir
aproximadamente o mesmo tamanho da fotografia aérea (23 x 23 cm) – e para a
fazer os traços, é necessário o uso de um lápis, podendo ser um comum mesmo,
lápis de cor ou canetas para retroprojetor (ANDERSON, 1982; MOURA, 2012).

O overlay precisa estar superposto à fotografia aérea, ou imagem, e bem


fixado em apenas um dos lados com o uso de uma fita adesiva, de preferência na
parte superior da fotografia que já deve estar orientada para a visão estereoscópi-
ca, desta forma o overlay pode ser levantado sempre que forem identificados pe-
quenos detalhes na foto ou imagens que acabem perdendo um pouco da nitidez
com o overlay (ANDERSON, 1982; MOURA, 2012).

É de extrema importância que você passe para o overlay informações como


as marcas fiduciais das fotografias, isto permitirá a exata recolocação do overlay
sobre a fotografia cada vez que você precise levantá-lo, ou, então, que ocorra dele
se desprender da fita adesiva, ou ainda que você necessite guardá-lo para dar
continuidade em outro momento (ANDERSON, 1982; MOURA, 2012).

Anderson (1982) e Moura (2012) destacam que se deve colocar um pedaço


de fita adesiva na parte mais inferior do overlay que está superposto à fotografia
ou imagem, porém, não deve estar fixado de forma definitiva. Este pedaço de fita

204
TÓPICO 3 — ANÁLISE DIGITAL E FOTOINTERPRETAÇÃO APLICADA

adesiva na parte inferior tem a função de manter o overlay fixo no momento em


que você estiver desenhando sobre ele. No overlay devem estar presentes as infor-
mações básicas do processo da fotointerpretação como:

a) as quatro marcas fiduciais; b) o número e o ano da fotografia aérea


daquele overlay; c) a escala aproximada da fotografia aérea; d) o ponto
principal da fotografia aérea e os pontos principais conjugados (ou ho-
mólogos) das fotografias que formam o modelo para visão estereoscó-
pica I e) o nome do fotointérprete ou suas iniciais; l) a data (mês e ano)
da interpretação (ANDERSON, 1982, p. 53).

Na Figura 22, você pode observar um exemplo de overlay apresentado por


Florenzano (2002 apud MOURA, 2012, p. 124).

FIGURA 22 – OVERLAY

FONTE: Moura (2012, p. 124)

É possível observar no overlay que o papel transparente se encontra preso


com a fita adesiva nas duas pontas superiores. No exemplo destacado é possível
perceber que o intérprete fez o uso do azul para o rio, do verde para as matas, do
vermelho para as estradas e do rosa para a área urbana.

Os aspectos da interpretação digital estão relacionados ao que se chama


de interpretação automática e dependem de equipamentos e softwares. São inú-
meros os processos de análise digital das fotografias aéreas e imagens de satélite
e radar, conforme pontua Loch (2008). No subtópico 3, você estudará com mais
detalhes a análise digital.

205
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

3 ANÁLISE DIGITAL
A análise digital das fotografias aéreas, imagens de satélite ou radar é de-
pendente do uso de computadores e de softwares de processamento digital. Os
softwares para o processamento de imagens devem conter recursos como zoom,
digitalização/vetorização de pontos, linhas e polígonos fechados, bem como deve
permitir que possam ser realizados o realce da imagem, a determinação do compri-
mento das linhas, áreas dos polígonos fechados, a realização da correção geométri-
ca e o registro da imagem, e a classificação da imagem pelos distintos procedimen-
tos automáticos possíveis. Estes recursos encontram-se presentes nos softwares de
processamento digital de imagens (DISPERATI; SANTOS; ZERDA, 2007).

ATENCAO

Caro acadêmico, para a realização do processamento digital de imagens,


você pode utilizar softwares gratuitos como o SPRING, GvSIG e QGIS.

A análise digital, segundo Batista e Dias (2005), é realizada através do uso


de um computador, e este possui a capacidade de realizar as análises e extrair as
informações da superfície da Terra. Esta análise considera, em um primeiro mo-
mento, a forma, por ela ser considerada mais importante que a cor.

Batista e Dias (2005) relatam que para criar uma imagem em um deter-
minado software existe a necessidade de realizar a associação de uma escala de
níveis de cinza para cada um dos valores de número digital (ND) em cada um dos
pixels. Os valores altos que forem identificados para os números digitais irão re-
ceber a tonalidade mais clara de cinza, e os valores mais baixos de ND receberão
as tonalidades mais escuras de cinza.

Na Figura 23, você pode observar como funciona a imagem formada por pixels.

206
TÓPICO 3 — ANÁLISE DIGITAL E FOTOINTERPRETAÇÃO APLICADA

FIGURA 23– IMAGEM FORMADA POR PIXELS

FONTE: Batista e Dias (2005, p. 40)

Na Figura 23 é possível identificar que a imagem é formada por pixel que


se refere ao cruzamento da linha e da coluna e coordenas.

Para Batista e Dias (2005, p. 40) são duas as abordagens consideradas como
sendo principais para a realização da interpretação da fotografia digital ou imagem.

A interpretação e análise de uma fotografia digital possibilita que informa-


ções de objetos e elementos identificados na cena possam ser extraídos sem
que haja a necessidade de se deslocar para o local de estudo. A interpreta-
ção visual trata de uma metodologia considerada mais prática, e, também,
mais barata além de permitir uma análise temporal do ambiente.

