Você está na página 1de 67

MODELO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTOS SOCIAIS DE DESCOMISSIONAMENTO DE

SISTEMAS SUBMARINOS: UM ESTUDO DE CASO

Leonardo Mangia Rodrigues

Proposta de Tese de Doutorado apresentada ao


Programa de Pós-graduação em Engenharia de
Produção, COPPE, da Universidade Federal do Rio
de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Doutor em Engenharia de
Produção.

Orientador: Lino Guimarães Marujo

Rio de Janeiro
Fevereiro de 2023
MODELO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTOS SOCIAIS DE DESCOMISSIONAMENTO DE
SISTEMAS SUBMARINOS: UM ESTUDO DE CASO

Leonardo Mangia Rodrigues

PROPOSTA DE TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO


LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE) DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS EM
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO.

Examinada por:

__________________________________________
Prof. Lino Guimarães Marujo, D. Sc.

__________________________________________
Prof. Luan dos Santos, D. Sc.

__________________________________________
Prof. Marcelo Igor Lourenço de Souza, D. Sc.

__________________________________________
Prof. Carlos Eduardo Durange de Carvalho Infante, D. Sc

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL


FEVEREIRO DE 2023
Rodrigues, Leonardo Mangia
Modelo de avaliação de impactos sociais de
descomissionamento de sistemas submarinos / Leonardo
Mangia Rodrigues. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2023.
XXII, XXX p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Lino Guimarães Marujo
Tese (doutorado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de
Engenharia de Produção, 2023.
Referências Bibliográficas: p. XX-XX.
1. Descomissionamento offshore. 2. Sistemas
submarinos. 3. Avaliação de impactos. 4. Impactos sociais.
I. Marujo, Lino Guimarães et al. II. Universidade Federal do
Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia de
Produção. III. Título.
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a
obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)

MODELO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTOS SOCIAIS DE DESCOMISSIONAMENTO DE


SISTEMAS SUBMARINOS: UM ESTUDO DE CASO

Leonardo Mangia Rodrigues

Fevereiro/2023

Orientadores: Lino Guimarães Marujo

Programa: Engenharia de Produção

Uma das grandes preocupações recentes em relação a gestão sustentável da produção diz
respeito aos resíduos gerados e as questões que envolvem o fim do ciclo de vida. Para
projetos de descomissionamento com ênfase em sistemas e equipamentos submarinos
offshore, a delimitação da fronteira do sistema a ser considerado ao fim do ciclo de vida do
ponto de vista social, ou seja, os processos atividades e fluxos de entradas e saídas envolvidos
desde a retirada dos resíduos do leito marinho, até o seu descarte final, estão relacionadas as
atividades realizadas no mar (offshore), assim como em terra (onshore). Diante deste
contexto, e do fato de estruturas de petróleo e gás offshore estarem se aproximando do fim do
ciclo de vida de suas operações, a ação de descomissionar sistemas submarinos passará a ser
cada vez mais frequente no Brasil. Assim, a análise do contexto social (empregos gerados
e/ou mantidos, infraestrutura logística e urbana, atividades realizadas no mar, entre outros), de
cada sistema submarino (dutos e equipamentos) a ser descomissionado são a base para a
avaliação dos impactos sociais gerados por esse processo, principalmente no tocante aos
territórios afetados. A proposta do presente projeto é a criação de um modelo de avaliação de
impactos sociais capaz de subsidiar operadoras da área de exploração e produção de petróleo
no levantamento dos impactos sociais onshore e offshore, a partir da abordagem do
pensamento do ciclo de vida. Buscou-se compreender as alternativas tecnológicas e os
processos utilizados para o descomissionamento, seus impactos nas dimensões onshore e
offshore. A partir das características técnicas da operação, da revisão da literatura e de
workshops realizados junto as partes interessadas, foram identificadas as categorias de
impacto nas dimensões onshore e offshore; seus respectivos indicadores de sensibilidade e
pressão social que serão analisados para a avaliação dos impactos sociais. Foram consideradas
duas dimensões, onshore e offshore, seis categorias de impacto (4 offshore e 2 onshore), seis
indicadores de sensibilidade social (4 offshore e 2 onshore) e vinte e dois indicadores de
pressão social (15 offshore e 7 onshore). O modelo de avaliação de impactos sociais proposto
visa reconhecer atividades e subatividades que impactam de forma objetiva, os públicos
identificados (partes interessadas), nas dimensões onshore e offshore. O modelo criado
buscou utilizar indicadores com baixo nível de subjetividade, rastreabilidade das informações
e dados utilizados e criado a partir da escuta das partes interessadas.
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for
the degree of Doctor of Science (D.Sc.)

MODEL FOR ASSESSING THE SOCIAL IMPACTS OF DECOMMISSIONING SUBSEA


SYSTEMS: A CASE STUDY

Leonardo Mangia Rodrigues


February/2022

Advisors: Lino Guimarães Marujo

Department: Production Engineering

One of the major recent concerns regarding sustainable management of production


concerns the waste generated and the issues involving the end of the life cycle. For
decommissioning projects with emphasis on offshore underwater systems and equipment, the
boundary of the system to be considered at the end of the social life cycle, that is, the
processes and flows of entries and exits involved since withdrawal from marine bed waste, to
its final disposal, are related to activities performed at the (offshore), as well as on land
(onshore). Given this context, and the fact that Offshore oil and gas structures are approaching
the end of the life cycle of their operations, the action of decommissioning underwater
systems will become increasingly frequent in Brazil. Thus, the analysis of the social context
(jobs generated and/or maintained, logistics and urban infrastructure, activities performed at
sea, among others), of each submarine system (ducts and equipment) to be decommissioned
are the basis for the evaluation of social impacts generated by this process, especially
regarding the affected territories. The proposal of this project is the creation of a social impact
assessment model capable of subsidizing operators in the area of oil exploration and
production in the survey of social impacts onshore and offshore, from the approach of life
cycle thinking. We sought to understand the technological alternatives and the processes used
for decommissioning, their impacts on the onshore and offshore dimensions. From the
technical characteristics of the operation, the literature review and workshops made with the
stakeholders, the impact categories in the onshore and offshore dimensions were identified;
their respective indicators of sensitivity and social pressure that will be analyzed for the
evaluation of social impacts. Two dimensions, onshore and offshore, six impact categories (4
offshore and 2 onshore), six social sensitivity indicators (4 offshore and 2 onshore) and
twenty -two social pressure indicators (15 offshore and 7 onshore). The proposed social
impact assessment model aims to recognize activities and sub activities that objectively
impact the identified audiences (stakeholders), on the onshore and offshore dimensions. The
created model sought to use low level of subjectivity, traceability of information and data
used and created from the listening of stakeholders.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................11
2. REVISÃO DA LITERATURA.........................................................................................19
2.1 Descomissionamento de instalações offshore de petróleo e gás.....................................19
2.2 Impactos sociais do descomissionamento de sistemas submarinos offshore de petróleo e
gás.........................................................................................................................................22
3. ROTEIRO METODOLÓGICO PARA MODELAGEM DAS CATEGORIAS DE
IMPACTOS SOCIAIS..............................................................................................................27
3.1 Categorias de impacto.....................................................................................................30
3.2 Indicadores de Sensibilidade Social................................................................................34
3.3 Indicadores de Pressão Social.........................................................................................35
4. MODELO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL PARA
DESCOMISSIONAMENTO DE SISTEMA SUBMARINOS DE PETRÓLEO E GÁS........39
5. CONCLUSÕES.................................................................................................................44
REFERÊNCIAS........................................................................................................................46
ANEXO 1 - Obtenção da Nota de Sensibilidade Social...........................................................51
ANEXO 2 – Forma de verificação dos indicadores de sensibilidade social offshore e onshore
...................................................................................................................................................53
ANEXO 3 - Obtenção da Nota de Pressão Social....................................................................55
ANEXO 4 - Forma de verificação dos indicadores de pressão social offshore e onshore.......60
LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Mapa de distribuição dos campos administrados pela operadora.............................15


Figura 2: Etapas para o descomissionamento de instalações offshore de petróleo e gás.........19
Figura 3: Opções de descomissionamento para instalações submarinas (incluindo dutos)......21
Figura 5: Abordagem metodológica para a seleção das categorias de impactos sociais..........28
Figura 6: Modelo de avaliação de impactos sociais offshore...................................................39
Figura 7: Modelo de avaliação de impactos sociais onshore....................................................39
Figura 8: Síntese do modelo metodológico de avaliação de impactos sociais.........................41
Figura 9: Processo da aplicação da metodologia......................................................................42
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Categorias de impactos sociais a partir da revisão da literatura...............................23


Tabela 2: Categorias de impacto social por workshop..............................................................29
Tabela 3: Categorias de impacto social offshore e onshore......................................................30
Tabela 4: Categorias de impacto offshore.................................................................................31
Tabela 5: Definição dos indicadores de sensibilidade social offshore e onshore.....................34
Tabela 7: Indicadores de pressão social offshore e onshore.....................................................36
11

1. INTRODUÇÃO

Historicamente, a questão social, como tema de preocupação e estudo, surge no século


XIX à luz das péssimas condições de trabalho e habitação nos sistemas fabris. Desde então a
questão social deixa de ser um debate exclusivamente sobre as condições de trabalho para
envolver outros temas como desemprego, educação, saúde, transporte, moradia, saneamento
básico, segurança, lazer, cultura, segurança alimentar, assim como discussões sobre
desigualdade de classe, gênero, raça/etnia entre outros temas que afetem o bem-estar geral de
dada população.
Desse modo, a questão social não possui uma única dimensão como inicialmente
pressuposto, adquire uma amplitude multidimensional na medida em que os efeitos sistêmicos
produzidos pela questão econômica não são apenas dimensionáveis no âmbito do processo
produtivo. Através de uma análise sistêmica podemos perceber os efeitos colaterais que o
acento na questão econômica sobrepesa a questão social, tanto do ponto de vista positivo
como negativo.
Uma das grandes preocupações recentes em relação a gestão sustentável da produção diz
respeito aos resíduos gerados e as questões que envolvem o fim do ciclo de vida de produtos e
instalações industriais. Gerir as atividades relacionadas ao fim do ciclo de vida requer um
modelo multicritério de tomada de decisão que possa equilibrar, custo, impactos ambientais,
sociais, econômicos e de governança.
O descomissionamento é uma atividade referente ao fim do ciclo de vida de projetos ou
atividades de diversos setores, como por exemplo uma planta nuclear (SUDHOLT, 2013;
SUH et al., 2018), um complexo de minas (AMIRSHENAVA e OSANLOO, 2018), uma
planta de geração de energia solar (GUÉDEZ et al., 2015) ou descomissionamento de
processos de petróleo e gás (FOWLER et al. 2014; KRUSE et al. 2015; HERION et al.2015;
CRIPS e AABEL 2002; EKINS et al. 2006; MARTINS et al. 2020).
O desenvolvimento das primeiras instalações offshore de petróleo e gás são do ano de 1897
(BRADLEY, 1987). Aproximadamente existem 7500 plataformas e instalações offshore de
petróleo e gás, que incluem embarcações flutuantes de produção, armazenamento e descarga
(FPSO) e plataformas e instalações submarinas (ICF, 2015), localizadas principalmente no
mar do norte, golfo do México, e nas áreas offshore próximas à Califórnia e no Sudeste
Asiático (EDUARDO et. al., 2008). Aproximadamente 85% dessas instalações precisam ser
12

desativadas nas próximas décadas (FOWLER, 2014), atendendo a convenções internacionais


e regionais, onde a maioria delas precisam ser removidas totalmente para ser desmanteladas e
recicladas (LI & HU, 2021).
Para projetos de descomissionamento com ênfase em sistemas e equipamentos submarinos
offshore, a delimitação da fronteira do sistema a ser considerado ao fim do ciclo de vida do
ponto de vista social, ou seja, os processos atividades e fluxos de entradas e saídas envolvidos
desde a retirada dos resíduos do leito marinho, até o seu descarte final, estão relacionadas as
atividades realizadas no mar (offshore), assim como em terra (onshore).
As atividades offshore são referentes a movimentação das embarcações envolvidas, direta e
indiretamente, na remoção dos resíduos a serem descomissionados, e as atividades onshore,
são aquelas envolvidas nas operações portuárias e na logística relacionada a destinação dos
dutos e equipamentos.
A implementação de programas de descomissionamento envolve uma extensa cadeia de
atividades, com alto custo, complexidade devido ao envolvimento de diversos stakeholders,
como operadores, fornecedores da cadeia de suprimentos, organizações de governo, ONG´s e
outros usuários do mar1, assim como as diversas dimensões afetadas, como por exemplo:
ambiental, saúde e segurança, social, econômico, técnico entre outros (Oil & Gas UK, 2015;
HENRION, 2015; AHIAGA-DAGBUI et al., 2017; MARTINS et al., 2020). Por exemplo, a
ação de descomissionar um sistema submarino pode ter como consequência positiva a criação
de empregos no território, por sua vez, o transporte viário dos dutos e equipamentos extraídos
poderá impactar negativamente determinadas localidades, a partir do aumento do tráfego
dentro dos municípios diretamente envolvidos, da poluição gerada, danificação das vias
devido a utilização de veículos pesados, e até mesmo a possibilidade de danificar casas com
infra estruturas mais frágeis.
O planejamento e gestão de projetos de descomissionamento é um esforço coletivo que
envolve diversas partes interessadas e o grande desafio é a obtenção de registros de
plataformas que foram construídas décadas atrás (NA et al., 2017) e de potenciais objetivos
conflitantes entre as partes interessadas (MARTINS et al., 2020).
Em abril de 2020 a Agência Nacional de Petróleo (ANP), o órgão regulador brasileiro de
óleo e gás O&G, publicou o regulamento de descomissionamento - Resolução ANP n.º

