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Madalena (irmã de Branca, tia das meninas. Vive de favor na casa da irmã após a
morte de seu marido).
CENA 1
(A cena se inicia com Cecília em um riacho, que faz parte das terras de sua
família. Ela está lendo sentada de baixo de uma árvore. Uma cobra se
aproxima, Emanoel vê e pega a cobra na mão. Cecília se assusta).
EMANOEL: Só pessoas tolas ficam lendo de baixo de uma árvore sabendo que uma
cobra pode aparecer a qualquer momento.
CECÍLIA: Quanta ousadia me chamar de tola! E por que não mata logo esse bicho
peçonhento?
EMANOEL: Então... Por que eu deveria matá-la? (Joga a cobra de volta para a
natureza, Cecília se assusta e grita).
EMANOEL: (Dá risada) Calma! Ela está na casa dela, você quem não deveria estar
aqui. A propósito, o que uma donzela faz num lugar tão deserto?
CECÍLIA: Me chamo Cecília, estou nas terras de minha família e sempre vim nesse
lugar para ler tranquila.
EMANOEL: Ora, ora... Então você é a jovem Cecília? Conhecida como a mais bela
da região? Nem é tão bonita assim!
CENA 2
(A cena se inicia com Madalena na sala de estar da família. Ela está sentada no
sofá bordando. Na sala, há um quadro na parede atrás do sofá, uma mesinha
ao lado do sofá com bebidas e taças. Cecília chega furiosa).
CECÍLIA: Nem te conto, titia. Estava lendo no riacho, como de costume, quando por
pouco não fui picada por uma cobra!
MADALENA: Deus me livre minha querida, se algo acontecesse com você não sei o
que seria de mim!
CECÍLIA: Calma titia, estou bem. Mas o que mais me assustou foi a valentia do
rapaz que me salvou.
CECÍLIA: Nem deu tempo de saber o nome, eu saí correndo assustada com tudo
isso. Bom, já está ficando tarde, titia. Irei me recolher.
MADALENA: Antes que vá para seu quarto, preciso te dar uma notícia.
MADALENA: Sua irmã Alice chega amanhã bem cedo para o período de férias do
internato.
MADALENA: Sim, querida. Faz tempo que ela não vem nos ver.
MADALENA: Ah, minha irmã! Quem disse que eu faço pensando em alguma filha
minha? Como Deus não me deu essa graça de ter filhos, eu bordo para Cecília.
Coisa, minha irmã, que você que deveria fazer. Se não passasse seu tempo tão
amargurada...
BRANCA: Cecília ainda é muito jovem e ainda não tem pretendente a altura e
quando tiver, eu mandarei vir de Paris todo seu enxoval. Pra que perder tempo com
bordados? Eu tenho mais o que fazer. E você, Madalena, vê se não fica com essas
lamparinas acessas até tarde.
MADALENA: Vou me repousar, antes que minha irmã volte e jogue um monte de
desaforo na minha cara, só porque moro aqui de favor.
CENA 3
ALICE: Sim, minha tia. Só estou um pouco exausta, a viagem foi longa.
BRANCA: Quanto tempo, minha filha. Saiu daqui uma menina e agora já está uma
moça!
ALICE: Pois é, minha mãe. E estou vendo que por aqui nada mudou.
CECÍLIA: Venha, Alice, sente-se aqui, me conte as novidades. (Cecília e Alice se
sentam no sofá).
(Madalena para ouvir a conversa da duas fingi que vai limpar o quadro)
BRANCA: Venha Madalena, não seja enxerida, deixe elas matarem a saudade em
paz... Não sei pra que tanto limpa o quadro!
MADALENA: Você não tem noção o quanto eu estimo esse quadro! (fala enquanto
sai de cena)
ALICE: A viagem foi muito cansativa, porém é bom está em casa, minha irmã!
ALICE: Pois é minha irmã, já estava cansada das freiras franciscanas e da madre
superiora, elas não deixavam a gente fazer nada no colégio.
CECÍLIA: (Dá risada) Se veio a procura de liberdade, aqui não é o melhor lugar,
mamãe está feito coruja em mim.
ALICE: (Dá risada) Eu percebi. Apesar de não gosta desse clima de fazenda, senti
falta de titia Madalena, principalmente de seus quitutes e refrescos. Mas, e as boas
novas?
CECÍLIA: Aqui nada muda, apesar da calmaria, eu amo esse lugar. Quanto as boas
novas, a única que eu tenho para lhe dizer, é que eu estou apaix....