Se utilizarmos uma imagem Landsat TM, por exemplo, com resolução de 30


m é possível que sejam realizados o mapeamento e monitoramento para a análise dos
remanescentes de mata, a análise para a avaliação e a identificação do grau de frag-
mentação, para os estudos relacionados à expansão urbana e ainda é possível realizar
a análise a avaliação relacionadas às ocorrências de desmatamento. Batista e Dias
(2005, p. 42) descrevem que, para a análise de interpretação digital das fotografias
digitais ou imagens, é preciso seguir alguns passos como os destacados na sequência.

• Definição do objeto da interpretação.


• Definição do nível do detalhe (regional, local etc.)
• Definição da legenda.
• Obtenção da imagem orbital (em papel ou imagem).
• Registro em contraste da imagem sendo ela digital. Fase do pré-
-processamento que garante que a imagem esteja em uma proje-
ção cartográfica conhecida e que tenha coordenadas para a locali-
zação das feições no campo. O contraste que permite um realce da
imagem que ressalta os alvos.
• Ajustar a escala da imagem na tela para a escala de mapeamento
definida quando a interpretação for diretamente no monitor do
computador (delineamento digital).
• Interpretação da cena.
• Delimitação das feições.
• Geração do mapa temático através da designação de uma classe
para cada polígono.

207
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

A análise visual das fotografias ou imagens digitais ocorre através de uma


combinação de bandas individuais das imagens nas composições coloridas, que
favorecem o realce das feições pelas cores. Ao realizarmos a combinação de três da-
dos na imagem, isto gera uma composição colorida com um número maior de in-
formações referentes às feições terrestres, do que teríamos se a imagem tivesse uma
única banda de dados. Esta composição colorida facilita a realização das atividades
de interpretação, uma vez que o olho humano terá melhores condições de distin-
guir as cores do que identificar as tonalidades de cinza (BATISTA; DIAS, 2005).

Os monitores que utilizamos em nossos computadores fazem uso de três


canhões de cores, como relatam Batista e Dias (2005), um deles é o azul, o outro o
vermelho e o verde, conforme o brilho de cada pixel utilizado para gerar as ima-
gens que conseguimos visualizar. Destacamos que, como os monitores possuem
apenas três canhões, conseguiremos combinar somente três bandas espectrais por
vez para a realização das composições coloridas. Os autores ponderam ainda que
se forem utilizados os comprimentos de onda do infravermelho teremos condi-
ções de obter ainda mais informações, principalmente aquelas que não podería-
mos obter com os nossos olhos (BATISTA; DIAS, 2005).

FIGURA 24 – COMPOSIÇÃO DAS BANDAS ESPECTRAIS – AZUL, VERMELHO E VERDE

FONTE: <https://bit.ly/2ZK7jB7>. Acesso em: 4 fev. 2021.

Para a realização das análises digitais, são vários os algoritmos possíveis


que podem ser utilizados, principalmente para a classificação das imagens. Batis-
ta e Dias (2005) ponderam uma distinção importante que se refere à classificação
que analisa os pixels de forma individual nas distintas bandas/regiões. Os autores
relatam ainda que os classificadores por banda são considerados como sendo os
mais promissores uma vez que eles foram idealizados para analisar as imagens
como fosse uma análise humana.

208
TÓPICO 3 — ANÁLISE DIGITAL E FOTOINTERPRETAÇÃO APLICADA

As análises por classificadores são subdivididas em supervisionadas e


não supervisionadas. Para a classificação supervisionada é preciso que o analista
tenha conhecimento da área que irá ser analisada.

Nas aéreas que serão analisadas na classificação supervisionada deverão ser se-
lecionadas amostras que servirão de treinamento, um conjunto de pixels, e serão consi-
derados como os mais representativos das classes de interesse dentro da área de análise.

Essas classes são, portanto, definidas de forma a priori a etapa que consi-
dera o processo de classificação objetiva o enquadramento de cada um dos pixels a
uma das classes. Assim, todos os pixels das amostras que se encontram em treina-
mento de uma das classes selecionadas constituirão o conjunto que compreende o
treinamento da classe, isto ocorre, por meio de parâmetros estatísticos (IBGE, 2000).

A forma de realização de enquadramento de um pixel para uma das clas-


ses é realizada através de distintos métodos, que podem considerar os valores
dos níveis de cinza nas bandas analisadas, nos padrões das classes. Os métodos
utilizados na classificação supervisionada são o método da mínima distância, o
método do paralelepípedo e o método da máxima verossimilhança (IBGE, 2000).

O método do paralelepípedo, se utilizado de uma área quadrada, onde


serão definidos o maior e o menor valor de pixel que esteja presente no cluster
pré-selecionado. Se ocorrer de o pixel estiver no “limiar inferior e abaixo do li-
miar superior” então as “n” bandas estão passando pelo processo de classificação
(SANTOS; DALLMANN; LEANDRO, 2019, p. 344). Este método é mais utilizado
quando se pretende ter uma maior rapidez no processo de execução das análises,
ele é muito usado principalmente quando a velocidade e a capacidade dos com-
putadores são consideradas mais limitadas.

A sua principal desvantagem está relacionada com as formas de classifica-


ção, uma vez que elas apresentam erros vinculados a correlação das informações
referentes as bandas espectrais.

O método da mínima distância, por sua vez, se faz com o uso da estatística
para realizar a classificação. Este método utiliza a “medida de distância Eucli-
diana de cada pixel à média de cada agrupamento” (SANTOS; DALLMANN;
LEANDRO, 2019, p. 344). Como este tipo de método analisa cada pixel, ele tende
a ser mais preciso. Porém, este tipo de método possui como desvantagem a dis-
persão de valores referentes à reflectância sobre as médias.

