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WBA0326_v1.

ELABORAÇÃO DE LAUDO
TÉCNICO E PERÍCIAS JUDICIAIS
Everlânia Maria da Silva

Ludmila Lopes Lima

ELABORAÇÃO DE LAUDO TÉCNICO E PERÍCIAS


JUDICIAIS
1ª edição

Londrina
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
2020

2
© 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.

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Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
_______________________________________________________________________________________
Lima, Ludmila Lopes
L732e Elaboração de laudo técnico e perícias judiciais/
Ludmila Lopes Lima, Everlânia Maria da Silva – Londrina:
Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2020.
43 p.

ISBN 978-65-5903-095-8

1. Laudo técnico 2. Perícias judiciais 3. Avaliações.


I. Título.

CDD 345.05
____________________________________________________________________________________________
Raquel Torres – CRB 6/2786

2020
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/

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ELABORAÇÃO DE LAUDO TÉCNICO E PERÍCIAS JUDICIAIS

SUMÁRIO
Introdução à perícia e assistência técnica judicial____________________ 05

Entendendo as partes que envolvem um processo judicial __________ 21

Engenharia Legal ____________________________________________________ 38

Metodologia e desenvolvimento de laudos técnicos e perícias judiciais


______________________________________________________________________ 51

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Introdução à perícia e assistência
técnica judicial
Autoria: Ludmila Lopes Lima
Leitura crítica: Miriane de Almeida Fernandes

Objetivos
• Introduzir a perícia judicial.

• Adentrar nos deveres e obrigações do perito.

• Introduzir a assistência técnica judicial.

• Introduzir a estrutura e o desenvolvimento


metodológico do laudo técnico.

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1. Introdução à perícia judicial e a assistência
técnica judicial

O vocábulo perícia deriva do latim peritia, que significa conhecimento


adquirido pela experiência, saber e habilidade (ALBERTO FILHO, 2015).
Segundo o Código de Processo Civil, em seu art. 420, “a prova pericial
consiste em exame, vistoria ou avaliação”. (BRASIL, 2015, art. 420)

Dessa forma, o conceito de perícia mostra-se intimamente ligado à


habilidade do perito em aplicar conhecimentos técnicos na construção
de uma prova pericial, que será aproveitada em juízo ou fora dele.

O perito judicial é o profissional com expertise em determinada área,


podendo ser um profissional engenheiro, médico, advogado, bioquímico,
entre outras diversas áreas do conhecimento. Por sua vez, ele é
nomeado pelo juízo para a realização da perícia. Já o assistente técnico é
o profissional escolhido pelas partes, por ambas, ou apenas uma delas,
para emitir um relatório detalhado em defesa de quem o contratou.

1.1 Perícia judicial

Pode se dizer que a perícia é um gênero, do qual o exame, a vistoria e


a avaliação são espécies. De modo geral, o exame é feito em pessoas,
documentos e coisas móveis; a vistoria destina-se a apurar fatos e
estados de bens in loco, e a avaliação, a determinar tecnicamente o valor
desses bens. Segundo Fiker (2019), a perícia pode consistir em simples
vistoria de constatação de fato ou estado de um bem, mas, também,
pode investigar as causas que conduziram ao estado observado.

A perícia judicial é uma forma de produção de provas por parte do


profissional expert, o perito judicial. Nesse sentido, a perícia tem a
função de declaração de caráter técnico sobre determinado objeto,
ato ou fato, ou seja, de acordo com Theodoro Jr. (2015), a perícia tem a
finalidade de auxiliar o juízo com um conhecimento especializado que

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ele não possui. Dessa forma, o Laudo emitido pelo perito servirá de
prova para esclarecer e instruir o processo, tanto para as partes quanto
para o Juiz, sobre aquela matéria técnica que ajudará na resolução
do conflito. Sobre seu conteúdo, a perícia necessariamente versará
sobre uma determinada área do conhecimento humano especializado,
tais como engenharia, medicina, finanças, economia, agrimensura,
informática etc.

O Perito se trata de um profissional liberal, possuidor de diploma de


qualificação para determinado encargo; é provido de conhecimento
técnico, científico ou artístico; deve estar filiado junto ao Conselho
Regional da categoria e, ainda, integrar o cadastro para o respectivo
tribunal. Além disso, ele pode oferecer o serviço de perícia os órgãos
técnicos ou científicos, conforme estabelece o art. 156 do CPC (BRASIL,
2015); e empresas especializadas em perícias ou auditorias. Ambas
poderão ser nomeadas, desde que estejam previamente cadastradas no
respectivo tribunal.

Quanto às esferas da Justiça, o perito pode atuar nas varas da Justiça


Estadual, Federal, e do Trabalho. A Justiça Estadual (comum) é composta
por juízes de direito e desembargadores. Nesse sentido, cabe a ela
processar e julgar todas as causas em que não são competências
exclusivas de outros tribunais, conforme regulamentam os arts. 125
e 126 da Constituição da República (BRASIL, 1988). No que se refere à
Justiça Federal, ela é aquela composta por juízes e desembargadores
federais, sendo responsável pelo julgamento de ações, cíveis ou
criminais, que envolvam bens, serviços ou interesses da União ou, ainda,
que possuam alguma relação com outros países. Já a Justiça do Trabalho
está relacionada às demandas de cunho trabalhista. A Justiça compete
processar e julgar as demandas individuais e coletivas que decorrem do
contrato de trabalho. Conforme a Resolução nº. 233/216 do Conselho
Nacional de Justiça, que dispõe sobre a criação do Cadastro Eletrônico
de Peritos e Órgãos Técnicos ou Científicos – CPTEC, o perito deve estar
previamente habilitado junto ao tribunal para exercer determinada

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função. Caso não haja perito cadastrado no momento da nomeação
para aquela região, o Código de Processo Civil, em seu art. 156, § 5°,
determina que a escolha pode ser feita de forma livre pelo magistrado,
podendo ele escolher entre os profissionais ou órgãos técnicos e
científicos, desde que sejam capazes para isso (BRASIL, 2015).

A nomeação do perito é feita pelo juízo, e ele goza de independência


em sua atuação, não estando subordinado às partes, e nem mesmo
ao Juiz é permitido interferir em suas tarefas. Ele é possuidor de
discricionariedade para elaboração do seu laudo técnico. A nomeação do
perito é indispensável nos casos em que o Juiz não possui conhecimento
técnico de determinada matéria que é diretamente ligada ao fato. Assim,
o perito se torna mais que um auxiliar do Juiz, ele é um auxiliar da
justiça e, como tal, deve se portar com absoluta independência. Segundo
Theodoro Jr. (2015), ele deve trabalhar focado nos limites técnicos que
se impõe, dessa forma, ele assume uma função de servidor público
do tipo ad hoc, ou seja, uma pessoa designada pela justiça, em caráter
momentâneo, para fornecer um laudo.

Ademais, há diversas áreas nas quais o perito judicial pode atuar, entre
elas se destacam: a perícia estrutural, realizada pelo engenheiro; a
perícia contábil, realizada pelo contador; a perícia médica, realizada pelo
médico; a perícia de avaliação mercadológica, realizada pelo corretor de
imóveis, entre outras disciplinas técnicas de atuação. O perito judicial
atua toda vez em que uma perícia judicial for solicitada por uma das
partes interessadas, ou de acordo com a necessidade percebida pelo
juízo. Isso ocorre quando o processo não apresenta os elementos
técnicos suficientes capazes de esclarecer os fatos, convencer o Juiz e,
em decorrência disto, levar a um julgamento injusto.

Nesse contexto, o principal aspecto da perícia no processo é a natureza


jurídica de atividade processual probatória, ou seja, é levar até o
processo provas materiais ou científicas, para provar a veracidade de
situações, coisas e fatos, para o convencimento das partes e do juízo.

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O ordenamento jurídico brasileiro, mediante o Código de Processo Civil,
entre os arts. 464 a 480, definem que a perícia é um dos meios de prova
admitidos em direito (BRASIL, 2015). Nesse caso, o laudo pericial tem um
grau de confiabilidade maior que as demais provas, por obedecer aos
procedimentos técnicos e científicos que são exigidos.

Nesse passo, considerando a perícia como meio de prova, convém


apontar os ensinamentos de Alvim (1999, p. 552):

[...] a prova pericial é a modalidade de prova que se faz necessária quando


o juiz necessita de pessoas munidas de conhecimentos especiais (técnicos,
como por exemplo, agricultores e mecânicos, ou científicos, como, por
exemplo, engenheiros e médicos), que possam informar o juízo acerca do
significado desses mesmos fatos.

Para tanto, entende-se que a perícia é um instrumento imprescindível


para a constatação de demonstração científica ou técnica da veracidade
de alguma situação, ou de prova de coisa ou fato. A perícia é realizada
para suprimir a ausência de conhecimentos específicos, do juízo ou
das partes, sobre o objeto da prova (OTHON SIDOU, 1997). Conforme
entendimento do art. 479 do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015), o
Juiz apreciará a prova pericial e indicará na sentença os motivos que o
levaram a considerar ou a deixar de considerar as conclusões do perito,
levando em consideração o método utilizado pelo perito.

Uma diferença essencial entre o laudo pericial e as demais provas


apresentadas pelas partes no processo é que essas últimas não
estão sujeitas à isenção. Já o laudo emitido pelo perito é dotado de
imparcialidade e fé pública, isso, pois, o perito emite um laudo que
consiste em um “documento escrito, no qual é relatado o exame feito
pelos peritos, ali expondo tudo o que fizeram e o resultado de sua
investigação e observações. ” (SANTOS, 2001, p. 143).

A perícia judicial é composta de exame, vistoria e avaliação com o


objetivo de proporcionar aos envolvidos na demanda judicial e ao juízo a

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compreensão do fato ou do objeto controvertido. A realização da perícia
judicial será determinada em uma decisão interlocutória, que acontece
na fase de saneamento do processo, é o momento em que o Juiz
estabelece a organização dos fatos, para ao depois proferir a sentença
de mérito.

1.2 Do Perito como auxiliar da justiça

O perito é tomado como auxiliar da justiça. Nesse sentido, o profissional


expert deve agir sempre de maneira honesta e imparcial, em todos seus
atos. É seu dever buscar pela verdade e clareza dos fatos.

Ainda, é indispensável que seja um profissional idôneo; goze de


boa reputação profissional; seja atualizado dentro da área de sua
especialidade, entre outras características fundamentais que antecede
sua nomeação. Portanto, o profissional nomeado deve levar em conta
apenas os aspectos técnicos e apresentar, ainda, todas as possibilidades
em seu laudo.

1.3 Dos deveres e obrigações do perito

Em regra, quando nomeado, o perito tem o dever de aceitar o exercício


da função. Só podendo escusar-se do encargo por um motivo legítimo,
ou por causa de algum impedimento superveniente, sob pena de ter
renunciado ao direito a alegá-lo. A escusa deverá ser feita dentro de
15 (quinze) dias da intimação da nomeação; já o ato da nomeação do
perito, este se dá, por meio de mandado específico, por via postal ou,
até mesmo, por comunicação via e-mail.

Assim, o perito está sujeito a impedimento e suspeição. Em se tratando


de impedimento, o perito é considerado impedido, quando ocupa cargo
ou trabalha para uma das partes determinadas. Neste caso, o perito
precisa recusar a nomeação, obedecendo o prazo estipulado.