ALICE: A conversa estava tão boa, que nem percebi que não guardei as malas
CENA 4
BRANCA: Como não viu ela sai? Dormem no mesmo quarto! É uma inútil mesmo!
ALICE: Eu estava muito cansada minha mãe, a viagem foi longa. Além disso,
Cecília já é bem grandinha para se cuidar sozinha, e conhece essa fazenda como
ninguém.
BRANCA: Onde pensa que vai, Alice? Eu ainda não terminei de falar.
CENA 5
(Cecília entra em cena, indo para o riacho segurando um livro, ela se senta e
assusta quando vê Emanoel chegando).
EMANOEL: Estou.
EMANOEL: Antes que você saia como um raio novamente, deixe eu me apresentar.
Me chamo Emanoel.
EMANOEL: Engano seu, eu nasci e fui criado nas suas terras. Sou filho de Josefina.
CECÍLIA: Aquela senhora que trabalhou em minha casa por muitos anos?
EMANOEL: Logo quando seu pai morreu, dona Branca nos expulsou daqui feito
cachorros.
EMANOEL: Por toda minha vida tentei entender o que aconteceu, voltei em busca
de uma resposta.
CECÍLIA: Se tenta achar a resposta com a minha mãe, é perda de tempo! Em minha
casa sempre foi proibido dizer o nome de sua mãe, e até mesmo de papai, nunca
entendi o porquê. Mas eu preciso ir agora, antes que fique tarde e mamãe mande
retirar o almoço, e me deixe com fome. (quando ela vira as costas para sair,
Emanoel segura em sua mão, Cecília se vira para ele)
CECÍLIA: Assim eu não termino de ler o meu livro, mas pode vir. (Cecília sorri e sai
de cena, logo depois sai Emanoel).
Cena 6
MADALENA: Por que está tão feliz, minha querida? Até parece que está
apaixonada.
CECÍLIA: E estou titia, nunca tinha visto por essas bandas um homem tão lindo e
gentil.
MADALENA: Mas até ontem você estava furiosa. (Madalena solta um sorriso).
CECÍLIA: Mas hoje estou feliz, titia. Acho que encontrei o amor da minha vida, sou a
pessoa mais feliz do mundo.
(Branca entra)
MADALENA: Vou me retirar. Estou vendo que essa conversa não vai acabar bem.
(sai de cena).
BRANCA: Quantas vezes vou ter que dizer que não fica bem para uma moça de
família ficar andando sozinha por aí?
BRANCA: Mas antes nunca ninguém veio me falar que você estava de flerte com
ninguém, andam falando que você se encontra todas as manhãs com um forasteiro.
CECÍLIA: Mamãe, mamãe. (Sorrindo). Emanoel não é nenhum forasteiro, ele
nasceu e se criou por essas terras, aliás, você conhece muito bem a mãe dele, ela
era a...
BRANCA: Nem ouse falar o nome dessa infeliz dentro dessa casa, eu sei muito bem
quem é esse rapaz e quem foi a sua mãe! Nunca deveria ter voltado, é um
petulante! E você, senhorita, não ouse se quer nem em pensamento achar que você,
Cecília Conde de Vasconcellos, poderia ter algum tipo de relacionamento com esse
rapaz.
BRANCA: Um bom rapaz?! Então você acha que te criei para entregar a um pé
rapado? Sem eira nem beira? Só por que a senhorita acha um bom rapaz? Jamais,
entendeu? Jamais!
CECÍLIA: Estou apaixonada, titia. Mas estou vendo que meu amor é impossível,
mamãe é contra, só porque o rapaz é pobre.
MADALENA: Vamos dar um jeito, você sabe que pode contar comigo. Sua mãe tem
aquele jeito amargurado, mas lá no fundo ela não é uma má pessoa, e com a minha
ajuda, nós duas vamos convencê-la de que esse sujeito é a pessoa certa para você.
Agora vá descansar um pouco que logo mais sua professora de piano estará
chegando para sua aula.
CECÍLIA: (Dá um beijo na Alice) Você é a melhor irmã que alguém poderia ter!
(Cecília sai de cena correndo)
MADALENA: (Dá risada e abraça Alice) Vamos tomar um refresco com um bolo?
ALICE: Sim, minha tia, nessa fazenda faz um calor insuportável, nada como seus
refrescos!
CENA 7
EMANOEL: Me assustou senhorita Cecília, não esperava você por aqui essas
horas.