O método da verossimilhança, também, chamado de método da distância


máxima verossimilhança, encontra-se baseado na escolha das áreas consideradas
como sendo representativas para as feições conhecidas, e são, portanto, utilizada
para a classificação a média e a covariância dos pixels das amostras, sendo, desta
forma, realizado o cálculo da probabilidade de um pixel externo pertencer ou não
a estas amostras (SANTOS; DALLMANN; LEANDRO, 2019) Este método reflete
a média da variância e da covariância entre duas variáveis.

209
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

DICAS

Caro acadêmico, para saber mais de métodos de classificação, acesse:


http://bit.ly/3bxWd7L.

Na Figura 25, você pode observar uma imagem que demonstra a classifi-
cação de paralelepípedo e do método da máxima verossimilhança.

FIGURA 25 – CLASSIFICAÇÃO ATRAVÉS DO MÉTODO PARALELEPÍPEDO (A) E CLASSIFICAÇÃO


ATRAVÉS DO MÉTODO DA DISTÂNCIA MÍNIMA VEROSSIMILHANÇA (B)

FONTE: SANTOS et al. (2019, p. 347)

210
TÓPICO 3 — ANÁLISE DIGITAL E FOTOINTERPRETAÇÃO APLICADA

A classificação não supervisionada é o método que agrupa os pixels de


acordo com as características espectrais, de forma que consegue organizá-las em
agrupamentos chamados também de clusters.

Os parâmetros possíveis para a realização ou a definição dos clusters são a


média, a variância e a covariância, em que as proximidades espectrais dos pixels
que se encontram no espaço multidimensional são então definidas. Ao que se refe-
rem às classes espectrais geradas na classificação não supervisionada elas podem
ou não coincidir com as de interesse na região que se está analisado (IBGE, 2000).

Portanto, este tipo de classificação se trata de uma operação exploratória


em que é realizada a verificação de forma estatística do que é separável ou não,
quais são as classes consideradas mais evidentes e qual é a sua relação com o que
o intérprete deseja realmente discriminar. Os padrões gerados durante o proces-
so da classificação não supervisionada poderão, em alguns momentos, ser utiliza-
das em um processo de classificação supervisionada (IBGE, 2000).

Uma das técnicas mais utilizadas para a classificação não supervisionada


é o Isodata e o método K-MEANS.

Os métodos Isodata e K-MEANS são métodos não hierárquicos que re-


alizam a seleção dos centros dos objetos para os agrupamentos os chamados de
sementes, e com base em uma determinada distância ele realiza o agrupamento
dos elementos que se encontram ao seu redor.

O isodata é um algoritmo que se apoia em agrupamentos identificados


em clusters formados por pixels que possuem características semelhantes. No
isodata, o intérprete não tem muito controle com a separação das classes ou a
determinação precisa do número de classes, uma vez que o algoritmo determina
automaticamente um número mínimo e máximo de classes (SILVA, 2009).

Os classificadores K-means realizam seu cálculo de forma inicial gerando


classes uniformes e, posteriormente, ele une classe por classe através de um pro-
cesso interativo.

O K-means faz uso da técnica da distância mínima e a sua classificação é con-


siderada a melhor quando ela for agrupada em nuvem de pixels. Neste classificador,
a quantidade de classes pode ser atribuída pelo próprio usuário (SILVA, 2009).

Na Figura 26, você pode observar uma imagem referente à classificação


não supervisionada com os dois métodos.

211
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

FIGURA 26 – MÉTODO DA CLASSIFICAÇÃO ISODATA (A) E O MÉTODO DE CLASSIFICAÇÃO


K-MEANS (B)

FONTE: Silva (2009, p. 26-27)

Você acabou de estudar a análise digital e agora vamos conhecer alguns


estudos que demonstram a fotointerpretação aplicada.

212
TÓPICO 3 — ANÁLISE DIGITAL E FOTOINTERPRETAÇÃO APLICADA

E
IMPORTANT

Caro acadêmico, na disciplina de Fotointerpretação II, você terá conteúdos


direcionados à prática da fotointerpretação.

A fotointerpretação é uma técnica que vem sendo aplicada em diversas áreas


do conhecimento, como já foi descrito para você na Unidade 1 deste livro didático.

Alguns exemplos de aplicações foram descritos por Loch (2008) e com-


preendem a aplicação e o delineamento da rede de drenagem; aplicação da fo-
tointerpretação aérea; estudos da vegetação para o incêndio florestal, agricultura
e preservação do meio ambiente; estudos do cadastro técnico multifinalitário; e
estudos geológicos e geomorfológicos para a implementação de redes de elétri-
cas, controle de barragens e aplicação das barragens são alguns dos exemplos.

Moraes et al. (2012), no artigo intitulado a Interferência do uso da terra nas


inundações da área urbana do córrego da Servidão, Rio Claro (SP), utilizaram a fotoin-
terpretação para a elaboração do mapeamento do uso da terra.

Os autores trabalharam os materiais cartográficos com o software SPRING


4.3.3, no qual produziram os mapas temáticos de uso da terra com base em fotografias
aéreas pancromáticas em escala de 1:25.000 para os anos de análise de 1958 e 1972 e na
escala de 1:30.000 em meio digital para análise do ano de 2006(MORAES et al. 2012).

As imagens referentes aos anos de 1958 e 1972 foram transformadas em meio


digital e passaram pelos procedimentos de processamento de imagens. A etapa de
processamento digital de imagens compreendeu duas etapas que forma o pré-pro-
cessamento e o processamento das imagens. No pré-processamento, as imagens pas-
saram pelo georreferenciamento e pela redução das distorções tanto radiométricas
quanto geométricas. Na etapa do processamento, os autores destacam o uso das fun-
ções de segmentação e da classificação da imagem (MORAES et al. 2012).