1
Usuários do mar são aqueles que utilizam o oceano para diversas finalidades, como por exemplo, comércio
marítimo, pesca, transporte de passageiros, turismo, atividades de lazer, exploração de recursos minerais e
energéticos, entre outras.
13

817/2020. O regulamento técnico de descomissionamento de instalações de exploração e de


produção indicou além da atualização e simplificação de requisitos legais, padrões mais claros
e informações necessárias para a tomada de decisão.
Apesar do termo “social” ser citado pontualmente apenas em três momentos no texto, é no
parágrafo único do artigo 5º que fica explicitada sua importância no referido documento.
Neste trecho a ANP afirma que a operadora “deverá dispor de um sistema de gestão de
responsabilidade social e sustentabilidade aderente às melhores práticas da indústria do
petróleo, observando o disposto no contrato e, no que for pertinente, seguir as diretrizes para
alcançar os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da organização das nações unidas”
(ANP, 2020).
Ao citar a necessidade de exigir que a operadora tenha um sistema de gestão de
responsabilidade social, a ANP deixa claro que os projetos não poderão focar os impactos de
forma pontual. Um sistema de gestão inclui ações em todos os níveis, estratégicos, táticos e
operacionais, além da participação de profissionais de todas as áreas da operadora que atuam
direta e indiretamente interagindo com os diversos públicos. Desse modo, além da área
técnica, precisarão ser incluídas também outras áreas como as de responsabilidade social,
licenciamento, jurídica, comercial, riscos, para citar algumas.
É importante ressaltar que o Brasil foi o primeiro país a lançar, em 2004, uma norma
certificável sobre o tema. Atualmente utiliza-se no país a versão revisada em 2012 que segue
as diretrizes da norma internacional de responsabilidade social, a ISO 26000:2010 (ABNT,
2010). Convém destacar que o alinhamento aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS) também deixa claro a preocupação da agência reguladora com a integração dos
diversos projetos de descomissionamento com as políticas públicas relacionadas ao
desenvolvimento sustentável do país.
Diante deste contexto, e do fato de estruturas de petróleo e gás offshore estão se
aproximando do fim do ciclo de vida de suas operações, a ação de descomissionar sistemas
submarinos passará a ser cada vez mais frequente no Brasil. A ação de descomissionar é
entendido aqui como o processo ao final da vida econômica e produtiva do ativo, de decidir a
melhor forma de fechar os poços, limpar, tornar a instalação segura, remover algumas ou
todas as instalações e reutilizá-las ou descartá-las conforme apropriado ao encerramento das
operações no final da vida de um campo.
14

O painel dinâmico de descomissionamento de instalações de exploração e produção 2,


lançado pela ANP em novembro de 2020, reúne as informações de compromissos assumidos
pelas operadoras do status das entregas e das análises dos Programas de Descomissionamento
de Instalações (PDIs). Por ser uma base de dados interativa, é possível aplicar filtros, por
exemplo, por ambientes (mar e terra), bacia, campus e status (aprovado, em análise,
sobrestado e aguardando resposta). A ferramenta permite ainda consultar o valor dos
investimentos em atividades relacionadas a descomissionamentos previstos para os próximos
cinco anos, separados por ano e tipo de atividade (como arrasamento e abandono de poços,
recuperação de áreas e retirada de equipamentos). Em fevereiro de 2023 havia 101 PDIs,
sendo 44 offshore, posicionadas em cinco bacias diferentes (Campos, Potiguar, Santos,
Camamu e Sergipe), sendo que 32 encontram-se aprovados.
Observa-se que as instalações a serem descomissionadas estão distribuídas ao longo de
toda a costa brasileira impactando diferentemente os grupos envolvidos e interessados
(stakeholders) e influenciando a tomada de decisão da operadora quanto as alternativas que
poderão ser utilizadas (Figura 1)

2
https://www.gov.br/anp/pt-br/centrais-de-conteudo/paineis-dinamicos-da-anp/paineis-dinamicos-sobre
exploracao-e-producao-de-petroleo-e-gas/painel-dinamico-de-descomissionamento-de-instalacoes-de-
exploracao-e-producao
15

Figura 1. Mapa de distribuição dos campos administrados pela operadora


Fonte: ANP, 2021.

Segundo FOWLER et al., (2014), as decisões de desativação envolvem uma ampla gama
de considerações, incluindo potenciais impactos ambientais, custos financeiros para a
indústria, impactos socioeconômicos e questões de saúde e segurança. Vários grupos de partes
interessadas também podem ter considerações adicionais que são específicos aos seus
interesses. Essas considerações são frequentemente esquecidas durante as decisões de
desativação, mas provavelmente são importantes para garantir a igualdade e evitar conflitos
durante o processo de decisão. No presente projeto, a modelagem das categorias de impactos
sociais e a proposição de um sistema de indicadores serão o objeto prioritário da descrição
pretendida.
Assim, a análise do contexto social (empregos gerados e/ou mantidos, infraestrutura
logística e urbana, atividades realizadas no mar, entre outros), de cada sistema submarino
(dutos e equipamentos) a ser descomissionado são a base para a avaliação dos impactos
sociais gerados por esse processo, principalmente no tocante aos territórios afetados, uma vez
que as pessoas que vivem nestes territórios são as mais suscetíveis de sofrer impactos diretos
16

das ações de descomissionamento.


Os impactos sociais, originados pelas atividades de descomissionamento são mensurados a
partir dos indicadores sociais, sendo estas evidências, subjetivas ou objetivas, quantitativas ou
qualitativas, relacionados a um conjunto de valores específicos, possuidores de um significado
social uma vez que possuem muita dependência contextual (UNEP-SETAC, 2009; FRANKS,
2011).
Portanto, a proposição das categorias de impacto, são sucedidas de um sistema de
indicadores capaz de avaliar os impactos sociais gerados por qualquer uma das várias
alternativas de descomissionamento, deve possuir em sua estrutura abordagens dialógicas
efetivas que assegurem a participação da sociedade e dos territórios correlacionados as
operações referentes ao sistema modelado.
A avaliação de impactos sociais é de grande valor para o gerenciamento e prevenção de
riscos técnicos e não-técnicos, principalmente na indústria extrativista uma vez que apontam
os seguintes benefícios gerados a partir da gestão dos impactos sociais (PRENZEL e
VANCLAY, 2014; BSR, 2011 e ESTEVES et al., 2012):

 Possibilidade de construção de um legado positivo, a partir da obtenção da


vantagem competitiva;
 Abertura de diálogo com atores sociais internos e externos;
 Prevenção e redução de riscos sociais e ambientais e dos conflitos entre a
comunidade e a empresa;
 Prevenção e redução de interrupções nos projetos devido a riscos não-técnicos;
 Identificação antecipada dos problemas de forma preditiva, gerando uma
melhoria do planejamento de custos para a resolução deles.

Na avaliação de impactos é necessário que alguns aspectos sejam levados em


consideração, como por exemplo, a necessidade de envolvimento dos stakeholders nas etapas
iniciais de identificação dos impactos associados aos processos, entender a impossibilidade de
prever todos os impactos devido à natureza dinâmica dos territórios e da sociedade, a
necessidade de experiência por parte dos responsáveis pela avaliação dos impactos, a busca
pelo atendimento das expectativas das partes interessadas, assim como, a inclusão deles no
processo participativo e decisório (ESTEVES et al., 2012, BURDGE e VANCLAY, 2012,
17

SILVA, 2017).
De acordo com Fowler et al. (2014), a participação direta das partes interessadas está cada
vez mais sendo usada nas decisões socioambientais porque leva a uma compreensão mais
holística do problema de decisão; as decisões são mais propensas a serem otimizadas para
vários stakeholders com objetivos conflitantes e promove a confiança e aceitação das decisões
finais.
Os stakeholders tais como: poder público, comunidade local, trabalhadores, agentes
econômicos, sociedade civil organizada, também influenciam as atividades de
descomissionamento a partir das interações possíveis. Em suma, assim como as empresas
dependem da maneira como a sociedade funciona, as empresas impactam o funcionamento da
sociedade (GOEDKOOP et al., 2018). Neste sentido, as possibilidades geradas a partir do
processo de avaliação de impactos sociais são (BURDGE e VANCLAY (2012):

 Gerenciar as mudanças a partir da compreensão contexto social;


 Prever os potenciais impactos sociais da implementação de projetos;
 Minimizar os impactos sociais através do planejamento, desenvolvimento e
implementação de planos estratégicos de mitigação;
 Desenvolver mecanismos de monitoramento de impactos sociais imprevistos
em decorrência da mudança social;
 Avaliar os impactos sociais oriundos de desenvolvimentos prévios.

Neste sentido, os indicadores sociais são fundamentais pois possibilitam informações


importantes que permitem avaliar o status da efetivação dos objetivos pretendidos, fornecem
dados fundamentais em relação ao planejamento de futuras ações e passam a ter uma maior
relevância na academia e no mundo dos negócios na medida em que promovem maior
transparência nas ações dos agentes econômicos (HUEBÍČEK et al., 2015). Esse fato ocorre
porque as partes interessadas são informadas de todo o processo na medida em que as
organizações divulgam suas práticas e impactos de suas ações relacionadas a sustentabilidade
(CALABRESE et al., 2016; BELLANTUONO et al., 2016).
Na realização da escolha de um conjunto de indicadores que possam representar os
impactos gerados, assim como sua significância social em relação ao contexto do sistema de
descomissionamento a ser analisado, torna-se necessário estabelecer o nível de materialidade
18

dos mesmos “a partir do qual os aspectos tornam- se suficientemente expressivos para serem
relatados (GRI, 2015).
Dado os traços distintivos do descomissionamento de sistemas submarinos ao longo da
costa brasileira, é necessário que haja uma perspectiva de multicritérios. Significa dizer que a
análise e planejamento do objeto de estudo – descomissionamento de sistemas offshore de
exploração de petróleo e gás - não deve estar subordinado exclusivamente a questão
econômica, operacional e/ou ambiental como se costuma alentar. O estudo de
descomissionamento de sistemas submarinos de exploração de petróleo, envolve a
implementação de um tipo de análise não orientada exclusivamente aos determinantes da
questão econômica e/ou ambiental, mas também de cenários sociais adequados as atividades
nos territórios influenciados pelos descomissionamento.
Dubois-Iorgulescu et al. (2016), apresentam duas visões conceituais de sistema e que
normalmente coexistem, uma abordagem técnica a partir da definição dos processos técnicos
de acordo com os estágios do ciclo de vida, e uma abordagem socioeconômica que seleciona
organizações como unidades do sistema. Os critérios utilizados para a delimitação da fronteira
do sistema estão divididos em quatro grupos: (1)significância social, são critérios
qualitativos, que possuem um significado social em termos de impacto gerado pelo processo,
e que estes só devem ser excluídos do sistema quando não há a alteração do resultado; (2)
limitações empíricas, os critérios de corte são justificados a partir da disponibilidade de dados
ao longo do tempo; (3) elementos idênticos, são processos técnicos idênticos localizados na
mesma região ou organização que podem ser cortados e (4) relevância significativa e de
decisão, diz respeito a influência da empresa central em uma determinada cadeia de valor.
A proposta do presente artigo é subsidiar operadoras da área de exploração e produção de
petróleo no levantamento dos impactos sociais onshore e offshore, a partir da abordagem do
pensamento do ciclo de vida, para que elas possam antecipar riscos e impactos, e intervir de
forma planejada, na solução ou previsão de situações sociais causadoras de impactos,
negativos ou positivos, decorrentes do descomissionamento de sistemas submarinos offshore
de exploração de petróleo.
19

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Descomissionamento de instalações offshore de petróleo e gás

Antes de iniciar o procedimento para entendimento das categorias de impacto e indicadores


a serem utilizados para a criação do modelo de avaliação de impactos sociais para
descomissionamento de sistemas submarinos, é preciso entender o procedimento de
descomissionamento. O processo de engenharia envolvido para o descomissionamento estão
relacionados ao fim do ciclo de vida das instalações, e relacionadas ao domínio da logística
reversa (FAM et al., 2018), no entanto alterações devem ser feitas para a adequação da
tomada de decisão em relação as alternativas tecnológicas, meio ambiente, segurança,
aspectos regulatórios e sociais (FOWLER, 2014; SCHROEDER e LOVE, 2004). Segundo
apresentado na figura 2, o processo de descomissionamento de instalações offshore de
petróleo e gás possui três etapas (ICF, 2015; FAM et al., 2018; LYONS, 2013; PARENTE et
al., 2006; LI & HU, 2021):

Figura 2: Etapas para o descomissionamento de instalações offshore de petróleo e gás.