CECÍLIA: Realmente não costumo vir no riacho essas horas, iria ter aula de piano,
por sorte, Dona Bizatina teve um imprevisto e não pode ir (fala feliz)
EMANOEL: Mas você não gosta das aulas de piano? Sempre tive muita vontade de
aprender tocar piano e a ler e escrever.
EMANOEL: Quando meu pai morreu eu era muito pequeno e desde cedo tive que
ajudar minha mãe com o trabalho.
CECÍLIA: (Dá uma risada tímida) Não seja bobo, preciso ir!
Cena 8
BRANCA: Acho que adormeci por muito tempo, nem vi a hora que Dona Bizatina
chegou e foi embora.
BRANCA: Por que toda essa agitação? Não estava em sua aula de piano?
BRANCA: Faça algo de útil nessa sua vida, vá chamar Alice para mim.
MADALENA: Não dormiu bem esta noite, está com um mau humor. (sai de cena).
CECÍLIA: Como assim, mamãe? Todos os dias eu saio nesse horário para ler e a
senhora nunca me questionou. Já estou indo! Tchau, mamãe, que eu estou
atrasada.
BRANCA: Sim, minha filha. Quero que acompanhe Cecília em seus passeios.
BRANCA: Deixe suas coisas para depois, até porque não deve ser nada de tão
importante assim. Eu não estou pedindo, estou mandando!
MADALENA: Está mais tranquila agora que Alice vai acompanhar a irmã?
MADALENA: E não deveria mesmo, Cecília está apaixonada por um rapaz (fala
sorrindo).
BRANCA: E você ainda apoia? É mesmo uma imprestável! Vive na minha casa de
favor e ainda incentiva a minha filha a ficar ao desfrute com um miserável qualquer.
Hoje mesmo escrevo para Dom Joaquim de Queiroz oferecendo um alto dote para
se casar com Cecília.
MADALENA: Mas Dom Joaquim tem idade para ser pai de Cecília.
BRANCA: E o que isso importa? Dom Joaquim é o homem mais rico da redondeza
e carrega vários títulos de nobreza. É o candidato perfeito para Cecília, além do
mais, quem sabe ele não põe um pouco de juízo naquela cabeça de vento?
CENA 8
CECÍLIA: Alice veio passar as férias na fazenda, e agora mamãe quer que ela me
acompanhe todos os dias nos meus passeios.
ALICE: O estudo para mim é como o ar que eu respiro (Alice se senta em uma
pedra e fica olhando pros dois).
CECÍLIA: Por que não vais tomar banho de rio minha irmã? Está tão calor.
ALICE: Muito obrigada, estou bem aqui. Se quiser tomar banho de rio, vá.
EMANOEL: Gosta de amora, Alice? Tem um pé bem grande aqui perto, com os
galhos carregados de amoras grandes e docinhas.
ALICE: Depende...
EMANOEL: Depende do que?
ALICE: Me recordo que aqui perto havia uma senhora que vendia cocadas
deliciosas, ainda ontem quando eu estava chegando eu a avistei de longe. Quem
sabe se eu ganhar umas três ou quatro, eu deixo vocês conversarem a sós.
EMANOEL: Estou vendo que você tem uma irmã muito gulosa (ri) Amanhã te trago
uma se nos deixar em paz.
EMANOEL: Estava louco para te ver (e entrega uma flor para Cecília).
CECÍLIA: Eu adoro rosas! (Ironicamente) Mas eu posso saber onde pega essas
rosas, senhor Emanoel?
CECÍLIA: Não me diga que anda roubando rosas de Dona Maricota, deixa ela
descobrir que ela vai ficar furiosa com você.
EMANOEL: Se ela descobrir, ela vai correr atrás de mim, mas manquitola como é,
eu corro mais do que ela.
CECÍLIA: Você não foi o único que trouxe uma surpresa, eu também tenho uma
(mostra a pena e o papel)
EMANOEL: Se for para ter alguns minutos a sós com Cecília, pode ter certeza de
que não vou esquecer.
CENA 9
(Branca está dando voltas na sala de estar. Alice e Cecília entram em cena).
BRANCA: Vá para seu quarto, Alice. Quero ter uma conversa particular com sua
irmã.
BRANCA: Cecília não saia de casa hoje, temos uma visita importante, decidiremos
seu futuro.
BRANCA: Essa noite Dom Joaquim de Queiroz virá jantar aqui conosco, e se tudo
correr bem, marcaremos seu casamento.
BRANCA: A culpa é sua, Madalena! Se não ficasse incentivando Cecília com seus
romances absurdos, nada disso teria acontecido! Agora ela acha que vive num conto
de fadas, até com o...
