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A Dependência Emocional em Casais o Amor Que Aprisiona 2017
A Dependência Emocional em Casais o Amor Que Aprisiona 2017
Elaborada por:
COMISSÃO EXAMINADORA:
__________________________________________________________
Profª Ma. Luciane Benvegnú Piccoloto
(Presidente/Orientador (a) FISMA)
__________________________________________________________
Prof. Me. Guilherme Corrêa
(Titular - FISMA)
__________________________________________________________
Profª Ma. Tatiane Pinto Rodrigues
(Titular - FISMA)
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 7
3 MÉTODO......................................................................................................................... 20
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 32
RESUMO
The present work of conclusion in the graduation course in Psychology presents as theme
“The emotional dependence in couples: the love that makes prisoner”. The objective of the
research was to investigate possible factors that contribute to emotional dependence in
couples, using as bases the functional loving relationships and dysfunctional. It was looked
for to discuss some definition of the word love, beginning starting from the etymology of the
term to arrive to the feeling, traveling for the healthy love until arriving to the dependent love.
Considering relevant to treat of a love that provokes suffering the attacked people. The
present study seeks to accomplish a Bibliographical Revision, concerning the problem,
revising scientific articles, books and dissertations among 2007 and 2016. After a discerning
analysis, 16 studies were selected. The results and discussions detach that the emotional
dependence in couples can be developed by multi factors, in other words, dynamics family,
cultural, social context among others. It was noticed that, the form as each individual lives
and he learns linking in the childhood with the other, it can influence in the adult life.
Considering that the dependent possesses a distorted vision, where the fear, the frustration and
the search for unconditional love and the love of who she loves as she never loved him
astonish him in the current relationships. With that hindering to identify what is normal or
pathological. Understands that the emotional dependence is one of the main reasons of the
couples stay in situation of marital violence, because in the loving is much more difficult
dependence to break the relationship of what to be in him.
Keywords: Emotional Dependence; Family of Origin; Marital Violence.
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1 INTRODUÇÃO
Essa pesquisa surgiu diante a inquietação desta pesquisadora sobre alguns modelos
conflitantes de relacionamentos amorosos, a partir de uma experiência no estágio clínico,
onde foi notória a existência de pacientes que sofriam psiquicamente com relacionamento
baseado na dependência emocional, que relatavam sentir-se preso a um relacionamento dito
como fracassado e destrutível. Diante disso, foram abordados possíveis fatores que
caracterizam o desenvolvimento da dependência emocional, utilizando como base as relações
amorosas funcionais e disfuncionais, que possibilitaram a compreensão do que leva as pessoas
a manterem um relacionamento mesmo em sofrimento psíquico.
A dependência emocional é considerada uma condição psicológica, pois, em um
relacionamento no qual a pessoa é controlada ou manipulada por outra leva a uma condição
patológica (BACRON, 2015). Dessa forma, na dependência, o que mantém o relacionamento
não é o amor e sim a dificuldade de renunciar a ele (RISO, 2010).
Alguns questionamentos foram levantados quanto à escolha do tema para melhor
compreensão procurou-se elucidar, como por exemplo: o transtorno de personalidade
dependente, pois apresenta comportamento submisso e aderente, relacionado a uma
necessidade excessiva de proteção e cuidados (APA, 2014), comportamentos de cuidados e
atenção ao parceiro, de maneira repetitiva e desprovida de controle em um relacionamento
amoroso típicos do amor dependente. (SOPHIA, 2008).
Para chegarmos à discussão sobre a dependência emocional em casais, é necessário
que seja debatido o que está por trás, ou seja, o amor. No ponto de vista psicológico o amor é
uma característica do amadurecimento humano (AMARO, 2006). Diante disto, foi abordado o
amor do saudável ate chegar ao patológico, pois na maioria das bibliografias a ausência do
amor preocupa mais que o excesso de afeto (RISO, 2010). O amor saudável trata-se daquele
amor que impulsiona para frente, que faz evoluir e respeitar as individualidades do outro. Já o
amor patológico difere do amor que soma, e de forma alguma é considerado saudável, sendo
destrutivo e “dependente” (SOPHIA, 2008).