A segmentação permite a geração das regiões de interesse na imagem o que


possibilita o estabelecimento das classes de uso e ocupação da terra e ainda auxilia
diretamente na produção do mapa temático. As áreas segmentadas, segundo os
autores, foram determinadas de acordo com a variação da cobertura vegetal que
no caso foram a área rural e os alvos intraurbanos. O software utilizado para a re-
alização da segmentação das aerofotografias foi o SPRING (MORAES et al. 2012).

As classificações dos pixels nas áreas urbanas, por possuírem feições com maio-
res detalhes, maior variação dos níveis de cinzas e um tamanho reduzido dos alvos cons-
tantes nestas áreas os autores optaram pela classificação manual. Para as áreas rurais foi
aplicada a classificação não supervisionada com uma aceitação de 95% de confiança.

213
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

Foram utilizados como elementos de reconhecimento para a fotointerpre-


tação a cor, o tamanho, a forma, a textura e a localização. Desta forma, este pro-
cesso favoreceu a identificação das classes de uso da terra e a possibilidade de sua
representação em mapas de pixels classificados. Para as análises de uso da terra,
os autores determinaram as seguintes classificações: arbórea; campo gramínea;
solo exposto; arruamento com asfalto; e edificação. Lembrando que o processo de
fotointerpretação foi de forma digital(MORAES et al. 2012).

Na Figura 27, é possível observar a evolução do uso da terra apresentada por


Moraes et al. (2012), para o Setor de Confluência do Córrego da Servidão e do Wenzel,
e, também, para o Baixo curso do Córrego da Servidão – Bairro Jardim Inocoop.

FIGURA 27 – SETOR DE CONFLUÊNCIA DO CÓRREGO SERVIDÃO E DA WENZEL EM 1958, 1972


E 2016 (A) E BAIXO CURSO DO CÓRREGO DA SERVIDÃO – BAIRRO JARDIM INOCOOP EM
1958, 1972 E 2016 (B)

FONTE: Moraes et al. (2012, p. 196)

214
TÓPICO 3 — ANÁLISE DIGITAL E FOTOINTERPRETAÇÃO APLICADA

DICAS

Indicamos a você, acadêmico, a leitura do artigo Interferência do uso da terra


nas inundações das áreas urbanas do córrego da servidão, Rio Claro (SP), disponível em:
https://bit.ly/2ZJku5y.

Engler e Loch (2016) demonstram em seu trabalho de fotointerpretação


aplicada uma análise temporal da rede viária urbana da cidade de Chapecó, em
Santa Catarina, com o uso da fotointerpretação. O objetivo do estudo, segundo os
autores, é a análise de uma série temporal através da fotointerpretação.

Como resultado principal demonstrado pelos autores, destaca-se que a


estrutura urbana deveria ser compatível com as atividades desenvolvidas, e que
deveriam haver mais discussões acerca da mobilidade, acessibilidade e qualidade
dos espaços públicos, uma vez que muitas vias existentes na cidade apresentam
descontinuidade de padrão e largura, ocasionando, desta forma, congestiona-
mento em determinados locais da cidade (ENGLER; LOCH, 2016).

Na Figura 28, você consegue observar uma imagem em que demonstra a


largura da rede viária urbana em Chapecó.

O procedimento da fotointerpretação teve seu início com a definição do


material cartográfico de referência que tem o objetivo de subsidiar a sobreposição
das imagens aéreas definidas para a análise. Optou-se em utilizar o:

mosaico de ortofotos de voo fotogramétrico referente ao ano de 2010


da área do estado de Santa Catarina, com escalas de 1:10.000 e com re-
solução espacial de 0.39 m, e o elipsoide de referência é o SIRGAS 2000
com projeção UTM, o qual foi disponibilizado através da Secretaria de
Estado do Desenvolvimento Econômico e Sustentável de Santa Cata-
rina (SDS/SC) e obtido junto à Prefeitura Municipal de Chapecó. Após
a obtenção dos materiais, teve início a articulação com os mosaicos de
ortofotos dos anos de 1957 e 1978, disponibilizados pela Secretaria do
Estado de Planejamento (SPG/SC). Os ortofotosforam trabalhados no
software ArcGIS na ferramenta Georreferencing a qual permite o estabe-
lecimento de pontos de controle e ajustamento de imagens na referên-
cia utilizada(ENGLER; LOCH, 2016, p. 7, grifo nosso).

Após estas etapas, teve início o processo de articulação dos mosaicos de ortofotos
referentes aos anos de 1957 e 1978 e a imagem do ano de 1996 foi disponibilizada pela
Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SEUDR) da Prefeitura Municipal de Chapecó
contendo os mosaicos articulados (ENGLER; LOCH, 2016).Com a reunião de todos
os ortofotos necessários, foi realizada, primeiramente, a fotointerpertação visual
e, com base nela, foram realizadas, de forma manual, a vetorização da rede viária
compreendendo os recortes temporais através do software ArcGIS.

215
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

Foi realizada a comparação com o momento atual e para isso utilizou-se o


arquivo vetorial no formato shape file denominado “vias” obtido com a SEDUR da
Prefeitura Municipal de Chapecó. O arquivo vias refere-se ao banco de dados do sistema
viário e é alimentado de forma constante pelo Departamento de Geoprocessamento da
SEDUR, sempre que ocorre um processo de parcelamento do solo e este é aprovado e
registrado pelo Cartório de Registro de Imóveis (ENGLER; LOCH, 2016).