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Segundo Fiker (2019), o perito, também, pode ser considerado suspeito
para a emissão de laudo pericial, quando se tratar uma das partes de
inimigo, amigo íntimo ou parente até 3º grau de um dos litigantes.

Além dos motivos de impedimento ou suspeição, existem distintas


razões para o perito recusar o encargo, como: quando a perícia for
relativa a matéria sobre a qual se considera inabilitado; quando a perícia
envolver questão a que não pode responder sem desonra própria ou
de seu cônjuge, parente ou amigo íntimo ou sem expô-los a perigo de
demanda ou dano patrimonial; quando a divulgação da perícia acarretar
violação de segredo profissional; quando estiver já anteriormente
comprometido com outras perícias, que não possa cumprir os prazos
fixados (FIKER, 2019).

No caso concreto, pode ocorrer, o que o Código de Processo Civil prevê


em seu art. 475 de “perícia complexa” e, nesse caso, demanda expertises
de mais de uma área de conhecimento especializado. Nesse caso, o Juiz
pode nomear mais de um perito e as partes também podem nomear
mais de um assistente técnico. Logo, cada perito nomeado atua em sua
área e elabora o seu próprio laudo.

À título de exemplo, em relação a “perícia complexa” podemos citar


a ação de inventário, onde o objeto principal é a divisão dos bens. Se
imaginarmos um acervo hereditário composto por 10 (dez) imóveis, que
serão divididos entre 05 (cinco) filhos. A princípio, bastaria o Juiz nomear
um perito avaliador, o profissional Corretor de Imóveis, para avaliar
individualmente cada bem e fazer a divisão levando em consideração o
valor de cada imóvel.

Acontece que, quando o perito avaliador inicia a vistoria nos imóveis,


ele se depara com várias situações: um dos imóveis é um “esqueleto”
de um prédio não acabado, outro, é uma casa em estado de ruína,
um terceiro se trata de um terreno que aparentemente já iniciou o
procedimento de fundação. Diante de tal situação, o perito avaliador não

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possui capacidade para precificar/avaliar esses imóveis apenas com o
conhecimento de mercado que possui.

O perito já nomeado pode solicitar ao Juiz que nomeie um outro


profissional, neste caso, um engenheiro para realizar um laudo
estrutural dos imóveis. Depois de especificada, a questão estrutural
de cada imóvel, por um perito engenheiro, passamos a avaliação
mercadológica pelo perito avaliador.

1.4 Dos prazos e penalidades a que os peritos estão


sujeitos

O Código de Processo Civil (BRASIL, 2015) regula, em seu art. 157,


sobre o prazo, caso ocorra a escusa do perito por impedimento ou por
suspeição. Nesses casos, o perito tem 15 (quinze) dias.

Art. 157. O perito tem o dever de cumprir o ofício no prazo que lhe
designar o juiz, empregando toda sua diligência, podendo escusar-se do
encargo alegando motivo legítimo.

§ 1º A escusa será apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, contado da


intimação, da suspeição ou do impedimento supervenientes, sob pena de
renúncia ao direito a alegá-la (...). (BRASIL, 2015, art. 157)

Em paralelo, ainda no CPC (BRASIL, 2015), está previsto, em seu art. 465
§ 2º, que, após a ciência da nomeação pelo perito, ele apresentará em 05
(cinco) dias, a proposta de honorários, o currículo com a comprovação
das especializações e o seu contato profissional.

O Juiz, após o aceite da nomeação, determinará o prazo para a entrega


do laudo pericial. Esse prazo, conforme art. 476 do Código de Processo
Civil (BRASIL, 2015), poderá ser prorrogado apenas uma vez e por motivo
justificado. Nesse caso, será concedido ao perito a metade do prazo
originalmente fixado. No entanto, na eventualidade dos quesitos serem
procrastinatórios, impertinentes, fora da área de conhecimento técnico

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ou científico, ou contenha opinião pessoal dos fatos, o Juiz poderá
indeferi-los, à luz do art. 470 do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015)

Em caso de as partes, por meio dos assistentes técnicos ou não,


manifestarem solicitando esclarecimentos ao perito sobre o laudo
apresentado, ele tem o prazo de 15 (quinze) dias para esclarecer os
pontos suscitados sobre qual recaíram divergências. E, ainda, se o laudo
carecer de maiores esclarecimentos, a parte requererá ao Juiz para o
comparecimento do perito em audiência de instrução e julgamento,
formulando, desde logo, as perguntas sob formas de quesitos (BRASIL,
2015). Se o perito ou o assistente técnico forem intimados a comparecer
na audiência de instrução e julgamento, eles terão de ser intimados com
antecedência mínima de 10 (dez) dias da audiência.

Em caso de o perito agir, por dolo ou culpa e prestar informações


inverídicas, ele responderá pelos prejuízos que causar às partes, e ficará
ainda inabilitado para atuar em outras perícias no prazo de 02 (dois) a 05
(cinco) anos, independentemente das demais sanções previstas em lei.
Nesse caso, o Juiz comunicara o fato ao respectivo órgão de classe para
adoção das medidas que entender cabíveis (BRASIL, 2015)

Figura 1 – Prazos da perícia

Fonte: elaborada pela autora.

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1.5 Assistência técnica judicial

O assistente técnico é um profissional de confiança das partes e indicado


por elas em um processo judicial, que vai atuar em conjunto com os
advogados. Nesse caso, o assistente oferece apoio técnico ao serviço
jurídico do advogado.

Conforme está previsto no art. 466, §1º do Código de Processo Civil


(BRASIL, 2015), os assistentes técnicos são de confiança da parte e não
estão sujeitos a impedimento ou suspeição. Assim, o assistente técnico
elabora um parecer técnico para a elucidação da demanda jurídica.
Esse parecer, por sua vez, é utilizado tanto pela parte que o contratou
como pode servir para auxiliar o Juiz e o perito em suas atividades.
Desse modo, faz parte das atribuições do assistente, compreender e
defender os interesses da parte que o contratou; seu trabalho consiste
em elaborar junto a parte e ao advogado os quesitos que serão
apresentados ao perito; acompanhar o perito durante as vistorias;
fornecer informações técnicas imprescindíveis a perícia; apresentar ao
Juiz os pontos contraditórios do laudo pericial.

A indicação do assistente técnico é facultativa na demanda judicial, ou


seja, as partes só o contratam caso possuam interesse. Nesse caso, cada
parte arca com o assistente que contratou, correndo essa despesa fora
do processo.

O perito deve assegurar aos assistentes das partes, o acesso e o


acompanhamento das diligências e dos exames que realizar, com a
prévia comunicação, que deverá ser comprovada nos autos e com
antecedência de 05 (cinco) dias (BRASIL, 2015).

A principal diferença entre o assistente técnico e o perito, é que a


escolha do primeiro é discricionária e se trata de um profissional de
confiança das partes, podendo ser por contrato ou não. Já a nomeação
do perito, é imprescindível se o caso demandar de prova técnica. Em

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regra, essa nomeação é feita pelo Juiz, entretanto, podem as partes
de comum acordo escolherem o profissional para atuar como perito,
conforme estabelecido no art. 471 do CPC (BRASIL, 2015).

Além disso, há diferença quanto a parcialidade desses profissionais.


O perito é um profissional imparcial e equidistante, que não pode ter
qualquer relacionamento próximo entre as partes. Já o assistente é um
profissional de confiança das partes, portanto, parcial, onde emitirá um
parecer em concordância com a intenção da parte que o contratou.

1.6 Do laudo técnico pericial

O laudo técnico pericial é o documento redigido pelo perito oficial.


Ele será recepcionado como prova no processo judicial que carece de
esclarecimentos técnicos e científicos. Ainda, consiste em uma peça
técnica, dirigida ao Juiz, para esclarecer questões das quais não tem
competência. Logo, é de considerável relevância, pois serve como prova
para uma sentença judicial.

Segundo a NBR 13.752 – Norma Técnica, laudo é a peça na qual o perito,


profissional habilitado, relata o que observou e dá as suas conclusões ou
avalia, fundamentadamente, o valor de coisas ou direitos (ABNT, 1996).

Já a perícia, segundo a NBR 14.653-1, é a “atividade técnica realizada


por profissional com qualificação específica, para averiguar e esclarecer
fatos, verificar o estado de um bem, apurar as causas que motivaram
determinado evento, avaliar bens, seus custos, frutos ou direitos” (ABNT,
2001, p. 5).

Ou seja, conclui-se que o laudo pericial é um documento de cunho


técnico científico, emitido por um profissional habilitado, após uma
perícia realizada sobre um fato ocorrido ou matéria estudada. Nesse
contexto, é desejável que o perito emita o laudo pericial de maneira

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detalhada, com clareza e objetividade, pois é necessário que o Juiz
compreenda para ajudá-lo com os termos da sentença.

Antes do perito iniciar os trabalhos, as partes são intimadas a


apresentarem quesitos, que são perguntas que tanto as partes quanto
o Juiz fazem ao perito, visando o esclarecimento de fatos constantes
no processo, porém, restritos à matéria da perícia. Logo, os quesitos
formulados estão sujeitos à aprovação do Juiz.

Assim, os quesitos devem ser apresentados 15 (quinze) dias após a


intimação do despacho que nomeou o perito e respondidos durante
a perícia judicial. Dessa maneira, o perito terá dimensão do objeto de
discussão pericial antes mesmo de realizá-la. 

Em conformidade com o Código de Processo Civil (BRASIL, 2015), em


seu art. 473, o laudo pericial deve conter: a exposição do objeto da
perícia, a análise técnica ou científica realizada pelo perito, a indicação
do método utilizado, com a comprovação que o referido método é
predominantemente aceito pelos especialistas da área de conhecimento,
e, ainda, a resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo
Juiz e pelas partes.

Quanto ao prazo para o perito entregar o laudo, ele ficará a critério do


juízo, em regra, não podendo ultrapassar 20 (vinte) dias antecedentes a
realização de audiência de instrução e julgamento, conforme estabelece
artigo 477 do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015). Entretanto, em se
tratando de perícia realizada na fase de cumprimento de sentença, não
há que se falar em prazo anterior à audiência de instrução, pois, nesta
fase do processo não acontece audiência de instrução e julgamento.

O Código de Processo Civil (BRASIL, 2015), em seu art. 471, traz a


possibilidade de as partes escolherem o perito de forma consensual,
modalidade onde o perito é escolhido de maneira conjunta. Nesse caso,

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o perito pode não ser cadastrado no Tribunal de Justiça, contanto que
preencha os demais requisitos legais (BRASIL, 2015).

Assim sendo, o perito escolhido de maneira consensual pelas partes


substitui a perícia que seria designada pelo Juiz, ou seja, tem validade
jurídica plena. Contudo, o perito consensual poderá, de igual modo, ser
intimado para esclarecer pontos controvertidos. 

1.7 Da estrutura e desenvolvimento do laudo técnico

Um laudo técnico deve ser produzido conforme as normas estabelecidas


pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). A estrutura pode
variar em algumas situações, mas, geralmente, segue o padrão: 1º Capa;
2º Folha de rosto; 3 º Resumo; 4 º Sumário; 5º Introdução; 6º Lista de
tabelas, gráficos, siglas e abreviações; 7º Desenvolvimento; 8º Apêndices
(se necessário); 9º Conclusões e 10º Referências.

