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nstalar equipamentos ele- energia chega a aproximadamente 14 V,

I troeletrônicos não originais totalizando cerca de 28 V no circuito.

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de fábrica em caminhões Porém, com equipamentos adicionais

RO
(como rádio, interclima, ge- ligados erroneamente a apenas uma das
ladeira, PX, alto-falantes etc.) é uma baterias e gerando carga em funciona-

A
prática corriqueira, mas nem sempre mento, fazem com que aquela bateria a

R
feita com o devido cuidado. O sistema que estão ligados descarregue, ao mesmo

EI
elétrico desses veículos utiliza duas tempo em que a outra bateria do circuito

LV
baterias de 12 V ligadas em série (24 começa a ser sobrecarregada.

SI
V no total). Porém, como muitos des- Segundo o coordenador de Divul-
ses equipamentos adicionais funciona gação Técnica da Gauss, Norberto Do-

DA
em 12 V, há quem execute uma “gam- nizeti dos Santos, geralmente, a bateria
biarra” e faça a ligação de forma que os escolhida para fazer a instalação errada

ON
equipamentos sejam alimentados por é a que fica aterrada ao chassi, porque
apenas uma das baterias. E aí começa torna a prática mais fácil. Porém, o cor-

LS
o problema. reto seria usar um conversor de vol-

I
EN
Com o veículo rodando e as bate- tagem, que transformaria a tensão do
IR rias sendo alimentadas pelo alternador, circuito de 24 para 12 V para permitir
em condições normais (ou seja, todos a ligação correta de equipamentos ele-
JA
os componentes do sistema em perfeito troeletrônicos sem causar desbalancea-
estado), cada um dos acumuladores de mento de carga entre as baterias.
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DIFERENÇA DE CARGAS ENTRE


RO

AS BATERIAS DE UM CAMINHÃO
A
E IR
LV

Por que no caminhão uma bateria fica com menos


SI

carga enquanto a outra sobrecarrega? Saiba o que


DA

pode causar o desbalanceamento de carga entre os


N

acumuladores no sistema elétrico de 24 V


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I LS
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texto & fotos Fernando Lalli Norberto Donizeti, da Gauss, montou uma bancada para demonstrar o fenômeno
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TEORIA: LEIS DA ELETRICIDADE Já a lei de Ohm, como Norberto descre-
Esse fenômeno acontece por fatores que, ve, diz que a corrente sempre será propor-

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segundo Norberto, têm base em três leis da cional à tensão e inversamente proporcio-

RO
eletricidade: as duas primeiras leis de Kir- nal à resistência: se houver um consumidor
chkoff e a lei de Ohm. com resistência menor, a corrente aumen-

A
A 1ª lei de Kirchhoff é a chamada “Lei ta. Já se a resistência for maior, a corrente

R
dos Nós”. De acordo com essa lei, confor- diminui. Porém, no circuito em série, a

EI
me explica Norberto, a soma de todas as corrente será sempre a mesma: o que vai

LV
correntes que chegam a um nó do circuito variar em cada consumidor é a voltagem,

SI
deve ser igual à soma de todas as correntes entretanto, a soma da voltagem em cada
que deixam esse mesmo nó. “No veículo, carga será sempre igual à tensão aplicada.

DA
a corrente que sai do alternador vai para Com esses parâmetros definidos, ele dá
a bateria e outros dispositivos, e ela acaba três exemplos com um circuito em série de

ON
retornando ao alternador. Ou seja, a soma seis resistores e 12 V para mostrar como as
de todas as correntes do circuito é igual à leis atuam. Todos os exemplos se baseiam

LS
corrente que volta ao alternador. Não tem em três fórmulas:

I
EN
outra regra”, comenta.
A 2ª lei de Kirchhoff é a “Lei das Ma- IR
lhas”. Referindo-se a um circuito em série, Resistor equivalente (Req.) no cir-
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esta lei determina que a soma de todas as cuito série: é a soma de todas as resis-
quedas de tensão sobre os resistores deve tências do circuito.
00

ser igual à tensão da fonte. Norberto dá Req.= R1 + R2 + R3... etc.