Com o desenvolvimento de um SIG (Sistema de Informações Geográficas)


apoiado ao processo de fotointerpretação, foi possível sobrepor informações que
possibilitassem uma visão mais sistemática da rede viária urbana do município
de Chapecó, e, desta forma, construir um mapa demonstrando o crescimento
urbano ocorrido ao longo dos anos (ENGLER; LOCH, 2016).

FIGURA 28 – LARGURA DA REDE VIÁRIA DA CIDADE DE CHAPECÓ/SC

FONTE: Engler e Loch (2016, p. 16)


216
TÓPICO 3 — ANÁLISE DIGITAL E FOTOINTERPRETAÇÃO APLICADA

DICAS

O artigo de Engler e Loch (2016) intitulado Análise temporal da rede viária ur-
bana de Chapecó/SC utilizando a fotointerpretação, aborda o processo de conformação
que a cidade de Chapecó passou devido às instalações e influências de agroindústrias
existentes na cidade. Disponível em: http://bit.ly/3dRixwf.

Fotointerpretação aplicada à análise das alterações do uso e cobertura da terra e a situa-


ção das áreas de preservação permanente é o título do artigo de Covizzi, Camargo e Gobbi
(2017). Nele, os autores apresentam como objetivo a realização da análise da microba-
cia hidrográfica do Córrego do Pium, no município de Campinas, em São Paulo, bem
como das alterações ocorridas na cobertura do solo em um recorte de 38 anos, e, tam-
bém, sua relação com o atual estado das APPs presentes na referida bacia hidrográfica.

Para que Covizzi, Camargo e Gobbi (2017) pudessem atingir o objetivo proposto,
realizaram a fotointerpretação das fotografias aéreas dos anos de 1972,1994 e 2010. Na
Figura 29, é possível observar as cartas de uso, cobertura da terra referente à microbacia
do Córrego Pium e APPs dos cursos de água dos três anos analisados pelos autores.

FIGURA 29 – CARTAS DE USO E COBERTURA DA TERRA E DA MICROBACIA DO CÓRREGO


PIUM E APPS DE CURSOS D'ÁGUA E DAS NASCENTES (1972, 1994 E 2010)

FONTE: Covizzi, Camargo e Gobbi (2010, p. 273)

217
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

DICAS

É interessante que você realize a leitura do trabalho de Covizzi, Camargo e Gob-


bi (2010), intitulado Fotointerpretação aplicada à análise das alterações do uso e cobertura
da terra e a situação das áreas de preservação permanente. Acesse: https://bit.ly/2NPCEzU.

Neste subtópico, você conheceu alguns trabalhos que demonstram a fotoin-


terpretação aplicada. São inúmeras as aplicações possíveis. Nunca deixe de estudar
e pesquisar as possibilidades de se trabalhar com as técnicas da fotointerpretação.

218
TÓPICO 3 — ANÁLISE DIGITAL E FOTOINTERPRETAÇÃO APLICADA

LEITURA COMPLEMENTAR

CLASSIFICAÇÃO DO USO E COBERTURA DO SOLO UTILIZANDO FO-


TOINTERPRETAÇÃO ORIENTADA AOS OBJETOS E MÁXIMA VEROSSI-
MILHANÇA PARA APOIAR A REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA

YuziAnaí Zanardo Rosenfeldt


Gabriel Rosolem
Luís Henrique Tiegs
Carlos Loch

1 Introdução

A Regularização fundiária é um procedimento de natureza legal, civil,


técnica, urbana e social. Estudos de aptidão à urbanização com base em parâme-
tros técnicos, abordagem do meio físico e caracterização da paisagem são fatores
que condicionam a dinâmica de ocupação territorial e são indispensáveis para
subsidiar a viabilidade de áreas para regularização fundiária. Por vezes, são des-
consideradas nos processos para o estabelecimento do uso e de ocupação do solo.

O monitoramento de uma determinada área consiste no seu mapeamento


e na sua avaliação periódica, em intervalos de tempo regulares. A finalidade é
estudar e controlar as dinâmicas espacial e temporal dos fenômenos, permitindo
o desenvolvimento de modelos de previsão. O monitoramento precisa estar fun-
damentado em áreas técnicas, como fotogrametria e fotointerpretação, analisadas
de forma integrada, desempenhando um papel de importância crescente na si-
mulação e na modelagem provisionais (JENSEN et al., 2005).

A necessidade de se fazer uso das técnicas confiáveis para o monitora-


mento de áreas de interesse faz com que o sensoriamento remoto se coloque em
vantagem em relação a outros métodos. O sensoriamento remoto apoia o mo-
nitoramento da atividade do homem em espaço temporal permitindo realizar
trabalhos com investigação temporal, documental e legal.

As principais características das fotografias aérea sutilizadas para estudos


de monitoramento são, entre outras, a possibilidade de imageamento complexo
da paisagem, incluindo os componentes naturais e antropogênicos; a vasta ex-
tensão do espectro eletromagnético, e a possibilidade da variação das combina-
ções de diferentes faixas espectrais para estudos específicos; a possibilidade de
composição de mosaicos e realização de mapeamento sistemático; a variação de
escalas e as resoluções espaciais adequadas aos trabalhos que vão desde monito-
ramento ambiental até atualização de cadastro técnico.