O amor patológico ainda não é reconhecido como um transtorno psiquiátrico, no
Brasil não existem apenas quatro pesquisas cientificas apesar de não ser raro e de gerar
sofrimento importante. Por ser um quadro pouco estudado não se sabe qual dos dois sexos é
mais comum, pesquisas americanas sugerem que seria mais frequente nas mulheres, por
questões culturais, alguns estudos teóricos, apontam de que se desenvolveria na
infância (SOPHIA, 2008; SOPHIA et al, 2007).
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
tendendo a isolar-se num mundo onde, na sua imaginação, só cabem os dois ainda que o outro
pense e atue exatamente ao contrário (SILVA-MARTINS et al, 2013).
O amor Em um relacionamento feliz existe um constante dar e receber. De acordo
Rodrigues e Chalhub (2009) os relacionamentos saudáveis envolvem reciprocidade e certo
equilíbrio. Mas nem sempre isso acontece, existem comportamentos que domina a vida da
pessoa, esse amor se torna passional e doentio (LINO, 2009). Portanto a maneira de fixar
atenção em relação ao outro é esperada em qualquer relacionamento amoroso, porém, quando
ocorre a falta de limites, controle, falta de liberdade, possessão, quando a vida gira em torno
do parceiro, está qualificada um problema designado amor patológico, que pode ocasionar
diversas situações doentias (SOPHIA, 2008).
No amor não é tarefa fácil de falar e tentar estabelecer a diferença entre o que é normal
ou patológico, pois ocorrem muitas vezes comportamentos excessivos e compulsivos assim
como jogo, sexo, comidas e compras. Contudo, o amor para ser saudável deve ser vivenciado
de forma prazerosa, fazendo com que se tenham benefícios em diversas áreas, proporcionando
bem-estar e satisfação (SOPHIA, 2008). Em uma relação amorosa, a pessoa passa por
grandes experiências, experimenta diversos sentimentos e emoções, exercita a convivência e a
relação com o outro o que pode ajudar em suas relações interpessoais. Porém, quando o
relacionamento proporciona sofrimento pessoal, fazendo com que cause desprazer e
infelicidade, e mesmo assim a pessoa não é capaz de melhorar essa relação e nem acabar com
ela, é sinal de que algo está errado e que pode ocorrer um comprometimento à saúde mental
dessa pessoa. Assim, a pessoa age de forma pouco convencional em função da relação
amorosa, sofre com esse amor, pois vive para o outro, com condutas excessivas e sufocantes
no relacionamento (BOSCARDIN; KRISTENSEN, 2011; SOPHIA, 2008).
O amor patológico traz problemas tanto no aspecto social quanto no psicológico da
vida do individuo, prejudicando também o parceiro, pois a pessoa age de forma pouco
convencional em função da relação amorosa, sofre com esse amor, pois vive para o outro,
com condutas excessivas e sufocantes no relacionamento (SOPHIA et al., 2009). Desse modo
o amor patológico é caracterizado pelo excesso de atenção e cuidados com o parceiro, de
maneira repetitiva, impulsiva e sem controle em um relacionamento amoroso. Ele se define
quando existe perda de controle e liberdade de escolha sobre os comportamentos em relação
ao parceiro. A pessoa perde o interesse por coisas que antes considerava importantes e passa a
priorizar tais comportamentos e os mantém mesmo que perceba que isso traz sofrimento para
si e para os outros (SOPHIA et al., 2007).
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O amor patológico tem seu desenvolvimento na infância, pois foram crianças que
algum momento da sua infância passou por situação de abandono, negligência ou de qualquer
carência afetiva onde aprenderam que para merecerem amor e atenção deviam lutar por isso e
fazer de tudo para conquistá-los, inclusive deixar de lado seus próprios desejos e interesses.
Com isso, em seus relacionamentos buscam algo que faça reduzir esses sentimentos de
angústias advindos desses fatores de sua vida. Por isso, o amor patológico é considerado uma
doença que evolui progressivamente, principalmente devido ao fato de que seus sintomas
acabam afastando seu parceiro aos poucos por se tornar um relacionamento destrutivo,
fazendo com que o nível de angústia de quem sofre desse amor aumente cada vez mais
(ABREU; TAVARES; CORDAS, 2007; SOPHIA et al., 2007).
