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Alexandre Capelli
ACIONAMENTO DE
Há dois anos, aproximadamente, publicamos na
MOTORES ELÉTRICOS
Revista Saber Eletrônica uma série (composta por três
artigos) sobre inversores de freqüência. Um dos equipamentos mais clás-
N a é p o c a , a s R ev i s t a s M e c a t r ô n i c a F á c i l e sicos da Eletrônica Industrial é o
“acionamento”. Imaginem uma fábri-
Mecatrônica Atual estavam em uma fase “embrioná- ca de papel, por exemplo.
ria”, fazendo com que todos os artigos de robótica e O produto deve ser “bobinado” pe-
automação caminhassem para uma única obra, isto las várias etapas do seu processo fa-
bril e, para isso, as bobinas devem
é, a própria “Saber”. manter o papel esticado. Notem pela
Como agora temos não apenas uma, mas sim duas figura 1, que a rotação e o sincronis-
revistas de mecatrônica, decidimos rever os artigos mo entre os dois motores elétricos
devem ser extremamente precisos,
voltados a essas áreas, e que fizeram sucesso devi-
pois caso um motor A “gire” mais rá-
do ao seu alto nível técnico e aplicação em campo. A pido que um B, o papel ficará com fol-
idéia é publicá-los novamente, visto que agora já te- ga (criando uma ‘barriga’). Por outro
lado, se o motor B tender a “girar” mais
mos um público “alvo” bem definido para mecatrônica.
rápido que o A, o papel poderá se es-
Seriamos injustos, entretanto, se não fizessemos um ticar a ponto de quebrar.
“up-grade” desses artigos, acrescentando as últimas O acionamento, nesse caso, é uti-
tendências de mercado. Sem dúvida, dessa forma, os lizado para controlar a velocidade de
rotação e torque do motor, de modo a
artigos agregarão valor ao nosso antigo e fiel leitor manter a correta tensão mecânica do
que, por ventura, já tenha lido a primeira versão. papel. Normalmente, utiliza-se um
acionamento para cada motor.
Assim como vimos o exemplo em
uma “máquina de fazer papel”, os
ELETRÔNICA
2º bloco – IHM
O 2º bloco é o IHM (Interface Homem
Máquina).
É através desse dispositivo que po-
demos visualizar o que está ocorrendo
no inversor (display), e parametrizá-lo de
acordo com a aplicação (teclas).
A figura 12 mostra um IHM típico,
com suas respectivas funções. Esse
módulo também pode ser remoto.
3º bloco – Interfaces
A maioria dos inversores pode ser
comandada através de dois tipos de
sinais: analógicos ou digitais. Normal-
mente, quando queremos controlar a
velocidade de rotação de um motor
AC no inversor, utilizamos uma ten-
são analógica de comando. Essa ten-
são se situa entre 0 a 10 Vcc. A velo-
Figura 10 - Inversor de freqüência em um centro de usinagem.
cidade de rotação (rpm) será propor-
cional ao seu valor, por exemplo :
1º bloco – CPU visto que também uma memória está 1 Vcc = 1000 rpm, 2 Vcc = 2000 rpm, etc...
A CPU (Unidade Central de integrada a esse conjunto. A CPU Para inverter o sentido de rotação, basta
Processamento) de um inversor não apenas armazena os dados e inverter a polaridade do sinal analógico (ex:
de freqüência pode ser forma- parâmetros relativos ao equipamen- 0 a 10 Vcc sentido horário , e – 10V a 0 anti
da por um microprocessador ou to, como também executa a função - horário). Esse é o sistema mais utilizado
por um microcontrolador (como mais vital para o funcionamento do em máquinas – ferramenta automáticas,
o PLC). Isso depende apenas do inversor: geração dos pulsos de dis- sendo que a tensão analógica de controle
fabricante. De qualquer forma, é paro, através de uma lógica de con- é proveniente do controle numérico
nesse bloco que todas as infor- trole coerente, para os IGBT’s. O fun- computadorizado (CNC).
mações (parâmetros e dados do cionamento dessa lógica está descri- Além da interface analógica, o in-
sistema ) estão armazenadas, to no artigo passado. versor possui entradas digitais. Atra-
vés de um parâmetro de programa-
ção, podemos selecionar qual entra-
da é válida (analógica ou digital).
INSTALAÇÃO DO INVERSOR
larmos de acordo com as orienta- 1º passo de tornos com peças grandes, guindas-
ções acima, poderemos prejudicar Acionamos a tecla P e as setas tes, etc...), uma partida muito rápida po-
toda a máquina ( ou sistema ) ao para acharmos o parâmetro. Ex: derá “desarmar” disjuntores de proteção
seu redor. Basta dizer que, para P,e até achar o parâmetro res- do sistema. Isso ocorre, pois o pico de
um equipamento atender o merca- pectivo. No nosso caso, é logo o 1º corrente, necessário para vencer a inér-
do europeu, a certificação CE (Co- OOO1 cia do motor, será muito alto. Portanto,
munidade Européia) exige que a esse parâmetro deve respeitar a massa
emissão eletromagnética chegue 2º passo da carga, e o limite de corrente do inver-
a níveis baixíssimos (norma IEC Agora aciona-se P novamente, e o va- sor (fig 14).
