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Triângulo de Pascal e

Binómio de Newton
Propriedades das combinações

Propriedades:

Dados dois números naturais 𝑛 e 𝑝, com p + 1 ≤ 𝑛, tem-se que:


𝑛 𝑛
• 𝐶0 = 𝐶𝑛 = 1
• 𝑛𝐶 =𝑛
1

• 𝑛𝐶 = 𝑛𝐶 , com p ≤ 𝑛
𝑝 𝑛−𝑝
𝑛+1 𝐶 𝑛𝐶
• 𝑝+1 = 𝑝 + 𝑛 𝐶𝑝+1 , com p + 1 ≤ 𝑛
𝑛


෍ 𝑛 𝐶𝑝 = 2𝑛
𝑝=0
Versão de Pascal do triângulo

Blaise Pascal (1623 - 1662)

Na sua vida curta mas cheia de acontecimentos, o filósofo e matemático


Francês trabalhou em muitos problemas e tópicos diferentes. Inventou uma
máquina de calcular e produziu um tratado sobre secções cónicas.
O triângulo que leva o seu nome era já conhecido na China por volta do ano
1300 a.C. e, provavelmente também o era na Europa. Mas foi o extenso
trabalho de Pascal na teoria das probabilidades que levou a que lhe fosse
dado o seu nome.
Triângulo de Pascal

Dispondo, em forma de triângulo, para os vários valores de 𝑛, os


números 𝑛 𝐶0 , 𝑛 𝐶1 , 𝑛 𝐶2 , …, 𝑛 𝐶𝑛−1 e 𝑛 𝐶𝑛 , que constituem a 𝑛-ésima linha,
obtemos o chamado triângulo de Pascal:

Linha

𝑛=0 0𝐶
0

𝑛=1 1𝐶 1𝐶
0 1

𝑛=2 2𝐶 2𝐶 2𝐶
0 1 2

𝑛=3 3𝐶 3𝐶 3𝐶 3𝐶
0 1 2 3

𝑛=4 4𝐶 4𝐶 4𝐶 4𝐶 4𝐶
0 1 2 3 4

𝑛=5 5𝐶 5𝐶 5𝐶 5𝐶 5𝐶 5𝐶
0 1 2 3 4 5

… … … … … … …

Triângulo de Pascal

O triângulo de Pascal pode ser continuado indefinidamente com recurso à


propriedade 𝑛+1 𝐶𝑝+1 = 𝑛
𝐶𝑝 + 𝑛 𝐶𝑝+1 .

Assim, adicionando dois números consecutivos de uma linha obtém-se o


número colocado entre eles na linha seguinte.
1
1 1
1 2 1
1 3 3 1
1 4 6 4 1
1 5 10 10 5 1
1 6 15 20 15 6 1
1 7 21 35 35 21 7 1
1 8 28 56 70 56 28 8 1

“O padrão é tão simples que uma criança de 10 anos o consegue escrever, no


entanto, contém tantas ligações com tantos aspectos aparentemente não
relacionados da Matemática, que é seguramente uma das mais elegantes
construções Matemáticas.”
Martin Gardner
Linha
n=0 010
C

1 1
n=1 C
1
0
C
1
1

2 2 2
n=2 C
10 C
21 C
12

3 3 3 3
n=3 C
1
0
C
3
1
C
3
2
C
1
3

4 4 4 4 4
n=4 1C C
4 6C C
4 C
1
0 1 2 3 4

5 5 5 5 5 5
n=5 C
10 C
51 C2
10 C
103 C
54 C
15

6 6 6 6 6 6 6
n=6 C
10 C
61 C2
15 C3
20 C4
15 C
65 C
16

7 7 7 7 7 7 7 7
n=7 C
10 C1
7 C2
21 C3
35 C4
35 C5
21 C
76 C
17


n
n n
C0 n
C1 …
n
Cp …
n
Cn p …
n
Cn 1 Cn
Triângulo de Pascal
Notas:

 Cada linha do triângulo de Pascal começa e acaba em 1 ( 𝑛 𝐶0 = 𝑛


𝐶𝑛 = 1 ).

 O segundo e o penúltimo elementos da linha de ordem 𝑛 são ambos


iguais a 𝑛 ( 𝑛 𝐶1 = 𝑛
𝐶𝑛−1 = 𝑛 ).

 Em cada linha, elementos igualmente afastados dos extremos são iguais


( 𝑛 𝐶𝑝 = 𝑛𝐶
𝑛−𝑝 ).

