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A ARTE DA POESIA
BÍBLICA
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REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 11
A ARTE DA POESIA BÍBLICA.
INTRODUÇÃO
A poesia uma gênero que também encontramos de forma sobja nas Escrituras. É
verdade que a Bíblia como livro de literatura é marcada por uma variação de gêneros,
todavia, o tipo de literatura que tem gerado algumas dificuldades na vida de muitos
interpretes é a poética. E a razão para isto é que a literatura poética foge em muitos
casos da gramática hebraica.1
*
O autor é Ministro da Palavra e dos Sacramentos na Igreja Presbiteriana do Brasil. Atualmente é pastor
na Igreja Presbiteriana de Riachão do Jacuípe – BA. Foi professor de Línguas Bíblicas (Hebraico e
Grego) no Seminário Presbiteriano Fundamentalista do Brasil – SPFB (Recife), também foi professor de
Hermenêutica, filosofia e Exegese de Atos no Seminário Presbiteriano Fundamentalista do Brasil (Patos –
PB), também foi professor de Filosofia e Ética na Faculdade Regional de Riachão do Jacuípe – BA.;
Atualmente é professor de Antigo Testamento no Instituto Teológico Reformado do Brasil (ITRB –
Petrolina) e professor de Hermenêutica no Seminário Presbiteriano Fundamentalista do Brasil – SPFB
(Rondônia). É também professor de Exegese do Antigo Testamento no Instituto Teológico Reformado do
Brasil-Angola (ITRBA).
1
Vale salientar que existe a licença poética que é universalmente aceita, pois, os poetas tem a liberdade
de escrever, sem necessariamente ficarem atados às regras gramaticais do discurso direto.
2
KAISER, JR, Walter C. Pregando em Ensinando a partir do Antigo Testamento. Rio de Janeiro: Ed.
CPAD,2009, p.101.
3
KAISER, JR, Walter C.; SILVA, Moisés. Introdução à Hermenêutica Bíblica. São Paulo: Ed. Cultura
Cristã, 2009, p.83.
4
Idem.
I – OS SALMOS E ESTRUTURA DO PARALELISMO.
1. O que é o Paralelismo?
“O paralelismo é universalmente reconhecido como o traço característico da
poesia hebraica bíblica, embora também seja usado extensivamente em versos semíticos
afins (principalmente acadianos), bem como em outros lugares”.5, em termos práticos o
paralelismo pode ser definido como “a rima das ideias”6
2. Tipos de Paralelismo.
5
WATSON. Wilfred G.E., Classical Hebrew Poetry a Guide to its Techniques, Sheffield (England):
JSOT Press, 1986, p.114
6
SILVA, Cássio Murilo da. Leia a Bíblia como Litaratura. São Paulo: Ed. Loyola, 2007, p.78.
7
WATSON. Wilfred G.E., Classical Hebrew Poetry a Guide to its Techniques, Sheffield (England):
JSOT Press, 1986, p.114
8
KAISER, JR, Walter C.; SILVA, Moisés. Introdução à Hermenêutica Bíblica. São Paulo: Ed. Cultura
Cristã, 2009, p.84
9
SILVA, Cássio Murilo da. Leia a Bíblia como Litaratura. São Paulo: Ed. Loyola, 2007, p.78.
10
ALTER, Robert. The Art of Biblical Poetry. New York: Basic Books, inc, Publishers, 2011, p.15
11
SILVA, Cássio Murilo Dias da. Leia a Bíblia como Litaratura. São Paulo: Ed. Loyola, 2007, p.78.
12
SILVA, Cássio Murilo Dias da. Metologia de Exegese Bíblica. São Paulo: Ed. Paulinas, 2000, p.304.
II – OS SALMOS E OS TIPOS DE PARALELISMO.
Diante do que já foi estudado aqui se deve considerar neste momento os tipos de
paralelismo presente na Escritura Sagrada.
HEBRAICO TRADUÇÃO
ְׂשאּו־נֵ֣ס בָּ ָ֗ ָּא ֶרץ Levantai um estandarte sobre a terra
Tocai um shofar entre as nações
ׁשֹופָ֤ר
ָּ ִּתקְׂ ע֙ ּו
HEBRAICO TRADUÇÃO
Pois
ִּֽכי
Ele quebrou as portas de Bronze,
־ש ַּבר ַּד ְלתֹות נְ ח ֶׁשת E trancas de ferro despedaçou
HEBRAICO TRADUÇÃO
A verdade (f) desde a terra (f) brotará
א ֶׁמת מ ֶׁא ֶׁרץ ת ְצמח
a justiça (m) desde o céu (m) descerá (f)).
ְ ְ֜ו ֶֶׁ֗צ ֶׁדק מש ַּ ַ֥מים נ ְש ְִּֽׁקף
Estes são alguns dos exemplos que podem ser encontrados no uso do
paralelismo na poesia bíblica. Este recurso pode ajudar na compreensão mais adequada
da Palavra de Deus. É muito comum na vasta literatura poética da Bíblia Sagrada
encontrar-se o recurso do paralelismo.
Nos exemplos apresentado nota-se que ele possui várias configurações e pode
ser usado para condensar grandes verdades da Palavra de Deus.
13
Ibid, p.305
III – OS SALMOS E A ESTRUTURA HERMENÊUTICA HOMILÉTICA.