Nesse contexto, é importante que o perito, ao protocolar o laudo, se


atente:

I. a exposição do objeto da perícia, trazendo com clareza o que


se pretende esclarecer e em uma linguagem simples, narrando
todo o procedimento e metodologia adotados para cumprir a
nomeação, inclusive, mencionando e respondendo todos os
quesitos que foram anteriormente apresentados.
II. a análise técnica ou científica realizada, relatando de maneira
pormenorizada como desenvolveu o seu trabalho, de maneira
que, as partes e o Juiz compreendam os fundamentos que o
levaram a conclusão.
III. a indicação e justificação do método utilizado, esclarecendo-o e
comprovando a predominância deste entre os especialistas da
área de conhecimento.

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Não se admite, em se tratando de laudo pericial, que os quesitos sejam
respondidos sem a devida fundamentação. Para tanto, é necessário
que o perito justifique de maneira técnica todos os questionamentos
apresentados pelas partes ou pelo Juiz. A fundamentação deverá
ser feita em linguagem técnica, ou seja, de fácil entendimento e com
coerência lógica.

1.8 Dos honorários periciais

No que diz respeito aos honorários, o art. 95 do Código de Processo


Civil (BRASIL, 2015) indica que cada parte adiantará a remuneração do
assistente técnico que houver indicado, sendo a do perito adiantada pela
parte que houver requerido a perícia. Caso a perícia seja determinada
de ofício, haverá o rateio entre ambas as partes. O Juiz poderá, ainda,
determinar que a parte responsável pelo pagamento dos horários
deposite em juízo valor correspondente.

Em caso de o Juiz não arbitrar previamente os honorários, o perito


apresentará proposta de honorários que entender pertinente para
a cobertura de seus serviços, entretanto, convém mencionar que as
partes podem impugnar o valor. Todavia, não havendo impugnação, o
Juiz fixará o valor e a parte que pediu a perícia adianta o pagamento da
metade dos honorários antes do início dos trabalhos. E, em havendo
impugnação, o Juiz fixará um valor razoável ou nomeará outro perito.

Logo, o perito não emite nota fiscal, nem tampouco recibo. Ele apenas
declara seus rendimentos; recebe seus honorários por meio de alvará,
que é uma ordem de pagamento emitida pelo Juiz; com o alvará em
mãos, o perito pode fazer o levantamento na agência indicada; ou por
ofício, quando a Secretaria efetiva o valor dos honorários diretamente
na conta bancária do perito.

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1.9 Do processo eletrônico (PJe) para peritos

O trabalho do perito consiste em elaborar o laudo que servirá para


instruir o processo em relação a matéria técnica que o Juiz não possui
conhecimento. Para a realização desse trabalho, é necessário que, após
a nomeação, o perito compareça até o fórum da comarca que realizará
a perícia e solicite vista dos autos, para tomar conhecimento do que se
trata o processo.

Após inteirado do que precisa esclarecer no laudo, o perito já pode


visitar o local da perícia e iniciar os procedimentos.

O processo Judicial Eletrônico, comumente chamado de PJe, fez com


que o trabalho burocrático do profissional perito ficasse bastante
diminuído. Como os processos estão virtualizados, eles se encontram
disponíveis para consulta 24 horas por dia no sistema global
de redes de computadores – internet. Não sendo mais necessário
comparecer ao fórum da localidade para ter vista do processo e, ainda,
não é necessário o comparecimento ao fórum para protocolar o laudo
técnico, o mesmo é protocolado de maneira eletrônica nos autos, por
meio do certificado digital do perito responsável.

Essa medida, além de facilitar o acesso aos autos em qualquer hora


do dia, possibilitou que peritos de todo o Brasil se cadastrassem no
Tribunal do seu interesse. Isso desde que seja habilitado no órgão de
classe do estado em que se pretende exercer o encargo, e, ainda, tenha
disponibilidade de realizar as visitas e comparecer à possível audiência
de instrução e julgamento.

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Referências Bibliográficas
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13.752: perícias de
engenharia na construção civil. Rio de Janeiro: ABNT, 1996. Disponível em: https://
cutt.ly/6j9TOHn. Acesso em: 30 out. 2020.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14.653-1: avaliação de bens:
parte 1 – procedimentos gerais. Rio de Janeiro: ABNT, 2001. Disponível em: http://
bittarpericias.com.br/wp-content/uploads/2017/02/Avaliacao-Bens-Procedimentos-
Gerias-NBR-14653-1.pdf. Acesso em: 30 out. 2020.
ALBERTO FILHO, R. P. Da perícia ao perito. 4. ed. Niterói: Ímpetus, 2015.
ALVIM, E. A. Curso de direito processual civil. São Paulo: Revista dos Tribunais,
1999.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília, DF: Presidência da República, [1988]. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 14 jan. 2021.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Institui o
Código de Processo Civil. Brasília, DF: Presidência da República, [2015]. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm.
Acesso em: 14 jan. 2021.
CNJ. Conselho Nacional de Justiça. Resolução nº 233, de 13 de julho de
2016. Brasília, DF: CNJ, 2016. Disponível em: https://atos.cnj.jus.br/files/
resolucao_233_13072016_15072016133409.pdf. Acesso em: 14 jan. 2021.
FIKER, J. Manual de avaliações e perícias em imóveis urbanos. 5. ed. São Paulo:
Oficina de Textos, 2019.
OTHON SIDOU, J. M. Processo civil comparado. São Paulo: Forense Universitária,
1997.
SANTOS, W. Dicionário jurídico brasileiro. Belo Horizonte: Del Rey, 2001.
THEODORO JR., H. Curso de direito processual civil: teoria geral do direito
processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum. 56. ed. rev.
atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2015.

20
Entendendo as partes que
envolvem um processo judicial
Autoria: Ludmila Lopes Lima
Leitura crítica: Miriane de Almeida Fernandes

Objetivos
• Introduzir a organização do Sistema Judiciário
Brasileiro.

• Adentrar nas etapas de um processo judicial.

• Compreender as partes envolvidas em um processo


judicial.

21
1. Sistema Judiciário Brasileiro

O sistema Judiciário Brasileiro, o Poder Judiciário, é regulado e disposto


conforme a Constituição Federal (BRASIL, 1988), abarcando todos os
Entes Federados e todas as especialidades possíveis. A divisão é feita
por território, por especialidade da matéria ou, ainda, por instituição
que participará da demanda. O sistema é composto, basicamente, pelos
Tribunais de Justiça, os Superiores Tribunais de Justiça e, no topo da
pirâmide, o Supremo Tribunal Federal.

Em relação à especialidade, esses Tribunais são subdivididos. Dessa


forma, é de competência do Tribunal Estadual (justiça comum) todas as
matérias que não são de competência dos tribunais especializados. As
matérias especiais, como direito do trabalho, direito eleitoral e direito
militar são julgadas pelos respectivos tribunais especializados.

Em relação à Justiça Federal, ela é subdividida em: I) Comum, cabe o


julgamento de ações que envolve bens e serviços de interesse da União;
II) Justiça do Trabalho, também, é uma especialidade da Justiça Federal,
mas é competente apenas para decidir sobre questões atinentes às
relações trabalhistas e III) Justiça Eleitoral, que compete processar e
julgar ações relativa a procedimentos eleitorais. Todos esses órgãos
estão representados a seguir, de forma hierárquica do Supremo Tribunal
Federal, que tem como função zelar pelos princípios constitucionais.

A Figura 1 apresenta o organograma dos Tribunais no Poder Judiciário.

22
Figura 1 – Organograma do Poder Judiciário

Fonte: elaborada pela autora.

Em regra, os processos têm origem na primeira instância, e a medida


em que as partes vão recorrendo, vão “subindo” para as instâncias
superiores, por meio de recursos. Em exceção a essa regra, o processo
criminal é contra autoridade política, nesse caso, já inicia em instância
superior, por causa do foro privilegiado.

2. Processo judicial

O processo judicial é a forma sistemática de proceder uma demanda


judicial, na qual se espera que o Juiz prolate uma decisão (sentença) que
finalize o conflito. Ele é o instrumento pelo qual se opera a jurisdição,
com a finalidade de dirimir as divergências entre as partes e fazer valer o
direito com a aplicação da lei.

23
O processo pode ser considerado um instrumento legal que tem como
objetivo dirimir os conflitos por meio da justiça. De acordo com Fiker
(2011, [s.p.]), “Processo é uma série de atos jurídicos coordenados
tendentes ao exercício da função jurisdicional, que é a obtenção de
um provimento final determinado pelo Juiz, chamado de sentença”.
O processo, também, pode ser interpretado como um conjunto de
documentos e peças processuais que, seguindo um rito predeterminado,
possibilita um resultado útil da demanda, por meio de uma sentença,
prolatada pelo Juiz.

O processo tramita na justiça sob a forma de autos, que é a


materialidade dos documentos nos quais se torna corpóreo os atos do
procedimento, que são as folhas, por assim dizer. No direito, o termo
processo, se refere a uma ação judicial, ou seja, é uma sequência de atos
que caminha para uma sentença.

Nos dizeres de Cintra, Grinover e Dinamarco (2006, p. 296):

Os autos são o conjunto de documentos que se ordenam


cronologicamente para materializar os atos do procedimento. O processo,
por sua vez, se caracteriza pela sua finalidade, qual seja, a jurisdição; é o
instrumento para o legítimo exercício de poder.

Portanto, os autos são pressupostos gerais para a constituição da


relação processual: I) uma demanda regularmente formulada, II)
capacidade de quem a fórmula, e III) presença de um Juiz devidamente
investido de poderes pelo Estado (CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO,
2006). A relação processual será devidamente instaurada caso estejam
presentes todos os pressupostos.

2.1 Condições da ação

Ultrapassada a fase da condição da relação processual, adentramos


na condição da ação em si. O Código de Processo Civil (BRASIL, 2015),

24
em seu art. 17, estabelece que, para postular em juízo, é necessário ter
legitimidade e interesse de agir.

A legitimidade diz respeito a pessoa da parte. Assim, somente é possível


ingressar com uma ação a pessoa que detém o direito de exigir em juízo
aquilo que entende ser devido.

Já o interesse de agir diz respeito ao interesse do resultado útil do


processo. A parte, por sua vez, precisa demonstrar que o resultado
daquela demanda é relevante para si. O interesse de agir sempre
verificado na causa de pedir do autor, se o resultado se reverterá em seu
benefício.

2.2 Classificações do processo judicial

O processo judicial é um gênero e pode ser subdividido em processo


de conhecimento, processo cautelar e processo de execução.

O processo de conhecimento é aquele que decorre da necessidade


da parte de levar ao conhecimento do Juiz tanto os fatos, quanto os
fundamentos jurídicos, para que ele possa decidir. Por sua vez, ele
pode ser dividido em três espécies: I) declaratório, II) condenatório, e III)
constitutivo.

Já o processo cautelar busca garantir a eficácia dos processos de


conhecimento ou de execução nos casos excepcionais nos quais são
comprovadas a devida urgência.

Dessa forma, é considerada uma demanda auxiliar, instrumental,


subsidiária e provisória. A depender do caso, ela pode ser requerida
incidentalmente no processo de conhecimento ou, até mesmo, ser
requerida anteriormente a ele.