219
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

O recorte espacial analisado compõe o complexo de três sub-bacias do


chamado Complexo Lagunar Estuarino da Baía da Babitonga, Rio Comprido, Rio
Fortuna/Guaxanduva, Rio Iririú-Mirim, em que se localizam os bairros Jardim Iri-
riú e Comasa, no município de Joinville/SC (26º04’S e 26º26’S 48º44’O e 49º11’O).

A escolha de sub-bacias como recorte para a pesquisa considera e integra


todos os aspectos da paisagem, de modo a estabelecer as formas de ocupar o terri-
tório. Esse recorte permite, de forma representativa e não aleatória, a definição das
amostras para associar espaços com características rurais e urbanas, monitorar ris-
cos ecológicos e sociais e, ainda, avaliar a adequação do uso e de ocupação do solo.

2 Fundamentação teórica

No campo do sensoriamento remoto os estudos da cobertura da terra es-


tão diretamente relacionados à captação da refletância espectral. O mesmo não
acontece com o uso do solo. Considerado um conceito abstrato, ouso do solo pos-
sui um conjunto de fatores culturais e econômicos intrínsecos que não podem ser
diretamente extraídos por meio do sensoriamento remoto, e sim fotointerpreta-
dos, estabelecendo uma correlação entre os objetos.

A interpretação visual de fotografias aéreas é o método de análise visual de


imagens com a finalidade de identificar objetos e julgar o significado. O processo exige,
além do conhecimento científico do sensoriamento remoto, uma sinergia deste com o
conhecimento e a vivência do fotointérprete (experiências de campo e do mundo real).

A fotointerpretação está condicionada ao tamanho, à forma, à profun-


didade e ao volume de um objeto, tendo como referência alguns aspectos: (i) a
visibilidade do objeto; (ii) chaves ou elementos de interpretação, identificáveis
durante o processo de interpretação; e (iii) a escala da foto.

Os elementos para a interpretação de objetos em imagens são: localização


do objeto (coordenadas x,y); tom e cor do objeto (variando de cinza claro a escuro e
RGB); tamanho do objeto (comprimento, largura, perímetro, área ou pequeno, médio
e grande); forma do objeto (características geométricas); textura do objeto (arranjo e
disposição característicos de repetições de tom e cor e/ou liso, médio, rugoso, mos-
queado, salpicado etc.), padrão do objeto(arranjo espacial do objeto no terreno – siste-
mático ou não, randômico, linear, retangular etc.); sombra (silhueta causada por ilu-
minação solar lateral); altura do objeto(elevação, volume, profundidade, declividade
e aspecto);e, por fim, características do sítio ou entorno (situação –objetos dispostos e
orientados e associação –fenômenos correlacionados) (JENSEN, 2009).

A classificação da cobertura do solo, pelo método de classificação supervi-


sionada pelo Método da Máxima Verossimilhança (MAXVER), entende que obje-
tos pertencentes à mesma classe apresentarão resposta espectral próxima à média
de valores para aquela classe, desde que haja um representativo número de pixels
para cada amostra de classe e que esses tenham uma distribuição estatística pró-
xima da distribuição norma (CRÓSTA, 1993).

220
TÓPICO 3 — ANÁLISE DIGITAL E FOTOINTERPRETAÇÃO APLICADA

Para a eficácia desse método, o usuário deve conhecer previamente a área


analisada, bem como a distribuição das classes para que, dessa forma, quando da
aplicação da classificação, a seleção de amostras de treinamento possa ser o mais
eficiente possível (CRÓSTA, 1993).

3 Materiais e métodos

Para a produção dos mapas temáticos de uso e cobertura do solo, recorre-se a


dois métodos distintos, a saber: (i)fotointerpretação visual orientada aos objetos; e (ii)
classificação supervisionada pelo Método da Máxima Verossimilhança (MAXVER).

Para o monitoramento de uso e cobertura do solo pelo método da fotoin-


terpretação orientada ao objeto, fora mutilizadas em imagens de alta resolução
espacial, ano de 1957, 1966, 1978, 1989, 1996 e 2007.

Hoffmann e Vegt (2001) sugerem a classificação orientada ao objeto como


uma solução para classificar imagens com alta resolução. O método também foi be-
neficiado pelo conhecimento prévio da área, obtido apartir das visitas a campo, des-
critas anteriormente. Foram 6 unidades de mapeamento. Destas três classes para de-
terminação de áreas antropizadas (altamente urbanizada, medianamente urbanizada
e fracamente urbanizada). Os objetos que orientaram a interpretação das três classes
de áreas urbanizadas foram edificação, parcelamento do solo e ruas, apresentando
área onde é possível reconhecer o limite da propriedade ou a estrutura fundiária.

Para áreas não antropizadas ateve-se ao porte, à textura e às cores homogê-


neas da vegetação, são elas: cobertura arbórea e manguezal. Os espelhos d`água–
área linear com espelho d`água –e o sistema viário tratam-se de sistemas lineares
que orientam o processo de fotointerpretação de imagens (ROSENFELDT, 2016).

Para a aplicação do método Maxver, foram utilizadas imagem de satélite


QuickBird (ano 2008), com resolução de 2,4 m x 2,4 m e suas respectivas bandas
(bandas 1 -azul; 2 - verde; 3 - vermelho; e 4 - infravermelho próximo).

As amostras foram delimitadas na imagem pancromática devido a sua re-


solução de 0,60 m x 0,60 m, com apoio da composição cor natural da imagem mul-
tiespectral, a saber: solo exposto, água, vegetação (manguezal, arbórea e gramínea),
telhado e asfalto. Apoiadas pela identificação em campo e tomando-se como referên-
cia as fotografias aéreas do ano 2007, as amostras foram agrupadas em informações
relativas a cinco classes. As áreas com antropização urbana que incluem as amostras
telhado, asfalto e solo exposto foram classificadas como fortemente urbanizadas, mo-
deradamente urbanizadas e fracamente urbanizadas. A avaliação da acurácia do re-
sultado foi a partir da construção de uma matriz de confusão para calcular a acurácia
global, a acurácia do produtor e do usuário e o cálculo de concordância (kappa).

