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PROCESSOS ESTOCÁSTICOS

UNIDADE-01
UNIDADE - 01 - PROBABILIDADE

TEMA.1 PROBABILIDADE TOTAL - PROBABILIDADE CONDICIONAL


Introdução - Os jogos de azar, que se caracterizam por ações como girar uma roleta, lançar
dados ou retirar carta de baralho tem duas características básicas: a incerteza e a regularidade.
Assim, por exemplo, toda vez que se joga um dado, pode ocorrer qualquer uma das faces. No
entanto, o jogo embora incerto tem regularidade. Se forem feitos muitos lançamentos espera-se
que todas as faces ocorram igual número de vezes. Essas características de jogos de azar,
percebidas há muito tempo, criaram a idéia de que seria possível achar uma “fórmula” ou um
“método”, que permitisse ao jogador ganhar sempre, ou pelo menos, ganhar na maioria das
vezes. Isso não é possível, mas foi essa idéia que incentivou o estudo de tais jogos, o que levou
a formulação da teoria da probabilidade, base da estatística moderna.

Experimento Aleatório  é aquele que repetido sob as mesmas condições indefinidamente


apresenta variações nos resultados.

Exemplos:

E1 - retirar uma carta de um baralho com 52 cartas e observar o resultado.


E2 - retirar com reposição bolas de uma urna que contém 5 bolas brancas e 6 pretas.
E3 - jogar uma moeda 10 vezes e observar o número de caras.
E4 - lançar duas moedas simultaneamente e observar o resultado.

Espaço Amostral (S)  é o conjunto de todos os resultados possíveis de um experimento


aleatório.

Exemplos:
Lançamento de uma moeda: S = {Ca , Co}
Lançamento de um dado: S = {1,2,3,4,5,6}
Lançamento de duas moedas simultaneamente : S = {CaCa , CaCo , CoCa, CoCo}

Qual seria o espaço amostral resultante do lançamento de dois dados simultaneamente?

Evento  é qualquer subconjunto (E) do espaço amostral S de um experimento aleatório.

• Se E possui apenas um elemento, E é dito evento elementar.


• Se E = S, E é dito evento certo.
• Se E = ø, E é dito evento impossível.

Exemplo: No lançamento de um dado, o espaço amostral é S = {1,2,3,4,5,6}, assim:

A = {2,4,6}  S é um evento de S
B = {1,2,3,4,5,6} é um evento de S
C = {4} é um evento de S
D = ø  S é um evento impossível

PROCESSOS ESTOCÁSTICOS - TEMA_01 1 MANUEL


Um evento pode se definido por uma sentença, logo, os eventos A, B, C e D do exemplo anterior
podem ser assim definidos:

A - obter um número par na face superior


B - obter um número menor ou igual a 6 na face superior
C - obter o número 4 na face superior
D - obter um número maior que 6 na face superior (evento impossível)

Probabilidade  chama-se probabilidade de um evento A, A  S ao número real P(A) tal que:

n ( A)
P(A) = , onde:
n( S )

n(A) = nº de elementos de A
n(S) = nº de elementos de S

Exemplo-1: Qual é a probabilidade de se obter cara no lançamento de uma moeda?

Temos:

Espaço Amostral S = {Ca, Co} n(S) = 2


Seja A o evento “aparecer cara”, então, A é dado por: A = {Ca} e n(A) = 1
Logo, P(A) = n(A)/n(S) P(A) = ½ = 0,5 ou 50%.

Exemplo-2: Qual é a probabilidade de aparecer uma face ímpar (número ímpar) no lançamento
de um dado?

Temos:

Espaço Amostral S {1,2,3,4,5,6} n(S) = 6


Face ímpar, evento A = {1, 3, 5} n(A) = 3
P(A) = n(A)/n(S) = 3/6 = ½ = 0,5 ou 50%.

Exemplo-3: Qual é a probabilidade de se tirar um rei em um baralho de 52 cartas ?

Evento A - aparecer um rei


n(A) = 4 - (nº de reis do baralho)
n(S) = 52 - (nº de cartas do baralho)

P(A) = n(A)/n(S) = 4/52 = 1/13

OBS: A probabilidade de um evento A é também assim definida:

NCF de A
P(A) = onde:
NTC
NCF - nº de casos favoráveis à ocorrência do evento A.
NTC - nº total de casos.