Fonte: Adaptado de LI & HU (2021)
20

O objetivo do pré-descomissionamento é construir planos e tomar decisões que darão


suporte a implementação dos projetos, levantar requisitos legais, obter licenças
governamentais, preparar materiais e documentações (OSMUNDSEN e TVETERÅS, 2003).
Geralmente esta etapa leva cerca de dois a três anos (FAM et al., 2018), os stakeholders tais
como, organizações certificadoras, empresas de engenharia e consultorias ingressam nesse
período para fornecer serviços que darão suporte ao sistema de tomada de decisões.
Esta etapa possui atividades como: divisão de responsabilidade, coleta de informações de
engenharia de plataforma, custo, inventário de materiais, avaliação de risco e impacto
ambiental, avaliação da tomada de decisão em relação as alternativas de descomissionamento,
simulação de engenharia, mobilização de recursos e aquisição de licenças governamentais (LI
& HU, 2021); nesta etapa a academia contribui de maneira significativa a partir da construção
de modelos de avaliação de impactos (KAISER e NARRA, 2018; ELLIOT et al., 2017) e
suporte para tomada de decisão (KAISER e NARRA, 2018; BRESSLER e BERNSTEIN,
2015; BERNSTEIN, 2015, MARTINS, 2020). No entanto, atualmente existem poucas
ferramentas de avaliação atendam transversalmente os multicritérios necessários para projetos
de descomissionamentos de instalações offshore de petróleo e gás (LI & HU, 2021).
O foco da etapa de execução do descomissionamento é a implementação do plano
previamente estabelecido. As atividades a serem realizadas estão relacionadas diretamente ao
tipo de plataforma e dos sistemas submarinos. Geralmente as plataformas são removidas
totalmente devido a convenções internacionais ou regionais. O elemento de maior
complexidade está relacionado aos sistemas submarinos devido as decisões que envolvem
custos, impactos ambientais e riscos de operação.
Na fase de execução, a contribuição do projeto de engenharia e da pesquisa acadêmica está
focada no gerenciamento de riscos, proteção ao meio ambiente marinho e eficiência da
construção (LI & HU, 2021). Também há contribuições específicas como sistemas de
prevenção e controle de vazamentos de hidrocarbonetos (BAKKE et al., 2013),
desenvolvimento de novos equipamentos (CAVALLO et al., 2004), controle de risco
dinâmico que integra clima, engenharia e demais fatores (BABALYE et al., 2018), e análises
de decisão multicritério (MORAES et al., 2022).
Após o término da etapa de execução do descomissionamento, o pós-descomissionamento
tem como objetivo realizar atividades relacionadas a desmobilização das equipes,
21

fornecimento de relatórios de conclusão e monitoramento do ambiente marinho. São


atividades pouco valorizadas pela indústria do petróleo devido a necessidade de validação de
terceiros (LI & HU, 2021).
A etapa de gerenciamento perpassa as três etapas de descomissionamento de instalações
offshore de petróleo e gás, e segue a lógica dos cinco processos do ciclo de vida de um
projeto: iniciação, planejamento, controle e monitoramento, execução e encerramento. Tal
etapa é de importância estratégica na condução de projetos de descomissionamento e possui
atividades relacionadas ao gerenciamento de resíduos, do reuso de materiais, padrões
relacionados a saúde e segurança, manutenção de equipamentos, fornecimento de
suprimentos, transferência de equipes e relações públicas (LI & HU, 2021).
É importante compreender o processo de cada uma das alternativas possíveis que
impactam de forma objetiva os públicos identificados (stakeholders) para a definição das
categorias de impacto. A Error: Reference source not found apresenta as opções de
descomissionamento para as instalações submarinas (LI & HU, 2021).

Figura 3: Opções de descomissionamento para instalações submarinas (incluindo dutos)


Fonte: Adaptado de Li & Hu (2021)

O foco do artigo é o descomissionamento de instalações submarinas de petróleo e gás, no


entanto, existe uma literatura associada a plataformas offshore. Para o descomissionamento
de instalações submarinas, existem três opções: deixar no local, remover parcialmente ou
remover totalmente. Na alternativa relacionada a permanência no local, os equipamentos não
22

são retirados do leito marinho durante o descomissionamento e apenas intervenções mínimas


são consideradas, como por exemplo a desconexão entre diferentes equipamentos que terão
destinações diversas. Existe também a opção de reutilizar alguns equipamentos em outros
campos, no entanto, é necessário investigar as condições de integridade dos materiais
envolvidos.
A remoção total ou parcial refere-se ao içamento ao convés de um navio de serviço os
dutos e os equipamentos presentes no leito marinho. Alguns desses equipamentos apresentam
partes de sua estrutura que podem ser parcialmente removidas, o que configuraria uma
remoção parcial. Na remoção parcial, os elementos que parmanecerem no leito marinho
podem estar cobertos por sedimentos, neste caso a recomendação é a permanência in situ, e
para os elementos que estão expostos existem três alternativas possíveis: entrincheiramento e
enterramento, cobrir com rocha ou cortar e içar.
Na permanência por deposição de rochas, os equipamentos que permanecem no leito
marinho são cobertos por cascalho de rocha de forma a asegurar que, ao longo dos anos que
se seguem ao descomissionamento, a degradação natural dessas estruturas não cause o
desprendimento de partes que podem ser movimentas pelas cargas ambientais e causar perigo
a navegação os aos animais marinhos. O mesmo é considerado na alternativa de
entrincheiramento, sendo que ao invés de receber uma cobertura de rochas, os equipamentos
sçao enterrados no leito marinho. Em ambas as alternativas, navios e equipamentos
especializados executam as atividades visando minimizar os impactos ao meio ambiente.
A alternativa de corte e içamento prevê a divisão desses equipamentos em partes menores
ainda no leito marinho. Após a divisão que utiliza processos de corte submarino, as partes
menores e mais fáceis de manuzear são removidas e podem ser reutilizadas, recicladas ou
tornam-se sucatas.

2.2 Impactos sociais do descomissionamento de sistemas submarinos offshore de petróleo e


gás

Sugere-se que a análise do contexto social seja vista de forma mais estratégica, tendo como
linha básica a concepção de que o engajamento com os stakeholders tem outro significado
além da identificação e comunicação multilateral. Para tanto é necessário que conheçamos ou
pesquisemos as categorias de impactos sociais daquele contexto. Foram analisados relatórios
23

e artigos referentes ao processo de descomissionamento de sistemas submarinos offshore que


tivessem inseridas categoriais de impacto relacionadas a dimensão social (TABELA 1).

Tabela 1: Categorias de impactos sociais a partir da revisão da literatura


ARTIGOS E
CATEGORIAS DE IMPACTOS SOCIAIS
RELATÓRIOS
Acesso a pesca recreacional / Efeitos na pesca comercial / Efeitos
residuais na navegação ou outros acessos / Impacto nas
FOWLER et al., comunidades / Concessões fiscais / Oportunidades de emprego /
(2014) Estímulo econômico / Impactos culturais / Acesso público /
Sentimento público / Oportunidades de mergulho / “limpeza” do
fundo do mar / Vista desobstruída do oceano
Valores ecossistêmicos / Pesca de valor comercial / Pesca de
KRUSE et al., (2015)
valor recreacional / Valores de mergulho
HERION et al., Efeitos na pesca comercial / Efeitos residuais na navegação ou
(2015) outros acessos
CRIPS AND AABEL, Efeitos residuais na navegação ou outros acessos / Mudanças nos
(2002) requisitos de engrenagem / Danos na engrenagem /
Efeitos na pesca comercial / Empregos / Vista desobstruída do
EKINS et al., (2006) oceano / Mudanças nos requisitos de engrenagem / Danos na
engrenagem
MARTINS et al.,
Efeitos na pesca comercial / Empregos / Comunidades
(2020)
Concessões fiscais / Oportunidades de emprego / Estímulo
econômico / Impactos culturais / Acesso público / Sentimento
público / Reputação corporativa / Legal e regulamentar / Acesso à
LI e HU, (2021)
pesca comercial / Oportunidades de pesca recreativa /
Oportunidades de mergulho Fundo do mar claro / Vistas
desobstruídas para o mar / Uso de outros sites da indústria naval
PTTEP, (2015) Patrimônio/Herança Indígena / Patrimônio/herança não-indígena /
Atividades de defesa / Pesca comercial – comunidade / Pesca
comercial – Estado / Pesca tradicional e de subsistência /
24

Atividades recreacionais e de turismo


SHELL U.K., (2015) Efeitos na pesca comercial / Emprego / Comunidades
Impacto comercial na pesca / Impacto socioeconômico nas
BG GROUP, (2016)
comunidades e infraestrutura
Impacto comercial sobre pesca / Impactos socioeconômicos sobre
CNR, (2013)
as Comunidades / Impactos socioeconômicos sobre infraestrutura
Pesca e acesso ao transporte / Impactos sobre as comunidades
INEOS, (2018)
(onshore) / Emprego local
Efeito residual na pesca, navegação ou outro acesso (incluindo
ITHACA, (2018)
cumulativo) / Comunidades costeiras
O impacto sobre outros usuários do mar, principalmente a
indústria pesqueira comercial / Impacto sobre as comunidades do
MARATHON OIL,
entorno onshore / Emprego e oportunidades de desenvolvimento
(2017)
regional
PERENCO, (2014) Pesca e acesso ao transporte / Comunidades (onshore)
Pesca / Aquicultura / Custos, empregos e prestação de bens e
REPSOL, (2018)
serviços / Monumentos históricos / Transporte
SPIRIT ENERGY, Efeitos sobre atividades comerciais / Comunidades ou impacto
(2018) nas comodidades / Emprego
XODUS, (2018) Indústria da pesca / Outros grupos
Impactos sociais em terra / Impactos sobre a pesca / Impacto
DNV, (2018)
sobre emprego
Fonte: Elaboração própria (2022)

Para a análise das fases de descomissionamento de sistemas submarinos offshore e seus


impactos onshore, devem ser usadas informações do contexto geográfico e sociocultural,
dados específicos do local para identificação de pontos críticos reais e concentração nas fases
do ciclo de vida onde é possível ter maior controle (JØRGENSEN et al., 2011).
Especial atenção deve ser dada a gestão dos dados pois questões de confiança e
transparência são atualmente maiores barreira ao compartilhamento de dados do que
capacidades tecnológicas. Mantendo a comunicação entre as partes interessadas por meio de
workshops e grupos de trabalho pode-se construir confiança e desenvolver relações de
25

trabalho que irão facilitar o desenvolvimento de protocolos de compartilhamento de dados e


superar as barreiras identificadas. (MURRAY et al, 2018). Abaixo serão descritos alguns
artigos e relatórios que ilustrarão a dinâmica dos impactos sociais associado ao
descomissionamento de sistema submarinos de óleo e gás.
O artigo escrito por Fowler et. al (2013), reconhece a existências de inúmeras estruturas
offshore de petróleo e gás pelo mundo que estão chegando ao seu fim do ciclo de vida e
necessitarão passar pelo processo de descomissionamento nas próximas décadas. É apontada a
complexidade desta ação e a impossibilidade de um resultado ideal nas esferas social,
econômica, ambiental em todas as abordagens possíveis. Descreve um método de análise
multicritério para avaliar e comparar opções de descomissionamento, onde adota critérios de
seleção na esfera ambiental, social, econômica e de saúde e segurança. Aponta também a
necessidade da opinião de especialistas e stakeholders para lidar com as lacunas de
conhecimento sobre os impactos ambientais.
O relatório elaborado pela Exploration and Production Public Company Limited (PTTEP)
em 2015, detalha o status e a localização da infraestrutura desativada dos campos de Jabiru e
Challis, Austrália. Não é apresentado nenhum método decisório, apenas a descrição do
cenário após o descomissionamento, a partir da observação de critérios ambientais, sociais e
de risco. Para a elaboração do relatório foi consultado stakeholders governamentais, da
indústria e das comunidades. Duas categorias de impacto atribuídas a esfera social não foram
inseridas no modelo apresentado devido a maior convergência com fatores econômicos; os
critérios excluídos foram: “exploração e produção de petróleo” e “portos e expedição
comercial”.
O artigo de Kruze et. al. (2015) aponta que as 27 plataformas de petróleo e gás no sul da
Califórnia chegaram ao fim de suas vidas úteis no intervalo dos anos de 2010 e 2015. Cita que
independentemente do tipo de descomissionamento a ser realizado (remoção completa ou
parcial), a combinação dos fatores ambientais, sociais e econômicos, associado aos riscos e
oportunidades, traz complexidade ao processo devido aos grupos de stakeholders envolvidos.
O trabalho de (LI e HU, 2021) cita que muitas instalações de petróleo e gás chegarão ao
fim do ciclo de vida e o descomissionamento de tais instalações tornou-se uma tarefa urgente
devido aos altos custos, altos riscos e questões referentes ao meio ambiente e de preocupação
pública. Ele apresenta uma revisão da literatura baseada em artigos que discutem modelos de
tomada de decisão com multicritérios. Como resultado apresenta dois problemas principais
26

dos atuais modelos de tomada de decisão, a falta de dados básicos e a aplicação incompleta do
método de decisão multicritério.
O relatório produzido pela Shell U.K. (2017) relata o processo de descomissionamento do
campo de Brent (Mar do Norte), aponta como critério o aspecto social, e três subcritérios
associados, efeitos na pesca comercial, emprego e comunidades afetadas. Neste relatório são
considerados os efeitos onshore e offshore. O método de avaliação dos impactos considera
pesos para cada um dos critérios selecionados de acordo com a opção de descomissionamento
recomendada pela autoridade certificadora pelo processo.
Nos demais relatórios percebe-se que os impactos sobre a pesca e sobre as comunidades
foram identificados de forma unânime (CNRI. 2013, Ineos. 2018, Ithaca. 2018, Repsol. 2017,
Perenco & Tullow, Spirit Energy. 2018, Xodus. 2017). O impacto sobre as atividades
turísticas foi sinalizado por apenas uma empresa. A avaliação social cria um efeito causa-
consequência, onde o gerenciador do projeto ou processo da cadeia de valor identifica pontos
críticos e realiza ações em que possam melhorá-los.
Este artigo está focado principalmente na revisão dos modelos da fase de pré-
descomissionamento relacionados aos modelos de avaliação de aspectos sociais, a partir dos
modelos de decisão, do quadro teórico, das condições de contorno delineados pelas leis e
regulamentos relevantes Brasileiras, assim como a delimitação da fronteira do sistema a partir
do pensamento do ciclo de vida.
O objetivo é apresentar o roteiro metodológico construído para compreensão das variáveis
relacionadas aos impactos sociais gerados por projetos de descomissionamento de sistemas
submarinos, a partir das categorias de impacto e seus respectivos indicadores. Por indicador
social entendemos “uma medida em geral quantitativa dotada de significado social
substantivo, usada para substituir, quantificar ou operacionalizar um conceito social abstrato,
de interesse teórico (para pesquisa acadêmica) ou programático (para formulação de políticas”
(GIOVANNI e NOGUEIRA, 2015). O modelo apresentado pode ser usado em sistemas de
tomada de decisão que tenham como premissa os compromissos com a sustentabilidade.
27

3. ROTEIRO METODOLÓGICO PARA MODELAGEM DAS CATEGORIAS DE


IMPACTOS SOCIAIS

A complexidade inerente a modelagem das categorias dos impactos sociais para o


descomissionamento de sistemas submarinos exige que algumas premissas sejam elencadas
sob o risco de sua não eficácia e inclusão no processo de tomada de decisão.

