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Política

Novo marqueteiro de
Lula é acusado de
participação em
esquema de corrupção
O Ministério Público acusa Sidônio
Palmeira de integrar operação ilegal que
desviou 7,5 milhões de reais dos cofres
públicos
Por Hugo Marques Atualizado em 14 Maio 2022, 10h44 -
Publicado em 13 Maio 2022, 06h00

ENRIQUECIMENTO ILÍCITO - Sidônio: MP pediu o

congelamento dos bens e ativos financeiros do

marqueteiro – Ag. A Tarde/.

Em agosto de 2005, Brasília parou


para ouvir o depoimento do
publicitário Duda Mendonça na
Comissão Parlamentar de Inquérito
que investigava o escândalo do
mensalão. No Palácio do Planalto, o
clima era de extrema apreensão. Duda
havia sido o responsável pela bem-
sucedida campanha que levou Lula à
vitória depois de três fracassos
eleitorais consecutivos. Ele também
era acusado de receber seus
honorários através de uma conta
secreta no exterior. Se confirmado, o
presidente estaria em sérios apuros,
poderia sofrer um processo de
impeachment ou simplesmente ter o
mandato cassado. A tensão era
tamanha que assessores do petista
discutiam a possibilidade de renúncia
caso aquele segredo guardado a sete
chaves fosse revelado. E o segredo foi
revelado. No Congresso, o publicitário
admitiu que recebeu 10 milhões de
reais, via caixa dois, numa conta
aberta nas Bahamas. Mas Lula, como
se sabe, não renunciou, não teve o
mandato cassado e ainda foi reeleito
em 2006.

O susto não serviu de exemplo. Para o


lugar de Duda Mendonça, o PT
contratou João Santana, ex-sócio do
próprio Mendonça. O marqueteiro,
além de reeleger Lula, elegeu e
reelegeu Dilma Rousseff. Em 2017, a
Lava-Jato descobriu que ele
compartilhava dos mesmos métodos
do antigo sócio. Preso, confessou ter
recebido o equivalente a 38 milhões de
reais em contas secretas no exterior e
que Lula e Dilma sabiam do esquema
ilegal. De novo, apesar de mais um
susto, nada aconteceu com os clientes.
Há duas semanas, o partido anunciou
o responsável pelo marketing da
campanha do ex-presidente em 2022.
O escolhido foi Sidônio Palmeira, que
trabalhou para Fernando Haddad em
2018, mas foi na Bahia, onde elegeu e
reelegeu Rui Costa, o atual
governador, que ele construiu a
carreira. Seu histórico também inclui
um episódio pouco edificante. Ele é
acusado de enriquecimento ilícito num
caso bem similar aos esquemas de
corrupção que enredaram seus
antecessores.

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A BOMBA EXPLODIU - Duda com Lula, em 2002:

honorários em conta secreta – Alexandre de

Oliveira/.

O Ministério Público acusa Sidônio de


participar de uma operação ilegal que
desviou 7,5 milhões de reais dos cofres
públicos. O publicitário é dono da
Leiaute Propaganda. Em 2006, um
consórcio liderado pela empresa
venceu uma licitação para prestar
serviços de propaganda à Câmara dos
Vereadores de Salvador. Uma
auditoria do Tribunal de Contas dos
Municípios da Bahia, porém,
descobriu uma série de fraudes no
negócio. A principal delas: a empresa
recebeu o dinheiro e simplesmente
não prestou o serviço combinado.
VEJA teve acesso à ação de
improbidade que tramita na Justiça
baiana. Depois de investigarem o caso,
os promotores denunciaram o
marqueteiro por enriquecimento
ilícito e pediram o bloqueio das contas
bancárias e ativos dele e da Leiaute.
Além de Sidônio, o rol de acusados
inclui um vereador que presidia o
Legislativo local na época em que as
irregularidades foram praticadas.

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A história narrada pela acusação
sugere a mesma rota seguida por um
pedaço bastante significativo do
orçamento público brasileiro. O
consórcio foi contratado por 2 milhões
de reais para prestar serviços de
publicidade. O valor, sem qualquer
explicação plausível, foi sendo
reajustado e, em alguns meses, atingiu
7,5 milhões, um acréscimo de 375%.
Os auditores afirmam que o
aditamento, por si só, já foi ilegal. Para
piorar, o trabalho nem sequer teria
sido prestado. Em sua defesa, o
publicitário atribui o caso a uma falha
dos vereadores na prestação de contas.
O MP não se convenceu e, desde 2018,
pede que Sidônio devolva parte do
dinheiro desviado. “Afinal, foram
milhões de reais envolvidos no
Contrato e seus Termos Aditivos,
comprovadamente irregulares e,
ainda, pretendem os acionados serem
tratados como vítimas de uma suposta
imprevidência de gestores,
frontalmente vilipendiados pela
Auditoria do TCM e pelo Ministério
Público”, escreveu a promotora
Heliete Viana.