221
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

4 Resultados

O resultado da fotointerpretação orientada ao objeto é apresentado com


o monitoramento da série histórica de fotografias aéreas (Figura 1). Esses mapas
permitem visualizar, ao longo dos anos, uma antropização predominantemente
urbana que avançou e se consolidou sobre áreas de manguezais.

FIGURA 1 – CLASSIFICAÇÃO DE COBERTURA E USO DO SOLO FOTOINTERPRETADA NO MO-


SAICO DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS DE JOINVILLE, ANO DE 1957 (1), 1966 (2), 1978 (3), 1989 (4),
1996 (5) E 2007 (6), RESPECTIVAMENTE

FONTE: Rosenfeldt (2016)

Pela classificação supervisionada da imagem de satéliteQuickBird (ano


2008), não foi possível distinguir as amostras vegetação e manguezal, o que con-
dicionou a generalização da amostra para a classe vegetação. Já para as amostras
telhado e asfalto, o resultado foi bastante distinto da vegetação. As amostras com
áreas mais representativas de gramíneas, localizadas nos jardins residenciais, fo-
ram predominantemente classificadas como vegetação (Figura 2).

222
TÓPICO 3 — ANÁLISE DIGITAL E FOTOINTERPRETAÇÃO APLICADA

FIGURA 2 – COBERTURA DO SOLO PELO MÉTODO DA MÁXIMA VEROSSIMILHANÇA, APLICA-


DO NA IMAGEM DE SATÉLITE QUICKBIRD, ANO 2008

FONTE: Rosenfeldt (2016)

5 Discussão

Historicamente, o crescimento do município deu-se a partir de 1848. Joinville


apresenta-se com uma rede urbana dispersa. O resultado pode ser visualizado
na Figura 1,1957, demonstrando os núcleos urbanos dispersos, caracterizados
como uma área fracamente urbanizada. A expansão das áreas urbanas a partir da
instalação da fundição Tupy sobre a cobertura vegetal, a diminuição dos núcleos
urbanos dispersos, caracterizados como fracamente urbanizados, a existência de
áreas moderadamente urbanizadas e os primeiros núcleos urbanos fortemente
urbanizados ao longo das estradas gerais Figura 1, 1966.

No final da década de 1970 profundas alterações já haviam sido


consolidadas e novos eixos viários foram abertos para permitir a urbanização
a leste do município. No conjunto habitacional Comasa/Boa Vista as ruas foram
sendo abertas de forma gradativa pelos próprios moradores que vinham residir
na localidade, atraídos pela oferta de trabalho do parque industrial instalado na
década de 1950.

Nas décadas de 1990 e 2000 houve significativo adensamento da área já


urbanizada. Na série histórica é possível observar significativa diminuição das áreas
de manguezais e que as áreas anteriormente atribuídas como moderada e fracamente
urbanizada hoje apresentam características fortemente urbanizadas. Figura 1, 1966.

223
UNIDADE 3 — APLICAÇÕES PRÁTICAS

O resultado da Cobertura do solo pelo método da Máxima Verossimilhança


partiu das definições: as áreas fortemente urbanizadas apresentam urbanização, sistema
viário e parcelamento do solo consolidados, densos e estruturados com características
de edificações verticais e/ou horizontais, dependendo do estágio de desenvolvimento.

As áreas moderadamente urbanizadas apresentam urbanização, sistema


viário e parcelamento do solo em processo de consolidação, com características
de edificações predominantemente horizontais.

As áreas fracamente urbanizadas constituem-se na transição urbana/rural.


Nelas notam-se características de urbanização esparsa, predominantemente
horizontal, com baixo grau de ocupação urbana, áreas agrícolas, áreas de
desmatamentos, solos expostos, áreas de queimada e voçorocas.

Possuem algum sistema viário consolidado e/ou em processo de


consolidação. Uma das principais características é notada na estrutura fundiária,
que, ainda não subparcelada, mantém características rurais.

Para as áreas com feições naturais representadas por matas, cerrados,


campos e veredas, incluem-se as a mostras de vegetação (manguezal, arbórea e
gramínea), a classe é vegetação. Por fim, as amostras água foram representadas
com a classe corpo d`água.

Para a análise dos resultados da classificação, foi gerada uma malha com
280 pontos aleatórios, estratificados entre as classes, e 59 pontos com intervenção,
apoiados por interpretação visual das imagens de alta resolução, com GSD 0,10
m (ano 2007), totalizando 339 pontos.

A matriz de confusão está demonstrada na Tabela 1. Foi possível calcular


a acurácia global (85,3% de acurácia), a acurácia do produtor e do usuário e o
cálculo de concordância (kappa), que, variando de 0 a 1 para não concordante
à perfeita concordância, ao ser classificado como 0,78, foi considerado um bom
resultado, segundo Mather (2004).