 Os impactos sociais onshore e offshore devem ser avaliados;


 Aspectos socioeconômicos relacionados com o desenvolvimento do território
impactado foram inseridos;
 Necessidade de avaliar documentos regulatórios específicos do processo de
descomissionamento;
 O público interno das operadoras de petróleo e gás precisa ser ouvido;

O modelo de avaliação de impacto desenvolvido busca interagir a partir das categorias de


impacto encontradas na literatura, a identificação de stakeholders e a perspectiva real das
partes interessadas a partir da elaboração de workshops a seguir explicados. O modelo
combina elementos teóricos e práticos das categorias envolvidas nas operações de
descomissionamento e da necessidade de envolver os stakeholders a partir da escuta e
levantamento de dados/informações (SHAW et al., 2018; SHELL, 2017, CNR, 2013)
O processo metodológico para identificação das categorias de impacto passa por sete
etapas. A primeira etapa é realizada por meio da revisão da literatura a fim de identificar
artigos e relatórios de empresas que levem em consideração a análise da avaliação de
impactos sociais em projetos de descomissionamento de sistemas submarinos de petróleo e
gás. Todo o detalhamento desta etapa está descrito na seção 2 do presente trabalho.
28

Figura 4: Abordagem metodológica para a seleção das categorias de impactos sociais


Fonte: Elaboração própria

A segunda etapa é a identificação de stakeholders. Consideramos atores sociais qualquer


pessoa, grupo ou organização que pode ser afetada de maneira positiva ou negativa pelas
ações de um projeto organizacional e que a partir desta interação pode influenciar o processo
de tomada de decisão subsequente. Esta etapa tem como objetivo conhecer as percepções dos
stakeholders. Tais percepções contribuirão para a criação das categorias de impacto do
processo de descomissionamento, assim como oportunizar discussões e trocas de opiniões
entre stakeholders.
Foram identificados atores sociais pertencentes ao governo (agência reguladora, órgão
fiscalizador federal, defesa nacional, órgão auxiliar do poder legislativo), empresas
(concessionárias, operadoras e fornecedores) e sociedade civil organizada (ong´s, sindicatos e
associações).
Uma vez que o descomissionamento de sistema submarino é uma necessidade recente no
setor de óleo e gás no Brasil, compreender as preocupações dos stakeholders em relação aos
possíveis impactos gerados por tal atividade é imprescindível para a construção do modelo de
categorias de impactos sociais. Para a realização dos workshops foi utilizada uma adaptação
do método World Café (SCHIEFFER, 2004) orientada para a coleta de informações junto aos
participantes.
Dada a complexidade das alternativas de descomissionamento, e das categorias de
impactos envolvidas (ambiental, econômico, social, técnico e de segurança), foram realizados
quatro workshops, com a presença total de 118 pessoas, que representaram 73 organizações,
onde um dos encontros foi dedicado para as categorias de impacto social e segurança e saúde
ocupacional, e teve a presença de 35 participantes. É importante ressaltar que em todos os
29

workshops foram citadas a necessidade de analisar as categorias de impacto social, o que


caracteriza a transversalidade dos impactos sociais em todos as categorias avaliadas.
Para o workshop referente a dimensão social, foram identificadas as categorias de impactos
potenciais. Para fins de registro, é interessante apresentar também as potenciais categorias de
impacto referentes a dimensão social levantadas nos demais wokshops (tabela 2). As etapas 5,
6 e 7 do modelo são apresentadas no estudo de caso.

Tabela 2: Categorias de impacto social por workshop

WORKSHOP CATEGORIAS DE IMPACTO PARTE INTERESSADA

Atrasos no projeto Academia


Aumento de arrecadação Agentes de Saúde
Contaminação Fornecedores
Custo Pescadores
Desemprego Pessoas da comunidade
Fata de conhecimento Petrobras
SOCIAL Geração/Manutenção de Poder Público
Emprego Sindicato
Greve Sociedade
Perda de renda Trabalhadores
Perda de arrecadação Trabalhadores da pesca
Regulamentações mais rigorosas
Trabalhadores do turismo
Treinamento Turistas
Pescadores
Pessoas da comunidade
Ações judiciais
TÉCNICO Regulamentações mais rigorosas Poder Público
Trabalhadores da pesca
Perda de Arrecadação
Trabalhadores do turismo
Turistas
ECONÔMIC Academia
Atrasos no projeto Acionistas
O
Operadora
Atrasos no projeto
Fornecedores
Geração/Manutenção de
Pescadores
Emprego
Petrobras
AMBIENTAL Aumento da Arrecadação Poder Público
Desemprego
Trabalhadores
Perda de Arrecadação
Trabalhadores da pesca
Ações judiciais
Trabalhadores do turismo
Regulamentações mais rigorosas
Fonte: Elaboração própria

As etapas 5 e 6 são interativas e configuram o conjunto inicial das potenciais categorias de


30

impacto. A partir das categorias descriminadas na etapa 4, foi identificada que algumas delas
não possuem relações de dependência tão objetivas em relação aos aspectos sociais, ou são
categorias que a falta de dados inviabiliza sua mensurabilidade. As análises e redefinições
sugeridas, a partir da exclusão e fusão de algumas categorias são os dados de input para a
etapa 7 descrita a seguir.

3.1 Categorias de impacto

Para o presente estudo foi definido o fim do ciclo de vida de sistemas submarinos, neste
caso, dutos e equipamentos submarinos usados na exploração de óleo e gás no Brasil. Foram
considerados os impactos gerados nas dimensões offshore e onshore. A análise do contexto
contendo dados de cada sistema a ser descomissionado são de suma importância para a
avaliação dos impactos sociais gerados por esse processo, principalmente no tocante ao
território afetado e de alguns atores sociais, uma vez que tal parcela da sociedade será
suscetível aos impactos diretos das ações de descomissionamento.
O critério social é desmembrado em seis categorias de impacto, sendo quatro categorias
de impacto offshore e duas onshore. Elas são a representação das características sociais de
maior importância a serem avaliadas em um processo de descomissionamento de sistemas
submarinos. As categorias de impacto são as áreas onde os efeitos dos impactos sociais são
percebidos, sejam eles positivos ou negativos. A análise proposta integra as seguintes
categorias de impacto (TABELA 3).

Tabela 3: Categorias de impacto social offshore e onshore


Contexto externo
Restrição a atividades pesqueiras
OFFSHORE
Restrição a atividades turísticas
Empregabilidade
Logística e Infraestrutura
ONSHORE
Empregabilidade
Fonte: Elaboração própria
Para as categorias de impacto offshore, foram escolhidos quatro elementos: Contexto
31

externo, restrição as atividades pesqueiras, restrição as atividades turísticas e


empregabilidade. Tais escolhas foram realizadas a partir da análise dos resultados dos
workshops, da análise dos fluxogramas de atividades para alternativas tecnológicas utilizadas
para o descomissionamento de sistemas submarinos, e com base nos relatórios técnicos de
operadoras de óleo e gás que atuam no território brasileiro. As definições de cada uma das
categorias de impacto offshore encontram-se abaixo (TABELA 4):

Tabela 4: Categorias de impacto offshore


CATEGORIAS DE
DEFINIÇÃO
IMPACTO
Refere-se ao ambiente externo no qual a organização busca atingir
seus objetivos. Ele pode incluir: o ambiente cultural, social,
político, legal, regulatório, financeiro, tecnológico, econômico,
natural e competitivo, seja internacional, nacional, regional ou
Contexto externo local; os fatores chave e as tendências que tenham impacto sobre
os objetivos da organização; as relações com partes interessadas
externas e suas percepções e valores. Nesta metodologia foram
levadas em consideração os graus de influência/risco referentes as
expectativas da sociedade, em especial os municípios impactados
diretamente pelas atividades de descomissionamento.
Uma das medidas mais importantes na operação das plataformas
marítimas é o cumprimento da restrição à pesca e à navegação nas
áreas do entorno das plataformas de petróleo e demais unidades
offshore. Tal restrição tem como objetivo proteger as instalações
Restrição a atividades e, consequentemente, o meio ambiente principalmente garantindo
a segurança das pessoas e dos trabalhadores envolvidas nas
pesqueiras
atividades das empresas petrolíferas no mar. Na presente
metodologia será analisada os impactos na pesca artesanal de
grupos vulneráveis. Tal escolha surge devido a esse tipo de pesca
ser tradicional ao longo da costa Brasileira, e estar presente nas
regiões relacionadas aos campos mais próximo da costa.
Os produtos e roteiros turísticos, de modo geral, são definidos
com base na oferta (em relação à demanda), de modo a
Restrição a atividades
caracterizar segmentos ou tipos de turismo específicos. Para o
turísticas presente modelo será analisado o turismo náutico pois ele é
influenciado diretamente pelas atividades relacionadas ao
descomissionamento.
Empregabilidade Segundo dados oficiais do IBGE como fonte de informação, o
Modelo de Geração de Emprego (MGE) estima a quantidade de
trabalhadores, formais e informais, necessários para atender um
aumento de demanda, a preços correntes, em qualquer um dos
setores da economia brasileira. Para o presente modelo iremos
utilizar os empregos diretos gerados e/ou mantidos nas operações
32

offshore.
Fonte: Elaboração própria (2022)

O método não contempla atividades relacionadas aos empregos gerados e/ou mantidos no
processo de reciclagem. Este recorte foi definido devido à ausência de dados e/ou estudos
sobre o tema. Cabe ressaltar que a aplicação do método será realizada cinco anos antes do
início das atividades de descomissionamento e deverá considerar a destinação final dos
materiais conforme opções disponíveis no momento da tomada de decisão (ANP, 2020). Na
dimensão onshore são analisados os impactos na infraestrutura urbana (Logística e
Infraestrutura) e os empregos gerados e/ou mantidos nas atividades portuárias (Tabela 3).

Tabela 3: Descrição dos Subcritérios Onshore


CATEGORIA DE
DEFINIÇÃO
IMPACTO SOCIAL
Segundo o IPEA, o conceito de Vulnerabilidade Social introduz
um novo recurso interpretativo sobre os processos de
desenvolvimento social e uma maneira de captar a ausência ou
insuficiência de alguns ativos sociais, criou o Índice de
Vulnerabilidade Social (IVS). Tal índice é composto por três
subíndices: i) Infraestrutura Urbana; ii) Capital Humano; e iii)
Logística e Renda e Trabalho. Segundo o IPEA “representam três grandes
conjuntos de ativos, cuja posse ou privação determina as
Infraestrutura
condições de bem-estar das populações nas sociedades
contemporâneas”. Para compreender os impactos gerados pela
movimentação dos dutos e materiais descomissionados, na
presente metodologia, será usada a média dos resultados do
subíndice relacionado a infraestrutura urbana dos municípios que
serão afetados diretamente pela movimentação da carga ao seu
ponto de destinação final.
Para o presente modelo iremos utilizar os empregos diretos
gerados (serviços combinados de escritório e apoio
Empregabilidade administrativo, serviço de carga e descarga de embarcações,
serviços de usinagem, tornearia e solda e transporte rodoviário de
carga em geral) e/ou mantidos nas operações portuárias onshore.
Fonte: Os Autores (2022)

A análise do contexto, contendo dados socioeconômicos da região afetada por operações


de descomissionamento, é importante para a avaliar os impactos sociais gerados pelo
processo, principalmente sobre comunidades circunvizinhas e seus sistemas socioeconômicos
33

(turismo, cultura, comércio local, culturas de subsistência).


Dados técnicos, como tempos e movimentos das embarcações, tempo de restrição gerado
pelo descomissionamento e a quantidade de massa de dutos e materiais descomissionados,
possuem interface com a dimensão social e são utilizados para avaliação dos impactos sociais.
A partir da compreensão e definição das categorias de impacto identificadas, foi necessário a
criação de dois tipos de indicadores. Os indicadores de sensibilidade social dizem respeito ao
nível de atenção que deve ser dado a categoria de impacto mediante as ações de
descomissionamento, auxiliando a organização a reconhecer, responder e adaptar-se a
questões e problemas sociais. Os indicadores de pressão social avaliam as forças externas que
afetam a organização (Tabela 4).