De acordo Riso (2011), esse amor exagerado ao ponto de depender de uma pessoa que
se ama é uma forma de se enterrar na vida, ofertamos deliberadamente nosso amor-próprio a
alguém. Quando esse amor está presente, um ato de carinho, na verdade, vem embutida a
expectativa de retribuição eterna, ideia de que a pessoa está sempre em falta e a necessidade
de querer sempre mais, pois por mais que se receba, sempre parece ser insuficiente.
Diante disso, o indivíduo perde o controle de sua vida e passa a viver em função do
outro, e muitas vezes não percebe que se trata de uma patologia, ou seja, de um
comportamento doentio. Em vista dos argumentos apresentados, o Amor Patológico é
considerado disfuncional e tem como sua natureza o medo ao invés do amor. O medo de
perder o parceiro, de ficar sozinho e não ser valorizado (SOPHIA et al, 2007). Segundo
Boscardin e Kristensen (2011) o Amor Patológico pode se assemelhar aos sintomas parecidos
com a dependência química e de jogos. São eles: desinteresse as atividades pessoais, a
prestação de cuidados excessivos ao outro, abstinência física e psíquica (aqui seria na
ausência do parceiro), atitudes o qual prejudica a si próprio e a todos em sua volta (SOPHIA
et al., 2007).
ser funcional ou disfuncional, geradora de ansiedade, o qual a pessoa vai levar durante a toda
etapa da sua vida (GUEDES; MONTEIRO-LEITNER; MACHADO, 2008).
Desse modo, o meio familiar tem uma grande importância no desenvolvimento do ser
humano, porque, nesse convívio se aprendem crenças, comportamentos, formas de lidar e de
criar vínculos. Estes aprendizados são chamados de padrões familiares e, normalmente, são
repetidos pelos membros da família e transmitidos de geração para (NICHOLS;
SCHWARTZ, 1998). Assim, um dos padrões familiares aprendidos durante a formação do
individuo é a dependência emocional que esta associada ao grande número de procura por
atendimentos psicológicos (RISO, 2010).
A maneira como a criança recebe afeto e cuidado é fundamental para que ela se
desenvolva com segurança e proteção, o que pode refletir em um desempenho satisfatório das
atividades e das relações futuras. Na infância, é importante que algumas necessidades sejam
supridas, como o vínculo seguro com outros indivíduos, autonomia, competência e sentido de
identidade; liberdade de expressão; necessidades e emoções válidas; espontaneidade e lazer;
limites realistas e autocontrole (YOUNG; KLOSKO; WEISHAAR, 2008).
A criança que tem o seu desenvolvimento na infância em um ambiente saudável,
seguro e equilibrado, com demonstração de afeições da família, durante o desenrola da
infância conseguirá se comunicar, expressar seus sentimentos, ter confiança e ter relações
sociais adaptativas. Levando em consideração que nem sempre algumas crianças têm essas
necessidades básicas atendidas e supridas, crescem em um ambiente familiar disfuncional.
Ambiente familiar que prejudicará o seu desenvolvimento no futuro e sendo assim essa
criança apresentará dificuldades nos seus relacionamentos, na sua comunicação e também na
interpretação das suas próprias emoções (GUEDES; MONTEIRO-LEITNER; MACHADO,
2008).
Por conseguinte, algumas crianças desenvolvem-se na infância em lares desajustados,
com pais alcoólatras, abusadores, negligentes, além de distantes fisicamente e
emocionalmente. Crescem em um ambiente carente dessa sustentação. O que facilita para
despertá-lo do medo de serem abandonadas. Elas no intuito de evitá-lo, para testar o amor de
seus pais, começam a assumir as responsabilidades deles, começam a prezar pelos interesses
dos familiares, cuidando dos próprios irmãos e trabalhando em casa e fora dela (SOPHIA et
al., 2007). Dessa forma, desde cedo aprendem a cuidar das pessoas, mas não aprendem a
cuidar de si mesmas, e por negar seus próprios desejos e sentimentos durante tanto tempo,
crescem procurando fazer o que sabem tão bem: cuidar dos outros. Porquanto, sentem a
necessidade quase que vital de depender do amor de outra pessoa, assim na vida adulta podem
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se tornar carentes desse suporte afetivo e almejando que venha um companheiro o afeto não
obtido na infância (ABREU; TAVARES; CORDÁS, 2007; SOPHIA et al., 2007; SOPHIA,
2008).