Já se considerou aspectos importantes na poesia hebraica. Porém para uma
compreensão hermenêutica e homilética é necessário também seguir outros
procedimentos importantes para se chegar a ter uma visão estrutural da poesia e assim
possamos ensinar e pregar neste tipo de literatura bíblica
1. A Segmentação Textual.
Texturalmente é necessário segmentar um texto Bíblico para se proceder uma
visão ampla de suas implicações hermenêuticas-exegéticas, daí para tanto, é importante
compreender como se procede uma segmentação textual e sua definição basilar:
14
SILVA, Cássio Murilo Dias da. Metologia de Exegese Bíblica. São Paulo: Ed. Paulinas, 2000, p.84-86
15
SAVIOLI, Francisco Platão; FIORINI, José Luiz. Para Entender o Texto: Leitura e Redação. São
Paulo: Ed. Ática, 2007, p.155.
16
SILVA, Cássio Murilo Dias da. Leia a Bíblia como Litaratura. São Paulo: Ed. Loyola, 2007, p.28
hw"hy>â-ta, Wlål.h;( 1.aa LOUVAI o SENHOR
1. Convite ao
louvor
ba
Exaltai-o Motivação - motivo
WhWxªBv. ;÷
bb Povos todos.
`~yMi(auh'-lK'
ADªs.x; Wnyle’[' rb:Üg¬" yK 2.aa Porque é forte por nós seu amor,
Iî
~l'ªA[l. hw"ïhy>-tm,a/w)< ab
E a fidelidade do SENHOR é para sempre.
Convite ao Louvor:
hw"©hyl;÷ W[yrIïh;*: 1a CELEBRAI com júbilo ao SENHOR,
2
hx'_mf. iB. hw"åhy>-ta, Wdåb.[i 2 2.a Servi ao SENHOR com alegria;
`hn")nr" >Bi wyn"©p'l.÷ WaBoï a e entrai diante dele com canto.
a
3
é~yhiîl{ña/ aWhÜ hw"hy>-yKi( W[ªD> 3 Sabei que o SENHOR é Deus;
17
Wnx.n+:a] ÎAlåw>Ð ( al{wa> ) b e não nós a nós mesmos;
17
A variante textual desta expressão é Alåw>. O “a” na mesma palavra refere-se ao problema textual
encontrado no TM (Texto Massorético) No Texto Massorético (TM) encontramos a palavra hebraica al
que, por se tratar de um advérbio de negação, normalmente, é traduzida por não. Com isso, a tradução do
verso 3 ficaria assim, ao seguirmos o TM: “... ele nos fez e não nós...”. Esta possibilidade de tradução é
perfeitamente aceitável, visto que nós somos fruto da obra de Deus e não nossa e nem do acaso. Todavia,
encontramos, em alguns outros manuscritos, conforme na apresentação da variante acima, a opção de
escolher a grafia como escrita na margem da Bíblia Hebraica (qere) e, assim, o texto ficaria traduzido
como se segue: “... ele nos fez e dele somos...”. O que poderia ter acontecido é um problema ortográfico
chamado de ditografia (repetição de uma letra). No TM encontramos a expressão Wnx.n+a: al{ (não nós). O
copista, ao reproduzir o texto, poderia ter se confundido e copiado, por engano, a primeira letra da palavra
Wnx.n+a: que vem logo na sequência. Fazendo com que o Al (dele) passasse a al (não). Isso seria possível
pelo fato de que os textos do passado eram escritos bem juntos, como por exemplo: Wnx.n+a: al{, a fim de
economizar espaço no papiro ou pergaminho. Semanticamente a idéia é a mesma. Foi Deus quem nos fez,
e não nós, e por isso somos dele. Mas como a nossa meta é tentar chegar o mais próximo possível do
texto original, fazemos a opção pela variante visto que esta opção se adéqua melhor ao restante do texto e
do versículo.
4.a
4
hd"ªAtB Ÿwyr"’[v' . WaBoÜ 4 Entrai pelas portas dele com gratidão,
verdade dura
Este tipo de salmo nos ensina que existe uma estrutura homilética
simples para a sua abordagem no púlpito, e o esquema básico é o seguinte:
a) Convite ao Louvor
b) Descrição da libertação
c) Sacrifício ou Oração
18
O lamento pode estar presente em dois momentos no mesmo Salmo como é o caso aqui.
19
A petição a semelhança do lamento pode encontrar-se em dois momentos no mesmo Salmo.
indivíduo é também um ato congregacional de adoração”. Esta estruturação é percebida
no Salmo de número 30 vejamos como fica sua estrutura dentro deste esquema.
I. Introdução 30.1-3
B . Resgate 30.8-12ª
20
Este princípio se apresenta na estrutura de forma incluindo os elementos subordianados: A, B, etc...
21
Para uma discussão importante sobre este tema recomendamos a leitura do artigo do
BOSMA, Carl J. Discernindo as Vozes nos Salmos: Uma discussão de Dois Problemas
na Interpretação do Saltério. In: FIDES REFORMATA, julho-dezembro, 2004, Vol.
IX, Nº 2, p.75-118.
REFERÊNCIAS
1. ALTER, Robert. The Art of Biblical Poetry. New York: Basic Books, inc,
Publishers, 2011
6. SILVA, Cássio Murilo Dias da. Leia a Bíblia como Litaratura. São Paulo: Ed.
Loyola, 2007
7. SILVA, Cássio Murilo Dias da. Metologia de Exegese Bíblica. São Paulo: Ed.
Paulinas, 2000