Tabela 4: Definição de Sensibilidade Social e Pressão Social


DEFINIÇÃO
Medida da susceptibilidade de um fator social
ao impacto, sinalizando para o nível de
SENSIBILIDADE
atenção que deve ser dado a categoria de
SOCIAL
impacto (componentes sociais) em situações
concretas de descomissionamento.

Efeito (impacto) de uma ação de


PRESSÃO SOCIAL descomissionamento sobre partes interessadas
que pode ocasionar dano ou perturbação.

Fonte: Elaboração própria (2022)

Chandler (2018) ressalta que alguns dos “indicadores devem permitir que a estrutura de
tomada de decisão tenha flexibilidade para se adaptar às mudanças na ciência, tecnologia,
percepções das partes interessadas e outras circunstâncias”. Essas decisões são importantes
porque se a remoção total for favorecida, ela tem um ponto final mais finito, enquanto a
reutilização exigirá processos legais e regulatórios complexos que exigem decisões em torno
de transferências de propriedade e responsabilidade que devem ser previstas em qualquer
novo marco regulatório.
34

3.2 Indicadores de Sensibilidade Social

Como citado anteriormente a distribuição geográfica dos campos a serem


descomissionados e as diferentes realidades dos municípios brasileiros exigem que a análise
quanto aos impactos possa analisar a susceptibilidade de um fator social a este impacto,
sinalizando o nível de atenção que deve ser dado a categoria de impacto (componentes
sociais) em situações concretas de descomissionamento. Exemplificando, áreas muito
antropizadas e longe da costa apresentam níveis de sensibilidade diferentes de projetos de
áreas remotas próximas a costa, mesmo que os indicadores sejam os mesmos. Para cada
categoria de impacto, um fator denominado de sensibilidade social foi estabelecido.
A sensibilidade social é um parâmetro que representa a proporcionalidade das atividades
de descomissionamento em relação aos subcritérios determinados. De acordo com as
características inerentes a cada subcritério identificado, foi definido um indicador de
sensibilidade social. Abaixo estão as definições de cada um dos indicadores de sensibilidade
(Tabela 5):

Tabela 5: Definição dos indicadores de sensibilidade social offshore e onshore


CATEGORIA INDICADOR DE
DIMENSÃO DE IMPACTO SENSIBILIDADE DEFINIÇÃO
SOCIAL SOCIAL
Verificar possibilidade de
Alteração da incremento de capital em razão
Contexto Externo dinâmica das atividades que serão
econômica realizadas na contratação das
embarcações.
Interferência nas
Sobreposição dos mapas de
Restrição a atividades de pesca
pesca e as áreas de restrição em
atividades artesanal devido a
OFFSHORE razão das atividades de
pesqueiras movimentação das
descomissionamento
embarcações
Sobreposição das rotas de
Restrição a
Interferência na turismo náutico e as áreas de
atividades
atividade turística restrição em razão das
turísticas
atividades
Geração e/ou Número de empregados
Empregabilidade Manutenção de (tripulantes e mergulhadores)
empregos que prestarão serviços.
35

Média da dimensão
“infraestrutura Índice IVS de cada município
Logística e urbana” do IVS dos obtido no site do Índice de
infraestrutura municípios Vulnerabilidade Social do
ONSHORE afetados IPEA3
diretamente
Número de profissionais
Geração e/ou
alocados de acordo com cada
Empregabilidade Manutenção de
alternativa de
empregos
descomissionamento.
Fonte: Elaboração própria (2022)

Para maior entendimento do cômputo dos indicadores de sensibilidade social, assim como
a forma de verificação e o responsável pela disponibilização dos dados no âmbito das
operadoras de petróleo e gás, analisar o ANEXO 1 e ANEXO 2.

3.3 Indicadores de Pressão Social

Os indicadores de pressão social são importantes para avaliar e gerenciar os riscos sociais
envolvidos no processo de descomissionamento de instalações submarinas offshore de
petróleo e gás. Esses indicadores ajudam a entender como as condições sociais podem afetar
as escolhas, comportamentos e resultados de um indivíduo, grupo ou atividade industrial.
O envolvimento da comunidade, o impacto nas atividades de pesca e turismo e a segurança
são alguns dos principais indicadores a serem considerados para avaliar o impacto das
atividades, proporcionando uma transição suave e uma aceitação pública positiva das
atividades de descomissionamento. Abaixo estão as definições de cada um dos indicadores de
sensibilidade (Tabela 5).
Para maior entendimento do cômputo dos indicadores de sensibilidade social, assim como
a forma de verificação e o responsável pela disponibilização dos dados no âmbito das
operadoras de petróleo e gás, analisar o ANEXO 3 e ANEXO 4.

3
Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada / http://ivs.ipea.gov.br/index.php/pt/
36

Tabela 6: Indicadores de pressão social offshore e onshore


CATEGORIA INDICADOR DE
INDICADOR DE
DIMENSÃO DE IMPACTO SENSIBILIDAD DEFINIÇÃO
PRESSÃO SOCIAL
SOCIAL E SOCIAL
Necessidade de Requisitos legais e/ou infralegais que podem
licenciamento e/ou afetar a decisão em torno das alternativas e a
autorização específica operacionalização do descomissionamento
Alteração da
Contexto Externo dinâmica Mobilização da Ações de partes interessadas que podem afetar
econômica sociedade civil a decisão em torno das alternativas
Criticidade de Expectativas das partes interessadas em
relacionamentos relação as atividades de descomissionamento
Tráfego marítimo na A taxa identifica o fluxo de embarcações em
região de entorno do relação as alternativas e permite avaliar se
OFFSHORE porto base haverá sobrecarga às atividades pesqueiras nas
rotas náuticas no entorno do porto base
Interferência nas Tráfego marítimo na A taxa identifica o fluxo de embarcações em
Restrição a atividades de pesca região de entorno da relação as alternativas e permite avaliar se
atividades artesanal devido a área a ser haverá sobrecarga às atividades pesqueiras nas
pesqueiras movimentação das descomissionada rotas náuticas no entorno dos equipamentos a
embarcações serem descomissionados
Viagens Número de viagens visando correlacionar com
(materiais-porto) o número de empregos e a interferência nas
atividades econômicas como o turismo náutico
e a pesca artesanal
37

Tempo de restrição O tempo de restrição é exclusivamente


relacionado com os dias em as atividades de
pesca artesanal têm de ser interrompidas em
razão das atividades de descomissionamento
Restrição a pesca Em algumas situações partes dos
artesanal após o equipamentos que não foram retirados podem
descomissionamento afetar a pesca artesanal
Áreas de pesca Dependendo da alternativa, o impacto que as
atividades poderão vir a causar na atividade de
pesca artesanal será variado
Pescadores artesanais O número de pescadores que poderão vir a ser
impactados em razão das atividades de
descomissionamento podem afetar
significativamente a atividade
Tráfego marítimo na A taxa identifica o fluxo de embarcações em
região de entorno do relação as alternativas e permite avaliar se
porto base haverá sobrecarga às atividades pesqueiras nas
rotas náuticas no entorno do porto base
Tráfego marítimo na A taxa identifica o fluxo de embarcações em
Restrição a região de entorno da relação as alternativas e permite avaliar se
Interferência na
atividades área a ser haverá sobrecarga às atividades pesqueiras nas
atividade turística
turísticas descomissionada rotas náuticas no entorno dos equipamentos a
serem descomissionados
O tempo de restrição é aquele exclusivamente
relacionado com os dias em as atividades de
Tempo de restrição turismo náutico tem de ser interrompidas em
razão das atividades de descomissionamento
Empregabilidade Geração e/ou Número de tripulantes O número de tripulantes varia de acordo com o
Manutenção de / mergulhadores tipo de embarcação e as alternativas utilizadas
38

empregos Número de dias que os tripulantes trabalharão


Tempo do projeto nas atividades de descomissionamento
Logística e Média da dimensão Número de Número de municípios que estão no trajeto
infraestrutura “infraestrutura municípios entre o porto e o destino do material
urbana” do IVS impactados descomissionado
dos municípios diretamente
afetados Peso Bruto Total Somatório dos pesos do material retirado e do
diretamente (PBT - materiais) caminhão que fará o transporte
Número de Viagens Número de viagens que precisarão ser
(materiais) realizadas
ONSHORE Transporte de rocha Opção pela alternativa “deposição de rochas”
Distância percorrida Quilômetros da rota entre o porto e o local de
entre origem e destino destino do material retirado
Empregabilidade Geração e/ou Geração e/ou Número de profissionais alocados em terra de
Manutenção de manutenção de acordo com cada alternativa
empregos empregos
Tempo do projeto Número de dias que os profissionais
trabalharão nas atividades de suporte em terra
em relação as alternativas
Fonte: Elaboração própria (2022)
39

4. MODELO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO SOCIAL PARA


DESCOMISSIONAMENTO DE SISTEMA SUBMARINOS DE PETRÓLEO E GÁS

O critério social nas tomadas de decisão referentes ao processo de descomissionamento de


sistemas submarinos de petróleo e gás, contempla a avaliação dos potenciais impactos sociais,
negativos e positivos, provenientes das linhas submarinas e equipamentos descomissionados.
Foram consideradas duas dimensões, onshore e offshore, seis categorias de impacto (4
offshore e 2 onshore), seis indicadores de sensibilidade social (4 offshore e 2 onshore) e vinte
e dois indicadores de pressão social (15 offshore e 7 onshore) (Figura 1 e 2):

Figura 5: Modelo de avaliação de impactos sociais offshore


Fonte: Elaboração própria (2022)

Figura 6: Modelo de avaliação de impactos sociais onshore


Fonte: Elaboração própria (2022)

É importante ressaltar algumas premissas a serem consideradas para a avaliação do critério


social. A primeira delas é que a questão social deve considerar impactos positivos e/ou
negativos como objetos de estudo, para que consequências desejadas e indesejadas tenham
igual avaliação e possam compor o corpus das informações para apoio nas tomadas de
decisão. As demais premissas são as seguintes:
40

 Para alguns indicadores, a pressão social será alterada em razão da quantidade de


materiais a serem descomissionados independentemente de serem equipamentos, dutos
rígidos, dutos flexíveis e umbilicais.
 A composição dos materiais dos equipamentos, dutos rígidos, dutos flexíveis e
umbilicais não influenciam os impactos sociais;
 A pressão social do porto considerada restringiu-se aos empregos gerados nas atividades
administrativas e de transporte.
 A fronteira do sistema a ser analisado para a avaliação dos impactos sociais onshore
está relacionada as atividades de transporte dos dutos e equipamentos retirados para a
destinação adequada. Para a alternativa tecnológica de descomissionamento relacionada
a deposição de rocha, as atividades relacionadas a logística das rochas e aos empregos
gerados são levadas em consideração;
 Os custos operacionais, de treinamento e capacitação, saúde e segurança, não serão
contemplados, assim como os desmembramentos oriundos do desenvolvimento
tecnológico do setor.

Buscou-se compreender as alternativas tecnológicas utilizadas para o descomissionamento,


seus impactos nas dimensões onshore e offshore; e, a partir das características técnicas da
operação, foram identificadas as categorias de impacto nas dimensões onshore e offshore; e
seus respectivos indicadores de sensibilidade e pressão social que serão analisados para a
avaliação dos impactos sociais. O modelo de avaliação de impactos sociais proposto visa
reconhecer atividades e subatividades que impactam de forma objetiva, os públicos
identificados (partes interessadas), nas dimensões onshore e offshore.
Foi utilizado o descritivo de atividades e subatividades dos fluxogramas de processos de
cada uma das alternativas de descomissionamento propostos em PDI´s de algumas
operadoras. A geração dos impactos offshore levam em consideração a análise dos tempos e
movimentos relacionados a cada alternativa de descomissionamento, pois esta afeta
diretamente as atividades de turismo náutico e de pesca artesanal. Para tal é necessário o
levantamento de informações referentes aos tempos e movimentos das embarcações, a massa
total de materiais a ser descomissionada e qual a origem da locação da frota a ser utilizada.
Na análise dos impactos na dimensão onshore, todas as alternativas de
41

descomissionamento que produzirão materiais passíveis de serem reciclados, reuso ou sucata,


serão avaliadas nos aspectos de empregos relacionados as atividades administrativas no porto
e no transporte de equipamento e materiais utilizados, no caso da alternativa “Permanência
por Deposição de Rochas”, também serão avaliados aspectos relacionados a logística e
infraestrutura relacionados as atividades referentes a movimentação das rochas a serem
utilizadas.
Foram apresentados os indicadores de sensibilidade social e pressão social associados as
dimensões onshore e offshore. A partir da definição, das informações, forma de cálculo e
verificação, assim como o responsável pela disponibilização dos dados (ANEXOS 1, 2, 3 E
4), a área responsável pela aplicação do modelo de avaliação de impactos sociais deverá
inserir os dados em uma planilha que irá gerar a nota de importância de cada uma das
categorias de impacto. A seguir será apresentado o processo de aplicação da metodologia
proposta.
O modelo metodológico para avaliação de impactos sociais de projetos de
descomissionamento de sistemas submarinos está representado na Figura 3. A nota de
impacto de cada categoria de impacto é o resultado da multiplicação da nota dos indicadores
de sensibilidade social e da nota dos indicadores de pressão social. Após esse produto, é
realizada a média dos valores encontrados no produto da sensibilidade social pela pressão
social, gerando assim as notas dos impactos sociais por categoria de impacto.

Figura 7: Síntese do modelo metodológico de avaliação de impactos sociais.