PROCESSOS ESTOCÁSTICOS - TEMA_01 2 MANUEL


Eventos Complementares  dois eventos de um espaço amostral S são complementares
quando o resultado da união dos dois corresponde exatamente ao espaço amostral S.

Exemplo: No lançamento de uma moeda, se definirmos os eventos:


E1 - o resultado é cara;
E2 - o resultado é coroa;
podemos dizer que os eventos E1 e E2 são complementares.

OBS: Sendo p a probabilidade que um evento ocorra (sucesso) e q a probabilidade que ele não
ocorra (insucesso), para um mesmo evento existe sempre a relação.

p+q=1q=1-p

Exemplo: Se a probabilidade de ocorrer 4 no lançamento de um dado é p =1/6, a probabilidade


de não ocorrer 4 é q = 1 - p = 1 - 1/6 = 5/6.

Eventos Independentes  dois eventos são independentes quando a realização ou não


realização de um deles não afeta a probabilidade de realização ou não do outro e vice-versa.
Quando lançamos dois dados, o resultado obtido em um deles independe do resultado obtido no
outro. A probabilidade de ocorrência simultânea de dois eventos independentes é igual ao
produto das probabilidades de realização dos dois eventos. Se p1 e p2 são respectivamente as
probabilidades do primeiro e do segundo evento, a probabilidade para que tais eventos se
realizem simultaneamente é dada por:

p = p1  p2
Exemplo: Lançamento de dois dados. A probabilidade de obtermos 1 no primeiro dado é p1 = 1/6.
A probabilidade de obtermos 5 no segundo dado é p2 = 1/6. A probabilidade de obtermos
simultaneamente 1 no primeiro e 5 no segundo é:
p = p1  p2 = 1/6  1/6 = 1/36.

De fato, o espaço amostral correspondente ao lançamento de dois dados tem 36 pontos


amostrais e estamos interessados na ocorrência de apenas 1 deles, o ponto (1,5).

Eventos Mutuamente Exclusivos  dois ou mais eventos são mutuamente exclusivos


se a realização de um excluir a realização do outro ou dos outros.
Assim, no lançamento de uma moeda, o evento “tirar cara” e o evento “tirar coroa” são
mutuamente exclusivos já que ao se realizar um deles o outro não pode se realizar.
Se dois eventos são mutuamente exclusivos a probabilidade para que um ou outro se realize é
igual a soma das probabilidades para que cada um deles se realize e é dada por:

p = p1 + p2

Exemplo: Lançamento de um dado. A probabilidade de se tirar o 3 ou o 5 é:

p = 1/6 + 1/6 = 2/6 = 1/3

PROCESSOS ESTOCÁSTICOS - TEMA_01 3 MANUEL


Propriedades de Probabilidade

1 - A probabilidade de um evento A é um número maior ou igual a zero e menor ou igual a 1.


0  P(A)  1

2 - A probabilidade de um evento certo é igual a 1. P(S) = 1

3 - A probabilidade de um evento impossível é igual a zero. P() = 0

4 - Regra da Soma - Se A e B são eventos mutuamente exclusivos, (A  B) =  então:

P(AB) = P(A + B) = P(A) + P(B)

5 - Se A e B não são mutuamente exclusivos, então:

P(AB) = P(A) + P(B) - P(AB)

6 - Se B é o evento complementar de A então:

P(B) = 1 - P(A)

Exemplos:

1 - Determinar a probabilidade de retirar a dama de paus quando retiramos uma carta de um


baralho comum de 52 cartas.

Evento(E) - retirar uma carta de paus.

Como só existe uma dama de paus no baralho o nº de casos favoráveis ao evento é 1, logo:
P(E) = 1 / 52

2 - Determinar a probabilidade de não retirar a dama de paus quando retiramos uma carta de um
baralho comum de 52 cartas.

Este evento é complementar ao do exemplo anterior, logo:

P(E’) = 1 - P(E) = 1 - 1/52 = 51/52.

3 - Determinar a probabilidade de retirar uma carta de copas ou de ouros quando retiramos uma
carta de um baralho comum de 52 cartas.