25
O processo de execução se dá quando já se possui um título executivo
judicial (transitado em julgado) ou, quando possui título executivo
extrajudicial. A execução versa exatamente na realização das
providências para se dar o devido cumprimento ao título.

2.3 Etapas de um processo judicial

A primeira etapa de toda ação judicial é petição inicial. Nesse passo,


o autor irá expor os fatos que o levaram a ingressar com a ação, bem
como juntar todos os documentos necessários e formular o seu pedido
fundamentando no direito que se se aplica ao caso.

A segunda etapa diz respeito a citação. De acordo com a dicção do art.


238 do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015), a citação é o ato pelo
qual são convocados o réu, o executado ou interessado para integrar
a relação processual. A citação constitui pressuposto indispensável
ao processo e, ainda, é a garantia principal de que a outra parte tome
conhecimento dele (princípio do contraditório) e proceda com a sua
defesa.

Após a defesa apresentada pelo réu, o autor possui o direito de replicá-


la. Assim, a terceira etapa corresponde a réplica, ou seja, momento em
que o autor contrapõe a defesa do réu.

Agora que as partes já apresentaram seus argumentos, passamos a


fase probatória do processo. Essa é uma das principais fases. Neste
momento, as partes (autor e réu) são intimadas para que indiquem
quais provas pretendem produzir. Elas correspondem a fase probatória,
a indicação de testemunhas, a apresentação de documentos, a
perícia (se necessária), entre outras. Em regra, quem alega tem que
provar, ou seja, cabe ao autor comprovar a sua versão dos fatos e, em
contrapartida, cabe ao réu apenas comprovar algum fato controvertido
ou que materialize seu direito.

26
Dessa forma, nem todas as provas apresentadas pelas partes no
processo são aceitas, quando isso ocorre, o Juiz analisa a pertinência
e a necessidade de cada uma delas e autoriza ou não a sua produção.
A exceção é a prova pericial, pois, a perícia consiste na decisão do Juiz
em suscitá-la ou não. Após a produção de provas concluída, passa-se a
decisão final do Juiz, que é a sentença. É na sentença que o Juiz decide o
fato controvertido entre as partes.

Ainda que a sentença seja a decisão final, há a possibilidade de a parte


vencida recorrer ao Tribunal Superior (STJ). Nesse caso, tanto o autor
quanto o réu que se sentir lesado com a sentença podem recorrer.
Se trata da sexta fase ilustrada na Figura 1, o recurso. O recurso é a
maneira que a parte vencida tenta reverter a decisão, que no caso é
a sentença, sendo cabível contra sentença é a apelação. A apelação
não será julgada pelo mesmo Juiz que julgou a causa, geralmente, é
encaminhada ao desembargador do STJ. Após analisar o recurso e suas
razões, o desembargador decidirá se mantem a sentença de mérito ou
não.

A decisão do tribunal pode ser improcedente, onde mantém os


termos da sentença de 1º grau, ou julgada procedente. Em caso de
procedência, ela pode ainda ser parcial ou total. Ao recorrer, a parte
pode reclamar de diversos pontos divergentes na sentença, tendo todos
os seus argumentos acatados pelo tribunal, a decisão será totalmente
procedente, e em caso de ter um ou outro pedido negado, a decisão
será parcialmente procedente. A decisão prolatada pelo Tribunal (STJ),
que reformará ou não a sentença é denominada de acórdão. Ainda, é
possível recorrer do acórdão, esses casos são chamados de recursos
especiais. Entretanto, esses recursos só poderão ser usados contra
decisões que contrariam a Constituição Federal (BRASIL, 1988).

Após os julgamentos de todos os recursos, ou ultrapassado o prazo para


interposição deles, a decisão transita em julgado. Isso significa que, a
partir de então, aquela decisão tornou-se definitiva.

27
Por fim, ocorre a fase de cumprimento de sentença (Fase de Liquidação
da Sentença), que é onde o credor exige o crédito do devedor; é nessa
fase que efetivamente ocorre a satisfação da pretensão. Assim, o
processo tem seu fim somente quando a sentença é definitivamente
cumprida.

3. Sujeitos envolvidos no processo judicial

De acordo com Chiovenda (2009), é possível definir parte como o sujeito


ou grupo de pessoas que pede no processo ou, ainda, contra quem se
pede determinada providência jurisdicional.

O conceito de parte no processo é dúplice: I) primeiro, o sujeito deve


estar geograficamente dentro do processo; II) segundo, além de estar
geograficamente no processo, é necessário que esteja pleiteando
determinada providência jurisdicional. Segundo Sá (2020), é com base na
segunda parte do conceito que pode diferenciar as partes dos peritos,
do Juiz, de oficial de justiça e os demais auxiliares da justiça que, a
despeito de integrarem o processo, não podem ser considerados como
parte.

Para ser parte de um processo, não basta apenas figurar em um dos


polos, mas, também, é necessário defender um direito. Essa definição,
eminentemente processual, ocorre pelo fato de a pessoa está inserida
na petição inicial em algum dos lados (autor ou réu).

3.1 Das partes do processo

Em regra, o autor e o réu são as partes que compõe a demanda judicial.


Eles são os principais sujeitos do processo, por assim dizer. Dessa
forma, é possível identificar a parte no processo, se considerarmos os

28
indivíduos que terão suas esferas de direitos atingidas pelo resultado
alcançado ao final.

O autor é o indivíduo que origina à relação processual. Ele é quem dá


início a demanda judicial. Já o réu, por sua vez, é aquele indivíduo contra
quem o processo é promovido, o demandado.

A posição das partes do processo é conduzida por, ao menos, três


princípios fundamentais. Logo, a necessidade de existir no mínimo
duas partes envolvidas na relação processual, elas são a igualdade no
tratamento processual entre as partes e o respeito ao contraditório e a
ampla defesa.

Conforme previsão legal, dos arts. 113 a 118 do CPC (BRASIL, 2015), é
possível que mais de um indivíduo integre o polo da demanda, essa
hipótese é denominada litisconsórcio. Há o litisconsórcio ativo, quando
houver pluralidade (dois ou mais) de indivíduos no polo ativo da
demanda, autores. E, há de se falar em litisconsórcio passivo, quando
houver pluralidade de indivíduos no polo passivo da demanda, ou seja,
vários réus.

Figura 2 – Posição do litisconsorte

Fonte: elaborada pela autora.

29
Há quatro maneiras de se tornar partes em um processo, sendo elas
descritas na figura a seguir.

Figura 3 – Maneiras de se tornar partes de um processo

Fonte: elaborada pela autora.

Além de ser indispensável que a demanda judicial seja composta de


autor e réu, eles não podem ser qualquer indivíduo desassociado ao
fato. Portanto, eles deverão ser capazes e legitimados para tal. A análise
da capacidade e legitimidade da parte constitui pressuposto processual.

A capacidade de ser parte corresponde à capacidade de ter direitos e


obrigações na órbita civil, isto é, somente aquele indivíduo que for apto
para vivenciar direitos é quem pode postulá-los em juízo. Nesse passo,
como somente os capazes detêm a habilitação processual, os demais,
devem ir a juízo por meio de mecanismos de representação (tutores ou
curadores).

Já em relação a legitimação da parte, se relaciona com a identificação


daquele indivíduo que pretende ser o titular do direito pleiteado. Seja
como autor (legitimação ativa), seja como réu (legitimação passiva).

30
Dessa forma, a legitimidade consiste na averiguação do direito daquele
que busca o judiciário. É a certificação que aquela parte (autor) é a
mesma que se diz ser carecedora do direito ou a parte usurpadora do
direito (réu).

3.2 Dos sujeitos do processo

Após uma breve indicação das partes do processo, que são


indispensáveis para a formação da lide, passamos a enumerar os
principais sujeitos que compõe o processo.

O Juiz, por sua vez, é um sujeito da relação processual. Nesse ato, ele
representa o Estado. Ele é um sujeito desinteressado por sua própria
função jurisdicional, e apenas exerce sua função na tentativa de dirimir o
conflito.

Desse modo, é o Juiz quem conduz o processo. No exercício dessa


condução, é imprescindível que o magistrado assegure às partes a
igualdade de tratamento, conforme estabelecido no art. 139, I, do Código
de Processo Civil, agindo para tanto, de maneira imparcial (BRASIL,
2015).

A imparcialidade do Juiz lhe permite cumprir e fazer cumprir com


independência, serenidade e exatidão as disposições legais e os atos
de ofício. O rompimento dessa imparcialidade, conforme o Código
de Processo Civil, em seus arts. 144 a 148, pode gerar a suspeição ou
impedimento do magistrado (BRASIL, 2015).

Outro sujeito que pode compor uma lide é o Promotor de Justiça. Ele
atua como membro integrante do Ministério Público, fiscalizando a
defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses
sociais e individuais indisponíveis das partes. Entretanto, ele não se faz
presente em todas as demandas, somente as preestabelecidas em lei.
O Promotor de Justiça pode apenas acompanhar a demanda ou, ainda,

31
ser autor da ação, nos casos em que sua atuação consiste em proteger
um interesse particular indisponível, ele age de maneira parcial (é o
autor). Nos casos em que acompanha a demanda, deve agir de maneira
imparcial, sem demonstrar interesse próprio ou de terceiros. Salvo em
casos específicos, o Advogado também é um sujeito essencial à relação
processual. Via de regra, é obrigatório às partes estarem devidamente
representadas por um advogado e, por essa atribuição, torna-se um
sujeito necessário no processo.

O Advogado é um sujeito parcial na demanda, ele defende os interesses


da parte que o contratou. Entretanto, independentemente da sua
parcialidade, deve agir de maneira lógica e obedecer às decisões sem
embaraçá-las, sob pena de responder com multa e, até mesmo, com
sansão penal por abusos injustificados.

Ainda nesse processo, participam os Auxiliares da Justiça, que são


aqueles profissionais elencados no art. 149, do Código de Processo
Civil (BRASIL, 2015). Por sua vez, estão entre os auxiliares da justiça: o
escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o depositário,
o administrador, o intérprete, o tradutor, o mediador, o conciliador
judicial, o partidor, o distribuidor, o contabilista e o regulador de avarias
(BRASIL, 2015).

Nesse sentido, os Auxiliares da Justiça são tidos como o topo dos


profissionais que participam do processo, no sentido de contribuir para
a prestação jurisdicional. As atribuições dos auxiliares são determinadas
pelas normas de organização judiciária.

Os auxiliares da justiça podem ser de caráter permanente, ou eventual.


Os permanentes são aqueles que prestam serviço em todos, ou em
quase todos os processos, e geralmente são servidores do Tribunal de
Justiça, como o escrivão, o oficial de justiça, o distribuidor, entre outros.

32
Já os auxiliares que possuem caráter eventual são aqueles que prestam
serviços em determinados processos, aparecendo nas relações
processuais de maneira esporádica, a depender da necessidade, como o
perito e os intérpretes. Geralmente, o auxiliar de justiça eventual não é
um funcionário de carreira do Tribunal de Justiça; ele é um profissional
nomeado para tal encargo.