Fonte: Elaboração própria (2022)
42

Para a aplicação modelo proposto, sugere-se 3 fases de aplicação: Após a definição do


sistema submarino a ser descomissionado, realizar levantamento das notas dos indicadores de
sensibilidade social e pressão social, lançamento dos dados na ferramenta (planilha excel) e
por fim, a obtenção do resultado das categorias de impacto por alternativa de
descomissionamento (Figura 8). Cada uma das 3 fases será detalhada a seguir.

Figura 8: Processo da aplicação da metodologia


Fonte: Elaboração própria (2022)

Fase 1 - Levantamento dos dados referente as notas de sensibilidade social e pressão


social

Nesta etapa são levantados dados de ordem técnica e operacional, incluindo dados como
43

característica, tamanho e peso total da estrutura a ser descomissionada, características


relativas as embarcações, assim como a definição dos portos de apoio e descarga dos
materiais, assim como o trajeto a ser realizado entre o porto e a destinação final dos materiais.
Em linhas gerais, dados sobre as características de cada categoria de impacto do modelo.
Dados sobre contexto externo, tempos e movimentos das embarcações, empregabilidade,
logística e infraestrutura dos municípios afetados pelo transporte são levantados junto a áreas
responsáveis pelos critérios técnico e de segurança das operadoras, para os demais são
extraídos de fontes externas, como o IPEA.

Fase 2 – Lançamento dos dados na ferramenta

Após o levantamento de todos os dados dos indicadores de sensibilidade social e pressão


social, obtidos a partir do levamento junto as equipes responsáveis pelos dados técnicos e de
segurança, assim como a busca dos dados em fontes externas, torna-se necessário inserir os
mesmos em uma planilha Excel para que os cálculos sejam realizados e o resultado seja
coletado.
A parametrização dos fatores da expressão matemática é realizada a partir da análise dos
dados referente a pressão social e as alternativas de descomissionamento. Para cada indicador
de variável contínua, é analisada o menor e maior valor entre as alternativas. Após a
comparação atribui-se o fpmax sendo 10% maior do valor encontrado para o indicador e
fpmin sendo 10% menor do valor mínimo encontrado.

Fase 3 – Resultados das categorias de impacto por alternativa de descomissionamento

Nesta fase encontra-se o resultado final representado na síntese do modelo de avaliação de


impacto social. O resultado é apresentado por categoria de impacto e alternativa de
descomissionamento.
44

5. CONCLUSÕES
O principal objetivo do estudo apresentado neste projeto é contribuir por meio da criação
de um modelo de avaliação de impactos sociais baseado no pensamento do ciclo de vida,
incluindo a proposição de categorias de impacto, bem como a criação de um conjunto de
indicadores para entender os potenciais impactos sociais causados pelo descomissionamento
de sistemas submarinos de petróleo e gás.
Para uma análise completa da sustentabilidade das atividades de descomissionamento de
sistemas submarinos, são necessários estudos baseados em modelos de decisão multicritério
que possam incorporar impactos ambientais, técnicos, de segurança, resíduos e econômicos.
Visto que o contexto social é uma questão complexa, é necessário construir uma base melhor
e mais eficaz nos estudos referentes ao descomissionamento, utilizando uma equipe
multidisciplinar e envolvimento das partes interessadas. Tendo em vista que os estudos de
descomissionamento de sistemas submarinos de petróleo e gás estão começando a crescer, os
resultados deste trabalho podem contribuir para o avanço nesta área, uma vez que propõe um
modelo de avaliação de impactos sociais baseado no pensamento de ciclo de vida, a partir da
avaliação na etapa de pré descomissionamento.
A revisão da literatura mostrou que o descomissionamento de sistemas submarinos de
petróleo e gás geram potenciais impactos sociais nas atividades de pesca, nas comunidades
locais, seja na forma de geração ou manutenção de empregos e nas atividades referentes ao
turismo. Intervenções em territórios sem incluir os diferentes atores sociais que o compõem
não atendem ao debate exigido na contemporaneidade, uma vez que o significado de território
não mais se reporta a um espaço delimitado geograficamente ou de forma político-
administrativa.
A concepção de território utilizada nos dias de hoje não só transcende espaços geográficos
e assemelhados como também, muitas vezes, fronteiras entre países. O território representa a
interação de atores que possam explicitar relações sociais, produtivas ou não produtivas, que
contribuam para a definição de uma dada identidade (SIEDENBERG, 2006).
Por sua vez, essa identidade é projetada por meio da conexão, em rede, de atores com
objetivos comuns. Por isso a necessidade de identificar os impactos sociais não apenas por
meio do modelo matemático a ser projetado como da inserção dos diferentes stakeholders de
modo prévio, a priori, durante como monitoramento, e a posteriori, como modo de avaliação,
depois do descomissionamento concluído.
45

No decorrer dos processos de descomissionamento, possivelmente, o caminho mais


consistente para a realização da análise social seja a promoção de fóruns com atores dos locais
a serem impactados. Ou seja, uma operadora da área de petróleo e gás e/ou agentes
econômicos envolvidos no processo de descomissionamento, independentemente da
alternativa de descomissionamento a ser escolhida deverá, antecipadamente, identificar e
convidar enfaticamente os diferentes stakeholders (agentes econômicos, poder público e
demais instituições da sociedade civil organizada) do território/contexto em que ocorrerá o
descomissionamento.
Não devemos esquecer que apesar de modelos multicritério ter o seu viés acentuadamente
quantitativo, quando tratamos de fenômenos sociais o estudo assume características
interpretativas de ordem qualitativa, ou seja, o fenômeno poderá ser mais bem compreendido
se for submetido ao seu contexto territorial, no qual ocorre o estudo, devendo o mesmo ser
analisado numa perspectiva integrada. Desse modo, acentua-se a necessidade de a pesquisa
buscar captar o fenômeno em estudo a partir da perspectiva dos atores sociais a fim de
considerar todos os pontos de vistas aportados. O modelo criado buscou utilizar indicadores
com baixo nível de subjetividade, rastreabilidade das informações e dados utilizados e criado
a partir da escuta das partes interessadas, estas são as características que tornam tal modelo
competitivo e com características diferenciais em relação aos demais apresentados.
46

REFERÊNCIAS

ABNT NBR ISO 26000 (2010), Diretrizes sobre responsabilidade social, Associação
Brasileira de Normas Técnicas, 1ª edição, dezembro.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 16001:2012:


Sistemas de Gestão da Responsabilidade Social - Requisitos. Rio de Janeiro, 2012.

Ahiaga-Dagbui, D. D., Love, P. E., Whyte, A., & Boateng, P. (2017). Costing and
technological challenges of offshore oil and gas decommissioning in the UK North
Sea. Journal of construction engineering and management, 143(7), 05017008.

Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), (2020). Resolução nº


817, de 24 de abril de 2020

Amirshenava, S., Osanloo, M., 2018. Mine closure risk management: an integration of 3D
risk model and MCDM techniques. J. Clean. Prod. 184, 389–401.

ANP. Painel Dinâmico de Descomissionamento de Instalações de Exploração e Produção.


https://www.gov.br/anp/pt-br/centrais-de-conteudo/paineis-dinamicos-da-anp/painel-
dinamico-de-descomissionamento-de-instalacoes-de-exploracao-e-producao (accessed 23
March 2021).

BABALEYE, Ahmed; KHORASANCHI, Mahdi; KURT, Rafet E. Dynamic risk assessment


of decommissioning offshore jacket structures. In: International conference on offshore
mechanics and arctic engineering. American Society of Mechanical Engineers, 2018. p.
V003T02A059.

BAKKE, Torgeir; KLUNGSØYR, Jarle; SANNI, Steinar. Environmental impacts of


produced water and drilling waste discharges from the Norwegian offshore petroleum
industry. Marine environmental research, v. 92, p. 154-169, 2013.

BELLANTUONO, N, PONTRANDOLFO, P, & SCOZZI B. (2016). Capturing the


stakeholders’ view in sustainability reporting: A novel approach. Sustainability, 8(4), 379.
47

BERNSTEIN, Brock B. Evaluating alternatives for decommissioning California's offshore oil


and gas platforms. Integrated environmental assessment and management, v. 11, n. 4, p. 537-
541, 2015.

BRADLEY, Howard B. Petroleum engineering handbook. 1987.

BRESSLER, Andrew; BERNSTEIN, Brock B. A costing model for offshore


decommissioning in California. Integrated environmental assessment and management, v. 11,
n. 4, p. 554-563, 2015.
CALABRESE, A, COSTA, R, LEVIALDI, N, & MENICHINI, T. (2016). A fuzzy analytic
hierarchy process method to support materiality assessment in sustainability reporting.
Journal of Cleaner Production., 121(1), 248–264.

CAVALLO, Emanuele; MICHELINI, Rinaldo C.; MOLFINO, Rezia M. The


Decommissioning of Submerged Structures: Prototype Equipment Design And Assessment.
In: The Fourteenth International Offshore and Polar Engineering Conference. OnePetro, 2004.

CNR INTERNACIONAL. Murchison Field Decommissioning Stakeholder Engagement


Report.

Cripps, S.J., Aabel, J.P., 2002. Environmental and socio-economic impact assessment of
Ekoreef, a multiple platform rigs-to-reefs development. ICES (Int. Counc. Explor. Sea) J.
Mar. Sci. 59 (Suppl. l), S300–S308.

Chandler, J., White, D., Techera, E. J., Gourvenec, S., & Draper, S. (2017). Engineering and
legal considerations for decommissioning of offshore oil and gas infrastructure in
Australia. Ocean Engineering, 131, 338-347.

DNV-GL. Diretrizes para Avaliação Comparativa Baseada em Risco de Opções para


Descomissionamento de Instalações Submarinas no Brasil. REV. 01.
https://www.gov.br/anp/pt-br/assuntos/exploracao-e-producao-de-oleo-e-gas/seguranca-
operacional-e-meio-ambiente/arq/ppdi/pdis-conceituais-marlim-voador.pdf (accessed 26
February, 2023).

Dubois-iorgulescu, a., Saraiva, a. K. E. B., Valle, r., & Rodrigues, L. M. (2016). How to
define the system in social life cycle assessments? A critical review of the state of the art and
identification of needed developments. The International Journal of Life Cycle Assessment,
23(1),
48

EDUARDO, Antonio Sergio; HERRMANN, Hildebrando; FERREIRA, Doneivan Fernandes.


Guarantee-bond: main concepts and overview of its application within the bidding process
involving inactive areas with marginal accumulations of petroleum and natural gas; Seguro-
garantia: conceituacao e panorama de sua aplicacao no processo licitatorio envolvendo areas
inativas com acumulacoes marginais. 2008.

Ekins, P., Vanner, R., Firebrace, J., 2006. Decommissioning of offshore oil and gas facilities:
a comparative assessment of different scenarios. J. Environ. Manag. 79 (4), 420–438.

ELLIOTT, M. et al. “And DPSIR begat DAPSI (W) R (M)!”-a unifying framework for
marine environmental management. Marine pollution bulletin, v. 118, n. 1-2, p. 27-40, 2017.

Esteves, A. M., Franks, D., & Vanclay, F. (2012). Social impact assessment: the state of the
art. Impact Assessment and Project Appraisal, 30(1), 34-42.
FAM, Mei Ling et al. A review of offshore decommissioning regulations in five countries–
Strengths and weaknesses. Ocean engineering, v. 160, p. 244-263, 2018.

Fowler, A. M., Macreadie, P. I., Jones, D. O. B., & Booth, D. J. (2014). A multi-criteria
decision approach to decommissioning of offshore oil and gas infrastructure. Ocean &
coastal management, 87, 20-29.

FRANKS, Daniel. (2011). Management of the social impacts of mining. In mining


engineering handbook. New Jersey: SME.

Guédez, R., Topel, M., Spelling, J., Laumert, B., 2015. Enhancing the profitability of solar
tower power plants through thermoeconomic analysis based on multi-objective optimization.
In: International Conference On Concetranting Solar Power And Chemical Energy Systems.
SOLARPACES 2014, Beijing, China, pp. 1277–1286.

GIOVANNI, G. D., & Nogueira, M. A. (2015). Dicionário De Políticas Públicas-2ª


EDIÇÃO. São Paulo: UNESP.

GOEDKOOP, M.J., INDRANE, D, & DE BEER, I.M. (2018). Product Social Impact
Assessment Methodology Report.

HACKENBRUCH, Michael; PLUESS, Jessica Davis. Commercial value from sustainable


local benefits in the extractive industries: Local content. Briefing Notes. New York, Business
For Social Responsibility (BSR), 2011.
49

Henrion, M., Bernstein, B., & Swamy, S. (2015). A multi‐attribute decision analysis for
decommissioning offshore oil and gas platforms. Integrated environmental assessment and
management, 11(4), 594-609.

ICF International, “Decommissioning methodology and cost evaluation” (2015), disponível


em: <https://www.bsee.gov/sites/bsee.gov/files/ tap- technical- assessment-
program/738aa.pdf >.

INITIAVE, Global Reporting. Diretrizes para Relato de Sustentabilidade-G4. 2013.

JØRGENSEN, Andreas, DREYER, L, & WANGEL, A. (2011). The effects of three


diferentes SLCA methods. (p. 1). Presented at the International Seminar on Social LCA.,
Montpellier, France.

Jiří Hřebíček, Oldřich Faldík, Edward Kasem, & Oldřich Trenz. (2015). Determinants of
Sustainability Reporting in Food and Agriculture Sectors. Acta Univ. Agric. Silvic.
Mendelianae Brun., 63(1), 539–552.