A pessoa com dependência emocional busca por relacionamentos que diminuam sua
carência afetiva, torna-se uma pessoa altruísta, pois tem a necessidade de dar para outro mais
que lhe é pedido e espera receber em troca o carinho de que necessita. A mulher que ama
demais desde criança procura por atenção, reconhecimento e carinho por parte de seus pais,
que muitas vezes são rígidos, frios emocionalmente e fisicamente, assim, são atraídas por
parceiros distantes e inseguros, muitas vezes dependentes de álcool ou outras drogas e que
precisem de cuidados. Para suprir toda carência afetiva que não recebeu na infância
(BOSCARDIN; KRISTENSEN, 2011; NORWOOD, 2005). Essa carência se origina de um
padrão de apego ansioso que começou a se formar na infância, na relação que suas principais
figuras de referência estabeleceram. Nesse sentido, a pessoa somente era recompensada quando
fazia alguma coisa pelas suas figuras de referência. Foi assim que ela aprendeu que seu valor
dependia do que fosse capaz de proporcionar para os outros (RODRIGUES E CHALHUB,
2009).
Uma vez que, o desenvolvimento emocional da pessoa em relação à dependência nos
relacionamentos amorosos é construído ainda na infância, através da observação da relação
amorosa entre os pais ou da própria vivência do cuidador, e esses comportamentos são
aprendidos e repetidos na vida adulta. A pessoa dependente emocionalmente nunca se sentiu
amada o bastante e também nunca aprendeu a amar de forma saudável, assim crescendo com
vazio emocional. Diante disso o dependente emocional sente que falta algo para que possa ser
feliz e pode voltar exagerar em vários sentidos, criando dependências emocionais,
alimentares, sexuais, com entorpecentes e outras mais. Quando a pessoa se sente incompleto,
ela busca por elementos exteriores que possam saciar o buraco que sentem dentro de si
(SOPHIA et al., 2007; BOSCARDIN; KRISTENSEN, 2011).
Fica evidente que há uma grande ligação da família de origem na dependência
emocional conjugal. Ainda sobre o estudo de Martini (2009) a autora menciona que os
padrões familiares recorrentes podem ser manifestados pela transmissão multigeracional que
corresponde a uma aprendizagem emocional e familiar transmitida durante várias gerações.
Esses padrões familiares não se iniciaram na geração atual, vem de pelo menos três gerações
anteriores. As famílias se repetem a si mesmo, o que sucede numa geração com frequência se
repetirá na seguinte, pois a mesma questão tende aparecer de geração em geração apesar de
que a conduta pode tomar varias formas (NOGUEIRA; GERONASSO, 2010).
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a satisfação e a estabilidade das uniões conjugais não estão associadas diretamente à ausência
de conflitos, mas à forma como o casal soluciona suas desavenças. É importante ressaltar que
os conflitos por si só não se tornam algo destrutivo nos relacionamentos amorosos, pois as
diferenças entre o casal se tornam necessariamente geradoras de conflitos e essenciais para o
aprimoramento das relações entre as pessoas (MOSMANN; FALCKE, 2011).
Desse modo, os conflitos nos relacionamentos amorosos poderão ser positivos ou
negativos, mas o que diferencia e a forma como esse conflito vai ser encarado e resolvido. Os
conflitos conjugais se tornam negativos quando o relacionamento torna-se abusivo e violento
(MOSMANN; FALCKE, 2011). Muitos casais se mantêm em um relacionamento conflituoso
devido a vários fatores, sendo eles as questões econômicas, o vínculo emocional, a submissão
e o medo de recomeçar suas vidas sozinhas entre outros. Por isso, elas consideram que sair da
relação é muito mais difícil do que permanecer, devido a essas questões (RAZERA;
FALCKE, 2014).
