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Considerando o art. 196 da Constituição Federal segundo o qual saúde é direito de todos e
dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução
do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação;
Considerando que a Lei federal nº 1283, de 18 de dezembro de 1950 que dispõe sobre a
inspeção industrial e sanitária dos produtos de origem animal;
Considerando que o Decreto-Lei Federal nº 9.013, de 29 de março de 2017 que dispõe sobre
o regulamento da inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal;
Considerando que a Resolução RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004 que dispõe sobre
os requisitos higiênico-sanitários gerais para serviços de alimentação aplicáveis em todo
território nacional, devendo ser usada em complementação a esta;
Considerando o elevado risco sanitário acerca de alimentos que são consumidos crus, que
não sofrem processo de cocção prévia ao consumo, e que exigem controles sanitários
específicos e rigorosos quanto à aplicação das boas práticas de preparo e comercialização;
Resolve:
Da Abrangência
Art. 3º Para efeito desta portaria, ficam admitidos os seguintes termos próprios das
atividades a que se propõe, como:
VI - GUKAN - arroz enrolado por algas marinhas e recheado com peixe e frutos do mar, ovas
de peixes ou legumes.
VII - HASHI - varetas utilizadas como talheres em países do Extremo Oriente. Podem ser
feitos de madeira, bambu, marfim, metal ou plástico.
VIII - MAKE TABLE: equipamento refrigerado, composto por pista fria e cubas para
acondicionamento dos alimentos, com capacidade de conservar os alimentos utilizados
durante a confecção dos sushis e sashimis.
XI - NIGUIRI - bolinho de arroz coberto com fatia de peixe ou marisco cru (como atum,
camarão, salmão, e outros).
XII - NORI - folha feita a partir de alga marinha seca e desidratada, utilizada em diversas
preparações da culinária japonesa.
XIII - ONIGUIRI - Bolinho de arroz feito em forma específica, normalmente triangular, envolto
por folha de nori, podendo ter recheio.
XVIII - PESCADO FRESCO - Entende-se por 'fresco' o pescado dado ao consumo sem ter
sofrido qualquer processo de conservação, a não ser a ação do gelo.
XXII - SUSHIS E SIMILARES - Define-se como sushi o prato constituído à base de arroz
temperado com vinagre, açúcar e sal e combinado com peixes e frutos do mar, ou ainda
vegetais, frutas e ovo, envolvidos em uma fina camada de algas marinhas. Como similar,
define-se prato da culinária japonesa ou de outra origem que se utiliza dos mesmos
ingredientes do sushi, diferindo em técnicas de preparo, como niguiri, ceviche, gukan,
temaki, chirashi, sashimi, tempura, entre outros.
XXIII - TEMAKI - cone de alga recheado com arroz, peixe cru, frutos do mar e legumes.
XXIV - TEMPERO: consiste na mistura de sal, açúcar e vinagre de arroz em proporção tal
qual garanta pH inferior a 4,5. Ocasionalmente, pode ser acompanhado de alga, saquê, suco
de laranja e outros ingredientes.
Art. 4º A sala de preparo e montagem de sushis e similares deve possuir área isolada,
exclusiva e climatizada, de forma a garantir a temperatura recomendada da matéria prima e
dos alimentos pelo fabricante e pela legislação vigente.
Parágrafo único. Deve ser realizada manutenção programada e periódica dos equipamentos
e utensílios e calibração dos instrumentos ou equipamentos de medição, de acordo com a
recomendação do fabricante, mantendo registro da realização dessas operações.
Art. 7º As superfícies das bandejas, barcas, tinas para mistura de temperos, formas para
oniguiri, oshibako, tigelas e tábuas de corte devem ser lisas, impermeáveis, laváveis e estar
isentas de rugosidades, frestas e outras imperfeições que possam comprometer a
higienização das mesmas e serem fontes de contaminação dos alimentos.
Art. 8º As esteiras de preparo de sushi por serem de difícil higienização devem ser
protegidas com filme de PVC removível, trocado diariamente e sempre que necessário.