KAISER, Mark J.; NARRA, Siddhartha. A hybrid scenario-based decommissioning forecast


for the shallow water US Gulf of Mexico, 2018–2038. Energy, v. 163, p. 1150-1177, 2018.
Kruse, S. A., Bernstein, B., & Scholz, A. J. (2015). Considerations in evaluating potential
socioeconomic impacts of offshore platform decommissioning in California. Integrated
environmental assessment and management, 11(4), 572-583.

LI, Yihong; HU, Zhiqiang. A review of multi-attributes decision-making models for offshore
oil and gas facilities decommissioning. Journal of Ocean Engineering and Science, 2021.

LYONS, Youna. Abandoned Offshore Installations in Southeast Asia and the Opportunity for
Rigs-to-Reefs. Available at SSRN 2235529, 2013.

Martins, I. D., Bahiense, L., Infante, C. E., & Arruda, E. F. (2020). Dimensionality reduction
for multi-criteria problems: An application to the decommissioning of oil and gas
installations. Expert Systems with Applications, 148, 113236.

Martins, I. D., Moraes, F. F., Távora, G., Soares, H. L. F., Infante, C. E., Arruda, E. F., ... &
Lourenço, M. I. (2020). A review of the multicriteria decision analysis applied to oil and gas
decommissioning problems. Ocean & Coastal Management, 184, 105000.
50

MORAES, Fernanda F. et al. A Markov Chain Approach to Multicriteria Decision Analysis


with an Application to Offshore Decommissioning. Sustainability, v. 14, n. 19, p. 12019,
2022.

Murray, F., Needham, K., Gormley, K., Rouse, S., Coolen, J. W., Billett, D., ... & Roberts, J.
M. (2018). Data challenges and opportunities for environmental management of North Sea oil
and gas decommissioning in an era of blue growth. Marine Policy, 97, 130-138.

Na, K. L., Lee, H. E., Liew, M. S., & Zawawi, N. W. A. (2017). An expert knowledge based
decommissioning alternative selection system for fixed oil and gas assets in the South China
Sea. Ocean Engineering, 130, 645-658.

Oil & Gas UK, 2015. Guidelines for Comparative Assessment in Decommissioning
Programmes. UK Oil and Gas Industry Association Limited.

OPRR, undated. Australian Government, Department of Industry, Innovation and Science.


Offshore Petroleum Regulatory Regime.

O'RIORDAN, Timothy. Best practicable environmental option (BPEO): a case-study in


partial bureaucratic adaptation. Environmental Conservation, v. 16, n. 2, p. 113-122, 1989.

OSMUNDSEN, Petter; TVETERÅS, Ragnar. Decommissioning of petroleum installations—


major policy issues. Energy policy, v. 31, n. 15, p. 1579-1588, 2003.

PARENTE, Virginia et al. Offshore decommissioning issues: Deductibility and


transferability. Energy Policy, v. 34, n. 15, p. 1992-2001, 2006.

Paula V.Prenzel, & FrankVanclay. (2013). How social impact assessment can contribute to
conflict management. Environmental Impact Assessment Review, 45(1), 30–37.

Petrobras. Mapa de distribuição dos campos administrados pela operadora.


https://petrobras.com.br/pt/nossas-atividades/principais-operacoes/bacias/ (accessed 23 March
2021).

Rabel J. Burdge, & Frank Vanclay. (2012). Social Impact Assessment: A Contribution To
The State Of The Art Series. Impact Assessment, 14(1), 59–86.
51

Sarah A Kruse, Brock Bernstein, & Astrid J Scholz. (2015). Considerations in evaluating
potential socioeconomic impacts of offshore platform decommissioning in California.
Integrated Environmental Assessment and Management, 11(4), 572–583.

Schieffer, A., Isaacs, D., & Gyllenpalm, B. (2004). The world café: part one. World, 18(8), 1-
9.

SIEDENBERG, Dieter Rguard. (2006). Dicionário do desenvolvimento regional.


Universidade De Santa Cruz Do Sul.Unisc.

SILVA, Bárbara Santana. (2017). Subjetividade na avaliação de riscos sociais: análise em


projetos de engenharia de uma empresa brasileira de energia. (Dissertação). Universidade
Federal Fluminense, Brasil.

Shaw, J. L., Seares, P., & Newman, S. J. (2018). Decommissioning Offshore Infrastructure: A
Review of Stakeholder Views and Science Priorities. WAMSI: Perth, WA, Australia.

SHELL, U. K. Brent Decommissioning Stakeholder Engagement Report: A Supporting


Document to the Brent Field Decommissioning Programmes. Shell UK, London, 2017.

SCHROEDER, Donna M.; LOVE, Milton S. Ecological and political issues surrounding
decommissioning of offshore oil facilities in the Southern California Bight. Ocean & Coastal
Management, v. 47, n. 1-2, p. 21-48, 2004.

Sudholt, S., 2013. “A Multiple Objective Optimization Approach to the Decommissioning


and Dismantling of a nuclear.” Doctor of Philosophy. University of Louisville.

Suh, Y.A., Hornibrook, C., Yim, M.S., 2018. Decisions on nuclear decommissioning
strategies: historical review. Prog. Nucl. Energy 106, 34–43.

United Nations Environment Programme-Society of Environmental Toxicology and


Chemistry. (2009). Guidelines for Social Life Cycle Assessment of products. Paris: United
Nations Environment Programme.
52

ANEXO 1 - OBTENÇÃO DA NOTA DE SENSIBILIDADE SOCIAL

Indicadores de sensibilidade social offshore

INDICADORES DE
CATEGORIA DE SENSIBILIDADE
SENSIBILIDADE
IMPACTO 1 - Menor e 4 – Maior
SOCIAL

1. Frota Nacional - Contrato


futuro

2. Frota Nacional - Contrato vi-


gente
Alteração da
Contexto Externo 3. Frota Internacional -
dinâmica econômica
Contrato futuro - M.O
Nacional predominante

4. Frota Internacional -
Contrato futuro - M.O
Internacional predominante

1. Baixa
Interferência nas
atividades de pesca 2. Média
Restrição a
artesanal devido a
atividades pesqueiras
movimentação das 3. Alta
embarcações
4. Sem dados

1. Baixa

2. Média
Restrição a Interferência na
atividades turísticas atividade turística
3. Alta

4. Sem dados
Empregabilidade Geração e/ou
Manutenção de 1. Há geração e/ou
empregos manutenção de empregos

2. Não há geração ou
53

manutenção de empregos
Fonte: Elaboração própria (2022)

A origem dos indicadores de sensibilidade social da dimensão offshore são oriundas de


informações da equipe técnica (Alteração da dinâmica econômica e Geração e/ou Manutenção
de empregos) e de documentos oficiais de operadoras (Interferência nas atividades de pesca
artesanal devido a movimentação das embarcações e Interferência na atividade turística). A
tabela abaixo apresenta os indicadores de sensibilidade social para a dimensão onshore:

Indicadores de sensibilidade social onshore

INDICADORES DE
SENSIBILIDADE
SUBCRITÉRIO SENSIBILIDADE
1 - Menor e 4 – Maior
SOCIAL

1.≤ 0,2
Média da dimensão
"infraestrutura 2.> 0,2 e ≤ 0,3
Logística e
urbana" do IVS4 dos
infraestrutura
municípios afetados 3.> 0,3 e ≤ 0,4
diretamente
4.> 0,4
Empregabilidade Geração e/ou
Manutenção de 1. Há geração de
empregos empregos no porto, pedreira e
rodoviário (equipamentos e
rochas)

2. Há geração de
empregos no porto e
rodoviário (equipamentos)

3. Há geração e/ou
manutenção de empregos no
porto

4. Não há geração e/ou


manutenção de empregos

4
Índice de Vulnerabilidade Social (IPEA)
54

Fonte: Elaboração própria (2022)

A origem dos dados relacionados aos indicadores sociais da dimensão onshore são fontes
oficiais do governo (Média da dimensão "infraestrutura urbana" do IVS dos municípios
afetados diretamente) e a equipe de segurança e risco (Geração e/ou Manutenção de empregos
no porto)
55

ANEXO 2 – FORMA DE VERIFICAÇÃO DOS INDICADORES DE SENSIBILIDADE SOCIAL OFFSHORE E


ONSHORE

Forma de verificação dos indicadores de sensibilidade social - offshore


RESPONSÁVEL PELA
SUBCRITÉRIO INDICADOR DEFINIÇÃO FORMA DE VERIFICAÇÃO DISPONIBILIZAÇÃO
DOS DADOS
Verificar possibilidade de
Alteração da Área responsável pela
incremento de capital em
Contexto Externo dinâmica Verificar a nacionalidade da frota que fará a atividade contratação das
razão das atividades que
econômica embarcações
serão realizadas
Interferência
Esse dado deve ser levantado prioritariamente com as partes
nas atividades
Sobreposição dos mapas interessadas diretamente relacionadas (metodologias
de pesca
Restrição a de pesca e as áreas de adequadas para cada tipo de público - vide Guia de
artesanal Área responsável pela
atividades restrição em razão das Engajamento) e/ou mapas de pesca e dados que podem ser
devido a logística marítima
pesqueiras atividades de encontrados nos relatórios de projetos como: Projeto de
movimentação
descomissionamento Caracterização Socioeconômica da Pesca e/ou Projeto de
das
Monitoramento da Atividade Pesqueira.
embarcações
Esse dado deve ser levantado prioritariamente com as partes
Área responsável pelo
interessadas diretamente relacionadas (metodologias
Sobreposição das rotas relacionamento com as
Restrição a Interferência adequadas para cada tipo de público - vide Guia de
de turismo náutico e as partes interessadas e
atividades na atividade Engajamento) e/ou encontrado e adaptado ao contexto atual
áreas de restrição em atividades e projetos
turísticas turística com base nos Estudos de Impacto Ambiental da LO (fase de
razão das atividades relacionados com o
desativação) do próprio campo ou de campos próximos da
licenciamento
área a ser descomissionada
56

Área responsável pela


Geração e/ou
Número de empregados Após a definição das embarcações levantar o número de análise de alternativas e
Empregabilidade Manutenção de
que prestarão serviço tripulantes por cada uma delas contratação das
empregos
embarcações
Fonte: Elaboração própria (2022)

Forma de verificação dos indicadores de Sensibilidade Social – onshore


RESPONSÁVEL PELA
SUBCRITÉRIO INDICADOR DEFINIÇÃO FORMA DE VERIFICAÇÃO DISPONIBILIZAÇÃO
DOS DADOS
Área responsável pelo
Média da dimensão O valor a ser lançado é a média relacionamento com as
Índice IVS de cada município
Logística e “infraestrutura urbana” do IVS dos municípios que partes interessadas e
obtido no site5 do Índice de
infraestrutura do IVS dos municípios estarão na rota entre o porto e o atividades e projetos
Vulnerabilidade Social do IPEA
afetados diretamente destino final do material retirado relacionados com o
licenciamento
Identificar se haverá geração Área responsável pela
Geração e/ou Número de profissionais
e/ou manutenção de empregos análise de alternativas e
Empregabilidade Manutenção de alocados de acordo com cada
no porto, pedreira e/ou contratação das
empregos* alternativa
transporte rodoviário embarcações
* Geração e/ou manutenção de empregos: Número de profissionais alocados em terra de acordo com cada alternativa. Levantar o total de
funcionários alocados nas atividades em terra (administrativas, pedreira, transporte). Área responsável pela análise de alternativas e
logística
Fonte: Os Autores (2022)

5
Site do IPEA: http://ivs.ipea.gov.br/index.php/pt/
57

ANEXO 3 - OBTENÇÃO DA NOTA DE PRESSÃO SOCIAL

Assim como nos indicadores de sensibilidade social, a gradação dos indicadores de pressão
social também varia de 1 a 4, sendo o 1 considerado “menor pressão” e 4 “maior pressão”. A
seguir serão apresentados a gradação dos indicadores de pressão social por categoria de
impacto, sendo o primeiro deles relacionado ao contexto externo.

Indicadores de pressão social offshore – Contexto Externo

PRESSÃO SOCIAL
CATEGORIA DE 1–
INDICADOR 4 – Maior
IMPACTO Menor 2 3
Pressão
Pressão
1.1 Necessidade
de licenciamento
Não Sim
e/ou autorização
específica
Natureza Natureza Natureza Natureza
1.2 Mobilização
1. Contexto Ex- positiva / positiva / negativa / negativa /
da Sociedade
terno Incidência Incidênci Incidênci Incidência
civil
indireta a direta a indireta direta
Natureza Natureza Natureza Natureza
1.3 Criticidade
positiva / positiva / negativa / negativa /
de
Incidência Incidênci Incidênci Incidência
relacionamentos
indireta a direta a indireta direta
Fonte: Elaboração própria (2022)

Os indicadores deste subcritério são qualitativos e buscam captar o tipo de relacionamento


junto as partes interessadas. O indicador relacionado a necessidade de licenciamento e/ou
autorização foi criado a partir da escuta de órgãos do governo, especificamente o Tribunal de
Contas da União (TCU), que sinalizou a necessidade de um regramento jurídico para projetos
deste tipo. Os outros dois indicadores estão relacionados ao relacionamento junto a sociedade,
como escala foi utilizada a nota técnica do IBAMA, que apresenta a natureza do
relacionamento e o tipo de incidência.
58

Escala de avaliação dos indicadores “Mobilização da sociedade civil” e “Criticidade de


relacionamentos”
Quando representa melhoria da qualidade do fator social afetado. Cabe
Natureza
ressaltar que esta avaliação pode apresentar certo grau de subjetividade,
positiva
dependendo do fator social afetado e do aspecto gerador do impacto.
Natureza
Quando representa deterioração da qualidade do fator social afetado.
negativa
Incidência Quando os efeitos do aspecto gerador sobre o fator social em questão
direta decorrem de uma relação direta de causa e efeito.
Incidência Quando seus efeitos sobre o fator social em questão decorrem de reações
indireta sucessivas não diretamente vinculadas ao aspecto gerador do impacto.