Cabe ao oficial de justiça, portanto, executar as ordens determinadas


pelo Juiz e a realização pessoal das citações, penhoras, prisões, arrestos,
avaliações, buscas e apreensões, e demais diligências próprias de seu
ofício. Nesse caso, o oficial de justiça responde pelos atos praticados que
pode causar prejuízo à parte ou ao andamento processual.

O Perito Judicial, em seu turno, é um auxiliar com atuação eventual. Ele


é nomeado somente quando há necessidade de esclarecimento quando
a prova de fato ou estado do bem, e o Juiz não possuir capacidade
técnica para tal. Para atuar como perito, o profissional tem que estar
previamente cadastrado no Tribunal de Justiça ao qual o processo está
vinculado, e ele não é um servidor público, apesar de estar sujeito a
impedimento e suspeição.

Além disso, o Perito é civilmente responsável pelas informações


inverídicas que por dolo ou culpa introduzir no processo, estando sujeito
à sanção penal pelo crime de falsa perícia, conforme art. 342, do Código
Penal, além de ficar inabilitado a prestar outras perícias pelo prazo
estipulado em lei.

Já o Depositário e o Administrador são os auxiliares da justiça


responsáveis por guardar e conservar bens penhorados, arrestados,
arrecadados ou sequestrados. Assim como os demais auxiliares, tanto
o administrador quanto o depositário respondem por prejuízo que, por
culpa ou dolo, causarem às partes, conforme estabelecido no art. 161,
do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015).

33
Além disso, também, são considerados como auxiliares da justiça, os
conciliadores e os mediadores judiciais, que são os responsáveis pelas
sessões de conciliação e de mediação. Eles são os profissionais que,
por meio do seu trabalho, buscam resolver o conflito de interesses por
intermédio da autocomposição.

A autocomposição, por sua vez, é a maneira de solução de conflitos


sem a intervenção do Juiz, que só participa para homologar o acordo
celebrado.

A mediação e a conciliação são institutos distintos. O Conciliador,


conforme art. 165, §2º do Código de Processo Civil (BRASIL, 2015), deve
atuar nos casos onde não houver vínculo entre as partes, podendo
sugerir soluções. Já o Mediador atua, preferencialmente, nos casos
onde já houve vínculo anterior entre as partes. Nesse caso, o mediador
não propõe soluções, ele apenas atua de modo a reestabelecer a
comunicação entre as partes, fazendo com que os envolvidos busquem
soluções consensuais que sejam adequadas para ambos.

O Mediador, portanto, atua como um facilitador do diálogo entre as


partes, a fim de que elas próprias possam chegar à solução do litígio,
diferentemente do conciliador, que orienta as partes e aponta possíveis
soluções, na tentativa de agilizar a prestação jurisdicional.

3.3 Dever de colaboração das partes

Todos os sujeitos envolvidos no processo, sobretudo as partes, têm o


dever de colaboração com o resultado útil da demanda.

Nesse sentido, convém mencionar o Enunciado 373 do VIII Fórum


Permanente de Processualista/Civis (FPPC)

Enunciado 373. As partes devem cooperar entre si; devem atuar com ética
e lealdade, agindo de modo a evitar a ocorrência de vícios que extingam o

34
processo sem resolução do mérito e cumprindo com deveres mútuos de
esclarecimento e transparência. (ENUNCIADOS..., 2017, p. 50)

Dessa forma, o dever da cooperação abarca não somente as partes,


mas sim todos os sujeitos do processo. Ela está voltada eminentemente
para as decisões do Juiz, ou seja, o Juiz não se limitará apenas a exercer
a mera fiscalização das regras, ele orientará de maneira clara e precisa
todos os demais sujeitos envolvidos na demanda, todos com o fim de
colaborar com o resultado útil.

Conforme consoante no Código de Processo Civil, em seus arts. 6º e 378:

Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se


obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.

Art. 378. Ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder Judiciário


para o descobrimento da verdade.

Nesse passo, há que se falar em dever de colaboração; ela pode


ser entendida como um todo e, principalmente, no que diz respeito
a produção da prova. Assim, tanto as partes como terceiros têm o
dever de colaborar com o Judiciário para descobrir a verdade – tema
intimamente ligado à fase probatória.

Caso o sujeito descumpra seu dever de colaboração, ele estará sujeito


a sanções processuais, multa e prisão, como é o caso de o perito fazer
afirmações falsas, conforma art. 341 do Código Penal (BRASIL, 1940).

Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como


testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial,
ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: 

Pena–reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.     

Segundo Donizetti (2016), a doutrina processual estabeleceu


alguns deveres recíprocos entre as partes e o Juiz, como: dever de

35
esclarecimento, dever de consulta, dever de prevenção, dever de auxílio,
entre outros.

Em relação ao dever de esclarecimento, convém mencionar que, ele é


atribuição do magistrado para esclarecer todas as dúvidas que recaiam
sobre as alegações das partes. Assim, tudo que for suscitado no decorrer
das partes processuais o Juiz tem que esclarecer na sua decisão.

Sobre o dever de consulta, cabe ao Juiz ouvir previamente as partes


em relação as questões de direito ou de fato que determinarão ou
influenciarão de alguma maneira no resultado do processo.

Quanto ao dever de prevenção, é atribuição do magistrado indicar


as deficiências postulatórias, na intenção de não serem as partes
prejudicas, e elas vierem a ser supridas.

Referências Bibliográficas
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília, DF: Presidência da República, [1988]. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 14 jan. 2021.
BRASIL. Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Brasília,
DF: Presidência da República, [1940]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 14 jan. 2021.
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Institui o Código de Processo Civil.
Brasília, DF: Presidência da República, [2015]. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 14 jan. 2021.
CINTRA, A. C. de A.; GRINOVER, A. P.; DINAMARCO, C. R. Teoria geral do processo.
22. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
CHIOVENDA, G. Instituições de direito processual civil. São Paulo: Bookseller,
2009.
DONIZETTI, E. Curso didático de direito processual civil. São Paulo: Atlas, 2016.
ENUNCIADOS DO VIII EDIÇÃO DO FÓRUM PERMANENTE DE PROCESSUALISTAS
CIVIS, Florianópolis, Santa Catarina, out. 2017.

36
FIKER, J. Manual de avaliações e perícias em imóveis urbanos. 5. ed. São Paulo:
Oficina de Textos, 2019.
SÁ, R. M. de. Manual de direito processual civil. São Paulo: Saraiva Educação,
2020.
TARTUCE, F. O novo CPC e o direito civil: impactos, diálogos e interações. São
Paulo: Método, 2015.
THEODORO JR., H. Curso de direito processual civil: teoria do direito processual
civil, processo de conhecimento e procedimento comum. 56. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2015.

37
Engenharia Legal
Autoria: Everlânia Maria da Silva
Leitura crítica: Miriane de Almeida Fernandes

Objetivos
• Esclarecer conceitos básicos sobre a Engenharia
Legal e seus ramos de abrangência.

• Conhecer as atribuições dos profissionais de cada


ramo.

• Estudar as metodologias aplicáveis ao trabalho


do Perito de Engenharia de Avaliações e Perícias –
Engenharia Legal.

• Abordar os critérios e os requisitos normativos ao


ramo de Avaliações da Engenharia Legal.

• Abordar os critérios e os requisitos normativos ao


ramo de Engenharia Diagnóstica da Engenharia
Legal.

38
1. Engenharia Legal: conceituação

A Engenharia Legal é a área da Engenharia com atuação na interface


técnico-legal e com as diferentes atribuições dos profissionais dessa
área, intitulados Peritos de Engenharia e responsáveis pela realização
de diferentes tipos de Perícias. Segundo a NBR 13.752 (ABNT, 1996), as
diferentes espécies de perícias podem ser: vistoria, exame, avaliações e
arbitramentos.

Os requisitos de uma perícia e seus aspectos são definidos quanto à


metodologia empregada; aos dados levantados; ao tratamento dos
elementos coletados e trazidos ao laudo e à menor subjetividade
inserida no trabalho.

Nesse sentido, as perícias devem, obrigatoriamente, ser realizadas por


um profissional com qualificação específica e devidamente habilitado
pelos Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
(CREA). As atividades envolvem avaliações de propriedades imobiliárias
e toda espécie de perícias relativas aos procedimentos judiciais e
extrajudiciais, logo, a divisão da Engenharia Legal é entendida em
seus dois ramos de aplicação: Engenharia de Avaliações e Engenharia
Diagnóstica.

1.1 Engenharia de Avaliações

Segundo Abunahman (2008), Engenharia de Avaliações é o conjunto de


conhecimentos técnico-científicos especializados aplicados à avaliação
de bens. Assim, entendendo-se por bens todo tipo de propriedades
imobiliárias, incluindo terrenos, casas, galpões, galerias e prédios
comerciais, entre outros, bem como em variadas qualidades de
acabamento construtivo e idade de construção.

39
As avaliações têm por finalidade averiguar e esclarecer fatos, verificar
o estado de um bem, apurar as causas que motivaram determinado
evento, avaliar bens, seus custos, frutos ou direitos. Nesse sentido, por
ser um trabalho técnico-científico, o profissional que realiza a avaliação
deve se abster de qualquer sentimento pessoal, tendo que refletir as
tendências do mercado imobiliário e as metodologias aplicáveis de
avaliação.

1.2 Engenharia Diagnóstica

A patologia, por sua vez, é entendida como a ciência responsável pelo


estudo da identificação das manifestações patológicas em edificações
e seus diversos componentes. A partir desse estudo se torna possível
a elaboração de um diagnóstico, com base no conjunto de causas e
efeitos dos danos encontrados. Já a partir do diagnóstico aponta-se
um prognóstico de correção. Desse modo, na Engenharia Diagnóstica
temos o ramo da Engenharia Legal, responsável pelas investigações
técnico-científicas das manifestações patológicas, com base aplicação
de metodologias de análise que tragam a possibilidade de obtenção
de dados técnicos, esses em corroboração com os padrões técnico-
normativos permitem a análise e, consequentemente, atestamento
do procedimento correto ou indicação das necessidade de adaptação
para mitigação dos danos, correção de procedimentos técnicos e evitar
consequências de evolução dos danos. 

Além disso, entende-se como Patologia Predial o conjunto das


manifestações patológicas e seus mecanismos de danos ou o conjunto
de anomalias na edificação. Essas anomalias podem ter origem em
diferentes fases da construção, desde o planejamento, fabricação e
aplicação de componentes materiais, execução, falhas de manutenção
ou uso inadequado. O que leva a classificação de anomalias
construtivas, sendo as que decorrem de erros de projeto ou materiais
de baixa qualidade, ou, ainda, por execução inadequada e as falhas

40
de manutenção, que são as provenientes da gestão, planejamento
ou operação. Já as falhas provenientes do uso são causadas por
inadequações ou alterações indevidas na habitabilidade, segurança ou
no meio ambiente.

A necessidade de aplicação da Engenharia Diagnóstica se dá por


características de degradação das edificações. Dessa forma, para melhor
contextualização desse mecanismo é importante trazer alguns conceitos
que têm relação com a vida útil, desempenho e requisitos de qualidade
das construções e são definidos pela NBR 15.575 (ABNT, 2013).

• Desempenho: comportamento da edificação e seus componentes


frente às solicitações.

• Durabilidade: capacidade do edifício, ou de seus sistemas de


desempenhar suas funções, ao longo do tempo e sob condições
de uso e manutenção especificadas, até um estado limite de
utilização.