MADALENA: Alice, minha querida, precisamos dar um jeito para que esse
casamento não aconteça.
CENA 10
CECÍLIA: Eu odeio minha mãe... Ela está me obrigando a me casar com o barão.
EMANOEL: Por você eu iria pra qualquer lugar. E você? Seria capaz de abandonar
toda sua riqueza para viver uma vida simples ao meu lado?
CECÍLIA: Trocaria todo ouro do mundo pelo nosso amor.
EMANOEL: Duvide de tudo, até mesmo de seu nome, mas jamais duvide do meu
amor por você.
CECÍLIA: Assim como é certo que rosa se chama rosa, que a cor do céu é azul,
também é certo que meu amor por você durará toda a eternidade.
EMANOEL: Posso viver sem o pão e sem o ouro, mas jamais seria capaz de viver
sem você.
CECÍLIA: Ao anoitecer estarei aqui te esperando, para que possamos ir para bem
longe viver nosso amor.
EMANOEL: Estarei aqui sem falta. Então vá, meu amor, vá para que sua mãe não
desconfie.
CENA 11
BRANCA: Madalena!
BRANCA: Sim. Viu com os empregados se está tudo certo para o jantar?
MADALENA: Está tudo impecável, minha irmã. Como eu sei que esse jantar é
importante para você, mandei que colocassem as pratarias que você trouxe de
Lisboa.
ALICE: Acho bom cancelar o jantar, mamãe, ou a senhora vai ter que servir toda a
comida para os empregados da fazenda.
MADALENA: Bom, já que não teremos jantar com o Dom Joaquim, por que não
vamos nós jantarmos minha irmã?
(Todas saem de cena, Cecilia entra em cena segurando uma mala, Branca
entra em cena e flagra)
CECÍLIA: É isso mesmo que a senhora está vendo. Eu amo o Emanoel e a senhora
não vai me impedir de ficar com ele.
CECÍLIA: Então me dê uma boa explicação, mamãe. Senão eu passo por aquela
porta, e eu juro que você nunca mais me verá (Cecilia vira de costas).
CENA 12
CECÍLIA: Te amo com toda minha alma e isso é o que mais me faz sofrer.
EMANOEL: Não estou entendendo, se me ama por que sofres?
EMANOEL: É impossível, eu não sentiria esse amor por ti se fosse a minha irmã.
EMANOEL: Adeus...
CENA 13
(Madalena está sentada no sofá bordando. Cecília entra aos prantos e se senta
ao lado de sua tia).
MADALENA: (Se afasta um pouco e fica surpresa) Como? Qual o nome do rapaz
que você acabou de dizer?
CECÍLIA: Mas algo no fundo da minha alma diz que isso é mentira, e só tem um
jeito de eu descobrir toda a verdade...
MADALENA: Espere, minha querida. Você está muito nervosa, vou buscar um
refresco para você se acalmar um pouco.
CECÍLIA: Ele era muito íntimo de papai, nem que seja por confissão papai deve ter
dito algo a ele.
MADALENA: Se ele confessou com o padre Eugênio... ele nunca poderá dizer.
CECÍLIA: Mas eu direi a ele que estou em pecado, pois me deitei com meu próprio
irmão.
CECÍLIA: Isso mesmo que a senhora ouviu, e a culpa é sua que não me disse antes
que ele era meu irmão.
BRANCA: Como eu poderia imaginar que esse infeliz depois de tanto tempo voltaria
para cá?
MADALENA: Então, Branca. Você não acha que está na hora de contar toda a
verdade para sua filha?
BRANCA: Eu jurei a mim mesma que eu nunca iria revelar esse segredo para
ninguém... Descobri que seu pai era amante de Josefina. Por muitos anos aqueles
dois cafajestes ficavam ao desfrute dentro da minha própria casa e zombavam de
mim, o resultado dessa tragédia toda está aí... seu irmão.
CECÍLIA: Chega! Eu não quero ouvir mais nada. É mentira! Se Emanoel fosse meu
irmão, Deus jamais permitiria que eu o amasse tanto assim.
BRANCA: Não coloque Deus nessa história sórdida. Aceite que vocês são irmãos,
aceite que vocês estão em pecado, eu preferia ver você morta do que condenando
sua alma.
BRANCA: Deixa de drama, encare os fatos de frente, nem uma menina você é
mais.
MADALENA: Não é drama minha irmã, não está vendo que Cecília está passando
mal.