22G – WG4 (CV) 21). lor mostrado no display será o valor do
parâmetro, e não mais a ordem em que Parâmetro 006:
PARAMETRIZAÇÃO ele está. Tempo de parada (rampa de descida).
Ex: O 2 2 O O inversor pode produzir uma pa-
Para que o inversor funcione a con- rada gradativa do motor. Essa facili-
tento, não basta instalá-lo corretamente. 3º passo dade pode ser parametrizada e,
É preciso “informar” a ele em que condi- Como no exemplo a tensão desse como a anterior, deve levar em con-
ções de trabalho irá operar. Essa tarefa é parâmetro está em 220 VCA, e nosso sideração a massa (inércia) da car-
justamente a parametrização do inver- motor funciona com 380 VCA, acionamos ga acoplada (fig 15).
sor. Quanto maior o número de recursos P ,e até chegar nos 380.
que o inversor oferece, tanto maior será O38O Parâmetro 007 – Tipo de frenagem
o número de parâmetros disponíveis. Parâmetro = 1 Parada por rampa
Existem inversores com tal nível de sofis- 4º passo Parâmetro = 0 Parada por CC
ticação, que o número de parâmetros ul- Basta acionar P novamente, e o novo
trapassa a marca dos 900! parâmetro estará programado. No inversor “Saber”, o parâmetro 007
Obviamente, neste artigo, veremos Cerca de 90% dos inversores comer- pode assumir dois estados: “1” ou “0”.
apenas os principais e não utilizare- ciais funcionam com essa lógica! Todos Caso esteja em 1, a parada do motor
mos particularidades de nenhum fa- os demais parâmetros são programados obedecerá a rampa programada no P
bricante, pois um mesmo parâmetro, de forma análoga. 006. Caso esteja em 0, o motor terá sua
com certeza, muda de endereço de parada através da “injeção” de corrente
fabricante para fabricante. Parâmetro 002: contínua em seus enrolamentos.
A partir de agora, portanto, nosso in- Freqüência máxima de saída . Em um motor AC, quando submete-
versor imaginário será da marca “Saber”. Esse parâmetro determina a velo- mos seus enrolamentos a uma tensão
O inversor de freqüência Saber tem as cidade máxima do motor. CC, o rotor pára imediatamente (“estan-
mesmas funções dos demais fabricantes ca”), como se uma trava mecânica
( Siemens, Yaskawa, ABB, etc... ), porém, Parâmetro 003: atuásse em seu eixo.
temos a liberdade de nomearmos segun- Freqüência mínima de saída. Portanto, o projetista de máquinas
do a nossa conveniência, a ordem dos Esse parâmetro determina a velo- deve pensar muito bem se é assim
parâmetros. Isso não deverá dificultar o cidade mínima do motor. mesmo que ele deseja que a parada
trabalho com inversores reais, pois basta ocorra. Normalmente esse recurso é
associarmos com os indicados pelo ma- Parâmetro 004: utilizado para cargas mecânicas pe-
nual do fabricante específico. Freqüência de JOG. quenas (leves), e que necessitam de
A tecla JOG é um recurso que faz o resposta rápida (Ex: eixos das máqui-
Parâmetro 001: motor girar com velocidade bem baixa. nas - ferramenta).
Tensão nominal do motor. Isso facilita o posicionamento de pe-
Esse parâmetro existe na maioria ças antes da máquina funcionar em seu Parâmetro 008: Liberação de altera-
dos inversores comerciais, lembran- regime normal. Por exemplo : encaixar ção de parâmetros:
do que não necessariamente como o papel em uma bobinadeira, antes do Parâmetro = 1 os parâmetros
P 001, e serve para informarmos ao papel ser bobinado efetivamente. podem ser lidos e
inversor qual é a tensão nominal em alterados.
que o motor irá operar. Suponha que Parâmetro 005: Parâmetro = 0 os parâmetros
o motor tenha tensão nominal 380 Tempo de partida (“rampa de subida”). podem ser apenas
VCA. Como vamos introduzir essa in- Esse parâmetro indica em quanto lidos.
formação (parâmetro) no inversor? tempo deseja-se que o motor chegue
Tomando como base a figura 12 à velocidade programada, estando ele Esse parâmetro é uma proteção
(IHM) vamos observar a seqüência de parado. O leitor pode pensar : contra “curiosos”. Para impedir que al-
“teclas”. O display deverá estar 0.0 “Quanto mais rápido melhor”. Mas, guém, inadvertidamente, altere algum
(pois só podemos parametrizar o in- caso o motor esteja conectado mecani- parâmetro da máquina, utiliza-se um
versor com o motor parado). camente a cargas pesadas ( Ex: placas parâmetro específico como proteção.