Art. 10. A área de preparação dos sushis e similares devem ser higienizadas quantas vezes
forem necessárias e imediatamente após o término do trabalho.
§ 1º Devem ser tomadas precauções para impedir a contaminação dos alimentos causada
por produtos saneantes, pela suspensão de partículas e pela formação de aerossóis.
Art. 12. Os ornamentos adicionados aos pratos, tais como vegetais, legumes, saladas, não
devem constituir fonte de contaminação, devendo ser adequadamente higienizados.
Seção IV - Das Matérias-Primas, Ingredientes e Embalagens
Art. 13. A recepção das matérias-primas, dos ingredientes e das embalagens deve ser
realizada em área protegida e limpa, separada fisicamente das áreas de manipulação.
Seção V - Do Pescado
Art. 17. Todo pescado deve ter registro no órgão sanitário competente, exceto pescado
fresco, quando não importado.
Art. 18. O transporte do pescado deve ser realizado em condições adequadas de higiene e
conservação, em veículos refrigerados que aumentem no máximo 2ºC a temperatura de
acordo com a recomendação do fabricante e legislação vigente.
Art. 19. O pescado oriundo de captura em alto mar, destinado ao consumo cru ou cozido
parcialmente, deverá ter sido submetido a processo de congelamento na indústria, conforme
legislação vigente, a fim de eliminar possíveis parasitas.
Parágrafo único. O pescado a que se refere este artigo deverá ser recebido, pelos serviços
de alimentação, na forma congelada, ou seja, em temperatura igual ou inferior a -18ºC ou
conforme especificações de sua rotulagem.
Art. 20. O pescado oriundo de cativeiro (peixe de cultivo, o qual possui risco desprezível
para parasitas), destinado ao consumo cru ou cozido parcialmente poderá ser recebido e
armazenado na forma refrigerada, com temperatura igual ou inferior a 3ºC, desde que haja
comprovação documental deste tipo de cultivo.
Art. 21. O pescado manipulado como matéria prima deve ser mantido em temperatura
máxima de 3ºC por no máximo 3 dias, sendo observadas as características organolépticas.
Art. 22. O pescado submetido ao descongelamento deve ser mantido sob refrigeração se
não for imediatamente utilizado, não devendo ser recongelado.
Art. 23. O arroz cozido quando não temperado deve ser mantido devidamente protegido em
temperatura de refrigeração inferior a 5ºC, pelo prazo máximo de 3 dias.
Art. 24. O arroz temperado quando não utilizado imediatamente, deve ser mantido
adequadamente protegido, em temperatura ambiente por no máximo 8 horas, sendo nesse
caso, o seu pH registrado em planilha a cada 2 horas, de forma que seja inferior a 4,5.
Art. 25. Os meios de transporte dos sushis e similares devem ser higienizados, sendo
adotadas medidas a fim de garantir a ausência de vetores e pragas urbanas.
Parágrafo único. Os veículos devem ser dotados de caixas térmicas ou baús refrigerados
que garantam a manutenção da temperatura, não devendo transportar outras cargas ou
produtos que comprometam a qualidade higiênico-sanitária, de acordo com legislação
específica vigente.
Art. 27. Os sushis e similares preparados, armazenados e expostos ao consumo que não
forem consumidos em até 4 horas devem ser descartados, sendo proibida a reutilização de
sobras seja qual for a forma de distribuição ao consumo.
Art. 28. A exposição ao consumo deve ocorrer de acordo com a temperatura preconizada
nesta portaria, devendo haver registros de cada monitoramento, devidamente datados e
rubricados, prevendo ações corretivas quando da ocorrência de desvios.
Art. 29. Deve ser realizado controle microbiológico semestral de sushis e similares,
comprovado através de laudo laboratorial.
Art. 30. Os manipuladores que desempenham preparo de sushis e similares devem ser
submetidos a exame clínico semestral, acompanhado dos exames laboratoriais,
compatíveis com a função exercida.
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