• Vida útil: tempo no qual a edificação mantém as características


e comportamento ideais, de acordo com as necessidades e
finalidades para as quais ele foi projetado (ABNT, 2013).

A Norma de Desempenho NBR 15.575 (ABNT, 2013) trouxe, com sua


publicação, requisitos do usuário quanto às condições mínimas em
edificações. Esses requisitos levam em consideração os fatores de:

• Segurança: cumprindo requisitos de segurança estrutural,


segurança contra incêndio, segurança de uso e operação.

• Habitabilidade: com a necessidade de se fazerem cumprir


requisitos de estanqueidade; desempenho térmico; desempenho
lumínico; desempenho acústico; saúde, higiene e qualidade do ar;
funcionalidade e acessibilidade; conforto tático e antropodinâmico.

41
• Sustentabilidade: requisitos de durabilidade; manutenibilidade e
adequação ambiental.

Para o cumprimento desses requisitos, é necessário o seguimento das


normas técnicas desde a fase de planejamento, projeto e aplicação de
manutenções preventivas, de acordo com as necessidades e tempos de
vida útil de cada sistema componente da edificação.

Quadro 1 –Tempo de vida útil para cada sistema construtivo da


edificação, pela NBR 15.575

Fonte: adaptado de ABNT (2013).

As atividades relacionadas à Engenharia Diagnóstica podem ser


elencadas em:

• Avaliação da manutenção e uso da edificação, que diferencia o


plano de reparos do plano de manutenção.

• Classifica anomalias e falhas quanto à criticidade.

• Elabora orientações técnicas com as soluções para anomalias,


falhas e inconformidades.

42
• Lista prioridades com urgências e recomendações para tomada de
decisões.

• Classifica a qualidade da manutenção empregada.

• Classifica o estado de manutenção da edificação.

• Possui caráter corretivo/preventivo.

2. Metodologias de aplicação dos serviços


periciais de engenharia

Os conhecimentos técnicos das Engenharia Legal, bem como os


princípios e as práticas científicas, são normatizados e com indicação
de metodologias pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),
podendo se relacionar as principais metodologias para os ramos de
atuação da Engenharia Legal, como as descritas nas seções a seguir.

2.1 Metodologias aplicadas na Engenharia de Avaliações

Os métodos de avaliação imobiliária mais utilizados são os seguintes:

• Método comparativo de mercado: pesquisa as ofertas de


mercado e compara com o imóvel que está sendo avaliado,
considerando variáveis como: área útil, vagas de garagem, padrão
de acabamento, localização e conservação.

• Método da renda: considera o valor de renda que será gerado


pela propriedade. No entanto, ele é mais aplicável quando se trata
de imóveis para aluguel ou, ainda, hospitais, universidades, escolas
e comércio.

43
• Método evolutivo: pesquisa terrenos equivalentes ao do imóvel e
atribui o valor do Custo Unitário Básico da Construção Civil (CUB)
para a área construída, considerando variáveis de idade da obra e
tipo do acabamento.

• Método involutivo: consiste na precificação da propriedade de


acordo com o aproveitamento do terreno, analisando o espaço e
considerando o retorno da construção pela sua finalidade de uso
(apartamentos, quitinetes, indústrias e salas comerciais).

2.2 Metodologias aplicadas na Engenharia Diagnóstica

Os serviços de vistoria e inspeção têm como premissa, a partir da


identificação de problemas patológicos de construções, as fases a seguir:

• Identificação de manifestação patológica: identificação inicial,


normalmente, partindo do proprietário.

• Levantamento de subsídios: vistoria do local, anamnese, exames


complementares e pesquisa.

A partir do trabalho resultante dessas fases e com base nas


características avaliadas aplicadas ao conhecimento técnico e normativo,
temos como objetivos principais as seguintes fases:

• Diagnóstico: conjunto de dados resultantes da análise das causas


verificadas e mecanismos de danos das manifestações patológicas.

• Prognóstico: definição de conduta, com indicação de terapia a


ser empregada e estimativa dos trabalhos a serem executados de
acordo com a necessidade avaliada (correção, reforço, recuperação
ou reconstrução).

44
As fases elencadas são consideradas para atividades básicas de etapas
de desenvolvimento do laudo técnico, que, segundo a NBR 13.752
(ABNT, 1996), devem corresponder às seguintes etapas:

a. vistoria e/ou exame do objeto da perícia.


b. diagnóstico dos itens do objeto da perícia.
c. coleta de informações.
d. escolha e justificativa dos métodos e critérios periciais.
e. análise das ocorrências e elementos periciais.
f. soluções e propostas, quando possível e/ou necessário.
g. considerações finais e conclusões.

Para o desenvolvimento desses objetivos, aplicam-se diferentes


metodologias, tanto de sequenciamento como de apoio na
caracterização e avaliação dos danos.

Segundo NBR 16.747 (ABNT, 2020): inspeção predial é a avaliação isolada


ou combinada das condições técnicas, de uso e de manutenção da
edificação. Por sua vez, a sua tipologia considera a complexidade da
edificação, as especialidades profissionais envolvidas e a profundidade
nas constatações dos fatos. De acordo com esses quesitos, temos:

• Nível 1: imóveis simples ou restritos a uma especialidade.

• Nível 2: imóveis mais complexos – equipe multidisciplinar.

• Nível 3: caráter de auditoria técnica da avaliação da manutenção,


pode utilizar ensaios e exames de prospecção – necessidade de
equipe multidisciplinar.

Considerando os quesitos elencados como níveis de avaliações, pode-


se relacionar um fluxograma geral de desenvolvimento do trabalho de
perícia na figura seguir.

45
Figura 1 – Fluxograma dos passos para interpretar e analisar
manifestações patológicas em construções

Fonte: adaptada de Andrade (1992).

As cinco ferramentas diagnósticas tradicionais, representadas por:


vistorias; inspeções; auditorias; perícias e consultorias, resultam em
laudos técnicos.

Esses laudos técnicos possuem diferentes finalidades e destacam-se os


principais, como:

• Estudos da qualidade técnica: tem por objetivo o atestamento de


qualidade técnica ou, quando na presença de problemas técnicos,
de avaliação diagnóstica.

• Produção de provas periciais: visam a apuração da


responsabilidade pela ocorrência da patologia predial, sejam em
esfera judicial ou extrajudicial.

46
3. Metodologias aplicadas na Engenharia
Diagnóstica

Para as diferentes espécies de perícias, apresentam-se metodologias


referenciadas na NBR 13.752 (ABNT, 1996):

3.1 Vistorias e exames

Exame é a constatação de fatos para estabelecer um processo


investigativo em bens móveis que seja fundamentado, de forma
científica e técnica, e que permita uma análise da existência, ou
inexistência, de possíveis nexos causais. Além disso, eles podem ser
utilizados para revelar responsabilidades e apontar consequências.

A Vistoria, por sua vez, tem por definição a constatação de fatos ou


situações com descrição minuciosa dos elementos que os constituem.
Assim, ela tem como objetivos: a caracterização de tipologia, estado
de conservação, padrão construtivo, idade, anomalias ou outras
características. Como se trata da simples constatação, não há
determinação de causas, responsabilidades e soluções.

As vistorias e exames devem proporcionar os elementos descritos a


seguir.

3.1.1 Caracterização da região

As características da região a serem consideradas incluem: as físicas


(relevo, solo, subsolo, ocupação, meio ambiente e outros); características
de solo (potencial de aproveitamento–parcelamento e uso, entre
outras que possam trazer restrições físicas, legais e socioeconômicas);
características de melhoramento público (existência e descrições das
vias de acesso, urbanização e infraestrutura urbana); equipamentos

47
e serviços comunitários (transporte, serviços bancários, serviços de
comunicação, limpeza urbana, comércio, segurança, assistência à saúde,
acesso à educação, cultura, lazer, possibilidades de recreação e outros
serviços de fins socioculturais).

3.1.2 Caracterização do imóvel e de seus elementos

Quanto às características do imóvel e de seus elementos, são


indispensáveis: os itens de localização (rua, número, bairro e acessos);
características das proximidades (melhoramento urbano); características
do terreno (medidas, forma geométrica e relevo); caracterização do
solo e subsolo; entre outras características que descrevam se houve
melhoramentos ou benfeitorias, assim como indicação de equipamentos
existentes e tipologia das instalações.

3.1.3 Constatação de danos

Caracterizar, classificar e quantificar a extensão de todos os danos


observados. As próprias dimensões dos danos definem a natureza das
avarias, qualquer que seja a nomenclatura (fissura, trinca, rachadura,
brecha, fenda etc.).

3.1.4 Condições de estabilidade do prédio

Qualquer anormalidade deve ser assinalada e adequadamente


fundamentada.

3.1.5 Fotografias

O registro fotográfico deve ser esclarecedor

48
3.1.6 Documentos extras que auxiliem no esclarecimento da
vistoria

Segundo a NBR 13.752 (ABNT, 1996), quando se tratar de vistoria


diagnóstica, indica-se a consulta aos seguintes documentos extras:

a. gráficos de avarias progressivas.


b. resultados de sondagens do terreno.
c. gráficos de recalques.
d. cópia de escritura.
e. outros.

3.2 Avaliações e arbitramentos

As análises técnicas para identificar valores, custos ou indicadores de


viabilidade econômica para um determinado objetivo, finalidade e data
são consideradas premissas, ressalvas e condições limitantes.

As avaliações e arbitramentos têm os requisitos apontados na NBR


14.653 (ABNT, 2001) e os principais requisitos dessa norma são descritos
a seguir:

• Vistoria do bem avaliando: registro das características físicas e


de utilização do bem e outros aspectos relevantes à formação do
valor.

• Coleta de dados: características do bem avaliando, plantas e


documentos, prazo de execução dos serviços, enfim, tudo que
possa esclarecer aspectos relevantes para a avaliação.

• Aspectos quantitativos: busca de dados de mercado, com


atributos comparáveis aos do bem avaliado.

• Aspectos qualitativos: dados de mercado com atributos mais


semelhantes possíveis aos do bem avaliado.

49
• Situação mercadológica: dados de mercado relativos às
ofertas.

• Escolha da metodologia: deve ser compatível com a natureza do


bem.

• Tratamento dos dados: se dá pela obtenção de modelos de


acordo com a metodologia escolhida.

• Identificação do valor de mercado: deve ser identificado


segundo a metodologia que melhor se aplique ao bem avaliado.

Referências Bibliográficas
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5.674: manutenção de
edificações: requisitos para o sistema de gestão de manutenção. Rio de Janeiro:
ABNT, 2012.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6.118: projeto de estruturas
de concreto: procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2014.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13.752: perícias de
engenharia na construção civil. Rio de Janeiro: ABNT, 1996.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14.653-1: avaliação de bens:
parte 1–procedimentos gerais. Rio de Janeiro: ABNT, 2001.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15.575-1: edifícios
habitacionais de até cinco pavimentos: desempenho – parte 1: requisitos gerais. Rio
de Janeiro: ABNT, 2013.
ANDRADE, M. D. C. Manual para diagnóstico de obras deterioradas por corrosão
de armaduras. 5. ed. São Paulo: Pini, 1992.
ABUNAHMAN, S. A. Curso básico de engenharia legal e de avaliações. São Paulo:
Pini, 2008.
IPT. Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Formulação de critérios para avaliação
do desempenho de habitações. São Paulo: IPT, 1981.