 A soma de dois números consecutivos de uma linha é igual ao número


que se situa entre eles, na linha seguinte ( 𝑛 𝐶𝑝 + 𝑛 𝐶𝑝+1 = 𝑛+1 𝐶
𝑝+1 ).

 A soma de todos os elementos da linha de ordem 𝑛 é 2𝑛


( 𝑛 𝐶0 + 𝑛 𝐶1 + 𝑛 𝐶2 + … + 𝑛 𝐶𝑛 = 2𝑛 ).
Triângulo de Pascal

Notas:

 A linha de ordem 𝑛 tem 𝑛 + 1 elementos.

 Se 𝑛 é par, a linha de ordem 𝑛 tem um número ímpar de elementos,


𝑛 𝑛
sendo o maior deles o elemento central, que é 𝐶 .
2

 Se 𝑛 é ímpar, a linha de ordem 𝑛 tem um número par de elementos,


sendo os dois elementos centrais, 𝑛 𝐶𝑛−1 e 𝑛 𝐶𝑛+1
, os maiores.
2 2
Exercício 1

Considere 𝑛 tal que a soma dos dois primeiros elementos da linha de ordem 𝑛
do triângulo de Pascal é 21.
a) Qual é o quarto elemento da linha seguinte?
b) Quantos elementos da linha de ordem 𝑛 são inferiores a 1000?

Sugestão de resolução:
O primeiro elemento de uma linha é sempre 1 e o segundo é 𝑛, logo 𝑛 = 20.
a) Se 𝑛 = 20, o quarto elemento da linha seguinte é 21 𝐶3 = 𝟏𝟑𝟑𝟎.

b) Como estamos a tratar da linha de ordem 20, os seus elementos são da


forma 20 𝐶𝑝 .
20 𝐶 20 𝐶 20 𝐶 20 𝐶
 0 = 20 =1  2 = 18 = 190
20 20  20 𝐶 20 𝐶
 𝐶1 = 𝐶19 = 20 3 = 17 = 1140

Apenas os três primeiros e os três últimos elementos são menores do


que 1000. Logo, são seis os elementos dessa linha inferiores a 1000.
Exercício 1

A soma dos dois primeiros elementos de uma linha do triângulo de Pascal é


21.
c) Qual é o décimo elemento da linha anterior?

Sugestão de resolução:

c) Se 𝑛 = 20, então os elementos da linha anterior são da forma 19 𝐶𝑝 .

Desta forma, o décimo elemento é 19 𝐶9 = 𝟗𝟐 𝟑𝟕𝟖.


Exercício 2

A soma de todos os elementos de uma certa linha do triângulo de Pascal é


8192. Qual é o quarto elemento da linha anterior?

Sugestão de resolução:

Uma vez que a soma de todos os elementos da linha 𝑛 é igual a 2𝑛 ,


pretende-se descobrir o valor de 𝑛 tal que 2𝑛 = 8192.

𝑛 = 13, dado que 213 = 8192.

Como estamos a tratar da linha de ordem 13, os elementos da linha anterior


são da forma 12 𝐶𝑝 .

Assim, o quarto elemento da linha anterior é 12 𝐶3 = 𝟐𝟐𝟎.


Exercício 3

A soma dos três últimos números de uma linha do triângulo de Pascal é 232.
Determina o terceiro elemento da linha seguinte.

Sugestão de resolução:
A soma dos três últimos números de uma linha do triângulo de Pascal é igual
à soma dos três primeiros.
Como o primeiro é 1, a soma do segundo com o terceiro é 231, ou seja,
𝑛𝐶 + 𝑛 𝐶2 = 231.
1

Uma vez que 𝑛 𝐶1 + 𝑛 𝐶2 = 𝑛+1 𝐶


2 e 𝑛+1 𝐶2 é o terceiro elemento da linha
seguinte, tem-se que o número pretendido é 𝟐𝟑𝟏.
𝟐𝟑𝟏
1 𝑛 𝑛
𝐶1 𝐶2

1 𝑛+1 𝐶 𝑛+1 𝐶
1 2
Exercício 4

Quantos caminhos diferentes existem, seguindo


as linhas da quadrícula:

a) que liguem o ponto 𝐴 ao ponto 𝐵 e sem andar


da direita para a esquerda nem de cima para
baixo?

Sugestão de resolução:

a) Uma vez que não é permitido andar da direita para a esquerda nem de
cima para baixo, o trajeto de 𝐴 para 𝐵 só poderá ser feito andando para a
direita e para cima.