Fonte: Os autores baseados na nota técnica Nº 3/2017/COEXP/CGMAC/DILIC – IBAMA

Para os indicadores relacionados a dimensão offshore, existem 2 tipos: variáveis contínuas


de pressão social, que são transformadas em nota contínua normalizada (valores entre 1 a 4); e
binários, de natureza qualitativa.
Os indicadores referentes ao subcritério Restrição a atividades pesqueiras são variáveis
contínuas, com exceção do indicador “restrição a pesca artesanal após o
descomissionamento”, é binário e diz respeito a permanência de materiais no leito marinho.

Indicadores de pressão social offshore – Restrição a atividades pesqueiras


59

PRESSÃO SOCIAL
CATEGORIA
INDICADOR 1 - Menor 4 - Maior
DE IMPACTO 2 3
Pressão Pressão
2.1. Taxa de
tráfego marítimo
na região de Variável contínua6
entorno do porto
base
2.2 Taxa de
tráfego marítimo
na região de
Variável contínua
entorno da área
a ser
descomissionada
2.3 Número de
viagens Variável contínua
2. Restrição (materiais-porto)
a atividades 2.4 Tempo de
pesqueiras Variável contínua
restrição
Estrutura
2.5 Restrição a
abandonada
pesca artesanal Não ficou
dificulta/
após o nenhuma
restringe
descomissionam estrutura
pesca
ento
artesanal
2.6 Áreas de
Variável contínua
pesca
2.7 Nº de
pescadores
Variável contínua
artesanais

Fonte: Elaboração própria (2022)

Todos os indicadores referentes pressão social na dimensão offshore, “Restrição a


atividades turísticas” e “empregabilidade”, assim como os indicadores da dimensão onshore,
“Logística e Infraestrutura” e “Empregabilidade”, são variáveis contínuas, de natureza
quantitativa. Tais características contribuem para a diminuição do nível de subjetividade da
avaliação dos impactos sociais.

6
A utilização de indicadores de variável contínua tem por objetivo reduzir a subjetividade da
análise de impacto, privilegiando o uso de variáveis quantitativas na avaliação da intensidade das
alterações no ambiente.
60

Indicadores de pressão social offshore – Restrição a atividades turísticas


PRESSÃO SOCIAL
CATEGORIA
INDICADOR 1 - Menor 4 - Maior
DE IMPACTO 2 3
Pressão Pressão
3.1. Taxa de
tráfego marítimo na
Variável contínua
região de entorno
do porto base
3.2 Taxa de tráfego
3. Restrição a marítimo na região
atividades turísti- de entorno da área Variável contínua
cas a ser
descomissionada
3.3 Tempo de
Variável contínua
restrição
Fonte: Elaboração própria (2022)

Indicadores de pressão social offshore - Empregabilidade


PRESSÃO SOCIAL
CATEGORIA DE
INDICADOR 1 - Menor 4 - Maior
IMPACTO 2 3
Pressão Pressão
4.1. Número de
tripulantes* / Variável contínua
mergulhadores
4. Empregabilidade
4.2 Tempo do
Variável contínua
projeto
* Número total de tripulantes (embarcados + em terra - folga)
Fonte: Elaboração própria (2022)

Indicadores de pressão social onshore – Logística e Infraestrutura


PRESSÃO SOCIAL
CATEGORIA DE
INDICADOR 1 - Menor 4 - Maior
IMPACTO 2 3
Pressão Pressão
1.1 Número de
municípios impactados Variável contínua
diretamente
1. Logística e in- 1.2 Peso Bruto Total
fraestrutura Variável contínua
(PBT - materiais)
1.3 Número de viagens
Variável contínua
(materiais)
61

Não há Há
1.4 Transporte de rocha transporte de transporte
rocha de rocha
1.5 Distância percorrida
Variável contínua
entre origem e destino
Fonte: Elaboração própria (2022)

Indicadores de pressão social onshore - Empregabilidade


PRESSÃO SOCIAL
CATEGORIA DE
INDICADOR 1 - Menor 4 - Maior
IMPACTO 2 3
Pressão Pressão
2.1 Geração e/ou
Variável contínua
Manutenção de empregos
2. Empregabilidade
2.2 Tempo do projeto Variável contínua

Fonte: Elaboração própria (2022)

Os parâmetros referentes aos valores máximo e mínimo (Nmin<Nmax/ fpmin<fpmax), assim


como o parâmetro determinante da forma da curva (λ), da equação utilizada para
normalização serão explicadas no próximo capítulo e faz parte de uma das etapas da aplicação
do método de avaliação de impacto social proposto.
62

Parâmetros da equação 1 para o cálculo da nota das variáveis contínuas. O formato da


relação utilizando estes parâmetros está representado no gráfico
63

ANEXO 4 - FORMA DE VERIFICAÇÃO DOS INDICADORES DE PRESSÃO SOCIAL OFFSHORE E ONSHORE

Forma de verificação dos indicadores de pressão social - Offshore


RESPONSÁVEL
CATEGORIA PELA
INDICADOR DEFINIÇÃO FORMA DE VERIFICAÇÃO
DE IMPACTO DISPONIBILIZAÇÃ
O DOS DADOS
Necessidade de Requisitos legais e/ou infralegais que
Verificar mudanças regulatórias Área responsável pelas
licenciamento e/ou podem afetar a decisão em torno das
e informes dos órgãos análises jurídicas e
autorização alternativas e a operacionalização do
ambientais e de controle relações institucionais
específica descomissionamento
Esse dado deve ser levantado
prioritariamente com as partes
interessadas diretamente
relacionadas (metodologias
Área responsável pelo
adequadas para cada tipo de
relacionamento com as
Ações de partes interessadas que público - vide Guia de
Mobilização da partes interessadas e
Contexto podem afetar a decisão em torno das Engajamento) e/ou encontrado e
sociedade civil atividades e projetos
Externo alternativas adaptado ao contexto atual com
relacionados com o
base nos Estudos de Impacto
licenciamento
Ambiental da LO (fase de
desativação) do próprio campo
ou de campos próximos da área
a ser descomissionada
Esse dado deve ser levantado Área responsável pelo
Expectativas das partes interessadas prioritariamente com as partes relacionamento com as
Criticidade de
em relação as atividades de interessadas diretamente partes interessadas e
relacionamentos
descomissionamento relacionadas (metodologias atividades e projetos
adequadas para cada tipo de relacionados com o
64

público - vide Guia de


Engajamento) e/ou encontrado e
adaptado ao contexto atual com
base nos Estudos de Impacto
licenciamento
Ambiental da LO (fase de
desativação) do próprio campo
ou de campos próximos da área
a ser descomissionada
A taxa identifica o fluxo de
embarcações em relação as
Tráfego marítimo
alternativas e permite avaliar se Taxa do mapa de densidade do Área responsável pelo
na região de entorno
haverá sobrecarga às atividades site Marine Traffic7 pela logística marítima
do porto base
pesqueiras nas rotas náuticas no
entorno do porto base
A taxa identifica o fluxo de
embarcações em relação as
Tráfego marítimo
alternativas e permite avaliar se
na região de entorno Taxa do mapa de densidade do Área responsável pelo
haverá sobrecarga às atividades
da área a ser site Marine Traffic pela logística marítima
Restrição a pesqueiras nas rotas náuticas no
descomissionada
atividades entorno dos equipamentos a serem
pesqueiras descomissionados
Número de viagens visando
correlacionar com o número de Verificar, de acordo com a Área responsável pelo
Viagens
empregos e a interferência nas alternativa utilizada, quantas pela operação de
(materiais-porto)
atividades econômicas como o viagens serão necessárias descomissionamento
turismo náutico e a pesca artesanal
O tempo de restrição é
exclusivamente relacionado com os Verificar, de acordo com a Área responsável pelo
Tempo de restrição dias em as atividades de pesca alternativa utilizada, quanto pela operação de
artesanal têm de ser interrompidas tempo levarão as atividades descomissionamento
em razão das atividades de
7
https://www.marinetraffic.com
65

descomissionamento
Com base na alternativa
Restrição a pesca
Em algumas situações partes dos escolhida, identificar se ficará ou Área responsável pela
artesanal após o
equipamentos que não foram retirados não estrutura abandonada que operação de
descomissionament
podem afetar a pesca artesanal dificulte e/ou restrinja a pesca descomissionamento
o
artesanal
Dependendo da alternativa, o Dividir pela metade a distância
Área responsável pelo
impacto que as atividades poderão da área a ser descomissionada
Áreas de pesca pela operação de
vir a causar na atividade de pesca até o porto (rota de segurança de
descomissionamento
artesanal será variado 500m de largura)
Esse dado deve ser levantado
prioritariamente com as partes
interessadas diretamente
relacionadas (metodologias
Área responsável pelo
O número de pescadores que adequadas para cada tipo de
relacionamento com as
poderão vir a ser impactados em público - vide Guia de
Pescadores partes interessadas e
razão das atividades de Engajamento) e/ou encontrado e
artesanais atividades e projetos
descomissionamento podem afetar adaptado ao contexto atual com
relacionados com o
significativamente a atividade base nos Estudos de Impacto
licenciamento
Ambiental da LO (fase de
desativação) do próprio campo
ou de campos próximos da área
a ser descomissionada
A taxa identifica o fluxo de
Taxa de tráfego embarcações em relação as
Área responsável pelo
marítimo na região alternativas e permite avaliar se Taxa do mapa de densidade do
pela operação de
Restrição a de entorno do porto haverá sobrecarga às atividades de site Marine Traffic
descomissionamento
atividades base turismo náutico nas rotas de
turísticas navegação no entorno do porto base
Taxa de tráfego A taxa identifica o fluxo de Área responsável pelo
Taxa do mapa de densidade do
marítimo na região embarcações em relação as pela operação de
site Marine Traffic
de entorno da área a alternativas e permite avaliar se descomissionamento
66

haverá sobrecarga às atividades de


turismo náutico nas rotas de
ser descomissionada navegação no entorno dos
equipamentos a serem
descomissionados
O tempo de restrição é aquele Levantar quantos dias serão
exclusivamente relacionado com os necessários restringir outras
Área responsável pelo
dias em as atividades de turismo atividades econômicas (turismo
Tempo de restrição pela operação de
náutico tem de ser interrompidas em náutico e pesca artesanal) em
descomissionamento
razão das atividades de razão das atividades de
descomissionamento descomissionamento.
Verificar, de acordo com a
Número de O número de tripulantes varia de Área responsável pelo
alternativa utilizada, quantos
tripulantes / acordo com o tipo de embarcação e pela operação de
tripulantes/mergulhadores
mergulhadores as alternativas utilizadas descomissionamento
estarão alocados
Empregabilidade Verificar de acordo com as
Número de dias que os tripulantes alternativas e o tipo de Área responsável pelo
Tempo do projeto trabalharão nas atividades de embarcação utilizado, o número pela operação de
descomissionamento de dias da totalidade das descomissionamento
atividades
Fonte: Elaboração própria (2022)

Forma de verificação dos indicadores de pressão social - offshore

CATEGORIA INDICADOR INFORMAÇÕES FORMA DE VERIFICAÇÃO RESPONSÁVEL PELA


67

DISPONIBILIZAÇÃO
DE IMPACTO
DOS DADOS
Número de
Número de municípios que estão Traçar a rota em aplicativos como Área responsável pelo
municípios
no trajeto entre o porto e o destino Google Maps identificando os levantamento da logística
impactados
do material descomissionado municípios que estão no trajeto terrestre
diretamente
Peso Bruto Somatório dos pesos do material Calcular o peso do material retirado e Área responsável pelo
Total (PBT - retirado e do caminhão que fará o definir o tipo de caminhão que levantamento da logística
materiais) transporte carregará o material descomissionado terrestre
Calcular, de acordo com o peso de
Número de Área responsável pelo
Número de viagens que precisarão material retirado e o tipo de caminhão
Logística e Viagens levantamento da logística
ser realizadas escolhido, quantas viagens serão
infraestrutura (materiais) terrestre
necessárias
Área responsável pela
Transporte de Opção pela alternativa “deposição Verificar se a alternativa “deposição definição das alternativas
rocha de rochas” de rocha” será utilizada que serão utilizadas no
descomissionamento
Distância Traçar a rota em aplicativos como
Quilômetros da rota entre o porto e Área responsável pelo
percorrida entre Google Maps identificando a
o local de destino do material levantamento da logística
origem e quilometragem entre o porto e o
retirado terrestre
destino destino final do material retirado
Geração e/ou Número de profissionais alocados Levantar o total de funcionários Área responsável pela
manutenção de em terra de acordo com cada alocados nas atividades em terra análise de alternativas e
empregos alternativa  (administrativas, pedreira, transporte) logística
Empregabilidade Número de dias que os Levantar o total de dias de trabalho
Área responsável pela
Tempo do profissionais trabalharão nas dos profissionais que atuarão em terra
análise de alternativas e
projeto atividades de suporte em terra em em relação as embarcações alocadas e
logística
relação as alternativas o material retirado
Fonte: Elaboração própria (2022)

Você também pode gostar