. Diante disto Zolet (2000) define a dependência afetiva como:
A concessão extrema, desnecessária, permissiva, na qual a pessoa se deixa na mão
do outro. Pode ser classificada enquanto personalidade dependente, porque o
indivíduo submete-se à subjugação afetiva, faz e reage para não perder o afeto do
outro devido a algum medo, falta de autoconfiança, insegurança pessoal (Zolet, 2000
p.54).
quem se apaixonou daquele que lhe agride e faz sofrer (MIZUNO et al, 2010; LIMA; PARISI,
2014).
Nos relacionamentos amorosos o dependente emocional se torna uma pessoa
possessiva, impulsiva, ciumenta e possui medo de ser abandonado (SOPHIA et al., 2009). Os
homens dependentes emocionais geralmente tendem a ser abusadores, agressores enquanto as
mulheres vítimas (REIS, 2013). Portanto as mulheres vítimas de violência possuem uma
grande dificuldade de sair do relacionamento, devido ao medo de ficar sozinha e também pelo
sentimento de estar presa à relação. Já os homens ao perceberem que seu relacionamento
conjugal esta sendo ameaçado, seja uma relação real ou imaginária, acabam tornando-se
violentos ao ponto de abusar fisicamente e psicologicamente de suas parceiras (BUTION;
WECHSLER, 2016).
Mesmo que os relacionamentos problemáticos se encerrem pela decisão de um ou de
ambos, a pessoa que sofre com a dependência emocional provavelmente irá se envolver em
outras relações que seguem o mesmo padrão, devido não aceitar que erra, em suas escolhas.
Mesmo encarando o relacionamento como um sacrifício necessário ou obrigatório. A pessoa
acredita que é melhor estar acompanhada do que só (REIS, 2013; FABENI et al, 2016).
Então, as pessoas com dependência emocional e com amor patológico costumam vivenciar
relações conflituosas desde cedo e a presença do parceiro oferece uma ilusória defesa contra o
sofrimento psíquico, e procuram tratamento apenas quando os relacionamentos são rompidos,
momento em que não conseguem aceitar essa perda e a angústia gerada por esse rompimento
(SOPHIA et al, 2007).
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3 MÉTODO
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
afetivo e de apego na infância, que influenciará nas relações amorosas futuras (NOGUEIRA;
GERONASSO, 2010; MARTINI, 2009).
Sophia et al. (2009), em seu estudo parece concordar com a importância da criança
crescer em um ambiente afetuoso e seguro, com aceitação incondicional, para que consiga
desenvolver sua identidade de forma sadia. No entanto, Martini; Rodrigues e Chalhub (2009)
possuem resultados semelhantes em seus artigos, pois defende o apego na infância, uma etapa
muito importante e com grande repercussão na vida adulta, o qual pode levar o indivíduo a
desenvolver relacionamentos funcionais ou disfuncionais de acordo com a forma que
aprendeu a se apega. Com isso, Lino (2009) em seu estudo destaca que o individuo nas
relações amorosas quando adulto são assombrados por experiência afetivas prematuras, em
especiais os vínculos com os pais durante a infância.
O estudo de Martini (2009) afirma que as experiências e as vivências com a família de
origem são primordiais para desencadear a dependência emocional. A autora ainda pontua que
a dependência emocional é vivenciada por todos os seres humanos em maior ou menor grau
ainda na infância. Porém, em grau elevado pode gerar consequências negativas para os
membros de uma família como as diversas manifestações desadaptativas que são aprendidas
através dos padrões transgeracionais.
Tais resultados reforçaram o estudo Nogueira e Geronasso (2010) com mulheres
dependentes emocionalmente, as entrevistadas relatam vivenciar e reproduzir
comportamentos do funcionamento do casal de pais nos relacionamentos atuais. Pois
conforme as entrevistadas demonstram ser ciumentas, submissas e sufocantes. Padrões de
comportamentos aprendidos e vivenciados por suas mães no casamento. Dessa forma, todo o
comportamento que a pessoa aprendeu no relacionamento com os pais vão interferir na
relação do casal atual.