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o exemplo de um jogo de luzes para ár-


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vore de natal: trata-se de um circuito em Corrente (I) no circuito em série: é


série, no qual se uma lâmpada queimar, a tensão dividida pelo resistor equiva-
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todas apagam. Segundo o especialista da lente.


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Gauss, supondo que o jogo tenha 10 lâm-


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I = V ÷ Req.
padas e sejam ligadas em 110/127 V, se
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você medir com um multímetro, a tensão Tensão (V) em cada carga: é a cor-
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em cada uma das lâmpadas ficará entre rente multiplicada pela resistência da-
11 e 12,7 V, uma vez que a tensão apli- quele resistor.
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cada se dividirá igualmente entre elas. V=IxR


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fotos Arquivo O Mecânico

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Exemplo com seis resistores de 1 Ω Exemplo com cinco resistores de 3 Ω e um de 6 Ω

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2V 2V 2V 1,71V 3,42V 1,71V

RO
R1= 1Ω R2= 1Ω R3= 1Ω R1= 3Ω R2= 6Ω R3= 3Ω

RA
EI
+

LV
+
12V 12V

SI
- -

DA
ON
2V 2V 2V 1,71V 1,71V 1,71V

LS
R4= 1Ω R5= 1Ω R6= 1Ω R4= 3Ω R5= 3Ω R6= 3Ω

I
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Req.= R1 + R2 + R3 + R4 + R5 + R6 = 6 Ω Somadas as tensões sobre as seis car- Req.= R1 + R2 + R3 + R4 + R5 + R6 = 21 Ω
JA
I = 12 ÷ 6 = 2 A gas (2 V em cada uma), tem-se a ten- I = 12 ÷ 21 = 0,57 A Mesmo com a variação em um dos
Portanto, em cada resistor: são aplicada de 12 V. A corrente de 2 A resistores, a tensão somada nas
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V=2x1=2V é constante no circuito. Portanto, em cada resistor de 3 Ω: cargas continua sendo igual à ten-
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V = 3 x 0,57 = 1,72 V são aplicada de 12 V, porém, o re-


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sistor com o dobro de resistência


Já no resistor de 6 Ω: também tem o dobro de queda de
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Exemplo com seis resistores de 3 Ω


V = 6 x 0,57 = 3,42 V voltagem.
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2V 2V 2V
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S

R1= 3Ω R2= 3Ω R3= 3Ω


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+
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12V
RO

-
A
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2V 2V 2V
LV
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R4= 3Ω R5= 3Ω R6= 3Ω


foto Arquivo O Mecânico
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Req.= R1 + R2 + R3 + R4 + R5 + R6 = 18 Ω Com o aumento das resistências, a cor-


N

I = 12 ÷ 18 = 0,66 A rente que circula no circuito série cai.


O

Portanto, em cada resistor: A tensão somada nas cargas continua


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V = 3 x 0,66 = 2 V sendo igual à tensão aplicada de 12 V.


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foto Arquivo O Mecânico

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PRÁTICA: E NO CAMINHÃO? pecialista mostra em dois exemplos o que
O especialista da Gauss ressalta que, para acontece em um circuito de 24 V quando

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entender e aplicar esses conceitos no cir- há duas resistências iguais (representando

I
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cuito do caminhão, considera-se que a as baterias): primeiro, sem ligações adi-
bateria também é uma carga, pois, está cionais e depois, com uma carga aplicada
sendo alimentada pelo alternador. O es-
IR
em paralelo a um dos resistores originais. Se tem premiação,
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tem Monroe Axios.


00

Exemplo com dois resistores de 2 Ω e tensão aplicada de 24 V


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12V 12V
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R1= 2Ω R2= 2Ω
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+
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24V
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-
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Req.= R1 + R2 = 4 Ω Somadas as tensões nas duas cargas O mundo anda com Monroe.
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I = 24 ÷ 4 = 6 A (12 V em cada uma), tem-se a tensão Leia o QR Code ou #EmQualquerLugar


aplicada de 24 V. “No veículo, com baixe o aplicativo
N

Portanto, em cada resistor: duas baterias em série, isso é o que Monroe na Play
O

Store/Apple
V = 6 x 2 = 12 V aconteceria”, afi rma Norberto.
LS

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Esse último exemplo elaborado por
Norberto mostra exatamente o que acon-

