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Título: Difusão do uso de plantas medicinais com ação antiparasitária: uma alternativa para

o controle da verminose de caprinos e ovinos na região semi-árida da Paraíba


Autores: ARAÚJO-LIMA, R. C.; ALMEIDA, W. V. F.; ANDRADE, F. R. M.;
MEDEIROS, J. K. D.; BARBOSA, O. S.; MARINHO, M. L.; ATHAYDE, A. C. R.
athayde98@zipmail.com
Instituição: Universidade Federal de Campina Grande
Área temática: Tecnologia

INTRODUÇÃO

Os programas de extensão disponíveis para os pequenos pecuaristas, principalmente


no Nordeste do Brasil, vêm contribuindo de forma primária no tocante a assistência técnica.
A Universidade no seu perfil extensionista vem tentando contribuir com a pecuária
principalmente quanto a difusão de técnicas que minimizem os prejuízos na produção
(Fontes et al., 1996). Assim, além de contribuir com o aspecto socioeconômico, favorecerá
a consolidação de seus cursos e disciplinas, junto as necessidades da comunidade onde
estão inseridos. Práticas de exploração irracionais e economicamente inviáveis tem limitado
a ovinocaprinocultura, principalmente aquela voltada a exploração de subsistência e com a
finalidade social de fixação do homem a terra (Castro, 1984; Padilha, 1982). Ressalta-se
que em um período de dois anos os animais da mesorregião do sertão paraibano
apresentaram expressiva infecção por vermes determinando uma perda econômica
inigualável (Filgueira et al., 2001; Athayde et al., 1996). No Brasil, pelo menos trezentas
plantas medicinais fazem parte do arsenal terapêutico da população. As plantas medicinais
embora, muitas vezes desconhecidas, desdenhadas ou até mesmo abominadas pelos
médicos, são consumidas tanto pelos favelados como pela classe de maior poder
econômico, sendo recomendadas pela ONU, indicando inclusive que 2/3 da população da
Terra utiliza plantas medicinais. As pesquisas nas Universidades e Institutos de Pesquisa,
revelam substâncias ativas em câncer, aids, analgésicos, antibióticos, antiparasitários e
centenas de outras utilidades. Dentre as plantas medicinais com ação sobre vermes indica-
se o Melão-de-são-caetano (Mormodica charantia L.), a Batata-de-purga (Operculina
hamiltonii) e a Semente da abóbora (Cucurbita pepo L.) <Disponível
em:http://www.professorberti.hpg.ig.com.br/plantasmedicinais/PLANTAB.htm>.

OBJETIVO

Respaldado na medicina fitoterápica o trabalho objetiva através da difusão do uso


do Melão-de-são-caetano (Mormodica charantia L.), a Batata-de-purga (Operculina
hamiltonii) e a Semente da abóbora (Cucurbita pepo L.) reduzir o custo de produção de
caprinos e ovinos na região semiárida paraibana, através do controle das verminoses, em
propriedades do sistema de produção da região e resgatar a medicina popular. Fazendo com
que os pequenos pecuaristas identifiquem as plantas medicinais disponíveis na região e
saibam utiliza-las de forma viável com a finalidade de controlar os surtos de parasitoses que
vêm dizimando seu efetivo caprino e ovino.

MATERIAL E MÉTODOS

Local de realização do trabalho

A difusão do uso de plantas medicinais com ação antiparasitária foi realizada no


sistema de produção caprina e ovina da região semi-árida da Paraíba pelo Laboratório de
Doenças Parasitárias dos Animais Domésticos do Departamento de Medicina Veterinária e
pelo Laboratório de Fitoterapia do Departamento de Clínicas Veterinárias do Centro de
Saúde e Tecnologia Rural da Universidade Federal de Campina Grande.

Período de Execução

O trabalho em execução, compreenderá um período de 06 meses. Teve início em


julho de 2002 e término previsto para dezembro de 2002. Para viabilização de suas
atividades o projeto conta com o apoio da Cooperativa Vinculus, que o inseriu em suas
ações de desenvolvimento local conduzidas de forma integrada pelo Projeto
BNDES/PNUD/VINCULUS, nos municípios de Patos, São Mamede e Santa Terezinha,
trabalhando as potencialidades locais e do fomento aos segmentos produtivos, juntamente
com o SEBRAE, consolidando uma parceria efetiva e viável.

Metodologia

Cadastro. O efetivo caprino e ovino das propriedades do sistema de produção da


região de Patos/PB foi cadastrado em fichas individuais, as quais constaram de dados de
identificação da propriedade e do rebanho, incluíndo dados a cerca do manejo nutricional e
sanitário do rebanho.

Agenda. O Laboratório de Doenças Parasitárias dos Animais Domésticos/DMV, na


pessoa da coordenadora do projeto e o Laboratório de Fitoterapia/DCV, na pessoa da
professora responsável pelo mesmo, procederam o agendamento de palestras técnicas,
cursos sobre o uso e manipulação das plantas medicinais e conservação destas plantas no
meio ambiente.

Palestras Técnicas. As palestras foram realizadas nas associações de criadores,


igrejas e casas de produtores com um número significativo de criadores por núcleos dos
municípios, os recursos utilizados são: lâminas para retroprojeção, álbum seriado ilustrado,
amostras de vermes e amostras de plantas.