Dentre as possíveis origens do desenvolvimento da dependência emocional alguns
autores ainda concluíram em seus estudos, que a privação afetiva também se demonstrou um
fator de grande importância para amor dependente, pois se desenvolveria ainda na infância,
porque geralmente são adultos que quando crianças vieram de lares desajustados, carente de
amor, cuidados e atenção (SOPHIA et al, 2007; BOSCARDIN; KRISTENSEN, 2011). Por
outro lado, o cuidado e afeto em excesso, pais superprotetores que formam uma pessoa adulta
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No artigo Lino, Martini (2009) Bution e Wechsler (2016) revelam ainda, que na
dependência ao outro entra em jogo os padrões culturais ligados ao amor romântico, à paixão,
o altruísmo, virtudes que se confundem com aspectos da dependência emocional. No entanto,
o fator social e cultural tem grande impacto, uma vez que a sociedade impõe a ideia de que ter
um parceiro é necessário para ser feliz, que ao chegar ate certa idade o individuo precisar
casar e que estar solteiro e sinal de fracasso. Desta maneira a sociedade reforça que estar em
um relacionamento amoroso e sinônimo de êxito e felicidade.
Apesar de a dependência emocional conjugal ter conexão entre a figura de apego e a
forma de estabelecer vínculo, percebe-se que a escolha emocional ao longo da vida do ser
humano sofre uma grande influência da mídia, na idealização de relacionamentos baseado no
amor romântico, aquele amor que a pessoa é um só, que vive em função do ser amado, que
não consegue viver sem outro. Diante disso, os filmes, livros, novelas etc., sinalizam e
retratam a obsessão e o excesso de dependência do parceiro como um comportamento
comum, sendo que na realidade é bem diferente, a pessoa pode amar sem se dedicar
intensamente no relacionamento amoroso. De acordo com Sophia (2008), o que vai sinalizar
se está saudável ou não, é a forma e a intensidade com que acontecem os comportamentos
relacionados à dependência emocional, e principalmente se acarretam danos e prejuízos a um
da relação ou ambos.
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consiste em depender da outra pessoa para ser feliz, se outro não ama-lo ou não mostrar que o
ama, o dependente no relacionamento sente que não vai conseguir ser feliz. Assim, inicia
todas as tentativas e jogos para ser amado e continuar sendo amado, ainda que o seu
relacionamento esteja péssimo.
Quanto o amor patológico, os artigos analisados mostra-se que o amor em si, não se
torna causador dos malefícios dentro dos relacionamentos amorosos, mas sim o grande medo
que o individuo tem de ficar sozinho, o medo de poder vir a ser abandonado, o receio de não
ser valorizado, pensamentos que promove as pessoas acometidas muita angústia. Os autores
Boscardin e Kristensen (2011) Sophia (2008) abordam que essa forte carência faz com que
essas pessoas tenham uma ausência crítica de seu próprio comportamento doentio. A
consequência é a falta de liberdade que a pessoa que sofre de amor patológico impinge a si
mesmo e ao parceiro, já que quando está na presença do outro sente um bem- estar e alívio da
angústia. Diante disto, os estudos comprovam no cérebro dessas pessoas, ocorrem mudanças e
comportamentos similares com as quem sofre de dependência química (SOPHIA et al., 2007;
SOPHIA et al., 2009).
Outro assunto estudado foi à violência. Portanto, foi predominante nos artigos a
dependência afetiva nas relações conflituosas, os estudos apontam que a pessoa acometida
pela dependência emocional possui maior chance de realizar, e sofrer violência doméstica e
mesmo assim permanecem no relacionamento (FABENI et al., 2016; MIZUNO el at., 2010;
REIS 2013; RAZERA; FALCK 2014). Nota-se que o dependente emocional precisa sempre
do outro para se sentir bem, colocando a sua vontade em último lugar e do outro em primeiro,
submetendo-se mesmo espontaneamente às vontades e caprichos do próximo. Destaca-se a
presença dos sentimentos de dedicação ao bem-estar do outro, o dependente dá mais do que
recebe, e posteriormente, se sente abusado e negligenciado, pois sua autovalorização está
reduzida. Porém, como todo investimento para controlar o outro é inútil, a pessoa acometida
sente-se impotente e usado, quando o outro não demonstra gratidão.