50
Metodologia e desenvolvimento
de laudos técnicos e perícias
judiciais
Autoria: Everlânia Maria da Silva
Leitura crítica: Miriane de Almeida Fernandes

Objetivos
• Conhecer normas e itens de desenvolvimento de
laudos periciais.

• Entender as atribuições do Perito de Engenharia.

• Conhecer e aprender a aplicar o padrão técnico-


normativo às perícias de construções.

• Aprender a aplicação de metodologia de avalição aos


danos periciáveis.

51
1. Importância das inspeções prediais para
diagnóstico de manifestações patológicas em
edificações

As edificações são usadas como base para o desenvolvimento dos


laudos técnicos neste conteúdo. Porém, salienta-se que, guardadas as
devidas normas específicas de cada áera, o raciocínio pode ser usado
em outras áeras de conhecimento.

Dessa forma, em sua utilização, as edificações estão sujeitas às


influências de diversas solicitações e fatores, sejam eles de caráter físico,
biológico, químicos ou naturais. Com a incidência desses fatores, há
o consequente surgimento de anomalias que podem vir a afetar, em
diferentes graus, a funcionalidade da edificação e de seus sistemas.

Segundo Bauer (2009), as falhas que ocorrem nas edificações podem


ter sua origem nas deficiências de projeto; por desconhecimento
das características dos materiais empregados; emprego de materiais
inadequados; por erros de execução, seja por deficiência da mão de
obra, desconhecimento ou não observância de normas técnicas e por
problemas de manutenção.

A patologia é a ciência que estuda essas anomalias, buscando por


aplicação de estudos técnico-científicos e metodologias previstas
em normas técnicas, estudar as manifestações patológicas, seus
mecanismos de danos, consequências e indicação de prognósticos para
tratamento. Basicamente, o desenvolvimento do estudo das patologias
objetiva às etapas de: análise das manifestações patológicas (sejam
falhas dos materiais, componentes, elementos ou da edificação como
um todo); diagnóstico das causas, origens e fatores de influência aos
danos; indicação prognóstica para definição e indicação das medidas
de prevenção e de recuperação. Para realização desse diagnóstico,

52
faz-se uso de uma das atribuições da Engenharia Civil, a realização de
inspeções para perícias de construção civil.

1.1 Desempenho e garantia

O desempenho esperado dos diferentes sistemas que compõe os


edifícios habitacionais tem relação com o comportamento da edificação
frente às condições e finalidades de uso para as quais a construção foi
projetada. Além disso, ele também se relaciona ao cumprimento das
normas técnicas nacionais, com a utilização de materiais construtivos
que cumpram as necessidades de cada componente e, principalmente,
com o correto controle e execução dos processos de manutenção
preventiva e corretiva, caso seja necessário (ABNT, 2013).

A fim de prever e orientar a manutenção adequada às edificações, a


NBR 15.575 (ABNT, 2013) estabelece diretrizes de prazos mínimos de
garantia para elementos, componentes e sistemas do edifício. Com isso,
essa norma aponta responsabilidade aos projetistas, incorporadores e
construtores. Sendo uma das responsabilidades a indicação do prazo
de garantia dos componentes e sistemas no Manual do Usuário, cuja
entrega é de direito do proprietário, ele têm início a partir da entrega
oficial da obra, reconhecida pela emissão do Certificado de Condições de
Habitabilidade, conhecido como “Habite-se”.

É comum e errôneo que para qualquer problema encontrado nas


construções que a responsabilidade está dentro da garantia até 5
anos após a entrega do edifício. A verdade é que as causas do vícios
(danos) devem ser analisadas, assim como cada sistema componente da
edificação traz um prazo de garantia diferenciado. A seguir, descrevemos
alguns exemplos de requisitos considerados para aplicação das
garantias, bem como os prazos associados, segundo a Norma de
Desempenho–NBR 15.575 (ABNT, 2012):

53
• Sistemas de dundações, estrutura principal, estruturas
periféricas, contenções e arrimos: devem ter garantia de
5 anos para os quesitos de segurança, estabilidade global e
estanqueidade.

• Sistemas de vedação, estruturas auxiliares, estruturas de


cobertura, das escadarias internas ou externas, guarda-
corpos, muros de divisa e telhados: devem ter garantia de 5 anos
quanto à segurança e integridade.

• Instalações elétricas tomadas, interruptores, disjuntores, fios,


cabos, eletrodutos, caixas e quadros: garantia de 1 ano para
equipamentos e de 3 anos para instalação.

• Sistemas de Impermeabilização: garantia de 5 anos para


estanqueidade.

• Esquadrias de madeira: garantia de 1 ano para empenamento,


descolamento e fixação.

• Esquadrias de aço: garantia de 1 ano para fixação e oxidação.

• Esquadrias de alumínio e de PVC: garantia de 1 ano para partes


móveis; 2 anos para borrachas, escovas, articulações, fechos e
roldanas; 5 anos para perfis de alumínio, fixadores e revestimento
em painel de alumínio.

• Fechaduras e ferragens em geral: garantia de 1 ano para


funcionamento e acabamento.

• Revestimentos de paredes, pisos e tetos em azulejos/


cerâmica/pastilhas: garantia de 2 anos para revestimentos soltos,
gretados, desgaste excessivo; de 3 anos para estanqueidade de
fachadas e pisos molháveis.

54
• Forros de gesso: garantia de 1 ano para fissuras por acomodação
dos elementos estruturais e de vedação.

• Forros de madeira: garantia de 1 ano para empenamento, trincas


na madeira e destacamentos.

• Pintura/verniz (interna/externa): garantia de 2 anos para


empolamento, descascamento, esfarelamento, alteração de cor ou
deterioração de acabamento.

• Selantes, componentes de juntas e rejuntamentos: garantia de


1 ano para aderência.

1.2 Aspectos de danos que afetam as edificações

Os principais fatores que podem afetar a segurança dos usuários das


edificações ou originar manifestações patológicas em diferentes graus
de risco são:

• Falhas de projeto.

• Falhas de execução;.

• Fatores externos, como acidentes, ações naturais, entre outros.

• Ausência de manutenção ou manutenção inadequada.

• Mudança nas premissas de projeto e fatores de influência na


utilização do imóvel, como condições de clima e de carregamento
mecânico.

• Ampliações, alterações ou reformas em geral, que não tenham


feito uso de projetos e/ou execução especializada.

55
Para evitar ou mitigar os danos, é importante a indicação de Manutenção
Predial. A preservação adequada da edificação deve oferecer critérios de
segurança, economia a longo prazo e sustentabilidade.

Dessa forma, a manutenção pode ser classificada como:

• Preventiva: quando tem caráter rotineiro e aplica-se antes do


surgimento de manifestações patológicas comuns à degradação
natural, bem como dentro dos prazos de garantia dos compontes
da construção.

• Preditiva: quando já está ultrapassado o prazo de garantia,


ainda não tenha surgido manifestações patológicas, mas esteja
na iminência do limite de utilização dos componentes do sistema
construtivo em questão.

• Corretiva: quando a manutenção é deixada para depois do


surgimento do problema; acarretando em maiores dispêndios de
custo e adequações da obra aos serviços (por exemplo: interdição,
desocupação etc.).

A inspeção predial tem por finalidade anteceder os serviços de


manutenção, por ter utilidade de avaliar se existem problemas técnicos
na edificação, se a documentação legal está válida e se os serviços
de manutenção indicados preventivamente estão sendo realizados
adequadamente.

1.3 Normas brasileira de suporte às manutenções e


perícias de engenharia

A fim de regulamentar a inspeção predial, bem como assegurar


a compreensão dos envolvidos acerca da sua realização, existem
diferentes normas técnicas que se complementam nesse sentido. A
seguir, listamos as principais normas:

56
• NBR 15.575 (ABNT, 2013) – Norma de Desempenho de Edificações
– estabelece níveis mínimos de desempenho para os principais
sistemas de um imóvel, com foco em Segurança, Habitabilidade e
Sustentabilidade. Obrigatória desde julho/2013, ela é um divisor de
águas na construção civil brasileira.

• NBR 14.037 (ABNT, 2011) – Manual de proprietário e de áreas


comuns – define o modo como as incorporadoras/construtoras
devem apresentar informações nos Manuais do Proprietário e das
Áreas Comuns dos novos edifícios com os seguintes objetivos:

• Orientar para que o imóvel seja utilizado de maneira correta e


segura.

• Implantar um Programa de Gestão da Manutenção nas


edificações ao longo de sua vida útil.

• NBR 5.674 (ABNT, 2012) – Manutenção de Edificações – estabelece


os requisitos para a gestão do sistema de manutenção de
edificações, incluindo meios para:

• Preservar as características originais da edificação.

• Prevenir a perda de desempenho decorrente da degradação


dos seus sistemas, elementos ou componentes.

• NBR 16.280 (ABNT, 2014) – Reforma em edificações – define como


deve ser a gestão de reformas em imóveis:

• Regras para a execução de reformas que impliquem em


segurança de edificações.

• Exigência de projeto e responsável técnico.

• Aprovação e acompanhamento pelos responsáveis legais pela


edificação.

57
• NBR 16.747 (ABNT, 2020) – Inspeção Predial – a norma se
aplica a qualquer tipologia de edificações, visando a inspeção
global, fundamentada por intermédio de exames sensoriais
por profissionais habilitados. Estabelece as etapas mínimas de
inspeção predial geral, que inclui:

• Levantamento de dados e documentação.

• Análise dos dados e documentação.

• Anamnese para identificação de características construtivas.

• Vistorias das edificações (análise sensorial).

• Recomendações das ações necessárias.

• Organização das prioridades.

• Avaliação da manutenção e uso.

• Redação e emissão do registro da inspeção predial.

1.4 Conceitos das diferentes formas de avaliação


aplicáveis às construções

As áreas da Engenharia Civil voltadas às avaliações para diagnóstico


e prognóstico de danos (manifestações patológicas) nas edificações
é a Engenharia de Avaliações e Perícias, também conhecida como
Engenharia Legal, principalmente quando voltada às necessidades
em âmbito judicial da avaliação de tais danos. Então, essa área pode
ser aplicável à esfera judicial e extrajudicial, como avaliações de
imóveis para procedimentos de compra e venda, para necessidades de
gerenciamento das edificações, previsão e orientação de manutenções
e afins. A avaliação pode se dar para planejamento de serviços de

58
manutenção e outras necessidades decorrentes de mecanismos de
danos ou, até mesmo, de possíveis alterações nas construções.

Para melhor contextualizar, faz-se antes necessária a conceituação dos


termos que são rotineiramente utilizados quando da aplicação dos
serviços profissionais. Nesse contexto, é importante a conceituação com
distinção dos termos e que o profissional ofereça o serviço de acordo
com a real necessidade do cliente.

• Auditoria: é uma forma de atestamento e pode ser entendida


como a atividade que serve para avaliar a conformidade
da construção ou diferentes serviços de engenharia,
independentemente da presença de manifestações patológicas.

• Inspeção predial: serviço realizado pelo perito com objetivo de


constatação visual da edificação. Normalmente solicitada quando
há presença de anomalias e, a partir desse serviço, elas são
mapeadas e avaliadas. A inspeçao predial varia em classificação
quando ao grau de detalhes em sua realização, que considera os
graus de risco das anomalias encontradas.