Produção do vermífugo natural. O Laboratório de Fitoterapia/DCV disponibilizou


profissional capacitado, na pessoa da professora executora do projeto que juntamente com
os bolsistas procederam palestras sobre a fabricação do produto natural, utilizando Melão-
de-são-caetano (Mormodica charantia L.), a Batata-de-purga (Operculina hamiltoni) e a
Semente da abóborao (Cucurbita pepo L.), para ser administrado aos animais na formulação
e dose correta.
Formulação, dose e via de administração indicadas. O Melão-de-são-caetano
(Mormodica charantia L.), foi indicado para oferecimento aos animais de forma verde,
sendo 60g de folhas por animal e por via oral; para a Batata-de-purga (Operculina
hamiltoni) indicou-se o oferecimento aos animais da farinha, sendo 6g por animal e por via
oral; já a Semente da abóbora (Cucurbita pepo L.) foi recomendado o uso da farinha, sendo
27,12g por animal e por via oral. Ressaltou-se a necessidade de um jejum de 12 horas antes
do tratamento.

Controle. O profissional responsável pelo Laboratório de Doenças Parasitárias dos


Animais Domésticos após uma análise técnica dos rebanhos dos associados, determinou um
controle do tipo estratégico e alternativo com plantas medicinais.

Reuniões da equipe executora. Foram realizadas reuniões mensais da equipe


executora do projeto com a finalidade de integração do grupo, coletas dos resultados
preliminares, registro de dificuldades e elaboração de medidas renovadoras das ações
extensionistas no tocante a resolução dos problemas apontados.

Avaliação. As atividades foram avaliadas em reuniões mensais presididas pelo


coordenador da equipe executora. Todas as atividades planejadas foram executadas no
período previsto. Durante as reuniões todos os membros apresentaram relatórios parciais de
suas atividades, ressaltando principalmente os alvos atingidos, as dificuldades detectadas e
paralelamente apontaram soluções ou medidas renovadoras da força de trabalho.

RESULTADOS

Até o momento foram realizadas cinco palestras, onde se utilizou como recursos: o
álbum seriado ilustrado, amostras de vermes e amostras de plantas; práticas de preparação
do remédio e aplicação, assim como, recomendações a cerca da reposição da planta ao meio
ambiente. Foram atendidos 122 produtores, assistido um rebanho 3.400 animais, 244
análises de rebanhos e 24 práticas de preparação do vermífugo (Tabela I e Tabela II).
TABELA I. Núcleos atendidos pelo projeto: Difusão do uso de plantas medicinais com
ação antiparasitária na produção de caprinos e ovinos do sistema de produção da
região de Patos/PB
NÚMERO DE ANIMAIS
NÚCLEOS MUNICÍPIO PRODUTORES
ATENDIDOS Ovinos Caprinos

Trincheiras Patos 13 345 106

Cupiras Patos 11 110 168

Gatos São Mamede 51 388 701

Serra Branca São Mamede 34 108 1.295


Santa
Santana-Queimadas Terezinha 13 15 164

TOTAL 122 966 2.434

TABELA II. Número de palestras, análises de rebanho práticas de produção do vermífugo


realizados pelo projeto: Difusão do uso de plantas medicinais com ação antiparasitária
na produção de caprinos e ovinos do sistema de produção da região de Patos/PB
PRODUTORES
ATIVIDADES NÚMERO ATENDIDOS ANIMAIS

Palestras 05 97 -

Análise de
rebanhos 244 122 257

Práticas de
produção do 24 12 24
vermífugo

CONCLUSÃO
Diante dos resultados obtidos até o momento, com os trabalhos em andamento,
concluiu-se que o trabalho extensionista é uma peça fundamental para fixação e
sustentabilidade da população rural e que as plantas medicinais vislumbram serem novos
agentes a serem explorados no controle de vermes de caprinos e ovinos. A perspectiva da
real ação dessas plantas e o desenvolvimento de novas tecnologias para a aplicação destes
produtos naturais, irão contribuir para uma produção animal econômica e viável.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ATHAYDE, Ana Célia Rodrigues, NUNES, R, ARAÚJO, M M, SILVA, Wilson Wouflan.


Surto epizoótico de haemoncose e strongiloidose caprina no semi-árido paraibano. In: XV
CONGRESSO PANAMERICANO DE CIENCIAS VETERINÁRIAS, 1996, Campo
Grande - Ms. XV Congresso Panamericano de Ciencias Veterinárias. 1996. p.264-264.

CASTRO, A. A cabra 3º ed. Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 372p. 1984.

FILGUEIRA, H. C; SANTOS, A. C. G.; BAKKE, O. A. Freqüência da pediculose


(Bovicola caprae .Ewing, 1936) (Mallophaga: Trichodectidae) em caprinos abatidos no
Matadouro Público de Patos-PB. IN: ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA
UFPB, 9., João Pessoa,PB. 2001, Resumo ... p. 146. Ciências da Vida v. 2, Editora
Universitária/UFPB.

FONTES, W.R.V.;ATHAYDE, A.C.R.;SILVA, A.M.A.;SILVA, J.C. Difusão de Técnicas


de Manejo Sanitário para rebanhos bovinos, caprinos e ovinos. In: II ENCONTRO
INTERINSTITUCIONAL DE PLANTAS MEDICINAIS E II ENCONTRO DE
EXTENSÃO DO C.S.T.R., 9, 1996. Patos-Pb., Anais... Patos: Universidade Federal da
Paraíba, 1996.
PADILHA, T. N. Doenças parasitárias dos caprinos nas regiões áridas e semi-áridas
do Nordeste brasileiro. Petrolina - PE. EMBRAPA-CPTSA, 1982. 45p. (EMBRAPA-
CPTSA. Documentos, 17).

Apoio PROBEX, VINCULUS e SEBRAE

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