Percebeu-se nos estudos analisados que o amor romantizado, a idealização do parceiro
pode ser motivos frequentes de muitas mulheres aceitarem um relacionamento onde existe
infidelidade e agressão por parte de seu companheiro. Pois as vítimas acreditam que seus
parceiros possam tomar consciência do erro cometido e assim tente mudar suas atitudes.
Diante disso, prosseguem nos relacionamentos sem denunciar o agressor, muitas vezes
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comportamento aprendido, do qual a pessoa precisa se livrar, por ser considerada aqui uma
patologia na relação, se não for tratada pode-se permitir que “morra” o relacionamento, a
individualidade da pessoa ou até mesmo do parceiro.
Então é necessário destacar que essa pesquisa não tem caráter de generalizar os
resultados, mas sim de aprofundar o estudo em questão, os artigos retratavam dados
científicos com objetivo de revisar a literatura e pesquisar novos dados a respeito de uma
possível ligação existente entre o padrão de funcionamento do dependente emocional nos
relacionamentos conjugais. Portanto, percebeu-se que existem poucas investigações nos
artigos estudados a respeito dos padrões intergeracionais, ficando evidentes que são padrões
que não se iniciaram em sua geração, por isso e importante aprofundar e conhecer a história
de vida de cada individuo, pois a maiorias das partes das pessoas acometidas são de famílias
disfuncionais, conflitivas, que demonstraram significativa fragilidade emocional, que
contribuem para o desenvolvimento e instalação da dependência emocional entre seus
membros.
De acordo com Geronasso e Nogueira (2010), em seu estudo de casos abordam que
muitas das mulheres não conheciam com profundidade a história geracional de sua vida, mas
que mesmo não tendo tanto conhecimento, conseguiram identificar nos seus relacionamentos
algumas disfunções similares de como seus pais e avós se relacionavam. Neste sentido são
importantes artigos que aprofundem esses estudos, pois servirá para reflexões e até mesmo
para evitar que algumas pessoas não perpetuem o mesmo ciclo de abusos e interação familiar
disfuncional no qual foram inseridos, evitando a repetição de comportamento dependente com
seus familiares.
Também se percebeu poucos estudos referentes à dependência emocional no gênero
masculino, uma possível explicação para essa questão seria que os estudos estão mais focados
nas mulheres como as vítimas, as “viciadas no amor” e os homens como os agressores não ao
contrario (BUTION E WECHSLER 2016; REIS, 2013). No entanto, tratando da temática da
dependência, muitos estudos são direcionados somente ao dependente e isolam pessoas
próximas que recebem influências e sofrem diariamente por manterem esses relacionamentos,
que fazem as pessoas esquecer-se de suas próprias preferências e prioridades. Uma vez que,
não existe apenas uma vítima na dependência conjugal.
Neste sentido, pode ser que esse outro também seja um dependente, ou seja, uma
vítima, pois o outro também tem medo de mudar, de renunciar e se libertar de um
relacionamento patológico. No entanto, na dependência conjugal ambos são extremamente
afetados em suas vidas por falta de controle de suas próprias vidas, anulando-se sempre em
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favor do outro, acreditando ser de sua responsabilidade a felicidade do outro, negando para si
mesmo a própria felicidade, que no caso não ocorre nem na vida do outro e nem de si próprio.
De acordo com Bution e Wechsler (2016), é provável que aconteça uma dependência mútua,
uma vez que os relacionamentos estabelecidos por essas pessoas são extremamente
conturbados, devido aos sentimentos de posse predominantes nos dependentes emocionais.
Deste modo, a dependência mútua explicaria a permanência do parceiro e da relação, mesmo
que conflituosa.