O trajeto de 𝐴 para 𝐵 é constituído por dez troços, dos quais seis são
para a direita e quatro são para cima.

O n.º de maneiras distintas de colocar seis deslocações para a direita e


quatro para cima em dez posições, é dado por 10 𝐶 × 4 𝐶4 = 𝟐𝟏𝟎.
6
Exercício 4

Quantos caminhos diferentes existem, seguindo


as linhas da quadrícula:

b) que liguem o ponto 𝐴 ao ponto 𝐵, passando


pelo ponto 𝐶 e sem andar da direita para a
esquerda nem de cima para baixo?

Sugestão de resolução:

b) O trajeto de 𝐴 para 𝐶 é constituído por quatro troços, dos quais dois são
4𝐶 × 2 𝐶2 = 6
para a direita e dois são para cima. 2

Por sua vez, o trajeto de 𝐶 para 𝐵 é constituído por seis troços, dos quais
6𝐶 × 2 𝐶2 = 15
quatro são para a direita e dois são para cima. 4

Assim, o número de caminhos diferentes para efetuar o trajeto de 𝐴 para


𝐵, passando por 𝐶, é igual a 6 × 15 = 𝟗𝟎.
Binómio de Newton

Vejamos como obter o desenvolvimento de 𝑎 + 𝑏 𝑛 , sem efetuar o produto


dos polinómios. Pelo algoritmo da multiplicação de polinómios, tem-se que:
0
 𝑎+𝑏 =1
 𝑎+𝑏 1
=𝑎+𝑏
2
 𝑎+𝑏 = 𝑎2 + 2𝑎𝑏 + 𝑏2
 𝑎+𝑏 3 2
= 𝑎+𝑏 𝑎+𝑏

= 𝑎 2 + 2𝑎𝑏 + 𝑏2 𝑎+𝑏

= 𝑎3 + 𝑎2 𝑏 + 2𝑎2 𝑏 + 2𝑎𝑏2 + 𝑎𝑏2 + 𝑏3

= 𝑎3 + 3𝑎2 𝑏 + 3𝑎𝑏2 + 𝑏3
4
 𝑎+𝑏 = 𝑎+𝑏 3
𝑎+𝑏

= 𝑎3 + 3𝑎2 𝑏 + 3𝑎𝑏2 + 𝑏3 𝑎+𝑏

= 𝑎4 + 𝑎3 𝑏 + 3𝑎3 𝑏 + 3𝑎2 𝑏2 + 3𝑎2 𝑏2 + 3𝑎𝑏3 + 𝑎𝑏3 + 𝑏4

= 𝑎4 + 4𝑎3 𝑏 + 6𝑎2 𝑏2 + 4𝑎𝑏3 + 𝑏4


Binómio de Newton

Os coeficientes do desenvolvimento de 𝑎 + 𝑏 𝑛 , colocando as potências de


𝑎 por ordem decrescente dos seus expoentes, são iguais aos elementos da
linha de ordem 𝑛 do triângulo de Pascal:
0
𝑎+𝑏 = 1𝑎0 𝑏0 1

𝑎+𝑏 1 = 1𝑎1 𝑏0 + 1𝑎0 𝑏1 1 1

𝑎+𝑏 2 = 1𝑎2 𝑏0 + 2𝑎1 𝑏1 + 1𝑎0 𝑏2 1 2 1

𝑎+𝑏 3 = 1𝑎3 𝑏0 + 3𝑎2 𝑏1 + 3𝑎1 𝑏2 + 1𝑎0 𝑏3 1 3 3 1

𝑎+𝑏 4 = 1𝑎4 𝑏0 + 4𝑎3 𝑏1 + 6𝑎2 𝑏2 + 4𝑎1 𝑏3 + 1𝑎0 𝑏4 1 4 6 4 1

Observa-se ainda que os expoentes de 𝑎 variam de 𝑛 a zero e os expoentes


de 𝑏 variam de zero a 𝑛, sendo, em cada termo, a soma dos expoentes de 𝑎
com 𝑏 igual a 𝑛.
Binómio de Newton

Propriedade:
𝑎+𝑏 𝑛 𝑛𝐶
= 0 𝑎𝑛 𝑏0 + 𝑛 𝐶1 𝑎 𝑛−1 𝑏1 + 𝑛 𝐶2 𝑎𝑛−2 𝑏2 + ⋯ + 𝑛 𝐶𝑛 𝑎0 𝑏𝑛
𝑛

= ෍ 𝑛 𝐶𝑘 𝑎𝑛−𝑘 𝑏𝑘 , com 𝑛 ∈ ℕ0 .
𝑘=0

Esta fórmula permite desenvolver qualquer potência natural de um


binómio. Assim, os números 𝑛𝐶𝑘 são os coeficientes binomiais.
Notas:
𝑛
 O desenvolvimento de 𝑎 + 𝑏 tem (𝑛 + 1) termos.
𝑛
 Pode-se obter o desenvolvimento de 𝑎 − 𝑏 escrevendo esta expressão
𝑛
sob a forma 𝑎 + −𝑏 .