Podemos definir os seguintes eventos:

A - a carta retirada é de copas;

B - a carta retirada é de ouros;

Os eventos A e B são mutuamente excludentes, podemos então calcular a probabilidade a partir


de P(A) + P(B).

P(A) = 13 / 52 (13 cartas de copas)

P(B) = 13 / 52 (13 cartas de ouros)

P(A  B) = P(A) + P(B) = 26 / 52.

PROCESSOS ESTOCÁSTICOS - TEMA_01 4 MANUEL


4 - Determinar a probabilidade de retirar uma carta de paus ou um rei quando retiramos uma
carta de um baralho comum de 52 cartas.
Podemos definir os seguintes eventos:
A - a carta retirada é de paus;
B - a carta é um rei;

Os eventos A e B não são mutuamente excludentes, visto que existe um rei de paus. A
probabilidade será então dada por: P(A  B) = P(A) + P(B) - P(A  B)
P(A) = 13 / 52 (13 cartas de paus)
P(B) = 4 / 52 (4 reis)

P(A  B) = 1 / 52 (1 rei de paus)

P(A  B) = 13/52 + 4/52 - 1/52 = 16/52

Probabilidade Condicional

Se A e B são eventos de um espaço amostral S com P(B)  0, então a probabilidade condicional


do evento A, tendo ocorrido o evento B é indicada por P(A/B) e dada por:
P( A  B) NCF ao evento A  B
P(A | B) = ou P( A / B) =
P( B) NCF ao evento B
Onde:
P(A | B) é a probabilidade de A ocorrer depois de B ter ocorrido.

P(A  B) é a probabilidade de A e B ocorrerem simultaneamente.


P(B) é a probabilidade de B ocorrer.

Exemplo: Um número é sorteado ao acaso entre os inteiros


1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15.

Se o número sorteado for par, qual a probabilidade de que seja o número 6?

Temos:

S = {1; 2; 3; 4; 5; 6; 7; 8; 9; 10; 11; 12; 13; 14; 15}  Espaço Amostral

A = {o número 6}
B = {o número par}

Temos então:
P(B) = 7/15 (sete números pares em 15)
P(A) = 1/15 (o número 6 em 15 - uma chance em 15)
1
P (A  B) 15 1 15 1
P( A / B) = = =  =
P( B) 7 15 7 7
15
Sem a informação da ocorrência de B (o número sorteado ser par) P(A) seria 1/15, ou seja,
menor que o valor quando B é conhecido (1/7). Assim, a informação (a priori) sobre a ocorrência
de B diminui o espaço amostral e aumenta o valor da probabilidade do número sorteado ser 6.
Ou seja, quanto mais informação se tem, maior a nossa probabilidade de acertar (Informação !).

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Regra do Produto

Eventos Dependentes  Se dois eventos A e B são dependentes então:

P(AB) = P(B)  P(A/B)

ou

P(AB) = P(A)  P(B/A)

Exemplo: Retiram-se sem reposição duas peças de um lote de 10 peças onde 4 são boas.
Qual a probabilidade de que ambas sejam defeituosas ?

Temos:

A - { a 1ª peça ser defeituosa }


B - { a 2ª peça ser defeituosa }

Como é sem reposição perceba que o fato de se retirar uma peça defeituosa afeta o espaço
amostral quando se vai retirar a segunda peça.

Precisamos calcular P(AB) (ocorrência simultânea)

Temos, P(AB) = P(A)  P(B/A)

P(A) = 6/10 (seis defeituosas em 10)

P(B/A) = 5/9 (a 1ª era defeituosa - sobram 5 defeituosas em um total de 9)

Então, P(AB) = 6/10  5/9 = 30/90 = 1/3.

Eventos Independentes

Se dois eventos são independentes então:

P(AB) = P(A)  P(B)

Exemplo: Retiram-se com reposição duas cartas de um baralho com 52 cartas. Qual a
probabilidade de que ambas sejam de “paus” ?

Temos:

A = {a 1ª carta é de paus} P(A) = 13/52

B = {a 2ª carta é de paus} P(B) = 13/52

P(AB) = 13/52  13/52 = ¼  ¼ = 1/16.

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