Apesar dos artigos pesquisados abordarem diferentes assuntos dentro da temática,
nota-se que a maioria está mais preocupada em relatar a sintomatologia e as características do
dependente emocional do que explicar a dinâmica nos relacionamentos amorosos. No entanto,
os estudos discutem sobre o dependente em si, não aos tipos de parceiros que se envolve. Por
fim, pode-se concluir sobre a necessidade de maior quantidade de estudos sobre o tema a fim
de compreender algumas lacunas ainda existentes na literatura como: a escolha do parceiro, a
dinâmica do casal, prevalência, tratamentos e intervenção dirigidos à dependência emocional
apesar de ser essencial essa discussão sobre qualquer psicopatologia. De acordo com Fabeni
et al. (2016) quando o paciente busca ajuda de profissionais a queixa é normalmente
negligenciada ou amenizada, já que estes entendem que a dependência faz parte de qualquer
relacionamento afetivo.
Por essa amostra de artigos, entende-se que a dependência emocional conjugal e os
relacionamentos destrutivos apesar de gerar tantos danos a essas pessoas, ainda são temas
recentes que abordam discussões atuais que precisam de mais pesquisas que tragam
informações complementares para abarcar as dimensões dos relacionamentos baseado na
dependência emocional, pois nota-se que a maioria está relacionada adicção. Dessa forma,
alguns estudos estão sendo realizados com a intenção de buscar fatores que pré dispusesse a
dependência emocional nos relacionamentos, pois pouco deles se afirma. Então é importante
que novas pesquisas sejam realizadas nessa área, porque cada vez mais aumenta a demanda
para da psicologia para casais com baixa qualidade em seus relacionamentos devido a estes
fatos, bem como as mulheres dominadas pela dependência afetiva.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através deste estudo observa-se a necessidade de mais publicações sobre o tema, pois
existem poucas pesquisas acadêmicas. Assim como um maior envolvimento da psicologia
quanto aos relacionamentos violentos e destrutivos em vínculos afetivos. Entende-se que com
mais estudos na área seja melhor pensar em intervenções e tratamentos para pessoas
envolvidas. Portanto acredita-se que este é um campo ainda pouco explorado, possibilitando
que muitos estudos ainda sejam realizados. Apesar do número de publicações serem
crescente, ainda há poucas pesquisas que se dedicam em estudar a dependência conjugal,
dificultando uma pesquisa mais aprofundada.
É importante ressaltar algumas limitações no presente estudo, uma vez que, apesar da
escolha cuidadosa dos descritores utilizados, alguns artigos provavelmente não foram
encontrados devido à diversidade de nomenclaturas do tema. Também houve dificuldade de
atender objetivo especifico, sendo que os artigos encontrados focavam mais no dependente
em si e não na dinâmica do casal. Os artigos encontrados a maioria abordavam a violência
física, psíquica, questões de gêneros e conflitos conjugais. Essa limitação pode ser resolvida
através da integração entre o presente estudo e futuras revisões de literatura que abordem tais
descritores. A pouca acurácia de alguns artigos ao descrever seus resultados também impede
uma conclusão mais precisa e unificada dos achados sobre o tema.
No entanto, foi possível concluir a partir dos estudos selecionados que existem
multiplicidades de fatores que contribuem para a dependência emocional conjugal. Portanto,
os estudos predominaram que as influências afetivas e socioculturais estão muito marcantes
na incidência e manutenção da dependência, dando a entender que a dependência emocional
entre casais tem sua origem na história emocional pregressa do individuo, que inicia a ter um
enredo ainda na infância, mais especificamente, na relação que estabelece com seus pais e
demais pessoas de influência no desenvolvimento emocional de sua vida. Dessa forma, outra
constatação foi possível verificar nas pesquisas a repetição de comportamento de padrões
familiares aprendidos na infância, comportamentos que vem de gerações anteriores que na
vida adulta consequentemente são aprendidos e repetidos nos relacionamentos amorosos
atuais do dependente emocional.
Apesar de não encontrar muita pesquisa a respeito da escolha do parceiro nos
relacionamentos dependentes, foi interessante notar que ainda, muita das escolhas amorosas
do dependente emocional tem grande influência da infância, pois a tendência são procurar por
parceiros problemáticos para recuperar as necessidades não supridas na infância. Para tanto
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