 Todos os termos do desenvolvimento de 𝑎 + 𝑏 𝑛 podem ser obtidos da


expressão 𝑛 𝐶𝑘 𝑎𝑛−𝑘 𝑏𝑘 , que se designa por termo geral do
desenvolvimento do binómio de Newton.
Exercício 5

Considera 2𝑥 − 1 4 .

a) Desenvolve 2𝑥 − 1 4 .

b) Determina a soma dos seus coeficientes binomiais.

Sugestão de resolução:
4
a) 2𝑥 − 1 =

= 2𝑥 4 + 4𝐶1 × 2𝑥 3 × −1 1 + 4𝐶2 × 2𝑥 2 × −1 2 + 4𝐶3 × 2𝑥 1 × −1 3

+ −1 4 =
= 16𝑥 4 + 4 × 8𝑥 3 × −1 + 6 × 4𝑥 2 × 1 + 4 × 2𝑥 × −1 + 1 =

= 𝟏𝟔𝒙𝟒 − 𝟑𝟐𝒙𝟑 + 𝟐𝟒𝒙𝟐 − 𝟖𝒙 + 𝟏


4
b) 𝐶0 + 4𝐶1 + 4𝐶2 + 4𝐶3 + 4𝐶4 = 1 + 4 + 6 + 4 + 1 = 𝟏𝟔

Observa que 4𝐶0 + 4𝐶1 + 4𝐶2 + 4𝐶3 + 4𝐶4 = 24 = 16.


Exercício 6

Supondo o desenvolvimento ordenado segundo as potências decrescentes


da primeira parcela, determina o sexto e o sétimo termos do
7
desenvolvimento de: 2
3 ,𝑥≠0
𝑥 −
𝑥
Sugestão de resolução:
 O sexto termo do desenvolvimento é dado por:
5
7 3 2
2 32
𝑇6 = 𝐶5 × 𝑥 × − = 21 × 𝑥 6 × − = −𝟔𝟕𝟐𝒙
𝑥 𝑥5

 O sétimo termo do desenvolvimento é dado por:


6
7 3 1
2 64 𝟒𝟒𝟖
𝑇7 = 𝐶6 × 𝑥 × − = 7 × 𝑥3 × =
𝑥 𝑥6 𝒙𝟑
Exercício 7
12
2
1
Considera o desenvolvimento de 𝑥 + , 𝑥 ≠ 0.
𝑥
a) Investiga se existe algum termo que não dependa de 𝑥.

Sugestão de resolução:

De acordo com o desenvolvimento ordenado segundo as potências


decrescentes de 𝑥 2 , a expressão é constituída por termos do tipo:
𝑝
1 12
12
𝐶𝑝 × 𝑥 2 12−𝑝 × = 𝐶𝑝 × 𝑥 24−2𝑝 × 𝑥 −𝑝
𝑥
12
= 𝐶𝑝 × 𝑥 24−3𝑝

a) O termo que não depende de 𝑥 é aquele em que:


24 − 3𝑝 = 0 ⇔ 3𝑝 = 24 ⇔ 𝑝 = 8.
Assim, o termo que não depende de 𝑥 (termo independente) é:
12 12
𝐶8 × 𝑥 0 = 𝐶8 = 𝟒𝟗𝟓
Exercício 7
12
2
1
Considera o desenvolvimento de 𝑥 + , 𝑥 ≠ 0.
𝑥
b) Determina o termo cuja parte literal é 𝑥 9 .

Sugestão de resolução:
b) O termo que tem parte literal 𝑥 9 é aquele em que:
24 − 3𝑝 = 9 ⇔ 3𝑝 = 24 − 9 ⇔ 𝑝 = 5.
Assim, o termo pretendido é:
12
𝐶5 × 𝑥 9 = 𝟕𝟗𝟐𝒙𝟗

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