CENA 13
(Alice entra segurando uma mala e uma carta. Branca entra depois)
ALICE: Sim, mamãe, arrumei tudo. Inclusive peguei alguns livros da biblioteca que
eu gostaria de levar comigo, suponho que a senhora não vai se impor a isso.
BRANCA: Saiba que agora minha única herdeira é você, portanto tudo que tem aqui
é seu, faça o que quiser. Você tem mesmo que ir?
ALICE: Sim, mamãe. A senhora sabe que eu nunca quis viver essa vida da fazenda,
meu sonho sempre foi aprender as letras e me tornar uma grande professora.
BRANCA: Então vai me filha, tente ser feliz. Coisa que eu jamais vou conseguir ser,
depois de toda essa tragédia.
ALICE: Não fale assim, minha mãe. A senhora não teve culpa do que aconteceu.
BRANCA: (Dá um beijo em Alice) Vá, minha filha, o cocheiro já está a sua espera.
ALICE: A propósito, mamãe, enquanto eu mexia nos livros eu encontrei essa carta
endereçada a senhora.
MADALENA: Dê, minha irmã. Eu vejo o que é pra você. Deve ser alguma hipoteca,
e no estado que você se encontra não terá cabeça para isso.
ALICE: Bom, está aqui mamãe, a senhora resolva o que fazer. Tenho que ir,
adeus... (Alice e Branca se despendem. Alice sai de cena)
MADALENA: Dê para mim a carta, deixe que eu resolva esse problema para você,
minha irmã.
(Madalena fica pensativa na sala, pega uma taça de vinho e começa a tomar.
Branca entra em cena furiosa com a carta na mão)
MADALENA: Por que tanta rispidez, minha irmã? Não precisamos de um motivo
para um brinde. (sorri)
BRANCA: (Furiosa) Não seja sínica, Madalena, eu já sei de tudo! Todos esses
anos sentindo tanto remorso por conta das suas mentiras.
MADALENA: Não sei do que está falando, Branca, sempre fui verdadeira com você!
Sempre te ajudei em todos os momentos!
BRANCA: (Mostra carta para Madalena) A verdade está bem aqui nessa carta!
Não tente arrumar desculpas!
MADALENA: Você está muito nervosa, Branca, não está pensando direito. (oferece
novamente a taça com um pouco de vinho) Beba um pouco de vinho para se
acalmar.
BRANCA: (Pega a taça) Não seja depravada! (joga a taça no chão) Saia
imediatamente da minha casa!
MADALENA: Mas ele escolheu você e pagou muito caro por isso! (fala chorando e
ao mesmo tempo dando risada, como se estivesse louca)
MADALENA: (Começa dá risada) Você com esse seu ar superior, tão burra, tão
inocente! Acreditou em cada palavra minha, eu sentia tanta raiva de como você teve
sorte com seu marido (para de dá risada, começa a falar mais sério, com tom de
inveja) de como ele era carinhoso com você, enquanto Rui, meu marido, não fazia
outra coisa a não ser jogar e gastar com suas bebidas, eu não suportava te ver feliz,
Branca.
MADALENA: (Começa a ri) Ah, Branca! Todo esse tempo, você se culpando, me
dava tanto prazer em te ver sofrendo! Quer saber o que realmente aconteceu com
Carlos? Ele nunca teve problema de coração, eu teria poupado se ele não
ameaçasse te contar a verdade, ele poderia estar vivo se tivesse fugido comigo, eu
o amava tanto, você não sabe o quanto foi difícil pra mim vê-lo morrer.
BRANCA: Você matou Carlos? Que tipo de ser humano sem compaixão é você?
(fala com tom de nojo)
BRANCA: Chega, Madalena! Eu estou enojada com tanta maldade, como você
pode ser um ser tão desprezível assim?
MADALENA: Ainda não acabou Branca, querida! (com tom de cinismo) Carlos não
foi único que eu matei, a sua querida filhinha Cecília, foi outra! Aquela imbecil tinha
justo eu como sua pessoa de confiança! (dá risada) Que garota estúpida! Ela está
no lugar que a pertence agora, debaixo da terra!
BRANCA: Você é um monstro! Um monstro! Você não fica mais um minuto dentro
dessa casa, e muito menos impune por todos seus crimes, eu vou agora mesmo
chamar o delegado e te colocar atrás das grades, quero que você apodreça lá
dentro!
(Madalena se levanta devagar e vai perto do quadro, pega o quadro e tira uma
arma de dentro e aponta a arma em direção a Branca)
MADALENA: Você não me deu outra escolha Branca! Você foi a única pessoa que
recusou um brinde meu e a primeira que eu mato a tiros!
Fim!