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Exemplo com dois resistores de 2 Ω e um terceiro resistor de 2 Ω ligado em paralelo
ao segundo resistor. O cálculo do resistor equivalente muda, pois, resistências tece quando se liga um equipamento adi-

RO
em paralelo não se somam, mas sim, se dividem, e a carga sobre elas também. cional a apenas uma bateria, ou seja, em
Portanto, o resistor equivalente (Req.) é a soma de R1 com a divisão de R2 por R3. paralelo àquela carga: a tensão aplicada so-

A
Assim: Req.= R1 + R2//R3 bre ela cai, enquanto a tensão sobre a outra

R
bateria aumenta. “Quando isso acontece,

EI
16V 8V a primeira bateria sofre uma demanda de

LV
energia maior e perde mais carga. Isso sig-
R1= 2Ω R2= 2Ω

SI
nifica que ela não vai conseguir recarregar
em 14 V”, aponta o especialista da Gauss.

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Quanto mais equipamentos ligados
R3= 2Ω dessa forma (ou seja, quanto mais cargas
+

ON
são aplicadas sobre a primeira bateria),
24V mais o desbalanceamento de voltagem en-

LS
- tre elas vai aumentar conforme a “Lei das

I
EN
Malhas” de Kirchkoff, afinal, a somatória

foto Arquivo O Mecânico


IR da tensão no circuito segue 28 V (“o regu-
lador de tensão não está ‘vendo’ as baterias
JA
separadamente, mas sim a somatória das
duas”, diz Norberto). O ponto crítico do
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sistema acontece quando a primeira bate-


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ria cai abaixo de 12 V e a segunda bateria


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chega a 16 V. Isso significa que a primeira


R1 = 2 Ω bateria está descarregando mesmo com
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R2//R3 = 2 ÷ 2 = 1 Ω Portanto, em R1: Portanto, em R2//R3: o veículo em movimento, enquanto a se-


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Req.= 2 + 1 = 3 Ω V = 8 x 2 = 16 V V=8x1=8V gunda está em sobrecarga (1).


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I = 24/3 = 8 A
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Somadas as tensões nas duas cargas, tem-se a tensão aplicada de 24 V.


Porém, a tensão aplicada em R1 é o dobro de R2//R3.
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foto Arquivo O Mecânico

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2 Com uma bancada de testes, Norberto
montou um circuito de 24/28 V com al-

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ternador e duas baterias (monitoradas por

RO
multímetros individuais) para demonstrar
na prática como isso acontece. Ao aplicar

A
uma carga de 50 ampères em série com o

R
alternador em funcionamento, como em

EI
uma instalação adequada de um consumi-

LV
dor, a tensão das baterias não se alterou,

SI
mantendo-se próximas a 14 V. Já quando
simulou uma ligação errada com um apare-

DA
lho externo e aplicou uma carga externa de
3 30 ampères em apenas uma das baterias (2),

ON
a tensão já se desbalanceou: aproximou-
-se de 12 V na primeira bateria e de 15 V

LS
na segunda.

I
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Ao ultrapassar os 60 ampères (3), as
duas baterias chegaram ao ponto crítico
IR
de descarga de uma e sobrecarga da ou-
JA
tra. Enquanto o alternador alimentava
o circuito com menos de 20 A, toda a
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corrente restante para alimentar a carga


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externa estava saindo da primeira bate-


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ria (4), enquanto a segunda sofria com


4 o excesso de tensão (5). Para ambas, a
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consequência é o encurtamento da vida


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útil e a constante necessidade de paradas


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e substituição, o que poderia ser evitado


S

com a instalação elétrica adequada.


UE

“Não há como dividir as cargas no ca-


minhão. A solução é utilizar um conversor
IG

de 24 para 12 V para alimentar todos esses


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equipamentos. Com esse equipamento, as


RO

baterias descarregam de forma exatamen-


te igual”, garante o especialista. “Há quem
diga que o conversor é caro. Mas é mais
A
IR

5 caro trocar a bateria de tempos em tempos


E

por conta desse problema”, finaliza.


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Veja gratuitamente a aula


DA

teórica e o teste prático de


bancada no site Curso do
N

Mecânico
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Mais informações – Gauss: (41) 3021-2315


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