• Vistoria: serviço pode ser requerido em âmbito judicial ou


extrajudicial em ações de produção antecipada de provas. Tem por
objetivo a constatação visual de um fato, por meio da vistoria o
perito realiza o levantamento e descrição das anomalias existente,
mas não realiza análise dignóstica.

• Perícia: também pode ser utilizada extrajudicial ou judicialmente


em ações de produção antecipada de provas. No entanto, se
diferencia da vistoria por ser um serviço técnico com objetivo de
apuração e análise das causas das manifestações patológicas.

• Consultoria: é uma prescrição de acordo com o que foi


diagnosticado.

59
Além das diferenças conceituais, cada uma dessas ferramentas exigirá
do especialista um determinado tipo de conhecimento técnico, assim
como maior ou menor tempo de trabalho. Ademais, ele definirá se há
necessidade de uma equipe multidisciplinar para o trabalho, o que
impactará no custo do serviço.

Para os serviços periciais mais completos, onde seja solicitado um nível


de inspeção que aponte uma consultoria, sugere-se a integração, em
aprimoramento, das diferentes ferramentas diagnóstica. Assim, podem-
se desenvolver em sequência as diferentes análises: vistoria, inspeção,
auditoria, perícia e a consultoria. Dessa forma, elas podem estar
integradas e o seu laudo completo trará:

• Indicação de profilaxia: sugestão técnica de procedimentos para


prevenir patologias da construção.

• Análise diagnóstica: componente do laudo que trará a identificação


do conjunto de causas, fatores e indicação de origem das
manifestações patológicas avaliadas.

• Indicação prognóstica: parte documental que visa estimar a a


evolução do problema. E, a partir dessa previsão de consequência,
indicar a prescrição técnica, com recomendação de tratamento
para mitigação ou eliminação das manifestações patológicas e a
patologia que as causo.

1.5 Variáveis consideradas para vistorias e inspeções

A NBR 13.752 (ABNT, 1996) indica as variáveis que devem ser


consideradas para a realização de vistorias e inspeções e para as quais
devem ser elaborados relatórios documentais.

• Vistoria cautelar de vizinhança: define-se por um trabalho de


constatação das características de vizinhança e tem como objetivo

60
registrar a situação de segurança e de conservação dos imóveis no
entorno da construção a ser executada.

• Vistoria de entrega e recebimento de obra: objetiva a


constatação da plena conclusão da edificação.

• Inspeção de procedência: objetiva a avaliação geral da edificação


no que concerne aos requisitos de uso previsto e realizado, como
vida útil de projeto, operação, manutenção, garantias, realização
de refornas, características de desempenho, surgimento de
anomalias e outros itens que possam indicar características falhas
de construção e de utilização. Como esses critérios tendem a
apresentar falhas tanto de uso como de fabricação de materiais e
de procedimentos de execução, indica-se a realização dentro dos
primeiros cinco anos da edificação, por se tratar do prazo máximo
de garantia dos componentes da edificação no geral.

2. Atribuições profissionais

As inspeções prediais devem ser realizadas apenas por profissionais


habilitados, devidamente registrados nos conselhos profissionais na
área de engenharia e arquitetura (Conselho Regional de Engenharia
e Agronomia – CREA ou Conselho de Arquitetura e Urbanismo – CAU),
dentro das respectivas atribuições profissionais contempladas nas
Leis Federais nº 5.194, de 1966, e nº 12.378, de 2010, e resoluções do
Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA) e Conselho de
Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAUBR). A atividade de inspeção
predial, pelo seu caráter de análise global da condição de conservação
e funcionamento da edificação, inerentemente possui características
multidisciplinares e pode demandar equipes de profissionais de
diferentes formações.

61
3. Procedimentos de inspeção predial – etapas
da metodologia

É sabido que o conteúdo dos laudos técnicos precisam variar de acordo


com o objetivo para o qual o perito for contratado. Porém, por via
geral de organização metodológica, o processo de inspeção predial e
consequente organização e elaboração de laudo técnico terá como base
as seguintes etapas:

a. Levantamento de dados e documentação.


b. Análise dos dados e documentação solicitados e disponibilizados.
c. Anamnese para a identificação de características construtivas da
edificação, como idade, histórico de manutenção, intervenções,
reformas e alterações de uso ocorridas.
d. Vistoria da edificação de forma sistêmica, considerando a
complexidade das instalações existentes.
e. Classificação das irregularidades constatadas.
f. Recomendação das ações necessárias para restaurar ou
preservar o desempenho dos sistemas, subsistemas e elementos
construtivos da edificação afetados por falhas de uso operação ou
manutenção, anomalias ou manifestações patológicas constatadas
e/ou não conformidade com a documentação analisada
(considerando, para tanto, o entendimento dos mecanismos de
deterioração atuantes e as possíveis causas das falhas, anomalias
e manifestações patológicas).
g. Organização das prioridades, em patamares de urgência, tendo
em conta as recomendações apresentadas pelo inspetor predial.
h. Avaliação da manutenção, conforme a NBR 5.674 (ABNT, 2012).
i. Avaliação do uso.
j. Redação e emissão do laudo técnico de inspeção predial. O
desenvolvimento das etapas deve ser planejado conforme o tipo
da edificação, consideradas suas características construtivas,

62
idade da construção, instalações e equipamentos e qualidade da
documentação entregue ao profissional habilitado.

4. Estrutura e elementos que compõem o Laudo


Técnico

A Norma Nacional de Inspeções Prediais do Instituto Brasileiro de


Avaliações e Perpicias de Engenharia (IBAPE, 2012) regulamenta e
orienta a elaboração de laudos técnicos com base em dois grupos de
requisitos, que organizam os elementos que devem compor a estrutura
dos laudos: Requisitos Essenciais e Requisitos Complementares.

4.1 Requisitos Essenciais

• Introdução com identificação do objetivo do Laudo: essa


parte inicial deve apresentar os objetivos gerais e específicos de
desenvolvimento do trabalho e descrição do tipo do laudo: se será
desenvolvido para avaliação imobiliária, para constatação situação
por meio de vistoria para avaliação diagóstica ou, ainda, para
perícia com indicação de prognóstico e tratamento. É importante
que seja definido antecipadamente de acordo com a necessidade
do cliente e, se possível, que fique estabelecido também no
contrato, o tipo de serviço para o qual o perito está sendo
contratado.

• Identificação do objeto de estudo: esse item deve trazer a


identificação da obra a ser inspecionada, bem como itens de
caracterização de porte, tipologia, uso e operação. Se possível:
indicação de localização, com detalhes de georreferenciamento,
classe de agressividade ambiental, posição em relação à
linha Norte-Sul, incidência solar e dos ventos, entre outras
características que possam enriquecer tecnicamente à análise da

63
edificação e influência ambiental. Os detalhes podem ser indicados
por meio de mapas e registros fotográficos.

• Levantamento e descrição sumária de todos os dados disponíveis


que permitiram ao perito fazer seu estudo e fundamentar sua
convicção e conclusão (dimensões, áreas, utilidades, materiais
construtivos, detalhes técnicos etc.), devendo constar no mínimo:

• Anamnese do caso, apresentada cronologicamente,


identificando as datas de ocorrência dos eventos.

• Indicação e caracterização da situação encontrada e de


eventuais danos ou eventos, documentadas quando
necessário e cabível por croqui, plantas, fotografias etc.

• Infrações às normas técnicas ou aos usos e costumes.

• Conclusões.

• Nome completo, assinatura, número de registro no CREA e


credenciais do profissional ou dos profissionais responsáveis.

4.2 Requisitos Complementares

Quando cabíveis no contexto do objetivo do laudo e, sempre que


possível, na obtenção (quando se tratarem de dados), devem-se seguir
com itens e procedimentos de desenvolvimento de laudo técnico:

• Vistoria ou exame do objeto da perícia: indica-se a descrição das


manifestações patológicas existentes e elaboração de mapa de
danos (pode ser um croqui que indique os locais de ocorrência das
manifestações patológicas na edificação).

• Avaliação diagnóstica dos itens objeto da perícia: a avaliação


diagnóstica tem por objetivo a identificação das causas, fatores e

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indícios de origens das falahas. Ideal que se faça um levantamento
histórico com o responsável pela obra.

• Coleta de informações: toda e qualquer informação que venha a


somar aos critérios técnicos de avaliação são bem-vindas, como:
projetos iniciais, projeto de as built, relatórios de ensaios técnicos
e execução da época da construção, histórico de danos e possíveis
intervenções anteriores, entre outros.

• Análise das ocorrências e elementos periciais: devem-se avaliar


os mecanismos de danos (pode-se questionar aos proprietários
ou responsáveis diretos pela edificação: quando surgiram as
manifestações e como foi acompanhado o desenvolvimento e
aumento dos danos).

• Condições de estabilidade do prédio: para avaliação das condições


de estabilidade, pode-se indicar a realização de ensaios técnicos
complementares, que promovam a caracterização técnica de
acordo com os requisitos de estabilidade de cada componente da
edificação (por exemplo: realização de ensaio de arrancamento
para revestimentos cerâmicos, ensaio de carbonatação para
recobrimentos de concreto, ensaio de esclerometria para avaliar
dureza dos elementos de concreto, ensaio de ultrassonografia
para avaliação de inconformidades internas nos elementos de
concreto armado. entre outros).

• Prognósticos de evoluções patológicas, quando possível; soluções


propostas, quando possível, ou proposta de soluções, se assim
for solicitado. A partir da análise dos mecanismos de danos das
manifestações patológicas, devem-se indicar (quando o laudo
possuir objetivos periciais), os procedimentos de manutenção
preventiva de aumento dos danos, bem como corretivas das
menifestações já desenvolvidas.

• Considerações finais e conclusão: as considerações finais do laudo


devem sempre responder às necessidades de desenvolvimento

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propostas no objetivo de desenvolvimento do trabalho. Exemplos:
para laudo de vistoria, a conclusão deve deixar clara a situação
geral da edificação; para um laudo de avaliação pericial, as
considerações finais devem reiterar o diagnóstico geral da
construção e a importância de tratamento dos danos por indicação
de urgência de cada um.

Referências Bibliográficas
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5.674: manutenção de
edificações: requisitos para o sistema de gestão de manutenção. Rio de Janeiro:
ABNT, 2012.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15.575: desempenho das
edificações habitacionais. Rio de Janeiro: ABNT, 2013.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13.752: perícias de
engenharia na construção civil. Rio de Janeiro: ABNT, 2020
BAUER, R. J. F. A carbonatação do concreto e sua durabilidade. Rio de Janeiro:
LTC, 2010.
BRASIL. Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966. Regula o exercício das profissões
de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo, e dá outras providências.
Brasília, DF: Presidência da República, [1966]. Disponível em: https://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l5194.htm. Acesso em: 15 jan. 2021.
BRASIL. Lei nº 12.378, de 31 de dezembro de 2010. Regulamenta o exercício da
Arquitetura e Urbanismo; cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil–
CAU/BR e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito
Federal–CAUs; e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República,
[2010]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/
l12378.htm. Acesso em: 15 jan. 2021.
IBAPE. Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo.
Inspeção predial. São Paulo: Pini, 2020.

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Bons estudos!

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