SOBROU SÓ PARA ELE - João Santana: preso por

receber dinheiro no exterior – ./AFP

Procurado por VEJA, o publicitário


disse que as acusações carecem de
fundamentação e nega totalmente o
episódio. “Não houve enriquecimento
ilícito, é um absurdo, uma história
totalmente estapafúrdia. Estou há
anos tentando demonstrar isso. O MP
não entende como funciona uma
agência de publicidade. Eu deveria
entrar com um processo contra essa
promotora”, enfatizou Sidônio. Um
detalhe importante: a denúncia do MP
está parada há mais de quatro anos na
5ª Vara da Fazenda Pública da
Comarca de Salvador, aguardando
uma manifestação do juiz, que deve
decidir se arquiva o caso ou
transforma os suspeitos em réus. Em
abril, a promotora Nívia Carvalho
protocolou um ofício dirigido ao
magistrado responsável, cobrando o
andamento da ação. A consulta
continuava sem resposta até a semana
passada, algo péssimo para acusadores
e para a imagem do acusado.

SOBRE AS ACUSAÇÕES DO
MINISTÉRIO PÚBLICO, A
DEFESA DE SIDÔNIO
PALMEIRA ENCAMINHOU A
SEGUINTE NOTA:

No dia de hoje, a Revista Veja


publicou uma acusação sobre um
suposto beneficiamento por parte da
Leiaute Propaganda em um dos
contratos firmados com a Câmara
Municipal de Salvador, no ano 2006.
Diante dos prejuízos dos ataques à
reputação da empresa e dos sócios,
sentimos o dever de esclarecer os
fatos. Sobre a Contratação: a suspeita
do Ministério Público era de que o
consórcio da CCA e Leiaute teria
ocorrido após a licitação em
04.05.2006. No entanto, em simples
consulta ao CNPJ e registro na
JUCEB, percebe-se que o Consórcio
Leiaute e CCA existia desde 02 de
maio de 2005, mais de um ano antes,
portanto. Sobre a não
contraprestação do serviço: a
denúncia fala da ausência de
comprovação da contrapartida da
Leiaute na veiculação de matérias
publicitárias da Câmara Municipal.
No entanto, a Leiaute nunca tinha
sido intimada para apresentar
qualquer documentação com essa
comprovação, apenas sendo instada
no processo, quando apresentou
todas as comprovações detalhadas da
prestação de serviço. Os órgãos de
Controle apenas tinham informações
da Câmara Municipal de Salvador,
que, infelizmente, parece não ter
encaminhado o material à época.
Sobre a ilegalidade na efetivação de
aditivos contratuais: todos os aditivos
econômicos foram celebrados dentro
do percentual previsto na lei, com a
chancela da procuradoria da Câmara
Municipal. E diferentemente do
alegado pelo Ministério Público, há
requisito legal que possibilita
renovações de contrato de
Publicidade por até 60 (sessenta)
meses, nos casos de serviços de
natureza continuada, conforme
reconhece e autoriza os próprios
órgãos de controle como TCU e TCE.
Registre-se que Sidonio Palmeira
trabalha com publicidade há mais de
30 anos, e o único processo que existe
contra ele é exatamente este, ao qual
se arrasta a anos sem qualquer justo
motivo, e tal demora só agride aos
imputados, em especial, ao próprio
Sidonio, que não cometeu qualquer
irregularidade. Essa é a VERDADE!

Publicado em VEJA de 18 de
maio de 2022, edição nº 2789

Giro VEJA - quinta, 22


de setembro
A polêmica envolvendo o ex-
presidente e os tucanos é o destaque
do dia

O ex-presidente Fernando Henrique


Cardoso (FHC) causou rebuliço entre
as campanhas de candidatos à
presidência da República ao defender
voto em “quem tem compromisso com
a democracia” em nota divulgada hoje
nas redes sociais. Sem citar os nomes
dos candidatos, FHC pregou voto em
quem defende o combate à pobreza e à
desigualdade, direitos iguais para
todos independentemente da raça,
gênero e orientação sexual. O ex-
presidente continua a defesa de voto
em quem se orgulha da diversidade
cultural da nação brasileira, valoriza a
educação e a ciência e está empenhado
na preservação de nosso patrimônio
ambiental, no fortalecimento das
instituições que asseguram nossas
liberdades e no restabelecimento do
papel histórico do Brasil no cenário
internacional.

ELEIÇÕES 2022 JUSTIÇA

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

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resposta do PSDB

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uma falsa delação premiada"

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fala na ONU em campanha

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