TABELA 1 – MATRIZ DE CONFUSÃO PARA ANÁLISE DO RESULTADO DA CLASSIFICAÇÃO SU-


PERVISIONADA PELO MÉTODO MAXVER
Verdade no chão
Pixel classi-
Corpo Mod. Fort. Acurácia
Classificação Vegetação ficado pelo
d'água urbanizado urbanizado usuário
algoritmo
Vegetação 121 0 3 0 124 97,6%
Corpo d’água 0 11 0 0 11 100,0%
Mod.
2 0 46 12 60 76,7%
Urbanizado
Fort.
6 18 9 111 144 77,1%
Urbanizado

224
TÓPICO 3 — ANÁLISE DIGITAL E FOTOINTERPRETAÇÃO APLICADA

Total Pixel
129 29 58 123 339
verdade
Acurácia
93,8% 37,9% 79,3% 90,2%
produtor
Acurácia
85,3%
global
Kappa (0-1) 0,78
FONTE: Rosenfeldt (2016)

6 CONCLUSÕES

Os resultados satisfatórios pela Fotointerpretação orientada aos objetos


é uma solução para classificar imagens com alta resolução. O método MAXVER,
apresenta-se adequado para classificação de grandes áreas apresentando boa
acurácia global em imagens de média resolução. Ambos métodos apresentam
respostas melhoradas quando apoiados por trabalho de campo para coleta de
referências e validação e quando combinados, permitem uma adequada classifi-
cação do uso e cobertura do solo - camadas de informação que auxilia na tomada
de decisão das parcelas a serem regularizadas. A conclusão aponta que a ocupa-
ção territorial do bairro Jardim Iririú e Comasa são exemplos para a determinação
da dinâmica de ocupação territorial que avançou e se consolidou sobre áreas de
manguezais. Outras aplicações estão nas investigações e nas análises do grau de
impermeabilização de áreas urbanizadas, ampliando as discussões referentes a
estudos de gestão e planejamento territorial.

FONTE: ROSENFELDT, Y.et al. Classificação do uso e cobertura do solo utilizando fotointerpre-
tação orientada aos objetos e máxima verossimilhança para apoiar a regularização fundiária. In:
SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 19., 2019, Santos. Anais[...]. São José dos
Campos: INPE, 2019. Disponível em: http://bit.ly/3dFUAb8. Acesso em: 4 fev. 2021.

225
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• Os aspectos da fotointerpretação analógica e digital dependem inicialmente


da disponibilidade das fotografias aéreas.

• No aspecto da fotointerpretação analógica considera-se o uso do overlay para


a interpretação das imagens.

• No aspecto da fotointerpretação digital considera-se o uso de computadores


através de softwares especializados.

• Na análise digital, necessitamos de softwares que permitam o processamento


de imagens e que contemplem recursos como zoom, digitalização, vetoriza-
ção de pontos, linhas e polígonos fechados, assim como devem permitir a rea-
lização dos realces da imagem, determinação do comprimento das linhas, das
áreas, dos polígonos fechados, da correção geométrica, o registro da imagem,
bem como a classificação das imagens.

CHAMADA

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226
AUTOATIVIDADE

1 Os aspectos da fotointerpretação analógica e digital compreendem analises


qualitativas e quantitativas registradas e anotadas como mapas, e estes re-
sultados são transferidos para bases cartográficas através de equipamentos
distintos. Diante do exposto, assinale alternativa CORRETA que apresenta
os tipos de equipamentos utilizados.

a) ( ) Câmera lúcida, projeção ótica e projeção semiautomática


b) ( ) Câmera lúcida, projeção ótica e projeção automática
c) ( ) Câmera lúcida, projeção ótica e projeção mecânica.
d) ( ) Câmera translúcida, projeção ótica e projeção automática

2 As análises digitais são possíveis através da utilização de vários tipos de


algoritmos que permitem a realização da classificação das imagens. As aná-
lises por classificadores são subdivididas em supervisionadas e não super-
visionadas. Assinale a alternativa CORRETA que apresenta os métodos da
classificação supervisionada.

a) ( ) Método da máxima distância, método do paralelepípedo e o método da


máxima verossimilhança.
b) ( ) Método da distância média, método do paralelepípedo e o método da
máxima verossimilhança.
c) ( ) Método da mínima distância, método do paralelepípedo e o método da
máxima verossimilhança.
d) ( ) Método da mínima distância, método do entrelaçamento e o método da
máxima verossimilhança.

3 O método da classificação não supervisionada é o método que realiza o


agrupamento dos pixels conforme suas características espectrais e conse-
gue organizá-las em grupos denominados de clusters. O método da clas-
sificação não supervisionada pode ser classificado em Isodata e K-means.
Sobre o método da isodata, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) No método isodata os clusters são formados por pixels que possuem


características semelhantes.
b) ( ) No método isodata os clusters são formados por pixels que possuem
características distintas.
c) ( ) O método isodata não permite a formação de clusters por não se apoiar
em agrupamentos.
d) ( ) O método isodata permite o agrupamento por clusters sem a formação
por grupo de pixels.

227
4 A fotointerpretação seja ela por processos analógicos ou digitais propor-
ciona ao indivíduo um olhar do alto, um olhar de cima, um olhar em que
temos as condições de nos tornarmos os gestores do território, porém, isso é
possível devido às técnicas que permitem um enquadramento da paisagem
em distantes escalas. Portanto, com base no exposto e nos conhecimentos
adquiridos com seus estudos, disserte sobre os aspectos da fotointerpreta-
ção analógica e digital.

5 No processo de fotointerpretação analógico e digital, um dos aspectos a


ser considerado inicialmente é a disponibilidade das fotografias aéreas do
local de interesse, e a etapa posterior refere-se à extração das informações
– objetos de estudo de uma área do conhecimento. Com base no exposto e
nos conhecimentos adquiridos com seus estudos, disserte sobre os aspectos
referentes à fotointerpretação analógica e digital.

228
REFERÊNCIAS
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